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ANÁLISE DA ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA COM ÊNFASE NAS MEDIDAS DE CONTROLE DA INADIMPLÊNCIA NO MUNICÍPIO DE CAMPO MOURÃO/PR Camila Mataram, (G), UNESPAR/FECILCAM, [email protected] Laiza Aparecida Moreira, (G), UNESPAR/FECILCAM, [email protected] Altair Casarin, (OR), UNESPAR/FECILCAM, [email protected] Jorge Leandro Delconte Ferreira, (CO-OR), UNESPAR/FECILCAM, [email protected] INTRODUÇÃO A arrecadação de tributos compõe uma boa parte das receitas para a Administração Pública, representando uma fonte importante no Orçamento. Em meio a essa necessidade de Receita a Administração Pública se depara com algumas barreiras, uma destas é a inadimplência, que é o não pagamento dos tributos dentro do prazo estipulado, caracterizando um fato que prejudica a gerência do Órgão Público, dificultando o atendimento da população. Essa inadimplência gera a Dívida Ativa, que é o cadastro dos tributos que foram lançados pelo município e não foram pagos em uma Secretária de Finanças, para posterior cobrança. Dessa forma o objeto de estudo em questão se propõe a analisar como foi conduzido o controle da inadimplência e qual sua eficácia no que se refere à arrecadação de três dos principais tributos municipais o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto sobre Serviço) que tem arrecadação significativa. Cabe à Administração impor um Planejamento Tributário efetivo, que se incumba de sanar a insuficiência de receita provocada pelo baixo nível de arrecadação e consequente inadimplência, pois quanto menor for o recolhimento tributário, mais difícil será a tarefa de cobrir o Planejamento Público financeiro. Com tudo é de extrema importância um controle efetivo da Dívida Ativa, por meio de instrumentos de cobrança eficazes que garantam um resultado positivo em sua cobrança. A Prefeitura, através do Programa de Recuperação Fiscal – REFISCAM proporcionou aos devedores a possibilidade de quitar suas dívidas com descontos que alcançam a ordem de 100% de juros e multas, ou o parcelamento do débito. O programa tem como escopo principal, possibilitar aos contribuintes do Município de Campo Mourão, a alternativa de liquidar os seus débitos através de incentivo fiscal e reduzir o valor da carteira de recebíveis. 1. REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS BRASILEIRAS A Competência Tributária no Brasil é estabelecida pela Constituição Federal, na qual é

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ANÁLISE DA ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA COM ÊNFASE NAS MEDIDAS DE

CONTROLE DA INADIMPLÊNCIA NO MUNICÍPIO DE CAMPO MOURÃO/PR

Camila Mataram, (G), UNESPAR/FECILCAM, [email protected]

Laiza Aparecida Moreira, (G), UNESPAR/FECILCAM, [email protected]

Altair Casarin, (OR), UNESPAR/FECILCAM, [email protected]

Jorge Leandro Delconte Ferreira, (CO-OR), UNESPAR/FECILCAM, [email protected]

INTRODUÇÃO

A arrecadação de tributos compõe uma boa parte das receitas para a Administração Pública,

representando uma fonte importante no Orçamento. Em meio a essa necessidade de Receita a

Administração Pública se depara com algumas barreiras, uma destas é a inadimplência, que é o não

pagamento dos tributos dentro do prazo estipulado, caracterizando um fato que prejudica a gerência do

Órgão Público, dificultando o atendimento da população.

Essa inadimplência gera a Dívida Ativa, que é o cadastro dos tributos que foram lançados pelo

município e não foram pagos em uma Secretária de Finanças, para posterior cobrança.

Dessa forma o objeto de estudo em questão se propõe a analisar como foi conduzido o

controle da inadimplência e qual sua eficácia no que se refere à arrecadação de três dos principais

tributos municipais o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto sobre Serviço) que

tem arrecadação significativa.

Cabe à Administração impor um Planejamento Tributário efetivo, que se incumba de sanar a

insuficiência de receita provocada pelo baixo nível de arrecadação e consequente inadimplência, pois

quanto menor for o recolhimento tributário, mais difícil será a tarefa de cobrir o Planejamento Público

financeiro. Com tudo é de extrema importância um controle efetivo da Dívida Ativa, por meio de

instrumentos de cobrança eficazes que garantam um resultado positivo em sua cobrança.

A Prefeitura, através do Programa de Recuperação Fiscal – REFISCAM proporcionou aos

devedores a possibilidade de quitar suas dívidas com descontos que alcançam a ordem de 100% de

juros e multas, ou o parcelamento do débito. O programa tem como escopo principal, possibilitar aos

contribuintes do Município de Campo Mourão, a alternativa de liquidar os seus débitos através de

incentivo fiscal e reduzir o valor da carteira de recebíveis.

