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Março de 2012 NR 31 Cristiano Zaranza Assessor Jurídico da CNA Coordenador da Comissão Nacional de Relações do Trabalho CNA

Apresentação do PowerPoint · Portaria 3.067 de abril de 1988 – Editou as 5 NRR e incorporou as NR 7, 15 e 16 “URBANAS” Portaria 86 de 03 de março de 2005 – Editou a NR

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Março de 2012

NR 31

Cristiano Zaranza

Assessor Jurídico da CNA

Coordenador da Comissão Nacional de Relações do Trabalho – CNA

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

• CAPÍTULO I Dos Direitos e Deveres Individuais e

Coletivos

• Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

qualquer natureza,

• CAPÍTULO II Dos Direitos Sociais

• Art. 7.º (*) São direitos dos trabalhadores urbanos e

rurais,

• XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio

de normas de saúde, higiene e segurança;

Portaria 3.067 de abril de 1988 – Editou as 5 NRR e incorporou as NR 7,

15 e 16 “URBANAS”

Portaria 86 de 03 de março de 2005 – Editou a NR 31 (Norma

Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura,

Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aqüicultura)

NR 31 – NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO, AGRICULTURA, PECUÁRIA,

SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQÜICULTURA

DIVISÃO

TEÓRICA

NR-31

Campos de aplicação e atribuições

gerais

Sistema de gestão

Exigências técnicas específicas

CAMPOS ABRANGIDOS

REGULAMENTAÇÃO - NRR APÓS 1988

1. Campos de aplicação, obrigações e responsabilidades

2. Serviço especializado em segurança e saúde do trabalho rural

(SESTR)

3. Comissão interna de prevenção de acidentes do trabalho rural

(CIPATR)

4. Controle da saúde dos trabalhadores

5. Medidas de proteção pessoal

6. Agrotóxicos

7. Insalubridade (adicional)

8. Periculosidade (adicional)

CAMPOS ABRANGIDOS

REGULAMENTAÇÃO - NR-31 APÓS 2005

1. Campos de aplicação, obrigações e

responsabilidades

2. Serviço especializado em segurança

e saúde do trabalho rural (SESTR)

3. Comissão interna de prevenção de

acidentes do trabalho rural (CIPATR)

4. Controle da saúde dos trabalhadores

5. Medidas de proteção pessoal

6. Agrotóxicos

7. Comissões permanentes de

segurança e saúde no trabalho rural

8. Meio ambiente e resíduos

9. Ergonomia

10. Ferramentas manuais

11. Máquinas, equipamentos e implementos

12. Secadores

13. Silos

14. Acessos e vias de circulação

15. Transporte de trabalhadores

16. Transporte de cargas

17. Trabalho com animais

18. Fatores climáticos e topográficos

19. Edificações rurais

20. Instalações elétricas

21. Áreas de vivência

CAMPOS DE APLICAÇÃO E ATRIBUIÇÕES GERAIS

DESTAQUES

A Norma Regulamentadora se aplica a quaisquer atividades da agricultura,

pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura, verificadas as formas de

relações de trabalho e emprego e o local das atividades.

A Norma Regulamentadora também se aplica às atividades de exploração

industrial desenvolvidas em estabelecimentos agrários.

Agroindústria atividade híbrida caracterização urbano ou rural???

Responsabilidade solidária de empresas, empregadores, cooperativas de

produção ou parceiros, congregados ou constituídos em grupo econômico:

respondem solidariamente pelas obrigações de aplicação da Lei, por

infrações ou danos decorrentes de acidentes envolvendo trabalhadores

pertencentes a qualquer um dos contratantes.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA = TODOS TEM RESPONSABILIDADE

1. Pausas:

31.10.7 - Para as atividades que forem realizadas necessariamente em pé, devem

ser garantidas pausas para descanso.

