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XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação - SEPesq Centro Universitário Ritter dos Reis XIII Semana de Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação SEPesq 27 de novembro a 01 de dezembro de 2017 Análise de editorial de Moda da marca Christian Dior segundo com a Semiótica definida por Peirce Josiane Giotti Mestranda em Design Centro Universitário Ritter dos Reis - Uniritter [email protected] César Steffen Doutor em Comunicação Social Centro Universitário Ritter dos Reis - Uniritter [email protected] Vinicius Gadis Ribeiro Doutor em Computação Centro Universitário Ritter dos Reis - Uniritter [email protected] Resumo: O presente trabalho analisou uma imagem do editorial de Moda da marca Christian Dior publicado no ano de 2004 pela revista Vogue americana, de acordo com a Semiótica definida por Peirce e apresentada por Santaella. O objetivo da pesquisa é investigar se é possível e de que forma a Semiótica pode contribuir para se realizarem análises de imagens no campo da Moda e a relevância da pesquisa se dá ao observar que ainda não existem estudos publicados especificamente com essa temática. A pesquisa tem caráter qualitativo e é descritiva quanto aos seus objetivos, sendo utilizado o método de análise descritiva para a sua realização. Para realizar a análise detalhada da imagem os autores identificaram diversos elementos importantes de linguagem não verbal presentes no editorial de Moda os quais foram explicados por meio das teorias da Semiótica definida por Peirce, especialmente da Fenomenologia, estudo dos fenômenos que são divididos em Primeiridade (quali-signo), Secundidade (sin-signo) e Terceiridade (legi-signo). Após a análise dos resultados foi possível inferir que o processo de análise pode ser aplicada à outras diversas imagens do campo da Moda. 1 Introdução No presente trabalho, foi realizada análise de uma imagem do editorial de Moda da marca Christian Dior que foi publicado na revista Vogue de Nova Iorque no ano de 2004, de acordo com a Semiótica definida por Peirce e apresentada por Santaella (2012). O problema principal do presente artigo é investigar de que forma a Semiótica contribui para se realizarem análises de imagens de Moda. A relevância da pesquisa se dá ao observar que ainda não existem estudos com essa temática específica, visto que, a análise realizada

Análise de editorial de Moda da marca Christian Dior

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Análise de editorial de Moda da marca Christian Dior segundo com a

Semiótica definida por Peirce

Josiane Giotti Mestranda em Design Centro Universitário Ritter dos Reis - Uniritter [email protected] César Steffen Doutor em Comunicação Social Centro Universitário Ritter dos Reis - Uniritter [email protected] Vinicius Gadis Ribeiro Doutor em Computação Centro Universitário Ritter dos Reis - Uniritter [email protected]

Resumo: O presente trabalho analisou uma imagem do editorial de Moda da marca Christian Dior publicado no ano de 2004 pela revista Vogue americana, de acordo com a Semiótica definida por Peirce e apresentada por Santaella. O objetivo da pesquisa é investigar se é possível e de que forma a Semiótica pode contribuir para se realizarem análises de imagens no campo da Moda e a relevância da pesquisa se dá ao observar que ainda não existem estudos publicados especificamente com essa temática. A pesquisa tem caráter qualitativo e é descritiva quanto aos seus objetivos, sendo utilizado o método de análise descritiva para a sua realização. Para realizar a análise detalhada da imagem os autores identificaram diversos elementos importantes de linguagem não verbal presentes no editorial de Moda os quais foram explicados por meio das teorias da Semiótica definida por Peirce, especialmente da Fenomenologia, estudo dos fenômenos que são divididos em Primeiridade (quali-signo), Secundidade (sin-signo) e Terceiridade (legi-signo). Após a análise dos resultados foi possível inferir que o processo de análise pode ser aplicada à outras diversas imagens do campo da Moda.

