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analysis www.abreuadvogados.com 1 LEGISLAÇÃO PUBLICADA NO DIÁRIO DA REPÚBLICA Primeira alteração à Portaria n.º 517/2008, de 25 de Junho, que estabe- lece os requisitos mínimos a observar pelos estabelecimentos de aloja- mento local – Portaria n.º 138/2012, de 14 de Maio. Texto integral: >>> Primeira alteração ao Decreto Legislativo Regional n.º 12/2011/M, de 29 de Julho, que estabelece, na Região Autónoma da Madeira, o regime excepcional de liberação das cauções prestadas para garantir a execução de contratos de empreitada de obras públicas – Decreto Legislativo Regional n.º 9/2012/M, de 14 de Maio. Texto integral: >>> Definição dos novos limites da Zona de Protecção Especial das Ilhas Berlengas, procedendo à quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro Decreto-Lei n.º 105/2012, de 17 de Maio. Texto integral: >>> Rectificação da Portaria n.º 119/2012, de 30 de Abril, do Ministério da Economia e do Emprego, que fixa as classes de habilitação contidas nos alvarás das empresas de construção, bem como os valores máximos de obra que cada uma delas permite realizar, e revoga a Portaria n.º 57/2011, de 28 de Janeiro, publicada no Diário da República, 1.ª série, n.º 84, de 30 de Abril de 2012 Declaração de Rectificação n.º 27/2012, de 30 de Maio. Texto integral: >>> Primeira alteração ao Decreto Legislativo Regional n.º 7/2012/A, de 1 de Março, que estabelece o regime jurídico da instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos Decreto Legislativo Regional n.º 23/2012/A, de 31 de Maio. Texto integral: >>> Uso das coisas comuns pelos condóminos - Acórdão de 15.05.2012: “Na falta de acordo dos condóminos, o uso das coisas comuns, quando sejam susceptíveis de actos de utilização in- dividual, só é lícito, a qualquer deles, contanto que as não empregue para fim diferente daquele a que se destinam e não prive os outros consortes do uso a que, igualmente, têm direito. A fim de afastar a presunção de comu- nhão das partes comuns que estejam afectadas ao uso exclusivo de um dos condóminos, basta uma afectação ma- terial, uma destinação objectiva, mas já existente à data da criação do con- domínio, embora não se exija que ela conste do respectivo título constitutivo da propriedade horizontal, como acon- tece, por exemplo, quando só se pode ter acesso ou comunicação a uma parte do edifício, como seja, um terraço, através da fracção autónoma de um condómino. (continuação na página seguinte) EDIÇÃO MAIO | 2012 | Direito Imobiliário RECENTES DECISÕES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES I - Acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça

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LEGISLAÇÃO PUBLICADA NO DIÁRIO DA REPÚBLICA

Primeira alteração à Portaria n.º 517/2008, de 25 de Junho, que estabe-lece os requisitos mínimos a observar pelos estabelecimentos de aloja-mento local – Portaria n.º 138/2012, de 14 de Maio. Texto integral: >>>

Primeira alteração ao Decreto Legislativo Regional n.º 12/2011/M, de 29 de Julho, que estabelece, na Região Autónoma da Madeira, o regime excepcional de liberação das cauções prestadas para garantir a execução de contratos de empreitada de obras públicas – Decreto Legislativo Regional n.º 9/2012/M, de 14 de Maio. Texto integral: >>> Definição dos novos limites da Zona de Protecção Especial das Ilhas Berlengas, procedendo à quarta alteração ao Decreto-Lei n.º 384-B/99, de 23 de Setembro – Decreto-Lei n.º 105/2012, de 17 de Maio. Texto integral: >>>

Rectificação da Portaria n.º 119/2012, de 30 de Abril, do Ministério da Economia e do Emprego, que fixa as classes de habilitação contidas nos alvarás das empresas de construção, bem como os valores máximos de obra que cada uma delas permite realizar, e revoga a Portaria n.º 57/2011, de 28 de Janeiro, publicada no Diário da República, 1.ª série, n.º 84, de 30 de Abril de 2012 – Declaração de Rectificação n.º 27/2012, de 30 de Maio. Texto integral: >>>

