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FACULDADE CATÓLICA RAINHA DA PAZ CURSO DE DIREITO COLETÂNEA DE TEXTOS DA DISCIPLINA METODOLOGIA CIENTÍFICA-MC PROFª MS. CLEUSA BERNADETE LARRANHAGAS MAMEDES

APOSTILA Metodologia Cientifica DIREITO 2011

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FACULDADE CATÓLICA RAINHA DA PAZ

CURSO DE DIREITO

COLETÂNEA DE TEXTOS DA DISCIPLINA

METODOLOGIA CIENTÍFICA-MC

PROFª MS. CLEUSA BERNADETE LARRANHAGAS MAMEDES

ARAPUTANGA-MT

2011

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SUMÁRIO

1. METODOLOGIA CIENTÍFICA 32. OS TIPOS DE CONHECIMENTO HUMANO 3 2.1 Conhecimento popular ou empírico 42.2 Conhecimento filosófico 42.3 Conhecimento religioso ou teológico 52.4 Conhecimento científico 53. O ATO DE ESTUDAR 63. Técnicas de leitura 63.1 Leitura Analítica 73.2 Análise textual 83.3 Análise temática 83.4 Análise interpretativa 83.5 A técnica de sublinhar 93.6 A técnica de esquematizar 93.7 A técnica de resumir 94. A DOCUMENTAÇÃO PESSOAL 124.1 Fichamento 124.1.1 Ficha Bibliográfica 134.1.2 Ficha de Leitura 144.13 Ficha Biográfica 165. RESENHA 175.1 Tipos de resenha: informativa, crítica, informativa-crítica. 176. METODOLOGIA DE ARTIGO CIENTÍFICO 226.1 Conceituação e finalidade de artigo 227 ARTIGO DE OPINIÃO 247.1 Dicas para escrever Artigos (científicos e de opinião) 257.2 Recomendações quanto a escrita 268. SEMINÁRIO 308.1 Conceito, finalidade e objetivos 8.2. Como organizar um seminário 9 ANÁLISE DE FONTES DO DIREITO 33 10. PESQUISA 3710.1 Métodos Científicos  3810.2 Tipos de pesquisa 4110.3 Técnicas De Coleta De Dados 4210.4 Documentação Indireta  4611 PROJETO DE PESQUISA 4611.1 O Planejamento da Pesquisa. 4612 RELATÓRIO DA PESQUISA. 56

ANEXO 1 - Normas da Metodologia Científica para apresentação de trabalhos dos cursos da Faculdade Católica Rainha da Paz-FCARP (2007)

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1 METODOLOGIA CIENTÍFICA

Entende-se por Metodologia o estudo do método na busca de determinado conhecimento. Demo (2001, p. 19) diz que Metodologia “é uma preocupação instrumental. Trata das formas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos”.

Todas as Ciências caracterizam-se pela utilização de Métodos Científicos e, por isso, surge o seguinte questionamento: o que é método? Pela etimologia da palavra, origina-se do grego Methodo , onde Meta significa “na direção de”, e hodo refere-se a caminho.

Ao compreendermos a importância da Metodologia, identificamos que não existe um único método, mas uma multiplicidade de métodos que procura atender às necessidades conforme o assunto e a finalidade da pesquisa, bem como as várias atividades das ciências. Pesquisar com método não implica ter uma atitude reprodutora; pelo contrário, é procurar cultivar um espírito crítico, reflexivo, amadurecido, contribuindo para o progresso da sociedade.

Objetivos da Metodologia Científica:1. Distinguir a Ciência e as demais formas de obtenção do conhecimento;2. Desenvolver no pesquisador uma atitude investigativa;3. Estabelecer relações entre o conhecimento estudado atualmente com os existentes;4. Promover possibilidades para leitura crítica da realidade;5. Sistematizar atividades de estudos;6. Integrar conhecimentos;7. Desenvolver postura holística, na superação da fragmentação dos conhecimentos;8. Orientar na elaboração de trabalhos científicos;9. Desenvolver o espírito crítico.

2 OS TIPOS DE CONHECIMENTO HUMANO

Para tratarmos dos tipos de conhecimento, inicialmente devemos entender o conceito de conhecimento. Para os autores PARRA FILHO e SANTOS (1998, p.31), o conhecimento é definido como a apreensão de um objeto pelo sujeito, isto é, o sujeito cognoscitivo, a consciência, tem como função a apreensão do objeto. Neste sentido tem uma dupla relação, primeiro a relação entre sujeito e objeto e, segundo, a relação com a consciência, sendo esta uma representação do sujeito sob o objeto.

O conhecimento é uma forma de se estabelecer uma relação entre um objeto e a sua representação em nossa mente. Na medida em que o ser humano evolui, essas representações concretas e abstratas se somam em nosso intelecto por meio do pensamento, de maneira cronológica, ordenada e sistemática.

A nossa relação com o mundo dos objetos ou mundo exterior acontece mediante processos empíricos, intuitivos e racionais.

No processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar em todas as esferas do conhecimento ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre a sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.

Apesar da separação metodológica entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.

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Para melhor entender cada um desses tipos de conhecimento, vamos inicialmente traçar um paralelo entre o conhecimento científico e o conhecimento popular, para depois sinteticamente identificar o que caracteriza cada um deles.  

Segundo Lakatos e Marconi (1991) o conhecimento vulgar ou popular, também chamado de senso comum, não se distingue do conhecimento nem pela veracidade, nem pela natureza do objeto conhecido. O que diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do conhecer.

Um objeto ou um fenômeno podem ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum. O que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.

2.1 CONHECIMENTO POPULAR OU EMPÍRICO

Também denominado senso comum, é aquele que todo ser humano desenvolve, no contato direto e diário com a realidade. De acordo com MATTAR (2005, p.2-3), estrutura-se como um conjunto de crenças e opiniões, utilizadas em geral para objetivos práticos. É basicamente desenvolvido por meio dos sentidos, e não tem a intenção de ser profundo, sistemático e ou infalível. Não tem a característica da confiabilidade que marca o conhecimento científico, já que não segue uma metodologia cientifica, além de que seus resultados não são divulgados nem submetidos a julgamento.

Lakatos e Marconi (1991) apresenta como características: Superficial - conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas.Sensitivo - referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária.Subjetivo - é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos.Assistemático - a organização da experiência não visa a uma sistematização das idéias, nem da forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las.Acrítico - verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica. 

2.2 CONHECIMENTO FILOSÓFICO 

O conhecimento filosófico é baseado em raciocínios lógicos e sem a obrigação de aplicação direta à realidade (MATTAR, 2005). A palavra Filosofia surgiu com Pitágoras através da união dos vocábulos PHILOS (amigo) + SOPHIA (sabedoria) (RUIZ, 1996, p.111). Os primeiros relatos do pensamento filosófico datam do século VI a.C., na Ásia e no Sul da Itália (Grécia Antiga).

A filosofia não é uma ciência propriamente dita, mas um tipo de saber que procura desenvolver no indivíduo a capacidade de raciocínio lógico e de reflexão crítica, sem delimitar com exatidão o objeto de estudo. Dessa forma, o conhecimento filosófico não pode ser verificável, o que o torna sob certo ponto de vista, infalível e exato.

Apesar da filosofia não ter aplicação direta à realidade, existe uma profunda interdependência entre ela e os demais níveis de conhecimento. Essa relação deriva do fato que o conhecimento filosófico conduz à elaboração de princípios universais, que fundamentam os demais, enquanto se vale das informações empíricas, teológicas ou científicas para prosseguir na sua evolução.

Características:Valorativo - seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação. As hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência e não na experimentação.Não verificável - os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser confirmados nem refutados.Racional - consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados.Sistemático - suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade.

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Infalível e exato - suas hipóteses e postulados não são submetidos ao decisivo teste da observação, experimentação (Lakatos e Marconi, 1991).

A filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano, buscando até leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência. 

2.3 CONHECIMENTO RELIGIOSO OU TEOLÓGICO 

O que funda o conhecimento religioso é a fé. Apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas, valorativas, por terem sido reveladas pelo sobrenatural, inspiracional e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis, indiscutíveis e exatas. As verdades religiosas estão registradas em livros sagrados ou são reveladas pelos deuses (ou outros seres espirituais) por meio de alguns iluminados, santos ou profetas.

É um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino. Suas evidências não são verificadas. Está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado.

O conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em revelações da divindade, do sobrenatural.

2.4 CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O conhecimento científico é racional e sistemático, na pretensão de revelar aspectos da realidade. As noções de experiência e verificação são essenciais nas ciências; o conhecimento científico deve ser justificado e é sempre passível de revisão, desde que se possa provar sua inexatidão.

O ciclo do conhecimento científico inclui a observação,, a produção de teorias para explicar essa observação, o teste dessas teorias e seu aperfeiçoamento. Há nas ciências um movimento circular que parte da observação da realidade para abstração teórica, retorna a realidade, direciona-se novamente à abstração, num fluxo constante entre a experiência e a teoria.

Características do conhecimento científico (Lakatos e Marconi, 1991):Real, factual - lida com ocorrências, fatos, isto é, toda forma de existência que se manifesta de algum modo.Contingente - suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da experimentação e não pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico.Sistemático - saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos.Verificável - as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência.Falível - em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final.Aproximadamente exato - novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.  

3 O ATO DE ESTUDAR

3.1 TÉCNICAS DE LEITURA

A leitura é o meio de que dispomos para adquirir informações e desenvolver reflexões críticas sobre a realidade. De acordo com Salomon (2001, p. 49), o estudo eficiente depende da técnica de leitura. Estudos realizados concluíram que o sucesso nas carreiras e atividades do mundo moderno está em relação direta com o hábito da leitura proveitosa.

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Toda leitura é feita com um propósito que pode ser a investigação, a crítica, a comparação, a verificação, a ampliação ou integração de conhecimentos. Quando se lê uma obra científica, deve-se obedecer a uma seqüência lógica, ou seja, leitura: do tema com seu texto principal; dos demais textos complementares; dos textos que fundamentam o tema.

Para se obter um bom resultado da leitura, (MARCONI, 2002, p.34) torna-se importante levar em consideração os seguintes pontos:

a) atenção: concentração do pensamento em certo objeto, visando ao entendimento, assimilação e apreensão dos conteúdos essenciais, encontrados nos textos;

b) intenção: propósito de obter algum proveito intelectual por meio da leitura;c) reflexão: observação e ponderação sobre o que leu, analisando todos os seus

aspectos, almejando descobrir a assimilação de idéias, esclarecimento e aperfeiçoamento, ajudando no aprofundamento do conhecimento;

d) espírito crítico: abrange julgamento, comparação, aprovação, aceitação ou refutamento dos pontos de vista colocados pelo autor. Favorece a percepção entre o verdadeiro e o falso. Ler com espírito crítico quer dizer ler com reflexão, analisando e ponderando, discutindo e examinando as proposições apresentadas e emitindo juízos de valor;

e) análise: divisão do tem em diversas partes, estabelecendo as relações entre elas, para entender sua organização;

f) síntese: reconstituição das partes, resumindo os aspectos fundamentais, porém em seqüência lógica;

g) velocidade: consiste na leitura rápida, mas eficiente. O pesquisador que precisa ler muitas obras científicas deve fazer as leituras com velocidade, mas sem prejudicar o conhecimento, entendendo o que leu.

Para atingir os objetivos da leitura, devemos identificar as idéias principais do autor.O leitor, ao fazer uma leitura analítica e reflexiva, deve observar o contexto em que o

texto está inserido, isso facilita a compreensão da abordagem feita.

Eis algumas dicas para que se realize uma leitura eficaz.

1. Tenha sempre um objetivo definido. Para que você está lendo? Qual o propósito de sua leitura?

2. Respeite seu ritmo de leitura. Saiba que, com o tempo, você vai ganhando velocidade, à medida que vai aumentando seu hábito de ler.

3. Caso haja palavras desconhecidas no texto, recorra ao dicionário para orientá-lo.4. Procure saber um pouco da biografia do autor, como um indicativo para conhecer a

visão dele.5. Analise as partes do texto e faça sempre a junção delas.6. Saiba fazer uma triagem do que esteja lendo e perceba sua aplicabilidade no

momento.7. Procure compartilhar suas leituras para reforçar seu processo de aprendizagem.8. Aplique os conhecimentos adquiridos com a leitura, caso seja possível, e isso

contribuirá para reforçar todo o processo de aprendizagem do assunto lido.9. Evite sublinhar um texto na primeira leitura. Faça, primeiramente, uma leitura de

reconhecimento e em seguida, realize uma leitura reflexiva.Como proceder?Mandam os especialistas que se proceda, inicialmente, a uma leitura integral do texto

e se determine a unidade de leitura a ser estudada. Para se estabelecer a unidade de leitura, é preciso entender que a unidade é uma parte do texto que apresenta uma totalidade de sentido. O texto fica dividido em etapas que vão sendo sucessivamente estudadas. É um estudo analítico, findo o qual o leitor refaz o sentido total do livro, sintetizando-o.

Mas como procurar a idéia principal na unidade de leitura?Em algumas ocasiões a idéia principal está explícita e é facilmente identificada. Em

outras, ela se confunde com idéias secundárias. Salomon (2002) lembra que os elementos essenciais de uma oração são o sujeito e o predicado; eles encerram a idéia principal.

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Quando se procura a idéia principal do autor em uma obra, usam-se outras técnicas facilitadoras: a leitura do índice, dos títulos e subtítulos, prefácio, introdução, etc..

3.2 A LEITURA ANALÍTICA

A leitura analítica é um estudo de texto com profundidade, de modo a compreendê-lo, apreender a mensagem do autor e a fazer um julgamento sobre o mesmo.

Vejamos, a seguir, como fazer a leitura analítica, aplicando as técnicas de leitura. Inicialmente gostaria de esclarecer que existem diferentes nomenclaturas para designar as etapas da leitura analítica e que optamos pela classificação de Severino (2002).

Ele divide a leitura em três etapas: a análise textual, a análise temática e a análise interpretativa.

3.2.1 Análise textual (preparação do texto)

A primeira leitura é o contato inicial com a unidade de leitura. Nela se adquire uma visão de conjunto do pensamento e do estilo do autor. Nesta leitura nada se sublinha, mas deve-se assinalar, nas margens, os pontos que exigem esclarecimentos para compreensão do texto: informações sobre o autor, sentido das palavras desconhecidas, fatos históricos, outros autores citados, etc..

Conclua a leitura, faz-se uma investigação para buscar as informações, consultando-se obras de referências tais como dicionários, enciclopédias, etc.

O passo final da análise textual pode ser a esquematização do texto que permite sua visualização global, indicando sua estrutura (as idéias que compõem a introdução, o desenvolvimento e as conclusões).

3.2.2 Análise Temática (compreensão do texto)

É feita com o objetivo de levar o leitor a uma compreensão da mensagem veiculada pelo autor na unidade de leitura. Nessa etapa procura-se apreender o pensamento do autor sem nele intervir. Este procedimento é facilitado fazendo-se uma série de perguntas:

- De que trata o texto?- Como está problematizado? Qual a dificuldade a ser resolvida?- Qual a posição do autor sobre o problema? Que idéia defende? (A resposta a

esta questão revela a idéia principal, a tese do autor).- Qual a argumentação do autor?- Existem subtemas ou temas paralelos na unidade de leitura?- Idéias Secundárias (Quais as idéias complementares? Quais as idéias que podem

ser retiradas do texto, pois não fariam falta ao raciocínio?).Esses elementos são essenciais à compreensão efetiva do texto e são a base para a

construção de resumos, que não consiste na mera redução de parágrafos, mas na reescrita do texto, com outras palavras, mantendo-se fidelidade às idéias do autor. Podem ser usados também como indicadores para a construção de roteiros de leitura, de estudos dirigidos ou resumos orientadores para seminários.

3.2.3 Análise Interpretativa (interpretação do texto)

Interpretar, explica Severino, (2002, p.56), é “tomar uma posição própria a respeito das idéias enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o autor a um diálogo, é explorar toda a fecundidade das idéias opostas, é cotejá-las com outras, enfim é dialogar com o autor”.

A análise interpretativa tem papel primordial na construção do leitor sujeito, do leitor crítico. Severino subdivide-a nas seguintes etapas:

- Situar o pensamento desenvolvido na unidade, na esfera mais ampla do pensamento geral do autor;

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- Situar o autor no contexto mais amplo da cultura filosófica;- Explicitar os pressupostos que o texto implica;- Formular um juízo crítico, uma avaliação do texto, fase mais delicada da

interpretação e que exige maturidade intelectual do leitor, cuja vivência pessoal do problema deverá ter alcançado nível que possibilite o debate da questão.

Concluída todas as etapas da leitura analítica, o leitor encontra-se em condições de se tornar um leitor-autor, um produtor de conhecimento; poderá ampliar os aspectos que a análise do texto suscitou e fazer novas proposições. Estará apto a elaborar uma síntese pessoal que se apóia na retomada de pontos levantados nas etapas anteriores e culmina com a contribuição pessoal do leitor para o tema.

