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ADMINISTRAÇÃO E EDUCAÇÃO FINANCEIRA A PARTIR DO ORÇAMENTO

FAMILIAR

Antônio Luis Sozza. 1

Marines Luiza Guerra Dotto, Ms.2

RESUMO

O presente estudo sintetiza o trabalho pedagógico desenvolvido no PDE 2010, nas disciplinas técnicas, sobre o tema Educação Financeira, com ênfase no Orçamento Familiar. Representa um planejamento efetivado com alunos, cuja base foi o estudo teórico sobre os diferentes elementos que compõem o tema “Educação Financeira”. A escolha desse tema está atrelada à percepção de que as pessoas não conseguem administrar seus próprios ganhos. Essa lógica é a mesma no universo familiar e particular: é preciso administrar o próprio dinheiro. Após revisão teórica sobre o assunto, organizou-se um plano de aula sobre Orçamento Familiar para o curso Médio Integrado em Administração, no Colégio Estadual Rui Barbosa, Ensino Médio e Profissional, Formosa do Oeste, PR. Foram ministradas 20 aulas onde os alunos refletiram sobre o seu comportamento enquanto consumidores, enfocando a necessidade do controle do orçamento financeiro familiar para o curso Médio Integrado em Administração. Com essa sequência didática também se observou as características próprias do curso e reflexão sobre a relação histórica entre educação, trabalho e cidadania, na perspectiva de uma sociedade pós-moderna, baseada no consumo. Concluiu-se que o tema é abrangente, faz parte do controle individual e deve ser trabalhado pedagogicamente. Mais do que administrar empresas diversas, é necessário aprender a administrar a própria vida. É função do curso de Administração Integrado propiciar essa aprendizagem, trabalhando de forma prática as competências necessárias ao bom administrador. Também se constatou que os cursos profissionalizantes precisam, didaticamente, trazer seus conteúdos teóricos para a realidade dos alunos. Esse é um desafio para todos os campos do conhecimento.

Palavras-chave: Administração, Orçamento Familiar, Educação Financeira.

1 Professor Graduado em Esquema II. Colégio Estadual Rui Barbosa, Ensino Médio e Profissional,

em Formosa do Oeste, PR. 2 Ms. Engenharia da Produção, Bacharel em Ciências Contábeis, Professora Assistente A da

Universidade Estadual Oeste do Paraná – UNIOESTE.

1. INTRODUÇÃO

Dentre os vários temas que compõem conteúdos da grade de ensino do curso

Médio Integrado em Administração, este projeto deu relevância à Educação

Financeira, com ênfase no Orçamento Familiar. A escolha do tema está atrelada à

percepção de que as pessoas tem dificuldades em administrar seus próprios

ganhos. Tratando-se da realidade do município de Formosa do Oeste isso é

perceptível pelo grau de proximidade das pessoas em uma pequena cidade. O

mesmo tema vem sendo discutido também em muitos programas de auditório e na

mídia televisiva, pois nota-se o endividamento constante das pessoas que não

conseguem administrar seus ganhos, sobretudo na Classe Média, que ganhou

grande poder de consumo nos últimos anos. Nesse sentido, o curso de

Administração trabalha a gestão financeira das pessoas, onde deve-se levar em

conta todos os ganhos e gastos. Porém, essa lógica é a mesma no universo familiar

e particular, é preciso administrar o próprio dinheiro.

Destaca-se, primeiro, em situar a temática escolhida dentro dos desafios da

educação para o trabalho. Nossos jovens precisam de cursos técnicos que lhes

propiciem trabalho imediato. A formação disponibilizada deve ter um enfoque prático

e ligado ao campo de estudo escolhido. A maioria das escolas, pela legislação

educacional brasileira, tem um ensino médio cuja formação é geral. Tais cursos não

dão ênfase nem na preparação para o vestibular, nem para uma formação específica

de uma profissão.

Segundo, o trabalho envolveu a revisão teórica dos itens planejamento,

gestão e administração, que são centrais na modalidade da administração, que

determinou à problemática.