Dificuldade da implantação em razão da atividade, dos usos e dos costumes

Ex. Corte manual de cana, uva, laranja, etc

2. Exames médicos:

31.5.1.3.1 - O empregador rural ou equiparado deve garantir a realização de exames

médicos, obedecendo aos prazos e periodicidade previstos nas alíneas abaixo:

exame médico admissional

exame médico periódico, a ser realizado anualmente, salvo o disposto em acordo ou

convenção coletiva de trabalho, resguardado o critério médico

Que critério adotar??? NR 7 + NR 31?

→ Há profissionais suficientes no mercado?

→ Qual o papel do serviço público?

NR-31 QUESTÕES POLÊMICAS

Exigências e técnicas específicas

3. Dimensionamento do SESTR “comum”:

31.6.10 - As empresas que mantiverem atividades agrícolas e industriais, interligadas no

mesmo espaço físico e obrigadas a constituir SESTR ou Serviço equivalente, poderão

constituir apenas um desses serviços, considerando o somatório do número de

empregados, desde que estabelecido em convenção ou acordo coletivo.

→ Que critério adotar??? NR 7 + NR 31?

4. Equipamentos de proteção:

Exigência de Certificado de Aprovação - CA expedido pelo MTE

EPIs disponibilizados no mercado foram testados para a indústria e não para o meio rural.

→ Exemplo: óculos de proteção (Tela x Composto Sintético)

5. Alojamentos (31.23.5):

Enquadramento de “repúblicas” (moradias coletivas urbanas) como alojamentos

impossibilidade

NR-31 QUESTÕES POLÊMICAS

6. Máquina em movimento

“vedado, em qualquer circunstância, trabalho em pé/sentado em máquina em

movimento não projetada para este fim". Fundamento: NR 31 itens 31.12.1 "a" e

31.12.10.

É proibida a atividade de acerto de carga, ou outra atividade, onde o trabalhador labora

sobre a carga. Tais atividades devem ser feitas com o trabalhador no solo com

ferramenta que alcance a altura da carga ou com plataforma de trabalho com proteção

previstas no item 31.12.9 da NR 31. Fundamentação: NR 31 itens 31.5.1 "a" e"b"e

31.17.1.

NR-31 QUESTÕES POLÊMICAS

7. Medidas de proteção pessoal

"A empresa deve adotar medidas de proteção pessoal de corpo inteiro,

fornecendo, inclusive, calça e camisa de mangas longas, tanto para o cortador

de cana quanto aos demais trabalhadores rurais de qualquer etapa do processo

produtivo da cana-de-açúcar". Fundamentação: NR 31 itens 31.3.3 "b",

31.20.1.1 e 31.20.2 "g".

NR-31 QUESTÕES POLÊMICAS

8. Barraca

Condições mínimas para a instalação sanitária nas frentes de trabalho:

NR 31 item 31.23.3.4

→ Critérios MPT e MTE

9. Aplicação de agrotóxico

Chuveiro e vestiário para troca de roupas pessoais e higienização após

aplicação.

→ Responsabilidade do Empregador – condições de armazenamento, menores, gestantes,

maiores de 60 anos, reaproveitamento de embalagens, etc.

10. Máquinas, Equipamentos e Implementos

Só devem ser utilizadas máquinas e equipamentos móveis motorizados

que tenham estrutura de proteção do operador em caso de tombamento e

dispor de cinto de segurança.

Não havia ressalvas para as máquinas existentes

EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO

INDIVIDUAL – EPI

Fornecimento, registro, reposição,

cobrança da utilização

OBS: Medidas de Proteção Coletiva devem sempre “prevalecer” sobre

as medidas de proteção individual.

A NR-31 prevê a existência de Comissões Permanentes no âmbito

nacional e regional, CPNR e CPRR, instituídas pela Portaria

SIT/MTE nº 18, de 30/05/2001

Essas Comissões têm como atribuições básicas a (i) formulação

de propostas de adequação ao texto da norma e o (ii)

aperfeiçoamento contínuo da mesma, visando ao controle e à

melhoria das condições do meio-ambiente do trabalho rural.

