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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA RIO GRANDE DO SUL
CAMPUS BENTO GONÇALVES
ANTONIO FELIPPE FAGHERAZZI
SISTEMAS DE CONDUÇÃO EM MACIEIRAS: UM ESTUDO DAS PR ÁTICAS
ADOTADAS NA ITÁLIA
Bento Gonçalves
2011
ANTONIO FELIPPE FAGHERAZZI
SISTEMAS DE CONDUÇÃO EM MACIEIRAS: UM ESTUDO DAS PR ÁTICAS
ADOTADAS NA ITÁLIA
Trabalho de conclusão do estágio do Curso Superior de Tecnologia em Horticultura, pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Bento Gonçalves.
Orientador: Prof. Dr. Marco Fogaça
Co-orientador: Dr. Walther Faedi
Bento Gonçalves
2011
ANTONIO FELIPPE FAGHERAZZI
SISTEMAS DE CONDUÇÃO EM MACIEIRAS: UM ESTUDO DAS PR ÁTICAS
ADOTADAS NA ITÁLIA
Trabalho de conclusão do estágio do Curso Superior de Tecnologia em Horticultura, pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Bento Gonçalves.
Aprovado em........../........../...............
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________ Professor Dr. Marco Aurélio De Freitas Fogaça
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves
________________________________________________
Professora Dra. Andressa Comiotto Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento
Gonçalves
________________________________________________ Professor Mestre Leonardo Cury Da Silva
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento Gonçalves
A todos meus amigos e
colaboradores do IFRS – Campus Bento Gonçalves,
por toda a ajuda e conselhos...
A minha família por todo o apoio e ajuda nos
momentos que mais precisei...
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais João e Alice de Toni Fagherazzi por todo apoio que sempre obtive
deles, pois sem o apoio deles não estaria cursando uma graduação e não realizaria meu estágio
neste país que tanto admiro.
Ao meu irmão, Prof. Mestre Onorato Jonas Fagherazzi, por todo apoio prestado e pela
colaboração por toda esta minha trajetória acadêmica.
A minha avó, por sempre estar disposta a me ajudar e me dar o apoio necessário.
A toda minha família por sempre terem me apoiado em todos os momentos difíceis de
minha trajetória.
Ao IFRS – Campus Sede e a Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em
Horticultura pela oportunidade de obter uma graduação de muita qualidade.
Ao coordenador do nosso curso e professor orientador de meu estágio na pessoa do
Prof. Dr. Marco Aurélio de Freitas Fogaça por todo seu empenho perante a trajetória
acadêmica e ao meu estágio.
Ao quadro de pesquisadores do CRA – FRF e a todo seu quadro funcional por terem
me proporcionado um enorme aprendizado e por terem me aceito na realização de meu
estágio.
A pessoa extraordinária e incansável que foi o pesquisador Dr. Gianluca Baruzzi que
foi meu coordenador de estágio, o qual não mediu esforços e organização para que meu
estágio fosse realizado com sucesso.
Ao diretor Dr. Walther Faedi que foi meu supervisor de estágio, por todos os
ensinamentos que me passou, por todo o apoio que me deu, pelos conselhos e pelo espírito de
pesquisa que me deixou presente.
A todos os meus amigos verdadeiros que sempre estiveram em meu coração durante
este período em que realizei meu estágio.
A todos os professores do IFRS por todo seu empenho e todo ensinamento que me
transmitiram em especial ao nosso professor homenageado Mestre Miguel Ângelo Sandri, a
nossa paraninfa Professora Dra. Regina da Silva Borba e ao nosso patrono Dr. Marco Aurélio
de Freitas Fogaça.
A todos os funcionários do IFRS por toda sua colaboração, apoio e compreensão
durante meu período acadêmico, em especial ao nosso homenageado Sr. Carlos Petroli por
muitos lugares que nos levou em segurança.
Um grande agradecimento a todos os colegas da turma Horticultura 2008, a qual
marcou história neste Instituto, se foram três anos em que com o convívio destes colegas tive
a oportunidade de me engrandecer pessoalmente e tecnicamente. Agradecendo também todo
este tempo de parceria entre a turma. Agradeço a vocês meus colegas: Sabrina Lerin, Andrey
Grazziotin Turmina, Fernando Martelli, Jean Francisco Carminatti, Genor Menegotto, Marcos
Júlio Töebe, Luciano Finato e Vitor Baldasso.
Agradecer a uma pessoa muito especial que já partiu, mas que permanece viva em
mim e que serve de minha inspiração, ao meu avô Olinto Orestes Fagherazzi (in memoriam)
por todos os ensinamentos que pode me dar e por tudo o que fez por mim. Sempre serei grato.
Muito obrigado.
E finalizando agradecendo a Deus pela minha vida e por todas as coisas boas que
acontecem nela. Nada acontece por acaso, cada coisa tem um motivo de estar acontecendo e o
tempo certo por estar acontecendo. Obrigado meu Deus de poder estar rodeado de todas estas
pessoas que são especiais e que moram em meu coração.
EPÍGRAFE
“A vida me ensinou...
A pedir perdão; a sonhar acordado; a acordar para a realidade (sempre que fosse
necessário); a aproveitar cada instante de felicidade; a chorar sem vergonha de demonstrar;
ensinou-me a ter olhos para ' ver e ouvir estrelas', embora nem sempre consiga entendê-las;
a ver o encanto do pôr-do-sol; a sentir a dor do adeus e do que se acaba, sempre lutando
para preservar tudo o que é importante para a felicidade do meu ser; a abrir minhas janelas
para o amor; a não temer o futuro; ensinou-me e está me ensinando a aproveitar o presente,
como um presente que da vida recebi, e usá-lo como um diamante que mesmo tenha que
lapidar, lhe dando forma da maneira que eu escolher. Sou feliz amo minha vida, minha
família, meus amigos, meus colegas, meus rivais ”...
(Charles Chaplin)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 12
2 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA.................................................................................. 13
2.1 FORLÌ.............................................................................................................................. 13
2.2 CRA................................................................................................................................. 15
3 SISTEMAS AGRÍCOLAS DA ITÁLIA................................................................................ 18
4 MAÇÃ....................................................................................................................................... 20
4.1 HISTÓRICO DA MAÇÃ................................................................................................ 20
4.1.1 Produção Mundial de Maçã................................................................................ 22
4.1.2 Produção Italiana de Maçã................................................................................. 24
4.1.3 Produção Brasileira de Maçã.............................................................................. 26
4.2 TECNOLOGIAS EMPREGADAS................................................................................. 27
4.3 SISTEMAS DE CONDUÇÃO........................................................................................ 30
4.3.1 Sistema palmetta.................................................................................................. 32
4.3.2 Sistema fuso.......................................................................................................... 35
4.3.3 Sistema fusetto...................................................................................................... 37
4.3.4 Sistema solaxe....................................................................................................... 40
4.3.5 Sistema biasse....................................................................................................... 44
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................. 46
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................... 48
SISTEMAS DE CONDUÇÃO EM MACIEIRAS: UM ESTUDO DAS PR ÁTICAS
ADOTADAS NA ITÁLIA
RESUMO
O atual setor frutícola da maçã foi o que mais evoluiu no mundo, tendo uma forte
importância econômica agrícola. A superfície plantada ultrapassa os 5 milhões de hectares no
mundo, tendo destaque para a Ásia e Europa. Esta importância está diretamente associada aos
grandes avanços genéticos e as melhorias nos sistemas de condução, os quais permitem
melhor manejo, melhor qualidade e maior produtividade. É fundamental hoje para o produtor
acompanhar todos os avanços tecnológicos, pois se ele não se adaptar ao novo, pode começar
a perder espaço neste mercado globalizado, em que o produtor deve ter produto, preço e
qualidade. Neste trabalho foi feito um panorama italiano da produção de maçã, associado à
evolução dos sistemas de condução e comparados ao atual sistema brasileiro. Na Itália, os
sistemas de condução foram os principais responsáveis pela evolução do setor, isso porque o
custo de mão-de-obra já representa mais de 50% dos custos de produção. Portanto para o
produtor poder sobreviver neste mercado competitivo deve perder a mão-de-obra e aplicar
cada vez os avanços em sistemas de condução, que pregam menos operações culturais e maior
emprego da mecanização. Feita uma comparação entre estes dois países, observamos que no
Brasil a mão-de-obra ainda está disponível aos produtores, compensando esta utilização, mas
podemos deixar um alerta para que os produtores iniciem esta mudança ocorrida na Itália, e
que possam empregar ao máximo novas tecnologias produtivas italianas para que no futuro
próximo o país esteja preparado para este grande problema, que vai excluindo nossos
produtores no mercado mundial devido aos custos de produção serem mais elevados. A Itália
se preparou para que isto não afetasse seus produtores, e por isto continua entre os mais
importantes produtores mundiais de maçã.
