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IMPRESSO v.10, n.38 - abril / junho - 1993

artigo 22

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IMPRESSO

v.10, n.38 - abril / junho - 1 9 9 3

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CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO PARANA

DIRETORIA GESTAO 1991 a 1993

Pres iden le :

V ice -Pres idente :

1s Socretaria:

22 Secretario:

Tesoure iro :

C ons. W ad ir R upollo

Cons . Hello Germin ian i

C ons ". S o!ang e B orba G ild em e is te r

C ons. C arlos Eh lke B raga F ilho

C ons. Anton io C arlos C orre a Kuste r F ilho

Tesoureiro-adjunto: C ons. L u iz Anton io M unhoz da Cunha

M EMB ROS E FE TIV O S

Or .Wad i r Rupo llo

O r. C arlo s E hlk e B rag a F ilho

O r. J oa o Z enl J unior

O r . E lia s Abrao

O r. A ntc oio C arlos C . K us te r F llh o

O r. J aim e R ic ard o Paoorn i k

O r. N e ls on Em ilio M a rq ue s

O r aSo la ng e B o rb a G ild eme ls te rO r. G e rs on Z afa lo n M a rlin s

O r. M arco A ntonio A . R oc ha L oure s

O r . F a rid S a bb ag

O r. L uiz A ntonio M . d a C unha

O r . H e lio G e rm i nia ni

D r. L uiz C a rlo s S ob an ia

D r. N e ls on E gy dio d e C arva lho

D r. O c ta via no B a p tis tin l J u nio r

D r. O uilto n d e P aola

D r. C arlo s H e nriq ue G onc alv es (A M P )

D r. J os e L eo n Z ind eluk

D r . S erg io A ug usto d e M . P itak i

D r. G a brie l P au lo S k ro ch

M EM BR O S S UP LE NT ES

D r. J os e M a rc os Parre i ra

D r. O sm ar R atz ke

D r~ . N a nd d e S anta P alm ie ri d e O liv eira

D r . G i lb e rt o Sac ilo to

D r. L uiz C a rlo s M ls ure lli P alm q uis t

D r . S e r g io Tede s ch i

D r . Va ld ir S abe do tti

D r. M arc o A ure lio d e Q uad ros C ravoD r. H en riq ue d e L ac erd a S up llc y

D r. A n to nio Mo tiz uk l

D r. A g os tin ho B e rto ld i

D r. G e ls on L e on ard i

O ri. T an ia M ara C un ha S ch ae fe r

D r. C a rlo s A ug us to R ib eiro

D r. M ig ue llb ralm A bbo ud H ann a S obn nh o

D r. L uiz S allim E m ed

D r. D ae be s G alati V ie ira (A M P )

D r. J oa o Na ss if ( Fa le c id o )

D r. R ic ard o J oa o W e s tp ha l'

D r. W e be r d e A rrud a L eite '

D r. O d air d e F loro M artins '

• L ic e nc ia d o

Consu lto r Jurid ico: D r. Anton io C e lso Cava lcanti d e A lbuque rq ue

SECAETAR IA

R . M al. O eod oro. 4 97 · 3~ A nd ar· C x. P ostal 2 208· C U fitlba -P arana- C EP 8002 0·32 0

T ele fon e: (04 1) 2 23-1 41 4 - F ax : (0 41) 2 23 -18 29

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ARQU I VO Sdo Conselho Regional de Medicina

do Poron6

Arq . C ons. R eg ion. M ed. do PR

E D I T O R

Ehre nfrie d O . W i ttig

E D I C A o

Tr imestral

D I S T R I B U I C A O

G ratu ita aos m ed icos d o P arana

I M P R E s s A o

Com unlc are C ria cilo G ra fic a

R ua F rancis co S cre m in, 185 5-b

C EP 805 4()'32 0· C uritiba· P arana

F on e: (0 41 ) 2 530 42 33

T I R A G E M

11 .00 0 e xem p ia re s

C A P A

C r ia c a .o : J o s ~ O l i v a , E d u a r d o

M artins e C e s a r Marcheslni

Fotografia: Bia

Sumario

Editorial

Jutz autoriza aborto em anencefalia 61

Concurso de Monografia 63

Acordao CAMIPA 099/92 65

Um roteiro para avallar as condleoes mfnimas de atendimento em pronto-socorrc 66

Ac6rdao CAMPR 10/88 70

Cobranca de Honorarios para "acompanhar' pacientes em Litottipsia 71

Cobran~a de honorarlo para "lndicar" paciente em Lititripsia 72

Oooranca de honorartos medicos apes "indicalj:ao" de Litotripsia Extracorporea 74

Acordao CAMPA 012/92 76

A Etica e a assistencla ao dependente qufmico 77

Acordao CRMPA 002192 ". 81

Atendimento a pacientes com AIDS " " " 82

ResponsabiHdade Clvll- Medico Oftalmologista 84

A responsabilidade do anestesista nos atas Cirurgicos-Odontol6gicos " 89

Acordao CRMPA 011/92 91

Meio Ambiente e Etica Medica........................ 92

Acordao CAMPA 007/92 100

o Direito das Julzes " 101

Acordao CAMPA 010/88 112

A morte na sociedade atual 114

Obrigatoriedade de registro dos hospitals e climcas nos conselhos de enfermagem 116

Tarefa (Poesia) " 118

Atividades desenvolvidas CAM-PA 119

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I N S l R U ~ i i E S

A D S A D lD R E S

..Arqulvoa do Con",ho Regional d. Medlclnll do Estado do ParanA", 6 rg A o o lic la l d oC A M /P R , 6 u m a re vls ta 1r Imes t ra i d e d ic ad a a p u blic a.;io d e Ira ba lh o s, ar t lgos, p a re c e re s , re s o -

lu ¢e s e In lo nna¢e a d e co n te l1 d o 6t too. Os a rt lg o s a ss ln ad o s s io d e in te lra re s po ns ab ilid ad e

d o s autlres, n lo re p re se ntand o n ece ss ar iam e nte a o pln lA o d o C A M /P R . A re pro du ~A o d o c on -

teddo da nMsta, a fo ra o s ar t Igos tr ad u z ld o s , s am IIn s c om e r c la ls , pode s e r re a liz ad a m e d ia nte ac i lac ;Ao da fo nte . T od os o s ar1Igos s erlo s ub m e tld 08 a a nd lls e p a lo o orp o e d ito ria l a a ra vis ta s a

re se rv a 0 d lre lto d e re cu sa r s ua p ub lic ~A o o u fa ze r s ug e stO e s q ua nto a o o on te l1 do e a to nn a. 0

a uto r d av e d ls po r d e c 6p la d o Ira ba lh o p orq ua nto 0 o rig in al, m e s m o re cu sa da a p ub lic ac 40 , n A o

s en l devolvldo. P o de rio s er p ub lic ad os ar1Igos O r ig ln ais o u Ira n sc rito s , e m !rn g ua p o rtu g u e sa o u

e s lra ng e ira , q u e d e ve rA o te r u rn re s um o e m p o rtu g u6s . A a uto riz at;:A op ara a p u blic aC A o d e ilu s-

trayAo c om o to Io g ra fta o u lra ns crio A o d e !a be la , g nlllc o, e tc . 6 d e re sp on sa bilid ad e d o a ulo r, a

q u al, p o de r4 set' so l i c l t ada . As ilu stra ¢e s d e ve m s er e ntre g ue s n um e ra da s e e m e nv elo pe a na -

x ad o . O s ar t lgos d eve m s er d alilo gra fad os e m p ap el t lp o o lrc io , e m -e sp ac o d up lo e n o m 4 x im o

2 0 p 4g ln as . N a p rim e lra p dg ln a d o a rt lg o c le ve c on sta r a pe na s 0 t f tu lo d o a rllg o, n om e d o a uto r e

de In s titu ~ o nd e fo i re aliz a d o. Os t f tu lo s d o a uto r d e ve m s e r re d uz ld o s a o e s se nc ia l. A re v is tan Ao o te re ce s ep ara la s. O s u nlte rrn os s er io p re pa ra do s p e lo a uto r. E s ta re vis ta s eg ue a s n orm a s

d a A B N T .

NORMAS BIBLIOGRAFICAS

N a s re fe r'n cia s d e p ub llc a¢e s d ev em c on sta r a pe na s a qu ela s c ita da s n os te x to s e d is tr ib ur-d a s p o r o rc le n ~ A o a lfa .b 6tlc a .

A s re fe r6n cla s b lb llo g rd ftc as d e p e ri6d ic os d e ve rn c on te r o s d ad os s eg uin le s , n a o rd e m : 1 -

S o b r e n om e do a uto r e m le lra m a ll1 sc ula s eg uld o a p6s v lrg ula , d os p re no m e s, c ila do s p e la s le -

tra s In ic la ls ; 2 - T ftu lo c om p le te do a rt lg o s e gu ld o d e p o nto ; 3 - A b re v ia tu ra o lic ia l d o p e ri6d lc o;

4 - V olum e em n l1m e ro a r4 b ic o ; 5 - N l1m e ro do fa s clc u lo e ntre p arfn te se s; 6 - N u m eracA o d a

p rim e lra e I1 lt1m ap 4g ina , p re ce did a d e 2 p on to s e s e gu ld a d e v frg ula ; 7 - A no d e p ub lic a cA o e

pon t o .

E xam p lo : W E AN EC KE , LC & 01 M A U R O , S . D e flc ifn c ia m u scu la r d a c arn illn a: rs ta to d e 8

caso& c om &S Iu da c lrn lc o , e le tr om l o g r4 ftc o , h is to q u rm i c o e b lo q u rm i c o m u s c u la r. A r q . N e u r o -P s l-

qu ia t . (sao P a ulo ) 4 3 (N Q2 ): 2 81 -2 9 5, 1 98 5 .

