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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO ”ANÁLISE DE ESTRATÉGIA DE TERCEIRIZAÇÃO: O CASO DE UMA EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES NA AMÉRICA LATINA” CARLOS EDUARDO WANDERKOKE GONÇALVES ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSÉ DALTO Rio de Janeiro, 28 de março de 2011.

”ANÁLISE DE ESTRATÉGIA DE TERCEIRIZAÇÃO: O …s3.amazonaws.com/public-cdn.ibmec.br/portalibmec-content/public/... · Siemens Networks decided to cancel the outsourced process

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

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”ANÁLISE DE ESTRATÉGIA DE TERCEIRIZAÇÃO: O CASO DE UMA

EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES NA AMÉRICA LATINA”

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ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSÉ DALTO

Rio de Janeiro, 28 de março de 2011.

“ANÁLISE DE ESTRATÉGIA DE TERCEIRIZAÇÃO: O CASO DE UMA EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES NA AMÉRICA LATINA”

CARLOS EDUARDO WANDERKOKE GONÇALVES

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração:

ORIENTADOR: PROF. DR. EDSON JOSÉ DALTO

Rio de Janeiro, 28 de março de 2011.

“ANÁLISE DE ESTRATÉGIA DE TERCEIRIZAÇÃO: O CASO DE UMA EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES NA AMÉRICA LATINA”

CARLOS EDUARDO WANDERKOKE GONÇALVES

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Administração. Área de Concentração:

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor EDSON JOSÉ DALTO (Orientador) Instituição: IBMEC-RJ

_____________________________________________________

Professor MARIA AUGUSTA SOARES MACHADO Instituição: IBMEC-RJ

_____________________________________________________

Professor ANTÔNIO AUGUSTO GONÇALVES Instituição: MADE/UNESA

Rio de Janeiro, 28 de março de 2011.

Ficha Catalográfica

M�

658.4 G462

Gonçalves, Carlos Eduardo Wanderkoke.

Análise de Estratégia de Terceirização: O caso de uma empresa de Telecomunicações na América Latina. / Carlos Eduardo Wanderkoke – Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec, 2011.

57 P.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissionalizante em Administração como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Administração .

Área de Concentração: Terceirização em Telecomunicações.

Orientador: Prof. Dr. Edson José Dalto

1.Telecomunicações–Mudança Organizacional.2.Terceirização–Telecomunicções II. Prof.Dr. Dalto, Edson José (Orientador). III. Análise de Estratégia de Terceirização: O caso de uma empresa de Telecomunicações na América Latina.

5

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação a minha esposa Renata e aos meus filhos Amanda e Leonardo, pelo apoio, companheirismo e suporte que sempre me foi dado ao longo destes últimos anos.

6

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos meus amigos e colegas da Nokia Siemens Networks, que contribuíram de

alguma forma para a realização deste trabalho.

Gostaria de ressaltar meu agradecimento especial ao meu antigo gerente e amigo Gustavo

Batista, que permitiu que eu concretizasse um de meus sonhos.

Agradeço todo o suporte recebido de meus familiares, em especial o apoio prestado pelos

meus tios Paulo Gonçalves e Jacques Gonçalves, que me inspiraram a tomar os primeiros

passos rumo ao sucesso profissional.

Por fim, mas não com menos importância, agradeço o suporte recebido dos meus pais,

Roberto William Gonçalves e Elsa Maria W. Gonçalves, que sempre me orientaram e

apoiaram nos momentos difíceis da minha vida.

7

RESUMO

O presente trabalho visa fazer uma breve análise da estratégica de terceirização do suporte

técnico de primeiro nível adotada pela Nokia Siemens Networks entre 27 de novembro de

2007 e meados de 2009, quando a empresa optou por cancelar todo o processo de

terceirização em virtude desta não ter conseguido alcançar os principais objetivos que

fundamentaram a adoção deste modelo de terceirização.

Optou-se por utilizar o estudo de caso como metodologia para o desenvolvimento do presente

trabalho, tendo em vista que este tem como principal objetivo trazer novos conhecimentos

para os meios acadêmico e empresarial, sendo os mesmos obtidos através da observação e

interpretação de fenômenos complexos na vida real.

Vale destacar que durante a fase de elaboração deste trabalho foram realizadas diversas

entrevistas com os principais gestores responsáveis pela implantação do processo de

terceirização do suporte técnico de primeiro nível, visando a identificação dos principais

problemas enfrentados, que acabaram por ocasionar o retrocesso ao modelo original baseado

na utilização de recursos próprios para a prestação da atividade a fim.

Palavras Chave: Terceirização, Subcontratação, Telecomunicações

8

ABSTRACT

The present work focus on a brief analysis of the outsource strategy that was adopted by

Nokia Siemens Networks and was implemented at 27th of November of 2007. During that

period the first level of technical support was outsourced to a third party service company, but

due to the fact that the main objectives could not been reached as originally planned, Nokia

Siemens Networks decided to cancel the outsourced process during the second half of 2009.

The case study was selected as the methodology used for the development of the present

work, considering that it will bring new knowledge for the academic and enterprise

environments. This new knowledge was obtained through the observation and interpretation

of complex phenomena in the real life.

It is relevant to say that several interviews have been performed with the relevant managers

that were responsible for the implantation of the outsource process and those have been used

in order to identify the main problems that had caused the cancelation of the outsource

process and the subsequent return to the original support model that was based on the usage of

Nokia Siemens Networks own resources to perform the first level of technical support to their

customers.

Key Words: Outsource, Subcontracting, Telecom

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Avaliação de subcontratadas .......................................................................... 17

10

LISTA DE QUADROS

Figura 1 – Suporte técnico prestado originalmente pela Nokia ...................................... 11

Figura 2 – Suporte técnico prestado originalmente pela Siemens ................................... 13

Figura 3 – Suporte técnico que passou a ser prestado pela Nokia Siemens Networks ... 14

Figura 4 – Suporte técnico que passou a ser prestado pela Nokia Siemens Networks ... 15

11

SUMÁRIO

1� INTRODUÇÃO: ................................................................................................. 12�

2� IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA .................................................................. 15�

3� REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 17�

4� METODOLOGIA ............................................................................................... 25�4.1.1� Avaliação preliminar (“Survey”) ........................................................................................................ 26�4.1.2� Questionário ....................................................................................................................................... 27�4.1.3� Entrevistas semi-estruturadas ............................................................................................................. 27�4.1.4� Amostragem ....................................................................................................................................... 27�4.1.5� Questionário ....................................................................................................................................... 28�

5� BREVE ANÁLISE SITUACIONAL DO PROCESSO QUE DEU ORIGEM A NOKIA SIEMENS NETWORKS ............................................................................... 29�

5.1.1� Sobre a Nokia ..................................................................................................................................... 29�5.1.2� Sobre a Siemens ................................................................................................................................. 29�5.1.3� Sobre o processo de fusão que deu origem a Nokia Siemens Networks ............................................ 29�5.1.4� Alteração do processo utilizados na resolução de casos da Nokia Siemens Networks ...................... 30�5.1.5� Análise do processo utilizado originalmente pela Nokia para o suporte, tratamento e solução de problemas relacionados ao suporte técnico: ..................................................................................................... 30�5.1.6� Análise do processo utilizado originalmente pela Siemens para o suporte, tratamento e solução de problemas relacionados ao suporte técnico: ..................................................................................................... 32�5.1.7� Análise do novo processo proposto pela NSN para o suporte, tratamento e solução de problemas: .. 33�5.1.8� Processo subcontratação do suporte técnico de primeiro nível .......................................................... 36�

6� ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS ......................................................... 40�

7� CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 47�

12

1 Introdução:

Atualmente conseguimos observar a existência de uma forte tendência para a implementação

de processos que visam à terceirização de grande parte dos serviços relacionados ao mercado

de telecomunicações dentro da América Latina. Sendo que as principais empresas

responsáveis pelo fornecimento de tecnologia para o mercado de telecomunicações tem-se

concentrado, cada vez, mais no constante aprimoramento de seus produtos e serviços que

sejam estrategicamente mais significantes, focando-se, apenas, nas atividades que possam

desempenhar com maior competitividade e produtividade. Tarefas secundárias e serviços

complementares estão sendo transferidos para empresas terceirizadas, que se especializaram

na prestação destes serviços de maneira mais racional e com menor custo (FARIA, 1994).

Podemos compreender que terceirizar é o ato de transferir atividades não essenciais de uma

determinada empresa para outra, de modo a que estas atividades sejam executadas por

terceiros que apresentem melhor relação de custo x produtividade. Dessa forma, consegue-se

concentrar todos os esforços da empresa na manutenção do seu “core business”, deixando as

atividades não essenciais para empresas que o fazem melhor, de modo mais rápido e mais

eficiente (GROVER et al.,1998).

Entendemos que o processo de terceirização de serviços não essenciais de uma determinada

empresa passa a ser a atividade essencial da empresa subcontratada. Entretanto é preciso

lembrar que a terceirização não é meramente uma simples subcontratação de um determinado

serviço; esta possui métricas de aferição contratual, exigências de qualidade e parâmetros de

preços distintos (COLLINS, 1997).

