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CENTRO DE PS-GRADUAO E PESQUISA
PROGRAMA DE MESTRADO EM ANLISE GEOAMBIENTAL
MARCELO TOMAZ DOS SANTOS
ANLISE DA QUALIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRFICA
DO RIBEIRO GUARAAU, COM BASE NO MAPA DE USO DA
TERRA E ASPECTOS MORFOMTRICOS, ESCALA 1:10.000
Guarulhos 2013
i
MARCELO TOMAZ DOS SANTOS
ANLISE DA QUALIDADE AMBIENTAL DA BACIA HIDROGRFICA
DO RIBEIRO GUARAAU, COM BASE NO MAPA DE USO DA
TERRA E ASPECTOS MORFOMTRICOS, ESCALA 1:10.000
Dissertao apresentada Universidade Guarulhos para obteno do ttulo de Mestre Anlise Geoambiental
Orientador: Prof. Dr. Marcio Roberto Magalhes de Andrade
Guarulhos 2013
ii
A Comisso Julgadora dos Trabalhos de Defesa de Dissertao de MESTRADO,
intitulada Anlise da Qualidade Ambiental da Bacia Hidrogrfica do Ribeiro
Guaraau, com base no mapa de uso da terra e aspectos morfomtricos,
escala 1:10.000 em sesso realizada em 05 de Dezembro de 2013, considerou o
candidato Marcelo Tomaz dos Santos aprovado.
A Banca Examinadora foi composta pelos seguintes pesquisadores:
Prof. Dr. Mrcio Roberto Magalhes de Andrade
Orientador
Universidade Guarulhos - UnG
Profa. Dra. Ana Olvia Barufi Franco de Magalhes
Universidade Federal de Alfenas
Campus Avanado de Poos de Caldas
Prof. Dr. Antonio Roberto Saad
Universidade Guarulhos - UnG
Guarulhos 2013
iii
Dedico este trabalho aos meus pais, minha esposa, aos meus filhos e aos meus orientadores e professores da UnG.
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente quero agradecer a Deus por ter me dado foras e sade
suficientes para chegar at aqui.
Aos meus pais pela educao, correo e pela seriedade com que me
ensinaram os caminhos do mundo, pelo esforo de cada um deles para poder
educar 05 (cinco) filhos, pelas noites mal dormidas deles, por terem me incentivado
a sempre seguir em frente, no importando a quantidade nem o tamanho dos
obstculos. Agradecer pelo empenho com que sempre se dedicaram a ns, os
filhos, pelo esforo empregado em trabalhar por horas e horas para poder colocar na
mesa, de maneira digna e honesta, o alimento e o po dirio.
Aos meus colegas de turma, que desde a graduao estivemos juntos, Ivan
Guedes, David Luiz Pires Maciel e Willian Queiroz, aos professores da UnG que,
desde o incio da minha jornada acadmica se tornaram no apenas mestres, mas
companheiros e amigos.
Aos meus amigos, irmos, vizinhos, companheiros e colegas de profisso e a
todos aqueles que, de uma forma ou de outra, sempre estiveram junto comigo nas
jornadas dessa vida, como dizia o poeta e a vida, ela maravilha ou sofrimento?,
ela alegria ou lamento?. Ao findar essas pginas, com sade e amor, posso dizer
que a vida composta de vrias variveis e festejo: a vida, bonita, bonita e
bonita.
Quero dedicar esse trabalho tambm, ao meu orientador e amigo Prof. Dr.
Mrcio Roberto Magalhes de Andrade, pela f, esperanas e pela confiana
dedicadas minha pessoa, para a realizao deste trabalho.
Aos professores do Mestrado em Anlise Geoambiental, que atravs de seus
conhecimentos, competncia e amizade, contriburam para a realizao desta
pesquisa: Prof. Dr. Antonio Manoel dos Santos Oliveira; Prof. Dr. Jos Cndido
Stevaux; Prof. Dr. Kenitiro Suguio; Prof. Dra. Mary Elizabeth Cerruti Bernardes-de-
Oliveira; Prof. Dr. Marcio Roberto Magalhes de Andrade.
v
Poesia Geolgica... Pra quem vive neste Planeta E que pisa nesse cho, O ciclo das Rochas Eu trago com admirao, Nesse texto resumido Do magma ao metamorfismo Passar por minha mo... O material rochoso Quando vem a se fundir, Transforma-se em magma Que no vulco vai fluir. De lava chamado E quando cristalizado Rochas gneas faz surgir! Nas reas vulcnicas H de se observar Que as rochas mais comuns, Os Basaltos (at o Vesicular), Tm arranjo aleatrio O que no notrio Pois os minerais, no d pra se enxergar! Se a gnea Vulcnica Vira Rocha na superfcie, A gnea Plutnica No chega aqui na plancie, Gerando o Gabro e o Granito Pois o Diabsio um tipo Mais prximo da superfcie! Pra continuar o Ciclo Eu trago detalhes, Sobre outra classe de Rochas Que so as Sedimentares. Frutos da eroso Percorrem vrios lugares Antes de se depositarem E em rocha se tornarem! As Sedimentares detrticas Como o Argilito e o Siltito Tem o tato macio, Diferente do Arenito
vi
Que spero e frivel Muito mais erodvel Perante os outros tipos. Conglomerados e Brechas No tem estratificao, Mesmo assim so detrticas O que os Calcrios no so So Calcita e Dolomita As classes desse tipo So qumicas, com razo! A Presso e a Temperatura Agindo prolongadamente Sobre um corpo rochoso Nas profundezas do cho Causam a transformao Do material em questo ! O metamorfismo pode ser De Contato ou Regional Mudando as estruturas Daquele material. a recristalizao Dobra, foliao... A Ardsia a primeira No grau de metamorfismo Depois vem o Filito, Que anterior ao Xisto. O Gnaisse bandado E o migmatito, ondulado... Qualquer das rochas Est sujeita alterao, Em se tratando de um ciclo Aberto ocasio. Pois a natureza no erra, Quando compe a Terra: pura imaginao! Autor: Leandro Caetano de Magalhes Geografia Universidade Federal de Gois - UFG
vii
RESUMO
Este trabalho visa verificar qualidade ambiental da Bacia Hidrogrfica do Ribeiro
Guaraau, bem como indicar como e quais so as fontes de contaminao, fazendo
um paralelo com formas de mitigao desses problemas, e tambm gerar subsdios
para a Educao Ambiental nas escolas do Municpio de Guarulhos e Regio, dentro
dos vrios eixos do Currculo Oficial do Estado de So Paulo nas reas das Cincias
Humanas e da Natureza. O Municpio de Guarulhos considerado a segunda maior
cidade do Estado de So Paulo e, como vem crescendo a uma velocidade
espantosa, no consegue planejar este crescimento, o que causa ocupaes
irregulares e falta de coleta de lixo (comum e seletiva) em vrios pontos da cidade,
bem como, a falta de rede coletora e tratamento de efluentes, deixando a populao
exposta vrios tipos de contaminantes. A cidade conta com vrios cursos dgua,
sendo que sua rede hidrogrfica tem cerca de 880 km, essa hidrografia
bombardeada constante e diariamente por esgotos e detritos lanados pela
populao de forma indiscriminada. Embora a Lei Orgnica Municipal, abril/1990,
que estabelece que as grandes incorporaes da cidade tenham que tratar seus
efluentes, os bairros mais perifricos, que crescem desordenadamente, no contam
com um sistema de coleta e tratamento de efluentes, existindo na cidade apenas 03
(trs) Estaes de Tratamento de Efluentes ETE, o que no suficiente para
captar e tratar os efluentes domsticos e industriais de toda a cidade. Constando
ainda, segundo os dados da Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados -
SEADE 2013, a cidade cresceu entre 2010 e 2013 cerca de 1,09% a.a., e hoje conta
com uma populao de cerca de 1.260.840 habitantes, tendo uma Densidade
Demogrfica de 3.956,45 habitantes/km. Ainda de acordo com os dados da SEADE,
entre 2008 e 2010 Guarulhos est no Grupo 02 do ndice Paulista de
Responsabilidade Social, o que significa dizer que, embora a cidade esteja entre as
mais ricas, seus indicadores sociais so considerados insatisfatrios, ou seja, falta
infraestrutura em grande parte da cidade.
Palavras-chave: Guarulhos. Bacia Hidrogrfica do Ribeiro Guaraau. Educao
Ambiental. poluio hdrica. qualidade ambiental.
viii
ABSTRACT
This work aims to determine environmental quality of the Ribeiro Guaraau
Watershed as well as indicate how and what are the sources of contamination,
making a parallel with ways to mitigate these problems, and also generate subsidies
for environmental education in schools the municipality of Guarulhos and region
within the various axes of the Curriculum Journal of So Paulo in the areas of
Humanities and Nature. The Guarulhos count is considered the second largest city in
the state of So Paulo, and as has been growing at an astounding rate, can not plan
this growth, which causes irregular occupations and lack of garbage collection
(ordinary and selective) at various city points, as well as the lack of collection network
and wastewater treatment, leaving the population exposed to various types of
contaminants. The county has several water stream, and its hydrographic network
has about 880 km, this hydrograph is bombarded daily by constant and sewage and
debris thrown by the population indiscriminately. Although the Municipal Organic
Law, April/1990 establishing that major mergers of the town have to treat their
effluents, the neighborhoods peripherals that grow wildly, do not have a system for
collection and treatment of wastewater, existing in the city only 03 (three) wastewater
Treatment Plants - ETE, which is not sufficient to capture and treat domestic and
industrial effluents overall of the town. Still appearing, according to data from the
State System of Data Analysis - SEADE 2013, the city grew between 2010 and 2013
approximately 1.09% per year, and today has a population of about 1,260,840
inhabitants, having a density demographic of 3956.45 inhabitants / km .Also
according to the data of SEADE between 2008 and 2010 Guarulhos is in Group 02
Index Paulista Social Responsibility, which means that although the city is among the
richest, its social indicators are considered unsatisfactory, ie, lack infrastructure in
much of the city.
