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'ff ANNO
S E M A N A R IO N O T I C I O S O , L IT T E R A R IO E A G R IC O L A
A ssignatu ra i)A n n o , i$ooo réis; s e m e s tre , 5oo réis. Pagamento adeantado. II para o Brazil, anno. 2S5oo réis (moeda forte,:. 0A v u ls o , no dia da publicação, 20 réis. ~
EDITOR— José Augusto Saloio
I I C Í O E T— RUA DIREITA — 19, i .cA L D E G A L L K G A
PublicaçõesAnnuncios— i . a publicação. 40 réis a linha, nas seguintas,
\ 20 réis. Annuncios na 4.“ pagina, contracto especial. Os auto- ,. graphos náo se restituem quer sejam ou não publicados.
PROPRIETÁRIO— José Augusto Saloio
EX PED IEN TE
Rogauios aos nossos estimáveis assignantes a Qaeza de nos partic ipa rein q ua lquer falta na re messa do jo rn a l , para de p ro na p to p rov i de a c i a r- utos.
Acceitain-se com g ra t idão quaesquer noticias que sejam «le in te resse pubHco.
A PaschoaEil-a, a quadra ridente
em que se realisam as verdadeiras festas da familia, em que se reunem as pessoas queridas, festejando a Resurreição!
Depois dos dias de luto, dos trajes negros das Endoenças e da Paixão, as côres alegres e garridas, a alegria em todas as almas, 0 enthusiasmo e o jubilo em todos os corações.
E’ tambem nesta época do anno que a Caridade tem ensejo de mais largamente se expandir. Os corações generosos abrem- se ouvindo os lamentos da pobreza, e derramam a flux as suas dádivas, consolando assim as agruras e as misérias dos desprotegidos da sorte.
Bemdita seja a caridade, que tantos dons prodigiosos espalha pelo mundo. Bemdito o que se lembra dos pobres e lhes estende a mão, porque, na phra- se de Victor Hugo, quem dá aos pobres empresta a Deus.
Saudando este dia so- lemne, que todos respeitam e veneram desde antigas eras, damos as Boas Festas a todos os que tão bizarramente nos teem coadjuvado nesta modesta empreza, desejando-lhes toda a sorte de venturas e prosperidades de que são dignos.
A Emprega.
P roc issão dos P assos
Como havíamos noticiado, effectuou-se no prete- rito domingo, com a so- lemnidade dos annos anteriores, a procissão dos Passos, o que fez concorrer muita gente dos logares li- mitroph.es. O cortejo religioso, que sahiu da egreja do convento da Senhora da Conceição, pelas 5 horas da tarde, vinha organi- sado pela fórma dos annos anteriores: guião, pendão, irmandade dos Passos, composta de grande numero de membros, u anjos primorosamente vestidos conduzindo os symbolos dos martyrios de Christo, o andor magnificamente decorado com flores naturaes, sobre o qual se via o mar- tyr do Goigotha curvado ao peso do seu supplicio, conduzido pelos srs. José Antonio Fernandes, José Maria Mendes, Antonio Luiz Dantas, Antonio Moraes da Costa Jacome, Antonio Ermogal, Manuel Rodrigues Brandão, Joaquim Futre e Joaquim Soeiro Garrôa; atraz, ia o andor com a Senho.'a da Purificação, conduzido pelos srs. José Serrador Junior, José Joaquim Ferreira, José Luiz Aleixo e João Lazaro; o paliio, sob o qual iam os reverendos João Pereira Vicente Ramos, conduzindo o Santo Lenho, Theodoro de Sousa Rego e Napo- leão.
Fechava o cortejo a phi- larmonica «i.° de Dezembro», desta villa, que durante o trajecto executou com toda a correcção, duas bonitas marchas fúnebres, intituladas «Dôr suprema» e «Dolorosa separação». Esta ultima foi executada pela primeira vez, e ambas são originaes do nosso amigo e talentoso regente d’a- quella philarmonica, sr. Balthazar Manuel Valente.
Os sermões do pretorio, encontro e calvario foram prégados pelo rev. Napo- leão. A scena do encontro deu-se, como de costume, no largo da Misericórdia, que, comquanto seja enorme, estava occupado pelo
povo que acompanhava a procissão.
Executaram habilmente os motetes os srs. José Cândido Rodrigues d’Annun- ciação, Joaquim d’Almeida e Amadeu dos Santos.
