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Artigo desenvolvido por Guilherme Henrique P. Santos, Carlos Magno Vidal, Fabricio V. Gonzeli, Geovanny B. Broetto, Raphael Y. Neves
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APLICAÇÃO DE COAGULANTE À BASE DE TANINO SEGUIDO
DE FLOTAÇÃO POR AR DISSOLVIDO PARA REMOÇÃO DE
TURBIDEZ
Noixx
Palavras-chave: coagulante à base de tanino; flotação por ar dissolvido; turbidez.
INTRODUÇÃO
No Brasil a maior parte das captações realizadas por estações de tratamento de
água (ETAs) são efetuadas em mananciais superficiais, os quais podem expressar grandes
variações na qualidade, principalmente quando analisamos os valores médios de turbidez
encontrados em diferentes épocas do ano (REALI et al., 2003).
Segundo Coral (2009), comumente utilizam-se coagulantes químicos, contendo
metais para remoção de impurezas presentes na água. Porém, os resíduos (lodo) contendo
metais, gerados nas ETAs podem causar poluição da água e do solo. Partes desses riscos
podem ser eliminados quando são utilizados coagulantes de origem vegetal, como
exemplo, os taninos. Assim, o objetivo desta pesquisa é analisar a aplicação da
coagulação com tanino, seguida de Flotação por Ar Dissolvido na remoção de turbidez
de água para abastecimento público.
MATERIAIS E MÉTODOS
Os ensaios de clarificação foram realizados em escala de laboratório, no
equipamento de flotação por ar dissolvido com alimentação por batelada intitulado
Flotateste, instalado nas dependências do Laboratório de Saneamento e Qualidade da
Água do Departamento de Engenharia Ambiental da UNICENTRO-IRATI. Essa unidade
possui colunas em paralelo com agitadores individuais, interligadas a uma câmara de
saturação responsável pelo fornecimento de água pressurizada para o processo de
flotação.
A água utilizada nos ensaios foi coletada no rio Imbituvão, que abastece o
município de Irati-PR. A coleta foi realizada no dia 4 de novembro de 2014, após período
de chuva intensa, visando garantir altos valores de turbidez. As amostras de água bruta
apresentavam parâmetros de turbidez igual a 250 uT e pH igual a 8,5.
Os ensaios buscaram investigar as condições adequadas de
coagulação/floculação. Para tal, foram estudas dosagens de coagulante variando entre 2,5;
5; 7,5; 10; 12,5; 15 mg/L
Os ensaios foram realizados utilizando 2000 mL de água bruta em cada coluna.
Onde foram estabelecidos para o processo de coagulação, uma rotação de 250 rpm por
um período de 60 segundos, e o processo de flotação adotou uma rotação de 40 rpm,
durante 5 min. Os parâmetros de recirculação, velocidade de flotação e pressão de
saturação foram 15%, 9cm/min e 5kg/m², respectivamente.
A leitura dos valores de turbidez inicial e final foram realizados com
turbidímetro portátil 2100Q IS, da empresa Hach. Onde, por fim foram analisados os
índices de eficiência de remoção, através da seguinte fórmula: Ef (%)= (turbidez inicial-
turbidez final) / (turbidez inicial) ×100.
RESULTADOS
Com o intuito de atender os objetivos propostos no trabalho, foram realizados
ensaios com a finalidade de analisar o comportamento do coagulante à base de tanino e
assim chegar à definição de dosagem adequada ao processo de coagulação/floculação
seguido de Flotação por Ar dissolvido em valores de Turbidez pré-definidos. Desta forma,
foram arbitradas diferentes concentrações de coagulante, mantendo fixas as outras
condições experimentais.
A partir dos ensaios realizados com 2,5 mg/L e 5 mg/L pode-se observar que os
resultados obtidos tiveram melhoras significativas, pois os valores de turbidez
remanescente apresentados foram de 5,16 uT (2,5 mg/L) e 4,14 uT (5 mg/L),
demonstrando que os índices de eficiência de remoção foram superiores a 98%, quando
comparados ao valor de Turbidez inicial.
