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MINISTRIO DA EDUCAO E DO DESPORTO
SETOR DE CINCIAS AGRRIAS DA UFPR CENTRO DE CINCIAS FLORESTAIS E DA MADEIRA
Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal
PROPRIEDADES DA MADEIRA
Prof. Dr. Joo Carlos Moreschi Fevereiro/ 2.005
4 edio novembro / 2.012 - Curitiba, PR
ii
SUMRIO LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. v LISTA DE TABELAS .............................................................................................. x 1. PROPRIEDADES ORGANOLTICAS DA MADEIRA .......................................1 1.1. Cor .................................................................................................................1 1. 2. Cheiro ...........................................................................................................3 1.3. Gosto ou Sabor .. ........................................................................................4 1.4. Gr ................................................................................................................ 5 1.5. Textura ........................................................................................................7 1.6. Brilho ...........................................................................................................8 1.7. Desenho .......................................................................................................8 2. MASSA ESPECFICA (Densidade) .................................................................. 9 2.1. MASSA ESPECFICA APARENTE ..................................................................9 2.1.1. Determinao da Massa Especfica Aparente ............................................11 2.1.1.1. Determinao do volume pelo mtodo estereomtrico ............................11 2.1.1.2. Determinao do volume pelo mtodo por deslocamento ..................... 11 2.1.1.3. Determinao do volume pelo mtodo de pesagem ............................... 14 2.1.2. Determinao da Massa Especfica pela Imerso Relativa da Pea ......... 15 2.1.3. Determinao da Massa Especfica Atravs da Passagem de Raios ...... 16 2.1. 4. Fatores que Influem na Massa Especfica da Madeira .............................16 2.1.4.1. Influncias internas ..................................................................................16 2.1.4.2. Influncias externas ................................................................................ 26 2.2. MASSA ESPECFICA REAL ..........................................................................27 3. UMIDADE ........................................................................................................ 28 3.1. DEFINIO ................................................................................................... 29 3.2. MTODOS UTILIZADOS PARA A DETERMINAO DO TEOR DE
UMIDADE .................................................................................................... 30 3. 2.1. Mtodo por Pesagens ............................................................................... 30 3.2.2. Mtodo Qumico por Destilao ................................................................. 31 3.2.3. Mtodo Qumico por Titulao (Karl Fischer) ............................................ 34 3.2.4. Aparelhos Eltricos .................................................................................... 35 3.2.4.1. Aparelhos baseados em medidas de resistncia .................................... 36
iii
3.2.4.2. Aparelhos baseados na capacidade eltrica .......................................... 36 3.3. AMOSTRAGEM ............................................................................................ 37 3.4. DEPENDNCIA DA UMIDADE DA MADEIRA ............................................. 39 3.5. SORO DA MADEIRA ............................................................................... 45 4. CONTRAO E INCHAMENTO .................................................................... 52 4.1. CONTRAO E INCHAMENTO VOLUMTRICO ...................................... 52 4.1.1. Coeficiente de Inchamento Volumtrico Mximo ....................................... 54 4.1.2. Coeficiente de Contrao Volumtrica Mxima ..........................................55 4.2. CONTRAO E INCHAMENTO LINEARES ............................................... 58 4.3. CONTRAO E INCHAMENTO LINEARES EM NGULO ..................... 62 4.4. COEFICIENTE DE RETRATIBILIDADE (Q) ............................................... 63 4.4.1. Utilizao do Coeficiente de Retratibilidade da Madeira ........................... 64 4.4.2. Determinao dos Coeficientes de Contrao, Inchamento e de
Retratibilidade ........................................................................................... 66 4.5. ANISOTROPIA DIMENSIONAL ................................................................... 69 5. PROPRIEDADES TRMICAS DA MADEIRA ................................................. 73 5.1. CONDUTIVIDADE TRMICA DA MADEIRA ................................................ 74 5.2. CALOR ESPECFICO DA MADEIRA ........................................................... 81 5.3. TRANSMISSO TRMICA ......................................................................... 83 5.4. EXPANSO TRMICA DA MADEIRA ......................................................... 84 6. PROPRIEDADES ELTRICAS DA MADEIRA ............................................. 86 7. PROPRIEDADES ACSTICAS DA MADEIRA ............................................ 91 8. PROPRIEDADES MECNICAS DA MADEIRA ........................................... 100 8.1. ELASTICIDADE E PLASTICIDADE ............................................................ 100 8.1.1. Mdulo de Elasticidade ........................................................................... 102 8.2. DEPENDNCIAS GERAIS DAS PROPRIEDADES MECNICAS E
ELSTICAS DA MADEIRA .................................................................... 107 8.2.1. Condies do Ensaio .............................................................................. 107 8.2.2. Influncias Internas da Madeira ............................................................ 110 8.2.3. Influncias Externas da Madeira ............................................................. 121 9. ENSAIOS DE LABORATRIO PARA A DETERMINAO DAS PROPRIEDADES MECNICAS DA MADEIRA ................................................ 126 9.1. FLEXO ESTTICA ................................................................................. 126 9.1.1. Consideraes Gerais Sobre o Ensaio .................................................. 126 9.2. FLEXO DINMICA ................................................................................. 138 9.2.1. Consideraes Gerais Sobre o Ensaio .................................................. 139
iv
9.2.1.1.Testes de flexo dinmica segundo as Normas DIN e AFNOR-IPT........139 9.3. COMPRESSO AXIAL OU PARALELA S FIBRAS .................................. 148 9.3.1. Consideraes Gerais Sobre o Ensaio .....................................................148 9.3.2.Clculo do Mdulo de Elasticidade e da Resistncia Mx. Compresso Axial .....................................................................................152 9.4. COMPRESSO PERPERDICULAR S FIBRAS ....................................... 154 9.4.1. Consideraes Gerais Sobre o Ensaio .................................................... 154 6.4.2. Clculo da Resistncia Compresso Perpendicular s Fibras ............ 158 9.5. TRAO AXIAL OU PARALELA S FIBRAS ............................................ 158 9.5.1. Consideraes Gerais Sobre o Ensaio .................................................... 158 9.5.2. Clculo Para a Determinao da Resistncia Trao .......................... 162 9.6. TRAO PERPENDICULAR ..................................................................... 166 9.6.1. Consideraes Gerais Sobre o Ensaio .................................................... 166 9.6.2. Clculo da Resistncia Trao Perpendicular s Fibras ..................... 171 9.7. CISALHAMENTO ....................................................................................... 171 9.7.1. Consideraes Gerais Sobre o Ensaio .....................................................171 9.7.2. Clculo da Resistncia ao Cisalhamento ................................................ 174 9.8. RESISTNCIA DUREZA ....................................................................... 174 9.8.1. Consideraes Gerais ..............................................................................176 9.8.1. Dureza Brinnel ....................................................................................... 176 9.8.2. Dureza Janka .......................................................................................... 178 9.9. RESISTNCIA ABRASO .................................................................... 181 9.10. RESISTNCIA TORO .................................................................... 182 10. DEPENDNCIAS GERAIS DAS PROPRIEDADES MECNICAS DA MADEIRA .......................................................................................................... 185 10.1. CONDIES DO ENSAIO ..................................................................... 185 10.1.1. Tamanho e Forma do Corpo de Prova ................................................ 185 10.1.2. Velocidade do Ensaio ............................................................................ 186 10.2. INFLUNCIAS INTERNAS DA MADEIRA ................................................ 187 10.2.1. Massa Especfica ................................................................................... 187 10.2.2. ngulo das Fibras ............................................................................... 187 10.2.3. Posio no Tronco ................................................................................. 187 10.2.4. Porcentagem dos Lenhos Inicial e Tardio ............................................. 187 10.2.5. Defeitos da Madeira ............................................................................... 188 10.2.5.1 Galhos (ns) ........................................................................................ 188
v
10.2.5.2. Gr irregular ........................................................................................ 189 10.2.5.3. Lenho de reao .............................................................................. 189 10.3. INFLUNCIAS EXTERNAS ..................................................................... 191 10.3.1. Temperatura ........................................................................................... 191 10.3.2. Umidade ................................................................................................ 191
LISTA DE FIGURAS
FIGURA PGINA
1 Aparelho para a medio de volume por imerso em mercrio (Amsler) - Kollmann, p.362. ................................................................... 12
