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talita-sousa
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Direito: Lei e Ordem
Direito: conjunto de regras obrigatórias que garante a convivência social mediante o
estabelecimento de limites à ação de cada integrante da sociedade.
Direito: é a exigência essencial de uma convivência ordenada, pois não há sociedade
que possa subsistir sem ordem, direito e solidariedade.
Direito: é um fato ou fenômeno social.
Em cada comportamento humano existe sempre a presença do fenômeno jurídico.
O direito é sempre pressuposto em cada relação do homem que se relacione com
outro homem.
Ele garante comportamentos humanos por meio de regras que salvaguardam e
amparam a convivência social.
Direito Natural
É o ordenamento jurídico ideal, correspondente a uma justiça superior e anterior, que
deriva da natureza de algo, de sua essência.
Trata-se de um sistema de normas que independe do direito positivo, ou seja,
independe das variações do ordenamento da vida social que se originam no Estado.
É “a liberdade que cada homem tem de usar livremente o próprio poder para a
conservação da vida e, portanto, para fazer tudo aquilo que o juízo e a razão
considerem como os meios idôneos para a consecução desse fim”. (Thomas Hobbes).
Direito Positivo
- É o ordenamento jurídico em vigor em determinado país e em determinada época -
é o direito posto.
- Conjunto de normas de direito estatuído oficialmente pelo Estado, dependente da
vontade humana e das garantias dadas pela força coercitiva do Estado.
Divide-se em Público e Privado.
Direito Público
- Regula os interesses ou coisas que se referem ao Estado e traduzem o predomínio
do interesse da coletividade. (Direito Constitucional, Administrativo, Tributário,
etc.)
Direito Privado
- Regula as relações que se referem aos interesses do indivíduo em particular.
(Direito Civil, Comercial etc.)
Cada ramo do direito impõe limites discriminando o que pode, o que deve ou o que
não deve ser feito.
Na sociedade se constituem formas de vida, modos de comportamento, que têm força
de “estruturas sociais obrigatórias”: são as fontes de direito e seus modelos jurídicos.
Trata-se do Direito Objetivo que surge obedecendo à natureza das coisas, às linha
evolutivas imanentes ao fato, mas potencializadas e tornadas efetivas pelo poder de
síntese ordenadora que singulariza o espírito humano.
Direito Objetivo
O Direito Objetivo, como conjunto de normas e modelos jurídicos, destina-se a ter
vigência e eficácia na universalidade de um território; constitui em seu todo, um
sistema global que, por meio de um termo italiano, se denomina ordenamento
jurídico.
- O ordenamento jurídico pode ser visto como um macromodelo, cujo âmbito de
validade é traçado em razão do modelo constitucional, ao qual devem
imperativamente se adequar todos os modelos jurídicos.
Direito Subjetivo
- O homem tem um “poder de querer” que assume, dentre outras formas, a do
“poder de querer” segundo as regras de direito, para a realização de fins próprios,
numa convivência ordenada.
- O Direito Subjetivo está vinculado à pessoa humana, como ente racional e volitivo.
O Direito Subjetivo é a vontade juridicamente protegida, ou seja, podemos afirmar
que Direito Subjetivo é a possibilidade de se exigir, de maneira garantida, aquilo que
as normas de direito atribuem a alguém como próprio.
Espaço e Tempo
O direito, sendo um fenômeno histórico-social, sempre está sujeito a variações e
intercorrências, fluxos e refluxos no espaço e no tempo.
Natureza e Cultura
- A coexistência pacífica das relações humanas impõe o estabelecimento de regras
de organização e conduta.
- As relações são estabelecidas em razão de pessoas ou em função de coisas, tendo
com referência a realidade cultural de cada grupo social.
- A cultura é o conjunto de tudo aquilo que é construído material ou
intelectualmente pelo homem, alterando o que lhe é “dado” ou alterando-se a si
próprio.
Valores Sociais
- A partir da sua base cultural, o homem estabelece referências de valor para o
comportamento em sociedade.
- Quando a norma social se apresenta como essencial para a sociedade, o legislador
impõe a sua obrigatoriedade, por meio da criação de uma norma ou regra jurídica.
Valores Sociais
Uma das finalidades do direito é preservar valores sociais, sendo a experiência
jurídica uma experiência ética, garantindo valores como a liberdade, igualdade e
fraternidade.
Direito e Ética
Normas éticas
- Envolvem juízo de valor sobre o comportamento humano.
- Culminam com a escolha de uma diretriz considerada obrigatória.
- O juízo é um ato mental pelo qual atribuímos determinada qualidade necessária a
um ser.
- - O legislador descreve algo como deve ser e suas conseqüências, não se limitando
a descrever um fato como ele é.
- Toda norma ética expressa um juízo de valor que se liga a uma sanção.
- Garante que uma conduta seja permitida ou proibida.
- Objetivam o bem estar da coletividade.
- Exemplos de regras ou normas éticas: costumes; trato social; ordem moral; ordem
jurídica; ordem religiosa.
Direito e Moral
Normas morais
- As regras de ordem moral são cumpridas espontaneamente.
- Quando consideradas indispensáveis à paz social, o cumprimento torna-se
obrigatório pelo direito
Concepção Ideal - Teoria do mínimo ético
- O direito representa apenas o mínimo de moral declarado obrigatório para a
sociedade sobreviver.
- Concepção Real ou Pragmática: “Tudo o que é jurídico é moral, mas nem tudo o
que é moral é jurídico”. “Nem tudo que é lícito é honesto”.
Heteronomia
As leis estão acima das pretensões individuais, superando o querer de seus
destinatários.
- Mesmo sem concordar somos obrigados a cumprir as leis.
- As leis valem objetivamente a despeito da nossa opinião.
- A moral é autônoma, existe boa vontade no cumprimento.
- O Direito é heterônomo, a vontade independe do cumprimento.
- O direito é a ordenação heterônoma e corrosível da conduta humana, pois não
importa nossa vontade, somos obrigados a cumprir sob pena do uso da força.
Bilateralidade
A bilateralidade atributiva ocorre quando duas ou mais pessoas se relacionam ficando
proporcionalmente autorizadas a pretender, exigir, ou a fazer, garantidamente algo.
Exemplo: a prestação de serviço, ou a compra e venda.
Foro Íntimo e Externo
Moral: cuida do que se processa intimamente, ninguém podendo interferir, obrigar a
fazer ou deixar de fazer. (foro íntimo)
- O foro íntimo importa para se tentar distinguir entre as práticas dolosas e
culposas, ou seja, se há uma intenção propositada ou não.
- Direito: cuida da ação humana depois de exteriorizada, projetando-se sobre outros
indivíduos causando danos. (foro externo)
Coação
- Coercibilidade: possibilidade da interferência da força no cumprimento de uma
regra de direito.
- A coação corresponde à força imposta para o cumprimento do direito.
- Nas relações privadas ou particulares a coação é inconcebível, a vontade deve ser
livre.
Sanção
Sanção é todo é qualquer processo que garanta aquilo previsto numa regra.
Sanções morais
- O cumprimento das regras morais são espontâneas, mas a desobediência provoca
determinadas conseqüências, que valem como sanção.
- São sanções morais: o remorso, o arrependimento, a vergonha etc.
- É a sanção de foro íntimo.
- É a força do meio social.
Gradação
Quando o indivíduo não mais se importa com as sanções morais, gradativamente se
torna necessário aplicar novas sanções, neste momento dizemos que passamos do
mundo ético para o jurídico.
Organização das Sanções
- Tudo no direito obedece ao princípio da sanção organizada de forma
predeterminada, de modo a sabermos de antemão que podemos recorrer à justiça.
- As sanções influem no sentido da adesão espontânea dos obrigados, mesmo que
por intimidação.
Tipos de sanção
Além das sanções penais existem as sanções que propiciam benefícios, incentivos ou
vantagens, as chamadas sanções premiais.
Exemplo: A publicidade enganosa /abusiva pode gerar a responsabilidade civil e a
responsabilidade penal.
Ordenações Estatais
O Estado detém o monopólio da coação no que se refere à distribuição da justiça,
garantidora da paz social.
O Estado disciplina as formas e os processos de execução coercitiva do direito.
Meio e Fim
- O Estado é um meio para se alcançar uma vida digna, fundada nos valores da paz
e do desenvolvimento.
- Concomitantemente, o Estado é um fim enquanto representa uma ordem jurídica e
uma ordem econômica, onde os direitos de cada um pressupõe iguais direitos dos
demais.
Norma Jurídica
É sempre previsto na norma jurídica um fato ao qual se liga uma conseqüência,
segundo um juízo normativo de valor, as normas jurídicas podem ser de CONDUTA
ou de ORGANIZAÇÃO.
Normas de Conduta
- Regras de direito que disciplinam o comportamento dos indivíduos.
Normas de Organização
- Regras de direito que disciplinam as atividades de grupos ou entidades sociais em
geral, visando a estrutura e funcionamento de órgãos, ou, ainda a disciplina dos
processos técnicos. Exemplos: as normas que constituem os órgãos da
administração pública e que lhes confere atribuições
A norma jurídica deve atender aos seguintes requisitos de validade:
- Validade formal ou técnico-jurídica (vigência)
- Validade social (eficácia ou efetividade)
- Validade ética (fundamento)
Validade formal ou técnico-jurídica (vigência)
São os requisitos para a sua feitura ou elaboração, quanto ao órgão, à matéria e ao
procedimento adotado.
Validade social (eficácia ou efetividade)
As normas devem operar por aceitação espontânea da sociedade. Quando contrariam
tendências ou inclinações dominantes somente são cumpridas de forma compulsória,
perdendo sua validade no decorrer do tempo.
Validade ética (fundamento)
As normas jurídicas devem buscar a justiça, realizando valores ou fins essenciais ao
homem e à coletividade, legitimando a experiência jurídica numa sociedade de
homens livres.
Interpretação do direito: O direito pode ser interpretado de acordo com as leis ou
com os costumes. Esta interpretação divide-se em
Tradição Romanística: nações latinas e germânicas dispõe que haver:
- Tem como característica o primado da lei, com atribuição de valor secundário às
demais fontes.
Tradição Anglo-Americana ou Common Law: Inglaterra e Estados Unidos da
América
- Não é um direto baseado na lei, mas antes nos usos e costumes consagrados pelos
precedentes firmados através das decisões dos tribunais.É o direito costumeiro-
jurisprudencial.
Fontes do direito: A fonte do direito demonstra onde nasce o direito, ou seja, para o
julgamento duma ação o juiz pode utilizar qualquer uma delas. As mesmas são
classificadas em:
Fontes diretas:
- Lei: norma jurídica abstrata e geral, fonte maior do Direito.
- Costume: norma não escrita que o uso consagra, direito consuetudinário.
Fontes indiretas:
- Jurisprudência: revelação do direito pelo exercício da jurisdição. Do latim jus
(direito) prudentia (sabedoria)
- Doutrina: trabalhos teóricos dos juristas, ciência do direito. Do latim doctrina, de
docere (ensinar, instruir, mostrar).
Fontes de integração:
- Princípio Gerais de Direito: expressões, com força normativa, explícitos ou
implícitos no sistema legal pátrio, extraídos por indução e abstração, sendo as
razões estruturais do ordenamento positivo.
- Negocial ou contratual: o poder de negociar resulta da autonomia da vontade
das partes, impondo as cláusulas contratuais como lei entre as partes, pacta sunt
servanda. - (inclui-se o contrato coletivo, como regras estabelecidas por sindicatos
ou associação de trabalhadores).
- Regulamentar: as normas baixadas pelo chefe do executivo, decorrentes do
poder regulamentar.
- Analogia: não havendo previsão legal, aplica-se norma prevista para hipótese
distinta, porém assemelhada ao caso concreto.
- Eqüidade: é a justiça do caso particular. Havendo lacuna legal, adapta-se a norma
às condições do caso concreto, aproximando as partes do justo, no seu sentido de
ideal de justiça universal, de valores suplentes como a liberdade e a igualdade.
Exemplo de princípios:
- Soberania; repúdio ao terrorismo e ao racismo; liberdade; respeito à dignidade
humana; cidadania; inviolabilidade à intimidade, à vida privada, à honra e à
imagem; valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, presunção da inocência;
contraditório e ampla defesa; alegar o desconhecimento da lei para não cumpri-la,
razoabilidade, proporcionalidade, segurança jurídica, legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência na Administração Pública, boa fé; autonomia
da vontade; consensualismo; supremacia da ordem pública; acordos ou contratos
devem ser cumpridos, manutenção das condições pactuadas, princípios
relacionados à proteção do consumidor.
DIREITO CONSTITUCIONAL – conceitos básicos:
Direito: Conjunto de regras de organização e de conduta, impostas coativamente
pelo Estado, visando disciplinar as condições existenciais da sociedade.
Estado: Organização destinada a manter, pela aplicação do Direito,as condições
universais da ordem social.
Elementos constitutivos do Estado:
População
- Quantitativo demográfico dentro de determinada fronteira, submetida ao império
das leis de um país.
- Inclui estrangeiros e apátridas.
Território
- Âmbito geográfico da Nação, onde ocorre a validade da ordem jurídica de um país.
Governo
- Conjunto de órgãos que presidem a vida administrativa do Estado.
- Sentido: o próprio poder executivo, figura jurídica que exerce a direção das
atividades públicas.
Soberania
- É a energia coativa do agregado nacional, exprimindo o supremo poder de
autodeterminação do Estado.
- (una, indivisível, inalienável, imprescritível)
Acesso ao Poder e Permanência temporal
- Monarquia constitucional (hereditariedade e vitaliciedade)
- República (elegibilidade e temporalidade)
Formas / Regimes de Governo (Concentração do poder estatal)
- Parlamentarismo (poder desconcentrado)
- Presidencialismo (poder concentrado)
Modelo Brasileiro: É concentrada na figura do Presidente da República
as funções de representação do Estado e o poder de execução dos atos de governo.
Constituições
As Constituições se originaram do fenômeno denominado de constitucionalismo,
nascido da Revolução Francesa, após 1789, e da Carta americana, pós-independência
das 13 colônias.
Constituições: Carta Social-Democrata
Numa Carta social-democrata, caso da Constituição brasileira, além da Divisão dos
Poderes e dos Direitos e Garantias Individuais estão agregados os Direitos e
Garantias Coletivos e as normas da Ordem Econômica e Social.
Classificação
- Quanto à forma: escritas e não escritas.
- Quanto à Origem: populares ou outorgadas.
- Quanto à consistência: rígidas, flexíveis e semi-rígidas.
Princípios Fundamentais
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
I. a soberania;
II. a cidadania;
III. a dignidade da pessoa humana;
IV. os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
V. o pluralismo político.
Independência dos Poderes
“São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si:
- o Legislativo;
- o Executivo e o
- Judiciário.”
Direitos e Garantias Individuais e Coletivas
Garantem ao cidadão se colocar ou se impor diante de situações específicas, tais
como:
- seu patrimônio pessoal;
- sua liberdade de ir e vir;
- a defesa de direito líquido e certo;
- o direito à informação ;
- a retificação de dados.
Remédios constitucionais:
- Mandado de Segurança Individual;
- Mandado de Segurança Coletivo;
- Habeas Data;
- Mandado de Injunção;
- Habeas Corpus;
- Ação Popular e Ação Civil Pública.
Controle da Constitucionalidade das Leis
É o mecanismo pelo qual são assegurados os direitos e as garantias previstas na
Constituição. Impõe limites aos Poderes do Estado, relativamente às leis ou atos
normativos que estejam em desacordo com o texto fundamental.
Finalidade: Expelir do ordenamento jurídico as espécies normativas que não se
ajustem à determinação formal e material da Constituição Federal.
Presume-se a constitucionalidade das espécies normativas, até prova em contrário, ou
seja, até o julgamento de sua inconstitucionalidade, ou seja, existindo lei a mesma
deve ser cumprida.
Formas de Controle
- Preventivo: é o controle da constitucionalidade que incide sobre o texto legal antes
de sua promulgação, ou seja, durante o seu processo de elaboração.
- Repressivo: é o controle que se exercita quando a norma jurídica já entrou em
vigor. Neste caso somente o Judiciário é competente para verificar a sua
compatibilidade com o texto constitucional
Ação Direta de Inconstitucionalidade
Inconstitucionalidade por Omissão
Ação Declaratória de Constitucionalidade
Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental
Direito Civil:
- É o direito privado por excelência.
- Representa o conjunto de normas reguladoras das relações jurídicas particulares,
no que diz respeito a bens, pessoas e suas relações (contratos)
- Tem por conteúdo a regulação dos direitos e obrigações de ordem privada,
concernente às pessoas, aos bens e às suas relações.
Pessoas e suas características (sujeitos de direito)
O direito regula e ordena a sociedade.
- Não existe sociedade sem direito e não existe direito sem sociedade.
- As pessoas são os sujeitos de direito porque elas se relacionam dentro da
sociedade.
- A pessoa é o ente suscetível de direitos e obrigações.
A Pessoa Natural e Personalidade Jurídica
- Na acepção jurídica, todo ser humano é pessoa natural.
