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7º Congresso CNM/CUT Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT 12 a 15 de junho de 2007 HOTEL CAESAR PARK – Guarulhos - SP Análise da Conjuntura Internacional 1. Desde a Segunda Guerra Mundial, a economia mundial não tem apresentado um quinquênio tão bom quanto no período dos últimos cinco anos. 2. Esse período apresentou um crescimento consistente em que as economias dos países de alta renda cresceram 3,1%, tendo os EUA atingido os 3,2%, o Japão 2,9% e até mesmo a vagarosa zona do euro 2,4% . 3. As economias dos países em desenvolvimento, lideradas pelas gigantes emergentes, China e Índia, cresceram 7%, depois de registrar 6,6% em 2005 e 7,2% em 2004. 4. Esses dados constam do relatório Perspectiva Econômica Mundial, publicado pelo Banco Mundial. 5. A crise da bolha no mercado acionário em 2000, os ataques terroristas em 11 de setembro de 2001, as guerras no Afeganistão e no Iraque, os possíveis desdobramentos de ações a serem realizadas pelo terrorismo em alvos europeus e norte-americanos, o aumento persistente no preço do petróleo, as barreiras protecionistas em países de economias de alta renda e o fracasso na Rodada em Doha nas conversações multilaterais de comércio não conseguiram comprometer esse crescimento. 6. Quatro forças combinadas empurram a economia mundial nesse período no sentido desse crescimento: a inovação tecnológica, especialmente a queda do custo da coleta, análise e transmissão de informações; a entrada, na economia mundial, de importantes parcelas da população mundial como a metade da humanidade localizada no Leste e Sul da Ásia; o processo mediante o qual essas economias estão estreitando seu atraso; e a integração dos mercados mundiais de bens, serviços e capital. 7. Contribuíram para esse cenário de crescimento econômico as melhorias nas posições fiscal e comercial das economias de mercados emergentes, assim como a estabilidade monetária, baixas taxas de juro nominais associadas a grandes lucros.

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7º Congresso CNM/CUT Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT

12 a 15 de junho de 2007 HOTEL CAESAR PARK – Guarulhos - SP

Análise da Conjuntura Internacional

1. Desde a Segunda Guerra Mundial, a economia mundial não tem apresentado um

quinquênio tão bom quanto no período dos últimos cinco anos.

2. Esse período apresentou um crescimento consistente em que as economias dos

países de alta renda cresceram 3,1%, tendo os EUA atingido os 3,2%, o Japão

2,9% e até mesmo a vagarosa zona do euro 2,4% .

3. As economias dos países em desenvolvimento, lideradas pelas gigantes

emergentes, China e Índia, cresceram 7%, depois de registrar 6,6% em 2005 e

7,2% em 2004.

4. Esses dados constam do relatório Perspectiva Econômica Mundial, publicado pelo

Banco Mundial.

5. A crise da bolha no mercado acionário em 2000, os ataques terroristas em 11 de

setembro de 2001, as guerras no Afeganistão e no Iraque, os possíveis

desdobramentos de ações a serem realizadas pelo terrorismo em alvos europeus e

norte-americanos, o aumento persistente no preço do petróleo, as barreiras

protecionistas em países de economias de alta renda e o fracasso na Rodada em

Doha nas conversações multilaterais de comércio não conseguiram comprometer

esse crescimento.

6. Quatro forças combinadas empurram a economia mundial nesse período no

sentido desse crescimento: a inovação tecnológica, especialmente a queda do

custo da coleta, análise e transmissão de informações; a entrada, na economia

mundial, de importantes parcelas da população mundial como a metade da

humanidade localizada no Leste e Sul da Ásia; o processo mediante o qual essas

economias estão estreitando seu atraso; e a integração dos mercados mundiais de

bens, serviços e capital.

7. Contribuíram para esse cenário de crescimento econômico as melhorias nas

posições fiscal e comercial das economias de mercados emergentes, assim como

a estabilidade monetária, baixas taxas de juro nominais associadas a grandes

lucros.

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8. Apesar desse cenário apontado pelo Banco Mundial, o Fórum Econômico Mundial

aponta para riscos globais em diversas áreas, incluindo a economia.

9. A maioria dos riscos para os próximos dez anos se agravou em 2006, inclusive os

cinco diretamente relacionados à economia global.

10.Apesar de crescer mais rapidamente do que em qualquer outra época na história, a

economia mundial continua vulnerável de acordo com relatório do organismo

internacional.

11.Um novo choque do petróleo e falhas no fornecimento de energia, o déficit em

conta corrente dos EUA, a preocupação com o enfraquecimento do crescimento da

China, crises fiscais causadas por mudanças demográficas e correções em preços

inflacionados, como as "bolhas" nos mercados imobiliários norte-americanos, são

as cinco principais ameaças econômicas.

12.Os demais riscos são divididos em ambientais (como tempestades tropicais),

geopolíticos (terrorismo ou guerras, entre outros), sociais (pandemias) e

tecnológicos (riscos ligados à nanotecnologia).

13.No campo geopolítico as ações dos Estados Unidos frente ao Oriente Médio,

traduzem uma inaptidão da diplomacia dos grandes países em benefício da política

das armas, das ocupações e da guerra como a grande solução.

14.O Iraque teve seu pior ano em 2006 desde a ocupação norte-americana, com o

acirramento dos conflitos já configurados como uma guerra civil, entre sunitas e

xiitas, ao mesmo tempo recrudesceram os ataques da resistência às tropas de

ocupação.

15.A derrota de Blair nas eleições britânicas foi consequência do fracasso de solução

para a invasão do Iraque, do mesmo modo como foi a derrota de Bush nas

eleições parlamentares dos EUA como resposta à impotência norte-americana em

impor uma relativa ordem no Iraque ocupado.

16.Essa guerra civil entre sunitas e xiitas, quase que impossibilita a unidade nacional

iraquiana.

17.Os EUA pensam na retirada das tropas, mas, impossibilitados pela situação

explosiva do país, mandam, ao contrário mais tropas.

18.Na Palestina, a política norte-americana não obteve sucesso frente aos conflitos

cada vez maiores entre as correntes mais radicais e moderadas, aguçando os

conflitos internos, inviabilizando quaisquer processos para a tentativa da paz e

unidade na luta contra a ocupação israelense.

19.No Afeganistão, a resistência, comandada pelos talibãs, provocou o

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enfraquecimento da ocupação, intensificando, como nunca desde a chegada das

tropas estrangeiras, a violência no país.

20.A política imperialista dos Estados Unidos se revela como um estado de guerra

permanente.

21.O orçamento militar dos EUA para 2008 alcançará quase US$500 bilhões -

aumento de 11,3%. A hegemonia militar e técnico-científica dos EUA ainda é um

fato e o presidente Bush comporta-se como “dono do mundo”, mas não é mais

obedecido. Sua derrota nas últimas eleições para o Congresso limitou seu espaço

de manobra no que ele chama a “luta sem fim” contra o terrorismo. Nos EUA e no

mundo aumenta a rejeição ao caráter arrogante e belicista do presidente.

22.Governos europeus e a ONU, assumem uma postura de cumplicidade silenciosa,

onde a guerra foi o único meio e da qual não têm responsabilidades.

23.A humanidade fica à mercê da política belicista norte-americana.

24.Para a América Latina e em especial para a América do Sul, o ano de 2007 inicia-

se sob a égide de uma nova realidade.

25.O encontro realizado em dezembro de 2006 em Cochabamba, Bolívia, de líderes

sul-americanos apontou para a criação de uma comissão de alto nível para estudar

a idéia de formar uma Comunidade Continental similar à União Européia.

26.Outra sugestão para o cone sul foi dada por Rafael Corrêa, novo presidente do

Equador, ele propôs uma rota comercial terrestre e fluvial ligando a Floresta

Amazônica brasileira à costa do Pacífico equatoriana como alternativa ao canal do

Panamá.

27.Por outro lado Ugo Chávez, presidente da Venezuela e Evo Morales, da Bolívia,

celebraram um novo projeto conjunto, a usina de processamento de gás na região

rica em gás da Bolívia.

28.O Mercosul, inicialmente, sob a influência de Lula revitalizou-se ao passo que a

ALCA perdeu a força que possuía no governo de FHC.

29.O ingresso da Venezuela como membro pleno do Mercosul, caminho que deve ser

seguido pela Bolívia e pelo Equador, além da aproximação de Cuba ao novo bloco,

complementam um quadro mais favorável do que nunca à extensão e ao

aprofundamento dos processos de integração regional.

30.O Conselho do Mercosul aprovou em 18 de janeiro, uma série de projetos que

beneficiarão o Paraguai e o Uruguai com uma compensação de US$ 70 milhões

para diminuir as assimetrias econômicas dentro do bloco.

31.Os projetos fazem parte do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul

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(Focem). Em sua proposta de criação, um dos objetivos principais é acelerar o

crescimento do Uruguai e do Paraguai, os dois países do Mercosul que têm as

menores economias. Juntos, os dois países terão direito a 80% dos recursos do

novo fundo.

32.Desde as conquistas espanholas, cinco séculos atrás, é a primeira vez que tem

havido movimentos reais em direção à integração na América do Sul.

33.O avanço da Esquerda no continente dá sinais inequívocos de uma onda anti

neoliberalismo.

34.No Equador, o candidato de esquerda Rafael Correa, vence as eleições e propõe

mudanças, convocou uma assembléia nacional constituinte para o dia 18 de

março, e anunciou que reverá os acordos do petróleo, a concessão aos norte-

americanos da base de Manta e que apoiará o Mercosul, que quer integrar,

apoiando a integração latino-americana.

35.Na Venezuela, Ugo Chaves anuncia que dará seqüência à nacionalização, com

indenização, das empresas de telecomunicações e energia, expandindo a

presença do Estado na economia e introduzindo o conceito de propriedade

coletiva, extinguindo a autonomia do Banco Central e limitando a atuação da

iniciativa privada nas áreas da educação e saúde.

36.Na Bolívia, Evo Moralez dá sequência à uma política de soberania nacional

desenvolvendo um dos processos políticos mais importantes da América Latina na

atualidade, combinando mobilização social e étnica, com projeto político de

hegemonia democrática e popular.

37.No Brasil a reeleição de Lula aponta para avanços na organização da Esquerda e

uma vitória sobre a Direita e o neoliberalismo.

38.Uma coalizão de esquerda pode vencer as eleições paraguaias, com a candidatura

de um padre identificado com as novas correntes políticas latino-americanas,

somando importantes esforços na luta anti neoliberal.

39.As vitórias de Lula, Evo Morales, Ugo Chavez, Daniel Ortega, Michelle Bachelet,

somadas à provável reeleição de Kirchner na Argentina no segundo semestre de

2007, protagonizam um crescimento da Esquerda Latino-Americana mudando o

mapa político da região com o enfraquecimento da política estadunidense e

apontam para a integração regional, base necessária para uma independência de

fato

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Análise da Conjuntura Nacional40.O primeiro mandato do presidente Lula termina positivamente sob a égide das

mudanças econômicas e políticas, a despeito das catástrofes anunciadas pela

Direita, quando do início de seu mandato.

41.O ano de 2007 inicia-se sob esse excelente saldo político com o apoio dos quase

60 milhões de votos obtidos em sua reeleição.

42.Esse resultado justifica-se pela mudança ocorrida no país desde a posse de Lula

em 2003.

43.O Brasil inicia o segundo trimestre de 2007 como a décima economia mundial, com

reservas históricas na casa dos 110 bilhões de dólares.

44.Apresenta contas externas favoráveis e ambiente de negócios positivo com

inflação e taxa de juros em queda, também a relação dívida/PIB caiu e o risco

Brasil pela primeira vez ficou na média dos países emergentes, chegando a 155

pontos contra os 2.400 do segundo semestre de 2002.

45.A média do crescimento do PIB nos dois mandatos de FHC foi de 2,31% (2,47% no

primeiro e 2,15% no segundo mandato), já a média de crescimento do PIB no

primeiro mandato do governo Lula é de 3,35%.

46.Os avanços ocorridos no primeiro mandato, dão as condições necessárias para a

continuidade da melhoria dos indicadores sociais.

47.Já são atendidas mais de 11 milhões de famílias no Bolsa Família.

48.O Pró-Uni abriu mais de 250 mil vagas no ensino superior.

49.Houve uma melhoria evidente na qualidade de vida da população brasileira.

50.A política de Lula em que pese ter um modelo econômico ainda acorrentado ao

modelo anterior, quase eliminou a Classe E no Brasil, a PNAD (Pesquisa Nacional

de Amostragem de Domicílios) 2006 mostrou que 12,5% da população brasileira

pertencia à classe E, hoje caiu para 2,6%, retirando quase 6 milhões de pessoas

da pobreza absoluta (quem ganha até meio salário mínimo/mês per capita familiar).

51.Essa mudança na conformação da pirâmide social dá-se muito mais pela diferença

de gestão do Estado do que pelo crescimento econômico obtido no período, é o

viés de rede de proteção social de combate à pobreza e distribuição de riqueza que

promove essa migração dos brasileiros da classe E para as classes superiores, na

década de 1970 o Brasil crescia 9% em média por ano e o ritmo de redução da

pobreza era menor.

52.No último ano, mais de oito milhões de brasileiros subiram na pirâmide social, para

níveis com maior capacidade de consumo.

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53.Em 2005 mais da metade da população brasileira, quase 93 milhões de pessoas

(51%), pertenciam às classes D e E, o ano de 2006 mostra uma redução desse

número para 84.4 milhões (46%).

54.A população de mais baixa renda migrou para as classes imediatamente

superiores. Com isso, a classe C, que reunia 62,7 milhões de habitantes em 2005,

encerrou o ano passado com 66,7 milhões de brasileiros. O topo da pirâmide, isto

é, as classes A e B, recebeu nesse período 6,3 milhões de pessoas.

55.Os dados são de pesquisa realizada pela financeira francesa Cetelem em parceria

com o instituto Ipsos Public Affairs onde foram ouvidas 1200 famílias no fim de

2006 em 70 cidades do País. Elas foram avaliadas não só pela renda recebida,

mas também pela posse de bens.

56.O ano de 2006 apresentou fatores positivos para essa melhoria de vida dos

brasileiros, entre os fatores destacam-se o aumento da massa salarial, a inflação

controlada e, especialmente, o crescimento do crédito, incluindo o consignado. Por

meio de prazos esticados e juros cadentes, o crédito fez o dinheiro render mais nas

mãos do trabalhador.

57.É necessário porém, recuperar o crescimento econômico de forma sustentada,

com 5% ou 6% ao ano para que se possa obter um salto de qualidade na geração

de mais e melhores empregos.

58.A predominância de uma política de exportação de bens de baixo valor agregado e

pouco conteúdo tecnológico não amplia a geração de empregos de alta

remuneração, polarizando a sociedade entre os mais ricos e os mais pobres.

59.Para o ramo metalúrgico o governo Lula representou uma franca recuperação dos

postos de trabalho perdidos no período Collor/Itamar/FHC/FHC.

60.O emprego metalúrgico continua seguindo sua trajetória de crescimento,

acumulando em janeiro de 2007 +1% e um saldo de 17.000 postos de trabalho, ou

seja, somos 1.692.684 metalúrgicos.

61.No ano de 2006 o saldo entre admitidos e demitidos ficou em 79.844 postos de

trabalho, + 5,0%. Em relação aos últimos cinco anos é o segundo maior

crescimento, atrás apenas de 2004, quando houve um crescimento de 11%.

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62.Se considerarmos janeiro de 2003, período em que o emprego metalúrgico voltou a

ter uma retomada mais acentuada, o percentual de crescimento é de +26,8%, o

que representa 357.828 mil trabalhadores metalúrgicos a mais nesse período. Se

compararmos esse número com o período do início da série, em 1997, é mais

surpreendente, já que de janeiro de 1997 a dezembro de 2002 houve queda do

número de trabalhadores no setor de -0,6%.

63.Entretanto esse crescimento do emprego formal ainda não autoriza uma

beatificação do governo Lula.

64.Os empecilhos a um desenvolvimento sustentado que dê geração de mais e

melhores empregos ainda é um desafio a ser superado.

65.Diante dos entraves ao desenvolvimento sustentado o governo no início de 2007

propõe um Programa de Aceleração do Crescimento, o chamado PAC.

66.O governo busca a adequação da infra-estrutura como condição basilar para um

crescimento mais substancial de nossa economia.

67.O Programa prevê investimentos na ordem de meio trilhão de reais até 2010,

destinados a obras de ampliação da geração e transmissão de energia elétrica,

combustíveis renováveis, gás natural e petróleo.

68.Também receberão investimentos importantes, saneamento, habitação recursos

hídricos e transporte de massas como o metrô, além de investimentos em logística

como rodovias, hidrovias, portos e aeroportos.

69.Esse programa busca criar uma sinergia entre investimento, crescimento, geração

de empregos e melhoria nas condições de vida da população brasileira, com

estímulos ao crédito e ao financiamento.

70.Tem como principal instrumento a elevação dos investimentos públicos e privados,

removendo obstáculos tributários, jurídicos, legislativos e burocráticos.

71.Como fator preponderante o programa é uma iniciativa de Estado e enfatiza o

papel indutor do Estado no desenvolvimento nacional, na contra mão do receituário

neoliberal.

72. Incrementa os investimentos públicos e privados e propõe a superação de gargalos

na infra-estrutura.

73.Os setores no ramo metalúrgico serão beneficiados diretamente por 3 dos eixos do

PAC, o da Desoneração Tributária, dos Investimentos em Infra-estrutura, Logística

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e de Transportes e o eixo dos Investimentos em Energia e Combustíveis.

74.O setor Eletroeletrônico terá redução a zero das alíquotas de IPI, PIS/COFINS e

CIDE sobre a fabricação de semi-condutores, microcomputadores e TV Digital.

75.O setor Siderúrgico terá isenção total do IPI sobre a fabricação de perfis de aço,

elemento básico na construção civil.

76.Nos setores Automotivo, Naval, Material Ferroviário e de Bens de Capital

receberão investimentos de quase R$ 60 bilhões em rodovias, ferrovias, portos,

aeroportos, hidrovias e marinha mercante.

77.No setor de Bens de capital os investimentos estão previstos em R$ 275 bilhões

em geração e transmissão de energia, petróleo, gás e combustíveis renováveis.

78.Apesar dessas medidas serem consideradas importantes, o programa apresenta

lacunas.

79.Não exige metas de emprego e formalização da mão de obra, ausência de

compromisso dos bancos privados, não faz referência à reforma agrária, não cita a

agricultura familiar e não toca nos investimentos em saúde e educação e não

menciona a redução da jornada de trabalho .

80.É reivindicação da CNM e da própria CUT a criação de espaços que garantam a

participação equânime e eficaz dos trabalhadores na fiscalização das metas e

contrapartidas das empresas beneficiadas pela aplicação do PAC.

81. Para que esse crescimento possa acontecer há uma necessidade urgente de

implantação de uma política industrial voltada à indução do desenvolvimento e

inovação de cadeias produtivas para, com isso, ampliar o leque das oportunidades

de trabalho com nível de rendimento superior e menor jornada de trabalho.

82.Essa política industrial pode e deve colocar novamente em pauta a necessidade da

redução da jornada de trabalho, os avanços tecnológicos permitem e causam

aumentos intensos na produtividade industrial, extraindo cada vez mais de um

número cada vez menor de trabalhadores.

83.Entretanto na ausência de uma política industrial adequada às necessidades do

Brasil, esse debate está secundarizado.

84.Para tanto ainda é necessário construir a unidade no movimento sindical e ocupar

importante espaço para o debate, entretanto as forças sociais presentes no

sindicalismo impõem uma disputa acerca dos distintos projetos que muitas vezes

são conflitantes e opostos.

85.Se de um lado a CUT apresenta-se como central propositiva que disputa a pauta

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do governo e tenta impor as bandeiras históricas do movimento sindical, por outro

apresenta-se um sindicalismo cuja orientação é para uma central de movimentos

cujo objetivo é tornar o movimento sindical um correia de transmissão do partido.

86.Esse sindicalismo estreito que não privilegia a participação massiva dos

trabalhadores, apesar de travestido de esquerda cavam a mesma trincheira da

Direita oligárquica e conservadora, prestando um desserviço à luta de classes e

procurando minar um governo que é oriundo das lutas operárias.

87.A proposta do PAC deu um tom necessário aos debates acerca dos caminhos que

o Brasil precisa seguir, a Direita revida com a emenda 3 ao projeto da Super

Receita, impedindo que haja fiscalização e autuações aos empresários que driblam

a legislação trabalhista ao empregarem funcionários através de contratação de

pessoa jurídica e não pessoa física.

88.A emenda 3, apresenta-se como uma reforma trabalhista precarizando e retirando

direitos como 13º salário, férias, FGTS e outros direitos trabalhistas.

89.O movimento sindical de um lado, exerceu pressão ao governo Lula para que

vetasse a emenda 3, de outro lado a Direita, através da mídia veicula uma intensa

campanha para que se mantenha a emenda.

90.O presidente Lula corretamente vetou a emenda 3 e se instalou no país um debate

sobre o veto presidencial, a Direita contabiliza votos suficientes para derrubar o

veto no Congresso Nacional.

91.Já as centrais sindicais que estão contra a emenda manifestam junto ao

parlamento sua intenção de irem unidas à greve geral pela manutenção do veto

presidencial.

92.As centrais, CUT, Força Sindical, CGTB, CAT, NOVA CENTRAL e SDS, uniram

esforços pela manutenção do veto e pela indicação de greves contra a derrubada

do veto.

A Base Parlamentar.93.A tentativa de ampliação da base parlamentar ao seu segundo mandato, levou

Lula a abrigar em seu governo dentre outros partidos o PDT no ministério do

trabalho.

94.Com isso o ministério do trabalho passa a estar sob a influência direta da Força

Sindical, representando importante preocupação e transparência na gestão e

quanto ao acúmulo que o ministério vinha obtendo.

95.Diante dessa movimentação, a CUT expressou sua estranheza e reprovação

diretamente ao presidente Lula, exigindo que a questão do Trabalho seja ponto e

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foco central da política do governo e a serviço dos trabalhadores.

96.Essa fragilidade da Esquerda no Congresso torna o governo de Lula refém de uma

política de alianças que mesmo após a reforma ministerial não oferece segurança

para votações importantes como a sustentação do veto à emenda 3 ou reformas

necessárias como a política e a sindical.

97.Se Lula se reelegeu com ampla maioria do apoio popular, isso não se refletiu na

eleição da Esquerda brasileira.

98. Os partidos de Esquerda vinculados com o governo Lula, PT e PCdoB, possuem

apenas 95 deputados em exercício.

99.Apesar da vitória de Lula ter obtido 62% dos votos, os partidos de Esquerda não

conseguiram o mesmo percentual no Congresso Nacional, isso reflete a pouca

representação dos partidos de esquerda na base da sociedade, não somos ainda a

maioria.

100.O restante para a obtenção do apoio para a propalada governabilidade necessitou

ser granjeado junto aos partidos de Centro e Centro-Esquerda.

101.O apoio do PMDB e de seus mais de 90 deputados, deu-se após as duas partes

do partido terem seu lugar no governo, resultando na designação de cinco

ministérios para a legenda.

102. Lula ao final de sua reforma ministerial conseguiu o apoio de 11 partidos,

congregando sob o mesmo governo antigos adversários e diminuindo a

participação do PT.

103.A Direita, através da grande mídia e da paralisação ocorrida no Congresso

Nacional em decorrência das CPIs durante boa parte de 2006 tentou desestruturar

o governo Lula objetivando sua derrubada via eleições ou mesmo num processo de

impeachment.

104.A população entretanto, optou por preservar os avanços obtidos na sociedade

numa clara demonstração de reprovação às políticas neoliberais e seus resultados

desastrosos para o país.

105.Diante disso a busca de uma base parlamentar que dê garantias de

governabilidade ao presidente Lula, transforma-se em ponto crucial para a

continuidade desse projeto de governo.

106.As articulações da Direita e a grande mídia objetivaram diminuir o apoio popular

de Lula e reinstalar o neoliberalismo no país.

107.Nesse cenário em 2007 a Direita e toda sua estrutura de comunicação estão à

serviço da continuidade da disputa de projeto para a sociedade brasileira.

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108.O projeto da Direita ainda é o receituário neoliberal, se bem que com outra

proposta de abordagem.

