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AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
9,0
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: COMO SANAR AS DIFICULDADES DE
LEITURA NO 3º E 4º ANO DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
ALDEIZA NOGUEIRA DA SILVA
ORIENTADOR: PROF. Ilso Fernandes do Carmo
ARIPUANÃ /2012
AJES - INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA
ESPECIALIZAÇÃO EM LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: COMO SANAR AS DIFICULDADES DE
LEITURA NO 3º E 4º ANO DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
ALDEIZA NOGUEIRA DA SILVA
ORIENTADOR: PROF. Ilso Fernandes do Carmo
“Monografia apresentada como exigência para a obtenção do título de Especialização em Letramento e Alfabetização.”
ARIPUANÃ /2012
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais que me incentivou na realização deste curso.
Aos familiares e aos professores, que compartilharam com ideais deixo aqui
a minha admiração e respeito.
Minha enorme gratidão as pessoas que envolvem meus caminhos e que
chamo de amigos.
Agradeço àquelas que direta e indiretamente colaboraram para a conquista
de mais uma etapa.
DEDICATÓRIA
Hoje, não sei dizer senão, um obrigado a DEUS, o autor da vida, pela
presença, constante em todos os momentos e circunstâncias da vida.
" O acolhimento de que o aluno precisa é que o professor o ajude nas
dificuldades e que crie condições para que haja prazer em conhecer e que a cultura
seja considerada um bem maior."
(autor desconhecido)
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01: Branca de Neve e os Sete Anões..........................................................41
FIGURA 02: Ambiente Confortável..............................................................................42
FIGURA 03: A leitura como algo prazeroso...............................................................43
FIGURA 04: A leitura do livro didático........................................................................44
FIGURA 05: A contribuição das leituras na aprendizagem........................................44
RESUMO
Constatando-se que as dificuldades de aprendizagem da leitura e
conseqüentemente da escrita dos alunos em séries iniciais do ensino fundamental
são inúmeras, resolveu-se aprofundar este tema visto ser de suma importância,
nesse caso entende-se que a leitura e escrita devem ter um seguimento paralelo,
embora distintas. Para a realização desta monografia foi realizada uma observação
com entrevista semi estruturada com professores, alunos e demais funcionários da
Escola Municipal Maria Luiza do Nascimento Silva, onde foi possível proporcionar
aos leitores uma melhor compreensão sobre o processo de aprendizagem da leitura
e conseqüentemente da escrita. Constatou-se durante a pesquisa que as principais
dificuldades que os alunos apresentam para ler e também como conseqüência a
escrever, são decorrentes de vários fatores, porém destacam-se os mais
importantes como sendo: falta de acompanhamento da família, professores nem
sempre qualificados, entre outros. O que se pode alcançar através da análise do
presente estudo, é que os professores precisam estar atentos e oferecer aos alunos
metodologias diferenciadas que proporcionem uma melhor aprendizagem as
crianças, visto que apresentam dificuldades no processo de aprendizagem da leitura
e como já dito conseqüentemente da escrita. Busca-se também a qualificação
desses profissionais para que se obtenha no futuro uma prática pedagógica
qualificada.
Palavras – chave: Leitura, motivação, família, qualificação profissional.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................08
CAPITULO 1 AS DIFERENTES LEITURAS E PRÁTICAS EXISTENTES...............10
1.1 O ALUNO E A DIVERSIDADE DE TEXTOS EXISTENTES..................................10
1.2 A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DA LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL.....12
1.3 LEITURA E CONHECIMENTO DE MUNDO.........................................................16
1.4 ESTRATÉGIAS DE LEITURA...............................................................................18
CAPITULO 2: DIFICULDADES E AÇÕES QUE CONTRIBUEM PARA A
LEITURA....................................................................................................................20
2.1 DIFICULDADES DE LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL.........................................................................................................20
2.2 FATORES QUE AJUDAM A SANAR AS DIFICULDADES DE LEITURA..............23
2.3 DIVERSAS AÇÕES PARA CONSTRUIR UMA ESCOLA LEITORA.....................25
CAPITULO 3: ANÁLISE DA PRÁTICA PEDAGÓGICA............................................32
3.1 O QUE DIZ OS PROFESSORES QUANTO A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DA
LEITURA....................................................................................................................32
3.2 METODOLOGIA...................................................................................................32
3.3 ANALISE E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS.................................................32
3.4 COMO DESENVOLVER O HÁBITO DE LER ATRAVÉS DA PRÁTICA DE
PROJETOS................................................................................................................40
CONCLUSÃO ............................................................................................................46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................48
ANEXOS....................................................................................................................51
INTRODUÇÃO
Através de levantamento bibliográficos e observação, analisou-se as
dificuldades da leitura, um assunto que traz preocupações constantes neste século,
em que o hábito da leitura é preocupante, é um problema da educação escolar no
mundo. Na maioria das vezes da má sistematização sócio-econômico do país, de
professores sem graduação necessária, famílias mal estruturadas, etc.
Em que na maioria dos alunos é de baixa renda, o que dificulta a
participação dos pais na aprendizagem, pois muito destes alunos tem inúmeros
irmãos, ou seja, famílias enormes, onde pai e mãe trabalham, aonde são detectados
números alarmantes de dificuldades do aprender a ler, conseqüentemente a
escrever.
A linguagem é uma prática social entre pessoas, entre grupos, na qual
interagimos uns com os outros através da linguagem verbal e não verbal. Assim é
essencial trabalhar linguagem nos anos iniciais, numa proposta de interação, na qual
a textualidade sempre está presente. Precisa–se considerar que o aluno já domina a
linguagem oral, articulando–a em exercícios de comunicação e apresenta inclusive
uma gramática pronta, já que, estrutura textos orais com facilidade.
Sabemos que as mudanças educacionais são extremamente complexas e
que imensa é a nossa jornada, e mesmo assim escolhemos a profissão educadora.
Todos os dias adentramos em um universo chamado sala de aula. Um universo
cheio de desafios e oportunidades, no qual experimentamos várias sensações entre
elas, infelizmente, o fracasso. Fracassamos por inúmeras razões, independente da
nossa vontade, principalmente quando insistimos em temer o novo, quando
continuamos privilegiando um modelo de ensino que prioriza a memorização, a
repetição e a imitação.
Dessa forma, entendo que a alfabetização e seus resultados práticos têm
merecido a atenção de autoridades, pesquisadores, profissionais da área e de todos
nós professores que atuamos junto às crianças.
A escolha desse tema buscou métodos e práticas pedagógicas a partir do
que já desenvolve-se em sala de aula, para a prática de ensino da leitura nas séries
iniciais, deixando-se a brincadeira fazer parte do trabalho de aquisição da leitura e
conseqüentemente da escrita, utilizando assim uma metodologia criativa para que
esses possam elaborar e interpretar a ação motivada com algo que esta inserida no
mundo que elas vivem; não no mundo imaginário e sim no real. Aprender a ler não é
uma tarefa fácil para todas as crianças, algumas têm mais dificuldades que outras,
trazendo a leitura para o âmbito educacional faz com que este torne um individuo
crítico, agindo intelectualmente ao conteúdo.
Para a realização desta monografia usou-se caráter bibliográfico e pesquisa
de campo onde foi possível identificar estratégias que os professores devem utilizar
para formar leitores competentes e capazes de agir na sociedade.
Essa monografia foi desenvolvida em três capítulos, dos quais, o primeiro
forneceu dados sobre: Os alunos e as diversidades de gêneros discursivos, A
importância da leitura no ensino fundamental e Estratégias de leitura.
No segundo capítulo, foi exposto As dificuldades de leitura encontradas nas
series iniciais do ensino fundamental, Os fatores que podem sanar as dificuldades
de leitura e também as diversas ações que podem contribuir para a construção de
uma escola leitora.
No terceiro capítulo, mostrou o que diz os professores quanto a importância
da prática da leitura, as metodologias utilizadas para a realização da pesquisa, A
analise e discussões dos resultados e também como desenvolver nas crianças o
hábito de ler através de projetos.
09
CAPITULO I : AS DIFERENTES LEITURAS E PRÁTICAS EXISTENTES
1.1 O ALUNO E A DIVERSIDADE DE TEXTOS EXISTENTES
De acordo com vários autores como: OLIVEIRA (1997), KATO (1992), LEITE
(2001), e outros, nas séries iniciais, é importante que o aluno tome contato com bons
modelos de textos verbais (além dos não verbais) e com os mais diferentes gêneros
discursivos, observando-os e refletindo sobre suas características especificas, a fim
de que se apropriem desse conhecimento e o utilizem no momento em que
produzirem seus próprios textos, adequando o gênero a situação de uso.
Nesse sentido, KATO (1992, p.34) diz:
A variedade de gêneros discursivos se dão na medida em que variam as intenções de quem fala e quem escreve, sendo cada enunciado, na verdade, uma manifestação da teia complexa formada pela comunidade humana.
De acordo com OLIVEIRA (1997), a alfabetização precisa ser discutida e
pensada pelos educadores, tendo em vista que não se resume apenas à habilidade
de ler e escrever, mas em possibilidades de relacionar-se com outros
conhecimentos. A mudança que se opera nesse sentido busca garantir uma
alfabetização significativa, valorizando os saberes do educando adquiridos dentro e
fora do âmbito escolar.
No entanto os indivíduos aprendem a linguagem oral, devido à necessidade
de comunicar-se, interagindo com as pessoas que os cercam e isso acontece por
uma necessidade social: a comunicação. Ou seja, a criança esta cercada de
diversos tipos de textos e da mesma forma que aprende a linguagem materna,
também descobre a escrita, esse fato acontece bem antes dela freqüentar o âmbito
escolar, quando ela vivencia as diferentes manifestações da escrita na sociedade.
Como diz Vygostsky, o ensino tem que ser organizado de forma que a leitura e a escrita se tornem necessárias às crianças (...) A escrita deve ser relevante à vida (...) deve ter significado para as crianças (...), deve ser incorporada a uma tarefa necessária e relevante para a vida para que se desenvolva como uma forma nova e complexa de linguagem”. (KATO, 1992 p.37).
Essa concepção sócio-histórica se contrapõe fundamentalmente a lingüística
do século XIX, que não nega a função comunicativa da linguagem, mas a
caracteriza como algo acessório, abstrato, havendo um locutor ativo que se dirige a
um destinatário passivo, que se limita a compreende-lo. Nessa perspectiva, o papel
ativo do outro na comunicação fica minimizado, distorcendo-se a situação
comunicativa real e seus princípios fundamentais.