1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 COMPETÊNCIAS TRIBUTÁRIAS BRASILEIRAS

A Competência Tributária no Brasil é estabelecida pela Constituição Federal, na qual é

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atribuído a um determinado ente o poder de tributar. Tal poder foi dividido entre os entes

federativos: União, Estados, Distrito Federal e Municípios. O poder de tributar, porém, diz respeito à

cobrança dos tributos, sendo que a determinação das alíquotas e criação dos próprios tributos ficou

restrita à esfera federal.

No que tange ao poder de tributar, a competência tributária Municipal está prevista no Art.

156 da Constituição da Republica Federativa do Brasil, 1988 (CF/88). Os impostos que podem ser

instituídos por eles são:

• IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano)

• ISS (Imposto Sobre Serviços)

1.2 PRINCÍPIOS TRIBUTÁRIOS

De acordo com Quintana, et al; (2011, p.6), “O Planejamento é a primeira etapa em qualquer

processo de gestão, seja na entidade pública ou na empresa privada, pois por meio dele serão traçados

os desejos, as intenções, as expectativas, o futuro projetado para essa entidade ou empresa”.

Através do planejamento que se aperfeiçoa os resultados da administração tributária. É a base

para toda uma programação que abrange metodologias que consistem em estruturar o bem gerir dos

recursos públicos. Para obter esse sucesso desejado a Administração Pública utiliza-se de alguns

instrumentos dentre eles pode-se citar o PPA (Plano Plurianual), a LDO (Lei de Diretrizes

Orçamentárias) e a LOA (Lei Orçamentária Anual).

1.3 PLANEJAMENTO PÚBLICO ORÇAMENTÁRIO

Quanto à essência do PPA, segundo Kohama (2006, p.35) “é por meio dele que se procura

ordenar as ações do governo que levem o atingimento dos objetivos e metas fixadas para um período

de quatro anos, em qualquer dos níveis de governo”. Quanto à importância do PPA pode-se citar que

ele servirá de base para a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária

Anual (LOA), constituindo-se em instrumento de maior relevância na estrutura do planejamento.

Conseguinte ao PPA o primeiro documento gerado é a Lei de Diretrizes Orçamentárias que

elabora o Orçamento Anual. A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) tem a sua definição conforme a

Constituição Federal de 1988 em seu art. 165, § 2º:

A lei de diretrizes orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá

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sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.

Assim como o PPA e a LDO tem-se outro instrumento de grande importância para a

Administração Pública que vem finalizar o processo de planejamento orçamentário, a Lei

Orçamentária Anual (LOA). Na Lei Orçamentária Anual são autorizadas as despesas do ente

governamental, de acordo com a previsão de arrecadação.

Dessa maneira a gerência do Planejamento Público torna-se mais coerente e apta para atender

as necessidades da população, trazendo consigo uma base e estrutura para adequada tomada de

decisões.

1.4 RECEITAS TRIBUTÁRIAS

A receita pública é um conjunto de ingressos financeiros com fontes e fatores geradores

próprios e permanentes, oriundos de ação e de atributos inerentes à instituição (União, Estados,

Municípios), destinando-se a entender à manutenção e conservação dos serviços públicos. Que se

dividem em Receitas Correntes, Receitas de Capital, Receitas tributárias e Taxas. (ANDRADE, 2010).

O grande foco deste trabalho acentua-se sobre a Receita Tributária, a qual decorre da cobrança

de tributos, sendo que, conforme o art. 3° do Código Tributário Nacional (CTN): “Tributo é toda

prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua

sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente

vinculada”.

Uma baixa arrecadação significa que o ente não arrecadou a receita prevista no orçamento,

levando assim a não cobrir as despesas. Já uma arrecadação eficiente acontece quando o município

arrecada toda receita que ele tem poder de tributar, não só aquela prevista no orçamento.

1.4.1 Arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)

De acordo com os artigos 30 e 156 da Constituição Federal é possível identificar a

competência de instituir e cobrar imposto:

Art. 30. Compete aos Municípios: III – instituir e arrecadar tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos estipulados. Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I – propriedade predial e territorial urbana;

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Caracteriza-se como contribuinte do IPTU, aquele que possui imóvel localizado em zona

urbana, o titular do seu domínio útil, o titular do direito de superfície ou o seu possuidor a qualquer

título (CTN, Art.34).

O Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) é instituído

pela Constituição Federal, sua incidência se dá sobre a propriedade urbana, o qual tem como fato

gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de propriedade imóvel localizada em zona urbana ou

extensão urbana.

