Apostila Direito Do Trabalho Andreia 2 Sem 2010 (1)

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE FUMEC FACULDADE DE CINCIAS HUMANAS

APOSTILA DE DIREITO DO TRABALHO

PROFESSORA: Andra Vasconcellos 2 semestre /2010

1

UNIVERSIDADE FUMEC FACULDADE DE CINCIAS HUMANAS

CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO DO TRABALHO PROFESSORA: Andra Vasconcellos

EMENTA: Direitos individuais do trabalhador. Contrato individual do trabalho. Consideraes doutrinrias e jurisprudenciais a respeito da formao do Direito do Trabalho, de seus institutos e princpios, hermenutica, regulamentao constitucional e legal. Tendncias atuais do Direito do Trabalho. Direito Coletivo do Trabalho. Organizao Sindical. Conflitos Coletivos de Trabalho. Lei de Greve.

OBJETIVOS: Geral: Objetiva o curso introduzir o estudo do Direito do Trabalho, atravs de uma viso moderna e atual da sua aplicao nas relaes jurdicas contratuais, propiciando uma conscincia crtica acerca do seu contedo e aplicao prtica, questionando a sistematizao vigente luz do ordenamento ptrio e a precarizao das condies de trabalho no contexto das crises mundiais. Pretende-se, sobretudo, permitir ao aluno perceber como se d a adaptao das normas realidade, atravs de um estudo sistmico da legislao, doutrina e jurisprudncia capacitando-o para o exerccio do Direito.

CONTEDO PROGRAMTICO:

1 parte 1 - CARACTERIZAO DO DIREITO DO TRABALHO Definio. Denominao. Funes. Abrangncia. Diviso Interna do Direito do Trabalho. 2 - HISTRICO DO DIREITO DO TRABALHO 2

Origem e Evoluo. Origem e Evoluo do Direito do Trabalho no Brasil. A Carta Constitucional de 1988 e a Transio Democrtica Justrabalhista. 3 AUTONOMIA E NATUREZA JURDICA DO DIREITO DO TRABALHO Autonomia. Natureza jurdica. 4 RELAO DO DIREITO DO TRABALHO COM OUTROS RAMOS DO DIREITO E OUTRAS CINCIAS 5 ORDENAMENTO JURDICO TRABALHISTA Fontes do Direito: Conceito e Classificao. Fontes Heternomas do Direito do Trabalho. Fontes Autnomas do Direito do Trabalho. Figuras Especiais: Jurisprudncia, Princpios Jurdicos, Doutrina, Equidade, Analogia e Clusulas Contratuais. Hierarquia entre as Fontes Justrabalhistas. 6 PRINCPIOS DO DIREITO DO TRABALHO Princpios Jurdicos Gerais Aplicveis ao Direito do Trabalho. Princpios de Direito Individual do Trabalho. Indisponibilidade de Direitos: Renncia e Transao no Direito Individual do Trabalho.

2 parte 7 RELAO DE TRABALHO X RELAO DE EMPREGO Relao de Trabalho e Relao de Emprego: Critrios de Caracterizao da Relao Empregatcia ESTAGIRIO (Lei 11.788/08), EMPREGADO DOMSTICO (Lei 5.859/72) E EMPREGADO RURAL (Lei 5.889/73) 8 A FIGURA DO EMPREGADO E DO EMPREGADOR Sujeitos Contratuais: Empregado e Empregador. Poder Diretivo, Regulamentar, Fiscalizatrio, Disciplinar. 9 TERCEIRIZAO Lcita e Ilcita Precarizao dos Direitos Trabalhistas. Cooperativas. Pejotizao. 10 CONTRATO DE TRABALHO Contrato de Trabalho e Contratos Afins. Contratos Expressos e Contratos Tcitos. Contratos por Tempo Indeterminado. Contratos a Termo. Teoria das Nulidades. Alterao, Interrupo e Suspenso do Contrato de trabalho. 11 DA REMUNERAO Distino entre Salrio e Remunerao. Protees Jurdicas. Parcelas Salariais. Salrio Utilidade. Equiparao Salarial. 3

12 DURAO DO TRABALHO Durao, Jornada e Horrio. Horas in itinere, Prontido e Sobreaviso. Flexibilizao e Compensao da Jornada. Jornada Extraordinria. Trabalho em Tempo Parcial. Jornada Noturna. Intervalos intrajornada. Intervalos interjornada. Descanso Semanal e em Feriados. Ausncias Legais. Frias anuais. 13 TRABALHO DA MULHER E TRABALHO DO MENOR 14 ESTABILIDADE E GARANTIA DE EMPREGO Estabilidade e Garantias de Emprego. 15 EXTINO DO CONTRATO DE TRABALHO Modalidades Extintivas e Parcelas Rescisrias. Dispensa sem Justa Causa. Dispensa por Justa Causa. Resciso Indireta. Pedido de Demisso. Formalidades Rescisrias. O instituto do Aviso Prvio.

3 parte 16 ORGANIZAO SINDICAL Histrico do Direito Coletivo no Brasil. Princpios do Direito Coletivo.Centrais Sindicais, Confederaes, Federaes, Sindicatos.Contribuies Sindicais. Prticas Anti-sindicais. 17 CONFLITOS COLETIVOS DE TRABALHO Modalidades de Soluo de Conflito. Dissdios Individuais e Plrimos. Poder Normativo da Justia do Trabalho. 18 LEI DE GREVE

METODOLOGIA E RECURSOS UTILIZADOS: Aulas expositivas elaboradas atravs de estudos comparativos doutrinrios dos principais autores do Direito do Trabalho, alm da leitura e anlise de artigos e jurisprudncias atualizadas.

AVALIAO: As atividades de avaliao buscam auferir e, ao mesmo tempo, propiciar o desenvolvimento do raciocnio lgico e de competncias bsicas (envolvendo abordagens criticas e de construo do conhecimento), sendo os resultados com os alunos debatidos, visando o aprimoramento da aprendizagem.

4

2 CHAMADA: As provas de 2 chamada sero aplicadas ao final do semestre, na data j prevista no cronograma, sendo o contedo referente a todo o semestre. Em qualquer das situaes apresentadas, o aluno dever formular pedido por escrito a professora, justificando a sua ausncia, at 5 (cinco) dias aps a data da avaliao. (Art. 7 da Resoluo 005/09). Observao: o aluno que no puder comparecer no dia da avaliao determinada, no poder faz-lo em outra turma.

5

BIBLIOGRAFIA BSICA:

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. So Paulo: LTr. COSTA, Armando Cassimiro, FERRARI, Irany, MARTINS, Melchades Rodrigues. Consolidao das Leis do Trabalho. So Paulo: 36 ed. LTr 2009. DELGADO, Maurcio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. So Paulo: LTr.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: ALMEIDA, Amador Paes de. CLT Comentada: Legislao, Doutrina e Jurisprudncia. So Paulo: Saraiva. BARROS, Alice Monteiro. Contratos e Regulamentaes Especiais de Trabalho 3 ed. Sp : Atlas , 2008. GOMES, Orlando Gomes. GOTTSCHALK. Curso de Direito do Trabalho. 18ed.RJ: Forense, 2008. MARTINS, Sergio Pinto. Direito do trabalho. SP: Atlas 2009. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho 24 ed. SP. Saraiva 2009.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS: ARAJO, Jair. Relao de Emprego. Del Rey, Belo Horizonte:2001. BARATA DA SILVA, Carlos Alberto. Compendio do Direito do Trabalho. 4 ed. So Paulo: LTr, 1986. BONAVIDES, Paulo; ANDRADE, Paes de. Histria Constitucional do Brasil. Paz e Terra. Braslia:1989 . BRASIL. Constituio (1988). Constituio da Repblica Federativa do Brasil. Braslia, DF: Senado, 1988. CLT . 37 ed. So Paulo: Saraiva, 2010. FILHO, Antnio Evaristo de Moraes, Antnio Carlos Flores de Moraes. Introduo ao Direito do Trabalho. 10 Ed. So Paulo:LTr. GOTTSCHALF, Elson, GOMES, Orlando. Curso de Direito do Trabalho. 18 ed.Rio de Janeiro: Forense, 2008. GUEDES, Carlos Eduardo Palleta. Direito do Trabalho. So Paulo: Fundamento Educacional.. 2006. 6

MAGANO, Octavio Bueno. Primeiras Lies de Direito do Trabalho. 3 ed. So Paulo: Revista dos Tribunais,2003. MARTINS, Srgio Pinto. Comentrios CLT. 10 ed. So Paulo: Atlas, 2006. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso De Direito Do Trabalho. 22 Ed. So Paulo: Saraiva, 2007. NETO, Alberto Emiliano de Oliveira. Contribuies Sindicais. So Paulo: LTr, 2009. SILVA, Antnio lvares da. A Conveno n.158 da OIT. Belo Horizonte: RTM , 1996. SUSSEKIND, Arnaldo Lopes. Direito Internacional Do Trabalho, 2.ed.. So Paulo: LTr, 1987. VASCONCELLOS, Andra de Campos. Dispensa Imotivada Luz da Conveno 158 da Organizao Internacional do Trabalho. 1 Ed.Santa Catarina: Conceito,2010. VOCABULRIO JURDICO. 12 ed .Rio de Janeiro: Forense, 1996, vol. IV.

7

NOTAS DA PROFESSORA

Carssimos alunos,

Visando facilitar a dinmica do curso, elaboramos esta apostila, que traz um breve resumo dos apontamentos que faremos em sala de aula. O homem, desde os seus primrdios, tem a necessidade de agregar-se, e como imperativo de sobrevivncia individual, trabalhar. A partir da surge uma srie de problemas, como, por exemplo, a opresso de maiorias submissas por maiorias dominantes, e principalmente a diminuio de empregos. A Revoluo Industrial provocou uma fissura na sociedade, de onde emergiu o Direito do Trabalho que est diretamente relacionado aos fatos sociais. A cada movimento social, corresponde uma necessidade de adequao do indivduo, e o trabalho vem como necessidade de sobrevivncia, seja informal ou regulamentado. Vamos estudar contratos de trabalho, que pressupem vnculo empregatcio e outras relaes de trabalho, alm do direito coletivo, sempre com um olhar crtico e atual frente s crises mundiais e mudanas de paradigmas. Para facilitar a fixao do contedo e estudo individual, ao final de cada tpico, apresentamos um estudo dirigido. Isto no significa que o aluno venha a abrir mo da doutrina e da pesquisa diria. Estamos abertos a sugestes, acrscimos e correes no decorrer do curso. Atenciosamente,

Andra Vasconcellos

8

SUMRIOTpico 1 Tpico 2 Tpico 3 Tpico 4 Caracterizao do Direito do Trabalho Histrico do Direito do Trabalho Autonomia e Natureza Jurdica do Direito do Trabalho Relao do Direito do Trabalho com outros ramos do Direito e Outras Cincias Tpico 5 Tpico 6 Tpico 7 Tpico 8 Tpico 9 Fontes do Direito do Trabalho Princpios do Direito do Trabalho Relao de Trabalho X Relao de Emprego A figura do Empregado e do Empregador Terceirizao 25 31 37 41 49 53 61 68 81 89 93 104 107 118 123 10 15 21

Tpico 10 Contrato de Trabalho Tpico 11 Da Remunerao Tpico 12 Durao do Trabalho Tpico 13 Trabalho do Menor e da Mulher Tpico 14 Estabilidade e Garantia de Emprego Tpico 15 Extino do Contrato de Trabalho Tpico 16 Organizao Sindical Tpico 17 Conflitos Coletivos de Trabalho Tpico 18 Lei de Greve

9

Tpico 1 - CARACTERIZAO DO DIREITO DO TRABALHO 1 DEFINIO:

Para explicitar a estrutura do ramo especializado do Direito do Trabalho, juristas tm adotado posicionamentos distintos, que podem ser agrupados em trs grandes grupos, de acordo com o critrio adotado para a construo das definies: subjetivista, objetivista e misto ou complexo.

