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 Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Cur so Téc nico e m Agr oin dúst ria Introdução á Agroindústria

Agroindustria -Introducao a Agroindustria

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    Curso Tcnico em Agroindstria

    Introduo Agroindstria

  • Governador

    Vice Governador

    Secretrio Executivo

    Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

    Cid Ferreira Gomes

    Francisco Jos Pinheiro

    Antnio Idilvan de Lima Alencar

    Cristiane Carvalho Holanda

    Secretria da Educao

    Secretrio Adjunto

    Coordenadora de Desenvolvimento da Escola

    Coordenadora da Educao Profissional SEDUC

    Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

    Maurcio Holanda Maia

    Maria da Conceio vila de Misquita Vins

    Thereza Maria de Castro Paes Barreto

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    Disciplina: Introduo Agroindstria

    Responsvel: Josefranci Moraes de Farias Msc. em Tecnologia de Alimentos UFC

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    SUMRIO

    UNIDADE I 1. AGROINDSTRIA E DESENVOLVIMENTO ............................................................................6 1.1. Causas, objetivos e conseqncias da industrializao de alimentos ........................................... 8 2. NOES DA CINCIA DA CARNE ...........................................................................................11 2.1 Estrutura da carne ......................................................................................................................... 10 2.1.1 Tecido muscular ........................................................................................................................ 10 2.1.2 Tecido conjuntivo ...................................................................................................................... 11 2.1.3 Tecido adiposo .......................................................................................................................... 12 2.2 Composio qumica da carne bovina (valor nutricional) ........................................................... 12 2.2.1 Protenas .................................................................................................................................... 12 2.2.2 Lipdeos ..................................................................................................................................... 12 2.2.3 Vitaminas................................................................................................................................... 13 2.2.4 Minerais .................................................................................................................................... 13 2.2.5 gua .......................................................................................................................................... 13 2.3 Converso do msculo em carne ................................................................................................. 14 2.3.1 Contrao muscular ................................................................................................................... 14 2.3.2 Rigor Mortis .............................................................................................................................. 14 2.4 Caractersticas organolpticas da carne ....................................................................................... 15 2.4.1 Cor ............................................................................................................................................. 15 2.4.2 Odor e sabor .............................................................................................................................. 15 2.4.3 Suculncia ................................................................................................................................. 16 2.4.4 Maciez ....................................................................................................................................... 16 2.5 Alteraes na carne processada .................................................................................................... 18 2.5.1 Efeito do frio ............................................................................................................................. 18 a) Resfriamento .................................................................................................................................. 18 b) Congelamento ................................................................................................................................ 18 c) Descongelamento ........................................................................................................................... 18 2.5.2. Efeito da salga .......................................................................................................................... 19 2.5.3. Efeito da coco ....................................................................................................................... 19 a) Sobre as protenas .......................................................................................................................... 19 b) Sobre a gordura .............................................................................................................................. 19 c) Sobre as vitaminas ......................................................................................................................... 20 UNIDADE II 3. FRUTAS E HORTALIAS ...........................................................................................................22 3.1 Fatores de qualidade e de perda na ps-colheita de frutas e hortalias........................................ 22 3.2 Consideraes sobre a pr-colheita .............................................................................................. 23 3.3 Consideraes sobre a colheita .................................................................................................... 24 3.3.1 Limpeza e desinfeco .............................................................................................................. 24 a) Limpeza.......................................................................................................................................... 24 b) Desinfeco .................................................................................................................................... 25 3.3.2 Seleo e Classificao do Produto .......................................................................................... 26 3.4 Procedimentos de Sanificao de Frutas e Hortalias ................................................................. 27 3.4.1 Qualidade da gua ..................................................................................................................... 30 3.4.2 Sntese dos Procedimentos para a limpeza de frutas e hortalias ............................................. 30 3.5 Consideraes sobre a ps-colheita ............................................................................................. 31 3.5.1 Resfriamento ps-colheita de frutas e hortalias ...................................................................... 31

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    3.6 Mtodos de conservao .............................................................................................................. 32 3.6.1 Armazenamento Refrigerado .................................................................................................... 32 3.6.2 Revestimentos Comestveis e Ceras ......................................................................................... 33 3.7 Embalagem................................................................................................................................... 33 3.8 Transporte..................................................................................................................................... 34 3.8.1 Boas prticas de transporte para unidades refrigeradas ............................................................ 35 4. ESTUDO DO TRIGO ...................................................................................................................37 4.1 O Trigo ......................................................................................................................................... 36 4.1.1 Composio Qumica do Gro .................................................................................................. 36 4.1.2 Anlises ..................................................................................................................................... 36 4.1.3 Controle de Qualidade .............................................................................................................. 37 4.1.4 Moagem .................................................................................................................................... 37 4.2 Farinhas ........................................................................................................................................ 38 4.2.1 Farinha de Trigo ........................................................................................................................ 38 4.2.2 Composio mdia da farinha de trigo de 72% de extrao: .................................................... 39 4.2.3 Demais componentes da farinha de trigo .................................................................................. 42 4.2.4 Critrios de qualidade da farinha de trigo. ................................................................................ 42 UNIDADE III 5. ESTUDO DO LEITE ....................................................................................................................45 5.1 Definies .................................................................................................................................... 44 5.2 Aspectos gerais e caractersticas nutricionais .............................................................................. 44 5.3 Composio qumica .................................................................................................................... 45 5.4 Principais componentes ................................................................................................................ 45 5.5 Fatores que influenciam na qualidade do leite ............................................................................. 47 5.6 Propriedades fsico-qumicas do leite .......................................................................................... 48 5.7 Obteno higinica do leite .......................................................................................................... 49 5.8 Mtodos de controle de higiene do leite ...................................................................................... 50 6. ALTERAES DAS MATRIAS-PRIMAS E/OU PRODUTOS: CAUSAS E FATORES ........52 6.1 Causas das alteraes em alimentos ............................................................................................. 51 6.1.1 Microrganismos ........................................................................................................................ 51 6.1.1.1 Como podemos prolongar o perodo de latncia? .................................................................. 51 6.1.1.2 Quais os fatores que influenciam no crescimento microbiano? ............................................. 52 6.1.2 Efeito das condies ambientais ............................................................................................... 52 6.1.2.1 Propriedades fsicas dos alimentos ........................................................................................ 53 6.1.2.2 Propriedades qumicas dos alimentos .................................................................................... 53 6.1.2.3 Disponibilidade de oxignio .................................................................................................. 54 6.1.2.4 Temperatura ............................................................................................................................ 55 6.1.3 Aes de enzimas presentes no alimento .................................................................................. 55 6.1.3.1 Escurecimento enzimtico ..................................................................................................... 56 6.1.3.2 Reaes qumicas no-enzimticas. ....................................................................................... 57 6.1.4 Alteraes fsicas e mecnicas .................................................................................................. 60 6.1.5 Alteraes por seres superiores ................................................................................................. 60 UNIDADE IV 7. NOES DO PROGRAMA DE HIGIENIZAO AGROINDUSTRIAL E DE SEGURANA ALIMENTAR ....................................................................................................................................62 7.1 Fundamentos de Higienizao ..................................................................................................... 61 7.1.1 Objetivos da Higienizao ........................................................................................................ 61 7.1.2 Procedimentos de limpeza ........................................................................................................ 62 7.1.3 Qualidade da gua ..................................................................................................................... 64 7.2 Legislao e Regras Importantes ................................................................................................. 65 7.2.1 Boas Prticas de Fabricao (BPF) ........................................................................................... 66

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    7.2.1.1 Conceito ................................................................................................................................. 66 7.2.1.2 Onde se aplicam as BPFs? ..................................................................................................... 66 7.2.1.3 Leis que regulamentam as BPFs. ........................................................................................... 66 7.2.1.4 Requisitos importantes na elaborao do manual de BPF. .................................................... 67 7.2.1.5 Procedimentos Padres de Higiene Operacional PPHOs ou POPs .................................. 67 7.2.1.6 Benefcios da implementao/implantao das BPFs ............................................................ 67 7.2.2 Anlise dos Perigos e Pontos Crticos de Controle (APPCC ou HACCP) ............................... 68 7.2.2.1 O que o sistema APPCC? .................................................................................................... 68 7.2.2.2 Por que utilizar o Sistema APPCC? ....................................................................................... 69 7.2.2.3 Organizao do Sistema APPCC ........................................................................................... 69 7.2.2.5 Conceituao dos perigos: microbiolgicos, qumicos e fsicos. ........................................... 70 a) Perigos Biolgicos ou microbiolgicos ......................................................................................... 70 b) Perigos Fsicos ............................................................................................................................... 71 c) Perigos Qumicos ........................................................................................................................... 71 7.2.3.6 Controle dos perigos nas indstrias de alimentos .................................................................. 72 7.3 Segurana alimentar, agricultura familiar e desenvolvimento local ............................................ 73 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA..................................................................................................77

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    O Tcnico em Agroindstria planeja, executa e controla a qualidade das etapas do processo

    de produo agroindustrial, contemplando a obteno, processamento e comercializao de

    matrias-primas de diversas origens, insumos e produtos finais. Esse profissional atua em empresas

    de beneficiamento de produtos de origem animal e vegetal, colaborando em estudos de implantao

    e desenvolvimento de projetos economicamente viveis, ocupando-se ainda, da gesto de atividades

    referentes ao emprego adequado de equipamentos agroindustriais, em pesquisa e desenvolvimento

    de tecnologias alternativas para o aproveitamento de produtos e subprodutos agropecurios, sempre

    contemplando o aspecto ambiental.

    Para o futuro, dever se orientar segundo duas direes: por um lado haver o incio, a

    continuao ou o incremento da produo de alimentos mais sofisticados, mais nutritivos, mais

    convenientes e mais atrativos; por outro lado, o desenvolvimento dos processos tecnolgicos se

    orientar para o aproveitamento de subprodutos ou excedentes e para a produo de alimentos mais

    nutritivos, que sejam oferecidos a baixo preo e possam ser utilizados por grande parte da

    populao mundial, hoje carente de alimentos.

    1.1. Causas, objetivos e conseqncias da industrializao de alimentos

    1) CAUSAS aquilo que precede.

    perecibilidade dos alimentos;

    periodicidade das produes (diferenas entre safras nos anos);

    continuidade doe consumo;

    impossibilidade de consumo in natura de certos produtos ou partes;

    sazonalidade das produes (diferentes pocas);

    distribuies geogrficas das produes e dos centros de consumo.

    2) OBJETIVOS Aquilo que se busca

    aumento da durabilidade dos alimentos;

    regularizar oferta e demanda dos alimentos;

    reduzir espaos, economizando em embalagens, transporte, etc.;

    sanidade e qualidade dos alimentos;

    lucro (produtos in natura o preo mais baixo);

    tecnificao (produtos mais atraentes, etc.)

    aproveitamento de excedentes das produes.

    3) CONSEQUNCIAS - Aquilo que se obtm

    manuteno da qualidade;

    Unidade I - AGROINDSTRIA E DESENVOLVIMENTO

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    desenvolvimento de atividades correlatas;

    transporte e comunicao;

    treinamento de mo-de-obra;

    gerao de empregos diretos e indiretos;

    ganhos ambientais;

    implantaes de agroindstrias no interior, fixando o homem no campo.

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    2.1 Estrutura da carne

    2.1.1 Tecido muscular

    O msculo constitudo por uma unidade estrutural, a fibra, e por uma unidade funcional, o

    sarcmero. Existem trs tipos bsicos de msculos, os estriados esquelticos, os estriados cardacos

    e os voluntrios viscerais.

    Pela representatividade, a estrutura do tecido muscular ser definida como aquela do tipo

    esqueltico.

    a) Miofilamentos

    Os msculos so constitudos por uma srie de protenas, sendo estas dispostas em forma de

    filamentos ou dispersas no sarcoplasma.

    As protenas dos miofilamentos possuem basicamente funo motora, enquanto as

    sarcoplasmticas, funo regulatria.

    As principais protenas dos miofilamentos so a actina (filamentos finos) e a miosina

    (filamentos grossos), que respondem por cerca de 75% a 80% do total das protenas dos

    miofilamentos e encontram-se sobrepostas de maneira a tornar possvel o deslizamento de uma

    sobre a outra no momento da contrao muscular. Uma srie de outras protenas, principalmente

    com funo reguladora e estrutural (ligao), constituem os miofilamentos; como as que formam os

    discos Z.

    Unidade I NOES DA CINCIA DA CARNE

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    b) Miofibrilas

    A organizao dos miofilamentos formam as miofibrilas, nas quais possvel identificar a

    unidade funcional do msculo, o sarcmero, que definido como a distncia entre dois discos Z.

    c) Miofibra

    a unidade estrutural do msculo (fibra muscular), sendo constituda por um conjunto de

    miofibrilas banhadas por um lquido, o sarcoplasma, vrias estruturas celulares (ncleos,

    mitocndrias, lisossomas, retculo etc.) e rodeada por uma membrana, o sarcolema. Cada miofibra

    ainda rodeada por uma camada de tecido conjuntivo, o endomsio.

    d) Feixes de fibras

    As fibras musculares so agrupadas formando feixes, os quais so rodeados por tecido

    conjuntivo, o perimsio.

    e) Msculo

    Conjuntos de feixes de fibras musculares formam uma estrutura organizada, o msculo. Esta

    estrutura envolta por uma pelcula de tecido conjuntivo, o epimsio, que tem a funo de unir o

    msculo aos pontos de origem e insero, formando, em muitos casos, os tendes dos msculos.

    2.1.2 Tecido conjuntivo

    Com a funo estrutural est presente em todos os cortes, porm, com propores variveis

    em cada um.

    Apresenta vrios tipos, porm os mais importantes na carne so o colgeno e a elastina.

    a) Colgeno

    O colgeno responde por parte da dureza de um corte crneo.

    Quando o animal muito jovem, a proporo de colgeno maior, porm, a estrutura desse

    tecido termo-lbil, ou seja, sob calor verifica-se sua transformao em gelatina, de forma que a

    carne torna-se tenra.

    Em animais adultos a proporo de colgeno menor, porm, com a idade ocorre a

    formao de ligaes cruzadas nas molculas de colgeno, o que confere uma termo-estabilidade,

    ou seja, no se observa sua transformao em gelatina com o calor, o que torna a carne menos

    macia.

    b) Elastina

    A elastina tem pequena participao na constituio da carne, entretanto, importante pelo

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    fato de estar presente nos vasos sangneos e por apresentar termo-estabilidade.

    Com a coco a elastina se intumesce e se alonga mas no se dissolve.

    2.1.3 Tecido adiposo

    A gordura na carne seria uma transformao do tecido conjuntivo para depsito energtico.

    Conforme o local de deposio na carcaa pode-se classificar a gordura em externa

    (subcutnea), interna (envolvendo os rgos e vsceras), intermuscular (ao redor dos msculos) e

    intramuscular (gordura entremeada s fibras musculares, marmoreio).

    A grande funo da gordura na carne est relacionada s suas caractersticas organolpticas.

    2.2 Composio qumica da carne bovina (valor nutricional)

    A carne pode ser considerada como um alimento nobre para o homem, pois serve para a

    produo de energia, para a produo de novos tecidos orgnicos e para a regulao dos processos

    fisiolgicos, respectivamente, a partir das gorduras, protenas e vitaminas constituintes dos cortes

    crneos.

    O grande mrito nutricional da carne a quantidade e a qualidade dos aminocidos

    constituintes dos msculos, dos cidos graxos essenciais e das vitaminas do complexo B presentes,

    tendo tambm importncia o teor de ferro.

    2.2.1 Protenas

    A protena miofibrilar da carne apresenta elevado valor biolgico pela disponibilidade em

    aminocidos essenciais e pela digestibilidade dos mesmos, sendo que o tecido conjuntivo apresenta

    menor valor biolgico.

    A digestibilidade da frao protica da carne varia de 95% a 100% e a protena da carne

    contm todos os aminocidos essenciais ao ser humano.

    Existem variaes no teor protico da carne em relao aos cortes crneos, idade,

    alimentao, sexo e raa do animal, embora no sejam significativas.

    2.2.2 Lipdeos

    Existe grande variao no teor de lipdeos presentes na carne bovina e essa influenciada

    por vrios fatores, tais como sexo, raa e alimentao do animal, assim como do corte crneo.

    O valor energtico da gordura da carne da ordem de 8,5 cal/g.

    A gordura da carne, alm do aspecto energtico, importante pelos cidos graxos essenciais,

    colesterol e vitaminas lipossolveis, sendo tambm indispensvel para os aspectos organolpticos

    de sabor e uso culinrio.

    A digestibilidade da gordura varia em funo dos cidos graxos constituintes, sendo que a

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    gordura interna (mais saturada) tem digestibilidade em torno de 77% enquanto a externa (peito)

    chega a 98%.

    2.2.3 Vitaminas

    A carne apresenta todas as vitaminas lipossolveis (A, D, E e K), as hidrossolveis do

    complexo B (tiamina, riboflavina, nicotinamida, piridoxina, cido pantotnico, cido flico, niacina,

    cobalamina e biotina) e um pouco de vitamina C.

    Existem variaes do teor vitamnico em relao idade. Animais jovens apresentam nveis

    menores de B12, enquanto aqueles na fase de acabamento apresentam maiores teores de vitaminas

    lipossolveis.

    A principal importncia das vitaminas se verifica pela sua participao nas enzimas do

    organismo humano.

    Com relao s vitaminas lipossolveis, destaca-se a importncia da carne como fonte de

    vitamina A, pois os alimentos de origem animal so as nicas fontes de vitamina A biologicamente

    ativa.

    O grande mrito da carne como fonte de vitaminas pela disponibilidade em vitaminas do

    complexo B, que exercem funes indispensveis ao crescimento e manuteno do corpo humano.

    2.2.4 Minerais

    A carne bovina possui todos os minerais, destacando-se a presena de ferro, fsforo,

    potssio, sdio, magnsio e zinco.

    Todos os minerais essenciais ao ser humano esto presentes na carne bovina, sendo que

    esses esto mais ligados ao tecido magro.

    Cabe destaque o fato de que a carne apresenta-se como fonte expressiva de ferro, onde

    ressalta-se que de 40% a 60% desse elemento altamente absorvvel.

    2.2.5 gua

    Cerca de 70% a 75% do msculo constitudo de gua. Em animais jovens essa proporo

    maior; por outro lado, em msculos com maior teor de gordura essa proporo diminui.

    A importncia da gua da carne no direta, mas pela sua funo transportadora, j que

    serve de veculo para muitas substncias orgnicas e inorgnicas. Alm disso, ela parte integrante

    das estruturas celulares.