Neste sentido, FURASTÉ (2006, p.32) destaca:- problematização (discussão do assunto): levantar questões básicas e implícitas do

texto; discutir as questões levantadas pelo autor; debater os problemas abordados; analisar a organização e influências do texto.

- síntese pessoal (re-elaboração pessoal da mensagem): dar um cunho pessoal ao tema; re-elaborar um novo texto com base na análise desencadeada; promover a resolução de problemas.

- valoração (sentidos do texto): relacionar fatos e opiniões; estabelecer juízos de atuação de personagens.

Como proceder ao encontrar as idéias principais? Como destacá-las no texto? Vejamos a seguir as principais técnicas para tal: sublinhar, esquematizar e resumir.

3.3 A TÉCNICA DE SUBLINHAR

Sublinhar é sinônimo de pôr em relevo, destacar ou salientar. È um procedimento muito usado pelos leitores. No entanto, exige cuidados para que possa ser útil. A primeira recomendação a ser feita é não sublinhar durante a primeira leitura.

È necessário que se tenha um primeiro contato com a unidade de leitura - parágrafo, capítulo, etc. fazendo - se alguns sinais à margem. Quando for feita a segunda leitura, buscar a ideia principal, os detalhes significativos, os conceitos, classificações, etc. que deverão ser, então, sublinhados.

Em suma, ao fazer a segunda leitura, sublinhe o que for relevante para os propósitos de seu estudo, fazendo-o de maneira que ao reler o que foi destacado, a ideia principal esteja clara.

3.4 A TÉCNICA DE ESQUEMATIZAR

O esquema é uma representação sintética do texto através de gráficos, códigos e palavras. Deve ser organizado seguindo uma sequência lógica onde aparecem as ideias principais, aquelas a elas subordinadas e o inter-relacionamento de fatos e ideias.

A elaboração de esquemas exige a participação ativa do leitor na assimilação do conteúdo levando-o, também, a uma avaliação sobre a lógica do texto.

Salomon (2002) destaca as seguintes características de um bom esquema:- fidelidade ao texto- estrutura lógica- adequação ao assunto estudado- utilidade- cunho pessoalLembramos que existem duas maneiras principais de elaborar esquemas:a) gráficos com chaves, colchetes ou colunasb) numeração progressiva, letras ou algarismos romanos

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3.5 A TÉCNICA DE RESUMIR

De acordo com a Norma NBR 6.028, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, resumo é “a apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto”.

Pelo resumo, os pesquisadores poderão tomar a iniciativa de ler ou não o texto na íntegra. Na elaboração do resumo, quatro pontos devem ser destacados no conteúdo do texto: assunto, objetivo do texto, articulação das ideias e as conclusões do autor do texto.

O resumo precisa ser elaborado de forma clara, objetiva, evitando frases inteiras do original, e respeitar as ideias do autor do texto. O resumo é uma condensação do texto. Apresenta as ideias essenciais e pode também trazer a interpretação do leitor, desde que este o faça separadamente. Para elaborar o resumo devem ser usados os mesmos procedimentos indicados para sublinhar e para elaborar esquemas. O objetivo do resumo é de abreviar as ideias do autor sem, contudo, a concisão de um esquema.

Sugestões de como resumir um texto:

Ler não é apenas passar os olhos no texto. É preciso saber tirar dele o que é mais importante, facilitando o trabalho da memória. Saber resumir as ideias expressas em um texto não é difícil. Resumir um texto é reproduzir com poucas palavras aquilo que o autor disse. Para se realizar um bom resumo, são necessárias algumas recomendações: 1. Ler todo o texto para descobrir do que se trata. 2. Reler uma ou mais vezes, sublinhando frases ou palavras importantes. Isto ajuda a identificar. 3. Distinguir os exemplos ou detalhes das ideias principais. 4. Observar as palavras que fazem a ligação entre as diferentes ideias do texto, também chamadas de conectivos: "por causa de", "assim sendo", "além do mais", "pois", "em decorrência de", "por outro lado", "da mesma forma". 5. Fazer o resumo de cada parágrafo, porque cada um encerra uma ideia diferente. 6. Ler os parágrafos resumidos e observar se há uma estrutura coerente, isto é, se todas as partes estão bem encadeadas e se formam um todo. 7. Num resumo, não se devem comentar as ideias do autor. Deve-se registrar apenas o que ele escreveu, sem usar expressões como "segundo o autor", "o autor afirmou que". 8. O tamanho do resumo pode variar conforme o tipo de assunto abordado. É recomendável que nunca ultrapasse vinte por cento da extensão do texto original. 9. Nos resumos de livros, não devem aparecer diálogos, descrições detalhadas, cenas ou personagens secundárias. Somente as personagens, os ambientes e as ações mais importantes devem ser registrados.

Como encontrar a ideia principal no parágrafo? 

Um parágrafo é uma idéia; um conjunto de frases que forma um todo constituído de uma idéia fundamental, em torno do qual giram idéias secundárias em determinado número de linhas.

Entendido o que seja um parágrafo deve-se enumerá-los no texto e, em seguida, sublinhar as idéias principais, fazendo-o com inteligência.

Observe-se que um parágrafo contém como já foi referido, uma só idéia e geralmente começa com uma frase importante. Esta, em seguida, é explicada, ilustrada, acompanhada de frases que o resumem. Neste caso, a idéia principal está no início do parágrafo. Mas, atente-se que, isso não é regra. Muitas das vezes a idéia principal encontra-se no final do parágrafo. Na maioria das vezes, a idéia principal é parte de uma oração e não a oração inteira. Pode-se resumi-la em poucas palavras conforme o exemplo abaixo:

Parágrafo matriz para resumo:

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Contra a possibilidade de uma ciência do comportamento há um outro argumento, a propósito do qual, ao longo dos séculos, se acumula uma literatura tão ampla quão pouco esclarecedora. Refiro-me ao argumento do livre-arbítrio: não podemos formular leis relativas ao comportamento humano, porque os seres humanos são livres para escolher a maneira como irão agir. Reluto em dar atenção a essa discussão fútil, mas a omissão completa poderia ser, suponho eu, chocante; creio que o argumento é de importância especialmente para as ciências do comportamento, que deveriam, examiná-lo dos pontos de vista psicológico e sociológico para saber por que é tão persistentemente apresentado e por que merece acolhida tão firme.

Seguindo as indicações aqui estabelecidas pode-se extrair a idéia principal assim: Contra a possibilidade de uma ciência do comportamento, há o argumento do

“livre-arbítrio”: não podemos formular leis de comportamento humano; os homens são livres para escolher. O argumento merece exame dos pontos de vista psicológico e sociológico.

É fundamental, para o bom entendimento do texto, adquirir o hábito de identificar a idéia principal em todos os parágrafos que se lê. Como encontrar a idéia principal de um capítulo ou secção, na obra? 

Cabe em qualquer leitura atentar para o sumário da obra, procurando informações nos títulos, subtítulos, intentando captar os passos do autor. Há de se observar a hierarquização das idéias: a mais geral para todo o trecho e as menos gerais apresentadas logo abaixo desta. O autor geralmente procura distribuir as idéias, valorizando-as.

Exemplo de hierarquização de idéias em um capítulo:3 TEORIA DA PENA DE MORTE3.1 Conceito de pena3.2 Teorias da pena3.2.1 Teorias da Retribuição (absolutas), 3.2.2 Teorias da Prevenção ou Teorias Finalistas (relativas)3.2.3 Teorias Ecléticas (mistas)3.3 Conceito de pena de morte

 O que são detalhes importantes? 

O próprio autor indica o que é importante para expressar seu pensamento. Assim, os exemplos, os argumentos, as ressalvas, as exceções, são detalhes importantes. Exemplo:

Nem todas as figuras que tipificam crimes contra a Administração Pública elencadas no Código Penal, do art. 312 ao art. 359, servem de base para a imputação do crime de lavagem. Por exemplo, o disposto no art. 322, ao indicar que praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la é um crime de violência arbitrária e, não obstante praticado por funcionário público contra a Administração Pública, não guarda vínculo com a ocultação ou dissimulação de bens, direitos ou valores tocantes aos crimes de lavagem. (grifo nosso) (MOTA, 1996). Finalmente, como redigir o resumo?

Para formular um resumo com a finalidade de aprendizado, alguns lembretes são necessários: sublinhar depois da primeira leitura feita, porquanto ter-se-á a noção do que trata o texto; sempre reconstruir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas, num movimento integrador de ideias; evitar as locuções: “o autor descreve [...]” ou “neste artigo, o autor expõe que [...]”

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Como se pode perceber, há algumas regras para a confecção do resumo, quais sejam: supressão, generalização, seleção e construção. Estas regrinhas, na verdade são etapas do próprio resumo.

Na supressão eliminam-se as palavras secundárias do texto (assim como: exemplos, reforços, esclarecimentos, advérbios, adjetivos, preposições, conjunções) desde que não se prejudique a compreensão.

A generalização permite a substituição de elementos específicos por outros genéricos (exemplos: 1. no lugar de maçã, limão, pêra e laranja, usar a palavra frutas; 2. no lugar de regiões norte, sul, leste e oeste, do Brasil, utilizar regiões do Brasil).

A seleção elimina as informações secundárias com a valorização das primárias. A construção é a fase na qual o autor cria uma nova frase, respeitando o conteúdo daquela que lhe inspirou (paráfrase).

Na formulação do resumo, o problema deve ser enunciado e as principais descobertas e conclusões devem ser mencionadas, na ordem em que aparecem no trabalho. O tratamento dado ao tema pode ser traduzido mediante uso de palavras como preliminar, minucioso, experimental, teórico. O resumo será redigido na terceira pessoa do singular (de preferência), em períodos curtos e com palavras acessíveis a qualquer leitor potencialmente interessado.

4 FICHAMENTO

O fichamento é uma redação sucinta das idéias do texto. Ele é uma interpretação que o leitor faz da obra e, por isso, redigida com suas próprias palavras. Lakatos e Marconi (1991, p.49-50), as fichas permitem identificar a obra; conhecer seu conteúdo; fazer citações; analisar o material; elaborar críticas. As fichas permitem ao estudante guardar com exatidão dados coletados em diferentes fontes e que servirão para seu estudo.

A maneira mais indicada é fazer registros em fichas e organizá-las em fichários. Atualmente a informática está introduzindo novos procedimentos; estes procedimentos variam de pessoa a pessoa.

Você pode recorrer a vários tipos de fichamento: ficha biográfica, bibliográfica, de citações, de resumo, de leitura entre outras. Apresentamos as mais utilizadas:

4.1 FICHA BIBLIOGRÁFICA

O fichamento bibliográfico serve apenas como um guia de busca; onde seleciona o material e faz um registro numa ficha, incluindo dados bibliográficos completos do texto e um resumo do seu conteúdo, feito apenas a partir do sumário.

Podemos dizer que essa é uma fase de reconhecimento, uma “pré-leitura” que permite uma primeira aproximação do assunto a ser investigado. Nessa fase, o pesquisador examina prefácios, introdução, conclusão, sumários etc. Esse tipo de fichamento é, na verdade, um guia bibliográfico par o aluno e tem como objetivos, segundo o autor Pádua, 1996, p.42-43:

Evitar pesquisas com a mesma abordagem (a não ser nos casos de verificação ou confirmação);

Pesquisar se existem e verificar como foi pesquisado, quais os instrumentos (técnicas) utilizados e se há possibilidade de se aperfeiçoar técnicas já existentes;

Estabelecer uma visão global e crítica a respeito do problema e das hipóteses levantadas para a sua solução;

Iniciar (pré-seleção) o guia bibliográfico, indicando a possível bibliográfica complementar para o estudo da temática proposta.

É importante que o levantamento bibliográfico inicial seja discutido com o professor-orientador, que poderá indicar a necessidade de ampliar e diversificar o material selecionado para o início do trabalho. Lembre-se que esse é um levantamento inicial. No decorrer da

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pesquisa, a reflexão geralmente indica novas necessidades de aprofundamentos de questões inicialmente não previstas.

Exemplo FICHA BIBLIOGRÁFICA

Título: O futuro da democracia___________________________________________________________________________Autor: Norberto Bobbio.___________________________________________________________________________Referência Bibliográfica:

BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia. Trad. Marco Aurélio Nogueira. 9. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. 207 p.

___________________________________________________________________________ Indicado para: Bacharéis em Direito, Administradores, Políticos, Educadores e pesquisadores.___________________________________________________________________________

Resumo da obra (Referências Importantes)

A obra está organizada com os seguintes temas: O futuro da democracia: Democracia representativa e democracia direta; Os vínculos da democracia; A democracia e o poder visível; Liberalismo velho e novo; Contrato e contratualismo no debate atual: Governo dos homens ou governo das leis? Democracia e sistema internacional. Os ensaios nele reunidos, escritos para servir ao público que se interessa por política, são textos de combate, desejosos de desfazer equívocos – como o que opõe a democracia direta à democracia representativa ou o que propõe o desmantelamento como forma de combater o excesso de Estado – e preocupados em recuperar para o debate os temas e os ideais do melhor pensamento político. Procurando combinar a grande tradição liberal com tradição socialista, num dedicado equilíbrio entre liberdade e justiça social, estruturam-se como polêmica vibrante e refinada contra a direita reacionária e contra todos os dogmáticos. São textos incômodos, para serem lidos e discutidos por todos os que buscam seguir adiante. Não requerem qualquer concordância prévia para serem admirados. São um convite à reflexão engajada e despreconceituosa. Uma aposta incondicional no valor da política e da democracia. Indispensável em época de difícil reconstrução e confusas esperanças.

4.2 FICHA DE LEITURA.

Recomendamos que a ficha de leitura seja organizada em três partes: O resumo das idéias do autor: apresentação por escrito da compreensão do texto,

por tópicos, com vocabulário próprio; Destaque de citações do autor: apresentação de algumas passagens do texto

consideradas mais relevantes e que representam cada tópico anteriormente destacado (não esquecendo de registrar sempre o número da página);

Interpretação do texto: reconstrução mais livre do tema abordado no texto, expressando um diálogo com o autor, incorporando ou questionando posições assumidas.

Você pode organizar esse tipo de fichamento da seguinte forma:

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Exemplo de Ficha de leitura.

Título: Pobreza política_________________________________________________________________________________Autor: Pedro Demo__________________________________________________________________________________Referência Bibliográfica:

DEMO, Pedro. Pobreza Política. 6. ed. Campinas,SP: Autores Associados, 2001.

_________________________________________________________________________________

Indicado para: Estudantes dos cursos de Licenciaturas, Bacharéis em Direito, Economia, Administradores, Política, Educadores e pesquisadores, enfim, leitura recomendada a todas as áreas.

Resumo:

O autor discute a problemática relativa à pobreza política, centrando o trabalho no processo de conquista e organização da cidadania. Não coloca dicotomia entre as duas formas de pobreza. Condiciona uma a outra.Apresenta uma definição teórica e prática de pobreza, para além de sua aparência material socioeconômica. Definição de pobreza política como ignorância historicamente produzida e mantida. Desenho de estratégias de combate à pobreza tendo o pobre como fator central. Papel do Estado e controle democrático. Problema da qualidade e definição de qualidade como participação.

Citações Importantes:“(...) Se quisermos democracia não momentânea, mas cotidiana, é fundamental instituí-la onde se dá normalidade diária da vida. Por isso é possível afirmar: não existe democracia confiável se o espaço do trabalho não for a própria expressão de sua realização histórica. Se a sobrevivência não estiver regulada democraticamente. Tudo o mais está prejudicado, porque tende a ser democracia acessória”. p.27“O poder da informação. É pobreza política não se lutar pelo direito de informação, de expressão, de comunicação. Faz parte dos conteúdos mais legítimos da democracia a transparência da informação, evitando-se processos administrativos vedados ao conhecimento do público” p.31.“O capitalismo liberal esconde certamente uma farsa: é livre somente para quem tem a posse dos meios de produção. Liberdade comprada, não como direito humano fundamental, incondicional. Levado ao extremo, o capitalismo liberal implanta a selvageria, porque coincide com a lei do mais forte, que é precisamente a falta total de lei (...)” p. 61.

Comentários:Colocar a questão da pobreza será estranho para muitos, porque somente reconhecemos nela o eco material. Pobre é faminto. É quem habita mal ou não tem onde habitar. É quem não tem emprego ou recebe remuneração abaixo dos limites da sobrevivência. Não estamos habituados a considerar como pobre a pessoa de sua cidadania , ou seja, que vive em estado de manipulação, ou destituída da consciência de sua opressão, ou coibida de se organizar em defesa de seus direitos. A pobreza política é uma tragédia histórica, na mesma dimensão da pobreza socioeconômica, e se retrata, entre outras coisas, na dificuldade de formação de um povo capaz de gerir seu próprio destino e na dificuldade de institucionalização da democracia.