Por fim, o estudo possibilitou a elaboração de uma proposta de estudo

sistemático de como os educadores podem melhorar a própria prática. A partir do

estudo da Administração, Gestão, Orçamento Familiar e Didática, efetivou-se a

aplicação de 20 aulas sobre Orçamento Familiar para o primeiro ano do curso em

Administração Integrado, do Colégio Estadual Rui Barbosa, Ensino Médio e

Profissional, em Formosa do Oeste, PR. As aulas desenvolvidas utilizaram

diferentes recursos audiovisuais, livros e computadores, desenvolvendo assim os

conteúdos de consumo, planejamento, orçamento familiar e gestão.

Os resultados obtidos são aqui demonstrados retomando, nas primeiras

seções, a fundamentação do trabalho com administração. Foi trabalhada a relação

histórica entre trabalho, consumo e cidadania. Já a terceira e a quarta seção teóricas

retomam os conceitos próprios do campo da administração, com enfoque na

necessidade do Orçamento Familiar como base para a saúde financeira dos

indivíduos.

A quinta seção apresenta o plano de aula resultado desse estudo teórico. Em

seguida, apresentam-se as conclusões sobre o assunto, ou seja, ensinar o que os

alunos precisam para suas profissões e suas vidas pode trazer interesse pela

aprendizagem no ensino médio profissionalizante. Já o tema “Educação Financeira”

diz respeito a organização individual e familiar de alunos que vão gerir empresas e a

própria vida financeira. Essas reflexões servem também as demais modalidades de

ensino médio formativo. Isso pode e deve acontecer nos muros escolares

2. REVISÃO TEÓRICA: TRABALHO, CONSUMO E CIDADANIA

Trabalhar é mudar a natureza. A filosofia explica a relação entre o trabalho e

o ser humano. O homem é capaz de aprender a dominar diferentes ferramentas

para agir em nossa realidade. Na medida em que age e lança mão de diferentes

recursos, o homem muda seu ambiente através de seu trabalho (ARANHA, 1993).

Mas o trabalho no mundo capitalista aparece como forma de acúmulo de

capital. Zygmunt Bauman (2005, 2007, 2008), em seus estudos sobre identidade,

consumo e modernidade tardia, trabalha com os efeitos da globalização na vida das

pessoas, em especial dos consumidores. A reflexão proposta tem como parâmetro o

fato de que o apelo ao consumo cria uma nova identidade para os indivíduos nos

últimos anos. Esse desejo de gastar é uma das causas do endividamento e

descontrole do Orçamento Familiar, sobretudo na classe média.

Para Bauman (2005), a modernidade afetou seriamente a constituição

identitária. Vários são os elementos que deixam as pessoas confusas quanto a

“quem somos ou o que queremos ser (ou com quem queremos parecer)”. “Somos

uma sociedade de homens sem-vinculo” (BAUMAN, 2005, p. 69). O autor insere-se

no seu texto, reportando suas reflexões a todos os leitores que são,

consequentemente, consumidores.

“As relações amorosas de casamento ou namoro foram reinventadas, como

formas de uso, espécies de modismo” (BAUMAN, 2005, p. 71). O consumo é posto

como uma forma de fuga ou como um sentimento de “pertença”, ou seja,

consumindo um produto a pessoa sente-se parte da comunidade.

Todo o trabalho humano é organizado nesta rede constante que se estrutura

em torno de compras. Todo o fazer humano se baseia no consumo. Demonstra que “

A sociedade de consumo é a sociedade do mercado. Todos estamos dentro e no

mercado, ao mesmo tempo clientes e mercadorias”. (BAUMAN, 2005, p. 98).

Até o conhecimento é usado para se ganhar dinheiro. Mas o mesmo

conhecimento também é o responsável por fazer enxergar essa relação e até lutar

contra a mesma. Nesse sentido, ter cidadania é conseguir agir socialmente, tendo

escolhas. É preciso que o educador promova a participação do educando,

incentivando a tomada de posição e o entendimento, pelo menos de que cidadania é

“lutar pelo direito que tenho de ser respeitado e pelo dever que tenho de reagir a que

me destrate” (FREIRE, 1996, p. 126).

