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FERNANDA LEITE GOULART
ANCORAGEM ORTODÔNTICA COM MINI-IMPLANTES
Monografia apresentada à Instituição
de Ensino Orthodontic, como
requisito para a obtenção do título de
Especialista em Ortodontia.
Orientador: Doutor Alexandre Ponce.
RIO DE JANEIRO
2012
2
Apresentação da Monografia em ___/___/_____ ao curso de Ortodontia.
_______________________________________________________________
Coordenador: Doutor Alexandre Ponce.
_______________________________________________________________
Orientador: Doutor Alexandre Ponce.
3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 5 2 PROPOSIÇÃO 7 3 REVISÃO DA LITERATURA 8 4 DISCUSSÃO 39 5 CONCLUSÃO 43 REFERÊNCIAS 45
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RESUMO
A ancoragem ortodôntica com mini-implantes é examinada nesta monografia à luz de uma revisão da literatura existente sobre o assunto, divulgada em livros, periódicos e pela internet. Como fator decisivo para o sucesso do tratamento ortodôntico, os diversos aspectos da ancoragem, tais como processos de cirurgia para a colocação dos mini-implantes ortodônticos, visando obter alta estabilidade e consequente imobilidade do sistema de ancoragem, o emprego de elásticos e molas, tanto imediato quanto após a cicatrização, as marcas e dimensões dos implantes e outros aspectos dos mesmos são abordados nesse trabalho. Os artigos estudados foram divididos em três categorias, de acordo com a abordagem empregada por seus autores, a saber: resistência à fratura e torque, estabilidade e mecânicas atingidas com o uso de mini-implantes. O estudo revelou que a resistência à fratura e ao torque é influenciada por diversos fatores; a carga imediata de mini-implantes não tem qualquer efeito deletério, dentro dos limites prescritos e que os mini-implantes são eficazes no tratamento de problemas de inúmeros problemas relacionados à oclusão dentária, devolvendo ao paciente a boa oclusão e a estética facial. Palavras-chave: Ancoragem. Estabilidade. Fratura. Mini-implantes. Torque.
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1 INTRODUÇÃO
Essa monografia é dedicada ao estudo do tema Ancoragem ortodôntica
com mini-implantes.
A justificativa para a escolha deste tema foi o fato da ancoragem ser
decisiva para o sucesso do tratamento ortodôntico (BEZERRA et al., 2004).
A ancoragem é um dos grandes desafios aos profissionais de Ortodontia
moderna, porque os dentes só podem ser movimentados ortodonticamente
através da resposta de forças, portanto sem um apoio não haverá o movimento
oposto. Quando se observa uma ausência dentária, principalmente na região
posterior, que não é reabilitada proteticamente logo após a exodontia, pode-se
perceber que os dentes adjacentes tendem a inclinar e girar, os antagonistas a
excluir, logo a mecânica ortodôntica torna-se bastante trabalhosa nesses
casos, principalmente quando se necessita do movimento de intrusão dos
molares (PARK et al., 2003).
A cirurgia de instalação de mini-implantes ortodônticos tem por finalidade
precípua a obtenção de alta estabilidade inicial que irá proporcionar a
imobilidade adequada do sistema de ancoragem, tornando viável sua ativação
ortodôntica conseguida através de elásticos ou molas, que pode ser imediata
ou após o período de cicatrização inicial de duas semanas.
O advento da utilização de mini-implantes para a ancoragem rígida na
Ortodontia revolucionou a forma de tratar casos que tinham um prognóstico
sombrio. Apesar do custo financeiro e biológico, os benefícios dessa
modalidade de tratamento têm sido bastante positivos, eficientes e, portanto,
compensadores (SUGAWARA et al., 2002).
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Os implantes podem variar de 4 a 12 milímetros de comprimento.
Geralmente seleciona-se o mini-implante mais longo possível, desde que não
signifique um risco para as estruturas anatômicas vizinhas.
A metodologia é de revisão bibliográfica, baseada em livros, revistas e
artigos divulgados pela internet, os quais são resumidos e comentados, para
serem apresentadas as Considerações Finais.
Este trabalho toma por objetivo analisar as técnicas mais modernas de
ancoragem ortodôntica que vêm sendo empregadas pelos cirurgiões dentistas
visando conseguir a estabilidade necessária para o tratamento com mini-
implantes.
O ideal para o dentista é obter, nos casos de mini-implantes
osseointegráveis ou de mini-placas, a ancoragem absoluta, para que sejam
obtidos os resultados esperados do tratamento.
A autora, instigada por um problema tão relevante, com que muitas
vezes se defronta em seu dia-a-dia no consultório, como ocorre com muitos
colegas de profissão, dedicou-se ao estudo deste tema e este período de
elaboração do trabalho foi de muito progresso em seus estudos de
Odontologia, pelo que aprendeu ao pesquisar o que outros autores vêm
realizando quanto a esta prática ortodôntica.
O assunto vem merecendo grande atenção e destaque no meio
acadêmico, razão pela qual muitos extensos trabalhos foram encontrados,
restando apenas reuni-los, categorizar por assunto específico e apresentar sob
a forma de um trabalho acadêmico.
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2 PROPOSIÇÃO
O objetivo desta revisão bibliográfica foi verificar o seguinte:
1) Qual o comportamento dos mini-implantes utilizados para ancoragem
ortodôntica, com relação à resistência à fratura e torque?
2) Até que ponto os mini-implantes promovem a estabilidade da
ancoragem ortodôntica?
3) Quais as manifestações mecânicas observadas quanto se usa mini-
implantes para a ancoragem ortodôntica?
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3 REVISÃO DA LITERATURA
RESISTÊNCIA À FRATURA E TORQUE
Teixeira (2006) avaliou a deformação de mini-implantes ortodônticos
submetidos ao carregamento na direção perpendicular ao seu comprimento,
quanto à resistência à flexão de mini implantes ortodônticos de Ti6Al4V da
marca comercial SIN. Foram analisados no total 16 mini-implantes
ortodônticos. Quinze mini-implantes ortodônticos de comprimento de 6 mm por
1,2 mm de diâmetro foram fixados em resina acrílica para embutimento de
amostras metalográficas da marca Arotec. A base de resina com o mini
implante foi fixada na máquina de ensaio e foi aplicada uma força crescente
perpendicular ao seu comprimento, determinando-se a força necessária para
deformar os mini implantes em quatros situações: 0, 5, 1,0, 1,5 e 2,0
milímetros. Os dados foram analisados pela análise de variância e teste de
Tukey. Os ensaios mecânicos foram executados na máquina de ensaio
Universal Emic DL 10000 com célula de carga de 50 N. Dos dezesseis mini-
implantes, três foram escolhidos para análise no microscópio eletrônico de
varredura – MEV. Após o ensaio mecânico foram selecionados os dois
implantes que apresentaram maior deformação plástica visível e um implante
que não foi submetido ao teste de esforço. Em conclusão os resultados obtidos
mostraram que nenhum dos implantes fraturou quando deformado até 2 mm.
Todos os mini-implantes apresentaram deformação quando submetidos às
forças usadas neste ensaio.
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Serra et al. (2007) propuseram-se avaliar a evolução da fixação óssea
de mini-implantes de titânio carregados imediatamente, em estudo realizado
com nove coelhos da raça Nova Zelândia. Em cada animal foram inseridos 4
mini-implantes de titânio grau 5 (liga Ti-6Al-4V) , dos quais 2 foram carregados
imediatamente com 1 N. Os animais foram sacrificados após 1, 4 e 12
semanas e as amostras foram divididas em seis grupos, sendo 3 grupos
carregados e 3 grupos sem carga. O ensaio de torque de remoção dos
implantes foi realizado e os resultados tratados estatisticamente com o módulo
ANOVA e pós-teste de Tukey. Após 1 e 4 semanas de cicatrização não foi
detectada diferença estatisticamente significativa nos valores de torque de
remoção, independente do carregamento. No entanto, após 12 semanas, tanto
o grupo carregado quanto o não carregado apresentaram aumento significativo
no torque de remoção e os maiores valores foram atribuídos ao grupo sem
carregamento. O carregamento imediato resultou em menor fixação óssea dos
mini-implantes após 12 semanas de cicatrização, contudo não comprometeu a
estabilidade dos implantes. Os autores chegaram então aos seguintes
resultados: 1. Os mini-implantes de titânio grau 5 (liga Ti-6Al-4V) utilizados
neste trabalho não apresentaram macrodeformações ou fraturas durante aos
procedimentos de inserção e remoção cirúrgica nas cobaias. 2. O
carregamento imediato, unidirecional e contínuo dos mini-implantes não alterou
a estabilidade primária dos mini-implantes após 1 e 4 semanas. 3. O
carregamento imediato, unidirecional e contínuo dos mini-implantes resultou
em menor fixação óssea, em comparação ao grupo sem carregamento, após
12 semanas de cicatrização, não ficando no entanto comprometida a
estabilidade do implante.