1.1.subjetivos: enfoque nos sujeitos das relaes jurdicas reguladas pelo DT - se verificam os tipos de trabalhadores.

De acordo com Maurcio Godinho, o menos consistente, pois a relao de emprego a categoria fundamental sobre a qual se constri o DT, portanto, a sua definio se d pela categoria, e no pelos sujeitos, e mais, hoje as relaes jurdicas de trabalho no envolvem exatamente o empregado, mas o trabalhador avulso, associaes sindicais, etc.

1.2.objetivos: enfoque na matria de contedo das relaes justrabalhistas, que hoje no se restringe ao trabalho subordinado, pois desconsideram outros tipos de relaes trabalhistas reguladas por este ramo do Direito.

1.3.misto: caracterizam-se pela conjugao dos dois elementos: o sujeito e a matria disciplinados pelo DT. o critrio utilizado pela maioria dos autores.

Segundo o Prof. Maurcio Godinho:

Direito Individual do Trabalho: complexo de princpios, regras e institutos jurdicos que regulam, no tocante s pessoas e matrias envolvidas, a relao empregatcia de trabalho, alm de outras relaes laborais normativamente especificadas. Direito Coletivo do Trabalho: complexo de princpios regras e institutos jurdicos que regulam as relaes laborais de empregados e empregadores, alm de outros grupos jurdicos normativamente especificados, 10

considerada sua ao coletiva, realizada autonomamente ou atravs das respectivas associaes. 2 DENOMINAO:

Atualmente, a denominao Direito do Trabalho adotada pela quase totalidade dos que estudam o assunto (OIT, CF). Historicamente, contudo, diversas denominaes so encontradas: 2.1. Legislao do Trabalho foi a denominao adotada pela Constituio de 1934, e ainda hoje utilizada por algumas faculdades de Cincias Econmicas, Contbeis e Administrao. 2.2. Direito Operrio limitava-se ao estudo apenas dos operrios, empregados absorvidos pela indstria, foi utilizado por Evaristo de Moraes Filho e pela Constituio de 1937. Convm observar que a expresso Droit Ouvrier (Direto Operrio) ainda utilizado na Frana pelo sistema utilizado naquele pas. Ver art. 7, inciso XXII da CF/88. 2.3. Legislao e Direito Industrial logo aps a Revoluo Industrial, como todas as relaes trabalhistas a serem disciplinadas, em razo da conjuntura socioeconmica da poca, referiam-se indstria, surgiu a denominao Legislao Industrial, que evoluiu, em seguida, para Direito Industrial. vlido observar que a nomeclatura deixou de existir e passou a designar um ramo do Direito Comercial, de cujo objeto consiste na proteo de quatro bens imateriais: a patente de inveno, a de modelo de utilidade, o registro de desenho industrial e o de marca. 2.4. Direito Corporativo sua origem est relacionada com o regime corporativista italiano, criada pela Carta do Trabalho, organizada pelo Grande Conselho do Fascismo. Diz respeito organizao sindical, sendo o objetivo estudar o trabalho subordinado. No Brasil este sistema surge com Getlio em 1937, que criou: o imposto sindical e o poder normativo, que foi atribudo Justia do Trabalho para estabelecer normas e condies de trabalho por meio de sentenas normativas e do sindicato nico. A principal critica a denominao reside no fato de que o corporativismo tem objetivos amplos, que no se resumem a regulamentao das relaes de trabalho.

11

2.5. Direito Social Foi a denominao utilizada por Cesarino Junior que inclua em seu objeto no apenas as relaes trabalhistas, mas tambm relaes previdencirias e assistenciais.As principais crticas feitas a esta denominao se refere a amplitude do seu significado e tambm porque todo o Direito, por sua natureza, social. H uma corrente doutrinria que defende a existncia de um Direito Social como terceiro gnero, ao lado do DPblico e DPrivado. Alm disso, os direitos sociais esto garantidos na Constituio, no art. 6 (educao, sade, moradia, trabalho, lazer, etc). Portanto, o conceito por demais vago e genrico. 2.6. Direito do Trabalho a expresso surgiu na Alemanha em 1912. A Constituio de 1946 foi a primeira a utiliz-la. No podemos dizer que perfeita, mas como ensina Maurcio Godinho, a denominao est consagrada na doutrina, na jurisprudncia e nos inmeros diplomas normativos existentes na rea. CONTEDO:

3

3.1.Tem na relao empregatcia sua categoria bsica, a partir da qual se constroem os princpios, regras e institutos. 3.2. o direito de todo e qualquer empregado. 3.3.Existem trabalhadores que, embora situados dentro do ramo justrabalhista, regulam-se por normatividade especialssima. Ex.: domsticos. 3.4.Posteriormente, por meio de leis especiais, outras formas de trabalho passam a integrar o objeto deste ramo do Direito: trabalho temporrio e trabalhador avulso, exceo foram favorecidos pelo padro geral da norma. 3.5.No esto includos: o trabalho autnomo, eventual, servidores pblicos e trabalho voluntrio. 3.6.Competncia da JT Emenda 45 alterou o Art. 114 da CF/88. Art. 114. Compete Justia do Trabalho processar e julgar: I as aes oriundas da relao de trabalho, abrangidos os entes de direito pblico externo e da administrao pblica direta e indireta da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios; ... VI as aes de indenizao por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relao de trabalho; (...)

12

4 FUNO :

Definir a funo do DT corresponde a estabelecer qual o sistema de valores que este ramo jurdico pretende realizar.

4.1. Funo tutelar: o DT deve proteger o trabalhador diante do poder econmico, evitando que este o absorva. Esta tutela concretiza-se por meio de leis de origem estatal ou do reconhecimento de poderes restritivos da autonomia individual as entidades sindicais. 4.2. Funo coordenadora: os autores sustentam que no apenas a proteo do trabalhador, nem a sufocao dos movimentos reivindicatrios trabalhistas ou a realizao de determinados valores econmicos ou sociais, mas a coordenao de interesses entre capital e trabalho, com a adoo de medidas nem sempre protecionistas ou tutelares. 4.3. Funo conservadora: os seguidores desta linha de pensamento sustentam que o DT a expresso de vontade opressora do Estado, vendo nele nada mais do que uma fora de que o Estado sempre se utilizou, para sufocar os movimentos operrios. 4.4. Funo econmica: sustentada pelos doutrinadores que pretendem a incluso do DT entre as divises do DEconmico. 4.5. Funo social: contraposio corrente anterior, os defensores desta funo afirmam que este ramo especializado objetiva a realizao de valores, no econmicos, mas sociais, especialmente o valor absoluto e universal da dignidade humana. DIVISO INTERNA:

4

5.1.A diviso do DT em DIndividual e DColetivo quase unanimidade dos autores. 5.2. pacfico o entendimento doutrinrio de que o chamado Direito Pblico do Trabalho que envolve o Processo do Trabalho, o Direito Administrativo do Trabalho, o Direito da Seguridade Social e o Direito Penal do Trabalho,

13

assim como o chamado Direito Internacional do trabalho, no integram o DT em sentido estrito, mas outros ramos do Direito. 5.3.Direito individual (1 parte) : o setor que compreende as normas referentes a relao de emprego e as demais relaes individuais de trabalho, mas que analisa questes como sua definio, autonomia, sua posio enciclopdica, relao com outras cincias, relao com outros ramos jurdicos, etc. 5.4.Direito Tutelar do Trabalho (2 parte): o setor que compreende as regras relativas a proteo do ser humano que trabalha, incluindo medicina e segurana do trabalho, limitao de jornada, fixao de horrio, etc. 5.5.Direito Coletivo do Trabalho (3 parte): disciplina as organizaes sindicais e relaes coletivas de trabalho, negociaes coletivas, direito de greve, etc.

6 OBJETO:

Do modo que foi concebido, teve a relao de trabalho, contratualmente prestado, de forma pessoal, subordinado, remunerado e no eventual, chamada de relao de emprego, e as relaes coletivas de trabalho que se instauram entre sindicatos e empresas e os conflitos decorrentes das mesmas.

ESTUDO DIRIGIDO 1 D o seu conceito de Direito do Trabalho. 2 Faa uma reflexo acerca da denominao Direito Social. 3 Qual o contedo do Direito do Trabalho? 4 O que significa funo tutelar do Direito do Trabalho? 5 Qual o objeto do Direito do Trabalho?

14

Tpico 2 - HISTRICO DO DIREITO DO TRABALHO

1 EVOLUO: Direito Romano: surgiu a figura da locatio conductio, que se divide em locatio conductio rei (locao de coisas); locatio conductio operis faciendi (empreitada); locatio conductio operarum (locao da energia de trabalho) A Bblia conceitua o trabalho como forma de castigo Origem da palavra: vem do latim tripalium (significa instrumento de tortura) A primeira forma de trabalho foi a escravido o homem no era considerado sujeito de direito Na Grcia: Plato e Aristteles entendiam que o trabalho tinha sentido pejorativo envolvia apenas a fora fsica. A dignidade do homem se dava pela palavra Nas classes mais pobres, o trabalho considerado como condio dignificante agrado aos deuses 1.1.Servido: os trabalhadores recebiam proteo dos senhores feudais em troca do uso da terra, nesta poca o trabalho era considerado castigo e os nobres no trabalhavam. 1.2.Corporaes de ofcio: faziam parte os mestres, os companheiros e os aprendizes. os mestres passavam pela prova da obra-mestra, pelos donos das oficinas. (so os empregadores de hoje) os companheiros trabalhavam para os mestres e recebiam salrio dos mestre. os aprendizes eram menores (a partir de 12 ou 14 anos) e recebiam do mestre o ensino metdico do ofcio ou profisso seus pais pagavam taxas pelo aprendizado exceo: os filhos dos mestres no precisavam de prova, bem como o esposo da filha do mestre ou o marido da viva do mestre o tempo de trabalho nesta poca variava de 12 a 18 horas

15

as corporaes foram suprimidas com a Revoluo Francesa - causas: apelo liberdade individual, liberdade de comrcio e o encarecimento dos produtos das corporaes. cada corporao tinha seu estatuto prprio, com normas disciplinando as relaes de trabalho relao autoritria sem proteo aos trabalhadores a clientela era formada pelos habitantes das cidades e arredores 1.3.Liberalismo do sc. XVIII : Pregava um Estado alheio rea econmica Levou as relaes de trabalho para a plena autonomia contratual, e o capitalista, sempre mais forte, podia impor suas condies sem a interferncia do Estado liberdade, a igualdade foi valorizada pelo socialismo e a fraternidade (solidariedade) inspirou um sistema de socorros mtuos 1.4.Revoluo Industrial: Nova fase, transformao do trabalho em emprego, conseqentemente recebimento de salrios Transformao das manufaturas em indstrias Na seqncia, a substituio de mo-de-obra por mquinas gera desemprego Drama do operrio: trabalho sem sistema de lei que o regulamentasse Os trabalhadores comeam a se reunir para reivindicar melhores condies de trabalho (jornada, regulamentao do trabalho da mulher e do menor e salrio) Venda da fora de trabalho Interveno do Estado necessidade de proteo ao trabalhador 1.5.Primeira Guerra Mundial aps seu trmino, surge o que se pode chamar de constitucionalismo social, que a incluso nas constituies de preceitos relativos defesa social da pessoa, de normas de interesse social e de garantia de certos direitos fundamentais, incluindo o Direito do Trabalho. 1.6.Constituio do Mxico em 1917 foi a primeira a tratar do tema. jornada de 8 horas, proibia o trabalho do menor de 12 anos, limitao da jornada dos menores de 16 anos a seis horas, jornada mxima noturna de 16

sete horas, proteo maternidade, salrio mnimo, direito sindicalizao, greve, indenizao de dispensa, seguro social e proteo contra acidentes do trabalho. 1.7.Constituio de Weimar em 1919 disciplinava a participao dos trabalhadores nas empresas. 1.8.Tratado de Versalhes em 1919 prev a criao da OIT (Organizao Internacional do Trabalho), que tem como finalidade proteger as relaes entre empregados e empregadores no mbito internacional, expedindo convenes e recomendaes. 1.9.Carta Del lavoro de 1927 institui um sistema corporativista-facista. O corporativismo visava organizar a economia em torno do Estado, promovendo o interesse nacional, alm de impor regras s pessoas inspirou alguns sistemas polticos a exemplo do Brasil. A partir do sc. XX o DT comeou a ganhar identidade prpria na concepo corporativista europia final de 1920 at 1930 (Espanha, Portugal e Itlia) Princpio: interveno do estado transfere a ordem trabalhista para a esfera das relaes de natureza pblica Unio dos trabalhadores por meio dos sindicatos resultou no direito sindical com o reconhecimento dos acordos e convenes coletivas Surge a idia de justia social fontes do pensamento: encclica Rerum Novarum (1891) e o marxismo que pregava a unio dos trabalhadores para a construo de uma ditadura do proletariado supressiva do capital 1.10.Declarao Universal dos Direitos do Homem em 1948 prev alguns direitos dos trabalhadores, como frias remuneradas, repouso, etc. 1.11.Neoliberalismo prega a contratao e os salrios dos trabalhadores devem ser regulados pelo mercado de acordo com a lei da oferta e da procura O Estado deixando de intervir nas relaes trabalhistas.