Sendo assim, torna-se necessário problematizar com os alunos o

conhecimento que tem sobre a sua existência, sobre as escolhas e o trabalho como

forma de sobrevivência, de realização pessoal, mas também de inserção capitalista.

É por isso que a cidadania é uma condição construída historicamente, e nesse

sentido, como mostram o PCNs (1997) a relação entre a educação e a cidadania

precisa fomentar o aluno, dentre muitos outros objetivos, a:

• Compreender a cidadania como participação social e política, assim como

exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando no dia a dia

atitudes de solidariedade, compreensão e repúdio as injustiças, respeitando o

outro e exigindo para si mesmo respeito;

• Posiciona-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes

situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de

tomar decisões coletivas;

O trabalho pode libertar ou escravizar o ser humano. É possível se concretizar

uma sociedade de consumidores ou usar o trabalho como ação social em todas as

instâncias da sociedade. Essa é a relação didática possível quando se pensa em

trazer o trabalho para a sala de aula como “principio educativo”. E os cursos

profissionalizantes apresentam esse enfoque com maior direcionamento, o que

justificou o presente objeto de estudo.

3. EDUCAÇÃO FINANCEIRA, A BASE DA ADMINISTRAÇÃO

De acordo com a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento

Econômico (OCDE, 2004, p.223), a importância da Educação Financeira reside em:

Educação Financeira sempre foi importante aos consumidores, para auxiliá-los a orçar e gerir a sua renda, a poupar e investir, e a evitar que se tornem vítimas de fraudes. No entanto, sua crescente relevância nos últimos anos vem ocorrendo em decorrência do desenvolvimento dos mercados financeiros, e das mudanças demográficas, econômicas e políticas. Os mercados de capitais estão se tornando mais sofisticados, e novos produtos, cujos riscos e retornos não são de imediato discernimento, são oferecidos. Os consumidores possuem, atualmente, acesso a uma maior diversidade de instrumentos de crédito e de poupança, disponibilizados por uma grande variedade de canais, desde serviços on-line de bancos e de corretoras, até organismos que oferecem aconselhamento e suporte financeiro às famílias de baixa renda.

Essa ligação entre trabalho, consumo e cidadania já foi exposta na seção

anterior. Como o mundo e suas relações mudaram, é preciso preparar o aluno para

interagir com essas novas demandas. Saber comprar e vender, saber gerir um

negócio e se autogerir. Esse é o principio do curso de Administração, envolvendo

planejamento e administração, ou seja: "Administrar é, portanto, um processo pelo

qual o administrador cria, dirige, mantêm, opera e controla uma organização"

(KWASNICKA, 1995, p. 17).

Segundo o Dicionário Aurélio (2008, p. 95), a Administração é definida como:

1 Exercer (cargo, emprego, ofício). vtd 2 p us Ajudar, auxiliar: Administrar a missa.

vtd 3 Dar, subministrar, ministrar: Administrar uma dose de sulfato. Administrar o

batismo a alguém. vtd e vint 4 Gerir, governar, reger (negócios particulares ou

públicos). Administrar justiça: aplicar as leis, exercer o poder judiciário. Administrar

ensino: ensinar.

Já para a definição de ‘Estratégia’, o mesmo dicionário traz: 1 Arte de

conceber operações de guerra em planos de conjunto. 2 Ardil, manha, estratagema.

3 Arte de dirigir coisas complexas. Var: estratégica. (AURÉLIO, 2008, p.380).

Essas palavras diferenciam-se em função do universo semântico, da

aplicabilidade em diferentes campos e do próprio desenvolvimento histórico. Sendo

assim, diferentes povos, em diferentes momentos, valeram-se de estratégias para

alcançar seus fins. Para Ghemawat (2000), representava um meio de vencer o

inimigo, um instrumento de vitória na guerra.

Resumindo esse conceito, para a Administração a Estratégia pode ser

concebida como:

A estratégia é um plano que unifica as principais políticas e ações de uma organização. Serve como alicerce que fortalece as empresas para o atingimento de suas metas, interagindo com os fatores externos que vão surgindo (MINTZBERG; QUINN, 2001, p. 16).

