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ANÁLISE DE PETRÓLEO POR ESPECTROSCOPIA DE IMPEDÂNCIA ELETROQUÍMICA E DA CORROSÃO DO AÇO AISI 1005 EM SOLUÇÕES CONTENDO ÍONS SULFETO NICKSON PERINI DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM QUÍMICA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO VITÓRIA-ES, FEVEREIRO DE 2011

ANÁLISE DE PETRÓLEO POR ESPECTROSCOPIA DE IMPEDÂNCIA …repositorio.ufes.br/bitstream/10/4665/1/tese_4778_Nickson... · 2020. 9. 29. · Goldner, Fernada Dalto, Rafael Desá, Rodrigo

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  • ANÁLISE DE PETRÓLEO POR ESPECTROSCOPIA DE IMPEDÂNCIA ELETROQUÍMICA E DA CORROSÃO DO AÇO

    AISI 1005 EM SOLUÇÕES CONTENDO ÍONS SULFETO

    NICKSON PERINI

    DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM QUÍMICA

    UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

    VITÓRIA-ES, FEVEREIRO DE 2011

  • ANÁLISE DE PETRÓLEO POR ESPECTROSCOPIA DE IMPEDÂNCIA ELETROQUÍMICA E DA CORROSÃO DO AÇO

    AISI 1005 EM SOLUÇÕES CONTENDO ÍONS SULFETO

    NICKSON PERINI Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Química. Orientador: Prof. Dr. Marcos Benedito José Geraldo de Freitas

    VITÓRIA-ES, FEVEREIRO DE 2011

  • III

    “A natureza não reconhece o bem ou o mau, somente equilíbrio e desequilíbrio.”

    Dr. Walter Bishop

  • IV

    Dedico esse trabalho às pessoas a quem devo

    tudo o que sou, meus pais,

    Neivaldo Perini e Marli Nazário Perini

    meus irmãos,

    Marcio Perini (in memorian)

    Neimar Perini

  • V

    AGRADECIMENTOS

    À Deus pela dádiva da vida e da descoberta.

    Aos meus pais Neivaldo Perini e Marli Nazário Perini e meus irmãos Marcio

    Perini (in memorian) e Neimar Perini pelo amor, amizade e apoio em todas as

    minhas frustrações e vitórias.

    Aos meus tios DeLuordes Perini Bicudo e Marco Bicudo pelo apoio e

    acolhimento.

    Ao Prof. Dr. Marcos Benedito José Geraldo de Freitas pela amizade,

    orientação, conselhos e ensinamentos.

    Aos Prof. Dr. Ernesto Chaves Pereira de Souza pela participação da banca de

    avaliação.

    Ao Prof. Dr. Eustáquio Vinicius Ribeiro de Castro pela participação na banca

    de avaliação.

    A Prof. Maria de Fátima Fontes Lelis pela amizade, ajuda e por ter aceitado

    participar da banca.

    À minha amiga e companheira de todas as horas Patricia Gon Corradini por

    toda ajuda e por ouvir minhas lamúrias e dizer “acalme-se”.

    Aos jovens amigos: “Campeão” Vinicius Celante, Gisele Celante, Eric

    Marsalha Garcia, Antônio Carlos, Wanderson Romão, Ricardo Thom, Silvana

    Goldner, Fernada Dalto, Rafael Desá, Rodrigo Barros, por toda ajuda,

    companheirismo e “churrascos”.

    Aos amigos do Laboratório de Físico-Química: Milena Helmer, Gabriela Pinon,

    Thieres, Eloison, “nano” Suzany, Susane e Josué.

    À Cristina Sad pelos conselhos, idéias e ajuda com a seleção das amostras

    de petróleo que foi crucial para realização deste trabalho.

  • VI

    Ao Prof. Dr. Valberto Predruzzi Nascimento e aos Doutorandos em Física

    André Luiz Alves, Isabel Liz Castro Mirino pela ajuda nas medidas de Difratometria

    de Raio-X e Espectroscopia Mossbauer.

    Ao Dr. Miguel pelas dicas para operar o MEV/EDS.

    À secretaria da Pós-Graduação, Prof. Dr. Eloi, Dirce Loureira Fraga e Angela

    Vassallo Frizera.

    Ao Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Metodologia para Análise

    de Petróleos – LABPETRO.

    Ao Centro de Pesquisas da Petrobrás – CENPES.

    A CAPES pelo apoio financeiro.

  • VII

    RESUMO

    A espectroscopia de impedância eletroquímica é usada no monitoramento de

    petróleos, blends, emulsões e a interação entre aço e líquidos multifásicos

    possibilitando a avaliação da resistência à corrosão. O petróleo in natura possui

    baixa condutividade, o que dificulta a realização de medidas em células

    eletroquímicas convencionais de três eletrodos, devido a queda ôhmica. Sendo

    utilizado apenas dois eletrodos paralelos. O comportamento do petróleo e blends

    enquadrados para o refino é caracterizado pelo diagrama de Nyquist por uma

    distribuição homogênea das constantes de tempo de relaxação, apresentando um

    semicírculo não distorcido entre 10,0 kHz a 1,0 Hz. Entre 1,0 Hz a 1,0 mHz

    apresenta um semicírculo distorcido atribuído a interface metal/óleo. O diagrama de

    Nyquist para as emulsões de água em óleo apresenta dois semicírculos, 10,0 kHz a

    1,0 Hz e 1,0 Hz a 10 mHz, atribuído à fase óleo e à emulsão, respectivamente, e um

    terceiro semicírculo distorcido em 1,0 Hz a 1,0 mHz que indica o valor da resistência

    de polarização do aço carbono em contato com a emulsão. A análise multivariada

    (PCA) é usada para correlacionar as propriedades do óleo com os valores obtidos

    através da análise do circuito equivalente dos espectros de impedância, e esta

    indica que a resistencia de polarização está correlacionada com o teor de enxofre,

    teor de acidez, densidade e viscosidade do óleo. A corrosão do aço carbono, e a

    formação de filmes, em soluções aquosas contendo íons sulfeto em baixa

    concentração, são avaliadas por voltametria cíclica, impedância eletroquímica, MEV,

    DRX e Mossbauer. Na VC são detectados dois picos de densidade de corrente

    anódicos, atribuídos à formação do filme de monosulfeto de ferro e sua posterior

    oxidação para bissulfetos de ferro. A morfologia compacta e irregular foi observada

    por micrografias (MEV) e a composição do filme por EDS, sendo a maior parte

    composto por Fe, S e O. As fases cristalográficas foram detectadas por DRX,

    contendo Mackenawita, Troilita, marcassita e pirita. A caracterização do efeito

    Mossbauer indicou que o filme está em 85,3% como FeS2, contendo principalmente

    Pirita. A impedância dos filmes em solução de 0,1 mol.L-1 de Na2SO4 indica que os

    filmes de sulfeto de ferro formados nestas condições são corrosivos e promovem o

    aumento da taxa de corrosão.

  • VIII

    ABSTRACT

    The electrochemical impedance spectroscopy is technique that allow to monitoring of

    crude oil, blends, emulsions, and the interaction between these multiphase fluids and

    steel, allowing the evaluation of corrosion resistance. Crude oils are dielectric and

    has low conductivity. Therefore it is difficult to conduct measurements in conventional

    electrochemical cells with three electrodes, which under these conditions required

    the use of only two parallel electrodes and validation of the impedance

    measurements. The behavior of the blends and crude oil is framed for the

    characterization in the Nyquist diagram for a homogeneous distribution in constant

    relaxation time, represented by undistorted semicircle in high frequency. At low

    frequencies, presents a distorted semicircle assigned to the interface metal/oil. The

    Nyquist diagram for water in oil emulsions shows two semicircles in high and medium

    frequency attributed, respectively, to oil phase and emulsion. The third distorted

    semicircle at low frequency indicates the value of the corrosion resistance of carbon

    steel in contact with the emulsion. Multivariate analysis (PCA) is used to correlate oil

    properties with the values obtained by equivalent circuit of the impedance spectra.

    The corrosion of carbon steel, followed by film formation in aqueous solutions

    containing H2S in low concentration, is measured by cyclic voltammetry (CV),

    electrochemical impedance spectroscopy (EIS), SEM, XRD and Mossbauer. The

    films of iron sulfide formed under these conditions are corrosive and it increases the

    rate of corrosion. In CV are detected two peaks of anodic current density, attributed

    to film formation of iron sulfide and its subsequent oxidation. The irregular and

    compact morphology was observed by SEM and the composition of the film by EDX,

    with the majority consisting of Fe, S and O. The crystalline phases were detected by

    XRD, containing Mackenawite, Marcasite, Pyrite, Troilite, iron hydroxide and hydrate

    iron sulfate. The effect Mossbauer characterization indicated that the film is 85,3% as

    FeS2, mainly Pyrite. The impedance of the films in solution 0.1 mol.L-1 Na2SO4

    reveals that the films of iron sulfide formed under these conditions are corrosive and

    it increases the rate of corrosion.