Keywords: Guarulhos. Ribeiro Guaraau Watershed. Environmental Education.
water pollution. environmental quality.
ix
LISTA DE FIGURAS Figura 01 Cidades circunvizinhas ao municpio de Guarulhos.............................. 04 Figura 02 Arcabouo geolgico do municpio de Guarulhos, evidenciando as
principais unidades litolgicas............................................................... 05 Figura 03 Perfil I geolgico-geomorfolgico no Estado de So Paulo
(modificado de ABSABER, 1956, EM Graa 2007).............................. 07 Figura 04 Mapa de Unidades do Relevo (ANDRADE, 1999)................................. 08 Figura 05 Bacias Hidrogrficas do municpio de Guarulhos (simplificado de
PDMG, 2004)(Fonte Saad et al., 2007)................................................. 09 Figura 06 Hidrografia (parcial) Guarulhos-SP. 1 Rio Tiet, 2 Rio Cabuu de
Cima, 3 Rio Baquirivu-Guau, 4 Ribeiro Guaraau (Fonte: Imagem Google Earth)........................................................................... 10
Figura 07 RBCV Cinturo Verde da Cidade de So Paulo havendo em destaque o limite do municpio de Guarulhos (Fonte: ANDRADE, 2009)...................................................................................................... 11
Figura 08 Mapa da vegetao do municpio de Guarulhos................................... 12 Figura 09 Guarulhos Populao estimada por bairros (Fonte: IBGE CENSO
2010)...................................................................................................... 15 Figura 10 Expanso urbana de 1960 2000 (Fonte: MORENO; NEGRELOS,
2002)...................................................................................................... 16 Figura 11 Mapa de localizao da Bacia do Rio Baquirivu-Guau em Guarulhos
com destaque para a rea da Bacia do Ribeiro Guaraau (Fonte: Laboratrio de Geoprocessamento da UnG)......................................... 18
Figura 12 Mapa da Bacia Hidrogrfica do Ribeiro Guaraau (Fonte: Laboratrio de Geoprocessamento da UnG)......................................... 19
Figura 13 Determinao de hierarquizao de canais segundo Strahler (1952)(Fonte: CHRISTOFOLETTI, 1980).............................................. 28
Figura 14 Mapa das Sub-bacias do Ribeiro Guaraau (Fonte: Laboratrio de Geoprocessamento da UnG)................................................................. 35
Figura 15 Vegetao Florestal Nativa. Coordenadas: 2322'24.90"S; 4623'42.16"O. (Fonte: Google Earth 2013).......................................... 37
Figura 16 Vegetao Florestal Extica. Coordenadas: 2322'15.54"S; 4624'14.91"O. (Fonte: Google Earth 2013).......................................... 38
Figura 17 Vegetao Arbrea Aberta. Coordenadas: 2322'13.81"S; 4624'48.98"O. (Fonte: Google Earth 2013)........................................ 38
Figura 18 Culturas Agrcolas. Coordenadas: 2322'16.88"S; 4623'47.48"O. (Fonte: Google Earth 2013)................................................................. 39
Figura 19 Vegetao Herbcea. Coordenadas: 2322'30.31"S; 4624'10.21"O. (Fonte: Google Earth 2013)................................................................... 39
Figura 20 Lago referente ao Lago Azul. Coordenadas: 2321'40.76"S; 4624'19.30"O. (Fonte: Google Earth 2013).......................................... 40
Figura 21 Solo Exposto. Coordenadas: 2323'29.19"S; 4623'55.08"O. (Fonte: Google Earth 2013)............................................................................... 40
Figura 22 Equipamento Particular referente a uma indstria (Phibro). Coordenadas: 2322'57.32"S; 4623'48.42"O. (Fonte: Google Earth 2013)..................................................................................................... 41
Figura 23 Favela. Coordenadas: 2321'44.86"S; 4624'14.22"O. (Fonte: Google Earth 2013)............................................................................................ 42
x
Figura 24 Ocupao Residencial com Alta Densidade e Ordenada. Coordenadas: 2323'46.45"S; 4623'46.11"O. (Fonte: Google Earth 2013)..................................................................................................... 42
Figura 25 Ocupao Residencial com Alta Densidade e Ordenada. Localizao: Loteamento Vila Carmela (Foto de ANDRADE, 2012)..................................................................................................... 43
Figura 26 Ocupao Residencial com Alta Densidade e Ordenada. Localizao: Loteamento Vila Carmela (Foto de ANDRADE, 2012)..................................................................................................... 43
Figura 27 Ocupao Residencial com Baixa Densidade - Chcara. Coordenadas: 2321'51.19"S; 4624'0.46"O. (Fonte: Google Earth 2013) Google Earth 2013...................................................................... 44
Figura 28 Ocupao Residencial com Baixa Densidade - Chcara. Localizao: Bairro gua Azul (Foto de ANDRADE, 2012)....................................... 44
Figura 29 Ocupao Residencial com Baixa Densidade - Chcara. Localizao: Bairro gua Azul (Foto de ANDRADE, 2012)....................................... 45
xi
LISTA DE TABELAS Tabela 01 Tamanho das reas referente s classes de uso da terra da Bacia
Hidrogrfica do Ribeiro Guaraau.................................................. 45 Tabela 02 Tamanho das reas referente s classes de uso da terra da Sub-
Bacia Hidrogrfica do Alto Curso do Ribeiro Guaraau................. 46 Tabela 03 Tamanho das reas referente s classes de uso da terra da Sub-
Bacia Hidrogrfica do Mdio Curso do Ribeiro Guaraau.............. 47 Tabela 04 Tamanho das reas referente s classes de uso da terra da Sub-
Bacia Hidrogrfica do Baixo Curso do Ribeiro Guaraau.............. 48 Tabela 05 Comparao entre os conjuntos de classes de uso da terra da
Bacia do Ribeiro Guaraau e das sub-bacias correspondentes aos Alto, Mdio e Baixo Curso......................................................... 49
Tabela 06 Dados morfomtricos obtidos para a bacia e suas sub-bacias........ 50
xii
LISTA DE GRFICOS Grfico 01 rea relativa (%) das classes de uso da terra da Bacia
Hidrogrfica do Ribeiro Guaraau................................................. 46 Grfico 02 rea relativa (%) das classes de uso da terra da Sub-Bacia
Hidrogrfica do Alto Curso do Ribeiro Guaraau.......................... 47 Grfico 03 rea relativa (%) das classes de uso da terra da Sub-Bacia
Hidrogrfica do Mdio Curso do Ribeiro Guaraau....................... 48 Grfico 04 rea relativa (%) das classes de uso da terra da Sub-Bacia
Hidrogrfica do Baixo Curso do Ribeiro Guaraau....................... 49
xiii
SUMRIO 1. INTRODUO................................................................................................. 01
1.1 Objetivos................................................................................................. 02
2. CARACTERSTICAS GEOAMBIENTAIS DO MUNICPIO DE
GUARULHOS.................................................................................................. 04
2.1 Localizao.............................................................................................. 04
2.2 Meio fsico................................................................................................ 04
2.3 Hidrografia................................................................................................ 08
2.4 Meio bitico.............................................................................................. 11
2.5 Meio Scio Econmico............................................................................. 14
2.6 rea de estudo......................................................................................... 18
3. FUNDAMENTAOTERICA........................................................................ 20
3.1 Degradao ambiental............................................................................. 20
3.2 Tipos e formas de poluio...................................................................... 21
3.3 Bacia hidrogrfica como unidade de planejamento................................ 26
3.4 Geoprocessamento e bacias hidrogrficas.............................................. 28
3.5 Uso da terra............................................................................................. 29
4. MTODOS E PROCEDIMENTOS................................................................... 33
4.1 Materiais................................................................................................... 33
4.2 Mtodos................................................................................................... 33
5. RESULTADOS................................................................................................. 37
5.1 Mapeamento de uso da terra................................................................... 37
5.2 Morfometria da Bacia e Sub-bacias......................................................... 50
5.3 Anlise das fontes de poluio hdrica..................................................... 51
6. CONSIDERAES FINAIS............................................................................. 54
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...................................................................... 55
ANEXOS................................................................................................................. 60
1
1. INTRODUO
O desenvolvimento da sociedade moderna, principalmente a urbana, tem
ocorrido de forma desordenada, isenta de qualquer planejamento, custa de nveis,
cada vez maiores, de poluio e de degradao ambiental. Como resultado desse
cenrio em desequilbrio verificam-se impactos significativos, que comprometem a
qualidade ambiental, notadamente das grandes metrpoles. O Municpio de
Guarulhos, considerado a segunda maior cidade do Estado de So Paulo, encontra-
se em franca expanso urbana e no foge regra de ter problemas de planejamento
e de degradao ambiental. Induzida pelo seu desenvolvimento industrial, virio,
aeroporturio, de servios e por significativas obras civis, que ainda esto por
acontecer (ANDRADE; OLIVEIRA; QUEIROZ; SATO, 2005).
Guarulhos possui uma grande concentrao de drenagens, principalmente
na sua poro norte, tendo a necessidade de conhecer, mapear e verificar a
qualidade dos seus corpos d gua. Com isso, h necessidade de conhecer o uso e
a ocupao do solo em nvel de detalhe, com o intuito de diagnosticar quais os
problemas ambientais esto presentes e assim criar algumas diretrizes de
recuperao. A Bacia do Ribeiro Guaraau uma das bacias da poro norte da
cidade e a rea de estudo deste projeto, encontrando-se com uma srie de
alteraes de seus parmetros naturais, devido a ocupaes sem planejamento,
resultando em modificaes no comportamento hdrico e no escoamento superficial.
O diagnstico, manejo e controle de problemas ambientais so reas de
atuao da Engenharia Ambiental e nesse projeto esses conhecimentos foram
utilizados para mapear a rea de estudo e propor tcnicas de engenharia para
mitigar os impactos ambientais presentes.
Na via pedaggica, este trabalho visa abrir espao para que professores e
alunos possam ter acesso a locais de estudos dentro do municpio, conhecendo sua
geologia, formao da populao e ocupao, a fim de criar vnculo maior com o
local/cidade onde vivem.
Outrossim, este trabalho tem como mote, a identificao das reas e formas
de contaminao da Bacia do Ribeiro Guaraau, uma das reas de mananciais da
cidade de Guarulhos e, como tal, seja objeto de estudos para os alunos das escolas
da cidade em todos os nveis, desde a pr-escola at o ensino superior, bem como,
daqueles vindos de outras localidades que desejem conhecer o geologia local e, o
2
desenvolvimento da populao e as formas de contaminao e mitigao dos corpos
dgua.
Dentro da rea das Geocincias, como campo de estudo da Geografia e
Geologia, das Cincias Biolgicas, Qumica e dentre outras, o estudo poder
subsidiar os professores e alunos quanto aos estudos da Cincias da Terra, por
meio da identificao das classes do Uso da Terra e da adoo das Bacias
Hidrogrficas como unidade de estudo.
Sendo este trabalho ancorado no currculo oficial do Estado de So Paulo,
possibilitar estudos nas reas de cincias humanas, na disciplina de histria
valorizando conceitos como trabalho, vida cotidiana, memria, cultura material,
processos de colonizao, formao do espao urbano e urbano-industrial; na
disciplina de geografia na compreenso de conceitos de territrio, espao
geogrfico, paisagem, lugar, tempo histrico, cartografia, histria da formao do
planeta, recursos naturais, assentamentos humanos, natureza, clima, cadeia
produtiva, dentre outros atendendo desde os primeiros anos do Ciclo I at o Ensino
Mdio.
Na rea das Cincias da Natureza, de acordo com o currculo oficial do
Estado, dar subsdios aos professores e alunos para compreender os quatro eixos
temticos:
Vida e Ambiente: possibilitando estudos sobre meio ambiente, os seres
vivos e relaes com o meio ambiente;
Cincia e Tecnologia: sistema produtivo, energia, transformaes dos
materiais;
Ser Humano e Sade: sade individual, coletiva e ambiental; e
Terra e Universo: caractersticas e estrutura.
