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Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Tecnologia e Geociências
Departamento de Engenharia Química
Professora Márcia S. Nascimento Monitora: Helloise Gabrielle da Mota
Apostila Orgânica C - 2012.2
2
QUÍMICA ORGÂNICA C
1- OBJETIVOS GERAIS:
1.1- Ensinar as técnicas necessárias para um estudante poder trabalhar com compostos orgânicos.
1.2- Aprender a manusear os equipamentos básicos para uma pesquisa laboratorial.
1.3- Conhecer as técnicas para sintetizar, separar e purificar compostos orgânicos.
2- CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
2.1- Extração de substâncias de fonte vegetal ;
2.2- Síntese e purificação de substâncias orgânicas: cristalização e recristalização ;
2.3- Analise de solubilidade de compostos orgânicos ;
2.4- Determinação de ponto de fusão ;
2.5- Desensolver conceitos de reações químicas.
3- PROCEDIMENTO DIDÁTICO:
A disciplina será ministrada através de 8 aulas práticas.
4- RELATÓRIO:
O relatório da experiência realizada deverá ser entregue ao Professor, logo no início da
aula seguinte. O relatório deverá conter os seguintes itens:
1. Título.
2. Procedimento
4. Resultados (deverão ser colocados em forma de tabelas): Reações, mecanismos,
cálculos e outras observações relacionadas ao experimento.
5. Discussão: Comentários dos resultados obtidos experimentalmente e comparação com
os dados disponíveis na literatura.
6. Conclusão.
7. Bibliografia.
3
Sumário
Experimento 1: Comportamento de solubilidade de compostos orgânicos.................. 04
Experimento 2: Extração da cafeína.......................................................…………….. 07
Experimento 3: Síntese do Biodiesel......................………………….………………. 10
Experimento 4: Síntese e purificação da acetanilida.................................….....…….. 12
Experimento 5: Síntese e purificação da p-nitro-acetanilida....................................... 14
Experimento 6: Síntese e purificação da ciclo-hexanona-oxima.........................….... 16
Experimento 7: Sintese e purificação da dibenzalacetona.......………………...…… 18
Experimento 8: Síntese do iodofórmio...........……………..…………...................... 20
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Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Tecnologia e Geociências
Departamento de Engenharia Química
Química Orgânica C
Profa. Márcia Nascimento
Experimento 1
Comportamento de solubilidade de compostos orgânicos
1. Introdução
A solubilidade de substâncias orgânicas pode ser dividida em duas categorias
principais: a solubilidade na qual somente está envolvida a simples miscibilidade e a
solubilidade na qual uma reação química é a força motriz, e.g. uma reação ácido-base. A frase
“semelhante dissolve semelhante”, significa que uma substância é mais solúvel naquele
solvente com o qual é mais estreitamente relacionado em termos forças intermoleculares e,
aplica-se basicamente ao primeiro caso de solubilidade.
Conhecer a solubilidade de substâncias orgânicas em solventes orgânicos
(miscibilidade) é extremamente importante para que se possam planejar diversas operações de
laboratório, tais como: escolher o solvente adequado para uma reação; dissolver amostras para
análises químicas, cromatográficas e espectrais; purificar produtos de reação por extração,
recristalização ou cromatografia, efetuar a manutenção de rotina de laboratório (por exemplo,
limpeza de vidraria), etc.
Os testes de solubilidade podem ser usados para dar informações indicativas na
identificação de substâncias desconhecidas. Entretanto, deve-se ter em mente que os testes de
solubilidade não são infalíveis, muitos casos limítrofes de solubilidade são conhecidos.
2. Procedimento experimental
Coloque cerca de 2 mL de solvente em um tubo de ensaio pequeno. Use uma pipeta de
Pasteur para adicionar 1 gota de um líquido desconhecido diretamente ao solvente. Se o
desconhecido for um sólido, use a ponta de uma espátula para adicionar alguns cristais
diretamente ao solvente. O desaparecimento do líquido ou do sólido indica que ocorreu a
dissolução. Um erro muito comum na determinação da solubilidade de um composto é usar
uma quantidade muito grande do composto desconhecido. Use quantidades pequenas. Pode
levar alguns minutos para se dissolver um sólido.