  • IX

    ÍNDICE DE FIGURAS

    Figura 2.1- Comparativo da produção de petróleo por terra e mar no Espírito Santo, no

    período de 2000-2009 (Relatório de Produção de Petróleo Nacional, 2010) ...................... 36

    Figura 2.2 – Comparativo da produção de petróleo por terra e mar por estado (exclusive

    o RJ), no período de 2000-2009 (Relatório de Produção de Petróleo Nacional, 2010). ... 37

    Figura 2.3 – Parte do diagrama de fases do sistema Fe-C, representando as várias fases

    possíveis de aços carbono e ferros fundidos. ..................................................................................... 38

    Figura 2.4 – Diagrama de Pourbaix para o sistema ferro/água a 25°C. A linha contínua

    preta delimita a região de potencial no pH = 6,5 onde o elemento Ferro está na forma de

    íons Fe2+. ........................................................................................................................................................... 42

    Figura 2.5 – Mecanismo eletroquímico para a corrosão do ferro (Tamura, 2008). ............ 42

    Figura 2.6 – Esquema para os processos da corrosão eletroquímica do ferro ou aço

    seguido de envelhecimento com a formação da camada de oxihidróxido de ferro

    (Tamura, 2008).............................................................................................................................................. 44

    Figura 2.7 - Representação esquemática das interfaces metal/filme/eletrólito para os

    possíveis processos. α’, β’ e γ’ são as constantes de equilíbrio dos processos no filme, e α,

    β e γ na interface metal/filme/eletrólito (Vetter, 1969). .............................................................. 45

    Figura 2.8 - Corrosão por pitting sob o filme de oxido ferro (Tamura, 2008) ...................... 47

    Figura 2.9 - Relação entre a fração molar das espécies H2S, HS- e S2- e valor do pH em

    meio aquoso (Lewis et al., 2010). ........................................................................................................... 49

    Figura 2.10 - Estrutura de Mackenawita ordenada, vista sob o ângulo de 30° sob o plano

    (001), com indicação da célula unitária. O comprimento da ligação Fe-Fe é 2,6Å, a

    distancia entre as folhas de Fe é de 0,5nm, este espaço são sítios em potencial para

    outras moléculas como H2O (Woltherset et al, 2005). ................................................................... 51

  • X

    Figura 2.11 – Representação atomística da unidade de célula da Pirita. Esferas marrons

    representam Fe e esferas amarelas representa S............................................................................. 52

    Figura 2.12 – Exemplos de ácidos naftênicos contidos no petróleo. ........................................ 58

    Figura 2.13 – Representação de uma (a) micela normal, predominante em fase aquosa e

    (b) micela inversa, se forma em meios não aquosos. ..................................................................... 62

    Figura 2.14 - (a) Varredura de potencial linear, começando em Ei. (b) curva resultante de

    E versus i. ......................................................................................................................................................... 65

    Figura 2.15 - (a) Varredura de potencial cíclica, começando em Ei. (b) curva resultante

    de E versus i. ................................................................................................................................................... 65

    Figura 2.16 – Transiente de corrente observado em medidas de ruído eletroquímico.

    Típico de processo metaestável do pitting em aços carbono. ..................................................... 66

    Figura 2.17 - Transiente de corrente observado em medidas de ruído eletroquímico.

    Típico de processo metaestável do pitting em aços inoxidáveis. ............................................... 67

    Figura 2.18 - Transiente de corrente observado em medidas de ruído eletroquímico com

    duas constantes de tempo. ........................................................................................................................ 67

    Figura 2.19 - Transiente de corrente observado em medidas de ruído eletroquímico. .... 68

    Figura 2.20 - Transiente de corrente observado em medidas de ruído eletroquímico para

    metais no estado passivo. .......................................................................................................................... 69

    Figura 2.21 – PSD calculado a partir dos transientes de corrente de uma medida de ruído

    eletroquímico. ................................................................................................................................................ 70

    Figura 2.24 – Esquema de uma célula eletroquímica com interface solução/filme/metal.

    Onde J’ e J’’ corresponde o fluxo iônico e eletrônico, respectivamente. O circuito

    apresentado abaixo representa o circuito geral. . ............................................................................ 71

  • XI

    Figura 2.25 – Diagrama de Nyquist para (a) um indutor L = 10-6 H em série com uma

    resistência R = 100 Ohm, e (b) um capacitor C = 10-6 F em série com uma resistência R =

    100 Ohm. .......................................................................................................................................................... 73

    Figura 2.26 – Diagrama de Nyquist para um CPE com Q= 10-6 e n = 0,8 em série com uma

    resistência R = 100 Ohm. ........................................................................................................................... 74

    Figura 2.27 - Plano complexo para um circuito com Rs = 10 Ohm em série com um CPE

    com Q= 10-6 e n = 1 em paralelo com uma resistência R = 100 Ohm. ....................................... 74

    Figura 2.28 – Representação esquemática de uma distribuição superficial das constantes

    de tempo (RiCi) na presença de uma resistência ôhmica (Re,i), para uma apropriada

    distribuição das constantes de tempo, esta pode ser expressa por um CPE. ........................ 75

    Figura 2.30 - Plano complexo para um sistema que apresenta comportamento de

    Warburg (n = ½) em baixa frequência e comportamento capacitivo em alta frequência,

    separados pela frequência característica . ................................................................................... 78

    Figura 2.31 - Plano complexo para um sistema que apresenta comportamento de

    Warburg (n = ½) em baixa frequência e comportamento resistivo em alta frequência,

    separados pela frequência característica . ................................................................................... 78

    Figura 2.22 – Circuito elétrico Randles para uma semi-célula (eletrodo de trabalho) em

    condições com eletrólito suporte. .......................................................................................................... 81

    Figura 2.23 – Circuito equivalente para uma célula com dois eletrodos idênticos com

    contribuição da resistência e da capacitância da fase volume. ................................................... 82

    Figura 3.1 – Difratograma de raio-x para a amostra de aço AISI 1005 utilizada neste

    trabalho. ........................................................................................................................................................... 87

    Figura 3.2 - Análise metalográfica por MEV do aço AISI 1005, ataque feito com solução

    alcoólica com 2,5% de HNO3 (Nital). Aumento de 100x. ............................................................... 88

    Figura 3.3 - Análise metalográfica por MEV do aço AISI 1005, ataque feito com solução

    alcoólica com 2,5% de HNO3 (Nital). Aumento de 500x. ............................................................... 89

  • XII

    Figura 3.4 – (a) Análise metalográfica por micrografia aço AISI 1005, inclusão localizada

    na região de contorno de grão. (b) EDS correspondente à composição do grão e (c) da

    inclusão. Aumento de 5000x. ................................................................................................................... 90

    Figura 3.5 - Célula eletroquímica, construída em laboratório, constituída de Becker de

    10 mL e tampa de teflon com orifícios para fixação dos eletrodos. .......................................... 92

    Figura 3.6 - Gráfico de scores e loading da análise de PCA para os paramentos físico-

    químicos das amostras de óleo. ............................................................................................................... 94

    Figura 3.7 - Potenciostatos/Galvanostato da marca AUTOLAB modelo PGSTAT100 com

    gaiola de Faraday e modulo de ECD de baixa corrente, utilizado nas medidas

    eletroquímicas em petróleo e emulsões. ............................................................................................. 95

    Figura 3.8 - Sistema eletroquímico montado no interior da gaiola de Faraday, para

    medidas em petróleo, (a) constituído de banho termostatizado e célula construída em

    laboratório, (b) imagem superior do sistema. ................................................................................... 95

    Figura 3.9 – Diagrama de Nyquist para o aço AISI 1005 imerso em amostras de (a)

    petróleo leve, amostra E1 e (b) petróleo pesado, amostra D3. .................................................. 98

    Figura 3.10 – Diagrama de Nyquist (não normalizado) para a célula contendo dois

    eletrodos idênticos de placa de platina, imersos em amostra de petróleo pesado

    (amostra D3)................................................................................................................................................... 99

    Figura 3.11 - Circuito equivalente referente a célula contendo dois eletrodos idênticos de

    platina e aos casos com área superficial do ET de 2,10 cm2, 1,01 cm2 e 0,34 cm2 imersos

    no petróleo pesado D3 por 18 horas. CO e RO correspondem à capacitância e a resistência

    da fase volume do óleo e Cdc, Rdc e Ldc correspondem, respectivamente, a capacitância,

    resistência e pseudoindutância da dupla camada. ........................................................................ 100

    Figura 3.12 - Circuito equivalente para a célula contendo eletrodo de platina de área 2,1

    cm2 e eletrodo de aço de área 0,13 cm2 e imersos no petróleo pesado D3 e para todos os

    casos contendo óleo leve E1. CO e RO correspondem a capacitância e a resistência da fase

    volume do óleo e Cdc e Rdc correspondem a capacitância e resistência da dupla camada.

    ........................................................................................................................................................................... 100

  • XIII

    Figura 3.13 – Correlação entre os valores de resistência RO, CO, obtidos pela analise do

    circuito equivalente, para o aço AISI 1105 imerso nas amostras de petróleo leve E1 (a) e

    (b) e amostra de petróleo pesado (c) e (d) a variação da área do eletrodo de trabalho.