N as re fe rtn c ia s b lb lio g nlf ic a s d e I lv ro s d e ve m se r in d ic a d o s : 1 - S ob re nom e em le lra s

ma l l 18 cu l aa , s egu i do de v rtg u la ; 2 - L e lra s in le la is d os p re no m e s; 3 - T itu lo c om p le te d a p ub lic a-

1 t I o ; 4 - E d ito r& , c id ad e d e Im p re ss to e ano .

Exemplo: LA NG E . O •• 0 l(q u ld o c e fa lo rra q u ld la n o em c lrn lc a . M e l ho ra m e n to s , S A o P a u lo ,1937.

A o fin al d e s re fe rtn cia s d av e c on sta r 0e nd e re c o c om p le to d o p rim e iro a uto r.

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E D I T O R I A L

No dia 111de abril de 1991, ao assumir a Presldencia deste Conselho Regional de

Medicina, juntamente com os demais Conselheiros, estava aceitando 0 compromlsso de

dar continuidade a linha de conduta estabelecida pelos meus antecessores e 0de divulgarpor todos os meios ao meu alcance, 0padrao previsto no COdigo de Etiea Medica.

Foram dias de trabalho e luta, mas agora, passados quase dois anos e meio,

podemos, a Diretoria e demais Conselheiros, tranqililamente e altaneiros, prestar contas

de quanto fizemos.

Ainda como vice-presidente, despertou-me 0 interesse de veriflcar quais eram as

causas mals importantes que condicionavam as denuncias que chegavam ao Conselho.

Para surpresa, cada vez mais flcava patente que era a desinformac;ao as determi-

nacoes do nosso C6digo de Etica.

Par outro lado, numerosos eram as telefonemas e solicitac;5es de entrevistas por

parte da populacao pedindo informac;5es como proceder diante de suas insatisfac;5es no

atendimento medico.

Foi entao que criamos na Gazeta do Povo a Coluna do CRM, publicada quinzenal-

mente, com a finalidade de levar as esclarecimentos necessartos. ao mesmo tempo que

se divulgava a existencia do CRM. Esta col una durou ate 0 rnes de junho, quando entao

os vaiores estipuiados para a sua manutencac se tornaram exlorsivos, mas sua finalidade

foi cumprida satisfatoriamente.

Reativamos as pubucacees de "Arquivos", suspensas desde 0 mes de junho de

1990 por motivos financeiros e as atualizamos.

Fizemos publicar, a Jurisprudencla do Conselho Regional de medicina do Parana,

a primeira publicada no Brasil e hoje ja servindo de referencia e solicitada pelos demais

Conselhos.

Ainda procurando divulgar a etica medica e ao mesmo tempo desfazer a noc;ao errada

de que 0Conselho e um 6rgao exclusivamente pun~ivo, passamos a realizar em Hospitals e

Casas de Sauce, dialogos e palestras, cujo interesse se verificou de maneira crescente.

0"1 Semlnario Brasilelro sobre Responsabilidade Medica e Hospltalar", realizado

em setembro de 1992, despertou interesse nacional.

Tarnbern os trabalhos apresentados no Concurso "Premio Monografia de Etica Medi-

ca", realizado no mesmo rnes, por sua excelencia, gratificaram de maneira especial a

promoc;ao.

Houve a tentativa de divulgacao da etica medica junto aos acadernicos de medicina,

diretamente nas Faculdades, mas a experiencia foi negativa.

Contudo, por ocaslao da entrega das carteiras profissional e de identidade, realiza-

se sessoes solares com a apresentacao de assuntos eticos e aconselhamentos para 0

inicio da vida profissional.

Foi outorgado "Diploma de Merjlo Etico-Profissional" aqueles que completaram 50

anos de exercico da medicina sem sanc;ao etico-proteslonat,

No setor patrimonial, procurou-se corrigir distorcoes de funcionamento e atualiza-

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yAo do Centro de Processamento de Dados, colocando-se terminais em todos os setores

de ativldades.

Hole varies programas criados neste Centro estao sendo adotados pelo Conselho

Federal e repass ados para os outros Conselhos.

No ana de 1991 adquiriu-se 2 lotes de terrenos aplicando-se 0 excedente de final

de exercicio e com a flnalidade de construoao da nova sede, ja aprovada em reun taoplenaria, Iniciou-se 0 estudo do projeto de constru~o, mas tal na~ sa concretizou por

motivos de natureza tecnlca e contlnuam em estudos outros anteprojetos.

o Excedente do exercicio administrativo de 1992, ficou dotado para a futura

conetrucao, depositado em carteira de pouoanca especffica.

Adquiriu-se em Londrina um conjunto cornerclal onde sera fixada a Delegacia

Regional que se encontra inadequadamente instalada. Todas as demais Seccionais e a

Regional de Maringa estao sendo remodeladas e dotadas de melhores condicOes para 0

funcionamento ideal.Foi criado 0almoxarifado para 0 registro e controle de material de uso assim como

se processou a recuperacao de aparelhos jil existentes e se adquiriu os que se faziam

necessarlos.

Agilizou-se a atualizacao de enderacos ao mesmo tempo que se procedia aos

inadimplentes e se criava 0 Livro de Divida Ativa para 0devido registro.

Os titulos de Especialista toram renovados, assim como as carteiras de Identidade,

seguindo as determinacees do Conselho Federal de Medicina.

Na Assessoria Juridica torarn realizadas 460 audlenclas e 35 processos eticos

profissionais foram julgados.

o Conselho foi representado em reunloes, congressos, solenidades oficiais em 199

oportunidades.

No ultimo rnes de maio foi agraciado com 0Titulo de Consapracao Publica pela sua

atuacao no ana de 1992, pela Camara Municipal de Curitiba.

Iniciou 0processo de discussao do Mercosul, tendo sido designado pelo Conselho

Federal de medicina, como coordenador para a elaboracao inicial dos pianos de ayao.

Com a alegaltao de incompatibilidade de tempo para a exercicio da protlssao e 0

da secretaria do Conselho, solicitou a sua demlssao a primeira secretarla, sendo 0 cargo

assumido de pronto pelo segundo secretarto, no mes de maio.

E assim que, com toda a transparencia de intencOes e postura, com honestidade

no lrabalho e na conduta, com a colaboracao de todos os Conselheiros, aos quais sendo

minha homenagem e meus agradecimentos, foi elevada e mantida altaneira e imaculada

a bandeira do Conselho Regional de Medicina e assim se mantera enquanto seus dirigentes

estiverem zelando e trabalhando por lodos os meies ao seu alcance, pelo pertelto

desempenho etlco da medicina e pelo prestigio e born conceito da protlssao e des que a

exercarn legalmente.

Curitiba, 12 de julho de 1993.

Cons. Waldir Rupollo

Presidente.

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JUIZ AuroRIZA ABORTO

EM ANENCEFALIA

A B O R TO - Autorlzavao judicial - Feto anencetalo - Vida extra-uterina lnvlavel. A

anencefalia bilateral, comprovada em exames reallzados por Junta Medica, constitui razao

para a interrupvao da gravldez, mediante ordem judicial.

Vistas, etc.

1.- C. M. A. F., qualificada nos autos, requer autorlzacao judicial para interromper

sua gravidez, posto que exames ultrassonoqratlcoa e clinlcos, levados a eteito por Junta

Medica, diagnosticaram feto anencetalo, A contlnuidade da questao acarretaria risco a vidada requerente e a sobrevivencia extra-uterina do feto seria invlavet,

2.- 0 ilustrado Promotor de Justiva manifestou as indagavoes de fls. 11/12 , visando

a estabelecer [ulzo de certeza acerca do diagnostico relatado.

E a sintese. Decldo.

3.- a aborto por indica<;ao eugenica nao esta contemplado em nossa legislal(ao

penal. A simples ideia de se negar vida a um ser em gesta<;ao, por apresentar deformidades

graves, repugna-nos a todos,

A Giencia Medica, entretanto, tem evolufdo de tal forma no plano do diaqnostico

pre-natal, que enfermidades graves, capazes de colocar em risco a vida da mae e que

inviabilizam por completo a exlstencia do feto, sao detectadas com razoavel antecedencia.

Medicos e juristas, nos ultirnos tempos, tern proposto lnterpretacao mais razoavel a essas

excecoes, excluidas das indicacoes legals para 0aborto.

Em artigo profundo e interessantlssimo (in RJTJESP-Lex 13219) ,0 Desembargador

ALBERTO SILVA FRANCO aborda 0 tema, oferecendo-nos valiosas conclusoes, ora

utilizadas nesta dec i s ao ,

4.- Dentre as anomalias que podem atinglr 0 feto, encontra-se a anencefalia,

consistente em "rneltorrnacao congenita, por defeito do fechamento do tubo neural,

caracterizada pela falta total ou parcial do encstalo. E geneticamente condicionada por

heranca multifatorial"{in ZACHARIAS, Manif e Elias. Diolonario de Medicina Legal, EDUCA,

1988, p. 28).

5.- PATRICK VERSPIEREN (in "Diagnostico prenatal y aborto selectivo. Reflexion

etica" in "La Vida Hurnana, Origen y Desarrollo", pag. 178, Universidade Pontiffcia Comillas,

Madrid, 1989 - apud SILVA FRANCO, loc. cit., p. 25), ao abordar esses desvios no

Arq. Cons. Regional. Med. do PR.