Os srs. dr. Luciano T a vares Móra, Francisco T a vares da Silva Ribeiradio, Luiz Fernandes Aleixo e Antonio Simões faziam a meza representando a irmandade da Senhora da Purificação.
Representavam a commissão promotora da procissão os srs. Cândido José Rodrigues d’Annuncia- ção, Solibanio da Veiga e Francisco Soeiro Garrôa
As egrejas foram ornamentadas sumptuosamente pelo nosso amigo, sr. Francisco Silverio Fernandes, proprietário da agencia funeraria, desta villa.
Foi mantida a ordem por grande numero de cabos de segurança, indo a procissão sempre com a maxima decencia
A commissão promotora da procissão á veneranda imagem do Senhor dos Passos, péde-nos para publicarmos aqui a sua conta de receita e despeza relativa á referida procissão, que é a seguinte:
R E C E IT A
Rendimento do gui ão. . $« do pendão.. 2S000» das lanternas i$ 5oo» do a n d o r... i 5S68o» de capas e de
esmolas....................... 74»385Rendimento do m ealhei
ro, no convento........ 3»22oSomma e m .. . . . 963785
D ESP EZ A
Francisco S. Fernandes . 66S9S0Parocho........................... i$6ooIh e s o u re iro .................... 1S200Fabrica............................. S4.00Padre Theodoro............. 1S200Prégador......................... i 5$oooGratificação á philarmo
nica i.° de Dezembro 128000Rosmaninho e areia........ $800Beberete e amêndoas aos
anjos........................... 28480100 registos da imagem
do Senhor dos Passos $36oSapatos pura os anjos, 11
pares........................... 48800Duas idas a Lisboa de um
homem........................ 1S200Distribuição de capas e
recolhimento das dit a i . . . .......................... 1S000
Somma em. . . . . 109S020Saldo contra................... 12S2ÍÍ3Esmola.; de 2 ; nonymos. ' 48200Do sr. Francisco Silverio
Fernandes.................. 2S000Saldo conta..................... ójjoiS
D iversas form as clinicas da Influenza
Suppõe muita gente que a mesma doenca se denun-
>
ciará sempre pelos mesmos symptomas, e se realmente assim acontecesse muito se simplificaria o exercício da clinica.
E’ verdade que ha doenças que apresentam invariavelmente um conjuncto de sxmptomas perfeitamente característicos, mas é egualmente certo que nem todos os individuosreagem uniformemente deante dos mesmos agentes mórbidos e essas diíferenças no modo de reagir não podem deixar de modificar os symptomas clássicos da doença.
Outras doenças ha que variam na escolha dos or- gãos que affectam, produzindo-se, por isso mesmo, symptomas completamente diversos.
Neste caso está a influ- enza.
A dor de cabeça, dores pelo corpo, protração, elevação de temperatura, tosse, defluxo, deixam facilmente diagnosticar a sua fórma clinica mais trivial, em que foram affectados os orgãos respiratórias e que por isso se cham a/or- ma thoracica.
Outros doentes queixar- se-hão de violentíssimas dores de cabeça, vertigens, accusadissima depressão physica e moral, dores, transpiração profusa. Nada de catharro, dada de defluxo.
E’ que nestes doentes foi poupado o apparelho res- piratorio e o affectado foi* o systema nervoso; é uma outra fórma da doença— a nervosa.
Existe tambem a fórma gastrò-intesiinal, em que é este o apparelho que soffre toda a violência do ataque, ficando indemnes os outros e aqui surgem novos symptomas: vomitos, diarrhéa, dores abdominaes, etc.
Cada uma destas fórmas clinicas ainda admitte subdivisões pelo predomínio de determinados symptomas.
O agente mórbido da in- fluenza póde affectar si
multaneamente orgãos diversos, contribuindo cada um delles com os seus symptomas proprios e dando á doença novas feições, e assim é que a fórma thoracica se póde combinar com a nervosa ou com a gastrointestinal, etc.
Seria um nunca acabar se tivessemos de detalhar a enorme variante de symptomas da influenza, egualmente caprichosa na sua evolução; ora arrastando- se numa demoradissima convalescença, ora desap- parecendo bruscamente.
Uma fórma das menos conhecidas já me visitou por duas vezes.
Installa-se bruscamente, annunciando-se por fórte dor de cabeça, calefrios repetidos, febre e grande depressão, dores vagas por todo o corpo, absoluta inap- petencia e, passadas poucas horas, sobrevem um somno irresistível e muito extraordinario em quem tem uma grande difficulda- de em habitualmente o conciliar.
