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APOSTILA CONCURSO
ANÁLISE DE CRÉDITO
Conceito de Análise de Crédito
A análise de crédito consiste em atribuir valores à um conjunto de fatores que permitam a emissão de
um parecer sobre determinada operação de crédito.
Para cada fator individual emitimos um valor subjetivo (positivo ou negativo) para este. Se o conjunto de
fatores apresentar valores positivos em maior número que os negativos, a tendência é que o parecer seja favorável a concessão do crédito.
O processo de concessão de crédito para pessoas físicas ou jurídicas é muito parecido, todos tem um
fluxo bem semelhante. A pessoa física tem sua fonte de renda e suas despesas que podem ser de curto
ou longo prazo. Ela tem que tentar fazer com que sua receita seja suficiente para honrar suas despesas. Muitas vezes a falta de controle, o surgimento de despesas imprevistas ou outros fatores, fazem com
que exista a necessidade se buscar um suprimento de dinheiro extra para preencher esta lacuna aberta
em seu orçamento. Nesta situação é que surge o profissional de crédito com a missão de analisar se
este proponente merece que a empresa/instituição conceda à ele os recursos que necessita.
Existe também a situação que o proponente está procurando recursos para investimento. A análise é
feita de maneira um pouco diferente, mas os princípios são os mesmos.
São diversos os fatores, iremos falar neste portal de todos eles. Temos os fatores caráter e capacidade. Analisando estes fatores é possível emitir um parecer. Os fatores nos possibilitam ter uma idéia do
provável comportamento do cliente. Estaremos analisando o seu passado e tentaremos prever seu
comportamento futuro. Tentando assim só conceder crédito aos que demonstrem maiores e melhores
chances de honrar seus compromissos.
Outro fator de vital importância são as garantias. Apesar de não devermos realizar qualquer operação
de crédito baseada somente nas garantias, estas são um fator fundamental na análise do crédito, pois
elas podem nos dar a certeza de no caso de um sinistro, nosso capital investido terá um retorno mais
rápido.
A análise de crédito conta com a informática como instrumento de precioso auxílio. É possível, com uma
grande base de dados estatísticos, saber o perfil de um provável bom pagador.
Não podemos esquecer da informações que são obtidas pela checagem e pela análise dos documentos
apresentados pelo tomador que deseja realizar uma operação de crédito.
Todos estes fatores permitem que a análise de crédito seja possível com maior segurança.
Equações do crédito
Apenas com a idéia de facilitar e racionalizar os conceitos de uma análise de crédito para pessoas
físicas, eu os agrupei em algumas equações. São utilizadas em minhas rotinas de trabalho. São elas:
Análise de Crédito
Equação: Caráter + Capacidade + Patrimônio + Garantia = < ou > Risco
Caráter
Equação: Pontualidade + Restritivos + Identificação = < ou > Risco
Capacidade
Equação: Idade + Estado Civil + Fonte de Renda + Tempo de Atividade = < ou > Risco
Patrimônio
Equação: Comprovação de Existência + Valor de Mercado + Identificação da Origem = < ou > Risco
Garantia
Equação: Liquidez + Valor de Mercado + Correta Formalização = < ou > Risco
Caráter
Pode-se definir o caráter, em relação ao crédito, como a intenção do cliente em saldar a operação de
tomada.
Não é fácil identificar se uma pessoa deixou de pagar suas dívidas realmente por vontade própria. Serão mostrados aqui alguns critérios possíveis de serem adotados para se obter uma idéia do que
seria alguém com caráter. Muitas vezes a pessoa que toma o empréstimo ou financiamento é de bom
caráter, mas não tem a habilidade necessária para gerir seu negócio ou sua vida financeira, o que faz
com ele se endivide em demasiado.
Fontes de Informações
Pontualidade
Restrições
Capacidade
Definição: Podemos chamar de capacidade, no que diz respeito a análise do crédito, a condição ou
habilidade apresentada por um tomador de crédito para honrar seus compromissos.
O cliente pessoa física tem a capacidade de gerar receitas e recursos. Ao realizarmos uma operação de
crédito devemos tentar mensurar esta capacidade. Devemos levar em consideração: o valor, a origem, a previsão de recebimentos dos valores e outros fatores. A análise deve ser feita de maneira diferente, de acordo com a fonte de seus recursos.
É lógico que é muito difícil saber se aquele cliente que você emprestou dinheiro à ele ontem, irá ser demitido da empresa na qual ele trabalha. Além disto se vivermos sempre com este dilema não iremos
realizar nunca operações de crédito. O que temos que tentar fazer é prever com um grande percentual de acerto se nossos clientes irão pagar ou não.
Analisando a capacidade do cliente podemos ter uma idéia (não devemos esquecer que a análise de
crédito é complexa e envolve diversos fatores, a capacidade é um deles e não deve ser analisada
isoladamente) se o cliente apresenta uma situação de um provável pagador da operação.
O valor da renda do cliente já nos dá uma idéia de sua capacidade de pagamento, sua fonte pagadora
também. Devemos "olhar" com atenção sua fonte pagadora.
Se pensarmos nos motivos que possam existir para que um tomador deixe de honrar uma operação, chegaremos a várias conclusões, vamos relacionar algumas delas:
• Desemprego
• Morte do tomador
• Endividamento demasiado
• Doença
A morte é com certeza um "bom" motivo para o cliente não honrar sua dívida. Existe uma forma de
anularmos este risco de prejuízo e ainda gerarmos receita para nossa empresa/instituição. Podemos
agregar ao contrato de financiamento/empréstimo um seguro prestamista, que irá saldar a dívida do
cliente em caso de morte ou invalidez permanente. Agregar um seguro deste tipo pode trazer algum
prejuízo comercial se ele fizer que tenhamos que aumentar muito a taxa de juros praticada nas
operações mas isto será objeto de outro área deste portal. Podemos afirmar que se fizermos um
levantamento estatístico em qualquer empresa/instituição a falta de pagamento devido a morte ou
doença dos tomadores não estarão entre os principais motivos.
Ao utilizar estes dois motivos como exemplo quisemos apenas mostrar que os responsáveis por decisão
de crédito, devem estar atentos a todas as situações possíveis que cercam a operação, procurando
analisar quais representam mais risco de sinistro e tomar as devidas decisões a respeito.
Ao analisarmos o motivo "endividamento demasiado" podemos concluir que ele pode ser evitado. Antes
de realizarmos a operação de crédito, quando tivermos observando a ficha cadastral e os resultados
das checagens poderemos observar se o cliente declarou ter experiência de crédito em outras
empresas/instituições e se foram apontadas "passagens" em outras empresas/instituições. As
experiências de crédito informadas podem significar que ele ainda está com estes compromissos e as
"passagens" indicam que ele realizou ou pelos menos solicitou crédito em outra ou outras empresas e/ ou instituições. Devemos procurar obter informações junto a estas empresas/instituições para termos a
idéia dos valores que o cliente está solicitando/emprestando no mercado. Além disto podemos descobrir outras informações através de nossas checagens juntos as empresas/instituições. Ao descobrirmos o
montante que o cliente deve no mercado, podemos enquadrar o valor a ser liberado para ele ou até
mesmo negarmos o crédito se os valores forem muito elevados em relação a sua renda.
Pode ser realizada uma checagem específica com o próprio tomador quando se encontra o
apontamento de "passagem" em nome do cliente (esta consulta depende do valor da operação ou da
disponibilidade de recursos humanos e de tempo que a operação pode dispor). Nesta página você
encontra um exemplo desta checagem.
Em relação ao motivo desemprego, podemos dizer que não há modo de prever isto, mas podemos ter uma noção da empregabilidade do tomador. É claro que sabemos que em relação a estabilidade do
tomador para manutenção de sua fonte de renda o tipo de cliente mais seguro é o aposentado, pois ele
não irá deixar de receber sua renda. O pensionista também oferece uma certa estabilidade, desde que a
pensão não seja alimentícia, pois assim teríamos que analisar a pessoa que paga a pensão e não
somente quem recebe. Os funcionários públicos, principalmente os militares também possuem
estabilidade.
Aproveitamos para escrever sobre a vital importância dos envolvidos em decisão de crédito de estarem
atualizados, durante muito tempo o funcionário público foi sinônimo de estabilidade, pois era quase
impossível ele perder seu emprego. Os tempos mudaram. Primeiro foram as privatizações de empresas
públicas que fizeram com que pessoas que achavam que nunca iriam ser demitidas e até mesmo não
se atualizavam profissionalmente fossem postas no mercado de trabalho. Depois, como reflexo de uma
democratização tardia do país, vieram as denuncias e punições de funcionários públicos envolvidos em
corrupção, algo que seria impossível alguns anos atrás. Ou seja, funcionário público não é mais
sinônimo de estabilidade total. Temos que ter sempre em mente que a sociedade é algo dinâmico e está
em constante transformação, nós temos que estarmos atentos à elas e nos mantermos atualizados.
A formação do tomador também é um dado importante, muitas empresas/instituições desprezam esta
informação, não é comum existir nas fichas de cadastro um campo para o tomador indicar sua
formação. Através da formação do cliente, além de outros dados podemos prever sua condição de
conseguir ser recolocado no mercado.
Abaixo estamos fornecendo alguns dados de como se analisar a capacidade um cliente de acordo com
sua fonte de renda.
Fontes de renda:
Assalariado
Pensionista
Profissional Liberal
Aposentado
Autônomo
Sócio de Micro ou pequena empresa
Comprovação de Renda
Checagens
As checagens são fundamentais para uma análise de crédito, as perguntas feitas devem ser claras e
objetivas para que não se perca tempo durante a checagem tendo que ficar repetindo o significado das
perguntas. Elas tem como objetivo possibilitar que o emissor do parecer sobre a proposta de crédito
possa levar em consideração realmente as informações dados pelo proponente.
Não podemos esquecer que temos compromisso com o resultado da instituição/empresa e que
devemos conceder crédito para os proponentes que apresentem melhores condições de honrar as
operações. Temos que tentar respeitando a relação custo/benefício e no menor espaço de tempo
possível realizar as checagens que achamos necessário para emitir um parecer com segurança. Qualquer tipo de checagem implica em custos, por isto não adianta checarmos todas as fontes de
informação possíveis para um proposta cujo o valor seja baixo, pois pode acontecer que mesmo que o
cliente pague em dia, já teremos gasto mais do que a instituição/empresa irá ganhar com a operação.
Outro fato com que temos que nos preocupar é com a demora para a emissão do parecer em uma
proposta, temos que ser cuidados com todo o processo de concessão de crédito mais ao mesmo tempo
temos que ser ágeis, pois a demora na emissão pode significar a perda de um cliente potencial e até
mesmo a perda de parceiro comercial, dependendo do produto que estamos operando.
Nos casos de operação com cliente antigos algumas checagens podem deixar de serem feitas, principalmente aquelas referentes a dados já informados pelo cliente em seu contrato ou contratos
anteriores e que não tenham se modificado de acordo com a ficha cadastral preenchida para a nova
operação.
Os envolvidos na checagem devem ser treinados antes de realizarem estas tarefas. O ideal é que exista
um roteiro para que o funcionário siga.
As checagens podem e devem variar de acordo com o tipo de operação e até mesmo com o valor que o
proponente está solicitando.
Nunca podemos esquecer que ao ligarmos para uma pessoa ou empresa para realizarmos uma
checagem, estamos representando nossa instituição ou empresa, por isto devemos mais do que nunca
sermos educados, gentis e diretos com nossos interlocutores. As pessoas que irão atender o telefone
do outro lado da linha estarão nos fazendo um favor. Deveremos tentar criar empatia com estas
pessoas.
O funcionário que realiza a checagem deve estar atento durante a sua verificação para como a pessoa
que ele está questionando passa as informações. A fonte de informação pode:
Informar: É a forma de resposta da fonte de informação que dá maior credibilidade para a checagem, mas mesmo assim, não impede que haja uma combinação prévia entre fonte de informação e o
proponente. O atendente deve estar atento para a maneira que a fonte de informação responde as
perguntas. As vezes perguntas que normalmente deveriam ser objeto de consulta a alguma fonte e são
respondidas de imediato podem representar que a fonte de informação está passando informações
inverídicas. Exemplo: Ao ligar para uma empresa para checar dados profissionais, a pessoa que atende
dá todas as informações diretamente, informa tempo de serviço, salário, cargo e etc. Ou a empresa é
muito pequena e o funcionário sabe os dados de cor dos funcionários ou existe alguma coisa errada. Normalmente estas informações deveriam ser obtidas em alguma tipo de arquivo seja ele manual ou
eletrônico.
Confirmar: Muitas vezes a fonte de informação se recusa a informar os dados do pesquisado, e diz que
só pode confirmar. Este fato deve ser informado ao analista ou pessoa que irá emitir parecer sobre a
operação, pois tal fato pode significar somente que a fonte de informação ficou desconfiada de alguma
coisa e não se sentiu a vontade para falar sobre o proponente. Pode significar também que a fonte de
informação esta combinada com o proponente e para evitar erros, vai confirmar os dados que foram
informados na proposta. Sendo que os dados não são verídicos. Desconfie de perguntas como: Quanto
ele disse que ganhava?
Devemos procurar identificar na hora da ligação se a referência está consultando um "terceiro" antes de
nos passar as informações.
O funcionário que realiza a checagem deve sempre deixar claro ao analista quais os dados que foram
informados e quais os que foram somente confirmados. Esta diferença possibilita ao analista identificar possíveis combinações feitas por estelionatários ou "espertos" para passarem informações falsas.
Local de Trabalho
Referência Bancária
Referência Comercial
Referência Pessoal
Residência
Vizinhança
Ficha Cadastral
A ficha cadastral é o ponto de partida para uma análise de crédito, nela devem estar contidas as
informações que irão permitir a emissão de um parecer sobre uma operação de crédito. A ficha
cadastral deve ser elaborada de maneira objetiva, fazendo que o preenchimento desta seja simples e
rápido. Todas as informações pedidas na ficha cadastral devem ter uma utilidade, ou seja, se a informação não
vai servir para auxiliar a emissão do parecer, não deve ser posta na ficha cadastral.
É comum vermos fichas cadastrais com espaços mínimos para o proponente e/ou avalista
preencherem, tal fato faz com que estes tenham que abreviar palavras (as abreviações nem sempre
obedecem regras da língua portuguesa, o que dificulta o entendimento), começar a frase ou palavra
com um tamanho de letra e terminar com um rabisco ilegível. Resumindo não há como identificar os
dados que foram postos em determinados campos da ficha.
Devemos, ao elaborar a ficha cadastral, procurar ser o mais claro possível, escolhendo bem os termos
que irão dar os nomes aos campos que irão ser preenchidos. Exemplo: Filiação: Pai / Mãe. Sempre que
pensarmos que um termo utilizado na ficha cadastral pode dar margem a erros de interpretação, devemos trocá-lo ou por um sinônimo ao lado.
Nas empresas/instituições que utilizam as "propostas eletrônicas", ou seja, sistemas informatizados que
registram os dados da ficha cadastral. A ordem de distribuição nos campos na tela do computador deve
seguir uma ordem mais próxima possível da ordem apresentada na ficha cadastral em papel, para
facilitar o trabalho de digitação. Isto quando os dois tipos de propostas (papel e eletrônica) existirem.
Muitas empresas/instituições utilizam o credit score como ferramenta de concessão de crédito, nesta
situação é importante que todos os dados que pontuam no credit score estejam presentes em forma de
campos para serem preenchidos na ficha cadastral, parece óbvio, mas algumas instituições já
montaram fichas cadastrais e esqueceram de colocar campos com dados que eram pontuados no credit score.
Na ficha cadastral poderá ou não estar incluída uma proposta de crédito. A proposta de crédito, mesmo
tendo campos em comum com a ficha cadastral, tem uma outra finalidade. Algumas instituições
unificaram ambas em um único formulário.
Apresentamos alguns modelos de ficha cadastral, estes modelos são o que nós consideramos ideal para uma ficha cadastral. Os modelos são bem abrangentes e contém muitas informações. O
importante é que cada ficha cadastral atenda as necessidades específicas da instituição/empresa. Assim pode ser que o nosso modelo contenha muitas informações que não seriam utilizadas por diversas instituições/empresas. Nosso objetivo é apenas mostrar alguns exemplos
Proposta de Crédito
A proposta de crédito é um documento que define como a operação foi realizada e quem a autorizou. Ela pode ser emitida em papel ou eletronicamente. Na proposta de crédito devem estar contidos os seguintes dados:
Dados do tomador
Dados que possibilitem a identificação do tomador da operação, dados como: nome, CPF, data de
nascimento, endereço etc. Ou seja, os dados que qualifiquem quem vai realizar uma operação de
crédito.
Dados do avalista
Se houver avalista na operação, os mesmos dados que forem preenchidos para o proponente, deverão
ser preenchidos para o avalista.
Dados da operação
São os dados que descrevem como é a operação. Valor, prazo, valor das parcelas(contraprestação, pmt etc.)
Dados da garantia
Descrição da garantia, valores estimados ou reais etc.
Dados das consultas
Descrição dos resultados das pesquisas cadastrais realizadas para a emissão do parecer.
Dados do aprovador
Nome e cargo(ou função) de quem está aprovando a operação. Campo para assinatura do(s) responsáveis pela concessão.
Muitas empresas/instituições unificam a proposta de crédito e a ficha cadastral em um único documento
Análise de Crédito Pessoa Jurídica
Iremos escrever nesta área do portal sobre o crédito destinado à empresas (pessoa jurídica). Aqui constarão informações sobre concessão, dicas para análise de crédito, estudos de casos e muito mais.
Veremos os chamados C's do crédito.
A análise de crédito está dividida nestes seis tópicos abaixo. Acesse as páginas e obtenha
informações sobre cada um deles
Caráter Capacidade
Condições Capital
Colateral Conglomerado
Caráter
Definição: Caráter é referente à intenção, a determinação, a vontade que o tomador tem em honrar uma operação. Identificar se um tomador que não honrou suas dívidas teve ou não a intenção de pagar não é uma tarefa fácil de se realizar, . As informações que a instituição/empresa possui de seus cliente,
as informações obtidas com outros bancos e fornecedores e as informações disponibilizadas pelas
empresas/órgãos de informação são a melhor maneira de conhecer os hábitos de pagamento do
tomador.
É importante destacar que uma empresa pode não honrar seus compromissos por não possuir recursos, isto não significa que falta caráter aos responsáveis pela empresa. No meu ponto de vista, o caráter é
um dos mais importantes elementos de uma análise de crédito, pois outros fatores que não permitam
que o cliente consiga honrar sua dívidas podem até ser contornados. Mas se o tomador não possui a
intenção de honrar seus compromissos, nada há para fazer, a não ser recorrer as meios legais de
cobrança. Se o tomador possui caráter, ele tentará negociar a dívida, oferecer bens como forma de
pagamento e tentará manter sua boa reputação.
Também poderemos encontrar casos que a intenção de pagar do tomador não é muito grande, mas ele
necessita de realizar negócios com determinado fornecedor para que seu empreendimento continue a
existir, sendo assim podemos dizer que a importância do produto ou serviço em relação ao negócio do
tomador, pode ser fundamental para o recebimento dos valores concedidos. Ou seja, se pararmos de
vender nossos produtos ou serviços a um determinado cliente, seu negócio acaba.
Capacidade
Definição: Entre os profissionais de crédito, ela pode ser definida como a capacidade de pagamento de
uma empresa de honrar suas dívidas e obrigações. Pode ser definida também como a habilidade e/ou a
competência de se administrar a empresa. Este site não tem como objetivo "adotar uma verdade" sobre
os assuntos aqui abordados, por isto sempre haverá espaço para as várias formas de conceituação dos
temas relativos ao crédito, ao risco e a cobrança. Vamos adotar nesta página a definição para
capacidade, como sendo a habilidade ou competência, como já escrito anteriormente. Esta definição é
apenas para seguir uma linha nesta página. Em outras páginas iremos escrever sobre a outra definição. Para analisarmos a capacidade da empresa, deveremos analisar:
- Seus administradores: a formação profissional destes, se possível a formação acadêmica também, sua
exposição ao ramo de atuação na qual a empresa que ele dirige está inserida.
- A empresa: suas instalações, seus métodos de trabalho
Quanto maior o porte da empresa, mais profundamente deveremos "mergulhar" nela, até pelo fato que
devido ao grande porte da empresa, a possibilidade das quantias envolvidas em operações de crédito e
risco serem "astronômicas".
Capital
Um fator importantíssimo em um análise de crédito. Capital em uma análise de crédito de uma empresa
não é entendido simplesmente como a conta de capital que usamos na contabilidade. Quando falamos
de Capital em um análise estamos nos referindo a sua situação econômica, financeira e patrimonial. Estamos falando dos seus recursos e bens que podem ser utilizados para honrar suas dívidas.
Através da análise dos demonstrativos contábeis, podemos levantar informações sobre como está o
desempenho da empresa e sobre sua solidez. Estaremos fazendo uma análise financeira da empresa.
Para a análise financeira não utilizamos somente os demonstrativos como balanços e relatórios de
demonstração de resultados. Podemos fazer a análise financeira e descobrirmos a capacidade de
pagamento de uma empresa ou de uma pessoa que não emita nenhum demonstrativo ou declare
imposto de renda. Podemos nos basear em informações obtidas com o próprio e com terceiros.
Condições
As "condições" na análise de crédito são os fatores externos e macroeconômicos. Estes fatores
externos, muitas vezes imprevisíveis, não são controláveis pela empresa. Mudanças na política
econômica do governo podem afetar positivamente ou negativamente uma empresa. Toda empresa
está envolvida em um sistema onde diversas forças e fatores exercem influência sobre ela. Podemos
citar como exemplos, as conjunturas nacionais e internacionais, o governo, o meio ambiente, a
concorrência e etc. O ramo de atividade também é um fator que influi na existência da empresa. Alguns
ramos de atividade funcionam em uma cadeia e só atendem a um outro ramo, se este ramo entra em
crise, com certeza a crise irá lhe afetar.
A sazonalidade é outro elemento de nosso estudo, existem empresas que produzem para comercializar somente durante determinada época do ano, podemos citar como exemplo as fábricas de ovos de
Páscoa. Existem também os produtores agrícolas que cultivam culturas que não se desenvolvem
durante o ano todo.
As condições afetam as empresas de diferentes formas e de diferentes intensidade, o porte da empresa
é um outro fator fundamental para a redução desta intensidade. Podemos citar também outros fatores
que afetam as empresas como: a moda, a essencialidade e a região geográfica.
Conglomerado
Definição: O termo Conglomerado em análise de crédito significa analisar não apenas a empresa que
está solicitando crédito, mas todo o conglomerado de empresas na qual a empresa está inserida. A
idéia é que se faça a análise da empresa controladora ou das controladoras (se for o caso), das
controladas e das coligadas. Desta maneira poderemos ter uma idéia do conjunto de empresas que
formam um grupo. Isto é para evitar que alguém utilize uma coligada ou controlada que está em melhor condição financeira para obter recursos que na verdade serão utilizados em outra empresa que não
está em boa situação. A idéia de conglomerado não é usada somente nos termos da lei, mas sim
quando qualquer empresa possui participação nas tomadas de decisão de outra empresa.
Definição de Coligada: Sociedade que uma participa com o mínimo de 10% do capital da outra sem
porém controlá-la.
Definição de Controlada: Chamamos de controlada uma sociedade na qual a condição de eleger a
maioria dos administradores e o predomínio nas deliberações sociais é exercida de modo permanente. Ou seja a sociedade possui direitos de sócios que a possibilita controlar outra sociedade. O controle
pode ser exercido de maneira direta ou através da intermediação de outras controladas
Colateral
Chamamos de Colateral uma espécie de segurança adicional à uma operação de crédito. É uma ou
mais garantias dadas pelo tomador para aumentar o grau de segurança da operação e muitas vezes
para fortalecer algum dos outros fatores da análise. Contudo não devemos nunca utilizarmos garantias
para fortalecer uma proposta de um tomador que apresente restrições em relação seu caráter.
Garantias
Definição: As garantias tem com objetivo dar reforço a segurança nas operações de crédito.
Durante uma operação de crédito as garantias deverão ser examinadas em conjunto com as
informações cadastrais, a finalidade da operação, sua forma e as fontes de pagamento.
Tipos de Garantia: Existem dois tipos de garantias, as pessoais ou fidejussórias e as garantias reais.
É fundamental adequar as garantias às características da operação de crédito, porém a liquidez do
crédito não deve ser baseada somente nas garantias constituídas, mas sim em um conjunto de
variáveis que nos permitam ter um idéia se a operação de crédito será concedida à um "bom cliente".
Exemplo de adequação da garantia a característica da operação de crédito: Determinadas
garantias necessitam de um prazo mais longo para serem formalizadas, por isto devem ser evitadas
para operações de curto prazo. Como utilizar como garantia a hipoteca de um imóvel para um operação
de desconto de duplicatas com um prazo de 60 dias.
Exemplo de utilização de garantia para a concessão de crédito sem levar em consideração a
análise do conjunto de variáveis: Um cliente solicita financiamento de um veículo e dá como entrada
50% do valor deste. O cliente no ato da concessão do crédito apresentava algumas restrições
cadastrais, como a emissão de 5 cheques sem fundos e dívidas em 2 bancos. Além disto sua fonte de
renda, declarada de R$ 5.000,00 era oriunda de trabalhos como autônomo. Após alguns meses o
cliente sofre um acidente e ocorre perda total no veículo. O veículo não estava segurado. Resumindo o
valor da operação foi lançado como prejuízo para a instituição que concedeu o crédito, já que a garantia
não mais existe, não há como apreendê-la e leiloá-la para tentar recuperar o prejuízo.
Abaixo links para as áreas de garantias pessoais(fidejussórias) e reais.
Pessoais
Reais
Garantias - Pessoais
As garantias pessoais ou fidejussórias são garantias nas quais pessoas físicas ou jurídicas assumem, como avalistas ou fiadores, a obrigação de honrar os compromissos referentes a operação de crédito, caso o cliente não o faça.
Os avalistas e fiadores devem passar pela mesma análise creditícia que o proponente, pois caso o
cliente não honre seus compromissos o avalista ou fiador terá que fazê-lo, portanto é necessário que ele
tenha condições econômica e financeiras para isto.
Quando o aval ou fiança for dado por pessoa jurídica, deverá ser verificado no contrato ou estatuto
social da empresa se existe esta possibilidade expressa no contrato, pois se não houver, o aval ou a
fiança não terá validade jurídica.
Aval
Definição: É a promessa que alguém faz de cumprir obrigação de terceiro realizada através de um
título de crédito, se o obrigado não vier a cumprir. O avalista é quem concede o aval. Avalizado é a
pessoa que recebe o aval. Não existe aval em contrato, somente em títulos de crédito.
O aval é uma garantia pessoal e deve ser aceita desde que se possa constatar sua capacidade
econômica e financeira e sua idoneidade moral, além de capacidade jurídica (se é maior de idade ou se
não está interditado).
O aval não pode ser limitado nem condicionado. O avalista responde pelo título como um todo.
O aval dado por procurador, quando esse é o próprio emitente do título, tem sua validade dependente
dos poderes expressos, no respectivo instrumento de procuração, desde que lavrada em cartório
competente. Nas procurações, os poderes devem ser expressos, de forma clara, para a modalidade do
título avalizado.
O aval prestado por pessoas jurídicas somente é válido quando permitido expressamente no contrato ou
estatuto social da empresa. A simples omissão determina a impossibilidade de prestar o aval.
O aval prestado por pessoas casadas compromete o patrimônio do casal até o limite da meação do
cônjuge, que é a metade do patrimônio do casal. Portando é recomendável que se tome também o aval do outro cônjuge. Exemplo: Se o marido entra como aval é recomendável que se tome o aval da esposa
e vice-versa.
O aval cruzado e a concentração de avais são práticas desaconselháveis, já que reduzem a eficácia do
aval como reforço da segurança da operação de crédito. O aval cruzado é quando um proponente
recebe um aval em uma operação e em outro operação os papéis se invertem, o aval passa a ser proponente e o proponente passar a ser o aval. A concentração de avais é quando uma única pessoa
presta aval em várias operações.
Fiança
Definição: É uma garantia cujo fiador, seja pessoa física ou pessoa jurídica se constitui como principal responsável pelo pagamento das obrigações assumidas pelo afiançado, pessoa física ou pessoa
jurídica, caso esta não cumpra as obrigações contratadas. A fiança é sempre estabelecida em relação a
um contrato.
Na fiança de pessoa física, é importante a outorga uxória, ou seja, a assinatura do cônjuge do
contratante, a fim de coobrigar a responsabilidade pelo contrato.
A fiança é uma garantia contratual e não cambial, o que significa que é uma garantia sempre dada em
contratos.
GARANTIAS REAIS
Definição: São bens ou direitos de recebimentos dados em garantia de obrigações relativas a operações
de crédito.
A escolha do tipo de garantia real deve ser feita de acordo com as características da operação de
crédito, como: tipo de operação, prazo, valor etc.
A escolha da garantia também deverá ser voltada para os bens e direitos de maior grau de liquidez
(possibilidade de recebimento) e que deverão ser observados os preceitos de sua formalização.
Alienação Fiduciária
Anticrese
Caução
Hipoteca
Penhor Mercantil Reserva de Domínio
Alienação Fiduciária
Definição segundo o dicionário Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa
a.li.e.na.ção sf (lat alienatione) 1 Ação ou efeito de alienar; alheação. 2 Cessão de bens. 3 Desarranjo
das faculdades mentais. 4 Arrebatamento, enlevo, transporte. 5 Indiferentismo moral, político, social ou
mesmo apenas intelectual. Antôn (acepção 5): engajamento, participação. A. mental: loucura.
• Definição: É o contrato no qual o devedor transfere ao credor a propriedade de bens móveis para
garantir pagamento de dívida com a condição de tornar a ter a propriedade do bem, quando liquidar a
dívida.
Anticrese
Definição segundo o dicionário Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa
an.ti.cre.se sf Dir (gr antíkhresis) Abandono ao credor das rendas de um imóvel, como compensação
de dívida, ou à conta de juros.
Caução
Definição: É o penhor de um direito não material. Exemplo: o crédito. Para haver uma distinção entre o
penhor de títulos e direitos creditórios do penhor tradicional, onde existe a transferência do bem móvel, ele é denominado de caução.
A caução acarreta um direito sobre outro direito, daí ser essencial que haja a entrega dos títulos para
caracterizar este tipo de garantia. Os direitos cedidos podem ser: penhor, hipoteca, depósito em
dinheiro, valores e títulos.
Não são os títulos em si(os papéis fisicamente) que são dados em garantia, mas sim o direito que esses
títulos representam e que por terem valor econômico, podem ser oferecidos em garantia em uma
operação. O credor que recebe títulos em caução é chamado de mandatário.
Exemplo de títulos caucionáveis: Letras de Câmbio, duplicatas, Notas Promissórias de terceiros, ações
de empresas de capital aberto e outros títulos cambiais.
Hipoteca
Definição segundo o dicionário Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa
hi.po.te.ca 1 sf (gr hypothéke) 1 Direito real constituído a favor do credor sobre imóvel do devedor ou
de terceiro, como garantia exclusiva do pagamento da dívida, sem todavia tirá-lo da posse do dono. 2
Dívida garantida por esse direito. H. convencional: a que resulta da estipulação das partes para garantir o cumprimento da obrigação. H. legal: a que a lei institui em favor de certas pessoas, naturais ou
jurídicas, em garantia de obrigações decorrentes de certos fatos.
Definição: Garantia baseada no direito real sobre bens imóveis, embarcações ou aeronaves, de forma a
assegurar o pagamento da dívida, sem que exista a transferência da posse do bem ao credor.
Após a liquidação da dívida, a hipoteca será liberada e deve ocorrer o cancelamento junto ao cartório.
• É uma garantia normalmente utilizada para operações de longo prazo, tendo como objetivo dar segurança a instituição/empresa ao ter bens imóveis lastreando a operação de crédito.
• A segurança que procuramos ao obter a hipoteca de um imóvel como garantia, só será conseguida se
tivermos certos cuidados com a formalização desta. Devendo ela estar registrada em cartório de registro
de imóveis, em primeiro grau e sem concorrência de terceiros. Se não houve o registro, não existe a
hipoteca.
• Os credores hipotecários tem preferência sobre outros credores, sendo que o credor que registrou
primeiro a hipoteca é privilegiado. Não há contudo preferência sobre crédito fiscais ou trabalhistas. A
hipoteca como garantia, pode ser dada pelo próprio devedor ou por terceiros intervenientes, que
será(ão) solidariamente responsável(is) pela dívida.
• Os direitos reais constituídos através de hipoteca continuarão a existir, caso o devedor transfira o bem
a outra pessoa (direito de seqüela). Se a dívida hipotecária não for paga, o credor hipotecário tem o
direito de executar a garantia, mesmo que essa não seja mais propriedade do devedor.
• O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa em exoneração correspondente da
garantia. Enquanto não terminar o contato, a hipoteca não pode ser baixada.
• O cônjuge do hipotecante deverá comparecer ao ato de constituição da hipoteca, qualquer que seja o
regime de casamento(outorga uxória).
• Um imóvel pode ser hipotecado mais de uma vez ao mesmo credor ou até mesmo a outro credor, mediante novo título. A ordem das hipotecas é fixada pela data da sua inscrição no Registro de Imóveis. A denominação que se dá é a ordinal. Por exemplo: O Sr. José dá em primeira hipoteca, em segunda
hipoteca etc. Se a primeira hipoteca for cancelada, a segunda hipoteca passar a ser a primeira, a
terceira assume o lugar da segunda e assim sucessivamente.
• Tudo que for acrescido ao bem hipotecado passará a fazer parte integrante da hipoteca. É o princípio
geral de direito que diz que: o acessório segue o principal. Este princípio é aplicado ao direito das
coisas: imóveis, aviões, navios, etc.
• Sempre temos que considerar a liquidez do bem ao recebermos um em hipoteca. Não podemos
esquecer que esse bem poderá ter que ser vendido em praça pública e que somente atrairá
interessados se o bem apresentar valor econômico. O valor do bem deve ser compatível com o risco
assumido, principal somado aos encargos, que ele garante hipotecariamente, durante o período integral da operação.
• Se não houver o pagamento da dívida conforme o contrato, o credor hipotecário não poderá ficar com
o bem dado em garantia. Ele deve promover a execução judicial da hipoteca.
• A dívida poderá ser considerada vencida se: 1 - O bem hipotecado deteriorar-se ou depreciar-se, reduzindo a garantia, e o devedor não reforçá-la; 2 - O devedor cair em insolvência ou falir; 3 - As obrigações não forem pontualmente cumpridas; 4 - Se perecer o objeto dado em garantia; 5 - Se houver desapropriação.
• É extremamente necessário examinar previamente a documentação do imóvel ou de outros
bens(embarcações marítimas, aeronaves etc.) e de seus proprietários. Documentos como: título de
aquisição do imóvel ou outros bens, certidão do registro de imóveis ou outros bens, certidão de filiação
vintenária e etc.
• O simples fato de se constituir uma garantia hipotecária não representa, por si só, a segurança da
liquidez do crédito. Na atividade de concessão de crédito, o importante é o retorno dos créditos nos
prazos previstos, que é conseguido com uma análise global do risco assumido, ou seja a análise de
crédito é fundamental para a concessão, não devemos nos basearmos somente na garantia para a
emissão de nosso parecer de crédito.
• A lei 8.009, de 29.03.90, eliminou os bens de família arrolados em venda judicial para fins de
pagamento de dívidas contraídas. Assim são considerados para efeito de impenhorabilidade do bem de
família:
1 - O imóvel residencial próprio do casal, quando nele resida, e o bens móveis que o guarnecem; 2 - Os bens móveis que guarnecem a residência locada; 3 - A sede de moradia, na propriedade rural, com os respectivos bens móveis; 4 - O imóvel de menor valor, se o casal ou a entidade familiar for possuidor(a) de mais de um e outro
não houver sido construído, na forma legal, como bens de família.
• Também, não são penhoráveis a pequena propriedade rural, na qual trabalha a família, para
pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, e o imóvel rural, até um módulo, desde
que seja o único de que disponha o devedor.
• Portanto no ato da concessão de crédito, além da verificação de capacidade financeira momentânea
do cliente, também deve ser verificado o patrimônio e serem descartados os bens que sejam
impenhoráveis.
Penhor Mercantil
Definição segundo o dicionário Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa
pe.nhor sm (lat pignore) 1 Contrato acessório pelo qual o devedor, ou terceiro, entrega ao credor ou a
quem o represente uma coisa móvel, que é por ele retida com o fim de assegurar, preferencialmente, o
cumprimento da obrigação. 2 Objeto entregue a um credor como garantia do pagamento de uma dívida. 3 Objeto móvel ou imóvel que assegura o pagamento de uma dívida. 4 Garantia, prova, segurança. 5
Certo jogo popular. Pl: penhores. Penhores de amor: os filhos.
Definição: Chamamos de penhor mercantil a garantia na qual o bem empenhado faz parte integrante do
negócio comercial.
• O penhor mercantil pode abranger tanto os estoques de matérias-primas quanto os estoques de
produtos acabados de empresa cliente, devendo sempre ser dada a preferência aos produtos
acabados, pois estes já estão prontos para a comercialização e oferecem maior liquidez.
• Os estoques, que são objeto de penhor mercantil, são confiados obrigatoriamente à guarda dos fiéis
depositários, os quais se tornam responsáveis pela guarda, existência e conservação dos bens dados
em garantia, embora estes permaneçam de posse do cliente em locais próprios ou de terceiros.
• Ao operar com pessoa jurídica, deve-se atentar se no contrato social ou no estatuto da empresa, existe a permissão de constituição de penhor como garantia.
• Na descrição dos bens, devem ser fornecidos todos os detalhes que permitam sua completa e
imediata identificação, avaliação e localização:
1 - espécie, características, marca de identificação, classificação, tipo, safra (se houver) etc.
2 - valor unitário (preço de custo).
3 - quantidade (de cada tipo de bem penhorado).
4 - valor total (para cada tipo de bem penhorado e total).
5 - local ou locais onde estão depositados os bens penhorados.
• Quando a mercadoria a ser penhorada esteja depositada em armazém geral, os títulos que a
representam, conhecimento de depósito e warrants, devem ser endossados, com firmas reconhecidas
em cartório e entregues na empresa/instituição que está realizando a operação.
• Uma segurança maior em relação a garantia pode ser obtida se o bem estiver segurado e se existir um
cláusula que beneficie a empresa/instituição que recebeu o bem em alienação fiduciária.
• Não devem ser tomados em penhor mercantil ou vinculados aqueles bens passíveis de deteriorização, bens obsoletos ou de difícil comercialização.
• A validade na constituição do penhor mercantil é calçada na figura do fiel depositário. Por isso, essa
figura deve ser completa e corretamente identificada no contrato, devendo, no caso de operações com
pessoa jurídica, ser escolhida uma pessoa que não possua controle acionário ou cargo diretivo na
empresa
Os cinco “C” do crédito
Os analistas de crédito frequentemente utilizam-se dos 5 “C” para orientar suas análises
sobre as dimensões-chaves da capacidade creditícia de um cliente. Cada uma dessas cinco
dimensões será descrita a seguir:
CARÁTER: O histórico do solicitante quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e morais. Os dados históricos de pagamentos e quaisquer causas judiciais
pendentes ou concluídas contra o cliente seriam utilizadas na avaliação de seu caráter.
CAPACIDADE: O potencial do cliente para quitar o crédito solicitado. Análises dos
demonstrativos financeiros, com ênfase especial nos índices de liquidez e de endividamento, são geralmente utilizados para avaliar a capacidade do solicitante de crédito.
CAPITAL: A solidez financeira do solicitante, conforme se encontra indicada pelo patrimônio
líquido da empresa. O total de exigíveis (a curto prazo e a longo prazo) em relação ao patrimônio
líquido, bem como os índices de lucratividade são frequentemente usados para avaliar o capital do demandante do crédito.
COLATERAL: O montante dos ativos colocados à disposição pelo solicitante para garantir o
crédito. Naturalmente, quanto maior esse montante, maior será a probabilidade de se recuperar o
valor creditado, no caso de inadimplência. O exame do balanço patrimonial e a avaliação de
ativos em conjunto com o levantamento de pendências judiciais podem ser usados para estimar
os colaterais.
CONDIÇÕES: As condições econômicas e empresariais vigentes, bem como circunstâncias
particulares que possam afetar qualquer das partes envolvidas na negociação. Por exemplo, caso a empresa tenha estoques excessivos de um item que o solicitante deseja comprar a
crédito, a empresa poderá propor vendas em condições mais favoráveis ou vender para clientes
com menos condições de obter crédito. Enfim, a análise das condições econômicas e
empresariais, assim como as circunstâncias especiais que possam afetar tanto o cliente quanto
a empresa vendedora, fazem parte da avaliação das condições.
O analista de crédito geralmente dá maior importância aos dois primeiros “C” – caráter e
capacidade – uma vez que eles representam os requisitos fundamentais para a concessão de
crédito a um solicitante. A consideração para os demais “C” – capital, colateral e condições – é
importante para a definição do acordo de crédito e tomada de decisão final, a qual depende da
experiência e do julgamento do analista.
FONTES ESPONTÂNEAS DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO
NÃO GARANTIDAS
As duplicatas a pagar representam a principal fonte de financiamento a curto prazo não
garantido(não baseado no COLATERAL, possibilitando à empresa o aproveitamento de
descontos financeiros no caso de efetuar pagamentos antecipados.
Outras fontes: Salários a Pagar, Impostos a Pagar etc.
Duplicatas a Pagar - resultam da compra de mercadorias a prazo sem que o comprador necessite
submeter-se a muitas formalidades. O comprador registra o recebimento da mercadoria, dando o
“aceite”, que significa ter assumido o compromisso de pagamento para com o fornecedor. Características:
Período de crédito – nº de dias até a data para pagamento
Desconto financeiro – dedução em termos percentuais sobre o valor de compra, se o comprador
pagar em um prazo especificado, que é menor que o período de crédito. Custo anual do não aproveitamento do desconto financeiro – DF X 360/N
|---------------------------------|----------------------------------------------------------------------|
01 10 30
Compra término do período vencimento
do desconto financeiro
$ 1.000 DF=2% $ 980 $ 1.000
Custo = 2% x 360/20 = 36% a.a.
OUTRAS FONTES DE FINANCIAMENTO A CURTO PRAZO
Empréstimos bancários:
01. Empréstimos a taxa de juros fixa
02. Empréstimos a taxa de juros flutuante
03. Empréstimos com desconto d= J (M – J) 04. Demais linhas de crédito
Outras fontes de curto prazo com garantia – os empréstimos a curto prazo com garantias possuem
ativos específicos – geralmente duplicatas a receber, cheques pré-datados ou estoques – empenhados
como COLATERAIS: Caução de duplicatas a receber ou cheques pré-datados - o risco é da empresa e não do Banco;
Factoring – venda direta de duplicatas a receber ou cheques, com desconto, a um Factor, que aceita
todos os riscos de crédito inerentes à operação.
Empréstimos com alienação de estoques – empréstimos com alienação fiduciária ou com Certificado de
armazenagem.
ADMINISTRAÇÃO EFICIENTE DE CAIXA
O ciclo operacional (CO) de uma empresa é definido como o período de tempo que vai do ponto
em que a empresa adquire matérias-primas e se utiliza da mão-de-obra no seu processo produtivo, até
o ponto em que recebe o dinheiro pela venda do produto resultante. O ciclo é composto pela soma de
dois componentes, a idade média dos estoques (IME ou PMRE) e o período médio de cobrança das
vendas (PMC ou PMRV):
CO = IME + PMC
A empresa pode normalmente comprar muitos de seus insumos (matérias-primas e mão-de- obra) a crédito. O período de tempo que a empresa dispõe para pagar esses insumos é chamado de
período médio de pagamentos (PMP) e, além disso, tais compras geram financiamentos espontâneos a
curto prazo. O financiamento espontâneo tem custo zero, na medida em que a empresa pode aproveitar quaisquer descontos financeiros oferecidos. A habilidade de adquirir insumos a crédito possibilita que a
empresa compense parcialmente (ou até totalmente) o período de tempo em que seus recursos
encontrem-se comprometidos no ciclo operacional. Afinal, o número de dias do ciclo operacional menos
o período médio de pagamento pelos insumos representa o Ciclo de Caixa (CC)
CC = CO – PMP = IME + PMC – PMP
Administração do Ciclo de Caixa
Ações estratégicas combinadas:
01. Administração eficiente do Estoque-Produção – girar estoques tão rapidamente quanto possível, evitando a falta de estoques, que poderia resultar na perda de vendas.
02. Aceleração do processo de cobrança de duplicatas – cobrar duplicatas o mais cedo possível, sem
que isso motive perdas futuras de vendas, devido a técnicas que pressionem os clientes de forma
exagerada. Descontos financeiros que sejam economicamente justificáveis poderiam ser utilizados para
atingir esse objetivo.
03. Ampliação do período de pagamento das duplicatas – Retardar o pagamento das duplicatas –
retardar o pagamento das duplicatas a pagar tanto quanto possível, sem prejudicar o conceito de crédito
da empresa, mas aproveitar quaisquer descontos favoráveis.
ADMINISTRAÇÃO DE DUPLICATAS A RECEBER E ESTOQUES
As duplicatas a receber são o resultado de concessão de crédito de uma empresa a seus
clientes. Em termos médios, essa conta representa em torno de 37% dos ativos circulantes e 16% dos
ativos totais das empresas industriais americanas. A concessão de crédito a clientes por parte dos
fornecedores faz parte do custo se fazer negócio, pois ao manterem recursos comprometidos em
duplicatas a receber, as empresas perdem poder aquisitivo, além de correr riscos de inadimplência. Entretanto, ao incorrer nesses custos, as empresas têm condições de ser competitivas, atraindo e
mantendo clientes, e com isso melhoram e mantêm as vendas e os lucros.
O administrador financeiro preocupa-se com duas vertentes: uma delas é a política de crédito
(seleção, determinação de padrões e condições de crédito) e política de cobranças.
Seleção de crédito – utilização, em geral, de concessão via 5 “C”.
Alteração nos padrões de crédito
Volume de vendas – se os padrões de crédito forem afrouxados, deve-se esperar um crescimento nas
vendas; por outro lado, se ocorrer um arrocho nos padrões de crédito, deverá haver uma redução nas
vendas. Em geral, os aumentos nas vendas afetam os lucros positivamente, enquanto as diminuições
produzem efeitos negativos.
Investimentos em Duplicatas a Receber – carregar ou manter duplicatas a receber acarreta um custo à
empresa, equivalente aos ganhos que se deixa de obter em outras aplicações, decorrente da
necessidade de fundos com esse ativo. Portanto, quanto maior o investimento em duplicatas a receber, maior o custo de mantê-las, e vice-versa. Se a empresa afrouxar seus padrões de crédito, o volume de
duplicatas a receber deve crescer, assim como o custo relativo a esse maior investimento em
recebíveis. Tal mudança resulta na expansão das vendas e dos maiores períodos de cobrança que
ocorrem devido à maior morosidade dos pagamentos dos clientes, em geral. O inverso deverá ocorrer se os padrões de crédito sofrerem um arrocho. Portanto, espera-se que uma flexibilização dos padrões
de crédito afete os lucros negativamente, em decorrência de maiores custos de “carregamento”, ao
passo que um arrocho traria conseqüências positivas, por reduzir tais custos.
Perdas com devedores incobráveis - A probabilidade ou risco de uma conta tornar-se incobrável aumenta com a maior flexibilização dos padrões de crédito, afetando os lucros negativamente. Efeitos
opostos sobre as perdas incobráveis e sobre os lucros podem ser esperados de um arrocho nos
padrões de crédito.
Maior flexibilização nos padrões de crédito podem causar as seguintes alterações:
MODELOS DE ANÁLISE(alterações no padrão de crédito):
01. A Dodd Tool, fabricante de peças para tornos mecânicos, está atualmente vendendo um produto por $ 10 a unidade. As vendas, todas a crédito, do ano mais recente foram de 60.000 unidades. O custo
variável unitário é de $ 6 e o custo fixo total é de $ 120.000. A empresa está pretendo flexibilizar os padrões de crédito e espera-se que esta medida acarrete um
acréscimo de 5% nas vendas, para 63.000 unidades, um aumento no período médio de cobrança do
seu nível atual de trinta para quarenta e cinco dias, e um aumento no nível de devedores incobráveis de
1% para 2% sobre as vendas. O retorno exigido pela empresa sobre os investimentos de igual risco, o
qual correspondente ao custo de oportunidade do comprometimento de fundos com as
duplicatas a receber, é de 15% ao ano. Para calcular se a Dood Tool deve adotar padrões de crédito mais flexíveis, é necessário calcular o
efeito sobre a contribuição adicional aos lucros, decorrentes das vendas, o custo de investimento
marginal em duplicatas a receber e o custo marginal dos devedores incobráveis. Atenção deve ser dada os custos fixos que não sofrerão alteração no novo patamar de vendas, no plano
proposto.
Contribuição adicional aos Lucros (margem de contribuição)
Margem de contribuição(MC) = Margem de contribuição unitária(Mcu) X nº de unidades resultantes do
aumento
MCu = PVu – CVu (Margem de Contribuição unitária = Preço unitário de venda – custo variável unitário) MC = ($ 10 – $ 6) X 3.000 = $ 12.000
Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a receber: Investimento médio = custo variável total das vendas anuais
em duplicatas a receber giro das duplicatas a receber
Giro das duplicatas a receber = 360__________________
período médio de cobrança
Giro de duplicatas a receber: Plano proposto: 360 = 8 Plano atual : 360 = 12
Variável Direção da
variável Efeito sobre os
lucros
Volume das vendas Aumenta Positivo
Investimentos em duplicatas a receber Aumenta Negativo
Perdas com devedores incobráveis Aumenta Negativo
45 30
Investimento médio em duplicatas a receber:
Plano proposto: $ 378.000 = $ 47.250 Plano atual: 360.000 = 30.000
8 12
Custo do investimento marginal em duplicatas a receber:
+ Investimento médio com o plano proposto $ 47.250
- Investimento médio com o plano atual $ 30.000
Investimento marginal em duplicatas a receber $ 17.250
x Retorno exigido sobre o investimento 0,15
Custo do investimento marginal em D/R $ 2.588
Custo marginal com devedores incobráveis:
Plano proposto: (0,02 X $ 10/unidade X 63.000 unidades) = $ 12.600
Plano atual : (0,01 X $ 10/unidade X 60.000 unidades) = $ 6.000
Custo marginal com devedores incobráveis $ 6.600
Efeitos de uma flexibilização nos padrões de crédito da Dood Tool:
Contribuição adicional aos lucros
(3.000 unidades X ($ 10 - $ 6) $ 12.000
Custo do investimento marginal em D/R
Investimento médio com o plano proposto: ($ 6 X 63.000) = $ 378.000
8 8
Investimento médio com o plano atual: ($ 6 X 60.000) = $ 360.000
12 12
Investimento marginal em D/R
Custo do investimento marginal em D/R
(15% X $ 17.250)
$ 47.250
$ 30.000
$ 17.250
($ 2.588) Custo marginal dos devedores incobráveis
Incobráveis com o plano proposto
(0,02 X $ 10 X 63.000) Incobráveis com o plano atual (0,01 X $ 10 X 60.000) Custo marginal dos devedores incobráveis
$ 12.600
$ 6.000
($ 6.600)
Lucro líquido proveniente da implementação do plano
proposto
$ 2.812
ALTERAÇÕES NAS CONDIÇÕES DE CRÉDITO
Desconto financeiro: quando uma empresa começa a oferecer um desconto financeiro ou o aumenta, podem-se esperar os seguintes efeitos sobre o lucro:
02. Suponha que a Dodd Tool esteja pretendendo introduzir um desconto financeiro de 2% para
pagamento até dez dias após a compra. O atual período médio de cobrança é trinta dias (giro = 360/12
= 12), as vendas a crédito montam em 60.000 unidades, o preço unitário de $ 10 e o custo variável por unidade de $ 6. A empresa espera que, com a introdução do desconto financeiro, 60% de suas vendas
passarão a ser feitas com desconto e as vendas aumentarão em 5%, para 63.000 unidades. O período
médio de cobrança deve cair para quinze dias (giro = 360/15 = 24). Espera-se que a perda com
incobráveis caia do nível atual de 1% para 0,5% das vendas. O retorno exigido pela empresa sobre
investimentos de igual risco permanece em 15%. A análise dessa decisão é semelhante ao do exemplo
anterior.