1.4.2 Arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS)

Ao descrever o Imposto sobre Serviços, a Constituição Federal, em seu artigo 156, inciso III,

delega a competência para os Municípios de instituírem o tributo:

Artigo 156 - Compete aos Municípios instituir impostos sobre: ... III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar nº 116/03; ... § 3º - Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei Complementar nº 116/03: I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior. III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

O ISS é um tributo de competência municipal incidente sobre os serviços elencados em lei

complementar. Observa-se que a constituição do Imposto sobre Serviços de qualquer natureza tem

como fato gerador a prestação de serviços, ainda que esses não se constituam como atividade

preponderante do prestador.

De acordo com Reinaldo Luiz,

O ISS onera a circulação de bens que não são mercadorias, isto é que não são bens materiais ou corpóreos, os quais ocupam um lugar no espaço o imposto sobre serviços onera a circulação de bens imateriais, incorpóreos a circulação (venda econômica) de serviços. Onera a prestação, a título oneroso realizado por uma pessoa em favor da outra, em que haja a transferência de um bem imaterial.

1.5 DÍVIDA ATIVA

Dívida Ativa é todo o não pagamento, por parte do contribuinte de Impostos, Taxas,

Contribuições de Melhoria, multas de qualquer natureza, inscritas no setor competente, ficando a

Fazenda Pública apta a promover a execução fiscal dos inadimplentes. (ANDRADE, 2010)

A Dívida Ativa classifica-se em: Dívida Ativa Tributária, proveniente de créditos relativos a

tributos lançados e não arrecadados e Dívida Ativa não tributária que engloba todos os demais créditos

da Fazenda Pública.

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O Decreto-Lei nº 1.735, de 20 de Dezembro de 1979, que dá nova redação ao art. 39 da Lei nº

4.320, de 17 de março de 1964, institui Divida Ativa como:

§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de sub-rogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais.

Após a constituição do crédito tributário leva-se o mesmo para inscrição em Dívida Ativa.

Conforme o Artigo nº 142 do Código Tributário Nacional:

Art. 142 Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Dessa forma cabe ao Poder Público efetuar a constatação e devido reconhecimento dos

créditos tributários, a fim de inscrevê-los, ou seja, lançá-los na inscrição de Dívida Ativa, para a

posterior execução.

2. METODOLOGIA

Segundo Gil (1999) uma pesquisa pode ser definida como “o processo formal e sistemático de

desenvolvimento do método científico, cujo objetivo principal é descobrir respostas para problemas

mediante emprego de procedimentos científicos”.

Sendo assim a dinâmica expressa pela necessidade do conhecimento introduz no cotidiano,

métodos e técnicas que busquem apresentar determinados resultados, a fim de aprimorar o

conhecimento e levar ao ápice da expectativa ensejada por seus usuários.

A necessidade de critérios na elaboração de pesquisas científicas torna necessária a adoção de

metodologias para a realização das mesmas.

De acordo com Beuren (2009) a metodologia da pesquisa e definida com base no problema

formulado, também tem como principal objetivo descrever os procedimentos que serão realizados é

preciso definir a tipologia da pesquisa que coaduna com a pergunta formulada (o problema) ou o

afirmativo objeto de confirmação ou rejeição (as hipóteses).

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No que se refere aos objetivos da pesquisa, o estudo adotado será a pesquisa explicativa, pois

visa explicar como foi conduzido o processo de controle da Dívida Ativa dão tributos de IPTU e ISS

no Município de Campo Mourão durante os anos de 2011 e 2012.

Segundo Gil (1999) a pesquisa explicativa visa identificar os fatores que determinam ou

contribuem para a ocorrência dos fenômenos.

Quanto aos procedimentos a pesquisa é tida como documental, pois terá como base a busca em

relatórios e documentos legais extraídos diretamente da fonte de estudo.

O presente trabalho terá uma abordagem metodológica como qualitativa, fundamentada com

documentos e organizada de forma lógica, tendo como função principal à extração de dados para que

se alcance o objetivo desejado. Para Richardson (1999, p. 80).

A pesquisa qualitativa se define como estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais.

O levantamento de dados se deu por fonte secundária, através de observações e coletas de

documentos e relatórios contábeis e gerenciais, pois de acordo com Gil (1999) as fontes secundárias

são documentos de segunda mão, que de alguma forma já foram analisados.