2 Exemplo de recipiente usado na determinao do volume pelo deslocamento de gua (kollmann,pag.361):recipiente e tubo capilar em perfil, e escala graduada e tubo capilar vistos de frente....................14
3 Determinao do volume por pesagem .................................................. 14 4 Representao de pea de madeira preparada para determi-nao da
massa especfica pelo mtodo de imerso relativa..................................15 5 Distribuio normal da massa especfica de 6 espcies de madeira ..... 16 6 Variao da massa especfica (ru) em funo do teor de umidade (U)...19 7 Distribuio normal da massa especfica para os lenhos tardio e
inicial........................................................................................................ 20 8 Relao entre massa especfica (ro) e a proporo de lenho
tardio (%) (conferas)............................................................................. 20 9 Variao da massa especfica (ro) e da proporo de lenho tardio
(para o Fraxinus excelsius) - Madeira com porosidade em anel .......... 22 10 Relao entre a massa especfica (ro) e a largura do anel de
crescimento, para folhosas com porosidade em anel (a = 1 e 2), e porosidade difusa ( b = 3 e 4 )................................................................. 22
11 Variao da massa especfica no sentido transversal, para conferas e folhosas com porosidade em anel....................................................... 24
12 Relacionamento entre as massas especficas aparente bsica (ru) e
vi
a 0%U ( ro ) com a altura da rvore........................................................ 24
13 Representao esquemtica das paredes celulares, correspondentes aos lenhos inicial e tardio da madeira..................................................... 28
14 Aparelhagem utilizada para a determinao do teor de umidade pelo mtodo de destilao...................................................................... 32
15 Instalao utilizada para a determinao do teor de umidade da madeira pelo mtodo Karl Fischer.......................................................... 35
16 Representao da curva e distribuio da umidade dentro de uma pea de madeira seca, e de pontos representativos para a sua determinao.......................................................................................... 37
17 Relao entre a temperatura, umidade absoluta e umidade relativa do ar () ................................................................................................. 42
18 Relao entre a massa especfica (ro) e o teor de umidade mxima da madeira (Umax)................................................................................... 43
19 Possveis formas de gua existentes na madeira .................................. 45 20 Relao entre vrias propriedades de resistncia mecnica e
o teor de umidade da madeira (U%)....................................................... 47 21 Diferentes formaes de meniscos nos capilares da madeira
durante a adsoro e a desoro - ngulo de humectao -...............49 22 Isotermes de desoro e adsoro de umidade na madeira ..................49 23 Curvas de umidade de equilbrio para a madeira de Picea sitchensis,
em relao temperatura e umidade relativa do ar........................... 50 24 Molculas de gua (em cor mais clara) entre as regies cristalinas
e dentro das regies amorfas das micelas............................................. 52
25 Relao entre o coeficiente de inchamento volumtrico (V) e o teor de umidade da madeira, para diferentes espcies florestais........... 53
26 Relao entre a contrao volumtrica e o teor de umidade da madeira, em funo da sua massa especfica (m.e.)............................. 58
27 Diferentes sentidos anatmicos da madeira .......................................... 60 28 Relao entre o teor de umidade e o inchamento volumtrico da
madeira em seus diferentes sentidos .................................................... 60
29 Contrao linear em ngulo ( ) da madeira, considerando uma pea de madeira anatomicamente bem orientada..................................62
30 Corpo-de-prova segundo a COPANT 30:1-005, para a determinao dos coeficientes de contrao, inchamento e de retratibilidade............. 67
31 Visualisao dos tipos de defeitos desenvolvidos durante a secagem da madeira, devidos ao fenmeno da anisotropia ................................ 69
32 Representao esquemtica do maior nmero de paredes celulares
vii
por unidade de distncia, entre os diferentes sentidos anatmicos da madeira.................................................................................................. 71
33 Representao do coeficiente de condutividade trmica da madeira .... 75 34 Relacionamento entre a condutividade trmica e o teor de umidade,
para madeiras com diferentes massas especficas................................ 78 35 Parede construda para obter um isolamento trmico de 1/K = 1,20 .... 80
36 Relao existente entre a resistncia eltrica especfica da madeira e o seu teor de umidade ........................................................................ 88
37 Efeito de um forro acstico confeccionado de chapa de fibras de madeira perfuradas: a) penetrao das ondas sonoras pelos buracos, e perda de energia por efeito da reflexo sucessiva nas paredes do espao vazio entre o teto e o forro aplicado; b) reflexo de parte da onda sonora incidente na superfcie da chapa de fibras; e c) absoro da onda sonora pela chapa de fibras............................... 94
38 Propagao do som pela vibrao de uma parede por efeito de choque de ondas sonoras...................................................................... 95
39 Dependncia do isolamento acstico versus a freqncia do som, de um compensado de madeira (1) e de uma parede de alvenaria (2)..97
40 Tipos de paredes de madeira e qualificao quanto ao isolamento acstico: a) Parede mltipla com isolamento deficiente; b) parede mltipla com elevado poder de isolamento acstico.............................. 98
41 Formas prticas de isolamento do som por materiais slidos: a) em um teto de laje de concreto, acima; e b) em teto com vigamento de madeira, abaixo............................................................ 99
42 Tpica relao carga / deformao para testes de trao e de compresso .......................................................................................... 101
43 Esquema simplificado do sistema de classificao de madeiras, baseado no mdulo de elasticidade E. ...............................................103
44 Esquema simplificado da determinao do mdulo de elasticidade dinmico........................................................................... 105
45 Dependncia da resistncia flexo e da deformao total sobre a relao L/h dos corpos-de-prova ...................................................... 108
46 Relao da energia absorvida por volume, como uma funo da relao L/h - o valor mnimo do trabalho de impacto corresponde a L/h = 12.............................................................................................. 108
47 Dependncia das propriedades de resistncia relativa em funo do ngulo da gr, em relao direo axial do corpo-de-prova...............111
48 Representao de tenses internas e de rachaduras microscpicas dentro de um anel de crescimento........................................................ 117
49 Representao da posio dos lenhos de compresso e de trao no fuste de rvores............................................................................... 117
viii
50 Influncia da temperatura de secagem sobre a resistncia compresso........................................................................................... 123
51 Esquema do ensaio de flexo esttica (P= carga; d= deformao)..... 126 52 Forma e dimenses do corpo-de-prova para flexo esttica,
segundo a Norma COPANT 30:1-006.................................................. 127 53 Distribuio das tenses dentro do corpo-de-prova durante o
ensaio de flexo esttica...................................................................... 128 54 Distribuio das tenses de compresso, trao e cisalhamento
em peas submetidas flexo esttica, com cargas distribudas simetricamente...................................................................................... 128
55 Percentual de deformao causada pelas tenses de cisalhamento no teste de flexo esttica.................................................................... 129
56 Distribuio das tenses durante o ensaio de flexo esttica (as situaes A, B e C so descritas a seguir)..................................... 129
57 Representao da ruptura e da deformao plstica em um corpo-de-prova submetida ao ensaio de flexo esttica....................... 130
58 Posio de tomada dos dados de deformao durante o ensaio de flexo esttica.................................................................................. 131
59 Exemplo de determinao grfica do limite proporcional (LP) entre as cargas e as deformaes correspondentes registradas durante o ensaio de laboratrio..........................................................................134
60 Influncia da relao L/h sobre o coeficiente de resilincia da madeira ........................................................................................... 139
61 Equipamento adotado para a avaliao da resistncia flexo dinmica, pelas normas DIN e AFNOR-IPT......................................... 140
62 Relacionamento do tipo de ruptura ocorrida no ensaio de flexo dinmica com a qualidade da madeira: da esquerda para a direita, madeiras com alta, media e baixa resistncia ao choque.................... 143
63 Esquema do ensaio de compresso axial (corpo-de-prova, ponte e registrador de deformaes).............................................................. 148
64 Ruptura tpica apresentada em corpos-de-prova testados para avaliar a compresso axial, e representao grfica do deslizamento das fibras por efeito da deformao..................................................... 151
65 Tipos de rupturas que podero ocorrer com a realizao do ensaio de compresso axial: a) amassamento; b) rachadura lateral; c) cisalhamento; d) rachadura longitudinal; e) amassamento e cisalhamento paralelo gr e; f) deslizamento na forma de vassoura................................................................................................151
66 Esquema do ensaio para a determinao da resistncia compresso perpendicular s fibras, segundo a Norma COPANT 30:1-011 .......... 155
67 Grfico tpico relacionando a carga e a deformao registradas no ensaio de compresso perpendicular s fibras................................156
ix
68 Sentido dos esforos empregados no ensaio de trao axial................159 69 Forma e dimenses observadas em um corpo-de-prova para
a avaliao da resistncia trao axial da madeira........................... 160 70 Esquema do ensaio para a determinao da resistncia trao axial.
