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ANDRÉ VIDAL DE NEGREIROS
FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Herói Nacional
André Vidal de Negreiros (TAVARES, 1910).
[...] Religioso como um santo instituio perto de Guayanna a capella da Senhora do Desterro, attribuindo a intercessão dessa santa as victorias alcançadas contra os hollandezes. [...]. (MOREIRA DE AZEVEDO, 1861, p.9).
Os nossos pais e bem assim os nossos professores falavam sobre a
figura histórica de André Vidal de Negreiros, nascido em 1606, natural do
Engenho São João (um antigo engenho construído em terras da atual Usina
São João – Santa Rita e atualmente só restam às ruínas do engenho e sua
capela conhecida como a “capela do barão”), Capitania da Paraíba, filho de
Francisco Vidal de Negreiros e de Catarina Ferreira, considerado um dos
principais lideres da restauração das capitanias do Rio Grande do Norte, da
Paraíba e Pernambuco, dentre outras que ficaram sujeitas ao domínio
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holandês, bem como é considerado como a alma da restauração, tendo em
vista ser o homem que jamais se curvou ao medo e muito menos as
conveniências, nunca correu mesmo diante do poderio inimigo apesar de que
muitas vezes foi quase esmagado, conforme Pinto citado por Silva (2006, p.
160). Sua bravura e ou fama correu mundo e é reconhecida no texto da carta
do Padre Antônio Vieira enviada ao Rei D. João IV, escrita na Capitania do
Pará em, 6 de dezembro de 1655, onde afirma que tem V. M. mui poucos nos
seus reinos que sejam como André Vidal; eu o conhecia pouco mais que de
vista e fama [...] pelo que toca ao serviço de V. M. (de que nem ainda cá me
posso esquecer) digo a V.M. que está André Vidal perdido no Maranhão, e que
não estivera a Índia perdida se V.M. lha entregara.(VIEIRA, 2003, p. 455-456).
Portanto, sem sombra de dúvidas ele é considerado a alma da
restauração do Brasil no enfrentamento e expulsão dos holandeses e nasceu
no Engenho São João (nas imediações do Engenho Central e atual Usina São
João, cujas terras eram de seus pais), de onde partiu no século XVII na então
Parahyba do Norte para transformar-se no herói nacional de nossos dias. É um
dentre os grandes filhos do solo santaritense, paraibano e brasileiro. É
importante mencionar de que o Herói brasileiro e súdito português nascido no
engenho São João, Capitania da Paraíba, Brasil, chefe e inspirador da
insurreição pernambucana contra a colonização holandesa no Brasil (1624-
1654). Alistou-se para combater os holandeses e lutou contra esses europeus
quando da invasão de Salvador na Bahia (1624). Após oito anos em Portugal e
Espanha, voltou ao Brasil para lutar contra o governo do príncipe holandês
Maurício de Nassau, instalado em Pernambuco e capitanias vizinhas. Voltou a
se envolver no conflito participando de todas as fases da Insurreição
Pernambucana (1645-1654), quando mobilizou tropas e meios nos sertões
nordestinos. Considerado um dos melhores soldados de seu tempo, tomou
parte, com grande bravura, em quase todos os combates contra os
holandeses. Foi nomeado Mestre-de-Campo, notabilizando-se no comando de
um dos Terços do Exército Patriota, nas duas batalhas dos Guararapes (1648 /
1649) ao lado de João Fernandes Vieira, Henrique Dias e Filipe Camarão.
Nassau ofereceu dois mil florins por sua cabeça, e ele respondeu com uma
oferta de seis mil cruzados pela cabeça do conde holandês. Herói do combate
da Casa Forte, entrou em Recife com seus companheiros e, após a rendição
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final dos holandeses (1654), foi escolhido para levar a Lisboa a notícia da
vitória e expulsão dos holandeses ao rei D. João IV (1640-1656). Foi
condecorado e nomeado governador-geral e Capitão-Geral da Capitania do
Maranhão e do Grão-Pará (1655-1657). Depois foi governador da Capitania de
Pernambuco (1657-1661 / 1667) e de Angola, na África (1661-1666). Morreu no
Engenho Novo da Vila de Goiana, Pernambuco, atual Estado de Pernambuco.
Na verdade, a alegada expulsão definitiva dos holandeses de Pernambuco
(1654), que fora a região mais rica do mundo colonial português com sua
exportação de centenas de milhares de arrobas de açúcar, não terminou com
esta pontual vitória militar. Para que os holandeses não retomassem suas
idéias colonizadoras no território brasileiro, foi assinado um tratado de paz
bilateral em Haia (1661), em que Portugal teve que pagar à Holanda, 4 milhões
de cruzados de indenização, além de entregar o Ceilão e as ilhas Molucas para
o governo holandês. (BIOGRAFIA(S), 2016).
O certo é que em 1637, em excursão contra os holandeses na
Parahyba, ele foi ferido no peito por uma chuchada, contando então com trinta
(30) anos de idade. Vale salientar de que abraçou a carreira das armas, não
por interesse meramente material, mas por acendrado patriotismo, em 1625,
justamente, quando se deu o primeiro assalto dos holandeses à Bahia ele foi
elevado de simples soldado recruta ao posto de alferes, exercendo, porém, a
profissão militar a sua própria custa. Os historiadores afirmam que ele era um
homem rico. A história pátria menciona de que na heróica resistência de
Pernambuco, chefiada por Martins de Albuquerque, sem felicidade, distinguiu-
se como capitão ajudante, sempre foi grande na bravura e invencível na
tenacidade (LIBERATO, 1914, Vol. II, p. 32-34).
A data certa do nascimento de André Vidal de Negreiros é incerta,
havendo portanto, divergências neste sentido. Quanto ao fato da história
mencionar de que ele era filho do Engenho São João, na Capitania da Paraíba,
tal afirmativa é contestada porque
André Vidal de Negreiros apareceu em Recife, sob o pretexto
transparentemente frágil de dizer adeus ao velho pai, que era
um pobre carpinteiro da Paraíba, a quem estava ele tão
ansioso de rever quanto eu estaria de ver o rei do Congo.