Ex. Revisão da 31.12 – Máquinas e Equipamentos

Revisão - Áreas de Vivência

CPRR e CPNR

Fiscalização do grupo móvel do

Ministério do Trabalho

NR 31 - FISCALIZAÇÕES

FISCALIZAÇÕES DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA

PROCURADORIA DO TRABALHO

Ministério do Trabalho Emprego

Grupos de fiscalização Nacional

Estadual

Regional

Conseqüências: Multas administrativas

Interdição

Constatação de condição Análoga de Escravo (Portaria Interministerial nº 2

de 12/05/2011 – Revogou a Portaria 540 MTE)

Ministério Público do Trabalho

Conseqüências: Termo de Ajuste de Conduta - TAC

Ação Civil Pública

Auditor fiscal

Autonomia funcional

X

Critérios Pessoais = Subjetividade

DESTAQUE

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2003 2004 2005 2006 2007

4550

29

7 5

5550

71

93 95

Inaplicáveis ao trabalho rural Aplicáveis ao trabalho rural

PERFIL DAS AUTUAÇÕES NO MEIO RURAL (EM %)

968

294 250 262

1000

2229

352222 264

0

500

1000

1500

2000

2500

31.5 31.8 31.12 31.16 31.20 31.23 31.23.3.4 31.23.4.3 31.23.9

31.5 - Gestão de Segurança, Saúde e Meio Ambiente de Trabalho Rural

31.8 - Agrotóxicos, Adjuntas e Produtos Afins

31.12 - Máquinas, Equipamentos e Implementos

31.16 - Transporte de Trabalhadores

31.20 - Medidas de Proteção Pessoal

31.23 - Áreas de Vivência

31.23.3.4 - Instalações sanitárias nas frentes de trabalho

31.23.4.3 - Abrigos nas frentes de trabalho

31.23.9 - Fornecimento de água potável fresca

PRINCIPAIS AUTUAÇÕES NR-31 NO BRASIL EM 2007

31.23.4.3 - Abrigos contra intempéries durantes as

refeições

31.23.9 - Água potável e fresca

31.5.1.3.1.”a” - Exame médico admissional

31.5.1.3.6 - Material de primeiros socorros

31.16.1.”a” - Transporte coletivo

31.20.1 - Fornecer equipamentos de proteção individual

31.20.1.2 - Exigir a utilização dos equipamentos de

proteção individual

31.23.1 "a“ - Instalações sanitárias

31.23.1 “b“ - Locais para refeição

31.23.10 - Água potável

PRINCIPAIS AUTUAÇÕES NR 31 NO BRASIL - 2008

DESTAQUES

DAS

FISCALIZAÇÔES

OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADES GERAIS

AUSÊNCIAS

Procedimentos, instruções e

ordens de serviços especificas

escritas e divulgadas entre os

trabalhadores

Integração com documentos

escritos sobre segurança e

saúde

TERCEIROS

Integração, controle do

cumprimento dos deveres e

obrigações

PROTETOR DE

LIMA

BAINHA PARA

FACÕES

Não fornecimento

Fornecimento sem

utilização

Ausência de

registro de

fornecimentos e

reposições

FERRAMENTAS MANUAIS

FACÕES TRANSPORTADOS

SEM BAINHA DE

PROTEÇÃO

FERRAMENTAS MANUAIS

FACÕES E

MACHADOS

TRANSPORTADOS

SEM BAINHA DE

PROTEÇÃO

FERRAMENTAS MANUAIS

PROTETOR DE LIMA

IMPROVISADO

PROTETOR DE LIMA

RECOMENDADO

FERRAMENTAS MANUAIS

AUSÊNCIA

Fornecimento designação

formal do médico

coordenador do programa

de controle médico

Cumprimento dos prazos

para exames periódicos

Exames de mudança de

função

CONTROLE DA SAÚDE DOS TRABALHADORES

Exames complementares em

função dos riscos de

exposição do trabalhador

ASO

Sem assinatura CRM do

médico

Sem registro dos riscos dos

exames realizados e a

indicação de aptidão para a

função

Não é entregue a cópia para o

trabalhador

O protocolo do trabalhador não

é arquivado no prontuário final

CONTROLE DA SAÚDE DOS TRABALHADORES

AUSÊNCIA

Engenheiros, técnicos de

segurança, auxiliares de

enfermagem no quadro de