Variável Direção de mudança Efeito sobre o lucro
Volume de vendas Aumenta Positivo
Investimento em duplicatas a receber devido a clientes
que aproveitaram o desconto financeiro e passam a
pagar mais cedo
Diminui Positivo
Investimentos em duplicatas a receber devido a novos
clientes
Aumenta Negativo
Perdas com incobráveis Diminui Positivo
Lucro por unidade Diminui Negativo
Margem de contribuição adicional aos lucros: 3.000 unidades X ($ 10 - $ 6)
$ 12.000
Custo do investimento marginal em D/R: Investimento médio com o plano proposto: $ 6 X 63.000 = $ 378.000
24 24
Investimento médio com o plano atual Investimento marginal em D/R
Custo do investimento marginal em D/R
0,15 X $ 14.250
$ 15.750
$ 30.000
($ 14.250)
* $ 2.138
Custo marginal dos devedores incobráveis: Com o plano proposto (0,005 X $ 10 X 63.000) Com o plano atual (0,01 X $ 10 X 60.000) Custo marginal dos devedores incobráveis
$ 3.150
$ 6.000
* $ 2.850
� Este valor é positivo, pois representa uma economia e não um custo.
Política de cobrança: os tradeoffs básicos que podem resultar de um aumento nos esforços de cobrança
são:
Política de Crédito
A política de crédito é primordial para nortear e embasar os procedimentos e operacionalidade dos
departamentos de crédito e cobrança, e demais departamentos administrativo-financeiros e também
vendas, como as condições comerciais de prazo, taxas de desconto, encargos, etc.
Ao definirmos a política de crédito a ser seguida, devemos nos basear nas seguintes variantes: uso da
concessão de crédito para aumentar as vendas, critérios para a concessão, diretrizes e delegação das
responsabilidades na obtenção das informações necessárias entre os departamentos de crédito e de
vendas para a concessão de crédito e processo de cobrança, procedimentos e normas de
cobrança, suspensão ou extinção do crédito de clientes inadimplentes, administração da carteira do
contas a receber, autoridade e autonomia do departamento de crédito em relação a vendas, entre
outras, definir padrões e critérios para se medir o desempenho da atuação operacional. Estas variáveis
devem nortear o encontro do ponto de equilíbrio entre as vendas e a qualidade da carteira a receber.
Objetivo da política de crédito deve ser equilibrar o lucro da empresa, através de uma excelente
qualidade da carteira a receber, através do gerenciamento do risco, e as necessidades dos clientes. Além de atuar tática e estrategicamente com as metas e planos da empresa. Abaixo listamos os principais tipos de política de crédito:
1.Crédito Moderado / Cobranças Moderadas
Crédito moderado com uma política de cobrança moderada pode bem ser a política creditícia ótima. Pois otimiza o crescimento das vendas, condições de recebimento, margens de lucro e fluxo de caixa
provavelmente, tendo maior probabilidade de alcançar o melhor ponto de equilíbrio nos negócios. Custos de avaliação de crédito e perdas podem ser mantidos como aceitáveis. O amplo uso de instrumentos de crédito pode encontrar uma base de crédito adequada para negociar
com quase todos os clientes. Esta política creditícia geralmente encontra o equilíbrio necessário para o
êxito nos negócios.
Variável Direção da
mudança
Efeito sobre o
lucro
Volume de vendas Nenhuma ou
diminuição
Nenhum ou
negativo
Investimento em D/R Diminui Positivo
Perdas com incobráveis Diminui Positivo
Dispêndios com cobrança Aumenta Negativo
Custo do desconto financeiro
(0,02 X 0,60 X $ 10 X 63.000)
$ 7.560
Lucro líquido proveniente da implementação do
plano proposto
$ 9.428
2.Crédito Liberal / Cobranças Agressivas
A empresa vende para praticamente qualquer cliente, independente de sua capacidade creditícia e
todos os atrasos são perseguidos muito agressivamente. Este tipo de política creditícia inclui acompanhamento de cobrança conveniente, avaliação e cobrança de encargos moratórios, e ação
judicial rápida. Programas organizados de cobrança são efetivamente implementados, o que pode
produzir ótimos lucros. Freqüentemente, entretanto, ocorre aumento dos custos do pessoal de cobrança
e perdas com dívidas incobráveis.
3.Crédito Agressivo / Cobranças Liberais
A concessão de crédito é rígida e procedimentos da política de aprovação de crédito são rigorosamente
seguidos. Crédito é concedido somente para clientes de boa qualidade creditícia. Garantias pessoais, cartas de crédito e outras formas de instrumentos de crédito são usados sistematicamente. Problemas
de atraso geralmente são mínimos devido às práticas de crédito rigorosas. Entretanto, o
acompanhamento de cobrança é praticado muito brandamente. Esta política creditícia geralmente
resulta em uma carteira de contas a receber de alta qualidade, mas vendas e receitas não são
otimizadas. Muitas contas com risco de crédito um pouco acima do desejado são recusadas. Uma
empresa usando este tipo de política não vai de encontro com as práticas altamente competitivas do
mercado atual.
4.Crédito Agressivo / Cobranças Agressivas
São usadas práticas muito rígidas de aprovação de crédito e o acompanhamento de cobrança é
extremamente rápido. Esta política minimiza perdas de dívidas incobráveis e mantém a carteira a
receber em um alto nível de qualidade. Lamentavelmente, esta prática de crédito também restringe o
crescimento do volume de vendas e produz baixos níveis de lucro. Uma política de cobrança muito
restritiva pode não ser adequada para o ambiente atual no qual as empresas operam.
5.Crédito Liberal / Cobranças Liberais
Vendas a crédito são feitas para praticamente qualquer cliente, independente de seu histórico creditício. Ações de cobrança são aplicadas vagamente. Níveis de venda mostrarão dramáticos resultados de
crescimento com este tipo de política creditícia. Entretanto, altas dívidas incobráveis, custos de
cobrança, despesas legais e outros custos de crédito serão incrementados rapidamente. Uma política
de cobrança e crédito liberais usualmente resulta em menos lucros, ou grandes perdas, do que em outro
tipo de política. Basicamente, muitas empresas que seguem esta política creditícia tornam-se
insolventes.
GESTÃO DE RISCOS
I - Introdução
Um Sistema de Segurança por mais sofisticado que o seja, estará suscetível a
falhas se não houver um trabalho preliminar de gerenciamento e prevenção de
riscos. Este trabalho inicia com o levantamento de possíveis riscos a Organização
(pública ou privada), o que chamamos Inteligência, ou seja, usar corretamente
toda informação obtida para sanar ou evitar quaisquer dos fatores de risco. Ao utilizar-se destas informações em prol de uma política de prevenção, a
Organização estará apoiando, de maneira direta ou indireta, departamentos que
mesmo possuindo tarefas distintas estão interligados pelo objetivo comum: o
sucesso da Organização. Corroborando este sucesso, o Departamento de
Segurança executando com pró-atividade suas atribuições. A globalização implementou mudanças expressivas em praticamente todos os
segmentos profissionais, onde a velocidade da informação dita novos conceitos e
metodologias de trabalho. Neste contexto, até a criminalidade avançou mediante a
troca de informações, técnicas e armamentos entre facções criminosas ou
terroristas.
"Quem detém a informação, detém o poder", conforme este conceito a Segurança
em seus diversos aspectos deve manter-se permanentemente atualizada e
devidamente preparada para enfrentar quaisquer contingências, embora seja difícil prever-se onde e quando ocorrerão sinistros. Existem Organizações onde a Segurança fica limitada apenas ao controle de fluxo
de visitantes ou tarefas de Portaria, mas na parte denominada Patrimonial englobam-se muitas tarefas (segurança de instalações, pessoal, valores, informações, inteligência empresarial...) e exige profissionais adequadamente
preparados (Vigilantes e Gestores).
Análise de Investimentos
3.1 Princípios de Fluxos de Caixa e Orçamento de Capital
O Orçamento de capital é o processo que consiste em avaliar e selecionar investimentos a longo prazo, que sejam coerentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza de seus proprietários. O
processo de orçamento de capital consiste de cinco etapas distintas porém interrelacionadas. Começa
com a geração de propostas. É seguido pela avaliação e análise, tomada de decisão, implementação e
acompanhamento das que foram selecionadas.
As decisões de orçamento de capital (investimento) e decisões de financiamento são tratadas
separadamente, tendo como elo comum o custo de capital. Estaremos nos concentrando aqui na
aquisição de ativos imobilizados, sem considerar o método específico utilizado para seu financiamento.
3.2 Avaliação de Projetos de Investimento
A maioria das empresas só dispõe de uma quantia fixa para fins de dispêndios de capital. Inúmeros
projetos poderão disputar essa quantia limitada. Então, a empresa precisa racioná-los, apropriando
fundos aos projetos que possam maximizar os retornos a longo prazo.
Os estudos de avaliação de projetos têm por base o fluxo de caixa do projeto estudado, e não o lucro
contábil. Assim sendo, o primeiro passo a ser dado é a montagem de um fluxo de caixa. Com base
nele serão aplicados os métodos de análise.
3.1.1 Tipos de Projetos
A) Projetos independentes
Não competem entre si, de tal modo que a aceitação de um deles não elimina a consideração dos
outros. Se uma empresa tiver fundos ilimitados para investir, todos os projetos independentes que
satisfizerem seu critério mínimo para investimento podem ser implementados.
B) Projetos mutuamente excludentes
Aqueles que possuem a mesma função. A aceitação de um grupo de projetos mutuamente excludentes
elimina a consideração de todos os outros projetos do grupo.
3.1.2 Abordagens de Apoio à Decisão
Vejamos os dados da Tabela que se segue sobre dispêndios de capital para a Companhia XPTO. Estes dados serão utilizados nos exemplos sobre as seguintes técnicas: taxa média de retorno e
payback, definidos a diante.
Tabela: Projeto A Projeto B
_____________________ ______________________
Investimento
Inicial $42.000 $45.000
Ano LAIR $ FC $ LAIR $ FC $
1 7.700 14.000 21.250 28.000
2 4.760 14.000 2.100 12.000
3 5.180 14.000 550 10.000
4 5.180 14.000 550 10.000
5 5.180 14.000 550 10.000
Média 5.600 14.000 5.000 14.000
A) Taxa Média de Retorno
A taxa média de retorno utiliza dados contábeis (LAIR: lucro antes do imposto de renda. Esta medida é
chamada, às vezes, de taxa de retorno contábil, e pode ser obtida através do seguinte cálculo:
Taxa média de retorno = LAIR médio
Investimento médio
Critério de decisão:
Escolher o que tiver a maior taxa média de retorno.
Vantagens e desvantagens do uso da taxa média de retorno:
Vantagens: facilidade de cálculo (único dado exigido é o lucro projetado)
Desvantagens:
Deficiência conceitual : inabilidade do método em especificar a taxa média de retorno
adequada à luz do objetivo da maximização da riqueza do acionista. Uso de dados contábeis, ao invés de entradas de caixa. Este problema pode ser superado, utilizando-se entradas de caixa médias como numerador. Ignora o fator tempo no valor do dinheiro.
Exemplo:
Com base na tabela 1, calcule a taxa média de retorno dos projetos A e B e indique qual o projeto
preferido.
TMRA = 5.600 / 21.000 = 26,67%
TMRB = 5.000 / 22.500 = 22,22%
TMRA > TMRB => Prefiro A a B
B) Períodos de Payback
O período de payback é o número de anos necessários para se recuperar o investimento inicial.
Vantagens e desvantagens do uso de períodos de payback:
Vantagens:
Considera fluxos de caixa, em vez de lucros contábeis. Dá alguma consideração implícita à época dos fluxos de caixa, e assim ao fator tempo no
valor do dinheiro. Medida de risco, pois reflete a liquidez do projeto e o risco de recuperar o investimento.
Desvantagens:
Incapacidade de especificar o período de payback de acordo com o objetivo de maximização
da riqueza do acionista. Não considera integralmente o tempo no valor do dinheiro. Não considera fluxos de caixa que ocorrem após o período de payback.
Exemplo:
Com base na Tabela 1, calcular o período de payback para os projetos A e B e, com base neste critério, definir qual deve ser preferido.
Projeto A: Inv. Inic. = $42.000
Saídas $ = 5 x 14.000
PaybackA = 42.000 – 14.000 – 14.000 – 14000 = 0
=> 3 anos
Projeto B: Inv. Inic = $45.000
Saídas $ = 28.000, 12.000, 3 x 10.000
PaybackB = 45.000 – 28.000 – 12.000 – 10.000/2 = 0
=> 2,5 anos
PaybackB < PaybackA => B é preferível a A.
C) Valor Atual Líquido
Ou NPV (Net Present Value)
VAL = valor atual das entradas de caixa – investimento
inicial
Critério de decisão:
Se VAL ε 0, deve-se aceitar o projeto, caso contrário, deve-se rejeitá-lo.
Exemplo:
Com base na tabela 1, e sabendo-se que o custo de capital para a empresa XPTO é de 18,25% aa, calcular o VAL dos projetos A e B e definir qual deve ser o preferido.
Na HP 12C:
Projeto A: Cálculo do PV: [f] [REG] [14000] [PMT] [5] [n] [18.25] [i] [PV] PV =
VALA = PV – Inv. Inic. =
Projeto B: Cálculo do NPV: [f] [REG]] [18.25] [i] [45000] [CHS] [g] [CFo] [28000] [g] [CFj] [12000] [g]
[CFj] [10000] [CFj] [3] [g] [Nj] [f] [NPV] VALB =
Ambos projetos são aceitáveis, porém, dado que VALB VALA => é preferível a
D) Índice de Lucratividade
Às vezes denominado de índice de custo-benefício, o índice de lucratividade mede o retorno relativo ao
valor atual por $1,00 investido. A diferença do IL para o VAL é que o VAL dá a diferença monetária
entre o valor atual dos retornos e o investimento inicial.
IL = valor atual das entradas de caixa
Investimento inicial
Critério de decisão:
Se IL ε 1, deve-se aceitar o projeto; caso contrário, rejeitá-lo.
Obs.: Se uma empresa tiver fundos ilimitados, provavelmente a classificação pelo VAL seria a preferida, ao passo que nos casos de racionamento de capital, provavelmente a classificação com base no IL
seria mais útil, já que os IL’s indicam o retorno por dólar proveniente de um projeto.
Exemplo:
Com base na tabela 1, e sabendo-se que o custo de capital da empresa XPTO é de 18,25% aa, calcular o índice de lucratividade dos projetos A e B e definir, com base neste critério, qual deve ser preferido.
Projeto A: PV entradas de caixa: 43.533,62
Inv. Inic.: 42.000
ILA = 43.533,62 / 42.000 = 1,0365
ILA > 0 => aceitar A
Projeto B: PV entradas de caixa: 47.747,74
Inv. Inic.: 45.000
ILB = 47.747,74 / 45.000 = 1,0611
ILB > 0 => aceitar B
ILB > ILA => B é preferível a A
E) Taxa Interna de Retorno (TIR)
Ou Internal Rate of Return (IRR)
Assim como a VAL, a TIR é uma técnica muito usada para se avaliar alternativas de investimento. É
interessante notar que o mesmo conceito é utilizado para calcular a performance de uma carteira de
investimentos.
A TIR é definida como a taxa de desconto que leva o valor atual das entradas de caixa a se igualarem
ao investimento inicial referente a um projeto. Em outras palavras, é a taxa de desconto que, aplicada
aos cálculos do projeto, faz com que o VAL seja igual a zero.
Quando não se dispõe de uma calculadora financeira, a TIR é calculada por tentativa-e-erro.
Critério de decisão:
Se TIR ε custo de capital, aceitar o projeto, caso contrário, rejeitá-lo.
Exemplo :
Com base na Tabela 1, calcular a TIR dos projetos A e B e, sabendo-se que o custo de capital da
empresa XPTO é 18,25% aa, definir qual dos projetos é preferível.
Projeto A: Na HP 12C: [f] [REG]] [42000] [CHS] [g] [CFo] [14000] [g] [CFj] [5] [g] [Nj] [f] [IRR] TIRA =
Projeto B: Na HP 12C: [f] ] [REG]] [45000] [CHS] [g] [CFo] [28000] [g] [CFj] [12000] [g] [CFj] [10000] [g] [CFj] [3] [g] [Nj] [f] [IRR] TIRB =
Dado que TIRA e TIRB > custo capital => ambos são aceitáveis. Porém, TIRB TIRA => é preferível a , de acordo com este critério.
F) Projetos Mutuamente Exclusivos: taxa de retorno do fluxo de caixa incremental
Veremos aqui os caso em que as alternativas de investimentos são extremamente independentes, fazendo com qu duas ou mais alternativas se apresentem como atrativas; neste caso, poderá existir uma restrição (normalmente trata-se de uma limitação de recursos) que faça com que o investidor só
possa escolher a melhor alternativa dentre duas ou mais que ele estiver analisando.
Exemplo
Considerando que a empresa só dispõe de $ 20.000 para investir e que a taxa mínima de atratividade é
de 8% aa, qual das alternativas abaixo é a melhor para a empresa investir?
- A alternativa A envolve investir a totalidade dos $ 20.000 disponíveis para investimento e irá gerar rendas anuais, durante 5 anos de $ 5.550, sem valor residual;
- A alternativa B pressupõe investimento de parte da verba, $ 10.600, também trará lucros, na ordem
de $ 3.000 durante o mesmo período e, novamente, sem valor residual.
Se optarmos pela alternativa B, o saldo restante, $ 9.940, seria aplicado à 8% aa, que é a taxa de
atratividade fixada. Portanto, fica claro que a melhor alternativa é a A .
Por outro lado, quais seriam as decisões tomadas pela empresa, caso a taxa mínima de atratividade
fosse fixada para os seguintes valores: 9% aa, 11% aa, 12% aa, 13% aa, 15% aa e 16% aa?
G) Comparação entre Projetos com Vidas Desiguais: Método do Valor Atual Líquido Anualizado
Até agora, estudamos projetos mutuamente excludentes e com vidas iguais. Entretanto, na vida real, nem sempre o problema se apresenta desta forma. Neste caso, a técnica mais utilizada para comparar projetos com vidas desiguais é o método do Valor Atual Líquido Anualizado (VALA).
O método do valor atual líquido anualizado transforma o valor atual líquido de projetos de vidas
desiguais num montante anual equivalente
Alternativa A Alternativa B Fluxo
Incremental (A
– B)
Taxa Mínima de
Atratividade
Alternativa
Escolhida
12% 15% 9% 8% A
12% 15% 9% 9% A ou B
12% 15% 9% 11% B
12% 15% 9% 12% B
12% 15% 9% 13% B
12% 15% 9% 15% B
12% 15% 9% 16% nenhuma
ANO ALTERNATIVA A ALTERNATIVA B FLUXO
INCREMENTAL
0 -20.000 -10.060 -9.940
1 5.550 3.000 2.550
2 5.550 3.000 2.550
3 5.550 3.000 2.550
4 5.550 3.000 2.550
5 5.550 3.000 2.550
Taxa de retorno 12%aa 15%aa 9%aa
que pode ser usado para escolher o melhor projeto.
VALA= VAL . FVAA i,n
n
Sendo FVAAi,n = Σ 1/(1 + i)t
t=1
Exemplo:
Calcular os VALAs dos projetos A, B e C abaixo e, com base neste critério, e num custo de capital de
15,0% aa, informar qual deve ser preferido.
Projeto
A B C
Inv. Inicial $10.000 $12.000 $15.000
Ano Entradas de caixa
1 1.000 5.000 3.800
2 5.000 6.000 3.800
3 5.000 7.000 3.800
4 4.000 3.800
5 3.000 3.800
6 3.800
7 3.800
8 3.800
Projeto A: VALA = 1.716
Na Tabela anexa: FVAA15,5 = 3,352
VALAA = 1.716 / 3,352 = 512
Projeto B: VALB =
Na HP 12C: [f] [REG] [1487] [PV] [15] [i] [3] [n] [PMT]
VALAB =
Projeto C: VLAC =
VALAC =
VALAB > VALAA > VALAC => é o projeto preferível.
Exercícios propostos:
1) A empresa Cheiro da Terra está avaliando uma máquina nova para fabricar velas aromáticas. O
ativo requer um investimento inicial de $24.000 e gerará uma entrada de caixa após o imposto de renda
de $5.000 ao ano por oito anos. Para cada uma das taxas de retorno exigidas listadas abaixo: (1)
calcule o valor atual líquido, (2) indique se a máquina deve ser aceita ou rejeitada e (3) explique sua
decisão. a) Taxa de retorno exigida é 10%
b) Taxa de retorno exigida é 12%
c) Taxa de retorno exigida é 14%
2)Uma empresa pode adquirir um ativo fixo por um investimento inicial de $13.000. Se o ativo rende
uma entrada de caixa anual após o imposto de renda de $4.000 por quatro anos, a) Determine a taxa de retorno máxima exigida que a empresa possa ter e ainda aceitar o ativo (próxima
taxa porcentual inteira) b) Determine o valor atual líquido do ativo, supondo que a empresa tenha um custo de capital de 10%. c) Determine o índice de lucratividade, supondo que a empresa tenha um custo de capital de 10%.
3) A empresa Sucesso e Participações Ltda. Obteve a seguinte estimativa para um projeto a longo
prazo que está considerando. O investimento inicial será $18.250 e espera-se que o projeto renda
entradas de caixa após o imposto de renda de $4.000 ao ano, por sete anos. A empresa tem uma taxa
de retorno exigida de 10%. a) Determinar o valor atual líquido do projeto. b) Determinar o índice de lucratividade para o projeto. c) Determinar a taxa interna de retorno para o projeto. d) Você recomendaria a aceitação ou rejeição do projeto? Justifique sua resposta.
4) A Companhia Agulhas Negras está considerando um dispêndio de capital que requer um
investimento inicial de $42.000 e retorno de entradas de caixa após o imposto de renda de $7.000 ao
ano, por 10 anos. A empresa estabeleceu um padrão de payback de 8 anos. a) Qual o pay-back descontado da empresa para uma taxa de atratividade de 20% aa?
a) A empresa deveria aceitar o projeto? Justifique.
5) Os Empreendimentos Vida Nova desejam selecionar a melhor entre três máquinas possíveis. Espera-se que cada máquina atenda à necessidade de capacidade adicional de extrusão de alumínio. As três máquinas – A, B e C – têm riscos idênticos. A empresa planeja usar um custo de capital de 12%
para avaliar cada uma. Abaixo são fornecidos o investimento inicial e as entradas de caixa anuais
durante a vida de cada máquina.
Máquina
A B C
Inv. Inicial $42.000 $65.000 $100.500
Ano Entradas de caixa
1 12.000 10.000 30.000
2 12.000 20.000 30.000
3 12.000 30.000 30.000
4 12.000 40.000 30.000
5 12.000 30.000
6 12.000
a) Calcule o VAL para cada máquina durante sua vida. Classifique as máquinas em ordem decrescente
com base no VAL. b) Utilize o método do valor atual líquido anualizado para calcular o VALA de cada máquina. Classifique
as máquinas em ordem decrescente com base no VALA.
Compare e contraste suas respostas em a e b. Qual máquina você recomendaria para a empresa
comprar?
6) A Fábrica de Sapatos S. A., está avaliando uma máquina nova. O investimento inicial de $20.000
será depreciado durante sua vida normal de 5 anos. A máquina gerará lucros após o imposto de renda
de $6.000 ao ano, em cada um dos cinco anos em que irá operar. O lucro operacional da empresa é
taxado a 40%. a) Determine as entradas de caixa após o imposto de renda, associadas com a máquina em cada um
dos cinco anos. b) Determine o período de payback para a máquina.
Respostas
1) (1) a) $2.674,63, b) 838,20, c) – 805,68; (2) e (3) Deve ser aceita somente no casos casos das taxas
de retorno a) e b), pois é quando temos VAL > 0. 2) a) 9,00%, b) - $320,54, c) 0,98
3) a) $1.223,68, b) 1,0671, c) 12,0%
4) a) 6 anos, b) sim, pois 6 < 8
5) a) A: $7.336,89, B: $6.646,58, C: 7.643,29
A: $1.784,52, B: $2.188,28, C: $2.120,32 => B > C > A
Comprar B
6) a) $10.000, b) 2
Exercícios Complementares:
1) Após o exame de várias alternativas tecnológicas disponíveis para a implantação de um projeto
industrial, duas foram consideradas adequadas do ponto de vista tecnológico. A decisão final deverá
ser tomada, portanto, com base na comparação da viabilidade financeira das duas alternativas. Os
dados financeiros obtidos são mostrados no quadro abaixo.
Fluxo Financeiro
Estude-as e apresente o seu parecer, considerando o custo de oportunidade do capital de 15% ao ano. Utilize na sua análise os critérios da TIR e VPL.
A sua decisão mudaria se houvesse uma queda drástica do custo do capital, digamos para 8% ao ano?
Se sim, explique o porquê.
ANO ALTERNATIVA 1 ALTERNATIVA 2
0 -1.200 -1.200
1 1.000 100
2 500 600
3 100 1.100
2) Uma empresa dispõe de R$ 10.000.000,00 para seu orçamento de investimentos e está
considerando duas alternativas mutuamente excludentes, cujos fluxos são apresentados a seguir:
Fluxo Financeiro
Analise a viabilidade cada alternativa proposta, utilizando os métodos de VPL e TIR, considerando que
o custo de oportunidade de capital da empresa (considerado como taxa mínima de atratividade) é de
12%aa. Qual das duas propostas você recomendaria (considerando que existe restrição de capital). Considerar o fluxo de caixa de incremental. E se a taxa mínima de atratividade fosse 10%, qual projeto você escolheria? Explique.
3) Calcular a taxa interna de retorno de um investimento que conste de um desembolso inicial de R$
2.000.000,00, novo desembolso no final do terceiro mês, no valor de R$ 3.000.000,00 e cinco
entradas de caixa bimestrais de R$ 2.500.000,00, com três meses de carência, a contar do segundo
desembolso.
Calcular o valor presente líquido desse investimento considerando uma taxa de atratividade (custo
de oportunidade) de 15% am. Você recomendaria essa aplicação? Se a taxa de atratividade se elevasse para 20% am, você
manteria sua recomendação?
4) Consideremos o exemplo de uma empresa da qual se espera a geração de fluxos líquidos de caixa
(entradas menos saídas de caixa) de $ 5.000 no primeiro ano e $ 2.000 por ano nos cinco anos
seguintes. A empresa poderia ser vendida por $10.000 daqui a sete anos. Os seus proprietários
gostariam de obter um retorno de 10% em seu investimento na empresa. Considerando-se que o valor da empresa é simplesmente a soma dos valores presentes dos fluxos
líquidos individuais de caixa, se você tivesse a oportunidade de comprar a empresa por $ 12.000, você o faria?
PERÍODO PROJETO A PROJETO B
0 (10.000.000,00) (7.000.000,00) 1A6 +2.466.800,00 +1.761.100,00
4. Fontes de Financiamento
As instituições financeiras fazem o repasse dos recursos captados dos agentes econômicos
superavitários (que têm sobra de recursos disponíveis) aos agentes econômicos deficitários (que
necessitam de recursos). Esta é a razão de ser de um banco clássico e que, nos últimos anos, devido à
explosão inflacionária, foi completamente distorcida.
Existe uma enorme variedade de produtos disponíveis que se diferenciam em prazos, taxas, formas de
pagamento e garantias, com o limite sendo a criatividade do banco diante das limitações impostas pelo
BC.
O volume de empréstimos dos bancos está vinculado ao seu patrimônio líquido incluindo a equivalência
patrimonial das instituições financeiras que lhes são coligadas, e nas condições do Acordo da Basiléia.
A formação das taxas de juros dos empréstimos e a cunha fiscal
Na formação das taxas de juros que as instituições financeiras praticam, são considerados um conjunto
de componentes internos (endógenos) da atividade bancária com impactos e avaliações diferentes de
uma instituição para outra, a saber:
▪ custo médio do funding (origem dos recurso captado pelo banco) ▪ custos operacionais e administrativos, suas origens e efeitos
▪ margem de lucro ou sobra desejada
▪ nível da capitalização e disponibilidade de fundos para empréstimos
▪ perfil de negócios e a disposição para riscos específicos
▪ aspectos concorrenciais de market share (participação de mercado) ▪ custo de oportunidade entre alternativas
▪ níveis de inadimplência geral e específico de cada produto
▪ conjunto das taxas de referência e das taxas de juros praticadas pelo mercado
▪ características de cada tomador de empréstimo (risco de cada cliente) ▪ características de cada operação específica (valor, prazo e forma de pagamento e garantias) ▪ cunha fiscal (IOF, CPMF, PIS e Cofins, IR e CSLL, FGC – fundo garantidor de crédito e os
depósitos compulsórios)
É interessante ver como, do ponto de vista dos bancos, poderiam ser classificados os clientes quanto à
aplicação:
Alto grau de endividamento
Baixa capacidade Malabar Ambicioso Alta capacidade de pagamento
Figura 2.3.1
Carneísta Conservado
Baixo grau de endividamento
de pagamento
Malabarista – gasta mais do que ganha. Usa vários bancos
Ambicioso – quer tudo o que vê e pode pegar
Carneísta – adora um carnê, mas dá o passo do tamanho da perna
Conservador – não quer ser inadimplente
Sendo o crédito o ponto mais forte de uma cooperativa de crédito, merece aqui especial atenção com
relação ao que vem sendo feito pelas instituições financeiras, bem como as tendências que estão se
desenhando no mercado.
Para analisar o mercado de crédito brasileiro, vamos dividi-lo em três segmentos:
a) Corporate – Este segmento é composto por empresas com faturamento, em geral, superior a R$ 100
milhões. Em função da elevada competitividade entre os bancos, as operações de crédito realizadas
com o segmento Corporate vem apresentando spread inferiores à média praticada nos EUA. Como os
bancos mal conseguem se rentabilizar com as operações neste segmento, e para evitar ficarem
tomados em suas carteiras de crédito, há uma tendência cada vez mais forte para operações via
mercado de capitais e o ganho dos bancos através de fee. Como os papéis emitidos por empresas de 1ª
linha tem boa aceitação pelos fundos e fundações, já se
começa a verificar iniciativas para dar liquidez a estes títulos privados.
Securitização de Rebebíveis – Sofisticada operação financeira, onde os recebíveis de uma empresa
atuam como lastro para lançamento de recursos no mercado de capitais, mediante emissão de valores
mobiliários como debêntures, commercial papers, dentre outros. Transformam-se contas a receber em
novos títulos que são colocados no mercado para captação de recursos por grandes empresas. Vantagem: Operação off-balance (não prejudica os limites de crédito da empresa originadora, nem seus
índices de endividamento)
b) Middle-market – composto de empresas com uma média de faturamento entre R$ 5 milhões a R$
100 milhões. São empresas de maior risco e mais vulneráveis à conjuntura econômica. A informalidade
na gestão das empresas de middle-market é maior também neste segmento. Desta forma, os bancos
operam com garantia real – duplicata e hipoteca, principalmente.
c) Varejo – Composto de pessoas físicas e pessoas jurídicas com faturamento inferior a R$ 5 milhões. É considerado o grande filão do mercado de crédito. Para se ter uma idéia, o crédito para pessoa física
(excluindo crédito imobiliário) representa 17% do PIB nos EUA, enquanto no Brasil representa apenas 3
a 5% do PIB. Sem dúvida, o risco no Brasil é maior que o risco nos EUA, o que acarreta um efeito
sanfona no crédito.
cenário melhor conjuntura econômica
adversa
As crises brasileiras são seguidas de aumento da taxa de juros no crédito para o varejo, além do que o
crédito também se torna mais restritivo, em função do histórico aumento da inadimplência.
Aqui vemos a maior diferença no crédito para o varejo entre Cooperativas de Crédito e Instituições
Financeiras: a inadimplência tende a ser bem menor entre os cooperados, que contam com o apoio da
própria cooperativa de produção.
Para os bancos em geral, crédito no varejo é tanto mais vantajoso, quanto maior for o ganho de escala, ou seja, aumento crescente da carteira com mesmo custo fixo.
Resumindo, as tendências no mercado de varejo: ▪ Escala
▪ Sistema e processo
▪ Consolidação do mercado para reduzir despesas, seja por uma estrutura comum e única (back- office, hardware, sistemas, etc) ou para favorecer negociação com fornecedores (um bom
exemplo é a menor tarifação na tabela dos Correios) ▪ Compra de seguro desemprego atrelado ao crédito
▪ Credit Score
▪ Questões subjetivas de análise
▪ Balanço Social ▪ Importância do fluxo de caixa
O crédito sem finalidade específica – padrão atual da maioria das cooperativas de crédito urbano – tem
sido um agente de promoção social. Estatísticas demonstraram que mais da metade desse tipo de
empréstimo é utilizada para resgatar dívidas do associado junto a agiotas, bancos e cartões de crédito. Como trabalham com taxas baixas e prazos de amortização adequados à realidade dos associados, as
cooperativas são responsáveis pelo resgate da tranqüilidade de inúmeras famílias.
Financiamentos para investimentos
A grande cultura dos bancos brasileiros nos últimos anos, com a elevada inflação, foi trabalhar priorizando investimentos, e hoje lutam para adequar o seu quadro de funcionários e sistemas de
análise e risco para concessão de empréstimos e financiamentos. Ainda hoje é impossível se obter internamente quem esteja disposto a aplicar recursos a prazos mais longos. Assim, para financiamentos
com tais características, as fontes são, por via de consequência, as entidades e instituições financeiras
governamentais.
▪ Sistema BNDES
▪ Linhas de Financiamento (FINEM, BNDES automático, FINAME, FINAME agrícola, BNDES –
Exim) ▪ Programa de Financiamento ( Programas setoriais: agropecuário, industrial e de infra-
estrutura, comércio e serviços, informática, regionais,etc.) ▪ Programas Sociais (BNDES microfinanças) ▪ BNDESPar (para capitalização de empresas brasileiras) ▪ FGPC – Fundo de Garantia para a promoção da Competitividade – garante parte do risco de
crédito das Instituições financeiras nas operações de microempresas e pequenas empresas, e
de médias empresas que venham a utilizar linhas de financiamento do BNDES.
▪ Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT – incentivos fiscais para a capacitação tecnológica da
indústria e da agropecuária. São programas de fomento executados pelas agências FINEP e
CNPq.
▪ Projeto INOVAR – desenvolvido em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas – SEBRAE, o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e a Fundação
Petrobrás de Seguridade Social – PETROS, vai funcionar como ponte entre as empresas e seus
investidores potenciais estimulando a formação da cultura de investimentos em capital de risco, ainda incipiente no país.
▪ Fundos Constitucionais – FNO/FNE/FCO – A União destina 3% da arrecadação de IR e IPI para
serem aplicados em programas de financiamento aos setores produtivos das Regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional. São
benefíciários os produtores rurais, as empresas em geral, associações e cooperativas.
▪ Projeto Brasil Empreendedor – PBE – apoio à micro e pequena empresa em parceria com os
bancos oficiais e o SEBRAE
▪ Programa de Geração de Renda – PROGER
▪ Repasse Externos – originárias do BID e IFC – linhas de financiamento de máquinas e
equipamentos
▪ Project Finance - é uma operação financeira estruturada que permite dividir o risco entre o
empreendedor e o financiador, os quais serão remunerados pelo fluxo de caixa do
empreendimento. É extremamente útil na implantação de negócios, principalmente naqueles que
exigem elevados investimentos. A grande vantagem do project finance é a ruptura da
abordagem tradicional centrada na empresa que busca financiamento para a implantação de um
projeto e a adoção de um conceito mais amplo, o do empreendimento com vários participantes. Caracteriza-se como uma parceria de negócios em risco e retorno. Esta modalidade de
financiamento está a todo vapor no Brasil e já conta com a possibilidade de recursos dos fundos
de pensão.
4.1 BNDES
O BNDES tem como uma de suas ações prioritárias promover o crescimento das micro, pequenas e
médias empresas de todo o país, dos setores industrial, de infra-estrutura, de comércio e serviços e
agropecuário, tendo em vista o seu papel na geração e manutenção de postos de trabalho. As micro, pequenas e médias empresas representam cerca de 98% do total de empresas existentes no
Brasil, respondem por cerca de 60% dos empregos gerados e participam com 43% da renda total dos
setores industrial, comercial e de serviços.
A classificação de porte de empresa adotada pelo BNDES e aplicável à indústria, comércio e
serviços, é a seguinte:
- Microempresas: receita operacional bruta anual* ou anualizada até R$ 900 mil (novecentos mil reais).
- Pequenas Empresas: receita operacional bruta anual* ou anualizada superior a R$ 900 mil (novecentos mil reais) e inferior ou igual a R$ 7.875 mil (sete milhões e oitocentos e setenta e cinco mil reais).
- Médias Empresas: receita operacional bruta anual* ou anualizada superior a R$ 7.875 mil (sete
milhões e oitocentos e setenta e cinco mil reais) e inferior ou igual a R$ 45 milhões (quarenta e cinco
milhões de reais).
- Grandes Empresas: receita operacional bruta anual* ou anualizada superior a R$ 45 milhões
(quarenta e cinco milhões de reais).
(*) Considera-se receita operacional bruta anual como a receita auferida no ano-calendário com o
produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e
o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos
incondicionais concedidos.
O Governo Federal criou o Programa Brasil Empreendedor com o objetivo de estimular o
desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas e de empreendedores dos setores formal e
informal.
O incentivo efetiva-se por meio da capacitação gerencial e tecnológica, concessão de crédito e de
assessoria técnica e visa promover a geração e a manutenção de postos de trabalho, elevar o nível de
capacitação empresarial dos empreendedores em todo o país, e , assim, contribuir para a geração de
renda. Desde a sua criação foram realizadas 2.550.000 operações de crédito, num valor de R$ 20,0 bilhões
(outubro/1999; até novembro/2001). As ações da Terceira Etapa do Programa, que se desenvolverá até setembro de 2002, estão sendo
detalhadas e terão como focos principais: � o aumento da participação das MPME nas exportações brasileiras; � a inclusão digital das MPME; � o apoio a pólos produtivos; e
� o fortalecimento do segmento artesanal. O Programa tem abrangência nacional e articula diversas ações de organismos governamentais e não- governamentais. Atua em quatro grandes eixos, de forma unificada: Promoção, Capacitação, Assessoria Técnica e Crédito. A convergência destes eixos dá-se por meio da parceria entre os
governos federal, estadual e municipal e as instituições governamentais e outras entidades. Promoção
A divulgação junto ao público-alvo, é feita por meio de reuniões, visitas e palestras, inserções na mídia e
outras ações estruturadas, em parceria com as associações de classe, entidades empresariais, Secretarias de Trabalho das Unidades da Federação e Comissões de Emprego. Assessoria Técnica
Possibilita aos empreendedores o aprofundamento das questões relativas à Gestão, Produção e
Mercado, visando o sucesso de seus negócios. Serão realizadas consultorias, de forma individualizada
ou coletiva, para o acompanhamento dos resultados em comparação com o que foi projetado pelo Plano
de Negócios. Essa ação consiste em medidas preventivas de caráter orientador, que objetivam não
apenas corrigir eventuais distorções como também verificar as possibilidades de alavancagem do
empreendimento. Capacitação
Consiste na qualificação do empreendedor, antecedente ao crédito, tanto do ponto de vista técnico, de
gestão: como produto desse processo de Plano de Negócios, que se constituirá na própria proposta de
crédito a ser submetida ao agente financeiro de sua preferência. O Sebrae participa do Programa com ações voltadas à capacitação empresarial por meio de
treinamento, principalmente nas áreas de marketing, de análise financeira e de gestão empreendedoras
para a preparação de um plano de negócios, o qual possibilitará às micro, pequenas e médias
empresas mais facilidades para o acesso às linhas de crédito. Crédito
Visa apoiar as atividades produtivas das micro, pequenas e médias empresas dos ramos industrial, comercial, serviços e dos empreendedores que detectada a necessidade, tenham passado pela etapa
da capacitação, não apresentem restrições cadastrais cujo projeto demonstre viabilidade econômica e
financeira. Também são financiados pelo Programa a implantação, ampliação e/ou modernização de
empreendimentos formais e informais, compreendendo, investimentos fixos, aquisição de máquinas e
equipamentos, capital de giro associado e isolado, bem como outros itens necessários à viabilização do
projeto. O apoio financeiro é concedido pelas instituições financeiras credenciadas pelo BNDES
O Financiamento do BNDES para micro, pequena e média empresa
As instituições financeiras que utilizam recursos do BNDES no Programa Brasil Empreendedor procedem de acordo com os seguintes critérios:
Investimentos / Itens Financiáveis
São financiados os investimentos destinados à implantação, expansão, modernização ou relocalização
da empresa, e projetos de capacitação tecnológica e de qualidade e produtividade, incluindo, entre
outros, os seguintes gastos: � construção ou reforma em imóveis e instalações diversas, vinculados ao objetivo do negócio; � aquisição de máquinas e equipamentos de fabricação nacional; � aquisição ou desenvolvimento de softwares; � treinamento de pessoal; pesquisas, estudos e projetos; taxa de franquia e publicidade de
inauguração do empreendimento; � comercialização de bens e serviços para exportação; � uma parcela do capital de giro, quando associado aos demais investimentos financiados.
Linhas de Financiamento*
BNDE
S
autom
ático
FINAM
E
BNDE
S-exim
Financiamentos de até R$ 7 milhões, por empresa/ano, para investimento fixo e parcela do
capital de giro associado.
Financiamentos para compra e leasing de
máquinas e equipamentos novos de fabricação
nacional, de qualquer valor. Financiamento à produção e comercialização de
bens e serviços destinados à exportação, de
qualquer valor.
* aplicáveis a todos os setores econômicos
Garantias
Serão exigidas garantias reais (ex.: hipoteca e alienação fiduciária) e pessoais (fiança ou aval) dos
sócios controladores da empresa. A critério das instituições financeiras que operam o Programa poderá
ser utilizado o FGPC (Fundo de Aval), assim como dispensada a garantia real em operações de até R$
500 mil com cobertura do FGPC.
Outras Linhas e Programas de Financiamento do BNDES: FINAME Agrícola e Programas de
Financiamento (inclusive aqueles específicos para o segmento agrícola).
No caso de microempreendedores, formais ou informais, os créditos são concedidos pelas
Organizações Não Governamentais (ONGs) e pelas Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCM) que contratam recursos no BNDES através do Programa de Crédito Produtivo Popular - PCPP .
4.2 Operações de Repasse – Custo Real Efetivo
Exemplo: Uma empresa necessita adquirir um equipamento. Para tanto, estuda um financiamento da
FINAME (programa FINAME Automático) com as seguintes características:
Condições e características do financiamento
Valor da operação: $ 2.000.000 (valor do equipamento acrescido do IPI e do ICMS); Financiamento (80% do valor do equipamento): 0,8 x $2.000.000 = $1.600.000; Juros efetivos (TJLP): 10% aa (vigente na data de assinatura do financiamento); Spread: 3% aa acima da TJLP (encargos BNDES + comissão cobrada pelo agente financeiro);
Comissão de reserva de capital: 1% am (cobrada proporcinalmente ao prazo decorrido entre a data
da reserva do financiamento e a data da liberação dos recursos – 10 dias); IOC (Imposto sobre operações de crédito): 3% do valor do financiamento; Prazo: 12 amortizações mensais com 6 meses de carência (durante a carência, o mutuário pagará
trimestralmente apenas os juros e o spread). Assuma, para simplificar os cálculos, que as
prestações são pagas no fim de cada mês; Sistema de reembolso: sistema SAC com 12 amortizações mensais.
Pede-se elaborar a planilha de amortização e calcular o custo efetivo do financiamento.
4.3 Estrutura de uma operação de leasing financeiro
Calcular a taxa de arrendamento e o valor da prestação pra uma operação de leasing financeiro no valor de R$ 120.000,00, prazo de 36 meses e taxa de juros de 3% ao mês, nas seguintes hipóteses sobre o
valor residual:
a) valor residual de 20% cobrado ao término da operação; b) valor residual cobrado ao longo do prazo da operação; c) valor residual cobrado no início da operação na forma de entrada.
C= 120.000
VRG = 20%
n = 36 meses
i = 3% ao mês
TA = ? (taxa de arrendamento) R = ? (prestação)
a) Com valor residual garantido cobrado ao fim da operação
� Taxa de arrendamento
TA = [(100 – VRG) / fator (36,3%)] + i x VRG
TA = PMT(80CHSPV, 36n, 3i) + 0.6 = 4,26%
� Prestação
R = C x TA = 120.000 x 4,26% = 5.117,16
b) Com valor residual garantido cobrado ao longo do prazo da operação
� Taxa de arrendamento
TA = [100 / fator (36, 3%)]
TA = PMT (100 CHS PV, 36n, 3i) = 4,58%
� Prestação
R = C x TA = 120.000 x 4,58% = 5.496,45
c) Com valor residual garantido cobrado no início da operação na forma de entrada:
� Taxa de arrendamento
TA = (100 – VRG) / fator (36,3%) TA = PMT (80 CHS PV, 36n, 3i) = 3,66%
� Prestação
R = C x TA = 120.000 x 3.66% = 4.397,16
Avaliação do Leasing financeiro:
O Leasing financeiro é uma alternativa mutuamente exclusiva em relação à compra do equipamento, pois a aceitação de uma delas exclui a possibilidade de aceitar a outra. Do ponto de vista da
arrendatária, o quadro a seguir apresenta os fluxos relevantes à análise comparativa entre as duas
alternativas:
Resolvendo o fluxo pela HP-12C:
120.000 chs g Cfo
-4.847,52 g Cfj 36 g nj 1 i (taxa de juros de 1,43% ao mês menos IR de 30%) NPV = ?
NPV = 25.946,73
Vale observar que se consideramos que os fluxos de caixa estão em uma base após
imposto de renda, e que o Leasing Financeiro é de fato uma forma de financiamento, a
taxa de desconto que deve ser usada é a taxa de juros após imposto: 0,0143 x (1-0,30) =
1% ao mês. O valor residual garantido pode ser embutido nas prestações (caso deste
exemplo) ou pago ao término da operação. Conclusão: Pela análise efetuada do fluxo de caixa incremental (VPLleasing – VPLcompra), é
mais interessante fazer o leasing do que comprar o equipamento.
ITEM Ano 0 Ano 1 Ano 2 ........ Ano 36
Leasing financeiro
Prestações pagas
Efeitos fiscais (30% IR) Fluxo líquido do leasing
-5.496,45
1648,93
-3.847,52
-5.496,45
1648,93
-3.847,52
-5.496,45
1648,93
-3.847,52
-5.496,45
1648,93
-3.847,52
Compra do equipamento
Valor do equipamento
Efeitos fiscais (% deprec)
-120.000
1.000,00
1.000,00
1.000,00
1.000,00
Fluxo de caixa incremental 120.000 -4.847,52 -4.847,52 -4.847,52 -4.847,52
VPLL-C representa a vantagem financeira do leasing em relação à alternativa comprar. Um VPLL-C
positivo indica que, do ponto de vista financeiro, a operação de Leasing Financeiro supera a outra
alternativa, significando que, em termos de valor presente, o custo financeiro do leasing é menor que o
custo financeiro da alternativa compra.
1 - O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
1 - A EMPRESA PARA A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Uma empresa pode ser vista como um conjunto de recursos originários de diversas
fontes:- pessoas
que investiram em ações da empresa, credores que fizeram empréstimos, lucros anteriores
retidos.
Os recursos gerados por estas FONTES destinam-se a vários usos, tais como, ativos
fixos, contas a
receber, estoques, caixa, títulos e etc., a estes usos damos o nome de APLICAÇÕES.
O conjunto destes recursos é dinâmico e suas mutações são conhecidas como FLUXO
DOS
RECURSOS.
2 - FUNÇÃO DA ADMIN ISTRAÇÃO FINANCEIRA
A função básica da administração financeira é coordenar (dirigir) o fluxo de recursos, o
que é
extremamente importante para a empresa.
3 - OBJETIVO BÁSICO DAS EMPRESAS
A administração eficiente do fluxo de recursos na empresa implica na existência de algum
objetivo ou
meta, pois a avaliação sobre se uma decisão financeira é ou não eficiente tem que ser feita à
luz de algum
padrão.
É óbvio que existem vários objetivos a serem atingidos pelos diversos departamentos da
empresa, e
inclusive pelo Financeiro, só que este toma como seu principal indicador de eficiência o
“AUMENTO DA
RIQUEZA DE SEUS ATUAIS ACIONISTAS OU PROPRIETÁRIOS”.
Este aumento é representado pelo “PREÇO DE MERCADO DE CADA AÇÃO
REPRESENTATIVA
DO CAPITAL DA EMPRESA”. Embora o preço de mercado possa não ser uma medida perfeita
da riqueza
de todos os acionistas é a melhor de que dispomos.
Este objetivo básico da empresa é atingido a partir da consecução de outros objetivos, tais como:
lucratividade, endividamento, liquidez, volume de vendas, participação no mercado, e outros.
3
4 - RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA
Aumentar a riqueza dos acionistas não quer dizer que a administração deva relegar para segundo plano
as responsabilidades sociais, apesar de que o conflito entre “MAIOR RIQUEZA” e
“RESPONSABILIDADE SOCIAL” seja normalmente uma constante.
Estas responsabilidades sociais podem ser resumidas em:- proteção ao consumidor, segurança no
trabalho, apoio à educação e participação ativa na comunidade.
5 - A FUNÇÃO DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO
As duas funções básicas são as seguintes:- 1 - ALOCAÇÃO EFICIENTE DOS RECURSOS DA EMPRESA.
Isto implica na constante verificação da utilização dos recursos no caixa, nas contas a receber, em
títulos de curto prazo, estoques, investimentos de capital, e na análise do risco da empresa.
Em resumo isto significa determinar o total do ativo, a composição deste ativo e o perfil de risco do
negócio.
2 - OBTENÇÃO DE RECURSOS NAS CONDIÇÕES MAIS FAVORÁVEIS
A segunda faceta da Administração Financ eira é a obtenção de recursos. Existe uma grande
variedade de FONTES de recursos, cada qual com suas características de custo, prazo, disponibilidade, ônus reais sobre o ativo e outras condições impostas por quem detém este capital.
Ainda como fontes de financiamento temos a considerar a política de dividendos e a retenção de
lucros.
6 - POSIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA EM RELAÇÃO À ALTA
DIREÇÃO
Todas as decisões da empresa possuem aspectos financeiros vitais, assim sendo é muito comum que a
função financeira tenha uma visão global da empresa.