O aumento das dosagens de coagulantes para 7,5 mg/L apresentou declínio da
eficiência, apresentando eficiência de remoção igual a 87,6%, mostrando que adições de
coagulantes maiores, aumentam também os valores de turbidez final. Isto pode ser
observado também nos ensaios de concentração igual a 10; 12,5 e 15 mg/L, que
apresentaram eficiência de remoção de 86,5%, 87,6% e 87,2%, respectivamente. Esta
redução encontrada se deve principalmente ao fenômeno de inversão de cargas, que
ocorre com dosagem excedentes de coagulante. Pois segundo Gusmão (2014), quando
utilizadas concentrações excessiva de coagulante, a carga superficial das partículas
suspensas, que naturalmente é negativa, torna-se positiva, intensificando novamente as
forças de repulsão entre as partículas, e como consequência, inibindo a formação dos
flocos.
Certamente as condições de mistura, velocidade de flotação, pressão de
saturação e recirculação, fixas nesta fase de investigação, influenciaram na eficiência do
processo indicando que as adequações destes parâmetros produziriam resultados ainda
melhores. Além disso, não se realizou ajuste do pH, pois é esperado que os agentes
coagulantes/floculantes possam agir eficazmente no pH em que a água bruta é encontrada
naturalmente nos mananciais, minimizando também possíveis gastos com adições de
ácidos, álcalis e diminuindo a concentração residual desses produtos, melhorando a
qualidade da água tratada (GUSMÃO, 2014).
Os resultados obtidos apresentaram valores de Turbidez de 5,16 (2,5 mg/L); 4,14
(5mg/L); 35 (10 mg/L); 32,3 (12,5 mg/L) e 33,3 (15 mg/L), mostrando que os valores não
se enquadram ao valor máximo permitido (VPM) de turbidez de 1,0 uT estabelecidos pela
portaria n° 2.914/2011 para o abastecimento público. Porém, os ensaios utilizando 2,5 e
5 mg/L apresentaram características suficiente para serem direcionados a um tratamento
posterior na ETA e assim atenderem aos padrões estabelecidos.
CONCLUSÕES
Com base nos dados obtidos nos ensaios foi possível verificar que o coagulante
à base de tanino foi eficiente na remoção de turbidez, principalmente quando pequenas
concentrações foram aplicadas, mostrando que, ainda que não seja atendido o padrão de
potabilidade regidos pela portaria Nº 2.914/2011, este coagulante pode ser utilizado nas
etapas de coagulação/floculação oferecendo grandes benefícios ambientais e econômicos
quando aplicados.
Foi possível notar que com o aumento das concentrações, o coagulante à base de
tanino age de forma inversa ao seu propósito, inibindo a formação de flocos devido a
repulsão das partículas, resultando em uma remoção menor de turbidez. Isto torna
explícito que nem sempre melhores resultados são obtidos com a utilização de maiores
concentrações de coagulante no tratamento de água para abastecimento.
REFERENCIAS
CORAL, Lúcila A.; BERGAMASCO, Rosângela; BASSETTI, Fátima. J. Estudo da
Viabilidade de Utilização do Polímero Natural (TANFLOC) em Substituição ao Sulfato
de Alumínio no Tratamento de Águas para Consumo. In Anais: INTERNATIONAL
WORKSHOP ADVANCES INCLEANER PRODUCTION, 2009, Brasil.
GUSMÃO, A. L. S. (2014). Uso de Taninos no Tratamento de Água para Abastecimento.
Porto Alegre. Pag. 14 – 20. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.
MORUZZI, R. B.; REALI, M. A. P.; PATRIZZI, L. J. (2003). Flotação por ar dissolvido
aplicada na clarificação de águas que apresentam picos de turbidez. In anais: 22°
Congresso Brasileiro De Engenharia Sanitária e Ambiental, Joinville- SC, ABES.
REALI, M. A. P. (1991). Concepção e avaliação de um sistema compacto para tratamento
de águas de abastecimento utilizando o processo de flotação por ar dissolvido e filtração
com taxa declinante. São Carlos. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo.