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APOSTILA CONCURSO

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APOSTILA CONCURSO

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ANÁLISE DE CRÉDITO

Conceito de Análise de Crédito

A análise de crédito consiste em atribuir valores à um conjunto de fatores que permitam a emissão de

um parecer sobre determinada operação de crédito.

Para cada fator individual emitimos um valor subjetivo (positivo ou negativo) para este. Se o conjunto de

fatores apresentar valores positivos em maior número que os negativos, a tendência é que o parecer seja favorável a concessão do crédito.

O processo de concessão de crédito para pessoas físicas ou jurídicas é muito parecido, todos tem um

fluxo bem semelhante. A pessoa física tem sua fonte de renda e suas despesas que podem ser de curto

ou longo prazo. Ela tem que tentar fazer com que sua receita seja suficiente para honrar suas despesas. Muitas vezes a falta de controle, o surgimento de despesas imprevistas ou outros fatores, fazem com

que exista a necessidade se buscar um suprimento de dinheiro extra para preencher esta lacuna aberta

em seu orçamento. Nesta situação é que surge o profissional de crédito com a missão de analisar se

este proponente merece que a empresa/instituição conceda à ele os recursos que necessita.

Existe também a situação que o proponente está procurando recursos para investimento. A análise é

feita de maneira um pouco diferente, mas os princípios são os mesmos.

São diversos os fatores, iremos falar neste portal de todos eles. Temos os fatores caráter e capacidade. Analisando estes fatores é possível emitir um parecer. Os fatores nos possibilitam ter uma idéia do

provável comportamento do cliente. Estaremos analisando o seu passado e tentaremos prever seu

comportamento futuro. Tentando assim só conceder crédito aos que demonstrem maiores e melhores

chances de honrar seus compromissos.

Outro fator de vital importância são as garantias. Apesar de não devermos realizar qualquer operação

de crédito baseada somente nas garantias, estas são um fator fundamental na análise do crédito, pois

elas podem nos dar a certeza de no caso de um sinistro, nosso capital investido terá um retorno mais

rápido.

A análise de crédito conta com a informática como instrumento de precioso auxílio. É possível, com uma

grande base de dados estatísticos, saber o perfil de um provável bom pagador.

Não podemos esquecer da informações que são obtidas pela checagem e pela análise dos documentos

apresentados pelo tomador que deseja realizar uma operação de crédito.

Todos estes fatores permitem que a análise de crédito seja possível com maior segurança.

Equações do crédito

Apenas com a idéia de facilitar e racionalizar os conceitos de uma análise de crédito para pessoas

físicas, eu os agrupei em algumas equações. São utilizadas em minhas rotinas de trabalho. São elas:

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Análise de Crédito

Equação: Caráter + Capacidade + Patrimônio + Garantia = < ou > Risco

Caráter

Equação: Pontualidade + Restritivos + Identificação = < ou > Risco

Capacidade

Equação: Idade + Estado Civil + Fonte de Renda + Tempo de Atividade = < ou > Risco

Patrimônio

Equação: Comprovação de Existência + Valor de Mercado + Identificação da Origem = < ou > Risco

Garantia

Equação: Liquidez + Valor de Mercado + Correta Formalização = < ou > Risco

Caráter

Pode-se definir o caráter, em relação ao crédito, como a intenção do cliente em saldar a operação de

tomada.

Não é fácil identificar se uma pessoa deixou de pagar suas dívidas realmente por vontade própria. Serão mostrados aqui alguns critérios possíveis de serem adotados para se obter uma idéia do que

seria alguém com caráter. Muitas vezes a pessoa que toma o empréstimo ou financiamento é de bom

caráter, mas não tem a habilidade necessária para gerir seu negócio ou sua vida financeira, o que faz

com ele se endivide em demasiado.

Fontes de Informações

Pontualidade

Restrições

Capacidade

Definição: Podemos chamar de capacidade, no que diz respeito a análise do crédito, a condição ou

habilidade apresentada por um tomador de crédito para honrar seus compromissos.

O cliente pessoa física tem a capacidade de gerar receitas e recursos. Ao realizarmos uma operação de

crédito devemos tentar mensurar esta capacidade. Devemos levar em consideração: o valor, a origem, a previsão de recebimentos dos valores e outros fatores. A análise deve ser feita de maneira diferente, de acordo com a fonte de seus recursos.

É lógico que é muito difícil saber se aquele cliente que você emprestou dinheiro à ele ontem, irá ser demitido da empresa na qual ele trabalha. Além disto se vivermos sempre com este dilema não iremos

realizar nunca operações de crédito. O que temos que tentar fazer é prever com um grande percentual de acerto se nossos clientes irão pagar ou não.

Analisando a capacidade do cliente podemos ter uma idéia (não devemos esquecer que a análise de

crédito é complexa e envolve diversos fatores, a capacidade é um deles e não deve ser analisada

isoladamente) se o cliente apresenta uma situação de um provável pagador da operação.

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O valor da renda do cliente já nos dá uma idéia de sua capacidade de pagamento, sua fonte pagadora

também. Devemos "olhar" com atenção sua fonte pagadora.

Se pensarmos nos motivos que possam existir para que um tomador deixe de honrar uma operação, chegaremos a várias conclusões, vamos relacionar algumas delas:

• Desemprego

• Morte do tomador

• Endividamento demasiado

• Doença

A morte é com certeza um "bom" motivo para o cliente não honrar sua dívida. Existe uma forma de

anularmos este risco de prejuízo e ainda gerarmos receita para nossa empresa/instituição. Podemos

agregar ao contrato de financiamento/empréstimo um seguro prestamista, que irá saldar a dívida do

cliente em caso de morte ou invalidez permanente. Agregar um seguro deste tipo pode trazer algum

prejuízo comercial se ele fizer que tenhamos que aumentar muito a taxa de juros praticada nas

operações mas isto será objeto de outro área deste portal. Podemos afirmar que se fizermos um

levantamento estatístico em qualquer empresa/instituição a falta de pagamento devido a morte ou

doença dos tomadores não estarão entre os principais motivos.

Ao utilizar estes dois motivos como exemplo quisemos apenas mostrar que os responsáveis por decisão

de crédito, devem estar atentos a todas as situações possíveis que cercam a operação, procurando

analisar quais representam mais risco de sinistro e tomar as devidas decisões a respeito.

Ao analisarmos o motivo "endividamento demasiado" podemos concluir que ele pode ser evitado. Antes

de realizarmos a operação de crédito, quando tivermos observando a ficha cadastral e os resultados

das checagens poderemos observar se o cliente declarou ter experiência de crédito em outras

empresas/instituições e se foram apontadas "passagens" em outras empresas/instituições. As

experiências de crédito informadas podem significar que ele ainda está com estes compromissos e as

"passagens" indicam que ele realizou ou pelos menos solicitou crédito em outra ou outras empresas e/ ou instituições. Devemos procurar obter informações junto a estas empresas/instituições para termos a

idéia dos valores que o cliente está solicitando/emprestando no mercado. Além disto podemos descobrir outras informações através de nossas checagens juntos as empresas/instituições. Ao descobrirmos o

montante que o cliente deve no mercado, podemos enquadrar o valor a ser liberado para ele ou até

mesmo negarmos o crédito se os valores forem muito elevados em relação a sua renda.

Pode ser realizada uma checagem específica com o próprio tomador quando se encontra o

apontamento de "passagem" em nome do cliente (esta consulta depende do valor da operação ou da

disponibilidade de recursos humanos e de tempo que a operação pode dispor). Nesta página você

encontra um exemplo desta checagem.

Em relação ao motivo desemprego, podemos dizer que não há modo de prever isto, mas podemos ter uma noção da empregabilidade do tomador. É claro que sabemos que em relação a estabilidade do

tomador para manutenção de sua fonte de renda o tipo de cliente mais seguro é o aposentado, pois ele

não irá deixar de receber sua renda. O pensionista também oferece uma certa estabilidade, desde que a

pensão não seja alimentícia, pois assim teríamos que analisar a pessoa que paga a pensão e não

somente quem recebe. Os funcionários públicos, principalmente os militares também possuem

estabilidade.

Aproveitamos para escrever sobre a vital importância dos envolvidos em decisão de crédito de estarem

atualizados, durante muito tempo o funcionário público foi sinônimo de estabilidade, pois era quase

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impossível ele perder seu emprego. Os tempos mudaram. Primeiro foram as privatizações de empresas

públicas que fizeram com que pessoas que achavam que nunca iriam ser demitidas e até mesmo não

se atualizavam profissionalmente fossem postas no mercado de trabalho. Depois, como reflexo de uma

democratização tardia do país, vieram as denuncias e punições de funcionários públicos envolvidos em

corrupção, algo que seria impossível alguns anos atrás. Ou seja, funcionário público não é mais

sinônimo de estabilidade total. Temos que ter sempre em mente que a sociedade é algo dinâmico e está

em constante transformação, nós temos que estarmos atentos à elas e nos mantermos atualizados.

A formação do tomador também é um dado importante, muitas empresas/instituições desprezam esta

informação, não é comum existir nas fichas de cadastro um campo para o tomador indicar sua

formação. Através da formação do cliente, além de outros dados podemos prever sua condição de

conseguir ser recolocado no mercado.

Abaixo estamos fornecendo alguns dados de como se analisar a capacidade um cliente de acordo com

sua fonte de renda.

Fontes de renda:

Assalariado

Pensionista

Profissional Liberal

Aposentado

Autônomo

Sócio de Micro ou pequena empresa

Comprovação de Renda

Checagens

As checagens são fundamentais para uma análise de crédito, as perguntas feitas devem ser claras e

objetivas para que não se perca tempo durante a checagem tendo que ficar repetindo o significado das

perguntas. Elas tem como objetivo possibilitar que o emissor do parecer sobre a proposta de crédito

possa levar em consideração realmente as informações dados pelo proponente.

Não podemos esquecer que temos compromisso com o resultado da instituição/empresa e que

devemos conceder crédito para os proponentes que apresentem melhores condições de honrar as

operações. Temos que tentar respeitando a relação custo/benefício e no menor espaço de tempo

possível realizar as checagens que achamos necessário para emitir um parecer com segurança. Qualquer tipo de checagem implica em custos, por isto não adianta checarmos todas as fontes de

informação possíveis para um proposta cujo o valor seja baixo, pois pode acontecer que mesmo que o

cliente pague em dia, já teremos gasto mais do que a instituição/empresa irá ganhar com a operação.

Outro fato com que temos que nos preocupar é com a demora para a emissão do parecer em uma

proposta, temos que ser cuidados com todo o processo de concessão de crédito mais ao mesmo tempo

temos que ser ágeis, pois a demora na emissão pode significar a perda de um cliente potencial e até

mesmo a perda de parceiro comercial, dependendo do produto que estamos operando.

Nos casos de operação com cliente antigos algumas checagens podem deixar de serem feitas, principalmente aquelas referentes a dados já informados pelo cliente em seu contrato ou contratos

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anteriores e que não tenham se modificado de acordo com a ficha cadastral preenchida para a nova

operação.

Os envolvidos na checagem devem ser treinados antes de realizarem estas tarefas. O ideal é que exista

um roteiro para que o funcionário siga.

As checagens podem e devem variar de acordo com o tipo de operação e até mesmo com o valor que o

proponente está solicitando.

Nunca podemos esquecer que ao ligarmos para uma pessoa ou empresa para realizarmos uma

checagem, estamos representando nossa instituição ou empresa, por isto devemos mais do que nunca

sermos educados, gentis e diretos com nossos interlocutores. As pessoas que irão atender o telefone

do outro lado da linha estarão nos fazendo um favor. Deveremos tentar criar empatia com estas

pessoas.

O funcionário que realiza a checagem deve estar atento durante a sua verificação para como a pessoa

que ele está questionando passa as informações. A fonte de informação pode:

Informar: É a forma de resposta da fonte de informação que dá maior credibilidade para a checagem, mas mesmo assim, não impede que haja uma combinação prévia entre fonte de informação e o

proponente. O atendente deve estar atento para a maneira que a fonte de informação responde as

perguntas. As vezes perguntas que normalmente deveriam ser objeto de consulta a alguma fonte e são

respondidas de imediato podem representar que a fonte de informação está passando informações

inverídicas. Exemplo: Ao ligar para uma empresa para checar dados profissionais, a pessoa que atende

dá todas as informações diretamente, informa tempo de serviço, salário, cargo e etc. Ou a empresa é

muito pequena e o funcionário sabe os dados de cor dos funcionários ou existe alguma coisa errada. Normalmente estas informações deveriam ser obtidas em alguma tipo de arquivo seja ele manual ou

eletrônico.

Confirmar: Muitas vezes a fonte de informação se recusa a informar os dados do pesquisado, e diz que

só pode confirmar. Este fato deve ser informado ao analista ou pessoa que irá emitir parecer sobre a

operação, pois tal fato pode significar somente que a fonte de informação ficou desconfiada de alguma

coisa e não se sentiu a vontade para falar sobre o proponente. Pode significar também que a fonte de

informação esta combinada com o proponente e para evitar erros, vai confirmar os dados que foram

informados na proposta. Sendo que os dados não são verídicos. Desconfie de perguntas como: Quanto

ele disse que ganhava?

Devemos procurar identificar na hora da ligação se a referência está consultando um "terceiro" antes de

nos passar as informações.

O funcionário que realiza a checagem deve sempre deixar claro ao analista quais os dados que foram

informados e quais os que foram somente confirmados. Esta diferença possibilita ao analista identificar possíveis combinações feitas por estelionatários ou "espertos" para passarem informações falsas.

Local de Trabalho

Referência Bancária

Referência Comercial

Referência Pessoal

Residência

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Vizinhança

Ficha Cadastral

A ficha cadastral é o ponto de partida para uma análise de crédito, nela devem estar contidas as

informações que irão permitir a emissão de um parecer sobre uma operação de crédito. A ficha

cadastral deve ser elaborada de maneira objetiva, fazendo que o preenchimento desta seja simples e

rápido. Todas as informações pedidas na ficha cadastral devem ter uma utilidade, ou seja, se a informação não

vai servir para auxiliar a emissão do parecer, não deve ser posta na ficha cadastral.

É comum vermos fichas cadastrais com espaços mínimos para o proponente e/ou avalista

preencherem, tal fato faz com que estes tenham que abreviar palavras (as abreviações nem sempre

obedecem regras da língua portuguesa, o que dificulta o entendimento), começar a frase ou palavra

com um tamanho de letra e terminar com um rabisco ilegível. Resumindo não há como identificar os

dados que foram postos em determinados campos da ficha.

Devemos, ao elaborar a ficha cadastral, procurar ser o mais claro possível, escolhendo bem os termos

que irão dar os nomes aos campos que irão ser preenchidos. Exemplo: Filiação: Pai / Mãe. Sempre que

pensarmos que um termo utilizado na ficha cadastral pode dar margem a erros de interpretação, devemos trocá-lo ou por um sinônimo ao lado.

Nas empresas/instituições que utilizam as "propostas eletrônicas", ou seja, sistemas informatizados que

registram os dados da ficha cadastral. A ordem de distribuição nos campos na tela do computador deve

seguir uma ordem mais próxima possível da ordem apresentada na ficha cadastral em papel, para

facilitar o trabalho de digitação. Isto quando os dois tipos de propostas (papel e eletrônica) existirem.

Muitas empresas/instituições utilizam o credit score como ferramenta de concessão de crédito, nesta

situação é importante que todos os dados que pontuam no credit score estejam presentes em forma de

campos para serem preenchidos na ficha cadastral, parece óbvio, mas algumas instituições já

montaram fichas cadastrais e esqueceram de colocar campos com dados que eram pontuados no credit score.

Na ficha cadastral poderá ou não estar incluída uma proposta de crédito. A proposta de crédito, mesmo

tendo campos em comum com a ficha cadastral, tem uma outra finalidade. Algumas instituições

unificaram ambas em um único formulário.

Apresentamos alguns modelos de ficha cadastral, estes modelos são o que nós consideramos ideal para uma ficha cadastral. Os modelos são bem abrangentes e contém muitas informações. O

importante é que cada ficha cadastral atenda as necessidades específicas da instituição/empresa. Assim pode ser que o nosso modelo contenha muitas informações que não seriam utilizadas por diversas instituições/empresas. Nosso objetivo é apenas mostrar alguns exemplos

Proposta de Crédito

A proposta de crédito é um documento que define como a operação foi realizada e quem a autorizou. Ela pode ser emitida em papel ou eletronicamente. Na proposta de crédito devem estar contidos os seguintes dados:

Dados do tomador

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Dados que possibilitem a identificação do tomador da operação, dados como: nome, CPF, data de

nascimento, endereço etc. Ou seja, os dados que qualifiquem quem vai realizar uma operação de

crédito.

Dados do avalista

Se houver avalista na operação, os mesmos dados que forem preenchidos para o proponente, deverão

ser preenchidos para o avalista.

Dados da operação

São os dados que descrevem como é a operação. Valor, prazo, valor das parcelas(contraprestação, pmt etc.)

Dados da garantia

Descrição da garantia, valores estimados ou reais etc.

Dados das consultas

Descrição dos resultados das pesquisas cadastrais realizadas para a emissão do parecer.

Dados do aprovador

Nome e cargo(ou função) de quem está aprovando a operação. Campo para assinatura do(s) responsáveis pela concessão.

Muitas empresas/instituições unificam a proposta de crédito e a ficha cadastral em um único documento

Análise de Crédito Pessoa Jurídica

Iremos escrever nesta área do portal sobre o crédito destinado à empresas (pessoa jurídica). Aqui constarão informações sobre concessão, dicas para análise de crédito, estudos de casos e muito mais.

Veremos os chamados C's do crédito.

A análise de crédito está dividida nestes seis tópicos abaixo. Acesse as páginas e obtenha

informações sobre cada um deles

Caráter Capacidade

Condições Capital

Colateral Conglomerado

Caráter

Definição: Caráter é referente à intenção, a determinação, a vontade que o tomador tem em honrar uma operação. Identificar se um tomador que não honrou suas dívidas teve ou não a intenção de pagar não é uma tarefa fácil de se realizar, . As informações que a instituição/empresa possui de seus cliente,

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as informações obtidas com outros bancos e fornecedores e as informações disponibilizadas pelas

empresas/órgãos de informação são a melhor maneira de conhecer os hábitos de pagamento do

tomador.

É importante destacar que uma empresa pode não honrar seus compromissos por não possuir recursos, isto não significa que falta caráter aos responsáveis pela empresa. No meu ponto de vista, o caráter é

um dos mais importantes elementos de uma análise de crédito, pois outros fatores que não permitam

que o cliente consiga honrar sua dívidas podem até ser contornados. Mas se o tomador não possui a

intenção de honrar seus compromissos, nada há para fazer, a não ser recorrer as meios legais de

cobrança. Se o tomador possui caráter, ele tentará negociar a dívida, oferecer bens como forma de

pagamento e tentará manter sua boa reputação.

Também poderemos encontrar casos que a intenção de pagar do tomador não é muito grande, mas ele

necessita de realizar negócios com determinado fornecedor para que seu empreendimento continue a

existir, sendo assim podemos dizer que a importância do produto ou serviço em relação ao negócio do

tomador, pode ser fundamental para o recebimento dos valores concedidos. Ou seja, se pararmos de

vender nossos produtos ou serviços a um determinado cliente, seu negócio acaba.

Capacidade

Definição: Entre os profissionais de crédito, ela pode ser definida como a capacidade de pagamento de

uma empresa de honrar suas dívidas e obrigações. Pode ser definida também como a habilidade e/ou a

competência de se administrar a empresa. Este site não tem como objetivo "adotar uma verdade" sobre

os assuntos aqui abordados, por isto sempre haverá espaço para as várias formas de conceituação dos

temas relativos ao crédito, ao risco e a cobrança. Vamos adotar nesta página a definição para

capacidade, como sendo a habilidade ou competência, como já escrito anteriormente. Esta definição é

apenas para seguir uma linha nesta página. Em outras páginas iremos escrever sobre a outra definição. Para analisarmos a capacidade da empresa, deveremos analisar:

- Seus administradores: a formação profissional destes, se possível a formação acadêmica também, sua

exposição ao ramo de atuação na qual a empresa que ele dirige está inserida.

- A empresa: suas instalações, seus métodos de trabalho

Quanto maior o porte da empresa, mais profundamente deveremos "mergulhar" nela, até pelo fato que

devido ao grande porte da empresa, a possibilidade das quantias envolvidas em operações de crédito e

risco serem "astronômicas".

Capital

Um fator importantíssimo em um análise de crédito. Capital em uma análise de crédito de uma empresa

não é entendido simplesmente como a conta de capital que usamos na contabilidade. Quando falamos

de Capital em um análise estamos nos referindo a sua situação econômica, financeira e patrimonial. Estamos falando dos seus recursos e bens que podem ser utilizados para honrar suas dívidas.

Através da análise dos demonstrativos contábeis, podemos levantar informações sobre como está o

desempenho da empresa e sobre sua solidez. Estaremos fazendo uma análise financeira da empresa.

Para a análise financeira não utilizamos somente os demonstrativos como balanços e relatórios de

demonstração de resultados. Podemos fazer a análise financeira e descobrirmos a capacidade de

pagamento de uma empresa ou de uma pessoa que não emita nenhum demonstrativo ou declare

imposto de renda. Podemos nos basear em informações obtidas com o próprio e com terceiros.

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Condições

As "condições" na análise de crédito são os fatores externos e macroeconômicos. Estes fatores

externos, muitas vezes imprevisíveis, não são controláveis pela empresa. Mudanças na política

econômica do governo podem afetar positivamente ou negativamente uma empresa. Toda empresa

está envolvida em um sistema onde diversas forças e fatores exercem influência sobre ela. Podemos

citar como exemplos, as conjunturas nacionais e internacionais, o governo, o meio ambiente, a

concorrência e etc. O ramo de atividade também é um fator que influi na existência da empresa. Alguns

ramos de atividade funcionam em uma cadeia e só atendem a um outro ramo, se este ramo entra em

crise, com certeza a crise irá lhe afetar.

A sazonalidade é outro elemento de nosso estudo, existem empresas que produzem para comercializar somente durante determinada época do ano, podemos citar como exemplo as fábricas de ovos de

Páscoa. Existem também os produtores agrícolas que cultivam culturas que não se desenvolvem

durante o ano todo.

As condições afetam as empresas de diferentes formas e de diferentes intensidade, o porte da empresa

é um outro fator fundamental para a redução desta intensidade. Podemos citar também outros fatores

que afetam as empresas como: a moda, a essencialidade e a região geográfica.

Conglomerado

Definição: O termo Conglomerado em análise de crédito significa analisar não apenas a empresa que

está solicitando crédito, mas todo o conglomerado de empresas na qual a empresa está inserida. A

idéia é que se faça a análise da empresa controladora ou das controladoras (se for o caso), das

controladas e das coligadas. Desta maneira poderemos ter uma idéia do conjunto de empresas que

formam um grupo. Isto é para evitar que alguém utilize uma coligada ou controlada que está em melhor condição financeira para obter recursos que na verdade serão utilizados em outra empresa que não

está em boa situação. A idéia de conglomerado não é usada somente nos termos da lei, mas sim

quando qualquer empresa possui participação nas tomadas de decisão de outra empresa.

Definição de Coligada: Sociedade que uma participa com o mínimo de 10% do capital da outra sem

porém controlá-la.

Definição de Controlada: Chamamos de controlada uma sociedade na qual a condição de eleger a

maioria dos administradores e o predomínio nas deliberações sociais é exercida de modo permanente. Ou seja a sociedade possui direitos de sócios que a possibilita controlar outra sociedade. O controle

pode ser exercido de maneira direta ou através da intermediação de outras controladas

Colateral

Chamamos de Colateral uma espécie de segurança adicional à uma operação de crédito. É uma ou

mais garantias dadas pelo tomador para aumentar o grau de segurança da operação e muitas vezes

para fortalecer algum dos outros fatores da análise. Contudo não devemos nunca utilizarmos garantias

para fortalecer uma proposta de um tomador que apresente restrições em relação seu caráter.

Garantias

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Definição: As garantias tem com objetivo dar reforço a segurança nas operações de crédito.

Durante uma operação de crédito as garantias deverão ser examinadas em conjunto com as

informações cadastrais, a finalidade da operação, sua forma e as fontes de pagamento.

Tipos de Garantia: Existem dois tipos de garantias, as pessoais ou fidejussórias e as garantias reais.

É fundamental adequar as garantias às características da operação de crédito, porém a liquidez do

crédito não deve ser baseada somente nas garantias constituídas, mas sim em um conjunto de

variáveis que nos permitam ter um idéia se a operação de crédito será concedida à um "bom cliente".

Exemplo de adequação da garantia a característica da operação de crédito: Determinadas

garantias necessitam de um prazo mais longo para serem formalizadas, por isto devem ser evitadas

para operações de curto prazo. Como utilizar como garantia a hipoteca de um imóvel para um operação

de desconto de duplicatas com um prazo de 60 dias.

Exemplo de utilização de garantia para a concessão de crédito sem levar em consideração a

análise do conjunto de variáveis: Um cliente solicita financiamento de um veículo e dá como entrada

50% do valor deste. O cliente no ato da concessão do crédito apresentava algumas restrições

cadastrais, como a emissão de 5 cheques sem fundos e dívidas em 2 bancos. Além disto sua fonte de

renda, declarada de R$ 5.000,00 era oriunda de trabalhos como autônomo. Após alguns meses o

cliente sofre um acidente e ocorre perda total no veículo. O veículo não estava segurado. Resumindo o

valor da operação foi lançado como prejuízo para a instituição que concedeu o crédito, já que a garantia

não mais existe, não há como apreendê-la e leiloá-la para tentar recuperar o prejuízo.

Abaixo links para as áreas de garantias pessoais(fidejussórias) e reais.

Pessoais

Reais

Garantias - Pessoais

As garantias pessoais ou fidejussórias são garantias nas quais pessoas físicas ou jurídicas assumem, como avalistas ou fiadores, a obrigação de honrar os compromissos referentes a operação de crédito, caso o cliente não o faça.

Os avalistas e fiadores devem passar pela mesma análise creditícia que o proponente, pois caso o

cliente não honre seus compromissos o avalista ou fiador terá que fazê-lo, portanto é necessário que ele

tenha condições econômica e financeiras para isto.

Quando o aval ou fiança for dado por pessoa jurídica, deverá ser verificado no contrato ou estatuto

social da empresa se existe esta possibilidade expressa no contrato, pois se não houver, o aval ou a

fiança não terá validade jurídica.

Aval

Definição: É a promessa que alguém faz de cumprir obrigação de terceiro realizada através de um

título de crédito, se o obrigado não vier a cumprir. O avalista é quem concede o aval. Avalizado é a

pessoa que recebe o aval. Não existe aval em contrato, somente em títulos de crédito.

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O aval é uma garantia pessoal e deve ser aceita desde que se possa constatar sua capacidade

econômica e financeira e sua idoneidade moral, além de capacidade jurídica (se é maior de idade ou se

não está interditado).

O aval não pode ser limitado nem condicionado. O avalista responde pelo título como um todo.

O aval dado por procurador, quando esse é o próprio emitente do título, tem sua validade dependente

dos poderes expressos, no respectivo instrumento de procuração, desde que lavrada em cartório

competente. Nas procurações, os poderes devem ser expressos, de forma clara, para a modalidade do

título avalizado.

O aval prestado por pessoas jurídicas somente é válido quando permitido expressamente no contrato ou

estatuto social da empresa. A simples omissão determina a impossibilidade de prestar o aval.

O aval prestado por pessoas casadas compromete o patrimônio do casal até o limite da meação do

cônjuge, que é a metade do patrimônio do casal. Portando é recomendável que se tome também o aval do outro cônjuge. Exemplo: Se o marido entra como aval é recomendável que se tome o aval da esposa

e vice-versa.

O aval cruzado e a concentração de avais são práticas desaconselháveis, já que reduzem a eficácia do

aval como reforço da segurança da operação de crédito. O aval cruzado é quando um proponente

recebe um aval em uma operação e em outro operação os papéis se invertem, o aval passa a ser proponente e o proponente passar a ser o aval. A concentração de avais é quando uma única pessoa

presta aval em várias operações.

Fiança

Definição: É uma garantia cujo fiador, seja pessoa física ou pessoa jurídica se constitui como principal responsável pelo pagamento das obrigações assumidas pelo afiançado, pessoa física ou pessoa

jurídica, caso esta não cumpra as obrigações contratadas. A fiança é sempre estabelecida em relação a

um contrato.

Na fiança de pessoa física, é importante a outorga uxória, ou seja, a assinatura do cônjuge do

contratante, a fim de coobrigar a responsabilidade pelo contrato.

A fiança é uma garantia contratual e não cambial, o que significa que é uma garantia sempre dada em

contratos.

GARANTIAS REAIS

Definição: São bens ou direitos de recebimentos dados em garantia de obrigações relativas a operações

de crédito.

A escolha do tipo de garantia real deve ser feita de acordo com as características da operação de

crédito, como: tipo de operação, prazo, valor etc.

A escolha da garantia também deverá ser voltada para os bens e direitos de maior grau de liquidez

(possibilidade de recebimento) e que deverão ser observados os preceitos de sua formalização.

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Alienação Fiduciária

Anticrese

Caução

Hipoteca

Penhor Mercantil Reserva de Domínio

Alienação Fiduciária

Definição segundo o dicionário Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa

a.li.e.na.ção sf (lat alienatione) 1 Ação ou efeito de alienar; alheação. 2 Cessão de bens. 3 Desarranjo

das faculdades mentais. 4 Arrebatamento, enlevo, transporte. 5 Indiferentismo moral, político, social ou

mesmo apenas intelectual. Antôn (acepção 5): engajamento, participação. A. mental: loucura.

• Definição: É o contrato no qual o devedor transfere ao credor a propriedade de bens móveis para

garantir pagamento de dívida com a condição de tornar a ter a propriedade do bem, quando liquidar a

dívida.

Anticrese

Definição segundo o dicionário Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa

an.ti.cre.se sf Dir (gr antíkhresis) Abandono ao credor das rendas de um imóvel, como compensação

de dívida, ou à conta de juros.

Caução

Definição: É o penhor de um direito não material. Exemplo: o crédito. Para haver uma distinção entre o

penhor de títulos e direitos creditórios do penhor tradicional, onde existe a transferência do bem móvel, ele é denominado de caução.

A caução acarreta um direito sobre outro direito, daí ser essencial que haja a entrega dos títulos para

caracterizar este tipo de garantia. Os direitos cedidos podem ser: penhor, hipoteca, depósito em

dinheiro, valores e títulos.

Não são os títulos em si(os papéis fisicamente) que são dados em garantia, mas sim o direito que esses

títulos representam e que por terem valor econômico, podem ser oferecidos em garantia em uma

operação. O credor que recebe títulos em caução é chamado de mandatário.

Exemplo de títulos caucionáveis: Letras de Câmbio, duplicatas, Notas Promissórias de terceiros, ações

de empresas de capital aberto e outros títulos cambiais.

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Hipoteca

Definição segundo o dicionário Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa

hi.po.te.ca 1 sf (gr hypothéke) 1 Direito real constituído a favor do credor sobre imóvel do devedor ou

de terceiro, como garantia exclusiva do pagamento da dívida, sem todavia tirá-lo da posse do dono. 2

Dívida garantida por esse direito. H. convencional: a que resulta da estipulação das partes para garantir o cumprimento da obrigação. H. legal: a que a lei institui em favor de certas pessoas, naturais ou

jurídicas, em garantia de obrigações decorrentes de certos fatos.

Definição: Garantia baseada no direito real sobre bens imóveis, embarcações ou aeronaves, de forma a

assegurar o pagamento da dívida, sem que exista a transferência da posse do bem ao credor.

Após a liquidação da dívida, a hipoteca será liberada e deve ocorrer o cancelamento junto ao cartório.

• É uma garantia normalmente utilizada para operações de longo prazo, tendo como objetivo dar segurança a instituição/empresa ao ter bens imóveis lastreando a operação de crédito.

• A segurança que procuramos ao obter a hipoteca de um imóvel como garantia, só será conseguida se

tivermos certos cuidados com a formalização desta. Devendo ela estar registrada em cartório de registro

de imóveis, em primeiro grau e sem concorrência de terceiros. Se não houve o registro, não existe a

hipoteca.

• Os credores hipotecários tem preferência sobre outros credores, sendo que o credor que registrou

primeiro a hipoteca é privilegiado. Não há contudo preferência sobre crédito fiscais ou trabalhistas. A

hipoteca como garantia, pode ser dada pelo próprio devedor ou por terceiros intervenientes, que

será(ão) solidariamente responsável(is) pela dívida.

• Os direitos reais constituídos através de hipoteca continuarão a existir, caso o devedor transfira o bem

a outra pessoa (direito de seqüela). Se a dívida hipotecária não for paga, o credor hipotecário tem o

direito de executar a garantia, mesmo que essa não seja mais propriedade do devedor.

• O pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa em exoneração correspondente da

garantia. Enquanto não terminar o contato, a hipoteca não pode ser baixada.

• O cônjuge do hipotecante deverá comparecer ao ato de constituição da hipoteca, qualquer que seja o

regime de casamento(outorga uxória).

• Um imóvel pode ser hipotecado mais de uma vez ao mesmo credor ou até mesmo a outro credor, mediante novo título. A ordem das hipotecas é fixada pela data da sua inscrição no Registro de Imóveis. A denominação que se dá é a ordinal. Por exemplo: O Sr. José dá em primeira hipoteca, em segunda

hipoteca etc. Se a primeira hipoteca for cancelada, a segunda hipoteca passar a ser a primeira, a

terceira assume o lugar da segunda e assim sucessivamente.

• Tudo que for acrescido ao bem hipotecado passará a fazer parte integrante da hipoteca. É o princípio

geral de direito que diz que: o acessório segue o principal. Este princípio é aplicado ao direito das

coisas: imóveis, aviões, navios, etc.

• Sempre temos que considerar a liquidez do bem ao recebermos um em hipoteca. Não podemos

esquecer que esse bem poderá ter que ser vendido em praça pública e que somente atrairá

interessados se o bem apresentar valor econômico. O valor do bem deve ser compatível com o risco

assumido, principal somado aos encargos, que ele garante hipotecariamente, durante o período integral da operação.

Page 15: ADMINISTRAÇÃO.pdf

• Se não houver o pagamento da dívida conforme o contrato, o credor hipotecário não poderá ficar com

o bem dado em garantia. Ele deve promover a execução judicial da hipoteca.

• A dívida poderá ser considerada vencida se: 1 - O bem hipotecado deteriorar-se ou depreciar-se, reduzindo a garantia, e o devedor não reforçá-la; 2 - O devedor cair em insolvência ou falir; 3 - As obrigações não forem pontualmente cumpridas; 4 - Se perecer o objeto dado em garantia; 5 - Se houver desapropriação.

• É extremamente necessário examinar previamente a documentação do imóvel ou de outros

bens(embarcações marítimas, aeronaves etc.) e de seus proprietários. Documentos como: título de

aquisição do imóvel ou outros bens, certidão do registro de imóveis ou outros bens, certidão de filiação

vintenária e etc.

• O simples fato de se constituir uma garantia hipotecária não representa, por si só, a segurança da

liquidez do crédito. Na atividade de concessão de crédito, o importante é o retorno dos créditos nos

prazos previstos, que é conseguido com uma análise global do risco assumido, ou seja a análise de

crédito é fundamental para a concessão, não devemos nos basearmos somente na garantia para a

emissão de nosso parecer de crédito.

• A lei 8.009, de 29.03.90, eliminou os bens de família arrolados em venda judicial para fins de

pagamento de dívidas contraídas. Assim são considerados para efeito de impenhorabilidade do bem de

família:

1 - O imóvel residencial próprio do casal, quando nele resida, e o bens móveis que o guarnecem; 2 - Os bens móveis que guarnecem a residência locada; 3 - A sede de moradia, na propriedade rural, com os respectivos bens móveis; 4 - O imóvel de menor valor, se o casal ou a entidade familiar for possuidor(a) de mais de um e outro

não houver sido construído, na forma legal, como bens de família.

• Também, não são penhoráveis a pequena propriedade rural, na qual trabalha a família, para

pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, e o imóvel rural, até um módulo, desde

que seja o único de que disponha o devedor.

• Portanto no ato da concessão de crédito, além da verificação de capacidade financeira momentânea

do cliente, também deve ser verificado o patrimônio e serem descartados os bens que sejam

impenhoráveis.

Penhor Mercantil

Definição segundo o dicionário Michaelis - Moderno Dicionário da Língua Portuguesa

pe.nhor sm (lat pignore) 1 Contrato acessório pelo qual o devedor, ou terceiro, entrega ao credor ou a

quem o represente uma coisa móvel, que é por ele retida com o fim de assegurar, preferencialmente, o

cumprimento da obrigação. 2 Objeto entregue a um credor como garantia do pagamento de uma dívida. 3 Objeto móvel ou imóvel que assegura o pagamento de uma dívida. 4 Garantia, prova, segurança. 5

Certo jogo popular. Pl: penhores. Penhores de amor: os filhos.

Definição: Chamamos de penhor mercantil a garantia na qual o bem empenhado faz parte integrante do

negócio comercial.

Page 16: ADMINISTRAÇÃO.pdf

• O penhor mercantil pode abranger tanto os estoques de matérias-primas quanto os estoques de

produtos acabados de empresa cliente, devendo sempre ser dada a preferência aos produtos

acabados, pois estes já estão prontos para a comercialização e oferecem maior liquidez.

• Os estoques, que são objeto de penhor mercantil, são confiados obrigatoriamente à guarda dos fiéis

depositários, os quais se tornam responsáveis pela guarda, existência e conservação dos bens dados

em garantia, embora estes permaneçam de posse do cliente em locais próprios ou de terceiros.

• Ao operar com pessoa jurídica, deve-se atentar se no contrato social ou no estatuto da empresa, existe a permissão de constituição de penhor como garantia.

• Na descrição dos bens, devem ser fornecidos todos os detalhes que permitam sua completa e

imediata identificação, avaliação e localização:

1 - espécie, características, marca de identificação, classificação, tipo, safra (se houver) etc.

2 - valor unitário (preço de custo).

3 - quantidade (de cada tipo de bem penhorado).

4 - valor total (para cada tipo de bem penhorado e total).

5 - local ou locais onde estão depositados os bens penhorados.

• Quando a mercadoria a ser penhorada esteja depositada em armazém geral, os títulos que a

representam, conhecimento de depósito e warrants, devem ser endossados, com firmas reconhecidas

em cartório e entregues na empresa/instituição que está realizando a operação.

• Uma segurança maior em relação a garantia pode ser obtida se o bem estiver segurado e se existir um

cláusula que beneficie a empresa/instituição que recebeu o bem em alienação fiduciária.

• Não devem ser tomados em penhor mercantil ou vinculados aqueles bens passíveis de deteriorização, bens obsoletos ou de difícil comercialização.

• A validade na constituição do penhor mercantil é calçada na figura do fiel depositário. Por isso, essa

figura deve ser completa e corretamente identificada no contrato, devendo, no caso de operações com

pessoa jurídica, ser escolhida uma pessoa que não possua controle acionário ou cargo diretivo na

empresa

Os cinco “C” do crédito

Os analistas de crédito frequentemente utilizam-se dos 5 “C” para orientar suas análises

sobre as dimensões-chaves da capacidade creditícia de um cliente. Cada uma dessas cinco

dimensões será descrita a seguir:

CARÁTER: O histórico do solicitante quanto ao cumprimento de suas obrigações financeiras, contratuais e morais. Os dados históricos de pagamentos e quaisquer causas judiciais

pendentes ou concluídas contra o cliente seriam utilizadas na avaliação de seu caráter.

Page 17: ADMINISTRAÇÃO.pdf

CAPACIDADE: O potencial do cliente para quitar o crédito solicitado. Análises dos

demonstrativos financeiros, com ênfase especial nos índices de liquidez e de endividamento, são geralmente utilizados para avaliar a capacidade do solicitante de crédito.

CAPITAL: A solidez financeira do solicitante, conforme se encontra indicada pelo patrimônio

líquido da empresa. O total de exigíveis (a curto prazo e a longo prazo) em relação ao patrimônio

líquido, bem como os índices de lucratividade são frequentemente usados para avaliar o capital do demandante do crédito.

COLATERAL: O montante dos ativos colocados à disposição pelo solicitante para garantir o

crédito. Naturalmente, quanto maior esse montante, maior será a probabilidade de se recuperar o

valor creditado, no caso de inadimplência. O exame do balanço patrimonial e a avaliação de

ativos em conjunto com o levantamento de pendências judiciais podem ser usados para estimar

os colaterais.

CONDIÇÕES: As condições econômicas e empresariais vigentes, bem como circunstâncias

particulares que possam afetar qualquer das partes envolvidas na negociação. Por exemplo, caso a empresa tenha estoques excessivos de um item que o solicitante deseja comprar a

crédito, a empresa poderá propor vendas em condições mais favoráveis ou vender para clientes

com menos condições de obter crédito. Enfim, a análise das condições econômicas e

empresariais, assim como as circunstâncias especiais que possam afetar tanto o cliente quanto

a empresa vendedora, fazem parte da avaliação das condições.

O analista de crédito geralmente dá maior importância aos dois primeiros “C” – caráter e

capacidade – uma vez que eles representam os requisitos fundamentais para a concessão de

crédito a um solicitante. A consideração para os demais “C” – capital, colateral e condições – é

importante para a definição do acordo de crédito e tomada de decisão final, a qual depende da

experiência e do julgamento do analista.

FONTES ESPONTÂNEAS DE FINANCIAMENTO DE CURTO PRAZO

NÃO GARANTIDAS

As duplicatas a pagar representam a principal fonte de financiamento a curto prazo não

garantido(não baseado no COLATERAL, possibilitando à empresa o aproveitamento de

descontos financeiros no caso de efetuar pagamentos antecipados.

Outras fontes: Salários a Pagar, Impostos a Pagar etc.

Duplicatas a Pagar - resultam da compra de mercadorias a prazo sem que o comprador necessite

submeter-se a muitas formalidades. O comprador registra o recebimento da mercadoria, dando o

“aceite”, que significa ter assumido o compromisso de pagamento para com o fornecedor. Características:

Page 18: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Período de crédito – nº de dias até a data para pagamento

Desconto financeiro – dedução em termos percentuais sobre o valor de compra, se o comprador

pagar em um prazo especificado, que é menor que o período de crédito. Custo anual do não aproveitamento do desconto financeiro – DF X 360/N

|---------------------------------|----------------------------------------------------------------------|

01 10 30

Compra término do período vencimento

do desconto financeiro

$ 1.000 DF=2% $ 980 $ 1.000

Custo = 2% x 360/20 = 36% a.a.

OUTRAS FONTES DE FINANCIAMENTO A CURTO PRAZO

Empréstimos bancários:

01. Empréstimos a taxa de juros fixa

02. Empréstimos a taxa de juros flutuante

03. Empréstimos com desconto d= J (M – J) 04. Demais linhas de crédito

Outras fontes de curto prazo com garantia – os empréstimos a curto prazo com garantias possuem

ativos específicos – geralmente duplicatas a receber, cheques pré-datados ou estoques – empenhados

como COLATERAIS: Caução de duplicatas a receber ou cheques pré-datados - o risco é da empresa e não do Banco;

Factoring – venda direta de duplicatas a receber ou cheques, com desconto, a um Factor, que aceita

todos os riscos de crédito inerentes à operação.

Empréstimos com alienação de estoques – empréstimos com alienação fiduciária ou com Certificado de

armazenagem.

ADMINISTRAÇÃO EFICIENTE DE CAIXA

O ciclo operacional (CO) de uma empresa é definido como o período de tempo que vai do ponto

em que a empresa adquire matérias-primas e se utiliza da mão-de-obra no seu processo produtivo, até

o ponto em que recebe o dinheiro pela venda do produto resultante. O ciclo é composto pela soma de

dois componentes, a idade média dos estoques (IME ou PMRE) e o período médio de cobrança das

vendas (PMC ou PMRV):

CO = IME + PMC

A empresa pode normalmente comprar muitos de seus insumos (matérias-primas e mão-de- obra) a crédito. O período de tempo que a empresa dispõe para pagar esses insumos é chamado de

período médio de pagamentos (PMP) e, além disso, tais compras geram financiamentos espontâneos a

curto prazo. O financiamento espontâneo tem custo zero, na medida em que a empresa pode aproveitar quaisquer descontos financeiros oferecidos. A habilidade de adquirir insumos a crédito possibilita que a

empresa compense parcialmente (ou até totalmente) o período de tempo em que seus recursos

Page 19: ADMINISTRAÇÃO.pdf

encontrem-se comprometidos no ciclo operacional. Afinal, o número de dias do ciclo operacional menos

o período médio de pagamento pelos insumos representa o Ciclo de Caixa (CC)

CC = CO – PMP = IME + PMC – PMP

Administração do Ciclo de Caixa

Ações estratégicas combinadas:

01. Administração eficiente do Estoque-Produção – girar estoques tão rapidamente quanto possível, evitando a falta de estoques, que poderia resultar na perda de vendas.

02. Aceleração do processo de cobrança de duplicatas – cobrar duplicatas o mais cedo possível, sem

que isso motive perdas futuras de vendas, devido a técnicas que pressionem os clientes de forma

exagerada. Descontos financeiros que sejam economicamente justificáveis poderiam ser utilizados para

atingir esse objetivo.

03. Ampliação do período de pagamento das duplicatas – Retardar o pagamento das duplicatas –

retardar o pagamento das duplicatas a pagar tanto quanto possível, sem prejudicar o conceito de crédito

da empresa, mas aproveitar quaisquer descontos favoráveis.

ADMINISTRAÇÃO DE DUPLICATAS A RECEBER E ESTOQUES

As duplicatas a receber são o resultado de concessão de crédito de uma empresa a seus

clientes. Em termos médios, essa conta representa em torno de 37% dos ativos circulantes e 16% dos

ativos totais das empresas industriais americanas. A concessão de crédito a clientes por parte dos

fornecedores faz parte do custo se fazer negócio, pois ao manterem recursos comprometidos em

duplicatas a receber, as empresas perdem poder aquisitivo, além de correr riscos de inadimplência. Entretanto, ao incorrer nesses custos, as empresas têm condições de ser competitivas, atraindo e

mantendo clientes, e com isso melhoram e mantêm as vendas e os lucros.

O administrador financeiro preocupa-se com duas vertentes: uma delas é a política de crédito

(seleção, determinação de padrões e condições de crédito) e política de cobranças.

Seleção de crédito – utilização, em geral, de concessão via 5 “C”.

Alteração nos padrões de crédito

Volume de vendas – se os padrões de crédito forem afrouxados, deve-se esperar um crescimento nas

vendas; por outro lado, se ocorrer um arrocho nos padrões de crédito, deverá haver uma redução nas

vendas. Em geral, os aumentos nas vendas afetam os lucros positivamente, enquanto as diminuições

produzem efeitos negativos.

Investimentos em Duplicatas a Receber – carregar ou manter duplicatas a receber acarreta um custo à

empresa, equivalente aos ganhos que se deixa de obter em outras aplicações, decorrente da

necessidade de fundos com esse ativo. Portanto, quanto maior o investimento em duplicatas a receber, maior o custo de mantê-las, e vice-versa. Se a empresa afrouxar seus padrões de crédito, o volume de

duplicatas a receber deve crescer, assim como o custo relativo a esse maior investimento em

recebíveis. Tal mudança resulta na expansão das vendas e dos maiores períodos de cobrança que

ocorrem devido à maior morosidade dos pagamentos dos clientes, em geral. O inverso deverá ocorrer se os padrões de crédito sofrerem um arrocho. Portanto, espera-se que uma flexibilização dos padrões

Page 20: ADMINISTRAÇÃO.pdf

de crédito afete os lucros negativamente, em decorrência de maiores custos de “carregamento”, ao

passo que um arrocho traria conseqüências positivas, por reduzir tais custos.

Perdas com devedores incobráveis - A probabilidade ou risco de uma conta tornar-se incobrável aumenta com a maior flexibilização dos padrões de crédito, afetando os lucros negativamente. Efeitos

opostos sobre as perdas incobráveis e sobre os lucros podem ser esperados de um arrocho nos

padrões de crédito.

Maior flexibilização nos padrões de crédito podem causar as seguintes alterações:

MODELOS DE ANÁLISE(alterações no padrão de crédito):

01. A Dodd Tool, fabricante de peças para tornos mecânicos, está atualmente vendendo um produto por $ 10 a unidade. As vendas, todas a crédito, do ano mais recente foram de 60.000 unidades. O custo

variável unitário é de $ 6 e o custo fixo total é de $ 120.000. A empresa está pretendo flexibilizar os padrões de crédito e espera-se que esta medida acarrete um

acréscimo de 5% nas vendas, para 63.000 unidades, um aumento no período médio de cobrança do

seu nível atual de trinta para quarenta e cinco dias, e um aumento no nível de devedores incobráveis de

1% para 2% sobre as vendas. O retorno exigido pela empresa sobre os investimentos de igual risco, o

qual correspondente ao custo de oportunidade do comprometimento de fundos com as

duplicatas a receber, é de 15% ao ano. Para calcular se a Dood Tool deve adotar padrões de crédito mais flexíveis, é necessário calcular o

efeito sobre a contribuição adicional aos lucros, decorrentes das vendas, o custo de investimento

marginal em duplicatas a receber e o custo marginal dos devedores incobráveis. Atenção deve ser dada os custos fixos que não sofrerão alteração no novo patamar de vendas, no plano

proposto.

Contribuição adicional aos Lucros (margem de contribuição)

Margem de contribuição(MC) = Margem de contribuição unitária(Mcu) X nº de unidades resultantes do

aumento

MCu = PVu – CVu (Margem de Contribuição unitária = Preço unitário de venda – custo variável unitário) MC = ($ 10 – $ 6) X 3.000 = $ 12.000

Custo do Investimento Marginal em Duplicatas a receber: Investimento médio = custo variável total das vendas anuais

em duplicatas a receber giro das duplicatas a receber

Giro das duplicatas a receber = 360__________________

período médio de cobrança

Giro de duplicatas a receber: Plano proposto: 360 = 8 Plano atual : 360 = 12

Variável Direção da

variável Efeito sobre os

lucros

Volume das vendas Aumenta Positivo

Investimentos em duplicatas a receber Aumenta Negativo

Perdas com devedores incobráveis Aumenta Negativo

Page 21: ADMINISTRAÇÃO.pdf

45 30

Investimento médio em duplicatas a receber:

Plano proposto: $ 378.000 = $ 47.250 Plano atual: 360.000 = 30.000

8 12

Custo do investimento marginal em duplicatas a receber:

+ Investimento médio com o plano proposto $ 47.250

- Investimento médio com o plano atual $ 30.000

Investimento marginal em duplicatas a receber $ 17.250

x Retorno exigido sobre o investimento 0,15

Custo do investimento marginal em D/R $ 2.588

Custo marginal com devedores incobráveis:

Plano proposto: (0,02 X $ 10/unidade X 63.000 unidades) = $ 12.600

Plano atual : (0,01 X $ 10/unidade X 60.000 unidades) = $ 6.000

Custo marginal com devedores incobráveis $ 6.600

Efeitos de uma flexibilização nos padrões de crédito da Dood Tool:

Contribuição adicional aos lucros

(3.000 unidades X ($ 10 - $ 6) $ 12.000

Custo do investimento marginal em D/R

Investimento médio com o plano proposto: ($ 6 X 63.000) = $ 378.000

8 8

Investimento médio com o plano atual: ($ 6 X 60.000) = $ 360.000

12 12

Investimento marginal em D/R

Custo do investimento marginal em D/R

(15% X $ 17.250)

$ 47.250

$ 30.000

$ 17.250

($ 2.588) Custo marginal dos devedores incobráveis

Incobráveis com o plano proposto

(0,02 X $ 10 X 63.000) Incobráveis com o plano atual (0,01 X $ 10 X 60.000) Custo marginal dos devedores incobráveis

$ 12.600

$ 6.000

($ 6.600)

Page 22: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Lucro líquido proveniente da implementação do plano

proposto

$ 2.812

ALTERAÇÕES NAS CONDIÇÕES DE CRÉDITO

Desconto financeiro: quando uma empresa começa a oferecer um desconto financeiro ou o aumenta, podem-se esperar os seguintes efeitos sobre o lucro:

02. Suponha que a Dodd Tool esteja pretendendo introduzir um desconto financeiro de 2% para

pagamento até dez dias após a compra. O atual período médio de cobrança é trinta dias (giro = 360/12

= 12), as vendas a crédito montam em 60.000 unidades, o preço unitário de $ 10 e o custo variável por unidade de $ 6. A empresa espera que, com a introdução do desconto financeiro, 60% de suas vendas

passarão a ser feitas com desconto e as vendas aumentarão em 5%, para 63.000 unidades. O período

médio de cobrança deve cair para quinze dias (giro = 360/15 = 24). Espera-se que a perda com

incobráveis caia do nível atual de 1% para 0,5% das vendas. O retorno exigido pela empresa sobre

investimentos de igual risco permanece em 15%. A análise dessa decisão é semelhante ao do exemplo

anterior.

Variável Direção de mudança Efeito sobre o lucro

Volume de vendas Aumenta Positivo

Investimento em duplicatas a receber devido a clientes

que aproveitaram o desconto financeiro e passam a

pagar mais cedo

Diminui Positivo

Investimentos em duplicatas a receber devido a novos

clientes

Aumenta Negativo

Perdas com incobráveis Diminui Positivo

Lucro por unidade Diminui Negativo

Margem de contribuição adicional aos lucros: 3.000 unidades X ($ 10 - $ 6)

$ 12.000

Custo do investimento marginal em D/R: Investimento médio com o plano proposto: $ 6 X 63.000 = $ 378.000

24 24

Investimento médio com o plano atual Investimento marginal em D/R

Custo do investimento marginal em D/R

0,15 X $ 14.250

$ 15.750

$ 30.000

($ 14.250)

* $ 2.138

Custo marginal dos devedores incobráveis: Com o plano proposto (0,005 X $ 10 X 63.000) Com o plano atual (0,01 X $ 10 X 60.000) Custo marginal dos devedores incobráveis

$ 3.150

$ 6.000

* $ 2.850

Page 23: ADMINISTRAÇÃO.pdf

� Este valor é positivo, pois representa uma economia e não um custo.

Política de cobrança: os tradeoffs básicos que podem resultar de um aumento nos esforços de cobrança

são:

Política de Crédito

A política de crédito é primordial para nortear e embasar os procedimentos e operacionalidade dos

departamentos de crédito e cobrança, e demais departamentos administrativo-financeiros e também

vendas, como as condições comerciais de prazo, taxas de desconto, encargos, etc.

Ao definirmos a política de crédito a ser seguida, devemos nos basear nas seguintes variantes: uso da

concessão de crédito para aumentar as vendas, critérios para a concessão, diretrizes e delegação das

responsabilidades na obtenção das informações necessárias entre os departamentos de crédito e de

vendas para a concessão de crédito e processo de cobrança, procedimentos e normas de

cobrança, suspensão ou extinção do crédito de clientes inadimplentes, administração da carteira do

contas a receber, autoridade e autonomia do departamento de crédito em relação a vendas, entre

outras, definir padrões e critérios para se medir o desempenho da atuação operacional. Estas variáveis

devem nortear o encontro do ponto de equilíbrio entre as vendas e a qualidade da carteira a receber.

Objetivo da política de crédito deve ser equilibrar o lucro da empresa, através de uma excelente

qualidade da carteira a receber, através do gerenciamento do risco, e as necessidades dos clientes. Além de atuar tática e estrategicamente com as metas e planos da empresa. Abaixo listamos os principais tipos de política de crédito:

1.Crédito Moderado / Cobranças Moderadas

Crédito moderado com uma política de cobrança moderada pode bem ser a política creditícia ótima. Pois otimiza o crescimento das vendas, condições de recebimento, margens de lucro e fluxo de caixa

provavelmente, tendo maior probabilidade de alcançar o melhor ponto de equilíbrio nos negócios. Custos de avaliação de crédito e perdas podem ser mantidos como aceitáveis. O amplo uso de instrumentos de crédito pode encontrar uma base de crédito adequada para negociar

com quase todos os clientes. Esta política creditícia geralmente encontra o equilíbrio necessário para o

êxito nos negócios.

Variável Direção da

mudança

Efeito sobre o

lucro

Volume de vendas Nenhuma ou

diminuição

Nenhum ou

negativo

Investimento em D/R Diminui Positivo

Perdas com incobráveis Diminui Positivo

Dispêndios com cobrança Aumenta Negativo

Custo do desconto financeiro

(0,02 X 0,60 X $ 10 X 63.000)

$ 7.560

Lucro líquido proveniente da implementação do

plano proposto

$ 9.428

Page 24: ADMINISTRAÇÃO.pdf

2.Crédito Liberal / Cobranças Agressivas

A empresa vende para praticamente qualquer cliente, independente de sua capacidade creditícia e

todos os atrasos são perseguidos muito agressivamente. Este tipo de política creditícia inclui acompanhamento de cobrança conveniente, avaliação e cobrança de encargos moratórios, e ação

judicial rápida. Programas organizados de cobrança são efetivamente implementados, o que pode

produzir ótimos lucros. Freqüentemente, entretanto, ocorre aumento dos custos do pessoal de cobrança

e perdas com dívidas incobráveis.

3.Crédito Agressivo / Cobranças Liberais

A concessão de crédito é rígida e procedimentos da política de aprovação de crédito são rigorosamente

seguidos. Crédito é concedido somente para clientes de boa qualidade creditícia. Garantias pessoais, cartas de crédito e outras formas de instrumentos de crédito são usados sistematicamente. Problemas

de atraso geralmente são mínimos devido às práticas de crédito rigorosas. Entretanto, o

acompanhamento de cobrança é praticado muito brandamente. Esta política creditícia geralmente

resulta em uma carteira de contas a receber de alta qualidade, mas vendas e receitas não são

otimizadas. Muitas contas com risco de crédito um pouco acima do desejado são recusadas. Uma

empresa usando este tipo de política não vai de encontro com as práticas altamente competitivas do

mercado atual.

4.Crédito Agressivo / Cobranças Agressivas

São usadas práticas muito rígidas de aprovação de crédito e o acompanhamento de cobrança é

extremamente rápido. Esta política minimiza perdas de dívidas incobráveis e mantém a carteira a

receber em um alto nível de qualidade. Lamentavelmente, esta prática de crédito também restringe o

crescimento do volume de vendas e produz baixos níveis de lucro. Uma política de cobrança muito

restritiva pode não ser adequada para o ambiente atual no qual as empresas operam.

5.Crédito Liberal / Cobranças Liberais

Vendas a crédito são feitas para praticamente qualquer cliente, independente de seu histórico creditício. Ações de cobrança são aplicadas vagamente. Níveis de venda mostrarão dramáticos resultados de

crescimento com este tipo de política creditícia. Entretanto, altas dívidas incobráveis, custos de

cobrança, despesas legais e outros custos de crédito serão incrementados rapidamente. Uma política

de cobrança e crédito liberais usualmente resulta em menos lucros, ou grandes perdas, do que em outro

tipo de política. Basicamente, muitas empresas que seguem esta política creditícia tornam-se

insolventes.

GESTÃO DE RISCOS

I - Introdução

Um Sistema de Segurança por mais sofisticado que o seja, estará suscetível a

falhas se não houver um trabalho preliminar de gerenciamento e prevenção de

riscos. Este trabalho inicia com o levantamento de possíveis riscos a Organização

(pública ou privada), o que chamamos Inteligência, ou seja, usar corretamente

toda informação obtida para sanar ou evitar quaisquer dos fatores de risco. Ao utilizar-se destas informações em prol de uma política de prevenção, a

Organização estará apoiando, de maneira direta ou indireta, departamentos que

mesmo possuindo tarefas distintas estão interligados pelo objetivo comum: o

sucesso da Organização. Corroborando este sucesso, o Departamento de

Segurança executando com pró-atividade suas atribuições. A globalização implementou mudanças expressivas em praticamente todos os

segmentos profissionais, onde a velocidade da informação dita novos conceitos e

metodologias de trabalho. Neste contexto, até a criminalidade avançou mediante a

troca de informações, técnicas e armamentos entre facções criminosas ou

terroristas.

Page 25: ADMINISTRAÇÃO.pdf

"Quem detém a informação, detém o poder", conforme este conceito a Segurança

em seus diversos aspectos deve manter-se permanentemente atualizada e

devidamente preparada para enfrentar quaisquer contingências, embora seja difícil prever-se onde e quando ocorrerão sinistros. Existem Organizações onde a Segurança fica limitada apenas ao controle de fluxo

de visitantes ou tarefas de Portaria, mas na parte denominada Patrimonial englobam-se muitas tarefas (segurança de instalações, pessoal, valores, informações, inteligência empresarial...) e exige profissionais adequadamente

preparados (Vigilantes e Gestores).

Análise de Investimentos

3.1 Princípios de Fluxos de Caixa e Orçamento de Capital

O Orçamento de capital é o processo que consiste em avaliar e selecionar investimentos a longo prazo, que sejam coerentes com o objetivo da empresa de maximizar a riqueza de seus proprietários. O

processo de orçamento de capital consiste de cinco etapas distintas porém interrelacionadas. Começa

com a geração de propostas. É seguido pela avaliação e análise, tomada de decisão, implementação e

acompanhamento das que foram selecionadas.

As decisões de orçamento de capital (investimento) e decisões de financiamento são tratadas

separadamente, tendo como elo comum o custo de capital. Estaremos nos concentrando aqui na

aquisição de ativos imobilizados, sem considerar o método específico utilizado para seu financiamento.

3.2 Avaliação de Projetos de Investimento

A maioria das empresas só dispõe de uma quantia fixa para fins de dispêndios de capital. Inúmeros

projetos poderão disputar essa quantia limitada. Então, a empresa precisa racioná-los, apropriando

fundos aos projetos que possam maximizar os retornos a longo prazo.

Os estudos de avaliação de projetos têm por base o fluxo de caixa do projeto estudado, e não o lucro

contábil. Assim sendo, o primeiro passo a ser dado é a montagem de um fluxo de caixa. Com base

nele serão aplicados os métodos de análise.

3.1.1 Tipos de Projetos

A) Projetos independentes

Não competem entre si, de tal modo que a aceitação de um deles não elimina a consideração dos

outros. Se uma empresa tiver fundos ilimitados para investir, todos os projetos independentes que

satisfizerem seu critério mínimo para investimento podem ser implementados.

B) Projetos mutuamente excludentes

Aqueles que possuem a mesma função. A aceitação de um grupo de projetos mutuamente excludentes

elimina a consideração de todos os outros projetos do grupo.

3.1.2 Abordagens de Apoio à Decisão

Page 26: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Vejamos os dados da Tabela que se segue sobre dispêndios de capital para a Companhia XPTO. Estes dados serão utilizados nos exemplos sobre as seguintes técnicas: taxa média de retorno e

payback, definidos a diante.

Tabela: Projeto A Projeto B

_____________________ ______________________

Investimento

Inicial $42.000 $45.000

Ano LAIR $ FC $ LAIR $ FC $

1 7.700 14.000 21.250 28.000

2 4.760 14.000 2.100 12.000

3 5.180 14.000 550 10.000

4 5.180 14.000 550 10.000

5 5.180 14.000 550 10.000

Média 5.600 14.000 5.000 14.000

A) Taxa Média de Retorno

A taxa média de retorno utiliza dados contábeis (LAIR: lucro antes do imposto de renda. Esta medida é

chamada, às vezes, de taxa de retorno contábil, e pode ser obtida através do seguinte cálculo:

Taxa média de retorno = LAIR médio

Investimento médio

Critério de decisão:

Escolher o que tiver a maior taxa média de retorno.

Vantagens e desvantagens do uso da taxa média de retorno:

Vantagens: facilidade de cálculo (único dado exigido é o lucro projetado)

Desvantagens:

Deficiência conceitual : inabilidade do método em especificar a taxa média de retorno

adequada à luz do objetivo da maximização da riqueza do acionista. Uso de dados contábeis, ao invés de entradas de caixa. Este problema pode ser superado, utilizando-se entradas de caixa médias como numerador. Ignora o fator tempo no valor do dinheiro.

Exemplo:

Page 27: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Com base na tabela 1, calcule a taxa média de retorno dos projetos A e B e indique qual o projeto

preferido.

TMRA = 5.600 / 21.000 = 26,67%

TMRB = 5.000 / 22.500 = 22,22%

TMRA > TMRB => Prefiro A a B

B) Períodos de Payback

O período de payback é o número de anos necessários para se recuperar o investimento inicial.

Vantagens e desvantagens do uso de períodos de payback:

Vantagens:

Considera fluxos de caixa, em vez de lucros contábeis. Dá alguma consideração implícita à época dos fluxos de caixa, e assim ao fator tempo no

valor do dinheiro. Medida de risco, pois reflete a liquidez do projeto e o risco de recuperar o investimento.

Desvantagens:

Incapacidade de especificar o período de payback de acordo com o objetivo de maximização

da riqueza do acionista. Não considera integralmente o tempo no valor do dinheiro. Não considera fluxos de caixa que ocorrem após o período de payback.

Exemplo:

Com base na Tabela 1, calcular o período de payback para os projetos A e B e, com base neste critério, definir qual deve ser preferido.

Projeto A: Inv. Inic. = $42.000

Saídas $ = 5 x 14.000

PaybackA = 42.000 – 14.000 – 14.000 – 14000 = 0

=> 3 anos

Projeto B: Inv. Inic = $45.000

Saídas $ = 28.000, 12.000, 3 x 10.000

PaybackB = 45.000 – 28.000 – 12.000 – 10.000/2 = 0

=> 2,5 anos

PaybackB < PaybackA => B é preferível a A.

C) Valor Atual Líquido

Page 28: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Ou NPV (Net Present Value)

VAL = valor atual das entradas de caixa – investimento

inicial

Critério de decisão:

Se VAL ε 0, deve-se aceitar o projeto, caso contrário, deve-se rejeitá-lo.

Exemplo:

Com base na tabela 1, e sabendo-se que o custo de capital para a empresa XPTO é de 18,25% aa, calcular o VAL dos projetos A e B e definir qual deve ser o preferido.

Na HP 12C:

Projeto A: Cálculo do PV: [f] [REG] [14000] [PMT] [5] [n] [18.25] [i] [PV] PV =

VALA = PV – Inv. Inic. =

Projeto B: Cálculo do NPV: [f] [REG]] [18.25] [i] [45000] [CHS] [g] [CFo] [28000] [g] [CFj] [12000] [g]

[CFj] [10000] [CFj] [3] [g] [Nj] [f] [NPV] VALB =

Ambos projetos são aceitáveis, porém, dado que VALB VALA => é preferível a

D) Índice de Lucratividade

Às vezes denominado de índice de custo-benefício, o índice de lucratividade mede o retorno relativo ao

valor atual por $1,00 investido. A diferença do IL para o VAL é que o VAL dá a diferença monetária

entre o valor atual dos retornos e o investimento inicial.

IL = valor atual das entradas de caixa

Investimento inicial

Critério de decisão:

Se IL ε 1, deve-se aceitar o projeto; caso contrário, rejeitá-lo.

Obs.: Se uma empresa tiver fundos ilimitados, provavelmente a classificação pelo VAL seria a preferida, ao passo que nos casos de racionamento de capital, provavelmente a classificação com base no IL

seria mais útil, já que os IL’s indicam o retorno por dólar proveniente de um projeto.

Exemplo:

Page 29: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Com base na tabela 1, e sabendo-se que o custo de capital da empresa XPTO é de 18,25% aa, calcular o índice de lucratividade dos projetos A e B e definir, com base neste critério, qual deve ser preferido.

Projeto A: PV entradas de caixa: 43.533,62

Inv. Inic.: 42.000

ILA = 43.533,62 / 42.000 = 1,0365

ILA > 0 => aceitar A

Projeto B: PV entradas de caixa: 47.747,74

Inv. Inic.: 45.000

ILB = 47.747,74 / 45.000 = 1,0611

ILB > 0 => aceitar B

ILB > ILA => B é preferível a A

E) Taxa Interna de Retorno (TIR)

Ou Internal Rate of Return (IRR)

Assim como a VAL, a TIR é uma técnica muito usada para se avaliar alternativas de investimento. É

interessante notar que o mesmo conceito é utilizado para calcular a performance de uma carteira de

investimentos.

A TIR é definida como a taxa de desconto que leva o valor atual das entradas de caixa a se igualarem

ao investimento inicial referente a um projeto. Em outras palavras, é a taxa de desconto que, aplicada

aos cálculos do projeto, faz com que o VAL seja igual a zero.

Quando não se dispõe de uma calculadora financeira, a TIR é calculada por tentativa-e-erro.

Critério de decisão:

Se TIR ε custo de capital, aceitar o projeto, caso contrário, rejeitá-lo.

Exemplo :

Com base na Tabela 1, calcular a TIR dos projetos A e B e, sabendo-se que o custo de capital da

empresa XPTO é 18,25% aa, definir qual dos projetos é preferível.

Projeto A: Na HP 12C: [f] [REG]] [42000] [CHS] [g] [CFo] [14000] [g] [CFj] [5] [g] [Nj] [f] [IRR] TIRA =

Projeto B: Na HP 12C: [f] ] [REG]] [45000] [CHS] [g] [CFo] [28000] [g] [CFj] [12000] [g] [CFj] [10000] [g] [CFj] [3] [g] [Nj] [f] [IRR] TIRB =

Dado que TIRA e TIRB > custo capital => ambos são aceitáveis. Porém, TIRB TIRA => é preferível a , de acordo com este critério.

Page 30: ADMINISTRAÇÃO.pdf

F) Projetos Mutuamente Exclusivos: taxa de retorno do fluxo de caixa incremental

Veremos aqui os caso em que as alternativas de investimentos são extremamente independentes, fazendo com qu duas ou mais alternativas se apresentem como atrativas; neste caso, poderá existir uma restrição (normalmente trata-se de uma limitação de recursos) que faça com que o investidor só

possa escolher a melhor alternativa dentre duas ou mais que ele estiver analisando.

Exemplo

Considerando que a empresa só dispõe de $ 20.000 para investir e que a taxa mínima de atratividade é

de 8% aa, qual das alternativas abaixo é a melhor para a empresa investir?

- A alternativa A envolve investir a totalidade dos $ 20.000 disponíveis para investimento e irá gerar rendas anuais, durante 5 anos de $ 5.550, sem valor residual;

- A alternativa B pressupõe investimento de parte da verba, $ 10.600, também trará lucros, na ordem

de $ 3.000 durante o mesmo período e, novamente, sem valor residual.

Se optarmos pela alternativa B, o saldo restante, $ 9.940, seria aplicado à 8% aa, que é a taxa de

atratividade fixada. Portanto, fica claro que a melhor alternativa é a A .

Por outro lado, quais seriam as decisões tomadas pela empresa, caso a taxa mínima de atratividade

fosse fixada para os seguintes valores: 9% aa, 11% aa, 12% aa, 13% aa, 15% aa e 16% aa?

G) Comparação entre Projetos com Vidas Desiguais: Método do Valor Atual Líquido Anualizado

Até agora, estudamos projetos mutuamente excludentes e com vidas iguais. Entretanto, na vida real, nem sempre o problema se apresenta desta forma. Neste caso, a técnica mais utilizada para comparar projetos com vidas desiguais é o método do Valor Atual Líquido Anualizado (VALA).

O método do valor atual líquido anualizado transforma o valor atual líquido de projetos de vidas

desiguais num montante anual equivalente

Alternativa A Alternativa B Fluxo

Incremental (A

– B)

Taxa Mínima de

Atratividade

Alternativa

Escolhida

12% 15% 9% 8% A

12% 15% 9% 9% A ou B

12% 15% 9% 11% B

12% 15% 9% 12% B

12% 15% 9% 13% B

12% 15% 9% 15% B

12% 15% 9% 16% nenhuma

ANO ALTERNATIVA A ALTERNATIVA B FLUXO

INCREMENTAL

0 -20.000 -10.060 -9.940

1 5.550 3.000 2.550

2 5.550 3.000 2.550

3 5.550 3.000 2.550

4 5.550 3.000 2.550

5 5.550 3.000 2.550

Taxa de retorno 12%aa 15%aa 9%aa

Page 31: ADMINISTRAÇÃO.pdf

que pode ser usado para escolher o melhor projeto.

VALA= VAL . FVAA i,n

n

Sendo FVAAi,n = Σ 1/(1 + i)t

t=1

Exemplo:

Calcular os VALAs dos projetos A, B e C abaixo e, com base neste critério, e num custo de capital de

15,0% aa, informar qual deve ser preferido.

Projeto

A B C

Inv. Inicial $10.000 $12.000 $15.000

Ano Entradas de caixa

1 1.000 5.000 3.800

2 5.000 6.000 3.800

3 5.000 7.000 3.800

4 4.000 3.800

5 3.000 3.800

6 3.800

7 3.800

8 3.800

Projeto A: VALA = 1.716

Na Tabela anexa: FVAA15,5 = 3,352

VALAA = 1.716 / 3,352 = 512

Projeto B: VALB =

Na HP 12C: [f] [REG] [1487] [PV] [15] [i] [3] [n] [PMT]

VALAB =

Projeto C: VLAC =

VALAC =

VALAB > VALAA > VALAC => é o projeto preferível.

Exercícios propostos:

1) A empresa Cheiro da Terra está avaliando uma máquina nova para fabricar velas aromáticas. O

ativo requer um investimento inicial de $24.000 e gerará uma entrada de caixa após o imposto de renda

de $5.000 ao ano por oito anos. Para cada uma das taxas de retorno exigidas listadas abaixo: (1)

Page 32: ADMINISTRAÇÃO.pdf

calcule o valor atual líquido, (2) indique se a máquina deve ser aceita ou rejeitada e (3) explique sua

decisão. a) Taxa de retorno exigida é 10%

b) Taxa de retorno exigida é 12%

c) Taxa de retorno exigida é 14%

2)Uma empresa pode adquirir um ativo fixo por um investimento inicial de $13.000. Se o ativo rende

uma entrada de caixa anual após o imposto de renda de $4.000 por quatro anos, a) Determine a taxa de retorno máxima exigida que a empresa possa ter e ainda aceitar o ativo (próxima

taxa porcentual inteira) b) Determine o valor atual líquido do ativo, supondo que a empresa tenha um custo de capital de 10%. c) Determine o índice de lucratividade, supondo que a empresa tenha um custo de capital de 10%.

3) A empresa Sucesso e Participações Ltda. Obteve a seguinte estimativa para um projeto a longo

prazo que está considerando. O investimento inicial será $18.250 e espera-se que o projeto renda

entradas de caixa após o imposto de renda de $4.000 ao ano, por sete anos. A empresa tem uma taxa

de retorno exigida de 10%. a) Determinar o valor atual líquido do projeto. b) Determinar o índice de lucratividade para o projeto. c) Determinar a taxa interna de retorno para o projeto. d) Você recomendaria a aceitação ou rejeição do projeto? Justifique sua resposta.

4) A Companhia Agulhas Negras está considerando um dispêndio de capital que requer um

investimento inicial de $42.000 e retorno de entradas de caixa após o imposto de renda de $7.000 ao

ano, por 10 anos. A empresa estabeleceu um padrão de payback de 8 anos. a) Qual o pay-back descontado da empresa para uma taxa de atratividade de 20% aa?

a) A empresa deveria aceitar o projeto? Justifique.

5) Os Empreendimentos Vida Nova desejam selecionar a melhor entre três máquinas possíveis. Espera-se que cada máquina atenda à necessidade de capacidade adicional de extrusão de alumínio. As três máquinas – A, B e C – têm riscos idênticos. A empresa planeja usar um custo de capital de 12%

Page 33: ADMINISTRAÇÃO.pdf

para avaliar cada uma. Abaixo são fornecidos o investimento inicial e as entradas de caixa anuais

durante a vida de cada máquina.

Máquina

A B C

Inv. Inicial $42.000 $65.000 $100.500

Ano Entradas de caixa

1 12.000 10.000 30.000

2 12.000 20.000 30.000

3 12.000 30.000 30.000

4 12.000 40.000 30.000

5 12.000 30.000

6 12.000

a) Calcule o VAL para cada máquina durante sua vida. Classifique as máquinas em ordem decrescente

com base no VAL. b) Utilize o método do valor atual líquido anualizado para calcular o VALA de cada máquina. Classifique

as máquinas em ordem decrescente com base no VALA.

Compare e contraste suas respostas em a e b. Qual máquina você recomendaria para a empresa

comprar?

6) A Fábrica de Sapatos S. A., está avaliando uma máquina nova. O investimento inicial de $20.000

será depreciado durante sua vida normal de 5 anos. A máquina gerará lucros após o imposto de renda

de $6.000 ao ano, em cada um dos cinco anos em que irá operar. O lucro operacional da empresa é

taxado a 40%. a) Determine as entradas de caixa após o imposto de renda, associadas com a máquina em cada um

dos cinco anos. b) Determine o período de payback para a máquina.

Respostas

1) (1) a) $2.674,63, b) 838,20, c) – 805,68; (2) e (3) Deve ser aceita somente no casos casos das taxas

de retorno a) e b), pois é quando temos VAL > 0. 2) a) 9,00%, b) - $320,54, c) 0,98

3) a) $1.223,68, b) 1,0671, c) 12,0%

Page 34: ADMINISTRAÇÃO.pdf

4) a) 6 anos, b) sim, pois 6 < 8

5) a) A: $7.336,89, B: $6.646,58, C: 7.643,29

A: $1.784,52, B: $2.188,28, C: $2.120,32 => B > C > A

Comprar B

6) a) $10.000, b) 2

Exercícios Complementares:

1) Após o exame de várias alternativas tecnológicas disponíveis para a implantação de um projeto

industrial, duas foram consideradas adequadas do ponto de vista tecnológico. A decisão final deverá

ser tomada, portanto, com base na comparação da viabilidade financeira das duas alternativas. Os

dados financeiros obtidos são mostrados no quadro abaixo.

Fluxo Financeiro

Estude-as e apresente o seu parecer, considerando o custo de oportunidade do capital de 15% ao ano. Utilize na sua análise os critérios da TIR e VPL.

A sua decisão mudaria se houvesse uma queda drástica do custo do capital, digamos para 8% ao ano?

Se sim, explique o porquê.

ANO ALTERNATIVA 1 ALTERNATIVA 2

0 -1.200 -1.200

1 1.000 100

2 500 600

3 100 1.100

Page 35: ADMINISTRAÇÃO.pdf

2) Uma empresa dispõe de R$ 10.000.000,00 para seu orçamento de investimentos e está

considerando duas alternativas mutuamente excludentes, cujos fluxos são apresentados a seguir:

Fluxo Financeiro

Analise a viabilidade cada alternativa proposta, utilizando os métodos de VPL e TIR, considerando que

o custo de oportunidade de capital da empresa (considerado como taxa mínima de atratividade) é de

12%aa. Qual das duas propostas você recomendaria (considerando que existe restrição de capital). Considerar o fluxo de caixa de incremental. E se a taxa mínima de atratividade fosse 10%, qual projeto você escolheria? Explique.

3) Calcular a taxa interna de retorno de um investimento que conste de um desembolso inicial de R$

2.000.000,00, novo desembolso no final do terceiro mês, no valor de R$ 3.000.000,00 e cinco

entradas de caixa bimestrais de R$ 2.500.000,00, com três meses de carência, a contar do segundo

desembolso.

Calcular o valor presente líquido desse investimento considerando uma taxa de atratividade (custo

de oportunidade) de 15% am. Você recomendaria essa aplicação? Se a taxa de atratividade se elevasse para 20% am, você

manteria sua recomendação?

4) Consideremos o exemplo de uma empresa da qual se espera a geração de fluxos líquidos de caixa

(entradas menos saídas de caixa) de $ 5.000 no primeiro ano e $ 2.000 por ano nos cinco anos

seguintes. A empresa poderia ser vendida por $10.000 daqui a sete anos. Os seus proprietários

gostariam de obter um retorno de 10% em seu investimento na empresa. Considerando-se que o valor da empresa é simplesmente a soma dos valores presentes dos fluxos

líquidos individuais de caixa, se você tivesse a oportunidade de comprar a empresa por $ 12.000, você o faria?

PERÍODO PROJETO A PROJETO B

0 (10.000.000,00) (7.000.000,00) 1A6 +2.466.800,00 +1.761.100,00

Page 36: ADMINISTRAÇÃO.pdf

4. Fontes de Financiamento

As instituições financeiras fazem o repasse dos recursos captados dos agentes econômicos

superavitários (que têm sobra de recursos disponíveis) aos agentes econômicos deficitários (que

necessitam de recursos). Esta é a razão de ser de um banco clássico e que, nos últimos anos, devido à

explosão inflacionária, foi completamente distorcida.

Existe uma enorme variedade de produtos disponíveis que se diferenciam em prazos, taxas, formas de

pagamento e garantias, com o limite sendo a criatividade do banco diante das limitações impostas pelo

BC.

O volume de empréstimos dos bancos está vinculado ao seu patrimônio líquido incluindo a equivalência

patrimonial das instituições financeiras que lhes são coligadas, e nas condições do Acordo da Basiléia.

A formação das taxas de juros dos empréstimos e a cunha fiscal

Na formação das taxas de juros que as instituições financeiras praticam, são considerados um conjunto

de componentes internos (endógenos) da atividade bancária com impactos e avaliações diferentes de

uma instituição para outra, a saber:

▪ custo médio do funding (origem dos recurso captado pelo banco) ▪ custos operacionais e administrativos, suas origens e efeitos

▪ margem de lucro ou sobra desejada

▪ nível da capitalização e disponibilidade de fundos para empréstimos

▪ perfil de negócios e a disposição para riscos específicos

▪ aspectos concorrenciais de market share (participação de mercado) ▪ custo de oportunidade entre alternativas

▪ níveis de inadimplência geral e específico de cada produto

▪ conjunto das taxas de referência e das taxas de juros praticadas pelo mercado

▪ características de cada tomador de empréstimo (risco de cada cliente) ▪ características de cada operação específica (valor, prazo e forma de pagamento e garantias) ▪ cunha fiscal (IOF, CPMF, PIS e Cofins, IR e CSLL, FGC – fundo garantidor de crédito e os

depósitos compulsórios)

É interessante ver como, do ponto de vista dos bancos, poderiam ser classificados os clientes quanto à

aplicação:

Alto grau de endividamento

Baixa capacidade Malabar Ambicioso Alta capacidade de pagamento

Figura 2.3.1

Carneísta Conservado

Baixo grau de endividamento

de pagamento

Malabarista – gasta mais do que ganha. Usa vários bancos

Ambicioso – quer tudo o que vê e pode pegar

Page 37: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Carneísta – adora um carnê, mas dá o passo do tamanho da perna

Conservador – não quer ser inadimplente

Sendo o crédito o ponto mais forte de uma cooperativa de crédito, merece aqui especial atenção com

relação ao que vem sendo feito pelas instituições financeiras, bem como as tendências que estão se

desenhando no mercado.

Para analisar o mercado de crédito brasileiro, vamos dividi-lo em três segmentos:

a) Corporate – Este segmento é composto por empresas com faturamento, em geral, superior a R$ 100

milhões. Em função da elevada competitividade entre os bancos, as operações de crédito realizadas

com o segmento Corporate vem apresentando spread inferiores à média praticada nos EUA. Como os

bancos mal conseguem se rentabilizar com as operações neste segmento, e para evitar ficarem

tomados em suas carteiras de crédito, há uma tendência cada vez mais forte para operações via

mercado de capitais e o ganho dos bancos através de fee. Como os papéis emitidos por empresas de 1ª

linha tem boa aceitação pelos fundos e fundações, já se

começa a verificar iniciativas para dar liquidez a estes títulos privados.

Securitização de Rebebíveis – Sofisticada operação financeira, onde os recebíveis de uma empresa

atuam como lastro para lançamento de recursos no mercado de capitais, mediante emissão de valores

mobiliários como debêntures, commercial papers, dentre outros. Transformam-se contas a receber em

novos títulos que são colocados no mercado para captação de recursos por grandes empresas. Vantagem: Operação off-balance (não prejudica os limites de crédito da empresa originadora, nem seus

índices de endividamento)

b) Middle-market – composto de empresas com uma média de faturamento entre R$ 5 milhões a R$

100 milhões. São empresas de maior risco e mais vulneráveis à conjuntura econômica. A informalidade

na gestão das empresas de middle-market é maior também neste segmento. Desta forma, os bancos

operam com garantia real – duplicata e hipoteca, principalmente.

c) Varejo – Composto de pessoas físicas e pessoas jurídicas com faturamento inferior a R$ 5 milhões. É considerado o grande filão do mercado de crédito. Para se ter uma idéia, o crédito para pessoa física

(excluindo crédito imobiliário) representa 17% do PIB nos EUA, enquanto no Brasil representa apenas 3

a 5% do PIB. Sem dúvida, o risco no Brasil é maior que o risco nos EUA, o que acarreta um efeito

sanfona no crédito.

cenário melhor conjuntura econômica

adversa

As crises brasileiras são seguidas de aumento da taxa de juros no crédito para o varejo, além do que o

crédito também se torna mais restritivo, em função do histórico aumento da inadimplência.

Aqui vemos a maior diferença no crédito para o varejo entre Cooperativas de Crédito e Instituições

Financeiras: a inadimplência tende a ser bem menor entre os cooperados, que contam com o apoio da

própria cooperativa de produção.

Page 38: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Para os bancos em geral, crédito no varejo é tanto mais vantajoso, quanto maior for o ganho de escala, ou seja, aumento crescente da carteira com mesmo custo fixo.

Resumindo, as tendências no mercado de varejo: ▪ Escala

▪ Sistema e processo

▪ Consolidação do mercado para reduzir despesas, seja por uma estrutura comum e única (back- office, hardware, sistemas, etc) ou para favorecer negociação com fornecedores (um bom

exemplo é a menor tarifação na tabela dos Correios) ▪ Compra de seguro desemprego atrelado ao crédito

▪ Credit Score

▪ Questões subjetivas de análise

▪ Balanço Social ▪ Importância do fluxo de caixa

O crédito sem finalidade específica – padrão atual da maioria das cooperativas de crédito urbano – tem

sido um agente de promoção social. Estatísticas demonstraram que mais da metade desse tipo de

empréstimo é utilizada para resgatar dívidas do associado junto a agiotas, bancos e cartões de crédito. Como trabalham com taxas baixas e prazos de amortização adequados à realidade dos associados, as

cooperativas são responsáveis pelo resgate da tranqüilidade de inúmeras famílias.

Financiamentos para investimentos

A grande cultura dos bancos brasileiros nos últimos anos, com a elevada inflação, foi trabalhar priorizando investimentos, e hoje lutam para adequar o seu quadro de funcionários e sistemas de

análise e risco para concessão de empréstimos e financiamentos. Ainda hoje é impossível se obter internamente quem esteja disposto a aplicar recursos a prazos mais longos. Assim, para financiamentos

com tais características, as fontes são, por via de consequência, as entidades e instituições financeiras

governamentais.

▪ Sistema BNDES

▪ Linhas de Financiamento (FINEM, BNDES automático, FINAME, FINAME agrícola, BNDES –

Exim) ▪ Programa de Financiamento ( Programas setoriais: agropecuário, industrial e de infra-

estrutura, comércio e serviços, informática, regionais,etc.) ▪ Programas Sociais (BNDES microfinanças) ▪ BNDESPar (para capitalização de empresas brasileiras) ▪ FGPC – Fundo de Garantia para a promoção da Competitividade – garante parte do risco de

crédito das Instituições financeiras nas operações de microempresas e pequenas empresas, e

de médias empresas que venham a utilizar linhas de financiamento do BNDES.

▪ Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT – incentivos fiscais para a capacitação tecnológica da

indústria e da agropecuária. São programas de fomento executados pelas agências FINEP e

CNPq.

▪ Projeto INOVAR – desenvolvido em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas – SEBRAE, o Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e a Fundação

Petrobrás de Seguridade Social – PETROS, vai funcionar como ponte entre as empresas e seus

investidores potenciais estimulando a formação da cultura de investimentos em capital de risco, ainda incipiente no país.

▪ Fundos Constitucionais – FNO/FNE/FCO – A União destina 3% da arrecadação de IR e IPI para

serem aplicados em programas de financiamento aos setores produtivos das Regiões Norte,

Page 39: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional. São

benefíciários os produtores rurais, as empresas em geral, associações e cooperativas.

▪ Projeto Brasil Empreendedor – PBE – apoio à micro e pequena empresa em parceria com os

bancos oficiais e o SEBRAE

▪ Programa de Geração de Renda – PROGER

▪ Repasse Externos – originárias do BID e IFC – linhas de financiamento de máquinas e

equipamentos

▪ Project Finance - é uma operação financeira estruturada que permite dividir o risco entre o

empreendedor e o financiador, os quais serão remunerados pelo fluxo de caixa do

empreendimento. É extremamente útil na implantação de negócios, principalmente naqueles que

exigem elevados investimentos. A grande vantagem do project finance é a ruptura da

abordagem tradicional centrada na empresa que busca financiamento para a implantação de um

projeto e a adoção de um conceito mais amplo, o do empreendimento com vários participantes. Caracteriza-se como uma parceria de negócios em risco e retorno. Esta modalidade de

financiamento está a todo vapor no Brasil e já conta com a possibilidade de recursos dos fundos

de pensão.

4.1 BNDES

O BNDES tem como uma de suas ações prioritárias promover o crescimento das micro, pequenas e

médias empresas de todo o país, dos setores industrial, de infra-estrutura, de comércio e serviços e

agropecuário, tendo em vista o seu papel na geração e manutenção de postos de trabalho. As micro, pequenas e médias empresas representam cerca de 98% do total de empresas existentes no

Brasil, respondem por cerca de 60% dos empregos gerados e participam com 43% da renda total dos

setores industrial, comercial e de serviços.

A classificação de porte de empresa adotada pelo BNDES e aplicável à indústria, comércio e

serviços, é a seguinte:

- Microempresas: receita operacional bruta anual* ou anualizada até R$ 900 mil (novecentos mil reais).

- Pequenas Empresas: receita operacional bruta anual* ou anualizada superior a R$ 900 mil (novecentos mil reais) e inferior ou igual a R$ 7.875 mil (sete milhões e oitocentos e setenta e cinco mil reais).

- Médias Empresas: receita operacional bruta anual* ou anualizada superior a R$ 7.875 mil (sete

milhões e oitocentos e setenta e cinco mil reais) e inferior ou igual a R$ 45 milhões (quarenta e cinco

milhões de reais).

- Grandes Empresas: receita operacional bruta anual* ou anualizada superior a R$ 45 milhões

(quarenta e cinco milhões de reais).

(*) Considera-se receita operacional bruta anual como a receita auferida no ano-calendário com o

produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e

o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos

incondicionais concedidos.

O Governo Federal criou o Programa Brasil Empreendedor com o objetivo de estimular o

desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas e de empreendedores dos setores formal e

Page 40: ADMINISTRAÇÃO.pdf

informal.

O incentivo efetiva-se por meio da capacitação gerencial e tecnológica, concessão de crédito e de

assessoria técnica e visa promover a geração e a manutenção de postos de trabalho, elevar o nível de

capacitação empresarial dos empreendedores em todo o país, e , assim, contribuir para a geração de

renda. Desde a sua criação foram realizadas 2.550.000 operações de crédito, num valor de R$ 20,0 bilhões

(outubro/1999; até novembro/2001). As ações da Terceira Etapa do Programa, que se desenvolverá até setembro de 2002, estão sendo

detalhadas e terão como focos principais: � o aumento da participação das MPME nas exportações brasileiras; � a inclusão digital das MPME; � o apoio a pólos produtivos; e

� o fortalecimento do segmento artesanal. O Programa tem abrangência nacional e articula diversas ações de organismos governamentais e não- governamentais. Atua em quatro grandes eixos, de forma unificada: Promoção, Capacitação, Assessoria Técnica e Crédito. A convergência destes eixos dá-se por meio da parceria entre os

governos federal, estadual e municipal e as instituições governamentais e outras entidades. Promoção

A divulgação junto ao público-alvo, é feita por meio de reuniões, visitas e palestras, inserções na mídia e

outras ações estruturadas, em parceria com as associações de classe, entidades empresariais, Secretarias de Trabalho das Unidades da Federação e Comissões de Emprego. Assessoria Técnica

Possibilita aos empreendedores o aprofundamento das questões relativas à Gestão, Produção e

Mercado, visando o sucesso de seus negócios. Serão realizadas consultorias, de forma individualizada

ou coletiva, para o acompanhamento dos resultados em comparação com o que foi projetado pelo Plano

de Negócios. Essa ação consiste em medidas preventivas de caráter orientador, que objetivam não

apenas corrigir eventuais distorções como também verificar as possibilidades de alavancagem do

empreendimento. Capacitação

Consiste na qualificação do empreendedor, antecedente ao crédito, tanto do ponto de vista técnico, de

gestão: como produto desse processo de Plano de Negócios, que se constituirá na própria proposta de

crédito a ser submetida ao agente financeiro de sua preferência. O Sebrae participa do Programa com ações voltadas à capacitação empresarial por meio de

treinamento, principalmente nas áreas de marketing, de análise financeira e de gestão empreendedoras

para a preparação de um plano de negócios, o qual possibilitará às micro, pequenas e médias

empresas mais facilidades para o acesso às linhas de crédito. Crédito

Visa apoiar as atividades produtivas das micro, pequenas e médias empresas dos ramos industrial, comercial, serviços e dos empreendedores que detectada a necessidade, tenham passado pela etapa

da capacitação, não apresentem restrições cadastrais cujo projeto demonstre viabilidade econômica e

financeira. Também são financiados pelo Programa a implantação, ampliação e/ou modernização de

empreendimentos formais e informais, compreendendo, investimentos fixos, aquisição de máquinas e

equipamentos, capital de giro associado e isolado, bem como outros itens necessários à viabilização do

projeto. O apoio financeiro é concedido pelas instituições financeiras credenciadas pelo BNDES

O Financiamento do BNDES para micro, pequena e média empresa

As instituições financeiras que utilizam recursos do BNDES no Programa Brasil Empreendedor procedem de acordo com os seguintes critérios:

Investimentos / Itens Financiáveis

Page 41: ADMINISTRAÇÃO.pdf

São financiados os investimentos destinados à implantação, expansão, modernização ou relocalização

da empresa, e projetos de capacitação tecnológica e de qualidade e produtividade, incluindo, entre

outros, os seguintes gastos: � construção ou reforma em imóveis e instalações diversas, vinculados ao objetivo do negócio; � aquisição de máquinas e equipamentos de fabricação nacional; � aquisição ou desenvolvimento de softwares; � treinamento de pessoal; pesquisas, estudos e projetos; taxa de franquia e publicidade de

inauguração do empreendimento; � comercialização de bens e serviços para exportação; � uma parcela do capital de giro, quando associado aos demais investimentos financiados.

Linhas de Financiamento*

BNDE

S

autom

ático

FINAM

E

BNDE

S-exim

Financiamentos de até R$ 7 milhões, por empresa/ano, para investimento fixo e parcela do

capital de giro associado.

Financiamentos para compra e leasing de

máquinas e equipamentos novos de fabricação

nacional, de qualquer valor. Financiamento à produção e comercialização de

bens e serviços destinados à exportação, de

qualquer valor.

* aplicáveis a todos os setores econômicos

Garantias

Serão exigidas garantias reais (ex.: hipoteca e alienação fiduciária) e pessoais (fiança ou aval) dos

sócios controladores da empresa. A critério das instituições financeiras que operam o Programa poderá

ser utilizado o FGPC (Fundo de Aval), assim como dispensada a garantia real em operações de até R$

500 mil com cobertura do FGPC.

Outras Linhas e Programas de Financiamento do BNDES: FINAME Agrícola e Programas de

Financiamento (inclusive aqueles específicos para o segmento agrícola).

No caso de microempreendedores, formais ou informais, os créditos são concedidos pelas

Organizações Não Governamentais (ONGs) e pelas Sociedades de Crédito ao Microempreendedor (SCM) que contratam recursos no BNDES através do Programa de Crédito Produtivo Popular - PCPP .

4.2 Operações de Repasse – Custo Real Efetivo

Exemplo: Uma empresa necessita adquirir um equipamento. Para tanto, estuda um financiamento da

FINAME (programa FINAME Automático) com as seguintes características:

Condições e características do financiamento

Valor da operação: $ 2.000.000 (valor do equipamento acrescido do IPI e do ICMS); Financiamento (80% do valor do equipamento): 0,8 x $2.000.000 = $1.600.000; Juros efetivos (TJLP): 10% aa (vigente na data de assinatura do financiamento); Spread: 3% aa acima da TJLP (encargos BNDES + comissão cobrada pelo agente financeiro);

Page 42: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Comissão de reserva de capital: 1% am (cobrada proporcinalmente ao prazo decorrido entre a data

da reserva do financiamento e a data da liberação dos recursos – 10 dias); IOC (Imposto sobre operações de crédito): 3% do valor do financiamento; Prazo: 12 amortizações mensais com 6 meses de carência (durante a carência, o mutuário pagará

trimestralmente apenas os juros e o spread). Assuma, para simplificar os cálculos, que as

prestações são pagas no fim de cada mês; Sistema de reembolso: sistema SAC com 12 amortizações mensais.

Pede-se elaborar a planilha de amortização e calcular o custo efetivo do financiamento.

4.3 Estrutura de uma operação de leasing financeiro

Calcular a taxa de arrendamento e o valor da prestação pra uma operação de leasing financeiro no valor de R$ 120.000,00, prazo de 36 meses e taxa de juros de 3% ao mês, nas seguintes hipóteses sobre o

valor residual:

a) valor residual de 20% cobrado ao término da operação; b) valor residual cobrado ao longo do prazo da operação; c) valor residual cobrado no início da operação na forma de entrada.

C= 120.000

VRG = 20%

n = 36 meses

i = 3% ao mês

TA = ? (taxa de arrendamento) R = ? (prestação)

a) Com valor residual garantido cobrado ao fim da operação

� Taxa de arrendamento

TA = [(100 – VRG) / fator (36,3%)] + i x VRG

TA = PMT(80CHSPV, 36n, 3i) + 0.6 = 4,26%

� Prestação

R = C x TA = 120.000 x 4,26% = 5.117,16

b) Com valor residual garantido cobrado ao longo do prazo da operação

� Taxa de arrendamento

TA = [100 / fator (36, 3%)]

Page 43: ADMINISTRAÇÃO.pdf

TA = PMT (100 CHS PV, 36n, 3i) = 4,58%

� Prestação

R = C x TA = 120.000 x 4,58% = 5.496,45

c) Com valor residual garantido cobrado no início da operação na forma de entrada:

� Taxa de arrendamento

TA = (100 – VRG) / fator (36,3%) TA = PMT (80 CHS PV, 36n, 3i) = 3,66%

� Prestação

R = C x TA = 120.000 x 3.66% = 4.397,16

Avaliação do Leasing financeiro:

O Leasing financeiro é uma alternativa mutuamente exclusiva em relação à compra do equipamento, pois a aceitação de uma delas exclui a possibilidade de aceitar a outra. Do ponto de vista da

arrendatária, o quadro a seguir apresenta os fluxos relevantes à análise comparativa entre as duas

alternativas:

Resolvendo o fluxo pela HP-12C:

120.000 chs g Cfo

-4.847,52 g Cfj 36 g nj 1 i (taxa de juros de 1,43% ao mês menos IR de 30%) NPV = ?

NPV = 25.946,73

Vale observar que se consideramos que os fluxos de caixa estão em uma base após

imposto de renda, e que o Leasing Financeiro é de fato uma forma de financiamento, a

taxa de desconto que deve ser usada é a taxa de juros após imposto: 0,0143 x (1-0,30) =

1% ao mês. O valor residual garantido pode ser embutido nas prestações (caso deste

exemplo) ou pago ao término da operação. Conclusão: Pela análise efetuada do fluxo de caixa incremental (VPLleasing – VPLcompra), é

mais interessante fazer o leasing do que comprar o equipamento.

ITEM Ano 0 Ano 1 Ano 2 ........ Ano 36

Leasing financeiro

Prestações pagas

Efeitos fiscais (30% IR) Fluxo líquido do leasing

-5.496,45

1648,93

-3.847,52

-5.496,45

1648,93

-3.847,52

-5.496,45

1648,93

-3.847,52

-5.496,45

1648,93

-3.847,52

Compra do equipamento

Valor do equipamento

Efeitos fiscais (% deprec)

-120.000

1.000,00

1.000,00

1.000,00

1.000,00

Fluxo de caixa incremental 120.000 -4.847,52 -4.847,52 -4.847,52 -4.847,52

Page 44: ADMINISTRAÇÃO.pdf

VPLL-C representa a vantagem financeira do leasing em relação à alternativa comprar. Um VPLL-C

positivo indica que, do ponto de vista financeiro, a operação de Leasing Financeiro supera a outra

alternativa, significando que, em termos de valor presente, o custo financeiro do leasing é menor que o

custo financeiro da alternativa compra.

Page 45: ADMINISTRAÇÃO.pdf

1 - O PAPEL DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

1 - A EMPRESA PARA A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Uma empresa pode ser vista como um conjunto de recursos originários de diversas

fontes:- pessoas

que investiram em ações da empresa, credores que fizeram empréstimos, lucros anteriores

retidos.

Os recursos gerados por estas FONTES destinam-se a vários usos, tais como, ativos

fixos, contas a

receber, estoques, caixa, títulos e etc., a estes usos damos o nome de APLICAÇÕES.

O conjunto destes recursos é dinâmico e suas mutações são conhecidas como FLUXO

DOS

RECURSOS.

2 - FUNÇÃO DA ADMIN ISTRAÇÃO FINANCEIRA

A função básica da administração financeira é coordenar (dirigir) o fluxo de recursos, o

que é

extremamente importante para a empresa.

3 - OBJETIVO BÁSICO DAS EMPRESAS

A administração eficiente do fluxo de recursos na empresa implica na existência de algum

objetivo ou

meta, pois a avaliação sobre se uma decisão financeira é ou não eficiente tem que ser feita à

luz de algum

padrão.

É óbvio que existem vários objetivos a serem atingidos pelos diversos departamentos da

empresa, e

inclusive pelo Financeiro, só que este toma como seu principal indicador de eficiência o

“AUMENTO DA

RIQUEZA DE SEUS ATUAIS ACIONISTAS OU PROPRIETÁRIOS”.

Este aumento é representado pelo “PREÇO DE MERCADO DE CADA AÇÃO

REPRESENTATIVA

DO CAPITAL DA EMPRESA”. Embora o preço de mercado possa não ser uma medida perfeita

da riqueza

de todos os acionistas é a melhor de que dispomos.

Este objetivo básico da empresa é atingido a partir da consecução de outros objetivos, tais como:

lucratividade, endividamento, liquidez, volume de vendas, participação no mercado, e outros.

Page 46: ADMINISTRAÇÃO.pdf

3

Page 47: ADMINISTRAÇÃO.pdf

4 - RESPONSABILIDADE SOCIAL DA EMPRESA

Aumentar a riqueza dos acionistas não quer dizer que a administração deva relegar para segundo plano

as responsabilidades sociais, apesar de que o conflito entre “MAIOR RIQUEZA” e

“RESPONSABILIDADE SOCIAL” seja normalmente uma constante.

Estas responsabilidades sociais podem ser resumidas em:- proteção ao consumidor, segurança no

trabalho, apoio à educação e participação ativa na comunidade.

5 - A FUNÇÃO DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO

As duas funções básicas são as seguintes:- 1 - ALOCAÇÃO EFICIENTE DOS RECURSOS DA EMPRESA.

Isto implica na constante verificação da utilização dos recursos no caixa, nas contas a receber, em

títulos de curto prazo, estoques, investimentos de capital, e na análise do risco da empresa.

Em resumo isto significa determinar o total do ativo, a composição deste ativo e o perfil de risco do

negócio.

2 - OBTENÇÃO DE RECURSOS NAS CONDIÇÕES MAIS FAVORÁVEIS

A segunda faceta da Administração Financ eira é a obtenção de recursos. Existe uma grande

variedade de FONTES de recursos, cada qual com suas características de custo, prazo, disponibilidade, ônus reais sobre o ativo e outras condições impostas por quem detém este capital.

Ainda como fontes de financiamento temos a considerar a política de dividendos e a retenção de

lucros.

6 - POSIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA EM RELAÇÃO À ALTA

DIREÇÃO

Todas as decisões da empresa possuem aspectos financeiros vitais, assim sendo é muito comum que a

função financeira tenha uma visão global da empresa.

Assim sendo esta área tem grande responsabilidade ao fornecer informações à alta administração, na

medida em que está avaliando o resultado de projetos apresentados e ou de decisões e suas alternativas, que

devem ser adotadas após análise.