10 (38 ) : 61 -62 , 1 9 93 61

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desenvolvimento que semanifestam durante a embrlogenese refere-se a anencefalia:"Urn caso que merece especial atenc;olo e 0 da anencefalia, que consiste na

ausencla no feto dos dais hemlsfinlos cerebrals. Nolo corresponde exatamente, no plano

medico, a 'morte cerebral'. 0slnallnequfvoco desta, admite-se hoje, reside na verificac;ao

da ausencia de funC;ao total e definitivamente do tronco cerebral. Pais bern, este esta

presente nos fetos anencefalos e permlte, em alguns casas, uma sobrevivencia de alguns

dias, fora do claustra materno, Antropologicamente falando, as duas situac;oes sao, sem

embargo, simliares: a ausencia de hemlsterlos cerebrais, no primeiro caso, e sua afetac;ao

definitiva, no segundo, suprime para sempre 0suporte lndispensavel para toda forma de

consclencla e de relaC;aocom 0outro. No segundo caso, reconhece-se a morte da pessoa.

Nao ha razao para delxar de afirmar que, no primeiro caso, a vida subsiste nao e

propriamente falando, uma vida humana, a vida de um ser humane destinado a chegar a

ser (ou ja) pessoa humana."

Aqui - ainda na esteira do ilustrado Desembargador paulista - nao se esta admitindo

a indicac;ao eugenica com 0prop6sito de melhorar a raca, ou evitar que 0ser em gestac;ao

venha a nascer cego, aleijado ou mentalmente debil.

Busca-se evitar 0 nascimento de urn tete cientificamente sem vida, inteiramente

desprovido de cerebro e incapaz de existir por si 56.

6.- POSTO ISSO, nesta vertencia, nao tenho duvida em considerar 0 aborto

eugenico causa excludente de ilicitude • por isso 0autorizo.

Ja devidamente permitido pela gestante e seu marido (fls. 9), devera ser reaJizado

por medico, preferencialmente em Hospital credenciado pela Administravao Publica - no

maximo ate a 22'1 semana a contar da nidi1icaC;aodo ovo.

Sem custas.

P . R .1 .

Londrina, 19 de dezembro de 1992.-

MIGUEL KFOURI NETO - Juiz de Direito Substitute

2i Vara Criminal

Autos nU 112192

Comarca de Londrina - Pro

Nota - Vide a respeito ciesle assunto ''Arquivos'' n9 37.

62

Arq. Cons. Regional. Med. do PR.

10 (38): 1993

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CRM-PRC onselho R egional de M ediclna do P arana

Conselho promove concurso de melhor

monografia de etica medica.

Tema 93: "A Relacao Medico-Paciente"

Prernio 30 Milh6es de cruzeiros.

REGULAMENTO.Art. lQ • 0 "Prernio - Monografia de Etica Medica" sera anualmente conferido a

melhor monografia lnedita sobre lema de etica medica, apresentada segundo os crlterios

expostos.

Art. 2Q- Em cada ana um novo lema sera escolhido pelo plenario do CRM.

Art. 3Q- Ao 1Q colocado sera conferido um Certificado "Premio-Monografia de Etica

Medica" e mais tmportancia em moeda nacional. 0 pre mio atual e de Cr$

30.000.000,OO.(Trinta Milh6es de Cruzeiros).

Art. 4Q• A Comissao Julgadora podera a seu crlterio, atribuir um certificado de

Men\(ao Honrosa a outros trabalhos que julgar merecedores.

Art. 5Q

- Poderao concorrer ao prernio, pessoas de qualquer protlssao e nacionali-dade brasileira;

§Unico - Nao e permitida a participacao de Membros e Funclonarlos do CRMPR.

Art. 6Q - 0 prazo para inseri~Ao dos trabalhos se encerrara lis 18:00 horas, da

lQ segunda-faira, do mas de agosto de cada ano. Este ano 101 concedlde prazo ate 0

Arq. Cons. Hegional. Med. do PRo

10 (38): 63-64, 1993 63

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dis 15 do mis de Agosto de 1993.

Art. 7G. A entrega do premia sera procedida em Sessao Solene, no "Dia do Medico·,

dla 18 de outubro.

Art. SO- Os trabalhos poderao conter material liustratlvc e deverao ser datilografa-

dos em espaco duplo, em um lado de folha tamanho oticlo, com no minimo de 20 e ummaximo de 30 laudas, contendo obrigatoriamente os dados seguintes:

a) . titulo do trabalho e pseud6nimo do autor;

b) • 0 nome completo, encereco, telefone e qualificaoao profissional do autor,

colocados em envelope nao transparente, anexo ao trabalho.

Art. 911- Os trabalhos ceverao ser remetidos em 3 vias a sede administrativa do

CRM, sltuada a Rua Marechal Deodoro, 497, 3° andar - CEP 80.020-320 . CURITIBA -

PARANA Fone (041) 223 - 1414. Na frente do envelope deve constar: "Premio - Monografiade Etica Medica".

Art. 10 - 0 trabalho premiado sera publicado nos Arquivos do CRMPR. Aos demais

cabe prioridade de puolicacao aos Arquivos do CRM, se for do seu interesse.

Art. 11 -0 julgamento dos trabalhos caoera a uma "Comissao Julgadora" composta

de 3 pessoas, escolhidas pelo plena rio do CRMPA.

Art. 12 - A Comissao Julgadora devers analiar os trabalhos ate 0dia 10 do mes de

setembro.

Art. 13 - A Comissao Julgadora, a seu exclusivo criter!o, podera nao content 0

prernio, caso os trabalhos apresentados nao atendam os mentes desejados.

Art. 14 - Das decis5es da Comissao Julgadora nao caberao recursos.

Art. 15 - 0 prernlo e intransferfvel, individual e pessoal. Se 0 trabalho for coletivo,

pod era ser atribufdo em conlunto aos seus autores, aos quais cabe decidir entre si a forma

de dlvlsao da parte em dinheiro e designacao de urn representante para 0recebimento dos

prernlos. 0 Certificado, tarnoem neste caso, sera unico, com 0 nome de todos os auto res.

Art. 16 - 0 CRM devsra todo mes de marco iniciar a distribuirrao de cartazes alusivos

ao concurso.

Art. 17 - 0 concurso eo seu resultado serao divulgados pela imprensa.

Art. 18 - os casos omissos serao dirimidos pelo Plenario do CRM.

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Ac6ROAo

P R OC ES S O E T IC O -P R O F IS S IO NA L C FM N Q23191

DENUNCIANTE - "EX-OFFICIO"

DENUNCIADO - DR. LUIZ FERNANDO GOMES ESCUDERO

RELATOR - CONS. CARLOS EHLKE BRAGA FILHO

REVISOR - CONS. JOSE ZINDELUKACORDAO - 099/92

EMENTA - MEDICO OBSTADO A FAZER PARTE 00 CORPO CLiNICO DE HOSPITAL. POR

FALTA DE COMPROVAQAo DA ESPECIAUDADE EM GINECOLOGIA - MATERIA

JORNALiSTICA VEICULADA EM DIVERSOS PERIODICOS. COM DURAS CRiTiCAS

AO SISTEMA HOSPITALAR - PROCESSO PROCEDENTE POR lNFRINGENCIA AO

ARTIGO 4 Q DO COOIGO DE ETICA MEDICA.

o inconformismo mesmo que justo, nao autoriza ou valida a busca da imprensa paraeventual reparo, existindo, como existe, a argilo de classe para dirimir qualquer proble-

rna no relacionamento medico-hospital. Injustificado a ala perpetrado, mesmo porque a

medico dsvera sempre zelar pelo prestigio e born conceito da prcfissao.

Vistas, disculidos e relatados estes autos de Processo Etico-Prolissional nQ023/91, em

que figura como denunciante 0Conselho Regional de Medieina do Estado do Parana e

denunciado 0DR. LUIZ FERNANDO GOMES ESCUDERO.

ACORDAM

Os membros do CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTAOO 00 PARANA, por

unanimidade, na forma des votos des Senhores Relator e Revisor, em ACOLHER a impu~,.:ao leila

ao denunciada de inlraliao ao artigo 4 1 2 do C6digo de Eliea Medica, e par maioria, lambem com os

voles des Senhares Relator e Revisor, em aplicar ao denunciadoa pena prevlsta na letra "c", do

artigo 22, da lei 3268, de 30 de selembro de 1957, au seja: "CENSURA PIlSLlCA EM PUBLICA-

~Ao OFICIAL ", contorme Ala n0642, de 28 de setembro de 1992.

Curitiba, 29 de selembro de 1992.

CONS. CARLOS EHLKE BRAGA FILHO

Relator

CONS. WADtR RUPOLLO

Presidente

Arq. Cons. Regional. Med. do PR.

10 (38): 65, 1993 65

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U m R a t e i r o p a r a a v a l i a r a s

c o n d iO i i e s m in im a s d e

a t e n d im e n to e m p r o n t o -s o c o r r o

Resolu9iio CREMEGO n Q 033190

o CONSElHO REGIONAL DE MEDICINA ESTADO DE GOlAs - CREMEGO, no

uso das atribui~6es que Ihe conferem a lei n~ 3.268, de 30 de setembro de 1957,

regulamentado pelo Decreto nil 44.045, de 19 de julho de 1958 e,

CONSIDERANDO que os Conselhos Regionais de Medicina sao os orgaos super-

visores e fiscalizadores do exercicio profissional, zelando pelo padreo da quaJidade dos

servicos medicos prestados a populacao,CONSIDERANDO que este Conselho tern recebido varias denuncias acerca das

condiyOes materiais e humanas de atendimento a popula<;:ao nos servicos de pronto

socorros, services de urgencia e services ambulatoriais no Estado de Golas,

CONSIDERANDO que este Conselho, deve estabelecer parametres, com as con-

diyoes mfnimas de atendimento de pronto-socorros, services de urgemcias e services

arnbulatorias, a serem adotados pelos hospitals e clfnicas que prestam services a popula-

y a o .