109.O PFL traveste-se de Democratas, tentando mais uma vez desvencilhar-se de sua

roupagem desgastada e rejeitada perlas urnas.

110.Assim a velha ARENA, base parlamentar da Ditadura Militar, virou PDS, Frente

Liberal, PFL e agora muda seu nome para Democratas, o DEM.

111.Apostando na memória deficiente da população a Direita muda a forma sem

entretanto mudar seu conteúdo.

112.É necessário ainda superar a distância, imposta e conservada pela Direita, sobre

o debate de crescimento sustentado com soberania e distribuição de renda, essa

distância fruto da hegemonia de um sistema de comunicação monopolizado por

uma aristocracia comprometida com o neoliberalismo leva a Esquerda a ficar

refém dessa “midiocracia”, não conseguindo a ressonância necessária junto à

grande população.

113.No Brasil não existe legislação que proíba a concentração de propriedade cruzada

de veículos de comunicação, que é qundo grupos empresariais podem possuir

vários veículos de comunicação , como verdadeiros cartéis da mídia nas mãos de

uma elite poderosa.

114.Esse modelo de organização está baseado no modelo norte-americano como uma

espécie de curadoria, onde o Estado, apesar de ter o direito de explorar a

comunicação delega a curadores essa permissão de explorar em seu nome. Esses

curadores são empresas privadas que exploram comercialmente essas

concessões.

115.Essa ausência de democracia nos meios de comunicação, dificulta o debate a

formação de opinião e por consequência a tramitação e aprovação dos projetos de

interesse da classe trabalhadora no parlamento.

116.Fica o desafio para a Esquerda identificar-se com os diversos setores da

sociedade como a juventude, que a cada dia, sob influência da mídia, afasta-se da

vida política do país.

117.A recuperação do nível de emprego durante o primeiro mandato de Lula, ainda

que seja motivo de comemoração, apresenta uma queda preocupante na geração

de empregos justamente para essa parcela de nossa sociedade, a juventude

brasileira,.

118. Dados do IBGE apontam para um aumento do desemprego entre 1995 a 2005 de

10,7% para 18% na faixa de 18 a 24 anos.

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119.A preservação da história de luta das classe trabalhadora ainda apresenta-se

como tarefa importante para a construção de uma consciência nacional e de uma

sociedade participativa e senhora de seu destino.

120.A eleição presidencial em 2006 tomou aspectos de luta de classes onde a Direita

utilizou de todos os meios disponíveis para a desestabilização do governo para

derrotar Lula e as forças progressistas, dois projetos de nação antagônicos e

irreconciliáveis debateram-se nas eleições de 2006.

121.Nitidamente um projeto foi vitorioso evidenciando o desejo do povo brasileiro por

um modelo de desenvolvimento econômico com distribuição de renda, geração de

empregos e justiça social, um projeto da Esquerda.

122.O Brasil mudou, porque primeiramente mudou quem governa o país, é a primeira

vez desde 1964 que o Brasil tem um governo que não seja de direita, de lá para cá

o Brasil foi governado por uma coalizão de Direita e Centro-Direita. Com a eleição

e reeleição de Lula o Brasil passa de maneira inédita pela experiência de ter um

governo em que seu núcleo é formado por partidos populares da classe

trabalhadora e de origem socialista.

123.Esse caráter de um governo ligado à classe trabalhadora e comprometido com o

combate à pobreza, possui um diferencial ideológico, o da construção de um

projeto de nação soberana, com desenvolvimento nacional, crescimento

econômico e com distribuição de renda.

124.Apesar desse diferencial ideológico e dos resultados obtidos em seu primeiro

mandato, o modelo econômico do governo Lula ainda é prisioneiro da dinâmica

globalizante das últimas três décadas dessa fase mundial do capitalismo.

125.E a coalizão desenhada por Lula pode não estar preparada para o enfrentamento

que a Direita demanda.

126. Ao final do 1º mandato do governo Lula, as duas extremidades da pirâmide social

estavam satisfeitas com o governo, de um lado o capital rentista e de outro os

brasileiros próximos da linha da miséria, isso reforça que esse modelo econômico

aplicado pelo Banco Central é refém da política neoliberalizante implantada por

Collor e aprofundada por FHC. O país desejado pelos que elegeram Lula em 2002

e o reelegeram em 2006 ainda está em construção, a classe média e as classe

produtoras empresariais são importantes na conformação da governabilidade,

sendo necessário reequilibrar essa relação.

127.Esse modelo econômico tende à desindustrialização consolidando o país como

grande exportador de matérias primas, alimentos e produtos semi manufaturados,

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com tendência de criação de empregos de baixo salário em detrimento de

empregos mais qualificados que garantem a reprodução da classe média e a

manutenção das classes assalariadas.

128.A geração de 5 milhões de empregos formais, o aumento do Salário Mínimo, a

queda do custo da Cesta Básica e a queda da inflação aliados aos programas de

incentivo à educação , agricultura familiar e o Bolsa Família produziram uma

conjuntura que propiciou a reeleição de Lula amparada numa base social popular

que a Direita não conseguiu cooptar através da grande mídia.

129.A maioria no Congresso ainda necessita ser sedimentada para dar a

governabilidade necessária para o governo, entretanto a hegemonia na sociedade

só virá com a apresentação de uma plataforma de medidas que dialogue com os

agentes sociais como CUT, MST CMS e CONTAG, obtendo a adesão desses

atores sociais por ir ao encontro dos interesses dessas entidades de representação

da sociedade civil.

130.Pois que elas evidenciam a diferença de raiz entre os governos anteriores e este

governo que é o vínculo com os movimentos populares, porém a esquerda

brasileira e os movimentos sociais não conseguem obter o espaço necessário junto

à população para debater o Brasil que queremos.

131.A reeleição de Lula demonstra que a opção feita em 2002 pelas classes

trabalhadoras populares e as classes empresariais produtivas “nacionalistas”, foi

renovada com expectativas de avanços.

132.Foi uma opção por um projeto alternativo ao neoliberalismo com juros elevados e

estagnação econômica, por um projeto que direcione o crescimento econômico

para a distribuição de renda e diminuição das diferenças sociais.

133.A Marcha do Salário Mínimo e da correção da tabela do Imposto de Renda e a

luta pelo veto à emenda 3 apresentam-se como disputa da agenda nacional por

parte do movimento sindical.

134.A Direita não concede tréguas ao novo governo procurando estabelecer uma

espécie de 3º turno onde disputa a agenda de reformas como a da Previdência e a

Trabalhista.

135.É importante para essa disputa que o governo seja o indutor do desenvolvimento

como se apresenta a proposta do PAC, receituário literalmente anti liberal.

136.A mudança para um outro modelo econômico auto sustentado com mercado

interno de massas e desenvolvimento tecnológico com geração de empregos para

a classe média ainda é desafio existente ao novo mandato do governo Lula.

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137.Ainda que o governo estabeleça política consistente de incentivos à produção de

Bens de Capital, torna-se necessário contrapartidas aos trabalhadores dos setores.

138.Cabe ao movimento sindical exigir do governo Lula que quaisquer empresas

tomadoras de empréstimos de bancos públicos, fundos públicos, etc, possuam em

suas unidades a Organização no Local de Trabalho,OLT, com acompanhamento

dos sindicatos.

139.O desafio para o movimento sindical diante de um cenário de baixa inflação com

crescimento econômico, é estabelecer a luta pela organização sindical que

propiciará melhores condições de trabalho e aumento da renda dos trabalhadores.

140.É importante destacar também o resultado das campanhas salariais, que

estabeleceram a reposição total da inflação e ganhos reais concentrados em

faixas que vão de 1,5 a 2,5 pontos percentuais, ou seja, em muitos casos, isso

representa quase metade da inflação do período, o que é um ganho bastante

importante para o trabalhador.

141.Outra questão que aparece como resultado da negociação coletiva são os pisos

salariais, que por um lado tiveram um bom incremento, acompanhando os

reajustes salariais ou mesmo com reajustes superiores ao concedido aos salários,

mas que por outro lado demonstra as grandes diferenças regionais em nosso país.

142.Essas diferenças tem sido objeto de discussão na Confederação Nacional dos

Metalúrgicos da CUT que está propondo uma mobilização nacional para o ano de

2007 que busque estabelecer uma pauta mínima nacional que caminhe no sentido

de eliminar essas diferenças regionais através de um Contrato Coletivo Nacional

de Trabalho.

143.A diminuição dessas diferenças está presente na luta por uma política de

recuperação do poder de compra do salário mínimo desenvolvida pelas centrais

sindicais, objetivando o aumento da participação dos salários na renda nacional

como fator de distribuição de renda, geração de novos e melhores empregos

traduzindo-se no chamado ciclo virtuoso da economia nacional.

144.O discurso do presidente Lula ao tomar posse no início do ano sintetizam três

grandes desafios para os próximos quatro anos, acelerar o crescimento com

inclusão social, lançar as bases para uma educação pública de qualidade e sanear

a crise nas instituições políticas.

145.A agenda de interesse da classe trabalhadora precisará ser debatida com a

sociedade de modo intenso para que se obtenha avanços efetivos.

146.A reforma sindical e a instalação de uma política industrial capaz de levar o país

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ao crescimento sustentado com distribuição de renda e desenvolvimento nacional

passa a ser agenda do movimento sindical, em especial a agenda dos metalúrgicos

e metalúrgicas do Brasil.

147.O 6º Congresso (julho / 2004) definiu 7 eixos de atuação da CNM/CUT, sendo 3

eixos estruturantes e 4 atividades-meio ou “transversais”:

148.A CNM e seus Sindicatos participaram ativamente das eleições municipais de

2004 defendendo programas e candidaturas comprometidas com os trabalhadores

sempre buscando políticas da agenda dos Metalúrgicos como a do

desenvolvimento regional, do emprego e da formação profissional entre outras.

149.Nas eleições gerais de 2006 os Metalúrgicos da CUT tiveram papel de destaque

na defesa do projeto de mudanças estruturais de desenvolvimento com distribuição

de renda representada pela candidatura Lula, combatendo a candidatura da

restauração da política neoliberal que nas décadas anteriores ao governo Lula

havia levado o país a uma situação de miséria e desemprego (só no ramo

metalúrgico perdemos quase 1 milhão e meio de empregos), aumentando a

concentração de renda. Além da nossa força militante nos estados

disponibilizamos nossos meios de comunicação, municiando a campanha. O

Movimento Nacional dos Metalúrgicos com a Força do Povo (organizado por

metalúrgicos da CUT e outras centrais) distribuiu 600.000 jornais no 2º turno,

dialogando com a base metalúrgica e a sociedade

150.A nossa postura em relação ao governo foi de total independência. Nos somamos

à CUT em todas as críticas à política de juros altos e metas de inflação, que em

nada difere da agenda neoliberal, sobretudo sendo desacompanhadas de metas de

geração de empregos de qualidade conforme defendemos ao lado da proposta de

ampliação do Conselho Monetário Nacional.

151.Os metalúrgicos foram a categoria mais numerosa nas marchas das centrais pelo

salário mínimo e correção da tabela do imposto de renda. Criticamos também o

governo em 2005 quanto à falta de ação em relação ao problema dos

trabalhadores no sub-setor de maquinas e implementos agrícolas, inclusive

organizando um dia nacional de protesto nas empresas do setor, principalmente no

RS, PR e SP.

152.Também protestamos quanto aos “entulhos” da era FHC ainda não revertidos pelo

governo Lula: aposentadoria especial, fator previdenciário, etc.

153.Porém isto não modificou o nosso apoio e compromisso com as linhas gerais do

programa de mudanças do governo, apesar do ritmo lento, que significou

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crescimento econômico, geração de cerca de 8 milhões de empregos e diminuição

das desigualdades. Ainda que de forma desigual regionalmente, o crescimento do

ramo metalúrgico foi amplamente maior que o crescimento médio do PIB.

154.Quando observados a produção física dos setores da indústria metalúrgica alguns

segmentos chegaram a 25% nos quatro primeiros anos do governo Lula, caso do

setor automotivo.

155.A elaboração e divulgação periódica dos “Indicadores Sócio-econômicos do Ramo

Metalúrgico” a partir já do início do mandato foi fundamental para detectarmos a

performance dos setores, o crescimento do emprego (+340.000 postos de trabalho)

e para balizar a nossa força nas campanhas salariais.

156.Este crescimento possibilitou que nossas Federações e Sindicatos passassem de

Campanhas Salariais predominantemente defensivas das décadas de 80 e 90,

para Campanhas ofensivas com várias conquistas de aumentos reais chegando a

um acumulado de até 9,9% real em certas bases. Conquistamos aumentos reais

ainda maiores aos pisos salariais (chegando a 34,3% de crescimento)aí também

impulsionados pela recuperação do salário mínimo que acumulou um aumento real

de 32,10% de 2003 a 2007. Com isto demos passos no sentido da diminuição das

diferenças regionais, objetivo maior da luta pelo CCNT.

157.Embora tenhamos nos preparado para atuar nos Fóruns de Competitividade

Setoriais, realizando diversos encontros onde foram elaboradas propostas, o

próprio governo não os priorizou. Demais espaços de participação na elaboração

da política industrial se deram apenas pontualmente, por nossa solicitação.

Exceção se deu com a nossa participação no Fundo da Marinha Mercante onde

fomos fundamentais para a aprovação de novos investimentos no setor naval,

sobretudo para a construção de plataformas de petróleo e a renovação da frota da

Transpetro, capacitando os estaleiros a receber encomendas internacionais

fazendo que o emprego se quintuplicasse no setor, que havia sido sucateado nos

governos anteriores.

158.Em relação à Organização Sindical, avançamos pouco no nosso modelo de

organização com os Comitês Sindicais de Empresa definido desde o 4º Congresso

em 1998. Apenas mais um Sindicato (Taubaté – SP) se definiu pela mudança

estatutária para o novo modelo se somando aos do ABC, de Sorocaba e de Salto –

SP. Portanto apenas 4 em um universo de 90 Sindicatos.

159.É verdade que a expectativa que criamos em 2004 e 2005 com a aprovação da

Reforma Sindical nos termos dos consensos do Fórum Nacional do Trabalho, nos

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freou de avançar no nosso modelo, mesmo não havendo nenhuma contradição

dele com a nova Estrutura proposta na PEC e no PL da Reforma Sindical, apenas

nos demandando algumas adequações em caso da sua aprovação.

160.Uma das linhas de trabalho que teve grande êxito neste mandato foi a da

construção de Comitês / Redes Nacionais e Internacionais de Trabalhadores por

empresa. Os próprios trabalhadores, dirigentes e sindicatos de base sentiram a

necessidade de buscar trocar informações e experiências para um trabalho

conjunto, demandando da CNM sua organização. Passamos de 8 Redes Nacionais

e/ou Internacionais em 2004, para 29 em 2006.

161.Estes 29 Comitês representam 120 unidades produtivas num total de 320.000

trabalhadores na base, ou 1/3 da nossa base. Conseguimos estabelecer parcerias

com Sindicatos de outras centrais para sua participação e com outras entidades

para o financiamento das atividades de 18 deles e agora temos o desafio de buscar

o financiamento ou a auto-sustentação dos demais. Nosso objetivo é que todas

redes, ao cabo do processo, se auto-financiem.

162.Desenvolvemos em conjunto com a Secretaria de Relações Internacionais da

CUT a proposta da “Incubadora de Redes”, ou seja, empresas nas quais vamos

iniciar um trabalho de levantamento de informações para avaliar o interesse dos

Sindicatos que nelas atuem. Só após a demanda buscaremos encontros nacionais.

163.Também avançamos na organização setorial nacional realizando diversos

encontros nacionais (Caminhões & Ônibus, Ago/2004; Política de Transportes,

Abr/2005; Siderúrgico, Ago/2005; Naval, Nov/2005 e Nov/2006; Auto, Jun/2005 e

Mai/2006; Aero, Nov/2006) à exceção dos Setores Eletroeletrônico e de Bens de

Capital, nos quais discutimos diagnósticos dos setores, das principais empresas,

unidades, etc. e elaboramos propostas de política industrial além de elaborarmos

pautas nacionais que serão as bases para as reivindicações rumo ao CCNT (vide

Plano de Lutas).

164.Quanto ao Contrato Coletivo Nacional de Trabalho (CCNT), bandeira que

permanece como eixo central na nossa atuação desde a criação da CNM, para

buscar a diminuição até a eliminação das diferenças regionais, durante este

mandato tivemos o seguinte acúmulo:

165.2004: Campanha Salarial nas montadoras coordenada entre FEM-SP e Sindicato

dos Metalúrgicos de Curitiba – PR;

166.2005: Aposta na Reforma Sindical;

167.2006: 1a. Convenção Coletiva do Sindipeças com FEM/CUT-MG

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168.Ford, Camaçari – BA: redução de jornada, aumento real de salário acima de SP,

plano de cargos e salários;

169.VW, Resende - RJ: Comissão de Fábrica, PLR superior ao de SBC;

170.VW, S.Carlos – SP: Comissão de Fábrica, aumento real do piso salarial muito

acima do INPC;

171.DC, Juiz de fora – MG: acordo garantia de emprego;

172.Toyota, Indaiatuba – SP: Plano de cargos e salários, aumento real do piso bem

acima do INPC;

173.Honda, Sumaré – SP: Plano de cargos e salários, aumento real do piso bem

acima do INPC;

174.Arcelor: Coordenação com interlocução com a empresa

175.2003 a 2006: Encontros nacionais dos Trabalhadores em Montadoras, Autopeças,

Caminhões e Ônibus, Setor Siderúrgico, Setor Aeroespacial, num total de quase

300 dirigentes;

176.2004 a 2006: criação de cerca de 20 Comitês ou Redes Nacionais por empresa

(Total = 30, repr. 350.000)

177.2005: Encontro Automotivo Latino Americano FITIM;

178.2005: Encontro Siderúrgico Mercosul – UE;

179.2006: Encontro Automotivo Mercosul – UE;

180.2006: Encontro Naval Mercosul – UE;

181.2004 a 2006: Coletivos Nacionais e Regionais de Política Sindical, reunindo cerca

de 350 dirigentes;

182.2004 a 2006: Encontros Nacionais e regionais de gênero, raça e juventude

183.Nas reuniões da executiva de Junho e Dezembro/2006 tiramos as seguintes

resoluções:

184.“Desmistificação” do eventual processo de negociação;

185.Reafirmação da data-base em Setembro como mês historicamente de mais alta

atividade econômica dos setores do ramo metalúrgico;

186.Reafirmação do caráter articulado das negociações com diversos interlocutores

patronais;

187.Unificação das datas-base p/ Setembro / 2007 e apresentação das propostas nas

respectivas pautas regionais;

188.Definição dos setores prioritários: Auto e Siderúrgico;

189.Reafirmação da pauta mínima: Unificação da Data-base Set., Piso Nacional,

Redução de Jornada, OLT

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190.Aprovação do calendário da Campanha Salarial Nacional Unificada

191.As Relações Internacionais da CNM neste mandato deram continuidade ao

intenso processo de intercâmbio e estabelecimento de parcerias estratégicas para

impulsionar a organização sindical no Brasil.

192.Mantivemos projetos de cooperação nas áreas de Organização e Política Sindical,

CCNT, Política Industrial, Juventude, Raça, Gênero, Construção de Redes, etc.

com o IF Metall (ex-Svenska) da Suécia, com o CAW do Canadá, com a FM/CCOO

da Espanha, com o USW dos EUA/Canadá, com o Centro de Solidariedade da

AFL-CIO dos EUA, com a FES (ILDES) da Alemanha, com o TIE Brasil, além da

nossa participação nos projetos de cooperação da CUT, do Observatório Social e

da FITIM.

193.Tivemos participação em vários Grupos de Trabalho da FITIM sobre China, OMC,

Acordos Marco Internacionais (AMIs), Indústria Eletroeletrônica, Indústria Naval,

Trabalhadores Não-Manuais, Zonas-Francas, GM, Siemens, etc. No Congresso da

FITIM de 2005 elegemos a companheira Emília Valente para o seu Comitê

Executivo.

194.Participamos ativamente também do Grupo de Trabalho Metalúrgico da

Coordenadora das Centrais Sindicais do Mercosul.

195.Tivemos também vários conflitos em empresas aqui que ajudamos a resolver com

a ajuda e solidariedade dos nossos parceiros internacionais como na Volkswagen

SBC e Taubaté, Mahle – SBC, Grob – SBC e Leoni – Itu, estes 3 últimos com a

utilização e denúncia de Acordos Marco Internacionais.

196.Também pudemos apoiar os nossos membros que são representantes brasileiros

nos Comitês Mundiais dos Trabalhadores na VW, DaimlerChrysler, Arcelor, SKF e

Rolls-Royce, de forma a que nosso membros tivessem participação destacada com

propostas coerentes com nosso programa e o Programa de Ação da FITIM.

197.Mas algo que mereceu destaque foi o processo de constituição do Comitê Mundial

dos Trabalhadores na Gerdau, pelo ineditismo de se constituir numa multinacional

brasileira e num processo de luta em solidariedade aos companheiros siderúrgicos

americanos, sofrendo com práticas anti-sindicais. Este intenso processo de visitas

de intercâmbio, encontros, protestos, etc. culminou com Acordos finalmente

celebrados entre o USW e a Gerdau nos EUA e Canadá.

198.A Comunicação da CNM, em função das dificuldades financeiras do início do

mandato, foi quase inexistente, se resumindo apenas ao “Boletim Internacional” de

periodicidade semanal.

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199.No início de 2005, através do Projeto “Laboratório Industrial Sindical” criamos, em

parceria com a FM/CCOO da Espanha, a FETIA/CTA da Argentina, a UNTMRA do

Uruguai, a CONSTRAMET do Chile e a FETRAMPAR do Paraguai, o site

“SINDLAB” com notícias principalmente sobre política industrial do Mercosul e

União Européia, com enfoque setorial.

200.A partir de dezembro de 2005 reestruturamos o nosso site como “Portal dos

Metalúrgicos do Brasil” que iniciou com um trânsito médio de cerca de 400 IPs/dia

(cerca de 600 pessoas) e já está em 1.100 IPs/dia (cerca de 2.000 pessoas) com

informações sobre o ramo, as principais empresas, as notícias das federações e

sindicatos, artigos traduzidos, indicadores do ramo, canal direto da base através do

“Fale Conosco” onde contatamos metalúrgicos de outras bases inclusive, enfim,

informações importantes para troca entre os metalúrgicos de todo o país e os

apoiar nas negociações e lutas.

201.Também em dezembro de 2005 editamos o 1º número da revista “Brasil Metal”,

que infelizmente até o momento é “filha única”, pois tomamos a decisão de só

editarmos outros números caso obtivermos patrocínio.

202.Conseguimos estruturar a imprensa de forma que pudemos apoiar nossos

sindicatos menores, oposições sindicais e comitês / redes nacionais

confeccionando boletins e jornais, emitindo “releases”, etc.

203.Realizamos em Agosto/2006 o 1º Seminário Nacional de Comunicação dos

Metalúrgicos da CUT, com participação de diretores responsáveis e profissionais

de imprensa dos nossos sindicatos e federações onde refletimos o papel da

imprensa e formamos a base para uma rede de comunicação entre os sindicatos.

204.A partir de Novembro/2006 iniciamos a newsletter eletrônica “Brasil Metal Diário”

com artigos selecionados dos nossos dois portais, que já é enviado a cerca de

2.000 endereços de e-mail facilitando a escolha dos artigos de interesse dos nosso

dirigentes.

205.A grave crise financeira enfrentada pela CNM no começo da gestão 2003/2007

deu-se a diversos fatores dentre os quais a inadimplência dos sindicatos filiados, o

bloqueio desde 2001 da Contribuição Sindical e os cortes dos convênios do

governo para os programas do Instituto Integrar, responsável pela formação,

requalificação profissional e intermediação de mão de obra.

206.Com o aprofundamento dessa crise a atual direção estabeleceu uma política de

contenção de gastos e adequação da estrutura.

207.Essa política de saneamento financeiro levou a um forte corte da estrutura com

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diminuição da folha de pagamentos aliada a uma política administrativa austera.

208.Procedimentos de controle e autorização de despesas baseados na agenda de

atividades, ajudaram a execução orçamentária.

209.Neste período mais difícil, os Projetos Internacionais possibilitaram minimamente

a nossa intervenção política, uma vez que os próprios repasses estatutários eram

limitados em função da grande parcela de sindicatos inadimplentes, situação que

perdura durante todo mandato.