profissionais

Atividades de avaliação e

estudo de riscos,

planejamento, auditorias e

recomendações

SESTR

Depósito em local inadequado e não sinalizado

Ventilação interna insuficiente

Embalagens de produtos depositadas diretamente no piso

Sem extrado e ou encostado na parede

Altura de pilhas de caixas acima de alturas estabelecidas pelos fabricantes

Embalagens vazias não lavadas, não perfuradas e estocadas em local sem controle

de acesso de animais e pessoas

Transporte do produto sem atendimento as exigências sobre cargas perigosas

Preparo e abastecimento sem os EPIs adequados

Ausência de chuveiros e vestiários para a troca e guarda de roupas pessoas e

higienização após aplicação

Roupas de proteção lavadas em local inapropriado

AGROTÓXICOS

MÁQUINAS, EQUIPAMENTOS E IMPLEMENTOS

OPERADORES

AUSÊNCIA

Treinamento específico

Cinto de segurança

TRATORES

AUSÊNCIA

Pessoas conduzidas sobre

pára-lamas

Cinto de segurança, cabine,

estrutura de proteção contra

tombamento

Sinal sonoro de ré e proteção

nas partes móveis perigosas

AUSÊNCIA

Habilitação e curso de formação

Licenças dos veículos para circulação

Manutenção dos veículos

Controle de supervisão do sistema de

registro de velocidade (tacógrafos)

Fiscalização de materiais estranhos no

compartimento de passageiros

TRANSPORTE DE TRABALHADORES

BANCO ADICIONADO APÓS

OBTENÇÃO DA LICENÇA

MACACO HIDRÁULICO SOLTO NO

COMPARTIMENTO DE PASSAGEIROS

FACÕES SEM BAINHA NO

COMPARTIMENTO DE FERRAMENTAS

TRANSPORTE DE TRABALHADORES

ÁREAS DE VIVÊNCIAS

AUSÊNCIA NAS

FRENTES DE

TRABALHO

Abrigos nas frentes de trabalho e ou

montagem do abrigo

Controle de qualidade, refrigeração de

água potável

PROBLEMAS

ALOJAMENTOS

Barraca/sanitário

Quantidade, qualidade, forma de uso e

conservação

Espaçamento e armários

BARRACA SANITÁRIA SEM

CONDIÇÃO DE USO

ÁREAS DE VIVÊNCIAS

BARRACA SANITÁRIA

ARMADA MUITO PRÓXIMO

DOS ÔNIBUS

ÁREAS DE VIVÊNCIAS

28.2 EMBARGO OU INTERDIÇÃO

28.2.1 Quando o agente da inspeção do trabalho constatar situação

de grave e iminente risco à saúde e/ou integridade física do

trabalhador, com base em critérios técnicos, deverá propor de

imediato à autoridade regional competente a interdição do

estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou o

embargo parcial ou total da obra, determinando as medidas que

deverão ser adotadas para a correção das situações de risco.

FISCALIZAÇÕES E PENALIDADES

SITUAÇÕES QUE TEM OCORRIDO INTERDIÇÃO

Ausência

EPIs adequados

Na frente de

trabalho rural

Paralisação da

atividade e ou

interdição da

atividade

Interdição da

atividade

Ausência

EPIs adequados

Ausência

EPIs adequados

Na colheita

Na aplicação de

agrotóxicos

Paralisação da

atividade e ou

interdição da

atividade

INTERDIÇÃO IMEDIATA do veículo de transporte coletivo de trabalhadores

Documento comprobatório da inspeção veicular e/ou a documentação do

motorista (o motorista deve possuir CNH classe “D”)

Transporte de trabalhadores em pé

Lotação documentada inferior à quantidade de assentos existentes

Inexistência de compartimento separado para transporte de ferramentas e

materiais (sempre que haja ferramentas e materiais sendo transportados)

Ausência ou falha do sistema de sinalização e iluminação

Pneu recauchutado no eixo dianteiro (Resolução do CONTRAN n. 811/96, art. 8º,

parágrafo único)

Pneu desgastado ("careca").