Use o procedimento descrito (Figura 1) para determinar a solubilidade dos compostos
desconhecidos nos seguintes solventes: H2O, HCl a 5%, NaHCO3 a 5%, NaOH a 5% e H2SO4
concentrado. No caso do ácido sulfúrico, pode-se observar a alteração de cor em vez de
solubilização. A mudança de cor deve ser considerada como um teste de solubilidade positivo.
Sólidos desconhecidos que não se dissolvem em nenhum dos solventes do teste pode ser uma
substancia inorgânica.
5
CompostoH2O
Insolúvel
Solúvel
Solúvel
Insolúvel Bases AMINAS
NaOH
5 %
HCl
5 %
NaHCO3
5 %
Solúvel
Insolúvel
Ácidos fortes ÁCIDOS CARBOXÍLICOS
Insolúvel
H2SO4 conc.
Solúvel
Insolúvel
Compostos inertes ALCANOS
HALOGENETOS DE ALQUILA
Ácidos fracos FENÓIS
Solúvel
Torna vermelho o azul de tornassol Bases AMINAS de baixo PM
Torna azul o vermelho de tornassol Ácidos ÁCIDOS CARBOXÍLICOS de baixo PM
Não muda o tornassol NEUTROS de baixo PM
Compostos neutros ALQUENOS / ALQUINOS
ALCOÓIS
AMIDAS / COMPOSTOS NITRO CETONAS /
ALDEÍDOS / ÉSTERES / ÉTERES
COMPOSTOS AROMÁTICOS
ALGUNS FENÓIS
Figura 1. Quadro de solubilidade para compostos de vários grupos funcionais
3. Resultado
Tabule os resultados obtidos como mostrado na Tabela abaixo, usando a simbologia:
() - solúvel; (-) - insolúvel e () - caso duvidoso ou limite de solubilidade. ATENÇÃO:
Deve-se seguir o fluxograma, de modo que, caso o composto seja solúvel em água, não é
necessário testar a solubilidade em NaOH.
Composto Solubilidade
H2O NaOH
5%
NaHCO3
5%
HCl
5%
H2SO4 pH
Composto 1
Composto 2
Composto 3
Composto 4
Composto 5
6
Comente os resultados observados em termos de coerência com o esperado. Determine
para cada composto a classe de solubilidade e indique os possíveis grupos funcionais
presentes. Após receber a identificação das mesmas, avalie seu resultado.
4. Bibliografia.
PAVIA, D. L. et al Química Orgânica Experimental – Técnicas em escala pequena, 2a Edição.
Editora Bookman, 2009.
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Centro de Tecnologia e Geociências
Departamento de Engenharia Química
Química Orgânica C
Profa. Márcia Nascimento
Experimento 2
Extração da cafeína
1. Introdução
Alcalóides são substâncias orgânicas nitrogenadas de caráter básico, geralmente de origem
vegetal, e que provocam efeitos fisiológicos característicos nos organismos humanos. Nem
todas as substâncias classificadas como alcalóides obedecem rigorosamente a todos os itens
desta definição. Por exemplo, o alcalóide da pimenta (piperina) não é básico, mas tem
acentuada ação fisiológica. Do ponto de vista químico, os alcalóides não constituem um grupo
homogêneo de substâncias. Quase todos, porém, apresentam estrutura química derivada de
um composto heterocíclico. Uma classificação química de alcalóides baseia-se na estrutura do
heterociclo: alcalóides da piridina (ex.: nicotina), da xantina (ex.: cafeína), da quinolina, do
pirrol, do indol, da piperidina, etc.
Certas famílias vegetais são particularmente ricas em alcalóides. Por exemplo, as rubiáceas
(café) e as solanáceas (fumo). A cafeína (1,3,7-trimetilxantina, 1) pertence à família dos
alcalóides xantínicos (Figura 1).
Figura 1. Alguns exemplos de alcalóides xantínicos.
A cafeína foi isolada do café por Runge em 1820 e do chá preto por Oudry em 1827. Ela é
encontrada ainda no guaraná, erva-mate e em outros vegetais, e é responsável pelo efeito
estimulante de bebidas como chá e café e de refrigerantes como Coca-Cola e Pepsi-Cola. É
também um dos princípios ativos de bebidas ditas “energéticas” (Red Bull, Power Flash, etc.).