3. ANALISE DE DADOS

O presente trabalho abrangeu uma análise realizada com o Controle da Dívida Ativa dentro da

arrecadação municipal de Campo Mourão/PR, no período de 2011 e 2012, focando para tanto nos

principais tributos: IPTU e ISS e tendo como norte principal identificar quais as medidas tomadas para

o controle da Dívida Ativa e sua eficácia no que se referem à arrecadação dos tributos de IPTU e ISS

no município de Campo Mourão/PR nos anos de 2011 e 2012.

Conforme embasamento teórico na Lei n. 2687, que institui o 6º Programa de Recuperação

Fiscal de Campo Mourão – REFISCAM VI, podemos verificar que a lei foi instituída como uma

medida a fim de controlar a quantia de Dívida Ativa, propondo aos devedores negociação de seus

débitos, visando parcelamento dos mesmos e pagamentos a vista.

Art. 1º É instituído o 6º Programa de Recuperação Fiscal de Campo Mourão - REFISCAM VI, destinados a promover a regularização dos créditos do Município de Campo Mourão, mediante pagamento à vista, bem como, o parcelamento de débitos de natureza tributária relativos a impostos, taxas, contribuição de melhoria, contribuição para o custeio de serviços de iluminação pública e outros créditos não tributários observados o disposto no art.6º desta Lei, com vencimento

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até 31 de dezembro de 2010, inscritos ou não em dívida ativa, ajuizados ou a ajuizar, com exigibilidade suspensa ou não.

Através dos gráficos expostos nesse trabalho, visualiza-se em números o estado da Dívida

Ativa de IPTU e ISS.

Gráfico 01- Arrecadação de Dívida Ativa de IPTU - Prefeitura Municipal de Campo Mourão

De acordo o Gráfico 01 que demonstra a Arrecadação de Dívida Ativa de IPTU durante os

anos de 2011 e 2012, Pode-se verificar que os meses de maior arrecadação no ano de 2011 foram os

meses entre Maio e Novembro. O aumento de arrecadação começa a ser expressivo no mês de Maio

por ser o mês de inicio ao ingresso do Programa de recuperação fiscal e Agosto por ser o prazo final

da inscrição no programa (não significando que o contribuinte não possa pagar nos meses seguintes).

Conforme exposto no Art.1º da Lei.

Art. 2º O ingresso no REFISCAM VI dar-se-á por opção do contribuinte no período de 30 de abril de 2011 a 12 de agosto de 2011, mediante requerimento feito diretamente no serviço de atendimento de cada receita ou protocolado na Divisão de Protocolo Geral e Arquivo da Prefeitura Municipal.

Em maio o valor arrecadado foi de R$ 401.670,88 de IPTU, bem mais que o dobro de

arrecadação em relação ao mesmo período do ano de 2012 que foi de R$ 164.026,41. E no mês de

Agosto, mês de maior arrecadação no exercício de 2011 a arrecadação foi de R$ 684.609,85 que

também demonstra que o REFISCAM tem muito efeito sobre a arrecadação, por ter arrecadado

também mais que o dobro em relação ao mesmo mês em 2012 que foi de R$229.306,57.

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No mês de Setembro a arrecadação teve uma grande queda se em comparados aos valores arrecadados

em Agosto. O valor de R$185.657,53. No mesmo mês do exercício seguinte, os valores arrecadados

foram de R$ 97.803,60, tendo uma diminuição de 52,67%. Em Outubro de 2011 a arrecadação voltou

a ser alta, tendo a segunda maior arrecadação do ano (Agosto é o primeiro). Em comparação ao

exercício de 2012, em 2011 os valores arrecadados aos cofres do município foram de R$681.783,17 e

em 2012 apenas R$ 200.107,94.

Salientamos ainda que no mês de Novembro também houve um grande recebimento de dívida

ativa, pelo fato de que o ingresso no programa era até o mês de Agosto, mas a partir de então se deu

continuidade aos recebimentos de quem optou pelo pagamento parcelado, que no entanto tem os

acréscimos de juros e multas.

Todos os contribuintes que aderiram ao REFISCAM no período válido pela Lei,

obrigatoriamente teve de dar uma entrada de no mínimo 10% do valor devido na Secretária de

Fazenda do Município, conforme exposto no Art. 4º, § 1º do Decreto 5275 que Regulamentou a Lei

que instituiu o REFISCAM.

§ 1º O contribuinte deverá pagar uma entrada, no ato do parcelamento, não inferior a dez por cento do valor do débito devidamente atualizado, conforme disposto no art. 23, inciso III, da Lei Complementar n. 19/2010 - Código Tributário do Município de Campo Mourão.

Conforme mostra o Gráfico 02 de Arrecadação de Dívida Ativa de ISS nos anos de 2011 e

2012, percebe-se a seguinte situação: Em 2011 a arrecadação de Dívida Ativa de ISS foi menor que do

que o ano 2012 em que houve o programa.