Observao: segundo alguns autores, a histria do Direito do Trabalho comea aps a Revoluo Francesa, durante o sc. XIX. Antes, o que houve foi pr-histria, pois o Direito do Trabalho s se tornou possvel num regime poltico de total liberdade.

17

2 EVOLUO NO BRASIL 2.1.Constituio de 1824 apenas aboliu as corporaes de ofcio, pois deveria haver liberdade do exerccio de ofcios e profisses. 2.2.Lei do Ventre Livre a partir de 28-09-1871 os filhos de escravos nasceriam livres. 2.3.Lei Saraiva Cotegipe em 28-09-1885 chamada de Lei dos Sexagenrios, pois libertava os escravos com mais de 60 anos. 2.4.Lei urea em 13-05-1888 abolio da escravatura. 2.5.Constituio de 1891 reconheceu a liberdade de associao garantiu o livre exerccio de qualquer profisso moral, intelectual e industrial introduziu um captulo dedicado a Ordem Econmica e Social o art. 121 j tratava da proibio da diferena de salrio, salrio mnimo, jornada mxima de oito horas, proibio do trabalho de menores de 14 anos, repouso semanal remunerado, frias anuais, indenizao por dispensa sem justa causa, assistncia mdica sanitria, regulamentao do exerccio de todas as profisses, reconhecimento das convenes coletivas 2.6.Constituio de 1930 Poltica trabalhista idealizada por Getlio. 2.7.Constituio de 1934 - Foi constituda sob a influncia do constitucionalismo social. 2.8.Constituio de 1937 Marca uma fase intervencionista do Estado inspirada na Carta Del Lavoro e na Constituio Polonesa Foi institudo o sindicato nico, porm sob a interveno do Estado, a greve e o lockout foram considerados recursos anti-sociais, etc. O sindicato passou a ser assistencial Fixou-se o princpio do sindicato nico Tudo o Estado, tudo conforme o Estado, e nada contra o Estado O trabalho como dever social Surgiu o Pis e o Pasep 2.9.Dec. Lei 5.452 de 1-5-1943 aprovou a CLT.

18

2.10.Constituio de 1946 considerada uma norma democrtica, pois os trabalhadores passam a participar do lucro das empresas, repouso semanal remunerado, estabilidade, direito de greve, etc. 2.11.Constituio de 1967 manteve os direitos j estabelecidos anteriormente. 2.12.Constituio de 1988 os direitos trabalhistas foram includos no Captulo II, Dos Direitos Sociais, do Ttulo II, Dos Direitos e Garantias Fundamentais. Art. 7 direitos individuais e tutelares do trabalho. O art. 8 versa sobre o sindicato e suas relaes. O art. 9 especifica regras sobre a greve. O art. 10 determina disposio sobre a participao dos trabalhadores em colegiados. O art. 11 menciona que nas empresas com mais de 200 empregados assegurada a eleio de um representante para entendimentos com o empregador. 2.13.Leis esparsas: Lei 5.859/72(domsticos); Lei 5.889/73(rural); Lei

6.019/74(temporrio), etc.

CONSIDERAES Com o surgimento da sociedade capitalista que defende o meio de produo, e a economia de mercado com base na livre iniciativa, que o vocbulo trabalho teve uma nova conotao. Mas, ainda assim, os detentores do capital tm o trabalho como mercadoria e os trabalhadores se submetem a condies laborais degradantes, pois necessitam do salrio (preo do trabalho), para o seu prprio sustento e de sua famlia. O trabalho deixa de ser eminentemente agrrio, criando o trabalho industrial que teve o seu incio como o uso da eletricidade, do motor a combusto, da qumica orgnica, dos materiais sintticos e da manufatura de preciso, sendo o trabalho administrado por princpios de gerenciamento e organizao baseados no modelo taylorista-fordista, eliminando a porosidade, ou seja, o tempo no utilizado pelas tarefas produtivas. Neste sistema, a produo era estocada e a empresa verticalizada, com total controle de todas as reas e fases da produo num nico local. Neste contexto surge o Estado do bem estar social, welfare state, direito de segunda gerao, ou segunda dimenso, onde os governos tm como objetivo proporcionar aos cidados um padro de vida mnimo, valorizando o trabalho, atravs da regularizao dos salrios e programas de assistncia social.

19

Porm, na dcada de 60, com o aumento dos custos da mo-de-obra alm das conquistas sociais, entramos em processo de colapso, que se acentua na dcada de 70, trazendo recesso e diminuio do consumo, causando o fechamento de empresas e consequentemente, o desaparecimento das vagas. O Estado, ento, comea a reavaliar o seu modelo que resultou na diminuio de gastos pblicos, intensificao das privatizaes e tendncia desregulamentao e flexibilizao do processo produtivo.

ESTUDO DIRIGIDO 1 Qual foi a primeira forma de trabalho? 2 O que vem a ser corporao de ofcio? 3 O que ocorreu com o Direito do Trabalho na Revoluo Industrial? 4 - Quando surgiu a CLT? 5 Qual a importncia da Constituio/88 para o Direito do Trabalho?

20

Tpico 3 TRABALHO

AUTONOMIA E NATUREZA JURDICA DO DIREITO DO

Embora o Direito constitua uma cincia unitria, no podemos negar que, quando um ramo jurdico alcana a autonomia, atinge a maturidade, passando a orientar-se pelos prprios princpios. Apesar da especializao, regulando determinados tipos de relaes, preciso compreender que no se pode perder de vista o sentimento da unidade do conjunto. Ainda assim, no podemos admitir uma autonomia absoluta, porquanto, pois, subsidiariamente, o direito do trabalho se socorre do direito comum.

1 AUTONOMIA: 1.1.CARACTERSTICAS: Desenvolvimento Legal seja ela vasta a ponto de merecer um estudo adequado e particular. No temos um Cdigo do Trabalho, mas a CLT e a legislao esparsa cumprem esse papel, existindo, pois, a AUTONOMIA DO DIREITO DO TRABALHO, principalmente diante do volume de regras legais sobre o tema. Desenvolvimento Doutrinrio que contenha doutrinas homogneas dominadas por conceitos gerais que informam outras disciplinas. Do ponto de vista doutrinrio, h AUTONOMIA DO DIREITO DO TRABALHO, pois so inmeras obras que tratam da matria em comentrio. Desenvolvimento Didtico nas faculdades de Direito tm um ano ou dois semestres da matria Direito do Trabalho, e em outros cursos, como Administrao e Engenharia, h uma cadeira denominada Legislao Social, que consiste efetivamente no ensino do Direito do Trabalho. A OAB tambm tem exigido conhecimentos especficos da matria para habilitar o bacharel em direito. Autonomia Jurisdicional - a autonomia jurisdicional do Direito do Trabalho est consagrada principalmente a partir da edio da CLT e dos julgamentos dos pleitos trabalhistas. Com a CF/46 consagra-se a autonomia do Direito do Trabalho que passa a fazer parte integrante do Judicirio.

21

Autonomia Cientfica h princpios prprios, copiosa legislao sobre o tema, que importa uma vasta matria, com institutos distintos de outros ramos do Direito, tendo por inspirao normas que iro proteger a hipossuficincia do trabalhador, visando modificao e melhoria das suas condies de trabalho e sociais.

1.2. ART. 8 DA CLT: As autoridades administrativas e a Justia do Trabalho, na falta de disposies legais ou contratuais, decidiro, conforme o caso, pela jurisprudncia, por analogia, por equidade e outros princpios e normas gerais do direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevalea sobre o interesse pblico. Pargrafo nico. O direito comum ser fonte subsidiria do direito do trabalho, naquilo em que no for incompatvel com os princpios fundamentais deste.

1.3. COMENTRIOS:

O art. 8 deixa clara a prevalncia da lei ou do contrato, indicando como a autoridade administrativa ou a prpria justia do trabalho deve conduzir na lacuna da legislao de inexistncia de normas contratuais. Assim, inexistindo lei, para a soluo do caso, ser considerada a jurisprudncia, analogia, equidade, analogia e outros princpios e normas gerais do direito. a) Jurisprudncia: na lio de Carlos Maximiliano, o conjunto de solues dadas pelos tribunais s questes de Direito; relativamente a um caso particular, denomina-se jurisprudncia a deciso constante e uniforme dos tribunais sobre determinado ponto de direito.

22

Analisando o art. 8, nota-se que a jurisprudncia no exclusividade dos tribunais trabalhistas, mas tambm a jurisprudncia administrativa, por exemplo, decises tomadas pelo M.T., atravs das Delegacias Regionais do Trabalho.

b) Analogia: a analogia o meio do qual o juiz amplia a incidncia da lei, aplicando-a a caso idntico ou semelhante no contemplado pela legislao. c) Equidade: o meio atravs do qual o juiz abrange o rigorismo legal. Da a expresso extremamente feliz de Russomano a idia do justo. Abrando o rigor do texto. Aquece a frieza da lei. d) Outros princpios gerais e normas gerais do direito: so os prprios fundamentos do Direito. Na lio de Celso Agrcola Barbi, so as idias mais gerais que implicam o ordenamento jurdico de um pas. e) Direito comum: parte subsidiria do Direito do Trabalho, notadamente o Direito Civil, inclusive no Direito Processual do Trabalho. f) Usos e costumes

g) Direito comparado

2 - NATUREZA JURDICA DO DIREITO DO TRABALHO 2.1. Primeiramente o DT era considerado como ramo do direito pblico isto porque no perodo do corporativismo, os sindicatos eram considerados entes de direito pblico, hoje no o so mais, e como algumas concepes interpretavam o regime de trabalho como estatutrio (hoje ocorre apenas no setor pblico), as teses publicistas perderam o sentido. - o funcionrio pblico estatutrio aquele que trabalha para a Administrao Pblica por concurso, e como tal regido pelo Direito Administrativo e suas leis prprias para o seu regime de trabalho. A administrao Pblica pode contratar pode contratar algum, no regime celetista, e, neste caso, o vnculo entre as partes ser regido pelas leis trabalhistas. 2.2. Observar o art. 9 da CLT que determina que sero nulos os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicao dos preceitos contidos na CLT. 2.3. As leis de fiscalizao pelo MT so de Direito Administrativo, mas no DT, sua funo instrumental, servindo de meio e no de fim.