Velocidade: 1mm por minuto..................................................................161 71 Representao grfica de rupturas causadas por trao axial, em
madeiras com diferentes resistncias aparentes...................................163 72 Corpo de prova e forma de execuo do ensaio de trao
perpendicular s fibras.......................................................................... 165 73 Corpo-de-prova para o ensaio de tenso perpendicular gr, de
acordo com especificaes da Norma AFNOR.................................... 166 74 Distribuio das tenses dentro do c.p. durante a determinao da
resistncia............................................................................................. 166 75 Corpos-de-prova de acordo com diferentes normas tcnicas, para a
determinao da resistncia ao fendilhamento..................................... 167 76 Relacionamento entre a resistncia ao fendilhamento determinada
em corpos-de-prova confeccionados com uma (figura 71) e com duas ranhuras (figuras 68 70)............................................................ 168
77 Esquema do teste de cisalhamento ..................................................... 170 78 Corpo-de-prova usado para a determinao da resistncia ao
cisalhamento, segundo a Norma COPANT 30:1-007 - sees de trabalho em funo da orientao de corte da madeira: A) tangencialmente aos anis de crescimento; e B) perpendicularmente aos anis de crescimento..................................................................... 172
79 Distribuio de tenses em um cubo de madeira sob carga simetricamente distribuda..................................................................... 172
80 Esquema do ensaio para a determinao da dureza Janka .................178 81 Possveis casos de toro de C.P. de madeira com seo
transversal quadrada............................................................................ 182
x
LISTA DE TABELAS
TABELA PGINA
1. ESPCIES DE MADEIRA E SUBSTNCIAS QUE
CONFEREM A SUA COLORAO ................................................ 1 2. ESPCIES DE MADEIRA E EFEITOS NEGATIVOS A
HUMANOS ...................................................................................... 4 3. EXEMPLOS DE ALGUNS VALORES MDIOS DE MASSA
ESPECFICA DA MADEIRA - (CLIMATIZADAS PARA SE ESTABILIZAREM A 0% U)............................................................ 17
4. TIPOS DE GUA EXISTENTES NA MADEIRA E SEUS RELACIONAMENTOS AO PROCESSO DE DESORO ........... 51
5. VALORES DE CONTRAO LINEAR E VOLUMTRICA DE ALGUMAS ESPCIES, ORDENADAS SEGUNDO A MASSA ESPECFICA A 15% DE TEOR DE UMIDADE............................. 61
6. EXEMPLOS DE COEFICIENTES DE RETRATIBILIDADE PARA DIFERENTES ESPCIES DE MADEIRA ........................... 64
7. FATORES DE ANISOTROPIA E RESPECTIVAS CLASSES DE QUALIDADE DA MADEIRA ................................... 70
8. EXEMPLOS DE ALGUNS COEFICIENTES DE CONDUTIVIDADE TRMICA ........................................................ 78
9. DIFERENA DE TEMPERTURA ENTRE OS LADOS INTERNO E EXTERNO DE UMA PAREDE EM FUNO DO MATERIAL E ESPESSSURA DAS CAMADA UTILIZADAS ............................ 81
10. ALGUNS VALORES MDIOS DE CALOR ESPECFICO ............ 82 11. RESISTENCIA ELTRICA ESPECFICA (R) DE
ALGUNS MATERIAIS ISOLANTES ............................................. 89 12. FORMAS DE UTILIZAO DA CORRENTE ELTRICA
ALTERNADA DE ALTA FREQNCIA, SUAS VANTAGENS E DESVANTAGENS .............................................. 90
13. EXEMPLOS DE GRAUS DE ABSORO SONORA DE ALGUNS MATERIAIS ............................................................. 94
14. RELAO APROXIMADA ENTRE O COEFICIENTE DE ABSORO DE RUIDOS (ISOLAMENTO ACSTICO)
xi
DE PAREDES SIMPLES, EM DIFERENTRES ESPESSURAS E MASSAS DO MATERIAL POR METRO QUADRADO............... 96
15. RESULTADOS DE ENSAIOS MECNICOS DE ALGUMAS MADEIRAS BRASILEIRAS .......................................106
16. PROPORES DE ALTERAES NAS PROPRIEDADES MECNICAS DA MADEIRA, POR PERCENTUAL DE ALTERAO NO TEOR DE UMIDADE ...................................... 124
17. DADOS REGISTRADOS DURANTE UM ENSAIO DE FLEXO ESTTICA. ................................................................... 133
18. RESISTNCIA COMPRESSO AXIAL MDIA, OBTIDA EM VRIOS ENSAIOS DE COMPRESSO AXIAL PARA CORPOS-DE-PROVA COM DIFERENTES SEES TRANSVERSAIS.......................................................................... 149
19. VALORES DE RESISTNCIA TRAO PARALELA PARA ALGUNS COMPONENTES DA MADEIRA....................... 160
20. CARGA APLICADA NO TESTE DE DUREZA BRINNEL EM FUNO DA PROVVEL DUREZA E MASSA ESPECFICA DA MADEIRA TESTADA ...................................... 176
21. MDULOS DE ELASTICIDADE FLEXO ESTTICA .......... 187 22. RESULTADOS DE ENSAIOS MECNICOS COMPRESSO,
TRAO E FLEXO ESTTICA DA MADEIRA COM E SEM A PRESENA DE NS................................................................... 187
23. ALTERAES DAS PROPRIEDADES MECNICAS DA MADEIRA EM FUNO DO TEOR DE UMIDADE.....................191
PROPRIEDADES TECNOLGICAS DA MADEIRA 1. edio: fevereiro/2005; 4 edio: novembroo/ 2.012
Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal da UFPR Prof. Dr. Joo Carlos Moreschi
A presente apostila foi elaborada para fins didticos e seu dowload e cpia esto disponveis para qualquer pessoa interessada na matria, contudo a alterao de seu contedo, a transcrio da totalidade ou de parte de seu texto, bem como sua traduo total ou parcial no esto autorizadas, exceto se devidamente citada a sua fonte.
1
PROPRIEDADES DA MADEIRA 1. PROPRIEDADES ORGANOLTICAS DA MADEIRA
As propriedades organolticas da madeira so aquelas que impressionam os
rgos sensitivos, sendo elas: cheiro, cor, gosto, gr, textura e desenho que se
apresentam no material, e so diretamente ligadas ao seu valor decorativo e
ornamental.
1.1. COR
A cor da madeira originada por substncias corantes depositadas no interior
das clulas que constituem o material lenhoso, bem como impregnadas nas suas
paredes celulares. Entre estas substncias podem-se citar resinas, gomas, goma-
resinas, derivados tnicos e corantes especficos, muitos dos quais ainda no foram
suficientemente estudados sob o ponto de vista qumico.
A Tabela 1 abaixo apresenta algumas espcies de madeira e as respectivas
substncias responsveis pela colorao conferida madeira.
TABELA 1. ESPCIES DE MADEIRA E SUBSTNCIAS QUE CONFEREM A SUA COLORAO
NOME COMUM NOME CIENTFICO SUBSTNCIA CORANTE
Pau Brasil Guilandina echinata Brasilina
Pau Campeche Haematoxylum campechianum Hematoxilina
Ip Gnero Tabebuia (Bignoniacea) Lepachol
A regio perifrica do alburno, juntamente com a do cmbio, apresenta
colorao mais clara que a madeira de cerne, situado na regio mais interior do fuste
de uma rvore.
Alguns dos produtos depositados no interior das clulas e das paredes
celulares, responsveis pela colorao da madeira, podem ser txicos a agentes
xilfagos, os quais conferem a vrias madeiras de colorao escura uma alta
durabilidade em situaes de uso que favorecem a biodeteriorao.
PROPRIEDADES TECNOLGICAS DA MADEIRA 1. edio: fevereiro/2005; 4 edio: novembroo/ 2.012
Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal da UFPR Prof. Dr. Joo Carlos Moreschi
A presente apostila foi elaborada para fins didticos e seu dowload e cpia esto disponveis para qualquer pessoa interessada na matria, contudo a alterao de seu contedo, a transcrio da totalidade ou de parte de seu texto, bem como sua traduo total ou parcial no esto autorizadas, exceto se devidamente citada a sua fonte.