10
Nova et al. (2008) realizaram estudo objetivando avaliar, em mini-
implantes de diferentes dimensões, os seguintes fatores: (a) torque de
inserção, (b) torque de remoção, (c) torque de fratura, (d) tensão cisalhante, (e)
tensão normal e (f) tipo de fratura. Para tanto foram utilizados 20 mini-implantes
autoperfurantes, 10 da marca SIN e 10 da Neodent com, respectivamente, 8 e
7mm de comprimento, todos com 1,6mm de diâmetro. Dos 10 mini-implantes
de cada marca, 5 não possuíam perfil transmucoso e 5 tinham perfil de 2mm,
formando 4 grupos: SIN sem perfil (SSP), SIN com perfil (SCP), Neodent sem
perfil (NSP) e Neodent com perfil (NCP). Todos os mini-implantes foram
inseridos em cortical óssea e removidos com micromotor acoplado a um
torquímetro. Os mini-implantes foram, também, submetidos ao ensaio de
fratura. Os torques de inserção, remoção e fratura, assim como a tensão
cisalhante e normal calculadas, foram comparados entre todos os grupos pela
ANOVA. O tipo de fratura foi avaliado em microscópio eletrônico de varredura.
Os autores verificaram que o grupo NCP apresentou torque de inserção
significativamente maior que os demais grupos, porém todos fraturaram
durante a inserção (n = 2) ou remoção (n = 3). Não houve diferença entre os
grupos para o torque de remoção. Para o grupo NSP, o torque de fratura foi
significativamente menor do que todos os outros grupos. Todos os mini-
implantes sofreram fratura do tipo dúctil. Concluíram esses estudiosos que,
considerando-se que não houve diferença na resistência mecânica de ambas
as marcas, variando apenas a forma, a resistência à fratura pode ser afetada
por esta variável.
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Pithon et al. (2008) em seu trabalho avaliaram a deformação e fratura de
mini-implantes ortodônticos de diferentes marcas comerciais submetidos ao
carregamento na direção perpendicular ao seu comprimento. Para esta
pesquisa foram utilizados 75 mini-implantes divididos em cinco grupos (n = 15):
M (Mondeal), N (Neodent), I (INP), S (SIN) e T (Titanium Fix). Os mesmos
foram inseridos perpendicularmente em osso cortical suíno e levados à
máquina universal de ensaios mecânicos Emic DL 10.000, a uma velocidade
de 0,5mm por minuto. Foi avaliada a força necessária para deformar os mini-
implantes em 0,5, 1, 1,5, 2mm e para fratura. Os dados foram analisados pela
análise da variância (ANOVA) e teste de Tukey. Os resultados obtidos foram
que os mini-implantes do grupo S necessitaram força maior para que ocorresse
deformação e fratura, esses resultados foram estatisticamente significativos em
relação aos demais (p < 0,05), que se deformaram e fraturaram com força
menor. O grupo M apresentou os menores valores para deformar, entretanto,
sem diferença estatística com o grupo N (p > 0,05). Para fraturar, o grupo T
apresentou os menores valores, com diferença estatística com os grupos M, S
e I. Os autores puderam então concluir que o formato do mini-implante está
diretamente relacionado com sua resistência. Apesar de diferenças existentes
quanto à resistência entre eles, todos se mostraram aptos para a utilização
clínica.
Squeff et al. (2008) apresentaram a caracterização de mini-implantes na
ancoragem ortodôntica. Segundo esses autores, o diâmetro reduzido do mini-
implante, e a consequente facilidade na sua inserção, minimizam a
possibilidade de erro do operador e de contato entre a rosca do mini-implante e
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a raiz dentária, apesar de o risco de fratura da peça aumentar à medida que
seu diâmetro é diminuído. A pesquisa realizada analisou quatro produtos de
marcas nacionais (INP, SIN, Conexão e Neodente) e um de marca alemã
(Mondeal), para identificar características importantes para o bom desempenho
deste recurso como acessório de ancoragem. Foram observados composição e
design das peças e realizado o ensaio mecânico de torque até a fratura (estudo
in vitro), cujos valores foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e
teste de Tukey. Segundo a metodologia adotada, foram analisados 30 mini-
implantes (5 peças de cada grupo), utilizados como reforço de ancoragem
ortodôntica. Para observação da topografia e design das peças, estas mesmas
foram montadas em bases de alumínio próprias adequadas, com fita dupla face
de carbono e levadas ao microscópio eletrônico de varredura, sendo obtidas
imagens da cabeça, da porção transmucosa e da porção rosqueável das
peças. A liga metálica dos mini-implantes foi caracterizada por dispersão de
raios-X, no microscópio eletrônico de varredura. Um projetor de perfil digital foi
utilizado para obtenção de duas medidas importantes para a avaliação do
design das peças: a profundidade das roscas e a distância inter-roscas. Os
mini-implantes foram submetidos ao ensaio mecânico de torque, sendo cada
peça inserida em cortical de tíbia suína, até que ocorresse fratura. Inicialmente,
a tíbia suína foi fixada em torno de bancada, para que não sofresse nenhum
movimento durante a inserção dos mini-implantes. Foi feito então um orifício
guia com fresa cirúrgica de 1,0mm de diâmetro. Em seguida, a chave manual
própria de cada sistema de mini-implantes foi fixada no cabeçote do
torquímetro digital. A inserção dos mini-implantes foi executada pelo mesmo
operador até a fratura, sendo realizados ensaios de cinco peças de cada tipo
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de mini-implante. Os valores de torque de inserção obtidos foram submetidos à
análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey, bem como à análise estatística
descritiva. Os resultados mostraram que todos os mini-implantes testados
estão aptos à utilização clínica como reforço de ancoragem ortodôntica.
Peralta (2009), analisou, por meio de microscopia óptica, a estrutura
interna de mini-implantes ortodônticos fabricados com Titânio grau V, uma liga
constituída de Ti-6Al-4V. Foram então adquiridos 6 exemplares de mini-
implantes da marca DEWIMED, fabricados na Alemanha e outros 6 das marcas
SIN e CONEXÃO, fabricadas no Brasil. As amostras foram embutidas a frio em
polímero de metil metacrilato, seccionados longitudinalmente (3 amostras de
cada marca) e transversalmente (outros 3 parafusos) e lixados sucessivamente
com abrasivos de granulações decrescentes. Após o polimento, foi realizado
um ataque químico, para o contraste da microestrutura do parafuso. Depois
dessas etapas, a amostra foi submetida à analise metalográfica pela
observação em microscópio óptico com ampliações de até 2000 vezes, com o
objetivo de detectar a conformação da estrutura metálica, verificando possíveis
descontinuidades, desde a superfície até o núcleo do parafuso. Os resultados
mostraram que os mini-implantes analisados não apresentavam qualquer tipo
de defeito no seu interior, tais como fraturas, descontinuidades ou bolhas tanto
no corte longitudinal como transversal. Além disso, evidenciou-se, no corte
transversal, que todas as amostras avaliadas apresentam fase globular
Alfa+Beta, portanto atendendo aos requisitos das normas internacionais.
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Barretto-Lopes et al. (2010) em seu estudo avaliaram o limite de
resistência à flexão de um protótipo de mini-implante desenvolvido para
ancoragem do aparelho de Herbst. Após a realização de um cálculo do
tamanho da amostra, quatro corpos de prova contendo os protótipos de mini-
implantes foram submetidos a uma força de flexão por engastamento simples,
utilizando-se uma máquina universal de ensaios mecânicos, sendo calculado o
limite de resistência à força de flexão. Após os ensaios mecânicos, os novos
mini-implantes apresentaram o limite de resistência à força de flexão de
98,2kgf, que foi o menor valor encontrado. Concluiram esses estudiosos que os
protótipos de mini-implantes desenvolvidos para ancoragem do aparelho de
Herbst foram capazes de suportar forças de flexão maiores do que as forças de
mordida descritas na literatura.