Gráfico 02- Arrecadação de Dívida Ativa de ISS - Prefeitura Municipal de Campo Mourão

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Os valores de arrecadação se mantiveram na maioria do período equilibrado, tendo elevações

de valores apenas nos meses de Julho, Agosto e novembro. E no ano de 2012 a arrecadação teve mais

“altos e baixos”, porém com valores maiores que os de 2011. No final dos exercícios a arrecadação da

dívida desse tributo foi no total de R$176.686,18 em 2011 e de R$ 201.783,76 em 2012, entende-se

dessa forma que a arrecadação de Dívida Ativa de ISS, a qual é representada por dívidas de Pessoas

Jurídicas se realizaram mais em parcelamentos do que em pagamentos a vista. Chegando à conclusão

de que a Pessoa Jurídica fez mais parcelamentos do que realizou pagamento à vista.

Com relação aos juros e multas, estes representam um incremento à arrecadação, uma vez

solicitados o parcelamento dos débitos inscritos em divida ativa, os números dessa receita tendem a

aumentar.

O contribuinte que optou pelo pagamento a vista teve a anistia de 100% de juros e multas. De

acordo com Art. com a Lei n. 2687:

Art. 5º Para os fins do REFISCAM VI, o Poder Executivo fica autorizado a conceder anistia total ou parcial das multas e juros de mora. § 1º A anistia corresponderá a 100% (cem por cento) da multa e dos juros, para pagamento à vista do débito tributário no período de 30 de abril de 2011 a 12 de agosto de 2011.

O pagamento a vista tinha a extinção de 100% das multas juros e mora, mas não deixava ter a

correção monetária do valor devido.

Gráfico 03- Arrecadação de Dívida Ativa de Multas e Juros IPTU - Prefeitura Municipal de Campo Mourão

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De acordo com o Gráfico 03 da Arrecadação de Dívida Ativa de Multas e Juros de IPTU nos

anos de 2011 e 2012, o REFISCAM não teve muita influência, já que no gráfico é evidenciado que a

arrecadação dos juros e multas no período do programa de mantiveram estáveis, dando um “salto”

apenas no fim do exercício, nos meses de Novembro e Dezembro. Esse comportamento pode ser tido

mais influência de fiscalização do que o Programa de recuperação fiscal.

Gráfico 04- Arrecadação de Dívida ativa de Juros e Multas de ISS - Prefeitura Municipal de Campo Mourão

Observando o Gráfico 04 de Arrecadação de Dívida ativa de Juros e Multas de ISS nos anos

de 2011 e 2012, vê-se que a arrecadação de juros e multas nos dois exercícios foi inconstante, tendo

oscilado muito durante esses períodos. Mas como já analisado anteriormente, os débitos de ISS foram

mais parcelados do que em parcela única, então a arrecadação de juros e multas foi maior, já que não

houve a isenção do mesmo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a necessidade de uma Administração Pública eficiente, incumbida de atender a

população com veemência na prestação dos serviços necessários, pode-se afirmar que a Arrecadação

de Receitas torna-se uma ferramenta imprescindível para tal execução. Dessa forma a preocupação

com certa parcela que se encontra em Dívida Ativa exige medidas para o controle e recuperação destes

valores.

Sendo assim este Trabalho teve como propósito, verificar qual a eficácia das medidas de

recuperação da Dívida Ativa relacionada à IPTU e ISS no município de Campo Mourão em 2011,

comparativamente ao ano de 2012. Levando em consideração que no primeiro período houve um

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programa de recuperação fiscal, denominado REFISCAM, já no segundo período tal programa não foi

continuado.

Observando os resultados obtidos através das analises feitas neste trabalho percebe-se o grau

de importância do programa de recuperação da Dívida Ativa, Durante o período do REFISCAM, em

2011, a arrecadação de IPTU foi bem mais expressa do que no ano de 2012, no qual não houve o

mesmo programa. Quanto ao ISS. os gráficos apontam que o programa REFISCAM contribuiu para

que durante seu período de vigência os contribuintes de Pessoa Jurídica pode parcelar mais seus

débito, não elevando tanto a sua arrecadação em comparação a 2012..

Dessa forma percebe-se que a cobrança de Dívida Ativa resultou sim em um aumento

significativo para a Receita Pública do Município de Campo Mourão. Com o programa REFISCAM,

além de recebimentos em parcela única, que significou aumento instantâneo para a receita, também

foram contraídos parcelamentos que se constituem em receitas futuras para o órgão Público,

balanceando a médio e longo prazo a entrada de Recursos.

REFERÊNCIAS

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