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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS DE GURUPI CURSO: ENGENHARIA FLORESTAL APOSTILA DE MORFOLOGIA DO SOLO Prof. Saulo de Oliveira Lima GURUPI TO ABRIL 2009

Apostila de morfologia do solo

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Page 1: Apostila de morfologia do solo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS DE GURUPI

CURSO: ENGENHARIA FLORESTAL

APOSTILA DE MORFOLOGIA

DO SOLO

Prof. Saulo de Oliveira Lima

GURUPI – TO

ABRIL 2009

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Perfil do Solo

O perfil do solo é uma seção vertical do solo através de todos seus horizontes e camadas e estendendo – se para dentro do material de origem. O perfil do solo apresenta características morfológicas, físicas químicas e mineralógicas.

O pedon é um corpo tridimensional de solo com dimensões laterais suficientemente grandes para permitir o estudos das formas e relações entre os horizontes .O polipedon é uma unidade de cartografia de solos ,sendo constituída por agrupamento contíguo de pedons e similares . Os horizontes pedogênicos são seções do perfil do solo dotadas de propriedades geradas por processos pedogênicos, enquanto que as camadas são seções do perfil do solo que possuem propriedades não resultantes ou pouco influenciadas pelos processos pedogênicos. Ressalta-se que os horizontes pedogênicos nem sempre são equivalentes aos horizontes diagnósticos .

Os horizontes ou camadas principais são designados por letras maiúsculas: O, H, A, E, B, C, F, R (EMBRAPA,1988). Os horizontes principais podem ser definidos como abaixo:

Os horizontes principais podem ser divididos em subhorizontes ,como por exemplo A1,A2,A3,etc.,são subhorizontes do horizonte principal “A”.

Os horizontes transicionais são horizontes míscigenados nos quais as propriedades de dois horizontes principais se associam conjuntamente em fusão, evidenciando coexistência de propriedades comuns a ambos, de tal modo que não há individualização de partes distintas de um e de outro .Como por exemplos de horizontes transicionais podem se citados:AO, AH, AB, AC, EB, BE, BC, etc. Assim, por exemplo ''AB'' é um horizonte transicional entre A e B ,que possui mais características do horizonte principal ''A''.

Para a designação dos horizontes e camadas do solo, usam-se letras maiúsculas, minúsculas e números arábicos. As letras minúsculas são usadas como sufixos para qualificar distinções específicas dos horizontes ou camadas principais. Letras maiúsculas são usadas para designar horizontes ou camadas principais, horizontes transicionais ou combinações destes, conforme quadro abaixo:

Símbolos Critérios

O Horizonte ou camada superficial de cobertura, de constituição orgânica, sobreposto a alguns solos minerais, podendo estar ocasionalmente saturado com água.

H Horizonte ou camada de constituição orgânica, superficial ou não, composto de resíduos orgânicos acumulados ou em acumulação sob condições de prolongada estagnação de água, salvo se artificialmente drenado.

A Horizonte mineral, superficial ou em seqüência a horizonte ou camada O ou H, de concentração de matéria orgânica decomposta e perda ou decomposição principalmente de componentes minerais. (Fe, Al e argila)

AB (ou AE) Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte A e algumas características de horizonte B (ou E).

A/B (ou A/E ou A/C) Horizonte mesclado com partes de horizonte A e de horizonte B (ou A e E ou A e C), porém com predomínio de material de A.

AC Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte A e algumas características de horizonte C.

E Horizonte mineral, cuja característica principal é a perda de argilas silicatadas, óxidos de ferro e alumínio ou matéria orgânica, individualmente ou em conjunto, com resultante concentração residual de areia e sílte constituídos de quartzo ou outros minerais resistentes e/ou resultante descoramento.

EA (ou EB) Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte E e algumas características de horizonte A (ou B)

E/A Horizonte mesclado com partes de horizonte E e de horizonte A, porém com predomínio de material de E.

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BA (ou BE) Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte B e algumas características de horizonte A (ou E).

B/A (ou B/E) Horizonte mesclado com partes de horizonte B e de horizonte A (ou E), porém com predomínio de material de B.

B Horizonte subsuperficial de acumulação de argila, Fe, Al, Si, húmus, CaCO3, CaSO4, ou

de perda de CaCO3, ou de acumulação de sesquióxidos; ou com Bom desenvolvimento

estrutural.

BC Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte B e algumas características de horizonte C.

B/C Horizonte mesclado com partes de horizonte B e de horizonte C, porém com predomínio de material de B.

CB (ou CA) Horizonte subsuperficial, com predomínio de características de horizonte C e algumas características de horizonte B (ou A).

C/B (ou C/A) Horizonte mesclado com partes de horizonte C e de horizonte B (ou A), porém com predomínio de material de C.

C Horizonte ou camada mineral de material inconsolidado sob o solum, relativamente pouco afetado por processos pedogenéticos, a partir do qual o solum pode ou não ter se formado, sem ou com pouca expressão de propriedades identificadoras de qualquer outro horizonte principal.

F Horizonte ou camada de material mineral consolidada, à superfície, sob A, E, B ou C, rico em ferro e/ou alumínio e pobre em matéria orgânica, proveniente do endurecimento irreversível da plintita, ou originado de formas de concentração possivelmente não derivadas de plintita, inclusive promovidas por translocação lateral de ferro e/ou alumínio.

R Camada mineral de material consolidado, que constitui substrato rochoso contínuo ou praticamente contínuo, a não ser pelas poucas e estreitas fendas que pode apresentar.

Sufixos de Horizontes e Camadas

Para designar características específicas de horizontes e camadas principais, usam-se, como sufixos, letras minúsculas, conforme estabelecido a seguir.

Sufixos Critérios

A Propriedades ândicas: Usado com A, B, C para designar constituição dominada por material amorfo, de natureza mineral, oriundo de transformações de materiais vulcanoclásticos.

B Horizonte enterrado: Usado com H, A, E, B, F para designar horizontes enterrados, se suas características pedogenéticas principais puderem ser identificadas como tendo sido desenvolvidas antes do horizonte ser enterrado.

C Concreções ou nódulos endurecidos: Usado com A, E, B, C para designar acumulação significativa de concreções ou nódulos não-concrecionários, cimentados por material outro que não seja sílica.

D Acentuada decomposição de material orgânico: Usado com O, H para designar muito intensa ou avançada decomposição do material orgânico, do qual pouco ou nada resta de reconhecível da estrutura dos resíduos de plantas, acumulados conforme descrito nos horizontes O e H.

E Escurecimento da parte externa dos agregados por matéria orgânica não associada a sesquióxidos: Usado com B e parte inferior de horizontes A espessos, para designar horizontes mais escuros que os

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contíguos, podendo ou não ter teores mais elevados de matéria orgânica, não associada com sesquióxidos, do que o horizonte sobrejacente.

F Material laterítico e/ou bauxítico brando (plintita): Usado com A, B, C para designar concentração localizada (segregação) de constituintes secundários minerais ricos em ferro e/ou alumínio, em qualquer caso, pobre em matéria orgânica e em mistura com argila e quartzo. Indicativo de presença de plintita.

G Glei: Usado com A, E, B, C para designar desenvolvimento de cores cinzentas, azuladas, esverdeadas ou mosqueamento bem expresso dessas cores, decorrentes da redução do ferro, com ou sem segregação.

H Acumulção iluvial de matéria orgânica: Usado exclusivamente com B para designar relevante acumulação iluvial, essencialmente de matéria orgânica ou de complexos orgânico-sesquioxídicos amorfos dispersíveis, se o componente sesquioxídico é dominado por alumínio e está presente em quantidade muito inferior em relação à matéria orgânica.

I Incipiente desenvolvimento de horizonte B: Usado exclusivamente com B para designar transformações pedogenéticas pouco expressivas, que se manifestam como: decomposição fraca do material originário ou constituintes minerais, associada à formação de argila, desenvolvimento de cor ou de estrutura; alteração química intensa associada a destruição apenas parcial da estrutura da rocha matriz e/ou desenvolvimento de cor em materiais areno-quartzosos.

J Tiomorfismo: Usado com H, A, B, C para designar material palustre, permanente ou periodicamente alagado, de natureza mineral ou orgânica, rico em sulfetos (material sulfídrico).

K Acumulação de carbonato de cálcio secundário: Usado com A, B, C para designar presença de carbonatos alcalino-terrosos, remanescentes do material originário, sem acumulação, comumente carbonato de cálcio secundário.

K Presença de carbonatos: Usado com A, B, C para designar horizonte de enriquecimento com carbonato de cálcio secundário.

m Extremamente cimentado: Usado com B, C para designar cimentação pedogenética extraordinária e irreversível (mesmo sob prolongada imersão em água), contínua ou quase contínua.

n Acumulação de sódio trocável: Usado com H, A, B, e C, para designar acumulação de sódio trocável, expresso por 100.NA/T > 6%, acompanhada ou não de cálcio, acumulação de magnésio trocável.

o Material orgânico mal ou não decomposto: Usado com O, H para designar incipiente ou nula decomposição do material orgânico.

do Material orgânico intermediário entre d e o com predomínio de d.

od Material orgânico intermediário entre d e o com predomínio de o.

p Aração ou outras pedoturbações: Usado com H ou A para indicar modificações da camada superficial pelo cultivo, pastoreio, ou outras pedoturbações.

q Acumulação de sílica: Usado com B ou C para designar acumulação de sílica secundária (opala e outras formas de sílica).

qm Usado com B ou C para designar acumulação de sílica secundária, em caso de ocorrer cimentação contínua por sílica.

r Rocha branda ou saprolito: Usado com C para designar presença de camada de rocha subjacente, intensamente ou pouco alterada, desde que branda ou semibranda. Esta notação identifica presença de saprólito.

s Acumulação iluvial de sesquióxidos com matéria orgânica: Usado exclusivamente com horizonte B para indicar relevante acumulação iluvial ou de translocação lateral interna no solo de complexos organo-sesquioxídicos amorfos dispersíveis

t Acumulação de argila: Usado exclusivamente com B para designar relevante acumulação ou concentração de argila

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u Modificações e acumulações antropogênicas: Usado com A e H para designar horizonte formado ou modificado pelo uso prolongado do solo

v Características vérticas: Usado com B, C, para designar características vérticas

w Intensa alteração com inexpressiva acumulação de argila, com ou sem concentração de sesquióxidos: Usado exclusivamente com B para designar intensa alteração com inexpressiva acumulação de argila, com ou sem concentração de sesquióxidos

x Cimentação aparente, reversível: Usado com B, C e ocasionalmente E, para designar cimentação aparente, reversível.

Y Acumulação de sulfato de cálcio: Usado com B ou C para indicar acumulação de sulfato de cálcio.

Z Acumulação de sais mais solúveis em água fria que sulfato de cálcio: Usado com H, A, B, C para indicar acumulação de sais mais solúveis em água fria que sulfato de cálcio.

Outras Modificadores de Horizontes

Prefixos numéricos (ex. 2, 3, etc) – usados para denotar descontinuidade litológica. Por convenção o 1 não é mostrado, ex. A, E, Bt1, 2Bt2, 2BC, 3C1, 3C2.

Sufixos numéricos – são usados para subdivisão de horizontes principais em profundidade. A divisão é feita a partir da parte superior do horizonte, de forma sucessiva, sendo o símbolo numérico colocado após todas as letras usadas para designar o horizonte. Ex. A1, A2, E, Bt1, Bt2, Bt3, BC e C.

A numeração é reiniciada sempre que houver mudança de simbolização alfabética na seqüência vertical de horizontes. Ex.: Bt1, Bt2, Btx1, Btx2; C1, C2, Cg1, Cg2. Para horizonte A ou H qualificados com sufixo

p, a numeração não é reiniciada.