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4.3 FICHA BIOGRÁFICA

BOBBIO

NORBERTO BOBBIO

1909-2004

Nascido na cidade industrial de Turim (Itália) em 18 de outubro de 1909. Norberto Bobbio

formou-se em Direito e Filosofia ainda na década de 1930, mesmo período em que foi preso por

se opor ao fascismo. Ao longo de sua carreira, tornou-se professor universitário e colaborador de

diversos jornais e revistas, incluindo o prestigioso “Corriere della Será”. Bobbio escreveu

centenas de livros, ensaios e artigos. Participou das grandes transformações de seu país,

equilibrando-se entre o liberalismo e o socialismo. Considerado um dos filósofos mais importantes

do século 20. O filósofo foi nomeado senador vitalício em 1984, pelo então presidente Sandro

Pertini (1978-1985). Há cerca de uma década, foi considerada a possibilidade de ser candidato à

presidência italiana – um cargo de pouco poder político, mas grande autoridade moral.

Em 1935, foi brevemente preso por sua oposição ao regime fascista.

Durante a segunda guerra mundial (1939-1945), Bobbio atuou no movimento de resistência

antifascista e integrou o “Partido de Ação”, grupo de radicais de esquerda que mais tarde

ajudaram a moldar a política pós-guerra.

Doutor em Filosofia, era professor benemérito da Universidade de Turim, onde deu aulas de

Filosofia do Direito, Ciências Políticas e Filosofia da Política durante várias décadas.

Em 1975, o intelectual italiano iniciou em seu país um debate sobre socialismo, democracia,

marxismo e comunismo, que influenciou as novas gerações de toda Europa.

Ao longo de sua carreira, Bobbio escreveu centenas de livros, ensaios e artigos. Um de

seus livros mais importantes é “Política e Cultura” (1955). A obra vendeu mais de 300 mil cópias

na Itália – um número grande para os padrões do país – e foi traduzida para 19 idiomas. Seu

ensaio “Destra e Sinistra” (Direita e Esquerda, 1994 publicado em português pela editora

UNESP), foi uma de suas obras mais vendidas. Outras obras publicadas no Brasil, pelas Edições

Graal e pela Editora Paz e Terra: O conceito de sociedade civil (1982); Qual o socialismo? (1983);

Estado, Governo e Sociedade (1987), etc.

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5 RESENHA

A resenha é por definição a apreciação de uma obra literária ou de um texto que tem como objetivo dar uma ideia do conteúdo de uma determinada obra. São textos críticos e informativos. O resenhista, além de ter lido o livro, precisa ser um conhecedor do assunto para poder discuti-lo e criticá-lo de forma abrangente e rigorosa.

Uma resenha serve a seus propósitos quando desperta a atenção do leitor para a obra em questão, situando-o quanto à importância de tal lançamento editorial na área a que e destina (literatura, filosofia, psicologia etc.). Para que isso ocorra é necessário um texto fluente contendo as seguintes informações (MEDEIROS, 1991, p. 76 apud LAKATOS; MARCONI, 1985):A - Referências bibliográficas:- Autor - Título da obra - Elementos de Imprensa (local da edição, editora, data) - Número de páginas.B - Credenciais do autor.- Informações sobre o autor, nacionalidade, formação universitária, título, outras obras.C - Resumo da obra:- Resumo das idéias principais da obra. De que trata o texto? Qual sua característica principal? Descrição do conteúdo os capítulos ou partes da obra. Metodologia (método e técnicas). Dica: seguir pela ordem dos capítulos (subitens). De maneira objetiva responder ao título. Cada paragrafo no máximo cinco frases. D - Conclusões da autoria:- Quais as conclusões a que o autor chegou?E - Quadro de referência do autor:- Que teoria serve de apoio ao estudo apresentado? Qual o modelo teórico utilizado?F - Crítica do resenhista (apreciação)- Julgamento da Obra. Qual a contribuição da obra? As idéias são originais? Como é o estilo do autor: conciso, objetivo, simples? Idealista? Realista? Pegar a ideia em destaque para dialogar com o autor. Em se tratando de critica, abordar uma disciplina já estudada (que se tenha mais facilidade).G - Indicações do resenhista:- A quem é dirigida a obra? A obra é endereçada a que disciplina? Pode ser adotada em algum curso? Qual?

Esses são os elementos estruturais de uma resenha. Em alguns casos, não é possível dar resposta a todas as interrogações feitas; outras vezes, se publicada em jornais ou revistas não especializados, pode-se omitir um ou outro elemento da estrutura da resenha.

Deve ser abordado a quem se destina, procurando definir o nível de conhecimento necessário para que as idéias do autor possam ser assimiladas.

A resenha deve ser desenvolvida segundo a seqüência lógica do texto. Para possibilitar uma consulta rápida ou esclarecer dúvidas, podem ser mencionados o capítulo e a página.

É importante ressaltar se o trabalho é teórico ou resultante de experimentações; se apresenta exemplos, tabelas, gráficos devidamente comentados; se a obra tem objetivos didáticos e se possui exercícios.

O resenhista deve dar uma idéia completa do conteúdo da obra, inclusive do seu aspecto formal, quanto a apresentação de títulos e subtítulos, se para cada capítulo existe uma introdução e uma conclusão ou se há apenas uma introdução e uma conclusão geral para toda a obra. Existem vários tipos de resenha: informativa, crítica, informativa-crítica.

A resenha pode ter como objetivo simplesmente apresentar uma síntese do conteúdo da obra, tem a função meramente informativa. No caso do resenhista adotar uma posição crítica em relação à obra e nesse caso, além da exposição das idéias do autor, faz uma crítica comparando-a com as idéias de outros autores, avaliando-as segundo o estágio de desenvolvimento em que determinado assunto se encontra e também segundo suas convicções. Nesse caso, pressupõe que o resenhista tenha conhecimento a respeito do assunto, objeto do trabalho. Essa é denominada resenha crítica. Segue exemplo de resenha informativa.

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MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 12. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. 2 v. 1644 p.

Flor de Liz Silva1

 O Direito Internacional Público (DIP) é o ordenamento jurídico da sociedade

humana na sua ampla acepção e, assim, há de ser eminentemente dinâmico,

acompanhando-lhe a evolução. Interessa não apenas ao especialista, mas a todos.

Toda a vida política, econômica, social e cultural está se internacionalizando, e o

Direito Internacional é o instrumento deste processo.

O Autor revela a preocupação de produzir obra de profundidade aliada à informação científica atualizada, indispensável ao estudo de um Direito que exige um cotejo permanente com os fatos, no seu desdobramento interminável.

Esta 12ª edição apresenta-se revista, ampliada e atualizada, levando em

consideração as transformações ocorridas no DIP após a última edição. Inicia a obra

com uma excelente resenha doutrinária. Enumera e critica o melhor do pensamento

jurídico internacionalista, sem que o Autor omita a sua posição, definida com

clareza.

A bibliografia citada não pretende ser exaustiva. Ela representa, de um modo

geral, as fontes consultadas para a elaboração do capítulo ou parágrafo. Serve

também de guia aos alunos para a elaboração de seus trabalhos práticos.

Referindo-se a esta obra, disse o grande internacionalista Professor Franchini Netto:

“o Autor, com modéstia, afirma que o livro se destina aos estudantes. Tenho a

segurança de que maior é a área de sua utilidade. É obra que consagra seu jovem e

brilhante Autor. Um trabalho que merece o aplauso dos estudiosos”.

1 Acadêmica do 1º semestre do Curso de Direito da Faculdade Católica Rainha da Paz, Turma A, 2011, Araputanga-MT. Resenha apresentada na disciplina de Metodologia Cientifica, sob a orientação da professora Cleusa Bernadete Larranhagas Mamedes.

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6 METODOLOGIA DE ARTIGO CIENTÍFICO

  O artigo é uma pequena parcela de um saber maior, cuja finalidade, de um do geral, é tornar pública parte de um trabalho de pesquisa que se está realizando. São pequenos estudos, porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente científica, mas que não se constituem em matéria para um livro. Comunicar os resultados de pesquisas, ideias e debates.

6.1 Finalidade de um Artigo Científico

Servir de medida da produtividade (qualitativa e quantitativa) individual dos autores e das instituições a qual servem.

Servir de medida nas decisões referentes à contratação, promoção e estabilidade no emprego.

É um bom veículo para clarificar e depurar suas ideias.

Um artigo reflete a análise de um dado assunto, num certo período de tempo.

Serve de meio de comunicação e de intercâmbio de ideias entre cientistas da sua área de atuação.

Levar os resultados do teste de uma hipótese, provar uma teoria (tese, trabalho científico).

Registrar, transmitir algumas observações originais.

Servir para rever o estado de um dado campo de pesquisa.

Para a elaboração do artigo científico, é necessário seguir orientações conforme adaptação das Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas para Trabalhos Acadêmicos NBR`s 6022/1994, 6023/2002 e 10520/2002.

1. Tipo de fonte ARIAL ou TIMES

2. Papel formato A4: 210mm X 297mm.

3. Margens:

3.1 Superior 3cm;

3.2 Inferior 2cm;

3.3 Esquerda 3cm;

3.4 Direita 2cm.

4. Espacejamento: entre linhas e entre parágrafos é 1,5;5. Parágrafos: justificados;6. Numeração de páginas: no canto superior direito iniciando na introdução do trabalho;7. Estruturas de parágrafos: iniciar sempre o parágrafo com uma tabulação para indicar o início ( um recuo no começo do parágrafo).

8. Tamanho da fonte:

8.1 No título do artigo (em letras maiúsculas) = 12;

8.2 No nome do(s) autor(es) = 10;

8.3 Na titulação (nota de rodapé) 10;

8.4 No resumo = 10;

8.5 Nas palavras-chave = 12;

8.6 Na redação do texto (introdução, desenvolvimento e conclusão) = 12;

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8.7 Nas citações longas = 10

8.8 Nas referências = 12.

9. Citação:

      9.1 Destacar a fonte, quando citação breve de até três linhas no mesmo parágrafo;

9.4 Utilizar um recuo maior ( 4) do parágrafo, quando citação longa, com tamanho da fonte 10, aplicar espaço simples no parágrafo (não é necessário negrito nem itálico) no parágrafo;

9.5 Atentar para NBR 10520/2002;

9.6 Apor o sobrenome do autor, ano da publicação da obra e número da página. 

 Título do Artigo (Modelo de estrutura)

(NOME DO TEMA ABORDADO; CENTRALIZADO EM LETRAS MAIÚSCULAS;

TAMANHO DA FONTE 12)

Dois espaços 1,5

 Resumo: elaborar um resumo para convidar o leitor para a leitura do artigo, um parágrafo estruturado de cinco a dez linhas, sobre o tema indicando os objetivos do estudo desenvolvido com espaço entre linha simples; tamanho da fonte 10; com parágrafo justificado.

  Dois espaços 1,5

  Palavras-chave: escolher entre três e cinco palavras importantes sobre o tema que foi desenvolvido, e colocar como palavras-chave do artigo (fonte 12; espaço entre linhas 1,5; parágrafo justificado).

Dois espaços 1,5

  Iniciar a redação sobre o tema com estruturação de parágrafos, introdução, desenvolvimento e conclusão de forma clara e ortograficamente correta (tamanho da fonte 12; espaço entre linhas 1,5; parágrafos justificado).

Dois espaços 1,5

  Iniciar em ordem alfabética as Referências, conforme modelo e adaptação da NBR 6023/2002.

6.2 Estrutura do Artigo

1. PRELIMINARES- Cabeçalho – Título (subtítulo) do trabalho- Autor(es)- Crédito dos autores em nota de rodapé (formação, outras publicações)2. RESUMO DO TEXTO3. PALAVRAS-CHAVE4. CORPO DO ARTIGO- Introdução – apresentação do assunto, objetivos, metodologia.- Corpo do Artigo – texto, exposição, explicação e demonstração do material; avaliação dos resultados- Considerações finais: comentários – dedução lógica5. PARTE REFERENCIAL- Referências bibliográficas em conformidade com as Normas de referências.

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7 ARTIGO DE OPINIÃO

É um texto opinativo, de cunho argumentativo. Trata-se de um gênero em que a opinião de um autor sobre um assunto de relevância é defendida, através de recursos argumentativos: comparações, exemplificações, depoimentos, dados estatísticos, etc. Características: 1-liberdade estrutural, 2-o autor domina o assunto, 3-é assinado, 4-a linguagem costuma variar conforme o perfil dos leitores (formal – linguagem de acordo com o publico a quem vai ser direcionada a obra), 5-apresenta uma clara intenção persuasiva.

Estrutura:

1. Contextualização e/ou apresentação da questão em discussão.2. Explicitação da questão em discussão.3. Utilização de argumentos que sustentam a posição assumida.4. Consideração de posição contrária e antecipação de possíveis argumentos contrários à posição assumida. (pode se tratar de ideias que refutem o assunto que se está defendendo)5. Utilização de argumentos que refutam a posição contrária.6. Retomada da posição assumida e/ou retomada do argumento mais enfático.7. Proposta ou possibilidade de negociação.8. Conclusão (pode ser retomada da tese ou posição defendida).É importante não se contentar mais como “cara” de redação escolar. É preciso ousar. Ousar com responsabilidade, bom senso, e respeito à estrutura básica de uma dissertação: a apresentação do tema abordado.

Movimento argumentativo:

1. Sustentação: só se leva em conta a posição que se pretende defender, através do encadeamento de indícios, provas, argumentos que corroborem o que se pretende afirmar;2. Refutação: busca-se a rejeição de uma tese defendida ou de argumentos apresentados que sejam contrários à opinião do autor (contra-argumentos).3. Negociação: incorpora-se parte do ponto de vista do outro, num aparente esforço de entendimento, mas na verdade esse recurso é só uma estratégia de enfraquecimento do que se apresenta como contrário ao que se quer defender.

Orientações para produzir um bom artigo de opinião é aconselhável seguir algumas orientações. Observe:

a) Após a leitura de vários pontos de vista, anote num papel os argumentos que achou melhor, eles podem ser úteis para fundamentar o ponto de vista que você irá desenvolver.b) Ao compor seu texto, leve em consideração o interlocutor: quem irá ler sua produção. A linguagem deve ser adequada ao gênero e ao perfil do público leitor. Deve-se ter preocupação fundamental com o tema oferecido, levando-se em conta que o parágrafo introdutório é o norteador de toda a estrutura dissertativa, aquele que carrega uma idéia nuclear a ser utilizada de maneira pertinente em todo o desenvolvimento do texto. Existem diversas maneiras de se elaborar a introdução de um artigo de opinião.c) Escolha os argumentos, entre os anotados, que podem fundamentar a idéia principal do texto de modo mais consciente e desenvolva-os: -De autoridade: a conclusão se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no assunto ou dados de instituições de pesquisa;- De princípio: a justificativa é legítima, faz apelo a princípios, o que torna a conclusão quase que incontestável;- Por causa: a justificativa e a conclusão têm uma reversibilidade plausível;- Por exemplificação: a justificativa remete a exemplos comparáveis ao que se pretende defender.

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- Apresentando dados estatísticos sobre o assunto enfocado pelo tema: "Hoje, nas grandes cidades brasileiras, não existe sequer um indivíduo que não tenha sido vítima de violência: 48% das pessoas já foram molestadas, 31% tiveram algum bem pessoal furtado, 15% já se defrontaram com um assaltante dentro de casa, 2% presenciaram assalto a ônibus...“ (Colocar a fonte de onde foi extraída tal informação).

- Interrogação ou uma seqüência de interrogações – é uma forma criativa de envolver e despertar a atenção do leitor. Deve-se tomar cuidado com o número de interrogações: todas deverão ser respondidas por você nos parágrafos argumentativos, pois, afinal, é você quem estará opinando e não deve esperar que o seu leitor responda por você, muito menos sua banca corretora. “É verdade que, depois da porta arrombada, uma tranca é sempre nela colocada? Foi pensando assim que o governo nomeou a procuradora aposentada Anadyr de Mendonça Rodrigues para comandar a Corregedoria Geral da União, que tem status de ministério, porque visa à apuração de todas as irregularidades cometidas no país."- Alusão histórica – organiza-se uma trajetória que vá do passado ao presente, do presente para o passado, ao comparar social, histórica, geograficamente fatos, ações humanas, ideologias, etc. "Na Idade Média, no Renascimento ou até mesmo durante o Século das Luzes, a mulher esteve sempre à disposição da família, dos trabalhos domésticos e da criação dos filhos; somente no século XX ela ganha, ainda que não suficientemente, coragem para inserir-se no “mundo dos homens": pilota, dirige grandes empresas, constrói edifícios." d) Pense num enunciado capaz de expressar a idéia principal que pretende defender.e) Pense na melhor forma possível de concluir seu texto: retome o que foi exposto, ou confirme a idéia principal, ou faça uma citação de algum escritor ou alguém importante na área relativa ao tema debatido.f) Crie um título que desperte o interesse e a curiosidade do leitor.g) Formate seu texto em colunas e coloque entre elas uma chamada (um importante e pequeno trecho do seu texto)h) Após o término, releia seu texto observando se nele você se posiciona claramente sobre o tema; se a idéia é fundamentada em argumentos fortes e se estão bem desenvolvidos; se a linguagem está adequada ao gênero; se o texto apresenta título e se é convidativo e por fim observe se o texto como um todo é persuasivo. Reescreva-o se necessário.1- DECLARAÇÃO INICIAL –Tomar cuidado com as afirmações que generalizem certos casos. DEFINIÇÃO: quando se tem por objetivo conceituar algo (um processo, uma ideia, uma situação) “Violencia é toda ação marginal que atinge um individuo de maneira irreversível...” Abre-se o parágrafo com uma afirmação. É a forma mais comum de se desenvolver a introdução. “Política e televisão são duas instâncias da sociedade brasileira que parecem reunir o maior número de pessoas despreparadas e desqualificadas. É como se escolhessem a dedo as piores pessoas (com raras exceções) para legislar ou executar, animar shows de auditório ou de entrevistas, etc.”.

