APOSTILA-Gramatica e Redação Técnica-2015-rev.2

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  • 8/19/2019 APOSTILA-Gramatica e Redação Técnica-2015-rev.2

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    COMPETÊNCIA EM EDUCAÇÃO PÚBLICA PROFISSIONALCentro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza

    GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

    ETEC LAURO GOMES

    A P O S T I L A

     ANÁLISE E PRODUÇÃO DE TEXTOS TÉCNICOS

    DISCIPLINALinguagem, Trabalho e Tecnologia

    Cursos Técnicos: Química, Mecatrônica, Eletrônica, Eletroeletrônica, Administração, Informática,Informática para Internet, Contabilidade, Automação Industrial e Logística

     Autora: Professora Lucivânia A. Silva Pé[email protected]

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    LTR – Linguagem, Trabalho e Tecnologia – Apostila de Redação Técnica

    APRESENTAÇÃO

    Querido(a) aluno(a),

    Este é um trabalho elaborado ao longo da minha experiência profissional e pedagógica. Treze anos na área corporativa rendeu um conhecimento o qual tenhobuscado utilizar dentro da sala de aula para contribuir com a formação dos alunos.

    Embora o foco da disciplina seja o ensino de língua portuguesa, o principalobjetivo não é formar gramáticos, mas sim, seres pensantes: cidadãos críticos, profissionais bem formados e competentes que sabem fazer uso da palavra para persuadir, reivindicar seus direitos e alcançar sucesso profissional.

    Para a elaboração desta apostila, fiz um apurado trabalho de pesquisa.

    Reuni aqui também meus conhecimentos como docente no Ensino Médio,Técnico e Superior e como tutora da Educação a Distância.

    Faça bom uso deste material e bons estudos!

    Professora Lucivânia A. Silva Périco

    ETEC Lauro Gomes

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    ANALFABETO POLÍTICO

    (Bertolt Brecht)

    O pior analfabetoÉ o analfabeto político,Ele não ouve, não fala,

    Nem participa dos acontecimentos políticos.

    Ele não sabe o custo da vida,O preço do feijão, do peixe, da farinha,

    Do aluguel, do sapato e do remédioDependem das decisões políticas.

    O analfabeto políticoÉ tão burro que se orgulha

    E estufa o peito dizendoQue odeia a política.

    Não sabe o imbecil que,Da sua ignorância política

    Nasce a prostituta, o menor abandonado,E o pior de todos os bandidos,

    Que é o político vigarista,Pilantra, corrupto e lacaio

    Das empresas nacionais e multinacionais.

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    LTR – Linguagem, Trabalho e Tecnologia – Apostila de Redação Técnica

    Sumário

    Parte 1 Estudo da linguagem 

    1 A importância da Comunicação ........................................ 51.1 Atividade ................................................................ 6

    2 Todo texto tem um contexto ............................................. 72.1 Atividade ................................................................ 93 Noções de variação linguística ......................................... 10

    3.1 Atividade ................................................................ 124 Intertextualidade: as relações entre textos ....................... 13

    4.1 Atividade ................................................................ 18

    Parte 2 Redação técnica

    5 Currículo ........................................................................... 205.1 Carta de apresentação .......................................... 225.2 Pronomes de tratamento ....................................... 23

    6 Carta comercial ................................................................. 237 Mensagem eletrônica (e-mail) .......................................... 268 Ata de reunião .................................................................. 279 Relatório ........................................................................... 2910 Procuração ..................................................................... 3311 Requerimento ................................................................. 3312 Declaração ...................................................................... 3413 Protocolo ......................................................................... 3514 Recibo ............................................................................. 3515 Atestado .......................................................................... 3616 Aviso ............................................................................... 3717 Memorando ou Circular Interna (CI) ............................... 3818 Circular ........................................................................... 3919 Ofício .............................................................................. 4020 Expressões estrangeiras mais utilizadas ........................ 4321 Carta pessoal .................................................................. 44

    Parte 3 Leitura e interpretação de textos

    22 A carreira nas alturas ...................................................... 4623 A compreensão do óbvio ................................................ 5124 Os limites da retórica de mercado .................................. 5225 Filme “Tempos Modernos” .............................................. 55

    Parte 4 Composição, formatação e apresentação do TCC 

    26 Trabalho escrito .............................................................. 5627 Planejamento da apresentação oral ............................... 59

    27.1 Erros de postura .................................................. 60

    Bibliografia ........................................................................... 64

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    Autora: Professora Lucivânia A. Silva Perico

    arte 1

    Estudo da linguagem

    1 A importância da comunicação

     Nós, seres humanos, temos um nível de sofisticação que nos diferencia de outros seres vivos,

    que é a capacidade de comunicação. A comunicação é a transmissão e a compreensão de informaçõesentre as pessoas. Comunicar equivale a tornar uma ideia comum entre o emissor e o receptor damensagem. É chamada de emissor a pessoa que emite a informação e o receptor é a pessoa que arecebe.

    Para que o processo de comunicação efetiva aconteça, são necessárias oito etapas. Tendo como ponto de partida o emissor, consideram-se três etapas: elaborar uma ideia, codificar e transmitir amensagem. As cinco etapas seguintes, que envolvem o receptor, são: receber, decodificar, aceitar,usar a informação recebida e dar uma resposta ( feedback ).

    Durante esse processo podem ocorrer barreiras, que são ruídos ou interferências que podemcausar distorção na comunicação. Essas barreiras podem ser: físicas, semânticas ou de ordem pessoal.As barreiras físicas são as que decorrem do ambiente físico, como barulho e distância. As barreirassemânticas  são aquelas que limitam a compreensão das palavras e ações, como o uso de umalinguagem que não seja comum ao emissor e ao receptor. As barreiras de ordem pessoal decorrem

    da falta de sintonia emocional entre as pessoas que se comunicam.Vejamos o caso abaixo:

     Numa cidadezinha pequena do interior... o forró “tava comendo solto”! A moça preparou-setoda para ir ao baile, que era o único evento da cidade depois de muito tempo. Esperava encontrar o seu “príncipe encantado” no tal baile. Lá chegando, um rapaz franzino, meio “desengonçado”, quetranspirava muito, aproximou-se dela e convidou-a para dançar.

     Ela não achou o rapaz muito interessante, porém, para não arrumar confusão, pois na cidadeisso era considerado indelicado, acabou aceitando. Mas o rapaz realmente suava tanto, mas tanto,que ela, já não suportando mais, disse:

    - Você sua, hein? Diante disso, o rapaz sorriu, apertou-a com força e respondeu:- Também vô sê seu, minha princesa!

    Refletindo sobre o texto, que ruído interferiu na comunicação?Podemos notar as seguintes barreiras, que provocaram ruído: física (barulho), semântica

    (compreensão daquilo que foi dito) e de ordem pessoal (falta de conexão entre ambos e adequação dafala aos desejos pessoais do ouvinte).

    É importante considerarmos que há dois tipos de comunicação: verbal e não-verbal.A comunicação verbal  falada realiza-se através da fala, como no caso de palestras. A

    comunicação verbal escrita ocorre por meio da escrita, como ocorre nas mensagens trocadas por e-mails. A comunicação não-verbal ocorre por intermédio de ações como gestos, expressões faciais, posturas e movimentos corporais.

    Saber comunicar-se efetivamente, iniciar e encerrar uma conversação, fazer e responder perguntas, gratificar e elogiar, dar e receber  feedback   são algumas das principais habilidades decomunicação, e elas são muito valorizadas no mundo do trabalho. As habilidades de fazer e

    responder perguntas  envolvem entonação, volume de voz, expressão facial e gesticulação. Ashabilidades de gratificar e elogiar  referem-se a recompensar emocionalmente alguém para que ooutro se sinta valorizado, reconhecido e respeitado, como ocorre quando o elogio é percebido comoverdadeiro e adequado. As habilidades de dar e receber  feedback   fazem parte das principaishabilidades de comunicação. O  feedback   pode ser compreendido como crítica construtiva ou comocrítica destrutiva. Como crítica construtiva traz consequências positivas e, como crítica destrutiva faz ocontrário, causando dor, tristeza e sofrimento a quem o recebe.

    Sabedores de que é possível promover o desenvolvimento pessoal e profissional através danossa forma de comunicação, torna-se fundamental planejá-la adequadamente, de forma ética eresponsável.

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    LTR – Linguagem, Trabalho e Tecnologia – Apostila de Redação Técnica

    1.1 Atividade

    O texto a seguir circulou pela Internet comouma piada. As personagens são: o vendedor(Nirso), o gerente (Sr. Gomes) e o presidente daempresa. Utilize-o como base para responder àsquestões dos exercícios 1 a 3.

    Correção ortográfica

    “O gerente de vendas recebeu o seguinte faxde um dos seus novos vendedores:

    Seo Gomis,O criente de belzonte pidiu mais cuatrucenta

     pessa. Faz favor toma as providenssa. Abrasso, Nirso

    Aproximadamente uma hora depois recebeuoutro fax:

    Seo Gomis,Os relatório di venda vai xega atrazado

     proque to fexando umas venda. Temo quemanda treiz miu pessa. Amanhã to xegando.

     Abrasso, Nirso

     No dia seguinte, outro fax:Seo Gomis, Num xeguei pucausa de que vendi maiz deis

    miu em Beraba.To indo pra Brazilha.

     No próximo fax:Seo Gomis, Brazilha fexo 20 miu. Vo pra Frolinopolis e

    de lá pra Sum Paulo no vinhão das cete hora.

    E assim foi o mês inteiro. O gerente, muito preocupado com a imagem da empresa, levou

    ao presidente as mensagens que recebeu dovendedor. O presidente, um homem muito preocupado com o desenvolvimento da empresae com a cultura dos funcionários, escutouatentamente o gerente e disse:

    - Deixa comigo que eu tomarei as providências necessárias.

    E tomou. Redigiu de próprio punho um avisoque afixou no mural da empresa, juntamentecom os faxes do vendedor:

    ‘A partir de oje nois tudo vamo fazê feito o Nirso. Si pricupá menos em iscrevê serto mod avendê maiz.’