Palavras - chave: Malus domestica, tecnologias de produção, mão-de-obra.
CONDUCTION SISTEMS OF APPLE TREE: A PRACTICES STUDY ADOPTED IN ITALY
ABSTRACT
The current apple fruit sector was the most developed in the world with a strong
agricultural economic importance. The area planted exceeds 5 million hectares worldwide,
with emphasis on Asia and Europe. This importance is directly linked to the major genetic
advances and improvements in the management systems, which allow better management,
better quality and greater productivity. It is essential today for the producer to monitor all the
technological advances, because if he does not adapt to the new, he can start to lose ground in
this global market, in which the producer must have product, price and quality. In this paper it
was done a panorama of the Italian apple production, associated with the development of
training systems and compared to the current Brazilian system. The conduction systems was
mainly responsible for the evolution of the sector, that because the cost of handwork
represents more than 50% of production costs, however for the producer to survive in this
competitive market he should eliminate almost all use of workers and use more advancements
in drive systems, which requires less cultivation and increase use of mechanization. In
comparison between two countries, we observe that in Brazil the handwork is still available to
producers, this use, however but we can leave a warning to producers to start this change that
occurred in Italy, which can employ more Italian productive technologies in the near future so
that the country is ready for this big problem, which is exclusive our producers in the world
market due to production costs being higher. Italy prepared itself for it not to affect their
producers, and because of this, Italy remains the most important apple producers in word.
Keywords: Malus domestica. Production Technologies. Handwork.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1- Quadro 01: Divisão política da Itália. Fonte: Elaborado por Fagherazzi, A.F. (2011)...............................................................................................................13
2 - Figura 01: Mapa geográfico da Itália na subdivisão em províncias (No detalhe a província de Forlì-Cesena). Fonte: Google Maps. (2011).................................................14
3 - Figura 02: Comune (Cidade) de Forlì no detalhe. Fonte: Google Maps. (2011)...15
4 - Figura 03: Símbolo do CRA. Fonte: CRA – FRF. (2011).................................... 17
5 - Figura 04: Sistemas de cultivo de maçã dos povos antigos. Fonte: ANGELINI (2008, p. 28)...............................................................................................................................20
6 - Quadro 02: Consumo mundial de frutas no ano de 2006 (Maçã em 7º lugar). Fonte: FAO (2007)......................................................................................................................... 21
7 - Figura 05: Representatividade dos maiores produtores mundiais de maçã. Fonte: WAPA (2010)..........................................................................................................................22
8 - Figura 06: Evolução da produção mundial de maçã em MQ. Fonte: WAPA (2009)..........................................................................................................................23 9 - Quadro 03: Como está dividida a produção mundial de maçã. Fonte: WAPA (2005) ...........................................................................................................23 10 - Quadro 04: Superfície plantada de maçã entre os anos de 2003 a 2007. Fonte: FAO (2010).................................................................................................................24
11 - Tabela 01: Produção de maçã dos últimos 4 anos e uma estimativa da safra de 2010 na União Européia. Fonte: WAPA (2020).......................................................................25
12 - Quadro 05: Produção Brasileira de maçã em suas respectivas regiões. Fonte:IBGE(2005)......................................................................................................26
13 - Figura 07: Frutos de maçã de polpa vermelha promete conquistar todos os consumidores. Fonte: CRA – FRF (2011)..........................................................................................29
14 - Figura 08: Entre mais avanços genéticos, podemos destacar ainda a planta com flores e folhas vermelhas, mas que produzem frutos de polpa branca. Fonte: Fagherazzi A.F. (Forlì, 2011)..........................................................................................................................30
15 - Figura 09: Esboço de uma poda de formação de um sistema de condução em palmetta regular (horizontal). Fonte: CRESO (2009)...............................................................32
16 – Figura 10: Planta de macieira adulta, já formada conduzida pelo sistema de palmetta regular (horizontal). Fonte: CRESO (2009)...............................................................33
17 - Figura 11: Esboço do sistema de condução de maçã em palmetta irregular. Fonte: CRESO (2009)...........................................................................................................33
18 – Figura 12: Sistemas de condução de maçã no sistema de palmetta irregular em plena floração. Fonte: DORIGONI, A. (2009)....................................................................34
19 - Figura 13: Ramos que devem ser eliminados, por estarem concorrendo com o líder central. Fonte: CRESO (2009)....................................................................................36
20 - Figura 14: A mesma árvore citada na Figura 12, com os dois ramos já eliminados. Fonte: CRESO (2009)............................................................................................................36
21 - Figura 15: Sistema de condução em fusetto permite a realização do raleio através de tratores, o que diminui consideravelmente gastos com operadores para esta atividade. Fonte: Fonte: DORIGONI, A. (2009)..................................................................................38
22 - Figura 16: Demonstração de um ramo de maçã onde foi executado o raleio mecânico. Podemos perceber a eficiência, onde aproximadamente 90% das flores são retiradas. Fonte: DORIGONI, A. (2009)...............................................................................................38
23 - Figura 17: Planta de macieira com ramo central arqueado ao sentido sul. Fonte: CRESO (2009)..........................................................................................................................39
24 - Figura 18: Plantação de macieiras ao norte da Itália conduzidas em sistema fusetto, demonstrando uma excelente produtividade, qualidade e uma alta taxa de solarização. Fonte: DORIGONI, A. (2009) ..............................................................................................40
25 - Figura 19: Exemplificação de um ramo de macieira sendo arqueado por um arame, com um grau de inclinação menor de 50°. Fonte: CRESO (2009).....................................41
26 - Figura 20: Ramo arqueado e sua respectiva resposta ao arqueamento no ano consecutivo. Percebe-se a elevada quantidade de ramos produtores. Fonte: CRESO (2009).........................................................................................................................41
27 - Figura 21: Esboço de uma ideal condução em sitema solaxe. Fonte: CRESO (2009).........................................................................................................................42
28 - Figura 22: A única poda realizada no sistema Solaxe passou a ser exercida de forma mecânica para a diminuição dos custos de mão-de-obra. Fonte: CRESO (2009)......43
29 - Figura 23: Pomar conduzido em sistema Solaxe no norte da Itália, o qual foi feito o raleio mecânico em plena floração e a poda verde mecânica antes da colheita. Fonte: CRESO (2009)..........................................................................................................................43
30 - Figura 24: Planta em estágio de dormência, onde foi executado o plantio em campo definitivamente. Fonte: CRESO (2009)......................................................................45
31 - Figura 25: Macieira com dois anos conduzida pelo sistema Biasse. Fonte: Vivai Mazzoni – Ferrara (2009)..........................................................................................................45
12
1 INTRODUÇÃO
Este relatório que visa a conclusão do estágio de 450 horas, realizado no período de 28
de fevereiro a 28 de maio do presente ano na Unitá di Ricerca per la Frutticoltura1 de Forlì
(CRA-FRF), com sede legal em Roma, via Nazionale 82, e sede operativa em via La
Canapona, 1 bis, 47121 Forlì (FC) - Itália. O estágio foi supervisionado pelo diretor da
entidade de pesquisa do governo italiano, o pesquisador Dr. Walther Faedi sendo também
supervisionado pelo seu tutor, pesquisador Dr. Gianluca Baruzzi, e tendo como orientador o
professor Dr. Marco Aurélio De Freitas Fogaça, coordenador do curso superior de tecnologia
em Horticultura do IFRS – CAMPUS SEDE.