Observações:

Prefixo numérico pode ser usado em R, se admitido que o material originário do solo não foi produzido por rocha da mesma natureza da subjacente.

Em caso de Solo Orgânico, não se usa os prefixos numéricos para expressar material contrastante.

Em caso de ocorrer dois ou mais horizontes com a mesma designação, separados por horizontes ou camadas de natureza diversa, usa-se o símbolo ( ’ ) posposto à letra maiúscula designativa do segundo horizonte repetido na seqüência, como no exemplo: A, E, BE, Bhs, E’, BC, ou Hd, C, H’d, C

Caso raros de três horizontes com a mesma designação, usa-se o símbolo duplo, ( " ) posposto à

letra maiúscula designativa do 3º horizonte.

Quando cabível o uso de mais de um sufixo, as letras d, i, o, h, s, t, u, r, w têm precedência sobre os demais sufixos necessários para completar a designação integral do horizonte ou camada.

Sufixo b, conotativo de horizonte enterrado, deve ser precedido de outro sufixo, quando em notação binária, como por exemplo Btb.

A campo são observadas a espessura e a transição (nitides e topografia) destes horizontes ou camadas.

a) Espessura do horizonte ou camada: A espessura diz respeito á distancia vertical entre o inicio e o final do horizonte. Por exemplo, um solo qualquer possui um horizonte O com 5cm de espessura, um horizonte A com 50cm de espessura, e um horizonte B com 200cm de espessura.

b) Profundidade do horizonte ou camada: A profundidade se refere á distância vertical entre o inicio e o final do horizonte e a referência que é a superfície do horizonte A. por exemplo, um solo qualquer possui um horizonte O com profundidade de 5 a 0cm, um horizonte A com profundidade de 0 a 50cm, e um horizonte B com profundidade de 50 a 250cm.

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c) Transição entre horizontes ou camadas: A transição se refere à nitidez ou contraste de separação entre os horizontes ou camadas. Pode ser avaliada quanto à distinção (abrupta, quando a transição é menor que 2,5cm; clara, 2,5 a 7,5cm; gradual, 7,5 a 12cm, difusa, quando a transição é maior que 12cm) e quanto topografia (horizontal, ondulada, irregular, descontinua). Não se pode confundir transição entre horizontes com horizontes transicionais – são aspectos diferentes na descrição do perfil do solo.

Comparação entre a classificação antiga (1962) e a atual (2005).

Deve-se ressaltar que muitos levantamentos de solos foram realizados utilizando a nomenclatura de 1962 do Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos (SNLCS), conforme a tabela abaixo (EMBRAPA, 1988). Nesta tabela não estão incluídos os horizontes ou subscritos que não foram alterados na nomenclatura atual.

SNLCS

(Anterior )

Embrapa Solos

(atual)

SNLCS

(Anterior a)

Embrapa Solos

(atual)

O

O1

O2

A

A1

A2

A3

AB

A & B

AC

A/C

B

O

Oo, Ood

Od, Odo

H

A

A/O

A

E

AB ou EB

A/B

E/B

AC

A/C

B

B1

B & A

B2

B3

C

C1

R

BA ou BE

B/A

B/E

B

BC

B/C

B/R

F

C

CB

C/B

C/R

R

B/C/R

Fonte: Definição e notação de horizontes e camadas de solo. 2ed. Ver. E atual. Rio de Janeiro; Embrapa, Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos, 1998. (Embrapa – SNLCS. Documentos,3).

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Posição e seqüência de horizontes principais (letras maiúsculas) e subordinados (letras minúsculas) em profundidade no perfil de solo.

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CARACTERISTICAS MORFOLOGICAS DOS HORIZONTES Quando examinamos um perfil de solo, procuramos descrever detalhadamente as características morfológicas de todos os horizontes ou camadas que compõem o perfil. as características mais importantes a observar em cada horizonte do perfil de solo são: COR No exame do perfil de solo a cor é uma das características que mais chama atenção. É considerada uma das propriedades morfológicas mais importantes, não só pelo fato que mais chama atenção, à primeira vista, como, também, por ser de fácil determinação, permitindo boa caracterização do solo. Matéria orgânica e compostos de Fe são os principais agentes responsáveis pela cor dos solos. Esses pigmentos atuam em geral num fundo de cor branca dado pelos silicatos.

Através da cor podemos deduzir muitas características de importância, principalmente quando relacionamos com outros aspectos dos solos, como por exemplo: a) Conteúdo de Matéria Orgânica A matéria Orgânica é responsável pelas cores escuras dos solos. Havendo constância nos demais fatores, a coloração dos horizontes pode, à medida que aumenta o teor de matéria orgânica, variar do branco ao negro. Entretanto, em qualquer condição climática, a matéria orgânica contribui sempre na acentuação da cor do solo. Apesar de dentro de certas restrições geográficas, a relação entre cor escura e matéria orgânica ser muito boa, tal generalização está longe de ser universal. Os Latossolos, ricos em óxidos, tendem a ter colorações que não refletem o seu conteúdo em matéria orgânica, isto é, a mesma coloração (por exemplo, vermelho-escuro) para conteúdos variáveis de matéria orgânica. A hematita é um pigmento muito ativo: apenas cerca de 1 a 2% de hematita finamente pulverizada é suficiente para dar tonalidade avermelhada ao solo (SCHEFFER et al.,1958; RESENDE, 1976). Assim, tende a haver melhor correlação entre cor escura e teor de matéria orgânica em solos sem presença efetiva de hematita. A matéria orgânica aí expressa melhor a sua cor escura. Por outro lado, solos como VERTISSOLOS apresentam colorações muito escuras, mesmo com baixo teor de matéria orgânica. b) Conteúdo de Sesquióxidos de Ferro As cores vermelhas, por exemplo, dependem principalmente do conteúdo de sesquióxidos e óxidos de ferro não hidratados – hematita- enquanto que as cores amarelas ou cinza-amareladas dependem do teor de óxidos hidratados – goetita. De um modo geral, o solo é tanto mais vermelho quanto mais composto de ferro não hidratado estiverem presentes.

O Fe pode apresentar-se em forma reduzida, oxidada hidratada e oxidada desidratada:

O conteúdo de hematita (Hm) tende a estar refletido na intensidade da cor. Os técnicos do SNLCS, Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos (atual CNPS), têm observado que os fatores climáticos atuam sobre a relação entre cor vermelha e o conteúdo de óxidos de Fe nos Latossolos, das seguintes maneiras:

Nas regiões com período seco pronunciado (parte sul do Planalto Central, grande parte dos Estados de SP, MG, RJ etc.), há boa relação entre cor vermelha e conteúdo de óxidos de ferro.

Nas áreas com umidade mais bem distribuída, sem período seco pronunciado (como é o caso da maior parte da Amazônia, litoral sul da Bahia, planalto sul-rio-grandense etc.), os solos tendem a ser amarelados, independentemente do seu teor em óxidos de ferro.

Fe(III)CINZENTO AMARELO VERMELHO

αFeOOH αFe2O3Goethita(Gt) Hematita (Hm)

Fe(II)→ Fe(III)→

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Os solos originados de rochas máficas (basaltos, diabásios, anfibolitos etc.) tendem a ter cores em direção ao vermelho-escuro, refletindo a presença do maior teor de óxidos de Fe, na forma de hematita. O grande poder pigmentante da hematita mostra que os solos amarelos não a contêm. ALMEIDA (1979), apôs analisar criticamente a ocorrência de hematita e goethita no solo, propôs o modelo em que a presença de Fe(III), em solução, embora em pequena quantidade, está relacionada com a formação de hematita. Os teores de F(III) são reduzidos em decorrência de: pobreza em Fe total da rocha original; liberação muito lenta deste Fe; altos teores (atividade) da matéria orgânica; e condições de redução (excesso d'água).

Considerando válido esse modelo, pode-se prever vários fenômenos relativos á cor dos solos:

- Em condições comparáveis, os solos desenvolvidos de rochas máficas (rochas em geral escuras, ricas em Fe e em outros nutrientes) serão mais vermelhos do que os originados de rochas mais pobres em Fe.

- Em condição bioclimática muito seca, os solos não são tão vermelhos, pois há liberação lenta de Fe devido à taxa de intemperismo ser baixa.

- Sob condições bioclimáticas muito ativas, muita umidade durante longos períodos e grande atividade biológica, o solo tenderá a ser mais amarelado. As áreas depressionais de pior drenagem, agora ou no passado, da mesma forma tendem a produzir solos mais amarelados. Prevê-se, então, que para rochas semelhantes (diabásio, por exemplo) o solo será mais vermelho no Planalto Central e mais amarelo no Rio Grande do Sul e na Amazônia. Os solos amarelados, quando possuem médios a altos teores de Fe, estão ou estiveram sob condições bioclimáticas mais úmidas, ou em áreas depressionais, ou tendendo para o talvegue (oposto de crista). Em resumo, estão ou estiveram sob condições pedoclimáticas mais úmidas, apresentando maior efeito anti-hematítico da matéria orgânica. Nessas condições esses solos tendem a apresentar uma coloração um pouco mais brunada no horizonte B, em relação a outros solos de tonalidade semelhante, mas com menores teores de Fe.

- Mesmo que o solo seja intensamente vermelho, prevê-se que a relação goethita/hematita seja maior nos horizontes superficiais (maior efeito da matéria orgânica).

A grande mensagem desse modelo é que a intensidade de uma condição pode suplantar o efeito oponente de outra. Assim, mesmo sob condições periódicas de excesso d'água, a hematita pode formar-se, havendo concentração suficiente de Fe(III). É o que ocorre nos mosqueados vermelhos que dão origem ás chamadas plintitas. Fixação de P Os Latossolos, solos tropicais, ricos em óxidos de Fe e de Al fixam bastante P. Solos ricos em óxidos de Fe tendem, quando bem drenados, a ter cores de tonalidades bastante avermelhadas, quando existe período seco pronunciado, conforme foi visto ao serem relatadas observações dos técnicos do SNLCS (atualmente CNPS) e de acordo com o modelo apresentado anteriormente. As rochas e sedimentos que, em última análise, constituem o material de origem dos solos, são constituídas de minerais. Rochas = ∑minerais. Os minerais máficos (ricos em Mg e Fe) dão origem a solos com alto teor em óxidos de Fe. Mesmo a rocha sendo apenas relativamente rica em minerais máficos, os processos de formação do solo nas áreas tropicais concentram residualmente os óxidos de Fe e de Al. Solos originados de material pobre em minerias máficos (arenito sem cimento ferruginoso, por exemplo) tendem a ser mais pobres em óxidos de Fe e de Al, fixando menos P. Aqui há necessidade de cautela. A gibsita, tem um alto poder adsorvente, o que pode compensar o efeito dos óxidos de Fe, isto é, pode-se ter um solo relativamente pobre em óxidos de Fe e rico em gibsita e, portanto, com alta capacidade de adsorção de P. Via de regra a goethita tende a adsorver mais P do que a hematita (BAHIA et al., 1983; CURI, 1983; SOUZA et al., 1991), mas nem

ALTO → HEMATITAFe(III){

BAIXO → GOETHITA

Hematita ou goethita = f [Fe(III) na solução do solo]