210.Extremamente importante e fundamental foi o acordo realizado envolvendo as

partes em litígio, CNM/CUT e CNTM/FS, no final de 2004, possibilitando o

desbloqueio de receitas e o restabelecimento dos nossos registro e código

sindicais.

211.Se por um lado foi um importante avanço a obtenção do reconhecimento de nossa

confederação, por outro ainda está por ser conquistado o reconhecimento oficial de

nossas federações, somente a FEM/SP conseguiu obter seu registro e código

sindicais.

212.A partir do 2º ano de mandato pudemos planejar a quitação das dividas e

recuperamos a “capacidade de investir”. Adquirimos a nossa sede própria, o que

trouxe várias vantagens complementares.

213. Uma dessas vantagens foi a economia com locação de auditório e equipamentos

para as reuniões e seminários de organização do ramo, visto que na nova sede

conseguimos instalações adequadas a essas e outras demandas.

214.Renovamos os nossos computadores e equipamentos, retomamos nossa

comunicação, reorganizamos nossa assessoria dando mais qualidade na ação

sindical junto às nossas Federações e sindicatos filiados.

215.Dentre os serviços que a CNM/CUT consegue prestar às suas entidades filiadas

nesse novo cenário, é a de assessoria jurídica com escritório em Brasília que dá

acompanhamento nos processos de nossos sindicatos junto ao MTE.

216.Porém ainda temos várias dívidas, obrigações e encargos de projetos passados

da CNM e do Integrar, gerados por problemas de execução e prestação de contas

o que, ao lado da contínua inadimplência de vários sindicatos, ainda

comprometem a nossa segurança financeira nos impedindo de ter um

planejamento orçamentário mais adequado.

Formação e Educação Sindical e Profissional dos Metalúrgicos(as) .217.Considerando a educação dos trabalhadores como uma questão estratégica para

à transformação social o desenvolvimento humano e econômico da nossa

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sociedade e da luta política da classe trabalhadora à CNM/CUT se esforçou em

manter as várias frentes desde debate com ações no intuito de construirmos e

lutarmos pela educação integral da nossa categoria.

218.Com a meta de construir uma rede com ação nacional unificada da política de

formação, se fortaleceu o coletivo nacional se retomou e reforçamos os coletivos

regionais com maior compreensão e adesão dos dirigentes, sindicatos e

federações. Mesmo assim ainda tivemos dificuldades de construir e levar até os

locais de trabalhos os debates feitos nas atividades nacionais e estaduais. Ainda

há falta de compromisso e responsabilidade com os encaminhamentos das tarefas

construídas e assumidas coletivamente e há descontinuidade da participação dos

dirigentes que ainda deve ser superada. No aspecto do conteúdo e do publico

participante conseguimos avançar com a maior participação das mulheres estas

representadas em torno de 30% no coletivo nacional e com algumas dificuldades

ainda em alguns estados. Os jovens apesar de ser maior a sua participação nos

coletivos ainda está muito longe da representatividade real da nossa base que gira

em torno de 23% de jovens nos locais de trabalho e muito poucos ainda nas

direções dos sindicatos.

219.Na abordagem dos conteúdos avançamos com a definição dos eixos estratégicos

da CNM/CUT, CCNT e a Organização sindical como temas desencadeadores que

perpassaram todas as atividades de formação. A partir dos eixos conseguimos

articular os projetos, atividades, otimizamos recursos financeiros, humanos e a

presença de dirigentes da direção da CNM/CUT, atingindo mais dirigentes e

militantes com os mesmos recursos e metas estabelecidas. Também acertamos

quando articulamos os eixos e temas desencadeadores com a agenda sindical

(reforma sindical, saúde das trabalhadoras (es) e conjuntura política do governo

LULA, conseguimos fazer bons debates e analises da disputa de classe em jogo

dando argumentos para a organização e preparação da base para à intervenção

nas eleições gerais.

220.Em termos de metas contribuímos para melhorar a compreensão do que significa

o CCNT e hoje pode se dizer que temos em torno de 500 trabalhadores que sabem

e conhecem a proposição e a estratégia da CNM/CUT para à CCNT, faltando por

tanto ainda atingirmos as base nas fábricas com este debate.

221.Mesmo com os avanços precisamos melhorar mais e ainda não conseguimos

fazer com que a maioria dos nossos sindicatos tenham uma política articulada e

permanente de intervenção e formação dos dirigentes e novos militantes sindicais

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permanecendo ainda um distância entre a base e o projeto nacional.

222.Na disputa pela contratação coletiva da educação integral das metalúrgicas e

metalúrgicos no espaço privado, dentro das empresas, conseguimos fazer com que

este debate chegasse até as direções das federações e sindicatos e nas pautas

das mesas de negociações mais não conseguimos ter argumentos, mobilização,

priorização e defesas que chegassem a nos levar a acordarmos em nossos

contratos coletivos a efetivação de programas, políticas e recursos negociados

para a educação dos trabalhadores. Mesmo assim tivemos uma experiência piloto

através do Integrar/MEC/ empresa Comil e sindicato dos metalúrgicos de Erechim

RS da negociação da educação dentro da fábrica de jovens da comunidade o

programa denominado escola na fábrica. Também avançamos na “mercedes” no

ABC, com o programa de formação dos trabalhadores para o trabalho seguro e

outras tratativas de alguns dos nossos sindicatos que não se efetivaram.

223.Com relação à intervenção da CNM/CUT nos aspectos e espaços da política

publica de educação a nossa contribuição foi importante e ajudou a estabelecer

novas políticas e ações dos governos.

224.A concepção de educação integral defendida pela CUT e difundida em nossos

programas através do Instituto Integrar que completou 10 anos em 2006, contribuiu

e influenciou na elaboração dos programas do governo LULA para à juventude,

escola de fábrica e as mudanças ocorridas nas escolas técnicas federais e em

prefeituras que desenvolvemos programas através do Integrar no RS e na Bahia.

225.Também à participação dos metalúrgicos (as) no debate do Sistema Publico de

Emprego promovido através de conferencias estaduais e duas nacionais foi

significativa. Organizados pela CUT e o companheiro Grana representante da CUT

no Codefat e através dos nossos secretários de formação das Federações e

sindicatos contribuímos e disputamos à maioria das resoluções que avançam para

a efetivação do Sistema Publico de Emprego.

226.Também através da secretária de política sindical contribuímos com a CUT

Nacional com a oportunidade que tivemos dentro do Fórum Nacional de

Democratização do Sistema S. Com a participação da CNM/CUT através da CUT e

outras centrais sindicais conseguimos negociar e consertar a participação dos

trabalhadores nos conselhos de deliberação no Senai, Sesi, Senac e Sesc. Está

representação e o poder de contribuir e consertar a política do Sistema S ainda não

foi é nem é aquela que sonhamos mas dá a oportunidade de pelo menos

conhecermos melhor o sistema para um debate mais qualificado e próximo do que

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esperamos do Sistema S.

227.Nos espaços públicos de debates sobre à educação e execução de políticas de

formação e qualificação profissional, atuamos de forma tímida, isolada, reservada e

sem uma estratégia nacional melhor definida.

228.Tivermos várias iniciativas dos sindicatos em relação a execução de programas

de formação à exemplo dos MET/POA/RS que é a entidade ancora do Consórcio

da Juventude e também contribuiu para o debate e a defesa da CNM/CUT na

defesa do aceso e concepção do ensino superior, a iniciativa dos metalúrgicos (as)

do ABC, Taubaté e Sorocaba na disputa dos valores das mensalidades dos

educandos do Senai nesta região. Houve também em alguns sindicatos à

participação nos debates regionais para a definição de PLANSEQs, (Planos

setoriais de qualificação profissional) naval, aeroespacial, siderúrgico, do qual à

CNM/CUT não teve pernas para acompanhar e assessorar e nem negociar um

programa nacional, com uma exceção do PLANSEQ/MAQUINAS

AGRICOLAS/Passo Fundo RS e o debate para um PLANSEQ NACIONAL no final

do ano de 2006 que ainda não se concretizou em função das mudanças ocorridas

no MTE.

Políticas Sociais.229.É preciso um novo olhar para uma ação positiva na agenda da entidade nos

quesitos Racial, Previdência Social, Saúde e Meio-Ambiente.

230.Apontamos também a necessidade de se elaborar uma política social voltada

para ações públicas frente ao Estado e a Sociedade, elevando assim o nome da

CNM-CUT ao patamar de representação política para os metalúrgicos e toda a

sociedade.

231.Existe uma expectativa de que não só a direção da CNM/CUT e as direções de

suas federações e sindicatos filiados possam efetivamente assimilar a grandeza

dessa frente de luta, que são as políticas sociais.

232.Assim, nosso desejo é que a teoria e a prática não fiquem só no discurso e possa

transformar-se em realidade o que efetivamente definimos em nossos congressos.

233.A CNM/CUT colaborou com a elaboração de propostas à 9ª Conferência Nacional

de Saúde do Trabalhador;

234.Participando também do 1º encontro paulista de avaliação e planejamento da

comunicação a serviço da saúde do trabalhador em 18/11/05;

235.Em parceria com os metalúrgicos de São Luís do Maranhão participamos do

Seminário de Saúde do Trabalhador nos dias 12 e 13 de Agosto de 2005,

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preparatório às Conferências Estadual e Nacional de Saúde do Trabalhador;

236.Elaboramos e apresentamos à FUNDACENTRO o projeto para a ação sindical na

saúde, segurança e meio-ambiente de trabalho junto aos metalúrgicos da CUT em

novembro de 2006;

237.Participamos da 1ª JORNADA SOBRE DIAGNÓSTICO DE AGRAVOS E

VIGILÂNCIA DA SAÚDE DE TRABALHADORES COM RISCO DE EXPOSIÇÃO

AO BENZENO em Santo André – dias 06 e 07/11/06;

238.A CNM/CUT realizou o Seminário Nacional do Coletivo de Saúde, Trabalho e

Meio-Ambiente nos dias 04 e 05/04/05;

239.Participamos com dois representantes no Curso de Formação de Formadores em

saúde do trabalhador – Projeto DGB/INST-CUT.

240.Desenvolvemos a luta pela reintegração e anistia dos metalúrgicos demitidos por

perseguição política. Desenvolvemos com a CUT um banco de dados, realizando

junto ao Ministério da Justiça gestões para anistia dos demitidos políticos do

período da Ditadura Militar, participando também de audiência pública em Brasília

dia 15 de março de 2006.

241.A CNM/CUT também participa do GT de Aposentadoria da CUT;

242.Desenvolvemos e encaminhamos ofício junto à Previdência Social no tocante à

Aposentadoria Especial;

243.Desenvolvemos junto com a CUT a campanha contra o COPES - Cobertura

Previdência Antecipada ... O ALTA DATA CERTA...

244.Organizamos o 1º Encontro Nacional Sindical de Representantes dos

Trabalhadores da Novelis Alumínio do Brasil em Salvador nos dias 07 e 08 de

fevereiro de 2007.

245.Participamos e estamos ajudando a unificar propostas para ações conjuntas no

setor siderúrgico nas bases da CNM /CNTM, com o apoio das Centrais CUT e

Força Sindical.

246.No 6º Congresso da CNM/CUT, em 2004, importantes resoluções foram

aprovadas que auxiliaram diretamente a organização das mulheres metalúrgicas

tais como:

247.a ratificação da cláusula estatutária da CUT que define a cota de gênero de no

mínimo 30% em instâncias como a CNM/CUT e as FEM/CUT;

248.a aprovação de cota para congressos, plenárias, delegações, seminários, cursos,

encontros, proporcional ao número de mulheres na base, sendo que as vagas

disponíveis para essa cota se não forem preeenchidas por mulheres não poderão

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ser preenchidas por homens;

249.A criação da Secretaria da Mulher da CNM/CUT.

250.Sem contar as outras resoluções que indiretamente ajudam na organização e na

conquista de direitos para as trabalhadoras metalúrgicas

251.Na primeira gestão da Secretaria da mulher, elaborou-se um plano de trabalho

para esses três anos que possibilitasse a estruturação da secretaria e auxiliasse as

lutas das mulheres metalúrgicas. Esse plano de trabalho teve como eixos centrais:

252.Campanha de sindicalização específica para mulheres.

253.Aumento da participação das mulheres na estrutura sindical metalúrgica.

254.Inserir na Reforma Sindical a discussão de Gênero.

255.Ampliação dos temas relacionados a Gênero nas negociações coletivas.

256.Sensibilização das direções das FEMs/Sindicatos para a temática de gênero.

257.Enfrentamento da violência contra as mulheres.

258.Participação nas instâncias formuladoras de políticas públicas de trabalho e

geração de renda, saúde, educação, etc.

259.Continuar o processo de formação e organização.

260.Implementar essas ações de forma coletiva com 1 representante da direção da

CNM/CUT – homens e mulheres – de cada região (GT Gênero).

261.Nesse período, esses eixos foram desenvolvidos, em um primeiro momento,

através de encontros e reuniões com as dirigentes de diversos Sindicatos de

Metalúrgicos, sendo possível acumular conteúdos e elaborar propostas de ação

sobre esses temas, e em um segundo momento, procuramos colocar essas

propostas de ação em prática.

262.De um objetivo de 1.807 sindicalizações em 17 Sindicatos, conseguimos 2.197

mulheres sindicalizadas em 1 ano, ou seja, conseguimos 22% acima da meta

estipulada.

263.O problema, é que ao todo foram 31 sindicatos que se comprometeram com a

campanha, mas como tivemos dificuldade de acompanhar essas informações pela

falta de compreensão da importância de uma campanha como essa por parte de

muitos sindicatos, não podemos avaliar o resultado dos outros 14 Sindicatos.

Faltou também a campanha geral pela sindicalização dos 30 mil metalúrgicos, que

poderia ajudar a campanha especificadas de mulheres.

264.A participação das mulheres nas entidades sindicais revelam ainda que um longo

caminho necessita ser trilhado para que efetivamente as mulheres estejam

inseridas na organização sindical no país.

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265.No ramo metalúrgico cutista onde se encontra certamente o melhor acúmulo a

respeito das questões de gênero, os dados impressionam pela pequena parcela de

dirigentes sindicais mulheres, a despeito do tamanho de suas bases.

266.Dos 2070 dirigentes sindicais de sindicatos filiados à CNM/CUT e federações,

apenas 129 são mulheres representando 6,23% do total, muito distante da média

de participação na base que está na casa dos 15% de mulheres.

267.No ano de 1998 contabilizamos 87 mulheres dirigentes, em 2004 esse número

subiu para 129 e em 2006 permaneceu em 129 companheiras nas direções dos

sindicatos e federações.

268.A CNM apresentou proposta de inclusão do recorte de gênero na estrutura

sindical que foi incorporada pela SNMT/CUT (Secretaria Nacional da Mulher

Trabalhadora da CUT) e pela CUT Nacional na proposta de Reforma Sindical;

269.A partir dos Encontros Nacionais e Regionais foi possível discutir e elaborar uma

proposta de pauta com clausulas especificas sobre a temática e orientar sua

inclusão em todos os Acordos e Convenções Coletivas.

270.Em 2006 iniciamos uma discussão que resultou na elaboração da proposta de

CCNT sobre o tema Creche para ser incluída a mesma clausula sobre creche em

todos as Convenções Coletiva. Agora, é preciso garantir o acompanhamento da

inclusão dessa clausulas nas pautas e o resultado nos acordos e convenções

coletivas em 2007.

271.Envolver o conjunto das diretorias sindicais no tema gênero, é questão

preponderante para o ramo e não apenas para as mulheres.

272.Em alguns importante sindicatos foram realizadas atividades de gênero com

recursos próprios e envolvendo o conjunto da diretoria, prática a ser multiplicada

em todo o ramo.

273.Sensibilização das direções das FEMs/Sindicato para o Código de conduta é

tarefa coletiva que precisa estar nas pautas de reuniões com as diretorias sindicais

onde foi discutido e aprovado o código de conduta das relações de gênero nas

entidades sindicais;

274.A CNM/CUT promoveu discussões nos encontros de gênero e nas atividades do

Coletivo de Política Sindical sobre o projeto de Lei Maria da Penha; recomendação

de divulgação nos jornais dos sindicatos, de moções de apoio, de pressão para

que os deputados aprovassem e finalmente, da divulgação da Lei aprovada;

275.Divulgação das ações e propostas da SPM e orientações para participação nas

Conferências Regionais, estaduais e Nacional promovido pela Secretaria;

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276.Saúde da mulher e direitos reprodutivos: debates e acompanhamento de ações

(principalmente do Plano Nacional/SPM) nas atividades de gênero e nos Coletivos

de Política Sindical principalmente do tema aborto e assédio moral e sexual; envio

de materiais para os sindicatos, acompanhando da tramitação das propostas sobre

aborto, e outras propostas relacionadas à saúde da mulher;

277.Envolvimento de 68 pessoas nos Encontros Nacionais (60 mulheres 8 homens) de

política sindical.

278.Envolvimento de cerca de 300 pessoas nas duas rodadas de encontros regionais

de política sindical.

279.A dificuldade encontrada foi que na primeira rodada participaram 51 homens e 64

mulheres, mas na segunda rodada, por falta de compreensão dos sindicatos, e sob

o argumento de não haver mulheres no movimento sindical metalúrgico,

participaram 109 homens e 31 mulheres, ou seja, um retrocesso na participação

das mulheres nos eventos regionais, mesmo sabendo que existem mulheres que

gostariam de participar dessas discussões, como ocorreu na primeira rodada.

Dificuldades Atuais280.Implementação da resolução aprovada no 6º. Congresso Nacional dos

Metalúrgicos da CUT, que prevê o mínimo de 30% ou a representação proporcional

de mulheres da base de cada sindicato. Apesar de ser uma resolução congressual,

a cultura nos sindicatos, assim como a cultura na sociedade, tem um processo de

mudança muito lento e a avaliação é de que se faz necessário uma mobilização

maior e também continuar com as discussão sobre esse tema junto aos sindicatos.

281.Mesmo com mulheres nas direções, existe certo isolamento, ou seja, as ações

relativas a gênero ficam circunscritas às mulheres: são elas que executam e

participam, com pouca ou nenhuma participação dos homens. Nesses últimos três

anos, alguns sindicatos deram uma atenção maior para o tema, envolvendo o

conjunto dos dirigentes homens e mulheres.

282.A falta de estrutura para realizar as atividades ligadas a essa temática continua

sendo outra dificuldade que ainda não está totalmente resolvida. Apesar de ter

ocorrido grandes avanços, já que importantes sindicatos estão disponibilizando

recursos, estrutura, pessoal para organizar atividades especificas sobre o tema,

como ocorreu em Porto Alegre, Rio de Janeiro e em Santa Catarina e em Caxias

do Sul.

283.Novas dirigentes estão assumindo cargos nas direções sindicais sem o acumulo

das dirigentes que estão assumindo novos postos em outras estruturas sindicais ou

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na sociedade.

284.Falta o acompanhamento de indicadores necessários para a avaliação das ações

da secretaria, por falta de estrutura (assessoria) na CNM/CUT.

285.Apesar da creche ser uma necessidade para garantir a participação efetiva das

mulheres metalúrgicas na vida sindical, apenas nas atividades de gênero e nos

congressos é que existe esse serviço. Em todas as outras atividades, que também

deveriam contar com a participação das mulheres (como prevê a resolução do 6º

Congresso), não há o oferecimento de creche para as companheiras e os

companheiros que necessitam desse serviço, para poderem participar plenamente

desses eventos.

286.A CNM/CUT desenvolveu duas atividades formativas no tema racial através de

SEMINÁRIOS de capacitação para Contratação Coletiva dos Direitos de Igualdade

e Oportunidade nos anos 2004 e 2005;

287.A CNM/CUT também teve participação na Comissão Nacional Contra a

Discriminação Racial – CNCDR/CUT, na organização e direção do INSPIR, na

Marcha Zumbi + 10.

288.Demos encaminhamentos relativos ao planejamento da CNCDR e dos grupos de

trabalho constituídos;

289.Participamos da organização e contribuímos com o debate para a 1ª Conferência

Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial;

290.Encaminhamos à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial o

projeto de formação de formadores em Direitos Humanos, objetivando promover a

ação de cidadania e a igualdade de oportunidade no Ramo Metalúrgico;

291.A Confederação tem participação no 2º Congresso Brasileiro de Negros e Negras,

que terá sua plenária final em março de 2008;

292.Tivemos dificuldades em relação ao coletivo de Raça. Não houve apoio para o

funcionamento e para os desdobramentos do último seminário e para as ações a

serem desenvolvidas no ramo.

293.No transcorrer desse mandato a Confederação desempenhou importante papel

nas disputas que se estabeleceram na sociedade.

294.Fomos às ruas para cobrar o governo Lula as medidas de interesse de nosso

ramo, caminhamos pela correção da tabela do Imposto de Renda e por uma

política de valorização do Salário Mínimo.

295.Lutamos por mudanças na política econômica, pela recuperação nos níveis de

emprego e investimentos em nosso ramo, apontamos caminhos e tecemos a crítica

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de quem propõe a construção de uma sociedade melhor.

296.Escrevemos com nossos atos uma parte da história desse país, não hesitando

jamais em defender os interesses dos metalúrgicos e metalúrgicas.

297.Lutamos nas campanhas salariais de cada sindicato de cada cidade e em cada

pedaço desse país.

298.Entretanto ainda há muito que se construir, as negociações deverão caminhar

juntas numa grande campanha salarial nacional em busca do Contrato Coletivo

Nacional de Trabalho.

299.Onde os metalúrgicos e metalúrgicas de norte a sul estejam coesos numa

campanha pela eliminação das diferenças salariais e por uma jornada única.

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Organização Sindical

Das expectativas da Reforma Sindical à luta pelo Contrato Coletivo Nacional

de Trabalho.300.Com a eleição de Lula em 2002, uma nova perspectiva surgia para a classe

trabalhadora, a origem operária de Lula fundador da CUT, presidente de honra da

CNM e defensor de um sindicalismo autêntico, apontava para uma renovação na

organização sindical do país.

301.A instalação já em seu primeiro ano de mandato, 2003, do Fórum Nacional do

Trabalho foi uma ação de governo, na tentativa da construção de um consenso em

torno de uma proposta de reforma sindical que pudesse ter respaldo dos

trabalhadores e a aprovação no legislativo.

302. O FNT teve por objetivo constituir-se num espaço de diálogo e negociação

entre patrões governo e trabalhadores, propondo ao Congresso Nacional uma

reforma sindical estabelecendo uma nova normatização para as relações de

trabalho necessária para o Brasil.

303.Entretanto não se pode esquecer que o processo para mudanças na estrutura

sindical oficial não começa com o FNT,o próprio fórum é consequência disso e o

processo começa antes, muito antes.

304.O FNT é antiga reivindicação do movimento sindical cutista, entretanto nossa luta

não se resume a isso.

305.Em 1995 a 7ª Plenária Nacional da CUT, Zumbi dos Palmares, aprovava a figura

da negociação tripartite, aos moldes do que ocorreu no FNT.

306.“As mudanças a serem implementadas pela transição devem todas decorrer de

um processo prévio de negociação tripartite(Centrais sindicais, Estado e entidades

patronais) e, posteriormente, enviadas ao Congresso Nacional para conversão de

seu conteúdo em emendas constitucionais, leis complementares e ordinárias. O

resultado desse processo de negociação tripartite deve configurar um documento

único e global, no qual estejam indicados todos os aspectos a serem alterados e

quais as medidas concretas a serem adotadas para cada ponto”.

307.Os debates ali travados pela CUT objetivaram a implantação do Sistema

Democrático de Relações de Trabalho, SDRT, elaborado em 1992 pela Central,

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como base para uma reforma sindical que atendesse aos interesses da classe

trabalhadora rumo à liberdade e autonomia sindical.

308.A própria fundação da central ambientada nos anos da ditadura militar é sinal da

determinação deste novo sindicalismo em vencer as amarras que a legislação

impõe à livre organização dos trabalhadores.

309.Ainda hoje, passados 24 anos da fundação da CUT, não há o reconhecimento

sindical oficial da central, numa clara mostra de que há um anacronismo na

legislação sindical brasileira.

310.E esse anacronismo tem um propósito evidente, garantir a sobrevivência de

entidades sindicais que mesmo distanciadas das bases mantêm-se às custas das

contribuições compulsórias que recaem sobre as massas trabalhadoras.