1 Introdução

No presente trabalho, foi realizada análise de uma imagem do editorial de Moda da

marca Christian Dior que foi publicado na revista Vogue de Nova Iorque no ano de 2004, de

acordo com a Semiótica definida por Peirce e apresentada por Santaella (2012). O

problema principal do presente artigo é investigar de que forma a Semiótica contribui para

se realizarem análises de imagens de Moda. A relevância da pesquisa se dá ao observar

que ainda não existem estudos com essa temática específica, visto que, a análise realizada

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pode gerar discussões sobre a importância dos estudos, contribuindo também para a

reflexão sobre o que ainda pode ser investigado e publicado.

A pesquisa tem caráter qualitativo e quanto aos objetivos é considerada

descritiva, pois tem o intuito de descrever fenômenos. (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO,

2013). A abordagem é realizada a partir de análise descritiva de uma imagem de editorial de

Moda, baseando-se na ciência da Semiótica definida por Peirce e apresentada por

Santaella (2012).

Como forma de organização e apresentação do artigo, buscou-se, na seção 2 descrever

como é definida a Semiótica de Peirce apresentada por Santaella (2012), na seção 3

apresentou-se de que forma a Moda pode ser explicada segundo a Semiótica de Peirce.

Posteriormente, na seção 4, realizou-se a descrição da icônica coleção New Look de

Christian Dior e qual foi o legado deixado pelo criador para o campo da Moda. Na seção 5

relatou-se a metodologia aplicada ao trabalho e realizada a análise Semiótica da imagem do

editorial de Moda da marca Christian Dior, descrevendo diversos elementos importantes

presentes no contexto em que foi feito. E, finalmente na seção 6 realizou-se a apresentação

das considerações e conclusões finais da pesquisa.

2 A Semiótica de Peirce apresentada por Santaella

Santaella (2012, p. 13) afirma que no século XX duas ciências de linguagem iniciaram e

vem progredindo até hoje com força. “Uma delas é a Linguística, ciência da linguagem

verbal. A outra é a Semiótica, ciência de toda e qualquer linguagem”. Assim, a semiótica é a

mais jovem das ciências humanas, é a teoria dos signos e utiliza as linguagens como seu

objeto direto de verificação, investigando todo e qualquer fenômeno, tratando-o como

produção de sentido e significação. Esta ciência nasceu de três fontes diferentes, a norte-

americana, a soviética e a européia, todavia, neste artigo trataremos especificamente da

Semiótica originada dos Estados Unidos.

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A corrente da Semiótica americana iniciou com Charles Sanders Peirce (1839-1914),

que foi um cientista-lógico-filósofo, mas também estudou e fez contribuições

importantíssimas às áreas da Matemática, Física, Astronomia, Biologia, Geologia,

Linguística, História e Psicologia. Estudando profundamente a filosofia, Peirce desenvolveu

um dos seus ramos que ficou conhecido como a Fenomenologia, que compreende os

princípios básicos para a Semiótica. (SANTAELLA, 2012).

De acordo com Santaella (2012), a fenomenologia é descrita por Peirce como a ciência

que observa e analisa os fenômenos. A partir dela é possível ler o mundo como linguagem e

assim compreender tudo o que emergir na mente humana. Assim, tudo o que é sentido ou

experimentado se dá através dos fenômenos. A função da fenomenologia é explicar as

categorias mais simples, gerais e universais, referindo-se à maneira como os fenômenos

são entendidos pela mente.

Pierce denominou os fenômenos em três categorias: Primeiridade, Secundidade e

Terceiridade. A Primeiridade é a qualidade da consciência imediata, é uma impressão sem

análises prévias, é a pura qualidade do sentir. A Secundidade é caracterizada pela

sensação sentida, é a ação e a reação. Já a Terceiridade remete a como é possível

interpretar e representar o mundo, à inteligibilidade, ou seja, o pensamento em signos.

(SANTAELLA, 2012).