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    2.3 Converso do msculo em carne

    Mesmo aps a morte do animal a musculatura ainda permanece "viva", sendo que somente

    aps um conjunto de reaes bioqumicas e biofsicas que o msculo transforma-se em carne.

    2.3.1 Contrao muscular

    O msculo em um animal vivo se contrai por um processo de gasto/recuperao de energia

    sob condio aerbica (presena de oxignio). Apesar disso, o processo de contrao possvel em

    condies anaerbicas; essa forma, no entanto, s utilizada sob condies anormais, por ser pouco

    eficiente.

    TABELA 1. Esquema da produo de energia do msculo.

    Mtodo Aerbico Anaerbico

    Processos

    Gliclise Ciclo de Krebs Cadeia Mitocondrial Transportadora de Eltrons

    Gliclise

    Ingredientes 1 Glicose + 36 Pi + 36 ADP + 6 O2 1 Glicose +

    3 ADP + 3 Pi

    Produtos

    36 ATP 6 CO2 42 H2O

    3 ATP 2 Lactato 2 H+ 3 H2O

    2.3.2 Rigor Mortis

    Com a morte e, por conseqncia, com a falncia sangnea, o aporte de oxignio e o

    controle nervoso deixam de chegar musculatura. O msculo passa a utilizar a via anaerbica, para

    obter energia para um processo contrtil desorganizado; nesse processo h transformao de

    glicognio em glicose, e como a gliclise anaerbica, gera lactato e verifica-se a queda do pH.

    Com o gasto dos depsitos energticos, o processo contrtil tende a cessar formando um

    complexo irreversvel denominado de acto-miosina. Nesse estado, a musculatura atinge o rigor

    mortis, ou seja, os msculos transformam-se em carne.

    Um dos aspectos mais marcantes da transformao do msculo em carne a queda do pH,

    inclusive, a ponto de determinar a futura qualidade da carne.

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    2.4 Caractersticas organolpticas da carne

    2.4.1 Cor

    A cor da carne considerada como o principal aspecto no momento da comercializao

    (apelo visual).

    A mioglobina a principal substncia na determinao da cor da carne. O teor de

    hemoglobina s influenciar a cor da carne se o processo de sangria for mal executado.

    Aspectos como idade, sexo, msculo e atividade fsica afetam a cor da carne. A cor natural e

    ideal da carne um vermelho brilhante.

    Problemas na colorao da carne

    Carnes PSE (Plida, Flcida e Exsudativa) - problemas de estresse no momento do

    abate levam a um acmulo de lactato (reduo de pH) que, juntamente com a temperatura alta do

    msculo, provocam um estado em que a carne libera gua, torna-se flcida e com colorao amena.

    Carnes DFD (Escura, Firme e Seca) - problemas de estresse prolongado antes do

    abate podem esgotar as reservas de glicognio, impedindo que o pH decline; dessa forma, o

    msculo passa a reter mais gua (seco), ficando estruturado (firme) e de colorao escura tanto pela

    menor refrao de luz quanto pela maior ao enzimtica, com gasto perifrico do oxignio.

    2.4.2 Odor e sabor

    O aroma da carne uma sensao complexa que envolve a combinao de odor, sabor e pH.

    Por serem aspectos complementares, o odor e o sabor podem ser agrupados em um complexo

    denominado de saboroma, sendo que ao eliminar-se o odor, o sabor de um alimento fica alterado.

    A melhor maneira de avaliao por meio de painis de degustao, embora possam ser

    criticados pela subjetividade.

    O saboroma da carne aumentado com a idade do animal, sendo que em algumas espcies,

    a carne de machos inteiros apresenta sabor diferente.

    O sabor crneo seria semelhante entre as espcies de aougue, entretanto, o que as torna

    diferentes o teor e a qualidade da gordura presente em cada espcie animal.

    A gordura na carne bovina pode conter uma composio de cidos graxos que torna a carne

    peculiar quanto ao sabor.

    A temperatura e a durao do processo de cozimento passvel de influenciar a intensidade

    do saboroma da carne. Quanto maior o tempo de cozimento maior a degradao protica e perda de

    substncias volteis. A carne tem mais sabor quando assada at 82C internamente, com um forno a

    288C por 30 minutos, do que outra a 177C por 2 horas.

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    A ransificao das gorduras o principal problema de sabor na carne.

    2.4.3 Suculncia

    Segundo alguns autores a perda de suco durante a coco proporcional falta de

    suculncia da carne ao paladar.

    A suculncia depende da sensao de umidade nos primeiros movimentos mastigatrios, ou

    seja, da liberao de lquidos pela carne. Uma sensao de suculncia mantida pelo teor de

    gordura na carne que estimula a salivao e lubrifica o bolo mastigatrio.

    A carne de animais jovens costuma ser suculenta no incio, mas, pela falta de gordura, torna-

    se seca ao final do processo de mastigao.

    Os processos de resfriamento/congelamento em si no afetam a suculncia da carne,

    entretanto, o tempo de congelamento prejudica a suculncia.

    O processo de cozimento fator determinante da capacidade de reteno de gua da carne

    (suculncia). Carne que atinge uma dada temperatura interna mais rapidamente apresenta-se mais

    suculenta, sendo que esse fato melhor observado at 70C, pois a partir dessa temperatura as

    alteraes proticas so to intensas que o tempo de cozimento torna-se indiferente.

    Quando a carne assada forma-se uma superfcie (capa) de protena coagulada que impede a

    perda de suco; quanto mais rpido o processo de aquecimento mais rpida ser a formao dessa

    capa. Fato semelhante ocorre quando se cozinha a carne mergulhando-a em gua j quente em

    comparao quando cozida mergulhando-a em gua que inicialmente estava fria.

    2.4.4 Maciez

    o principal quesito de avaliao ou apreciao por parte do consumidor, inclusive,

    podendo suplantar aspectos como uma cor ou um saboroma no muito agradveis (atrativos).

    Organolepticamente, a maciez de uma carne seria sentida como um conjunto de impresses:

    Consistncia da carne: conforme o contato com a lngua e bochechas pode-se sentir se a

    carne mole ou firme.

    Resistncia presso dental: fora necessria para a penetrao dos dentes na carne.

    Facilidade de fragmentao: capacidade dos dentes para cortar ou desagregar as fibras

    musculares. Podem acontecer dois extremos: a carne ser to fragmentvel que partculas aderem-se

    lngua e bochechas dando a sensao de secura; ou a carne apresentar fibras demasiadamente

    unidas, quase sempre em virtude de excesso de tecido conjuntivo.

    Resduo ou restos de mastigao: restos de carne que permanecem aps o processo

    mastigatrio, geralmente tecido conjuntivo originrio de perimsio ou epimsio.

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    Muitos fatores interferem na maciez da carne, podendo ser divididos em inerentes (ante-

    mortem) ou no inerentes (post-mortem) ao animal.

    Entre os inerentes tem-se a gentica, a fisiologia, a alimentao e o manejo do animal.

    Com a idade do animal h a formao de ligaes cruzadas entre as molculas de colgeno

    que as tornam indissolveis e endurece a carne.

    A deposio de maior ou menor teor de colgeno sob a forma de perimsio (gro da carne)

    promove diferenas raciais quanto maciez da carne.

    Animais inteiros apresentam carne menos macia!?!

    O marmoreio (gordura intramuscular) ajuda na maciez por lubrificar a mastigao e diluir o

    teor de tecido conjuntivo da carne.

    Como fatores externos ao animal tm-se aspectos como uso ou no de processos visando ao

    amaciamento da carne e distrbios de refrigerao.

    ENCURTAMENTO PELO FRIO: quando um msculo resfriado imediatamente aps o

    abate, apresenta energia para contrair-se fortemente sob ao do resfriamento, que, em geral, ocorre

    quando um msculo atinge 10C em 10 horas post-mortem.

    RIGOR PELO DESCONGELAMENTO: quando um msculo congela antes de atingir o

    rigor mortis, posteriormente, quando do descongelamento ocorre o encurtamento pelo frio e uma

    excessiva perda de suco.

    POSIO DE RESFRIAMENTO: evita o encurtamento e o respectivo endurecimento, por

    ao fsica.

    ELETROESTIMULAO: uma corrente eltrica que, provocando contraes, faz com que

    os msculos consumam energia e no momento do resfriamento no possam contrair-se

    demasiadamente.

    MATURAO: mantendo-se os cortes crneos em embalagem a vcuo e em temperatura de

    1C a 2C por cerca de 14 dias, ocorre desnaturao protica desagregando as fibras musculares e

    ocasionando maciez. A ao enzimtica no sobre o complexo acto-miosina, sendo o principal

    alvo o disco Z. Alm da ao sobre a maciez, com a maturao ocorre desenvolvimento de sabor.

    COCO: a maciez dependente da temperatura e da velocidade de cozimento. Nas carnes

    bem cozidas ocorre uma maior rigidez por um fenmeno denominado "endurecimento protico",

    que devido coagulao das protenas, principalmente as miofibrilares, j que com o calor, o

    colgeno transforma-se em gelatina, favorecendo a maciez da carne. Enquanto a ao positiva do

    colgeno depende do fator tempo, o endurecimento miofibrilar tem na temperatura de cozimento, o

    ponto crtico. Entre 57C e 60C ocorre o amaciamento do tecido conjuntivo sem que haja ao

    sobre as protenas miofibrilares, ou seja, sem endurecer a carne. Com base nisso que se

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    recomenda o cozimento prolongado a temperaturas baixas para a carne rica em tecido conjuntivo e

    o contrrio para aquelas pobres em colgeno.

    Substncias amaciantes da carne: pode-se fazer o amaciamento artificial da carne por uma

    srie de ingredientes, como vinagre, suco de limo, sal e enzimas vegetais. A papana proveniente

    do mamo, a bromelina proveniente do abacaxi e a ficina proveniente do figo possuem efetiva ao

    amaciante, sendo que o efeito no apenas sobre as protenas miofibrilares mas, tambm sobre o

    tecido conjuntivo, principalmente sobre a frao de colgeno solubilizada pelo calor.

    2.5 Alteraes na carne processada

    As qualidades organolptica e nutricional da carne, podem modificar-se, em virtude de

    tratamentos tecnolgicos e culinrios.

    2.5.1 Efeito do frio

    a) Resfriamento

    Sob esta condio desenvolve-se o processo de maturao, ou seja, a estrutura muscular vai

    paulatinamente sendo degradada e provocando o amaciamento.

    A quebra de peso que ocorre com o resfriamento provoca um problema econmico. Essa

    perda diminui com a chamada dessecao pelo frio, quando h a formao de uma camada

    superficial ressecada que protege contra a evaporao.

    b) Congelamento

    Pode ocorrer o rompimento celular pela formao de cristais de gelo, injria celular pelo

    aumento da presso osmtica e desnaturao dos constituintes caloidais da clula. Estes problemas

    so comuns quando existe a formao de grandes cristais de gelo, os quais so freqentes quando o

    processo de congelamento lento. Como reflexo, a exsudao intensa, com a conseqente perda

    de nutrientes e forte injria de tecidos.

    c) Descongelamento

    A velocidade de descongelamento tambm exerce importante efeito sobre a qualidade da

    carne. Quando o descongelamento rpido, no existe tempo para os tecidos musculares

    absorverem o lquido extravasado, ou seja, quando o descongelamento rpido ocorre maior perda

    de lquido.

    Por esses efeitos prejudiciais estrutura celular que proibitivo o processo de

    recongelamento da carne.

    Quando o tempo de congelamento prolongado (maior que 6 meses) possvel haver a

    oxidao da gordura, principalmente, aquela camada superficial, o que, alm de alterar o sabor da

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    carne, pode gerar subprodutos txicos ao homem.

    2.5.2. Efeito da salga

    O cloreto de sdio largamente utilizado no processamento industrial ou caseiro da carne,

    seja como condimento (palatabilizante) ou como agente conservante.

    Dependendo da concentrao salina e da temperatura, a adio de sal carne faz com que

    essa ganhe ou perca gua. Quanto maior a concentrao em sal, maior ser a perda.

    Em baixas concentraes, a adio de sal provoca, inicialmente, um aumento da capacidade

    de reteno de gua, entretanto, com a difuso do sal pelo interior do msculo comea a ocorrer o

    efeito inverso.

    Com relao ao charque cabe mencionar que o sal um elemento pr-oxidante da gordura,

    portanto, quanto mais gordo for o charque mais propenso este ser oxidao.

    2.5.3. Efeito da coco

    O xito do cozimento da carne, alm das caractersticas do corte, baseia-se no binmio

    tempo-temperatura.

    a) Sobre as protenas

    Com o calor as protenas desnaturam-se, ocorrendo coagulao. Quando a carne bem

    cozida ocorre endurecimento, sendo esse denominado de "endurecimento protico". Ao atingir uma

    temperatura em torno de 64C as protenas miofibrilares se tornam menos tenras e vo perdendo a

    capacidade de reter gua.

    Em relao ao colgeno, esse fato inverdico, pois aps a temperatura de 64C que a

    molcula de colgeno solubiliza-se e, em presena de gua, forma gelatina. Sendo que o processo

    trmico, nesse caso, melhora a digestibilidade da carne, j que da forma natural o colgeno pouco

    digestvel.

    Substncias volteis so liberadas com a coco, conferindo o cheiro caracterstico da carne

    cozida, em geral, so substncias sulfuradas. J a cor devida a reaes entre protenas e acares

    naturais do msculo, que originam a cor acastanhada como conseqncia do aquecimento.

    Em sntese, o tratamento trmico deve ser moderado para que no haja resultados

    desfavorveis, incluindo, nesse caso, diminuio da digestibilidade protica e da disponibilidade de

    aminocidos indispensveis.

    b) Sobre a gordura

    Um aquecimento exagerado torna as gorduras imprprias alimentao, pois leva

    formao de ACROLENA, substncia txica e voltil. Cabe ressaltar o perigo das gorduras de

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    frituras, j que esse fato ocorre em leos que so aquecidos a mais de 200C por tempo prolongado.

    c) Sobre as vitaminas

    O calor destri facilmente as vitaminas, sendo relevante a poro de vitaminas que passa

    para a gua de cozimento.

    Em sntese, calor excessivo prejudicial qualidade vitamnica da carne, portanto,

    conveniente reduzir-se o quanto possvel a temperatura de coco.

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    Os frutos so seres vivos que continuam a respirar aps a sua colheita e que vo perdendo

    qualidade ao longo da cadeia de comercializao ate a ingesto pelo consumidor final. Outros

    fatores tais como a transpirao, doenas e danos mecnicos so igualmente responsveis pela perda

    de qualidade. Conforme o critrio, existem vrios modos de classificao dos frutos.

    a) Atendendo a sua provenincia podemos classificar os frutos em:

    - Frutos de rvores de zonas temperadas (pomodeas e prunodeas): pra, maa, damasco,

    cereja, nectarina, pssego, ameixa, azeitona, figo.

    - Frutos subtropicais: abacate, laranja, limo, lima, tangerina, figo, kiwi, nspera, azeitona,

    diospiro e roma. Alguns destes frutos, so produzidos em zonas tropicais e temperadas.

    - Frutos tropicais: banana, manga, papaia, ananas.

    b) Podemos ainda distinguir os frutos frescos dos secos. A noz, a castanha, a amndoa, a

    avel e o pinho so exemplos de frutos secos. Este manual vai incidir nos problemas

    freqentemente encontrados para os frutos frescos.

    c) Os frutos podem tambm ser classificados em climatricos e no-climatricos. Os

    climatricos tm a capacidade para amadurecer separados da planta, mesmo quando colhidos

    imaturos. Produzem grandes quantidades de etileno (C2H4) durante o amadurecimento. Os no-

    climatricos, pelo contrario, s podem amadurecer na planta; a produo de etileno no aumenta

    durante o amadurecimento. Em seguida, apresenta-se exemplos de frutos includos em cada uma

    das categorias:

    - Climatricos: ameixa, banana, damasco, diospiro, figo, kiwi, maca, maracuj, nectarina,

    pra, pssego, tomate.

    - No-climatricos: ananas, azeitona, cereja, laranja, limo, melancia, morango, mirtilo, uva.

    Consumimos diferentes partes da planta. Chamamos de fruta a maioria dos frutos maduros e

    de sabor doce, e de hortalia as diferentes partes da planta consumidas frescas como salada ou

    preparadas de diferentes maneiras.

    As hortalias podem ser agrupadas, de acordo com a parte da planta utilizada, em:

    Unidade II FRUTAS E HORTALIAS

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    3.1 Fatores de qualidade e de perda na ps-colheita de frutas e hortalias.

    O conceito de qualidade de frutas e hortalias envolve vrios atributos. Aparncia visual

    (frescor, cor, defeitos e deteriorao), textura (firmeza, resistncia e integridade do tecido), sabor e

    aroma, valor nutricional e segurana do alimento fazem parte do conjunto de atributos que definem

    a qualidade. O valor nutricional e a segurana do alimento do ponto de vista da qualidade

    microbiolgica e da presena de contaminantes qumicos ganham cada vez mais importncia por

    estarem relacionados sade do consumidor. Portanto, so decisivos enquanto critrios de compra

    por parte do consumidor.

    Apesar da diversidade e disponibilidade de produtos no mercado interno, sua

    comercializao est limitada, principalmente por serem altamente perecveis e, geralmente, so

    manuseados sob condies ambientais que aceleram a perda de qualidade, e a otimizao das

    condies, principalmente de logstica, podem aumentar o custo substancialmente, tornando-se

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    invivel a comercializao. Alm das perdas quantitativas registradas na ps-colheita, as perdas

    qualitativas dos produtos podero comprometer seu aproveitamento e rentabilidade.

    Sabe-se que as perdas ps-colheita comeam na colheita e ocorrem em todos os pontos da

    comercializao at o consumo, ou seja, durante a embalagem, o transporte, o armazenamento, e em

    nvel de atacado, varejo e consumidor. Portanto, o produtor deve gerenciar a cadeia produtiva,

    enfatizando os principais aspectos que interferem na qualidade do produto, como entregas mais

    rpidas, gerenciamento da cadeia de frio e o uso de embalagens melhoradas.

    Portanto, qualidade da fruta ou hortalia est relacionada fatores envolvidos nas fases pr-

    colheita e ps-colheita, ou seja, na cadeia produtiva. Dentre eles, destacamos os problemas de

    manuseio, como danos mecnicos e exposio dos produtos em temperaturas elevadas prejudiciais a

    sua conservao, o uso indiscriminado de agrotxicos, as contaminaes microbiolgicas dos

    produtos provenientes principalmente de fontes de contaminao no cultivo e da falta de higiene e

    sanitizao no manuseio e processamento dos mesmos.