1.1 Objetivos
O objetivo desta pesquisa contribuir para compreenso da qualidade
ambiental da bacia hidrogrfica do Ribeiro Guaraau no municpio de Guarulhos.
3
Os objetivos especficos so voltados ao estudo da bacia do Ribeiro
Guaraau. Eles so os seguintes:
Mapear o uso da terra na escala 1:10.000, voltado para a identificao de
reas degradadas e os efeitos dos diferentes tipos de uso na qualidade
ambiental;
Efetuar a caracterizao morfomtrica da bacia na escala 1:10.000, voltada
para avaliao das relaes entre os diferentes usos da terra com a dinmica
hidrogrfica;
Analisar os aspectos de qualidade ambiental da bacia a partir das
informaes geradas, em especial quanto vulnerabilidade poluio
hdrica.
4
2. CARACTERSTICAS GEOAMBIENTAIS DO MUNICPIO DE GUARULHOS
2.1 Localizao
O municpio de Guarulhos est localizado entre os paralelos 231623 e
233033 de latitude Sul e entre os meridianos 462006 e 463439 de longitude
Oeste, sendo cortado pelo Trpico de Capricrnio na altura do km 215 da Rodovia
Presidente Dutra, na regio de Cumbica.
Distante 17 quilmetros da capital do Estado, compe um dos 39 (trinta e
nove) municpios da Regio Metropolitana de So Paulo, tendo como limites os
municpios de Mairipor e Nazar Paulista (norte), Santa Isabel (nordeste), Aruj
(leste), Itaquaquecetuba (sudeste) e So Paulo (sudeste, sul, oeste e noroeste),
como se observa na Figura 01 (ANDRADE et al., 2008).
Figura 01: Cidades circunvizinhas ao municpio de Guarulhos.
2.2. Meio fsico
O territrio de Guarulhos constitudo por dois conjuntos geolgicos, os
terrenos do embasamento cristalino do pr-cambriano e os terrenos sedimentares
5
do Cenozico, perodos Tercirio e Quaternrio, como pode ser observado no seu
Mapa Geolgico da Figura 02 (ANDRADE et al, 2008).
Figura 02: Arcabouo geolgico do municpio de Guarulhos, evidenciando as principais unidades litolgicas e feies estruturais. Fonte: Bedani (2008).
Os terrenos cristalinos se distribuem, principalmente, na regio norte do
territrio. Eles so formados por rochas magmticas tais como os granitos e dioritos;
e metamrficas como os migmatitos, anfibolitos, micaxistos, filitos e quartzitos.
6
Os terrenos sedimentares Tercirios correspondem denominada Bacia
Sedimentar de So Paulo e se distribuem na regio sul do territrio. A Bacia de So
Paulo hoje entendida como uma das unidades integrantes do denominado Rift
Continental do Sudeste do Brasil- RCSB, feio tectnica anteriormente designada
Sistema de Rifts Continentais da Serra do Mar.
Os terrenos Quaternrios correspondem de forma expressiva s aluvies nos
fundos dos vales que esto em formao at os dias de hoje, especialmente
relacionados aos rios Tiet, Cabuu de Cima e Baquirivu-Guau, incluindo, ainda, os
depsitos de encosta (colvios) e as coberturas pedolgicas (solos) de forma
generalizada.
Guarulhos engloba as unidades litolgicas formadas por rochas metamrficas,
tais como migmatitos, gnaisses, filitos, micaxistos, quartizitos e metanfibolitos de
idade proterozica, pertencentes aos grupos Serra de Itaberaba / So Roque
(JULIANI, 1993). Verificam-se ainda, granitos e dioritos que resultaram em sutes
granticas de idade neoproterozica.
Dentro do contexto das rochas sedimentares, ocorrem conglomerados,
arenitos conglomerticos, arenitos grossos e, em menor quantidade, arenitos mdios
a finos e argilitos, enfeixados na Formao Resende (Riccomini e Coimbra, 1992),
com idade eocnica/oligocnica (BEDANI, 2008).
Ocorrem, ainda, depsitos de aluvies fluviais quaternrios compostos por
areias inconsolidadas, de granulao varivel; secundariamente, argilas e
cascalheiras fluviais.
As principais feies mapeadas encontram-se representadas pela falha do rio
Jaguari, falhamento transcorrente, posicionado ao centro do territrio com direo
SW-NE; pelas falhas do Veigas e do Cabuu, direo SW-NE e, por falhas
indiscriminadas, de direo NNW-SSE.
De acordo com Oliveira et al. (2007), o levantamento geolgico de maior
detalhe desenvolvido em Guarulhos foi elaborado pelo gelogo Caetano Juliani,
concludo em 1993, que caracterizou uma unidade geolgica conhecida por Grupo
Serra do Itaberaba. Esta unidade geolgica tem grande significado para o municpio,
pois, historicamente, proporcionou a explorao de ouro como o garimpo
denominado de Tapera Grande no sculo XVI.
7
O municpio de Guarulhos est sobre o Planalto Atlntico que corresponde a
uma grande unidade geomorfolgica do relevo do Brasil meridional e do Estado de
So Paulo (Figura 03).
Figura 03: Perfil geolgico-geomorfolgico no Estado de So Paulo (modificado de AB SABER, 1956, em GRAA, 2007).
Conforme observado no Mapa de Unidades de Relevo da Figura 04, o relevo
mais acidentado do territrio de Guarulhos est localizado ao norte e nordeste do
municpio, sendo composto especialmente por morros e serras associados aos
terrenos cristalinos, apresentando uma densa rede de drenagem (ANDRADE, 1999).
Os aspectos mais marcantes desse relevo so as encostas longas e com alta
declividade (inclinao), as grandes elevaes e os vales muito encaixados.
Encontram-se nesta regio as serras denominadas de Pirucaia (Cantareira),
Bananal e de Itaberaba (Pico do Gil), que atingem mais de 1000m de altitude.
Os solos predominantes so os latossolos, variedade vermelho-amarelo e,
secundariamente, os argissolos, ambos em geral muito argilosos. Em relevos de
montanhas podem ser encontrados os cambissolos e neossolos, que so solos
rasos sobre as rochas, enquanto nos fundos de vale encontram-se os gleissolos
orgnicos e argilosos que podem ocorrer de formar expressiva nas vrzeas dos rios
Tiet e Baquirivu-Gua (ANDRADE, op. cit).
8
Figura 04. Mapa de Unidades do Relevo (ANDRADE, 1999)
2.3 Hidrografia
O Municpio de Guarulhos est includo nas Unidades de Gerenciamento de
Recursos Hdricos do Alto Tiet (UGRHI - 06) e do Paraba do Sul (UGRHI - 02). A
Figura 05 apresenta as principais bacias hidrogrficas do municpio.
Os limites com o municpio de So Paulo so estabelecidos, respectivamente,
com o Rio Cabuu de Cima a oeste de Guarulhos e com o rio Tiet a sul de
Guarulhos. Faz limite ainda com o municpio de Aruj atravs do rio Jaguari. O Rio
Baquirivu Guau atravessa o municpio.
9
FIGURA 05: Bacias hidrogrficas do municpio de Guarulhos (simplificado de PDMG, 2004). (Fonte: SAAD et al., 2007).
Os crregos do municpio tambm formam sub-bacias relacionadas s
bacias principais, a saber:
Bacia Araclia;
Bacia Base Area;
Bacia do Crrego gua Chata;
Bacia do Corrego gua Suja;
Bacia do Crrego Capo;
Bacia do Crrego Cocho Velho;
Bacia do Crrego das Pedrinhas;
Bacia do Crrego dos Cavalos;
Bacia do Crrego dos Cubas;
Bacia do Crrego Invernada;
Bacia do Crrego Itapegica;
Bacia do Crrego Parati;
Bacia do Crrego Taboo;
Bacia do Crrego Tanquinho;
Bacia do Ribeiro das Lavras;
10
Bacia do Ribeiro Guaraau;
Bacia dos Crregos Cocaia e Japoneses;
Bacia dos Crregos Cumbica e Botinha;
Bacia dos Crregos Queromano e So Joo;
Bacia Inoccop;
Bacia Nova Bonsucesso;
Bacia Ponte Alta.
O municpio apresenta trs bacias constituintes da rea de Proteo de
Mananciais ao norte do municpio: a do Rio Cabu, do Crrego Tanque Grande e
do Rio Jaguari. SAAD et al. (2007) referiu que na zona rural, ao norte do municpio,
encontram-se as reas de proteo aos mananciais, declaradas atravs da Lei
Estadual n 898/75 e regulamentadas pela Lei Estadual n 1.172/76. So formadas
por partes das bacias hidrogrficas do rio Cabuu de Cima (26 km), ribeiro Tanque
Grande (12 km), e rio Jaguari (61 km), totalizando 99 km ou seja 31% do territrio
municipal.
A Figura 06 destaca os rios principais do municpio que so o Tiet, o Cabuu
de Cima e o Baquirivu Guau, este ltimo incluindo o ribeiro Guaraau em sua rede
hidrogrfica.
Figura 06: Hidrografia (parcial) Guarulhos-SP. 1 Rio Tiet, 2 Rio Cabuu de Cima, 3 Rio Baquirivu Guau, 4 Ribeiro Guaraau (Fonte: Imagem Google Earth).
11
2.4 Meio bitico
Guarulhos um dos municpios inseridos na Reserva da Biosfera do Cinturo
Verde da cidade de So Paulo (Figura 07), conforme ttulo outorgado pela Unesco
em 09/06/94.
Figura 07: RBCV - Cinturo Verde do Estado de So Paulo havendo em destaque o limite do
municpio de Guarulhos (Fonte: ANDRADE, 2009).
O territrio de Guarulhos se apresenta, aproximadamente, 33% recoberto
por remanescentes de Mata Atlntica, incluindo o domnio de Floresta Ombrfila
Densa formao Montana, que pode ser dividida em natural (primria) e secundria
(antrpica). Estes remanescentes esto distribudos principalmente ao longo da
Serra da Cantareira, poro norte e nordeste do municpio, e em algumas manchas
na paisagem urbana, como observado na Figura 08.
12
Figura 08: Mapa da vegetao do Municpio de Guarulhos.
A cobertura vegetal primitiva, Mata Atlntica, tambm denominada Floresta
Cantareira e a Mata Planaltina ou de Transio, com a expanso populacional e
industrial essa cobertura sofreu grande desgaste. Restam atualmente o Parque
Estadual Cantareira (Ncleo Cabu) com 2.550ha, a fazenda de Itaverava, algumas
reas localizadas na Tapera Grande, alm de pequenos redutos de Mata existentes
na cidade, Bosque Maia, Parque Fracalanza e Aeroporto Internacional, entre outros,
preservados pela Legislao de Proteo Permanente (PMG-SEMA).
13
Pode ser encontrada, ainda, formao florestal tpica de vrzea, ou seja, de
reas mais midas, assim como pequenas manchas de vegetao com
caractersticas de Cerrado (savana), que ocorriam na rea ao longo de rodovia
Presidente Dutra e ainda podem ser encontradas em alguns morros na regio do
Cabuu.