Adormece-se num somno pesado, profundo, de que se desperta para adormecer immediatamente e depois de umas quinze ou dezoito horas acorda-se definitivamente, magnificamente bem disposto, com appetite, apenas um pouco fraco e isso mesmo des- apparece em dois ou tres dias.
A mesma doença póde, pois, pela inconstancia das suas localisaçÕes, revestir aspectos os mais diversos, como acabamos de vêr para a influenza, tornado por vezes o seu diagnostico extremamente difficil.
Ha pouco tempo foi publicada uma nova variedade por que se apresenta a influenza, e acabo justamente de observar um caso bem comprovativo. Pertence á fórma gastro-intes- tinal e é interessante conhecer-se, mas convém saber primeiro a disposição dos orgãos na cavidade abdominal. Delia nos occupare- mos no proximo artigo.
Dr. JOSÉ DE M A G A LH Ã ES.(Da Gaveta das Aldeias/
DOMIJNTGrO, 3 IDE ABRIL DE 1904
v e rs a n o
Completou no dia 29 do mez findo o seu 2.0 anniversario natalicio o filhinho do nosso amigo Joaquim Francisco dos Santos.
Os nossos parabéns.
u i t im o s eseasadalos «le P aris
Acabamos de receber o3.° fascículo deste interessante romance de acontecimentos sensacionaes- e veridicos, occorridos na actualidade por Dubut de Laforest.
Cada fasciculo semanal de 40 paginas e 5 gravuras, 5o réis. Volume mensal de 160 paginas e muitas gravuras, 200 réis.
Pedidos á «Editora», L. do Conde Barão, 5o— Lisboa.
participa hoje a todos os| socios que haverá no salão1 do referido Club uma reunião de familias.
C O F R E D E P E R 0 L 1 S
— -
O «Sudas
Centenas de garotos armados de cacetes invadiam hontem, sabbado de alie- lu.ia, as ruas por onde passavam com o fim de espancarem e queimarem o traidor discipulo de Christo.
S fe so rd cm
Pelas 11 horas da noite de sexta feira passada, envolveram-se em desordem no becco do Club os srs Christianô Rodrigues de Mendonça e José Julio da Veiga Marques. Este ultimo ficára com uma brécha na cabeça, resultado duma bengalada que apanhara. Foi curar-se á pharmacia «Giraldes».
(i io ipo BBe5<sse3Eo
E’ hoje que se realisa a inauguração da época tau- romachica na praça de touros do Campo Pequeno Os touro são de Emilio Infante..
Xovo ClaiJ»
AdireccãodoNovo Club
Theatro saa rua «las Tay-pas
Encontra-se aqui ha poucos dias uma companhia dramatica, sob a direcção do celebre imitador de actores portuguezes Leonardo de Sousa. A companhia traz bons elementos e é de crer que os espectáculos sejam bons.
Effectuou-se hontem o primeiro espectáculo promovido pelo ex-actor A rthur dos Santos, em seu beneficio, devido a estar cego.
O espectáculo agradou, e a casa estava boa.
Hoje representar-se-ha o interessante duetto «A sopeira e seu derriço-’ , «A móca», a comedia em um acto «As pragas d’um capitão», poesia de Guerra Junqueiro «O Fiel», monologo pela actriz Filomena «O -riso».
No proximo domingo representar-se-ha o drama em 3 actos «O Veterano da Liberdade.
Circo Amado
E’ verdadeiramente tentador o espectáculo popular que hoje se realisa no Circo Amado, onde decerto concorrerá muito povo, como é de costume em quasi todos es espectáculos.. Figuram no programma d’hoje o burro amestrado, que todas as noites tem provocado as mais calorosas ovações, os insignes acrobatas Arthur Bimbo, Amado, Juliete e Pepito, o marinheiro aereo pela in- comparavel equilibrista Fereza Dominguez, funambu- lismo por Emilia Paterna, a dança hespanhola pelas distinctas dançarinas Blan- ca O í tiz e Josepha Alonso e muitos outros trabalhos e entradas cómicas de agrado certo.
Saudemos nós, portugueses, Aquella nobre bandeira Que a uma nação guerreira F o i sempre levar a gloria.F o i ella que a santa chamma Acc.endeu em tantos peitos, Inspirando heroicos feitos Que regista a lusa historia.