    3.2 Consideraes sobre a pr-colheita

    As boas prticas agrcolas so indispensveis para a obteno de uma matria-prima de

    qualidade, principalmente do ponto de vista das contaminaes por produtos qumicos e de natureza

    microbiolgica. As principais fontes de contaminao microbiolgica so o uso inadequado de

    esterco no curtido na adubao, a gua de irrigao contaminada e as mos de manipuladores no

    adequadamente lavadas e limpas. O uso indiscriminado de agrotxicos, sem obedecer o perodo de

    carncia dos mesmos, pode provocar a presena de resduos qumicos em concentraes superiores

    aos limites recomendados pela legislao, e, conseqentemente, oferecer riscos ao consumidor.

    O uso de sistemas de garantia de qualidade que visam o equilbrio dos ecossistemas e o uso

    racional dos recursos naturais, contribuem para a qualidade ps-colheita dos produtos. Ao contrrio,

    os produtos sero expostos a doenas ou pragas no campo, deteriorando mais rapidamente na fase

    ps-colheita. Medidas de controle preventivo como o cultivo protegido, a higiene no campo, com a

    remoo e destruio de material vegetal como folhas, ramos e frutos doentes e infectados, bem

    como espaamento adequado e boa conduo das rvores, adubao balanceada em nutrientes,

    reduzem o ataque de pragas e doenas e aplicaes de agrotxicos, aumentando a qualidade e o

    perodo de conservao ps-colheita dos mesmos.

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    3.3 Consideraes sobre a colheita

    A colheita dos vegetais deve ser realizada nos horrios mais frescos do dia e os produtos

    mantidos protegidos de temperaturas elevadas. Deve-se evitar colher aps chuvas intensas, bem

    como quedas excessivas das frutas e hortalias e o super enchimento das caixas no campo.

    Portanto, a colheita requer alguns cuidados para evitar danos e perdas na ps-colheita.

    Alguns produtos so facilmente danificados, tais como morango, cerejas, amoras, etc. Nestes casos,

    os cuidados devem ser redobrados para que no ocorram danos mecnicos que possam afetar a

    integridade e a aparncia do produto.

    Esta prtica tambm requer um bom padro de higiene no campo, como o uso de

    embalagens adequadas (normalmente caixas plsticas), limpas, desinfetadas, empilhadas de forma a

    no estar em contato com o solo e transportadas o mais rpido possvel para o processamento. Os

    equipamentos e instrumentos utilizados na colheita e no manuseio devem ser limpos e sanitizados

    atravs de lavagem com produtos qumicos adequados.

    Outro fator que tem de ser levado em considerao o estdio de maturidade do vegetal,

    que, provavelmente, um dos fatores mais importante na qualidade do produto final.

    A contaminao biolgica pode ocorrer facilmente durante a etapa da colheita quando o

    trabalhador entra em contato direto com o produto. Alm disso, o ambiente fsico do produto

    difcil de ser controlado e oferece muitas fontes de contaminao potenciais, tais como o solo, a

    gua, o ar, as mos, os recipientes, etc.

    Portanto, a integridade da mercadoria crtica, j que muitos dos nutrientes necessrios para

    o desenvolvimento de patgenos so as pores internas dos produtos, que se tornam acessveis

    atravs dos danos fsicos. Neste caso, as condies de higiene na colheita so muito importantes. Os

    produtos danificados ou deteriorados devem ser retirados e no devem ser enviados para o mercado.

    Os equipamentos e contentores que entrarem em contato com os produtos colhidos devem

    ser prprios para tal finalidade e feitos de material atxico e sem salincias e cantos vivos que

    dificultem a sua limpeza e desinfeco ou que possam causar injrias aos frutos.

    Os contentores para lixo, subprodutos, partes no-comestveis ou substncias perigosas

    devem ser devidamente identificados e construdos com material apropriado. Nos casos em que se

    julgar necessrio, devem ser feitos de material impermevel.

    3.3.1 Limpeza e desinfeco

    a) Limpeza

    Os equipamentos utilizados na limpeza dos diversos utenslios utilizados na colheita e no

    manuseio das frutas e hortalias devem estar em bom estado de conservao para facilitar as etapas

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    de limpeza e desinfeco. Os contentores utilizados e reutilizados na colheita, transporte e

    estocagem de produtos frescos devem ser limpos e, quando necessrio, desinfetados.

    Para a limpeza utiliza-se gua com a adio de detergentes, que podem ser classificados,

    conforme suas propriedades em:

    - TENSOATIVOS: melhoram a qualidade umectante;

    - ALCALINOS: favorecem a ao dissolvente sobre resduos slidos e fornecem boa

    capacidade emulsionante;

    - CIDOS: retiram incrustaes e removem depsitos de sais;

    - SEQUESTRANTES: evitam depsitos de sais nas superfcies;

    - FOSFATOS: dispersam os resduos proteicos.

    b) Desinfeco

    A desinfeco a etapa subseqente a limpeza dos equipamentos e das instalaes, devendo

    ser realizadas para a manuteno da qualidade dos produtos frescos. A desinfeco visa reduo

    da populao de microrganismos presentes numa superfcie higienizada para nveis prximos a

    zero. Mesmo aps a limpeza, h contaminao imperceptvel, isto , os microrganismos podem

    estar presentes nas superfcies dos equipamentos e instalaes. Para tal, recomenda-se a desinfeco

    utilizando os diversos produtos e recomendaes constantes na Tabela 1.

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    Os procedimentos especficos de limpeza e desinfeco para cada equipamento/contentor

    devem ser descritos, considerando-se tambm o tipo de produto que est associado com estes.

    A contaminao cruzada em produtos frescos um problema que deve ser evitado atravs de

    medidas preventivas. Portanto, devemos seguir as recomendaes e observar o seguinte:

    a. frutas e hortalias frescas que no se prestarem para o consumo humano devem ser

    separadas durante os processos de produo e colheita;

    b. os trabalhadores envolvidos com a colheita no devem carregar nos contentores

    destinados produtos colhidos outros materiais, como alimentos, agrotxicos, entre outros;

    c. equipamentos e contentores utilizados previamente para o transporte de substncias

    txicas (agrotxicos, esterco, lixo) no devem ser utilizados para o manuseio de frutas e hortalias

    frescas;

    d. prevenir-se contra a contaminao das frutas e hortalias frescas ao proceder a

    embalagem no campo, tomando-se o cuidado de no contaminar o produto pela exposio dos

    contentores ao solo, fezes de animais ou esterco.

    3.3.2 Seleo e Classificao do Produto

    Uma vez colhido, o produto deve ser colocado em embalagens apropriadas, devendo-se

    evitar mistura de produtos doentes com sadios. Produtos com diferentes graus de maturao e

    tamanho devem ser separados. Uma seleo por maturao, tamanho, forma, bem como a remoo

    dos produtos injuriados, devem ser feitos com rigor.

    Um dos principais fatores que influncia na comercializao a classificao dos produtos,

    que por sua vez, depende de um bom controle de qualidade. Os produtos com caractersticas de

    tamanho e peso padronizados so mais fceis de serem manuseados em grandes quantidades, pois

    apresentam perdas menores, produo mais rpida e melhor qualidade. Portanto, deve-se selecionar

    com rigor de acordo com o grau de maturidade, o tamanho e a forma.

    Deve-se dar ateno quanto quantidade e uniformidade dos frutos nas embalagens. Os

    produtos danificados ou injuriados devem ser removidos.

    Os defeitos existentes nos frutos podem ser decorrentes da cultivar ou condies ambientais

    desfavorveis. Os insetos e microorganismos, bem como as injrias fisiolgicas, so as principais

    causas dos defeitos encontrados em produtos ps-colheita. Do mesmo modo, defeitos por manuseio

    inadequado tm como conseqncia amassamentos ou outros tipos de injrias, o que conduz a

    diferentes sintomas, como descolorao, sabores estranhos e deterioraes.

    Na recepo das Unidades processadoras, a matria-prima deve ser submetida inspeo de

    qualidade. Caso a mesma apresente caractersticas indesejveis para o processamento, como injrias

    fsicas, podrides e outros sinais de deteriorao, devem ser rejeitada para processamento.

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    Caso haja necessidade da matria-prima ser estocada antes do processamento, devem-se

    manter os vegetais, se possvel e necessrio, sob refrigerao, a uma temperatura de estocagem de

    acordo com o produto e com umidade relativa do ar de aproximadamente 90%. A perda excessiva

    de umidade deve ser considerada, porque conduz ao enrugamento ou murchamento, depreciando o

    produto.

    3.4 Procedimentos de Sanificao de Frutas e Hortalias

    A preveno da contaminao preferida sobre aes corretivas em produtos contaminados.

    Cuidados e mnima manipulao durante colheita, seleo e descarte do produto danificado,

    limpeza dos equipamentos e tcnicas adequadas de estocagem devem ser empregadas para reduzir

    contaminaes, deteriorao e manter as frutas e hortalias em timas condies higinico-

    sanitrias.

    As frutas e hortalias so normalmente contaminadas com microorganismos em sua

    superfcie, sendo as espcies microbianas e a quantidade presente em funo do tipo de produto e

    do manejo e prticas agrcolas as quais a cultura foi submetida durante seu desenvolvimento. Como

    exemplos, pode-se citar as contaminaes provenientes do uso de gua contaminada na irrigao e

    da utilizao de esterco no curtido, que pode ser fonte de contaminao por Salmonella. Portanto,

    para se obter eficincia e eficcia nos processos de desinfeco, fundamental obter matrias-

    primas com baixo nvel de contaminao, uma vez que os agentes desinfetantes tm uma limitada

    taxa de destruio, reduzindo em torno de 100 vezes a contaminao microbiana inicial.