Estratégias são organizadas em um planejamento. Para Oliveira (2001): "O

planejamento possui características básicas de um processo sistemático e constante

de decisões, com efeitos e consequências no futuro (...) e que o processo de

elaboração é mais importante que o resultado". Planejar é prever e estruturar o que

vai acontecer.

Para Fischmann et all. (1991), o planejamento é estratégico quando:

Planejamento estratégico é uma técnica administrativa que, através da análise do ambiente de uma organização, cria a consciência das suas oportunidades e ameaças dos seus pontos fortes e fracos para o cumprimento da sua missão e, através desta consciência, estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar riscos (FISCHMANN; ALMEIDA 1991, p. 25). .

Seja nas empresas ou na vida particular, é preciso planejamento e estratégia

para se chegar a um resultado. Esse controle é a Administração. Fazer o aluno ver

isso no orçamento doméstico é o primeiro passo para fazê-los administradores.

Também é mostrar a forma prática do conhecimento, trazendo o conteúdo para sua

utilidade prática.

O mundo atual pede por essa educação. Compreender essa necessidade é

fazer uma educação cidadã.

4. ORÇAMENTO FAMILIAR: ORGANIZAÇÃO E PLANEJEMANTO

Uma família é uma empresa. É necessário previsão, orçamento de gastos e

metas claras, ou planejamento. Segundo Berman e Weeks (1979), nenhuma ação

dentro de uma empresa pode ocorrer sem o planejamento. A elaboração e o

estabelecimento de um plano ou orçamento integrado de atividades são,

frequentemente, tidos como responsabilidades principais do planejamento. De

acordo com Oliveira (2004, p. 78), “o planejamento se traduz nas metas da empresa.

A meta corresponde aos passos ou etapas, perfeitamente quantificados e com

prazos para alcançar os desafios e objetivos”. Na elaboração da rotina financeira de

uma família, o planejamento é essencial, pois possibilita a organização metodológica

das metas objetivadas e de como se procederá para atingi-las. É necessário planejar onde, como e quanto se vai gastar. Isso é orçamento. É

levantamento de preços e onde gastar, qual a porcentagem que cada item vai

requerer. Quando se está em família, relacionando a mesma com uma empresa, o

orçamento é tido como familiar. Uma empresa tem que trabalhar com dinheiro e

sem gastos a mais. Na família a analogia é a mesma. Pergunta-se quem trabalha e

qual é a sua contribuição nas receitas do grupo.

No dicionário, encontra-se a palavra orçamento assim definida:

• Ato ou efeito de orçar; avaliação, cálculo, cômputo.

• Avaliação do custo de obra ou de serviço a ser executado:

• Discriminação da origem e da aplicação de recursos a serem usados para

determinado fim (AURÉLIO, 2008. p. 595 ).

Levando o orçamento para o nível da família, o site Stringhini (2011) da uma

simples definição desse conceito: ”O objetivo do orçamento familiar é dar uma visão

dos negócios familiares e facilitar a correta utilização das receitas (recebimentos)

para aplicação adequada desses recursos (despesas/investimentos)”.

Para Macedo Jr (2010, p. 54), “cada orçamento deve conter um percentual de

3% a 8%, para cada cônjuge gastar segundo sua vontade”. Todavia, para que o

dinheiro de todos de para o bem comum de todos da família, faz-se necessário

pensar em três metas, usadas geralmente por pessoas que vão bem em suas

finanças:

• Fazer regularmente um orçamento tentando equilibrar receitas e despesas;

• Sempre fazer uma poupança, de preferência de uma quantia fixa;

• Ter um comportamento pessimista quanto ao dinheiro, sempre se pensar

como endividado e buscar guardar o máximo, diminuindo constantemente os

gastos (MACEDO JR, 2010, p. 55).

Embora a última estratégia seja negativa e até possa gerar comportamentos

sovinas na educação dos filhos, é necessário refletir sobre essas três metas e

pensá-las na vida familiar das famílias dos alunos. Isso corresponde ao orçamento,

ou seja:

Orçamento familiar é a relação entre a soma das receitas (salário, pensões, etc) e dos gastos mensais. É importante saber se a renda é regular (quando se recebe mensalmente na data certa) ou irregular (quando não há certeza da quantia recebida). Deve-se ter uma ideia da receita do mês e daquilo que se pretende gastar (VIEGAS, 2007, p. 7).