Dobranszki et al. (2010) em seu trabalho decidiram avaliar a distribuição
de tensões na resina em contato com os filetes de roscas de mini-implantes
cilíndricos e cônicos, submetidos à carga lateral e torção de inserção. Um
modelo fotoelástico foi produzido com gelatina transparente, para simular o
osso alveolar. O modelo foi observado com um polariscópio plano e fotografado
antes e após a ativação dos mini-implantes com força lateral e de inserção. A
aplicação de cargas laterais provocou momentos fletores nos mini-implantes,
aparecimento de franjas isocromáticas ao longo dos filetes do corpo dos mini-
implantes e no ápice. Concluíram esses estudiosos que: 1) o mini-implante
cilíndrico apresentou maior concentração de tensões no ápice, e 2) o mini-
implante cônico apresentou maior concentração de tensões nos filetes de rosca
apicais.
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Meira (2010) avaliou o torque de inserção, força de arrancamento axial e
superfície de osso cortical em contato com mini-implantes ortodônticos em
diferentes angulações. Cento e dois mini-implantes foram inseridos a 90°, 60° e
45° em relação à superfície de osso sintético. O pico do torque de inserção foi
mensurado e os mini-implantes foram alinhados com a máquina de testes
mecânicos para registrar a força de arrancamento axial. A superfície de osso
cortical em contato com cada mini-implante foi mensurada após o
arrancamento e, posteriormente, foi conduzida a análise estatística com os
testes ANOVA, Tukey HSD, Games Howell e o teste de correlação de Pearson.
Como resultado, o grupo 45° obteve torque de inserção significantemente
maior comparado ao grupo 90° (p<0.05). Houve aumento estatisticamente
significante dos valores médios da superfície de osso cortical em contato com o
mini-implante entre os três grupos (p<0.05). Observou-se correlação negativa
entre angulação e superfície de osso cortical em contato (r=-0,95, p<0.05) e
correlação positiva entre força de arrancamento axial e superfície de osso
cortical em contato (r=0,34, p<0.05). As conclusões foram de que os mini-
implantes mais inclinados em relação à superfície do osso oferecem maior
torque de inserção e maior contato com o osso cortical e que quanto maior a
superfície de osso cortical em contato com o mini-implante, maior é a força de
arrancamento axial.
Elias et al. (2011) realizaram ensaios mecânicos de torção para
quantificar a resistência à fratura da ponta e do perfil transmucoso de mini-
implantes com três diâmetros (1,5, 1,8 e 2,0 mm), diferentes formatos de
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cabeça (convencional e tipo bracket), com e sem microrrosca próximo ao perfil
transmucoso. Todos os ensaios foram feitos com mini-implantes de 6,0 mm de
rosca ativa e 1,0 mm de perfil transmucoso. Foram ensaiadas 5 amostras de
cada grupo. Na falta de Norma ABNT específica, os ensaios foram realizados
com base nas Normas ASTM F117 (Standard Test Method for Driving Torque
of Medical Bone Screws) e F1622 (Standard Test Method for Measuring the
Torsional Properties of Metallic Bone Screw). Para a fratura, os mini-implantes
foram fixados no dispositivo mostrado na figura 1. O sistema foi acoplado à
máquina de ensaio Universal EMIC DL10000 com célula de carga de 50 N. No
mandril da direita fez-se a fixação da ponta do implante até os três primeiros
filetes de rosca, mantendo-se invariável a distância da chave de inserção em
3,20 mm. Para não danificar o mini-implante a ponta foi protegida com uma
lâmina de alumínio. No mandril da esquerda, o qual tem liberdade de giro,
fixou-se a chave de inserção do implante, a qual foi acoplada na cabeça do
mini-implante. Para a fratura na região do perfil transmucoso do mini-implante
foi usado o mesmo dispositivo prendendo-se o mini-implante no mandril da
esquerda no segundo filete abaixo do início da região do transmucoso. O
dispositivo tem precisão de 2,0 gf.cm (0,02 N.cm). Os resultados permitem
concluir que o emprego dos mini-implantes tem apresentando eficiência na
ancoragem ortodôntica e auxilia os ortodontistas em inúmeras aplicações
clínicas. Estes dispositivos diminuem a necessidade de colaboração dos
pacientes e ampliam as possibilidades de tratamento.
17
ESTABILIDADE
Büchter et al. (2005) objetivaram em seu estudo determinar os
resultados clínicos e biomecânicos de dois sistemas diferentes de mini-
implantes de titânio ativados com diferentes regimes de carga. Um total de 200
mini-implantes, dos quais 102 Abso Anchor e 98 Dual Top foram colocados na
mandíbula de oito miniporcos Göttinger. Cada dois implantes foram carregados
imediatamente em direção oposta por várias forças (100, 300 ou 400 cN)
através de bobinas de tensão. Adicionalmente, três distâncias diferentes entre
o pescoço do implante e a aba do osso (1, 2 e 3 mm) foram utilizados. Os
diferentes protocolos de carga foram escolhidos para avaliar o desempenho do
implante com relação à carga. A carga foi fornecida por bobinas de tensão
superelásticas, que são conhecidas por desenvolver uma força virtualmente
constante. Implantes não carregados foram usados como referência. Em
seguida a um período de carregamento experimental de 22 e 70 dias, metade
dos miniporcos foram sacrificados, e o espécimes do osso contendo o implante
foram avaliados quanto ao desempenho clínico e a estabilidade do implante.
Perda do implante foi achada como sendo estatisticamente dependente do
momento de toque (TM) na aba do osso. Perda clínica do implante só estava
presente quando a carga excedia 900cN mm. Nenhum movimento de implantes
através do osso foi encontrado nos grupos experimentais, para qualquer carga
aplicada. Durante os dois períodos experimentais os implantes não carregados
de um tipo de implante tiveram estabilidade mais elevada do que aquela dos
implantes carregados. Os implantes Dual Top revelaram um torque de remoção
ligeiramente mais alto comparados com os implantes Abso Anchor. Baseados
18
nos resultados desse estudo, a carga imediata de mini-implantes pode ser
executada sem perda da estabilidade, quando a biomecânica relacionada à
carga não exceder um limite máximo de TM no rebordo do osso.
Souza (2006) avaliou a estabilidade de mini-implantes submetidos à
força ortodôntica imediata. Quarenta mini-implantes com 1,6mm de diâmetro e
6,0mm de comprimento (Ti, 6AI, 4V), divididos em 20 pares, foram inseridos na
região posterior da mandíbula de 10 cães. Imediatamente após a inserção,
uma força de 100cN foi aplicada utilizando-se uma mola fechada super-elástica
de níquel-titânio unindo cada par de mini-implantes. Tomadas radiográficas
oclusais foram obtidas em: (TO) imediatamente; (T30) 30 dias e (T60) 60 dias
após aplicação da força. Em TO, T30 e T60, foi traçado o longo eixo de cada
mini-implante e medida a inclinação axial, tendo como referência o seu longo
eixo e um fio ortodôntico previamente fixado na película radiográfica. Uma vez
por semana, a mobilidade clínica foi avaliada (0: sem mobilidade, 1: com
mobilidade). Como resultado diferença significante foi encontrada entre a
inclinação dos mini-implantes em TO e T60 (p<0,01), tendo ocorrido maior
variação da inclinação dos mini-implantes com mobilidade (3,13±6,02°) do que
daqueles sem mobilidade (0,70±0,51º). Concluiu que os mini-implantes,
quando submetidos à força ortodôntica imediata, se movimentam, inclinando no
mesmo sentido da força aplicada. É maior a variação de inclinação dos mini-
implantes com mobilidade do que daqueles sem mobilidade.
Pithon & Nojima (2007) em seu trabalho visaram avaliar a estabilidade
primária de mini-implantes ortodônticos instalados em diferentes regiões da
19
maxila e mandíbula de porcos, utilizando 36 mini-implantes ortodônticos
distribuídos em seis grupos (n=6), nomeados de acordo com a região da
cavidade bucal onde foram inseridos: incisivo superior (IS), molar superior
(MS), sutura palatina (S), incisivo inferior (II), molar inferior (MI) e retromolar
(RM). Empregaram 3 porcos (Sus scrofa Piau), nos quais foram inseridos 12
mini-implantes em três áreas da mandíbula e três da maxila. Após a inserção,
os animais foram eutanasiados e foram obtidos blocos ósseos com o mini-
implante inserido, os quais foram utilizados para realização de ensaio mecânico
de tração em máquina universal de ensaios universais, operada a uma
velocidade de 0,5 mm/s. Os valores de força máxima para inserção obtidos em
N.cm foram anotados e submetidos à análise de variância (ANOVA) e ao teste
de Tukey. Os resultados demonstraram maior estabilidade para os mini-
implantes inseridos na região de molar superior (MS) seguido de molar inferior
(MI) e retromolar (RM). Esses grupos não apresentaram diferenças estatísticas
entre si (P>.05), entretanto foram estatisticamente superiores aos demais. Os
mini-implantes inseridos na região de sutura palatina (S) apresentaram menor
estabilidade, com resultado estatisticamente inferior aos demais (P<.05). Os
resultados permitiram aos autores concluir afirmando que as diversas regiões
bucais diferem quanto à estabilidade primária, e esta vincula-se diretamente à
espessura da cortical óssea em que o mini-implante se acha colocado.