F o i ella que o mundo inteiro Assombrou p o r muitas ve es, Quando os.bravos portugueses Iam por Deus combater.E 110 ardor da batalha,Quando o pendão tremulava,A todos sempre animava Só uma idéa: vencer!
E venciam! Quantas ve es Esses homens denodados Deixavam campos regados Com sangue dos inimigos!E ra assombroso deveras O seu valor sem rival,Que os filhos de Portugal Sempre sombaram dos prigos.
Pobre bandeira! Sqffreste Despre~o vil do extrangeiro. Esse pendão altaneiro,Confuso rojou no pó.Elle, que em.eras remotas Do mundo fô ra temido,Ja\ia agora abatido,Causando tristeza e dó!
Mas houve energicas almas Que o foram erguer de novo, E o santo pendão do povo Nas torres só tremulou. Parecia , solemne, altivo,D i-cr d lusa cidade:« Venho trazer liberdade,«Que o despotismo findou!»
Se um dia a nobre bandeira Tornar a ser insultada.Vereis brVhar nossa espada, Soltando chispas immensas.E com valor mostraremos Aos invasores extrangeiros Que os lusos, nobres guerreiros, Nunca perdoam qffensas!
JOAQ UIM DOS AN.IOS.
A N E Ç D O T A S
■ 0 que tencionas dar a tua mulher no dia dos annos?■ lIma caixa de excellentes charutos.- 0 quê! ella fum a?-Não, mas fumo eu.
LITTERATURA© p as to r de carpas
Perto dum rio sagrado cujas aguas banham a fali da do Fousi-Yama (Monte côr de rosa), um pastor de carpas tocava flauta, na claridade vaporosa da madrugada.
No Japão, são criadas com cautella as carpas nos rios sagrados. Formam cardumes, que o pastor guia ao som da flauta, como os pegureiros vascon- ços conduzem no seu paiz os rebanhos de cabras.
A ’ noite, os peixes, a um signal, entram em reserva- torios feitos com laminas de porcellana, e ahi se abrigam das aves pescadoras e dos animaes de rapina.
O pastor Toiki habitava não longe da margem,numa casa bambus, illumina- da por janellas, em cujos caixilhos se faziam descer corrediças de papel de arroz, durante as horas de sol. Sobre o tecto, coberto de terra, floresciam os ly« rios azues.
Por traz da casa, estendia-se uma floresta de bambus seculares. Deante da porta abundavam as moitas de camélias e de azaleas.
O pae de Toiki era um soldado velho, que tinha assistido ao Hara Kiri do ultimo Shogoun.
Fiel ao costume dos antigos guerreiros japonezes, mandára desenhar no corpo os principaes episodios das suas campanhas. No peito podia vêr-se-lhe, por exemplo, o grande combate dado por Taiko-Sama. e entre as espadoas o morticínio dos Samourais.
O velho passava os dias inteiros sentado á porta da casa, sobre um tamborete de xarão, e fumando num pequeno cachimbo de ré- servatorio de bronze.
Toiki caminhava ao longo da margem, modulando arias com que fascinava o rebanho.
-3 FO LHETIM
Traduccáo de J. DOS ANJOS
D E P O I SL iv ro S egu n do
11
— Entáo vamos para a mesa, volveu a sr.a Telemaco. Vem pequena, accrescentou, approximando-se da Magdalena e fazendo menção de lhe tirar o chapéo de viagem e a capa.
Mas a Magdalena ficou impassível e afastou a sr.11 Telemaco com um gesto.
— Vae comer tu sfísinha. se tens vontade, disse lhe ella. Cu tenho pres
sa de ir vêr o men pae. Quer acompanhar-me, sr. Riballier?
— Estou ás suas ordens, minha senhora, respondeu este.
A Magdalena levantou-se e deixando a sr.a Telemaco muito espantada, afastou-se com elle.
Cá fóra. o grupo dos curiosos acabava de se dissipar e como, aquella hora, os habitante; de Antraigues estavam á mesa, a Magdalena, com grande satisfação, não ; ncontrou um unico no caminho. Em alguns minutos achava se deante da choupana paterna. Armou-se de animo e entrou, náo sem ficar levemente sufíbeada pelo espectáculo d’aq>'ella miserável habitação . e que estava havia muito tempo desabituada e que difteria com- pietamentè do nco palacio de onde sahira na vespera em Paris. Parou no limiar da poita. pregada alii pelo ter
ror. par; lysada. convencida de que não poderia dar um passo mais.
■— Tenha animo, minha senhora, disse-lhe o tabellião ao ouvido.
Ella amparou se-lhe ao braço e entrou. Mas mal os seus olhos viram o interior da choupana, sahiu lhe da bò- ca um grito de terror. Sobre a cama, que estava ao fundo da casa, procurara o rosto do pae e não vira nada, nada, senão a fórma de um corpo im- movel. desenhado por um lençol branco que o cobria todo. A'quelle grito, uma religiosa que estava sentada ao pé da cama, em companhia de uma camp -.meza. levantou-se.
— Está morto! murmurou Riballier.— Morto! repeiiu a Magdalena ma-
chinalinente.— Quando foi, minha irmã? pergun
t o a -o tabelhão.— Esta manhã, ds nove horas. ,
— Quando fui para Privas, não parecia que isso sue cedesse táo depressa.
— E ’ verdade; mas quasi logo depois do senhor sahir. declarou-se a crise e comprehendi então que estava tudo acabado. O sr. Guillemale, que estava ao pé de mim. foi logo ao presbyterio. O senhor cura ainda lhe poude dar os últimos sacramentos, e depois o pobre homem, que perdera o conhecimento de tudo, foi-se indo a pouco, depois de uma agonia curta, sem soTrjmento.
— Antes de expirar, minha irmã, lembrou se da filha? perguntou timidamente a Magdalena.
— Não. minha senhora, respondeu n religiosa com brandu a.
— Então foi rigoroso até ao fim; morreu sem me perdoai’! suspirou a M;-. dalena.
Ao mesmo tempo prorompeu em soluços e, dobrando-se-lhe os joelhos, cahiu deante da cama. O tabellião recuou discretamente até á porta.
— Quer vêr o seu pae, minha senhora? tornou a irmã.
Afastou o lençol, e a Magdalena poude contemplar a face amarellada e cheia de rugas do Thiago Malzon.
— Ah! meu pae, meu pae! murmurou ella de repente, entre soluços, se me pode ouvir, náo repilla as minhas supplkas e o meu arrependimento. Juro aqui aos seus pés mudar de vida, consagrar á expiação os dias que me restam para viver. Mas conceda-me o seu perdão.
— Socegue. minha senhora, disse a irmã com voz commovida, approximando-se d'ella.
— A i! sou tão infeliz!(Continua,'.
O DOMINGO
A A M B IW I ) D l HEIpor Eduardo de Noronha
qualquer numero dt netas ou tomos.
cad-:Tocava t os peixes dourados juntavam-se ao'som da flauta. Assim os conduzia pelos meandros do rio, por entre os salgueiros e saxifragias, de onde soltam o vôo as cegonhas.
As carpas faziam ondular as escamas e subiam de .vez em quando' ao lume dagua, para apanharem moscas azues.
E o pastor caminhava ao longo do rio á hora do pôr do sol. Quando o cume do Fousi-Yama tomava as côres ardentes de cobre e que se ouvia ao longe o gungo, Toiki voltava para traz; e o seu rebanho dócil descia o rio até ao re- servatorio de porcellang, onde entrava novamente ao som de uma aria lenta, cadenciada, tocada na flauta.
Para a margem do rio sagrado ia ás vezes brincar a pequena princeza Idzouno, filha do governador.
Chegava dentro de um palanquim de xarão, que dois. servos conduziam. Idzouna acabava de attin- gir a undécima lua. Tinha a côr do lotus. Os cabellos seguravam-se-lhe com alfinetes de tartaruga recortada. Os seus labios eram tintos a ouro e carmim, e brunidas com succo das flores as suas paipebras. A princeza trajava um comprido vestido de seda, cruzado sobre o peito e bordado de passaros chi- mericos. Em torno da cintura um cinto largo, de cores vivas e formando da parte de traz um laço, que simulava duas azas de borboleta.
Sentava-se na margem, tirava as sandalias de marfim e deixava os pésinhos descalços rasgarem a superfície da agua. Gostava de ouvir Toiki tocar flauta.
— O ’ pastorinho, — dizia ella — meu pae mandou vir para mim da índia dois bengalinhos que cantam divinas canções, mas eu prefiro os sons que os teus, labios arrancam do bambu.
E o pastor tocava perto de Idzouna, para que os peixes se reunissem em volta delia.
A s vezes a princeza acompanhava-o no sam- sim, especie de guitarra, de tres cordas c1e seda, que tocava com um plectro de tartaruga.
Nada havia para Toiki como o rio sagrado. O pastor via alli coisas maravilhosas- e mostrava-as a Idzouna.
A agua, de um azul de turqueza, tinha profundidades de transparência celeste, e animaculos
vam-na de pontos luminosos como estrellas. No fundo, a agu i azul, correndo nun leito de areia amarel- la, projectava claridades verdes; ou então, ao passar por cima de conchas côi- de rosa, tomava a côr arroxeada do lyrio.
De vez em quando subia á superfície como que uma onda de pérolas, que se desvanecia ao contacto do ar, e as escamas das carpas appareciam num a fenda brilhante.
Os olhos da pequenina princeza e os de Toiki mergulhavam nas profundidades vagas do rio, onde adivinhavam existencias mys- teriosas.
(Conlinúa)
A G R I C U L T U R AC u l t u r a d o Biâillio
A boa ou má lavoura concorre poderosamente para o desenvolvimento e producção do milho, e por isso lembramos aos lavradores a conveniencia de lavrar fundo, não só porque a terra movida em uma rasoavel profundidade conserva mais tempo a humidade e permite á planta lançar as raizes com liberdade, procurando frescura do sólo e resistindo assim melhor aos ardores do sol, e tambem porque quanto mais funda fôr a lavoura, mais camadas de terra se revolvem e conse- guintemente maior porção de saes se emprega na producção.
A prova do que deixamos dito, e que, decerto, todos teem experimentado, é que no sitio onde se arranca alguma arvore é melhor o centeio e o milho do que no resto do campo, por espaço d’uns poucos dannos. e nos aterros das estradas, embora seja terra de monte e de peior qualidade, vê-se produzir.
O utra coisa muito atten- divel se deve ter em vista: ordinariamente c u s t u m avirar-se a lavo ara um anno para um lado, e outro anno para ouiro, e que segundo a inclinação do terreno, se costuma chamar— virar acima ou abaixo, porém éconveniente, quando seja possivel, que se vi- re ao poente, isto é, principiai' a lavo ra por este lado e acabar pelo nascente; porque, d’esta maneira, dando raios do so! na terra logo de manhã, aquecem-na mais facilmente, cujo calor promove o prompto desenvolvimento do
Quando, no decurso do dia, o sol declina para o Doente, aquece a relva da eiva encostada para aquel- e lado concentrando-lhe o calor, que se conserva quasi toda a noite e que auxi- ia poderosamente, não só a prompta germinação, como tambem a fermentação da dita relva, tornando-a em estrume.
Sendo, pelo contrario, a relva diminue, em grande parte, o calor do sol á terra revolvida;e arrefecendo durante o dia a dita relva enterrada em direcção contraria ao sol, fica fria de noite, o que dá em resultado um sensivel atrazo na nascença da planta, e egualmente na alludida fermentação.
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A l c o c l i e í c
Tem logar nas noites de4 e 11 do corrente no vasto salão da florescente sociedade « i5 de Janeiro», dois bailes promovidos por rapazes daquella villa.
A companhia dramatica que actualmente está em Aldegallega pensa em ir alli sabbado dar uma recita.
-------- «*>--------------------í4SBÍ lS S ff i tC f i8 1 J t í í . .
O n.° 79 desta luxuosa publicação, editada pelos Grandes Armazéns G randella, da capital, vem, como sempre, cheia de interesse e bom gosto. Com o summario de primeira ordem, firmado por bons nomes, tanto na prosa como no verso, e uma variedade de gravuras, na maioria consagradas á guerra russo-japoneza, o «Passatempo» impõe-se a todos que possuam um aprimorado bom gosto.
O «Passatempo» em junho proximo, pela loteria de Santo Antonio, realisa- rá a primeira tombola de este anno. Por ella ficarão os seus assignantes com direito a brindes-valiosos, entre os quaes se salienta um de cem mil réis em dinheiro. Aos compradores tambem a empreza concede um seguro gratuito, quando viagem em caminho de ferro. Em caso de ferimento ou de morte, todos que appareçam com o numero publicado até á data do desastre, ficarão com direito a importantes subsídios, para si ou su?s familias.
O «Passatempo» custa apenas Soo réis por semestre e assigna-se, enviando essa imporlancia em carta ou vale de correio, dirigido a Grandella & C.% Lisboa.