    ........................................................................................................................................................................... 102

    Figura 3.14 – Correlação entre os valores de Rdc e Cdc obtidos pela analise do circuito

    equivalente, para o aço AISI 1105 imerso na amostra de petróleo leve E1 (a) e (b) e

    pesado D3 (c) e (d), e a variação da área do eletrodo de trabalho. ........................................ 103

    Figura 3.15 – Diagrama de Nyquist para o petróleo D3 em três condições de célula

    diferentes, para a determinação do valor de resposta de impedância interfacial para

    cada eletrodo, após 18 horas de imersão. ........................................................................................ 105

    Figura 3.16 - Diagrama de Nyquist para o petróleo A em três condições de célula

    diferentes, para a determinação do valor de resposta de impedância interfacial para

    cada eletrodo, após 18 horas de imersão. ........................................................................................ 107

    Figura 3.17 – Validação das medidas de impedância eletroquímica do aço AISI 1005

    imersos em amostra de petróleo (a) pesado (amostra D3) e (b) leve (amostra E1) pela

    transformação de Kramers-Kronig. .................................................................................................... 108

    Figura 3.18 – (a) Célula eletroquímica utilizada nas medidas de meio aquoso. (b)

    Disposição dos eletrodos na célula eletroquímica. ....................................................................... 110

    Figura 3.19 - Potenciostatos/Galvanostato da marca AUTOLAB modelo PGSTAT302N,

    utilizado nas medidas eletroquímicas em meio aquoso. ............................................................ 110

    Figura 3.20 – Curva de polarização cíclica para o aço AISI 1005 em solução 0,1 mol.L-1 de

    Na2SO4 com 30 ppm de íons sulfeto, pH inicial 6,5 e pH final 8,0. Nas velocidades de

    varredura de (a) 5,0 mV/s, (b) 10,0 mV/s, (c) 20,0 mV/s e (d) 50,0 mV/s, temperatura

    25(±1)°C. ....................................................................................................................................................... 111

    Figura 3.21 – (a) Curva de polarização cíclica para o aço AISI 1005 em solução 0,1 mol.L-

    1 de Na2SO4 com 30 ppm de íons sulfeto, pH inicial 6,5 e pH final 8,0. Velocidade de

    varredura de 10 mV.s-1 e temperatura 25(±1)°C. (b) destaque para a região dos picos

    (1º- 4ºciclo). ................................................................................................................................................. 112

  • XIV

    Figura 3.22 – Fluxograma para a formação do filme de sulfeto de ferro na superfície do

    aço AISI 1005 e suas caracterizações ................................................................................................. 114

    Figura 4.1 – Diagrama de Nyquist para a célula com dois eletrodos idênticos de platina

    imerso no óleo desidratado, no intervalo de frequência de 10,0Hz a 10,0 mHz. .............. 118

    Figura 4.2 - Diagrama de Bode para a célula com dois eletrodos idênticos de platina

    imerso no óleo desidratado, no intervalo de frequência de 10,0 kHz a 10,0 mHz. .......... 119

    Figura 4.3 – (a) Circuito equivalente considerando RO e CO em paralelo e (b)

    considerando uma suposta resistência da fase volume RS em série com ROCO em paralelo.

    ........................................................................................................................................................................... 119

    Figura 4.4 – Diagrama de Nyquist para a célula com dois eletrodos de platina idênticos

    imersos em emulsões com diferentes teores de água. Circuito equivalente usado no

    ajuste. Onde RO e CPEO correspondem à resistência e a capacitância não ideal da fase

    óleo. RW/O e CPEW/O correspondem à resistência e a capacitância não ideal da emulsão.

    ........................................................................................................................................................................... 121

    Figura 4.5 - Diagrama de Nyquist para a célula com dois eletrodos de platina idênticos

    imersos em emulsões com diferentes teores de água ................................................................. 122

    Figura 4.6 - Potencial de circuito aberto para amostra de aço AISI 1005 em amostras de

    petróleo dos poços A, B, C, D e E e seus blends, imerso por 18 horas. A temperatura foi de

    (25±1)°C. (a) Amostras coletadas no período 1 e (b) Amostras coletadas no período 2.

    ........................................................................................................................................................................... 123

    Figura 4.7 – Transientes de corrente (no circuito aberto) para amostra de aço AISI 1005

    em amostras de petróleo dos poços A, B, C, D e E e seus blends, imerso por 18 horas. A

    temperatura foi de (25±1)°C. (a) Amostras coletadas no período 1 e (b) Amostras

    coletadas no período 2. ............................................................................................................................ 124

    Figura 4.8 - (a) Potencial e corrente de circuito aberto para o aço AISI 1005 imerso em

    amostra de petróleo D2, com BSW = 12,0%, durante 18 horas, (b) destaque dos

    transientes de corrente. A temperatura de ensaio foi de (25±1)°C. ...................................... 125

  • XV

    Figura 4.9 - (a) Potencial e corrente de circuito aberto para o aço AISI 1005 imerso em

    amostra de petróleo A1, com BSW = 0,18%, durante 18 horas, (b) destaque dos

    transientes de corrente. A temperatura de ensaio foi de (25±1)°C. ...................................... 126

    Figura 4.10 – (a) Potencial e corrente de circuito aberto para o aço AISI 1005 imerso em

    amostra de petróleo “blend1”, com BSW = 0,42%, durante 18 horas, (b) destaque dos

    transientes de corrente. A temperatura foi de (25±1)°C............................................................ 126

    Figura 4.11 - (a) Potencial e corrente de circuito aberto para o aço AISI 1005 imerso em

    amostra de petróleo “blend2”, com BSW = 0,32%, durante 18 horas, (b) destaque dos

    transientes de corrente. A temperatura foi de (25±1)°C............................................................ 127

    Figura 4.12 - Espectro de densidade de potência, calculado a partir dos transientes de

    densidade de corrente no circuito aberto, para o aço AISI 1005 em diferentes amostra de

    petróleo após imersão de 18 horas. A temperatura foi de (25±1)°C. (a) Amostra do

    período 1, (b) Amostras do período 2. .............................................................................................. 128

    Figura 4.13 – Diagrama de Nyquist para o aço AISI 1005 imerso em amostras de petróleo

    (a) amostras A1, C1, D1, E1 e o “blend1”. (b) A2, B2, C2, D2 e o “blend2”. .......................... 131

    Figura 4.14 - Diagrama de Bode para o aço AISI 1005 imerso em amostras de petróleo

    (a) amostras A1, C1, D1, E1 e o “blend1”. (b) A2, B2, C2, D2 e o “blend2”. .......................... 132

    Figura 4.15 - Diagrama de Bode para o aço AISI 1005 imerso em amostras de petróleo

    (a) amostras A1, C1, D1, E1 e o “blend1”. (b) A2, B2, C2, D2 e o “blend2”. .......................... 132

    Figura 4.16 – (a) Circuito equivalente usado no ajuste dos espectros de impedância para

    o aço AISI 1005 imerso em amostras de petróleo com BSW abaixo de 1,2%. (b) entre

    8,0%v/v a 12,0%v/v, por 18 horas. RO e CPEO correspondem a resistência e a

    capacitância não ideal para o óleo. RW/O e CPEW/O correspondem a resistência e a

    capacitância não ideal para a emulsão de água em óleo. Rdc e CPEdc correspondem a

    resistência e a capacitância não ideal para a dupla camada na interface metal/óleo–

    emulsão. ......................................................................................................................................................... 133

  • XVI

    Figura 4.17 - Gráfico de scores (pontos) e loading (vetores) para as propriedades físico-

    química e propriedades elétricas, obtidas pela EIE, das amostras de petróleos e

    emulsões. ....................................................................................................................................................... 139

    Figura 4.18 - Diagrama de Nyquist para o aço AISI 1005 em diferentes amostras de

    petróleo com BSW entre 0,18% a 1,2%, após imersão de 18 horas. A temperatura foi de

    (25±1)°C. ....................................................................................................................................................... 140

    Figura 4.19 - Diagrama de Nyquist para o aço AISI 1005 em diferentes amostras de

    petróleo com BSW entre 8,0% a 12,0% após imersão de 18 horas. A temperatura foi de

    (25±1)°C. ....................................................................................................................................................... 141

    Figura 4.20 – (a) Curva de polarização cíclica para o aço AISI 1005 em solução 0,1 mol.L-

    1 de Na2SO4 na ausência de íons sulfeto, pH inicial 6,5 e pH final 8,0. Na velocidade de

    varredura de 10 mV/s, temperatura 25(±1)°C. (b) destaque para a região dos picos. .. 144

    Figura 4.21 – (a) Curva de polarização cíclica para o aço AISI 1005 em solução 0,1 mol.L-

    1 de Na2SO4 com 1,0 ppm de íons sulfeto, pH inicial 6,5 e pH final 8,0.Velocidade de

    varredura de 10 mV/s e temperatura 25(±1) °C. (b) destaque para região dos picos. .. 145

    Figura 4.22 – (A) Curva de polarização cíclica para o aço AISI 1005 em solução 0,1 mol.L-

    1 de Na2SO4 com 15 ppm de íons sulfeto, pH inicial 6,5 e pH final 8,0. Na velocidade de

    varredura de 10 mV/s, temperatura 25(±1) °C. (B) destaque para a região dos picos (2º-

    5ºciclo). .......................................................................................................................................................... 146

    Figura 4.23 – (A) Curva de polarização cíclica para o aço AISI 1005 em solução 0,1 mol.L-

    1 de Na2SO4 com 30 ppm de íons sulfeto, pH inicial 6,5 e pH final 8,0. Na velocidade de

    varredura de 10mV/s, temperatura 25(±1)°C. (B) destaque para a região dos picos (1º-

    4ºciclo). .......................................................................................................................................................... 146

    Figura 4.24 – (A) Curva de polarização cíclica para o aço AISI 1005 em solução 0,1 mol.L-