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sempre isto acontece (LEAL & VELLOSO, 1973; RESENDE, 1976; CORRÊA, 1984), havendo até registro de situação em que a hematita adsorve mais (GUALBERTO et al., 1987). É fundamental considerar a textura, ao lado do conteúdo de óxidos (de Fe e de Al), nesses processos de fixação de P. Em condições comparáveis, solos mais argilosos apresentam maior fixação de P. No entanto, em razão dos comentários anteriores, a aplicabilidade destas generalizações restringe-se a solos afins. Fertilidade Geral Como foi comentado, a cor pode fornecer indicações sobre o material de origem, conteúdo de matéria orgânica, condições de drenagem e teores de óxidos de Fe e de Al (fixação de P), dando idéia sobre a fertilidade geral do solo. Isso pode ser consubstanciado num exemplo da região do Triângulo mineiro, onde o Latossolo Roxo ao longo dos rios principais é distinguido, pela cor, dos outros solos originários de materiais mais pobres (nesse caso a vegetação e/ou a atração pelo magneto também ajudam a distinguí-lo). Em várias partes do Brasil, intrusões de diabásio ou de anfibolitos (rochas máficas) dão origem a solos de coloração vermelha mais escura do que os solos circunvizinhos desenvolvidos de gnaisse, por exemplo. No entanto a aplicabilidade dessas relações talvez seja mais útil no que se refere a elementos-traço (Zn, Cu, Co) e fósforo total:

os solos mais vermelhos, mais ricos em óxidos de Fe, tem também, em geral, maiores teores de elementos-traços e de fósforo total;

apesar da afinidade geral entre elementos-traços e os teores de Fe, em concreções tem-se verificado (FONTES et al., 1985) haver melhor relação dos primeiros com o teor de Mn. As concreções mais ricas em Mn (o que quer dizer, até onde se conhece, em elementos-traços também) podem ser reconhecidas pela coloração negra evidente quando são quebradas, o que é consubstanciado pela fervura com H2O2 (água oxigenada);

os solos desferrificados, como discutido no item referente à drenagem, são pobres quanto aos elementos-traços mencionados. Pode-se ter uma idéia relativa do teor de Fe ( e de todas as suas implicações) baseando-se na facilidade de desferrificação. Os cupins esbranquiçados (que refletem a cor da caulinita), que ocorrem em posições relativamente elevadas da paisagem, tendem a indicar baixos teores de Fe no material de origem. Não é muito fácil encontrarem-se solos cinzentos nas áreas de rochas basálticas. Há, nesse caso, muito Fe a ser reduzido para que a cor cinzenta se expresse.

c) Drenagem

As cores apresentadas pelos compostos de ferro, também podem dar seguras indicações sobre o grau de drenagem. Em geral, as cores vermelhas indicam boa oxidação e boa drenagem, enquanto que as cores cinzentas ou cinza-azuladas, ao contrário, indicam condições redutoras e drenagem pobre. Em condições de excesso de água o ambiente é de redução; nesta condição, Fe(III) → Fe(II), a coloração tende a ser cinzenta (gleizada): é a tabatinga (barro branco, argila branca), presente sob a camada mais rica de matéria orgânica dos Solos Hidromórficos. Em ambiente redutor, como nas várzeas, o ferro deixa de influenciar com suas cores vermelhas e/ou amarelas por se tornar reduzido. É por esta razão que os solos das baixadas mal drenadas, cujo ambiente é redutor pela presença de água e conseqüentemente expulsão de ar, são cinzentos ou pretos, dependendo das condições de matéria orgânica.

A cor cinzenta pode estar misturada com outras cores, apresentando-se, deste modo, como mosqueada. Mesmo que o solo já não tenha mais excesso de água, as cores gleizadas, em alguns casos, ainda permanecem.

A cor cinzenta pode ser dada pela ausência de ferro oxidado, Fe(III), isto é, se tratar o solo com uma substância capaz de reduzir todo o Fe, a massa do solo, com ou sem a presença de ferro reduzido Fe(II), terá uma coloração cinzenta, podendo ser branca quando seca. O manganês e o cobalto são elementos de comportamento semelhante ao do ferro. É de se esperar, portanto, que os solos “gleizados” (cinzentos), quando mais bem drenados (natural ou artificialmente), sejam muito pobres naqueles elementos, provocando deficiências do primeiro e do último nas plantas, e do segundo nos animais. A razão da condicional “quando mais bem drenados” é

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que nas condições de encharcamento (ambiente de redução), é de se esperar que existam muitos elementos em solução, ainda não arrastados por lixiviação, podendo até ser tóxicos nestas condições. Determinação da cor do solo A determinação da cor é feita por comparação de uma amostra de solo com uma escala de cores. A escala mais empregada é a MUNSELL para solos. A anotação Munsell consiste em especificar a cor por meio de três componentes: “hue” ou matiz, “value” ou tonalidade e “chroma” a intensidade ou pureza da cor. Os nomes das cores são apresentados pela primeira letra da designação inglesa da cor: R – vermelho; YR – vermelho amarelo (alaranjado); Y – amarelo Entre o vermelho (R) e o amarelo (Y) são marcadas oito divisões. Como cor intermediária entre estas duas ocorre o (YR) representando 50% de Y e 50% de R. Subdividindo o intervalo entre Y e R temos:

Cores Vermelhas 10R

Cores Vermelho-Amarelas 10YR

Cores Amarelas 10R

5R 7,5R 25YR 5YR 7,5YR 2,5Y 5Y 7,5YR

O hue ou matiz ou ainda o nome da cor, vem assinalado no topo e à direita de cada página da Carta de Munsell. O value ou tonalidade da cor é indicado no sentido vertical por números de 0 a 10, correspondendo respectivamente ao preto e ao branco absoluto. O chroma ou pureza da cor, representa diferentes proporções de cinza nos hue e varia no sentido horizontal, de 0 a 8, na representação de Munsell para solos. A determinação da cor do solo se faz, preferivelmente empregando elementos estruturais recém-partidos, por comparação com os padrões da carta de Munsell. Anotam-se as cores de amostras secas e úmidas. A cor da amostra úmida é feita, tão logo desapareça a película liquida formada, ao se adicionar água à amostra seca. Uma vez encontrado na carta o equivalente da cor da amostra de terra, são anotados o hue, o value e o chroma correspondentes os quais compõem uma única expressão como: 5YR 5/3. As cores neutras (acromáticas) são representadas apenas pelo value, que se segue ao nome da cor, que é N. Assim, a cor preta de um horizonte é registrada como: N2/. TEXTURA DO SOLO A parte mineral do solo é constituída de partículas unitárias originadas do intemperismo das rochas, de variáveis tamanhos tais como: matacões (maior que 200mm de diâmetro), calhaus (200 a 20 mm de diâmetro), cascalhos (20 a 2mm de diâmetro), areia (2 a 0,02mm de diâmetro), sílte (0,02 a 0,002mm de diâmetro) e argila (menor que 0,002mm de diâmetro). A textura do solo, refere-se às várias proporções de partículas de diferentes tamanhos existentes no solo (menor que 2mm de diâmetro), as quais são expressas pelas classes texturais convencionais, que procuram definir diferentes combinações de argila, sílte e areia, as frações maiores do que areia são referidas como pedregosidade. Várias foram às escalas de frações do solo desenvolvidas e, dentre elas, no campo da pedologia, duas são consideradas as mais importantes: a americana (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e a Internacional, também denominada de Atterberg. A sociedade Brasileira de Ciência do Solo também desenvolveu uma escala que assemelha com a Internacional, modificando apenas nos limites para areia fina e sílte. A comparação entre as três escalas pode ser vista na tabela a seguir.

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Comparação entre as escalas: Internacional, Americanas e da S.B.C.S

Americana Internacional S.B.C.S

Frações limite dos diâmetros (mm)

Areia muito grossa 2,00 -1,00

Areia grossa 1,00 – 0,50 2,00 -0,20 2,00 -0,20 Areia média 0,50 – 0,25

Areia fina 0,25 – 0,10 0,20 – 0,02 0,20 – 0,05 Areia muito fina 0,10 – 0,05

Sílte 0,05 – 0,002 0,02 – 0,002 0,05 – 0,002 Argila <0,002 <0,002 <0,002

textura (distribuição granulométrica) de um solo depende, como outros atributos, da rocha de

origem e do grau de intemperização (idade) daquele. O quartzo, sendo um mineral muito resistente quando de tamanho maior do que cerca de 0,05mm de diâmetro é, no entanto, pouco resistente se ocorre nas frações argila e sílte. Tende a se concentrar em muitas rochas sedimentares – arenitos (rochas psamíticas). Há uma tendência de os solos originários de rochas psamíticas apresentarem altos teores de areia e baixos teores de argila. Por outro lado, os solos derivados de rochas de textura fina, tais como: argilitos, folhelhos, ardósias etc. (rochas pelíticas), apresentam baixo teor de areia e alto teor de argila. Materiais grosseiros resistentes ao intemperismo, tais como quartzo, material enriquecido e/ou cimentado por óxidos de ferro, não são ativamente destruídos pelo intemperismo nem removidos do sistema pela erosão. Resultado: formam-se camadas cascalhentas à superfície do solo, as quais podem ser posteriormente cobertas por novo material, formando assim um leito de cascalhos. Muito freqüentemente são encontrados cascalhos arredondados, evidenciando atividade abrasiva por movimentação de água (rios), mesmo que atualmente não haja neste sentido, outras evidências facilmente perceptíveis de que o leito do rio tenha estado necessariamente naquele local.

As propriedades dos solos dependem muito da textura e, como já foi comentado quando se estudou a constituição do solo, elas dependem também da constituição mineralógica de cada um das frações.

Para se determinar a composição granulométrica (proporções das diferentes classes de partículas), de uma maneira geral é usado a tamizagem (uso de peneiras) para a fração mais grosseira (areia), sendo que para as partículas menores de areia utiliza-se o método de sedimentação diferencial das partículas (lei de Stokes) conforme seu diâmetro. Dessa maneira, pela análise mecânica (ou granulométrica) obtêm uma distribuição quantitativa das frações areia, sílte e argila, presentes na terra fina seca ao ar (TFSA) expressa em porcentagem. Para se eleger a classe textural de uma amostra de solo utiliza-se geralmente um diagrama:

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Pode-se representar a textura com o auxilio desse triangulo acima. Nos vértices do triângulo estão representados 100% da fração correspondente, que decresce paralelamente à base que lhe é oposta. Areia fina e areia grossa formam um conjunto único (a fração areia), representando no triangulo: nele, %areia - %argila>70. Analisando a representação das classes texturais pelo triângulo, observa-se:

1. Nos vértices estão as classes de textura identificadas pelo nome da fração, com exceção do vértice superior;

2. A classe textural franco (barro, em algumas publicações) corresponde à classe textural em que supostamente não há predominância marcante de nenhuma das frações. Ela se posiciona aproximadamente no meio do polígono pentagonal. As frações argila, sílte e areia estão aí presentes em diferentes proporções. A fração argila ocorre em menor quantidade, cerca de 20%, enquanto que areia e sílte correspondem a cerca de 40% cada. Isto porque a argila tem um papel físico-químico muito mais pronunciado do que aquele das outras duas frações;