311.Essas entidades ocupam valioso espaço na estrutura sindical não permitindo uma

organização democrática e transparente à serviço dos trabalhadores, são na

prática aparelhos das empresas contra o avanço das lutas da classe trabalhadora.

312.Essas entidades sindicais nascidas e amparadas por um sistema de atrelamento

sindical ao Estado, exercem forte pressão no parlamento para que não se altere

uma legislação que os beneficia diretamente desde 1943.

313.No Brasil mudaram-se os governos e constituições, entretanto a estrutura sindical

brasileira continua com seus pilares fundamentais, a unicidade sindical, o imposto

sindical e o poder normativo da Justiça do Trabalho.

314.Esses pilares fundamentados na era Vargas atravessaram ilesos várias

alternâncias entre períodos de democracias e de ditaduras.

315.Sobreviveram à deposição de Vargas em 1945 e em 1954, fortaleceram-se após

1964 com a ditadura militar que derrubou João Goulart, continuaram nos governos

Collor Itamar e FHC e no primeiro mandato do governo Lula, permanecendo até

hoje, mesmo após as mudanças ocorridas na constituição em 1988, e das

propostas surgidas do FNT.

316.Além de seu papel nefasto junto à organização da classe trabalhadora instituíram

mais uma contribuição compulsória sobre os trabalhadores, a Contribuição

Confederativa.

317.Esse sinal de longevidade traduz a hegemonia que a Direita sempre teve no

parlamento brasileiro e seu interesse em manter vigente uma legislação que

impeça a livre organização da classe trabalhadora.

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318.Os movimentos do governo Lula, primeira experiência de um núcleo dirigente de

Esquerda no executivo, em instituir uma ampla reforma sindical no país traduziram-

se na constituição do FNT.

319. O FNT é portanto proposição da CUT e tradução do compromisso do governo

Lula com as propostas da central em democratizar as relações de trabalho.

320. O FNT realizou 36 reuniões oficiais em Brasília, cerca de 500 pessoas

participaram efetivamente dessas reuniões.

321.Essas reuniões trabalharam em cima dos resultados dos debates dos Grupos

Temáticos sobre Organização Sindical, Negociação Coletiva e Composição de

Conflitos.

322.Nas Conferências Estaduais do Trabalho realizadas em todo o país mais de 20 mil

pessoas, ligadas ao mundo sindical, participaram das discussões em torno da

reforma sindical, entre julho e setmbro de 2003.

323.Produzindo propostas consensuais que deram base para a elaboração da

Proposta de Emenda Constitucional, PEC, nº 369/05 e dos Projetos de Lei

necessários à nova adequação.

324.Foi um processo rico em debates tanto no FNT, quanto no interior da Central.

325.A 11ª Plenária Estatutária da CUT Nacional estabeleceu resolução a respeito da

reforma sindical aprovando uma plataforma democrática que tivesse uma maior

ressonância junto às entidades sindicais das centrais envolvidas nos debates.

326.O governo encaminhou ao Congresso a PEC e os PLs da reforma.

327.A PEC 369, da reforma sindical, apresentada pelo poder executivo ao Congresso

desde 04 de março de 2005 encontra-se ainda sob análise da CCJC aguardando

parecer.

328.Entretanto de fato a reforma sindical não veio. Não veio também o fim do

Imposto Sindical, da Unicidade Sindical e o Poder Normativo da Justiça do

Trabalho.

329.A tentativa do governo Lula em promover o reconhecimento das Centrais através

de medida provisória em maio de 2005 não obteve êxito.

330.A correlação de forças no Congresso Nacional não nos é favorável, os partidos

de Esquerda vinculados com as lutas operárias operárias e comprometidos com o

sucesso do governo Lula, PT e PCdoB, possuem apenas 95 deputados em

exercício.

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331.Apesar da vitória de Lula ter obtido 62% dos votos, a Esquerda não conseguiu o

mesmo percentual no Congresso Nacional, isso reflete a pouca representação dos

partidos de esquerda na base da sociedade, não somos ainda a maioria.

332.Em decorrência disso as medidas provisórias de número 293 e 294 que

reconheciam as Centrais Sindicais e instalavam o Conselho Nacional das Relações

do Trabalho foram rejeitadas por influência direta das confederações pelêgas, para

desobstrução da pauta no Congresso.

333.O cenário parlamentar portanto, não aponta para um caminho suave às

proposições do Fórum Nacional do Trabalho e às reivindicações do movimento

sindical cutista.

334.O movimento sindical cutista entretanto nunca ficou refém do poder do Estado, ao

contrário, surgiu à sua revelia e contra a estrutura sindical oficial.

335.Objetiva um sindicalismo democrático, de luta e de massas, classista e pela base,

autônomo e libertário, construtor e artífice de sua história.

336.Dentro dessa concepção sindical os metalúrgicos sempre inovaram no Brasil com

experiências de organização sindical que na prática apontam para a superação das

limitações que a legislação apresenta.

337.A constituição das Comissões de Fábrica, Sistema Único de Representação e

Comitês Sindicais de Empresa são exemplos de um sindicalismo vivo, atuante e

em profunda sintonia com as bases.

338.A constituição dos Comitês Sindicais de Empresa, portanto deve ser objetivo dos

sindicatos filiados, de acordo com as resoluções do 6º Congresso dos Metalúrgicos

da CUT.

339.“Que enquanto não for promulgada a Lei que trata da Reforma Sindical, que

sejam firmados Acordos, Convenções e Contratos Coletivos de Trabalho,

ampliando as atribuições dos dirigentes sindicais de base; dos membros do

Sistema Único de Representação, das Comissões de Fábrica, dos Cipeiros

apoiados pelos sindicatos, além de criar novos núcleos de Sistema Único de

Representação e ou Comissões de Fábrica, preocupando-se em proteger o

representante dos(as) trabalhadores(as) contra atos ANTI-SINDICAIS, com a

observação de, logo após a promulgação da Legislação Sindical, se tornar,

automaticamente, ou não, em um Comitê Sindical de Empresa.”

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340. E é essa a concepção e a prática sindical que nos caracteriza, os metalúrgicos

e metalúrgicas da CUT sempre ocuparam espaço de protagonismo no movimento

sindical brasileiro.

341.Fortalecendo as organizações de base e articulando as lutas dos sindicatos

nacionalmente, objetivando a contratação coletiva nacionalmente articulada que

promova a diminuição da exploração e a melhoria das condições de trabalho de

todos os metalúrgicos e metalúrgicas.

342.Assim foi que no 4º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT a luta pelo

CCNT foi aprovada como ação estratégica e central. Essa resolução e a estratégia

da CNM/CUT foi sendo atualizada periodicamente, de acordo com as experiências

que traziam novas idéias, e no 6º. Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT a

resolução aprovada sobre o CCNT foi:

343.“O Contrato Coletivo Nacional de Trabalho visa estabelecer uma base mínima,

de caráter nacional, geral e articulado, sobre a qual os metalúrgicos vão

desenvolver as demais negociações. Ele é de caráter geral, porque seu conteúdo é

o de estabelecimento de condições mínimas, que não suplantarão as negociações

específicas, locais. Mas é também articulado porque deverá desdobrar-se nas

mais diversas regiões e estados do País até o nível de empresa, visando adaptar-

se às diferentes realidades nacionais.”.

344.Com a prática da luta fazendo a lei, a CNM/CUT objetiva uma ação unitária

nacional onde o Contrato Coletivo Nacional de Trabalhado, CCNT, torne-se

instrumento de luta para a diminuição das diferenças econômicas regionais entre

os trabalhadores em nosso ramo.

345.Já em 1999 quando o chamado festival de greves do setor automotivo, obteve

repercussão em todo o país, a discussão sobre o CCNT ganhou corpo

representando um marco político nessa luta e uma melhoria considerável nos

Acordos Coletivos nas diversas unidades do setor automotivo daquele ano.

346.As mudanças na configuração geográfica da indústria no país, descentralizando-

se pelas diversas regiões, impulsionou os trabalhadores a definirem ações

nacionais e uma organização nacional desde o chão de fábrica até o nível nacional,

com Comitês ou Redes Nacionais de Empresas.

347.Esse movimento proporcionou no ano de 2004 e 2005 que as campanhas

salariais dos Sindicatos com montadoras em sua base, no estado de São Paulo e

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Curitiba, realizassem a mobilização e as negociações conjuntamente, aumentando

o poder de negociação e melhorando o resultado final dos Acordos Coletivos.

348.Ações nesse setor também possibilitaram que as novas unidades pudessem

diminuir as diferenças salariais, na PLR e de jornada nas diferentes regiões, como

em Volta Redonda/RJ, Camaçari/BA, Paraná, São Carlos/SP e Rezende/RJ.

349.Entretanto essas experiências de organização ainda não se expraiaram em toda

a base de representação da CNM e tampouco no restante do país.

350.Calibrar nosso foco de ação rumo ao CCNT é portanto, das ações mais

importantes e necessárias para que se possa, além de diminuir as diferenças

econômicas regionais, evitando que o custo do trabalho seja diferencial competitivo

regional, estabelecer uma cultura de unidade e ação indo na contra mão do atual

sistema oficial de organização sindical que a legislação brasileira nos impõe.

351.O objetivo de dividir para dominar, implícito na estrutura sindical brasileira, diante

de ações nacionais da classe trabalhadora tende a ser fragilizado e por fim

superado.

352.Assim a campanha nacional que a CNM promove em busca de um contrato

coletivo nacionalmente articulado, que passa pela unificação da data base em

setembro, mes de maior atividade econômica, é importante instrumento para de

fato transformar o cenário de negociação isolada dos sindicatos para um cenário

de negociação nacional dos trabalhadores.

353.Essa campanha nacional só será vitoriosa se conquistar as mentes e corações

com o princípio da unidade de todos os metalúrgicos e metalúrgicas no Brasil.

354.O Contrato pressupõe uma negociação permanente sobre os mais diversos

pontos, o que, por conseguinte, acarretará constante produção de novos acordos

melhorando ou complementando o contrato nacional ou ainda estabelecer

contratos sobre questões ou pontos específicos, devendo cada novo acordo

produzido ser incorporado ao Contrato, como parte constitutiva dele.

355.Outro ponto importante é que nenhuma cláusula acordada poderá perder validade

antes que um novo acordo seja assinado.

356.O modelo de Contrato Coletivo Nacional de Trabalho seria composto de diversos

níveis organizativos que, articulados, se complementariam:

357.Contrato em nível nacional: Válido para todos os trabalhadores do ramo

metalúrgico ou para um setor do ramo metalúrgico. Deve abarcar aspectos comuns

a toda a categoria do ramo, bem como os relativos à garantia do processo de

negociação. Nesse caso, negociamos com as organizações da indústria

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metalúrgica de âmbito nacional, como, a CNI ou associações e sindicatos setoriais

nacionais, como Sinfavea, Sindipeças, Sindimaq.

358.Estadual ou interestadual: Avançamos nas FEM’s e FIEM’s a partir das conquistas

do Contrato Nacional onde a organização dos trabalhadores é mais forte e onde há

maior poder de luta. As contra-partes nesse processo de negociação/contratação

seriam as Federações Estaduais da Indústria, como FIESP, FIRJAN, FIEMG,

FIEPE, FIERGS, etc.

359.Regional ou Municipal: Na mesma lógica das negociações estaduais, os acordos

regionais irão procurar melhorar as condições definidas no Contrato Nacional ou

Estadual, ou ainda, negociar questões especificas não previstas nesses acordos.

360.Contratos por empresa/fábrica: Através dos quais são negociados aspectos

específicos de cada empresa/fábrica, tais como: aumentos reais em níveis

superiores aos já obtidos, ritmo de trabalho, PCS, PLR, PPR reestruturação da

produção (abrangendo novas tecnologias e mudanças organizacionais), condições

específicas de trabalho, entre outros. As contrapartes seriam os grupos

empresarias e as direções das empresas diretamente.

361.Entretanto, dificuldades conjunturais se apresentam como obstáculos a serem

superados para a implantação do CCNT.

362.Atualmente não existe em nossa legislação um marco legal que dê suporte ou que

se oponha a esse tipo de negociação coletiva no Brasil, é necessário observar

como garantir a implantação do contrato nacional, fiscalização, etc, para que ele

tenha efetividade.

363.Como não existe marco legal, também não existe definição de quem seria o

interlocutor nacional. Apesar de diversas entidades patronais em nível nacional e

estadual que poderiam ser os interlocutores, legalmente não existe obrigação ou

proibição para que uma negociação desse tipo se realize, o que significa a

necessidade de maior organização e mobilização dos trabalhadores para forçar

uma negociação.

364.Muitos sindicatos, apesar de participarem de diversos fóruns, encontros, reuniões

e mesmo Congressos que definiram a luta pelo CCNT como central para os

metalúrgicos, ainda têm dúvidas quanto ao papel de cada instância na negociação

do CCNT e mesmo sobre como caminhar para conquista-lo. Os sindicatos com

papel fundamental no desenvolvimento desse processo, devem estar convencidos

dessa campanha, a risco de muitas dificuldades continuarem existindo.

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365.O debate sobre o convencimento dos sindicatos, apesar do tempo em que vem

sendo feito ainda precisa continuar.

366.Uma campanha nacional de divulgação conjuntamente com a Campanha

Nacional Unificada junto aos trabalhadores, explicando a necessidade do CCNT,

faz-se necessária.

367.As enormes diferenças regionais, se por um lado revelam-se como o principal

objeto do CCNT, são também uma dificuldade a mais, pois a base de partida pode

ser muito baixa, além de questões como grau de organização e sindicalização.

368.A unificação das datas base é elemento fundamental, apesar de uma

concentração de datas-base em maio, setembro, outubro e novembro – que já

soma 4 meses de negociação -, temos outros sindicatos espalhados por todos os

meses do ano, de janeiro a dezembro.

369.Isso dificulta a organização, porque pulveriza as negociações, faz com que os

empresários se utilizem de chantagens sobre o tipo de acordo fechado em outro

local, ou sobre o que não foi fechado ainda, entre outras.

370.O passo mais importante para conquistar o CCNT, ou mesmo para melhorar as

condições de negociação coletiva em cada sindicato, é unificar a data-base dos

metalúrgicos em uma única data, a exemplo de outras categorias, como os

bancários e os petroleiros.

371.A proposta é de que a data-base unificada seja o mês de setembro que

historicamente, se apresenta como mês estratégico e de produção elevada para

os setores da indústria metalúrgica.

372.É de suma importância que os sindicatos incluam nas campanhas a mudança de

data-base.

373.Precisamos incluir em todas pautas de negociação das Convenções as clausulas

da pauta nacional, dando destaque na negociação regional nos sindicatos para

esses pontos.

374.Para isso, é importante ter a elaboração de cláusulas-padrão também discutidas

com as instâncias dos metalúrgicos da CUT.

375.A busca de organização dos setores do ramo metalúrgico apresenta diferentes

acúmulos, devido a fatores de dispersão pelo território nacional, grau de

organização sindical, tamanho e diversificação das empresas de determinado

setor, típico de cada processo, entre outros motivos.

376.Precisamos, portanto, atacar centralmente naqueles em que já temos maior

acúmulo organizativo. Sugerimos para esse fim os setores Automotivo e

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Siderúrgico, que discutirão neste Congresso sua proposta de pauta e plano de

lutas, a ser referendada também nas instâncias organizativas dos metalúrgicos da

CUT, e paralelamente às negociações nacionais, estaduais e regionais, nas quais

também estarão incluídos.

377.Esses dois setores estabelecerão um cronograma de mobilização e negociação

próprios, mas sem deixar de lado a luta pelo CCNT Nacional.

378.O objetivo é que se fecharmos um acordo em um desses setores, consigamos

criar um exemplo, um paradigma para a negociação nacional dentro de um setor

da indústria metalúrgica, o que pode irradiar para outros setores e mesmo

nacionalmente.

379.Outro modo de criar um exemplo que pode irradiar positivamente nas negociações

nacionais é a negociação nacional em uma empresa com diversas unidades no

território nacional, à exemplo da Mahle em fevereiro de 2007.

380.Sabemos que as diferenças, por exemplo, salariais entre unidades de uma

mesma empresa no Brasil, chegam a ser mais que o dobro.

381.A partir de encontros nacionais com representantes sindicais das redes com

diversas unidades dessas empresas, elaborar pauta nacional e estabelecer

cronograma de negociação. Nesse caso as negociações podem girar em torno de

temas como representação no local de trabalho, piso salarial entre as unidades,

PLR, PCS, benefícios, saúde e segurança, entre outros temas.

382.Novamente, as ações serão realizadas paralelamente às negociações nacionais e

setoriais nacionais, somando forças para as outras negociações. Outras empresas

em que a CNM/CUT desenvolve ações de organização de Redes ou Comitês

Nacionais de Empresa também devem continuar sua luta, destacamos essas

apenas pelo grau de acumulo organizativo já existente.

383.Como se vê a organização dos metalúrgicos em redes e comitês torna-se

importante ferramenta na construção do CCNT, pois estabelece metas comuns e

fortalece uma cultura de unidade entre os trabalhadores.

384.Objetivando a lógica da luta sindical nacional por ramo de atividade e combatendo

a pulverização da organização sindical como o sindicalismo por empresa.

385.Rompe as barreiras que o sistema oficial tenta nos impor e unificando a luta

regional ou nacionalmente, cria as bases para uma organização sindical à serviço

dos trabalhadores.

386.A reforma sindical que tanto é necessária vai se dando a partir das lutas,

precionando o governo e parlamento e apontando para uma sociedade mais

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solidária, unindo o país de norte a sul em lutas comuns contra o sistema que nos

explora.

387.Criar uma cultura de negociações nacionais com um olhar de abrangência

nacional para a classe trabalhadora é colocar em evidência a estrutura sindical

oficial e a sua característica função de limitar e fracionar as lutas.

388.Dar um caráter nacional à luta por um Contrato Coletivo é explicitar a estratégia

de exploração do grande capital e dar respostas para combatê-la.

389.Nossa melhor contribuição para que a reforma sindical torne-se uma realidade à

serviço da classe trabalhadora é conquistar-mos o CCNT, fazendo dessa conquista

um caminho a ser seguido e aprimorado.

390.Fortalecer a luta dos metalúrgicos e metalúrgicas em todo o país pelo CCNT é

importante passo para que a reforma sindical possa efetivamente sair do papel e

tornar-se uma realidade para todos.

391.Dando dimensões nacionais à nossa luta estaremos mais uma vez apontando o

rumo para um país melhor e para todos.

392.Economia Solidária, Ações Solidárias e Cidadãs.393.O 6º Congresso da CNM/CUT definiu uma série de resoluções para a intervenção

dos metalúrgicos no campo da economia solidária.

394.Aprovou-se uma política de continuar promovendo a organização nacional

dos(as) metalúrgicos(as) da CUT, com os seguintes objetivos:

395.Fomentar a construção da estratégia de classe para fazer a disputa neste campo;

396.Fomentar e implementar o debate junto aos sindicatos dos(as) metalúrgicos(as),

articulado com a ADS, UNISOL/Central de Empreendimentos e outras;

397.Continuar apresentando sua proposta ao Governo Lula, através da Secretaria de

Economia Solidária e outras;

398.Mapear as experiências no Ramo;

399.Organizar o Coletivo Sindical Nacional, os Coletivos Sindicais Estaduais e os

Coletivos Sindicais Locais de Economia Solidária, que terão as seguintes

atribuições:

400.Elaborar diretrizes para a intervenção política dos(as) metalúrgicos(as) em

conformidade com a concepção e prática cutista neste campo;

401.Disputar, no Espaço Público, Políticas Públicas que interessem a economia

solidária na ótica dos(as) trabalhadores(as) da Central;

402.Fomentar o debate sobre este tema na agenda sindical para fortalecer a ação dos

grupos e do movimento sindical;

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403.Combater as falsas cooperativas;

404.Mapear as empresas potenciais que poderão se tornar cooperativas;

405.Constituir um espaço de articulação, intercâmbio e ações conjuntas de

fortalecimento das várias alternativas.

406.A sintonia dos delegados e delegadas no 6º congresso em tecer propostas que

dessem uma organicidade às experiências e iniciativas solidárias, mostrou-se em

consonância com a fundação em agosto de 2004 da UNISOL, União e

Solidariedade das Cooperativas Empreendimentos de Economia Social do Brasil.

407.A UNISOL, associação civil sem fins lucrativos e de âmbito nacional, possui

uma natureza democrática, cujos fundamentos são o compromisso com a defesa

dos interesses reais da classe trabalhadora, a melhoria das condições de vida e de

trabalho das pessoas e o engajamento no processo de transformação da

sociedade brasileira em direção à democracia e a uma sociedade mais justa.

408.Com base em laços de solidariedade e cooperação, tem por objetivo principal

reunir as entidades, empresas coletivas constituídas por trabalhadores e quaisquer

outras modalidades de pessoas jurídicas, que atendam às finalidades do seu

estatuto a fim de promover efetivamente a melhoria sócio-econômica de seus

integrantes, garantido-lhes trabalho e renda com dignidade.

409.Essa importante ação do movimento sindical e em especial a do ramo

metalúrgico, traduz o momento histórico em que estamos vivendo e a posição de

buscar alternativas à exploração que os trabalhadores estão submetidos no

capitalismo

410. Portanto é imperioso que essa iniciativa traduzida na UNISOL tenha um

importante espaço para divulgação visando o debate necessário junto à classe

trabalhadora de que existe alternativa ao sistema em que estamos enredados.

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*A organização nacional do Cooperativismo de Economia e

Crédito Solidário411.A Central Única dos Trabalhadores criou em 1999 a Agência de Desenvolvimento

Solidário ADS, com o papel de promover a constituição, fortalecimento e

articulação de empreendimentos auto-gestionários, buscando a geração de

trabalho e renda através da organização econômica, social e política dos

trabalhadores, inseridos em um processo de desenvolvimento sustentável e

solidário.

412.A Agência de Desenvolvimento Solidário deu início à incubação do Sistema

Nacional de Economia e Crédito Solidário - Ecosol, através de um intenso trabalho

de capacitação e assessoria às cooperativas de crédito nos aspectos políticos,

organizacionais e financeiros, apoiada pela Secretaria da Agricultura Familiar, do

Ministério do Desenvolvimento Agrário e por parceiros internacionais como o ICCO

– Organização Intereclesiástica para a Cooperação ao Desenvolvimento, Fundação

Rosa Luxemburgo, DGB Bildungswerk – Centro de Formação da Central dos

Sindicatos Alemães.

413.A primeira etapa da ADS – Agência de Desenvolvimento Solidário possibilitou a

constituição de cooperativas em dez Estados e a organização de duas centrais de

cooperativas: a ECOSOL e a UNISOL. Agora, o que se pretende é a ampliação

desta parceria para todo o território nacional.

414.Já temos demandas para isto, como já temos a presença dos parceiros potenciais

em todos os estados e microrregiões.

415.O Banco Central, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco do

Nordeste, o Banco da Amazônia, os Bancos de Desenvolvimento e alguns bancos

privados já estão contribuindo ativamente para a inclusão financeira.

416.Precisamos, através das Cooperativas, contribuir para a inclusão econômica e

social, contribuindo para que a população excluída dê um salto de qualidade de

vida de forma duradoura e sustentável.

417.O ECOSOL – Sistema Nacional de Cooperativas de Economia e Crédito Solidário

– constituído por Cooperativas de Crédito Singulares, Postos de Atendimento ao

Cooperado (PACs), Bases de Apoio e pela Cooperativa Central de Crédito,

funciona de maneira articulada através de sistemas de informação, comunicação e

de governança cooperativa, administrados pela central em permanente contato –

on-line – com as cooperativas singulares e com o Banco Central.

418.O Sistema ECOSOL é de propriedade indireta dos cooperados das cooperativas

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singulares; não possui finalidade lucrativa e tem como critério básico de eficiência o

pleno atendimento das necessidades financeiras dos cooperados.

419.A estratégia da ação do Sistema ECOSOL é a Inclusão e Organização Financeira

da população de baixa renda, que é historicamente pertencente a comunidades

excluídas dos serviços financeiros formais e do acesso às agências bancárias.

420.Ademais, os serviços financeiros tradicionais são freqüentemente inadequados às

necessidades financeiras desta população, motivo pelo qual o Sistema ECOSOL

trabalha pela ampliação e consolidação da oferta de serviços e produtos

financeiros adequados às necessidades das comunidades por ele atendidas, como

também pela ampliação do volume de recursos financeiros destinados a tais

serviços e produtos financeiros, como meio de promover a alavancagem da renda

global destas comunidades.