O ouvinte adota, simultaneamente, uma atitude responsiva ativa, ou seja,
concorda, discorda, completa, adapta, polemiza, prepara-se para responder,
fazendo do ato da comunicação um constante processo de elaboração e troca com o
locutor, bem como diz BAKHTIN, (2004, p.54):
O próprio locutor como tal é, em certo grau, um respondente, pois não é o primeiro locutor, que rompe pela primeira vez o silencio de um mundo mudo, e pressupõe não só a existência dos enunciados anteriores emanentes dele mesmo ou do outro aos quais seu próprio enunciado esta vinculado por algum tipo de relação (fundamenta –se neles, polemiza com eles), pura e simplesmente ele já os supõe conhecidos do ouvinte. Cada enunciado é um elo de cadeia muito complexa de outros enunciados.
Portanto, é a intencionalidade de uma enunciação que determina o
acabamento de um enunciado a escolha do gênero em que ele esta estruturado.
Essa escolha é determinada de acordo com as especificidades da situação
comunicativa, quando o intuito discursivo do locutor, sem renunciar ao estilo
pessoal, constitui-se na forma de um gênero determinado.
Essa atividade comunicativa é espontânea e resulta do repertório de
gêneros orais e escritos adquiridos nas interatividades cotidianas, na convivência
com enunciados concretos ouvidos e reproduzidos durante a comunicação verbal
viva, assim como se aprende a língua materna. “Aprender a falar é aprender a
estruturar enunciados (porque falamos por enunciados e não por orações isoladas e,
menos ainda, é obvio, por palavras isoladas).” (BAKHTIN, 2004, p.35).
Sendo assim, torna-se necessário apresentar ao aluno os diferentes gêneros
discursivos. Os parâmetros curriculares Nacionais de Língua Portuguesa fazem
referencia aos gêneros mais adequados ao trabalho com a linguagem oral e escrita,
respeitando os interesses e as peculiaridades de cada série. KATO (1992, p. 38),
reforça essa idéia quando diz que:
É fundamental ao aluno o contato com canções, poemas, quadrinhas, adivinhas, contos, fabulas, textos informativos, slogans, historias em quadrinhos, telas, cartazes, receitas, rótulos, convites, embalagens, e também bilhetes, diários, cartas, gráficos, ícones e símbolos.
Percebe–se através desta fala que a interação com a diversidade de
gêneros discursivos tem como finalidade familiarizar o aluno com textos literários,
11
jornalísticos e com os textos do cotidiano que estão a sua volta, evidenciando em
todos os momentos a função social da escrita.
A observação de textos impressos de diferentes escritores facilita a reflexão
a cerca dos resultados da textualidade, contribuindo para a aquisição da linguagem
escrita e para a qualidade dos textos a serem produzidos pelos alunos.
BAKHTIN (2004, p.39), afirma que “É preciso que se provoque no aluno um
olhar cuidadoso para os textos verbais e não verbais, apontando para a linguagem
escrita.”
1.2 A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DA LEITURA NO ENSINO FUNDAMENTAL
A prática da leitura se faz presente em nossas vidas desde o momento em
que começamos a compreender o mundo à nossa volta e é deste desejo constante
de decifrar e interpretar o sentido das coisas que nos cercam, de perceber o mundo
sob diversas perspectivas, de relacionar a realidade ficcional com a que vivemos, no
contato com um livro, enfim, em todos estes casos estamos de certa forma, lendo -
embora, muitas vezes, não nos demos conta.
De acordo com KATO (1992), as práticas de leitura e escrita estão em
diferentes contextos e exercem diferentes funções. Há as escritas que funcionam
como documentos: o dinheiro, o cheque, as contas a pagar, o vale-transporte, a
carteira de identidade; outras contribuem para divulgação de informações: o letreiro
do ônibus, os rótulos dos produtos, as embalagens de defensivos agrícolas, os
avisos, as bulas de remédio, os manuais de instrução.
A lingüista Mary Kato reforça essa concepção quando diz: “quanto maior a
vivência com material escrito, tanto maior a facilidade em compreender os usos da
linguagem escrita.” (1992, p.36).
A autora nos mostra outros meios que permitem os registros de
compromissos assumidos entre as pessoas: os contratos, o caderno de fiado, as
atas; além disso, os jornais, as revistas, a televisão viabilizam a comunicação à
distância; as leis, os regimentos, as propostas curriculares escolar funcionam como
reguladores de convivência social e outras possibilitam a preservação e a
12
socialização da ciência, da filosofia, da religião, dos bens culturais: livros, a Bíblia, as
enciclopédias.
Logo as práticas pessoais e interpessoais de leitura e escrita possibilitam
organizar o cotidiano, entender, registrar e rememorar vivências: agendas, listas de
compras, diários, cadernos de receita e algumas ainda possibilitam as trocas, a
comunicação, a convivência: bilhetes, cartas de amor, e-mail etc.
Nesse sentido o intercâmbio entre o saber escolar e individual é necessário,
pois considerar a história de letramento de crianças, jovens e adultos contribui
significativamente no processo de aquisição da língua escrita. É importante observar
que a escola e a família têm funções diferenciadas na vida da criança, enquanto
cabe a família a vertente afetiva, sem caráter sistematizador, à escola incube-se de
normatizar a escrita, sem descontextualizá-la de uso social.
Desta forma o indivíduo consegue relacionar-se com a escrita, de maneira
cognitiva e social, compreendendo sua funcionalidade sua organização gráfica.
Segundo KATO (1992):
A criança que desde pequena vivencia situações de leitura ou manuseio de livros, lápis e papéis em situação real de escrita como participar junto com a mãe na elaboração de uma lista de compras, bilhetes ou escrita de cartas, ouvi ou relata histórias, mesmo antes de saber ler e escrever convencionalmente, sem dúvida chegará à escola com conhecimentos relevantes sobre a funcionalidade da leitura e da escrita, conhecimento esse que se bem usado pela escola garantirá a esta criança uma alfabetização no sentido completo de ler e escrever. (p.12).
LEITE (2001), referindo-se a esta questão afirma que “o indivíduo letrado
vive situações sociais diferentes que demandam usos funcionais diferenciados em
seu cotidiano e podem determinar a natureza do seu comportamento.” (p.23).
Estudos vêm revelando aspectos dos caminhos que crianças, jovens e
adultos percorrem para se tornarem alfabetizados, bem como conhecimentos que
estão envolvidos nestes processos LEITE (2001), ANDRADE (2000), ROCHA
(2000), GARCIA (2004) e BRITO (2004), vêm, do mesmo modo, contribuindo para a
reflexão sobre novas possibilidades de ação pedagógica com a linguagem verbal, na
perspectiva de se repensarem metodologias de trabalho que favoreçam a formação
de sujeitos criticamente letrados.
A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de
símbolos, mas significa, de fato, interpretar e compreender o que se lê. Segundo
13
Ângela Kleiman (1989), a leitura precisa permitir que o leitor apreenda o sentido do
texto, não podendo transformar-se em mera decifração de signos lingüísticos sem a
compreensão semântica dos mesmos.
Nesse processamento do texto, tornam-se imprescindíveis também alguns
conhecimentos prévios do leitor: os lingüísticos, que correspondem ao vocabulário e
regras da língua e seu uso; os textuais, que englobam o conjunto de noções e
conceitos sobre o texto; e os de mundo, que correspondem ao acervo pessoal do
leitor. Numa leitura satisfatória, ou seja, na qual a compreensão do que se lê é
alcançada, esses diversos tipos de conhecimento estão em interação. Logo,
percebemos que a leitura é um processo interativo.
A partir desse momento, podemos começar a refletir sobre o relacionamento
leitor-texto. Já dissemos que ler é, acima de tudo, compreender. Para que isso
aconteça, além dos já referidos processamento cognitivo da leitura e conhecimentos
prévios necessários a ela, é preciso que o leitor esteja comprometido com sua
leitura. Ele precisa manter um posicionamento crítico sobre o que lê, não apenas
passivo. Quando atende a essa necessidade, o leitor se projeta no texto, levando
para dentro dele toda sua vivência pessoal, com suas emoções, expectativas, seus
preconceitos etc. É por isso que consegue ser tocado pela leitura.
Sendo assim, o leitor mergulha no texto e se confunde com ele, em busca de
seu sentido. Isso é o que afirma Roland Barthes (1987, p..25) quando compara o
leitor a uma aranha: “[...] o texto se faz, se trabalha através de um entrelaçamento
perpétuo; perdido neste tecido - nessa textura -, o sujeito se desfaz nele, qual uma
aranha que se dissolve ela mesma nas secreções construtivas de sua teia”.
Desse modo, o único limite para a amplidão da leitura é a imaginação do
leitor; é ele mesmo quem constrói as imagens acerca do que está lendo. Por isso ela
se revela como uma atividade extremamente frutífera e prazerosa. Por meio dela,
além de adquirirmos mais conhecimentos e cultura - o que nos fornece maior
capacidade de diálogo e nos prepara melhor para atingir às necessidades de um
mercado de trabalho exigente -, experimentamos novas experiências, ao
conhecermos mais do mundo em que vivemos e também sobre nós mesmos, já que
ela nos leva à reflexão.
14
E refletir, sabemos, é o que permite ao homem abrir as portas de sua
percepção. Quando movido por curiosidade, pelo desejo de crescer, o homem se
renova constantemente, tornando-se cada dia mais apto a estar no mundo, capaz de
compreender até as entrelinhas daquilo que ouve e vê, do sistema em que está
inserido. Assim, tem ampliada sua visão de mundo e seu horizonte de expectativas.
A escola deve atuar diretamente, trazendo para dentro do ambiente escolar,
situações reais de uso da leitura e escrita. Vivemos em uma sociedade em que a
escrita é reguladora das relações sociais. Portanto, não existe sujeito iletrado, pois
segundo GARCIA (2004), “todos, em alguma medida, interagem com a cultura
escrita e têm estas formas culturalmente construídas como referencial identitário e
epistemológico.” (p.64).
Esse interesse de pesquisa se concentra, portanto, no aprofundamento da
compreensão de processos e fatores envolvidos na construção daquela condição
letrada. LEITE (2001), afirma que:
letramento e alfabetização são termos que podem se confundir. Vivemos em uma sociedade em que a letra, isto é a escrita esta por toda parte e as pessoas precisam „se virar‟ no seu cotidiano, independentemente de saberem ler ou escrever, independentemente de terem freqüentado uma escola. (p.56).
Portanto há muitas pessoas, chamadas analfabetas, que são letradas,
embora não tenham sido escolarizadas. Essas pessoas vivem em contato com a
escrita, tomam ônibus, manuseiam dinheiro, etc. Por isso letrar-se significa um
processo que acontece na escola, na igreja, no sindicato ou em outras instituições é
um conceito mais amplo que alfabetizar-se, que se da sistematicamente, na escola.
No entanto KATO (1992, p.47) diz:
Alfabetizar letrando é um desafio permanente. Implica refletir sobre as praticas e as concepções por nós adotadas ao iniciarmos nossas crianças e nossos adolescentes no mundo da escrita, analisarmos e recriarmos nossas metodologias de ensino, a fim de garantir, o mais cedo e da forma mais eficaz possível, esse duplo direito: de não apenas ler e registrar automaticamente palavras numa escrita alfabética, mas de poder ler e compreender e produzir os textos que compartilhamos socialmente como cidadãos”.