7 - ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO

Podemos detalhar as atribuições do administrador financeiro da seguinte forma:-

A - ANÁLISE DO REGISTRO DAS INFORMAÇÕES

Fica caracterizada que é a contabilidade a principal fonte de dados internos necessários para o

desempenho da administração financeira.

Administrar implica em planejamento e conseqüentemente previsões, sendo a Contabilidade o

manancial de registros históricos, constituindo-se em elemento básico para inúmeras projeções, que

são essenciais para uma boa administração.

B - PROJEÇÃO DO MOVIMENTO DE CAIXA

4

Page 48: ADMINISTRAÇÃO.pdf

O objetivo desta atividade é aferir o grau de liquidez da empresa e verificar se a mesma terá condições

de manter-se em funcionamento cumprindo seus compromissos externos e mantendo o nível previsto

de operações.

C - INFORMAÇÕES SOBRE PERSPECTIVAS FINANCEIRAS FUTURAS

Estas informações ajudam a tomada de decisões de compra, comercialização de produtos ou serviços, fixação de preços, e etc. que não são tomadas diretamente pelo administrador financeiro, mas possuem

aspectos financeiros ou são, suficientemente amplas e importantes para exigir coordenação entre as

diversas áreas funcionais, tais como marketing, produção, recursos humanos, finanças.

D - ELABORAÇÃO DE PLANOS PARA “FONTES” E “APLICAÇÕES” PARA MÉDIO E LONGO

PRAZO

A principal diretriz de raciocínio é o conjunto dos objetivos gerais da empresa, fixados pela alta

administração.

8 – A FUNÇÃO FINANCEIRA NAS EMPRESAS DE LOGÍSTICA.

As empresas de logística têm características próprias assim como outras empresas de outros ramos de

negócios. Considerando serem empresas de prestação de serviços a função financeira não conta com

determinados itens, por exemplo, estoques de matérias-prima, produtos em elaboração e produtos acabados, o que altera a forma de gestão de seu capital de giro. Os insumos para os serviços prestados, muitas vezes, são adquiridos de forma muito mais imediata e com previsões efetuadas em espaço de tempo muitas vezes

menores do que nas empresas comerciais e industriais, o que implica na manutenção de capital de giro em

dinheiro ao invés de materiais, o que acaba interferindo na administração das disponibilidades e na forma de

aplicação de recursos financeiros de curtíssimo prazo, quando se deve privilegiar a disponibilidade imediata

dos recursos. Estas empresas demandam, normalmente, de bens de capital para a execução dos serviços, e a

disponibilidade destes bens pode ser obtida através de aquisição, leasing ou locação, fixa ou temporária, o

que implica na administração do ativo imobilizado de forma muito mais dinâmica do que em empresas

industriais, conferindo à administração financeira algumas especificidades que precisam ser levadas em

consideração para salvaguardar a saúde financeira destas empresas.

5

Page 49: ADMINISTRAÇÃO.pdf

2 - RELAÇÃO CUSTO-VOLUME-LUCRO

1 - IMPORTÂNCIA

Esta análise econômica é complemento da análise financeira, uma vez que o fluxo de capital se acha

intimamente ligado às características do custo-volume- lucro.

As condições de preços e de remuneração dos fatores da produção podem se alterar com freqüência, tanto por motivos de ordem interna das empresas, quanto pela dependência em que elas se encontram em

relação aos mercados supridores e compradores.

2 - PREMISSAS BÁSICAS

CUSTOS E DESPESAS FIXAS :- São os que ocorrem independentemente do maior ou menor nível de atividade.

Exemplo:- depreciação, aluguéis, juros sobre empréstimos.

CUSTOS E DESPESAS VARIÁVEIS: São os que têm sua ocorrência diretamente proporcional ao

volume de atividade.

Exemplo:- comissões de vendedores, matéria-prima, insumos.

CUSTOS E DESPESAS SEMI - VARIÁVEIS: São os que possuem uma parte fixa e uma variável.

Exemplo:- energia elétrica industrial (demanda/consumo), remuneração total dos vendedores.

Observamos que os custos fixos e despesas fixas permanecem fixos dentro de determinados patamares

de produção e venda, ou seja, havendo acréscimo muito grande de produção e vendas, que extrapole o

determinado patamar estes custos terão um determinado aumento, que não é proporcional ao aumento no

volume de produção e vendas.

3 - PONTO DE EQUILÍBRIO

3.1 - CONCEITO

É o nível ou volume de vendas em que o resultado líquido operacional é nulo, ou seja, as receitas

operacionais são exatamente iguais ao valor total dos custos e despesas operacionais.

Observe-se que denominamos MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO ao valor que resulta da diferença

entre o preço de venda do produto e os custos variáveis. Esta margem de contribuição é que formará o lucro

líquido da empresa.

6

Page 50: ADMINISTRAÇÃO.pdf

3.2 - PONTO DE EQUILÍBRIO - APURAÇÃO GRÁFICA

O ponto de equilíbrio é apurado graficamente a partir do cálculo da receita, custo variável e custo fixo

de uma série de volumes de vendas. Na tabela abaixo exemplificamos estes cálculos para uma empresa

fictícia.

As restas, que podem ser traçadas em um plano cartesiano, a partir dos cálculos acima estão

demonstradas no gráfico abaixo. A interseção da reta que representa as receitas totais, com a reta que

representa os custos totais, é o ponto de equilíbrio, situação em que receita e custos totais são iguais, ou seja, o resultado é igual a zero.

7

DADOS PARA MONTAGEM DO PONTO DE EQUILÍBRIO

valores unit GRÁFI

CO 4,00

Quant Receita Custo Fixo Custo Variável Custo Total Resultado

0 - 3.000,00 - 3.000,00 (3.000,00)

200 1.100,00 3.000,00 800,00 3.800,00 (2.700,00)

400 2.200,00 3.000,00 1.600,00 4.600,00 (2.400,00)

600 3.300,00 3.000,00 2.400,00 5.400,00 (2.100,00)

800 4.400,00 3.000,00 3.200,00 6.200,00 (1.800,00)

1000 5.500,00 3.000,00 4.000,00 7.000,00 (1.500,00)

1200 6.600,00 3.000,00 4.800,00 7.800,00 (1.200,00)

1400 7.700,00 3.000,00 5.600,00 8.600,00 (900,00)

1600 8.800,00 3.000,00 6.400,00 9.400,00 (600,00)

1800 9.900,00 3.000,00 7.200,00 10.200,00 (300,00)

2000 11.000,00 3.000,00 8.000,00 11.000,00 -2200 12.100,00 3.000,00 8.800,00 11.800,00 300,00

2400 13.200,00 3.000,00 9.600,00 12.600,00 600,00

2600 14.300,00 3.000,00 10.400,00 13.400,00 900,00

2800 15.400,00 3.000,00 11.200,00 14.200,00 1.200,00

3000 16.500,00 3.000,00 12.000,00 15.000,00 1.500,00

3200 17.600,00 3.000,00 12.800,00 15.800,00 1.800,00

3400 18.700,00 3.000,00 13.600,00 16.600,00 2.100,00

3600 19.800,00 3.000,00 14.400,00 17.400,00 2.400,00

3800 20.900,00 3.000,00 15.200,00 18.200,00 2.700,00

4000 22.000,00 3.000,00 16.000,00 19.000,00 3.000,00

Page 51: ADMINISTRAÇÃO.pdf

VA

LO

RE

S

PONTO DE EQUILÍBRIO

21.000,00

18.000,00

Lucro

15.000,00

12.000,00

11.000,00

9.000,00

6.000,00

Ponto Equilíbrio

3.000,00

-

Prejuizo

2.000

QUANTIDADES

Receita Custo Fixo Custo Variável Custo Total

3.3 - PONTO DE EQUILÍBRIO EM QUANTIDADES

FÓRMULA

RECEITA =

CUSTO TOTAL

PU x QT = (CVU x QT) + CFT

PU x QT - (CVU x QT) = CFT

QT x (PU - CVU) = CFT

PEQT = CFT

PU-CVU

FÓRMULA FINAL DO

PONTO DE EQUILÍBRIO EM QUANTIDADES

ONDE:- PU

QT

= PREÇO UNITÁRIO DE VENDA

= VOLUME DE VENDAS EM QUANTIDADE

8

Page 52: ADMINISTRAÇÃO.pdf

CVU = CUSTO VARIÁVEL UNITÁRIO

CFT = CUSTO FIXO TOTAL

PEQT = PONTO DE EQUILÍBRIO EM QUANTIDADES

EXEMPLOS:-

1 - Qual o ponto de equilíbrio em quantidades para a seguinte situação:- preço unitário de venda:- R$ 12,00

custo variável unitário:- R$ 9,00

custo fixo:- R$ 300.000,00

PEQT =

PROVA:-

300.000

300.000

=

12 - 9 3

PEQT = 100.000 (unidades)

VENDAS NO PONTO DE EQUILÍBRIO

CUSTOS VARIÁVEIS

MARGEM BRUTA

CUSTOS FIXOS

RESULTADO

100.000 x R$ 12,00

100.000 x R$ 9,00

1.200.000,00

900.000,00

300.000,00

300.000,00

-0-

2 - Calcular o ponto de equilíbrio em quantidades para a seguinte situação:- custo variável unitário R$ 5,00

custo fixo R$ 1.500,00

preço de venda unitário R$ 7,50

PEQT =

PROVA:-

1.500

1.500

=

7,50 – 5,00 2,50

PEQT = 600 (unidades)

VENDAS NO PONTO DE EQUILÍBRIO

CUSTOS VARIÁVEIS

MARGEM BRUTA

CUSTOS FIXOS

RESULTADO

600 x R$ 7,50

600 x R$ 5,00

4.500,00

3.000,00

1.500,00

1.500,00

-0-

9

Page 53: ADMINISTRAÇÃO.pdf

3.4- PONTO DE EQUILÍBRIO EM VALOR

Este cálculo é normalmente utilizado por empresas que comercializam vários produtos e pretendem

calcular o ponto de equilíbrio em valor, independentemente das quantidades.

CFT CFT

PE$ = OU PE$ =

1 - CVU

PU

1 - CVT

REC

ONDE:- PE$ = PONTO DE EQUILÍBRIO EM VALOR

CVT = CUSTO VARIÁVEL TOTAL

REC = RECEITA TOTAL

Exemplo:-

1 - Calcular o Ponto de equilíbrio em valor da seguinte situação:-

Vendas totais (receita total) Custos variáveis totais

R$ 1.000.000,00

R$ 550.000,00

100,00 %

55,00 %

Margem de Contr.Bruta

Custos fixos

R$

R$

450.000,00

292.500,00

45,00 %

29,25 %

Resultado

Solução:-

292.500

R$ 157.500,00

292.500

15,75 %

PE$ = PE$ =

1- 550.000 1 - 0,55

1.000.000

292.500

PE$ = PE$ = R$ 650.000,00

0,45

Prova:- Receita em Ponto de Equilíbrio

Custos variáveis Totais

Margem de Contrib.Bruta

Custos Fixos

Resultado

R$ 650.000,00

R$ 357.500,00

R$ 292.500,00

R$ 292.500,00

Zero

100,00 %

55,00 %

45,00 %

45,00 %

10

Page 54: ADMINISTRAÇÃO.pdf

3.5 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO

As estimativas de receitas e custos são válidas para um determinado intervalo significativo do volume

de atividade. Representar graficamente as relações entre receita-custo-volume de uma empresa desde 0% até

100 % da capacidade produtiva não é o mais correto. O melhor é fazer a análise para faixas de operações

mais comuns e prováveis, o que torna muito mais aplicável e válida esta análise.

As condições e políticas operacionais da empresa não são constantes, e a análise baseia-se em certas

estimativas de custo de mão-de-obra, matéria prima, preço de venda e capacidade operacional, assim sendo é

aplicável para uma perspectiva de curto prazo.

Em determinadas empresas a variabilidade nas relações entre custos fixos e variáveis e a dificuldade

da alocação dos custos fixos aos produtos compromete, mas não invalida, a análise do ponto de equilíbrio.

No caso de ser feita análise para a empresa como um todo é necessário considerar a participação de

cada produto no total.

4 - MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO UNITÁRIA / MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

BRUTA

Margem de contribuição unitária é a diferença entre o preço unitário de venda e o custo variável unitário. Vem a ser o valor que contribui para a formação do Lucro.

Margem de Contribuição Bruta é a unitária multiplicada pelas quantidades vendidas, ou seja, a

diferença entre as receitas totais de vendas e o custo variável total.

5 - EQUAÇÃO GERAL DO RESULTADO

RESULTADO = (QT x PU) - ((QT x Cvu) + CFT)

Exemplos:-

1 - A empresa Alfa produz barras de chocolate ao preço unitário de venda de R$ 5,00 e um custo

variável unitário de 60 % do preço de venda, sendo o custo fixo total de R$ 50.000,00.

Determinar o que segue:-

a) - ponto de equilíbrio em quantidade e valor. b) - caso o mercado absorva no máximo 20.000 barras qual seria o lucro da empresa. c) - quantas barras de chocolate deverão ser vendidas para a obtenção de um lucro de

R$ 20.000,00

11

Page 55: ADMINISTRAÇÃO.pdf

de venda

Solução:-

a)

50.000

50.000

PEQT = =

5-3 2

PEQT = 25.000 unidades

Obs:- Custo variável é 60 % do preço 60 % de R$ 5,00 = R$ 3,00

b) Lucro = (20.000 x 5) - ((20.000 x 3) + 50.000)

Lucro = 100.000 - (60.000 + 50.000)

Lucro = 100.000 - 110.000

Lucro = -10.000 Prejuízo = R$ 10.000,00

c) 20.000 = (qt x 5) - ((qt x 3) + 50.000)

20.000 = 5qt - 3qt - 50.000

20.000 + 50.000 = 5qt - 3qt

70.000 = 2qt 70.000 = qt 35.000 = qt

2

2 - Dados:- Receita de vendas

Custo Variável

Margem de Contr.Total Custo fixo

1.000 unid. x R$ 1,00 R$ 1.000,00

1.000 unid. x R$ 0,50 R$ 500,00

R$ 500,00

R$ 400,00

Resultado R$ 100,00

Pede-se:-

a) pensando em reduzir em 10 % o preço de venda para vencer a concorrência do mercado qual deve ser o aumento percentual nas quantidades vendidas para obter o mesmo lucro?

b) qual o ponto de equilíbrio em quantidades para a situação “a”?

Solução:-

a) 100 = (qt x 0,90) - ((qt x 0,50) + 400)

12

Page 56: ADMINISTRAÇÃO.pdf

100 = 0,90qt - 0,50qt + 400

100 + 400 = 0,90qt - 0,50qt

500 = 0,40qt 500 = qt 1.250 = qt

0,40

quantidade anterior = 1.000 unid. quantidade em “a” = 1.250

aumento percentual = 25 %

b) 400 400

PEQT = = PEQT = 1.000

0,90 - 0,50 0,40

6 - TIPOS DE PONTO DE EQUILÍBRIO

6.1 - CONTÁBIL

É o que nós vimos até o momento, ou seja, resulta no resultado contábil igual a Zero.

6.2 - ECONÔMICO

Este ponto de equilíbrio chama-se econômico pois considera um lucro mínimo desejado.

FÓRMULA:- CFT + LM

PEE $ =

1 - CVU

PU

EXEMPLO:- - custo variável unitário = R$ 80,00

- preço de venda unitário

- custos fixos totais

- capital investido

- lucro mínimo (lm) 6 % s/CI

= R$ 100,00

= R$ 35.000,00

= R$ 100.000,00

= R$ 6.000,00

Solução:- 35.000 + 6.000 41.000

PEE$ = PEE$ = R$ 205.000,00

1- 80

100

0,20

1

3

Page 57: ADMINISTRAÇÃO.pdf

6.3 - FINANCEIRO

Existem algumas despesas que não são desembolsáveis (depreciação, provisões). Assim pode ocorrer que, mesmo abaixo do ponto de equilíbrio contábil a empresa possa arcar com seus encargos que exigem

desembolso.

CFT - DND

FÓRMULA:- PEF$ =

1 - CVU

PU

EXEMPLO:- - custo variável unitário

- custo variável unitário

- custo fixo total - despesas não desembolsáveis (DND)

35.000 - 5.000

30.000

= R$ 80,00

= R$ 100,00

= R$ 35.000,00

= R$ 5.000,00

PEF$ = PEF$ = R$ 150.000,00

1- 80 0,20

100

7 - MARGEM DE SEGURANÇA

É a diferença entre o ponto de equilíbrio e o ponto em que a empresa opera. Quanto maior for o ponto

de operação em relação ao Ponto de Equilíbrio maior será a sua segurança.

POQT

FÓRMULA:- IMS = -1

PEQT

ONDE:- IMS = ÍNDICE DE MARGEM DE SEGURANÇA

POQT = PONTO DE OPERAÇÃO (QT)

PEQT = PONTO DE EQUILÍBRIO (QT)

OBSERVAÇÕES

1 - PARA TRANSFORMA EM

PERCENTUAL MULTIPLI- CAR POR 100.

2 - PARA O CÁLCULO

PODEM SER USADOS

QUANTIDADES OU VALORES.

“O futuro está em se preparar o ser humano

para o que ele nunca foi.” Paul Valéry.

14

Page 58: ADMINISTRAÇÃO.pdf

3 - FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

1 - COMENTÁRIOS GERAIS

A determinação do preço de venda é de suma importância para o planejamento empresarial, pois a partir deste preço é que a empresa gerará ou não lucro.

O preço de venda deve refletir os objetivos e estratégias estabelecidas pela administração da empresa.

Pela formação de preço procura-se:- a) proporcionar no longo prazo, o maior lucro possível. b) proporcionar ao depto de vendas um preço que permita a venda. c) um preço que permita a otimização da capacidade produtiva, pois devemos sempre que possível evitar a

ociosidade. d) permita a otimização do capital investido, assegurando a sobrevivência da empresa no longo prazo e a

justa remuneração do capital investido.

2 - MARK - UP

Mark-up quer dizer "marcar acima". No caso de formação de preço marcar acima do que?

Resposta:- Marcar acima da base, ou seja: do custo do produto.

3 – PREÇO DE VENDA À VISTA

PVV = ____CB_____

Mark up %

100

Onde:-

PVV = PREÇO À VISTA

CB = CUSTO BASE (CUSTO VARIÁVEL DIRETO) MARK UP = % DO CUSTO VARIÁVEL

4 – PREÇO DE VENDA A PRAZO

PVP = (%EF/100 x PVV) + (%DV/100 x PVP) + CB + MC À VISTA

Onde:-

PVP = PREÇO DE VENDA A PRAZO

%EF = PERCENTUAL DE ENCARGOS FINANCEIROS

PVV = PREÇO DE VENDA À VISTA

%DV = PERCENTUAL DE DESPESAS VARIÁVEIS

CB = CUSTO BASE (CUSTO VARIÁVEL DIRETO) MC À VISTA = MARGEM DE COSNTRIBUIÇÃO À VISTA

15

Page 59: ADMINISTRAÇÃO.pdf

100

4 - CUSTO DO CAPITAL

Uma das preocupações da administração financeira vem a ser o custo do capital total (próprio +

terceiros), ou seja, quanto a empresa está gastando, custo de oportunidade, mantendo uma determinada

estrutura de capitais divididos em próprios e de terceiros.

Para chegarmos neste custo necessitamos analisar o custo dos capitais próprios, e os de terceiros de

curto e longo prazo.

1 - CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO

1.1 - COMENTÁRIOS GERAIS

O custo do capital próprio (Kc) de uma empresa é definido pelo retorno requerido por seus acionistas

ao investirem seus recursos nos empreendimentos.

A remuneração mínima exigida pelos acionistas constitui-se, em última análise, no custo de capital próprio da empresa.

Em uma empresa individual, por exemplo, a determinação do custo do capital próprio é extremamente

simples, basta perguntar ao proprietário o quanto ele quer ter de retorno.

A administração financeira, contudo, apresenta um critério mais objetivo, para a determinação do custo

de capital, principalmente considerando uma S.A.

1.2 - FORMULA DE CÁLCULO

A equação reservada para este fim é a mesma utilizada para a precificação de ativos (CAPM – Capital Asset Pricing Model)

R

X 100

ONDE:- KC = CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO

RF = TAXA DE RENTABILIDADE DE TÍTULOS LIVRES DE RISCO, NORMALMENTE

GOVERNAMENTAIS.

Page 60: ADMINISTRAÇÃO.pdf

KC% = ⟩⟩ R + ⟩⟩ X ⟩ RF

X = INDICADOR MÉDIO DE COMO SE MOVE O VALOR DA AÇÃO EM RELAÇÃO

AO MERCADO EM GERAL.

RM = RETORNO OBTIDO PELO MERCADO EM GERAL.

16

100

Page 61: ADMINISTRAÇÃO.pdf

EXEMPLO

- taxa livre de risco = 6 % a.a. (RF)

- taxa de mercado = 22,5 % a.a. ( RM)

- retorno da ação em relação ao mercado = 1,12 ( X )

SOLUÇÃO

KC % = ( 6/100 + 1,12 (22,5/100 - 6/100)) X 100

KC % = (0,06 + 1,12 (0,225 - 0,06)) X 100

KC % = (0,06 + 0,1848) X 100

KC % = 24,48 %

2 - CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS DE LONGO PRAZO

Outra forma de captação de recursos é através de financiamentos de longo prazo, os quais

normalmente, são indexados por um índice oficial e tem uma taxa de juros muitas vezes subsidiada, além do

imposto sobre as operações financeiras.

2.1 LINHAS DE FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO

Atualmente existem no mercado as seguintes fontes de financiamento de longo prazo:-

2.1.1 EMPRÉSTIMOS E FINANCIAMENTOS DIRETOS

São empréstimos e financiamentos captados pelas empresas junto as instituições financeiras

componentes do mercado de capitais.

2.1.2 - REPASSE DE RECURSOS INTERNOS

São recursos oficiais, governamentais, alocados para o financiamento de atividades consideradas

como de interesse econômico e social.

As instituições financeiras é que normalmente intermediam estes valores, funcionando como

repassadores do Governo, sendo o executor dessa política o Banco Nacional de Desenvolvimento Social. Um exemplo é o recurso “FINAME”.

2.1.3 - REPASSE DE RECURSOS EXTERNOS

São recursos captados por instituições financeiras no exterior e repassadas internamente para as

empresas.

17

Page 62: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Um exemplo é a regulamentação da resolução 63 do Banco Central.

Esta modalidade implica no envolvimento de 3 partes :

1. O banco estrangeiro emprestador 2. O banco nacional repassador 3. A empresa nacional financiada

2.1.4 - ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING)

É o aluguel de um imobilizado, com opção de compra do bem ao final do contrato.

Uma das vantagens desta sistemática é que o valor das prestações, exceto o residual, são

contabilizadas como despesas, conferindo à empresa uma redução no imposto de renda.

2.2 - FORMA DE CÁLCULO

Não existe uma fórmula básica pois cada empréstimo ou financiamento tem encargos diferenciados, e

falando-se em longo prazo os pagamentos muitas vezes têm carências.

EXEMPLO:-

espécie:- Financiamento para Capital de Giro. valor:- R$ 100.000,00

amortização:- no 24o mês, ou seja no final do prazo de empréstimo

encargos:- juros de 10 % a.a. pagos semestralmente

correção monetária - IGPM - pago semestralmente

imposto:- 6 % retido quando da liberação do valor projeção do IGPM :- 1o semestre = 12 %

2o semestre = 9 %

3o semestre = 7 %

4o semestre = 10 %

18

Page 63: ADMINISTRAÇÃO.pdf

FINANCIAMENTO DE LONGO PRAZO

ESPÉCIE:- FINANCIAMENTO PARA CAPITAL

DE GIRO

VALOR:

AMORTIZAÇÃO:

100.000,0

0

NO FINAL DO SEGUNDO ANO

CUSTO: JUROS A.A 10,00%

C.M. SEMESTRAL

IMPOSTO 6,00% RETIDO NA LIBERAÇÃO DO VALOR

PROJEÇÃO C.M. 1o.SEM. 2o.SEM. 3o.SEM. 4o.SEM.

PLANILHA DE PAGAMENTOS

12,00%

9,00%

7,00%

10,00%

SEMESTRE SDO.DEVEDOR COR.MONET JUROS

. 4,8809%

AMORTIZAÇÃ PRESTAÇÃO

O

INICIO 100.000,00

1o. 100.000,00 12.000,00 5.466,59 17.466,59

2o.

3o

100.000,00

100.000,00

9.000,00

7.000,00

5.320,16

5.222,54

14.320,16

12.222,54

4o

FINAL

100.000,00 10.000,00

0,00 38.000,00

5.368,97 100.000,00

21.378,26 100.000,00

115.368,97

159.378,26

3 - CAPITAL DE TERCEIROS - CURTO PRAZO

Outra modalidade de captação é a de recursos de curto prazo, normalmente disponíveis através de

instituições bancárias.

Visam atender as necessidades de Curto Prazo das empresas.

Dentre as linhas existentes destacam-se.

3.1 - DESCONTO DE DUPLICATAS

A empresa possui duplicatas com vencimentos para determinadas datas, mas necessita de numerário

antes destas datas. Esta empresa pode “descontar” estas duplicatas, recebendo o dinheiro deduzido os juros

em data anterior ao vencimento das mesas.

19

Page 64: ADMINISTRAÇÃO.pdf

No vencimento o sacado (cliente) efetuará o pagamento para o Banco, sendo o emitente responsável pelo título caso o sacado não efetue o pagamento.

3.1.1 - DESCONTO BANCÁRIO ( COMERCIAL OU POR FORA)

Vejamos o exemplo:-

⇒ valor das duplicatas:- R$ 1.000

⇒ prazo médio de vencimento:- 20 dias

⇒ taxa de juros bancário:- 8 % a.m - juros simples

⇒ imposto:- 0,0041 % a.d. sobre o valor total

CÁLCULO DO LÍQUIDO

CREDITADO

JUROS MENSAIS QT DIAS DO MÊS TAXA

DIA

TAXA DIÁRIA 8,00% Dividido 30 = 0,2667%

VALOR

CREDITADO

LÍQUIDO

TAXA

DIA

QT.DIAS TAXA PERÍODO VALOR

LÍQUIDO

1 2 1X2

VR. DA OPERAÇÃO 1.000,00

( - ) JUROS

( - ) IMPOSTO

0,2667%

0,0041%

20

20

5,33%

0,0820%

(53,30)

(0,82)

LÍQUIDO CREDITADO

TAXA REAL DA OPERAÇÃO - JUROS

SIMPLES

945,88

I = ENC/VR.LIQ X

100

QT.DIAS TX.DIA TX.MÊS

ENCARGOS

(54,12) dividido

VR.LÍQ.CRED. 945,88

TAXA DO 5,72% 20 0,29% 8,70%

PERÍODO

Vejamos um outro exemplo:

20

Page 65: ADMINISTRAÇÃO.pdf

DUPLS

1001

1002

1003

1004

1005

1006

TOTAL

46.500,00

ENCARGOS

VALOR

3.000,00

2.500,00

4.500,00

1.000,00

2.000,00

2.000,00

15.000,00

dividido

4.000,00

VENCTO MESES

2

2

3

4

4

5

15.000,00

PRAZO MÉDIO

6.000,00

5.000,00

13.500,00

4.000,00

8.000,00

10.000,00

46.500,00

3,1

TX.REAL

ENCARG. dividido LÍQUIDO

4.000,00

TX.REAL DO PERÍODO

TX.REAL MES

11.000,00

36,36%

11,73%

(tx.período / prazo médio em meses)

3.2 - CRÉDITO ROTATIVO

Crédito rotativo ou conta garantida é o usual cheque especial. Os encargos incidem sobre a quantidade

de dias em que o saldo foi devedor.

Imaginemos a seguinte situação

SALDO QT.DIAS JUROS PONDERAÇÃO

10,00%

(2.000,00) (3.000,00) (5.000,00) (2.000,00) (1.000,00)

(13.000,00)

PR.MÉDIO

SDO.MÉDIO

2

3

4

5

1

15

3,3846

(2.933,33)

13,33

30,00

66,67

33,33

3,33

146,66

(4.000,00) (9.000,00)

(20.000,00) (10.000,00) (1.000,00)

(44.000,00)

21

Page 66: ADMINISTRAÇÃO.pdf

CALC.JUROS SDO MÉDIO x TX.DIA x No. DIAS

(2.933,33) 0,33% 15 145,20

OU

CALC.JUROS SDO TOT x TX.DIA x PRAZO MÉDIO

(13.000,00) 0,33% 3,3846 145,20

3.3 - EMPRÉSTIMOS DE CURTO PRAZO

Os empréstimos de curto prazo são muito comuns, conhecidos no mercado como Hot Money. A

cobrança dos encargos pode se dar na data da liberação do empréstimo ou na data do vencimento.

3.3.1 - HOT MONEY, ENCARGOS DESCONTADOS NA LIBERAÇÃO

Exemplo:- LÍQUIDO CREDITADO

VR. DA OPERAÇÃO 5.000,00 5.000,00

JUROS MENSAIS

IMPOSTO

TAXAS

8,00%

0,0041%

100,00

JUROS / 30 x QT.DIAS x VR.OPER

TX.IMP x QT.DIAS x VR.OPER

TAXAS

53,33

0,82

100,00

PRAZO EM DIAS 4

TOTAL

CUSTO REAL TOTAL

TOT.ENC. dividido

154,15

LÍQ.CRED.

4.845,85

4.845,85

TX.REAL

3,18% período

dividido período

0,80%

vezes 30 d

24,00% mensal

22

Page 67: ADMINISTRAÇÃO.pdf

3.2.2 - HOT MONEY, ENCARGOS PAGOS NO VENCIMENTO

Exemplo :- LÍQUIDO CREDITADO

VR. DA OPERAÇÃO 5.000,00 5.000,00

JUROS MENSAIS

IMPOSTO

TAXAS

8,00%

0,0041%

100,00

JUROS / 30 x QT.DIAS x VR.OPER

TX.IMP x QT.DIAS x VR.OPER

TAXAS

53,33

0,82

100,00

PRAZO EM DIAS 4

TOTAL 4.845,85

CUSTO REAL TOTAL

TOT.ENC. dividido TOT.EMPR. TX.REAL

154,15 5.000,00 3,08% período

dividido período

0,77%

vezes 30 d

23,10% mensal

4 – CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL – CMPC

O custo médio ponderado de capital é obtido pelo critério de média ponderada, e é usado na teoria

tradicional de finanças como o retorno mínimo a ser exigido nas aplicações de capital da empresa.

ORIGEM VALOR CUSTO PONDERA

ÇÃO

CURTO PRAZO

LONGO PRAZO

PRÓPRIO

6.000,00

15.000,00

40.000,00

61.000,00

3,50%

3,00%

4,00%

210,00

450,00

1.600,00

2.260,00

3,70%

5 - PRINCIPAIS FONTES DE CAPITAL DE TERCEIROS

Mesmo com a estabilidade econômica, os empréstimos em moeda local continuam escassos e caros

no Brasil, pois o nível de poupança interna não é suficiente para financiar as atividades empresariais em

caráter permanente.

As empresas são obrigadas a buscar empréstimos e financiamentos externos, pela escassez e alto custo

dos financiamentos internos, mesmo que isso implique assumir o risco de câmbio. O acesso de empresas

brasileiras ao mercado financeiro internacional está restrito a empresas de grande porte e subsidiárias de

empresas multinacionais. O volume dos recursos que as instituições financeiras captam no mercado

financeiro internacional e repassam no mercado interno é limitado.

23

Page 68: ADMINISTRAÇÃO.pdf

A estrutura de capital deve ser composta por fontes de longo prazo e permanentes, mas nem sempre

essas fontes estão disponíveis, o que obriga empresas a financiarem suas atividades com recursos de curto

prazo.

Inúmeras são as modalidades de financiamentos existentes no mercado financeiro. Para fins

didáticos, as fontes de capital de terceiros podem ser divididas em financiamentos e empréstimos em moeda

nacional e em moeda estrangeira.

5.1 Financiamentos em moeda nacional

Os financiamentos em moeda nacional mais comuns são:

EMPRÉSTIMOS PARA CAPITAL DE GIRO

Por meio de um contrato, são estabelecidas as condições gerais e específicas da operação, como o

valor, o vencimento e a taxa de juros. As garantias exigidas são as notas promissórias as quais são

avalizadas, geralmente, pelos sócios ou diretores. Além das notas promissórias, podem ser exigidas garantias

adicionais, tais como duplicatas, hipotecas e penhor mercantil.

DESCONTO DE TÍTULOS

Os títulos descontados podem ser duplicatas ou notas promissórias. 0 cedente da duplicata ou nota

promissória transfere ao banco o direito de recebê- los nos respectivos vencimentos, recebendo

antecipadamente o valor líquido dos títulos, depois de descontados os juros. No vencimento, o devedor pagará o valor do título ao banco, que baixará da responsabilidade do cedente.

Na operação de desconto, o banco tem o direito de regresso, isto é, caso o devedor não pague o título

no vencimento, o banco tem o direito de receber do cedente o valor do título acrescido de juros de mora e/ou

multas.

HOT MONEY

Esse tipo de empréstimo caracteriza-se por ser de curtíssimo prazo, geralmente de um dia a uma

semana. A taxa de juros de hot money é baseada na taxa diária, acrescida de spread do banco e impostos. As

vantagens desse tipo de empréstimo são de que a empresa tomadora pode ajustar melhor seu fluxo de caixa e

possibilita uma mudança rápida de fonte de financiamento, caso outros tipos de financiamento se tornem

mais vantajosos.

A cobrança de impostos (IOF, CPMF etc.) pode tornar o custo efetivo de hot money excessivamente

alto, o que limita esse tipo de empréstimo a eventuais operações de ajustes de caixa.

CONTA GARANTIDA

É, para a pessoa jurídica, o equivalente ao cheque especial utilizado por pessoa física. O banco abre

uma conta de crédito para a empresa, que saca livremente o valor até o limite estabelecido e cobre o saldo

devedor a qualquer tempo, até o vencimento do contrato. Os encargos financeiros são pagos periodicamente. A grande vantagem da conta garantida é que o tomador pode ajustar melhor sua necessidade de caixa.

FACTORING

Factoring é uma operação de fomento comercial, portanto, não sujeita a regulamentações do Banco

Central. A operação consiste em ceder os direitos creditórios sobre duplicatas a empresas de factoring, recebendo em contrapartida o valor de face com deságio (que corresponde a juros e spread da operação).

24

Page 69: ADMINISTRAÇÃO.pdf

A grande vantagem dessa operação é que nela é feita a venda definitiva das duplicatas, portanto, sem

o direito de regresso, diferentemente do desconto de duplicatas. Por ser uma operação com custo final mais

alto do que o praticado pelos bancos, é utilizada com maior freqüência por empresas de pequeno e médio

porte que têm dificuldades de obter linhas de crédito em bancos.

DEBÊNTURES

Debênture é um título emitido por sociedades anônimas de capital aberto, com a aprovação da

emissão por Assembléia Geral Extraordinária, para captar recursos de médio e longo prazo no mercado

financeiro. As condições gerais e específicas sob as quais foi emitida a debênture constam de um documento

chamado Escritura de emissão, com registro em cartório.

As debêntures podem ser remuneradas com juros e prêmios sobre valores atualizados

monetariamente, ou com taxas de juros prefixadas. As taxas de remuneração são repactuadas

periodicamente. Caso não se chegue a um acordo quanto à taxa de remuneração do novo período, a empresa

deve resgatar os títulos. O prazo de resgate não deve ser inferior a um ano.

O Agente Fiduciário da operação zela pelos direitos dos debenturistas.

RECURSOS DO BNDES

Praticamente, a maioria dos recursos de longo prazo existentes em moeda nacional é fornecida pelo

Sistema BNDES, dentro das políticas operacionais estabelecidas para cada setor de atividade econômica. O

Sistema BNDES é formado pelo próprio Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e suas subsidiárias Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame) e BNDES

Participações S.A. (BNDESpar).

O Sistema BNDES pode operar diretamente com o financiado, mas a maioria das operações é

intermediada pelas ins tituições financeiras credenciadas. Em alguns casos, o BNDESpar participa do capital social das empresas consideradas estratégicas ou com projetos prioritários.

Os encargos dos financiamentos são baseados na Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP), apurada com

base em uma cesta de moedas, acrescida de spread específico para cada linha de financiamento, mais a

comissão do agente repassador.

Algumas das linhas de financiamento são:

financiamento de máquinas e equipamentos de fabricação nacional (Finame);

financiamento à exportação de máquinas e equipamentos (Finamex);

financiamento para subscrição de aumento de capital social;

garantia de subscrição de valores mobiliários.

5.2 - FINANCIAMENTO EM MOEDA ESTRANGEIRA

Por ser a taxa de câmbio brasileira atrelada ao dólar, a maioria dos empréstimos e financiamentos em

moeda estrangeira é denominada em dólar. As mais comuns são:

25

Page 70: ADMINISTRAÇÃO.pdf

ADIANTAMENTO SOBRE CONTRATOS DE CÂMBIO

Nesse tipo de operação, os exportadores, com base em contrato de fornecimento ou pedido de

compra, vendem a termo os valores em moeda estrangeira que serão gerados pela futura exportação, recebendo antecipadamente o valor equivalente em moeda local, convertido pela taxa de câmbio da data da

operação.

Antes do embarque da mercadoria, a operação recebe o nome de Adiantamento sobre Contrato de

Câmbio (ACC), mas após o embarque, essa operação passa a chamar-se Adiantamento sobre Contrato de

Exportação (ACE). Por ser um incentivo financeiro à exportação, o custo dessa operação é, geralmente, mais

baixo do que a taxa de mercado.

RESOLUÇÃO 63

Essa operação é regulamentada pela Resolução 63 do Banco Central. Os bancos repassam aos

tomadores locais, em moeda estrangeira, os recursos captados no exterior por meio de lançamentos de bônus

e outros instrumentos financeiros. Todas as condições do empréstimo original, como datas de paga mentos de

juros e amortização, taxas de juros e imposto de renda sobre a remessa de juros, coincidem com os

vencimentos do empréstimo original. O prazo máximo da operação para o tomador local não pode exceder o

vencimento do empréstimo original, mas o banco pode repassar o recurso por um prazo menor. O banco

local cobra do tomador uma comissão de repasse, que pode ser antecipada ou paga juntamente com os juros, e sobre essa comissão não incide Imposto de Renda, por ser paga em moeda nacional.

FINANCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO

Os bens adquiridos no exterior podem ser financiados por bancos do exterior Em vez de o importador desembolsar as compras a vista, o banco do exterior paga a vista ao exportador e o importador fica devendo

a esse banco do exterior No vencimento do financiamento, o importador fará a remessa financeira pela

compra de mercadorias.

Geralmente, o custo final desse tipo de financiamento é mais atraente do que de outros tipos de

financiamentos, pois o risco de o banqueiro financiador não receber é menor do que em empréstimos feitos

em moeda. O prazo de financiamento varia de alguns meses a até um ano, raramente ultrapassando esse

prazo.

EXPORT NOTE

O exportador emite uma nota promissória em dólar com lastro em futuros créditos de exportação e

faz a cessão de direitos sobre o crédito com base em um contrato. Pela cessão do direito creditório, o

exportador recebe a vista o valor em moeda nacional, convertido pela taxa de câmbio do dia.

Quando a empresa exportadora recebe o dólar da exportação no futuro, converte-o em moeda

nacional e resgata a nota promissória emitida em dólar convertida em moeda nacional pela taxa de câmbio

do dia do resgate, acrescida de juros.

EUROBÔNUS

Euronotes e Eurobonds são títulos emitidos por empresas em dólar, fora dos Estados Unidos. Notes

são títulos emitidos com prazos inferiores à 10 anos; acima desse prazo, os títulos são chamados bônus

(bonds, em inglês). No mercado financeiro brasileiro, esses dois tipos de títulos são chamados Eurobônus, indistintamente dos prazos de resgate.

26

Page 71: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Existem dois tipos de títulos, quanto às taxas de juros. As “Fixed Rate Notes”, são títulos lançados

com taxas de juros fixas. As “Floating Rate Notes”, são títulos lançados com taxas de juros flutuantes.

Por gerarem despesas fixas relativamente altas (serviços jurídicos especializados, confecção de

prospectos de lançamento e oferta, registro da emissão em uma bolsa internacional, remuneração dos agentes

financeiros etc.), além da comissão de administração e venda dos títulos (proporcional ao valor da emissão), os Eurobônus são lançados com valores, geralmente, acima de US$ 50 milhões.

5.3 ARRENDAMENTO MERCANTIL

O arrendamento mercantil (leasing, em inglês) é uma forma de financiamento de bens do Ativo

Imobilizado. A ampla aceitação dessa modalidade de financiamento pelas empresas está baseada no

princípio de que o lucro é gerado pela utilização do bem e não por sua propriedade.

A operação de leasing consiste em uma empresa arrendadora adquirir um bem do fabricante (ou

comerciante) escolhido pela arrendatária e arrendá-lo a esta mediante o recebimento de prestações periódicas

(que podem ser mensais, trimestrais etc.). O bem adquirido fica contabilizado como Ativo Permanente da

arrendadora até sua eventual venda para a arrendatária. O objeto do arrendamento pode ser: bens móveis ou

imóveis, novos ou usados, de fabricação nacional ou estrangeira, contratado em moeda nacional ou em

moeda estrangeira, com as arrendadoras nacionais ou estrangeiras.

Existem duas modalidades de leasing: financeiro e operacional.

LEASING FINANCEIRO

O leasing financeiro equivale à operação de financiamento de médio ou longo prazo em que a

arrendatária paga, geralmente, prestações mensais. Ao final do contrato, que não pode ser rescindido

antecipadamente, a arrendatária terá o direito de adquirir o bem por um valor previamente combinado

denominado valor residual garantido (VRG).

O prazo mínimo de arrendamento é de dois anos para bens com vida útil de até cinco anos (veículos, equipamentos de informática etc.) e de três anos para os bens com vida útil superior a cinco anos (móveis e

utensílios, maquinarias em geral etc.). A conservação e a manutenção do bem é de responsabilidade da

arrendatária.

No Brasil, somente as sociedades de arrendamento mercantil (empresas de leasing) podem praticar as

operações de leasing financeiro, pois essa modalidade de arrendamento está sujeita à regulamentação do

Banco Central.

LEASING OPERACIONAL

O leasing operacional é uma operação de locação em que a arrendatária (locatária) paga uma taxa de

arrendamento periódica (semanal, mensal, trimestral etc.) à arrendadora (locadora). A manutenção do bem

arrendado nessa modalidade é de responsabilidade da locadora. O bem é devolvido à locadora ao final do

contrato, ou a qualquer tempo (se assim estiver previsto no contrato). Caso a locatária desejar adquirir o

bem, o preço de venda será estabelecido de acordo com o valor de mercado.

Nessa modalidade de arrendamento não existe um prazo mínimo obriga tório. Portanto, a duração de

um contrato de locação poderia ser de apenas alguns meses (ou dias). O prazo do contrato de locação, ou a

opção de devolução a qualquer tempo, dependerá da natureza e espécie do bem objeto de locação, pois

existem bens de difícil comercialização no mercado de bens usados e com alta taxa de obsolescência.

27

Page 72: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Não há necessidade de a empresa locadora ser uma sociedade de arrendamento mercantil para

exercer as atividades de Leasing operacional, pois essa modalidade de arrendamento não está sujeita à

regulamentação do Banco Central. A título de exemplo, as empresas de locação de veículos "adquirem" os

veículos por meio de leasing financeiro e os arrendam a seus clientes por meio de leasing operacional.

LEASE BACK

A operação de lease back (ou sale lease back) consiste em uma empresa vender um bem de seu

imobilizado a uma empresa de leasing, arrendando-o simultaneamente, na modalidade de leasing financeiro. Ocorre a troca de propriedade, mas, na prática, o bem continuará sendo utilizado normalmente pela antiga

empresa proprietária até o final do contrato de arrendamento, quando ela exercerá (se for de seu interesse) a

opção de aquisição pelo VRG. É uma forma de financiamento de capital de giro utilizada por empresas, bastante imobilizadas.

6 - CUSTO DE CAPITAL - RESUMO APRESENTAÇÃO

DEFINIÇÃO DE CUSTO DE CAPITAL

É a taxa de retorno que uma empresa precisa obter sobre seus investimentos para manter o valor da ação

inalterado (Gitman, 1997:382).

ENTENDIMENTO DO CUSTO DE CAPITAL

É a taxa de retorno exigida pelos fornecedores de capital para atrair seus fundos para a empresa. Se o risco for mantido constante, a implementação de projetos com taxa de retorno acima do custo de capital aumentará o valor da empresa. (Gitman, 1997:382)

CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO

COTA DE CAPITAL / AÇÕES ORDINÁRIAS

MODELO DE GORDON

CAPITAL ASSET PRICING MODEL

LUCROS ACUMULADOS

EMISSÃO DE NOVAS AÇÕES

CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS

CAPITAL DE TERCEIROS

LONGO PRAZO

Representado por empréstimos e financiamentos nacionais ou estrangeiros de longo prazo.

CURTO PRAZO

Representado por empréstimos e financiamentos de curto prazo (desconto de duplicatas, hot money, conta

garantida e outros)CUSTO DA COTA DE CAPITAL E DA AÇÃO ORDINÁRIA

MODELO DE GORDON

KS = (D1 / PO) + G

KS = Taxa de retorno exigida sobre a ação

D1 = Dividendo por ação esperado no ano 1

28

Page 73: ADMINISTRAÇÃO.pdf

PO = Preço corrente da ação

G = Taxa anual de crescimento constante dos lucros e dividendos

EXEMPLO DO MODELO DE GORDON

A ação de uma empresa é negociada em bolsa a preço de R$ 100,00, e seu dividendo anual previsto é de R$

15,00, com previsão de crescimento dos lucros e dividendos a uma taxa média anual de 2%. Qual o custo

desta ação?

Cálculo – Modelo de Gordon

KS = (D1 / PO) + G

Ks = (15 / 100) + 0,02

Ks = 0,17

Ks = 17,00 %

CUSTO DA COTA DE CAPITAL E DA AÇÃO ORDINÁRIA

CAPM

Kc = RF + [ b (RM – RF) ]

Kc = Taxa de retorno exigida sobre a ação

RF = Taxa de retorno livre de risco, tais como títulos públicos

b = beta, que é o coeficiente de risco não diversificável Rm = retorno sobre a carteira de ativos do mercado

Exemplo do CAPM

Uma empresa considera uma taxa livre de risco de 6,00 %, sendo que o retorno médio de mercado é da ordem

de 13,00 %. Considerando que historicamente está empresa apresenta um beta de 1,3, calcular o custo de capital próprio.

CÁLCULO DO CAPM

KC = RF + [ b (RM – RF) ] KC = 0,06 + [1,3(0,13 – 0,06)] KC = 0,06 + 0,091

KC = 0,1510

KS = 15,10%

BETA

O beta representa a correlação dos resultados empresariais em relação aos resultados da média de mercado, que pode ser representado pelo conjunto de empresas do mesmo nicho de mercado.

SIGNIFICADO DO BETA

Significa que o resultado médio de mercado representará para a empresa em análise este resultado médio

multiplicado pelo seu

beta.

CUSTO DOS LUCROS ACUMULADOS

Os lucros acumulados são lucros retidos por diversos motivos. Caso não fossem retidos, seriam distribuídos aos

acionistas. São re-investimentos na empresa e devem ressarcir os acionistas da mesma forma que ações ordinárias ou

cotas de capital. Seu custo é igual ao custo das ações / cotas de capital.

CUSTO DA EMISSÃO DE NOVAS AÇÕES

KN = { D1 / [PO (1- f-d) ] } + G

KN = Custo para a empresa pela emissão de novas ações

29

Page 74: ADMINISTRAÇÃO.pdf
Page 75: ADMINISTRAÇÃO.pdf

D1 = Dividendo por ação no primeiro ano

Po = Preço corrente da ação

f = Taxa de deságio sobre o preço de lançamento das ações

d = despesas de underwriting (%)

EXEMPLO DA EMISSÃO DE NOVAS AÇÕES

A ação de uma empresa é negociada em bolsa a preço de R$ 100,00, e seu dividendo anual previsto é de R$

15,00, com taxa de crescimento prevista de 2%. Considerando um deságio de 10% e as despesas de

underwriting de 4%, qual o custo desta ação?

CÁLCULO DA EMISSÃO DE NOVAS AÇÕES

KN = { D1 / [ PO (1-f-d) ] } + G

KN = {15 / [100 (1-0,1-0,04)]}+0,02

KN = { 15 / 86 } + 0,02

KN = 0,1744 + 0,02

KN = 0,1944

KN = 19,44 %

CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL-CMPC

30

ORIGEM VALOR PESO CUSTO PONDERAÇÃO

CURTO PRAZO 6.000,00 10,00 % 7,00% 0,70 %

LONGO PRAZO 15.000,00 25,00 % 4,00% 1,00 %

PRÓPRIO 40.000,00 65,00 % 10,00% 6,50 %

TOTAIS 60.000,00 100,00 % 8,20 %

Page 76: ADMINISTRAÇÃO.pdf

ESTOQUE

5 - ADMINISTRAÇÃO DOS ATIVOS CORRENTES CAPITAL DE GIRO

1 - CONCEITOS BÁSICOS

Dentre as aplicações de fundos de uma empresa, parcela considerável destina-se à composição do que

chamamos de ativos correntes ou circulantes, ou capital de giro.

Estes ativos compreendem os saldos mantidos nas contas de disponibilidades, investimentos

temporários, contas a receber e estoques em geral.

Em sentido amplo, o capital de giro representa o valor total dos recursos demandados pela empresa, para financiar seu ciclo operacional, que engloba as necessidades circulantes desde a aquisição de matérias- primas até o recebimento das vendas.

O ciclo operacional é, por definição, considerado de curto prazo, e necessário para sustentar um dado

volume de operações.

Os investimentos em cada item decorrem da natureza das operações às quais a empresa se dedica, bem

como das peculiaridades do setor em que opera.

2 - CICLO OPERACIONAL

O ciclo operacional pode ser representado através do seguinte esquema:-

CAIXA

ESTOQUE

MATÉRIA-

PROD. ACABADOS

CONTAS A

VENDAS

RECEBER

31

Page 77: ADMINISTRAÇÃO.pdf

3 - CARACTERÍSTICAS DO CAPITAL DE GIRO

3.1 - VOLATILIDADE

É a curta duração de seus elementos e constante mutação dos itens circulantes com outros de natureza

idêntica.

3.2 - BAIXA RENTABILIDADE

Nos setores industriais os investimentos em capital de giro produzem baixa rentabilidade pois estes

recursos se apresentam mais expostos à depreciação monetária (inflação).

3.3 - DIVISIBILIDADE

Isto permite que o aporte de recursos nos itens de curto prazo ocorra em níveis variados e

relativamente baixos, podendo-se alocar recursos no momento do surgimento das necessidades

financeiras

4 - CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO OU CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

É a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante. Representa normalmente a parcela dos

recursos de longo prazo aplicados em itens do ativo de curto prazo.

O Capital de Giro Líquido (CGL) pode ser positivo, nulo ou negativo

4.1 - CGL POSITIVO

ATIVO PASSIVO

AC

RLP

AP

160

20

120

PC

ELP

PL

120

80

100

Esta situação demonstra certa folga na liquidez da empresa, a

qual se processa pela manutenção de certa sobra de recursos

passivos de longo prazo disponíveis para suprir eventuais

ausências de caixa.

_____

300

CGL = 40

_____

300

32

Page 78: ADMINISTRAÇÃO.pdf

4.3 - CGL NEGATIVO

4.2 - CGL NULO

ATIVO PASSIVO

AC

RLP

AP

120

20

160

PC

ELP

PL

120

80

100

As aplicações de curto prazo estão totalmente financiadas com

fundos da mesma duração, sendo que a liquidez não apresenta

nenhuma folga.

_____

300

_____

300

CGL = 0

4.2 - CGL NEGATIVO

Identifica a presença de dívidas de curto prazo, assim como o

fato das aplicações serem financiadas com recursos de prazos

maiores, o que determina uma redução da liquidez.

5 - CAPITAL DE GIRO E INFLAÇÃO

Basicamente o volume de capital de giro adequado para determinado negócio é função da política

de produção e venda adotada e pela relação risco/retorno pretendida.

O equilíbrio do capital de giro em economias estáveis é mais fácil de ser obtido, contudo em um

contexto inflacionário, mesmo que ocorra estabilidade da atividade nominal da empresa, as variações

desproporcionais nos preços dos fatores de produção determinam normalmente necessidades

geometricamente crescentes no capital de giro.