Durante o período de estágio foram acompanhadas diversas atividades bem como um
acompanhamento técnico de toda trajetória de pesquisa do instituto, melhoramento genético,
poda, implantação de pomares, seleção de novas cultivares, enxertia, cruzamento para novas
variedades, tratamentos fitossanitários, visitas técnicas, condução de novos pomares,
caracterização de sistemas de condução, acompanhamento de diferentes estádios fisiológicos
das fruteiras, raleio, acompanhamento de campos experimentais de diversas regiões da Itália,
bem como encontros técnicos com produtores e também participando de seminários e
palestras.
Neste período de estágio também foi acompanhado todo o tramite político que envolve
a comunidade européia, sobre todas as questões agrícolas e de planejamento estratégico para
toda a cadeia agrícola, desde o produtor até o consumidor final. É muito importante para o
produtor, não apenas trabalhar com a produção, mas com os meios alternativos
consecutivamente.
O estágio realizado foi focado na utilização e geração das novas tecnologias
empregadas na cultura da maçã como sistemas de condução, cultivares, poda e as respectivas
práticas culturais que geram a utilização dessas novas tecnologias, que são focadas nas
exigências do mercado consumidor cada vez mais ávido por novos produtos e alto nível de
qualidade.
1 Unidade de Pesquisa para a Fruticultura de Forlì. Traduzido por Fagherazzi, A.F.
13
2 CARACTERIZAÇÕES DA EMPRESA
2.1 FORLÌ
A divisão política da Itália permite com que se trabalhe fortemente sobre determinada
região específica. Ou seja, há vários escalões políticos que conseguem atender a população
com uma ótima eficiência. A atual divisão política italiana está subdividida em quatro
comandos. Estes são apresentados conforme o quadro abaixo.
Divisão Referêncial
País Itália
Região Emilia-Romagna
Província Forlì-Cesena
Comune Forlì
Quadro 01: Divisão política da Itália. Fonte: Elaborado por Fagherazzi, A.F. (2011)
Segundo Wikipédia (p.1 - 2011), a comune de Forlì está localizada na Província de
Forlì-Cessena (Figura 01), na região da Emilía Romagna – ITÁLIA. O município está
localizado na região norte da Itália (Figuras 01 e 02), ao leste da região da Emília Romagna e
a uma altitude de aproximadamente 30 metros em relação ao nível do mar. A cidade possui
cerca de 110 mil habitantes distribuídos em 228 km2 e com uma densidade de 471,9
habitantes por Km-2 (WIKIPÉDIA - p.1 - 2011). Acabando por ser posicionada em uma
latitude de 44º 14’ norte e uma longitude de 12º 03’ leste, onde possui uma característica
própria. Por ser uma cidade com apenas 30 metros de altitude ao nível do mar, não deveria ser
uma localidade muita fria, contudo todos os ventos gelados e pesados das regiões
montanhosas ao norte da Itália acabam por descer e ocupar toda a planície da região, devido a
isto a é localidade muito fria com baixas temperaturas. E permite a exploração de todas as
espécies de frutíferas de clima temperado, fazendo da região uma referência italiana na
produção e na qualidade das frutas.
14
A economia da cidade é baseada no agronegócio, com uma pujante fruticultura e
cultivo de lavouras anuais. Nestas atividades há o predomínio de médias a grandes empresas,
o que leva a uma grande tecnificação e profissionalismo da agricultura. Porém esta estrutura
econômica de grandes empresas agrícolas leva a uma condição de excessivo acumulo de
renda e conseqüentemente com o surgimento da pobreza ao redor da cidade.
Figura 01: Mapa geográfico da Itália na subdivisão em províncias (No detalhe a província de Forlì-Cesena).
Fonte: Google Maps. (2011)
Espaço este que gentilmente me acolheu para o desenvolvimento de nossas pesquisas
sobre fruticultura. No mapa a seguir, (Figura 02) ilustra de forma aplicada a região de meus
estudos práticos de estágio.
15
Figura 02: Comune (Cidade) de Forlì no detalhe.
Fonte: Google Maps. (2011)
2.2 CRA
O Cosiglio per La Ricerca e La Sperimentazione in Agricultura2 (CRA) é uma
organização nacional de pesquisa e experimentação com competência científica em geral na
agricultura, agro-indústria, pesca e silvicultura (CRA – 2011). A entidade tem personalidade
jurídica de direito público adequado, sob a supervisão do Ministério da Agricultura e
Florestas e de autonomia científica, assuntos corporativos, organizacional, administrativa e
financeira. O Conselho funciona em um plano de negócios de três anos, atualizado
anualmente, que determina os objetivos, prioridades e recursos financeiros e humanos para
todo o período, tendo em conta os programas de investigação da União Européia e as
necessidades de pesquisa e experimentação desenvolvimento das regiões.
2 Conselho para a pesquisa e a experimentação na agricultura (CRA). Traduzido por Fagherazzi, A.F.
16
A entidade de pesquisa já foi coordenada pelo governo Italiano, o qual bancava todos
os custos de pesquisas e todos os gastos gerados com as mesmas. Mas, em 1999 o governo
começou a cortar gastos com a pesquisa, obrigando as entidades ligadas ao governo rumarem
para outro caminho, e foi aí que o CRA desligou-se das mãos do governo e se tonou uma
empresa jurídica independente. A distribuição do território nacional permite ao CRA divulgar
amplamente suas habilidades, trabalhando em sinergia com o governo central, autoridades
locais, empresas e associações comerciais.