    Acinado, O Prezidenti’”(Português Língua e Literatura – pág. 145 e 146)

    1.Geralmente, as piadas manifestam uma postura preconceituosa e nos permitem refletirsobre como são avaliadas as pessoas a partir douso que fazem da língua, seja na sua forma oralou escrita. Por que podemos dizer que o gerentede vendas tem uma visão linguística preconceituosa?

    2.Embora os “erros” ortográficos chamemimediatamente a atenção de quem lê o texto,qual outro problema podemos identificar nasfrases de Nirso?3.Comente a postura do presidente da empresa,considerando: o presidente teria as mesmas

    opinião e atitude caso Nirso não vendessetanto? Justifique.

    Leia o texto e responda às questões abaixo:

    Quem não se comunica...

    Havia no Rio de Janeiro nos anos 1920 umgramático famoso, professor do Pedro II,inimigo dos galicismos, dos pronomes malcolocados e da linguagem descuidada. Falavaempolado e exigia correção de linguagem atéem casa com a família. Uma vez, essegramático foi passar férias em um hotel-

    fazenda de Teresópolis. Lá, um dia, decidiu darum passeio a cavalo pelos terrenos da fazenda.Por segurança, ia acompanhado de umcavalariço montado em um burrinho. Pelastantas, o cavalo do gramático disparou. Ocavalariço foi atrás em seu burrinho, gritando:“Doutor, puxe a rédea! Doutor, puxe a rédea!”

     Nada aconteceu, até que o cavalo saltou umvalado e jogou o gramático numa moita deurtiga. Finalmente o cavalariço o alcançou,levantou-o e ajudou-o a se livrar de unsespinhos que se grudaram nele. “Doutor, porque o senhor não puxou a rédea? Eu vinha

    gritando atrás, doutor, puxe a rédea, doutor, puxe a rédea!”

    O gramático, já senhor de si, perguntou: “E oque é puxar a rédea?”

    “É fazer isso, ó”, e fez o gesto explicativo.“Ah! Dissesses sofreia o corcel, eu teria

    entendido.”(VEIGA, J. J. O Almanach de Piumhy. RJ: Record, 1998.)

    (Português Língua e Literatura – pág. 154)

    4. No texto transcrito, foram utilizadas duasvariedades linguísticas. Quais são elas?Justifique sua resposta com elementos do texto.5.  Falar e escrever bem significa, além deconhecer o padrão formal da LínguaPortuguesa, saber adequar o uso da linguagemao contexto discursivo. O texto transcritomostra uma situação em que a linguagem usadaé inadequada ao contexto. Em que consiste essainadequação?6.  Você considera que a postura rígida dogramático em relação à “correção dalinguagem” a ser utilizada pelos falantes éadequada? Justifique sua resposta.

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    Autora: Professora Lucivânia A. Silva Perico

    2 Todo texto tem um contexto

    Sem dúvida alguma, a palavra texto é familiar a qualquer pessoa ligada à prática escolar. Elaaparece com alta frequência no linguajar cotidiano tanto no interior da escola quanto fora de seus limi-tes. Não são estranhas a ninguém expressões como as que seguem: "redija um texto", "texto bemelaborado", "o texto constitucional não está suficientemente claro", "os atores da peça são bons, mas otexto é ruim", "o redator produziu um bom texto" etc. Por causa exatamente dessa alta frequência deuso, todo estudante tem algumas noções sobre o que significa texto. Dentre essas noções, algumas

    ganham importância especial para redação, que se propõe ensinar a ler e a escrever textos.Vamos fazer duas considerações fundamentais sobre a natureza do texto:Primeira consideração: o texto não é um aglomerado de frases.A revista Veja de 1º de junho de 1988, em matéria publicada nas páginas 90 e 91, traz uma

    reportagem sobre um caso de corrupção que envolvia, como suspeitos, membros ligados àadministração do governo do Estado de São Paulo e dois cidadãos portugueses dispostos a lançar umnovo tipo de jogo lotérico, designado pelo nome de "Raspadinha". Entre os suspeitos figurava o nomede Otávio Ceccato, que, no momento, ocupava o cargo de secretário de Indústria e Comércio e quenegava sua participação na negociata.

    O fragmento que vem a seguir, extraído da parte final da referida reportagem, relata a respostade Ceccato aos jornalistas nos seguintes termos:

     Na sua posse como secretário de Indústria e Comércio, Ceccato, nervoso, foi infeliz aorebater as denúncias. "Como São Pedro, nego, nego, nego", disse a um grupo de repórteres,referindo-se à conhecida passagem em que São Pedro negou conhecer Jesus Cristo três vezes namesma noite. Esqueceu-se de que São Pedro, naquele episódio, disse talvez a única mentira de suavida. (Ano 20. 22:91.)

    Como se pode notar, a defesa do secretário foi infeliz e desastrosa, produzindo efeito contrárioao que ele tinha em mente.

    A citação, no caso, ao invés de inocentá-lo, acabou por comprometê-lo.Sob o ponto de vista da análise do texto, qual teria sido a razão do equívoco lamentável

    cometido pelo secretário? Sem dúvida, a resposta é esta: ao citar a passagem bíblica, o acusadoesqueceu-se de que ela faz parte de um texto e, em qualquer texto, o significado das frases não éautônomo.

    Desse modo, não se pode isolar frase alguma do texto e tentar conferir-lhe o significado que sedeseja. Como bem observou o repórter, no episódio bíblico citado pelo secretário, São Pedro, enquantoCristo estava preso, foi reconhecido como um de seus companheiros e, ao ser indagado pelo soldado,negou três vezes seguidas conhecer aquele homem. Segundo a mesma Bíblia, posteriormente Pedroarrependeu-se da mentira e chorou copiosamente.

    Esse relato serve para demonstrar de maneira simples e clara que uma mesma frase pode tersignificados distintos dependendo do contexto  dentro do qual está inserida. O grande equívoco dosecretário, para sua infelicidade, foi o de desprezar o texto de onde ele extraiu a frase, sem se dar contade que, no texto, o significado das partes depende das correlações que elas mantêm entre si.

    Isso nos leva à conclusão de que, para entender qualquer passagem de um texto, é necessárioconfrontá-la com as demais partes que o compõem sob pena de dar-lhe um significado oposto ao queela de fato tem.

    Em outros termos, para fazer uma boa leitura, deve-se sempre levar em conta o contexto

    em que está inserida a passagem a ser lida.Entende-se por contexto uma unidade linguística maior onde se encaixa uma unidadelinguística menor. Assim, a frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa-se nocontexto do capítulo, o capítulo encaixa-se no contexto da obra toda.

    Uma observação importante a fazer é que nem sempre o contexto vem explicitadolinguisticamente. O texto mais amplo dentro do qual se encaixa uma passagem menor pode virimplícito: os elementos da situação em que se produz o texto podem dispensar maiores escla-recimentos e dar como pressuposto o contexto em que ele se situa.

    Para exemplificar o que acaba de ser dito, observe-se um minúsculo texto como este: A nossa cozinheira está sem paladar.

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    Podem-se imaginar dois significados completamente diferentes para esse texto dependendo dasituação concreta em que é produzido.

    Dito durante o jantar, após ter-se experimentado a primeira colher de sopa, esse texto podesignificar que a sopa está sem sal; dito para o médico no consultório, pode significar que a empregada pode estar acometida de alguma doença.

    Para finalizar esta primeira consideração, convém enfatizar que toda leitura, para não serequivocada, deve necessariamente levar em conta o contexto que envolve a passagem que está sendo

    lida, lembrando que esse contexto pode vir manifestado explicitamente por palavras ou pode estarimplícito na situação concreta em que é produzido.

    Segunda consideração: todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate deescala mais ampla.

     Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu. De uma forma ou de outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. Até mesmo umasimples notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade, tem sempre alguma intenção por trás.

    Observe-se, a título de exemplo, a passagem que segue, extraída da revista Veja do dia 1º de junho de 1988, página 54.

    CRIME: TIRO CERTEIRO Estado americano limita porte de armas.

     No começo de 1981, um jovem de 25 anos chamado John Hinckley Jr. entrou numa loja dearmas de Dallas, no Texas, preencheu um formulário do governo com endereço falso e, poucos mi-nutos depois, saiu com um Saturday Night Special - nome criado na década de 60 para chamar umtipo de revólver pequeno, barato e de baixa qualidade. Foi com essa arma que Hinckley, no dia 30 demarço daquele ano, acertou uma bala no pulmão do presidente Ronald Reagan e outra na cabeça de seu porta-voz, James Brady. Reagan recuperou-se totalmente, mas Brady desde então está preso auma cadeira de rodas. (...)

    Seguramente, por trás da notícia, existe, como pressuposto, um pronunciamento contra o riscode vender arma para qualquer pessoa, indiscriminadamente.

    Para comprovar essa constatação, basta pensar que os fabricantes de revólveres, se pudessem,não permitiriam a veiculação dessa notícia.

    O exemplo escolhido deixa claro que qualquer texto, por mais objetivo e neutro que pareça,manifesta sempre um posicionamento frente a uma questão qualquer posta em debate.

    Ao final desta lição, devem ficar bem plantadas as seguintes conclusões:

    a) Uma boa leitura nunca pode basear-se em fragmentos isolados do texto, já que osignificado das partes sempre é determinado pelo contexto dentro do qual seencaixam;

     b) Uma boa leitura nunca pode deixar de apreender o pronunciamento contido por trás

    do texto, já que sempre se produz um texto para marcar posição frente a uma questãoqualquer.

    (SAVIOLI, F.P. & FIORIN, J.L. Para entender o texto: leitura e redação. 17ª ed. São Paulo: Ática, 2007 – pág. 11 a 14)

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    2.1 Atividade

    Refine seu vocabulário corporativo

     No último 28 de março, o jornalista William Bonner recebeu o prêmio “Melhores do Ano”, daTV Globo, na categoria jornalismo. Ao ser perguntado sobre qual era o sabor daquele troféu,especialmente após substituir um dos maiores ícones do jornalismo brasileiro − o apresentador CidMoreira −, Bonner respondeu enfaticamente: “Eu não substituí o Cid, eu o sucedi. Seria impossívelsubstituí-lo”.

    Os verbos “substituir” e “suceder” podem, a princípio, parecer quase sinônimos. No entanto, para Bonner, a opção por “suceder” foi muito mais feliz. “Suceder” soa mais natural que “substituir”,enquanto “substituir” é muito mais apropriado para uma lâmpada do que para uma pessoa. Pequenassutilezas como essa fazem toda a diferença na comunicação.

    Muita leitura e um dicionário sempre à mão na hora de escrever são as principais dicas paraquem deseja refinar o vocabulário. É importante ressaltar a diferença entre “refinar” e “rebuscar”. O primeiro conceito está muito mais próximo de “lapidar”, trabalhar para escolher as palavras quemelhor exprimem a mensagem desejada. Já o segundo significa “florear, sofisticar sem necessidade”.

     Não faz sentido em um jantar familiar dizer: “Por obséquio, passe-me o sal”. Note que noexemplo de William Bonner, ele não usa nenhum rebuscamento. No entanto, ele procura a palavraexata para exprimir sua mensagem. O refinamento assemelha-se a um trabalho mais artesanal.

    Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, Marina Silva também constrói com palavras a sua posição na campanha eleitoral 2010 para presidente, cargo que disputa com os principais concorrentesJosé Serra (PSDB – Partido da Social Democracia Brasileira) e Dilma Rousseff (PT – Partido dosTrabalhadores). A candidata Marina diz: “O Brasil precisa de um sucessor, e não de um continuadorou de um opositor. O opositor tende a jogar tudo na lata do lixo, e o continuador acha que já está tudo pronto.”

    (...)Como você pode observar, escolher as palavras certas pode ser um diferencial positivo na

    carreira de um profissional. Por isso, mãos à obra!(Disponível em: http://www.scrittaonline.com.br/artigos/refine-seu-vocabulario-corporativo, consultado em 29/07/10 - Adaptado)

    Questões

    1.  Por que é possível afirmar que “para Bonner, a opção por ‘suceder’ foi muito mais feliz”?

    2.  O profissional deve buscar um vocabulário refinado ou rebuscado? Explique.

    3.  Para a análise de um texto é necessário que se considere o contexto. Em que contexto estáinserida a fala de Marina Silva? Justifique.

    4.  Considerando o contexto, para Marina Silva, quem é o “continuador” e quem é o “opositor”(cite nomes)? Justifique sua resposta.

    5.  Trace um paralelo entre os discursos de William Bonner e Marina Silva justificando a razão deoptarem pelo verbo “suceder”.

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    3 Noções de variação linguística

    Você reparou como a letra da música não segue a norma padrão? Isso a faz ser errada? Você ficousem compreender a mensagem?

    Todo país tem o seu idioma oficial, que tem de ser o mesmo para todo o território nacional. O fatode o país ter um idioma oficial não significa que ele seja utilizado no cotidiano por todos, pois existemos dialetos. Por exemplo, na Espanha, o idioma oficial é o espanhol ou o castelhano, mas existemcoidiomas como o catalão, o basco e o galego. Isso acontece porque a língua é viva e se transformaenquanto é usada. Os falantes conferem características e peculiaridades a ela. O povo é responsável pela transformação da língua.

    Observe que, no Brasil, o ensino de Língua Portuguesa é obrigatório no ensino público, no particular e até em escolas indígenas. Observe também que todos os documentos oficiais brasileirostêm de ser escritos em Língua Portuguesa.

    É fato que, as pessoas que falam em determinada língua conhecem as estruturas gerais, básicas, defuncionamento dessa língua. Embora sejam mais ou menos constantes dentro do idioma, essasestruturas básicas podem sofrer variações devido à influência de inúmeros fatores. Tais variações, queàs vezes são pouco perceptíveis e outras vezes bastante evidentes, recebem o nome genérico de

    variedades ou variações linguísticas.

    Um conteúdo intrigante diz respeito à distância entre a língua falada e a língua escrita. Lembram do Nirso, do conteúdo 1 da nossa apostila? O problema do Nirso era que ele escrevia tal como falava,lembram? A dificuldade do Nirso é a mesma encontrada por muitos falantes da língua portuguesa: adiferença entre a língua falada e a língua escrita.

    Isso ocorre porque na fala espontânea, a expressão de nossas ideias pode ser um pouco atrapalhada, pois pensamos muito rápido, nos corrigimos, tentamos nos explicar melhor e usamos expressõesdialetais com maior frequência. A escrita é mais planejada, não é fragmentada e apresenta-se maiscompleta, bem elaborada e com predominância de frases mais complexas. A comunicação se faz,geralmente, na ausência de um dos participantes. Na escrita, o texto se apresenta acabado, pois houve

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    Autora: Professora Lucivânia A. Silva Perico

    um tempo para a sua elaboração. Planejamos cuidadosamente nosso texto para assegurar que o leitorcompreenda nossas ideias sem precisar de mais explicações, pois não temos o apoio do contexto, ouseja, não podemos resolver dúvidas imediatamente e não dispomos de recursos como gestos, voz,expressões faciais. Temos a possibilidade de revisarmos o texto para avaliarmos o seu funcionamentoe evitar repetições desnecessárias de palavras, truncamentos, problemas de concordância, regência,colocação pronominal, pontuação, ortografia. Procuramos utilizar um vocabulário mais exato e preciso, pois temos tempo de procurar a palavra adequada; evitamos gírias e expressões coloquiais, principalmente quando o texto é formal.

    Vários são os motivos que levam uma língua a ser transformada:

    1.Variação relativa ao meio ou canal de comunicação da língua  Formal – ligada à norma culta. É usada em palestras, reuniões, apresentações.  Informal – associada à linguagem coloquial. É como falamos com nossos amigos.  Literária – ligada ao tratamento artístico dado para a expressão. É como os autores de romance

    escrevem, por exemplo.

    2.Variação de acordo com o meio social a que o sujeito pertence ou à formação familiarAlgumas pessoas dizem “bicicreta” (bicicleta), “tauba” (tábua), “preda” (pedra), “brusa”

    (blusa) etc. isso acontece ou porque no grupo do qual faz parte essas são as formas usuais, ou porquenão tiveram a oportunidade de frequentar uma escola para conhecer outras variantes.

    3.Variação em relação ao lugar em que a língua é falada Nesse caso, temos os regionalismos. Em São Paulo pessoas descem  do ônibus; no Rio de

    Janeiro, entretanto, as pessoas saltam do ônibus.

    4.Variação em relação ao grupo com o qual interageReferimo-nos aqui ao uso de gírias e ao jargão da profissão. A gíria empregada pode

    denunciar a idade do indivíduo, o aspecto social, sua região e seu grupo. “Bicho”, por exemplo, não éuma gíria atual.

    Os tipos de variação são:

    a)Variação fonética: Está relacionada ao som das palavras e à maneira como pronunciamos. Porexemplo: /méninu/ no Nordeste do Brasil ou /mininu/ no Sudeste.

     b)Variação lexical: O fruto conhecido como abóbora, no Sudeste, é o mesmo que o jerimum do Nortee Nordeste do Brasil.

    c)Variação sintática: Corresponde à maneira como organizamos a frase, ou seja, corresponde àestrutura sintática. Como exemplo, temos o modo de falar de algumas pessoas que dizem “a gentevamos” em vez de “a gente vai”.

    Você pode estar se perguntando: mas então tudo está certo? Está correto dizer “a gente vamos” aocinema?

    Se tivermos como parâmetro a gramática da norma culta, a expressão está incorreta, pois sabe-se

    que temos de concordar o verbo com o sujeito. No entanto, a variação linguística depende do contextoem que está sendo empregada para ser considerada adequada ou inadequada.

    Há diferentes formas de falar e escrever. Desse modo, é preciso reconhecer a importância de saberqual é o contexto em que estão inseridos os falantes no momento da comunicação, se podem utilizaruma linguagem formal ou informal. Se não percebemos isso, corremos o risco de não sermosentendidos e até de sofrermos preconceito linguístico. O preconceito linguístico é uma forma de preconceito com determinadas variedades linguísticas, baseada na noção de “correto” imposta pelagramática tradicional que origina um preconceito contra as variedades não-padrão.

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    3.1 Atividade

    1.Leia o texto abaixo:

    “Cedo ou tarde, uma dúvida cruel pintana sua cabeça: ‘Que profissão escolher?’Ou ainda: ‘Em que faculdade entrar?’ E é justamente nessas horas que aparece uma porção de gente pra dar os palpites maisinfelizes. (...)

     É por isso que a Editora Abril estálançando o Guia do Estudante. Porque oque ele mais tem é exatamente o que vocêmais precisa saber: tudo sobre todas as profissões universitárias e técnicas, omercado de trabalho, os cursos e o nível detodas as faculdades brasileiras, onde ecomo conseguir bolsas de estudos e muitas dicas de profissionais bem-sucedidos. Umaverdadeira luz pra você acertar na escolhada profissão que mais faz sua cabeça.

    O melhor de tudo é que a decisão será sua e de mais ninguém. Com os pés nochão. Sentindo firmeza.

     Pode contar com o Guia do Estudante pra encarar essa parada. Ele vai dar amaior força pra você.”

    (Veja, nº 976)(Aprender e praticar gramática – pág. 47) 

    a) A que grupo social faz parte oconsumidor que o anúncio pretende atingir?

     b) Transcreva alguns trechos do texto queconfirmem sua resposta à questão anterior.

    c) Transcreva do texto um trecho onde seutiliza uma linguagem mais formal.

    2.Suponha que você seja um criador detextos de campanhas publicitárias e quetenha sido contratado por uma indústria decalçados para produzir os textos de propaganda de uma nova linha de sapatos.Levando em conta as características

     próprias da linguagem de cada grupo social,escreva um pequeno texto dirigido a cadaum dos seguintes tipos de públicoconsumidor do produto:

    a) jovens adolescentes urbanos b) homens de elevado padrão sócio-econômicoc) crianças de 5 a 8 anos de idaded) mulheres idosas

    3.Provocou polêmica o fato de um livrorecomendado pelo Ministério da Educação endossarum erro de português. Na página 15 de “Por umavida melhor”, o texto afirma: "Você pode estar se perguntando: 'Mas eu posso falar os livro?'. Claroque pode. Mas fique atento porque, dependendo dasituação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico".

    Muita gente viu aí um erro do livro e do próprioMinistério da Educação. Há, porém, quem pense ediga o contrário, como o próprio MEC e a autora daobra, Heloísa Ramos. Do ponto de vista linguístico,de fato, não há sentido em dizer que alguém falaerrado apenas porque não obedece à chamadanorma culta. Se alguém diz "nós pesca os peixe",será compreendido por seu interlocutor. Para alinguística, o resultado é o que importa.

    Ao advertir seus leitores-estudantes do risco de"preconceito linguístico", a autora está apontando para o fato de que esse tipo de uso da língua,desconsiderando a norma culta, é mais comumentre pessoas com menos instrução e, portanto, emgeral, em posição inferior na escala social. A autorae o MEC defendem o livro com o argumento de quereconhecem as variedades da língua portuguesa e alinguagem dos diversos grupos sociais. (...)

    (Fábio Santos, Jornal Destak. Disponível em:http://www.destakjornal.com.br/readContent.aspx?id=18,96935  consultado em 20/07/2011)

    Com base nos nossos estudos sobre variaçãolinguística, produza um artigo de opinião,assumindo um posicionamento sobre a polêmicaapontada no artigo acima. Discuta os seguintes pontos:

      Variação linguística  Preconceito linguístico  Língua formal versus informal

    Imagine que seu artigo será publicado noeditorial de um jornal de grande circulação.

    Seu texto deve ter, no mínimo, 20 linhas. Não esqueça o título!

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    4 Intertextualidade: as relações entre textos

    Observe os trechos que seguem: Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores. Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.

    (DIAS, Gonçalves. Canção do exílio)

     Do que a terra mais garridaTeus risonhos, lindos campos têm mais flores;“Nossos bosques têm mais vida”“Nossa vida”, no teu seio, “mais amores”.

    (Hino Nacional Brasileiro) 

     Nossas flores são mais bonitasnossas frutas mais gostosasmas custam cem mil réis a dúzia.

    (MENDES, Murilo. Canção do exílio)

    Os três textos são semelhantes. Como o de Gonçalves Dias é anterior aos dois primeiros, o queocorre é que estes fazem alusão àquele. Os dois primeiros citam o texto de Gonçalves Dias.

    Com muita frequência um texto retoma passagens de outro. Quando um texto de caráter científicocita outros textos, isso é feito de maneira explícita. O texto citado vem entre aspas e em nota indica-seo autor e o livro donde se extraiu a citação.

     Num texto literário, a citação de outros textos é implícita, ou seja, um poeta ou romancista não

    indica o autor e a obra donde retira as passagens citadas, pois pressupõe que o leitor compartilhe comele um mesmo conjunto de informações a respeito das obras que compõem um determinado universocultural. Os dados a respeito dos textos literários, mitológicos, históricos são necessários, muitasvezes, para compreensão global de um texto. A essa citação de um texto por outro, a esse diálogo entretextos dá-se o nome de intertextualidade.

    A intertextualidade não ocorre apenas entre textos escritos. Leia o texto a seguir e observe depois aimagem que o segue:

    (...) A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas.

    O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor dos bichos moribundos. – Anda, excomungado.O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria

    responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a

    obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultavaa marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.

    (...) Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado.

     Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. (...)(RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 114. ed. Rio de Janeiro: Record, 2010. p. 10.)

    (Retirantes, de Cândido Portinari, 1944, painel a óleo/tela, 190 x 180 cm)

    Você deve ter percebido que o texto do escritorGraciliano Ramos (1892-1953) e a pintura de CândidoPortinari (1903-1962), na figura ao lado, falam decoisas semelhantes. Elas conversam entre si numarelação intertextual, “um fenômeno constitutivo da produção do sentido que pode se dar entre textosexpressos por diferentes linguagens” (SILVA, 2002).

    A intertextualidade está presente em diversasmanifestações.

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    Outro exemplo pode ser encontrado em obras criadas com base na famosa pintura  Mona Lisa (1503), de Leonardo da Vinci, como podemos ver nas imagens abaixo:

    Compreender um texto implica também acessar conhecimentos prévios, adquiridos em experiênciasanteriores a que tenhamos sido expostos em nosso convívio social: leituras, filmes, aulas, palestras,sermões, conversas etc. A intertextualidade acontece quando utilizamos esses conhecimentos paraelaborar um novo texto. Essa utilização pode ser em explícita ou implícita.

    Voltemos aos três textos colocados no princípio desta lição. O poema de Gonçalves Dias possuimuitas virtualidades de sentido. Entre elas, a exaltação ufanista da natureza brasileira. Para ele, nossa pátria é sempre mais e melhor do que os outros lugares. Os versos do Hino Nacional retomam o textode Gonçalves Dias para reafirmar esse sentido de exaltação da natureza brasileira. Já os versos deMurilo Mendes citam Gonçalves Dias com intenção oposta, pois pretendem ridicularizar o

    nacionalismo exaltado que pode ser lido no poema gonçalvino.Um texto cita outro com, basicamente, duas finalidades distintas:a) Paráfrase = para reafirmar alguns dos sentidos do texto citado. b) Paródia = para inverter, contestar e deformar alguns dos sentidos do texto citado; para polemizarcom ele.

    Em relação ao texto de Gonçalves Dias, o Hino Nacional enquadra-se no primeiro caso, enquanto ode Murilo Mendes encaixa-se no segundo. Quando um texto cita outro invertendo seu sentido, temosuma paródia. Os versos do Hino Nacional parafraseiam versos de Gonçalves Dias; os de MuriloMendes parodiam-no.

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    A paráfrase, portanto, é um texto completamente baseado em outro, uma espécie de repetição dasideias, sem que as palavras sejam necessariamente reproduzidas. É possível parafrasear tanto o textocompleto como apenas um trecho dele, ou ainda selecionar as informações mais importantes. Nesseúltimo caso, temos a produção de um resumo. Paráfrase é diferente do que denominamos paródia.

    Paródia é também um texto baseado em outro, mas seu objetivo não é reproduzir as ideias do outroe sim fazer uma sátira, com efeitos geralmente cômicos. É o que se costuma ver em programas dehumor na televisão, que fazem paródias com músicas cujas letras são alteradas para indicar algumacrítica.

    Compare agora estas duas estrofes, de dois poemas:

    Meus oito anos

    Oh! Que saudade que tenhoDa aurora da minha vida,Da minha infância queridaQue os anos não trazem maisQue amor, que sonhos, que flores Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!

    [...](Casimiro de Abreu)

    Meus oito anos

    Oh que saudades que eu tenhoDa aurora de minha vida,De minha infância queridaQue os anos não trazem mais Naquele quintal de terraDa Rua de Santo AntônioDebaixo da bananeiraSem nenhum laranjais!

    [...](Oswald de Andrade)

    O texto de Casimiro de Abreu foi escrito no século XIX, o texto de Oswald de Andrade foi escritono século XX. As semelhanças entre os textos são evidentes, pois o assunto deles é o mesmo e háversos inteiros que se repetem. Portanto, o texto de Oswald cita o texto de Casimiro, estabelecendocom ele uma relação intertextual. Observe, porém, que o 2º texto tem uma visão diferente daapresentada pelo 1º. No 1º texto, tudo na infância parece perfeito, rodeado por “amor”, “sonhos” e“flores”; já no 2º texto, esses elementos são substituídos por um simples “quintal de terra”, um espaçoconcreto e comum, se idealização. Além disso, com o verso “sem nenhum laranjais”, Oswald ironizaCasimiro, como que dizendo: na minha infância também havia bananeiras, mas não havia os tais“laranjais” que o Casimiro cita em seu poema.

    Observe que Oswald, com seu poema, não apenas cita o poema de Casimiro, ele também critica

    esse poema, pois considera irreal a visão que Casimiro tem da infância. Certamente, na visão deOswald, infância de verdade, no Brasil, se faz com crianças brincando no quintal de terra, embaixo das bananeiras, e não com crianças sonhando embaixo de laranjais. Podemos dizer que o texto de Oswaldé uma paródia do texto de Casimiro.

    Leia também um trecho do poema de Adélia Prado e observe como ele remete ao original de CarlosDrummond de Andrade:

    Poema de sete faces

    Quando nasci, um anjo tortoDesses que vivem na sombraDisse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.(...)

    ANDRADE, Carlos Drumomond de.  Alguma poesia. 8. ed.Rio de Janeiro: Editora Record, 2007. p 15-16.Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond -www.carlosdrummond.com.br  

    Com licença poética

    Quando nasci um anjo esbelto,desses que tocam trombeta, anunciou:vai carregar bandeira.Cargo muito pesado pra mulher,esta espécie ainda envergonhada.(...)

    (PRADO, Adélia. Bagagem. 25. ed. Rio de Janeiro: Record,2007. p. 9. © by Adélia Prado) 

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    Como vimos, intertextualidade é a relação entre textos em que um deles é tido como original e ooutro só tem razão de existir por causa do primeiro. A intertextualidade se estabelece com vistas acriar efeitos de humor, crítica, ironia etc.

    Ao relacionar um texto com outro, o leitor entenderá que a intertextualidade é uma das estratégiasutilizadas para a construção dos mesmos.

    Chico Tirando Palha de Milho,2000,acrílica sobre tela

    164x125 cm 

    Caipira Picando Fumo, 1893, Almeida Júnior(1850-99), óleosobre tela,202x141cm.Pinacoteca de São Paulo, SP, Brasil 

     No caso específico do anúncio publicitário, por exemplo, o intertexto, quando usado, é uma formadiferente de persuasão, com o objetivo de levar o leitor a consumir um produto e também difundir acultura.

    A televisão, muitas vezes, divulga sua programação e estimula sua audiência através de seus próprios produtos comunicacionais fazendo referências uns aos outros. Em alguns episódios dedesenhos animados, como os Simpsons, por exemplo, nota-se esta referência.

     A imagem dos Simpsons retrata a famosa capa do disco Abbey Road, em que os Beatles – uma das maioresbandas de rock de todos os tempos – aparecem atravessando a rua em uma faixa de pedestres.

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    O quadro O grito, datado de 1893, é uma pinturade autoria do norueguês Edvard Munch.

    Trata-se de uma das obras mais importantes do Expressionismo, movimento artístico de vanguarda doinício do século XX . 

    Capa do disco Nevermind da banda de rock Nirvana.

    Precisa ficar claro que a intertextualidade só faz sentido e, só é percebida, quando o receptor damensagem tem um conhecimento prévio acerca do assunto.

    A percepção das relações intertextuais, das referências de um texto a outro, dependem dorepertório do leitor, do seu acervo de conhecimentos literários e de outras manifestações culturais.Daí a importância da leitura, principalmente daquelas obras que constituem as grandes fontes daliteratura universal.

    Quanto mais se lê, mais se amplia a competência para apreender o diálogo que os textos travamentre si por meio de referências, citações e alusões. Por isso, cada livro que se lê torna maior a

    capacidade de apreender, de maneira mais completa, o sentido dos textos.Com base em tudo o que vimos a respeito de intertextualidade, podemos destacar a importância do

    conhecimento de mundo e como esse fator interfere no nível de compreensão do texto. Pois, embora oaluno-leitor não identifique o intertexto, vai entendê-lo. Mas ao relacionar um texto com outro,compreenderá o texto lido na sua profundidade e por consequência será capaz de refletir sobre orecurso adotado pelo autor para quando for compor textos. Dessa forma, na aula de Português, porexemplo, o aluno compreenderá que a intertextualidade é um das estratégias utilizadas para aconstrução de um texto. No caso específico da publicidade, quando utiliza a intertextualidade é umaforma diferente de persuasão cuja intenção é de levar o leitor a consumir um produto e de tambémdifundir a cultura.

    A intertextualidade deve fazer parte do planejamento de texto daquele que escreve, pois, afinal, é acultura do país e do mundo que estão em movimento. Cabe a ele, então, reconhecer intertextos e aredigir utilizando também esse recurso.

     Nas produções textuais de estudantes e profissionais das áreas técnicas, a intertextualidade tambémé frequente e fundamental para que sejam desenvolvidos bons trabalhos científicos.

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    Redação Técnica

    O que é redação técnica?Primeiramente, vejamos esses dois termos separadamente:

    Redação é o ato de redigir, ou seja, de escrever, de exprimir pensamentos e ideias através daescrita. Técnica  é o conjunto de métodos para execução de um trabalho, a fim de se obter umresultado. Logo, para que você escreva uma redação técnica é necessário que certos processos sejam

    seguidos, como o tipo de linguagem, a estrutura do texto, o espaçamento, a forma de iniciar e finalizaro texto, dentre outros.

    Erros de língua portuguesa podem comprometer a imagem profissional (e até pessoal), porisso, devem ser evitados. Mais que o conhecimento em outro idioma, o conhecimento da línguamaterna é fundamental.

    Pelo conjunto de métodos, a formatação e a linguagem exigidos pela redação técnica, torna-seimprescindível habilidades e conhecimentos prévios para se fazer uma redação adequada. É importantedinamizar o texto (por isso, o uso de verbos próprios, substituindo expressões com verbo auxiliar,exemplo: “foi feito um levantamento” pode ser substituído por “realizou-se um levantamento”), evitar palavras desnecessárias, ampliar o vocabulário, optar pelo simples em lugar do complexo, utilizarfrase curta, usar vocabulários conhecidos pelo receptor, aproximar-se da coloquialidade semdesrespeitar a gramática, procurar a inteligibilidade do texto.

    A redação técnica engloba textos como: ata, circular, certificado, contrato, memorando, procuração, recibo, relatório, currículo etc.

    São exigências modernas a objetividade e a rapidez na exposição do pensamento. Por isso,mais do que nunca, é preciso buscar clareza de pensamento, expressão objetiva de ideias, vocabulárioexato. A linguagem utilizada nas relações comerciais exige o conhecimento de certas fórmulas e praxes em que se deve exercitar o redator comercial.

    Observem-se sempre as qualidades da redação como: exatidão, coerência de ideias, clareza econcisão.

    Mas, antes de chegarmos ao ponto, vamos refletir sobre o que é a correspondência.Correspondência é um ato que se evidencia pelo traço de informações e se caracteriza pela

    emissão e recepção de mensagens. É um meio de comunicação escrita entre pessoas. É o ato ou estado

    de corresponder, adaptar, relatar. É uma comunicação efetiva por meio de papéis, cartas oudocumentos. As correspondências são usadas para comunicações internas e externas numaorganização.

    Estudaremos a seguir diversos tipos de redação, iniciando pelo currículo. Serão apresentadosmodelos de documentos, estruturas que o compõem e a utilização de cada redação, de acordo com anecessidade. Ao término da explicação, há uma proposta de redação que deve ser lida cuidadosamentee feita pelo(a) aluno(a). Observe que a leitura e compreensão fazem parte das competências profissionais que você precisa ter. Bom trabalho!

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    5 Currículo

    Quando uma pessoa precisa comprar algum produto, ela vai ao mercado. Quando uma pessoa precisa vender seu trabalho ou uma empresa precisa encontrar um profissional para atender às suasnecessidades, recorre ao mercado de trabalho. Isso quer dizer que, quando um candidato envia umcurrículo para o mercado de trabalho, ele se expõe como se fosse um produto de uma vitrine.

    O currículo é a forma abreviada e aportuguesada da expressão latina “curriculum vitae” esignifica “carreira de vida”. É um documento em que uma pessoa revela sua formação, trajetória

     profissional e aspectos da personalidade. Por isso, são necessários cuidados éticos na sua elaboração, afim de vender a imagem do profissional competente que você é. O objetivo do currículo é atrair aatenção do selecionador para que você seja chamado para uma entrevista.

    Um dos desafios do currículo é saber comunicar com poucas palavras o máximo deinformações. Portanto, é importante usar palavras que agreguem valor.

    Geralmente o currículo é composto pelos seguintes itens:

    1º  Não escreva “Currículo”, inicie com seus dados pessoais: nome completo sem abreviações,nacionalidade, estado civil, idade (e/ou data de nascimento), endereço, números de telefone(residencial, celular, recados) endereço eletrônico.

    Maria Ferreira Joaquina

    Brasileira – Casada – 24 anos (22/02/1988) – 1 filho

    Rua das Casas, 202 – Bloco 11 – Apartamento 21Bairro Novo – São Bernardo do Campo – SPCEP 09090-090Fones: (11) 4433-5566 (res.) / 8998-7766 (cel.) / 4343-2121 (rec. com Joana)e-mail: [email protected]  

    2° É importante você mencionar o objetivo, isto é, o cargo ou a área em que quer trabalhar.

    Objetivo: Secretária 

    3° Na parte de qualificações ou resumo profissional é importante fazer um resumo das informaçõesmais importantes nas atividades exercidas por você. Podem ser citados: experiência, conhecimentos,formação e aspectos da personalidade. Se você não tem experiência profissional, pode destacar osconhecimentos adquiridos no curso.Observação: A partir daqui, as informações do currículo devem ficar alinhadas à esquerda (e nãocentralizadas).

    Qualificações:

      Conhecimento em toda a rotina administrativa: gerenciamento de informações, elaboração earquivo de documentos, controle de correspondência física e eletrônica, organização deeventos, agendamento de viagens;

      Atendimento pessoal a clientes e fornecedores;  Redação e revisão de textos e documentos técnicos e comerciais;  Organização de atividades gerais da área;  Habilidade de comunicação oral e escrita;  Facilidade de aprendizado;  Discrição, organização, respeito pela hierarquia e ética profissional;  Conhecimentos avançados em informática;  Inglês avançado e noções de italiano;  Disponibilidade de horário.

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    4º  No item destinado à experiência ou  histórico profissional, deve-se citar o nome da empresa, período de admissão e demissão, cargo(s) assumido(s) e, se desejar, pode incluir um breve sumário das principais atribuições ou resultados e conquistas em decorrência das atividades. Caso não possuaexperiência profissional, não cite este item no currículo, vá para o próximo item. A experiência profissional deve ser citada sempre da mais recente para a anterior.

    Experiência Profissional:

    Étnica Assessoria Contábil Ltda.Entrada: janeiro/2010 – atualCargo: Assistente administrativa

    Calvin Metalurgia S.A.Entrada: dezembro/2007 – Saída: outubro/2009Cargo inicial: Auxiliar de escritórioCargo final: Auxiliar administrativa (promovida em janeiro/2009)

    5º Em relação à  formação, mencionam-se os cursos técnicos e/ou universitários, incluindo nome dainstituição de ensino e ano de conclusão. Não cite o Ensino Fundamental, pois é desnecessário.Quando você estiver cursando o Ensino Superior, não deve citar o Ensino Médio no seu currículo,

     porém o curso técnico, por ser profissionalizante, nunca deve ser excluído do currículo.

    Formação:

    Técnico em SecretariadoEtec Lauro GomesCursando o 1º módulo – Previsão de término: mês/ano

    Ensino MédioEscola Estadual Regiana FariaCursando o 2º ano

    6º  No item cursos extracurriculares ou  formação complementar, relacionam-se os cursos de

    idioma, extensão ou especialização relevantes para a formação ou complementação profissional ecultural. É importante informar o nome correto do curso, a instituição, a quantidade de horas (oumeses) e o ano de conclusão.

    Cursos Extracurriculares:

    Língua InglesaEscola English AdvancedCursando – Nível intermediário

    Práticas AdministrativasEscola Triencanto12 horas – cursando (previsão de término: mês/ano)

    Informática AvançadaEscola Informática Vital6 meses – conclusão: nov/2007

    7º Por fim, pode-se incluir outras informações que você considerar relevantes, que possamrepresentar importante diferencial e que não foram citadas em nenhum dos itens anteriores, comotrabalho voluntário, participação em associações, viagens internacionais que tenham contribuído naevolução da carreira profissional.