De acordo com os estudos realizados por Applegate, McFarland e McKenney (1996) e

Klepper e Jones (1998), o processo de terceirização tem como principais objetivos:

• Redução dos custos diretos e indiretos, aliado a uma melhoria no controle dos

custos operacionais;

• Elevação do nível de eficiência, focado no incremento de sua produtividade, que

acarreta em uma maior competitividade;

13

• Melhoria da eficácia, tendo em vista que as que as empresas precisam racionalizar

recursos, redefinindo suas operações, de forma a que possam usufruir de estruturas

funcionais mais enxutas e flexíveis (SÁ et al.,1997);

• Prover respostas mais rápidas e adequadas ao processo de globalização e

internacionalização;

• Compartilhar riscos;

• Melhorar o foco no negócio principal da empresa (“Core business”);

• Aumentar o retorno sobre os investimentos;

• Liberar recursos internos para o desempenho de outras atividades;

• Manter as empresas atualizadas diante da célere evolução tecnológica;

• Criar diferenciação diante dos competidores;

• Responder à crescente falta de profissionais qualificados.

A rápida evolução tecnológica, aliada ao aumento crescente da competitividade em

decorrência do processo de globalização, fez com que as organizações mudassem suas

estratégias quanto à adoção de processos de terceirização, que, segundo Oltman (1990)

vieram para ficar.

De forma geral o processo de terceirização se apresenta como um importante instrumento de

auxílio à reestruturação organizacional, através do qual será possível o aumento da

produtividade e competitividade da empresa principal. Assim, esta passará a estar

integralmente voltada à sua real vocação, delegando as atividades complementares e tarefas

auxiliares a empresas que possuam maior eficiência e eficácia dentro de seus respectivos

setores (GROVER et al.,1998).

Podemos destacar que muitas empresas adotam uma análise direta considerando o retorno

sobre o investimento (ROI) como ponto de decisão para a adoção de processos de

terceirização. O retorno sobre o investimento neste caso poderá ser interpretado como sendo a

renda que um determinado investimento poderá proporcionar durante um período de tempo

pré-estabelecido. Podemos considerar que esta é a principal vantagem apontada pelas

empresas que optam por terceirizar parte de suas tarefas não essenciais, conforme proposto

por Prado e Takaoka (2001), tendo em vista que é a maneira mais fácil de verificar os reais

14

efeitos da transformação que ocorrem durante o processo de terceirização, em vista a

migração de custos fixos elevados para custos variáveis proporcionalmente mais baixos.

15

2 Identificação do problema

A Nokia Siemens Networks é uma grande empresa multinacional que atua no mercado de

telecomunicação a nível global. Na América Latina adotou a estratégia de terceirização de

parte do suporte técnico de primeiro nível, o qual passou a ser prestado por empresas

subcontratadas a partir de 27 de novembro de 2007.

Em nossa pesquisa observamos que o processo de subcontratação do suporte técnico de

primeiro nível, implementado na Nokia Siemens Networks, acabou por ocasionar diversos

problemas internos em conseqüência de falhas de integração dos diversos processos internos e

de problemas de comunicação entre os funcionários da Nokia Siemens Networks e os

subcontratados. Diversos destes processos de integração se apresentavam incompletos, além

de existirem duplicidade de funções, as quais somente foram observadas durante a curta fase

de transição na qual as empresas subcontratadas passaram a assumir a responsabilidade de

prestação do suporte técnico de primeiro nível.

Durante o processo de transferência de responsabilidade para as subcontratadas aflorou

existência de outro tipo de problema, intrinsecamente relacionado a falhas no processo de

capacitação técnica dos funcionários destas empresas subcontratadas, dado que o processo de

transferência de conhecimento ocorreu num período relativamente curto, haja vista a

diversidade de soluções existentes no portfólio proposto pela Nokia Siemens Networks. A par

disso, foram detectadas algumas falhas no processo de treinamento técnico dos

subcontratados, aliado à alta rotatividade dos funcionários destas empresas subcontratadas.

Além dos diversos problemas supracitados, o ponto crítico de todo este processo estava

centrado na necessidade de transparência do processo de prestação do serviço de suporte

técnico que estava sendo prestado aos clientes naquela região.

Dentre os diversos modelos de contratos de suporte técnico vigentes, os quais haviam sido

firmados entre a Nokia Siemens Networks e seus clientes, existiam grandes variações quanto

ao tempo de atendimento, tempo de resposta e o tempo de resolução dos diferentes tipos de

problemas, intrinsecamente vinculados à prestação dos diversos níveis de suporte técnico que

coexistiam num mesmo contrato em virtude das classificações de cada tipo de problema.

16

A classificação de cada problema se enquadrava em uma categoria, da qual resultava o acordo

do nível de serviço ou “SLA - Service Level Agreement”, servindo este como base para a

prestação do suporte técnico dos diversos acordos que haviam sido firmados entre a Nokia

Siemens Networks e seus diversos clientes na America Latina.

Vale ressaltar que, em segundo plano no nosso estudo de caso, estaremos fazendo uma rápida

análise sobre o sistema de apoio à decisão utilizado durante o processo de seleção dos

prestadores de serviços subcontratados, que passaram a fornecer o primeiro nível de suporte

técnico a todos os clientes da Nokia Siemens Networks na América Latina.

A proposta do nosso trabalho é fazer uma análise crítica da primeira fase do processo de

implementação da terceirização que foi executada no primeiro nível de suporte técnico da

Nokia Siemens Networks dentro da América Latina.

O presente trabalho tem como foco principal a realização de um estudo de caso que visa

prover ao leitor alguns dados básicos para que, posteriormente, possa ser feita uma análise

mais criteriosa da estratégia adotada pela Nokia Siemens Networks durante a fase de

implantação das subcontratadas. Isto de forma a que o leitor possa identificar quais eram os

principais problemas ocorridos na época, além de possibilitar que sejam feitos debates em

grupos de discussões sobre os impactos oriundos da alteração dos processos internos da Nokia

Siemens Networks, surgidos em conseqüência da adoção deste processo de terceirização.

Ressaltamos que o caso em questão é resultante do estudo de caso vivenciado pelo mestrando

dentro desta empresa multinacional de grande porte.

17

3 Referencial teórico

O presente trabalho consiste em uma investigação de natureza teórica-prática, na medida em

que se apóia na produção acadêmica recente sobre o tema e utiliza o estudo de um caso real,

para se traçar um comparativo entre os resultados teóricos esperados e os realmente obtidos, e

procura propor explicações para estes resultados.

Com o objetivo de identificar o estado atual da produção acadêmica na área de processos de

terceirização, e mais especificamente, terceirizações em empresas de base tecnológica,

publicados de 1985 a 2009.

As palavras de referência utilizadas para seleção dos artigos foram Outsourcing, Outsourcing

Service, Outsourcing Telecom, Outsourcing TI e Terceirização, Terceirização Serviços,

Terceirização Telecomunicações e Terceirização Tecnologia da Informação. A base de dados

utilizada foi a Business Source Complete disponibilizada pela EBSCO (Elton B. Stephens

Company). Em face do objetivo pretendido, foram considerados apenas os documentos da

categoria artigos e descartadas as demais referências como, por exemplo, as enquadradas na

categoria book review e editorial.

A etapa seguinte consistiu da leitura dos resumos de todos os artigos. Essa informação levou à

adoção de um critério complementar para a pesquisa bibliográfica, a fim de se selecionar os

mais pertinentes à questão em estudo e de se buscar um entendimento amplo dos processos de

terceirização em organizações e seus efeitos.

Desse universo foram selecionados 15 artigos para leitura. Cabe ressaltar que além dos

periódicos-alvos da pesquisa também foram utilizados artigos de outras publicações, citados

por autores dos artigos preliminarmente identificados.

Na busca de artigos que retratassem a realidade brasileira também foi utilizada a base de

dados da SciELO (The Scientific Electronic Library Online) disponibilizada pela FAPESP

(Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) com as chaves Terceirização,

Terceirização Serviços, Terceirização Telecomunicações e Terceirização Tecnologia da

Informação. Três artigos foram identificados e selecionados.

18

Durante nossa pesquisa bibliográfica conseguimos identificar que a grande parte das teorias

oriundas do processo de terceirização são, em sua grande maioria, teorias econômicas. De

acordo com Looff (1997), estas teorias passaram a ser utilizadas por grandes corporações e

empresas, de modo geral para análise dos processos de terceirização, visto que terceirização é

uma decisão organizacional com várias conseqüências econômicas.

O modelo proposto por Grover et al. (1998) visa fazer uma avaliação do processo de

terceirização, considerando que o mesmo era baseado em quatro teorias, distribuídas da

seguinte forma:

• Teoria do Custo da Transação (WILLIMSON, 1975);

• Teoria do Custo de Agenciamento (JENSEN e MECKING, 1976);

• Teoria Baseada em Recursos (GRANT, 1991);

• Teoria da Dependência de Recursos (PFEFFER e SALANCIK, 1978).

Prado e Takaoka (2001) propuseram um novo modelo, acrescentando a essas quatro teorias as

forças competitivas de Porter (1986), as competências essenciais de Quinn e Hilmer (1994) e

as motivações para a terceirização encontradas nos trabalhos de Applegate, McFarland e

McKenney (1996) e Klepper e Jones (1998).

Organizações no âmbito global estão, cada vez mais, considerando a implementação de

processos de terceirização, total ou parcial, sendo que segundo Applegate, McFarland e

McKenney (1996), muitas dessas organizações têm alto grau de expectativa em relação à

terceirização, alimentada por uma propaganda positiva nos meios de comunicação

especializados e pelos fornecedores desses serviços.

Diversas são as fontes de informações públicas e privadas que têm enfatizado o ganho de

performance no processo de terceirização. De acordo com Applegate, McFarland e

McKenney (1996), o gerenciamento de alianças estratégicas de longo prazo tem se tornando o

maior dentre os desafios existentes num processo de terceirização.

