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FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/FAMERP CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM Ana Laura Batista Zamorel Diversidade genética de Klebsiella pneumoniae produtora de KPC associadas a ITU em um hospital terciário de São José do Rio Preto São José do Rio Preto 2017

Ana Laura Batista Zamorel Diversidade genética de ...disciplinas.famerp.br/tcc/Documents/defesas 2017/Ana Laura Batista... · A infecção do trato urinário por Klebsiella pneumoniae

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FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO

PRETO/FAMERP

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

Ana Laura Batista Zamorel

Diversidade genética de Klebsiella pneumoniae

produtora de KPC associadas a ITU em um hospital

terciário de São José do Rio Preto

São José do Rio Preto

2017

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FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO

PRETO/FAMERP

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

Ana Laura Batista Zamorel

Diversidade genética de Klebsiella pneumoniae

produtora de KPC associadas a ITU em um hospital

terciário de São José do Rio Preto

São Jose do Rio Preto

2017

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Faculdade de Medicina de

São José do Rio Preto para obtenção do

grau em Enfermagem

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Ficha Catalográfica

Ana Laura Batista Zamorel

Diversidade genética de Klebsiella pneumoniae produtora de KPC

associadas a ITU em um hospital terciário de São José do Rio Preto

36 p.

São José do Rio Preto, 2017.

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) – Faculdade de Medicina

de São José do Rio Preto – FAMERP

Orientadora: Profa. Dra. Mara Correa Lelles Nogueira

1. ITU ; 2. K. pneumoniae; KPC; 3. Tipagem molecular

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FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

CURSO D GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

COMISSÃO EXAMINADORA

Data 30/11/2017

Orientador: Profa. Dra. Mara Correa Lelles Nogueira

Co-orientador : Me. Franciele Maira M. B. Tomaz

1° Examinador: Dr. Tiago Casella

2° Examinador: Andressa Batista Zequini de Morais

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ........................................................................................................................ II

AGRADECIMENTO ................................................................................................................ II

EPÍGRAFE ............................................................................................................................... III

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. VI

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ............................................................................... VII

RESUMO .............................................................................................................................. VIII

ABSTRACT .............................................................................................................................. X

1.0 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10

1.1 INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO (ITU) .................................................................. 10

1.1.3 TRATAMENTO .............................................................................................................. 13

2.0 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 15

3.0 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16

4.0 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 17

4.1 SELEÇÃO DOS ISOLADOS KLEBSIELLA PNEUMONIAE PRODUTORAS DE KPC 17

4.2 LEVANTAMENTO DE DADOS DEMOGRÁFICOS, CLÍNICOS E

MICROBIOLÓGICOS RELACIONADOS AOS PACIENTES E ÀS INFECÇÕES ............. 17

4.3 ARMAZENAMENTO E MANUTENÇÃO DOS ISOLADOS ......................................... 17

4.4 TIPAGEM MOLECULAR POR PFGE ............................................................................. 18

4.5 ANÁLISE DA SIMILARIDADE GENÉTICA ................................................................. 19

5.1 DADOS DEMOGRÁFICOS .............................................................................................. 20

5.2 DADOS CLÍNICOS ........................................................................................................... 22

5.3 DETERMINAÇÃO DO PERFIL DE SUSCEPTIBILIDADE AOS

ANTIMICROBIANOS ............................................................................................................. 26

6.0 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 30

REFERÊNCIA ......................................................................................................................... 31

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles que me deram força para chegar até aqui.

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AGRADECIMENTO

Primeiramente, agradeço a Deus que iluminou о meu caminho durante esta caminhada.

Em especial, agradeço a Profª. Dra. Mara, por todo aprendizado, confiança e por ter me

aceito em seu laboratório.

À Maira, pelas contribuições e orientações para a realização deste trabalho.

Aos meus pais, Flávia e Fabio e ao meu padrasto Carlos, pelo apoio e por estarem

comigo em todos os momentos.

Ao meu namorado, João, pelo seu companheirismo, amor, carinho e pela ajuda na

realização deste trabalho.

A todos do laboratório CIM – FAMERP, em especial à Naiady, que me acolheu e me

ajudou em todos os momentos no laboratório.

Finalmente, agradeço a Profª Dra, Vânia Paschoal pelas orientações para realização

deste trabalho.

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iii

EPÍGRAFE

“Aprendi que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo o que lhe pedimos”

William Shakespeare

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Porcentagem dos pacientes do sexo masculino e feminino acometidos

por ITU devido a Klebsiella pneumoniae produtora de KPC no período

de março de 2015 a julho de 2016 ...........................................................

21

Figura 2 - Localidade dos pacientes acometidos por ITU por Klebsiella.

pneumoniae produtora de KPC no período de março de 2015 a julho de

2016 .........................................................................................................

21

Figura 3 - Motivo das admissões dos pacientes internados que desenvolveram

ITU por Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC ..............................

22

Figura 4 - Percentual de hipertensão em pacientes com ITU por K. pneumoniae

produtora de KPC ...................................................................................

23

Figura 5 - Percentual de diabéticos em pacientes com ITU por Klebsiella

pneumoniae produtoras de KPC ..............................................................

23

Figura 6 - Evolução dos pacientes com diagnóstico de ITU por Klebsiella

pneumoniae produtoras de KPC .............................................................

24

Figura 7 - Utilização de cateter vesical de demora nos pacientes com ITU por

Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC..............................................

25

Figura 8 - Distribuição temporal dos casos de ITU por Klebsiella pneumoniae

produtoras de KPC ...................................................................................

25

Figura 9 - Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos dos pacientes

acometidos por ITU.................................................................................