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A entrada nesta casa é franca e péde-se a todos que visitem tão util estabelecimento. ,s9
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D O MI N G O S J 0 S 1 DE MOR A ES& Comp.a
Farinha, semea, arroz nacional, alimpadura, fava, milho, cevada, aveia, sul- phato e enxofre.
Todos estes generos se vendem por preços muito em conta tanto para o.consumidor como para o revendedor. 132
Itna «lo Caes — ALDEGALLEGA
CARVÂODE KOKEDas Companhias Reuni
das Gaz e Electricidade, de Lisboa, a .5 0 0 réis cada sacca de 45 kilos
— . 146L argo da Caldeira
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OS DRAMAS DA CORTE
(Chronica do reinado de Luiz XV)
Romance historico porE. L A D O U C E T TE
Os amores trágicos de Manon Les- faut com o celebre cavallèiro de Grieux, formam o entrecho d‘este romance, rigorosamente historico, a que Ladoucette imprimiu um cunho de originalidade devéras encantador.
A corte de Luiz xv. com todos os seus esplendores e misérias, é esrri- pta magistralmente pelo auctor d '0 Bastardo da Rainha nas paginas do seu novo livro, destinado sem duvida a alcançar entre nós exito egual aquelle com que foi receb do em Pa ris, onde se conta-am por milhares os exemplares vendidos.
A edição portugueza do popular e commovente romance, será feita em fasciculos semanaes de 16 paginas, de grande formato, illustrados com soberbas gravuras de pagina, e constará apenas de 2 volumes.
20 réis o fasciculo£ 0 0 réis o tomo
2 valiosos brindes a todos os assignantes
Pedidos á Bibliotheca Popular, Empresa Editora. 162, Rua da Rosa, 162«- Lisboa.
S A L C H I C H A R I A M E R C A N T I LDE
feájii» be mm mmmNeste estabelecimento encontra o publico, sempre
que queira, a excellente carne de porco fresca e salgada, assim como:
CHISPE, C A B EC A E T O U C IN H O 5 <Aeeeio esmerado! —♦— P reços limitados!
57-B , Largo da Praça Serpa P inlo, 57-B ■
J O S É D A R O C H A B A R B O S ACom oiíicisi» de Corree iro e Selleiro
18, RUA DO FORNO, 18 A I. B> Bi €Á A !L B„ li f» A
COMMERCIO DO POVOTendo continuado a augmentar o movimento desta
já bem conhecida casa commercial pela seriedade de transacções e já tambem pela modicidade de precos porque são vendidos todos os artigos, vem de novo recommendarao publico em geral que nesta casa se encontra um esplendido sortido de fazendas tanto em fanqueiro como em modas, retrozeiro, mercador, chapelaria, sapataria, rouparia, etc., etc., prompto a satisfazer os mais exigentes e
A O A L C A N C E DE T O D A S A S B O L S A SDevido á sahida do antigo socio d’esta casa, o ill.mo
sr. João Bento Maria, motivada pelo cansaço das lides commerciaes, os actuaes proprietários resolveram am- plear mais o actual commercio da casa dotando-a com uns melhoramentos que se tornam indispensáveis a melhorar e a augmentar as várias secções que já existem. Tornam, pois, a liberdade de convidar os seus estimáveis freguezes e amigos, a que, quando qualquer compra tenham de fazer, se inteirem primeiro das qualidades, sortido e preços porque são vendidos os artigos, porque decerto acharão vantagosos.
A divisa d'esta casa é sempre ganhar pouco para vender muito e vender a todos pelos mesmos preços, pois que todos os preços são fixos.
Aissíessa. pois. o Commercio do P ovo ____
N P ES DE CARVALHO & SILVARua Direita , 88 e go — — Rua do Conde, 2 a 6
Aldegallega do Stibatejo
MERCEARIA RELOGIO(S U C C E SS0 R E S 1
Franco & FigueiraOs proprietários d’este novo estabelecimento parti
cipam aos seus amigos e ao publico em geral, que teem á venda um bom e variado sortido de artigos de mercearia, especialidade em chá e café, confeitaria, papelaria, louças pó de pedra. Encarregam-se de mandar vir serviços completos de louça das principaes fabricas do paiz, para o que teem á disposição do publico um bom mostruário. Petroleo, sabão e perfumarias.
Unicos depositários dos afamados Licores da Fabrica Seculo X X , variado sortido em vinhos do Porto das melhores marcas, conservas de peixe e de fructas, massas, bacalhau de differentes qualidades, arroz nacional e extrangeiro, bolachas, chocolates, etc., etc.