Chaddad et al. (2008) compararam o desempenho clínico e a taxa de
sobrevivência de dois sistemas de mini-implantes com diferentes
características de superfície sob carga ortodôntica imediata. Dezessete mini-
implantes de titânio lisos (MT) e 15 mini-implantes ranhurados por jato de areia
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grossa (SLA) foram colocados em 10 pacientes. Os mini-implantes foram
imediatamente carregados e os pacientes examinados 7, 14, 30, 60 e 150 dias
após. Os parâmetros clínicos, tais como localização anatômica, aspecto do
tecido mole na emergência da cabeça do parafuso, tipo de sistema de mini-
implante, diâmetro e comprimento foram analisados. Ademais, o torque de
inserção gravado no momento da inserção também foi avaliado. A taxa de
sobrevivência e os parâmetros clínicos foram avaliados pelo teste exato de q
quadrado usando o SAS versão 9.1. Os resultados foram: taxa de
sobrevivência de 87,5%. Nos quatro mini-implantes que falharam, três eram MT
e um SLA, resultando em uma taxa de sobrevivência individual de 82,4% e
93,4%, respectivamente. No grupo de falha, todos os dispositivos tinham a
emergência de seus parafusos na mucosa oral e registraram uma faixa de
torque de menos de 15 Ncm. O torque de inserção influiu estatisticamente na
taxa de sobrevivência dos mini-implantes. O tratamento da superfície, a
localização anatômica, bem como a emergência de tecido mole não foram
estatisticamente significativos.
Leung et al. (2008) realizaram estudo com a finalidade precípua de
analisar a estabilidade primária dos mini-implantes ligados a miniplacas, em
que três diferentes sistemas de fixação esquelética foram investigados: (1) com
diâmetro de 1,5 milímetros com mini-implantes cilíndrico conectados com fio
deaço 0,021 × 0,025 polegadas inoxidável (SS fio), (2) 1,6 milímetros com mini-
implantes cônicos de diâmetros ligados com um fio SS 0,021 × 0,025
polegadas, e (3) diâmetro 2,0 milímetros com mini-implantes cilíndricos ligados
por um bloqueio de miniplacas de titânio. Quinze bases ósseas padronizadas
21
bovina foram preparadas, cinco espécimes para cada grupo experimental. Os
mini-implantes conectados foram fixados sobre as amostras de osso. Os
sistemas foram submetidos à tração uniaxial com ensaios no ponto médio do
fio de conexão ou na miniplaca usando uma máquina de ensaios mecânicos.
Uma análise de variância foi utilizada para determinar a diferença entre o "pull-
out" e os resultados dos testes entre os Grupos foram analisados. Ambos,
miniplacas de titânio e sistemas de conexão SS fio mostraram deformação
grave na cabeça do parafuso, que quebrou antes dos mini-implantes soltarem.
O sistema miniplaca 2,0 mm apresentou o maior vigor na retirada (529 N), em
comparação com os outros dois sistemas de fios de conexão (P <0,001). Este
estudo in vitro demonstrou que a ligação de dois mini-implantes com uma
miniplaca resultou em maior tração - com o uso da força, rigidez, força e
rendimento para resistir à puxada de força e deformação. Tal conjunto até
poderia proporcionar assim um sistema estável para ancoragem ortodôntica
esquelética.
Matzenbacher et al. (2008) avaliaram a efetividade de métodos de
diagnóstico por imagem utilizados na localização vertical de sítios eleitos para
inserção de mini-implantes. A metodologia utilizada foi na base de amostra
composta de quatro pacientes, nos quais foram estabelecidos 32 sítios inter-
radiculares, na região posterior, para instalação de mini-implantes, sítios estes
representados por orifícios preenchidos com guta-percha em moldeiras de
acetato. Foram feitas radiografias periapicais, interproximais e tomografias
computadorizadas de feixe cônico, com as moldeiras posicionadas em boca,
sendo considerados os seguintes pontos: PC - imagem radiodensa do ponto
22
PCg; PI - imagem radiodensa do ponto Plg; PCx - ponto de contato entre as
coroas dentárias, determinado sobre a radiografia. Medidas verticais utilizadas:
padrão-ouro - de PCg a PIg; medida 1 - de PC a PI; e medida 2 - de PCx a PI.
As medidas foram comparadas através de análise descritiva e do teste t de
Student. Os resultados demonstraram que, para a medida 1, foi observada
diferença estatisticamente significante, em relação ao padrão-ouro, em 4,1 %,
25% e 100% das medidas avaliadas nas tomografias computadorizadas,
radiografias interproximais e periapicais, respectivamente. Para a medida 2, foi
observada diferença estatisticamente significante, em relação ao padrão-ouro,
em 4,1 %, 56,2% e 100% das medidas avaliadas nas tomografias
computadorizadas, radiografias interproximais e periapicais, respectivamente.
Como conclusões, revelaram que a tomografia computadorizada de feixe
cônico foi o exame mais preciso na avaliação da posição vertical dos sítios
eleitos para instalação de mini-implantes; a radiografia interproximal pode, com
reserva, ser utilizada; a radiografia periapical apresentou resultados
insatisfatórios, sendo contra-indicada para este fim.
Mo et al. (2010) testaram a hipótese de que não haja diferença na
estabilidade e resistência a forças ortodônticas de mini-implantes tratados com
jato de areia ou com ácido (SAE) e aqueles apresentados por implantes com a
superfície torneada do mesmo tamanho e formato. Dois tipos de mini-implantes
foram usados na tíbia de 44 coelhos; alguns tinham uma superfície SAE e
outros tinham as superfícies torneadas. Cargas ortodônticas de 150 g foram
aplicadas imediatamente após a colocação. As taxas de sucesso e os valores
de torque de remoção máxima (RTVs) de 412 mini-implantes foram registrados
23
e comparados imediatamente após a colocação, 3 dias após a mesma e 1, 6 e
10 semanas após a colocação. Os dados de RTV foram analisado usando o
sistema de regressão múltipla para avaliar as diferenças com respeito ao
tratamento da superfície, carga e períodos de carga. Foram feitas comparações
múltiplas usando o método Scheffé, para avaliar os RTVs para os
subsequentes períodos de carregamento. Os resultados mostraram que treze
mini-implantes falharam durante o período experimental. O grupo SAE teve um
RTV mais alto que o grupo torneado, e houve diferença significativa nos RTVs
de acordo com os períodos de carga. Entretanto, não houve diferença RTV
significativa entre os mini-implantes carregados e não carregados. A hipótese
foi confirmada. Ambos, mini-implantes SAE e mini-implantes torneados
puderam ser carregados imediatamente e experimentaram taxas de sucesso
similares. Os RTVs foram mais altos para os mini-implantes SAE do que para
os mini-implantes torneados. Esse último achado sugere que, para carga
imediata, os mini-implantes SAE podem proporcionar uma retenção mais
estável do que os mini-implantes torneados.
Gigliotti et al. (2011) avaliaram a influência da largura do septo
interradicular no local de inserção de mini-implantes autoperfurantes sobre o
grau de estabilidade desses dispositivos de ancoragem. A amostra consistiu de
40 mini-implantes inseridos entre as raizes do primeiro molar e segundo pré-
molar superiores de 21 pacientes, com o intuito de fornecer ancoragem para
retração anterior. A largura do septo no local de inserção (LSf) foi mensurada
nas radiografias pós-cirúrgicas e, sob esse aspecto, os mini-implantes foram
divididos em dois grupos: grupo I (áreas criticas, LSI 3mm) e grupo 2 (áreas
24
não criticas, LSI>3mm). A estabilidade dos mini-implantes foi avaliada
mensalmente pela quantificação do grau de mobilidade e a partir dessa variável
foi calculada a proporção de sucesso. Avaliaram também: a quantidade de
placa, altura de inserção, grau de sensibilidade e período de observação. Os
resultados obtidos por esses autores demonstraram que não houve diferença
estatisticamente significativa para o grau de mobilidade e proporção de
sucesso entre os mini-implantes inseridos em septos de largura mesiodistal
crítica e não crítica. A proporção de sucesso total encontrada foi de 90% e
nenhuma variável demonstrou estar relacionada ao insucesso dos mini-
implantes. No entanto, observaram maior sensibilidade nos pacientes cujos
mini-implantes apresentavam mobilidade, e que a falha desses dispositivos de
ancoragem ocorria logo após sua inserção. Concluíram daí que a largura do
septo inter-radicular no local de inserção não interferiu na estabilidade dos
mini-implantes autoperfurantes avaliados neste estudo.