27

Figura 10 - Diversidade genética mostrada no dendrograma gerado por PFGE dos

isolados selecionados da coleção de cultura do Laboratório da

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto no período de 2015 a

2016...........................................................................................................

29

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vii

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

% - Porcentagem

Cº – Graus Celsius

µg – Micrograma

µL – Microlitro

AK – Amicacina

AME – aminoglycoside modifying enzyme

AMP - Ampicilina

CAZ – Ceftazidima

CIP - Ciprofloxacina

CN - Gentamicina

CRO – Ceftriaxona

DNA - Ácido desoxirribonucléico

ESBL - “Extended-spectrum β-lactamase”

ETP - Ertapenem

EUA - Estados Unidos da América

FAMERP - Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto

FEP – Cefepime

FOX - Cefoxitina

HB - Hospital de Base

IMP – Imipenem

ITU – infecção do trato urinário

IRAS - Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde

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KF- Cefalotina

KPC - “Klebsiella pneumoniae carbapenemase”

MDR – Multi Drog Resistent

MEM - Meropenem

mg – Miligrama

mL – Mililitro

NOR – Norfloxacino

Nº - Número

PCR - “Polymerase chain reaction”

PFGE - “Pulsed Field Gel Electrophoresis”

RNAse - Ribonuclease

TGC - Tigeciclina

TSB - “Tryptic Soy Broth”

TZP – Piperacina/tazobac

U – Unidade

UFC – Unidade formadora de colônia

UPGMA - Unweighted pair group method with arithmetic mean

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ZAMOREL, Ana Laura Batista. Diversidade genética de Klebsiella pneumoniae produtora de

KPC associadas a ITU em um hospital terciário de São José do Rio Preto. Trabalho de

Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Enfermagem. Faculdade de Medicina de São

José do Rio Preto - FAMERP, 2017.

RESUMO

Introdução: As infecções do trato urinário (ITU) estão entre as infecções bacterianas mais

comuns, na comunidade e nas instituições de assistência à saúde. Estas acometem indivíduos

de todos os sexos e idades. Nos hospitais, são as principais infecções relacionadas à assistência

à saúde, acometendo principalmente indivíduos que já possuem alguma comorbidade

anatômica e funcional. Entre os principais agentes de ITU no ambiente hospitalar, destaca-se

Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC, por sua resistência à antibioticoterapia e associação

com altas taxas de morbidade e mortalidade. Objetivos: Identificar as características

demográficas e clínicas dos pacientes acometidos por ITU por Klebsiella pneumoniae

produtoras de KPC em um hospital terciário de São José do Rio Preto, e analisar a diversidade

genética de cepas. Métodos: Para o estudo, foram selecionadas 91 cepas de Klebsiella

pneumoniae produtoras de KPC, isoladas de diferentes pacientes admitidos no Hospital de Base

de São José do Rio Preto (HB), no período de março de 2015 a julho de 2016. Após a seleção

dos isolados, foi realizada a tipagem molecular por PFGE. Os dados demográficos e clínicos de

cada paciente foram consultados do prontuário eletrônico do HB. Resultados: Dos 91 pacientes

inclusos neste estudo, a prevalência de ITU foi maior no sexo masculino e idosos. Do total,

76% eram hipertensos, 31% eram diabéticos e 26% utilizaram cateter vesical de demora durante

a internação. Após a urocultura positiva e o início do tratamento com antimicrobianos, 50% dos

pacientes continuaram internados, 45% evoluíram a óbito e 5% receberam alta. As linhagens

apresentaram alta resistência aos antimicrobianos, e evidenciou-se ampla diversidade de

Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC genética nos perfis obtidos por PFGE. Conclusão:

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A infecção do trato urinário por Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC acomete a

população mais idosa e com predomínio do sexo masculino. A hipertensão arterial e diabetes

mellitus não são comorbidades comuns nos pacientes acometidos por ITU e, além disso, cateter

vesical de demora é um fator de risco. As ITU estudadas são causadas por linhagens de

Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC geneticamente distintas, provavelmente originadas

da própria microbiota do paciente.

PALAVRAS CHAVE: ITU; K. pneumoniae; Tipagem molecular.

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ZAMOREL, Ana Laura Batista Genetic diversity of Klebsiella pneumoniae producing- isolated

KPC from a tertiary hospital of São José do Rio Preto. Monograph for Bachelor Degree in

Nursing. Faculty of Medicine of São José do Rio Preto - FAMERP, 2017.

ABSTRACT

Introduction: Urinary tract infections (UTIs) are among the most common bacterial infections

acquired in the community and in hospital environments. They affect individuals of both sexes

and all ages. In hospitals, they are the main infections related to health care, mainly affecting

individuals who already have some anatomical and functional comorbidity. Among the main

UTI agents in the hospital setting, we highlight Klebsiella pneumoniae producing-KPC, due to

its resistance to antibiotic therapy and association with high rates of morbidity and mortality.