De acordo com Oliveira et al (2007), a conservao da biodiversidade e a
manuteno dos processos ecolgicos esto diretamente relacionados cobertura
vegetal existente, assim a poro norte do municpio a que detm atualmente
maior biodiversidade. Nesta biodiversidade, a Mata Atlntica abriga espcies da flora
tais como: jequitib-branco, cedro rosa, aoita cavalo, palmito juara, pau-jacar,
embaba, canela, jacarand, samambaia- au entre outros.
Segundo levantamento realizado pela Prefeitura Municipal de Guarulhos
foram identificados 190 espcies de animais silvestres. Foram encontradas na
regio espcies selvagens comuns em ambientes florestais, tais como: Puma
concolor (suuarana), Lontra longicaudis (lontra), Gallictis cuja (furo comum),
Allouata fusca (bugio), Cebus apella (macaco prego), Euphractus sexcintus
(tatupeba), Didelphis marsupialis (gamb) entre outros.
A forte presso exercida pelo histrico de uso do solo em Guarulhos causou
uma intensa fragmentao dos macios florestais, com srias consequncias aos
servios oferecidos pela biosfera. Assim, a vegetao nativa praticamente foi extinta
na regio sul do municpio. J na regio norte se encontra muito ameaada pela
expanso urbana. Esta situao de ameaa levou Guarulhos a criar a APA do
Cabuu- Tanque Grande - unidade de conservao de uso sustentvel no entorno
do Parque Estadual da Cantareira que, aproximando-se da APA do Paraba do Sul,
forma um mosaico de Unidades de Conservao na direo da Serra da
Mantiqueira.
A regio sul marcante a presena do Parque Ecolgico do Tiet e da APA
da Vrzea do Rio Tiet, esta ltima se desenvolve a partir do municpio de Biritiba-
Mirim, regio das nascentes do rio Tiet, at o municpio de Guarulhos.
14
2.5 Meio socioeconmico
A formao de Guarulhos, por volta de 1560, deve-se iniciativa dos
padres da Companhia de Jesus de criar, em torno do Colgio Piratininga, vrios
aldeamentos para proteo contra as constantes investidas dos ndios Tamoios. Um
dos aldeamentos, habitado pelos ndios Guarus pertencentes famlia dos
Guaianases, ficou encarregado de defender o caminho que levava metrpole e
acabou demarcando o lugar do futuro territrio do municpio.
O padre jesuta Joo lvares teria sido o responsvel pela construo da
primeira capela do povoado e, por isso, considerado o fundador da cidade. Em 1685,
nas terras de So Paulo, foi criada a freguesia de Nossa Senhora da Conceio de
Guarulhos. Apenas em 24 de maro de 1880, foi elevada condio de vila, quando
teve seu nome abreviado para Conceio de Guarulhos. A atual denominao, por
sua vez, foi assumida em 6 de novembro de 1906 e recuperou a referncia tribo
dos ndios que primeiro habitaram essas terras, os guarus. Guarulhos vem do
tupiguarani gwar u, aquele que come ou um peixe de gua doce chamado
barrigudinho.
Estudos recentes indicam que os ndios que habitavam a regio na poca
da fundao da cidade eram os "maromomi" do tronco etnolingustico "macro-j".
O Municpio de Guarulhos considerado a segunda maior cidade do
Estado de So Paulo em termos de populao, aproximadamente em 1,3 milhes de
habitantes (IBGE, 2002), e encontra-se em franco processo de expanso urbana. A
Figura 09 demonstra a distribuio demogrfica nos bairros de Guarulhos. Neste
sentido, esse processo acompanhado de vrios problemas de planejamento e de
degradao ambiental. Induzido pelo seu desenvolvimento industrial, virio,
aeroporturio, de servios e por significativas obras civis, que ainda esto por
acontecer, o Poder Pblico do municpio assiste urbanizao acumular, cada vez
mais, problemas geoambientais significativos, incidindo principalmente nos recursos
hdricos e em reas que apresentam condies de fragilidade natural a processos de
contaminao e degradao ambiental (ANDRADE, 2008).
15
Figura 09: Guarulhos Populao estimada por bairros. Fonte: IBGE- CENSO 2010.
Oliveira et al. (2007), refere-se que uma cidade industrial caracteriza-se por
um tipo de organizao social sedentarizada, que possui habitaes e atividades
econmicas fixas. Guarulhos atualmente possui caractersticas essencialmente
urbanas: concentrao densa de populao e farta infraestrutura rede de
fornecimento de gua, coleta de esgoto, gs, eletricidade, telefonia, transporte,
escolas, postos de sade, reas de lazer, vias de acesso, praas, moradias e etc.
O processo de urbanizao e expanso territorial da cidade comeou com o
ciclo do ouro. A minerao concentrou a fora de trabalho na regio da Serra do
Itaberaba, de Bananal, Tanque Grande e Lavras. Passado o ciclo do ouro,
aconteceu a ocupao das vrzeas da cidade para produo de tijolos cozidos,
atividade situada prxima aos rios Tiet, Baquirivu-Guau e Cabuu de Cima. A
grande expanso da cidade veio com a consolidao do processo industrial, como
pode ser observado na Figura 10.
16
Figura 10: Expanso urbana de 1960 2000 (Fonte: MORENO; NEGRELOS, 2002).
Quanto ao povoamento do municpio, pode-se verificar a presena indgena,
dos colonizadores portugueses, de etnias africanas, de imigrantes europeus, rabes,
asiticos e dos prprios trabalhadores rurais brasileiros. Atualmente, mais de 40
etnias habitam o municpio de Guarulhos.
A atividade em meio rural na cidade passa basicamente por trs momentos.
De coletora agricultura de subsistncia e posteriormente comercializao do
excedente produzido. Em seu ltimo perodo, com base em dados disponveis, no
chegou a constituir um ciclo econmico nos moldes da pujante agricultura no Estado
de So Paulo, onde se pode observar o predomnio do plantio de caf, cana-de-
acar, soja e laranja, por exemplo.
A atividade oleira foi to significativa que marcou a memria dos mais
antigos e a paisagem da cidade. Placas de ruas e tijolos timbrados com iniciais de
famlias proprietrias de olarias podem ser um dos caminhos para compreender a
importncia da produo de tijolos cozidos na histria e na economia locais. O que
talvez alguns moradores e mesmo pesquisadores no conseguem explicar como
comeou, quais as alteraes ocorridas e as mudanas que a produo de tijolos
trouxe para o desenho arquitetnico, a vida cultural e poltica da cidade.
17
A introduo do tijolo como material construtivo, em substituio taipa de
pilo, alterou a funo das olarias e fez com que Guarulhos reencontrasse seu
espao na economia paulista.
O ciclo industrial guarulhense comeou a se formar paralelamente ao ciclo
do tijolo. Em 1911, a primeira fbrica instalada em Guarulhos foi a indstria
Cermica Paulista, no bairro de Vila Galvo, que produzia tijolos cozidos e telhas.
A presena dos povos que chegaram no segundo momento da imigrao
externa turcos, libaneses e japoneses contribuiu para a Histria local, fato que
pode ser constatado nas reas do comrcio, da agricultura e do setor
hortifrutigranjeiro.
A produo de tijolos guarulhense foi fundamental para a nova configurao
arquitetnica da cidade de So Paulo, expressa em monumentos como Museu do
Ipiranga, Pinacoteca do Estado, Palcio das Indstrias e Teatro Municipal. Os tijolos
cozidos substituram a tradicional tcnica construtiva da taipa de pilo.
Guarulhos faz parte do seleto grupo das dez cidades brasileiras
responsveis por 25% do Produto Interno Bruto (PIB). De fato, a cidade conta com
mais de 2.890 indstrias, 11.835 estabelecimentos comerciais, 6.662 empresas
prestadoras de servios e 54 unidades produtivas em meio rural. Em 2006, atingiu o
9 maior PIB do Pas, sendo os dez maiores: So Paulo, Rio de Janeiro, Braslia,
Manaus, Belo Horizonte, Campos de Goytacazes, Curitiba, Maca, Guarulhos e
Duque de Caxias (PMG, 2013).
Atualmente, o municpio ocupa a 9 posio no cenrio econmico, sendo
responsvel por 1,03% do PIB Brasileiro (IBGE-2002). Com um parque industrial
diversificado, conta com 91.847 trabalhadores e mais de 2.890 indstrias. A
produo chega a R$ 12,06 bilhes anuais no setor industrial, e a cidade figura no
cenrio nacional com um PIB de R$ 18.194.924 bilhes. O emprego no setor formal
contabiliza 227.914 trabalhadores. Os setores de comrcio e servios completam os
nmeros do PIB local.
Segundo informaes da Prefeitura, o setor de servios o que cresce em
ritmo mais intenso. Seja em funo das indstrias, que cada vez mais terceirizam
servios, como entregas, contratao de pessoal, manuteno, ou da presena do
aeroporto, que impulsiona a implantao de uma srie de servios de transporte e
logstica, hotelaria, turismo e eventos. Atualmente, so mais de mil empresas dos
setores de transporte e logstica atuando em Guarulhos.
18
2.6 rea de estudo
A Bacia Hidrogrfica do Ribeiro Guaraau uma sub-bacia da Bacia
Hidrogrfica do Rio Baquirivu Guau como pode ser observada na Figura 11.
Figura 11: Mapa de localizao da Bacia do Rio Baquirivu Guau em Guarulhos com destaque para
a rea da Bacia do Ribeiro Guaraau (Fonte: Laboratrio de Geoprocessamento da UnG).
A Bacia Hidrogrfica do Rio Baquiriu Guau apresenta uma rea de 149 km.
Esta Bacia tem carter intermunicipal compreendendo a 46,6% do territrio de
Guarulhos e no municpio de Aruj, abrange uma rea de 19,5 km o que
corresponde a 19,96% do seu territrio.
A Bacia Hidrogrfica do Ribeiro Guaraau encontra-se totalmente inserida
no municpio de Guarulhos, abrangendo os bairros da Capelinha, gua Azul, Mato
da Cobras e Bonsucesso. A sua importncia deve-se a localizao no municpio de
Guarulhos que possui uma atividade socioeconmica singular.
19
A rea de estudo correspondente a da Bacia do Ribeiro Guaraau, que
pode ser observada na Figura 12.
Figura 12: Mapa da Bacia Hidrogrfica do Ribeiro Guaraau.
20
3. FUNDAMENTAO TERICA
3.1 Degradao ambiental
Willians et al. (1990) definem que a degradao de uma rea ocorre quando
a vegetao nativa e a fauna forem destrudas, removidas ou expulsas; a camada
frtil do solo for perdida, removida ou enterrada; e a qualidade e regime de vazo do
sistema hdrico for alterado. A degradao ambiental ocorre quando h perda de
adaptao s caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas do solo e inviabilizado
seu desenvolvimento socioeconmico.