Nos gêneros argumentativos em geral, o autor tem a intenção de convencer seus interlocutores e para isso precisa apresentar bons argumentos, que consistem em verdades e opiniões.

O artigo de opinião é fundamentado em impressões pessoais do autor do texto e, por isso, são fáceis de contestar. A partir da leitura de diferentes textos, o escritor poderá conhecer vários pontos de vista sobre um determinado assunto.

CONCLUSÃO: retome o que foi dito na introdução, porem, sem se repetir de forma tão evidente. Evite que indique tratar-se de conclusão. O ultimo paragrafo já é a conclusão. Não utiliza pronomes pessoais. Seja conciso e seguro ao reafirmar sua posição.

No Artigo de Opinião, sugerimos usar a seguinte estruturação de parágrafo: 1° Parágrafo: Apresentação da ideia a ser defendida. Aqui você deve apresentar a ideia, mostrando já sua opinião. Parágrafos do meio: Para cada argumento que você tiver, use um parágrafo, apresente o argumento, use os dados (referencie com autores selecionados na leitura seu argumento)

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que tem para justificá-los e encerre. Não enrole, fale tudo da maneira mais direta que for possível. Apresente no mínimo 3 argumentos, para ser convincente. Ultimo Parágrafo: Aqui você fecha suas ideias, conclui o que tem quer ser dito, e reafirma a ideia principal. Aos argumentos, Sempre afirme o que você pode provar, seja com fatos, ou suposições, mas passe a impressão que você tem certeza do que está dizendo.

7.1 Dicas para escrever Artigos (científicos e de opinião)

1) Antes de escrever, elabore um roteiro: tenha uma ideia clara do que você quer demonstrar, confirmar/desmentir, ilustrar, exemplificar, testar, comparar, recomendar etc. O começo, o meio e o fim do artigo devem estar claros para você antes de ele começar a ser escrito. Lembre-se: qualquer autor passa muito mais tempo revendo/reescrevendo (quase sempre mais de uma vez) os diferentes trechos de um texto, do que escrevendo-os. Por isso, o roteiro ajuda a compor a primeira versão que, em seguida, será objeto de várias revisões.

2) Valorize a fórmula consagrada de escrita chamada SVP – “sujeito, verbo e predicado”. Escreva “O conselho discutiu a regra”. Não escreva “Discutiu a regra o conselho” ou “Discutiu o conselho a regra”. Usar deliberadamente a voz ativa, sempre que possível, ajuda a usar a fórmula SVP – evite usar “A regra foi discutida pelo conselho” ou “Foi discutida pelo conselho a regra”. Usar esta fórmula simples de escrita ajuda a tornar o texto claro e preciso, encurta as suas sentenças e diminui a possibilidade de cometer erros de concordância, entre outros.3) Evite generalidades, mas abuse dos dados. Cada afirmação do seu artigo deve ser capaz de ser respaldada por dados, achados e interpretações encontrados em artigos e textos de outros autores ou na sua própria pesquisa. Não importa tanto o que – ou quem - você usa para respaldar as suas afirmações, nem que você respalde explicitamente cada afirmação, mas elas têm que ter respaldo. 4) Eu acho”, “eu prefiro”, “o melhor é”, “deve ser”, “tem que ser”, “todo mundo sabe que”, “sempre foi assim”, “a tendência natural é” - nada disso dá respaldo a argumentos usados em textos científicos. Essas expressões indicam manifestações de normatividade, de opção pessoal ou de preferência. Evitar.5) Seja lógico: após o A, vem o B, e não o C ou o D. Releia as suas afirmações e conclusões: veja se elas têm mesmo respaldo empírico e se decorrem logicamente da sua argumentação. É muito comum o uso de expressões como “dessa maneira”, “portanto”, “segue-se que”, “assim”, “conclui-se que” etc., sem que de fato haja relação lógica entre as conclusões e as frases que a precedem. 6) Mantenha as suas sentenças curtas. (Sentenças longas exigem o uso excessivo de recursos como vírgulas, dois pontos, pontos e vírgulas, travessões, parênteses etc. 7) Reserve tempo para sempre ler bons textos é fundamental para aprender a escrever. Procure textos que se relacionem com as suas deficiências de escrita. 8) Não use apud quando puder se referir diretamente a um autor/texto, pois este é um recurso excepcional. Leia e cite sempre o autor e o texto originais.9) Busque sempre usar como fontes os autores mais reconhecidos, as maiores autoridades no assunto. Aprenda a usar ferramentas que lhe permitam identificar os autores mais importantes em cada área de saber, inclusive aqueles com quem você não necessariamente concorda. No entanto, os autores não devem ser usados ou citados apenas porque são reconhecidos, mas sim porque são bons e pertinentes à construção de seu texto.

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10) Regra de ouro para publicar artigos: “quem não pesquisa, não escreve; quem não escreve, não submete; quem não submete, não é aceito; quem não é aceito, nunca será publicado;. quem não é publicado permanece anônimo, e de nada vale um cientista ou intelectual anônimo.”

7.2 Recomendações quanto a escrita:

A) Pleonasmos a evitar

Os exemplos clássicos do pleonasmo são os famosos "subir para cima" e "descer para baixo". No entanto, há outros pleonasmos, às vezes bem sutis, outras vezes bem mais óbvios. Eles devem ser evitados, pois constituem erros, diluem a atenção do leitor e o afastam da substância do seu artigo.

Eis uma lista sumária de pleonasmos comuns:

errado ou ruim certo ou melhora razão é porque... a razão é...a seu critério pessoal... a seu critérioa última versão definitiva a versão definitiva / a última versãoabertura inaugural abertura / inauguraçãoacabamento final acabamento / finalizaçãoamanhece o dia amanheceanexo junto à carta anexoautorização prévia autorizaçãocerteza absoluta certezacomo já mencionado previamente na seção anterior...

como mencionado...

comparecer em pessoa comparecercontinua a permanecer permanececonviver junto convivercriação nova criaçãode sua livre escolha de sua escolhademasiadamente excessivo demasiado / excessivodetalhes minuciosos detalhes / minúciase, além disso, há também... além disso, há...e, também, e...elo de ligação eloem duas metades iguais em duas metades / em duas partes iguaisempréstimo temporário empréstimoencarar de frente encararescolha opcional escolha / opçãoexceder em muito exceder / superarexpressamente proibido proibidofato real fato / realidadefechamento final fechamento / conclusão / finalizaçãogritar bem alto gritarhá anos atrás há anosjuntamente com commultidão de pessoas multidão / muitas pessoasnos dias 8, 9 e 10 de abril, inclusive nos dias 8, 9 e 10 de abriloutra alternativa alternativaplanejar antecipadamente planejarPoderá potencialmente ocorrer poderá ocorrer / tem potencial de ocorrer

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pode possivelmente significar pode significar propriedade característica característicaquantia exata quantiaRepetir de novo repetirretornar de novo retornarsintomas indicativos sintomassuperávit positivo superávitsurpresa inesperada surpresatodos foram unânimes foram unânimes / houve unanimidadevereador da cidade vereadorvoltou a repetir repetiu

Note-se que todas essas repetições são dispensáveis. Por exemplo, "surpresa inesperada". Existe alguma surpresa esperada? Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias. Fique atento às expressões que utiliza no seu dia-a-dia, falando e, principalmente, escrevendo. Verifique se não está caindo nesta armadilha.

B) Vícios de expressão e de escrita.

Um texto científico não deve ser apresentado de forma coloquial, embora não deva também ser hermético e de difícil compreensão. Exemplos comuns: A nível de , deve ser substituído por em, ao ou no nível de; Através , quando não se está referindo a atravessar, deve ser substituído por mediante,

por meio de, por intermédio de; O uso freqüente de extremo ou extremamente para indicar a importância de várias

coisas/pessoas/fatos no mesmo texto acaba diluindo a importância daquilo que o autor pretende destacar; extremo ou extremamente deve ser usado para qualificar uma única coisa/pessoa/fato;

Preste atenção às expressões importadas, por exemplo: face a não é da língua portuguesa; use em face de;

Cuidado com o tempo verbal adotado. Alguns costumam passar do presente ao passado e vice-versa, de forma instável, deixando o leitor confuso. Escolha um tempo verbal e aplique-o ao longo de todo o texto ou de todo o trecho pertinente; mude de tempo verbal apenas quando for indispensável;

Cuidado com o uso do pronome pessoal. Não use eu e evite o nós quando possível. O melhor é usar uma forma mais impessoal. Assim, não use eu constatei que... e, se possível, evite o nós constatamos que.... Na medida do possível, prefira constata-se que...;

Se você usar assim sendo ou em outras palavras, repare se você não está repetindo a idéia exposta anteriormente. Em geral, está.

Um parágrafo deve exprimir um raciocínio, uma ideia, um assunto, dentro de um texto mais longo que trata necessariamente de vários raciocínios, várias ideias, e vários assuntos. Se o seu parágrafo tiver apenas uma sentença - e sobretudo se parágrafos como esse forem recorrentes no seu texto – geralmente você está fragmentando demasiadamente o fluxo da sua exposição e enfraquecendo o seu texto. Espere concluir a exposição daquele particular ponto e só então mude de parágrafo.

Por outro lado, se os seus parágrafos forem sempre grandes, com mais de 10 sentenças, você geralmente está desenvolvendo mais de um raciocínio, ou expondo mais de uma ideia, tratando de mais de um assunto ao mesmo tempo. Tente ser mais sucinto e objetivo em cada parágrafo. Quando tiver escrito um parágrafo muito grande, reveja-o para identificar onde você concluiu uma argumentação, descrição ou comentário. Faça depois dele um ponto parágrafo, aproveitando o que já escrito na seqüência para começar um novo parágrafo.

Uma sentença longa é de difícil entendimento. Se você chegar à terceira linha de uma

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sentença e ela ainda não acabou, encontre uma forma de colocar um ponto final e de começar uma nova sentença. Isso quase sempre é possível e o seu texto ganha em clareza e organização. Procedendo assim, você estará valorizando o seu texto e facilitando a vida do leitor.

Sentenças longas são difíceis de entender porque acabam exigindo excesso de artifícios para “colar” as suas muitas partes umas com as outras. Vírgulas, pontos e vírgulas, travessões e parênteses são os artifícios mais visíveis. Menos visíveis, mas por vezes ainda piores para o entendimento do texto, são pronomes em excesso (que, aquele, o qual, seu, cujo etc.), conectivos (e, também, igualmente, ainda) e gerúndios. Fuja dos gerúndios, que enfeiam o texto e o fazem parecer roteiro de tele-vendas: “vamos estar fazendo...” pode ser substituído por “faremos”.

Cada vez que você iniciar uma sentença com “nesse sentido”, “portanto”, “destarte”, “assim” etc., tente apagar essa palavra. Você verá que ela é quase sempre dispensável.

Em um artigo, a introdução serve para introduzir. Não deve descrever um posicionamento ou debate teórico. Isso é para ser tratado em unidade posterior do texto.

Em um artigo, a conclusão, serve para concluir. Não deve conter posicionamento ou debate teórico. Isso deve ter sido feito em unidade anterior do texto. Acima de tudo, não apresente ideias e conceitos novos na conclusão. Se eles não apareceram antes no texto, então não cabem na conclusão.

Quando a pesquisa usa entrevistas, deve-se resistir à tentação de usar no texto transcrições numerosas e longas das falas dos entrevistados. Outra prática a evitar é o de transcrever essas falas mantendo os erros de português (“pra”), os jargões, os vícios de fala (“então”, “aí”) e as gírias, que só dificultam o entendimento, embora pareçam dar ao texto um tom “democrático” ou “realista”. O melhor é moderar o uso de transcrições de falas e, quando elas forem usadas, editá-las para que elas ajudem o entendimento do leitor.

Ao citar trechos de obras escritas em outras línguas, o autor deve levar em conta as suas próprias limitações como tradutor. Se o autor resolver traduzir os trechos citados, sempre deve avisar que a tradução foi feita por ele. Transcrever o trecho na língua original é uma solução válida - não deve haver medo de ser considerado “pedante” por causa disso.

q) Deve ser dado um trato especial às bibliografias ou às listas de referências, que freqüentemente são consultadas antes que leitores potenciais decidam ser leitores de fato de um texto. Elas documentam o diálogo do autor com a literatura pertinente e ajudam o leitor a situar o seu texto. Todos os autores e obras citados no texto devem constar delas e as regras de escrita das referências devem ser obedecidas para todas as obras citadas.

8. NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DE RELATÓRIOS DE PESQUISA Objetivo definido (TEMA, OBJETIVO E PROBLEMA) problema, o que incomoda, o problema que norteia a pesquisaSelecionar as referencias (conjunto das obras em que se vai pesquisar, em sua maioria livros(da internet desde que tenha o autor)

Referencias: MENEZES, André. A crise na Libia e o interesse dos Estados Unidos. (2011). Disponivel em:www.sspt.gov.br.Acesso em: 2.abr.2011.(apenas o mês de maio não possui abreviatura.

Os estudos de Menezes (2011) afirmam que.............................(referencias aos dados estudados-dentro do corpo do texto não se deve trazer sites, apenas o nome)Montar o texto sob a forma de relatório

Regras gerais para relatórios de pesquisas:

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1 Capa (Seguir Modelo e Normas da Metodologia Científica da FCARP)2 Folha de rosto (Seguir Modelo e Normas da Metodologia Científica da FCARP)3 Sumário4 O corpo do texto: 4.1 Introdução. Parte inicial que deve constar a apresentação do assunto, objetivos e outros elementos necessário para situar o tema A introdução diz respeito ao próprio conteúdo do trabalho: sua natureza, seus objetivos, sua metodologia. Na introdução, deve-se anunciar a ideia central do trabalho delimitando o ponto de vista enfocado em relação ao assunto e a extensão; deverá se situar o problema ou o tema abordado, no tempo e no espaço.Deve ser enfocada a relevância do assunto no sentido de esclarecer seus aspectos, bem como da contribuição desse trabalho para uma melhor compreensão do problema. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 14724 (2005, p. 5) a introdução é a parte inicial do texto, onde devem constar a delimitação do assunto tratado, objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho.

Assim, a introdução de um deve apresentar as seguintes etapas: contextualização do assunto (nível macro), relevância (justificativa) do tema; a problematização; objetivo geral; metodologia: tipo de pesquisa e forma coleta de dados e informações e os tópicos do desenvolvimento (o que será apresentado a seguir). 4.2 Desenvolvimento do texto: Esta é a parte principal do trabalho científico, trata da exposição do assunto. Divide-se em seções e sub-seções, que variam em função da abordagem do tema e do método. Deve-se apresentar a literatura/obras trabalhadas através de citações e comentários, sempre de acordo com as normas da metodologia científica. Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 14724 (2005, p. 5) o desenvolvimento é a parte principal do texto, que contém a exposição ordenada e pormenorizada do assunto.

O autor deve dividir esta parte em quantas forem necessárias para dar lógica e articulação adequada ao tema que pretende defender. Não existe exatamente uma norma rígida que oriente esta seção. No texto poderá haver ideias de autores, dados da pesquisa (se for pesquisa de campo, colocar gráficos e tabelas auxiliares) e interpretações. Tudo isto deve ser apresentado de forma integrada, substancial, criativa e lógica. É nesta parte que seprocura explicar as hipóteses e relacionar a teoria com a prática. 4.3 Considerações Finais/Conclusão: As considerações finais ou conclusão devem se limitar a um resumo sintetizado da argumentação desenvolvida no corpo do trabalho e dos resultados obtidos. Lembra-se, contudo, que elas devem estar todas fundamentas nos resultados obtidos na pesquisa. Também podem ser discutidas recomendações e sugestões para o prosseguimento no estudo do assunto. Portanto, esse item não deve trazer nada de novo e deve ser breve, consistente e abrangente. A Associação Brasileira de Normas Técnicas - NBR 14724 (2005, p. 5) afirma que a conclusão é a parte final do texto, na qual se apresentam conclusões correspondentes aos objetivos ou hipóteses.