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3. a fração argila, pela sua atividade, imprime seu nome a varias classes de textura, isto é, das treze classes, sete levam o nome argila ou argilosa na sua denominação. Isso não acontece com qualquer das outras frações, a não ser com a palavra franca (seis vezes), a qual não representa uma fração. No campo, para avaliação textural do solo utiliza-se da sensibilidade ao tato, pela sensação, ao

esfregar um pouco de solo úmido (depois de bem disperso) entre os dedos. A areia dá sensação de atrito, o sílte de sedosidade e a argila, de plasticidade e pegajosidade. Somente o treinamento com amostras conhecidas e a prática poderão capacitar os técnicos a avaliar satisfatoriamente a textura do solo através do seu manuseio. Implicações da Textura no comportamento do Solo, com relação à planta a) Com respeito às características relacionadas com a natureza coloídal do solo temos: Capacidade de troca de iônica; Comportamento em relação ao manejo de aração e gradagem; Infiltração e retenção de água; Porosidade, etc. Observa-se que os solos tropicais, bastante intemperizados, já perderam quase que totalmente, os minerais de fácil intemperização, ficando como produtos finais argila e uma fração arenosa constituída de quartzo, concreções ferruginosas e argilosas, magnetita e outros elementos que não fornecem nutrientes para as plantas ou, se fornecem é com muita lentidão. Conclui-se que, pela mineralogia da fração grosseira, principalmente a fração areia, pela sua composição, pode-se ter uma idéia do potencial do solo em questão em ceder nutrientes, ou seja, da habilidade de fornecer os nutrientes para que haja uma produção relativamente alta das culturas, durante um período relativamente longo. b) Estágios de Intemperização do Solo As partículas do tamanho de areia e sílte, sob a ação do intemperismo, transformam-se em argila que é geralmente mais resistente e menos rica em reservas de nutrientes (na sua constituição) do que o material que lhe deu origem. Os minerais resistentes permanecem sob o tamanho de areia e a fração sílte fica, então, sendo o ponto de máxima instabilidade, isto é, somente os solos mais novos é que apresentam alto teor de sílte, que é mínimo nos Latossolos, os solos mais comuns no Brasil. A fração sílte serve então como indicadora do grau de intemperização do solo ou do potencial dele de conter minerais primários facilmente intemperizáveis; isto é, de sua reserva em nutrientes. A relação sílte/argila tem sido proposta como índice do grau de intemperismo do solo; por exemplo, abaixo de 0,15 o solo é muito intemperizado (WAMBEKE, 1962); a relação sílte/argila de 0,7, quando a textura for media (menos de 35% de argila e %areia-%argila<70) e de 0,6, quando for argilosa (35 a 60% de argila) ou muito argilosa (>60% de argila), ajuda a separar Cambissolos (solos jovens) de Latossolos (os solos mais velhos), quando as características morfológicas desses solos forem semelhantes (EMBRAPA, 1988). Em solos que sofreram um profundo intemperismo, há algumas ressalvas. Onde a formação dos solos está tendo, como substrato, não a rocha inalterada, mas um horizonte C já bastante intemperizado e lixiviado, o sílte pode ser formado de material estéril. Em grande parte do Sudeste do Brasil, os solos com solum (horizontes A+B) estreito frequentemente apresentam relação sílte/argila elevada (>0,7, por exemplo), mas o sílte é formado por flocos de caulinita (PINTO, 1971; GOMES, 1976; REZENDE,1980). Nesse caso os altos teores de sílte não correspondem a altos teores de minerais primários facilmente intemperizáveis. c) Superfície específica À medida que a matéria mineral diminui em tamanho, aumenta sua superfície de contato. Assim sendo as argilas, que são as menores partículas do solo, são importantíssimas pois sabe-se que os fenômenos físico-químicos que ocorrem no solo, são na sua maioria, realizados na superfície destas partículas diminutas. Assim, chega-se à conclusão que:

1) Quanto maior o teor de argila, maior a área específica do solo e maior a intensidade de fenômenos, como retenção de água, capacidade de troca, resistência à erosão e fixação de

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fósforo. 2) O tipo de argila tem grande influência sobre a área específica e, daí, sobre as propriedades que

com ela se correlacionam. 3) O tipo de argila, tem enorme influência sobre a área especifica e, assim, sobre as propriedades

que com ela se correlacionam.As argilas dos Latossolos são as que têm menor área específica (sesquióxidos de Fe, Al e Caulinita).

d) Encrostamento A parte superficial do solo, sob a ação do impacto das gotas de chuva e dos ciclos de umedecimento e secagem, pode ter sua estrutura modificada na parte superficial (do solo), havendo um rearranjamento das partículas, o que provoca o aparecimento de uma camada que tende a se dispor em forma de lâminas, dificultando a infiltração de água e mesmo a emergência de plântulas. A esse fenômeno dá-se o nome de encrostamento. Tem-se observado que a fração sílte é um dos responsáveis pelo encrostamento, sendo de se prever que solos mais ricos nesta fração tenham maior tendência ao encrostamento. E comum, em muitos solos brasileiros, com bastante evidencia nas áreas do cerrrado e no latossolo roxo do Triângulo Mineiro, a formação de um pequeno encrostamento que dificulta a infiltração de água e a emergência de plântulas, o que pode ter implicações na perda de água do solo na forma de vapor e erosão. Ora, sabe-se que por definição os Latossolos são pobres em sílte, sendo a explicação provável para que este fenômeno ocorra em Latossolo, o seguinte: desde que as argilas dos Latossolos estão floculadas, é bem provável que estas argilas floculadas possam funcionalmente estar se comportando como sílte e areia fina. Uma das maneiras de evitar o encrostamento é manter o terreno coberto na maior parte do tempo. Tomando como exemplo algumas forrageiras, principalmente o colonião, de uma maneira geral, mal manejada em muitas áreas do Brasil (uso de fogo e pisoteio excessivo), deixa o solo extremamente exposto, favorecendo o encrostamento. ESTRUTURA DO SOLO

Representa a organização ou arranjamento dos sólidos do solo. Do ponto de vista edafológico a estrutura diz respeito à reunião das partículas sólidas em agregados os quais se separam um dos outros por superfícies de enfraquecimento. As partículas primárias (argila, sílte e areia) geralmente se encontram agrupadas, formando partículas maiores (agregados), dando ao solo a sua estrutura.

Se a massa do solo for coerente e não apresentar estrutura definida, diz-se que o solo é maciço; grãos simples, se a massa for solta. Uma estrutura como a do Latossolo Roxo, que se apresenta com aparência de pó de café, é descrita, ás vezes como tendo aspecto de maciça, porosa, formada de grânulos muito pequenos. Essa é a estrutura típica dos Latossolos. A análise cuidadosa do que foi comentado anteriormente permite as seguintes generalizações:

1. Os óxidos de Fe e de Al, a matéria orgânica e o excesso de sais tendem a produzir estrutura granular;

2. A expansão e contração de todo material, mais ou menos rico em argila, quando exposto a ciclos de umedecimento e secagem, quando em meio mais conservador de umidade (ou mais favorecido por lixiviação obliqua) tende a destruir a estrutura granular, dando origem a estrutura em blocos, isto é, ocorre uma deformação plástica dos agregados (EUA, 1967; MONIZ, 1980);

3. Num Latossolo, a taxa de infiltração d’água tende a ser maior no horizonte B do que no horizonte A. o oposto ocorre quando a argila é mais ativa (expande-se e contrai-se mais). Então, a matéria orgânica, mais próxima à superfície, reduz a expansão e a contração que chegam a afetar inclusive o horizonte B. Nesse caso (solo com argila mais ativa), a proporção de macroporos é maior mais próxima à superfície;

4. Sendo a esfera o sólido que apresenta o mínimo de área exposta por unidade de volume, e como o granulo é a estrutura que mais se aproxima da esfera, conclui-se: os materiais que apresentam estrutura granular tendem a ter o mínimo de coerência entre os grânulos. Estes, se forem pequenos, podem ser facilmente deslocáveis pela água, daí os Latossolos mais ricos em óxidos de Al e de Fe (os Latossolos mais velhos) serem, ao contrário do que se apregoa

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normalmente, de fácil erodibilidade (Latossolo Roxo, por exemplo). Isso não é muito mais notado porque tais solos tendem a ocorrer em superfícies bem suaves (pequena declividade );

5. Os solos pobres em óxidos de Al e de Fe tendem a apresentar estrutura bastante afastada do tipo granular, exceto próximo à superfície, onde se faz sentir o efeito do teor mais elevado de matéria orgânica e da atividade da pedofauna; e, até certo ponto, também dos ciclos de umedecimento e secagem. Os solos hidromórficos (gleizados ou acinzentados), nos horizontes pobres em matéria orgânica, apresentam muito poucos macroporos (dados nos outros solos essencialmente pela granularidade da estrutura).

O excesso de sais tende a formar grânulos (como nos Solos salinos) enquanto o Na tem efeito oposto, tendendo a formar prismática colunar (como nos Solonétzicos).

Ao determinar uma estrutura no campo deve-se ter o cuidado de agir de modo que a nossa ação ao observar a mesma não venha promover o aparecimento ou destruição de determinada estrutura. Para isso deve-se procurar calmamente selecionar com os dedos, separar e distinguir os agregados de estrutura. A classificação mais difundida da estrutura de solo é a de NIKIFORFF, que é feita em função da forma, tamanho e grau de desenvolvimento das unidades estruturais. A FORMA define o que se chama TIPO DE ESTRUTURA. O TAMANHO é definido como CLASSE DE ESTRUTURA. DESENVOLVIMENTO é definido como grau de estrutura. A estrutura pode ser definida em: Macro-estrutura Micro-estrutura Os seus limites são arbitrários e se baseiam na possibilidade ou não de se ver as estrutura à vista desarmada. Para o nosso estudo morfológico, o que é discutido é a macro-estrutura, pois, para o estudo da micro-estrutura há necessidade de aparelhos especiais. O que estudamos no campo é a avaliação quantitativa da macro-estrutura. Tipos de Estrutura Reconhecem-se quatro tipos fundamentais de estrutura. O arranjamento das partículas sólidas pode-se fazer em torno de uma linha, um ponto ou um plano.

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a) Estrutura lâminar As partículas sólidas se dispõem segundo um plano, geralmente horizontal. diferentemente dos outros tipos de estrutura que se formam por processos vários, este tipo é normalmente herdado do material de origem do solo. b) Estrutura prismática As partículas sólidas se dispõem em torno de uma linha vertical, formando unidades estruturais limitadas por faces relativamente planas, neste tipo de estrutura as duas dimensões horizontais se equivalem enquanto a vertical é maior. Apresenta dois subtipos: b1) Prismática – A porção superior da unidade estrutural é plana. b2) Colunar – A parte superior da unidade estrutural é recurvada ou arredondada. c) Estrutura em blocos As partículas sólidas se dispõem em torno de um ponto formando uma unidade estrutural limitada por faces planas ou recurvadas, que se ajustam perfeitamente nas unidades vizinhas. Possuem as três dimensões de mesma grandeza. Reconhecem-se dois subtipos: c1) Blocos angulares - As unidades apresentam faces planas e ângulos cortantes. c2) Blocos subangulares – unidades com faces planas, recurvadas ou mistas e com vértices arredondados. d) Estrutura esferoidal As partículas sólidas se dispõem em torno de um ponto, formando unidades estruturais limitadas por superfície irregular ou recurvadas, não se acomodando nas unidades vizinhas. Apresentam a mesma grandeza nas três dimensões. Reconhecem-se dois subtipos: d1) Granular – As unidades são pouco porosas. d2) Grumosa – As unidades são muito porosas. Classe de estrutura

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A classe de estrutura é determinada em função das dimensões das unidades estruturais. Os limites de tamanho variam segundo a forma e arranjamento das unidades estruturais. Grau de estrutura

O grau de estrutura, diz respeito à manifestação das forças que reúnem as partículas sólidas no agregado e entre agregados: exprime a diferença entre a coesão das partículas na unidade estrutural e a aderência entre a unidade e suas vizinhas.

Tipo de Estrutura

Classes de Estrutura

Prismática Blocos Laminar Esferoidal

Prismática Colunar Angulares Subangulares Laminar Granular Grumosa

Muito Pequena < 10 mm < 5 mm < 1 mm < 1 mm

Pequena 10 a 20 mm 5 a 10 mm 1 a 2 mm 1 a 2 mm

Média 20 a 50 mm 10 a 20 mm 2 a 5 mm 2 a 5 mm

Grande 50 a 100 mm 20 a 50 mm 5 a

10mm 5 a 10 mm

Muito Grande > 100 mm > 50 mm > 10 mm > 10 mm

No campo, o grau de estrutura é avaliado procurando-se remover as unidades estruturais presentes no perfil de solo, observando-se a proporção entre o material agregado e não agregado, as unidades estruturais inteiras e rompidas.