    1 de Na2SO4 com 65 ppm de íons sulfeto, pH inicial 6,5 e pH final 8,0. Na velocidade de

    varredura de 10mV/s, temperatura 25(±1)°C. (B) estaque para a região dos picos (1º-

    3ºciclo). .......................................................................................................................................................... 147

  • XVII

    Figura 4.25 – (a) Curvas de polarização cíclica (2°ciclo) para o aço AISI 1005 em solução

    0,1mol.L-1 de Na2SO4, contendo diferentes concentrações de sulfeto. (b) Região dos picos

    anódicos a1 e a2. (c) Região dos picos catódicos c0, c1 e c2 ..................................................... 148

    Figura 4.26 – Densidade de carga do pico anódico a2 para os filmes formados na VC na

    superfície do aço AISI 1005, em solução de Na2SO4 0,1mol.L-1 contendo íons sulfeto nas

    concentrações de (a) 1,0 ppm, (b) 15 ppm, (c) 30 ppm e (d) 65 ppm. ................................. 149

    Figura 4.27 – Difratograma de raio-X para o produto de corrosão gerado na superfície do

    aço AISI 1005 durante a VC contendo 65 ppm de íons sulfeto. ............................................... 151

    Figura 4.28 – Espectro de Mossbauer, na temperatura ambiente (27°C), para o filme

    formado na superfície do aço AISI 1005 durante a VC, imerso em solução contendo 65

    ppm de íons sulfeto. .................................................................................................................................. 153

    Figura 4.29 – Fotografia da célula eletroquímica no durante a formação do filme na

    superfície do aço carbono na VC. A solução fica escura devida à precipitação dos sulfetos

    de ferro na fase volume. .......................................................................................................................... 157

    Figura 4.30 – Modelo para a formação do filme na superfície do aço AISI 1005 durante a

    VC em solução contendo íons sulfeto. (a) aproximação do H2S e adsorção superfície

    metálica, (b) e (c) descarga anódica e formação da espécie adsorvida de carga positiva,

    (d) dissolução do ferro metálico ocasionada pelo filme prévio de monosulfetos, (e) e (f)

    oxidação dos monosulfeto de ferro formando polisulfetos de ferro, a liberação de íons de

    Fe2+ ocasiona precipitação na fase volume. ..................................................................................... 158

    Figura 4.31 – Curva de polarização cíclica para o aço AISI 1005 em solução (A) 2,54

    mol.L-1 (90.000 ppm) de íons cloreto, (B) 90.000 ppm de íons cloreto e 65 ppm de íons

    sulfeto. (C) comparação das VC contendo cloreto, cloreto e sulfeto e somente sulfeto. À

    10 mV/s, temperatura 25(±1)°C. ......................................................................................................... 160

    Figura 4.32 – (a) MEV da superfície do aço AISI 1005 lixada com lixa 600, aspecto do aço

    antes do crescimento do filme nas VC, e (b) o correspondente EDS da superfície.

    Aumento de 500x. ...................................................................................................................................... 161

  • XVIII

    Figura 4.33 – MEV obtido após a formação do filme durante a VC em 0,0 ppm de íons

    sulfeto (direta) e após a remoção do filme (esquerda). (a) Aumento de 500x, (b)

    aumento de 2000x, (c) correspondente análise de EDS. ............................................................ 162

    Figura 4.34 – MEV obtido após a formação do filme durante a VC em 1,0 ppm de íons

    sulfeto (direta) e após a remoção do filme (esquerda). (a) Aumento de 500x, (b)

    aumento de 2000x, (c) correspondente análise de EDS. ............................................................ 164

    Figura 4.35 – MEV obtido após a formação do filme durante a VC em 15 ppm de íons

    sulfeto (direta) e após a remoção do filme (esquerda). (a) Aumento de 500x, (b)

    aumento de 2000x, (c) correspondente análise de EDS. ............................................................ 165

    Figura 4.36 – MEV obtido após a formação do filme durante a VC em 30 ppm de íons

    sulfeto (direta) e após a remoção do filme (esquerda). (a) Aumento de 500x, (b)

    aumento de 2000x, (c) correspondente análise de EDS. ............................................................ 166

    Figura 4.37 – MEV obtido após a formação do filme durante a VC em 65 ppm de íons

    sulfeto (direta) e após a remoção do filme (esquerda). (a) Aumento de 500x, (b)

    aumento de 2000x, (c) correspondente análise de EDS. ............................................................ 167

    Figura 4.38 – Potencial de circuito aberto para os filmes formados na VC na superfície do

    aço AISI 1005, imersos em solução de 0,1mol.L-1 Na2SO4. ......................................................... 168

    Figura 4.39 – Diagrama de Nyquist para os filmes formados durante a VC, com diferentes

    concentrações de sulfeto, na superfície do aço AISI 1005 em solução 0,1 mol.L-1 de

    Na2SO4, pH 6,5. ........................................................................................................................................... 169

    Figura 4.40 – Diagrama de Bode (a) ângulo de fase, (b) módulo da impedância para os

    filmes formados durante a VC, com diferentes concentrações de sulfeto, na superfície do

    aço AISI 1005 em solução 0,1 mol.L-1 de Na2SO4, pH 6,5........................................................... 170

    Figura 4.41 – Circuito equivalente para o filme formado durante a VC, na ausência de

    íons sulfeto, na superfície do aço AISI 1005 em solução 0,1mol.L-1 de Na2SO4, pH 6,5,

    após 120 minutos da formação do filme. Onde Rs é a resistência ôhmica da solução, Rfilme

    e Cfilme são a resistência do filme e a capacitância do filme e Rtc é a resistência de

    transferência de carga na interface filme/metal, CPEdc é a capacitância não ideal da dupla

  • XIX

    camada representada por um elemento de fase constante e ZD é impedância difusional

    associado com a resistência de transferência de massa. ............................................................ 171

    Figura 4.42 – Diagrama de impedância real (Z’) em função da raiz quadrada da

    frequência recíproca obtidos para os filmes formados na VC em soluções contendo (a)

    0ppm, (b) 1,0 (c) 15, (d) 30 e (e) 65 ppm de íons sulfeto. ......................................................... 176

  • XX

    ÍNDICE DE TABELAS

    Tabela 2.1 - Composição volumétrica do gás ácido. ........................................................................ 48

    Tabela 2.2 - Propriedades dos sulfetos de ferro. .............................................................................. 50

    Tabela 2.3 - Frações típicas do óleo cru. .............................................................................................. 55

    Tabela 2.4 - Exemplos de hidrocarbonetos cíclicos encontrados no petróleo (PE = ponto

    de ebulição a 760 mmHg; PF = ponto de fusão). ............................................................................... 56

    Tabela 2.5 - Exemplos de compostos do tipo NSO encontrados no petróleo (PE = ponto

    de ebulição a 760 mmHg; PF = ponto de fusão). ............................................................................... 57

    Tabela 3.1 – Identificação dos poços e amostras de petróleo de um campo localizado no

    litoral do Estado do ES. ............................................................................................................................... 92

    Tabela 3.2 – Comparação entre os valores de Rdc para o caso (i) contendo dois eletrodos

    de Pt idênticos, (ii) eletrodos de platina e aço de mesma área e (iii) eletrodo de platina e

    aço de áreas diferentes, imersos na amostra de óleo pesado D3. ........................................... 105

    Tabela 3.3 – Comparação entre os valores de Rdc para o caso (i) contendo dois eletrodos

    de Pt idênticos, (ii) eletrodos de platina e aço de mesma área e (iii) eletrodo de platina e

    aço de áreas diferentes, imersos na amostra de óleo leve E1. ................................................. 107

    Tabela 4.1 - Caracterização da amostra de óleo in natura. ........................................................ 117

    Tabela 4.2 – Parâmetros obtidos pela análise do circuito equivalente para as amostras de

    emulsões do tipo A/O. .............................................................................................................................. 122

    Tabela 4.3 – Parâmetros de ajuste para aço AISI 1005 imerso por 18 horas em amostras

    de petróleo e emulsões do tipo água em óleo dos poços A, B, C, D, E e seus blends,

    coletadas no período 1 e 2. ..................................................................................................................... 135

  • XXI

    Tabela 4.4 – Matriz de dados constituída de parâmetros físico-químicos das amostras de

    petróleo e parâmetros de ajuste do circuito equivalente para os espectros de impedância

    eletroquímica, usada na análise de PCA. ........................................................................................... 137

    Tabela 4.5 - Parâmetros do Efeito Mossbauer – deslocamento isomérico e

    desdobramento de quadrupolo – na temperatura ambiente (295K) para algumas fases

    de ferro obtidas em laboratório. .......................................................................................................... 152

    Tabela 4.6 - Parâmetros de ajuste para os espectros de impedância para o aço AISI 1005

    em solução de 0,1molL-1 Na2SO4 contendo diferentes concentrações de íons sulfeto,

    após 120 minutos da formação do filme na VC. Os erros estão abaixo de cada valor de

    elemento. ....................................................................................................................................................... 174

    Tabela 4.7 – Densidade de corrente de corrosão e taxa de corrosão para os filmes

    formados na VC em diferentes concentrações de íons sulfeto. ................................................ 175

    Tabela 4.8 – Parâmetros difusionais, frequência característica e coeficiente de difusão,

    para os filmes formados ao longo da VC com diferentes concentrações de íons sulfeto.

