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ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL OS CONTÉUDOS DA MENTE Os líderes (...) são pessoas que mudam mentes. O professor que apresenta aos alunos novas maneiras de pensar sobre um assunto conhecido, está envolvido profissionalmente no negócio de mudar mentes. GARDNER (2005, p.15) O autor usa a expressão “mudar mentes” para situações em que indivíduos ou grupos de indivíduos abandonam seu modo costumeiro de pensar sobre questões importantes e (..) passam a vê-las de um modo diferente. Dois tipos de mudança mental: 1. uma decisão aparentemente abrupta; 2. uma decisão à qual chegamos gradualmente, talvez imperceptivelmente, ao longo do tempo. Gardner (2005, p.18) faz referência à mudança de comportamento e defende que um dos segredos da mudança mental é a produção de uma mudança nas “representações mentais” do indivíduo – a maneira específica pela qual a pessoa percebe, codifica, retém e acessa informações. Os seres humanos não são necessariamente observadores acurados da sua vida mental (...).GARDNER, (2005, p.19)(...) O comportamentalismo morreu durante a segunda metade do século XX. O principal responsável: o computador. Nasce a ciência cognitiva. “Os cognitivistas não hesitaram em falar sobre imagens, idéias, operações mentais e a mente”. Princípio de Pareto: (...) Na maioria dos negócios, cerca de 80% dos lucros vêm de 20% dos produtos; (...) os melhores profissionais produzem muito mais do que a sua parcela dos lucros; (...) 80% dos problemas na força de trabalho decorrem, caracteristicamente, de um pequeno número de criadores de caso (...).GARDNER (2005, p.21) (...) Podemos atingir nossas especificações e objetivos básicos com apenas um quinto do esforço costumeiro; quase todos os esforços restantes são dedicados simplesmente a alcançar a perfeição ou a satisfazer nossos traços obsessivos. GARDNER (2005, p.22) Um dos hábitos mais arraigados no pensamento humano é a crença de que devemos funcionar de acordo com um princípio rival 50/50. É muito fácil apresentar o princípio de 80/20 ou convencer as pessoas de que isso é verdadeiro; mudar a maneira de pensar e passar a operar segundo o princípio é algo muito mais difícil. GARDNER (2005, p.23) (...) Apresentar múltiplas versões do mesmo conceito pode ser uma maneira extremamente poderosa de mudar a mente de alguém. As representações mentais têm um conteúdo e uma forma, ou formato. O conteúdo é a idéia básica que está contida na representação (semântica da mensagem). A forma ou o formato é a linguagem, sistema de símbolos ou notações específicas em que o conteúdo é apresentado. GARDNER (2005, p.25)

Alfabetização emocional

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ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL

OS CONTÉUDOS DA MENTE Os líderes (...) são pessoas que mudam mentes. O professor que apresenta aos alunos novas maneiras de pensar sobre um assunto conhecido, está envolvido profissionalmente no negócio de mudar mentes. GARDNER (2005, p.15) O autor usa a expressão “mudar mentes” para situações em que indivíduos ou grupos de indivíduos abandonam seu modo costumeiro de pensar sobre questões importantes e (..) passam a vê-las de um modo diferente. Dois tipos de mudança mental:

1. uma decisão aparentemente abrupta; 2. uma decisão à qual chegamos gradualmente, talvez imperceptivelmente, ao