Dias e Griffith (1998) relacionam as reas degradadas e a degradao do
solo aos seguintes fatores: desmatamento ou remoo da vegetao natural para
fins de agricultura, florestas comerciais, construo de estradas, urbanizao;
superpastejo da vegetao; atividades e prticas agrcolas; explorao intensa da
vegetao para fins domsticos e exposio do solo a agentes erosivos; atividades
industriais ou bioindustriais.
Maschio et al. (1992) utilizam termos em sequncia gradativa e crescente
para conceituar degradao: a perturbao ocorre quando o desgaste parcial e
reversvel; a descaracterizao acontece quando o desgaste total e reversvel; na
depauperao, o desgaste parcial e irreversvel e na degradao o desgaste
total e irreversvel, ocorrendo a destruio do ecossistema.
Na rea ambiental urbana, o conceito de degradao est associado perda
da funo urbana e das formas de uso do solo existentes nas reas consideradas,
em relao s condies preexistentes e s previstas em diretrizes do planejamento
(BITAR, 1997).
Snchez (2008) conceitua a degradao ambiental ou dano ambiental como
qualquer alterao adversa das caractersticas do meio ambiente, o que
representaria, em outras palavras, um impacto ambiental negativo. Ainda de acordo
com esse autor, o agente causador da degradao ambiental sempre o ser
humano, pois pondera que os processos naturais no degradam ambientes, apenas
causam mudanas.
Da mesma forma, a poluio tambm se manifesta a partir de um
determinado patamar, a degradao ambiental pode atingir diferentes nveis de
intensidade. A recuperao de uma rea degradada pode ser espontnea ou exigir a
21
necessidade de intervenes mais severas para retirada ou reduo da fonte de
perturbao (Snchez, 2008).
3.2 Tipos e formas de poluio
Entende-se assim que toda ao de transformao da natureza pelo
homem, seja desviando cursos de rios, cortando montanhas, drenando pntanos e
amontoando toneladas de detritos no ar, na gua e no solo so atos poluidores ou
que causam degradao no ambiente, pois essas deterioraes podem alcanar
patamares que dificultam sua recuperao a curto, mdio ou longo prazo (VON
SPERLING, 2005).
A sade e o bem-estar do homem esto diretamente relacionados com a
qualidade do meio ambiente, ou seja, com suas condies fsicas, qumicas e
biolgicas.
A poluio pode ser definida como a introduo no meio ambiente de
qualquer matria ou energia que venha a alterar as propriedades fsicas ou qumicas
ou biolgicas desse meio, afetando ou podendo afetar, por isso, a sade das
espcies animais ou vegetais que dependem ou tenham contato com ele, ou que
nele venham a provocar modificaes fsico-qumicas nas espcies minerais
presentes.
Existem, portanto, dois tipos de poluio, a difusa e a pontual. Quando o
lanamento de efluentes ocorre em um curso dgua atravs de uma nica
tubulao, isso chamado de poluio pontual, j a poluio difusa ocorre quando a
poluio no pode ser identificada e cobre uma rea extensa, levando consigo uma
infinidade de poluentes advindos de telhados, jardins e ruas para os cursos dgua.
(TOMAZ, 2006).
O controle da poluio difusa em reas urbanas atravs das PMAs (Praticas
de Melhor Administrao) se faz atravs do conceito da carga de lavagem para deter
o escoamento superficial urbano para deter o controle de carga poluidora no corpo
receptor. A explicao mais comum para carga de lavagem a remoo inicial do
material acumulado no perodo entre chuvas, seja do solo ou canalizaes. (EPUSP,
2004).
22
A poluio das cargas difusas so divididas basicamente entre duas
categorias, a rural, onde as fontes so em sua maioria s atividades agrcolas, com
poluentes advindos da aplicao de fertilizantes e pesticidas, j a urbana est
relacionada com o lanamento da drenagem urbana sobre o corpo receptor,
contendo ou no PMAs (TOMAZ, 2006).
Tomaz (2006) relata 5 condies para caracterizao da poluio difusa:
I. Lanamento da carga poluidora intermitente e que est relacionado com a
precipitao;
II. Os poluentes so transportados a partir de extensas reas;
III. As cargas poluidoras no podem ser monitoradas a partir do seu ponto de
origem, mesmo porque no possvel identificar exatamente a sua
origem;
IV. O controle da poluio de origem difusa, obrigatoriamente deve incluir
aes sobre a rea geradora da poluio ao invs de incluir, apenas, o
controle do efluente quando do lanamento;
V. difcil o estabelecimento de padres de qualidade para o lanamento do
efluente, uma vez que a carga poluidora lanada varia de acordo com a
intensidade e a durao do evento meteorolgico, a extenso da rea de
produo naquele especfico evento e com outros fatores, que tornam a
correlao vazo x carga poluidora praticamente impossvel de ser
estabelecida.
De acordo com Tomaz (2006), existem trs maneiras de controlar a poluio
difusa, a primeira prevenir a entrada de poluentes no runoff, ou seja, reduzir trfico
de veculos, no jogar lixo na rua, no jogar leos e graxas nas ruas, reduzir a
populao de ces e gatos ou fazer a limpeza logo aps, limpeza pblica eficiente. A
segunda aumentar as reas permeveis, ou seja, melhor planejamento para
infiltrao de guas pluviais. A terceira tratar o runoff atravs das PMAs, o objetivo
nesse caso controlar a poluio difusa antes que a mesma chegue nos cursos
dgua.
23
Em maro de 2003, o Centro de Proteo da Bacia (The Center for
Watershed Protection CWP) publicou o livro Impacto of Impervious cover on
aquatic systems baseado em 225 pesquisas feitas nos Estados Unidos onde
chegaram as seguintes concluses:
- Os problemas da qualidade da gua dos rios comeam a partir de rea
urbana impermeabilizada maior que 10%. De 10% a 25% h um declnio severo dos
indicadores de qualidade dos rios;
- A partir da impermeabilizao maior que 25% h uma degradao total do
ambiente aqutico.
Mudanas fsicas nas bacias produzem impactos que devem ser
examinados com cuidado, geralmente os impactos para reas impermeabilizadas
inferiores a 10% so menores e, para reas de 10% a 25% so preocupantes e para
acima de 25% os impactos so desagradveis. Os principais impactos fsicos so a
dificuldade em medir o habitat, mudanas na geometria dos rios, aumento da
temperatura e alterao na rede de canais.
Os impactos biolgicos devido impermeabilizao esto relacionados com
fatores tais como mata ripariana, floresta natural, plantaes e chuvas cidas. O
foco desses impactos so os insetos, peixes, anfbios e mexilhes da gua doce e
nas vrzeas.
A dificuldade em se estabelecer indicadores que possam caracterizar o
estado trfico dos ecossistemas aquticos e que sejam usados por toda a
comunidade cientfica ainda alto, os mais utilizados so o ndice da Integridade
Bitica (IBI) que leva em considerao a comunidade de peixes, ndice EPT que a
soma de nmeros de famlias de certas ordens de insetos sensveis a poluio tais
como Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera, sendo essas ordens as utilizadas
para nomear o ndice. H tambm o Bntico ndice da Integridade Bitica (B-IBI) que
leva em considerao toda a comunidade de insetos aquticos (ESTEVES, 1998).
Tomaz (2006), diz que os aspectos relacionados qualidade da gua pluvial
relacionados impermeabilizao do solo so:
24
Sedimentos: So poluentes importantes com bastante medidas em
guas pluviais, seus impactos na biota aqutica esto bem documentados
e basicamente so divididos em 2 tipos de fonte, os sedimentos em
suspenso e os sedimentos em deposio, medidos atravs dos slidos
totais em suspenso, slido dissolvido total e turbidez.
Slidos totais em suspenso (STS): So os slidos carregados pelas
guas pluviais e que podem ser retidos atravs de filtros, servem para
medir e estimar a carga de sedimentos transportada, sejam eles
orgnicos ou no.
Slido Dissolvido Total (SDT): Utilizado basicamente na indicao de
potabilidade da gua, pouco usado em guas pluviais, mede os slidos e
minerais dissolvidos.
Turbidez: a medida que mostra slidos suspensos na gua e que
reduzem a habilidade da luz penetrar na gua, podendo causar impactos
na biota aqutica.
Carbono Orgnico Total (COT): usado como indicador de matria
orgnica em uma amostra de guas pluviais, quanto mais matria
orgnica, mais oxignio consumido, alterando a demanda bioqumica de
oxignio.
Demanda Bioqumica de Oxignio (DBO): Traduz indiretamente a
quantidade de matria orgnica presente no corpo da gua, medida em
miligrama por litro. Representa o consumo de oxignio no processo de
oxidao da matria orgnica.
Nutrientes: Mesmo nitrognio e fsforo sendo nutrientes essenciais ao
sistema aqutico, podem causar impactos negativos se em grandes
concentraes no corpo dgua.
Nitrognio Amoniacal: A amnia na forma livre (NH3) txica aos
peixes e na forma ionizada (NH4) no txica.
Nitrognio Kjeldahn: o nitrognio orgnico com o nitrognio em forma
de amnia, sendo a forma predominante do nitrognio nos esgotos
domsticos brutos, sendo um importante parmetro qumico para medir
qualidade das guas.
25
Metais Pesados: So micro poluentes inorgnicos provenientes em sua
maioria de efluentes industriais e so altamente txicos para os
organismos aquticos. Os metais pesados mais presentes nas guas em
forma dissolvida so o cdmio, cromo, chumbo, mercrio, nquel e zinco.
Nitrato: A presena do nitrognio na forma de nitrato um indicador de
poluio relacionada ao final do perodo de nitrificao ou pode
caracterizar o efluente de uma estao de tratamento de esgotos
sanitrios a nvel tercirio, onde esse processo induzido e controlado
para reduzir a quantidade de nutrientes.
Fsforo Total (PT): O fsforo um nutriente e no traz impactos de
ordem sanitria para a gua, porm em altas concentraes pode
acelerar a proliferao de algas, aumentando o processo de eutrofizao.
Coliformes fecais (Coli. F): Indicador biolgico da qualidade das guas,
sendo medidos em nmero provvel de coliformes por mililitros de gua
amostrada, a contaminao por coliformes fecais, acontece basicamente
atravs de fezes humanas e/ou animais.
Stuchi (2005), diz que o esgoto domstico composto por muitos dos
elementos relacionados gua pluvial anteriormente, porm j que formado
basicamente por leos, gorduras, material orgnico e gua servida, h menos
aspectos a serem levantados. A gua servida, tambm chamada de gua cinza
formada por guas oriundas de pias, chuveiros, mquinas de lavar pratos e
lavanderias e em situaes ideais tanto a gua servida como o esgoto domstico por
si seriam tratados em estaes de tratamento apropriadas. Todavia quando isso no
ocorre e esse esgoto acaba atingindo corpos dgua, aspectos como Coliformes
Fecais, Nutrientes, DBO, SDT e Nutrientes de maneira geral podem acabar
impactando e aumentando o volume de fatores prejudiciais qualidade de gua.