A cafeína provoca um efeito pronunciado no sistema nervoso central (SNC), mas nem todos
os derivados xantínicos são efetivos como estimulantes do SNC. A teobromina (4, Figura 1),
uma xantina encontrada no cacau, possui pouco efeito no SNC, porém é um forte diurético e é
utilizada em medicamentos para tratar pacientes com problemas de retenção de água. A
teofilina (3), encontrada no chá junto com a cafeína, também tem pouca ação no SNC, mas é
um forte estimulante do miocárdio, relaxando a artéria coronária, que fornece sangue ao
coração. Teofilina, também chamada de aminofilina, é frequentemente usada no tratamento de
pacientes que tiveram parada cardíaca. É também um diurético mais potente que a
teobromina. Sendo um vasodilatador, é geralmente empregada no tratamento de dores de
cabeça causadas por hipertensão e asma.
N
N
N
N
R2O
O
R1
R 1 Cafeína: R = R1 = R2 = CH3
2 Xantina: R = R1 = R2 = H
3 Teofilina: R = R1 = CH3; R2 = H
4 Teobromina: R = H; R1 = R2 = CH3
8
A cafeína é relativamente tóxica, (LD50 = 75 mg/kg), mas para se obter uma dose letal de
cafeína, o indivíduo deveria ingerir dezenas de quilos de café em um curto período de tempo.
Na Tabela 1 são apresentadas as quantidades médias de cafeína encontradas em algumas
bebidas e alimentos. Devido aos efeitos provocados pela cafeína no SNC, algumas pessoas
preferem usar café descafeinado. A descafeinação reduz o conteúdo de cafeína do café para
aproximadamente 0,01-0,025 g/kg
Tabela 1: Quantidade de cafeína presente em bebidas (g/Kg).
Café comum 0,30 – 1,0
Café instantâneo 0,2 - 0,7
Café expresso 1,2 – 2,3
Café descafeinado 0,01-0,025
Chá 0,1 - 0,7
Coca-cola 1,125
2. Metodologia
No experimento de hoje será realizada a extração da cafeína das folhas do chá, usando
água quente contendo carbonato de cálcio. Por sua vez, a cafeína será extraída desta fase
aquosa com diclorometano. Com a evaporação do solvente obtém-se a cafeína impura. A
purificação da cafeína obtida será feita através da técnica de recristalização, utilizando tolueno
e éter de petróleo como solventes.
Alcalóides são aminas, e, portanto formam sais solúveis em água, quando tratados
com ácidos. A cafeína encontrada nas plantas apresenta-se na forma livre ou combinada com
taninos fracamente ácidos. A cafeína é solúvel em água, então pode ser extraída de grãos de
café ou das folhas de chá com água quente. Junto com a cafeína, outros compostos orgânicos
são extraídos, e a mistura destes compostos é que dá o aroma característico ao chá e ao café.
Entretanto, a presença desta mistura de compostos interfere na etapa de extração da cafeína
com um solvente orgânico, provocando a formação de uma emulsão difícil de ser tratada. Para
minimizar este problema utiliza-se uma solução aquosa de carbonato de cálcio. O meio básico
promove a hidrólise do sal de cafeína-tanino, aumentando assim o rendimento de cafeína
extraída.
3. Procedimento experimental
Em um becker de 250 mL coloque 4,8g de folhas de chá moídas (3 saquinhos), 50 mL
de água e 2,50 g de carbonato de cálcio. Ferva a mistura com agitação ocasional e chama
baixa com bastão de vidro por 20 minutos, filtre a mistura quente em Buchner e esfrie o
filtrado a 10-15°C em banho de gelo.
Transfira o filtrado para um funil de separação e extraia a cafeína com 4 porções de
10 mL de cloreto de metileno (extração múltipla com agitação suave para evitar a formação
de emulsão). Transfira então o extrato concentrado para uma placa de petri e evapore o
restante do solvente aquecendo a placa a 50°C. Pese o resíduo esverdeado de cafeína bruta e
calcule a percentagem de alcalóide no café. O resíduo pode ser recristalizado, dissolvendo-o
em 5 mL de tolueno a quente e adicionando algumas gotas de éter de petróleo (p. e. 60-80°C)
ou hexano até formar o precipitado. Determine o ponto de fusão do cristal e compare-o com o
descrito na literatura.