(BOXER, 1961, p. 228).
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A sociedade no século XVII, época do nascimento, epopeia e falecimento
de André Vidal de Negreiros não era diferente da atual em termos de classes
sociais e preconceitos diversificados, de modo que a fonte histórica
mencionada nos informa que o pai dele era um velho carpinteiro e morador da
Paraíba, todavia existem relatos que o pai dele tinha um engenho e o titulo de
nobreza de cavaleiro da Ordem de Cristo e vinte mil réis de pensão (COSTA,
1952, vol.3, p.447). Portanto, assim sendo, cai por terra o argumento do
mesmo ser pobre carpinteiro e sem posses, tendo em vista que pertence a
classe social dominante. Assim sendo, o confronto historiográfico sobre o fato
de ser nobre e ou não a família paterna do herói mencionado ainda não se
esgotou e que poderá voltar à tona a qualquer instante dependendo, sic,
sempre de fonte ainda não conhecida e por isso não pesquisada. A dúvida
continua para se saber quem estar falando a verdade e ou não.
A fonte histórica, sic, procura assim desqualificar os seus vencedores na
paz e na guerra, tendo em vista que André Vidal de Negreiros e seus
companheiros não aceitaram o perdão e a rendição oferecida pelo domínio da
Holanda, o que se comprova com a edição da
“Carta dos holandeses, oferecendo o perdão a todos os rebeldes que se renderem a seu domínio e respostas dos brasileiros, João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros, Antônio Felipe Camarão e Henrique Dias, em nome de todos os defensores do Brasil na luta contra a Holanda” (CARTA DOS HOLANDESES, 1648).
O que é muito natural ainda nos dias atuais. E até porque ninguém deve
pagar pelo passado de seus familiares. A pobreza não é um câncer que se
nasce, vive e morre com ele. A classe social em que nasceu o grande herói
não importa para sua ascensão na vida pública, não existe demérito em ele ter
nascido filho de senhor de engenho e ou filho de um modesto carpinteiro e ou
cortador de cana. A dignidade não tem preço em qualquer situação. Importa
sim não ser corrupto e muito menos corruptor, é justamente o que deduzimos
da figura do herói André Vidal de Negreiros e seus companheiros, haja vista
que todas as cartas recebidas por eles, in loco foram encaminhadas ao rei
lusitano para que delas ele tivesse conhecimento e ciência própria, conforme
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Parecer do Conselho Ultramarino ao rei de Portugal a respeito
das cartas enviadas a André Vidal de Negreiros e João
Fernandes Vieira.
Lisboa,24/10/1647.(ALBUQUERQUE,CASTILHO,MONTALVÃO
, 1647).
Assim sendo, importa em ele ser um homem livre e de bons costumes da
Capitania da Paraíba e com atuação praticamente em todo o nordeste do Brasil
no século XVII, homem de fibra, bravo e ostentador de “sucesso da guerra dos
portugueses, levantados em Pernambuco contra os holandeses”
(NEGREIROS; SOARES, 1646), daí vem o argumento historiográfico holandês
de que ele era capitão-do-mato, filho de pai carpinteiro, pobre na forma da lei,
querendo com isso dizer que ele servia a uma classe social a qual ele próprio
não pertencia. Esse argumento é falso em sua essência epistemológica e
desprovida de qualquer amparo documental. É o fato dito porque quem disse
queria dizer que ele era assim e ou assado, Deus e ou o Diabo na terra da lua
e ou sol. Isso é mera ilação e ou lenda de quem não tem o que dizer a favor e
ou contra uma pessoa que viveu com dignidade e honradez, conforme sua
biografia escrita em 1861, portanto no século XIX, que
Hoje, que três séculos nos separam de André Vidal de
Negreiros, vemos o seu nome cercado cada anno, cada século,
de mais fama e gloria; parece que cada dia torna-se mais
verde, mais bella, a coroa immortal que lhe cinge a fronte
[...]Isso é fato e contra fato não se tem argumento, pois “desde
então tornou-se elle o guia de todos, o chefe dos seus, o heroe
desse punhado de guerreiros, que se levantara contra os
inimigos da sua terra. (MOREIRA DE AZEVEDO, 1861, p. 6-7).
Nem por isso se pode tirar sua valentia, nativismo e heroísmo de caráter
nacionalista da futura nação brasileira, cujo nativismo nasceu de sua lealdade e
de seus honrados comandantes e comandados, é por isso que ele é acima de
tudo e de todos um dentre os demais heróis na construção da Pátria que ele
não a conheceu em vida, tendo em vista que nossa terra naquele tempo
pertencia ao domínio lusitano, de modo que
O ajudante André Vidal de Negreiros [...] com esforço singular
e singular fortuna, principiando a crescer nos postos por que foi
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subindo a mestre-de-campo e aos governos do Maranhão,
Pernambuco e Angola, não teve pequena parte, assim no
trabalho como na glória de quanto se foi obrando na guerra e
na restauração do Brasil. (FREIRE, 2001, p. 236-237).
E isso é fato histórico. Sabe-se que ele foi um dos maiores intrépidos
defensores da Capitania da Bahia. É importante mencionar de que revoltado
contra o domínio batavo, João Fernandes Vieira agita um dia Pernambuco
contra os holandeses chefiados pelo Conde Mauricio de Nassau, e André Vidal
de Negreiros, tomou conhecimento do fato, resolveu entrar em território
pernambucano, fingindo nada ter com o governo português, toma a chefia
militar da revolução, ganha a batalha de Casa Forte, no Recife, mostrando-se
mais uma vez inimitável na bravura de guerra, na abnegação e na tenacidade.