Primeira alteração ao Decreto Legislativo Regional n.º 7/2012/A, de 1 de Março, que estabelece o regime jurídico da instalação, exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos – Decreto Legislativo Regional n.º 23/2012/A, de 31 de Maio. Texto integral: >>>

Uso das coisas comuns pelos condóminos - Acórdão de 15.05.2012:

“Na falta de acordo dos condóminos, o uso das coisas comuns, quando sejam susceptíveis de actos de utilização in-dividual, só é lícito, a qualquer deles, contanto que as não empregue para fim diferente daquele a que se destinam e não prive os outros consortes do uso a que, igualmente, têm direito.

A fim de afastar a presunção de comu-nhão das partes comuns que estejam afectadas ao uso exclusivo de um dos condóminos, basta uma afectação ma-terial, uma destinação objectiva, mas já existente à data da criação do con-domínio, embora não se exija que ela conste do respectivo título constitutivo da propriedade horizontal, como acon-tece, por exemplo, quando só se pode ter acesso ou comunicação a uma parte do edifício, como seja, um terraço, através da fracção autónoma de um condómino.

(continuação na página seguinte)

EDIÇÃO MAIO | 2012 | Direito Imobiliário

RECENTES DECISÕES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES

I - Acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça

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A edificação de uma cobertura no terraço, com o figurino de marquise, e a abertura de uma porta da respectiva fracção para o mesmo, que permite agora o acesso directo e exclusivo ao terraço, através dessa fracção, não pode valer como afectação material de uso exclusivo, se não existir, à data da construção do edifício do condomínio.

Apesar de uma parte do edifício se encontrar descrita como privativa da respectiva fracção autónoma, no título constitutivo da propriedade horizontal, não tendo sido, originariamente, afectada ao uso exclusivo da mesma, deve ser considerada parte comum, sendo irrelevante uma objectiva destinação diferida para infirmar a presunção de comunhão.

Constituem inovações em coisas comuns as obras de construção de uma cobertura no terraço, com o figurino de marquise, e de abertura de uma porta da respectiva fracção para o mesmo, que permite agora o acesso directo e exclusivo ao terraço, através daquela fracção, tendo como efeito imediato impedir, em absoluto, a utilização desse espaço físico pelos demais condóminos, e bem assim como privá-los de claridade nas escadas de acesso às demais fracções, por se tratar de alterações introduzidas na substância da coisa e ainda na sua afectação ou destino, quem nem sequer o voto da maioria qualificada representativa de 2/3 do valor total do prédio consentiria, contra a vontade do condómino lesado, com a consequente sanção da sua destruição e reposição no estado anterior”. Texto integral: >>>

Ajustamentos dos termos do contrato de empreitada durante a execução do projecto – Acórdão de 08.05.2012:

“A etiologia de um contrato de empreitada está na obrigação assumida pelo empreiteiro de realizar – prestação de facere – uma obra, segundo um plano e com características previ-amente definidas no conteúdo contratual acor-dado com o dono da obra, em que este assume a obrigação do pagamento do respectivo preço (art. 1207.º do CC).

Sem prejuízo da possibilidade da variação da modalidade de cálculo do preço – global ou à forfait, por medida, por artigo ou mesmo por tempo –, o contrato de empreitada distingue-se de outros contratos de troca pela natureza da prestação não monetária a que uma das partes, o empreiteiro, está adstrita: a realiza-ção de uma obra.

O preço representa a retribuição devida ao empreiteiro pela realização da obra e tem de ser fixado em dinheiro (art. 883.º, ex vi art. 1211.º do CC), não se exigindo qualquer rela-ção de proporcionalidade entre a remuneração do empreiteiro e a qualidade ou quantidade da sua prestação.

O contrato de empreitada caracteriza-se por ser bivinculante e sinalagmático, visto que dá lugar a obrigações recíprocas, ficando as par-tes, simultaneamente, na situação de deve-dores e de credores e coexistindo prestações e contraprestações. Num dos pratos do sina-lagma está a realização e entrega da obra e no outro a contra-prestação respectiva, a saber, o pagamento do preço acordado.