Tornar isso prático é fazer Educação Financeira.

A Educação Financeira não consiste somente em aprender a economizar, cortar gastos, poupar e acumular dinheiro. É muito mais que isso. É buscar uma melhor qualidade de vida tanto hoje quanto no futuro, proporcionando a segurança material necessária para aproveitar os prazeres da vida e ao mesmo tempo obter uma garantia para eventuais imprevistos (BELTRÃO, 2008, p.1).

Para Rocha e Vergili (2007, p.8), um passo é separar as metas e gastos da

família de curto e longo prazo. Também indica outras prioridades para serem

analisadas:

1. Não comprar por impulso;

2. Pesquisar antes de comprar;

3. Cuidar com os preços das roupas e acessórios de marca;

4. Planejar sempre antes o que vai gastar;

5. Prestar atenção as informações sobre o produto;

6. Buscar por empresas que respeitem ao meio ambiente;

7. Buscar sempre pelos direitos dos consumidores;

8. Buscar sempre por melhores preços e possíveis descontos;

9. Peça sempre pela garantia;

10. Cuidado com as propagandas mirabolantes (ROCHA; VERGILI, 2007, p.8),

Além dessas estratégias, o orçamento envolve pensar nos seguros, nas

categorias de cada gasto, na aposentadoria e nos imprevistos (MACEDO JR, 2010).

Todas essas estratégias devem ser levadas para as salas de aula, sobretudo nos

cursos de administração. Aprender a trabalhar com o próprio dinheiro é um

importante passo para dirigir o dinheiro alheio. Também significa organizar um futuro,

requer novos paradigmas para se enfrentar a velhice de forma saudável e segura.

Levando essa lógica para o curso Médio Integrado em Administração, é

preciso lembrar que:

Cuidar de seu orçamento pessoal é uma atitude básica para quem deseja ter um orçamento equilibrado, gastar corretamente, não contrair dívidas desnecessárias, conseguir poupar para realizar projetos como a compra de um carro, de um apartamento ou realizar uma viagem (SOUZA, 2009, p.1).

Desenvolver esse raciocínio em nossos alunos pode ajudá-los a perceber a

diferença entre o que é preciso ser comprado e o que é supérfluo, direcionando

assim o planejamento de suas vidas, trabalhando conceitos próprios do curso de

Administração, que eles realizam e sobretudo desenvolvendo a necessidade do

pensamento coletivo da base familiar, a qual muitos já possuem (são chefes de

família) ou estão se encaminhando para sê-lo.

Segundo Financenter (2006, p. 9):

A elaboração do orçamento familiar não é uma tarefa fácil, porém, é necessária para quem tem planos para o seu futuro e o de sua família. Estabelecer objetivos comuns e conversar francamente sobre as finanças com a família é o caminho para que cada um esteja comprometido e faça sua parte. É a forma de garantir a estabilidade das finanças no presente, visando prevenir o futuro.

Possibilitar essa reflexão no curso Médio Integrado em Administração

corresponde a promover cidadania através do trabalho como princípio educativo.

5. ENSINO PROFISSIONALIZANTE: LIMITES E DESAFIOS A PARTIR DA

REFLEXÃO

A sociedade evoluiu muito nos últimos anos. Mas a ligação entre escola e

conhecimento ainda é autoritária e capaz de manter relações sociais seculares.

Quando a educação não prepara para o domínio do mundo do trabalho, ela está

servindo ideologicamente a alguém. Cada momento da história da educação primou

por uma relação entre trabalho e escola, dependendo da organização social do

período histórico. Já incentivou-se a alfabetização, a mão de obra em massa, os

estudos acadêmicos, a obtenção de diplomas por todos (SAVIANI, 1986).

Atualmente, há uma reflexão sobre a necessidade de cursos profissionalizantes. A

escola precisa estar atenta a como encaminhar o educando para esse mercado de

trabalho, pois a mesma faz parte desse círculo social.