    Entre os tipos de microbiotas natural encontrados nos produtos frescos, podemos citar

    espcies de Pseudomonas, Alcaligenes, Flavobacterium, Micrococcus, coliformes e bactrias do

    cido lctico. A maioria dessas microbiota natural inofensiva. No entanto, as superfcies externas

    dos produtos podem ser contaminadas pelo solo, pela gua de esgoto, pelo ar e por animais

    presentes no campo.

    Em muitos exemplos, o crescimento de contaminantes microbiolgicos no ocorre at que as

    condies sejam adequadas para o seu desenvolvimento. Durante e aps a colheita, ocorrem muitas

    condies simultneas, favorveis ao crescimento dos microorganismos. Algumas dessas condies

    incluem o manuseio inadequado, a contaminao cruzada, a temperatura inadequada, provocando

    aumentos na velocidade de respirao do produto e produo de calor. A reduo da contaminao

    microbiana importante j que ela diminui a deteriorao, melhorando a aparncia e o valor

    nutritivo dos produtos. Um programa de desinfeco intensivo fundamental, pois dele resulta a

    excluso ou reduo de patgenos.

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    Agroindstria - Introduo a Agroindstria 28

    A lavagem e desinfeco das frutas e hortalias uma prtica comum para reduzir a

    contaminao superficial. Entretanto, a aplicao de tais tratamentos depende da capacidade do

    produto resistir gua. Devido a sua natureza delicada, alguns produtos tm sua vida til reduzida

    depois de umectados. Em especial, isso ocorre em produtos com grandes superfcies de

    contato/adeso gua, tais como morangos, outros tipos de bagas e uvas. Para esses produtos que

    no toleram contato com a gua devem ser usados tratamentos alternativos para reduo da sujidade

    como o uso de escovas, jatos de ar e acabamento, descartando-se folhas manchadas, razes

    secundrias, produtos com defeitos e deteriorados.

    As caractersticas do produto determinaro a escolha do equipamento para lavagem. As

    frutas mais macias so geralmente lavadas sobre correias transportadoras, borifando-se sprays de

    gua sobre elas. J as frutas mais slidas tais como as frutas ctricas, mas e pras podem ser

    lavadas em dispositivos rotativos ou em condutos de gua. As razes so tipicamente limpas em

    escovadores, constitudo por escovas cilndricas rota rotativas. Essas escovas devem ser limpas e

    desinfetadas com frequncia, pois elas podem se tornar um meio de disseminao de contaminantes.

    A limpeza a ar pode ser eficaz para remover lixo, sujeira solta, etc. de produtos mais delicados.

    Tanto a lavagem como a desinfeco so necessrias para reduzir os nmeros de organismos

    patognicos. Entretanto, importante remover a sujeira antes da desinfeco, j que ela pode

    prejudicar o contato entre o agente sanificante e os microorganismos. A soluo de cloro o

    desinfetante mais comum, mas h outros novos agentes desinfetantes disponveis no mercado.

    importante lembrar que os desinfetantes atualmente disponveis podem reduzir os

    contaminantes biolgicos, mas no podem elimn-los por completo.

    Muitas pesquisas esto sendo realizadas em todo o mundo para desenvolver novas

    tecnologias que possam eliminar totalmente das frutas e verduras frescas os patgenos transmitidos

    pelos alimentos.

    Para se atingir QUALIDADE, uma prtica industrial comum lavar e desinfetar os produtos

    agrcolas em gua fria, j que as baixas temperaturas reduzem a velocidade de respirao dos

    produtos frescos e retardam a perda de textura e outros fatores que envolvem a qualidade. Do ponto

    de vista da SEGURANA, o uso da gua fria pode ser uma questo importante. Uma presso

    diferencial pode criar um efeito de suco em alguns produtos, tais como mas, aipo e tomates,

    quando a fruta quente imersa em gua fria. Esta suco pode acarretar o deslocamento dos

    contaminantes superficiais para dentro da polpa do produto e esses contaminantes ficaro ento

    protegidos de outros tratamentos de desinfeco.

    A lavagem com gua clorada recomendada para contrabalanar o efeito de infiltrao.

    Mantendo-se a temperatura da gua em 5C acima da temperatura interna do produto tambm

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    contribui para evitar esse efeito de suco. Os produtos mais densos (por exemplo, as cenouras) tm

    menor probabilidade de apresentar esse problema. Uma precauo adicional seria o emprego de

    uma etapa de resfriamento a ar antes da lavagem ou desinfeco a fim de minimizar o diferencial de

    temperatura entre a polpa da fruta e a temperatura da gua.

    A eficincia de um agente antimicrobiano depende do seu estado qumico e fsico, das

    condies do tratamento (assim como temperatura da gua, pH da soluo e tempo de contato), da

    resistncia do patgeno e da natureza da superfcie da fruta ou da hortalia. O cloro, por exemplo,

    usado em concentraes que variam de 50 200 ppm de cloro total, a pH 6,0 a 7,5, com um tempo

    de contato de 1 a 2 minutos.

    O oznio vem sendo utilizado em gua nas operaes de lavagem em packing house (casa

    de processamento e de embalagem), geralmente na concentrao de 1-2 ppm. Solues de cido

    hipocloroso e seus sais (hipoclorito de sdio ou clcio) so os mais efetivos e econmicos agentes

    disponveis para destruio de microrganismos em gua, sendo amplamente utilizados na gua de

    lavagem em packing house. Utiliza-se normalmente concentraes de cloro ativo de 50 ppm a 150

    ppm, durante 5 minutos a 10 minutos de contato dependendo da fruta ou hortalia.

    Toda substncia qumica que desinfeta a gua de lavagem e a superfcie do produto (Tabela

    1) deve estar de acordo com as indicaes do Ministrio da Sade e com as leis reguladoras do pas.

    O responsvel pela atividade deve ler cuidadosamente o rtulo do agente desinfetante, os

    regulamentos e outras informaes relevantes, devendo seguir a risca as informaes do fornecedor

    para a correta formulao do produto para obter efetiva concentrao da soluo e minimizar a

    ocorrncia de perigos qumicos. Em hiptese alguma devem-se exceder os nveis recomendados da

    concentrao permitida do produto na gua de lavagem. Concentrao de sanificante acima da

    permitida pode danificar os equipamentos, afetar a qualidade do produto, ser prejudicial sade do

    trabalhador e representar um perigo a sade do consumidor.

    A concentrao de sanificante deve ser rotineiramente monitorada e registrada para

    assegurar nveis de concentrao apropriados. Outros parmetros (como pH, temperatura, e

    potencial de oxido-reduo) que indicam nveis de atividade do agente ativo ou que afetam a

    eficincia do sanificante usado, devem ser monitorados e registrados. O processador deve

    estabelecer Procedimentos Operacionais Padres (POPs) para monitoramento, registros e

    manuteno do sanificante em nveis desejveis.

    A matria orgnica e a carga microbiana se acumulam na gua de lavagem, a eficincia do

    sanificante decresce, tornando-o inativo/inefetivo contra os microrganismos. Deste modo

    necessria a troca da soluo sanificante ou a filtrao da mesma com posterior ajuste da

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    concentrao do produto qumico, que deve ser um procedimento realizado sempre que se observar

    excesso de sujidade na gua de lavagem.

    3.4.1 Qualidade da gua

    A qualidade da gua importante para a reduo de contaminao. A gua utilizada para a

    lavagem dos produtos agrcolas deve ser potvel e livre de organismos causadores de doenas. A

    lavagem inicial para remover as impurezas superficiais pode ser realizada com gua pura ou com

    gua que contenha detergentes apropriados para o uso em alimentos ou sais de permanganato. A

    gua usada na lavagem pode se tornar contaminada facilmente e rapidamente saturada com matria

    orgnica. Portanto, recomenda-se a filtragem freqente da gua utilizada para as lavagens. Esta

    gua deve ser trocada com freqncia durante o processo para evitar a posterior contaminao do

    produto. A limpeza da gua para lavagem crtica, j que a matria orgnica nela contida pode

    reagir com muitos agentes de desinfeco e diminuir sua eficcia de descontaminao.

    muito importante conduzir testes microbiolgicos na gua e no gelo utilizado nos

    processos de sanitizao e nos sistemas de resfriamento. Os testes mais habitualmente utilizados so

    aqueles para determinar o nmero total de coliformes, coliformes fecais, e E. coli., uma vez que

    esses testes so bons indicadores da contaminao da gua.

    3.4.2 Sntese dos Procedimentos para a limpeza de frutas e hortalias

    Recomenda-se um procedimento padro dividido em quatro etapas para a limpeza de frutas

    e hortalias:

    1. Remoo das impurezas atravs de uma limpeza a seco, escovao ou aspirao;

    2. Lavagem inicial com gua para remover as impurezas da superfcie;

    3. Lavagem com um agente sanificante (geralmente um agente qumico);

    4. Enxgue final com gua potvel, podendo conter 10 ppm de cloro, e posterior secagem.

    Antes da etapa de lavagem, e para produtos que no resistem umidade, essencial remover

    as impurezas superficiais por meio de uma lavagem a seco, escovao, jatos de ar ou vcuo (caso o

    produto resista fisicamente a esses tratamentos). Desta forma, a etapa de lavagem ser ento mais

    eficaz para reduzir as impurezas restantes na superfcie. Uma lavagem minuciosa com um spray de

    gua clorada ou lavagens mltiplas so geralmente mais eficazes do que uma lavagem por imerso.