Reconhecem-se quatro graus de estruturação Sem estrutura: condição para a qual não se observa agregação entre as partículas sólidas. Recebe as designações:

Maciço – quando as partículas sólidas ocorrem reunidas formando massa compacta. Grãos simples – quando as partículas sólidas ocorrem soltas, individualizadas.

Fraco: estruturação não evidenciada no perfil do solo. Por remoção, obtém porções de terra que se rompem originando uma mistura de algumas unidades estruturais pouco resistentes, muitas unidades demolidas e bastante material não agregado. Moderado: estruturação fracamente evidenciada no perfil do solo. Por remoção obtêm-se porções de terra que se rompem, originando uma mistura de muitas unidades estruturais moderadamente resistentes e bem definidas, algumas unidades demolidas e pouco ou nenhum material não agregado. Forte: estruturação bem evidenciada no perfil do solo. As unidades estruturais se aderem fracamente. Por remoção obtém se quase que exclusivamente unidades estruturais individualizadas. Designação da estrutura

A estrutura do solo é designada combinando-se as denominações do tipo, classe e grau. Assim, a estrutura de um horizonte no qual as unidades estruturais se encontram intimamente reunidas, não evidenciadas à observação do perfil e que se rompem, uma vez removidas, em unidades de 5 a 10mm, dotadas de faces irregulares e se encaixam perfeitamente nas unidades vizinhas, será: ... moderada pequena blocos subangulares. Em certos casos, ocorre mais de um tipo de estrutura no horizonte do perfil de solo. Essa estrutura é designada, acrescentando-se o termo Composta, assim: ...composta muito moderada grande prismática e forte grande blocos angulares.

POROSIDADE

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É conseqüência da estrutura. Entende-se por porosidade o volume do solo que não é ocupado pela matéria sólida, ou seja, o ocupado pela água e ar. Em um solo absolutamente seco, o volume de poros é utilizado exclusivamente pelo ar , em um solo úmido ocorrem a água e o ar, em um solo molhado ou encharcado, o volume de poros está praticamente tomado pela água. A porosidade de um solo é vista como um sistema complexo de espaços vazios, de forma irregular, com arranjamento e disposições variáveis. Esses espaços vazios comunicam-se ou não, agindo favorável ou desfavoravelmente à acessibilidade e permanência dos fluidos água e ar, no corpo do solo.

Todo solo possui poros, mas seu número, tamanho, distribuição e continuidade são variáveis conforme o solo. Ao se examinar a massa do solo com atenção, principalmente quando com o auxilio de uma lupa, percebe-se que existem pequenos vazios naquela massa. Ao se lhe adicionar água, esta se infiltra com maior ou menor rapidez. Os poros do solo são divididos em duas classes: microporos e macroporos, menores e maiores do que cerca de 0,05mm de diâmetro, respectivamente. Assim, é de se esperar que um solo argiloso (muitas partículas <0,002mm) apresente grande microporosidade; um solo arenoso (muitas partículas >0,05mm) apresente grande macroporosidade. As partículas primárias (argila, areia e sílte) podem unir-se formando partículas maiores, os agregados, isto é: partículas primárias unidas num agregado. Recordando que a porosidade está muito relacionada com o ar e a água no solo, pode-se frisar o seguinte:

1. Todo solo argiloso tem grande microporosidade, contudo pode possuir também grande macroporosidade dada pela agregação( estrutura);

2. As raízes crescem melhor através dos macroporos; 3. Os agentes que agregam as partículas primárias (argila, sílte e areia) com a matéria orgânica,

Ca, e óxidos de fé e de Al, favorecem o arejamento e a infiltração de água; enquanto os agentes que desagregam (destroem os agregados), como o Na, compactação e pudlagem têm efeito inverso, prejudicando sobremaneira o crescimento das raízes;

4. A água é retida com mais força nos poros menores: nos poros maiores, a própria gravidade remove a água; nos menores, a água não é tão disponivel para as plantas. Entre esses extremos existem poros intermediários em tamanho e na tendência de comportamento. Nos microporos predomina a retenção de água por adsorção. Em contrapartida, sua infiltração e arejamento (trocas gasosas) diminuem;

5. A estrutura granular, quando bem expressa, como no caso do horizonte B dos Latossolos muito velhos, determina no solo a existência de duas populações de poros mais ou menos distintas: os macroporos, entre os grânulos, e os microporos, no interior dos agregados. Isso tende a classificar a água retida nestes solos em duas classes bem distintas: a que ocupa os poros maiores do que cerca de 1μm (3bars) e a água correspondente a poros com diâmetro equivalente menor que 0,2 μm (15bars). Isso quer dizer que nesses solos não há praticamente poros sentre esses dois limites. Tal fato é válido também para solos arenosos. Os solos que não possuem estrutura granular já tendem a apresentar geralmente maior incidência de poros entre 1 e 0,2 μm de diâmetro equivalente. Os comentários anteriores e o fato de a maior parte da água disponível estar em poros

variando de 30 a 1μm de diâmetro, sugerem que, para alguns solos, a compactação poderia ser benéfica por aumentar a quantidade de poros na faixa mencionada. Isto é, seria possível, em principio, para alguns Latossolos, o aumento do teor de água disponível pela transformação de parte dos poros maiores do que 30 μm (1/10 bars) em poros menores. Como exemplo pode ser citado que um aumento da densidade de material de horizonte subsuperficial de Latossolo Roxo de área de empréstimo de 1,15 para 1,30g.cm

-3 no Triângulo Mineiro, estimou o crescimento das leguminosas arbóreas angico amarelo

e cássia verrugosa (OLIVEIRA, 1995). É provável que o contato mais intimo entre raiz e solo, nessas condições, possa realmente ser importante, conforme sugere o esquema abaixo. Como sempre acontece em sistemas naturais, é preciso cautela para que não haja os efeitos contrários. Se a compactação for muito intensa, começa a atuar todo um conjunto de fatores adversos: menor infiltração de água, maior erosão, menor crescimentos de raízes, menor taxa de difusão de alguns elementos como fósforo (RUIZ, 1985; NOVAIS, 1987) etc. Além do mais, a exemplificação apenas se referiu a Latossolos altamente granulados (no horizonte A).

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A seguir são feitos alguns comentários concernentes à fase gasosa (AHLRICHS, 1972). Basicamente, essa fase no solo é constituída de ar atmosférico modificado: na sua parte superficial tem composição similar àquela do ar atmosférico, obedecendo ao gradiente de difusão que existe entre ambos; nos horizontes e camadas mais profundos ocorre o efeito de uma troca lenta. Embora outros mecanismos tenham sido propostos, a difusão parece ser o mecanismo primário na troca de gases. As mais importantes modificações produzidas pelos microrganismos e raízes de plantas são o consumo de O2 e a produção de CO2. a maior parte do CO2 no ar do solo é atribuída á atividade dos microrganismos. O ar do solo comumente contém até 1% de CO2, enquanto o ar atmosférico tem cerca de 0,03%. O teor de O2 no ar atmosférico é geralmente 21% e este decresce no ar do solo. O abaixamento é usualmente proporcional ao incremento em CO2 devido a taxa consumo de O2/ produção de CO2 ser próxima a 1:1 na respiração. Em condições de encharcamento, o O2 dissolvido desaparece rapidamente devido à demanda microbiana e à menor difusão do O2 na água. O sistema torna-se anaeróbico. Em ambientes de solos muito molhados, a quantidade de O2 tende a diminuir muito mais do que a elevação do nível de CO2 porque, além do efeito dos microrganismos, este último se dissolve em água em intensidade muito maior do que o primeiro. No solo, a difusão do ar é reduzida devido à tortuosidade dos poros contínuos disponíveis e ao espaço poroso efetivo (porção vazia do solo). O tamanho dos poros não é critico, mas a continuidade sim, uma vez que a média dos condutos livres para as moléculas gasosas é muito menor do que o diâmetro dos poros envolvidos. O espaço poroso total tende a ser maior nos solos argilosos do que nos arenosos (BLACK, 1968) e assim a difusão é geralmente maior nos primeiros, quando secos. Entretanto a maioria dos solos de climas tropicais úmidos é geralmente mais úmida do que seca durante o ano, o que fecha os poros menores dos solos argilosos, ocorrendo, dessa forma, uma reversão do comportamento normal de difusão. O processo de aeração é um dos mais importantes fatores determinantes da produtividade do solo (HILLEL, 1982). Uma respiração adequada de raízes requer que o solo seja aerado; isto é, que a troca de gases entre o ar do solo e a atmosfera ocorra numa taxa que evite a deficiência de O2 e o excesso de CO2 na rizosfera. Os microrganismos do solo também respiram, e sob condições de aeração deficiente podem competir com as raízes das plantas superiores por oxigênio. No campo, a porosidade deverá ser determinada quanto ao tamanho dos poros e quanto à quantidade dos mesmos. Quanto ao tamanho

Sem poros visíveis – quando não apresentar poros visíveis, mesmo com lupa de aumento de mais ou menos 10X

Muito pequenos – inferiores a 1mm de diâmetro Pequenos – de 1 a 2mm de diâmetro Médios – de 2 a 5mm de diâmetro Grandes – de 5 a 10mm de diâmetro Muito Grandes – superiores a 10mm de diâmetro

Quanto à quantidade

Poucos poros – Ex: horizonte B dos hidromórficos cinzentos; B gleizado.

Poros comuns – Ex: horizonte B do Podzólico Vermelho Amarelo típico (modalidade de textura pesada, com estrutura em blocos moderada e bem desenvolvida).

Muitos poros – ex: horizonte B dos Latossolos. Observa-se que se examinar a massa do solo de um Latossolo com atenção, principalmente com o auxilio de uma lupa, perceber-se-á que existem pequenos vazios naquela massa. Se adicionar-se água, ela se infiltra com maior ou menor rapidez. Os agentes que agregam as partículas primárias (argila, sílte e areia), como matéria orgânica, Ca e óxidos de Fe e Al, favorecem arejamento e a infiltração de água. Enquanto os agentes que desagregam (isto é, destroem os agregados) como o Na, compactação, puddlagem, tem efeito inverso, prejudicando sobremaneira o crescimento das raízes.

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CEROSIDADE À argila, partícula finíssima que, trazida dos horizontes superficiais é depositada na superfície dos agregados estruturais dos horizontes subsuperficiais, dá-se o nome de cerosidade, películas ou filmes de argila. A cerosidade pode ser dada também por simples rearranjo na superfície dos blocos, por exemplo. Cerosidade é desta forma o aspecto brilhante e ceroso, que ocorre por vezes na superfície das unidades de estrutura, manifestando muitas vezes por um brilho matizado, decorrente de película de materiais coloidais, depositadas nas superfícies das unidades estruturais, material este constituído por minerais de argila ou óxidos de ferro ou talvez alumínio. Quanto ao grau de desenvolvimento, serão usados os termos: Fraca, Moderada e Forte, de acordo com a maior ou menor nitidez e contraste mais ou menos evidente com as partes da cerosidade. Quanto à quantidade, serão usados os termos: Pouco, Comum e Abundante. Observa-se que os Latossolos, que são solos mais intemperizados, mais ricos em óxidos de Fe e Al, geralmente mais pobres em nutrientes e mais profundos não possuem, ou podem apresentar quantidades poucas e fracas destas partículas de argila, sendo esta característica verificada nos solos Podzolizados, menos intemperizados, que apresentam horizonte B textural (Bt). Dessa maneira, pode-se dizer que se a cerosidade está presente em um solo, esta pode servir para indicar, evidentemente aliada a outras informações, a riqueza relativa de um solo em nutrientes (estágio de intemperismo). As raízes das plantas encontram algum obstáculo, para penetrarem nos agregados quando há cerosidade. Esta película tem, também, importância na difusão de alguns elementos como P e K. Isto traz para esta propriedade uma grande importância, por causa das possíveis implicações na absorção de nutrientes. A cerosidade guarda relação com outras modificações causadas por partículas finas. Assim, à semelhança da argila silicatada, outras substâncias argilosas podem depositar-se, formando películas que envolvem os agregados. Todos esses revestimentos recebem o nome de cutãs. A cerosidade é o cutã argila, mangã, ferrã e orgã são os revestimentos de compostos de manganês, ferro e matéria orgânica, respectivamente. A própria atividade de expansão e contração (onde estão envolvidas forças muito grandes no contato entre os blocos ou prismas) pode dar um arranjo especial (orientado) às partículas de argila do próprio agregado, no contato entre eles. A cerosidade leva milênios para se formar (EUA, 1967). Do que foi exposto, pode-se concluir que:

1. Os blocos, através da contração (quando o solo está secando), tendem a se separar uns dos outros sempre no mesmo lugar. Assim, a cerosidade é a resultante de um processo cumulativo;

2. A presença de cerosidade em solo relativamente desenvolvido, num deposito aluvial, indica que, já há milênios, esse solo não sofre inundações. Isso pode ser de grande utilidade prática na previsão de enchente em locais com inundações muito raras (apesar de não registradas historicamente). Pode ser, portanto, um critério de uso plausível em áreas de colonização recente;

3. Ao contrário da expansão-contração, favorecida por alternância de umedecimento e secagem, a atividade biológica tende a destruir a cerosidade. Por isso, em solos já relativamente ricos em óxidos de Fe e Al, a cerosidade só consegue permanecer mais ou menos claramente na parte inferior do perfil. Aí a atividade biológica não destrói a cerosidade acumulada lentamente, isto é, os blocos tendem a se separar sempre ao longo das mesmas faces. Mas como as faces não são muito distintas, é comum encontrarem-se como que antigas faces de blocos com cerosidade, agora no interior de outros blocos;

4. A atividade de expansão-contração dos blocos faz com que haja um grande empacotamento de partículas no seu interior, mas ainda mais pronunciadamente na superfície, enfatizado pela cerosidade. Daí os macroporos, por onde as raízes crescem, situarem-se entre os agregados (blocos). O interior dos agregados é pouco explorado pelas raízes, que atapetam a superfície em contato com a cerosidade. Nessas condições elas ficam num ambiente sujeito a grandes esforços físicos, havendo, inclusive, freqüentes rupturas e amassamento. Nesse caso, os trabalhos em laboratório, em que a estrutura é alterada (por exemplo, para a determinação do ponto de murcha), requerem um ajustamento especial para condições de campo.

Além da cerosidade, deve ser citado:

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Superfícies Foscas ou “Coatings” Superfícies ou revestimentos muito tênues e pouco nítidos, que não podem ser identificados como cerosidade, apresentando normalmente pouco contraste entre a parte externa revestida e a matriz sob esse revestimento, tendo aspecto embaçado ou fosco. Este revestimento inclui também filmes de matéria orgânica infiltrada e Mn (pretos ou quase pretos), os quais podem ser resultantes de translocações.

Superfícies de Fricção ou “Slikensides” São superfícies alisadas e lustrosas apresentando estriamentos causados pelo deslizamento e atrito da massa do solo. São superfícies tipicamente inclinadas, em relação ao prumo dos perfis.

Superfícies de Compressão São superfícies alisadas sem estriamento, causadas por compressões na massa do solo em decorrência de expansão do material. Não se apresentam inclinadas, por não haver deslocamento entre as unidades. São características de solos com textura pesada (muito argilosa). CONSISTÊNCIA DO SOLO Entende-se por consistência, a manifestação das forças de coesão (atração das partículas entre si) e de adesão(atração das partículas por um outro corpo), presentes no solo a variáveis conteúdos de umidade. Esse termo, diz respeito às atrações entre as partículas sólidas do solo, que se manifestam tão logo a massa do solo molhada, úmida ou seca e posta aos efeitos de deformação, separação ou ruptura. A consistência do solo abrange um campo de ocorrência de propriedades como: resistência à compressão, tenacidade, friabilidade, plasticidade, etc., dependentes da manifestação de: Coesão: força ou atração, presente na interface liquido-liquido: ocorre entre partículas sólidas revestidas por películas liquidas. Ou sólido-sólido: ocorre entre partículas de solo seco. Adesão: força ou atração presentes na interface sólido-líquido. Observações de campo e investigações experimentais evidenciam que a consistência dos solos variam com conteúdo de umidade, bem como com a textura, com a matéria orgânica, com a quantidade e natureza do material coloidal, com a estrutura e com o tipo de cátion adsorvido. De acordo com o grau de umedecimento podem ocorrer as seguintes formas de consistência: a) Consistência do solo seco: Um solo está seco, quando o conteúdo de umidade está em equilíbrio com o ar ambiente, em tempo seco. A consistência do material do solo quando seco é caracterizada pela Dureza ou Tenacidade, ou seja, pela rigidez, quebrajosidade, fragilidade, máximo de resistência à ruptura, maior ou menor susceptibilidade ao esmagamento e fragmentação, impossibilidade do material fragmentado de agregar-se outra vez, quando comprimido. No campo, a avaliação dessa consistência é feita pela resistência à ruptura, oferecida por pequenas porções de terra seca (unidades estruturais ou fragmentos de terra), entre o polegar e o indicador. Assim temos:

Solto: não coerente entre o polegar e o indicador. Macio: a massa do solo, quebra-se em material pulverizado ou grãos individuais sob pressão

muito leve. Ligeiramente duro: a massa do solo é fracamente resistente à pressão: facilmente demolida

entre os dedos. Duro: a massa do solo é moderadamente resistente á pressão, dificilmente quebrável entre o

indicador e o polegar. Muito duro: a massa do solo é muito resistente à pressão e é dificilmente demolida com as

mãos. Não quebrável entre o indicador e o polegar. Extremamente duro: a massa do solo é extremamente resistente.

b) Consistência do solo úmido: A consistência quando úmido é caracterizada pela friabilidade. A friabilidade caracteriza a facilidade de ruptura da massa do solo úmido. As condições para as quais um solo exibe friabilidade são também aquelas ótimas para a aração, e são apresentadas quando a coesão entre as partículas sólidas do solo é mínima.

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A avaliação da friabilidade no campo é feita sobre pequenas porções de terra úmida, observando-se a resistência oferecida à aplicação de pressão. Recomenda-se o emprego de unidades estruturais ou de fragmentos do solo umedecido. Assim temos: Solto: não coerente Muito friável: a massa do solo se rompe entre os dedos, por aplicação de pressão muito fraca. Friável: a massa do solo se rompe entre os dedos, por aplicação de pressão fraca. Firme: a massa do solo se rompe sob pressão moderada entre o indicador e o polegar. Muito firme: a massa do solo se rompe sob forte pressão, dificilmente esmagável entre o polegar e o indicador. Extremamente firme: a massa do solo somente se rompe sob pressão muito forte; não podendo ser esmagada entre o indicador e o polegar. c) Consistência do solo molhado: O solo é considerado molhado quando apresenta um conteúdo de água ligeiramente superior à sua capacidade de campo. Para esse grau de umidade, manifestam-se duas importantes propriedades: pegajosidade ou aderência e plasticidade. Pegajosidade ou aderência A pegajosidade é uma conseqüência de atrações entre as superfícies de um liquido e de um sólido. A avaliação da pegajosidade no campo é feita, pressionando-se entre os dedos uma pequena porção de terra molhada, previamente manipulada. Observa-se a resistência imposta à separação dos dedos a aderência aos mesmos. os graus de pegajosidade são descritos da seguinte forma: não pegajoso; após a aplicação de pressão entre os dedos indicador e polegar, não se verificar nenhuma aderência da massa aos mesmos. ligeiramente pegajoso: após cessar a pressão a massa do solo adere a ambos os dedos, mas desprende-se de um deles perfeitamente. Pegajoso: após cessar a compressão, a massa do solo adere em ambos os dedos e, quando os mesmos são afastados, tendem a alongar-se um pouco e romper-se, ao invés de desprender-se de qualquer dos dedos. Muito pegajoso: após a compressao o material adere fortemente a ambos os dedos e alonga-se perceptivelmente quando os dedos são afastados. Plasticidade A plasticidade é uma conseqüência de atrações entre duas superfícies liquidas. É um atributo que diz respeito à mudança constante da forma por aplicação de pressão e à manutenção da forma adquirida, uma vez cessada a causa da deformação. A avaliação da plasticidade no campo se faz pela resistência á deformação, oferecida por pequenos cilindros de terra molhada, manipulados entre os dedos. não plástico: não se consegue formar um cilindro com amassa do solo molhado. Ligeiramente plástico: os cilindros se formam, contudo, se rompem quando recurvados ou comprimidos. plástico: os cilindros se formam e apresentam poucos sinais de ruptura ao serem recurvados ou comprimidos. muito plástico; os cilindros se formam e são recurvados ou comprimidos, sem sinais de ruptura. A consistência do solo tem aplicaçoes direta no manejo deste solo. Assim, solos muito plásticos e pegajosos, apenas podem ser trabalhados (arados, gradeados, etc) em amplitudes de umidade estreita. Os Latossolos podem ser trabalhados em maior amplitude de umidade. Em solos mais plásticos e mais pegajosos, de lugares mal drenados (agora ou originalmente) por exemplo, deve-se ter mais cuidado com o conteúdo de água No solo por ocasião dos trabalhos de manejo, a fim de evitar dificuldades no seu preparo e a pudlagem. A gibsita, os óxidos de Fe (hematita, goethita) e a matéria orgânica tendem a desorganizar as partículas no seu aspecto microestrutual. Isso significa que a maiores teores desses componentes corresponde um arranjo mais casualizado das partículas de argilas silicatadas, que têm geralmente a forma lâminar. Em condições de campo, quando se está descrevendo um perfil de solo, procura-se determinar a consistência nos três estados de umidade: seco, úmido e molhado. Um solo maciço (seco), muito

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friável (úmido), pouco plástico e pouco pegajoso (molhado), indica riqueza em óxidos de Fé e de Al, como é o caso geral dos Latossolos. Por outro lado, um solo duro (seco), firme(úmido), muito plástico e muito pegajoso (molhado), permite inferir que se trata de um solo pobre em R2O3 (óxidos de Fe e Al), bem provido de argilas com maior capacidade de troca catiônica, menos intemperizados e menos pobre em nutrientes. A importância da fração argila, na consistência, foi discutida anteriormente. quanto mais argiloso um solo, maior a expressão das forças de coesão e da adesão. para solos com o mesmo teor de argila, quanto mais novo ele for, isto é, quanto menos intemperizado e mais rico em argilas mais ativas, maior vai ser a expressão das forças de coesão e adesão. Mas não é só a fração argila que é importante. Altos teores de sílte e de areia muito fina favorecem o encrostamento: uma forma de expressão de resistência (consistência) mecânica do solo, mais especificamente relacionada aos primeiros milimitros da superfície do solo. É comum, em alguns lugares do Brasil, a presença de solos arenosos bastante endurecidos. A proporção de areias de vários tamanhos, juntamente com o pouco de argila e sílte que esses solos apresentam, induzem, quando trabalhados (às vezes até sem trabalhar), a um empacotamento dessas frações, formando uma camada muito dura à superfície. Aqui, além da pobreza em agentes desorganizadores (óxidos de Fe, de Al, e matéria orgânica), por ser o solo arenoso, adicione-se o fato de a fração areia apresentar uma distribuição de tamanho pouco selecionada, que facilita o empacotamento, aumentando a coesão, dificultando operações de maquinas, penetração de raízes e de água. As seguintes observações podem ser feitas:

1. O material, muito rico em agentes desorganizadores, em geral não é bom para cerâmica comum. De fato, o barro para uso em cerâmica é amassado, em parte para aumentar a coesão entre partículas. As argilas dos Solos Hidromórficos, pobres em Fe, são geralmente as mais procuradas para isto;

2. O material para enchimento de vãos para mudas que vão ser transportadas não deve ser muito pobre nos agentes desorganizadores, pois, neste caso, haveria um grande endureciemnto e restrição no crescimento de raízes. por outro lado, quando os teores desses agentes são muito elevados, por haver um grande endurecimento e restrição no crescimento de raízes. por outro lado, quando os teores desses agentes são muito elevados, por haver pouca coerência entre os grânulos, o torrão se parte com facilidade. isso é muito comum nos torrões feitos de material de Latossolos das chapadas; tais solos tendem a ser ricos em gibbsita e óxidos de Fe, que são agentes desorganizadores;

3. Se o solo for muito argiloso, mas se apresentar muito friável, desmanchando-se com facilidade sob qualquer teor de água, então ele deve ter altos teores de agentes desorganizadores, isto é, trata-se de um solo muito velho (Latossolo) com todas as implicações em termos de lixiviação de nutrientes, fixação de P, penetração de raízes etc, que o Latossolo apresenta;

4. Os solos cinzentos, por serem pobres em óxidos de Fé, se forem friáveis, porosos e argilosos, possuem altos teores de gibbsita. estes ocorrem nos chapadões do planalto Central, em geral associados ao microrrelevo de murundus, relacionados às veredas.