    ........................................................................................................................................................................... 177

    Tabela 4.3 - Caracterização da amostra de óleo A1. ..................................................................... 191

    Tabela 4.4 - Caracterização da amostra de óleo A2. ..................................................................... 191

    Tabela 4.5 - Caracterização da amostra de óleo B2. ..................................................................... 191

    Tabela 4.6 - Caracterização da amostra de óleo C1. ..................................................................... 192

    Tabela 4.7 - Caracterização da amostra de óleo C2. ..................................................................... 192

    Tabela 4.8 - Caracterização da amostra de óleo D1. ..................................................................... 192

    Tabela 4.9- Caracterização da amostra de óleo D2. ...................................................................... 193

    Tabela 4.10 - Caracterização da amostra de óleo D3. .................................................................. 193

    Tabela 4.11 - Caracterização da amostra de óleo E1 ................................................................... 193

  • XXII

    Tabela 4.12 - Caracterização da amostra de óleo “blend1”. ...................................................... 194

    Tabela 4.13 - Caracterização da amostra de óleo “blend2”. ...................................................... 194

  • XXIII

    SUMÁRIO

    Capítulo 1 - Introdução ................................................................................................................................................. 27

    1. Introdução ................................................................................................................................................................ 28

    1.1 Objetivos Gerais .................................................................................................................................................. 84

    1.2 Objetivos Específicos......................................................................................................................................... 84

    Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica ............................................................................................................................ 31

    2.1 A Indústria do Petróleo .................................................................................................................................... 32

    2.1.1 Upstream ............................................................................................................................................................. 32

    2.1.2 Downstream ....................................................................................................................................................... 34

    2.1.3 O Pré-sal .............................................................................................................................................................. 36

    2.2 Aços Carbono ........................................................................................................................................................ 37

    2.3 Corrosão ................................................................................................................................................................. 40

    2.3.1 Passivação dos metais ................................................................................................................................... 40

    2.3.2 Formação dos filmes passivos no ferro ................................................................................................. 41

    2.3.3 Deterioração dos filmes passivos no ferro e formação de pitting .............................................. 46

    2.3.4 Corrosão por espécies de sulfeto .............................................................................................................. 48

    2.3.5 Corrosão por Petróleos................................................................................................................................. 54

    2.3.5.1 O Petróleo ....................................................................................................................................................... 54

    2.3.5.2 Espectroscopia de Impedância Eletroquímica em óleos ............................................................ 60

    2.4 Técnicas Eletroquímicas .................................................................................................................................. 64

  • XXIV

    2.4.1 Voltametria ........................................................................................................................................................ 64

    2.4.2 – Ruído Eletroquímico .................................................................................................................................. 66

    2.4.2 Espectroscopia de Impedância Eletroquímica ................................................................................... 71

    2.4.3 Células Eletroquímicas ................................................................................................................................. 80

    2.5 Quimiometria ....................................................................................................................................................... 83

    2.5.1 Análise dos Componentes Principais (PCA) ........................................................................................ 83

    Capítulo 3 - Materiais e Métodos .............................................................................................................................. 85

    3.1 Preparação dos eletrodos ............................................................................................................................... 86

    3.1.1 Preparação dos eletrodos de platina ...................................................................................................... 86

    3.1.1 Preparação e caracterização das amostras de aço AISI 1005 ....................................................... 86

    3.1.2 Caracterização da Microestrutura do aço AISI 1005 ........................................................................ 87

    3.1.3 Construção da célula eletroquímica ........................................................................................................ 91

    3.1.3 Classificação e Caracterização das Amostras de Petróleo .............................................................. 92

    3.1.4 Medidas Eletroquímicas ............................................................................................................................... 95

    3.1.4.1 Potencial e Corrente de Circuito Aberto ............................................................................................ 96

    3.1.4.2 Espectroscopia de impedância eletroquímica (EIE) ..................................................................... 96

    3.1.5 Validação das Medidas de EIE ................................................................................................................... 97

    3.1.5.1 Variação da Área do Eletrodo de Trabalho ....................................................................................... 97

    3.1.5.2 Análise de Circuito Equivalente para as Medidas de EIE obtidas para o Aço AISI 1005

    com Diferentes Valores de Área Superficial .................................................................................................... 99

    3.1.5.3 Contribuição da Área Superficial dos Eletrodos na Resposta de Impedância –

    Normalização pela Área ........................................................................................................................................103

  • XXV

    3.1.5.4 Transformada de Kramers-Kronig .....................................................................................................107

    3.2 Medidas em Solução Aquosa Contendo Íons sulfeto ..........................................................................109

    3.2.1 Preparação das amostras de aço AISI 1005 .......................................................................................109

    3.2.2 Preparação do eletrólito ............................................................................................................................109

    3.2.3 Célula eletroquímica ....................................................................................................................................109

    3.2.4 – Medidas eletroquímicas ..........................................................................................................................110

    3.2.4.1 Voltametria Cíclica – Escolha dos parametros ..............................................................................111

    3.2.4.2 Medidas de Impedância Eletroquímica em solução contendo Íons sulfeto ......................113

    3.2.5 Análise Metalográfica, Caracterização dos Filmes por MEV/EDS, DRX e Espectroscopia

    Mossbauer ...................................................................................................................................................................113

    Capítulo 4 – Resultados e Discussão .....................................................................................................................115

    Parte I - Análise de Petróleo e Emulsões de água em óleo por EIE e Quimiometria. ...................116

    4.1 Caracterização de Petróleo desidratado e Emulsões de Água em Petróleo por

    Espectroscopia de Impedância Eletroquímica utilizando eletrodos inertes ...................................117

    4.1.1 Caracterização do óleo desidratado por centrifugação.................................................................117

    4.1.2 Caracterização de emulsões do tipo água em óleo preparadas a partir de amostra in

    natura ...........................................................................................................................................................................120

    4.2 Medidas de Potencial e Corrente em Circuito Aberto para o aço AISI 1005 em Petróleo ..123

    4.3 Análise do Aço AISI 1005 em amostras de Petróleo por Espectroscopia de Impedância

    Eletroquímica ............................................................................................................................................................130

    Parte II - Análise da Corrosão do aço AISI 1005 em soluções contendo íons sulfeto por

    Voltametria Cíclica, Difração de Raio-X, Espectroscopia Mossbauer, MEV/EDS e Impedância

    Eletroquímica ............................................................................................................................................................142

    4.4 Análise da Corrosão do Aço AISI 1005 em solução contendo Íons sulfeto ...............................143

  • XXVI

    4.4.1 A influência da concentração de íons sulfeto na Formação dos Filmes na Superfície do

    Aço AISI 1005 ............................................................................................................................................................143

    4.4.2 - Caracterização Estrutural do Filme formado na Superfície do Aço AISI 1005 em Solução

    contendo 65 ppm de Íons Sulfeto ......................................................................................................................150

    4.4.3 Mecanismo Proposto para a Formação das Fases de Sulfeto de Ferro na Superfície do Aço

    AISI 1005 em Solução contendo 65 ppm de Íons Sulfeto ........................................................................154

    4.4.4 Influencia de alta concentração de íons cloreto na formação do filme de sulfeto de ferro.

    .........................................................................................................................................................................................159

    4.4.5 Caracterização Morfológica dos Filmes formados na Superfície do Aço AISI 1005 em

    Soluções contendo Íons Sulfeto ..........................................................................................................................161

    4.4.6 Espectroscopia de Impedância Eletroquímica dos Filmes formados na Superfície do Aço

    AISI 1005 em soluções contendo íons sulfeto ..............................................................................................168

    5. Conclusões..............................................................................................................................................................178

    6. Perspectivas do Trabalho ................................................................................................................................182

    7. Referências Bibliográficas ...............................................................................................................................183

  • 27

    Capítulo 1 - Introdução

  • 28

    1. Introdução

    No Brasil, a exploração de petróleo em diferentes bacias sedimentares, em

    terra ou no mar, possibilita encontrar óleos com composição variável de base

    parafínica, naftênica, aromática ou mista (Sad et al., 2010). Óleos contendo maior

    fração de parafínicos, óleos leves, possuem alto valor comercial. No entanto, a

    maioria dos reservatórios no Brasil é de óleo pesado, com grau API inferior a 22.

    Esta característica dificulta a produção, o transporte e o refino, diminui o valor de

    mercado e aumenta o custo operacional. Óleos pesados apresentam um teor de

    acidez e enxofre em níveis que podem causar corrosão dos equipamentos

    metálicos, principalmente nas refinarias. Na etapa de produção é comum a mistura

    de óleos de diferentes poços, os chamados blends de petróleo, para originar óleos

    mais leves, com menor teor de acidez, enxofre e sais, óleos de qualidade superior.

    Na última década, a descoberta de reservatórios na camada pré-sal e a

    possibilidade de exploração em águas profundas, aumentou as reservas de óleos

    leves. No Espírito Santo a exploração de petróleo cresce a cada ano após a

    descoberta dos reservatórios da camada pré-sal, sendo o estado que mais cresce

    na produção de petróleo em mar, com exceção do Rio de Janeiro. A produção nos

    reservatórios situados abaixo da camada de sal são óleos mais leves, porém com

    maior quantidade de sais dissolvidos na fase orgânica. Isto pode expor os materiais

    metálicos da produção, transporte e refino a maiores taxas de corrosão.