- Toda pessoa natural é dotada de personalidade.
- Personalidade é o conjunto de poderes conferidos ao homem para figurar nas
relações jurídicas.
Início da Personalidade da Pessoa Natural (Pessoa Física)
A personalidade civil do homem começa do seu nascimento com vida.
- A partir desse momento, a pessoa natural se torna sujeito de direitos. O nascituro
não possui personalidade, mas tem seus direitos resguardados pela legislação civil
e penal.
- A partir do nascimento com o vida a pessoa física torna-se sujeita de direitos.
Direitos da Personalidade
- Os direitos da personalidade são aqueles que resguardam a dignidade da pessoa
humana.( art. 1o, III, e art. 5o caput, da Constituição Federal)
- São direitos subjetivos de natureza privada.
- Eles se dividem em:
- Direito à vida;
- Direito à imagem;
- Direito ao nome;
- Direito à privacidade;
- Direitos de família.
Principais Características dos Direitos da Personalidade
- Direitos originários (adquirem-se ao nascer);
- Direitos vitalícios (duram por toda a vida);
- Direitos inalienáveis (em princípio, estão fora do comércio/não possuem valor
econômico);
- Direitos absolutos (são oponíveis contra todos);
Imagens do astro, aos 8 anos, valem apenas R$ 3 mil
É o que oferecem emissoras de TV, para uso em programas jornalísticos
Cosme Rímoli
Uma hora e meia de filmagens exclusivas de Kaká - escolhido como o melhor jogador do mundo da Fifa - quando
garoto. O talento excepcional do menino com apenas oito anos é nítido como as imagens. Ele dribla, marca dez
gols e ainda dá a volta olímpica carregando a taça do torneio da escola. Por ironia veste com orgulho a camisa da
Itália que organizou a Copa do Mundo no ano do torneio, 1990. E ainda seria o país que acolheria Kaká.
O que poderia ser um tesouro para quem filmou, na verdade não é. As emissoras de tevê ofereceram no máximo
R$ 3 mil para mostrá-las em programas com fins jornalísticos. Patrocinadoras de material esportivo ou qualquer
outra empresa não podem comprar para exibir e associar o talento precoce à sua marca. O motivo é simples: os
direitos de imagem são de Kaká. 'Até mesmo como feto, os direitos pertencem ao jogador. A legislação é bem
específica em relação a isso. As emissoras de tevê estão sendo até generosas oferecendo R$ 3 mil porque só
podem fazer programas jornalísticos, sem fins lucrativos com as imagens. Não importa se o Kaká é o melhor do
mundo e foi filmado quando nem era jogador profissional. O direito de imagem é dele e acabou. Como todo
mundo hoje tem uma câmera, as pessoas não podem se iludir achando que ganharam na loteria filmando um
craque nascendo', explica a diretora executiva da Associação Brasileira das Produtoras de Audiovisual, Sonia
Piassa.
Quem filmou Kaká despontando para o futebol foi o economista João Francisco Adolfo Kock. Ele era o treinador
e câmera da 'Itália' que foi campeã do torneio interclasses da Escola Baptista Brasileiro.
'Eu filmei porque o meu filho, Frederico, jogava no time. Mas guardei as imagens por anos porque, infelizmente,
ele faleceu no mesmo ano. Teve leucemia. Sabia que tinha as imagens do Kaká e resolvi divulgá-las até porque o
meu filho está nas filmagens. O Kaká foi sensacional nesse torneio, jogou demais e foi campeão e o artilheiro com
24 gols. Não quero explorar ninguém, fazer nada escondido do Kaká. Simplesmente tenho a fita e vou ver o que
fazer. Mas sempre pedindo a autorização dele', diz João Francisco. Ele cedeu gratuitamente ao Estado as fotos de
Kaká aos oito anos.
O diretor do programa Esporte Espetacular da TV Globo, Sidney Garambone, coloca um ponto final na questão
sobre enriquecer com imagens de um craque nascendo. 'As pessoas acreditam que têm nas mãos uma preciosidade
e que vão ficar milionárias com essas imagens. Mas não vão ficar mesmo. Não adianta pedir quantias
exorbitantes. Nós fazemos trabalhos jornalísticos. Não vamos ter lucro com as imagens que pertencem ao jogador.
Freqüentemente nós temos imagens de arquivos sendo oferecidas de graça. Não vamos ficar pagando fortunas por
isso. De jeito nenhum', afirma Garambone.
Imagens que ficaram famosas de Maradona, Ronaldo, Ronaldinho, Messi e tantos outros quando meninos não
renderam grandes quantias para quem os filmou. Na maioria das vezes, foram cedidas gratuitamente.
A saída para tentar ganhar dinheiro com dribles e gols de Kaká ou seja de quem for é procurar o jogador. 'Se tiver
a concordância dele, aí sim é possível vender esses filmes para uma multinacional esportiva, por exemplo. Se não
tiver a autorização, pode esquecer', destaca Sonia Piassa. 'Eu sou amigo da família do Kaká. Posso até procurar a
patrocinadora dele, já que acaba de ser escolhido o melhor do mundo. Mas não vou fazer nada pelas costas dele.
Se não tiver a concordância dele, as imagens vão ficar comigo para sempre', garante João Francisco.
Profi$$ão sósia
Maeli Prado e Gustavo Fioratti A longa barba, a tez escura e os traços de árabe podem ser um problema na
hora de tirar visto para os Estados Unidos, depois do 11 de Setembro. Mas o cearense Francisco Fernandes,
48, não tem planos de viajar para o exterior. Prefere usufruir, em São Paulo mesmo, de sua incrível
semelhança com Osama Bin Laden, o homem mais procurado do mundo desde os atentados que derrubaram
as Torres Gêmeas em Nova York em 2001. Seu boteco, no centro da cidade, 15 anos atrás batizado de Bar do
Barba, virou o Bar do Bin Laden. O movimento mais que dobrou. "Ser confundido com um terrorista não é
ofensa nenhuma. Pelo contrário. Todo mundo sorri pra mim, todos querem tirar foto", diz ele, feliz com seu
"look terrorista".
O Bin Laden cearense salpicou as paredes do estabelecimento com retratos do inimigo público número um
dos EUA. É um marketing que dá bem a medida, em tempos de culto à imagem, do quanto ser sósia pode se
tornar um negócio. Um exemplo palpitante e polêmico é a busca de sósias de Madeleine McCann, a menina
inglesa desaparecida desde maio do ano passado em Portugal. Há cerca de um mês, a agência britânica Juliet
Adams Model, especializada em sósias, divulgou contrato com os pais de uma menina parecida com a
inglesinha. Contratado e contratante vislumbram uma oportunidade de lucrar milhões de dólares, caso algum
produtor se interesse em reconstituir o drama no cinema.
Essa caça pelos duplos é um peixão que as agências de modelos pescaram há tempos. Não são raros os casos
de peças publicitárias que usam sósias ou caracterizações na tentativa de ganhar o consumidor. "O encanto
com os sósias vem como um acessório do encanto com as celebridades. Você sabe que é mentira, mas
embarca naquela fantasia", avalia o publicitário Sérgio Valente, presidente da DM9DDB. "Você encontra
com o sósia do Schumacher, sabe que não é ele, mas acha engraçado e se diverte em ter essa ilusão."
O publicitário lembra que, pelo código brasileiro de auto-regulamentação publicitária, os sósias não podem
ser usados sem autorização da pessoa imitada ou se induzirem à confusão de identidade. "Tudo o que é usado
em propaganda para enganar o consumidor não dá certo. Mas usar o sósia para tirar um sarro, dizer que a
Gisele Bündchen cover não é uma Brastemp, é interessante", diz.
Quem pode não achar graça é o original. Ainda mais quando a celebridade em questão é um jogador de
futebol evangélico, e o sósia, um modelo que posa pelado para uma revista voltada para o público gay.
Depois que fez a capa da "G Magazine" de janeiro, em meio a ameaças de Kaká de processar a revista, Lucas
Pugliessa, 20, ganha entre R$ 1.500 e R$ 3.000 para exibir a semelhança com o jogador do Milan em festas e
eventos.
Em novembro do ano passado, antes da capa, o Kaká "G Nérico", como foi apelidado, cobrou R$ 500 para
fazer uma participação no programa "Bofe de Elite", quadro do "Show do Tom" que satiriza o filme "Tropa
de Elite". No programa da Record, Lucas leva uma cantada do "aspira 011", interpretado por Tom
Calvacante, que o "confunde" com o jogador e o chama pra dar uma volta. "Com o cachê da revista, paguei
minhas dívidas, vou fazer um curso de teatro e começar a faculdade de educação física", afirma ele, que foi
goleiro da equipe de juniores do Palmeiras. Kaká não quis comentar o fato. Disse à Revista, por meio de sua
assessoria de imprensa, que não pretende mais processar seu "semelhante". Sem os truques de edição de
imagem, Lucas nem é tão parecido assim com o melhor jogador da atualidade.
A modelo paranaense Caroline Corrêa, 28, teve a sorte de nascer a "cara" de uma das mulheres mais belas do
mundo. Quando ouve um fotógrafo ou um diretor de arte pedir "faz bocão", a brasileira pensa, "ai, já
entendi". O que eles querem é que ela tente ficar mais parecida com sua matriz norte-americana, a atriz
Angelina Jolie.
Para ser um clone da estrela de Hollywood, o truque da brasileira é, além de "fazer bocão", ficar meio de lado
e levantar a sobrancelha. "Estou ali a trabalho, tenho que fazer o que pedem. Se pedirem 'faz um macaco', eu
faço", diz. Ela jura que a tentativa de uma vida profissional em Los Angeles, onde reside há três anos, não
tem "absolutamente nada" a ver com o fato de ela ser parecida com Jolie. "Quero seguir uma carreira
independente dessa imagem." Até o momento, do seu currículo na meca do cinema constam pontas em
enlatados como "Stealth - Ameaça Invisível" e "Velozes e Furiosos 3".
Fora dos sets, Caroline protagonizou episódios engraçados. Uma vez, conta, estava saindo de uma lavanderia
quando, de um carro na rua, alguém gritou: "Olha a Jolieee!". Naquele momento começava uma garoa, e
Caroline teve de correr para se proteger da chuva. "Causou confusão. Muita gente parou achando que eu era
mesmo a Jolie, que eu tampava a cara para não ser reconhecida. Me diverti muito com a situação", relata.
Para a professora de psicologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) Maria Cristina Rosenthal, é
preciso cuidado para não usar a semelhança com famosos para compensar as próprias debilidades. "O sósia
que corre risco é aquele que, mesmo após o fim da encenação, se confunde com a personagem por
necessidade de atenção, ou porque é muito rígido consigo mesmo. São as pessoas que não sabem quando
estão no palco e quando estão fora dele." Em geral, os sósias que fazem disso um negócio não correm
grandes riscos emocionais. "É uma situação quase profissional, em que ele passa pelo outro para ter um
ganho material", atesta Maria Cristina.
O limite, no entanto, nem sempre é claro. Robson Rotundo, 36, incorporou, literalmente, o personagem
Michael Schumacher, ou Schumi, como é carinhosamente tratado o heptacampeão mundial de Fórmula 1. Ele
usa o apelido para atender o telefone e alguns de seus amigos nem sabem seu verdadeiro nome. Ele é
"Schumi" 24 horas por dias, e se orgulha disso. "Dou graças a Deus pelo Schumacher existir."
Tanta devoção ao piloto que se aposentou das pistas no fim de 2006 pode provocar estranheza, ainda mais
pelo fato de o alemão ser visto até com antipatia em terras brasileiras. Ainda assim, a aposta no sósia rendeu
dividendos. Rotundo ganhava R$ 400 por mês vendendo celulares em um shopping. Hoje, é contratado pela
Shell para fazer apresentações como Schumacher pelo país, é pago para circular por autódromos
acompanhado por belas modelos e tem diversos patrocinadores, que expõem marcas em seu macacão. O mais
comum é vê-lo paramentado.
Fora os contratos, ter sua presença em um evento por quatro horas significa desembolsar R$ 1.500. "Hoje,
uso roupas de marca, tenho carro e dei entrada em uma casa", enumera ele, que diz querer mostrar a outra
face de Schumacher. "Ele é alegre, animado, canta e abraça crianças e velhos", garante, depois de alguns
encontros com o piloto.
Em baixa
Não é em qualquer esquina que se encontra um "Shumi" ou uma Jolie. É por isso que há uma disputa acirrada
entre as agências que trabalham com sósias. "É uma briga de foice", resume a atriz Nilce Aparecida
Costomski, 51, dona da agência O Gordo e o Magro, especializada nesse filão.
O cachê mais baixo para marcar presença em festas e eventos, diz a atriz, é de R$ 500 por três horas. Ela
explica que vida de sósia tem altos e baixos -os pedidos por Michael Jackson caíram 40% depois das
acusações de pedofilia envolvendo o cantor americano. "O nosso Michael é super profissional, é o melhor
artista que tenho na agência. A procura era bem maior, mas as pessoas acreditam em tudo o que lêem."
O segredo do sucesso é aproveitar bem o momento. André Jeszensky, 62, vive uma maré baixa desde que
Bill Clinton deixou a Casa Branca. Passou a ser um ardoroso apoiador da candidatura de Hillary à
Presidência dos EUA. "Por oito anos [entre 1992 e 1999, período em que Clinton foi presidente dos EUA],
ganhei muito dinheiro. Os pagamentos por trabalho variavam entre R$ 5.000 e R$ 10 mil, e eu fazia entre
três e quatro por mês. Faça as contas."
Além dos gordos cachês por aparições em comerciais de TV e das tradicionais piadas sobre Monica
Lewinsky, estagiária que teve um caso com o ex-presidente, a semelhança rendeu bons contatos para a sua
empresa, que atua na área de distribuição de produtos químicos. Sérgio vangloria-se de ter alcançado fama
internacional. "Fiz viagens para o Oriente Médio e todos pediam pra tirar foto comigo", lembra o empresário,
10 centímetros mais baixo do que o Clinton original.
Há casos de criaturas que superam a fama do criador-matriz. A radialista Mônica de Souza, 42, é reconhecida
nas ruas de São Paulo como a Marlene Mattos do "Pânico na TV". Há cinco anos, participa do programa,
imitando a ex-empresária da Xuxa em cenas bizarras, típicas de filmes B. Considera-se muito parecida com a
original e acabou usufruindo de uma fama até mesmo equivalente, se não maior, à da Marlene verdadeira,
que sempre fugiu dos holofotes. "As pessoas me param na rua para fazer foto sabendo que eu sou a Marlene
do 'Pânico'. Muitos até perguntam qual é meu nome verdadeiro", diz.
A própria Marlene Mattos dá o braço a torcer. "Ela me faz rir e muito. É uma boa atriz, faz muito bem aquele
papel", avalia a empresária, que hoje dirige um shopping no Rio de Janeiro. "Ela faz um tipo até menos
sisudo do que eu sou. Queria sinceramente achar tanta graça na vida quanto essa atriz", afirma.
Mônica é um bom exemplo de sósia que conquistou a fama e não renega as origens. Não é o caso de
profissionais que iniciaram suas carreiras rumo ao estrelato embalados pela semelhança com nomes já
consagrados. Fernanda de Freitas é praticamente gêmea idêntica da atriz Deborah Secco. Fato mais evidente
quando as duas fizeram papel de irmãs na novela "Pé na Jaca!". Hoje, contratada da Globo, Fernanda diz que
nunca gostou da associação. Procurada pela Revista, seu assessor diz que ela não dá mais entrevistas sobre o
assunto. Depois da fama, ela cansou de ser sósia. Instinto de sobrevivência de quem precisa ter identidade
própria para deixar de ser cópia. Como pondera a Jolie brasileira, "um artista quer sempre ser reconhecido
pelo seu próprio trabalho e não por ser parecido com alguém".
A capacidade civil pode ser:
- Plena - A capacidade civil legal para as pessoas naturais se dá aos 18 anos.
- Limitada - Quando a capacidade da pessoa natural é limitada, a lei lhe restringe
alguns ou todos os atos da vida civil. Aquele que não é plenamente capaz necessita
de outra pessoa que o substitua ou complete a sua própria vontade.
São absolutamente Incapazes
- Os menores de 16 anos.
- Aqueles que não tiverem discernimento para a prática de atos civis.
- Aqueles que não puderem exprimir sua vontade.
Relativamente Incapazes
- Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos.
- Os ébrios habituais,
- Os viciados em tóxico;
- Aqueles que por deficiência mental tenham o discernimento reduzido;
- Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
- Os pródigos.
Domicílio/Residência:
Pessoa Natural
- O lugar em que a vida civil e jurídica da pessoa se exerce de modo contínuo e
permanente é o seu domicílio.
- O domicílio da pessoa natural é sua residência, com o ânimo definitivo.
- É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à sua
profissão, o lugar onde essa é exercida.
Emancipação
- Emancipação é a aquisição da capacidade civil, antes da idade estabelecida pela
lei civil. A emancipação é a exceção ao regramento civil acerca da capacidade
civil.