23

2.4. A relao de emprego contratual, e a autonomia da vontade das partes fonte instauradora de direitos e deveres recprocos. Portanto, o DT um ramo do direito privado. Os sujeitos envolvidos, empregado e empregador, so dois particulares. 2.5. Importante acrescentar que se o DT fosse considerado ramo do direito pblico, os sindicatos seriam rgos pblicos e as convenes coletivas de trabalho entre os sindicatos no teriam razo de ser. 2.6. Alguns doutrinadores entendem que o DT ramo do direito social, outros que no pertence nem a direito pblico, nem a direito privado, exclusivamente, e outros como Evaristo de Moraes Filho, que seria direito unitrio, numa fuso entre misto e privado.

ESTUDO DIRIGIDO 1 O que caracteriza a autonomia de um ramo do direito? 2 Qual a importncia do art. 8 da CLT? 3 Qual a natureza jurdica do Direito do Trabalho? 4 Pode o Direito do Trabalho ser considerado um ramo do Direito Pblico? 5 O que preleciona o art. 9 da CLT?

24

Tpico 4 RELAO DO DIREITO DO TRABALHO COM OS DEMAIS RAMOS DO DIREITO

1 DIREITO INTERNACIONAL: O Direito Internacional Pblico do Trabalho diz respeito s normas de ordem pblica, de mbito internacional. OIT edita convenes e recomendaes, Declarao Universal dos Direitos do Homem (1948), Conveno Europia dos Direitos Humanos (1950).1 O Direito Internacional Privado do Trabalho versa sobre a aplicao da lei no espao. Ex.: trabalhador que foi contratado em Buenos Aires, trabalhou em Tquio e foi dispensado no Brasil. 2 DIREITO CONSTITUCIONAL: So muito prximas as relaes entre o direito constitucional e o direito do trabalho, especialmente quanto constitucionalizao do direito do trabalho (Mxico e Alemanha). Igualdade de oportunidades, correlao entre os frutos da produo e sua distribuio no plano social, a robotizao, a liberdade sindical, etc. Ver art. 7 e 8 da CF/88 Aps a Segunda Guerra Mundial, as novas Constituies promulgadas em importantes pases da Europa conferiram novo status ao processo de constitucionalizao trabalhista (Frana, Itlia, Alemanha, Portugal e Espanha). Alm dos direitos laborativos, inseriram princpios jurdicos, como dignidade humana, valorizao sociojurdica do trabalho, da justia social, etc. No Brasil, a partir da Constituio de 1934, esta tendncia de constitucionalizao se firmou, culminando com a CF/88 (arts. 7 ao 11) Uma questo jurdica que tem merecido a ateno dos especialistas em Direito Constitucional a da aplicabilidade das leis constitucionais. A teoria que tem prevalecido, nesse sentido, a de que as normas constitucionais so1

Sobre OIT, consultar : VASCONCELLOS, Andra de Campos . Dispensa Imotiva Luz da Conveno 158 da OIT. 1 Ed.Santa Catarina: Conceito,2010, p.59/74

25

consideradas de eficcia plena e aplicabilidade imediata, de eficcia contida e aplicabilidade imediata, mas passveis de restries, e de eficcia limitada, cuja estruturao definitiva o legislador deixou para providncia ulterior. O que se nota que h leis constitucionais que, em razo do seu contedo, necessitam de legislao integradora, enquanto outras no esto

condicionadas existncia dessa legislao e podem em toda a sua plenitude, ser aplicadas nos processos concretos. 3 DIREITO ADMINISTRATIVO: A Administrao Pblica tem, como atribuio central, organizar, manter e executar a inspeo do trabalho (CF, art. 21, XXIV), organizar o sistema nacional de empregos e condies para o exerccio da profisses (CF, art. 22, XVI) e desenvolver, por meio do Ministrio do Trabalho, inmeras atribuies relacionadas com o trabalho nas reas da migrao da mo-deobra, treinamento, colocao de desempregados e mediao de conflitos, sendo atualmente vedada a sua interveno ou interferncia na organizao sindical (CF/88, art. 8, I). O Ministrio do Trabalho tambm competente para apreciar procedimento administrativo de anotao de carteira de trabalho e previdncia social quando a relao de emprego comprovada de modo incontroverso. O prprio Estado contrata servidores sob o regime da CLT ou regime temporrio ou precrio. Mesmo quando o Estado admite funcionrios pblicos sob o regime estatutrio, estamos diante de uma relao de trabalho que mostra semelhana com o que vamos estudar. Ver: art. 161, 200, 444 e 626 da CLT, art 7, XXII da CF/88 (C 81 da OIT). 4 DIREITO PROCESSUAL: O Direito Processual do Trabalho vem a ser a forma de assegurar o cumprimento dos direitos materiais do empregado. Este compreende as figuras da ao, jurisdio e do processo. A CLT contm, nos arts. 643 a 910, as regras.

26

5 DIREITO CIVIL: O Contrato de Trabalho tem origem no Direito Civil. O art. 8 da CLT, pargrafo nico determina a aplicao do direito civil, subsidiariamente s relaes de trabalho. Justificamos tal procedimento porque a relao desses de ordem histrica. Tal aplicao ampla, porm vedada qual a lei trabalhista dispuser da mesma regra, caso em que afastar a aplicao do direito civil. Segundo Amauri Mascaro Nascimento, Parte da teoria dos atos e fatos jurdicos aplicvel s relaes de trabalho, nas quais so considerados como defeitos dos atos jurdicos o erro, o dolo, a coao, a simulao e a fraude... Para Maurcio Godinho h importantes institutos, regras e princpios que preservam interesse rea justrabalhista. (critrio de fixao de responsabilidade civil art. 7,XXVIII, CF/88teoria civilista das nulidades, hierarquia das normas, etc) Parte geral do CC incapacidade, maioridade, pessoas jurdicas, defeitos e ineficcia dos negcios jurdicos e prescrio. Efeitos e obrigaes, contratos, locao, emancipao da mulher, etc. 6 DIREITO COMERCIAL: A relao entre os dois de natureza histrica, legislativa e doutrinria, porque algumas regras do direito do trabalho surgiram dos cdigos comerciais, o que aplicado at hoje, a exemplo da Argentina. aplicado subsidiariamente na soluo dos problemas trabalhistas como tambm pelas figuras estudadas por ambos: como a empresa, o comerciante, a falncia. Como exemplo, sabemos que no caso de mudana na estrutura jurdica e na propriedade da empresa, os direitos dos trabalhadores so assegurados (art. 10 e 448 da CLT). Participao nos lucros e resultados PLR. Art. 7, inciso XI da CF/88. 7 DIREITO TRIBUTRIO:

27

As relaes entre ambos so relevantes, principalmente quando se fala em fato gerador, incidncia de tributos, ou contribuies sobre certas verbas trabalhistas, etc. As contribuies do FGTS e do PIS-Pasep realam ainda mais essa relao, alm da incidncia do imposto de renda sobre salrios, remunerao e outras verbas de natureza trabalhista. 8 DIREITO PENAL: As principais relaes residem na incluso entre as infraes penais de matria trabalhista e na unidade de figuras e conseqente problema das relaes entre o ilcito penal e o ilcito trabalhista. No Cdigo Penal brasileiro h um captulo destinado aos Crimes contra a Organizao do Trabalho (arts. 197 a 207). A prpria empresa pode aplicar determinadas sanes ao empregado (advertncia, suspenso, etc), decorrentes do poder disciplinar do empregador. Em princpio, o ilcito penal e o ilcito trabalhista so autnomos, mas muitas vezes o mesmo fato apresenta um e outro, exemplo: o empregado que rouba, enseja justa causa como tambm a prtica de ofensas a superior hierrquico. A Lei 9.029/95 estabelece normas penais para a discriminao da mulher. (art. 2); trabalho escravo, Lei 9777/98 e art. 149 do CP; art. 49 da CLT; normas de higiene e segurana do trabalho, art. 19, pargrafo 2 da Lei 8213/91; Lei 10224/2001 art. 216-A CP favorecimento sexual; ECA, arts. 226/244. Prticas de justa causa e falta grave, agresses fsicas e mentais, prtica contra os bons costumes, revelao de segredo de empresa, etc 9 DIREITO DA SEGURIDADE SOCIAL: Ver CF/88 arts.194 a 204. Proteo maternidade, especialmente gestante, assistncia social infncia e adolescncia, promoo e integrao ao mercado de trabalho.

28

10 DIREITO ECONMICO: O DE tem por objetivo disciplinar juridicamente as atividades desenvolvidas nos mercados, buscando uma forma de organizao do sistema e tambm visando interesse social. Ex.: obteno de uma poltica de emprego, valorizao do trabalho humano, poltica econmica e salarial, etc. Ver art. 1, III, 170, 193 e 218 da CF/88. 11 RELAO DO DIREITO DO TRABALHO COM OUTRAS REAS: 11.1.Direito do Trabalho e economia: A Economia a cincia que tem por objetivo o estudo da distribuio de riquezas, da produo e do consumo. Os fatos econmicos podem influir no direito do trabalho, e a demonstrao est na prpria histria a partir da Revoluo Industrial do sc. XVIII, como as aes destinadas produo de bens e distribuio de riquezas, bastando exemplificar com as leis trabalhistas sobre salrios, participao do trabalhador no lucro da empresa, etc. 11.2.Direito do Trabalho e sociologia: Cabe sociologia a investigao das estruturas do fato social; quando voltado para o direito em geral, temos a sociologia jurdica. Como salienta Miguel Reale, a sociologia jurdica no visa norma jurdica como tal, mas sim sua eficcia ou efetividade, no plano do fato social. 11.3.Direito do Trabalho e medicina : A medicina do trabalho estuda os meios preventivos e reparatrios da sade do trabalhador, da resultam as normas jurdicas de segurana e higiene do trabalho, acidentes do trabalho e doenas profissionais, limitao dos excessos de trabalho, reabilitao profissional e bem estar fsico e mental do trabalhador. 11.4.Direito do Trabalho e filosofia : O trabalho uma mediao entre o homem e a natureza, transformando-a das condies brutas em que se achava no incio da histria. Este processo constitui vrias etapas que correspondem s grandes revolues

tecnolgicas. 29

A valorizao do trabalho pressuposto de existncia digna. 11.5.Direito do Trabalho e psicologia : Psicologia do trabalho,vem do sc. XVII, o ramo da psicologia que se ocupa do estudo das tcnicas para adaptao do trabalhador, como criatura humana, atividade que exerce. O psiclogo do trabalho pode tentar melhorar a segurana do trabalho, diminuir a carga do trabalho, reduzir o absentesmo e aumentar o grau de satisfao do trabalhador. 11.6.Direito do Trabalho e administrao de empresas : A Administrao de Empresas preocupa-se com a organizao da empresa, sua forma de produo, que est diretamente relacionado com o poder de direo do empregador. Os recursos humanos implicam nas promoes, plano de cargos e salrios, remunerao, etc. 11.7.Direito do Trabalho e moral : A justia social como ncleo da prtica social (o Direito do Trabalho parte), representa instrumento de realizao do bem comum e este no se concretiza sem a garantia da dignidade da pessoa humana, cujo conceito de natureza tica. Respeito da honra e boa fama, resguardo do decoro e da moralidade, bons costumes, etc.

ESTUDO DIRIGIDO 1 De que modo a insero de uma ordem econmica e social nas Constituies provocou a Constitucionalizao do Direito do Trabalho? 2 Fundamente a natureza multidisciplinar do Direito do Trabalho. 3 Qual o papel das Convenes Internacionais no do Direito do Trabalho. 4 Qual a relao do Direito do Trabalho com a moral? 5 Pesquisar se h relao do Direito do Trabalho com o Direito do Consumidor.

