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ANÁLISE DO RISCO DE INCÊNDIO E MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO DO ESTABELECIMENTO “CICCOPN” SILVÉRIO FERREIRA PINTO Trabalho realizado no âmbito da unidade curricular de Projeto/Estágio Licenciatura em Engenharia de Proteção Civil Ano letivo: 2013/2014 Apoio: Orientador: Professor Mestre Vítor Primo Coorientador: Professor Doutor Paulo Oliveira FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS, ENGENHARIAS E TECNOLOGIAS UNIVERSIDADE LUSÓFONA DO PORTO PORTO Junho - 2014

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ANÁLISE DO RISCO DE INCÊNDIO

E MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO DO ESTABELECIMENTO “CICCOPN”

SILVÉRIO FERREIRA PINTO

Trabalho realizado no âmbito da

unidade curricular de Projeto/Estágio

Licenciatura em Engenharia de Proteção Civil

Ano letivo: 2013/2014

Apoio:

Orientador: Professor Mestre Vítor Primo

Coorientador: Professor Doutor Paulo Oliveira

FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS, ENGENHARIAS E

TECNOLOGIAS

UNIVERSIDADE LUSÓFONA DO PORTO

PORTO

Junho - 2014

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ANÁLISE DO RISCO DE INCÊNDIO

E MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO DO ESTABELECIMENTO “CICCOPN”

SILVÉRIO FERREIRA PINTO

Trabalho realizado no âmbito da

unidade curricular de Projeto/Estágio

Licenciatura em Engenharia de Proteção Civil

Ano letivo: 2013/2014

Apoio:

Orientador: Professor Mestre Vítor Primo

Coorientador: Professor Doutor Paulo Oliveira

FACULDADE DE CIÊNCIAS NATURAIS, ENGENHARIAS E

TECNOLOGIAS

UNIVERSIDADE LUSÓFONA DO PORTO

PORTO

Junho - 2014

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i

AGRADECIMENTOS

Durante todo o meu percurso na Universidade Lusófona do Porto, várias foram

as pessoas que me acompanharam durante três anos da licenciatura e me

incentivaram sendo incansáveis.

Por essa razão os meus agradecimentos são dirigidos:

Ao meu orientador, Professor Mestre Vítor Primo, pela orientação, dedicação,

disponibilidade, interesse, incentivo e apoio dado ao longo da realização deste projeto.

Ao coorientador Professor Doutor Paulo Oliveira, pelo seu apoio, incentivo e

confiança transmitida.

Ao coorientador da entidade externa, Engenheiro António Teixeira Bastos pela

disponibilidade e apoio ao longo do trabalho.

Á entidade externa (CICCOPN),pela oportunidade proporcionada,

especialmente ao Diretor, na pessoa do senhor Engenheiro Amílcar Sampaio

Rodrigues, pelo seu apoio incondicional durante a licenciatura e a sua compreensão

prestada durante este período tão difícil e árduo e ao mesmo tempo exigente.

A todos os meus professores do curso de Engenharia de Proteção Civil, pela

amizade, companheirismo, boa disposição, simpatia e compreensão, e por me ter

transmitido os conhecimentos adquiridos durante estes longos meses.

Uma palavra especial para os meus colegas e finalistas de curso (irmãos da

licenciatura), Pedro Monteiro, Duarte Ricardo, João Paulo Costa, Luís Lameiro, pelo

seu apoio e companheirismo nas fases mais complicadas e difíceis do curso e também

pelos bons momentos passados nas viagens inesquecíveis de comboio.

Por último, os meus agradecimentos vão para a minha família, para a minha

mulher Graça e minha filha Inês, que se sacrificaram em meu nome, para mais um

desafio da minha vida, privando-se da minha presença diariamente, apoiando-me

incondicionalmente no alcance do objetivo, a conclusão do curso e obtenção da tão

esperada licenciatura em Engenharia de Proteção Civil.

A todos o meu Muito Obrigado.

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ii

RESUMO

O Centro de Formação Profissional da Industria da Construção Civil e Obras

Públicas do Norte, sito no concelho da Maia, freguesia de São Pedro de Avioso, foi

construído por blocos. Estes blocos estão separados entre si, devendo ser

preservados e protegidos dos diversos perigos a que se encontram sujeitos. Tendo em

conta as suas características peculiares e os materiais usados na maior parte dos

edifícios, o risco de incêndio é uma das ameaças mais preocupantes nestes locais de

ensino e formação profissional.

No presente trabalho, é realizada uma análise de risco de incêndio ao

estabelecimento de formação profissional, construído num conjunto de blocos

separados entre si, denominado como “CICCOPN”. Tendo em vista aferir o seu estado

atual e ao mesmo tempo tratando-se de um Centro de Formação Profissional por

excelência (segundo o IEFP, dez. 2010/2011 e junho 2012) é o Centro de Formação

Profissional com mais horas de formação em Portugal no ano 2010, 2011 e 2012, no

ranking de atividade formativa dos Centros Protocolares, logo é de todo o interesse

dar o exemplo na área de segurança contra incêndio em edifícios.

Numa primeira fase, efetuou-se o levantamento da situação existente no local,

isto é uma auditoria, investigando quais os principais materiais usados na sua

construção, o estado de conservação do edificado, as condições para uma intervenção

em caso de incêndio e avaliação das medidas de autoproteção existentes no edifício

em causa, entre outras. De seguida, procedeu-se à escolha do método de análise de

risco de incêndio mais adequado à situação existente para a avaliação das condições

de segurança contra incêndio, com o intuito de se obterem valores mais credíveis e

aceitáveis com as condições do edificado.

Numa segunda etapa do presente trabalho deu-se inicio á elaboração do Plano

de Segurança Interno do CICCOPN.

Após a obtenção e tratamento dos resultados, são propostas medidas de

intervenção e autoproteção que podem ser implementadas com o objetivo de

aumentar a segurança do edificado estudado contra o risco de incêndios.

Na terceira etapa e última deste trabalho iremos fazer exercícios de simulação

da ocorrência de um incêndio, testando as condições de segurança contra incêndio

existentes, visando treinar os ocupantes do edifício e testar os procedimentos, para

que no início do próximo ano letivo existam condições para fazer o simulacro total do

estabelecimento em causa (CICCOPN).

Palavras Chave: Análise de risco, auditoria, Medidas de Autoproteção, simulacro, segurança contra

incêndio.

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iii

ABSTRACT

The Vocational Training Centre for Industry, Construction & Public Works North,

located in the municipality of Maia parish of São Pedro de Avioso, is built of blocks.

These blocks are separated from each other and should be preserved and protected

from many dangers to which they are subject. Having regard to its peculiar features

and materials used in most buildings, fire risk is one of the most worrying threats these

sites vocational education and training.

In this paper, an analysis of fire risk to the vocational training establishment,

built in a set of separated blocks, termed as "CICCOPN" is performed. With a view to

assess their current state while in the case of a Vocational Training Centre for

Excellence (according IEFP, mar. 2010/2011 and June 2012) is the Vocational Training

Centre with more hours of training in Portugal in 2010, 2011 and 2012, the United

formative activity of protocol Centres, so it is of any interest to set an example in the

area of fire safety in buildings.

Initially, we performed a survey of the existing situation on site, ie an audit,

investigating which are the main materials used in its construction , the condition of the

building , the conditions for an intervention in case of fire and evaluation measures

existing self-protection in the building in question , among others .Then proceeded to

the choice of method for risk analysis more suited to the conditions for the evaluation of

fire safety, in order to obtain more credible and acceptable values with the conditions of

the building fire situation.

In a second step of this work has been started to the elaboration of the Plan of

Internal Security CICCOPN.

After obtaining and processing of the results are proposed intervention

measures for self-protection that can be implemented with the aim of increasing the

safety of the buildings studied fire.

In the third and final stage of this work we will do exercises to simulate the

occurrence of a fire , testing the security conditions existing fire , aiming to train

building occupants and test procedures, so that at the beginning of the next school

year there are conditions to total mockery of the establishment concerned ( CICCOPN )

Key words: L'analyse des risques, de l'audit, des mesures d'auto protection,

simulacre, la sécurité incendie.

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iv

ÍNDICE GERAL

RESUMO .......................................................................................................... ii

ABSTRACT...................................................................................................... iii

ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................... viii

ÍNDICE DE TABELAS ..................................................................................... ix

ABREVIATURAS .............................................................................................. x

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13

1.1 Introdução .............................................................................................. 13

1.2 Objetivos ................................................................................................ 18

1.3 Metodologia ............................................................................................ 19

1.4 Apresentação do trabalho ....................................................................... 19

RISCO DE INCÊNDIO URBANO .................................................................... 21

2.1 Introdução .............................................................................................. 21

2.2 Fontes de Ignição ................................................................................... 24

2.3 Classes de fogo ...................................................................................... 25

SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO ............................................................... 27

3.1 Risco de Incêndio nos Estabelecimentos ................................................ 27

3.2 Medidas de Segurança ........................................................................... 27

3.3 Equipamentos de Proteção Contra Incêndios ......................................... 29

3.4 Objetivos da segurança contra incêndios ............................................... 30

3.5 Sistemas de combate a incêndios em edifícios ....................................... 31

3.5.1. Medidas passivas e ativas de segurança contra incêndio ................ 31

3.6. Meios de Primeira e Segunda Intervenção ............................................ 34

3.6.1 Meios de Extinção............................................................................. 34

3.6.2. Processos de Extinção .................................................................... 36

3.6.3.Agentes extintores ............................................................................ 36

3.6.4 Locais a equipar com meios de primeira intervenção ........................ 37

3.6.5 Redes de Incêndio Armada com Dispositivo Tipo Carretel ................ 37

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v

3.6.6 Locais a equipar com redes de incêndio armadas tipo carretel ......... 38

3.6.7 Locais a equipar com Sistemas de Redes/Colunas Secas ................ 39

3.6.8 Tipos de Redes/Colunas Secas ........................................................ 40

3.6.9 Tipos de Redes/Colunas húmidas .................................................... 41

3.7 Outros meios de intervenção com água .................................................. 42

3.7.1 Sistemas Fixos de Extinção Automática de Incêndios com Água

(Sprinklers) ........................................................................................................... 42

3.7.2 Tipos de Sistemas ............................................................................ 42

3.8 Sistemas de Deteção, Alarme e Alerta de Incêndios .............................. 43

3.8.1 O objetivo de um SADI (Sistema Automático de Deteção de Incêndio)

............................................................................................................................. 43

3.8.2 Detetores de incêndio ....................................................................... 44

3.8.3 Meios de alarme, alerta e sinalização ............................................... 45

3.9 Controlo de fumo nos estabelecimentos ................................................. 46

3.9.1 Vantagens do controlo de fumo ........................................................ 46

3.9.2 Tipos de sistemas ............................................................................. 48

3.9.3 Comando dos sistemas .................................................................... 49

3.10 Sinalização de segurança ..................................................................... 49

3.10.1 Tipos de blocos autónomos ............................................................ 50

3.10.2 Blocos constituintes ........................................................................ 51

3.10.3 Instalação ....................................................................................... 51

3.10.4 Manutenção dos blocos autónomos ................................................ 52

3.11 Organização e gestão de segurança .................................................... 53

3.11.1 Responsabilidades .......................................................................... 53

INTRODUÇÃO E APLICAÇÃO DO MÉTODO DE GRETENER ...................... 55

4.1 Introdução .............................................................................................. 55

4.1.1 Métodos de análise do risco de incêndio em edifícios ....................... 56

4.1.2 Método de Gretener .......................................................................... 57

4.1.3 Aplicação do método ........................................................................ 58

4.1.4 Caraterização do Bloco B em estudo ................................................ 60

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vi

4.1.5 Cálculo da densidade da carga de incêndio ...................................... 61

4.1.6 Consulta ao Anexo I, no sentido de indagar o valor mais gravoso das

atividades que contribuem com mais de 10% da carga de incêndio ...................... 62

4.1.7 Avaliação dos perigos potenciais ...................................................... 62

4.1.8 Medidas contra o desenvolvimento do incêndio ................................ 62

4.1.9 Conclusão ......................................................................................... 65

CASO DE ESTUDO “CICCOPN” ................................................................... 67

5.1 Introdução .............................................................................................. 67

5.1.2 Caracterização do espaço ................................................................ 68

5.1.3 Estrutura construtiva ......................................................................... 69

5.1.4 Utilização Tipo e Categoria de Risco ................................................ 69

5.1.5 Acessibilidade dos meios de socorro dos bombeiros ........................ 73

5.1.6 Acessibilidade aos hidrantes ............................................................. 73

5.2 Medidas passivas de segurança contra incêndio .................................... 73

5.2.1 Resistência ao fogo de elementos estruturais ................................... 73

5.2.2 Reação ao fogo ................................................................................ 73

5.2.3 Compartimentação geral corta-fogo .................................................. 73

5.2.4 Isolamento e proteção dos locais de risco e vias verticais e

canalizações ......................................................................................................... 74

5.2.5 Evacuação dos locais de risco .......................................................... 74

5.2.6 Instalações técnicas .......................................................................... 75

5.3 Medidas ativas de segurança contra incêndio ........................................ 75

5.3.1 Sinalização e iluminação de emergência .......................................... 75

5.3.2 Deteção, alarme e alerta de incêndios .............................................. 75

5.3.3 Controlo de fumo .............................................................................. 75

5.3.4 Meios de primeira intervenção .......................................................... 76

5.4 Medidas de Autoproteção exigíveis para o CICCOPN ............................ 76

5.4.1 Registos de segurança ..................................................................... 77

5.4.2 Plano de Prevenção .......................................................................... 77

5.4.3 Plano de Emergência ........................................................................ 78

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vii

5.4.4 Formação e sensibilização em segurança contra incêndios em

edifícios ................................................................................................................. 80

5.4.5 Simulacro .......................................................................................... 81

CONSIDERAÇÕES FINAIS E PROPOSTAS DE MELHORIA ........................ 83

6.1 Considerações Finais ............................................................................. 83

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 85

ANEXOS ......................................................................................................... 87

Anexo A ..................................................................................................... - 1 -

Relatório de Auditoria “CICCOPN”.............................................................. - 1 -

Anexo B ..................................................................................................... - 2 -

Plano de Segurança Interno ....................................................................... - 2 -

Anexo C ..................................................................................................... - 3 -

Relatório do Exercício/Simulacro ................................................................ - 3 -

Anexo D ..................................................................................................... - 4 -

PÓSTER “”Medidas de Autoproteção” FCNET 2014 .................................. - 4 -

Apêndice A ................................................................................................ - 5 -

Folha de Cálculo “MÉTODO DE GRETENER” – BLOCO B ........................ - 5 -

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viii

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Causas dos Incêndios em edifícios, Cidade do Porto entre 1996 e 2006

(Primo 2008) ......................................................................................................... 25

Figura 2 – A educação e segurança começa na escola. ............................................. 28

Figura 3 - Engenharia de segurança contra incêndio na escola .................................. 28

Figura 4 - Ações do sistema Global de Segurança Contra Incêndios (Fonte: Silva,

2006) .................................................................................................................... 31

Figura 5 - Exemplos de medidas físicas de segurança ............................................... 32

Figura 6 - Porta resistente ao fogo .............................................................................. 34

Figura 7- Hidrante exterior de pavimento tipo boca-de-incêndio ................................. 35

Figura 8-Hidrantes exteriores/marco de incêndio ........................................................ 35

Figura 9-Boca-de-incêndio tipo carretel ...................................................................... 38

Figura 10 – Exemplo de coluna seca .......................................................................... 40

Figura 11 - União tipo STORZ de DN 52 mm .............................................................. 40

Figura 12 - Exemplo de sistema de extinção automático (sprinklers) .......................... 43

Figura 13 - Constituição do SADI ................................................................................ 43

Figura 14 - Sistema Endereçável ................................................................................ 44

Figura 15- Sistema Convencional ............................................................................... 44

Figura 16 – Botoneira de alarme e detetores .............................................................. 44

Figura 17 - Telecomando para reposição do bloco autónomo no estado de repouso . 51

Figura 18 - Bloco autónomo ........................................................................................ 52

Figura 19 - Sinalização e Iluminação – Norma ISO 16069 .......................................... 52

Figura 20 - Foto do Bloco B | CICCOPN ..................................................................... 59

Figura 21 – CICCOPN (Bloco A) ................................................................................. 67

Figura 22 - Categorias de risco da utilização-tipo IV «Escolares» ............................... 70

Figura 23 – Organograma da estrutura de segurança do CICCOPN .......................... 79

Figura 24 - Periocidade da realização dos simulacros ................................................ 81

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ix

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Número de incêndios em Portugal entre 1996 a 2006 Fonte: ANPC ......... 14

Tabela 2 - Medidas de Autoproteção exigíveis............................................................ 16

Tabela 3 - Legenda ..................................................................................................... 17

Tabela 4 - Incêndios urbanos registados pela ANPC 2006-2010 ................................ 22

Tabela 5 - Fontes de ignição ....................................................................................... 24

Tabela 6 – Classes de fogos ....................................................................................... 26

Tabela 7 – Agentes extintores .................................................................................... 36

Tabela 8 - Utilização Tipo e Quais as Categoria de Risco que tem de adotar as

redes/colunas secas ............................................................................................. 39

Tabela 9 - Utilização Tipo e Quais as Categoria de Risco que tem de adotar as

redes/colunas secas ............................................................................................. 39