Formas de emancipação:
- Pela concessão dos pais ou por sentença judicial, se o mesmo tiver 16 anos
completos.
- Pelo casamento.
- Pelo exercício de emprego público efetivo.
- Pela colação de grau em curso de ensino superior.
- Pelo estabelecimento civil e comercial ou existência de relação de emprego, desde
que, em função deles, o menor possua economia própria.
Fim da Personalidade da Pessoa Natural
- A personalidade da pessoa natural termina com a sua morte. Quanto aos ausentes,
presume-se a morte, nos casos autorizados pela lei, abrindo-se, inclusive, a
sucessão definitiva.
Morte Presumida
A morte poderá ser presumida quando:
- For extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida.
- Se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até
2 anos após o término da guerra.
Comoriência
Quando duas ou mais pessoas falecerem na mesma ocasião, não se podendo verificar
se alguma delas precedeu as outras, presumir-se-ão simultaneamente mortos. A esse
fenômeno dá-se o nome de comoriência.
Início da Personalidade da Pessoa Jurídica
- A pessoa jurídica é uma ficção criada pelo Direito. É um ente abstrato, cuja
vontade é diversa de seus membros.
- A pessoa jurídica adquire personalidade jurídica mediante o registro de seus atos
constitutivos (contrato social) no respectivo órgão competente (JUCESP).
- Para exploração comercial da razão social da pessoa jurídica como marca, existe a
necessidade de providenciar o registro no INPI – Instituto Nacional de Propriedade
Industrial;
- Para exploração do domínio na rede internet, é necessário promover o registro no
site www.registro.br
- A capacidade da pessoa jurídica é limitada à finalidade a qual foi criada.
Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno
São pessoas jurídicas de direito público interno:
- A União
- Os Estados-Membros
- Distrito Federal
- Os Territórios
- Os Municípios
- As autarquias
- As demais entidades de caráter público criadas por lei
Pessoas Jurídicas de Direito Público Externo
São pessoas jurídicas de direito público externo:
- Os Estados estrangeiros.
- Todas as pessoas jurídicas que forem regidas pelo direito público internacional.
Pessoas Jurídicas de Direito Privado
São pessoas jurídicas de direito privado:
- Associações
- Sociedades
- Fundações
- Organizações Religiosas
- Partidos Políticos
Empresa: É a atividade econômica organizada para a produção de bens, a prestação
de serviços ou a intermediação de negócios, direcionada para o mercado, visando
lucro.
Empresário: O comerciante passou a ser chamado de empresário pelo Código Civil
de 2002, não importando se exerce atos de comércio ou produz bens ou presta
serviços. É a pessoa física ou jurídica que exerce profissionalmente atividade
econômica organizada, para a produção ou circulação de bens ou serviços voltada o
mercado, tendo pr objetivo o lucro, com exceção das atividades imobiliárias e das
profissões de natureza científica, literária ou artística. Seus deveres estão
estabelecidos no no artigo 967 do código Civil e na legislação em vigor.
Pessoa Jurídica
Em relação às pessoas jurídicas, temos os seguintes domicílios:
- Da União
- Do Distrito Federal
- Dos Estados
- Dos Territórios, as respectivas Capitais.
- Do Município, o lugar onde funcione a administração municipal.
- Demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcione sua administração ou onde
elegerem domicílio especial em seu estatuto ou atos constitutivos.
Estabelecimento: É o complexo de bens, materiais e imateriais, organizado, para o
exercício da empresa, por empresário (firma individual) ou por sociedade empresária
(sociedade comercial).
Composição do Fundo de Comércio: Dentre os elementos corpóreos podemos citar
os bens móveis: máquinas, móveis, utensílios, mercadorias, produtos etc e os bens
imóveis: a loja ou sala, o prédio, o terreno etc
Já dentre os elementos incorpóreos podemos destacar:
- ponto: o domínio sobre o local onde se desenvolve a atividade;
- nome comercial: firma ou denominação, não se confundindo com o nome fantasia ou
insígnia (José da Silva & Cia, Empresa de Rolamentos Martins S.A.).
acessórios ao nome comercial: insígnias, expressões ou sinais de propaganda,
apresentada ao mercado como sinal individualizador (Gilette, Extra, Hertz-Car).
- propriedade de marcas: privilégio de patentes de invenção, desenhos, modelos
industriais que distinguem produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou de
origem diversa, marcas de industria e comércio, recompensas industriais, em razão
do mérito ou qualidade do produto ou serviço.
- propriedade imaterial: o aviamento (luvas ou chaves), consubstanciado nas
instalações, localização, reputação e freguesia.
Registro Público: Nas Juntas Comerciais são arquivadas as matrículas das
sociedades empresariais; os atos ou contratos de constituição da sociedade e suas
alterações, anotadas as firmas do empresário individual e o nome comercial das
sociedades mercantis, e a autenticação dos livros comerciais.
Empresário Individual: O comerciante individual, chamado de empresa individual,
é a pessoa física que por ter aberto uma empresa individual passou a ser uma pessoa
jurídica, sujeitando-se a exercer direitos e responder por obrigações. Assim, ao
responde pelas dívidas, o patrimônio da empresa individual e da pessoa física serão
envolvidos, de forma ilimitada.
Nome Empresarial: Considera-se nome empresarial a firma (razão social) ou a
denominação adotada para o exercício da empresa. A expressão firma ou social ou
razão social é utilizada por todas as espécies de sociedades, exceto a sociedade
anônima, a qual deve, obrigatoriamente, adotar uma denominação social.
- Por firma também se entende a assinatura empresarial, ou seja, literalmente a
assinatura de quem representa a empresa, pessoa jurídica.
- Nome fantasia é a designação utilizada por uma empresa sob a qual ela se torna
conhecida do público. Esta denominação opõe-se à razão social, que é o nome
utilizado perante os órgãos públicos de registro das pessoas jurídicas.
Responsabilidade dos Cotistas ou Sócios
- Limitada: A responsabilidade é limitada ao valo do capital social subscrito e
integralizado (sociedade limitada, sociedade por ações).
- Capital: representados por cotas.
- Subscrição: obrigação de adquirir determinada quantidade de cotas, mediante
pagamento.
- Integralização: ato de pagamento das cotas subscritas.
- Sócios: aqueles que subscrevem e integralizam o capital social.
- Responsabilidade: os sócios respondem até o limite total do capital subscrito,
inclusive o restante a integralizar, não respondem subsidiariamente pelos débitos.
- Denominação: quando possível, deve dar a conhecer o objetivo da sociedade; ou
seus sócios, sempre seguida da expressão limitada, “Ltda”.
- Retiradas: os sócios recebem dividendos ou retiradas correspondentes aos lucros
sociais.
- Falência: após serem liquidados todos os bens da sociedade, e sendo esses
insuficientes para o pagamento dos credores, estes poderão se voltar contra os
sócios.
- Desconsideração da personalidade: comprovado que o enriquecimento dos sócios
causou prejuízo a terceiros, é possível a desconsideração da personalidade jurídica da
sociedade.
- Administração: a administração é estabelecida no contrato social.
- Ilimitada: A responsabilidade é ilimitada, os sócios respondem sem qualquer limite
ao capital subscrito e integralizado, havendo responsabilidade subsidiária e solidária,
dependendo do caso (sociedade em nome coletivo).
Bens
- Bens ou coisas são todos os objetos suscetíveis de conceder uma utilidade qualquer
ao ser humano.
Classificação dos bens:
Bens móveis:
- São bens imóveis o solo e tudo aquilo que se lhe incorpore natural ou
artificialmente.
Bens imóveis:
- Os direitos reais sobre os bens imóveis e as ações que os assegure.
- O direito à sucessão aberta.
Fato Jurídico
- É todo e qualquer fato que, na vida social, venha a corresponder ao modelo de
comportamento ou de organização configurado por uma ou mais normas.
- Fato Jurídico é a dimensão essencial do Direito.
Ato Jurídico
- É todo o ato lícito que tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir,
modificar ou extinguir direitos.
- A vontade é a declaração integra o ato jurídico.
Validade do Ato Jurídico: Para ser válido, todo ato jurídico requer os seguintes
elementos:
- Agente Capaz é aquele que se encontra, perante a lei, em condições de declarar a
sua vontade.
- Objeto do ato jurídico deve ser lícito, ou seja, não pode ser contrário à lei nem
aos bons costumes; possível de ser realizado, tanto física quanto juridicamente; e
determinado ou, ao menos, determinável.
- A forma do ato jurídico deve obedecer a lei, ou, no mínimo, não pode ser proibida
por ela.
Classificação dos Atos Jurídicos
- Atos unilaterais: São aqueles que para se produzirem necessitam apenas de uma
manifestação de vontade.
- Atos bilaterais: São aqueles que exigem para a sua formação o concurso de duas
ou mais vontades.
- Atos gratuitos: São aqueles que conferem vantagem ao beneficiário sem que o
mesmo se obrigue a uma contraprestação.
- Atos onerosos: São aqueles que conferem simultaneamente vantagens e
obrigações para ambas as partes.
- Atos Nulos: São os atos que carecem de validade formal ou vigência porque
padecem de um vício insanável, que os comprometem irremediavelmente.
- Atos anuláveis: São aqueles que se constituem com desobediência a certos
requisitos legais que não atingem a substância do ato, mas sim a sua eficácia,
tornando-os inaptos a produzir os efeitos que normalmente lhes deveriam
corresponder. Eles podem ser sanados.
- Atos Inexistentes: São aqueles que possuem um vício natural ou fático, devido à
falta de elementos constitutivos. Estes atos não chegam a ingressar no mundo
jurídico.
Negócio Jurídico: É a espécie de ato jurídico que, além de se originar de um ato de
vontade, implica a declaração expressa da vontade, instauradora de uma relação
entre dois ou mais sujeitos, tendo em vista um objetivo protegido pelo ordenamento
jurídico.
Relação Jurídica: Representa a relação entre duas ou mais pessoas com significado
jurídico, que oferece “cobertura protetora” da conduta humana e dos processos de
estruturação e garantia.
Requisitos para que haja uma relação jurídica:
- Uma relação intersubjetiva, ou seja, um vínculo entre duas ou mais pessoas;
- e que, esse vínculo corresponda a uma hipótese normativa, de tal maneira que
derivem conseqüências obrigatórias no plano da existência.
Elementos da Relação Jurídica:
- Sujeito ativo: é o titular ou beneficiário principal de uma relação.
- Sujeito passivo: é o devedor da prestação principal.
- Vínculo de atributividade: capaz de ligar uma pessoa a outra.
- Objeto: é a razão de ser do vínculo constituído.
- Obrigação: Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida
entre credor e devedor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica,
positiva ou negativa,devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o
adimplemento por meio de seu patrimônio.
Obrigações - Divisão
- Obrigação de dar: Tem como conteúdo a entrega de uma coisa. Essa coisa pode
ser certa (determinada) ou incerta (uma quantidade de certo gênero e não uma
coisa especificada).
- Obrigação de fazer: Tem como conteúdo uma atividade do devedor, em seu
sentido mais amplo. Trata-se ao lado da obrigação de dar de uma obrigação
positiva.
- Obrigação de não-fazer: Impõe ao devedor uma obrigação negativa. Ele se
compromete a deixar de fazer o objeto estabelecido, ou ainda, compromete a
abster-se de algo.
Crédito e Pagamento
- Crédito: É um valor no patrimônio do credor; um valor ativo. Ele possui um valor
de comércio.
- Pagamento: É o meio normal da extinção da obrigação e representa a forma de
liberação do devedor, mediante a prestação cumprida pelo obrigado.
Contratos Privados
Conceito Contrato é um acordo de vontades, na conformidade da lei, e com a
finalidade de adquirir, resguardar, transferir, conservar, modificar ou extinguir
direitos.
Função Social do Contrato
- Art. 421, CC – dispõe que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos
limites da “função social do contrato”.
- O contrato é o veículo indispensável de circulação de riquezas.
Condições de validade:
- Capacidade dos Contratantes: É o primeiro requisito, de ordem geral, para a
validade dos contratos. Caso os contratantes não sejam capazes, os contratos
poderão ser nulos ou anuláveis.
- Objeto lícito: O objeto do contrato deve ser lícito, não podendo atentar contra a
lei, a moral e os bons costumes. O objeto também deve ser possível, determinado
ou determinável.
- Forma: Ela deve ser prescrita ou não defesa em lei. Em regra, a forma é livre.
Mas, em alguns casos, a lei exige a publicidade.
Vícios do contrato: É um requisito de ordem especial, próprio dos contratos. Os
contratos devem ser livres e espontâneos, sob pena de ter sua validade afetada pelos
seguintes vícios ou defeitos dos negócios jurídicos:
- Erro;
- Dolo;
- Coação;
- Estado de Perigo;
- Lesão;
- Fraude.
Formação do Contrato: O contrato resulta de duas manifestações de vontade:
- A proposta: Também chamada de oferta, dá início à formação do contrato e não
depende de forma especial. É geralmente antecedida por uma fase de negociações
preliminares. A proposta vincula o proponente, podendo ser provada por
testemunhas. A sua retirada sujeita o proponente ao pagamento de perdas e
danos.
- A proposta deixa de ser obrigatória se, não foi imediatamente aceita.
- Se, feita sem prazo há pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para
chegar a resposta ao conhecimento do proponente.
- Proposta no CDC: O Código de Defesa do Consumido (CDC) regulamenta a
proposta, em seu arts. 30/35, nos contratos que envolvem as relações de consumo.
A mesma deve ser clara, séria, precisa e definitiva. Caso seja descumprida dá ao
consumidor a opção de execução específica, podendo ele optar por resolver o
contrato em perdas e danos.
A aceitação: Representa a concordância com os termos da proposta. É a
manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato. Ela
deve ser pura e simples. Se apresentada com alterações, modificações ou restrições,
importará em nova proposta (art. 431,CC).
A aceitação pode ser:
- Expressa: Quando decorre de declaração do aceitante, manifestando sua anuência.
- Tácita: Quando decorre da conduta do anuente, reveladora do consentimento.
Lugar da Celebração: De acordo com o art.435, CC: “reputar-se-á celebrado o
contrato no lugar em que foi proposto.”, porém, Obs: A Lei de Introdução ao Código
Civil estabelece que: “a obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no
lugar onde residir o proponente.”
Vícios Redibitórios: A coisa ou bem recebido em virtude de contrato comutativo
pode ser enjeitado por vícios ou defeitos ocultos, que o tornem impróprio para uso a
quem é destinada ou lhe diminuam o valor. O adquirente do bem pode, ao invés de
redibir o contrato, reclamar abatimento no preço do bem.
Evicção: Chama-se evicção a perda da coisa, por força da sentença judicial, que a
atribui a outra pessoa, por direito anterior ao contrato aquisitivo.
Formas de Extinção do Contrato: O contrato pode ser extinto das seguintes
formas:
- Distrato ou resilição bilateral (acordo de vontade entre as partes).
- Resilição unilateral (tem caráter de exceção)
- Exceptio non adimpleti contractus
- Resolução por onerosidade excessiva.
A EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO E NO ESPAÇO
LEI: Consiste numa regra de conduta geral e obrigatória. Emanada de um poder
competente e provido de coação,
PROCESSO LEGISLATIVO: Representa o conjunto de regradas que disciplinam a
elaboração da lei e compreende a elaboração de:
I - emendas à Constituição: São leis que modificam parcialmente a constituição,
porém não será objeto de emenda, a proposta de emenda tendente abolir a forma
federativa do Estado, o voto direto, secreto e periódico, a separação dos Poderes e os
direitos e as garantias individuais;
II - leis complementares: São aquelas que regulam os preceitos que não são auto-
aplicaveis da constituição e só serão aprovadas por maioria absoluta do Congresso
Nacional
III - leis ordinárias: São aquelas que regulam as relações comuns e cotidianas, ou
seja, resguardam a aquisição, a transferência e a extinção dos direitos e das
obrigações, determinando tudo aquilo que é permitido ou proibido.
IV - leis delegadas: São equiparadas as leis ordinária, porém são editadas pelo Poder
Executivo
V - medidas provisórias: São leis criadas pelo Poder Executivo para disciplinar casos
urgentes e relevantes e são validas pelo prazo de 60 dias prorrogáveis por igual
período. Se não forem aprovadas pelo Poder Legislativo, perdem a eficácia.
VI - decretos legislativos: São atos normativos administrativos de competência
exclusiva do Poder Legislativo.
VII – resoluções: Tratam dos interesses do Poder Legislativo e regulam matéria de
caráter político, administrativo ou processual (criação de uma CPI)
As leis podem classificar-se em:
Cogentes ou de ordem pública: São aquelas que por atender o interesse geral não
pode ser alterada, prevalecendo de modo absoluto sobre a vontade das partes. (L.
8.078/90).]
Dispositivas: Limita-se a estabelecer uma conduta ou um direito. Sem retirar do
destinatário a faculdade de alterá-la.