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4. Bibliografia.
PAVIA, D. L. et al Química Orgânica Experimental – Técnicas em escala pequena, 2a Edição.
Editora Bookman, 2009.
5. Questões
1. O que é um alcalóide?
2. Por que os alcalóides geralmente apresentam caráter básico?
3. Por quê a maioria dos alcalóides são extraídos das plantas com uma solução aquosa
ácida?
4. Por quê a cafeína é extraída com uma solução aquosa básica?
5. Quais as estruturas dos heterociclos: piridina, piperidina, pirrol, quinolina, indol e
xantina?
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Centro de Tecnologia e Geociências
Departamento de Engenharia Química
Química Orgânica C
Profa. Márcia Nascimento
Experimento 3
Síntese do Biodiesel
1. Introdução
A maior parte de toda a energia consumida no mundo provém do petróleo, do carvão e do
gás natural. Essas fontes são limitadas e com previsão de esgotamento no futuro. Portanto, a
busca por fontesalternativas de energia é de suma importância. Neste contexto, os óleos
vegetais aparecem como alternativa substituição ao óleo diesel em motores de ignição por
compressão, sendo o seu uso testado já em fins do século XIX, produzindo resultados
satisfatórios no próprio motor diesel.
O biodiesel é um combustível produzido a partir de fontes naturais renováveis, pois deriva
de óleos vegetais como o de soja, de palma e de mamona, dentre outros. O biodiesel
comercializado hoje é elaborado a partir da mistura do biodiesel puro com óleo diesel comum
ou aditivado. O biodiesel é produzido pela reação química do óleo vegetal (biomassa) com um
álcool de cadeia curta (metanol ou etanol) em presença de um catalisador. Como regra geral,
podemos dizer que 100 kg de óleo reagem com 10 kg de álcool gerando 100 kg de biodiesel e
10 kg de glicerina.
2. Metodologia
A transesterificação também chamada de alcoólise e é o método mais comum para
converter triglicérideos em biodiesel. Em termos mais simples, converte-se óleo vegetal ou
gordura animal a uma mistura de ésteres por meio de uma reação química que utiliza metanol
ou etanol e hidróxido de potássio ou sódio como catalisador. Nesta reação de triglicerídeos
reagem com um álcool de cadeia curta na presença do catalisador para produzir ésteres de
ácidos graxos (biodiesel) e glicerol. Em geral, este processo quebra os triglicérideos
transformando suas cadeias em estruturas mais simples, os monoésteres, de baixas
viscosidades, gerando menor teor de resíduos de carbono, após a combustão.
Vantagens:
• Processamento a baixa temperatura (60-65 ºC) e pressão atmosférica;
• Alto rendimento do produto (maior que 90%) com tempo de reação menor;
• Conversão direta sem etapas intermediárias;
• Não há necessidade de materiais de construção especiais.
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Reação geral:
CH2
CH
CH2
O
O
O
C
C
C
R
R
R
O
O
O
+ CH3OH
CH2
CH
CH2
OH
OH
OH
+ R C
O
O CH33 3
Óleo vegetal Metanol Glicerina Ésteres (Biodiesel)
3. Procedimento experimental
Em becker um de 100 mL, pré-aquecer 25 mL de óleo vegetal a temperatura em torno
de 55°C. Pesar em um béquer 0,375 g de KOH e dissolvê-lo em 9 mL de metanol sob
controle de temperatura (45oC). Adicionar a solução de metóxido de potássio recém preparada
ao óleo vegetal, mantendo sob agitação por 15 min a 45 oC. Transferir a mistura reacional
para um funil de separação e observar a formação de emulsão e/ou mudança de cor. Esperar a
definição das duas fases. Lavar com água destilada até que o pH neutro seja atingido. Fase
superior – biodiesel e Fase inferior – glicerina + excesso de metanol + sabões formados +
alguns traços de ésteres etílicos e glicerídeos parciais. Medir o volume de biodiesel produzido
e calcular o rendimento desta reação.