Grover et al. (1998) observaram que a natureza do processo de terceirização tem passado por

um processo de evolução nos últimos anos, principalmente, se fizermos uma rápida análise

19

comparativa com parâmetros e procedimentos mais utilizados durante o século XX. Segundo

Oltman (1990), a implementação de processos voltados para terceirização de atividades

vieram para ficar, tendo em vista a rápida evolução tecnológica, aliada à crescente

competitividade entre as empresas em decorrência da crescente globalização dos produtos e

serviços, o que acabou por provocar mudanças quanto à implementação de estratégias de

terceirização por parte destas empresas.

Em contrapartida, temos Lacity, Willcocks e Fenny (1996), que relatam a existência de

diversas empresas que criam expectativas muito grandes sobre o processo de terceirização,

sendo que, após um período conturbado de implementação deste processo, os ganhos se

apresentaram com ínfimos, ou, até mesmo negativos. Algumas destas empresas optaram por

fazer o caminho reverso da terceirização, passando a adotar o processo de insourcing das

atividades que haviam sido originalmente terceirizadas; ou seja, algumas destas empresas

passaram a adotar a utilização de recursos internos em substituição aos recursos terceirizados,

em decorrência dos diversos problemas enfrentados.

Ioan I. Andone e Vasile-Daniel W. Pavaloia (2010) relacionam os principais tipos de

terceirização, dentre os quais poderemos destacar o outsourcing local e outsourcing

internacional, que estão diretamente relacionados à localização da empresa responsável pelo

fornecimento do serviço ou material. Por outra perspectiva os autores mencionam a existência

da opção de offshore no qual existe a transferência de processos e funções entre Países

distintos, que poderão ser implementadas caso existam razoes suficientes que justifiquem este

tipo de operação. Os mesmos autores fazem menção à possibilidade de utilização do modelo

offshore de outsourcing, que ocorre quando uma determinada empresa terceiriza parte de suas

atividades para uma empresa offshore que esteja localizada fora do País de origem.

John Von Neumann e Oskar Morgenstern (1944), através da publicação do artigo “Theory of

Games and Economic Behaviour”, deram início ao desenvolvimento da teoria da utilidade, a

qual criou o conceito de medição da utilidade de cada alternativa, na presença de múltiplos

atributos, por meio de uma função matemática. A evolução deste conceito acabou por dar

origem à criação da teoria de utilidade multiatributo, mas conhecida como MAUT.

De acordo com Keeney e Raiffa (1976), a modelagem probabilística permite a inserção das

incertezas na estrutura axiomática, fornecendo, desta forma, uma abordagem mais consistente

20

com a aplicação de MAUT para a solução de problemas multicritério de decisão sob situação

de incerteza.

Segundo Belton e Stewart (2002), a teoria MAUT de multicritério cria uma associação de

medida de valor a cada alternativa, de forma a produzir uma ordem de preferências entre as

alternativas, a qual é consistente com as avaliações de cada agente e do próprio tomador de

decisão.

Vincke (1989) relata que a escolha da utilização de um método de agregação dos critérios,

como a Teoria da Utilidade Multiatributo, é equivalente a escolher um tipo de “compensação

entre os atributos”. Na Teoria da Utilidade Multiatributo existe a noção de compensação da

quantidade que contrabalança com a desvantagem de um critério em relação a uma vantagem

de outro.

De acordo com o proposto por Collins (1997), a maioria das empresas busca formas

alternativas para o aprimoramento de suas capacitações técnicas, visando o incremento de sua

produtividade e melhoria de sua competitividade frente à globalização dos mercados. Na

tentativa de reduzir seus custos e aumentar sua flexibilidade e produtividade, as empresas

estão buscando novas parcerias de negócios, visando concentrar seus recursos em suas

competências essenciais, avaliando a possibilidade de realizar parte do seu processo produtivo

através de recursos internos ou externos, sendo que o aumento pela opção da transferência de

determinadas atividades tem se configurado como uma alternativa estratégica bastante

atraente.

Pires (1998) afirma que as empresas estão atualmente buscando novas formas de aperfeiçoar

atividades tradicionalmente integrantes do processo produtivo, sendo que uma das alternativas

encontradas é baseada na implementação do processo de terceirização, onde a empresa opta

por transferir parte de seu processo produtivo a empresas parceiras, que produzem resultados

semelhantes com custos menores, aliados a um incremento na velocidade no desenvolvimento

de inovações e melhorias dos processos de modo geral.

Furst & Schmidt (2001) relatam que a frenética evolução tecnológica aliada ao aumento da

competição nos mercados globalizados têm pressionado as empresas a reduzir seus custos e

promover melhorias na qualidade de seus produtos e serviços.

21

De acordo com os estudos realizados por Dekkers (2000), empresas que operam em

ambientes altamente competitivos, onde ocorrem intensas mudanças, sofrem uma grande

pressão pela implementação de melhorias constantes do seu desempenho, tendo como

contraponto algumas restrições que lhe são impostas. Entretanto, este ambiente acaba por

propiciar o desenvolvimento de novas oportunidades de exploração dos seus recursos que

visam a atender aos requisitos do negócio.

Ehie (2001) relata que a possibilidade de sucesso no processo de terceirização das atividades

ligadas ao processo produtivo e a prestação de serviços está intrinsecamente ligada à correta

identificação e seleção de quais atividades deveriam ser transferidas a um fornecedor externo,

tendo como ponto focal a análise da competência central da empresa de cada empresa.

Calvi (2001) apresenta um modelo de terceirização que se baseia na autonomia do fornecedor

quanto ao desenvolvimento de novos produtos e serviços, dentre os quais relata o risco

intrínseco desse tipo de desenvolvimento. Segundo o modelo proposto, existem cinco tipos

possíveis de envolvimento do cliente com seu fornecedor, no qual o relacionamento inicia-se

pelo modelo denominado de contratação clássica até o modelo onde passa a existir um co-

desenvolvimento crítico, sendo que durante o processo de terceirização passa a existir um

estreitamento do relacionamento entre cliente e fornecedor, proporcionando a criação de um

ambiente adequado para a implantação de melhorias ou até para o co-desenvolvimento de

novos produtos e serviços.

De acordo com os estudos realizados por Quinn e Hilmer (1994), foram identificados dois

principais fatores que afetam as decisões pela adoção de processos de terceirização de

atividades de manufatura, sendo eles: o grau estratégico de vulnerabilidade (risco do negócio)

e o potencial para vantagem competitiva. Como resultado de seus estudos, conseguimos

inferir que atividades que fornecem pouca vantagem competitiva e baixa vulnerabilidade de

fornecimento deveriam ser terceirizadas; já aquelas que fornecem alta vantagem competitiva e

expõem a companhia a um alto grau de risco do negócio, em função da vulnerabilidade do

fornecedor, deveriam ser produzidas e executadas pela própria empresa, não cabendo neste

caso a adoção de processos de terceirização destas atividades. Observamos também que nos

estudo supracitados existe um continuum de atividades existentes entre os dois extremos, que

demandam diferentes graus de controle e flexibilidade estratégica.

22

Monczka (1998) aponta para a importância de ser feito um estudo detalhado, englobando

todos os custos envolvidos no processo implementação e operação de sistemas terceirizados,

em comparação com os custos de produção própria, não terceirizada. Em seus estudos

Monczka (1998) relaciona uma lista com os principais elementos que compõem os custos

variáveis, os custos de produção, além dos custos operacionais.

Segundo Brueck (1995), o principal fator responsável pela obtenção do sucesso na

implantação de sistemas terceirizados está intrinsecamente relacionado à correta definição e

identificação do processo que estará sendo terceirizado, sendo que sempre deverão ser

observados os limites de autoridade e responsabilidade das partes envolvidas, isto de forma a

que se consiga gerenciar a relação de parceria que passa a existir entre o cliente e o fornecedor

do produto ou serviço que passou a ser terceirizado. Em seus estudos, Brueck (1998) relata a

existência de duas questões predominantes, sendo elas: qual interface deveria ser escolhida e

quais deveriam ser as dimensões e respectivos limites a ser implantados na terceirização de

cada sistema sob análise, sendo que a interface com o fornecedor deveria ser projetada de

forma a identificarmos com clareza a demarcação dos limites, de modo a simplificar a

operação das empresas envolvidas neste processo, além de possibilitar a implementação de

melhorias em todo o processo.

Rothery e Robertson (1995) chamam a atenção para as diversas reações negativas que

poderão surgir em detrimento da implantação de processos de terceirização, as quais poderão

surgir em virtude da rejeição à mudanças e total desconhecimento do processo por parte do

grupo de funcionários que estarão sendo afetados neste processo. Podemos relatar que as

reações observadas poderão variar desde uma simples desconfiança, que poderá evoluir para o

aumento do nível de estresse, agressividade, desânimo e isolamento dos funcionários

afetados, podendo eventualmente chegar a níveis críticos onde poderão ocorrer sabotagem do

próprio sistema.

Conforme descrito no tratando dos riscos de implantação do processo de terceirização,

Monczka (1998) descreve a existência de diversos fatores, dentre os quais poderemos

destacar:

• Problemas com a capacitação, tais como qualidade, tempo de ciclo, tecnologia, e custos;

• Itens ligados ao gerenciamento, como objetivos, priorização de tarefas, desempenho;

23

• Desvios de ética envolvendo propriedade da informação e exagerada dependência do

fornecedor;

• Problemas relativos ao mercado, tais quais a criação inadvertida de um concorrente e a

transferência de knowhow para a concorrência.