Hong et al. (2011) compararam a estabilidade mecânica entre cinco
desenhos de mini-implantes – um desenho inventado e quatro comercialmente
disponíveis que variavam no formato e no rosqueamento, para calcular a área
de superfície externa de cada desenho usando tomografia micro-computada de
alta resolução, e para avaliar a relação entre a área de superfície e os
resultados da estabilidade. Os quatro mini-implantes de rosca única
comercialmente disponíveis e cilíndricos (SC), de rosca única e de seção
cônica (ST), de rosca dupla e cilíndricos (DC), de rosca dupla e de seção
cônica (DT) e um novo implante que é desenhado para dedicar-se
principalmente no osso cortical com dimensões mais curtas e mais largas (N1)
25
foram inseridos no osso simulado com camadas ósseas cortical e trabecular. O
estudo mecânico consistiu de medições do torque e testes de deslocamento
lateral. A área da superfície foi computada usando um microcomputador de 25
microns. Os resultados apresentados foram os seguintes: torque de inserção
máximo, torque de remoção máximo e níveis de força para deslocamentos
foram mais altos em N1, seguido de DT, ST, DC e SC. A área de superfície foi
maior em DT, seguida de N1, ST, DC e SC. Os deslocamentos da área de
superfície foram mais altos em N1, seguido de DT, ST, DC e SC. A área de
superfície dedicada no osso cortical foi maior, entretanto, foi maior em N1. A
área de superfície dos mini-implantes teve correlação positiva com a
estabilidade. Esses autores concluíram que, entre os desenhos comerciais, a
seção cônica adicionada ao banho e o rosqueamento duplo melhoram a
estabilidade. N1 foi o desenho mais estável, dentro do desenho dessa
pesquisa. O novo desenho tinha o potencial de ser clinicamente superior,
dispunha de melhor estabilidade e o risco de colocar em perigo as estruturas
anatômicas próximas durante a colocação e o tratamento ortodôntico foram
reduzidos, mas o desenho exige refinamentos para reduzir o torque de
inserção para evitar a dificuldade clínica e o desconforto do paciente.
MECÂNICAS COM MINI-IMPLANTE
Di Matteo et al. (2005) estabeleceram um método para a verticalização
de molares inferiores inclinados para mesial, utilizando ancoragem em mini-
implantes colocados na região de linha oblíqua externa da mandíbula. Foram
selecionados três pacientes entre 40 a 48 anos (dois do gênero feminino, um
26
do gênero masculino), com molares inferiores inclinados para mesial e
distalmente posicionados às áreas edêntulas. Os pacientes foram tratados
ortodonticamente durante um período de 6 a 12 meses, com técnica
ortodôntica MD3. Mini-parafusos de titânio foram colocados bilateralmente com
anestesia local. Uma incisão sobre a linha oblíqua externa da mandíbula,
medindo aproximadamente 1 cm foi realizada em cada lado, distalmente aos
molares inclinados. Após descolamento muco-periosteal, mini-parafusos foram
implantados e foram realizadas suturas deixando suas cabeças exteriorizadas.
Uma semana após a remoção das suturas, cargas ortodônticas (entre 150 a
200 gramas/força) foram aplicadas através de forças elásticas. Verificaram
alguma inflamação ao redor dos mini-parafusos, mas foi controlada com
procedimentos de higienização. O procedimento cirúrgico é simples, podendo
ser realizado pelo ortodontista; as formas dimensionais dos mini-parafusos são
adequadas e estes são de fácil remoção após uso. Concluíram que o uso de
mini-implantes representa uma alternativa efetiva de ancoragem ortodôntica na
verticalização de molares inferiores.
Ohnishi et al. (2005) descreveram o tratamento ortodôntico de uma
paciente do gênero feminino, com 19 anos de idade, portadora de apinhamento
anterior. Havia discrepância moderada no comprimento do arco dentário
inferior, sobremordida profunda significativa e sorriso gengival. Os autores
inseriram um mini-implante ortodôntico como ancoragem para a intrusão do
segmento incisivo superior, seguido do alinhamento dos arcos dentários
superior e inferior com um aparelho de rebordo sem extração de dentes. A
sobremordida foi corrigida de +7,2 mm para + 1,7 mm pela intrusão incisiva
27
superior, e o sorriso gengival melhorou. A boa oclusão e estética facial foram
atingidas e esses resultados foram mantidos por dois anos após a conclusão
do tratamento ativo.
Zétola et al. (2005) relataram um caso com a utilização de mini-
implantes de ancoragem ortodôntica e discutiram alguns aspectos em relação à
ancoragem rígida na Ortodontia. A ancoragem rígida foi utilizada em uma
paciente do gênero feminino, com 39 anos de idade que possuía os elementos
26 e 27 com extrusão importante devido à ausência dos antagonistas. Foi
instalado um aparelho fixo superior, utilizando uma barra transpalatina nos
elementos dentários 15 e 25 para ancoragem com objetivo de intruir os molares
superiores esquerdos e o dispositivo quadri-hélice para auxiliar no
descruzamento do dente 18. Como a intrusão ortodôntica com apenas
ancoragem dentária não havia tido um resultado muito satisfatório até então, foi
instalada uma placa de titânio em forma de "L" na região apical dos elementos
26 e 27 com o objetivo de obter uma ancoragem ortodôntica rígida para a
intrusão desses elementos. O tempo de força intrusiva através de elásticos
verticais foi de cinco meses e a intrusão obtida foi de 6 mm. Após a remoção
do aparelho ortodôntico, fez-se a clareação dentária superior e inferior,
instalação de prótese definitiva sobre os implantes e reabilitação estética
dentária. Através dos relatos anteriores e da presente experiência, além de
outros casos ainda não concluídos, pode-se sugerir que a utilização da
ancoragem rígida pode ser utilizada com bastante propriedade no tratamento
ortodôntico quando for requerida uma ancoragem máxima.
28
Prieto et al. (2007) relataram um caso clínico de utilização de mini-
implante de ancoragem na Ortodontia Lingual, de paciente do gênero
masculino, leucoderma, com 49 anos, que buscou tratamento ortodôntico,
portador de padrão facial equilibrado, má oclusão de classe III de Angle suave,
ausência de segundos pré-molares superiores e apinhamento ântero-inferior.
Durante a anemnese, declarou preferir o tratamento estético, concordando em
submeter-se ao tratamento ortodôntico pela Técnica Lingual. O aparelho
utilizado foi o Stealth para o arco superior, sendo que o arco inferior recebeu
um aparelho Stealth para os dentes posteriores. Foram utilizados mini-
implantes Kit Double-Orto com 1,5mm de diâmetro e 10mm de comprimento,
inseridos na região retromolar, situados por distal e na direção da face
vestibular dos segundos molares. Essa pesquisa de caso clinico permitiu que
se concluísse que a margem de tratamentos bem sucedidos pela técnica
lingual, associada à ancoragem absoluta com mini-implantes, pode ser ainda
maior do que atualmente, ao serem seguidas mecânicas indicadas
principalmente para o tratamento de pacientes mais exigentes, que não
aceitariam aparelhos visíveis e nem seriam colaboradores com dispositivos
auxiliares de ancoragem removíveis. No caso apresentado, a mecânica
empregada foi capaz de viabilizar uma oclusão ideal para um paciente adulto,
de forma estética, eficiente e rápida, uma vez que o tratamento não ultrapassou
2 anos. Os autores dessa pesquisa chegaram então às seguintes conclusões:
1) Os mini-implantes são ferramentas indispensáveis na Ortodontia moderna.