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    3.5 Consideraes sobre a ps-colheita

    Alm das contaminaes microbiolgicas, os produtos frescos podem sofrer contaminaes

    fsicas e qumicas ao serem transportados e armazenados. Algumas prticas ao serem adotadas

    podem minimizar o risco de contaminaes.

    importante que os equipamento e instalaes destinadas ao transporte e armazenamento

    sejam adequados no sentido de no provocar danos mecnicos e a possibilidade de contaminao

    das diversas formas como por exemplo, atravs do acesso de animais s instalaes. Outro cuidado

    que devemos ter evitar que produtos frescos contaminados (presena de podrides e agentes

    patognicos) e imprprios ao consumo humano sejam misturados com produtos sadios antes do

    transporte para os locais onde os produtos sero embalados e/ou processados, devendo-se remover o

    mximo possvel sujeiras (solo, pedaos de madeira, pedras, entre outros). Todo e qualquer material

    de limpeza e/ou outras substncias qumicas txicas, devem ser identificados e estocados em

    ambientes seguros.

    Toda e qualquer condio favorvel a contaminao microbiolgica nos produtos deve ser

    evitada. Por isso, medidas preventivas devem ser adotadas, como por exemplo, evitar temperaturas

    elevadas, mantendo a temperatura do produto o mais prximo possvel da temperatura tima de

    armazenamento, no expor os produtos a danos mecnicos ou fisiolgicos, evitar o contato dos

    mesmos com gua contaminada nos processos de lavagem e sanitizao e manter os ambientes

    limpos, livres de lixo e de refugo de frutas e hortalias. Ademais, a matria orgnica em

    decomposio pode propagar microrganismos pelas dependncias e atrair insetos que transmitem

    organismos causadores de doenas.

    Dentre as estratgias de melhoria e controle da qualidade ps-colheita, destacam-se a adoo

    dos Sistemas de Garantia de Qualidade como as Boas Prticas Agrcolas e/ou Produo Integrada

    de Frutas e Hortalias e as Boas Prticas de Fabricao, o resfriamento, o armazenamento

    refrigerado e o uso de revestimentos (comestveis ou no). Estas aes tm diminudo o uso de

    agrotxicos e reduzido as contaminaes microbiolgicas dos alimentos.

    3.5.1 Resfriamento ps-colheita de frutas e hortalias

    O resfriamento rpido dos produtos de suma importncia na conservao e no

    prolongamento da vida til dos produtos, pois altas temperaturas afetam a qualidade das frutas e

    hortalias ao interferir nos processos vitais, tais como: a) respirao; b) maturao e a produo de

    etileno e outros volteis; c) perda de peso (H2O); e) desenvolvimento e disseminao de

    microorganismos. Portanto, necessrio realizar o quanto antes o pr-resfriamento que consiste na

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    rpida remoo do calor de campo de produtos altamente perecveis, antes que sejam

    processados, armazenados ou transportados a longa distncia. O tempo requerido para um pr-

    resfriamento adequado pode variar de 30 minutos a 24 horas aps a colheita.

    importante conhecer o princpio de cada mtodo de resfriamento, a fim de se poder

    identificar os riscos potenciais associados a eles. Sempre que necessrio, consultar um tcnico

    especializado para a recomendao do mtodo de resfriamento mais apropriado a cada produto.

    3.6 Mtodos de conservao

    Existem vrios mtodos de conservao, cuja escolha depende do tipo de produto e da

    disponibilidade de recursos econmicos ou tecnolgicos. A seguir so descritos os principais

    mtodos utilizados na agricultura familiar.

    3.6.1 Armazenamento Refrigerado

    Uma vez removido o calor de campo, os produtos podem recuperar o calor se no forem

    armazenados de modo adequado. A fim de se usufruir os benefcios do resfriamento, e quando

    julgar-se apropriado, as frutas e hortalias frescas devero ser armazenadas sob condies

    refrigeradas. O armazenamento em baixa temperatura associado ao controle de umidade pode

    prolongar a vida til dos produtos agrcolas frescos contribuindo para a manuteno de suas

    caractersticas desejveis sensoriais e nutricionais, podendo tambm minimizar o crescimento dos

    microorganismos nos produtos agrcolas.

    A temperatura a umidade relativa timas de conservao pode variar, dependendo da

    espcie. Para o armazenamento de mais de um produto no mesmo ambiente preciso que a

    temperatura e a umidade relativa sejam prximas, e que gases e odores de um produto no afetem

    um ao outro. Embora a temperatura seja importante na preservao da qualidade, outros fatores do

    ambiente devem ser controlados a fim de se maximizar a vida til dos produtos. Alguns desses

    fatores incluem a umidade relativa e a atmosfera gasosa (oxignio, dixido de carbono e etileno).

    s vezes difcil estabelecer um equilbrio entre esses fatores. Por exemplo, uma alta umidade

    relativa pode manter a textura, mas pode tambm facilitar o crescimento microbiano. Alguns

    produtos que so altamente sensveis ao etileno no podem ser armazenados juntamente com

    produtos que apresentam produo elevada de etileno.

    Durante o armazenamento muitos compostos volteis so acumulados na atmosfera de

    armazenamento. Dentre os compostos, o etileno aparentemente o mais importante, sendo que a

    remoo do mesmo da atmosfera pode reduzir os processos fisiolgicos relacionados ao

    amadurecimento e senescncia.

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    Entretanto, para muitas frutas e hortalias o fator limitante na extenso da sua vida til o

    desenvolvimento de doenas ps-colheita. Pr-resfriar os frutos o mais rpido possvel, desinfetar

    cmaras, embalagens e equipamentos e manter a temperatura e umidade relativa constantes e

    indicadas para o produto ou a variedade, podem tambm retardar o desenvolvimento de doenas

    ps-colheita durante o armazenamento.

    3.6.2 Revestimentos Comestveis e Ceras

    Coberturas e filmes comestveis podem ser definidos como uma camada fina e contnua de

    substncia alimentcia formada ou depositada sobre o alimento, oferecendo barreira aos gases,

    vapor de gua, aromas e leos, propiciando proteo mecnica e tambm conduzindo antioxidantes,

    aromas, antimicrobianos aos alimentos. Podem ser feitos de muitos tipos diferentes de polmeros

    (pectina, protenas, leos, amido, etc.) e h muitas marcas comerciais no mercado, podendo ser,

    biodegradveis e/ou comestveis, dependendo dos aditivos utilizados. Eles so geralmente aplicados

    s frutas e hortalias frescas para melhorar sua aparncia e para evitar perdas de umidade. Alm

    disso, tem-se pesquisado o seu potencial para serem usados na proteo de produtos minimamente

    processados.

    O filme ou cobertura comestvel ideal deve criar uma barreira para impedir a perda de

    volteis desejveis e vapor de gua, enquanto restringe a troca de CO2 e O2, criando assim, uma

    atmosfera modificada para a diminuio da respirao e aumentar a vida de prateleira das frutas e

    hortalias. A atmosfera modificada formada, entretanto, no deve criar condies para o

    desenvolvimento da respirao anaerbia, pois poder causar sabores desagradveis, alterar a

    textura das frutas e hortalias, e favorecer o crescimento de microrganismos anaerbios.

    Por isso, para cada fruta ou hortalia, existe a formulao e a concentrao mais adequada,

    no podendo uma determinada cera ou biofilme ser aplicado indiscriminadamente para vrios

    produtos.

    3.7 Embalagem

    O produto deve ser embalado apropriadamente, devendo-se evitar misturas de produtos

    doentes com sadios. Alguns produtos como as uvas e os morangos no so lavados. Eles so

    embalados no campo imediatamente aps a colheita. A embalagem no campo gera uma situao

    onde a contaminao pode ocorrer facilmente se os recipientes e os materiais no forem

    manipulados cautelosamente.

    Faz-se necessrio fazer algumas recomendaes para os produtos embalados no campo de

    produo, como:

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    _ Evitar o contato direto dos produtos embalados com o solo;

    _ Todos os recipientes, cestas ou caixas vazias devem ser desinfetados antes do uso;

    _ Os recipientes usados para embalagem devem ser armazenados em um local limpo e seco,

    afastado do campo;

    _ As embalagens devem tambm ser armazenados, transportados e manuseados usando-se as

    mesmas consideraes sanitrias que a dos produtos.

    Os principais danos que ocorrem nos frutos embalados como machucadura por impacto,

    amassamento por compresso e abraso devem ser evitados.

    As embalagens, alm de protegerem os produtos contra danos diversos, devem tambm

    identific-los apropriadamente.

    To importante quanto padronizao do produto a padronizao das embalagens. Ambas

    se complementam e impactam positivamente na qualidade do produto. As normas esto disponveis

    no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento MAPA, "Instruo Normativa Conjunta

    SARC/ANVISA/INMETRO n 009", que dispe sobre as embalagens destinadas ao

    acondicionamento de produtos hortculas "in natura" (MAPA, 2002).

    3.8 Transporte

    No transporte dos produtos do campo para o packing house e destes para o mercado

    consumidor, algumas consideraes so necessrias:

    _ Os reboques e recipientes devem estar livres de sujeira visvel e de partculas de alimentos;

    _ Odores ftidos podem indicar contaminao microbiolgica e prticas de limpeza

    insatisfatrias;

    _ As unidades de transporte no devem conter qualquer condensao de gua e no devem

    estar midas;

    _ Lacres hermticos so altamente recomendados, afim de se evitar a contaminao

    ambiental durante o transporte;

    _ Se o produto fresco exigir refrigerao durante o transporte, o equipamento de refrigerao

    dever estar operando de maneira adequada. Dispositivos para a monitorao de temperatura

    precisam ser implementados, a fim de se monitorar o desempenho do sistema de refrigerao.