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De forma geral, madeiras mais leves e macias so sempre mais claras que as
mais pesadas e duras. Por outro lado, em regies quentes predominam as madeiras
com cores variadas e mais escuras que em regies de clima frio; nestas ltimas
predominam as madeiras denominadas madeiras brancas.
A cor da madeira de grande importncia no ponto de vista prtico, pela
influncia que exerce sobre seu valor decorativo. Adicionalmente, substncias
corantes, quando presentes em altas concentraes na madeira, podem ser
extradas comercialmente e utilizadas na tingidura de tecidos, couros e outros
materiais. Como exemplo de espcies comerciais para esta finalidade temos o Pau
Brasil e o Pau Campeche, apresentadas na Tabela 1, e a Taiva (Chlorophora
tinctoria).
A cor da madeira varia com o teor de umidade e normalmente ela se torna
mais escura quando exposta ao ar, pela oxidao das substncias orgnicas
contidas no material lenhoso. Tal efeito promovido pela elevao da temperatura,
como pela exposio da madeira a radiao solar. Outras formas de alterao da cor
natural da madeira dizem respeito s situaes em que este material se encontra em
contato com metais ou por ao de micorganismos (fungos e/ou bactrias).
Com o propsito de aumentar o valor comercial de algumas espcies de
madeira, pode-se causar a modificao artificial da cor da madeira por meio de
tinturas, descoloraes ou outros meios, como alteraes na cor por tratamentos
com gua ou vapor dgua.
Para escurecer madeiras recm cortadas no sentido de dar-lhes um aspecto
envelhecido, e obviamente aumentar o seu valor comercial, utiliza-se com sucesso o
tratamento de corrente contnua de ar quente carregado com oznio, o que produz,
simultaneamente, a secagem e o envelhecimento artificial da madeira, por
evaporao dagua e por oxidao das substncias existentes no material lenhoso.
Devido subjetividade ao se descrever a cor da madeira, e por questo de
padronizao nesta rea tecnolgica, recomendvel a utilizao da tabela de
cores de Munsell para tecidos vegetais (MUNSELL COLOR Munsell color chart for
plant tissues. Baltimore, 1952).
PROPRIEDADES TECNOLGICAS DA MADEIRA 1. edio: fevereiro/2005; 4 edio: novembroo/ 2.012
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1. 2. CHEIRO
O cheiro uma caracterstica difcil de ser definida. O odor tpico que algumas
espcies de madeira apresentam deve-se presena de substncias volteis,
concentradas principalmente na madeira de cerne. Por conseqncia ele tende a
diminuir com o tempo em que a superfcie da madeira fica exposta, mas pode ser
realado com a raspagem da sua superfcie, produzindo-se cortes ou umedecendo o
material a ser examinado.
O odor natural da madeira pode ser agradvel ou desagradvel, valorizando-a
ou limitando-a quanto a sua utilizao. Contudo ela tambm pode ser inodora,
caracterstica que a qualifica para inmeras finalidades, em especial na produo de
embalagens para chs e produtos alimentcios.
Como exemplo do emprego de espcies de madeira em funo de seu odor
caracterstico, pode-se citar a confeco de embalagens para charutos, uma vez o
sabor melhora quando estes so armazenados em caixas de madeira de Cedro
(Cedrela sp.). Outras espcies, devido a seus aromas agradveis, so normalmente
exploradas comercialmente para a fabricao de artigos de perfumaria, como o
Cedro-rosa (Santalum album), usada como incenso no Oriente, e o Cinamomo-
cnfora (Cinnamomum camphora), empregado na confeco de bas para o
armazenamento de ls e peles pela sua propriedade de repelir insetos.
Em contraste s madeiras valorizadas pelo odor agradvel, existem as que
tm saponinas em suas clulas e, quando trabalhadas no estado seco, desprendem
p que irritam as mucosas nasais. Entre algumas espcies que apresentam este
inconveniente, esto a Enterolobium contortisiliquum, Tabebuia sp. e a Myrocarpus
frondosus. Tambm existem as que apresentam toxicidade ao homem, com efeitos
como irritao da pele, dos olhos ou nariz, alergias, dores de cabea, etc.
Alm dos efeitos j apresentados, relacionados s substncias includas na
madeira e responsveis pelo odor e efeitos nocivos ao homem, muitas espcies de
madeira possuem substncias especiais em suas clulas que podem ser
problemticas, caracterizando-se como defeitos, caso danifiquem as serras e
equipamentos empregados no desdobro e na usinagem, como o carbonato de clcio
PROPRIEDADES TECNOLGICAS DA MADEIRA 1. edio: fevereiro/2005; 4 edio: novembroo/ 2.012
Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal da UFPR Prof. Dr. Joo Carlos Moreschi
A presente apostila foi elaborada para fins didticos e seu dowload e cpia esto disponveis para qualquer pessoa interessada na matria, contudo a alterao de seu contedo, a transcrio da totalidade ou de parte de seu texto, bem como sua traduo total ou parcial no esto autorizadas, exceto se devidamente citada a sua fonte.
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na madeira de Baitoa (Phyllostemon brasiliensis), ou o elevado teor de slica nas
madeiras de Maaranduba ( Manilkara elata) e Itaba ( Mazilaurus itauba).
A Tabela 2., a seguir, apresenta algumas espcies de madeira tidas como
prejudiciais sade humana, bem como os respectivos efeitos causados pelas
substncias depositadas no interior de suas clulas:
TABELA 2. ESPCIES DE MADEIRA E EFEITOS NEGATIVOS A HUMANOS
NOME COMUM NOME CIENTFICO EFEITOS NEGATIVOS SOBRE HUMANOS
Cavina Machoerim scleroxylon Dermatite, asma, tonturas, nsia, etc
Jacarand-da-bahia Dalbergia nigra Dermatite
Peroba-amarela Paratecoma peroba Dermatite
Jacareba Calophyllum brasiliense Tonturas
1.3. GOSTO OU SABOR
Gosto ou sabor uma propriedade intimamente relacionada com o odor, por
ambos serem originados das mesmas substncias.
Na prtica, somente de forma excepcional o gosto da madeira contribui para a
identificao e distino entre espcies. Por esta razo esta determinao est
definitivamente em desuso pois, alm da possibilidade de reaes alrgicas ou de
intoxicao ao se tentar determinar o gosto da madeira, ele muito varivel e pouco
contribui. Contudo ele pode excluir certas espcies de madeira para algumas
utilizaes, como no caso de embalagens para alimentos, palitos de dente, de
picols e de pirulitos, brinquedos para bebs, utenslios para cozinhas, etc.
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1.4. GR
O termo gr refere-se orientao geral dos elementos verticais constituintes
do lenho, em relao ao eixo da rvore ou de uma pea de madeira. Esta orientao
decorrente das mais diversas influncias em que a rvore submetida durante o
seu processo de crescimento, culminando em grande variao natural no arranjo e
na direo dos tecidos axiais, o que origina vrios tipos de grs, a saber:
Gr direita ou reta: Tipo de gr considerada normal, apresentando os tecidos axiais orientados paralelamente ao eixo principal do fuste da rvore ou de peas
confeccionadas de madeira.
Este tipo de gr apreciado na prtica por contribuir para uma elevada
resistncia mecnica, ser de fcil desdobro e processamento e no provocar
deformaes indesejveis por ocasio da secagem da madeira. Contudo, no
ponto de vista decorativo as superfcies tangenciais e radias da madeira se
apresentaro com aspecto bastante regular e sem figuras ornamentais
especiais, a exemplo da madeira de Araucaria angustifolia.
Grs irregulares: Tipos de grs cujos tecidos axiais apresentam variaes na orientao, em relao ao eixo principal do fuste da rvore ou de peas de
madeira. Dentre os tipos de grs irregulares distinguem-se:
- Gr espiral: Determinada pela orientao espiral dos elementos axiais constituintes da madeira, em relao ao fuste da rvore. Em rvores vivas,
sua presena pode ser muitas vezes visualizada pela aparncia espiralada
da casca, podendo, no entanto, estar oculta sob uma casca de aspecto
normal.
A existncia deste tipo de gr traz srias conseqncias para a utilizao da madeira, como a diminuio da resistncia mecnica, aumento das
deformaes de secagem e dificuldade para se conseguir um bom
acabamento superficial.
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Alm das conseqncias supracitadas, quando ocorrer uma volta completa
dos elementos axiais em menos de 10 m de comprimento do fuste, a
madeira apresenta srias limitaes quanto a sua utilizao, sobretudo para
fins estruturais.