2) A Ortodontia Lingual tem o seu espaço no tratamento do adulto e é capaz de
corrigir os dentes de uma forma estética e funcional. 3) A associação da
técnica lingual e do emprego de mini-implantes proporciona resultados
29
previsíveis, pouco invasivos e que reduzem o tempo de tratamento. 4) O
mecanismo de ajuste oclusal por remoção seletiva de esmalte auxilia na
finalização do tratamento ortodôntico, sendo aconselhável sua realização em
pacientes adultos. 5) A complementação com material restaurador, após o
tratamento ortodôntico, contribui para a eficiência e estética do aparelho
mastigatório, sendo bem-vinda em certos pacientes com coroas curtas ou
desgastadas.
Villela et al. (2008) apresentaram caso clínico de paciente do gênero
masculino, 28 anos de idade. A análise facial apresentou boa relação vertical
dos terços, convexidade facial suavemente aumentada, linha queixo-pescoço
reduzida, incisivos superiores protruídos e vestibularizados, com interposição
entre os lábios, e desvio da linha média dentária superior para a esquerda, em
relação à linha média facial. O sorriso apresentou boa relação vertical entre
incisivos e lábios. A análise dos arcos dentários revelou uma má oclusão de
Classe II-1, subdivisão direita, relação de ¾ de Classe II dos caninos do lado
direito, presença de diastemas anteriores no arco superior, desvio da linha
média superior para a esquerda, em relação à linha média inferior, e mordida
profunda com curva de Spee acentuada no arco inferior. A relação de molares
e caninos do lado esquerdo se apresentou em Classe I. A análise da
radiografia panorâmica mostrou reabsorção óssea alveolar do tipo horizontal na
região anterior superior e inferior, e presença dos terceiros molares retidos. A
análise cefalométrica inicial revelou um bom posicionamento da maxila e da
mandíbula em relação à base do crânio, altura do terço inferior da face
reduzida, incisivos superiores protruídos e com inclinação excessiva para
30
vestibular, incisivos inferiores bem posicionados e com boa inclinação. O plano
de tratamento ortodôntico consistiu, num primeiro estágio, de nivelamento e
alinhamento dos arcos para corrigir os problemas verticais e, depois, corrigir os
problemas horizontais e a relação de Classe II do lado direito, por meio de
distalização superior unilateral. O nivelamento e o alinhamento do arco inferior
foram efetuados com auxílio de um batente anterior de acrílico, fixo nos
molares superiores, que permitiu a instalação da aparatologia fixa no arco
inferior. Foram realizados pequenos desgastes interproximais nos dentes
ântero-inferiores, para minimizar a inclinação dos incisivos para vestibular.
Após o alinhamento e nivelamento do arco inferior, foi realizado o nivelamento
e a redução de alguns diastemas do arco superior. A relação de Classe II do
lado direito permaneceu e, para corrigir este problema, foi planejada a
distalização unilateral dos molares. A movimentação para distal foi obtida com
a utilização de um cursor associado a um mini-implante entre o primeiro molar
e o segundo pré-molar superior direito. O cursor foi conectado ao mini-implante
por meio de uma mola de NiTi e a força aplicada no cursor foi transferida ao
primeiro molar. Avaliações com radiografias periapicais foram realizadas antes
e depois da instalação do mini-implante. A radiografia inicial mostrou um
excelente espaço interradicular entre o primeiro molar e o segundo pré-molar.
A segunda radiografia apresentou um bom posicionamento do mini-implante
instalado. A distalização unilateral pode ser observada pelo deslocamento da
porção anterior do cursor em relação ao canino, ou por meio dos espaços que
surgem entre o segundo pré-molar e o primeiro molar. A radiografia periapical
foi realizada para avaliar o deslocamento do molar, que apresentou um
movimento de translação. Pode-se observar a abertura de espaço entre as
31
coroas. Concluída a distalização dos molares do lado direito, foi feita a
contenção destes dentes por meio de dobras no fio (V bend) na mesial dos
tubos dos primeiros molares direito e esquerdo, evitando o movimento de
recidiva. Neste momento, o mini-implante foi removido. Os pré-molares
movimentaram-se para distal, em direção ao molar - por ação das fibras
gengivais - e foi aplicada uma cadeia elástica, para finalizar esta aproximação.
A radiografia periapical feita imediatamente após a remoção do mini-implante
mostra a movimentação espontânea da coroa do pré-molar em direção ao
molar. Aguardados dois meses, foi instalado um novo mini-implante entre o
primeiro molar e segundo pré-molar. A retração anterior assimétrica foi
efetivada por meio de uma mola de NiTi ancorada ao novo mini-implante e
conectada a um gancho na região anterior do arco. A radiografia periapical
mostrou um bom posicionamento do novo mini-implante, neste momento, mais
próximo à raiz mesial do primeiro molar, para permitir a movimentação da raiz
do segundo pré-molar para distal. A retração anterior foi efetuada sem a
necessidade de movimentações prévias dos pré-molares e caninos, evitando
fazer movimentos “dente a dente”. Com isso o tempo total de tratamento foi
reduzido, pois observou-se o fechamento dos espaços em um único tempo. Ao
final do tratamento, a relação de molares se encontrava em Classe I. A oclusão
apresentou coincidência das linhas médias superior e inferior, boa relação de
caninos de ambos os lados e trespasse horizontal e vertical dos incisivos
normalizados. A análise da radiografia panorâmica final não apresentou
nenhuma alteração significativa em relação à radiografia inicial. Facialmente,
houve modificações positivas, devido à correção do posicionamento dos
incisivos superiores e uma melhora do sorriso, decorrente do fechamento dos
32
diastemas. A linha média dentária superior ficou coincidente com a linha média
facial (Fig. 46). Cefalometricamente, as alterações mais relevantes envolveram
o posicionamento dos incisivos: retração e verticalização dos incisivos
superiores e intrusão dos incisivos inferiores. A utilização dos micro-implantes
como ancoragem esquelética, associada ao cursor aplicado por vestibular, se
mostrou eficiente para efetuar a distalização de molares na correção das más
oclusões de Classe II. Esta nova abordagem quando associada ao mini-
implante autoperfurante, que proporciona um protocolo cirúrgico seguro e
simples. Apresenta, ainda, vantagens como: simplificação da mecânica
ortodôntica, dispensa moldagens e passos laboratoriais, ausência de efeitos
colaterais, eliminação da necessidade de colaboração do paciente e redução
do tempo total de tratamento. O sucesso desta nova abordagem necessita de
conhecimentos específicos que norteiam a utilização dos mini-implantes como
elemento de ancoragem na Ortodontia contemporânea.
Brandão & Mucha (2008) focalizaram alguns aspectos não muito
esclarecidos ainda quanto ao uso destes dispositivos temporários de
ancoragem no que se refere, principalmente, aos aspectos psicológicos de
aceitação pelos pacientes durante o tratamento ortodôntico. Os autores
selecionaram então dez pacientes adultos, portadores de má oclusão de
Classe I, com biprotrusão, que haviam recebido tratamento ortodôntico com a
colocação de quatro mini-implantes nos arcos dentários, entre os primeiros
molares e segundos pré-molares superiores e inferiores. Esses pacientes
responderam a um questionário, com o objetivo de avaliar as condições de
aceitação dos mini-implantes. As respostas indicaram que a maioria dos
33
pacientes aceitou prontamente o procedimento; eles estavam satisfeitos e
recomendariam para outros pacientes (90%), enquanto 50% tiveram alguma
preocupação com os procedimentos cirúrgicos e os outros 50% não relataram
nenhum desconforto. O tempo médio de tolerância a partir da colocação foi de
3 dias e a maioria tolerou os implantes durante todo o tratamento ortodôntico.
