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CENÁRIO ATUAL DA
RESPONSABILIDADE CIVIL DO NOTÁRIO (LEI 8.935/94)
FRAUDE PRATICADA PELA PARTE NO
MOMENTO DA IDENTIFICAÇÃO E
REPRESENTAÇÃO NA REALIZAÇÃO
DOS ATOS NOTARIAIS
RODRIGO TOSCANO DE BRITO
https://www.youtube.com/watch?v=Iws8fvvTK78
Fonte: “YouTube” no endereço supra referido.
“COMO FAZER UM RG FALSO”
“O conteúdo é apenas de conhecimento,
não me responsabilizo pelos seus atos”
“Xurinha”
A BOA-FÉ INSPIRADA NA
ATIVIDADE NOTARIAL
Art. 1º Serviços notariais e de
registro são os de organização
técnica e administrativa
destinados a garantir a
PUBLICIDADE, autenticidade,
SEGURANÇA e eficácia DOS
ATOS JURÍDICOS.
QUEM É ATINGIDO PELA
“FRAUDE DA PARTE”?
* Proprietário que confia no sistema notarial e de
registro pode perder o bem;
* Adquirente de boa-fé que pode perder o bem e o
valor investido na aquisição;
* Notário: credibilidade e possibilidade de
indenização.
SISTEMA DE
RESPONSABILIDADE
CIVIL DOS NOTÁRIOS E
REGISTRADORES
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS
RELEVANTES
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Art. 37 (...)
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.
ASPECTOS CONSTITUCIONAIS
RELEVANTES
Art. 236
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a
responsabilidade civil e criminal dos notários,
dos oficiais de registro e de seus prepostos, e
definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder
Judiciário
Art. 28. Além dos casos expressamente
consignados, os oficiais são civilmente
responsáveis por todos os prejuízos
que, pessoalmente, ou pelos prepostos
ou substitutos que indicarem,
causarem, por culpa ou dolo, aos
interessados no registro.
LEI 6.015/73
NA LEI 8.935/94
Art. 22. Os notários e oficiais de
registro responderão pelos danos que
eles e seus prepostos causem a
terceiros, na prática de atos próprios
da serventia, assegurado aos
primeiros direito de regresso no caso
de dolo ou culpa dos prepostos.
NA LEI 9.492/97 Caso específico do Tabelião de Protesto
Art. 38. Os Tabeliães de Protesto de
Títulos são civilmente responsáveis por
todos os prejuízos que causarem, por
culpa ou dolo, pessoalmente, pelos
substitutos que designarem ou
escreventes que autorizarem,
assegurado o direito de regresso.
TESES SOBRE A
RESPONSABILIDADE CIVIL
DOS NOTÁRIOS E
REGISTRADORES
Delegados da Lei 8.935/94: não são
titulares de cargos públicos efetivos
nomeados pelo Poder Público
(art. 40, CF/88).
São agentes públicos delegados da
Administração.
Responsabilidade direta e objetiva do
Estado com direito de regresso.
TESE 1
O fato do Poder Público ter
delegado a execução do serviço
não o libera da responsabilidade,
se o executasse diretamente.
A responsabilidade do delegado é
direta e subjetiva com direito
regressivo contra o preposto.
TESE 1
Responsabilidade direta
e objetiva do Estado.
Lei ordinária não pode
responsabilizar diretamente o
agente público (inconstitucionalidade)
TESE 2
Responsabilidade objetiva dos
notários e registradores.
Devem responder sob as mesmas
normas da Administração Pública
de que são delegados.
TESE 3
Responsabilidade objetiva
subsidiária do Estado (caso de insolvência do delegado)
TESE 3
HÁ UMA RELAÇÃO DE CONSUMO
TODOS OS ELEMENTOS DE UMA RELAÇÃO DE
CONSUMO ESTÃO PRESENTES, ENTÃO SE
APLICA O CDC
TESE 4
CDC
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou
suas empresas, concessionárias,
permissionárias ou sob qualquer outra
forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços
adequados, eficientes, seguros e, quanto
aos essenciais, contínuos.
MAS, NÃO DEVERIA SE APLICAR O
SISTEMA DE RESPONSABILIDADE CIVIL
DO CDC TAMBÉM?
RESPOSTA: ART. 236, CF/88
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a
responsabilidade civil e criminal dos notários, dos
oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a
fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário
MAS, DE FATO, APLICA-SE O CDC?
Resposta: A natureza jurídica da relação do serviço público
prestado é definida pelo sistema de remuneração
1) O serviço remunerado por tarifa (transporte coletivo, telefonia,
etc) configura relação de consumo, em razão do direito de escolha
do usuário;
2) O serviço remunerado por taxa (notariais e de registro, segundo
o STF) configura relação administrativa e tributária, em razão da
inexistência do direito de escolha do usuário.