Vigência: A lei é levada ao conhecimento de todos através de sua publicação no
diário oficial, sendo que ninguém pode recusar-se a cumpri-la alegando seu
desconhecimento, porém sua obrigatoriedade está condicionada a sua vigência. Se
nenhum prazo for estabelecido, sua vigência inicia-se 45 dias após sua publicação
(vacatio legis).
CESSAÇÃO DA OBRIGATORIEDADE: Não se tratando de lei temporária, a lei terá
vigor até que outra a modifique ou a revogue. Revogar significa torná-la sem efeito e
pode ocorrer de duas formas:
Expressa: Quando a lei nova declara expressamente a revogação da lei anterior
TÁCITA: Quando a nova lei é incompatível com a anterior ou a regula de forma
completamente diversa a lei anterior.
IRRETROATIVIDADE: a lei é editada para disciplinar situações futuras, pois caso
contrário existiria a insegurança jurídica.
RETROATIVIDADE: Somente em casos especiais e existindo previsão legal a lei
poderá retroagir, isto é a exceção pois a lei deve respeitar:
O direito adquirido: É aquele que já se incorporou definitivamente ao patrimônio ou
personalidade do sujeito de direito
O ato jurídico perfeito: É aquele que foi praticado em certo momento ede acordo com
as regras vigentes à época.
A coisa julgada: Ou caso julgado, representa a qualidade atribuída aos efeitos da
decisão judicial definitiva que não comporta mais recursos.
NORMAS JURÍDICAS INVÁLIDAS: Pode ocorrer o fato de uma lei que seguiu todo
o processo legislativo seja inconstitucional, ou seja, contrarie a Constituição Federal,
neste caso as pessoas estarão obrigadas ao seu cumprimento até que a mesma seja
declarada inconstitucional em julgamento pelo STF. Podem propor a ADIn:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Lei 8.078/90 – Código de Defesa do Consumidor
Conceito: Conjunto de regras jurídicas que visa equilibrar as relações de consumo
de bens e serviços, preservando os interesses do consumidor.
Consumidor: Classifica-se como consumidor
- Aquele que adquire bens ou contrata a prestação de serviços como destinatário
final;
- Toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
- Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que
haja intervindo nas relações de consumo.
Fornecedor: Classifica-se como fornecedor
- Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Princípios: O CDC possui uma série de princípio que o norteiam, a saber:
I - Vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo;
II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor:
a) por iniciativa direta;
b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de consumo;
d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade,
segurança, durabilidade e desempenho;
III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e
compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a
ordem econômica (artigo 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-
fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus
direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo;
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de
qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos
alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de
consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações
industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar
prejuízos aos consumidores;
VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos;
VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo.
Direitos básicos do consumidor: O Código de Defesa do Consumidor, entre outras
finalidades, visa proteger o consumidor quanto:
- aos prejuízos à saúde e segurança;
- à educação sobre o consumo adequado, com liberdade de escolha e a igualdade de
contratação; à informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,
sua quantidade, características, composição, qualidade e preço;
- à publicidade enganosa; à modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam
prestações desproporcionais ou excessivamente onerosas;
- à efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;
- ao acesso aos órgãos judiciários e administrativos para a busca da reparação de
danos;
- à facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, observada a verossimilhança e a hipossuficiência;
- à adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Responsabilidade: O fabricante, o produtor, o construtor e o importador,
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos
causados ao consumidor por defeitos. O profissional da comunicação também será
responsabilizado se agir com culpa.
Defeito: O defeito que dá margem à reparação do dano não é o defeito estético, mas
o defeito de substância, de concepção, determinando o recolhimento do produto em
razão do seu processo produtivo.
Qualidade e quantidade
- Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de qualidade e quantidade
que tornem o produto impróprio ou inadequado ao consumo, ou lhe diminuam o valor.
- O vício de qualidade atinge a estética, o funcionamento ou a qualidade do produto.
Direitos: Não sendo sanado o vício, em 30 dias, pode o consumidor exigir:
- A substituição do produto;
- A restituição da quantia paga;
- O abatimento proporcional do preço
Serviços: Igualmente respondem pelos vícios de qualidade os fornecedores de
serviços e pela disparidade com as indicações publicitárias, podendo o consumidor
exigir:
- Restituição imediata da quantia paga;
O abatimento do preço;
- Reexecução dos serviços.
Oferta ou mensagem publicitária: Toda informação ou publicidade,
suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação com
relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a
fizer veicular ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Forma de apresentação: A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem
assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa
sobre suas características, qualidade, quantidade, composição, preço, garantia,
prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Descumprimento da oferta: Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar
cumprimento à oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá,
alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou
publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia e eventualmente
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
A PUBLICIDADE: Deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e
imediatamente, a identifique como tal.
O briefing: O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá em
seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e
científicos que dão sustentação à mensagem.
O consumidor lesado pela publicidade enganosa ou abusiva pode fundamentar a sua
pretensão com fundamento no art. 186 do novo Código Civil, pois, ao prescrever a
inversão do ônus da prova quanto à veracidade e correção do conteúdo veiculado, o
art. 38 do Código de Defesa do Consumidor "atribuiu à responsabilidade civil do
fornecedor pela publicidade enganosa a natureza de subjetiva com presunção
de culpa". Dessa forma, o fornecedor somente se isentará da responsabilidade se
conseguir provar que "não incorreu em publicidade enganosa, através da
demonstração da veracidade e correção do conteúdo veiculado ou mesmo
demonstrando a impossibilidade de um consumidor médio ser levado a erro pela
mensagem questionada". Trata-se, portanto, de responsabilidade objetiva do
fornecedor quanto à veracidade e correção do produto e/ou serviço anunciado.
Essa responsabilidade dos fornecedores pela publicidade abusiva ou enganosa vale
também para as agências publicitárias, sob o argumento de que essas entidades,
embora estejam, em regra, sob o comando do anunciante, dão à publicidade a
característica da ilicitude. Além disso, as agências publicitárias têm o dever de
verificar as informações contidas no briefing fornecido pelo anunciante, tendo em
vista o disposto no par. único do art. 36 do Código de Defesa do Consumidor, que
determina ao fornecedor a manutenção das informações sobre os dados fáticos,
técnicos e científicos relativos às mensagens publicitárias.
Publicidade enganosa: Qualquer modalidade de informação ou comunicação de
caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo,
mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer
outros dados sobre produtos e serviços.
Publicidade Abusiva: Dentre outras, a publicidade discriminatória de qualquer
natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da
deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais,
ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou
perigosa à sua saúde ou segurança.
Publicidade enganosa por omissão: Ocorrerá quando deixar de informar sobre
dado essencial do produto ou serviço.
Práticas Abusivas: Comportamentos que podem ser considerados abusivos:
- Venda casada;
- Colocar no mercado produto e serviço com alto grau de nocividade ou
periculosidade;
- Comercializar produtos e serviços impróprios;
Não dispor ou não empregar peças de reposição adequadas;
- Veicular publicidade clandestina ou abusiva. Não manter estoque conforme a
demanda;
- Prevalecer-se da ignorância do consumidor para impingir-lhe seus produtos;
- Executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do
consumidor;
- Colocar no mercado qualquer produto em desacordo com as normas dos respectivos
órgãos oficiais.
Proteção Contratual: As relações jurídicas são realizadas com base no princípio da
boa-fé.e as partes devem estar imbuídas de lealdade e boa-vontade.
- Todas as formas de contratação são admitidas (escritas, verbais, por
correspondência, via telefônica ou por adesão);
- O contrato deve conter seus elementos essenciais (declaração de vontade, forma
não proibida em lei, objeto lícito);
- As cláusulas contratuais ambíguas ou obscuras são interpretadas favoravelmente ao
consumidor.
BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES: O consumidor terá
acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e
de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes,
devendo os cadastros e dados de consumidores ser objetivos, claros, verdadeiros e
em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas
referentes a período superior a 5 (cinco) anos.
- A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser
comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele.
- O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá
exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de 5 (cinco) dias úteis,
comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas.
- Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção
ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público.
Infrações e Sanções: Aqueles que infringem o CDC estão sujeitos a seguintes
penalidades:
- Penais (crimes contra as relações de consumo);
- Multa;
- Prestação de serviços à comunidade;
- Penas privativas de liberdade (detenção).
RESPONSABILIDADE CIVIL
Toda ação ou omissão praticada por alguém que resulte em dado, gera o DEVER de
indenizar.
Fundamento legal: Artigo 5o, X, Constituição Federal: São invioláveis a intimidade, a
vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente da violação.
Artigo 186 do Código Civil: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.
Formas:
Responsabilidade objetiva – Teoria do risco (sempre presente nas relações de
consumo)
Responsabilidade subjetiva – Depende da apuração da culpa (sem culpa não existe
dano)
Para apuração da culpa é necessário observar se o evento era previsível ou não, onde
devem ser considerados dois fatores:
Intenção (dolo) – Ação voluntária
Culpa (sem intenção) – Depende da apuração da negligência e da imprudência.
Negligência – falta de atenção ao praticar uma conduta.
Imprudência – agir sem as cautelas necessárias no desenvolvimento de uma
atividade.
Ação ex delicto: A ação penal tutela os direitos indisponíveis , assim sendo o Estado
irá, necessariamente, apurar todo crime que chegar ao seu conhecimento. Como a
responsabilidade penal independe da cível, (art. 91, I, Código Penal e art. 63 do
Código de Processo Penal), caso o agente seja condenado na esfera penal, a sentença
condenatória poderá ser utilizada na esfera cível para receber a indenização devida
pelo crime cometido, frise-se que, para isso não será necessária a produção de
nenhuma prova, pois todo processo correu na esfera criminal.
Responsabilidade Contratual: O descumprimento de um contrato envolve a
violação de cláusula inserida no mesmo, além da cobrança da multa correspondente,
poderá haver a cobrança das perdas e danos (lucros cessantes e danos emergente).
Responsabilidade extra-contratual: Quando os danos não derivam de um contrato
diz-se que a responsabilidade é extra-contratual, pois há violação há um dever legal,
sem existir vinculo antecedente entre o causador do dano e a vitima.
Diferenças: Na responsabilidade contratual as partes podem livremente estabelecer
os termos de um contrato desde que não contrarie a lei. Caso uma das partes se sinta
prejudicada pelo descumprimento deste contrato e queira receber pelos prejuízos
sofridos, deverá provar que determinada cláusula do contrato não foi cumprida.
Responsabilidade pré-contratual: É aquela correspondente a publicidade ou oferta
de produtos por qualquer meio de comunicação. Toda oferta feita por qualquer forma
que chegue ao conhecimento do consumidor possui caráter obrigatório. Havendo
recusa imotivada poderá ocorrer a necessidade de reparar os danos provocados por
esta conduta.
Pressuposto da responsabilidade:
Deve sempre existir a ação ou a omissão;
A culpa do agente (agir com negligência ou imprudência);
Relação de causalidade;
Dano (moral e patrimonial).
Valoração dos danos: Ao quantificar o valor devido a título de indenização o juiz
pode, a requerimento da parte fixar livremente o valor a ser pago (art. 5o, X, da CF). A
regra prevista no artigo 51 da lei de imprensa (20 salários mínimos) e no artigo 84 do
Código Brasileiro de telecomunicações (50 salários mínimos) não são aceitas pela
justiça, pois, por vezes, a vítima não consegue provar o prejuízo material, neste caso
de acordo com a regra contida no art. 953 do Código Civil, o juiz poderá fixar o valor
a ser pago.
Responsabilidade por ato próprio: Eventualmente o profissional da área de
comunicação pode praticar um dos crimes abaixo, que irá gerar o dever de indenizar,
são elas:
CALÚNIA: imputar falsamente a alguém ato definido como crime.
DIFAMAÇÃO: atribuir fato ofensivo à reputação do ofendido.
INJÚRIA: Ofender o decoro ou a dignidade da vítima.
Responsabilidade por ato de terceiros: Poderá ocorrer quando o causador do dano
não coincidir com o responsável pela reparação. Exemplo: Os pais são responsáveis
pelos filhos menores ou então os donos dos estabelecimentos são responsáveis pelos
atos de seus funcionários, sejam eles jornalistas, redatores, diretor, chefe de
programa, direitos de agência, publicitários ou designers.
Cláusulas de não indenizar: Na relação de consumo são nulas de pleno direito por
serem abusivas e deixarem o consumidor em excessiva desvantagem. A título de
exemplo podemos citar aquelas mensagens que surgem no inicio da programação
alertando os consumidores de que a emissora não é responsável pelo conteúdo da
programação adquirido de terceiros. Como já dito, a responsabilidade nestes casos é
objetiva, além do mais a empresa recebe valores para inserir na sua programação a
divulgação de produtos, assim sendo, deve recusar tudo aquilo que pode causar
danos a terceiros.
Serviços Gratuitos: Mesmo o produto ou o serviço sendo gratuito (estacionamentos,
amostras grátis, jornais gratuitos) caso provoquem dano ao consumidor , em
decorrência da responsabilidade objetiva, haverá necessidade de indenizar os
prejuízos da pessoa lesada, haja vista que o CDC estabelece que a responsabilidade
nas relações de consumo é objetiva, ou seja, o fornecedor deverá indenizar o lesado
independentemente da existência da culpa.
Exemplo: Reprodução de fotoJornal gratuito deve indenizar se viola direitos autorais
A indenização por violação de direitos autorais deve ser paga independentemente se
a publicação é gratuita ou não. O entendimento é do desembargador Salles Rossi, da
8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo. Ele mandou a
empresa FLC comunicações, que publica o Jornal do Trem, pagar R$ 22 mil de
indenização por danos morais e materiais ao fotógrafo Alexandre Barros Gomes.
De acordo com o processo, o jornal utilizou em uma de suas edições uma foto tirada
do site do fotógrafo na internet sem a sua autorização. Por esse motivo, ele recorreu
à Justiça. Pediu indenização por danos morais e materiais. O pedido foi aceito em
primeira e segunda instâncias.
Na discussão de mérito, entre outros argumentos, a defesa do jornal alegou que a
indenização não seria cabível. Motivo: a distribuição do jornal é gratuita.
O argumento não foi aceito. Para o relator, embora o jornal seja distribuído
gratuitamente, ele tem lucros indiretos com a venda de espaços publicitários em
suas edições.
Segundo o advogado do fotógrafo, Marcos Gomes da Silva Bruno, do Opice Blum
Advogados, “a decisão é um importante precedente, na medida em que aplica
adequadamente a Lei, que não exige lucro, direto ou indireto, para que a violação de
direitos autorais se configure”.
Para o advogado, a condenação representa uma demonstração de que o Poder
Judiciário está pronto para coibir a cópia e reprodução ilícita de conteúdos
divulgados pela internet, que apresentam absoluta proteção. A empresa ainda pode
recorrer.
Fonte: Consultor Jurídico, 15 de outubro de 2007
RESPONSABILIDADE PENAL:
Conceito: É o conjunto de normas jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado,
tendo em vista os fatos de natureza criminal e as medidas aplicáveis a quem os
pratica.
Abrangência: No âmbito da comunicação social os crimes podem ser classificados de
duas maneiras, a saber:
- CRIMES DE INFORMAÇÃO: São aqueles que correspondem a tipos de
comportamento delitivo relacionado ao conteúdo da comunicação, Ito é, as
mensagens publicitárias.
- CRIMES DE TELECOMUNICAÇÃO: São aqueles que dizem respeito aos veículos de
comunicação em si mesmas.
Fontes do direito penal:
- A principal fonte é a Constituição Federal e o Código Penal (Decreto-lei nº
2.848/40).
- Fora do Código Penal, existem numerosas leis, especificamente penais ou com
dispositivos penais, que constituem a legislação extravagante.
Princípios que norteiam o direito penal:
- “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”
- “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”.
- “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação
legal”.
- “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença
condenatória, garantindo-se sempre a ampla defesa”.
Sujeito Ativo: ou agente é a pessoa que pratica o fato considerado como crime,
sendo que São penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, sujeitos às normas
da legislação especial.
Sujeito Passivo: Sujeito passivo é a pessoa que sofre o crime
Crimes e Penas
Tipo penal é a descrição da conduta prevista na lei.
As infrações penais podem ser divididas em crimes ou delitos e contravenções:
- Crime: é o fato típico antijurídico
- Contravenção: é uma ofensa menos grave que o crime, sendo punida com menor
rigor.
Elementos Objetivos e Subjetivos
- Objetivos do crime: correspondem à materialidade do fato.
- Subjetivos do crime: versam sobre particularidades psíquicas da ação.
Dolo: De modo geral o agente visa um resultado que acaba ocorrendo, porém não de
modo previsto, mas em razão de outras circunstâncias praticadas, que podem ser
classificadas da seguinte maneira:
- Dolo específico: refere-se a um fim específico almejado pelo agente, como o de
fraudar o recolhimento de um tributo.
- Dolo genérico: é aquele em que o agente quer o resultado ou assume o risco de
produzi-lo, é o dolo comum.
- Dolo direto: é o que o agente quer o resultado.
- Dolo indireto: o objetivo da ação é dividido entre dois ou mais resultados, como
roubar e matar.