RESOLVE:

Artigo 1 2 - Aprovar roteiro (anexo), para avaliar as condicoes minimas de atendi-

mento de pronto-socorros, services de urgencias e servlcos ambulatoriais, em clfnicas e

hospitais que prestam estes servlcos a popula~ao do Estado de Golas.

Artigo 22 - Ficam revogadas as disposi~6es em contrario.

Artigo 32 • Esta Resolu~ao erurara em vigor na data de sua publlcaCao.

GOIANIA (GO), 19 de julho de 1990.

Or. Edson Nunes Vieira

Presidente

Or. Adriano Alfredo B. Auad

Secretario

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10 (38): 66-69, 1993

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1. ROTEIRO PARA AVALIAR AS CONDICOES MiNIMAS DE ATENDIMENTO DE

PRONTO-SOCORROS, SERVICOS DE URGENCIAS E SERVICOS

AMBULATORIAIS.

1 - Tipos de Servic;os de urgencia.

Os services de urgencia, de acordo com 0 tipo de atendimento oferecido a popula-c;ao, foram classificados em:

a) -primarlo

b) -secundaric

c) -Geral

a) -ATENDIMENTO PRIMARIO

Servic;os destin ados a prestacao de primeiro atendimento em geral para posterior

encaminhamento dos casos que necessitarem procedimentos especializados ou de maior

complexidade.

b) -ATENDIMENTO SECUNDARIO

Services capacitados alern do atendimento pnrnarlo. Presta asslstsncla integral, na

area especifica a que se propos, inclusive lnternacao e cirurgias. Foram considerados

services sscundarlos:

-PRONTO SOCORRO PEDIATRICO

-PRONTO SOCORRO TRAUMATOLDGICO

-PRONTO SOCORRO CARDIOLDGICO E CUNICO

-PRONTO SOCORRO OBSTETRICO

-PRONTO SOCORRO PSIQUIATRICO

-PRONTO SOCORRO OFT ALMOLOGICO

-PRONTO SOCORRO DE QUEIMADURAS

c) -ATENDIMENTO GERAL

Servicos capacitados a atendimento global, com equipe profissional, equipamento

e area Iisica em condicoes de prestar atendimento clinico, cirurqico e lntemacoes nas

diversas especialidades.

2 . ROTEIRO PARA AVA L IAR AS CONDIC;:OES MINIMAS DE TRABALHO

OFERECIDO PELOS SERVIC;:OS DE URGENCIA.

2.1 - ESTRUTU RA FfsICA.

2.2 - RECURSOS HUMANOS.

2.3 - MATERIAL HOSPITALAR.

2.4 - MEDICAMENTOS.

2.1. ESTRUTURA FfslCA

Analise geral da estrutura Hsica, que devera adquar-se ao tipo de service a que se

prop6e. Serao anallsaoos:

- Hecepcao (area disponivel, ventuacao, bebedouro, cadeiras, sanltarios)

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- Ambulat6rlo

- ConsuJt6rfo(s)

- Mobiliario

• Impressos e Setor de arquivo ou registro

- Centro cirurgico

- Setor de InternaCio

• Posto de enfermagem· Setor de esteriliza~Ao (Estufa, Autoclave) e desinfec~ao

OBS: Higiene e Oonservacao da Estrutura Ffsica - todos os services de urgencia,

independente do seu tlpo de atendlmento, oeverao primar pela higiene, conservacao e

funcionamento de todas as suas estruturas.

Serao anallsados:

- Limpeza e conservacao das paredes e pisos.

· Sistema Hioraulico (Infiltrac6es, funcionamento de pias, vaso sanltarlos, etc.)

- Sistema Eletrlco (fios, tomadas, lampadas, et.)

2.2. RECURSOS HUMANOS

Todo service de urgencla,lndependente do seu tipo de atendlmento, devera contar

com medico regularmente Inscrlto no CRM·GO, presente 24 horas nas dependsncias do

mesmo.

A Ausencia do mesmo, ou a presence de academlco de medicina desacompanhado

do medico nao se justifica, em nenhum caso.

A presenca do pessoal de enfermagem, de porta ria, tecnlcos de RX, etc, sera

analisado de acordo com tipo e tamanho do service de urgencia.

2.3. MATERIAL HOSPITALAR

Sao considerados como equipamentos minimos ao funcionamento de todos os

serviyos de urg{mcia (inclusive os de atendimento prlmarto e secundario)

a) - Estetoscopio

b) - Esfigmomanometro

c) • Term6metro

d) - Material de entuoacac e ventllacao (sonda endotraqueal, ambu ou

ventiladores, laringosc6pio)

e) - Pontos de oxig€mlo ou bala de oxig€mlo.

f) - Material de disse~ao de vela.

g) - Serlngas,agulhas e escalpe.

h) • Material de Curatlvo.

I) • Telefone

j ) - Material de Sutura

I) - Sondas diversas

m) - Asplrador

n) • lIumina~ao de Emergencia

0) • Sistema de Transporte

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Todo equipamento supra citado devera estar em perfeitas condi~s de uso e de

facil acesso ao medico.

Pronto-Socorro de pediatria, deverao contar com inaladores e material adequados

para 0uso em crlancas (tamanho adequado).

Pronto-Socorro de traumatologia deverao contarcom aparelho de Raio X e Tecnico

de RX .

Os prontos-socorrros cardlol6gicos e centros cirurgicos deveraocontar com monitor

cardiaco ou aparelho eletro e desfibrilador cardlaco,

Os Pronto-Socorros de obstetrfcia deverao contar com:

1 - Mesa de exame ginecol6gico.

2 - Pinar ou Sonar

3 - Espeeulos e Espatulas.

Os services de atendimento secundario e geral, exceto cardioloqicos e pstqulatricos

necessitam de centro cirurqico adequado ao seu funcionamento.

Todos os services secundarios e gerais necessitam de setor de internacao adequa-

dos.

2.4. MEDICAMENTOS

Sao medicamentos mfnimos necessaries a todos os services de urgelOcla e que

deverao estar de facil acesso e enfermeiros:

- Soros diversos

- Analqeslcos

- Anttesparncdlcos

- Medicamentos anesteslcos (local e geral)

- Cortic6ides

- Anti-arritimicos

- Cardiotonicos

- Adrenalina

- Hipotensores

- Antibi6ticos

- Agua destilada

- NaCI e KCI

- Glicose 25% e 50%

- Benzodiazepinicos

- Antlemeticos

Goiania(GO), 19de julho de1990.

Dr. Edson Nunes Vieira Dr. Adriano Alfredo B. Auad

Presidente. Sacratario.

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10(38): 1993 69

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Ac6ROAo

PROCESSO ETiCO-PROFISSIONAL CFM N" 17189

RECURSO EM PROCESSO ETICO-PROFISSIONAL

ORIGEM - CRM/PR

APELANTE - DR. WILSON SCHNEIDER MOURA

APELADO - CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO PARANA EX-OFFICIO·

Ac6RDAO - 10/88

EMENTA - 1· Praficar atos em nome da medicina, que compromelam e ponham em risco a sauds

moral e fisica de pessoas que estejam sob 0 critario prolissional que atssta 0 diploma

do medico, constitui crime, seja no ambito corporativo a/ou no ambito socio-juridico.

2· a pratica medica deve ser zelada pelo profissional perants a sociedade com a mesma

responsabilidade com a qual lhe e conferido 0 titulo de medico.

ACORDAM

Vistos, relatados e discutidos os presenles autos, os membros do Pleno Tribunal Superior

de Etica Medica do ConB.,ho Federal de Medlclna, reunidos em sessao realizada em 10 de

dezembro de 1992, referente ao julgamento do Processo Etico·Profissional CFM nO17/89, em que

figura como Apelante 0 Dr. Wilson Schneider Moura, conforme disposto nas ResoluyOes CFM nO,

provlmentoao reeurse interposto pelo Apelante, MANTENOO A OECISAO do Conselho Regionalde Medicina do Estado do Parana, que Ihe aplicou a pena de "SUSpenaAo do Exerciclo ProflB-

.'ona' por 30 dla.", prevista na letra "d", do artigo 22 da Lei 3.268/57, por infrayao aos artigos 42,

43 e 60 do C6digo de Etica Medica.

A presente decisao fei lomada nos termos do voto do Conselheiro Relator Antonio Jajah

Nogueira que pasaa a integrar 0 presente.

Brasilia, 10 de dezembro de 1992.

IVAN DE ARAUJO MOURA FE

Presidente

ANTONIO JAJAH NOGUEIRA

Relalor

70

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10 (38): 70, 1993

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COBRAN~A D E H O N O R A R I O S P A R A

"ACOM PANHAR " PAC IENTE EM

LITOTRIPS IA

SOCIEOADE BRASILEIRA DE UROLOGIA

SECtyAO DE GOlAS

limo Sr.Dr. Sabaatiao Fernandes Moreira

DO. Presidente do Consalho Regional de Medicina do Estado de Goiae

Sr. Presidente

Com as avolucoes tscnolopicas que se passam na medicina e necassario que as entidades

medicos tambern assumam atitudes novas no sentido de se preservar os direitos dos medicos.

Com 0 advanto da LlTOTRIPSIA EXTRA-CORPOREA houve uma ociosidade de 30% para 0

Urologista nos centros cirurqiccs dos hospitals arnericanos.