421.Para que o Sistema ECOSOL possa cumprir a contento a estratégia de Inclusão e

Organização Financeira desta população, torna-se imprescindível a ampliação de

sua base de atuação, seja através da constituição de Postos de Atendimento ao

Cooperado (PACs), seja através da constituição de novas Cooperativas de Crédito

Singulares.

422.Estes dois caminhos de ampliação condizem com o princípio da descentralização

do sistema financeiro ao nível das comunidades, que visa potencializar as finanças

comunitárias e é o motivador principal da proposição atual do Sistema ECOSOL

pela organização de Comitês de Finanças Comunitárias, que serão coletivos

informais constituídos pela contratação recíproca de parceiros locais do Sistema

ECOSOL.

423.No governo Lula houve avanços nesta área, mas precisamos avançar ainda mais

no combate à pobreza e à exclusão.

424.Nossa proposta combina a legitimidade dos mais de três mil sindicatos filiados à

CUT, estruturados nos diversos Ramos Estaduais e Nacionais, com a necessidade

de, em conjunto, viabilizar a organização das famílias dos trabalhadores, das

comunidades e dos diversos segmentos econômicos.

425.Por exemplo: pela legislação atual do Banco Central, cada sindicato precisa fazer

sua cooperativa. Como cada Ramo da CUT tem, em média, mais de cem

sindicatos filiados, em vez de se constituir milhares de cooperativas, cada Ramo

constitui apenas uma cooperativa nacional, criando-se postos de atendimento aos

cooperados – PAC’s, nos municípios e regiões.

426.Nos Estados serão constituídas Bases de Apoio ou Central

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Estadual/Interestadual. As cooperativas já existentes, como as dos Metalúrgicos,

Bancários, Agricultores Familiares e Servidores Públicos, gradativamente deverão

fazer o processo de fusão nos seus respectivos Ramos, fi cando as atuais como

responsáveis pelo processo de ampliação da base territorial para serem nacionais,

conforme os ramos existentes na CUT.

427.Da mesma forma, consideramos imprescindível a constituição de uma cooperativa

nacional dos trabalhadores organizados em empreendimentos auto-gestionários e

de economia solidária, particularmente os fi liados à UNISOL.

428.Esta é uma proposta de concepção estratégica de crescimento do cooperativismo

solidário e que contribui muito para diminuir o trabalho informal e desprotegido,

além de complementar o universo dos trabalhadores assalariados. Da mesma

forma que construímos a CUT a partir de um Congresso Nacional e posteriormente

os sindicatos foram-se filiando à Central, as cooperativas nacionais por ramos de

trabalhadores vinculados à CUT, também poderão combinar o esforço nacional

com o trabalho local já desenvolvido pelos sindicatos e pelos movimentos sociais.

429.A CUT começou com quarenta filiados, hoje são mais de três mil. As cooperativas

estão começando com alguns milhares, mas logo pretendemos ser vários milhões.

Afinal, fora do sistema bancário o Brasil possui mais de trinta milhões de

trabalhadores.

430.Finalmente, quando todo mundo reclama das taxas de juros realizadas pelos

bancos e pelo governo, nossa rede nacional de cooperativas de crédito e economia

solidária pretende contribuir efetivamente para mostrar que é possível oferecer

juros mais baixos para os trabalhadores que querem investir nas suas famílias e

comunidades, valorizando a economia solidária e o bem-estar social. Afinal, se um

outro mundo é possível, vamos construí-lo!*Extraído das Resoluções do 9º CONCUT

POLÍTICA NACIONAL DE FORMAÇÃO DA CUTPrincípiosClassista e de Massas

431.A formação da CUT busca capacitar os trabalhadores e trabalhadoras para a

organização e a ação sindical necessárias às conquistas dos seus objetivos. Atua

no sentido de despertar a consciência de classe e a percepção da importância da

unidade para a luta. Tem como meta atingir amplos setores dos trabalhadores,

procurando articular as dimensões do cotidiano do local de trabalho com as

demandas da classe.

Indelegável

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432.A formação é uma política permanente da CUT que vincula-se, portanto, ao seu

projeto político-sindical e tem como referência as resoluções de suas instâncias.

Sua formulação, execução e sustentação financeira são de responsabilidade das

entidades, fóruns e instâncias da Central.

Democrática, Plural e Unitária433.A formação deve estimular o debate entre as diversas correntes de opinião

presentes no interior do movimento sindical cutista, criando condições necessárias

para que as distintas

Educação434.Compreendendo o campo educacional como um dos diversos campos de disputa

de hegemonia na sociedade, a CUT enfrentou o desafio de propor e desenvolver

novas metodologias educacionais, a partir de uma concepção inovadora de

educação – Educação Integral, demonstrando na prática o desenvolvimento de

projetos políticos pedagógicos fundamentados no trabalho como princípio

educativo, nas realidades locais e experiências dos trabalhadores(as) no processo

de construção de novos conhecimentos e validando os conhecimentos dos

trabalhadores adquiridos ao longo da vida, na sociedade e especialmente no

trabalho.

435.Essa estratégia nunca se colocou em uma perspectiva de substituição do papel do

Estado, mas objetiva construir projetos alternativos para a conquista de políticas

públicas de educação, que reflitam os reais interesses da classe trabalhadora.

436.Assim, o 9º CONCUT reafirma a importância da Central dar continuidade ao

desenvolvimento de experiências no campo da educação integral dos

trabalhadores, sempre na perspectiva de influenciar as políticas públicas de

educação, em especial para alfabetização e educação continuada de jovens e

adultos e para a educação profissional.

437.A CUT lutará pela defesa das reservas de cotas para índios e negros nas

universidades públicas.

438.A CUT lutará para que seja obrigatória a inclusão no currículo escolar do ensino

médio, a partir do 1º ano, as disciplinas de Filosofia e Sociologia, em todo o

território nacional e ministradas por profissionais da área; visto que, são áreas de

conhecimento que ajudam a desenvolver o raciocínio lógico e crítico do jovem.

Uma Política de formação para fortalecer as estratégias da CUT439.As ações desenvolvidas pela Rede Nacional de Formação da CUT, nos últimos

três anos, apontam como um dos importantes avanços a maior vinculação entre as

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ações estratégicas definidas pela Direção Executiva Nacional e os Planos de

Formação implementados em todos os âmbitos.

440.Este avanço só se tornou possível pelo esforço de planejamento e atuação

conjunta entre diversas Secretarias, Órgãos e Escolas Sindicais da CUT.

441.Pode-se citar, como exemplos deste trabalho articulado, as ações desenvolvidas

no Projeto Construindo o Futuro, no qual promoveu em todas as regiões do país o

debate sobre a atualização do projeto político-organizativo da Central (Secretarias

Nacionais de Formação e de Organização);

442.O projeto de Formação Sindical Juventude, Sindicalismo e Inclusão Social,

(Secretarias Nacionais de Formação e de Política Sindical e Coletivo da

Juventude); O projeto Todas as Letras (Secretaria Nacional de Formação,

Presidência e Tesouraria, implementado em conjunto com as Estaduais da CUT e

as Escolas Sindicais); O Projeto Especial de Qualifi cação Sócio-Profi ssional-

PROESQ, (Secretaria Nacional de Formação, Escola Sindical São Paulo e

Tesouraria, com a participação dos Ramos, Estaduais da CUT e Escolas Sindicais)

e que trata da educação integral profi ssional setorial, negociação e contratação

coletivas, democratização do Estado e controle social no sistema público de

emprego e desenvolvimento sustentável e solidário e o Projeto Universidade

Global (Secretarias Nacionais Internacional e de Formação, com a participação dos

Ramos).

443.Esta opção foi fundamental para garantir ações articuladas nacionalmente, além

de viabilizar o funcionamento permanente das Escolas Sindicais, mesmo

considerando o conjunto de desafios a serem enfrentados, sobretudo no campo da

sustentabilidade e da gestão da Rede Nacional de Formação.

444.Para aprimorar este processo e garantir que a política de formação subsidie as

diversas estratégias da CUT é necessário recuperar os espaços de Gestão

Nacional da Política de Formação, em particular a dinâmica dos Coletivos Nacional

e Regionais de Formação - CONAFOR, para garantir, cada vez mais, um processo

nacionalmente articulado de planejamento e avaliação dos impactos das ações da

formação na sua relação com a estratégia política e sindical do conjunto da CUT.

445.Para tanto, coloca-se como tarefa urgente a definição de uma política permanente

de financiamento da Política Nacional de Formação da CUT, visando a superação

da dependência dos recursos externos.

446.Mais urgente e importante são estas definições se considerarmos o processo

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profundo de renovação dos quadros dirigentes nas instâncias da Central e a forte

demanda por formação político-sindical, decorrente da necessidade de

compreensão do projeto estratégico da CUT e de novas demandas e espaços de

atuação presentes no cotidiano das negociações, tanto com o empresariado

quanto com os governos.

447.Assim, para consolidar e qualificar as instâncias da CUT, desde os locais de

trabalho, é preciso ter uma política consistente de formação de dirigentes e de

formadores, com o investimento e fortalecimento das Escolas Sindicais, das

Secretarias de Formação das Estaduais e dos Ramos da Central.

448.Reafirmamos as definições da 11ª Plenária Nacional da CUT no que se refere às

estratégias apontadas para a Educação Integral dos Trabalhadores Jovens e

Adultos, a Negociação e Contratação Coletivas, especialmente da Qualificação e

Certificação Profissionais e nossa intervenção junto às políticas públicas, em

especial no Sistema Público de Emprego, Sistema S e Sistemas Públicos de

Educação, Qualificação e Certificação Profissionais.

449.Para fazer frente às importantes tarefas que nos colocamos, se no último período

atingimos 4.000 dirigentes com o trabalho da formação sindical, é necessário neste

período, no mínimo, quadruplicar este número, já que o cenário político aponta um

quadro de grandes lutas e mobilizações, onde a disputa ideológica sobre o projeto

de nação e de desenvolvimento exigirá de nossa parte uma atuação firme,

qualificada e classista.

450.A CUT vem dando grandes saltos qualitativos no trabalho com a juventude,

particularmente nos últimos dois anos. A participação da Central na coordenação

da juventude da Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul, o projeto de

formação sindical juventude, sindicalismo e inclusão social, a estruturação de 11

coletivos e pré-coletivos estaduais, mais os coletivos dos ramos, e ainda a

resolução da 11ª Plenária, demonstram o quanto a central tem priorizado o debate

sobre a questão juvenil.

451.Apesar destes avanços é necessário intensificar o investimento no segmento

juvenil, não apenas para formar novos quadros de dirigentes, mas para socializar

com a juventude os princípios e a história da CUT, bem como contribuir para

potencializar a organização no local de trabalho.

452.É fundamental estruturamos uma estratégia de formação permanente, tendo como

alvo os jovens. Muitas categorias têm em suas bases um grande contingente de

jovens que são contratados em condições precárias de trabalho, ganhando menos

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e exercendo várias funções, que antigamente eram desempenhadas por vários

funcionários. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 50%

dos desempregados no Brasil têm entre 16 e 24 anos de idade.

453.Estas considerações reforçam a necessidade de desenvolvermos uma política de

formação para juventude, bem como uma campanha de sindicalização que

contribua para fazer com que os sindicatos cutistas se constituam em um

verdadeiro aliado da juventude. Para isto é necessário:

454.a) realizar uma pesquisa nacional para diagnosticar o perfi l do jovem e da

precarização juvenil em todos os ramos produtivos e tabular os dados visando

promover um circuito de debates sobre a precarização do trabalho juvenil no Brasil;

455.b) garantir a continuidade do projeto de formação juventude, sindicalismo e

inclusão social, envolvendo todos os ramos e todas as estaduais da CUT;

456.c) potencializar a estratégia da campanha de sindicalização promovendo

seminários temáticos sobre as políticas públicas com enfoque na juventude

trabalhadora;

457.d) intensificar o diálogo entre as políticas de formação, organização sindical e

social, no sentido de buscar desvelar os significados do ser jovem trabalhador hoje

para adequar a intervenção da CUT junto a este segmento, fortalecendo, através

da formação sindical permanente, a organização da juventude no local de trabalho

e nas instâncias da Central.

458.Outra iniciativa importante no campo da formação sindical foi a formulação do

Projeto de Capacitação de Dirigentes para a Promoção da Igualdade Racial,

elaborado pela Secretaria Nacional de Formação junto à Comissão Nacional

Contra a Discriminação Racial da CUT e apresentado ao Governo Federal. Prevê a

capacitação de 210 dirigentes em todas as regiões do país, com um processo de

reflexões, formulações e intervenções da CUT na definição de estratégias de ação

de combate à discriminação, tanto para a sociedade de forma geral quanto nos

locais de trabalho.

459.Neste sentido, uma das prioridades da Política Nacional de Formação, em

conjunto com a CNCDR, é o desenvolvimento deste projeto com o envolvimento do

conjunto das Escolas Sindicais e Estaduais da CUT.

460.Além disso, para o próximo período a Secretaria Nacional de Formação em

conjunto com a Secretaria Nacional de Comunicação devem intensificar o trabalho

de debates e reflexões já iniciados, ampliando o quadro de dirigentes e assessores

com maior domínio da política de comunicação da CUT, para qualificar ainda mais

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o trabalho de informação no interior da Central e intensificar o processo de disputa

pela democratização dos meios de comunicação no país.

461.Por outro lado, a Política Nacional de Formação deve investir em experiências da

Educação a Distância – complementadas por atividades presenciais, visando qualifi

car formadores, gestores e dirigentes e representantes da CUT, tanto para o uso

de tecnologias da informação quanto para a apreensão da metodologia de

formação da CUT e conteúdos político-ideológicos e técnico científicos.

462.Desde 1996, nossa Central, através das suas instâncias e da Rede Nacional de

Formação vem acumulando importantes reflexões e formulações no campo da

educação dos trabalhadores(as).

463.Como resultado deste acúmulo, hoje a CUT apresenta-se como uma das

principais referências nos debates sobre Educação de Jovens e Adultos, não

apenas dando visibilidade à noção de Educação Integral, a partir do

desenvolvimento de metodologias que articulam as dimensões da educação

propedêutica, da formação profissional e da formação política, com vistas ao

fortalecimento da cidadania, mas também intervindo em inúmeros espaços de

formulação de políticas públicas e estratégias educacionais que buscam responder

os principais desafios para a formulação de propostas pedagógicas que apontem

no sentido de uma educação emancipadora. Considerando as possibilidades

abertas pelo Decreto nº 5154/2004, que retoma as noções de desenvolvimento

curricular integrado, propomos que a CUT, através da sua Política Nacional de

Formação, dê continuidade ao processo de desenvolvimento metodológico no

campo da educação integral dos trabalhadores(as), como uma das condições para

fazer avançar o processo de disputa no âmbito das políticas públicas e da Rede

Pública de Educação, sobre a concepção de educação que interessa aos

trabalhadores(as). Propomos ainda, que em todo processo de desenvolvimento

metodológico no campo da educação integral dos trabalhadores(as) as questões

de gênero, raça, etnia, sexualidade saúde reprodutiva, direito humanos e meio

ambiente se constituam como parte integrante da proposta pedagógica. Neste

sentido, apontamos como uma das prioridades neste processo de consolidação da

noção de educação integral, a necessidade de um amplo programa de formação

voltado prioritariamente para educadores e educadoras. Que este programa de

formação de educadores seja desenvolvido de forma articulada entre a Rede de

Formação da CUT e as entidades que representam os trabalhadores(as) da

Educação. Propomos ainda que, como condição para a ampliação da garantia de

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acesso da juventude rural à educação, a CUT intensifique as reflexões sobre as

propostas de educação para o campo, visando intervir nas formulações de políticas

e estratégias educacionais que respondam às demandas dos trabalhadores(as)

rurais, e em particular da juventude rural, do ensino fundamental ao nível superior.

464.Que a Secretaria Nacional de Formação promova imediatamente junto às CUTs

da Região Norte um processo de debate sobre a implementação das estratégias da

Política Nacional de Formação da CUT nesta região, visando aprofundar as

formulações que apontem para o aprimoramento das estratégias formativas em

todos os estados. Neste processo de balanço sobre a implementação da PNF/CUT

na região norte, que se considere a demanda do Estado do Amazonas pela criação

de uma Escola Sindical naquele Estado. Extraído das Resoluções do 9º CONCUT.

Metalúrgicos, Desafios para serem superados465.Entendendo estes quatro últimos anos como um novo clico (governo Lula) e

novos desafios de como atuar no debate da educação dos trabalhadores,

passamos por um momento de transição e não podemos comparar oque fizemos

nos anos de 1996 à 2000 com este ultimo período. Entendemos que houveram

avanços significativos e importantes nestes últimos dez anos, mas nos últimos três

anos foi diferente, tivemos menos recursos internacionais e recursos públicos

nacionais e não conseguimos desenvolver programas massivos de educação

sindical e ou profissionais, mas precisamos intensificar mais e de forma

permanente esta intervenção.

466.Precisamos avançar ainda em relação as compreensões e a importância desta

agenda sindical. A CNM/CUT precisa ainda mais influenciar e ajudar, assessorar

as federações e os sindicatos à construírem e desenvolverem uma política, um

plano de formação que chegue em toda à nossas bases.

467.É necessário continuar e aprofundar a integração das ações das secretárias das

ações da CNM/CUT com os eixos estratégicos gerais com os específicos e táticos

dos setores e temas que vamos priorizar nos próximos três anos, tarefa de toda a

direção.

468.A contratação coletiva de um fundo para da educação profissional, sindical e de

trabalhadores para à segurança no local de trabalho é estratégica e fundamental

por isso deve ser priorizada e conquistada como estratégia para o aumento do

poder sindical Cutista.

469.Necessitamos retomar uma política nacional de formação de novos quadros

dirigentes em cursos de extensão ou de ensino superior, massificar e desenvolver

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uma política que atinja todos os nossos sindicatos na formação de formadores

dirigentes, para a construção dos coletivos, nacional, regionais, estaduais e locais,

como forma de aumentar o poder de organização nos locais de trabalho. Também

necessitamos, ter, construir e reforçar uma estratégia de formação e orientação

técnica e política organizativa dos companheiros responsáveis pelas comissões

internas de prevenção em acidentes de trabalho e os companheiros (as) que fazem

parte da estratégia da CNM/CUT na construção dos comitês setoriais e de

empresas nacionais e internacionais, como forma de fortalecer e se preparar para

reforma, construção e pratica de uma nova estrutura sindical.

470.Também precisamos fazer chegar e ser agenda de todos os nossos sindicatos a

organização das mulheres e juventude da qual podemos contribuir com uma

formação especifica de como buscar organizar estes públicos e discutirmos um

estratégia de como podemos influenciar na formação da juventude nas escolas de

ensino, fundamental, médio e técnicas (Disputa da reforma do ensino técnico).

471.Em relação a democratização do Sistema S e a intervenção dos metalúrgicos (as)

para a disputa das políticas publicas do sistema e a implantação de 300 novas

escolas técnicas pelo governo LULA, em 300 cidades pólos do país precisamos

discutir e formar os dirigentes para disputar a concepção de escola publica os

cursos que serão desenvolvidos a partir do debate que temos sobre estado, gestão

publica, educação Integral e democratização do acesso do qual temos que discutir

melhor e lutar para como incluir os metalúrgicos (as) empregados nas políticas de

formação profissional do sistema S e das escolas técnicas, principalmente os que

possuem mais de 35 anos de idade, mulheres e negros,como tática para barrarmos

e diminuirmos a eterna rotatividade e substituição da mão de obra para baixar os

custos de folha de pagamentos ou massa salarial.

472.Para fortalecer e conseguir superar e dar conta das demandas da nossa

intervenção precisamos discutir dentro dos orçamentos da CNM/CUT federações e

sindicatos o financiamento desta política, aumentando, qualificando e otimizando

os recursos humanos e financeiros, buscando novos parceiros e financiadores da

política de educação da nossa base.

Saúde e SeguridadeEm Defesa do Sistema Único de Saúde

473.A defesa do SUS é questão estratégica para todos os trabalhadores, o Sistema

Único de Saúde tem como diretrizes básicas a universalidade, a eqüidade, a

igualdade, a descentralização, o financiamento e o controle social.

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474.Conceitualmente, a política pública de saúde se destina a toda a sociedade, esta

é uma de nossas mais importantes conquistas históricas.

475.Nosso desafio é resistir aos ataques que o SUS sofre dos empresários e de seus

representantes que estão inseridos no parlamento e no poder executivo, que

mercantilizam a saúde e que também atacam a política de saúde pública por meio

de terceirizações e parcerias entre os setores público e privado.

476.É importante a retomada dessa discussão e o efetivo envolvimento dos sindicatos

na defesa do SUS, participando do FOPS (Fórum Popular de Saúde) e dos

espaços institucionais de controle social (Conferências, Conselhos e Comissões

Temáticas).

477.Uma das resoluções do 9º CONCUT, estabelece que a Central Única dos

Trabalhadores deverá convocar uma Conferência de Saúde com todos os

sindicatos e demais movimentos sociais do campo de esquerda.

478.Também outra resolução aponta para a luta junto ao SUS, pela implantação do

CEREST (Centro de Referência sobre Saúde do Trabalhador) e o engajamento da

CUT Nacional e as estaduais pela aprovação da regulamentação da EC 29, PL

01/2003 que tramita no Congresso Nacional, que define os critérios para o

financiamento do SUS nas três esferas de governo.

479.Pela implantação do PAISM (Programa de Assistência Integral à Saúde da

Mulher) em todos os municípios, levando em conta a mulher em toda sua

diversidade, além de garantir aos parceiros o acesso aos programas de

planejamento familiar, pré-natal e prevenção das DST’s/AIDS.

480.Reivindica também uma política de saúde voltada para a prevenção do mal de

Alzheimer e doenças similares, na defesa da cidadania do doente mental, de sua

autonomia e reintegração à família e à sociedade, para que sejam supridas suas

reais necessidades em termos materiais, financeiros, psicossociais, de saúde e

qualidade de vida.

Previdência Social481.Importante debate a ser travado pelo movimento sindical e em especial os

metalúrgicos e metalúrgicas é pressionar o Congresso Nacional quanto à

aprovação de uma lei de universalização dos direitos previdenciários.

482.O movimento sindical deve provocar discussão e debates junto ao Ministério da

Previdência quanto à limitação de tempo para aposentadoria do segurado especial,

ditada pelo artigo 143 da Lei 8.213/91, que contraria o disposto no artigo 39 da

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mesma lei.

Periculosidade483.No início da década passada, a indústria metalúrgica brasileira, assim como

outros setores da economia, vêm passando por um processo significativo de

reestruturação produtiva em diversos de seus segmentos, impactando diretamente

o cotidiano dos trabalhadores e do movimento sindical do setor.

484.Embora a velocidade e o ritmo de adoção dessas mudanças sejam bastante

diferenciados nas diversas regiões do país, é inegável que, mais recentemente, um

grande número de empresas passaram a adotar novos métodos de produção,

baseados na utilização de novas tecnologias e de novas formas de gestão da força

de trabalho.

485.A enorme incidência de doenças ocupacionais decorrentes dos novos processos

de produção mutilam um contingente enorme de trabalhadores e trabalhadoras.

486. Os processos decorrentes de acidente de trabalho são muito morosos, o que

prejudica as conquistas dos direitos do trabalhador, mascara a legislação e o

trabalhador de fato não consegue usufruir desses direitos conquistados.

COPES - Cobertura Previdenciária Estimada e Fator

Previdenciário487.O Programa COPES – Cobertura Previdenciária Estimada, conhecido como

Programa Data Certa ou como de alta pré-datada, estipula prazo máximo para o

benefício de licença saúde do trabalhador. No entanto, muitos são obrigados a

voltar ao trabalho ainda doentes.

488.Ao invés de reduzir as filas, como preconizava, esse programa tem criado uma

série de transtornos para os trabalhadores. São vários os casos de trabalhadores

lesionados, que antes mesmo da sua recuperação são encaminhados para o

retorno ao trabalho.

489.O INSS por sua vez demora a responder, ou quando nega o pedido de

reconsideração, tem deixado o trabalhador desprotegido, ocasionando até

demissão sob o pretexto de abandono de emprego, fato que tem gerado uma

grande demanda judicial.

490.Urge a necessidade de implementação de ações integradas, principalmente

envolvendo os órgãos da previdência; trabalho; vigilância sanitária; centros de

saúde do trabalhador e do movimento sindical.