6 - INVESTIMENTO EM CAPITAL DE GIRO

O capital de giro é constituído em grande parte por ativos monetários, ou seja, por valores

depreciáveis perante a inflação.

33

ATIVO

AC 100

RLP 40

AP 160

_____

PASSIVO

PC 120

ELP 80

PL 100

_____

300 300

CGL = - 20

Page 79: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Dessa maneira o mais rentável para qualquer empresa seria manter em seus ativos circulantes

valores mínimos ou exatamente iguais às suas necessidades operacionais.

Ressalte-se que os baixos níveis de ativo circulante determinam juntamente com o aumento na

rentabilidade uma elevação nos riscos da empresa, reduzindo sua liquidez no caso de eventuais atrasos no

recebimento ou reposição dos estoques.

7 - FINANCIAMENTO DO CAPITAL DE GIRO

7.1 - ABORDAGEM TRADICIONAL

1) ATIVO PERMANENTE + CAPITAL DE GIRO PERMANENTE SÃO FINANCIADOS POR

RECURSOS DE LONGO PRAZO (PRÓPRIOS OU DE TERCEIROS).

2) CAPITAL DE GIRO SAZONAL (QUE OCORRE EM DETERMINADOS PERÍODOS) DEVE

SER FINANCIADO POR RECURSOS DE TERCEIROS À CURTO PRAZO.

8 - CONCLUSÃO

A definição do volume adequado (ótimo) de capital de giro, deverá, ao mesmo tempo, obedecidas

as particularidades operacionais da empresa e de seu ambiente, maximizar seu retorno e minimizar seu risco. No entanto, a fixação desse volume ótimo depende de uma série de expectativas futuras, cujos valores são, muitas vezes, de quantificação incerta.

9 - O CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO E FINANCIAMENTO A CURTO PRAZO

Capital de giro refere-se aos ativos circulantes que sustentam. as operações do dia-a-dia das

empresas. Já o capital de giro (ou circulante) líquido, a diferença entre os ativos e passivos circulantes, é

uma medida conveniente da liquidez da empresa e também reflete sua capacidade de gerenciar suas relações

com fornecedores e clientes. A administração ineficiente do capital de giro afetará dramaticamente o fluxo

de caixa das empresas. Uma má administração das duplicatas a pagar pode resultar no pagamento de

fornecedores em épocas indevidas, drenando os recursos de caixa da empresa.

As necessidades de capital de giro e as estratégias de gerenciamento variam entre diferentes tipos de

empresas e indústrias. A composição de ativos e passivos circulantes, assim como a relação entre ativos

circulantes e ativos totais também dependem do tipo de empresa. As necessidades de uma empresa de

serviços de informática são diferentes daquelas de uma empresa fabricante de computadores. Da mesma

forma, uma empresa multidivisional, por exemplo (com intensas operações de produção e também de

distribuição) deve gerenciar as necessidades de capital de giro de cada unidade, separadamente. Uma

indústria possui uma maior proporção de ativos permanentes em relação aos ativos totais, e tende a

concentrar-se nas necessidades de caixa de longo prazo; as operações de distribuição geram maior porcentagem de capital de giro e concentram-se nas duplicatas a receber, estoques e duplicatas a pagar; uma

empresa de serviços possui poucos ativos permanentes e enfoca basicamente as contas a receber.

34

Page 80: ADMINISTRAÇÃO.pdf

A relação entre ativos e passivos circulantes desempenha um papel importante no estabelecimento

das políticas de administração do capital de giro. Urna empresa pode estabelecer um nível de 2,5 para seu

índice de liquidez corrente (ativo circulante dividido pelo passivo circulante). Os padrões da indústria (para

índices de liquidez e condições de crédito) e as condições exigidas pelos credores também afetam essas

decisões. Empresas com empréstimos bancários à curto prazo podem ser solicitadas, por meio de acordos

apropriados, a manter um nível mínimo de capital de giro ou de índice de liquidez corrente.

Duas considerações muito importantes na administração do capital de giro são os ciclos econômicos e

a sazonalidade específica de determinados negócios. Mudanças nas condições econômicas afetam o volume

de vendas que, por sua vez, influencia os níveis das duplicatas a receber e dos estoques. Empresas com

produtos sazonais podem apresentar níveis mais altos de duplicatas a receber e de estoques porque seus

produtos devem ser produzidos ao longo do ano e as receitas só ocorrerão em épocas específicas. Esses

ciclos impõem um desafio para os administradores financeiros, que devem providenciar os recursos

necessários a sustentação das operações da empresa, assim como antecipar os financiamentos de curto prazo

para suprir as necessidades de capital de giro.

A estratégia de capital de giro e influenciada também pela taxa, ambiente econômico e preferências

pessoais Algumas empresas seguem a abordagem conservadora, financiando suas necessidades tanto

permanentes como sazonais com recursos a médio e longo prazo. Outras são mais agressivas e utilizam

recursos de longo prazo para financiar suas necessidades permanentes, enquanto suas necessidades sazonais

são financiadas com recursos de curto prazo, menos onerosas, principalmente quando as diferenças entre as

taxas de curto e longo prazo são favoráveis. Naturalmente, um monitoramento cuidadoso das taxas de juros é

um fator essencial para se desenvolver a melhor estratégia e muitas empresas se protegem da exposição às

taxas de juros, usando instrumentos derivativos.

O tipo de financiamento de curto prazo utilizado pelas empresas depende em grande parte do seu

porte e de sua solidez financeira. Empresas grandes, e bem avaliadas por institutos especializados, geralmente têm amplo acesso a commercial papers, empréstimos bancários e outras formas de financiamento

não-garant ido. As peque nas empresas geralmente financiam suas necessidades de capital de giro com

empréstimos em bancos locais e muitas vezes têm de garantir o empréstimo com duplicatas a receber ou

estoques.

Richard Moorman, formou-se em marketing pela Xavier University, ern Cincinnati, e há vinte anos

trabalha na área de administração de tesouraria. Durante seus treze anos na Mead Corporation, ocupou

diversos cargos na área financeira, dentre os quais o de gerente de "corporate fìnance". Sendo um gerente de

caixa credenciado pela Treasury Management Association, onde atua intensamente, Moorman é vice- presidente sênior do Treasury Services Group, do Bank One, ern Columbus.

35

Page 81: ADMINISTRAÇÃO.pdf

6 - ADMINISTRAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES

1 - DISPONIBILIDADES

As disponibilidades são os recursos que nos permitem efetuar pagamentos imediatos, e que estão

registrados nas contas CAIXA, BANCOS, APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE CURTO PRAZO.

À administração financeira cabe definir o nível de saldo nestes ativos correntes, e obter o máximo de

receita de juros sobre os valores em espécie temporariamente ociosos.

2 - MOTIVOS PARA A MANUTENÇÃO DE SALDOS EM DISPONIBILIDADES

2.1 - TRANSAÇÃO:-

Necessidade de caixa para fazer os pagamentos no curso normal da atividade da empresa. Exemplos:- compras, mão-de-obra, impostos, saldo médio bancário, despesas diversas como lanches,

condução xerox, cartorárias e etc.

2.2 - PRECAUÇÃO

Necessidade de proporcionar uma margem de segurança contra variações incertas e desfavoráveis. Exemplos:- erro de previsão, súbitas alterações no volume de vendas, redução da produção em função de

quebras, e etc.

Observe-se que, quanto mais previsíveis forem os fluxos de caixa e quanto maior for a capacidade de

levantar prontamente empréstimos de baixo custo, para atender emergências, menor deverá ser o nível de

saldo para precaução.

Outras determinantes são: a) as possibilidades de redução de despesas operacionais (flexibilidade) sem

efeitos colaterais; b) a postura dos administradores em relação ao risco de falta de fundos.

2.3 - OPORTUNIDADE ESPECIAIS ( ESPECULAÇÃO)

Esta parcela se destina a tirar proveito de oportunidades de mercado. Exemplo: a) acumulação de saldo

para a compra de ativos para expansão; b) aquisição de mercadorias com deságio que confira rentabilidade

ao projeto, mesmo havendo aumento do capital de giro.

3 - PRINCÍPIOS DE UMA ADMINISTRAÇÃO DE DISPONIBILIDADES -

POLÍTICAS FINANCEIRAS.

A) Dimensionar o saldo de Caixa / Bancos

Este saldo tem que atender os três motivos de manutenção de saldo de caixa, contribuindo para atingir o objetivo de aumentar a rentabilidade sobre os recursos investidos.

36

Page 82: ADMINISTRAÇÃO.pdf

B) Controle das Entradas de Recursos

Devemos procurar a maior liquidez possível, sem provocar inatividade de recursos excessivos, reduzindo a possibilidade de fraudes e acelerando o recebimento.

C) Controle de Saídas

Devemos ter atenção especial quanto ao que segue:- 1 - liberar recursos disponíveis e exigidos para aplicações aprovadas sem atrasos desnecessários. 2 - os processos de pagamento devem incluir precauções contra falhas, erros ou fraudes. 3 -os prazos de pagamento devem ser obedecidos evitando-se custos financeiros ou redução de

credibilidade.

D) Aplicações Financeiras

Os recursos temporariamente ociosos devem ser aplicados de tal sorte a proporcionar a melhor proteção contra a inflação.

Estas aplicações devem atender, simultaneamente, aos seguintes requisitos:- 1 - retorno do valor aplicado à uma taxa de juros que não signifique perdas significativas. 2 - alta liquidez, devendo permitir a transformação dos recursos em moeda de forma rápida e sem

perdas excessivas. 3 - segurança quanto a recuperação do investimento.

4 - FLUXO DE CAIXA

É um instrumento básico para a administração de disponibilidade, sendo a previsão geral das entradas

e saídas de caixa por um determinado período de tempo escolhido. Muitos de nós fazemos um fluxo de caixa mensal na nossa vida pessoal, onde temos, normalmente,

uma entrada durante o mês, quando recebemos o salário, e uma série de pagamentos, nossas contas, conforme abaixo demonstrado:

4.1 - A IMPORTÂNCIA

Todos nós sabemos a importância de nosso fluxo de caixa, ou seja, do destino dado ao nosso salário, se

no exemplo acima houvesse uma despesa com escola de R$ 100,00, o resultado positivo (superávit) de R$

45,00, passaria a ser um resultado negativo (déficit) de R$ 55,00. Nesta circunstância haveria necessidade de

se pegar dinheiro emprestado, ou seja, recorrer ao cheque especial, pagando-se uma taxa de

aproximadamente 10 % a.m., ou recorrer a um agiota pagando juros extorsivos de 25% a.m., ou uma

situação financeiramente mais suave, porém pessoalmente muito constrangedora, para alguns, pedir

37

DATA ITEM VALORES (R$)

01/01/95 RECEBIMENTO DO SALÁRIO 1.250,00

03/01/95 PAGAMENTO DO ALUGUEL 300,00

05/01/95 PAGAMENTO DE LUZ/ÁGUA 75,00

06/01/95 COMPRAS MENSAIS 380,00

10/01/95 LAZER MENSAL 150,00

15/01/95 MANUTENÇÃO RESIDÊNCIA 100,00

17/01/95 AQUISIÇÃO DE ROUPAS 200,00

RESULTADO 45,00

Page 83: ADMINISTRAÇÃO.pdf

emprestado para o Sogro, pagando em suaves prestações a perder de vista, com juros subsidiados de 0,5%

a.m.

Para a empresa a importância dos fluxos de caixa é também fundamental, caso estes não sejam bem

dimensionados a empresa poderá vir a ter que precisar de empréstimos mais elevados do que o que ela tem

capacidade para pagar.

4.2 - ELABORAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

Para elaborarmos um fluxo de caixa precisamos, antes de tudo, conhecer quais as receitas e despesas

desta empresa. É usual fazer o fluxo de caixa de acordo com o plano de contas de receitas e despesas da

empresa, conforme exemplo abaixo:

FLUXO DE CAIXA EM R$ ( REAIS )

5 - CÁLCULO DO SALDO MÉDIO DE CAIXA

Esta forma de cálculo é utilizada para condições de certeza quanto à previsibilidade do fluxo de caixa.

Este cálculo é utilizado como parâmetro de avaliação do saldo de caixa, não pretendendo ser definitivo.

Para o cálculo temos dois momentos:-

38

CONTAS Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5 Dia 6

SALDO ANTERIOR 4.000

ENTRADAS

Receitas dos serviços 1.000 1.100 1.200 1.000 1.000 1.300

Venda de Imobilizado 300

TOTAL ENTRADAS 1.000 1.100 1.500 1.000 1.000 1.300

SAÍDAS

Despesas de Manutenção 100 150 200 50 50 100

Despesas de MO Terceiro 200 200 100 150 150 150

Folha de Pgto. 4.000

Material de Escritório 10 30 40 10 20 30

Lanches e refeições 5 5 5 5 5 5

Telefonia 300

Diversos 50 80 100 100 50 50

TOTAL SAÍDAS 365 465 445 615 4.275 335

LÍQUIDO DO DIA 635 635 1.055 385 -3275 965

FLUXO LÍQUIDO DE

CX

4.635 5.270 6.325 6.710 3.435 4.400

Page 84: ADMINISTRAÇÃO.pdf

5.1 - NÍVEL DE TRANSAÇÃO

2x B xT ONDE:- C = nível de transação

C=

5.2 - SALDO MÉDIO

C

S=

2

5.3 - EXERCÍCIO

i

100

B = custo fixo por transação

T = pagamentos estimados de caixa

i = taxa de juros média do merc.finan.

1 - Pagamentos estimados de caixa:- 2 - Custo fixo por transação:- 3 - Taxa de juros por semana:-

C= 2 x 20 x 4000

R$ 4.000,00 por semana

R$ 20,00

2,00 %

160.000

=

2 / 100 0,02

C=

S=

8.000.000

2.828,43

=

=

C=

S=

2.828,43

1.414,22

2

39

Page 85: ADMINISTRAÇÃO.pdf

7 - ADMINISTRAÇÃO DE CONTAS A RECEBER

1 - CONCEITOS BÁSICOS

As contas a receber (duplicatas a receber) englobam todos os valores que terceiros devem à empresa e

que decorrem de sua atividade principal, excluindo-se então adiantamentos a funcionários, empréstimos

especiais e etc.

A administração financeir a das contas a receber interage com a área de marketing, já que a política de

crédito compreende diretrizes e procedimentos de seleção de clientes, cobrança e descontos, constituindo

importante elemento para a consecução dos objetivos de venda, atuando como instrumento de atração da

“procura” para o que a empresa oferece no mercado.

2 - CONDICIONANTES DO INVESTIMENTO EM CONTAS A RECEBER

Este investimento é afetado pelos seguintes fatores:

1. 2. 3. 4. 5.

Volume de vendas à prazo; Sazonalidade das vendas; Regras do ramo de atividade quanto a limites de crédito; Políticas de crédito da empresa; Políticas de cobrança da empresa;

3 - POLÍTICA DE CRÉDITO

Ao se falar em política de crédito falamos basicamente, em determinar:-

1. Prazo de crédito; 2. Seleção dos clientes; 3. Limites de crédito.

O prazo do crédito determina não só a rotação do investimento como também o valor imobilizado, quanto maior o prazo maior será o investimento.

Para a aceitação de um cliente temos que avaliar o risco que ele produz versus o incremento de vendas

e lucros que pode proporcionar.

Os parâmetros para as decisões de aceitação ou rejeição de clientes assumem a forma de padrões

rígidos ou liberais, o que reflete a atitude da administração quanto ao risco que está disposta a assumir nesta

área.

O processo que pode ser seguido é o que segue:-

1. Obter dados sobre o candidato ao crédito: - demonstrações financeiras para avaliar a capacidade de pagamento e garantias.

40

Page 86: ADMINISTRAÇÃO.pdf

- consultas às agências especializadas em crédito. - consultar os departamentos de crédito de bancos. - troca de informações com outros fornecedores.

2. Proceder a uma análise dos elementos de decisão apoiada em índices de liquidez e estimativas do

risco de não pagamento. 3. Decidir pela aceitação ou rejeição do pedido, mediante a comparação dos custos de aceitação e

rejeição.

4 - POLÍTICA DE COBRANÇA

A política de cobrança existe para que as vendas já efetuadas se transformem em recebimentos e para

impedir que os recebimentos sejam obtidos mais tarde do que a empresa deseja.

Em princípio a empresa não deve gastar mais com o seu esforço de cobrança do que tem a receber, mas, mais importante do que isso, as despesas de cobrança devem ter como parâmetro básico de comparação

o que a empresa pode perder sob a forma de acréscimo de dívidas não liquidadas por seus clientes ao

promover qualquer redução de seu esforço para cobrança.

Devemos considerar também que a agressividade ou impertinência excessiva da cobrança pode

prejudicar as vendas, pois a cobrança é vista como parte integrante da política de vend as da empresa.

5 - AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS DE CRÉDITO

Ao elaborar a política de crédito podemos incorrer em alguns erros:-

1. Adotar uma política de crédito muito restritiva em termos de: prazos, limites de crédito, critérios

de seleção, cobrança e etc. defendendo o investimento em contas a receber a ponto de provocar perdas de vendas e aumentar os custos do departamento de crédito.

2. Adotar uma política por demais liberal, enfatizando o objetivo de máximo volume de vendas e

maior rentabilidade no curtíssimo prazo, mas sofrendo perdas de liquidez e, finalmente, causando reduções subsequentes de sua rentabilidade.

41

Page 87: ADMINISTRAÇÃO.pdf

8 - ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES

1 - CONCEITOS BÁSICOS

Os estoques costumam manter uma participação significativa no total do capital de giro da maior parte

das empresas industriais e comerciais.

Podemos defini- los, de maneira ampla, como os materiais, mercadorias ou produtos mant idos

fisicamente disponíveis pela empresa, na expectativa de ingressarem no ciclo de operação da mesma.

O objetivo básico da administração financeira dos estoques é conciliar as necessidades das áreas

funcionais usuárias dos estoques com a meta de diminuir os investimentos neste item.

2 - TIPOS DE ESTOQUES

1.Mercadorias e produtos acabados:- são os itens adquiridos de terceiros ou produzidos pela própria

empresa em condições de serem comercializados.

2.Produtos em elaboração:- são as matérias-primas e demais custos (diretos e indiretos) relativos ao

estágio de produção em que os produtos se encontram.

3.Matérias-primas e Embalagens:- são os materiais adquiridos pela empresa e disponíveis para a sua

incorporação e transformação no processo produtivo.

4.Materiais de Consumo e Almoxarifado:- são todos os itens destinados ao consumo industrial e

administrativo.

Estes estoques possuem, não só valores investidos diferentes, mas são itens de liquidez diversa, isto é, com possibilidades distintas de transformação em dinheiro.

3 - ESTOQUE E INFLAÇÃO

Uma idéia muito difundida refere-se à decisão de aplicar volumes de recursos em ativos não

monetários, como forma de imunizar o capital de giro da corrosão inflacionária.

O processo inflacionário não se apresenta, normalmente, como um fenômeno isolado, mas como

conseqüência de vários desajustes da economia, além da convivência com as medidas de combate à inflação, gerando: a) elevadas taxas de juros; b) restrições ao crédito; c) controle de preços e salários (direta ou

indiretamente); d) ociosidade produtiva e etc.

Políticas de antecipação de compra, com finalidades especulativas ou de proteção da inflação, nem

sempre produzem resultados positivos. O administrador deve estar consciente do risco de um súbito

desaquecimento da demanda.

42

Page 88: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Em suma, para que a política de antecipação de compras surta efeito positivo, é fundamental avaliar o

custo de manter estoques elevados, principalmente no tocante: a) a liquidez; b) ao comportamento do

mercado de crédito; c) à demanda.

4 - ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DOS ESTOQUES

Finalidade dos estoques

1.SALDO BÁSICO:- para atender o ciclo de produção, de acordo com a demanda. 2.SALDO DE SEGURANÇA:- para atender os imprevistos. 3.SALDO DE ANTECIPAÇÃO:- para atender necessidades futuras crescentes

Procedimentos para controle dos estoques:-

1.Relatórios gerenciais periódicos, indicando o aproveitamento do investimento efetuado através de

índices como:- obsolescência, perdas, faltas, rotação e etc.

2.Movimentação através de requisições com aprovação por níveis de valor e ou quantidades

previamente autorizadas

3.Controle através da classificação ABC.

4.Inventários físicos periódicos.

5.Segregação de funções.

5 - COMPROVAÇÃO DA BAIXA RENTABILIDADE DA APLICAÇÃO EM

ESTOQUES

43

SITUAÇÃO 1

ATIVO PASSIVO

SITUAÇÃO 2 ATIVO PASSIVO

CAPITAL $100

MERCADORIA $100

EST.100 CAP 100 CAPITAL $ 200

MERCADORIA $ 200

EST 200 CAP 200

VENDA $130 CX. 130

TOT.130

CAP 100

LUC 30

TOT. 130

VENDA $ 130 CX 130

EST 100

TOT 230

CAP 200

LUC 30

TOT 230

MERCADORIA $120

VENDA $150

CX. 160

TOT.160

CAP 100

LUC 60

TOT 160

VENDA $ 150 CX 280

EST -- TOT 280

CAP 200

LUC 80

TOT 280

TAXA DE RETORNO

SOBRE O CAPITAL

PRÓPRIO

60 / 100

60%

TAXA DE RETORNO

SOBRE O CAPITA L

PRÓPRIO

80 / 200

40%

Page 89: ADMINISTRAÇÃO.pdf

LEQT 2

x

D

x

Cp

2 EM$

=

6 - LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS

Na administração financeira dos estoques temos a figura do LOTE ECONÔMICO DE COMPRA, que

é a quantidade ideal para ser adquirida, quantidade esta que reduz o custo total relacionado com os estoques.

De forma resumida estes custos compõem-se de:-

1.perdas associadas ao risco de obsolescência

2.taxa mínima de retorno desejada sobre o investimento em estoques

3.despesas de armazenamento:- manuseio, aluguel, transporte, impostos

4.seguro

5.custos dos controles

7.1 - FÓRMULAS:- ONDE:-

Cxi D

Cp

i C

EM$ LEQT x C

=

=

=

=

CONSUMO

CUSTO DO PEDIDO

TAXA

CUSTO UNIT.DO ITEM

ESTOQUE MÉDIO - VALOR

Page 90: ADMINISTRAÇÃO.pdf

CONTROLADORIA

6. Conceituação

6.1 Controladoria como órgão administrativo

6.1.1 Missão da controladoria

6.1.2 Funções da controladoria

6.1.3 Requisitos necessários ao desempenho da função de Controladoria

6.1.4 Principios norteadores

6.1.5 Função financeira e controladoria

6.2 Ramo do conhecimento denominado controladoria

6.2.1 Controladoria no quadro geral das ciências

6.2.2 Relação da controladoria com as demais ciências

6. CONTROLADORIA

A Controladoria consiste em um corpo de doutrinas e conhecimentos relativos à gestão econômica. Pode ser visualizada sob dois enfoques:

a. como um órgão administrativo com missão, funções e princípios norteadores definidos no

modelo de gestão do sistema empresa; e

b. como uma área do conhecimento humano com fundamentos, conceitos, princípios e métodos

oriundos de outras ciências.

6.1. CONTROLADORIA COMO ÓRGÃO ADMINISTRATIVO

O órgão administrativo Controladoria tem por finalidade garantir informações adequadas ao processo

decisório, colaborar com os gestores em seus esforços de obtenção da eficácia de suas áreas quanto

aos aspectos econômicos e assegurar a eficácia empresarial, também sob aspectos econômicos, por meio da coordenação dos esforços dos gestores das áreas.

Kanitz, afirma que os controladores foram inicialmente recrutados entre os indivíduos das áreas de

contabilidade ou de finanças da empresa, por possuírem, em função do cargo que ocupam, uma visão

ampla da empresa que os habilita a enxergar as dificuldades como um todo e propor soluções gerais. Além disso, as informações que chegam ao controller são predominantemente de natureza quantitativa, seja física, monetária, ou ambas.

Segundo Garrison, o controller faz parte da cúpula administrativa e participa ativamente nos processos

de planejamento e controle empresarial. Como gestor do sistema de informações, está em posição de

exercer o controle por meio do relato e da interpretação dos dados necessários à tomada de decisões. Por intermédio do suprimento e da interpretação de dados relevantes e oportunos, exerce influência

sobre as decisões, desempenhando um papel fundamental no direcionamento da empresa aos seus

objetivos.

Nakagawa sugere que o controller atue como o executivo criador e comunicador de informações na

organização. Dessa forma, poderá auxiliar, por exemplo, o executivo da área de marketing em sua

meta de lucratividade no âmbito geográfico e de consumidores e na eficiência da mídia e política de

promoções. Da mesma maneira, a área de produção poderá ser auxiliada com vistas à utilização mais

eficiente dos custos diretos e indiretos aplicados à produção. Para tanto, cabe-lhe a tarefa de projetar, implementar, coordenar e manter um sistema de informações capaz de atender adequadamente às

necessidades informativas do processo de planejamento e controle da empresa.

Vários autores qualificam a Controladoria como um órgão de staff, já que cada gestor tem autoridade

para controlar sua área e se responsabiliza por seus resultados. A Controladoria, portanto, não poderia

controlar as demais áreas, mas prestaria assessoria no controle, informando a cúpula administrativa

sobre os resultados das áreas.

90

Page 91: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Contrapondo a este ponto de vista, Catelli ensina que o controller é um gestor que ocupa um cargo na

estrutura de linha porque toma decisões quanto à aceitação de planos, sob o ponto de vista da gestão

econômica. Dessa maneira, encontra-se no mesmo nível dos demais gestores, na linha da diretoria ou

da cúpula administrativa, embora também desempenhe funções de assessoria para as demais áreas.

6.1.1. Missão da controladoria

A Controladoria, assim como todas as áreas de responsabilidade de uma empresa, deve esforçar-se

para garantir o cumprimento da missão e a continuidade da organização. Seu papel fundamental nesse

sentido consiste em coordenar os esforços para conseguir um resultado global sinérgico, isto é, superior à soma dos resultados de cada área.

Moscove e Simkin, afirmam que a Controladoria desempenha um importante papel no êxito empresarial, tendo como missão primordial a geração de informações relevantes para a tomada de decisão no

âmbito da organização.

O objeto da Controlaria é a gestão econômica, ou seja, todo conjunto de decisões e ações orientado por resultados desejados mensurados segundo conceitos econômicos.

Dessa forma, a missão da Controladoria é otimizar os resultados econômicos da empresa, para garantir sua continuidade, por meio da integração dos esforços das diversas áreas.

6.1.2. Funções da controladoria

Kanitz estabelece como função primordial da Controladoria a direção e a implantação dos sistemas de:

a. Informação - compreendendo os sistemas contábeis e financeiros da empresa, sistema de

pagamentos e recebimentos, folha de pagamento etc.

b. Motivação - referente aos efeitos dos sistemas de controle sobre o comportamento das pessoas

diretamente atingidas.

e. Coordenação - visando centralizar as informações com vistas à aceitação de planos sob o ponto de

vista econômico e à assessoria da direção da empresa, não somente alertando para situações

desfavoráveis em alguma área, mas também sugerindo soluções.

d. Avaliação - com o intuito de interpretar fatos e avaliar resultados por centro de resultado, por área de

responsabilidade e desempenho gerencial.

e. Planejamento - de forma a determinar se os planos são consistentes ou viáveis, se são aceitos e

coordenados e se realmente poderão servir de base para uma avaliação posterior.

f. Acompanhamento - relativo à contínua verificação da evolução dos planos traçados para fins de

correção de falhas ou revisão do planejamento. Dale, resumiu as funções do controller às seguintes:

a. Fornecer a informação básica para controle gerencial por meio da formulação de políticas de

contabilidade e de custos, procedimentos e padrões, preparação de demonstrações financeiras e

manutenção dos livros contábeis, direção da auditoria interna e controle de custos;

b. Orçamentar e controlar operações e resultados;

e. Atividades específicas de controle de: - contas gerais, subtítulos e desdobramentos: delinear verificações sobre as finanças da

empresa e salvaguardar seus ativos; verificar faturas, contas a receber e a pagar, controle de pagamentos e recebimentos, folha de pagamento, benefícios adicionais dos

empregados; registros de instalações e equipamentos; atividades da contabilidade de

custos das várias funções administrativas;

91

Page 92: ADMINISTRAÇÃO.pdf

- estoques; - estatísticas; e

- impostos.

d. Preparar e interpretar demonstrações financeiras e relatórios contábeis regulares;

e. Fazer auditoria interna;

f. Interpretar dados de controle.

Heckert e Wilson estabelecem como funções da Controladoria:

a. A função de planejamento, que inclui o estabelecimento e a manutenção de um plano operacional integrado por meio de canais gerenciais autorizados, de curto e de longo prazo, compatível com os

objetivos globais, devidamente testado e revisado, e abrangendo um sistema e os procedimentos

exigidos;

b. A função de controle, que inclui o desenvolvimento, o teste e a revisão por meios adequados dos

padrões satisfatórios contra os quais deve-se medir o desempenho real, e a assistência à

administração no incentivo à conformidade dos resultados reais com os padrões;

c. A função de relatar, que inclui preparação, análise e interpretação dos fatos financeiros e números

para o uso da administração, envolve uma avaliação desses dados em relação aos objetivos e

métodos da área e da empresa como um todo, e influências externas e preparação e apresentação

de relatórios a terceiros, como órgãos governamentais, acionistas, credores, clientes, público em

geral, conforme suas exigências;

d. A função contábil, que inclui o estabelecimento e a manutenção das operações da contabilidade

geral e da contabilidade de custos da fábrica, da divisão e da empresa como um todo, juntamente

com os sistemas e métodos referentes ao projeto, instalação e custódia de todos os livros contábeis, os registros e formas requeridos para registrar objetivamente as transações financeiras e adequá-las

aos princípios contábeis, com o respectivo controle interno; e

e. outras funções relacionadas, de responsabilidade primária, que incluem supervisão e operação de

tais áreas como: impostos, abrangendo questões locais, estaduais e federais, relação com o fisco e a

auditoria independente; seguros, em termos de adequação da cobertura e manutenção dos registros; desenvolvimento e manutenção de instruções padrão, procedimentos e sistemas; programas de

conservação de registros; relações públicas com o mercado financeiro; e, finalmente, a coordenação

de todos os sistemas e instrumentos de registro dos escritórios da empresa.

Anderson e Schmidt estabelecem duas funções essenciais e duas funções decorrentes do

desenvolvimento empresarial que foram atribuídas à Controladoria. As funções essenciais subdividem- se em:

a. controle organizacional: com a finalidade de manter todas as partes da complicada estrutura

organizacional em expansão de forma continuada, eficiente e econômica;

b. mensuração do empreendimento: com o intuito de suprir a necessidade de reconhecer e descrever claramente a segmentação da empresa em suas várias atividades de receita e custo, e, conseqüentemente, suscitar o planejamento gerencial inteligente.

O desenvolvimento empresarial levou, segundo os autores, duas funções importantes a se

incorporarem à área de Controladoria:

a. divulgação de informações a usuários externos à empresa, em decorrência das exigências legais, como impostos cobrados pelo Governo, participação de acionistas minoritários, negociações

salariais, obtenção de empréstimos junto a instituições financeiras; e

92

Page 93: ADMINISTRAÇÃO.pdf

b. proteção do patrimônio, com o estabelecimento e manutenção de controles e auditoria interna, e

garantia de coberturas apropriadas para elementos patrimoniais segurados.

Russel e Frasure, afirmam que as funções do controller em sentido mais amplo consistem em:

a. reunir, analisar e interpretar a informação que a Administração necessita para operar a empresa; e

b. manter os registros contábeis adequados, com a finalidade de prover informações corretas para as

várias entidades externas.

O controlador, nesse contexto, responsabiliza-se, basicamente, pelos seguintes pontos:

- conjunto dos sistemas contábeis empregados na empresa;

- reforço do controle interno por meio da auditoria interna;

- preparação e explicitação das análises financeiras;

- manutenção dos contratos celebrados pela empresa com terceiros;

- administração das questões fiscais e tributárias;

- estabelecimento, coordenação e administração de um plano adequado para o controle das

operações empresariais,

- fiscalização dos objetivos, efetivação das políticas, processos e estrutura organizacional da

empresa estabelecidos em conjunto com os demais gestores; - coordenação e preparação da informação para auditoria externa, bem como ser o elo de

ligação da empresa com os auditores independentes;

- proteção dos ativos da empresa;

- estudos econômico-financeiros, incluindo as influências de forças econômicas e sociais e do

governo sobre o resultado econômico das atividades da empresa;

- aprovação do pagamento e assinatura de títulos de crédito em consonância com o

tesoureiro;

- aplicação de regulamentos da empresa quanto às cauções prestadas e ações emitidas pela

empresa;

- preparação e aprovação de normas internas elaboradas para o cumprimento de decisões

administrativas tomadas pelo acionista controlador ou por acordo de acionistas, ou ainda, para o cumprimento de dispositivos legais ou exigências governamentais, quando se tratar de assunto que diga respeito à gestão econômica;

- assessoramento aos demais gestores para correção dos desvios entre o planejamento e a

execução;

- gerenciamento do sistema de informações que dá suporte ao processo decisório da gestão

econômica;

- preparação de informações de ordem econômico-financeira para as entidades

governamentais, acionistas controladores ou a quem, por acordos, tem negócios com a

empresa;

- gerenciamento da área Controladoria.

93

Page 94: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Catelli, contudo, ensina que a auditoria interna não deveria existir nas empresas que possuem o

modelo de gestão ideal, uma vez que se pressupõe a existência de um controle permanente e

eficaz, eliminando qualquer possibilidade de fraude.

6.1.3. Requisitos necessários ao desempenho da função de Controladoria

O controller, em função das diversas tarefas que lhe foram atribuídas, deve possuir, segundo Heckert e

Willson, as seguintes qualificações:

a. entendimento geral do setor de atividade econômica do qual sua empresa faz parte e das forças

políticas, econômicas e sociais diretamente relacionadas;

b. conhecimento amplo de sua própria empresa, sua história, suas políticas, seu programa, sua

organização e, até certo ponto, de suas operações;

c. entendimento dos problemas básicos de organização, planejamento e controle;

d. entendimento dos problemas básicos de administração da produção, da distribuição, de finanças e

de pessoal;

e. habilidade para analisar e interpretar dados contábeis e estatísticos de tal forma que se tornem a

base para a ação; f. habilidade de expressar idéias claras por escrito, isto é, na linguagem adequada; e

g. conhecimento amplo de principias e procedimentos contábeis e habilidade para dirigir pesquisas

estatísticas.

Muitas das qualificações supramencionadas devem ser comuns a todos os gestores. No entanto, os

conceitos econômicos devem ser conhecidos pelo controller para que possa inferir as implicações das

forças políticas, econômicas e sociais do ambiente interno e externo à empresa, no resultado

econômico. Da mesma forma, o sistema de informações econômico-financeiras por ele administrado

deverá possuir os referidos conceitos econômicos para a emissão de relatórios gerenciais, tornando

mais importantes as qualifica,ões "e" e "g" descritas acima.

6.1.4. Princípios norteadores da ação do controller

Heckert e Willson estabelecem algumas características da controladoria para o desempenho eficaz das

tarefas a seu cargo. A partir de suas considerações, os seguintes princípios devem nortear o trabalho

de um controller:

a. iniciativa: deve procurar antecipar e prever problemas no âmbito da gestão econômica global e

fornecer as infortnações necessárias aos gestores das áreas diretamente afetadas;

b. visão econômica: na função de assessoria a outros gestores, deve captar os efeitos econômicos

das atividades exercidas em qualquer área, estudar os métodos utilizados no desempenho das

tarefas da área, sugerir alterações que otimizem o resultado econômico global e suprir o gestor com

as informações necessárias a esse fim;

c. comunicação racional: deve fornecer informações às áreas, em linguagem compreensível, simples

e útil aos gestores, e minimizar o trabalho de interpretação dos destinatários;

d. síntese: deve traduzir fatos e estatísticas em gráficos de tendência e em índices, de forma que haja

comparação entre o resultado realizado e o planejado, e não entre o resultado realizado no período e

o realizado no período anterior;

e. visão para o futuro: deve analisar o desempenho e os resultados passados com vistas à

implementação de ações que melhorem o desempenho futuro, pois o passado é imutável;

94

Page 95: ADMINISTRAÇÃO.pdf

f. oportunidade: deve fornecer informações aos gestores em tempo hábil às alterações de planos ou

padrões, em função de mudanças ambientais, contribuindo para o desempenho eficaz das áreas e

da empresa como um todo;

g. persistência: deve acompanhar os desempenhos das áreas à luz de seus estudos e interpretações e

cobrar as ações sugeridas para otimizai o resultado econômico global;

h. cooperação: deve assessorar os demais gestores a superar os pontos fracos de suas áreas, quando

detectados, sem se limitar a simplesmente criticá-los pelo fraco resultado;

i. imparcialidade: deve fornecer informações à cúpula administrativa sobre a avaliação do resultado

econômico das áreas, mesmo quando evidenciarem sinais de ineficácia dos gestores. Embora essa

ação possa trazer dificuldades no relacionamento interpessoal com tais gestores, deve ter sempre

em mente o controle organizacional para a otimização do resultado econômico empresarial; j. persuasão: deve convencer os gestores da utilização das sugestões, no sentido de tornar mais eficaz

o desempenho de suas áreas e, conseqüentemente, o desempenho global, desde que haja

compreensão dos relatórios gerenciais fornecidos;

k. consciência das limitações: embora possa suprir os gestores com informações econômicas, assessorá-los quanto às questões de gestão econômica e, inclusive, aprovar ou não seus planos

orçamentários tendo em vista a eficácia empresarial, terá uma influência mínima em questões de

estilo gerencial, capacidade criativa e perspicácia dos gestores;

l. cultura geral: o conhecimento das diferenças culturais básicas entre raças e nações, o conhecimento

das diferenças sociais e econômicas entre países ou blocos econômicos é importante para a

percepção de oportunidades e ameaças à empresa diante de cenários estratégicos;

m. liderança: como administrador de sua área, tem subordinados, e compete a ele conduzi-los à

realização de suas tarefas de forma eficiente e eficaz para que a empresa atinja seus objetivos; e

n. ética: deve ter sua conduta profissional firmada em valores morais aceitos de forma absoluta e pela

sociedade.

6.1.5. Função financeira e controladoria

Em decorrência do porte e do desenvolvimento da empresa, a função financeira pode estar a cargo do

responsável por outra atividade, ou mesmo de um indivíduo com diversas áreas especializadas sob sua

responsabilidade.

Em uma pequena empresa, a função financeira pode ser uma atribuição subsidiária ao gestor de

produção ou ao de vendas. Nesse caso, embora possa haver uma preocupação com a gestão

econômica, não há um órgão denominado Controladoria para exercer a função. É suficiente o

conhecimento de conceitos a ela intrínsecos pelos gestores, para que possa ser exercida.

À medida que se desenvolve a empresa, com a descentralização das funções, surge o indivíduo

responsável pelo exercício da função financeira, podendo, ainda, ter outras funções subsidiárias, como

compras ou pessoal. Nesse caso, esse indivíduo deveria encarregar-se da gestão econômica da

empresa, mesmo não existindo o órgão Controladoria.

A partir da descentralização de atividades da área financeira, distinguindo-se primordialmente o

tesoureiro e o controller sob a responsabilidade de um gestor ou como gestores da cúpula

administrativa, surge o órgão Controladoria e sua preocupação específica com a gestão econômica

empresarial.

A administração financeira, segundo Wright, liga-se às decisões da adninistração geral em todos os

níveis. Na cúpula administrativa contribui para:

- a identificação dos objetivos da empresa;

95

Page 96: ADMINISTRAÇÃO.pdf

- o delineamento da estratégia da empresa para o período coberto pelo planejamento, levando

em conta os padrões específicos de desempenho para todos os níveis de administração, isto é, em todas as áreas.

No âmbito tático, participa das decisões relacionadas com a análise e avaliação dos projetos de

investimento.

No âmbito operacional, responde pelo controle das informações econômicas pertinentes às operações

empresariais, pelo estabelecimento de uma política para controle da liquidez que permita detectar a

necessidade de fundos e apontar alternativas que satisfaçam essa necessidade, e pelo feedback de

informação para facilitar as tarefas administrativas do planejamento, relatórios e controle, a fim de

otimizar o desempenho dessas funções.

Embora a descentralização da área financeira resulte nas duas grandes funções de Tesouraria e

Controladoria, Walker e Baughn não consideram as tarefas da Controladoria como funções financeiras. Alertam, porém, para grande dependência da área financeira em relação às informações fornecidas

pela Controladoria para sua gestão econômica.

A área financeira, segundo o "Financial Executives Institute", possui basicamente as seguintes funções:

a. obtenção do capital para o andamento dos negócios, incluindo as negociações com as fontes e a

manutenção dos convênios financeiros necessários;

b. relações com investidores, pela manutenção de um mercado adequado para os valores da

companhia, e contatos com banqueiros, investidores, analistas financeiros e acionistas;

c. financiamento de capital de giro;

d. manutenção de convênios com bancos, recebimento, custódia e desembolso de dinheiro e valores

da empresa;

e. crédito e cobrança;

f. investimento de fundos excedentes; e

g. seguro dos ativos.

A área financeira funciona, na verdade, como um banco que deve suprir as demais áreas com os

recursos financeiros necessários ao andamento de suas atividades. O efeito econômico das receitas e

despesas decorrentes do fluxo financeiro dessa área com as demais é identificado, mensurado e

comunicado pelo sistema de informações administrado pela Controladoria. Cabe ressaltar que todas as

áreas têm seu fluxo financeiro e, portanto, seus efeitos econômicos são captados no sistema de

informações econômico-financeiras e se refletem nos relatórios gerenciais de cada área, tornando-se

objeto de preocupação da Controladoria, não obstante o fato de que normalmente o fluxo financeiro seja

mais intenso na própria área financeira.

6.2. RAMO DO CONHECIMENTO DENOMINADO CONTROLADORIA

Uma área do conhecimento ou uma ciência consiste, consoante Pfaltzgraff, em um agregado, em um

conjunto de princípios, leis e axiomas que dão explicação dos fenômenos, suas propriedades, suas

relações, suas causas e seu fim.

Herrmann Jr. salienta, contudo, que:

"em todos os ramos do saber humano distinguem-se dois aspectos: 1°) pelo raciocínio procura-se penetrar a razão das coisas e investigar a natureza dos fatos; 2°) pela prática estudam-se os meios para tornar

96

Page 97: ADMINISTRAÇÃO.pdf

úteis à humanidade os resultados das observações. O primeiro corresponde à ciência e o segundo, à

arte".

O corpo de doutrinas e conhecimentos relativos à gestão econômica abordados confere à Controladoria

o status de ciência, com as seguintes características:

1 - O conhecimento científico se esforça por dar uma explicação dos fenômenos. Não, apenas, em dar a explicação, mas em expor o processamento da compreensão do fenômeno. Um fenômeno é

explicado quando se lhe conhece a causa, quando se lhe estuda o efeito e, principalmente, quando

se estuda a sua vida, da causa ao efeito. A investigação das causas é objeto da ciência. Quando a

relação entre causa e efeito é constante, isto é, quando o fenômeno se repete, partindo daquela

mesma origem e produzindo os mesmos resultados, então se diz que constitui uma lei.

2 - Por intermédio das leis, o conhecimento científico reduz o especial e o particular, ao geral.

3 - Pelas leis, a ciência reduz o incerto, o duvidoso ao certo, ao que foi determinado com precisão."

Sob esse enfoque, a Controladoria pode ser conceituada como o conjunto de princípios, procedimentos

e métodos oriundos das ciências da Administração, Economia, Psicologia, Estatística e, principalmente, da Contabilidade, que se ocupa da gestão econômica das empresas, com a finalidade de orientá-las

para a eficácia.

A Controladoria, portanto, afirma-se como ramo do conhecimento, uma vez que, de acordo com

Pfaltzgraff, "qualquer ciência lança mão de leis e normas doutra ou doutras ciências, sem perder, contudo, o seu caráter de conhecimento, o seu campo de experimentação próprio".

Apesar da importância dos fundamentos desse sistema de conhecimentos, o conjunto de preceitos que

permitem adaptá-los às conveniências humanas, exposto anteriormente, não deve ser esquecido. As

ações com efeitos úteis no aproveitamento das forças ambientais, cujo conhecimento prévio é

indispensável, fornecem informações para aconselhar aos administradores dirigir uma entidade, permitindo uma gestão econômica eficaz.

6.2.1. Controladoria no quadro geral das ciências

Herrmann jr. afirma que dentro do critério positivo, a classificação mais vulgarizada das ciências

consiste nas seguintes combinações:

- ciências matemáticas;

- ciências físico-químicas;

- ciências naturais e biológicas; e

- ciências morais e sociais.

A existência de relações estreitas entre a Controladoria e as ciências matemáticas, pelo emprego de

símbolos e métodos desta na mensuração dos eventos econômicos, não a qualifica como tal. "As

Ciências Matemáticas têm por objeto as quantidades consideradas abstratas e independentemente das

coisas.”

Quanto às ciências físico-químicas e às naturais e biológicas, a Controladoria limitou-se apenas a

absorver algumas expressões que facilitam o entendimento de fenômenos semelhantes aos de massa, energia, movimento e intensidade, envolvendo o patrimônio das entidades. Os seres vivos, as

substâncias e os diversos fenômenos que lhes dizem respeito no mundo físico somente interessarão à

Controladoria quando considerados os efeitos econômicos no patrimônio da entidade a que pertencem. No entanto, Herrmann jr. cita algumas expressões provenientes das ciências naturais e incorporadas ao

ramo de conhecimento denominado Controladoria:

97

Page 98: ADMINISTRAÇÃO.pdf

a. Anatomia das empresas, que descreve a estrutura e forma dos seus órgãos e da sua substância

patrimonial.

b. Embriologia aziendal ou patrimonial, que estuda o desenvolvimento das empresas e do capital.

e. Sistemática aziendal ou contábil, que classifica as empresas, os elementos do capital e as fontes de

créditos.

d. Patologia aziendal, que examina os estados mórbidos, as doenças das empresas, para, depois, aplicar-lhes a terapêutica mais aconselhável, por meio de operações de saneamento econômico e

financeiro.

As ciências morais e sociais "têm por objeto o homem enquanto ser inteligente, livre e social, considerado não somente em si, mas também em seus atos e em certos fatos exteriores que são a

manifestação de sua vida moral e social".

As ciências sociais e políticas constituem um subgrupo das ciências morais e sociais, e "estudam a

estrutura geral das sociedades humanas, as leis do seu funcionamento normal e do seu

desenvolvimento".

As ciências sociais apresentam três espécies de relações:

a. entre indivíduos que formam a sociedade; b. entre a riqueza coletiva e a sociedade humana; e

c. entre a riqueza apropriada e as empresas ou entidades a que pertencem.

As entidades são compostas de recursos físicos, tecnológicos, financeiros, de informação, e, principalmente, humanos que formam sua riqueza. São, portanto, sociedades humanas com uma

estrutura geral, leis destinadas ao seu funcionamento normal e desenvolvimento em função das

variáveis ambientais que as afetam.

A Controladoria apresenta-se, nesse contexto, como um subgrupo das ciências sociais e políticas (e

conseqüentemente das ciências morais e sociais), tendo por objeto de estudo a gestão econômica.

A Controladoria ocupa-se de fatos exteriores relacionados com a atividade econômica do homem, limitado ao âmbito das empresas, conforme enfatizado. Cabe à Controladoria, como ramo do

conhecimento, estudar o comportamento e controle econômico das riquezas das empresas, em face

das ações humanas.

6.2.2. Relação da controladoria com as demais ciências

Na definição do ramo do conhecimento denominado Controladoria, encontram-se contribuições de

diversas ciências. Consoante Herrmann Jr.,

"As ciências não têm existência isolada. Embora o objeto próximo de várias ciências possa ser o mesmo, as suas manifestações podem ser encaradas sob prismas diferentes. Nessa diferenciação deve-se

procurar estabelecer a autonomia relativa de cada ciência. O saber humano não se divide numa série

de comportamentos estanques. As suas ramificações entrelaçam-se e se confundem. A passagem de

um campo a outro se faz por mudanças muito sutis, que pouco a pouco diferenciam a natureza dos

fenômenos pertinentes a um e a outro".

6.2.2.1. Contribuição da Economia

A Economia é a ciência que "estuda os fatos humanos relacionados com a riqueza no que se refere à

produção, à distribuição, à circulação e ao consumo de utilidades". O estudo da criação, transformação

e distribuição dos recursos econômicos na sociedade, objetos deste ramo do conhecimento contribuiu

sobremaneira ao desenvolvimento da ciência da Controladoria. O conceito de valor econômico de um

bem, decorrente de sua utilidade no atendimento das necessidades humanas, constitui um dos

alicerces para a mensuração dos ativos de uma empresa. O resultado de uma transação reflete o

98

Page 99: ADMINISTRAÇÃO.pdf

conceito de renda econômica, afetando a riqueza da empresa e, conseqüentemente, fazendo parte do

objeto de estudo da Controladoria.

A Economia, contudo, não se preocupa em expressar monetariamente a produção, a distribuição ou o

consumo de riqueza. Dessa maneira, não tem meios para medir a eficácia ou a eficiência dessas

atividades. Além disso, não se preocupa com a gestão da riqueza, limitando-se a estudar as relações

entre os agentes econômicos. Malchman e Slavin afirmam que os economistas dependem de relatórios

contábeis para a mensuração da riqueza agregada dos consumidores, do governo e de grupos de

empresas que formam um setor de atividade econômica.

6.2.2.2. Contribuição da Administração

A Administração é o ramo do conhecimento que se ocupa da gestão de recursos econômicos. Contribuiu com os conceitos de eficácia empresarial, com a visão sistêmica da empresa e com o

processo decisório à ciência da Controladoria. A eficácia empresarial, contudo, nem sempre reflete a

eficácia social, tão enfatizada pelos estudiosos de Administração, refletindo claramente a falta de

compreensão dos gestores das empresas em relação à responsabilidade social de sua atividade

econômica. Paradoxalmente, no âmbito interno das empresas, cada gestor deve justificar sua atividade

em relação aos demais gestores, constituindo um princípio organizacional bastante explorado pela

Controladoria.

Para que ocorra a gestão de recursos, a ciência da Administração carece de um corpo de

conhecimentos necessário ao fornecimento de informações para a tomada de decisões econômicas. Nesse sentido, utiliza as informações baseadas na Contabilidade tradicional, bastante distorcidas em

função dos Princípios Fundamentais da Contabilidade.

Esse comportamento dos administradores conduz a uma subotimização dos resultados econômicos por meio do que poderia ser denominado gestão contábil, desviando a empresa de sua eficácia, tão

preconizada pelos cientistas da Administração.

6.2.2.3. Contribuição da Contabilidade

A Contabilidade é o ramo do conhecimento que estuda conceitos de identificação e acompanhamento, no tempo, do património da entidade expresso monetariamente. A Contabilidade ocupa-se com fatos

relacionados com a atividade econômica do homem, limitada ao âmbito das entidades. Incumbe-lhe

estudar o comportamento dos eventos que interferem na riqueza da empresa, em face das ações

humanas ou de sua ausência.

Besta define riqueza como o conjunto de coisas úteis, limitadas e materiais. Sua utilidade reflete a

satisfação de necessidades humanas, mas sua existência material em quantidades limitadas confere- lhe, enquanto pertencente a uma entidade, a possibilidade de permuta em virtude do desejo de

satisfação de necessidades de outras pessoas ou entidades. Os elementos intangíveis, como o fundo

de comércio, os segredos de fábrica, o monopólio, também refletem o aspecto material da riqueza, além

dos tangíveis, como estoques, imobilizado e caixa, porque representam meios para a aquisição de

elementos tangíveis, não pertencentes à entidade, mas com os quais poderá contar no futuro. A

riqueza é, pois, um conceito puramente econômico.

O património, por seu turno, é a denominação jurídica da riqueza, compondo-se de bens ou direitos e

de obrigações. Os bens ou direitos constituem tudo quanto é perceptível aos sentidos e que satisfaz as

necessidades humanas.

Segundo Besta,

"Os créditos, o aviamento de uma empresa, os segredos de fábrica, os monopólios não são, se

atentamente os observarmos, bens em si, mas somente condições ou meios para futura aquisição de

bens; e são esses bens reais, que ainda não se possuem, mas sobre os quais se poderá contar no

futuro, os verdadeiros elementos do patrimônio dos indivíduos".