4. Questões
1. Proponha um mecanismo para a reação de transesterificação deste experimento.
2. Qual a reação que ocorre entre o KOH e o metanol?
3. Defina uma reação de transesterificação.
4. Por que o biodiesel é menos poluente do que os combustivéis fósseis?
5. Cite algumas materias-primas que podem ser utilizadas na produção do biodiesel.
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Química Orgânica C
Profa. Márcia Nascimento
Experimento 4
Síntese e purificação da acetanilida
1. Introdução
Algumas aminas aromáticas aciladas como acetanilida, fenacetina (p-etóxi-acetanilida)
e acetaminofeno (p-hidroxi-acetanilida) encontram-se dentro do grupo de drogas utilizadas
para combater a dor de cabeça. Estas substâncias têm ação analgésica suave (aliviam a dor) e
antipirética (reduzem a febre).
A acetanilida 1, uma amida secundária, pode ser sintetizada através de uma reação de
acetilação da anilina 2, a partir do ataque nucleofílico do grupo amino sobre a carbonila do
anidrido acético 3, seguido de eliminação de ácido acético 4, formado como um subproduto
da reação. Esta reação constitui um exemplo de substituição nucleofílica em grupos acila.
Após sua síntese, a acetanilida pode ser purificada através de uma recristalização,
usando carvão ativo. A purificação de compostos cristalinos impuros é geralmente feita por
cristalização a partir de um solvente ou de misturas de solventes. Esta técnica é conhecida por
recristalização e baseia-se na diferença de solubilidade que pode existir entre um composto
cristalino e as impurezas presentes no produto da reação.
Reação:
2. Metodologia
A preparação da acetanilida ocorre através da reação entre a anilina e um derivado de
ácido carboxílico, neste caso o anidrido acético, na presença de ácido acético/acetato de sódio.
A velocidade e o rendimento da reação são dependentes do pH do meio.
A acetanilida sintetizada é solúvel em água quente, mas pouco solúvel em água fria.
Utilizando-se estes dados de solubilidade, pode-se recristalizar o produto, dissolvendo-o na
menor quantidade possível de água quente e deixando resfriar a solução lentamente para a
obtenção dos cristais, que são pouco solúveis em água fria.
As impurezas que permanecem insolúveis durante a dissolução inicial do composto
são removidas por filtração a quente, usando papel de filtro pregueado, para aumentar a
velocidade de filtração. Para remoção de impurezas no soluto pode-se usar o carvão ativo.
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O ponto de fusão é utilizado para identificação do composto e como um critério de
pureza. Compostos sólidos com faixas de pontos de fusão pequenas (< 2oC) são considerados
puros.
3. Procedimento experimental
3.1. Síntese da acetanilida
Em um béquer de 100 mL, na capela, prepare uma suspensão de 1,05 g de acetato de
sódio anidro em 4,0 mL de ácido acético glacial. Adicione, agitando constantemente, 3,8 mL
de anilina. Em seguida adicione 4,3 mL de anidrido acético, em pequenas porções. A reação é
rápida.
Terminada a reação, despeje a mistura reacional, com agitação, em 100 mL de H2O. A
acetanilida separa-se em palhetas cristalinas incolores. Resfrie a mistura em banho de gelo,
filtre os cristais por filtração a vácuo e lave com H2O gelada. Seque e determine o ponto de
fusão.
3.2. Recristalização:
Em um becker de 100 mL aqueça 50 mL de água destilada. Num outro becker coloque a
acetanilida a ser recristalizada. Adicione, aos poucos, a água quente sobre a acetanilida até
que esta seja totalmente dissolvida (use a menor quantidade de água possível). Adicione 0,3 g
de carvão ativo, aproximadamente 2% em peso (não adicione o carvão ativo à solução em
ebulição), ferva por alguns minutos e filtre a solução quente através de papel filtro em funil de
vidro.
Deixe em repouso para permitir a formação de cristais. Resfrie em banho de gelo e filtre
novamente usando um funil de Buchner, seque, determine o ponto de fusão e o rendimento
obtido.