Objectives: To identify the demographic and clinical characteristics of patients with UTI by K

pneumoniae producing-KPC in a tertiary hospital in São José do Rio Preto, and to analyze the

genetic diversity of strains. Methods: Ninety-one Klebsiella pneumoniae strains of producing-

isolated KPC, from different patients admitted at Base Hospital of São José do Rio Preto, from

March 2015 to July 2016 were selected for the study. After the selection of isolates, molecular

typing by PFGE performed. The demographic and clinical data of each patient were checked in

the HB electronic medical record Results: Of the 91 patients included in this study, the

prevalence of UTI was higher in males and elderlies. Of the total, 76% were hypertensive, 31%

were diabetic, and 26% used a permanent vesical catheter during hospitalization. After positive

uroculture and the beginning of antimicrobial treatment, 50% of the patients remained

hospitalized, 45% died and 5% were discharged. The lineages showed high resistance to

antimicrobial agents, and a wide genetic diversity was stood out in the profiles obtained by

PFGE. Conclusion: Infection of the urinary tract by Klebsiella pneumoniae producing-KPC

affects the older population, predominantly male sex . High blood pressure and diabetes

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mellitus are not common comorbidities in patients with UTIs and, in addition, permanent

bladder catheter is a risk factor. The studied UTIs are caused by genetically distinct strains of

Klebsiella pneumoniae, probably originating from the patient's own microbiota.

Keywords: ITU; K. Pneumoniae; molecular typing

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1.0 INTRODUÇÃO

1.1 INFECÇÕES DO TRATO URINÁRIO (ITU)

As infecções do trato urinário (ITU) estão entre as infecções bacterianas mais comuns

na população. Acometem indivíduos na comunidade e em hospitais, de todas as idades, desde

os primeiros anos de vida até a velhice¹. Estima-se que 150 milhões de ITU ocorram anualmente

em todo o mundo2. No ano de 2013 nos EUA, aproximadamente 160 mil homens de 65 anos

ou mais e 2 milhões de mulheres de diversas idades buscaram atendimento de emergência

devido à ITU3.

Nos neonatos até os seis meses de idade, acomete principalmente o sexo masculino

devido às malformações congênitas, como as válvulas de uretra posterior4. Após esse período

há uma diminuição na incidência em razão da anatomia e fisiologia masculina, como o maior

comprimento uretral, o maior fluxo urinário e o fator antibacteriano prostático. Porém, após os

60 anos de idade a incidência aumenta, podendo atingir entre 3% a 4% dos homens, devido a

quadros de hiperplasia prostática5.

Em relação as mulheres, as infecções são infrequentes em meninas de 2 a 13 anos de

idade, contudo, se torna frequente no início da adolescência, principalmente após o início da

atividade sexual, durante a gravidez e menopausa6. As mulheres possuem maior predisposição

em adquirir ITU devido às características anatômicas do seu trato urinário, que apresenta uretra

curta e abertura uretral próxima da cavidade vaginal e retal, que são regiões corporais que

abrigam grandes comunidades bacterianas. A grande proximidade da uretra até a bexiga torna

possível para a colonização bacteriana atingir facilmente a bexiga antes de ser removida por

micção5.

A ITU caracteriza-se pela presença de colonização microbiana da urina podendo ser

definida como7:

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- ITU assintomática: Infecção do trato urinário que se caracteriza pela presença de

bactéria no trato urinário, com ausência de sintomas e, geralmente, sem necessidade de terapia

antimicrobiana7.

- ITU sintomática: Infecção do trato urinário em paciente com, ou sem, cateter vesical

de demora que apresente sintomatologia e um resultado positivo na cultura de urina7.

- ITU relacionada à assistência à saúde associada a cateter vesical: Qualquer infecção

urinária sintomática que o paciente tenha utilizado cateter vesical de demora dois dias7.

- ITU relacionada à assistência à saúde não associada a cateter: Infecção urinária

sintomática em que o paciente não esteja em uso de cateter vesical de demora7.

Outras infecções do sistema urinário: Qualquer infecção do trato urinário, não estando

relacionada a procedimento urológico, diagnosticada após a admissão em serviço de saúde8.

Clinicamente, as ITU são classificadas como simples ou complicadas. As não

complicadas afetam indivíduos saudáveis e que não possuem anormalidades estruturais. As ITU

complicadas estão associadas a fatores que comprometem o trato urinário, incluindo obstrução

urinária, retenção urinária causada por doenças neurológicas, imunossupressão, insuficiência

renal, transplante renal, gravidez e presença de corpos estranhos, como cálculos, cateteres

internos ou outros dispositivos de drenagem9.

Os principais fatores de risco para desenvolver uma infecção do trato urinário são:

diabetes, gravidez, doença arterial coronariana, obstrução do trato urinário, cateterização

urinária, relação sexual, uso de diafragma, geléia espermicida, prostatismo, menopausa,

transplante renal e outros10.

O diagnóstico da ITU baseia-se em sintomas clínicos e um resultado positivo na cultura

de urina, com um valor mínimo de 100 mil unidades formadoras de colônias por mililitros de

urina (UFC/mL)12. Em relação aos pacientes com o uso de cateteres urinário de demora, o valor

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mínimo para um resultado positivo é de 100 mil unidades formadoras de colônias por mililitros

de urina (UFC/mL)13.

O Ministério da Saúde (portaria nº2616/98) classifica as ITU como hospitalares ou da

comunidade, de acordo com o local que foram adquiridas. A ITU da comunidade é a infecção

constatada no momento da admissão hospitalar e não está relacionada com internações

anteriores. A infecção hospitalar, por sua vez, é adquira após a internação, manifestando-se

durante a hospitalização ou após a alta, e está na maioria das vezes associada ao uso de cateteres

urinários de demora. Algumas práticas contribuem para que a infecção ocorra devido a

cateteres urinários de demora, sendo elas: a aplicação de técnicas inapropriadas, a não

higienização das mãos, uso de materiais contaminados e tempo de permanência do cateter

urinário superior a real necessidade15. As ITU hospitalares são as principais infecções

relacionadas à assistência à saúde (IRAS)16.