Segundo o CRA (2011) este desligamento com o governo permitiu uma agregação em
um único corpo que pode atingir um duplo objetivo de consolidar a experiência dos institutos
históricos e de investigação para se adaptar às necessidades crescentes da indústria de
inovação e evolução tecnológica. Estas perspectivas de aumentar o CRA (Figura 03), com
vista à competitividade renovada da pesquisa agrícola a nível europeu e internacional e uma
nova operação do sistema sócio-econômico nacional. Atualmente, a Itália conta com 34
unidades de pesquisas e 21 centros de pesquisa espalhadas por todo o país e tendo uma
característica forte o apoio dos produtores, ou seja, como o governo cortou muitos gastos com
a pesquisa, quem vem bancando estes gastos são os produtores, os quais estão sempre
atualizados sobre novidades e por todas as linhas de pesquisa onde vão gerar novos horizontes
para os mesmos.
O Conselho para pesquisa na agricultura e experimentação na busca de seus objetivos
e em colaboração com as Universidades, o Conselho Nacional de Pesquisa, e com outros
institutos de pesquisa agrícola e as estações experimentais para a indústria, assim sempre
mantendo ativos diálogos permanentes com as regiões, com as organizações de produtores e
associações agro-industriais e do consumidor para promover uma nova organização agrícola
que consiga passar por todos os entraves existentes (CRA, 2011). Para prosseguir os seus
objetivos e realização das suas atividades, o Conselho de Pesquisa e Experimentação na
Agricultura também fornece serviços a terceiros no âmbito do direito privado e celebração de
acordos e convenções onde participam consórcios agrários, fundações ou empresas
estrangeiras públicas e privadas italianas assim obtendo muito suporte para dar continuidade
às linhas de pesquisa.
17
Figura 03: Símbolo do CRA. Fonte: CRA – FRF. (2011)
18
3 PRINCIPAIS SISTEMAS AGRÍCOLAS DA ITÁLIA
De acordo com Faedi (2011), o atual sistema frutícola italiano é um dos mais
desenvolvidos do mundo, devido a toda a sua tecnologia empregada pelos produtores e aos
grandes avanços no campo do melhoramento genético. Esta atual tecnologia empregada
favorece e fortalece cada vez mais os produtores, uma vez que os custos com mão-de-obra já
representam cerca de 50% dos custos de produção. Então, quanto mais tecnologia investida
em máquinas e melhoramento genético melhor, é para a diminuição dos gastos com
funcionários e mais rentável será uma propriedade agrícola.
Também para Faedi (2011 - Verbalmente), a fruticultura italiana é a mais moderna do
mundo, mas a mais complicada. Para os produtores poderem trabalhar, fica muito difícil, uma
vez que os solos são pobres e bastante arenosos em planícies, o que obriga o produtor a
trabalhar com sistemas de drenagem e sistemas de irrigação, caso contrário estaria
comprometendo sua produção. Em alguns casos específicos de certas localidades que são
muito propícias a tempestades, os produtores cobrem os pomares, não obtendo estragos e
prejuízos. Portanto pode-se perceber que os produtores devem ter um enorme conhecimento
para poder superar todos estes obstáculos e saber enfrentá-los da forma mais econômica.
Por todos estes problemas que enfrentam os produtores rurais, em especial com o alto
custo da mão-de-obra, muitos agricultores acabam por abandonar as lavouras. Um bom
exemplo é na província de Forlì-Cesena, a qual as propriedades rurais têm uma média de 2,0
hectares, ou seja, para poder sobreviver era preciso trabalhar com alguma cultura de alta
rentabilidade, no caso, a cultura do morango, que já obteve em anos passados cerca de 10 mil
hectares e hoje não passa dos 500 hectares, devido á alta exigência em mão-de-obra, exigindo
elevado custo com funcionários, muitos produtores abandonaram as plantações. Estas
propriedades pequenas, o êxodo rural ocorre com maior freqüência por parte dos filhos dos
proprietários, acabam por ser vendidas às grandes empresas ou a empresários. Nesta mesma
província nos últimos três anos foram eliminados em média mais de 300 hectares de fruta por
ano.
19
Para poder superar toda esta crise sem o apoio do governo, estes pequenos produtores,
que sozinhos não conseguem ter influência em preços de mercado, iniciou-se a formação de
cooperativas, onde estes pequenos produtores tivessem mais força, e que juntos possam ter
influência no mercado das frutas. Estas cooperativas já foram grandes e tiveram muita força, e
atualmente, com a saída do jovem para ir trabalhar na cidade, as propriedades se tornaram
velhas, e muitas foram adquiridas por empresas, assim, as cooperativas estão em pleno
declínio.
Atualmente as grandes empresas e grandes produtores terão mais força no mercado, e
com altas produções, conseguirão obter lucros superiores aos dos pequenos produtores. Esta
nova divisão agrícola, já vem mostrando algumas modernidades como o sistema de glebas.
Uma empresa financia uma pesquisa que origina uma cultivar para a própria empresa, esta por
sua vez, tem o domínio sobre a cultivar lançada a qual controla toda a produção, acabando por
regular o preço da cultivar. Como a empresa detém o domínio da produção, caso o produto
seja qualificado, ela pode armazenar o produto por mais tempo, alterando o mercado,
aumentando os preços em deferimento as outras frutas. (FAEDI, 2011 - Verbalmente). Um
bom exemplo disto é a maçã Melinda, a qual somente uma cooperativa pode produzir-la,
como é uma maçã de ótima qualidade, acabou conquistando o consumidor. Esta cooperativa
detém o controle da produção, implantação de pomares, preços e valorização deste.
Outro problema enfrentado pelos produtores italianos foi, após a formação da União
Européia (EU), o governo passou a controlar a área plantada. Ou seja, se um produtor quer
implantar mais um hectare de maçã, por exemplo, ele deve ter a aprovação do governo, caso
contrário não poderá efetuar esta implantação. Há três anos o governo italiano pagava
benefícios aos produtores que eliminavam pomares de videira, por causa de todos os controles
de produção da UE que pregava o crescimento vitícola em outro país da comunidade
Européia. Para a Itália, a UE libera fundos para aquisição de máquinas e implantes de maçã,
pois a maçã é um fruto que se adapta perfeitamente em todas as características com a Itália.
20
4 MAÇÃ
A macieira (Malus domestica) pertence à família das Rosáceas, subfamília Pomoidae,
caracterizada por ter um fruto tipo pomo, o qual possuiu um grande receptáculo que recobre
os ovários e cujo endocarpo é coriáceo ou pétreo, contendo uma única semente (JOLY, 2002).
4.1 HISTÓRICO DA MAÇÃ
De acordo com Angelini (2008), a evolução da maçã teve a origem provável a cerca de
25 milhões de anos na Ásia, mas seu desenvolvimento frutícola se iniciou há 20 mil anos. Os
povos europeus foram os responsáveis pela sua disseminação pelo planeta, conforme
conquistavam novos territórios traziam consigo mudas de macieiras. Sua expansão na Itália se
deve principalmente a lenda da “maçã do pecado” a qual tem citação na bíblia. A origem dos
cultivos de macieiras pode ser atribuída aos gregos, porém não há comprovação clara desta
hipótese, o primeiro registro da cultura da macieira data de 239 a.C. em um tratado sobre
agricultura no império romano. (EPAGRI, 2006). Os povos romanos foram os principais
disseminadores desta fruta. Sem muitas técnicas de produção, os romanos adotavam inúmeros
sistemas de produção sendo o modelo apresentado na figura 04 foi um dos mais utilizados
pelos mesmos.
Figura 04: Sistemas de cultivo de maçã dos povos antigos.