4. Questões
1. Dê o mecanismo detalhado da síntese da acetanilida.
2. Qual a função da suspensão de ácido acético/acetato de sódio nessa reação?
3. Qual a função do carvão ativo?
4. Por que não se deve adicionar carvão ativo à solução quando ela está em ebulição?
6. Explique por que a anilina é solúvel em soluções de ácido clorídrico e a acetanilida não.
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Experimento 5
Síntese do p-nitro-acetanilida
1. Introdução
A p-nitro-anilina é um composto químico de fórmula C6H6N2O2, sendo ela uma amina
aromática. As anilinas apresentam um átomo de nitrogênio ligado a dois átomos de
hidrogênios e um anel aromático, sendo assim uma amina primária. Nas aminas o átomo de
nitrogênio contém elétrons não ligantes, fazendo com que estes compostos tenham
propriedades básicas e nucleofílicas. As aminas, de maneira geral, encontram-se em plantas e
animais. Como exemplo, a trietilamina é responsável pelo odor desagradável de peixes, e a
quinina é um importante fármaco anti-malárico isolado de plantas do gênero Cinchona. Por
outro lado, as nitro-anilinas, são utilizadas na indústria de tintas, e são utilizadas também
como compostos intermediários na síntese de fármacos e inseticidas.
A p-nitro-anilina 2, pode ser sintetizada através de uma reação de nitração, tendo a
acetanilida 1 como reagente de partida. A nitração da acetanilida é normalmente feita com
ácido nítrico, em presença da mistura ácido acético glacial/ácido sulfúrico, de forma a manter
no meio uma mistura do agente nitrante com força média.
1 2
1. Metodologia
Em um Becker de 100 mL colocar 1,25g de acetanilida e 1,5mL de acido acético
glacial. Agitar com um bastão de vidro de modo a obter uma boa suspensão. Adicionar, com
agitação constante 3,15mL de ácido sulfúrico conc. (a mistura torna-se quente e límpida).
Resfriar a mistura em banho de gelo a 0-2°C (deve-se manter o termômetro imerso na
solução). Posteriormente adicionar vagarosamente e com agitação 1,15mL da mistura
nitrante* previamente preparada e resfriada.
A mistura nitrante - 1,4 mL de HNO3 conc. e 0,9 mL de H2SO4 conc (encontrada
pronta na capela), mantida em tudo de ensaio e imerso em gelo.
15
A mistura de ácidos deve ser adicionada lentamente e em pequenas porções de 0,5 mL.
O tempo de adição varia de 5-10 minutos mantendo a temperatura do meio reacional abaixo
de 10°C.
Deixar a mistura em repouso à temperatura ambiente durante 20 minutos para
completar a reação. Derramar, com agitação o conteúdo em um becker contendo 20mL de
gelo pilado. Esperar a formação de cristais, uma suspensão de isômeros da p-nitroacetanilida e
o-nitroacetanilida. Filtrar os cristais em funil de Buchner e lavar com pequenas porções de
água gelada para remoção de resíduo ácido. Medir o pH do filtrado até pH 6,0-7,0.
2. Recristalização
Aquecer 15mL de etanol até a ebulição e adicionar aos cristais. A p-nitro-anilina (P.F.
215°C) recristaliza em etanol, enquanto que a o-nitro-anilina permanece solubilizada. Filtrar,
colocar no banho de gelo, pesar os cristais e calcular o rendimento.
3. Questões
1. Sugerir um mecanismo para a reação
2. Qual a função do ácido acético
3. Por que a temperatura do meio reacional durante a adição da mistura não pode ficar
acima de 10 °C.
4. Por que a reação conduz preferencialmente a formação do isômero para.
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Experimento 6
Síntese e purificação da ciclo-hexanona-oxima
1. Introdução
Aldeídos e cetonas são caracterizados pela presença do grupo carbonila, C=O. A dupla
ligação da carbonila é polar, com densidade eletrônica deslocada para o oxigênio,
favorecendo o ataque nucleofílico ao carbono. As reações típicas de aldeídos e cetonas são,
portanto, reações de adição nucleofílica à carbonila.