- Gr entrecruzada: A existncia deste tipo de gr ocorre especialmente quando a direo da inclinao dos elementos axiais se altera de perodo de
crescimento para perodo de crescimento da rvore. Este tipo de gr no
reduz em demasia a resistncia mecnica da madeira, mas responsvel
por um aumento das deformaes de secagem e da dificuldade para se
conseguir um bom acabamento superficial.
Apesar dos problemas supracitados, madeira que contm gr entrecruzada
poder ser valorizada sob o ponto de vista esttico, pelo desenho e variao
no brilho apresentados na sua superfcie.
- Gr ondulada: Neste tipo de gr os elementos axiais do lenho alteram constantemente suas direes, apresentando-se na madeira como uma linha
sinuosa regular. Suas superfcies longitudinais apresentam faixas claras e
escuras, alternadas entre si e de belo efeito decorativo.
As conseqncias para a utilizao prtica da madeira so as mesmas da
gr entrecruzada.
- Gr inclinada, diagonal ou oblqua: Tipo de gr que ocorre pelo desvio angular dos elementos axiais, em relao ao eixo longitudinal de uma pea
de madeira. Neste caso, as peas de madeira so provenientes de fustes
excessivamente cnicos, de crescimento excntrico, etc.
Este tipo de gr afeta significativamente as propriedades tecnolgicas da
madeira, sendo que, quanto maior o desvio, menor a resistncia mecnica e
mais acentuada a ocorrncia de deformaes por efeito da secagem.
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1.5. TEXTURA
Ao termo textura refere-se o efeito produzido na madeira pelas dimenses,
distribuio e porcentagem dos diversos elementos estruturais constituintes do
lenho, no seu conjunto. Nas angiospermas este efeito determinado principalmente
pelos dimetros dos vasos e pelas larguras dos raios, enquanto nas gimnospermas
o efeito se d pela maior ou menor nitidez, espessura e regularidade dos anis de
crescimento. Os seguintes tipos de textura so apresentados, de acordo com o grau
de uniformidade pela madeira:
Textura grossa ou grosseira: apresentada em madeiras com poros grandes e visveis a olho nu (dimetro tangencial maior que 250 m), parnquima axial abundante ou raios lenhosos largos.
Textura fina: apresentada em madeiras cujos elementos tm dimenses muito pequenas e se encontram distribudos principalmente na forma difusa
no lenho, parnquima escasso e tecido fibroso abundante, conferindo
madeira uma superfcie homognea e uniforme.
Textura mdia: situao intermediria entre a textura grossa e a textura fina.
No caso das gimnospermas, quando o contraste entre as zonas do lenho
inicial e do lenho tardio bem marcante, a madeira tem constituio
heterognea e classificada como de textura grossa, como no caso da
madeira de Pinus elliottii, por outro lado, se o contraste for pouco evidente ou
indistinto, a sua superfcie ser uniforme e a classificao ser de textura fina,
como o caso do Pinheiro-bravo (Podocarpus lambertii).
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1.6. BRILHO
O brilho da madeira causado pelo reflexo da luz incidente sobre a sua
superfcie. Porm, como este material constitudo de forma heterognea, ocorre
variao em brilho entre as trs faces anatmicas. Dentre elas a face radial
sempre a mais reluzente, por efeito de faixas horizontais do tecido que forma os
raios da madeira.
A importncia do brilho principalmente de ordem esttica, e sob o ponto de
vista de identificao e distino de madeiras esta propriedade considerada
irrelevante.
1.7. DESENHO
O termo desenho usado para descrever a aparncia natural das faces da
madeira, resultante das vrias caractersticas macroscpicas (cerne, alburno, cor,
gr) e, principalmente, dos anis de crescimento e raios da madeira.
Desenhos especialmente atraentes tm sua origem em certas anormalidades
da madeira, como gr irregular, fustes bifurcados, ns, crescimento excntrico,
deposies irregulares de substncias corantes, etc.
Certos tipos de desenhos possuem denominaes especiais, como figura
prateada, por efeito do brilho dos raios, e olho de passarinho, causado pela
presena de brotos adventcios.
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2. MASSA ESPECFICA (Densidade)
MASSA ESPECFICA APARENTE A massa especfica constitui uma das propriedades mais importantes da madeira,
pois dela dependem a maior parte de suas propriedades fsicas e tecnolgicas,
servindo na prtica como uma referncia para a classificao da madeira. Em regra
geral, madeiras pesadas so mais resistentes, elsticas e duras que as leves.
Porm, em paralelo a estas vantagens, so de mais difcil trabalhabilidade e tambm
apresentam maior variabilidade.
O conhecimento da massa especfica serve como uma informao til sobre a
qualidade e para a classificao de uma madeira.
A relao entre a massa m (g) e o volume V (cm3) de um corpo equivale sua
densidade ( g / cm3), ou seja: = m / V ( g / cm3 ) 1
Conseqentemente, desconsiderando-se o teor de extrativos e de material
estranho madeira, a densidade um reflexo fiel da quantidade de matria lenhosa
por unidade de volume ou, de forma inversa, do volume de espaos vazios
existentes na madeira.
Como nos laboratrios o peso e a massa so comumente determinados de
forma similar, ou seja, com a utilizao de balanas, pode-se aceitar que o peso
determinado igual massa (P = m), obtendo-se a expresso que nos d a massa
especfica r como:
r = P / V ( g / cm3 ) 2
Exemplo: Uma pea de madeira que pesa 350 g e tem um volume de 480 cm3,
tem uma massa especfica igual a 0,73 g / cm3.
r = P (g) / V (cm3) r = 350 g / 480 cm3 r = 0,73 g / cm3
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Para se comparar massas especficas imprescindvel que as amostras
tenham os mesmos teores de umidade, pois qualquer alterao desta acarretar na
alterao do peso e, abaixo do ponto de saturao das fibras ( +/- 28 % U ), no peso
e no volume da madeira.
A massa especfica determinada a um dado teor de umidade, denominada
massa especfica aparente da madeira. Para esta finalidade foram estabelecidos como referncias os teores de umidade fixos de 0%, 12% e 15% de
umidade, correspondendo o primeiro ao teor de umidade aproximado da madeira
seca em estufa, o segundo ao teor de umidade de equilbrio da madeira seca em
condies climticas padronizadas, a 20oC e 65% de umidade relativa do ar, e o
terceiro ao teor de umidade de equilbrio aproximado da madeira, que ocorre
espontaneamente em muitas situaes geogrficas do Brasil. Por conseqncia, o
teor de umidade utilizado para estabilizar a madeira sempre dever ser especificado.
Assim:
r12 = P12 / V12 (g / cm3) 2a
ou
ro = Po / Vo (g / cm3) 2b
Quanto climatizao, deve-se ressaltar o grande problema que representa a
manuteno de um ambiente sob as condies climticas padronizadas pretendidas
(12 % ou 15 % U), devido baixa preciso dos aparelhos normalmente utilizados
para este propsito.
Muitas vezes, pela dificuldade de se determinar com exatido o volume da
madeira a 0 % de umidade, pelo fato dela comear a adsorver umidade do ambiente
assim que retirada da estufa, e desejando-se resultados mais precisos, determina-
se tambm a massa especfica aparente bsica da madeira atravs da seguinte relao:
r = P seco / V verde (g / cm3) 2c
(Segundo a Norma COPANT 30 : 1 - 004)
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A determinao da massa especfica aparente bsica permite sempre a reproduo
de um valor constante, seguro e invarivel, o que de grande utilidade em estudos
tericos e comparaes. Sua grande desvantagem no encontrar utilidade prtica
alguma, mas ter apenas valor cientfico.
2.1.1. Determinao da Massa Especfica Aparente
O termo massa especfica aparente utilizado quando se calcula a massa especfica da madeira pelo relacionamento de sua massa e seu volume aparente, ou
seja, do volume que inclui o material lenhoso, extrativos e o ar contido nas clulas da
madeira, ambos em algum teor de umidade especfico.
2.1.1.1. Determinao do volume pelo mtodo estereomtrico
De acordo com as frmulas vistas para massa especfica, necessrio conhecer
o peso e o volume da pea de madeira em questo. O peso diretamente obtido em
uma balana de laboratrio (preciso em funo do peso da pea), porm, para se
determinar o volume existem vrios mtodos, dos quais os seguintes so os mais
utilizados:
Neste mtodo a determinao do volume feita atravs das dimenses da
amostra, o que pode ser feita com simples instrumentos de medio possuidores de
escalas (paqumetros, micrmetros, etc.).