Fonte: ANGELINI (2008, p. 28)
21
Segundo a Food and Agriculture Organization3 - (FAO; 2010), a maçã não é a fruta de
maior consumo na Itália, mas cerca de 90% das famílias consomem esta fruta. Seu consumo
per capita na Itália é de 25 Kg/hab, sendo que a média da Europa é de 20 quilogramas Kg/hab
e segundo o CP (CENTRO DE POMÁCEAS, 2010) o consumo per capita mundial de maçã é
de 10 kg/hab/ano. Hoje existe a tendência do aumento do consumo perante a sua
popularização através de propagandas televisionadas focadas para o público jovem, fazendo
com que ela se torne uma fruta comum entre eles. Outro fator são as melhorias genéticas que
a fruta vem recebendo, um exemplo disto é o lançamento da maçã de polpa vermelha, a qual
tem todos os aspectos atrativos e qualitativos, se tornando assim uma fruta diferente e mais
conhecida.
Quadro 02: Consumo mundial de frutas no ano de 2006 (Maçã em 7º lugar).
Fonte: FAO (2007)
3 Organização para Alimentação e Agricultura. Traduzido por Fagherazzi, A.F.
22
4.1.1 Produção Mundial
Segundo a APPLE FACTS (2009-2010), os quatro maiores produtores mundiais de
maçã, em ordem decrescente são: China, União Européia, Turquia e Rússia. Segundo dados
da FAO, a sua produção mundial (Figura 05) é dominada pela China a qual hoje representa
50% da produção mundial de maçã, subindo dos antigos 42,8% de 2008. Os Estados Unidos
em segundo lugar com 6,6% da produção. A produção em nível europeu tem-se uma
participação de 15,3% na produção mundial, sendo a Itália a maior produtora da comunidade
européia com 18,1%, seguidos da Polônia e da França respectivamente com 18% e 16,8%. O
crescimento da produção anual e sua subdivisão segundo os países produtores pode ser
verificada na figura 06.
Figura 05: Representatividade dos maiores produtores mundiais de maçã.
Fonte: WAPA (2010)
A produção mundial de maça alcançou em 2008 um recorde de 70.000 MQ, ou seja,
um crescimento de 42% na produção quando comparado ao ano de 1990, quando era de
apenas 40.000 MQ (Quadro 3).
Países importantes 23%
Resto do mundo 12,3%
23
Figura 06: Evolução da produção mundial de maçã em MQ.
Fonte: WAPA (2009)
Quadro 03: Como está dividida a produção mundial de maçã.
Fonte: WAPA (2005)
24
4.1.2 Produção Italiana
Em nível italiano, a cultivação se deve basicamente a todo o território nacional, porém
se destacam 3 regiões: o Trento é o pólo mais tradicional e de maior produtor nacional, e
também destaca o Veneto e a Emilia Romagna (Quadro 4). Uma forte característica que se
modificou neste panorama foi que em meados da década de 1970 a produção era concentrada
em 70% nas planícies italianas localizadas mais ao sul e 30% as regiões montanhosas e hoje
este panorama se modificou, hoje são produzidos 70% da nas regiões montanhosas e 30% nas
planícies.
Quadro 04: Superfície plantada de maçã entre os anos de 2003 a 2007.
Fonte: FAO (2010)
25
De toda produção italiana 50%, são consumidas “in natura” e comercializados no
mercado interno, 30% são destinadas a exportação, 10% são descartados antes mesmo que
chegue ao consumidor final por meio dos intermediários, pelas perdas decorrentes de
problemas ainda produtivos (tempestades, geadas tardias e etc...) e 10% se destinam para a
produção de sucos e geléias.
Tabela 01: Produção de maçã dos últimos 4 anos e uma estimativa da safra de 2010 na União Européia.
Fonte: Wapa (2010)
06 07 08 09 10 09/10
26
4.1.3 Produção Brasileira de Maçã
A cadeia produtiva da maçã tem uma importância fundamental para a economia
brasileira, exercendo destaque no cenário da fruticultura. No estado do Rio Grande do Sul, a
cadeia produtiva enquadra-se nos padrões do chamado “mundo globalizado”, onde
predominam as grandes empresas (CRUZ et al, 2010). No Brasil, a totalidade de área de maçã
plantada é de aproximadamente 38,8 mil hectares, sendo Santa Catarina o maior estado
produtor com aproximadamente 50% de sua área total, seguido pelo Rio Grande do Sul com
44% (USDA, 2009).
Para Sanhueza e Oliveira (2006), a macieira é uma das fruteiras mais cultivadas em
todo mundo mas apesar de sua importância no cenário mundial, esta não era cultivada
comercialmente no Brasil até a década de 1970. O potencial de cultivo em regiões no sul
(Quadro 05) do país e a grande demanda do produto no mercado criaram um ambiente muito
favorável ao início da cultura. Neste cenário foi criado na década de 70 o PROFIT, programa
do governo do estado de Santa Catarina que estimulava a produção de fruteiras de clima
temperado através de subsídios e isenções fiscais. Este programa determinou o início da
cultura da macieira no Brasil. (WOSIACKI et al; 2000). Em 1974 o país já produzia cerca de
1528 toneladas de maçã chegando a 850 mil toneladas em 2005. (EPAGRI, 2002;
PAGANINI, et al, 2005).
Quadro 05: Produção Brasileira de maçã em suas respectivas regiões.
Fonte: IBGE (2005)
27
4.2 TECNOLOGIAS EMPREGADAS
De acordo com o Consorzio di Ricerca e Sperimentazione per l´Ortofrutticoltura
Piemontese, CRESO4 (2009), hoje pode-se definir que o setor agrícola da maçã está buscando
cada vez mais a utilização do emprego de novas tecnologias para suprir os elevados custos da
mão-de-obra e a diminuição dos custos de produção, ou seja, o setor quer diminuir cada vez
mais a utilização da mão-de-obra. Outra característica importante é que o produtor esta
buscando comprar mudas que tenham rápida entrada em produção e a realização da forma de
condução já antecipada (muda pré-formada).
Todas as novas tecnologias envolvidas no setor da maçã incluem as gestões da
utilização da mecanização, economizando assim a mão-de-obra, visto que na Itália, este item
tem maior custo de produção. Assim, com novos sistemas de condução e emprego de novas
tecnologias, o setor produtivo da maçã almeja se tornar um dos mais modernos, ou seja, com
alta eficiência da mecanização. Estas tecnologias iniciam com a implantação de mudas pré-
formadas sendo feito através de equipamentos acoplados ao trator, a poda sendo realizada por
tesouras pneumáticas facilitando assim todo o período de poda, precisando menos mão-de-
obra.
O raleio de frutos é na sua maioria, realizado de forma mecânica, onde com os
sistemas de condução em forma de líder central permite-se a utilização de uma máquina
acoplada ao trator que retira as flores, restando as flores necessárias à produção equilibrada.
Outra técnica importante para o raleio, é a utilização de hormônios, os quais são mais
custosos, mas ainda se tornando mais vantajoso em comparação ao raleio mecânico. O raleio
age com o fruto formado, tendo o produtor à certeza de que os frutos restantes vão
permanecer até a colheita. O raleio mecânico, uma vez realizado não se sabe se as flores já
foram polinizadas ou até mesmo corre-se riscos de geadas tardias que acabam por danificarem
as flores restantes.