    Com a crescente produção nos reservatórios do pré-sal e pós-sal, o aumento

    da produção de óleos de características diversas torna importante a perfilagem dos

    óleos de cada poço e de seus blends. A caracterização das propriedades físico-

    químicas como, densidade, grau API, viscosidade, BSW, teor de sais, enxofre e

    acidez, são parâmetros importantes para indústria traçar o perfil de cada óleo ou

    blend e adotar medidas preventivas como, por exemplo, o uso de inibidores de

    corrosão em determinados setores da produção.

    Outra forma de traçar o perfil de amostras de petróleo e frações de destilação

    é por meio de suas propriedades eletroquímicas. A Espectroscopia de Impedância

    eletroquímica (EIE) pode fornecer informações importantes a respeito das

    propriedades eletroquímicas de um determinado óleo ou fração, como por exemplo,

  • 29

    a condutividade elétrica, caracterização dielétrica dos óleos, avaliação da resistência

    iônica, resistência eletrônica e sua capacitância. A técnica possibilita também a

    avaliação da constante de tempo de relaxação de diferentes interações interfaciais,

    como mistura de fase aquosa e orgânica, um auxílio importante no estudo de

    emulsões. O acompanhamento de interfaces do tipo metal/óleo e metal/emulsão por

    EIE torna possível a medida da resistência à corrosão de determinados metais em

    contato com petróleo, como o aço carbono, muito utilizado em tubulações para

    transporte de longas distancias.

    A técnica consiste na aplicação de um sinal senoidal, geralmente potencial

    elétrico, de pequena amplitude e com uma frequência variável. A reposta do

    sistema, geralmente um sinal de corrente alternada, e um ângulo de fase que

    consiste na mudança da corrente em relação ao potencial. A aplicação do sinal é de

    apenas poucos milivolts sendo possível a investigação de fenômenos no estado

    estacionário. Em meios dielétricos, de baixa condutividade, a amplitude do sinal

    aplicado deve ser maior que o comumente aplicado em meios condutivos, devido ao

    acúmulo dos portadores de cargas nas regiões entre diferentes fases (micelas,

    coloides, entre outros), gerando diferença de potencial de até 100 mV (Smiechowski

    et al., 2005).

    A espectroscopia de impedância é particularmente atrativa, pois se trata de

    uma técnica não destrutiva, de resposta rápida e relativamente baixo custo. Desta

    forma, pode ser usada em pontos estratégicos do upstream ao downstream, para

    aquisição de dados que ajudam na construção do perfil dos óleos e blends, e no

    monitoramento das taxas de corrosão. O monitoramento da corrosão é uma

    importante tarefa durante os processos industriais, principalmente na indústria do

    petróleo, na qual as consequências da corrosão podem ser severas para o meio

    ambiente e expor a risco à vida dos trabalhadores.

    A produção e transporte de líquidos multifásicos torna complexo o

    monitoramento da corrosão. Técnicas convencionais, como perda de massa, podem

    levar a resultados inconclusivos devido à combinação de diferentes eletrólitos

    corrosivos e concomitantemente outras fases com característica protetora. A fase

    oleosa pode formar uma camada protetora e inibir a corrosão devido a sua baixa

    condutividade iônica e a baixa solubilidade dos produtos de corrosão na fase

  • 30

    orgânica. Entretanto, o oxigênio é mais solúvel na fase óleo e favorece as reações

    catódicas e consequentemente a reação global da corrosão (Bouazaze et al., 2005).

    Medidas de potencial e corrente de circuito aberto podem ser usadas para

    monitoramento contínuo da corrosão dos metais em diversas etapas da produção.

    Padrões de transiente de corrente e potencial gerados podem estar relacionados

    com o tipo de corrosão. Esta é uma técnica bastante atrativa visto que a análise dos

    transientes de corrente pode ser feita instantaneamente, ou posteriormente por meio

    de análise estatística e espectral dos transientes de potencial e corrente.

    A grande complexidade da composição do petróleo torna difícil a análise

    univariada da corrosão neste meio. A associação dos dados eletroquímicos de

    espectroscopia de impedância, potencial e corrente de circuito aberto, pode ser feita

    pelos métodos quimiométricos. A análise de componentes principais (PCA) é usada

    para correlacionar os parâmetros físico-químicos e os dados eletroquímicos e

    reconhecer padrões entre o conjunto de dados.

    Durante a produção do petróleo é comum a presença de água livre, devida ao

    acúmulo de água natural do reservatório, água de formação, e principalmente a

    prática de injeção de água do mar para a recuperação secundário do poço. A

    presença de água nos dutos que ligam a cabeça do poço à plataforma offshore

    causam sérios danos devido ao processo de corrosão.

    A água livre contém diversos sais dissolvidos liberando íons como o cloreto e

    sulfeto. O íon cloreto é bastante conhecido na literatura por causar rompimento do

    filme passivo, formando canais que ligam a superfície metálica ao meio corrosivo

    (pit). O sulfeto pode estar presente na forma dissociada (HS-aq) ou não dissociada

    (H2Saq). Geralmente, filmes de sulfeto de ferro se formam mesmo em concentrações

    da ordem de 1,0 ppm de H2S. Dependendo da fase de sulfeto de ferro formado, este

    pode atuar como inibidor. Na maioria dos casos o filme de sulfeto de ferro promove o

    aumento das taxas de corrosão, devido sua alta porosidade e condutividade iônica

    em relação aos óxidos de ferro. A presença de íons cloreto em altas concentrações

    dissolve o filme de sulfeto e óxidos de ferro formados na superfície metálica, o que

    acelera o processo corrosivo.

  • 31

    Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica

  • 32

    2.1 A Indústria do Petróleo

    As causas da corrosão na indústria do petróleo são dependentes da fonte

    geradora do óleo e do estágio da produção do óleo e gás. Fatores como a

    composição química do óleo, da rocha reservatório e condições de temperatura,

    pressão, agitação e adição de substâncias para o auxílio nas etapas de produção

    podem alterar o potencial corrosivo do óleo e da água de produção.

    Este capítulo tem por objetivo revisar as principais causas da corrosão na

    indústria do petróleo e os métodos de monitoramento.

    2.1.1 Upstream

    As atividades denominadas como upstream vão desde a perfuração do poço

    até a produção do petróleo e gás.

    A produção do petróleo em águas profundas no litoral do Brasil é feita pela

    conecção de poços existentes no fundo do mar às plataformas semissubmersíveis.

    A conecção é feita por dutos de aço, que levam o petróleo desde a cabeça do poço

    até plataforma. A produção do óleo é acompanhada de uma solução aquosa

    contendo vários sais de natureza inorgânica e orgânica dissolvidos, decorrente da

    formação rochosa, ou devido ao processo de injeção de água do mar para a

    recuperação secundaria do poço. Esta solução é chamada de água livre.

    A água livre causa corrosão da parede interna dos dutos. Dispositivos

    chamados pigs são lançados através dos dutos para eliminar o acúmulo de água e

    depósitos que podem acelerar o processo de corrosão. Pigs com dispositivos para

    monitoramento da corrosão interna fazem a perfilagem geométrica da superfície do

    duto, por meio de oscilações mecânicas ou oscilações no campo magnético,

    evidenciando os pontos de corrosão (Ricardo et al., 2000).

    O mecanismo pelo qual ocorre a corrosão depende do tipo de substância que

    está presente no meio. O oxigênio, íons sulfeto e íons cloreto contidos na lama de

    perfuração são os principais fatores da corrosão. Nas operações offshore o

  • 33

    problema se agrava devido à alta concentração de sais na água marinha (William,

    2005).

    A corrosão interna dos equipamentos é basicamente resultado da

    combinação de dióxido de carbono e ácido sulfídrico dissolvidos na fase aquosa,

    gerando as espécies de sulfeto H2S(aq), HS-(aq) e bicarbonato - HCO

    3-(aq). Esta fase

    contém alta concentração de íons cloreto e ácidos orgânicos, como os ácidos

    naftênicos (William, 2005 , Zhang et al., 2009, Pfennig et al., 2009). Os ácidos

    naftênicos em contato com a superfície do aço formam sais orgânicos que na

    presença de H2S são solúveis. Este efeito combinado gera um mecanismo de

    precipitação-dissolução da camada passivo da aço, o que aumenta as taxas de

    corrosão.

    A corrosão interna dos equipamentos metálicos é mais severa quando a

    indústria opera em águas profundas, onde no fundo do poço a temperatura pode

    exceder 260°C e pressão dos gases de 108 Pa. Na cabeça do poço a temperatura

    gira em torno de 70-80°C. Nestas condições o custo com reparo dos materiais

    aumenta, e ligas resistentes à corrosão, como os aços inoxidáveis Fe-Cr-Ni-Mo, são

    usadas para tubulações e equipamentos relacionados.

    O processo de completação de um poço de petróleo consiste em injetar água

    do mar dentro do poço para aumentar a pressão no interior do mesmo, a fim de

    manter a taxa de produção do óleo. Este processo é chamado de recuperação

    secundária. A contaminação do fundo do poço com ar, através da injeção de água

    do mar dentro da formação, pode resultar em severa corrosão dos equipamentos de

    aços no fundo do poço, mesmo com baixos níveis de oxigênio entre 0,01ppm e 0,1

    ppm (William, 2005). A água de injeção somada a água de formação (água livre), no

    momento da produção provocam a formação de emulsões de água em óleo. A água

    livre é separada facilmente por gravidade, em ciclones gravitacionais. Para a

    remoção da água emulsionada existem várias técnicas como: ajuste de pH, filtração,

    tratamento por calor, adição de desemulsificante e tratamento eletrostático (Eow et

    al, 2001). Estas técnicas são utilizadas separadamente ou em conjunto, para

    eliminar o máximo de água emulsionada possível, ainda nas plataformas offshore.