Em todos os pacientes foram utilizados mini-implantes do tipo 994109
Ortoimplante Básicos, 1,5mm x 9mm. As cirurgias para colocação dos mini-
implantes foram realizadas pelo mesmo profissional, devidamente treinado,
sendo que a técnica cirúrgica foi semelhante para todos os pacientes. Embora
90% dos pacientes tenham demonstrado total confiança em seus ortodontistas,
aceitando as recomendações para a realização do tratamento com mini-
implantes, a maioria sentiu necessidade de maiores informações, entre estas,
50% quiseram saber quanto tempo iria levar a cirurgia e como o mini-implante
seria colocado. Do total, 30% perguntaram quais seriam as vantagens na
utilização destes dispositivos, enquanto 10% gostariam de saber quanto tempo
o mini-implante iria permanecer na cavidade bucal e 10% questionaram qual o
tamanho do mini-implante. As respostas em relação à visualização do tipo de
dispositivo temporário de ancoragem e da forma de colocação antes do
consentimento apresentaram opiniões divididas: 50% desejaram conhecer o
mini-implante e a forma de instalação, contra outros 50% que não estavam
preocupados com estes aspectos. O mesmo pode-se dizer em relação à troca
de informações com outros pacientes que passaram pelo mesmo
procedimento, com 40% que gostariam de conversar com outros pacientes,
contra 60% que não viram esta conversa como um requisito para o
consentimento de colocação dos mini-implantes. Com relação à sensação mais
34
desagradável experimentada com os procedimentos relativos à colocação dos
mini-implantes, 30% relataram a picada da agulha, 20% a sensação da
anestesia, 40% a pressão de inserção do mini-implante e 10% a demora nos
procedimentos. Considerando-se que a cirurgia é praticamente indolor, os
aspectos psicológicos relacionados à anestesia e à picada foram os mais
relevantes, e os demais se devem à apreensão de como seria colocado o
implante (40%) e à demora, revelando certa ansiedade com os procedimentos
pouco conhecidos. Praticamente todos os indivíduos (90%) estavam
absolutamente satisfeitos com o tipo de tratamento e recomendariam o
procedimento. A maioria dos pacientes precisou de apenas 3 dias para se
acostumar com os mini-implantes, o que está de acordo com o tempo de
adaptação de grande parte dos procedimentos realizados em Ortodontia. Nesta
amostra, 20% e 40% dos indivíduos revelaram que tolerariam os mini-implantes
durante todo o tratamento ortodôntico.
Arantes (2009) comparou, por meio de telerradiografias panorâmicas e
modelos, a perda de ancoragem após a retração inicial de caninos superiores
entre dois grupos. Foram selecionados 18 pacientes, divididos em dois grupos
aleatórios de 9 indivíduos cada um (A e B), triados para tratamento ortodôntico.
O grupo A utilizou o mini-implante enquanto o grupo B utilizou botão lingual.
Para todos os pacientes foram realizadas duas telerradiografias (T1 e T2), duas
panorâmicas (P1 e P2) e dois modelos (M1 e M2). Os primeiros exames
complementares foram realizados ao início (T1, P1 e M1), e o outro, ao final da
retração inicial de canino (T2, P2 e M2). Foi eleita a segunda fase (retração
inicial de canino), devido à grande perda de ancoragem que se tem neste
35
estágio do tratamento. Todas as medidas foram tabuladas e submetidas a
análise estatística. Para comparação entre as fases Início e Após foi utilizado o
teste "t" pareado. Para a comparação entre os grupos de mini-implante e botão
lingual foi utilizado o teste "t" de Student para medidas independentes. Em
todos os testes foi adotado nível de significância de 5% (p<0,05). Todos os
cálculos estatísticos foram executados no Software Statistica for Windows
versão 5.1. Ao medir e comparar em telerradiografias; panorâmicas e modelos
a perda de ancoragem dos molares; após a retração inicial de canino;
utilizando-se dois sistemas de ancoragem distintos (mini-implante e botão
lingual); pode-se observar a inexistência de diferença estatisticamente
significante entre os dois grupos.
Borges & Mucha (2010) em seu estudo, avaliaram a densidade óssea
alveolar e basal maxilar e mandibular, em unidades Hounsfield (HU). Para
tanto, consultaram onze arquivos de imagens tomográficas computadorizadas
Cone-Beam, de indivíduos adultos, e foram obtidas 660 medidas das
densidades ósseas alveolar (corticais vestibular e lingual), do osso medular e
basal (maxilar e mandibular). Os valores foram obtidos através do software
Mimics 10.01, e os resultados mostraram que a densidade da cortical vestibular
na faixa de osso alveolar variou de 438 a 948HU, e a lingual de 680 a 950HU;
já o osso medular variou de 207 a 488HU; a densidade da cortical vestibular na
faixa de osso basal apresentou uma variação de 672 a 1380HU e o osso
medular de 186 a 420HU. Na mandíbula, a variação do osso na cortical
vestibular na faixa de osso alveolar foi de 782 a 1610HU, na cortical lingual
alveolar de 610 a 1301HU, e na medular de 224 a 538; a densidade na área
36
basal foi de 1145 a 1363HU na cortical vestibular, e de 184 a 485HU na
medular. Concluiram os autores que a maior densidade óssea na maxila foi
observada entre pré-molares na cortical alveolar vestibular. A tuberosidade
maxilar foi a região com menor densidade óssea. A densidade óssea na
mandíbula foi maior do que na maxila, e observou-se um acréscimo
progressivo de anterior para posterior e de alveolar para basal.
Nader et al. (2010) visaram em seu estudo demonstrar a utilização de
um mini-implante como auxiliar na distalização dos molares superiores, através
de um caso clínico que descreve o tratamento de uma paciente com 17 anos,
com má-oclusão de Classe II, primeira divisão dentária e ausência de
selamento labial. Como a face da paciente apresentava-se harmônica e
agradável, a opção foi feita pela correção por meio da distalização dos molares
superiores, com o objetivo de corrigir a relação ântero-posterior, propiciando
um selamento labial adequado. Para a distalização dos molares, os autores
planejaram a instalação de um mini-implante na região mediana do palato e de
uma barra transpalatina modificada nos molares. Indicaram as extrações dos
terceiros molares superiores. Para a aplicação da força distalizadora, utilizaram
elásticos em cadeia, que foram mensalmente substituídos. Um aparelho fixo
pré-ajustado foi instalado nos arcos superior e inferior e o tratamento foi
conduzido de acordo com as seguintes fases: alinhamento e nivelamento
superior, elásticos intermaxilares utilizados com cursores, finalização e
contenção. O tempo total de tratamento foi de 19 meses. Ao final da
mecanoterapia observaram a correção das relações oclusais e a harmonia
facial. A utilização de um mini-implante na região mediana do palato associado
37
à barra transpalatina modificada nos molares possibilitou que a linha de ação
de força passasse acima do centro de resistência dos molares, com
consequente distalização das suas raízes. O uso dos elásticos de Classe II
com cursores auxiliou na distalização das coroas destes dentes, possibilitando
a correção da má-oclusão sem alterações significantes no padrão de
crescimento da paciente. Entre as vantagens da utilização desta
mecanoterapia os autores indicaram a facilidade de instalação dos dispositivos
para a distalização, o conforto no uso e a simplicidade de higienização.
Valarelli et al. (2010) apresentaram caso clínico de uma paciente de 42
anos com a extrusão do primeiro molar superior direito no espaço interoclusal
do primeiro molar inferior direito ausente. O planejamento ortodôntico incluiu a
instalação de três mini-implantes, no processo alveolar, para a intrusão do
molar superior. Os mini-implantes foram inseridos entre as raízes dos dentes
superiores do lado direito, sendo dois pela vestibular (um na mesial e outro na
distal do primeiro molar) e outro pela palatina (entre o segundo pré-molar e o
primeiro molar). Uma força intrusiva média de 150-200 g foi aplicada, e, após 4
meses, obteve-se uma intrusão de 3 mm do primeiro molar superior direito. O
uso de mini-implantes foi eficaz para a intrusão de molares, tornando-se um
valioso recurso para tratar a extrusão de dentes posteriores, decorrente de
perdas dentárias no arco antagonista, e recuperar o espaço interoclusal
necessário à reabilitação protética do paciente, sem causar movimentos
recíprocos de extrusão.
38
Machado et al. (2011) relataram o caso clínico de paciente do gênero
feminino, classe lI, com desvio de linha média superior para a esquerda,
próteses fixas dos dentes 24 ao 27 e ausência dos dentes 14 e 15. O
tratamento de escolha foi a instalação de mini-implante como ancoragem
absoluta para utilização de mola de níquel-titânio para mecânica ortodôntica de
distalização. Este artigo visa mostrar a importância da associação e
planejamento dos mini-implantes como coadjuvantes para ancoragem no
tratamento ortodôntico fixo. Considerando a grande dificuldade normalmente
encontrada na utilização da mecânica ortodôntica convencional em pacientes
edêntulos, o uso de mini-implantes mostrou ser uma alternativa com excelentes
resultados, em um período de tempo menor, além de provocar menos efeitos
colaterais. Como qualquer outra terapia, o paciente deve ser informado e
orientado com relação às opções de tratamento, de forma que, estando
devidamente conscientizado, possa ver respeitados os seus direitos, e possa
ter voz na tomada de decisão da equipe multidisciplinar, tanto no planejamento
como na execução do tratamento.