Assim sendo esta área tem grande responsabilidade ao fornecer informações à alta administração, na
medida em que está avaliando o resultado de projetos apresentados e ou de decisões e suas alternativas, que
devem ser adotadas após análise.
7 - ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO
Podemos detalhar as atribuições do administrador financeiro da seguinte forma:-
A - ANÁLISE DO REGISTRO DAS INFORMAÇÕES
Fica caracterizada que é a contabilidade a principal fonte de dados internos necessários para o
desempenho da administração financeira.
Administrar implica em planejamento e conseqüentemente previsões, sendo a Contabilidade o
manancial de registros históricos, constituindo-se em elemento básico para inúmeras projeções, que
são essenciais para uma boa administração.
B - PROJEÇÃO DO MOVIMENTO DE CAIXA
4
O objetivo desta atividade é aferir o grau de liquidez da empresa e verificar se a mesma terá condições
de manter-se em funcionamento cumprindo seus compromissos externos e mantendo o nível previsto
de operações.
C - INFORMAÇÕES SOBRE PERSPECTIVAS FINANCEIRAS FUTURAS
Estas informações ajudam a tomada de decisões de compra, comercialização de produtos ou serviços, fixação de preços, e etc. que não são tomadas diretamente pelo administrador financeiro, mas possuem
aspectos financeiros ou são, suficientemente amplas e importantes para exigir coordenação entre as
diversas áreas funcionais, tais como marketing, produção, recursos humanos, finanças.
D - ELABORAÇÃO DE PLANOS PARA “FONTES” E “APLICAÇÕES” PARA MÉDIO E LONGO
PRAZO
A principal diretriz de raciocínio é o conjunto dos objetivos gerais da empresa, fixados pela alta
administração.
8 – A FUNÇÃO FINANCEIRA NAS EMPRESAS DE LOGÍSTICA.
As empresas de logística têm características próprias assim como outras empresas de outros ramos de
negócios. Considerando serem empresas de prestação de serviços a função financeira não conta com
determinados itens, por exemplo, estoques de matérias-prima, produtos em elaboração e produtos acabados, o que altera a forma de gestão de seu capital de giro. Os insumos para os serviços prestados, muitas vezes, são adquiridos de forma muito mais imediata e com previsões efetuadas em espaço de tempo muitas vezes
menores do que nas empresas comerciais e industriais, o que implica na manutenção de capital de giro em
dinheiro ao invés de materiais, o que acaba interferindo na administração das disponibilidades e na forma de
aplicação de recursos financeiros de curtíssimo prazo, quando se deve privilegiar a disponibilidade imediata
dos recursos. Estas empresas demandam, normalmente, de bens de capital para a execução dos serviços, e a
disponibilidade destes bens pode ser obtida através de aquisição, leasing ou locação, fixa ou temporária, o
que implica na administração do ativo imobilizado de forma muito mais dinâmica do que em empresas
industriais, conferindo à administração financeira algumas especificidades que precisam ser levadas em
consideração para salvaguardar a saúde financeira destas empresas.
5
2 - RELAÇÃO CUSTO-VOLUME-LUCRO
1 - IMPORTÂNCIA
Esta análise econômica é complemento da análise financeira, uma vez que o fluxo de capital se acha
intimamente ligado às características do custo-volume- lucro.
As condições de preços e de remuneração dos fatores da produção podem se alterar com freqüência, tanto por motivos de ordem interna das empresas, quanto pela dependência em que elas se encontram em
relação aos mercados supridores e compradores.
2 - PREMISSAS BÁSICAS
CUSTOS E DESPESAS FIXAS :- São os que ocorrem independentemente do maior ou menor nível de atividade.
Exemplo:- depreciação, aluguéis, juros sobre empréstimos.
CUSTOS E DESPESAS VARIÁVEIS: São os que têm sua ocorrência diretamente proporcional ao
volume de atividade.
Exemplo:- comissões de vendedores, matéria-prima, insumos.
CUSTOS E DESPESAS SEMI - VARIÁVEIS: São os que possuem uma parte fixa e uma variável.
Exemplo:- energia elétrica industrial (demanda/consumo), remuneração total dos vendedores.
Observamos que os custos fixos e despesas fixas permanecem fixos dentro de determinados patamares
de produção e venda, ou seja, havendo acréscimo muito grande de produção e vendas, que extrapole o
determinado patamar estes custos terão um determinado aumento, que não é proporcional ao aumento no
volume de produção e vendas.
3 - PONTO DE EQUILÍBRIO
3.1 - CONCEITO
É o nível ou volume de vendas em que o resultado líquido operacional é nulo, ou seja, as receitas
operacionais são exatamente iguais ao valor total dos custos e despesas operacionais.
Observe-se que denominamos MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO ao valor que resulta da diferença
entre o preço de venda do produto e os custos variáveis. Esta margem de contribuição é que formará o lucro
líquido da empresa.
6
3.2 - PONTO DE EQUILÍBRIO - APURAÇÃO GRÁFICA
O ponto de equilíbrio é apurado graficamente a partir do cálculo da receita, custo variável e custo fixo
de uma série de volumes de vendas. Na tabela abaixo exemplificamos estes cálculos para uma empresa
fictícia.
As restas, que podem ser traçadas em um plano cartesiano, a partir dos cálculos acima estão
demonstradas no gráfico abaixo. A interseção da reta que representa as receitas totais, com a reta que
representa os custos totais, é o ponto de equilíbrio, situação em que receita e custos totais são iguais, ou seja, o resultado é igual a zero.
7
DADOS PARA MONTAGEM DO PONTO DE EQUILÍBRIO
valores unit GRÁFI
CO 4,00
Quant Receita Custo Fixo Custo Variável Custo Total Resultado
0 - 3.000,00 - 3.000,00 (3.000,00)
200 1.100,00 3.000,00 800,00 3.800,00 (2.700,00)
400 2.200,00 3.000,00 1.600,00 4.600,00 (2.400,00)
600 3.300,00 3.000,00 2.400,00 5.400,00 (2.100,00)
800 4.400,00 3.000,00 3.200,00 6.200,00 (1.800,00)
1000 5.500,00 3.000,00 4.000,00 7.000,00 (1.500,00)
1200 6.600,00 3.000,00 4.800,00 7.800,00 (1.200,00)
1400 7.700,00 3.000,00 5.600,00 8.600,00 (900,00)
1600 8.800,00 3.000,00 6.400,00 9.400,00 (600,00)
1800 9.900,00 3.000,00 7.200,00 10.200,00 (300,00)
2000 11.000,00 3.000,00 8.000,00 11.000,00 -2200 12.100,00 3.000,00 8.800,00 11.800,00 300,00
2400 13.200,00 3.000,00 9.600,00 12.600,00 600,00
2600 14.300,00 3.000,00 10.400,00 13.400,00 900,00
2800 15.400,00 3.000,00 11.200,00 14.200,00 1.200,00
3000 16.500,00 3.000,00 12.000,00 15.000,00 1.500,00
3200 17.600,00 3.000,00 12.800,00 15.800,00 1.800,00
3400 18.700,00 3.000,00 13.600,00 16.600,00 2.100,00
3600 19.800,00 3.000,00 14.400,00 17.400,00 2.400,00
3800 20.900,00 3.000,00 15.200,00 18.200,00 2.700,00
4000 22.000,00 3.000,00 16.000,00 19.000,00 3.000,00
VA
LO
RE
S
PONTO DE EQUILÍBRIO
21.000,00
18.000,00
Lucro
15.000,00
12.000,00
11.000,00
9.000,00
6.000,00
Ponto Equilíbrio
3.000,00
-
Prejuizo
2.000
QUANTIDADES
Receita Custo Fixo Custo Variável Custo Total
3.3 - PONTO DE EQUILÍBRIO EM QUANTIDADES
FÓRMULA
RECEITA =
CUSTO TOTAL
PU x QT = (CVU x QT) + CFT
PU x QT - (CVU x QT) = CFT
QT x (PU - CVU) = CFT
PEQT = CFT
PU-CVU
FÓRMULA FINAL DO
PONTO DE EQUILÍBRIO EM QUANTIDADES
ONDE:- PU
QT
= PREÇO UNITÁRIO DE VENDA
= VOLUME DE VENDAS EM QUANTIDADE
8
CVU = CUSTO VARIÁVEL UNITÁRIO
CFT = CUSTO FIXO TOTAL
PEQT = PONTO DE EQUILÍBRIO EM QUANTIDADES
EXEMPLOS:-
1 - Qual o ponto de equilíbrio em quantidades para a seguinte situação:- preço unitário de venda:- R$ 12,00
custo variável unitário:- R$ 9,00
custo fixo:- R$ 300.000,00
PEQT =
PROVA:-
300.000
300.000
=
12 - 9 3
PEQT = 100.000 (unidades)
VENDAS NO PONTO DE EQUILÍBRIO
CUSTOS VARIÁVEIS
MARGEM BRUTA
CUSTOS FIXOS
RESULTADO
100.000 x R$ 12,00
100.000 x R$ 9,00
1.200.000,00
900.000,00
300.000,00
300.000,00
-0-
2 - Calcular o ponto de equilíbrio em quantidades para a seguinte situação:- custo variável unitário R$ 5,00
custo fixo R$ 1.500,00
preço de venda unitário R$ 7,50
PEQT =
PROVA:-
1.500
1.500
=
7,50 – 5,00 2,50
PEQT = 600 (unidades)
VENDAS NO PONTO DE EQUILÍBRIO
CUSTOS VARIÁVEIS
MARGEM BRUTA
CUSTOS FIXOS
RESULTADO
600 x R$ 7,50
600 x R$ 5,00
4.500,00
3.000,00
1.500,00
1.500,00
-0-
9
3.4- PONTO DE EQUILÍBRIO EM VALOR
Este cálculo é normalmente utilizado por empresas que comercializam vários produtos e pretendem
calcular o ponto de equilíbrio em valor, independentemente das quantidades.
CFT CFT
PE$ = OU PE$ =
1 - CVU
PU
1 - CVT
REC
ONDE:- PE$ = PONTO DE EQUILÍBRIO EM VALOR
CVT = CUSTO VARIÁVEL TOTAL
REC = RECEITA TOTAL
Exemplo:-
1 - Calcular o Ponto de equilíbrio em valor da seguinte situação:-
Vendas totais (receita total) Custos variáveis totais
R$ 1.000.000,00
R$ 550.000,00
100,00 %
55,00 %
Margem de Contr.Bruta
Custos fixos
R$
R$
450.000,00
292.500,00
45,00 %
29,25 %
Resultado
Solução:-
292.500
R$ 157.500,00
292.500
15,75 %
PE$ = PE$ =
1- 550.000 1 - 0,55
1.000.000
292.500
PE$ = PE$ = R$ 650.000,00
0,45
Prova:- Receita em Ponto de Equilíbrio
Custos variáveis Totais
Margem de Contrib.Bruta
Custos Fixos
Resultado
R$ 650.000,00
R$ 357.500,00
R$ 292.500,00
R$ 292.500,00
Zero
100,00 %
55,00 %
45,00 %
45,00 %
10
3.5 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO
As estimativas de receitas e custos são válidas para um determinado intervalo significativo do volume
de atividade. Representar graficamente as relações entre receita-custo-volume de uma empresa desde 0% até
100 % da capacidade produtiva não é o mais correto. O melhor é fazer a análise para faixas de operações
mais comuns e prováveis, o que torna muito mais aplicável e válida esta análise.
As condições e políticas operacionais da empresa não são constantes, e a análise baseia-se em certas
estimativas de custo de mão-de-obra, matéria prima, preço de venda e capacidade operacional, assim sendo é
aplicável para uma perspectiva de curto prazo.
Em determinadas empresas a variabilidade nas relações entre custos fixos e variáveis e a dificuldade
da alocação dos custos fixos aos produtos compromete, mas não invalida, a análise do ponto de equilíbrio.
No caso de ser feita análise para a empresa como um todo é necessário considerar a participação de
cada produto no total.
4 - MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA / MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO
BRUTA
Margem de contribuição unitária é a diferença entre o preço unitário de venda e o custo variável unitário. Vem a ser o valor que contribui para a formação do Lucro.
Margem de Contribuição Bruta é a unitária multiplicada pelas quantidades vendidas, ou seja, a
diferença entre as receitas totais de vendas e o custo variável total.
5 - EQUAÇÃO GERAL DO RESULTADO
RESULTADO = (QT x PU) - ((QT x Cvu) + CFT)
Exemplos:-
1 - A empresa Alfa produz barras de chocolate ao preço unitário de venda de R$ 5,00 e um custo
variável unitário de 60 % do preço de venda, sendo o custo fixo total de R$ 50.000,00.
Determinar o que segue:-
a) - ponto de equilíbrio em quantidade e valor. b) - caso o mercado absorva no máximo 20.000 barras qual seria o lucro da empresa. c) - quantas barras de chocolate deverão ser vendidas para a obtenção de um lucro de
R$ 20.000,00
11
de venda
Solução:-
a)
50.000
50.000
PEQT = =
5-3 2
PEQT = 25.000 unidades
Obs:- Custo variável é 60 % do preço 60 % de R$ 5,00 = R$ 3,00
b) Lucro = (20.000 x 5) - ((20.000 x 3) + 50.000)
Lucro = 100.000 - (60.000 + 50.000)
Lucro = 100.000 - 110.000
Lucro = -10.000 Prejuízo = R$ 10.000,00
c) 20.000 = (qt x 5) - ((qt x 3) + 50.000)
20.000 = 5qt - 3qt - 50.000
20.000 + 50.000 = 5qt - 3qt
70.000 = 2qt 70.000 = qt 35.000 = qt
2
2 - Dados:- Receita de vendas
Custo Variável
Margem de Contr.Total Custo fixo
1.000 unid. x R$ 1,00 R$ 1.000,00
1.000 unid. x R$ 0,50 R$ 500,00
R$ 500,00
R$ 400,00
Resultado R$ 100,00
Pede-se:-
a) pensando em reduzir em 10 % o preço de venda para vencer a concorrência do mercado qual deve ser o aumento percentual nas quantidades vendidas para obter o mesmo lucro?
b) qual o ponto de equilíbrio em quantidades para a situação “a”?
Solução:-
a) 100 = (qt x 0,90) - ((qt x 0,50) + 400)
12
100 = 0,90qt - 0,50qt + 400
100 + 400 = 0,90qt - 0,50qt
500 = 0,40qt 500 = qt 1.250 = qt
0,40
quantidade anterior = 1.000 unid. quantidade em “a” = 1.250
aumento percentual = 25 %
b) 400 400
PEQT = = PEQT = 1.000
0,90 - 0,50 0,40
6 - TIPOS DE PONTO DE EQUILÍBRIO
6.1 - CONTÁBIL
É o que nós vimos até o momento, ou seja, resulta no resultado contábil igual a Zero.
6.2 - ECONÔMICO
Este ponto de equilíbrio chama-se econômico pois considera um lucro mínimo desejado.
FÓRMULA:- CFT + LM
PEE $ =
1 - CVU
PU
EXEMPLO:- - custo variável unitário = R$ 80,00
- preço de venda unitário
- custos fixos totais
- capital investido
- lucro mínimo (lm) 6 % s/CI
= R$ 100,00
= R$ 35.000,00
= R$ 100.000,00
= R$ 6.000,00
Solução:- 35.000 + 6.000 41.000
PEE$ = PEE$ = R$ 205.000,00
1- 80
100
0,20
1
3
6.3 - FINANCEIRO
Existem algumas despesas que não são desembolsáveis (depreciação, provisões). Assim pode ocorrer que, mesmo abaixo do ponto de equilíbrio contábil a empresa possa arcar com seus encargos que exigem
desembolso.
CFT - DND
FÓRMULA:- PEF$ =
1 - CVU
PU
EXEMPLO:- - custo variável unitário
- custo variável unitário
- custo fixo total - despesas não desembolsáveis (DND)
35.000 - 5.000
30.000
= R$ 80,00
= R$ 100,00
= R$ 35.000,00
= R$ 5.000,00
PEF$ = PEF$ = R$ 150.000,00
1- 80 0,20
100
7 - MARGEM DE SEGURANÇA
É a diferença entre o ponto de equilíbrio e o ponto em que a empresa opera. Quanto maior for o ponto
de operação em relação ao Ponto de Equilíbrio maior será a sua segurança.
POQT
FÓRMULA:- IMS = -1
PEQT
ONDE:- IMS = ÍNDICE DE MARGEM DE SEGURANÇA
POQT = PONTO DE OPERAÇÃO (QT)
PEQT = PONTO DE EQUILÍBRIO (QT)
OBSERVAÇÕES
1 - PARA TRANSFORMA EM
PERCENTUAL MULTIPLI- CAR POR 100.
2 - PARA O CÁLCULO
PODEM SER USADOS
QUANTIDADES OU VALORES.
“O futuro está em se preparar o ser humano
para o que ele nunca foi.” Paul Valéry.
14
3 - FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA
1 - COMENTÁRIOS GERAIS
A determinação do preço de venda é de suma importância para o planejamento empresarial, pois a partir deste preço é que a empresa gerará ou não lucro.
O preço de venda deve refletir os objetivos e estratégias estabelecidas pela administração da empresa.
Pela formação de preço procura-se:- a) proporcionar no longo prazo, o maior lucro possível. b) proporcionar ao depto de vendas um preço que permita a venda. c) um preço que permita a otimização da capacidade produtiva, pois devemos sempre que possível evitar a
ociosidade. d) permita a otimização do capital investido, assegurando a sobrevivência da empresa no longo prazo e a
justa remuneração do capital investido.
2 - MARK - UP
Mark-up quer dizer "marcar acima". No caso de formação de preço marcar acima do que?
Resposta:- Marcar acima da base, ou seja: do custo do produto.
3 – PREÇO DE VENDA À VISTA
PVV = ____CB_____
Mark up %
100
Onde:-
PVV = PREÇO À VISTA
CB = CUSTO BASE (CUSTO VARIÁVEL DIRETO) MARK UP = % DO CUSTO VARIÁVEL
4 – PREÇO DE VENDA A PRAZO
PVP = (%EF/100 x PVV) + (%DV/100 x PVP) + CB + MC À VISTA
Onde:-
PVP = PREÇO DE VENDA A PRAZO
%EF = PERCENTUAL DE ENCARGOS FINANCEIROS
PVV = PREÇO DE VENDA À VISTA
%DV = PERCENTUAL DE DESPESAS VARIÁVEIS
CB = CUSTO BASE (CUSTO VARIÁVEL DIRETO) MC À VISTA = MARGEM DE COSNTRIBUIÇÃO À VISTA
15
100
4 - CUSTO DO CAPITAL
Uma das preocupações da administração financeira vem a ser o custo do capital total (próprio +
terceiros), ou seja, quanto a empresa está gastando, custo de oportunidade, mantendo uma determinada
estrutura de capitais divididos em próprios e de terceiros.
Para chegarmos neste custo necessitamos analisar o custo dos capitais próprios, e os de terceiros de
curto e longo prazo.
1 - CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO
1.1 - COMENTÁRIOS GERAIS
O custo do capital próprio (Kc) de uma empresa é definido pelo retorno requerido por seus acionistas
ao investirem seus recursos nos empreendimentos.
A remuneração mínima exigida pelos acionistas constitui-se, em última análise, no custo de capital próprio da empresa.
Em uma empresa individual, por exemplo, a determinação do custo do capital próprio é extremamente
simples, basta perguntar ao proprietário o quanto ele quer ter de retorno.
A administração financeira, contudo, apresenta um critério mais objetivo, para a determinação do custo
de capital, principalmente considerando uma S.A.
1.2 - FORMULA DE CÁLCULO
A equação reservada para este fim é a mesma utilizada para a precificação de ativos (CAPM – Capital Asset Pricing Model)
R
X 100
ONDE:- KC = CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO
RF = TAXA DE RENTABILIDADE DE TÍTULOS LIVRES DE RISCO, NORMALMENTE
GOVERNAMENTAIS.
KC% = ⟩⟩ R + ⟩⟩ X ⟩ RF
X = INDICADOR MÉDIO DE COMO SE MOVE O VALOR DA AÇÃO EM RELAÇÃO
AO MERCADO EM GERAL.
RM = RETORNO OBTIDO PELO MERCADO EM GERAL.
16
100
EXEMPLO
- taxa livre de risco = 6 % a.a. (RF)
- taxa de mercado = 22,5 % a.a. ( RM)
- retorno da ação em relação ao mercado = 1,12 ( X )
SOLUÇÃO
KC % = ( 6/100 + 1,12 (22,5/100 - 6/100)) X 100
KC % = (0,06 + 1,12 (0,225 - 0,06)) X 100
KC % = (0,06 + 0,1848) X 100
KC % = 24,48 %
2 - CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS DE LONGO PRAZO
Outra forma de captação de recursos é através de financiamentos de longo prazo, os quais
normalmente, são indexados por um índice oficial e tem uma taxa de juros muitas vezes subsidiada, além do
imposto sobre as operações financeiras.
2.1 LINHAS DE FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO
Atualmente existem no mercado as seguintes fontes de financiamento de longo prazo:-
2.1.1 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS DIRETOS
São empréstimos e financiamentos captados pelas empresas junto as instituições financeiras
componentes do mercado de capitais.
2.1.2 - REPASSE DE RECURSOS INTERNOS
São recursos oficiais, governamentais, alocados para o financiamento de atividades consideradas
como de interesse econômico e social.
As instituições financeiras é que normalmente intermediam estes valores, funcionando como
repassadores do Governo, sendo o executor dessa política o Banco Nacional de Desenvolvimento Social. Um exemplo é o recurso “FINAME”.
2.1.3 - REPASSE DE RECURSOS EXTERNOS
São recursos captados por instituições financeiras no exterior e repassadas internamente para as
empresas.
17
Um exemplo é a regulamentação da resolução 63 do Banco Central.
Esta modalidade implica no envolvimento de 3 partes :
1. O banco estrangeiro emprestador 2. O banco nacional repassador 3. A empresa nacional financiada
2.1.4 - ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING)
É o aluguel de um imobilizado, com opção de compra do bem ao final do contrato.
Uma das vantagens desta sistemática é que o valor das prestações, exceto o residual, são
contabilizadas como despesas, conferindo à empresa uma redução no imposto de renda.
2.2 - FORMA DE CÁLCULO
Não existe uma fórmula básica pois cada empréstimo ou financiamento tem encargos diferenciados, e
falando-se em longo prazo os pagamentos muitas vezes têm carências.
EXEMPLO:-
espécie:- Financiamento para Capital de Giro. valor:- R$ 100.000,00
amortização:- no 24o mês, ou seja no final do prazo de empréstimo
encargos:- juros de 10 % a.a. pagos semestralmente
correção monetária - IGPM - pago semestralmente
imposto:- 6 % retido quando da liberação do valor projeção do IGPM :- 1o semestre = 12 %
2o semestre = 9 %
3o semestre = 7 %
4o semestre = 10 %
18
FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO
ESPÉCIE:- FINANCIAMENTO PARA CAPITAL
DE GIRO
VALOR:
AMORTIZAÇÃO:
100.000,0
0
NO FINAL DO SEGUNDO ANO
CUSTO: JUROS A.A 10,00%
C.M. SEMESTRAL
IMPOSTO 6,00% RETIDO NA LIBERAÇÃO DO VALOR
PROJEÇÃO C.M. 1o.SEM. 2o.SEM. 3o.SEM. 4o.SEM.
PLANILHA DE PAGAMENTOS
12,00%
9,00%
7,00%
10,00%
SEMESTRE SDO.DEVEDOR COR.MONET JUROS
. 4,8809%
AMORTIZAÇÃ PRESTAÇÃO
O
INICIO 100.000,00
1o. 100.000,00 12.000,00 5.466,59 17.466,59
2o.
3o
100.000,00
100.000,00
9.000,00
7.000,00
5.320,16
5.222,54
14.320,16
12.222,54
4o
FINAL
100.000,00 10.000,00
0,00 38.000,00
5.368,97 100.000,00
21.378,26 100.000,00
115.368,97
159.378,26
3 - CAPITAL DE TERCEIROS - CURTO PRAZO
Outra modalidade de captação é a de recursos de curto prazo, normalmente disponíveis através de
instituições bancárias.
Visam atender as necessidades de Curto Prazo das empresas.
Dentre as linhas existentes destacam-se.
3.1 - DESCONTO DE DUPLICATAS
A empresa possui duplicatas com vencimentos para determinadas datas, mas necessita de numerário
antes destas datas. Esta empresa pode “descontar” estas duplicatas, recebendo o dinheiro deduzido os juros
em data anterior ao vencimento das mesas.
19
No vencimento o sacado (cliente) efetuará o pagamento para o Banco, sendo o emitente responsável pelo título caso o sacado não efetue o pagamento.
3.1.1 - DESCONTO BANCÁRIO ( COMERCIAL OU POR FORA)
Vejamos o exemplo:-
⇒ valor das duplicatas:- R$ 1.000
⇒ prazo médio de vencimento:- 20 dias
⇒ taxa de juros bancário:- 8 % a.m - juros simples
⇒ imposto:- 0,0041 % a.d. sobre o valor total
CÁLCULO DO LÍQUIDO
CREDITADO
JUROS MENSAIS QT DIAS DO MÊS TAXA
DIA
TAXA DIÁRIA 8,00% Dividido 30 = 0,2667%
VALOR
CREDITADO
LÍQUIDO
TAXA
DIA
QT.DIAS TAXA PERÍODO VALOR
LÍQUIDO
1 2 1X2
VR. DA OPERAÇÃO 1.000,00
( - ) JUROS
( - ) IMPOSTO
0,2667%
0,0041%
20
20
5,33%
0,0820%
(53,30)
(0,82)
LÍQUIDO CREDITADO
TAXA REAL DA OPERAÇÃO - JUROS
SIMPLES
945,88
I = ENC/VR.LIQ X
100
QT.DIAS TX.DIA TX.MÊS
ENCARGOS
(54,12) dividido
VR.LÍQ.CRED. 945,88
TAXA DO 5,72% 20 0,29% 8,70%
PERÍODO
Vejamos um outro exemplo:
20
DUPLS
1001
1002
1003
1004
1005
1006
TOTAL
46.500,00
ENCARGOS
VALOR
3.000,00
2.500,00
4.500,00
1.000,00
2.000,00
2.000,00
15.000,00
dividido
4.000,00
VENCTO MESES
2
2
3
4
4
5
15.000,00
PRAZO MÉDIO
6.000,00
5.000,00
13.500,00
4.000,00
8.000,00
10.000,00
46.500,00
3,1
TX.REAL
ENCARG. dividido LÍQUIDO
4.000,00
TX.REAL DO PERÍODO
TX.REAL MES
11.000,00
36,36%
11,73%
(tx.período / prazo médio em meses)
3.2 - CRÉDITO ROTATIVO
Crédito rotativo ou conta garantida é o usual cheque especial. Os encargos incidem sobre a quantidade
de dias em que o saldo foi devedor.
Imaginemos a seguinte situação
SALDO QT.DIAS JUROS PONDERAÇÃO
10,00%
(2.000,00) (3.000,00) (5.000,00) (2.000,00) (1.000,00)
(13.000,00)
PR.MÉDIO
SDO.MÉDIO
2
3
4
5
1
15
3,3846
(2.933,33)
13,33
30,00
66,67
33,33
3,33
146,66
(4.000,00) (9.000,00)
(20.000,00) (10.000,00) (1.000,00)
(44.000,00)
21
CALC.JUROS SDO MÉDIO x TX.DIA x No. DIAS
(2.933,33) 0,33% 15 145,20
OU
CALC.JUROS SDO TOT x TX.DIA x PRAZO MÉDIO
(13.000,00) 0,33% 3,3846 145,20
3.3 - EMPRÉSTIMOS DE CURTO PRAZO
Os empréstimos de curto prazo são muito comuns, conhecidos no mercado como Hot Money. A
cobrança dos encargos pode se dar na data da liberação do empréstimo ou na data do vencimento.
3.3.1 - HOT MONEY, ENCARGOS DESCONTADOS NA LIBERAÇÃO
Exemplo:- LÍQUIDO CREDITADO
VR. DA OPERAÇÃO 5.000,00 5.000,00
JUROS MENSAIS
IMPOSTO
TAXAS
8,00%
0,0041%
100,00
JUROS / 30 x QT.DIAS x VR.OPER
TX.IMP x QT.DIAS x VR.OPER
TAXAS
53,33
0,82
100,00
PRAZO EM DIAS 4
TOTAL
CUSTO REAL TOTAL
TOT.ENC. dividido
154,15
LÍQ.CRED.
4.845,85
4.845,85
TX.REAL
3,18% período
dividido período
0,80%
vezes 30 d
24,00% mensal
22
3.2.2 - HOT MONEY, ENCARGOS PAGOS NO VENCIMENTO
Exemplo :- LÍQUIDO CREDITADO
VR. DA OPERAÇÃO 5.000,00 5.000,00
JUROS MENSAIS
IMPOSTO
TAXAS
8,00%
0,0041%
100,00
JUROS / 30 x QT.DIAS x VR.OPER
TX.IMP x QT.DIAS x VR.OPER
TAXAS
53,33
0,82
100,00
PRAZO EM DIAS 4
TOTAL 4.845,85
CUSTO REAL TOTAL
TOT.ENC. dividido TOT.EMPR. TX.REAL
154,15 5.000,00 3,08% período
dividido período
0,77%
vezes 30 d
23,10% mensal
4 – CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL – CMPC
O custo médio ponderado de capital é obtido pelo critério de média ponderada, e é usado na teoria
tradicional de finanças como o retorno mínimo a ser exigido nas aplicações de capital da empresa.
ORIGEM VALOR CUSTO PONDERA
ÇÃO
CURTO PRAZO
LONGO PRAZO
PRÓPRIO
6.000,00
15.000,00
40.000,00
61.000,00
3,50%
3,00%
4,00%
210,00
450,00
1.600,00
2.260,00
3,70%
5 - PRINCIPAIS FONTES DE CAPITAL DE TERCEIROS
Mesmo com a estabilidade econômica, os empréstimos em moeda local continuam escassos e caros
no Brasil, pois o nível de poupança interna não é suficiente para financiar as atividades empresariais em
caráter permanente.
As empresas são obrigadas a buscar empréstimos e financiamentos externos, pela escassez e alto custo
dos financiamentos internos, mesmo que isso implique assumir o risco de câmbio. O acesso de empresas
brasileiras ao mercado financeiro internacional está restrito a empresas de grande porte e subsidiárias de
empresas multinacionais. O volume dos recursos que as instituições financeiras captam no mercado
financeiro internacional e repassam no mercado interno é limitado.
23
A estrutura de capital deve ser composta por fontes de longo prazo e permanentes, mas nem sempre
essas fontes estão disponíveis, o que obriga empresas a financiarem suas atividades com recursos de curto
prazo.
Inúmeras são as modalidades de financiamentos existentes no mercado financeiro. Para fins
didáticos, as fontes de capital de terceiros podem ser divididas em financiamentos e empréstimos em moeda
nacional e em moeda estrangeira.
5.1 Financiamentos em moeda nacional
Os financiamentos em moeda nacional mais comuns são:
EMPRÉSTIMOS PARA CAPITAL DE GIRO
Por meio de um contrato, são estabelecidas as condições gerais e específicas da operação, como o
valor, o vencimento e a taxa de juros. As garantias exigidas são as notas promissórias as quais são
avalizadas, geralmente, pelos sócios ou diretores. Além das notas promissórias, podem ser exigidas garantias
adicionais, tais como duplicatas, hipotecas e penhor mercantil.
DESCONTO DE TÍTULOS
Os títulos descontados podem ser duplicatas ou notas promissórias. 0 cedente da duplicata ou nota
promissória transfere ao banco o direito de recebê- los nos respectivos vencimentos, recebendo
antecipadamente o valor líquido dos títulos, depois de descontados os juros. No vencimento, o devedor pagará o valor do título ao banco, que baixará da responsabilidade do cedente.
Na operação de desconto, o banco tem o direito de regresso, isto é, caso o devedor não pague o título
no vencimento, o banco tem o direito de receber do cedente o valor do título acrescido de juros de mora e/ou
multas.
HOT MONEY
Esse tipo de empréstimo caracteriza-se por ser de curtíssimo prazo, geralmente de um dia a uma
semana. A taxa de juros de hot money é baseada na taxa diária, acrescida de spread do banco e impostos. As
vantagens desse tipo de empréstimo são de que a empresa tomadora pode ajustar melhor seu fluxo de caixa e
possibilita uma mudança rápida de fonte de financiamento, caso outros tipos de financiamento se tornem
mais vantajosos.
A cobrança de impostos (IOF, CPMF etc.) pode tornar o custo efetivo de hot money excessivamente
alto, o que limita esse tipo de empréstimo a eventuais operações de ajustes de caixa.
CONTA GARANTIDA
É, para a pessoa jurídica, o equivalente ao cheque especial utilizado por pessoa física. O banco abre
uma conta de crédito para a empresa, que saca livremente o valor até o limite estabelecido e cobre o saldo
devedor a qualquer tempo, até o vencimento do contrato. Os encargos financeiros são pagos periodicamente. A grande vantagem da conta garantida é que o tomador pode ajustar melhor sua necessidade de caixa.
FACTORING
Factoring é uma operação de fomento comercial, portanto, não sujeita a regulamentações do Banco
Central. A operação consiste em ceder os direitos creditórios sobre duplicatas a empresas de factoring, recebendo em contrapartida o valor de face com deságio (que corresponde a juros e spread da operação).
24
A grande vantagem dessa operação é que nela é feita a venda definitiva das duplicatas, portanto, sem
o direito de regresso, diferentemente do desconto de duplicatas. Por ser uma operação com custo final mais
alto do que o praticado pelos bancos, é utilizada com maior freqüência por empresas de pequeno e médio
porte que têm dificuldades de obter linhas de crédito em bancos.
DEBÊNTURES
Debênture é um título emitido por sociedades anônimas de capital aberto, com a aprovação da
emissão por Assembléia Geral Extraordinária, para captar recursos de médio e longo prazo no mercado
financeiro. As condições gerais e específicas sob as quais foi emitida a debênture constam de um documento
chamado Escritura de emissão, com registro em cartório.
As debêntures podem ser remuneradas com juros e prêmios sobre valores atualizados
monetariamente, ou com taxas de juros prefixadas. As taxas de remuneração são repactuadas
periodicamente. Caso não se chegue a um acordo quanto à taxa de remuneração do novo período, a empresa
deve resgatar os títulos. O prazo de resgate não deve ser inferior a um ano.
O Agente Fiduciário da operação zela pelos direitos dos debenturistas.
RECURSOS DO BNDES
Praticamente, a maioria dos recursos de longo prazo existentes em moeda nacional é fornecida pelo
Sistema BNDES, dentro das políticas operacionais estabelecidas para cada setor de atividade econômica. O
Sistema BNDES é formado pelo próprio Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e suas subsidiárias Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) e BNDES
Participações S.A. (BNDESpar).
O Sistema BNDES pode operar diretamente com o financiado, mas a maioria das operações é
intermediada pelas ins tituições financeiras credenciadas. Em alguns casos, o BNDESpar participa do capital social das empresas consideradas estratégicas ou com projetos prioritários.
Os encargos dos financiamentos são baseados na Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP), apurada com
base em uma cesta de moedas, acrescida de spread específico para cada linha de financiamento, mais a
comissão do agente repassador.
Algumas das linhas de financiamento são:
financiamento de máquinas e equipamentos de fabricação nacional (Finame);
financiamento à exportação de máquinas e equipamentos (Finamex);
financiamento para subscrição de aumento de capital social;
garantia de subscrição de valores mobiliários.
5.2 - FINANCIAMENTO EM MOEDA ESTRANGEIRA
Por ser a taxa de câmbio brasileira atrelada ao dólar, a maioria dos empréstimos e financiamentos em
moeda estrangeira é denominada em dólar. As mais comuns são:
25
ADIANTAMENTO SOBRE CONTRATOS DE CÂMBIO
Nesse tipo de operação, os exportadores, com base em contrato de fornecimento ou pedido de
compra, vendem a termo os valores em moeda estrangeira que serão gerados pela futura exportação, recebendo antecipadamente o valor equivalente em moeda local, convertido pela taxa de câmbio da data da
operação.
Antes do embarque da mercadoria, a operação recebe o nome de Adiantamento sobre Contrato de
Câmbio (ACC), mas após o embarque, essa operação passa a chamar-se Adiantamento sobre Contrato de
Exportação (ACE). Por ser um incentivo financeiro à exportação, o custo dessa operação é, geralmente, mais
baixo do que a taxa de mercado.
RESOLUÇÃO 63
Essa operação é regulamentada pela Resolução 63 do Banco Central. Os bancos repassam aos
tomadores locais, em moeda estrangeira, os recursos captados no exterior por meio de lançamentos de bônus
e outros instrumentos financeiros. Todas as condições do empréstimo original, como datas de paga mentos de
juros e amortização, taxas de juros e imposto de renda sobre a remessa de juros, coincidem com os
vencimentos do empréstimo original. O prazo máximo da operação para o tomador local não pode exceder o
vencimento do empréstimo original, mas o banco pode repassar o recurso por um prazo menor. O banco
local cobra do tomador uma comissão de repasse, que pode ser antecipada ou paga juntamente com os juros, e sobre essa comissão não incide Imposto de Renda, por ser paga em moeda nacional.
FINANCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO
Os bens adquiridos no exterior podem ser financiados por bancos do exterior Em vez de o importador desembolsar as compras a vista, o banco do exterior paga a vista ao exportador e o importador fica devendo
a esse banco do exterior No vencimento do financiamento, o importador fará a remessa financeira pela
compra de mercadorias.
Geralmente, o custo final desse tipo de financiamento é mais atraente do que de outros tipos de
financiamentos, pois o risco de o banqueiro financiador não receber é menor do que em empréstimos feitos
em moeda. O prazo de financiamento varia de alguns meses a até um ano, raramente ultrapassando esse
prazo.
EXPORT NOTE
O exportador emite uma nota promissória em dólar com lastro em futuros créditos de exportação e
faz a cessão de direitos sobre o crédito com base em um contrato. Pela cessão do direito creditório, o
exportador recebe a vista o valor em moeda nacional, convertido pela taxa de câmbio do dia.
Quando a empresa exportadora recebe o dólar da exportação no futuro, converte-o em moeda
nacional e resgata a nota promissória emitida em dólar convertida em moeda nacional pela taxa de câmbio
do dia do resgate, acrescida de juros.
EUROBÔNUS
Euronotes e Eurobonds são títulos emitidos por empresas em dólar, fora dos Estados Unidos. Notes
são títulos emitidos com prazos inferiores à 10 anos; acima desse prazo, os títulos são chamados bônus
(bonds, em inglês). No mercado financeiro brasileiro, esses dois tipos de títulos são chamados Eurobônus, indistintamente dos prazos de resgate.
26
Existem dois tipos de títulos, quanto às taxas de juros. As “Fixed Rate Notes”, são títulos lançados
com taxas de juros fixas. As “Floating Rate Notes”, são títulos lançados com taxas de juros flutuantes.
Por gerarem despesas fixas relativamente altas (serviços jurídicos especializados, confecção de
prospectos de lançamento e oferta, registro da emissão em uma bolsa internacional, remuneração dos agentes
financeiros etc.), além da comissão de administração e venda dos títulos (proporcional ao valor da emissão), os Eurobônus são lançados com valores, geralmente, acima de US$ 50 milhões.
5.3 ARRENDAMENTO MERCANTIL
O arrendamento mercantil (leasing, em inglês) é uma forma de financiamento de bens do Ativo
Imobilizado. A ampla aceitação dessa modalidade de financiamento pelas empresas está baseada no
princípio de que o lucro é gerado pela utilização do bem e não por sua propriedade.
A operação de leasing consiste em uma empresa arrendadora adquirir um bem do fabricante (ou
comerciante) escolhido pela arrendatária e arrendá-lo a esta mediante o recebimento de prestações periódicas
(que podem ser mensais, trimestrais etc.). O bem adquirido fica contabilizado como Ativo Permanente da
arrendadora até sua eventual venda para a arrendatária. O objeto do arrendamento pode ser: bens móveis ou
imóveis, novos ou usados, de fabricação nacional ou estrangeira, contratado em moeda nacional ou em
moeda estrangeira, com as arrendadoras nacionais ou estrangeiras.
Existem duas modalidades de leasing: financeiro e operacional.
LEASING FINANCEIRO
O leasing financeiro equivale à operação de financiamento de médio ou longo prazo em que a
arrendatária paga, geralmente, prestações mensais. Ao final do contrato, que não pode ser rescindido
antecipadamente, a arrendatária terá o direito de adquirir o bem por um valor previamente combinado
denominado valor residual garantido (VRG).
O prazo mínimo de arrendamento é de dois anos para bens com vida útil de até cinco anos (veículos, equipamentos de informática etc.) e de três anos para os bens com vida útil superior a cinco anos (móveis e
utensílios, maquinarias em geral etc.). A conservação e a manutenção do bem é de responsabilidade da
arrendatária.
No Brasil, somente as sociedades de arrendamento mercantil (empresas de leasing) podem praticar as
operações de leasing financeiro, pois essa modalidade de arrendamento está sujeita à regulamentação do
Banco Central.
LEASING OPERACIONAL
O leasing operacional é uma operação de locação em que a arrendatária (locatária) paga uma taxa de
arrendamento periódica (semanal, mensal, trimestral etc.) à arrendadora (locadora). A manutenção do bem
arrendado nessa modalidade é de responsabilidade da locadora. O bem é devolvido à locadora ao final do
contrato, ou a qualquer tempo (se assim estiver previsto no contrato). Caso a locatária desejar adquirir o
bem, o preço de venda será estabelecido de acordo com o valor de mercado.
Nessa modalidade de arrendamento não existe um prazo mínimo obriga tório. Portanto, a duração de
um contrato de locação poderia ser de apenas alguns meses (ou dias). O prazo do contrato de locação, ou a
opção de devolução a qualquer tempo, dependerá da natureza e espécie do bem objeto de locação, pois
existem bens de difícil comercialização no mercado de bens usados e com alta taxa de obsolescência.
27
Não há necessidade de a empresa locadora ser uma sociedade de arrendamento mercantil para
exercer as atividades de Leasing operacional, pois essa modalidade de arrendamento não está sujeita à
regulamentação do Banco Central. A título de exemplo, as empresas de locação de veículos "adquirem" os
veículos por meio de leasing financeiro e os arrendam a seus clientes por meio de leasing operacional.
LEASE BACK
A operação de lease back (ou sale lease back) consiste em uma empresa vender um bem de seu
imobilizado a uma empresa de leasing, arrendando-o simultaneamente, na modalidade de leasing financeiro. Ocorre a troca de propriedade, mas, na prática, o bem continuará sendo utilizado normalmente pela antiga
empresa proprietária até o final do contrato de arrendamento, quando ela exercerá (se for de seu interesse) a
opção de aquisição pelo VRG. É uma forma de financiamento de capital de giro utilizada por empresas, bastante imobilizadas.
6 - CUSTO DE CAPITAL - RESUMO APRESENTAÇÃO
DEFINIÇÃO DE CUSTO DE CAPITAL
É a taxa de retorno que uma empresa precisa obter sobre seus investimentos para manter o valor da ação
inalterado (Gitman, 1997:382).
ENTENDIMENTO DO CUSTO DE CAPITAL
É a taxa de retorno exigida pelos fornecedores de capital para atrair seus fundos para a empresa. Se o risco for mantido constante, a implementação de projetos com taxa de retorno acima do custo de capital aumentará o valor da empresa. (Gitman, 1997:382)
CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO
COTA DE CAPITAL / AÇÕES ORDINÁRIAS
MODELO DE GORDON
CAPITAL ASSET PRICING MODEL
LUCROS ACUMULADOS
EMISSÃO DE NOVAS AÇÕES
CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS
CAPITAL DE TERCEIROS
LONGO PRAZO
Representado por empréstimos e financiamentos nacionais ou estrangeiros de longo prazo.
CURTO PRAZO
Representado por empréstimos e financiamentos de curto prazo (desconto de duplicatas, hot money, conta
garantida e outros)CUSTO DA COTA DE CAPITAL E DA AÇÃO ORDINÁRIA
MODELO DE GORDON
KS = (D1 / PO) + G
KS = Taxa de retorno exigida sobre a ação
D1 = Dividendo por ação esperado no ano 1
28
PO = Preço corrente da ação
G = Taxa anual de crescimento constante dos lucros e dividendos
EXEMPLO DO MODELO DE GORDON
A ação de uma empresa é negociada em bolsa a preço de R$ 100,00, e seu dividendo anual previsto é de R$
15,00, com previsão de crescimento dos lucros e dividendos a uma taxa média anual de 2%. Qual o custo
desta ação?
Cálculo – Modelo de Gordon
KS = (D1 / PO) + G
Ks = (15 / 100) + 0,02
Ks = 0,17
Ks = 17,00 %
CUSTO DA COTA DE CAPITAL E DA AÇÃO ORDINÁRIA
CAPM
Kc = RF + [ b (RM – RF) ]
Kc = Taxa de retorno exigida sobre a ação
RF = Taxa de retorno livre de risco, tais como títulos públicos
b = beta, que é o coeficiente de risco não diversificável Rm = retorno sobre a carteira de ativos do mercado
Exemplo do CAPM
Uma empresa considera uma taxa livre de risco de 6,00 %, sendo que o retorno médio de mercado é da ordem
de 13,00 %. Considerando que historicamente está empresa apresenta um beta de 1,3, calcular o custo de capital próprio.
CÁLCULO DO CAPM
KC = RF + [ b (RM – RF) ] KC = 0,06 + [1,3(0,13 – 0,06)] KC = 0,06 + 0,091
KC = 0,1510
KS = 15,10%
BETA
O beta representa a correlação dos resultados empresariais em relação aos resultados da média de mercado, que pode ser representado pelo conjunto de empresas do mesmo nicho de mercado.
SIGNIFICADO DO BETA
Significa que o resultado médio de mercado representará para a empresa em análise este resultado médio
multiplicado pelo seu
beta.
CUSTO DOS LUCROS ACUMULADOS
Os lucros acumulados são lucros retidos por diversos motivos. Caso não fossem retidos, seriam distribuídos aos
acionistas. São re-investimentos na empresa e devem ressarcir os acionistas da mesma forma que ações ordinárias ou
cotas de capital. Seu custo é igual ao custo das ações / cotas de capital.
CUSTO DA EMISSÃO DE NOVAS AÇÕES
KN = { D1 / [PO (1- f-d) ] } + G
KN = Custo para a empresa pela emissão de novas ações
29
D1 = Dividendo por ação no primeiro ano
Po = Preço corrente da ação
f = Taxa de deságio sobre o preço de lançamento das ações
d = despesas de underwriting (%)
EXEMPLO DA EMISSÃO DE NOVAS AÇÕES
A ação de uma empresa é negociada em bolsa a preço de R$ 100,00, e seu dividendo anual previsto é de R$
15,00, com taxa de crescimento prevista de 2%. Considerando um deságio de 10% e as despesas de
underwriting de 4%, qual o custo desta ação?
CÁLCULO DA EMISSÃO DE NOVAS AÇÕES
KN = { D1 / [ PO (1-f-d) ] } + G
KN = {15 / [100 (1-0,1-0,04)]}+0,02
KN = { 15 / 86 } + 0,02
KN = 0,1744 + 0,02
KN = 0,1944
KN = 19,44 %
CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL-CMPC
30
ORIGEM VALOR PESO CUSTO PONDERAÇÃO
CURTO PRAZO 6.000,00 10,00 % 7,00% 0,70 %
LONGO PRAZO 15.000,00 25,00 % 4,00% 1,00 %
PRÓPRIO 40.000,00 65,00 % 10,00% 6,50 %
TOTAIS 60.000,00 100,00 % 8,20 %
ESTOQUE
5 - ADMINISTRAÇÃO DOS ATIVOS CORRENTES CAPITAL DE GIRO
1 - CONCEITOS BÁSICOS
Dentre as aplicações de fundos de uma empresa, parcela considerável destina-se à composição do que
chamamos de ativos correntes ou circulantes, ou capital de giro.
Estes ativos compreendem os saldos mantidos nas contas de disponibilidades, investimentos
temporários, contas a receber e estoques em geral.
Em sentido amplo, o capital de giro representa o valor total dos recursos demandados pela empresa, para financiar seu ciclo operacional, que engloba as necessidades circulantes desde a aquisição de matérias- primas até o recebimento das vendas.
O ciclo operacional é, por definição, considerado de curto prazo, e necessário para sustentar um dado
volume de operações.
Os investimentos em cada item decorrem da natureza das operações às quais a empresa se dedica, bem
como das peculiaridades do setor em que opera.
2 - CICLO OPERACIONAL
O ciclo operacional pode ser representado através do seguinte esquema:-
CAIXA
ESTOQUE
MATÉRIA-
PROD. ACABADOS
CONTAS A
VENDAS
RECEBER
31
3 - CARACTERÍSTICAS DO CAPITAL DE GIRO
3.1 - VOLATILIDADE
É a curta duração de seus elementos e constante mutação dos itens circulantes com outros de natureza
idêntica.
3.2 - BAIXA RENTABILIDADE
Nos setores industriais os investimentos em capital de giro produzem baixa rentabilidade pois estes
recursos se apresentam mais expostos à depreciação monetária (inflação).
3.3 - DIVISIBILIDADE
Isto permite que o aporte de recursos nos itens de curto prazo ocorra em níveis variados e
relativamente baixos, podendo-se alocar recursos no momento do surgimento das necessidades
financeiras
4 - CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO OU CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO
É a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Representa normalmente a parcela dos
recursos de longo prazo aplicados em itens do ativo de curto prazo.
O Capital de Giro Líquido (CGL) pode ser positivo, nulo ou negativo
4.1 - CGL POSITIVO
ATIVO PASSIVO
AC
RLP
AP
160
20
120
PC
ELP
PL
120
80
100
Esta situação demonstra certa folga na liquidez da empresa, a
qual se processa pela manutenção de certa sobra de recursos
passivos de longo prazo disponíveis para suprir eventuais
ausências de caixa.
_____
300
CGL = 40
_____
300
32
4.3 - CGL NEGATIVO
4.2 - CGL NULO
ATIVO PASSIVO
AC
RLP
AP
120
20
160
PC
ELP
PL
120
80
100
As aplicações de curto prazo estão totalmente financiadas com
fundos da mesma duração, sendo que a liquidez não apresenta
nenhuma folga.
_____
300
_____
300
CGL = 0
4.2 - CGL NEGATIVO
Identifica a presença de dívidas de curto prazo, assim como o
fato das aplicações serem financiadas com recursos de prazos
maiores, o que determina uma redução da liquidez.
5 - CAPITAL DE GIRO E INFLAÇÃO
Basicamente o volume de capital de giro adequado para determinado negócio é função da política
de produção e venda adotada e pela relação risco/retorno pretendida.
O equilíbrio do capital de giro em economias estáveis é mais fácil de ser obtido, contudo em um
contexto inflacionário, mesmo que ocorra estabilidade da atividade nominal da empresa, as variações
desproporcionais nos preços dos fatores de produção determinam normalmente necessidades
geometricamente crescentes no capital de giro.
6 - INVESTIMENTO EM CAPITAL DE GIRO
O capital de giro é constituído em grande parte por ativos monetários, ou seja, por valores
depreciáveis perante a inflação.
33
ATIVO
AC 100
RLP 40
AP 160
_____
PASSIVO
PC 120
ELP 80
PL 100
_____
300 300
CGL = - 20
Dessa maneira o mais rentável para qualquer empresa seria manter em seus ativos circulantes
valores mínimos ou exatamente iguais às suas necessidades operacionais.
Ressalte-se que os baixos níveis de ativo circulante determinam juntamente com o aumento na
rentabilidade uma elevação nos riscos da empresa, reduzindo sua liquidez no caso de eventuais atrasos no
recebimento ou reposição dos estoques.
7 - FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO
7.1 - ABORDAGEM TRADICIONAL
1) ATIVO PERMANENTE + CAPITAL DE GIRO PERMANENTE SÃO FINANCIADOS POR
RECURSOS DE LONGO PRAZO (PRÓPRIOS OU DE TERCEIROS).
2) CAPITAL DE GIRO SAZONAL (QUE OCORRE EM DETERMINADOS PERÍODOS) DEVE
SER FINANCIADO POR RECURSOS DE TERCEIROS À CURTO PRAZO.
8 - CONCLUSÃO
A definição do volume adequado (ótimo) de capital de giro, deverá, ao mesmo tempo, obedecidas
as particularidades operacionais da empresa e de seu ambiente, maximizar seu retorno e minimizar seu risco. No entanto, a fixação desse volume ótimo depende de uma série de expectativas futuras, cujos valores são, muitas vezes, de quantificação incerta.
9 - O CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO E FINANCIAMENTO A CURTO PRAZO
Capital de giro refere-se aos ativos circulantes que sustentam. as operações do dia-a-dia das
empresas. Já o capital de giro (ou circulante) líquido, a diferença entre os ativos e passivos circulantes, é
uma medida conveniente da liquidez da empresa e também reflete sua capacidade de gerenciar suas relações
com fornecedores e clientes. A administração ineficiente do capital de giro afetará dramaticamente o fluxo
de caixa das empresas. Uma má administração das duplicatas a pagar pode resultar no pagamento de
fornecedores em épocas indevidas, drenando os recursos de caixa da empresa.
As necessidades de capital de giro e as estratégias de gerenciamento variam entre diferentes tipos de
empresas e indústrias. A composição de ativos e passivos circulantes, assim como a relação entre ativos
circulantes e ativos totais também dependem do tipo de empresa. As necessidades de uma empresa de
serviços de informática são diferentes daquelas de uma empresa fabricante de computadores. Da mesma
forma, uma empresa multidivisional, por exemplo (com intensas operações de produção e também de
distribuição) deve gerenciar as necessidades de capital de giro de cada unidade, separadamente. Uma
indústria possui uma maior proporção de ativos permanentes em relação aos ativos totais, e tende a
concentrar-se nas necessidades de caixa de longo prazo; as operações de distribuição geram maior porcentagem de capital de giro e concentram-se nas duplicatas a receber, estoques e duplicatas a pagar; uma
empresa de serviços possui poucos ativos permanentes e enfoca basicamente as contas a receber.
34
A relação entre ativos e passivos circulantes desempenha um papel importante no estabelecimento
das políticas de administração do capital de giro. Urna empresa pode estabelecer um nível de 2,5 para seu
índice de liquidez corrente (ativo circulante dividido pelo passivo circulante). Os padrões da indústria (para
índices de liquidez e condições de crédito) e as condições exigidas pelos credores também afetam essas
decisões. Empresas com empréstimos bancários à curto prazo podem ser solicitadas, por meio de acordos
apropriados, a manter um nível mínimo de capital de giro ou de índice de liquidez corrente.
Duas considerações muito importantes na administração do capital de giro são os ciclos econômicos e
a sazonalidade específica de determinados negócios. Mudanças nas condições econômicas afetam o volume
de vendas que, por sua vez, influencia os níveis das duplicatas a receber e dos estoques. Empresas com
produtos sazonais podem apresentar níveis mais altos de duplicatas a receber e de estoques porque seus
produtos devem ser produzidos ao longo do ano e as receitas só ocorrerão em épocas específicas. Esses
ciclos impõem um desafio para os administradores financeiros, que devem providenciar os recursos
necessários a sustentação das operações da empresa, assim como antecipar os financiamentos de curto prazo
para suprir as necessidades de capital de giro.
A estratégia de capital de giro e influenciada também pela taxa, ambiente econômico e preferências
pessoais Algumas empresas seguem a abordagem conservadora, financiando suas necessidades tanto
permanentes como sazonais com recursos a médio e longo prazo. Outras são mais agressivas e utilizam
recursos de longo prazo para financiar suas necessidades permanentes, enquanto suas necessidades sazonais
são financiadas com recursos de curto prazo, menos onerosas, principalmente quando as diferenças entre as
taxas de curto e longo prazo são favoráveis. Naturalmente, um monitoramento cuidadoso das taxas de juros é
um fator essencial para se desenvolver a melhor estratégia e muitas empresas se protegem da exposição às
taxas de juros, usando instrumentos derivativos.
O tipo de financiamento de curto prazo utilizado pelas empresas depende em grande parte do seu
porte e de sua solidez financeira. Empresas grandes, e bem avaliadas por institutos especializados, geralmente têm amplo acesso a commercial papers, empréstimos bancários e outras formas de financiamento
não-garant ido. As peque nas empresas geralmente financiam suas necessidades de capital de giro com
empréstimos em bancos locais e muitas vezes têm de garantir o empréstimo com duplicatas a receber ou
estoques.
Richard Moorman, formou-se em marketing pela Xavier University, ern Cincinnati, e há vinte anos
trabalha na área de administração de tesouraria. Durante seus treze anos na Mead Corporation, ocupou
diversos cargos na área financeira, dentre os quais o de gerente de "corporate fìnance". Sendo um gerente de
caixa credenciado pela Treasury Management Association, onde atua intensamente, Moorman é vice- presidente sênior do Treasury Services Group, do Bank One, ern Columbus.
35
6 - ADMINISTRAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES
1 - DISPONIBILIDADES
As disponibilidades são os recursos que nos permitem efetuar pagamentos imediatos, e que estão
registrados nas contas CAIXA, BANCOS, APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE CURTO PRAZO.
À administração financeira cabe definir o nível de saldo nestes ativos correntes, e obter o máximo de
receita de juros sobre os valores em espécie temporariamente ociosos.
2 - MOTIVOS PARA A MANUTENÇÃO DE SALDOS EM DISPONIBILIDADES
2.1 - TRANSAÇÃO:-
Necessidade de caixa para fazer os pagamentos no curso normal da atividade da empresa. Exemplos:- compras, mão-de-obra, impostos, saldo médio bancário, despesas diversas como lanches,
condução xerox, cartorárias e etc.
2.2 - PRECAUÇÃO
Necessidade de proporcionar uma margem de segurança contra variações incertas e desfavoráveis. Exemplos:- erro de previsão, súbitas alterações no volume de vendas, redução da produção em função de
quebras, e etc.
Observe-se que, quanto mais previsíveis forem os fluxos de caixa e quanto maior for a capacidade de
levantar prontamente empréstimos de baixo custo, para atender emergências, menor deverá ser o nível de
saldo para precaução.
Outras determinantes são: a) as possibilidades de redução de despesas operacionais (flexibilidade) sem
efeitos colaterais; b) a postura dos administradores em relação ao risco de falta de fundos.
2.3 - OPORTUNIDADE ESPECIAIS ( ESPECULAÇÃO)
Esta parcela se destina a tirar proveito de oportunidades de mercado. Exemplo: a) acumulação de saldo
para a compra de ativos para expansão; b) aquisição de mercadorias com deságio que confira rentabilidade
ao projeto, mesmo havendo aumento do capital de giro.
3 - PRINCÍPIOS DE UMA ADMINISTRAÇÃO DE DISPONIBILIDADES -
POLÍTICAS FINANCEIRAS.
A) Dimensionar o saldo de Caixa / Bancos
Este saldo tem que atender os três motivos de manutenção de saldo de caixa, contribuindo para atingir o objetivo de aumentar a rentabilidade sobre os recursos investidos.
36
B) Controle das Entradas de Recursos
Devemos procurar a maior liquidez possível, sem provocar inatividade de recursos excessivos, reduzindo a possibilidade de fraudes e acelerando o recebimento.
C) Controle de Saídas
Devemos ter atenção especial quanto ao que segue:- 1 - liberar recursos disponíveis e exigidos para aplicações aprovadas sem atrasos desnecessários. 2 - os processos de pagamento devem incluir precauções contra falhas, erros ou fraudes. 3 -os prazos de pagamento devem ser obedecidos evitando-se custos financeiros ou redução de
credibilidade.
D) Aplicações Financeiras
Os recursos temporariamente ociosos devem ser aplicados de tal sorte a proporcionar a melhor proteção contra a inflação.
Estas aplicações devem atender, simultaneamente, aos seguintes requisitos:- 1 - retorno do valor aplicado à uma taxa de juros que não signifique perdas significativas. 2 - alta liquidez, devendo permitir a transformação dos recursos em moeda de forma rápida e sem
perdas excessivas. 3 - segurança quanto a recuperação do investimento.
4 - FLUXO DE CAIXA
É um instrumento básico para a administração de disponibilidade, sendo a previsão geral das entradas
e saídas de caixa por um determinado período de tempo escolhido. Muitos de nós fazemos um fluxo de caixa mensal na nossa vida pessoal, onde temos, normalmente,
uma entrada durante o mês, quando recebemos o salário, e uma série de pagamentos, nossas contas, conforme abaixo demonstrado:
4.1 - A IMPORTÂNCIA
Todos nós sabemos a importância de nosso fluxo de caixa, ou seja, do destino dado ao nosso salário, se
no exemplo acima houvesse uma despesa com escola de R$ 100,00, o resultado positivo (superávit) de R$
45,00, passaria a ser um resultado negativo (déficit) de R$ 55,00. Nesta circunstância haveria necessidade de
se pegar dinheiro emprestado, ou seja, recorrer ao cheque especial, pagando-se uma taxa de
aproximadamente 10 % a.m., ou recorrer a um agiota pagando juros extorsivos de 25% a.m., ou uma
situação financeiramente mais suave, porém pessoalmente muito constrangedora, para alguns, pedir
37
DATA ITEM VALORES (R$)
01/01/95 RECEBIMENTO DO SALÁRIO 1.250,00
03/01/95 PAGAMENTO DO ALUGUEL 300,00
05/01/95 PAGAMENTO DE LUZ/ÁGUA 75,00
06/01/95 COMPRAS MENSAIS 380,00
10/01/95 LAZER MENSAL 150,00
15/01/95 MANUTENÇÃO RESIDÊNCIA 100,00
17/01/95 AQUISIÇÃO DE ROUPAS 200,00
RESULTADO 45,00
emprestado para o Sogro, pagando em suaves prestações a perder de vista, com juros subsidiados de 0,5%
a.m.
Para a empresa a importância dos fluxos de caixa é também fundamental, caso estes não sejam bem
dimensionados a empresa poderá vir a ter que precisar de empréstimos mais elevados do que o que ela tem
capacidade para pagar.
4.2 - ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
Para elaborarmos um fluxo de caixa precisamos, antes de tudo, conhecer quais as receitas e despesas
desta empresa. É usual fazer o fluxo de caixa de acordo com o plano de contas de receitas e despesas da
empresa, conforme exemplo abaixo:
FLUXO DE CAIXA EM R$ ( REAIS )
5 - CÁLCULO DO SALDO MÉDIO DE CAIXA
Esta forma de cálculo é utilizada para condições de certeza quanto à previsibilidade do fluxo de caixa.
Este cálculo é utilizado como parâmetro de avaliação do saldo de caixa, não pretendendo ser definitivo.
Para o cálculo temos dois momentos:-
38
CONTAS Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6
SALDO ANTERIOR 4.000
ENTRADAS
Receitas dos serviços 1.000 1.100 1.200 1.000 1.000 1.300
Venda de Imobilizado 300
TOTAL ENTRADAS 1.000 1.100 1.500 1.000 1.000 1.300
SAÍDAS
Despesas de Manutenção 100 150 200 50 50 100
Despesas de MO Terceiro 200 200 100 150 150 150
Folha de Pgto. 4.000
Material de Escritório 10 30 40 10 20 30
Lanches e refeições 5 5 5 5 5 5
Telefonia 300
Diversos 50 80 100 100 50 50
TOTAL SAÍDAS 365 465 445 615 4.275 335
LÍQUIDO DO DIA 635 635 1.055 385 -3275 965
FLUXO LÍQUIDO DE
CX
4.635 5.270 6.325 6.710 3.435 4.400
5.1 - NÍVEL DE TRANSAÇÃO
2x B xT ONDE:- C = nível de transação
C=
5.2 - SALDO MÉDIO
C
S=
2
5.3 - EXERCÍCIO
i
100
B = custo fixo por transação
T = pagamentos estimados de caixa
i = taxa de juros média do merc.finan.
1 - Pagamentos estimados de caixa:- 2 - Custo fixo por transação:- 3 - Taxa de juros por semana:-
C= 2 x 20 x 4000
R$ 4.000,00 por semana
R$ 20,00
2,00 %
160.000
=
2 / 100 0,02
C=
S=
8.000.000
2.828,43
=
=
C=
S=
2.828,43
1.414,22
2
39
7 - ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A RECEBER
1 - CONCEITOS BÁSICOS
As contas a receber (duplicatas a receber) englobam todos os valores que terceiros devem à empresa e
que decorrem de sua atividade principal, excluindo-se então adiantamentos a funcionários, empréstimos
especiais e etc.
A administração financeir a das contas a receber interage com a área de marketing, já que a política de
crédito compreende diretrizes e procedimentos de seleção de clientes, cobrança e descontos, constituindo
importante elemento para a consecução dos objetivos de venda, atuando como instrumento de atração da
“procura” para o que a empresa oferece no mercado.
2 - CONDICIONANTES DO INVESTIMENTO EM CONTAS A RECEBER
Este investimento é afetado pelos seguintes fatores:
1. 2. 3. 4. 5.
Volume de vendas à prazo; Sazonalidade das vendas; Regras do ramo de atividade quanto a limites de crédito; Políticas de crédito da empresa; Políticas de cobrança da empresa;
3 - POLÍTICA DE CRÉDITO
Ao se falar em política de crédito falamos basicamente, em determinar:-
1. Prazo de crédito; 2. Seleção dos clientes; 3. Limites de crédito.
O prazo do crédito determina não só a rotação do investimento como também o valor imobilizado, quanto maior o prazo maior será o investimento.
Para a aceitação de um cliente temos que avaliar o risco que ele produz versus o incremento de vendas
e lucros que pode proporcionar.
Os parâmetros para as decisões de aceitação ou rejeição de clientes assumem a forma de padrões
rígidos ou liberais, o que reflete a atitude da administração quanto ao risco que está disposta a assumir nesta
área.
O processo que pode ser seguido é o que segue:-
1. Obter dados sobre o candidato ao crédito: - demonstrações financeiras para avaliar a capacidade de pagamento e garantias.
40
- consultas às agências especializadas em crédito. - consultar os departamentos de crédito de bancos. - troca de informações com outros fornecedores.
2. Proceder a uma análise dos elementos de decisão apoiada em índices de liquidez e estimativas do
risco de não pagamento. 3. Decidir pela aceitação ou rejeição do pedido, mediante a comparação dos custos de aceitação e
rejeição.
4 - POLÍTICA DE COBRANÇA
A política de cobrança existe para que as vendas já efetuadas se transformem em recebimentos e para
impedir que os recebimentos sejam obtidos mais tarde do que a empresa deseja.
Em princípio a empresa não deve gastar mais com o seu esforço de cobrança do que tem a receber, mas, mais importante do que isso, as despesas de cobrança devem ter como parâmetro básico de comparação
o que a empresa pode perder sob a forma de acréscimo de dívidas não liquidadas por seus clientes ao
promover qualquer redução de seu esforço para cobrança.
Devemos considerar também que a agressividade ou impertinência excessiva da cobrança pode
prejudicar as vendas, pois a cobrança é vista como parte integrante da política de vend as da empresa.
5 - AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS DE CRÉDITO
Ao elaborar a política de crédito podemos incorrer em alguns erros:-
1. Adotar uma política de crédito muito restritiva em termos de: prazos, limites de crédito, critérios
de seleção, cobrança e etc. defendendo o investimento em contas a receber a ponto de provocar perdas de vendas e aumentar os custos do departamento de crédito.
2. Adotar uma política por demais liberal, enfatizando o objetivo de máximo volume de vendas e
maior rentabilidade no curtíssimo prazo, mas sofrendo perdas de liquidez e, finalmente, causando reduções subsequentes de sua rentabilidade.
41
8 - ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES
1 - CONCEITOS BÁSICOS
Os estoques costumam manter uma participação significativa no total do capital de giro da maior parte
das empresas industriais e comerciais.
Podemos defini- los, de maneira ampla, como os materiais, mercadorias ou produtos mant idos
fisicamente disponíveis pela empresa, na expectativa de ingressarem no ciclo de operação da mesma.
O objetivo básico da administração financeira dos estoques é conciliar as necessidades das áreas
funcionais usuárias dos estoques com a meta de diminuir os investimentos neste item.
2 - TIPOS DE ESTOQUES
1.Mercadorias e produtos acabados:- são os itens adquiridos de terceiros ou produzidos pela própria
empresa em condições de serem comercializados.
2.Produtos em elaboração:- são as matérias-primas e demais custos (diretos e indiretos) relativos ao
estágio de produção em que os produtos se encontram.
3.Matérias-primas e Embalagens:- são os materiais adquiridos pela empresa e disponíveis para a sua
incorporação e transformação no processo produtivo.
4.Materiais de Consumo e Almoxarifado:- são todos os itens destinados ao consumo industrial e
administrativo.
Estes estoques possuem, não só valores investidos diferentes, mas são itens de liquidez diversa, isto é, com possibilidades distintas de transformação em dinheiro.
3 - ESTOQUE E INFLAÇÃO
Uma idéia muito difundida refere-se à decisão de aplicar volumes de recursos em ativos não
monetários, como forma de imunizar o capital de giro da corrosão inflacionária.
O processo inflacionário não se apresenta, normalmente, como um fenômeno isolado, mas como
conseqüência de vários desajustes da economia, além da convivência com as medidas de combate à inflação, gerando: a) elevadas taxas de juros; b) restrições ao crédito; c) controle de preços e salários (direta ou
indiretamente); d) ociosidade produtiva e etc.
Políticas de antecipação de compra, com finalidades especulativas ou de proteção da inflação, nem
sempre produzem resultados positivos. O administrador deve estar consciente do risco de um súbito
desaquecimento da demanda.
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Em suma, para que a política de antecipação de compras surta efeito positivo, é fundamental avaliar o
custo de manter estoques elevados, principalmente no tocante: a) a liquidez; b) ao comportamento do
mercado de crédito; c) à demanda.
4 - ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DOS ESTOQUES
Finalidade dos estoques
1.SALDO BÁSICO:- para atender o ciclo de produção, de acordo com a demanda. 2.SALDO DE SEGURANÇA:- para atender os imprevistos. 3.SALDO DE ANTECIPAÇÃO:- para atender necessidades futuras crescentes
Procedimentos para controle dos estoques:-
1.Relatórios gerenciais periódicos, indicando o aproveitamento do investimento efetuado através de
índices como:- obsolescência, perdas, faltas, rotação e etc.
2.Movimentação através de requisições com aprovação por níveis de valor e ou quantidades
previamente autorizadas
3.Controle através da classificação ABC.
4.Inventários físicos periódicos.
5.Segregação de funções.
5 - COMPROVAÇÃO DA BAIXA RENTABILIDADE DA APLICAÇÃO EM
ESTOQUES
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SITUAÇÃO 1
ATIVO PASSIVO
SITUAÇÃO 2 ATIVO PASSIVO
CAPITAL $100
MERCADORIA $100
EST.100 CAP 100 CAPITAL $ 200
MERCADORIA $ 200
EST 200 CAP 200
VENDA $130 CX. 130
TOT.130
CAP 100
LUC 30
TOT. 130
VENDA $ 130 CX 130
EST 100
TOT 230
CAP 200
LUC 30
TOT 230
MERCADORIA $120
VENDA $150
CX. 160
TOT.160
CAP 100
LUC 60
TOT 160
VENDA $ 150 CX 280
EST -- TOT 280
CAP 200
LUC 80
TOT 280
TAXA DE RETORNO
SOBRE O CAPITAL
PRÓPRIO
60 / 100
60%
TAXA DE RETORNO
SOBRE O CAPITA L
PRÓPRIO
80 / 200
40%
LEQT 2
x
D
x
Cp
2 EM$
=
6 - LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS
Na administração financeira dos estoques temos a figura do LOTE ECONÔMICO DE COMPRA, que
é a quantidade ideal para ser adquirida, quantidade esta que reduz o custo total relacionado com os estoques.
De forma resumida estes custos compõem-se de:-
1.perdas associadas ao risco de obsolescência
2.taxa mínima de retorno desejada sobre o investimento em estoques
3.despesas de armazenamento:- manuseio, aluguel, transporte, impostos
4.seguro
5.custos dos controles
7.1 - FÓRMULAS:- ONDE:-
Cxi D
Cp
i C
EM$ LEQT x C
=
=
=
=
CONSUMO
CUSTO DO PEDIDO
TAXA
CUSTO UNIT.DO ITEM
ESTOQUE MÉDIO - VALOR
CONTROLADORIA
6. Conceituação
6.1 Controladoria como órgão administrativo
6.1.1 Missão da controladoria
6.1.2 Funções da controladoria
6.1.3 Requisitos necessários ao desempenho da função de Controladoria
6.1.4 Principios norteadores
6.1.5 Função financeira e controladoria
6.2 Ramo do conhecimento denominado controladoria
6.2.1 Controladoria no quadro geral das ciências
6.2.2 Relação da controladoria com as demais ciências
6. CONTROLADORIA
A Controladoria consiste em um corpo de doutrinas e conhecimentos relativos à gestão econômica. Pode ser visualizada sob dois enfoques:
a. como um órgão administrativo com missão, funções e princípios norteadores definidos no
modelo de gestão do sistema empresa; e
b. como uma área do conhecimento humano com fundamentos, conceitos, princípios e métodos
oriundos de outras ciências.
6.1. CONTROLADORIA COMO ÓRGÃO ADMINISTRATIVO
O órgão administrativo Controladoria tem por finalidade garantir informações adequadas ao processo
decisório, colaborar com os gestores em seus esforços de obtenção da eficácia de suas áreas quanto
aos aspectos econômicos e assegurar a eficácia empresarial, também sob aspectos econômicos, por meio da coordenação dos esforços dos gestores das áreas.
Kanitz, afirma que os controladores foram inicialmente recrutados entre os indivíduos das áreas de
contabilidade ou de finanças da empresa, por possuírem, em função do cargo que ocupam, uma visão
ampla da empresa que os habilita a enxergar as dificuldades como um todo e propor soluções gerais. Além disso, as informações que chegam ao controller são predominantemente de natureza quantitativa, seja física, monetária, ou ambas.
Segundo Garrison, o controller faz parte da cúpula administrativa e participa ativamente nos processos
de planejamento e controle empresarial. Como gestor do sistema de informações, está em posição de
exercer o controle por meio do relato e da interpretação dos dados necessários à tomada de decisões. Por intermédio do suprimento e da interpretação de dados relevantes e oportunos, exerce influência
sobre as decisões, desempenhando um papel fundamental no direcionamento da empresa aos seus
objetivos.
Nakagawa sugere que o controller atue como o executivo criador e comunicador de informações na
organização. Dessa forma, poderá auxiliar, por exemplo, o executivo da área de marketing em sua
meta de lucratividade no âmbito geográfico e de consumidores e na eficiência da mídia e política de
promoções. Da mesma maneira, a área de produção poderá ser auxiliada com vistas à utilização mais
eficiente dos custos diretos e indiretos aplicados à produção. Para tanto, cabe-lhe a tarefa de projetar, implementar, coordenar e manter um sistema de informações capaz de atender adequadamente às
necessidades informativas do processo de planejamento e controle da empresa.
Vários autores qualificam a Controladoria como um órgão de staff, já que cada gestor tem autoridade
para controlar sua área e se responsabiliza por seus resultados. A Controladoria, portanto, não poderia
controlar as demais áreas, mas prestaria assessoria no controle, informando a cúpula administrativa
sobre os resultados das áreas.
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Contrapondo a este ponto de vista, Catelli ensina que o controller é um gestor que ocupa um cargo na
estrutura de linha porque toma decisões quanto à aceitação de planos, sob o ponto de vista da gestão
econômica. Dessa maneira, encontra-se no mesmo nível dos demais gestores, na linha da diretoria ou
da cúpula administrativa, embora também desempenhe funções de assessoria para as demais áreas.
6.1.1. Missão da controladoria
A Controladoria, assim como todas as áreas de responsabilidade de uma empresa, deve esforçar-se
para garantir o cumprimento da missão e a continuidade da organização. Seu papel fundamental nesse
sentido consiste em coordenar os esforços para conseguir um resultado global sinérgico, isto é, superior à soma dos resultados de cada área.
Moscove e Simkin, afirmam que a Controladoria desempenha um importante papel no êxito empresarial, tendo como missão primordial a geração de informações relevantes para a tomada de decisão no
âmbito da organização.
O objeto da Controlaria é a gestão econômica, ou seja, todo conjunto de decisões e ações orientado por resultados desejados mensurados segundo conceitos econômicos.
Dessa forma, a missão da Controladoria é otimizar os resultados econômicos da empresa, para garantir sua continuidade, por meio da integração dos esforços das diversas áreas.
6.1.2. Funções da controladoria
Kanitz estabelece como função primordial da Controladoria a direção e a implantação dos sistemas de:
a. Informação - compreendendo os sistemas contábeis e financeiros da empresa, sistema de
pagamentos e recebimentos, folha de pagamento etc.
b. Motivação - referente aos efeitos dos sistemas de controle sobre o comportamento das pessoas
diretamente atingidas.
e. Coordenação - visando centralizar as informações com vistas à aceitação de planos sob o ponto de
vista econômico e à assessoria da direção da empresa, não somente alertando para situações
desfavoráveis em alguma área, mas também sugerindo soluções.
d. Avaliação - com o intuito de interpretar fatos e avaliar resultados por centro de resultado, por área de
responsabilidade e desempenho gerencial.
e. Planejamento - de forma a determinar se os planos são consistentes ou viáveis, se são aceitos e
coordenados e se realmente poderão servir de base para uma avaliação posterior.
f. Acompanhamento - relativo à contínua verificação da evolução dos planos traçados para fins de
correção de falhas ou revisão do planejamento. Dale, resumiu as funções do controller às seguintes:
a. Fornecer a informação básica para controle gerencial por meio da formulação de políticas de
contabilidade e de custos, procedimentos e padrões, preparação de demonstrações financeiras e
manutenção dos livros contábeis, direção da auditoria interna e controle de custos;
b. Orçamentar e controlar operações e resultados;
e. Atividades específicas de controle de: - contas gerais, subtítulos e desdobramentos: delinear verificações sobre as finanças da
empresa e salvaguardar seus ativos; verificar faturas, contas a receber e a pagar, controle de pagamentos e recebimentos, folha de pagamento, benefícios adicionais dos
empregados; registros de instalações e equipamentos; atividades da contabilidade de
custos das várias funções administrativas;
91
- estoques; - estatísticas; e
- impostos.
d. Preparar e interpretar demonstrações financeiras e relatórios contábeis regulares;
e. Fazer auditoria interna;
f. Interpretar dados de controle.
Heckert e Wilson estabelecem como funções da Controladoria:
a. A função de planejamento, que inclui o estabelecimento e a manutenção de um plano operacional integrado por meio de canais gerenciais autorizados, de curto e de longo prazo, compatível com os
objetivos globais, devidamente testado e revisado, e abrangendo um sistema e os procedimentos
exigidos;
b. A função de controle, que inclui o desenvolvimento, o teste e a revisão por meios adequados dos
padrões satisfatórios contra os quais deve-se medir o desempenho real, e a assistência à
administração no incentivo à conformidade dos resultados reais com os padrões;
c. A função de relatar, que inclui preparação, análise e interpretação dos fatos financeiros e números
para o uso da administração, envolve uma avaliação desses dados em relação aos objetivos e
métodos da área e da empresa como um todo, e influências externas e preparação e apresentação
de relatórios a terceiros, como órgãos governamentais, acionistas, credores, clientes, público em
geral, conforme suas exigências;
d. A função contábil, que inclui o estabelecimento e a manutenção das operações da contabilidade
geral e da contabilidade de custos da fábrica, da divisão e da empresa como um todo, juntamente
com os sistemas e métodos referentes ao projeto, instalação e custódia de todos os livros contábeis, os registros e formas requeridos para registrar objetivamente as transações financeiras e adequá-las
aos princípios contábeis, com o respectivo controle interno; e
e. outras funções relacionadas, de responsabilidade primária, que incluem supervisão e operação de
tais áreas como: impostos, abrangendo questões locais, estaduais e federais, relação com o fisco e a
auditoria independente; seguros, em termos de adequação da cobertura e manutenção dos registros; desenvolvimento e manutenção de instruções padrão, procedimentos e sistemas; programas de
conservação de registros; relações públicas com o mercado financeiro; e, finalmente, a coordenação
de todos os sistemas e instrumentos de registro dos escritórios da empresa.
Anderson e Schmidt estabelecem duas funções essenciais e duas funções decorrentes do
desenvolvimento empresarial que foram atribuídas à Controladoria. As funções essenciais subdividem- se em:
a. controle organizacional: com a finalidade de manter todas as partes da complicada estrutura
organizacional em expansão de forma continuada, eficiente e econômica;
b. mensuração do empreendimento: com o intuito de suprir a necessidade de reconhecer e descrever claramente a segmentação da empresa em suas várias atividades de receita e custo, e, conseqüentemente, suscitar o planejamento gerencial inteligente.
O desenvolvimento empresarial levou, segundo os autores, duas funções importantes a se
incorporarem à área de Controladoria:
a. divulgação de informações a usuários externos à empresa, em decorrência das exigências legais, como impostos cobrados pelo Governo, participação de acionistas minoritários, negociações
salariais, obtenção de empréstimos junto a instituições financeiras; e
92
b. proteção do patrimônio, com o estabelecimento e manutenção de controles e auditoria interna, e
garantia de coberturas apropriadas para elementos patrimoniais segurados.
Russel e Frasure, afirmam que as funções do controller em sentido mais amplo consistem em:
a. reunir, analisar e interpretar a informação que a Administração necessita para operar a empresa; e
b. manter os registros contábeis adequados, com a finalidade de prover informações corretas para as
várias entidades externas.
O controlador, nesse contexto, responsabiliza-se, basicamente, pelos seguintes pontos:
- conjunto dos sistemas contábeis empregados na empresa;
- reforço do controle interno por meio da auditoria interna;
- preparação e explicitação das análises financeiras;
- manutenção dos contratos celebrados pela empresa com terceiros;
- administração das questões fiscais e tributárias;
- estabelecimento, coordenação e administração de um plano adequado para o controle das
operações empresariais,
- fiscalização dos objetivos, efetivação das políticas, processos e estrutura organizacional da
empresa estabelecidos em conjunto com os demais gestores; - coordenação e preparação da informação para auditoria externa, bem como ser o elo de
ligação da empresa com os auditores independentes;
- proteção dos ativos da empresa;
- estudos econômico-financeiros, incluindo as influências de forças econômicas e sociais e do
governo sobre o resultado econômico das atividades da empresa;
- aprovação do pagamento e assinatura de títulos de crédito em consonância com o
tesoureiro;
- aplicação de regulamentos da empresa quanto às cauções prestadas e ações emitidas pela
empresa;
- preparação e aprovação de normas internas elaboradas para o cumprimento de decisões
administrativas tomadas pelo acionista controlador ou por acordo de acionistas, ou ainda, para o cumprimento de dispositivos legais ou exigências governamentais, quando se tratar de assunto que diga respeito à gestão econômica;
- assessoramento aos demais gestores para correção dos desvios entre o planejamento e a
execução;
- gerenciamento do sistema de informações que dá suporte ao processo decisório da gestão
econômica;
- preparação de informações de ordem econômico-financeira para as entidades
governamentais, acionistas controladores ou a quem, por acordos, tem negócios com a
empresa;
- gerenciamento da área Controladoria.
93
Catelli, contudo, ensina que a auditoria interna não deveria existir nas empresas que possuem o
modelo de gestão ideal, uma vez que se pressupõe a existência de um controle permanente e
eficaz, eliminando qualquer possibilidade de fraude.
6.1.3. Requisitos necessários ao desempenho da função de Controladoria
O controller, em função das diversas tarefas que lhe foram atribuídas, deve possuir, segundo Heckert e
Willson, as seguintes qualificações:
a. entendimento geral do setor de atividade econômica do qual sua empresa faz parte e das forças
políticas, econômicas e sociais diretamente relacionadas;
b. conhecimento amplo de sua própria empresa, sua história, suas políticas, seu programa, sua
organização e, até certo ponto, de suas operações;
c. entendimento dos problemas básicos de organização, planejamento e controle;
d. entendimento dos problemas básicos de administração da produção, da distribuição, de finanças e
de pessoal;
e. habilidade para analisar e interpretar dados contábeis e estatísticos de tal forma que se tornem a
base para a ação; f. habilidade de expressar idéias claras por escrito, isto é, na linguagem adequada; e
g. conhecimento amplo de principias e procedimentos contábeis e habilidade para dirigir pesquisas
estatísticas.
Muitas das qualificações supramencionadas devem ser comuns a todos os gestores. No entanto, os
conceitos econômicos devem ser conhecidos pelo controller para que possa inferir as implicações das
forças políticas, econômicas e sociais do ambiente interno e externo à empresa, no resultado
econômico. Da mesma forma, o sistema de informações econômico-financeiras por ele administrado
deverá possuir os referidos conceitos econômicos para a emissão de relatórios gerenciais, tornando
mais importantes as qualifica,ões "e" e "g" descritas acima.
6.1.4. Princípios norteadores da ação do controller
Heckert e Willson estabelecem algumas características da controladoria para o desempenho eficaz das
tarefas a seu cargo. A partir de suas considerações, os seguintes princípios devem nortear o trabalho
de um controller:
a. iniciativa: deve procurar antecipar e prever problemas no âmbito da gestão econômica global e
fornecer as infortnações necessárias aos gestores das áreas diretamente afetadas;
b. visão econômica: na função de assessoria a outros gestores, deve captar os efeitos econômicos
das atividades exercidas em qualquer área, estudar os métodos utilizados no desempenho das
tarefas da área, sugerir alterações que otimizem o resultado econômico global e suprir o gestor com
as informações necessárias a esse fim;
c. comunicação racional: deve fornecer informações às áreas, em linguagem compreensível, simples
e útil aos gestores, e minimizar o trabalho de interpretação dos destinatários;
d. síntese: deve traduzir fatos e estatísticas em gráficos de tendência e em índices, de forma que haja
comparação entre o resultado realizado e o planejado, e não entre o resultado realizado no período e
o realizado no período anterior;
e. visão para o futuro: deve analisar o desempenho e os resultados passados com vistas à
implementação de ações que melhorem o desempenho futuro, pois o passado é imutável;
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f. oportunidade: deve fornecer informações aos gestores em tempo hábil às alterações de planos ou
padrões, em função de mudanças ambientais, contribuindo para o desempenho eficaz das áreas e
da empresa como um todo;
g. persistência: deve acompanhar os desempenhos das áreas à luz de seus estudos e interpretações e
cobrar as ações sugeridas para otimizai o resultado econômico global;
h. cooperação: deve assessorar os demais gestores a superar os pontos fracos de suas áreas, quando
detectados, sem se limitar a simplesmente criticá-los pelo fraco resultado;
i. imparcialidade: deve fornecer informações à cúpula administrativa sobre a avaliação do resultado
econômico das áreas, mesmo quando evidenciarem sinais de ineficácia dos gestores. Embora essa
ação possa trazer dificuldades no relacionamento interpessoal com tais gestores, deve ter sempre
em mente o controle organizacional para a otimização do resultado econômico empresarial; j. persuasão: deve convencer os gestores da utilização das sugestões, no sentido de tornar mais eficaz
o desempenho de suas áreas e, conseqüentemente, o desempenho global, desde que haja
compreensão dos relatórios gerenciais fornecidos;
k. consciência das limitações: embora possa suprir os gestores com informações econômicas, assessorá-los quanto às questões de gestão econômica e, inclusive, aprovar ou não seus planos
orçamentários tendo em vista a eficácia empresarial, terá uma influência mínima em questões de
estilo gerencial, capacidade criativa e perspicácia dos gestores;
l. cultura geral: o conhecimento das diferenças culturais básicas entre raças e nações, o conhecimento
das diferenças sociais e econômicas entre países ou blocos econômicos é importante para a
percepção de oportunidades e ameaças à empresa diante de cenários estratégicos;
m. liderança: como administrador de sua área, tem subordinados, e compete a ele conduzi-los à
realização de suas tarefas de forma eficiente e eficaz para que a empresa atinja seus objetivos; e
n. ética: deve ter sua conduta profissional firmada em valores morais aceitos de forma absoluta e pela
sociedade.
6.1.5. Função financeira e controladoria
Em decorrência do porte e do desenvolvimento da empresa, a função financeira pode estar a cargo do
responsável por outra atividade, ou mesmo de um indivíduo com diversas áreas especializadas sob sua
responsabilidade.
Em uma pequena empresa, a função financeira pode ser uma atribuição subsidiária ao gestor de
produção ou ao de vendas. Nesse caso, embora possa haver uma preocupação com a gestão
econômica, não há um órgão denominado Controladoria para exercer a função. É suficiente o
conhecimento de conceitos a ela intrínsecos pelos gestores, para que possa ser exercida.
À medida que se desenvolve a empresa, com a descentralização das funções, surge o indivíduo
responsável pelo exercício da função financeira, podendo, ainda, ter outras funções subsidiárias, como
compras ou pessoal. Nesse caso, esse indivíduo deveria encarregar-se da gestão econômica da
empresa, mesmo não existindo o órgão Controladoria.
A partir da descentralização de atividades da área financeira, distinguindo-se primordialmente o
tesoureiro e o controller sob a responsabilidade de um gestor ou como gestores da cúpula
administrativa, surge o órgão Controladoria e sua preocupação específica com a gestão econômica
empresarial.
A administração financeira, segundo Wright, liga-se às decisões da adninistração geral em todos os
níveis. Na cúpula administrativa contribui para:
- a identificação dos objetivos da empresa;
95
- o delineamento da estratégia da empresa para o período coberto pelo planejamento, levando
em conta os padrões específicos de desempenho para todos os níveis de administração, isto é, em todas as áreas.
No âmbito tático, participa das decisões relacionadas com a análise e avaliação dos projetos de
investimento.
No âmbito operacional, responde pelo controle das informações econômicas pertinentes às operações
empresariais, pelo estabelecimento de uma política para controle da liquidez que permita detectar a
necessidade de fundos e apontar alternativas que satisfaçam essa necessidade, e pelo feedback de
informação para facilitar as tarefas administrativas do planejamento, relatórios e controle, a fim de
otimizar o desempenho dessas funções.
Embora a descentralização da área financeira resulte nas duas grandes funções de Tesouraria e
Controladoria, Walker e Baughn não consideram as tarefas da Controladoria como funções financeiras. Alertam, porém, para grande dependência da área financeira em relação às informações fornecidas
pela Controladoria para sua gestão econômica.
A área financeira, segundo o "Financial Executives Institute", possui basicamente as seguintes funções:
a. obtenção do capital para o andamento dos negócios, incluindo as negociações com as fontes e a
manutenção dos convênios financeiros necessários;
b. relações com investidores, pela manutenção de um mercado adequado para os valores da
companhia, e contatos com banqueiros, investidores, analistas financeiros e acionistas;
c. financiamento de capital de giro;
d. manutenção de convênios com bancos, recebimento, custódia e desembolso de dinheiro e valores
da empresa;
e. crédito e cobrança;
f. investimento de fundos excedentes; e
g. seguro dos ativos.
A área financeira funciona, na verdade, como um banco que deve suprir as demais áreas com os
recursos financeiros necessários ao andamento de suas atividades. O efeito econômico das receitas e
despesas decorrentes do fluxo financeiro dessa área com as demais é identificado, mensurado e
comunicado pelo sistema de informações administrado pela Controladoria. Cabe ressaltar que todas as
áreas têm seu fluxo financeiro e, portanto, seus efeitos econômicos são captados no sistema de
informações econômico-financeiras e se refletem nos relatórios gerenciais de cada área, tornando-se
objeto de preocupação da Controladoria, não obstante o fato de que normalmente o fluxo financeiro seja
mais intenso na própria área financeira.
6.2. RAMO DO CONHECIMENTO DENOMINADO CONTROLADORIA
Uma área do conhecimento ou uma ciência consiste, consoante Pfaltzgraff, em um agregado, em um
conjunto de princípios, leis e axiomas que dão explicação dos fenômenos, suas propriedades, suas
relações, suas causas e seu fim.
Herrmann Jr. salienta, contudo, que:
"em todos os ramos do saber humano distinguem-se dois aspectos: 1°) pelo raciocínio procura-se penetrar a razão das coisas e investigar a natureza dos fatos; 2°) pela prática estudam-se os meios para tornar
96
úteis à humanidade os resultados das observações. O primeiro corresponde à ciência e o segundo, à
arte".
O corpo de doutrinas e conhecimentos relativos à gestão econômica abordados confere à Controladoria
o status de ciência, com as seguintes características:
1 - O conhecimento científico se esforça por dar uma explicação dos fenômenos. Não, apenas, em dar a explicação, mas em expor o processamento da compreensão do fenômeno. Um fenômeno é
explicado quando se lhe conhece a causa, quando se lhe estuda o efeito e, principalmente, quando
se estuda a sua vida, da causa ao efeito. A investigação das causas é objeto da ciência. Quando a
relação entre causa e efeito é constante, isto é, quando o fenômeno se repete, partindo daquela
mesma origem e produzindo os mesmos resultados, então se diz que constitui uma lei.
2 - Por intermédio das leis, o conhecimento científico reduz o especial e o particular, ao geral.
3 - Pelas leis, a ciência reduz o incerto, o duvidoso ao certo, ao que foi determinado com precisão."
Sob esse enfoque, a Controladoria pode ser conceituada como o conjunto de princípios, procedimentos
e métodos oriundos das ciências da Administração, Economia, Psicologia, Estatística e, principalmente, da Contabilidade, que se ocupa da gestão econômica das empresas, com a finalidade de orientá-las
para a eficácia.
A Controladoria, portanto, afirma-se como ramo do conhecimento, uma vez que, de acordo com
Pfaltzgraff, "qualquer ciência lança mão de leis e normas doutra ou doutras ciências, sem perder, contudo, o seu caráter de conhecimento, o seu campo de experimentação próprio".
Apesar da importância dos fundamentos desse sistema de conhecimentos, o conjunto de preceitos que
permitem adaptá-los às conveniências humanas, exposto anteriormente, não deve ser esquecido. As
ações com efeitos úteis no aproveitamento das forças ambientais, cujo conhecimento prévio é
indispensável, fornecem informações para aconselhar aos administradores dirigir uma entidade, permitindo uma gestão econômica eficaz.
6.2.1. Controladoria no quadro geral das ciências
Herrmann jr. afirma que dentro do critério positivo, a classificação mais vulgarizada das ciências
consiste nas seguintes combinações:
- ciências matemáticas;
- ciências físico-químicas;
- ciências naturais e biológicas; e
- ciências morais e sociais.
A existência de relações estreitas entre a Controladoria e as ciências matemáticas, pelo emprego de
símbolos e métodos desta na mensuração dos eventos econômicos, não a qualifica como tal. "As
Ciências Matemáticas têm por objeto as quantidades consideradas abstratas e independentemente das
coisas.”
Quanto às ciências físico-químicas e às naturais e biológicas, a Controladoria limitou-se apenas a
absorver algumas expressões que facilitam o entendimento de fenômenos semelhantes aos de massa, energia, movimento e intensidade, envolvendo o patrimônio das entidades. Os seres vivos, as
substâncias e os diversos fenômenos que lhes dizem respeito no mundo físico somente interessarão à
Controladoria quando considerados os efeitos econômicos no patrimônio da entidade a que pertencem. No entanto, Herrmann jr. cita algumas expressões provenientes das ciências naturais e incorporadas ao
ramo de conhecimento denominado Controladoria:
97
a. Anatomia das empresas, que descreve a estrutura e forma dos seus órgãos e da sua substância
patrimonial.
b. Embriologia aziendal ou patrimonial, que estuda o desenvolvimento das empresas e do capital.
e. Sistemática aziendal ou contábil, que classifica as empresas, os elementos do capital e as fontes de
créditos.
d. Patologia aziendal, que examina os estados mórbidos, as doenças das empresas, para, depois, aplicar-lhes a terapêutica mais aconselhável, por meio de operações de saneamento econômico e
financeiro.
As ciências morais e sociais "têm por objeto o homem enquanto ser inteligente, livre e social, considerado não somente em si, mas também em seus atos e em certos fatos exteriores que são a
manifestação de sua vida moral e social".
As ciências sociais e políticas constituem um subgrupo das ciências morais e sociais, e "estudam a
estrutura geral das sociedades humanas, as leis do seu funcionamento normal e do seu
desenvolvimento".
As ciências sociais apresentam três espécies de relações:
a. entre indivíduos que formam a sociedade; b. entre a riqueza coletiva e a sociedade humana; e
c. entre a riqueza apropriada e as empresas ou entidades a que pertencem.
As entidades são compostas de recursos físicos, tecnológicos, financeiros, de informação, e, principalmente, humanos que formam sua riqueza. São, portanto, sociedades humanas com uma
estrutura geral, leis destinadas ao seu funcionamento normal e desenvolvimento em função das
variáveis ambientais que as afetam.
A Controladoria apresenta-se, nesse contexto, como um subgrupo das ciências sociais e políticas (e
conseqüentemente das ciências morais e sociais), tendo por objeto de estudo a gestão econômica.
A Controladoria ocupa-se de fatos exteriores relacionados com a atividade econômica do homem, limitado ao âmbito das empresas, conforme enfatizado. Cabe à Controladoria, como ramo do
conhecimento, estudar o comportamento e controle econômico das riquezas das empresas, em face
das ações humanas.
6.2.2. Relação da controladoria com as demais ciências
Na definição do ramo do conhecimento denominado Controladoria, encontram-se contribuições de
diversas ciências. Consoante Herrmann Jr.,
"As ciências não têm existência isolada. Embora o objeto próximo de várias ciências possa ser o mesmo, as suas manifestações podem ser encaradas sob prismas diferentes. Nessa diferenciação deve-se
procurar estabelecer a autonomia relativa de cada ciência. O saber humano não se divide numa série
de comportamentos estanques. As suas ramificações entrelaçam-se e se confundem. A passagem de
um campo a outro se faz por mudanças muito sutis, que pouco a pouco diferenciam a natureza dos
fenômenos pertinentes a um e a outro".
6.2.2.1. Contribuição da Economia
A Economia é a ciência que "estuda os fatos humanos relacionados com a riqueza no que se refere à
produção, à distribuição, à circulação e ao consumo de utilidades". O estudo da criação, transformação
e distribuição dos recursos econômicos na sociedade, objetos deste ramo do conhecimento contribuiu
sobremaneira ao desenvolvimento da ciência da Controladoria. O conceito de valor econômico de um
bem, decorrente de sua utilidade no atendimento das necessidades humanas, constitui um dos
alicerces para a mensuração dos ativos de uma empresa. O resultado de uma transação reflete o
98
conceito de renda econômica, afetando a riqueza da empresa e, conseqüentemente, fazendo parte do
objeto de estudo da Controladoria.
A Economia, contudo, não se preocupa em expressar monetariamente a produção, a distribuição ou o
consumo de riqueza. Dessa maneira, não tem meios para medir a eficácia ou a eficiência dessas
atividades. Além disso, não se preocupa com a gestão da riqueza, limitando-se a estudar as relações
entre os agentes econômicos. Malchman e Slavin afirmam que os economistas dependem de relatórios
contábeis para a mensuração da riqueza agregada dos consumidores, do governo e de grupos de
empresas que formam um setor de atividade econômica.
6.2.2.2. Contribuição da Administração
A Administração é o ramo do conhecimento que se ocupa da gestão de recursos econômicos. Contribuiu com os conceitos de eficácia empresarial, com a visão sistêmica da empresa e com o
processo decisório à ciência da Controladoria. A eficácia empresarial, contudo, nem sempre reflete a
eficácia social, tão enfatizada pelos estudiosos de Administração, refletindo claramente a falta de
compreensão dos gestores das empresas em relação à responsabilidade social de sua atividade
econômica. Paradoxalmente, no âmbito interno das empresas, cada gestor deve justificar sua atividade
em relação aos demais gestores, constituindo um princípio organizacional bastante explorado pela
Controladoria.
Para que ocorra a gestão de recursos, a ciência da Administração carece de um corpo de
conhecimentos necessário ao fornecimento de informações para a tomada de decisões econômicas. Nesse sentido, utiliza as informações baseadas na Contabilidade tradicional, bastante distorcidas em
função dos Princípios Fundamentais da Contabilidade.
Esse comportamento dos administradores conduz a uma subotimização dos resultados econômicos por meio do que poderia ser denominado gestão contábil, desviando a empresa de sua eficácia, tão
preconizada pelos cientistas da Administração.
6.2.2.3. Contribuição da Contabilidade
A Contabilidade é o ramo do conhecimento que estuda conceitos de identificação e acompanhamento, no tempo, do património da entidade expresso monetariamente. A Contabilidade ocupa-se com fatos
relacionados com a atividade econômica do homem, limitada ao âmbito das entidades. Incumbe-lhe
estudar o comportamento dos eventos que interferem na riqueza da empresa, em face das ações
humanas ou de sua ausência.
Besta define riqueza como o conjunto de coisas úteis, limitadas e materiais. Sua utilidade reflete a
satisfação de necessidades humanas, mas sua existência material em quantidades limitadas confere- lhe, enquanto pertencente a uma entidade, a possibilidade de permuta em virtude do desejo de
satisfação de necessidades de outras pessoas ou entidades. Os elementos intangíveis, como o fundo
de comércio, os segredos de fábrica, o monopólio, também refletem o aspecto material da riqueza, além
dos tangíveis, como estoques, imobilizado e caixa, porque representam meios para a aquisição de
elementos tangíveis, não pertencentes à entidade, mas com os quais poderá contar no futuro. A
riqueza é, pois, um conceito puramente econômico.
O património, por seu turno, é a denominação jurídica da riqueza, compondo-se de bens ou direitos e
de obrigações. Os bens ou direitos constituem tudo quanto é perceptível aos sentidos e que satisfaz as
necessidades humanas.
Segundo Besta,
"Os créditos, o aviamento de uma empresa, os segredos de fábrica, os monopólios não são, se
atentamente os observarmos, bens em si, mas somente condições ou meios para futura aquisição de
bens; e são esses bens reais, que ainda não se possuem, mas sobre os quais se poderá contar no
futuro, os verdadeiros elementos do patrimônio dos indivíduos".
99
CONTADOR
RELATÓRIOS
As obrigações consistem nos bens que a pessoa deve dar ou restituir a terceiros. A soma algébrica do
valor dos bens ou direitos com o das obrigações resulta no património líquido.
6.2.2.3.1. Visão americana da contabilidade
A visão da Contabilidade nos Estados Unidos expressa-se na definição dada pela AAA (American
Accounting Association):
"Contabilidade é o processo de identificação, mensuração e comunicação de informação econômica para
permitir julgamentos informados e decisões dos usuários da informação." (tradução nossa).