Além destes meio empregados, se utilizam muitas tecnologias para diminuírem os
gastos com defensivos agrícolas. Os produtores fazem manejos culturais para prevenirem a
entrada de possíveis vetores de doenças ou pragas. Exemplos disto é a utilização dos
trituradores, os quais vão triturando todos os restos de poda que ficam no pomar, fazendo com
4 Consórcio de pesquisa e experimentação para a hortifruticultura piemontesa. Traduzido por Fagherazzi, A.F.
28
que o resto da poda se degrade logo, eliminando foco de fungos e pragas. Muitos produtores,
no entanto por sua vez, preferem queimar todos os restos da poda, passando um trator
recolhendo todos estes restos e levando para bem longe do pomar, onde posteriormente vão
ser queimados.
Uma prática adotada por muitos produtores, é a quebra do sistema radicular das
plantas para poder controlar o vigor. Esta prática que já foi muito utilizada antigamente,
porém abandonada pela grande maioria dos produtores, continua a ser praticada por alguns
produtores. Com a quebra do sistema radicular, a planta estanca seu crescimento, e acaba
ficando em um estágio de vigor controlado. Mas não podemos esquecer que com a quebra
destas raízes, a planta sofre e o pior de tudo é que fica uma porta de entrada de fungos verso o
sistema radicular da planta. E através deste sistema com raízes danificadas, podem iniciar
grandes problemas de fungos que acabam por danificar a estrutura alimentar da planta,
podendo futuramente levar a decadência da planta.
Quanto às pragas, muito se utiliza produtos de confusão sexual, sendo muito utilizado
para a (Grapholita molesta) e para a (Cydia pomonella). Estes feromônios, os quais fazem
reduzir eficientemente as populações destas pragas e conseqüentemente a utilização de
produtos químicos (BOTTON et tal; 2000). Muitos produtores também não utilizam mais
herbicidas, apenas fazem a roçada mecanizada, onde a roçadeira alcança nas linhas de plantio
também. Estas técnicas por sua vez, se tornam também importantes, pois os produtores
acabam por diminuírem os impactos ambientais.
Outro fator importante para a produção agrícola na Itália é o emprego da irrigação, e
da drenagem, sem estes, não é possível ter sucesso, uma vez que os solos são muitos arenosos,
argilosos e compactos. Portanto em planícies é necessário fazer-se o uso de drenagem por
conta de chuvas que se acumulam, pelo fato do solo não conseguir escoar toda a água e
também sendo preciso o uso da irrigação, por considerar que no período do verão pouco
chove e o solo não tem grande capacidade de reter água por ser muito arenoso. Por outro lado,
em alguns casos, tendo solos profundos e compactos, fazendo com que o sistema radicular
não consiga absorver a água do solo. Os produtores das regiões da montanha também devem
fazer o uso da irrigação, por serem regiões com pouca água. Portanto levando-se em conta
estes fatores que o produtor que quiser obter produtividade e qualidade deve fazer o uso da
irrigação, este também a utiliza para fazer fertirrigação, exigindo assim dos produtores maior
29
tecnologia e maior conhecimento por parte deles em saber lidar com tantos aparelhos
modernos.
O CRA por sua vez, age também na obtenção de novas cultivares de macieiras, que
sejam resistentes a determinadas doenças e pragas, bem como novas cultivares melhoradas
geneticamente, as quais possam apresentar características determinantes para a produção, bem
como características genéticas nas suas formas de condução e na qualidade dos frutos. Uma
nova tendência é a obtenção de uma cultivar de maçã de polpa vermelha (Figura 07), a qual
teria maiores valores nutricionais e também sendo uma maçã diferenciada para o mercado.
Outro grande avanço foi o desenvolvimento de uma nova cultivar totalmente vermelha, ou
seja, folhas e flores vermelhas também (Figura 08).
Figura 07: Frutos de maçã de polpa vermelha promete conquistar todos os consumidores.
Fonte: CRA – FRF (2011)
30
Figura 08: Entre mais avanços genéticos, podemos destacar ainda a planta com flores e folhas vermelhas, mas
que produzem frutos de polpa branca. Fonte: Fagherazzi A.F. (Forlì, 2011)
4.3 SISTEMAS DE CONDUÇÃO
De acordo com CRESO (2009), o sistema de condução da macieira evoluiu de forma
surpreendente, com resultados inesperados nas últimas décadas devido à redução das
necessidades de trabalho, simplificação de cultivo e controle de qualidade dos frutos. O
segredo deste sucesso reside na interpretação mais oportuna e inovadora da eliminação total
do ramo e dobra fisiológicas, aplicadas de forma consistente com o manejo agronômico,
nutricional e de sistemas de condução. As regras do mercado cada vez mais competitivo e
globalizado, obrigando os produtores a melhorar a qualidade e reduzir custos em todas as
áreas. No campo da maçã, estes objetivos são alcançados através da aplicação do melhor
conhecimento fisiológico e experiências sobre inovação, opções agronômicas relacionadas
com a escolha de variedades, porta-enxerto e sistemas de condução, são importantes para o
crescimento do setor (OBERHOFER; 2006).
31
Segundo o Istituto Sperimentale per la Frutticultura5- Roma - ISFR (2011), todos os
sistemas de condução devem estar relacionados de uma forma harmônica, ou seja, com uma
estrutura que permita penetração ou radiação solar, com as camadas bem distribuídas, que
facilite todas as operações culturais a serem realizadas. A partir dos anos 60, os sistemas de
condução começaram a ser mudados, surgindo no mercado porta-enxertos anões que
permitiam uma maior densidade de plantas por hectare. Permitia ainda uma planta mais
compacta que aproveitasse melhor a fotossíntese, com maior produtividade e que conseguisse
produzir um fruto de maior qualidade também.
O aumento da produtividade está relacionada ao maior número de plantas por hectare,
mas superando certo limite, que ainda apresenta muitos problemas relacionados sobre os
sistemas de condução trazendo assim efeitos negativos para os fruticultores. Outro problema,
é que por apresentar diversos tipos de solo na Itália, muitos agricultores utilizam os porta-
enxertos com pouco vigor em um solo pobre, fazendo assim com que a planta não se
desenvolva a quem das expectativas, outro problema aos produtores que não sabem trabalhar
corretamente, tem problemas de instabilidade produtiva, ou seja, um ano as plantas carregam
bastante e no próximo ano não produzem nada pois foram exigidas muito em uma única safra.
Hoje atual tendência, é trabalhar as cultivares sobre os porta-enxerto vigorosos, a qual
é indispensável o uso de sistemas de condução. Permitindo-se controlar o vigor com a alta
densidade e saber equilibrar as produções anuais, controlando o vigor, para que ela não se
torne um fator contrário aos aspectos qualitativos produtivos.
5 Instituto experimental para a fruticultura. Traduzido por Fagherazzi, A.F.
32
4.3.1 Sistema Palmetta (Palma)
Segundo ISFR (2011, p. 22), a palmetta
É a forma de condução mais difusa em parede, e no tempo logo houve uma progressiva transformação para alcançar melhor o comportamento vegetativo produtivo da maçã. Foi passado assim da palmetta regular a ramos oblíquos e em seguida a palmetta irregular. (Traduzido por Fagherazzi, A.F.)
Porém, este sistema acabou sendo superado por sistemas que permitem uma maior
facilidade perante a mecanização. Este sistema apresentava um melhor confronto nos termos
vegetativo-produtivo, ou seja, este sistema permite um melhor equilíbrio entre o crescimento
vegetativo da planta e sua produtividade. Sua evolução ocorreu da forma de uma palmetta
horizontal (Figuras 09 e 10) para onde se obteve seu auge que foi a palmetta irregular (Figuras
11 e 12).