Para Bezerra (1998, p.4) ”Os desafios da contemporaneidade que estão

postos para o país, inclusive tendo em vista sua viabilização como nação qualificada

no contexto da internacionalização da economia e do mercado, evidenciam a

insuficiência de tal proposta”. Refere-se à proposta de democratização do ensino.

Sem trabalho e sem dinheiro, não há mudanças sociais. A educação deve

contemplar estas questões.

Ao olhar para a escola pública e seus jovens, é possível observar

trabalhadores, que pedem por uma formação que não seja neutra nem inferior, mas

que lhes de domínio de uma técnica e assim uma profissão. Esta relação pode

mudar as suas vidas. Uma educação assim é chamada de politécnica, como

descreve-se a seguir:

desenvolver os fundamentos das diferentes ciências que facultem aos jovens a capacidade analítica tanto dos processos técnicos que engendram o sistema produtivo quanto das relações sociais que regulam a quem e a quantos se destina a riqueza produzida. Como lembrava Gramsci, na década de 1920: uma formação que permita o domínio das técnicas, as leis científicas e a serviço de quem e de quantos está a ciência e a técnica. Trata-se de uma formação humana que rompe com as dicotomias geral e específico, político e técnico ou educação básica e técnica, heranças de uma concepção fragmentária e positivista da realidade humana (RAMOS, 2005, p. 74).

As questões para reflexão propostas devem ir além da simples exigência por

cursos profissionalizantes. É preciso muito cuidado, pois ao eleger a educação

profissionalizante, também é necessário considerar que não se está requerendo

qualquer curso ou qualquer formação. Dominar o trabalho é agir sobre a natureza. A

escola cujo conteúdo pode profissionalizar está em uma proposta de democratização

do ensino, quando o conhecimento de uma linguagem será usado pelo aluno para

que ele se profissionalize.

É preciso uma reflexão crítica sobre como a política educacional tratou a

educação profissional. É necessário assumir o perfil do aluno da escola pública e

pensar seus anseios, bem como visualizar como a educação pode ajudar em sua

profissionalização. Isto requer pensar em espaços situados, em alunos específicos e

seus objetivos, nunca separando a questão política da educação.

No processo dialético de conhecimento da realidade, o que importa fundamentalmente não é a crítica pela crítica, o conhecimento pelo conhecimento, mas a crítica e o conhecimento crítico para uma prática que altere e transforme a realidade anterior no plano do conhecimento e no plano histórico-social. (FRIGOTTO, 2006, p. 81)

Muitos dos autores consultados chamam esta postura de encarar o trabalho

como principio educativo. Significa compreender como o trabalho muda a sociedade

e como o conhecimento dá domínio sobre o trabalho. É também pensar-se educador

e educando nesta dialética e querer mudar uma postura social. Rever a nossa

formação e a identidade de um educador do Ensino Médio.

Esta pesquisa seria integrada à formação docente, pois pede que se reveja o

contexto em que se trabalho. “É no contexto de trabalho, que os professores

enfrentam e resolvem problemas, elaboram e modificam procedimentos, criam e

recriam estratégias de trabalho e, com isso, vão promovendo mudanças pessoais e

profissionais”. (LIBÂNEO, 2004, p. 227).

Dessa maneira, a pesquisa busca possibilitar ampliação da formação do

professor, no tocante ao planejamento e currículo como pilares da educação. Na

medida em que se diagnostica um problema (a falta de Educação Financeira) e usa-

se o espaço escolar para formar o aluno, se está vivenciando “O trabalho como

principio educativo”.

6. ORÇAMENTO FAMILIAR NA SALA DE AULA

Nesta seção apresenta-se uma sequência didática de vinte horas aulas, a

partir da temática da Educação Financeira, com ênfase no Orçamento Familiar. É

uma proposta de trabalho baseada nos estudos de Administração que organiza um

plano de aula para o curso Médio Integrado em Administração. Também é o

resultado dos estudos desenvolvidos durante o PDE 2010, em disciplinas técnicas.

A Administração é o eixo do curso, bem como compreende nove das vinte e

quatro matérias que compõem a grade curricular do curso em questão. Sendo

assim, este trabalho organiza aulas que enfoquem a necessidade do controle do

Orçamento Financeiro Familiar.