99

Page 100: ADMINISTRAÇÃO.pdf

CONTADOR

RELATÓRIOS

As obrigações consistem nos bens que a pessoa deve dar ou restituir a terceiros. A soma algébrica do

valor dos bens ou direitos com o das obrigações resulta no património líquido.

6.2.2.3.1. Visão americana da contabilidade

A visão da Contabilidade nos Estados Unidos expressa-se na definição dada pela AAA (American

Accounting Association):

"Contabilidade é o processo de identificação, mensuração e comunicação de informação econômica para

permitir julgamentos informados e decisões dos usuários da informação." (tradução nossa).

A Contabilidade, pois, deve ser preditiva e fornecer informações e não dados. Cada grupo de

tomadores de decisão impõe-lhe limites referentes à informação necessária a suas decisões, que

condicionarão à seleção dos dados de entrada. A intenção dos usuários expressa-se na determinação

de sacrifícios que devem ser feitos para se obter um retorno esperado de suas decisões, tomadas em

condições de incerteza. Requer, ainda, qualidade, ou seja, a decisão ótima deve ser a melhor sob

certas circunstâncias e implica em um padrão contra o qual os resultados reais podem ser comparados.

No âmbito gerencial, o sistema de informações contábeis deve habilitar a otimização da distribuição de

recursos sob controle de um responsável, com o fim de confrontar os resultados reais de suas ações

com os esperados. O grupo britânico de Contabilidade Gerencial do Conselho Anglo-Americano de

Produtividade formou a seguinte definição:

“A Contabilidade Gerencial consiste na apresentação de informações contábeis, de maneira a auxiliar a

administração na definição de sua política e na operação diária de um empreendimento. A técnica

contábil é de máxima importância porque opera como o maior e quase universal instrumento existente

para a representação de fatos, de modo que fatos da maior diversidade possam ser representados em

um mesmo quadro. Não é a elaboração desses quadros que constitui a função da administração, mas

sim sua utilização.”

Bierman Jr. e Drebin procuraram mostrar a Contabilidade como um sistema de comunicação, conforme

a Figura a seguir: AÇÃO

FONTE DE

INFORMAÇÃO

TRANSMISSOR CANAL RECEPTOR DESTINO

EVENTO

CONTÁBEIS

PESSOAL

DE

STAFF

ADMINS-

TRADOR

FONTE

DE

RUÍDO

Figura: Sistema contábil como sistema de comunicação.

O fluxo inicia-se com a fonte de informação, que produz a mensagem (ou seqüência de mensagens) a

ser comunicada ao terminal receptor, representada no sistema contábil dos eventos econômicos.

A presença de diversos tipos de eventos exige um processo de seleção daqueles que interessarão à

Contabilidade, relativos aos atributos e alterações de natureza econômica da riqueza da entidade. A

relação baseia-se em uma análise da relação custo/benefício da coleta e do processamento da

informação, em alguns princípios, evitando o congestionamento do sistema e permitindo um fluxo

eficiente de informações para avaliação das mais importantes.

100

Page 101: ADMINISTRAÇÃO.pdf

A partir da identificação, o sistema contábil procederá à mensuração, representando os eventos

econômicos e, por meio de cifras, buscando operar a mensagem de forma a produzir um sinal possível de ser transmitido por meio do canal, isto é, dos relatórios contábeis.

O receptor, pessoal de staff, reconstrói a mensagem econômica a partir do sinal transmitido em código

de linguagem contábil e utiliza, ainda, instrumentos analíticos que facilitarão as decisões dos

destinatários finais ou dos administradores. Estes agirão, provocando o surgimento de novos eventos

econômicos por meio do mecanismo de feedback.

Uma visão mais geral da Contabilidade dentro desses conceitos é sugerida por ludícibus, ao defender:

“a construção de um arquivo básico de informação contábil, que possa ser utilizado de forma mais flexível, por vários tipos de usuários, cada um com ênfases diferentes neste ou naquele tipo de informação, neste ou naquele princípio de avaliação, porém extraídos todos os informes do arquivo básico ou data- base estabelecido pela contabilidade".

Catelli, contudo, diverge desse pensamento ao ensinar que a Contabilidade pode utilizar os mesmos

critérios para tratar as informações, independentemente do usuário que as requisita. O critério

econômico reflete a situação real da riqueza e não se sujeita aos vieses de avaliação de ativos e

reconhecimento de receitas decorrentes da obediência aos Princípios Fundamentais da contabilidade. Assim, tanto os gestores da empresa quanto os usuários externos, tais como os acionistas, credores, a

comunidade, as entidades governamentais poderiam utilizar-se de informações baseadas nos mesmos

critérios de avaliação para tomar decisões econômicas.

A Escola Americana caracteriza a Contabilidade como um sistema de informações que identifica, mensura e comunica. Deve, portanto, sujeitar-se aos objetivos de cada usuário, não possuindo um fim

em si mesma. A gestão de recursos aos quais se refere não faz parte de seu conteúdo, dado o seu

caráter utilitário.

6.2.2.3.2.Visão italiana da contabilidade

A Escola Italiana de Contabilidade desenvolveu-se desde o século XV, a partir da obra de Luca

Pacciolo, teve seu apogeu no século XIX e terminou sendo suplantada pela Escola Americana. No

entanto, a visão italiana, recebendo e exercendo influência em países europeus, como a França, a

Inglaterra, a Espanha e a Alemanha, passou por várias fases:

a. O contismo: onde a Contabilidade era vista como a ciência das contas. Confundia-se, pois, com a

própria escrituração, tendo como objeto o funcionamento das contas e os métodos de registro;

b. O personalismo: onde as contas eram personificadas em relação aos direitos e obrigações dos

proprietários, respectivamente, perante os agentes e correspondentes, e seu conteúdo representava- se eminentemente pelas relações jurídicas entre os últimos e os proprietários da empresa;

c. O neocontismo: onde as contas passaram a exprimir valores elementares, correspondentes a bens

patrimoniais, e os valores derivados, correspondentes ao património líquido e a suas variações. A

Contabilidade era tida como a ciência da coordenação racional das contas relativas aos produtos do

trabalho e às transformações do capital, isto é, das contas da produção, da distribuição, do consumo

e da administração das riquezas privadas e públicas. Seu objeto era a medida dos valores

econômicos com aplicação na avaliação da fortuna dos indivíduos. Deixava de se preocupar com as

relações jurídicas e voltava a enfatizar o aspecto econômico da riqueza;

d. O controlismo: onde a Contabilidade era vista como a ciência que estudava e enunciava as leis do

controle econômico nas entidades de qualquer natureza, aplicando-o aos atos e fatos administrativos

por meio de normas que o tornavam eficiente, persuasivo e completo. Apesar dessa concepção, os

adeptos dessa escola limitavam-se a descrever, sob o aspecto formal, as operações típicas de cada

espécie de entidade, encarada isoladamente, e não como parte de um complexo de operações;

101

Page 102: ADMINISTRAÇÃO.pdf

e. O aziendalismo: onde a Contabilidade era vista como disciplina que estudava os processos

seguidos nas entidades para a demonstração dos resultados da gestão. Existia, juntamente com a

Administração, em uma relação de interdependência. Dessa forma, esta tendência introduziu a

necessidade de elaboração de planos orçamentários e divisão da empresa em áreas para apuração

de seus resultados. No entanto, sua finalidade restringia-se à determinação do resultado da

entidade; e. O patrimonialismo: onde a Contabilidade era vista como a ciência que estudava o patrimônio à

disposição das entidades, sob três aspectos:

- estático: quanto à sua constituição em um dado momento; - dinâmico: quanto aos investimentos e financiamentos, à movimentação econômica

abrangendo os custos, a produção, o resultado da atividade; e

- relevação patrimonial: quanto aos inventários, aos orçamentos, à escrituração elementar e

sistemática, e ao balanço e prestação de contas.

Segundo Masi,

“A relevação patrimonial não é fim em si mesma, e não é o fim da Contabilidade, como ainda repetem

aqueles que deixam que seja ocupado por outras ciências ou disciplinas o território que pertence à

Contabilidade, já que o fim da Contabilidade é precisamente o governo econômico do patrimônio e o

objeto é sua análise quantitativa e qualitativa sob os aspectos estático e dinâmico, e a relevação não é

senão parte instrumental da Contabilidade que está a serviço de tal exigência".

g. O reditualismo: que em contraposição aos patrimonialistas enfocava o rédito, isto é, o resultado

como objeto da Contabilidade e o conhecimento dos custos e das receitas resultantes da gestão, cuja soma algébrica era o rédito, como a finalidade da Contabilidade.

O desenvolvimento do pensamento contábil da Escola Italiana demonstra uma visão científica da

Contabilidlade ausente na Escola Americana, que lhe impingiu um caráter utilitário mais abrangente. No

entanto, mesmo na visão dos italianos e, de uma forma geral, dos europeus, a Contabilidade tem como

função a identificação, a mensuração e a comunicação de eventos econômicos para servir à gestão, embora não se ocupe desta.

6.2.2.4. CONTRIBUIÇÕES SUBSIDIÁRIAS DE OUTRAS CIÊNCIAS

A Psicologia, consoante Silvermann, é a ciência que procura medir, explicar e, às vezes, modificar o

comportamento do homem e de outros animais. Sua contribuição refere-se ao estudo dos estímulos

causados pelos relatórios gerenciais aos gestores com o fim de provocar um comportamento racional e

eficiente do seu destinatário, sempre com vistas à eficácia empresarial.

A Sociologia, segundo Bertrand, estuda o homem em relação a outros seres humanos. Contribuiu com

a teoria das organizações, incluindo as relações de autoridade e responsabilidade, centralização e

descentralização do processo decisório, e sobretudo do processo de comunicação, no que tange à

informação de caráter econômico, entre as áreas e da empresa para o ambiente externo.

A Matemática e a Estatística forneceram instrumentos para o aperfeiçoamento da adoção de decisões

em condições de risco e incerteza, sistema de avaliação e, principalmente, a atribuição de valores

numéricos, em termos físicos e monetários, aos eventos econômicos, constituindo a base do modelo de

mensuração do sistema de informações econômico-financeiras da empresa.

AS ORGANIZAÇÕES E A NECESSIDADE DE ADMINISTRAÇÃO

102

Page 103: ADMINISTRAÇÃO.pdf

As organizações são instituições que compõem a sociedade moderna. Elas podem ser: organizações

lucrativas (as empresas) ou organizações não lucrativas (exército, igreja, os serviços públicos, as

entidades filantrópicas, etc).

A nossa sociedade moderna e industrializada se caracteriza por ser uma sociedade composta de

organizações. O homem moderno passa a maior parte do tempo dentro de organizações, das quais

depende para nascer, viver, aprender, trabalhar, ganhar o seu salário, curar suas doenças, obter todos

os produtos e serviços de que necessita etc.

Qualquer organização é composta de: duas ou mais pessoas, que interagem entre si, através de

relações recíprocas, para atingir objetivos comuns.

Importância das Organizações

φ Servem à sociedade: as organizações são instituições sociais que refletem alguns valores e

necessidades culturalmente aceitos. φ Realizam Objetivos: as organizações coordenam os esforços de diferentes indivíduos, nos

permitindo alcançar metas que, de outra forma, seriam muito mais difíceis ou até mesmo

impossíveis de serem atingidas. φ Preservam o conhecimento: as organizações com as universidades, museus e corporações são

essenciais porque guardam e protegem a maior parte do conhecimento que nossa civilização juntou

e registrou. φ Proporcionam carreiras: as organizações proporcionam aos seus empregados uma fonte de

sobrevivência.

AS EMPRESAS

� Cada empresa constitui uma criação particular, pois tem as suas próprias características, seus

recursos, seus objetivos, etc. � As empresas não são autônomas nem auto-suficientes. Elas precisam ser administradas por

pessoas qualificadas. � São orientadas para o lucro: Lucro (retorno financeiro que excede o custo). � As empresas assumem riscos: os riscos envolvem tempo, dinheiro, recursos e esforços. As

empresas não trabalham em condição de certeza. � As empresas são dirigidas por uma filosofia de negócios: Os administradores tomam decisões que

se relacionam com mercados, custos, preços, concorrência, governos, etc.

“É uma organização que utiliza recursos a fim de atingir determinados objetivos. É uma organização

social por ser uma associação de pessoas que trabalham em conjunto para a exploração de algum

negócio.” (Chiavenato, 2000)

Objetivo Principal A produção de bens ou de serviços a serem oferecidos ao mercado. Classificação: Segundo Chiavenato as empresas classificam-se em: � Quanto a propriedade as empresa são:

- Pública: São as empresas de propriedade do Estado. Seu objetivo é prestar serviços públicos

fundamentais a coletividade (saneamento básico, segurança pública, energia elétrica, etc) e, por esta razão quase sempre tem a finalidade não lucrativa. São criadas por lei e são de

Responsabilidade do Estado. Quase sempre requerem investimentos elevados e apresentam

retorno lento, sendo pouco atrativas para a iniciativa particular.

- Privada: São as empresas de propriedade particular. Seu objetivo é produzir produtos ou prestar serviços a fim de obter lucro suficiente para remunerar o capital investido pelos investidores

particulares.

103

Page 104: ADMINISTRAÇÃO.pdf

� Quanto ao tipo de produção: - Primárias ou extrativas: São as empresas dedicadas às atividades agropecuárias e extrativas

(vegetais e minerais), como as empresas agrícolas, de mineração, de perfuração e extração de

petróleo. - Secundárias ou de transformação: São as empresas que produzem bens físicos por meio da

transformação de matérias-primas, através do trabalho humano com o auxílio de máquinas, ferramentas e equipamentos. É o caso da indústrias, construção civil e geração de energia.

- Terciárias ou prestadoras de serviços: são empresas especializadas em serviços (como o

comércio, bancos, financeiras, empresas de comunicações, hospitais, escolas, etc.). Seu

objetivo é prestar serviços para a comunidade (empresas estatais) ou para obter lucro (quando

são particulares ou privadas).

� Quanto ao tamanho: - Empresas Grandes: Requerem uma estrutura organizacional composta de vários níveis

hierárquicos de administração e de vários departamentos. Segundo a Caixa Econômica Federal é considerada uma empresa de grande porte, aquela que possui um faturamento anual acima de

R$ 35.000.000,00. São organizadas na forma de sociedades anônimas de capital aberto, com

ações livremente negociáveis nas bolsas de valores.

- Empresas Médias: Deve possuir um faturamento a partir de R$1.200.000,00 até R$

35.000.000,00.

- Empresas Pequenas: Nas pequenas e médias empresas, os proprietários habitualmente

dirigem seus negócios. As pequenas empresas, geralmente organizam-se na forma de

sociedades por cotas, com responsabilidade limitada, ou sob forma de sociedade anônima. Geralmente para ser considerada uma empresa de pequeno porte seu faturamento anual deverá

ser até R$ 1.200.000.

- Microempresas: Segundo a Lei 9.841 de 05/10/99, considera-se microempresa a

pessoa jurídica que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R$ 244.000,00. De

acordo com os artigos 170 e 179 da Constituição Federal, fica assegurada às

microempresas e às empresas de pequeno porte tratamento jurídico diferenciado e

simplificado nos campos administrativo, tributário, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial, visando seu o funcionamento e

assegurando o fortalecimento de sua participação no processo de desenvolvimento

econômico social.

� Quanto a constituição, as empresas podem ser constituídas por: - Recursos Humanos (pessoas). - Recursos Não Humanos (materiais, financeiros, tecnológicos, mercadológicos, etc.).

� Quanto a organização, as empresas podem ser:

- Firma Individual: É a empresa constituída por uma única pessoa que exerce atividade

comercial, industrial ou da prestação de serviço, respondendo ilimitadamente pelas obrigações

contraídas em nome da mencionada firma. Na Firma Individual o nome comercial deve ser o de

seu Titular. Havendo nome igual já registrado, este poderá ser abreviado, desde que não seja o

último sobrenome, ou ser adicionado um termo que indique a principal atividade econômica

explorada pela empresa, como elemento diferenciador.

- Sociedade por cotas de responsabilidade limitada: O capital é dividido por cotas que podem

ser iguais ou desiguais. A responsabilidade do sócio está limitada ao valor de sua cota. A

sociedade poderá adotar firma social ou denominação, devendo ser sempre seguida da palavra

limitada. Ex.: Gabriel & Cia. Ltda., Marcos & Souza Ltda. O nome comercial em sociedade Ltda, deverá ser composto segundo uma das formas

seguintes:

a) Pelos sobrenomes de todos os sócios, acrescidos da expressão Limitada ou Ltda.

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Page 105: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Ex: Sócios: José de Almeida

João Borges

Marisa Campelo

Nome Comercial: Almeida, Borges e Campelo Ltda.

b) Pelo sobrenome de um ou de alguns dos sócios, acrescidos da expressão & Companhia

Limitada, por extenso ou abreviadamente.

Ex: Almeida & Cia Ltda

Almeida, Borges & Cia Ltda

c) Pelo nome completo, ou abreviado, de um dos sócios, acrescido da expressão & Companhia

Limitada, por extenso, ou abreviadamente.

Ex: José de Almeida & Cia Ltda

J. Borges e Cia Ltda

OBS1: Nas sociedades por quotas o nome comercial não pode reunir elementos de razão social, devendo esta quando for adotada, indicar sempre a atividade principal.

Ex: Almeida Distribuidora de Bebidas Ltda

OBS2: No caso de microempresa o nome comercial tanto em Firma Individual como em

Sociedade Comercial, deverá conter a expressão "microempresa ou ME" em seu final.

Ex: Francisco Caldas Ribeiro ME

Almeida & Cia Ltda ME

- Sociedades Anônimas: Conhecida como companhia. O capital é dividido em ações, a

responsabilidade dos sócios ou acionistas é limitada ao valor das ações subscritas ou

adquiridas. A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões

“Sociedade Anônima ou Companhia” por extenso ou abreviadamente.

Obs: As modalidades de constituição de uma entidade comercial são duas: a individual e a coletiva.

As sociedades podem ser:

•COMERCIAIS - São formadas com o intuito de vender ou industrializar produtos. Ex.: padarias, lanchonetes, fábricas de bloco, confecções, postos de gasolina, restaurantes etc. SERVIÇOS - São formadas com o intuito de prestar serviços. Ex.: oficinas mecânicas, copiadoras, clínicas médicas, odontológicas, escolas em geral etc.

Exceções: Outros tipos de sociedades de características especiais como:

- Sociedade de capital e indústria

- Sociedade em nome coletivo

- Sociedade em comandita simples

Obs.: todas em desuso porque os sócios respondem de forma ilimitada.

Breve História das Empresas

Até meados do século 18 as empresas desenvolveram-se com uma grande lentidão. Apesar de sempre

ter existido o trabalho organizado e dirigido na história da humanidade, a história das empresas e

sobretudo, a história da sua administração, são capítulo recente, que teve seu início há bem pouco

tempo. A história das empresas, conforme Chiavenato (1985) pode ser dividida em seis fases:

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Page 106: ADMINISTRAÇÃO.pdf

1. Fase Artesanal: Vai até aproximadamente o ano de 1780 quando se inicia a Revolução industrial (a revolução do carvão e do ferro). - Regime de produção: artesanato. - Mão-de-obra: intensiva e não-qualificada na agricultura. - Predomínio: pequenas oficinas e granjas

- Trabalho: escravo

- Poder: Senhores feudais

- Sistema comercial: trocas locais.

2. Fase de transição do artesanato à industrialização: É a nascente fase da industrialização, da

mecanização das oficinas e da agricultura. - Produtos destaques: carvão e o ferro

- Surgimento da máquina de fiar, tear hidráulico, descaroçador de algodão, máquina a vapor, fábricas e usinas.

3. Fase do desenvolvimento industrial: Corresponde a Segunda Revolução Industrial, entre os anos

de 1860 a 1914 ( revolução do aço e da eletricidade) - Avanço tecnológico. - Transformações nos transportes (automóvel e do avião) e nas comunicações (telégrafo sem fio,

telefone e do cinema). - Substituição do ferro pelo aço e do vapor pela eletricidade e pelos derivados do petróleo. - O capitalismo industrial cede lugar ao capitalismo financeiro, surgindo grandes bancos e

instituições financeiras. - Crescimento assustador das empresas passando por um processo de desburocratização em

face do seu tamanho.

4. Fase do gigantismo industrial - Fase entre as duas grandes guerras mundiais (1914-1945). - Uso de tecnologia para fins bélicos. - Grande depressão econômica de 1929, levando a crise mundial. - Atuação das empresas em âmbito internacional e multinacional. - Aplicação técnico-científica e ênfase em materiais petroquímicos; - Navegação de grande porte e aprimoramento do automóvel e do avião. - Comunicações amplas e rápidas como o rádio e a televisão. - Mundo complexo.

5. Fase moderna: 1945-1980

- Separação entre os países desenvolvidos (industrializados, os subdesenvolvidos (não- industrializados) e os países em desenvolvimento.

- Surgimento do plástico, alumínio, concreto, energia nuclear e solar, computador, TV por satélite; - Predomínio do petróleo e da eletricidade. - Crise mundial, acompanhada por uma inflação e recessão, aumento da dívida externa.

6. Fase da incerteza: Após 1980

- Grandes desafios, dificuldades, ameaças, coações, restrições e toda sorte de adversidades para

as empresas. - Revolução do computador. - Grandes mudanças e transformações.

Apesar do fato de as empresas terem adquirido suas feições atuais a partir da Revolução Industrial que

ocorreu no decorrer da Segunda metade do século 18, somente a partir do início deste século que a

administração começou a receber a atenção e estudos mais profundos da parte de alguns pioneiros. Ao final da Revolução Industrial o mundo já não era mais o mesmo. A moderna administração surgiu em

resposta a duas conseqüências provocadas por ela: Crescimento acelerado e desorganizado das empresas, que passaram a exigir uma administração

científica capaz de substituir empirismo (sistema filosófico que atribui a experiência a origem do

conhecimento humano).

106

Page 107: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Necessidade de maior eficiência e produtividade das empresas, para fazer face à intensa

concorrência e competição no mercado.

ADMINISTRAÇÃO E OUTRAS PALAVRAS

A) ADMINISTRAÇÃO

A palavra administração tem origem no latim e significa: administratione

Ad = (direção para, tendência, junto de) Minister = Comparativo de inferioridade, o sufixo ter (subordinação e obediência) aquele que realiza uma função abaixo do comando de outrem. Função que

se desenvolve sob o comando de outro, um serviço que se presta a outro.

A administração tem como tarefa, interpretar os objetivos propostos pela empresa e transformá-los

em ação empresarial através do planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços

realizados, em todas as áreas e em todos os níveis da empresa, a fim de atingir tais objetivos.

A administração é uma condição indispensável para o sucesso de cada empresa.

A administração representa a solução da maior parte dos problemas que afligem a humanidade nos

dias de hoje. Na realidade não existem países desenvolvidos ou subdesenvolvidos, mas países bem

ou mal administrados - Peter Druck).

Segundo MORAES (2001) a tarefa da Administração envolve a interpretação de objetivos a fim de

transformá-los em ação organizacional por meio do planejamento, da organização, da direção e do

controle.

A) CONTROLE

B) GERÊNCIA

Do latim gerentia, de gerere, “fazer”. Ato de gerir.

C) GESTÃO

Do latim gestione. Ato de gerir; gerência; administração.

Objeto de Estudo da Administração

As Organizações.

Definição de Administração

É o processo de planejar, organizar, liderar e controlar os esforços realizados pelos membros da

organização e o uso de todos os outros recursos organizacionais para alcançar os objetivos propostos

(CHIAVENATO,2000).

Administrar é o processo de tomar, realizar e alcançar ações que utilizam recursos para alcançar objetivos. A principal razão para o estudo da administração é o seu impacto sobre o desempenho das

organizações. É a forma como são administradas que torna as organizações mais ou menos capazes

de utilizar corretamente seus recursos para atingir os objetivos corretos. (MAXIMIANO, 2000, p. 26).

Administrar significa, em primeiro lugar, ação, A administração é um processo de tomar decisões e

realizar ações que compreende quatro processos principais interligados: planejamento, organização, execução e controle.

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Page 108: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Objetivo da Administração

Proporcionar eficiência e eficácia às empresas. A eficiência refere-se aos meios: métodos, processos, regras e regulamentos sobre como as coisas devem ser feitas na empresa, a fim de que os recursos

sejam adequadamente utilizados. A eficácia refere-se aos fins: objetivos e resultados a serem

alcançados pela empresa.

Qual é o IDEAL?

Tanto a eficiência como a eficácia são importantes. De nada vale a eficiência (fazer bem) se a eficácia (alcançar os objetivos e obter resultados) não for alcançada.

EFICIÊNCIA

Segundo MAXIMIANO (2000) a eficiência de um sistema depende de como seus recursos são

utilizados. Eficiência significa: � Realizar atividades ou tarefas de maneira certa. � Realizar tarefas de maneira inteligente, com o mínimo de esforço e com o melhor

aproveitamento possível dos recursos.

O princípio geral da eficiência é o da relação entre esforço e resultado. Quanto menor o esforço

necessário para produzir um resultado, mais eficiente é o processo. Para analisar a eficiência de um

sistema (ou processo), deve-se considerar inicialmente, de forma isolada, dois critérios: produtividade e

qualidade.

a) Produtividade: é definida como a relação entre os recursos utilizados e os resultados obtidos

(ou produção). Todo o sistema tem um índice de produtividade, que se verifica com a contagem

da quantidade produzida por unidade de recursos. Então produtividade é a relação entre

resultados obtidos e recursos utilizados. Ex.: Quantidade de produtos por trabalhador, alunos

por professor, vendas por metro quadrado. De forma geral, quanto mais elevada a quantidade

de resultados obtidos com a mesma unidade de recursos, mais produtivo o sistema é. A

produtividade pode aumentar porque a produção aumenta e, ao mesmo tempo, porque diminui o

volume de recursos empregados.

b) Qualidade: no contexto do estudo da eficiência, a qualidade representa a coincidência entre o

produto ou serviço e sua qualidade planejada. Quanto mais alto o número de itens aproveitáveis

em relação ao total de itens produzidos, mais qualidade (e eficiência) o sistema tem. Falta de

conformidade, ou falta de qualidade, significa que o produto ou serviço precisa ser refeito. Ou

descartado, se for impossível consertá-lo. A falta de qualidade acarreta os custo da não

qualidade, como os seguintes: reclamações e perda de clientes; projeção de imagem pública

comprometedora; reposições e consertos que devem ser efetuados sem custo para o cliente, se

o produto estiver no período de garantia, etc.

EFICÁCIA

Ainda de acordo com MAXIMIANO (2000) eficácia é a relação entre resultados e objetivos. Não adianta

muito produzir resultados de maneira eficiente, se não forem os resultados corretos. A diferença entre

eficiência e eficácia pode ser ilustrada pela história das duas principais empresas automobilística do

mundo: Ford e General Motors. Embora Henry Ford fosse um mestre da eficiência, foi a GM que se

transformou na maior e mais bem-sucedida empresa do ramo. Esse desempenho é o resultado de sua

orientação para o mercado e não apenas para o processo produtivo. Enquanto a Ford tinha uma

estratégia de fazer eficientemente o mesmo carro, a GM orientou-se para fazer um carro para cada tipo

de cliente. Portanto eficácia significa:

� Grau de coincidência dos resultados em relação aos objetivos; � Capacidade de um sistema, processo, produto ou serviço de resolver um problema;

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Page 109: ADMINISTRAÇÃO.pdf

� Fazer as coisas certas; � Sobrevivência.

Eficácia = Resultados

Objetivos

Para avaliar o grau de eficácia de um sistema, é necessário saber quais são os objetivos e quais os

resultados de fato alcançados. Ex.: Há várias empresas que querem vender seus automóveis, sabonetes e computadores. A mais eficaz é aquela que consegue transformar um grande número de

pessoas em seus clientes, obter lucro e sobreviver com isso.

Competitividade

As empresas têm natureza competitiva – elas concorrem entre si, disputando a preferência dos mesmos

clientes e consumidores. O sucesso de uma pode significar o fracasso de outra. Para serem

competitivas, as empresas precisam ter desempenho melhor que outras que disputam os mesmos

clientes. Uma empresa é competitiva quando tem alguma vantagem sobre os seus concorrentes, que a

faz ser preferida pelos clientes ou mais apta em alguma forma de relacionamento com o ambiente. São inúmeras vantagens competitivas que uma empresa pode ter. As mais importantes são: qualidade, custo baixo, velocidade, inovação e flexibilidade. Alcançar essas vantagens depende do entendimento e

da correta aplicação dos conceitos de eficiência e eficácia.

Função da Administração

1. Desempenho Econômico: Segundo DRUCKER, (1981) em cada decisão e medida que tomar, a administração deve colocar o

desempenho econômico em primeiro lugar. Ela só pode justificar sua existência e sua autoridade

mediante os resultados econômicos que produzir. Mesmo que haja grandes resultados não-econômicos

– a felicidade dos membros da empresa, uma contribuição ao bem-estar ou à cultura da comunidade, etc -, a administração terá fracassado se não houver obtido resultados econômicos. Terá fracassado se

não fornecer os bens e serviços desejados pelo consumidor a um preço que esteja disposto a pagar. Terá fracassado se não melhorar, ou ao menos mantiver, a capacidade geradora de riquezas dos

recursos econômicos que lhe foram confiados.

2. Administrar administradores: Para haver desempenho econômico é preciso antes haver uma empresa. A segunda função da

administração é portanto, transformar recursos humanos e materiais numa empresa produtiva. É

administrar administradores.

Uma empresa deve ser capaz de produzir mais e melhor que os recursos que a compõem. Deve

constituir uma entidade genuína: maior ou no mínimo diferente que a soma das suas partes, cuja

produção é maior que a soma de todos os insumos. A organização dos administradores e de suas

funções é o que queremos dizer, falamos de liderança e do espírito de uma firma. Se uma empresa

apresenta um desempenho medíocre, nós contratamos um novo presidente e não novos trabalhadores. Logo, administrar administradores consiste em tornar os recursos produtivos, transformando-os num

empreendimento. E a administração é algo tão complexo, com tantas facetas, mesmo nas menores

empresas, que a administração de administradores é inevitavelmente não só uma tarefa vital, mas

também enormemente complexa.

3. Administração do trabalho e do trabalhador: A última função da administração é administrar o trabalho e os trabalhadores. O trabalho tem que ser executado; o recurso existente para sua execução são os trabalhadores – variando desde os

absolutamente não-especializados até os artistas, dos serventes de pedreiros aos vice-presidentes

executivos. Isto significa organizar o trabalho de modo a torná-lo o mais adequado possível a seres

humanos e organizar pessoas de modo a faze-las trabalhar da maneira mais produtiva e eficaz

possível. Significa considerar os seres humanos como dotados de habilidades e limitações, como

também considera-los com seres humanos, dotados de personalidade, cidadania, capacidade de

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Page 110: ADMINISTRAÇÃO.pdf

trabalhar pouco ou muito, bem ou mal, e que portanto, precisam de motivação, participação, satisfações, incentivos e recompensas, liderança, status e função definida.

O tempo é um outro fator fundamental em todo o problema, em toda decisão, em toda a ação

administrativa. A administração deve sempre considerar tanto o presente como o futuro a longo prazo. Não se resolve um problema administrativo se lucros imediatos são conseguidos às custas da

lucratividade a longo prazo, ou mesmo às custas da própria sobrevivência da empresa.

Princípios Gerais da Administração

A Administração não é uma ciência exata. Ela não pode basear-se em leis rígidas. Ela precisa basear- se em princípio gerais e flexíveis capazes de serem aplicados a situações diferentes. Os princípios são

condições ou normas dentro das quais o trabalho administrativo deve ser aplicado e desenvolvido.

Os mais importantes princípios gerais de administração são os seguintes:

a) Princípio da Divisão do Trabalho e da Especialização: Todo o trabalho deve ser dividido a fim de

permitir a especialização das pessoas em alguma atividade. b) Princípio da Autoridade e Responsabilidade: Deve haver uma linha de autoridade e

responsabilidade claramente definida, conhecida e reconhecida por todos. c) Princípio da Hierarquia ou Cadeia Escalar: Quanto maior a empresa, maior o número de níveis

hierárquicos. d) Princípio da Unidade de Comando: Cada pessoa deve subordinar-se a um e somente a um único

superior. e) Princípio da Amplitude Administrativa: Refere-se a quantidade de funcionários que um chefe deve

ter. f) Princípio da Definição: Definição prévia por escrito da autoridade e da responsabilidade, deveres,

relações ou órgãos, bem como devem ser devidamente comunicados.

O PROFISSIONAL DE ADMINISTRAÇÃO: O ADMINISTRADOR

É o elemento dinâmico e vital de toda e qualquer organização. Se a sua liderança, os recursos de

produção permanecem recursos e nunca se tornam produção. Sobretudo numa economia competitiva, são o calibre e a qualidade da atuação dos administradores que determinam o sucesso, ou mesmo a

sobrevivência, de uma empresa. Pois o calibre e a qualidade da atuação de seus administradores

constituem a única vantagem efetiva de uma organização dentro de uma economia competitiva

(DRUCKER, 1981).

É a pessoa que gerencia, dirige uma organização, faz com que ela seja bem-sucedida em alcançar seus objetivos.

Soluciona problemas; Dimensiona recursos; Desenvolve estratégias; Efetua diagnósticos de situações; Toma decisões embasadas em fatos concretos.

O conhecimento tecnológico da administração é importantíssimo, básico e indispensável, mas depende

da personalidade e do modo de agir do administrador, ou seja de suas habilidades.

Atividades dos Gerentes

� Tomar decisões e resolver problemas;

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Page 111: ADMINISTRAÇÃO.pdf

� Processar informações: ler correspondências, as notícias de economia e finanças, os resumos

providenciados pela empresa, os relatórios de atividades dos funcionários, escrever relatórios

para apresentar aos superiores. � Representar a empresa; � Administrar pessoas: selecionar novos funcionários, resolver conflitos e tomar decisões sobre

demissões e admissões; � Cuidar da própria carreira: estudar, adquirir novas habilidades e informações, procurar

estabelecer e manter relações com pessoas importantes da empresa, manter-se atualizado com

as inovações.

Competências Gerenciais

Segundo MAXIMIANO (2000, p. 41-44) Competências são as qualificações que uma pessoa deve ter para ocupar um cargo e desempenha-lo eficazmente. As competências específicas que são necessárias para ocupar um cargo de gerente dependem do nível hierárquico, das tarefas do gerente, do tipo de organização e de outros fatores. De forma geral, as

competências gerenciais são classificadas em três categorias: conhecimentos, habilidades e atitudes.

a) Conhecimentos: os conhecimentos incluem todas as técnicas e informações que o gerente

domina e que são necessárias para o desempenho de seu cargo. O principal tipo de

conhecimento é a competência técnica sobre o assunto administrado. Além da competência

técnica, outros conhecimentos importantes para um gerente abrangem conceitos sobre o

comportamento humano e sobre técnicas de administração.

b) Habilidades: Robert L. Katz dividiu as habilidades gerenciais em três categorias: Habilidade

Técnica, Humana e Conceitual.

Para um administrador executar eficazmente um processo administrativo são necessários pelo menos

três habilidades: Habilidade Técnica: consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e equipamentos

necessários para a realização de suas tarefas específicas; Relaciona-se com a atividade específica

do gerente. Habilidade Humana: consiste na capacidade e discernimento para trabalhar com pessoas, compreender suas atitudes e motivações e aplicar uma liderança eficaz. Habilidade Conceitual: consiste em compreender as complexidades da organização global e o

ajustamento do comportamento da pessoa dentro da organização.

c) Atitudes: são competências que permitem às pessoas interpretar e julgar a realidade e a si próprios. As atitudes formam a base das opiniões segundo as quais outras pessoas e os fatos, as idéias e os objetos são vistos, interpretados e avaliados. As atitudes estão na base das

doutrinas administrativas e da cultura organizacional. As atitudes referem-se ainda à própria

pessoa e a outros aspectos de seu ambiente, como seu trabalho ou seu cargo. Há pessoas que

encaram de maneira positiva a possibilidade de ocupar um cargo gerencial. Este tipo de atitude

deve ser determinante na escolha de pessoas para ocuparem tais posições, porque sua

probabilidade de sucesso é maior do que aqueles que não enxergam atrativos na carreira

gerencial.

Seleção de Pessoal

Definição de Seleção

É a escolha da pessoa certa para o cargo certo, ou seja, entre os candidatos recrutados aqueles mais

adequados aos cargos existentes na empresa, visando manter ou aumentar a eficiência e desempenho

do pessoal (Chiavenato, 1999). A seleção visa solucionar dois problemas básicos:

� Adequação da pessoa ao cargo; e

� Eficiência da pessoa no cargo. 111

Page 112: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Necessidade de Seleção:

� tendem a ter muita gente com salários baixos. Devemos sempre prestigiar os profissionais da

empresa sem deixarmos de introduzir novos profissionais.

Papel do Selecionador de Pessoal

Possui um papel de assessoramento, cuja característica é a de oferecer um instrumental para que o

requisitante possa melhor decidir entre os candidatos recrutados aqueles que tenham maiores

probabilidades de ajustar-se ao cargo vago.

Objetivos Básicos da Seleção

φ Escolher e classificar os candidatos adequados às necessidades da organização. φ Diagnosticar a efetiva necessidade da contratação do novo colaborador. φ Avaliar se a prata da casa não pode suprir a vaga em aberto. φ Planejar, de modo sério e profundo, qual o processo seletivo mais adequado, qual técnica seletiva é

mais apropriada, como entrevistar com qualidade, sabendo ouvir, perguntar e concluir.

Vantagens de uma Boa Seleção de Pessoal

φ Aumento da produtividade. φ Maiores chances de oferecer a sua clientela um serviço de primeira. φ Realização de bons negócios com seus fornecedores. φ Diminuição do turnover (rotatividade de pessoal). φ Eliminação dos gastos em indenizações e novos processos de seleção.

Processos da Seleção

1. Seleção como processo de comparação

� De um lado os requisitos do cargo a ser preenchido (descrição e análise de cargos) = X

� De outro lado o perfil das características dos candidatos que se apresentam para disputá-lo

(aplicação das técnicas de seleção) = Y

X > Y = candidato não atinge as condições ideais para ocupar determinado cargo.

X = Y = candidato atinge e é aprovado.

X < Y = candidato superdotado para aquele cargo.

Ideal: faixa de aceitação admitindo uma certa flexibilidade a mais ou a menos.

A seleção é uma responsabilidade de linha e função de staff, onde o órgão de RH presta assessoria

aplicando provas e testes, enquanto o gerente de linha toma as decisões a respeito dos candidatos.

2. Seleção como processo de decisão e escolha: acontece após a comparação entre as

características exigidas pelo cargo e as características oferecidas pelos candidatos e vários deste

apresentem condições aproximadamente equivalentes para serem indicados para ocupar o cargo

vago. O órgão de RH apenas pode prestar o serviço especializado, aplicar as técnicas de seleção e

recomendar aqueles candidatos que julgar mais adequados ao cargo.

3. Modelo de colocação, seleção e classificação de candidato: acontece quando só existe um

candidato para uma vaga; ou quando existe vários candidatos para uma vaga; ou ainda vários

candidatos para várias vagas, respectivamente.

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Page 113: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Identificação das Características Pessoais do Candidato

� Exige sensibilidade; � Requer razoável conhecimento da natureza humana e das repercussões que a tarefa impõe à

pessoa que irá executá-la.

1. Execução da tarefa em si: a tarefa exige certas características humanas ou aptidões: atenção

concentrada ou aptidão para detalhes, visão ampla, aptidão numérica, verbal e auditiva. 2. Interdependência com outras tarefas: a tarefa executada depende de outras tarefas, exigindo

aptidões: atenção dispersa e abrangente, facilidade de coordenação, resistência a frustração e a

conflitos.

3. Interdependência com outras tarefas: a tarefa executada exige contatos com pessoas: colaboração, cooperação, trabalho em equipe, iniciativa, liderança de pessoas, comunicação, etc.

Bases Para a Seleção de Pessoas

1. Informações sobre o cargo:

� Descrição e análise do cargo: levantamento do conteúdo do cargo e dos requisitos que o cargo

exige de seu ocupante. � Técnica de Incidentes críticos: baseia-se no arbítrio do gerente ou de sua equipe, apontando as

características desejáveis e indesejáveis do futuro ocupante de acordo com fatos que

produziram um bom ou mau desempenho e que devem ser investigadas no processo seletivo. � Requisição de Pessoal: é uma ordem de serviço que o gerente emite para solicitar uma pessoa

para ocupar um cargo vacante, onde devem ser anotados os requisitos e características

desejáveis do futuro. � Análise do cargo no mercado: quando a organização não dispõe sobre os requisitos e

características dos cargos a ser preenchidos por se tratar de algo novo. � Hipótese de trabalho: Caso nenhuma das alternativas possa ser utilizada. Previsão aproximada

do conteúdo do cargo e de sua exigibilidade em relação ao ocupante. Trata-se de estabelecer hipóteses ou idéias antecipadas a respeito do cargo a ser preenchido.

Métodos de Apropriação de Custos

Existem diversos métodos de apropriação de custos e cada um emprega critérios diferentes. Cada um desses métodos possui campos de aplicação específicos, podendo-se dizer que um não

substitui o outro, mas se complementam. Veremos mais adiante, os dois principais métodos de custeio, que são: o Custeio por Absorção e o Custeio Variável:

Custeio por Absorção: é o método de custeio que consiste em atribuir aos produtos fabricados

todos os custos de produção, quer de forma direta ou indireta (rateios). Assim, todos os custos, sejam

eles fixos ou variáveis, são absorvidos pelos produtos. É o método utilizado para custear os estoques, cujos saldos constam do Balanço Patrimonial, e determina o Custo dos Produtos Vendidos, constante

da Demonstração de Resultado do Exercício.

Custeio Variável: é o método que considera que os produtos devem receber somente os custos

que “causam” ao serem fabricados (ocasionam variação por unidade produzida). Nesse caso, os custos

a serem apropriados aos produtos são somente os variáveis. Os custos fixos são tratados como custo

do período, indo diretamente para o resultado, como despesas.

Objetivos da Contabilidade de Custos

Os custos são determinados a fim de atingir os seguintes objetivos: determinação do lucro, controle das operações e tomada de decisões.

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Page 114: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Para que esses objetivos sejam atingidos, as empresasse valem dos métodos de custeio

estruturados a fim de serem alimentados de informações coletadas internamente. Essas informações

fluem de todas as áreas: almoxarifado, recursos humanos, vendas, produção, etc., devendo estar registradas em relatórios que abastecem o sistema para, proporcionar os resultados pretendidos. Para

isso, as fontes de informações devem prezar pela qualidade, sob pena de os resultados não atingirem

os objetivos propostos. Além desses objetivos, as informações geradas pela contabilidade de custos atendem:

a) à determinação dos custos dos insumos aplicados na produção; b) à determinação dos custos das diversas áreas que compõem uma organização; c) à redução dos custos dos insumos aplicados na produção ou diversas áreas que compõem uma

organização; d) ao controle das operações e das atividades; e) à administração, auxiliando-a para tomar decisões ou resolver problemas especiais; f) à redução de desperdícios de materiais, tempo ocioso, etc.; g) à elaboração de orçamentos.

A contabilidade de custos também auxilia na solução de problemas relacionados: a) ao preço de venda; b) à contribuição de cada produto ou linha de produtos para o lucro da empresa; c) ao preço mínimo de determinado produto em situações especiais; d) ao nível mínimo de atividade em que o negócio passa a ser viável; e) a outros problemas especiais.

Significado de Custos e Despesas

Uma industria incorre diariamente em uma série de gastos para realizar suas atividades

administrativas, de vendas e fabris, tais como compras de matérias-primas para seus produtos, compras de materiais de escritório, pagamento de taxas e impostos, manutenções, folha de

pagamentos, etc. No entanto, nem sempre esses gastos são considerados Custos. Para atender esse situação, observamos a estrutura de uma DRE (Demonstração de Resultado

do Exercício):

Receitas de Vendas........................................ R$

(-) Custos dos Produtos Vendidos................. (R$) (=) Lucro Bruto.............................................. R$

(-) Despesas Operacionais............................. (R$) (=) Lucro Operacional................................... R$

Observa-se que Custos e Despesas são demonstrados separadamente. Há a dedução do Custo

dos Produtos Vendidos das Receitas de Vendas e a dedução das Despesas do Lucro Bruto. Assim, entre os gastos de uma empresa, vamos encontrar os Custos e as Despesas. Os Custos correspondem aos gastos relativos a obtenção dos produtos, e as

Despesas.correspondem aos gastos relacionados com a administração e com a geração das receitas. Para tornar mais fácil o entendimento da origem dos custos e das despesas, vamos utilizar um

organograma, agrupando os departamentos de uma empresa em três divisões: Fábrica, Administração

e Vendas. Fábrica: engloba todos os departamentos de apoio à produção: almoxarifado, engenharia de

fábrica, planejamento e controle da produção, etc., e os departamentos de produção: usinagem, montagem, pintura, etc.

Administração: engloba todos os departamentos administrativos: recursos humanos, centro de

processamento de dados, contabilidade, organização, finanças, etc. Vendas: engloba todos os departamentos relacionados com atividade comercial: serviço de

atendimento ao cliente, vendas, representantes, propaganda, etc. Desta maneira, a empresa poderia assim ser representada: Fábrica, nesta divisão da empresa ocorrem os CUSTOS. Administração e Vendas, nestas divisões da empresa ocorrem as DESPESAS.

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Page 115: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Na Demonstração de Resultado, as despesas correspondem àquelas incorridas nas divisões de

Administração e de Vendas, durante o exercício. Já o Custo dos Produtos Vendidos, são aqueles incorridos na divisão fabril, correspondente à

quantidade que foi vendida, isto porque nem toda a produção de um período pode ter sido vendida, e

assim ter sido estocada para venda em outro período.

Terminologia aplicada em Custeio

Para facilitar o entendimento da sistemática de apuração de custos é necessário compreender o

significado dos principais termos utilizados. Sendo Gasto, Custo, Despesa e Investimento os termos

mais importantes para a Contabilidade de Custo, no que diz respeito à classificação dos referidos

valores a cada um deles incumbidos.

Gasto: Vamos entender por gasto o compromisso financeiro assumido por uma empresa na

aquisição de bens ou serviços. Podendo o gasto ser definido como gasto de investimento, quando o bem ou serviço for utilizado em vários processos produtivos, e como gastos de

consumo, quando o bem ou serviço for consumido no momento mesmo da produção ou do

serviço que a empresa realizar. Dependendo da destinação do gasto de consumo, ele poderá

converter-se em custo ou despesa.

Custo: São os gastos, não investimentos, necessários para fabricar os produtos da empresa. São os gastos efetuados pela empresa que farão nascer os seus produtos. Portanto, podemos

dizer que os custos são os gastos relacionados aos produtos, posteriormente ativados quando

os produtos objeto desses gastos forem gerados. De modo geral são os gastos ligados à área

industrial da empresa.

Despesa: Bem ou serviço consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas.

Investimento: São todos os bens e direitos registrados no ativo das empresas para baixa em

função de venda, amortização, consumo, desaparecimento, perecimento ou desvalorização. Assim , quando se comparam materiais, realiza-se um investimento em estoque. O consumo na

fabricação de um produto ou na realização de um serviço gera um custo, assim como o

consumo nas divisões administrativas ou de vendas gera uma despesa. Do mesmo modo, a

aquisição de uma máquina gera um investimento no imobilizado. Pela depreciação teremos um

custo ou despesa.

Exemplificando, consideramos a compra de uma matéria-prima. A compra em si (a vista ou a

prazo) é um gasto. Ao abastecer o estoque de matéria-prima, temos um investimento (pois o material ficará estocado até que seja requisitado para consumo, isto é, aplicado na produção de um bem). Ao

requisita-lo do estoque e aplicá-lo na produção, temos a ocorrência do custo. Ao concluir o produto e

estoca-lo para venda, temos novamente um investimento no estoque (estoque de produtos acabados). Para realizar a venda do produto, os gastos incorridos serão considerados despesas, como também os

gastos incorridos na administração da empresa.

Assim, os custos são a parcela do gasto ligado à produção, como mão-de-obra da área fabril (a

mão-de-obra compreende qualquer funcionário de uma empresa que trabalhe no processo de

fabricação ou em funções administrativas da divisão fabril. O custo da mão-de-obra corresponde à

somatória dos gastos com salários e encargos sociais), matéria-prima (a matéria-prima compreende os

materiais usados no processo de fabricação, transformados em produtos), aluguéis de prédios da

fábrica, depreciação de máquinas e instalações fabris, energia elétrica consumida na fábrica, etc. Despesa é a parcela do gasto não ligado à produção, como mão-de-obra dos departamentos de

administração e de vendas, comissões de vendedores, aluguéis de escritórios, depreciação de móveis e

utensílios, manutenção e depreciação dos prédios administrativos, etc.

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Page 116: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Classificação dos Custos

Os Custos são classificados de várias formas para atender às diversas finalidades para as quais

são apurados. As duas classificações básicas compreendem aquelas que permitem determinar o custo

de cada produto fabricado e o seu comportamento em diferentes níveis de produção em que uma

empresa possa operar. a) Quanto aos produtos fabricados: para alocar os custos aos produtos, eles são classificados em

Custos Diretos e Indiretos. b) Quanto ao comportamento em diferentes níveis de produção: para determinar os custos de

vários níveis de produção, eles se classificam em Custos Fixos e Custos Variáveis.

Custos Diretos e Custos Indiretos

Como vimos anteriormente, todos os gastos ocorridos na divisão fabril são classificados como

custos. Assim, matéria-prima, mão-de-obra, energia elétrica, depreciação, etc., e até mesmo o

cafezinho e o material de higiene e limpeza consumido pela divisão fabril constituem custos. E, como os

custos são apropriados aos produtos, é necessário estabelecer critérios para isto. A separação destes

custos em diretos e indiretos vem ao encontro dessa necessidade. A regra básica para essa classificação é a seguinte: se for possível identificar a quantidade do

elemento de custo aplicada no produto, o custo será direto. Se não for possível identificar a quantidade

aplicada no produto, o custo será indireto. Os ternos Direto e Indireto são empregados com os seguintes sentidos:

a) Direto: que a apropriação de um custo ao produto se dá pelo que efetivamente ele consumiu. No

caso da matéria-prima, pela quantidade que foi efetivamente consumida e, no caso da matéria- prima, pela quantidade que foi efetivamente consumida e, no caso da mão-de-obra direta, pela

quantidade de horas que foi efetivamente utilizada. Indiretos: que a apropriação de um custo ao produto ocorre por intermédio de rateio. Neste caso, o

rateio descaracteriza a apropriação como direta.

Para entender o que significa direto e indireto, suponha que um grupo de amigos resolva fazer uma comemoração qualquer em um restaurante. Todos se sentam à mesa e os pedidos são feitos. Ao

término da confraternização há de ser feito um rateio do valor gasto entre os presentes. Para isso, pode-se usar como base de rateio o número de pessoas presentes (em que cada um contribuirá com o

mesmo valor) ou outra base qualquer, como ratear proporcionalmente ao peso de cada um dos

presentes, ou ratear pela idade e assim por diante. Caracteriza-se, dessa forma, a distribuição do valor gasto aos presentes de forma indireta, a base de rateio acordada procura “refletir” o que cada um deve

ter consumido.

Por outro lado, se cada um dos presentes sentasse em mesas diferentes e fossem, a cada um

deles, identificados os seus gastos, estes seriam diretos.

Assim, podemos dizer que: Custos Diretos: são aqueles apropriados aos produtos conforme o consumo realizado. São exemplos clássicos de custos diretos, a matéria-prima (a matéria-prima classificada

como custo direto corresponde aos materiais cujo consumo podemos quantificar no

produto. Se não for possível a identificação da quantidade aplicada no produto, passa a

ser um elemento de custo indireto. Por exemplo: os parafusos aplicados em uma carteira

escolar serão custos diretos. Já a tinta ou a solda consumida, na cadeira, pelo fato de

não se obter o consumo por unidade de produto fabricado, serão consideradas custo

indireto) e mão-de-obra direta (a mão-de-obra direta compreende aos funcionários que

atuam diretamente no produto, e cujo tempo gasto possa ser identificado, isto é, apontado no produto). Se outro elemento de custo tiver a medição do consumo no

produto, o custo também será considerado como custo direto, por exemplo, a energia

elétrica. Caso haja aparelhos medidores de consumo de energia nas máquinas e se

houver o seu controle, este custo também será direto.