Figura 09: Esboço de uma poda de formação de um sistema de condução em palmetta regular (horizontal).
Fonte: CRESO (2009)
33
Figura 10: Planta de macieira adulta, já formada conduzida pelo sistema de palmetta regular (horizontal). Fonte: CRESO (2009)
Figura 11: Esboço do sistema de condução de maçã em palmetta irregular.
Fonte: CRESO (2009)
34
Figura 12: Sistemas de condução de maçã no sistema de palmetta irregular em plena floração.
Fonte: DORIGONI, A. (2009)
Estes sistemas permitem que as plantas alcancem uma altura de 3 a 4 metros de altura
e uma densidade que pode variar de 600 a 2000 plantas por hectare.
O sistema de palmetta horizontal foi eliminado, pois suas definições eram de formar
primeiramente a planta e depois obter frutificação, mas com o passar dos anos e um mundo
mais globalizado, os produtores sentiram a necessidade de iniciar mais rapidamente a
frutificação e não mais sendo importante o formato da planta, iniciando assim um novo
sistema de condução. A mudança do sistema palmetta se deve à forma irregular, a planta entra
em produção primeiramente, pois sua prioridade não é de formar a planta e sim a de
produção, portanto assumindo um formato irregular, o que acabou por ser muito difusa, uma
vez que antecipava a produção em respeito à palmetta horizontal.
Segundo (ISFR, 2011, p. 22), a vantagem deste sistema é:
Constituição de uma parede frutífera continua que objetiva a mecanização e que simplifique as principais operações manuais (poda, raleio, colheita) mediante o emprego de carros de colheita e de plataformas laterais. (Traduzido por Fagherazzi, A.F.)
Este sistema apresenta vantagens citadas acima, e em uma organização da parede que
se forma, graças à estrutura de sustentação (espaldeira) que permite uma movimentação
facilitada de máquinas agrícolas devido ao fato de não ter ramos que intercedam no meio da
fileira. Outra boa vantagem deste sistema é o fato de a planta ter uma parede de frutificação
35
continua, e tendo uma excelente ventilação e solarização por se tratar de um sistema bem
aberto fazendo com que tenha um crescimento vegetativo controlado pela sua grande
produtividade (DORIGONI; 2009). Este sistema permite a utilização de porta-enxerto de
vigor médio a alto. Nos dois primeiros anos não se faz poda, pois se deixam todos os ramos,
uma vez que não tem ramos vigorosos. No terceiro ano quando a planta já esta totalmente
formada inicia-se a produção e eventuais poda futuras. A planta pode possuir de 6 a 8 ramos
secundários.
4.3.2 Sistema Fuso
Segundo FIDEGHELLI (2011), este sistema de condução não chegou a ser muito
utilizado, porém, foi importante uma vez que através deste surgiram sistemas mais modernos.
O sistema fuso foi o primeiro sistema que começou a ter a valorização do líder central ereto e
com forte crescimento. Para este sistema é muito importante cuidar dos ramos laterais para
que não haja competição com o líder central comprometendo o seu crescimento, por isto é
importante não adquirir mudas pré-formadas com ramos laterais. Para os dois primeiros anos,
o produtor deve eliminar todos os ramos laterais vigorosos (Figuras 13 e 14) que competem
com o ramo central, ele deve também fazer o arqueamento dos ramos de médio vigor,
reconduzi-los à posição quase que horizontal.
Outros tratos culturais importantes para os 3 primeiros anos, é de que o produtor deve
eliminar todos as flores ou frutos no primeiro ano. Para o segundo ano, deve-se deixar 20
frutos, mas procurando eliminar os frutos ou flores situados no ramo central, deixando apenas
a frutificação nos ramos laterais.
36
Figura 13: Ramos que devem ser eliminados, por estarem concorrendo com o líder central.
Fonte: CRESO (2009)
Figura 14: A mesma árvore citada na Figura 12, com os dois ramos já eliminados.
Fonte: CRESO (2009)
37
4.3.3 Sistema Fusetto
Este sistema ainda vem sendo utilizado por alguns produtores. Segundo ISFR (2011,
p. 23), este sistema,
É uma forma que obteve muito sucesso, seguindo a geral tendência do
aumento da densidade de plantação e da redução da poda das plantas. Porém
vem aplicada com as justificativas da interação planta-ambiente. (Traduzido
por Fagherazzi, A.F.)
Este sistema de condução teve origem do sistema Fuso, ou seja, é uma forma mais
moderna e avançada do antigo sistema de origem. Este foi um primeiro sistema que objetivou
a redução da poda invernal curta e longa e sim aplicando todos os cortes na fase vegetativa da
planta. Este sistema trouxe muita revolução aos produtores de maçã, pois pela primeira vez
existia um sistema ao qual se realizava muito pouca poda invernal e o controle vegetativo da
planta era feito na faze vegetativa da planta.
De acordo com CRESO (2009) este sistema permitiu uma maior comodidade perante
aos manejos, pois a estatura da planta permite que todas as operações sejam realizadas de
forma simples e permitindo um emprego maior de tecnologias, como por exemplo, este
sistema foi o primeiro a permitir o raleio de forma mecânica (Figuras 15 e 16) sem a
utilização de produtos químicos.
38
Figura 15: Sistema de condução em fusetto permite a realização do raleio através de tratores, o que diminui
consideravelmente gastos com operadores para esta atividade. Fonte: DORIGONI, A. (2009)
Figura 16: Demonstração de um ramo de maçã onde foi executado o raleio mecânico. Podemos perceber a
eficiência, onde aproximadamente 90% das flores são retiradas. Fonte: DORIGONI, A. (2009)
39
Este sistema foi um dos primeiros que foram trabalhados com densidades de altas a
altíssimas que variavam de 3000 a 5000 plantas por hectare, e permitiam um manejo das
operações que podiam ser executadas do solo, pois as plantas não tinham uma estatura muito
alta. A produtividade e a qualidade elevaram-se muito, principalmente ao fato da
produtividade unitária ser elevada devido ao grande controle vegetativo da planta e ao fato de
que a planta consiga receber em toda a sua copa uma maior luminosidade.
Segundo CRESO (2009), o porta-enxerto recomendado para este sistema de condução
são aqueles que tenham pouco vigor, mas não excluindo o sistema de suporte para as plantas.
Para o primeiro ano de implanto, em cultivares bastante vigorosas devem-se arquear o ramo
central em um ângulo próximo a 90º no sentido sul (Figura 17), permitindo um bom
revestimento apical pela parte norte da planta, sendo que com o passar dos anos, o lado sul
também acaba sendo bem revestido de produtores. Para os anos sucessivos, faz-se o controle
do vigor principalmente agindo nas podas vegetativas no período de verão, assim fazendo
com que pela formação a produção sem poda sege efetiva todos os anos e com boa
produtividade e qualidade (Figura 18).
Figura 17: Planta de macieira com ramo central arqueado ao sentido sul.