Tabela 10 – Exemplo de Utilização Tipo que deverão estar equipados com

redes/colunas húmidas ......................................................................................... 41

Tabela 11 – Escolha do tipo de detetor em função do local ........................................ 45

Tabela 12 – Comando e acionamento de aberturas de desenfumagem ..................... 49

Tabela 13 -Risco de incêndio efetivo .......................................................................... 60

Tabela 14 – Caracterização do Bloco em estudo ........................................................ 60

Tabela 15 - Carga de incêndio .................................................................................... 61

Tabela 16 - Valor mais gravoso das atividades afetos aos perigos potenciais ............ 62

Tabela 17 -Perigos potenciais ..................................................................................... 62

Tabela 18 - Medidas normais ...................................................................................... 63

Tabela 21 - Risco de incêndio efetivo ......................................................................... 65

Tabela 22 - Características construtivas ..................................................................... 69

Tabela 23 – Distribuição do efetivo do CICCOPN ....................................................... 70

Tabela 24 - Instalações técnicas do estabelecimento ................................................. 75

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x

ABREVIATURAS

(c) - combustibilidade

(k) - Perigo de corrosão

(r) - Perigo de fumo

AEAI - Associação Suíça dos Estabelecimentos Cantonais de Seguros Contra

Incêndios

AICCOPN - Associação da Industria de Construção Civil e Obras Públicas do

Norte

Anexo PP – Plano de Prevenção

ANPC - Autoridade Nacional da Proteção Civil

ARICA - Análise do Risco de Incêndio em Centros Urbanos Antigos

CICCOPN – Centro da Industria da Construção Civil e Obras Públicas do Norte

CR - Categoria de Risco

F- Construtivas

FCNET – Faculdade de Ciências Naturais, Engenharias e Tecnologias

MAP – Medidas Autoproteção

N - Normais

NP – Norma Portuguesa

PEI – Plano de Emergência Interno

PSI – Plano de Segurança Interno

Qm – Média da Carga de Incêndio

RJ-SCIE – Regime Jurídico Segurança Contra Incêndio em Edifícios

RS - Responsável de Segurança

RT-SCIE - Regulamento Técnico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios

S - Especiais

SADI - Sistema Automático de Deteção de Incêndio

SCI – Segurança Contra Incêndios

SCIE – Segurança Contra Incêndio em Edifícios

SSI - Serviço de Segurança Contra Incêndio

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xi

UP – Unidade de Passagem

UT – Utilização Tipo

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13

Capitulo 1

INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

O fogo teve uma grande importância na vida do Homem. No passado era

fundamental para as atividades quotidianas, desde que a sua utilização fosse

controlada, mas sempre despertou preocupação, pois quando fica descontrolado pode

provocar a destruição de edifícios e espaços e, no limite, a perda de vidas humanas.

Em Portugal os dados estatísticos mais recentes referem mais de 8000

incêndios urbanos por ano, dos quais resulta um elevado número de vítimas mortais.

Nos anos mais recentes temos registado ainda um número significativo de incêndios

urbanos e industriais. As entidades com responsabilidade no caso de edifícios ou

recintos, de uma forma geral, dispõem de mil e uma razões para implementarem um

Plano de Segurança Interno, uma vez que uma resposta frágil a uma situação de

emergência poderá ter como consequência danos colaterais, de natureza social,

material e ambiental. A importância da segurança ao incêndio nos edifícios é

indiscutível, estando em jogo não só a vida das pessoas, mas também interesses

diversos de índole material e espiritual com valor incalculável como, por exemplo, bens

patrimoniais, valores históricos com forte simbolismo no imaginário coletivo como por

exemplo museus castelos, pontes centenárias, simbologia ligada á história do país em

causa, uma vez perdidos dificilmente serão recuperados e, ainda, a manutenção de

infraestruturas críticas, estabelecimentos escolares, que trazem ás sociedades a

oportunidade de se enriquecer culturalmente e profissionalmente, como é o caso do

edificado em estudo. Apesar do reconhecimento da importância da análise do historial

sobre os incêndios ocorridos, em Portugal não se tem feito uma análise sistemática

desses dados, por motivos diversos. Com a exceção de um estudo relativamente

recente, o qual reflete o risco que estes acidentes representam podendo observar-se

na Tabela 1.

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14

Tabela 1 – Número de incêndios em Portugal entre 1996 a 2006 Fonte: ANPC

Ocorrências 2006

2005

2004

2003

2002

2001

2000

1999

1998

1997

1996

Total

%

Total ocorrências

367

430

373

403

411

451

421

466

440

474

462

4698

_

Incêndios reais

295

373

319

348

358

405

383

426

383

397

405

4092

87,10

Alarme falso e infundado

72

57

54

55

53

46

38

40

57

77

57

606

12,90

A importância da segurança contra este tipo de risco é reconhecida na

generalidade dos países há muitas décadas ou mesmo séculos.

Em Portugal esse reconhecimento oficial surge já tardiamente, no fim da

década de 80 e início da década de 90, do século passado, com a publicação dos

primeiros textos legislativos sobre essa matéria. Assim, para fazer face ao risco e

dotar os edifícios de adequadas condições de segurança em matéria de incêndio

foram publicados no nosso País, sobretudo nas últimas décadas, diversos

regulamentos e medidas de segurança, de natureza prescritiva, á semelhança do que

ainda se verifica num elevado número de países. Mesmo a atual legislação que

substituiu a anterior e cuja entrada em vigor ocorreu no início do ano 2009, continua a

ser de natureza prescritiva.

Com a publicação do atual Regime Jurídico da Segurança contra Incêndio

(Decreto -lei 220/2008 de 12 de Novembro) estabelece a obrigatoriedade de conceber

de acordo com novas disposições regulamentares de segurança contra incêndio

aplicáveis a todos os edifícios, os estabelecimentos e os recintos ao ar livre, devem

garantir a manutenção das condições de segurança, com medidas de organização e

gestão da segurança designadas por medidas de autoproteção (MAP).

Em face do disposto no artigo 22.º do Regime Jurídico de Segurança Contra

Incêndio em Edifícios (RJ-SCIE) todos os edifícios são obrigados a elaborar e

implementar as referidas mediadas, no decurso da exploração dos respetivos

espaços, de incluindo os existentes, pelo que o seu incumprimento deste requisita

pode acarretar elevadas coimas.

No entanto, este novo quadro legal é omisso relativamente a obras de

alteração, remodelação e ampliação de edifícios, o que se tem traduzido numa

dificuldade adicional para todos quantos, em diferentes níveis, se deparam com esta

questão.

Num tempo em que urge apostar na recuperação do edificado existente em

detrimento da construção nova, somos confrontados com o desafio da avaliação do

risco de incêndio e da definição das medidas de segurança contra incêndio a

implementar nestas intervenções.

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A sociedade contemporânea atualmente é mais exigente no que diz respeito ao

risco de incêndio nos edifícios. A sua conceção e construção são projetadas a pensar

na segurança dos edifícios e na qualidade de vida das pessoas.

A segurança contra incêndios em edifícios é um fator muito importante que se

tem que levar em conta na construção dos edifícios e na sua exploração. Torna-se

necessário dotar os edifícios com meios de 1ª intervenção e para além de outros

meios para que o risco de incêndio seja o menos gravoso possível ou seja; que os

seus níveis sejam considerados aceitáveis e que a segurança das pessoas não esteja

exposta ao risco.

Ao longo da história mundial muitos são os exemplos de incêndios de elevadas

proporções, com graves consequências económicas e patrimoniais. Entre estes, os

grandes incêndios de Londres e de Chicago são inquestionavelmente dois dos mais

marcantes, tendo provocado a destruição quase total de ambas as cidades e a perda

de um elevado número de vidas humanas.

A nível nacional, o incêndio do Chiado tem sido uma referência para os

estudantes de vários cursos relacionados com SCIE. Um incêndio que pôs o país em

alerta e as pessoas que assistiam através dos Media ao desenrolar deste evento

ficavam incrédulas como é que era possível em tão pouco tempo perderem a riqueza

de uma vida de trabalho árduo.

Este incêndio em Lisboa no ano de 1988, é sem dúvida o exemplo mais

marcante, tendo mesmo forçado os políticos da época aprovar na Assembleia da

República diversos instrumentos legais nomeadamente o Decreto-Lei nº. 426/89 de 6

de Dezembro.

Com a publicação do atual Regime Jurídico da Segurança contra Incêndio (DL-

220/2008 de 12 de Novembro) estabelece a obrigatoriedade de conceber de acordo

com as disposições regulamentares de segurança contra incêndio aplicáveis a todos

os edifícios, os estabelecimentos e os recintos ao ar livre, devem garantir a

manutenção das condições de segurança, com medidas de organização e gestão da

segurança designadas por medidas de autoproteção (MAP).

Em face do disposto no artigo 22.º do Regime Jurídico de Segurança Contra

Incêndio em Edifícios (RJ-SCIE) todos os edifícios são obrigados a elaborar e

implementar as referidas mediadas, no decurso da exploração dos respetivos

espaços, de incluindo os existentes, pelo que o seu incumprimento deste requisita

pode acarretar elevadas coimas. Desde 1 de Janeiro de 2009 que todos os edifícios

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existentes, todos e não apenas as edificações recentes, estão sujeitos a uma nova

regulamentação de segurança contra incêndio.

A nova lei vem reforçar a necessidade dos edifícios disporem de sinalização de

segurança, iluminação de segurança, botões manuais de alarme e extintores e outros

sistemas de segurança mais complexos.

Mas as novas disposições do regime jurídico de segurança contra incêndio não

se ficam por aqui. Esta nova lei vem trazer novas obrigações para os proprietários ou

responsáveis de exploração dos edifícios, inclusive gestores de condomínio,

relativamente às designadas “Medidas de Autoproteção”.

Nas medidas de autoproteção incluem-se as medidas preventivas, as medidas

de intervenção em caso de incêndio, registos de segurança, formação em SCIE e

simulacros.

Dependendo das características de cada edifício (altura, número de pessoas

que utilizam em simultâneo o edifício, entre outros critérios), os edifícios devem

implementar estas medidas. Para a conceção de medidas de autoproteção

recomenda-se a consulta a empresas especializadas.

Vejamos um exemplo: Um escritório ou uma loja que não recebe mais do que

100 pessoas em simultâneo deve ter obrigatoriamente um registo de segurança e

procedimentos de prevenção definidos (conforme tabela infra com a descrição das

medidas de autoproteção exigíveis e com glossários das medidas de autoproteção).

Tabela 2 - Medidas de Autoproteção exigíveis

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Tabela 3 - Legenda

Utilizações Tipo:

UT I Habitacionais

UT II Estacionamentos

UT III Administrativos

UT IV Escolares

UT V Hospitalares

UT VI Espetáculos e Reuniões Públicas

UT VII Hoteleiros e de Restauração

UT VIII Edifícios Comerciais e Gares de Transportes

UT IX Desportivos e de Lazer

UT X Museus e Galerias de Arte

UT XI Bibliotecas e Arquivos

UT XII Industriais

Mas as obrigações não ficam por aqui. Não basta implementar estas medidas.

É necessário submetê-los à apreciação da ANPC nos seguintes prazos: até aos 30

dias anteriores à entrada em utilização, no caso de obras de construção nova, de

alteração, ampliação ou mudança de uso; ou até 1 de Janeiro de 2010, para o caso

de edifícios e recintos existentes àquela data.

Quem não o fez até essa data, deverá fazê-lo tão breve quanto possível. Mas

há mais obrigações.

O proprietário ou responsável pela exploração dos edifícios deve solicitar a

realização de inspeções regulares, a realizar pela ANPC (Autoridade Nacional da

Proteção Civil) ou por entidade por ela credenciada, para verificação da manutenção

das condições de SCIE aprovadas e da execução das medidas de autoproteção. A

periodicidade da realização das inspeções pode oscilar entre 1 ano e 3 anos,

dependente da categoria de risco do edifício.

Quer a submissão das medidas de autoproteção à ANPC, quer a solicitação

das inspeções regulares, implicam o pagamento de uma taxa à ANPC em função da

área bruta do edifício.

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1.2 Objetivos

Os objetivos deste trabalho é o estudo e auditoria às condições existentes no

local de um conjunto de edificações, aqui denominadas por “Blocos”, nomeadamente a

análise do seu risco de incêndio, de forma a identificar as suas vulnerabilidades ao

incêndio, através de uma classificação desse risco, com o intuito de serem sugeridas

medidas de intervenção e prevenção nos edifícios e na sua envolvente, de modo a ser

mitigado o risco de incêndio e de facilitar e tornar mais eficiente a intervenção dos

bombeiros e a elaboração e implantação das respetivas medidas de autoproteção e

depois de concluídas fazer o teste final com um simulacro.

A realização do estudo deste edifício, o seu objetivo principal é quantificar o

risco de incêndio no Centro de Formação Profissional da Industria da Construção Civil

e Obras Públicas do Norte, de modo a descrever e dar a conhecer as condições de

segurança em que se encontram os edifícios. Estes estudos contribuem para a

elaboração de medidas de prevenção e combate ao incêndio urbano, contribuindo

para a melhoria das condições de segurança contra estes.

Para que o objetivo principal deste trabalho tivesse sucesso, tornou-se

necessário a aplicação de um método de avaliação do risco de incêndio. Utilizou-se

como ferramenta de apoio o método de Gretener, para a avaliação das condições de

risco de incêndio.

É hoje dado como adquirido que este tipo de estudos é uma ferramenta

essencial para quem gere uma instituição aberta ao público em geral, do ponto de

vista da segurança contra incêndios. Ao mesmo tempo o caso de estudo trata-se de

uma construção anterior a 1 de Janeiro de 2009, data em que entrou em vigor a nova

legislação de SCIE.

- Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro – Regime Jurídico da

Segurança Contra Incêndios em Edifícios (RJ-SCIE);

- Portaria n.º 1532/2008, de 29 de Dezembro - Regulamento Técnico da

Segurança Contra Incêndios em Edifícios (RT-SCIE);

- Nota técnica n.º 21 da ANPC.

Procedeu-se á aplicação do método de Gretener individualmente aos edifícios

(Blocos), obtendo-se para cada bloco um determinado valor do risco de incêndio

admissível. Assim tornou-se necessário em alguns blocos tomar algumas medidas de

vários tipos (normais e especiais) para que o seu valor fosse superior a 1 (>1).

Mediante os resultados obtidos estão identificadas as vulnerabilidades dos edifícios e

posteriormente serão propostas as medidas de intervenção e de prevenção de

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segurança contra incêndio de forma a aumentar a segurança destes no caso de surgir

um incêndio nos edifícios.

O presente trabalho tem como objetivo principal a implantação das medidas de

autoproteção do CICCOPN, para que sejam melhoradas as condições de segurança

contra incêndios nos edifícios. Para que no caso de um acidente grave ou incêndio no

estabelecimento estejam reunidas condições para o seu combate /extinção.

1.3 Metodologia

Foi feita uma auditoria durante o mês de abril de 2014 ao estabelecimento em

causa que obedecerá aos critérios a ter em observância no caderno técnico nº12 da

ANPC. Em consequência desta auditoria e análise do resultado serão propostas ações

de melhoria e outras ações corretivas bem como efetuada a avaliação do risco de

incêndio utilizando para o efeito o método de Gretener. Este método foi revisto e

adaptado á realidade nacional, nomeadamente ao nível da fiabilidade do

abastecimento de água á empresa e da capacidade de intervenção dos socorros

exteriores e interiores da empresa. Seguidamente proceder-se-á á elaboração do

plano de Segurança Interno, testando o mesmo através da realização do simulacro no

início do próximo ano letivo conforme legislação em vigor.

1.4 Apresentação do trabalho

A estrutura deste trabalho é constituída por 6 capítulos e 4 anexos:

Capítulo I – Foi feita uma descrição detalhada do objetivo em estudo;

Capítulo II- Fazemos uma abordagem ao “Risco de Incêndio Urbano”;

Capítulo III -Análise á “Segurança Contra Incêndio”;

Capítulo IV - Introdução e aplicação do método de Gretener

Capítulo V - Caso de Estudo

Capítulo VI – Considerações finais e melhorias propostas

Nos anexos está descriminada a informação fornecida neste trabalho:

A - Auditoria

B - Plano de Segurança Interno do CICCOPN

C – Exercício/Simulacro

D – Poster “ Medidas de Autoproteção”

E- Apêndice 1 - Folha Cálculo dos Método de análise de risco de incêndio

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Capítulo 2

RISCO DE INCÊNDIO URBANO

2.1 Introdução

A descoberta do fogo foi um grande passo na evolução do homem, associada à

qual surge o conceito de incêndio, do respetivo perigo e riscos.

Através dos Hebreus, Gregos e Egípcios surgiram as primeiras medidas de

segurança contra incêndio, que visavam proteger o seu território de eventuais

catástrofes provocadas por fogos. Com este objetivo, criaram patrulhas noturnas para

vigiar os extensos aglomerados urbanos, de casas, na sua maioria em madeira. No

entanto, só passados séculos, após a ocorrência do incêndio no núcleo da antiga

cidade de Roma, a 18 de Julho do ano de 64 d.C. é que se conheceram os efeitos

nefastos de um incêndio em malha urbana. Na sequência deste incêndio os romanos

implementaram as primeiras medidas de segurança passiva, com vista a proteger a

população, bens e imóveis de nova tragédia.