491.É necessário combater a sub-notificação da ocorrência de acidentes e doenças

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relacionadas ao trabalho, seja pela omissão do empregador em não registrar

através de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), seja pelas dificuldades

impostas pelo próprio INSS em não acatar as CAT’s emitidas por entidades

sindicais.

492.O INSS ao não assegurar, desde logo, o benefício acidentário que tem fonte de

custeio (Seguro Acidente de Trabalho – SAT, que incide sobre a folha de

pagamento das empresas), concedendo quando muito o benefício auxílio-doença,

que não tem fonte de custeio, saindo do caixa geral, em prejuízo do lesionado(a),

de sua família, da sociedade, e da própria previdência como um todo; além de

contrariar seus próprios interesses, permite que os empregadores continuem

demitindo trabalhadores(as) acidentados(as) e lesionados(as), mesmo ao arrepio

da lei.

493.E que sequer conseguem retornar ao mercado formal de trabalho, já que não mais

são aprovados(as) nos novos exames admissionais que são exigidos.

494.Situação semelhante é a das aposentadorias especiais, que têm servido de um

verdadeiro incentivo à sonegação, pois os empregadores deixam também de

informar as condições em que é desenvolvido o trabalho para não recairem sobre a

contribuição patronal, os índices das alíquotas para as atividades especiais.

495.Por tudo isso, a CNM/CUT deve lutar e exigir do governo mudanças imediatas

nestes procedimentos, que têm prejudicado a classe trabalhadora brasileira,

posicionando-se contra a COPES e exigindo a contratação imediata de peritos para

o INSS, além de lutar pelo fim do fator previdenciário.

Saúde do Trabalhador no SUS e defesa do SAT496.A imensa maioria dos municípios tem pouca ou nenhuma atuação voltada à saúde

do trabalhador, predominando a ausência da prática do planejamento local e de

equipes de saúde para execução destas ações.

497.O investimento em recursos humanos e materiais é muito baixo, sendo incipientes

os mecanismos de participação e controle social, por exemplo, não existem CIST’s

(Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador) na quase totalidade dos

municípios.

498.Por isso é necessário que o movimento sindical, em especial o ramo metalúrgico,

fortaleça essas comissões onde elas já existam e contribua para a criação nas

cidades onde não possuam mecanismos de controle social, como as Comissões

Temáticas e Fórum Popular de Saúde nos municípios e no estado.

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499.Além disso, deve:

500.a) estabelecer política de organização e formação sindical que contemple a

análise de determinantes, riscos e danos à saúde e a luta contra a nocividade dos

ambientes, como também os processos de trabalho nos diversos ramos produtivos,

devendo ser transformadas as necessidades e problemas de saúde em luta

coletiva dos trabalhadores;

501.b) promover cursos de capacitação em Saúde do Trabalhador, realizando em

conjunto com um jurídico previdenciário a todos os dirigentes sindicais cutistas;

502.c) divulgar e participar das Conferências de Saúde e das Conferências Temáticas

(de âmbito regional, municipal, estadual e nacional), visando pautar o

conhecimento da RENAST e a discussão sobre saúde do trabalhador, bem como

disputar vagas nos Conselhos de Saúde e Conselhos Deliberativos nos Centro de

Referência em Saúde do Trabalhador-CEREST’s, conforme todo o artigo 5º da

Portaria do Ministério da Saúde, 2437/GM de 7 de dezembro de 2005;

503.d) defender a manutenção do SAT (Seguro Acidente de Trabalho) público, bem

como a implantação de mecanismos de controle social com a revogação do

parágrafo 10 da Constituição Federal.

CIPAS504.A CNM deve lutar pela constituição de Comissões de Saúde não paritárias em

todos os locais de trabalho, em substituição às CIPAS, devendo ser assegurada a

estabilidade no emprego para os eleitos, titulares e suplentes com normas que

garantam sua autonomia na luta contra os acidentes e doenças do trabalho.

505.Enquanto não conquistamos Comissões de Saúde autônomas, sob controle dos

trabalhadores, deveremos, além de fortalecer as CIPAS existentes, lutar para que

seja obrigatória a sua constituição em todas as empresas públicas ou privadas que

tenham 20 ou mais empregados, devendo também ser assegurada a estabilidade

no emprego para todos os membros titulares e suplentes eleitos.

506.Aos cipeiros eleitos deverá ser assegurado o mais amplo controle, fiscalização e

acompanhamento dos programas de saúde nos locais de trabalho: PPRA

(Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), LTCAT (Laudo Técnico de

Condições de Ambiente do Trabalho), PCMAT (Programa de Condições do Meio

Ambiente do Trabalho), PCMSO (Programa de Condição Médico da Saúde

Ocupacional), acompanhamento do médico ou engenheiro nos ambientes de

trabalho.Trechos extraídos das Resoluções do 9º CONCUT

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Combate à terceirização507.A terceirização faz parte de um conjunto de mudanças introduzidas no mundo do

trabalho, especialmente a partir dos anos 90 no Brasil, com o objetivo de reduzir

custos e de flexibilizar as relações de trabalho. Sob o manto da “modernização”,

ela serviu de fato para precarizar as relações de trabalho, promover a piora nos

salários, nos benefícios e nas condições de trabalho e intensificar a jornada e o

ritmo de trabalho, tanto no setor público quanto no setor privado.

508.A terceirização também repercute na arrecadação e financiamento das políticas

públicas, sobretudo as que beneficiam a população trabalhadora como, por

exemplo, a seguridade social - que tem como fonte a previdência social - e as

políticas de habitação, cuja fonte é o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço -

FGTS.

509.A atual composição da classe trabalhadora, mais fragmentada, heterogênea e

com menor

poder de pressão, tem dificultado a organização, mobilização e representação de

trabalhadores pelos sindicatos dos diversos ramos de atividade.

510.Apesar das contínuas deliberações e ações sindicais cutistas, o processo de

terceirização difundiu se aceleradamente em todos os setores da economia. A

ausência de uma legislação geral sobre as relações de trabalho em processos de

terceirização e de uma prática efetiva de negociação sobre o tema, assim como a

ainda precária organização dos trabalhadores(as) terceirizados, contribuem para

que o fenômeno se difunda de forma incontrolável nos setores público e privado, e

nos mais diferentes campos de atividade (indústria, comércio, agricultura e

serviços). Ademais, os atuais projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional

não contemplam as diretrizes estabelecidas pelos Congressos da CUT e pelo

Grupo de Trabalho que atualmente debate e formula diretrizes sobre o tema.

511.Para fazer frente a este processo, a CUT formulou, em período recente, a

seguinte estratégia, estruturada em três eixos:

512.a) organizar os trabalhadores(as) terceirizados, o que implica em discutir itens

como representação de terceiros no âmbito dos ramos de atividade e

enquadramento sindical;

513.b) negociar, em nível de empresa ou ramo, cláusulas sobre terceirização que

estabeleçam o direito à informação prévia, assegurando, no mínimo, o mesmo

patamar de garantias sociais,

trabalhistas e previdenciárias válidas para o conjunto dos trabalhadores(as);

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514.c) construir proposta de projeto de lei (um específico para o setor privado; outro,

para o setor público) a ser apresentada ao Congresso Nacional, visando coibir as

terceirizações, impedindo que o trabalho seja utilizado como variável de ajuste

perverso pelas empresas.

515.Assim, a estratégia geral da CUT deverá basear-se em uma visão clara de

combate à terceirização, lutando em todas as frentes – sindical, jurídica,

institucional; articulando, nesse movimento, a luta concreta e imediata contra os

efeitos deletérios da terceirização, assim como a intervenção nos processos de

terceirização visando sua obstrução.

516.Fica indicada ainda nesta estratégia geral a realização de uma Campanha

Nacional contra a terceirização, coordenada pela CUT e articulada com os ramos

de atividade e estaduais da CUT, destacando seus efeitos deletérios sobre a vida

dos trabalhadores e identificando/problematizando os prejuízos causados para a

sociedade.

517.Além disso, é necessário:

518.a) estimular e acompanhar os processos de denúncia, resistência e negociação

em curso nas diversas categorias e ramos da Central;

519.b) aprofundar o diagnóstico e os debates sobre a representação de

trabalhadores(as) terceirizados;

520.c) elaborar, no âmbito do GT de Terceirização, cláusula-padrão para negociação;

521.d) manifestar publicamente nossa posição crítica em relação aos diversos projetos

de lei em tramitação no Congresso, por sua insuficiência ou porque entram em

choque com as diretrizes defendidas pela Central;

522.e) aprimorar a proposta de projeto de lei sobre a terceirização no setor privado,

elaborada pelo GT da CUT, de forma a torná-la um efetivo instrumento de

mobilização e luta dos trabalhadores(as).

523.Com o mesmo propósito, desenvolver proposta de projeto de lei específica para

as relações de trabalho em processos de terceirização no setor público;

524.f ) defender o fim do estágio não curricular e o estrito cumprimento das normas de

fiscalização quanto ao estágio curricular.

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Terceirização e Reforma do Estado - Combate à terceirização dos

serviços públicos, da reforma e do modelo de gestão de Estado

525.Vários sindicatos ligados à nossa Central vêm desenvolvendo ações que visam

denunciar e resistir à terceirização dos serviços públicos e da reforma de Estado

que vem sendo efetuada via OS – Organizações Sociais e OSCIPs. Diante do

quadro de precarização x terceirização nos serviços públicos é necessário que o

modelo de Estado seja debatido com os movimentos sociais, problematizando,

dentre outras coisas, a ausência do controle social neste tipo de manobra, os

princípios, a forma de contratação dos serviços, a fiscalização , etc.

526.Não admitir a terceirização no setor público e organizar os trabalhadores para

resistir às estratégias de privatização do Estado, que além de não garantir serviços

adequados à população, ainda coloca em risco o trabalho de milhares de

trabalhadores; defender o concurso público e as políticas públicas;

organizar/representar os atuais terceirizados no âmbito do setor público, são

compromissos a serem incorporados nas estratégias da Central no próximo

período.

Informalidade: organização e políticas de formalização das

relações de trabalho527.A prevalência do trabalho informal em detrimento do emprego regular, com

garantias sociais é, sem dúvida, um dos grandes desafios políticos e institucionais

a serem enfrentados pelos trabalhadores(as) e que exige maior centralidade na

agenda da CUT neste próximo período.

528.Não existe consenso entre os estudiosos sobre a definição e abrangência do setor

informal da economia. No entanto, seja ele considerado sob o ponto de vista das

formas explícitas ou disfarçadas de relações de emprego (trabalho sem registro em

carteira, coopergatas, prestação de serviços, etc.) e/ou do trabalho por conta

própria através de microempresas legalizadas ou não, a informalidade do trabalho

tem gerado sérios problemas sociais e econômicos.

529.A diminuição da arrecadação tributária e previdenciária e suas repercussões nas

políticas públicas de seguridade social; a precarização das condições de vida e

trabalho; a maior fragmentação e heterogeneidade da classe trabalhadora são

algumas das suas graves conseqüências.

530.O trabalho informal a partir da situação dos trabalhadores no mercado de trabalho,

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pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, perfaz um

total de 45,4 milhões de trabalhadores(as) informais no Brasil, correspondendo a

58,1% do total de ocupados. Os trabalhadores por conta própria, sem nenhum

vínculo previdenciário, é o grupo mais expressivo dos trabalhadores informais:

26,5% do total de ocupados e 45,5% do total de trabalhadores(as) informais. Os

empregados sem carteira assinada e os trabalhadores(as) domésticos sem carteira

assinada representam, respectivamente, 18,5% (14,4 milhões) e 5,7 (4,5 milhões)

do total de ocupados.

531.Se em outras épocas o trabalho informal poderia ser visto como conjuntural, os

dados acima indicam que cada vez mais vem se tornando mais a regra e menos a

exceção, bem como revelam o enorme número de trabalhadores(as) entregues à

própria sorte, sem garantias ou com garantias mínimas de proteção social.

Indicam, também, que frente à reorganização da atividade econômica mundial na

década de 90, marcada pela crescente centralização e concentração de renda,

trazendo para a classe trabalhadora juntamente com o desemprego a exigência

cada vez maior de especialização, a economia informal acabou se consolidando

como alternativa de sobrevivência, absorvendo um grande número de

desempregados.

532.Em que pese a melhora no emprego formal nos últimos dois anos, mesmo que a

economia crescesse de forma vertiginosa, por diversas razões, não absorveria no

curto prazo os milhares de trabalhadores(as) excluídos dos circuitos formais da

economia. Além disso, é importante considerar que muitos trabalhadores que hoje

possuem pequenos negócios ou microempresas não vêem mais o trabalho

assalariado como alternativa de sobrevivência.

533.Do ponto de vista das mobilizações e organização dos trabalhadores(as) é

importante que o combate às práticas ilegais e de exploração do trabalho, as lutas

por emprego e salário e outras frentes que remetem a relação de emprego, sejam

combinadas com estratégias que possibilitem responder às necessidades e

demandas dos trabalhadores que hoje sobrevivem por meio de esquemas

alternativos de trabalho, a exemplo das ações que a CUT vem desenvolvendo no

campo da Economia Solidária, através da Agência de Desenvolvimento Solidário -

ADS.

534.Cabe observar, no entanto, que ao contrário das experiências desenvolvidas no

campo da Economia Solidária, cuja construção é coletiva e orientada pelos

princípios da autogestão, as estratégias de sobrevivência dos trabalhadores(as) na

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economia informal geralmente são individuais e bastante pulverizadas,

incrementando as dificuldades do ponto de vista político organizativo.

535.Apesar das dificuldades, algumas Estaduais da CUT têm conseguido estabelecer

espaços de diálogo com trabalhadores(as) da economia informal, como

ambulantes, motoboys, mototáxis, dentre outros.

536.O enfrentamento dos problemas e a busca de formalização do mercado de

trabalho exigem uma série de medidas. Neste sentido, a Central Única dos

Trabalhadores deve desenvolver no próximo período uma estratégia que envolva:

537.a) desenvolvimento de estudos sobre o trabalho informal, tendo em vista obter um

diagnóstico mais preciso da situação desses trabalhadores(as) no mercado de

trabalho brasileiro;

538.b) realização de diagnósticos sobre as experiências organizativas desenvolvidas

pelo movimento sindical e por outros atores, bem como de políticas públicas

exitosas nas três esferas de governo;

539.c) definição de formas de integração desses trabalhadores(as) na estrutura da

Central, considerando as especificidades de cada uma das ocupações;

540.d) elaboração de propostas no campo jurídico e das políticas públicas (trabalhista,

orçamentária, previdenciária, etc.) que ampliem a formalização e garantam a

proteção social a todos os trabalhadores(as). Extraído das Resoluções do 9º CONCUT

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Organização de aposentados e pensionistas541. No 6º Congresso da CNM a resolução aprovada, foi no sentido da contribuição

dos metalúrgicos de todo o país na consolidação do SINTAP, Sindicato Nacional

dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas, orientando a todos os sindicatos

filiados à incluírem em suas direções companheiros aposentados vinculados ao

SINTAP.

542.Outra resolução importante é a de criação dos Comitês Sindicais de Aposentados

na CNM e federações para organizar a intervenção dos aposentados nas lutas

gerais e específicas da categoria.

543.O texto que segue abaixo foi aprovado no 9º CONCUT em junho de 2006, e

incluímos em nosso caderno de textos para contribuir nos debates.

544.“No 5º CONCUT (1994) foi aprovada a Resolução que indicava a criação de uma

Organização Nacional que representasse os trabalhadores aposentados e

pensionistas. Surgiu, a partir daí, um coletivo de aposentados e pensionistas da

CUT que desenvolveram várias ações no sentido de, com a evolução deste

processo, culminar com a criação, em maio de 2000, do Sindicato Nacional dos

Trabalhadores Aposentados e Pensionistas – SINTAP-CUT.

545.Em dezembro de 2004, em São Paulo, o Sindicato Nacional dos trabalhadores

Aposentados e Pensionistas organizou seu primeiro Congresso, que contou com a

participação de dezenas de dirigentes de todo o país, para discutir a defesa da

Previdência Social Pública, a recuperação das perdas dos benefícios e a efetiva

implementação do Sindicato em nível nacional, organizando as estruturas

regionais do SINTAP.

546.Considerando que os aposentados(as) e pensionistas constituem o segmento da

classe trabalhadora que mais cresce em termos absolutos e que este setor da

população amplia a cada dia sua importância política, social e econômica,

recebendo, anualmente, renda aproximada de R$ 90 bilhões.

547.Considerando ainda que em países como a França, Espanha, Alemanha e Itália,

os aposentados e pensionistas estão organizados em sindicatos autônomos

integrados às suas Centrais Sindicais e que é necessário e urgente os

aposentados e aposentadas se organizarem em entidades autônomas, para

lutarem na defesa de seus interesses.

548.Considerando também que dentre os desafios que temos a superar, situam-se as

lutas por:

549.a) Previdência Social Única e Pública, com gestão autônoma, quadripartite

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(representantes dos trabalhadores, empresários, aposentados e governo), com

caixa único;

550.b) recuperação das perdas salariais das aposentadorias e pensões e valorização

do salário mínimo para atingir o patamar constitucional federal;

551.c) reajuste dos vencimentos das aposentadorias e pensões, na mesma data e

percentual do reajuste do salário mínimo, além do pagamento imediato dos

precatórios judiciais;

552.d) melhoria do atendimento à saúde pública, principalmente a preventiva, com a

participação ativa dos aposentados e pensionistas e em defesa do Sistema Único

de Saúde – SUS, e barateamento de medicamentos, com distribuição gratuita aos

que se utilizam do SUS;

553.e) defesa do acesso ao lazer e turismo para todos, Reforma Agrária e

solidariedade social e de classe e respeito à cidadania.

554.Hoje o número de aposentados e pensionistas do Brasil aproxima-se de 24

milhões. O atual governo vem implantando uma política de aumento real para o

salário mínimo, mas o mesmo não tem ocorrido com aqueles aposentados ou

pensionistas que recebem acima do piso do salário mínimo. A manutenção dessa

política agravará ainda mais o arrocho de aposentados e pensionistas que

recebem mais de um salário mínimo mensal.

555.A estimativa é de que a continuidade desta política de reajustes fará com que, nos

próximos dez anos, aproximadamente 22 milhões (95%) dos aposentados e

pensionistas estejam recebendo um salário mínimo.

556.Dentro desta conjuntura, o fortalecimento do SINTAP-CUT faz-se cada dia mais

necessário. Neste sentido o 9º Congresso Nacional da CUT decide que a Central:

557.a) a CUT orientará a continuidade da discussão da organização dos aposentados

junto aos sindicatos fi liados e instâncias da CUT e o SINTAP;

558.b) incluirá na pauta da Campanha Salarial Unificada o aumento real dos salários-

benefício;

559.manutenção da política de valorização do Salário Mínimo; criação da Câmara

Setorial dos Aposentados e Pensionistas para formulação de políticas públicas

para o Ramo; estudos para estabelecer um Índice de Custo de Vida para

aposentados, pensionistas e idosos, que recebem mais de um salário mínimo

como beneficio e o pleno cumprimento do Estatuto do Idoso.”

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Comunicação560.O Estado brasileiro optou por organizar seu sistema de comunicação de massas

através de um sistema semelhante ao dos EU, como uma curadoria, o Estado

tendo o poder de explorar a comunicação de massa acaba delegando essa

permissão a curadores.

561.Entretanto nos EU a legislação impede que haja a propriedade cruzada de

veículos de comunicação, isto é, que um mesmo grupo empresarial possa ter sob

seu domínio diferentes tipos de veículos de comunicação como TV, jornais e

rádios.

562.Nunca se teve no país uma regulação eficaz, os grupos de mídia no Brasil foram-

se formando a partir da constituição da propriedade cruzada. Jornais estenderam

suas ramificações para a TV, permitindo o surgimento de conglomerados que se

reproduziram em níveis regionais.

563.Isso acaba tornando um sistema perverso de mídia, uma nova forma de

coronelismo, agora um coronelismo eletrônico segundo Venício Lima, em sua

participação no Seminário Nacional de Comunicação realizado pela CNM em 2006.

564.Não mais um coronelismo como o da República Velha, baseado na propriedade

da terra e ligado aos coronéis da antiga Guarda Nacional, que comandavam a

política e a economia nos municípios brasileiros num Brasil eminentemente rural.

565.Hoje temos um coronelismo de novo tipo, um coronelismo eletrônico.

566.No coronelismo clássico havia uma reciprocidade entre o poder público federal e

estadual e as oligarquias locais, de um lado os benefícios e as obras realizadas

com o dinheiro público por parte do governo às localidades de influência das

oligarquias locais, por parte dos coronéis eram os votos, no caso o chamado voto

de cabresto, canalizados pelos coronéis a serviço dos interesses dos governos.

567.A partir de 1988, houve uma descentralização do poder e uma concentração na

utilização da grande mídia, o voto de cabresto dá lugar à manipulação da opinião

pública a partir dos meios de comunicação eletrônica.

568.Hoje a vida política do país é marcada pela visibilidade que a grande mídia dá

para o bem, ou para o mal.

569.Assenhorear-se dessa mídia de massas permite influir na criação da opinião

pública. Os antigos coronéis da República Velha dão lugar aos novos coronéis da

mídia eletrônica, que interferem na criação do senso comum da opinião do

eleitorado e na disputa político partidária.

570.A mídia se transforma no palco em que se dá a disputa político ideológica.

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571.Até a constituição de 1988 a concessão de rádio e TV era prerrogativa exclusiva

do poder executivo, a partir da nova constituição o congresso passa a ser co-

responsável por essas concessões.

572.O poder executivo usava as concessões como moeda de barganha política num

jogo de interesses onde o Executivo obtinha o apoio das oligarquias regionais e

locais, uma continuidade das oligarquias da República Velha. Em muitos locais do

Brasil essas oligarquias permanecem, mudam sua forma, mas permanecem.

573.Na Bahia o clã de ACM, no Maranhão a família Sarney, em Sergipe os Franco,

Alagoas os Collor de Melo, no Pará a família Barbalho e no Ceará os Jereissati.

574.Uma característica comum a essas oligarquias é que elas detêm os maiores

grupos de mídia cruzada nesses estados, dominando a TV o rádio e os jornais.

575.A constituição de 1988 permitiu que essas oligarquias perpetuassem essas

concessões a partir do congresso, dando as condições para que elas pudessem

reproduzir a si próprias.

576.É necessário que se crie no Brasil um sistema alternativo de mídia. Os episódios

ocorridos na ultima eleição presidencial dão argumentos consistentes para que a

Esquerda brasileira e o movimento sindical estabeleçam a comunicação de massa

como prioridade para enfrentar os debates ideológicos necessários para as

reformas que queremos.

577.A CNM que se estende por todo o Brasil através de seus quase 100 sindicatos

filiados, tem um enorme potencial de comunicação para um público formador de

opinião que é o ramo metalúrgico, que agrega hoje cerca de 1 milhão de

trabalhadores.

578.Os sindicatos filiados praticam uma política de comunicação que foi objeto de

discussão no 1º Seminário Nacional de Comunicação da CNM, ocorrido em

setembro de 2006 em São Paulo.

579.Nossos sindicatos dividem-se em entidades que possuem Comunicação Própria

Profissional, onde jornalistas são funcionários do sindicato, Comunicação Não

Profissional, onde os próprios dirigentes sindicais produzem boletins ou programas

de rádios locais e Comunicação Profissional Terceirizada, em que os sindicatos

contratam empresas para a produção de sua comunicação.

580.De toda a base de representação dos sindicatos filiados à CNM, 22% dos

trabalhadores da base recebem Comunicação não Profissional, 27% Comunicação

Profissional Terceirizada e 51% recebem Comunicação Própria Profissional.

581. Se considerarmos os sócios, 15% dos associados recebem Comunicação não

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Profissional, 24% recebem Comunicação Profissional Terceirizada e 61% dos

associados recebem Comunicação Própria Profissional.

582.Quanto à periodicidade da Comunicação Própria Profissional, menos de 0,4%

recebem comunicação mensalmente, cerca de 25% recebem quinzenalmente e

aproximadamente 75% recebem toda semana.

583.Já os trabalhadores que seus sindicatos praticam uma comunicação terceirizada,

9% recebem comunicação semanalmente, 42% quinzenalmente e 49%

mensalmente.