- Dolo eventual: há a produção de um resultado danoso, embora o agente não o
deseje, mas aceita-o como conseqüência de sua ação.
Culpa: É a ação ou omissão decorrente de negligência, imprudência ou imperícia na
prática do ato.
- Negligência: é a displicência.
- Imprudência: é a conduta precipitada.
- Imperícia: é a falta de habilitação técnica para certa atividade.
Crimes
- O resultado do crime só é imputável a quem lhe der causa. Considera-se causa a
ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
- Crime preterdoloso (preterintencional): é aquele em que a vontade do criminoso,
dirigida à prática de um crime menos grave, foi superada por um resultado mais
grave, imputável a título de culpa, de maneira que estabelece uma causalidade
psíquica complexa, por dolo no antecedente e culpa no conseqüente.
- Crime consumado: quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição
legal.
- Crime tentado: quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente.
- Crimes hediondos: são os definidos na lei nº 8.072/90, sejam eles consumados ou
tentados (grupos de extermínio, seqüestro, genocídio, trafico de drogas etc.)
Exclusão da Ilicitude Penal: Não há crime quando o agente pratica o fato: em
estado de necessidade; em legítima defesa; em estrito cumprimento de dever legal ou
no exercício regular de direito.
- Concurso material: quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicando-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido.
- Concurso formal: quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois
ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se
iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade.
- Crime continuado: quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão,
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar,
maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havido como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Sursis: representa a suspensão condicional da pena, que ocorre quando a execução
da pena privativa de liberdade, não superior a dois anos, pode ser suspensa, pode ser
suspensa, por dois a quatro anos, desde que:
- o condenado não seja reincidente em crime doloso; a culpabilidade, os antecedentes,
a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias
autorizem a concessão do benefício; não seja indicada ou cabível a substituição da
pena.
Extingue-se a punibilidade:
pela morte do agente; pela anistia, graça ou indulto; pela retroatividade de lei que
não mais considera o fato como criminoso; pela prescrição, decadência ou
perempção; pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de
ação privada; pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; pelo perdão
judicial, nos casos previstos em lei.
Alguns Tipos Penais
- Calúnia (art. 138 CP): imputar falsamente fato definido como crime.
- Difamação (art. 139 CP): imputar fato ofensivo à sua reputação.
- Injúria (art. 140 CP): ofender a dignidade ou o decoro.
- Contrafração: representa violação aos direitos de autor e os que lhe são conexos.
- Violar direitos do autor e os que lhe são conexos.
- Crimes contra relação de consumo (art. 64, 66 e 68) consistem em fazer propaganda
que sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva ou então omitir informações de
produtos com defeitos ou impróprios para o consumo.
- Concorrência desleal: é aquela que visa obter vantagem indevida sobre os
concorrentes, está disposta no art. 195, I, da lei 9.279/96.
- Crimes contra a criança (Lei 8.069/90).
- Prevaricação: retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento
pessoal.
- Tráfico de Influência: solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem,
vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por
funcionário público no exercício da função.
- Corrupção ativa: oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público,
para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício.
- Lesão corporal: ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem.
- Homicídio: matar alguém.
- Latrocínio: roubo seguido de morte.
- Furto: subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel.
- Roubo: subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça
ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
impossibilidade de resistência.
- Apropriação indébita: apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a
detenção.
Efeitos da condenação penal: A empresa ou particular que for condenado na esfera
criminal poderá ser acionado na justiça cível para reparar os danos provocados.
Neste caso não existe a necessidade de nada ser provado, pois basta a condenação
criminal.
DIREITO AUTORAL:
Propriedade intelectualTecnologia ameaça intermediários do direito autoral
Centro do debate, e de críticas, sobre direitos autorais, o Creative Commons é um projeto que pretende equilibrar dois direitos aparentemente conflitantes: a propriedade intelectual e o acesso amplo.
O projeto foi criado pelo professor Lawrence Lessig, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Através de
uma licença Creative Commons, o autor da obra especifica como ela poderá ser usada por quem a adquire, sem os rigores das leis de propriedade intelectual ou de patentes.
Em entrevista para a Consultor Jurídico, o coordenador do projeto Creative Commons no Brasil, Ronaldo Lemos, defende a exploração dos direitos autorais pelo próprio autor. Segundo ele, há limitações para que o dono da obra exerça o direito sobre ela. Se antes era necessário a intervenção de intermediários, hoje, as tecnologias permitem o controle da obra pelo autor.
Mas as leis ainda são restritas. De acordo com o professor da FGV Direito Rio, a arrecadação dos direitos autorais de música só pode ser feita pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), um sistema que não diminui a quantidade de intermediários e apresenta falhas na distribuição do valor arrecadado.
Nas últimas semanas, o debate tem se concentrado na área musical. O ministro Gilberto Gil, que tem algumas de suas obras licenciadas pelo Creative Commons, tem sido acusado de não defender os direitos dos autores. O próprio projeto tem sido alvo de críticas por parte de músicos e associações arrecadadoras.
Entretanto, Ronaldo Lemos explica que o Creative Commons não se limita a pensar o direito autoral relacionado à música. Mais do que isso, o projeto se propõe a discutir as novas tecnologias e a possibilidade de se difundir o conhecimento das mais diversas áreas.
Para ele, é necessário uma mudanças nas regras, mas não sem antes realizar um estudo sobre os impactos que essas modificações poderão causar. “Sem uma análise racional, a mudança em um dispositivo da lei terá um caráter político”, constata.
Formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado na Universidade de Harvard e doutorado também pela USP, Ronaldo Lemos teve uma carreira dupla de advogado e professor. “Comecei a trabalhar com internet porque eu percebia as contradições entre a prática jurídica durante o dia e a parte teórica durante a noite”, afirma. Atualmente, não advoga mais e leciona Propriedade Intelectual para alunos de graduação e pós-graduação da FGV Direito Rio, além de se dedicar a pesquisas nessa área.
Leia a entrevista
ConJur — Tem se falado muito no projeto Creative Commons em relação à música. Mas o projeto não discute apenas o direito do autor, há também uma preocupação com o acesso ao conhecimento. Não estão distorcendo a idéia do Creative Commons?
Ronaldo Lemos — O projeto não se restringe à música. Uma importante aplicação das licenças, através do Creative Commons, envolve o conhecimento científico, materiais didáticos e até projetos de arquitetura. Não pretendemos ampliar o acesso ao conhecimento ao máximo. Nosso objetivo é o equilíbrio entre proteção e acesso. A lei pendeu demais para um lado e se esqueceu de cuidar de outro. Na área do conhecimento científico é fundamental ter um modelo de licenciamento como o Creative Commons para garantir que a informação seja livremente acessível. Se a pesquisa é financiada por dinheiro público, é preciso que o conhecimento seja disponibilizado para a sociedade. As pessoas ligadas à música enxergam um debate muito imediato que tem a ver com a crise da indústria musical.
ConJur — Quais os outros aspectos do direito autoral que é preciso debater?
Ronaldo Lemos — A discussão tem se focado apenas em uma das crises pela qual o direito autoral vem passando, que é a da efetividade. Não conseguimos fazer cumprir o direito autoral. Mas, além desta, há outras duas, que é a crise de legitimidade, em que se questiona se o direito autoral é, de fato, o modelo ideal; e a econômica ligada ao modelo de negócios. Para o problema de efetividade, a resposta é polícia, repressão e maiores penas. Mas, pelo debate, fica a impressão de que, com investimento em leis mais severas e em reforço policial, a pirataria será resolvida. Não é verdade, pois a efetividade é apenas um dos aspectos.
ConJur — Além da pirataria, tem se discutido o poder do autor sobre sua obra. Qual o motivo de tanto barulho?
Ronaldo Lemos — Durante o século XX, quem exercia o direito autoral eram os intermediários. Fazia sentido, pois eram necessários recursos vultosos para fazer circular qualquer tipo de obra. Já no século XXI, devido à tecnologia digital, o investimento para a produção e circulação das obras deixa de ser o fundamental. A partir de agora, a questão é quem vai exercer os direitos autorais em nome do autor. Cabe ao autor tomar as decisões que considera mais importantes para sua obra. Ele não precisa mais de alguém para exercer os direitos por ele.
ConJur — Mas o autor ainda depende de intermediários.
Ronaldo Lemos — Sim. Pela lei, o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) tem a atribuição de recolher os direitos autorais em regime de monopólio. O curioso é que a lei não estabelece o monopólio para nenhuma outra área da cultura além da música. Toda vez que a música toca na televisão, no rádio, na academia, no shopping, em festa, é preciso emitir e pagar um boleto.
ConJur — Como é feito esse cálculo do direito autoral?
Ronaldo Lemos — Geralmente, cobra-se um percentual de 2,5% sobre o faturamento da emissora. Os cinemas também têm de pagar o Ecad. O
interessante é que a produção do filme já licenciou a música e pagou o autor para usá-la. O sistema para arrecadar está pronto, e de certo modo, está funcionando, porque todo ano se arrecada mais. Em 2000, o Ecad arrecadou R$ 115 milhões. Em 2006, foram R$ 260 milhões. O problema é que o valor não chega de modo adequado aos respectivos membros das associações.
ConJur — Por que?
Ronaldo Lemos — Primeiro porque a distribuição do valor arrecadado é feito por uma amostragem junto às rádios. Mas a música que está tocando na rádio não é necessariamente a mesma da academia ou do shopping. Com a tecnologia digital, não é necessário ficar na amostragem, pois dá para saber exatamente quem tocou o quê e aonde. O segundo problema é que cada membro da cadeia cobra uma parte do serviço para arrecadar e distribuir. Só que esse valor não é atribuído pelo mercado, pois não existe concorrência.
ConJur — Se não há concorrência, há opção para o autor?
Ronaldo Lemos — Não há como trabalhar com outro escritório senão o Ecad. Pode-se optar por uma sociedade arrecadadora (União Brasileira de Compositores, Associação Brasileira de Músicos, etc). Mas estas também ficarão com uma parte do dinheiro pelos seus serviços. O valor será repassado para a editora do artista, que também ficará com uma parte. Só depois é que o artista recebe, quando recebe. São três intermediários nesse sistema.
ConJur — Há quem esteja satisfeito.
Ronaldo Lemos — Há um grupo de 200 artistas que está satisfeito. Mas há milhões de criadores intelectuais na área de música para quem a arrecadação deixa a desejar. Produzir música se tornou muito mais fácil do que era nas décadas passadas. Os novos criadores também precisam ser representados. O dilema que se coloca é como criar um mecanismo que consiga sustentar esses milhões de autores.
ConJur — Em que o projeto Creative Commons pode beneficiar essa nova geração de artistas que está surgindo?
Ronaldo Lemos — O Creative Commons permite cortar os intermediários e por isso é tão criticado. A licença de uso mais usada do Creative Commons veda o uso comercial. Isso significa que é possível colocar a música na internet e mandar para os amigos ou permitir que seja tocada em uma escola. Mas, se quiserem colocá-la na novela da Rede Globo, tem que recolher direito autoral.
ConJur — Mas é o Ecad quem continua a recolher os direitos autorais para a utilização comercial das obras.
Ronaldo Lemos — Mas o que o Creative Commons está começando a questionar é por que o artista não pode criar suas próprias regras. Por exemplo, licencia sua obra para fins não comerciais e do lado da música apresenta um link perguntando “Quer usar para fins comerciais? Clique aqui”. Ao clicar, aparece uma tabela de preços especificando o valor para incluir a música em um filme, para tocá-la em determinado lugar. Por que os artistas não podem se congregar em uma sociedade arrecadadora em que eles mesmos criem as regras do jogo?
ConJur — Não podem?
Ronaldo Lemos — Sim, eles podem criar uma associação. Mas como a lei só permite a arrecadação através do Ecad, resta se filiar ao escritório. Mas a associação terá outro problema. O estatuto do Ecad diz que o poder de voto dentro do escritório de arrecadação corresponde ao valor arrecadado no ano imediatamente anterior. A representação no Ecad funciona de modo a contemplar quem tem mais dinheiro. Quando a associação se junta ao Ecad o poder político inicial que possui é zero. O que estamos tentando mostrar é que há possibilidade de os artistas exercerem seus próprios direitos e, com isso, serem mais bem remunerados, além de ter condições de fiscalizar de uma forma mais precisa. O problema da arrecadação – e não sou eu quem digo – é que o Ecad é uma caixa preta. Existe um projeto de lei em tramitação no Congresso que pretende obrigar o Ecad a tornar suas contas públicas. Hoje, elas não são.
ConJur — Mas através do Ecad a fiscalização pode ser feita no Brasil inteiro. Não há esse benefício?
Ronaldo Lemos — É muito difícil fiscalizar, razão de existência do Ecad. O problema é que montaram uma estrutura que só fiscaliza. Melhoraram a arrecadação, mas o mesmo não foi feito quanto à distribuição. No mundo ideal, se o Ecad funcionasse plenamente, a gente nem estaria discutindo isso. Todos estariam satisfeitos. Tem de pensar em alguma solução, porque, do jeito que está, não agrada nem os próprios membros da instituição.
ConJur — É preciso mudar o sistema de arrecadação?
Ronaldo Lemos — Não sei. Primeiro é preciso fazer um estudo econômico que inclua a satisfação dos usuários do Ecad. Não queremos cometer o mesmo erro que tem se cometido. Todas as modificações na lei de propriedade intelectual não são feitas com base em um estudo de impacto. Sou contra uma mudança sem que seja feita uma análise ou ignorem os autores, possuidores do serviço.
ConJur — Não há estudos sobre isso?
Ronaldo Lemos — Não. Isso é que me deixa perplexo. Existe uma profusão de estudos sobre o setor bancário, de serviços públicos, petróleo, televisão. Já em relação ao serviço de arrecadação de direito autoral, não há nada. É preciso
conhecer o que temos, quais as ferramentas, como elas estão funcionando para saber o que precisa aperfeiçoar.
ConJur — Como foi estipulado o prazo de 70 anos a partir da morte do autor para que as obras caiam em domínio público?
Ronaldo Lemos — A primeira lei de direitos autorais, de 1828, protegia o direito autoral por 10 anos desde a publicação. A segunda, pouco depois, estabelecia a proteção por 10 anos depois da morte do autor. A terceira lei mudou para 50 anos depois da publicação. Houve uma nova mudança e ficou estabelecido o prazo de 60 anos após a morte do autor. Por fim, aumentaram para 70 anos. É uma curva que só tem subido. Todas essas modificações não foram feitas com base em um estudo, mas devido a uma idéia que não tem comprovação econômica ou social. Na Inglaterra o prazo é de 50 anos depois da publicação. A obra dos Beatles vai começar a cair em domínio público em breve. A industria tem um lobby para estender o prazo, mas não só para as músicas como para texto, filme, foto, quadro. O mesmo aconteceu nos Estados Unidos com o Mickey Mouse. Como na Inglaterra a indústria começou a pressionar, o governo contratou um economista acima de todas as suspeitas, que realizou um estudo sobre o prazo de proteção. A conclusão a que ele chegou é que nada no mundo justificaria estender o prazo. O direito autoral existe para incentivar a criação. Se a obra já está criada, como é que se incentiva a criação de algo já criado?
ConJur — A regulamentação da internet também tem sido feita dessa maneira, sem estudos?
Ronaldo Lemos — Não tem lei especifica no Brasil para os crimes cometidos no mundo virtual. Aplicam-se as mesmas regras do mundo real, por exemplo, no caso de estelionato. A ordem natural das coisas, na maioria dos países, é primeiro regulamentar a internet a partir do Direito Civil. Depois, para o que não der certo, usa-se o Direito Penal. Este deve ser o último recurso, porque põe gente na cadeia. Só que hoje existe uma pressão muito grande para que se faça a regulamentação penal antes de fazer a civil. Não faz sentido querer regulamentar a internet, que é algo complexo e que muda todos os dias pelo Direito Penal. É um erro crasso.
ConJur — E as regras que já existem, é preciso mudá-las? Em que sentido?
Ronaldo Lemos — É preciso ter regras claras. Deve-se esclarecer o que as pessoas podem fazer. Como professor, não sei qual é o limite para distribuir material aos alunos em sala de aula. A lei permite a cópia de pequenos trechos para uso privado quando feita pelo próprio copista, sem intuito de lucro. O que é um pequeno trecho? É uma palavra, uma faixa? Não diz. Toda vez que me deparo com esse problema, fico insatisfeito com o regime. Não sou o único. Qualquer professor enfrenta esse dilema. Cria uma incerteza gigantesca no mercado. Se as regras não forem muito claras, afetarão a legitimidade do sistema como um todo.
ConJur — Em casos de obras literárias, como proteger o autor sem prejudicar o acesso?