No território português, mas primeiras medidas de segurança contra incêndio

têm origem no reinado de D. João I, através da carta régia de 1395. A carta enunciava

a importância de cada popular tomar conta da sua propriedade, protegendo-a de

eventuais fogos: “que os homens acudam ao local com os seus machados e as

mulheres com os seus cântaros de água”.

No seguimento deste documento surgiram diversas medidas de proteção e

combate a incêndios, implementadas ao longo dos anos em território português, das

quais se destacam as seguintes:

Em 1612 a Câmara Municipal do Porto, cedeu instrumentos de combate aos

carpinteiros para que estes pudessem auxiliar em caso de incêndio;

Em 1646, a Câmara Municipal de Lisboa assalariou os primeiros bombeiros da

capital;

Em 1718, a Câmara Municipal de Coimbra criou os primeiros postos de

trabalho de bombeiros a tempo inteiro no seu concelho.

Atualmente, a política de prevenção é fundamental, para se evitar um conjunto

de perdas decorrentes de incêndios em edifícios. A diminuição dos atos negligentes,

associados a uma política cada vez mais forte de proteção do património e de

proteção contra interesses de ordem económica, levam A abordagem preventiva

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juntamente com a engenharia de segurança contra incêndio, enuncia uma série de

pontos, a contemplar na avaliação de casos práticos, são estes:

As causas dos incêndios;

Reações químicas e de envolvência que definem o incêndio;

Comportamento dos materiais;

Resistência das estruturas expostas ao fogo.

O incêndio urbano padrão tem origem no comportamento negligente durante

atividades tão banais como cozinhar ou fumar. Afetando principalmente as divisões da

sala de estar, cozinha ou quarto, o incêndio urbano acontece com mais incidência

durante o fim de semana e nas divisões onde há maior concentração de têxteis e

mobília. As vítimas são na maioria dos casos crianças e idosos, sendo que o género

masculino é o mais afetado. O condicionamento físico, como as dificuldades motoras,

ou a diminuição das capacidades cognitivas verificadas aquando do consumo de

bebidas alcoólicas, são um dos fatores que mais contribui para a existência de vítimas

mortais.

Tabela 4 - Incêndios urbanos registados pela ANPC 2006-2010

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Incêndios Habitacionais e Industriais

Os incêndios urbanos estão divididos entre incêndios em habitações, os mais

frequentes em Portugal, e os incêndios industriais:

Gráfico 1 - Comparação de socorro prestado em 2008 e 2010

Estes dados referentes à realidade nacional encontram paralelo na realidade

da cidade do Porto, segundo o estudo realizado por Vítor Primo, onde a maioria dos

incêndios com feridos e vítimas mortais acontecem em habitações: 73% e 86%

respetivamente. O mesmo estudo não registou mortos nas zonas industriais, mas

apresentou nestas áreas 3% dos feridos.

Gráfico 2 – Análise de incêndios no Porto 1996

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2.2 Fontes de Ignição

Os tipos de causas que dão origem aos incêndios são diversificadas, e

diversas fontes de ignição. Para além do combustível e do comburente, para dar início

a um incêndio destacam-se ainda as fontes de origem térmica, de origem elétrica, de

origem mecânica e de origem química, sendo as duas primeiras as de maior incidência

(Castro e Abrantes, 2009). Essas fontes de origem resultam das causas humanas pela

não adoção de medidas de segurança inadequadas e por controlo deficiente dessas

medidas conforme mostra na tabela 5.

Tabela 5 - Fontes de ignição

Fontes de Ignição Causas

Origem Térmica

Equipamentos e materiais que apresentam chama nua, tais

como fósforos, isqueiros, fogões e aparelhos de iluminação ou

aquecimento não elétricos;

- Associado ao ato de fumar;

-Instalações ou equipamentos produtores de calor como fornos

ou caldeiras;

- Trabalhos a quente ou chama viva como soldadura e

moldagem a quente;

- Fenómenos naturais nomeadamente radiação e condições

térmicas ambientais;

Origem Elétrica

Descargas de equipamentos elétricos durante a manobra tais

como interruptores, contadores, disjuntores e motores;

Sobreaquecimentos, descarga ou curto-circuito de instalações

elétricas devido a mal dimensionamento ou falta de proteção;

Fenómenos naturais nomeadamente as descargas elétricas

atmosféricas decorrentes de trovoadas.

Origem Química

.Reação exotérmica, especialmente em locais mal ventilados

(combustão espontânea);

Reação de substâncias auto oxidantes;

Origem Mecânica

Chispas provocadas por ferramentas;

Sobreaquecimento devido a fricção mecânica.

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Figura 1 - Causas dos Incêndios em edifícios, Cidade do Porto entre 1996 e 2006 (Primo 2008)

2.3 Classes de fogo

Os diferentes tipos de fogos que podem ocorrer dependem de diversos fatores,

tais como:

Os tipos de combustíveis abrangidos;

As causas do incêndio;

As consequências do incêndio.

Os incêndios definem-se também pela sua localização, que é vulgarmente

diferenciada, em:

Edifícios Urbanos;

Instalações industriais;

Meios de transporte (terrestres, aéreos ou marítimos)

Zonas rurais;

Zonas florestais.

Uma das formas de classificar os incêndios é de acordo com a natureza do

combustível. A NP EN 2:1993 classifica os fogos em 5 classes de acordo com o

material combustível. O conhecimento da classe do fogo é fundamental para escolher

o agente extintor mais compatível, e por conseguinte, com maior eficácia para efetuar

a sua extinção, conforme é indicado na Tabela 6.

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Tabela 6 – Classes de fogos

Classes dos fogos Tipos de materiais

Classe A

Fogo em

materiais secos, na

sua maioria de matéria

orgânica, os quais

normalmente formam

brasas

Madeira, carvão, tecidos, papel, lixo,…

Classe B

Combustão de

líquidos ou sólidos

liquidificáveis.

Gasolina, Gasóleo, óleos, álcool, vernizes, ceras

pomadas etc… Incluem-se também

combustíveis sólidos que na combustão passem ao

estado líquido, ex: alcatrão, plástico,

Classe C

Fogos em gases

Butano, gás natural, metano propano, acetileno…

Classe D -

Fogos em metais,

como por exemplo,

metais em pó.

Alumínio, urânio, sódio, potássio, magnésio,

titânio

Classe F

Fogos que resultam da combustão

de produtos para cozinhar

Fogos de Óleos e Gorduras

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Capitulo 3

SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

3.1 Risco de Incêndio nos Estabelecimentos

As consequências dos incêndios são bem esclarecedoras da necessidade de

se encarar a segurança contra incêndio com uma postura responsável e séria na

nossa sociedade atual.

Torna-se necessário garantir a proteção das populações dos seus bens e o

ambiente contra o risco de incêndio, atividade que implica atuação em diversos

setores da sociedade, com enfoque para diversas áreas, em especial para a

educação, formação, planeamento e organização.

Compete às empresas e ao estado que exploram os edifícios garantir a

segurança das populações e os seus bens face ao risco de incêndio.

Essa responsabilidade revela-se no cumprimento de medidas de segurança

contra incêndio, incidindo em dois pontos fundamentais:

Medidas de prevenção para evitar os incêndios;

Medidas de proteção para, o caso de ocorrer um incêndio, limitando as

suas consequências.

3.2 Medidas de Segurança

A prevenção tem que ser permanente na mente das pessoas, deve-se ter como

prioridade na problemática da segurança contra incêndio nos edifícios.

Para que a prevenção tenha sucesso e seja implantada e eficaz é necessário

atuar em várias áreas relacionadas entre si, como exemplo:

Educação e segurança:

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Figura 2 – A educação e segurança começa na escola.

Fazer chegar às camadas mais jovens a mensagem da segurança

contra incêndio, fazer com que a prevenção comece nas escolas.

Que a formação nos estabelecimentos de formação profissional seja

especializada e direcionada também nesta área maior importância.

Engenharia e segurança:

Figura 3 - Engenharia de segurança contra incêndio na escola

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O estudo sistemático do risco de incêndio e das medidas preventivas da

intervenção mais adequadas, para fazer face a cada situação concreta de risco, é

efetuado no âmbito da engenharia de segurança contra incêndio.

Numa sociedade que cultiva padrões de segurança cada vez mais elevados e

onde todos os fatores de competitividade territorial, tem que ser cautelosamente

ponderados as medidas de autoproteção devem estar sempre presentes na mente do

ser humano.

3.3 Equipamentos de Proteção Contra Incêndios

Os custos relacionados com proteção contra incêndio em casas particulares

apresentam uma relação relativamente ao número de vítimas mortais.

Na Escócia entre 1994 e 2003, dois terços dos fogos que causaram vítimas

mortais ocorreram em casas onde não existiam detetores de fumos, ou detetores de

fumo operacionais. Números semelhantes foram registados na Holanda e na Nova

Zelândia.

Na Holanda, 45% dos incêndios em habitações com vítimas mortais não tinham

um detetor de fumos, enquanto em 6,8% dos casos em que havia um detetor, este

estava desligado ou em condições deficientes. Apenas em 4,5% dos incêndios mortais

havia um detetor de fumos operante.

Na Nova Zelândia, em 60,6% dos incêndios com vítimas mortais não existia na

habitação um detetor de fumo. Em 8,3% dos incêndios mortais os alarmes estavam

em condições deficientes. Em 16,5% dos incêndios mortais existia um aparelho na

Austrália, 78% das pessoas não possuem uma manta antifogo e estima-se que entre

5% e 11% da população não tenha qualquer tipo de equipamento de proteção contra

incêndios em casa.

Segurança na Escola

Como lugares públicos e frequentemente cheios, as escolas são locais onde a

prevenção é essencial.

A importância da segurança ao incêndio nos edifícios é indiscutível, pois está

em jogo não só a vida das pessoas mas também interesses diversos como, por

exemplo, bens patrimoniais, valores históricos com forte simbolismo no imaginário

coletivo que uma vez perdidos dificilmente serão recuperados e, ainda, a continuidade

de serviços estratégicos para a sociedade em geral.

Pensar essa segurança exige colocar certas questões no momento exato ao

longo dos diversos estádios da conceção dos edifícios, procurando fazer a sua

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articulação com as exigências e limitações impostas na regulamentação, sendo as

respostas a essas questões determinantes para a continuação do projeto.

No universo das diferentes especialidades inerentes à conceção e projeto das

edificações a segurança ao incêndio nos edifícios passou desde algum tempo a

ocupar um papel de extrema importância e com influência decisiva a diversos níveis,

que vão desde o desenho dos espaços interiores dos edifícios até aspetos de natureza

urbanística.

Planeamento de Segurança:

A segurança e procedimentos se forem planeados antecipadamente

para intervenção em caso de emergência, são medidas fundamentais para o

combate aos incêndios.

Inspeção de segurança:

Fazem parte os mecanismos de avaliação, inspeção e controlo da

aplicação das medidas de prevenção e proteção contra o risco de incêndio

garantindo a sua eficácia.

Investigação dos incêndios:

É necessário a investigação das causas dos incêndios, para que se

tenha conhecimento da evolução das consequências em que não podem de

forma alguma serem ignoradas.

3.4 Objetivos da segurança contra incêndios

As medidas de segurança contra incêndio na perspetiva da administração

pública ou estado, é a grande prioridade nesta matéria e tem como objetivo garantir a

segurança das pessoas e proteção do ambiente.

Assim temos como prioridade os seguintes objetivos:

Reduzir os riscos de eclosão de incêndios;

Limitar a propagação do fogo, fumo e gases de combustão;

Promover a evacuação rápida e segura de todos os ocupantes;

Facilitar a intervenção dos bombeiros, em segurança;

A segunda prioridade é a proteção do património fazendo parte das medidas

estabelecidas anteriormente. Cabe aos proprietários dos bens zelar pela sua

segurança face aos riscos de incêndio recorrendo por isso às seguradoras existentes

para que possam ser ressarcidos dos prejuízos em caso de incêndio.

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3.5 Sistemas de combate a incêndios em edifícios

A instalação de sistemas de combate a incêndio nos edifícios tem por objetivo

criar as condições que possibilitem criar limitações ao desenvolvimento de incêndios e

oferecer aos bombeiros boas condições para a sua intervenção, contribuindo assim

para uma ótima evacuação das pessoas e a proteção dos seus bens.

Assim faz todo o sentido fazer uma abordagem aos diferentes meios de

combate ao incêndio.

Os sistemas de proteção contra incêndio, dividem-se em dois grandes

grupos: proteção ativa e proteção passiva:

3.5.1. Medidas passivas e ativas de segurança contra incêndio

As medidas de segurança contra incêndio, têm um carácter de prevenção e de

proteção. (Berto 1991 cit. Ono 2007), refere que:

“As medidas de prevenção de incêndio são aquelas associadas ao elemento

precaução contra início do incêndio e destinam-se, exclusivamente, a prevenir a

ocorrência do início do incêndio, ou seja, controlar o risco de início de incêndio.”

“As medidas de proteção contra incêndio são aquelas destinadas a proteger a

vida humana e os bens materiais dos efeitos nocivos do incêndio que já se desenvolve

no edifício. São necessárias ao sistema global de segurança contra incêndio, na

Sistema Global de Proteção Contra

Incêndios

Proteção Prevenção

Ativa Passiva

Figura 4 - Ações do sistema Global de Segurança Contra Incêndios (Fonte: Silva, 2006)

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proporção em que as medidas de prevenção venham a falhar, permitindo o surgimento

do incêndio. Estas medidas compõem os seguintes elementos do sistema global:

limitação do crescimento do incêndio; extinção inicial do incêndio; limitação da

propagação do incêndio; precaução contra propagação entre edifícios; evacuação

segura do edifício; precaução contra colapso estrutural; e rapidez, eficiência e

segurança das operações de combate e resgate.” (dissertação de Erica Joana et

al….2010, 12).

Exemplos de medidas físicas de segurança

AAtivas – Extintores Como meio de 1ª intervenção;

BPassivas – Resistência ao fogo dos elementos de construção;

Os sistemas de proteção passiva fazem parte da estrutura de

um edifício e ajudam a garantir a segurança dos ocupantes e do

próprio edifício.

Garantem a estabilidade e a integridade dos edifícios em caso

de incêndio, evitando o seu colapso;

Limitam a propagação e o desenvolvimento do incêndio,

permitindo aos ocupantes sair dos edifícios em segurança. Os

sistemas de proteção passiva integram a estrutura dos edifícios.

Apesar de não serem tão visíveis como outros equipamentos de

proteção contra incêndio como seja, por exemplo, os extintores,

os sistemas de proteção passiva são cruciais para incrementar a

segurança dos edifícios.

Figura 5 - Exemplos de medidas físicas de segurança

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Funcionamento:

Reação ao Fogo: as características dos materiais que constituem os

sistemas de proteção passiva não permitem que contribuam para a

ignição e desenvolvimento dos incêndios nem para a libertação de

gases perigosos, permitindo assim limitar a deflagração e a propagação

do incêndio e do fumo nos compartimentos sinistrados;

Resistência ao Fogo: devidos às suas características especiais, os

sistemas de proteção passiva resistem ao colapso e não deixam que as

chamas, os gases quentes e o calor os atravessem durante um

determinado período de tempo. Estes sistemas permitem que durante

esse tempo não haja propagação do incêndio nos espaços onde estão

instalados.

Consistem:

Em barreiras físicas que impedem que as chamas, os fumos e os gases

quentes resultantes de um incêndio se propaguem entre áreas e

edifícios distintos.

Em produtos e elementos de construção com propriedades específicas

(resistência e reação ao fogo) que garantem que os edifícios resistem

aos efeitos destrutivos dos incêndios.

Dos sistemas de proteção passiva contra incêndio fazem parte a proteção

horizontal e vertical dos edifícios e os revestimentos de materiais elementos de

construção:

Revestimentos de materiais e elementos de construção: destes

sistemas fazem parte produtos especiais cujas características permitem

alterar o comportamento ao fogo dos materiais e dos elementos de

construção em que são aplicados.

Proteção horizontal e vertical dos edifícios: nestes sistemas estão

incluídas as paredes e lajes com características de resistência ao fogo e

respetivos sistemas complementares, como por exemplo portas,

envidraçados e selagens resistentes ao fogo.

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Figura 6 - Porta resistente ao fogo

.

3.6. Meios de Primeira e Segunda Intervenção

3.6.1 Meios de Extinção

Uma das exigências básicas da segurança ao incêndio consiste na existência

de hidrantes exteriores na zona envolvente aos edifícios alimentados pela rede de

distribuição pública.

Por outro lado os edifícios devem possuir meios de combate ao incêndio que

podem ser de dois tipos:

Os meios de primeira intervenção são constituídos essencialmente

por meios portáteis de extinção (extintores portáteis, mantas ignífugas,

baldes com areia) e redes de incêndio armadas com dispositivos de

boca-de-incêndio tipo carretel e os sistemas de extinção fixos que

entram em funcionamento duma forma automatizada.

E tem como objetivo permitir o ataque ao incêndio numa fase inicial

podendo ser usados pelas equipas de segurança e também pelos

residentes no edifício.

Os meios de segunda intervenção que são constituídos por redes

húmidas e secas. Destinam-se á utilização dos bombeiros.