longo do tempo. Gardner (2005, p.18) faz referência à mudança de comportamento e defende que um dos segredos da mudança mental é a produção de uma mudança nas “representações mentais” do indivíduo – a maneira específica pela qual a pessoa percebe, codifica, retém e acessa informações. Os seres humanos não são necessariamente observadores acurados da sua vida mental (...).GARDNER, (2005, p.19)(...) O comportamentalismo morreu durante a segunda metade do século XX. O principal responsável: o computador. Nasce a ciência cognitiva. “Os cognitivistas não hesitaram em falar sobre imagens, idéias, operações mentais e a mente”. Princípio de Pareto: (...) Na maioria dos negócios, cerca de 80% dos lucros vêm de 20% dos produtos; (...) os melhores profissionais produzem muito mais do que a sua parcela dos lucros; (...) 80% dos problemas na força de trabalho decorrem, caracteristicamente, de um pequeno número de criadores de caso (...).GARDNER (2005, p.21) (...) Podemos atingir nossas especificações e objetivos básicos com apenas um quinto do esforço costumeiro; quase todos os esforços restantes são dedicados simplesmente a alcançar a perfeição ou a satisfazer nossos traços obsessivos. GARDNER (2005, p.22) Um dos hábitos mais arraigados no pensamento humano é a crença de que devemos funcionar de acordo com um princípio rival 50/50. É muito fácil apresentar o princípio de 80/20 ou convencer as pessoas de que isso é verdadeiro; mudar a maneira de pensar e passar a operar segundo o princípio é algo muito mais difícil. GARDNER (2005, p.23) (...) Apresentar múltiplas versões do mesmo conceito pode ser uma maneira extremamente poderosa de mudar a mente de alguém. As representações mentais têm um conteúdo e uma forma, ou formato. O conteúdo é a idéia básica que está contida na representação (semântica da mensagem). A forma ou o formato é a linguagem, sistema de símbolos ou notações específicas em que o conteúdo é apresentado. GARDNER (2005, p.25)

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O autor identifica sete fatores/alavancas que podem operar em todos os casos de mudança de opinião:

1. Razão (reason) – envolve identificar fatores relevantes, pesar cada um separadamente e fazer uma avaliação global. GARDNER (2005, p.27)

2. Pesquisa (research) – não precisa ser formal; só precisa permitir a identificação de casos relevantes e um julgamento sobre se eles justificam a mudança de opinião.

3. Ressonância – denota o componente afetivo. A ressonância geralmente ocorre porque sentimos uma “relação” com um modificador-de-mentes, achamos a pessoa “confiável” (reliable) ou a “respeitamos”. GARDNER (2005, p.28)

4. Redescrições representacionais – o potencial para expressar a lição desejada em muitos formatos compatíveis é crucial. GARDNER (2005, p.29) 5. Recursos e recompensas – pouco duradouro. 6. Eventos do mundo real (Real world events) – evento na sociedade mais ampla que afeta muitos indivíduos.

7. Resistências. As formas da mente. Após os primeiros anos, a mente raramente muda com rapidez. INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS Assimilamos a informação por meio de nossos olhos, ouvidos, mãos, narinas, boca e, em uma linguagem livre, podemos falar em informações visuais, táteis e degustativas. Gardner (2005, p.40) define inteligência como um potencial biopsicológico de processar formas específicas de informação de diferentes maneiras. Os seres humanos valorizam diferentes habilidades e capacidades em diferentes momentos e em variadas circunstâncias. (...) Os indivíduos não são igualmente “inteligentes” ou “burros” em todas as circunstâncias; eles possuem diferentes inteligências que podem ser variadamente apreciadas ou desprezadas em diferentes circunstâncias. (...) Quanto mais inteligências de uma pessoa você envolver quando estiver defendendo um argumento, mais provável que consiga mudar a mente dessa pessoa, e mais mentes poderá mudar. GARDNER (2005, p.41) ALFABETIZAÇÃO EMOCIONAL POR QUE? (...) gostar de si mesmo e a dialogar com franqueza e bom senso sobre seus problemas emocionais. ANTUNES (1999, p.13) (...) monitorar seus sentimentos de ira, ansiedade, tristeza e, ainda, de timidez e medo, compreendendo e aceitando os outros, com sua imensa e maravilhosa bagagem de diversidades comportamentais. (...) descobrir o valor da cooperação, aprender a pensar e ser capaz de aprender a aprender. ANTUNES (1999, p.14)