Cimentação

A consistência, tratada anteriormente, pressupõe,até certo ponto, ausência de qualquer agente cimentante entre partículas, o que significa que os torrões se desmancham na água. quando existe algum agente cimentante (e, neste caso, os torrões não se desmancham na água), dá-se o nome de cimentação.

As camadas cimentadas têm o nome genérico de pan, em inglês e, no Brasil, pã. como os pás têm, como comportamento típico, a restrição à movimentação de água e penetração de raízes, esse termo tem sido também aplicado a horizonte que não tem, necessariamente, qualquer agente cimentante mas que tem comportamento, quanto á água e raízes, semelhantes ao dos países típicos. assim, horizontes B argilosos, contrastante com horizontes A bastante arenosos, têm sido chamados argipãs (claypans). Pedoclima As plantas absorvem água do solo. O arejamento no ambiente das raízes é fundamental para muitos dos processos que interessam para a planta. Todavia as condições de água, ar e temperatura no solo não podem ser previstas só pelas condições climáticas atmosféricas. dependendo do lençol

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freático, existem solos com excesso de água, mesmo em regiões desérticas. por sua vez, a água das chuvas não se infiltra igualmente em toda a extensão do terreno. Numa macroescala pode-se generalizar o pedoclima com base nas condições climáticas das regiões. No entanto, no Brasil, os técnicos do Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos (SNLCS, atualmente CNPS) têm usado, já há muitos anos, as chamadas fases de vegetação original, para caracterizar o pedoclima. Essas fases de vegetação original, no entanto, indicam várias outras propriedades importantes, dentre as quais se destacam a fertilidade do solo, o arejamento (drenagem), a vegetação clímax (que é muito importante, principalmente na agricultura nômade) etc. A posição do solo como interface A posição do solo entre a atmosfera e a litosfera leva à ocorrência de grandes mudanças nas condições pedoclimáticas com a profundidade. O solo se aquece e seca pela superfície. Os primeiros centímetros do solo podem tornar-se muito inóspitos para as raízes, em algumas circunstancias. Nesse caso, o efeito será mais acentuado com o aumento do déficit hídrico. a colocação de adubos deveria, por esse critério (e só por esse critério), ser mais profunda à medida que o déficit hídrico se torna mais critico. por outro lado, praticas de manejo do solo, como a cobertura morta, por exemplo, que estimula a proliferação de raízes mais próximo à superfície, pode ser contraproducente se o solo se apresentar seco por um período relativamente longo, coincidente com a necessidade da cultura (cafeeira, por exemplo). Essas práticas, portanto, devem ser mais promissoras sob regime hídrico de seca não muito pronunciada, equivalente Às frases subperenifólia e mais úmidas. Pedoforma O solo é um corpo tridimensional. como tal possui uma forma externa que vem a ser a sua topografia (pedoforma). Ao lado da cor, a pedoforma é a caracteristica mais facilmente visível do solo, isto é, a pedoforma e a cor constituem os elementos normais de relação entre o homem e o solo. Isso oferece mais interesse do que pode parecer a primeira vista. A pedoforma é uma característica da pedopaisagem. Um trecho de chapadão e de terraço fluvial podem ter a mesma pedoforma, mas são duas pedopaisagens muito distintas. As relações entre a pedoforma a algumas outras propriedades do solo já foram estudadas anteriormente. O fator tempo, por exemplo, está muito relacionado com a evolução do relevo. As grandes chapadas (áreas altas e de pedoforma suave) possuem, em geral, os solos mais velhos. Os solos mais jovens (com todas as suas implicações) situam-se nas partes mais rejuvenescidas da paisagem, apresentando um relevo mais acidentado. Aí a erosão geológica, natural, é muito mais acelerada. A vida média de exposição do material do solo é relativamente pequena, isto é, o material é removido pela erosão natural antes de atingir um envelhecimento muito acentuado. os afloramentos de rocha estão, portanto, associados às pedoformas mais acidentadas, mas, mesmo aí, como ocorre com todas as propriedades do solo, isso tem que ser ajustado conforme o outro conjunto de propriedades. Assim, se a condição bioclimatica é pouco ativa (Nordeste semi-árido, por exemplo), os solos jovens, há muito afloramento de rocha, mesmo numa pedoforma muito suave. O calcário, por exemplo, aflora muito na chapada do Apodi (RN), em solo com pedoforma muito suave, conforme se infere do nome chapada. Tipos básicos de pedoforma Os Latossolos (os solos mais velhos) t~em em geral pedoformas convexo-convexas. Esta expressão significa que a curva de nível (curvatura) é convexa e que o perfil (inclinação), perpendicular à curva de nível, também é convexo. Uma bola de futebol ou uma laranja cortada ao meio, apresenta do lado de fora uma forma convexo-convexa. Do lado de dentro (no caso da bola ou da laranja sem o bagaço) a forma é côncavo-côncava. A curvatura (curva de nível), C, e o perfil (inclinação), P, são indicados pelos sinais (+), (-) e o, conforme apresentem concavidade (+), convexidade (-) e linearidade (0). Podem-se obter nove tipos básicos de pedoforma. O exterior da bola de futebol, isto é, a forma convexo-convexa seria C

-P

-; o interior, C

+P

+; a superfície de uma tabua (ou de uma plano inclinado) seria

C0P

0. Tais formas apresentam perfil

(inclinação) e curvatura (curva de nível). Considerando como sinal (+) a forma que favorece a concentração de água no sistema, como (0), a forma linear e como (-), a que favorece a dispersão e perda de água pelo sistema, pode-se definir qualquer forma com as combinações de c e P com os respectivos sinais.

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C+P

- Cuvatura côncava, perfil convexo, isto é: forma côncavo-convexa

C+P

+ Côncavo-côncava

C0P

0 Linear-linear

C-P

- Convexo-convexa

C-P

+ Convexo-côncava

C+P

0 Côncavo-linear

C0P

- Linear-convexa

C0P

+ Linear-côncava

C-P

0 Convexo-linear

Sendo C

-P

- a forma típica dos Latossolos, isto parece indicar ser essa a forma de equilíbrio. A

área de exposição de uma esfera é a menor possível. Todos os corpos tendem a reduzir sua área de exposição: da gota de água aos astros, a forma esférica é a tendência maior. O processo de erosão (a busca de novos equilíbrios) tende a destruir as formas convexo-convexas através, por exemplo, do processo de ravinamento: pequenas ravinas que depois se ampliam formando o que se chama comumente de grota. Os solos mais novos tendem a apresentar maior incidência de ravinas. A pedoforma torna-se mais interrompida (mais descontinua), o que tem implicações na penetração de água e na mecanização. Quando o material de origem já foi muito intemperizado, antes do ciclo atual de pedogênese, pode haver solos muito velhos com relevo acidentado e pedoformas bastante variadas, refletindo uma fase de rejuvenescimento atual. Com o devido cuidado, a pedoforma, principalmente associada à cor e vegetação natural, poderá ajudar muito, localmente, na identificação rápida das classes de solos e das propriedades pertinentes. O critério de pedoforma, no entanto, se funciona bem em algumas áreas, em outras torna-se menos útil. Assim, na Chapada do Apodi(RN), sendo os desníveis muito pequenos, a cor e os afloramentos de rocha refletem, com muito mais intensidade, as diferenças entre os solos: a pedoforma aí não ajuda muito. Por outro lado, nas áreas mais acidentadas, a pedoforma é usada como principal critério, subsidiado, conforme a situação, pela cor e por outras propriedades. Além desses aspectos relativos à macroescala (chapadões) e miroescala (uma elevação, um morro), há aspectos da pedoforma, como expressões da conformação do barranco (corte de estrada) que podem ser muito úteis na identificação preliminar de solos. Assim, os solos com B textural tendem a apresentar, abaixo do horizonte A, transição para o horizonte B, uma rentrância formando como que uma aba, devido á resistência que as raízes dão ao horizonte A. Abaixo da reentrância, o horizonte B fica inclinado na forma de uma “saia”. Quando o solo é um Latossolo, não há a “saia”. Quando o barranco se apresenta muito perfurado (ninhos de passarinho), geralmente há duas possibilidades: ou o solo tem textura mais arenosa, em geral é um Latossolo de textura média ou, sendo argiloso, ele reflete altos teores de agentes desorganizadores em nível microestrutural, isto é, trata-se de solo muito óxidico, com altos teores de gibbsita. A areia que se acumula ao longo das linhas de drenagem serve, nesse caso, para auxiliar na identificação do Latossolo mais arenoso. REGISTRO E REDAÇÃO DAS DESCRIÇÕES De uma maneira geral, as descrições completas e detalhadas de perfis apresentam os seguintes itens:

Instituição ou Projeto Perfil número Classificação Localização: Estado, município, estrada, quilometragem, propriedade agrícola, etc., anotando-

se de forma a que possa o perfil ser perfeitamente localizável. quando possível dar referência da localização do perfil na fotografia aérea.

Situação e declive: Especificar a posição do perfil no relevo e registrar o declive local. Altitude: è dada em relação ao nível do mar.

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Litologia e formação geológica; Discriminação das rochas que constituem o embasamento no local do perfil e especificação da unidade estratigráfica a que são referidas.

Material de origem: fornecer detalhes da natureza do material primitivo do qual o solo se deriva, tamanho principalmente por base as observações procedidas no local do perfil.

Relevo: da área onde está sendo descrito o perfil. Detalhes da forma dos topos das elevações, formas e dimensões dos vales, forma e extensão das vertentes ou encostas.

Erosão Drenagem: Interna do perfil e profundidade do lençol freático quando possível. Vegetação: da área da unidade onde está sendo descrito o perfil. Uso atual: especificar as diferentes espécies de cultivos.

A descrição individualizada do perfil, deve obedecer a seguinte ordem: Designação do horizonte; Profundidade (dos limites superior e inferiores) cor (nome e notação de munsell) mosqueamento textura estrutura porosidade cerosidade superfície de fricção superfícies foscas consistência a seco; cimentação; consistência úmido e consistência molhado transição (variação de espessura de horizonte se a transição não for plana). raízes calhaus e matacões observações (caso existentes) examinadores.