    Após esta etapa o óleo é transportado para uma estação onshore por meio de dutos

    de aço carbono.

  • 34

    Quando todos os fatores se manifestam ao mesmo tempo, qualquer pequena

    mudança na temperatura, pressão, teor de CO2 e H2S, composição da água,

    velocidade do fluxo, teor de água emulsionada, composição e condições superficiais

    do aço, podem alterar as taxas de corrosão em decorrência da modificação do filme

    passivo da liga metálica. A natureza diversa do ambiente de produção dificulta a

    mitigação da corrosão e falha nos equipamentos. O risco de corrosão e ruptura é

    função do tipo de aço bem como do meio corrosivo (Zhang et al., 2009).

    2.1.2 Downstream

    As atividades relacionadas com o downstream são o transporte e refino do

    petróleo e gás produzido.

    No transporte do óleo e gás, a corrosão externa dos dutos enterrados e

    imersos no mar é controlada por revestimentos e por proteção catódica. A corrosão

    interna causada por óleo cru e gás natural são resultados dos gases ácidos, água

    livre e emulsão dos tipos água/óleo e óleo/água. A corrosão é maior em locais onde

    o fluxo possibilita a acumulação de água em determinados pontos do duto. Nesta

    etapa, os pigs ajudam a remover detritos e água acumulada. O mesmo tipo de

    corrosão pode afetar os navios cargueiros de óleo cru (William, 2005).

    Na etapa do transporte a temperatura prevalece a ambiente, facilitando o

    emprego de inibidores de corrosão de natureza orgânica. Os inibidores de corrosão

    da indústria de petróleo são, geralmente, compostos de cadeia carbônica longa

    contendo um ou mais grupos polares nitrogenados e sulfurados. Estes grupos

    polares adsorvem na superfície metálica, repele a fase aquosa e evita o transporte

    dos íons metálicos para a solução (William C. Lyons, 2005).

    A água livre produzida juntamente com o petróleo e gás é, geralmente,

    separada por métodos gravitacionais em ciclones e a emulsão do tipo água em óleo,

    passa por tratadores eletrostáticos que estão posicionados estrategicamente nas

    plataformas offshore. O problema do tratamento desta solução trifásica nas

    plataformas está no pequeno volume dos tratadores gravitacionais e eletrostáticos.

    O transporte multifásico pode ter um grande impacto no desenvolvimento da

    produção offshore com drástica redução de custo na operação, se este transporte

  • 35

    for feito através de dutos de aço carbono, das plataformas até uma estação de

    tratamento onshore.

    O custo com dutos é uma parte considerável dos projetos de poços offshore,

    e o transporte em longas distancias e dutos com largos diâmetros podem tornar

    inviável a utilização de ligas resistentes à corrosão (Fe-Cr-Ni), devido ao alto custo

    destas ligas. O aço carbono tem um custo cerca de cinco vezes menor do que as

    ligas resistentes à corrosão. Sob este ponto de vista, o estudo dos mecanismos de

    corrosão do aço carbono e formas de controlá-la podem aumentar a sua

    aplicabilidade na indústria de petróleo e gás.

    A eliminação da água emulsionada no petróleo é um passo necessário antes

    do óleo ser enviado as refinarias. Esse procedimento é realizado pela adição de

    desemulsificantes e aplicação de alto campo elétrico. A presença de água nas torres

    de destilação e nas estações de craqueamento provoca intensa corrosão. Outros

    fatores são a acidez do óleo, quantidade de sais dissolvidos, compostos sulfurados e

    nitrogenados (Speight, 1999).

    Com a atual demanda do mercado, as torres de destilação que inicialmente

    foram projetadas para processar petróleos leves (com baixo índice de acidez)

    começam agora a receber petróleos pesados (com alto índice de acidez) para

    processamento. A presença de substâncias corrosivas como sais, enxofre e ácidos

    naftênicos, associado às elevadas temperaturas de operação, ativam o processo de

    corrosão.

    As informações sobre o comportamento corrosivo dos petróleos que são

    processados nas unidades de refino são bastante escassas, porque a agressividade

    varia de petróleo para petróleo e as perspectivas são de crescimento da

    corrosividade a cada ano, devido à produção de petróleo de baixo grau API. Por

    isso, o conhecimento sobre a resistência à corrosão dos das ligas metálicas que

    processam petróleos pesados, pode prover informações valiosas, auxiliando no

    desenvolvimento de técnicas de pré-processamentos que minimizem a ação dos

    agentes corrosivos para cada tipo de petróleo.

  • 36

    2.1.3 O Pré-sal

    A região chamada de pré-sal é a camada rochosa que se encontra abaixo da

    camada de sal, que em termos geológicos foi criada antes (“pré”) da camada de sal.

    No Brasil esta região está localizada aproximadamente a 270 km da costa do

    Atlântico, em uma faixa que compreende a costa do Estado do Espírito Santo a

    Santa Catarina, medindo aproximadamente 800 km de comprimento e 200 km de

    largura. Estas reservas se encontram a mais de 5 km de profundidade incluindo a

    camada de sal.

    No início da década de 2000, quase todo o petróleo produzido no estado do

    Espírito Santo provinha de campos em terra. Com a descoberta de poços na

    camada Pré-sal, nos últimos anos, esta situação se inverteu. A maior parte do

    petróleo agora provém de campos no fundo do mar.

    Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, ANP, publicada no relatório

    estatístico para o período de 2000 a 2009, este aumento vem ocorrendo desde

    2003. E a partir de 2006 a produção em mar ultrapassa a produção em terra, e esta

    última, apresentou pequeno declínio como apresentado na Figura 2.1, em termos de

    milhões de barris equivalentes de petróleo, Bep.

    Figura 2.1- Comparativo da produção de petróleo por terra e mar no Espírito Santo, no período de 2000-2009 (Relatório de Produção de Petróleo Nacional, 2010)

    2000 2002 2004 2006 2008 2010

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    Milh

    oe

    s B

    ep

    Terra

    Mar

    Total

  • 37

    Na produção de petróleo nacional, o Espírito Santo é o segundo maior

    produtor do Brasil. A Figura 2.2 apresenta um comparativo da produção em mar,

    offshore, de todos os estados. Os dados da produção do Rio de Janeiro não são

    apresentados para não distorcer a visualização (Relatório de Produção de Petróleo

    Nacional, 2010).

    Figura 2.2 – Comparativo da produção de petróleo por terra e mar por estado (exclusive o RJ), no período de 2000-2009 (Relatório de Produção de Petróleo Nacional, 2010).

    Um dos desafios da exploração do pré-sal, além da grande lâmina de água e

    sal que juntas somam aproximadamente 5 Km, está no monitoramento e controle da

    corrosão dos equipamentos metálicos utilizados na exploração, transporte e

    estocagem do óleo produzido que possuem altos teores de sais e acidez. Estes

    fatores podem aumentar as taxas de corrosão.

    2.2 Aços Carbono

    O aço carbono é uma mistura solida de Fe e C com demais elementos

    considerados impurezas do processo de fabricação. A combinação do Fe e C, em

    equilíbrio termodinâmico, originam várias fases diferentes para diversos valores de

    temperatura. Isto pode ser visto no diagrama de fases Fe-C, Figura 2.3.

    2000 2002 2004 2006 2008 2010

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    45

    Milh

    oes d

    e B

    ep

    ES

    AL

    AM

    BA

    CE

    PR

    RN

    SE

    SP

  • 38

    Na temperatura ambiente os constituintes do sistema do aço carbono seria

    Ferrita (α-Fe) e grafita. Entretanto, a solidificação e o resfriamento são muito rápidos

    para que o equilíbrio termodinâmico seja alcançado. Ocorre, então, a formação de

    ferrita e uma fase metaestável, a cementita (carbeto de ferro – Fe3C). Apesar de

    termodinamicamente ser considerada uma fase metaestável, na temperatura

    ambiente, a cementita é bastante estável, devido ao baixo coeficiente de difusão do

    C no Fe (D = 2,9x10-19 cm2s-1). Outro produto que pode se formar é a perlita, esta

    não é considerada uma fase, mas uma mistura entre duas fases, ferrita e cementita,

    de estrutura lamelar (Silva et al., 2006).

    Figura 2.3 – Parte do diagrama de fases do sistema Fe-C, representando as várias fases possíveis de aços carbono e ferros fundidos. .

    A microestrutura pode ser observada por polimento da amostra, seguida de

    ataque com um reagente apropriado. Um dos reagentes mais utilizados é a solução

  • 39

    de Nital (2-5% de HNO3 em etanol). Na amostra polida pode-se observar as

    descontinuidades como trincas, poros e inclusões. Na amostra atacada

    quimicamente, é possível observar as fases, bem como sua distribuição. (ASTM

    E01, 2003; ASTM E112, 2001).

    As fases são distribuídas em grãos, estas são separadas por uma região

    intersticial de mesma composição, porém de estrutura desordenada em relação ao

    interior da fase, chamada de contorno de grão. Outra estrutura que pode ser

    observada é a perlita, que também possui estrutura desordenada. No momento da

    observação através do microscópio, a região mais atacada tem altura diferente da

    região menos atacada, com isso mais ou menos luz é refletida para a ocular do

    microscópio, no caso da microscopia ótica. Na microscopia eletrônica de varredura a

    diferenciação se dá pela diferença de condutividade das diferentes regiões da

    superfície da amostra (Silva et al., 2006).