A Contabilidade, pois, deve ser preditiva e fornecer informações e não dados. Cada grupo de
tomadores de decisão impõe-lhe limites referentes à informação necessária a suas decisões, que
condicionarão à seleção dos dados de entrada. A intenção dos usuários expressa-se na determinação
de sacrifícios que devem ser feitos para se obter um retorno esperado de suas decisões, tomadas em
condições de incerteza. Requer, ainda, qualidade, ou seja, a decisão ótima deve ser a melhor sob
certas circunstâncias e implica em um padrão contra o qual os resultados reais podem ser comparados.
No âmbito gerencial, o sistema de informações contábeis deve habilitar a otimização da distribuição de
recursos sob controle de um responsável, com o fim de confrontar os resultados reais de suas ações
com os esperados. O grupo britânico de Contabilidade Gerencial do Conselho Anglo-Americano de
Produtividade formou a seguinte definição:
“A Contabilidade Gerencial consiste na apresentação de informações contábeis, de maneira a auxiliar a
administração na definição de sua política e na operação diária de um empreendimento. A técnica
contábil é de máxima importância porque opera como o maior e quase universal instrumento existente
para a representação de fatos, de modo que fatos da maior diversidade possam ser representados em
um mesmo quadro. Não é a elaboração desses quadros que constitui a função da administração, mas
sim sua utilização.”
Bierman Jr. e Drebin procuraram mostrar a Contabilidade como um sistema de comunicação, conforme
a Figura a seguir: AÇÃO
FONTE DE
INFORMAÇÃO
TRANSMISSOR CANAL RECEPTOR DESTINO
EVENTO
CONTÁBEIS
PESSOAL
DE
STAFF
ADMINS-
TRADOR
FONTE
DE
RUÍDO
Figura: Sistema contábil como sistema de comunicação.
O fluxo inicia-se com a fonte de informação, que produz a mensagem (ou seqüência de mensagens) a
ser comunicada ao terminal receptor, representada no sistema contábil dos eventos econômicos.
A presença de diversos tipos de eventos exige um processo de seleção daqueles que interessarão à
Contabilidade, relativos aos atributos e alterações de natureza econômica da riqueza da entidade. A
relação baseia-se em uma análise da relação custo/benefício da coleta e do processamento da
informação, em alguns princípios, evitando o congestionamento do sistema e permitindo um fluxo
eficiente de informações para avaliação das mais importantes.
100
A partir da identificação, o sistema contábil procederá à mensuração, representando os eventos
econômicos e, por meio de cifras, buscando operar a mensagem de forma a produzir um sinal possível de ser transmitido por meio do canal, isto é, dos relatórios contábeis.
O receptor, pessoal de staff, reconstrói a mensagem econômica a partir do sinal transmitido em código
de linguagem contábil e utiliza, ainda, instrumentos analíticos que facilitarão as decisões dos
destinatários finais ou dos administradores. Estes agirão, provocando o surgimento de novos eventos
econômicos por meio do mecanismo de feedback.
Uma visão mais geral da Contabilidade dentro desses conceitos é sugerida por ludícibus, ao defender:
“a construção de um arquivo básico de informação contábil, que possa ser utilizado de forma mais flexível, por vários tipos de usuários, cada um com ênfases diferentes neste ou naquele tipo de informação, neste ou naquele princípio de avaliação, porém extraídos todos os informes do arquivo básico ou data- base estabelecido pela contabilidade".
Catelli, contudo, diverge desse pensamento ao ensinar que a Contabilidade pode utilizar os mesmos
critérios para tratar as informações, independentemente do usuário que as requisita. O critério
econômico reflete a situação real da riqueza e não se sujeita aos vieses de avaliação de ativos e
reconhecimento de receitas decorrentes da obediência aos Princípios Fundamentais da contabilidade. Assim, tanto os gestores da empresa quanto os usuários externos, tais como os acionistas, credores, a
comunidade, as entidades governamentais poderiam utilizar-se de informações baseadas nos mesmos
critérios de avaliação para tomar decisões econômicas.
A Escola Americana caracteriza a Contabilidade como um sistema de informações que identifica, mensura e comunica. Deve, portanto, sujeitar-se aos objetivos de cada usuário, não possuindo um fim
em si mesma. A gestão de recursos aos quais se refere não faz parte de seu conteúdo, dado o seu
caráter utilitário.
6.2.2.3.2.Visão italiana da contabilidade
A Escola Italiana de Contabilidade desenvolveu-se desde o século XV, a partir da obra de Luca
Pacciolo, teve seu apogeu no século XIX e terminou sendo suplantada pela Escola Americana. No
entanto, a visão italiana, recebendo e exercendo influência em países europeus, como a França, a
Inglaterra, a Espanha e a Alemanha, passou por várias fases:
a. O contismo: onde a Contabilidade era vista como a ciência das contas. Confundia-se, pois, com a
própria escrituração, tendo como objeto o funcionamento das contas e os métodos de registro;
b. O personalismo: onde as contas eram personificadas em relação aos direitos e obrigações dos
proprietários, respectivamente, perante os agentes e correspondentes, e seu conteúdo representava- se eminentemente pelas relações jurídicas entre os últimos e os proprietários da empresa;
c. O neocontismo: onde as contas passaram a exprimir valores elementares, correspondentes a bens
patrimoniais, e os valores derivados, correspondentes ao património líquido e a suas variações. A
Contabilidade era tida como a ciência da coordenação racional das contas relativas aos produtos do
trabalho e às transformações do capital, isto é, das contas da produção, da distribuição, do consumo
e da administração das riquezas privadas e públicas. Seu objeto era a medida dos valores
econômicos com aplicação na avaliação da fortuna dos indivíduos. Deixava de se preocupar com as
relações jurídicas e voltava a enfatizar o aspecto econômico da riqueza;
d. O controlismo: onde a Contabilidade era vista como a ciência que estudava e enunciava as leis do
controle econômico nas entidades de qualquer natureza, aplicando-o aos atos e fatos administrativos
por meio de normas que o tornavam eficiente, persuasivo e completo. Apesar dessa concepção, os
adeptos dessa escola limitavam-se a descrever, sob o aspecto formal, as operações típicas de cada
espécie de entidade, encarada isoladamente, e não como parte de um complexo de operações;
101
e. O aziendalismo: onde a Contabilidade era vista como disciplina que estudava os processos
seguidos nas entidades para a demonstração dos resultados da gestão. Existia, juntamente com a
Administração, em uma relação de interdependência. Dessa forma, esta tendência introduziu a
necessidade de elaboração de planos orçamentários e divisão da empresa em áreas para apuração
de seus resultados. No entanto, sua finalidade restringia-se à determinação do resultado da
entidade; e. O patrimonialismo: onde a Contabilidade era vista como a ciência que estudava o patrimônio à
disposição das entidades, sob três aspectos:
- estático: quanto à sua constituição em um dado momento; - dinâmico: quanto aos investimentos e financiamentos, à movimentação econômica
abrangendo os custos, a produção, o resultado da atividade; e
- relevação patrimonial: quanto aos inventários, aos orçamentos, à escrituração elementar e
sistemática, e ao balanço e prestação de contas.
Segundo Masi,
“A relevação patrimonial não é fim em si mesma, e não é o fim da Contabilidade, como ainda repetem
aqueles que deixam que seja ocupado por outras ciências ou disciplinas o território que pertence à
Contabilidade, já que o fim da Contabilidade é precisamente o governo econômico do patrimônio e o
objeto é sua análise quantitativa e qualitativa sob os aspectos estático e dinâmico, e a relevação não é
senão parte instrumental da Contabilidade que está a serviço de tal exigência".
g. O reditualismo: que em contraposição aos patrimonialistas enfocava o rédito, isto é, o resultado
como objeto da Contabilidade e o conhecimento dos custos e das receitas resultantes da gestão, cuja soma algébrica era o rédito, como a finalidade da Contabilidade.
O desenvolvimento do pensamento contábil da Escola Italiana demonstra uma visão científica da
Contabilidlade ausente na Escola Americana, que lhe impingiu um caráter utilitário mais abrangente. No
entanto, mesmo na visão dos italianos e, de uma forma geral, dos europeus, a Contabilidade tem como
função a identificação, a mensuração e a comunicação de eventos econômicos para servir à gestão, embora não se ocupe desta.
6.2.2.4. CONTRIBUIÇÕES SUBSIDIÁRIAS DE OUTRAS CIÊNCIAS
A Psicologia, consoante Silvermann, é a ciência que procura medir, explicar e, às vezes, modificar o
comportamento do homem e de outros animais. Sua contribuição refere-se ao estudo dos estímulos
causados pelos relatórios gerenciais aos gestores com o fim de provocar um comportamento racional e
eficiente do seu destinatário, sempre com vistas à eficácia empresarial.
A Sociologia, segundo Bertrand, estuda o homem em relação a outros seres humanos. Contribuiu com
a teoria das organizações, incluindo as relações de autoridade e responsabilidade, centralização e
descentralização do processo decisório, e sobretudo do processo de comunicação, no que tange à
informação de caráter econômico, entre as áreas e da empresa para o ambiente externo.
A Matemática e a Estatística forneceram instrumentos para o aperfeiçoamento da adoção de decisões
em condições de risco e incerteza, sistema de avaliação e, principalmente, a atribuição de valores
numéricos, em termos físicos e monetários, aos eventos econômicos, constituindo a base do modelo de
mensuração do sistema de informações econômico-financeiras da empresa.
AS ORGANIZAÇÕES E A NECESSIDADE DE ADMINISTRAÇÃO
102
As organizações são instituições que compõem a sociedade moderna. Elas podem ser: organizações
lucrativas (as empresas) ou organizações não lucrativas (exército, igreja, os serviços públicos, as
entidades filantrópicas, etc).
A nossa sociedade moderna e industrializada se caracteriza por ser uma sociedade composta de
organizações. O homem moderno passa a maior parte do tempo dentro de organizações, das quais
depende para nascer, viver, aprender, trabalhar, ganhar o seu salário, curar suas doenças, obter todos
os produtos e serviços de que necessita etc.
Qualquer organização é composta de: duas ou mais pessoas, que interagem entre si, através de
relações recíprocas, para atingir objetivos comuns.
Importância das Organizações
φ Servem à sociedade: as organizações são instituições sociais que refletem alguns valores e
necessidades culturalmente aceitos. φ Realizam Objetivos: as organizações coordenam os esforços de diferentes indivíduos, nos
permitindo alcançar metas que, de outra forma, seriam muito mais difíceis ou até mesmo
impossíveis de serem atingidas. φ Preservam o conhecimento: as organizações com as universidades, museus e corporações são
essenciais porque guardam e protegem a maior parte do conhecimento que nossa civilização juntou
e registrou. φ Proporcionam carreiras: as organizações proporcionam aos seus empregados uma fonte de
sobrevivência.
AS EMPRESAS
� Cada empresa constitui uma criação particular, pois tem as suas próprias características, seus
recursos, seus objetivos, etc. � As empresas não são autônomas nem auto-suficientes. Elas precisam ser administradas por
pessoas qualificadas. � São orientadas para o lucro: Lucro (retorno financeiro que excede o custo). � As empresas assumem riscos: os riscos envolvem tempo, dinheiro, recursos e esforços. As
empresas não trabalham em condição de certeza. � As empresas são dirigidas por uma filosofia de negócios: Os administradores tomam decisões que
se relacionam com mercados, custos, preços, concorrência, governos, etc.
“É uma organização que utiliza recursos a fim de atingir determinados objetivos. É uma organização
social por ser uma associação de pessoas que trabalham em conjunto para a exploração de algum
negócio.” (Chiavenato, 2000)
Objetivo Principal A produção de bens ou de serviços a serem oferecidos ao mercado. Classificação: Segundo Chiavenato as empresas classificam-se em: � Quanto a propriedade as empresa são:
- Pública: São as empresas de propriedade do Estado. Seu objetivo é prestar serviços públicos
fundamentais a coletividade (saneamento básico, segurança pública, energia elétrica, etc) e, por esta razão quase sempre tem a finalidade não lucrativa. São criadas por lei e são de
Responsabilidade do Estado. Quase sempre requerem investimentos elevados e apresentam
retorno lento, sendo pouco atrativas para a iniciativa particular.
- Privada: São as empresas de propriedade particular. Seu objetivo é produzir produtos ou prestar serviços a fim de obter lucro suficiente para remunerar o capital investido pelos investidores
particulares.
103
� Quanto ao tipo de produção: - Primárias ou extrativas: São as empresas dedicadas às atividades agropecuárias e extrativas
(vegetais e minerais), como as empresas agrícolas, de mineração, de perfuração e extração de
petróleo. - Secundárias ou de transformação: São as empresas que produzem bens físicos por meio da
transformação de matérias-primas, através do trabalho humano com o auxílio de máquinas, ferramentas e equipamentos. É o caso da indústrias, construção civil e geração de energia.
- Terciárias ou prestadoras de serviços: são empresas especializadas em serviços (como o
comércio, bancos, financeiras, empresas de comunicações, hospitais, escolas, etc.). Seu
objetivo é prestar serviços para a comunidade (empresas estatais) ou para obter lucro (quando
são particulares ou privadas).
� Quanto ao tamanho: - Empresas Grandes: Requerem uma estrutura organizacional composta de vários níveis
hierárquicos de administração e de vários departamentos. Segundo a Caixa Econômica Federal é considerada uma empresa de grande porte, aquela que possui um faturamento anual acima de
R$ 35.000.000,00. São organizadas na forma de sociedades anônimas de capital aberto, com
ações livremente negociáveis nas bolsas de valores.
- Empresas Médias: Deve possuir um faturamento a partir de R$1.200.000,00 até R$
35.000.000,00.
- Empresas Pequenas: Nas pequenas e médias empresas, os proprietários habitualmente
dirigem seus negócios. As pequenas empresas, geralmente organizam-se na forma de
sociedades por cotas, com responsabilidade limitada, ou sob forma de sociedade anônima. Geralmente para ser considerada uma empresa de pequeno porte seu faturamento anual deverá
ser até R$ 1.200.000.
- Microempresas: Segundo a Lei 9.841 de 05/10/99, considera-se microempresa a
pessoa jurídica que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R$ 244.000,00. De
acordo com os artigos 170 e 179 da Constituição Federal, fica assegurada às
microempresas e às empresas de pequeno porte tratamento jurídico diferenciado e
simplificado nos campos administrativo, tributário, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial, visando seu o funcionamento e
assegurando o fortalecimento de sua participação no processo de desenvolvimento
econômico social.
� Quanto a constituição, as empresas podem ser constituídas por: - Recursos Humanos (pessoas). - Recursos Não Humanos (materiais, financeiros, tecnológicos, mercadológicos, etc.).
� Quanto a organização, as empresas podem ser:
- Firma Individual: É a empresa constituída por uma única pessoa que exerce atividade
comercial, industrial ou da prestação de serviço, respondendo ilimitadamente pelas obrigações
contraídas em nome da mencionada firma. Na Firma Individual o nome comercial deve ser o de
seu Titular. Havendo nome igual já registrado, este poderá ser abreviado, desde que não seja o
último sobrenome, ou ser adicionado um termo que indique a principal atividade econômica
explorada pela empresa, como elemento diferenciador.
- Sociedade por cotas de responsabilidade limitada: O capital é dividido por cotas que podem
ser iguais ou desiguais. A responsabilidade do sócio está limitada ao valor de sua cota. A
sociedade poderá adotar firma social ou denominação, devendo ser sempre seguida da palavra
limitada. Ex.: Gabriel & Cia. Ltda., Marcos & Souza Ltda. O nome comercial em sociedade Ltda, deverá ser composto segundo uma das formas
seguintes:
a) Pelos sobrenomes de todos os sócios, acrescidos da expressão Limitada ou Ltda.
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Ex: Sócios: José de Almeida
João Borges
Marisa Campelo
Nome Comercial: Almeida, Borges e Campelo Ltda.
b) Pelo sobrenome de um ou de alguns dos sócios, acrescidos da expressão & Companhia
Limitada, por extenso ou abreviadamente.
Ex: Almeida & Cia Ltda
Almeida, Borges & Cia Ltda
c) Pelo nome completo, ou abreviado, de um dos sócios, acrescido da expressão & Companhia
Limitada, por extenso, ou abreviadamente.
Ex: José de Almeida & Cia Ltda
J. Borges e Cia Ltda
OBS1: Nas sociedades por quotas o nome comercial não pode reunir elementos de razão social, devendo esta quando for adotada, indicar sempre a atividade principal.
Ex: Almeida Distribuidora de Bebidas Ltda
OBS2: No caso de microempresa o nome comercial tanto em Firma Individual como em
Sociedade Comercial, deverá conter a expressão "microempresa ou ME" em seu final.
Ex: Francisco Caldas Ribeiro ME
Almeida & Cia Ltda ME
- Sociedades Anônimas: Conhecida como companhia. O capital é dividido em ações, a
responsabilidade dos sócios ou acionistas é limitada ao valor das ações subscritas ou
adquiridas. A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões
“Sociedade Anônima ou Companhia” por extenso ou abreviadamente.
Obs: As modalidades de constituição de uma entidade comercial são duas: a individual e a coletiva.
As sociedades podem ser:
•COMERCIAIS - São formadas com o intuito de vender ou industrializar produtos. Ex.: padarias, lanchonetes, fábricas de bloco, confecções, postos de gasolina, restaurantes etc. SERVIÇOS - São formadas com o intuito de prestar serviços. Ex.: oficinas mecânicas, copiadoras, clínicas médicas, odontológicas, escolas em geral etc.
Exceções: Outros tipos de sociedades de características especiais como:
- Sociedade de capital e indústria
- Sociedade em nome coletivo
- Sociedade em comandita simples
Obs.: todas em desuso porque os sócios respondem de forma ilimitada.
Breve História das Empresas
Até meados do século 18 as empresas desenvolveram-se com uma grande lentidão. Apesar de sempre
ter existido o trabalho organizado e dirigido na história da humanidade, a história das empresas e
sobretudo, a história da sua administração, são capítulo recente, que teve seu início há bem pouco
tempo. A história das empresas, conforme Chiavenato (1985) pode ser dividida em seis fases:
105
1. Fase Artesanal: Vai até aproximadamente o ano de 1780 quando se inicia a Revolução industrial (a revolução do carvão e do ferro). - Regime de produção: artesanato. - Mão-de-obra: intensiva e não-qualificada na agricultura. - Predomínio: pequenas oficinas e granjas
- Trabalho: escravo
- Poder: Senhores feudais
- Sistema comercial: trocas locais.
2. Fase de transição do artesanato à industrialização: É a nascente fase da industrialização, da
mecanização das oficinas e da agricultura. - Produtos destaques: carvão e o ferro
- Surgimento da máquina de fiar, tear hidráulico, descaroçador de algodão, máquina a vapor, fábricas e usinas.
3. Fase do desenvolvimento industrial: Corresponde a Segunda Revolução Industrial, entre os anos
de 1860 a 1914 ( revolução do aço e da eletricidade) - Avanço tecnológico. - Transformações nos transportes (automóvel e do avião) e nas comunicações (telégrafo sem fio,
telefone e do cinema). - Substituição do ferro pelo aço e do vapor pela eletricidade e pelos derivados do petróleo. - O capitalismo industrial cede lugar ao capitalismo financeiro, surgindo grandes bancos e
instituições financeiras. - Crescimento assustador das empresas passando por um processo de desburocratização em
face do seu tamanho.
4. Fase do gigantismo industrial - Fase entre as duas grandes guerras mundiais (1914-1945). - Uso de tecnologia para fins bélicos. - Grande depressão econômica de 1929, levando a crise mundial. - Atuação das empresas em âmbito internacional e multinacional. - Aplicação técnico-científica e ênfase em materiais petroquímicos; - Navegação de grande porte e aprimoramento do automóvel e do avião. - Comunicações amplas e rápidas como o rádio e a televisão. - Mundo complexo.
5. Fase moderna: 1945-1980
- Separação entre os países desenvolvidos (industrializados, os subdesenvolvidos (não- industrializados) e os países em desenvolvimento.
- Surgimento do plástico, alumínio, concreto, energia nuclear e solar, computador, TV por satélite; - Predomínio do petróleo e da eletricidade. - Crise mundial, acompanhada por uma inflação e recessão, aumento da dívida externa.
6. Fase da incerteza: Após 1980
- Grandes desafios, dificuldades, ameaças, coações, restrições e toda sorte de adversidades para
as empresas. - Revolução do computador. - Grandes mudanças e transformações.
Apesar do fato de as empresas terem adquirido suas feições atuais a partir da Revolução Industrial que
ocorreu no decorrer da Segunda metade do século 18, somente a partir do início deste século que a
administração começou a receber a atenção e estudos mais profundos da parte de alguns pioneiros. Ao final da Revolução Industrial o mundo já não era mais o mesmo. A moderna administração surgiu em
resposta a duas conseqüências provocadas por ela: Crescimento acelerado e desorganizado das empresas, que passaram a exigir uma administração
científica capaz de substituir empirismo (sistema filosófico que atribui a experiência a origem do
conhecimento humano).
106
Necessidade de maior eficiência e produtividade das empresas, para fazer face à intensa
concorrência e competição no mercado.
ADMINISTRAÇÃO E OUTRAS PALAVRAS
A) ADMINISTRAÇÃO
A palavra administração tem origem no latim e significa: administratione
Ad = (direção para, tendência, junto de) Minister = Comparativo de inferioridade, o sufixo ter (subordinação e obediência) aquele que realiza uma função abaixo do comando de outrem. Função que
se desenvolve sob o comando de outro, um serviço que se presta a outro.
A administração tem como tarefa, interpretar os objetivos propostos pela empresa e transformá-los
em ação empresarial através do planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços
realizados, em todas as áreas e em todos os níveis da empresa, a fim de atingir tais objetivos.
A administração é uma condição indispensável para o sucesso de cada empresa.
A administração representa a solução da maior parte dos problemas que afligem a humanidade nos
dias de hoje. Na realidade não existem países desenvolvidos ou subdesenvolvidos, mas países bem
ou mal administrados - Peter Druck).
Segundo MORAES (2001) a tarefa da Administração envolve a interpretação de objetivos a fim de
transformá-los em ação organizacional por meio do planejamento, da organização, da direção e do
controle.
A) CONTROLE
B) GERÊNCIA
Do latim gerentia, de gerere, “fazer”. Ato de gerir.
C) GESTÃO
Do latim gestione. Ato de gerir; gerência; administração.
Objeto de Estudo da Administração
As Organizações.
Definição de Administração
É o processo de planejar, organizar, liderar e controlar os esforços realizados pelos membros da
organização e o uso de todos os outros recursos organizacionais para alcançar os objetivos propostos
(CHIAVENATO,2000).
Administrar é o processo de tomar, realizar e alcançar ações que utilizam recursos para alcançar objetivos. A principal razão para o estudo da administração é o seu impacto sobre o desempenho das
organizações. É a forma como são administradas que torna as organizações mais ou menos capazes
de utilizar corretamente seus recursos para atingir os objetivos corretos. (MAXIMIANO, 2000, p. 26).
Administrar significa, em primeiro lugar, ação, A administração é um processo de tomar decisões e
realizar ações que compreende quatro processos principais interligados: planejamento, organização, execução e controle.
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Objetivo da Administração
Proporcionar eficiência e eficácia às empresas. A eficiência refere-se aos meios: métodos, processos, regras e regulamentos sobre como as coisas devem ser feitas na empresa, a fim de que os recursos
sejam adequadamente utilizados. A eficácia refere-se aos fins: objetivos e resultados a serem
alcançados pela empresa.
Qual é o IDEAL?
Tanto a eficiência como a eficácia são importantes. De nada vale a eficiência (fazer bem) se a eficácia (alcançar os objetivos e obter resultados) não for alcançada.
EFICIÊNCIA
Segundo MAXIMIANO (2000) a eficiência de um sistema depende de como seus recursos são
utilizados. Eficiência significa: � Realizar atividades ou tarefas de maneira certa. � Realizar tarefas de maneira inteligente, com o mínimo de esforço e com o melhor
aproveitamento possível dos recursos.
O princípio geral da eficiência é o da relação entre esforço e resultado. Quanto menor o esforço
necessário para produzir um resultado, mais eficiente é o processo. Para analisar a eficiência de um
sistema (ou processo), deve-se considerar inicialmente, de forma isolada, dois critérios: produtividade e
qualidade.
a) Produtividade: é definida como a relação entre os recursos utilizados e os resultados obtidos
(ou produção). Todo o sistema tem um índice de produtividade, que se verifica com a contagem
da quantidade produzida por unidade de recursos. Então produtividade é a relação entre
resultados obtidos e recursos utilizados. Ex.: Quantidade de produtos por trabalhador, alunos
por professor, vendas por metro quadrado. De forma geral, quanto mais elevada a quantidade
de resultados obtidos com a mesma unidade de recursos, mais produtivo o sistema é. A
produtividade pode aumentar porque a produção aumenta e, ao mesmo tempo, porque diminui o
volume de recursos empregados.
b) Qualidade: no contexto do estudo da eficiência, a qualidade representa a coincidência entre o
produto ou serviço e sua qualidade planejada. Quanto mais alto o número de itens aproveitáveis
em relação ao total de itens produzidos, mais qualidade (e eficiência) o sistema tem. Falta de
conformidade, ou falta de qualidade, significa que o produto ou serviço precisa ser refeito. Ou
descartado, se for impossível consertá-lo. A falta de qualidade acarreta os custo da não
qualidade, como os seguintes: reclamações e perda de clientes; projeção de imagem pública
comprometedora; reposições e consertos que devem ser efetuados sem custo para o cliente, se
o produto estiver no período de garantia, etc.
EFICÁCIA
Ainda de acordo com MAXIMIANO (2000) eficácia é a relação entre resultados e objetivos. Não adianta
muito produzir resultados de maneira eficiente, se não forem os resultados corretos. A diferença entre
eficiência e eficácia pode ser ilustrada pela história das duas principais empresas automobilística do
mundo: Ford e General Motors. Embora Henry Ford fosse um mestre da eficiência, foi a GM que se
transformou na maior e mais bem-sucedida empresa do ramo. Esse desempenho é o resultado de sua
orientação para o mercado e não apenas para o processo produtivo. Enquanto a Ford tinha uma
estratégia de fazer eficientemente o mesmo carro, a GM orientou-se para fazer um carro para cada tipo
de cliente. Portanto eficácia significa:
� Grau de coincidência dos resultados em relação aos objetivos; � Capacidade de um sistema, processo, produto ou serviço de resolver um problema;
108
� Fazer as coisas certas; � Sobrevivência.
Eficácia = Resultados
Objetivos
Para avaliar o grau de eficácia de um sistema, é necessário saber quais são os objetivos e quais os
resultados de fato alcançados. Ex.: Há várias empresas que querem vender seus automóveis, sabonetes e computadores. A mais eficaz é aquela que consegue transformar um grande número de
pessoas em seus clientes, obter lucro e sobreviver com isso.
Competitividade
As empresas têm natureza competitiva – elas concorrem entre si, disputando a preferência dos mesmos
clientes e consumidores. O sucesso de uma pode significar o fracasso de outra. Para serem
competitivas, as empresas precisam ter desempenho melhor que outras que disputam os mesmos
clientes. Uma empresa é competitiva quando tem alguma vantagem sobre os seus concorrentes, que a
faz ser preferida pelos clientes ou mais apta em alguma forma de relacionamento com o ambiente. São inúmeras vantagens competitivas que uma empresa pode ter. As mais importantes são: qualidade, custo baixo, velocidade, inovação e flexibilidade. Alcançar essas vantagens depende do entendimento e
da correta aplicação dos conceitos de eficiência e eficácia.
Função da Administração
1. Desempenho Econômico: Segundo DRUCKER, (1981) em cada decisão e medida que tomar, a administração deve colocar o
desempenho econômico em primeiro lugar. Ela só pode justificar sua existência e sua autoridade
mediante os resultados econômicos que produzir. Mesmo que haja grandes resultados não-econômicos
– a felicidade dos membros da empresa, uma contribuição ao bem-estar ou à cultura da comunidade, etc -, a administração terá fracassado se não houver obtido resultados econômicos. Terá fracassado se
não fornecer os bens e serviços desejados pelo consumidor a um preço que esteja disposto a pagar. Terá fracassado se não melhorar, ou ao menos mantiver, a capacidade geradora de riquezas dos
recursos econômicos que lhe foram confiados.
2. Administrar administradores: Para haver desempenho econômico é preciso antes haver uma empresa. A segunda função da
administração é portanto, transformar recursos humanos e materiais numa empresa produtiva. É
administrar administradores.
Uma empresa deve ser capaz de produzir mais e melhor que os recursos que a compõem. Deve
constituir uma entidade genuína: maior ou no mínimo diferente que a soma das suas partes, cuja
produção é maior que a soma de todos os insumos. A organização dos administradores e de suas
funções é o que queremos dizer, falamos de liderança e do espírito de uma firma. Se uma empresa
apresenta um desempenho medíocre, nós contratamos um novo presidente e não novos trabalhadores. Logo, administrar administradores consiste em tornar os recursos produtivos, transformando-os num
empreendimento. E a administração é algo tão complexo, com tantas facetas, mesmo nas menores
empresas, que a administração de administradores é inevitavelmente não só uma tarefa vital, mas
também enormemente complexa.
3. Administração do trabalho e do trabalhador: A última função da administração é administrar o trabalho e os trabalhadores. O trabalho tem que ser executado; o recurso existente para sua execução são os trabalhadores – variando desde os
absolutamente não-especializados até os artistas, dos serventes de pedreiros aos vice-presidentes
executivos. Isto significa organizar o trabalho de modo a torná-lo o mais adequado possível a seres
humanos e organizar pessoas de modo a faze-las trabalhar da maneira mais produtiva e eficaz
possível. Significa considerar os seres humanos como dotados de habilidades e limitações, como
também considera-los com seres humanos, dotados de personalidade, cidadania, capacidade de
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trabalhar pouco ou muito, bem ou mal, e que portanto, precisam de motivação, participação, satisfações, incentivos e recompensas, liderança, status e função definida.
O tempo é um outro fator fundamental em todo o problema, em toda decisão, em toda a ação
administrativa. A administração deve sempre considerar tanto o presente como o futuro a longo prazo. Não se resolve um problema administrativo se lucros imediatos são conseguidos às custas da
lucratividade a longo prazo, ou mesmo às custas da própria sobrevivência da empresa.
Princípios Gerais da Administração
A Administração não é uma ciência exata. Ela não pode basear-se em leis rígidas. Ela precisa basear- se em princípio gerais e flexíveis capazes de serem aplicados a situações diferentes. Os princípios são
condições ou normas dentro das quais o trabalho administrativo deve ser aplicado e desenvolvido.
Os mais importantes princípios gerais de administração são os seguintes:
a) Princípio da Divisão do Trabalho e da Especialização: Todo o trabalho deve ser dividido a fim de
permitir a especialização das pessoas em alguma atividade. b) Princípio da Autoridade e Responsabilidade: Deve haver uma linha de autoridade e
responsabilidade claramente definida, conhecida e reconhecida por todos. c) Princípio da Hierarquia ou Cadeia Escalar: Quanto maior a empresa, maior o número de níveis
hierárquicos. d) Princípio da Unidade de Comando: Cada pessoa deve subordinar-se a um e somente a um único
superior. e) Princípio da Amplitude Administrativa: Refere-se a quantidade de funcionários que um chefe deve
ter. f) Princípio da Definição: Definição prévia por escrito da autoridade e da responsabilidade, deveres,
relações ou órgãos, bem como devem ser devidamente comunicados.
O PROFISSIONAL DE ADMINISTRAÇÃO: O ADMINISTRADOR
É o elemento dinâmico e vital de toda e qualquer organização. Se a sua liderança, os recursos de
produção permanecem recursos e nunca se tornam produção. Sobretudo numa economia competitiva, são o calibre e a qualidade da atuação dos administradores que determinam o sucesso, ou mesmo a
sobrevivência, de uma empresa. Pois o calibre e a qualidade da atuação de seus administradores
constituem a única vantagem efetiva de uma organização dentro de uma economia competitiva
(DRUCKER, 1981).
É a pessoa que gerencia, dirige uma organização, faz com que ela seja bem-sucedida em alcançar seus objetivos.
Soluciona problemas; Dimensiona recursos; Desenvolve estratégias; Efetua diagnósticos de situações; Toma decisões embasadas em fatos concretos.
O conhecimento tecnológico da administração é importantíssimo, básico e indispensável, mas depende
da personalidade e do modo de agir do administrador, ou seja de suas habilidades.
Atividades dos Gerentes
� Tomar decisões e resolver problemas;
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� Processar informações: ler correspondências, as notícias de economia e finanças, os resumos
providenciados pela empresa, os relatórios de atividades dos funcionários, escrever relatórios
para apresentar aos superiores. � Representar a empresa; � Administrar pessoas: selecionar novos funcionários, resolver conflitos e tomar decisões sobre
demissões e admissões; � Cuidar da própria carreira: estudar, adquirir novas habilidades e informações, procurar
estabelecer e manter relações com pessoas importantes da empresa, manter-se atualizado com
as inovações.
Competências Gerenciais
Segundo MAXIMIANO (2000, p. 41-44) Competências são as qualificações que uma pessoa deve ter para ocupar um cargo e desempenha-lo eficazmente. As competências específicas que são necessárias para ocupar um cargo de gerente dependem do nível hierárquico, das tarefas do gerente, do tipo de organização e de outros fatores. De forma geral, as
competências gerenciais são classificadas em três categorias: conhecimentos, habilidades e atitudes.
a) Conhecimentos: os conhecimentos incluem todas as técnicas e informações que o gerente
domina e que são necessárias para o desempenho de seu cargo. O principal tipo de
conhecimento é a competência técnica sobre o assunto administrado. Além da competência
técnica, outros conhecimentos importantes para um gerente abrangem conceitos sobre o
comportamento humano e sobre técnicas de administração.
b) Habilidades: Robert L. Katz dividiu as habilidades gerenciais em três categorias: Habilidade
Técnica, Humana e Conceitual.
Para um administrador executar eficazmente um processo administrativo são necessários pelo menos
três habilidades: Habilidade Técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos
necessários para a realização de suas tarefas específicas; Relaciona-se com a atividade específica
do gerente. Habilidade Humana: consiste na capacidade e discernimento para trabalhar com pessoas, compreender suas atitudes e motivações e aplicar uma liderança eficaz. Habilidade Conceitual: consiste em compreender as complexidades da organização global e o
ajustamento do comportamento da pessoa dentro da organização.
c) Atitudes: são competências que permitem às pessoas interpretar e julgar a realidade e a si próprios. As atitudes formam a base das opiniões segundo as quais outras pessoas e os fatos, as idéias e os objetos são vistos, interpretados e avaliados. As atitudes estão na base das
doutrinas administrativas e da cultura organizacional. As atitudes referem-se ainda à própria
pessoa e a outros aspectos de seu ambiente, como seu trabalho ou seu cargo. Há pessoas que
encaram de maneira positiva a possibilidade de ocupar um cargo gerencial. Este tipo de atitude
deve ser determinante na escolha de pessoas para ocuparem tais posições, porque sua
probabilidade de sucesso é maior do que aqueles que não enxergam atrativos na carreira
gerencial.
Seleção de Pessoal
Definição de Seleção
É a escolha da pessoa certa para o cargo certo, ou seja, entre os candidatos recrutados aqueles mais
adequados aos cargos existentes na empresa, visando manter ou aumentar a eficiência e desempenho
do pessoal (Chiavenato, 1999). A seleção visa solucionar dois problemas básicos:
� Adequação da pessoa ao cargo; e
� Eficiência da pessoa no cargo. 111
Necessidade de Seleção:
� tendem a ter muita gente com salários baixos. Devemos sempre prestigiar os profissionais da
empresa sem deixarmos de introduzir novos profissionais.
Papel do Selecionador de Pessoal
Possui um papel de assessoramento, cuja característica é a de oferecer um instrumental para que o
requisitante possa melhor decidir entre os candidatos recrutados aqueles que tenham maiores
probabilidades de ajustar-se ao cargo vago.
Objetivos Básicos da Seleção
φ Escolher e classificar os candidatos adequados às necessidades da organização. φ Diagnosticar a efetiva necessidade da contratação do novo colaborador. φ Avaliar se a prata da casa não pode suprir a vaga em aberto. φ Planejar, de modo sério e profundo, qual o processo seletivo mais adequado, qual técnica seletiva é
mais apropriada, como entrevistar com qualidade, sabendo ouvir, perguntar e concluir.
Vantagens de uma Boa Seleção de Pessoal
φ Aumento da produtividade. φ Maiores chances de oferecer a sua clientela um serviço de primeira. φ Realização de bons negócios com seus fornecedores. φ Diminuição do turnover (rotatividade de pessoal). φ Eliminação dos gastos em indenizações e novos processos de seleção.
Processos da Seleção
1. Seleção como processo de comparação
� De um lado os requisitos do cargo a ser preenchido (descrição e análise de cargos) = X
� De outro lado o perfil das características dos candidatos que se apresentam para disputá-lo
(aplicação das técnicas de seleção) = Y
X > Y = candidato não atinge as condições ideais para ocupar determinado cargo.
X = Y = candidato atinge e é aprovado.
X < Y = candidato superdotado para aquele cargo.
Ideal: faixa de aceitação admitindo uma certa flexibilidade a mais ou a menos.
A seleção é uma responsabilidade de linha e função de staff, onde o órgão de RH presta assessoria
aplicando provas e testes, enquanto o gerente de linha toma as decisões a respeito dos candidatos.
2. Seleção como processo de decisão e escolha: acontece após a comparação entre as
características exigidas pelo cargo e as características oferecidas pelos candidatos e vários deste
apresentem condições aproximadamente equivalentes para serem indicados para ocupar o cargo
vago. O órgão de RH apenas pode prestar o serviço especializado, aplicar as técnicas de seleção e
recomendar aqueles candidatos que julgar mais adequados ao cargo.
3. Modelo de colocação, seleção e classificação de candidato: acontece quando só existe um
candidato para uma vaga; ou quando existe vários candidatos para uma vaga; ou ainda vários
candidatos para várias vagas, respectivamente.
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Identificação das Características Pessoais do Candidato
� Exige sensibilidade; � Requer razoável conhecimento da natureza humana e das repercussões que a tarefa impõe à
pessoa que irá executá-la.
1. Execução da tarefa em si: a tarefa exige certas características humanas ou aptidões: atenção
concentrada ou aptidão para detalhes, visão ampla, aptidão numérica, verbal e auditiva. 2. Interdependência com outras tarefas: a tarefa executada depende de outras tarefas, exigindo
aptidões: atenção dispersa e abrangente, facilidade de coordenação, resistência a frustração e a
conflitos.
3. Interdependência com outras tarefas: a tarefa executada exige contatos com pessoas: colaboração, cooperação, trabalho em equipe, iniciativa, liderança de pessoas, comunicação, etc.
Bases Para a Seleção de Pessoas
1. Informações sobre o cargo:
� Descrição e análise do cargo: levantamento do conteúdo do cargo e dos requisitos que o cargo
exige de seu ocupante. � Técnica de Incidentes críticos: baseia-se no arbítrio do gerente ou de sua equipe, apontando as
características desejáveis e indesejáveis do futuro ocupante de acordo com fatos que
produziram um bom ou mau desempenho e que devem ser investigadas no processo seletivo. � Requisição de Pessoal: é uma ordem de serviço que o gerente emite para solicitar uma pessoa
para ocupar um cargo vacante, onde devem ser anotados os requisitos e características
desejáveis do futuro. � Análise do cargo no mercado: quando a organização não dispõe sobre os requisitos e
características dos cargos a ser preenchidos por se tratar de algo novo. � Hipótese de trabalho: Caso nenhuma das alternativas possa ser utilizada. Previsão aproximada
do conteúdo do cargo e de sua exigibilidade em relação ao ocupante. Trata-se de estabelecer hipóteses ou idéias antecipadas a respeito do cargo a ser preenchido.
Métodos de Apropriação de Custos
Existem diversos métodos de apropriação de custos e cada um emprega critérios diferentes. Cada um desses métodos possui campos de aplicação específicos, podendo-se dizer que um não
substitui o outro, mas se complementam. Veremos mais adiante, os dois principais métodos de custeio, que são: o Custeio por Absorção e o Custeio Variável:
Custeio por Absorção: é o método de custeio que consiste em atribuir aos produtos fabricados
todos os custos de produção, quer de forma direta ou indireta (rateios). Assim, todos os custos, sejam
eles fixos ou variáveis, são absorvidos pelos produtos. É o método utilizado para custear os estoques, cujos saldos constam do Balanço Patrimonial, e determina o Custo dos Produtos Vendidos, constante
da Demonstração de Resultado do Exercício.
Custeio Variável: é o método que considera que os produtos devem receber somente os custos
que “causam” ao serem fabricados (ocasionam variação por unidade produzida). Nesse caso, os custos
a serem apropriados aos produtos são somente os variáveis. Os custos fixos são tratados como custo
do período, indo diretamente para o resultado, como despesas.
Objetivos da Contabilidade de Custos
Os custos são determinados a fim de atingir os seguintes objetivos: determinação do lucro, controle das operações e tomada de decisões.
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Para que esses objetivos sejam atingidos, as empresasse valem dos métodos de custeio
estruturados a fim de serem alimentados de informações coletadas internamente. Essas informações
fluem de todas as áreas: almoxarifado, recursos humanos, vendas, produção, etc., devendo estar registradas em relatórios que abastecem o sistema para, proporcionar os resultados pretendidos. Para
isso, as fontes de informações devem prezar pela qualidade, sob pena de os resultados não atingirem
os objetivos propostos. Além desses objetivos, as informações geradas pela contabilidade de custos atendem:
a) à determinação dos custos dos insumos aplicados na produção; b) à determinação dos custos das diversas áreas que compõem uma organização; c) à redução dos custos dos insumos aplicados na produção ou diversas áreas que compõem uma
organização; d) ao controle das operações e das atividades; e) à administração, auxiliando-a para tomar decisões ou resolver problemas especiais; f) à redução de desperdícios de materiais, tempo ocioso, etc.; g) à elaboração de orçamentos.
A contabilidade de custos também auxilia na solução de problemas relacionados: a) ao preço de venda; b) à contribuição de cada produto ou linha de produtos para o lucro da empresa; c) ao preço mínimo de determinado produto em situações especiais; d) ao nível mínimo de atividade em que o negócio passa a ser viável; e) a outros problemas especiais.
Significado de Custos e Despesas
Uma industria incorre diariamente em uma série de gastos para realizar suas atividades
administrativas, de vendas e fabris, tais como compras de matérias-primas para seus produtos, compras de materiais de escritório, pagamento de taxas e impostos, manutenções, folha de
pagamentos, etc. No entanto, nem sempre esses gastos são considerados Custos. Para atender esse situação, observamos a estrutura de uma DRE (Demonstração de Resultado
do Exercício):
Receitas de Vendas........................................ R$
(-) Custos dos Produtos Vendidos................. (R$) (=) Lucro Bruto.............................................. R$
(-) Despesas Operacionais............................. (R$) (=) Lucro Operacional................................... R$
Observa-se que Custos e Despesas são demonstrados separadamente. Há a dedução do Custo
dos Produtos Vendidos das Receitas de Vendas e a dedução das Despesas do Lucro Bruto. Assim, entre os gastos de uma empresa, vamos encontrar os Custos e as Despesas. Os Custos correspondem aos gastos relativos a obtenção dos produtos, e as
Despesas.correspondem aos gastos relacionados com a administração e com a geração das receitas. Para tornar mais fácil o entendimento da origem dos custos e das despesas, vamos utilizar um
organograma, agrupando os departamentos de uma empresa em três divisões: Fábrica, Administração
e Vendas. Fábrica: engloba todos os departamentos de apoio à produção: almoxarifado, engenharia de
fábrica, planejamento e controle da produção, etc., e os departamentos de produção: usinagem, montagem, pintura, etc.
Administração: engloba todos os departamentos administrativos: recursos humanos, centro de
processamento de dados, contabilidade, organização, finanças, etc. Vendas: engloba todos os departamentos relacionados com atividade comercial: serviço de
atendimento ao cliente, vendas, representantes, propaganda, etc. Desta maneira, a empresa poderia assim ser representada: Fábrica, nesta divisão da empresa ocorrem os CUSTOS. Administração e Vendas, nestas divisões da empresa ocorrem as DESPESAS.
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Na Demonstração de Resultado, as despesas correspondem àquelas incorridas nas divisões de
Administração e de Vendas, durante o exercício. Já o Custo dos Produtos Vendidos, são aqueles incorridos na divisão fabril, correspondente à
quantidade que foi vendida, isto porque nem toda a produção de um período pode ter sido vendida, e
assim ter sido estocada para venda em outro período.
Terminologia aplicada em Custeio
Para facilitar o entendimento da sistemática de apuração de custos é necessário compreender o
significado dos principais termos utilizados. Sendo Gasto, Custo, Despesa e Investimento os termos
mais importantes para a Contabilidade de Custo, no que diz respeito à classificação dos referidos
valores a cada um deles incumbidos.
Gasto: Vamos entender por gasto o compromisso financeiro assumido por uma empresa na
aquisição de bens ou serviços. Podendo o gasto ser definido como gasto de investimento, quando o bem ou serviço for utilizado em vários processos produtivos, e como gastos de
consumo, quando o bem ou serviço for consumido no momento mesmo da produção ou do
serviço que a empresa realizar. Dependendo da destinação do gasto de consumo, ele poderá
converter-se em custo ou despesa.
Custo: São os gastos, não investimentos, necessários para fabricar os produtos da empresa. São os gastos efetuados pela empresa que farão nascer os seus produtos. Portanto, podemos
dizer que os custos são os gastos relacionados aos produtos, posteriormente ativados quando
os produtos objeto desses gastos forem gerados. De modo geral são os gastos ligados à área
industrial da empresa.
Despesa: Bem ou serviço consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas.
Investimento: São todos os bens e direitos registrados no ativo das empresas para baixa em
função de venda, amortização, consumo, desaparecimento, perecimento ou desvalorização. Assim , quando se comparam materiais, realiza-se um investimento em estoque. O consumo na
fabricação de um produto ou na realização de um serviço gera um custo, assim como o
consumo nas divisões administrativas ou de vendas gera uma despesa. Do mesmo modo, a
aquisição de uma máquina gera um investimento no imobilizado. Pela depreciação teremos um
custo ou despesa.
Exemplificando, consideramos a compra de uma matéria-prima. A compra em si (a vista ou a
prazo) é um gasto. Ao abastecer o estoque de matéria-prima, temos um investimento (pois o material ficará estocado até que seja requisitado para consumo, isto é, aplicado na produção de um bem). Ao
requisita-lo do estoque e aplicá-lo na produção, temos a ocorrência do custo. Ao concluir o produto e
estoca-lo para venda, temos novamente um investimento no estoque (estoque de produtos acabados). Para realizar a venda do produto, os gastos incorridos serão considerados despesas, como também os
gastos incorridos na administração da empresa.
Assim, os custos são a parcela do gasto ligado à produção, como mão-de-obra da área fabril (a
mão-de-obra compreende qualquer funcionário de uma empresa que trabalhe no processo de
fabricação ou em funções administrativas da divisão fabril. O custo da mão-de-obra corresponde à
somatória dos gastos com salários e encargos sociais), matéria-prima (a matéria-prima compreende os
materiais usados no processo de fabricação, transformados em produtos), aluguéis de prédios da
fábrica, depreciação de máquinas e instalações fabris, energia elétrica consumida na fábrica, etc. Despesa é a parcela do gasto não ligado à produção, como mão-de-obra dos departamentos de
administração e de vendas, comissões de vendedores, aluguéis de escritórios, depreciação de móveis e
utensílios, manutenção e depreciação dos prédios administrativos, etc.
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Classificação dos Custos
Os Custos são classificados de várias formas para atender às diversas finalidades para as quais
são apurados. As duas classificações básicas compreendem aquelas que permitem determinar o custo
de cada produto fabricado e o seu comportamento em diferentes níveis de produção em que uma
empresa possa operar. a) Quanto aos produtos fabricados: para alocar os custos aos produtos, eles são classificados em
Custos Diretos e Indiretos. b) Quanto ao comportamento em diferentes níveis de produção: para determinar os custos de
vários níveis de produção, eles se classificam em Custos Fixos e Custos Variáveis.
Custos Diretos e Custos Indiretos
Como vimos anteriormente, todos os gastos ocorridos na divisão fabril são classificados como
custos. Assim, matéria-prima, mão-de-obra, energia elétrica, depreciação, etc., e até mesmo o
cafezinho e o material de higiene e limpeza consumido pela divisão fabril constituem custos. E, como os
custos são apropriados aos produtos, é necessário estabelecer critérios para isto. A separação destes
custos em diretos e indiretos vem ao encontro dessa necessidade. A regra básica para essa classificação é a seguinte: se for possível identificar a quantidade do
elemento de custo aplicada no produto, o custo será direto. Se não for possível identificar a quantidade
aplicada no produto, o custo será indireto. Os ternos Direto e Indireto são empregados com os seguintes sentidos:
a) Direto: que a apropriação de um custo ao produto se dá pelo que efetivamente ele consumiu. No
caso da matéria-prima, pela quantidade que foi efetivamente consumida e, no caso da matéria- prima, pela quantidade que foi efetivamente consumida e, no caso da mão-de-obra direta, pela
quantidade de horas que foi efetivamente utilizada. Indiretos: que a apropriação de um custo ao produto ocorre por intermédio de rateio. Neste caso, o
rateio descaracteriza a apropriação como direta.
Para entender o que significa direto e indireto, suponha que um grupo de amigos resolva fazer uma comemoração qualquer em um restaurante. Todos se sentam à mesa e os pedidos são feitos. Ao
término da confraternização há de ser feito um rateio do valor gasto entre os presentes. Para isso, pode-se usar como base de rateio o número de pessoas presentes (em que cada um contribuirá com o
mesmo valor) ou outra base qualquer, como ratear proporcionalmente ao peso de cada um dos
presentes, ou ratear pela idade e assim por diante. Caracteriza-se, dessa forma, a distribuição do valor gasto aos presentes de forma indireta, a base de rateio acordada procura “refletir” o que cada um deve
ter consumido.
Por outro lado, se cada um dos presentes sentasse em mesas diferentes e fossem, a cada um
deles, identificados os seus gastos, estes seriam diretos.
Assim, podemos dizer que: Custos Diretos: são aqueles apropriados aos produtos conforme o consumo realizado. São exemplos clássicos de custos diretos, a matéria-prima (a matéria-prima classificada
como custo direto corresponde aos materiais cujo consumo podemos quantificar no
produto. Se não for possível a identificação da quantidade aplicada no produto, passa a
ser um elemento de custo indireto. Por exemplo: os parafusos aplicados em uma carteira
escolar serão custos diretos. Já a tinta ou a solda consumida, na cadeira, pelo fato de
não se obter o consumo por unidade de produto fabricado, serão consideradas custo
indireto) e mão-de-obra direta (a mão-de-obra direta compreende aos funcionários que
atuam diretamente no produto, e cujo tempo gasto possa ser identificado, isto é, apontado no produto). Se outro elemento de custo tiver a medição do consumo no
produto, o custo também será considerado como custo direto, por exemplo, a energia
elétrica. Caso haja aparelhos medidores de consumo de energia nas máquinas e se
houver o seu controle, este custo também será direto.