Como deve ser do conhecimento de V.S. Goiania ja conta com tres maquinas para este

procedimento e a ociosidade dos Urologistas americanos devem estar repetindo-se tambsm em Golas

e em todo 0Brasil.

Os Urologistas goianos acham-se com 0 dire ito de receberem honorarics medicos para

Indlcar a Litotripsia Extra-corpore a, acompanhar 0 pacianta durante sua permansncla na maquina,

decidir pela interrupcac do tratamento quando isto beneficiar 0paciente e tratar suas compllca~oea

como, c6lica renal, hematuria, intervenyoes cirurgicas que se fizerem neceeeariae, etc, independenles

do preco que 0 paciente paqara para 0 Iralamenlo referido.

A Sociedade Brasileira de Urologia Secyao de Golas vem, atraves deste, solicitar 0pronun-

ciamenlo deste conselho face a cobran ..a des honorarios medicos supra citados.

Informa ainda que [a exisle posiyao Iavoravel da Assoclacac Paulista de Medicina quanto a

este lema e que alguns convenios do Estado de Sao Paulo ja pagam os seguintes honorarios medicos

para este procedimento;

CABESP 1.300 CH

SUL AMERICA 2.000 CH

AMIL 1.300 CH

PLANTEL 1.500 CH

AUTO LATINA 1.300 CH

Na oportunidade deixa aqui as seus protestos de estima e consideracao.

Goiania, 18 / 10 de 1991.

Jose Rosa de Souza

Presidenle da Sociedade Brasileira de Urologia-Secyao de Goias.

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COBRAN~A DE HONORAR IO S PARA

" IND ICAR" I"ACOMPANHAR"

PA C IE IT E E ll L IT O TR IP S IA

P arecer C R E M E GO nQ 023191

Designados que fomos para emitir parecer conclusive sobre correspondencla

encaminhada ao Presidente do CREMEGO pelo Dr. Jose Rosa de Souza, presidente da

Sccledade Brasiteira de Urologia - Seccao de Golas, passamos a taze-lo da forma que se

segue.

PARTE EXPOSITIVA

"Ver correspondencla"

PARTE CONCLUSIVA

Pela Leitura da Correspondencta do Dr. Jose Rosa de Souza percebe-se que existe

uma preocupacao com a ociosidade dos urologistas nos centro-ctrurpicos, determinada

pela substltulcao do tratamento cirurgico dos calculos renais pela litotripsia extra-corporea.

Questiona-se a eticidade da cobranr;a de honorano medico do paciente para a qual

se indicou 0 procedimento e justifica a cobranca do honorario pelo acompanhamento do

paciente durante sua perrnanencla na rnaquina e pelo eventual atendimento apes a

realizacao do ate.

B O LE T IM DO C RE M EGO

A cooranca de honorartos pela indicavao daquela modalidade terapeutica nao € I

correta. Pois a preserlcao terapeutlca taz parte da consulta que de uma forma ou de outra

deve ter sido paga pelo paciente.

Quanto it cobranca de honorario pelo acompanhamento ao paciente durante a

realizar;ao do procedimento, devemos previamente determinar:

- Quem realiza 0 procedimento LlTOTRIPSIA EXTRA-CORP6REA € I um medico

ou um tecnloo com conhecimento do funcionamento do equipamento?

Em outras palavras: e um procedimento de responsabilidade medica ou um tecnicc

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10 (38): 72-73,1993

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qualquer pode assumir a responsabllidade pelo procedlmento?

A complexidade do funcionamento do equipamento, a necessidade de conhecImen-

to de anatomia e fislopatologla da doe~a e a obrigatoriedade de se ter uma pessoa com

qualific~ao para dar 0 atendlmento que 0 doente venha a necessitar tanto pelo procedi-

mento em si quanto pela doen~ que 0mesmo e portador leva-nos a conclusac 6bvia de

que:

A LlTOTRIPSIA EXTRA-CORP<)REA E UM PROCEDIMENTOTERAPEUTICO DE

EXCLUSIVIDADE E DE RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL MEDICO.

Dessa forma, compete ao medico que realiza a litotripsia extra-corporea 0 acom-

panhamento do paciente durante sua perrnanencla na maqtnna bem como 0 atendimento

ao mesmo quanto da ocorrencia de complicacoes ou do surgimento de sintomas decor-

rentes do procedimento.

Entende-se ainda ser sua responsabilidade a devolu~ao do doente ao medico que

o encaminhou, acompanhado de relatorto das ocorrenclas durante a realiza~ao do proce-

dimento.

NAodave sa, conslderado um ato m'dlco, nem tampouco dev. ser cobrado 0

respectlvo henerartc pelo simples acompanhamento do doent. durant. a raallzat:Ao

da IItotrlpsls aldrs-corporea, palo urologlsta qua Indlcou 0procadlmento.

Resta-nos a expectativa de que os urologistas absorvam a evolu~ao tecnol6gica

representada no caso pela litotripsia extra-corp6rea como urn aliado a mais que a ciencia

coloca a sua disposi~ao para beni1iciar 0paciente, e nao como urn adversarlo que limita 0

mercado de trabalho e 0 seu necessarlo rendimento financeiro.

Afinal, repetindo nosso rnestre, 0professor, Dr. Julio Arantes Sanderson de Queiroz:

o MEDICO PERSEGUE UM IDEAL OLiMPICO, LABUTA CONTRA A DOENCA COM A

OBSTINACAO DE VENCE-LA, SE CONSEGUIR VENCE-LA DE VEZ, ESTARA DESEM-

PREGAOO: MAS FELIZ.

Eo meu parecer, salvo melher juizo

Dr. Daniel do Prado Figueiredo Junior

Conselheiro Relator.

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10 (38): 1993 73

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COBRAN~A DE HONOR IlR IO S

M iD ICO S APOS "IND ICAC :io" DE

L I...O ,.R IPSIA EXTRACORPOREA .

Parecer CFM ~ 0296/92

CEM - art. 87: E vedado ao medico: Remunerar ou reeeber comissao ou vanlagens por

paciente encaminhado ou reeebido, ou por servic;:os nao efetivamente prestados.

o Presidente do Conselho Regional de medicina do Estado do Maranhao, em 22 de Janeiro

de 1992, envia a este Federal urn PARECER da lavra do Conselheiro Dr. Jose Domingos Soares

Miranda, que, em sua opiniao, responde a duas indagac;:oes:a) Pode 0 medico Urologlsta, ao encamlnhar urn paclente il l lItotrlpsla Extracorporea,

cobrar ou feeeber comissAo ou rernunerac;:Ao?

b) Pode 0 medico Urologl8ta, ao receber de volta urn paciente submendo a Lltotrlp81a

Extracorporea, apreaentando cornpllcac;:6e8, cobrar pel08 culdados profia.ionals a ele dlapen-

aados?

A primeira (item a), respondemos com intairo taor do aloquente parecer de autoria do

Conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado do Golas, Dr. Daniel do Prado Figueiredo

Junior, que passa a fazer parte integrante deste parecer:

"Pela leitura da ccrresponoencia do Dr. Jose Rosa de Souza, percebe-se que existe uma

praocupacao com a ociosidade dos urologistas nos centro-cirurgicos, determinada palo substiluic;:ao

do tratamento cirurgico dos calculos renais pela litotripsia extracorp6rea,

Questiona-se a eticidade da cobranc;:a de horatio medico do padente para a qual se indicou 0

proeedimento e justifica a cobranc;:a do honorario pelo acompanhamento do paciente durante sua

permanencla na rnaquina e palo eventual a!endimento ap6s a realizac;:ao do ato.

A cobranc;:a de honorarics pela indicac;:ao daquela modalidade terapsutlca nao e correta, Pois,

a preecricao terapeutica taz parte da consulta que de uma forma ou de outra dave tar side paga pelo

paciente.

Quanto a oobranca de honoraric palo acompanhamento ao padente durante a realizac;:ao do

procedimento, devemos previamente determinar:

- Quem raaliza 0procedimento lITOTRIPSIA EXTRACORPOREA e um medico ou um lecnico

com conhecimento do luncionamento do equipamento?

Em oufras palavras; e um procedimento de responsabilidade medica ou urn tecnico qualquer

pode assumir a responsabilidade palo procedimento?

A complexidade do funcionamento do equipamento, a neeessidade de conhecimento de

anatomia e fisiopatologia da doenc;:a e a obrigatoriedade de se ter uma pessoa com qualificac;:ao para

dar 0atendimento que 0doenle venha a necessitar tanto pelo procedimeolo em si quanto pela doenc;:a

que 0mesmo e portador leva-nos a conclueao obvia de que: A LlTOTRIPSIA EXTRACORPOREA E

UM PROCEDIMENTO TERAPEUTICO DE EXCLUSIVIDADE E DE RESPONSABILIDADE DO PRO-

FISSIONAL MEDICO.

Oessa forma, compete ao medico ql..o:trealiza a litotripsia extracorp6rea 0acompanhamento

do pacieote durante sua permanencia na maquina bem como 0 atendimento ao mesmo quanto da

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ocorrlncia de complica~oes ou do surgimento de aintomas decorrentes do procedimento.

Entende-se alnda ser sua responsabilidade a devolu~ao do doente ao medico que 0encami-

nhou, acompanhado de relat6rio das ocorrAncias durante a realjza~ao do procedimento.

Nio deve ser considerado um ate mlldico, nem tampouco deve ser cobrado 0 respectivo

honorilrio pelo simples acompanhamento do doente durante a realiza~iio da lltotripsia extracorp6rea,

pelo urologista que indicou 0 prooedimento.