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3.6.1.2 Hidrantes exteriores

Um hidrante é um ponto de abastecimento de água para combate a

incêndios fazendo parte de uma rede de incêndio (instalação

hidráulica). Estes dispositivos permitem a o apoio aos bombeiros na

ligação das mangueiras para abastecer os veículos de combate ao

incêndio e veículos tanques de apoio.

São do tipo:

Boca –de- incêndio;

Marco de incêndio, conhecido pelo nome de marco de água;

A boca-de-incêndio possui uma saída, e são colocadas nas paredes ou

muros de separação dos edifícios. Existem também em pavimentos

como é o caso do estabelecimento “CICCOPN” na Maia, conforme se

pode verificar na figura 7.

Figura 7- Hidrante exterior de pavimento tipo boca-de-incêndio

Figura 8-Hidrantes exteriores/marco de incêndio

O agente extintor pode ser do tipo: água, espuma; dióxido de carbono.

Os meios de extinção existentes num estabelecimento podem classificar-se por

dois critérios distintos:

Pelo tipo de operação – manual ou automática;

E pelo tipo de utilizador a quem é dirigido os meios;

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3.6.2. Processos de Extinção

Dentro das várias classes de fogos existem diversos tipos de agentes extintores

que podem servir de forma diferente no combate ao incêndio dependendo do seu

efeito conforme abaixo descrito.

Efeito de arrefecimento;

Efeito de abafamento;

Dióxido de inibição;

Efeito de dispersão;

3.6.3.Agentes extintores

Os agentes extintores (água, espuma, gases inertes,) são utilizados no

combate ao fogo de acordo com as respetivas classes.

A escolha é feita no seguimento da análise:

Produtos disponíveis (adequabilidade do produto à classe de fogo, com

vista a uma reação química que provoque uma diminuição do fogo);

Materiais e equipamentos (o agente escolhido não deverá ter reações de

condutividade elétrica, ou produzir um efeito contrário ao esperado,

aumento da temperatura);

Tipo de local em causa (minimização dos danos consequentes do combate

ao fogo) (Castro e Abrantes, 2009).

Tabela 7 – Agentes extintores

Classes de Fogos

Agente Extintor

Água em jato

Àgua pulverizada

Espuma Pó normal

CO2 Abafamento/Asfixia

A

B E B NC B -

B

NC S B E E -

C

NC NC NC B B -

D

NC NC I I I -

F

I I NC A I E

NOTA: B - Bom; E - Excelente; NC - Não conveniente; I - Inaceitável; A - Aceitável

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3.6.4 Locais a equipar com meios de primeira intervenção

Devem ser equipados com meios de primeira intervenção todas as UT

(Utilizações - Tipo), com exceção das UT I (edifícios de habitação) na primeira e

segunda categoria de risco, assim como todos os locais de risco C e F.

As cozinhas e laboratórios classificados como locais de risco C devem estar

equipados com mantas ignífugas.

Nas centrais térmicas com potência superior a 70 KW devem ser equipadas

com meios de primeira intervenção adicionais, mediante o combustível utilizado no

local:

Combustível sólido ou líquido:

Extintores das classes 34 B, á razão de dois por queimador, com um

máximo exigível de quatro;

1. Nos casos de combustível gasoso, um extintor de pó químico

polivalente, da classe 5 A/34 B.

Os estabelecimentos, recintos ou locais de risco devem, em regra, ser

equipados com extintores portáteis, com uma distribuição adequada, á razão de 18 l

de agente extintor padrão por 500m2 de área de pavimento do piso em que se

encontra, com o mínimo de dois extintores por andar (um por 200m2), para que a

distância a percorrer desde a saída do local para os caminhos de evacuação até um

extintor não seja superior a quinze metros.

3.6.5 Redes de Incêndio Armada com Dispositivo Tipo Carretel

As redes de incêndio armadas classificam-se como tubagens rígidas e fixas em

carga instaladas nos estabelecimentos, que permitem alimentar boca-de-incêndio

armadas com dispositivos tipo carretel, facilitando o combate rápido em caso de

incêndio. A rede de incêndio deste tipo é constituída por fonte de alimentação, uma

rede de carga e boca-de-incêndio tipo carretel. O diâmetro da tubagem não pode ser

inferior a 50mm de diâmetro. Devem ser colocadas sempre próximo das entradas do

piso de referência, nos patamares das escadas junto aos acessos das comunicações

horizontais comuns e proximidade das garagens.

Deverão ser colocadas de maneira a que as mangueiras utilizadas

permitam alcançar todos os pontos a proteger, no mínimo por uma

agulheta a uma distância não superior a 5 m;

A distância entre bocas não pode ser superior ao dobro do comprimento

das mangueiras utilizadas;

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Deve existir uma boca-de-incêndio nos caminhos horizontais de

evacuação junto ao acesso para caminhos verticais a uma distância

nunca inferior a 3 m do respetivo vão de transição;

À saída dos locais ou zona que possam receber mais de 200 pessoas

deve existir uma boca-de-incêndio;

Figura 9-Boca-de-incêndio tipo carretel

3.6.6 Locais a equipar com redes de incêndio armadas tipo carretel

Edifícios, estabelecimentos ou locais que estejam classificados nas UT

(utilização-tipo e CR (categoria de risco):

UT- II a VIII e XII (2ª CR ou superior);

UT- II (1ª CR que ocupem espaços cobertos cuja área seja superior

a 500 m2);

UT- I, IX, e X (3ª CR ou superior);

Locais que possam receber mais de 200 pessoas;

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3.6.7 Locais a equipar com Sistemas de Redes/Colunas Secas

UT (Utilização Tipo) – I e II da 2ª CR (categoria de risco);

Utilização Tipo I (habitacionais)

Tabela 8 - Utilização Tipo e Quais as Categoria de Risco que tem de adotar as redes/colunas secas

Utilização Tipo II (Estacionamentos)

Tabela 9 - Utilização Tipo e Quais as Categoria de Risco que tem de adotar as redes/colunas secas

Categoria de Risco

Altura (m) Área

Nº de pisos abaixo do

plano de referência

Ao ar livre

1ª ≤ 9 ≤ 3.200 ≤ 1 Não

2ª ≤ 28 ≤ 9.600 ≤ 3 Não

3ª ≤ 28 ≤ 32.000 ≤ 5 Não

4ª > 28 > 32.000 > 5 Não

Categoria de risco Altura (m) Nº de pisos abaixo do plano

de referência

1ª ≤ 9 ≤ 1

2ª ≤ 28 ≤ 3

3ª ≤ 50 ≤ 5

4ª > 50 > 5

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3.6.8 Tipos de Redes/Colunas Secas

Existem dois tipos de colunas secas:

Colunas secas Ø 70 mm (permitem alimentar 2 bocas de incêndio de Ø

45 mm);

Colunas húmidas Ø 100 mm (permitem alimentar 4 bocas de incêndio

de Ø 45 mm);

Ao nível da instalação existem dois tipos de colunas secas (ascendentes e

descendentes).

Figura 10 – Exemplo de coluna seca

Figura 11 - União tipo STORZ de DN 52 mm

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3.6.9 Tipos de Redes/Colunas húmidas

No estabelecimento CICCOPN não existem colunas secas ou húmidas, porque

ao abrigo da legislação em vigor só se aplica a estabelecimentos com altura superior a

20 metros.

As redes/colunas húmidas devem obedecer á legislação em vigor ou de acordo

com as especificações publicadas pela Autoridade Nacional e Proteção Civil.

São canalizações rígidas e fixas instaladas nos edifícios e permitem alimentar

boca-de-incêndio não armadas ou armadas com dispositivos de tipo teatro, colocadas

nos respetivos pisos e estão permanentemente em carga e ligadas a uma rede de

incêndio criada especificamente para o efeito (combate a incêndios).

Utilização Tipo IV e V (Escolares, hospitalares e lares de idosos)

Tabela 10 – Exemplo de Utilização Tipo que deverão estar equipados com redes/colunas húmidas

Categoria Altura (m)

Locais de Risco D ou E com

saídas independentes

diretas ao exterior no plano

de referência

Efetivo Total

E locais de risco D(*) ou E(**)

1ª ≤ 9 Todos ≤ 100 ≤ 25

2ª ≤ 9 Não aplicável ≤ 500 ≤ 100

3ª ≤ 28 Não aplicável ≤ 1.500 ≤ 400

4ª(***) > 28 Não aplicável > 1.500 > 400

(*) Locais de risco D: local de um estabelecimento com permanência de pessoas

acamadas ou destinados a receber crianças com idade não superior a seis anos ou

pessoas limitadas na mobilidade ou nas capacidades de perceção e de reação a um

alarme.

(**) Locais de risco E: local de um estabelecimento destinado a dormidas mas em que

as pessoas não apresentam as limitações indicadas para os locais de risco D. Nas UT

IV, onde não existam locais de risco D ou E, os limites de efetivo para as 2ª e 3ª

categorias podem ser aumentados em 50%.

(***) Boca-de-incêndio armadas com dispositivo de tipo teatro.

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3.7 Outros meios de intervenção com água

3.7.1 Sistemas Fixos de Extinção Automática de Incêndios com Água

(Sprinklers)

Os sistemas fixos de extinção automática de incêndio têm por objetivo a

circunscrição e eventual extinção de um incêndio através da descarga automática de

água, podendo adicionalmente efetuar a deteção e proteger as estruturas.

As instalações são formadas por canalizações rígidas e fixas que permitem

alimentar os aspersores (sprinklers), os quais são acionados automaticamente (sem

intervenção do operador, exceto nos casos em a regulamentação esteja definida

noutros moldes.

A instalação é constituída por:

Fonte de alimentação;

Posto de controlo;

Colunas, troncos, ramais, sub-ramais;

3.7.2 Tipos de Sistemas

3.7.2.1 Sistema normal húmido

A tubagem está permanentemente em carga com água e neste caso os

sprinklers dispõem de um sensor térmico que impede a saída da água em caso de

falso alarme de incêndio. No entanto se estiverem sujeitos a temperatura elevada

podem explodir ou fundir e permitir a aspersão de água.

3.7.2.2 Sistema de diluvio

Muito idêntico ao sistema seco, só que neste caso a rede a jusante do sistema

de controlo está vazia, uma vez que os sprinklers, estão sempre abertos, e é colocado

na área a proteger um detetor de incêndios que ao ser atuado, vai comandar a

abertura da válvula (válvula de inundação), o que faz com que ao atuar a água chegue

á tubagem onde se localizam os aspersores. Deve também ser possível proceder á

sua abertura duma forma manual.

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Figura 12 - Exemplo de sistema de extinção automático (sprinklers)

3.8 Sistemas de Deteção, Alarme e Alerta de Incêndios

3.8.1 O objetivo de um SADI (Sistema Automático de Deteção de Incêndio)

Identificar o mais cedo possível a ocorrência de forma a permitir o alarme e

alerta por intermédio de meios acústico ou óticos para que se inicie a evacuação do

estabelecimento o quanto antes e se inicie as ações ao combate do incêndio,

dependendo da sua rapidez e eficácia na deteção e sua fiabilidade.

Um SADI é uma instalação técnica capaz de registar um princípio de incêndio

sem a intervenção humana, transmitir as correspondentes informações a uma central

de sinalização que, de forma automática, dá o alarme e aciona todos os comandos

necessários.

Figura 13 - Constituição do SADI

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Botoneira de alarme, detetores

Figura 14 - Sistema Endereçável

Figura 15- Sistema Convencional

3.8.2 Detetores de incêndio

Figura 16 – Botoneira de alarme e detetores

Os detetores mais comuns:

Detetores térmicos;

Detetores de fumo;

Detetores de chamas;

Detetores de dupla tecnologia;

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Nos edifícios onde não existem qualquer tipo de deteção, esta normalmente é

feita através do cheiro do fumo, aviso por outros ocupantes, ruído, aviso por membros

da família.

Na seleção de um detetor é de extrema importância ter em consideração

alguns fatores com influência decisiva na deteção de um incêndio. A seleção

inadequada de um detetor ou a sua localização errada pode originar uma

inoperacionalidade do sistema devido a um atraso na deteção ou a um número

excessivo de falsas ocorrências.

Tabela 11 – Escolha do tipo de detetor em função do local

Altura do local

Tipo de Detetores

Térmicos Fumo Chama

h ≤ 1,5

Adequado Muito Adequado Adequado

1,5 ≤ h ≤ 6

Adequado Muito Adequado Muito Adequado

6 ≤ h ≤ 7,5

Pouco Adequado Muito Adequado Muito Adequado

7,5 ≤ h ≤ 9

Não Adequado Muito Adequado Muito Adequado

9 ≤ h ≤ 12

Não Adequado Adequado Muito Adequado

12 ≤ h ≤ 20

Não Adequado Pouco Adequado Adequado

h > 20

Não Adequado Pouco Adequado Não adequado

3.8.3 Meios de alarme, alerta e sinalização

Os dispositivos de alarme podem ser do tipo acústico ou ótico. Os dispositivos

sonoros podem ser por exemplo uma campainha, uma sirene emitindo um sinal

intermitente ou contínuo, ou uma mensagem. Enquanto os dispositivos óticos

(sinalização) emitem uma luz contínua ou intermitente.

3.8.3.1 Alarmes falsos

A fiabilidade nas centrais de deteção de incêndio deverão ser elevadas, como

todos nós sabemos não deixam de estar sujeitas a anomalias (avarias), neste caso

devem ser detetadas atempadamente porque a sinalização do SADI é fundamental

para nos precavermos de um incêndio a qualquer hora, portanto é fundamental voltar

a repor a sua normalidade.

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Os alarmes intempestivos devem ser eliminados o quanto antes. Nas situações

em que o edifício dispõe de pessoal de segurança, o alarme só deve ocorrer após

confirmação do incêndio pelo pessoal de segurança.

3.8.3.2 Fontes de alimentação

Alimentação a partir da fonte principal;

Alimentação a partir de fonte de reserva (bateria);

3.9 Controlo de fumo nos estabelecimentos

Torna-se necessário dotar os estabelecimentos com meios de controlo de fumo

e gases tóxicos originados por um incêndio de forma a garantir, durante um

determinado período de tempo, as condições ambientais necessárias para que a

evacuação do estabelecimento seja efetuada com sucesso.

Este tipo de controlo pode ser feito por desenfumagem dos locais em causa ou

por sobrepressão de espaços que lhe sejam contíguos.

Os espaços que tem de estar dotados de instalação de controlo de fumo são os

seguintes:

Vias verticais de evacuação;

Vias horizontais de evacuação;

Galerias de ligação entre edifícios ou corpos do mesmo edifício sempre

que interiores;

Arquivos;

Depósitos e arrecadações;

Cozinhas;

Pátios interiores no caso de serem cobertos;

Outros espaços considerados nos diversos regulamentos de segurança

contra incêndio;

O estabelecimento no caso de estudo (CICCOPN) que estamos analisar é

importante a instalação de um sistema ativo de ventilação nas vias de evacuação

vertical e horizontal como é o exemplo do refeitório. Nos arquivos ou arrecadações

também não existe qualquer tipo de desenfumagem, seja ela ativa ou passiva.

3.9.1 Vantagens do controlo de fumo

Nos estabelecimentos deve ser garantida uma boa proteção contra incêndios

não basta para isso a existência de adequadas disposições construtivas ou a

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instalação de sistemas automáticos de incêndio e de deteção de incêndios, e meios de

extinção.

Quando estamos presente um incêndio existe necessidade de criar condições

de evacuação das pessoas em risco e extinção do mesmo, o que se torna muito difícil

se o fumo e os gases de combustão estiverem presentes no interior do

estabelecimento. Se juntarmos a isto o facto de se extinguir um incêndio com o agente

extintor (água), teremos ainda mais um fator a juntar-se á festa que se trata de vapor

de água que vai dificultar a visibilidade e o ataque ao incêndio.

Por estas razões que acabei de enumerar o controlo de fumo e o sistema de

desenfumagem torna-se muito importante como uma medida de segurança contra

incêndio e que nos permite extrair para fora do estabelecimento o fumo, calor e gases

perigosos originados pelo incêndio, assim temos uma proteção muito valiosa para a

proteção das pessoas e bens existentes no interior do estabelecimento.

A causa principal da morte nos incêndios resulta de gases tóxicos provocados

pela combustão. A visibilidade nos incêndios é outra das causas que evita o pânico

entre as pessoas e melhora as condições de evacuação proporcionando a

acessibilidade de socorro.

Outra das vantagens em existir o sistema de controlo de fumo é o facto de a

temperatura ser mais baixa com o sistema em funcionamento, assim diminui a

propagação do incêndio e a seu combate torna-se mais acessível.

Para concluir, com estas condições criadas a intervenção dos bombeiros é

mais fácil e mais rápida.

Assim o controlo de fumo permite-nos a proteção dos nossos bens, uma vez

diminuída a temperatura, a intensidade do fumo e a concentração de gases da

combustão, permite:

Redução dos danos causados pelo calor fumo e gases de combustão

corrosivos em produtos e equipamentos e os materiais utilizados na

construção não sofrem danos de corrosão agravados;

Ajuda-nos a localizar o foco de incêndio, melhorando as ações de

combate;

Faz com que retarde a propagação de incêndio, sendo coordenado com o

sistema de desenfumagem;

O vapor de água é empurrado para o exterior do estabelecimento

Recuperação torna-se mais fácil nas zonas afetadas pela ocorrência;

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3.9.2 Tipos de sistemas

Em função da arquitetura dos edifícios e dos riscos presentes podemos optar

por várias técnicas de controlo de fumo, sendo necessário ter atenção os riscos e a

sua compartimentação dos espaços para garantir uma correta conceção desses

sistemas. Os sistemas de controlo de fumo devem garantir a extração do fumo, gases

de combustão e energia para o exterior do edifício e provocando a insuflação de ar

fresco (renovado) para o interior do edifício. Deve ser garantida as pressões nos vários

espaços e verificar se essa pressão é adequada á função de desenfumagem.