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    Outras Informações:

      Trabalho voluntário no Hospital Saúde, fazendo visitas aos pacientes (desde abril/2009);  Viagem a trabalho para a Itália, em janeiro/2008, quando adquiri conhecimentos no idioma.

    5.1 Carta de apresentação

    Juntamente com o currículo, em alguns casos, é interessante enviar a carta de intenção  oucarta de apresentação, que é um documento em que o candidato pode declarar sua intenção emrelação ao cargo pretendido e/ou complementar alguma informação importante que não teve espaço deser mencionada no currículo.

    Veja um modelo:

    Campinas, 9 de outubro de 2008.

    À ABC ConstrutoraA/c Departamento de Recrutamento e Seleção

    Prezados Senhores,

    Venho acompanhando, por revistas e jornais, a evolução da ABC, que vem fechandocontratos em diferentes países e que foi considerada neste ano uma das 100 melhoresempresas para trabalhar.

    Quando li o anúncio na Folha de São Paulo, não tive dúvidas em enviar-lhes meucurrículo, candidatando-me à vaga de Técnica de Informática.

    Atualmente, estou empregada em uma boa empresa, mas gostaria de redirecionarminha carreira, assumindo novos desafios em uma empresa ligada à Engenharia Civil, ondeeu possa aliar os conhecimentos adquiridos na faculdade com a prática profissional.

    Tenho grande força de vontade e facilidade de aprendizado e creio que vou me adaptarfacilmente às mudanças.

    Estou certa de que a minha forma de ser, os conhecimentos e a experiência agregadosem Informática até agora me possibilitam exercer com segurança as atividades do cargo a queestou me candidatando.

    Aguardo oportunidade para entrevista.

    Atenciosamente,

    Francis Albuquerque

    Redigir adequadamente o currículo (e a carta de apresentação) poderá ser um diferencialcompetitivo.

    Para complementar nosso estudo sobre elaboração de currículo, você poderá assistir, em sua casa, ao vídeo “Dicas para um currículo campeão”, porMax Gehringer. Disponível no You Tube:http://www.youtube.com/watch?v=glofSn7xLDw 

    Proposta 1 – CURRÍCULO

    Após orientações sobre elaboração do currículo, redija o seu. Ele deve ser digitado, revisado eimpresso. Logo após, entregue-o à sua professora na data estipulada por ela.

     Não serão considerados os currículos que estiverem fora das orientações dadas ou com erros gravesde digitação e/ou língua portuguesa.

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    5.2 Pronomes de tratamento

    Antes de darmos continuidade ao nosso estudo, é importanterelembrarmos os pronomes de tratamento. Observe a tabela abaixo:

    Pronomes detratamento

    AbreviaturaSingular

    AbreviaturaPlural

    Usados para:

    Você * * Tratamento íntimo e familiar.Senhor /Senhora

    Sr., Sr.ª Srs., Srª.sPessoas com as quais mantemos um certo distanciamentomais respeitoso.

    VossaSenhoria

    OuIlustríssimo

    Senhor

    V. S.ªOu

    Ilmo. Sr.

    V. Sª.sOu

    Ilmos. Srs.

    Pessoas com um grau de prestígio maior. Usualmente, osempregamos em textos escritos, como: correspondências,ofícios, requerimentos, etc. para autoridades, oficiais e particulares, chefes de seção, presidentes de bancos, órgãosde segundo escalão do governo.

    VossaExcelência

    V. Ex.ª V. Ex.ªsUsados para pessoas com alta autoridade, como: Presidenteda República, Senadores, Vereadores, Deputados,Embaixadores, Juízes, Ministros, Prefeitos etc.

    Observação.:  Na Correspondência Pública, costuma-se usar V.Sª para pessoa de categoria igual ouinferior, e V. Exª para pessoa de categoria superior.

    Consultor geral, chefe de estado, chefe de gabinete legislativo, demais autoridades recebemcomo pronome de tratamento Vossa Senhoria. Como vocativo – quando se dirige a autoridade (formaadequada ao Cargo): Usa-se “Senhor”.

    Todos os tratamentos podem aparecer na forma oblíqua, após dirigir-se a uma autoridade.Podemos, sem temor de erro, dizer: “Formulamos-lhe”, “pedimos-lhe”, vemos na sua pessoa”, em vez

    de formulamos a V. Sª., ou a V.Exª., etc.

    Curiosidade: Muitos questionam a diferença de tratamento entre príncipes e reis, veja no quadroabaixo o tratamento adequado: 

    Príncipe, princesaAlteza (Sereníssimo Senhor,Sereníssima Senhora)

    A Sua Alteza Príncipe (ouPrincesa)

    Rei, rainha Majestade (Senhor, Senhora)A Sua Majestade Rei (ouRainha)

    O uso dos pronomes de tratamento em sua redação demonstra respeito pela hierarquia econhecimento profissional.

    Então, vamos ao próximo item!

    6 Carta comercial

    Entre os documentos abarcados pela correspondência administrativa, destaca-se a cartacomercial. Durante décadas a carta comercial foi o único veículo de comunicação entre as empresas, para envio e recebimento de documentos. Geralmente redigida em papel timbrado (com o logo e asinformações comerciais da empresa), a carta tem uma aparência própria, que a diferencia de outrosdocumentos.

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    LTR – Linguagem, Trabalho e Tecnologia – Apostila de Redação Técnica

    Hoje, a carta comercial tem perdido espaço para o e-mail, porém as empresas ainda a utilizam para enviar comunicados e informações oficiais.

    É importantíssimo saber redigir corretamente uma carta, observando o padrão do documento,o vocabulário e a qualidade do texto.

    Observe o modelo abaixo:

    CAQUI Engenharia Química Ltda.

    Rua Nova Delavic, 987 – Vila Cachoeirinha – São Paulo – SP – 03456-876Fone: (11) 6578-1012 www.caquiengenharia.comCNPJ 34.876.267/0001-98 Inscrição Estadual: 236.092.000.987

    Química na medida certa!

    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -DF-28/2013

    São Paulo, 20 de abril de 20xx.

    À Volpato Produtos Alimentícios Ltda. A/c Sr. Valdomiro Souza Filho – Departamento Comercial

    Assunto: Documentação pendente

    Prezado Sr.,

    Observamos que em nosso sistema não consta a cópia do Contrato Social de sua empresa.Visando atender normas da ISO 9001 e para que possa continuar fornecendo para nós é imprescindívelo envio de cópia autenticada deste documento.

    Peço a gentileza de enviá-lo, no mais tardar, até o dia 26 de abril, via Correios, para o nossoendereço indicado acima, aos cuidados do Departamento Financeiro.

    Certa de suas providências.

    Atenciosamente,

    Maria Rita DiasDepartamento Financeiro

    Observe que não se utiliza mais o termo “Venho por meio desta...”, por isso se você fizer usodestes termos, estará produzindo uma redação desatualizada e incorreta.

    Os elementos de uma carta comercial são: timbre, índice e número, local e data, referência,vocativo, texto, cumprimento final e assinatura, em alguns casos também se inclui anexo, iniciais doredator e do digitador (secretária, datilógrafo), cópia.

    O índice e o número representam um controle do documento para facilitar a sua identificação.A referência é o assunto a ser abordado na carta. O vocativo é uma evocação, por exemplo: “PrezadoSenhor (Sr.)”, “Excelentíssimo (Exmo.)”, “Ilustríssimo (Ilmo.)” etc., por isso é importante conhecer os pronomes de tratamento na hora de redigir. Outro item que causa dúvida é o uso das iniciais do redatore do digitador. Imagine o ambiente de uma empresa: não faz sentido o presidente ou o diretor se sentar

    diante do computador para redigir uma carta, por isso é importante incluir as iniciais do redator(presidente, diretor, gerente etc.) e do digitador.

    Veja o exemplo a seguir, que mostra um exemplo completo de carta comercial:

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    Autora: Professora Lucivânia A. Silva Perico

    Agora, faça o exercício abaixo para esclarecer dúvidas e aprimorar seus conhecimentos.

    Proposta 2 – CARTA COMERCIAL

    Suponha que você trabalha na empresa Eletron Indústria de Produtos Eletrônicos S.A.,especializada em artigos eletrônicos. Foi solicitado a você que redigisse uma carta à empresa RapidexLogística Ltda., responsável pelos serviços de entrega prestados a sua empresa, reclamando pelo atrasona entrega de um lote de peças ao cliente Revendezil Revendedora de Eletrônicos Ltda.

    Espera-se que você utilize linguagem formal e os elementos: timbre, índice e número, local e data,nome da empresa (ou pessoa) a quem a carta se destina, referência, desenvolvimento do assunto, fechoe assinatura do remetente. Faça o exercício no caderno.

    TIMBRE

    TEXTO

    VOCATIVO

    LOCAL E DATA

    CUMPRIMENTO FINAL

    REFERÊNCIA

    ÍNDICE E NÚMERO

    ASSINATURA

    ANEXO

    INICIAIS DO REDATOR E DATILÓGRAFO

    CÓPIA

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    LTR – Linguagem, Trabalho e Tecnologia – Apostila de Redação Técnica

    7 Mensagem eletrônica (e-mail)

    Conforme falamos anteriormente, na atualidade, o que podemos notar é que cada vez mais acarta vem sendo substituída pelo e-mail. Portanto, podemos considerar que a mensagem eletrônica passou a ser adotada também como uma redação oficial. O que vemos muitas vezes, no entanto, é um

    descaso em relação à elaboração do e-mail.A mensagem eletrônica é como qualquer outra mensagem escrita. Requer os mesmos cuidados

    de clareza, simplicidade, coerência, coesão entre as ideias, precisão e domínio da língua portuguesa.Além do cuidado com a precisão das informações dadas, o redator deve considerar aspectos

    relativos à persuasão: com gentileza poderá alcançar melhores resultados do que com rispidez. Assim,nunca é demais um “por favor”, “por gentileza”, “muito obrigado”, “obrigado por sua atenção”,“desculpe-nos por” etc.