5. Referências: Devem ser colocadas em ordem alfabética dentro das normas técnicas específicas.

CONFIGURAÇÃO DO TEXTO: NÃO ESQUECER: Configurar página: superior e esquerda 3,0 cm; direita e inferior 2,0 cm; fonte do texto: 12; justificar parágrafo; fonte tipo Arial ou Times New Roman; Espaçamento entre linhas: 1,5; O INÍCIO DE CADA PARÁGRAFO DEVE SER PRECEDIDO POR UM TOQUE DE TABULAÇÃO ( TAB ) .

9. EVENTOS ACADÊMICOS E CIENTÍFICOS

Os eventos acadêmicos são de iniciativa das Instituições de Ensino. As modalidades mais utilizadas no meio acadêmico são:

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1- COLÓQUIO: Semelhante à Conferência, o colóquio é apresentado por profissional de renome e com notório saber no assunto e tem como objetivo o esclarecimento de um tema ou a tomada de decisão. Após a apresentação do tema, o plenário deve ser dividido em grupos para debates e estudos e o resultado apresentado pelos líderes de cada grupo. A decisão final fica por conta da votação do plenário.2- CONFERÊNCIA: Uma das formas de reunião informativa que se caracteriza pela exposição feita por autoridade em determinado assunto para grande número de pessoas. Exige a presença de um presidente de mesa para condução dos trabalhos, sendo bem mais formal que uma palestra. As perguntas acontecem somente por escrito e devidamente identificadas, bem ao final da exposição.3- FÓRUM: Reunião baseada na busca da participação intensa da platéia, preferencialmente numerosa. A idéia é sensibilizar a opinião dos presentes sobre assuntos pré-determinados. Um coordenador levanta um tema de interesse geral e busca a opinião da coletividade. Ocorre debate livre até que conclusões possam ser retiradas. Objetivo: Colher opiniões e apresentar conclusões representando o consenso da maioria.4- MESA REDONDA: Evento que reúne de quatro a oito pessoas que, sentadas em semicírculo, debatem sobre um tema polêmico, controvertido e de interesse, tendo cada debatedor cerca de dez minutos para sua apresentação inicial. Após cada exposição, o tema é discutido entre eles, com cerca de dois minutos para cada questão, sendo admitidas perguntas, respostas e réplica, nunca tréplica. A mesa-redonda pode ser aberta ou fechada. A primeira modalidade permite a intervenção da platéia e a segunda restringe a participação aos apresentadores. É necessária a presença de um moderador que coordena os trabalhos e estabelece as regras.5- MOSTRA: Evento onde a Instituição apresenta resultados de seus trabalhos, documentos históricos ou material artístico/cultural produzidos pelo profissional. Tem como objetivo divulgar institucionalmente o trabalho do professor/acadêmicos.6- OFICINA: É um evento dividido em duas partes: teórica e prática. Os participantes são de uma mesma área ou de um mesmo segmento de trabalho, e se reúnem para debater, praticar e tentar encontrar soluções para o tema proposto. Objetivo: Familiarizar os participantes sobre um determinado assunto para um maior dinamismo, aliando a teoria com a prática.7- PAINEL:Evento onde um orador e até quatro painelistas explanam sua visão sobre um tema pré-determinado, sempre coordenado por um moderador. Objetivo: Explanar, debater e expor conclusões sobre um tema.8- PALESTRA: Evento caracterizado pela apresentação de um tema, por um especialista, a um grupo de pessoas com interesses comuns. Após a apresentação, deverá ser aberta a possibilidade para questionamentos. O objetivo é Informar e atualizar o público sobre um determinado assunto.9- SEMANA ACADÊMICA: Caracterizada pela reunião de estudantes, coordenada por professores, com apoio de profissionais da área, com o objetivo de discutir temas relacionados com a classe a qual pertencem. O encontro acadêmico de um mesmo setor deve ser produtivo, objetivando informar aos estudantes de hoje – profissionais do futuro – algo de suas áreas de atuação. É realizado, como a nomenclatura diz, em sete dias.10- SEMINÁRIO: Evento onde dois ou mais expositores apresentam vários aspectos de umdeterminado assunto. É uma sequência concentrada de atividades com fim específico de desenvolver capacidades, conhecimento e aprendizagem por meio do trabalho. A idéia é somar informações e experiências. “Congresso de menor porte”. Objetiva transmissão, atualização, debate, divulgação ou apresentação de novos conceitos e técnicas centrados num tema básico, que pode ser desdobrado em subtemas. Exposição feita por uma ou mais pessoas e um coordenador. O assunto é conhecido da platéia, que é dividida em grupos. Fases: Exposição, Discussão e Conclusão. Objetivo: Informar e debater determinado assunto sob vários ângulos.11- SIMPÓSIO: São vários expositores com a presença de um coordenador. O tema geralmente é científico. Após as apresentações, a platéia participa com perguntas à mesa. Objetivo: Analisar, discutir e estudar determinado assunto sob diversos ângulos.

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12- WORKSHOP – (tradução disponível em /www.dicio.com.br/workshop/ - workshop(uôrc-xóp sm (ingl) Reunião de pessoas com um artista, grupo de artistas ou professores, na qual os participantes exercem atividades relacionadas a uma arte ou tema específico).Trata-se de uma Loja de Trabalho, cuja finalidade é promover o aprendizado de forma prática (MARTINS, 1999, p. 77-81). É um tipo especial de reunião onde de grupos de pessoas interessados em determinado projeto ou atividade para discussão sobre o que lhes interessar e somente pelo que eles quiserem sem necessidade de discussão o apresentado na reunião de hoje estava correto.

Um workshop diferencia-se de uma palestra, por alguns eixos conceituais básicos. Nele, a platéia não é apenas mera espectadora. Em determinados momentos (ou em todos eles, dependendo da organização do trabalho e do estilo de aprendizado proposto), o auditório é convocado a participar, normalmente vivenciando experiências que remetem ao tema em discussão. Nesse sentido, o workshop tem caráter mais prático e sua realização requer, do palestrante (também chamado "facilitador") uma profunda abertura ao diálogo, ao envolvimento, ao confronto. Normalmente, durante um workshop, estimulam-se trabalhos de recortes, de construções em sub-grupos, de organizações de painéis, de plenárias com recursos multimídia.

10 SEMINÁRIO EM SALA DE AULA.

Seminário é uma técnica de estudo sobre determinado tema, que inclui pesquisa, discussão e debate.

A finalidade do seminário é “pesquisar e ensinar a pesquisa”. Essa técnica desenvolve não só a capacidade de pesquisa, de análise sistemática de fatos, mas também o hábito do raciocínio, da reflexão, possibilitando ao estudante a elaboração clara e objetiva de trabalhos científicos. Visa mais à formação do que à informação.

Objetivos do seminário:a) ensinar pesquisando;b) revelar tendências e aptidões para a pesquisa;c) levar a dominar a metodologia científica;d) conferir o espírito científico;e) ensinar a utilização de instrumentos lógicos de trabalho intelectual;f) ensinar a coletar material para análise e interpretação, colocando a objetividade acima da subjetividade;g) introduzir, no estudo, interpretação e crítica de trabalhos mais avançados em determinado setor de conhecimento;h) ensinar a trabalhar em grupo e desenvolver o sentimento de comunidade intelectual entre acadêmicos e professores;i) ensinar a sistematizar fatos observados e refletir sobre eles;

O seminário, em geral, tem lugar no horário comum das aulas. Pode ter a duração de um ou vários dias, dependendo da extensão, profundidade dos estudos e disponibilidade de tempo.

As sessões devem durar no máximo três horas para melhor aproveitamento.

Componentes

Em seminário, trabalha-se em grupos que variam de 5 a 12 integrantes. O grupo é formado pelo organizador/coordenador, relator, secretário e demais participantes. Pode aparecer um comentador.

1. Tarefas do organizador/coordenação geral do seminário (professor da disciplina):

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Propor o tema do estudo; indicação da bibliografia; estabelecer a agenda de trabalho e duração. Orientar as pesquisas, presidir e coordenar as sessões do seminário. Ao final do seminário fará uma apreciação dos resultados, complementando alguns itens.

2. Etapa preparatória:

1. Organização dos grupos.2. Cada grupo deverá escolher:

2.1.Coordenador do grupo – Função de coordenar os trabalhos do grupo, elaborar agenda de estudo, assim como a apresentação do grupo no dia, controlar o tempo da exposição do relator. Deve estar acompanhando cada detalhe. Ao final da apresentação deve fazer uma apreciação geral dos resultados da pesquisa.

2.2.Relator – é aquele (escolhido pelo grupo) que irá expor os resultados dos estudos. (Esta parte pode ser modificada, cabendo ao professor definir se todos participantes devem participar da exposição). Os demais componentes do grupo têm a responsabilidade de contribuir tanto na exposição, quanto no debate.

2.3.Secretário– é aquele designado para anotar as contribuições/conclusões parciais e finais, após o debate.

Os demais participantes: são todos os que participam do seminário (a classe toda). Depois da exposição, devem participar, fazendo perguntas, pedindo esclarecimentos, reforçando argumentos ou dando alguma contribuição. 3. Levantamento da bibliografia a ser utilizada.4. Distribuição das tarefas de cada componente do grupo.

Aplicar as técnicas de leitura, de fichamento, esquema e resumo.5. O tempo de apresentação de cada grupo será definido pela coordenação do seminário.

O grupo deverá distribuir o tempo em nas etapas anteriores: introdução, exposição do tema e considerações/conclusão.

6. Preparar os slides conforme as orientações da metodologia científica.7. Observar a linguagem objetiva e concisa no momento da exposição, controle de si, voz,

vocabulário e relacionamento com o público.

ORIENTAÇÕES IMPORTANTES

FASE 1 – ANTES DA APRESENTAÇÃO: - Estude bem o assunto da apresentação. Assim você sente mais seguro – e, é claro, evita falar bobagem. - Resuma seu objetivo em uma frase. Isso vai ajudá-lo a manter o foco. - Prepare o que você vai falar. - Nada de ultrapassar o tempo programado. -Divida a apresentação em etapas. Para não se perder, leve um roteiro. -Confira os equipamentos que vai utilizar. -Para relaxar, apele para a respiração abdominal. Inspire durante 5 segundos, sentindo o ar inflar a barriga; segure a respiração por outros 5 segundos e expire, vagarosamente, pelo mesmo tempo. Na apresentação (sem a contagem de 5 segundos), essa técnica ajuda você a conseguir reserva de ar para falar sem problemas.

FASE 2 – ENQUANTO VOCÊ ESTIVER FALANDO: 

Depois de ocupar seu espaço, cumprimente as pessoas. Apresente-se.- Não peça desculpas, principalmente se for por causa de seu nervosismo. Você vai piorar a situação. - Caso erre alguma palavra, corrija-se imediatamente e continue. Não há necessidade de se desculpar pelo engano.

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- Evite improvisos. Inicie a apresentação da forma como foi planejada. - Apresente-se com toda calma e determinação, mesmo que você esteja tremendo por dentro. - Envolva as pessoas. Sorria, olhe-as nos olhos (sem encarar ninguém). - Desvie o olhar se notar que alguém não está receptivo ao que você diz. Há muito mais gente na platéia. - Fique de olho no relógio. Divida o tempo total em quatro e confira o tempo gasto em cada fase. Assim, fica mais fácil controlar o ritmo e guardar alguns minutos para uma boa conclusão. - Levante a cabeça de maneira a deixar o queixo na linha do horizonte. - Faça gestos para acompanhar a fala. Evite deixar as mãos paradas, suspensas no ar ou cruzadas na frente do corpo. - Deixe fluir a emoção em sua voz. Mas fale com clareza e evite acelerar ou reduzir demais a velocidade da fala. - Se estiver de paletó, use-o fechado, deixando apenas o botão de baixo aberto. Caso contrário, melhor tirá-lo. - Colocar uma das mãos no bolso é até tolerável. As duas, não! - Nem pense em cruzar os braços. Dá a impressão de que você não quer proximidade com o público. - Seja coerente. A plateia pode aceitar uma ideia adversa, mas não vai tolerar um discurso sem lógica. - Evite gírias, palavrões e qualquer expressão preconceituosa. - Seja claro e simpático, respeite sua platéia e mantenha o ego sob controle. Nada de promover suas qualidades. - Se alguém o interromper com uma dúvida, comente que a questão é interessante e diga que responderá no final da apresentação. Responder perguntas durante a exposição pode cortar completamente seu raciocínio. - Não peça para distribuir material enquanto estiver falando. Tira completamente a concentração das pessoas e a sua também. Se for necessário, pare de falar e recomece apenas quando a tarefa estiver terminada.

OLHA A POSTURA! - Mantenha a elegância com os pés e as pernas ligeiramente afastados. E não fique balançando o corpo. - Deixe os braços ao longo do corpo, relaxando as mãos junto às pernas. Fica mais fácil fazer gestos se as mãos estiverem soltas.

FASE 3 – DEPOIS QUE VOCÊ TERMINOU A APRESENTAÇÃO: - Finalize com expressões como “por fim”, “finalizando” ou “concluindo”. Em cerca de 1 minuto faça um resumo do que falou.- Agradeça a atenção, seja simpático e mostre-se disponível. - Procure aprender com seus erros e acertos. Use os comentários e críticas para melhorar seu desempenho.

11 ANÁLISE DE FONTES DO DIREITO

11.1 O DIREITO

Antes que tenhamos informações, definições e subdivisões claras e explicativas sobre as fontes do Direito faz-se necessário que tenhamos um prévio e não

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necessariamente total conhecimento sobre: fonte e direito; sendo eles colocados separadamente, de tal forma que possamos compreende-los não como um todo, mas como partes formadoras de um todo.

Segundo Bueno ( 1996), "o direito como adjetivo é o reto, correto, bem procedido, já como substantivo corresponde ao estudo das leis, ciência social e jurídica".

A palavra "direito" vem do latim directum, que corresponde à idéia de regra, direção, sem desvio. No Ocidente, em alemão recht, em italiano diritto, em francês droit, em espanhol derecho, tem o mesmo sentido. Os romanos denominavam-no de jus, diverso de justitia, que corresponde ao nosso sentido de justiça, ou seja, qualidade do direito.

Tem três sentidos: 1º, regra de conduta obrigatória; 2º, sistema de conhecimentos jurídicos; 3º faculdade ou poderes que tem ou pode ter uma pessoa, ou seja, o que pode uma pessoa exigir de outra. (GUSMAO, 2002)-+

11.2 FONTE

Assim como o direito, a fonte também tem duas específicas definições. Conforme Nunes (2002), "fonte é a nascente da água, e especialmente é a bica donde verte água potável para uso humano. De forma figurativa, então, o termo fonte, designa a origem, a procedência de alguma coisa". Em Gusmão (2002), "fonte como metáfora, significa a origem do direito, ou seja, de onde ele provem". Podemos dessa forma compreender que fonte, em seu sentido mais amplo, indica nascimento, a origem de algo.

11.3 FONTES DO DIREITO

Após o sucinto entendimento sobre fonte e direito, é necessário fazer a sua devida análise, não apenas, como feito anteriormente, em partes, mas integralmente.

Tendo como base as definições peculiares de fonte e direito é possível que compreendamos fontes do direito como sendo: a origem das leis, regras. Em Ascensão (2001), "as fontes do direito são modos de formação e revelação de regras jurídicas". Conforme Diniz (2001), "fonte do direito equivale ao fundamento de validade da ordem jurídica".

De maneira coerente com a dos autores supracitados, se faz notória a análise do termo "fontes do direito", como sendo a criação, a originariedade jurídica expandida, alongada e visível ao mundo, de maneira a se fazer possível e simplificada sua análise e compreensão.

No entanto, as fontes do direito não se limitam apenas a isto, elas se subdividem em: estatais (lei e jurisprudência), não-estatais (costumes e doutrina), primárias (lei, doutrina, e costume) e secundárias (doutrina, jurisprudência, analogia, princípios gerais de Direito e eqüidade).

11. 3.1 FONTES ESTATAIS

Estas se fazem presentes na legislação (proveniente de lei), sendo esta uma importante fonte do direito. No entanto a legislação é tida como o conjunto de normas jurídicas, devendo as mesmas serem oriundas do Estado, por meio de seus órgãos.

Segundo Gusmão (2002), "as fontes estatais do direito são constituídas de normas escritas, vigentes no território do Estado, por ele promulgadas, no qual têm validade e no qual são aplicadas pelas autoridades administrativas ou judiciárias".

Assim sendo, as fontes estatais têm sua aplicação notoriamente precisa, partindo-se do pressuposto de que, por ser criada e exercida pelo Estado, ou seja, seus representantes, à conduta contrária ao que a legislação prevê, associar-se-á uma sanção.

A legislação como é oriunda do termo "lei", é o conjunto de normas jurídicas. Entretanto é necessário que lei e norma não sejam vistos como sinônimos. Conforme Ferraz JR. (2001), "a norma é uma prescrição; a lei é a forma de que se reveste a norma ou um conjunto de normas dentro do ordenamento".