30

Tpico 5 - FONTES DO DIREITO DO TRABALHO

1 INTRODUO: Segundo Maurcio Godinho, as noes de ordem e ordenamento jurdico referem-se ao complexo unitrio de dispositivos regulatrios das organizaes e relaes sociais em um determinado contexto histrico, geogrfico e poltico institucional. O termo vem do latim fons, significado de nascente, manancial. Fonte do Direito: tem significado metafrico, pois o direito j uma fonte de vrias normas. Significa meio pelo qual o Direito do Trabalho se forma, se origina e estabelece as suas normas jurdicas. Emprega-se tambm a expresso no sentido de fundamento de validade jurdico-positiva da norma jurdica, viso kelseniana. Direito positivo retratado pela norma, que se constitui em regras (tm como roupagem a lei escrita), princpios (comandos gerais) e valores (padres sociais), dotada de fora coercitiva sobre os agentes sociais a que se destina. Portanto Direito Positivo no significa apenas direito escrito, mas aquele que age coercitivamente sobre a sociedade. a partir da fonte que se cria o direito, e com este a obrigao e a exigibilidade ao cumprimento desta obrigao. 2 CONSIDERAES:

Fontes formais: So os meios de revelao e transparncia da norma jurdica. importante para que empregado e empregador se conscientizem de que, alm da fora dos contratos de trabalho existem outros regramentos que tm fora coercitiva e que devem ser respeitados e cumpridos. Se caracterizam pelo seu carter geral, abstrato, impessoal e imperativo. Se confundem com a norma. A doutrina se divide quanto aos tipos. Fontes materiais: antecedem as fontes formais. o complexo de fatores que ocasionam o surgimento de normas, envolvendo fatos e valores. So analisados fatores sociais, psicolgicos, econmicos, histricos, etc, ou seja, os fatores reais que influenciaro na edio da norma jurdica. 31

H autores que entendem que a relevncia apenas o estudo das fontes formais, sendo que as fontes materiais dependem da investigao das causas sociais que influenciaram na edio da norma jurdica. certo afirmar que toda fonte formal j foi uma fonte material, mas nem toda fonte material chega a se transformar em formal. Alguns autores afirmam que apenas o Estado fonte do Direito, pois ele goza de poder de sano (teoria monista), sendo que outros pregam que existem vrios centros de poderes (teoria pluralista)

3 - FONTES DO DIREITO DO TRABALHO:

3.1.heternomas: impostas por agente externo. CF dotada de prevalncia na ordem jurdica. Confere fundamento e eficcia a todas as demais regras. O art. 22 da CRFB/88 lembra a competncia privativa da Unio de legislar sobre o Direito do Trabalho, impedindo os Estados-membros e os Municpios de o fazerem. Leis A lei trabalhista central no Brasil o Decreto-Lei 5452, de 1-5-43 (CLT). A diferena entre um cdigo e a CLT que o primeiro importa a criao de um Direito novo, revogando a legislao anterior, sendo que a outra apenas organiza e sistematiza a legislao esparsa j existente, tratando no s do Direito individual do trabalho, mas tambm do tutelar, do coletivo e at mesmo das normas de processo do trabalho, alm daquelas sobre segurana e medicina do trabalho, etc.Observamos que as medidas provisrias esto cada vez mais crescentes, provocando transformaes no DT. Tratados e Convenes Internacionais So as convenes, tratados e recomendaes. Pode a norma internacional estabelecer condies mais benficas do que as previstas em nossa legislao. - no Brasil, pela CRFB/88, por no ser clara, tudo indica que adotou a teoria monista, em virtude da qual o tratado ratificado complementa, altera ou revoga o direito interno, desde que se trate de norma auto-aplicvel e j esteja em vigor no mbito internacional. Entretanto, aps a EC/45/05, que 32

introduziu o pargrafo 3 ao art. 5 da CRFB, trouxe baila uma nova discusso,pois passou a conferir status de emenda constitucional a tratados e convenes internacionais sobre direitos humanos que tenham sido aprovados com critrios similares aos de emenda. Regulamento Normativo Do ponto de vista tcnico-jurdico, equivale lei em sentido material e tm tido grande recorrncia no DT. Ex.: Decretos que regulam o 13 salrio, vale-transporte, adicional de periculosidade, etc. Portarias, avisos, circulares, instrues (Ministrio do Trabalho) em princpio no constituem fontes formais, mas h possibilidade de serem alados ao estatuto de fonte normativa, quando referidos por lei ou regulamento normativo, principalmente no que diz respeito sade e segurana do trabalho. (ver art. 192 e 193 da CLT) Sentena normativa ver art. 867 da CLT. a deciso dos tribunais regionais do trabalho ou do TST no julgamento dos dissdios coletivos. O art. 114, caput, e seu 2, da Constituio, atribuiu competncia Justia do Trabalho para estabelecer normas e condies de trabalho. Portanto, por meio de sentena normativa em dissdio coletivo que sero criadas, modificadas ou extintas as normas as normas e condies aplicveis ao trabalho, gerando direitos e obrigaes a empregados e empregadores. Seu efeito erga omnes valendo para todas as pessoas integrantes da categoria econmica e profissional envolvidas no dissdio coletivo. 3.2.autnomas: so as elaboradas pelos prprios interessados. Convenes e acordos coletivos ver art.614, pargrafo 3 da CLT. Previso no art. 7 inc. XXVI da CF. So espcies de negcio jurdico. As Convenes so os pactos firmados entre dois ou mais sindicatos estando de um lado o sindicato patronal e do outro o sindicato profissional. Os acordos coletivos so os pactos celebrados entre uma ou mais empresas e o sindicato da categoria profissional a respeito das condies de trabalho. Usos e costumes na reiterada aplicao, pela sociedade, que se origina a norma legal. A exemplo do 13 salrio, costumam aparecer

33

regras na prpria empresa, que por serem aplicadas reiteradamente, acabam sendo disciplinadas por lei. O prprio contrato de trabalho no precisa necessariamente ser feito por escrito, vide art. 443 da CLT. Outro caso seriam as parcelas pagas em utilidades (alimentao, vesturio, transporte e habitao) que s integraro o salrio se houver habitualidade no seu pagamento, ou seja, por fora do costume (art. 458). E por fim, quando inexiste a estipulao do salrio, o empregado ter direito a perceber importncia igual daquele que fizer servio equivalente na mesma empresa, ou do que for pago habitualmente (costumeiramente, art. 460 da CLT).

3.2.figuras especiais: Regulamentos de empresa um ato jurdico que decorre do poder diretivo do empregador; uma fonte formal de elaborao de normas trabalhistas, uma forma como se manifestam as normas jurdicas, de origem extraestatal, autnoma, visto que no so impostas por agente externo, mas so organizadas pelos prprios interessados. Evaristo de Moraes Filho (1991:141, ensina que, pelo fato de serem estabelecidas condies de trabalho no regulamento, este vem a ser a fonte normativa do Direito do Trabalho, pois suas clusulas aderem ao contrato de trabalho. Laudo arbitral a deciso de carter normativo tomada por algum escolhido por entidades juscoletivas, no contexto da negociao coletiva.Regra geral, no aplicado ao direito individual, pois trata-se de direito indisponvel, porm, amplamente utilizado nos conflitos coletivos. Jurisprudncia jus (Direito) e prudentia (sabedoria). Significa aplicao do direito ao caso concreto. No se forma por decises isoladas. A doutrina se divide, para alguns, apenas a smula vinculante considerada fonte. OBSERVAO: Arnaldo Sussekind acrescenta que so fontes formais do Direito do Trabalho as fontes subsidirias, por exemplo, o art. 8 da CLT, mas a maioria concorda que so mtodos de interpretao ou integrao de lei ou do direito, e no como fontes. 34

Doutrina Equidade Princpios Analogia Disposies contratuais so as determinaes inseridas no contrato de trabalho, ou seja, no acordo bilateral firmado entre os convenentes a respeito das condies de trabalho, que iro dar origem a direitos e deveres do empregado e do empregador. Ver art. 444 da CLT 4 HIERARQUIA: O art. 59 da CF/88 dispe sobre as normas existentes no sistema jurdico brasileiro. A hierarquia entre as normas somente viria a ocorrer quando a validade de determinada norma dependesse de outra, em que esta regularia inteiramente a forma de criao da primeira norma. Abaixo da Constituio encontram-se: leis, decretos (expedido pelo executivo), sentena normativa, conveno coletiva e acordo coletivo, regulamento de empresa, smula vinculante, costume. O pice da pirmide da hierarquia das normas trabalhistas a mais favorvel ao trabalhador. Nem todos os dispositivos constitucionais tm eficcia plena, dependendo de regulamentao.Ver art. 619 e 623 da CLT.

5 - CLASSIFICAO DAS NORMAS TRABALHISTAS: Normas de ordem pblica absoluta so aquelas que no podem ser derrogadas por conveno das partes, em que prepondera o interesse pblico sobre o individual. O Estado tem interesse em estabelecer regras mnimas para o trabalhador. So as normas que tratam de medicina e segurana do trabalho, da fiscalizao trabalhista, do salrio mnimo, do repouso semanal remunerado. Normas de ordem pblica relativa apesar do interesse do Estado, podem ser flexibilizadas, por exemplo, possibilidade de reduo de salrios por meio de convenes e acordos coletivos.

35

Normas dispositivas o interesse do Estado menor, podendo haver autonomia da vontade das partes em estabelecer outras regras, sendo que a legislao estabelece apenas o mnimo. Um exemplo seria o adicional de 50% de horas extras. Normas autnomas so aquelas em que o Estado no interfere, as partes que estabelecero preceitos, fruto do entendimento entre elas. No campo individual, seria, por exemplo, a contratao mediante clusula inserida no contrato de trabalho a respeito de complementao da aposentadoria. Obs.: normas autnomas que venham colidir com regras de ordem pblica, sejam absolutas ou relativas no so vlidas.

ESTUDO DIRIGIDO 1 D a diferena entre fontes formais e fontes materiais. 2 D dois exemplos e fontes heternomas do Direito do Trabalho 3 D dois exemplos de fontes autnomas do Direito do Trabalho. 4 H hierarquia entre as normas trabalhistas? Explique. 5 Como se classificam as normas trabalhistas?

36

Tpico 6 PRINCPIOS DO DIREITO DO TRABALHO 1 DEFINIO DE PRINCPIOS: So enunciados genricos, explicitados ou deduzidos do ordenamento jurdico, so os verdadeiros valores. 2 DIREITO E PRINCPIOS: Os princpios no so axiomas absolutos e imutveis. 3 DISTINO ENTRE PRINCPIO E REGRA: As regras prescrevem atos relativamente especficos, podem ser aplicados diretamente, e so concisas. Os princpios atos inespecficos, no podem gerar direito subjetivo, contm uma enunciao ampla, sendo, portanto, abstratos, enquanto as regras so concisas. Se houver conflito entre regras, a soluo implica perda de validade de uma delas em favor de outra, ao contrrio dos princpios, privilegia-se um deles, sem que o outro seja violado. Neste caso, invoca-se o princpio da proporcionalidade deduzido do art. 5, pargrafo 2 da CF/88. 4 PRINCPIOS GERAIS: Inalterabilidade dos contratos Lealdade e boa-f (art. 482 e 483 da CLT) Razoabilidade Tipificao legal de ilcitos e penas a advertncia no se encontra tipificada, pois criada pelo costume; Dignidade humana; no-discriminao, proporcionalidade... 5 PRINCPIOS ESPECFICOS DO DIREITO DO TRABALHO: o D.T. todo centralizado no princpio da tutela compensatria do trabalhador subordinado- contrabalanar a posio superior do empregador A) Princpio da Proteo ao trabalhador Caracteriza a interveno do Estado nas relaes de trabalho, visando opor obstculos autonomia da vontade. da a tese da flexibilizao, que a Constituio de 1988 adotou, capaz de proporcionar a adaptao das condies de trabalho, mediante tutela sindical, em determinadas situaes; seu propsito corrigir desigualdades, criando uma superioridade jurdica em favor do empregado, diante da sua condio de hipossuficiente. 37

B) Princpio da Norma Mais Favorvel: B.1 - A regra mais favorvel deve guiar o operador do Direito em trs situaes distintas: No instante de elaborao da regra No confronto entre regras concorrentes Na interpretao das regras jurdicas B.2 - a teoria do conglobamento parcial, orgnico ou mitigado ou por instituto, como se infere do art. 3, II, da Lei n, 7064/82, que estabelece: a aplicao da legislao brasileira de proteo ao trabalho, naquilo que no for incompatvel com o disposto nesta Lei, quando mais favorvel do que a legislao territorial, no conjunto de normas e em relao a cada matria.