584.Os trabalhadores que seus sindicatos praticam uma comunicação com

profissionais (terceiros ou não), 16% recebem comunicação mensalmente, 30%

quinzenalmente e 54% semanalmente.

585.Cerca de 4% dos trabalhadores que recebem Comunicação não Profissional,

recebem semanalmente, 33% recebem de forma quinzenal e 63% recebem

mensalmente.

586.No âmbito geral de nosso ramo 5% dos trabalhadores da base recebem

comunicação de seus sindicatos sazonalmente a depender das demandas, 21%

recebem de forma mensal, 29% recebem de forma quinzenal e 45% da base

recebe comunicação de forma semanal.

587.Esses dados relativos ao ano de 2003, apesar de necessitarem uma atualização,

servem de parâmetro para orientar políticas de comunicação para a CNM e seus

sindicatos filiados.

588.A página eletrônica da CNM na internet, www.cnmcut.org.br, completando quase

500 dias de atividade, foi ao ar em 05 de dezembro de 2005 e tornou-se referência

na publicação e pesquisa de assuntos do ramo metalúrgico para trabalhadores,

sindicalistas e imprensa.

589. Funciona como um portal de notícias, reproduzindo os fatos mais importantes do

dia que são publicados na mídia, disponibilizando informações do que acontece

nos sindicatos, federações e na confederação,

590. Além das informações jornalísticas, são divulgados os indicadores dos Setores

realizados em parceria com o Dieese, a agenda de atividades da CNM/CUT, os

AMI's (Acordo Marco Internacional) que existem com empresas instaladas no país,

a reprodução do boletim semanal 'Brasil Metal Internacional', além do

direcionamento para os sites do SindLab, FITIM, CUT e todos os sindicatos e

federações filiados.

591.No dia 8 de maio de 2007, o Portal dos Metalúrgicos bateu o recorde de acessos

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em um único dia. Foram 1.247 usuários únicos que acessaram o site em um

período de 24 horas. O serviço de contagem foi implantado, em 8 de outubro de

2006. Desde então, o site da CNM/CUT já obteve 163.740 acessos de usuários

únicos.

592.Para entender tamanho crescimento, a CUT nacional divulgou em fevereiro seu

recorde de acessos ao Portal do Mundo do Trabalho, com 113.631 acessos únicos

no mês. A CNM/CUT obteve no mesmo período, 20.064 visitantes, o que

representa o equivalente a 17,65% dos acessos do maior site sindical do país.

593.Se atualizarmos os números para a freqüência realizada no site da CNM/CUT

para o mês de março, o acesso ao portal dos metalúrgicos representaria 24,24%,

da CUT. O equivalente a 25% do índice da Central.

594.Entre outubro de 2006 e Maio de 2007, o crescimento de acessos diário foi de

256,48%.

595.O número de page views (número de páginas visualizadas por visitante único) no

site também cresceu.

596.Entre outubro de 2006 e Maio de 2007, o site da CNM já contabiliza 406.063 page

views, com uma média diária de 1.804,72 acessos/dia. E os hits (visualizações

repetidas de uma mesma página por todos os usuários) no site da CNM chegam a

3.077.292 Uma média de 13.676,85 hits por dia.

597.O constante crescimento de acessos e a repercussão das notícias publicadas

nestes quase 18 meses de atividade mostram o poder de comunicação que a

internet abrange em todo o mundo e torna a categoria mais conhecida e forte não

só no Brasil, mas nos diversos países que freqüentam diariamente o Portal dos

Metalúrgicos.

598.Devido ao grande volume de notícias e indicadores, a CNM/CUT planeja

remodelar o site, que já não suporta a demanda e, por isso, não tem mais

capacidade de publicar todo o material que recebe diariamente. Há a intenção

ainda de se criar redes com os comitês de fábrica, departamentos de imprensa de

cada sindicato e a federação para que trabalhem de forma integrada na captação,

distribuição e publicação de notícias, fazendo dos metalúrgicos uma categoria mais

unida e forte em todos os meios de comunicação.

599.Entretanto, as experiências de comunicação desenvolvidas pelo sindicalismo não

devem se limitar a atividades isoladas e desconexas, é preciso articular as diversas

experiências para que se obtenha sua maior potencialidade.

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600.Exemplo disso é a concretização da Revista do Brasil com uma tiragem de 300mil

exemplares entregues na residência de trabalhadores sindicalizados.

601. Objetivando uma tiragem semanal e ser vendidas em bancas, a Revista do Brasil

é a materialidade de uma imprensa a serviço dos trabalhadores.

602.Sua importância para a luta pela democratização dos meios de comunicação foi

sentida quando a Direita conseguiu barrar a publicação durante a campanha

eleitoral de 2006.

603.Já as outras revistas circulavam livremente apesar de atacarem intensamente a

imagem do então candidato Lula.

604.Esse episódio demonstra que apesar da avalanche de notícias veiculadas de

modo a diminuir a popularidade do candidato da Esquerda, foi possível dar

respostas aos trabalhadores, mas de um modo difícil e ainda longe da abrangência

nacional que queremos.

605.Nossos jornais sindicais ajudam, nossos sites também, mas ainda é tarefa do

movimento sindical possuir um veículo de comunicação de massa para dar um

equilíbrio ao debate ideológico que a Direita nos impõe diariamente nas telinhas de

nossas salas.

Juventude.

606.Com a criação de sete milhões e meio de empregos com carteira assinada este

governo credencia-se como experiência histórica para a Esquerda Brasileira.

607.De maneira inédita a classe trabalhadora assume papel de protagonista de sua

história dando um diferencial para a sociedade contra a política neoliberalizante

dos governos passados, entretanto essa retomada da geração de empregos e do

crescimento da economia não consegue atingir de maneira satisfatória a juventude

brasileira.

608.Segundo a PEA (População Economicamente Ativa), mais de 50% da massa de

desempregados atualmente é constituída por jovens entre 14 e 29 anos.

609.De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego as economias solidárias que

se constituíram a partir deste governo, como uma forma alternativa à especulação

do grande capital financeiro, são em mais de 80% destinadas à qualificação /

formação profissional, em um universo no qual apenas 4% dos jovens ficam com o

total de seus rendimentos, ou seja, não compõem a renda familiar.

610.Mesmo com a iniciativa do Governo Federal em construir Universidades Públicas

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e de desenvolver programas como o Pró-Uni visando diminuir a dívida social que o

Estado Brasileiro tem com sua população, o sucateamento do Sistema de Ensino

Público ocorrido em quase 10anos de administração Tucana Peefelista(hoje DEM),

tem os resultados mais assustadores e mais nefastos da história no que se refere à

qualidade de ensino (ex: progressão automática) e garantia da gratuidade dos

serviços (SESI), fazendo parte de uma lógica de mercado que reproduz a

juventude como mão de obra barata, um mercado consumidor em potencial, massa

de manobra para seus interesses, que imersa numa lógica de competitividade e

individualismo extremos e desumanos, reproduz a lógica do “mais forte”

aprofundando cada vez mais a lacuna entre quem tem ensino público e quem tem

recursos para pagar um ensino particular de qualidade e/ou que se dedicam

exclusivamente à sua formação (pois tem renda familiar alta), tendo melhores

condições de inserção dos espaços públicos.

611.Um exemplo claro disso é que mais de 80% dos matriculados na USP são

oriundos do ensino particular e/ou oriundos das classes mais abastadas,

contrariando assim o principio social da entidade. Nas chamadas Fundações

(Autarquias municipais que contam com dinheiro público para sua manutenção) a

exemplo Fundação Santo André, os cursos variam entre 500 reais (Humanas) a

mais de 1300 reais (Exatas), sem levar em conta transporte e toda estrutura

necessária para um bom aprendizado. Como se não bastasse, o que se nota nos

últimos anos na quase totalidade dessas e de outras instituições de ensino, é um

crescente movimento para o fechamento destes cursos para dar lugar à outros que

são mais caros e rentáveis à tais instituições, formando uma “casta” voltada a

competição mercadológica reproduzindo a dinâmica excludente do Capital sem se

preocupar em desenvolver o senso critico social e a “humanização” dos indivíduos,

oferecendo a “educação bancaria” enquanto alternativa.

612.Um dos maiores fatores que empurra a juventude para a criminalidade,

contribuindo assim com o atual quadro de caos urbano, é justamente a falta de

perspectiva e acesso à cultura, ao esporte e ao lazer, conseqüentemente

suprimindo a capacidade do jovem a se socializar/solidarizar, o que leva ao

esquecimento ou ao ostracismo o potencial juvenil, de sua identidade

revolucionária à serviço da construção de uma sociedade mais humana e fraterna.

613.Cada vez mais, com a alegação de melhoria contínua e o avanço dos processos

produtivos, as empresas exigem que o jovem se qualifique profissionalmente,

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dando pouco ou nenhum incentivo para que isso se realize, comprometendo

grande parte do ordenado já diferenciado e defasado do jovem, para esse fim.

Importante frisar que cada vez mais os rendimentos dos jovens vêem sendo

fundamentais, quando não exclusivos, na composição da renda familiar.

614.Muitas empresas aproveitam a mão de obra e a expectativa de empregabilidade

dos estagiários ou “treineés” para demonstrar uma das faces mais brutas do

Capital, expondo-os à cargas horárias e ritmos alucinantes sem nenhuma

remuneração ou direito, convênio médico ou alimentação, apenas para terem em

seu currículo o nome da Empresa que trabalhou, na esperança que isso lhe abra

possibilidades no mercado de trabalho.

615.A falta de identidade dos jovens enquanto sujeitos atuantes nos processos

políticos e sociais de nossa nação somada a alienação dos meios de comunicação

que aleijam o senso-crítico e difundem o consumismo e o individualismo, vem se

colocando como um dos maiores entraves na busca de uma consciência coletiva

transformadora por parte da juventude, expondo essa à fisiologismos e interesses

particulares que pouco ou nada contribuem para a melhora efetiva da sociedade ou

para a criação de um arcabouço teórico que balize a prática e as lutas para

mudarmos efetivamente essa sociedade.

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Pessoas com Deficiência, Panorama Brasileiro616.Com quase 25 milhões de pessoas com deficiência, o Brasil precisa com urgência

gerar políticas públicas que atendam de fato esta grande parcela da sociedade.

Este montante significa quase 14,5% da população brasileira, conforme o Censo

do IBGE 2000, número bastante expressivo, devendo gerar ações que possibilitem

a participação destas pessoas na sociedade como cidadãs, de direito e de fato.

617.Desta população 15,22 milhões têm entre 15 e 59 anos, ou seja, estão em idade

de atuar no mercado de trabalho formal. Deste total, 51% (7,8 milhões) estão

empregadas. Os homens são maioria, correspondendo 5,6 milhões, contra 3,5

milhões de mulheres trabalhadoras.

618.No quesito rendimentos, os trabalhadores com deficiência sobrevivem com uma

renda mensal de até um salário mínimo.

619.No Brasil, o setor de serviços é o ramo que mais emprega, correspondendo a

31,5%, seguido depois pelas indústrias, empregando 27,33% dos trabalhadores

com deficiência.

620.Uma grande distorção existente no Brasil é em relação ao serviço público, que

está sub-representado, sendo a representação neste setor de 17,63% de

trabalhadores com deficiência.

621.Promover a inclusão das pessoas com deficiência , em todas as esferas da

sociedade e em especial no mercado formal de trabalho é uma obrigação do

Estado e, como observamos nos dados acima, é o que menos contrata. Um dado

interessante é que enquanto estão em desvantagem de empregabilidade no setor

público, as atividades consideradas “rurais” são as que mais empregam, conforme

o Censo de 2000 do IBGE.

622.A baixa escolaridade é um dos principais argumentos usados pelos empregadores

para fechar as portas de acesso ao mercado de trabalho às pessoas com

deficiência, argumento este que facilmente se derruba quando constatamos que

um total 2,6 milhões de pessoas com deficiência possuem o ensino médio e curso

superior completo, não justificando a falta de contratação. De qualquer modo, as

barreiras ao acesso e permanência das pessoas com deficiência no ensino regular

e à formação profissional, precisam ser combatidas enquanto direito fundamental

de todas as pessoas de nossa sociedade.

623.Com a globalização e a reestruturação capitalista - visando aumentar os seus

lucros e seus dividendos - os patrões, estrategicamente, aumentam a sua

produção em escala geométrica, enquanto que a força de trabalho necessária para

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fabricar uma enorme quantidade de produtos, nem sequer permanece a mesma,

não ocorrem contratações e muitos postos de trabalho são eliminados, com a

adoção de novas tecnologias.

624.Dessa forma aumenta-se a exploração do trabalho, pelo aumento de sua

intensidade e produtividade, além do aumento da jornada de trabalho, colocando

em risco sua saúde e, por vezes, causando acidentes de trabalho, que quando não

são fatais contribui para o aumento da população com deficiência (é comum

trabalhadores perderem pernas, braços, dedos, etc, no processo de produção).

625.O número de acidentes de trabalho no Brasil que geram deficiências continua

acima da média conforme a OIT – Organização Internacional do Trabalho. Cada

vez mais as empresas, devido ao alto grau de exploração da força de trabalho em

suas linhas de produção, acabam produzindo trabalhadores com deficiência,

mutilando muito mais do que as atuais guerras pelo mundo. Se, por um lado, as

indústrias empregam hoje, 28 mil trabalhadores com deficiência, por outro lado,

elas mutilam cerca de 101 mil trabalhadores em suas fábricas.

626.Sendo assim, se faz necessário e urgente uma ação que envolva o Ministério do

Trabalho, os Sindicatos e Centrais Sindicais, para fiscalizar o cumprimento das

cotas, para amenizar ou pelo menos, compensar as mutilações provocadas na

classe trabalhadora.

627.Se os sindicatos, numa ação nacional, cobrarem o cumprimento da Lei de Cotas,

na negociação coletiva com a classe patronal, nas 10.637 empresas que têm a

obrigação de realizar a contratação, será viabilizado a criação de mais de 527 mil

novas vagas para as pessoas com deficiência.

628.No entanto, não basta apenas cobrar a abertura de vagas, é necessário também

formarmos esta parcela de pessoas com deficiência para atender esta nova

demanda, com a criação de Centros de Formação e Acompanhamento do

Trabalhador com Deficiência, utilizando verbas oriundas das multas das empresas

que não cumprirem a Lei de Cotas, do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e

do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social). Há muita verba nestes

fundos, porém, é necessário força política e pressão do nosso coletivo de

trabalhadoras e trabalhadores com deficiência, para que estas ações inclusivas

sejam implantadas.

629.Outra ação política sindical de inclusão da classe trabalhadora com deficiência,

consiste na ampliação da participação destes trabalhadores nas estruturas dos

sindicatos, nos congressos, seminários, fóruns, encontros, propiciando sempre as

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condições de participação, ou seja, tornando os meios e os espaços acessíveis.

630.Da maneira como estão montadas as estruturas sindicais, as pessoas com

deficiência (cadeirantes, cegos, surdos e paraplégicos, principalmente) não

conseguem representações nas instâncias, não por incompetência mais sim por

falta de acessibilidade e condições iguais de competitividade.

631.Por isso, somos a favor da reserva de 5% de vagas dentro do estatuto de cada

sindicato para que trabalhadoras e trabalhadores com deficiência possam fazer a

representação de 7 milhões e 500 mil trabalhadores com algum tipo de deficiência.

632.É notório que este século trás um novo paradigma que deve ser acompanhado

pelos sindicatos e centrais sindicais na questão da inclusão, que devem nortear as

nossas preocupações enquanto dirigentes sindicais, o papel que os sindicatos têm

na cobrança de melhorias nas condições e relações de trabalho e, particularmente,

com a parcela da classe trabalhadora com deficiência que em sua grande maioria

foi gerada de dentro do processo produtivo. Abaixo mencionaremos o novo papel

de política inclusiva que os sindicatos tem que protagonizar neste novo século que

se inicia, conforme recomendações da OIT.

633.Nós, trabalhadores com deficiência reivindicamos na CUT:

634.Promoção de políticas de igualdade de oportunidades para os trabalhadores, tanto

no programa da empresa como nos procedimentos de consultas e negociações,

nacionalmente. As organizações dos trabalhadores devem propor ativamente o

aumento das oportunidades de emprego e formação para pessoas com deficiência,

assim como medidas favoráveis à manutenção do emprego e a reintegração

profissional destas pessoas;

635.Incentivar os trabalhadores com deficiência a se sindicalizarem, assim como

assumirem funções diretivas;

636.Sensibilizar e educar os filiados no que diz respeito às pessoas com deficiência,

por meio de atividades de conscientização e de publicações sindicais, que

exponham as questões relacionadas à deficiência e igualdade de tratamento;

637.Lutar por condições adequadas nos seus locais de trabalho, que garanta:

638. defesa da legislação vigente em matéria de saúde e segurança no trabalho,

introduzindo procedimentos de intervenção e recursos aos serviços competentes

em conformidade com este relatório e, Cooperar com os programas de informação

e prevenção em relação à deficiência, oferecidas pelos patrões e organizações de

pessoas com deficiência, em benefício dos trabalhadores, e também participar dos

mesmos.

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639.Promover a introdução de estratégias de gestão dos trabalhadores com

deficiência no trabalho. As organizações devem adotar e aplicar tais estratégias em

benefício do seu próprio pessoal;

640.Sensibilizar os patrões sobre as leis específicas, convênios e suportes

tecnológicos que facilitem o acesso ao emprego das pessoas com deficiência;

641.Estimular os seus membros para cooperarem com os programas de reintegração

profissional desenvolvidos pelos patrões em conformidade com este repertório, a

fim de acelerar o processo.

642.Por fim, estas são metas a serem atingidas pela nossa central neste novo século

e no ceio de nossos sindicatos. 643. Texto debatido no 11º CECUT/SP

A organização Metalúrgica e sua intervenção nas Políticas

Públicas relacionadas à Questão Racial

“Nasci lá na Bahia de mucama com feitor,

o meu pai dormia em cama minha mãe no pisador.” Caetano Veloso

644.O movimento sindical e as organizações da sociedade civil têm procurado intervir

nesse tema, e sua ação tem sido fundamental no sentido de eliminar toda e

qualquer forma de discriminação contra a população negra. Mas existe um espaço

que o movimento sindical tem uma obrigação maior de intervir, pois diz respeito

diretamente a natureza de sua atuação na sociedade – o mercado de trabalho.

645.É praticamente inexistente a negociação coletiva de uma pauta que estabeleça

condições igualitárias de acesso ao mercado de trabalho, de salários e de

promoção, entre outras. Nosso objetivo é iniciar essa trajetória entre os

metalúrgicos, e procurar intervir nesse espaço, que estabelece as regras do jogo, e

que pode concretamente, eliminar discriminações contra a população negra no

acesso ao mercado de trabalho.

646.A Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT sempre teve como

preocupação à temática racial. Exemplo disso, são as discussões travadas em

seus congressos que sempre definiram ações concretas e posicionamentos dos

metalúrgicos frente às desigualdades e descriminações raciais. Mas agora, através

de parceria com o Centro de Solidariedade - AFL-CIO, estamos tendo a

oportunidade de consolidar nosso trabalho e dar mais um passo nessa discussão.

647.Para iniciarmos uma discussão sobre a questão racial no Brasil e mais ainda, para

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refletirmos sobre seus impactos no mercado e nas relações de trabalho é

necessário que voltemos a origem de nossa pretensa democracia racial. Que

desde de sua origem é falsa por ter se construído tendo como pilar de sustentação

o regime escravista que durante muitos séculos subjugou, explorou e torturou uma

enorme parcela da população que vivia no Brasil.

648.Essa hipocrisia é uma prática política recorrente em nossa história na medida que

as próprias leis que deveriam nos beneficiar, são criadas dando direitos ou que na

prática já estavam conquistados ou que efetivamente não saem do papel,

promovendo apenas a desarticulação de movimentos reivindicatórios.

649.Quase metade dos africanos escravizados veio para o Brasil, cerca de quatro

milhões em um espaço de trezentos e vinte anos. Dentro desse longo período

existiram diversas formas de luta: resistência individual, as insurreições urbanas e

o quilombismo.

650.O Quilombo dos Palmares (AL) chegou a abrigar 200 mil pessoas, no período de

1595 a 1695.

651.As resistências individuais também tiveram papel fundamental na luta contra

escravidão, havia recusa no cumprimento das tarefas exigidas, suicídios e até

assassinatos de filhos seguidos de suicídio da mãe.

652.Essas lutas nasceram em função dos maus tratos e da excessiva exigência de

tarefas. Um dado interessante é bastante ilustrativo do nível a que chegava a

exploração, o tempo de trabalho máximo que um negro resistia era de 20 anos. Em

geral, a vida útil de um escravo era de 7 a 10 anos, devido ás altas taxas de

mortalidade ocasionadas pelas condições de trabalho, o tempo diário de trabalho

era de 14 a 16 horas.

653.A luta dos negros, na época da escravidão, era tão proeminente que a Lei Áurea

libertou apenas 20% dos negros, pois a esmagadora maioria já havia conseguido a

liberdade por meio da lutas, quer em forma de fugas ou meios legais.

654.Após a abolição, imigraram para o Brasil, no período de 1871 a 1982, cerca de

3.400.000 europeus. A chegada desses imigrantes coincide com início da exclusão

da mão-de-obra negra, que até em então levou sobre seus ombros toda a

produção do país. A elite brasileira decidiu que o negro não servia mais para

trabalhar em suas lavouras, restando apenas os trabalhos mais precários e mal

remunerados.

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655.No início do século 20, apenas 10% dos trabalhadores nas industrias eram

negros. Este dado é ainda mais gritante se levarmos em conta que metade dos

trabalhadores brasileiros naquela época eram negros ou tinham ascendência

negra.

656.A lógica da dominação tenta a todo o momento colocar o negro na lata de lixo da

sociedade brasileira. Esta lógica acabou naturalizando um discurso racista, levando

a crer que o negro nasceu para viver na miséria, como se houvesse uma

superioridade do branco.

657.Alguns dizem que racismo no Brasil não existe, que preto quando se esforça sobe

na vida tanto quanto qualquer um. Não podemos cair em mais esta armadilha,

sabemos que as condições sempre estiveram desfavoráveis e em um país com

uma legião de miseráveis e desempregados os negros são sempre maioria nesses

grupos.

Mulher/Gênero

658.Não parece possível discutirmos os diferentes aspectos da questão racial no

Brasil, sem voltarmos nosso olhar por alguns instantes à condição feminina.

659.Se for óbvio que a prática discriminatória produziu uma cidadania hierarquizada,

as mulheres estão no ponto mais baixo dessa hierarquia tendo sempre menores

salários do que os homens, no caso das mulheres negras, tendo menores salários

que os homens sejam eles brancos ou negros e tendo um menor salário que as

mulheres brancas.

660.No caso do acesso à educação, nosso próximo assunto, as mulheres representam

51,3% com mais de cinco anos de idade e 50,5% dos(as). Entre as mulheres

negras, devido à dupla discriminação (gênero e raça), a situação é muito mais

grave. Entre as pessoas não-alfabetizadas acima de 40 anos, as mulheres negras

representam mais do que o dobro das mulheres brancas.

Educação

661.As diferenças raciais no Brasil refletem uma discriminação que vem de longa data.

Alguns dados são bastante ilustrativos desta condição:

662.A diferença de anos de estudos que tem se mantido estável ao longo do tempo,

os negros não conseguem alcançar mais do que 70% da média de anos de estudo

dos brancos;

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663.A taxa de analfabetismo que mesmo com uma redução significativa ao longo dos

anos, continua sendo 10% maior entre os negros.

664.Nos últimos anos, apesar de tênue diminuição na desigualdade entre brancos e

negros, as perspectivas de progressão e desempenho dos negros são menores.

665.Podemos pensar que os alunos negros são oriundos de país com menos

escolaridade que os pais dos alunos brancos, o que condicionaria seu

desempenho escolar. No entanto, existe um agravante para este quadro: “A maior

parte do diferencial racial pode ser atribuída à discriminação na escola,

constataram que mesmo se os negros tivessem a mesma origem social dos

brancos, a diferença de escolaridade ainda se manteria em 2,27 anos de estudas

em favor dos últimos, o que comprova a tese de estudiosos do tema, sobre o ambiente escolar formal como reprodutor contumaz de desigualdades sociais.”(II congresso nacional Unegro, 2003, p.10)

Segurança /dados sobre a violência

666.Ao tratarmos de assuntos relacionados a segurança, não é difícil pensarmos em

como o negro é extremamente afetado pela violência. Talvez uma das faces mais

chocantes da discriminação é a violência sofrida pelos negros por parte dos

aparelhos legais responsáveis pela manutenção da segurança e da ordem. Ordem

esta que tem estado muito desfavorável não apenas para os negros, mas também

para todos marginalizados, entre eles mulheres, migrantes e homossexuais.