Resla-nos expectaliva de que os urologistas absorvam a evolu~ao tecnol6Qica representadano caso pela I!tompsia extracorp6rea como um aliado a mala que a ciincia coloca a sua disposi~ao

para beneficiar 0 paclente, e nao como um adversario que limila 0 mercado de trabalho e 0 seu

necessario rendimento financeiro.

Afinal, repetindo nosso mestre, 0 professor, Dr. Julio Arantes Sanderson de Queiroz: 0

MEDICO PERSEGUE UM IDEAL OLfMPICO. POlS, LABUTA CONTRA A DOENCA COM A OBSTI-

NACAO DE VENCE:'LA. MAS, SE CONSEGUIR VENCE-LA DE VEZ, ESTARA DESEMPREGADO;

MAS FELIZ".

A segunda (item b), concord amos com parte do parecer oriundo do Conselho Regional de

Mediana do Estado do Maranhao, onde asta:.....Alguns pacientes ap6s tazsrem tal procedimento retornam quase que imediatamente para

seu Eslado, onde podendo ler pequenas complica~oes que necessitarao procurar 0 Urologista que

indicou, e nestas condi~es deverao remunera-te norrnalmente."

Ate aqui nada mais justo. 0 que nao concordamos, lrontalmentel, e com a parte do parecer

do Conselho Regional de Medicina do Estado do Maranhao, quando, em seu panuhirno paraqrato,

alirma:

"...Achamos que os donos das rnaquinas e que deverao pagar aos medicos que indicarem tal

tratamenlo, uma percentagem+ (15% a 20%) para que estes continuem enviando os pacientes e os

recebendo de voila e inclusive tratando-os das pequenas complica~Oes apes 0 uso da rnaquina".Se esta moda pega, qual sera a comissao para encaminhar a tal ou qual laboratorlo de

Anallsas, Servi~s de RX, Ultrasson? E para indicar a Farmacia, quanto seu propriatarlo devera

comissionar 0 medico pela indica~ao ou pelo possivel eleilo colateral que do medicamento resultar?

Com a mais absoluta seguran~a, opino que:

a) A eomlado pelo eneamlnhamento e , sob qualquer argumento, absurda e Intolertivel.

b) A cobran"a (nllio eomlsalliol) pelos euldadoa protlsslonals, easo oeorra qualquer

eompllc~1Iio no POa-Litotrlpala ExtracorpOrea, e justa e perteltamenta davlda. Quem deverti

arcar com 88ta d_peaa e 0 paclante ou seu poasivel convinio. Nunea 0 "dono da mtiqulna",

porque ai serla a trav_tlda eomlsaAoI

Este e meu parecer.

Parecar Aprovado

Sessao Plenaria de 12/06192

Brasilia, 12 de junho de 1992.

ANTONIO JAJAH NOGUEIRA

Cons. Relator.

• Nota - 0 negrito foi co/acado palo editor

Arq. Cons. Regional. Med. do PR.

10 (38): 1993 75

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ACOROAo

PROCESSO ETIC()"PROFISSIONAL NIl 013/85

DENUNCIANTE - SA. LUTHERO DE ALMEIRA MELLO

OENUNCIADO

RELATOR

REVISOR

Ac6ROAo

- D r. A.1 .

- CONS. JAIME RICARDO PACIORNIK

- CONS. MARCO AURELIO DE QUADROS CRAVO

- 01 21 92

E ME NT A - 1) DENUNCIA APONT ANDO IRREGULAR IDADES DE TRAT AMENTO POR FALTA DE UTILIZACAO

DE TODOS os CONHECIMEf'.lfOS TECNICOS au CIENTfFICOS. TENDO HAVIDO ORIENT ACAo.

INCLUSIVE. DE -ACOMPANHAMENTO ESPIRITUAL" EFETUADO EM CENTRO ESP[RITA.

2) QUEBRA DE SIGILO MEDICO EM PROCESSO POLICIAL. REVELANOO·SE DIAGNOSTICO E

PROBLEMAS OE ORDEM FAMILIAR DE QUE SE TEVE CONHECIMENTO POR FORCA DO

EXERClclO DA MEDICINA.

3) DENUNCIA IMPROCEDENTE QUANTQ AO QUE DISPOEM OS ARTIGOS 57 E 29 DO cODIGODE ETICA MEDICA. SENDO, CONTUDO. CERTA A INFRAQAO AO ARTIGO 102 DO MESMO

DIPLOMA LEGAL.

o medico na conducao do tratamento se houve das tecnicas necessarias a conhecidas para alcancar

a melhora da pacients. nao havendo. em seu proceder. qualquer conduta passivel da punicao

prescr~a palos artigos 57 e 29 do Codigo de Elica Medica.

De outro taoo, lnduvidavel, a quebra de sigilo medico obriqatorio ao profissional no exerclcio de 591'

mister. posto que a prova, a proposito, e irretorqulvel. Por este aspecto procede a denuncia para

aplica~o da pena prev~ta na letra "b", do artigo 22, da Lei 3.268/57.

Vistos. discutidos e relatados estes autos de Processo Etico-Profissional sob nO013/85, em que edenuncianl8 0Sr. LUTHERO DE ALMEIDA MELLO e denunciado 0 Dr. R. I ,

A C O R D A M

01l1 l ' l8 l 'T lbro l l do CONSE L HO REGIONAL DE MEDICINA DO EST ADO DO PARANA, por unanimidade, na

lonna des vo toe dos s e r m o r e . Relator e Revl8or, em absolver 0 denunciado de Infr~o aos artig06 57 e 29 do

o6dIgo de Etic« Medica e,pormaioria, ilCOfTllMhando 0m.mo voto , em acolher a denuncia por infra~o ao artigo

1 0 2 d o m e a m o diploma Legal, parll aplicac;: io ci a pella de K C EN SU RA C ON FID EN CIA L EM A VIS O R ES ER VA -

DO", praviata n a le tra "b., d o ar t igQ 22, da Lei 3.268. de 30 de setambro de 1957, conforme Ata liD 655, de 03 de

d e z e n m r o de 1 9 9 2 ,

Curltlba, 04 de dezembro de 1992.

CONS J A I ME RICARDO PACIORNIK

Relator

CONS. WADIR RUPOLLO

Presidente

76

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10 (38): 76, 1993

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A E I I C A E A A S S I S I E N C I A A O

D E P E N D E N I E Q U iM I C O

M anuel de Jesus M artins'

"HA UMA TENDENCIA NATURAL DC SER HUMANO

os SOFAER PAAA SEA FELIZ'.

Os varios c6digos de etica dos protisslonais do setor de sauce apresentam uma

identidade dos preeeitos a serem seguidos no trato do paeiente e da eomunidade. Paraee

nao haver duvida que a maior susceptibilidade a aquish;;:aoda doenca, por parte de alguns

grupos socials, partieipou 0 recrudescirnento de posturas obscurantistas e discrirninatorias

contra estes. E fundamental que os profissionais de sauce busquem desvencilhar-se dos

preconceitos, e para isso a questao etica apresenta-se em dois sentidos:

1. Devem os profissionais de saude ter presente a natureza de suas profissoes, e

principal mente sua finalidade;

2. Devem buscar a mais ampla lntormacao possivel acerca daquilo que vao cuidar,

nao so fundamentando cientificamente sua conduta, mas tendo em vista tarnbern que 0

conhecimento e 0caminho para a etirninacao do preconceito. Assim agindo estarao dando

o rnais import ante passo para assumirem seu papel no comb ate a doenca.

Quanto a relacao com 0 paciente, observa-se:a)- Recusa do Paciente: 0 medico pode, no ambito da elfnica particular, recusar

seus services profissionais a quem nao deseja como pactente, ressaltadas as condicoes

em que esta obrigado a atender (ausenci a de outro medico no local, em casas de urgencia,

ou quando sua negativa puder trazer danos irreversiveis ao paciente).

Entretanto, se 0medico mantiver relacoes de trabalho com entidade publica privada

que se disp6e a reeeber casos de determinada natureza, nao podera ele se recusar a

atends-los. Veja C6digo de Etica Medica art. 58.

b) Respeito ao paciente: Enfatizando sempre a importancia do paciente no que toea,principal mente, a sua dignidade, devemos ter em mente a enorme carga emocional que

se vincula a condic;:ao de ser dependente quimico .

• Medico Psiquiarra

Arq. Cons. Regional. Med, do PR.

10 (38): 77-80, 1993 rt

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Assim, a cada momenta devemos ter clareza de que quando nos encontramos

diante deste tipo d e doente, acho-nos frente a alguem fragillzado pela pr6pria condlt;Ao e

ate hospHalizado por Isso. Deve-se procurar aglr de forma a atender este sofrlmento,

visando restaurar 0 paclente, a medlda do p06Srvel 0 respelto pr6prio e propiciar-Ihe

condiCOes dlgnas de existencia, resguardando sempre seu pudor,

Alem disso, caso 0protlssional respons8vel pela revela~o de tal resultado nao sejaespecialista no assunto e, como tal, slnta-se pouco a vontade em cuidar desse tipo de

patologia, devers ele fazer 0 encamlnhamento do paciente a um service especializado,

onde esse possa receber orienta~ao e acompanhamento adequado. Veja CEM. art. 59.

c) Abandono do paciente: Nao se podera abandonar 0 paciente do qual se tenha

iniciado tratamento, a nao ser que tenha ocorrido Iatos que possam prejudicar a rela~ao

com 0paciente ou 0desempenho profissional. Em qualquer caso, comunlcacao previa tera

que ser feita ao paciente ou responsavel legal, devendo assegurar-se da adequada

c o nnnuac ao da asslstencla que vinha sendo prestada. Veja CEM. art. 61.d) Sigilo profissional: 0 sigilo it a base a qual se assenta uma boa retacao com 0

paciente, pais e fundamentado nele que este revela os aspectos de sua privacidade,

essenciais ao perfeito equacionamento do problema. Desta formal it vedado revelar-se

dados ou tatos de que se tenha conhecimento, em virtude do exercfcio de sua protlssao,

salvo por justa causa, dever legal ou autorlzacao expressa do paciente, permanecendo

ainda essa proibicao, mesmo que 0 fato seja do conhecimento publico ou que 0paciente

tenha falecido. Para que este preceito seja integral mente cumprido, ate mesmo aos

familiares podera ser negada a lntorrnacao, uma vez que estes sao considerados externosa relayao profissional x paciente, caso seja a vontade do paciente. Veja CE.M. Cap IX, arts.