Tomaz (2006) cita algumas maneiras de minimizar a poluio difusa:
Controle da gerao dessa poluio atravs da reduo de veculos, o no
jogar lixo, leos e graxas nas ruas, uma limpeza pblica eficiente, o aumento
26
de reas permeveis para infiltrao das guas pluviais e a preocupao do
tratamento dos contaminantes antes de atingirem os cursos dguas;
O cumprimento da legislao, a legislao brasileira no trata a poluio
difusa complicando os fatos de poluio que abrangem reas com vrios
municpios;
Criao de processos que incentivem a permeabilidade do solo, essa
impermeabilidade do solo influncia no escoamento superficial, nos picos de
vazes, aumento das enchentes, mudanas na geometria dos rios, aumento
de temperatura, alterao na rede de canais, alterao na biota, na
qualidade das guas, volume de sedimentos e slidos em suspenso,
dissolvidos.
3.3 Bacia hidrogrfica como Unidade de Planejamento
O estudo sobre os recursos hdricos deve ser realizado de uma forma ampla
e integrada. Dentro desse enfoque, a bacia hidrogrfica uma importante unidade
natural onde se pode analisar a todos os fatores da superfcie terrestre, levando-se a
oportunidade de estudar e reconhecer as interrelaes de todos os elementos da
paisagem e os processos atuantes dentro dessa bacia (BOTELHO, 1999).
A bacia hidrogrfica tem como definio, um conjunto de reas com
declividades no sentido de uma determinada seo onde est presente um curso
dgua, ou seja, uma rea definida e fechada topograficamente num curso dgua
(GARCEZ; ALVAREZ, 2002). J Botelho (1999), simplifica essa definio como
sendo uma rea na superfcie terrestre que drenada por um rio principal e seus
tributrios, sendo o seu limite traado pelos chamados divisores de gua.
De acordo com Tundisi (2003), a bacia hidrogrfica possui caractersticas
importantssimas que a torna uma unidade muito bem caracterizada onde permite
uma interao multidisciplinar primordial para o estudo de diferentes formas de
gerenciamento e planejamento. Com isso, a bacia ultrapassa as barreiras polticas e
cria uma viso de unidade fsica participativa, tendo o estmulo e a interao da
prpria comunidade. J Casseti (1994), diz que a caracterizao da bacia
hidrogrfica define medidas grficas e ndices fisiogrficos que podem ser
estabelecidos atravs de cartas topografias e a rede hidrogrfica, onde o ponto de
27
partida para extrair as informaes fisiogrficas a individualizao da bacia
hidrogrfica.
Segundo Christofoletti (1980), os ndices e parmetros que contribuem para
uma melhor anlise e interpretao de uma bacia hidrogrfica so:
rea da bacia: toda rea medida, drenada em um plano horizontal
relacionada a um sistema fluvial.
Permetro da bacia: o comprimento da linha de contorno da bacia em
planta (divisor de gua).
Comprimento da bacia: distncia medida em linha reta entre a
desembocadura (foz) ate um ponto que signifique metade do permetro da
bacia ou a distncia entre a foz e o mais alto ponto situado ao longo do
permetro.
Circularidade (Ic): a forma da bacia a relao entre a rea da bacia (A) e
a rea do crculo do permetro (Ac), pode ser representada como:
Extenso de canais: a distncia ao longo do curso da gua, levando-se
em considerao da nascente at a foz do canal principal e de seus tributrios.
Densidade de drenagem (Dd): correlao do comprimento total dos canais
(Lt) com a rea da bacia (A), pode ser representada por:
Amplitude: a diferena entre a altitude da desembocadura e a altitude do
ponto mais alto situado na em qualquer ponto da linha divisria da bacia.
28
Declividade mdia da bacia: a determinao da declividade mdia da
bacia contribuinte dividida pela rea da bacia.
Declividade mdia do canal principal: a mdia obtida pelo desnvel
mximo dividido pelo comprimento.
Ordem: conhecido tambm como hierarquizao de canais consiste em
estabelecer a classificao de um determinado curso dentro de um conjunto
total da bacia hidrogrfica. Segundo Strahler (1952, apud CHRISTOFOLETTI,
1980), todos os cursos d'gua sem tributrios so de primeira ordem, inclusive
os trechos da nascente do rio principal e dos afluentes. Os trechos de segunda
ordem so estabelecidos pela confluncia de dois canais de dois trechos de
primeira ordem, os trechos de terceira ordem so formados pela confluncia de
dois trechos de segunda ordem e assim sucessivamente como demonstrado na
Figura 13.
Figura 13: Determinao de hierarquizao de canais segundo Strahler (1952).
Fonte: Christofoletti (1980)
3.4 Geoprocessamento e bacias hidrogrficas
Para Cmara e Medeiros (2009), o Geoprocessamento constitui o emprego
de tcnicas matemticas e computacionais para o tratamento de informao
geogrfica, influenciando de maneira crescente as reas de cartografia, anlise de
recursos naturais, transportes, comunicaes, energia e planejamento urbano e
29
regional. Os autores mencionam que os sistemas de informaes geogrficas
(SIGs), considerados ferramentas computacionais de geoprocessamento, permite
realizar anlises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e criar bancos de
dados georreferenciados, possibilitando ainda a produo de documentos
cartogrficos. O banco de dados geogrficos o repositrio de dados do SIG, sendo
que este responsvel pelo armazenamento e recuperao de atributos espaciais e
no-espaciais. Os SIGs armazenam a geometria e os atributos dos dados que esto
georreferenciados - localizados na superfcie terrestre e representados numa
projeo cartogrfica. Os dados tratados em geoprocessamento tm como principal
caracterstica a diversidade de fontes geradoras e de formatos apresentados.
Em nosso pas o geoprocessamento comeou a ser utilizado de maneira
efetiva no incio de 1982, atravs de softwares nacionais, um dos softwares de maior
destaque desta poca foi o SITM/SGI criado pelo INPE. Atualmente h diversos
softwares gratuitos e proprietrios para processar dados geogrficos. Entre os
softwares proprietrios o ArcGis da empresa Environmental Systems Research
Institute (ESRI) possibilita inmeras funcionalidades de anlises (CMARA E
MEDEIROS, op cit).
O ArcGis um conjunto de softwares que funciona em computadores padro
e so usados para criar, importar, editar, buscar, mapear, analisar e publicar
informaes geogrficas possibilitando seu uso para diversas situaes.
(LILLESAND; KIEFER, 1994).
Em relao s pesquisas sobre anlise de bacias hidrogrficas a
disponibilidade de dados de sensoriamento remoto gratuitos somado com a
facilidade de utilizar softwares especficos vem aumentando cada vez mais o
nmero de pesquisas e publicaes. (MASCHIO et al, 2003).
3.5 Uso da terra
Segundo IBGE (2006), no Brasil os primeiros trabalhos sobre uso da terra se
iniciaram no final da dcada de 1930 do sculo passado e perduraram at os anos
de 1940, quando predominaram estudos sobre a colonizao e as viagens de
reconhecimento como os dedicados anlise da colonizao do Sul do Brasil
atravs da migrao ou os que se dedicaram anlise da ocupao da Amaznia.
J na dcada de 1970, foram registrados tanto os avanos em anlises
30
classificatrias das formas e das dinmicas de uso da terra, especialmente a partir
de focos temticos, como o uso nos meios tcnico e acadmico de procedimentos
estatsticos na geografia, refletindo uma forte nfase s anlises quantitativas na
produo dos trabalhos da poca. Centros importantes, como o IBGE e
universidades, disseminaram no Pas vrios estudos sob este foco. A geografia
nessas instituies, no entanto, ainda no incorporara, de forma sistemtica,
procedimentos de anlise utilizando o sensor remoto.
O primeiro trabalho sistemtico utilizando o sensoriamento remoto como
ferramenta de interpretao dos fenmenos espacializveis de significado nacional
foi o Levantamento Sistemtico de Recursos Naturais, realizado pelo
RADAMBRASIL, utilizando imagens de radar.
Um dos pontos mais importantes no Uso da terra levantar informaes e
criar padres de Cobertura de Terra no ponto estudado. Essas aes envolvem
pesquisas de escritrio e de campo, voltadas para a interpretao, anlise e registro
de observaes da paisagem, concernentes aos tipos de uso e cobertura da terra,
visando a sua classificao e espacializao atravs de cartas.
O levantamento sobre o uso e a cobertura da terra comporta anlises e
mapeamentos e de grande utilidade para o conhecimento atualizado das formas
de uso e de ocupao do espao, constituindo importante ferramenta de
planejamento e de orientao tomada de deciso.
Ao retratar as formas e a dinmica de ocupao da terra, esses estudos
tambm representam instrumento valioso para a construo de indicadores
ambientais e para a avaliao da capacidade de suporte ambiental, diante dos
diferentes manejos empregados na produo, contribuindo assim para a
identificao de alternativas promotoras da sustentabilidade do desenvolvimento.
(IBGE, 2006).
Segundo Heymann (1994), h quatro requisitos para o Levantamento de
Cobertura da Terra, sendo eles:
Escala de mapeamento;
Natureza da informao bsica;
Unidade de mapeamento e a definio da menor rea a ser mapeada;
Nomenclatura.
31
A Escala de Mapeamento sob o ponto de vista matemtico, escala a
proporo entre a representao grfica de um objeto e a medida correspondente de
sua dimenso real. Mas, como salienta Castro (1995), a escala no deve ser vista
apenas sob esta perspectiva, pois a conceituao de escala acorrentada apenas
tica geomtrica cada vez mais insatisfatria. A complexidade dos fenmenos
abordados no mundo real vem exigindo e ampliando as possibilidades de reflexo
sobre o termo, incorporando acepo tradicional o sentido de representao de
diferentes modos de percepo e concepo do real. Vista dessa forma, a escala
uma prtica de observao e elaborao das vrias faces e dimenses do real, que
s pode ser apreendido por representao e fragmentao.
A Natureza de informao bsica est relacionada aos dados de imagens
orbitais que so importantes fontes bsicas para o mapeamento do tema uso da
terra, embora por si mesmos sejam insuficientes para dar conta da realidade,
requerendo a agregao de dados exgenos de naturezas diversas durante a
interpretao dos padres homogneos de uso da terra.
No levantamento do Uso e da Cobertura da Terra, podem ser utilizados
dados de diversos sensores e sua escolha vai depender dos objetivos do trabalho,
da escala de mapeamento, do custo e dos equipamentos disponveis. Os dados de
sensores de segunda gerao (LANDSAT - TM/SPOT - HRV), por exemplo, so
mais facilmente interpretados, embora demandem equipamentos de alta
performance para o processamento e, por tais razes, apresentem custos mais
elevados que dados do MSS, menos onerosos e de processamento mais rpido,
embora levem mais tempo para serem interpretados, uma vez que requerem uso
sistemtico de documentos auxiliares, particularmente de fotografias areas. (IBGE,
2006).