Foi aconselhado por D. João IV a abandonar Pernambuco ao domínio
holandês, não conhecia então obediência, mandado, porém, um outro general,
Barreto de Menezes, contra um tal domínio, e o heróico lidador era todo
obediência. Queria a independência e grandeza da Pátria do Brasil. Distinguiu-
se na batalha dos Guararapes, como na tomada de Recife, sua presença foi
marcante. Foi, em fim, o principal elemento de expulsão dos holandeses do
Brasil como um todo. Encarregado de levar a grata noticia a Lisboa, aí chegou
a 19 de março de 1654, sendo recebido com grandes honrarias pela Corte
Portuguesa. Ganhou então foro de grande fidalgo da casa real, do conselho de
guerra e a de Cristo, as alcaidarias móres das vilas de Marialva e de Moreira,
foi confirmado no posto de capitão general e governador do Maranhão. Mais
tarde foi governador de Pernambuco e finalmente de Angola. Dotado de grande
inteligência e de superiores qualidades morais, de um verdadeiro homem de
guerra, Vidal de Negreiros foi sem questão um dos mais hábeis generais do
seu tempo, e, no dizer insuspeito do celebre Padre Antonio Vieira, havia ele
todas as virtudes e habilidades, só lhe faltando fazer versos. O certo é que ele
viveu no mundo dos engenhos na várzea do Paraíba, participando direta e
indiretamente da fundação de vários deles, dentro da incerteza sempre
presente, envolvendo terras férteis para o plantio da cana-de-açúcar e a mão
de obra escrava no século XVII, poucas décadas após a fundação de Filipéia
de Nossa Senhora das Neves em, 5 de agosto de 1885, inclusive das
incursões dos índios contra os colonos e vice versa, bem assim das invasões
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de corsários europeus, dentre os quais podemos citar o caso da invasão
holandesa no Brasil. E não foi diferente os conflitos envolvendo as ordens
religiosas, dentre as quais a Companhia de Jesus contra os próprios colonos e
selvagens no processo de catequização, sem dispensar o controle da mão-de-
obra indígena, com força regimental, onde
[...] favorecereis muito aos Religiosos e Pregadores, e a todas
as outras pessoas Eclesiásticas que nele hão de tratar da
conversão dos Infiéis, procurando que sejam muito respeitados
dos Portugueses, e de toda a outra gente [...]. (MENDONÇA,
1972, p.700).
A principal meta da igreja através de seus religiosos era promover a
conversão dos infiéis ao catolicismo sem abrir mão do trafico negreiros da
África para o Brasil, na época comercio que garantia grandes lucros, tendo em
vista o uso da mão-de-obra dos escravos negros na plantação e coleta da
cultura da cana-de-açúcar. E foram muitos os conflitos que tiveram a
participação direta e indireta de André Vidal de Negreiros e da Companhia de
Jesus, de modo que ano de 1661, a referida ordem religiosa foi expulsa do
Maranhão pelos colonos descontentes, época em que o mesmo já estava
sendo governador da Capitania de Pernambuco, desde 1657, representando a
política dos senhores de engenhos e tentando recuperar a economia da
açucarocracia naquela importante capitania do império lusitano. Tanto é assim
que foi enviada a “Carta ao rei de Portugal tratando dos abusos cometidos por
André Vidal de Negreiros no governo de Pernambuco” (MENESES, 1658).
Em 1765 André Vidal de Negreiros se encontra em Luanda e continua
tendo como ideologia e ou política o pensamento do Padre Antônio Vieira, o
que serviu para enfrentar o pensamento do governo do Rei Dom Antônio I, do
Congo, o Mani Maluza, que vivia submetendo a população que discordasse de
sua orientação, tal como lealdade obrigatória aos chefes aliados e submissão a
ferro e a fogo os inimigos seus. O referido rei foi derrotado e assassinado por
Vidal de Negreiros e suas tropas na Batalha de Ambuila, através da anuência
religiosa o que viabilizou a acusação de caráter cismático e idolatra, o justificou
a invasão contra o referido rei. Assim sendo, depois de Ambuila o reino do
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Congo foi literalmente divido por lutas e ou questões intestinais, onde
prevaleceu os interesses dos mercadores de escravos (ALENCASTRO, 2000).
E assim sendo, diante da conclusão de sua missão do outro lado do
Oceano Atlântico, regressou ao Brasil, desembarcando na Capitania de
Pernambuco em 1667, em cuja capitania os senhores de engenhos tinha
prendido em 1666 o governador Jerônimo de Mendonça Furtado, e bem assim
mandado o mesmo de volta para Portugal com um rosário de queixas ao rei
Afonso III, segundo consta da
“[Consulta do Conselho Ultramarino ao rei de Portugal, á respeito da representação de Jerônimo de Mendonça Furtado, contra os oficiais da Câmara, que o expulsaram do governo]”. (CONSULTA DO CONSELHO ULTRAMARINO, 26/10/1667).
A aristocracia e ou açucarocracia nordestina nunca brincou contra seus
algozes, toda vida defenderam seus interesses empresarias e sociais, tanto é
assim que escolheram livremente André Vidal de Negreiros para assumir o
governo da Capitania de Pernambuco, para evitar maiores prejuízos com a
tensão política e administrativa gerada com a coroa lusitana. Governou
Pernambuco pela segunda vez e por pouco tempo até o rei de Portugal nomear
o seu sucessor sem causar-lhe qualquer tipo de constrangimento, levando em
consideração o fato do mesmo representar a aristocracia dominante.
Terminada a referida gestão, recolheu-se ao seu Engenho Novo de Goiana,
Estado de Pernambuco, de onde pessoalmente passou a administrar seu vasto
patrimônio particular, onde também escreveu seu testamento. Era religioso
como um santo e atribuía suas vitórias a Nossa Senhora do Desterro, motivo
pelo qual deixou parte do seu patrimônio para o morgado e capela que leva o
nome da referida senhora mãe de Jesus Cristo, atual padroeira da cidade de
Itambé, Estado de Pernambuco, cujo morgado ficou instituído a favor de seu
filho Matias Vidal de Negreiros, o único dentre os demais filhos naturais que
requereu judicialmente e obteve o reconhecimento oficial de sua paternidade
após a morte de André Vidal de Negreiros, motivo pelo qual foi anulado o
testamento e acendeu a luz da desavença com os demais herdeiros e
descendentes, motivo pelo qual o referido patrimônio aos poucos foi sendo
dilapidado e desapareceu completamente. A confusão envolvendo o herdeiro
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legítimo Matias Vidal de Negreiros e os herdeiros naturais, dentre outros,
chegou até o reino lusitano, a começar pelo
Recife, 15 de setembro de 1726 . 3147 - CARTA DO BISPO
DE PERNAMBUCO, [D. JOSÉ FIALHO], sobre ordem para
cobrar ao sargento-mor Matias Vidal de Negreiros os legados
que o governador André Vidal de Negreiros deixou em
testamento, e da obrigação que ele tem em reedificar o
engenho de São João na capitania da Paraíba.(ARQUIVO
HISTÓRICO ULTRAMARINO, 1726).