Uma condio importante o perfeito preparo dos corpos-de-prova:
superfcies lisas, lados paralelos, ausncia de fendas, instrumentos de medio
compatvel com a preciso desejada, etc.
Este mtodo normalmente usado nos laboratrios, com corpos-de-prova de
20 cm X 3 cm X 3 cm, segundo a Norma COPANT 30:1 - 004
2.1.1.2. Determinao do volume pelo mtodo por deslocamento
Consiste na imerso da pea considerada em um lquido de densidade
conhecida, e tem a grande vantagem de se poder utilizar corpos-de-prova com
formas irregulares, como descrito a seguir:
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a) Por imerso da pea em mercrio:
um mtodo bastante preciso e consiste em mergulhar a amostra em
mercrio, sendo o seu volume igual poro deste deslocada. Baseando-se neste
princpio, Breuil idealizou um volumenmetro, fabricado hoje pela Amsler (Fig.1).
Figura 1: Aparelho para a medio de volume por imerso em
mercrio (Amsler) - Kollmann, p.362.
Este aparelho compe-se de um depsito cilndrico de ao (a), com tampa
rosqueavel (b), comunicante a um tubo vertical de vidro (c), ao qual se ajusta
exteriormente uma pequena pea metlica mvel (d), indicadora da altura da coluna
de mercrio, e de um cilindro horizontal (e) no qual se move livremente um mbolo
(g) por ao de um parafuso micromtrico. No recipiente de ao existe ainda um
grampo ajustvel (f) com a funo de manter o corpo-de-prova imerso no lquido.
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Colocando-se a pea de madeira no depsito cilndrico que contm mercrio,
gira-se o parafuso micromtrico para fazer subir um filete de mercrio no tubo de
vidro, at uma altura preestabelecida pela pea metlica, e anota-se o valor
correspondente no parafuso micromtrico. Repete-se esta operao sem a amostra
dentro do aparelho para fazer o filete mercrio atingir a mesma altura anterior e
anota-se o novo valor, lido no parafuso micromtrico. O volume da pea , ento,
determinado pela diferena das duas leituras, multiplicada pela constante do
aparelho, igual a 0,3 (cada unidade de avano no parafuso micromtrico
corresponde a 0,3 cm3), portanto:
V = 0,3 ( a1 - a2 ) ( cm3 ) 3
onde: V = volume da pea de madeira ( cm3 )
0,3 = constante do aparelho
a1 = leitura efetuada com a pea de madeira no interior do aparelho
a2 = leitura efetuada sem a pea de madeira no interior do aparelho
b) Por imerso da pea em gua:
Especialmente para amostras de madeira de maiores dimenses, o volume
pode ser determinado pelo deslocamento de gua (Fig. 2), usualmente em recipiente
de material inoxidvel, apesar da preciso cair significativamente devida a absoro
desta pelo lenho. Desejando-se resultados mais precisos, necessrio o uso de um
fator de correo, em funo da provvel absoro de gua pela pea e da espcie
de madeira em questo, da saturao completa da pea ou do selamento de sua
superfcie com parafina ou outro produto impermeabilizante.
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Figura 2: Exemplo de recipiente usado na determinao do volume pelo
deslocamento de gua ( kollmann, pag. 361 ): recipiente e tubo capilar em perfil, e escala graduada e tubo capilar vistos de frente.
2.1.1.3. Determinao do volume pelo mtodo de pesagem:
Trata-se do mesmo princpio anterior, onde se determina o volume por meio
de pesagem. Sendo a gua um lquido de densidade igual a 1, a diferena das
leituras efetuadas antes e aps a imerso da madeira (peso), corresponde ao
volume de gua deslocado pela pea
imergida, na relao 1 g/ 1 cm3. Assim:
P = A (com o corpo em suspenso)
onde:
P = peso
A = fora de sustentao (empuxo)
A = Vu . densidade da gua = Vu . 1
A = Vu ou P = Vu
Vu = Volume mido.
Figura 3. Determinao do volume por pesagem
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2.1.2. Determinao da massa especfica pela imerso relativa da pea de madeira
A determinao da densidade por imerso relativa da pea, especialmente
indicada quando no se dispe de aparelhagem alguma para a sua avaliao. A
amostra pode ter qualquer comprimento, desde que apresente uma forma alongada,
lados paralelos e superfcies lisas.
Para a determinao, divide-se a pea de madeira no seu comprimento, em
10 partes iguais ( 0,1; 0,2;....;0,9; 1,0 ), e ento ela mergulhada da menor altura
possvel, em uma vasilha contendo gua. Durante esta prtica, deve-se observar
que a pea fique em posio vertical, e que no toque nas paredes da vasilha.
A densidade aproximada ser obtida pela leitura feita diretamente na pea de
madeira (marca da gua), at onde ela afundou.
Este mtodo de pouca preciso devido absoro de gua pelo lenho,
porm permite uma avaliao rpida da densidade quando se dispe de poucos
recursos.
Figura 4. Representao de pea de madeira preparada para determinao da massa especfica pelo mtodo de imerso relativa.
Exemplo:
Uma pea de madeira que chegou a submergir at o
ponto intermedirio entre as marcas 0,5 e 0,6, tem uma
densidade de aproximadamente 0,55g por cm3. Caso esta
pea afundasse completamente, uma baixa velocidade de
submerso indicaria uma densidade de aproximadamente
0,99 g/cm3 e, a velocidades maiores, indicaria uma
densidade superior a 0,99 g/ cm3.
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2.1.3. Determinao Atravs da Passagem de Raios
Este mtodo baseia-se no fato que um certo nmero de eltrons perdido ao
atravessar a madeira, variando em funo da quantidade de matria e substncias
lenhosas existentes por unidade de volume. Em outras palavras, o nmero de
eltrons perdidos est em funo da densidade da madeira.
2.1. 4. Fatores que Influem na Massa Especfica da Madeira
2.1.4.1. Influncias internas
Sendo a madeira um produto da natureza em contnuo desenvolvimento, ela
jamais fornece medidas ou valores fixos e constantes. Devido sua variabilidade, a
massa especfica tambm um reflexo das inmeras influncias externas e internas
que atuam na organizao e nas dimenses das clulas do lenho.
Algumas das principais causas determinantes das variaes da massa
especfica da madeira so:
a) Espcie florestal:
Conhecendo a grande variabilidade da estrutura interna do lenho, fcil
compreender que cada espcie possui uma massa especfica caracterstica. O
mesmo tambm ocorre dentro de uma mesma espcie de madeira.
Como conseqncia da existncia de variaes na madeira, portanto, ao se
citar a massa especfica deste material, na verdade cita-se um valor mdio para uma
espcie em particular. A figura 5, abaixo, apresenta as variaes que ocorrem nesta
propriedade, para seis espcies de madeira.
Figura 5. Distribuio normal da massa especfica de 6
espcies de madeira .
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A lista de espcies de madeira e de suas respectivas massas especficas,
apresentadas na tabela 3, a seguir, mostra perfeitamente a variao natural da
massa especfica mdia entre espcies, incluindo a madeira mais leve (balsa) e a
mais pesada (Guaiaco) do mundo. Os valores mnimo e mximo da massa
especfica a 0%U (0,13 e 1,40 g/cm3) constituem os limites biolgicos desta
caracterstica da madeira, no existindo massas especficas mais altas ou mais
baixas.
TABELA 3. EXEMPLOS DE ALGUNS VALORES MDIOS DE MASSA ESPECFICA DA
MADEIRA - (CLIMATIZADAS PARA SE ESTABILIZAREM A 0% U).
NOME COMUM NOME BOTNICO r 0% (g/cm3)
Guaiaco ( Pau Santo ) Guajacum officinale 1,23 - 1,40
Cabriuva Vermelha* Myroxylon balsamum 0,95
Pau Marfim* Balforodendron riedelianum 0,84
Amendoim* Pterogyne nitens 0,77
Canjerana* Cabralea cangerana 0,67
Pinheiro do Paran* Araucaria angustifolia 0,55
Bagua* Talauma ovata 0,56
Cedro* Cedrela sp. 0,53
Mandioqueira* Didymopanax calvum 0,52
Guapuruv* Schizolobium parahybum 0,32
Balsa Ochroma lagopus 0,13 - 0,20
* Dados das Fichas de Caractersticas das Madeiras Brasileiras - IPT, 1978.