Banco solto ou mal fixado

Assoalho vazado com grande abertura

Ausência de saída de emergência

Falha no sistema de freio/ sistema de indicador de pressão de freio.

Falta de cinto de segurança

SITUAÇÕES EM QUE TEM OCORRIDO INTERDIÇÃO

"vedado, em qualquer

circunstância, trabalho em

pé/sentado em máquina em

movimento não projetada

para este fim"

Além dos itens apresentados que implicam

em interdição imediata, outros, conjugados

ou não, podem gerar a interdição.

Exemplo: caso de pedais e controles

adaptados; má conservação do veículo;

adaptações de todo gênero; documentação

do veículo; e etc. Fundamentação: NR 31

itens 31.3.3 "b"; 31.16.1 e alíneas.

PLANTIO

OUTROS

EXEMPLOS DE

INTERDIÇÃO

SITUAÇÕES EM QUE TEM OCORRIDO INTERDIÇÃO

A CARACTERIZAÇÃO DA

CONDIÇÃO ANÁLOGA À DE

TRABALHO ESCRAVO NA

AGRICULTURA

PANORAMA BRASILEIRO

CÓDIGO PENAL:

Redução a condição análoga à de escravo:

Art. 149

Reduzir alguém a condição análoga à de

escravo: pena de reclusão,de 2 a 8 anos

Observação: tratava-se de tipo penal aberto de difícil caracterização

Art . 149 (redação atual - dada pela lei nº 10.803, de 11.12.2003):

Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a

trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições

degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua

locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:

pena reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente

à violência

CÓDIGO PENAL:

Art . 149 (redação atual - dada pela lei nº 10.803, de 11.12.2003):

1º Nas mesmas penas incorre quem:

I - cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do

trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;

II - mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se

apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o

fim de retê-lo no local de trabalho.

2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:

I. contra criança ou adolescente;

II. por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem

PANORAMA BRASILEIRO

A denominação própria (legal) para o ato ilícito em gênero é trabalho em condições

análogas à de escravo.

Nada impede a utilização dessa expressão em sua forma reduzida: trabalho escravo.

No entanto, não sendo a escravidão uma prática admitida pelo ordenamento jurídico,

não se pode conceber que a pessoa humana, mesmo em razão da conduta ilícita de

outrem, possa vir a ser considerada literalmente escrava; no máximo ela estará em

condição análoga à de escrava.

CONSIDERAÇÕES

Trabalho em condições

análogas à de escravo

passou a ser

considerado gênero, do

qual são espécies:

trabalho forçado

(incluindo-se aqui a

jornada exaustiva)

trabalho em condições

degradantes

Art. 3º. Para os fins previstos na presente Instrução Normativa, considera-se

trabalho realizado em condição análoga à de escravo a que resulte das

seguintes situações, quer em conjunto, quer isoladamente:

I – A submissão de trabalhador a trabalhos forçados;

II - A submissão de trabalhador a jornada exaustiva;

III – A sujeição de trabalhador a condições degradantes de trabalho;

IV – A restrição da locomoção do trabalhador, seja em razão de dívida

contraída, seja por meio do cerceamento do uso de qualquer meio de

transporte por parte do trabalhador, ou por qualquer outro meio com o

fim de retê-lo no local de trabalho;

V – A vigilância ostensiva no local de trabalho por parte do empregador

ou seu preposto, com o fim de retê-lo no local de trabalho;

VI - A posse de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, por

parte do empregador ou seu preposto, com o fim de retê-lo no local de

trabalho.