Conforme Santaella (2012), além das três categorias de fenômenos, Pierce classificou

os signos conforme uma relação entre o signo e objeto, são elas: a relação que

estabelecem consigo mesmo (1º quali-signo, 2º sin-signo e 3º legi-signo), com seu objeto

(ícone, índice e símbolo) e com seu interpretante (rema, dicente e argumento). O Ícone

representa seus objetos em detrimento de alguma semelhança entre signo e objeto. Índice é

quando o signo apresenta alguma similaridade com o objeto representado, para que haja

alguma relação existencial entre eles e o símbolo simula seus objetos em função de alguma

lei, convenção ou hábito.

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3 A Moda explicada segundo a Semiótica de Peirce

Durante muitos anos, a moda foi desprezada pela comunidade científica por ser

considerada frívola e artificial (LIPOVETSKY, 1989). Porém, entre os anos de 1990 e 2000,

houve um aumento de pesquisas e de estudos a respeito da moda que atrelaram

interdisciplinaridade entre diversas áreas, como a história, a sociologia, a antropologia, a

semiótica, a psicologia, dentre outras, conferindo a área de moda aprofundar as pesquisas

em seu campo científico.

O mundo da moda é considerado veloz e voraz. De acordo com Castilho e Martins

(2005), essa velocidade e voracidade se dão pela necessidade de mudança em propor

soluções inovadoras para o produto de moda que será então oferecido no mercado. Os

autores afirmam ainda que nos mundos imaginários criados pela moda, os produtos

possuem valores subjetivos agregados, e o consumidor acaba entrando em concordância

com eles, causando o contentamento do sujeito em relação a sua identidade estabelecida.

Percebe-se então, que os produtos criados pela moda, modificam comportamentos,

não somente do sujeito em relação a si, mas da sociedade num todo. Lipovetsky (1989),

explica que a moda é um processo de aceitação de si mesmo em relação aos outros. Para

que seja possível mostrar ao outros como realmente cada sujeito é, para isto, é necessário

um suporte para a roupa, sendo o corpo este suporte material, que se articula através dos

diferentes códigos da linguagem: sensorialidade e gestualidade. (Castilho e Martins, 2005).

Toda essa comunicação que a moda gera, seja no próprio vestir, no produto, no

comportamento ou no próprio sistema como um todo, formam uma linguagem, um sentido

próprio, imagens e signos possíveis de interpretação por meio da semiótica.

4 Christian Dior e o legado deixado para a Moda

Na década de 40, enquanto acorria a 2ª Guerra Mundial (1939-1945), a indústria da alta

costura europeia estava ameaçada. Os tecidos se tornaram cada vez mais escassos, além

da diminuição drástica de casas de costura e de mão de obra. No entanto, em 1950 iniciou-

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se em Paris um movimento que buscava contribuir para a restauração da alta costura,

sendo Christina Dior o principal responsável pelo renascimento da moda, transformando a

maneira de vestir após a Segunda Guerra Mundial e criando o estilo dos anos 50. (CALLY,

2007).

Conforme afirma Cally (2007), Christian Dior (1905-1957) trabalhou como designer para

os estilistas Robert Piguet e Lucien Lelong e em 1946 abriu a sua própria casa. No ano de

1947 criou a sua primeira e icônica coleção conhecida como New Look, que era composto

basicamente pela cintura bem marcada e saias amplas quase até os tornozelos, além disso,

o figurino era completado com luvas, chapéus e sapatos com salto. A coleção de Dior foi

considerada extremamente surpreendente e inovadora, porque quando todos previam

simplicidade e conforto, devido à escassez de materiais em decorrência da Guerra, ele

propôs a feminilidade e o luxo e extremos, o que simbolizou a volta da feminilidade e

elegância das mulheres, sendo copiado em todo o mundo. A imagem do New Look do Dior

é apresentada na figura 1.

Figura 1: New Look de Dior: costume de Christian Dior, 1948.

Fonte: LAVER, p. 255, 1989.