Harbison e Parker (1998) apresentam uma série de fatores que estão intrinsecamente

relacionados as melhores práticas para obtenção do sucesso em parcerias com fornecedores,

sendo eles:

• Criar uma estrutura organizacional flexível e enxuta;

• Basear os processos e a estrutura da parceria na estratégia e nas necessidades da mesma e

não nas “particularidades” dos parceiros;

• Acompanhar a reação dos concorrentes à parceria;

• Preparar e revisar periodicamente detalhados cronogramas, entre outras ferramentas de

acompanhamento;

• Confiar na comunicação aberta como forma de obter a flexibilidade na solução das questões

que apareçam;

• Definir, desde o início, os papéis do gerenciamento;

• Fornecer aos gerentes a força necessária para atingir os objetivos;

• Tornar acessíveis aos participantes, em tempo real, as lições aprendidas com a parceria.

Quinn e Hilmer (1994) relatam que novos modelos de gerenciamento deverão ser adotados ao

longo do processo de terceirização, sendo que tais ajustes deverão priorizar as seguintes áreas:

1- Desenvolvimento do processo de gerenciamento de compras e gestão de contratos, os quais

deverão ser realizados de forma profissional, com profissionais treinado;

2- Deverão ser executados os devidos aprimoramentos no sistema de informação e de

logística;

3- Deverão ser feita uma total reavaliação do sistema de gestão do conhecimento, isto de

forma a aprimorar o controle das informações e prover a retenção do conhecimento técnico

por parte da empresa.

Pires (1998) conclui em seus estudos que durante a implantação do processo de terceirização

a empresa poderá abrir mão de parte de seus ativos, infra-estrutura, mão-de-obra especializada

e competência, em conseqüência do repasse de parte de suas atividades para fornecedores

24

externos. Todo este processo tem como objetivo o incremento do foco desta empresa no

desempenho de suas atividades afins (“core business”).

De acordo com os estudos realizados por Giroux (1993) e Rouleau (1999), as mudanças

promovidas pelas organizações afetam diretamente a identidade dos indivíduos, de tal forma

que surgem alterações significativas na forma de como estes indivíduos interagem com a

própria organização e com o mundo ao seu redor.

Giroux (1993) relata que uma das principais falhas nos processos relacionados a mudanças

organizacionais está diretamente atrelada a problemas de comunicação dentro da própria

organização, o que acaba por agravar a resistência humana quanto a adoção de novas práticas.

Vince e Broussine (1996) concluem em seus estudos que as reações emocionais dos membros

integrantes de uma organização são erroneamente consideradas como questões de menor

importância frente a implementação de mudanças organizacionais.

Kets de Vries e Balaz (1999) conseguiram identificar alguns dos principais fatores causadores

da resistência a mudanças, sendo eles: medo do desconhecido, ansiedade, medo de que a

mudança possa acarretar numa eventual perda de status, autoridade e privilégios já

conquistados, dentre diversos outros fatores que poderão influenciar diretamente na adoção de

mudanças organizacionais.

25

4 Metodologia

O presente trabalho consistiu de um estudo de caso vivenciado pelo mestrando, ocorrido nesta

empresa multinacional de grande porte, atuante no mercado de telecomunicações a nível

global. O foco principal do presente trabalho se baseia na realização de uma análise

estratégica relativa à alteração dos processos internos que passaram a ser amplamente

utilizados pela Nokia Siemens Networks, após a conclusão do processo de fusão entre a Nokia

Networks e a Siemens Tecnologia, ocorrida no dia primeiro de abril de 2007.

O método de estudo de caso tem como base a teoria de estruturação e construção, que foi

estudada por Yin (2004), na qual temos como principal objetivo a avaliação em profundidade

dos fenômenos complexos na vida real.

O estudo de caso tem como principal objetivo trazer novos conhecimentos para os meios

acadêmico e empresarial, sendo que tais conhecimentos são normalmente obtidos através da

interpretação e observação holísticas das diversas situações existentes em nosso cotidiano

(RIEGES, 2003)

De acordo com os estudos apresentados por Eisenhardt (1989), o estudo de caso é uma

relevante fonte de construção teórica, na qual o pesquisador se vê obrigado a encontrar fatos e

evidências que possam lhe prover o aporte necessário para a construção de uma explicação

coerente baseada em fatos.

Em virtude da grande riqueza e diversidade dos dados coletados durante a fase de pesquisa em

campo, o pesquisador tende a encontrar grande dificuldade quanto à generalização da sua

construção teórica, que surgem principalmente em conseqüência da idiossincrasia da teoria,

juntamente com a falta de parcimônia amplamente utilizada pelo pesquisador durante a

realização da coleta dos dados (YIN, 2004).

Yin (2004) relata que para que uma pesquisa tenha maior confiabilidade e validade

teórica, o pesquisador deve observar os seguintes princípios básicos que deverão ser adotados

durante a fase de elaboração do construto:

26

• Utilizar várias fontes de evidência, valendo-se do processo de triangulação para

confirmação e re-checagem dos dados coletados;

• Criação de um banco de dados focado no estudo de caso;

• Definição clara do encadeamento das evidências e dados coletados, tendo como foco de

observação a visão de uma pessoa externa ao processo sob análise;

De acordo com Yin (2004), a utilização de fontes secundárias são de grande importância para

a elaboração de um estudo de caso, tendo em vista que estas podem “corroborar e valorizar as

evidências oriundas de outras fontes”, uma vez que se valem da utilização de documentos,

dados, fatos e evidencias disponibilizados na mídia;

Como ponto focal do presente trabalho, estaremos analisando as conseqüências do processo

de terceirização, implementado em de parte do suporte técnico de primeiro nível, que passou a

ser prestado por empresas sub-contratadas na América Latina, a partir de 27 de novembro de

2007.

A pesquisa procurou ressaltar o aspecto do contraditório, em especial sobre se de fato há ou

não ganho de performance por parte das organizações que são submetidas a este tipo

transformação. Em razão do retorno da empresa à condição inicial, ou seja, do fato de Nokia-

Siemens ter re-internalizado o suporte técnico em meados de 2010, obtém-se desta forma a

base de comparação entre os resultados esperados e os realmente atingidos com esta medida.

A pesquisa de campo consistiu no envio por e-mail de questionários, apresentados no

Apêndice A, a toda a população de 15 gestores que estavam diretamente envolvidos neste

processo, sendo que posteriormente foram selecionados três executivos mais diretamente

envolvidos no processo de decisão, os quais foram submetidos a entrevistas semi-estruturadas

que tinham por finalidade a obtenção maiores detalhes sobre os principais problemas

enfrentados durante a implementação do processo de terceirização.

4.1.1 Avaliação preliminar (“Survey”)

Como forma de se identificar o panorama no qual foi conduzido o processo de terceirização

na Nokia-Siemens foi proposto a realização de uma avaliação preliminar (“survey”) junto a

todos os profissionais envolvidos no processo da terceirização do suporte técnico. Buscam-se

desta forma mapear a situação vis a vis as propostas teóricas dos artigos.

27

4.1.2 Questionário

Para a condução deste trabalho foi desenvolvido um questionário cujas perguntas foram

formuladas com o intuito de verificar a aplicabilidade dos condicionantes teóricos que

sustentam um processo de terceirização. O questionário aplicado encontra-se no Apêndice A.

4.1.3 Entrevistas semi-estruturadas

A investigação aprofundada via entrevista semi-estruturada foi a opção definida para se

detalhar como o processo foi conduzido, como os executivos perceberam a transição, os

resultados obtidos e as razões para o retorno ao processo de prestação de suporte técnico com

equipe própria.

Segundo Cooper e Schindler (2003), as entrevistas pessoais, como uma forma de

questionamento direto, é uma metodologia versátil, que permite o acúmulo de grande

quantidade de informações abstratas, como intenções, opiniões, atitudes, expectativas e

compreensão de fatos passados por meio de pessoas que vivenciaram e se recordam de tais

fatos. Porém, eles ressaltam que a qualidade e abrangência das informações obtidas dependem

da cooperação dos respondentes e as respostas devem ser consideradas, portanto, como

opiniões pessoais e precisam ser contingenciadas, pois não são verdades absolutas.

4.1.4 Amostragem

Ainda segundo Cooper e Schindler (2003), para melhorar a eficiência do método é

recomendável assegurar-se da qualificação do respondente para fornecer as informações

buscadas, bem como da boa formulação e adequação das perguntas.

A esse respeito cabe destacar o cuidado adotado na seleção dos respondentes, todos

executivos e gestores da empresa, que tiveram a oportunidade de trabalhar na área antes,

durante e depois do processo de terceirização. Os nomes dos entrevistados foram omitidos de

modo a preservar suas declarações.

Uma vez definido o universo de respondentes, todos foram contatados diretamente por e-mail,

sendo que posteriormente agendaram-se diversos encontros para a realização das entrevistas

pessoais.

28

4.1.5 Questionário

As perguntas do questionário foram formuladas com o intuito de verificar a aplicabilidade das

tendências apontadas no mapeamento da literatura à dinâmica de internacionalização das

empresas brasileiras. O questionário aplicado encontra-se no Apêndice A.

Para efetuar a análise dos resultados das entrevistas utilizou-se a metodologia de análise de

conteúdo. Segundo Bardin (2004, p. 37), este tipo de análise consiste em “um conjunto de

técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e

objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que

permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção

(variáveis inferidas) destas mensagens.”

A metodologia possui uma ampla gama de aplicações em diversas áreas de conhecimento e é

muito utilizada na análise das respostas de perguntas abertas propostas em um questionário.