102-109.

Quanto aos comunicantes hi! necessidade de se buscar a colaboracao do paciente,

no sentido de revel a-los ao profissional de saude, quando for factivel 0 rastreamento da

doenca. Havera nestas condicoes possibilidade de ruptura do sigilo, plenamente justifica-

da, posto que se esta a proteger bens de maior relevancla, que 0 bem-estar individual,

quais sejam 0bem-estar social e a sauce de outras pessoas. A revelacao aos comunican-

tes de determinado paciente, de que este se encontra na condicao de dependente quimico,

deve ser feita com a concordancla e colaboracao deste. Todavla, havendo recusa do

paciente neste senti do, e iicita iniciafiva do profissional de informar 0comunicante, contra

a vontade daquele, pelas mesmas razoes acima expostas. Isto vale tarnoem para futuros

comunicantes. lipico e 0cas a do paciente que, pretende se casar e deixa de revelar ao

seu futuro conjuge sua condicao. Nestas clrcunstanclas sendo infrutiferos os estorcos no

sentido de convencer 0paciente a tomar a iniciativa, informar ao seu futuro consorte quanta

a realidade dos fatos, dever-se-a proceder a tal medida, que se impoe em funCao do perigo

iminente, configurando-se ato de legitima defesa. 0 segredo podsra ser quebrado no que

concerne a informacao devida as autoridades sanftarlas, pelo profissional, face a exigenciados 6rgAos competentes. Nao havera ilicitude na revelacao nas clrcunstanclas apontadas,

uma vez que se estara agindo no estrito cumprimento do dever legal, que atende 0interesse

da coletividade, A notificacao deve serfeita atraves de instrumento pr6prio nunca se usando

o telefone. Veja C.E.M. art. 44.

78

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o DEPENDENTE QUrMICO E AS INSTITUIC;OES

A instituicao podera recusar 0 atendimento des de que efetlvamente nao disponha

de recursos para tal, nao se destine a este tlpo especffico de atividade ou cilentela e haja

na localidade outro estabelecimento em condicoes de tazs-lo. Ressaltando-se as condi-voes de emerg~ncia e urg~ncla onde nAo sa podera recusar 0atendimento, posto que se

configuraria ornlssao de socorro.

Deve-se assegurar itequipe de saude, alem das adequadas condicoes de trabalho,

o acesso it ampla informavAo acerea da doenea, suas caracteristicas e manifestacoes,

possibilidades de tratamento, meios de preven~o, etc, pois a seguranva da equipe

multiprofissional depende do processo de estudo da doenca e tudo a ela relacionado, que

deve ser constants, possibilitando a todos continua reciclagem.

Cabe ao Estado zelar pela preservacao da integridade e da dignidade daqueles que

se eneontram recolhidos ao sistema prisional. Aos profissionais de sauoe cabe empregar

o melhor de si para que isso seja atingido, devendo ter ampla lntorrnacao acerca da doenca

OA ASSISTENCIA AO OEPENDENTE DE SUBSTANCIAS ENTORPECENTES

Para os fins desta lei, serao eonsideradas suostancias entorpecentes ou capazes de

determinar dependencia ffsica ou pslquica, aquelas que assim forem especificadas em

lei ou relaeionadas pelo ServiCo Nacional de Fiscalizacao da Medieina e Farrnacia, do

Ministerio da Saude,

Lei nO6.368, de 21/10/1976

Dlspoe sobre medidas de prevencao e repressao ao toxico ilicito e uso indevido de

substanclas entorpeeentes ou que determinam dependencia fislca ou psiquica, e da outras

providenclas.

CAPiTULO II

00 TRATAMENTO E DA RECUPERACAO

Art. 8° - Os dependentes de substanclas entorpecentes, ou que determinem

dependencla tlslca ou psfquica, ficarao sujeitos a medidas previstas nesta Capitulo.

Art. go - As redes dos servivos de saude dos Estados, Territories e Distrito Federal

contarao, sempre que necessario, com estabeleeimentos proprtos para tratamento dos

dependentes de substanclas a que se refere a presente Lei.

§ 1II - Enquanto nao se criarem os estabelecimentos referidos neste artigo, serao

adaptadas, na rede i l l . exlstente, unidades para aquela finalidade.

§20 - 0Ministerio da Previdencia e Assistencia Social provldenciara no sentido de

que as normas previstas neste artigo e seu § 10 sejam tambern observadas pela sua rede

de servicos de s a ude ,

Art. 10° -0tratamento sob regime de tnternacao hospitalar sera obrigatorio quando

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o quadro cllnico do dependente ou a natureza de suas rnanlfestecoes psicologicas assim

o exigirem.

§ 1g - Quando verificada a desnecessidade de internacao, 0dependente sera

submetido a tratamento em regime extra-hospitalar, com asslstencla do service social

competente.

§2 Q -

Os estabelecimentos hospitalares e clfnicas, oficiais au particulares, quereceberem dependentes para tratarnento, encamlnharac a repartcao competente, ate a

dia lOde cada mes, mapa estattstco dos casas atendidos durante 0 rnes anterior, com a

lndlcacao do codiqo da coenca, segundo a classftlcacao aprovada pela Orqanizacao

Mundial de Saude, dispensada a rnencao do nome do paciente.

Art. 112 - Ao dependente que, em razao da prauca de qualquer infracao penal, for

imposta pena privativa de liberdade ou medida de sequranca detentiva sera dispensado

tratamento em arnbulatorlo interno do sistema penitenciarto onde estiver cumprindo a

sancao respectiva.

CONCLUSAO

Na pratlca, nos dias de hoje observa-se que a etica esta multo alern da consciencia

dos profissionais, seja pelo seu desconhecimento natural, ignorimcia por nao acreditar nos

conceitos etlcos e por um meio social tumultuado em que vivemos e que nos coloca na

posicao de trabalho por sobrevlvencia e nao pelo dever de se ter 0 compromisso de um

trabalho respeitando 0 outro necessitado dos nossos prestl mos. Por outro lado, aslnsntuicoes na sua maio ria, nao estao preparadas conforme determina a Lei n2 6368 de

21/10/1976, para assim receberem e da a este dependente quimlco 0 tratamento que ele

merece como ser humano. Portanto, nada de novo existe, que nao seja 0comportamento

inadequado de alguns membros responsavsls pelotrabalho desse doente, pols tudo ja esta

definido seja pelo G.E.M. ou pela Lei 6368. Basta apenas nos concienlizarmos delas e

colocar em pratlca.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

1- C6DIGO DE ETICA MEDICA

2- C6DIGO PENAL BRASILEIRO

3- MONOGRAFIA APRESENTADA A CADEIRA DE PSICOLOGIA E ETICAMEDICO-HOSPITALAR, DO CURSO DE ADMINISTRACAO HOSPITALAR DA FUNDACAo DE

ESTUOOS SOCIAlS 00 PARANA (1989)

80

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10 (38): 1993

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. :.. . .. :...: ... : . :.::: ::..: r" •.

. . . ... . .... ~...~.

Ac6ROAo

PROCESSO ETICO-PROFISSIONAL N" 022187

DENUNCIANTE - "EX-OFFICIO"

DENUNCIADO - Or. J.C.N ..

RELATOR - CONS. HEllO GERMINIANI

REVISOR - CONS. OSMAR RATZKEAc6RDAO - 002/92

EMENTA - ATESTADO DE OSITO. PACIENTE ATENOIDO POR OUTROS MEDICOS. DESCO-

NHECIMENTO DO "CAUSA MORTIS". SOLICITA~AO DE FAMILIAR A ASSINATURA

DO LAUDO. VINCULACAo COM FUNERARIA. CARACTERIZACAo DE INFRACAo.

Reconhecimento expresso pelo denunciado da infra~ao cometida. 0medico que afirma

atestado de 6bito sem ter qualquer contato anterior com 0 falecido, valendo-se unica-

mente de lnforrnacoea e rece ltuarlos ap resentados per terceiro, indibu lavel mente incorrena lalta capitulada pelo artigo 114 do C6digo de Etica Madica.

Vistos, discutidos e relatados astss autos de Processo Etico-Prcfissional nQ022187, em

que a denunciante 0CRMPR e denunciado 0 Dr. J.C.N.

ACORDAM

Os membros do CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO PARANA, na

forma dos votos dos Senhores R.elalor e Revisor, em ACOLHER a imputa~ao feila ao denunciado

por in'raitao ao dlsposto pelo artigo 114 do C6digo de Elica Medica, aplicando-Ihe, por maioria, a

pena de "ADVERT~NCIA CONFIDENCIAL EM AVISO RESERVADO·, prevista na letra "a", do

artigo 22, da Lei nQ3268157, conforme Ala nQ609, de 30 de marco de 1992.