Custos indiretos: são aqueles apropriados aos produtos em função de uma base de
rateio ou algum critério de alocação. Essa base de rateio deve guardar uma relação
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próxima entre o custo indireto e o objeto de custeio, evitando causar distorções no
resultado final. São empregados como bases de rateio: horas apontadas de mão-de- obra, horas de máquinas utilizadas na fabricação dos produtos, quilos de matéria-prima
consumida. Exemplo: custo de energia elétrica, o rateio pode ser feito proporcionalmente
às horas de máquinas utilizadas, considerando que o consumo de energia tenha uma
relação de causa e efeito muito próxima dessas horas.
Custos Fixos e Custos Variáveis
Para estudo do comportamento dos custos, as mesmas contas que antes foram classificadas em
custos diretos e indiretos serão agora classificadas em custos fixos e custos variáveis. Essa
classificação ocorre em função do comportamento dos elementos de custos em relação às mudanças
que possam ocorrer no volume de produção. A idéia é a seguinte: a um certo nível de produção incorre- se em um montante de custos. Se este nível de produção aumentar ou diminuir, o consumo de alguns
elementos acompanhará esta oscilação para mais ou para menos, e outros não.
Veja o que pode acontecer quando alguém resolve montar uma fábrica com capacidade para
processar mensalmente 10.000 kg de matéria-prima na fabricação de seu produto. Primeiramente se
instala uma estrutura capaz de suportar esse volume de produção. Essa estrutura provoca a ocorrência
de certos elementos de custos, tais como aluguel do prédio onde a empresa será instalada, depreciação
de máquinas e equipamentos, funcionários etc. Nada produzido ou tendo sua produção entre 0 a 10.000
kg, estes custos serão os mesmos. São chamados custos fixos, isto é, ocorrem de qualquer maneira, pois serão eles que suportarão a estrutura da empresa. Quando a empresa produzir a primeira unidade
de seu produto, passará a consumir matéria-prima, energia elétrica e outros custos decorrentes do ato
de produzir. Esses serão os custos variáveis, cujos consumos serão maiores ou menores conforme o
volume de produção. Eles ocorrem somente se houver produção.
Para classificar um custo como fixo ou variável é preciso verificar como ele reage a alterações
no volume de produção. Se o volume se alterar e o custo também, ele será variável, do contrário, será
fixo. Assim, podemos dizer que:
Custos Fixos: são aqueles decorrentes da estrutura produtiva instalada da empresa, que
independem da quantidade que venha a ser produzida dentro do limite da capacidade
instalada.
No exemplo citado, produzido entre 0 a 10.000 kg do produto, os custos fixos ocorrerão na
mesma intensidade.
Além de classificar os custos em fixos e variáveis, há duas outras classificações, chamadas de
Custos Semivariáveis e Custos Semifixos.
Custos Semivariáveis: são aqueles que possuem em seu valor uma parcela fixa e outra
variável. Isto é, têm um comportamento de custo fixo até certo momento e depois se
comportam como custo variável. Esse caso ocorre com um elemento de custo que faz
parte da estrutura da empresa (custo fixo) o qual, a partir de um certo volume de
produção, passa a ter seu custo aumentado (comportamento de custo variável). Temos, como exemplo, a energia elétrica e a água. Se não houver utilização desses insumos ou
se o consumo ficar abaixo de um mínimo estipulado pela companhia de energia elétrica e
de água, paga-se uma taxa fixa (custo fixo). Conforme a utilização desses elementos
cresce, o valor da conta se eleva (custo variável).
Custos Semifixos: são aqueles elementos de custos classificados de fixos que se alteram
em decorrência de uma mudança na capacidade de produção instalada. No exemplo
utilizado para os custos fixos, tendo a produção localizada entre 0 e 10.000kg do produto, esses custos ocorrerão na mesma intensidade. Caso haja crescimento do negócio, e se
decide expandir a capacidade, passando para 15.000kg, poderá haver a necessidade de
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alugar mais outro galpão, adquirir novas máquinas, contratar novos funcionários etc. Os
custos fixos agora nessa nova capacidade serão maiores. Se ocorrer um outro aumento
da capacidade, o processo se repete. Como se vê, os custos fixos crescem em
patamares. O oposto também ocorre, ou seja, reduzindo a capacidade de produção, tais
custos serão reduzidos nos mesmos patamares.
Outras Classificações de Custos
Custos de Transformação: correspondem aos custos incorridos para transformar a matéria-prima
em produto. Compreendem os custos com a mão-de-obra direta e os custos indiretos de
fabricação. Os custos de transformação são chamados também de custos de conversão.
Custos Primários: correspondem aos custos de matéria-prima e de mão-de-obra direta.
Custos de Produção: correspondem aos custos de matéria-prima e de mão-de-obra direta e
custos indiretos.
Bases para o Conhecimento de Custos
Os custos devem refletir a empresa. São reflexos de atitudes, comportamentos, estruturas e modos de operar. Quanto mais estruturada for uma empresa, melhores serão os
resultados encontrados. Quanto menos informações estiverem disponíveis, ou se a qualidade
dessas informações não for das melhores, os resultados encontrados por certos serão
deficientes.
Por se tratar de um assunto que mistura simplicidade quanto aos objetivos e
complexidade no tratamento dos dados, é necessário definir os objetivos que se pretende atingir ao estruturar um sistema de custeio.
Assim, uma empresa apura seus custos para: a) atendimento de exigências legais quanto à apuração de resultados de suas atividades
e avaliação de estoques;. b) Conhecimento dos seus custos para tomada correta de decisões e o exercício de
controles.
Para atender às exigências legais, a empresa precisa adequar seus métodos de apuração de
custos aos princípios contábeis em conformidade com normas e legislações vigentes.
Para a tomada de decisões, podem ser empregados métodos de apuração derivados daquele
anterior, capaz de fornecer as informações que atendam às necessidades gerenciais da
empresa.
CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAL
O objetivo da classificação de materiais é definir uma catalogação, simplificação, especificação, normalização, padronização e codificação de todos os materiais componentes do
estoque da empresa. A necessidade de um sistema de classificação é primordial para qualquer Departamento de Materiais, pois sem ela não pode existir um controle eficiente dos estoques, procedimentos de armazenagem adequados e uma operacionalização do almoxarifado de maneira
correta.
Simplificar material é, por exemplo, reduzir a diversidade de um item empregado para o
mesmo fim. Assim, no caso de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se a
simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simplificarmos um material, favorecemos sua
normalização, reduzimos as despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo, cadernos com capa, número de folhas e formato idênticos contribuem para que haja a normalização. Ao requisitar uma
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quantidade desse material, o usuário irá fornecer todos os dados (tipo de capa, número de folhas e
formato), o que facilitará sobremaneira não somente sua aquisição, como também o desempenho
daqueles que se servem do material, se este um dia apresentar uma forma e outro dia outra forma de
maneira totalmente diferente.
Aliado a uma simplificação é necessário uma especificação do material, que é uma
descrição minuciosa e possibilita melhor entendimento entre o consumidor e o fornecedor quanto ao
tipo de material a ser requisitado.
A normalização, se ocupa da maneira pela qual devem ser utilizados os materiais em suas
diversas finalidades e da padronização e identificação do material, de modo que tanto o usuário como o
almoxarifado possam requisitar e atender os itens, utilizando a mesma terminologia. A normalização é
aplicada também no caso de peso, medida e formato. Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma, dimensão, peso, tipo, uso etc.
A classificação não deve gerar confusão, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo que
seja confundido com outro, mesmo sendo
este semelhante. A classificação, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero e material ocupe
seu respectivo local. Por exemplo: produtos químicos poderão estragar produtos alimentícios se
estiverem próximos entre si. Classificar material, em outras palavras, significa ordená-lo segundo
critérios adotados, agrupando-o de acordo com a semelhança, sem contudo, causar confusão ou
dispersão no espaço e alteração na qualidade.
Identificação de Material
A identificação é o primeiro e o mais importante passo para a classificação do material e
consiste na análise e no registro dos principais dados individualizadores que caracterizam e
particularizam um item em relação ao universo de outros materiais existentes na empresa.
Ela busca, portanto, estabelecer a identidade do material através da especificação das
principais características do item. Entretanto, para especificar é necessário dispor de determinados
dados que descrevam o material, de modo a identificá-lo perfeitamente. E nesta pesquisa e no registro
dos elementos descritivos do material é que se resume o trabalho de especificação.
Os elementos básicos necessários à especificação são:
a) medidas;
b) voltagem, amperagem etc;
c) tipo de acabamento;
d) material empregado na fabricação;
e) normas técnicas;
f) referências comerciais, compreendendo o número da peça, o número ou nome
do modelo;
g) especificação da embalagem;
h) forma de acondicionamento;
i) número e/ou nome do catálogo ou lista de peças (part list);
j) cor;
119
l) nome do fabricante;
m) aplicação do material (identificação do equipamento ou da unidade em que é aplicado).
A obtenção destes dados é feita através de consultas a catálogos ou listas de peças dos
fabricantes e às normas técnicas existentes ou, até mesmo, pela visualização do material.
Métodos de Identificação
Quando a identificação é feita pela descrição detalhada do material, em que procuramos
apresentar todas as particularidades ou características físicas que individualizam o material, independentemente da referência do fabricante (ou comercial), dizemos que o método adotado é o
descritivo.
O método Descritivo é utilizado para especificar os materiais que, para a sua identificação, necessitam de particularização descritivas ou que não apresentam referências comerciais que, de modo
geral, por si só, já caracterizam e individualizam determinados tipos de material.
No exemplo a seguir, vemos que ambos os itens apresentam a mesma referência comercial atribuída pelo fabricante - Ref. 1205. Se fôssemos especificar qualquer um dos itens, apenas, associando à sua nomenclatura (Lápis, Escritório) e número referencial, não estaríamos identificando
nem um nem outro, porque o primeiro apresenta graduação 7 e o segundo, graduação 2, o que os torna
diferentes.
1205 .................... Referência Comercial ........................... 1205
Grafia .................................Mina ................................ Grafia
7.................................. Graduação .................................. 2
Madeira...................... Revestimento ......................... Madeira
Cilíndrico......................... Formato .......................... Cilíndrico
8 mm........................... Diâmetro.............................. 8 mm
175 mm.................... Comprimento ........................ 175 mm
Na aplicação do método, devemos evitar, tanto quanto possível, uma certa tendência para o
exagero de pormenores descritivos, que só contribuem para tornar mais volumoso e cansativo um
catálogo de material.
O método descritivo visa atribuir uma nomenclatura padronizada em toda a empresa, segundo regras específicas, que se constituem em orientação segura na determinação da descrição do
material, devendo ser evitado o uso de gírias, expressões regionais, termos de sentido não técnico ou
empregados em língua estrangeira, palavras que indicam a forma de apresentação do material ou
marcas etc.
A composição da nomenclatura padronizada constitui-se na associação das seguintes
partes :
- Nome básico - É a denominação mais simples ou primária do material e que se constitui no ponto de partida para a identificação.
120
- Nome modificador - É a denominação complementar do nome básico e se destina a
estabelecer a individualização de cada um dos itens portadores do mesmo nome básico.
PAPEL, ALMAÇO
Nomes básicos PAPEL, CORRESPONDÊNCIA Nomes modificadores
PAPEL, EMBALAGEM
Na determinação dos nomes modificadores, não existem regras fixas, podendo, entretanto, serem estabelecidos em função do (a):
* Formato do material
(ARRUELA, CÔNCAVA)
* Tipo do material
(LÂMPADA., FLUORESCENTE)
* Apresentação do material
(SABÃO, BARRA)
* Aplicação do material
(DISCO, FREIO)
* Composição do material
(ÁGUA, MINERAL)
Observamos, nos exemplos apresentados, que o nome básico aparece, sempre, separado
do nome modificador por uma vírgula. A fim de possibilitar e facilitar a ordenação alfabética dos
materiais, suprimimos as preposições, substituindo-as por vírgulas.
Características Físicas
São os dados relativos à composição, dimensão, tolerância, capacitância etc. de um item. Constitui-se em complemento do nome padronizado e formando, juntamente, com este, a descrição
padronizada do material. Normalmente, estes elementos especificados são objetos de normas técnicas
e/ou presentes nos manuais ou catálogos dos fabricantes.
Identificação Auxiliar
A identificação auxiliar, como parte constitutiva e complementar de uma descrição ou
nomenclatura padronizada, aparece como informação opcional. Depende do lay-out de saídas do
computador, podendo aparecer como elemento integrante da descrição ou como informação à parte. Ela é composta dos dados apresentados a seguir.
Aplicação. É a informação que indica a que conjunto maior pertence o item.
Embalagem. É a informação que indica o tipo de apresentação do invólucro do item. Em
muitos casos, a embalagem é fator determinante de diferenciação de materiais que possuem os
121
mesmos “nomes padronizados” e as mesmas "características físicas", mais apresentam invólucros ou, melhor dizendo, unidades de fornecimento diferentes.
Referência Comercial. Corresponde ao número ou ao nome do material (código
referencial) atribuído pelo fabricante, podendo, também, referir-se ao tipo e/ou ao modelo do item.
Concluído o método descritivo de identificação, vejamos o segundo método: O Referencial.
O método Referencial é forma de especificar um material que atribui uma descrição ou uma
nomenclatura mais simplificada, apoiada, basicamente, na própria referência do fabricante.
A nomenclatura referencial é usada em situações em que são desnecessários maiores
detalhamentos para a identificação, aquisição e controle do material, tendo como suficiente, a
referência do fabricante para a sua caracterização e individualização. Este código, referenciado
como part-number, é, na realidade, o próprio número de estoque do fabricante, com base, no qual, os
pedidos são feitos.
A importância de uma boa identificação, seja através de qualquer um dos métodos
apresentados, contribui, de forma significativa, para a movimentação de material, seu controle, localização, registro em computador, compra e obtenção pelo usuário.
Por outro lado, a má identificação, devido à especificação incorreta ou incompleta, possibilita
a ocorrência de: duplicidade de números de estoque, divergências de saldos físicos, sobrecarga nas
áreas de estocagem, controles duplos, estatísticas de consumo falhas e aumento de trabalho no órgão
de classificação.
Codificação De Material
Depois de realizada a identificação do material, o passo subseqüente consiste na atribuição
de um código representativo dos elementos identificados do item que simboliza a identidade do
material.
A atribuição do código visa a simplificar e facilitar as operações na empresa, uma vez que
todo um conjunto de dados descritivos e individualizadores
do material é substituído por um único símbolo representativo. O código torna-se tanto mais necessário
quanto maior for o universo e a diversificação dos itens existentes e transacionados na empresa. O
registro e o controle, principalmente, das transações de material, com base, apenas, na nomenclatura
do item, tornam-se impraticáveis e perigosos.
Existem três tipos de codificações usados na classificação de material: alfabético, alfanumérico e numérico.
Independentemente, deste aspecto, com o incremento do processamento de dados, tornou- se obrigatória a introdução de códigos que possibilitem a entrada e o registro de dados em computador.
No sistema alfabético o material é codificado segundo uma letra, sendo utilizado um
conjunto de letras suficientes para preencher toda identificação do
material; pelo seu limite em termos de quantidade de itens e uma difícil memorização, este sistema está
caindo em desuso.
O sistema alfanumérico é uma combinação de letras e números e permite um número de
itens em estoque superior ao sistema alfabético. Normalmente é dividido em grupos e classes, assim:
AC - 3721
122
código indicador
classe
grupo
O sistema numérico é o mais utilizado pelas empresas, pela sua simplicidade e com
possibilidades de itens em estoque e informações incomensuráveis. Suponhamos que uma empresa
utilize a seguinte classificação para especificar os diversos tipos de materiais em estoque:
01 - matéria-prima
02 - óleos, combustíveis e lubrificantes
03 - produtos em processo
04 - produtos acabados
05 - material de escritório
06 - material de limpeza
Podemos verificar que todos os materiais estão classificados sob títulos gerais, de acordo
com suas características. É uma classificação bem geral. Cada um dos títulos da classificação geral é
submetido a uma nova divisão que individualiza os materiais. Para exemplificar tomemos o titulo 05 - materiais de escritório, da classificação geral, e suponhamos que tenha a seguinte divisão:
Material de Escritório
01 - lápis
02 - canetas esferográficas
03 - blocos pautados
04 - papel carta
Devido ao fato de um escritório ter diversos tipos de materiais, esta classificação torna-se
necessária e chama-se classificação individualizadora.
Cadastramento De Material
Após a identificação, seja pelo método descritivo ou pelo método referencial, e em seguida à
atribuição do código, o material é cadastrado.
O cadastramento visa, portanto, ao registro em computador, dos dados identificadores do
material e do código por que será conhecido o item na empresa, além evidentemente de outras informações referentes ao material, como a unidade de fornecimento, por exemplo.
É o passo necessário à emissão das listagens de material, que servem de base para a
confecção e distribuição de catálogos para consulta e referências dos órgãos envolvidos, direta ou
indiretamente, com o Sistema de Material da empresa.
123
A forma pela qual se processa o cadastramento (inclusões) é feita através de preenchimento
e emissão de formulários próprios da entrada em computador, para processamento das informações e
dos dados dos materiais. De posse deste formulário, o setor encarregado digita estes dados no
sistema.
Catalogação De Material
A catalogação é a última fase do processo de Classificação de Material e consiste em
ordenar, de forma lógica, todo um conjunto de dados relativos aos itens identificados, codificados e
cadastrados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas da empresa.
Visa, portanto, à consolidação, em publicações específicas, de todo um acervo de
informação e dados dos itens cadastrados na empresa. De sistema para sistema de classificação, as
publicações variam de acordo com as necessidades e a seleção de informações e em função dos
programas e lay-out de saídas de computador.
O importante, na catalogação, é usar de simplicidade, objetividade e concisão dos dados
gerados, bem como, ainda, permitir o fácil acesso e rapidez na pesquisa. Uma publicação que obriga a
uma certa demora na consulta e localização do dado procurado está deixando de cumprir seus
objetivos, que são basicamente, os que seguem:
a) Fazer com que o usuário saiba, com certeza, o item que deseja requisitar, a fim de que não lhe seja
fornecido um material diferente, por não ter sido, suficientemente, claro no que especificou. A função
do almoxarifado e do órgão de compras não é adivinhar o que o órgão usuário pretende.
b) Facilitar aos órgãos de compra a obtenção correta do material.
c) Evitar que itens já cadastrados sejam, novamente, incluídos no catálogo com outros códigos.
d) Possibilitar a conferência dos dados de identificação dos materiais colocados nos documentos e
formulários do Sistema de Material.
Basicamente, existem duas situações de localização dos dados de um item no catálogo: - é
conhecida, apenas, a nomenclatura do material ou, então, somente, a referência do fabricante.
Comparativamente, a estas situações, a. localização do telefone ou do
endereço de um assinante resume-se nos seguintes casos:
a) É conhecido, apenas, o número do telefone. Não se sabe o nome (completo) e nem o endereço do
assinante. Para chegar a esta última informação, por exemplo, é preciso consultar dois catálogos: através do catálogo de número dos Telefones (catálogo específico e não publicado), chegamos ao
nome do assinante. Conhecido o seu nome, conseguimos o seu endereço através do Catálogo de
Assinantes.
b) É conhecido, apenas, o nome (completo) do assinante, não se sabendo o número de seu telefone e
nem o seu endereço. Para se obter qualquer uma destas informações, basta consultar o Catálogo
de Assinantes.
c) É conhecido, apenas, o endereço do assinante. Desconhece-se o seu telefone e o seu nome. Para
obter qualquer uma destas informações, basta procurar no Catálogo de Endereços.
Da mesma forma, os catálogos de material devem oferecer opções na localização de
qualquer informação prevista pelo sistema a respeito do material desejado, a partir do conhecimento da
nomenclatura o item ou, somente, com base na referência do fabricante que, em muitos casos, vem
impresso na própria peça.
124
No primeiro caso, uma 1istagem alfabética, organizada em ordem crescente por nome
básico, já é suficiente para conhecermos a nomenclatura oficial do material, o seu número de estoque
e/ou a referência do fabricante. A segunda situação demanda na emissão de uma listagem ordenada
alfanumericamente por ordem crescente de código (part number), de modo que, a partir do
conhecimento desta informação, cheguemos, igualmente, ao número de estoque e/ou nomenclatura do
item.
Além destas listagens básicas de material, outras de natureza mais específica podem a ser emitidas de acordo com a conveniência ou necessidade do sistema, como por exemplo, uma lista de
changes. Seria uma relação cruzada, produzida pelo sistema para informar aos seus usuários o part number que deverá substituir o anteriormente cadastrado, devido à sua alteração pelo próprio
fabricante.
CUSTOS DE ESTOQUE
Todo e qualquer armazenamento de material gera determinados custos que são:
� Juros; � Depreciação; � Aluguel; � Equipamentos de movimentação; � Deterioração; � Obsolescência; � Seguros; � Salários; � Conservação.
Todos eles podem ser agrupados em diversas modalidades:
� Custos com pessoal (salários, encargos sociais); � Custos de capital (juros, depreciação); � Custos com edificação (aluguel, impostos, luz, conservação); � Custos de manutenção (deterioração, obsolescência, equipamento).
Existem duas variáveis que aumentam estes custos:
� Quantidade em estoque.
� Tempo de permanência em estoque.
Todos estes custos relacionados podem ser chamados de custo de armazenagem. são calculados
baseados no estoque médio e geralmente indicados em percentual (%) do valor em estoque (fator armazenagem).
Os custos de armazenagem são proporcionais á quantidade e tempo que um item de material permanece em estoque.
Custo de Armazenagem ( I )
Motivado pela concorrência entre es empresas, têm-se dedicado intensa atenção á minimização
de custos.
Entre os tipos de custo que afetam a rentabilidade da empresa, o custo de estocagem ou
armazenamento se coloca entre eles.
125
Anos atrás o foco principal era dado á produção, relegando à segundo plano as atividades ligadas
a guarda, a movimentação e a estocagem de materiais.
Através da ordem mundial após a segunda guerra , ou seja, a elevação da atividade industrial, início da era da automação, aumentando-se a produção com considerável baixa nos custos de
fabricação.
Verificou-se que os custos decorrentes de armazenagem representavam grande entrave para a
concorrência entre as empresas, representando o meio de eficiência de diminuir consideravelmente os
custos globais da empresa.
Fórmula para cálculo de custo de armazenagem:
Custo de armazenagem = (Q/2)x t x p x i
Onde: Q = quantidade de material em estoque no tempo considerado.
P = preço unitário do material.
I = taxa de armazenamento, expressa geralmente em porcentagem do custo unitário (*) T = tempo considerado de armazenagem.
(*) Não ha impedimento para que seja expresso em valores unitários.
2) O preço unitário deve ser considerado constante no período analisado.
Se não for, deve ser tomado um valor médio. o valor de “I” — taxa de armazenamento — é obtido
através da soma de diversas parcelas. assim temos:
a) Taxa de retorno de capital
IA = 100 x LUCRO
VALOR. ESTOQUES
O capital investido na compra do material armazenado deixa de render juros.
b) Taxa de armazenamento físico
IB = 100 x SxA
CxP
Onde: s = área ocupada pelo estoque
a = custo anual do m2 de armazenamento
c = consumo anual p = preço unitário
Portanto, CxP = valor dos produtos estocados.
c) Taxa de seguro
126
IC = 100 x CUSTO.
ANUAL.
DO.
SEGURO
VALOR. ESTOQUE + EDIFICIOS
d) Taxa de transporte, manuseio e distribuição
ID = 100 x DEPRECIACAO.
ANUAL.
DE.
EQUIPAMENTO
VALOR. DO. ESTOQUE
e) Taxa de obsolescência
IE = 100 x PERDAS.
ANUAIS.
POR.OBSOLESCENCIA
VALOR. DO. ESTOQUE
f) Outras taxas
Taxas como: Água, luz, etc...
1F = 100 X DESPESAS.
ANUAIS
VALOR. DO. ESTOQUE
Conclui-se que a Taxa de Armazenamento é:
I = Ia + Ib + Ic + Id + Ie + If
Os valores acima, podem ser obtidos pela contabilidade ou utilizar valores mencionados no
último balanço, sem a preocupação de precisão.
Para determinação do valor da taxa de armazenagem devem-se levar em conta os tipos de
materiais estocados.
Em certas empresas, algumas parcelas de “I” tem um peso tão grande que torna desnecessário o
cálculo da outra.
Por exemplo:
1) Para algumas empresas a taxa de retorno de capital e a de seguro são as mais importantes por se
referirem a materiais de grande valor. é o caso de joalherias, empresas que trabalham com materiais
eletrônicos, etc.
2) Para outras o espaço ocupado é o fator que pesa mais. por exemplo, as que trabalham com espuma
de poliuretano e papel.
3) Para outras, ainda, é a segurança o mais importante, razão pela qual suas taxas de seguro são altas
(caso de empresas que trabalham essencialmente com inflamáveis e explosivos).
Custo de Pedidos (B)
É o custo em ($) de um pedido de compra. Para calcularmos o custo anual de todos os pedidos
colocados no período de um ano é necessário multiplicarmos o custo de cada pedido pelo numero de
vezes que, em um ano, foi processado.
Se ( n ) for o número de pedidos efetuados durante um ano, o resultado será:
Custo Total Anual de Pedidos = B x N
127
O total das despesas que compõem o Custo Anual de Pedidos são:
a) Mão-de-obra — Para emissão e processamento
b) Material — Utilizado na confecção do pedido ( papel, lápis, borracha, envelope, etc.)
c) Custos Indiretos — Despesas ligadas indiretamente com o pedido ( telefone, luz, escritório de
compra, etc.)
Após a apuração anual destas despesas teremos o custo total anual dos pedidos. Para calcular o custo
unitário. é só dividir o cta pelo número total anual de pedidos.
Custo total anual de pedidos (cta) B = ——————————————————— = Custo Unitário do Pedido
Número anual de pedidos (n)
cta
Logo n = ———
b
LOTE ECONÔMICO
Introdução
A decisão de estocar ou não determinado item é básica para o volume de estoque em qualquer momento. ao tomar tal decisão, há dois fatores a considerar:
1) É econômico estocar o item ?
2) É interessante estocar um item indicado como antieconômico a fim de satisfazer um cliente e, portanto, melhorar as relações com ele ?
O primeiro fator pode ser analisado matematicamente. em geral, não é econômico estocar um
item se isso excede o custo de comprá-lo ou produzi-lo. também pode ser demonstrado que não é
econômico estocar itens quando as necessidades dos clientes, ou a média de consumo da produção, tenham um excesso correspondente à metade da quantidade econômica do pedido.
Com a finalidade de prestar o melhor serviço ao cliente, mesmo em condições antieconômica
para a empresa, torna-se necessário a criação de estoques de determinados itens, com o intuito de não
criar uma ruptura para o cliente.
Quanto deve ser comprado ou produzido de cada vez ?
Existem custos que aumentam a medida que a quantidade do material pedido aumenta, porque
em média, considerando consumo uniforme, metade da quantidade pedida estará em estoque. tais
custos são aqueles vinculados a armazenagem dos materiais, incluindo espaço, seguro, juros, etc.
128
Existem custos que diminuem a medida que a quantidade de material pedida aumenta, com a
distribuição dos custos fixos por quantidade maiores.
No gráfico abaixo podemos perceber um aumento dos custos de armazenagem à medida que a
quantidade dos produtos comprados ou produzidos aumenta, devido à maior quantidade que deve ser armazenada. a curva mais baixa indica o custo total para encomendar material, o qual diminui à medida que aumenta
a quantidade de produtos pedidos de uma só vez.
Esta redução se deve ao fato de que poucos pedidos terão de ser emitidos durante determinado
espaço de tempo e, como resultado, haverá despesas menores de emissão de pedidos de compra. a
curva superior representa o custo total do estoque que é obtido adicionando-se os custos de
armazenagem aos custos de pedido.
Distribuição Física
A logística de distribuição trata das relações empresa-cliente-consumidor, sendo responsável pela
distribuição física de matéria prima, produto em processo e produto acabado até o ponto de seu
consumo e deve assegurar que os pedidos sejam pontualmente entregues, precisos e completos. Distribuição física é fazer o produto chegar aos consumidores, isto é, ligar a empresa aos seus clientes.
� ode usar depósitos para executar tarefas industriais simples.
Postergação de Transporte: � Produtos acabados apenas em poucas facilidades centrais até pedido ser realizado pelo
consumidor; uma vez iniciado processo logístico, a entrega é feita por sistema direto. � Baseado em sistema de informações logístico capaz de transmitir pedidos com alta precisão e
velocidade. � Conforme o caso, posterga-se a fabricação do produto até chegada de pedido. � Exemplo: sistema EDI + entrega rápida; esquemas interorganizacionais: Sears + Whirlpool =
tempo de resposta para entrega de geladeiras de 5 dias.
Consolidação de Carga: É a técnica de otimização do transporte visando unicamente a diminuição do
Custo total logístico de transporte, consiste em “puxar” os produtos dos fornecedores para um local que
consolida e então movimentá-lo até o cliente final. Este tipo de armazém pode ter objetivo somente de
consolidação sem manter nenhum estoque. � Conseguir economia de escala em transporte; � Consolidação por área geográfica: � Entrega consolidada em local intermediário e posterior distribuição; � Segurar entregas até surgir volume mínimo; � Juntar-se a outras empresas e formar um “pool”.
� Distribuição programada: � Limitar entrega a dias predeterminados
� “Pool” de empresas para distribuição. � Há limites para consolidação: última fase pode ser justamente a entrega de carga parcelada.
Localização de Depósitos
Uma rede logística pode ser uma interação complexa dos pontos de: fornecimento, estocagem e
demanda final.
129
As decisões sobre localização envolvem dois níveis de pensamento. Primeiro, uma localização geral precisa ser determinado com base nas considerações de custo e serviço. Em seguida isto pode ter um
ajuste fino utilizando seleção de locais dentro da área geralmente definida.
São varáveis intrínsecas a um problema de localização as questões relativas a: � Número de depósitos
� Local geográfico
� Dimensionamento
A decisão é baseada em critérios: � Qualitativos
� Quantitativos
Critérios qualitativos: São utilizados quando as varáveis são de difícil quantificação e o não cumprimento de um critério pode
desqualificar uma alternativa de qualificação. Muitos critérios qualitativos se relacionam com questões ambientais e geralmente podem ser feitas em
forma de perguntas. Tais como:
� Existe mão-de-obra qualificada e em quantidade suficiente?
� mercado de transporte pode suprir as necessidades?
� Existe infra-estrutura de transportes?
� Existe infra-estrutura Urbana e de serviços (telecomunicações, bancos, manutenção, hospitais, restaurantes, etc.) ?
� Há disponibilidade no que tange a utilidades e energia?
� Existem terrenos disponíveis?
� O mercado de construção civil é adequado?
� Existem facilidades para alugar?
� Como é a topologia dos mercados de fornecedores e de consumo?
Muitas vezes, a avaliação desses critérios já oferece um conjunto de alternativas de localização
bastante “enxuto”.
Critérios quantitativos: São tomada decisões baseadas em informações relativas a clientes e fornecedores, inclui-se a estas, a
demanda por produtos, necessidades de insumos para o processo fabril e as distancias e tempos em
relação ao mercado fornecedor e consumidor.
� Utiliza-se modelos matemáticos para a determinação dos locais: conhecimento de pesquisa
operacional e uso de computadores são requisitos básicos
� Existem diversos modelos de otimização, onde o objetivo é minimizar o custo total; � Em muitos destes modelos, algumas parcelas de custo não são levadas em conta explicitamente,
devendo ser agregadas exogenamente aos custos calculados pelos modelos para a avaliação das
alternativas; � O nível de serviço geralmente é considerado como restrição. Por exemplo, tempo ou distância
máxima do depósito ao fornecedor; � Normalmente trabalha-se com produtos agregados, não item a item (pela própria natureza da
decisão); � O modo de transporte pode ser uma variável, pois os custos dos diversos modos podem ser
determinados.
130
INVENTÁRIO FÍSICO
Uma empresa de porte, decididamente organizada tem uma estrutura de Administração de
Materiais com políticas e procedimentos claramente definidos. Assim sendo uma das suas funções é a
precisão nos registros de estoques; então, toda a movimentação do estoque deve ser registrada pelos
documentos adequados. Considerando que o almoxarifado ou depósito tem como uma das funções
principais o controle efetivo de todo estoque, sua operação deve ir ao encontro dos objetivos de custo e
de serviços pretendidos pela alta administração da empresa.
Periodicamente a empresa deve efetuar contagens físicas de seus itens de estoque e
produtos em processo para verificar:
a) Divergências em valor, entre o estoque físico e o estoque contábil.
b) Divergências entre registros e o físico (quantidade real na prateleira).
c) Apuração do valor total do estoque (contábil) para efeito de balanços ou balancetes. Neste caso o
inventário é realizado próximo ao encerramento do ano fiscal.
d) Avaliar o cumprimento de normas e técnicas de armazenamento e de segurança das instalações.
e) Avaliar o grau de eficiência das operações de controle e armazenamento de material.
f) Apurar indícios de desvios de material.
g) Regularizar situações caóticas decorrentes de sinistros havidos com o material estocado nos
almoxarifados ou da perda de informações.
Classificação Do Inventário De Estoque
O inventário Classifica-se quanto a:
a – modalidade
b – freqüência
c – abrangência
d – método
Quanto a modalidade, o inventário pode ser:
a – Normal – É aquele realizado rotineiramente, decorrente da normal operação do Sistema de
Material.
b – Especial – É aquele realizado para atender uma solicitação especifica, para averiguação de falta, extravio ou desvio de materiais, perda parcial de registros ou outros motivos que justifiquem sua
realização.
131
Quanto a freqüência, o inventário pode ser:
a – Anual – É aquele realizado, obrigatoriamente, ao final do exercício Financeiro.
b – Periódico – É aquele realizado, segundo cronograma pré-estabelecido, em vários períodos do
Exercício Financeiro.
c – Rotativo - É aquele realizado, permanentemente, durante todo o Exercício Financeiro, de forma a
abranger até o final do ano a totalidade dos itens estocados.
Quanto à abrangência, o inventário pode ser:
a – Geral - É aquele realizado para todos os itens, sem exceção, armazenados nos almoxarifados.
b – Parcial - É aquele realizado para um determinado item ou um conjunto de materiais armazenados
nos almoxarifados.
Quanto ao método, o inventário pode ser realizado com:
a – Armazém Aberto – É aquele em que as transações de recebimento e fornecimento são efetuadas, normalmente, durante o inventário e sem prejuízo da contagem.
b – Armazém Fechado – É aquele em que as transações de recebimento e fornecimento permanecem
suspensas enquanto é efetuada a contagem, exceto nos casos de emergência.
Preparação e Planejamento Para o Inventário Convencional
Um bom planejamento e preparação para inventário é imprescindível para a obtenção de
bons resultados. Deverão ser providenciados:
a) Folhas de convocação e serviços, definindo os convocados, datas, horários e locais de trabalho.
a) Fornecimento de meios de registro de qualidade e quantidade adequada para uma correta
contagem.
b) Reanálise da arrumação física.
c) Metodologia para inicio do inventário e treinamento
d) Atualização e análise dos registros
f) Equipe de corte para documentação e movimentação de materiais a serem inventariados.
Atualização e registros de estoques
Todas as entradas e saídas e conseqüentemente saldos dos itens deverão estar obrigatoriamente atualizados até a ata do inventário. O responsável pela atualização do estoque, terá
incumbência de assegurar que todos os tipos de documentos utilizados para registrar o movimento
foram considerados. Os emitentes dos documentos ou o almoxarifado que implicam movimentação do
estoque deverão carimbar com “Antes do Inventário” os documentos emitidos um dia antes da data de
contagem e da mesma forma serão identificados com “Depois do Inventário” os documentos que
registrem o movimento de itens emitidos no dia seguinte ao inventário; o saldo atualizado no sistema de
132
controle de estoque será bloqueado para movimentação. sendo essa a quantidade disponível na data
de inventário. Este saldo será utilizado como estoque para fins de reconciliação com o inventário físico e
eventual reajuste.
Contagem do estoque
Todo item do estoque, sujeito ao inventário será contado necessariamente duas vezes. A primeira
contagem será realizada pela 1° equipe, a qual poderá efetuá-la imediatamente após ter fixado ao lote o
cartão de inventário. Feitas as anotações de contagem na primeira parte do cartão, o executor da
contagem o entregará ao responsável pela primeira contagem, o qual os entregará, por sua vez, ao
responsável pela segunda contagem. A segunda equipe analogamente registrará o
resultado de sua contagem na segunda parte do cartão, entregando-o depois ao coordenador de
inventário. Se a primeira contagem conferir com a segunda contagem, o inventário para este item está
correto; no caso de não conferir, faz-se necessário uma terceira contagem por outra equipe, diferente
das que contaram anteriormente. A tala identificadora do lote permanecerá afixada ao material como
prova de que ele foi contado. Esta poderá ser retirada somente após o término do inventário.
Reconciliações e Ajustes
Os setores envolvidos nos controles de estoque deverão providenciar justificativas para as
variações ocorridas entre os estoque contábil e o inventariado. O departamento de controle de estoque
providenciará a valorização do inventário em um mapa chamado "Controle das Diferenças de
Inventário" como se vê na figura a seguir; será assim efetuada a somatória dos valores contábil, físico, diferenças "a mais", diferenças "a menos" e diferença global. Dentro da política da empresa, os
percentuais de diferenças podem ser aceitos ou não, como regra geral para os itens classe A, não
devem ser aceitos ajustes de inventários, procurando sempre justificar o motivo da diferença.
Contabilidade e Orçamento Empresarial
A contabilidade e o orçamento empresarial apresentam uma estrutura semelhante, o que
nos leva a crer, inicialmente, que ambas possuem os mesmos objetivos. Ao contrário, são duas
atividades distintas, que possuem objetivos diferentes, o que nos força a comparar os objetivos de cada
uma delas. Inicialmente, a Contabilidade possui um importante papel fiscal, que exige dela
obediência total a determinados procedimentos legais. Segundo, por lidar com “fatos reais ocorridos”, a
contabilidade, em princípio, não admite múltiplas interpretações. Já o orçamento, por ter uma função essencialmente gerencial, não está sujeito de forma
integral às especificações legais e contábeis. Por lidar com o futuro e suas incertezas, o orçamento está
sujeito a receber múltiplas interpretações, às vezes até absurdas. Por fim, a contabilidade permite um grau de detalhamento, em geral, muitas vezes maior
do que aquele recomendado para o orçamento - que apenas dá uma interpretação monetária aos
grandes rumos traçados pelos planos de negócios da empresa. Apesar dessa distinção entre os processos de orçamento e contabilidade, o
desenvolvimento do orçamento exige intensa interação entre os dois, pois a contabilidade fornece
importantes informações para os encarregados da elaboração e implementação dos orçamentos, como
por exemplo alíquotas de impostos, custos de produtos e mercadorias vendidas, taxas de encargos
sociais, depreciação, imposto de renda e outros custos e despesas que terminam por influenciar no
resultado operacional da empresa.
A Comunicação no Orçamento
O orçamento não deve ser visualizado como a mera elaboração de um relatório anual, para uma única previsão financeira do exercício. Ao contrário, é uma ferramenta dinâmica que deve ser utilizada com freqüência para manter sempre atualizados os planos desenvolvidos pelos encarregados
133
das despesas das organizações dentro de um determinado período de tempo, seja ele um mês, trimestre, semestre ou ano. Ao integrar as operações totais dos diferentes departamentos da empresa - Administrativo, Comercial, Marketing, Produção, Distribuição, Estoque, etc. -, o orçamento impõe um
intenso relacionamento entre esses departamentos, onde cada encarregado de despesa deve negociar constantemente a sua verba para que possa atingir as metas desejadas pela empresa. Exige também a
discussão dos investimentos necessários em cada departamento bem como a origem das verbas
disponíveis para financiar esses investimentos, que não fazem parte das operações corriqueiras da
empresa.
A manutenção do orçamento exige reuniões periódicas de controle, onde será avaliado o
desenvolvimento das operações previstas pelo planejamento. Devem estar presentes nessas reuniões
todos os interessados pelas áreas envolvidas pelo orçamento. Será discutido nessa reunião o
andamento das operações previstas, comparando o resultado obtido com o desempenho esperado, especialmente apresentando as possíveis falhas orçamentárias, remanejando a verba disponível em
uma operação para possíveis áreas carentes de mais verbas.
Enfim, esse instrumento exige uma intensa e constante discussão, apresentando os
resultados e renegociando a verba disponível para cada área da organização.
Premissas e Fontes de Informações
O desempenho de uma organização não pode ser atribuído a apenas um pequeno
número de detalhes operacionais internos. Na verdade, o resultado obtido por uma empresa em
determinada época se deve a uma relação de fatores internos e externos (cenário de negócios). A
preparação das projeções orçamentárias das empresas pressupõe uma certa visão de futuro, ou seja, é necessária a formulação de hipóteses, com determinadas premissas acerca do desenvolvimento
desse cenário de negócios. Como estará a inflação (demônio que assombrou as empresas nacionais
por anos)? Como estará o poder aquisitivo da clientela ? Os custos de matéria prima e mão de obra? O
que fará a concorrência?
Questões como estas precisam receber respostas antes sejam preparados os
orçamentos. As premissas podem ser agrupadas em dois grandes conjuntos: Premissas Internas e
Premissas Externas.
As primeiras dizem respeito a fatores internos à organização:
⟩ Capacidade de Produção; ⟩ Custos de Produto; ⟩ Objetivos e Metas; ⟩ Capacidade Competitiva; etc.
As premissas de ordem externa se referem a indicadores relativos à economia, em geral, e aos mercados ligados aos negócios da empresa, de forma específica. Destacam-se os indicadores
econômicos relativos à:
⟩ Inflação; ⟩ Taxa de Juros; ⟩ Políticas Salariais; ⟩ Crescimento dos Mercados; ⟩ Investimentos dos Governos; ⟩ Política Cambial; entre outros.
São essas premissas que vão fornecer aos planejadores uma visão geral do cenário ao
qual a empresa se adaptará, indicando as tendências de crescimento ou recessão que serão
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enfrentadas pelas empresas no período seguinte. Elas podem surgir tanto da experiência da empresa
quanto de informações externas a ela.
Despesas Operacionais
Nas despesas operacionais serão incluídas as Despesas Administrativas e Comerciais da
empresa. A projeção das Despesas Administrativas inclui itens alocáveis à área administrativa, como:
⟩ Salários e encargos do Pessoal Administrativo; ⟩ Depreciação de móveis e instalações; ⟩ Manutenção e Conservação; ⟩ Luz; ⟩ Água; ⟩ Telefone; ⟩ Locação de Equipamentos Administrativos (Xerox, máquinas de escrever, etc.) ⟩ Aluguéis e seguros.
A projeção das Despesas Comerciais inclui itens alocáveis à área comercial, tais como:
⟩ Despesas com Pessoal; ⟩ Comissões de Vendedores, Agentes e Distribuidores; ⟩ Gastos com Promoção, Propaganda e Publicidade; ⟩ Provisão para Devedores Duvidosos, etc.
Qualquer conta de qualquer um dos quadros do Orçamento Operacional pode exigir a
preparação de uma ou mais Planilhas Auxiliares. Essa decisão depende do grau de detalhamento e
precisão que se deseja imprimir ao Orçamento Empresarial como um todo. Mais uma vez lembramos
tratar-se de uma questão de equilíbrio e bom senso. È tão ilusória a idéia de precisão por conta de
“detalhes”, como é temerário dar “chutes grosseiros” que se revelarão igualmente de pouca utilidade
para a gestão eficaz da empresa.
Considerações de Desdobramento
Para a elaboração do Orçamento de Resultados, pode-se elaborar quantas planilhas
auxiliares quanto for necessário, para permitir maior clareza às informações utilizadas, desdobrando as
contas apresentadas aqui em quantas forem necessárias para a empresa. O mesmo é válido para os
outros tipos de Orçamento.
A estrutura do Orçamento de Investimentos revela o rol de valores a serem aplicados em
itens do Ativo Permanente e indica a origem dos capitais necessários para suportar os investimentos
previstos. É usual também uma indicação do programa de amortização dos empréstimos contraídos
com terceiros. As contas de investimento são as mesmas que formam o Ativo Permanente das
empresas, ou seja:
Terrenos; Construções; Maquinário; Instalações;
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móveis e Equipamentos; Veículos, entre outras
Os recursos próprios têm origem nos lucros acumulados, realizados e/ou projetados - mantidas margens de segurança adequadas. Os recursos de terceiros podem vir de empréstimos de
longo prazo, emissão de títulos, aumento de capital, venda de patrimônio ocioso, etc.
Potencial de Vendas e Níveis de Investimento
O volume de investimentos a ser realizado pela empresa depende de uma série de
considerações, tais como: necessidade de repor e/ou atualizar itens (instalações, ferramentas, equipamentos, etc.) do ativo
existente; necessidade de ampliar a capacidade de produção para atender aumentos na demanda; capacidade da empresa em suportar, com recursos próprios ou de terceiros, determinado nível de
investimento.
Amortização dos Empréstimos
É prática comum apresentar logo no Orçamento de Investimentos os valores referentes
ao pagamento de encargos financeiros e amortizações do principal de empréstimos obtidos de
terceiros. Estes valores são utilizados nas projeções do Orçamento de Caixa, objeto do módulo IV à
seguir.
Este módulo apresenta o Orçamento de Caixa terceira peça básica do Orçamento
Operacional da empresa.
Estrutura do Orçamento de Caixa
O Orçamento de Caixa consolida as projeções das Entradas e Saídas de numerário. As
contas dos Orçamentos de Resultado e de Investimento são contas operadas pelo regime contábil de
competência, ou seja, os valores investidos ou gastos em uma determinada data não exigem, necessariamente, que sejam desembolsados nessa mesma data. O Orçamento de Caixa, diferentemente, utiliza o regime de caixa, ou seja, apresenta em suas contas as operações financeiras
realizadas no período. Portanto é para se ter uma visão antecipada dos efeitos provocados pelas receitas,
despesas e investimentos no caixa (ou nas disponibilidades) da empresa que se prepara o Orçamento
de Caixa, cuja estrutura reflete a equação fundamental de caixa (Saldo, entradas, saídas e saldo final).
A Equação Fundamental do Caixa
A equação fundamental do equilíbrio do caixa é determinada pelas seguintes relações:
Saldo Inicial ( + ) Entradas ou Ingressos
( - )Saídas ou Desembolsos
( = ) Saldo Final
Onde o Saldo Inicial de um período é o Saldo Final do período imediatamente anterior à
ele. As Entradas e Saídas são definidas com base nos fatos geradores de movimentação de numerário. São exemplos de Entradas ou Ingressos de caixa os recebimentos provenientes de:
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Vendas de Produtos e Serviços; Descontos de Duplicatas; Empréstimos Bancários; Venda ou Desmobilização de Ativos, entre outros
São exemplos de Saídas ou Desembolsos de Caixa os desembolsos referentes a:
Investimentos; Salários, Encargos e Benefícios
Amortização de Empréstimos; Recolhimento de Impostos e Taxas; Pagamento de Dividendos e Participações, entre
outros
Resultado, Investimentos e Caixa
O Orçamento de Caixa é normalmente preparado por último - após as duas peças
anteriormente discutidas do Orçamento Operacional. Como visto, ele sintetiza a movimentação efetiva
de numerário e todos os fatos geradores de movimentação de caixa deverão ser transferidos dos
Orçamentos e Planilhas Auxiliares de Resultado e Investimentos para o de Caixa. Fica evidente que os saldos (disponibilidades e deficiências) de caixa dependem
fundamentalmente do volume, do prazo de recebimento e da lucratividade das vendas. Em função
desses saldos, investimentos programados podem ou não vir a ser realizados. Por outro lado, não
investir pode implicar em não produzir no futuro imediato e, circularmente, não dispor de caixa.
Este módulo oferece uma ampla introdução à análise do ORÇAMENTO EMPRESARIAL, tomando por base seus principais componentes: os Quadros do Orçamento Operacional e as
Demonstrações Financeiras Pro Forma.
O que dizem as Projeções Orçamentárias?
O objetivo buscado ao se preparar as projeções orçamentárias é o de, antecipadamente, poder identificar, analisar e equacionar eventuais constrangimentos ao uso pleno da capacidade
operacional da empresa. Estes constrangimentos podem representar problemas a serem eliminados ou
oportunidades a serem exploradas. Um exemplo de problema é um nível de endividamento elevado em
função de desarticulação entre disponibilidades de caixa e pagamentos de investimentos. Um exemplo
de oportunidade seria uma situação inversa: excesso de disponibilidades de caixa com previsão de
empréstimos bancários dispensáveis. O uso de micro computadores facilita bastante a preparação e a análise do Orçamento
Empresarial, pois permite que se faça rapidamente e com elevado nível de precisão diversas
simulações dos efeitos previsíveis de diferentes alternativas.
Análise Orçamentária e Análise Financeira
A Análise Orçamentária parte de uma Análise Financeira das Demonstrações Contábeis
projetadas e volta aos Quadros e Planilhas Auxiliares do Orçamento Operacional para identificar soluções alternativas. Por exemplo, aumento das margens de venda através do aumento de preços, de
volume ou ambos? Ou através do aumento de volume com redução de preços? Ou vice-versa?
Dessa forma, o Orçamento Operacional oferece ao analista e ao gestor empresarial um
nível de informação que não é obtido quando se analisa apenas as Demonstrações Financeiras. Nem
tampouco são utilizadas projeções das Demonstrações sem se ter por base o Orçamento Operacional da empresa.
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Em resumo, a análise orçamentária acrescenta à análise financeira tradicional uma
perspectiva de futuro; uma melhor visualização das relações entre resultados, investimentos e caixa; e a
possibilidade de identificar as origens de eventuais limitações ao pleno uso do potencial da empresa
Observações Complementares
Uma palavra final sobre o Processo Orçamentário nas empresas. O Orçamento
Empresarial não se trata de um remédio milagroso para todos os males das organizações. Ele não
resolve problemas operacionais graves, ou erros gerenciais. Ele meramente fornece uma visão mais
clara dos limites a serem preservados durante um esforço gerencial de cumprimento de objetivos, que
permite a redução de imprevistos. Além disso, essa ferramenta não é auto-sustentável desde o início de sua utilização. Ela
torna-se auto-sustentável em uma organização após um extenso trabalho de divulgação e
experimentação, quando as pessoas passarão a dar a ela o valor devido, e então passarão a utiliza-la
com a freqüência necessária. Em sua implantação, é necessário que ela seja “vendida” para todos os
colaboradores da empresa, que farão parte do processo operacional. As pessoas necessitam estar habituadas a essa ferramenta, perceber sua importância e, desde então, jamais viverão sem ela.
Conceito de Direito do Trabalho
1)- É o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios
que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações
destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade.
2) Natureza do Direito do Trabalho: as normas do Direito do Trabalho pertencem ao direito privado
(as referentes ao contrato de trabalho) e ao direito público (as referentes ao processo trabalhista).
3) Origem e evolução histórica do Direito do Trabalho no Brasil: abolida a escravidão, em 1888, os
trabalhadores nas indústrias emergentes, muitos deles imigrantes, com tradição sindicalista européia, passaram a exigir medidas de proteção legal; até cerca de 1920, a ação dos anarquistas repercutiu
fortemente no movimento trabalhista; as primeiras normas jurídicas sobre sindicato são do início do
século XX; o CC de 1916 dispunha sobre locação de serviços, e é considerado o antecedente histórico
do contrato individual de trabalho na legislação posterior; na década de 30, com a política trabalhista de
Getúlio Vargas, influenciada pelo modelo corporativista italiano, reestruturou-se a ordem jurídica
trabalhista no Brasil.