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Com a criação do New Look, o estilista Christian Dior não ficou famoso somente por

resgatar a feminilidade e a alegria das mulheres no Pós-Guerra, mas também se tornou

responsável por ter transformado a moda em uma indústria lucrativa diante do consumo de

tecido necessário para criar as peças volumosas. Mas além de impulsionar a indústria da

moda, o principal legado que Doir deixou para a moda foi a de que ele “deu á alta-costura a

missão de expressar a sociedade em seus desejos e revelou o poder da comunicação

universal da moda, orientando de uma vez por todas o curso democrático de sua história”.

(POCHNA, 2000, p. 4).

Conforme Pochna (2000) Dior se consagra no mundo da alta costura como sinônimo

de luxo, elegância, extrema feminilidade e bom gosto. A marca passou por várias direções

criativas: o fundador Christian Dior (1947-1957), Yves Saint-Laurent (1958-1959), Marc

Bohan (1960-1988), Gianfranco Ferre (1989-1996), John Galliano (1996-201) e hoje Maria

Grazia Chiuri. Mesmo depois de 70 anos da criação do icônico New Look, Dior continua

sendo considerada uma das marcas mais importantes do universo da moda, não perdendo

a essência da autenticidade e criatividade deixadas por seu criador.

5 Análise Semiótica de imagem do editorial de Moda da marca Christian Dior

A presente pesquisa tem caráter qualitativo, que, de acordo com Sampieri, Collado e

Lucio (2013), busca entender fenômenos e situações proporcionando profundidade aos

dados analisados por meio de experiências únicas. Quanto aos objetivos, a pesquisa é

considerada descritiva, pois tem o intuito de descrever e investigar situações e fenômenos.

O foco da pesquisa se dá por meio de análise descritiva de uma imagem de Moda, de

acordo com a Semiótica definida por Peirce e apresentada por Santaella (2012 e 2015).

A imagem analisada (figura 2) faz parte do editorial da marca Christian Dior intitulado

High Art Photographer (Fotógrafo de alta arte, tradução nossa), realizado para a Revista

Vogue de Nova Iorque para a edição de novembro de 2004. Quem assina as fotos é a

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fotógrafa Annie Leibovitz. (BLOG SKINNY GOSSIP, 2012). Conforme descreve Wolfenson

(2014), a fotógrafa Annie Leibovitz faz trabalhos extraordinários que trazem resultados

criativos e originais. Annie iniciou a sua carreira nos anos 60 nos Estados Unidos e desde

1971 fotografa para a Vogue americana.

Figura 2: Foto do editorial da marca Christian Dior intitulado High Art Photographer da Vogue de novembro de 2004. Fotógrafa: Annie Leibovitz.

Fonte: BLOG SKINNY GOSSIP, 2012.

Conforme Rennie (2013), a fotografia apresentada na figura 2 foi feita em frente ao

Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque no ano de 2004, durante a sua reforma. O

edifício está localizado em Manhattan, na Rua 11 West 53rd Street, é original de 1939

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sendo o arquiteto Yoshio Taniguchi o responsável pelo projeto da expansão do espaço do

Museu.

O Jardim de Escultura (1953) de Philip Johnson também foi renovado e ampliado por

Taniguchi que imaginou o jardim como núcleo do museu, oferecendo vistas de cada um dos

edifícios que o envolvem. O arquiteto alcançou a estética refinada exigindo precisão em

cada detalhe. A fotografia do ano de 2013, conforme mostrada na figura 3, mostra como

ficou o Museu após a reforma. (RENNIE, 2013).

Figura 3: Fotografia da vista do Museu de Arte Moderna (MoMa) em Nova Iorque após a

reforma de 2004. Fotógrafo: Timothy Hursley.

Fonte: ARCH DAILY, 2013.