“Os alfabetizandos precisam compreender o mundo, o que implica falar a
respeito do mundo.” (FREIRE, 1990, p.16). Para o autor, alfabetização além de
garantir o ensino da leitura e da escrita deve explicar e discutir outros eventos
sociais e culturais, diversas linguagens como: a música, poesia, tendências,
15
acontecimentos, movimentos e tudo que envolve os interesses geral e particular de
uma sociedade ou nação.
O modelo ideal de alfabetização para FREIRE (1990), deveria ser capaz de
emancipar social e culturalmente todo indivíduo, permitindo compreender sua
importância, discutindo suas experiências e relacionando-se conscientemente com o
mundo.
No entanto de acordo com SCOTT (1983, p.48), entende-se que “a ação
pedagógica mais adequada e produtiva é aquela que contempla, de maneira
articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento.”
Desse modo, a leitura se configura como um poderoso e essencial
instrumento libertário para a sobrevivência do homem.
Há, entretanto, uma condição para que a leitura seja de fato prazerosa e
válida: o desejo do leitor. Atividades com textos que fazem parte do cotidiano das
crianças oferecem a eles “oportunidades de desenvolver estratégias de leitura
essenciais para que se tornem leitores fluentes, familiarizados com a linguagem de
diferentes tipos de texto.” (VÓVIO, 1998, p.10).
Quando transformada em obrigação, a leitura se resume à simples enfado.
Para suscitar esse desejo e garantir o prazer da leitura, VÓVIO (1998), prescreve
alguns direitos do leitor, como o de escolher o que quer ler, o de reler, o de ler em
qualquer lugar, ou, até mesmo, o de não ler. Respeitados esses direitos, o leitor, da
mesma forma, passa a respeitar e valorizar a leitura. Está criado, então, um vínculo
indissociável. A leitura passa a ser um imã que atrai e prende o leitor, numa relação
de amor da qual ele, por sua vez, não deseja desprender-se.
1.3 LEITURA E CONHECIMENTO DE MUNDO
A leitura não pode ser concebida única e exclusivamente como um processo
de decodificação. Embora haja decodificação, não é o suficiente para que a leitura
se concretize. Segundo SCOTT (1983, p.54):
a leitura não é a habilidade de decodificar palavras, mas sim de se extrair o significado, o implícito e explícito do texto escrito. É um processo seletivo e ao mesmo tempo, um jogo de adivinhação psicolingüístico que envolve uma interação entre pensamento e linguagem.
16
O texto, neste sentido, faz a mediação para a comunicação ou interação
entre dois contextos: o do autor e o do leitor. É neste sentido que autor e leitor
interagem atribuindo significados ao texto. Como afirma KOCH (2002, p.160):
a atividade de interpretação do texto deve sempre fundar-se na suposição de que o produtor tem determinadas intenções e de que uma compreensão adequada exige, justamente, a captação dessas intenções por parte de quem lê: é preciso compreender-se o querer dizer como um querer fazer.
Dessa forma, a leitura é um processo cognitivo que depende da participação
do leitor, o qual atua dotado de sua própria bagagem cultural, participando também
da construção do significado. E nessa relação com o texto, em busca das intenções
do autor, o leitor torna-se participante da interação comunicativa. E essa interação
comunicativa ocorre porque de acordo com (SILVA, 1991, p. 25):
a leitura não se configura como um processo passivo (...). Por exigir descoberta e re-criação, a leitura coloca-se como produção e sempre supõe trabalho do sujeito-leitor (...), então o leitor, além de partilhar e re-criar referenciais de mundo, transforma-se num produtor de acontecimentos, em função do aguçamento da compreensão e de sua consciência crítica.
Nesse sentido, o processo de leitura é considerado ativo porque inclui
predição, elaboração de hipóteses, previsões a respeito do texto e o leitor observa
os recursos visuais, gráficos e sonoros (título, ilustração, gráfico, silhueta, tipo de
letra etc.) e levanta uma série de hipóteses e começa a testá-las. Como afirma
LEFFA (1996, p.14), “a qualidade do ato da leitura não é medida pela qualidade
intrínseca do texto, mas pela qualidade da reação do leitor”.
Para KLEIMAN (1989, p. 27),
(...) leitura implica uma atividade de procura pelo leitor, no seu passado de lembranças e conhecimentos, daqueles que são relevantes à compreensão de um texto, que fornece pistas e sugere caminhos, mas que certamente não explicita tudo o que seria possível explicitar.
Para a referida autora, a leitura é um processo interativo, pois resulta da
interação de diversos níveis de conhecimento – o conhecimento lingüístico, o
conhecimento textual e o conhecimento de mundo. Para compreender um texto, o
leitor utiliza o conhecimento prévio que é constituído por todo o conhecimento
reunido ao longo de sua vida.
O processo cognitivo de leitura pode ser mais bem compreendido quando se
tem um conhecimento mais abrangente sobre as estratégias de leitura e sobre os
recursos argumentativos, o que possibilita uma participação mais crítica do aluno-
leitor.
17
1.4 ESTRATÉGIAS DE LEITURA
KLEIMAN (1996), vê a leitura como um processo cognitivo e procura
delinear seu processamento. Trata especificamente dos aspectos ligados à relação
entre o sujeito-leitor e o texto enquanto objeto, entre linguagem escrita e
compreensão, memória, inferência e pensamento.
A leitura começa na percepção do objeto pelos olhos através de um
movimento não linear. Grande parte da mensagem daquilo que lemos é inferida ou
adivinhada, levando a crer que a leitura é um “jogo de adivinhações”, como afirma
GOODMAN (1991, p.19).
Ainda de acordo com GOODMAN (1991), Independentemente do objetivo de
leitura e do tipo de tarefa, os leitores utilizam estratégias de leitura, operações
utilizadas para abordar o texto, as quais podem ser cognitivas (operações
inconscientes) e meta cognitivas (passíveis de controle consciente, pois partem do
senso comum). São as estratégias que particularizam a construção do sentido da
leitura, uma vez que ler exige a ativação de diferentes competências e esquemas
apropriados. Trata-se do conhecimento de cada leitor trabalhando de forma ativa e
determinando como o texto será compreendido.
A inferência é uma estratégia cognitiva muito utilizada na leitura. Segundo
KOCH e TRAVAGLIA (1993, p.70), inferência é “aquilo que se usa para estabelecer
uma relação, não explícita no texto, entre dois elementos desse texto”. É resultante
da ativação dos esquemas do leitor e permite que este infira, com base no
conhecimento prévio, a respeito do desconhecido. A inferência permite ao leitor
“construir novas proposições a partir de outras já dadas.” (MARCUSCHI, 1984,
p.25).
Por ser uma operação cognitiva, o processo de inferência pode variar muito
de indivíduo para indivíduo, já que depende do nível de conhecimento que o leitor
tem armazenado na memória, ou seja, o conhecimento prévio.
Para JOLIBERT (1994, p.32): “Ensinar é ajudar alguém em seus próprios
processos de aprendizado.” Se ensinar é ajudar alguém em seus próprios processos
de aprendizado, o professor de língua portuguesa deve, então, ter em mãos um
material adequado ao ensino de leitura e compreensão textual.
18
Como antecipa a referida autora JOLIBERT (1994), não se ensina uma
criança a ler e é ela quem se ensina com a ajuda do professor, de seus colegas, dos
instrumentos da aula e também de seus pais. Cada criança possui seus próprios
processos, seus obstáculos e dificuldades a vencer.
Outra estratégia cognitiva utilizada na leitura é a previsão. É constituída pela
habilidade do leitor em prever e antecipar o que ainda está por vir. Baseia-se tanto
nas informações explícitas como nas inferidas, de modo que o leitor, no decorrer do
processo, dificilmente tem consciência se determinado conteúdo estava explícito ou
se foi inferido.
“Leitor maduro é aquele para quem cada nova leitura desloca e altera o
significado de tudo o que ele já leu, tornando mais profunda sua compreensão dos
livros, das gentes e da vida.” (LAJOLO, 1993, p.16).
É importante ressaltar a diversidade de gêneros textuais presentes nas,
capa de gibi, anúncio publicitário, fábula, dito popular e teatro clássico. Isso
comprova que uma multiplicidade de textos deve circular em sala de aula, uma vez
que os textos veiculados socialmente requerem do leitor conhecimentos anteriores
e, principalmente, porque interagimos por meio de diversos gêneros discursivos.
19
CAPITULO 2: DIFICULDADES E AÇÕES QUE CONTRIBUEM PARA A LEITURA
2.1 DIFICULDADES DE LEITURA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO
FUNDAMENTAL
O mapeamento escolar é entender toda a dialética do contexto social político
e pedagógico de uma escola, desde a criação, fundação até funcionamento geral, as
observações e práticas docentes, tendo assim uma importância para que se tenha
uma visão da totalidade dos processos educacionais, não somente para as práticas
de ensino, mas para ter conhecimento da construção do processo no todo inclusive
ter conhecimento da construção do processo de ensino aprendizagem pedagógica.
Ensinar as crianças a ler e conseqüentemente a escrever é o grande desafio
dos professores, uma vez que a realidade social hoje é desumana, dificultando o
processo de aprendizagem.
Evidentemente que é possível aprender a ler e escrever com os métodos
tradicionais como sendo as cartilhas que usam o método da silabação; entretanto,
tal procedimento leva à mera codificação, ou seja, a educação bancária, onde são
apenas depositadas as informações sem que a criança aprenda a interpretação do
texto, partindo daí uma alfabetização mecânica, em que as crianças não são
capazes de produzir textos e interpretá-los. Segundo SCOZ (1994, p.88):
A cartilha, por exemplo, pode funcionar como um ponto de apoio, um modelo norteador para a apresentação e desenvolvimento do conteúdo, sobretudo para professoras sem experiência em alfabetização. Não se deve, no entanto, representar mais que do que um mero recurso, pois esta longe de dar conta dos múltiplos aspectos que envolvem a aquisição da leitura e da escrita.
Concorda-se com SCOZ (1994), não é possível que os docentes guiem-se
apenas por cartilhas, ou seja, uma vez que o processo de aprendizagem se dá por
vários métodos. Neste sentido é imprescindível que sejam professores graduados na
área para que possa trabalhar estratégias de ensino diversificadas, assim
aproveitando a vivência da criança, utilizando materiais que lhe ofereçam a
oportunidade de identificar a escrita e relacioná-la com o cotidiano, oportunizando,
assim, o entendimento do seu valor social.