(continuação na página seguinte)

RECENTES DECISÕES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES (continuação)

I - Acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça (continuação)

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Uma empreitada ajustada por “preço global” só tendencialmente assume uma feição rígida e fixa quanto a este elemento do contrato de empreitada.

Ainda que as partes sujeitem a um determi-nado regime de pagamento a realização de uma obra, é licito que não queiram abdicar de proceder a ajustamentos, necessários e justi-ficados, que uma execução continuada quase sempre coenvolve.

Uma obra arranca de um projecto-concepção que, na sua concretização, requesta e exige uma proposta de orçamento, na qual são espe-cificadas e individualizadas, respectivamente, determinadas quantidades de trabalho e de materiais; no entanto, o desenvolvimento da execução pode desencadear propostas de alte-ração ao projecto inicial, que não figurarem no orçamento.

Não seria garante de uma justiça comutativa e de boa fé contratual que as partes, porque aceitaram uma forma ou modalidade de paga-mento do preço, fossem despojadas da criteriosa adaptação e conformação do conteúdo presta-cional à realidade originada pelas alterações e modificações que a execução contratual ditou”.Texto integral: >>>

Obras em imóvel em arrendado – Acórdão de 10.05.2012:

“Por força do contrato de arrendamento, o se-nhorio obriga-se a proporcionar ao arrendatário o gozo temporário de um imóvel (arts. 1022 e 1023, ambos do CC e art. 1 do RAU), (…).

Se estas obrigações do senhorio se tradu-zirem na necessidade de reparações, as regras aplicáveis são as do art. 1036 do CC: 1. Se o locador estiver em mora quanto à obriga-ção de fazer reparações ou outras despesas, e umas ou outras, pela sua urgência, se não compadecerem com as delongas do procedi-mento judicial, tem o locatário a possibilidade de fazê-las extrajudicialmente, com direito ao seu reembolso. 2. Quando a urgência não con-sinta qualquer dilação, o locatário pode fazer as reparações ou despesas, também com direito a reembolso, independentemente de mora do lo-cador, contanto que o avise ao mesmo tempo.

Assim, as reparações estão a cargo do senho-rio e se forem feitas pelo arrendatário, este tem direito ao seu reembolso.

Entretanto, esclareça-se que é certo que o NRAU é aplicável aos contratos subsistentes (art. 26/1 do NRAU), com especificidades que aqui não interessa considerar. Mas aquilo que está em discussão não tem a ver com isto, mas antes com os direitos que os réus podem ter adquirido enquanto estava em vig-or o RAU, já que o NRAU não pode tê-los feito desaparecer (art. 12/1 do CC).

(continuação na página seguinte)

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I - Acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça (continuação)

II - Acórdãos do Tribunal da Relação de Lisboa

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Assim (…), quanto às obras que não sejam reparações elas, no RAU, eram classificadas em obras de conservação ordinária, de conserva-ção extraordinária e de beneficiação (art. 11 do RAU). Como regra geral, estavam a cargo do senhorio (art. 12 do RAU), mas o arrenda-tário podia ter direito a realizá-las, em dadas condições, com direito a reembolso (arts. 16 e 18 do RAU).

[…] No regime actual (isto é, a partir de 26/06/2006, data da entrada em vigor do NRAU), são classificadas em obras de conser-vação ordinária ou extraordinária e cabem ao senhorio, salvo estipulação em contrário (art. 1074/1 do CC).

Cabendo ao senhorio, o arrendatário pode ter o direito de as fazer, na hipótese do art. 48 do NRAU (regulada pelos arts. 30 a 34 do Dec.-Lei 157/2006, de 08/08 - regime jurídico das obras em prédios arrendados). Mas para isso têm que ser respeitadas as condições aí previstas, sendo que elas, no caso dos autos, nem sequer foram invocadas.

Se, sem observância destas condições, o ar-rendatário fizer estas obras (que não se tra-duzem em reparações), tem, findo o contrato, os direitos inerentes a um possuidor de má fé (art. 1046 do CC).