4) Conceito de ordenamento jurídico: abrange não apenas as normas jurídicas mas, também, as
instituições, as relações entre as normas consideradas como um conjunto, e que não são unicamente
estatais mas também elaboradas pelos grupos sociais, especialmente as organizações sindicais, os
princípios e outros aspectos; o direito do trabalho situa-se como um ordenamento abaixo do Estado, pelo Estado reconhecido, com características próprias, pondo-se como ordenamento, relacionado com
o Estado com o qual se coordena ou ao qual se subordina, específico das normas, instituições e
relações jurídicas individuais e coletivas de natureza trabalhista.
5) Concepção autotutelar do Direito do Trabalho: consiste na idéia que a tutela jurídica do
trabalhador deve ser efetuada, concomitantemente, pelo Estado, e pelos próprios trabalhadores.
6) Concepção da autonomia privada coletiva: consiste na idéia de que os fundamentos da ordem
sindical devem basear-se em princípios de liberdade e democracia, opondo-se à orientação
corporativista, sem interferência da legislação estatal.
7) Concepção da desregulamentação do Direito do Trabalho: consiste na idéia de que o espaço
legal deve ser diminuído ou suprimido, naquilo que diz respeito às relações coletivas do trabalho, inexistindo normas de organização sindical, de negociação coletiva e de greve, expressando-se em
acordos tais como denominados “pactos sociais”, em que o governo, sindicatos e empresários
estabelecem as bases de seu relacionamento.
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8) Concepção econômica da flexibilização do Direito do Trabalho: consiste em um tratamento das
questões trabalhistas que leva em consideração a situação conjuntural da economia, das empresas e
dos trabalhadores, visando a preservação de postos de trabalho ou, ao menos, a minimização das
dispensas dos trabalhadores, em épocas de baixa demanda do mercado; a flexibilização contempla o
tratamento jurídico diferenciado entre pequenas, médias e grandes empresas, bem como níveis
diferenciados de empregados, cabendo a cada categoria uma série diversa de direitos.
9) Sistemas de relações de trabalho: há mais de um ângulo de classificação dos sistemas de relações
de trabalho, alterando-se de acordo com o critério adotado, dentre outros os critérios políticos- econômicos e os jurídico-normativos, o primeiro partindo da concepção política que preside o sistema e
o segundo das fontes formais e das normas jurídicas trabalhistas.
10) Plurarismo jurídico do Direito Trabalho: nem todo o direito é elaborado pelo Estado, coexistindo, ao lado do direito estatal, um conjunto de normas jurídicas criadas pelos particulares entre si, toleradas
pelo Estado, daí resultando um ordenamento misto, com normas estatais e não estatais; há um direito
estatal e um direito profissional convivendo, formando um complexo de normas jurídicas que se
combinam segundo uma hierarquia própria de aplicação, basicamente apoiada no princípio da
prevalência da norma que resultar em maiores benefícios para o trabalhador, expressando-se como o
princípio da norma favorável.
AUTONOMIA COLETIVA E NEGOCIAÇÕES COLETIVAS
11) Autonomia coletiva: é o princípio que assegura aos grupos sociais o direito de elaborar normas
jurídicas que o Estado reconhece; é o direito positivo auto-elaborado pelos próprios interlocutores
sociais para fixar normas e condições de trabalho aplicáveis ao seu respectivo âmbito de
representação.
12) Negociação coletiva: é exercida pelos sindicatos de trabalhadores, patronais e empresas, através
de negociações coletivas, que são um procedimento desenvolvido entre os interessados, através do
qual discutem os seus interesses visando encontrar uma forma de composição destes.
13) Contrato coletivo: é previsto na Lei 8.542/92, art.º, segundo o qual as normas e condições de
trabalho serão fixadas através de contratos coletivos, convenções coletivas e acordos coletivos.
14) Contrato coletivo substitutivo ou cumulativo: discute-se a eficácia do contrato coletivo, se
substitutiva da lei onde existir, afastando-a, completamente, ainda que in pejus, ou se cumulativa, caso
em que as suas normas e condições de trabalho se somariam às das leis e somente teriam
aplicabilidade in pejus quando o próprio contrato coletivo expressamente o admitisse, forma pelo qual os sindicatos de trabalhadores visam a manter as conquistas das categorias.
15) Convenção coletiva: é um instrumento normativo auto-elaborado em nível de categoria e na base
territorial dos sindicatos estipulantes; foram definidas (CLT, art. 611) como o acordo de caráter normativo pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais
estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações
individuais de trabalho.
16) Natureza normativa da convenção coletiva: tem natureza de norma jurídica; aplica-se a todas
empresas e a todos os trabalhadores dos sindicatos estipulantes na base territorial, sócios ou não do
sindicato; seus efeitos alcançam todos os membros da categoria.
17) Efeito cumulativo das convenções coletivas: as normas e condições de trabalho previstas em
convenções coletivas acumulam-se com as das leis; adquirem força derrogatória da lei apenas quando
esta o permitir, diante do princípio da primazia da ordem pública social e da necessidade de tutela geral do trabalhador.
18) Efeitos obrigacional e normativo da convenção coletiva: tem efeito obrigacional sobre as
entidades signatárias quanto aos direitos e deveres que nessa qualidade fixarem entre si, como a
obrigação de criar uma comissão mista de conciliação na categoria; tem efeito normativo sobre os
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contratos individuais dos trabalhadores e empresas do setor, como o direito a adicionais de horas extras
mais elevados que os da lei.
19) Acordo Coletivo: é facultado aos sindicatos celebrar acordos coletivos com uma ou mais empresas
da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho aplicáveis no âmbito
daquelas, às respectivas relações de trabalho (CTL, art. 611, § 1º); a legitimação para o acordo coletivo, pelo lado patronal, é da empresa, porém a CF/88 (art. 8º, VI) considera obrigatória a participação dos
sindicatos nas negociações coletivas.
20) Coexistência de acordo e de convenção coletiva: podem coexistir em uma mesma empresa da
categoria, caso em que prevalecem as normas e condições de trabalho mais ao trabalhador previstas
nos 2 instrumentos normativos (CLT, art. 622).
21) Pactos sociais: pacto social é o resultado de uma negociação no nível mais alto da sociedade, para determinar os rumos da política social de um país, meio de buscar o consenso dos interessados
antes das reformas profundas de que o mesmo necessita.
A EMPRESA E SEU REGULAMENTO
22) Conceito de regulamento de empresa: consiste num conjunto sistemático de regras sobre
condições gerais de trabalho, prevendo diversas situações a que os interessados se submeterão na
solução dos casos futuros; pode dispor também sobre normas, organização da atividade, disciplina
interna e vantagens conferidas aos trabalhadores, com plena eficácia jurídica, subordinando-se, no
entanto, às leis e instrumentos normativos mais benéficos aos empregados.
23) Tipos de regulamentos: quanto à sua origem são unilaterais (quando elaborados unicamente pelo
empregador e impostos aos trabalhadores) ou bilaterais (desde que, na sua formação, trabalhadores e
empregador participem, discutindo as suas condições); quanto à sua validade, dependem ou não de
homologação do Poder Público; quanto à obrigatoriedade podem ser obrigatórios ou facultativos.
24) Características do Direito brasileiro: quando o regulamento contiver disposições menos
vantajosas do que a convenção coletiva, a sentença normativa ou a lei, não prevalecerão as cláusulas
desfavoráveis, diante do princípio da hierarquia das normas jurídicas trabalhistas; o regulamento pode
ser alterado pelo empregador, porém, as cláusulas regulamentares que revoguem ou alterem vantagens
deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do
regulamento (Enunciado nº 51 do TST); no Brasil os regulamentos de empresas são facultativos, privados, não dependem de homologação, embora os quadros de carreira sim, e geralmente são
unilaterais.
COMPOSIÇÃO HETERÔNOMA DOS CONFLITOS E NORMAS
25) Composição dos conflitos: composição heterônoma do conflito trabalhista é aquela que emana de
um órgão ou pessoa acima das partes; quando o conflito é coletivo, a decisão proferida tem natureza
normativa sobre os integrantes dos grupos conflitantes, como forma de unificação das diretrizes
estabelecidas por quem julga; a decisão do conflito coletivo é atribuída pela CF à Justiça do Trabalho ou
a árbitros (art. 114).
26) Justiça do Trabalho: é órgão do Poder Judiciário estruturado em 3 níveis, as Juntas de
Conciliação e Julgamento, que conhecem e decidem conflitos individuais mediante sentenças, os
Tribunais Regionais do Trabalho, que apreciam originariamente dissídios coletivos depois de esgotadas
as tentativas de negociação coletiva entre as partes, diretamente ou com a mediação do Ministério do
Trabalho, e o Tribunal Superior do Trabalho, que também aprecia dissídios coletivos, originariamente ou
em grau de recurso das decisões dos TRT.
27) Jurisprudência: é fonte de direito; assim, também, quanto ao direito do trabalho (CLT, art. 8º); aqui é empregada como o conjunto de decisões proferidas por um Tribunal, reiteradamente e de forma a
construir uma diretriz de solução para os casos futuros e iguais.
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28) Poder normativo e sentenças normativas: poder normativo, no sentido amplo, é a faculdade
conferida por lei a órgãos não integrantes do Legislativo, para que possam estabelecer enlaces jurídicos
espontâneos ou decidir conflitos coletivos submetidos à jurisdição; as decisões proferidas pelos TRT
nos dissídios coletivos têm o nome de sentenças normativas; aos TRT foi conferido um poder normativo; criam, com as suas decisões proferidas nos dissídios coletivos, normas que serão aplicáveis
às relações individuais de trabalho dos setores representados pelos sindicatos que figuram no dissídio. 29) Justiça Comum: compete à ela, decidir processos em que sindicatos disputam a representação de
uma categoria; decide processos nos quais associações de sindicatos ou membros da categoria não
associados litigam contra o próprio sindicato em torno de eleições sindicais, cobrança de contribuições
sindicais e assuntos correlatados que não configuram um dissídio individual ou coletivo entre
trabalhador e empregador; apreciar e decidir as questões de acidentes de trabalho e doença
profissional.
30) Arbitragem e laudo arbitral: laudo arbitral é a decisão proferida por um árbitro escolhido pelas
partes, num conflito coletivo de trabalho; terá o efeito de decisão irrevogável, de natureza não judicial, mas cujo cumprimento é exigível; a arbitragem é um procedimento alternativo do dissídio coletivo, com
o qual não se confunde por seu caráter privado e não jurisdicional (CF, art. 114, §§ 1º e 2º, Lei 7.783/89, art. 7º).
APLICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS
31) Complexidade do ordenamento jurídico trabalhista: resulta da coexistência, nele, de diferentes
tipos de normas produzidas através de fontes estatais e não estatais e da dinâmica que apresenta essa
plurinormatividade na medida da sua constante renovação e das naturais dúvidas que, em cada caso
concreto, surgem, na tarefa de escolher qual é a norma que deve ser aplicada; os problemas
decorrentes da multiplicidade de fontes e de normas existem e procuram ser resolvidos pelo direito do
trabalho, uma vez que é necessário manter a coerência do sistema que é uma questão de hierarquia, afastando as antinomias entre as normas; encontrar meios para resolver o caso concreto quando não
há no ordenamento uma norma específica para ele, que é o problema da integração das lacunas; e
compreender o significado das diretrizes que estão contidas nas normas, que é a sua interpretação, sendo esses os aspectos nucleares da aplicação do direito do trabalho.
HIERARQUIA
32) Escalonamento das normas: o ordenamento jurídico, como todo o sistema normativo, é um
conjunto de normas de conduta, de organização, de competência, de direitos subjetivos e deveres, aspecto do qual resulta a necessidade de ser estabelecida uma correlação entre as normas visando à
coerência do sistema.
33) Princípio da norma mais favorável ao trabalhador: a Constituição Federal é a norma jurídica
maior na pirâmide normativa do direito do trabalho; há contudo, um aspecto peculiar ao direito do
trabalho; a sua finalidade não é igual à do direito comum; neste a hierarquia das normas cumpre a
função política de distribuição de poderes entre a União, os Estados e os Municípios; no direito do
trabalho o objetivo maior é o social, a promoção da melhoria das condições sociais do trabalhador; esse
aspecto influiu na formação de um princípio próprio do direito do trabalho sobre a hierarquia de suas
normas; é o princípio da norma mais favorável ao trabalhador, segundo o qual, havendo duas ou mais
normas sobre a mesma matéria, será aplicada, no caso concreto, a mais benéfica para o trabalhador.
34) Derrogações ao princípio: o princípio da norma mais favorável não é absoluto; tem exceções ou
derrogações resultantes de imperativos diferentes; primeira, diante das leis proibitivas, uma vez que, se
o Estado, através de lei, vedar que através de outras normas jurídicas seja dispensado um tratamento
mais benéfico ao trabalhador; segunda, diante das leis de ordem pública, ainda que não expressamente
proibitivas, pela sua função de garantia maior da sociedade; nada impede que a negociação coletiva
venha a cumprir, excepcionalmente, o papel flexibilizador, redutor de vantagem, o que pressupõe
acordo com o sindicato.
INTERPRETAÇÃO
141
35) Ato interpretativo: opera-se em todo o direito, assim, também, no direito do trabalho, no qual também é necessário escolher, entre os diversos significados possíveis da regra contida na norma
jurídica, aquele que se mostra mais consistente de acordo com a sua finalidade, a sua razão de ser e os
limites impostos pelo sistema normativo.
36) Algumas técnicas do Direito Comum: a) interpretação gramatical: consiste na verificação do
sentido exato do texto gramatical das normas jurídicas, do alcance das palavras empregadas pelo
legislador; b) lógica: estabelece uma conexão entre os diferentes textos legais, supondo os meios
fornecidos pela interpretação gramatical; c) teleológica: volta-se para a procura do fim objetivado pelo
legislador, elegendo-o como fonte do processo interpretativo do texto legal; d) autêntica: é aquela que
emana do próprio órgão que estabeleceu a norma interpretada, declarando o seu sentido e conteúdo
por meio de outra norma jurídica.
37) Interpretação do Direito do Trabalho: ao interpretá-lo, o interprete deverá, embora partindo do
método gramatical e do sentido e alcance das palavras, alcançar o sentido social das leis trabalhistas e
a função que exercem na sociedade empresarial; a função interpretativa encontra seu principal agente
no juiz do trabalho.
INTEGRAÇÃO DAS LACUNAS
38) Conceito: integração é o fenômeno pelo qual a plenitude da ordem jurídica é mantida sempre que
inexistente uma norma jurídica prevendo o fato a ser decidido; consiste numa autorização para que o
interprete, através de certas técnicas jurídicas, promova a solução do caso, cobrindo as lacunas
decorrentes da falta de norma jurídica.
39) Analogia: consiste na utilização, para solucionar um determinado caso concreto, de norma jurídica
destinada a caso semelhante; é admissível somente quando existir uma autorização nesse sentido, como no direito do trabalho (CLT, art. 8º).
40) Eqüidade: é um processo de retificação das distorções da injustiça da lei (sentido aristotélico); é um
processo de criação de norma jurídica que integrará o ordenamento.
41) Princípios gerais do direito: com o propósito de integrar o direito positivo, quando se mostrar lacunoso, a ciência do direito admite a elaboração de uma norma jurídica valendo-se dos modelos
teóricos dos quais será extraída a matéria que servirá de conteúdo à norma assim projetada no
ordenamento jurídico; portanto deles podem ser tirados os elementos necessários para a constituição
da norma aplicável ao caso concreto.
EFICÁCIA DA LEI TRABALHISTA NO TEMPO
42) Irretroatividade: segundo o princípio da irretroatividade, a lei nova não se aplica aos contratos de
trabalho já terminados; acrescente-se que nem mesmo os atos jurídicos já praticados nos contratos de
trabalho em curso no dia do início da sua vigência.
43) Efeito imediato: de acordo com o princípio do efeito imediato, quando um ato jurídico, num contrato
em curso, não tiver ainda sido praticado, o será segundo as regras da lei nova; quer dizer que entrando
em vigor, a lei se aplica, imediatamente, desde logo, às relações de emprego que se acham em
desenvolvimento.
EFICÁCIA NO ESPAÇO
44) Princípio da territorialidade: as leis trabalhistas vigoram em um determinado território ou espaço
geográfico; é o princípio da territorialidade que prevalece, significando, simplesmente, que a mesma lei disciplinará os contratos individuais de trabalho tanto dos empregados brasileiros como de outra
nacionalidade; aos estrangeiros que prestam serviço no Brasil, é aplicada a legislação brasileira.
PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO
142
45) Função integrativa dos princípios segundo a CLT: a lei trabalhista (CLT, art. 8º) dispõe que as
autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas
gerais do direito, principalmente do direito do trabalho.
46) Função diretiva dos princípios: os princípios constitucionais não podem ser contrariados pela
legislação infraconstitucional; não fosse assim, ficaria prejudicada a unidade do ordenamento jurídico; a
forma de preservá-la é a aplicação dos princípios.
47) Direitos e garantias fundamentais: são princípios gerais do direito, aplicáveis no direito do
trabalho, os princípios constitucionais fundamentais da Constituição, presentes no Título I; há princípios
gerais no art. 5º, o respeito à dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa, mais inúmeros outros, todos relacionados com questões trabalhistas.
48) Princípios constitucionais específicos: liberdade sindical (art. 8º); não-interferência do Estado na
organização sindical (art. 8º); direito de greve (9º), representação dos trabalhadores na empresa (11), reconhecimento de convenções e acordos coletivos (7º, XXVII); etc.
49) Função do princípio da norma favorável ao trabalhador: é tríplice a sua função: primeiro, é
princípio de elaboração de normas jurídicas, significando que, as leis devem dispor no sentido de
aperfeiçoar o sistema, favorecendo o trabalhador, só por exceção afastando-se desse objetivo; a
segunda função é hierárquica, é princípio de hierarquia entre as normas; é necessário estabelecer uma
ordem de hierarquia na aplicação destas; assim, havendo duas ou mais normas, estatais ou não
estatais, aplica-se a que mais beneficiar o empregado; a terceira função é interpretativa, para que, havendo obscuridade quanto ao significado destas, prevaleça a interpretação capaz de conduzir o
resultado que melhor se identifique com o sentido social do direito do trabalho.
50) Princípio da condição mais benéfica: significa que na mesma relação de emprego uma vantagem
já conquistada não deve ser reduzida.
51) Princípio da irrenunciabilidade dos direitos: é nulo todo ato destinado a fraudar, desvirtuar ou
impedir a aplicação da legislação trabalhista; só é permitida a alteração nas condições de trabalho com
o consentimento do empregado e, ainda assim, desde que não lhe acarretem prejuízos, sob pena de
nulidade.
ÂMBITO DE APLICAÇÃO DA CLT
52) Âmbito pessoal: verificá-lo consiste em determinar a que tipo de pessoas a lei é aplicável; a CLT é
aplicável a trabalhadores; não a todos os trabalhadores (art. 1º), porém apenas àqueles por ela
mencionados e que são empregados (art. 3º); não há discrimação de empregados; todos os
trabalhadores que se enquadrem com tal serão alcançados pela CLT.
53) Trabalhadores excluídos: o trabalhador autônomo, o eventual e o empreiteiro.
54) Âmbito material: saber qual é o âmbito material de aplicação da CLT é o mesmo que definir quais
os tipos de relações jurídicas sobre as quais as suas normas atuarão; no direito do trabalho há 3 tipos
de relações jurídicas: as relações individuais entre empregados e empregadores; as coletivas entre os
sindicatos de empregados e de empregadores ou entre aqueles e as empresas; as de direito
administrativo entre o Estado e os empregadores ou os empregados.
2ª Parte
DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO E CONTRATO DE TRABALHO
Contrato de Trabalho e Relação de Trabalho
143
1) Conceito: haverá contrato de trabalho sempre que uma pessoa física se obrigar a realizar atos, executar obras ou prestar serviços para outra e sob dependência desta, durante um período
determinado ou indeterminado de tempo, mediante o pagamento de uma remuneração; quanto à
relação de emprego, dar-se-á quando uma pessoa realizar atos, executar obras ou prestar serviços
para outra, sob dependência desta, em forma voluntária e mediante o pagamento de uma remuneração, qualquer que seja o ato que lhe dê origem.
2) Natureza jurídica: são 2 as teorias: Contratualismo, é a teoria que considera a relação entre
empregado e empregador um contrato; o seu fundamento reside numa tese; a vontade das partes é a
causa insubstituível e única que pode constituir o vínculo jurídico; anticontratualismo, ao contrário, sustenta que a empresa é uma instituição, na qual há uma situação estatutária e não contratual; o
estatuto prevê as condições de trabalho, que são prestadas sob a autoridade do empregador, que é
detentor do poder disciplinar; a Lei Brasileira define a relação entre empregado e empregador como um
contrato, mas afirma que o contrato corresponde a uma relação de emprego (CLT, art. 442).
* o contrato de trabalho é contrato de direito privado, consensual, sinalagmático (perfeito), comutativo, de trato sucessivo, oneroso e, regra geral, do tipo dos contratos de adesão
3) Classificação: 1) Quanto à forma: pode ser verbal ou escrito, a relação jurídica pode ser formada
pelo ajuste expresso escrito, pelo ajuste expresso verbal ou pelo ajuste tácito; 2) quanto à duração: há
contratos por prazo indeterminado e contratos por prazo determinado (CLT, art. 443); a diferença entre
ambos depende simplesmente de ver se na sua formação as partes ajustaram ou não o seu termo final; se houve o ajuste o quanto ao termo final, o contrato será por prazo determinado; a forma comum é o
contrato por prazo indeterminado.
4) Contrato de trabalho individual: é o acordo, tácito ou expresso, formado entre empregador e
empregado, para a prestação de serviço pessoal, contendo os elementos que caracterizam uma relação
de emprego.
5) Contrato de trabalho coletivo: é o acordo de caráter normativo, formado por uma ou mais
empresas com entidades sindicais, representativas dos empregados de determinadas categorias, visando a auto-composição de seus conflitos coletivos.
6) Contrato de trabalho de equipe: é aquele firmado entre a empresa e um conjunto de empregados, representados por um chefe, de modo que o empregador não tem sobre os trabalhadores do grupo os
mesmos direitos que teria sobre cada indivíduo (no caso de contrato individual), diminuindo, assim, a
responsabilidade da empresa; é forma contratual não prevista expressamente na legislação trabalhista
brasileira, mas aceita pela doutrina e pela jurisprudência.
7) Contrato de trabalho e contrato de sociedade: no contrato de trabalho, existe sempre troca de
prestações entre o empregado e o empregador, sendo o primeiro subordinado ao segundo; no contrato
de sociedade, há trabalho comum, e também a intenção comum dos sócios de compartilharem lucros e
assumirem as perdas e os riscos do empreendimento (affectio societatis), inexistindo, além disso, qualquer vínculo de subordinação entre os sócios.
8) Contrato de trabalho e contrato de empreitada: no contrato de trabalho, existe vínculo jurídico de
subordinação, sendo o empregado supervisionado pelo empregador, seu objeto é fundamentalmente o
trabalho subordinado; no contrato de empreitada, a execução do trabalho não é dirigida nem fiscalizada
de modo contínuo pelo contratante, seu objeto é o resultado do trabalho.
9) Contrato de trabalho e contrato de mandato: tanto em um como o outro existem vínculos de
subordinação jurídica a quem remunera o serviço; no entanto, o vínculo de subordinação é mais
acentuado no contrato de trabalho; o de mandato permite maior autonomia ao mandatário; a distinção
consiste no grau de subordinação.
Empregado
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10) Conceito: Empregado é a pessoa física que presta pessoalmente a outrem serviços não eventuais, subordinados e assalariados. “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário” (CLT, art. 3º).
11) Requisitos legais do conceito: a) pessoa física: empregado é pessoa física e natural; b) continuidade: empregado é um trabalhador não eventual; c) subordinação: empregado é um trabalhador cuja atividade é exercida sob dependência; d) salário: empregado é um trabalhador assalariado, portanto, alguém que, pelo serviço que presta, recebe uma retribuição; e) pessoalidade: emmpregado é
um trabalhador que presta pessoalmente os serviços.
12) Diferença entre empregado e trabalhador autônomo: o elemento fundamental que os distingue é
a subordinação; empregado é trabalhador subordinado; autônomo trabalha sem subordinação; para
alguns, autônomo é quem trabalha por conta própria e subordinado é quem trabalha por conta alheia; outros sustentam que a distinção será efetuada verificando-se quem suporta os riscos da atividade; se
os riscos forem suportados pelo trabalhador, ele será autônomo.
13) Diferença entre empregado e trabalhador eventual: há mais de uma teoria que procura explicar essa diferença: Teoria do evento, segundo a qual eventual é o trabalhador admitido numa empresa para
um determinado evento; dos fins da empresa, para qual eventual é o trabalhador que vai desenvolver numa empresa serviços não coincidentes com os seus fins normais; da descontinuidade, segundo a
qual eventual é o trabalhador ocasional, esporádico, que trabalha de vez em quando; da fixação, segundo a qual eventual é o trabalhador que não se fixa a uma fonte de trabalho; a fixação é jurídica.
14) Trabalhador avulso: são características do trabalho avulso a intermediação do sindicato do
trabalhador na colocação da mão-de-obra, a curta duração do serviço prestado a um beneficiado e a
remuneração paga basicamente em forma de rateio procedido pelo sindicato; pela CF/88, art. 7º XXXIV, foi igualado ao trabalhador com vínculo empregatício.
15) Trabalhador temporário: é aquele que prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à
necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou acréscimo
extraordinário de serviços (art. 2º, da Lei 6.019/74); completa-se com outro conceito da mesma lei (art. 4º), que diz: compreende-se como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores
devidamente qualificados, por elas remunerados e assistidos.
16) Terceirização: é a transferência legal do desempenho de atividades de determinada empresa, para
outra empresa, que executa as tarefas contratadas, de forma que não se estabeleça vínculo
empregatício entre os empregados da contratada e a contratante; é permitida a terceirização das
atividades-meio (aquelas que não coincidem com os fins da empresa contratante) e é vedada a de
atividades-fim (são as que coincidem).
17) Estagiário: não é empregado; não tem os direitos previstos na CLT aplicáveis às relações de
emprego.
18) Empregado doméstico: é qualquer pessoa física que presta serviços contínuos a um ou mais
empregadores, em suas residências, de forma não-eventual, contínua, subordinada, individual e
mediante renumeração, sem fins lucrativos; a Lei 5.589/72, fixou, como seus direitos, a anotação da
CTPS, férias anuais de 20 dias e previdência social; a Lei 7.195/84, prevê a responsabilidade civil da
agência de colocação de empregado doméstico, pelos danos que este acarretar aos patrões; a CF/88
ampliou os direitos atribuídos por lei ordinária, sendo os seguintes: salário mínimo; irredutibilidade da
remuneração; 13º salário; repouso semanal remunerado; aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, no mínimo de 30 dias; licença maternidade (120 dias); licença paternidade; férias com remuneração
acrescida em 1/3; aposentadoria.
19) Empregado rural: é o trabalhador que presta serviços em propriedade rural, continuadamente e
mediante subordinação ao empregador, assim entendida, toda pessoa que exerce atividade
agroeconômica; o contrato de trabalho rural pode ter duração determinada e indeterminada; são
admitidos contratos de safra; seus direitos que já eram praticamente igualados aos do urbano, pela Lei
145
5.889/73, foram pela CF/88 totalmente equiparados; o trabalhador de indústria situada em propriedade
rural é considerado industriário e regido pela CLT e não pela lei do trabalho rural (TST, Enunciado nº
57).
20) Empregado em domicílio: as relações de emprego são desenvolvidas no estabelecimento do
empregador e fora dele; estas são cumpridas em locais variados, denominando-se “serviços externos”, ou na residência do empregado, quando têm o nome de “trabalho em domicílio” (CLT, art. 6º); a
prestação de serviços externos não descaracteriza o vínculo empregatício.
21) Empregado aprendiz: surge da relação jurídica desenvolvida na empresa, visando à formação de
mão-de-obra, em que a lei admite a admissão de menores, observadas certas formalidades, para que
prestem serviços remunerados recebendo os ensinamentos metódicos de uma profissão; a CLT (art. 80, § único) define aprendiz como o menor de 12 a 18 anos sujeito à formação profissional metódica do
ofício em que exerça o seu trabalho.
22) Diretor de sociedade: para a teoria tradicional, não é empregado; é mandatário; a relação jurídica
que o víncula à sociedade é de mandato e não de emprego; para a teoria contemporâneo, não há
incompatibilidade entre a condição de diretor da sociedade e a de empregado; o elemento fundamental que definirá a situação do diretor de sociedade é a subordinação.
23) Empregado acionista: não são incompatíveis as condições de empregado e acionista de
sociedade anônima, desde que o número de ações (que lhe dê condições de infuir nos destinos da
sociedade em dimensão expressiva) não se eleve a ponto de transformar o empregado em
subordinante e não em subordinado.
24) Cargo de confiança: é aquele no qual o empregado ocupa uma posição hierárquica elevada na
qual tenha poderes de agir pelo empregador nos seus atos de representação externa; é aquele
existente na alta hierarquia administrativa da empresa, conferindo ao ocupante amplo poder de decisão; difere do empregado comum apenas pelas restrições de direitos trabalhistas que sofre.
Empregador
25) Conceito: é o ente, dotado ou não de personalidade jurídica, com ou sem fim lucrativo, que tiver empregado; “considera-se empregador a empresa. individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da
atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços” (CLT, art. 2º).
26) Tipos de empregador: há o empregador em geral, a empresa, e o empregador por equiparação, os
profissionais liberais, etc.; quanto à estrutura jurídica do empresário, há pessoas físicas. firmas
individuais e sociedades, sendo principal a anônima; quanto à natureza da titularidade, há
empregadores proprietários, arrendatários, cessionários, usufrutuários, etc.; quanto ao tipo de atividade, há empregadores industriais, comerciais, rurais, domésticos e públicos.
27) Responsabilidade solidária dos grupos de empresa: sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou
administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada
uma das subordinadas (CLT, art. 2º, § 2º).
28) Poder de direção: é a faculdade atribuída ao empregador de determinar o modo como a atividade
do empregado, em decorrência do contrato de trabalho, deve ser exercida.
29) Poder de organização: consiste na ordenação das atividades do empregado, inserindo-as no
conjunto das atividades da produção, visando a obtenção dos objetivos econômicos e sociais da
empresa; a empresa poderá ter um regulamento interno para tal; decorre dele a faculdade de o
empregado definir os fins econômicos visados pelo empreendimento.
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30) Poder de controle: significa o direito de o empregador fiscalizar as atividadas profissionais dos
seus empregados; justifica-se, uma vez que, sem controle, o empregador não pode ter ciência de que, em contrapartida ao salário que paga, vem recebendo os serviços dos empregados.
31) Poder disciplinar: consiste no direito de o empregador impor sanções disciplinares ao empregado, de forma convencional (previstas em convenção coletiva) ou estatutária (previstas no regulamento da
empresa), subordinadas à forma legal; no direito brasileiro as penalidades que podem ser aplicadas são
a suspensão disciplinar e a advertência; o atleta profissional é ainda passível de multa.
32) Sucessão de empresas: significa mudança na propriedade da empresa; designa todo
acontecimento em virtude do qual uma empresa é absorvida por outra, o que ocorre nos casos de
incorporação, transformação e fusão.
33) Princípio da continuidade da empresa: consiste em considerar que as alterações relativas à
pessoa do empresário não afetam o contrato de trabalho e também no fato de que, dissolvida a
empresa, ocorre extinção do contrato de trabalho. 34) Efeitos: subroga-se o novo proprietário em todas as obrigações do primeiro, desenvolvendo-se
normalmente o contrato de trabalho, sem qualquer prejuízo para o trabalhador; a contagem do tempo
de serviço não é interrompida; as obrigações trabalhistas vencidas à época do titular alienante, mas
ainda não cumpridas, são exigíveis; as sentenças judiciais podem ser executadas, desde que não
prescritas, respondendo o sucessor, por seus efeitos; etc.
35) Alteração na estrutura jurídica da empresa: entende-se por ela toda modificação em sua forma
ou modo de constituir-se; ficam preservados os direitos dos trabalhadores; a CLT, estabelece o princípio
da continuidade do vínculo jurídico trabalhista, declarando que a alteração na estrutura jurídica e a
sucessão de empresas em nada o afetará (arts. 10 e 448).
Admissão do empregado
36) Natureza: a natureza do ato de admissão do empregado é explicado de modo diferente pelo
contratualismo e pelo anticontratualismo; pelo primeiro, a admissão é um ato de vontade das partes do
vínculo jurídico; é um contrato de adesão, pelo qual o empregado, sem maiores discussões sobre os
seus direitos, simplesmente adere aos direitos previstos nas normas jurídicas sem sequer pleiteá-los ou
negociá-los com o empregador; pelo segundo, o vínculo entre empregado e empregador não é um
contrato; não há acordo de vontades; a admissão não tem natureza negocial, contratual; as partes não
ajustam nada; o empregado começa simplesmente a trabalhar.
37) Forma do contrato: os ajustes serão expressos ou tácitos; os expressos, por sua vez, serão
verbais ou escritos; o contrato de trabalho é informal; pode alguém tornar-se empregado porque
verbalmente fez um trato nesse sentido; porque assinou um contrato escrito; pode, ainda, alguém
tornar-se empregado porque, embora nada ajustando, começou a trabalhar pra o empregador sem a
oposição deste.
38) Duração do contrato: o empregado, quando admitido de forma expressa, o será por prazp
indeterminado ou determinado (CLT, art. 443); silenciando-se as partes sobre o prazo, o contrato será
por prazo indeterminado; a CLT permite contratos a prazo, em se tratando de atividades de caráter transitório, de serviço cuja natureza ou transitoriedade o justifique e em se tratando de contratos de
experiência.
39) Contrato de experiência: denomina-se assim, aquele destinado a permitir que o empregador, durante um certo tempo, verifique as aptidões do empregado, tendo em vista a sua contratação por prazo indeterminado.
40) Carteira de trabalho e previdência social (CTPS): sua natureza é de prova do contrato de
trabalho; tanto nas relações de emprego verbalmente ajustadas como naquelas em que há contrato
escrito, haverá, além do contrato com as cláusulas combinadas, a carteira; quanto a sua
obrigatoriedade, nenhum empregado pode ser admitido sem apresentar a carteira, e o empregador tem
o prazo legal de 48 horas para as anotações, devolvendo-a em seguida ao empregado (CLT, art. 29); as
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anotações efetuadas na carteira geram presunção relativa quanto à existência da relação de emprego; serão efetuadas pelo empregador, salvo as referentes a dependentes do portador para fins
previdenciários, que serão feitas pelo INSS, bem como as de acidentes de trabalho (arts. 20 e 30, CLT).
41) Registro: a lei obriga o empregador a efetuar o registro de todo empregado em fichas, livros ou
sistema eletrônico (CLT, art. 41); tem a natureza de prova do contrato, é documento do empregador, prestando-se para esclarecimentos solicitados pela fiscalização trabalhista da DRT.
42) Capacidade do empregado e nulidade do contrato: pode contratar emprego toda pessoa; os
menores de 18 anos dependem de autorização do pai ou responsável legal (CLT, art. 402), visto que
depende dele para obter a carteira profissional; a CLT, proíbe o trabalho do menor de 12 anos, a CF/88, elevou essa idade para 14, salvo em se tratando de aprendiz; mesmo quando o contrato é nulo, por ser o agente incapaz, os direitos trabalhistas são assegurados ao trabalhador.
Alteração nas Condições de Trabalho
43) Princípio legal da imodificabilidade: nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração
das respectivas condições por mútuo consentimento e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou
indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia
(art. 468, CLT).
44) Princípio doutrinário do Jus variandi: é o direito do empregador, em casos excepcionais, de
alterar, por inposição e unilateralmente, as condições de trabalho dos seus empregados; fundamenta
alterações relativas à função, ao salário e ao local da prestação de serviços.
Suspensão e Interrupção do Contrato
45) Suspensão do contrato de trabalho: é a paralização temporária dos seus principais efeitos.
46) Interrupção do contrato de trabalho: é a paralização durante a qual a empresa paga salários e
conta o tempo de serviço do empregado.
47) Contratos a prazo: há divergência quanto aos critérios que devem prevalecer neles; para uma
teoria, a suspensão e a interrupção deslocam o termo final do contrato; retornando ao emprego, o
trabalhador teria o direito de completar o tempo que restava do seu afastamento; a CLT (art. 472, § 2º) deixou à esfera do ajuste entre as partes os efeitos dos afastamentos nos contratos a prazo; se
ajustarem, o termo final será deslocado; não havendo o acordo, mesmo suspenso o trabalho, terminada
a duração do contrato previamente fixada pelas partes, ele estará extinto, apesar da suspensão ou
interrupção.
48) Dispensa do empregado: o empregado pode ser sempre dispensado, com ou sem justa causa; há
divergências quanto à possibilidade de dispensa do empregado cujo contrato está suspenso ou
interrompido; a lei nada esclarece, assim, não a vedando; porém, o empregado não poder ser prejudicado; a partir do retorno, teria direito, mantido o contrato, interrompido ou suspenso, às
vantagens, especialmente reajustamentos salariais, que se positivarem durante o afastamento; nesse
caso, ressalvados os prejuízos, a dispensa pode ocorrer.
49) Faltas ao serviço: justificadas são as faltas que o empregado pode dar, sem prejuízo da
remuneração e dos demais direitos; são justificadas as faltas dispostas no art. 473, da CLT; se é
justificada, o empregado receberá a remuneração do dia, ou dos dias, bem como a remuneração do
repouso semanal, não sofrendo, igualmente, qualquer desconto de dias de duração de férias; se. no
entanto, é injustificada, todas as conseqüências acima mencionadas ocorrerão legalmente.
Transferência de Empregado
50) Conceito legal de transferência: a CLT (art. 469) considera transferência a ato pelo qual o
empregado passa a trabalhar em outra localidade, diferente da que resultar do contrato, desde que
importar em mudança do seu domicílio.
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51) Transferências lícitas: é lícita a transferência do empregado, com a sua anuência (CLT, art. 469); a concordância do empregado é que legitimará a transferência; sem sua anuência é lícita a
transferência em caso de necessidade de serviço, mediante o pagamento de adicional de transferência
de 25%, e ocorrendo a extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado.
52) Empregados intransferíveis: a CLT (art. 543) impede a transferência de empregados eleitos para
cargo de administração sindical ou de representação profissional para localidades que impeçam o
desempenho dessas atribuições; a CLT (art. 659, IX) prevê a concessão de medidas liminares pelos
juízes do trabalho, sustando transferências ilícitas.
53) Efeitos econômicos da transferência: as despesas relativas à ela, correrão por conta do
empregador (art. 470).
Jornada de Trabalho
54) Conceito: a jornada normal de trabalho será o espaço de tempo durante o qual o empregado
deverá prestar serviço ou permanecer à disposição do empregador, com habitualidade, excetuadas as
horas extras; nos termos da CF, art. 7º, XIII, sua duração deverá ser de até 8 horas diárias, e 44
semanais; no caso de empregados que trabalhem em turnos ininterruptos de revezamento, a jornada
deverá ser de 6 horas, no caso de turnos que se sucedem, substituindo-se sempre no mesmo ponto de
trabalho, salvo negociação coletiva.
55) Redução legal da jornada: poderá ser feita pelas partes, de comum acordo, por convenção
coletiva e pela lei.
56) Classificação da jornada de trabalho: 1) quanto à duração: é ordinária ou normal (que se
desenvolve dentro dos limites estabelecidos pelas normas jurídicas); é extraordinária ou suplementar (que ultrapassam os limites normais); limitada (quando há termo final para sua prestação); ilimitada
(quando a lei não fixa um termo final); contínua (quando corrida, sem intervalos); descontínua (se tem
intervalos); intermitente (quando com sucessivas paralisações); 2) quanto ao período: diurna (entre 5 e
22 horas); noturna (entre 22 horas de um dia e 5 do outro); mista (quando transcorre tanto no período
diurno como noturno); em revezamento (semanal ou quinzenal, quando num periodo há trabalho de dia, em outro à noite); 3) quanto à condição pessoal do trabalhador: será jornada de mulheres, de homens, de menores, de adultos; 4) quanto à profissão: há jornada geral, de todo empregado, e jornadas
especiais para ferroviários, médicos, telefonistas, etc.; 5) quanto à remuneração: a jornada é com ou
sem acréscimo salarial; 6) quanto à rigidez do horário: há jornadas inflexíveis e flexíveis; estas últimas
não são previstas pela lei brasileira; porém a lei não impede que sejam praticadas; são jornadas nas
quais os empregados não tem horário fixo para iniciar ou terminar o trabalho.
57) horas extras: horas extras são aquelas que ultrapassam a jornada normal fixada por lei, convenção
coletiva, sentença normativa ou contrato individual de trabalho.
Acordo de Prorrogação de Horas
58) Conceito: significa, em primeiro lugar, o ajuste de vontade entre empregado e empregador, tendo
por fim legitimar a prorrogação da jornada normal; em segundo lugar, significa, o documento escrito no
qual se materializa a vontade das partes, para o fim acima mencionado.
59) Forma: a forma jurídica do acordo é escrita, e se individual basta um documento assinado pelo
empregado expressando a sua concordância em fazer horas extras; em se tratando de ajustes entre
sindicatos, empresas, a forma será a convenção coletiva ou o acordo coletivo.
60) Cabimento: á cabível para todo empregado, como regra geral; todavia, há exceções que devem ser respeitadas; o fundamento legal é a CLT, art. 59, que declara que a duração normal do trabalho poderá
ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de duas, mediante acordo escrito
entre empregador e empregado, ou mediante convenção coletiva de trabalho.
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61) Duração: o acordo é um contrato; se é a prazo (determinado), sua duração terminará com o termo
final previsto entre as partes; se sem prazo (indeterminado), sua eficácia estender-se-á durante toda a
relação de emprego.
62) Distrato: sendo de natureza contratual, pode ser desfeito pelos mesmos meios com os quais se
constituiu, ou seja, o distrato, ato bilateral e que deve ser expresso.
63) Efeitos: os efeitos do acordo são salariais, isto é, a obrigação do pagamento de adicional de horas
extras de pelo menos 50% (CF, art. 7º) e materiais, isto é, a faculdade, que dele resulta para o
empregador e a correspondente obrigação assumida pelo empregado, de ser desenvolvido o trabalho
prorrogado por até 2 horas.
64) Denúncia: é o ato pelo qual uma das partes da relação de emprego dá ciência à outra da sua
decisão de não mais continuar cumprindo os termos de uma obrigação estipulada; no caso do acordo
de prorrogação de horas extras, denúncia é a comunicação que uma das partes faz à outra, dando
ciência de que não pretende mais o prosseguimento do acordo, para o fim de limitação do trabalho às
horas normais.
65) Recusa do cumprimento do acordo pelo empregado: os efeitos da recusa o sujeitam à mesma
disciplina de todo o contrato de trabalho; com o acordo, ele obriga-se a fazê-las quando convocado.
Sistema de Compensação de Horas
66) Conceito: consiste na distribuição das horas de uma jornada por outra ou outras jornadas diárias do
quadrimestre (Lei 9601/98); com o sistema de compensação, o empregado fará até 2 horas prorrogadas
por dia. (art. 59, § 2º) A compensação de horas prevista na CLT, significa que durante o quadrimestre que servirá de
parâmetro as horas além das normais, serão remuneradas sem adicional de horas extras; completados
os 120 dias o empregador terá que fazer o levantamento do número de horas nas quais o empregado
trabalhou durante esse período; se esse número não ultrapassar o limite normal do quadrimestre, não
haverá nenhum pagamento adicional a ser efetuado; no entanto, se ultrapassar, o empregador terá que
pagar as horas excedentes com adicional; nesse caso, como haverá reflexos sobre pagamentos já
efetuados nos meses anteriores do quadrimestre, a empresa estará obrigada a, nessa ocasião, completar as diferenças.
67) Natureza das horas compensadas: são horas extraordinárias não remuneradas com adicional.
68) Forma: a CF, art. 7º, XIII, admite compensação de horas através de acordo ou convenção coletiva; a inobservância da forma escrita prejudicará a eficácia do acordo (Enunciado 85 do TST).
* os mesmos critérios adotados para o acordo de prorrogação devem ser observados no sistema de
compensaçào quanto à duração, distrato, que será bilateral, e denúncia, cabível aqui também.
69) Horas extras nos casos de força maior: força maior é o acontecimento imprevisível, inevitável, para o qual o empregador não concorreu (art. 501 da CLT); nesses casos a lei permite horas extras (art. 61 da CLT).
70) Horas extras para conclusão de serviços inadiáveis: serviços inadiáveis são os que devem ser concluídos na mesma jornada de trabalho; não podem ser terminados na jornada seguinte sem
prejuízos; basta a ocorrência do fato, o serviço inadiável, para que as horas extras possam ser exigidas
do empregado, em número máximo de até 4 por dia, remuneradas com adicional de pelo menos 50%.
71) Horas extras para a reposição de paralisações: a empresa pode sofrer paralisações decorrentes
de causas acidentais ou de força maior; o art. 61, § 3º, da CLT, autoriza a empresa, a exigir a reposição
de horas durante as quais o serviço não pode ser prestado, mediante prévia concordância da DRT e
durante o máximo de 45 dias por ano, com até 2 horas extras por dia.
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72) Excluídos da proteção legal da jornada de trabalho: nem todo o empregado é protegido pelas
normas sobre a jornada diária de trabalho; as exclusões operam-se em razão da função; são os casos
do gerente (art. 62 da CLT) e do empregado doméstico (Lei 5859/72).
73) Horas extras ilícitas: são as prestadas com violação do modelo legal; são as que lhe conferem
disciplina prejudicial (CLT, art. 9º); a ilicitude pode caracterizar-se pelo excesso da limitação das horas, pela falta de comunicação à DRT, e quando são prestadas em trabalho no qual é vedada a
prorrogação.
74) Classificação dos adicionais: classificam-se em fixos quando invariáveis; progressivos quando
variáveis de forma gradativamente crescente na medida da elevação do número de horas extras na
jornada diária; fracionáveis quando fixadas em valores que representam um fração daquele que é
previsto, como ocorre nos sistemas de sobreaviso e prontidão, do trabalho ferroviário.
75) Redução da jornada com diminuição do salário: é inquestionavelmente lícita, uma vez que a
CF/88 permite, pela negociação, a redução da jornada.
76) Intervalos: há intervalos especiais além dos gerais e intervalos interjornadas e intrajornadas; entre
2 jornadas deve haver um intervalo mínimo de 11 horas; a jurisprudência assegura o direito à
remuneração como extraordinárias das horas decorrentes da inobservância desse intervalo pela
absorção do descanso semanal, vale dizer que os empregados têm o direito às 24 horas do repouso
semanal, mais as 11 horas do intervalo entre 2 jornadas, quando o sistema de revezamento da empresa
provocar a absorção; a lei obriga o intervalo de 15 minutos quando o trabalho é prestado por mais de 4
horas e até 6 horas; será de 1 a 2 horas nas jornadas excedentes de 6 horas; eles não são computados
na duração da jornada, salvo alguns especiais.
77) Repouso semanal remunerado: é a folga a que tem direito o empregado, após determinado
número de dias ou horas de trabalho por semana, medida de caráter social, higiênico e recreativo, visando a recuperação física e mental do trabalhador; é folga paga pelo empregador; em princípio, o
período deve ser de 24 honsecutivas, que deverão coincidir, preferencialmente, no todo ou em parte, com o domingo.
Férias
78) Período: o período de férias anuais deve ser de 30 dias corridos, se o trabalhador não tiver faltado
injustificadamente, mais de 5 vezes ao serviço.
79) Período aquisitivo: admitido na empresa, o empregado precisa cumprir um período para adquirir o
direito de férias; é denominado período aquisitivo; é de 12 meses (CLT, art. 130).
80) Perda do direito: nos casos de afastamento decorrente de concessão pelo INSS de auxílio doença, previdenciário ou acidentário, o empregado perde o direito às férias quando o afastamento ultrapassar 6
meses, contínuos ou descontínuos; no afastamento de até 6 meses, o empregado terá integralmente
assegurado o direito às férias, sem nenhima redução, considerando-se que não faltou ao serviço (CLT, arts. 131 a 133); a licença por mais de 30 dias fulmina o direito; a paralisação da empresa, por mais de
30 dias, também.
81) Período concessivo: o empregador terá de conceder as férias nos 12 meses subseqüentes ao
período aquisitivo, período a que se dá nome de período concessivo; não o fazendo, sujeita-se a uma
sanção (CLT, art. 134).
82) Remuneração: será a mesma, como se estivesse em serviço, coincidindo com a do dia da
concessão, acrescida de 1/3 (CF, art. 7º, XVII).
83) Férias vencidas: são as que se referem a período aquisitivo já completado e que não foram ainda
concedidas ao empregado; “na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a causa, será
devida ao empregado a remuneração simples ou em dobro, conforme o caso, correspondente ao
período de férias cujo direito tenha adquirido” (art. 146 da CLT).
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84) Férias proporcionais: se refere ao pagamento em dinheiro na cessação do contrato de trabalho, pelo período aquisitivo não completado, em decorrência da rescisão; em se tratando de empregados
com mais de 1 ano de casa, aplica-se o disposto no art. 146, § único da CLT: “na cessação do contrato
de trabalho após 12 meses de serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo com o art. 130, na
proporção de 1/12 por mês de serviço ou fração superior a 14 dias; para empregados com menso de 1
ano de casa, a norma aplicável é o art. 147 da CLT: “o empregado que for despedido sem justa causa
ou cujo contrato se extinguiu em prazo predeterminado, antes de completar 12 meses, terá direito à
remuneração relativa ao período incompleto de férias, de conformidade com o artigo anterior”. 85) Prescrição: extinto o contrato é de 2 anos o prazo para ingressar com o processo judicial, e durante
a relação de emprego é de 5 anos; a prescrição, durante o vínculo empregatício, é contada a partir do
fim do período concessivo e não do período aquisitivo.
86) Férias coletivas: podem ser concedidas a todos os trabalhadores, a determinados
estabelecimentos, ou somente a certos setores da empresa, para serem gozadas em 2 períodos anuais, nenhum deles inferior a 10 dias (CLT, arts. 134 e 135).
Salário
87) Conceito: é o conjunto de percepções econômicas devidas pelo empregador ao empregado não só
como contraprestação do trabalho, mas, também, pelos períodos em que estiver à disposição daquele
aguardando ordens, pelos descansos remunerados, pelas interrupções do contrato de trabalho ou por força de lei; não tem natureza salarial as indenizações, a participação nos lucros, os benefícios e
complementações previdenciárias e os direitos intelectuais.
88) Salário por tempo: é aquele pago em função do tempo no qual o trabalho foi prestado ou o
empregado permaneceu à disposição do empregador, ou seja, a hora, o dia, a semana, a quinzena e o
mês, excepcionalmente um tempo maior.
89) Salário por produção: é aquele calculado com base no número de unidades produzidas pelo
empregado; cada unidade é retribuída com um valor fixado pelo empregador antecipadamente; esse
valor é a tarifa; o pagamento é efetuado calculando-se o total das unidades multiplicado pela tarifa
unitária.
90) Salário por tarefa: é aquele pago com base na produção do empregado; o empregado ganha um
acréscimo no preço da tarefa ou é dispensado, quando cumpre as tarefas do dia, do restante da
jornada.
91) Meios de pagamento do salário: pode ser pago em dinheiro (é a forma normal), em cheque ou
depósito bancário e em utilidades.