    A preocupação em escrever abreviadamente nos e-mails não se justifica, e deve ser evitada.Muitas pessoas que escrevem e-mail acreditam que o efeito de sua mensagem está no número deabreviaturas que utiliza (vc = você; rs = risos; bjs = beijos; msg = mensagem; p.s. = pós-escrito, pq = porque; tb ou tbm = também), mas o que deve ser observado é que você está num ambiente profissional e representa a empresa onde trabalha, por isso o vocabulário deve ser formal.

    Há também casos de textos muito extensos, cheios de detalhes e cansativos para a leitura emuitas vezes o receptor do e-mail não tem tempo de ler, portanto, não se deve escrever 30 linhas se amensagem suficiente comporta apenas 3 para que as ideias fiquem claras.

    Ao final do texto, é recomendável colocar o nome e sobrenome, para que o interlocutor possaidentificar quem escreveu o e-mail, e também o nome da empresa onde você trabalha. Veja o exemplo:

    Prezados Senhores,

    Somos uma empresa de representações em vendas e temos em nosso quadro funcional apenasvendedores altamente capacitados e profissionalizados.

    Anexamos nesta oportunidade nosso portfolio para análise e manifestamos nossa intenção de

    representar sua empresa em municípios da região.

    Caso haja interesse por parte de sua empresa, estamos à disposição para novos contatos.

    Agradecemos pela atenção.

    Atenciosamente, Novamixar Representações Ltda.Jurandir Armando LápedesGerente Comercial

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    Autora: Professora Lucivânia A. Silva Perico

    Observe que o e-mail oferece três campos para envio de mensagem: “Para”, “Cc” e “Cco”.Você sabe o que eles significam e qual a diferença entre utilizar um ou outro?

    Proposta 3 – E-MAIL PESSOAL

    Imagine que você, após economizar alguns meses, comprou um notebook novo no siteSubmarino.

     Nas duas primeiras semanas ele funcionou perfeitamente, porém, passou a apresentar problemas frequentes como barulho e desligamento automático. Você o enviou para a assistênciatécnica em garantia, mas o problema não foi solucionado. A assistência técnica afirma que o produtoestá em perfeitas condições e que não há nada mais a fazer.

    Considerando este contexto, elabore um e-mail queixando-se ao revendedor e requerendo asubstituição do produto. É importante fornecer todas as informações sobre o produto e todo o históricoocorrido. Sua linguagem deve ser formal.

    Lembre-se de empregar corretamente os pronomes de tratamento e bons argumentos paraconseguir convencer o seu interlocutor. Seu texto deve ter, no mínimo, 15 linhas (excluindo ocabeçalho) e ser redigido no caderno.

    Proposta 4 – E-MAIL PROFISSIONAL

    Você ficou responsável por convidar empresas para um Workshop na organização ondetrabalha.

    Redija, em seu caderno, um e-mail às empresas convidando-as para o evento. Forneça todos osdados importantes para obter a resposta desejada dos seus contatos.

    Envie uma cópia (Cc) para o e-mail do seu gerente e cópias ocultas (Cco) para os responsáveis pelo departamento financeiro e comercial da empresa.

    8 Ata de reunião

    A Ata é um registro em que se relata pormenorizadamente o que se passou em uma reunião,assembleia ou convenção. Uma de suas características é que a ata deve ser assinada pelos participantesda reunião em alguns casos (conforme estatuto da empresa), pelo presidente ou secretário, sempre. Aata deve sempre ser lavrada, ou seja, registrada por escrito. Os itens que constam numa ata são:

    1. Título da Reunião2. Cidade, dd de mmm de aaaa das hh:mm às hh:mm3. Local4. Introdução: Descrição do título do evento, local, data, hora, participantes5. Participantes: Nome completo/Instituição6. Agenda: Agenda/pauta da reunião: temas tratados e respectivos responsáveis

    7. Desenvolvimento: Descrição dos principais temas discutidos na reunião8. Conclusões: Descrição das conclusões e decisões provenientes da reunião9. Recomendações: Descrição das recomendações provenientes da reunião10. Distribuição: Pessoas a quem a ata deve ser enviada11. Assinaturas

    Veja o modelo a seguir:

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    LTR – Linguagem, Trabalho e Tecnologia – Apostila de Redação Técnica

    KAMANAKKA Indústria e Comércio Ltda.Rua Marina Faria, 354 – Vila Rica – São Paulo – SP – CEP 87650-030

    CNPJ 234.876.267/0001-98 Inscrição Estadual: 236.092.000.987

    ATA DE REUNIÃO

    Aos vinte dias do mês de abril do ano de dois mil e dez, às 14 horas, na sede da empresaKamanakka Indústria e Comércio Ltda., inscrita no CNPJ sob o nº 234.876.267/0001-98 e com IE nº236.092.000.987, localizada à Rua Marina Faria, 354 – Vila Rica – São Paulo – SP, foi realizada aReunião da Diretoria, presidida pelo presidente Sr. Joaquim José Guimarães, que indicou comosecretário o Sr. Francisco da Silva Dias, estando presentes também a Sra. Marta Novaes (departamentofinanceiro), o Sr. João Ferreira (departamento de produção) e o Sr. Tomás Roncon (diretor geral).

    A reunião teve início com a apresentação dos balanços financeiros da empresa e apresentaçãode metas para o próximo semestre, que importam necessariamente na ampliação das atividades produtivas e clientela.

    Após a exposição do presidente foram postas considerações acerca da proposta de abertura deuma nova filial no município de São Bernardo do Campo, cujo foco de vendas será voltado para produção de artigos para pesca, cujos estudos preliminares mostram uma projeção de faturamentofavorável, conforme documento previamente apresentado a todos os diretores.

     Na sequência, a referida proposta entrou em discussão, tendo o diretor Tomás Roncon tomadoa palavra e discorrido acerca da necessidade de aquisição de novos equipamentos para linha de produção, a fim de que a nova demanda possa ser suprida.

    Deliberou-se sobre o assunto e, após votação, foi aprovada a proposta de ampliação original,sendo que a aquisição de novos equipamentos de produção será viabilizada apenas após a abertura dafilial conforme as necessidades que forem apontadas pelos relatórios mensais.

    Por fim, a palavra foi concedida àqueles que dela quisessem fazer uso e, não existindomanifestações, o presidente encerrou esta reunião, que foi lavrada na presente ata. Lido esteinstrumento, assinam.

    São Paulo, 20 de abril de 2010.Joaquim José Guimarães Francisco da Silva DiasPresidente Secretário

    Marta Novaes João Ferreira Tomás RonconDepartamento Financeiro Produção Diretor Geral

    Atenção: Se houver erro do Secretário ao redigir a ata manuscrita, deverá ser imediatamentecorrigido sem rasurar ou emendar, mas sim usando o “digo”, como no exemplo: “(…) O diretor propôs adquirir imediatamente vinte mil, digo, trinta mil unidades de matéria-prima (…)”. Caso perceba-se o erro apenas ao final da composição da ata, mas antes que a mesma seja assinada, pode-seretificar no término do texto, como no exemplo: “Em tempo: onde consta ‘vinte mil unidades de

    matéria-prima’, leia-se ‘trinta mil unidades de matéria-prima’”.

    Algumas atas são redigidas em papel timbrado da empresa, outras são redigidas em livro próprio. 

    Como você pode perceber, a ata não é um texto complexo de redigir, embora algumas sejam pouco legíveis devido à ausência de parágrafos (como no modelo abaixo). Secretariar a reunião,entretanto, exige destreza, atenção e rapidez para acompanhar a discussão ao mesmo tempo em que setoma notas suficientemente detalhadas.

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    Autora: Professora Lucivânia A. Silva Perico

    Proposta 5 – ATA DE REUNIÃO

    Imagine que você é secretário(a) da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) na

    empresa onde trabalha. Reúna-se com alguns colegas para redigir uma ata de reunião. Imaginem quevocês trabalham numa empresa de construção civil chamada Construcasa Engenharia Civil Ltda., quetem grande número de acidentes causados pelas péssimas condições de trabalho e pela falta de uso dosequipamentos de proteção individual (EPI) por parte dos funcionários. Redija uma ata informando:

      Os membros presentes na reunião;  Os acidentes ocorridos (pelo menos três);  As consequências dos acidentes;  As medidas adotadas pela empresa para conscientizar os funcionários;  Como a empresa fará a fiscalização do uso de EPI.Observe o modelo apresentado. Redija, no seu caderno, um documento completo e elaborado

    conforme padrão estudado.

    9 RelatórioO relatório é um texto muito importante. Ele é bastante utilizado em contextos técnicos e sua

    formatação é semelhante à dos trabalhos de conclusão de curso. O relatório, como o próprio nome diz,é um relato sobre algo que já aconteceu. Nas empresas, ele também pode ser utilizado para apresentar procedimentos técnicos ou administrativos, especialmente na padronização das operações (criando ochamado procedimento operacional padrão) que garantem a reprodução dos processos. Essa padronização é exigida pelos órgãos certificadores. Seus objetivos também são variáveis: registrar edocumentar procedimentos desenvolvidos, oferecer orientação para o futuro, relatar problemas ouatividades decorridas, entre outros. Experimentos científicos, estágios, visitas técnicas, processos

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    administrativos e viagens são as principais situações em que a redação de um relatório é necessária oucostuma ser solicitada.

    A linguagem deve ser concisa e adequada ao objetivo. Isso pode ser facilitado com o uso dalinguagem não verbal, com a apresentação de tabelas, gráficos e imagens, além da própria formatação.Os tipos de relatórios dependerão mais de quem os determinam ou das suas finalidades do que demodelos.

    Para escrever um relatório é preciso prestar atenção em algumas qualidades desse tipo de texto:

    1. Fidelidade aos fatos:• use números, tabelas e gráficos;• detalhe as informações, tomando cuidado para o texto não ficar repetitivo.

    2. Facilidade de compreensão:• mantenha a objetividade da linguagem;• use palavras comuns ao contexto de destino;• use períodos curtos, cuidando da pontuação correta;• disponha os elementos nas páginas sem exagerar no número de elementos;• ordene as exposições logicamente.