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Estudos levaram a uma visão pluralista da mente e a concepção da visão sobre as competências intelectuais humanas. Descobre-se um ser humano holístico. ANTUNES (1999, p.17) Alfabetizar emocionalmente é produzir experimentos através de jogos e estratégias vivenciadas pelo aluno, que aguçam suas funções cerebrais e abasteçam sua memória de informações, prontas para serem usadas, caso se pretenda faze-lo. ANTUNES (1999, p.19). (...) educamos seres humanos para agirem apenas como chimpanzés, afirma o autor. De acordo com Antunes (1999, p.20) e Gardner (2005) existem nove classificações para diferentes inteligências: Inteligência lingüística – capacidade exibida de forma mais completa por grandes poetas ou escritores extraordinários. É a capacidade de todo ser humano em construir imagens com o uso de palavras. Indivíduo que é bom em aprender línguas estrangeiras, ou do hábil escritor, que consegue transmitir idéias complexas em uma prosa bem escrita. Inteligência lógico-matemática – facilidade para aprender e, sobretudo, perceber a projeção dos conceitos, dos símbolos e formas matemáticas. Constroem imagens com signos numéricos e geométricos. Crucial para qualquer gerente cuja responsabilidade inclui determinar o que aconteceu, e o que pode acontecer, em vários cenários; ou para considerar e decidir sobre investir um dinheiro inesperado, etc. Inteligência espacial – capacidade de criar representações ou imagens mentais espaciais e operar sobre elas de modos variados. Mente que se concentra nas ilustrações, em oposição ao texto. Capacidade de formar, manobrar e operar um modelo do mundo no espaço. (engenheiros, marinheiros, geógrafos, cirurgiões). Inteligência musical – presente em qualquer ser humano, mas oculta pelo preconceito de que nem todos podem ter esse “dom”. Provoca encantamento mesmo por quem não a compreende bem. A facilidade na percepção e na produção da música – tem lugar de destaque em quase todo tipo de apresentação pública. Em negócios, devemos ficar atentos à musicalidade inerente ao planejamento, à organização e à comunicação efetivos dentro de uma empresa. Inteligência corporal-cinestésica – capacidade de resolver problemas ou criar produtos usando o corpo todo ou partes do corpo, como as mãos e a boca. Presente em atividades francamente intelectuais. Albert Einstein: “as entidades psíquicas que parecem servir como elementos no pensamento são certos sinais e imagens mais ou menos claras que podem ser ‘voluntariamente’ reproduzidas e combinadas... os elementos citados são (...) do tipo visual e alguns do tipo muscular”. Capacidade de resolver problemas ou elaborar formas de comunicação utilizando o corpo. (atletas e dançarinos, cirurgiões ou artistas). As habilidades invariavelmente envolvem o uso do corpo.

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Inteligência naturalista – como operar o mundo natural, tornando-nos capazes de compreender tipos encontrados na flora e na fauna, conversando com eles e conseguindo resolver seus problemas de adaptação. Envolve as capacidades de fazer discriminações consequenciais no mundo natural: entre uma planta e outra, entre um animal e outro, entre variedades de nuvens, formações rochosas, configurações de mares. As pessoas que se dedicam à preparação de alimentos, à construção de barragens, à proteção do nosso ambiente ou à mineração de metais preciosos precisam utilizar suas capacidades naturalistas. (...) A nossa capacidade consumista também depende da inteligência naturalista. Inteligência pictórica – se expressam bem através do desenho ou de imagens gráficas de maneira geral. Cada inteligência evoluiu no decorrer de um longo período de tempo para permitir aos indivíduos sobreviver e se reproduzir em nichos ecológicos específicos (...).GARDNER (2005, p.48) Fixar as fronteiras entre as inteligências constitui um julgamento estético, mais que científico. (...) qualquer pessoa envolvida com algum tipo de produto tangível está necessariamente usando a inteligência naturalista. “A inteligência naturalista é necessária em qualquer das seguintes atividades: comprar os materiais brutos, extraí-los da terra, montar uma campanha publicitária para vendê-los ou usa-los no cotidiano para trabalhar, cuidar da casa ou brincar. Embora o nosso mundo tenha sido recentemente inundado por clicks (cliques, em uma menção ao computador), isso não significa que podemos evitar totalmente os bricks (tijolos) ou sticks (gravetos).” GARDNER (2005, p.48) As inteligências pessoais – interpessoal (para discriminar uma pessoa de outras) - capacidade de compreender outras pessoas e o que as motiva, e intrapessoal (dirigida para dentro de nos). A pessoa intrapessoalmente inteligente possui um bom modelo funcional de si mesma, é capaz de identificar sentimentos, objetivos, medos, forças e fraquezas pessoais e pode, nas circunstâncias mais felizes, usar esse modelo para tomar decisões sensatas em sua vida. capacidade de auto-estima e de formar um modelo coerente e verídico de si mesmo, usando esse modelo para operacionalizar a felicidade. Entre as facetas separáveis da inteligência interpessoal estão a sensibilidade ao temperamento ou à personalidade, a capacidade de antecipar as reações dos outros, as habilidades de liderar ou seguir efetivamente, e a capacidade de mediar. (seis varieadesde liderança, quatro abordagens de negociação e 34 tipos de personalidade que um bom profissional de recursos humanos deve discernir). GARDNER (2005, p.49) (...) O conhecimento de si mesmo pode ser utilizado para criar ambientes de trabalho mais compatíveis para si mesmos e para os outros. GARDNER (2005, p.50)