    Se o histrico anterior de carga indicar que a unidade de transporte tenha sido utilizada

    recentemente para o transporte de animais, alimentos crus ou substncias qumicas, os produtos

    agrcolas no devem ser colocados na unidade at que sejam tomadas medidas adequadas de

    limpeza e desinfeco. O reboque ou recipiente deve ser lavado e descontaminado, seguindo-se

    procedimentos similares queles descritos para equipamentos de processamento de alimentos.

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    3.8.1 Boas prticas de transporte para unidades refrigeradas

    Dependendo do produto e da distncia a ser percorrida, faz-se necessrio o uso do transporte

    refrigerado associado a cuidados de higiene, procurando-se manter os compartimentos de carga

    sempre limpos e desinfetados. Algumas recomendaes devem ser consideradas:

    _ Os sistemas de refrigerao e resfriamento devem ser inspecionados antes de cada viagem

    para assegurar seu funcionamento adequado. Eles devem tambm conter um plano de manuteno

    programado;

    _ Os recipientes devem ser adequadamente empilhados, sem haver sobrecarga, a fim de

    permitir a circulao de ar;

    _ Os registros de temperatura devem ser mantidos durante o transporte;

    _ Os registradores de temperatura devem ser calibrados e prova de adulteraes para

    assegurar que a temperatura de armazenamento adequada est sendo mantida;

    _ As serpentinas de refrigerao devem ser limpas e no devem causar respingos devido

    condensao sobre a carga.

    Outra questo importante o treinamento de motoristas e outros funcionrios responsveis

    pelo transporte e manuseio. Eles devem ser instrudos sobre a importncia do controle de

    temperatura e o tempo gasto no transporte para a manuteno da segurana e qualidade dos

    produtos frescos.

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    4.1 O Trigo

    O trigo uma gramnea, um cereal fasciculado, de fruto oval pertencente famlia Graminea

    e do gnero Triticum, possuindo diversas espcies. O tipo de maior interesse comercial oTriticum

    aestivum L.(trigo comum) utilizado na panificao, produo de bolos, biscoitos e produtos de

    confeitaria. O tipo Triticum durum muito utilizado para o preparo de massas alimentcias.

    As primeiras sementes de trigo foram trazidas ao Brazil por Martin Afonso, em 1534 , que

    se plantou na Capitania de So Vicente a partir da qual se estenderam pelo planalto na direo Sul,

    onde as condies climticas eram mais favorveis.

    O trigo consumido no Brasil de procedncia nacional e importado. Os estados brasileiros

    de maior produo so Paran, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e So Paulo. As principais

    importaes provem dos Estados Unidos, Argentina, Canad e Alemanha. Estes so transportados

    para o Brasil por navios. Chegando aos portos, o trigo descarregado e seu transporte at o destino

    ser por carretas ou trens.

    4.1.1 Composio Qumica do Gro

    O gro de trigo contm em mdia;* Endosperma: 80% do gro - contm: amido, protenas,

    fibras e coomplexo vitamnico; * Casca: 17,5% do gro - contm: fibras, complexo vitamnico,

    minerais e protenas; * Germe ou Embrio: 2,5% do gro - contm: gorduras, complexo vitamnico

    e mineirais.

    4.1.2 Anlises

    Determinao do peso Hectilitro.

    Determinao da umidade.

    Determinao do Glten ( Glutomatic ).

    Anlise de Protenas.

    Determinao da Alfa - Amilase ( Falling Number ).

    Determinao da Cor ( Clormetro - Pekar ).

    Alveograma.

    Determinao de Resduos Minerais ( Cinzas ).

    Anlise da acidez aquosa e alcolica.

    Anlises microscpicas e macroscpicas.

    Unidade II ESTUDO DO TRIGO

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    Em seguida descarregado nas moegas, de onde depois de passar por um processo de

    limpeza, ser transportado aos silos.

    4.1.3 Controle de Qualidade

    Antes de descarregar o trigo no moinho, so retiradas vrias amostras de todas as carretas e

    em seguida essas amostras passam para o Controle da Qualidade onde so feitas vrias anlises.

    Estando os resultados de acordo com o padro estabelecido pelo moinho, autoriza-se a descarga do

    trigo. Estas anlises so feitas com o produto armazenado e tambm durante a produo.

    4.1.4 Moagem

    O processo de moagem se divide em quatro etapas principais:

    - Recepo e armazenamento do gro

    O trigo tem que ser armazenado em perfeitas condies de higiene, temperatura e umidade

    para poder garantir um melhor produto final.

    - Limpeza e Acondicionamento do Trigo

    Nesta etapa necessrio eliminar todas as impurezas como sementes estranhas, terra, areia,

    pedras e outros. A presena de impurezas causa danos aos equipamentos e tambm desqualifica o

    produto final. Aps a etapa de limpeza o trigo acondicionado no mnimo por 18 horas, esse tempo

    varia de acordo com a dureza e umidade do gro. Esta etapa de acondicionamento tem como

    objetivo facilitar a separao do farelo com o endosperma durante a moagem.

    - Moagem do Trigo e Produo de seus derivados

    O objetivo do processo de moagem separar na forma mais pura o endosperma para que

    este possa ser modo e convertido em farinhas no contaminadas com o germe ou o farelo, os quais

    so comercializados separadamente. Para isto, o gro primeiramente passa por um processo de

    triturao onde sero extradas as semolinas (endosperma).

    Em seguida estas so classificadas no plansifter em partculas grossas e finas. Estas

    particulas iro passar por cilindros redutores, novamente pelo plansifter, sassores e outros

    equipamentos que definiro os produtos derivados do trigo. O principal produto derivado de trigo

    a farinha, seguida do farelo e o germe. Existem vrios tipos de farinha de trigo, estas so

    especificadas de acordo com o produto que se deseja produzir.

    Envase, Armazenamento e distribuio dos produtos acabados:

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    Agroindstria - Introduo a Agroindstria 38

    Nesta etapa o produto embalado em embalagens de 1kg, 5kg e 50kg. O produto deve ser

    armazenado sempre em ambientes limpos, secos e arejados. A distribuio dos produtos feita por

    uma frota prpria do moinho ou por transportadoras.

    4.2 Farinhas

    P resultante da moagem de gros de cereais, como trigo, arroz, milho, centeio.

    No processo para a obteno da farinha, as principais operaes so a moagem e a

    peneirao. Tambm algumas sementes, tubrculos, frutos e razes triturados so denominadas

    farinhas. Desse grupo, no ambiente brasileiro, salienta-se a farinha de mandioca ou farinha de mesa.

    Do ponto de vista econmico, nenhuma se aproxima da farinha de trigo, em relao qual

    as demais so de importncia secundria.

    Nos grandes moinhos modernos produzem-se muitos tipos de farinhas, cada qual para

    determinado fim. Essa especializao, imposta pelas exigncias da indstria panificadora, obrigou

    os moleiros a fazerem modificaes nos antigos mtodos de moagem, a fim de produzir farinhas

    mais brancas e de melhor qualidade, apesar do aumento crescente do nmero de variedades de trigo

    que chegam aos moinhos.

    Independentemente do alto valor nutritivo que possui, por seu teor em fcula e glten, rico

    em protdios, a farinha de trigo tem uma particularidade de decisiva importncia no processo da

    panificao: a de reter grande quantidade de bolhas de gs carbnico (CO2), que d ao po uma

    consistncia macia e esponjosa. O gs produzido pela adio de levedura ou pela reao qumica

    de um ingrediente cido com bicarbonato de sdio. No caso da fermentao pela levedura, esta deve

    nutrir-se do acar, das substncias nitrogenadas e dos sais minerais, em forma facilmente

    assimilvel, contidos na farinha. Alm de conter todos esses alimentos, a farinha encerra certas

    enzimas, as distases, que, ao tornar-se a farinha em massa, transformam lentamente parte da fcula

    em acar, que o fermento utilizar.

    4.2.1 Farinha de Trigo

    O principal ingrediente na panificao a farinha de trigo. Existem farinhas de muitos tipos,

    com caractersticas diferentes, usadas para produtos especficos. As mudanas na composio do

    trigo so muitas devido s diferenas entre as condies de solo e de clima das diversas regies

    onde o gro plantado, sendo difcil manter o padro da farinha de um ano para o outro. Para a

    fabricao de po e de outros produtos fermentados, a farinha de trigo deve possuir consistncia

    dura, j que se faz necessrio o uso de uma farinha mais forte.

    Na moagem do trigo para obteno de farinha feita a remoo do germe e do farelo, ou

    seja, cerca de 17 % do gro. esperado, portanto, um rendimento de aproximadamente 83 %,

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    Agroindstria - Introduo a Agroindstria 39

    obtendo uma farinha que corresponde ao endosperma do gro. Mas o trigo possui uma camada de

    aleurona, que tem protenas de baixo valor tecnolgico e deve ser retirada do restante do

    endosperma no processo de moagem. Para a remoo total da aleurona torna-se necessrio retirar

    tambm uma parte do endosperma. Essa frao corresponde a 11 % do gro.

    Portanto, uma farinha de trigo considerada como padro aquela que apresenta 72 % de

    extrao, ou seja, onde somente 72 % do trigo proven