    3. Coesão e coerência

    4. Relevância e completude das informações apresentadasa) plano inicial: determinação da origem, preparação e programa de desenvolvimento do relatório; b) coleta e organização do material: durante a execução do trabalho, são feitos o registro, aordenação e o arquivamento do material necessário ao desenvolvimento do relatório;c) redação: recomenda-se uma revisão crítica do relatório considerando os seguintes aspectos:redação (conteúdo e estilo), sequência das informações, apresentação gráfica.

    Dependendo do contexto no qual o relatório será produzido, suas características podem seralteradas. A seguir, alguns tipos específicos de relatório.

    O relatório de visita técnica  também pode ser utilizado para relatar viagens, incidentes ouacidentes, resultados finais de uma pesquisa etc. Para cada uma dessas situações, poderá haver umacaracterística diferente, uma informação a mais ou a menos a ser colocada no texto. O redator deveselecionar adequadamente as informações a serem registradas e organizá-las para conferir objetividadeao relatório. O relatório de uma visita técnica visa narrar um acontecimento, destacando:• contexto;• fatos ocorridos;• observações realizadas;• resultados ou conclusões.

    Para relatar uma visita técnica, os primeiros parágrafos do texto devem apresentar sucintamenteas seguintes informações:• o que será relatado;• onde a atividade relatada ocorreu;

    • quando ocorreu;• como ocorreu;• por que ocorreu (com quais objetivos);• o nome das pessoas envolvidas.

    Essas são as informações essenciais que, na sequência, podem ser detalhadas. Para apresentar orelatório, é importante também colocar na capa informações que contextualizem a sua produção. Emum trabalho escolar, essas informações seriam:• nome da escola;• curso;• nome do(s) aluno(s);

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    Autora: Professora Lucivânia A. Silva Perico

    • título do relatório;• local e data de entrega.

     Num relatório de empresa  também podem ser apresentadas informações semelhantes, comalgumas substituições:• nome da empresa;• setor ou departamento;• nome do(s) funcionário(s), acompanhado(s) ou não do cargo de cada um;

    • título do relatório;• local e data de elaboração.

     Não há padrões fixos para a formatação de um relatório. As empresas costumam criar identidadesvisuais com formatação própria para documentos técnicos e, especialmente, relatórios ecorrespondências. Observe a seguir um exemplo de relatório.

    Etec Bento QuirinoCurso: Técnico de Manutenção Eletromecânica – Tuma: 2MEAluno: Carlos Augusto Mata – nº 5

    RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA – Empresa SOTREQ

     No dia 27 de novembro de 2009, realizou-se uma visita técnica dos alunos do 2º módulo do cursoTécnico de Manutenção Eletromecânica, da ETEC Bento Quirino (Campinas), à Sotreq, empresalocalizada no Km 111,5 da Rodovia Anhanguera, Vila Nova Veneza, no município de Sumaré (SP),organizada pelo professor João Bento, que ministra a disciplina Motores Diesel/Sistemas de Trem deForça.A intenção da visita foi verificar o funcionamento de motor Diesel no dinamômetro, assunto que foitratado em sala de aula e necessitava de complemento prático.Fomos recebidos pelo engenheiro Carmo Neves, que nos explicou, resumidamente, o que segue: aSotreq comercializa equipamentos para os setores de infraestrutura, mineração, agropecuária,industrial, reflorestamento e energia. A empresa destaca-se no mercado pelo apoio técnicoespecializado que oferece aos seus clientes por meio de técnicos qualificados.A preocupação em aumentar a produtividade dos equipamentos e em reduzir os custos operacionais

    surge antes mesmo do processo de venda. A Sotreq realiza estudos de seleção, dimensionamento defrotas e configuração de máquinas para que seus clientes obtenham o melhor custo-benefício do seuinvestimento.Depois de conhecermos as especificidades da empresa, o engenheiro Neves nos entregou os EPIs,explicou a necessidade de usá-los e, paramentados, fomos caminhando pelo chão da fábrica,observando sua estrutura, seus equipamentos, o trabalho dos técnicos, e conduzidos até o setor detestes da empresa.Lá, nos explicaram todo o processo de motores no dinamômetro, e o professor João, ao mesmo tempo,reforçou as bases tecnológicas ministradas em aula, relacionando-as ao processo em questão.Para que melhor aproveitássemos a visita, foi feito o acionamento do motor Diesel, a apresentação dosresultados dos medidores e a confrontação com as especificações do fabricante.Para finalizar a visita, fomos assistir ao ensaio de outro motor, mais potente, além de irmos observarum sistema de transmissão em outro dinamômetro.

    RESULTADOSA visita foi muito positiva e estimulante. Percebemos a importância dos conteúdos que o professorJoão nos transmite em sala de aula e a relação deles com a prática na empresa.Outro resultado positivo da visita técnica está relacionado à possibilidade de contratação de alunos para iniciar estágio na empresa. Todos nós ficamos muito impressionados com o trabalho ládesenvolvido e o engenheiro Carmo disse ter percebido que o grupo era composto de alunos muitointeressados e com bons conhecimentos já adquiridos.

    Campinas, 30 de março de 2011. 

    Veja a seguir outro exemplo:

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    Relatório Administrativo

    De: Elso Fernando Nogueira - MR BusinessPara: Sr. Batista Aialatus - Zadraz Industrial Ltda.Data: 25 de agosto de 2003

    1. Proposta:Como solicitado por V.Sa., foi feito o levantamento financeiro da empresa no dia

    20/07/2003, com o objetivo de demonstrar as despesas e o lucro total da empresa, no períodode 01/01/2003 a 30/06/2003.

    2. Procedimentos:Os procedimentos utilizados foram:

    1. Levantamento contábil da empresa durante o período indicado;2. Levantamento das vendas (entradas) e compras (saídas).

    3. Constatação:A empresa em questão demonstra que obtém uma grande margem de lucro, apesar de ser

    uma empresa multinacional que retém mais de 70% do lucro no Brasil. Existe em seusregistros que durante o ano anterior, obteve um alto volume de vendas, em torno deR$50.000.000,00, e durante o período avaliado o volume de vendas já era de 65% sobre ovalor do ano passado.

    Para o ano de 2003, a empresa espera que suas vendas aumentem e que os lucros também,espera também que consiga uma maior participação no mercado nacional para o ano de 2003e 2004. Este ano há um planejamento de entrada em uma nova divisão do mercado, o ramo deAdministração de Empresas, e também aumentar o seu nível tecnológico com relação ao seumaquinário e computadores.

    4. Conclusão:A empresa está em crescimento e depois que for feita a atualização de tecnologia da

    empresa, espera-se a possibilidade de domínio do mercado e o crescimento em outras áreas.

    Atenciosamente

    Elso Fernando NogueiraMR Business

    Proposta 6 – RELATÓRIO

    De acordo com as especificações de seu curso, escreva um relatório escolhendo uma dessassituações:

    a) um experimento desenvolvido em laboratório; b) atividades realizadas (como projetos, visitas a empresas, estudos feitos etc.);c) uma viagem ou uma visita técnica.

    Por não haver um modelo obrigatório a ser seguido, use sua criatividade para elaborar o seurelatório no caderno, com no mínimo 25 linhas, segundo a proposta acima. Observe o vocabulário, ocontexto e a finalidade do relatório. São propostos os seguintes itens como obrigatórios: 1- Proposta;2- Procedimento; 3- Resultado ou Constatação; 4-Conclusão. Não esqueça de assinar o relatório.

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    Autora: Professora Lucivânia A. Silva Perico

    10 Procuração

    A procuração é um documento legal que transfere a alguém (outorgado) poderes para agir nonome de outra pessoa (outorgante). Logo, quem concede o direito é o outorgante e quem recebe, ooutorgado.

    Quanto à forma, há dois tipos procuração: a pública e a particular. A primeira é lavrada emcartório por um tabelião, em livro próprio, o qual será arquivado. Já a segunda, é lavrada pelo

    outorgante ou pessoa autorizada, digitada ou de próprio punho. O outorgado também é chamadoProcurador (aquele que representa) e o outorgante de Constituinte (aquele que delega).

    A procuração precisa ter identificação, profissão das partes, os poderes delegados, a finalidadee o prazo de validade. Abaixo, após o corpo do texto, devem vir expressos local, data e assinatura dooutorgante ou constituinte. Em alguns casos, há a necessidade de reconhecimento de firma.

    Observe um modelo:

    PROCURAÇÃO

    Eu, Eloá Oliveira, brasileira, natural de Marilândia, casada, Residente e Domiciliada em BeloHorizonte, MG, Rua Joaquina Silvério, nº 444, RG 4254748, CPF 263.362.421.12, NOMEIO MEU

    PROCURADOR O Sr. João da Silva, brasileiro, natural de Marilândia, casado, Residente eDomiciliado em Belo Horizonte, MG, Rua Joaquina Silvério, nº 444, RG 2542636, CPF 263.895.325-13, PARA FINS DE efetivar matrícula, junto à Universidade Federal de Minas Gerais, PODENDO emmeu nome, fazer a inscrição no curso de Pedagogia, para o qual fui selecionada no Processo Seletivode 2008.

    Belo Horizonte, 03 de março de 2009.

    Eloá Oliveira

    Proposta 7 – PROCURAÇÃO

    Imagine que seu superior, Sr. José Pires dos Reis, Diretor Comercial da Jaquiles Industrial Ltda.,deveria comparecer a um simpósio na filial da empresa em Salvador, na Bahia. Porém, ele não poderácomparecer e nomeou você para representá-lo.

     Neste caso, deverá ser redigida uma procuração em papel timbrado da empresa e constando o nomede duas testemunhas, juntamente com o número da identidade e assinatura delas.

    Redija adequadamente esta procuração, em seu caderno.

    11 RequerimentoAntes de nos inteirarmos mais do assunto em questão, seria interessante analisarmos

    literalmente a palavra requerimento: Requerimento deriva-se do verbo requerer, que, de acordo comseu sentido significa solicitar, pedir, estar em busca de algo. E principalmente, que o pedido sejadeferido, ou seja, aprovado.

    Podemos fazer um requerimento a um órgão público,