Temos quatro combinações de extração/insuflação:

Natural/natural;

Forçada/forçada;

Natural/forçada;

A extração natural é feita através de aberturas nos vãos existentes nos pontos mais

altos dos edifícios ou espaços a proteger.

A insuflação natural é realizada através aberturas localizadas ao nível do piso do

incêndio ou abaixo dele.

A extração forçada é efetuada por ventiladores.

A insuflação natural é constituída por grelhas localizadas nos pontos mais baixos dos

espaços a proteger e resguardadas do fumo e gases libertados pelo incêndio.

A desenfumagem não natural é composta por ventiladores, extratores ou insufladores

mediante cada caso.

A insuflação forçada as aberturas de admissão de ar renovado são localizadas nos

pontos mais baixos dos edifícios. È constituída por bocas de insuflação e condutas de

encaminhamento do ar novo.

3.9.2.1 Vias de evacuação protegidas

Devem possuir um sistema de controlo de fumo as vias de evacuação

interiores protegidas, que contribua, além da compartimentação ao fogo.

No caso das escadas enclausuradas existem três situações em que é

importante a sua distinção:

Escadas acima do nível de referência até 28 metros de altura;

Escadas abaixo do solo;

Escadas acima ou abaixo do nível de referência em edifícios com altura

superior a 28 metros e respetivas antecâmeras de acesso.

3.9.2.2 Corredores

Nos corredores como sendo vias de evacuação horizontal, o controlo de fumo

pode ser realizado por processo natural ou forçado.

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No caso de desenfumagem natural/natural, as bocas de insuflação e de

extração devem ser distribuídas de uma forma alternada ao longo do corredor.

Na desenfumagem natural/forçada, as bocas de insuflação e de extração

devem ser distribuídas ao longo do corredor, podendo o seu afastamento na horizontal

ser superior: 15 m nos troços retilíneos e 10 m no resto dos casos.

Forçada/forçada, as aberturas de insuflação e de extração são distribuídas

naturalmente pelos corredores de forma descrita para a situação natural/forçada.

3.9.3 Comando dos sistemas

Tabela 12 – Comando e acionamento de aberturas de desenfumagem

Processo de comando

Meio de acionamento

Tipo de comando manual mais

usual Efeito

Mecânico

Ejetores ou amortecedores (com mola ou a

gás)

Alavanca ou guincho

Simples (só abertura)

Pneumático

Cilindros com CO2 Botão Simples (só

abertura)

Electro Pneumático

Cilindros com CO2 ou ar comprimido e electro- válvula de

comando

Botão Simples (só

abertura) ou duplo (abertura e fecho)

Elétrico

Motores elétricos Botão Duplo (abertura e

fecho)

3.10 Sinalização de segurança

No estabelecimento em estudo existe sinalização de segurança contra incêndio

e consiste em dispositivos de iluminação de emergência que têm como principais

objetivos:

Iluminar os locais de permanência habitual de pessoas, garantindo

condições de visão e orientação adequadas, de modo a permitir que

estas se dirijam em segurança para os caminhos de evacuação:

Iluminação Ambiente ou Anti Pânico

Facilitar a visibilidade no encaminhamento das pessoas até uma zona

de segurança e possibilitar a execução das manobras respeitantes à

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50

segurança e à intervenção dos meios de socorro: Iluminação de

Balizagem ou Circulação

3.10.1 Tipos de blocos autónomos

Quanto ao tipo de funcionamento, os Blocos Autónomos podem ser dos

seguintes tipos:

Os Blocos Autónomos são constituídos por lâmpada (s) e por uma fonte de

energia autónoma, geralmente acumuladores recarregáveis, que garantem o seu

funcionamento em caso de falha da rede pública de alimentação de energia e estão

colocados nas divisões do estabelecimento e nas vias de evacuação

Os Blocos Autónomos devem apresentar as seguintes características técnicas

genéricas:

Autonomia: Adequada ao tempo de evacuação dos espaços que servem, com

um mínimo aconselhado de 1 hora.

Luminância:

Enquanto dispositivos de iluminação ambiente, devem garantir níveis

de luminância tão uniformes quanto possível, com um valor mínimo de 1

lux, medido no pavimento.

Enquanto dispositivos de iluminação de balizagem ou circulação,

devem garantir um nível mínimo de luminância de 5 lux, medidos a 1m do

pavimento ou do obstáculo a identificar.

Na iluminação de balizagem ou de circulação, os blocos autónomos devem ser

instalados a menos de 2m em projeção horizontal da intersecção de corredores, de

mudanças de direção de vias de comunicação, de patamares de acesso e intermédios

de vias verticais, de câmaras corta-fogo, de botões de alarme, de comandos de

equipamentos de segurança, de meios de primeira intervenção e de saídas.

De modo a garantir a fiabilidade dos blocos autónomos, estes devem ser

sujeitos a inspeções periódicas e a ações de manutenção preventiva regulares. Deve

ser tido em atenção o tempo de vida útil das baterias.

Permanentes ou de Luz Mantida: quando estão permanentemente

ligados, independentemente da rede pública de alimentação de energia

estar ou não em falha.

Não Permanentes: quando apenas ligam em caso de falha da rede

pública de alimentação de energia.

Nota: a seleção do tipo de blocos autónomos a instalar deve ser efetuada de

acordo com as disposições da legislação nacional aplicável; designadamente ao

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Decreto-lei nº 141/95, de 14 de Junho, alterado pela Lei nº113/99, de 3 de Agosto, e à

Portaria nº 1456-A/95, de 11 de Dezembro.

A informação contida na sinalização de emergência deve ser disponibilizada a

todas as pessoas a quem essa informação seja essencial numa situação de perigo ou

de prevenção relativamente a um perigo, nº2 do Artigo 108.

3.10.2 Blocos constituintes

Devem ser ainda constituídos por um telecomando que permita colocá-los no

estado de repouso a partir de um ponto central, na proximidade do dispositivo de

comando geral da alimentação da iluminação do edifício. Este dispositivo só é possível

de ser atuado quando os blocos autónomos não estão a ser alimentados pela rede

pública de alimentação de energia.

Enquanto iluminação de balizagem ou circulação, os blocos autónomos podem

ser complementados com placas de sinalização, conforme a norma ISO 3864, que

indiquem o sentido do caminho de evacuação.

A aposição de etiquetas de sinalização sobre os blocos autónomos não é

permitida.

Figura 17 - Telecomando para reposição do bloco autónomo no estado de repouso

3.10.3 Instalação

Na iluminação de balizagem ou de circulação, os blocos autónomos devem ser

instalados a menos de 2m em projeção horizontal da intersecção de corredores, de

mudanças de direção de vias de comunicação, de patamares de acesso e intermédios

de vias verticais, de câmaras corta-fogo, de botões de alarme, de comandos de

equipamentos de segurança, de meios de primeira intervenção e de saídas.

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3.10.4 Manutenção dos blocos autónomos

De modo a garantir a fiabilidade dos blocos autónomos, estes devem ser

sujeitos a inspeções periódicas e a ações de manutenção preventiva regulares. Deve

ser tido em atenção o tempo de vida útil das baterias.

Figura 18 - Bloco autónomo

Figura 19 - Sinalização e Iluminação – Norma ISO 16069

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3.11 Organização e gestão de segurança

Na sociedade atual 90% dos incêndios são causados por intervenção humana,

direta ou indiretamente. Durante as diversas fases da segurança contra incêndio, seja

prevenção, atuação em caso de emergência e após o incêndio.

As medidas humanas, como uma boa organização e gestão de segurança

contra incêndios são essenciais para o sucesso contra o risco de incêndio.

As organizações devem estabelecer medidas de autoproteção estruturando a

intervenção humana, para que a prevenção e a gestão de emergência funcione duma

forma eficaz a favor da prevenção das ocorrências no interior dos edifícios. As

medidas de segurança têm que ser operacionais e atuar em caso de emergência.

As medidas de autoproteção variam de entidade para entidade dependendo

dos riscos relacionados com a sua atividade, mesmo em atividades semelhantes os

riscos são diferentes, assim é necessário a recolha exaustiva de informação, sobre

processos associados ao desempenho da sua atividade, por exemplo o tipo de

produtos manuseados, equipamentos e sistemas utilizados, a sua arquitetura e os

recursos humanos existentes.

A importância de uma avaliação de riscos de incêndio torna-se imprescindível

dentro das organizações para fazer face a qualquer ocorrência.

3.11.1 Responsabilidades

Quando a vidas das pessoas está em jogo numa entidade, a segurança contra

incêndio tem que ser assumida pelo responsável da mesma (ao mais alto nível), o seu

órgão de direção máximo é o ”Responsável de Segurança” (RS).

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Capitulo 4

INTRODUÇÃO E APLICAÇÃO DO

MÉTODO DE GRETENER

4.1 Introdução

Este capítulo tem como objetivo fazer uma introdução a análise de risco de

incêndio em estabelecimentos fazendo uma introdução e descrição do método

aplicado (método de “GRETENER”).

Os edifícios estão expostos ao risco de incêndio como o caso de estudo aqui

proposto o estabelecimento CICCOPN.

O desenvolvimento dos incêndios depende de numerosos fatores, cuja

influência pode intervir de forma a dificultar o seu combate e consequentemente a

perda de vidas humanas.

Assim, é impreterível a identificação de potenciais perigos e de medidas de

proteção, tendo em vista a sua aplicabilidade, no intuito de suprimir ou minimizar as

suas consequências.

Tendo objetivo a análise do risco de incêndio de um estabelecimento em

estudo, utilizando para o efeito o método de Gretener.

Inicialmente proceder-se-á a uma abordagem aos métodos de análise do

risco de incêndio em edifícios, evidenciando a sua flexibilidade face à atual legislação

em vigor no âmbito da Segurança Contra Incêndio em Edifícios.

Prossegue-se com uma breve apresentação do método de Gretener, onde se

descreve a sua origem, a sua aplicabilidade e o seu mecanismo de análise que, dada

a sua simplicidade o torna “titular” do método mais conhecido na Europa.

Em seguida é caraterizado o caso de estudo, descrevendo-se o edifício em

análise e as atividades que nele se promovem, bem como algumas das medidas de

proteção já existentes.

Depois procede-se à descrição da aplicação do método, bem como à análise

dos resultados obtidos, onde se expõe as soluções propostas para garantir que a

segurança do edifício em apreço é suficiente, numa lógica de custo/beneficio.

Na aplicação do método socorreu-se de uma folha de cálculo – Excel, a qual

se encontra agregada ao presente trabalho [Apêndice I], sendo esta aplicação

informática uma poderosa ferramenta na prossecução do estudo e circunscreve-se à

proposta do próprio modelo que consta no Apêndice 1.

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Finalmente são apontadas algumas conclusões.

4.1.1 Métodos de análise do risco de incêndio em edifícios

Os métodos de análise do risco de incêndio permitem uma abordagem

diferente da atual regulamentação existente no âmbito da Segurança Contra Incêndios

em Edifícios (SCIE), composta pelo Decreto-Lei n.º 220/2008 de 12 de Novembro, que

estabelece o Regime Jurídico da Segurança Contra Incêndios em Edifícios (RJ - SCIE)

e pela Portaria n.º 1532/2008 de 29 de Dezembro, que estabelece o Regulamento

Técnico de Segurança Contra Incêndio em Edifícios (RT - SCIE).

Estes diplomas englobam disposições regulamentares de segurança contra

incêndio aplicáveis a todos os edifícios e recintos, distribuídos por 12 utilizações-tipo,

sendo cada uma delas, por sua vez, estratificada por quatro categorias de risco de

incêndio, ditando as necessidades de meios e ações a adotar, bem como as

condições e procedimentos a cumprir, no sentido de salvaguardar pessoas e bens.

Assim, a partir de 01 de Janeiro de 2009, os novos edifícios estão incumbidos

da observância das normas previstas nos diplomas supracitados, devendo acautelar a

sua segurança contra incêndios, aquando a realização do projeto de arquitetura, dos

projetos de segurança contra incêndios em edifícios (SCIE) e dos restantes projetos

das especialidades a concretizar em obra.

Dado ao elevado grau de risco e pela necessidade de medidas de segurança

externas estão excluídos da referida regulamentação os estabelecimentos: instalações

prisionais; espaços classificados, de acesso restrito, das instalações das forças

armadas ou de segurança; estabelecimentos industriais e de armazenamento de

substâncias perigosas e os postos de abastecimento de combustíveis.

Os estabelecimentos industriais e de armazenamento de substâncias

perigosas, indústrias de pirotecnia e de manipulação de produtos explosivos e

radioativos, devem ao abrigo dos diplomas referidos, cumprir apenas as prescrições

relacionadas com a acessibilidade das forças de socorro e a disponibilidade de água

para o combate a incêndios.

Ora, se as questões inerentes à SCIE para os novos edifícios se apresentam

salvaguardadas, o mesmo não podemos afirmar em relação aos edifícios já existentes

(anteriores a 01/01/2009), que regra geral, devido às suas especificidades

construtivas, é praticamente impossível aplicar algumas das imposições do RT - SCIE

sem alterar o essencial das suas características arquitetónicas, culturais e históricas.

É sobretudo nestes casos que os diferentes métodos de análise de risco de

incêndio dão o seu maior contributo, na medida em que são mais permissivos, tendo

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aplicabilidade no estudo da segurança de edifícios já existentes, onde o RJSCIE e o

RTSCIE não são aplicáveis, servindo assim de base de partida para essa análise.

Com estes métodos de análise do risco de incêndio, não só o Método de

Gretener, mas outros, como por exemplo, o Análise do Risco de Incêndio em Centros

Urbanos Antigos (ARICA) ou o Fire Risk Assessment Method for Engineering

(FRAME), podemos quantificar a segurança e fazer o “jogo” de propor medidas de

proteção que permitam alcançar um nível de segurança suficiente.

4.1.2 Método de Gretener

É um método de análise do risco de incêndio em edifícios, desenvolvido na

Suíça pelo Engenheiro Max Gretener, no seguimento do estudo sobre as

possibilidades de avaliar matematicamente os riscos de incêndio das construções

industriais e dos edifícios de grandes dimensões.

O método foi apresentado em 1965 e tinha por objetivo a satisfação das

necessidades das empresas seguradoras contra incêndio. Mais tarde, em 1968, é

recomendado pela Associação Suíça dos estabelecimentos cantonais de seguros

contra incêndios (AEAI) e pelo Serviço de prevenção contra incêndios na indústria e

no artesanato (SPI) como método de avaliação, para dele deduzir regulamentação

referente ao fogo.

É o método mais conhecido na Europa para a avaliação do risco de incêndio

e a sua popularidade deve-se ao facto deste método permitir uma análise sistemática

dos fatores de risco com uma aplicação simples e objetiva. Pressupõe que são

estritamente observadas as regras gerais de segurança, tais como distâncias de

segurança entre edifícios vizinhos e sobretudo as medidas de proteção das pessoas,

como saídas de evacuação, iluminação de segurança, etc., bem como as prescrições

correspondentes às instalações técnicas.

O método é preferencialmente aplicável às construções industriais e a outras

edificações especiais e também em certos casos, aos edifícios de habitação e

administrativos.

Tem por base a utilização de fórmulas matemáticas simples conjugadas com

a utilização de tabelas de dados e o seu grande potencial deriva da sua simplicidade

matemática e riqueza das tabelas, desenvolvidas com fundamentação estatística.

A base para a determinação do risco de incêndio de um edifício é a

comparação entre um valor de risco aceitável, previamente determinado, e o valor do

risco de incêndio efetivo.

O cálculo do risco de incêndio efetivo é definido como o produto entre o grau

de probabilidade de ocorrência do incêndio e a sua gravidade.

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A gravidade do incêndio é determinada a partir de uma relação entre os

fatores que favorecem o desenvolvimento de um incêndio e aqueles que o dificultam,

usando a nomenclatura específica, numa relação entre perigos potenciais e as

medidas de proteção.

A análise de risco engloba quatro fases: identificação dos perigos,

quantificação dos riscos, determinação do risco aceitável e definição da estratégia

para a gestão do risco, e destinando-se a dar respostas as seguintes questões: qual o

nível de segurança exigível, quando a instalação ou atividade se pode considerar

segura, quais os riscos assumir e quais os riscos a proteger e por último quando

investir na segurança numa ótica de otimização do custo benefício.

4.1.3 Aplicação do método

Os cálculos foram efetuados com o auxílio da folha de cálculo - Excel

descrevendo-se em seguida a prossecução dos trâmites inerentes à análise do risco

de incêndio para o edifício em estudo. Na aplicação do método de Gretener, tomou-se

como exemplo os Blocos B e C, uma vez que se teve em consideração que estes

blocos são de todo o estabelecimento CICCOPN aqueles que apresentam maior risco,

pois as atividades que neles se lecionam prende-se no caso do Bloco B, com

atividades de pintura e serralharia onde existem produtos inflamáveis com um índice

de inflamabilidade muito elevado (solventes) e no caso do Bloco C, cuja atividade

lecionada se prende com a reparação de aparelhos de gás e instalação de gás natural,

havendo aqui também a utilização de chamas nuas e utilização de gases inflamáveis

como acetileno, propano, butano, entre outros.