Outros grupos que possuem átomo de carbono em ligação múltipla com heteroátomos,
geralmente mais eletronegativos que o carbono, também sofrem reações de adição
nucleofílica. Entre eles estão as nitrilas, iminas e isocianatos. O mecanismo geral da reação é
dado abaixo:
C O
R1
R2
R1
C
Nu
R2
O_
H+
R1
C
Nu
R2
OH+ Nu:- lenta
A reação da carbonila com derivados da amônia gera o grupo imino, C=N,
característico de diversas funções orgânicas, entre elas, as oximas. Quando ciclo-hexanona 1
reage com hidroxilamina 2, o produto final é a ciclo-hexanona-oxima 3, intermediário-chave
para o rearranjo de Beckman.
Reação:
O
NH2OH
-H2O
N OH
+
1 2 3
17
2. Metodologia
A preparação da ciclo-hexanona-oxima ocorre por reação em fase heterogênea entre a
ciclo-hexanona e a hidroxilamina. A adição de carbonato de sódio é essencial para o bom
andamento do processo. À medida que o produto se forma, ele se separa do meio reacional na
forma de um sólido branco.
A ciclo-hexanona-oxima obtida deve ser rapidamente recristalizada e armazenada sob
vácuo, pois se decompõe em presença de oxigênio ou umidade. O rendimento desta reação é
normalmente quantitativo. Este produto é utilizado na síntese da -caprolactama, uma
importante matéria-prima na indústria de polímeros.
3. Procedimento experimental
Em um béquer de 50 mL, dissolver 0,85 g de cloridrato de hidroxilamina em 2,0 mL
de água e adicionar 1,0 mL de ciclo-hexanona. Resfriar a mistura em um banho de gelo.
Em outro béquer de 50 mL, preparar uma solução de 0,65 g de carbonato de sódio em
2,0 mL de água e adicioná-la, lentamente e sob agitação, à mistura gelada de hidroxilamina e
ciclo-hexanona. A adição deve ser feita gota a gota, mantendo o béquer no banho de gelo.
Agitar a mistura reacional durante 10 min e filtrar os cristais rapidamente em funil de
Büchner. Lavar com cercar de 10 mL de água e deixar o material secar sob a ação do vácuo
por alguns minutos. Em capela, transferir os cristais para um erlenmeyer de 50 mL e dissolvê-
lo no mínimo possível de éter de petróleo sob ebulição. Deixar a solução resfriar lentamente
até a temperatura ambiente e depois levá-la ao banho de gelo para melhorar o rendimeto.
Pesar um papel de filtro e filtrar os cristais a vácuo novamente. Deixar o produto secar em
dessecador, pesar e determinar seu rendimento e ponto de fusão.
4. Questões
1. Dê o mecanismo detalhado da síntese da ciclo-hexanona-oxima.
2. Qual a função do carbonato de sódio na reação?
3. Qual a reação de síntese da -caprolactama? Qual o seu mecanismo?
4. Qual o tipo de polímero produzido a partir da -caprolactama? Mostre a reação geral
envolvida.
5. Por que o rendimento da síntese de ciclo-hexanona-oxima é quantitativo, embora o
processo envolva reações de equilíbrio?
6. Como ocorre a decomposição da ciclo-hexanona-oxima em presença de oxigênio? E de
água?
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Experimento 7
1. Síntese e caracterização da dibenzalacetona
A condensação aldólica é muito utilizada em síntese orgânica nos processos de
formação de ligações carbono-caarbono. Deste modo, os produtos obtidos contém grupos
funcionais que podem ser modificados posteriormente, fornecendo compostos utéis em
aplicações laboratoriais e industriais.
O mecanismo para a adição aldólica é particularmente interesante, porque ela
apresenta duas importantes características dos compostos carbonílicos que são: a acidez de
seus hidrogênios e a tendência de seus grupos carbonila de sofrerem reações de adição
nucleofílica.
CHO
+
O
2EtOH/H2O
NaOH
20 - 25 oC
O
Benzaldeido Acetona dibenzalacetona
A dibenzalacetona pode ser obtida por meio de uma reação de condensação da
acetona com dois equivalentes de benzaldeído. Neste caso temos uma condensação aldólica,
conhecida como reação de Claisen-Schmidt.