Cita-se ainda, que a falta de interesse dos alunos nas aulas ocorre muitas
vezes porque muitos vêm de famílias com problemas econômicos, de culturas
diferentes, famílias desestruturadas, contando ainda com a falta de participação e
estímulo dos pais em relação ao ensino dos filhos; existindo desta forma bloqueios
que dificultam a aprender a ler, pois tem dificuldades em assimilar, os docentes têm
que administrar estes problemas de alguma forma para que o aluno sinta-se num
ambiente em que desenvolva sua autoconfiança; também o carinho dos professores
colabora em muito para assimilação e compreensão de conteúdos, uma vez que na
maioria são crianças carentes de afeto, pois os pais trabalham além destes terem
muitos filhos e conseqüentemente não dispensarem atenção que estes precisam;
além da falta de alimentação adequada, aonde muitos vão à escola apenas pela
merenda escolar, totalmente desinteressado.
De acordo com SPODEN e SARACHO (1998, p. 167), diz:
O envolvimento dos pais na educação das crianças tem uma justificativa pedagógica e moral, bem como legal... Quando os pais iniciam uma parceria com a escola, o trabalho com as crianças pode ir além da sala de aula, e a aprendizagem na escola e em casa podem se complementar mutuamente."
Os autores ainda afirmam que, os pais têm uma grande importância para
educação pedagógica e moral, é essencial, pois assim terão uma interação família e
escola, somente assim poderão ter uma aprendizagem integral e motivada.
Pode-se ressaltar ainda, que os problemas familiares influenciam em muito o
desenvolvimento dos alunos, citando como exemplo caso observado anteriormente
de aluno inquieto quando verificado mais profundamente, descobriu-se que o pai
estava preso e a mãe transtornada com a situação, gerando para este uma aflição e
inquietação, criando bloqueios e falta de motivação.
Pois as dificuldades de vivência diferem de criança para criança assim a
necessidade de ler e escrever também não surge da mesma forma para todas, uma
vez que vivem em ambientes diferentes que proporcionam a elas experiências
diversas.
Por exemplo, a criança da zona urbana, é favorecida por estar em contato
com o código escrito muito antes de ir à escola, através de letreiros de propagandas,
cartazes, TV, acesso a livros, revistas, etc.; entretanto as crianças da zona rural não
têm a mesma oportunidade do que as da zona urbana. As crianças têm que ter
contato com textos mesmo antes de saber lê-los. “A essência das idéias de Paulo
21
Freire (1962) era que antes de ensinar uma pessoa a ler as palavras, era preciso
ensiná-la a ler o mundo.” (FREIRE, 1962, p.14)
Concorda-se com as definições de Freire, analisando, a leitura e escrita são
processos que a criança passa, onde aprende o significado das coisas e objetos,
sendo que é através destes, que a criança constrói seu sistema interpretativo,
pensa, raciocina e inventa, inserindo-se no mundo em que vive conhecendo-o
melhor. O processo de aprendizagem da leitura e da escrita deve ser desenvolvido
numa linguagem real, onde a criança precisa de algo real, natural, ou seja, algo
vivenciado. A assimilação de códigos lingüísticos fará parte aos poucos da vida da
criança vivenciado dia-a-dia.
A convivência constante das crianças da zona urbana com a palavra é tão
grande que a descoberta do código passa despercebida, vista como algo
espontâneo e natural. No entanto, uma criança que vive num meio onde não tem
contato com a palavra escrita, não vai sentir a mesma urgência de ler. Se em sua
casa não existem livros, jornais, revistas, se os pais não lêem, nem escrevem não
vai se interessar tanto pela alfabetização, já que palavra escrita não faz parte do seu
dia-a-dia. Se viver num ambiente com estes recursos não terá dificuldades na leitura
e escrita.
MOLL (1996, p.69), afirma que:
A criança que vive num ambiente estimulador vai construindo prazerosamente seu conhecimento do mundo. Quando a escrita faz parte de seu universo cultural também constrói conhecimento sobre a escrita e a leitura. Ler é conhecer. Quando mais tarde ela aprender a ler a palavra, já enriquecida por tantas leituras anteriores, apropriar-se á de mais um instrumento de conhecimento do mundo.
Para leitura a criança precisa interpretar símbolos, imagens, gestos,
desenhos, etc., promovendo predições, induções e a comunicação de várias formas
de textos entre si.
Neste sentido, entende-se que se a criança possui em casa outros recursos
de leitura, não é tão grave que a escola use só um único texto, mas se a escola é o
único ambiente alfabetizador do aluno, isto é gravíssimo, por não ampliar seu
conhecimento e, conseqüentemente prejudicar sua alfabetização. Pode-se dizer que
as dificuldades que hoje enfrentamos são agravadas devido a um passado de
analfabetismo e desigualdades sociais.
22
Percebe-se a grande dificuldade de interpretação devido a não assimilação,
entendimento do texto dos alunos; os professores procuravam ensinar aprender a
ler, e não decodificar, pois neste a criança converte letras em sons, sendo a
compreensão conseqüência natural dessa ação, e tendo como conseqüência,
enormes dificuldades para compreender o que tentam ler. Quando o aluno tem
dificuldade de leitura não é apenas o texto que ele irá ter dificuldades de assimilação
e compreensão, e sim em todas as outras disciplinas, pois todas requerem
interpretação, mesmo na disciplina de matemática, ciências, qualquer que seja, há
um texto a ser interpretado.
Hoje, a Lei 9394/96– LDB (Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional)
preconiza que o aluno, ao concluir o ensino fundamental, deve saber ler, escrever,
interpretar e expor seus pensamentos com clareza, coesão e coerência tanto na
linguagem oral quanto na escrita, e ainda calcular.
Portanto a leitura e a escrita não são conhecimentos a serem apreendidos
somente pelo professor de português, nem o cálculo somente pelo professor de
matemática. Hoje a Lei citada, exige que todos os professores do ensino
fundamental tenham domínio dos conteúdos de todas as disciplinas. Assim, a
questão da leitura e escrita é um compromisso que deve ser acatado por todos os
professores, ou seja, de qualquer disciplina.
Contudo, deve-se encontrar opções para que se possa sanar as dificuldades
de leitura, dentre estas, pode-se implantar um cantinho de leitura nas séries iniciais
do Ensino Fundamental.
2.2 FATORES QUE AJUDAM A SANAR AS DIFICULDADES DE LEITURA
Pretende-se através desta monografia que o fracasso escolar seja
minimizado e a auto estima do aluno que não sabe ler seja recuperada. Quanto aos
professores envolvidos neste processo espera-se que adquiram maior entusiasmo
pela profissão de educador construindo uma práxis educativa no contexto desafiador
do aluno com dificuldades na leitura e aprendizagem construindo melhores
fundamentos e agregando experiências profissionais docentes. De acordo com o
23
que foi exposto acima acredita-se que existem alguns fatores que contribuem para
sanar as dificuldades de leitura, são eles:
Proporcionar cursos de capacitação sempre que possível para motivação dos docentes (palestras, reuniões, etc);
Motivar os profissionais do ensino fundamental para que possam trabalhar com práticas pedagógicas voltadas ao incentivo da leitura;
Tentar adaptar o conteúdo a realidade do aluno;
Marcar reuniões com os pais ou responsáveis para conhecer a realidade de seus alunos e interá-los do desempenho escolar de seus filhos;
Favorecer ao aluno com baixa visão; livros de literatura infantil ampliado, com gravuras em relevo;
Incentivar os professores do ensino fundamental e educação infantil a adotar o livro de literatura infantil assim como o dicionário um instrumento diário em sala de aula inserindo um cantinho de leitura. (JOLIBERT, 1994, p.43).
Conforme PERROTTI (2004, p. O5)
as estações ou espaços de leitura podem ser cantinhos de leitura organizados nas próprias salas de aula (...), os Espaços de Leitura podem ser concretizados nas escolas de diferentes modos, só não podem deixar de existir....
Objetivos que o cantinho da leitura pode favorecer nas dificuldades de leitura
segundo PERROTTI (2004, p. 05):
Criar nos alunos o hábito da leitura, através do contato com histórias infantis,
Mostrar para a criança a importância de saber ler e suas utilidades no dia-a-dia de cada um,
Despertar um ambiente prazeroso para a leitura, onde a própria criança pede e sente vontade de ir para o cantinho;
Proporcionar através da socialização, produções de textos orais junto aos colegas.
O cantinho da leitura tem que ser bem constituído para proporcionar um
ambiente mais rico e socializado conforme sugere PERROTTI (2004, p.06):
os Espaços de Leitura (...) podem – e devem – ter livros variados, bonitos, bons, de diversos tipos e formatos... Agora, mesmo que faltem recursos para um Espaço rico e variado não pode faltar emoção, sensibilidade, inteligência e, principalmente, sonho. Que o sonho é o sal da refeição. Com poucos livros, revistas, textos e muita imaginação já temos um Espaço de Leitura, mas sem imaginação, sem invenção, sem criação, mesmo tendo o maior e melhor acervo de livros e outros materiais, já não é Espaço de Leitura, lugar de transito de passagem, de movimento. É depósito, almoxarifado.
Mas, contudo, mesmo que seja com poucos livros tem que ser variados,
bonitos, enfim, tem que atrair atenção dos alunos, além do que, tem que haver
emoção, sensibilidade, inteligência da parte do docente para criar este cantinho, o
docente precisa apaixonar-se pela idéia para que os alunos também se apaixonem.
24
O professor não pode esquecer que o aluno é ser social, com cultura,
linguagem e valores específicos diferenciados um dos outros, então terá de estar
sempre atento para as dificuldades. HOFFMANN (1991, p.16), afirma que deve
haver “reflexão permanente do educador sobre sua realidade e acompanhamento,
passo a passo, do educando.”
Conforme diz HOFFMANN (1991), a forma como é organizada a prática
pedagógica do professor, faz com que sua capacidade de conhecimento que ele
domina, interaja no sentido de uma participação coletiva fazendo com que haja de
fato uma aprendizagem.
2.3 DIVERSAS AÇÕES PARA CONSTRUIR UMA ESCOLA LEITORA
A sociedade a qual estamos inseridos impõe a alfabetização como condição
para se ter uma vida de relação ampla, íntegra e autônoma. Não há dúvida de que o
nível de desenvolvimento cultural de um país se avalia pelo número de alfabetizados
no mesmo. No entanto garantir acesso a bons livros e criar um ambiente em que a
leitura é rotina são maneiras eficazes de formar grandes leitores.
De acordo com KATO (1992, p. 42).
Ler não é decifrar como se faz em adivinhações, o sentido de um texto. É a partir de um texto, ser capaz de atribuir-lhe significação, relacioná-lo a todos os outros textos significativos para cada um, reconhecer nele o tipo de leitura que seu autor pretendia entregar-se à leitura ou rebelar-se contra ela, propondo outra não prevista.