Estes blocos são de facto os que em função da sua atividade apresentam

maior risco pelo que se procedeu à avaliação do risco pelo método de Gretener nos

mesmos, espelhando assim o pior cenário no estabelecimento CICCOPN.

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No Bloco B:

Figura 20 - Foto do Bloco B | CICCOPN

Este Bloco, numa primeira análise, tendo em consideração a “densidade da

carga de incêndio” do edifício, os “perigos potenciais” e as “medidas contra o

desenvolvimento do incêndio”, obteve-se uma SCI insuficiente, na ordem dos 0,285.

Dado que o edifício em questão é de construção anterior ao ano de 2009, não

estando por isso abrangido pelas disposições legais do RJ-SCIE (DL 220/2008)

procedeu-se ao estudo das condições de segurança contra incêndio utilizando para o

efeito o método de Gretener, tendo concluído o seguinte:

Efetuada a 1ª análise aos meios existentes aferiu-se que de facto o edifício não

apresentava condições de segurança suficientes, isto é, não eram suficientes como

ficou demonstrado através do método de Gretener, sendo necessário proceder a

intervenções;

Assim, começou-se por alterar as condições de segurança pelas medidas

normais, tendo para o efeito procedido a alteração no redimensionamento dos

extintores e propor a instalação de carretéis de forma a alcançar todos os

compartimentos do Bloco B; sendo o seu abastecimento feito através da central de

bombagem, devendo-se ainda dar formação aos funcionários;

Mesmo assim com estas alterações, verificou-se que as condições de

segurança não eram ainda suficientes, pelo que se procedeu a nova alteração, desta

feita nas medidas especiais, nomeadamente:

Vigilância: 2 rondas durante a noite e nos dias de inatividade rondas de 2 em 2

horas todos os dias;

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Procedidas as alterações descritas, regista-se que com as mesmas foi possível

obter uma segurança contra incêndio suficiente> 1 (como se pode verificar no tabela

13 abaixo transcrito):

Tabela 13 -Risco de incêndio efetivo

Esta avaliação permite assim numa perspetiva custo-benefício razoável

melhorar as condições de segurança sem investimentos de vulto, não sendo por isso

necessário a instalação de um Sistema Automático de Deteção de Incêndio, (SADI).

4.1.4 Caraterização do Bloco B em estudo

Trata-se de um edifício do tipo G.

Tabela 14 – Caracterização do Bloco em estudo

Caraterização do

compartimento em estudo Situação Inicial Alteração 1 Alteração 2

Tipo de edifício G G G

[l] Comprimento (m) 43 43 43

[b] Largura (m) 20 20 20

Área (m2) 860 860 860

Relação l/b 2,15 2,15 2,15

Neste tipo de edifícios estão incluídas as grandes superfícies em que o

compartimento de incêndio se estende a um piso completo ou a áreas muito

significativas que se desenvolvem na horizontal, como é o caso deste bloco em

estudo.

Risco de incêndio efetivo

B Fator de exposição ao perigo (B=P/M) 3,80 B= 1,10 B= 1,04

A Perigo de ativação 1,20 A= 1,20 A= 1,20

R R = B * A 4,563 R= 1,314 R= 1,252

PH,E

Exposição das pessoas ao perigo PH,E

1 PH,E

1 PH,E

1

Ru Risco admissível (R

u = 1.3 * P

H,E) R

u 1,3 R

u 1,3 R

u 1,3

SCI Segurança contra incêndio [S=R

u/R] SCI 0,285 SCI 0,989 SCI 1,039

SCI < 1 SCI > = 1

A segurança contra incêndio é insuficiente A segurança contra incêndio é suficiente

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61

A propagação na horizontal é facilitada, o mesmo não se passa na

propagação vertical.

4.1.5 Cálculo da densidade da carga de incêndio

Foi tido em consideração as atividades desenvolvidas no edifício (fabrico e

armazenamento).

Utilizou-se para o efeito o método de cálculo probabilístico, tendo-se obtido o

total da carga de incêndio da instalação em causa, a qual se dividiu pela área, no

sentido de obter a média da carga de incêndio distribuída pela mesma (Qm).

O resultado desta operação é pertinente para aferir o fator de carga de

incêndio mobiliária (q).

Tabela 15 - Carga de incêndio

Cálculo da densidade de carga de incêndio [Método de cálculo PROBABILÍSTICO]

F ou A

Atividade Carga de Incêndio Área ou Volume

Carga de Incêndio

F Sala_23 600 30,77 18

462 MJ

MJ/m2 m

2

F Sala_24 600 43,71 26

226 MJ

MJ/m2 m

2

F Sala_25 600 26,99 16

194 MJ

MJ/m2 m

2

F Sala_26 600 33,54 20

124 MJ

MJ/m2 m

2

F Sala_27 600 56,56 33

936 MJ

MJ/m2 m

2

F Gabinete_Lab_Cantaria 600 7,18

4 308 MJ MJ/m

2 m

2

F Gabinete_Lab_Pintura 600 6,61

3 966 MJ MJ/m

2 m

2

F Gabinete_Lab_Serralharia 600 6,61

3 966 MJ MJ/m

2 m

2

F Lab_Cantaria 200 125,74 25

148 MJ

MJ/m2 m

2

F Lab_Pintura 500 96,92 48

460 MJ

MJ/m2 m

2

F Lab_Paineis_Solares 200 88,84 17

768 MJ

MJ/m2 m

2

F Lab_Serralharia 200 96,79 19

358 MJ

MJ/m2 m

2

F Sala_Man_Fisíca 100 37,3

3 730 MJ MJ/m

2 m

2

TOTAL 858,7 m

2

241 646

MJ

Média da carga de incêndio distribuída pela área [Qm]

281,40 MJ/m2

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4.1.6 Consulta ao Anexo I, no sentido de indagar o valor mais gravoso das

atividades que contribuem com mais de 10% da carga de incêndio

No seguimento desta análise são aferidos os valores para os fatores de

combustibilidade (c), de perigo de fumo (r) e perigo de corrosão (k), intrínsecos aos

perigos potenciais afetos ao conteúdo.

Tabela 16 - Valor mais gravoso das atividades afetos aos perigos potenciais

Atividade c r k

Sala_27 1,2 1,0 1,0

Lab_Pintura 1,6 1,0 1,0

4.1.7 Avaliação dos perigos potenciais

Os perigos potenciais afetos ao edifício apuraram-se por consulta das

respetivas tabelas.

Tabela 17 -Perigos potenciais

Perigos Potenciais

Co

nte

úd

o

Carga de incêndio mobiliária q = 1,1 q = 1,1 q = 1,1

Combustibilidade c = 1,6 c = 1,6 c = 1,6

Perigo de fumo r = 1,0 r = 1,0 r = 1,0

Perigo de corrosão k = 1,0 k = 1,0 k = 1,0 E

difíc

io

Carga de incêndio imobiliária i = 1 i = 1 i = 1

Nível de piso e = 1,15 e = 1,15 e = 1,15

Amplidão de superfície g = 0,5 g = 0,5 g = 0,5

Perigo potencial (q.c.r.k.i.e.g.) P 1,012 P 1,012 P 1,012

4.1.8 Medidas contra o desenvolvimento do incêndio

4.1.8.1 - Medidas normais

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Tabela 18 - Medidas normais

Medidas Normais

Extintores portáteis n1=

0,9 n1=

1 n1=

1

Rede de incêndio n2=

0,8 n2=

1 n2=

1

Abastecimento de água n3=

0,25 n3=

0,5 n3=

0,5

Tomadas de água exteriores n4=

1 n4=

1 n4=

1

Formação do pessoal n5=

0,8 n5=

1 n5=

1

Medidas normais (n1.n2.n3.n4.n5) N 0,14 N 0,50 N 0,50

4.1.8.2 Medidas especiais

Tabela 19 - Medidas especiais

Medidas Especiais

Deteção de incêndio s1= 1 s1= 1 s1= 1,05

Transmissão do alerta s2= 1 s2= 1 s2= 1

Bombeiros s3= 1,4 s3= 1,4 s3= 1,4

Tempo de intervenção s4= 1 s4= 1 s4= 1

Extinção automática s5= 1 s5= 1 s5= 1

Desenfumagem s6= 1 s6= 1 s6= 1

Medidas especiais (s1.s2.s3.s4.s5.s6) S 1,40 S 1,40 S 1,40

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64

4.1.8.3 Medidas construtivas

Tabela 20 - Medidas Construtivas

O produto destes fatores constitui a resistência ao fogo (R) do compartimento

de incêndio, bem como zonas contíguas, desde que estas tenham uma influência

sobre eles.

4.1.8.4 Risco de Incêndio Efetivo

Procedeu-se ao produto de todas as medidas de proteção [M=N (normais)*S

(especiais)*F(construtivas)]. Sendo o resultado desta operação o divisor (M), o

dividendo é o resultado do produto dos perigos potenciais (P), necessários para

calcular o fator de exposição ao perigo (B), sendo B=P/M.

Prossegue-se à avaliação do perigo de ativação (A).

No caso de haver mais do que uma atividade (como é o caso), deve-se

consultar o Anexo I e tomar o valor mais desfavorável (mais alto) assumido entre as

atividades existentes no edifício em estudo.

Por fim, efetua-se o cálculo do risco de incêndio efetivo (R), sendo R=B*A.

Em seguida é tido em consideração a exposição ao perigo das pessoas PH,E

(tendo em conta o número de pessoas, a sua mobilidade e o andar em que se

encontra o compartimento de incêndio). Retira-se o valor do Anexo I, sendo o valor de

"p" o mais desfavorável das atividades existentes no edifício. Caso não exista valor

pré-definido deve assumir-se o valor 1.

Segue-se com o cálculo do risco de incêndio admissível (Ru), sendo [Ru = 1.3

* PH,E].

Medidas Construtivas

Resistência da estrutura f1= 1,2 f1= 1,2 f1= 1,2

Resistência da fachada f2= 1,1 f2= 1,1 f2= 1,1

Pavimentos f3= 1 f3= 1 f3= 1

Células corta-fogo f4= 1 f4= 1 f4= 1

Medidas construtivas (f1.f2.f3.f4) F 1,320 F 1,320 F 1,320

N (normais)*S (especiais)*F(construtivas) M= 0,266 M= 0,924 M= 0,970

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Finalmente, após ter aferido todas as variáveis intrínsecas à análise do risco

de incêndio, resta-nos um último cálculo, desta feita a segurança contra incêndio

(SCI), sendo [S=Ru*R].

O resultado desta operação permite ao utilizador avaliar as condições iniciais

do edifício no que toca aos perigos potenciais e às medidas de proteção, cabendo-lhe

proceder às alterações custo/benéfico pertinentes, por forma a promover a suficiente

segurança contra incêndio no edifício, isto é, que a SCI > = 1.

Tabela 19 - Risco de incêndio efetivo

Risco de incêndio efetivo

B Fator de exposição ao perigo (B=P/M) 3,80 B= 1,10 B= 1,04

A Perigo de ativação 1,20 A= 1,20 A= 1,20

R R = B * A 4,563 R= 1,314 R= 1,252

PH,E Exposição das pessoas ao perigo PH,E 1 PH,E 1 PH,E 1

Ru Risco admissível (Ru = 1.3 * PH,E) Ru 1,3 Ru 1,3 Ru 1,3

SCI Segurança contra incêndio [S=Ru/R] SCI 0,285 SCI 0,989 SCI 1,039

SCI < 1 SCI > = 1

A segurança contra incêndio é insuficiente

A segurança contra incêndio é suficiente

4.1.9 Conclusão

Este método é de uma importância inquestionável inovador e tem como

característica fundamental a procura de integração dos principais fatores com

implicação na segurança contra incêndio em edifícios. Porém ao fim de 50 anos de

existência, é natural que depois do desenvolvimento das tecnologias se identifique

alguma insuficiência, mas não impede a sua utilização. Essas insuficiências vão desde

os valores apresentados até para cargas de incêndio, até aos valores relacionados

com as exposições das pessoas. Existe diferentes métodos que permitem quantificar e

qualificar o risco de incêndio, no entanto, não existem métodos que contemplem de

forma totalmente abrangente todos os aspetos relacionados com o risco de incêndio e

que ao mesmo tempo permitam comparar soluções alternativas de projeto, de forma a

conseguir obter-se os resultados desejados. O método de Gretener é o método mais

utilizado pelas companhias de seguros.

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67

Capitulo 5

CASO DE ESTUDO “CICCOPN”

5.1 Introdução

O estabelecimento “CICCOPN” foi construído no ano 1990 estabelecimento de

ensino e formação profissional, sito à Rua de Espinhosa, na localidade de Avioso S.

Pedro, com o código postal 4475-699, no concelho da Maia.

Neste estabelecimento promovem-se ações de ensino e formação profissional

para jovens e adultos, sustentada por aulas teóricas e práticas, cuja matéria lecionada

concerne à indústria da construção civil.

Figura 21 – CICCOPN (Bloco A)

O estabelecimento em causa corresponde à UT IV “Escolares”, conforme

dispõe a alínea d) do n.º 1 do artigo 8.º do RJ-SCIE, uma vez que, a sua atividade

alude a ações de educação, ensino e formação, protagonizadas por, centros de

formação (como é o caso).

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As UT dos edifícios e recintos, em matéria de risco de incêndio, podem ser da

1.ª, 2.ª, 3.ª ou 4.ª Categorias de Risco, sendo consideradas respetivamente de risco

reduzido, risco moderado, risco elevado e risco muito elevado.

O Centro de Formação Profissional da Industria de Construção Civil e Obras

Públicas, doravante designado por “Centro”, é um organismo dotado de personalidade

jurídica de direito público, sem fins lucrativos, com autonomia administrativa e

financeira e património próprio.

Através da Portaria nº 559/87 foi criado protocolo que criou o Centro de

Formação Profissional da Industria de Construção Civil e Obras Públicas do Norte,

outorgado entre Instituto do Emprego e Formação Profissional e a Associação das

Industrias de Construção Civil e Obras Públicas do Norte (AICCOPN).

Este capítulo é estruturado em duas partes:

Primeira parte é efetuada uma auditoria ao estabelecimento para

identificar as medidas ativas e passivas existentes da segurança contra

incêndios no estabelecimento escolar CICCOPN, tendo em atenção a

legislação aplicável Decreto-Lei 220/2008 de 12 de Novembro e a

Portaria 1532/2008 do (RT-SCIE).

Segunda parte consiste na apresentação das medidas de autoproteção

elaboradas no presente caso de estudo, exigidas para esta Utilização

Tipo IV (Escolares), fazendo cumprir o ponto 1 do Artigo 198, do RT-

SCIE, da Portaria 1532/2008 que serão apresentadas em anexo A

deste relatório. Para concluir apresentam-se algumas considerações

finais.

5.1.2 Caracterização do espaço

O estabelecimento CICCOPN é constituído por 12 blocos separados

fisicamente entre si, são eles: A, B, C, G, I, J, L, M, N, O, P,Q. Os blocos são

independentes entre si.

A primeira fase do Bloco A onde estão localizadas algumas salas de formação,

laboratórios de formação e refeitório, encontra-se em condições de funcionamento

desde Janeiro de 1990, os restantes blocos foram construídos posteriormente.Com

uma área total útil de 12 596,29 e área bruta de 13 331,62 . As instalações do

CICCOPN estendem-se por uma área total de 85.800 , dos quais cerca de

13.331,62 são área coberta.

Os restantes blocos B, C, G, I, J, L, M, N, O, P, Q, são constituídos por

laboratórios de formação e salas de formação, dos quais o bloco J está instalada a

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zona residencial (dormitório), o bloco L é local de garagem e o bloco M é uma portaria

dos vigilantes.

5.1.3 Estrutura construtiva

No estabelecimento CICCOPN a construção das paredes exteriores é feita em

alvenaria de tijolo com reboco, revestido a cerâmica. A sua estrutura é constituída por pilares,

vigas e lajes em betão armado e as paredes em alvenaria com reboco.

A compartimentação interior é feita por alvenaria de tijolo rebocado e não rebocado, e

divisórias amovíveis em gesso cartonado como se pode verificar na Tabela 22.

Tabela 20 - Características construtivas

CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS Ano de construção: 1990 Altura do edifício: 4.00 Metros Tipo de construção: Paredes exteriores em alvenaria de tijolo com

reboco; revestido com cerâmica Estrutura: Paredes em alvenaria de tijolo rebocado;

pilares, vigas e lajes em betão armado; Pavimentos: Cimento e Parquet ; Compartimentação interior: Alvenaria de tijolo rebocado e não rebocado, e

divisórias amovíveis em gesso cartonado; Revestimentos combustíveis: Divisórias amovíveis em madeira e alumínio; Revestimentos incombustíveis: Paredes em alvenaria de tijolo rebocado e

gesso cartonado, tetos rebocados.