Ronaldo Lemos — Uma das possibilidades que é adotada, por exemplo, na França, na Alemanha e na África do Sul, é a arrecadação de um valor a ser repassado para o autor toda vez que se tira uma cópia de sua obra. Se a cópia custa sete centavos, paga-se oito e um centavo vai para o direito autoral. No Brasil, isso nem é discutido, foca-se na crise de modelo de negócio. A estrutura antiga fica cada vez mais insustentável, porque hoje tem copiador em quase todo lugar. Em vez de criar um modelo novo, ficam no velho discurso de efetividade e dizem que se as pessoas cumprissem a lei, não haveria esse problema. Caímos, então, em uma questão econômica. O livro é caro. No Brasil custa 20 dólares, que corresponde mais ou menos ao preço nos Estados Unidos. Só que a renda do brasileiro é seis vezes menor. São vários interesses em jogo. Mas nada impediria, por exemplo, criar um sistema em que se remunerasse as pessoas por cada cópia efetivada. Temos que pensar em alternativas para que as pessoas façam as pazes com a tecnologia.
ConJur — Em um dos seus artigos, o senhor estabeleceu com clareza o que podia ser feito e, mesmo com condições específicas, é permitida a cópia. Isso não cria um conflito com a editora?
Ronaldo Lemos — Há editoras com diferentes restrições. O meu livro foi publicado pela editora da Fundação Getúlio Vargas, que é uma editora comercial. Ela não sabia o que era Creative Commons, mas foi feita uma conta para saber se valia a pena publicar. Colocamos no papel o número de pessoas que eu achava que iriam comprar o livro. Deu “x”. E quantas deixariam de comprar o livro, já que foi licenciado através do Creative Commons? Deu “y”. Quantas pessoas eu achava que comprariam o livro, porque, de alguma forma, tomaram conhecimento dele pelo fato de ter sido publicado com a licença do Creative Commons? Deu “z”. Como “z” foi maior do que “y”, então valia a pena. O público que compra o livro é aquele que quer o livro na estante. Há um público inesperado que descobre o livro, prefere ler com calma e o adquire. E há aqueles que pelo livro estar disponível, lê o que precisa e não quer saber mais. É um cálculo muito racional, não é algo dramático. Meu livro foi publicado dessa forma e vendeu praticamente duas vezes mais cópias físicas do que o número de download na internet. Essa discussão é mais sofisticada do que parece.
ConJur — Mas leitura pela internet ainda não é incômoda?
Ronaldo Lemos — As pessoas dizem que ninguém lê na internet. É mentira. Tem milhares de pessoas que passam o dia inteiro na frente do computador. Não se lê um romance como Guerra e Paz, do Tolstoi, na internet, mas lê uma informação aqui, outra ali, responde e-mails. Se somar o que foi lido durante o dia, é possível que se tenha lido capítulos de um livro. Talvez o problema não esteja na mídia, mas na linguagem utilizada. No Japão, por exemplo, acabaram de inventar o romance por celular. Não é pegar um livro e mandar para o celular. São escritores que se especializaram em escrever textos para as pessoas lerem no trem pelo celular. É um mercado que não existia, saiu do zero, e hoje gira em
torno de 80 milhões de dólares anuais. A história é vendida e a pessoa lê os seus capítulos feitos sob medida para aquela mídia.
ConJur — O que muda é o tipo de negócio?
Ronaldo Lemos — No caso da música, o que está morrendo é o suporte e não a comercialização. A venda está se transformando. Hoje, a tendência mundial é deixar de vender a música como produto e passar a comercializar, por exemplo, a assinatura. Vários países têm experimentado cobrar um pouco mais pela assinatura de um provedor de internet em troca do conteúdo. O importante é experimentar novas possibilidades para que se descubra qual é o caminho. Ninguém sabe, estamos em um momento de transição. O que sabemos é que o modelo antigo não funciona mais.
ConJur — As escolas de Direito da Fundação Getulio Vargas no Rio de Janeiro e em São Paulo assinaram um acordo com a Universidade de Yale para fazer uma pesquisa em conjunto sobre propriedade intelectual. Qual a importância de estudar o tema com uma universidade americana?
Ronaldo Lemos — Em 1996, os países que faziam parte da Organização Mundial do Comércio (OMC), dentre eles o Brasil, assinaram um tratado que uniformizou a propriedade intelectual no mundo inteiro, uma globalização das leis. As leis brasileira, americana e dos países europeus são baseadas na mesma matriz. O país que sair dela recebe sanções. A importância da parceria com a universidade de Yale é justamente derivada dessa globalização das normas de propriedade intelectual. O Brasil e os Estados Unidos enfrentam os mesmos dilemas sobre o acordo tríplice da OMC. É importante cooperar e ver as diferentes perspectivas, soluções e necessidade, com base nessa moldura global.
ConJur — Vocês já têm algum resultado?
Ronaldo Lemos — Já fizemos o primeiro rascunho da análise sobre o que pode ser feito pela lei brasileira, ou seja, quais são as exceções e limitações do direito autoral no Brasil. Fizemos a primeira versão e mandamos para os EUA, onde alunos e professores se reúnem para fomentar o debate. A expectativa é que, em março, tenhamos um trabalho feito por várias mãos. A segunda etapa é sobre a produção colaborativa; trata de software livre, mídia.
ConJur — Vocês também vão abordar patente de medicamento. Como está essa discussão?
Ronaldo Lemos — O acesso ao conhecimento e ao remédio é uma coisa só. A mesma briga do xérox do livro é a do medicamento anti-Aids na África. Mas medicamento envolve a vida, por isso é mais grave. Não ter acesso a um livro tem um efeito econômico de exclusão, mas não ter acesso ao remédio anti-Aids significa que seis milhões de pessoas podem morrer.
ConJur — Mas há diferença entre patente de remédio e direito autoral.
Ronaldo Lemos — O direito autoral não protege a idéia, mas a manifestação dela. É como um livro de receita. Quando protegido por direito autoral, não se impede ninguém de cozinhá-la. Se o livro de receita fosse protegido pela patente, quem o adquiriu ficaria impossibilitado de cozinhar. A patente vai direto na idéia. Então, mesmo que o conhecimento seja público, ninguém pode usá-lo a não ser o dono da patente.
ConJur — Quanto tempo dura a patente?
Ronaldo Lemos — Dura 20 anos. Mas há um detalhe. Em 2000, na rodada de Doha na Organização Mundial do Comércio, ficou estabelecido que sempre que houvesse um caso de saúde pública, em qualquer país membro da OMC, era permitido o licenciamento compulsório. As pessoas acham que as patentes de remédio foram quebradas. Não tem nada a ver com quebra de patente, pois é permitido pelo sistema internacional. A Tailândia, o Brasil e até mesmo os Estados Unidos já fizeram isso. Quando teve o ataque de antrax nos EUA, eles lançaram o licenciamento compulsório para fabricar o remédio contra o antrax. Se o Brasil tivesse quebrado a patente da droga anti-Aids, teria sofrido retaliação dentro da OMC. Não foi retaliado, porque não houve quebra de nenhum preceito internacional.
ConJur — Os tribunais estão se informatizando. O que o senhor acha das iniciativas para aproveitar as tecnologias e acelerar os processos na Justiça?
Ronaldo Lemos — Coletar depoimentos por videoconferência, por exemplo, é complicado. O argumento contra é a possibilidade de o preso ser coagido e o juiz não ter condições de saber se isso está acontecendo. Mas é uma perda de oportunidade, porque em vez de olharem para a tecnologia como uma possibilidade, já a descartam. Uma solução seria enviar um oficial de Justiça que se certificasse de que não haverá coação. Acho que o uso das novas tecnologias apresenta desafios, mas são contornáveis. Não precisa eliminar a possibilidade de usar a tecnologia só porque apareceu um problema.
ConJur — E quais as vantagens das novas tecnologias para a difusão do conhecimento?
Ronaldo Lemos — Para quem não tem acesso a nada, a tecnologia digital é uma benção. As lan houses levam computador para as favelas e o desafio é aproveitar o potencial de cidadania pouco explorado nesses empreendimentos para dar uma dimensão educacional, de governo eletrônico, serviços públicos a essa parte da população. Uma pesquisa de campo que fazemos no Jacarezinho, Antares, Rocinha e Cidade de Deus mostra que há uma geração nova na periferia que tem acesso ao computador, está no Orkut, MSN. Os meninos ficam encantados quando sabem que estão fazendo no computador a mesma coisa que um garoto rico dos
Estados Unidos. Assistimos a apropriação da tecnologia por parte de quem não tem dinheiro. E o potencial disso é inesgotável e revolucionário.
FONTE: Revista Consultor Jurídico, 14 de outubro de 2007
VER MAIS EM: http://br.youtube.com/watch?v=w9xPRFCk63Y
Creative commons: Foi criado através da iniciativa de Lawrence Lessig, um
professor da Universidade de Stanford, sendo que a primeira formalização de licença
ocorreu no ano de 2.001, no EUA. No Brasil, esta entidade ganhou apoio da FGV, que
foi responsável pela adaptação do mesmo a nossa realidade através do site:
www.creativecommons.org.br.
Licenças: Dizer que uma obra está licenciada pela creative commons não significa
que a mesma esteja liberada para o uso indiscriminado, muito pelo contrário, será
preciso verificar qual o uso que foi disponibilizado, que poderão ser classificados em:
Uso não comercial: permite que as pessoas copiem, distribuam e executem sua obra
e também aquelas derivadas da mesma, mas sem finalidade comercial.
Não à obra derivadas: permite que as obras sejam copiadas, distribuídas e
executadas, ou seja, somente a obra original poderá ser reproduzida. Para qualquer
modificação da obra haverá a necessidade da autorização do autor.
Compartilhamento da mesma licença: permite que outras pessoas distribuam obras
derivadas somente sob uma licença idêntica a licença de sua obra. O
compartilhamento da licença só se aplica às obras derivadas
Violação as licenças: apesar da existência das licenças de utilização acima, caso
alguém venha utilizar a obra de forma diversa daquela estipulada, esta pessoa
responderá perante a lei por violação aos direitos autorais, por conta da disposição
do art. 5º, XXXV, da Constituição Federal.
DIREITO AUTORAL:
Definição de direito autoral: Representa o conjunto de prerrogativas oferecidas
pela lei a pessoa jurídica criadora de obra intelectual para que ela possa usufruir os
direitos resultantes da exploração de suas criações.
Fundamento legal:
- Constituição Federal: Art. 5º. Incisos XXVII e XXII
- Lei 9.610/98 – Lei dos direitos autorais;
- Código Civil: Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da
coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou
detenha.
- Art. 184 do Código Penal: 184. Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1o Se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto
ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação,
execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou
executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 2o Na mesma pena do § 1o incorre quem, com o intuito de lucro direto ou indireto,
distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em
depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com
violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do
direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra
intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de
quem os represente.
§ 3o Se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica,
satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção
da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados
por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem
autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante,
do produtor de fonograma, ou de quem os represente:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou
limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o
previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual
ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro
direto ou indireto.
- Art. XXVII da Declaração Universal dos Direitos Humanos:
1 - Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da
comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus
benefícios.
2 - Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes
de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
- Convenção de Berna;
- Convenção de Roma;
- Convenção de Genebra.
Obras protegidas: A lei protege as criações expressas por qualquer meio, a saber:
I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;
II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza;
III - as obras dramáticas e dramático-musicais;
IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito
ou por outra qualquer forma;
V - as composições musicais, tenham ou não letra;
VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas;
VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da
fotografia;
VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;
IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza;
X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia,
topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência;
XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais,
apresentadas como criação intelectual nova;
XII - os programas de computador;
Territorialidade: A proteção dos direitos autorais é territorial, independentemente
da nacionalidade original dos titulares, se estendendo através de tratados e
convenções de reciprocidade internacional. Assim sendo é importante que os
contratos de cessão ou licença de uso especifiquem os territórios negociados
Não possuem proteção legal:
I - as idéias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, projetos ou conceitos
matemáticos como tais;
II - os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, jogos ou negócios;
III - os formulários em branco para serem preenchidos por qualquer tipo de
informação, científica ou não, e suas instruções;
IV - os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, regulamentos, decisões
judiciais e demais atos oficiais;
V - as informações de uso comum tais como calendários, agendas, cadastros ou
legendas;
VI - os nomes e títulos isolados;
VII - o aproveitamento industrial ou comercial das idéias contidas nas obras.
Autor: é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica, podendo
a proteção concedida ao autor aplicar-se às pessoas jurídicas.
Titularidade: Para se identificar como autor, poderá o criador da obra literária,
artística ou científica usar de seu nome civil, completo ou abreviado até por suas
iniciais, de pseudônimo ou qualquer outro sinal convencional.
É titular de direitos de autor quem adapta, traduz, arranja ou orquestra obra caída no
domínio público, não podendo opor-se a outra adaptação, arranjo, orquestração ou
tradução, salvo se for cópia da sua.
Co-autoria: é atribuída àqueles em cujo nome, pseudônimo ou sinal convencional for
utilizada.
Não se considera co-autor quem simplesmente auxiliou o autor na produção da
obra literária, artística ou científica, revendo-a, atualizando-a, bem como fiscalizando
ou dirigindo sua edição ou apresentação por qualquer meio.
Consideram-se co-autores de desenhos animados os que criam os desenhos utilizados
na obra audiovisual.
Registro: A proteção conferida por esta lei independe de registro, porém, é
facultado ao autor registrar a sua obra, conforme a natureza, nos seguintes órgãos:
- Biblioteca Nacional;
- Escola de Música (ordem dos músicos);
- Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro;
- Instituto Nacional do Cinema;
- Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
Classificação: O direito autoral pode ser classificado de duas maneiras:
Direitos morais: são os laços permanentes que ligam o autor a sua criação
intelectual, permitindo a defesa da obra, possuem como características o fato de ser
um direito personalíssimo do autor de obras intelectuais, e somente ele poderá
exercê-lo; irrenunciável, significando que o autor não pode desprezar os seus
direitos morais; imprescritível por ser reclamado por via judicial a qualquer tempo;
perpétuo, pois perdura mesmo após a morte do autor; inalienável, pois, mesmo
cedendo seus direitos patrimoniais, autor conserva seu direito moral; impenhorável
ou inexpropriável pela própria característica de ser inalienável; absoluto, por ser
oponível contra todos (erga omnes); extrapatrimonial, pois não comporta
quantificação pecuniária, além disso, o autor pode a qualquer momento:
I - o de reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra;
II - o de ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado,
como sendo o do autor, na utilização de sua obra;
III - o de conservar a obra inédita;
IV - o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à
prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor,
em sua reputação ou honra;
V - o de modificar a obra, antes ou depois de utilizada;
VI - o de retirar de circulação a obra ou de suspender qualquer forma de utilização já
autorizada, quando a circulação ou utilização implicarem afronta à sua reputação e
imagem;
VII - o de ter acesso a exemplar único e raro da obra, quando se encontre
legitimamente em poder de outrem, para o fim de por meio de processo fotográfico
ou assemelhado, ou audiovisual, preservar sua memória, de forma que cause o menor
inconveniente possível a seu detentor, que, em todo caso, será indenizado de
qualquer dano ou prejuízo que lhe seja causado.
Direitos patrimoniais: São aqueles que se referem à utilização econômica da obra
intelectual, são exclusivos do autor que pode utilizá-lo da maneira que quiser. Assim,
depende de autorização prévia e expressa as seguintes modalidades:
I - a reprodução parcial ou integral;
II - a edição;
III - a adaptação, o arranjo musical e quaisquer outras transformações;
IV - a tradução para qualquer idioma;
V - a inclusão em fonograma ou produção audiovisual;
VI - a distribuição, quando não intrínseca ao contrato firmado pelo autor com
terceiros para uso ou exploração da obra;
VII - a distribuição para oferta de obras ou produções mediante cabo, fibra ótica,
satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção
da obra ou produção para percebê-la em um tempo e lugar previamente
determinados por quem formula a demanda, e nos casos em que o acesso às obras ou
produções se faça por qualquer sistema que importe em pagamento pelo usuário;
VIII - a utilização, direta ou indireta, da obra literária, artística ou científica,
mediante:
a) representação, recitação ou declamação;
b) execução musical;
c) emprego de alto-falante ou de sistemas análogos;
d) radiodifusão sonora ou televisiva;
e) captação de transmissão de radiodifusão em locais de freqüência coletiva;
f) sonorização ambiental;
g) a exibição audiovisual, cinematográfica ou por processo assemelhado;
h) emprego de satélites artificiais;
i) emprego de sistemas óticos, fios telefônicos ou não, cabos de qualquer tipo e meios
de comunicação similares que venham a ser adotados;
j) exposição de obras de artes plásticas e figurativas;
IX - a inclusão em base de dados, o armazenamento em computador, a microfilmagem
e as demais formas de arquivamento do gênero;
X - quaisquer outras modalidades de utilização existentes ou que venham a ser
inventadas.
Direito autoral na imprensa: O direito de utilização econômica dos escritos
publicados pela imprensa, diária ou periódica, com exceção dos assinados ou que
apresentem sinal de reserva, pertence ao editor, salvo convenção em contrário. A
autorização para utilização econômica de artigos assinados, para publicação em
diários e periódicos, não produz efeito além do prazo da periodicidade acrescido de
vinte dias, a contar de sua publicação, findo o qual recobra o autor o seu direito.