A unidade de mapeamento a representao da homogeneidade e
diversidade de objetos que recobrem a superfcie da terra. Corresponde a uma
cobertura considerada homognea (floresta, campestre, gua, etc.) ou a uma
combinao de reas elementares homogneas, que em suas variaes
representam a cobertura da superfcie terrestre. Caracteriza-se por ser claramente
distinguvel das unidades de seu entorno e por representar uma significativa poro
de terra, em uma dada escala. Em termos de cobertura, Heymann (1994)
32
recomenda que a estrutura da unidade de rea precisa ser suficientemente estvel
para servir como unidade para uma coleo de informaes mais precisas.
Na definio do tamanho da menor unidade de rea mapevel, preciso
observar algumas premissas como sua legibilidade na escala do mapeamento, sua
capacidade para representar as caractersticas essenciais do terreno, atendendo
escala e aos propsitos do levantamento, e a relao entre os custos operacionais e
o fornecimento da desejada informao da cobertura terrestre. Tambm preciso
considerar a escala de compilao dos dados e a escala final de apresentao.
Ainda ressaltado que em alguns casos, os usos da terra no podem ser
identificados com um grau de detalhe que se aproxime da dimenso da menor
unidade mapevel, enquanto em outros, podem, apesar de pequenos demais para
serem mapeados, a exemplo das fazendas que no se distinguem de outras
categorias quando mapeadas em nveis mais gerais de classificao, mas que
podem ser interpretadas, apesar de muito pequenas para serem representadas na
escala de apresentao final.
H diversas ferramentas dentro do Geoprocessamento que tornam essa
cincia segura e utilizvel em diversas situaes, um dessas ferramentas o prprio
Sensoriamento Remoto que Lillesand et al. (2008) definem como a cincia e arte de
obter informao sobre um objeto, rea ou fenmeno atravs de dados adquiridos
por um sensor que no est em contato com o objeto, rea ou fenmeno estudado.
Sensores so equipamentos que possuem a caractersticas de captar variaes no
que diz respeito quantidade ou propriedade da Radiao Eletromagntica (REM)
em diferentes faixas do espectro eletromagntico (bandas dos satlites ou resoluo
espectral).
A maioria das nomenclaturas usadas para mapeamento ou estatsticas
relacionadas ao espao utiliza terminologias de uso da terra dirigidas para
compilao das atividades humanas. A construo de uma nomenclatura do uso e
cobertura da terra precisa estar adequada para mapear a diversidade do territrio
considerado e deve ser compatvel com a escala, o tamanho da menor rea a ser
mapeada, a fonte bsica de dados e com as necessidades dos virtuais usurios.
IBGE (2006).
33
4. MTODOS E PROCEDIMENTOS
4.1 Materiais
Os materiais bsicos, equipamentos e aplicativos utilizados foram
disponibilizados pelo laboratrio de geoprocessamento do curso de Mestrado em
Anlise Geoambiental da Universidade Guarulhos, sendo eles:
Base cartogrfica digital das folhas topogrficas do levantamento sistemtico
da EMPLASA (recobrimento 1981, ltima atualizao 1992) na escala
1:10.000 em formato matricial;
Base cartogrfica digital GISAT. Base nica composta pela articulao das
folhas topogrficas do levantamento sistemtico do IBGE na escala 1:50.000
em formato vetorial;
Imagem do satlite Ikonos do ano de 2007 composta pela banda
pancromtica, na forma digital em formato matricial;
Software de geoprocessamento ArcGIS (verso 9.3), padro de licena
ArcInfo com extenses 3-D Analyst e Spatial Analyst;
Google Earth, aplicativo disponvel na web (verso livre);
GPS Garmin Etrex de navegao.
4.2 Mtodos
Os mtodos e procedimentos aplicados foram os seguintes:
34
a) Montagem do banco de dados espaciais
O banco de dados espaciais foi elaborado pela reunio das bases
cartogrficas digitais e pela imagem de satlite, sistematizadas em ambiente de
geoprocessamento utilizando-se o aplicativo ArcGIS.
Os parmetros cartogrficos foram baseados na projeo UTM (fuso 23 Sul)
sobre o datum SIRGAS 2000.
O banco de dados ficou composto pela unio de uma base cartogrfica
(cartas topogrficas), uma base de imagem de satlite (Ikonos) e uma base temtica
(uso da terra).
b) Delimitao da bacia e caraterizao morfomtrica
A delimitao da rea da bacia foi efetuada atravs do mtodo de
demarcao das linhas de cumieira. Este foi efetuado com base na interpretao
das curvas de nvel da base cartogrfica da EMPLASA na escala 1:10.000. Os
procedimentos adotados foram baseados em Coelho Netto; Avelar (1996).
Considerando que a bacia hidrogrfica do ribeiro Guaraau uma bacia de
4 ordem, ela foi subdividida em trs sub-bacias denominadas de Alto, Mdio e
Baixo Curso (Figura 14) para o detalhamento dos parmetros morfomtricos e
avaliao da vulnerabilidade junto com o uso da terra.
35
Figura 14: Mapa das Sub-bacias do Ribeiro Guaraau.
36
Os parmetros morfomtricos considerados para a bacia foram a rea, o
permetro, o comprimento segundo o eixo maior, o ndice de circularidade, a
extenso total dos canais, a densidade de drenagem, a amplitude altimtrica, a
declividade mdia da bacia e do canal principal, tudo conforme apresentado por
Christofoletti (1980).
Os clculos dos parmetros morfomtricos foram facilmente obtidos atravs
de funes e procedimentos tcnicos diretamente realizados no banco de dados do
SIG utilizado, em especial com o uso das extenses XTOOLS e 3-D ANALYST.
c) Mapeamento do uso da terra
O mapeamento de uso da terra foi elaborado em trs etapas, sendo a
primeira referente fotointerpretao e reconhecimento dos padres homogneos
da cobertura terrestre; a segunda refere-se definio de uma chave de
classificao; e a ltima, corresponde ao mapeamento atravs da digitalizao dos
polgonos sobre a base imagem no banco de dados espaciais.
A etapa de fotointerpretao baseou-se na identificao de aspectos visuais
dos objetos observados que permite os reconhecer e identific-los. Foram
considerados ento parmetros como cor, textura, geometria (forma), tamanho,
orientao, distribuio espacial, em especial.
A partir do reconhecimento dos objetos, a etapa de classificao foi
realizada com base na composio dos objetos e pela funo destes no espao,
sendo adotada uma subdiviso hierrquica. As reas urbanas, com destaque, foram
avaliadas quanto ao padro da ocupao atravs dos parmetros relativos
densidade da ocupao (quantidade de lotes por unidade de rea), ordenamento
(disposio de ruas, quadras e lotes) e estgio da ocupao (nvel de consolidao),
conforme critrios apontados por Tominaga et al. (2004; 2005).
O mapeamento a partir da digitalizao sobre o banco de dados digital foi
feito atravs do mdulo de edio de polgonos. Considerando a escala do projeto
(1:10.000), os polgonos mnimos foram definidos com uma dimenso de 50 x 50
metros (5x5mm), adotando-se o critrio exposto pelo IBGE (2006).
Foram efetuadas observaes de campo para fundamentar o mapeamento,
sendo utilizado um equipamento GPS para cadastro de pontos observados.
37
5. RESULTADOS
Os resultados da pesquisa esto divididos em trs partes, sendo aqueles
relativos ao mapeamento de uso da terra, a caracterizao morfomtrica e as fontes
de poluio hdrica.
5.1 Mapeamento de uso da terra
A partir da atividade de fotointerpretao e reconhecimento dos objetos
observados na cobertura terrestre, foi inicialmente proposta uma chave de
classificao que permite a subdiviso em objetos no urbanos (rurais) e urbanos,
que por sua vez foram tambm subdivididos de forma hierrquica. O resultado do
mapeamento de uso da terra apresentado no Anexo I.
Os objetos no urbanos so compostos basicamente por reas rurais com
presena marcante de reas verdes, bem como inclui lagos e solo exposto. As reas
verdes foram organizadas em quatro classes apresentadas a seguir:
FORMAO ARBREA DENSA NATIVA (V1) - (Fragmento de Floresta
Atlntica). Exemplo dessa classe a seguir com a Figura 15:
Figura 15: Vegetao Florestal Nativa. Coordenadas: 2322'24.90"S; 4623'42.16"O (Fonte: Google
Earth 2013).
38
FORMAO ARBREA DENSA EXTICA (V2) (Reflorestamento ou
Silvicultura de Eucalipto ou Pinus). Exemplo dessa classe a seguir com a
Figura 16:
Figura 16: Vegetao Florestal Extica. Coordenadas: 2322'15.54"S; 4624'14.91"O (Fonte: Google
Earth 2013).
FORMAO ARBREA ABERTA (V3) Formao arbrea (Mata aberta
com rvores remanescentes de floresta e Pomar). Exemplo dessa classe a
seguir com a Figura 17:
Figura 17: Vegetao Arbrea Aberta. Coordenadas: 2322'13.81"S; 4624'48.98"O (Fonte: Google
Earth 2013).
39
CULTURAS AGRCOLAS (V4) Vegetao rasteira plantada (Agricultura de
hortalias e outros). Exemplo dessa classe a seguir com a Figura 18:
Figura 18: Culturas Agrcolas. Coordenadas: 2322'16.88"S; 4623'47.48"O. (Fonte: Google Earth
2013).
VEGETAO HERBCEA (V5) Vegetao rasteira de campo (Pasto
incluindo fragmentos arbustivos). Exemplo dessa classe a seguir com a
Figura 19:
Figura 19: Vegetao Herbcea. Coordenadas: 2322'30.31"S; 4624'10.21"O (Fonte: Google Earth
2013).
40
Alm das reas verdes rurais, as outras classes associadas foram:
LAGO (L) Corpo dgua resultante de represamento de curso dgua ou
aude. Exemplo dessa classe a seguir com a Figura 20:
Figura 20: Lago referente ao Lago Azul. Coordenadas: 2321'40.76"S; 4624'19.30"O (Fonte: Google
Earth 2013).
SOLO EXPOSTO (SO) - rea degradada abandonada. Exemplo dessa classe
a seguir com a Figura 21:
Figura 21: Solo Exposto. Coordenadas: 2323'29.19"S; 4623'55.08" O (Fonte: Google Earth 2013).
Os objetos urbanos so compostos basicamente por reas com presena
marcante de edificaes, incluindo reas residenciais, equipamentos particulares
41
(galpes, indstrias, mercados) e pblicos (praa, escola, posto de sade). Os
equipamentos foram organizados nas classes apresentadas a seguir:
EQUIPAMENTO PARTICULAR (EPA) - Exemplo dessa classe a seguir com
a Figura 22:
Figura 22: Equipamento Particular referente a uma indstria (Phibro). Coordenadas: 2322'57.32"S;
4623'48.42" O (Fonte: Google Earth 2013).
As reas residenciais foram organizadas nas classes apresentadas a seguir:
OCUPAO RESIDENCIAL COM ALTA DENSIDADE E DESORDENADA -
FAVELA (R1) corresponde ocupao residencial com alta a muito alta
densidade (reas com lotes 100-50m), consolidada, desordenada.