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11. 3.1.1 LEIS

A lei consideravelmente é uma das mais importantes fontes do direito. Após sancionada pelo presidente será objetivamente uma forma de punição à atos ilícitos, ou será uma forma de se preservar boas condutas. Lei, desta forma, será a forma ao qual, por meio de um representante do Estado, o mesmo será regido.

A palavra lei pode representar não apenas normas jurídicas, mas também religiosas, cientificas, naturais, enfim, uma série de outras significações.

Segundo Venosa (2003), "a lei é uma regra geral, não se dirige a um caso particular, mas a um número indeterminado de indivíduos".

Quanto à origem legislativa de onde derivam, as leis são federais, estaduais e municipais. Quanto à duração, as leis são temporais e permanentes. Quanto à amplitude ou ao alcance, as leis são gerais, especiais, excepcionais e singulares. No entanto, é possível analisar que lei, parte de normas que serão sancionadas, ou seja, de acordo com uma determinada conduta, cria-se uma sanção que, quando promulgadas as leis, darão aos cidadãos e aos representantes do Estado o livre exercício do direito.

11.3.1.2 JURISPRUDÊNCIA

O modo pela qual, mesmas decisões são obtidas em determinados casos, e consensualmente são adotadas pelos tribunais como soluções às questões de Direito, ou seja, decisões de tribunais para o julgamento dos casos de modo que as decisões não estejam presas apenas aos códigos e leis.

Em Venosa (2003), "é aplicado o nome jurisprudência ao conjunto de decisões dos tribunais, ou uma série de decisões similares sobre uma mesma matéria". Mesmo tendo como base de suas decisões a jurisprudência, não implica que o juiz deve se prender à ela, o mesmo ao fazer o julgamento deve estar atento às circunstâncias do caso e também deve fazer o julgamento de acordo com sua consciência (NUNES, 2002).

Segundo Venosa (2003), "a jurisprudência, como um conjunto de decisões, forma-se mediante o trabalho diuturno dos tribunais. É o próprio direito ao vivo, cabendo-lhe o importante papel de preencher lacunas do ordenamento nos casos concretos". Cabe à jurisprudência fazer a atualização do entendimento da lei, fazendo com que sua interpretação seja atual e que possa deferir às necessidades ao se fazer o julgamento.

O autor Leite (1997, p. 93) afirma ser necessária a confiabilidade, tomando-se alguns cuidados e verificando, em primeiro lugar:

“a) se a decisão continua válida;b) se o julgamento não foi anulado;c) se a decisão já se encontra superada por novas tendências dos tribunais”.

11.3.2.1 FONTES NÃO-ESTATAIS

Outra importante fonte do direito, as não-estatais abordam em sua designação, os costumes e a doutrina.

11.3.2.2 COSTUMES

Segundo Ferreira (2001), "costume é o uso, hábito, ou prática geralmente observada". Em Nunes (2002), "o costume jurídico é aquilo que a doutrina chama de convicção de obrigatoriedade, ou seja, a prática reiterada, para ter característica de costume jurídico deve ser aceita pela comunidade como de cunho obrigatório". Conforme Venosa (2003), "o costume brota da própria sociedade, da repetição de usos de determinada parcela do corpo social. Quando o uso se torna obrigatório, converte-se em costume".

O costume jurídico surge no e do próprio seio da coletividade. Ele é fruto da prática social individualizada, caso a caso; nasce obrigatório porque as partes envolvidas assim o

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entendem e se auto-obrigam; provem da convicção interna de cada partícipe de sua objetivação em fatos sociais particulares, que obriga a todos os que neles se envolverem. Formado com essa convicção de obrigatoriedade, pode-se tê-lo como legitimo e atualizado (NUNES, 2002).

Os costumes, no entanto, são práticas continuas e "repetitivas" de uma coletividade, sendo com a sua usualidade e habitualidade, tornado obrigatório. Estes devem ser perceptíveis, palpáveis, não apenas realizado, mesmo porque, os costumes não são normas escritas; e ainda como já supracitado deve partir da conscientização coletiva.

11.3.2.3 DOUTRINA

O termo "doutrina" não especificamente no âmbito jurídico, conforme Ferreira (2001), "é o conjunto de princípios que servem de base a um sistema filosófico cientifico”. Segundo Nunes (20002), "podemos dizer que doutrina é o resultado do estudo que pensadores – juristas e filósofos do Direito – fazem a respeito do Direito".

Pelo uso da doutrina, no que nos é colocado é que temos a capacidade de entender e estudar o Direito profundamente, ou seja, pelo esforço e concretude de grandiosos ensinadores podemos fazer novas e manter os antigos vocábulos e entendimentos na atualidade.

Para Nunes (2002), "por fim, a doutrina exerce papel fundamental, como auxiliar para entendimento do sistema jurídico em seus múltiplos e complexos aspectos".

11.3.3 PRIMÁRIAS

Também denominadas fonte direta ou imediata, esta corresponde segundo Venosa (2003), "às que de per si têm força suficiente para gerar a regra jurídica". Fazem parte das fontes primárias, a lei, a doutrina e o costume. Estes, no entanto, já foram claramente abordados anteriormente.

11.3.4. SECUNDÁRIAS

Sendo também denominada fonte mediata, corresponde conforme Venosa (2003), "às que não têm a força das primeiras, mas esclarecem os espíritos dos aplicadores da lei e servem de precioso substrato para a compreensão e aplicação global do Direito".

Nas fontes secundarias encontramos, a doutrina, a jurisprudência, a analogia, os princípios gerais de Direito e a eqüidade.

11.3.4.1 ANALOGIA

Em Ferraz Jr. (2001), "a analogia é forma típica de raciocínio jurídico pelo qual se estende a facti species Particularidade do fato, espécie do fato de uma norma a situações semelhantes para as quais , em principio não havia sido estabelecida". Como o próprio termo já sugere, podemos entender a analogia como uma forma de análise mais atenta e profunda de casos complexos.

Trata-se de um processo de raciocínio lógico pelo qual o juiz estende um preceito legal a casos não diretamente compreendidos na descrição legal. O juiz pesquisa a vontade da lei, para transportá-la aos casos que a letra do texto não havia compreendido. (VENOSA, 2003).Temos ainda duas maneiras de operar a analogia: pela analogia legal e pela analogia jurídica.

Conforme Venosa (2003), "na analogia legal, o aplicador do Direito busca uma norma que se aplique a casos semelhantes".

Quando se recorre a textos mais profundos e complexos pelo fato de o interprete não obter um texto semelhante ao caso que está sendo encaminhado, ou então, os textos são insuficientes, e tenta retirar do pensamento dominante em um conjunto de normas uma conclusão para o caso, temos à analogia jurídica (VENOSA, 2003)

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Vemos então que o uso da analogia se dará quando houver à necessidade de uma interpretação mais complexa, para se preencher as lacunas.

11.3.4.2 PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO

Se não fosse tão difícil e complicado conceituar os princípios gerais de direito, poderíamos dizer que seria a origem geral do direito, mas não se finda apenas nisso. Conforme Venosa (2003), "os princípios gerais de direito são regras oriundas da abstração lógica do que constitui o substrato comum do Direito".

Os princípios são de grande importância para o legislador, "como fonte inspiradora da atividade legislativa e administrativa do Estado". (VENOSA. 2003)

11.3.4.3 EQÜIDADE

A noção que podemos obter de eqüidade, seria a de que, enquanto o Direito regula a sociedade com normas que demonstram o justo e o igualitário, a eqüidade irá adequar à norma a um caso concreto. Para Venosa (2003), "a eqüidade é uma forma de manifestação de justiça que tem o condão de atenuar a rudeza de uma regra jurídica".

Assim sendo, é possível de entender que a eqüidade é a forma do julgador de fazer a devida, melhor e mais coerente interpretação da lei, para explicar ao caso concreto.

12 PESQUISA

A pesquisa é compreendida como um processo investigativo que busca a compreensão de fenômenos ou problemas naturais, econômicos, políticos e sociais, visando sua superação e a produção de novos conhecimentos para o bem estar do homem.

Pesquisar significa planejar cuidadosamente uma investigação de acordo com as normas da Metodologia Científica, tanto em termos de forma como de conteúdo. Neste processo investigativo é necessário aplicabilidade de métodos e técnicas.

A pesquisa científica em diversas áreas do conhecimento deve ser conduzida por três grandes preocupações: a competência do pesquisador; o conhecimento como desafio de pesquisa; e a parceria com a informática. A primeira envolve atitudes que devem ser construídas gradativamente como a paciência, a persistência, a consciência de responsabilidade ética, social e política, a coragem para enfrentar desafios e vencer tabus tradicionais e, por fim, a humildade. A segunda preocupação, que concebe o conhecimento como desafio de pesquisa, diz respeito a uma postura ativa de busca do novo, considerando os estímulos do meio ambiente e as estruturas mentais já elaboradas pelo ser humano. E, por último, a atenção ao inegável avanço da informática e da internet que podem permitir recursos mais dinâmicos às diversas etapas do estudo.

12.1 Métodos Científicos 

Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa.

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Os métodos que proporcionam as bases lógicas à investigação científica. A investigação científica depende de um “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos” (Gil, 1999, p.26) para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos.

Para que um conhecimento possa ser considerado científico, torna-se necessário identificar as operações mentais e técnicas que possibilitam a sua verificação. Ou, em outras palavras, determinar o método que possibilitou chegar a esse conhecimento.

Assim, pode-se definir método como caminho para se chegar a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento.

Muitos pensadores do passado manifestaram a aspiração de definir um método universal aplicável a todos os ramos do conhecimento. Hoje, porém, os cientistas e os filósofos da ciência preferem falar numa diversidade de métodos, que são determinados pelo tipo de objeto a investigar e pela classe de proposições a descobrir. Assim, pode-se afirmar que a Matemática não tem o mesmo método da Física, e que esta não tem o mesmo método da Astronomia. E com relação às ciências sociais, pode-se mesmo dizer que dispõem de grande variedade de métodos.

Considerando-se esse grande número de métodos, torna-se conveniente classificá-los. Vários sistemas de classificação podem ser adotados. Para os fins pretendidos neste trabalho, os métodos são classificados em dois grandes grupos: o dos que proporcionam as bases lógicas da investigação científica e o dos que esclarecem acerca dos procedimentos técnicos que poderão ser utilizados. Os métodos esclarecem acerca dos procedimentos lógicos que deverão ser seguidos no processo de investigação científica dos fatos da natureza e da saciedade. São, pois, métodos desenvolvidos a partir de elevado grau de abstração, que possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigação, das regras de explicação dos fatos e da validade de suas generalizações. Podem ser incluídos neste grupo os métodos: dedutivo, indutivo, dialético e fenomenológico. Cada um deles vincula-se a uma das correntes filosóficas que se propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade. O método dedutivo relaciona-se ao racionalismo, o indutivo ao empirismo, o dialético ao materialismo dialético e o fenomenológico, naturalmente, à fenomenologia.

A adoção de um ou outro método depende de muitos fatores: da natureza do objeto que se pretende pesquisar, dos recursos materiais disponíveis, do nível de abrangência do estudo e, sobretudo da inspiração filosófica do pesquisador. 

12.1.1 Método Indutivo

Método proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios preestabelecidos. Na indução, o raciocínio vai do particular para o geral (MARCONI, p.17, 2001). A fim de atingir os problemas, faz-se necessário considerar que:a) uma indução exige dados, começando, portanto, com o ato da coleta deles (observação);b) compreende idéias que se submetem à discussão (hipóteses);c) ela se elabora pelo confronto das idéias e dos dados (discussão experimental).

A indução caracteriza-se principalmente pelo fato de, apoiando-se nos dados, atingir as idéias ou leis.

Fases da aplicação:

Os procedimentos indutivos participam ativamente da concretização das diversas operações de aplicação do método, da seguinte forma:

a) observação do fenômeno;b) formulação provisória de um problema a ser estudado;

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c) análise dos elementos constituintes do fenômeno;d) descoberta das relações entre eles;e) construção e verificação das hipóteses de trabalho;f) elaboração das generalidades.Começa com a formulação do problema que necessita de respostas ou soluções. Na

escolha do mesmo, deve-se observar o seguinte: delimitação e definição do assunto quanto ao tempo, lugar e instituição ou grupo.

A seguir, o estudo deve consistir na observação, na verificação de hipóteses, repetição, testação e, finalmente, generalização, ou seja, formulação de princípios gerais válidos e importantes. De verdades particulares concluem-se verdades gerais.

12.1.2 Método Dedutivo

Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Usa o silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993).

Pela argumentação dedutiva, o fato geral encerra em si a explicação de outro igual. Leva o pesquisador do conhecido para o desconhecido, mas de alcance limitado. O propósito básico dos argumentos, sejam eles dedutivos ou indutivos é obter conclusões verdadeiras com base em premissas verdadeiras.

O método dedutivo, tanto sob o aspecto lógico quanto técnico, envolve procedimentos indutivos. Ambos exigem diversas modalidades de instrumentalização e de operações adequadas.

Assim, a dedução e a indução podem completar-se mutuamente. Os dois processos são importantes no trabalho científico, pois um pode ajudar o outro na resolução de problemas.

Não existe um método da ciência capaz de orientar todas as operações que exigem o conhecimento. Por isso, o pesquisador deve valer-se de vários métodos na pesquisa.

Descartes (apud Marconi, 2001, p.19) apresenta algumas regras indispensáveis a qualquer trabalho científico:

a) não aceitar como verdadeira qualquer coisa, sem a conhecer bem;b) dividir cada uma das dificuldades em várias parcelas para resolvê-las do melhor

modo possível;c) ordenar o pensamento com base em fatos mais simples e mais fáceis, pouco a

pouco, até chegar aos mais complexos;d) enumerar e revisar cada fato para ter certeza de nada omitir.

12.1.3 Método Dialético

Dialética, etimologicamente, seria "arte da discussão", "arte de esclarecer", "arte de esclarecer através das idéias". No curso da história da Filosofia, o conceito de dialética já passou por altos e baixos.    No início do século XIX, Friedrich Hegel (1770-1831) apresenta a dialética como um movimento histórico do espírito em direção à autoconsciência. É um processo movido pela contradição: toda afirmação traz dentro de si sua negação, o que evidentemente resulta na negação da primeira afirmação, o que já se torna uma segunda afirmação, contendo dentro de si sua própria negação.

Karl Marx (1818-1883) e Friederich Engels (1820-1895) reformam o conceito hegeliano de dialética: utilizam a mesma forma, mas introduzem um novo conteúdo. Chamam essa nova dialética de materialista, porque o movimento histórico, para eles, pode ser explicado sem o auxílio da Providência Divina.

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A dialética materialista analisa a História do ponto de vista dos processos econômicos e sociais e a divide em quatro momentos: Antiguidade, feudalismo, capitalismo e socialismo. Cada um dos três primeiros é superado por uma contradição interna, que eles chamam de "germe da destruição". A contradição da Antiguidade é a escravidão. Do feudalismo, os servos. Do capitalismo, o proletariado. E o socialismo seria a síntese final, em que a História cumpre seu desenvolvimento dialético.   O conceito de dialética usado hoje pelos intelectuais é um misto da forma idealista de Hegel e da materialista de Marx.

Didaticamente essa teoria é apresentada como consistindo de tese [posição] que produz sua antítese [oposição]. A união dessas duas produz a síntese [composição] que é uma nova tese que produzirá sua antítese. Tese X Antítese = Síntese 

12.1.3 Método Fenomenológico 

Husserl foi criador do método fenomenológico, que não foi concebido para ser dedutivo, nem empírico, consistindo na descrição do fenômeno, tal como ele se apresenta, sem reduzi-lo a algo que não aparece. Considera como fundamental a relação.

Epistemologicamente, opõe-se à visão de sujeito e objeto isolados, passando a considerá-los como correlacionados, já que a consciência é sempre intencional.    O método fenomenológico consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer este dado. Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está perante a consciência, o objeto. Conseqüentemente, tem uma tendência orientada totalmente para o objetivo. Interessa-lhe imediatamente não o conceito subjetivo, nem uma atividade do sujeito (se bem que esta atividade possa igualmente tornar-se em objeto da investigação), mas aquilo que é sabido, posto em dúvida, amado, odiado, etc.

Deve-se avançar para as próprias coisas. Esta é a regra primeira e fundamental do método fenomenológico. Por "coisas" entenda-se simplesmente o dado, aquilo que vemos ante nossa consciência. Este dado chama-se fenômeno, de que aparece diante da consciência. A palavra não significa que algo desconhecido se encontre detrás do fenômeno. A fenomenologia não se ocupa disso, só visa o dado, sem querer decidir se este dado é uma realidade ou uma aparência: haja o que houver, a coisa está aí, é dada.   Na era do caos, do indeterminismo e da incerteza, os métodos científicos andam com seu prestígio abalado. Apesar da sua reconhecida importância, hoje, mais do que nunca, se percebe que a ciência não é fruto de um roteiro de criação totalmente previsível. Portanto, não há apenas uma maneira de raciocínio capaz de dar conta do complexo mundo das investigações científicas. O ideal seria empregar métodos, e não um método em particular, que ampliem as possibilidades de análise e obtenção de respostas para o problema proposto na pesquisa.