Se as fizer com observância das condições le-gais, ou autorizado pelo contrato ou por escrito posterior do senhorio, tem direito a compen-sação pelas obras nos termos aplicáveis às benfeitorias realizadas por possuidor de boa fé (art. 1074/5 do CC) ou os direitos que lhe forem conferidos pelo contrato ou acordados posteriormente (art. 1074/5 do CC).

Como tal, de novo, estes direitos não podem, por impossibilidade lógica, servir de causa de extinção de um fundamento resolutivo do contrato de arrendamento, pois que só se concretizam depois de findo o contrato”.Texto integral: >>>

Causas de resolução de contrato-promessa de compra e venda – Acórdão de 08.05.2012:

“É entendimento dominante na doutrina e na jurisprudência que o incumprimento do con-trato-promessa tem de ser aferido pelas re-gras gerais do não cumprimento das obriga-ções a que se refere o artº808° do CC - vd.. por todos, Ac. RL de 20.05.2004 e doutrina e jurisprudência aí citadas, in, www.dgsi.pt/jtrl.

Assim sendo, não basta que, havendo sido es-tipulado um prazo para a celebração do con-trato prometido, um dos promitentes não o tenha respeitado e não haja, por isso, outor-gado o contrato definitivo.

Num caso desses, sendo a prestação ainda possível, entrar-se-á apenas numa situação de mora ou atraso no cumprimento da prestação, prevista nos artºs804°, n°2, e 805°, n°2 do CC.

Tal incumprimento ainda não definitivo basta para que possa haver lugar à execução espe-cífica do contrato-promessa (art°830°, nº1 do CC), mas é insuficiente para fundamentar a sua resolução contratual.

Com efeito, para constituir fundamento de resolução do contrato e poder servir de justifi-cação à reposição do sinal em dobro, o incum-primento culposo, equiparável à impossibili-dade da prestação imputável ao devedor tem de ser definitivo.

(continuação na página seguinte)

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II - Acórdãos do Tribunal da Relação de Lisboa (continuação)

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E assim, para além das situações de não ob-servância de prazo fixo absoluto contratu-almente estipulado, o carácter definitivo do incumprimento do contrato-promessa verifi-ca-se nas três hipóteses seguintes:

� Se, em consequência de mora do devedor, o

credor perder o interesse na prestação;

� Se, estando o devedor em mora, o credor lhe fixar um prazo razoável para cumprir e, apesar disso, aquele não realizar a prestação em falta e;

� Se o devedor declarar inequívoca e pe-remptoriamente ao credor que não cumprirá o contrato.

Porém, no âmbito do princípio da liberdade contratual, podem as partes convencionar cláusulas resolutivas, ao abrigo do disposto no art°432°, n°1, do CC, que lhes confiram o direito de resolução em caso de simples mora do devedor ou então associadas a um prazo essencial - desde logo fixado no próprio con-trato”. Texto integral: >>>

Rendas vencidas após trânsito em julgado - Acórdão de 08.05.2012:

“A questão submetida a este Tribunal de re-curso resume-se a saber se as rendas ven-cidas após a prolação de sentença que orde-nou a entrega do locado em que era inquilina uma sociedade insolvente e até que essa en-trega se realize, (…) são da responsabilidade do inquilino (e estão cobertas pela garanta bancária inscrita no contrato de arrendamen-to, a favor da senhoria) ou se, pelo contrário, são da responsabilidade da massa insolvente.

Com a prolação desta sentença e respectivo trânsito, o contrato de arrendamento celebrado entre a exequente a insolvente cessou, sendo que os efeitos dessa decisão impõe-se às par-tes, não obstante estarmos perante uma loca-tária insolvente. Com efeito, não há qualquer disposição legal, nomeadamente do CIRE, que contrarie esta afirmação.

Bem pelo contrário, o disposto no artigo 1045.º do Código Civil impõe ao locatário que, findo o contrato de arrendamento, e até que opere a entrega do locado, este deve pagar ao locador, a título de indemnização pela fruição daquele espaço locado, um quantitativo mensal que tem por referência o valor da renda mensal que foi contratualmente acordada entre as partes, durante a vigência daquele contrato de arrendamento.