    Devido ao baixo custo em relação aos aços resistentes a corrosão

    (inoxidáveis), os aços carbono são muito utilizados na indústria de petróleo e gás.

    Umas das propriedades inerentes aos aços carbono é a formação de uma camada

    protetora como produto das reações eletroquímicas que ocorrem na interface

    formada como o meio de exposição (Farelas et al, 2010).

    A microestrutura tem forte influência nas propriedades e na aplicabilidade dos

    metais e ligas (ASTM E3-01). O comportamento eletroquímico e a resistência

    química dos aços carbono e aços de baixa liga dependem da sua microestrutura,

    composição química, condições da superfície e condições do meio circundante (Li e

    Li, 2006 ; Farelas et al, 2010).

    A presença de maior quantidade de cementita (Fe3C) aumenta a taxa de

    corrosão. O efeito é conhecido devido ao papel da cementita como sítio catódico,

    enquanto que a ferrita sofre oxidação. Umas das razões para este fenômeno é que

    Fe3C possui baixa sobrevoltagem para a evolução de hidrogênio.

  • 40

    2.3 Corrosão

    Esta parte dedica à revisão dos periódicos a respeito do processo de

    corrosão, em aços carbono, formação e ruptura de filmes passivos, mecanismos de

    corrosão em meios contendo espécies de sulfeto e da corrosão ocasionada por

    petróleo.

    2.3.1 Passivação dos metais

    Desde o início da utilização de aços e ligas metálicas, têm-se desenvolvido a

    ideia de que o produto de corrosão, do aço com um determinado meio, fornece uma

    proteção à superfície metálica, inibindo a corrosão posterior. Esta propriedade dos

    aços é que torna possível a sua utilização por longos períodos de tempo, e em

    diversas áreas da indústria. Entretanto existem casos em que o produto de corrosão

    não fornece proteção, e acelera a corrosão. A perda da propriedade inibidora do

    produto de corrosão é desfavorável e pode ser fatal para os equipamentos de aço,

    podendo causar sérios danos humanos e ambientais. Para aumentar o desempenho

    e a confiabilidade dos aços é de grande importância a elucidação da função dos

    vários tipos de produtos de corrosão e se estes protegem ou aceleram a corrosão.

    Um metal pode reagir com um eletrólito para formar compostos hidratados,

    solvatados ou complexos metálicos. Outra possibilidade é a formação de compostos

    parcialmente solúveis com íons metálicos e ânions que compõe o eletrólito. Estes

    compostos de baixa solubilidade podem formar diretamente na superfície metálica,

    ou podem formar um depósito como resultado do gradiente de concentração no

    eletrólito. Todos estes processos são definidos como corrosão eletrolítica do metal

    (Vetter, 1967).

    No estado ativo, se o potencial for positivo o suficiente ou se o meio é um

    oxidante forte, os metais são dissolvidos por hidratação seguida da reação

    representada pela equação 1.

    (1)

  • 41

    Se a densidade de corrente anódica for alta o suficiente, o metal pode se

    encontrar em um estado passivo e a imediata transferência de íons metálicos para o

    eletrólito é inibida por um filme superficial contendo defeitos estruturais (Vetter,

    1967).

    Na passivação do ferro, o metal é oxidado instantaneamente em condições

    fortemente oxidativas para formar óxidos contendo Fe3+, os quais apresentam baixa

    solubilidade. Estes óxidos se formam diretamente na superfície metálica em

    conexão com a estrutura cristalina do metal. A pequena solubilidade do óxido isola a

    superfície metálica do meio corrosivo e desacelera o processo da corrosão (Tamura,

    2008). Esta reação ocorre rapidamente até mesmo ao ar livre em estruturas comuns

    como o ferro puro e aços carbono.

    Os produtos de corrosão do ferro podem ser de vários tipos: - - -FeOOH,

    -Fe2O3, Fe3O4 e oxihidróxidos amorfos. A solubilidade destes compostos em água

    determina o tempo de vida do filme passivo. Na medida em que o filme se dissolve,

    ocorre a liberação de poros e formação de frestas na qual expõe novamente o metal

    ao meio corrosivo. Assim o metal ativo se dissolve e renova o filme passivo,

    restaurando a fresta ou poro (Tamura, 2008). Em aços carbono as inclusões,

    geralmente inclusões de óxidos, provocam pequenas falhas nos filmes passivos

    pelas quais as espécies agressivas se difundem e iniciam a corrosão localizada.

    2.3.2 Formação dos filmes passivos no ferro

    Ferro ou aços carbono são cobertos com uma fina camada de Fe3O4 ou -

    Fe2O3 devido à exposição destes ao ar. Na presença de água e oxigênio o ferro

    metálico é termodinamicamente instável como pode ser observado no diagrama de

    Pourbaix para o sistema ferro/água a 25°C apresentado na Figura 2.4.

  • 42

    Figura 2.4 – Diagrama de Pourbaix para o sistema ferro/água a 25°C. A linha contínua preta delimita a região de potencial no pH = 6,5 onde o elemento Ferro está na forma de íons Fe2+.

    Em valores de pH levemente ácidos, próximos de 6,0, o ferro tende a se

    oxidar de ferro metálico para íons de Fe2+(aq), entre os valores de potencial de -0,7

    VEH a 0,0 VEH. A medida em que o pH aumenta o Fe pode precipitar como óxidos.

    Desta forma a corrosão eletroquímica em meios levemente ácidos, no

    potencial de circuito aberto, tem início de acordo com a Figura 2.5.

    Figura 2.5 – Mecanismo eletroquímico para a corrosão do ferro (Tamura, 2008).

  • 43

    O ferro metálico é oxidado no anodo para dissolver íons de Fe2+, oxigênio

    dissolvido é reduzido no catodo para formar íons OH- e estes são combinados para

    formar hidróxido de ferro (II) sólido, Fe(OH)2(s), quando o produto de solubilidade é

    excedido, segundo as equações 2, 3 e 4.

    (2)

    (3)

    (4)

    Depois de formado na superfície metálica, o Fe(OH)2(s) apresenta solubilidade

    em água e os íons de Fe2+ são fracamente hidrolisados. O produto de solubilidade

    do Fe(OH)2(s), Ks,II (Tamura, 2008) é dado pela equação 5.

    , [

    ][ ] (5)

    A solubilidade do Fe(OH)2(s) é relativamente alta e os íons de Fe2+ são

    facilmente oxidados pelo oxigênio dissolvido na solução, ou quando estes filmes

    ficam expostos ao ar. A reação global pode ser descrita pela equação 6.

    (6)

    O hidróxido de ferro (III), Fe(OH)3(s), apresenta solubilidade em água e os íons

    de Fe3+ são ácidos mais fortes do que Fe2+. O produto de solubilidade do Fe(OH)3(s)

    é dado pelo equação 7.

    , [

    ][ ] (7)

    A solubilidade do Fe(OH)3(s) é bem menor do que a do Fe(OH)2(s) o que pode

    garantir uma maior estabilidade do filme passivo. O envelhecimento do Fe(OH)3(s)

    leva a desidratação, mesmo em presença de água, e forma um oxihidróxido,

    FeOOH, como descrito pela equação 8.

    (8)

  • 44

    Os oxihidróxidos apresentam cores diferentes, dependendo do tipo de cristal,

    α-FeOOH (Goetita) é de cor amarela para marrom e γ-FeOOH (Lepidocrocita) com

    cor laranja são formados em pH neutro e alcalino, sendo incorporados no filme

    passivo. No inicio do estágio do envelhecimento do produto de corrosão o γ-FeOOH

    é considerado dominante, este juntamente com os oxihidróxidos amorfos

    transformam-se gradualmente em α-FeOOH. Os α-FeOOH dissolvem em água e o

    produto de solubilidade é dado pela equação 9.

    [

    ][ ] (9)

    A solubilidade do oxihidróxido de ferro é cerca de cinco vezes menor em

    ordem de grandeza do que a solubilidade do Fe(OH)3(s). Este dado pode sugerir que

    em determinada condição de pH, o envelhecimento do filme passivo diminui a

    dissolução dos íons de Fe2+ para a solução, consequentemente diminui as taxas de

    corrosão.

    Desta forma após o estágio inicial, com a formação do Fe(OH)2(s), sua

    consequente oxidação para Fe(OH)3(s) e o envelhecimento do filme (formação de

    Goetita – FeOOH) é representado no esquema da Figura 2.6.

    Figura 2.6 – Esquema para os processos da corrosão eletroquímica do ferro ou aço seguido de envelhecimento com a formação da camada de oxihidróxido de ferro (Tamura, 2008).

  • 45

    O crescimento e a manutenção do filme passivo tem natureza dinâmica,

    sendo possível somente pela migração de cátions e ânions pelo filme. Logo, um

    gradiente de concentração ou um campo elétrico deve estar presente no interior do

    filme (Vetter, 1967).

    O esquema geral de uma camada passiva e os fenômenos de transporte que

    ocorre através das interfaces eletrólito/filme/metal estão representados na Figura

    2.7. Os íons de oxigênio ou hidroxilas difundem pelo filme em direção a superfície

    metálica com uma constante β’. Os íons metálic