Dentre as técnicas utilizadas na análise de conteúdo – categorial (temática), avaliação,

enunciação, expressão e relações – a que será utilizada é a análise categorial, ou temática.

Segundo o autor, é a mais frequentemente utilizada e prática para tratar comunicações simples

e diretas.

Nessa análise busca-se estabelecer categorias, ou unidades de codificação, para as respostas

associadas a cada pergunta visando identificar a ocorrência ou não de padrões no grupo

pesquisado que ratifiquem, complementem ou confrontem os resultados da pesquisa

bibliográfica.

Seguindo a metodologia, a partir dessa análise, as respostas foram agrupadas em categorias,

dando origem à apuração de percentuais que servirão de base para a comparação dos

resultados do mapeamento da literatura com as informações das entrevistas.

Cabe ressaltar que os resultados obtidos não poderão ser generalizados para o conjunto de

empresas brasileiras, dadas as limitações impostas pelo estudo deste caso específico e pelo

fato de que as entrevistas expressam o ponto de vista pessoal do entrevistado e, portanto,

apenas uma das muitas visões possíveis relativamente ao processo de terceirização de

serviços.

29

5 Breve análise situacional do processo que deu origem a Nokia Siemens Networks

A seguir apresentaremos um breve histórico de como ocorreu o processo de fusão entre a

Nokia Networks e a Siemens Telecomunicações, que resultou na composição da Nokia

Siemens Networks em 01 de abril de 2007.

5.1.1 Sobre a Nokia

A Nokia é uma empresa atuante no mercado de telecomunicações móveis, voltada ao

fornecimento de dispositivos e na mobilidade dos indivíduos, além de fornecer equipamentos

de infra-estrutura, aliados ao desenvolvimento de soluções e serviços de telecomunicações

destinados as operadoras de rede e corporações.

5.1.2 Sobre a Siemens

A Siemens foi fundada há mais de 155 anos. A empresa atua atualmente nas áreas de

Informações e Comunicações, Automação e Controle, Energia, Transporte, Médica e de

Iluminação. É uma potência global em engenharia elétrica e eletrônica.

5.1.3 Sobre o processo de fusão que deu origem a Nokia Siemens Networks

Seguindo a tendência mundial em que grandes empresas de infra-estrutura de

telecomunicações têm se fundido, no dia 01 de abril de 2007 foi oficializado processo de

fusão da Nokia Networks e Siemens Telecomunicações. Assim, duas empresas concorrentes

passaram a atuar de forma centralizada tendo, como foco principal, o aumento da eficiência e

ampliação de sua participação no mercado de telecomunicações global.

No ano fiscal de 2005, as duas empresas em conjunto tiveram receitas anuais de 15,8 bilhões

de euros. Iniciaram suas operações com 60 mil funcionários, passando a empresa resultante da

fusão a ser reconhecida como a segunda maior fornecedora de infra-estrutura para o mercado

de telefonia móvel e a terceira maior fornecedora de infra-estrutura de redes no mercado de

telecomunicações global.

A sinergia estimada com o processo de fusão previa uma redução nos custos de 1,5 bilhão de

euros por ano até 2010, tendo como base principal a eliminação da sobreposição de funções,

consolidação e melhor utilização das organizações de vendas e marketing, redução dos custos

30

indiretos, benefícios de suprimento e mais eficiência em Pesquisa & Desenvolvimento.

Através do processo de fusão a Nokia Siemens Networks passou a oferecer aos seus clientes

uma carteira completa de produtos para redes fixas e móveis, apoiados por uma diversidade

completa de serviços profissionais. Dentre o amplo portfólio poderemos destacar os produtos

voltados para a convergência da próxima geração de rede (“Next Generation Network”) como

o IMS (Subsistema Multimídia sobre IP), acesso 2G GSM/EDGE (“Enhanced Data rates for

GSM Evolution”), acesso 3G WCDMA/HSDPA (Acesso Múltiplo por Divisão de Código de

Banda Larga/Acesso por Pacote de Downlink de Alta Velocidade), abrangente núcleo móvel,

banda larga fixa, transporte, IPTV (“Internet Protocol Television”), LTE (“Long Term

Evolution”), WiMAX (“Worldwide Interoperability for Microwave Access”), além de

diversos outros produtos móveis de voz de baixo custo, desenvolvidos com o foco em

operadoras de mercados emergentes.

5.1.4 Alteração do processo utilizados na resolução de casos da Nokia Siemens Networks

Após esta rápida introdução situacional que abordou o processo de fusão que deu origem a

Nokia Siemens Networks, estaremos, a seguir, detalhando as principais alterações que foram

realizadas no processo de abertura, acompanhamento e fechamento de chamados (“trouble

tickets”), até então sendo realizados individualmente pela Nokia e pela Siemens, tendo como

foco a solução de problemas de seus respectivos clientes.

5.1.5 Análise do processo utilizado originalmente pela Nokia para o suporte, tratamento e solução de problemas relacionados ao suporte técnico:

Abaixo temos a figura 1 descrita a seguir ilustra como eram realizados os procedimentos

básicos para a resolução de problemas utilizados pela Nokia antes do processo de fusão, que

resultou na formação da Nokia Siemens Networks.

31

Figura 1 – Suporte técnico prestado originalmente pela Nokia

Fonte:

https://inside.nokiasiemensnetworks.com/global/Work/Sales/Pricing/Pages/ToolsProcess

esPricing.aspx?redirected=true

Com base na análise da figura 1, pode-se inferir que o processo utilizado pela Nokia para o

tratamento e resolução de problemas de seus clientes focava na resolução de 60% a 70% do

total de problemas já no primeiro nível de suporte técnico (T1/T2). Dentro da estrutura

proposta pela Nokia não existia separação entre o primeiro nível de suporte (T1) e o segundo

nível de suporte (T2), o que eventualmente ocasionava a sub-utilização de seus recursos

técnicos de mais alto nível. Estes estavam sendo utilizados na resolução de problemas

relativamente simples, o que poderia resultar no incremento desnecessário dos custos

operacionais relativos a prestação do suporte técnico aos clientes.

De outro lado, 30% a 40% do total de casos estavam sendo escalonados para o suporte técnico

de mais alto nível (T3), sendo que, dentre estes casos escalonados para o T3, somente 10% a

15% do total destes casos estariam sendo escalonados para o grupo de pesquisa e

32

desenvolvimento (R&D). Este último estaria voltando seus esforços na solução de problemas

técnicos que demandassem o desenvolvimento de correções de software (“SW Patch”) e

demais soluções customizadas, visando atender as necessidades de seus clientes.

Vale ressaltar que a prestação do suporte técnico de primeiro e segundo nível, então providos

pela Nokia, se voltava à utilização de recursos locais, distribuídos dentre os diversos Países na

América Latina, nos quais a Nokia possuía alguma base instalada. De acordo com o processo

amplamente utilizado pela Nokia, apenas o suporte de terceiro nível (T3) e o departamento de

pesquisa e desenvolvimento (“R&D”) estavam centralizados na Europa, dado o nível de

competência demandado por estes níveis de suporte técnico.

5.1.6 Análise do processo utilizado originalmente pela Siemens para o suporte, tratamento e solução de problemas relacionados ao suporte técnico:

A figura 2, descrita a seguir, evidencia que o processo utilizado originalmente pela Siemens

era baseado numa distribuição de tarefas de acordo com o grau de dificuldade e nível de

competência necessário para a solução dos problemas abertos pelos seus clientes.

Claramente é identificada a existência de três níveis distintos de suporte técnico: primeiro, o

centro de integração com o cliente, mais conhecido como CIC, que compreendia o primeiro

nível de suporte técnico no qual todos chamados abertos eram inicialmente encaminhados,

cabendo a este a resolução de 15% do total de casos abertos.

Do total de casos remanescentes, 60% seriam solucionados pelo segundo nível de suporte

técnico, que eram denominados centros de suporte técnico regional, mais conhecido como R-

NCC (“Regional Care Center”), sendo que deste total 25% dos casos abertos pelos clientes

estariam sendo tratados diretamente pela central de suporte de rede, conhecida como NCC

(“Network Care Center”). Tais casos não haviam sido devidamente solucionados pelo

primeiro e segundo nível de suporte técnico e necessitavam de suporte técnico de mais alto

nível.

33

Figura 2 – Suporte técnico prestado originalmente pela Siemens

Fonte:

https://inside.nokiasiemensnetworks.com/global/Work/Sales/Pricing/Pages/ToolsProcess

esPricing.aspx?redirected=true

Com base numa rápida análise comparativa com o processo de suporte técnico utilizado pela

Nokia permite inferir que o processo de suporte técnico, então prestado pela Siemens, estava

focado na centralização dos processos, tendo como objetivo principal a redução dos custos e

otimização dos recursos empregados na prestação deste serviço.

5.1.7 Análise do novo processo proposto pela NSN para o suporte, tratamento e solução de problemas:

A seguir apresentamos o quadro comparativo ilustrativo da alteração no processo de suporte

técnico para a solução de problemas (Figura 3), que passou a vigorar logo após a conclusão do

processo de fusão, que deu origem a Nokia Siemens Networks. A alteração e unificação do

processo de prestação do suporte técnico a nível global foi oficializado em primeiro de abril

34

de 2007, mesma data em que foi oficializada a fusão da Nokia com a Siemens a nível

mundial.

Figura 3 – Suporte técnico que passou a ser prestado pela Nokia Siemens Networks

Fonte:

https://inside.nokiasiemensnetworks.com/global/Work/Sales/Pricing/Pages/ToolsProcess

esPricing.aspx?redirected=true

Após a conclusão do processo de fusão das empresas deu-se início à implantação do novo

processo de suporte técnico unificado de forma a suprir todo o legado existente, distribuído

entre clientes da ex-Nokia e clientes da ex-Siemens, conforme ilustrado na figura 3 que se

encontra detalhada acima.