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b) Umidade:
As frmulas r12 = P12/ V12 e ro = Po/Vo permitem perceber que existe estreita relao entre a massa especfica r e o teor de umidade U. Com a variao no teor de umidade, o peso da madeira se alterar na proporo:
Pu = Po ( 1 + U ) ( g ) 4
onde: Pu = peso da madeira com u% de umidade
Po = peso da madeira com 0% de umidade
U = teor de umidade da madeira em % / 100
Exemplo: Um pedao de madeira pesa 100 g no estado totalmente seco.
Qual ser o seu peso com 25 % de teor de umidade ?
Resposta: Pu = 100 ( 1 + 0,25 ) = 125 g
Abaixo do ponto de saturao das fibras (PSF) o seu volume tambm
sofrer alterao, na proporo dada pela frmula abaixo:
Vu = Vo ( 1 + Vu ) ( cm3 ) 5 onde:
Vu = volume da madeira com u % de umidade
Vo = volume da madeira com 0 % de umidade
Vu = coeficiente de inchamento volumtrico entre 0 % e U % de umidade (vide item 5. - contrao e inchamento).
Disto resulta que a massa especfica com uma porcentagem u de umidade, definida pela frmula 6, deduzida abaixo:
ru = Pu / Vu = Po ( 1 + u ) / Vo ( 1 + Vu ) ru = ro . ( 1 + u ) / ( 1 + Vu ) (g / cm3 ) 6
PROPRIEDADES TECNOLGICAS DA MADEIRA 1. edio: fevereiro/2005; 4 edio: novembroo/ 2.012
Departamento de Engenharia e Tecnologia Florestal da UFPR Prof. Dr. Joo Carlos Moreschi
A presente apostila foi elaborada para fins didticos e seu dowload e cpia esto disponveis para qualquer pessoa interessada na matria, contudo a alterao de seu contedo, a transcrio da totalidade ou de parte de seu texto, bem como sua traduo total ou parcial no esto autorizadas, exceto se devidamente citada a sua fonte.
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Por ser Vu um valor de difcil determinao, pode-se usar a frmula abaixo, somente entre teores de umidade de 0% a 30 %, apesar dela no ser exata:
ru = ro . ( 1 + u ) / ( 1 + 0,85 . ro . u ) ( g / cm3 ) 7
Exemplo: Qual a massa especfica de uma madeira com ro = 0,55 g / cm3 em 15 %
de umidade ?
Aplicando a frmula acima, teremos:
ru = 0,55 . (1 + 0,15) / (1 + 0,85 . 0,55 . 0,15) ru = 0,59 g / cm3 O grfico apresentado na figura 6, a seguir, descreve as variaes em massa
especfica, em funo do teor de umidade da madeira:
Figura 6. Variao da massa especfica (ru) em funo do teor de umidade (U).
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c) Lenhos inicial e tardio:
As paredes delgadas das clulas da madeira do lenho inicial e as paredes
espessas das clulas do lenho tardio, principalmente nas conferas, determinam
considerveis diferenas na massa especfica dentro de uma mesma pea de
madeira, conforme ilustram as figuras 7 e 8 abaixo:
0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 Figura 7. Distribuio da massa especfica para os lenhos tardio e
inicial
Figura 8. Relao entre massa especfica (ro) e a pro- poro de lenho tardio (%) - (conferas).
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Nas folhosas, a diferena entre as massas especficas das madeiras de lenho
inicial e lenho tardio bem menos pronunciada que nas conferas.
Exemplo: Fraxinus excelcius - madeira com porosidade em anel.
massa especfica do lenho inicial = 0,57 g / cm3
massa especfica do lenho tardio = 0,75 g / cm3
A dependncia da massa especfica aparente com o percentual de lenho
tardio, apresenta, para esta espcie e em muitos outros casos, a situao mostrada
na figura 9, apresentada a seguir:
d) Largura dos anis de crescimento:
A largura dos anis de crescimento no uma referncia segura para
avaliao das propriedades da madeira, porm, para a maioria das conferas, quanto
mais largo o anel, maior ser a proporo de lenho inicial e menor ser a massa
especfica da madeira. Desta forma, a massa especfica aparente da madeira de
conferas aumenta com a diminuio da largura dos anis de crescimento.
Em folhosas com porosidade em anel se d ao contrrio (fig. 9), pois os poros de grandes dimetros se localizam apenas no incio do lenho inicial (com
massa especfica mais baixa). Assim, quanto mais largo o anel, menor ser a proporo de madeira com mais porosidade dentro do lenho inicial do mesmo anel de crescimento, enquanto o volume e massa do restante do lenho inicial e do lenho
tardio permanecem inalterados.
A variao em massa especfica do lenho inicial em folhosas com porosidade
em anel se explica pelo fato do lenho inicial se dividir em duas partes distintas, a
saber: a muito porosa, desenvolvida imediatamente a seguir do lenho tardio do anel
adjacente, limitando-se apenas a alguns vasos de largura; e a sem nenhum vaso
desenvolvida a seguir, com maior massa especfica em relao ao lenho poroso.
Assim sendo, independente da largura do lenho tardio dentro de um mesmo anel de
crescimento, quanto maior a largura do linho inicial, maior ser a massa especfica
deste anel de crescimento, pois menor ser a proporo de madeira porosa dentro
do lenho inicial do anel.
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Por outro lado, folhosas com porosidade difusa quase no mostram variao neste sentido, devido distribuio e aos tamanhos dos vasos serem
heterogneos dentro dos anis de crescimento. A figura 10, apresentada a seguir,
ilustra a diferena existente entre as massas especficas aparente de folhosas com
porosidades em anel e difusa.
Figura 9. Variao da massa especfica (ro) e da proporo de lenho tardio (para o Fraxinus excelsius) - Madeira com porosidade em anel .
Figura 10. Relao entre a massa especfica (ro) e a largura do
anel de crescimento, para folhosas com porosidade em anel (a = 1 e 2) e com porosidade difusa ( b = 3 e 4 ).
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e) Posio no tronco:
Como regra geral, a rvore forma anis de crescimento mais largos na
madeira do interior do fuste, prximo medula, e anis de crescimento estreitos na
madeira exterior. Assim ocorrem variaes na massa especfica, no sentido
transversal ao fuste, em decorrncia das diferenas na largura dos anis de
crescimento e nas propores entre os lenhos inicial e tardio. Para conferas e
folhosas com porosidade difusa, normalmente este aumento ocorre de dentro para
fora no lenho juvenil, tendendo se estabilizar no lenho adulto, enquanto que, nas
folhosas com porosidade em anel o valor mximo se situa prximo medula,
conforme ilustra a figura 11.
A diferena de massa especfica entre as madeiras de cerne e de alburno
especialmente notada nas espcies que apresentam cerne distinto, enquanto que
nas que possuem cerne fisiolgico ou s alburno ela no observada ou muito
pequena.
Igualmente, existem grandes variaes na massa especfica ao longo do
tronco (figura 12), onde o valor mximo situa-se na base do mesmo, devido a
existncia de tecidos rgidos de sustentao. Desta posio, a massa especfica
decresce em direo copa da rvore.
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r
Figura 11. Variao da massa especfica ( r ) no sentido transversal, para conferas e folhosas com porosidade difusa e folhosas com porosidade em anel.
Figura 12. Relacionamento entre as massas especfica aparente bsica (ru) e a 0%U ( ro ) com a altura da rvore.
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Considerando-se o exposto acima, pode-se dizer, de forma resumida, que a
massa especfica da madeira de conferas est em funo da idade da seo
transversal da tora ou do fuste sendo analisados.
Tendo em vista que a da parte basal e mais idosa do fuste, alm de ter
tecidos rgidos de sustentao tem maior proporo de lenho adulto, enquanto as
que se aproximam da copa no tem este lenho de sustentao diferenciado e tem
menor idade de formao, com menor nmero de anis de crescimento. Isso resulta
em maior proporo de lenho juvenil nas sees transversais mais prximas da
copa, ocasionando uma reduo gradativa na massa especfica medida que se
distancia da base, considerando-se toda a seo transversal.
Em madeira de folhosas com porosidade difusa esse comportamento idntico ao de conferas, pois o padro de crescimento de rvores e a
homogeneidade de massa dentro dos lenhos inicial e tardio, e lenhos juvenil e adulto
so similares. Entretanto, em folhosas com porosidade em anel a massa especfica do lenho inicial como um todo, afetada pela largura do anel de
crescimento em que ele se encontra.