A Instrução Normativa nº 91/2011 SIT-MTE

Da Subjetividade da Norma

b) “jornada exaustiva” - toda jornada de trabalho de natureza

física ou mental que, por sua extensão ou intensidade,

cause esgotamento das capacidades corpóreas e

produtivas da pessoa do trabalhador, ainda que transitória

e temporalmente, acarretando, em consequência, riscos a

sua segurança e/ou a sua saúde;

c) “condições degradantes de trabalho” – todas as formas de

desrespeito à dignidade humana pelo descumprimento

aos direitos fundamentais da pessoa do trabalhador,

notadamente em matéria de segurança e saúde e

preposto ou mesmo por terceiros, como coisa e não como

pessoa;

IN 91 - Justiça social ou fraude?

• Art. 13. A constatação de trabalho em condição análoga à

de escravo ensejará a adoção dos procedimentos

previstos no artigo 2º - C, §§ 1º e 2º, da Lei nº 7.998, de 11

de janeiro de 1990, devendo o Auditor-Fiscal do Trabalho

resgatar o trabalhador que estiver submetido a essa

condição e emitir o Requerimento do Seguro-Desemprego

do Trabalhador Resgatado.

→ R$ 64.694.655,39 pagos em indenizações de 2003 à 2011

→ Safristas...

IN 91 - Os 3 Poderes em 1 só

• Art. 20. A inclusão do nome do infrator no Cadastro ocorrerá após decisão administrativa final relativa ao auto de infração lavrado em decorrência de ação fiscal em que tenha havido a identificação de trabalhadores submetidos à condição análoga à de escravo.

a) O Poder legislativo – Edição da IN 91

b) O Pode Executivo – Fiscalização pelos auditores

c) O Poder Judiciário – Julgamento dos autos de infração

→ Efeitos imediatos independentemente de sentença penal condenatória transitada em julgado!

Ressaltamos que para estar configurado referido tipo penal, qualquer de

suas espécies, seja trabalho em condições degradantes, seja trabalho

forçado, devem estar necessariamente acompanhadas do CERCEAMENTO

DA LIBERDADE. Portanto, o cerceamento da liberdade é essencial para a

caracterização do tipo penal. Ademais, trata-se de tipo penal cumulativo e

não alternativo.

Exemplo

Jornada exaustiva + cerceamento da liberdade = condição análoga à de

escravo

Condição degradante = caracteriza outro ilícito e não a redução à

condição análoga a de escravo.

Entendimento externado pela Justiça Federal (TRF3), OIT e Min. Gilmar

Mendes (Inquérito (INQ 2131) contra o Senador João Batista de Jesus Ribeiro - PR-TO).

CONSIDERAÇÕES

Inquérito (INQ 2131) contra o Senador João Batista

de Jesus Ribeiro - PR-TO

• De acordo com o ministro Gilmar Mendes, os trabalhadores não foram proibidos de sair da fazenda e nenhum deles chegou a ver qualquer pessoa armada observando-os. O ministro também salientou que, conforme os depoimentos, não houve coação, ameaça ou imposição de jornada excessiva. “Todos podiam exercer o direito de ir e vir”, disse.

• Com base em documento da Organização das Nações Unidas sobre formas contemporâneas de escravidão, o ministro afirmou que deve haver uma definição mais clara do crime de trabalho escravo, o que ajudaria a Polícia Federal a investigar os casos. “Para não ser mal interpretado, enfatizo que não estou a defender o mau empregador, o explorador das condições desumanas ou degradantes de trabalho. Precisamos, de forma intransigente, evoluir, combater a miséria deste país, o subemprego, a violação à sistemática dos direitos trabalhistas e sociais”, ressaltou o ministro, que disse não acreditar que essa realidade se modifique “num passe de mágica, simplesmente com a edição de uma lei ou de regulamentos extravagantes em atmosfera livre de mazelas sociais”.

• O ministro Gilmar Mendes observou que determinada situação pode caracterizar uma irregularidade trabalhista, mas não a redução de alguém à condição análoga à de escravo. “É preciso fazer a distinção do tratamento da questão no plano administrativo-trabalhista e no campo penal”, disse, ao salientar que determinados atos “podem e devem se reprimidos administrativamente, mas não com aplicação do tipo penal, do direito penal ao caso”.