Siemens

CICCustomer Interaction Center

NCCNetwork Care Center

9

R&D

CUSTOMER

R- NCCRegional

Network Care Center

NOKIA

T1/T2

R&D

CUSTOMER

T3

60-70% solved

on T1/T2 level

30-40%

escalated to T3

10-15%

escalated to R&D

15% solved on CIC level

60% solved on CIC level

25% solved on NCC / R&D level

Regional

Global

Regional

Global

Customer Interaction

Teams

R&D

Technical Support

CUSTOMER

GlobalCare Centers

35

Figura 4 – Suporte técnico que passou a ser prestado pela Nokia Siemens Networks

Fonte:

https://inside.nokiasiemensnetworks.com/global/Work/Sales/Pricing/Pages/ToolsProcess

esPricing.aspx?redirected=true

A opção do novo modelo de suporte técnico da Nokia Siemens Networks apresentada na

figura 4 ficou distribuída entre duas principais categorias, sendo elas:

• Suporte técnico de primeiro nível, prestado a nível local, o qual passou a ser

executado pelo time local denominado Time de Interação com Clientes, mais

conhecido como CIT (“Customer Interaction Team”), designado para atuar como

principal interface da Nokia Siemens Networks junto a seus clientes a nível local;

Ou seja, o CIT passou a ser a principal interface da Nokia Siemens Networks com

seus clientes dentro de cada Pais onde esta se fazia de alguma forma presente.

36

• Suporte técnico de segundo e terceiro nível centralizado a nível global, o qual foi

implementado na tentativa de otimizar todos os custos e recursos que estavam

sendo empregados pela Nokia Siemens Networks quanto à prestação deste serviço

junto aos diversos clientes.

Dentre o processo de implementação do suporte técnico centralizado a nível Global pode-se

destacar a existência do segundo nível de suporte, denominado Global Care Center (GCC),

além da manutenção dos times responsáveis pelo suporte técnico de terceiro nível, conhecidos

como suporte técnico (TS) e do departamento de pesquisa e desenvolvimento (R&D).

5.1.8 Processo subcontratação do suporte técnico de primeiro nível

A estratégia de terceirização de parte do suporte técnico de primeiro nível foi implementada

pela Nokia Siemens Networks a partir de 27 de novembro de 2007. A partir desta data este

serviço passou a ser prestado por empresas subcontratadas.

O processo de seleção destas empresas subcontratadas teve como base o sistema de apoio a

decisão baseado na Teoria da Utilidade Multiatributo, comumente conhecida sob a sigla

MAUT.

A Teoria da Utilidade Multiatributo foi utilizada pela Nokia Siemens Networks como sistema

de decisão apoio a decisão para o processo de seleção da empresas subcontratadas para prover

o suporte técnico de primeiro nível. Isto porque a citada teoria incorpora uma modelagem

probabilística, a qual permite a inserção de incertezas dentro da estrutura axiomática,

fornecendo uma abordagem mais consistente para a solução de problemas multicritério de

decisão sob situação de incerteza; assim, se obtém uma ordem de preferências entre as

alternativas disponíveis, consistente com as avaliações (provenientes de cálculos ou juízos de

valor) de cada agente e do próprio tomador de decisão.

No processo de seleção dos prestadores de serviço realizado pela Nokia Siemens Networks

foram inicialmente pré-selecionadas oito empresas, possuidoras de vasta experiência na

prestação do serviço de suporte técnico na América Latina. Todas as oito empresas foram

37

submetidas ao processo de avaliação, desenvolvidos sobre a Teoria de Utilidade

Multiatributo, onde diversos critérios de pontuação foram utilizados pelos avaliadores. O

objetivo era tornar possível a seleção dos subcontratados que estariam atuando na prestação

do suporte técnico de primeiro nível, conforme na tabela 1 descrita abaixo:

Critérios Principais Sub-critérios

1 Análise da Organização sob o ponto de vista de Capacidade e Financeiro Avaliação por Subcontratada

1 Adequação ao projeto / organização de suporte técnico

2 Recursos adequados (empregados, Subcontratados,

equipamentos,etc.) 3 Sistema de gestão adequado 4 Cobertura geográfica / localização das operações

5 Equidade 6 Volume de negócios, rentabilidade, solvência

7 Análise da participação da NSN na receita anual da

subcontratada

8 Segurança quando ao pagamento de tributos e impostos /

registro de companhia (registro comercial,etc.) 9 Portfólio de Serviços / Negócios

10 Análise do volume total de negócios2 Competência Técnica

Avaliação por Subcontratada

1 Análise da competência da nova parceira e escopo do

serviço ofertado

2 Análise das competências lingüísticas (idiomática)

oferecido pela subcontratada 3 Programas de Desenvolvimento de Competências

4 Experiência anterior deste fornecedor com a NSN 5 Análise da certificação do pessoal junto a NSN 6 Referências

7 Disponibilidade das instalações e equipamentos

necessários a correta execução do serviço

8 Análise da experiência com gestão relatada pela

subcontratada

9 Nível necessário de envolvimento da NSN para execução

da atividade 3 Níveis de Preço Avaliação por Subcontratada 1 Nível de preço 2 Condições de pagamento 3 Faturamento 4 Estabilidade de preços

38

5 Desempenho 6 Possibilidade de Financiamento (risco financeiro) 4 Processos de Qualidade

e Segurança

Avaliação por Subcontratada

1 Certificado de sistema de qualidade de serviço (PAF &

IQS) 2 Sistema de relatórios 3 Processo de desenvolvimento e controle

4 Sistema de controle e auditoria 5 Sistema de manipulação de casos

6 Sistema de documentação 7 Certificado de segurança, plano de treinamento interno 8 Gestão de resíduos

9 Compromisso com o tempo de resposta (SLA)

10 Processo de seleção, contratação e nomeação dos

funcionários selecionados para cada tipo de tarefa 5 Flexibilidade,

confiabilidade, Gestão de Riscos

Avaliação por Subcontratada

1 Análise como fornecedor da NSN

2 Habilidade para se adequar a alterações no calendário

originalmente proposto 3 Habilidade para se adaptar ao novo escopo de trabalho

4 Habilidade para alterar a sua área de localização/atuação

geográfica

5 Capacidade de aumentar os recursos no curto prazo

6 Habilidade para transpor riscos e dificuldades

7 Habilidade para acatar sanções e penalidades

8 Competição direta 9 Sistema de gestão de risco

10 Retenção de Recursos

Tabela 1 – Avaliação de subcontratadas

Fonte:

https://inside.nokiasiemensnetworks.com/global/Work/Sales/CSSC/Pages/CSSC.aspx

Após a conclusão de todo o processo de seleção dos sub-contratados, a Nokia Siemens

Networks havia selecionado duas subcontratadas, as quais passaram a atuar como prestadoras

do suporte técnico de primeiro nível dentro da América Latina. Uma das subcontratadas

selecionadas passaria a atuar na região Andina, no México e América Central, enquanto que a

outra estaria atuando nos demais países que compõem a América do Sul.

39

O processo de seleção das duas subcontratadas teve seu início logo após a conclusão do

processo de fusão que deu origem a Nokia Siemens Networks. Em 27 de novembro de 2007 a

prestação do suporte técnico de primeiro nível passou a ser executado por estas empresas

subcontratadas.

40

6 Análise dos resultados obtidos

Faremos nesta seção uma análise dos resultados que foram observados durante a realização da

pesquisa de campo, a qual teve como principal objetivo a identificação dos fatores

motivacionais que levaram à adoção do processo de terceirização do suporte técnico de

primeiro nível, além da identificação dos principais problemas e barreiras enfrentadas durante

a fase de implantação, que acabaram por ocasionar o retrocesso do processo de terceirização

já em meados de 2009.

Com base nos estudos apresentados por Furst e Schmidt (2001), todas empresas da atualidade

estão buscado reduzir seus custos, focando seus esforços na melhoria da qualidade e

desempenho de seus produtos e serviços (DEKKERS, 2000), na tentativa de aperfeiçoar

atividades tradicionalmente integrantes do processo produtivo (PIRES, 1998), sendo que tais

fatores foram amplamente relatados pelos entrevistados como sendo os principais fatores que

levaram a Nokia Siemens Networks a adotar a estratégia de terceirização do primeiro nível de

suporte técnico, conforme descrito em alguns depoimentos destacados a seguir:

(Executivo 1) “Estávamos buscando redução de custos com base na redução dos

custos fixos e foco em atividades “Core” da empresa.”

(Gerente 1) “...a empresa buscou uma redução de custo, tentando atribuir atividades

mais operacionais de tratamento de casos, como coleta dos primeiros sintomas do

equipamento, para uma mão de obra mais barata.”

(Gerente 2) “A decisão visava especificamente uma redução de custo, na qual foram

terceirizadas as atividades consideradas como de rotina, as quais demandavam menor

capacidade técnica, visando cobrir a falta de pessoal à nível regional.”