Comissão na utilização dos direitos patrimoniais: Toda vez que a obra for
vendida o autor terá o direito, irrenunciável e inalienável, de receber, no mínimo,
cinco por cento sobre o aumento do preço eventualmente verificável em cada
revenda de obra de arte ou manuscrito, sendo originais, que houver vendido.
Direitos conexos: São aqueles reconhecidos a determinadas categorias que auxiliam
a criação, produção ou difusão. São titulares dos direitos conexos:
- os intérpretes;
- os músicos acompanhantes;
- os produtores fotográficos;
- as empresas de radiodifusão.
Domínio público: O prazo de proteção aos direitos patrimoniais sobre obras
audiovisuais e fotográficas será de setenta anos, a contar de 1° de janeiro do ano
subseqüente ao de sua divulgação, depois de transcorrido este prazo a obra cai em
domínio público, ou seja, pode ser utilizada sem a necessidade dos pagamentos dos
direitos patrimoniais. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de
proteção aos direitos patrimoniais, pertencem ao domínio público:
I - as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores;
II - as de autor desconhecido, ressalvada a proteção legal aos conhecimentos étnicos
e tradicionais.
Não constitui violação ao direito autoral:
I - a reprodução:
a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em
diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação
de onde foram transcritos;
b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões públicas de
qualquer natureza;
c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, feitos sob encomenda,
quando realizada pelo proprietário do objeto encomendado, não havendo a oposição
da pessoa neles representada ou de seus herdeiros;
d) de obras literárias, artísticas ou científicas, para uso exclusivo de deficientes
visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita mediante o sistema
Braille ou outro procedimento em qualquer suporte para esses destinatários;
II - a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do
copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro;
III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de
passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida
justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra;
IV - o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles a quem elas se
dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem autorização prévia e
expressa de quem as ministrou;
V - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas e transmissão
de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais, exclusivamente para
demonstração à clientela, desde que esses estabelecimentos comercializem os
suportes ou equipamentos que permitam a sua utilização;
VI - a representação teatral e a execução musical, quando realizadas no recesso
familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos estabelecimentos de ensino, não
havendo em qualquer caso intuito de lucro;
VII - a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para produzir prova
judiciária ou administrativa;
VIII - a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de obras preexistentes,
de qualquer natureza, ou de obra integral, quando de artes plásticas, sempre que a
reprodução em si não seja o objetivo principal da obra nova e que não prejudique a
exploração normal da obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos
legítimos interesses dos autores.
Utilização de fotografia: O autor possui o direito de reproduzi-la e colocá-la a
venda. É proibida a reprodução de obra fotográfica que não esteja de acordo com o
original, salvo se autorizado pelo autor.
Sons/imagens/internet: O autor possui o direito de autorizar a reprodução de sua
obra por qualquer meio, inclusive pela Internet. Apesar da divulgação, a obra
continua protegida pela lei, assim, ninguém poderá utilizar a imagem sem o
pagamento dos direitos autorais. Alem disso, a obra não poderá ser modificada, salvo
com autorização do autor.
PARÓDIA e PARÁFRASE: São livres, desde que não representem verdadeira
reprodução da obra e não impliquem em descrédito para a mesma.
Transferência dos direitos do autor: Os direitos de autor poderão ser total ou
parcialmente transferidos a terceiros, por ele ou por seus sucessores, a título
universal ou singular, pessoalmente ou por meio de representantes com poderes
especiais, por meio de licenciamento, concessão, cessão ou por outros meios
admitidos em Direito, obedecidas as seguintes limitações:
I - a transmissão total compreende todos os direitos de autor, salvo os de natureza
moral e os expressamente excluídos por lei;
II - somente se admitirá transmissão total e definitiva dos direitos mediante
estipulação contratual escrita;
III - na hipótese de não haver estipulação contratual escrita, o prazo máximo será de
cinco anos;
IV - a cessão será válida unicamente para o país em que se firmou o contrato, salvo
estipulação em contrário;
V - a cessão só se operará para modalidades de utilização já existentes à data do
contrato;
ECAD: O Escritório Central de Arrecadação de Direitos é o órgão que, por
determinação legal (art. 5º. XVIII b) exerce o poder de fiscalizar e autorizar a
reprodução musical. Só recebem os direitos autorais sobre a reprodução os músicos
que forem filiados a uma associação de classe. Caso o autor não seja filiado a
nenhuma entidade o ECAD não atuará na sua defesa e também não lhe repassará os
direitos de reprodução.
Arrecadação e distribuição: Com a execução das musicas em restaurantes, rádios,
boates, etc, surge a obrigação do recolhimento dos direitos autorais para o ECAD que
o distribuirá da seguinte maneira:
ECAD: 18,75%
Associações: 6,25%
Titulares: 75,00%.
© - COPIRIGHT – É o termo utilizado para designar a titularidade exclusiva do
direito de reproduzir a criação intelectual por qualquer meio.
Sanções Civis: O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou
de qualquer forma utilizada, poderá requerer a apreensão dos exemplares
reproduzidos ou a suspensão da divulgação, sem prejuízo da indenização cabível.
Além disso, quem editar obra literária, artística ou científica, sem autorização do
titular, perderá para este os exemplares que se apreenderem e pagar-lhe-á o preço
dos que tiver vendido. Caso não se conheça o número de exemplares que constituem
a edição fraudulenta, pagará o transgressor o valor de três mil exemplares, além dos
apreendidos.
Contrafação: Representa a cópia não autorizada, ou seja, a reprodução/modificação
da obra com intenção de negar sua real autoria. Não importa qual é o meio de
informação que foi utilizado, pois a lei protege a livre disposição da obra pelo autor,
que possui o arbítrio de autorizar ou não sua obra.
Plágio: Ocorre quando se procura imitar a obra original, não a reproduzindo
totalmente. Representa infração penal, pois aquele que a pratica, reproduz
parcialmente obra protegida.
Toda agência publicitária ou empresa que se sentir prejudicada por violação ao
direito autoral poderá ingressar com ações na justiça requerendo a suspensão da
campanha. Esta foi a postura adotada pela empresa de telefonia Oi que entendeu que
seu direito havia sido violado.
fonte: http://www.janela.com.br/anteriores/Janela_2003-05-09.html.
Justiça condena Vivo por plágio da Oi
A juíza Ellen Garcia Mesquita Lobato, da 5ª Vara
Empresarial do Rio de Janeiro, concedeu à Oi, no último dia 5
de maio, segunda-feira, uma liminar em caráter nacional que
determinava a retirada de todas as veiculações da Vivo em
um prazo de cinco dias úteis, que se encerraria nesta sexta,
9.
A campanha da Vivo foi considerada como concorrência
desleal, uma vez que, segundo a queixa da Oi, reproduz o
efeito de linguagem de comunicação lançado por ela,
trazendo confusão na cabeça dos usuários. A multa por
descumprimento foi fixada em R$ 50 mil por dia por cada peça publicitária existente
em todo o território nacional. "A decisão da justiça veio confirmar o que a opinião
pública já havia condenado. Temos que preservar os ativos nacionais. Não podemos
aceitar que grupos estrangeiros se apropriem indevidamente de valores criados por
nós", defende Luis Eduardo Falco, presidente da Oi.
A Vivo chegou a entrar com recurso contra a decisão judicial, mas a desembargadora
Elisabeth Filizzola Assunção, da Segunda Câmara Cível do Estado do Rio de Janeiro,
indeferiu o recurso, confirmando o prazo. Não por acaso, já na terça seguinte a Vivo
retirava o gigantesco outdoor que mantinha na fachada do Shopping RioSul, mas em
coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira, Nizan Guanaes esclareceu
que a decisão da Justiça foi alterada para a retirada de apenas 4 peças. Ao mesmo
tempo, o diretor da África anunciou que estaria abrindo uma página no site da
agência para se defender das acusações de plágio, exibindo um comparativo das duas
campanhas. O endereço ficaria em www.africa.com.br/nadaaver . (N.R.em
03/03/2006: link atualmente desativado)
Modelo de Contrato de licença de reprodução de Obra e recibo de pagamento de direitos autorais
Contrato n° ...................
LICENCIANTE:.................................................................................................................................................................................
Crédito (nome autoral a figurar junto à obra): ........................................................................................................................
Reg. Profissional (MTb):..................... RG:............................... CPF: .....................
Endereço:................................................................... Nº: ............................... CEP: ........................
E-mail:................................................ Tel/fax: .......................Cel:....................
LICENCIADO:.....................................................................................................................................................................................
CNPJ/CPF: ............................................... Inscr. Estadual: ...................................
Endereço:........................................................................... CEP: .........................
E-mail: ................................................................ Tel/fax: ...................................
neste ato representado(a) por ...................................... cargo .............................a seguir denominado(a) apenas Licenciado.
Obra objeto da presente licença
Descrição da obra encomendada (no caso do envio por e-mail, este campo pode ser utilizado para colar o texto, a ilustração ou a foto): ..............................................................................................................................................................................
Valor da licença
Valor da licença: ...................................................................................................., R$ ....................................
Valor orçado mais imposto de renda incidente: ..................................................... R$ ....................................
Condições de licenciamento da obra
Total de originais entregues: .............................................................................................................................
É objeto desta licença a obra de criação intelectual do jornalista autor Licenciante, o que em hipótese alguma pode ser confundido com
mera prestação de serviço. A Lei 9.610 /98 define qualquer obra intelectual com bem material, caracterizando-se, assim, a presente
transação como um NEGÓCIO JURÍDICO DE LICENCIAMENTO DE DIREITOS AUTORAIS.
O autor Licenciante da obra acima discriminada é o único e exclusivo titular dos seus direitos patrimoniais e morais e, nessa condição,
autoriza o Licenciado a reproduzi-la conforme as condições aqui especificadas e previstas na Lei, a saber:
1 - Esta licença abrange uma única utilização, conforme discriminação a seguir: ........................................................................................................................
............................................................................................................................
2 – A reutilização de cópia do original publicada e arquivada ou qualquer outra utilização do objeto desta licença só poderá ocorrer
mediante assinatura de novo Contrato de Licença, com o conseqüente pagamento de novos direitos ao autor;
3 – OS .................. (...........) ORIGINAIS acima discriminados foram entregues ao Licenciado em perfeitas condições de uso, em
consignação, para seleção, devendo ser devolvidos ao Licenciante nas mesmas condições;
4 - A(s) obra(s) deverão ser publicadas no prazo máximo definido por Lei, contado a partir da data da quitação desta licença, sob pena de
devolução dos originais e sem prejuízo dos valores pagos ao autor da obra;
5 - Esta licença só será válida após a respectiva quitação. O pagamento será feito à vista, no ato da assinatura desta licença, ou em
até ....... dias após a data da emissão desta licença;
6 - O desrespeito a qualquer cláusula deste contrato implicará multa de quinze vezes o valor desta licença;
7 - Por estar justo e contratado, fica eleita a Comarca de .............................., Distrito Central, como foro para o julgamento de qualquer
pendência judicial resultante deste ato.
Local e Data: ......................,.....de ....................... de 200.....
Licenciante ..................................................................................................
Licenciado ..................................................................................................
RECEBI O VALOR TOTAL DA LICENÇA DE REPRODUÇÃO DE OBRA, acima discriminado, em cheque de n°...........,
Banco ........................., ou em depósito na conta do Licenciante,
Banco ............ , Ag. ............, CC ..................................., Depósito n°......................, .em ....... de ...........................de 200 .....
Ass.: ..............................................
Local e Data: .................................., .................. de ............................... de 200...
(*) Modelo de contrato sugerido pela APIJOR - Associação Brasileira de Proteção à Propriedade Intelectual dos Jornalistas, habilitada por lei para fiscalizar o aproveitamento econômico das obras criadas por jornalistas.
Fonte: http://www.sjsp.org.br/index.php?
option=com_content&task=view&id=414&Itemid=0
MARCAS
Fundamento legal: A lei que disciplina o registro das marcas é a 9.279/96, entretanto,
não é só esta legislação que disciplina o assunto, podemos enumerar as seguintes
normas:
- Constituição Federal: art. 5º, XXII ;
- Convenção de Genebra e de Paris.
Convenção de Paris: A Convenção é o primeiro acordo internacional relativo à
Propriedade Intelectual, assinado em 1883, cujo título oficial é Convenção da União
de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial (CUP), continua em vigor em sua
versão de Estocolmo, inclusive por força do Acordo TRIPs.Sua contrapartida no
campo do Direito Autoral é a Convenção da União de Berna.
A Convenção da União de Paris - CUP, de 1883, deu origem ao hoje denominado
Sistema Internacional da Propriedade Industrial, e foi a primeira tentativa de uma
harmonização internacional dos diferentes sistemas jurídicos nacionais relativos a
Propriedade Industrial. Surge, assim, o vínculo entre uma nova classe de bens de
natureza imaterial e a pessoa do autor, assimilado ao direito de propriedade. Os
trabalhos preparatórios dessa Convenção Internacional se iniciaram em Viena, no ano
de 1873. Cabe lembrar que o Brasil foi um dos 14 (quatorze) países signatários
originais. A Convenção de Paris sofreu revisões periódicas, a saber: Bruxelas
(1900), Washington (1911), Haia (1925), Londres (1934), Lisboa (1958) e Estocolmo
(1967). Conta atualmente com 136 (cento e trinta e seis) países signatários.
A Convenção de Paris foi elaborada de modo a permitir razoável grau de
flexibilidade às legislações nacionais, desde que fossem respeitados alguns princípios
fundamentais. Tais princípios são de observância obrigatória pelos países signatários.
Cria-se um território da União, constituído pelos países contratantes, onde se aplicam
os princípios gerais de proteção aos Direitos de Propriedade Industrial .
Regulamentação no Brasil: A regulamentação do direito sobre as marcas no Brasil
é feita através da Lei 9.279/96, sendo que o órgão regulamentador das marcas e
patentes é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI que é uma autarquia
federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Industria, e Comércio Exterior,
responsável por registros de marcas, concessão de patentes, averbação de contratos
de transferência de tecnologia e de franquia empresarial, e por registros de
programas de computador, desenho industrial e indicações geográficas, de acordo
com a Lei da Propriedade Industrial Foi criado no dia 11 de dezembro de 1970,
pela Lei n.º 5.648 em uma época marcada pelo esforço de industrialização do país, o
INPI pautava sua atuação por uma postura cartorial que se limitava à concessão de
marcas e patentes e pelo controle da importação de novas tecnologias.
Condições de validade da marca: Para possuir validade a marca deve constituir
sinal visualmente perceptível e possuir distitividade e outros produtos e serviços,
além disso, o sistema de registro de marca adotado pelo Brasil é o atributivo de
direito, ou seja, a sua propriedade e o seu uso exclusivo só são adquiridos pelo
registro.
Aquisição do direito sobre a marca: A propriedade da marca adquire-se pelo
registro validamente expedido, sendo assegurado ao titular seu uso exclusivo em
todo o território nacional, observado quanto às marcas coletivas e de certificação.
Proteção conferida pelo registro: Ao titular da marca é assegurado o direito de:
- ceder seu registro ou pedido de registro;
- licenciar seu uso;
- zelar pela sua integridade material ou reputação.
Exame do pedido: Após requerimento do pedido o mesmo será apreciado e
submetido a exame e, se estiver de acordo, será publicado na Revista da Propriedade
Industrial. Durante 60 dias poderá haver oposição ao pedido, caso não haja oposição
será proferida decisão de deferimento ou de indeferimento.
Licença de utilização (franchinsing): O titular de registro ou o depositante de
pedido de registro poderá celebrar contrato de licença para uso da marca, sem
prejuízo de seu direito de exercer controle efetivo sobre as especificações, natureza e
qualidade dos respectivos produtos ou serviços. O contrato de licença deverá ser
averbado no INPI para que produza efeitos em relação a terceiros.
Prazo de validade: O registro da marca vigorará pelo prazo de dez anos, contados
da data da concessão do registro, prorrogáveis por iguais e sucessivos períodos. O
pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do
registro, instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição, caso
o pedido o pedido de prorrogação não tiver sido efetuado até o termo final da
vigência do registro, o titular poderá fazê-lo nos 6 (seis) meses subseqüentes,
mediante o pagamento de retribuição adicional.
O que pode ser registrado como marca: São registráveis como marca os sinais
distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais (art.
122 da LPI):
- a marca deve consistir em sinal visualmente perceptível;
- os sinais visualmente perceptíveis devem revestir-se de distintividade, para se prestarem a assinalar e distinguir produtos ou serviços dos demais, de procedência diversa;
- a marca pretendida não pode incidir em quaisquer proibições legais, seja em função da sua própria constituição, do seu caráter de licitude ou da sua condição de disponibilidade.