Onde denuncia que Matias Vidal de Negreiros não cumpriu a obrigação
de reedificar o engenho São João na Capitania da Paraíba, cujas ruínas
atualmente se encontra nas imediações da atual Usina São João que foi
construída em suas terras. Por outro lado o sargento-mor Matias Vidal de
Negreiros, requereu a D. João V, então imperador de Portugal,
641 – [ant. 1730, setembro, 19, Paraíba] - REQUERIMENTO
do sargento-mor Matias Vidal de Negreiros, ao rei [D. João V],
solicitando mandar que, pelo juízo secular competente, se tome
contas dos rendimentos e encargos da capela que seu pai,
André Vidal de Negreiros, instituiu de todos os bens em seu
testamento, dando-se ao suplicante os alimentos devidos; e
ordenar a devassa do caso de furto feito na sepultura de seu
pai. (ARQUIVO HISTÓRICO ULTRAMARINO, 1730).
Denuncia assim ao soberano lusitano de que precisa receber os
alimentos devidos e instituídos por seu pai em seu testamento e bem assim
clama para que Sua Majestade ordene a devassa do caso de furto feito na
sepultura de seu genitor André Vidal de Negreiros, na Capela do Engenho
Novo, em Goiana, Pernambuco.
E até porque é bíblico todo reino dividido é destruído. Isso é fato e contra
fato não se tem argumento. E assim sendo, cai por terra o argumento histórico
holandês de que André Vidal de Negreiro era filho de um carpinteiro, que se
tornou capitão-do-mato, gente sem classe social, tudo isso porque
[...] Depois de ter derrotado os hollandezes no Rio Grande e na
Parahyba, coberto de gloria, e abençoado pelo povo, volta a
Pernambuco. Os perigos o esperam, mas sabe vencê-los; faz da
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guerra uma estrada de triumphos. Tomando o forte, seguio-se a
capitulação. Depois de ter conferenciado com o inimigo, fazendo
todos os esforços para incluir no tratado de paz a terra do seu
berço, a Parahyba, assigna o tratado de 1654, pelo qual os
hollandezes entregaram a praça do Recife com todas as suas
defensas, as capitanias de ltamaracá, Rio Grande e Parahyba
[...]. (MOREIRA AZEVEDO, 1861). (Transcrevemos com a
ortografia da época).
A conduta moral, nativista e nacionalista por si e seus comandados se
fazia presente em todos os seus planejamentos presentes e futuros sem
interesses materiais e passageiros a exemplo de conduta patrocinada por
delação premiada de nossos dias. Ao contrário o santaritense, paraibano e
brasileiro,
“André Vidal era homem tão superior que necessitara um
Plutarco para apreciá-lo. Enquanto empreendeu, sempre com
muito esforço e valor, não levara a mira no prêmio, nem talvez
nesse mesmo fantasma da glória que tantas vezes nos
embriaga; tudo fez pelo zelo e amor do Brasil, ou por caridade
cristã”. (VARNHAGEN, 1975, p. 94).
E recebeu o reconhecimento do Padre Antônio Vieira, homem religioso
da Companhia de Jesus e cheio de esperanças, ao mencionar que o território
indiano não estava perdido depois de conquistado por Portugal se lá existe
alguém da postura de André Vidal de Negreiros. É que o nosso herói governou
as Capitanias de Pernambuco (duas vezes), Maranhão e Angola, entre as
décadas de 1650 a 1667, do século XVII, trajetória voltada para a
reorganização da cultura da cana-de-açúcar, da questão indígena e disputas
diversas por jurisdição nas instancias do poder colonial lusitano. Faleceu em 3
de fevereiro de 1680, com 74 (setenta e quatro) anos de idade, no Engenho
Novo, em Goiana, Capitania de Pernambuco. Os seus últimos anos de vida foi
voltado para a prática de obras sociais e ou filantrópicas, inclusive mandou
construir a Igreja de Nossa Senhora do Desterro, nos limites de Paraíba e
Pernambuco, atuais cidades de Pedras de Fogo e Itambé. Tendo em vista a
sua vida volta para a guerra ficou deficiente de uma de suas pernas em
combate. Declarava-se ser solteiro, sem herdeiros, porém, deixou grande parte
de seu patrimônio em testamento feito e assinado de próprio punho para sua
família, religiosos e agregados. Ao afirmar que era solteiro, não quer dizer que
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ele não tivesse filhos, porque para se ter filho não é preciso ser casado,
embora que seja filho natural e ou adulterino, não aceitos perante a doutrina da
Igreja Católica, pela própria sociedade e principalmente por ser ele um homem
de alta sociedade, muito religioso, o que o fez declarar em seu testamento que
não deixa herança de sangue diretamente, para poder manter sua casta,
família, ascendência, descendência e/ou parentesco arranjado fora do
casamento, dentro da visão social do século XVII. (BLUTEAU, 1733, vol.7,
p.473).
A história registra que os bens não se passavam apenas de pai para
filho, tendo em vista tais bens ficavam no circulo dos parentes, afilhados,
compadrios e outros conhecidos contemplados em testamento formal antes da
morte de seu instituidor. O sangue enquanto substancia nobre e liquida une o
corpo a alma. Isso significa afirmar de que
“a hereditariedade das qualidades supostamente assegurava a perenidade da ordem social”, uma vez que “todo nascimento comportava um risco: o de uma ruptura, do surgimento de um ser diferente do pai”, segundo Jouanna (2011,p.30-33).