12.2 Tipos de pesquisa

O quadro1 a seguir apresenta os tipos de pesquisa classificadas a partir de alguns critérios. Nele estão contidas as pesquisas segundo os objetivos, os procedimentos, as fontes de informação e, segundo a natureza dos dados como segue:

Tipos de Tipos de pesquisas Tipos de Tipos de

1 Cf. GONSALVES (2001, p. 64).

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pesquisas segundo os objetivos

segundo os procedimentos de coleta

pesquisas segundo as fontes de informação

pesquisas segundo a natureza dos dados (abordagens)

Exploratória Descritiva Experimental Explicativa

Experimento Levantamento Estudo de Caso Bibliográfica Documental Participativa

Campo Laboratório Bibliográfica Documental

Quantitativa Qualitativa

Tendo explicitado a classificação das pesquisas, o quadro que apresentamos a seguir tem como objetivo tecer algumas considerações sobre cada tipo relacionado:

Tipo de pesquisa Considerações

Pesquisa ExploratóriaEsse tipo de pesquisa também é denominada “pesquisa de base”, pois oferece dados elementares que dão suporte para a realização de estudos mais aprofundados sobre o tema. Investigação inicial (dados iniciais) sobre o assunto sem aprofundamento, mas que fornece base para o trabalho cientifico.

Pesquisa Descritiva Objetiva escrever as características de um objeto de estudo. A pesquisa não está interessada no porquê, nas fontes do fenômeno; preocupa-se em apresentar suas características. (Fenomenológica ou descritiva)

Pesquisa Experimental Esse tipo de pesquisa exige observação sistemática dos resultados para estabelecer correlações entre os efeitos e suas causas. Usar determinada situação, onde os dados vão se estabelecer com as causas. Relacionar as causas com os efeitos.

Pesquisa Explicativa Pretende identificar os fatores que contribuem para ocorrência e o desenvolvimento de um determinado fenômeno. Buscam-se aqui as fontes, as razões das coisas. Justificar: origem, fatores ou razões que contribuiram para aquele caso (método dialético)

Pesquisa de CampoO tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. Muitas pesquisas utilizam esse procedimento, sobretudo aquelas que possuem um caráter exploratório ou descritivo. Apenas a pesquisa bibliográfica não necessita que seja feita pesquisa de campo. (Método Dedutivo)

Estudo de Caso

É o tipo de pesquisa que privilegia um caso particular, uma unidade significativa, considerada suficiente para análise de um fenômeno. Retrata a realidade específica e a multiplicidade de aspectos globais. O estudo de caso, no geral, objetiva colaborar na tomada de decisões sobre o problema estudado, indicando as possibilidades para sua modificação. Estudar o caso especifico

Pesquisa Ação Concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. O pesquisador e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Compreender e entender algum fenomeno, fazer uma proposta e desenvolver. A partir de um problema coletivo se faz uma proposta de cooperação.

Pesquisa Etnográfica Preocupa-se com a descrição das experiências e vivências dos indivíduos e grupos que participam e constroem o cotidiano. Coloca ênfase no

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processo e não no produto. Descrever o fato tal qual o sujeito coloca. Descrever o resultado e compreender o processo que levou a tal resultado.

Pesquisa ParticipantePropõe participação efetiva da população pesquisada no processo de geração de conhecimento, que é considerado um processo formativo. Pesquisa voltada para as necessidades básicas do indivíduo em especial classes mais carentes nas estruturas sociais contemporâneas. O pesquiador se envolve no do processo

Pesquisa Quantitativa Remete-se para uma explanação das causas, por meio de medidas objetivas, testando hipóteses, utilizando-se basicamente da estatística. Preocupa-se com medir e quantificar para apresentar resultados.

Pesquisa Qualitativa Preocupa-se com a compreensão, com a interpretação do fenômeno, considerando o significado que os outros dão às suas práticas.

12.3 Técnicas De Coleta De Dados

12.3.1 Entrevista

A entrevista exige um caráter de interação entre o entrevistador e o sujeito entrevistado. Segundo Mattos; Rossetto Júnior; Blecher (2008,p.65) a entrevista pode ser classificada em:a) estruturada: na qual há uma sequencia de perguntas pré-formuladas, precisas e fixas. O pesquisador dirige o processo e evita desvios do entrevistado;b) semi-estruturada: não são fixados temas em certa ordem, com perguntas elaboradas no momento da entrevista; c) não-estruturada: na qual o pesquisador comenta o assunto com o entrevistado, deixa-o falar e, no decorrer da entrevista estimula e efetua correções de rumo, visando conseguir do entrevistado os aspectos mais importantes do problema da pesquisa.

Vantagens da Entrevista:

Podemos afirmar que a entrevista permite:a) a captação imediata da informação desejada;b) obter informações de pessoas com pouca instrução formal, que teriam dificuldade em

responder um questionário escrito;c) correções, esclarecimentos e adaptações, ganha vida ao iniciar o diálogo entre o

entrevistador e o entrevistado.

Cuidados na Entrevista:

a) contato inicial: criar um clima amistoso, deixar claro o objetivo da pesquisa, o nome da entidade ou pessoas que a patrocinam, sua importância para a comunidade, deixar claro o caráter confidencial;

b) respeito pelo entrevistado: fidelidade ao local e o horário marcado; sigilo e anonimato; respeito pelo universo próprio do entrevistado;

c) estar atento ao roteiro de perguntas verbais e aos gestos, expressões, entonações... ;d) uso de um roteiro que guie a entrevista através de tópicos principais a serem cobertos

(seqüência lógica entre os assuntos; evitar saltos bruscos entre as questões);e) formulação das perguntas: fazer uma pergunta de cada vez, estímulo a respostas

completas, as perguntas não devem deixar implícitas as respostas, por exemplo:f) não: “Você acha que....” – sugere respostas;g) sim: “Poderia contar um pouco mais a respeito?”, “Qual a causa, no seu entender?”,

“Qual sua idéia em relação a este ponto?”, “Qual o dado que lhe parece mais exato?”

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Como Registrar os Dados:

a) gravação direta;b) anotações durante a entrevista: exige atenção e esforço do entrevistador para anotar as

informações explícitas e implícitas;c) utilizar as mesmas palavras do entrevistado e evitar resumir ou parafrasear as respostas;d) após a entrevista, é indispensável o entrevistador dispor de tempo para preencher os

espaços em branco deixados nas anotações, enquanto a memória ainda está quente.

12.3.2 Questionário

É um instrumento de coleta de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. Pode ser aplicado em uma amostra grande, caso em que a entrevista é limitada.

Cuidados no processo de elaboração:

As questões devem ser claras para que o informante responda com precisão, evitando dúvidas. O pesquisador deve informar aos participantes os objetivos do estudo e a importância de responder às questões com seriedade.

a) Conhecer o assunto;b) Cuidado na seleção das questões;c) Limitado em extensão e em finalidade Codificadas para facilitar a tabulação;d) Indicação da entidade organizadora;e) Acompanhado por instruções;f) Boa apresentação estética.

Construção do questionário

Consiste em traduzir os objetivos da pesquisa em perguntas claras e objetivas. 

Tipos de questões:

a) Aberta: são as que permitem ao informante responder livremente, usando linguagem própria e emitir opiniões. Entretanto, apresenta alguns inconvenientes:- Dificulta a resposta ao próprio informante, que deverá redigi-la. - O processo de tabulação. O tratamento estatístico e a interpretação. - A análise é difícil, complexa, cansativa e demorada. b) Fechada: são aquelas em que o informante escolhe sua resposta entre duas opções. Este tipo de pergunta, embora restrinja a liberdade das respostas, facilita o trabalho do pesquisador e também a tabulação, pois as respostas são mais objetivas. c) Múltipla escolha: são perguntas fechadas mas que apresentam uma série de possíveis respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto.

A técnica da escolha múltipla é facilmente tabulável e proporciona uma exploração em profundidade quase tão boa quanto a de perguntas abertas.

A combinação de respostas múltiplas com as respostas abertas possibilita mais informações sobre o assunto, sem prejudicar a tabulação.

Considerações gerais:

a) possibilita atingir um grande número de pessoas;b) permite a pessoa responder no momento que julga mais conveniente;

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c) exclui as pessoas que não sabem ler e escrever, impede auxílio ao informante;d) não há garantia que todos responderão tudo;e) questionário não pode ser muito extenso;f) tipos de questões: fechadas (alternativas), abertas e dependentes;g) formulação das perguntas: clara, concreta e precisa, possibilitar uma única interpretação; h) ordem das perguntas: “técnica do funil”;i) apresentação do questionário: apresentação gráfica, instruções para preenchimento,

introdução do questionário (entidade, pesquisadores, razões que determinaram a pesquisa, importância da pesquisa, anonimato da pesquisa – introdução ou carta).

12.3.3  Formulário

O formulário é utilizado quando se pretende obter respostas de uma amostra mais ampla, com maior número de informações, ou seja, é um questionário fechado, com alternativas, que o pesquisador preenche rapidamente ao consultar o entrevistado. Pode-se dizer que o formulário é uma entrevista com alternativas, em que o pesquisador lê as questões e preenche as respostas (Rossetto Júnior; Blecher, 2008,p.71).

Para Ruiz (1996), o formulário permite esclarecimentos verbais adicionais às questões de entendimento mais difíceis e pode ser aplicado em informantes analfabetos ou com deficiências visuais e auditivas.

12.3.4 Observação

É uma técnica de coleta de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar fatos ou ferramentas que se deseja estudar. É empregada geralmente quando o intuito do pesquisador é analisar, avaliar e examinar as relações sociais e/ou interações entre pessoas de um determinado grupo, comunidade ou sociedade (cultural, econômica, profissional) ( Rossetto Júnior; Blecher, 2008,p.73).

A observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não tem consciência, mas que orientam seu comportamento.  

10.3.3.1 Tipos de observação

Na investigação científica são empregadas várias modalidades de observação, que variam de acordo com as circunstâncias.

Segundo os meios utilizados:

a) Observação não estruturada: é a que se realiza sem planejamento e sem controle anteriormente elaborados, como decorrência de fenômenos que surgem de imprevisto. b) Observação estruturada: é a que se realiza em condições controladas para se responder a propósitos, que foram anteriormente definidos. Requer planejamento e necessita de operações específicas para o seu desenvolvimento.   

Segundo a participação do observador:

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a) Participante: consiste na participação real do pesquisador  com a comunidade ou grupo. Em geral são apontados duas formas:

Natural - o observador pertence à mesma comunidade ou grupo que investiga. Artificial  - o observador integra-se ao grupo com a finalidade de obter informações. b) Não participante: o observador toma contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada, mas sem integrar-se a ela - permanece de fora.

Segundo o número de observadores:

a) Individual: é a técnica de observação realizada por um pesquisador. Nesse caso, a personalidade dele se projeta sobre o observado, fazendo algumas inferências ou distorções, pela limitada possibilidade de controles. b) Em equipe: é a mais aconselhável, pois o grupo pode observar a ocorrência por vários ângulos.

Pontos à serem considerados na observação estruturada 

Para que observar - Por que observar  - Como observar  - O que observar Quem observar

 Principal problema com a técnica da observação

O principal problema é que a presença do pesquisador pode provocar alterações no comportamento dos observados, destruindo a espontaneidade dos mesmos e produzindo resultados pouco confiáveis.

12.4 Documentação Indireta 

Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregados.

É a fase da pesquisa realizada com intuito de recolher informações prévias sobre o campo de interesse. O levantamento de dados é feito de duas maneiras: pesquisa documental e pesquisa bibliográfica.

12.4.1 Pesquisa documental

A análise documental pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema. 

São considerados documentos, regulamentos, normas, pareceres, cartas, memorandos, diários pessoais, autobiografias, jornais, revistas, discursos, roteiros de programas de rádio e televisão, estatísticas, arquivos escolares.   12.4.2 Pesquisa bibliográfica (TODO tipo de trabalho deve ter)

Abrange toda bibliografia já tornada publica em relação ao tema de estudos, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, monografias, teses, material cartográfico.

 

13 PROJETO DE PESQUISA

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Page 42: APOSTILA Metodologia Cientifica DIREITO 2011

A pesquisa bibliográfica é pré-requisito para qualquer atividade científica. O acadêmico iniciante precisa conhecer e praticar pesquisa, essencial para que se desenvolva, uma vez que o espírito científico possibilita uma visão da realidade menos dependente do conhecimento popular. O propósito deste texto é familiarizá-lo com as atividades de planejamento e execução de uma pesquisa.

Qualquer pesquisa exige coleta de dados de fontes variadas que se processa através de documentação direta ou indireta.

O pesquisador pode escolher dados através de observações, entrevistas e questionários nos locais em que o fenômeno ocorre (pesquisa de campo ou de laboratório); é o processo de documentação direta. Mas pode também utilizar dados levantados por outras pessoas. Neste caso, ocorre o processo de documentação indireta.

A maioria dos autores subdivide o processo de documentação indireta em dois grupos: pesquisa documental, quando se trata de material de 1ª mão proveniente de fontes diversificadas e dispersas encontradas em arquivos, igrejas, partidos políticos, correspondência pessoal, etc. pesquisa bibliográfica, que é constituída por material já elaborado, analisado e publicado sob a forma de livros, artigos e outros impressos, em geral localizados em bibliotecas.

A pesquisa bibliográfica tem a finalidade de levantar as contribuições culturais e científicas já existentes sobre um determinado tema, oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já resolvidos, como também explorar novas áreas, onde os problemas ainda não se cristalizaram suficientemente.

Pesquisa bibliográfica é a que se efetua tentando resolver um problema ao adquirir novos conhecimentos a partir de informações publicadas em livros ou documentos similares (catálogos, folhetos, artigos, etc.).Seu objetivo é desvendar, recolher e analisar as principais contribuições teóricas sobre um determinado fato, assunto ou idéia.

13.1 O Planejamento da Pesquisa.

Etapa Atividades

Planejamento da pesquisa

1- Escolha e Delimitação do tema2- Problematização3- Justificativa4- Objetivos (geral e específicos)5- Hipóteses6- Pressupostos teóricos, Fundamentação Teórica ou Revisão da Literatura.7- Metodologia8- Orçamento 9- Cronograma de execução10- Referências

Etapa Atividades

Técnicas para elaboração da pesquisaBibliográfica e produção do relatório da pesquisa.

Levantamento da bibliografiaSeleção da bibliografiaLeitura analíticaFichamentoFichas bibliográficasFichas de citação

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Page 43: APOSTILA Metodologia Cientifica DIREITO 2011

Fichas resumoFicha de leituraAnálise comparativa

Sugestão do Projeto de Pesquisa

FACULDADE CATÓLICA RAINHA DA PAZ

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Page 44: APOSTILA Metodologia Cientifica DIREITO 2011

CURSO DE DIREITO

TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA

NOME DO ACADÊMICO (A)

Araputanga, MT

2011

NOME DO ACADÊMICO

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Page 45: APOSTILA Metodologia Cientifica DIREITO 2011

TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA

Projeto apresentado como requisito parcial à obtenção de menção na disciplina Metodologia Científica, sob a orientação da professora Ms. Cleusa Bernadete Larranhagas Mamedes, 1º semestre do curso de Direito da Faculdade Católica Rainha da Paz (FCARP).

Araputanga, MT

2011

SUMÁRIO

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Page 46: APOSTILA Metodologia Cientifica DIREITO 2011

1 DELIMTAÇÃO DO TEMA.......................................................................................

2 PROBLEMATIZAÇÃO.............................................................................................

3 JUSTIFICATIVA......................................................................................................

4 OBJETIVOS.............................................................................................................

4.1 Objetivo Geral............................................................................................

4.2 Objetivos Específicos................................................................................

5. HIPÓTESES.........................................................................................................

6 FUNDAMENTAÇAO TEÓRICA................................................................................

6.1.....................................

6.2..............................

6.2.1.....................................................................

6.2.2 .........................................................................

7 METODOLOGIA.........................................................................................................

8 ORÇAMENTO.............................................................................................................

9 CRONOGRAMA..........................................................................................................

REFERÊNCIAS.............................................................................................................

APÊNDICE....................................................................................................................

ANEXOS........................................................................................................................

1 TEMA/DELIMITAÇÃO

-

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Page 47: APOSTILA Metodologia Cientifica DIREITO 2011

-Questão: Qual é o assunto da pesquisa?O assunto que se deseja desenvolver. É o ponto inicial de toda a

pesquisa. Assunto que representa alguma contribuição social, de certa forma ligado à atualidade. A escolha do tema deve ser baseada em observações da vida profissional, situações pessoais, experiência científica etc.--2 PROBLEMATIZAÇÃO--

Pergunta-se: O que se quer resolver?