667.O negro é alvo preferencial da Polícia Militar e dos grupos de extermínio. Das

crianças e adolescentes mortas por grupos de extermínio, 70% são negras. Entre

as vítimas da Polícia Militar de São Paulo, 48,14% são negros, embora a maioria

dos indiciados em inquéritos judiciais seja de brancos (68% nos casos de assalto,

65% nos casos de homicídios e 68% nos casos de estupro).

668.O perfil social das vítimas da PM e dos grupos de extermínio de crianças e

adolescentes coincide no essencial: além de negros são pobres, moradores da

periferia e renda inferior a um salário mínimo.

669.De 1970 a 1972 a PM matou cerca de 8000 pessoas, sendo 51% negros. Esses

números são ainda mais alarmantes se considerarmos que nessa época, segundo

o IBGE, os negros somavam 25% da população.

670.A ação da polícia e dos grupos de extermínio não deve ser vista de forma isolada,

ela tem sido um instrumento de controle de todos aqueles que se encontram à

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margem do sistema, como negros, pobres, trabalhadores, jovens e moradores da

periferia.

Mercado de Trabalho

671.“Esse imaginário social sobre negros certamente influencia a avaliação do seu

potencial e o julgamento de suas habilidades, colaborando com a definição do

lugar que ocupam no trabalho”.

672.Os estereótipos, como os preconceitos, desempenham uma importante função na

área do trabalho: a de manter a ideologia do grupo que está no poder, ‘explicando

e justificando’ as diferenças de tratamento.”(REVISTA latino-americana de estudos

do trabalho, 1999, p.125)”.

673.Se nos atentarmos a alguns números, veremos que os trabalhos realizados por

negros são os menos remunerados e com as piores condições de trabalho, pois,

teoricamente são funções que não exigem superioridade técnica e intelectual

como: serviço informal, trabalhos domésticos, construção civil e agricultura.

674.Outra taxa que confirma a discriminação no mercado de trabalho é a do

desemprego. Segundo o DIEESE, o maior número desempregados está entre os

trabalhadores com ensino fundamental incompleto, já para os trabalhadores

negros, as taxas são elevadas em todos os graus de escolaridade.

Trabalho, emprego e renda

675.No que se refere à renda, dentro da mesma qualificação, o salário dos negros é

70% do salário do branco.

676.De acordo com o CEERT – Centro de Estudos das Relações do Trabalho e

Desigualdades, pelo menos seis em cada dez casos de discriminação racial

registrados em delegacias de São Paulo são de discriminação no trabalho,

especialmente nos processos de admissão e demissão.

677.Negras e negros, quando empregados, ocupam os piores postos de trabalho. E

mesmo que tenham o mesmo nível de estudo, ainda assim a remuneração é

menor.

Governo e sociedade

678.Uma das maiores preocupações apontadas pelo novo governo são as

desigualdades sociais e econômicas, dentre elas a questão racial tem um destaque

importante.

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679.O Brasil é o país que conta com a maior população negra fora da África. Entre a

população pobre, 64% é negra e entre os indigentes o número chega a 69%.

Aqueles que estão empregados, a maior parte encontra-se entre os empregos mais

precários e com menores rendimentos.

680.Esse quadro é fruto um processo histórico de quatro séculos de trabalho sob o

regime de mão-de-obra escrava e que mesmo com a abolição da escravidão não

foi revertido.

681.Levantamento de Negociações, Resoluções de congressos sobre a questão racial

682.Para qualquer discussão acerca das políticas públicas é importante conhecermos

o conceito ação afirmativa.

683.Ação afirmativa é um conjunto de ações discriminatórias positivas que partem do

reconhecimento do racismo, da própria discriminação racial e da desigualdade de

oportunidades visando combater e eliminar estas práticas dentro da sociedade.

684. A ação só pode ser considerada afirmativa se for completa, explica-se: se houver

uma política compensatória sem medidas preventivas, estaremos eternizando a

compensação e a discriminação positiva sem criar mecanismo que possam

eliminar a causa, daí o caráter positivo torna-se negativo a medida em que mantém

um círculo vicioso que só serve para alimentar o oportunismo.

685.As políticas públicas devem ser amplas e conter medidas de solução imediatas e

soluções de longo prazo como a eliminação dos focos de racismo e discriminação,

garantindo que gerações futuras não mais necessitem de políticas compensatórias

ou reparatórias para terem acesso à educação, saúde, moradia e emprego/renda

dignos.

686.São necessárias ações (medidas) preventivas que visem combater as causas da

discriminação, ou seja, qualquer política compensatória ou reparatória só pode

existir em conjunto com medidas preventivas (políticas públicas) que visem

erradicar a pobreza e a discriminação.

687.No Campo da educação, lutar pela reformulação da política de ensino no sentido

de se construir novos conteúdos nos livro didáticos e nos currículos escolares sob

o ponto de vista dos negros e negras e demais trabalhadores e trabalhadoras

explorados.

As organizações sindicais devem ampliar sua preocupação com a política interna

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no mercado de trabalho, garantindo o direito de ir e vir do trabalhador, extinguindo

a discriminação salarial de gênero e raça.

688.Proposta de ação

689.Multiplicar a discussão apresentada para os coletivos estaduais por meio de

seminários e debates, assumindo a bandeira contra discriminação.

formação para aprofundar o tema, resgatando a história dos negros, multiplicando

este seminários para os Estados; Sem duvida a política de reparações e as ações

afirmativas podem ser úteis como elemento tático para a construção de uma nova

sociedade. No entanto, temos na OTI - Organização Internacional do Trabalho, um

grande instrumento de luta.

690. A Convenção 111 da OIT (anexo I), que trata da igualdade de oportunidades e

tratamento em matéria de emprego e ocupação, não apenas proíbe o Estado de

discriminar, mas principalmente estabelece medidas positivas que devem ser

adotadas para promover a igualdade de oportunidade e tratamento. Determina que

o combate das práticas discriminatórias deve partir do Estado, cabe a ele a

implementação de políticas que combatam as discriminações.

691.Resoluções do congresso da CUT sinalizam a linha política que devemos adotar

no combate a discriminação racial, por meio da conscientização e informação,

cobrando do Estado as medidas cabíveis.

692.Destacam-se algumas destas resoluções:

693.- Participar das comissões e conselhos tripartites que desenvolvam o tema racial;

694.- Propor mudanças no papel e na organização do ensino técnico e

profissionalizante no país;

695.- Realizar atividades (seminários, conferências) em âmbito estadual e nacional

sobre negros, educação e mercado de trabalho; - As escolas de formação sindical

da CUT deverão capacitar os conselheiros com o tema da discriminação racial;

696.– As escolas de formação sindical da CUT deverão incluir a temática racial em

todos os cursos destinados aos conselheiros, formadores e dirigentes, observando

as elaborações e sistematizações feitas por sindicalistas que militam neste tema;

697.- Propor que a CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação

e a CUT pressionem o MEC – Ministério da Educação e Cultura - objetivando

garantir o debate sobre educação e relações raciais;

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698.O movimento sindical não tem apenas a tarefa de denunciar, mas o compromisso

de apresentar propostas, introduzir questões raciais e de preconceito nas pautas

reivindicatórias e de reunião de diretoria e pauta do contrato coletivo. E o dever de

lutar pela implementação das mesmas.

699. “Com este conjunto de propostas não queremos incentivar a competitividade

entre negros e brancos, entre homens e mulheres. Ao contrário, o nosso objetivo

central é fazer com que a discriminação injusta, que durante tantos anos vem

dificultando a ascensão social da população negra, seja eliminada, e possamos ter

uma sociedade mais justa e igualitária”.(CONCUT, V)

700.políticas públicas (aquelas que tem caráter universal e atinge toda a população),

políticas sociais (de natureza corretiva, paliativa e compensatória, portanto,

focalizada, mas sem recorte de raça ou gênero, por exemplo) e ações afirmativas

(de natureza corretiva, paliativa e temporária, mas também focalizada).

701.as políticas afirmativas partem do pressuposto que as políticas publicas não são

suficientes, já que alguns grupos não se encontram no mesmo patamar, e

conseqüentemente, não existe igualdade para desiguais.

702.As ações afirmativas não se restringem às cotas. São metas temporárias para

“correção” de uma situação de discriminação. Elas permitem estabelecer um

espaço de disputa de poder.

703.três matrizes fundamentam a produção e reprodução do preconceito. A primeira

delas é a Judaico Cristã, que apresenta, a partir da religião, justificativas para a

suposta inferioridade da raça negra, por exemplo, sobre a marca imposta a Caim

por ter matado seu irmão Abel.

704.Outra matriz, a biológica, que apresenta justificativas inerentes ao organismo

humano que definem as diferenças raciais, características que supostamente

interferem no desempenho, no intelecto, etc.

705.Por fim, a matriz social, de que determinados grupos, no caso, raças, são mais

aptas para determinados tipos de atividades, o negro é bom para musica, sexo, é

movido pela emoção e não pela razão.

706.A partir dessas matrizes podemos observar que raça é uma construção social, e

não biológica. Mas como desconstruir essa noção?

707.Temos ainda que combater o racismo institucional. A televisão, a propaganda,

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reproduz os conceitos de beleza que negam as características negras como

padrão estético. Certos canais de televisão, como a Record, discriminam

abertamente as religiões de descendência africana.

708.As organizações populares e sindicais muitas vezes não se atentam para as

questões da população negra, como por exemplo, a luta pelo reconhecimento das

comunidades Quilombolas e a necessidade de apoio para esse combate.

709.A proposta é construir o debate na sociedade civil organizada e na sociedade em

geral, o debate das cotas, nesse sentido, tem provocado muita discussão, o

problema é que muito mais através dos meios de comunicação, que sempre

desvirtuam a luta dos trabalhadores e dos movimentos sociais.

710.A discriminação do negro no mercado de trabalho, demonstrando que alem de

salários menores, o negro está nas piores ocupações, e também é a maioria entre

os desempregados.

711. O sindicato tem o dever de agir em todas as ações que caminhem para a

eliminação da discriminação racial, mas que tem obrigação ainda maior de intervir

quando se trata do mercado de trabalho, pela sua própria natureza.

712.Para desconstruir os preconceitos, nesse sentido, muitas ações alem das cotas

devem ser desenvolvidas.

713.Ainda temos dificuldade em pensar qual e a pauta dos trabalhadores para esse

tema? Qual as cláusulas que poderiam ajudar a eliminar a discriminação racial no

local de trabalho, no acesso a melhores postos, a treinamento.

714.Outra questão é que esse tipo de negociação precisa de estratégias de

organização e de argumentação diferentes das utilizadas em negociações de outro

tipo, por exemplo, nas negociações salariais.

715.O fortalecimento da unidade da classe trabalhadora, compreendida como grupo

social que se forja a partir da sua condição econômica e de trabalho, passa

necessariamente pela construção da sua identidade como classe, que não significa

a negação das suas diferenças físicas e biológicas (que é da natureza humana),

mas pelo enfrentamento das desigualdades resultantes da construção social

influenciada por um determinando tipo de modo de produção (capitalista) que se

reflete na organização do conjunto da sociedade.

716.Compreendendo que a acentuada desigualdade entre brancos e negros é fruto de

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uma construção social que buscou eliminar a presença significativa dos negros no

processo de formação da sociedade brasileira, constituindo-se, portanto, em uma

problemática estrutural do nosso país, que demandou uma ação específica do

movimento sindical.

717.Portanto, faz-se necessário que os sindicalistas da CNM/CUT participem dos

fóruns criados não só na Central, mas também nos diversos espaços institucionais

das entidades comprometidas com a nossa luta.

718.Incorporando em suas resoluções as reivindicações dos militantes sindicais que

atuam no combate à discriminação racial, com o intuito de fortalecer esta luta como

uma luta do conjunto da classe trabalhadora.

719.A CNM/CUT como etapa preparatória deste Congresso, iniciou uma tomada de

informações para que em seu cadastro possam constar dados importantes sobre

as diversas bases dos sindicatos filiados.

720.Nesse novo cadastro estamos solicitando informações quanto ao número de

negros e não brancos na base de cada sindicato filiado.

721.Entretanto, os sindicatos não tem disponíveis essas informações, essa dificuldade

traduz a necessidade dos sindicatos, federações e a própria CNM/CUT em

desenvolver um mapeamento sobre o perfil dos trabalhadores do ramo metalúrgico

que trate também sobre a questão racial.

722.Reconhecida oficialmente como um novo órgão da CUT durante a realização do

5º Congresso Nacional em 1994, a Comissão Nacional Contra a Discriminação

Racial - CNCDR tem contribuído para a consolidação de políticas que visam

discutir o trabalhador e a trabalhadora na sua plenitude, considerando as

especificidades existentes no interior da classe. A tarefa da CNCDR tem sido a

busca da igualdade, respeitando sempre a diversidade. Nesse período, a

Comissão cumpriu um papel importante nas discussões de Políticas Públicas de

Promoção da Igualdade Racial, participando efetivamente de espaços e fóruns de

debates públicos, envolvendo várias temáticas, como educação, saúde do

trabalhador(a), crianças e adolescentes e orientação sexual.

723.Outras ações desenvolvidas pela CNCDR, como a participação em atividades da

Organização Internacional do Trabalho - OIT sobre Gênero, Raça, Pobreza e

Emprego; a discussão de políticas de qualificação para as trabalhadoras

domésticas; o debate sobre a reforma sindical e sobre o salário mínimo, demonstra

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a necessidade de manter e aprimorar a transversalidade da discussão racial nas

políticas gerais da Central. Além disso, as ações com as entidades do movimento

negro e social que discutem a questão racial, como a mobilização da Marcha

Zumbi + 10, tem possibilitado o fortalecimento da relação da CUT com essas

entidades.

724.Para avançar em nossa estratégia e intensificar as lutas pela superação das

desigualdades e pela busca da cidadania para os trabalhadores(as) negros e

negras, a CUT decidiu em seu 9º congresso nacional em ampliar o conhecimento

do movimento sindical cutista sobre as relações raciais, especialmente sobre a

discriminação no mercado de trabalho, suas causas e implicações em todos os

âmbitos, sensibilizando e envolvendo um maior número de sindicatos em torno da

participação nos Coletivos Estaduais Anti-racistas, assim como realizar Encontros

Estaduais de Sindicalistas Antiracistas.

725.Também definiu investir no processo de formação cidadã, voltada para a

capacitação de dirigentes e lideranças sindicais na perspectiva da transversalidade

dos temas relativos às questões raciais nas discussões de políticas públicas e

sindicais.

726.Assim como formular e propor cláusulas nos acordos coletivos que contribuam na

superação da discriminação e das desigualdades entre trabalhadores e

trabalhadoras, brancos e negros e exigir das empresas o perfil de seus

empregados, levantando entre outros dados, o gênero, salário, nível de

escolaridade, a raça/cor, função e a posição que ocupa na família.

727.O congresso da CUT nacional também aprovou resolução no sentido de

assegurar o acompanhamento pelas organizações dos trabalhadores, durante todo

o tempo em que transcorrer a levantamento do perfil dos empregados nas

empresas e lutar pela implementação de políticas públicas no plano federal para a

população negra, intervindo em licitações e concorrências publicas,

financiamentos, licenciamentos, subsídios, funcionamentos, licenças de exportação

e nas atividades de licença do governo ou aval.

728.Que haja um compromisso explícito na contratação de mão-de-obra negra e a

ausência do trabalho infantil, pela Implementação do Programa Nacional de

Anemia Falciforme nos Estados e Municípios da Federação; implementação da

Convenção da ONU sobre Eliminação da Discriminação Racial no Ensino;

assegurar o acesso da população negra a cursos profissionalizantes e ao sistema

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educacional, garantindo na educação integral o tema racial; implementação das

Convenções 111,105,29 e a 100 da OIT; pesquisa científica, visando detectar as

conseqüências e impactos sofridos pelos trabalhadores negros e negras, tendo em

vista as transformações que vêm ocorrendo no mundo do trabalho; contemplar a

diversidade de raça e gênero nos anúncios dos meios de comunicação, outdoors,

etc., quer na linguagem falada, escrita, imagem e/ou outros;

729.Igualmente aprovada a resolução de promover debates entre o Governo e

entidades organizadas, institutos de pesquisa, parlamentares, juristas, para a

concepção correta dos diferentes tipos de cor (no que se refere à descendência),

como objetivo de suprimir o termo pardo/parda bem como articular com os órgãos

competentes a inclusão de “nota explicativa” nos dicionários sempre que houver

palavras que promovam a perpetuação da ideologia racista e sexista através da

linguagem, bem como a supressão das mesmas nos livros didáticos;

730.Estreitar a relação com o Movimento Negro e o Movimento das Mulheres e atuar

conjuntamente com os órgãos de defesa da criança e do adolescente,

principalmente no que diz respeito ao trabalho infantil, onde se insere a maioria das

crianças e adolescentes negros.

731.Propostas de ações junto ao governo:

732.Pressionar para a manutenção e tratamento adequado do quesito “Cor” na Rais e no

Caged;

733.Inserir nos programas de vereadores e prefeitos de esquerda as propostas para

erradicação das desigualdades;

734.Ações Gerais

735.Apoiar outras categorias e movimentos com maior dificuldade de expressão, como por

exemplo, as/os trabalhadores domésticos;

736.Participar do Seminário promovido pela SEPPIR sobre saúde e raça, em agosto;

737.Organizativas

738.Formação do CNCDR/CNM, tendo como Coordenador Lorenço, STIM Campinas, SP;

739.Reproduzir as discussões realizadas no seminário para a diretoria dos sindicatos;

740.Manter uma regularidade de matérias sobre o assunto nos jornais das entidades sindicais;

741.Propostas

742.Incluir nas pautas de negociação (e procurar em um ambiente de livre negociação criar

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pauta própria), cláusulas que garantam a igualdade de oportunidades;

743.Negociar proposta de cotas nas empresas: nos treinamentos e cursos de formação e na

contratação por função.

744.Sugestões:

745.Coletivo realizar reuniões nos estados. Reproduzir o seminário nas regiões

746.Trocar informações permanentemente sobre o tema

747.Realizar um seminário sobre historia da África

748.Incluir o tema como plano de lutas dos sindicatos e estruturas sindicais

749.Garantir cotas de mulheres nas atividades

750.Manter comunicação com os estados/fem's sobre o andamento do tema

751.Criar condições para negociação do tema

752.Reproduzir essa discussão nos sindicatos

753.Realizar seminários com outras categorias

754.Divulgar as iniciativas do coletivo

755.Envolver CUTs estaduais nessa discussão

756.Ações junto ao governo:

757.Pressionar para a manutenção e tratamento adequado do quesito “Cor” na Rais e no

Caged;

758.Inserir nos programas de vereadores e prefeitos de esquerda as propostas para

erradicação das desigualdades

759.Ações Gerais:

760.Apoiar outras categorias e movimentos com maior dificuldade de expressão, como por

exemplo, as/os trabalhadores domésticos;

761.Participar do Seminário promovido pela SEPPIR sobre saúde e raça, em agosto;

762.Organizativas:

763.Formação do CNCDR/CNM, tendo como Coordenador Lorenço, STIM Campinas, SP;

764.Reproduzir as discussões realizadas no seminário para a diretoria dos sindicatos;

765.Manter uma regularidade de matérias sobre o assunto nos jornais das entidades sindicais;

766.Propostas:

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767.Incluir nas pautas de negociação (e procurar em um ambiente de livre negociação criar

pauta própria), cláusulas que garantam a igualdade de oportunidades

768.Negociar proposta de cotas nas empresas: nos treinamentos e cursos de formação

e na contratação por função.

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Trabalhadores Não Manuais769.Durante o 6º Congresso da CNM em junho de 2004, foi aprovada uma resolução

para que se criasse um grupo de trabalho no intuito de propor ações de

organização para os trabalhadores técnicos e não manuais.

770.Logo após o nosso congresso, a CNM participou do seminário organizado pela

FITIM “A sindicalização dos trabalhadores não manuais – a perspectiva da América

Latina”, realizado em 2-3 de setembro de 2004, no Rio de Janeiro.

771.Nesse evento, os participantes definiram a elaboração de um caderno com os

informes dos países feitos durante o seminário e a aplicação de um questionário

para todos os países membros da FITIM na América Latina, com o objetivo de

conhecer melhor o perfil desse trabalhador e as ações de cada país; e estabeleceu

o compromisso de cada país participante com a definição de um plano de trabalho

próprio.

772.Os participantes da reunião levantaram alguns pontos que devem ser

considerados quando pensamos em organizar esses trabalhadores:

773.Os trabalhadores não-manuais/mensalistas, possuem salários mais altos, e o

percentual de desconto para sócios acaba ficando muito alto, a reivindicação é de

que exista um teto;

774.Nos Acordos e Convenções Coletivas existe teto para os reajustes salariais e os

mensalistas sempre acabam com reajustes bem menores, o que ao longo do

tempo faz com que tenham seus salários reduzidos;

775.Os sindicatos não dão a devida atenção para as questões relacionadas às

condições de trabalho dos não-manuais, como por exemplo, a questão das horas

extras. Pela proximidade da chefia e o isolamento no posto de trabalho esses

trabalhadores acabam sendo obrigados a realizar horas extras e muitas vezes sem

remuneração ou compensação;

776.A qualificação profissional é um ponto muito importante para esses trabalhadores.

Os sindicatos deveriam pensar em negociar com as empresas o aumento das

bolsas de estudo/cursos e também os requisitos para seu preenchimento, pois

serve de moeda de troca para a chefia pressionar os funcionários;

777.Os benefícios oferecidos pelos sindicatos também não atraem esses

trabalhadores. A sugestão de muitos deles é, por exemplo, de estabelecer

convênios internacionais para cursos de língua. Durante a reunião foi proposto

entrar em contato com a CAW/Canadá e discutir a possibilidade de um convênio

para esse tipo de curso.

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778.A partir das discussões ficou estabelecido um plano de trabalho baseado na

elaboração de um questionário para melhorar os dados que possuímos sobre os

trabalhadores não-manuais e para levantar as iniciativas realizadas pelos

sindicatos para organização desses trabalhadores.

779.Elaborar também uma carta para os sindicatos, ressaltando a importância de

implementar iniciativas para organização desse grupo de trabalhadores que foi

enviada junto com o questionário.

780.Entretanto, nenhum sindicato enviou os questionários respondidos, isso aliado às

questões conjunturais e estruturais da CNM, resultou na paralisação do processo.

781.Essa paralisia da ação não permitiu a implementação de uma campanha nacional

de sindicalização específica para esses trabalhadores e estabelecimento de um

plano de trabalho mais detalhado.

782.Para não perdermos a oportunidade reproduzimos abaixo o teor do questionário

enviado às entidades sindicais filiadas:

1. Nome do sindicato (Cidade e Estado):............................................................................................................................................................................................................................

2. Qual o número de trabalhadores desse Sindicato?............................................................................................................................................................................................................................

3. Qual o número de trabalhadores sindicalizados desse Sindicato?............................................................................................................................................................................................................................

4. Qual o número de trabalhadores não manuais?............................................................................................................................................................................................................................

5. Qual o número de trabalhadores não manuais sindicalizados?............................................................................................................................................................................................................................

6. Em sua avaliação, porque os trabalhadores não manuais estão distantes do sindicato?........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

7. Existem empresas em que estes trabalhadores estão mais concentrados? Quais?............................................................................................................................................................................................................................

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8. Quais são as principais questões/reivindicações apresentadas por esses trabalhadores? Cite três.........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

9. O sindicato tem realizado alguma ação para aproximar esses trabalhadores do sindicato? Quais?........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

10. Em sua avaliação, como o sindicato deveria atuar para melhor atender as expectativas dos trabalhadores não manuais? Cite exemplos.

.....................................................................................................................................

.....................................................................................................................................

.....................................................................................................................................

.........................................

783.O 7º Congresso da CNM/CUT tem portanto, tarefa importante para a organização

desses trabalhadores, retomar de onde paramos e estabelecer políticas específicas

que atendam às demandas do movimento sindical para com esses companheiros e

companheiras.