92) Periodicidade do pagamento: deve ser pago em períodos máximos de 1 mês, salvo comissões, percentagens e gratificações (CLT, art. 459); a CLT fixa, como dia de pagamento, o 5º dia útil do mês
subseqüente ao do vencimento.
93) Inalterabillidade: não pode o empregador fazer alterações sem o consentimento do empregado; mesmo com a anuência do trabalhador, serão consideradas nulas, se prejudiciais.
94) Estipulação do valor: estipular o valor significa fixar a quantia a ser paga ao empregado; aplica-se
o princípio da autonomia da vontade (CLT, art. 444); o princípio sofre limitações, uma vez que há um
valor mínimo a ser fixado a há correções salariais imperativas e gerais.
95) Salário mínimo: é o menor valor da contraprestação devida e paga pelo empregador a todo
trabalhador, para que atenda às suas necessidades básicas e às de sua família com moradia, alimentação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social.
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96) Salário profissional: denomina-se assim, aquele fixado como mínimo que pode ser pago a uma
determinada profissão.
97) Piso salarial: é o valor mínimo que pode ser pago em uma categoria profissional ou a determinadas
profissões numa categoria profissional; expressa-se como um acréscimo sobre o salário mínimo; é
fixado por sentença normativa ou convenção coletiva.
98) Salário normativo: é aquele fixado em sentença normativa proferida em dissídio coletivo pelos
Tribunais do Trabalho; expressa-se como uma forma de garantir os efeitos dos reajustamentos salariais
coletivos, porque impede a admissão de empregados com salários menores que o fixado por sentença. 99) Salário de função: é aquele garantido por sentença normativa como mínimo que pode ser pago a
um empregado admitido para ocupar vaga aberta por outro empregado despedido sem justa causa.
100) Abonos: significa adiantamento em dinheiro, antecipação salarial pagos pelo empregador; integram o salário (art. 457, § 1º, da CLT).
101) Adicionais: adicional é um acréscimo salarial que tem como causa o trabalho em condições mais
gravosas para quem o presta; em nosso direito, são compulsórios os adicionais por horas extras (art. 59, CLT), por serviços noturnos (73), insalubres (192), perigosos (193, § 1º) e, ainda, por transferência
de local de serviço (469, § 3º); salvo os adicionais de insalubridade e periculosidade entre si, os demais, bem como estes, são cumuláveis.
102) Comissões: é uma retribuição com base em percentuais sobre os negócios que o vendedor efetua, ou seja, o salário por comissão.
103) Gratificações: são somas em dinheiro de tipo variável, outorgadas voluntariamente pelo patrão
aos seus empregados, a título de prêmio ou incentivo, para lograr a maior dedicação e perserverança
destes.
104) Décimo terceiro salário: é uma gratificação compulsória por força de lei e tem natureza salarial; foi criado pela Lei 4090/62, como um pagamento a ser efetuado no mês de dezembro e no valor de uma
remuneração mensal; para o empregado que não trabalha todo o ano, seu valor é proporcional aos
meses de serviço, na ordem de 1/12 por mês, considerando-se a fração igual ou superior a 15 dias
como mês inteiro, desprezando-se a fraçã menor; a lei 4749/65 desdobrou em 2 seu pagamento; a 1ª
metade é paga entre os meses 02 e 11, a 2ª até 20/12.
105) Gorjeta: consiste na entrega de dinheiro, pelo cliente de uma empresa, ao empregado desta que o
serviu, como testemunho da satisfação pelo tratamente recebido.
106) Prêmios: prêmio é um salário vinculado a fatores de ordem pessoal do trabalhador, como a
produção, a eficiência, etc.; não pode ser forma única de pagamento; caracteriza-se pelo seu aspecto
condicional; uma vez verificada a condição de que resulta, deve ser pago.
107) Equiparação salarial: o princípio da igualdade salarial é enunciado com o direito assegurado aos
trabalhadores de receberem o mesmo salário desde que prestem serviços considerados de igual valor e
segundo os requisitos exigidos pelo direito interno de cada país; é garantido pela CF (art. 7º, XXX) e
disciplinado pela CLT (art. 461), que exige os seguintes requisitos para a equiparação salarial: a) trabalho para o mesmo empregador; b) na mesma localidade; c) entre empregados da mesma função; d) com diferença de tempo de função não superior a 2 anos; e) que exerçam o trabalho com a mesma
produtividade; f) que tenham a m esma perfeição técnica.
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)
108) Conceito: é uma conta bancária, que o trabalhador pode utilizar nas ocasiões previstas em lei, formada por depósitos efetuados pelo empregador; foi instituído com alternativa para o direito de
indenização e de estabilidade para o empregado e como poupança compulsória a ser formada pelo
trabalhador da qual pode valer-se nos casos previstos; o empregado tem direito, quando é despedido
sem justa causa ou dá por rescindido o contrato em decorrência de justa causa do empregador, faz jus
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a uma indenização de dispensa, além de efetuar o levantamento dos depósitos recolhidos pelo
empregador; a indenização corresponderá a um acréscimo de 40% do valor dos referidos depósitos.
109) Características gerais: todo empregador é obrigado a efetuar mensalmente depósito no valor de
8% dos salários que paga aos empregados; incide sobre todos os salários recebidos pelo empregado, incluindo o 13º, horas extras, gratificações e prêmios, habituais ou não; os valores do FGTS que
favorecem o empregado despedido atuam mesmo no sentido da indenização de dispensa; porém, o
empregado pode obter os mesmos recursos de modo desvinculado à dispensa, caso em que estará
usando um pecúlio, como na construção de moradia; os recolhimentos do empregador são
compulsórios e se caracterizam como uma obrigação muito próxima à parafiscal; tem natureza jurídica
múltipla diante dos diferentes ângulos da sua estrutura.
110) Levantamento dos depósitos: poderá ser levantado nos seguintes casos: por falecimento; doença grave; despedida imotivada; extinção do contrato de trabalho por tempo determinado; aposentadoria; como pagamento de prestações da casa própria, liquidação ou amortização de saldo
devedor de financiamento imobiliário, ou ainda, pagamento total ou parcial do preço de aquisição de
moradia própria, conforme normas do SFH; culpa recíproca ou força maior; fechamento de
estabelecimento; falta de depósitos por 3 anos ininterruptos; suspensão do contrato de trabalho do
avulso por mais de 90 dias.
Segurança e Higiene do Trabalho
111) Segurança do trabalho: é o conjunto de medidas que versam sobre condições específicas de
instalação do estabelecimento e de suas máquinas, visando à garantia do trabalhador contra natural exposição as riscos inerentes à prática da atividade profissional.
112) Higiene do trabalho: é uma parte da medicina do trabalho, restrita às medidas preventivas, enquanto a medicina abrange as providências curativas; é a aplicação dos sistemas e princípios que a
medicina estabelece para proteger o trabalhador, prevendo ativamente os perigos que, para a saúde
física ou psíquica, se originam do trabalho; a eliminação dos agentes nocivos em relação ao trabalhador constitui o objeto principal da higiene laboral.
113) Obrigações da empresa: cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do
trabalho; instruir os empregados, por meio de ordens de serviço, relativamente às precauções a
tomarem no sentido de evitar acidentes de trabalho e doenças ocupacionais; adotar as medidas
determinadas pelo órgão regional competente; facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade
competente.
114) Obrigações do empregado: observas as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive
quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais e
colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos legais envolvendo segurança e medicina do
trabalho.
115) Insalubridade: são consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua
natureza, condição ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de
exposição aos seus efeitos (art. 189 da CLT); o exercício do trabalho em condições insalubres assegura
ao trabalhador o direito ao adicional de insalubridade, que será de 40, 20 ou 10%, do salário mínimo
regional.
116) Periculosidade: são consideradas atividades ou operações perigosas aquelas que, por sua
natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos, em
condições de risco acentuado (art. 193 da CLT); o trabalho nessas condições dá o empregado o direito
ao adicional de periculosidade, cujo valor é de 30% sobre seu salário contratual.
Trabalho da Mulher e do Menor
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117) Proteção do trabalho da mulher: quando não específicas, e por força de igualdade entre homens
e mulheres, constitucionalmente assegurada, as normas trabalhistas se aplicam sem distinção; quando
necessária proteção especial, assegurada poe lei extravagante, esta prevalecerá; se for menor de 18
anos, aplicam-se prioritariamente as leis de proteção aos menores de idade; é vedada a discriminação
de salário por motivo de sexo e de trabalho insalubre às mulheres, que gozam ainda, de proteção à
maternidade e à aposentadoria.
118) Licença-maternidade: é benefício de caráter previdenciário, que consiste em conceder, à mulher que deu à luz, licença remunerada de 120 dias; os salários (salário-maternidade) são pagos pelo
empregador e descontados por ele dos recolhimentos habituais devidos à Previdência.
119) Auxílio-maternidade: é a prestação única, recebida pelo segurado da Previdência, quando do
nascimento de filho (Lei 8213/91).
120) Conceito de menor: para os efeitos da CLT, menor é o trabalhador que tem idade entre 12 e 18
anos.
121) Admissão do menor: a CF estipula que o trabalhador tem de ter, no mínimo, 14 anos, para
admissão ao trabalho (salvo na condiçào de aprendiz); o menor será considerado capaz para os atos
trbalhistas a partir do 18 anos; para ser contratado, deverá ter mais de 16, mas só poderá fazê-lo, antes
dos 18, mediante consentimento paterno.
Trabalho Rural
122) Conceito: é a atividade econômica de cultura agrícola, pecuária, reflorestamento e corte de
madeira; nele se inclui o primeiro tratamento dos produtos agrários in natura sem transformação de sua
natureza, tais como o beneficiamento, a primeira modificação e o preparo dos produtos agropecuários e
hortifrutigranjeiros e das matérias-primas de origem animal ou vegetal para posterior venda ou
industrialização e o aproveitamento dos seus produtos oriundos das operações de preparo e
modificação dos produtos in natura acima referidos.
123) Trabalhador rural: é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste, mediante salário.
124) Empregador rural: é a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explora atividade
agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com
auxílio de empregados; equipara-se a empregador rural aquele que executar serviços de natureza
agrária mediante utilização do trabalho de outrem, como o empreiteiro e o subempreiteiro.
Extinção do Contrato de Trabalho
125) Formas: a) por decisão do empregador: dispensa do empregado; b) por decisão do empregado: demissão, dispensa indireta e aposentadoria; c) por iniciativa de ambos: acordo; d) por desaparecimento dos sujeitos: morte do empregado, morte do empregador pessoa física e extinção da
empresa; e) do contrato a prazo pelo decurso do prazo fixado ou por dispensa do empregado no curso
do vínculo jurídico.
126) Dispensa do empregado: é o ato pelo qual o empregador põe fim à relação jurídica; quanto à sua
natureza, é forma de extinção dos contratos de trabalho; sua função é desconstutiva do vínculo jurídico; é um ato receptício porque deve ser concedido pelo empregado.
127) Dispensa com ou sem justa causa: é aquela fundada em causa pertinente à esfera do
trabalhador, quase sempre uma ação ou omissão passível de comprometer a disciplina.
128) Dispensa obstativa: é destinada a impedir ou fraudar a aquisição de um direito que se realizaria
caso o empregado permanecesse no serviço, como as dispensas que antecedem um reajustamento
salarial.
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129) Dispensa indireta: é a ruptura do contrato de trabalho pelo empregado diante de justa causa do
empregador.
130) Dispensa coletiva: é a de mais de um empregado, por um único motivo igual para todos, quase
sempre razões de ordem objetiva da empresa, como problemas econômicos, financeiros e técnicos.
131) Estabilidade: é o direito do trabalhador de permanecer no emprego, mesmo contra a vontade do
empregador, enquanto inexistir uma causa relevante expressa em lei e que permita a sua dispensa; é a
garantia de ficar no emprego, perdendo-o unicamente se houver uma causa que justifique a dispensa
indicada pela lei; classifica-se em geral e especial; a geral só pode resultar de negociação coletiva; a CF
faculta a dispensa mediante pagamento de indenização (multa de 40%); a especial é a que perdura
enquanto existir a causa em razão da qual foi instituída, que coincide com uma condição especial do
empregado.
Dispensa Arbitrária ou Sem Justa Causa
132) Dispensa arbitrária e justa causa: são qualificações diferentes; enquanto a dispensa arbitrária é
qualificação do ato praticado pelo empregador, justa causa, ao contrário, o é da ação ou omissão do
trabalhador; a arbitrariedade é daquele; a justa causa é deste.
133) Justa causa: considera-se justa causa o comportamento culposo do trabalhador que, pela sua
gravidade e conseqüências, torne imediata e praticamente impossível a subsistência da relação de
trabalho.
134) Estrutura da justa causa: o elemento subjetivo é a culpa do empregado, já que não será
admissível responsabilizá-lo como o ônus que suporta se não agiu com imprevisão ou dolo; os
requisitos objetivos são a gravidade do comportamento; porque não há justa causa se a ação ou a
omissão não representem nada; o imediatismo da rescisão; a casualidade, que é o nexo de causa e
efeito entre a justa causa e a dispensa; e a singularidade, para significar que é vedada a dupla punição
pela mesma justa causa; há justa causa decorrente de ato instantâneo e de ato habitual.
135) Forma da dispensa: sua comunicação não é revestida de forma prevista em lei; pode ser meramente verbal; há convenções coletivas e sentenças normativas prevendo carta de dispensa; da
CTPS constará apenas a baixa, e não o motivo da extinção do contrato.
136) Local do ato: quanto ao local da sua prática, a justa causa ocorrerá no estabelecimento ou fora
dele.
137) Prazo para despedir: não há prazo para que o empregador despeça, mas há a exigência já
mencionada da imediação; entre a dispensa e a justa causa deve haver uma proximidade de tempo.
138) Culpa recíproca: designa a dispensa de iniciativa do empregador, verificando-se em juízo que
houve justa causa dos 2 sujeitos do contrato.
139) Dano moral: se o empregado sofrer dano moral, pode pleitear em juízo, o ressarcimento através
de uma indenização cujo valor será, em cada caso, arbitrado pelo juiz.
Figuras da Justa Causa (CLT, art. 482)
140) Improibidade: é o ato lesivo contra o patrimônio da empresa, ou de terceiro, relacionado com o
trabalho; ex: furto, roubo, falsificação de documentos, etc.
141) Incontinência de conduta: traduz-se pelo comportamento irregular do empregado, incompatível com a moral sexual; é apenas ato de natureza sexual.
142) Mau procedimento: é o comportamento irregular do empregado, incompatível com as normas
exigidas pelo senso comum do homem médio; é qualquer ato infrigente da norma ética.
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143) Negociação habitual: é o ato de concorrência desleal ao empregador ou o inadequado exercício
paralelo do comércio a sua causa.
144) Condenação criminal sem sursis: quando ao réu não é concedido o sursis, em virtude do
cumprimento da pena privativa da sua liberdade de locomoção, não poderá continuar no emprego, podendo ser despedido, por justa causa.
145) Desídia: desempenhar as funções com desídia é fazê-lo com negligência.
146) Embriaguez: é justa causa para o despedimento; configura-se em 2 formas; pela embriaguez
habitual, fora do serviço e na vida privada do empregado, mas desde que transpareçam no ambiente de
trabalho os efeitos da ebriedade; pela embriaguez no serviço, instantânea e que se consuma num só
ato, mediante a sua simples apresentação no local de trabalho em estado de embriaguez.
147) Violação de segredo: é a divulgação não autorizada das patentes de invenção, métodos de
execução, fórmulas, escrita comercial e, enfim, de todo fato, ato ou coisa que, de uso ou conhecimento
exclusivo da empresa, não possa ou não deva ser tornado público, sob pena de causar prejuízo remoto, provável ou imediato à empresa.
148) Indisciplina: é o descumprimento de ordens gerais de serviço; é a desobediência às
determinações contidas em circulares, portarias, instruções gerais da empresa, escritas ou verbais.
149) Insubordinação: é o descumprimento de ordens pessoais de serviço; a norma infringida não tem
caráter de generalidade mas sim de pessoalidade.
150) Abandono de emprego: configura-se mediante a ausência continuada do empregado com o
ânimo de não mais trabalhar.
151) Ato lesivo à honra e a boa fama: é a ofensa à honra, do empregador ou terceiro, nesse caso
relacionada com o serviço, mediante injúria, calúnia ou difamação.
152) Ofensa física: é a agressão, tentada ou consumada, contra o superior hierárquico, empregadores, colegas ou terceiros, no local de trabalho ou em estreita relação com o serviço.
Extinção por decisão do Empregado
153) Demissão: é a comunicação do empregado ao empregador de que não pretende mais dar continuidade ao contrato de trabalho; não tem forma prevista em lei, mas segundo a praxe é escrita; tem de ser feita com uma certa antecedência (CLT, art. 487); a falta de aviso prévio do empregado que
pede demissão autoriza o empregador a reter o saldo de salário, se o tiver.
154) Dispensa indireta: é a rescisão do contrato por decisão do empregado tendo em vista justa causa
que o atingiu praticada pelo empregador (483); impõe-se a imediata ruptura do vínculo, o que equivale à
necessidade de cessar o trabalho por ato do empregado; a CLT não prevê forma para esse ato.
155) Aposentadoria espontânea: com a aposentadoria cessa o contrato de trabalho; inicia-se um novo
vínculo jurídico entre as mesmas partes; a CLT (453) impede a soma do tempo de serviço do
aposentado que volta a trabalhar para o mesmo empregador; o empregado pode aguardar no serviço o
desfecho de seu requerimento ao INSS.
156) Extinção por iniciativa de ambos (acordo):modo de extinção que resulta da livre disposição dos
interessados e desde que seja o desejo de ambos; não existe a obrigação de pagar indenização; nenhuma empresa será obrigada a fazer acordo com o empregado.
157) Extinção dos contratos a prazo: é a extinção pelo cumprimento do prazo; nesse caso, o
empregado terá direito ao saldo de salário, 13º vencido ou proporcional, férias vencidas ou
proporcionais e saque dos depósito do FGTS; a indenização será fixada no acordo ou convenção
coletiva que autorize esse tipo de contratação; o aviso prévio e os 40% do FGTS, são indevidos.
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158) Rescisão do contrato: é a dispensa do empregado antes do termo final, com ou sem justa causa, ou pedido de demissão.
159) Homologação: é a assistência prestada ao trabalhador, pelo MT ou pelos sindicatos, para que
sejam conferidos os valores e títulos pagos; é obrigatória a homologação de pagamentos a empregados
com mais de um ano de casa; se o tempo é inferior, vale, com a mesma ressalva, recibo elaborado pela
empresa.
160) Prazos: os pagamentos decorrentes da rescisão devem ser pagos (447, § 6º), até o primeiro dia
útil imediato ao término do contrato ou até o décimo dia, contado da data da notificação, da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa do seu cumprimento; havendo
atraso no prazo de homologação o empregador sujeita-se ao pagamento de multa.
Aviso Prévio
161) Conceito: é a comunicação da rescisão do contrato de trabalho pela parte que decide extingui-lo, com a antecedência a que estiver obrigada e com o dever de manter o contrato após essa comunicação
até o decurso do prazo nela previsto, sob pena de pagamento de uma quantia substitutiva, o caso de
ruptura do contrato.
162) Cabimento: relaciona-se com o tipo de contrato e com a existência ou não de justa causa; a CLT
o exige nos contratos por prazo indeterminado; nos de prazo determinado é inexigível; é cabível apenas
na dispensa sem justa causa e no pedido de demissão; cabível será na dispensa indireta (487, § 4º) e
quando a rescisão se opera em decorrência de culpa recíproca (TST, Enunciado nº 14).
163) Efeitos: sua concessão, produz como principal efeito a projeção do contrato de trabalho pelo
tempo correspondente ao seu período; da não concessão resultam efeitos sobre as partes; se é do
empregado que se omitiu, o empregador terá o direito de reter o saldo do seu salário (487, § 2º) no
valor correspondente ao número de dias do aviso prévio não concedido; se é do empregador, terá de
pagar os salários dos dias referentes ao tempo entre o aviso que devia ser dado e o fim do contrato (§
1º); a natural extinção do contrato após o decurso do prazo, ressalvado às partes de comum acordo
reconsiderá-lo, caso em que o contrato terá seu curso normal (489); haverá redução da jornada de
trabalho, que será de 2 horas diárias ou em dias corridos (7, CLT, 488, § único); a duração é
proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 30 dias; a proporção é matéria de lei ordinária.
3ª Parte
DIREITO COLETIVO E RELAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO
Relações de Trabalho
1) Relações individuais e coletivas de trabalho: individuais são as que se constituem no âmbito do
contrato individual de trabalho, tendo como sujeitos o empregado e o empregador, singularmente
considerados e como objeto interesses individuais de ambos no desenvolvimento do vínculo do trabalho
do qual são sujeitos; a razão de ser das relações coletivas está na necessidade de união dos
trabalhadores para que possam se defender, em conjunto, suas reivindicações perante o poder econômico, defende os interesses comuns.
2) Sujeitos das relações coletivas: o sujeito é o grupo, constituído de pessoas abstratamente
consideradas; será uma categoria profissional se constituída de trabalhadores e categoria econômica se
de empregadores.
3) Coalizão: é a união não contínua; não é permanente; constitui-se e se desfaz; surgiu para um
evento, um acontecimento.
4) Poder normativo dos grupos: é o poder de criar normas e condições de trabalho que serão
obrigatórias em todo o grupo; trata-se de um procedimento de auto-elaboração normativa; revela a
158
importância da relações coletivas de trabalho, desempenhando um papel instrumental, contratual, coletivo do grupo, vinculando os sujeitos coletivos pactuantes.
Direito Sindical
5) Conceito: é o ramo do direito do trabalho que tem por objetivo o estudo das relações coletivas de
trabalho, e estas são as relações jurídicas que têm como sujeitos grupos de pessoas e como objeto
interesses coletivos.
6) Âmbito do direito sindical: compõe-se de 4 partes: organização sindical; representação dos
trabalhadores na empresa; conflitos coletivos de trabalho, formas de composição e greve; convenções
coletivas de trabalho; na primeira estuda-se a estrutura sindical do País; na segunda são examinadas
as relações coletivas de trabalho na empresa, sindicais, não sindicais e mistas; na terceira é feito o
estudo dos conflitos de interesses entre os trabalhadores como grupo e os empregadores; na quarta dá- se relevância às convenções coletivas de trabalho que se projetarão sobre os contratos individuais.
Organização Sindical
7) Modelo sindical brasileiro: com a CF/88, mostra-se com aspectos de autonomia, na medida em
que compete aos trabalhadores ou empregadores definir as respectivas bases territoriais; é vedado ao
Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical, não podendo a lei exigir prévia
autorização do Estado para a fundação de sindicatos.
8) Categoria profissional: é o conjunto de empregados que, em razão do exercício de uma dada
atividade laboral, possuem interesses jurídicos e econômicos próprios e coincidentes.
9) Categoria profissional diferenciada: é aquela formada por empregados que exercem funções ou
têm profissões regulamentadas por estatuto profissional próprio, ou têm condições de vida similares, devidas ao trabalho ou à profissão em comum, em situação de emprego na mesma atividade
econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, que os distinga, social ou
profissionalmente, dos demais trabalhadores.
10) Dissociação de categorias: não poderá haver na mesma base territorial, mais de um sindicato da
mesma categoria; é o princípio do sindicato único; a unidade de representação é imposta por lei; o
sistema do sindicato único é flexibilizado pela lei, através da dissociação ou desdobramento de
categorias ecléticas, ou pela descentralização de bases territoriais.
11) Entidades de grau superior: há federações e confederações (CLT, arts. 533 a 536); as primeiras
situam-se como órgãos também por categorias, superpondo-se aos sindicatos; as confederações
posicionam-se acima das federações e em nível nacional.
12) Membros da categoria e sócios do sindicato: a CLT (art. 544) dispõe que é livre a sindicalização, com o que há diferença entre ser membro de uma categoria, situação automática que resulta do simples
exercício de um emprego, e ser sócio do sindicato único da categoria, situação que resulta de ato de
vontade do trabalhador.
Sindicato
13) Conceito: é a associação de membros de uma profissão, ou de empregadores, destinados a
defender seus interesses econômicos e laborais comuns, e assegurar a representação e a defesa dos
associados em juízo; sua característica principal é ser uma organização de um grupo existente na
sociedade; são considerados pessoas jurídicas de direito privado.
14) Diretoria: é órgão colegiado, constituído por um presidente e outros membros, a quem incumbe, no
plano interno, a organização e a administração do sindicato, e, no plano externo, a representação e a
defesa da entidade perante o Poder Público e as empresas.
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15) Assembléia: é o órgão encarregado de formular as decisões e reinvidicações da categoria
representada pelo sindicato, tais como, eleições sindicais, pauta de reivindicaç~es nas negociações
coletivas, greve, etc.
16) Conselho fiscal: é o órgão colegiado que tem por finalidade o exame e a aprovação (ou rejeição) das contas da Diretoria e dos demais atos pertinentes à gestão financeira do sindicato.
17) Funções: representa os interesses gerais da categoria e os interesses individuais dos associados
relativos ao trabalho (art. 513, a); desenvolve negociações com os sindicatos patronais e as empresas
destinadas à composição dos conflitos (611 e 513, b); está autorizado a arrecadar contribuições para o
custeio de suas atividades e execução de programas de interesse das categorias (CF, art. 8º, IV); presta assistência de natureza jurídica (477); demanda em juízo na defesa de interesse próprio (872).
Conflitos Coletivos do Trabalho
18) Conceito: dá-se quando uma reivindicação do grupo de trabalhadores é resistida pelo grupo de
empregadores contra qual é dirigida; são de 2 espécies: individuais e coletivos; os primeiros ocorrem
entre um trabalhador ou diversos individualmente considerados e o empregador, com base no contrato
individual do trabalho; são coletivos quando, em razão dos seus sujeitos, que serão grupos de
trabalhadores um lado, e o grupo de empregadores de outro lado, objetivarem matéria de ordem geral.
19) Conflitos econômicos e jurídicos: econômicos ou de interesse, são os conflitos nos quais os
trabalhadores reivindicam novas e melhores condições de trabalho; jurídicos são os que a divergência
reside na aplicação ou interpretação de uma norma jurídica; nos primeiros a finalidade é a obtenção de
uma norma jurídica; nos segundos a finalidade é a declaração sobre o sentido de uma norma já
existente ou a execução de uma norma que o empregador não cumpre.
20) Autocomposição: há quando os conflitos coletivos são solucionados diretamente pelas próprias
partes; as formas autocompositivas são as convenções coletivas e os acordos coletivos, acompanhados
ou não de mediação.
21) Heterocomposição: há, quando, não sendo resolvidos pelas partes, o são por um órgão ou uma
pessoa suprapartes; as formas heterocompositivas são a arbitragem e a jurisdição do Estado.
22) Negociação coletiva: é a negociação destinada à formação consensual de normas e condições de
trabalho que serão aplicadas a um grupo de trabalhadores e empregadores; visa suprir a insuficiência
do contrato individual; cumpre uma principal função que é normativa, assim entendida a criação de
normas que seão aplicadas à relações individuais desenvolvidas no âmbito de sua esfera de aplicação; cumpre também, função de caráter obrigatório, pois ela pode servir, como serve, para criar obrigações e
direitos entre os próprios sujeitos estipulantes, sem nenhum reflexo sobre as relações individuais de
trabalho.
23) Convenções coletivas: trata-se de um acordo entre sindicato de empregados e sindicato de
empregadores; resulta da autonomia da vontade de ambas as partes; surge como resultado de um
ajuste bilateral e só se perfaz caso os 2 contratantes combinem suas vontades; sua previsão legal esta
na CF/88, art. 8º, VI, e na CLT, art. 611.
24) Acordos coletivos: são ajustes entre o sindicato dos trabalhadores e uma ou mais empresas; aplicam-se só a empresa estipulante; é destinado a matéria mais específica; destina-se a resolver problemas na empresa; os entendimentos são feitos diretos com o empregador.
25) Contrato coletivo de trabalho: é a ampliação dos níveis de negociação para permitir estipulações
diretas entre as entidades representativas de segundo grau; seu âmbito não é delimitado; é negociado
pelas cúpulas sindicais e empresariais; é um instrumento normativo negociado; por exemplo, uma
empresa com diversos estabelecimentos localizados em Municípios diferentes que têm sindicatos
diferentes, não terá de fazer um acordo coletivo com cada sindicato; poderá desenvolver uma só
negociação, direta com entidade sindical de grau superior, visando um instrumento normativo
abrangente a todos os Municípios.
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26) Conteúdo obrigacional e conteúdo normativo da convenção coletiva: o conteúdo obrigacional é
constituído das cláusulas que tratam de matérias que envolvam os sindicatos pactuantes e o normativo
envolve matéria que atinge os representados pelo sindicato; assim, uma cláusula prevendo uma multa
sobre o sindicato que descumprir a convenção tem caráter obrigacional; já uma cláusula que assegura
um aumento salarial para toda a categoria tem natureza normativa.
Greve
27) Conceito: é a suspensão temporária do trabalho; é um ato formal condicionado à aprovação do
sindicato mediante assembléia; é uma paralisação dos serviços que tem como causa o interesse dos
trabalhadores; é um movimento que tem por finalidade a reivindicação e a obtenção de melhores
condições de trabalho ou o cumprimento das obrigações assumidas pelo empregador em decorrência
das normas jurídicas ou do próprio contrato de trabalho, definidas expressamente mediante indicação
formulada pelos empregados ao empregador, para que não haja dúvidas sobre a natureza dessas
reivindicações.
28) Natureza jurídica e fundamentos: como direito, funda-se no princípio da liberdade de trabalho; quanto ao direito positivo, sua natureza é apreciada sob 2 ângulos, nos países em que é autorizada, é
um direito ou uma liberdade; nos países que a proíbem; é tida como um delito, uma infração penal; quanto aos seus efeitos sobre o contrato de trabalho, a greve é uma suspensão ou interrupção do
contrato de trabalho, não é uma forma de extinção.
29) Boicotagem: significa fazer oposição, obstrução ao negócio de uma pessoa, falta de cooperação.
30) Sabotagem: é a destruição ou inutilização de máquinas ou mercadorias pelos trabalhadores, como
protesto violento contra o empregador, danificando bens da sua propriedade.
31) Piquetes: são uma forma de pressão dos trabalhadores para completar a greve sob a forma de
tentativa de dissuadir os recalcitrantes que persistirem em continuas trabalhando.
32) Procedimento da greve: a) fase preparatória: prévia a deflagração; é obrigatória a tentativa de
negociação, uma vez que a lei não autoriza o início da paralisação a não ser depois de frustrada a
negociação; b) assembléia sindical: será entre os trabalhadores interessados, que constituirão uma
comissão para representá-los, inclusive, se for o caso, perante à Justiça do Trabalho; c) aviso prévio: não é lícita a greve-surpresa; o empregadpr tem o direito de saber antecipadamente sobre a futura
paralisação.
33) Garantias dos grevistas: o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir os trabalhadores a
aderirem à greve; arrecadaçã de fundos e a livre negociaçã do movimento; é vedado à empresa adotar meios para forçar o empregado ao comparecimento ao trabalho; os grevistas não podem proibir o
acesso ao trabalho daqueles que quiserem fazê-lo; é vedada a rescisão do contrato durante a greve
não abusiva, bem como a contratação de substitutos; os salários e obrigações trabalhistas serào
regulados por acordo com o empregador.
34) “Locaute”: é a paralisação das atividades pelo empregador para frustrar negociação coletiva, ou
dificultar o atendimento das reivindicações dos trabalhadores, é vedado (art. 17) e os salários, durante
ele, são devidos.
4ª Parte
DIREITO PÚBLICO DO TRABALHO
1) Direito processual do trabalho: destina-se ao estudo da Justiça do Trabalho e dos dissídios
individuais e coletivos que nela se processam, para a solução jurisdicional dos conflitos trabalhistas.
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2) Direito administrativo do trabalho: disciplina as relações jurídicas mantidas entre o empregador e a
administração e o trabalhador e a administração, destacando-se a fiscalização trabalhista nas
empresas.
3) Direito penal do trabalho: estudas as infrações penais em razão das relações de trabalho, sua
caracterização e as sanções previstas pelas normas jurídicas.
4) Direito de seguridade social: tem por fim o estudo dos benefícios, dos beneficiários, do custeio da
previdência social e dos acidentes de trabalho.
Organização da Justiça do Trabalho
5) Juntas de Conciliação e Julgamento: composto de um juiz presidente, bacharel em Direito, nomeado por concurso de títulos e conhecimentos e por 2 vogais, um representante dos empregados e
outro dos empregadores, indicados pelos sindicatos e escolhidos pelos presidentes dos Tribunais
Regionais, com gestão de 3 anos (CLT, arts. 647 a 666).
6) Tribunais Regionais do Trabalho: compostos de 2/3 de juízes togados e 1/3 de representantes
classistas, que são indicados em lista tríplice pelos sindicatos e não necessariamente bacharéis em
direito.
7) Tribunal Superior do Trabalho: com jurisdição sobre todo território do país, integrado por 27
Ministros, sendo 17 togados e 10 classistas; dentre os togados, 11 vagas são preenchidas por promoção de juízes de carreira, 3 são reservadas para advogados e 3 para membros do MP do
Trabalho.
8) Jurisdição: é exercida sobre todo território nacional; a jurisdição é contenciosa, quando decide
processos nos quais há contraditório entre as partes, e voluntária, quando os órgãos trabalhistas agem
na administração pública de interesses privados e sem contraditório; a característica da voluntária é a
ausência de litígio e de coisa julgada.
Competência da Justiça do Trabalho
9) Competência em razão da matéria: competência é o poder de julgar em concreto; a JT é
competente para decidir: a) os dissídios individuais e coletivos; b) as pequenas empreitadas, de
empreiteiros operários ou artífices, e trabalho temporário; c) questões trabalhistas contra entes de
direito público externo e a administração direta ou indireta; d) as questões de trabalhadores avulsos. É
incompetente para apreciar: a) as questões decorrentes de acidentes de trabalho e moléstias
profissionais; b) lides de natureza previdenciária; c) as questões de trabalhadores autônomos; d) as
questões dos trabalhadores eventuais.
10) Competência territorial (ratione loci): é aquela determinada com base nos espaços geográficos
sobre os quais atua o órgão jurisdicional; a competência territorial geral é determinada pela localidade
onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador; não importa o local onde o contrato de trabalho tenha sido ajustado.
Dissídio individual
11) Conceito: é o mesmo que reclamação trabalhista; significa dissensão, divergência, discordância, é
o conflito posto perante a justiça.
12) Procedimento: é o conjunto de atos praticados no desenvolvimento do processo; é dividido em 2
partes, a postulação e a audiência.
13) Postulação: dá-se através de petiçã inicial redigida por advogado, observados os requisitos do art. 840, § 1º, da CLT e do art. 282 do CPC; a CLT, art. 791, permite o jus postulandi, que é a reclamação
sem advogado, proposta diretamente pelo trabalhador; a inicial será instruída com os documentos
indispensáveis à propositura da ação; segue-se a distribuição; na secretaria da Junta a petição é
162
autuada; vem a seguir a citação; a CLT denomina a citação de notificação por via postal (art. 841); fica
assim designada a audiência.
14) Audiência: os atos praticados nela são previstos em lei e são os seguintes: a) tentativa inicial de
conciliação; b) contestação, que é apresentada oralmente, em até 20 minutos ou, de acordo com a
praxe, escrita e apresentada na mesma oportunidade; c) depoimentos das partes e das testemunhas; d) alegações finais, até 10 minutos para cada parte; e) tentativa final de conciliação; f) decisão, mediante
proposta de solução do juiz aos vogais; votação destes; havendo divergência, o juiz desempata ou
proferirá decisão com uma terceira solução. Nas Juntas de maior movimento, esse procedimento é
dividido em três audiências: a) a primeira é a audiência inicial, com a contestação e tentativa inicial de conciliação; as partes devem
estar presentes; b) audiência de instrução, destinada à inquirição das partes e das testemunhas; c) audiência de julgamento, com as alegações finais e votação; após o julgamento o juiz redigirá a
sentença e a Secretaria enviará notificação para os advogados.
15) Inquérito judicial para apuração de falta grave: previsto pelo art. 853 para a rescisão de contrato
de trabaljo de empregado que, tendo completado, como não-optante do FGTS, 10 anos de serviço no
mesmo emprego, adquiriu estabilidade; também é utilizado para a rescisão dos contratos de dirigente
sindical em razão da estabilidade especial que tem.
Dissídios Coletivos
16) Conceito: são os destinados a solucionar os conflitos coletivos de trabalho; neles está em jogo o
interesse abastrato de grupo ou categoria; são de competência originária dos TRT.
17) Procedimento: é precedido de uma fase não judicial, que é constituída de 2 atos; primeiro, assembléia sindical autorizando a diretoria a abrir o dissídio (art. 859); segundo, nos dissídios
econômicos, a tentativa de convenção coletiva ou acordo coletivo entre as partes (art. 616, § 4º); a fase
judicial é constituída dos seguintes atos: a) petição inicial; b) designação de audiência de conciliação
pelo presidente do TRT no prazo de 10 dias; c) havendo acordo, será formalizado e submetido à
homologação do Tribunal; d) não havendo, será designada sessão de julgamento, na qual as partes
podem fazer sustentação oral em 10 minutos.
18) Sentenças normativas: é a proferida na sessão de julgamento; seus efeitos são amplos, fixando as
condições de trabalho que serão observadas nos contratos individuais das empresas da categoria e
durante um prazo que é normalmente de 1 ano.
Execução
19) Conceito: é a função do Estado, seguindo determinadas regras que a lei estabelece no sentido de
possibilitar, de um lado, o pleno restabelecimento do direito já declarado e, de outro lado, causar o
mínimo de dano possível ao vencido, nessa reposição; o conjunto de atos cumpridos para a
consecução desses objetivos, vinculados numa unidade complexa procedimental, tem o nome de
execuçã de sentença (CLT, arts. 876 a 892).
20) Procedimento: a) são exequíveis as sentenças dos dissídios individuais e os termos de conciliação
(876); b) a execução é definitiva (baseada em sentença transitada em julgado) ou provisória (fundada
em sentença contra a qual pende recurso); a provisória deve paralisar após a garantia do juízo com a
penhora; far-se-á por meio de carta de sentença; c) a execução da sentença começará com a citação
do executado para, em 48 horas, pagar a dívida ou nomear bens à penhora; não sendo paga a dívida, nem garantido o juízo, será determinada a penhora dos bens do devedor (arts. 878 e 880) d) penhora e
avaliação; e) praça (leilão); f) liquidação da sentença: as sentenças podem ser ilíquidas, isto é, embora
afirmando o direito do reclamante, não indicam o seu valor; nesse caso, é necessário fixar o quantum
da condenação, antes da citação do executado para pagar; a essa fase preambular da execução dar- se-á o nome de liquidação da sentença.
Recursos
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21) Conceito: constituem um instrumento assegurado aos interessados para que, sempre que
vencidos, possam pedir aos órgãos jurisdicionais um novo pronunciamento sobre a questão decidida; para recorrer a parte deve cumprir o prazo recursal, pagar as custas e, se empregador, depositar parte
do valor da condenação, nos termos da instrução nº 3 do TST.
22) Recurso ordinário: deve ser interposto em 8 dias, das decisões finais das juntas para os TRTs e
das decisões definitivas proferidas pelos TRTs para o TST, em processos de suc competência originária
(dissídios coletivos, mandados de segurança, impugnação de vogais, ação rescisória); para recorrer, o
empregador tem de fazer o depósito da condenação até um certo limite.
23) Recurso de revista: cabe das decisões dos TRTs para o TST (turmas), salvo em execução de
sentença; nos TRs, divididos em turmas ,cabe revista da descisão da turma diretamente para o TST; o
prazo é de 8 dias, contados a partir da publicação do acórdão no jornal oficial (CLT, art. 896); seus
pressupostos são: a violação de literal dispositivo de lei federal, ou da CF, nos casos de revista por violação da lei; a existência de acórdãos com interpretação diversa de lei federal, estadual, convenção
coletiva, acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória
em área territorial que exceda a jurisdição do TR prolator, nos casos de recurso de revista por divergência de interpretação.
24) Pressupostos recursais: são requisitos que aquele que recorrer deve cumprir, com observância do
prazo para recorrer, depósito de garantia ou depósito recursal, se recorrente é o empregador, recolhimento das custas processuais e lesividade ou prejuízo advindo da sentença condenatória que
sofrerá caso a condenação seja mantida; o controle desses pressupostos é feito pelo juiz prolator; a ele
compete verificar se o recurso está em condições de ser processado; é o controle de admissibilidade do
recurso.
25) Recurso extraordinário: cabe das decisões do TST para o STF, quando contrárias à Constituição
Federal e processado na forma do Regimento Interno do STF e do CPC (CF, art. 119, III).
26) Agravo de petição: é interposto diante de sentenças proferidas pelo juiz presidente das Juntas nos
embargos à execução, para o TRT ou uma de suas turmas; o prazo é de 8 dias; é um recurso exclusivo
da fase de execução da sentença; é uma forma de rediscutir na execução, como a penhora e os
cálculos da liquidação da condenação ilíquida.
27) Agravo de instrumento: é destinado a reexaminar despachos de juízes ou relatores que negarem
seguimento a recurso; serão processados em autos separados; só tera efeito suspensivo se o juiz o
atribuir; o prazo é de 8 dias.
28) Embargos declaratórios: são destinados a provocar o pronunciamento do mesmo órgão prolator da decisão, quando há lacunas, obscuridade ou contradições da decisão; o prazo é de 5 dias.
29) Embargos para SDI (seção de dissídios individuais) e SDC (seção de dissídios coletivos): é
cabível das decisões de dissídios coletivos da competência originária do TST e das decisões das
Turmas do TST, proferidas em dissídios individuais, quando houver divergência jurisprudencial ou
violação de lei federal; o prazo é de 8 dias.
30) Agravo regimental: cabe: do despacho do presidente do Tribunal ou de Turma que indeferir o
recurso de embargos; do despacho do relator que negar prosseguimento a recurso; do despacho do
relator que indeferir a petição de ação rescisória; do despacho do presidente de Turma que deferir, em
parte, o recurso de embargos; não é cabível contra decisão colegiada; é previsto no Regimento Interno
dos Tribunais.
Direito Administrativo do Trabalho
31) Ministério do Trabalho: suas atribuições são as seguintes: a) trabalho e sua fiscalização; b) mercado de trabalho e política de emprego; c) política salarial; d) política de imigração; e) formação e
desenvolvimento profissional; f) relações de trabalho; g) segurança e saúde no trabalho. Seus órgãos
são os seguintes: a) Conselho Nacional do Trabalho; b) Conselho Nacional de Imigração; c) Conselho
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Curador do FGTS; d) Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador; e) Secretaria de
Formação e Desenvolvimento Profissional; f) Secretaria de Políticas de Emprego e Salário; g) Secretaria de Relações de Trabalho; h) Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho; i) Secretaria de
Fiscalização do Trabalho.
32) Fiscalização trabalhista: cabe aos inspetores exercer serviços internos e externos da Delegacia
regional do Trabalho (DRT); são suas atribuições a instrução, o livre acesso, a exigência de exibição de
documentos e de prestação de esclarecimentos (arts. 627, 629, §§ 1º e 2º, e 630, § 3º, da CLT).
40) Instrução: é o dever que tem o inspetor de não autuar na primeira visita que faz a uma empresa, mas apenas de orientá-la quando se tratar de descumprimento de leis ou portarias novar ou de primeira
inspeção em estabelecimento de recente inauguração.
41) Livre acesso: é o direito de o inspetor ingressar em qualquer dependência da empresa, desde que
se relacione com o objeto da sua fiscalização; caso haja resistência, poderaá solicitar força policial.
42) Exibição de documentos: á a apresentação, que o empregador está obrigado a fazer ao inspetor, do livro de inspeção do trabalho no qual verificará as últimas anotações e o fiel cumprimento pelo
empregador das determinações lançadas pelo inspetor que o antecedeu; o inspetor poderá solicitar qualquer documento que julgar necessário.
43) Outras atividades: a homologação de pagamentos a serem efetuados aos empregados com mais
de um ano de emprego, por ocasião da rescisão contratual, prevista pelo 477, § 1º; a mediação dos
impasses que se verificam nas negociações coletivas entre entidades sindicais; a classificação de
ocupações; a relação anual de informações sociais (RAIS).
Direito Penal do Trabalho
44) Considerações: direito penal do trabalho é o ramo do direito público que tem por objeto as normas
e princípios aplicáveis à punição das infrações previstas no âmbito das relações de trabalho; são 2
fontes formais, o CP e as leis trabalhistas ordinárias; o CP pune os crimes contra a organização do
trabalho (Título IV da parte especial); nas leis trabalhistas podem ser encontradas medidas penais, como em algumas leis de greve, que penalizam atos considerados abusivos; a retanção dolosa dos
salários do empregado pelo empregador é considerada infração penal; recrutar trabalhadore mediante
fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro (206, CP).
Seguridade Social
45) Conceito: é o instrumento estatal específico protetor de necessidades sociais, individuais e
coletivas, e cuja proteção preventiva, reparadora e recuperadora, têm direito os indivíduos, nas
extensões, limites e condições que as normas disponham, segundo permite sua organização financeira.
46) Seguro: é um contrato pelo qual uma das partes obriga-se, perante a aoutra, mediante pagamento
de um prêmio, a indenizá-lo do prejuízo resultante de riscos futuros, previstos no contrato (art. 1.432, do
CC); divide-sem em privado e social.
47) Seguro privado: é o contrato feito entre o interessado e uma organização de direito privado; tem
como característica a natureza privatística de que se reveste; é fruto da autonomia da vontade e não de
uma imposição estatal.
48) Seguro Social: não tem natureza contratual, pois é imposto pelo Estado aos particulares, como
meio obrigatório de uma poupança coletiva; recai somente sobre as necessidades pessoais e não cobre
riscos pertinentes aos bens materiais. 49) Assistência e previdência: assistência social é o dever de solidariedade; não é contraprestativa; o
assistido não paga pela assistência; direito de previdência social é o ramo do direito que disciplina a
estrutura das organizações, o custeio, os benefícios o os beneficiários do sistema previdenciário.
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50) Sistemas de financiamento dos benefícios: são 2, o sistema de capitalização e o de repartição; capitalização é a formação de capital financiador das prestações futuras; tem origem nos critérios que
são observados nos seguros privados; repartição é a distribuição imediata dos recursos captados, o que
é feito a curto prazo, sem capitalização, evitando-se a depreciação do capital que se forma.
51) Plano de Custeio: é o programa orçamentário das arrecadações dos recursos que vão financiar os
sistemas e que tem um aspecto macro, que envolve problemas sobre renda nacional e redistribuição; no aspecto micro, o plano consiste na definição das pessoas que estarão obrigadas a efetuar o
recolhimento de contribuições.
52) Sistemas de custeio: compreendem o estudo das bases de contribuições, dos recolhimentos, dos
obrigados ao custeio e dos tipos de custeio a cargo de cada pessoa; a seguridade deve ser financiada
por toda a sociedade.
53) Contingências: são as situações que devem ser protegidas, as mais comuns a alteração da saúde
de uma pessoa, a incapacidade para o trabalho, a velhice, o desemprego, as necessidades familiares e, dentre estas, a morte, protegendo-se os dependentes; os tipos de benefícios guardam correspondência
com as contingências protegidas.
54) Seguridade complementar: é a permissão do Estado para que, além do sistema oficial, coexistam
sistemas confiados à iniciativa privada; funda-se na constatação de que o Estado não tem condições de
prover às necessidades de toda a população ou provê-las de modo adequado.
55) Custeio do Sistema: custeio é o estudo e a definição legal do financiamento do sistema de
previdência e assistência social, das pessoas que devem pagá-lo, dos critérios que devem ser adotados
para a captação dos recursos e dos respectivos valores correspondentes aos diversos pagamentos; a
CF/88 deixa bem claro os 3 princípios informadores de sua estrutura: a) universalidade de cobertura, significando que todos devem contribuir; b) a equanimidade na forma de participação no custeio, regra
de justiça social cuja finalidade é distribuir os ônus adequadamente, de modo que maior participação
deve ser exigida daqueles que estão em condições de pagar mais; c) a diversidade da base de
financiamento, forma de ampliar os critérios adotados para a obtenção dos recursos, não os limitando a
uma única forma de obtenção. O financiamento da seguridade social resulta das receitas provenientes
da União, da contribuições sociais e de outras fontes (Leis, 8.221/91, 8.444/92 e 9.032/95).
56) Beneficiários da previdência social: são segurados obrigatórios da Previdência Social, as
pessoas físicas que estão enumeradas no art. 11 da Lei 8.213/91 e no Decreto 611/92); os dependentes
do segurado, que são as pessoas que, segundo a lei, vinculam-se economicamente a ele, estão
enumerados no art. 16.
Benefícios da Previdência Social
57) Benefícios: são as prestaçõea asseguradas pelo órgão previdenciário aos beneficiários, quer em
dinheiro (auxílios, aposentadoria e pensão) ou em utilidades (serviços e remédios).
58) Auxilio-doença: será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de
carência, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias
consecutivos (art. 59); consistirá numa renda mensal correspondente a 91% do salário de benefício, respeitado o salário mínimo.
59) Aposentadoria por invalidez: será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio
doença. for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe
garanta a subsistência, se ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição; corresponde a uma
renda mensal de 100% do salário de benefício, inclusive a decorrente de acidente de trabalho.
60) Aposentadoria por tempo de serviço: é devida após 35 anos de trabalho, ao homem, e após 30, à mulher; será proporcional proporcional aos 30 anos de trabalho para o homem e 25 para a mulher. * verificar a nova legislação
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61) Aposentadoria por idade: alcançada certa idade o segurado tem direito ao descanso, como
contrapartida dos serviços que prestou durante a vida; é a concedida ao segurado que completar 65
anos, se homem, e 60, se mulher, reduzidos esses limites para 60 e 55 anos, para os exercentes de
atividades rurais. * verificar a legislação vigente
62) Aposentadoria especial: será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta lei, ao segurado
que tiver trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos, conforme a atividade profissional, sujeito à condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física; consistirá numa renda mensal equivalente a
100% do salário de benefício.
63) Salário-família: será devido, mensalmente, ao segurado empregado, exceto o doméstico, e ao
segurado trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados (art. 65).
64) Pensão por morte: será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado
ou não, a contar da data do óbito ou da decisão judicial, no caso de morte presumida( art. 74); a renda
mensal é de 100% do salário de benefício.
65) Auxílio-reclusão: será devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, sendo obrigatório, para a manutenção do benefício, a apresentação de declaração de permanência na condição de
presidiário.
66) Salário maternidade: é devido à segurada empregada, à trabalhadora avulsa e à empregada
doméstica, durante 28 dias antes e 92 dias depois do parto, observadas as situações e condições
previstas na legislação (art. 71).
67) Seguro desemprego: tem a finalidade de prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e auxiliar na busca de novo
emprego; sua duração é de 3 a 5 meses.
68) Acidente de trabalho: é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo
exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII, do art. 11 da lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho (Lei. 8.213/91, art. 19).
69) Auxílio acidente: é concedido, como indenização, ao segurado, após a consolidação das lesões
decorrentes de acidentes de qualquer natureza que impliquem a redução da capacidade funcional; o
seu valor mensal e vitalício é de 50% do salário de benefício; é devido aos segurados empregados, avulsos e segurados especiais (Lei 9.032/95); o recebimento de salário ou concessão de outro
benefício não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio acidente.
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