De acordo com o autor Ler é uma atividade indispensável na nossa cultura
contemporânea. Não somente é necessária para obter resultados satisfatórios nos
exames, mas para conhecer, apreciar, valorar tudo o que se escreve. Através da
leitura um indivíduo é capaz de adotar uma postura pessoal perante tudo o que foi
escrito pela humanidade, é por isso, que a leitura está ligada a todo o processo de
assimilação da cultura em que vivemos. Uma das conseqüências da revolução
científico-técnico da nossa sociedade contemporânea constitui o volume de
conhecimentos que necessita o homem de hoje para desenvolver-se com eficiência,
em qualquer tipo de atividade social.
A rapidez com que se desenvolve a ciência e a técnica no mundo de hoje,
originou não somente uma vertiginosa acumulação de dados e feitos científicos que
25
é necessário conhecer em cada ramo do saber, mas também a sua rápida
obsolescência, ou seja, o fato de que seja mais curto o tempo em que caducam. Os
especialistas da informação científica afirmam que, devido ao caráter exponencial
com que se desenvolve o conhecimento humano, o volume de informação científica
se duplicou, e voltou de novo a duplicar-se num intervalo de menor tempo que o
anterior, o que mostra o crescimento extraordinário dos conhecimentos científicos no
nosso século.
Além disso, de acordo com KLEIMAN (1997, p.32)
O leitor utiliza na leitura o que ele já sabe o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento, como o conhecimento lingüístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto.
Antes de tudo é necessário preparar o estudante para trabalhar de forma
personalizada. Quer dizer, é necessário que o ensino garanta a formação de
métodos de análise, de fixação e conservação da informação que permitam a
assimilação independente dos conhecimentos científicos acumulados nas formas
tradicionalmente utilizadas, livros e revistas científicas, documentos entre outros.
Para KLEIMAN (1997), a leitura e a escrita possuem múltiplos significados e
valores na nossa cultura. Ler pode significar desde atribuir sentido, numa acepção
mais ampla, até a simples descodificação. Podemos falar de leitura de mundo, de
imagens, de símbolos, de palavras e livros, podemos relacionar a leitura com ensino
formal. O mesmo acontece com a escrita: escreve-se do mundo, deixando registros
que podem ser diferentes produções culturais ou escreve-se apenas com as letras?
São diferentes concepções, que supõem, para cada grupo, uma valorização distinta.
Como o sujeito se coloca sendo leitor e escritor do mundo e no mundo?
O professor poderá desenvolver atividades em salas que mostrem que a
leitura e a escrita têm muitos significados e funções e que possibilitam novas
descobertas, ampliam as possibilidades de pensar, de conhecer e de registrar o
mundo. No dia-a-dia da sala de aula, o professor poderá mostrar que ler é uma das
chaves para entrar em outros mundos: reais ou imaginários, possíveis ou
impossíveis.
Com os alunos do 3º e 4º Ano, acredita-se que o educador deve procurar
informar-se há quanto tempo eles são leitores, com quem aprenderam a ler, se
gostam e o que gostam de ler. As respostas vão revelar o espaço da leitura
26
agradável na vida delas. Conhecendo o que lêem por prazer, o professor vai poder
mostrar projetos de leituras com esses textos, propor rodas de prosa para
partilharem suas leituras, criar uma biblioteca de leituras mais significativas para
trocarem entre si. É importante que este educador garanta um espaço para a leitura
e a escrita descomprometida, sem o peso do dever, da obrigatoriedade e da nota. É
importante perguntar também se alguém lê e/ou escreve para si mesmo ou para
outros. Assim, os educadores vão saber que práticas de leituras e de escritas são
partilhadas.
KLEIMAN (1997), ainda afirma que é importante propiciar momentos de
leitura coletiva de textos. É importante ler, para os alunos, diferentes tipos de textos
literários, notícias de jornal, textos informativos de diversas áreas. Os alunos
também podem ler para os outros. A escrita deve vir dentro de seus usos reais:
escreve-se alguma coisa para alguém, com uma função específica, como, por
exemplo, uma carta um amigo ou um parente, um conto para fazer parte de um livro
da classe.
O professor deve valer-se literalmente da criatividade para desenvolver
coesamente a habilidade da leitura. Deste modo, aprender a ler e escrever, é um
dos primeiros passos a dar pela criança, logo nos primeiros anos de escolaridade,
para que no futuro possa ser um cidadão adulto, verdadeiramente livre e autônomo
nas suas decisões. Embora a maioria das crianças aprenda a ler e escrever sem
dificuldades, para outras, o processo pode ser lento e apresentar barreiras difíceis
de ultrapassar.
O insucesso na aprendizagem da leitura e da escrita condiciona,
freqüentemente, a aprendizagem em outras áreas disciplinares em que o domínio da
linguagem escrita, e em especial da leitura é fundamental.
A linguagem escrita, como qualquer outra linguagem, faz parte do cotidiano
das pessoas, uma vez que vivemos cercados de textos, que servem para convencer,
informar, comunicar e expressar, entre outras coisas, idéias e sentimentos. Mesmo
aqueles que não sabem ler e escrever convivem com uma série de textos impressos
em diferentes objetos e lugares e participam de inúmeras situações nas quais a
leitura e a escrita estão presentes.
CAGLIARI (2007, p. 47):
27
Conhecer a realidade lingüística da criança não é apenas verificar se ela fala “certo” ou “errado” na escola, mais sim como ele adquiriu esse modo de falar. Aprender a falar constitui um processo mental e físico muito mais complexo e difícil do que simplesmente escrever ou mesmo aprender modismo de um determinado dialeto.
O Contato com o mundo letrado faz com que percebam não só as situações
de usos e as funções dos textos, como também as suas características lingüísticas e
visuais (tipos de letras, organização espacial, presença de imagens, números etc.).
Quando um aluno chega à escola defronta-se com o uso de muitas
linguagens, por outro lado ele também já construiu uma série de conhecimentos,
hipóteses sobre a língua escrita. Sabe, por exemplo, que numa embalagem deve
estar escrito, pelo menos, o nome do produto. Se tiver contato com livros de
histórias, quando vê a professora com um na mão, já imagina que vai ouvir uma
história.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, pesquisas na área da
Linguagem tendem a reconhecer que o processo de Letramento é (1997, p.23):
Produto da participação em práticas sociais que usam a escrita como sistema simbólico e tecnologia. São práticas discursivas que precisam da escrita para torná-las significativas. Dessa concepção decorre o entendimento de que, nas sociedades urbanas modernas não existe grau zero de Letramento, pois nelas é impossível não participar de alguma forma, de alguma dessas práticas.
A participação em prática de leitura e de escrita, no cotidiano, possibilita e
amplia os seus conhecimentos sobre a língua, porém essas práticas são
socialmente determinadas. Um mesmo texto além de poder ser lido de muitas
maneiras pelo mesmo sujeito, cada um lê da sua forma e do lugar que ocupa
socialmente. Questionado sobre a função de um cheque, um indivíduo de classe
média respondeu: "É para pagar? quanto é?" Colocando-se no lugar de compradora;
já o indivíduo de classe desfavorecida respondeu: É para receber dinheiro. Ambas
as situações estão corretas sobre a função do cheque, porém cada ponto de vista se
refere às práticas sociais que cada um vivencia.
É por isso que não existe nenhum texto fora do suporte que não dependa
das formas através das quais ele chega ao seu leitor. Reconstruir o processo pelo
qual as obras adquirem sentido exige e considera as relações estabelecidas entre
três pólos: o texto, o objeto que lhe serve de suporte e a prática que dele se
apodera.
Numa sala de aula de qualquer série os alunos apresentam diferenças tanto
28
nas práticas vivenciadas no seu grupo social quanto nas competências individuais
de interagir com o texto e o seu suporte. Portanto, para se fazer avaliação
diagnóstica sobre a leitura e a escrita dos nossos alunos, capaz de subsidiar um
planejamento mais próximo da realidade do grupo e de cada um individualmente
devemos ter em conta tanto uma dimensão individual quanto uma dimensão sócio-
cultural da leitura e da escrita.
CAGLIARI (2007, p.41) diz:
O professor de português tem que ser um profissional competente, tem que conhecer profundamente a língua portuguesa. Como pode ensinar o que não sabe? Se ele tiver um conhecimento errado, seu trabalho vai ser ensinado errado!... Os alunos aprendem o que é lhes é ensinado. A incompetência dos alunos nada mais é do que a incompetência da escola.
É pela interação verbal que a língua é falada, penetrada e constituída. Toda
a enunciação é "determinada tanto pelo fato de que procede de alguém, como pelo
fato de que se dirige para alguém", portanto, o trabalho com a língua é um trabalho
dialógico entre locutor e autor, ouvinte e leitor, em que a compreensão é um
processo ativo e produtivo.
Essa interlocução é constituinte tanto da própria linguagem, e das línguas
em particular, quanto dos sujeitos. A língua está em evolução permanente de
construção e seu ensino aprendizagem não pode deixar de considerar esse
processo histórico e inacabado. É preciso estar atento ao fato de que essas
interações verbais acontecem em diferentes espaços sociais e que, portanto cada
contexto em que o fato lingüístico ocorre tem suas características próprias. O aluno
quando chega à escola já participou de processos interlocutórios de versos, porém
ainda de vasta possibilidade pela frente. O trabalho com linguagem na escola deve
possibilitar a todos os alunos uma ampliação dos espaços de interlocução.
VÓVIO (1998, p.09), aconselha que, desde o inicio do processo, “Os alunos
entrem em contato com textos reais e expressem suas idéias por escrito, mesmo
que ainda não conheçam todas as letras e nem saibam como juntá-las.”
Com base neste relato entende-se que a escola é o espaço de interlocução
onde o aluno deverá ter a oportunidade de interagir com uma diversidade de textos
orais e escritos que tenham características lingüísticas particulares e que possam
ser em muitos aspectos, diferentes dos que fazem parte do seu dia-a-dia. E o
professor torna-se fundamental pois ele é o mediador e precisa então conhecer e
29
compreender o processo pelo qual os alunos estão passando para ajudá-los a
construir algo novo.
Entende-se embora a aprendizagem da linguagem escrita, tenha início fora
da escola, encontra nela o lugar de sistematização e ampliação. Entre outras
funções, cabe à escola a tarefa básica de ensinar a ler e a escrever aos que nelas
ingressam. Mas ler e escrever como interlocução significa a apropriação e produção
de uma linguagem em que o sujeito possa estabelecer pontes com outros,
dialogando e produzindo sentido.
CAGLIARI (2007, p.14) assevera que:
É claro que a escola deva promover o dialeto de prestigio da região, deve fazer com que os alunos aprendam a usá-lo com propriedade, mas para isto não deve destruir os dialeto, ao contrario, deve levar em conta a fala de cada um, respeitá-lo e até mesmo usá-la em certas atividades e prevê-la nos métodos e materiais de ensino.