2. Procedimento experimental:
Em um bequer de 100 mL dissolver 1,0g de NaOH em 10mL de água fria e 8mL de
etanol. Adicionar 1mL de benzaldeído e 0,6mL de acetona, sob agitação.
Ainda sob agitação, manter o béquer tampado e em banho de gelo controlando a
temperatura da mistura para que permaneça entre 20 e 25°C, por 30 minutos.
O sólido formado deve ser filtrado a vácuo e lavado com porções de água destilada
gelada até que se obtenha um pH em torno de 5,0. Seque o filtrado em estufa.
Após a secagem, aqueça 10mL de etanol até a ebulição. Adicione lentamente o etanol
aos cristais para que eles sejam dissolvidos com o mínimo de etanol possível. Pese um papel
de filtro e realize uma filtração comum. Reserve os cristais para que sejam pesados depois de
secos.
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4. Questões
1. Qual a importância da reação de condensação aldólica em síntese orgânica?
2. Como podemos ter certeza que o produto foi formado?
3. Se ao invés da acetona fosse usada a acetofenona como reagente, qual produto seria obtido?
Explique.
4. Se ao invés da acetona fosse usada a benzofenona como reagente, qual produto seria
obtido? Explique.
4. Proponha um mecanismo para a reação de síntese da dibenzalacetona
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Experimento 8
1. Síntese do iodofórmio
O iodofórmio (CHI3) é um pó amarelo, com alto teor de iodo (96%), sob forma de
cristais hexagonais brilhantes, cor amarelo – limão de odor penetrante e persistente além de
sabor desagradável. Tem pouca solubilidade em água, relativamente solúvel ao álcool, muito
solúvel em óleo de oliva e éter.
CH3
O
CH3
KI
NaClO+ CH3
O
O NaCHI 3
Acetona Iodofórmio
2. Procedimento experimental
Adicionar 25 mL de uma solução de iodeto de potássio a 6% em um béquer de 250
mL e em seguida 0,5 mL de acetona. Gotejar a esta solução, lentamente e com agitação, 30
mL de uma solução salina de hipoclorito de sódio (água sanitária). Deixar em repouso até que
haja precipitação de cristais. Filtrar a vácuo, lavar os cristais com água.
3. Recristalização:
Os cristais de iodofórmio obtidos devem ser colocados em um béquer com
metanol aquecido (aproximadamente 20 mL). Manter sob aquecimento até que todos os
cristais estejam dissolvidos. Deixar esfriar lentamente para que haja uma completa
recristalização. Filtrar a vácuo, não se esquecendo de pesar o papel de filtro para o cálculo do
rendimento.
4. Questões:
1. Proponha um mecanismo para está reação
2. Calcule o rendimento da reação
3. Qual a aplicação do iodofórmio?
4. Ao purificar um composto por recristalização, é aconselhável esfriar a solução lenta ou
rapidamente? Explique. Cite outra(s) técnica(s) utilizadas para iniciar a formação de cristais.
5. Por que é recomendável utilizar-se apenas uma quantidade mínima de solvente na etapa de
recristalização e quais critérios deverão ser levados em consideração para que um solvente
possa ser empregado neste processo?
6. Na etapa de filtração a vácuo, os cristais formados são lavados com água gelada. Por quê?
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Bibliografia Recomendada:
BESSLER, K. E. E FINAGEIV NEDER, A. V. Química em Tubos de Ensaio–uma
abordagem para iniciantes, Editora Edgard Blücher.
SOLOMONS, G. T., FRYHLE, C. Química Orgânica, Editora LTC, Volume 1 e 2, 1996.
MORRISON, R., BODY, R. Química Orgânica, Fundação Colouste Gulbenkian.
VOGEL, A. I. Química orgânica: análise orgânica qualitativa. 3 ed. Rio de Janeiro, Ao
Livro Técnico, S.A. 1985, v. 3.
MANO, E. B., SEABRA, PIRES, A. P. E. Práticas de Química Orgânica, São Paulo,
Editora Afiliada, 2002.
Biodiesel de soja: reação de transesterificação para aulas práticas de química orgânica.,
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PAVIA, D. L. et al Química Orgânica Experimental – Técnicas em escala pequena, 2a
Edição. Editora Bookman, 2009.