------«0®0-----P R A Ç A S E R P A P I N T O — ALDE GALLEGA
E S C R 1P T O R IO S : em Lisboa, Largo de S. Paulo , 12, i.°; em Aldegallega, Rua Conde Paço Vieira, 24.
H 1 I 0 T H A DO DIARIO DE NOTICIASA G U E R R A A N G L O - B O E R
Impressões do Transvaal
Interessantíssima narração das luetas entre inglezes e boers, «illústrada» com numerosas zinc o-gravun.s de «homens celebres» do Transvaal e do Orange. incidentes notáveis, «cercos e batalhas mais cruentas da
G U E R R A A N G L O -B O E R ?or um funccionario da Cruz Verm elha ao serviço
do Transvaal.Fasciculos semanaes de 16 paginas........................ 3 o réisTomo de 5 fasciculos ........................................... / 5 o »A G U ER R A A N G LO BO ER é a obra de mais palpitante actualidade.
N'ella são descriptas, «por uma testemunha presencial», as differentes phases e acontecimentos emocionantes da terrivel guerra que tem espantado o mundo inteiro.
A G U ER R A ANGLO -" O ER faz passar ante os olhos do leitor todas as «grandes bat; lhas, combates» e «escaramuças» d'esta prolongada e acérrima lueta entre inglezes, tra svaalianos e oranginos, verdadeiros prodígios de heroísmo e tenacidade, em que sáo egualmente admiraveis a coragem e dedicação p triotica de vencidos e vencedores.
Os incidentes variadíssimos d’esta contenda e itre a poderosa Inglater ra e as duas pequ nas republicas sul-africanas, decorrem atravez de verdadeiras perlpecias. por tal maneira dramaticas e pittoreseas, que dão á G U E R RA A N G LO -B O ER. conjunctamente com o irresistível attractivo dum a nar n.tiva h storica dos nossos d as, o encanto da leitura romantisada.
A Bibliotheca do D IA R IO DE N O T IC IA Sapresentando ao publico esta obra em «esmerada edição,» e por um preço diminuto. julga prestar um serviço aos numerosos leitores que ao mesim tempo desejam deleitar-se e adquirir perfeito conhecimento dos successos que mais interessam o mundo culto na actualidade.
Pedidos d Emprega do D IA R L O D E N 0 1 IC IA S Rua do Diario de Noticias, 110 — LISBO A
A g e n te em A ld e g a lle g a —- A . M e n d e s P in h e ir o J u n io r
ESTEVÃO JO S E DOS REIS— * COM
O F F I C I N A D E C A L D E I R E I R O D E C O B R EI I l I I l l i l i l I B l I I l I l I l l l l l I l I I l l l I l B l l l l I l I I I I I B I
Encarrega-se de todos os trabalhos concernentes á sua arte.
i i i l i i i i i i i f i i i i i i i i i n i
R U A D E JO S É M A R IA D O S S A N T O S ALDEG ALLEG A
S à 1 à M T 1 1 × DE —
A v e iw o O o f r r w w s i i a * I m M
Vende e concerta toda a qualidade de relogios p o r preços modicos. Tambem concerta caixas de musica, objectos de ouro, prata e tudo que pertença d arte de gravador e galvanisador.
G A R A N T E M - S E OS C O N C E R T O S— — 142
4, lisa a do Poço . ft~ftiSEQAU.EQA
Guano n.° azote phosp. potassa preço por kilo1 5.-4 °[o 7.470 °{o 0.47 °|0 26 réis2 j ..->4 -|o 4.04 > 0.49 > 20 réis6 .1.6.) "[o 12.24 °|o o,5*5 °|o 34 réis9 5.-4 °|0 12,.16 °|o o, 5o °[° 34 réis
SULPHATO DE POTASSIllCom 5o °j0 de potassa a 80 réis o kilo
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Estes guanos podem ser mais ou menos potassados conforme a requisição dos lavradores.
Estão em elaboração outros guanos que depois de moídos e analysados serão annunciados
Recebem-se as saccas em bom estado
Fabrica e depositos da Mova Fm preza de A du bos Artiliciaes em Aldegallega do R ibate jo so alto da ISarrosa.
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Nacionaes e exoticosi S A L Y S S J S A B l SS O Bj í TT A M I J X T S 2 Ci A « A X T I D A S