No entanto, ler e escrever são processos distintos e complementares que
exigem diferentes habilidades, competências, ações e que por sua vez, variam de
acordo com cada tipo de texto e sua complexidade. E é justamente a possibilidade
de ler e produzir diferentes tipos de textos, dos mais simples aos mais complexos,
que os tornará leitores e escritores competentes.
OLIVEIRA (1997, p.109), “diferentes linguagens mobilizam diferentes formas
de pensar.” E a linguagem escrita exige um alto grau de abstração.
Primeiro, porque é a fala em pensamento e em imagens, necessitando de
qualidades musicais, expressivas e de entoação. Ao escrever, o sujeito tem de
substituir as palavras por imagens de palavras, ou seja, deve simbolizar a imagem
sonora da palavra em signos escritos.
Segundo, porque ela é uma fala sem interlocutor direto, dirigida a uma
pessoa ausente ou imaginada.
Terceiro, porque quando a criança começa a aprender a escrever, por volta
dos seis aos sete anos, geralmente não sente essa necessidade; os motivos para
escrever são mais distantes das suas necessidades imediatas.
Quarto, porque a escrita exige um trabalho consciente em relação às
palavras e à sua seqüência, implicando uma tradução da fala interior que
condensada, abreviada e compacta, passa para fala oral, que é extremamente
30
detalhada. A escrita é ainda mais completa que a fala oral, pois, para ser inteligível,
exige a explicação plena da situação da qual o sujeito está tratando.
Por tudo isso, a apropriação da linguagem escrita com suas amplas
possibilidades, não é simples.
Ela é um processo gradual que exige um trabalho mais sistematizado, em
que as intervenções de alguém mais experiente (professores, pais e os envoltos no
processo educativo do aluno) vão mobilizando o sujeito sobre a própria linguagem e
provocando aprendizagem.
O alfabetismo necessário para a pessoa circular, com autonomia no mundo
letrado supõe a leitura e a escrita de muitos tipos de texto; não basta apenas ler e
escrever um bilhete simples, uma lista de preços ou mesmo nome de um
determinado produto.
De acordo com KATO (1992, p.28)
O cidadão de hoje vive em uma sociedade letrada e tecnológica. A realidade cria, a todo o momento, desafios que exigem uma visão mais crítica e ampliada sobre os recursos que estão a nossa volta. Outras relações se estabelecem, sendo significativo o papel das linguagens na constituição dessas relações. Associada ao poder da palavra presente em livros, jornais, revistas, propagandas, nas ruas, nos letreiros, há a possibilidade de se concretizar imagens, reais ou imaginárias, viajando através do passado e do futuro.
Nesse sentido é preciso que pela leitura o sujeito tenha acesso a diferentes
tipos de informações, para ampliar seus conhecimentos e poder aproveitar o lado
criativo, expressivo e belo da literatura. É preciso também que ele saiba usar
linguagem escrita como mais um espaço de interlocução e mais uma ferramenta de
pensamento usufruindo de todas as possibilidades e ações que essa ferramenta
possibilita.
Para formar leitores, é preciso que o professor seja ele mesmo, um leitor. No
entanto é preciso criar condições para que a literatura vire um hábito. Na instituição
a qual foi realizada a pesquisa foi desenvolvida o projeto leitura, fazendo com que os
alunos desenvolvam o gosto pela leitura. Foram proporcionados aos alunos e
equipe da escola bons livros de diversos gêneros literários. O objetivo era aproximar
a equipe da boa literatura e oportunizar momentos para que esses profissionais
ampliassem seu repertório e se interessassem em buscar outras leituras.
31
CAPITULO 3: ANÁLISE DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
3.1 O QUE DIZ OS PROFESSORES QUANTO A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DA
LEITURA
O texto a seguir traz dados obtidos pelos estudos bibliográficos e pesquisa
de campo, onde foi possível ampliar conceitos sobre a importância de se adquirir
hábitos de ler no Ensino Fundamental e proporcionar leituras de diversos gêneros
literários.
3.2 . METODOLOGIA
A pesquisa foi realizado com quatro professores, dois do 3º ano e dois do 4º
ano do Ensino Fundamental no período vespertino, da Escola Municipal Maria Luiza
do Nascimento Silva, no Município de Aripuanã/ MT, para então analisar e refletir
sobre o que tem sido feito para que os alunos adquiram o hábito de ler.
Foi elaborado um questionário com entrevista aberto semi estruturado com
aproximadamente dez questões onde os professores pudessem responder com
objetividade o que foi perguntado. Os nomes aqui citados serão fictícios a fim de
preservar a identidade da pessoa que participou da entrevista. Os professores
citados serão: Maria, Heloisa, Pedro e Eduarda.
Aproveitando a realização de um projeto sobre a Importância de ler realizei
esta pesquisa durante os meses de março, abril e maio de 2011, estando em campo
2 (duas) vezes na semana e utilizando recursos como: máquina fotográfica,
participação em teatros e também em contação de histórias de diversos gêneros
literários. Este projeto foi realizado no intuito de formar leitores competentes e
criativos..
3.3 ANÁLISE E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS
Ao analisar as questões e respostas obtidas no questionário foi possível
identificar que os mesmos buscam trabalhar com textos de diversos gêneros do seu
cotidiano, afim de que os alunos gostem e se sintam motivados a praticar cada vez
mais a leitura. Os alunos são avaliados de forma continua, ou seja, através de
trabalhos orais trabalhos escritos, prova, atividades extraclasse entre outros. Os
professores investigados trabalham nesta profissão por que acreditam que a
educação pode melhorar se trabalharmos juntos.
A primeira questão a ser exposta é Qual é sua formação?
Todos os entrevistados tem nível superior e também são pós graduados.
Vemos aqui que esses profissionais se preocupam com a educação e procuram
através dos estudos se aperfeiçoarem cada dia mais.
Acredita-se que ao responder essa questão eles estão automaticamente
respondendo a segunda questão que diz: Terminar uma faculdade é importante sem
a busca de aperfeiçoamento constante? “Maria diz o seguinte: Não, acredito que
devemos enquanto educadores buscar o aperfeiçoamento sempre e estar sempre
em contato com o novo, pois estamos na era da tecnologia, onde a maioria dos
alunos tem acesso facilitando assim a aprendizagem”.
Heloísa responde da seguinte maneira: “Não, não basta apenas terminar a
faculdade e sim devemos buscar mais e estar sempre fazendo cursos e nos
capacitando sempre que possível.”
Pedro ressalta que: “Não, não é possível, pois ao terminar a faculdade não
estamos ainda realmente preparados para a sala de aula onde existem alunos de
todos os tipos, devemos trabalhar com metodologias diferenciadas e isso somente
através da prática e de cursos que fazemos durante este trajeto.”
Para Eduarda: “Não, pois ao sairmos da faculdade, temos que pensar em
algo novo e prazeroso para começarmos, pois o bom educador é aquele que esta
sempre em busca do novo e não desiste nunca diante uma dificuldade.”
Isso mostra o interesse por parte dos professores, quanto em ampliar seus
conhecimentos, e assim, desenvolver habilidades intelectuais e pessoais,
enriquecendo a sua prática pedagógica, proporcionando a aprendizagem dos
educandos. Verifica-se também que a tecnologia é algo importante, pois a maioria
dos alunos devido ao acesso fácil tem sempre um computador em casa e o
33
professor também deve estar munido desta ferramenta para ampliar seus
conhecimentos.
A questão 03: Você considera importante o envolvimento dos pais na
aprendizagem dos alunos? Por quê? De acordo com Maria: “Sim porque a família é
a base para que o aluno busque o conhecimento e se a família estiver
desestruturada o mesmo ficará desmotivado e não vai querer saber aprender”.
Para Heloísa: “Sim, vemos muito isso aqui na escola, pois têm muitas
famílias desestruturadas, filhos que crescem longe dos pais, moram somente com a
mãe ou com o pai e assim por diante. E notamos enquanto educadoras que estes se
sentem desprotegidos e demonstram dificuldades para aprender os conteúdos
trabalhados. Mas enquanto educadores somos obrigados a ser pai, mãe, psicóloga
entre outros e fazer com que a sala de aula se torne algo prazeroso e que ele
busque então aprender com a ajuda dos colegas e professor.”
Pedro diz: “Sim, a família é importantíssima na aprendizagem dos alunos,
porque o aluno já vem pra escola com seu emocional abalado e daí o professor tem
que transmitir os conteúdos e também tem que ser psicólogo, sendo difícil assimilar
o tempo, pois se trata de vários alunos com problemas diversificados.”
Eduarda ressalta que: “Sim, a base é a família e se esta desestruturada fica
difícil o professor trabalhar com ele, Acredito que a instituição deva trabalhar através
de projetos que envolvam as famílias e que busque apoio na psicologia.”
De acordo com os entrevistados a participação dos pais na aprendizagem
dos filhos é de suma importância visto que na medida em que percebem que os pais
acompanham o trabalho da escola e, além disso, supervisionam e acompanham
seus estudos, o cumprimento de tarefas e também seus progressos e dificuldades,
os filhos começam a compreender a importância do saber e a escola passa a ser o
veículo primeiro desse saber.
Os pais podem, por exemplo, mostrar aos filhos a oportunidade que estão
tendo e que eles, pais, não tiveram, Além disso, dando apoio ao trabalho da escola e
acompanhando em casa o cumprimento de tarefas e horários de estudo, seria muito
importante e para isso não é necessário dominar o conteúdo, basta ser pai, confiar
na escola e exigir a contrapartida dos filhos. Um nível saudável de exigência só faz
34
bem. Uma ótima contribuição que os pais podem dar é mostrar aos filhos que sem
esforço não se consegue nada na vida.
A quarta questão nos remete ao fato de: Qual fator que mais influencia na
dificuldade de aprendizagem dos alunos? Maria acredita que seria: “A falta de
motivação, porque o aluno já vem pra escola desmotivado e então não quer nem
saber dos conteúdos, assim cabe ao professor apresentar suas ferramentas e
buscar algo interessante, fazendo de sua aula a melhor onde o aluno crie
expectativas para o dia seguinte.”
Heloísa acredita que seria: “Uma família má estruturada, gera uma nação
má estruturada, nesse sentido percebo que o mais importante seria trabalhar a
família e sua estrutura para que os alunos superem os obstáculos e queiram fazer
parte daqueles que buscam através do ensino algo melhor e favorável para sua
existência.”
Pedro, “Acredito que não seja somente um quesito, mas vários como: a falta
de profissionais capacitados, o despreparo destes, a motivação, as famílias má
estruturadas, as metodologias utilizadas pelos profissionais que às vezes não
atendam a realidade dos alunos entre outros, mas cabe a nós trabalharmos visando
um mundo melhor e igualitário.”
Eduarda, “A falta de motivação, muitos vem pra escola desmotivados e não
demonstram interesse em aprender a ler e escrever e isso dificulta muito, mas
enquanto educadores devemos buscar estratégias para conquistar esse aluno e
fazer com que o mesmo demonstre interesse pela aprendizagem.”