Assim sendo, findo o contrato de arrendamen-to, sem que a coisa locada tenha sido entregue ao locador, não podemos falar em rendas ven-cidas, porque só há rendas se houver contrato de arrendamento. Do que se trata é apenas de um direito de indemnização do locador, pela ocupação indevida do espaço por parte do ex-locatário, com o consequente atraso na entre-ga do locado ao senhorio (…).

[…] Com o trânsito em julgado da sentença (…) extinguiu-se a garantia bancária prestada em que o senhorio, ora exequente, figurava como beneficiária, não lhe podendo ser exigida a satisfação da indemnização devida pela não entrega atempada do locado (…).

A satisfação do pagamento desta indemnização sempre teria de ser encontrada pelo senhorio junto da massa falida, em sede da acção de insolvência, nos termos do disposto nos artigos 46.º e 51.º do CIRE (…)”. Texto integral: >>>

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Falta de assinatura em contrato-promessa de compra e venda e falta de licença de utilização - Acórdão de 24.05.2012:

“[…] A falta de assinatura de um dos contraentes acarreta a nulidade do contrato-promessa (artº 410º, nº 2 do CC – diploma a que pertencem todas as normas adiante citadas sem menção de origem) – sem prejuízo da possibilidade da sua conversão em promessa unilateral, desde que estejam verificados determinados pressu-postos (…).

Diz o artº 410º, nº 3 – na redacção anterior ao DL 116/08, de 04.07, aqui aplicável, por força do disposto no seu artº 36º, n 3, al. b) – que no caso de promessa relativa à cele-bração de contrato oneroso de transmissão ou constituição de direito real sobre edifício, ou fracção autónoma dele, já construído, em construção ou a construir, o documento referido no número anterior [contrato-promessa] deve conter o reconhecimento presencial da assina-tura do promitente ou promitentes e a certi-ficação, pelo notário, da existência da licença respectiva de utilização ou de construção; con-tudo, o contraente que promete transmitir ou constituir o direito só pode invocar a omissão destes requisitos quando a mesma tenha sido culposamente causada pela outra parte.

O nº 3 do citado artº 410º estabeleceu um regime de sanção para o incumprimento dos requisitos nele estabelecidos que tem vindo a ser classificado de forma pacífica pela doutrina e pela jurisprudência como nulidade mista ou atípica.

Essa nulidade afasta-se do regime geral do artº 286º porque só pode ser invocada pelo promi-tente-comprador ou pelo promitente-vendedor, no caso de o promitente-vendedor lhe ter dado causa culposamente, sendo hoje entendimento jurisprudencial pacífico, após alguma contro-vérsia doutrinária, que não pode ser invocada por terceiros nem declarada oficiosamente pelo tribunal.

Tem-se entendido também que tal nulidade é irrenunciável, sendo nula a cláusula pela qual o promitente-comprador renuncia antecipada-mente ao direito de a invocar, para salvaguarda da ordem pública de protecção ou ordem públi-ca social que ditou a norma legal.

No entanto, a invocação pelo promitente-com-prador da nulidade decorrente da falta de re-conhecimento de assinaturas pode constituir abuso de direito.

A nossa lei civil salvaguarda o exercício abusivo de um direito licitamente reconhecido ao seu titular.

Diz o artº 334º que é ilegítimo o exercício de um direito, quando o titular exceda manifesta-mente os limites impostos pela boa fé, pelos bons costumes ou pelo fim social ou económico desse direito.

No caso, as partes clausularam a renúncia à formalidade do reconhecimento presencial das assinaturas.

(continuação na página seguinte)

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III - Acórdãos do Tribunal da Relação do Porto

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Ao contrário da nulidade de falta de reconhe-cimento notarial das assinaturas, a falta de licença de utilização ou construção é sanável mediante a apresentação ou obtenção poste-rior daquela licença, por força do disposto no artº 906º, ex vi, artº 913º.

Compreende-se que assim seja, atentas as finalidades prosseguidas pela norma do nº 3 do artº 410º, de protecção do promitente-compra-dor e de combate à construção clandestina: se a licença é obtida, essas finalidades mostram-se cumpridas”. Texto integral: >>>

Lei aplicável a contrato de arrendamento para efeitos de resolução do mesmo – Acórdão de 22.05.2012:

“Daqui se segue que, tendo o contrato sido celebrado em 22/2/05, e registando-se a pri-meira renda vencida e não paga em Setem-bro de 2006, se coloca, à priori, um problema de sucessão da lei civil no tempo e de aplica-ção dos regimes legais sucessivos.