1.1.2 PATOGÊNESE

As infecções do trato urinário são causadas por bactérias Gram-negativas e Gram-

positivas, e por fungos. O agente mais comum para ITU simples e complicadas é a Escherichia

coli17 mas, outros agentes, tais como Klebsiella pneumoniae, Proteus mirabilis, Pseudomonas

aeruginosa, Staphylococcus aureus, Staphylococcus saprophyticus, Enterococcus faecalis,

Streptococcus do grupo B e Candida spp desempenham papel importante18.

De acordo com Bouamri e colaboradores (2015), Klebsiella pneumoniae é o agente

etiológico de 6 a 17% das ITU, dependendo da localização geográfica. Nos últimos anos, este

patógeno ganhou especial importância devido as altas taxas de ITU hospitalares causadas por

linhagens resistentes a várias classes de antibióticos, o que dificulta o tratamento e aumenta as

taxas de morbi-mortalidade19. Pacientes de grupos de risco, como portadores de bexiga

neuropática ou diabetes mellitus, são os mais acometidos20.

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Klebsiella pneumoniae é um bacilo Gram-negativo da família Enterobacteriaceae. É

naturalmente encontrado nas mucosas da nasofaringe e trato gastrointestinal de seres humanos

e animais21,22,23. Destaca-se entre as espécies de Enterobacteriaceae mais frequentemente

associadas às infecções oportunistas, principalmente em indivíduos imunossuprimidos ou com

doenças de base. No ambiente hospitalar, pacientes colonizados ou com infecções atuam como

reservatórios de cepas que são transmitidos horizontalmente, pelas mãos dos profissionais da

saúde e fômites. Essa transmissão é favorecida pela capacidade de sobrevivência desta bactéria

no ambiente, é uma importante causa de surtos tanto por um único como por múltiplos clones

de Klebsiella pneumoniae24.

A colonização por Klebsiella pneumoniae no trato urinário pode ser através da via

ascendente, hematogênica ou linfática. A via ascendente ocorre frequentemente em mulheres

devido a fatores anatômicos, e aproximação retal e perineal. O agente etiológico pertencente à

microbiota intestinal entra no trato urinário através da uretra e por via ascendente coloniza a

bexiga urinária, e por vezes até a pelve renal. Na pelve renal, o agente pode se espalhar pelo

parênquima renal e causar pielonefrite. A via hematogênica é raramente encontrada, acomete

principalmente recém-nascidos e pacientes imunocomprometidos e a disseminação acontece

via corrente sanguínea até o parênquima renal. A infecção via linfática ocorre por infecção

intestinal grave, obstrução intestinal e abscessos intra ou retroperitoneais25.

1.1.3 TRATAMENTO

A terapia antimicrobiana para a ITU varia de acordo com a apresentação da infecção e

o agente etiológico da mesma. Inicialmente o tratamento é de forma empírica, até que se tenha

o resultado da cultura de urina e o perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos. É importante

selecionar um antibiótico de resposta rápida e eficaz, evitando recorrência e resistência

antimicrobiana26.

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14

Os antibióticos β-lactâmicos, principalmente cefalosporinas de terceira e quarta geração

e carbapenêmicos são as principais opções para o tratamento de infecções por Klebsiella.

pneumoniae27,28. Entretanto, a produção de β-lactamases de espectro estendido (ESBL) que

confere resistência às penicilinas, cefalosporinas de terceira geração e ao aztreonam, é um

desafio terapêutico desde os anos 8029. Desde então, os carbapenêmicos passaram a ser usados

com frequência, como última opção para o tratamento de infecções graves por bacilos Gram-

negativos multirresistentes30. Como resultado, nas últimas décadas, Klebsiella. pneumoniae

resistentes aos carbapenêmicos tornaram-se uma grande ameaça à saúde pública, uma vez que

as infecções por esses organismos estão associadas a morbidade e mortalidade significativas31.

1.2 RESISTÊNCIA AOS CARBAPENÊMICOS

O principal mecanismo de resistência aos carbapenêmicos é a produção de uma serino-

carbapenemase da classe A de Ambler e grupo funcional 2f, denominada “Klebsiella

pneumoniae carbapenemase” (KPC)32. Esta enzima hidrolisa os carbapenêmicos, oximino-

cefalosporinas, cefamicinas e não são inibidas por inibidores das β-lactamases tais como o ácido

clavulânico, sulbactam e tazobactam.33.

O primeiro caso de infecção por Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase

(KPC), ocorreu no ano de 1996 na Carolina do Norte (Estados Unidos) em pacientes de terapia

intensiva34. Posteriormente, entre os anos de 2001 e 2002 foram documentados em Nova York

transferências de mecanismos de resistência e infecções tanto por Klebsiella pneumoniae e

outras Enterobacteriaceae35.

O primeiro caso de infecção intercontinental ocorreu no ano de 2005 em Paris (França),

por um paciente previamente tratado em Nova York. Em seguida, diversos relatos foram

encontrados por transmissão associada à migração geográfica especialmente em Israel e Grécia.

Na América Latina, o primeiro caso registrado foi em Medellin (Colômbia) em 200534.

No Brasil, o primeiro caso foi descrito em 200635. Atualmente, bactérias produtoras da

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15

enzima KPC encontram-se amplamente disseminadas no país, e diversas publicações relatam a

ocorrência de surtos e casos de infecção em vários estados brasileiros36,37,38,39;40,41. Esta

realidade é preocupante, pois as opções terapêuticas são limitadas, o que resulta em alta

mortalidade. O tratamento é restrito ao uso de polimixinas, tigeciclina e aminoglicosídeos,

associadas ou não ao imipenem42,43.