5.1.4 Utilização Tipo e Categoria de Risco

Neste caso de estudo o estabelecimento CICCOPN foi classificado como uma

Utilização Tipo IV da 3ª Categoria de Risco em função da conjugação dos fatores de

risco associados à altura da UT, efetivo e efetivo em locais de tipo D ou E, em

conformidade com a alínea d) do n.º 2 do artigo 12.º do RJ-SCIE. Conforme se pode

verificar na Figura 21.

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Figura 22 - Categorias de risco da utilização-tipo IV «Escolares»

Todos os locais de risco, assim como o seu efetivo e fator de risco estão

representados no anexo B, nº 29, PP_7 deste relatório, no Plano de Segurança Interno

do CICCOPN.

O efetivo deste estabelecimento como podemos verificar é superior a 1500,

com a agravante de existirem locais de risco D e E no estabelecimento. Só no Bloco A

o efetivo total é de 2456 (ver anexo B, nº29, PP_7).

Neste momento o quadro de pessoal deste estabelecimento ´constituído por

117 funcionários, no entanto o efetivo, foi calculado pela aplicação dos índices de

ocupação dos espaços estabelecidos no artigo 51º do RT-SCIE, obtendo um efetivo

total dos Blocos de 3082 pessoas.

Tabela 21 – Distribuição do efetivo do CICCOPN

Edifício Efetivo

Bloco A 2456

Bloco B 222

Bloco C 133

Bloco P 34

Bloco L 3

Bloco F 2

Bloco O 27

Bloco N 91

Bloco G 26

Bloco J 48

Bloco I 40

Total 3082

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O cálculo do efetivo, por aplicação dos índices de ocupação por unidade de

área em função do uso dos espaços, de acordo com o artigo 51.º do RT-SCIE e a

classificação dos locais de risco, em conformidade com o artigo 10.º do RJ-SCIE,

encontra-se no Anexo PP_7.

O número de ocupantes nas salas, resulta da incidência do índice cujo uso se

carateriza por ”Espaços de ensino não especializados”.

Aos laboratórios aplicou-se um índice cujo uso é caraterizado por:“Salas de

desenho e laboratórios”.

Para o gabinete usou-se um índice cujo uso é caraterizado por: “Gabinetes de

escritório”.

Não foram contabilizados os compartimentos inerentes às instalações

sanitárias, tendo em consideração a não simultaneidade de ocupação desses

espaços.

A classificação dos compartimentos como locais de risco A deve-se ao facto

desses locais não apresentarem riscos especiais, verificando-se simultaneamente as

seguintes condições:

O efetivo não excede as 100 pessoas;

O efetivo de público não excede as 50 pessoas;

Mais de 90 % dos ocupantes não se encontram limitados na mobilidade ou nas

capacidades de perceção e reação a um alarme;

Local de risco B — local acessível ao público ou ao pessoal afeto ao

estabelecimento, com um efetivo superior a 100 pessoas ou um efetivo de público

superior a 50 pessoas, no qual se verifiquem simultaneamente as seguintes

condições:

i) Mais de 90 % dos ocupantes não se encontrem limitados na mobilidade ou

nas capacidades de perceção e reação a um alarme;

ii) As atividades nele exercidas ou os produtos, materiais e equipamentos que

contém não envolvam riscos agravados de incêndio;

As atividades exercidas neste local ou os produtos, materiais e equipamentos

que contém não envolvem riscos agravados de incêndio.

A classificação dos compartimentos como locais de risco C, deve-se ao facto

desses locais apresentarem riscos agravados de eclosão e de desenvolvimento de

incêndio devido, quer às atividades nele desenvolvidas, quer às características dos

produtos, materiais ou equipamentos existentes no local, designadamente a utilização

de chamas nuas.

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Local de risco E — local de um estabelecimento destinado a dormida, em que

as pessoas não apresentem as limitações indicadas nos locais de risco D.

Observações:

Os arquivos foram considerados Locais de Risco C porque a sua carga de

incêndio é superior a 1000 MJ por metro quadrado.

Instalações de Ensino: Quanto à classificação de risco, todos os locais,

cumprem os requisitos definidos na “alínea a) do nº1 do artigo 10º do RJ-SCIE”, ou

seja, são classificados como Local de Risco A (efetivo inferior a 100 pessoas, sendo o

público inferior a 50, e não existem mais de 90% de ocupantes com mobilidade

reduzida ou na capacidade de perceção de um alarme).

Instalações Administrativas: Nas instalações administrativas verifica-se

vários locais de risco, designadamente Locais de Risco A (efetivo inferior a 100

pessoas, sendo o público inferior a 50, e não existem mais de 90% de ocupantes com

mobilidade reduzida ou na capacidade de perceção de um alarme) e no caso do salão

nobre como Local de Risco B (efetivo superior a 100 pessoas). O salão nobre uma vez

que possui um efetivo superior a 100 pessoas, e obedece aos requisitos definidos em

“alínea b) do nº1, do artigo 10º do RJ-SCIE”, foi classificado como local de risco B.

Instalações Auxiliares: Quanto às instalações auxiliares, verifica-se vários

locais de risco, designadamente Locais de Risco A, B e C e E.

A cozinha foi classificada como Local de Risco C, uma vez que preenche os

requisitos definidos na “alínea c), nº2 do artigo 10º do RJ-SCIE”.

O Laboratório de Terraplanagem foi classificado como Local de Risco C

*(Agravado), uma vez que obedece ao nº3 do Artigo 11º (locais de produção, depósito,

armazenagem ou manipulação de líquidos inflamáveis em quantidade superior a 100

Lt). No caso em epígrafe contém 5000 litros de combustível liquido (gasóleo).

As Instalações Residenciais, (Dormitório), foi considerado um Local de Risco

E, porque é local de um estabelecimento destinado a dormida, em que as pessoas não

apresentam as limitações indicadas nos locais de risco D.

O Refeitório foi classificado como Local de Risco B, uma vez que apresenta

um efetivo superior a 100 pessoas, obedecendo os requisitos definidos em “alínea b)

do nº1, do artigo 10º do RJ-SCIE”.

Os restantes locais foram classificados como Local de Risco A, uma vez que

apresentam um efetivo inferior a 100 pessoas, sendo o público inferior a 50, e não

existem mais de 90% de ocupantes com mobilidade reduzida ou na capacidade de

perceção de um alarme, tal como refere a “alínea a) do nº1 do artigo 10º do RJ-SCIE”.

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5.1.5 Acessibilidade dos meios de socorro dos bombeiros

As vias de acesso permitem a aproximação e manobra das viaturas dos

bombeiros e possibilitam o estacionamento das mesmas a uma distância inferior a

30m de qualquer das saídas que fazem parte dos caminhos de evacuação do

estabelecimento.

É garantido o desimpedimento das zonas exteriores que podem ser utilizadas

para as operações de socorro e das respetivas vias de acesso, nomeadamente do

estacionamento.

As paredes exteriores do edifício, através das quais se prevê ser possível

realizar operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndio, não dispõem

de elementos salientes, que possam dificultar o acesso aos pontos de penetração no

edifício e estes pontos de penetração, não possuem grades, grelhagens ou vedações

que possam impedir a sua transposição.

5.1.6 Acessibilidade aos hidrantes

As boca-de-incêndio que se encontram dentro do complexo do CICCOPN

devem ser sujeitas a manutenção periódica, conforme definido no plano de

manutenção e serem objeto de vigilância para garantir a acessibilidade e o espaço de

manobra. O plano de manutenção dos hidrantes consta do Anexo PP_6.

5.2 Medidas passivas de segurança contra incêndio

5.2.1 Resistência ao fogo de elementos estruturais

A grande parte das paredes do edifício é construída em tijolo e as lajes em

betão, garantindo a resistência ao fogo nas funções de suporte e compartimentação

referidas no artigo 18 para edifícios de altura reduzida.

5.2.2 Reação ao fogo

Maior parte das paredes são de bloco e com reboco em betão e os tetos são

em betão e pintados, os pavimentos revestidos em cerâmica, garantido um bom nível

de reação ao fogo.

5.2.3 Compartimentação geral corta-fogo

Em termos de compartimentação corta-fogo, no Decreto -.Lei 410/98, do artigo

20.º,possibilita que caso cumpra simultaneamente as condições indicadas no número

1 do artigo 19.º não são requeridas compartimentação corta-fogo.

No caso do CICCOPN cumpre as condições exigíveis porque todos os blocos

são explorados pela mesma entidade. Não existem pisos superiores (são todos rés do

chão), no bloco A existe o sistema automático de deteção de incêndio (endereçável),

conforme o Artº 126, e não ultrapassa os 1600 .

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5.2.4 Isolamento e proteção dos locais de risco e vias verticais e canalizações

Nos locais de risco C, mais concretamente nos arquivos não existe

compartimentação com portas com qualificação mínima E 30 e E45C, conforme os

artigos 21º.

.Nas vias verticais de evacuação não é necessário qualquer tipo de

compartimentação.

O isolamento das canalizações não será necessário porque elas são embutidas

nas paredes.

5.2.5 Evacuação dos locais de risco

No Bloco A existem locais de risco A que se encontram na situação de

impasse, a distância a percorrer até á saída mais próxima ultrapassa os 15 m,

conforme estipulado. A porta de emergência deveria ser mais larga para a evacuação

(2 UP).

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5.2.6 Instalações técnicas

Tabela 22 - Instalações técnicas do estabelecimento

5.3 Medidas ativas de segurança contra incêndio

5.3.1 Sinalização e iluminação de emergência

As instalações deste estabelecimento são equipadas com blocos autónomos

de iluminação não permanentes de iluminação que mantém um nível satisfatório de

iluminação não inferior a 5 lux, condição para uma evacuação razoável. O sistema a

utilizar para a iluminação de emergência de circulação é baseado nos blocos

autónomos não permanentes equipados com lâmpadas de 8 W e com autonomia

mínima de 60 minutos. Quanto á sinalização dos caminhos de evacuação é razoável

nos diferentes blocos, estão bem sinalizados.

5.3.2 Deteção, alarme e alerta de incêndios

O estabelecimento está equipado no Bloco A (principal) com um sistema de

alarme obedecendo ao artigo 125 do RT-SCIE.

É constituído por:

Central de deteção de incêndios do tipo endereçável;

Botoneiras (dispositivo de acionamento de alarme manual); em todas as

saídas de evacuação (horizontal e vertical);

Detetores óticos, lineares;

Difusores de alarme (Bloco A);

Estes constituintes do de segurança contra incêndio (SADI), está

descrito na planta de segurança deste bloco no anexo B_ PSI, que faz

parte deste relatório.

O equipamento não está ligado aos bombeiros em caso de emergência.

5.3.3 Controlo de fumo

Não existe qualquer tipo de controlo de fumo. No refeitório (Bloco A) é

recomendável um sistema de controlo de fumo ativo.

Equipamento Técnico Localização

Quadros Elétricos Distribuídos por todo o edifício

PT Exterior

Central de Bombagem Exterior

Depósito de gás Exterior

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5.3.4 Meios de primeira intervenção

Todos os blocos estão equipados com extintores com classe de eficácia 8ª e

distribuídos á razão de 18l de agente padrão por 500 de área do pavimento ou no

mínimo dois por piso de acordo com as disposições exigíveis por lei, conforme as

normas NP4413, NP EN 3, NP EN 1866, de maneira a que a distância a percorrer até

ao extintor seja inferior a 15 metros.

A sua colocação deve obedecer a uma altura de 1,20 m do pavimento, deve

estar sempre desimpedido o local e acessível.

Boca-de-incêndio tipo carretel: Os Blocos A e C estão dotados de boca-de-

incêndio tipo carretel junto das saídas de evacuação do edifício, garantido assim o

reforço dos meios de primeira intervenção para as equipas de segurança contra

incêndio.

5.4 Medidas de Autoproteção exigíveis para o CICCOPN

As medidas de autoproteção exigíveis são determinadas em função da UT e

respetiva Categoria de Risco do edifício.

A autoproteção e a gestão de segurança contra incêndios em edifícios durante

a exploração ou utilização dos mesmos para aplicar a lei em vigor, baseiam-se nas

medidas preventivas, registos de segurança, plano de prevenção, plano de

emergência, simulacros e ações de formação e sensibilização em SCIE.

No caso do estabelecimento CICCOPN, as medidas de autoproteção exigíveis,

de acordo com o n.º 1 do artigo 198.º do RT-SCIE, respeitam a um Plano de

Segurança do tipo IV, uma vez que o estabelecimento em causa se insere na UT IV da

3ª categoria de risco, com locais de risco D ou E.

Assim segundo o regulamento se concretizará um Plano de Segurança do tipo

IV, o qual deve ter em observância os elementos seguintes:

Registos de segurança;

Plano de prevenção;

Plano de emergência;

Ações de formação e sensibilização em segurança contra

incêndios em edifícios;

Simulacros.

No sentido de por em prática a concretização das medidas de autoproteção, o

presente plano estabelecerá a organização de segurança necessária, socorrendo-se

para o efeito dos funcionários, trabalhadores externos e colaboradores do CICCOPN,

conforme estabelece o n.º 1 do artigo 200.º do RT-SCIE.

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5.4.1 Registos de segurança

Nos registos de segurança devem constar os relatórios de vistoria e inspeção,

e relação de todas as ações de manutenção e ocorrências diretas ou indiretamente

relacionadas com a SCIE.

Em consonância com o artigo 201.º do Regulamento Técnico de Segurança

Contra Incêndio em Edifícios, incumbe ao Responsável de Segurança garantir a

existência de registos de segurança, destinados à inscrição de ocorrências relevantes

e à guarda de relatórios relacionados com a segurança contra incêndio.

Os registos de segurança devem ser arquivados de modo a facilitar as

auditorias nos termos do n.º 3 do artigo 198.º do mesmo diploma, pelo período de 10

anos.

Os registos incluem por norma três grandes áreas: a medição e monitorização

dos pontos críticos de controlo e de boas práticas de segurança contra incêndios em

edifícios; registos das ações corretivas aos desvios que possam ocorrer e/ou

ultrapassem os limites estabelecidos; registos de verificação que incluam a

manutenção e a conservação dos equipamentos e instalações. Estes registos, ao

contrario do que se possa pensar, são ferramentas muito uteis para a garantia da

segurança contra incêndios e não só. De facto, ao serem criados, o

edifício/estabelecimento/recinto esta a demonstrar de uma forma clara, perante as

ações de manutenções, as inspeções e/ou as auditorias, que cumprem todas as

regras dos instaladores ou fabricantes, as normas, os dispositivos legislativos, etc..

Para alem disso, é a garantia que todas as alterações, falsos alarmes, avarias,

incidentes existentes no edifício/estabelecimento/ recinto são registados, e que as

medidas de correção ou reajustamento são ou podem vir a ser tomadas. Em terceiro

lugar, os registos permitem que dispositivos cuja sua segurança tenha sido

comprometida por alguma razão sejam rapidamente identificados e bloqueados.

5.4.2 Plano de Prevenção

Conforme o artigo 203 da Portaria 1532/2008 o Plano de Prevenção é um

documento no qual estão indicados informações relativas a organização e os

procedimentos a adotar, por uma entidade, para evitar a ocorrência de incêndios e

garantir a manutenção do nível de segurança das medidas de autoproteção adotadas

e a preparação para fazer face a situações de emergência

O Plano de Prevenção é o documento que sistematiza as medidas preventivas

e integra os procedimentos de segurança correspondentes às funções de rotina do

Serviço de Segurança contra Incêndios.

Essas funções têm como objetivos:

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Limitar os riscos de eclosão de incêndios;

Garantir a permanente manutenção das condições de segurança;

Preparar os ocupantes para poderem reagir face a uma situação de

emergência.

5.4.3 Plano de Emergência

O Plano de Emergência Interno (PEI) faz parte do Plano de Segurança Interno

(PSI) e integra os procedimentos correspondentes às funções de emergência do

serviço de segurança contra incêndio (SSI).

Contém os procedimentos de atuação em caso de emergência e as

orientações necessárias à evacuação enquadrada dos ocupantes do estabelecimento

em questão.

Os objetivos do Plano de Emergência são sistematizar a evacuação

enquadrada dos ocupantes das utilizações-tipo, que se encontrem em risco, limitar a

propagação do incêndio e as suas consequências, recorrendo a meios próprios.

O Plano de Emergência Interno é constituído por:

Definição da organização a adotar em caso de emergência;

Indicação das entidades internas e externas a contatar em caso de

emergência;

Plano de atuação

Plano de evacuação

Anexo com instruções de segurança conforme artigo 199º;

Anexo com as plantas de emergência, podendo ser acompanhadas por

esquemas de emergência;

No caso em estudo foi elaborado o Plano de Emergência Interno

cumprindo o estipulado:

Foi feita uma identificação dos riscos e foram identificados os riscos internos e

externos do estabelecimento.

Os riscos internos, tem origem nas instalações em causa, como por exemplo a

atividade desenvolvida no laboratório de eletricidade, ou uma fuga de gás no refeitório.

Quantos aos riscos externos temos a ameaça de bomba, sismos e

tempestades, sendo frequentes na época de inverno, ou incêndios florestais, uma vez

que a zona envolvente ao CICCOPN tem bastante floresta e os incêndios são

possíveis de ocorrer, como foi o caso de alguns dias atrás que podemos assistir a um

desses incêndios.