Problema é uma dificuldade teórica ou prática, no conhecimento de algo que possua real importância, para qual se deve encontrar solução. Um problema de pesquisa científica é uma questão, uma sentença em forma interrogativa.

A resposta à questão é procurada na pesquisa. A pergunta deve haver possibilidade de resposta pela pesquisa. Algumas vezes pode-se saber as possíveis respostas (são as certezas provisórias).

A formulação de um problema requer conhecimento prévio e uma imaginação criadora. Deve-se cuidar para não incluir na formulação do problema a justificativa. Antes de formular o problema de pesquisa, é interessante investigar os trabalhos já realizados em torno do tópico.

O problema é algo que incomoda. Um problema de pesquisa não é um problema que se pode "resolver" pela intuição, pela tradição, pelo senso comum ou até pela simples especulação. Um problema de pesquisa supõe que informações suplementares podem ser obtidas a fim de cercá-lo, compreendê-lo, resolvê-lo ou eventualmente contribuir para a sua resolução.

3 JUSTIFICATIVA--

Questão: Por que desejo investigar “este” tema?

A Justificativa consiste na exposição completa das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da pesquisa. Pode entrar a experiência relacionada ao tema, observações (suas), citações de autores e afirmações suas que manifestam a importância da Pesquisa na área.

Deve-se apontar as possibilidades de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo tema proposto. Deve-se mostrar a originalidade do tema tratado. A justificativa exige do pesquisador criatividade e capacidade de convencer na redação.

A justificativa é a defesa que você faz do seu projeto. Nela você apresenta argumentos que convençam as pessoas que aquele trabalho é digno de interesse.

Qual a importância daquele tema escolhido? Qual sua relevância? Ele pode contribuir de algum modo para o aperfeiçoamento da sociedade em que está inserido? Estas são perguntas que o pesquisador se faz.

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Page 48: APOSTILA Metodologia Cientifica DIREITO 2011

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4 OBJETIVOS

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Questão : Para que?

Trata-se de definir o que se visa com a pesquisa. São os resultados a que se pretende chegar. É o ponto de chegada, a meta final. É a contribuição que o projeto (a pesquisa) quer dar ao conhecimento daquele tema.

A decisão fundamental é sempre sobre os objetivos. A formulação dos objetivos fica mais precisa, utilizando-se um verbo (no infinitivo) que descreve a ação, assim elimina-se interpretações vagas e ambíguas. Os objetivos podem ser gerais e específicos (ou sem classificação).

Os Objetivos Gerais são complexos: caracterizam-se por apresentarem enunciados mais amplos, que expressam uma

filosofia de ação (que dão conta do problema); os verbos possíveis de muitas interpretações podem ser usados em objetivos

gerais (sentido aberto). Exemplos: compreender, conhecer, desenvolver, conscientizar, entender, saber, ...

Os Objetivos Específicos são mais simples, concretos: são alcançáveis em menor tempo e explicitam desempenhos observáveis; são definidos mais restritamente; permitem atingir o objetivo geral; permitem aplicá-los a situações concretas; são verbos com menos interpretações (sentido fechado). Exemplos: adquirir, aplicar, apontar, classificar, comparar, conceituar,

caracterizar, enumerar, reconhecer, formular, enunciar, diferenciar, mobilizar, coletar, descrever, identificar, analisar, relacionar, generalizar, sinalizar (propor saídas), ...

Relação de verbos que auxiliam na construção de objetivos:

Conhecimento: definir, dizer, enunciar, citar, nomear, relatar, redefinir, expor, detalhar, identificar, assinalar, marcar, sublinhar, listar, registrar, especificar, mostrar, repetir, distinguir, reconhecer, recordar, definir.

Compreensão: deduzir, codificar, converter, descrever, identificar, definir, demonstrar, distinguir, ilustrar, interpretar, explicar, expor, exemplificar, parafrasear, concretizar, narrar, argumentar, decodificar, relacionar, extrapolar, opinar, inferir, predizer, generalizar, resumir, induzir, organizar, compreender, codificar, converter.

Aplicação: resolver, interpretar, dizer, expor, redigir, explicar, usar, manejar, aplicar, empregar, utilizar, comprovar, demonstrar, produzir, aproveitar, praticar, relacionar, dramatizar, apresentar, discriminar, traçar, localizar, operar, ilustrar.

Análise: identificar, distinguir, descrever, diferenciar, relacionar, isolar, separar, fracionar, desarmar, decompor, examinar, localizar, abstrair, discriminar, detalhar, detectar, omitir, dividir, seccionar, especificar, descobrir.

Síntese: narrar, expor, explicar, sumariar, esquematizar, compilar, construir, formular, compor, organizar, projetar, simplificar, inventariar, classificar, agrupar, distinguir, reconstruir, modificar, recompor, combinar, gerar, reorganizar, estruturar, planejar, conceber, programar, produzir.

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Avaliação: sustentar, justificar, criticar, valorizar, escolher, selecionar, verificar, contatar, comprovar, estimar, medir, revisar, eleger, decidir, concluir, precisar, provar, comprovar, avaliar, categorizar, fundamentar, opinar, demonstrar, contrastar, julgar.

--

5 HIPÓTESES__

Como explica Luckesi (1995, p. 180), a hipótese é uma tese ou ponto de vista a ser demonstrado, defendido ou explicitado. Qual a minha resposta provisória ao problema? Ela [a hipótese] é provisória, porque ainda não estudada, nem pesquisada, nem demonstrada. Será, então, a investigação, a continuidade do processo da pesquisa que irá explicitar a hipótese, sua veracidade, verificação, comprovação ou sua falsidade. Num processo de trabalho a nível científico, a hipótese deve funcionar como explicação criativa e provisória de um fenômeno, até que os fatos, os dados buscados pela pesquisa a venham contradizer ou afirmar. A hipótese, ao lado do problema, tem a função de orientar o pesquisador na direção daquilo que pretende explicitar ou demonstrar (...). _ _

6 REVISÃO DE LITERATURA / FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA1

--

Trata-se da argumentação teórica a respeito do tema escolhido. É a construção de um referencial teórico, que tem como função construir condições básicas de intervenção (subsidiar a pesquisa de campo).

O conhecimento teórico adequado acarreta rigor conceitual, análise acurada, desempenho lógico, argumentação diversificada, capacidade explicativa.É revisar todos os trabalhos disponíveis, objetivando selecionar tudo o que possa servir para a pesquisa. Esses trabalhos servem para alimentar a construção de novos conhecimentos.

É uma tomada ampla do tema, sem perder contato, no entanto, com o problema. As fontes são principalmente os livros e artigos, mas também podem ser consultados relatórios de pesquisa não publicados (monografias), teses, enciclopédias, jornais, dicionários especializados, resenhas de obras, anais de congressos, vídeos, palestras, filmes, ...

Conforme a finalidade a que se destina, o trabalho (aqui projeto) é estruturado de maneira distinta, mas geralmente consistindo de introdução, desenvolvimento e conclusão.2

É a racionalização do problema. É a revisão de todos os trabalhos disponíveis, objetivando selecionar tudo o que possa servir em sua pesquisa. Só se faz revisão de literatura depois de delimitado o problema.

Pode conter os seguintes passos:1 Também recebe o nome de: "Caminho Teórico", "Trilha Teórica", ... 2 Assim como a justificativa, pode conter citações. A fundamentação teórica é, na verdade, a parte em que mais elas aparecem, sejam diretas ou indiretas.

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Reunir e selecionar textos, livros e documentos que tratam da temática abordada. Elencam-se as obras, os autores e um pequeno resumo do que trata cada uma

delas, que poderá ser reconhecido pela leitura do sumário e da introdução. Pode-se também definir alguns conceitos importantes, para que haja

entendimento sobre o quê exatamente se quer trabalhar e qual o entendimento que se tem sobre conceitos mais importantes relacionados ao assunto.

7 METODOLOGIA1

--

Responde à pergunta: Como? Com o que? Onde? Quando?

Expõe as etapas concretas de investigação. Tem a ver com o modo de obtenção dos dados que sustentarão a pesquisa. É o procedimento adotado. Quais métodos e técnicas serão adotados? Exigências: Especificação do tipo (s) de pesquisa, capaz o suficiente de encontrar solução

(ões) para o problema, sempre procurando se aproximar da verdade. Neste caso, dizer que o trabalho vai exigir uma pesquisa bibliográfica e por isso vai valer-se do levantamento de fontes teóricas como livros, monografias, teses, periódicos, jornais, vídeos, etc.. Em seguida, especificar a respeito da pesquisa de campo. Que instrumento vai utilizar para colher os dados (entrevista, observação, questionário aberto, enquete, história de vida, formulário, documentos);

Caracterizar a população a ser pesquisada. Significa dizer quem são os pesquisados (caracterizá-los: profissão, idade, comunidade que pertence), onde (local geográfico) será realizada a pesquisa e quando (período, duração da coleta dos dados). Enfim, descrever como vai desenvolver a pesquisa2.

--

8 ORÇAMENTO

-

-

Quanto será investido no desenvolvimento da pesquisa.

9 CRONOGRAMA

--

Questão: Quando?

1 Também pode ter outras denominações como: "Caminho Metodológico", "Trilha Metodológica", "Construindo a Metodologia". 2 Reforçar mais uma vez, nesta parte do projeto, o objetivo que orienta a pesquisa. O caminho metodológico é escrito em forma de texto, descrevendo detalhadamente todos os passos.

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Apresenta o tempo que será necessário para a execução da pesquisa. São mostradas as etapas da pesquisa.

Atividades MAR ABR MAIO JUN

REFERÊNCIAS--

Referência é a representação dos documentos efetivamente citados no trabalho.

ANEXOS E APÊNDICES

Muitas pessoas não sabem a diferença entre anexo e apêndice. Vejamos agora o que significa cada um deles! Designam-se como ANEXOS todos os textos, gráficos e documentos NÃO ELABORADOS PELO AUTOR DA PESQUISA, que servem de apoio, ilustração ou suplemento do trabalho, os quais, por serem acessórios, não são inseridos no corpo principal, mas após este. Os anexos também são numerados na sequência normal do texto. A disposição no texto fica fica da seguinte forma: ANEXO A, ANEXO B, ANEXO C, etc.; em negrito, maiúsculo e centralizado na página.A inserção, como anexo, de leis e de julgados só é recomendável quando forem de difícil acesso (por exemplo: leis revogadas, direito estrangeiro ou julgados em maior repercussão). Não se justifica a inserção de anexos para a transcrição de leis federais vigentes ou enunciados de súmulas de tribunais superiores, por exemplo. Os APÊNDICES têm a mesma função e seguem a mesma formatação dos anexos. A diferença é que os apêndices SÃO DOCUMENTOS ELABORADOS PELO AUTOR DA PESQUISA. A disposição no texto fica fica da seguinte forma: APÊNDICE A, APÊNDICE B, APÊNDICE C, etc.; em negrito, maiúsculo e centralizado na página.

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12 RELATÓRIO DA PESQUISA.

Depois de seguir as etapas apresentadas e realizada a pesquisa, a forma de sua apresentação é o relatório.

O relatório segue a seguinte estrutura:1. Capa2. Folha de rosto3. Sumário 4. Texto: - É a parte onde todo o trabalho de pesquisa é apresentado e desenvolvido. O texto deve expor um raciocínio lógico, ser bem estruturado, com o uso de uma linguagem simples, clara e objetiva. 4.1 Introdução - Parte inicial do texto, onde devem constar a delimitação do assunto tratado, problema, justificativa, objetivos da pesquisa, metodologia e outros elementos necessários para situar o tema. 4.2 Desenvolvimento - Parte principal do texto, que contém os pormenores do assunto. Divide-se em seções e sub-seções, que variam em função da abordagem do assunto.- O corpo do trabalho é onde o tema é discutido pelo autor. - A fundamentação teórica/revisão de literatura deve resumir as obras trabalhadas sobre o assunto. - Apresentação e análise dos dados.4.3 Considerações Finais - A conclusão é a parte onde o autor se coloca com liberdade científica, avaliando os resultados obtidos e propondo soluções e aplicações práticas.4.4 Referências - É o conjunto de indicações que possibilitam a identificação de documentos, publicações utilizadas. 4.5 Anexos ou apêndices - Elementos adicionados de acordo com as necessidades (opcionais).

FORMATAÇÃO: Configurar página: superior e esquerda 3,0 cm; direita e inferior 2,0 cm; fonte do texto: 12 / justificar /Arial ou Times New Roman – Espaçamento entre linhas: 1,5

Seguir todas as Normas Técnicas para apresentação de trabalhos da FCARP.

SUMÁRIO-

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-

INTRODUÇÃO

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA/REVISÃO DA LITERATURA1.11.2

2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS2.1 2.2

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

ANEXOS

INTRODUÇÃO

-

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-

A introdução é um texto baseado na justificativa (expor de forma clara e objetiva a razão que o levou a aprofundar-se neste tema e realizar a pesquisa), no problema e/ou problemática (a questão levantada no projeto de pesquisa) e nos objetivos do projeto (aqueles que foram seguidos). Entretanto, não necessariamente nesta ordem. É um estilo diferente de texto, com o verbo conjugado no pretérito (escreve-se após a realização da pesquisa bibliográfica e de campo).Além disto, apresenta-se os procedimentos metodológicos da pesquisa (tipo de pesquisa e instrumentos utilizados para a coleta de dados).

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA--1.1

1.2

Nesta parte do trabalho ocorre a fundamentação do estudo. Por isso, deve-se selecionar bibliografias adequadas (livros, periódicos, etc) a fim de fixar bem o tema e dominar a terminologia sobre o assunto.

Não há um modelo para esta seção, depende de como o estudante pretende elaborá-la. É necessário, porém, que sua estrutura seja organizada de modo que o todo estabeleça relações com as partes e vice-versa.

As ideias obtidas por meio da leitura, copiadas ou parafraseadas no texto, devem ser citadas e as obras referenciadas no texto e no final do trabalho (referências).

2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS--

O pesquisador fará uma leitura atenta de todo o material recolhido: as anotações da observação, as respostas do questionário, as respostas obtidas nas entrevistas, ou os dados obtidos pelos formulários. Confrontará as respostas número um, por exemplo, de todas as pessoas que responderam, para depois interpretar, analisar à luz da teoria e escrever a conclusão. Deve escrever de modo que o leitor entenda a questão formulada por ocasião da pesquisa de campo. Inclusive pode apresentar as questões enquanto analisa e interpreta as respostas. As citações utilizadas na fundamentação teórica voltam para reforçar o que é afirmado, tomando-se o cuidado de fazê-lo de maneira diferente. Se a fundamentação teórica não corresponder em termos de conteúdo para que se faça uma boa análise, então esta deve ser ampliada.

A análise interpretativa apoiar-se-á em três aspectos fundamentais: a) nos resultados alcançados nos estudo (respostas aos instrumentos, idéias dos

documentos etc.);b) na fundamentação teórica (manejo dos conceitos-chaves das teorias e de outros

pontos de vista);

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c) na experiência pessoal do investigador.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este momento caracteriza-se como o “fechamento” do trabalho. O pesquisador discorre sobre o que alcançou com a pesquisa.

Nesta última parte, pode ser feita a sinalização pretendida nos objetivos. Inclusive deixar abertura para novos questionamentos que originaram da própria pesquisa. É importante expressar o ponto de vista do autor do trabalho, incluindo o alcance dos resultados, sugestões para novas pesquisas e as dificuldades encontradas na sua elaboração. O que alcançou com a pesquisa: Sua pesquisa resolve, amplia a compreensão, descobre outros problemas em

relação ao problema originalmente escolhido? Os objetivos gerais e específicos previamente definidos foram alcançados? A pesquisa bibliográfica foi suficiente para a consecução de seus propósitos?

Houve a necessidade de adotar outras técnicas? A bibliografia previamente selecionada correspondeu às suas expectativas? Ao final da pesquisa, com a leitura, análise, comparação e síntese de diferentes

autores sobre o mesmo tema, qual é a sua postura diante dele?Traga sua marca pessoa. Aproveite este momento para o seu primeiro exercício de autonomia intelectual, pois na conclusão você pode anunciar o seu próprio ponto de vista com a certeza de que ele possui uma fundamentação teórica e científica [...]” (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 147)

REFERÊNCIAS--

Referência é a representação dos documentos efetivamente citados no trabalho.

ANEXOS

--

Anexo é matéria suplementar tal como leis, questionários, estatísticas, relação de itens a observar na pesquisa, as perguntas elaboradas previamente para uma entrevista, que se acrescenta a um trabalho como esclarecimento ou documentação, sem que se constitua parte essencial dele. Os anexos são numerados com algarismos arábicos, seguidos do título.

Exemplos: ANEXO A – Decretos e regulamentosANEXO B – Roteiro de observação

Seguir rigorosamente as orientações e normas técnicas da metodologia científica para apresentação de trabalhos da Faculdade Católica Rainha da Paz – FCARP, 2007.

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