Custos indiretos: são aqueles apropriados aos produtos em função de uma base de

rateio ou algum critério de alocação. Essa base de rateio deve guardar uma relação

116

Page 117: ADMINISTRAÇÃO.pdf

próxima entre o custo indireto e o objeto de custeio, evitando causar distorções no

resultado final. São empregados como bases de rateio: horas apontadas de mão-de- obra, horas de máquinas utilizadas na fabricação dos produtos, quilos de matéria-prima

consumida. Exemplo: custo de energia elétrica, o rateio pode ser feito proporcionalmente

às horas de máquinas utilizadas, considerando que o consumo de energia tenha uma

relação de causa e efeito muito próxima dessas horas.

Custos Fixos e Custos Variáveis

Para estudo do comportamento dos custos, as mesmas contas que antes foram classificadas em

custos diretos e indiretos serão agora classificadas em custos fixos e custos variáveis. Essa

classificação ocorre em função do comportamento dos elementos de custos em relação às mudanças

que possam ocorrer no volume de produção. A idéia é a seguinte: a um certo nível de produção incorre- se em um montante de custos. Se este nível de produção aumentar ou diminuir, o consumo de alguns

elementos acompanhará esta oscilação para mais ou para menos, e outros não.

Veja o que pode acontecer quando alguém resolve montar uma fábrica com capacidade para

processar mensalmente 10.000 kg de matéria-prima na fabricação de seu produto. Primeiramente se

instala uma estrutura capaz de suportar esse volume de produção. Essa estrutura provoca a ocorrência

de certos elementos de custos, tais como aluguel do prédio onde a empresa será instalada, depreciação

de máquinas e equipamentos, funcionários etc. Nada produzido ou tendo sua produção entre 0 a 10.000

kg, estes custos serão os mesmos. São chamados custos fixos, isto é, ocorrem de qualquer maneira, pois serão eles que suportarão a estrutura da empresa. Quando a empresa produzir a primeira unidade

de seu produto, passará a consumir matéria-prima, energia elétrica e outros custos decorrentes do ato

de produzir. Esses serão os custos variáveis, cujos consumos serão maiores ou menores conforme o

volume de produção. Eles ocorrem somente se houver produção.

Para classificar um custo como fixo ou variável é preciso verificar como ele reage a alterações

no volume de produção. Se o volume se alterar e o custo também, ele será variável, do contrário, será

fixo. Assim, podemos dizer que:

Custos Fixos: são aqueles decorrentes da estrutura produtiva instalada da empresa, que

independem da quantidade que venha a ser produzida dentro do limite da capacidade

instalada.

No exemplo citado, produzido entre 0 a 10.000 kg do produto, os custos fixos ocorrerão na

mesma intensidade.

Além de classificar os custos em fixos e variáveis, há duas outras classificações, chamadas de

Custos Semivariáveis e Custos Semifixos.

Custos Semivariáveis: são aqueles que possuem em seu valor uma parcela fixa e outra

variável. Isto é, têm um comportamento de custo fixo até certo momento e depois se

comportam como custo variável. Esse caso ocorre com um elemento de custo que faz

parte da estrutura da empresa (custo fixo) o qual, a partir de um certo volume de

produção, passa a ter seu custo aumentado (comportamento de custo variável). Temos, como exemplo, a energia elétrica e a água. Se não houver utilização desses insumos ou

se o consumo ficar abaixo de um mínimo estipulado pela companhia de energia elétrica e

de água, paga-se uma taxa fixa (custo fixo). Conforme a utilização desses elementos

cresce, o valor da conta se eleva (custo variável).

Custos Semifixos: são aqueles elementos de custos classificados de fixos que se alteram

em decorrência de uma mudança na capacidade de produção instalada. No exemplo

utilizado para os custos fixos, tendo a produção localizada entre 0 e 10.000kg do produto, esses custos ocorrerão na mesma intensidade. Caso haja crescimento do negócio, e se

decide expandir a capacidade, passando para 15.000kg, poderá haver a necessidade de

117

Page 118: ADMINISTRAÇÃO.pdf

alugar mais outro galpão, adquirir novas máquinas, contratar novos funcionários etc. Os

custos fixos agora nessa nova capacidade serão maiores. Se ocorrer um outro aumento

da capacidade, o processo se repete. Como se vê, os custos fixos crescem em

patamares. O oposto também ocorre, ou seja, reduzindo a capacidade de produção, tais

custos serão reduzidos nos mesmos patamares.

Outras Classificações de Custos

Custos de Transformação: correspondem aos custos incorridos para transformar a matéria-prima

em produto. Compreendem os custos com a mão-de-obra direta e os custos indiretos de

fabricação. Os custos de transformação são chamados também de custos de conversão.

Custos Primários: correspondem aos custos de matéria-prima e de mão-de-obra direta.

Custos de Produção: correspondem aos custos de matéria-prima e de mão-de-obra direta e

custos indiretos.

Bases para o Conhecimento de Custos

Os custos devem refletir a empresa. São reflexos de atitudes, comportamentos, estruturas e modos de operar. Quanto mais estruturada for uma empresa, melhores serão os

resultados encontrados. Quanto menos informações estiverem disponíveis, ou se a qualidade

dessas informações não for das melhores, os resultados encontrados por certos serão

deficientes.

Por se tratar de um assunto que mistura simplicidade quanto aos objetivos e

complexidade no tratamento dos dados, é necessário definir os objetivos que se pretende atingir ao estruturar um sistema de custeio.

Assim, uma empresa apura seus custos para: a) atendimento de exigências legais quanto à apuração de resultados de suas atividades

e avaliação de estoques;. b) Conhecimento dos seus custos para tomada correta de decisões e o exercício de

controles.

Para atender às exigências legais, a empresa precisa adequar seus métodos de apuração de

custos aos princípios contábeis em conformidade com normas e legislações vigentes.

Para a tomada de decisões, podem ser empregados métodos de apuração derivados daquele

anterior, capaz de fornecer as informações que atendam às necessidades gerenciais da

empresa.

CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAL

O objetivo da classificação de materiais é definir uma catalogação, simplificação, especificação, normalização, padronização e codificação de todos os materiais componentes do

estoque da empresa. A necessidade de um sistema de classificação é primordial para qualquer Departamento de Materiais, pois sem ela não pode existir um controle eficiente dos estoques, procedimentos de armazenagem adequados e uma operacionalização do almoxarifado de maneira

correta.

Simplificar material é, por exemplo, reduzir a diversidade de um item empregado para o

mesmo fim. Assim, no caso de haver duas peças para uma finalidade qualquer, aconselha-se a

simplificação, ou seja, a opção pelo uso de uma delas. Ao simplificarmos um material, favorecemos sua

normalização, reduzimos as despesas ou evitamos que elas oscilem. Por exemplo, cadernos com capa, número de folhas e formato idênticos contribuem para que haja a normalização. Ao requisitar uma

118

Page 119: ADMINISTRAÇÃO.pdf

quantidade desse material, o usuário irá fornecer todos os dados (tipo de capa, número de folhas e

formato), o que facilitará sobremaneira não somente sua aquisição, como também o desempenho

daqueles que se servem do material, se este um dia apresentar uma forma e outro dia outra forma de

maneira totalmente diferente.

Aliado a uma simplificação é necessário uma especificação do material, que é uma

descrição minuciosa e possibilita melhor entendimento entre o consumidor e o fornecedor quanto ao

tipo de material a ser requisitado.

A normalização, se ocupa da maneira pela qual devem ser utilizados os materiais em suas

diversas finalidades e da padronização e identificação do material, de modo que tanto o usuário como o

almoxarifado possam requisitar e atender os itens, utilizando a mesma terminologia. A normalização é

aplicada também no caso de peso, medida e formato. Classificar um material então é agrupá-lo segundo sua forma, dimensão, peso, tipo, uso etc.

A classificação não deve gerar confusão, ou seja, um produto não poderá ser classificado de modo que

seja confundido com outro, mesmo sendo

este semelhante. A classificação, ainda, deve ser feita de maneira que cada gênero e material ocupe

seu respectivo local. Por exemplo: produtos químicos poderão estragar produtos alimentícios se

estiverem próximos entre si. Classificar material, em outras palavras, significa ordená-lo segundo

critérios adotados, agrupando-o de acordo com a semelhança, sem contudo, causar confusão ou

dispersão no espaço e alteração na qualidade.

Identificação de Material

A identificação é o primeiro e o mais importante passo para a classificação do material e

consiste na análise e no registro dos principais dados individualizadores que caracterizam e

particularizam um item em relação ao universo de outros materiais existentes na empresa.

Ela busca, portanto, estabelecer a identidade do material através da especificação das

principais características do item. Entretanto, para especificar é necessário dispor de determinados

dados que descrevam o material, de modo a identificá-lo perfeitamente. E nesta pesquisa e no registro

dos elementos descritivos do material é que se resume o trabalho de especificação.

Os elementos básicos necessários à especificação são:

a) medidas;

b) voltagem, amperagem etc;

c) tipo de acabamento;

d) material empregado na fabricação;

e) normas técnicas;

f) referências comerciais, compreendendo o número da peça, o número ou nome

do modelo;

g) especificação da embalagem;

h) forma de acondicionamento;

i) número e/ou nome do catálogo ou lista de peças (part list);

j) cor;

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Page 120: ADMINISTRAÇÃO.pdf

l) nome do fabricante;

m) aplicação do material (identificação do equipamento ou da unidade em que é aplicado).

A obtenção destes dados é feita através de consultas a catálogos ou listas de peças dos

fabricantes e às normas técnicas existentes ou, até mesmo, pela visualização do material.

Métodos de Identificação

Quando a identificação é feita pela descrição detalhada do material, em que procuramos

apresentar todas as particularidades ou características físicas que individualizam o material, independentemente da referência do fabricante (ou comercial), dizemos que o método adotado é o

descritivo.

O método Descritivo é utilizado para especificar os materiais que, para a sua identificação, necessitam de particularização descritivas ou que não apresentam referências comerciais que, de modo

geral, por si só, já caracterizam e individualizam determinados tipos de material.

No exemplo a seguir, vemos que ambos os itens apresentam a mesma referência comercial atribuída pelo fabricante - Ref. 1205. Se fôssemos especificar qualquer um dos itens, apenas, associando à sua nomenclatura (Lápis, Escritório) e número referencial, não estaríamos identificando

nem um nem outro, porque o primeiro apresenta graduação 7 e o segundo, graduação 2, o que os torna

diferentes.

1205 .................... Referência Comercial ........................... 1205

Grafia .................................Mina ................................ Grafia

7.................................. Graduação .................................. 2

Madeira...................... Revestimento ......................... Madeira

Cilíndrico......................... Formato .......................... Cilíndrico

8 mm........................... Diâmetro.............................. 8 mm

175 mm.................... Comprimento ........................ 175 mm

Na aplicação do método, devemos evitar, tanto quanto possível, uma certa tendência para o

exagero de pormenores descritivos, que só contribuem para tornar mais volumoso e cansativo um

catálogo de material.

O método descritivo visa atribuir uma nomenclatura padronizada em toda a empresa, segundo regras específicas, que se constituem em orientação segura na determinação da descrição do

material, devendo ser evitado o uso de gírias, expressões regionais, termos de sentido não técnico ou

empregados em língua estrangeira, palavras que indicam a forma de apresentação do material ou

marcas etc.

A composição da nomenclatura padronizada constitui-se na associação das seguintes

partes :

- Nome básico - É a denominação mais simples ou primária do material e que se constitui no ponto de partida para a identificação.

120

Page 121: ADMINISTRAÇÃO.pdf

- Nome modificador - É a denominação complementar do nome básico e se destina a

estabelecer a individualização de cada um dos itens portadores do mesmo nome básico.

PAPEL, ALMAÇO

Nomes básicos PAPEL, CORRESPONDÊNCIA Nomes modificadores

PAPEL, EMBALAGEM

Na determinação dos nomes modificadores, não existem regras fixas, podendo, entretanto, serem estabelecidos em função do (a):

* Formato do material

(ARRUELA, CÔNCAVA)

* Tipo do material

(LÂMPADA., FLUORESCENTE)

* Apresentação do material

(SABÃO, BARRA)

* Aplicação do material

(DISCO, FREIO)

* Composição do material

(ÁGUA, MINERAL)

Observamos, nos exemplos apresentados, que o nome básico aparece, sempre, separado

do nome modificador por uma vírgula. A fim de possibilitar e facilitar a ordenação alfabética dos

materiais, suprimimos as preposições, substituindo-as por vírgulas.

Características Físicas

São os dados relativos à composição, dimensão, tolerância, capacitância etc. de um item. Constitui-se em complemento do nome padronizado e formando, juntamente, com este, a descrição

padronizada do material. Normalmente, estes elementos especificados são objetos de normas técnicas

e/ou presentes nos manuais ou catálogos dos fabricantes.

Identificação Auxiliar

A identificação auxiliar, como parte constitutiva e complementar de uma descrição ou

nomenclatura padronizada, aparece como informação opcional. Depende do lay-out de saídas do

computador, podendo aparecer como elemento integrante da descrição ou como informação à parte. Ela é composta dos dados apresentados a seguir.

Aplicação. É a informação que indica a que conjunto maior pertence o item.

Embalagem. É a informação que indica o tipo de apresentação do invólucro do item. Em

muitos casos, a embalagem é fator determinante de diferenciação de materiais que possuem os

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Page 122: ADMINISTRAÇÃO.pdf

mesmos “nomes padronizados” e as mesmas "características físicas", mais apresentam invólucros ou, melhor dizendo, unidades de fornecimento diferentes.

Referência Comercial. Corresponde ao número ou ao nome do material (código

referencial) atribuído pelo fabricante, podendo, também, referir-se ao tipo e/ou ao modelo do item.

Concluído o método descritivo de identificação, vejamos o segundo método: O Referencial.

O método Referencial é forma de especificar um material que atribui uma descrição ou uma

nomenclatura mais simplificada, apoiada, basicamente, na própria referência do fabricante.

A nomenclatura referencial é usada em situações em que são desnecessários maiores

detalhamentos para a identificação, aquisição e controle do material, tendo como suficiente, a

referência do fabricante para a sua caracterização e individualização. Este código, referenciado

como part-number, é, na realidade, o próprio número de estoque do fabricante, com base, no qual, os

pedidos são feitos.

A importância de uma boa identificação, seja através de qualquer um dos métodos

apresentados, contribui, de forma significativa, para a movimentação de material, seu controle, localização, registro em computador, compra e obtenção pelo usuário.

Por outro lado, a má identificação, devido à especificação incorreta ou incompleta, possibilita

a ocorrência de: duplicidade de números de estoque, divergências de saldos físicos, sobrecarga nas

áreas de estocagem, controles duplos, estatísticas de consumo falhas e aumento de trabalho no órgão

de classificação.

Codificação De Material

Depois de realizada a identificação do material, o passo subseqüente consiste na atribuição

de um código representativo dos elementos identificados do item que simboliza a identidade do

material.

A atribuição do código visa a simplificar e facilitar as operações na empresa, uma vez que

todo um conjunto de dados descritivos e individualizadores

do material é substituído por um único símbolo representativo. O código torna-se tanto mais necessário

quanto maior for o universo e a diversificação dos itens existentes e transacionados na empresa. O

registro e o controle, principalmente, das transações de material, com base, apenas, na nomenclatura

do item, tornam-se impraticáveis e perigosos.

Existem três tipos de codificações usados na classificação de material: alfabético, alfanumérico e numérico.

Independentemente, deste aspecto, com o incremento do processamento de dados, tornou- se obrigatória a introdução de códigos que possibilitem a entrada e o registro de dados em computador.

No sistema alfabético o material é codificado segundo uma letra, sendo utilizado um

conjunto de letras suficientes para preencher toda identificação do

material; pelo seu limite em termos de quantidade de itens e uma difícil memorização, este sistema está

caindo em desuso.

O sistema alfanumérico é uma combinação de letras e números e permite um número de

itens em estoque superior ao sistema alfabético. Normalmente é dividido em grupos e classes, assim:

AC - 3721

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Page 123: ADMINISTRAÇÃO.pdf

código indicador

classe

grupo

O sistema numérico é o mais utilizado pelas empresas, pela sua simplicidade e com

possibilidades de itens em estoque e informações incomensuráveis. Suponhamos que uma empresa

utilize a seguinte classificação para especificar os diversos tipos de materiais em estoque:

01 - matéria-prima

02 - óleos, combustíveis e lubrificantes

03 - produtos em processo

04 - produtos acabados

05 - material de escritório

06 - material de limpeza

Podemos verificar que todos os materiais estão classificados sob títulos gerais, de acordo

com suas características. É uma classificação bem geral. Cada um dos títulos da classificação geral é

submetido a uma nova divisão que individualiza os materiais. Para exemplificar tomemos o titulo 05 - materiais de escritório, da classificação geral, e suponhamos que tenha a seguinte divisão:

Material de Escritório

01 - lápis

02 - canetas esferográficas

03 - blocos pautados

04 - papel carta

Devido ao fato de um escritório ter diversos tipos de materiais, esta classificação torna-se

necessária e chama-se classificação individualizadora.

Cadastramento De Material

Após a identificação, seja pelo método descritivo ou pelo método referencial, e em seguida à

atribuição do código, o material é cadastrado.

O cadastramento visa, portanto, ao registro em computador, dos dados identificadores do

material e do código por que será conhecido o item na empresa, além evidentemente de outras informações referentes ao material, como a unidade de fornecimento, por exemplo.

É o passo necessário à emissão das listagens de material, que servem de base para a

confecção e distribuição de catálogos para consulta e referências dos órgãos envolvidos, direta ou

indiretamente, com o Sistema de Material da empresa.

123

Page 124: ADMINISTRAÇÃO.pdf

A forma pela qual se processa o cadastramento (inclusões) é feita através de preenchimento

e emissão de formulários próprios da entrada em computador, para processamento das informações e

dos dados dos materiais. De posse deste formulário, o setor encarregado digita estes dados no

sistema.

Catalogação De Material

A catalogação é a última fase do processo de Classificação de Material e consiste em

ordenar, de forma lógica, todo um conjunto de dados relativos aos itens identificados, codificados e

cadastrados, de modo a facilitar a sua consulta pelas diversas áreas da empresa.

Visa, portanto, à consolidação, em publicações específicas, de todo um acervo de

informação e dados dos itens cadastrados na empresa. De sistema para sistema de classificação, as

publicações variam de acordo com as necessidades e a seleção de informações e em função dos

programas e lay-out de saídas de computador.

O importante, na catalogação, é usar de simplicidade, objetividade e concisão dos dados

gerados, bem como, ainda, permitir o fácil acesso e rapidez na pesquisa. Uma publicação que obriga a

uma certa demora na consulta e localização do dado procurado está deixando de cumprir seus

objetivos, que são basicamente, os que seguem:

a) Fazer com que o usuário saiba, com certeza, o item que deseja requisitar, a fim de que não lhe seja

fornecido um material diferente, por não ter sido, suficientemente, claro no que especificou. A função

do almoxarifado e do órgão de compras não é adivinhar o que o órgão usuário pretende.

b) Facilitar aos órgãos de compra a obtenção correta do material.

c) Evitar que itens já cadastrados sejam, novamente, incluídos no catálogo com outros códigos.

d) Possibilitar a conferência dos dados de identificação dos materiais colocados nos documentos e

formulários do Sistema de Material.

Basicamente, existem duas situações de localização dos dados de um item no catálogo: - é

conhecida, apenas, a nomenclatura do material ou, então, somente, a referência do fabricante.

Comparativamente, a estas situações, a. localização do telefone ou do

endereço de um assinante resume-se nos seguintes casos:

a) É conhecido, apenas, o número do telefone. Não se sabe o nome (completo) e nem o endereço do

assinante. Para chegar a esta última informação, por exemplo, é preciso consultar dois catálogos: através do catálogo de número dos Telefones (catálogo específico e não publicado), chegamos ao

nome do assinante. Conhecido o seu nome, conseguimos o seu endereço através do Catálogo de

Assinantes.

b) É conhecido, apenas, o nome (completo) do assinante, não se sabendo o número de seu telefone e

nem o seu endereço. Para se obter qualquer uma destas informações, basta consultar o Catálogo

de Assinantes.

c) É conhecido, apenas, o endereço do assinante. Desconhece-se o seu telefone e o seu nome. Para

obter qualquer uma destas informações, basta procurar no Catálogo de Endereços.

Da mesma forma, os catálogos de material devem oferecer opções na localização de

qualquer informação prevista pelo sistema a respeito do material desejado, a partir do conhecimento da

nomenclatura o item ou, somente, com base na referência do fabricante que, em muitos casos, vem

impresso na própria peça.

124

Page 125: ADMINISTRAÇÃO.pdf

No primeiro caso, uma 1istagem alfabética, organizada em ordem crescente por nome

básico, já é suficiente para conhecermos a nomenclatura oficial do material, o seu número de estoque

e/ou a referência do fabricante. A segunda situação demanda na emissão de uma listagem ordenada

alfanumericamente por ordem crescente de código (part number), de modo que, a partir do

conhecimento desta informação, cheguemos, igualmente, ao número de estoque e/ou nomenclatura do

item.

Além destas listagens básicas de material, outras de natureza mais específica podem a ser emitidas de acordo com a conveniência ou necessidade do sistema, como por exemplo, uma lista de

changes. Seria uma relação cruzada, produzida pelo sistema para informar aos seus usuários o part number que deverá substituir o anteriormente cadastrado, devido à sua alteração pelo próprio

fabricante.

CUSTOS DE ESTOQUE

Todo e qualquer armazenamento de material gera determinados custos que são:

� Juros; � Depreciação; � Aluguel; � Equipamentos de movimentação; � Deterioração; � Obsolescência; � Seguros; � Salários; � Conservação.

Todos eles podem ser agrupados em diversas modalidades:

� Custos com pessoal (salários, encargos sociais); � Custos de capital (juros, depreciação); � Custos com edificação (aluguel, impostos, luz, conservação); � Custos de manutenção (deterioração, obsolescência, equipamento).

Existem duas variáveis que aumentam estes custos:

� Quantidade em estoque.

� Tempo de permanência em estoque.

Todos estes custos relacionados podem ser chamados de custo de armazenagem. são calculados

baseados no estoque médio e geralmente indicados em percentual (%) do valor em estoque (fator armazenagem).

Os custos de armazenagem são proporcionais á quantidade e tempo que um item de material permanece em estoque.

Custo de Armazenagem ( I )

Motivado pela concorrência entre es empresas, têm-se dedicado intensa atenção á minimização

de custos.

Entre os tipos de custo que afetam a rentabilidade da empresa, o custo de estocagem ou

armazenamento se coloca entre eles.

125

Page 126: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Anos atrás o foco principal era dado á produção, relegando à segundo plano as atividades ligadas

a guarda, a movimentação e a estocagem de materiais.

Através da ordem mundial após a segunda guerra , ou seja, a elevação da atividade industrial, início da era da automação, aumentando-se a produção com considerável baixa nos custos de

fabricação.

Verificou-se que os custos decorrentes de armazenagem representavam grande entrave para a

concorrência entre as empresas, representando o meio de eficiência de diminuir consideravelmente os

custos globais da empresa.

Fórmula para cálculo de custo de armazenagem:

Custo de armazenagem = (Q/2)x t x p x i

Onde: Q = quantidade de material em estoque no tempo considerado.

P = preço unitário do material.

I = taxa de armazenamento, expressa geralmente em porcentagem do custo unitário (*) T = tempo considerado de armazenagem.

(*) Não ha impedimento para que seja expresso em valores unitários.

2) O preço unitário deve ser considerado constante no período analisado.

Se não for, deve ser tomado um valor médio. o valor de “I” — taxa de armazenamento — é obtido

através da soma de diversas parcelas. assim temos:

a) Taxa de retorno de capital

IA = 100 x LUCRO

VALOR. ESTOQUES

O capital investido na compra do material armazenado deixa de render juros.

b) Taxa de armazenamento físico

IB = 100 x SxA

CxP

Onde: s = área ocupada pelo estoque

a = custo anual do m2 de armazenamento

c = consumo anual p = preço unitário

Portanto, CxP = valor dos produtos estocados.

c) Taxa de seguro

126

Page 127: ADMINISTRAÇÃO.pdf

IC = 100 x CUSTO.

ANUAL.

DO.

SEGURO

VALOR. ESTOQUE + EDIFICIOS

d) Taxa de transporte, manuseio e distribuição

ID = 100 x DEPRECIACAO.

ANUAL.

DE.

EQUIPAMENTO

VALOR. DO. ESTOQUE

e) Taxa de obsolescência

IE = 100 x PERDAS.

ANUAIS.

POR.OBSOLESCENCIA

VALOR. DO. ESTOQUE

f) Outras taxas

Taxas como: Água, luz, etc...

1F = 100 X DESPESAS.

ANUAIS

VALOR. DO. ESTOQUE

Conclui-se que a Taxa de Armazenamento é:

I = Ia + Ib + Ic + Id + Ie + If

Os valores acima, podem ser obtidos pela contabilidade ou utilizar valores mencionados no

último balanço, sem a preocupação de precisão.

Para determinação do valor da taxa de armazenagem devem-se levar em conta os tipos de

materiais estocados.

Em certas empresas, algumas parcelas de “I” tem um peso tão grande que torna desnecessário o

cálculo da outra.

Por exemplo:

1) Para algumas empresas a taxa de retorno de capital e a de seguro são as mais importantes por se

referirem a materiais de grande valor. é o caso de joalherias, empresas que trabalham com materiais

eletrônicos, etc.

2) Para outras o espaço ocupado é o fator que pesa mais. por exemplo, as que trabalham com espuma

de poliuretano e papel.

3) Para outras, ainda, é a segurança o mais importante, razão pela qual suas taxas de seguro são altas

(caso de empresas que trabalham essencialmente com inflamáveis e explosivos).

Custo de Pedidos (B)

É o custo em ($) de um pedido de compra. Para calcularmos o custo anual de todos os pedidos

colocados no período de um ano é necessário multiplicarmos o custo de cada pedido pelo numero de

vezes que, em um ano, foi processado.

Se ( n ) for o número de pedidos efetuados durante um ano, o resultado será:

Custo Total Anual de Pedidos = B x N

127

Page 128: ADMINISTRAÇÃO.pdf

O total das despesas que compõem o Custo Anual de Pedidos são:

a) Mão-de-obra — Para emissão e processamento

b) Material — Utilizado na confecção do pedido ( papel, lápis, borracha, envelope, etc.)

c) Custos Indiretos — Despesas ligadas indiretamente com o pedido ( telefone, luz, escritório de

compra, etc.)

Após a apuração anual destas despesas teremos o custo total anual dos pedidos. Para calcular o custo

unitário. é só dividir o cta pelo número total anual de pedidos.

Custo total anual de pedidos (cta) B = ——————————————————— = Custo Unitário do Pedido

Número anual de pedidos (n)

cta

Logo n = ———

b

LOTE ECONÔMICO

Introdução

A decisão de estocar ou não determinado item é básica para o volume de estoque em qualquer momento. ao tomar tal decisão, há dois fatores a considerar:

1) É econômico estocar o item ?

2) É interessante estocar um item indicado como antieconômico a fim de satisfazer um cliente e, portanto, melhorar as relações com ele ?

O primeiro fator pode ser analisado matematicamente. em geral, não é econômico estocar um

item se isso excede o custo de comprá-lo ou produzi-lo. também pode ser demonstrado que não é

econômico estocar itens quando as necessidades dos clientes, ou a média de consumo da produção, tenham um excesso correspondente à metade da quantidade econômica do pedido.

Com a finalidade de prestar o melhor serviço ao cliente, mesmo em condições antieconômica

para a empresa, torna-se necessário a criação de estoques de determinados itens, com o intuito de não

criar uma ruptura para o cliente.

Quanto deve ser comprado ou produzido de cada vez ?

Existem custos que aumentam a medida que a quantidade do material pedido aumenta, porque

em média, considerando consumo uniforme, metade da quantidade pedida estará em estoque. tais

custos são aqueles vinculados a armazenagem dos materiais, incluindo espaço, seguro, juros, etc.

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Page 129: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Existem custos que diminuem a medida que a quantidade de material pedida aumenta, com a

distribuição dos custos fixos por quantidade maiores.

No gráfico abaixo podemos perceber um aumento dos custos de armazenagem à medida que a

quantidade dos produtos comprados ou produzidos aumenta, devido à maior quantidade que deve ser armazenada. a curva mais baixa indica o custo total para encomendar material, o qual diminui à medida que aumenta

a quantidade de produtos pedidos de uma só vez.

Esta redução se deve ao fato de que poucos pedidos terão de ser emitidos durante determinado

espaço de tempo e, como resultado, haverá despesas menores de emissão de pedidos de compra. a

curva superior representa o custo total do estoque que é obtido adicionando-se os custos de

armazenagem aos custos de pedido.

Distribuição Física

A logística de distribuição trata das relações empresa-cliente-consumidor, sendo responsável pela

distribuição física de matéria prima, produto em processo e produto acabado até o ponto de seu

consumo e deve assegurar que os pedidos sejam pontualmente entregues, precisos e completos. Distribuição física é fazer o produto chegar aos consumidores, isto é, ligar a empresa aos seus clientes.

� ode usar depósitos para executar tarefas industriais simples.

Postergação de Transporte: � Produtos acabados apenas em poucas facilidades centrais até pedido ser realizado pelo

consumidor; uma vez iniciado processo logístico, a entrega é feita por sistema direto. � Baseado em sistema de informações logístico capaz de transmitir pedidos com alta precisão e

velocidade. � Conforme o caso, posterga-se a fabricação do produto até chegada de pedido. � Exemplo: sistema EDI + entrega rápida; esquemas interorganizacionais: Sears + Whirlpool =

tempo de resposta para entrega de geladeiras de 5 dias.

Consolidação de Carga: É a técnica de otimização do transporte visando unicamente a diminuição do

Custo total logístico de transporte, consiste em “puxar” os produtos dos fornecedores para um local que

consolida e então movimentá-lo até o cliente final. Este tipo de armazém pode ter objetivo somente de

consolidação sem manter nenhum estoque. � Conseguir economia de escala em transporte; � Consolidação por área geográfica: � Entrega consolidada em local intermediário e posterior distribuição; � Segurar entregas até surgir volume mínimo; � Juntar-se a outras empresas e formar um “pool”.

� Distribuição programada: � Limitar entrega a dias predeterminados

� “Pool” de empresas para distribuição. � Há limites para consolidação: última fase pode ser justamente a entrega de carga parcelada.

Localização de Depósitos

Uma rede logística pode ser uma interação complexa dos pontos de: fornecimento, estocagem e

demanda final.

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Page 130: ADMINISTRAÇÃO.pdf

As decisões sobre localização envolvem dois níveis de pensamento. Primeiro, uma localização geral precisa ser determinado com base nas considerações de custo e serviço. Em seguida isto pode ter um

ajuste fino utilizando seleção de locais dentro da área geralmente definida.

São varáveis intrínsecas a um problema de localização as questões relativas a: � Número de depósitos

� Local geográfico

� Dimensionamento

A decisão é baseada em critérios: � Qualitativos

� Quantitativos

Critérios qualitativos: São utilizados quando as varáveis são de difícil quantificação e o não cumprimento de um critério pode

desqualificar uma alternativa de qualificação. Muitos critérios qualitativos se relacionam com questões ambientais e geralmente podem ser feitas em

forma de perguntas. Tais como:

� Existe mão-de-obra qualificada e em quantidade suficiente?

� mercado de transporte pode suprir as necessidades?

� Existe infra-estrutura de transportes?

� Existe infra-estrutura Urbana e de serviços (telecomunicações, bancos, manutenção, hospitais, restaurantes, etc.) ?

� Há disponibilidade no que tange a utilidades e energia?

� Existem terrenos disponíveis?

� O mercado de construção civil é adequado?

� Existem facilidades para alugar?

� Como é a topologia dos mercados de fornecedores e de consumo?

Muitas vezes, a avaliação desses critérios já oferece um conjunto de alternativas de localização

bastante “enxuto”.

Critérios quantitativos: São tomada decisões baseadas em informações relativas a clientes e fornecedores, inclui-se a estas, a

demanda por produtos, necessidades de insumos para o processo fabril e as distancias e tempos em

relação ao mercado fornecedor e consumidor.

� Utiliza-se modelos matemáticos para a determinação dos locais: conhecimento de pesquisa

operacional e uso de computadores são requisitos básicos

� Existem diversos modelos de otimização, onde o objetivo é minimizar o custo total; � Em muitos destes modelos, algumas parcelas de custo não são levadas em conta explicitamente,

devendo ser agregadas exogenamente aos custos calculados pelos modelos para a avaliação das

alternativas; � O nível de serviço geralmente é considerado como restrição. Por exemplo, tempo ou distância

máxima do depósito ao fornecedor; � Normalmente trabalha-se com produtos agregados, não item a item (pela própria natureza da

decisão); � O modo de transporte pode ser uma variável, pois os custos dos diversos modos podem ser

determinados.

130

Page 131: ADMINISTRAÇÃO.pdf

INVENTÁRIO FÍSICO

Uma empresa de porte, decididamente organizada tem uma estrutura de Administração de

Materiais com políticas e procedimentos claramente definidos. Assim sendo uma das suas funções é a

precisão nos registros de estoques; então, toda a movimentação do estoque deve ser registrada pelos

documentos adequados. Considerando que o almoxarifado ou depósito tem como uma das funções

principais o controle efetivo de todo estoque, sua operação deve ir ao encontro dos objetivos de custo e

de serviços pretendidos pela alta administração da empresa.

Periodicamente a empresa deve efetuar contagens físicas de seus itens de estoque e

produtos em processo para verificar:

a) Divergências em valor, entre o estoque físico e o estoque contábil.

b) Divergências entre registros e o físico (quantidade real na prateleira).

c) Apuração do valor total do estoque (contábil) para efeito de balanços ou balancetes. Neste caso o

inventário é realizado próximo ao encerramento do ano fiscal.

d) Avaliar o cumprimento de normas e técnicas de armazenamento e de segurança das instalações.

e) Avaliar o grau de eficiência das operações de controle e armazenamento de material.

f) Apurar indícios de desvios de material.

g) Regularizar situações caóticas decorrentes de sinistros havidos com o material estocado nos

almoxarifados ou da perda de informações.

Classificação Do Inventário De Estoque

O inventário Classifica-se quanto a:

a – modalidade

b – freqüência

c – abrangência

d – método

Quanto a modalidade, o inventário pode ser:

a – Normal – É aquele realizado rotineiramente, decorrente da normal operação do Sistema de

Material.

b – Especial – É aquele realizado para atender uma solicitação especifica, para averiguação de falta, extravio ou desvio de materiais, perda parcial de registros ou outros motivos que justifiquem sua

realização.

131

Page 132: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Quanto a freqüência, o inventário pode ser:

a – Anual – É aquele realizado, obrigatoriamente, ao final do exercício Financeiro.

b – Periódico – É aquele realizado, segundo cronograma pré-estabelecido, em vários períodos do

Exercício Financeiro.

c – Rotativo - É aquele realizado, permanentemente, durante todo o Exercício Financeiro, de forma a

abranger até o final do ano a totalidade dos itens estocados.

Quanto à abrangência, o inventário pode ser:

a – Geral - É aquele realizado para todos os itens, sem exceção, armazenados nos almoxarifados.

b – Parcial - É aquele realizado para um determinado item ou um conjunto de materiais armazenados

nos almoxarifados.

Quanto ao método, o inventário pode ser realizado com:

a – Armazém Aberto – É aquele em que as transações de recebimento e fornecimento são efetuadas, normalmente, durante o inventário e sem prejuízo da contagem.

b – Armazém Fechado – É aquele em que as transações de recebimento e fornecimento permanecem

suspensas enquanto é efetuada a contagem, exceto nos casos de emergência.

Preparação e Planejamento Para o Inventário Convencional

Um bom planejamento e preparação para inventário é imprescindível para a obtenção de

bons resultados. Deverão ser providenciados:

a) Folhas de convocação e serviços, definindo os convocados, datas, horários e locais de trabalho.

a) Fornecimento de meios de registro de qualidade e quantidade adequada para uma correta

contagem.

b) Reanálise da arrumação física.

c) Metodologia para inicio do inventário e treinamento

d) Atualização e análise dos registros

f) Equipe de corte para documentação e movimentação de materiais a serem inventariados.

Atualização e registros de estoques

Todas as entradas e saídas e conseqüentemente saldos dos itens deverão estar obrigatoriamente atualizados até a ata do inventário. O responsável pela atualização do estoque, terá

incumbência de assegurar que todos os tipos de documentos utilizados para registrar o movimento

foram considerados. Os emitentes dos documentos ou o almoxarifado que implicam movimentação do

estoque deverão carimbar com “Antes do Inventário” os documentos emitidos um dia antes da data de

contagem e da mesma forma serão identificados com “Depois do Inventário” os documentos que

registrem o movimento de itens emitidos no dia seguinte ao inventário; o saldo atualizado no sistema de

132

Page 133: ADMINISTRAÇÃO.pdf

controle de estoque será bloqueado para movimentação. sendo essa a quantidade disponível na data

de inventário. Este saldo será utilizado como estoque para fins de reconciliação com o inventário físico e

eventual reajuste.

Contagem do estoque

Todo item do estoque, sujeito ao inventário será contado necessariamente duas vezes. A primeira

contagem será realizada pela 1° equipe, a qual poderá efetuá-la imediatamente após ter fixado ao lote o

cartão de inventário. Feitas as anotações de contagem na primeira parte do cartão, o executor da

contagem o entregará ao responsável pela primeira contagem, o qual os entregará, por sua vez, ao

responsável pela segunda contagem. A segunda equipe analogamente registrará o

resultado de sua contagem na segunda parte do cartão, entregando-o depois ao coordenador de

inventário. Se a primeira contagem conferir com a segunda contagem, o inventário para este item está

correto; no caso de não conferir, faz-se necessário uma terceira contagem por outra equipe, diferente

das que contaram anteriormente. A tala identificadora do lote permanecerá afixada ao material como

prova de que ele foi contado. Esta poderá ser retirada somente após o término do inventário.

Reconciliações e Ajustes

Os setores envolvidos nos controles de estoque deverão providenciar justificativas para as

variações ocorridas entre os estoque contábil e o inventariado. O departamento de controle de estoque

providenciará a valorização do inventário em um mapa chamado "Controle das Diferenças de

Inventário" como se vê na figura a seguir; será assim efetuada a somatória dos valores contábil, físico, diferenças "a mais", diferenças "a menos" e diferença global. Dentro da política da empresa, os

percentuais de diferenças podem ser aceitos ou não, como regra geral para os itens classe A, não

devem ser aceitos ajustes de inventários, procurando sempre justificar o motivo da diferença.

Contabilidade e Orçamento Empresarial

A contabilidade e o orçamento empresarial apresentam uma estrutura semelhante, o que

nos leva a crer, inicialmente, que ambas possuem os mesmos objetivos. Ao contrário, são duas

atividades distintas, que possuem objetivos diferentes, o que nos força a comparar os objetivos de cada

uma delas. Inicialmente, a Contabilidade possui um importante papel fiscal, que exige dela

obediência total a determinados procedimentos legais. Segundo, por lidar com “fatos reais ocorridos”, a

contabilidade, em princípio, não admite múltiplas interpretações. Já o orçamento, por ter uma função essencialmente gerencial, não está sujeito de forma

integral às especificações legais e contábeis. Por lidar com o futuro e suas incertezas, o orçamento está

sujeito a receber múltiplas interpretações, às vezes até absurdas. Por fim, a contabilidade permite um grau de detalhamento, em geral, muitas vezes maior

do que aquele recomendado para o orçamento - que apenas dá uma interpretação monetária aos

grandes rumos traçados pelos planos de negócios da empresa. Apesar dessa distinção entre os processos de orçamento e contabilidade, o

desenvolvimento do orçamento exige intensa interação entre os dois, pois a contabilidade fornece

importantes informações para os encarregados da elaboração e implementação dos orçamentos, como

por exemplo alíquotas de impostos, custos de produtos e mercadorias vendidas, taxas de encargos

sociais, depreciação, imposto de renda e outros custos e despesas que terminam por influenciar no

resultado operacional da empresa.

A Comunicação no Orçamento

O orçamento não deve ser visualizado como a mera elaboração de um relatório anual, para uma única previsão financeira do exercício. Ao contrário, é uma ferramenta dinâmica que deve ser utilizada com freqüência para manter sempre atualizados os planos desenvolvidos pelos encarregados

133

Page 134: ADMINISTRAÇÃO.pdf

das despesas das organizações dentro de um determinado período de tempo, seja ele um mês, trimestre, semestre ou ano. Ao integrar as operações totais dos diferentes departamentos da empresa - Administrativo, Comercial, Marketing, Produção, Distribuição, Estoque, etc. -, o orçamento impõe um

intenso relacionamento entre esses departamentos, onde cada encarregado de despesa deve negociar constantemente a sua verba para que possa atingir as metas desejadas pela empresa. Exige também a

discussão dos investimentos necessários em cada departamento bem como a origem das verbas

disponíveis para financiar esses investimentos, que não fazem parte das operações corriqueiras da

empresa.

A manutenção do orçamento exige reuniões periódicas de controle, onde será avaliado o

desenvolvimento das operações previstas pelo planejamento. Devem estar presentes nessas reuniões

todos os interessados pelas áreas envolvidas pelo orçamento. Será discutido nessa reunião o

andamento das operações previstas, comparando o resultado obtido com o desempenho esperado, especialmente apresentando as possíveis falhas orçamentárias, remanejando a verba disponível em

uma operação para possíveis áreas carentes de mais verbas.

Enfim, esse instrumento exige uma intensa e constante discussão, apresentando os

resultados e renegociando a verba disponível para cada área da organização.

Premissas e Fontes de Informações

O desempenho de uma organização não pode ser atribuído a apenas um pequeno

número de detalhes operacionais internos. Na verdade, o resultado obtido por uma empresa em

determinada época se deve a uma relação de fatores internos e externos (cenário de negócios). A

preparação das projeções orçamentárias das empresas pressupõe uma certa visão de futuro, ou seja, é necessária a formulação de hipóteses, com determinadas premissas acerca do desenvolvimento

desse cenário de negócios. Como estará a inflação (demônio que assombrou as empresas nacionais

por anos)? Como estará o poder aquisitivo da clientela ? Os custos de matéria prima e mão de obra? O

que fará a concorrência?

Questões como estas precisam receber respostas antes sejam preparados os

orçamentos. As premissas podem ser agrupadas em dois grandes conjuntos: Premissas Internas e

Premissas Externas.

As primeiras dizem respeito a fatores internos à organização:

⟩ Capacidade de Produção; ⟩ Custos de Produto; ⟩ Objetivos e Metas; ⟩ Capacidade Competitiva; etc.

As premissas de ordem externa se referem a indicadores relativos à economia, em geral, e aos mercados ligados aos negócios da empresa, de forma específica. Destacam-se os indicadores

econômicos relativos à:

⟩ Inflação; ⟩ Taxa de Juros; ⟩ Políticas Salariais; ⟩ Crescimento dos Mercados; ⟩ Investimentos dos Governos; ⟩ Política Cambial; entre outros.

São essas premissas que vão fornecer aos planejadores uma visão geral do cenário ao

qual a empresa se adaptará, indicando as tendências de crescimento ou recessão que serão

134

Page 135: ADMINISTRAÇÃO.pdf

enfrentadas pelas empresas no período seguinte. Elas podem surgir tanto da experiência da empresa

quanto de informações externas a ela.

Despesas Operacionais

Nas despesas operacionais serão incluídas as Despesas Administrativas e Comerciais da

empresa. A projeção das Despesas Administrativas inclui itens alocáveis à área administrativa, como:

⟩ Salários e encargos do Pessoal Administrativo; ⟩ Depreciação de móveis e instalações; ⟩ Manutenção e Conservação; ⟩ Luz; ⟩ Água; ⟩ Telefone; ⟩ Locação de Equipamentos Administrativos (Xerox, máquinas de escrever, etc.) ⟩ Aluguéis e seguros.

A projeção das Despesas Comerciais inclui itens alocáveis à área comercial, tais como:

⟩ Despesas com Pessoal; ⟩ Comissões de Vendedores, Agentes e Distribuidores; ⟩ Gastos com Promoção, Propaganda e Publicidade; ⟩ Provisão para Devedores Duvidosos, etc.

Qualquer conta de qualquer um dos quadros do Orçamento Operacional pode exigir a

preparação de uma ou mais Planilhas Auxiliares. Essa decisão depende do grau de detalhamento e

precisão que se deseja imprimir ao Orçamento Empresarial como um todo. Mais uma vez lembramos

tratar-se de uma questão de equilíbrio e bom senso. È tão ilusória a idéia de precisão por conta de

“detalhes”, como é temerário dar “chutes grosseiros” que se revelarão igualmente de pouca utilidade

para a gestão eficaz da empresa.

Considerações de Desdobramento

Para a elaboração do Orçamento de Resultados, pode-se elaborar quantas planilhas

auxiliares quanto for necessário, para permitir maior clareza às informações utilizadas, desdobrando as

contas apresentadas aqui em quantas forem necessárias para a empresa. O mesmo é válido para os

outros tipos de Orçamento.

A estrutura do Orçamento de Investimentos revela o rol de valores a serem aplicados em

itens do Ativo Permanente e indica a origem dos capitais necessários para suportar os investimentos

previstos. É usual também uma indicação do programa de amortização dos empréstimos contraídos

com terceiros. As contas de investimento são as mesmas que formam o Ativo Permanente das

empresas, ou seja:

Terrenos; Construções; Maquinário; Instalações;

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Page 136: ADMINISTRAÇÃO.pdf

móveis e Equipamentos; Veículos, entre outras

Os recursos próprios têm origem nos lucros acumulados, realizados e/ou projetados - mantidas margens de segurança adequadas. Os recursos de terceiros podem vir de empréstimos de

longo prazo, emissão de títulos, aumento de capital, venda de patrimônio ocioso, etc.

Potencial de Vendas e Níveis de Investimento

O volume de investimentos a ser realizado pela empresa depende de uma série de

considerações, tais como: necessidade de repor e/ou atualizar itens (instalações, ferramentas, equipamentos, etc.) do ativo

existente; necessidade de ampliar a capacidade de produção para atender aumentos na demanda; capacidade da empresa em suportar, com recursos próprios ou de terceiros, determinado nível de

investimento.

Amortização dos Empréstimos

É prática comum apresentar logo no Orçamento de Investimentos os valores referentes

ao pagamento de encargos financeiros e amortizações do principal de empréstimos obtidos de

terceiros. Estes valores são utilizados nas projeções do Orçamento de Caixa, objeto do módulo IV à

seguir.

Este módulo apresenta o Orçamento de Caixa terceira peça básica do Orçamento

Operacional da empresa.

Estrutura do Orçamento de Caixa

O Orçamento de Caixa consolida as projeções das Entradas e Saídas de numerário. As

contas dos Orçamentos de Resultado e de Investimento são contas operadas pelo regime contábil de

competência, ou seja, os valores investidos ou gastos em uma determinada data não exigem, necessariamente, que sejam desembolsados nessa mesma data. O Orçamento de Caixa, diferentemente, utiliza o regime de caixa, ou seja, apresenta em suas contas as operações financeiras

realizadas no período. Portanto é para se ter uma visão antecipada dos efeitos provocados pelas receitas,

despesas e investimentos no caixa (ou nas disponibilidades) da empresa que se prepara o Orçamento

de Caixa, cuja estrutura reflete a equação fundamental de caixa (Saldo, entradas, saídas e saldo final).

A Equação Fundamental do Caixa

A equação fundamental do equilíbrio do caixa é determinada pelas seguintes relações:

Saldo Inicial ( + ) Entradas ou Ingressos

( - )Saídas ou Desembolsos

( = ) Saldo Final

Onde o Saldo Inicial de um período é o Saldo Final do período imediatamente anterior à

ele. As Entradas e Saídas são definidas com base nos fatos geradores de movimentação de numerário. São exemplos de Entradas ou Ingressos de caixa os recebimentos provenientes de:

136

Page 137: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Vendas de Produtos e Serviços; Descontos de Duplicatas; Empréstimos Bancários; Venda ou Desmobilização de Ativos, entre outros

São exemplos de Saídas ou Desembolsos de Caixa os desembolsos referentes a:

Investimentos; Salários, Encargos e Benefícios

Amortização de Empréstimos; Recolhimento de Impostos e Taxas; Pagamento de Dividendos e Participações, entre

outros

Resultado, Investimentos e Caixa

O Orçamento de Caixa é normalmente preparado por último - após as duas peças

anteriormente discutidas do Orçamento Operacional. Como visto, ele sintetiza a movimentação efetiva

de numerário e todos os fatos geradores de movimentação de caixa deverão ser transferidos dos

Orçamentos e Planilhas Auxiliares de Resultado e Investimentos para o de Caixa. Fica evidente que os saldos (disponibilidades e deficiências) de caixa dependem

fundamentalmente do volume, do prazo de recebimento e da lucratividade das vendas. Em função

desses saldos, investimentos programados podem ou não vir a ser realizados. Por outro lado, não

investir pode implicar em não produzir no futuro imediato e, circularmente, não dispor de caixa.

Este módulo oferece uma ampla introdução à análise do ORÇAMENTO EMPRESARIAL, tomando por base seus principais componentes: os Quadros do Orçamento Operacional e as

Demonstrações Financeiras Pro Forma.

O que dizem as Projeções Orçamentárias?

O objetivo buscado ao se preparar as projeções orçamentárias é o de, antecipadamente, poder identificar, analisar e equacionar eventuais constrangimentos ao uso pleno da capacidade

operacional da empresa. Estes constrangimentos podem representar problemas a serem eliminados ou

oportunidades a serem exploradas. Um exemplo de problema é um nível de endividamento elevado em

função de desarticulação entre disponibilidades de caixa e pagamentos de investimentos. Um exemplo

de oportunidade seria uma situação inversa: excesso de disponibilidades de caixa com previsão de

empréstimos bancários dispensáveis. O uso de micro computadores facilita bastante a preparação e a análise do Orçamento

Empresarial, pois permite que se faça rapidamente e com elevado nível de precisão diversas

simulações dos efeitos previsíveis de diferentes alternativas.

Análise Orçamentária e Análise Financeira

A Análise Orçamentária parte de uma Análise Financeira das Demonstrações Contábeis

projetadas e volta aos Quadros e Planilhas Auxiliares do Orçamento Operacional para identificar soluções alternativas. Por exemplo, aumento das margens de venda através do aumento de preços, de

volume ou ambos? Ou através do aumento de volume com redução de preços? Ou vice-versa?

Dessa forma, o Orçamento Operacional oferece ao analista e ao gestor empresarial um

nível de informação que não é obtido quando se analisa apenas as Demonstrações Financeiras. Nem

tampouco são utilizadas projeções das Demonstrações sem se ter por base o Orçamento Operacional da empresa.

137

Page 138: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Em resumo, a análise orçamentária acrescenta à análise financeira tradicional uma

perspectiva de futuro; uma melhor visualização das relações entre resultados, investimentos e caixa; e a

possibilidade de identificar as origens de eventuais limitações ao pleno uso do potencial da empresa

Observações Complementares

Uma palavra final sobre o Processo Orçamentário nas empresas. O Orçamento

Empresarial não se trata de um remédio milagroso para todos os males das organizações. Ele não

resolve problemas operacionais graves, ou erros gerenciais. Ele meramente fornece uma visão mais

clara dos limites a serem preservados durante um esforço gerencial de cumprimento de objetivos, que

permite a redução de imprevistos. Além disso, essa ferramenta não é auto-sustentável desde o início de sua utilização. Ela

torna-se auto-sustentável em uma organização após um extenso trabalho de divulgação e

experimentação, quando as pessoas passarão a dar a ela o valor devido, e então passarão a utiliza-la

com a freqüência necessária. Em sua implantação, é necessário que ela seja “vendida” para todos os

colaboradores da empresa, que farão parte do processo operacional. As pessoas necessitam estar habituadas a essa ferramenta, perceber sua importância e, desde então, jamais viverão sem ela.

Conceito de Direito do Trabalho

1)- É o ramo da ciência do direito que tem por objeto as normas, as instituições jurídicas e os princípios

que disciplinam as relações de trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações

destinadas à proteção desse trabalho em sua estrutura e atividade.

2) Natureza do Direito do Trabalho: as normas do Direito do Trabalho pertencem ao direito privado

(as referentes ao contrato de trabalho) e ao direito público (as referentes ao processo trabalhista).