As aulas foram desenvolvidas nos meses de agosto e setembro de 2011, no

período vespertino, com 20 alunos do primeiro ano. Seguiram um planejamento de

ensino onde se apresentou o tema que é o conteúdo estruturante, o Orçamento

Familiar, depois foram trabalhadas atividades diagnósticas sobre o assunto,

diálogos, debates e dinâmicas que retomavam os temas: Administração,

Planejamento, Orçamento e Consumo, além de atividades de reflexão sobre a

situação financeira dos alunos do curso. Também foram utilizadas atividades de

fixação dos conceitos trabalhados, bem como exercícios e técnicas de trabalho em

grupo que levaram os alunos a refletirem sobre a utilidade prática desse

conhecimento.

O material de apoio foi retirado de sites, livros e revistas científicas sobre o

assunto. A disposição da sequência do trabalho desenvolvido se apresenta de forma

a representar uma sugestão didática para outros professores da área.3

As aulas organizaram-se em encontros semanais de duas horas aulas cada,

compreendendo assim dez semanas, o que corresponde aproximadamente a um

bimestre escolar. O quadro 1 demonstra a síntese das aulas aplicadas:

Sequência Desenvolvimento Primeiro encontro

Dialogou-se sobre o que os alunos sabem sobre consumo, empresa, funcionamento financeiro de empresas, gastos familiares. Assistiu-se o clipe do filme “Os delírios de consumo de Becky Bloom”. Foram trabalhados os conceitos de consumo, orçamento familiar, planejamento e administração. Retomou-se a discussão do encontro anterior e pesquisar, em dicionários (AURÉLIO, 2008) e em sites de pesquisa, os conceitos fundamentais trabalhados: Consumo, Administração, Gestão, Orçamento e Planejamento. Definidos esses conceitos, cada aluno se descreveu para a sala enquanto administrador das próprias finanças, ou seja, você, aluno do curso Médio Integrado, é igual à menina da echarpe verde? Em seguida, os alunos montaram uma planilha dos gastos de suas casas, de suas famílias. Cada aluno apresentou essa planilha e devia levar ao conhecimento do grupo se ele ou ela é, ou não, um bom administrador.

Segundo encontro

Trabalhou-se com dois clipes, um de Max Gehringer, sobre como ter sabedoria com o próprio dinheiro e outro clipe bem humorado sobre planejamento (ver referências). Em seguida, pediu-se para que os alunos se definissem segundo a divisão do consultor do vídeo: eles ganham para gastar na velhice ou preferem gastar na juventude? Em ambos os casos, que diferentes medidas cada grupo deve tomar para viver bem com o próprio dinheiro? Seguindo, os alunos pesquisaram, no laboratório de informática, diferentes modelos de planilhas de orçamento familiar.

3 O plano de aula completo encontra-se no site de Educação Dia a dia.

Terceiro encontro

Retomou-se o assunto dos encontros anteriores com o auxilio da apresentação em PowerPoint de Carvalho (2010), sobre orçamento familiar.

Quarto encontro

A partir da revisão, os alunos se dividiram em grupos e cada grupo apresentou uma sequência com (1) Problema social causado pelo consumo exagerado e (2) Alternativa viável para solucionar o problema e conseguir lucrar com o assunto.

Quinto encontro

A sala foi dividida em grupos e cada grupo ganhou o seguinte texto: João tem uma divida mensal de R$ 1.200. Ele deve um montante de R$ 3.000 atrasados. É motorista de caminhão e ganha R$ 800. Sua mulher é dona de casa e ele tem dois filhos (um casal) de adolescentes com 15 e 16 anos. Como ele vai pagar sua dívida? Deixou-se o tempo livre para que os grupos apresentem suas soluções. Essas soluções precisam envolver o replanejamento da família, a ajuda dos outros integrantes, a economia com os gastos domésticos e a melhor forma de renegociar as contas atrasadas.

Sexto encontro

Foi levado para os alunos o texto sobre Orçamento Familiar enquanto Educação Financeira. Leu-se com a sala o texto da revista A&E (2010) e discutiu-se com os alunos os principais conceitos do texto. Os alunos responderam perguntas críticas e interpretativas sobre o mesmo.