(Gerente 3) “Buscou primeiramente redução de custos, eficiência operacional e

aumento da satisfação do cliente”

(Gerente 6) “...um fator que contribui muito para a terceirização foi a idéia de

aumentar a capacidade de tratamento de casos sem aumento do recurso humano

(interno) da empresa”

41

De acordo com os estudos realizados por Monczka (1998), Giroux (1993) e Rouleau (1999),

existem diversos fatores que põem em risco a implantação de processos de terceirização,

dentre os quais poderemos destacar o fato de que também poderão existir reações negativas

em detrimento de falhas de comunicação durante a implantação do processo de terceirização

(ROTHERY e ROBERTSON, 1995). Fato este que pode ter sido agravado com base nos

estudos realizados por Kets de Vries e Balaz (1999), que retratam alguns dos principais

causadores da resistência a adoção de mudanças organizacionais. Abaixo destacamos os

principais fatores que foram identificados nos depoimentos de alguns de nossos entrevistados:

(Gerente 1) “... o processo não levou em conta as características de cada cliente, pois

existem alguns clientes que tem a operação centralizada com equipes de mais baixo

nível e outros clientes que possuem equipes de mais alto nível. Quando um caso era

aberto por estes clientes, todos os sintomas simples já haviam sido analisados pela

própria equipe interna do cliente, sendo que a empresa terceirizada mostrava muito

desconhecimento do produto. Isto gerava um mal estar para os clientes que atuam com

equipes de alta performance na sua operação.”

(Gerente 1) “Inicialmente existiu dentro das equipes um certo sentimento de medo,

pois todos estavam achando que os demais níveis de tratamento de casos também

seriam terceirizados, visando a redução de custo.”

(Gerente 4) “... o processo foi planejado de forma muito superficial e implementado

com negligência. Planejado de forma superficial, pois ao nível da operação foram

sendo descobertas várias lacunas que prejudicavam o suporte como falta de melhor

“marketing” do processo através das organizações internas envolvidas e de um

“owner” forte na estrutura, com capacidade de fazer valer a mudança de “mindset”.

Isso gerou necessidade de uma maior atuação do pessoal interno e desgaste com o

cliente além de falhas no processo de previsão do volume de trabalho que acarretaram

problemas de dimensionamento em times envolvidas no processo de suporte. A

implementação rápida com pouco “interworking” prévio com o time interno para

transferência de competência técnica e não técnica e aproximação do pessoal, não

utilização geográfica como oportunidade de sinergia, ou seja, equipe de primeiro nível

em sítio diferente da equipe do segundo, não implementação de um sistema de

42

certificação para os engenheiros antes do começo de suas atividades, foram pontos que

contribuíram para a ineficiência do serviço, gerou competição entre os níveis ao invés

de parceria e culminou com a criação de estruturas paralelas de suporte para evitar o

processo padrão, que geram custos adicionais em todas as carteiras de clientes.”

(Gerente 9) “Apesar de todos os papéis e atribuições estarem bem definidos, os

problemas enfrentados foram:

• Falta de conhecimento técnico entre os funcionários novos da empresa terceira

devido ao pouco treinamento e pouco tempo de prática nos equipamentos;

• Entre os funcionários que foram transferidos para a empresa terceirizada, foi

detectada a falta de comprometimento e comportamento “burocrático”, típico

de quem entra às 9 e sai às 6 da tarde sem se importar se as coisas vão bem ou

mal;

• Reação acalorada por parte dos clientes, que não reagiram bem à essa mudança

na estrutura de suporte e se irritavam com a falta de conhecimento e/ou

comprometimento do pessoal da empresa terceirizada;”

Quinn e Hilmer (1994) relatam que o risco do negócio, juntamente com o potencial de

vantagem competitiva são os dois fatores decisivos quanto a adoção do processo de

terceirização, entretanto segundo Brueck (1995) a correta identificação e definição do

processo que estará sendo terceirizado é o fator fundamental para o sucesso na implementação

de processos de terceirização. Conseguimos observar que alguns destes fatores foram

abordados nos depoimentos de nossos entrevistados, conforme descrito a seguir:

(Executivo 2) “O processo foi longamente planejado. Houve um processo de Analise

de “Make or Buy” onde se definiu, através de uma análise de quais seriam as

atividades “Core” da empresa e quais as atividades que poderiam ser terceirizadas,

com base em algumas premissas e diretrizes da companhia. Assim, como resultado

dessa analise, que levou cerca de 2 meses, decidiu-se por terceirizar a parte de suporte

técnico de primeiro nível”

(Gerente 5) “....todo o processo foi planejado tendo como base uma análise detalhada

de todas as atividades executadas pela empresa, foi feita uma classificação daquelas

que deveriam ser executadas por pessoal próprio e as que deveriam ser compradas, ou

43

seja, executadas por terceiros. Tal classificação foi baseada em critérios como,

complexidade, importância para o “Core Business” da empresa, manter internas as

atividades que geram maior valor agregado aos clientes e maior margem, entre outros.

Ao finalizar o estudo, concluiu-se que o suporte de primeiro nível tem complexidade

baixa, gera menor valor agregado ao cliente, menor margem e uma vez terceirizado

abriria mais espaço para focar no segundo nível de suporte para oferecer mais valor

agregado ao cliente através de melhorias e inovações nos serviços atuais.”

Fazendo uma análise do ponto de vista dos riscos e oportunidades envolvidas em todo o

processo de terceirização, tendo como base teórica os estudos apresentados por Quinn e

Hilmer (1994), conseguimos observar que:

(Executivo 3) “... existiu um grande risco na operação, uma vez que estávamos

terceirizando a primeira interface com o cliente durante a resolução de problemas ... O

Cliente paga muito por um serviço de alto valor agregado e expectativa é muito alta.”

(Gerente 8) “... existiu um risco inominável, pois o mercado em que a empresa atua é

muito restrito: Poucas operadoras, equipamentos complexos e problemas constantes.

Isso se desenvolveu, ao longo dos anos, uma relação visceral cliente-fornecedor, tal

como um paciente portador de câncer se apega ao seu oncologista. Ao transferir esse

contato de primeiro nível com o cliente para uma empresa que pouco sabia do nosso

negócio e, na prática, transformou o contato técnico em algo mais impessoal e

burocrático, isso irritou nossos clientes de uma forma nunca antes vista, baixando os

índices de satisfação.”

(Gerente 9) “...a adoção representou uma grande oportunidade. Uma vez que a

empresa contratante identificou que este era um serviço que deveria ser comprado

depois de um estudo estratégico minucioso. Entretanto, devido ao fracasso de

planejamento e implementação do mesmo, este passou a ser visto como uma grande

ameaça, pois o suporte prestado ao cliente passou a ser executado de forma

inadequada, o que poderia resultar em perda de cliente, receita e margem.”

Observamos a existência de diversos relatos que abordavam as principais barreiras

encontradas durante a fase de implantação do processo de terceirização, sendo que alguns

44

destes depoimentos se contrapõe ao processo de simplificação da operação proposto por

Brueck (1998) e aprimoramento da capacitação técnica, visando a melhoria da

competitividade e flexibilidade proposto por Collins (1997).

(Gerente 6) “... a maior dificuldade foi encontrar mão de obra no mercado a baixo

custo com conhecimento específico nos produtos da Nokia Siemens.”

(Gerente 6) “... a mão de obra disponibilizada pela terceirizada não tinha a preparação

necessária para realizar o primeiro atendimento dos casos.”

(Executivo 2) “...O cliente estava acostumado a ser contatado por pessoas muito mais

experientes e sentiram a queda na prestação do serviço de suporte técnico quando

passaram a ter interface com pessoas com conhecimento bem básico ou quase nulo em

algumas tecnologias.”

(Gerente 7) “...a principal barreira da empresa terceira foi na capacitação dos recursos.

Percebemos que a qualidade caiu enormemente e os clientes estavam reclamando. Ao

contrario do que se imaginava, como a empresa terceira recebia por chamado aberto

pelos nossos clientes finais, independentemente se resolvia o caso ou não, como

resultado negativo foi percebido: alto custo repassado a terceirizada, atraso no

processo de solução e piora na qualidade da prestação do serviço ao cliente final.”

(Gerente 4) “Sem dúvida, uma barreira interna foi a aceitação por parte dos times

internos de contas dos clientes em ter pessoas externas, as quais não conheciam

pessoalmente nem suas competências em detrimento de times internos altamente

especializados já consolidados. Barreiras externas não foram forças fortes neste

processo.”

(Gerente 4) “Não foi utilizado um critério que levasse em consideração as áreas de

competência que os candidatos iriam atuar. Isso sem dúvida dificultou o processo

curto de aprendizagem e consequentemente o suporte ao cliente.”

(Gerente 8) “... dentre todas, a maior dificuldade enfrentada foi o fato de que as

pessoas que tinham efetivo poder de decisão na implementação desse processo de

45

terceirização não tinham idéia do relacionamento no dia-a-dia com os clientes, e

julgavam que a tecnologia seria facilmente assimilável por alguém sem experiência

prática no assunto.”

De acordo com os estudos apresentados por Pires (1998), durante o processo de terceirização

a empresa poderá abrir mão de parte de seus ativos, infra-estrutura, mão-de-obra especializada

e competência, tendo como objetivo o incremento do foco no desempenho, redução dos seus

custos e promover melhorias na qualidade de seus produtos e serviços (FURST e SCHMID,

2001). Entretanto, de acordo com os relatos de grande parte dos entrevistados, conseguimos

concluir que este objetivo não fora alcançado, tendo em vista que:

(Gerente 4) “Não houve redução e sim aumento dos custos. Isto devido a grande

estrutura gerencial carregada nos custos fixos da terceirizada e também pela utilização

de estruturas paralelas de suporte devido ao grande descrédito no time de

subcontratados por parte dos gerentes de contas. Não houve ganho de produtividade,

pois a implementação não foi feita de forma correta, ocasionando problemas de

competência, atitude e conflito de interesses.”