3) Origem e evolução histórica do Direito do Trabalho no Brasil: abolida a escravidão, em 1888, os

trabalhadores nas indústrias emergentes, muitos deles imigrantes, com tradição sindicalista européia, passaram a exigir medidas de proteção legal; até cerca de 1920, a ação dos anarquistas repercutiu

fortemente no movimento trabalhista; as primeiras normas jurídicas sobre sindicato são do início do

século XX; o CC de 1916 dispunha sobre locação de serviços, e é considerado o antecedente histórico

do contrato individual de trabalho na legislação posterior; na década de 30, com a política trabalhista de

Getúlio Vargas, influenciada pelo modelo corporativista italiano, reestruturou-se a ordem jurídica

trabalhista no Brasil.

4) Conceito de ordenamento jurídico: abrange não apenas as normas jurídicas mas, também, as

instituições, as relações entre as normas consideradas como um conjunto, e que não são unicamente

estatais mas também elaboradas pelos grupos sociais, especialmente as organizações sindicais, os

princípios e outros aspectos; o direito do trabalho situa-se como um ordenamento abaixo do Estado, pelo Estado reconhecido, com características próprias, pondo-se como ordenamento, relacionado com

o Estado com o qual se coordena ou ao qual se subordina, específico das normas, instituições e

relações jurídicas individuais e coletivas de natureza trabalhista.

5) Concepção autotutelar do Direito do Trabalho: consiste na idéia que a tutela jurídica do

trabalhador deve ser efetuada, concomitantemente, pelo Estado, e pelos próprios trabalhadores.

6) Concepção da autonomia privada coletiva: consiste na idéia de que os fundamentos da ordem

sindical devem basear-se em princípios de liberdade e democracia, opondo-se à orientação

corporativista, sem interferência da legislação estatal.

7) Concepção da desregulamentação do Direito do Trabalho: consiste na idéia de que o espaço

legal deve ser diminuído ou suprimido, naquilo que diz respeito às relações coletivas do trabalho, inexistindo normas de organização sindical, de negociação coletiva e de greve, expressando-se em

acordos tais como denominados “pactos sociais”, em que o governo, sindicatos e empresários

estabelecem as bases de seu relacionamento.

138

Page 139: ADMINISTRAÇÃO.pdf

8) Concepção econômica da flexibilização do Direito do Trabalho: consiste em um tratamento das

questões trabalhistas que leva em consideração a situação conjuntural da economia, das empresas e

dos trabalhadores, visando a preservação de postos de trabalho ou, ao menos, a minimização das

dispensas dos trabalhadores, em épocas de baixa demanda do mercado; a flexibilização contempla o

tratamento jurídico diferenciado entre pequenas, médias e grandes empresas, bem como níveis

diferenciados de empregados, cabendo a cada categoria uma série diversa de direitos.

9) Sistemas de relações de trabalho: há mais de um ângulo de classificação dos sistemas de relações

de trabalho, alterando-se de acordo com o critério adotado, dentre outros os critérios políticos- econômicos e os jurídico-normativos, o primeiro partindo da concepção política que preside o sistema e

o segundo das fontes formais e das normas jurídicas trabalhistas.

10) Plurarismo jurídico do Direito Trabalho: nem todo o direito é elaborado pelo Estado, coexistindo, ao lado do direito estatal, um conjunto de normas jurídicas criadas pelos particulares entre si, toleradas

pelo Estado, daí resultando um ordenamento misto, com normas estatais e não estatais; há um direito

estatal e um direito profissional convivendo, formando um complexo de normas jurídicas que se

combinam segundo uma hierarquia própria de aplicação, basicamente apoiada no princípio da

prevalência da norma que resultar em maiores benefícios para o trabalhador, expressando-se como o

princípio da norma favorável.

AUTONOMIA COLETIVA E NEGOCIAÇÕES COLETIVAS

11) Autonomia coletiva: é o princípio que assegura aos grupos sociais o direito de elaborar normas

jurídicas que o Estado reconhece; é o direito positivo auto-elaborado pelos próprios interlocutores

sociais para fixar normas e condições de trabalho aplicáveis ao seu respectivo âmbito de

representação.

12) Negociação coletiva: é exercida pelos sindicatos de trabalhadores, patronais e empresas, através

de negociações coletivas, que são um procedimento desenvolvido entre os interessados, através do

qual discutem os seus interesses visando encontrar uma forma de composição destes.

13) Contrato coletivo: é previsto na Lei 8.542/92, art.º, segundo o qual as normas e condições de

trabalho serão fixadas através de contratos coletivos, convenções coletivas e acordos coletivos.

14) Contrato coletivo substitutivo ou cumulativo: discute-se a eficácia do contrato coletivo, se

substitutiva da lei onde existir, afastando-a, completamente, ainda que in pejus, ou se cumulativa, caso

em que as suas normas e condições de trabalho se somariam às das leis e somente teriam

aplicabilidade in pejus quando o próprio contrato coletivo expressamente o admitisse, forma pelo qual os sindicatos de trabalhadores visam a manter as conquistas das categorias.

15) Convenção coletiva: é um instrumento normativo auto-elaborado em nível de categoria e na base

territorial dos sindicatos estipulantes; foram definidas (CLT, art. 611) como o acordo de caráter normativo pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionais

estipulam condições de trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações

individuais de trabalho.

16) Natureza normativa da convenção coletiva: tem natureza de norma jurídica; aplica-se a todas

empresas e a todos os trabalhadores dos sindicatos estipulantes na base territorial, sócios ou não do

sindicato; seus efeitos alcançam todos os membros da categoria.

17) Efeito cumulativo das convenções coletivas: as normas e condições de trabalho previstas em

convenções coletivas acumulam-se com as das leis; adquirem força derrogatória da lei apenas quando

esta o permitir, diante do princípio da primazia da ordem pública social e da necessidade de tutela geral do trabalhador.

18) Efeitos obrigacional e normativo da convenção coletiva: tem efeito obrigacional sobre as

entidades signatárias quanto aos direitos e deveres que nessa qualidade fixarem entre si, como a

obrigação de criar uma comissão mista de conciliação na categoria; tem efeito normativo sobre os

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Page 140: ADMINISTRAÇÃO.pdf

contratos individuais dos trabalhadores e empresas do setor, como o direito a adicionais de horas extras

mais elevados que os da lei.

19) Acordo Coletivo: é facultado aos sindicatos celebrar acordos coletivos com uma ou mais empresas

da correspondente categoria econômica, que estipulem condições de trabalho aplicáveis no âmbito

daquelas, às respectivas relações de trabalho (CTL, art. 611, § 1º); a legitimação para o acordo coletivo, pelo lado patronal, é da empresa, porém a CF/88 (art. 8º, VI) considera obrigatória a participação dos

sindicatos nas negociações coletivas.

20) Coexistência de acordo e de convenção coletiva: podem coexistir em uma mesma empresa da

categoria, caso em que prevalecem as normas e condições de trabalho mais ao trabalhador previstas

nos 2 instrumentos normativos (CLT, art. 622).

21) Pactos sociais: pacto social é o resultado de uma negociação no nível mais alto da sociedade, para determinar os rumos da política social de um país, meio de buscar o consenso dos interessados

antes das reformas profundas de que o mesmo necessita.

A EMPRESA E SEU REGULAMENTO

22) Conceito de regulamento de empresa: consiste num conjunto sistemático de regras sobre

condições gerais de trabalho, prevendo diversas situações a que os interessados se submeterão na

solução dos casos futuros; pode dispor também sobre normas, organização da atividade, disciplina

interna e vantagens conferidas aos trabalhadores, com plena eficácia jurídica, subordinando-se, no

entanto, às leis e instrumentos normativos mais benéficos aos empregados.

23) Tipos de regulamentos: quanto à sua origem são unilaterais (quando elaborados unicamente pelo

empregador e impostos aos trabalhadores) ou bilaterais (desde que, na sua formação, trabalhadores e

empregador participem, discutindo as suas condições); quanto à sua validade, dependem ou não de

homologação do Poder Público; quanto à obrigatoriedade podem ser obrigatórios ou facultativos.

24) Características do Direito brasileiro: quando o regulamento contiver disposições menos

vantajosas do que a convenção coletiva, a sentença normativa ou a lei, não prevalecerão as cláusulas

desfavoráveis, diante do princípio da hierarquia das normas jurídicas trabalhistas; o regulamento pode

ser alterado pelo empregador, porém, as cláusulas regulamentares que revoguem ou alterem vantagens

deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do

regulamento (Enunciado nº 51 do TST); no Brasil os regulamentos de empresas são facultativos, privados, não dependem de homologação, embora os quadros de carreira sim, e geralmente são

unilaterais.

COMPOSIÇÃO HETERÔNOMA DOS CONFLITOS E NORMAS

25) Composição dos conflitos: composição heterônoma do conflito trabalhista é aquela que emana de

um órgão ou pessoa acima das partes; quando o conflito é coletivo, a decisão proferida tem natureza

normativa sobre os integrantes dos grupos conflitantes, como forma de unificação das diretrizes

estabelecidas por quem julga; a decisão do conflito coletivo é atribuída pela CF à Justiça do Trabalho ou

a árbitros (art. 114).

26) Justiça do Trabalho: é órgão do Poder Judiciário estruturado em 3 níveis, as Juntas de

Conciliação e Julgamento, que conhecem e decidem conflitos individuais mediante sentenças, os

Tribunais Regionais do Trabalho, que apreciam originariamente dissídios coletivos depois de esgotadas

as tentativas de negociação coletiva entre as partes, diretamente ou com a mediação do Ministério do

Trabalho, e o Tribunal Superior do Trabalho, que também aprecia dissídios coletivos, originariamente ou

em grau de recurso das decisões dos TRT.

27) Jurisprudência: é fonte de direito; assim, também, quanto ao direito do trabalho (CLT, art. 8º); aqui é empregada como o conjunto de decisões proferidas por um Tribunal, reiteradamente e de forma a

construir uma diretriz de solução para os casos futuros e iguais.

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Page 141: ADMINISTRAÇÃO.pdf

28) Poder normativo e sentenças normativas: poder normativo, no sentido amplo, é a faculdade

conferida por lei a órgãos não integrantes do Legislativo, para que possam estabelecer enlaces jurídicos

espontâneos ou decidir conflitos coletivos submetidos à jurisdição; as decisões proferidas pelos TRT

nos dissídios coletivos têm o nome de sentenças normativas; aos TRT foi conferido um poder normativo; criam, com as suas decisões proferidas nos dissídios coletivos, normas que serão aplicáveis

às relações individuais de trabalho dos setores representados pelos sindicatos que figuram no dissídio. 29) Justiça Comum: compete à ela, decidir processos em que sindicatos disputam a representação de

uma categoria; decide processos nos quais associações de sindicatos ou membros da categoria não

associados litigam contra o próprio sindicato em torno de eleições sindicais, cobrança de contribuições

sindicais e assuntos correlatados que não configuram um dissídio individual ou coletivo entre

trabalhador e empregador; apreciar e decidir as questões de acidentes de trabalho e doença

profissional.

30) Arbitragem e laudo arbitral: laudo arbitral é a decisão proferida por um árbitro escolhido pelas

partes, num conflito coletivo de trabalho; terá o efeito de decisão irrevogável, de natureza não judicial, mas cujo cumprimento é exigível; a arbitragem é um procedimento alternativo do dissídio coletivo, com

o qual não se confunde por seu caráter privado e não jurisdicional (CF, art. 114, §§ 1º e 2º, Lei 7.783/89, art. 7º).

APLICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS

31) Complexidade do ordenamento jurídico trabalhista: resulta da coexistência, nele, de diferentes

tipos de normas produzidas através de fontes estatais e não estatais e da dinâmica que apresenta essa

plurinormatividade na medida da sua constante renovação e das naturais dúvidas que, em cada caso

concreto, surgem, na tarefa de escolher qual é a norma que deve ser aplicada; os problemas

decorrentes da multiplicidade de fontes e de normas existem e procuram ser resolvidos pelo direito do

trabalho, uma vez que é necessário manter a coerência do sistema que é uma questão de hierarquia, afastando as antinomias entre as normas; encontrar meios para resolver o caso concreto quando não

há no ordenamento uma norma específica para ele, que é o problema da integração das lacunas; e

compreender o significado das diretrizes que estão contidas nas normas, que é a sua interpretação, sendo esses os aspectos nucleares da aplicação do direito do trabalho.

HIERARQUIA

32) Escalonamento das normas: o ordenamento jurídico, como todo o sistema normativo, é um

conjunto de normas de conduta, de organização, de competência, de direitos subjetivos e deveres, aspecto do qual resulta a necessidade de ser estabelecida uma correlação entre as normas visando à

coerência do sistema.

33) Princípio da norma mais favorável ao trabalhador: a Constituição Federal é a norma jurídica

maior na pirâmide normativa do direito do trabalho; há contudo, um aspecto peculiar ao direito do

trabalho; a sua finalidade não é igual à do direito comum; neste a hierarquia das normas cumpre a

função política de distribuição de poderes entre a União, os Estados e os Municípios; no direito do

trabalho o objetivo maior é o social, a promoção da melhoria das condições sociais do trabalhador; esse

aspecto influiu na formação de um princípio próprio do direito do trabalho sobre a hierarquia de suas

normas; é o princípio da norma mais favorável ao trabalhador, segundo o qual, havendo duas ou mais

normas sobre a mesma matéria, será aplicada, no caso concreto, a mais benéfica para o trabalhador.

34) Derrogações ao princípio: o princípio da norma mais favorável não é absoluto; tem exceções ou

derrogações resultantes de imperativos diferentes; primeira, diante das leis proibitivas, uma vez que, se

o Estado, através de lei, vedar que através de outras normas jurídicas seja dispensado um tratamento

mais benéfico ao trabalhador; segunda, diante das leis de ordem pública, ainda que não expressamente

proibitivas, pela sua função de garantia maior da sociedade; nada impede que a negociação coletiva

venha a cumprir, excepcionalmente, o papel flexibilizador, redutor de vantagem, o que pressupõe

acordo com o sindicato.

INTERPRETAÇÃO

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Page 142: ADMINISTRAÇÃO.pdf

35) Ato interpretativo: opera-se em todo o direito, assim, também, no direito do trabalho, no qual também é necessário escolher, entre os diversos significados possíveis da regra contida na norma

jurídica, aquele que se mostra mais consistente de acordo com a sua finalidade, a sua razão de ser e os

limites impostos pelo sistema normativo.

36) Algumas técnicas do Direito Comum: a) interpretação gramatical: consiste na verificação do

sentido exato do texto gramatical das normas jurídicas, do alcance das palavras empregadas pelo

legislador; b) lógica: estabelece uma conexão entre os diferentes textos legais, supondo os meios

fornecidos pela interpretação gramatical; c) teleológica: volta-se para a procura do fim objetivado pelo

legislador, elegendo-o como fonte do processo interpretativo do texto legal; d) autêntica: é aquela que

emana do próprio órgão que estabeleceu a norma interpretada, declarando o seu sentido e conteúdo

por meio de outra norma jurídica.

37) Interpretação do Direito do Trabalho: ao interpretá-lo, o interprete deverá, embora partindo do

método gramatical e do sentido e alcance das palavras, alcançar o sentido social das leis trabalhistas e

a função que exercem na sociedade empresarial; a função interpretativa encontra seu principal agente

no juiz do trabalho.

INTEGRAÇÃO DAS LACUNAS

38) Conceito: integração é o fenômeno pelo qual a plenitude da ordem jurídica é mantida sempre que

inexistente uma norma jurídica prevendo o fato a ser decidido; consiste numa autorização para que o

interprete, através de certas técnicas jurídicas, promova a solução do caso, cobrindo as lacunas

decorrentes da falta de norma jurídica.

39) Analogia: consiste na utilização, para solucionar um determinado caso concreto, de norma jurídica

destinada a caso semelhante; é admissível somente quando existir uma autorização nesse sentido, como no direito do trabalho (CLT, art. 8º).

40) Eqüidade: é um processo de retificação das distorções da injustiça da lei (sentido aristotélico); é um

processo de criação de norma jurídica que integrará o ordenamento.

41) Princípios gerais do direito: com o propósito de integrar o direito positivo, quando se mostrar lacunoso, a ciência do direito admite a elaboração de uma norma jurídica valendo-se dos modelos

teóricos dos quais será extraída a matéria que servirá de conteúdo à norma assim projetada no

ordenamento jurídico; portanto deles podem ser tirados os elementos necessários para a constituição

da norma aplicável ao caso concreto.

EFICÁCIA DA LEI TRABALHISTA NO TEMPO

42) Irretroatividade: segundo o princípio da irretroatividade, a lei nova não se aplica aos contratos de

trabalho já terminados; acrescente-se que nem mesmo os atos jurídicos já praticados nos contratos de

trabalho em curso no dia do início da sua vigência.

43) Efeito imediato: de acordo com o princípio do efeito imediato, quando um ato jurídico, num contrato

em curso, não tiver ainda sido praticado, o será segundo as regras da lei nova; quer dizer que entrando

em vigor, a lei se aplica, imediatamente, desde logo, às relações de emprego que se acham em

desenvolvimento.

EFICÁCIA NO ESPAÇO

44) Princípio da territorialidade: as leis trabalhistas vigoram em um determinado território ou espaço

geográfico; é o princípio da territorialidade que prevalece, significando, simplesmente, que a mesma lei disciplinará os contratos individuais de trabalho tanto dos empregados brasileiros como de outra

nacionalidade; aos estrangeiros que prestam serviço no Brasil, é aplicada a legislação brasileira.

PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO

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Page 143: ADMINISTRAÇÃO.pdf

45) Função integrativa dos princípios segundo a CLT: a lei trabalhista (CLT, art. 8º) dispõe que as

autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas

gerais do direito, principalmente do direito do trabalho.

46) Função diretiva dos princípios: os princípios constitucionais não podem ser contrariados pela

legislação infraconstitucional; não fosse assim, ficaria prejudicada a unidade do ordenamento jurídico; a

forma de preservá-la é a aplicação dos princípios.

47) Direitos e garantias fundamentais: são princípios gerais do direito, aplicáveis no direito do

trabalho, os princípios constitucionais fundamentais da Constituição, presentes no Título I; há princípios

gerais no art. 5º, o respeito à dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre

iniciativa, mais inúmeros outros, todos relacionados com questões trabalhistas.

48) Princípios constitucionais específicos: liberdade sindical (art. 8º); não-interferência do Estado na

organização sindical (art. 8º); direito de greve (9º), representação dos trabalhadores na empresa (11), reconhecimento de convenções e acordos coletivos (7º, XXVII); etc.

49) Função do princípio da norma favorável ao trabalhador: é tríplice a sua função: primeiro, é

princípio de elaboração de normas jurídicas, significando que, as leis devem dispor no sentido de

aperfeiçoar o sistema, favorecendo o trabalhador, só por exceção afastando-se desse objetivo; a

segunda função é hierárquica, é princípio de hierarquia entre as normas; é necessário estabelecer uma

ordem de hierarquia na aplicação destas; assim, havendo duas ou mais normas, estatais ou não

estatais, aplica-se a que mais beneficiar o empregado; a terceira função é interpretativa, para que, havendo obscuridade quanto ao significado destas, prevaleça a interpretação capaz de conduzir o

resultado que melhor se identifique com o sentido social do direito do trabalho.

50) Princípio da condição mais benéfica: significa que na mesma relação de emprego uma vantagem

já conquistada não deve ser reduzida.

51) Princípio da irrenunciabilidade dos direitos: é nulo todo ato destinado a fraudar, desvirtuar ou

impedir a aplicação da legislação trabalhista; só é permitida a alteração nas condições de trabalho com

o consentimento do empregado e, ainda assim, desde que não lhe acarretem prejuízos, sob pena de

nulidade.

ÂMBITO DE APLICAÇÃO DA CLT

52) Âmbito pessoal: verificá-lo consiste em determinar a que tipo de pessoas a lei é aplicável; a CLT é

aplicável a trabalhadores; não a todos os trabalhadores (art. 1º), porém apenas àqueles por ela

mencionados e que são empregados (art. 3º); não há discrimação de empregados; todos os

trabalhadores que se enquadrem com tal serão alcançados pela CLT.

53) Trabalhadores excluídos: o trabalhador autônomo, o eventual e o empreiteiro.

54) Âmbito material: saber qual é o âmbito material de aplicação da CLT é o mesmo que definir quais

os tipos de relações jurídicas sobre as quais as suas normas atuarão; no direito do trabalho há 3 tipos

de relações jurídicas: as relações individuais entre empregados e empregadores; as coletivas entre os

sindicatos de empregados e de empregadores ou entre aqueles e as empresas; as de direito

administrativo entre o Estado e os empregadores ou os empregados.

2ª Parte

DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO E CONTRATO DE TRABALHO

Contrato de Trabalho e Relação de Trabalho

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Page 144: ADMINISTRAÇÃO.pdf

1) Conceito: haverá contrato de trabalho sempre que uma pessoa física se obrigar a realizar atos, executar obras ou prestar serviços para outra e sob dependência desta, durante um período

determinado ou indeterminado de tempo, mediante o pagamento de uma remuneração; quanto à

relação de emprego, dar-se-á quando uma pessoa realizar atos, executar obras ou prestar serviços

para outra, sob dependência desta, em forma voluntária e mediante o pagamento de uma remuneração, qualquer que seja o ato que lhe dê origem.

2) Natureza jurídica: são 2 as teorias: Contratualismo, é a teoria que considera a relação entre

empregado e empregador um contrato; o seu fundamento reside numa tese; a vontade das partes é a

causa insubstituível e única que pode constituir o vínculo jurídico; anticontratualismo, ao contrário, sustenta que a empresa é uma instituição, na qual há uma situação estatutária e não contratual; o

estatuto prevê as condições de trabalho, que são prestadas sob a autoridade do empregador, que é

detentor do poder disciplinar; a Lei Brasileira define a relação entre empregado e empregador como um

contrato, mas afirma que o contrato corresponde a uma relação de emprego (CLT, art. 442).

* o contrato de trabalho é contrato de direito privado, consensual, sinalagmático (perfeito), comutativo, de trato sucessivo, oneroso e, regra geral, do tipo dos contratos de adesão

3) Classificação: 1) Quanto à forma: pode ser verbal ou escrito, a relação jurídica pode ser formada

pelo ajuste expresso escrito, pelo ajuste expresso verbal ou pelo ajuste tácito; 2) quanto à duração: há

contratos por prazo indeterminado e contratos por prazo determinado (CLT, art. 443); a diferença entre

ambos depende simplesmente de ver se na sua formação as partes ajustaram ou não o seu termo final; se houve o ajuste o quanto ao termo final, o contrato será por prazo determinado; a forma comum é o

contrato por prazo indeterminado.

4) Contrato de trabalho individual: é o acordo, tácito ou expresso, formado entre empregador e

empregado, para a prestação de serviço pessoal, contendo os elementos que caracterizam uma relação

de emprego.

5) Contrato de trabalho coletivo: é o acordo de caráter normativo, formado por uma ou mais

empresas com entidades sindicais, representativas dos empregados de determinadas categorias, visando a auto-composição de seus conflitos coletivos.

6) Contrato de trabalho de equipe: é aquele firmado entre a empresa e um conjunto de empregados, representados por um chefe, de modo que o empregador não tem sobre os trabalhadores do grupo os

mesmos direitos que teria sobre cada indivíduo (no caso de contrato individual), diminuindo, assim, a

responsabilidade da empresa; é forma contratual não prevista expressamente na legislação trabalhista

brasileira, mas aceita pela doutrina e pela jurisprudência.

7) Contrato de trabalho e contrato de sociedade: no contrato de trabalho, existe sempre troca de

prestações entre o empregado e o empregador, sendo o primeiro subordinado ao segundo; no contrato

de sociedade, há trabalho comum, e também a intenção comum dos sócios de compartilharem lucros e

assumirem as perdas e os riscos do empreendimento (affectio societatis), inexistindo, além disso, qualquer vínculo de subordinação entre os sócios.

8) Contrato de trabalho e contrato de empreitada: no contrato de trabalho, existe vínculo jurídico de

subordinação, sendo o empregado supervisionado pelo empregador, seu objeto é fundamentalmente o

trabalho subordinado; no contrato de empreitada, a execução do trabalho não é dirigida nem fiscalizada

de modo contínuo pelo contratante, seu objeto é o resultado do trabalho.

9) Contrato de trabalho e contrato de mandato: tanto em um como o outro existem vínculos de

subordinação jurídica a quem remunera o serviço; no entanto, o vínculo de subordinação é mais

acentuado no contrato de trabalho; o de mandato permite maior autonomia ao mandatário; a distinção

consiste no grau de subordinação.

Empregado

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10) Conceito: Empregado é a pessoa física que presta pessoalmente a outrem serviços não eventuais, subordinados e assalariados. “Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de

natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário” (CLT, art. 3º).

11) Requisitos legais do conceito: a) pessoa física: empregado é pessoa física e natural; b) continuidade: empregado é um trabalhador não eventual; c) subordinação: empregado é um trabalhador cuja atividade é exercida sob dependência; d) salário: empregado é um trabalhador assalariado, portanto, alguém que, pelo serviço que presta, recebe uma retribuição; e) pessoalidade: emmpregado é

um trabalhador que presta pessoalmente os serviços.

12) Diferença entre empregado e trabalhador autônomo: o elemento fundamental que os distingue é

a subordinação; empregado é trabalhador subordinado; autônomo trabalha sem subordinação; para

alguns, autônomo é quem trabalha por conta própria e subordinado é quem trabalha por conta alheia; outros sustentam que a distinção será efetuada verificando-se quem suporta os riscos da atividade; se

os riscos forem suportados pelo trabalhador, ele será autônomo.

13) Diferença entre empregado e trabalhador eventual: há mais de uma teoria que procura explicar essa diferença: Teoria do evento, segundo a qual eventual é o trabalhador admitido numa empresa para

um determinado evento; dos fins da empresa, para qual eventual é o trabalhador que vai desenvolver numa empresa serviços não coincidentes com os seus fins normais; da descontinuidade, segundo a

qual eventual é o trabalhador ocasional, esporádico, que trabalha de vez em quando; da fixação, segundo a qual eventual é o trabalhador que não se fixa a uma fonte de trabalho; a fixação é jurídica.

14) Trabalhador avulso: são características do trabalho avulso a intermediação do sindicato do

trabalhador na colocação da mão-de-obra, a curta duração do serviço prestado a um beneficiado e a

remuneração paga basicamente em forma de rateio procedido pelo sindicato; pela CF/88, art. 7º XXXIV, foi igualado ao trabalhador com vínculo empregatício.

15) Trabalhador temporário: é aquele que prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à

necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou acréscimo

extraordinário de serviços (art. 2º, da Lei 6.019/74); completa-se com outro conceito da mesma lei (art. 4º), que diz: compreende-se como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores

devidamente qualificados, por elas remunerados e assistidos.

16) Terceirização: é a transferência legal do desempenho de atividades de determinada empresa, para

outra empresa, que executa as tarefas contratadas, de forma que não se estabeleça vínculo

empregatício entre os empregados da contratada e a contratante; é permitida a terceirização das

atividades-meio (aquelas que não coincidem com os fins da empresa contratante) e é vedada a de

atividades-fim (são as que coincidem).

17) Estagiário: não é empregado; não tem os direitos previstos na CLT aplicáveis às relações de

emprego.

18) Empregado doméstico: é qualquer pessoa física que presta serviços contínuos a um ou mais

empregadores, em suas residências, de forma não-eventual, contínua, subordinada, individual e

mediante renumeração, sem fins lucrativos; a Lei 5.589/72, fixou, como seus direitos, a anotação da

CTPS, férias anuais de 20 dias e previdência social; a Lei 7.195/84, prevê a responsabilidade civil da

agência de colocação de empregado doméstico, pelos danos que este acarretar aos patrões; a CF/88

ampliou os direitos atribuídos por lei ordinária, sendo os seguintes: salário mínimo; irredutibilidade da

remuneração; 13º salário; repouso semanal remunerado; aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, no mínimo de 30 dias; licença maternidade (120 dias); licença paternidade; férias com remuneração

acrescida em 1/3; aposentadoria.

19) Empregado rural: é o trabalhador que presta serviços em propriedade rural, continuadamente e

mediante subordinação ao empregador, assim entendida, toda pessoa que exerce atividade

agroeconômica; o contrato de trabalho rural pode ter duração determinada e indeterminada; são

admitidos contratos de safra; seus direitos que já eram praticamente igualados aos do urbano, pela Lei

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5.889/73, foram pela CF/88 totalmente equiparados; o trabalhador de indústria situada em propriedade

rural é considerado industriário e regido pela CLT e não pela lei do trabalho rural (TST, Enunciado nº

57).

20) Empregado em domicílio: as relações de emprego são desenvolvidas no estabelecimento do

empregador e fora dele; estas são cumpridas em locais variados, denominando-se “serviços externos”, ou na residência do empregado, quando têm o nome de “trabalho em domicílio” (CLT, art. 6º); a

prestação de serviços externos não descaracteriza o vínculo empregatício.

21) Empregado aprendiz: surge da relação jurídica desenvolvida na empresa, visando à formação de

mão-de-obra, em que a lei admite a admissão de menores, observadas certas formalidades, para que

prestem serviços remunerados recebendo os ensinamentos metódicos de uma profissão; a CLT (art. 80, § único) define aprendiz como o menor de 12 a 18 anos sujeito à formação profissional metódica do

ofício em que exerça o seu trabalho.

22) Diretor de sociedade: para a teoria tradicional, não é empregado; é mandatário; a relação jurídica

que o víncula à sociedade é de mandato e não de emprego; para a teoria contemporâneo, não há

incompatibilidade entre a condição de diretor da sociedade e a de empregado; o elemento fundamental que definirá a situação do diretor de sociedade é a subordinação.

23) Empregado acionista: não são incompatíveis as condições de empregado e acionista de

sociedade anônima, desde que o número de ações (que lhe dê condições de infuir nos destinos da

sociedade em dimensão expressiva) não se eleve a ponto de transformar o empregado em

subordinante e não em subordinado.

24) Cargo de confiança: é aquele no qual o empregado ocupa uma posição hierárquica elevada na

qual tenha poderes de agir pelo empregador nos seus atos de representação externa; é aquele

existente na alta hierarquia administrativa da empresa, conferindo ao ocupante amplo poder de decisão; difere do empregado comum apenas pelas restrições de direitos trabalhistas que sofre.

Empregador

25) Conceito: é o ente, dotado ou não de personalidade jurídica, com ou sem fim lucrativo, que tiver empregado; “considera-se empregador a empresa. individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da

atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços” (CLT, art. 2º).

26) Tipos de empregador: há o empregador em geral, a empresa, e o empregador por equiparação, os

profissionais liberais, etc.; quanto à estrutura jurídica do empresário, há pessoas físicas. firmas

individuais e sociedades, sendo principal a anônima; quanto à natureza da titularidade, há

empregadores proprietários, arrendatários, cessionários, usufrutuários, etc.; quanto ao tipo de atividade, há empregadores industriais, comerciais, rurais, domésticos e públicos.

27) Responsabilidade solidária dos grupos de empresa: sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou

administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada

uma das subordinadas (CLT, art. 2º, § 2º).

28) Poder de direção: é a faculdade atribuída ao empregador de determinar o modo como a atividade

do empregado, em decorrência do contrato de trabalho, deve ser exercida.

29) Poder de organização: consiste na ordenação das atividades do empregado, inserindo-as no

conjunto das atividades da produção, visando a obtenção dos objetivos econômicos e sociais da

empresa; a empresa poderá ter um regulamento interno para tal; decorre dele a faculdade de o

empregado definir os fins econômicos visados pelo empreendimento.

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30) Poder de controle: significa o direito de o empregador fiscalizar as atividadas profissionais dos

seus empregados; justifica-se, uma vez que, sem controle, o empregador não pode ter ciência de que, em contrapartida ao salário que paga, vem recebendo os serviços dos empregados.

31) Poder disciplinar: consiste no direito de o empregador impor sanções disciplinares ao empregado, de forma convencional (previstas em convenção coletiva) ou estatutária (previstas no regulamento da

empresa), subordinadas à forma legal; no direito brasileiro as penalidades que podem ser aplicadas são

a suspensão disciplinar e a advertência; o atleta profissional é ainda passível de multa.

32) Sucessão de empresas: significa mudança na propriedade da empresa; designa todo

acontecimento em virtude do qual uma empresa é absorvida por outra, o que ocorre nos casos de

incorporação, transformação e fusão.

33) Princípio da continuidade da empresa: consiste em considerar que as alterações relativas à

pessoa do empresário não afetam o contrato de trabalho e também no fato de que, dissolvida a

empresa, ocorre extinção do contrato de trabalho. 34) Efeitos: subroga-se o novo proprietário em todas as obrigações do primeiro, desenvolvendo-se

normalmente o contrato de trabalho, sem qualquer prejuízo para o trabalhador; a contagem do tempo

de serviço não é interrompida; as obrigações trabalhistas vencidas à época do titular alienante, mas

ainda não cumpridas, são exigíveis; as sentenças judiciais podem ser executadas, desde que não

prescritas, respondendo o sucessor, por seus efeitos; etc.

35) Alteração na estrutura jurídica da empresa: entende-se por ela toda modificação em sua forma

ou modo de constituir-se; ficam preservados os direitos dos trabalhadores; a CLT, estabelece o princípio

da continuidade do vínculo jurídico trabalhista, declarando que a alteração na estrutura jurídica e a

sucessão de empresas em nada o afetará (arts. 10 e 448).

Admissão do empregado

36) Natureza: a natureza do ato de admissão do empregado é explicado de modo diferente pelo

contratualismo e pelo anticontratualismo; pelo primeiro, a admissão é um ato de vontade das partes do

vínculo jurídico; é um contrato de adesão, pelo qual o empregado, sem maiores discussões sobre os

seus direitos, simplesmente adere aos direitos previstos nas normas jurídicas sem sequer pleiteá-los ou

negociá-los com o empregador; pelo segundo, o vínculo entre empregado e empregador não é um

contrato; não há acordo de vontades; a admissão não tem natureza negocial, contratual; as partes não

ajustam nada; o empregado começa simplesmente a trabalhar.

37) Forma do contrato: os ajustes serão expressos ou tácitos; os expressos, por sua vez, serão

verbais ou escritos; o contrato de trabalho é informal; pode alguém tornar-se empregado porque

verbalmente fez um trato nesse sentido; porque assinou um contrato escrito; pode, ainda, alguém

tornar-se empregado porque, embora nada ajustando, começou a trabalhar pra o empregador sem a

oposição deste.

38) Duração do contrato: o empregado, quando admitido de forma expressa, o será por prazp

indeterminado ou determinado (CLT, art. 443); silenciando-se as partes sobre o prazo, o contrato será

por prazo indeterminado; a CLT permite contratos a prazo, em se tratando de atividades de caráter transitório, de serviço cuja natureza ou transitoriedade o justifique e em se tratando de contratos de

experiência.

39) Contrato de experiência: denomina-se assim, aquele destinado a permitir que o empregador, durante um certo tempo, verifique as aptidões do empregado, tendo em vista a sua contratação por prazo indeterminado.

40) Carteira de trabalho e previdência social (CTPS): sua natureza é de prova do contrato de

trabalho; tanto nas relações de emprego verbalmente ajustadas como naquelas em que há contrato

escrito, haverá, além do contrato com as cláusulas combinadas, a carteira; quanto a sua

obrigatoriedade, nenhum empregado pode ser admitido sem apresentar a carteira, e o empregador tem

o prazo legal de 48 horas para as anotações, devolvendo-a em seguida ao empregado (CLT, art. 29); as

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anotações efetuadas na carteira geram presunção relativa quanto à existência da relação de emprego; serão efetuadas pelo empregador, salvo as referentes a dependentes do portador para fins

previdenciários, que serão feitas pelo INSS, bem como as de acidentes de trabalho (arts. 20 e 30, CLT).

41) Registro: a lei obriga o empregador a efetuar o registro de todo empregado em fichas, livros ou

sistema eletrônico (CLT, art. 41); tem a natureza de prova do contrato, é documento do empregador, prestando-se para esclarecimentos solicitados pela fiscalização trabalhista da DRT.

42) Capacidade do empregado e nulidade do contrato: pode contratar emprego toda pessoa; os

menores de 18 anos dependem de autorização do pai ou responsável legal (CLT, art. 402), visto que

depende dele para obter a carteira profissional; a CLT, proíbe o trabalho do menor de 12 anos, a CF/88, elevou essa idade para 14, salvo em se tratando de aprendiz; mesmo quando o contrato é nulo, por ser o agente incapaz, os direitos trabalhistas são assegurados ao trabalhador.

Alteração nas Condições de Trabalho

43) Princípio legal da imodificabilidade: nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração

das respectivas condições por mútuo consentimento e, ainda assim, desde que não resultem, direta ou

indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia

(art. 468, CLT).

44) Princípio doutrinário do Jus variandi: é o direito do empregador, em casos excepcionais, de

alterar, por inposição e unilateralmente, as condições de trabalho dos seus empregados; fundamenta

alterações relativas à função, ao salário e ao local da prestação de serviços.

Suspensão e Interrupção do Contrato

45) Suspensão do contrato de trabalho: é a paralização temporária dos seus principais efeitos.

46) Interrupção do contrato de trabalho: é a paralização durante a qual a empresa paga salários e

conta o tempo de serviço do empregado.

47) Contratos a prazo: há divergência quanto aos critérios que devem prevalecer neles; para uma

teoria, a suspensão e a interrupção deslocam o termo final do contrato; retornando ao emprego, o

trabalhador teria o direito de completar o tempo que restava do seu afastamento; a CLT (art. 472, § 2º) deixou à esfera do ajuste entre as partes os efeitos dos afastamentos nos contratos a prazo; se

ajustarem, o termo final será deslocado; não havendo o acordo, mesmo suspenso o trabalho, terminada

a duração do contrato previamente fixada pelas partes, ele estará extinto, apesar da suspensão ou

interrupção.

48) Dispensa do empregado: o empregado pode ser sempre dispensado, com ou sem justa causa; há

divergências quanto à possibilidade de dispensa do empregado cujo contrato está suspenso ou

interrompido; a lei nada esclarece, assim, não a vedando; porém, o empregado não poder ser prejudicado; a partir do retorno, teria direito, mantido o contrato, interrompido ou suspenso, às

vantagens, especialmente reajustamentos salariais, que se positivarem durante o afastamento; nesse

caso, ressalvados os prejuízos, a dispensa pode ocorrer.

49) Faltas ao serviço: justificadas são as faltas que o empregado pode dar, sem prejuízo da

remuneração e dos demais direitos; são justificadas as faltas dispostas no art. 473, da CLT; se é

justificada, o empregado receberá a remuneração do dia, ou dos dias, bem como a remuneração do

repouso semanal, não sofrendo, igualmente, qualquer desconto de dias de duração de férias; se. no

entanto, é injustificada, todas as conseqüências acima mencionadas ocorrerão legalmente.

Transferência de Empregado

50) Conceito legal de transferência: a CLT (art. 469) considera transferência a ato pelo qual o

empregado passa a trabalhar em outra localidade, diferente da que resultar do contrato, desde que

importar em mudança do seu domicílio.

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51) Transferências lícitas: é lícita a transferência do empregado, com a sua anuência (CLT, art. 469); a concordância do empregado é que legitimará a transferência; sem sua anuência é lícita a

transferência em caso de necessidade de serviço, mediante o pagamento de adicional de transferência

de 25%, e ocorrendo a extinção do estabelecimento em que trabalhar o empregado.

52) Empregados intransferíveis: a CLT (art. 543) impede a transferência de empregados eleitos para

cargo de administração sindical ou de representação profissional para localidades que impeçam o

desempenho dessas atribuições; a CLT (art. 659, IX) prevê a concessão de medidas liminares pelos

juízes do trabalho, sustando transferências ilícitas.

53) Efeitos econômicos da transferência: as despesas relativas à ela, correrão por conta do

empregador (art. 470).

Jornada de Trabalho

54) Conceito: a jornada normal de trabalho será o espaço de tempo durante o qual o empregado

deverá prestar serviço ou permanecer à disposição do empregador, com habitualidade, excetuadas as

horas extras; nos termos da CF, art. 7º, XIII, sua duração deverá ser de até 8 horas diárias, e 44

semanais; no caso de empregados que trabalhem em turnos ininterruptos de revezamento, a jornada

deverá ser de 6 horas, no caso de turnos que se sucedem, substituindo-se sempre no mesmo ponto de

trabalho, salvo negociação coletiva.

55) Redução legal da jornada: poderá ser feita pelas partes, de comum acordo, por convenção

coletiva e pela lei.

56) Classificação da jornada de trabalho: 1) quanto à duração: é ordinária ou normal (que se

desenvolve dentro dos limites estabelecidos pelas normas jurídicas); é extraordinária ou suplementar (que ultrapassam os limites normais); limitada (quando há termo final para sua prestação); ilimitada

(quando a lei não fixa um termo final); contínua (quando corrida, sem intervalos); descontínua (se tem

intervalos); intermitente (quando com sucessivas paralisações); 2) quanto ao período: diurna (entre 5 e

22 horas); noturna (entre 22 horas de um dia e 5 do outro); mista (quando transcorre tanto no período

diurno como noturno); em revezamento (semanal ou quinzenal, quando num periodo há trabalho de dia, em outro à noite); 3) quanto à condição pessoal do trabalhador: será jornada de mulheres, de homens, de menores, de adultos; 4) quanto à profissão: há jornada geral, de todo empregado, e jornadas

especiais para ferroviários, médicos, telefonistas, etc.; 5) quanto à remuneração: a jornada é com ou

sem acréscimo salarial; 6) quanto à rigidez do horário: há jornadas inflexíveis e flexíveis; estas últimas

não são previstas pela lei brasileira; porém a lei não impede que sejam praticadas; são jornadas nas

quais os empregados não tem horário fixo para iniciar ou terminar o trabalho.

57) horas extras: horas extras são aquelas que ultrapassam a jornada normal fixada por lei, convenção

coletiva, sentença normativa ou contrato individual de trabalho.

Acordo de Prorrogação de Horas

58) Conceito: significa, em primeiro lugar, o ajuste de vontade entre empregado e empregador, tendo

por fim legitimar a prorrogação da jornada normal; em segundo lugar, significa, o documento escrito no

qual se materializa a vontade das partes, para o fim acima mencionado.

59) Forma: a forma jurídica do acordo é escrita, e se individual basta um documento assinado pelo

empregado expressando a sua concordância em fazer horas extras; em se tratando de ajustes entre

sindicatos, empresas, a forma será a convenção coletiva ou o acordo coletivo.

60) Cabimento: á cabível para todo empregado, como regra geral; todavia, há exceções que devem ser respeitadas; o fundamento legal é a CLT, art. 59, que declara que a duração normal do trabalho poderá

ser acrescida de horas suplementares, em número não excedente de duas, mediante acordo escrito

entre empregador e empregado, ou mediante convenção coletiva de trabalho.

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61) Duração: o acordo é um contrato; se é a prazo (determinado), sua duração terminará com o termo

final previsto entre as partes; se sem prazo (indeterminado), sua eficácia estender-se-á durante toda a

relação de emprego.

62) Distrato: sendo de natureza contratual, pode ser desfeito pelos mesmos meios com os quais se

constituiu, ou seja, o distrato, ato bilateral e que deve ser expresso.

63) Efeitos: os efeitos do acordo são salariais, isto é, a obrigação do pagamento de adicional de horas

extras de pelo menos 50% (CF, art. 7º) e materiais, isto é, a faculdade, que dele resulta para o

empregador e a correspondente obrigação assumida pelo empregado, de ser desenvolvido o trabalho

prorrogado por até 2 horas.

64) Denúncia: é o ato pelo qual uma das partes da relação de emprego dá ciência à outra da sua

decisão de não mais continuar cumprindo os termos de uma obrigação estipulada; no caso do acordo

de prorrogação de horas extras, denúncia é a comunicação que uma das partes faz à outra, dando

ciência de que não pretende mais o prosseguimento do acordo, para o fim de limitação do trabalho às

horas normais.

65) Recusa do cumprimento do acordo pelo empregado: os efeitos da recusa o sujeitam à mesma

disciplina de todo o contrato de trabalho; com o acordo, ele obriga-se a fazê-las quando convocado.

Sistema de Compensação de Horas

66) Conceito: consiste na distribuição das horas de uma jornada por outra ou outras jornadas diárias do

quadrimestre (Lei 9601/98); com o sistema de compensação, o empregado fará até 2 horas prorrogadas

por dia. (art. 59, § 2º) A compensação de horas prevista na CLT, significa que durante o quadrimestre que servirá de

parâmetro as horas além das normais, serão remuneradas sem adicional de horas extras; completados

os 120 dias o empregador terá que fazer o levantamento do número de horas nas quais o empregado

trabalhou durante esse período; se esse número não ultrapassar o limite normal do quadrimestre, não

haverá nenhum pagamento adicional a ser efetuado; no entanto, se ultrapassar, o empregador terá que

pagar as horas excedentes com adicional; nesse caso, como haverá reflexos sobre pagamentos já

efetuados nos meses anteriores do quadrimestre, a empresa estará obrigada a, nessa ocasião, completar as diferenças.

67) Natureza das horas compensadas: são horas extraordinárias não remuneradas com adicional.

68) Forma: a CF, art. 7º, XIII, admite compensação de horas através de acordo ou convenção coletiva; a inobservância da forma escrita prejudicará a eficácia do acordo (Enunciado 85 do TST).

* os mesmos critérios adotados para o acordo de prorrogação devem ser observados no sistema de

compensaçào quanto à duração, distrato, que será bilateral, e denúncia, cabível aqui também.

69) Horas extras nos casos de força maior: força maior é o acontecimento imprevisível, inevitável, para o qual o empregador não concorreu (art. 501 da CLT); nesses casos a lei permite horas extras (art. 61 da CLT).

70) Horas extras para conclusão de serviços inadiáveis: serviços inadiáveis são os que devem ser concluídos na mesma jornada de trabalho; não podem ser terminados na jornada seguinte sem

prejuízos; basta a ocorrência do fato, o serviço inadiável, para que as horas extras possam ser exigidas

do empregado, em número máximo de até 4 por dia, remuneradas com adicional de pelo menos 50%.

71) Horas extras para a reposição de paralisações: a empresa pode sofrer paralisações decorrentes

de causas acidentais ou de força maior; o art. 61, § 3º, da CLT, autoriza a empresa, a exigir a reposição

de horas durante as quais o serviço não pode ser prestado, mediante prévia concordância da DRT e

durante o máximo de 45 dias por ano, com até 2 horas extras por dia.

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72) Excluídos da proteção legal da jornada de trabalho: nem todo o empregado é protegido pelas

normas sobre a jornada diária de trabalho; as exclusões operam-se em razão da função; são os casos

do gerente (art. 62 da CLT) e do empregado doméstico (Lei 5859/72).

73) Horas extras ilícitas: são as prestadas com violação do modelo legal; são as que lhe conferem

disciplina prejudicial (CLT, art. 9º); a ilicitude pode caracterizar-se pelo excesso da limitação das horas, pela falta de comunicação à DRT, e quando são prestadas em trabalho no qual é vedada a

prorrogação.

74) Classificação dos adicionais: classificam-se em fixos quando invariáveis; progressivos quando

variáveis de forma gradativamente crescente na medida da elevação do número de horas extras na

jornada diária; fracionáveis quando fixadas em valores que representam um fração daquele que é

previsto, como ocorre nos sistemas de sobreaviso e prontidão, do trabalho ferroviário.

75) Redução da jornada com diminuição do salário: é inquestionavelmente lícita, uma vez que a

CF/88 permite, pela negociação, a redução da jornada.

76) Intervalos: há intervalos especiais além dos gerais e intervalos interjornadas e intrajornadas; entre

2 jornadas deve haver um intervalo mínimo de 11 horas; a jurisprudência assegura o direito à

remuneração como extraordinárias das horas decorrentes da inobservância desse intervalo pela

absorção do descanso semanal, vale dizer que os empregados têm o direito às 24 horas do repouso

semanal, mais as 11 horas do intervalo entre 2 jornadas, quando o sistema de revezamento da empresa

provocar a absorção; a lei obriga o intervalo de 15 minutos quando o trabalho é prestado por mais de 4

horas e até 6 horas; será de 1 a 2 horas nas jornadas excedentes de 6 horas; eles não são computados

na duração da jornada, salvo alguns especiais.

77) Repouso semanal remunerado: é a folga a que tem direito o empregado, após determinado

número de dias ou horas de trabalho por semana, medida de caráter social, higiênico e recreativo, visando a recuperação física e mental do trabalhador; é folga paga pelo empregador; em princípio, o

período deve ser de 24 honsecutivas, que deverão coincidir, preferencialmente, no todo ou em parte, com o domingo.

Férias

78) Período: o período de férias anuais deve ser de 30 dias corridos, se o trabalhador não tiver faltado

injustificadamente, mais de 5 vezes ao serviço.

79) Período aquisitivo: admitido na empresa, o empregado precisa cumprir um período para adquirir o

direito de férias; é denominado período aquisitivo; é de 12 meses (CLT, art. 130).

80) Perda do direito: nos casos de afastamento decorrente de concessão pelo INSS de auxílio doença, previdenciário ou acidentário, o empregado perde o direito às férias quando o afastamento ultrapassar 6

meses, contínuos ou descontínuos; no afastamento de até 6 meses, o empregado terá integralmente

assegurado o direito às férias, sem nenhima redução, considerando-se que não faltou ao serviço (CLT, arts. 131 a 133); a licença por mais de 30 dias fulmina o direito; a paralisação da empresa, por mais de

30 dias, também.

81) Período concessivo: o empregador terá de conceder as férias nos 12 meses subseqüentes ao

período aquisitivo, período a que se dá nome de período concessivo; não o fazendo, sujeita-se a uma

sanção (CLT, art. 134).

82) Remuneração: será a mesma, como se estivesse em serviço, coincidindo com a do dia da

concessão, acrescida de 1/3 (CF, art. 7º, XVII).

83) Férias vencidas: são as que se referem a período aquisitivo já completado e que não foram ainda

concedidas ao empregado; “na cessação do contrato de trabalho, qualquer que seja a causa, será

devida ao empregado a remuneração simples ou em dobro, conforme o caso, correspondente ao

período de férias cujo direito tenha adquirido” (art. 146 da CLT).

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84) Férias proporcionais: se refere ao pagamento em dinheiro na cessação do contrato de trabalho, pelo período aquisitivo não completado, em decorrência da rescisão; em se tratando de empregados

com mais de 1 ano de casa, aplica-se o disposto no art. 146, § único da CLT: “na cessação do contrato

de trabalho após 12 meses de serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo com o art. 130, na

proporção de 1/12 por mês de serviço ou fração superior a 14 dias; para empregados com menso de 1

ano de casa, a norma aplicável é o art. 147 da CLT: “o empregado que for despedido sem justa causa

ou cujo contrato se extinguiu em prazo predeterminado, antes de completar 12 meses, terá direito à

remuneração relativa ao período incompleto de férias, de conformidade com o artigo anterior”. 85) Prescrição: extinto o contrato é de 2 anos o prazo para ingressar com o processo judicial, e durante

a relação de emprego é de 5 anos; a prescrição, durante o vínculo empregatício, é contada a partir do

fim do período concessivo e não do período aquisitivo.

86) Férias coletivas: podem ser concedidas a todos os trabalhadores, a determinados

estabelecimentos, ou somente a certos setores da empresa, para serem gozadas em 2 períodos anuais, nenhum deles inferior a 10 dias (CLT, arts. 134 e 135).

Salário

87) Conceito: é o conjunto de percepções econômicas devidas pelo empregador ao empregado não só

como contraprestação do trabalho, mas, também, pelos períodos em que estiver à disposição daquele

aguardando ordens, pelos descansos remunerados, pelas interrupções do contrato de trabalho ou por força de lei; não tem natureza salarial as indenizações, a participação nos lucros, os benefícios e

complementações previdenciárias e os direitos intelectuais.

88) Salário por tempo: é aquele pago em função do tempo no qual o trabalho foi prestado ou o

empregado permaneceu à disposição do empregador, ou seja, a hora, o dia, a semana, a quinzena e o

mês, excepcionalmente um tempo maior.

89) Salário por produção: é aquele calculado com base no número de unidades produzidas pelo

empregado; cada unidade é retribuída com um valor fixado pelo empregador antecipadamente; esse

valor é a tarifa; o pagamento é efetuado calculando-se o total das unidades multiplicado pela tarifa

unitária.

90) Salário por tarefa: é aquele pago com base na produção do empregado; o empregado ganha um

acréscimo no preço da tarefa ou é dispensado, quando cumpre as tarefas do dia, do restante da

jornada.