Em resumo, para o caso que nos ocupa: se os fundamentos de resolução se verificaram ao abrigo da Lei Nova, como se verificaram efectivamente, é ao abrigo desta Lei que tais fundamentos se poderão analisar e subsu-mir (incluindo a possibilidade de estabeleci-mento de cláusulas de resolução convencio-nais, conclusão a que, para o caso que nos ocupa, chegou a douta sentença recorrida); mas se se pretende a análise do alcance da vinculação das partes, no caso, da 3ª Ré fia-dora, então o acervo normativo a encarar é o que resulta do concreto regime, anterior ao NRAU, mais concretamente o regime do artº 655º CCiv, revogado entretanto pelo citado NRAU (artº 2º nº1).

Esclareceremos, antes de prosseguir, que a re-solução “é a destruição da relação contratual operada por um dos contraentes, com base num facto posterior à celebração do contrato” (Prof. Antunes Varela, Das Obrigações em Geral, II, 4ª ed., pg. 265) – trata-se de acto unilateral que envolve uma vontade vinculada – “aquele que resolve o contrato só o pode fazer se tiver na lei ou no próprio contrato, nos termos do artº 432º nº1 CCiv, fundamento para tal” (Prof. Pessoa Jorge, Lições, 75/76, pg. 211).

E apesar de a lei vigente, no artº 1083º CCiv, permitir hoje ponderar a legitimidade de es-tipulação de cláusulas contratuais de re-solução (é a opinião da doutrina, com Consº Pinto Furtado, Curso, vol.II, 4ª ed., pg. 1005), ultrapassada a imperatividade das cláusu-las de resolução do contrato por iniciativa do senhorio, não há dúvida que a nulidade de uma cláusula contratual se afere pelo mo-mento da celebração do contrato. Ora, se em tal momento a cláusula era proibida, e, como tal, nula, a lei nova é insusceptível de con-validar a cláusula de resolução convencional (por todos, S.T.J. 2/3/94 Col.I/140), razão pela qual, e em suma, não havia que fazer apelo à cláusula convencional para decretar a resolução do contrato, resolução esta que deveria decorrer da lei, embora da lei revista em 2006”. Texto integral: >>>

(continuação na página seguinte)

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III - Acórdãos do Tribunal da Relação do Porto (continuação)

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Legitimidade passiva em acção com vista à anulação de deliberação de assembleia de condóminos – Acórdão de 15.05.2012:

“Nos termos do art.º 6º, al. e), do C.P.C., tem personalidade judiciária “o condomínio resultante da propriedade horizontal relativa-mente às acções que se inserem no âmbito dos poderes do administrador”.

Consagra tal preceito uma extensão da per-sonalidade judiciária a entidades que não go-zam de personalidade jurídica e, como tal, não seriam susceptíveis de demandar ou ser demandadas como partes em função da re-gra geral decorrente do n.º 2 do art.º 5.º do mesmo diploma.

No entanto, como consequência que é de nor-ma excepcional, aquela extensão só actua nos precisos limites que o legislador aí definiu. Ou seja, e no que ora nos ocupa, só no âmbito dos poderes do administrador, o condomínio tem personalidade judiciária.

Fora desse âmbito, não pode ser parte em juízo, competindo, assim, aos condóminos, agir em juízo em seu nome próprio.

[…] Em matéria de deliberação da assembleia de condóminos o administrador não tem quais-quer poderes nem exerce qualquer função ad-ministrativa. (…), não desempenhando, nessa sede, o administrador, qualquer papel. O que lhe compete, isso sim, é o dever de executar as deliberações da assembleia (art.º 1436 b) do C.C.) e nessa actividade funcional, se por-ventura a execução da deliberação tiver a ver com actos conservatórios relativos às partes comuns, já nada impedirá que o condomínio prejudicado, por ex, accione directamente o administrador.