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De acordo com a Semiótica definida por Peirce apresentada por Santaella (2012), os

autores do artigo observam que para a categoria da Primeiridade, a foto mostra uma mulher

com vestido longo, decote princesa, com volume exagerado na parte inferior, e bem

ajustado na região da cintura e quadril, com tecido refinado e bastante brilho nas cores

preto e marinho. A mulher possui uma beleza muito representativa, está com o cabelo preso

e com maquiagem impecável, em pose sensual, com muita leveza. A jovem e bela mulher

que estaria vestida para ir a uma festa está estranhamente em um ambiente totalmente fora

da sua realidade, pois se trata de um canteiro de obras onde acontece a reforma do jardim

do Museu, com trabalhadores da construção civil, os quais estão encantados e

extremamente felizes ao contemplarem a bela mulher. [Quali-signo].

Em relação à categoria da Secundidade, a mulher analisada na fotografia é uma modelo

que foi vestida pela marca Christian Dior para mais um de seus surpreendentes editoriais de

moda, esse especificadamente é o da Campanha de 2004, realizado para divulgação na

Revista vogue americana. [Sin-signo].

Ainda, na categoria da Terceiridade, os autores do artigo analisam que a modelo que

veste Dior traz na roupa e na sua expressão toda a sensualidade, feminilidade e luxo

idealizados pelo criador (na época o estilista John Galliano) a todas as mulheres que se

vestem com a marca. O local escolhido para o Editorial torna a imagem impressionante, o

luxo da alta costura inserido em um ambiente totalmente urbano, bruto e inesperado. [Legi-

signo].

Além da figura 2 descrita detalhadamente, o editorial da revista Vogue de novembro de

2004 conta com mais fotografias da marca Christian Dior e também das marca Christian

Lacroix e Gucci. Todas as outras fotografias também foram feitas no Museu de Arte

Moderna (MoMA) de Nova Iorque conforme mostra a figura 4.

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Figura 4: Fotografias do editorial das marcas Christian Dior, Christian Lacroix e Gucci intitulado High Art Photographer da Vogue de novembro de 2004. Fotógrafa: Annie Leibovitz.

Fonte: Montagem elaborada pelos autores com base no BLOG SKINNY GOSSIP, 2012.

A partir da montagem apresentada na figura 4 é possível observar que todas as

fotografias que fazem parte do editorial High Art Photographer estão inseridas no mesmo

contexto e retratam os mesmos fenômenos argumentados na análise da figura 2, vestidos

de alta-costura presentes em um ambiente de obras, retratando a sensualidade das

modelos e o luxo e criatividade das marcas.

6 Considerações finais

O presente trabalho analisou uma imagem do editorial de Moda da marca Christian Dior

publicado pela revista Vogue americana no ano de 2004, de acordo com a Semiótica

definida por Peirce e apresentada por Santaella (2012).

Com a análise detalhada realizada da imagem, foi possível identificar diversos

elementos importantes aos quais foram explicados por meio das teorias da Semiótica

definida por Peirce, especialmente da fenomenologia, que é caracterizada pelo estudo dos

fenômenos que divididos em Primeiridade (quali-signo), Secundidade (sin-signo) e

Terceiridade (legi-signo). Sabe-se que a interpretação depende muito da compreensão do

interpretante, porém é possível afirmar que, embora Santaella baseada nas teorias de

Peirce não utiliza a Semiótica para caracterizar objetos no campo da moda em suas obras,

notou-se que é possível fazer uma análise detalhada de imagem de moda utilizando essa

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ciência. Assim, entende-se que este processo pode ser aplicado analisar qualquer imagem

consistente de Moda.

Referências

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CALLY, B. 100 años de ilustración de moda. Londres: Laurence King Publishing, 2007.

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Letras, 1989.

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WOLFENSON, B. Annie Leibovitz, uma artista de outro mundo sob o olhar de Bob Wolfenson. 2014. Disponível em:<http://vogue.globo.com/lifestyle/cultura/noticia/2014/08/annie-leibovitz-uma-artista-de-outro-mundo-sob-o-olhar-de-bob-wolfenson.html. Acesso em 15/07/2017.