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Inteligência existencial – envolve capacidades humanas de formular e examinar as perguntas mais importantes: Quem somos nós? Porque estamos aqui? O que vai nos acontecer? Porque morremos? Qual é o sentido disso tudo, afinal de contas? GARDNER (2005, p. 51) (...) Se as pessoas não encontram significado em sua vida profissional, ficam insatisfeitas e – talvez ainda pior – improdutivas. Os indivíduos podem ter sucesso no mesmo papel cultural utilizando diferentes inteligências. Se alguém procurar na escola (ou na empresa) um ambiente onde possa desenvolver a felicidade, dificilmente encontrará uma resposta, e até o porteiro poderá sintetizar uma idéia generalizada por todos: felicidade é besteira. ANTUNES (1999, p.22) Para Goleman (1995) apud ANTUNES (1999, p.26), a Inteligência Emocional pode ser expressa através de cinco pontos essenciais:

1. Autoconhecimento – capacidade de identificar seus próprios sentimentos, usando-os para tomar decisões e resolver problemas que resultem na satisfação pessoal.

2. Administração das emoções – habilidade de controlar impulsos, de aliviar-se da ansiedade e direcionar a raiva à condição correta. Muitas vezes o ato de odiar uma atitude cometida por uma pessoa acaba sendo confundido com ódio por essa pessoa.

3. Empatia – habilidade de se colocar no lugar do outro, entendendo-o e percebendo seus sentimentos e intenções não verbalizadas.

4. Automotivação – a capacidade de preservar e conservar o otimismo sereno, mesmo em condições relativamente adversas.

5. Capacidade de relacionamento pleno – habilidade em lidar com as reações emocionais de outras pessoas e interagir com as mesmas.

Quociente emocional pode ser definido como a capacidade que cada ser humano tem para lidar com os conflitos cotidianos, o volume e o controle de suas angústias e ansiedades, compreendendo-se ao compreender seus próprios sentimentos e descobrindo-se nos outros, com quem busca efetivamente com+viver. ANTUNES (1999, p.27) POR QUE UMA ABORDAGEM COGNITIVA? Podemos conceitualizar o que as pessoas estão pensando, como elas estão pensando, e como, quando necessário, esse pensamento pode ser mudado – atividades importantes em uma época em que “o conhecimento é tudo”. GARDNER (2005, p.52) As representações mentais (...) são construídas ao longo do tempo dentro da nossa mente/cérebro e podem ser reformadas, reformuladas, reconstruídas, transformadas, combinadas, alteradas e destruídas. GARDNER (2005, p.55) O cognitivismo, sinergicamente, une as marcas da mão e as idéias da mente. Uma perspectiva cognitiva não garante sucesso nos negócios ou na vida, nem nega limites nos seres humanos. (...) abre a possibilidade de representar limites e

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alternativas de diversas maneiras, e de agir a partir dessas representações. (...) reconhece que podemos imaginar novos cenários e trabalhar para realizá-los. GARDNER (2005, p.56) A abordagem é estática porque ignora o fato de que somos indivíduos que precisam desenvolver a mente desde o começo e continuar desenvolvendo-a durante toda a vida. GARDNER (2005, p.57) REFERÊNCIAS ANTUNES, Celso. Alfabetização emocional: novas estratégias. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1999. GARDNER, Howard. Mentes que mudam: a arte e a ciência de mudar as nossas idéias e a dos outros. Porto Alegre: Artmed/Bookman, 2005.