Consistem em reas com elevado grau de impermeabilizao do solo.
Exemplo dessa classe a seguir com a Figura 23:
42
Figura 23: Favela. Coordenadas: 2321'44.86"S; 4624'14.22" O (Fonte: Google Earth 2013).
OCUPAO RESIDENCIAL COM ALTA DENSIDADE E ORDENADA (R2) -
(Quadras com lotes 120-200m), consolidada, ordenada (Loteamento
popular). Consistem em reas com elevado grau de impermeabilizao do
solo. Exemplo dessa classe a seguir com a Figura 24:
Figura 24: Ocupao Residencial com Alta Densidade e Ordenada. Coordenadas: 2323'46.45"S;
4623'46.11" O (Fonte: Google Earth 2013).
Mais exemplos de Ocupao residencial com alta densidade e ordenada
(R2) a seguir com as Figuras 25 e 26:
43
Figura 25: Ocupao Residencial com Alta Densidade e Ordenada. Localizao: Loteamento Vila
Carmela (Foto de ANDRADE, 2012).
Figura 26: Ocupao Residencial com Alta Densidade e Ordenada. Localizao: Loteamento Vila
Carmela (Foto de ANDRADE, 2012).
OCUPAO RESIDENCIAL COM BAIXA DENSIDADE (R3) - CHCARA
corresponde a ocupaes residenciais de baixa densidade (Quadras com
lotes > 500 m), consolidado, ordenado (Chcaras). Consistem em reas com
44
grau de impermeabilizao do solo baixo. Exemplo dessa classe a seguir com
a Figura 27:
Figura 27: Ocupao Residencial com Baixa Densidade - Chcara. Coordenadas: 2321'51.19"S;
4624'0.46" O (Fonte: Google Earth 2013).
Mais exemplos de Ocupao residencial com baixa densidade (R3) a seguir
com as figuras 28 e 29:
Figura 28: Ocupao Residencial com Baixa Densidade - Chcara. Localizao: Bairro gua Azul
(Foto de ANDRADE, 2012).
45
Figura 29: Ocupao Residencial com Baixa Densidade - Chcara. Localizao: Bairro gua Azul
(Foto de ANDRADE, 2012).
Os dados gerados pelo mapeamento do uso da terra (Anexo I) esto
sistematizados nas Tabelas 01, 02, 03, 04 e 05 e nos Grficos 01, 02, 03 e 04
referentes a bacia hidrogrfica do Ribeiro Guaraau e sub-bacias do Alto, Mdio e
Baixo Curso.
Tabela 01: Tamanho das reas referente s classes de uso da terra da Bacia Hidrogrfica do
Ribeiro Guaraau.
BACIA HIDROGRFICA DO RIBEIRO GUARAAU
CLASSES DE USO DA TERRA REA TOTAL (m)
FORMAO ARBREA DENSA NATIVA (V1) 4.979.839,64
FORMAO ARBREA DENSA EXTICA - REFLORESTAMENTO (V2) 1.685.927,62
FORMAO ARBREA ABERTA (V3) 2.039.462,82
VEGETAO RASTEIRA PLANTADA - AGRICULTURA (V4) 1.101.807,38
VEGETAO RASTEIRA DE CAMPO (V5) 3.655.168,19
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM ALTA DENSIDADE E
DESORDENADA - FAVELA (R1) 163.108,31
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM ALTA DENSIDADE E
ORDENADA (R2) 3.067.018,87
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM BAIXA DENSIDADE -
CHCARAS (R3) 2.175.555,28
EQUIPAMENTO PARTICULAR - GALPES (EPA) 532.639,84
EQUIPAMENTO PBLICO (EPU) 90.899,92
SOLO EXPOSTO (SO) 707.247,87
LAGO (L) 138.981,38
46
Grfico 01: rea relativa (%) das classes de uso de uso da terra da Bacia Hidrogrfica do Ribeiro
Guaraau.
Tabela 02: Tamanho das reas referente s classes de uso da terra da sub-bacia do Alto Curso do
Guaraau.
SUB-BACIA HIDROGRFICA DO ALTO CURSO DO GUARAAU
CLASSES DE USO DA TERRA REA TOTAL (m)
FORMAO ARBREA DENSA NATIVA (V1) 2.530.222,04
FORMAO ARBREA DENSA EXTICA - REFLORESTAMENTO (V2) 368.181,72
FORMAO ARBREA ABERTA (V3) 858.713,33
VEGETAO RASTEIRA PLANTADA - AGRICULTURA (V4) 626.682,30
VEGETAO RASTEIRA DE CAMPO (V5) 1.305.463,30
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM ALTA DENSIDADE E
DESORDENADA - FAVELA (R1) 45.258,16
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM ALTA DENSIDADE E
ORDENADA (R2) 403.769,14
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM BAIXA DENSIDADE -
CHCARAS (R3) 1.859.800,75
EQUIPAMENTO PARTICULAR - GALPES (EPA) 122.594,17
SOLO EXPOSTO (SO) 81.053,75
LAGO (L) 26.784,35
47
Grfico 02: rea relativa (%) das classes de uso de uso da terra da sub-bacia do Alto Curso do
Guaraau.
Tabela 03: Tamanho das reas referente s classes de uso da terra da sub-bacia do Mdio Curso do
Guaraau.
SUB-BACIA HIDROGRFICA DO MDIO CURSO DO GUARAAU
CLASSES DE USO DA TERRA REA TOTAL (m)
FORMAO ARBREA DENSA NATIVA (V1) 2.200.044,53
FORMAO ARBREA DENSA EXTICA - REFLORESTAMENTO (V2) 449.631,59
FORMAO ARBREA ABERTA (V3) 232.893,05
VEGETAO RASTEIRA PLANTADA - AGRICULTURA (V4) 204.492,60
VEGETAO RASTEIRA DE CAMPO (V5) 934.352,61
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM ALTA DENSIDADE E
DESORDENADA - FAVELA (R1) 47.511,51
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM ALTA DENSIDADE E
ORDENADA (R2) 459.181,32
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM BAIXA DENSIDADE -
CHCARAS (R3) 159.594,66
EQUIPAMENTO PARTICULAR - GALPES (EPA) 97.468,07
EQUIPAMENTO PBLICO (EPU) 9.377,79
SOLO EXPOSTO (SO) 419.261,19
48
Grfico 03: rea relativa (%) das classes de uso de uso da terra da sub-bacia do Mdio Curso do
Guaraau.
Tabela 04: Tamanho das reas referente s classes de uso da terra da sub-bacia do Baixo Curso do
Guaraau.
SUB-BACIA HIDROGRFICA DO BAIXO CURSO DO GUARAAU
CLASSES DE USO DA TERRA REA TOTAL (m)
FORMAO ARBREA DENSA NATIVA (V1) 249.573,06
FORMAO ARBREA DENSA EXTICA - REFLORESTAMENTO (V2) 868.114,32
FORMAO ARBREA ABERTA (V3) 947.856,43
VEGETAO RASTEIRA PLANTADA - AGRICULTURA (V4) 270.632,49
VEGETAO RASTEIRA DE CAMPO (V5) 1.415.351,73
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM ALTA DENSIDADE E
DESORDENADA - FAVELA (R1) 70.338,63
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM ALTA DENSIDADE E
ORDENADA (R2) 2.204.068,42
OCUPAO URBANA RESIDENCIAL COM BAIXA DENSIDADE -
CHCARAS (R3) 156.159,86
EQUIPAMENTO PARTICULAR - GALPES (EPA) 312.577,60
EQUIPAMENTO PBLICO (EPU) 81.522,13
SOLO EXPOSTO (SO) 206.932,93
LAGO (L) 112.197,04
49
Grfico 04: rea relativa (%) das classes de uso de uso da terra da sub-bacia do Baixo Curso do
Guaraau.
Foi realizada a quantificao das classes de uso da terra para a bacia como
um todo e para a rea estudada referente as sub-bacias do Alto, Mdio e Baixo
Curso do Guaraau com o objetivo de anlise das fontes de poluio hdrica. As
classes V1 e V2 foram agrupadas por representarem situaes de nenhuma ou
baixa influncia, as classes V2, V4 e V5 representam influncias rurais, o SO
corresponde a reas degradadas com eroso e as R1, R2, R3, EPA e EPU so
aquelas que com forte influncia. A Tabela 05 apresenta a consolidao destes
dados.
Tabela 05: Comparao entre os conjuntos de classes de uso da terra da Bacia do Ribeiro
Guaraau e das sub-bacias correspondentes aos Alto, Mdio e Baixo Curso do Guaraau.
CONJUNTOS DE CLASSES DE USO DA TERRA
TOTAL DA BACIA (%)
ALTO CURSO (%)
MDIO CURSO (%)
BAIXO CURSO (%)
V1 + V3 34,5 41,2 46,7
17,4
V2 + V4 + V5 31,7 28,0 30,5
37,0
SO 3,5 1,0 8,0
3,0
R1 + R2 + R3 + EPA + EPU 29,7 29,6 14,8
41,0
50
5.2 Morfometria da Bacia e Sub-bacias
A morfometria da bacia com um todo e das sub-bacias visa a anlise das
condies de escoamento da gua que tem implicao direta na maior ou menor
suscetibilidade poluio hdrica.
A anlise comparativa adotada considera que as bacias hidrogrficas onde a
declividade, tanto do canal quanto da superfcie da bacia, apresentam-se alta ou
quando apresentam elevada densidade de drenagem ou quando apresentam alta
circularidade, demonstram maior tendncia de escoamento eficaz para os corpos d
gua e, em ltima anlise para o ribeiro Guaraau.
Os resultados foram consolidados na Tabela 06 que permite comparar as
diferentes situaes.
Tabela 06. Dados morfomtricos obtidos para a bacia e sub-bacias do Guaraau.
TOTAL DA BACIA SUB BACIA ALTO SUB BACIA MDIO SUB BACIA BAIXO
REAS (m) 20.339.159 8.230.528,29 5.213.447,05 2.755.010,67
PERMETRO (m) 25.084,69 16.738,89 10.305,23 8.111,01
COMPRIMENTO (m) 8.540 5.884,30 3.191,64 2.769,64
CIRCULARIDADE 0,41 0,37 0,62 0,53
EXTENSO DE CANAIS (m) 45.288,3 22.432,80 11.914 3.545,12
DENSIDADE DE
DRENAGEM (km/km) 2,23 2,72 2,28 1,29
AMPLITUDE (m) 244 233 145 65
DECLIVIDADE MDIA DA
BACIA (%) 13 16 14 8
DECLIVIDADE MDIA DO
CANAL PRINCIPAL (%) 1,21 1,59 2,33 1,79
ORDEM 4 3 3 2
Considerando os aspectos morfomtricos podemos concluir o seguinte:
Com relao ao parmetro declividade do canal, todas as sub-bacias
apresentam valores maiores do que a bacia como um todo, com destaque
para