91) Meios de pagamento do salário: pode ser pago em dinheiro (é a forma normal), em cheque ou

depósito bancário e em utilidades.

92) Periodicidade do pagamento: deve ser pago em períodos máximos de 1 mês, salvo comissões, percentagens e gratificações (CLT, art. 459); a CLT fixa, como dia de pagamento, o 5º dia útil do mês

subseqüente ao do vencimento.

93) Inalterabillidade: não pode o empregador fazer alterações sem o consentimento do empregado; mesmo com a anuência do trabalhador, serão consideradas nulas, se prejudiciais.

94) Estipulação do valor: estipular o valor significa fixar a quantia a ser paga ao empregado; aplica-se

o princípio da autonomia da vontade (CLT, art. 444); o princípio sofre limitações, uma vez que há um

valor mínimo a ser fixado a há correções salariais imperativas e gerais.

95) Salário mínimo: é o menor valor da contraprestação devida e paga pelo empregador a todo

trabalhador, para que atenda às suas necessidades básicas e às de sua família com moradia, alimentação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social.

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96) Salário profissional: denomina-se assim, aquele fixado como mínimo que pode ser pago a uma

determinada profissão.

97) Piso salarial: é o valor mínimo que pode ser pago em uma categoria profissional ou a determinadas

profissões numa categoria profissional; expressa-se como um acréscimo sobre o salário mínimo; é

fixado por sentença normativa ou convenção coletiva.

98) Salário normativo: é aquele fixado em sentença normativa proferida em dissídio coletivo pelos

Tribunais do Trabalho; expressa-se como uma forma de garantir os efeitos dos reajustamentos salariais

coletivos, porque impede a admissão de empregados com salários menores que o fixado por sentença. 99) Salário de função: é aquele garantido por sentença normativa como mínimo que pode ser pago a

um empregado admitido para ocupar vaga aberta por outro empregado despedido sem justa causa.

100) Abonos: significa adiantamento em dinheiro, antecipação salarial pagos pelo empregador; integram o salário (art. 457, § 1º, da CLT).

101) Adicionais: adicional é um acréscimo salarial que tem como causa o trabalho em condições mais

gravosas para quem o presta; em nosso direito, são compulsórios os adicionais por horas extras (art. 59, CLT), por serviços noturnos (73), insalubres (192), perigosos (193, § 1º) e, ainda, por transferência

de local de serviço (469, § 3º); salvo os adicionais de insalubridade e periculosidade entre si, os demais, bem como estes, são cumuláveis.

102) Comissões: é uma retribuição com base em percentuais sobre os negócios que o vendedor efetua, ou seja, o salário por comissão.

103) Gratificações: são somas em dinheiro de tipo variável, outorgadas voluntariamente pelo patrão

aos seus empregados, a título de prêmio ou incentivo, para lograr a maior dedicação e perserverança

destes.

104) Décimo terceiro salário: é uma gratificação compulsória por força de lei e tem natureza salarial; foi criado pela Lei 4090/62, como um pagamento a ser efetuado no mês de dezembro e no valor de uma

remuneração mensal; para o empregado que não trabalha todo o ano, seu valor é proporcional aos

meses de serviço, na ordem de 1/12 por mês, considerando-se a fração igual ou superior a 15 dias

como mês inteiro, desprezando-se a fraçã menor; a lei 4749/65 desdobrou em 2 seu pagamento; a 1ª

metade é paga entre os meses 02 e 11, a 2ª até 20/12.

105) Gorjeta: consiste na entrega de dinheiro, pelo cliente de uma empresa, ao empregado desta que o

serviu, como testemunho da satisfação pelo tratamente recebido.

106) Prêmios: prêmio é um salário vinculado a fatores de ordem pessoal do trabalhador, como a

produção, a eficiência, etc.; não pode ser forma única de pagamento; caracteriza-se pelo seu aspecto

condicional; uma vez verificada a condição de que resulta, deve ser pago.

107) Equiparação salarial: o princípio da igualdade salarial é enunciado com o direito assegurado aos

trabalhadores de receberem o mesmo salário desde que prestem serviços considerados de igual valor e

segundo os requisitos exigidos pelo direito interno de cada país; é garantido pela CF (art. 7º, XXX) e

disciplinado pela CLT (art. 461), que exige os seguintes requisitos para a equiparação salarial: a) trabalho para o mesmo empregador; b) na mesma localidade; c) entre empregados da mesma função; d) com diferença de tempo de função não superior a 2 anos; e) que exerçam o trabalho com a mesma

produtividade; f) que tenham a m esma perfeição técnica.

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)

108) Conceito: é uma conta bancária, que o trabalhador pode utilizar nas ocasiões previstas em lei, formada por depósitos efetuados pelo empregador; foi instituído com alternativa para o direito de

indenização e de estabilidade para o empregado e como poupança compulsória a ser formada pelo

trabalhador da qual pode valer-se nos casos previstos; o empregado tem direito, quando é despedido

sem justa causa ou dá por rescindido o contrato em decorrência de justa causa do empregador, faz jus

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a uma indenização de dispensa, além de efetuar o levantamento dos depósitos recolhidos pelo

empregador; a indenização corresponderá a um acréscimo de 40% do valor dos referidos depósitos.

109) Características gerais: todo empregador é obrigado a efetuar mensalmente depósito no valor de

8% dos salários que paga aos empregados; incide sobre todos os salários recebidos pelo empregado, incluindo o 13º, horas extras, gratificações e prêmios, habituais ou não; os valores do FGTS que

favorecem o empregado despedido atuam mesmo no sentido da indenização de dispensa; porém, o

empregado pode obter os mesmos recursos de modo desvinculado à dispensa, caso em que estará

usando um pecúlio, como na construção de moradia; os recolhimentos do empregador são

compulsórios e se caracterizam como uma obrigação muito próxima à parafiscal; tem natureza jurídica

múltipla diante dos diferentes ângulos da sua estrutura.

110) Levantamento dos depósitos: poderá ser levantado nos seguintes casos: por falecimento; doença grave; despedida imotivada; extinção do contrato de trabalho por tempo determinado; aposentadoria; como pagamento de prestações da casa própria, liquidação ou amortização de saldo

devedor de financiamento imobiliário, ou ainda, pagamento total ou parcial do preço de aquisição de

moradia própria, conforme normas do SFH; culpa recíproca ou força maior; fechamento de

estabelecimento; falta de depósitos por 3 anos ininterruptos; suspensão do contrato de trabalho do

avulso por mais de 90 dias.

Segurança e Higiene do Trabalho

111) Segurança do trabalho: é o conjunto de medidas que versam sobre condições específicas de

instalação do estabelecimento e de suas máquinas, visando à garantia do trabalhador contra natural exposição as riscos inerentes à prática da atividade profissional.

112) Higiene do trabalho: é uma parte da medicina do trabalho, restrita às medidas preventivas, enquanto a medicina abrange as providências curativas; é a aplicação dos sistemas e princípios que a

medicina estabelece para proteger o trabalhador, prevendo ativamente os perigos que, para a saúde

física ou psíquica, se originam do trabalho; a eliminação dos agentes nocivos em relação ao trabalhador constitui o objeto principal da higiene laboral.

113) Obrigações da empresa: cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do

trabalho; instruir os empregados, por meio de ordens de serviço, relativamente às precauções a

tomarem no sentido de evitar acidentes de trabalho e doenças ocupacionais; adotar as medidas

determinadas pelo órgão regional competente; facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade

competente.

114) Obrigações do empregado: observas as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive

quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais e

colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos legais envolvendo segurança e medicina do

trabalho.

115) Insalubridade: são consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua

natureza, condição ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de

exposição aos seus efeitos (art. 189 da CLT); o exercício do trabalho em condições insalubres assegura

ao trabalhador o direito ao adicional de insalubridade, que será de 40, 20 ou 10%, do salário mínimo

regional.

116) Periculosidade: são consideradas atividades ou operações perigosas aquelas que, por sua

natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com inflamáveis ou explosivos, em

condições de risco acentuado (art. 193 da CLT); o trabalho nessas condições dá o empregado o direito

ao adicional de periculosidade, cujo valor é de 30% sobre seu salário contratual.

Trabalho da Mulher e do Menor

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Page 155: ADMINISTRAÇÃO.pdf

117) Proteção do trabalho da mulher: quando não específicas, e por força de igualdade entre homens

e mulheres, constitucionalmente assegurada, as normas trabalhistas se aplicam sem distinção; quando

necessária proteção especial, assegurada poe lei extravagante, esta prevalecerá; se for menor de 18

anos, aplicam-se prioritariamente as leis de proteção aos menores de idade; é vedada a discriminação

de salário por motivo de sexo e de trabalho insalubre às mulheres, que gozam ainda, de proteção à

maternidade e à aposentadoria.

118) Licença-maternidade: é benefício de caráter previdenciário, que consiste em conceder, à mulher que deu à luz, licença remunerada de 120 dias; os salários (salário-maternidade) são pagos pelo

empregador e descontados por ele dos recolhimentos habituais devidos à Previdência.

119) Auxílio-maternidade: é a prestação única, recebida pelo segurado da Previdência, quando do

nascimento de filho (Lei 8213/91).

120) Conceito de menor: para os efeitos da CLT, menor é o trabalhador que tem idade entre 12 e 18

anos.

121) Admissão do menor: a CF estipula que o trabalhador tem de ter, no mínimo, 14 anos, para

admissão ao trabalho (salvo na condiçào de aprendiz); o menor será considerado capaz para os atos

trbalhistas a partir do 18 anos; para ser contratado, deverá ter mais de 16, mas só poderá fazê-lo, antes

dos 18, mediante consentimento paterno.

Trabalho Rural

122) Conceito: é a atividade econômica de cultura agrícola, pecuária, reflorestamento e corte de

madeira; nele se inclui o primeiro tratamento dos produtos agrários in natura sem transformação de sua

natureza, tais como o beneficiamento, a primeira modificação e o preparo dos produtos agropecuários e

hortifrutigranjeiros e das matérias-primas de origem animal ou vegetal para posterior venda ou

industrialização e o aproveitamento dos seus produtos oriundos das operações de preparo e

modificação dos produtos in natura acima referidos.

123) Trabalhador rural: é toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste, mediante salário.

124) Empregador rural: é a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explora atividade

agroeconômica, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou através de prepostos e com

auxílio de empregados; equipara-se a empregador rural aquele que executar serviços de natureza

agrária mediante utilização do trabalho de outrem, como o empreiteiro e o subempreiteiro.

Extinção do Contrato de Trabalho

125) Formas: a) por decisão do empregador: dispensa do empregado; b) por decisão do empregado: demissão, dispensa indireta e aposentadoria; c) por iniciativa de ambos: acordo; d) por desaparecimento dos sujeitos: morte do empregado, morte do empregador pessoa física e extinção da

empresa; e) do contrato a prazo pelo decurso do prazo fixado ou por dispensa do empregado no curso

do vínculo jurídico.

126) Dispensa do empregado: é o ato pelo qual o empregador põe fim à relação jurídica; quanto à sua

natureza, é forma de extinção dos contratos de trabalho; sua função é desconstutiva do vínculo jurídico; é um ato receptício porque deve ser concedido pelo empregado.

127) Dispensa com ou sem justa causa: é aquela fundada em causa pertinente à esfera do

trabalhador, quase sempre uma ação ou omissão passível de comprometer a disciplina.

128) Dispensa obstativa: é destinada a impedir ou fraudar a aquisição de um direito que se realizaria

caso o empregado permanecesse no serviço, como as dispensas que antecedem um reajustamento

salarial.

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129) Dispensa indireta: é a ruptura do contrato de trabalho pelo empregado diante de justa causa do

empregador.

130) Dispensa coletiva: é a de mais de um empregado, por um único motivo igual para todos, quase

sempre razões de ordem objetiva da empresa, como problemas econômicos, financeiros e técnicos.

131) Estabilidade: é o direito do trabalhador de permanecer no emprego, mesmo contra a vontade do

empregador, enquanto inexistir uma causa relevante expressa em lei e que permita a sua dispensa; é a

garantia de ficar no emprego, perdendo-o unicamente se houver uma causa que justifique a dispensa

indicada pela lei; classifica-se em geral e especial; a geral só pode resultar de negociação coletiva; a CF

faculta a dispensa mediante pagamento de indenização (multa de 40%); a especial é a que perdura

enquanto existir a causa em razão da qual foi instituída, que coincide com uma condição especial do

empregado.

Dispensa Arbitrária ou Sem Justa Causa

132) Dispensa arbitrária e justa causa: são qualificações diferentes; enquanto a dispensa arbitrária é

qualificação do ato praticado pelo empregador, justa causa, ao contrário, o é da ação ou omissão do

trabalhador; a arbitrariedade é daquele; a justa causa é deste.

133) Justa causa: considera-se justa causa o comportamento culposo do trabalhador que, pela sua

gravidade e conseqüências, torne imediata e praticamente impossível a subsistência da relação de

trabalho.

134) Estrutura da justa causa: o elemento subjetivo é a culpa do empregado, já que não será

admissível responsabilizá-lo como o ônus que suporta se não agiu com imprevisão ou dolo; os

requisitos objetivos são a gravidade do comportamento; porque não há justa causa se a ação ou a

omissão não representem nada; o imediatismo da rescisão; a casualidade, que é o nexo de causa e

efeito entre a justa causa e a dispensa; e a singularidade, para significar que é vedada a dupla punição

pela mesma justa causa; há justa causa decorrente de ato instantâneo e de ato habitual.

135) Forma da dispensa: sua comunicação não é revestida de forma prevista em lei; pode ser meramente verbal; há convenções coletivas e sentenças normativas prevendo carta de dispensa; da

CTPS constará apenas a baixa, e não o motivo da extinção do contrato.

136) Local do ato: quanto ao local da sua prática, a justa causa ocorrerá no estabelecimento ou fora

dele.

137) Prazo para despedir: não há prazo para que o empregador despeça, mas há a exigência já

mencionada da imediação; entre a dispensa e a justa causa deve haver uma proximidade de tempo.

138) Culpa recíproca: designa a dispensa de iniciativa do empregador, verificando-se em juízo que

houve justa causa dos 2 sujeitos do contrato.

139) Dano moral: se o empregado sofrer dano moral, pode pleitear em juízo, o ressarcimento através

de uma indenização cujo valor será, em cada caso, arbitrado pelo juiz.

Figuras da Justa Causa (CLT, art. 482)

140) Improibidade: é o ato lesivo contra o patrimônio da empresa, ou de terceiro, relacionado com o

trabalho; ex: furto, roubo, falsificação de documentos, etc.

141) Incontinência de conduta: traduz-se pelo comportamento irregular do empregado, incompatível com a moral sexual; é apenas ato de natureza sexual.

142) Mau procedimento: é o comportamento irregular do empregado, incompatível com as normas

exigidas pelo senso comum do homem médio; é qualquer ato infrigente da norma ética.

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143) Negociação habitual: é o ato de concorrência desleal ao empregador ou o inadequado exercício

paralelo do comércio a sua causa.

144) Condenação criminal sem sursis: quando ao réu não é concedido o sursis, em virtude do

cumprimento da pena privativa da sua liberdade de locomoção, não poderá continuar no emprego, podendo ser despedido, por justa causa.

145) Desídia: desempenhar as funções com desídia é fazê-lo com negligência.

146) Embriaguez: é justa causa para o despedimento; configura-se em 2 formas; pela embriaguez

habitual, fora do serviço e na vida privada do empregado, mas desde que transpareçam no ambiente de

trabalho os efeitos da ebriedade; pela embriaguez no serviço, instantânea e que se consuma num só

ato, mediante a sua simples apresentação no local de trabalho em estado de embriaguez.

147) Violação de segredo: é a divulgação não autorizada das patentes de invenção, métodos de

execução, fórmulas, escrita comercial e, enfim, de todo fato, ato ou coisa que, de uso ou conhecimento

exclusivo da empresa, não possa ou não deva ser tornado público, sob pena de causar prejuízo remoto, provável ou imediato à empresa.

148) Indisciplina: é o descumprimento de ordens gerais de serviço; é a desobediência às

determinações contidas em circulares, portarias, instruções gerais da empresa, escritas ou verbais.

149) Insubordinação: é o descumprimento de ordens pessoais de serviço; a norma infringida não tem

caráter de generalidade mas sim de pessoalidade.

150) Abandono de emprego: configura-se mediante a ausência continuada do empregado com o

ânimo de não mais trabalhar.

151) Ato lesivo à honra e a boa fama: é a ofensa à honra, do empregador ou terceiro, nesse caso

relacionada com o serviço, mediante injúria, calúnia ou difamação.

152) Ofensa física: é a agressão, tentada ou consumada, contra o superior hierárquico, empregadores, colegas ou terceiros, no local de trabalho ou em estreita relação com o serviço.

Extinção por decisão do Empregado

153) Demissão: é a comunicação do empregado ao empregador de que não pretende mais dar continuidade ao contrato de trabalho; não tem forma prevista em lei, mas segundo a praxe é escrita; tem de ser feita com uma certa antecedência (CLT, art. 487); a falta de aviso prévio do empregado que

pede demissão autoriza o empregador a reter o saldo de salário, se o tiver.

154) Dispensa indireta: é a rescisão do contrato por decisão do empregado tendo em vista justa causa

que o atingiu praticada pelo empregador (483); impõe-se a imediata ruptura do vínculo, o que equivale à

necessidade de cessar o trabalho por ato do empregado; a CLT não prevê forma para esse ato.

155) Aposentadoria espontânea: com a aposentadoria cessa o contrato de trabalho; inicia-se um novo

vínculo jurídico entre as mesmas partes; a CLT (453) impede a soma do tempo de serviço do

aposentado que volta a trabalhar para o mesmo empregador; o empregado pode aguardar no serviço o

desfecho de seu requerimento ao INSS.

156) Extinção por iniciativa de ambos (acordo):modo de extinção que resulta da livre disposição dos

interessados e desde que seja o desejo de ambos; não existe a obrigação de pagar indenização; nenhuma empresa será obrigada a fazer acordo com o empregado.

157) Extinção dos contratos a prazo: é a extinção pelo cumprimento do prazo; nesse caso, o

empregado terá direito ao saldo de salário, 13º vencido ou proporcional, férias vencidas ou

proporcionais e saque dos depósito do FGTS; a indenização será fixada no acordo ou convenção

coletiva que autorize esse tipo de contratação; o aviso prévio e os 40% do FGTS, são indevidos.

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Page 158: ADMINISTRAÇÃO.pdf

158) Rescisão do contrato: é a dispensa do empregado antes do termo final, com ou sem justa causa, ou pedido de demissão.

159) Homologação: é a assistência prestada ao trabalhador, pelo MT ou pelos sindicatos, para que

sejam conferidos os valores e títulos pagos; é obrigatória a homologação de pagamentos a empregados

com mais de um ano de casa; se o tempo é inferior, vale, com a mesma ressalva, recibo elaborado pela

empresa.

160) Prazos: os pagamentos decorrentes da rescisão devem ser pagos (447, § 6º), até o primeiro dia

útil imediato ao término do contrato ou até o décimo dia, contado da data da notificação, da demissão, quando da ausência do aviso prévio, indenização do mesmo ou dispensa do seu cumprimento; havendo

atraso no prazo de homologação o empregador sujeita-se ao pagamento de multa.

Aviso Prévio

161) Conceito: é a comunicação da rescisão do contrato de trabalho pela parte que decide extingui-lo, com a antecedência a que estiver obrigada e com o dever de manter o contrato após essa comunicação

até o decurso do prazo nela previsto, sob pena de pagamento de uma quantia substitutiva, o caso de

ruptura do contrato.

162) Cabimento: relaciona-se com o tipo de contrato e com a existência ou não de justa causa; a CLT

o exige nos contratos por prazo indeterminado; nos de prazo determinado é inexigível; é cabível apenas

na dispensa sem justa causa e no pedido de demissão; cabível será na dispensa indireta (487, § 4º) e

quando a rescisão se opera em decorrência de culpa recíproca (TST, Enunciado nº 14).

163) Efeitos: sua concessão, produz como principal efeito a projeção do contrato de trabalho pelo

tempo correspondente ao seu período; da não concessão resultam efeitos sobre as partes; se é do

empregado que se omitiu, o empregador terá o direito de reter o saldo do seu salário (487, § 2º) no

valor correspondente ao número de dias do aviso prévio não concedido; se é do empregador, terá de

pagar os salários dos dias referentes ao tempo entre o aviso que devia ser dado e o fim do contrato (§

1º); a natural extinção do contrato após o decurso do prazo, ressalvado às partes de comum acordo

reconsiderá-lo, caso em que o contrato terá seu curso normal (489); haverá redução da jornada de

trabalho, que será de 2 horas diárias ou em dias corridos (7, CLT, 488, § único); a duração é

proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 30 dias; a proporção é matéria de lei ordinária.

3ª Parte

DIREITO COLETIVO E RELAÇÕES COLETIVAS DE TRABALHO

Relações de Trabalho

1) Relações individuais e coletivas de trabalho: individuais são as que se constituem no âmbito do

contrato individual de trabalho, tendo como sujeitos o empregado e o empregador, singularmente

considerados e como objeto interesses individuais de ambos no desenvolvimento do vínculo do trabalho

do qual são sujeitos; a razão de ser das relações coletivas está na necessidade de união dos

trabalhadores para que possam se defender, em conjunto, suas reivindicações perante o poder econômico, defende os interesses comuns.

2) Sujeitos das relações coletivas: o sujeito é o grupo, constituído de pessoas abstratamente

consideradas; será uma categoria profissional se constituída de trabalhadores e categoria econômica se

de empregadores.

3) Coalizão: é a união não contínua; não é permanente; constitui-se e se desfaz; surgiu para um

evento, um acontecimento.

4) Poder normativo dos grupos: é o poder de criar normas e condições de trabalho que serão

obrigatórias em todo o grupo; trata-se de um procedimento de auto-elaboração normativa; revela a

158

Page 159: ADMINISTRAÇÃO.pdf

importância da relações coletivas de trabalho, desempenhando um papel instrumental, contratual, coletivo do grupo, vinculando os sujeitos coletivos pactuantes.

Direito Sindical

5) Conceito: é o ramo do direito do trabalho que tem por objetivo o estudo das relações coletivas de

trabalho, e estas são as relações jurídicas que têm como sujeitos grupos de pessoas e como objeto

interesses coletivos.

6) Âmbito do direito sindical: compõe-se de 4 partes: organização sindical; representação dos

trabalhadores na empresa; conflitos coletivos de trabalho, formas de composição e greve; convenções

coletivas de trabalho; na primeira estuda-se a estrutura sindical do País; na segunda são examinadas

as relações coletivas de trabalho na empresa, sindicais, não sindicais e mistas; na terceira é feito o

estudo dos conflitos de interesses entre os trabalhadores como grupo e os empregadores; na quarta dá- se relevância às convenções coletivas de trabalho que se projetarão sobre os contratos individuais.

Organização Sindical

7) Modelo sindical brasileiro: com a CF/88, mostra-se com aspectos de autonomia, na medida em

que compete aos trabalhadores ou empregadores definir as respectivas bases territoriais; é vedado ao

Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical, não podendo a lei exigir prévia

autorização do Estado para a fundação de sindicatos.

8) Categoria profissional: é o conjunto de empregados que, em razão do exercício de uma dada

atividade laboral, possuem interesses jurídicos e econômicos próprios e coincidentes.

9) Categoria profissional diferenciada: é aquela formada por empregados que exercem funções ou

têm profissões regulamentadas por estatuto profissional próprio, ou têm condições de vida similares, devidas ao trabalho ou à profissão em comum, em situação de emprego na mesma atividade

econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, que os distinga, social ou

profissionalmente, dos demais trabalhadores.

10) Dissociação de categorias: não poderá haver na mesma base territorial, mais de um sindicato da

mesma categoria; é o princípio do sindicato único; a unidade de representação é imposta por lei; o

sistema do sindicato único é flexibilizado pela lei, através da dissociação ou desdobramento de

categorias ecléticas, ou pela descentralização de bases territoriais.

11) Entidades de grau superior: há federações e confederações (CLT, arts. 533 a 536); as primeiras

situam-se como órgãos também por categorias, superpondo-se aos sindicatos; as confederações

posicionam-se acima das federações e em nível nacional.

12) Membros da categoria e sócios do sindicato: a CLT (art. 544) dispõe que é livre a sindicalização, com o que há diferença entre ser membro de uma categoria, situação automática que resulta do simples

exercício de um emprego, e ser sócio do sindicato único da categoria, situação que resulta de ato de

vontade do trabalhador.

Sindicato

13) Conceito: é a associação de membros de uma profissão, ou de empregadores, destinados a

defender seus interesses econômicos e laborais comuns, e assegurar a representação e a defesa dos

associados em juízo; sua característica principal é ser uma organização de um grupo existente na

sociedade; são considerados pessoas jurídicas de direito privado.

14) Diretoria: é órgão colegiado, constituído por um presidente e outros membros, a quem incumbe, no

plano interno, a organização e a administração do sindicato, e, no plano externo, a representação e a

defesa da entidade perante o Poder Público e as empresas.

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Page 160: ADMINISTRAÇÃO.pdf

15) Assembléia: é o órgão encarregado de formular as decisões e reinvidicações da categoria

representada pelo sindicato, tais como, eleições sindicais, pauta de reivindicaç~es nas negociações

coletivas, greve, etc.

16) Conselho fiscal: é o órgão colegiado que tem por finalidade o exame e a aprovação (ou rejeição) das contas da Diretoria e dos demais atos pertinentes à gestão financeira do sindicato.

17) Funções: representa os interesses gerais da categoria e os interesses individuais dos associados

relativos ao trabalho (art. 513, a); desenvolve negociações com os sindicatos patronais e as empresas

destinadas à composição dos conflitos (611 e 513, b); está autorizado a arrecadar contribuições para o

custeio de suas atividades e execução de programas de interesse das categorias (CF, art. 8º, IV); presta assistência de natureza jurídica (477); demanda em juízo na defesa de interesse próprio (872).

Conflitos Coletivos do Trabalho

18) Conceito: dá-se quando uma reivindicação do grupo de trabalhadores é resistida pelo grupo de

empregadores contra qual é dirigida; são de 2 espécies: individuais e coletivos; os primeiros ocorrem

entre um trabalhador ou diversos individualmente considerados e o empregador, com base no contrato

individual do trabalho; são coletivos quando, em razão dos seus sujeitos, que serão grupos de

trabalhadores um lado, e o grupo de empregadores de outro lado, objetivarem matéria de ordem geral.

19) Conflitos econômicos e jurídicos: econômicos ou de interesse, são os conflitos nos quais os

trabalhadores reivindicam novas e melhores condições de trabalho; jurídicos são os que a divergência

reside na aplicação ou interpretação de uma norma jurídica; nos primeiros a finalidade é a obtenção de

uma norma jurídica; nos segundos a finalidade é a declaração sobre o sentido de uma norma já

existente ou a execução de uma norma que o empregador não cumpre.

20) Autocomposição: há quando os conflitos coletivos são solucionados diretamente pelas próprias

partes; as formas autocompositivas são as convenções coletivas e os acordos coletivos, acompanhados

ou não de mediação.

21) Heterocomposição: há, quando, não sendo resolvidos pelas partes, o são por um órgão ou uma

pessoa suprapartes; as formas heterocompositivas são a arbitragem e a jurisdição do Estado.

22) Negociação coletiva: é a negociação destinada à formação consensual de normas e condições de

trabalho que serão aplicadas a um grupo de trabalhadores e empregadores; visa suprir a insuficiência

do contrato individual; cumpre uma principal função que é normativa, assim entendida a criação de

normas que seão aplicadas à relações individuais desenvolvidas no âmbito de sua esfera de aplicação; cumpre também, função de caráter obrigatório, pois ela pode servir, como serve, para criar obrigações e

direitos entre os próprios sujeitos estipulantes, sem nenhum reflexo sobre as relações individuais de

trabalho.

23) Convenções coletivas: trata-se de um acordo entre sindicato de empregados e sindicato de

empregadores; resulta da autonomia da vontade de ambas as partes; surge como resultado de um

ajuste bilateral e só se perfaz caso os 2 contratantes combinem suas vontades; sua previsão legal esta

na CF/88, art. 8º, VI, e na CLT, art. 611.

24) Acordos coletivos: são ajustes entre o sindicato dos trabalhadores e uma ou mais empresas; aplicam-se só a empresa estipulante; é destinado a matéria mais específica; destina-se a resolver problemas na empresa; os entendimentos são feitos diretos com o empregador.

25) Contrato coletivo de trabalho: é a ampliação dos níveis de negociação para permitir estipulações

diretas entre as entidades representativas de segundo grau; seu âmbito não é delimitado; é negociado

pelas cúpulas sindicais e empresariais; é um instrumento normativo negociado; por exemplo, uma

empresa com diversos estabelecimentos localizados em Municípios diferentes que têm sindicatos

diferentes, não terá de fazer um acordo coletivo com cada sindicato; poderá desenvolver uma só

negociação, direta com entidade sindical de grau superior, visando um instrumento normativo

abrangente a todos os Municípios.

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26) Conteúdo obrigacional e conteúdo normativo da convenção coletiva: o conteúdo obrigacional é

constituído das cláusulas que tratam de matérias que envolvam os sindicatos pactuantes e o normativo

envolve matéria que atinge os representados pelo sindicato; assim, uma cláusula prevendo uma multa

sobre o sindicato que descumprir a convenção tem caráter obrigacional; já uma cláusula que assegura

um aumento salarial para toda a categoria tem natureza normativa.

Greve

27) Conceito: é a suspensão temporária do trabalho; é um ato formal condicionado à aprovação do

sindicato mediante assembléia; é uma paralisação dos serviços que tem como causa o interesse dos

trabalhadores; é um movimento que tem por finalidade a reivindicação e a obtenção de melhores

condições de trabalho ou o cumprimento das obrigações assumidas pelo empregador em decorrência

das normas jurídicas ou do próprio contrato de trabalho, definidas expressamente mediante indicação

formulada pelos empregados ao empregador, para que não haja dúvidas sobre a natureza dessas

reivindicações.

28) Natureza jurídica e fundamentos: como direito, funda-se no princípio da liberdade de trabalho; quanto ao direito positivo, sua natureza é apreciada sob 2 ângulos, nos países em que é autorizada, é

um direito ou uma liberdade; nos países que a proíbem; é tida como um delito, uma infração penal; quanto aos seus efeitos sobre o contrato de trabalho, a greve é uma suspensão ou interrupção do

contrato de trabalho, não é uma forma de extinção.

29) Boicotagem: significa fazer oposição, obstrução ao negócio de uma pessoa, falta de cooperação.

30) Sabotagem: é a destruição ou inutilização de máquinas ou mercadorias pelos trabalhadores, como

protesto violento contra o empregador, danificando bens da sua propriedade.

31) Piquetes: são uma forma de pressão dos trabalhadores para completar a greve sob a forma de

tentativa de dissuadir os recalcitrantes que persistirem em continuas trabalhando.

32) Procedimento da greve: a) fase preparatória: prévia a deflagração; é obrigatória a tentativa de

negociação, uma vez que a lei não autoriza o início da paralisação a não ser depois de frustrada a

negociação; b) assembléia sindical: será entre os trabalhadores interessados, que constituirão uma

comissão para representá-los, inclusive, se for o caso, perante à Justiça do Trabalho; c) aviso prévio: não é lícita a greve-surpresa; o empregadpr tem o direito de saber antecipadamente sobre a futura

paralisação.

33) Garantias dos grevistas: o emprego de meios pacíficos tendentes a persuadir os trabalhadores a

aderirem à greve; arrecadaçã de fundos e a livre negociaçã do movimento; é vedado à empresa adotar meios para forçar o empregado ao comparecimento ao trabalho; os grevistas não podem proibir o

acesso ao trabalho daqueles que quiserem fazê-lo; é vedada a rescisão do contrato durante a greve

não abusiva, bem como a contratação de substitutos; os salários e obrigações trabalhistas serào

regulados por acordo com o empregador.

34) “Locaute”: é a paralisação das atividades pelo empregador para frustrar negociação coletiva, ou

dificultar o atendimento das reivindicações dos trabalhadores, é vedado (art. 17) e os salários, durante

ele, são devidos.

4ª Parte

DIREITO PÚBLICO DO TRABALHO

1) Direito processual do trabalho: destina-se ao estudo da Justiça do Trabalho e dos dissídios

individuais e coletivos que nela se processam, para a solução jurisdicional dos conflitos trabalhistas.

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2) Direito administrativo do trabalho: disciplina as relações jurídicas mantidas entre o empregador e a

administração e o trabalhador e a administração, destacando-se a fiscalização trabalhista nas

empresas.

3) Direito penal do trabalho: estudas as infrações penais em razão das relações de trabalho, sua

caracterização e as sanções previstas pelas normas jurídicas.

4) Direito de seguridade social: tem por fim o estudo dos benefícios, dos beneficiários, do custeio da

previdência social e dos acidentes de trabalho.

Organização da Justiça do Trabalho

5) Juntas de Conciliação e Julgamento: composto de um juiz presidente, bacharel em Direito, nomeado por concurso de títulos e conhecimentos e por 2 vogais, um representante dos empregados e

outro dos empregadores, indicados pelos sindicatos e escolhidos pelos presidentes dos Tribunais

Regionais, com gestão de 3 anos (CLT, arts. 647 a 666).

6) Tribunais Regionais do Trabalho: compostos de 2/3 de juízes togados e 1/3 de representantes

classistas, que são indicados em lista tríplice pelos sindicatos e não necessariamente bacharéis em

direito.

7) Tribunal Superior do Trabalho: com jurisdição sobre todo território do país, integrado por 27

Ministros, sendo 17 togados e 10 classistas; dentre os togados, 11 vagas são preenchidas por promoção de juízes de carreira, 3 são reservadas para advogados e 3 para membros do MP do

Trabalho.

8) Jurisdição: é exercida sobre todo território nacional; a jurisdição é contenciosa, quando decide

processos nos quais há contraditório entre as partes, e voluntária, quando os órgãos trabalhistas agem

na administração pública de interesses privados e sem contraditório; a característica da voluntária é a

ausência de litígio e de coisa julgada.

Competência da Justiça do Trabalho

9) Competência em razão da matéria: competência é o poder de julgar em concreto; a JT é

competente para decidir: a) os dissídios individuais e coletivos; b) as pequenas empreitadas, de

empreiteiros operários ou artífices, e trabalho temporário; c) questões trabalhistas contra entes de

direito público externo e a administração direta ou indireta; d) as questões de trabalhadores avulsos. É

incompetente para apreciar: a) as questões decorrentes de acidentes de trabalho e moléstias

profissionais; b) lides de natureza previdenciária; c) as questões de trabalhadores autônomos; d) as

questões dos trabalhadores eventuais.

10) Competência territorial (ratione loci): é aquela determinada com base nos espaços geográficos

sobre os quais atua o órgão jurisdicional; a competência territorial geral é determinada pela localidade

onde o empregado, reclamante ou reclamado, prestar serviços ao empregador; não importa o local onde o contrato de trabalho tenha sido ajustado.

Dissídio individual

11) Conceito: é o mesmo que reclamação trabalhista; significa dissensão, divergência, discordância, é

o conflito posto perante a justiça.

12) Procedimento: é o conjunto de atos praticados no desenvolvimento do processo; é dividido em 2

partes, a postulação e a audiência.

13) Postulação: dá-se através de petiçã inicial redigida por advogado, observados os requisitos do art. 840, § 1º, da CLT e do art. 282 do CPC; a CLT, art. 791, permite o jus postulandi, que é a reclamação

sem advogado, proposta diretamente pelo trabalhador; a inicial será instruída com os documentos

indispensáveis à propositura da ação; segue-se a distribuição; na secretaria da Junta a petição é

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Page 163: ADMINISTRAÇÃO.pdf

autuada; vem a seguir a citação; a CLT denomina a citação de notificação por via postal (art. 841); fica

assim designada a audiência.

14) Audiência: os atos praticados nela são previstos em lei e são os seguintes: a) tentativa inicial de

conciliação; b) contestação, que é apresentada oralmente, em até 20 minutos ou, de acordo com a

praxe, escrita e apresentada na mesma oportunidade; c) depoimentos das partes e das testemunhas; d) alegações finais, até 10 minutos para cada parte; e) tentativa final de conciliação; f) decisão, mediante

proposta de solução do juiz aos vogais; votação destes; havendo divergência, o juiz desempata ou

proferirá decisão com uma terceira solução. Nas Juntas de maior movimento, esse procedimento é

dividido em três audiências: a) a primeira é a audiência inicial, com a contestação e tentativa inicial de conciliação; as partes devem

estar presentes; b) audiência de instrução, destinada à inquirição das partes e das testemunhas; c) audiência de julgamento, com as alegações finais e votação; após o julgamento o juiz redigirá a

sentença e a Secretaria enviará notificação para os advogados.

15) Inquérito judicial para apuração de falta grave: previsto pelo art. 853 para a rescisão de contrato

de trabaljo de empregado que, tendo completado, como não-optante do FGTS, 10 anos de serviço no

mesmo emprego, adquiriu estabilidade; também é utilizado para a rescisão dos contratos de dirigente

sindical em razão da estabilidade especial que tem.

Dissídios Coletivos

16) Conceito: são os destinados a solucionar os conflitos coletivos de trabalho; neles está em jogo o

interesse abastrato de grupo ou categoria; são de competência originária dos TRT.

17) Procedimento: é precedido de uma fase não judicial, que é constituída de 2 atos; primeiro, assembléia sindical autorizando a diretoria a abrir o dissídio (art. 859); segundo, nos dissídios

econômicos, a tentativa de convenção coletiva ou acordo coletivo entre as partes (art. 616, § 4º); a fase

judicial é constituída dos seguintes atos: a) petição inicial; b) designação de audiência de conciliação

pelo presidente do TRT no prazo de 10 dias; c) havendo acordo, será formalizado e submetido à

homologação do Tribunal; d) não havendo, será designada sessão de julgamento, na qual as partes

podem fazer sustentação oral em 10 minutos.

18) Sentenças normativas: é a proferida na sessão de julgamento; seus efeitos são amplos, fixando as

condições de trabalho que serão observadas nos contratos individuais das empresas da categoria e

durante um prazo que é normalmente de 1 ano.

Execução

19) Conceito: é a função do Estado, seguindo determinadas regras que a lei estabelece no sentido de

possibilitar, de um lado, o pleno restabelecimento do direito já declarado e, de outro lado, causar o

mínimo de dano possível ao vencido, nessa reposição; o conjunto de atos cumpridos para a

consecução desses objetivos, vinculados numa unidade complexa procedimental, tem o nome de

execuçã de sentença (CLT, arts. 876 a 892).

20) Procedimento: a) são exequíveis as sentenças dos dissídios individuais e os termos de conciliação

(876); b) a execução é definitiva (baseada em sentença transitada em julgado) ou provisória (fundada

em sentença contra a qual pende recurso); a provisória deve paralisar após a garantia do juízo com a

penhora; far-se-á por meio de carta de sentença; c) a execução da sentença começará com a citação

do executado para, em 48 horas, pagar a dívida ou nomear bens à penhora; não sendo paga a dívida, nem garantido o juízo, será determinada a penhora dos bens do devedor (arts. 878 e 880) d) penhora e

avaliação; e) praça (leilão); f) liquidação da sentença: as sentenças podem ser ilíquidas, isto é, embora

afirmando o direito do reclamante, não indicam o seu valor; nesse caso, é necessário fixar o quantum

da condenação, antes da citação do executado para pagar; a essa fase preambular da execução dar- se-á o nome de liquidação da sentença.

Recursos

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Page 164: ADMINISTRAÇÃO.pdf

21) Conceito: constituem um instrumento assegurado aos interessados para que, sempre que

vencidos, possam pedir aos órgãos jurisdicionais um novo pronunciamento sobre a questão decidida; para recorrer a parte deve cumprir o prazo recursal, pagar as custas e, se empregador, depositar parte

do valor da condenação, nos termos da instrução nº 3 do TST.

22) Recurso ordinário: deve ser interposto em 8 dias, das decisões finais das juntas para os TRTs e

das decisões definitivas proferidas pelos TRTs para o TST, em processos de suc competência originária

(dissídios coletivos, mandados de segurança, impugnação de vogais, ação rescisória); para recorrer, o

empregador tem de fazer o depósito da condenação até um certo limite.

23) Recurso de revista: cabe das decisões dos TRTs para o TST (turmas), salvo em execução de

sentença; nos TRs, divididos em turmas ,cabe revista da descisão da turma diretamente para o TST; o

prazo é de 8 dias, contados a partir da publicação do acórdão no jornal oficial (CLT, art. 896); seus

pressupostos são: a violação de literal dispositivo de lei federal, ou da CF, nos casos de revista por violação da lei; a existência de acórdãos com interpretação diversa de lei federal, estadual, convenção

coletiva, acordo coletivo, sentença normativa ou regulamento empresarial de observância obrigatória

em área territorial que exceda a jurisdição do TR prolator, nos casos de recurso de revista por divergência de interpretação.

24) Pressupostos recursais: são requisitos que aquele que recorrer deve cumprir, com observância do

prazo para recorrer, depósito de garantia ou depósito recursal, se recorrente é o empregador, recolhimento das custas processuais e lesividade ou prejuízo advindo da sentença condenatória que

sofrerá caso a condenação seja mantida; o controle desses pressupostos é feito pelo juiz prolator; a ele

compete verificar se o recurso está em condições de ser processado; é o controle de admissibilidade do

recurso.

25) Recurso extraordinário: cabe das decisões do TST para o STF, quando contrárias à Constituição

Federal e processado na forma do Regimento Interno do STF e do CPC (CF, art. 119, III).

26) Agravo de petição: é interposto diante de sentenças proferidas pelo juiz presidente das Juntas nos

embargos à execução, para o TRT ou uma de suas turmas; o prazo é de 8 dias; é um recurso exclusivo

da fase de execução da sentença; é uma forma de rediscutir na execução, como a penhora e os

cálculos da liquidação da condenação ilíquida.

27) Agravo de instrumento: é destinado a reexaminar despachos de juízes ou relatores que negarem

seguimento a recurso; serão processados em autos separados; só tera efeito suspensivo se o juiz o

atribuir; o prazo é de 8 dias.

28) Embargos declaratórios: são destinados a provocar o pronunciamento do mesmo órgão prolator da decisão, quando há lacunas, obscuridade ou contradições da decisão; o prazo é de 5 dias.

29) Embargos para SDI (seção de dissídios individuais) e SDC (seção de dissídios coletivos): é

cabível das decisões de dissídios coletivos da competência originária do TST e das decisões das

Turmas do TST, proferidas em dissídios individuais, quando houver divergência jurisprudencial ou

violação de lei federal; o prazo é de 8 dias.

30) Agravo regimental: cabe: do despacho do presidente do Tribunal ou de Turma que indeferir o

recurso de embargos; do despacho do relator que negar prosseguimento a recurso; do despacho do

relator que indeferir a petição de ação rescisória; do despacho do presidente de Turma que deferir, em

parte, o recurso de embargos; não é cabível contra decisão colegiada; é previsto no Regimento Interno

dos Tribunais.

Direito Administrativo do Trabalho

31) Ministério do Trabalho: suas atribuições são as seguintes: a) trabalho e sua fiscalização; b) mercado de trabalho e política de emprego; c) política salarial; d) política de imigração; e) formação e

desenvolvimento profissional; f) relações de trabalho; g) segurança e saúde no trabalho. Seus órgãos

são os seguintes: a) Conselho Nacional do Trabalho; b) Conselho Nacional de Imigração; c) Conselho

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Page 165: ADMINISTRAÇÃO.pdf

Curador do FGTS; d) Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador; e) Secretaria de

Formação e Desenvolvimento Profissional; f) Secretaria de Políticas de Emprego e Salário; g) Secretaria de Relações de Trabalho; h) Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho; i) Secretaria de

Fiscalização do Trabalho.

32) Fiscalização trabalhista: cabe aos inspetores exercer serviços internos e externos da Delegacia

regional do Trabalho (DRT); são suas atribuições a instrução, o livre acesso, a exigência de exibição de

documentos e de prestação de esclarecimentos (arts. 627, 629, §§ 1º e 2º, e 630, § 3º, da CLT).

40) Instrução: é o dever que tem o inspetor de não autuar na primeira visita que faz a uma empresa, mas apenas de orientá-la quando se tratar de descumprimento de leis ou portarias novar ou de primeira

inspeção em estabelecimento de recente inauguração.

41) Livre acesso: é o direito de o inspetor ingressar em qualquer dependência da empresa, desde que

se relacione com o objeto da sua fiscalização; caso haja resistência, poderaá solicitar força policial.

42) Exibição de documentos: á a apresentação, que o empregador está obrigado a fazer ao inspetor, do livro de inspeção do trabalho no qual verificará as últimas anotações e o fiel cumprimento pelo

empregador das determinações lançadas pelo inspetor que o antecedeu; o inspetor poderá solicitar qualquer documento que julgar necessário.

43) Outras atividades: a homologação de pagamentos a serem efetuados aos empregados com mais

de um ano de emprego, por ocasião da rescisão contratual, prevista pelo 477, § 1º; a mediação dos

impasses que se verificam nas negociações coletivas entre entidades sindicais; a classificação de

ocupações; a relação anual de informações sociais (RAIS).

Direito Penal do Trabalho

44) Considerações: direito penal do trabalho é o ramo do direito público que tem por objeto as normas

e princípios aplicáveis à punição das infrações previstas no âmbito das relações de trabalho; são 2

fontes formais, o CP e as leis trabalhistas ordinárias; o CP pune os crimes contra a organização do

trabalho (Título IV da parte especial); nas leis trabalhistas podem ser encontradas medidas penais, como em algumas leis de greve, que penalizam atos considerados abusivos; a retanção dolosa dos

salários do empregado pelo empregador é considerada infração penal; recrutar trabalhadore mediante

fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro (206, CP).

Seguridade Social

45) Conceito: é o instrumento estatal específico protetor de necessidades sociais, individuais e

coletivas, e cuja proteção preventiva, reparadora e recuperadora, têm direito os indivíduos, nas

extensões, limites e condições que as normas disponham, segundo permite sua organização financeira.

46) Seguro: é um contrato pelo qual uma das partes obriga-se, perante a aoutra, mediante pagamento

de um prêmio, a indenizá-lo do prejuízo resultante de riscos futuros, previstos no contrato (art. 1.432, do

CC); divide-sem em privado e social.

47) Seguro privado: é o contrato feito entre o interessado e uma organização de direito privado; tem

como característica a natureza privatística de que se reveste; é fruto da autonomia da vontade e não de

uma imposição estatal.

48) Seguro Social: não tem natureza contratual, pois é imposto pelo Estado aos particulares, como

meio obrigatório de uma poupança coletiva; recai somente sobre as necessidades pessoais e não cobre

riscos pertinentes aos bens materiais. 49) Assistência e previdência: assistência social é o dever de solidariedade; não é contraprestativa; o

assistido não paga pela assistência; direito de previdência social é o ramo do direito que disciplina a

estrutura das organizações, o custeio, os benefícios o os beneficiários do sistema previdenciário.

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50) Sistemas de financiamento dos benefícios: são 2, o sistema de capitalização e o de repartição; capitalização é a formação de capital financiador das prestações futuras; tem origem nos critérios que

são observados nos seguros privados; repartição é a distribuição imediata dos recursos captados, o que

é feito a curto prazo, sem capitalização, evitando-se a depreciação do capital que se forma.

51) Plano de Custeio: é o programa orçamentário das arrecadações dos recursos que vão financiar os

sistemas e que tem um aspecto macro, que envolve problemas sobre renda nacional e redistribuição; no aspecto micro, o plano consiste na definição das pessoas que estarão obrigadas a efetuar o

recolhimento de contribuições.

52) Sistemas de custeio: compreendem o estudo das bases de contribuições, dos recolhimentos, dos

obrigados ao custeio e dos tipos de custeio a cargo de cada pessoa; a seguridade deve ser financiada

por toda a sociedade.

53) Contingências: são as situações que devem ser protegidas, as mais comuns a alteração da saúde

de uma pessoa, a incapacidade para o trabalho, a velhice, o desemprego, as necessidades familiares e, dentre estas, a morte, protegendo-se os dependentes; os tipos de benefícios guardam correspondência

com as contingências protegidas.

54) Seguridade complementar: é a permissão do Estado para que, além do sistema oficial, coexistam

sistemas confiados à iniciativa privada; funda-se na constatação de que o Estado não tem condições de

prover às necessidades de toda a população ou provê-las de modo adequado.

55) Custeio do Sistema: custeio é o estudo e a definição legal do financiamento do sistema de

previdência e assistência social, das pessoas que devem pagá-lo, dos critérios que devem ser adotados

para a captação dos recursos e dos respectivos valores correspondentes aos diversos pagamentos; a

CF/88 deixa bem claro os 3 princípios informadores de sua estrutura: a) universalidade de cobertura, significando que todos devem contribuir; b) a equanimidade na forma de participação no custeio, regra

de justiça social cuja finalidade é distribuir os ônus adequadamente, de modo que maior participação

deve ser exigida daqueles que estão em condições de pagar mais; c) a diversidade da base de

financiamento, forma de ampliar os critérios adotados para a obtenção dos recursos, não os limitando a

uma única forma de obtenção. O financiamento da seguridade social resulta das receitas provenientes

da União, da contribuições sociais e de outras fontes (Leis, 8.221/91, 8.444/92 e 9.032/95).

56) Beneficiários da previdência social: são segurados obrigatórios da Previdência Social, as

pessoas físicas que estão enumeradas no art. 11 da Lei 8.213/91 e no Decreto 611/92); os dependentes

do segurado, que são as pessoas que, segundo a lei, vinculam-se economicamente a ele, estão

enumerados no art. 16.

Benefícios da Previdência Social

57) Benefícios: são as prestaçõea asseguradas pelo órgão previdenciário aos beneficiários, quer em

dinheiro (auxílios, aposentadoria e pensão) ou em utilidades (serviços e remédios).

58) Auxilio-doença: será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de

carência, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias

consecutivos (art. 59); consistirá numa renda mensal correspondente a 91% do salário de benefício, respeitado o salário mínimo.

59) Aposentadoria por invalidez: será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio

doença. for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe

garanta a subsistência, se ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição; corresponde a uma

renda mensal de 100% do salário de benefício, inclusive a decorrente de acidente de trabalho.

60) Aposentadoria por tempo de serviço: é devida após 35 anos de trabalho, ao homem, e após 30, à mulher; será proporcional proporcional aos 30 anos de trabalho para o homem e 25 para a mulher. * verificar a nova legislação

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61) Aposentadoria por idade: alcançada certa idade o segurado tem direito ao descanso, como

contrapartida dos serviços que prestou durante a vida; é a concedida ao segurado que completar 65

anos, se homem, e 60, se mulher, reduzidos esses limites para 60 e 55 anos, para os exercentes de

atividades rurais. * verificar a legislação vigente

62) Aposentadoria especial: será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta lei, ao segurado

que tiver trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos, conforme a atividade profissional, sujeito à condições

especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física; consistirá numa renda mensal equivalente a

100% do salário de benefício.

63) Salário-família: será devido, mensalmente, ao segurado empregado, exceto o doméstico, e ao

segurado trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de filhos ou equiparados (art. 65).

64) Pensão por morte: será devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, aposentado

ou não, a contar da data do óbito ou da decisão judicial, no caso de morte presumida( art. 74); a renda

mensal é de 100% do salário de benefício.

65) Auxílio-reclusão: será devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, sendo obrigatório, para a manutenção do benefício, a apresentação de declaração de permanência na condição de

presidiário.

66) Salário maternidade: é devido à segurada empregada, à trabalhadora avulsa e à empregada

doméstica, durante 28 dias antes e 92 dias depois do parto, observadas as situações e condições

previstas na legislação (art. 71).

67) Seguro desemprego: tem a finalidade de prover assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado em virtude de dispensa sem justa causa, inclusive a indireta, e auxiliar na busca de novo

emprego; sua duração é de 3 a 5 meses.

68) Acidente de trabalho: é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo

exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII, do art. 11 da lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da

capacidade para o trabalho (Lei. 8.213/91, art. 19).

69) Auxílio acidente: é concedido, como indenização, ao segurado, após a consolidação das lesões

decorrentes de acidentes de qualquer natureza que impliquem a redução da capacidade funcional; o

seu valor mensal e vitalício é de 50% do salário de benefício; é devido aos segurados empregados, avulsos e segurados especiais (Lei 9.032/95); o recebimento de salário ou concessão de outro

benefício não prejudicará a continuidade do recebimento do auxílio acidente.

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