Para os quatro entrevistados a falta de motivação, falta de profissionais
capacitados, o despreparo dos profissionais, as famílias desestruturadas entre
outras, são fatores que contribuem para a aprendizagem dos alunos.
Os principais resultados trazidos pela participação dos pais na instituição
escolar é Primeiro a revalorização do saber; os filhos compreendem que estudar é
importante; segundo, tendo mais contato com o trabalho que a escola desenvolve,
os pais compreendem melhor as dificuldades e os empecilhos que existem no
processo de ensinar e aprender, tornando-se mais aptos a colaborar; um terceiro
resultado positivo é indireto, demonstrando confiar na escola, os pais ajudam a
reconstruir a autoridade do professor, hoje um item fundamental para que a
35
aprendizagem possa ocorrer. Quando os alunos não confiam ou não respeitam os
docentes, não aprendem. Pais que vivem questionando, criticando e
superprotegendo os filhos, não percebem que, de certa forma, incentivam a
indisciplina e a desmotivação. É claro que estou me referindo às críticas feitas
inadequada e constantemente, e sem base concreta. Todo mundo pode errar;
professor também. A forma pela qual se faz a crítica é que faz diferença.
A quinta questão é algo importante, Por que cada vez mais os alunos vêm
perdendo o hábito de ler? Maria, “Acredito que seja por falta de incentivo.”
Heloisa, “Acredito que muitas crianças perderam o hábito de ler, devido a
tecnologia, pois passam o dia todo jogando em videogame e os pais que deveriam
fiscalizar isto estão preocupados em dar uma distração para o filho não o incomodar.
Então cabe a escola buscar através de projetos o incentivo de criar bons leitores.”
Pedro, “Falta incentivo dos pais e também dos professores, pois através de
projetos acredito que seja possível criar leitores.”
Eduarda, “As vezes o professor quer fazer com que o aluno leia mas o
próprio não possui o hábito de ler bons livros, então acredito que o envolvimento de
todos nesse processo possa contribuir para que todos adquiram o hábito de ler, esta
faltando incentivo e livros que chamam a atenção dos alunos.”
Acredita-se que os alunos estão perdendo o hábito de ler devido à falta de
incentivo dos pais, a tecnologia avançada, falta supervisionamento e rotina aos
alunos. A convivência sem conflitos entre família e escola só é possível se houver
uma relação mútua de confiança; quer dizer, nem os pais devem criticar sem
conhecer realmente o que está ocorrendo, nem a escola pode tratar os pais como
intrusos ou considerar sua presença incômoda; ouvir com atenção o que a família
reporta é fundamental; aliás, ouvir e considerar, não apenas ouvir.
É super importante levar em conta relatos, reivindicações e sugestões; se os
pais sentem que não estão falando com as paredes, tendem, cada vez mais, a
confiar; e vice-versa. É preciso, no entanto, que a equipe técnico-pedagógica ouça,
analise e dê um retorno. Mesmo quando não se aceita uma sugestão, se isso é
explicitado de forma técnica, mas compreensível, costuma funcionar bem. A adesão
dos pais é essencial e começa no momento em que se sentem aceitos e
respeitados. Com base nesses relatos é importante ressaltar que através de projetos
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de incentivo a leitura os educadores devem proporcionar as crianças e pais
momentos em que possam ficar juntos, pois a participação deles é fundamental para
o desenvolvimento intelectual e cognitivo da criança.
A sexta questão é sobre quais tipos de textos são trabalhados em sala de
aula? Maria, “Trabalho com textos diversificados, mas prefiro os textos que falam
sobre a realidade dos mesmos.”
Heloisa “Busco trabalhar com textos diversificados como: poesias, poemas,
parlendas, textos informativos, entre outros. Acredito que assim tenha leitura para
todos os gostos.”
Pedro “Textos informativos e de diversos gêneros.”
Eduarda, “As leituras que os livros didáticos trazem é muito extensa e o
poder de concentração das crianças é pouco então busco trabalhar textos que os
alunos gostam como poemas, rimas, parlendas, canções entre outros, assim facilita
a leitura.”
Os entrevistados disseram trabalhar com textos diversificados para uma
melhor aprendizagem dos alunos. Após serem trabalhados os diversos tipos de
textos e depois que as discussões sobre os mesmos forem feitas, e quando o
professor perceber que as crianças já são capazes de conhecer a diversidade de
gêneros existentes, pedir para que as crianças façam um desenho, sobre a música
ou sobre a história que ouviram. Cada aluno fica a vontade para escolher.
Depois disso, o professor, com o auxílio dos alunos coloca os desenhos na
parede e pede para que algumas crianças voluntárias expliquem o que desenhou, se
optaram por desenhar algo da música ou da história que ouviram.
Assim, o professor apresenta mais um tipo de texto, e explica que um desenho,
apesar de não conter palavras, também pode ser um texto, uma vez que é capaz de
transmitir uma mensagem e que as pessoas o lêem.
A próxima questão é sobre que estratégias você como professor adquiriu
para ensinar aos alunos o gosto e o hábito de ler? Maria, “Observei que os alunos
não gostam de leituras extensas então proporciono leituras pequenas e agradáveis e
que facilita a exploração de sua criatividade como as charge.”
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Heloisa, “Este ano trabalhamos com o projeto leitura, este projeto envolveu
toda a comunidade escolar, pais, professores e alunos. Isso facilitou para que as
crianças adquirissem gosto e interesse em ouvir e ler histórias.”
Pedro, “Hoje em dia não é tão difícil desenvolver estratégias, mas é difícil
desenvolver na prática isso, pois os alunos estão desmotivados, mesmo assim
trabalhamos com projetos de contação de histórias, o qual foi de suma importância
para criar bons leitores.”
Eduarda, “Através de projetos de leitura onde são envolvidos todos da
comunidade escolar.”
As estratégias de leitura são habilidades usadas pelos educadores para
promover a compreensão em situações de leitura, caracterizando-se por serem
planos flexíveis que os leitores usam, adaptados às diferentes situações, variando
de acordo com o texto a ser lido e o plano ou abordagem elaborada previamente
pelo leitor.
A oitava questão é para saber de que forma os alunos são avaliados? Maria,
“Eu avalio meus alunos de forma continua. Utilizo provas escritas, orais, trabalhos de
grupo e individual entre outros.”
Heloisa, “Através de provas orais e escritas e trabalhos.”
Pedro, “Eu observo a criança e através do caderno de campo vou a
avaliando de forma continua, gosto de saber tudo sobre a aprendizagem do mesmo.”
Eduarda, “Através de provas escritas e orais, pois amanhã ou depois é
assim que eles serão avaliados.”
Através da pesquisa percebe-se que a avaliação utilizada pelos professores
é a contínua esta é considerada um método de avaliação onde o aluno é avaliado
por inteiro, ou seja, a avaliação não deve acontecer somente ao final de um bimestre
através das famosas provas bimestrais. É preciso que o processo de avaliação seja
constante. O educador deve estar sempre atento e promovendo atividades que
possibilitam a avaliação do aluno e o seu desenvolvimento. Essa avaliação pode
ocorrer por meio da observação permanente do professor. Esse deve estar sempre
atento e anotando todo o desenvolvimento do aluno, dessa forma será capaz de
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avaliar as suas atitudes, a sua participação, o seu interesse, a sua comunicação oral
e escrita, o confronto e a defesa de idéias de cada um.
O professor pode montar fichas de avaliação de cada aluno, nelas irão
conter informações observadas diariamente sobre atividades realizadas em sala de
aula e o desempenho de cada aluno, que será uma forma de avaliação e a
montagem de um perfil de desenvolvimento de cada aluno durante o ano letivo.
Também poderá realizar testes, provas e jogos em grupos como uma forma
de avaliar, desde que seja aplicado com freqüência para que o aluno aprenda que
avaliação é um processo natural do seu desenvolvimento intelectual. Essa avaliação
pode ser feita na forma de auto-avaliação, ou seja, o próprio aluno avalia o seu
desempenho. E para que esse tipo de avaliação dê certo e o aluno seja honesto ao
avaliá-lo, é preciso que seja uma prática comum no processo de avaliação da
escola.
De acordo com a pesquisa a próxima questão será sobre o incentivo dos
pais e professores é importante para a prática da leitura? De acordo com os
entrevistados sim o incentivo é importante para a prática da leitura.
A décima e última questão nos faz pensar e refletir sobre o Porque a cada
ano que passa existe mais e mais crianças desinteressadas e desmotivadas para a
prática da leitura? Maria, “Acredito que seja porque a tecnologia, por mais que seja
importante, tirou o hábito de pais contar histórias para seus filhos ao dormir, então
os mesmos vão a escola pensando em quando voltar pra casa assistir uma televisão
ou jogar um vídeo game, mas cabe a nós professores fazer com que os alunos
possam adquirir este hábito na escola e também em casa, proporcionando fichas de
leitura para que o aluno as leve para casa e no outro dia o professor deve tomar
essa leitura, e assim aos poucos adquirir o prazer de ler”
Heloisa, “Acho que é porque nós educadores juntamente com os pais
estamos falhando, pois se o aluno não gosta de ler, cabe a nós proporcionar
momentos de leitura prazerosos e então o mesmo vai adquirir gosto em ler.”
Pedro, “Acredito que vai ter sempre aqueles que não vão gostar de ler de
maneira alguma, mas nós devemos buscar metodologias diferenciadas e
proporcionar momentos de leitura informativa.”
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Eduarda, “O desinteresse e a motivação muitas vezes vêm de casa e sabe-
se que crianças que os pais lêem com eles pra dormir apresentam uma maior
facilidade na aprendizagem, mas quando os pais não são presentes na vida escolar
dos filhos nós temos que buscar recursos nas diversas metodologias existentes,
fazendo com que na escola eles se sintam amados e protegidos e adquiram assim o
hábito de ler com gosto e prazer.”
Assim, para que uma história realmente prenda a atenção da criança, deve
entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas, para enriquecer sua vida, deve
estimular sua imaginação, ajudando-a em seu desenvolvimento intelectual,
propiciando-lhe mais clareza em seu universo afetivo, auxiliando-a a reconhecer,
mesmo de forma inconsciente, alguns de seus problemas e oferecendo-lhe
perspectivas de soluções, mesmo provisórias.
Pensando nisso logo na seqüência serão apresentadas maneiras de como
desenvolver nas crianças o hábito e o gosto por leituras diversificadas.
3.4 COMO DESENVOLVER O HÁBITO DE LER ATRAVÉS DA PRÁTICA DE
PROJETOS
Este projeto envolveu pais, alunos e professores, durante o último semestre
do ano de 2011. Com ele foi possível ver o entusiasmos das crianças ao ouvir os
contos clássicos como branca de neve e os sete anões, a bela adormecida,
chapeuzinho vermelho entre outros.