Foi o herói nacional sepultado na capela do referido engenho até 4 de
agosto de 1942, quando os seus restos mortais foram transladados por
determinação da Arquidiocese de Oliveira e Recife, do Governo de
Pernambuco e do Comando da Sétima Região Militar no Nordeste, para a
Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, edificada nos históricos montes do
atual município de Jaboatão dos Guararapes, em cuja localidade foram
travadas as batalhas em 1648 e 1649, ambas decisivas para a rendição e
expulsão dos holandeses de Pernambuco em 1654.(BARBOSA, 2013).
E o Brasil através de Lei Federal nº 12.701, de 6 de agosto de 2012,
determina a inscrição do nome de André Vidal de Negreiros, dentre outros, no
Livro dos Heróis da Pátria, conforme a ementa da referida lei aprovada pelo
Congresso Nacional:
Inscreve os nomes de Francisco Barreto de Menezes, João Fernandes Vieira, André Vidal de Negreiros, Henrique Dias, Antônio Filipe Camarão e Antônio Dias Cardoso no Livro dos Heróis da Pátria. (DOU, 07/08/2012).
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O testamento do patrimônio de André Vidal de Negreiros, obedeceu
todas as formalidades da legislação cartorial e religiosa, foi instituído no dia 14
de maio de 1678, onde existe o equilíbrio em sua distribuição hereditária entre
seus filhos naturais e ou adulterinos: Catarina Vidal de Negreiros; Matias Vidal
de Negreiros; Padre Manuel Vidal de Negreiros e Frei Francisco Vidal de
Negreiros (Frei Francisco da Madalena). Em observando pela simples leitura
do testamento verifica-se que todos os beneficiados de seu vasto patrimônio
não estão ali identificados como seus parentes e ou amigos, com exceção da
afilhada D. Catarina Vidal de Negreiros. Vale salientar de que apenas Matias
Vidal de Negreiros foi reconhecido como filho legítimo de André Vidal de
Negreiros (ORDENAÇÕES, 1870, livro 4, título 82-92).
E a negativa de tais paternidades estão presentes no testamento
mencionado, embora quando se refere a Frei Francisco Vidal de Negreiros
(Frei Francisco da Madalena, prior da Ordem Carmelita em Olinda), ao
mencionar que
“[...] quando ele nasceu, era eu Capitão de Infantaria na cidade da Bahia, e havia sido Alferes e Ajudante da mesma Infantaria muitos anos; além de eu ser nobre e viver sempre na Lei da
nobreza [...]”(ANTT, HOC, letra M, Mc, 48, doc. 19, sd).
Assim sendo, equivale dizer por dedução de que reconheceu Francisco
como filho legítimo, declarando sua paternidade para que o mesmo se
habilitasse na Ordem de Cristo como nobre e fidalgo, embora contestasse a
referida paternidade, algo parecido como uma máscara usual do seu tempo em
negar a paternidade aos filhos naturais ou fora do casamento.
Assim sendo, diante de tal reconhecimento de sua paternidade tornava-
se nulo o testamento que seu genitor fez e assinou, o qual passamos a
transcrevê-lo na íntegra:
“Declaro que sou natural da Cidade da Paraíba, filho de legítimo matrimônio de Francisco Vidal, natural da Cidade de Lisboa, e de Catarina Ferreira, natural de Porto Santos, os quais são falecidos da vida presente, e que sou solteiro, e nunca fui casado e nem fiz promessas de o ser.
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Declaro que não tenho herdeiro nenhum forçado que haja de herdar minha fazenda; pelo que instituo por minha herdeira universas a minha alma, de todos os meus bens que se acharem me pertençam líquido monte, cumprindo-se me tudo as dotações que tenho feito à minha Capela, invocação de N. S. do Desterro, sita nos meus Currais, à qual doei e dotei os bens nela declarados; e dos que se acharem fora das ditas doações, meus Testamenteiros disporão delas na forma que em meu Testamento ordeno; porque minha última vontade é que inteiramente se guarde as ditas doações e instituição da Capela; e se necessário é para sua validade por esta minha última vontade, confirmo tudo que nas ditas escrituras tenho posto, e no mais que parecer melhor a meus Testamenteiros que abaixo nomeio, os quais me farão os mais sufrágios que aqui nomear. Declaro que instituo por meus Testamenteiros os Revs. Padres Manuel Vidal de Negreiros e Antonio de Souza Ferraz, Sacerdotes do hábito de S. Pedro, e em sua ausência ao Procurador da S. Casa de Lisboa, a quem peço e rogo pelo amor de Deus queiram aceitar serem meus Testamenteiros, aos quais e a cada in solidum dou todo poder que em direito posso e for necessário, para dar dos meus bens, tomarem e acudirem o que necessário for para o meu enterramento e cumprimento dos meus legados e paga das minhas dívidas. Declaro que tenho cinco engenhos, quatro d'água com todas as terras, partidos, pastos, lenhas, escravos, cobres, bois e tudo o mais necessário; dois na Capitania da Paraíba, da invocação S. João Batista e Engenho Novo de S. Antonio; e assim mais outro Engenho Novo de S. Antonio em Goiana e o Engenho S. Francisco na Várzea de Capibaribe de Pernambuco, e assim mais um Molinote na ribeira de Goiana, invocação de N. S. da Conceição, que tenho arrendado ao sargento-maior Francisco Camelo Valcassar, por cada ano quatrocentos mil réis, pagos em açúcar posto no Recife e como valer na praça. Declaro mais que tenho vinte Currais de gado vacum com os escravos necessários nestas terras em que se podem pôr mais Currais, os quais comprei a Manuel Correia Pestana e ao Dr. Simão de Lapenha, como consta das escrituras e títulos; assim mais tenho as terras de Caricé que comprei aos Araújos, onde tenho eu mais Currais com escravos e bois necessários para serrarem caixões e lavrarem mantimentos para maneio dos Engenhos; assim mais tenho uma sorte de terras na ilha de Teriri em que tenho uma rede com um mulato e quatro ou cinco peças de escravos. Declaro que, além destes Currais, deixei mais um junto à Ermida de Nossa Senhora, que lhe dei quando levantei a dita Capela, para a fábrica da dita Igreja.
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Declaro que tenho comprado na ribeira de Mamanguape uma sorte de terras ao Capitão Duarte Gomes da Silveira, em que tenho uma serraria com escravos e bois. Declaro que tenho uns chãos no Recife, da banda do mar, junto às casas de Antônio Ferreira Rabelo, que comprei ao Capitão André Gomes Pena e a seu irmão o Cheira-dinheiro, por alcunha; e assim mais uma sorte de terras na praia da Barreta que houve de João de Mendonça Furtado; assim mais três braças de terra que comprei ao alferes Francisco Fernandes Beija e a sua cunhada. Junto às terras dos meus Currais comprei uma sorte de terras a Álvaro Teixeira de Mesquita, o Moçambique, junto ao seu açude, em que está um curral de gado com seus escravos, que dei ao Padre Manuel Vidal de Negreiros, para seu patrimônio. Tenho mais uma data de terras de dez léguas em quadro na Paraíba, dada pelo Conde de Atouguia, e outras datas mais, que partem com elas, que me deu o Capitão-mor que foi da Capitania da Paraíba, Luiz Nunes de Carvalho. Também tenho para a parte da Paraíba uma sorte de terras em Jurupiranga para gado que comprei com o Engenho Novo de Santo Antônio de Goiana, que pertence à Capela. Declaro que tenho na Cidade da Paraíba umas casas de sobrado e uns chãos juntos delas, e uma pedreira com um forno de cal com toda terra que vai correndo até o rio Paraíba. Declaro que destes bens que possuo tenho dado e vinculado à instituição da Capela de N. S . do Desterro dos meus Currais, onde me hei de recolher com alguns Sacerdotes, o Engenho Novo de S. Antônio de Goiana, com todas as suas terras, parte dos cobres, bois e peças de escravos, e tudo o mais pertencente ao dito Engenho; e assim mais terras do Caricé que comprei aos Araújos, onde tenho uma serraria e lavouras de roças com todas as peças d'escravos, bois e carros; e assim mais lhe doei os vinte Currais de gado vacum que nos limites de Terra Nova e Tirite na Capitania de Itamaracá e rio da Paraíba, com todos os escravos e terras em que se podem pôr mais Currais, como tudo se acha nas escrituras. Declaro que também tenho dado e doado à dita Capela o Engenho S. João, sito na Capitania da Paraíba, com todas as terras, partidos, cobres, escravos e bois, e tudo o mais pertencente a ele; e assim mais as terras de Mamanguape que comprei retro aberto ao Capitão Duarte Gomes da Silveira, onde tenho uma serraria com peças e bois para maneio dos ditos Engenhos doados à Capela. Declaro que tenho dado à minha afilhada D. Catarina Vidal de Negreiros o Engenho de S. Francisco, sito nesta Várzea de Capibaribe com todas as terras e partidos, cobres, bois e peças; e tudo o mais pertencente a ele; como também as terras que comprei ao Capitão Antônio Cavalcanti de Albuquerque, junto ao açude de Álvaro Teixeira; o que tudo lhe dou pelo amor de Deus, para bem de seu casamento, assim por ser
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minha afilhada de batismo, como pela ter criado; com as condições e cláusulas na escritura que lhe fiz da doação do dito Engenho de São Francisco. Declaro que, do dito Engenho, deixei que de seus reditos se dessem dois mil cruzados ao alferes Francisco de Freitas Vidal, pelo amor de Deus, os quais se lhe darão ainda que D. Catarina Vidal de Negreiros não case e nem seja Freira, de qualquer sorte ordeno aos meus Testamenteiros lhe dêem dois mil cruzados dos rendimentos do dito Engenho de S. Francisco; e no caso de que a dita D. Catarina não tome estado, porque tomando-o ela, ou seu marido lhe satisfarão a duzentos mil réis em cada ano, em açúcar e como valer nesta praça do Recife. Deixo duzentos mil réis em cada ano a Matias Vidal de Negreiros, enquanto for vivo, os quais lhe deixo pelo amor de Deus, e por se achar criado em minha casa; os quais duzentos mil réis pagarão meus Testamenteiros do rendimento do dito Molinote N. S. da Conceição. Deixo e ordeno ao Padre Manuel Vidal de Negreiros, como meu Testamenteiro, pelo trabalho que há de ter nas disposições dos meus legados, que tome para si duzentos mil réis em cada ano, enquanto ele viver, do rendimento do dito Molinote da invocação de N. S. da Conceição, os quais duzentos mil réis, além do seu trabalho, deixo pelo amor de Deus, pelo haver criado em minha casa; e por sua morte e de Matias Vidal de Negreiros, passará o dito Molinote à Capela que tenho instituído de N. S. do Desterro dos meus Currais, para o administrador da mesma Capela repartir o rendimento dele, na forma em que ordeno na escritura da instituição respectiva. Declaro que, sendo o caso que Deus faça de mim alguma coisa antes da minha afilhada D. Catarina Vidal de Negreiros tomar estado, ordeno que meus Testamenteiros lhe dêem todo o necessário dos rendimentos do Engenho S. Francisco, para seu sustento e vestir, até o tomar, com toda a largueza; e se Deus a tomar para si antes de o fazer, meus Testamenteiros lhe farão bem por sua alma, e darão a sua mãe Isabel Rodrigues, quatro peças de escravos pelo amor de Deus e pelos bons serviços que tenho recebido dela, além do negro Rodrigo Sapateiro, que lhe dei quando casou. Declaro que Fr. Francisco Vidal ou da Madalena, Religioso Carmelitano, que serviu de Prior no Convento do Carmo da Vila de Olinda, e agora está servindo de Provincial de sua Religião, é filho de Inês Barroso, pessoa que era naquele tempo casado com Gaspar Nunes, e quando nasceu era ainda vivo o dito Gaspar Nunes; e viveu ainda depois muitos anos, como consta das provações que da Majestade lhe mandasse tirar quando lhe fez mercê do hábito de Cristo, dizendo na Provisão que supria nos impedimentos dele Fr. Francisco Vidal, ser filho de mulher casada, como consta
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também por um sumário de testemunhas que a meu requerimento se tiraram ad perpetuam rei memoriam. Os meus Testamenteiros darão clareza de tudo, e suposto que se dizia que ele era meu filho, nunca o tive por esse; e se que fora, nunca podia ele nem a Ordem herdar de mim, assim por ser filho adulterino, como porque quando ele nasceu, era eu Capitão de Infantaria na cidade da Bahia, e havia sido Alferes e Ajudante da mesma Infantaria muitos anos; além de eu ser nobre e viver sempre na Lei da nobreza; mas por se haver criado em minha casa o dito Padre Fr. Francisco ordeno a meus Testamenteiros lhe dêem cem mil réis todos os anos enquanto ele for vivo somente; os quais lhe pagarão do rendimento do Engenho Novo de S. Antônio da Paraíba, que comprei ao Capitão Duarte Gomes da Silveira. Deixo ao meu sobrinho Antônio Curado Vidal, as Comendas que S. Majestade me tem dado, assim a de S. Pedro do Sul em que estou encartado, como as demais que tem feito mercê e promessa; e assim mais meus serviços, e peço a S. Alteza que, atendendo aos muitos e bons serviços que tenho feito à Coroa de Portugal, lhe faça todas estas mercês e o queira honrar com outras muitas mais avantajadas; e assim lhe deixo mais dois mil cruzados, que lhe pagarão da venda ou rendimentos do Engenho Novo de S. Antônio da Paraíba, que comprei a Duarte Gomes da Silveira, em açúcares a duzentos mil réis cada ano, e como valer na praça do Recife; e lhe deixo mais meu espadim de prata. Deste modo houve eu por acabado este Testamento, e esta é a última e verdadeira minha vontade; e revogo e hei por revogados quaisquer outros Testamentos e Codicílios que antes deste tenha feito, os quais não quero que tenham força ou vigor, e só este quero que valha; e peço e rogo às Justiças de S. Alteza, assim eclesiásticas como seculares, façam cumprir e guardar este meu Testamento, assim e da maneira que nele se contém, que fiz e assinei com a minha própria mão, sendo testemunhas as pessoas abaixo nomeadas, e assim em dia e ora acima. André Vidal de Negreiros. Declaro que tenho mais uma sorte de terras em Goiana, entre o Engenho do Jacaré e terras de João Pacheco, e que comprei aos Morenos, que também deixo à Capela. André Vidal de Negreiros.” (MACHADO, 1977,v.1, p. 313-322).
E além do mais o seu longo e judicioso testamento, escrito de próprio
punho, a 14 de maio de 1678, está publicado sob. o nº 14 da Revista do
Instituto Arquiológico Pernambucano.
Diante da transcrição do testamento de André Vidal de Negreiros, dele
constatamos e reprisamos que:
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[...] Declaro que Fr. Francisco Vidal ou da Madalena, Religioso Carmelitano, que serviu de Prior no Convento do Carmo da Vila de Olinda, e agora está servindo de Provincial de sua Religião, é filho de Inês Barroso, pessoa que era naquele tempo casado com Gaspar Nunes, e quando nasceu era ainda vivo o dito Gaspar Nunes; e viveu ainda depois muitos anos, como consta das provações que da Majestade lhe mandasse tirar quando lhe fez mercê do hábito de Cristo, dizendo na Provisão que supria nos impedimentos dele Fr. Francisco Vidal, ser filho de mulher casada, como consta também por um sumário de testemunhas que a meu requerimento se tiraram ad perpetuam rei memoriam. Os meus Testamenteiros darão clareza de tudo, e suposto que se dizia que ele era meu filho, nunca o tive por esse; e se que fora, nunca podia ele nem a Ordem herdar de mim, assim por ser filho adulterino, como porque quando ele nasceu, era eu Capitão de Infantaria na cidade da Bahia, e havia sido Alferes e Ajudante da mesma Infantaria muitos anos; além de eu ser nobre e viver sempre na Lei da nobreza; mas por se haver criado em minha casa o dito Padre Fr. Francisco ordeno a meus Testamenteiros lhe dêem cem mil réis todos os anos enquanto ele for vivo somente; os quais lhe pagarão do rendimento do Engenho Novo de S. Antônio da Paraíba, que comprei ao Capitão Duarte Gomes da Silveira. (MACHADO, 1977,v.1, p. 313-322). [...]
Assim sendo, o Engenho Novo de Santo Antônio da Paraíba, é o
mesmo engenho localizado entre a cidade de Cruz do Espírito Santo e Cobé,
cujas terras pertencera a André Vidal de Negreiros e por último ao Grupo
Ribeiro Coutinho e que foram desapropriadas pelo INCRA e implantado o
assentamento dona Helena na zona rural daquele município.
Em síntese, no centro da atual capital da Paraíba, o Poder Público fez
construir a Praça André Vidal de Negreiros, sonhado por Liberato Bittencourt
em 1914 e tantos outros defensores de que o nosso herói nacional deveria ser
sempre lembrado para as novas gerações, tendo em vista a rendição dos
holandeses em 1654, cuja noticia vitoriosa da expulsão dos holandeses do
Nordeste do Brasil foi levado por ele ao rei D. João IV, que o condecorou e
nomeou governador geral e capitão geral da Capitania do Maranhão e Grão-
Pará (1655-1657), em seguida foi governador da Capitania de Pernambuco, em
dois períodos (1657-1661 e 1667), bem como governador de Angola, na África
no período de 1661 a 1666. Para evitar nova invasão holandesa ao Brasil,
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Portugal assinou um tratado bilateral em Haia no ano de 1661 e pagou a
indenização de quatro milhões de cruzados, bem como entregou as Ilhas
Molucas e o Ceilão a Holanda, apesar da rendição e expulsão dos holandeses
de Pernambuco em 1654, que se diga de passagem que o nordeste brasileiro
foi à região mais rica do mundo colonial lusitano, em termos de produção e
exportação de milhares de arrobas de açúcar para o Continente Europeu e
outras partes do mundo. É esse o cenário onde nasceu, viveu, fez história e
faleceu em 3 de fevereiro de 1680, o herói brasileiro, paraibano e santaritense
André Vidal de Negreiro, no Engenho Novo de Santo Antônio de Goiana, em
cuja capela foi sepultado, na Vila de Goiana, Estado de Pernambuco
(BARBALHO, 1982, p. 25-31). A presente biografia é o inteiro teor do capítulo V
do livro: Santa Rita, Sua História, Sua Gente, porque sua vida serve de
exemplo para ser seguida por todo e bom brasileiro (AGUIAR, 2016,
p.472/484).