C) Princpio da Imperatividade das Normas Trabalhistas: prevalece no segmento juslaborativo o domnio de regras jurdicas imediatamente obrigatrias, em detrimento de regras apenas dispositivas; prevalece a restrio autonomia da vontade, como instrumento assecuratrio eficaz das garantias fundamentais ao trabalhador.

D)Princpio da Indisponibilidade dos Direitos Trabalhistas: A doutrina usa a expresso irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas. Est vinculado idia de indisponibilidade de direitos; Seu objetivo limitar a vontade das partes; Observar art. 7 da CF, inc. VI, XIII, XIV. # Segundo o Professor Maurcio Godinho, acompanhado pelo juiz aposentado e professor da UFMG, Paulo Emlio Ribeiro de Vilhena, a melhor nomenclatura seria indisponibilidade de direitos laborais e no irrenunciabilidade A irrenunciabilidade tem como objetivo limitar a autonomia da vontade das partes E) Princpio da Condio Mais Benfica: Princpio que importa na garantia de preservao, ao longo do contrato de trabalho, da clusula contratual mais vantajosa ao trabalhador (da considerado direto adquirido). 38

Foi incorporado pela legislao no art. 468 da CLT ver Smulas 51 e 288 do TST. No abrange as normas, mas sim clusulas contratuais. F) Princpio in dubio pro operrio: Tambm denominado Princpio in dubio pro misero, rea temtica j abrangida pelo princpio da norma mais favorvel, choque com o princpio do juiz natural (a independncia do juzo estaria condicionada a sempre favorecer o empregado) G) Princpio da Primazia da Realidade: Manifesta-se em todas as fases da relao de emprego. Significa que as relaes jurdico-trabalhistas se definem pela situao de fato. Tambm chamado de princpio do Contrato-Realidade # No Direito do Trabalho os fatos so muito mais importantes do que os documentos.

H) Princpio da Irredutibilidade do Salrio (intangibilidade salarial) flexibilizao sob tutela sindical (art. 7, VI) Tambm, partindo do princpio da Dignidade da Pessoa Humana: se o trabalho importante meio de realizao e afirmao do ser humano e o salrio a contrapartida econmica dessa afirmao, esse deve ser, portanto, garantido juridicamente. Projeta-se nas seguintes situaes: h.1 - Garantia do valor do salrio h.2 - Garantias contra mudanas contratuais e normativas que provoquem a reduo do salrio h.3 - Garantias contra prticas que prejudiquem seu efetivo montante ( descontos indevidos,mas que admite exceo, conforme o art. 462 CLT) h.4 - Garantias contra interesses contrapostos de credores diversos I) Princpio da Inalterabilidade Contratual Lesiva: Inspirado no direito civil (inalterabilidade dos contratos) Verificar: art. 444 e 468, pargrafo nico, da CLT.

39

Uma particularizao deste princpio o princpio da IMUTABILIDADE CONTRATUAL OBJETIVA J) Princpio da Continuidade da Relao de Emprego: Este princpio perdeu sua fora com a introduo do Fundo de Garantia por Tempo de Servio (FGTS): Torna o contrato por tempo indeterminado a regra; Serve de suporte terico (ao lado de outros princpios) para o instituto da SUCESSO DE EMPREGADORES arts. 10 e 448 CLT

ESTUDO DIRIGIDO

1- Quais so as funes do princpio do Direito do Trabalho? 2- Quais so os princpios do Direito do Trabalho que restringem a autonomia da vontade das partes? 3- O que vem a ser flexibilizao? D em exemplo. 4- O que vem a ser princpio do contrato realidade? 5- O que vem a ser sucesso trabalhista?

40

2 parteTpico 7 RELAO DE TRABALHO x RELAO DE EMPREGO

1) COMPETNCIA: Estabelece a CF/88, no inciso I do art.114, com a nova redao dada pela Emenda Constitucional n 45, publicada em 31/12/2004, que Justia do Trabalho compete processar e julgar as aes oriundas da relao de trabalho, abrangidos os entes de direito pblico externo e da Administrao Pblica direta e indireta da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, exceto os servidores ocupantes de cargos criados por lei, e de provimento efetivo ou em comisso, includas as autarquias e fundaes pblicas dos referidos entes da federao. 2) RELAO DE TRABALHO: a expresso genrica que diz respeito a qualquer prestao de servios, seja de um empregado, seja de um trabalhador autnomo ou eventual. 3) RELAO DE EMPREGO: J a relao de emprego aquela proveniente do vnculo empregatcio, ou seja, regula apenas o trabalho existente entre empregado e empregador, quando estiverem presentes os quarto requisitos para a configurao do emprego, quais sejam: Pessoalidade: o empregado deve ser pessoa fsica e a prestao dos servios deve ser pessoal, ou seja, sua atividade personalssima, posto que o empregado no pode ser substitudo por outra pessoa no exerccio de suas atribuies. Habitualidade: a prestao dos servios deve ser contnua e no eventual. O trabalho deve ser executado habitualmente. A CLT no usa as expresses cotidiano ou dirio, mas sim trabalho contnuo e habitual; portanto, o trabalho no precisa ser obrigatoriamente dirio, mas frequente e de trato sucessivo. Subordinao: caracteriza-se pela dependncia do empregado ao empregador. Decorre do poder de comando do empregador, j que o empregado est subordinado s ordens do empregador. A subordinao pode ser: econmica, tcnica, hierrquica ou jurdica.

41

Onerosidade: diz respeito contraprestao devida pelo empregador ao empregado em razo da prestao de servios. O empregado tem o dever de prestar os servios e o empregador tem a obrigao de pagar. Portanto, o trabalho no gratuito, mas sim, oneroso. Importante ressaltar que a EXCLUSIVIDADE no requisito da relao empregatcia, pois o empregado pode prestar servios a diversos empregadores, desde que haja a compatibilidade de horrios. Segundo Amauri Mascaro do Nascimento:

A regulamentao individual do trabalho na poca contempornea o resultado de uma multiplicidade de influncias e acontecimentos baseados no pressuposto da necessidade de atribuir ao trabalhador um estatuto que permita antepor-se aos eventuais arbtrios do empregador. O contrato de trabalho a base jurdica entre empregados e empregadores, meio de vontade individual, instrumento de preservao da ordem social, integrao da ordem jurdica. CARACTERSTICAS: natureza privatstica, consensualidade, trato sucessivo e sinalagmtico. Conceito de empregado - art. 3 CLT 4) EMPREGADO EM DOMICLIO art. 6 e 83 da CLT Domiclio o lugar escolhido pelo empregado para a prestao dos servios ao empregador. Caracterstica: o trabalho dever ser desenvolvido fora da fiscalizao imediata e direta do empregador. A forma de pagamento relativa. Ex.: por pea ou tarefa Dificilmente ter direito a horas extras. Se houver piso salarial dever ser respeitado.

42

5) TRABALHADOR AUTNOMO: a pessoa fsica que exerce, por conta prpria, atividade econmica de natureza urbana ou rural, com fins lucrativos ou no. 6) TRABALHADOR EVENTUAL : art.12, V, alnea g, da Lei 8212/91. Prestador de servios de natureza urbana ou rural, em carter eventual, a uma ou mais empresas, sem relao de emprego. Ao se falar em eventualidade, ou em ausncia de continuidade na prestao de servios, j se verifica que inexiste relao de emprego, pois o trao marcante do contrato de trabalho a continuidade. ex.: pedreiro ou pintor que , que fazem servios eventuais, indo uma vez outra vez empresa para construir um muro, ou pintar uma parede. 7) TRABALHADOR AVULSO art. 643 da CLT e art. 7, XXXIV, da CF/88. Pessoa fsica que presta servio sem vnculo empregatcio, de natureza urbana ou rural, a diversas pessoas, sendo sindicalizado ou no, com intermediao obrigatria do sindicato da categoria profissional ou do rgo gestor da mo-de-obra. Distingue-se, porm, o avulso do eventual, pois o primeiro tem todos os direitos previstos na legislao trabalhista, enquanto o eventual s tem direito ao preo avenado no contrato e multa pelo inadimplemento do pacto, quando for o caso. No subordinado nem pessoa a quem presta servios, muito menos ao sindicato. Ao tomador no interessa normalmente que o servio seja feito por determinada pessoa portanto no intuitu personae. Ex.: prestador de servios na orla martima, o conferente de carga e descarga, o amarrador da embarcao no porto, classificador de frutas, ensacador de caf

8) TRABALHADOR VOLUNTRIO - Lei 9608/98 Conceito: (art. 1) atividade no remunerada prestada por pessoa fsica a entidade pblica de qualquer natureza, ou a instituio privada sem fins 43

lucrativos, que tenha objetivos cvicos, culturais, educacionais, cientficos, recreativos, ou de assistncia social, inclusive mutualidade (a palavra usada est incorreta o que a lei quer dizer ajuda mtua) O trabalho voluntrio difere do religioso que tem por fundamento os votos feitos pela pessoa. No tem carter obrigatrio. Dever ser feito termo de adeso (por prazo determinado ou indeterminado), portanto sua natureza contratual. Caractersticas: pessoalidade, espontaneidade e gratuidade, podendo, inclusive haver subordinao. A prestao de servios a entidade privada s poder ocorrer em relao a atividade sem fins lucrativos no se enquadram empresas pblicas e sociedades de economia mista. Poder haver ajuda de custo.

ESTUDO DIRIGIDO 1 Qual a competncia da Justia do Trabalho? 2 - O que pressupe a relao de emprego? 3 Qual a diferena entre trabalhador autnomo e trabalhador eventual? 4 Por que o trabalhador avulso faz jus aos direitos trabalhistas? 5 D duas caractersticas do trabalho voluntrio?

ESTAGIRIO, EMPREGADO DOMSTICO E EMPREGADO RURAL

A) ESTAGIRIO Lei 11.788/08, que estabelece em seu artigo 1 o conceito de estgio: Art. 1o Estgio ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa preparao para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqentando o ensino regular em instituies de educao superior, de educao profissional, de ensino mdio, da educao especial e dos anos finais do ensino fundamental, na 44

modalidade profissional da educao de jovens e adultos. 1o O estgio faz parte do projeto pedaggico do curso, alm de integrar o itinerrio formativo do educando. 2o O estgio visa ao aprendizado de competncias prprias da atividade profissional e contextualizao curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidad e para o trabalho.