RELEVO O relevo se refere ás desigualdades de forma da superfície do solo. O relevo afeta profundamente os processos de formação do solo, através dos efeitos que tem as drenagens internas e externas do corpo do solo. é o relevo um eficiente modificador do clima da região onde o solo se desenvolve. Tipos de relevo Com relação à gênese dos solos, reconhecem-se quatro posições fundamentais de relevo. Tais posições correspondem a tipos de relevo que são: relevo normal: denomina-se relevo normal á posição de ocorrência dos solos desenvolvidos pela ação conjunta dos fatores de gênese, sem a imposição de um destes ao efeito ou ação dos demais. É esta a posição dos solos normais, representantes modais dos grandes grupos de solos. relevo subnormal: caracteriza os solos desenvolvidos com a predominância de um fator sobre os demais, na gênese do solo. É a posição característica dos solos com impedimento de drenagem, exibindo camadas impermeáveis, cuja formação se dá em virtude da presença dessa modalidade de relevo. Esta é a posição usual dos Planossolos e Hidromórficos. relevo excessivo: é característico de solos mal desenvolvidos submetidos à ações bastante atenuadas dos fatores gênese. É a posição característica dos solos jovens, incluindo-se os Litossolos e seus associados. O relevo excessivo ocorre em posições muito inclinadas, onde o deflúvio é rápido ou muito rápido. A erosão compete seriamente com a formação do solo e as perdas dos produtos da intemperização ultrapassam as possibilidades de acumulo e de permanência indispensáveis à gênese do solo. Classes de relevo A classe de relevo é uma combinação ou predominância das diferentes formas que a superfície do solo pode assumir.

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plano: predominância de superfície horizontal ou levemente inclinada. Declividade entre 0 e 2%.

suave ondulado; superfície pouco movimentada, colinas apresentando declives suaves. declives entre 2 e 6%.

ondulado: superfície ligeiramente movimentada, colinas com declives acentuados. Declives entre 6 e 13%.

forte ondulado: superfície movimentada, formada por morros com declives fortes. Declives entre 13 e 25%.

montanhoso: superfície de topografia vigorosa, com predomínio de formas acidentadas, usualmente constituída por montanhas, maciço montanhoso e alinhamentos montanhosos, apresentando declives forte e muito forte. Declives entre 25 e 55%.

Escarpado: regiões ou áreas com predomínio de formas abruptas. Declives maiores de 55%. EROSÃO São as seguintes as classes de erosão hídrica. Usualmente levantadas: Geral: não identificada. Erosão não aparente, tal como ocorre em solos virgens recobertos de vegetação. Erosão laminar Ligeira: quando já aparente, mas com menos de 25%(1/4) do solo superficial (horizonte A) removido, ou quando não foi possível identificar-se a profundidade normal do horizonte A de um solo virgem, com mais de 15cm do solo superficial (horizonte A) remanescentes. Moderada: com 25 a 75% (¼ a ¾) do solo superficial (horizonte A) removidos, ou quando não for possível identificar-se a profundidade do horizonte A de um solo virgem, com 5 a 15cm do solo superficial (horizonte A) remanescentes. Severa: com mais de 75% do solo superficial removido e, possivelmente com o subsolo (horizonte B) já aflorando ou quando não for possível identificar-se a profundidade natural do horizonte A de um solo virgem, com menos de 5cm de solo superficial (horizonte A) remanescentes. Muito severa: com todo solo superficial (horizonte A) já removido e, com o subsolo (horizonte B) bastante afetado (erodido), já devendo em alguns casos, sido removido entre 25%(1/4) e 75%(3/4) da profundidade original Extremamente severa: com o subsolo (horizonte B) já em sua maior parte removido e com o horizonte C já atingido, encontrando-se o solo praticamente destruído para fins agrícolas. Erosão em voçorocas

Erosão do tipo voçorocas, desbarrancados, desmoronamentos e escorregamento de massas de terra (solifluxão). Erosão em sulcos - Freqüência dos sulcos:

Erosão em sulcos repetidos ocasionalmente sobre o terreno, a distâncias superiores a 30m de um ao outro.

Erosão em sulcos repetidos com freqüência, a distâncias inferiores a 30m, mas ocupando menos de 75%(3/4) da área do terreno.

Erosão em sulcos repetidos com muita freqüência ocupando mais de 75% (3/4) da área do terreno

- Profundidade dos sulcos

Sulcos superficiais que podem ser cruzados por maquinas agrícolas e que serão desfeitos pelas praticas normais de preparo do solo.

Sulcos rasos, que podem ser cruzados por maquinas agrícolas mas que não serão desfeitos pelas praticas normais de preparo do solo.

Sulcos profundos, que não podem ser cruzados por máquinas agrícolas.

Sulcos muito profundos ou voçorocas que não podem ser cruzados por máquinas agrícolas.

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Drenagem Para a drenagem serão usadas as seguintes classes: - Excessivamente drenado: A água é removida do solo muito rapidamente, seja por excessiva porosidade e permeabilidade do material, ou seja, por declives muito íngremes ou ambas as coisas. Como exemplo típico, temos os solos areno-quartzosos. - Fortemente drenado: A água é removida rapidamente do perfil; normalmente os perfis apresentam pequena diferenciação de horizontes sendo solos muito porosos, de textura média e arenosa e bem permeáveis. ex: Latossolo Vermelho Escuro e Latossolo Amarelo arenoso. - Acentuadamente drenado: A água é removida rapidamente do perfil, sendo que a maioria dos perfis tem pequena diferenciação de horizontes, sendo normalmente de textura argilosa a média, porém, sempre muito porosos e bem permeáveis. ex: Latossolo Roxo, Latossolo Vermelho escuro e Latossolo Vermelho Amarelo. - Bem drenado: A água é removida do solo com facilidade, porém não rapidamente, sendo que os solos desta classe comumente apresentam texturas argilosas ou médias. normalmente não apresentam mosqueado, entretanto, quando presente, localiza-se a grande profundidade. ex: Podzólico Vermelho Amarelo. - Moderadamente drenado: A água é removida um tanto lentamente, de modo que o perfil permanece molhado por uma pequena, mas significativa parte de tempo. Os solos desta classe comumente apresentam uma camada de permeabilidade lenta no, ou imediatamente abaixo do solum, lençol freático relativamente alto, adição de água através de translocação lateral interna ou alguma combinação destas condições. Podem apresentar mosqueado na parte baixa do perfil. ex: Podzólico Vermelho Amarelo derivado de argilito ou folhelho. Solos com horizontes B incipiente (cambissolos). - Imperfeitamente drenado: A água é removida do solo lentamente de tal modo que este permanece molhado por período significativo, mas não permanentemente. Solos desta classe apresentam lençol freático alto, adição de água através de translocação lateral interna ou alguma combinação destas condições. Normalmente apresentam algum mosqueado no perfil, já podendo apresentar na parte baixa indícios de gleização. Ex/; Vertissolo, Hidromórfico cinzento (alguns), Podzólico Vermelho amarelo intermediário para solos Hidromórficos e Laterita hidromórfica (alguns). - Mal drenado: A água é removida do perfil tão lentamente que o solo permanece molhado por uma grande parte do tempo. O lençol freático comumente está à ou próximo da superfície durante uma considerável parte do ano. É freqüente a ocorrência de mosqueado no perfil e características de gleizações. ex: Solos Glei Pouco Húmico (alguns) e Hidromórficos cinzentos (alguns). - Muito mal drenado: A água é removida do solo tão lentamente que o lençol freático permanece à superfície ou próximo dela durante a maior parte do tempo. Solos em drenagens desta classe usualmente ocupam áreas planas ou depressões, onde há frequentemente estagnação. É comum nestes solos características de gleização e/ou acumulo pelo menos superficial, de matéria orgânica (muck ou peat). ex: Glei húmico (alguns) e Solo orgânicos. Raízes A maior proporção de raízes dos vegetais é encontrada nas camadas superficiais do solo. De uma maneira geral, 65 a 80% de raízes das gramíneas se localizam nos primeiros 20cm da superfície e normalmente, o número de raízes decresce em profundidade no solo. Nas descrições de perfis é importante assinalar a natureza, tipo, tamanho e a distribuição aproximada das raízes dos vegetais que constituem a vestimenta natural do solo. É particularmente importante mencionar a profundidade atingida pelas raízes no solo. As raízes presentes são descritas de acordo com: - Tipo: fasciculadas, pivotantes, outras. Tamanho

muito finas – diâmetro inferior a 1mm

finas – diâmetro entre 1 a 5mm

médias – diâmetro médio entre 5 a 20mm

grossas – diâmetro médio entre 20 a 50mm

muito grossas – diâmetro médio superior a 50mm

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- Quantidade:

raras – ocorrem em menos de 1% da área

poucas – ocorrem entre 1 a 3% da área exposta

comuns – ocorrem entre 3 a 5% da área exposta

abundantes – ocorrem em mais de 5% da área exposta Fatores Biológicos Deve ainda ser indicado a ação de outros organismos como minhocas, cupins, formigas, tatus, etc., nos respectivos horizontes, anotando o local de máxima atividade e distribuição pela área. EXEMPLO DE DESCRIÇÃO DE PERFIL DE SOLO Instituição ou Projeto: CONV. DNOS/ESAL. Perfil: nº10 Classificação: Terra Roxa Estruturada Eutrófica textura argilosa, relevo suave ondulado, fase floresta semicaducifólia. Localização: Estado de Minas Gerais, município de Jaíba, na estrada Belo Horizonte/Salvador, à 30m da ponte sobre o Rio Verde em direção a Monte Azul, lado direito. Situação e declive: Trincheira aberta em pastagem natural, no terço superior da elevação, com 4 a 5% de declive. Altitude: 600 metros. Litologia e formação geológica: Metanorito Material originário: Produto de meteorização in situ. Relevo regional: Suave ondulado, com elevações de topo arrendodado. Erosão: Moderada e em sulcos repetidos ocasionalmente. Drenagem: Bem drenado. Vegetação: Pastagem natural

DESCRIÇÃO DO PERFIL A - 0 -20cm, vermelho escuro acinzentado (10R3/3, úmido), vermelho escuro acinzentado (10 R 3/2.5, seco); argila pesada; forte pequena granular; muito duro, firme, muito plástico e muito pegajoso; transição plana e clara. AB - 20 -40cm, vermelho escuro acinzentado (10R ¾ úmido); vermelho escuro acinzentado (10 R 3/3, seco); argila pesada; moderada pequena subangular; muito duro, firme, muito plástico e muito pegajoso; transição plana e clara. B1t - 40 -70cm, bruno avermelhado escuro (2,5 R ¾); argila pesada; forte pequena a média blocos subangulados e angulares; cerosidade abundante e forte; firme, muito plástico e muito pegajoso; transição plana e gradual. B2t - 70 – 100cm, vermelho escuro (2,5 R 3/6); argila pesada; forte pequena a média blocos angulares e subangulares; cerosidade abundante e forte; firme, muito plástico e muito pegajoso; transição plana e difusa. 2B3t - 100 – 150cm, vermelho escuro (2,5 R 3/6); argila pesada; forte pequena blocos angulares e subangulares; cerosidade abundante e forte; friável, plástico e muito pegajoso; transição plana e gradual. 3BCt - 150 – 260cm, vermelho escuro (2,5 R 3/6); argila siltosa; forte pequena bloco angulares e subangulares; cerosidade abundante e moderada; friável, plástico e pegajoso; transição gradual. 3C - 260cm +, vermelho (2,5 R 4/6); franco siltoso; ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso. Raízes - Abundante no A, comum em AB, B2t, raras em 2 B3t e 3BCt. OBS: Há pouca atração pelo imã e efervescência ligeira com água oxigenada.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Hélio, SOUZA, Juventino Júlio de. Solos: Origem, componentes e organização. ESAL FAEPE, 1994. p.170. LEPSCH, Igo. F. Formação e Conservação dos Solos. São Paulo: Oficina de Textos, 2002. p. 3 – 66. REZENDE, Mauro et. al.. Pedologia: base para distinção de ambientes. 2.ed.Viçosa: Neput, 1997. p.17 – 78.