Inquérito (INQ 2131) contra o Senador João Batista

de Jesus Ribeiro - PR-TO

Ao analisar a matéria, o ministro ressaltou que o bem jurídico tutelado pelo artigo 149 do Código Penal não é a relação de trabalho, mas a liberdade individual de cada cidadão. Ele citou que, dependendo da interpretação, outras relações de trabalho estariam sujeitas à "jornada exaustiva" como ocorre, por exemplo, no comércio nas festas de fim de ano ou na construção civil, quando a entrega do empreendimento está próxima.

Segundo o ministro, o Brasil apresenta grandes distorções. “A inexistência de refeitórios, chuveiros, banheiros, pisos em cimento, rede de saneamento, coleta de lixo é deficiência estrutural básica que assola de forma vergonhosa grande parte da população brasileira, mas o exercício de atividades sob essas condições que refletem padrões deploráveis e abaixo da linha da pobreza não pode ser considerado ilícito penal, sob pena de estarmos criminalizando a nossa própria deficiência”. O voto do ministro Gilmar Mendes foi acompanhado pelos ministros Dias Toffoli e Marco Aurélio .

Votos

O ministro Luiz Fux votou pelo recebimento da denúncia, acompanhando a relatora do caso, ministra aposentada Ellen Gracie. Ele afirmou que foram constatadas, nos autos, condições degradantes em que viviam os trabalhadores na fazenda. Entre elas, segundo o ministro, a falta de instalações sanitárias e ausência de luz para as refeições, formando um “ambiente inóspito”.

Inquérito (INQ 2131) contra o Senador João Batista

de Jesus Ribeiro - PR-TO

Ao acompanhar a divergência aberta pelo ministro Gilmar Mendes, no sentido da rejeição da denúncia, o ministro Dias Toffoli revelou, entre outros argumentos, que não se deparou, nos autos, com nenhum depoimento que afirmasse haver coação ou a presença de agentes armados, e que também não parece ter havido cerceio de transporte.

Já a ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha acompanhou a relatora do caso pelo recebimento da denúncia. De acordo com a ministra, a relatora disse haver elementos indiciários suficientes para aceitar a peça inicial. Entre outros pontos, a ministra Ellen Gracie disse haver indícios de que os trabalhadores teriam contraído dívidas, restrição de liberdade e situações precárias.

O ministro Joaquim Barbosa também acompanhou a relatora pelo recebimento da denúncia. Segundo ele, o acusado conhecia a situação da sua fazenda, assumindo com isso o risco do resultado. O ministro disse, ainda, haver indícios de que os trabalhadores cumpririam jornadas superiores a treze horas diárias.

Ao se manifestar pelo recebimento da denúncia, o ministro Ayres Britto citou trechos da denúncia que, segundo ele, sinalizariam a existência de indícios dos delitos imputados. O ministro disse entender que é preciso reconhecer o poder-dever do Ministério Público para, na fase da instrução criminal, comprovar e demonstrar o que afirmado na peça inaugural do processo.

Inquérito (INQ 2131) contra o Senador João Batista

de Jesus Ribeiro - PR-TO

O ministro Marco Aurélio votou pela rejeição da denúncia. Revelando que a maioria dos trabalhadores não tinha mais do que um mês de serviço na fazenda, ele disse entender que não se pode falar, no caso, em coação ou em dívidas impagáveis. Não podemos cogitar, diante desses elementos indiciários, quanto à sonegação de direitos trabalhistas, nem de fraude ou de violência, frisou o ministro, dizendo que os indícios não são suficientes.

De acordo com o decano da Corte, ministro Celso de Mello, o trabalhador merece respeito, quer do Estado, quer do seu empregador, e não pode sofrer tratamento que lhe coloque em situação degradante, que faça aviltar sua dignidade pessoal. Nesse sentido, ao votar pelo recebimento da denúncia, o ministro disse entender que a peça do Ministério Público Federal está fundada em relatório elaborado por fiscais do Ministério do Trabalho, apresentando dados que permitem reconhecer bases mínimas capazes de sustentar a denúncia, permitindo a formulação de um juízo positivo de admissibilidade.