O estgio configura modalidade de trabalho, contudo, no cria vinculo empregatcio, conforme art. 3 da Lei, salvo na hiptese de inobservncia dos requisitos legais, enumerados no referido artigo. Como requisitos indispensveis ao estgio esto: o Termo de Compromisso, assinado pelo estudante, instituio de ensino e o concedente do estagio, o Seguro contra acidentes pessoais e a Bolsa de complementao e auxlio transporte (art. 12 da Lei), salvo no caso de estgio obrigatrio em que facultativo este auxilio. Uma inovao da Lei foi a limitao da jornada de trabalho que, apesar de ser definida em comum acordo entre o estagirio, a instituio de ensino e a parte concedente, no poder ultrapassar 4 horas dirias e 20 horas semanais, no caso de estudantes de educao especial e dois anos finais do ensino fundamental; na modalidade profissional de educao de jovens e adultos 6 horas dirias e 30 horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educao profissional de nvel mdio e do ensino mdio regular. A Lei tambm trouxe uma novidade que a limitao do contrato de estgio em at dois anos, bem como houve a previso de um perodo de recesso de 30 dias para estgios com durao igual ou superior a 1 ano, ou proporcional no caso de ser inferior a este perodo. Outra inovao foi a limitao do nmero de estagirios em relao ao nmero de trabalhadores da empresa, conforme elencado no artigo 17 da Lei, sendo que os deficientes fsicos tm 10% das vagas reservadas. B) EMPREGADO DOMSTICO

45

CF/88 art.7 pargrafo nico (salrio mnimo, irredutibilidade salarial, dcimo terceiro salrio, repouso semanal remunerado, frias acrescidas de um tero, licena gestante, sem prejuzo do emprego e do salrio, com a durao de 120 dias, licena paternidade, aviso prvio proporcional ao tempo de servio e aposentadoria) e Lei 5.859/72 modificada pelo Decreto 71.885/73 que a regulamenta, sendo que no se aplicam os preceitos da CLT para esta categoria, salvo o captulo relativo s frias (conforme definido no Decreto 71885/73). Define-se por empregado domstico o previsto no artigo 1 da Lei 5. 859/72. Art. 1 Ao empregado domstico, assim considerado aquele que presta servios de natureza contnua e de finalidade no lucrativa pessoa ou famlia no mbito residencial destas, aplica-se o disposto nesta lei. Nota-se que, como qualquer outro tipo de empregado, o domstico possui elementos ftico-jurdico especficos de sua categoria, o que possibilita a diferenciao deste com os empregados urbanos e rurais. No caso do empregado domstico, estes elementos esto previstos no artigo supracitado, quais seja a natureza continua do trabalho, a finalidade no lucrativa deste, servios prestados pessoa ou famlia e no mbito residencial desta. Assim, o fato da faxineira receber por dia, semana ou quinzena, no desnatura sua condio de empregada domstica, caso o trabalho for realizado de forma continua. Antes da promulgao da CF/88, o empregado domstico no tinha nenhum direito assegurado, sendo apenas aqueles elencados na Lei 5.859/72, que era o direito a CTPS anotada, 20 dias teis de frias e seguro obrigatrio da Previdncia Social. Outra lei que ampliou os direitos dos empregados domsticos foi a Lei 8.036/90 que, em seu artigo 15, 3, previu que os trabalhadores domsticos podero ter acesso ao regime do FGTS, na forma que vier a ser prevista em lei. O Decreto n 3.361/2000 regulamenta este artigo, dispondo as formas em que o empregado domstico ser includo neste fundo. 46

C) EMPREGADO RURAL Art 7 CF/88, Lei 5.889/73 e pelo Decreto 73626/74 que regulamenta a referida lei. Nas relaes de trabalho rural, aplica-se a CLT de forma subsidiria, no que no colidir com a legislao especfica. O conceito de empregado rural foi definido na CLT, em seu artigo 7, que determinou: Art. 7 Os preceitos constantes da presente Consolidao salvo quando for em cada caso, expressamente determinado em contrrio, no se aplicam : (...) b) aos trabalhadores rurais, assim considerados aqueles que, exercendo funes diretamente ligadas agricultura e pecuria, no sejam empregados em atividades que, pelos mtodos de execuo dos respectivos trabalhos ou pela finalidade de suas operaes, se classifiquem como industriais ou comerciais; J a legislao especfica conceituou o entregado rural conforme seu artigo 2, que prev: Art. 2 Empregado rural toda pessoa fsica que, em propriedade rural ou prdio rstico, presta servios de natureza no eventual a empregador rural, sob a dependncia deste e mediante salrio. Assim, o empregado rural possua dupla conceituao, aquela estabelecida na CLT e a constante na Lei 5.889/73, sendo que o conceito estabelecido no CLT restou revogado tacitamente, conforme artigo 2, 1 da LICC, uma vez que h lei especial regulamentando tal categoria. Considera-se, igualmente, empregados rurais os que, embora no trabalhem em funes tpicas da lavoura e pecuria, tm seus servios direcionados para a finalidade da empresa, ou seja, cujos servios convergem para a atividade agroeconmica. Os elementos ftico-jurdicos do empregado rural so os mesmos relativos ao trabalhador urbano, exceto no que tange ao empregador rural e a propriedade rural ou prdio rstico. A jornada de trabalho do empregado rural consiste em 8h dirias, totalizando 44 47

semanais, sendo que o intervalo para repouso e alimentao se dar conforme os usos e costumes da regio. O trabalho noturno ser das 21h s 5h para lavoura e pecuria, visto que a remunerao ser acrescida de 25% para o trabalho neste turno. Opera-se aos rurais igualmente aos urbanos no que tange sucesso da empresa, horas in itinere e frias. Por outro lado, dispe o art. 4 da Lei 6.019/74 e o art. 3 do regulamento da referida Lei, que a empresa de trabalho temporrio necessariamente urbana. O TST autoriza o chefe de famlia, se rural, a faltar um dia por ms ou meio dia por quinzena para efetuar compras (Precedente Normativo n68 da Seo de Dissdios Coletivos) sem remunerao ou mediantes compensao. Tal dispositivo visa garantir ao trabalhador os meios necessrios para que este no dependa exclusivamente da mercearia disponvel na fazenda do empregador. Em relao ao salrio in natura, o art. 9 da Lei prev que este compe o salrio mnimo do rurcola em relao alimentao e habitao, podendo ser deduzido 25% e 20%, respectivamente do salrio, mediante autorizao do empregado, sob pena de nulidade. H divergncias no que tange moradia quando esta for essencial ao trabalho, configurando, desse modo, instrumento de trabalho. Contudo, o art. 9, 5 da Lei pacificou esta controvrsia ao afirmar que a cesso pelo empregador de moradia no ir compor o salrio para nenhum efeito legal, desde que caracterizado como tal, em contrato escrito. Ver art.2, pargrafo 3 e 4 do Dec. 73626/74

ESTUDO DIRIGIDO 1 O contrato de estgio pressupe vnculo empregatcio? Explique. 2 D trs requisitos indispensveis para a validade do contrato de estgio. 3 D trs caractersticas especficas do trabalho domstico. 4 Quem pode ser considerado empregado rural? 5 Aponte duas caractersticas prprias da lei do trabalho rural.

48

Tpico 8 - A FIGURA DO EMPREGADO E DO EMPREGADOR

Empresa: na concepo jurdica, a empresa a atividade exercida pelo empresrio, de forma organizada. Ela criada com a finalidade de se obter lucro na atividade. Exceo: associaes beneficentes, cooperativas, os clubes, etc. No Direito do Trabalho, a empresa normalmente o empregador. Estabelecimento: lugar em que o empregador exerce as suas atividades, parte da empresa, compreende as coisas corpreas existentes em determinado lugar da empresa. 1 EMPREGADOR: A equiparao do empregador empresa tem por base a teoria institucionalista, pois a empresa algo que perdura no tempo, feita para durar. No requisito para ser empregador ter personalidade jurdica, como condomnio de apartamentos, sociedade de fato, etc. Muitas vezes a condio de empregador fica dissimulada, para tanto, utiliza-se a teoria da desconsiderao da pessoa jurdica (art. 50 do CC). a) abuso de personalidade jurdica, caracterizada pelo desvio de finalidade fraude; b) confuso patrimonial. Uma das caractersticas do empregador assumir os riscos de sua atividade. (princpio da alteridade) O empregador dirige a atividade e no a pessoa. No se exige o requisito pessoalidade do empregador. 2 ESPCIES DE EMPREGADOR: 2.1. EMPRESA DE TRABALHO TEMPORRIO Lei 6.019/74 Considera empregador o fornecedor de mo-de-obra, que justamente a empresa de trabalho temporrio. No h celebrao de contrato temporrio na rea rural. A solidariedade existente entre a empresa de trabalho temporrio e a tomadora parcial, pois ocorre solidariedade no caso de falncia da primeira e subsidiariedade caso a tomadora tenha participado do processo (S.331, IV do TST).

2.2. EMPREGADOR RURAL 49

a pessoa fsica ou jurdica, proprietria ou no, que explore atividade agroeconmica, em carter permanente ou temporrio, diretamente ou por meio de prepostos e com auxlio de empregados. (art. 3 da Lei 5.889/73). Prdio rstico o prdio ou propriedade imobiliria situados no campo ou na cidade que se destine explorao agroeconmica (agricultura ou pecuria). (no tem luz eltrica, gua encanada, esgoto, etc). Necessariamente a atividade no precisa ser exercida no campo. 2.3. EMPREGADOR DOMSTICO Lei 5859/72 a pessoa ou famlia que, sem finalidade lucrativa, admite empregado domstico para lhe prestar atividade de natureza contnua para seu mbito residencial. No pode ser pessoa jurdica nem ser atividade lucrativa. 2.4. GRUPO DE EMPRESAS 2 art. 2 da CLT No se caracteriza pela natureza das sociedades que o integram. um fenmeno da economia moderna. Vrias empresas se integram, formando, sob direo nica, um grupo empresarial cada uma das empresas mantm ntegras suas respectivas personalidades jurdicas, conquanto vinculadas por interesses comuns. Na ocorrncia de tal fenmeno, estando o grupo de empresas sob a mesma direo, controle ou administrao de outra, todas sero solidrias e, por conseguinte, responsveis pelos direitos trabalhistas do empregado, ainda que este esteja vinculado a apenas uma delas. A relao que deve haver entre elas de dominao, mostrando a existncia de uma empresa principal. Evidencia-se por haver empregados comuns entre uma ou mais empresas, assim como acionistas comuns. O requisito principal o de ter o grupo caracterstica econmica. Ser possvel a soma do tempo de servio prestado para as diversas empresas do grupo para efeito de frias, 13 salrio, estabilidade, etc, o que se chama accessio temporis. 2.5. CONSRCIO DE EMPREGADORES RURAIS Lei 10256/01 25 A - Portaria 1964 de 1/12/99.

50

Tem por objetivo regular as relaes de trabalhadores que prestam servios para vrias pessoas na rea rural. Os produtores tm, cada um, propriedade individualizada e no h rea comum. Conceito: a unio de produtores rurais, pessoas fsicas, com a finalidade nica de contratar trabalhadores rurais. Tem natureza temporria, de acordo com a situao especfica. No tem o consrcio personalidade jurdica e os consorciados somente se obrigam nas condies previstas no respectivo contrato. Pode ser determinado ou indeterminado. No pacto de solidariedade, os produtores rurais se responsabilizaro solidariamente pelas obrigaes trabalhistas e previdencirias decorrentes da contratao comum. Vantagens para o trabalhador:

a) regularizar os contratos, diminuindo a informalidade b) proteger os direitos trabalhistas do obreiro c) estabilidade econmica para o obreiro d)fixao de residncia e)o consrcio oferece equipamentos de

proteo individual, banheiro mvel, gua potvel e insumos para a produo

Devero indicar um gerente e uma sede. Sem lei que defina o consrcio de empregadores rurais, no se pode dizer de vnculo de emprego com o grupo de pessoas, visto que no pode existir eventualidade na prestao dos servios, pelo rodzio que feito em relao a cada tomador. 2.6. DONO DE OBRA OJ 191 SDI - I

51

O dono da obra no pode ser considerado empregador, pois no assume os riscos da atividade econmica, nem tem intuito de lucro na construo ou reforma da sua residncia. O contrato entre o dono da obra e o prestador de servios no trabalho domstico, e o empreiteiro no subordinado ao dono da obra. Se o dono da obra uma construtora ou incorporadora, que tem o intuito de comercializar a moradia, pode haver relao de emprego. 3 - ALTERAES NA EMPRESA A alterao da empresa pode ser feita de dois modos: em sua estrutura jurdica ou na mudana de propriedade. Ver art. 10 e 448 da CLT. Sucesso vem a ser a modificao do sujeito em dada relao jurdica. A empresa sucessora assume as obrigaes trabalhistas da sucedida e a sua posio no processo. No se mudam os sujeitos da relao, apenas h mudana na propriedade ou estrutura jurdica da empresa. Tem um aspecto mais econmico do que jurdico O contrato de trabalho personalssimo em relao ao empregado, mas no em relao ao empregador.