2.0 JUSTIFICATIVA

O primeiro caso de infecção por Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC foi

diagnosticado em abril de 2011 no Hospital de Base de São José do Rio Preto. Até o mês de

fevereiro de 2017, foram confirmados 2868 casos. Entre estes casos, a maioria foi identificada

como infecções do trato urinário, em pacientes admitidos em enfermarias clínicas e cirúrgicas

e unidades de terapia intensiva (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do HB,

comunicação pessoal, março de 2017).

No presente estudo, 91 cepas de Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC isoladas de

urina de pacientes atendidos no HB em 2015 e 2016 foram investigadas, visando determinar o

perfil de similaridade genética. As características demográficas e clínicas dos pacientes

acometidos pelas infecções também foram avaliadas. As informações geradas neste estudo

serão importantes para aumentar o conhecimento sobre as infecções urinárias causadas por

Klebsiella. pneumoniae produtoras de KPC na instituição, contribuindo para o melhor

direcionamento da terapia antimicrobiana e melhoria do prognóstico dos pacientes.

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3.0 OBJETIVOS

Identificar as características demográficas e clínicas dos pacientes acometidos por

ITU por Klebsiella. pneumoniae produtoras de KPC em um hospital terciário de São José do

Rio Preto e analisar a diversidade genética de cepas.

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4.0 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Seleção dos isolados Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC

Foram selecionadas para o estudo, 91 cepas de Klebsiella pneumoniae produtoras de

KPC, resistentes aos antimicrobianos carbapenêmicos, de diferentes pacientes acometidos por

ITU, admitidos no Hospital de Base de São José do Rio Preto, no período de março de 2015 a

julho de 2016. O protocolo previamente padronizado44, foi utilizado para confirmação da

presença do gene blaKPC em todos os isolados selecionados para este estudo.

Estas bactérias foram mantidas em coleção de cultura no Centro de Investigação de

Microorganismos da FAMERP, após serem coletadas no Setor de Microbiologia do Laboratório

Central do HB, onde foram identificadas e avaliadas, pelo equipamento Vitek®2 Compact

System (Biomerieux, France), quanto ao perfil de sensibilidade aos antimicrobianos, segundo

a técnica de microdiluição em caldo automatizado, de acordo com procedimentos de rotina. A

interpretação dos resultados dos testes de suscetibilidade foi realizada de acordo com o CLSI

(2013)45 e as recomendações da Anvisa (NT 01/2013)46.

4.2 Levantamento de dados demográficos, clínicos e microbiológicos relacionados

aos pacientes e às infecções

Através do sistema eletrônico do HB, foram consultados os prontuários de cada paciente

incluído neste estudo.

As informações coletadas foram organizados em uma planilha no programa

Microsoffcom os dados relacionados a cada cepa, contendo identificação da amostra, número

do prontuário do paciente, data do isolamento, origem do isolado, espécime clínico, idade do

paciente, motivo da admissão e evolução do paciente.

4.3 Armazenamento e manutenção dos isolados

Depois de identificado e realizado os testes de susceptibilidade aos antimicrobianos, os

isolados selecionados foram mantidos em coleção de cultura a -80ºC. Para isso, uma colônia

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18

isolada obtida da placa foi inoculada em caldo TSB (“Tryptic Soy Broth”, BACTOTM, França)

a 37 ºC por 16 a 18 horas. Após este período, 0,8 mL de cada cultura foram transferidos para

criotubos esterilizados previamente rotulados, onde foram adicionados 0,2 mL de glicerol à

50% esterilizado por autoclavagem a 121ºC por 15 minutos. Para cada isolado o

armazenamento foi realizado em duplicata e cada criotubo foi identificado com uma sigla. Os

isolados foram identificados como KP, um número da coleção de cultura e data de

armazenamento.

4.4 Tipagem molecular por PFGE

Aproximadamente 10 colônias de cada amostra bacteriana foram inoculadas em 10 ml

de TSB (“Tryptic Soy Broth”, BACTOTM Becton Dickinson,) e incubadas a 37 ºC por 18 a 24

horas em agitação. Após incubação, os tubos foram centrifugados a 8000 g por 10 minutos. Em

seguida, o sobrenadante foi descartado e as células bacterianas foram suspensas em 1 mL de

solução salina e transferidas para um tubo de microcentrífuga (1,5 mL) de peso conhecido. Os

tubos foram centrifugados a 8000 g por aproximadamente 03 minutos e o sobrenadante foi

cuidadosamente aspirado e desprezado. Com a finalidade de se determinar o peso da massa

celular os tubos foram novamente pesados. O centrifugado foi diluído em salina na proporção

de 1:1, isto é, o volume da solução salina em μl foi equivalente ao peso do centrifugado em μg.

Um volume de 5 μL desta solução foi transferido para outro tubo, onde foram adicionados 300

μL da solução tampão TEN (Tris 100 mM; pH 7,5; EDTA 100 mM; NaCl 150 mM; água

destilada). Essa nova solução foi homogeneizada e misturada a 340 μL de agarose 2% ("low

melting" - Invitrogen, Carlsbad, EUA) para a formação de blocos de agarose contendo o DNA

cromossômico ("plugs"). Os blocos foram incubados por um período mínimo de cinco horas

em solução EC (Tris 6 mM, pH 7,5; NaCl 1 M; EDTA 10 mM ; Brij 58 0,5%; Sarcosil 0,5%;

Deoxicolato 0,2% e água destilada) a 37 °C e, a seguir incubados, a 50 °C em 2 mL de solução

ES (EDTA 0,4 M, pH 9,3; Sarcosil 1,0%) contendo proteinase K (20 mg/mL, Promega

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19

Corporation, Madison, EUA) numa proporção de 1:1 (2 mg de proteinase K para 2 mL de ES)

por um período de 12 horas. Após este período de incubação os blocos foram lavados quatro

vezes com solução CHEF-TE (Tris 100 mM, pH 7,5; EDTA 100 mM) e armazenados nessa

solução até serem submetidos à digestão enzimática e posterior eletroforese.