Como o lenho juvenil diz respeito madeira de rpido crescimento, com anis
mais largos que os desenvolvidos na madeira de lenho adulto de uma rvore, em
madeiras de folhosas com porosidade em anel, por conseqncia, os anis de
crescimento mais largos, dos primeiros anos de crescimento das rvores (madeira
juvenil) tm maior densidade que os formados posteriormente (lenho adulto) e
proporcionam que na seo transversal haja uma inverso do padro observado
para conferas e folhosas com porosidade difusa.
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2.1.4.2. Influncias externas
Entre as principais influncias do ambiente sobre as rvores, temos:
a) Local de crescimento:
Clima, solo (umidade e nutrientes), altitude, declividade, vento, espaamento, associao de espcies, etc., todas so variveis que influenciam na taxa de
crescimento das rvores ou em suas formas de desenvolvimento.
Por conseqncia, de forma direta ou indireta afetam a massa especfica da
madeira em formao.
Como exemplo da influncia do local de plantio, podem-se citar as
propriedades modificadas da madeira de reao: Segundo a literatura a massa
especfica do lenho de compresso (conferas) ultrapassa o da madeira normal em
13 a 14 %, e a do lenho de trao (folhosas) cerca de 12 % mais alta que a de
madeira normal. Fenmeno semelhante ocorre na base dos ramos, onde tambm se
forma este tipo de lenho anormal.
b) Mtodos silviculturais:
Similarmente ao sub-item anterior, prticas de adubao, poda, desbaste, composio de espcies, etc., tambm afetam a massa especfica, por
influenciarem diretamente na taxa de crescimento das rvores e na forma de
desenvolvimento do xilema de seus fustes.
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2.2. MASSA ESPECFICA REAL
A massa especfica real ( rH ) representa a massa especfica do material
lenhoso que constitui a madeira (no incluindo os espaos vazios existentes) e ,
para todas as espcies de madeira, quase constante (rH = 1,53 a 1,56 g / cm3). Este
intervalo reflete a relao existente entre o tipo e a porcentagem de cada
componente que forma a madeira, bem como de sua massa especfica. Como
exemplo, pode-se observar a diferena entre as massas especficas da celulose e da
lignina como:
Celulose: r = 1,58 g / cm3
lignina: r = 1,38 - 1,41 g / cm3
Para a determinao da massa especfica real utiliza-se o mtodo de
deslocamento com hlio que, devido ao seu baixo peso molecular e por no ser
absorvido pela celulose, preenche totalmente todos os espaos macroscpicos e
microscpicos do lenho.
Diferentemente da massa especfica real, a massa especfica aparente
depende do tipo e da formao do tecido celular, especialmente das dimenses dos
lumens e das substncias constituintes da parede celular.
A figura 13 ilustra esquematicamente a variao entre as clulas dos lenhos
inicial e tardio em corte transversal, cujos tipos e propores so os maiores
responsveis pelas variaes em massa especfica aparente da madeira: lenhos de
madeiras leves, com clulas de lumens grandes, podem conter at mais de 90 % de
espaos vazios, enquanto os de madeiras mais pesadas podero ter apenas 6 %.
Pela mesma razo, ocorre a variao na massa especfica aparente entre espcies
de madeira, dentro do intervalo de 0,13 g / cm3 a 1,40 g / cm3.
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clula de lenho inicial clula de lenho tardio
Figura 13. Representao esquemtica das paredes celulares, correspondentes aos lenhos inicial e tardio da madeira.
A relao entre o lumem e a parede celular dada pela frmula abaixo:
Lu = r2 / (R2 - r2) 8 onde:
Lu = Relao lumem / parede celular, em rea da seo transversal
R = Raio maior r = Raio menor
3. UMIDADE
A massa especfica da madeira de uma rvore recm cortada est em funo
da gua contida nos seus espaos celulares e intercelulares (gua livre ou de capilaridade), da gua impregnada nas paredes celulares (gua de impregnao) e da gua que participa da sua constituio qumica (gua de adsoro qumica).
Como uma conseqncia bvia no que tange a custos de transporte, o teor de
umidade da madeira um fator de grande importncia, normalmente inviabilizando
que a madeira no estado verde seja industrializada a grandes distncias da rea
de explorao.
Afora o fato da variao do teor de umidade da madeira causar alteraes em
seu volume, estas alteraes se do em propores diferentes segundo os trs
sentidos anatmicos da madeira, o que a caracteriza um material anisotrpico.
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Assim, o controle do teor de umidade da madeira indispensvel para que
possamos utiliz-la de forma adequada, evitando o desenvolvimento de defeitos
como empenamentos, arqueamentos, tores, etc. Estes defeitos so comumente
observados em artigos de madeira confeccionados antes da madeira entrar em
equilbrio higroscpico com as variveis do ambiente (temperatura e umidade
relativa do ar) em que estes artigos sero mantidos em uso.
O teor de umidade da madeira tambm est relacionado com as propriedades
de resistncia da madeira (propriedades mecnicas), com a maior ou menor
facilidade em trabalhar com este material (trabalhabilidade), com seu poder
calorfico, sua suscetibilidade a fungos, entre outras propriedades de importncia a
serem abordadas nesta apostila.
Para ilustrar a necessidade de controlar o teor de umidade da madeira, podem-se
citar o elevado teor de umidade, desejado em toras a serem laminadas ou
faqueadas (melhora a trabalhabilidade); teor de umidade entre 6% e 10% para
lminas e cavacos na manufatura de chapas compensadas e aglomeradas, para
eliminar riscos de exploso decorrentes da formao de bolsas de vapor dgua
durante a prensagem a quente; teor de umidade abaixo de 20% para evitar o ataque
de fungos; e teor de umidade de equilbrio alcanado antes da confeco de artigos
de madeira, para evitar futuras deformaes e outros defeitos.
3.1. DEFINIO
Teor de umidade de uma madeira a relao entre o peso da gua contida no seu interior e o seu peso no estado completamente seco, expresso em porcentagem,
usualmente calculado pela seguinte frmula:
U = [( Pu - Po ) / Po ] . 100 (%) 9
onde:
U = Teor de umidade da madeira; Pu = peso da madeira mida; e Po = peso da madeira seca a (103 +/- 2)C, ou seja, a 0% de umidade.
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Exemplo: Se tivermos que determinar o teor de umidade de uma pea de madeira
que originalmente pesava 1.500g, qual seria este valor se aps sua
secagem a 0%U ela pesasse a 1.300g ?
Aplicando-se a frmula 9 teremos:
U =[( Pu - Po) / Po ] . 100
U = [(1500 - 1300) / 1300] . 100
U = 200 / 1300 . 100
U = 15,38 %
3.2. MTODOS UTILIZADOS PARA A DETERMINAO DO TEOR DE UMIDADE
Existem vrios mtodos para determinar o teor de umidade da madeira,
entretanto eles se limitam apenas a alguns, em funo da forma e do estado que a
madeira poder se encontrar e da preciso desejada; os mais utilizados so:
a) Mtodo por pesagens (mais usuais);
b) Mtodos qumicos, por destilao e por titulao (mais precisos);
c) Mtodos que utilizam aparelhos eltricos (mais rpidos).
3. 2.1. Mtodo por Pesagens
Inicia-se com a pesagem da amostra com teor de umidade desconhecido (Pu)
e anotando-se o seu peso. Em seguida a amostra levada estufa, a (103 C +/-
2 oC), at sua secagem completa. Para verificarmos que isso j tenha ocorrido, h
necessidade de pesagens peridicas at a observncia de peso constante,
indicando a total remoo da gua na condio de climatizao utilizada.
Observada a secagem completa da madeira, a amostra resfriada em
temperatura ambiente, no interior de um dessecador contendo algum produto
higroscpico que a mantenha totalmente desidratada, a exemplo da slica gel com
indicador de umidade, normalmente utilizada.
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Com o peso obtido aps a secagem (Po), determina-se o peso da gua
removida (Pu - Po) e relaciona-se este valor com peso da madeira seca (Po).
Posteriormente s determinaes dos pesos com a madeira mida e seca,
estes valores so relacionados, e a razo entre o peso mido e peso seco
multiplicada por 100 para obtermos o resultado em porcentagem (frmula 9).
Este processo, mesmo que longo e trabalhoso, geralmente considerado um
dos mais exatos e utilizados em laboratrio. Entretanto sua exatido depende da
preciso da balana / massa da amostra e do cuidado e rapidez do operador ao
efetuar a pesagem da amostra seca,