Sétimo encontro

Retomou-se a autoavaliação feita no segundo encontro e foi redefinido que tipo de consumidor eu sou hoje. Os alunos produziram um texto argumentativo sobre a temática do clipe e a necessidade de Orçamento Familiar.

Oitavo encontro

Retomar os conteúdos estruturantes: Orçamento familiar; Planejamento; Gestão e administração; Capitalismo e consumo; Trabalho e cidadania. A sala foi dividida em cinco grupos. Cada grupo elaborou um cartaz explicando, de forma concisa, clara e persuasiva um dos conceitos trabalhados, com um texto que levasse o leitor a pensar em sua relação com o dinheiro, com o trabalho e com a sua função social.

Nono encontro

Repetiu-se com os alunos a descrição do perfil deles como consumidores. Discutimos também se o trabalho fez com que os mesmos refletissem sobre suas condições. A partir disso, os alunos a pesquisaram, nas outras salas do curso deles, qual o perfil consumista de seus colegas, se eles fazem Orçamento Familiar, se são donos absolutos de suas finanças e assim, mantêm-se firmes em seus planejamentos.Os dados obtidos formam tabulados em gráficos e apresentados em espaço público.

Décimo encontro

Avaliou-se com a turma os dados obtidos. A turma expos os dados em cartazes para que todos os alunos entrevistados se vissem nos gráficos. Foi elaborado, com a turma, possíveis sugestões para se ter domínio total do Orçamento Familiar. Isso ser feito com a ajuda de sites sobre finanças na internet e de livros sobre o assunto. Terminamos com o clipe do filme “Robôts”, que trabalha com a necessidade de concertar ao invés de jogar fora, inclusive para com as pessoas, que são seres humanos (robôs no clipe) e não podem se vender ao consumo desesperado.

Quadro 1: Plano de aula desenvolvido no Curso Médio Integrado em Administração. Colégio Estadual Rui Barbosa, Ensino Médio e Profissional, em Formosa do Oeste, PR. 2011 (PDE, 2010).

A avaliação aconteceu mediante a participação do grupo, a mudança de

postura dos alunos, a compreensão do tema e a reflexão sobre a prática da

administração. Ainda se observou o comportamento empreendedor dos alunos nas

atividades em grupo, o desempenho nas pesquisas e produções textuais. Foram

recursos pedagógicos indispensáveis:

• TV pendrive;

• Laboratório de informática;

• Sites de pesquisa na internet;

• Planejamento pedagógico do curso Médio Integrado em Administração.

As aulas foram um sucesso e a apresentação do trabalho a comunidade

surgiu o efeito de reflexão sobre o próprio comportamento. Essa é a dialética

necessária a aprendizagem.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo efetivado possibilitou retomar a necessidade real de trabalhar o

Orçamento Familiar como educação para a vida. Também mostrou, no

desenvolvimento das aulas, o quanto a prática não está presente nos cursos

profissionalizantes, o que retoma a discussão essencial da necessidade de planejar

os cursos Médios a partir da premissa do “Trabalho como principio educativo”.

Dessa forma, evidencia-se a necessidade de conhecimento teórico e didático

ao professor. Para que o mesmo elabore aulas criativas, domine o seu conteúdo, as

diretrizes do mesmo e a competência didática. O Programa de Desenvolvimento

Educacional (PDE) representou um espaço para esse aprofundamento.

No cotidiano das salas de aula, os educadores, devem lutar por esse direito.

O direito de estudar e planejar aulas melhores. Essa também é uma reflexão sobre a

relação entre o trabalho, cidadania e educação.

REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lúcia. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Editora Moderna, 1993.

AURELIO, Mini Dicionário, 2ª Edição revista e ampliada, Ed. Nova Fronteira, 2008.

CARVALHO, Rosane. Planejamento financeiro familiar. Disponível em < www.celpos.com.br/arquivos/eventos/PlanejamentoFinanceiroFamiliar.ppt>. Acesso em 24 de julho de 2011.

BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Trad. Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro:

Zahar, 2005.

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