O DNA bacteriano das amostras estudadas foi digerido com a enzima de restrição Xba

(Fermentas Life Sciences, MD, EUA), 10 U por amostra, por 12 a 18 horas à temperatura de

37 °C. A eletroforese foi realizada em gel de agarose a 1% no sistema CHEF-DR II (Bio-Rad,

Richmond, CA, EUA) e o padrão de variação da corrente elétrica ("switch time") foi de 5 a 60

segundos. A eletroforese foi realizada por um período de 22 horas, em solução 0,5X TBE (Tris

89 mM; ácido bórico 89 mM; EDTA, 2 mM) a uma temperatura de 13 °C, utilizando uma

corrente elétrica de 200 volts (6 V/cm) com peso molecular Lambda Ladder PFG marker 50

µg/mL (New England Biolabs, Beverly, Mass, EUA). O gel foi revelado com brometo de etídio

(0,8 μL/mL) por uma hora, descorados em água destilada por mais uma hora e fotografado sob

luz ultravioleta.

4.5 Análise da similaridade genética

Na avaliação da similaridade genética entre os isolados, os padrões de identidade

genética gerados por PFGE foram analisados com o auxílio do programa Bionumerics (Applied

Maths, Saint-Martens-Latem, Bélgica) e foram usados na construção de dendrogramas,

empregando-se um coeficiente de correlação de Dice de 5%, com tolerância 2,0% e otimização

de 1,0%47.

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20

5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Dados demográficos

Tem-se observado que as ITU estão entre as infecções bacterianas mais comuns

relacionada à assistência à saúde48,. Este quadro infeccioso acomete ambos os sexos e todas as

idades. Nossos resultados (Figura 1) indicam que entre os 91 pacientes incluídos neste estudo,

a prevalência de ITU foi maior no sexo masculino (58%), com idade média de 60 ±18 anos. Os

demais (42%), eram do sexo feminino, com idade média de 68 ±16 anos. Estes resultados, por

sua vez, contrapõem aqueles encontrados na literatura. O estudo de GALVEZ e seus

colaboradores (2016), avaliou 2.517 pacientes diagnosticados com ITU por diferentes

patógenos. Desse total, 64,6% eram mulheres com idade média de 55 anos, e os demais 35,4%

eram homens com idade média de 63 anos. Já no estudo de HUNCK e seus colaboradores

(2016), 54% dos 121 pacientes diagnosticados com ITU por Klebsiella pneumoniae produtoras

de KPC eram mulheres. Existem muitas razões para considerar que as mulheres são mais

acometidas por ITU que os homens: a extensão anatômica uretral em mulheres é mais curta

quando comparada à do homem e a proximidade da vagina e do anus predispõem um maior

risco de infecção urinária5. Nossos resultados foram discrepantes em relação àqueles

encontrados na literatura, visto que o motivo da admissão dos pacientes foram por diferentes

patologias, não somente por ITU. Sendo assim, outros fatores podem estar envolvidos para a

predominância do sexo masculino.

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21

Figura 1: Porcentagem dos pacientes do sexo masculino e feminino acometidos por ITU devido

a Klebsiella pneumoniae produtora de KPC no período de março de 2015 a julho de 2016

A figura 2 ilustra que entre os 91 pacientes incluídos neste estudo, 27% residiam no

município de São José do Rio Preto e os demais, em municípios limítrofes. O Hospital de Base

de São José de Rio Preto - SP é um hospital terciário, referência para 102 municípios e 85%

dos seus atendimentos são através do Sistema Único de Saúde, o que explica a predominância

de pacientes de diferentes localidades51.

Figura 2: Localidade dos pacientes acometidos por ITU por Klebsiella pneumoniae produtora

de KPC atendidos no HB, no período de março de 2015 a julho de 2016.

73%

27%

Município de Residência

Região de São José do Rio Preto São José do Rio Preto

42%

58%

Sexo

Feminino Masculino

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22

5.2 Dados Clínicos

Entre os 91 pacientes incluídos no estudo, 76 estavam internados no Hospital de Base

quando a ITU foi diagnosticada e a amostra de urina coletada para cultura. Dez pacientes faziam

acompanhamento no ambulatório, mas já haviam sido admitidos no HB, e 5 eram indivíduos

da comunidade (externos) que enviaram amostras de urina para urocultura.

Os pacientes que foram admitidos no HB foram encaminhados para diferentes

especialidades do hospital, sendo: 80% pela clínica médica, 11% para cirurgia, 5% para

tratamento de neoplasias, 3% devido a trauma e 1% para realização de exames (Fig. 3).

Figura 3: Motivo das admissões dos pacientes internados que desenvolveram ITU por

Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC.

Em relação à hipertensão arterial, dos 91 pacientes incluídos neste estudo, 75% eram

hipertensos (Figura 4). No Brasil, as pessoas de 60 anos ou mais constituem a faixa etária com

maior crescimento populacional e que apresentam predomínio de doenças crônicas, incluindo

a hipertensão, diabetes mellitus, insuficiência renal, obesidade e doenças neurológicas e

cardiovasculares, dentre outras52. No nosso estudo, a média de idade dos pacientes foi de 63

anos, o que os inclui no grupo acima citado. Apesar de não ter sido encontrada na literatura

evidências de que a frequência de ITU seja maior em indivíduos hipertensos quando comparado

a indivíduos normais da mesma faixa etária, sabe-se que a progressão ou a exacerbação da

11%

80%

3% 5% 1%

Motivo da internação

Cirurgia Clínica médica Trauma Neoplasia Exames

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23

hipertensão é acompanhada de hospitalizações frequentes e longos períodos de internações,

aumentando o risco em adquirir ITU por eventos adversos relacionado a assistência à saúde52.