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A estrutura de segurança é composta pelo Responsável de Segurança (RS) e

pelo Delegado de Segurança, com o apoio do Coordenador de Blocos, conforme se

pode verificar na figura

Figura 23 – Organograma da estrutura de segurança do CICCOPN

Foram definidos dois planos, um de evacuação, outro de atuação para fazer

face a uma futura emergência. No plano de atuação estão registados os

procedimentos a seguir em caso de combate a um incêndio e reduzir as suas

consequências até á chegada dos meios de socorro externo.

Neste caso após decisão do Delegado de Segurança da forma de atuação, o

vigilante que se encontra na Portaria (Posto de Segurança) deverá avisar as equipas

do sector afetado através da instalação sonora existente no edifício.

O Plano de Evacuação tem como objetivo estabelecer procedimentos e

preparar a evacuação rápida e segura do estabelecimento caso surja uma situação

perigosa.

É um documento no qual estão indicados os caminhos de evacuação, zonas de

segurança, regras de conduta das pessoas e a sucessão de ações a terem lugar

durante a evacuação de um local, em caso de incêndio.

Após decisão do Delegado de Segurança, deverá ser dada a ordem de

evacuação através da instalação sonora do sistema de voz existente ou, em caso de

recurso pelas sirenes do sistema automático de deteção de incêndio.

A evacuação das instalações só deve ser decidida quando se verifica a

existência de riscos reais para a saúde e integridade de todos os ocupantes. O

Delegado de Segurança dá ordem de evacuação sectorial ou total do edifício. A ação

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de evacuação, caso seja decidida, tem prioridade em relação a qualquer outra função

de emergência.

As instalações, encontram-se dotadas de blocos autónomos de iluminação de

emergência que, garantem um nível luminoso suficiente, e os itinerários de evacuação

e saídas estão identificados com sinais próprios de acordo com os modelos

normalizados, o que nos permite realizar uma evacuação rápida e ordeira dos

ocupantes.

Existem ainda Plantas de Emergência, que se encontram afixadas em locais

apropriados para que todos os ocupantes as vejam e memorizem (Anexo PEI_3).

Todos os utentes devem conhecer os caminhos de evacuação a utilizar a partir

do local onde se encontram até ao ponto de encontro, referenciados nas plantas de

emergência e seguir as instruções da Equipa de Evacuação.

Os membros da equipa têm como responsabilidade desimpedir as vias de

evacuação, abrir as portas de saída e dirigir os ocupantes para o exterior, até ao Ponto

de Encontro, podendo assumir as seguintes funções:

5.4.4 Formação e sensibilização em segurança contra incêndios em edifícios

Está estabelecido no RT-SCIE, no artigo 206º da Portaria 1532/2008, de 29 de

Dezembro que todos os funcionários e colaboradores da Instituição, nomeadamente

os que no edifício exerçam atividades profissionais por períodos superiores a 30 dias

por ano e, em especial, todos os elementos com funções previstas nas atividades de

autoproteção, deverão possuir formação no domínio da segurança contra incêndio.

As ações de formação consistem em:

Familiarização com os espaços da utilização-tipo e identificação dos

riscos de incêndio;

Cumprimento dos procedimentos base da prevenção contra incêndio

caso exista no estabelecimento um Plano de Prevenção

Conhecimento dos procedimentos de alarme;

Conhecimento dos procedimentos gerais de atuação em caso de

emergência, neste caso a evacuação do local;

Manuseamento dos meios de primeira intervenção (extintores);

Formação específica para os colaboradores que trabalham em locais de

risco C, D, ou F;

Formação específica para os elementos que possuem atribuições

especiais de atuação em caso de emergência (alerta, evacuação,

etc…);

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81

As ações de sensibilização devem ter como destinatários os ocupantes nas

utilizações-tipo IV, os alunos, formandos que nelas permaneçam por um período

superior a 30 dias.

5.4.5 Simulacro

Conforme o artigo nº207 da Portaria 1532/2008 do RT-SCIE, nas utilizações-

tipo que possuam plano de emergência interno devem ser realizados exercícios com

os objetivos de teste do referido plano e de reino dos ocupantes, com destaque para

as equipas referidas no nº 3 do artigo 205º, com vista à criação de rotinas de

comportamento e de atuação, bem como ao aperfeiçoamento dos procedimentos em

causa. Para treino dos elementos das Equipas de Segurança e para familiarização dos

utentes do edifício com os procedimentos de emergência no mesmo, deverão realizar-

se regularmente simulacros ou exercícios de evacuação.

Os referidos exercícios deverão ser devidamente planeados, executados e

avaliados, com eventual colaboração do (s) Corpo (s) de Bombeiro (s) e do Serviço

Municipal de Proteção Civil, entidades que poderão participar também como

observadores e avaliadores da eficácia dos mesmos.

Apesar do estabelecido no RT-SCIE, propõe-se a realização de dois testes

anuais, sendo que o primeiro de cada ano poderá consistir de um simulacro com

envolvimento de meios externos (nomeadamente como observadores/avaliadores) e o

segundo poderá ser apenas um exercício interno de evacuação, sem envolvimento de

meios externos.

Na realização dos simulacros ou exercícios, todos os ocupantes presentes

deverão executar as tarefas ou cumprir as instruções que se lhes destinam como se

de uma situação real se tratasse.

(ANPC 2013)

Figura 24 - Periocidade da realização dos simulacros

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83

Capitulo 6

CONSIDERAÇÕES FINAIS E

PROPOSTAS DE MELHORIA

6.1 Considerações Finais

Após a conclusão deste trabalho considero que foram atingidos os objetivos

inicialmente propostos.

Neste projeto foi feita uma auditoria, ao estabelecimento de ensino e formação,

utilização-tipo IV (Escolares), e foi feita uma análise á segurança contra incêndios,

dando cumprimento á legislação em vigor. Foi aplicado o Decreto-Lei 220/2008 de 12

de Novembro do RJ-SCIE e a Portaria 1532/2008 de 29 de Dezembro do RT-SCIE ao

caso de estudo “CICCOPN”.

Foram também elaboradas as MA para a implantação do Plano Segurança

Interno. Pelo facto de ter sido construído antes de 1 de Janeiro de 2009 (entrada em

vigor do RJ- SCIE), o estabelecimento em causa até á data não era dotado das MA

(Medidas de Autoproteção).

Foi necessário recolher o máximo possível de informação quanto a plantas

arquitetónicas, como solicitar a sua atualização das áreas e implantação de Blocos

que ainda não tinham sido implantados como o caso do Bloco J, para que pudessem

ser estudados.

Quanto á classe de reação ao fogo dos materiais aplicados e resistência ao

fogo dos elementos construtivos, a informação é escassa e praticamente não existe.

Inicialmente as portas (ditas corta fogo) existentes, veio-se a comprovar que

não eram, porque não existe documentação que o comprove, nem as portas estão

certificadas.

Verificou-se a inexistência de Equipa de Segurança. Este facto viola o disposto

no n.º 3, do Artigo 205º da Portaria n.º 1532/2008, de 29 de Dezembro.

Foram tomadas algumas medidas de SCIE, foram colocados/instalados

diversos meios e medidas de segurança contra incêndio, nomeadamente: extintores

portáteis, boca – de- incêndio do tipo carretel, boca-de-incêndio de exterior (hidrantes);

portas equipadas com barras-antipânico; iluminação de emergência e sinalizações dos

percursos de evacuação e das saídas; sinalização dos meios de 1.ª intervenção como:

extintores; boca – de - incêndio do tipo carretel, botoneiras, manta ignífuga (refeitório)

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e uma SADI endereçável (Central de Deteção de Incêndio) no bloco A, junto ao Posto

de Segurança.

No que toca a acessibilidades estão garantidas as condições para as viaturas

de socorro terem acesso facilitado ás fachadas do estabelecimento.

A iluminação de emergência é razoável conforme se verificou durante a

auditoria no mês de abril.

Estas medidas são, sem dúvida, condições necessárias para mitigar o risco de

incêndio nos edifícios, mas não são suficientes. Com efeito, as medidas de segurança

colocadas ao dispor dos utentes do estabelecimento, terão que ser complementadas

com outras medidas, a serem concretizadas pelos mesmos utentes, para se reduzir o

risco de incêndio a níveis consideráveis, em função das diversas atividades. Mesmo

existindo algumas medidas contra incêndio é necessário criar condições para reduzir a

probabilidade de ocorrência de incêndios, para tal é importante que os utentes do

estabelecimento adotem medidas preventivas dimensionadas face ao risco efetivo de

cada situação.

A intervenção humana é sempre responsável de uma forma direta pela

ocorrência dos incêndios em estabelecimentos. Mas em sentido contrário é necessária

para garantir uma adequada segurança contra incêndio nas diversas fases:

prevenção, desenrolar do incêndio, propagação e intervenção. Os equipamentos de

segurança existente podem reduzir o efeito do incêndio e as suas consequências mas

não o extingue totalmente, torna-se necessário a intervenção do homem. As medidas

físicas são deveras importantes, mas sem uma boa organização e uma boa gestão de

segurança adequadas ao risco de incêndio o combate não será eficaz.

Por estas razões, para que o estabelecimento CICCOPN esteja devidamente

preparado para uma situação de alarme de incêndio, deverá no futuro implantar o

Plano de Segurança Interno elaborado por mim, neste projeto, submetendo o mesmo

á Autoridade Nacional de Proteção Civil para a sua aprovação.

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BIBLIOGRAFIA

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Coelho, António Leça, “Segurança Contra Incêndios em Edifícios-Cadernos Edifícios,

Número 1”, Edições LNEC, 2006

Castro, F. C.; Abrantes, J. B. (2009). Manual de Segurança Contra Incêndio em

Edifícios.

2.ª Edição. Escola Nacional de Bombeiros

Castro, F. C.; Abrantes, J. B. (2004). Manual de Segurança Contra Incêndio em

Edifícios.

1.ª Edição. Escola Nacional de Bombeiros

Roberto, António et al (2010). Manual de Exploração de Segurança Contra Incêndios em

Edifícios.

APSEI-Associação Portuguesa de Segurança Eletrónica e de proteção Incêndio, Maio 2010

Macedo, Mário José, “ Método de Gretener”, Edições Verlag Dashofer, Maio 2008

Pedroso, Vítor M. R., “Sistemas de Combate a Incêndios em Edifícios”, Laboratório nacional

de Engenharia Civil, 2011

Autoridade Nacional de Proteção Civil, Nota Técnica nº21 – Complementar ao

Regulamento Geral de SCIE, Versão 2007-05-31

Autoridade Nacional de Proteção Civil, Nota Técnica nº22 – Complementar ao

Regulamento Geral de SCIE, Versão 2007-05-31

Autoridade Nacional de Proteção Civil, Medidas de Autoproteção, Outubro, 2012

Decreto-Lei n.º 220/2008 – Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndio em

Edifícios.

Diário da República 1.ª série 7903- 7922 (12/11/2008)

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Portaria n.º 1532/2008 – Aprova o Regulamento de Segurança contra Incêndio em

Edifícios, Diário da Republica 1ª série, 9050-9127 (29/12/2008).

Diretiva dos Produtos de Construção (Diretiva nº 89/106/CE, transposta para Portugal

pelo Decreto-Lei nº 4/2007)

Primo, V. M, “ Análise Estatística dos Incêndios em Edifícios no Porto,1996-2006”.

Dissertação de Mestrado em Segurança Contra Incêndios Urbanos da Universidade

de Coimbra, (2008).

Primo, Vítor (2013). Apontamentos da Unidade Curricular de Planeamento de

Emergência, Licenciatura em Engenharia de Proteção Civil, Universidade Lusófona do

Porto;

Joana, Erica et al, “Verificação da segurança contra incêndio num edifício escolar”,

2010

Dissertação de Mestrado apresentada á Universidade de Aveiro.

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Universidade Técnica de Lisboa, 1991, revisão e atualização em Abril de 2004;

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ANEXOS

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- 1 -

Anexo A

Relatório de Auditoria “CICCOPN”

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- 2 -

Anexo B

Plano de Segurança Interno

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- 3 -

Anexo C

Relatório do Exercício/Simulacro

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- 4 -

Anexo D

PÓSTER “”Medidas de

Autoproteção” FCNET 2014

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- 5 -

APÊNDICE A

FOLHA DE CÁLCULO “MÉTODO DE

GRETENER” – BLOCO B

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- 6 -

AVALIAÇÃO DO RISCO DE INCÊNDIO

Método de Gretener

Determinação do grau de segurança contra incêndio

Caraterização do compartimento

em estudo Situação

Inicial

Alteração 1

Alteração 2

Tipo de edifício G G G

[l] Comprimento (m) 43 43 43

[b] Largura (m) 20 20 20

Área (m2) 860 860 860

Relação l/b 2,15 2,15 2,15

Cálculo da densidade de carga de incêndio [Método de cálculo PROBABILÍSTICO]

F ou A Atividade Carga de Incêndio

Área ou Volume

Carga de Incêndio

F Sala_23 600 30,77

18.462 MJ MJ/m

2 m

2

F Sala_24 600 43,71

26.226 MJ MJ/m

2 m

2

F Sala_25 600 26,99

16.194 MJ MJ/m

2 m

2

F Sala_26 600 33,54

20.124 MJ MJ/m

2 m

2

F Sala_27 600 56,56

33.936 MJ MJ/m

2 m

2

F Gabinete_Lab_Cantaria 600 7,18

4.308 MJ MJ/m

2 m

2

F Gabinete_Lab_Pintura 600 6,61

3.966 MJ MJ/m

2 m

2

F Gabinete_Lab_Serralharia 600 6,61

3.966 MJ MJ/m

2 m

2

F Lab_Cantaria 200 125,74

25.148 MJ MJ/m

2 m

2

F Lab_Pintura 500 96,92

48.460 MJ MJ/m

2 m

2

F Lab_Paineis_Solares 200 88,84

17.768 MJ MJ/m

2 m

2

F Lab_Serralharia 200 96,79

19.358 MJ MJ/m

2 m

2

F Sala_Man_Fisíca 100 37,3

3.730 MJ MJ/m

2 m

2

TOTAL 858,7 m

2 241.646 MJ

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- 7 -

Média da carga de incêndio distribuída pela área [Qm] 281,40 MJ/m2

Em consulta ao Anexo I, considerou-se o valor mais gravoso (assinalados a vermelho)das atividades que contribuem com mais de 10% da carga de incêndio, isto é, > 28,140 MJ:

Atividade c r k

Sala_27 1,2 1,0 1,0

Lab_Pintura 1,6 1,0 1,0

Perigos Potenciais

Co

nte

úd

o

Carga de incêndio mobiliária q = 1,1 q = 1,1 q = 1,1

Combustibilidade c = 1,6 c = 1,6 c = 1,6

Perigo de fumo r = 1,0 r = 1,0 r = 1,0

Perigo de corrosão k = 1,0 k = 1,0 k = 1,0

Ed

ifício

Carga de incêndio imobiliária i = 1 i = 1 i = 1

Nível de piso e = 1,15 e = 1,15 e = 1,15

Amplidão de superfície g = 0,5 g = 0,5 g = 0,5

Perigo potencial (q.c.r.k.i.e.g.) P 1,012 P 1,012 P 1,012

M

ed

ida

s c

on

tra o

de

sen

vo

lvim

en

to d

o In

nd

io

Medidas Normais

Extintores portáteis n1= 0,9 n1= 1 n1= 1

Rede de incêndio n2= 0,8 n2= 1 n2= 1

Abastecimento de água n3= 0,25 n3= 0,5 n3= 0,5

Tomadas de água exteriores n4= 1 n4= 1 n4= 1

Formação do pessoal n5= 0,8 n5= 1 n5= 1

Medidas normais (n1.n2.n3.n4.n5) N 0,144 N 0,500 N 0,500

Medidas Especiais

Deteção de incêndio s1= 1 s1= 1 s1= 1,05

Transmissão do alerta s2= 1 s2= 1 s2= 1

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- 8 -

Bombeiros s3= 1,4 s3= 1,4 s3= 1,4

Tempo de intervenção s4= 1 s4= 1 s4= 1

Extinção automática s5= 1 s5= 1 s5= 1

Desenfumagem s6= 1 s6= 1 s6= 1

Medidas especiais (s1.s2.s3.s4.s5.s6)

S 1,400 S 1,400 S 1,470

Medidas Construtivas

Resistência da estrutura f1= 1,2 f1= 1,2 f1= 1,2

Resistência da fachada f2= 1,1 f2= 1,1 f2= 1,1

Pavimentos f3= 1 f3= 1 f3= 1

Células corta-fogo f4= 1 f4= 1 f4= 1

Medidas construtivas (f1.f2.f3.f4) F 1,320 F 1,320 F 1,320

M N(normais)*S(especiais)*F(construtivas) M= 0,266 M= 0,924 M= 0,970

Risco de incêndio efetivo

B Fator de exposição ao perigo

(B=P/M) 3,80 B= 1,10 B= 1,04

A Perigo de ativação 1,20 A= 1,20 A= 1,20

R R = B * A 4,563 R= 1,314 R= 1,252

PH,E Exposição das pessoas ao perigo PH,E 1 PH,E 1 PH,E 1

Ru Risco admissível (Ru = 1.3 * PH,E) Ru 1,3 Ru 1,3 Ru 1,3

SCI Segurança contra incêndio [S=Ru/R] SCI 0,285 SCI 0,989 SCI 1,039

SCI < 1 SCI > = 1

A segurança contra incêndio é insuficiente A segurança contra incêndio é suficiente