Não são registráveis: A lei estabelece no seu artigo 124 que não podem ser
registrado os sinaissonoros, gustativos e olfativos, além destes, a lei estabelece o
seguinte rol:
I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou imitação;
II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;
III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimento dignos de respeito e veneração;
IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela própria entidade ou órgão público;
V - reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais distintivos;
VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente para designar uma característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva;
VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda;
VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo;
IX - indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente induzir indicação geográfica;
X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina;
XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padrão de qualquer gênero ou natureza;
XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154;
XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social, político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar confusão, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade promotora do evento;
XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país;
XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores;
XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular;
XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o produto ou serviço a distinguir;
XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia;
XX - dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço, salvo quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma distintiva;
XXI - a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou, ainda, aquela que não possa ser dissociada de efeito técnico;
XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e
XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em território nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia.
Tipo de marca: Podemos classificar as marcas da seguinte maneira:
- Marca nominativa ou de produto: sinal nominativo formado apenas por nomes,
palavras, denominações, ou combinações destes, que é utilizada para distinguir
produtos ou serviços de outros diversos, sem apresentação fantasiosa, protege-se
simplesmente a marca de forma datilografada, sem qualquer característica própria;
- Marca figurativa: é aquela consistente em sinal, emblemas, imagens, formas
fantasiosas, símbolos ou figuras, protege-se a marca em si, com suas características
próprias.
- Marca mista: combina elementos nominativos e figurativos, ouse seja, letras e em
conjunto com um logotipo (desenho). Também pode ser a combinação da marca
nominativa com a marca figurativa, protege-se o conjunto, com todas as suas
características. É a marca mais completa;
- Marca Tridimensional: é aquela caracterizada pela forma particular não funcional e
não habitual dada diretamente ao produto ou ao seu recipiente. Vale dizer que todo o
formato, a configuração ou a conformação física do produto ou de embalagem, cuja
forma plástica tenha capacidade distintiva em si mesma, é passível de proteção como
registro de marca tridimensional
- Marca coletiva: é aquela que visa identificar produtos ou serviços de membros de
uma determinada entidade;
- Marca de certificação: atestam a conformidade de um produto ou serviços com
determinadas normas ou especificações técnicas principalmente quanto a qualidade,
natureza, material utilizado e metodologia empregada.
Marcas de alto renome e notoriamente conhecida: À marca registrada no Brasil
considerada de alto renome será assegurada proteção especial, em todos os ramos de
atividade. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do
art. 6º bis (I), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade
Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estar previamente
depositada ou registrada no Brasil. O INPI poderá indeferir de ofício pedido de
registro de marca que reproduza ou imite, no todo ou em parte, marca notoriamente
conhecida.
Obrigações do titular da marca: A marca registrada garante a propriedade e o seu
uso exclusivo em todo o território nacional, por dez anos, porém, caso o titular da
marca não prorrogue o registro a cada dez anos, perderá o direito sobre a mesma.
Perde-se o direito sobre a marca, também, por:
- Se a marca após o registro não for utilizada no prazo de 05 (cinco) anos após o
registro;
- Renúncia (abandono voluntário pelo titular ou representante);
- Caducidade (falta de uso da marca);
- Inobservância do art. 217 da LPI, que dispões que a pessoa domiciliada no exterior
deverá constituir e manter procurador devidamente qualificado e domiciliado no País,
com poderes para representá-la administrativa e judicialmente, inclusive para
receber citações.
Titularidade dos direitos sobre a marca: poderá ser titular do direito pessoa
jurídica ou pessoa física desde que seja autônomo, isto é, deve apresentar CPF e ISS.
Verifica-se a habilitação profissional diante do órgão ou entidade responsável pelo
registro, inscrição ou cadastramento. A transferência de propriedade de uso da
marca também pode ocorrer a qualquer momento depois do pedido de registro, seu
custo é de R$ 50,00.
Busca Prévia: não é obrigatória, porém, é aconselhável que se faça antes de efetuar
o depósito na atividade que o signo visa pretende explorar, sua finalidade e verificar
se a marca já existe anteriormente. Essa busca é realizado no INPI, uma de suas
Delegacias ou Representações existentes nos estados brasileiros. Hoje seu custo é de
R$ 20,00 para marca nominativa, R$ 30,00 para marca figurativa, R$ 40,00 para
marca mista e 50,00 para marca tridimensional.
Disponibilidade da marca: como já dito, o registro da marca dura 10 anos,
contados da data de concessão, prorrogáveis por períodos iguais e sucessivos. Caso o
pedido não seja efetuado até o termo final de vigência do registro do registro, o
titular poderá fazê-lo nos 6 (seis) meses subseqüentes, mediante o pagamento de
retribuição adicional. Passado este prazo a marca fica disponível para que qualquer
pessoa possa requerer o registro em seu nome.
Direito de usuário anterior: Toda pessoa que, de boa-fé, usava no País, há pelo
menos 06 (seis) meses, marca idêntica ou semelhante, para a mesma atividade ou
atividades afins, pode reivindicar o direito de precedência ao registro. Para poder
impugnar o registro feito pelo INPI, o interessado deverá ingressar com a ação
judicial de nulidade a qualquer tempo, caso seja procedente, o juiz determina que o
INPI promova as alterações necessárias.
Crime contra marca: O artigo 189 e 190 da lei estabelece as pessoas que podem
praticar estes crimes e estabelece as penas aplicáveis, são elas:
I - reproduz, sem autorização do titular, no todo ou em parte, marca registrada, ou imita-a de modo que possa induzir confusão; ou
II - altera marca registrada de outrem já aposta em produto colocado no mercado.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Art. 190. Comete crime contra registro de marca quem importa, exporta, vende, oferece ou expõe à venda, oculta ou tem em estoque:
I - produto assinalado com marca ilicitamente reproduzida ou imitada, de outrem, no todo ou em parte; ou
II - produto de sua indústria ou comércio, contido em vasilhame, recipiente ou embalagem que contenha marca legítima de outrem.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Crimes cometidos por meio de marca, título de estabelecimento e sinal de
propaganda: a lei considera como crime a:
Art. 191. Reproduzir ou imitar, de modo que possa induzir em erro ou confusão, armas, brasões ou distintivos oficiais nacionais, estrangeiros ou internacionais, sem a necessária autorização, no todo ou em parte, em marca, título de estabelecimento, nome comercial, insígnia ou sinal de propaganda, ou usar essas reproduções ou imitações com fins econômicos.
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem vende ou expõe ou oferece à venda produtos assinalados com essas marcas.
DUMP – Prática que visa a concorrência desleal. Através dela o concorrente pratica
preços inferiores ao custo com a finalidade de acabar com a concorrência.
Concorrência desleal: o CADE Conselho Administrativo de Defesa Econômica -
CADE, criado em 1962 e transformado, em 1994, em Autarquia vinculada ao
Ministério da Justiça, tem suas atribuições previstas na Lei nº 8.884, de 11 de junho
de 1994. Ele tem a finalidade de orientar, fiscalizar, prevenir e apurar abusos de
poder econômico, exercendo papel tutelador da prevenção e repressão do mesmo. Em
última instância, na esfera administrativa, responsável pela decisão final sobre a
matéria concorrencial. Assim, após receber os pareceres das duas secretarias (Seae e
SDE) o CADE tem a tarefa de julgar os processos. O órgão desempenha, a princípio,
três papéis:
- Preventivo
- Repressivo
- Educativo
Além disso, o artigo 195 da lei estabelece a responsabilidade criminal para quem
viola o direito sobre as marcas, estabelecendo o sujeito ativo e as penas para quem
prática o fato típico, são eles:
I - publica, por qualquer meio, falsa afirmação, em detrimento de concorrente, com o fim de obter vantagem;
II - presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa informação, com o fim de obter vantagem;
III - emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou alheio, clientela de outrem;
IV - usa expressão ou sinal de propaganda alheios, ou os imita, de modo a criar confusão entre os produtos ou estabelecimentos;
V - usa, indevidamente, nome comercial, título de estabelecimento ou insígnia alheios ou vende, expõe ou oferece à venda ou tem em estoque produto com essas referências;
VI - substitui, pelo seu próprio nome ou razão social, em produto de outrem, o nome
ou razão social deste, sem o seu consentimento;
VII - atribui-se, como meio de propaganda, recompensa ou distinção que não obteve;
VIII - vende ou expõe ou oferece à venda, em recipiente ou invólucro de outrem, produto adulterado ou falsificado, ou dele se utiliza para negociar com produto da mesma espécie, embora não adulterado ou falsificado, se o fato não constitui crime mais grave;
IX - dá ou promete dinheiro ou outra utilidade a empregado de concorrente, para que o empregado, faltando ao dever do emprego, lhe proporcione vantagem;
X - recebe dinheiro ou outra utilidade, ou aceita promessa de paga ou recompensa, para, faltando ao dever de empregado, proporcionar vantagem a concorrente do empregador;
XI - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizáveis na indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que sejam evidentes para um técnico no assunto, a que teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o término do contrato;
XII - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos ou informações a que se refere o inciso anterior, obtidos por meios ilícitos ou a que teve acesso mediante fraude; ou
XIII - vende, expõe ou oferece à venda produto, declarando ser objeto de patente depositada, ou concedida, ou de desenho industrial registrado, que não o seja, ou menciona-o, em anúncio ou papel comercial, como depositado ou patenteado, ou registrado, sem o ser;
XIV - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de resultados de testes ou outros dados não divulgados, cuja elaboração envolva esforço considerável e que tenham sido apresentados a entidades governamentais como condição para aprovar a comercialização de produtos.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
§ 1º Inclui-se nas hipóteses a que se referem os incisos XI e XII o empregador, sócio ou administrador da empresa, que incorrer nas tipificações estabelecidas nos mencionados dispositivos.
§ 2º O disposto no inciso XIV não se aplica quanto à divulgação por órgão governamental competente para autorizar a comercialização de produto, quando necessário para proteger o público.
®: Marca registrada é o termo que se utiliza para designar que a mesma possui registro no INPI
Jurisprudência sobre o assunto:
RESPONSABILIDADE CIVIL - Marca comercial. Alegação de uso indevido. Referência
à marca de determinado produto em novela veiculada pela emissora de televisão, sem
o consentimento de seu titular. Sentença que acolhe parcialmente a pretensão dos
autores, para condenar a ré a ressarcir à pessoa jurídica os supostos lucros cessantes
relacionados à eventual perda de clientela. Inexistência de tipicidade em relação a
qualquer ilícito específico ligado ao direito “marcário”. Incomprovado que o fato
imputado à ré tenha sido abusivo ou deletério, não se pode tê-lo como ilícito,
considerando que a própria lei admite a citação da marca, ou referência a ela, em
obras literárias (art. 132, IV, da Lei Federal nº 9.279/96). Responsabilidade que deve
ser aferida à luz das normas do antigo art. 159, do Código Civil revogado, e que vigia
ao tempo dos fatos, e dos arts. 186 e 187, do atual. Ausência de provas do liame
causal entre o fato atribuído à ré e os danos patrimoniais alegados pelos autores.
Danos morais que não se configuraram, tanto em relação à pessoa jurídica, quanto à
pessoa física de seus sócios. Apelo da ré provido, para julgar improcedente o pedido,
ficando prejudicado, por isso, o dos autores (TJRJ - 4ª Câm. Cível; ACi nº 32.922/2005-
RJ; Rel. Des. Fernando Cabral; j. 3/1/2006; v.u.).
O ESTADO DE S. PAULO 30/06/2007
Danone entra com ação contra a Bunge por marca
Grupo francês alega que a linha de produtos Cyclus tem logotipo semelhante ao da sua linha Corpus
Vera Dantas e Thélio de Magalhães.
Danone e Bunge, gigantes da área de alimentos, brigam na Justiça por causa de duas
de suas marcas. A Danone, que tem a marca Corpus, acusa a Bunge, que detém a
marca Cyclus, de concorrência desleal. Para a Danone, a Cyclus imita a Corpus.
O Tribunal de Justiça concedeu liminar determinando que a Bunge retire de
comercialização a linha Cyclus, que inclui margarina e leite de soja. A decisão começa
a valer tão logo o acórdão seja publicado. O desrespeito acarretará à Bunge multa
diária de R$ 10 mil.
Entretanto, a Bunge pode interpor ao próprio Tribunal de Justiça embargos de
declaração, recurso que tem efeito suspensivo, e posteriormente tentar nova
suspensão da decisão no Superior Tribunal de Justiça. A Danone alega, na acusação,
que a marca Cyclus imita o logotipo do iogurte Corpus. Um dos problemas está na
semelhança de cores. A Cyclus, segundo a Danone, adotou a mesma combinação de
cores, em azul e violeta. A empresa se refere ainda a semelhanças numa figura
humana estilizada nas duas logomarcas, o que poderia confundir o consumidor.
A Bunge se surpreendeu com a notícia. "Até agora não fomos notificados. Nem o
advogado da empresa conseguiu ver o processo", diz o diretor de Comunicação
Corporativa da Bunge, Adalgiso Telles. Ele não quis confirmar se a empresa vai
recorrer da decisão. "Não vimos nada e é difícil fazer qualquer comentário." Este não
é o primeiro processo. "Numa liminar anterior, foi concluído que não havia imitação
para confundir o consumidor.”
A Bunge, diz, não esperava que a Danone recorresse. "Queremos entender onde eles acham que estão sendo prejudicados, para
achar uma solução." Para a Bunge, não faz sentido a Danone falar em imitação e dizer que as marcas podem confundir o
consumidor. "A Cyclus é uma marca que está em margarina e numa bebida de extrato de soja. Não vendemos lácteos, como eles."
GAZETA MERCANTIL - DIREITO CORPORATIVO
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 18)(Laura Ignacio)
As empresas já começam a planejar investimentos em propagandas inspiradas no fato
de que a Copa em 2014 será realizada no Brasil. Mas alguns cuidados legais precisam
ser tomados. Advogados especialistas em propriedade industrial e concorrência
afirmam que a propaganda relacionada a expressões como Copa 2014 ou à imagem
da taça podem levar as empresas à Justiça. "A melhor opção é conhecer as regras e
prevenir ações judiciais. Isso tem dado certo", afirma o advogado da Federação
Internacional de Futebol Associação (Fifa), Pedro Bhering, do Bhering Advogados.
O mesmo raciocínio vale para eventos como os Jogos Panamericanos ou as
Olimpíadas, por exemplo. "O que pode acontecer é a empresa que usar a marca ou
imagem indevidamente ser processada por perdas e danos, uso indevido de marca ou
concorrência desleal", diz o advogado.
Em abril último, a Fifa depositou no Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI) o registro de cerca de 45 marcas ou imagens relacionados ao evento como
Copa do Mundo 2014 e Brasil 2014. Segundo Bhering, a demora no registro de
marcas pelo INPI só não atrapalha porque marcas básicas como World Cup já estão
registradas. "Além disso, quando se faz o depósito já é garantida a anterioridade
quanto ao direito à marca", explica.
Behring afirma que medidas educativas preventivas têm gerado resultado positivo.
Tanto que a Fifa já é cliente do escritório por quase vinte anos e nenhuma ação
precisou ser impetrada na Justiça. Ainda assim, há empresas que são notificadas e
acabam arcando com o custo com advogado e o da propaganda, que tem que deixar
de ser veiculada por ter violado a Lei de Propriedade Industrial.
Taça do mundo
"No ano passado fechamos de 40 a 50 acordos com empresas que fizeram
propaganda ilícita com base na Copa",diz. Quanto ao Comitê Olímpico Internacional
(COI), também cliente do escritório de Behring, foram mais de cem negociações.
Essas notificações e negociações - junto a redes de supermercado, fabricantes de TV
e automóveis, cervejaria e agências de viagem, entre outros - resultaram na
suspensão das peças publicitárias. O advogado afirma que a maioria das infrações
corresponde a anúncios com a imagem da taça.
Para o advogado José Eduardo de Pieri, do escritório Dannemann Siemsen, não é
qualquer uso da palavra Copa, por exemplo, que caracteriza infração. "O uso da
marca Copa do Mundo 2014, por exemplo, não pode ser usadas. Mas se apenas a
palavra Copa é usada sem passar a impressão de a empresa ser patrocinadora oficial
do evento, isso não será entendido como ato de concorrência desleal", diz. Pela lei, a
infração pode levar à pena de detenção ou multa. "Na última Copa aproximadamente
20 empresas nos procuraram após serem notificadas pela Fifa", completa.
Marketing de emboscada
O advogado João Marcos Silveira, do Lottenberg Advogados Associados, exemplifica
que se uma empresa faz propaganda dizendo, por exemplo, "assista à Copa na TV de
tal marca" ou que "a marca tal é a melhor TV para assistir aos jogos da Copa 2014",
não configura-se ilicitude.
Silveira chama atenção para o chamado marketing de emboscada: um dirigível com a
marca de um não patrocinador que passa sobre um estádio onde acontece a Copa,
por exemplo. "O termo designa práticas publicitárias para tirar proveito do destaque
de um determinado evento", afirma.
O advogado lembrou que na Copa de 2006 alguns torcedores na Holanda tiveram que assitir a um jogo só de cueca por causa de marketing de emboscada. O fato ocorreu porque torcedores ganharam calças da cervejaria Bavaria, mas a Budweiser era a patrocinadora oficial do evento."Mas não há legislação que regule o marketing de emboscada no Brasil", diz.