Posição do STJ REsp 625144 / SP
PRECEDENTES JUDICIAIS
QUANTO À
RESPONSABILIDADE CIVIL DO
NOTÁRIO NOS CASOS DE
FRAUDE PRATICADA PELA
PARTE
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ATO NOTARIAL -
RESPONSABILIDADE OBJETIVA -
LAVRATURA DE PROCURAÇÃO FALSA PORTABELIÃO - COMPRA E
VENDA DE IMÓVEL - OUTORGANTE E OUTORGADO FALSÁRIOS -
DESFAZIMENTO DO NEGÓCIO PELO VERDADEIRO PROPRIETÁRIO -
PREJUÍZO DO ADQUIRENTE DE BOA-FÉ - DESÍDIA DO NOTÁRIO
VERIFICADA - NEGLIGÊNCIA SOBRE A VERACIDADE DOS
DOCUMENTOS DE IDENTIFICAÇÃO - ATO ILÍCITO CARACTERIZADO -
DEVER DE INDENIZAR - SENTENÇA MANTIDA - RECURSO DESPROVIDO
"A teor do que dispõe o art. 37 , § 6º , da CRFB as pessoas jurídicas de direito
público e as pessoas jurídica de direito privado que prestam serviços públicos
respondem objetivamente pelos danos que seus agentes - entre eles os
notários e registradores - causem a terceiros no exercício da função" (TJSC,
Des. Volnei Carlin). Responde pelos prejuízos causados o notário que não
procede a verificação da veracidade dos documentos e das informações que
lhe foram prestadas, lavrando, em conseqüência, mandato falso que deu
origem a compra e venda de imóvel, já que permitiu que falsário agisse como
mandatário do legítimo proprietário.
TJSC – AC 84131 – JULGADO 2007
RESPONSABILIZANDO O NOTÁRIO
5. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem
assentado que o exrcício de atividade notarial delegada
(art. 236, §1º, da CF/88) deve se dar por conta e risco
do delegatário, de modo que é do notário a
responsabildae objetiva por danos resultanes das
atividades delegadas (art. 2, da Lei 8.935/194), cabendo
ao Estado apenas responsabilidade subsidiária.
Precedentes do STJ e do STF.
Obs. Apesar da ementa o Estado de Pernambuco foi
condenado a indenizar a parte lesada.
STJ AgRg no AREsp 474524 / PE - 2014
Ação de indenização por danos morais e materiais - Compra e venda feita por
intermédio de imobiliária e corretor - Lavratura de escritura mediante
apresentação de procuração pública - Vendedor que não era o real
proprietário do imóvel - Declaração de nulidade do negócio em sentença -
Responsabilidade solidária da corretora, imobiliária e tabelião do registro de
notas - Danos morais e materiais - Valor. - Se a corretora e a imobiliária
intermediaram a compra e venda de um imóvel sem antes certificar se a
pessoa que as contratou realmente se tratava do real proprietário do
bem, e se em razão desta circunstância o comprador sofrer algum dano,
aquelas podem ser responsabilizadas. - Responde objetivamente
o tabelião do cartório de notas pela lavratura de escritura fundada
em procuração emitida pelofalso proprietário. - Se os danos alegados
nos autos foram causados pela conduta conjunta da corretora,
imobiliária e tabelião, todos são solidariamente responsáveis, conforme
disposto na segunda parte do art. 942 , do Código Civil de 2002 . - Não há
dúvida de que a perda da propriedade de um imóvel, causada pelo
cancelamento do registro, é capaz de gerar dano moral. - O valor da
indenização por dano moral deve ser fixado com prudente arbítrio, de modo a
possibilitar a compensação do dano, e não causar o enriquecimento indevido. -
Os danos materiais passíveis de ser indenizados são aqueles devidamente
comprovados nos autos
TJMG – AC 10647091032456003 – 2013
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL.
DECISÃO EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
AÇÃO DE ANULAÇÃO DE ESCRITURA. NEGATIVA
DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO
OCORRÊNCIA. PROVIMENTO DA CORREGEDORIA.
LEGISLAÇÃO LOCAL. NATUREZA DA CULPA.
IMÓVEL. VENDA A NON DOMINO. INDENIZAÇÃO.
TABELIÃO. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA.
REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA.
DESCABIMENTO. ENUNCIADOS 280 E 284, DA
SÚMULA DO STF, E 7 DO STJ.
STJ AgRg no AREsp 491976 / RJ
NÃO RESPONSABILIZANDO O NOTÁRIO
2. Se o delegado de notas, ou seu preposto, exigiu
toda a documentação necessária para a lavratura
do ato e os documentos apresentados, continham
falsidade intrínseca e não apurável ao exame a olho
nu, não se pode falar em ter agido com culpa ou
causalidade com o dano sofrido. Apelação
improvida."