No entanto, o prazer e o conforto que a criança sente em sua casa deve
também estar presente nas atividades na escola. É importante que a criança esteja
certa de que pode fazer perguntas e interferir nesses trabalhos, para que se sinta
encorajada a exteriorizar seus pensamentos e emoções. Assim, a linguagem escrita
adquire um caráter de maior proximidade, e os momentos de interação com o
educador (interlocutor letrado) e com as outras crianças é garantido. A leitura de
histórias deve deixar de ser meramente uma distração para evitar a dispersão do
grupo. É um momento rico que deve ser explorado ao máximo por todos.
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Na seqüência serão apresentadas algumas figuras onde vocês poderão ver
que através da prática de projetos os professores, juntamente com os pais e alunos
poderão desenvolver o gosto e o hábito de ler.
Figura 01: Branca de Neve e os sete anões
É evidente que, em sala de aula, muitas vezes isso não é possível devido ao
grande número de crianças em sala, porém isso não é um obstáculo invencível, leve
as crianças para fora da sala e proporcione um local adequado e prazeroso, pois
quanto ao espaço físico, seria bom que o ambiente fosse previamente preparado, o
mais adequado seria que o educador procurasse encontrar a posição mais natural
possível para que todas as crianças estivessem unidas, se sentissem estimuladas
para esse momento, estivessem tranqüilas e tivessem acesso visual ao livro que
está sendo lido, colocando o livro no chão com as crianças em volta dele, ou
segurando-o de forma expositiva, de frente para elas, e, se necessário, apontando
para as figuras e para o texto, ou no caso da imagem representar esse personagem
através das vestimentas como fez a aluna, isso aguçara a curiosidade das crianças
e proporcionara momentos diferentes.
Figura 02: Ambiente confortável
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Apesar de ser importante que as histórias sejam vivenciadas pelas crianças,
especialmente as mais novas, de diversas maneiras como: contar histórias sem ler,
representá-las em dramatizações, assisti-las em filmes e projeções, etc., nos
momentos de leitura, o educador deve sempre buscar ser literal e dar certo caráter
interpretativo a sua leitura, usando variações de tons de forma clara e agradável.
Diminuir ou modificar o texto escrito, transformando-o em linguagem coloquial, priva
a criança de experimentar e perceber auditivamente as características que a
linguagem escrita carrega (que diferem da linguagem oral). Mesmo que o
vocabulário lhes seja desconhecido, encontra-se aí uma boa oportunidade de
enriquecê-lo, a partir, sobretudo, das perguntas que elas podem e devem sempre
poder elaborar. Não só as perguntas são importantes, mas o conhecimento de
mundo que compartilham tem de ser aumentado. O educador deve procurar agir
como elemento incentivador do interesse das crianças pelo enredo, comportando-se
não somente como leitor mediador das histórias, mas, também, demonstrando
entusiasmo e curiosidade, como mais um ouvinte participante no mundo do
imaginário.
Figura 03: A leitura como algo prazeroso
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Outro critério importante é à preparação dessa leitura: o da escolha do livro
a serem expostas as crianças. Como o objetivo é o de oferecer, pela leitura de
histórias, um contato significativo das crianças com a linguagem escrita, ao
selecionar materiais, o educador deve ter sua atenção voltada para a qualidade da
criação, a estruturação da narrativa e suas adequações à língua materna,
procurando não perder de vista o interesse manifestado pelas crianças. Dessa
forma, é aconselhável que essas atividades se iniciem por leituras de textos mais
curtos (com o cuidado de não serem simplistas a ponto de perderem a estrutura
narrativa e se limitarem a frases, figuras e palavras soltas), que podem e devem,
com o decorrer do tempo, se tornar mais complexos. O educador também deve ter
em mente, ao realizar sua seleção, outros aspectos, além da aquisição de
linguagem, envolvidos no processo de desenvolvimento: o cognitivo, o afetivo-
emocional. Selecionar esses textos envolve, antes de tudo, bom senso e cuidado
especial para adequá-los, inclusive, a situações vividas pelas crianças em
determinadas épocas, podendo-se utilizar histórias que estejam de acordo com as
experiências que elas trazem para a escola (por exemplo, ler uma história de
viagens, como Família Robinson, depois das férias escolares) entre outras mais.
Figura 04: A leitura do livro didático
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Outra questão a ser tratada diz respeito ao livro didático. Acredita-se que o
livro didático é importante, porém o professor deve utilizar outras metodologias. A
leitura de histórias tem maior eficácia conforme sua recorrência aumenta. Crianças
costumam até mesmo solicitar a repetição da leitura. A proposta é que ela se
incorpore à rotina diária na escola, o que não necessariamente implica textos
sempre diferentes. As crianças que escutam leituras desenvolvem naturalmente um
interesse em aprender determinadas histórias e em reproduzi-las oralmente como se
estivessem lendo. Elas terminam por estabelecer o seu repertório de histórias
favoritas, aquelas com as quais mais se identificam e cujas leituras costumam
imitar.
Figura 05: A contribuição das leituras na aprendizagem
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Não há necessidade de esperar pela alfabetização formal para que as
crianças se envolvam com a leitura de histórias infantis e a produção textual,
entretanto, para que elas se tornem efetivamente leitoras e autoras dos próprios
textos, faz-se necessário que, em algum momento do processo de alfabetização,
tenham não somente adquirido conhecimentos específicos do código alfabético,
mas, sobretudo dos aspectos lingüístico-discursivos em que ele esta inserido.
Afinal, Não se ensina ou não se aprende simplesmente a ler e a escrever, aprende-
se uma forma de linguagem, uma forma de interação, uma atividade, um trabalho
simbólico. O trabalho com leituras se faz necessário visto que estamos passando
por uma etapa onde as crianças e adultos estão perdendo o hábito de ler, então nós
educadores devemos ser os espelhos para que nossos alunos aprendam a adquirir
o gosto por leituras e também porque somos os criadores de cidadãos competentes
e capazes de ouvir, refletir e buscar soluções para os possíveis problemas
encontrados na sociedade.
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CONCLUSÃO
Enquanto lê, o indivíduo interage, dialoga com o texto que tem à sua frente,
ativando uma série de operações mentais e estratégias de leitura. Formar um leitor
crítico requer um trabalho diferenciado por parte dos professores. O material
selecionado deve ser adequado ao interesse dos alunos e deve estimular o gosto
pela leitura. O professor, antes de tudo, deve ser um leitor crítico e capacitado a
ensinar. Assim, o processo de ensino-aprendizagem terá um obstáculo a menos a
ser vencido.
A leitura implica uma interação entre o conhecimento prévio do leitor e os
dados fornecidos pelo texto. Conscientes disso, os alunos compreenderão suas
próprias estratégias de leitura, ou seja, “o quê” e “como” fizeram para alcançar a
compreensão de um texto.
Durante a elaboração da monografia percebe-se que existem alguns
aspectos que devem ser levados em conta quando da escolha de textos a serem
trabalhados na sala de aula. O importante seria levarmos em consideração a turma
que temos e os textos que fazem sentido para ela, que fazem parte de sua prática
social. Assim o estimulo para o ensino aprendizagem deve ser infinitamente maior.
Outro fator importante é trabalharmos com projetos diversificados, os alunos
se empenham bastante e vimos isto nas fotografias tiradas durante a realização do
projeto leitura, onde pais, alunos e professores puderam fazer parte da contação de
histórias infantis. Podemos trabalhar vários tipos de textos podem ser reais
utilizando a história dos alunos como também pode ser fictícias, porém os textos
devem ter significados e transmitir a mensagem que o professor quer.
O trabalho deve estar voltado para o que o aluno já saiba, ou seja, o
professor deve valorizar o conhecimento de mundo que eles possuem para mediar à
construção de novos conhecimentos.
Objetivo de analisar e tentar sanar as dificuldades do ato de aprender e de
compreender, assim como conseqüência do ato de escrever; constata-se a
importância de abordar métodos e conscientizar professores para que a leitura seja
parte essencial do ensino fundamental nas primeiras séries, pois sem esta não
serão capazes de assimilar qualquer que seja a disciplina, pois necessitamos de
assimilação e compreensão de qualquer problema que advém do ato da leitura;
mesmo que este seja matemática.
Chegando-se à concepção que o ato de ler não inicia primeiramente na
escola e sim na leitura do mundo, que é decorrente de conhecimentos prévios e que
será transformado em aprendizagem de leitura na escola.
Quando se trabalha dificuldades de leitura, ou seja, o ato de aprender a ler,
tem que levar em consideração o social e cultural do aluno, refletir ainda os aspectos
efetivos individuais, pois cada um tem um cognitivo, um tratamento familiar que alias
é muito importante par o aluno, pois se concluiu que existem muitos problemas
familiares advindos do problema sócio econômico o que dificulta o ato de aprender.
Mas quando o ato de aprender se apresenta como fator problemático, então
não restringe apenas aos métodos pedagógicos, apresentando esta, dificuldade de
aprendizagem, a criança precisa ser avaliada em seus vários aspectos.
Sobre a prática da alfabetização na escola, conseqüentemente leitura e
escrita. Perceberam-se através dos dados coletados em entrevistas e observações
anteriormente, que os professores buscam suportes para desenvolver a prática da
leitura em sala de aula. Com métodos utilizados por elas, tentam buscar estímulos,
assimilação e interpretação, sobre o que se lê.
Não se trata de um caminho fácil e linear, mas com os conhecimentos
adquiridos, tenho certeza de que posso e devo melhorar a minha prática pedagógica
e assim acompanhando esse movimento de renovação, acredito que aprender é
sempre um movimento para reaprender, constatar novas verdades e chegar a novas
conclusões. Dessa forma com muita garra e responsabilidade, tenho certeza que é
possível realizar uma aprendizagem significativa e voltada para a formação de
indivíduos autônomos, críticos e solidários.
Sendo que através da leitura e da escrita é que desenvolve o integral do
individuo inserido em sua realidade, sendo capaz de questionar, refletir, descobrir,
criticar, permitindo a interpretação do mundo, a compreensão sócio cultural,
oportunidade de atuar na modificação do mesmo na construção de um país melhor.
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ANEXOS
QUESTIONÁRIO
01. Qual sua formação?
02. A formação profissional é importante sem a busca de aperfeiçoamento
constante?
03. Você considera importante o envolvimento dos pais na aprendizagem dos
alunos?
04. Qual fator que mais influencia na dificuldade de aprendizagem dos
alunos?
05. Por que cada vez mais os alunos vêm perdendo o hábito de ler?
06. Quais tipos de textos são trabalhados em sala de aula?
07. Que estratégias você como professor adquiriu para ensinar aos alunos o
gosto e o hábito de ler?
08. De que forma você avalia seus alunos?
09. O incentivo dos pais e professores é importante para a prática da leitura?
10. Porque a cada ano que passa existe mais e mais crianças
desinteressadas e desmotivadas para a prática da leitura?