(Gerente 9) “... foram criadas estruturas de suporte paralelo, um problema constante

reportado pelos subcontratados era o “bypass” do serviço, onde os times paralelos, por

não confiarem no time terceirizado, executavam as atividades do time de

subcontratados.”

(Gerente 2) “Tivemos a nítida percepção de que a qualidade do serviço prestado havia

piorado.”

(Executivo 1) “Na verdade ocorreu uma grande degradação do serviço prestado.

Como uma observação geral, acho que o grande problema que fez com que o modelo

fracassasse foram:

1) Falta de competência em algumas tecnologias;

2) Falta de controle: O processo de controle dos subcontratados (certificação,

treinamento, etc.) não foi implementado devido ao custo elevado;

46

3) Falta de uma política de “ganho de escala” para pagamentos efetuados junto a

subcontratada, onde poderíamos ter uma redução de custo muito mais

significativa.”

(Executivo 2) “Não tivemos sucesso, pois o objetivo final que era focado na melhora

da qualidade do atendimento, aumento de agilidade e redução de custo não foram

atingidos.”

47

7 Considerações finais

Tendo como base os resultados observados na pesquisa de campo, os quais foram

confrontados no capítulo anterior com a base teórica coletada neste trabalho, poderemos

inferir que:

Apesar da estratégia de terceirização adotada pela Nokia Siemens Networks ter sido

inicialmente elaborada de forma consciente, na qual tinha-se como principal objetivo a

redução dos custos (FURST e SCHMIDT, 2001), aliado a melhoria contínua da qualidade e

desempenho dos serviços prestados a seus clientes (DEKKERS, 2000), aparentemente a

empresa falhou em não se atentar ao risco intrínseco desta estar terceirizando parte do seu

“core business” (QUINN e HILMER, 1994). Fato este que foi agravado devido a falhas de

comunicação durante a implantação do processo de terceirização (ROTHERY e

ROBERTSON, 1995).

Observamos que contrariamente aos objetivos originalmente propostos, a implementação do

processo de terceirização acabou por gerar uma maior complexidade da operação (BRUECK,

1995), fato este que foi agravado principalmente em decorrência da falta de mão de obra

especializada e de baixo custo (MONCZKA, 1998), o que acabou por criar uma verdadeira

perda de competitividade frente a seus concorrentes (COLLINS, 1997).

Outra falha observada em nosso estudo está diretamente relacionada ao processo de

capacitação técnica dos subcontratados (PIRES, 1998), no qual a empresa em teoria poderia

abrir mão de parte de seus ativos, infra-estrutura, mão-de-obra especializada em decorrência

da melhoria do seu desempenho, objetivando a redução de seus custos e a melhoria da

qualidade de seus produtos e serviços (FURST e SCHMID, 2001).

Contrariamente ao principal objetivo inicialmente proposto, a empresa acabou por

incrementar seus custos em decorrência da criação de uma estrutura interna de suporte técnico

que passou a operar de forma paralela a empresa terceirizada. Outro fator que contribuiu para

o incremento dos custos está diretamente relacionado a necessidade da criação de toda uma

estrutura gerencial que tinha como finalidade o efetivo controle de todas as atividades que

estavam sendo prestadas pela empresa terceirizada.

48

Poderemos inferir que após uma minuciosa análise de todos dados coletados na presente

pesquisa, conseguimos identificar que os principais fatores citados nos estudos de Harbison e

Parker (1998) não foram efetivamente seguidos durante o processo de implantação da

terceirização adotado pela Nokia Siemens Networks, fato este que pode ter eventualmente

impossibilitado a obtenção do sucesso deste processo.

Com base nos relatos coletados em nossa pesquisa, conseguimos inferir que aparentemente os

fatores determinantes que culminaram na adoção do processo de terceirização não foram

alcançados, sendo que a empresa optou por reverter todo o processo de terceirização já na

segunda metade do ano de 2009.

O presente trabalho teve como principal objetivo a análise do processo de terceirização

adotado pela Nokia Siemens Networks, o qual foi implementado em 27 de novembro de 2007

e perdurou até meados de 2009 em decorrência de diversas falhas que foram relatadas durante

a fase de coleta de dados junto aos principais gerentes responsáveis pela implantação do

processo de terceirização.

Vale ressaltar que o presente trabalho trata-se de um estudo de caso que foi elaborado e

limitado a uma única empresa, sendo que os resultados obtidos não deverão ser generalizados,

tendo em vista que a análise dos resultados obtidos tiveram como base a metodologia de

análise de conteúdo (BARDIN, 2004).

Seguindo a metodologia de estudo de caso adotada no presente trabalho, todas as respostas

obtidas nas entrevistas foram agrupadas em categorias, dando origem a uma base de dados

que serviu para a comparação com os principais fatores de sucesso descritos na base teórica.

Cabe ressaltar que os resultados obtidos não poderão ser generalizados para o conjunto de

empresas brasileiras, dadas as limitações impostas pelo estudo deste caso específico e pelo

fato de que as entrevistas expressam o ponto de vista pessoal do entrevistado e, portanto,

apenas uma das muitas visões possíveis relativamente ao processo de terceirização de

serviços.

Apesar da limitação premente do presente trabalho, os erros e as falhas que foram

identificados e reportados no mesmo poderão servir de base para a realização de estudos

futuros, sob os quais poderão ser desenvolvidas pesquisas complementares, visando a

49

identificação de fatores similares que tenham ocorrido em outras empresas que tenham optado

por terceirizar parte de seus processos produtivos.

Para a realização de futuras análises, reforçamos a idéia de que a utilização de fontes

secundárias tais como: utilização de documentos, dados, fatos e evidencias disponibilizados

na mídia são de vital importância para a elaboração de um estudo de caso mais completo,

tendo em vista que estes poderão ampliar e validar a visão do pesquisador quanto ao

entendimento dos dados coletados (YIN, 2004).

50

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55

9 APÊNDICE A

MODELO DE QUESTIONÁRIO UTILIZADO NAS ENTREVISTAS

NOME:

CARGO:

INTRODUÇÃO

Breve introdução: O questionário abaixo visa retratar as principais características que foram observadas e confrontadas durante o processo de terceirização do suporte técnico de primeiro nível, que ocorreu em 27 de novembro de 2007.

Objetivo do questionário: O questionário em questão visa explorar os diversos pontos de vista de cada um dos entrevistados, comparando-os com as principais teorias acadêmicas atualmente em uso.

Modelo de resposta a ser utilizada no questionário: Por favor, observe que não existe nenhuma resposta certa ou errada, pois o questionário em questão tem como objetivo coletar as diversas opiniões existentes dentro das empresa. Somente lhe pediria para que, dentro do possível, você, por favor, descreva ao máximo seu ponto de vista, pois desta forma você irá contribuir em muito para minha análise.

PERGUNTAS

1. No seu ponto de vista, como foi elaborado o processo de decisão que culminou na

adoção da terceirização de parte do suporte técnico de primeiro nível? Foi um processo

longamente planejado e eficazmente implementado?

2. O que a empresa estava buscando quando optou por terceirizar parte do seu suporte

técnico de primeiro nível que estava sendo prestado para seus clientes dentro da

América Latina?

3. Quais foram os principais fatores determinantes que influenciaram o processo de seleção

dos sub-contratados que passaram a atuar na prestação do suporte técnico de primeiro

nível?

4. Quais foram as principais vantagens competitivas obtidas pela empresa com a adoção

deste processo de terceirização?

56

5. Quais foram as principais barreiras internas e externas que foram confrontadas durante a

implantação deste processo de terceirização?

6. Quais foram os principais fatores que contribuíram para a adoção deste processo de

terceirização dentro da América Latina?

7. No seu ponto de vista, a adoção deste processo de terceirização representou um grande

risco ou uma grande oportunidade para a empresa? Por favor, detalhe sua resposta

levando em consideração a participação da empresa dentro do mercado mundial e mais

especificamente dentro do mercado da América Latina?

8. Quais foram os principais fatores que contribuíram para implantação deste processo de

terceirização? Quais foram as maiores dificuldades encontradas durante o processo de

implementação?

9. No seu ponto de vista o que deu certo e o que deu errado neste processo de

terceirização?

10. Quais foram os principais problemas reportados e/ou identificados pelos sub-contratados

durante o processo de implantação da terceirização?

11. Como ocorreu a fase de transição junto aos clientes? Quais foram os principais

problemas reportados e/ou identificados pelos clientes? Qual foi a percepção do cliente

quanto à adoção deste processo de terceirização?

12. Como ocorreu a fase de transição interna? Quais foram os principais problemas

reportados e/ou identificados pelos funcionários? Quais foram os principais benefícios

que foram identificados pelos funcionários quanto à adoção deste processo de

terceirização?

13. A implementação do processo de terceirização foi executado de forma clara, isto é,

foram identificados e definidos todos os processos, atribuições e interações de cada uma

das equipes envolvidas no atendimento ao cliente (interação do CIT subcontratado e

57

demais unidades internar responsáveis pelo suporte ao cliente final)? Por favor, relate os

principais problemas enfrentados?

14. Em sua opinião a empresa obteve sucesso quanto à redução de seus custos, aumento de

sua flexibilidade e produtividade ao adotar a terceirização do suporte técnico de

primeiro nível que estava sendo prestado a seus clientes? (Por favor, detalhe a sua

resposta)

15. Ocorreu alguma melhora da qualidade e no desempenho dos serviços que estavam sendo

prestados pela empresa com a adoção do processo de terceirização do suporte técnico de

primeiro nível? (Por favor, detalhe a sua resposta)