39
4 DISCUSSÃO
No que tange à resistência à fratura e ao torque, Teixeira (2006)
demonstrou que embora nenhum dos implantes de seu estudo tenha fraturado
quando deformado até 2 mm, todos os mini-implantes apresentaram
deformação quando submetidos às forças usadas neste ensaio. Serra et al.
(2007); Brandão et al. (2008) ressaltaram a importância da diminuição do
tamanho dos mini-implantes e da aplicação precoce da carga para o sucesso
da ancoragem ortodôntica utilizando esses elementos. Nova et al. (2008);
Squeff et al. (2008) não observaram diferença significativa na resistência entre
mini-implantes de diversas marcas e tipos, variando apenas a forma. Para
Pithon et al. (2008), a estabilidade primária dos mini-implantes varia segundo
as diversas regiões onde se encontram inseridos, vinculando-se diretamente à
espessura da cortical óssea adjacente. Peralta (2009) revelou que os mini-
implantes analisados não apresentavam qualquer tipo de defeito em seu
interior e que todas as amostras avaliadas apresentavam fase globular
Alfa+Beta, atendendo aos requisitos internacionais. Barretto-Lopes et al. (2010)
concluíram de seu estudo que os protótipos de mini-implantes desenvolvidos
para ancoragem do aparelho de Herbst são capazes de suportar forças de
flexão maiores que as forças de mordidas divulgadas por outros autores.
Dobranszki et al. (2010) relataram que em sua pesquisa o mini-implante
cilíndrico apresentou maior concentração de tensões no ápice e o mini-implante
cônico apresentou maior concentração de tensões nos filetes de rosca apicais.
Meira (2010) achou que os mini-implantes mais inclinados em relação à
superfície do osso proporcionam maior toque de inserção e maior contato com
40
o osso cortical e que quanto maior a superfície do osso cortical em contato com
o mini-implante, maior a força de arrancamento axial.
Com relação à estabilidade, segundo Büchter et al. (2005), a carga
imediata de mini-implantes pode ser colocada sem prejudicar a estabilidade,
dentro do limite máximo de TM no rebordo do osso; para Souza (2006), é maior
a variação de inclinação dos mini-implantes com mobilidade do que a daqueles
sem mobilidade. Leung et al. (2008) constataram que a ligação de dois mini-
implantes com uma miniplaca resultou em maior tração, proporcionando assim
um sistema estável para a ancoragem ortodôntica esquelética. Matzenbacher
et al. (2008) revelaram que a tomografia computadorizada de feixe cônico é o
exame mais preciso na avaliação dos sítios para instalação de mini-implantes;
que a radiografia interproximal pode ser indicada com reservas e que a
radiografia periapical apresenta resultados insatisfatórios, sendo portanto
contra-indicada com essa finalidade. Segundo os achados de Mo et al. (2010),
para carga imediata, os mini-implantes SAE podem proporcionar uma retenção
mais estável do que os mini-implantes torneados. Gigliotti et al. (2011)
verificaram em seu estudo que a largura do septo inter-radicular no local de
inserção não teve efeito prejudicial à estabilidade de mini-implantes
autoperfurantes. Hong et al. (2011) observaram que, entre os desenhos
comerciais, a seção cônica dos mini-implantes adicionada ao banho e o
rosqueamento duplo melhoram a estabilidade, tendo o potencial de ser
clinicamente superior, embora exija refinamentos para reduzir o torque de
inserção.
No que se relaciona às mecânicas com mini-implante, Di Matteo et al.
(2005) estabeleceram um método para a verticalização de molares inferiores
41
utilizando ancoragem em mini-implantes na linha oblíqua externa da
mandíbula. Para Ohnishi et al. (2005), o tratamento com mini-implantes
mostrou-se eficiente para resolver problemas de apinhamento anterior,
sobremordida profunda e sorriso gengival, devolvendo ao paciente a boa
oclusão e estética facial. Zétola et al. (2005) sugeriram que a ancoragem rígida
pode ser bem apropriada quando for exigida ancoragem máxima. Prieto et al.
(2007) relataram, entre outros achados de sua pesquisa, que a
complementação com material restaurador, após o tratamento ortodôntico,
contribui para a eficiência e estética do aparelho mastigatório. Pithon (2008)
demonstrou um novo método de verticalização de molares com mola helicoidal
apoiada em mini-implante ortodôntico, que revelou-se como simples e eficaz
para se atingir esse objetivo. Villela et al. (2008) demonstraram que a utilização
de micro-implantes como ancoragem esquelética, associada ao cursor aplicado
por vestibular, é eficiente para efetuar a distalização de molares na correção
das más oclusões de Classe II, tendo as vantagens de simplificação da
mecânica ortodôntica, dispensa moldagens e passos laboratoriais, ausência de
efeitos colaterais, eliminação da necessidade de colaboração do paciente e
redução do tempo total de tratamento. Brandão & Mucha (2008) analisaram os
aspectos psicológicos da aceitação pelos pacientes dos procedimentos
necessários ao tratamento ortodôntico, constatando haver boa aceitação e
satisfação por parte dos pacientes focalizados no estudo. Arantes (2009)
observou inexistência de diferença estatisticamente significante entre os dois
sistemas de ancoragem, mini-implante e botão lingual. Segundo o estudo de
Borges & Mucha (2010), a densidade óssea na mandíbula foi maior do que na
maxila, tendo havido acréscimo progressivo de anterior para posterior e de
42
alveolar para basal. Nader et al. (2010) demonstraram a utilização de um mini-
implante como auxiliar na distalização de molares superiores e barra
transpalatina modificada nos molares e elásticos em cadeia, em paciente
jovem, constatando que a correção da má-oclusão não afetou
significativamente o padrão de crescimento da paciente, permitindo conforto no
uso e simplicidade de higienização. Valarelli et al. (2010) obtiveram sucesso
com o uso de mini-implante para a intrusão de molares, com extrusão de
dentes posteriores e na recuperação do espaço interoclusão necessário à
reabilitação protética do paciente.
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5 CONCLUSÃO
O estudo realizado nos artigos selecionados permite chegar às
seguintes conclusões:
a) A resistência à fratura e torque é influenciada pelo tamanho dos mini-
implantes e pela aplicação precoce da carga. Quanto menor o mini-implante e
maior o tempo dado para aplicação da carga, maior a probabilidade de sucesso
da ancoragem ortodôntica. Mini-implantes de diversas marcas não
demonstraram diferença significativa em termos de fratura e resistência ao
torque, apesar dos mini-implantes cilíndricos se revelarem com maior
concentração de tensões apicais. Já a espessura da área adjacente revelou-se
importante, bem como a inclinação em relação à superfície do osso cortical,
para proporcionar maior toque de inserção e maior contato com o mini-
implante.
No que tange à estabilidade, pode ser verificado que a carga imediata de
mini-implantes não tem qualquer efeito deletério, dentro dos limites prescritos.
A variação da inclinação dos mini-implantes com mobilidade é superior à dos
sem mobilidade. Há vantagem na colocação de uma ligação entre dois mini-
implantes na forma de miniplaca, por aumentar a tração, produzindo uma
ancoragem ortodôntica estética. A tomografia computadorizada demonstrou
sua eficiência na avaliação do local mais adequado para os mini-implantes
serem situados, e a radiografia periapical também apresenta resultados
satisfatórios. Os mini-implantes SAE podem ter uma retenção mais estável do
que os torneados. A estabilidade também pode ser melhorada quando a seção
cônica dos mini-implantes é adicionada ao banho e tem rosqueamento duplo.
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Quando às mecânicas, a ancoragem de mini-implantes na linha oblíqua
externa da mandíbula é um método favorável para a verticalização de molares
inferiores. Também ficou constatada a eficácia dos mini-implantes no
tratamento de problemas de apinhamento anterior, sobremordida profunda e
sorriso gengival, para que o paciente recupere a boa oclusão e estética facial.
A ancoragem rígida, por sua vez, mostrou ser indicada quando for preciso
atingir a ancoragem máxima. A complementação com material restaurador,
após o tratamento ortodôntico, também ajuda na aquisição de eficiência e
estética do aparelho mastigatório.
Enfim, houve consenso entre os autores estudados quanto às vantagens
e efetividade do uso dos mini-implantes como método de ancoragem, nas mais
variadas situações, tais como retração dos elementos dentários, intrusão,
distalização, estabilização, ancoragem indireta no arco inferior, mesialização,
verticalização, tracionamento de dentes impactados e bloqueio intermaxilar.
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