Segundo o nº 1 [do artigo 1433.º do C.C.] “as deliberações da assembleia contrárias à lei ou a regulamentos anteriormente aprova-dos são anuláveis a requerimento de qual-quer condómino que os não tenha votado”, o que significa que a conduta pode ser sancio-nada com a anulabilidade, isto é, a delibera-ção contrária à lei ou ao regulamento, é da exclusiva responsabilidade dos condóminos que a votarem, (…).

Já no tocante à representação em juízo des-ses condóminos, previu o legislador que ela caiba ao administrador ou à pessoa que a as-sembleia designar para o efeito.

Alternativa que não teria sentido caso a acção devesse ser intentada contra o condomínio dotado de personalidade judiciária e organi-camente representado pelo respectivo admi-nistrador. (…) Mas sem que tal invalide que a acção deva ser proposta contra os condómi-nos que votaram a favor da aprovação deli-beração da deliberação impugnada, enquanto titulares do interesse relevante em contra-dizer, como bem se refere na douta decisão recorrida”. Texto integral: >>>

RECENTES DECISÕES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES (continuação)

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III - Acórdãos do Tribunal da Relação do Porto (continuação)

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NEWS FLASH

I - IMOBILIÁRIO Jornal “O Público”

Dia 02 de Maio- AIP leva Intercasa a Moçambique.Para mais informações: >>>

Dia 09 de Maio- CBRE comercializa conjunto de edifícios da EDP;- Restelo Business Center comercializado pela Worx e Abacus Savills.Para mais informações: >>>

Dia 16 de Maio- Invesplano e Consultan estabelecem joint venture para comercializar Belas Clube de Campo;- Worx conclui comercialização do edifício Gago Coutinho 26.Para mais informações: >>>

Dia 30 de Maio- Broadway Maylan projecta nova cidade brasileira;- InovaDomus desenvolve projecto de reabilitação.Para mais informações: >>>

II – “Vida Imobiliária”, Edição n.º 166 – Maio

- Nova sede da Microsoft inaugura no Parque das Nações;- Unibail Rodamco compra dois shoppings portugueses por 500 milhões;- ERA lança projecto de investimento habitacional;- Portugal tem nove projectos finalistas nos ICSC Solal Awards;

- Imóveis entregues aos bancos aumentam 74% nos primeiros três meses;- Projecto das “Terras do Grande Lago Alqueva” já arrancou;- Portugal mantém ritmo elevado de absorção de fundos europeus;- APFIPP e IPD têm novo Índice de Fundos Imobiliários em Portugal; - 91 projectos de reabilitação já concorre-ram à iniciativa JESSICA; - Comércio e hotelaria devolvem vida à Baixa do Porto. Texto integral: >>>

III – Outras notícias

Dia 18 de Maio- Reabilitar Lisboa custa oito mil milhões de euros; Para mais informações: >>>

Dia 21 de Maio- Taxa de 25% de IRS nas rendas daria 90 milhões de euros ao Estado.Para mais informações: >>>

(continuação na página seguinte)

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IV – Âmbito Internacional

Dia 01 de Maio- Fund managers urged to get over fear of falling; Para mais informações: >>>

Dia 02 de Maio- Outlook for Europe remains downbeat;Para mais informações: >>>

Dia 08 de Maio- Spanish tax reform undermines property market; Para mais informações: >>>

Dia 10 de Maio- Debt funding gap more than doubles in Europe; Para mais informações: >>>

Dia 11 de Maio- Dutch central bank warns on valuations of maturing loans; Para mais informações: >>>

Dia 23 de Maio- Lloyds seeks buyer for second loan package; Para mais informações: >>>

Dia 29 de Maio- BNP Paribas wins 3 management contracts in Europe. Para mais informações: >>>

4Esta Analysis contém informação e opiniões de carácter geral, não substituindo o recurso a aconselhamento jurídico para a resolução de casos concretos. Para mais informações, por favor contacte-nos através do email [email protected].

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NEWS FLASH (continuação)

LISBOA* | SEDE PORTO * MADEIRA * LISBOA PORTO MADEIRA ANGOLA (EM PARCERIA)

MOÇAMBIQUE (EM PARCERIA)

CHINA (EM PARCERIA)

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