Fonte: CRESO (2009)
40
Figura 18: Plantação de macieiras ao norte da Itália conduzidas em sistema fusetto, demonstrando uma
excelente produtividade, qualidade e uma alta taxa de solarização. Fonte: DORIGONI, A. (2009)
4.3.4 Sistema Solaxe
Segundo ISFR (2011), o sistema solaxe é uma das mais modernas formas de condução
para as macieiras, e é o que mais chega próximo a uma perfeição, pois além de conseguir
controlar todo o vigor da planta, este sistema é o que permite um maior emprego de
tecnologias, um menor emprego de mão-de-obra, um sistema de produtividade mais precoce
em respeito aos outros sistemas de produção, e também é um sistema de produção mais
equilibrado, ou seja, não faz grandes alternâncias de produção, sua produtividade é constante
em todos os anos.
A poda de renovação, que é amplamente praticada em outros sistemas de condução,
está excluída, porque isso pode levar a um desequilíbrio entre o crescimento vegetativo e
frutificação. Este sistema visa eliminar as renovações, de modo a revitalizar o terminal de
frutas em que se tenha uma melhor distribuição do crescimento. A sua curvatura, para a
posição abaixo da horizontal, é obtida na maioria dos casos, naturalmente, pelo seu próprio
peso ou de seus frutos, ou com o arqueamento mecânico (com ângulos de inserção de 0 - 45°),
desta forma é incentivada a diferenciação floral (Figuras 19 a 21).
41
Figura 19: Exemplificação de um ramo de macieira sendo arqueado por um arame, com um grau de inclinação
menor de 50°. Fonte: CRESO (2009)
Figura 20: Ramo arqueado e sua respectiva resposta ao arqueamento no ano consecutivo. Percebe-se a elevada
quantidade de ramos produtores. Fonte: CRESO (2009)
42
Figura 21: Esboço de uma ideal condução em sitema solaxe.
Fonte: CRESO (2009)
Este sistema permite o emprego de muitas tecnologias, como por exemplo: a utilização
do carro de colheita, raleio mecânico, cobertura contra tempestades, permite a roçada
mecanizada inclusive nas linhas de implante, utilização de tratores gabinados, e se pode
destacar principalmente a poda verde feita através de máquinas (Figuras 22 e 23).
43
Figura 22: A única poda realizada no sistema Solaxe passou a ser exercida de forma mecânica para a
diminuição dos custos de mão-de-obra. Fonte: CRESO (2009)
Figura 23: Pomar conduzido em sistema Solaxe no norte da Itália, o qual foi feito o raleio mecânico em plena
floração e a poda verde mecânica antes da colheita. Fonte: CRESO (2009)
44
4.3.5 Sistema Biasse (BIBAUM®)
Segundo CRESO (2009) este novo sistema de condução que está chegando aos
produtores é mais conhecido por BIBAUM®, e é um sistema inovador que promete superar
todos os outros sistemas de condução. Foi desenvolvido por um viveiro, por isto seu nome é
registrado em nome de seu criador.
Também por CRESO (2009), o princípio deste novo sistema, primeiramente é de
reduzir o número de plantas por hectare, porém mantendo uma qualidade e produtividade
igual ou até mesmo superior ao sistema solaxe, isso porque a cultivar copa é enxertada com
duas gemas que irão gerar dois ramos centrais idênticos (Figura 24) que não competirão entre
eles, assim fazendo com que uma planta não tenha mais um ramo principal, mas sim dois
ramos centrais idênticos, onde um não compita com o outro. A métodocopia consiste na
enxertia das cultivares-copa sobre os dois ramos centrais e estes iniciem a brotação no mesmo
período, para que uma não fique mais adiantada da outra competindo entre si. Para tanto,
nesses casos, deve-se eliminar um ramo e reconduzir a planta em sistema solaxe.
Esta técnica permite ao produtor reduzir os custos de implantação, uma vez que terá
menos plantas por hectare, devido ao maior espaçamento entre plantas, em função dos dois
ramos centrais. Por enquanto para este sistema não se pode ter resultados mais profundos,
porém, apartir dos primeiros resultados, mostra um sistema que necessita de pouca mão-de-
obra para na fase de condução e é produtivo, já no segundo e terceiro ano (Figura 25),
lembrando ainda, que para os primeiros resultados, a qualidade da fruta e a produtividade é
igual ou superior ao sistema solaxe.
45
Figura 24: Planta em estágio de dormência, onde foi executado o plantio em campo definitivamente.
Fonte: CRESO (2009)
Figura 25: Macieira com dois anos conduzida pelo sistema Biasse.
Fonte: Vivai Mazzoni – Ferrara (2009)
46
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Depois de mais de três meses em que o estágio foi realizado em um dos melhores
centros de pesquisa da Itália, onde tive a oportunidade de conhecer inúmeras empresas do
setor, cooperativas, produtores, viveiristas e setores políticos, pode-se concluir que a base
frutícola italiana está definida na cultura da maçã. Pôde-se observar a importância frutícola
italiana naquele país. Isso porque, entre todas as principais culturas frutícolas, a Itália esta
sempre entre os maiores produtores mundiais e também está sempre na frente no que se diz
respeito a campos de melhoramento genético, sistemas de condução, trazendo novidades aos
produtores e aos consumidores. No campo tecnológico a evolução também é constante, o qual
esta cada vez mais forte para reduzir os gastos com a mão-de-obra que se tornou o principal
problema para os produtores.
O emprego da tecnologia vem sendo um fator determinante para o sucesso do produtor
rural italiano, isso porque quanto mais mecanização, menos custos com operários ele tem. Um
produtor que ainda tem operários em vez de máquinas, esta caminhando em favor de seu
próprio declínio. Outro fator tecnológico que esta ajudando muito os produtores a
mecanizarem toda a sua produção, esta associado ao melhoramento genético de novas
cultivares copa e novos porta-enxertos, os quais permitem modificar sistemas de condução, e
assim diminuindo drasticamente ou até mesmo eliminando a poda e empregando quase que
100% de pomares mecanizados, em alguns casos apenas a colheita vem sendo feita por mão-
de-obra humana.
Para o Brasil resta continuar caminhando, mas em um nível superior aos nossos
concorrentes, para que quando este grande problema de mão-de-obra se agrave, que estejamos
prontos para as mudanças. Inovando com sistemas de condução, para que possamos
mecanizar nossas propriedades cada vez mais próximas ao total. Um bom exemplo disto, são
algumas propriedades italianas onde se utiliza apenas para a colheita as operações feitas com
operários. Este seria um caminho viável para o Brasil, pois está em pleno crescimento
econômico, e este é o momento certo de tomarmos outro rumo para a cadeia produtiva da
maçã. Estes produtores italianos são um bom exemplo de organização em cooperativismo
que também poderia ser útil para nós. Outra questão importante que devemos salientar e que
poderia ter sucesso no Brasil seria o financiamento das pesquisas, assim eles mesmos decidem
47
o que querem produzir e que tipo de muda desejam e não é o que o viveirista deseja vender,
mas sim é ele se adéqua ao que os produtores desejam. Por este motivo todos os viveiros
italianos são muito comprometidos com os produtores, além de trabalhar quase que 100%
com material certificado, vendendo ao produtor uma certeza de qualidade e de pureza
genética.
Pode-se perceber também a evolução dos sistemas de condução para a maçã que antes
eram eficientes, mas que com os avanços mecânicos ficaram para trás e hoje são substituídos
por sistemas modernos que permitem maiores produções e menos operações culturais. Por
isto o campo frutícola da maçã para a Itália derepente atingiu o seu auge, mas para o Brasil
pode apenas ter um novo campo aberto, para que trabalhando seriamente possamos crescer
mais e sermos nós os pioneiros em tecnologia.
48
RERÊNCIAS
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