.

Figura 4: Percentual de hipertensão em pacientes com ITU por Klebsiella pneumoniae

produtora de KPC.

Entre os 91 pacientes incluídos no estudo, 69% eram não diabéticos (Figura 5). Estes

dados estão de acordo com o estudo realizado por AKAB 2004, com 182 pacientes que relata

uma maior prevalência de ITU nos pacientes não diabéticos, que totalizam 68%.

Figura 5: Percentual de diabéticos em pacientes com ITU por Klebsiella pneumoniae

produtora de KPC.

A Figura 6 mostra a evolução dos 91 pacientes após a urocultura positiva e o início

do tratamento com antimicrobianos, 50% dos pacientes continuaram internados, 45%

75%

25%

Pressão arterial

Hipertenso Normotenso

31%

69%

Diabetes mellitus

Diabético Não Diabético

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24

evoluíram a óbito e 5% receberam alta. Estes dados confirmam a gravidade dos quadros clínicos

dos pacientes estudados.

Figura 6: Evolução dos pacientes com diagnóstico de ITU por Klebsiella pneumoniae

produtoras de KPC.

Quanto ao uso de cateter vesical de demora, 26% dos pacientes com ITU à utilizaram

durante a internação (Figura 7). Dos 76 pacientes internados apenas 7 tiveram o diagnóstico

inicial de ITU, o restante apresentou infecção urinária no decorrer da internação. Durante a

internação, o paciente é submetido a diversas terapias, como as antimicrobianas e/ou as

invasivas. E estas, por sua vez, acabam agredindo a barreira natural da pele e mucosas,

aumentando o risco de infecções oportunistas. Segundo Nicolle (2014), as ITU hospitalares

estão relacionadas a procedimentos realizados durante a internação, sendo que 80% encontra-

se pertencendo ao uso de cateteres urinários de demora. Estima-se que de 15% a 25% dos

pacientes hospitalizados e 85% dos pacientes internados em terapia intensiva utilizam cateteres

urinários56. Os riscos a cada dia em adquirir infecção urinária é de 3% a 10%. Este fato

demonstra a importância de profissionais capacitados, materiais de qualidade e utilização de

sonda vesical de demora apenas quando houver necessidade56..

45%

50%

5%

Evolução

Óbito Internação Alta

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25

Figura 7: Utilização de cateter vesical de demora nos pacientes com ITU por Klebsiella

pneumoniae produtora de KPC.

A Figura 8 demonstra a distribuição mensal da ocorrência de ITU por Klebsiella

pneumoniae produtoras KPC. Em 2015 foram confirmados 37 casos, o que representa 40,37%

do total no período. O mês de maior incidência foi o mês maio, representando 13,18% do total,

seguido de abril e julho com 8,70%, março com 5,40% e por último agosto com 4,39%. Em

2016 foram registrados 54 casos (59,63%) que ocorreram nos meses de junho (16,48%), março

(13,18%), abril e maio (10,98%), julho (5,49%) e janeiro (2,19%).

Figura 8: Distribuição temporal dos casos de ITU por Klebsiella pneumoniae produtoras de

KPC

25%

75%

Cateter vesical de demora

Sim Não

5,40%8,70%

13,18%

8,70%4,39%

2,19%

13,18%10,98%10,98%

16,48%5,49%

mar/15

mai/15

jul/15

set/15

nov/15

jan/16

mar/16

mai/16

jul/16

Distribuição temporal

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26

5.3 Determinação do perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos

Na figura 9 a resistência aos β-lactâmicos ceftriaxona e piperacilina/tazobactam foi

observada em todos os 91 isolados. Com relação à resistência aos outros antimicrobianos desta

classe, os resultados foram variáveis, sendo observadas diferentes porcentagens de resistência.

Entre os 90 isolados testados para meropenem, 98,88% apresentaram resistência. Todos os 90

isolados testados para ertapenem apresentaram resistência. No que se diz respeito aos isolados

testados para imipenem, 97,29% dos 74 isolados apresentaram resistência. E, por último, o

único isolado testado para cefepime apresentou resistência. A alta resistência aos β-lactâmicos

já é esperada, pois a enzima KPC hidrolisa todos os β-lactâmicos, incluindo as penicilinas,

cefalosporinas e monobactâmicos57.

Em relação aos aminoglicosídeos, foram observadas diferentes porcentagens de

resistência entre os isolados. A resistência à gentamicina foi observada em 85% dos isolados, e

a resistência à amicacina em 3,3%. No estudo de SHENG e colaboradores (2012), das 11

Klebsiella pneumoniae resistentes aos carbapenêmicos, aproximadamente 64% eram resistentes

à amicacina. A alta resistência aos aminoglicosídeos é muito preocupante, visto que a

ANVISA, no ano de 2013, preconizou entre as opções para o tratamento das infecções graves

por Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC, como infecções urinárias associadas à sepse,

ou ainda, infecções de corrente sanguínea e pneumonia associada à ventilação mecânica, o uso

de aminoglicosídeos em terapia combinada com a polimixina (B ou E), com ou sem

carbapenêmico (imipenem ou meropenem).