TJSP – Referido no AG 1.243.070 STJ – 2005
CIVIL E PROCESSO CIVIL - AÇÃO DE NULIDADE DE NEGÓCIO
JURÍDICO - COMPRA E VENDA DE IMÓVEL - FALSIFICAÇÃO
IDEOLÓGICA DO DOCUMENTOS DA VERDADEIRA
PROPRIETÁRIA - PROCURAÇÃO FALSIFICADA
O TABELIÃO SOMENTE SERÁ RESPONSABILIZADO
CIVILMENTE PELA LAVRATURA DE PROCURAÇÃOOBTIDA
MEDIANTE FRAUDE, QUANDO COMPROVADA A SUA
CONTRIBUIÇÃO À TÍTULO DE DOLO OU CULPA.
TJDF – AC 682241620038070001 – 2005
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. TABELIÃO DE NOTAS. RESPONSABILIDADE
OBJETIVA. RECONHECIMETO DE FIRMA. PROCURAÇÃO.
APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTO DE IDENTIDADE. CARTÕES DE
REGISTRO DE FIRMA. ASSINATURA LANÇADA EM CARTÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DA FALSIDADE DO
DOCUMENTO. ESTELIONATÁRIO ACOMPANHADO DO ADVOGADO.
EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. (Inteligência Artigos 37, §
6º, 236, CF c/c artigo 22 da Lei 8.935/94). O notário e oficial registrador
desempenham função pública em caráter privado, mediante delegação do
poder público, respondendo, em princípio, objetivamente pelos danos que
eles e seus prepostos causarem a terceiros, na prática de atos próprios da
serventia, conforme exegese do § 6º do art. 37 c/c o art. 236 da Constituição
Federal e com o art. 22 da Lei 8.935/94. Todavia, a apresentação de
documento de identidade pelo estelionatário que compareceu ao Cartório
para registrar e reconhecer a firma/assinatura na procuração outorgada ao
advogado, que o acompanhava, exclui a responsabilidade do Tabelião do
Cartório de Registro de Notas.
APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0145.11.041749-3/001
TESE: RESPONSABILIDADE OBJETIVA, MAS COMPORTA EXCLUDENTE
CIVIL - COMPRA E VENDA DE IMÓVEL -
LAVRATURA DEPROCURAÇÃO FALSA - TABELIÃO -
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA - INOCORRÊNCIA 1. A natureza
estatal das atividades a cargo dos serventuários titulares de cartórios e
registros extrajudiciais, exercidas em caráter privado, por delegação do
Poder Público ( CF , art. 236 ), autoriza a aplicação da responsabilidade
objetiva do Estado pelos danos praticados a terceiros por esses
servidores no exercício de tais funções, assegurado o direito de
regresso contra o notário, nos casos de dolo ou culpa ( CF , art. 37 , § 6º
) (STF, AgReg n. 209.354/PR, Min. Carlos Velloso).
A aparência irretorquível de idoneidade dos
documentos falsos utilizados para a lavratura de procuração, desde
que observados todos os requisitos procedimentais previstos em lei para
o ato notarial, afasta a responsabilidade doTabelião e, por
conseqüência, a aplicação do disposto no art. 22 da Lei n. 8.935 /94
TJSC – AC 94470 - 2005
INDENIZAÇÃO - PROCURAÇÃO LAVRADA COM BASE EM
DOCUMENTOFALSO - CULPA - RESPONSABILIDADE DA
SERVENTIA EXTRAJUDICIAL.
01. A INDENIZAÇÃO DECORRENTE
A LAVRATURA DE PROCURAÇÃO FALSA NAS NOTAS DA
SERVENTIA EXTRAJUDICIAL SÓ É CABÍVEL SE, ALÉM DE
COMPROVADA A FALSIDADE, RESTAR EVIDENCIADO QUE
O TABELIÃO OU SERVENTUÁRIO DA ESCRIVANIA TENHAM
CONTRIBUÍDO COM CULPA OU DOLO NA CONFECÇÃO DO
INSTRUMENTO PROCURATÓRIO. 02. O NOTÁRIO NÃO
DEVERÁ SER RESPONSABILIZADO POR ATO DE VONTADE
DAS PARTES, POR NÃO TER A FUNÇÃO DE VERIFICAR SE AS
DECLARAÇÕES DESTAS SÃO VERÍDICAS OU NÃO, MAS TÃO-
SOMENTE A DE OBSERVAR A REGULARIDADE DAS FORMAS
EXTERIORES DO ATO.
TJDF – AC 20020111017849 – 2007
CONCLUSÃO
Responsabilidade direta e objetiva do Estado com
direito de regresso contra o delegatário.
A responsabilidade do delegado é direta e
subjetiva com direito regressivo contra o
preposto.
Necessidade de avanço na identificação da parte emface
do teor do art. 1o, da Lei 8.935/94.