O ministro Cezar Peluso votou pelo recebimento da denúncia apenas quanto ao crime previsto no artigo 149, caput, do Código Penal. Segundo o ministro, o senador tinha o domínio das ações, conhecia a situação e assim poderia ter evitado os atos que acabaram configurando o delito. O ministro citou duas ações específicas: a sujeição à condição degradante do trabalho, habitação e higiene, e a restrição de locomoção em razão das dívidas contraídas pelos trabalhadores.

Quanto aos crimes previstos nos artigos 213 e 207, o ministro Cezar Peluso não recebeu a denúncia, por entender não haver elementos indiciários suficientes.

CONSEQÜÊNCIAS

A Lista NEGRA do MTE

Conseqüência da inclusão do nome da empresa no cadastro de

empregadores é que os seguintes órgãos serão oficiados:

(Art. 3 da Portaria)

I - Ministério do Meio Ambiente (Redação dada pela Portaria 496/2005/MTE);

II - Ministério do Desenvolvimento Agrário (Redação dada pela Portaria 496/2005/MTE);

III - Ministério da Integração Nacional (Redação dada pela Portaria 496/2005/MTE);

IV - Ministério da Fazenda (Redação dada pela Portaria 496/2005/MTE);

V - Ministério Público do Trabalho (Redação dada pela Portaria 496/2005/MTE);

VI - Ministério Público Federal (Redação dada pela Portaria 496/2005/MTE);

VII - Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (Redação dada pela Portaria 496/2005/MTE);

VIII - Banco Central do Brasil (Redação dada pela Portaria 496/2005/MTE);

IX - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES (Acrescentada pela Portaria 496/2005/MTE);

X - Banco do Brasil S/A (Acrescentada pela Portaria 496/2005/MTE);

XI - Caixa Econômica Federal (Acrescentada pela Portaria 496/2005/MTE);

XII - Banco da Amazônia S/A (Acrescentada pela Portaria 496/2005/MTE); e

XIII - Banco do Nordeste do Brasil S/A (Acrescentada pela Portaria 496/2005/MTE).

DA APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DAS DEMAIS

NRs AO TRABALHO RURAL

• A CF 88 equiparou o trabalhador urbano ao rural conforme art. 7 .

• O Decreto que Regulamentou Lei 5889/73, no art. 4 excluiu a aplicação do cap. V da CLT (arts. 154 a 201), ao trabalho rural, exorbitando a norma constitucional, que tem vigência posterior;

• Restringiu-se o alcance do art. 13, da Lei 5889 – que determina -

...Nos locais de trab. rural serão observadas as normas de segurança e higiene estabelecidas em Portaria do MTE.

• Sustenta-se também que a subsidiariedade da norma genérica se aplica à lacuna da norma específica : o art. 8 , da CLT, o art. 5 da Lei de Código Civil e o art. 126 do CPC.

→ Assim, o MTE entende que no trabalho rural se aplicam os dispositivos das NRs, sempre que a NR específica (NR31) seja omissa para o caso concreto.

Dados da Fiscalização - 2003 à 2011

Metas para 2012 – DOU 15/12/2011

Temas Correlatos

PEC 438/2001

Dá nova redação ao art. 243 da Constituição Federal”, estabelecendo a pena de

perda da propriedade urbana ou rural onde for constada a exploração de

trabalho escravo podendo, no caso rural, ser revertida à área ao

assentamento dos colonos que já trabalhavam na respectiva gleba. → Sentença penal transitada em julgado??

→ Propriedade Privada (art. 170, II da CF/88)??

→ Trabalho Doméstico?? Exaustivo ou Degradante??

CPI do Trabalho Escravo

A CPI terá como base a chamada "lista suja" elaborada pelo Ministério do

Trabalho, que inclui 294 empregadores, entre pessoas e empresas, acusados

de explorar mão de obra sem efetivar direitos trabalhistas ou humanitários.

Obrigado!

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