Em relação às quinolonas, observou-se que 3% demonstraram resistência à

ciprofloxacina e 100% dos 23 isolados testados demonstraram resistência à norfloxacina. No

estudo de SHENG e colaboradores (2012) observou-se, diferente dos nossos resultados, que

73% das 11 Klebsiella pneumoniae resistentes aos carbapenêmicos, eram resistentes à

ciprofloxacina.

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27

Quanto à amoxicilina/clavulanato, foi observado resistência em todos os isolados. Em

relação a resistência aos outros antimicrobianos, dos 68 isolados testados para ampicilina,

98,5% demonstrou resistência. No que se diz respeito aos isolados testados para tigeciclina,

88,8% dos 90 isolados apresentaram resistência. Dos 69 isolados testados para colistina, 72%

demonstraram resistência. E, por fim, os 72 isolados testados para polimixina B, 29%

apresentaram resistência.

Um estudo realizado por Pereira e colaboradores (2014), também encontrou

resistência à polimixina B e à tigeciclina. Dentre as 113 Klebsiella pneumoniae estudadas, 9,7%

apresentaram resistência à polimixina B e 38,1% à tigeciclina. A resistência a esses dois

antimicrobianos é muito preocupante, visto que estes tem sido as últimas opções de terapia

antimicrobiana para tratar pacientes com infecções graves por Klebsiella pneumoniae

resistentes aos carbapenêmicos. Esse fato ratifica a importância do uso racional dos

antimicrobianos, preservando assim, sua utilidade.

Figura 9: Perfil de susceptibilidade aos antimicrobianos dos pacientes acometidos por ITU.

5.4 Tipagem molecular por PFGE

A figura 10 mostra o dendograma construído após a análise dos perfis de PFGE das

91 Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC incluídas neste estudo. Observa-se uma grande

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Resistente

Intermediário

Sensível

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28

diversidade de perfis de PFGE, apresentando similaridade genética entre 23.1 e 100%.

Sabe-se que a maior parte das ITU são causadas por bactérias que compõe a

microbiota do paciente, ou seja, tem origem endógena62, o que explica a diversidade de cepas

de Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC observada neste estudo. Além disso, a maioria

dos pacientes são originados de outros municípios, e podem ter sido colonizados por Klebsiella

pneumoniae produtoras de KPC durante internações em outras instituições de assistência à

saúde. Apenas dois pacientes apresentaram cepas idênticas (100% de similaridade), o que

sugere transmissão horizontal.

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29

Figura 10: Diversidade genética mostrada no dendrograma gerado por PFGE dos isolados

selecionados da coleção de cultura do Laboratório da Faculdade de Medicina de São José do

Rio Preto no período de 2015 a 2016.

72.7

45.9

31.3

83.7

74.5

64.3

60.3

54.2

91.4

79.4

69.5

94.1

56.6

52.5

63.2

75.0

57.4

49.5

88.2

64.6

76.5

93.3

81.9

73.2

80.0

66.2

57.8

73.3

62.1

73.3

85.7

78.0

86.7

83.8

80.6

96.3

78.6

74.0

69.0

93.3

84.4

76.9

93.2

71.5

65.2

58.4

54.2

48.0

62.9

48.1

40.7

73.3

78.6

66.1

81.5

78.7

63.9

76.9

77.3

68.0

60.6

54.5

49.2

42.5

41.4

39.6

63.2

64.0

54.8

74.3

59.0

50.8

76.9

91.7

85.2

75.6

93.3

69.7

80.0

91.7

84.6

74.0

70.0

63.4

49.8

37.7

29.7

50.0

23.1

PFGE

100

95

90

85

80

75

70

65

60

55

50

45

40

35

30

25

PFGE

0 20

40

60

80

10

0

Kp59

Kp60

Kp55

Kp 44

Kp 07

Kp 11

Kp 10

Kp62

Kp 04

Kp 38

Kp64

Kp89

Kp63

Kp86

Kp57

Kp58

Kp61

Kp91

Kp 50

Kp 52

Kp 02

Kp 14

Kp54

Kp 20

Kp 22

Kp 03

Kp 06

Kp 01

Kp 25

Kp 29

Kp 13

Kp90

Kp 23

Kp 21

Kp 24

Kp 31

Kp 33

Kp 32

Kp 36

Kp 37

Kp 34

Kp 35

Kp 26

Kp 27

Kp 16

Kp 17

Kp 15

Kp 19

Kp 05

Kp 09

Kp 08

Kp 28

Kp 30

Kp88

Kp 47

Kp76

Kp 42

Kp 43

Kp72

Kp74

Kp 39

Kp 40

Kp 48

Kp 45

Kp 49

Kp 46

Kp69

Kp 18

Kp 51

Kp56

Kp79

Kp65

Kp77

Kp71

Kp78

Kp 12

Kp73

Kp87

Kp66

Kp68

Kp53

Kp67

Kp75

Kp83

Kp85

Kp80

Kp81

Kp82

Kp84

Kp 41

Kp70

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30

6.0 CONCLUSÕES

Em relação as ITU por Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC, conclui-se que:

A infecção do trato urinário por Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC,

acomete a população mais idosa e com predomínio do sexo masculino.

Hipertensão arterial e diabetes mellitus não são comorbidades comuns nos

pacientes acometidos por ITU causada por Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC.

A utilização da sonda vesical de demora é um procedimento comum entre os

pacientes acometidos por ITU causada por Klebsiella pneumoniae produtoras de KPC.

As ITU estudadas são causadas por linhagens de Klebsiella pneumoniae

produtoras de KPC geneticamente distintas, provavelmente originadas da própria microbiota

do paciente.

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31

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