ESTUDO DIRIGIDO 1 D duas caractersticas do empregador. 2 Aponte uma diferena entre empregador urbano para empregador rural. 3 Aponte uma diferena entre empregador urbano e empregador domstico. 4 Citar duas caractersticas do grupo de empresas. 5 Qual responsabilidade do dono da obra quanto ao pagamento de eventuais crditos trabalhistas?

52

Tpico 9 TERCEIRIZAO Terceirizao neologismo oriundo da palavra terceiro, compreendido como intermedirio, interveniente (construdo fora da cultura do Direito da rea de administrao de empresas); Terceirizao tambm externo ao Direito, terceirizao referindo-se ao setor tercirio da economia. Para o Direito do Trabalho o fenmeno pelo qual se dissocia a relao econmica de trabalho da relao justrabalhista que lhe seria correspondente; Insere-se o trabalhador no processo produtivo do tomador de servios sem que se estendam a este os laos justrabalhistas, que se preservam fixados com uma entidade interveniente; Relao trilateral a empresa tomadora de servios, que recebe a prestao de labor no assume a posio clssica de empregadora. CLT dcada de 1940 subcontratao de mo-de-obra a empreitada e a subempreitada (art.455, CLT), englobando a pequena empreitada (art.652, a, III, CLT), ver OJ 191 SDI-I; Final da dcada de 1960 e incio da dcada de 70 terceirizao no segmento pblico Administrao direta e indireta da Unio, Estados e Municpios Decreto-Lei 200/67 (art. 10) descentralizao administrativa servios meramente executivos ou operacionais; Lei 5.645/70 atividades relacionadas ao transporte, conservao, custdia, operao de elevadores, limpeza e outras meramente instrumentais (atividademeio) para coibir o crescimento desmesurado da mquina pblica. Lei 6.019/74 Lei do Trabalho Temporrio Lei 7.102/83 Vigilncia Bancria Lei 8.949/94 introduziu o pargrafo nico do art. 442 da CLT - cooperados

53

Lei 8.036/90 (lei FGTS) art. 15 (reunir s figuras do empregador, empregado, tanto na relao tpica trabalhista, como na trilateral) Anos 80/90 edita duas Smulas: 256/1986 e 331 de 1993 (reviso da anterior) Smula 256 do TST Salvo casos previstos nas Leis 6.019/74 e 7.012/83 ilegal a contratao de trabalhadores por empresa interposta, formando-se o vnculo empregatcio diretamente com o tomador de servios Smula 331 do TST I a contratao irregular de trabalhador atravs de empresa interposta, no gera vnculo de emprego com rgos da Administrao Pblica Direta, Indireta ou Fundacional (art. 37, II, CF/88); II no forma vnculo de emprego com o tomador a contratao de servios de vigilncia (Lei 7.102/83), de conservao e limpeza, bem como os servios especializados ligados atividade-meio do tomador, desde que inexistentes a pessoalidade e subordinao direta; IV o inadimplemento de obrigaes trabalhistas, por parte do empregador, implica na responsabilidade subsidiria do tomador de servios quanto quelas obrigaes, desde que tenha participado da relao processual e conste tambm do ttulo executivo judicial; Resoluo 96 de 11-09-00 a responsabilidade figurada no inciso IV estendida para os rgos da administrao direta, autarquias, fundaes pblicas, empresas pblicas e sociedades de economia mista. I Terceirizao lcita Situaes: Smula 331, I Lei 6.019/74; Smula 331, II rgos da Administrao direta, indireta ou fundacional Smula 331, III - Atividades de vigilncia Lei 7.102/83, conservao e limpeza e atividade-meio 54

Smula 331,IV Responsabilidade subsidiria Servios especializados ligados atividade-meio do tomador, envolvem atividades no expressamente determinadas. Atividade fim: funes e tarefas empresariais e laborais que se ajustam ao ncleo da dinmica empresarial do tomador de servio; Atividade meio: funes e tarefas que no se ajustam ao ncleo da dinmica empresarial - atividades perifricas apoio logstico. Inexistncia de subordinao: ausncia de participao no processo de seleo, ausncia de interferncia na prestao de servios e existncia de superviso pela prpria empresa de prestao de servios. Inexistncia de pessoalidade. Exceo: trabalho temporrio diante da insero do obreiro no estabelecimento do tomador ou para substituio de pessoal permanente ou para cumprir servio extraordinrio II Terceirizao ilcita Forma de precarizao das condies de trabalho. No ordenamento ptrio (exceto nos termos da S 331) no existe preceito legal para validar contratos mediante os quais uma pessoa fsica preste servios no eventuais, oneroso, pessoal e subordinado a outrem (art. 2 e 3 caput da CLT) sem que este tomador responda, juridicamente, pela relao formada. No se trata de discusso se a empresa terceirizante licitamente constituda e se patrimonialmente idnea. Nestes casos invocamos o art. 9 da CLT nulidade dos atos praticados e imposio da responsabilidade solidria. Exemplos de terceirizao ilcita Cooperativas irregulares Pejotizao

55

Empresas interpostas que tm como objeto a execuo das atividades fim Smula 239 bancrio o empregado de empresa de processamento de dados que presta servio a banco integrante do mesmo grupo econmico, exceto quando a empresa de processamento de dados presta servios a banco e a empresas no bancrias do mesmo grupo econmico ou a terceiros. Smula 257 O vigilante, contratado diretamente por banco ou por intermdio de empresas especializadas, no bancrio. Smula 386 Preenchidos os requisitos do art. 3 da CLT, legtimo o reconhecimento de relao de emprego entre policial militar e empresa privada, independentemente do eventual cabimento de penalidade disciplinar prevista no Estatuto do Policial Militar. Efeitos Jurdicos - Desfaz-se o vnculo laboral com o empregador aparente (empresa terceirizante), formando-se o vnculo empregatcio obreiro diretamente com o tomador de servios (empregador oculto ou dissimulado) - Incide sobre o contrato de trabalho todas as normas pertinentes efetiva categoria obreira Salrio equitativo a terceirizao, mesmo que lcita, provoca debate acerca do tratamento isonmico do trabalhador terceirizado em face dos trabalhadores diretamente admitidos pela empresa tomadora de servios Lei 6.019/74 art. 12, a para os trabalhadores temporrios Isonomia versus carter antisocial A jurisprudncia no pacfica quanto a aplicao da isonomia na terceirizao lcita padro remuneratrio Crticas: - Ordens jurdicas mais avanadas, a exemplo da italiana, rejeitam a discriminao socioeconmica;

56

- Terceirizao no acompanhada da comunicao remuneratria transforma-se em veculo de aviltamento do valor da fora de trabalho; - Preceitos constitucionais: arts. 5, caput, I; 1, III e IV; 3, I, III e IV; 4, II; 6; 7; VI, VII X e XXXII; 100; 170, III. Especificidade da Administrao Pblica: - Terceirizao efetuada por entes da administrao pblica concurso pblico de provas e ttulos como requisito insuplantvel, ainda que haja terceirizao ilcita (arts.37, II, pargrafo 2 CF/88) - Surge como garantia da sociedade os interesses da coletividade se sobrepe aos interesses pessoais ou de categorias particulares - Assegura ao trabalhador todas as verbas trabalhistas legais e normativas aplicveis ao empregado estatal direto que cumprisse a mesma funo, sem a retificao da CTPS (art. 159, CC/16 e 186 e 927, caput do CC/02) Responsabilidade: - Lei 6.019/74, art. 16 responsabilidade solidria da empresa-cliente (tomadora) pelas contribuies previdencirias, remunerao e indenizao devida (fixada na prpria lei) em caso de falncia da empresa de trabalho temporrio; - Demais hipteses de terceirizao - responsabilidade subsidiria como fundamento a prevalncia da ordem jurdica e o valor-trabalho; - O Empregador ser o responsvel original; - Responsabilidade Trabalhista do No-empregador; - Responsabilidade do scio da pessoa jurdica empregadora em face das verbas trabalhistas devidas pela sociedade, art. 592, caput, II e 596, caput, ambos do CPC; arts. 2, 10 e 448 da CLT; - Responsabilidade da empresa tomadora de trabalho temporrio S. 331, I, IV;

57

- Responsabilidade da empresa de outros servios terceirizados em funo das verbas cabveis ao trabalhador submetido terceirizao S. 331, IV; - Responsabilidade do empreiteiro, em face das verbas trabalhistas devidas pelo subempreiteiro a seus empregados tendncia anterior responsabilizao solidria do empreiteiro principal (art. 455, CLT e art. 896, CC/16, aps a S. 331, responsabilidade subsidiria; - Responsabilidade do dono da obra exceo empreitada pactuada por pessoa fsica OJ 191, TST; - Responsabilidade dos consrcios de empregadores rurais Lei 8.212/91, art. 25-A, pargrafo 3, conforme Lei 10.256/01; - Art.932, II do Cdigo Civil/2002; - A idia de responsabilizao aludida na Smula 331, TST com base na culpa in eligendo do tomador de servios na escolha do prestador, bem como in vigilando da atividade exercida aplicando-se, analogicamente outras disposies, como por exemplo, o art. 455 da CLT; - O que se terceiriza a elaborao do produto, e no a responsabilidade pela qualidade do mesmo; - O objetivo a consagrao da idia de que se deve pugnar pela mais ampla reparabilidade dos danos causados. Atuao Sindical - A terceirizao desorganiza a atuao sindical e suprime a possibilidade eficaz de ao e representao coletiva dos trabalhadores terceirizados; - Processo de terceirizao como pulverizador da fora de trabalho; - Os trabalhadores terceirizados encontram na empresa tomadora sua essencial similitude de condio de vida oriunda da profisso (art. 511, pargrafo 2). Terceirizao Responsvel: Objetivo da empresa em terceirizar: 58

- Necessidade de espao para expanso - Necessidade de maior competitividade - Esforo gerencial diludo em diversas atividades de suporte ou atividade-meio - A atividade de terceirizar responsvel por parte do ativo fixo da empresa, imobilizando o capital e tornando-se menos vulnervel a dificuldades financeiras - H fornecedores no mercado que se dedicam exclusivamente atividade de quem pretende terceirizar produzir melhor com sustos mais baixos Relao emprego/parceria: - Concesso dos mesmos benefcios aos terceirizados - Tratamento humanitrio dignidade da pessoa humana - A Realidade Brasileira Viso do empresrio - Presso pela reduo do head count - Transformao de parte do pagamento dos salrios em despesas com prestao de servios, dedutveis para efeito de tributao - Aumento da quantidade de empregos indiretos, fomentando a economia e gerando o desenvolvimento scio-econmico - Em tempos de crise, soluo para a manuteno do negcio atravs de cortes de despesas