19
REFERÊNCIAS AGUIAR, Francisco de Paula Melo. Santa Rita, Sua História, Sua Gente. 2ª ed. São Paulo: Clube de Autores Publicações S/A, 2016, 638p. Disponível in.: <http://www.agbook.com.br/book/228439--Santa_Rita_Sua_Historia_Sua_Gente> . Acesso.: 31/10/2016.
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doc.12p. do volume constam diversas cartas e outros documentos relativos à
resistência contra a invasão holandesa.Cópia. Ms. Coleção Pernambuco. I-32,17,013.
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ORDENAÇÕES Filipinas. Rio de Janeiro: Typographia do Instituto Philomathico, 1870,
Livro 4, Título 82 e 92.
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Melhoramentos; Brasília: INL, 1975.
VIEIRA, Padre Antônio (1608-1697). Cartas do Brasil. São Paulo: Hedra, 2003.
22
ANEXO I
23
Fonte.: Doc. 28 - Disponível In.:
<http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_manuscritos/mss1428634/mss1428634.pdf>.
24
25
26
27
28
29
30
ANEXO II
CONSULTA AO CONSELHO ULTRAMARINO – 26/10/1667. In.: <http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_manuscritos/cmc_ms618_10_01/cmc_
ms618_10_01.pdf> . Página visitada em: 17. Jun.2016.
31
Carta assinada por João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros
32
33
34
35
Carta de Antonio Felipe Camarão – Governador dos Indios.
36
37
Carta assinada por Henrique Dias, Governador dos Negros
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39
ICONOGRAGIA
Crédito: Autor desconhecido – Fotos 1,2 e 3 por
Milena Duarte, Acervo Arqueológico, Attribution,
In.:<https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curi
d=58253374>.
40
Foto 1.: Capela de Santo Antônio do
Engenho Novo (Séc. XVI) é patrimônio
histórico nacional pelo IPHAN (1938) –
Goiana – Pernambuco.
Foto 2 .: Pedra sobre a sepultura do
General André Vidal de Negreiros (parte
interna da Capela de Santo Antônio do
Engenho Novo).
41
Foto 3 .: A Capela de Santo Antônio do Engenho Novo
(restaurada) – Goiana – Pernambuco.
42
Foto 4.: André Vidal de Negreiros
Batalha dos Guararapes (Pintura de Victor Meirelles)
Foto 5.: André Vidal de Negreiros
- Herói Nacional –
Retrato de autor anônimo. Século XVII
Museu do Estado de Pernambuco
43
BIOGRAFIA DO AUTOR
44
BIOGRAFIA
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/5755291797607864
Francisco de Paula Melo Aguiar, nascido em 3 de abril de 1952, filho de
Sebastião José de Aguiar e Maria do Carmo Melo Aguiar, é paraibano
(sapeense, santaritense e pilarense), professor desde 12 anos de idade
quando fundou na casa de seus pais o atual COFRAG – Colégio Dr. Francisco
Aguiar, em 05 de janeiro de 1964; fundador e mantenedor do IESPA/FAFIL –
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, em Santa Rita – Paraíba (1984 aos
dias atuais). É bacharel em Direito e em Teologia; Licenciado em Pedagogia;
Filosofia e em Educação Física; Mestre em Teologia; Psicanálise e em
Ciências da Educação; Doutor em Teologia; em Psicanálise e em Ciências da
Educação. É membro da Academia Paraibana de Poesia (Cadeira nº 7 desde
1986); e da Academia de Letras do Brasil (Cadeira nº 01/ALB/PB. In.:
<http://www.academialetrasbrasil.org.br/artfranaguiar.htm>. Advogado militante
e Professor de Educação Básica e de Educação Superior. Ex-Vereador (teve
quatro mandatos: 1973/76;1976/80; 1980/83; e 1989/1992); Presidente da
Câmara Municipal e da Assembleia Constituinte Municipal de Santa Rita/PB.
Ex-Secretário Municipal de Meio Ambiente (2005), ex-Secretário Municipal
Chefe de Gabinete/PMSR(2014); ex-Secretário Municipal de
Educação/PMSR(2015). Autor dos livros: Augusto dos Anjos e a realidade do
ser e do não ser; Santa Rita, Sua História, Sua Gente; O menor bóia fria;
Trapiá Poético; De educador para educador; Epítome literário latino;
45
Genealogia, história e poesia; Santa Rita, vila centenária; Educação Física,
Mídia e Obesidade Infanto-juvenil; Plano Municipal de Educação/PMSR(2014-
2024) – Coautor/outros; O currículo escolar e o uso do vídeo em sala de aula.
ACADEMIA PARAIBANA DE POESIA CADEIRA 7 – PATRONO: CARLOS DIAS FERNANDES
REsp-1282265 PB (2011/0225111-0).:
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=MON&sequencial=28033890&num_registro=201102251110&data=20130507
PDF.: https://ww2.stj.jus.br/websecstj/cgi/revista/REJ.cgi/MON?seq=28033890&tipo=0&nreg=2011
02251110&SeqCgrmaSessao=&CodOrgaoJgdr=&dt=20130507&formato=PDF&salvar=false
ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL Cadeira 01/ALB/PB ALB-PARAÍBA In.:
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RECANTO DAS LETRAS Francisco Aguiar - Biografia in.:
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http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=65161
O GUIA LEGAL = SITE DE PESQUISAS FRANCISCO AGUIAR in.:
http://www.oguialegal.com/08-historicodefavela.htm
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