Curitiba, 30 de maryo de 1992

CONS. HEllO GERMINIANIRelator

CONS. OSMAR RATZKERevisor

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10(38):81,1993 81

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Q 0 A T E N D I M E N T O P R O H S S I O H A L L JA P A C I E N T E S P O R T A D O R E S D E A I D S E U M

I M P E R A T I V O M O R A L D A P R O H S s i o M E D I C A

. ",::,::.::::.:,:,:::,::.'::,.':;

o Conselho Federal de Medicina, no uso de suas atribui~6es que Ihe confere a Lei

nil 3268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto n!l44045, de 19 de [ulho

de 1958 e,

CONSIDERANDO que 0Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Medicina

sao os 6rgaos supervisores da etlca profissional em toda a Republica e, ao mesmo tempo,

julgadores e disciplinadores da classe medica, cabendo-Ihes zelar e trabalhar, por todos

os meios ao seu alcance, pelo perfeito desempenho tecnico e etico da Medicina;

CONSIDERANDO que 0 artigo 1II do C6digo de Etica Medica determina que "a

medicina e uma protissao a service da saude do ser humane e da coletividade, e deve ser

exercida sem dlscrjmlnacao de qualquer natureza";CONSIDERANDO as normas emanadas pel a Organiza~ao Mundial de Sauce -

OMS - e pelo Ministerio da Saude sobre 0tratamento dos pacientes portadores de AIDS;

CONSIDERANDO a continua expansao da epidemia de AIDS pelo pais, e a

progress iva mudanca em seu perfil, atingindo grupos populacionais cada vez mais amplos,

aliada a pouca efici€mcia das campanhas preventivas ate aqui desencadeadas;

CONSIDERANDO 0profundo impacto que a doenca provoca no paciente portador

do virus da imunodefici€mcia humana (HIV), limitando a sua capacidade fisica, tornando-o

vulneravel fisica, moral, social e psicologicarnente;CONSIDERAND~ os termos dos pareceres CFM n!)S14188 e 11192;

CONSIDERANDO, finalmente, 0 decidido na Sessao Plenaria realizada em 11 de

novembro de 1992; RESOLVE:

Art. 1 1 1 - 0 atendimento profisslonal a pacientes portadores do virus da

Imunodeflciinela humana e um Imperatlvo moral da proflssAo medica, e nenhum

medico pode reeusa-Io,

Parllgrafo Prlmeiro - Tal imperativo , extensivo as Instltul~oes asslst_nelslsde qualquer natureza, publica ou prlvada.

Paraqrafo Segundo - 0 atendimento a qualquer paciente independente de sua

patologia, devera ser efetuado de acordo com as normas de biosseguranya recomendadas

pela Orqanlzacao Mundial da Saude e pelo Ministerio da Saude, razao pela qual nao se

podera alegar desconhecimento ou falta de condicoes tecnloas para est a recusa de

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prestaeoes de asslstencla.

Parilgra10 Tarealro - As institu!yoes deverAo propiciar ao medico e demais mem-

bros da equipe de saude condi<;oes dignas para ° exercicio da prollssao, 0 que envolve,

entre outros fatores, recursos para sua protecao contra a infecc;:ao, com base nos con he-

cimentos cientfficos disponiveis a respeito.

Paragrafo Quarto - E de responsabilidade do Diretor Tecnico da institui<;ao a

garantia das condi<;6es de atendimento.

Art. 2 1 ' - 0 sigilo profissional deve ser rigorosamente respeitado em relayao aos

pacientes com AIDS, isso se aplica inclusive aos casos em que 0paciente deseja que sua

condlcao nao seja revelada sequer aos familiares, persist indo a proibi<;ao de quebra de

sigilo mesmo apes a morte do paciente.

Parilgrafo Unleo - Sera permitida a quebra do sigilo quando houver autorizar;ao

expressa do paciente, ou por dever legal (ex: notificacao as autoridades sanltarlas e

preenchimento de atestado de abito) ou por justa causa (protecao a vida de terceiros;

comunicantes sexuais ou membros de grupos de usc de drogas endovenosas, quando 0

proprio paciente recusa-se a fornecer-Ihes a lnlorrnacao quanto a sua condir;ao de

infectado).

Art. 31 1 - 0 medico que presta seus services a empresa esta proibido de revelar 0

diagnostico de tunclonarlo au candidato a emprego, inclusive ao empregador e a seccaode pessoal da empresa, cabendo-Ihe informar, exclusivamente, quanto a capacidade ou

nao de exercer determinada funcao.

Art. 411 - e vedada a realizacao compulsoria de sorologia para HIV, em especial

como condlcao necessaria a internamento hospitalar, pre-operatorlo, ou exames pre-ad-

missionais ou penodlcos e, ainda, em estabelecimentos prisionais.

Art. 51 1 - Esta resolucao entra em vigor na data da sua pubticacao,

Ivan Araujo Moura Fe

Presidente

Hercules Sidnei Pires Liberal

Sscretario-Geral

Nota - A respeito do ass unto vide "Arquivos" ng

35

Arq. Cons. Regional. Med. do PR.

1 0 (38 ) : 1 9 9 3 83

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RESPONSABUJDADE CIVIL

MEDICO OFfALMOLOGISTA

Clrurgla 8alatl'18 para corra(:Ao de mlopla, ra8ultando navoa no olho operado

a hlpermetropla. RasponsabUldada faconhaclda, apasar de nAo sa tratar, no caso, de

obrlga(:Ao de resultado a de Indanlza~Ao por parda de uma chance.

R.L.X.L., apelante

A.F.D.A., apelado.

Ac6RDAO

Vistas, relatados e discutidos os autos. Acordam, em 5~ Camara Civel do Tribunal

de Justlca, a unanimidade, dar provimento em parte, prejudicado 0agravo. Custas na forma

daleL

Participaram do juJgamento, alern do signatario, os Exmos. Srs.Des. Lio Cezar

Schmitt e Alfredo Guilherme Englert.

Porto Alegre, 12 de junho de 1990. Ruy Rosado de Aguiar Junior, Presidente e

Relator.

RELAT6RIO

Des. Ruy Rosado de Aguiar Junior -

A aut ora promove at:Ao de Indenl%a~o contra 0 reu, querendo ser ressarcida

do prejulzo sofrido com 0 insucesso de cirurgia refrativa, realizada em seu olho direito, para

cura de miopia em grau 4.00, da qual resuftou com hipermetropia em grau 2.00, apresen-

tando, ainda, cicatrizes radiais na cornea, com lnvasao das mesmas no campo otico, 0que

acarrsta dlsturbios e detormacoes.

Contestando a ac;:ao,0 reu nega sua culpa e atribui 0 resultado da operacao ao

comportamento da autora, que deixou de se submeter ao tratamento pos-operatorio,

indispensavel para esse tipo de intervencao, necessarlo para correcees. Afastando-se do

tratamento apes dois meses, a autora criou as condi~6es para a hipermetropia residual.

Quanto aos dlsturbios de visao, provocados peJas lncisoes, passariam com 0 correr do

tempo. Atribui 0 desconforto sentido pela paciente como consequencia da diferenca de

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gradua~ao entre 0olho direito, 0opera do, eo olho esquerdo, que tarnbern apresenta miopia

em grau 4.00. Pediu a improced6ncia. por falta de culpa. Houve replica.

Realizou-se prova pericial no Serv~o Medico do Tribunal de Just~a (11.137). Foi

produzida prova oral, com depoimento do medico-perito, do assistente indicado pelo reu,

e da pr6pria autora (11.178). Inqulrlu-se uma testemunha arrolada pela autora. A outra foi

Inde1erlda, por apresentado 0 rol a destempo (fI.177), do que agravou tempestivamente a

autora (fI.181).

Em audiencia, 0 ilustrado Dr. Juiz de Dlreito julgou Improced€mcia a ayao, por nao

demon strada a culpa do medico.

Apelou tempestivamente a demandante. Reitera 0 agravo retido e pede pela

procedsncia do pedido. Depois de registrar a dificuldade de fazer prova nessa materia,

sustenta que os autos con t sm elementos suficientes demonstradores da culpa do cirurgiao.

A sua obrjga~o seria de resultado, em especial nesse tipo de cirurgia facultativa, que nao

foi absolutamente alcant;ado, ficando a paciente em situayao pior do que estava anterior-

mente. Teria havido erro do medico, pois de outro modo na~ se explicaria a hipermetropia

de grau 2.00. insiste na circunstancia de que a paciente concordara com a reduyao de

apenas parte da sua miopia, 0 que deveria ter servido ao cirurgiao para llrnltar sua

intervenyao. Nega tenha colaborado para ofracasso da operacao, pois quandofoi procurar

outre facultativo ja dois meses se passaram e 0 re u nao Ihe aplicava nenhum tratamento.

Houve resposta. E 0relatorlo.

V O T O

Des. Ruy Rosado de Aguiar Junior-

A autora era portadora de uma miopia de 42 grau em ambos os olhos e, no dia

31.3.87, submeteu-se a uma cirurgia refrativa efetuada pelo reu (ceratotomia radial), no

olho direito, para eliminacao do defeito.

A miopia oeorre quando a imagem focalizada e formada em frente ao plano da retina,

o olho e demasiado longo e e considerado miope (Iaudo, f1.140), ou, na clara explicayao

do contestante: E um defeito, ou uma aneracac refracional pela qual 0 foeo das imagens

que penetram no olho fique antes da retina, 0 que faz com que os seus portadores nao

enxerguem bem para longe (p.23).

Para isso, foram efetuadas na cornea oito cortes radials retlllnaos (laude, fI.137),

destinados a alcancar ao aplainamento dessa curvatura: 0 aplainamento vai provocar 0

deslocamento do foeo das imagens, que esta antes da retina da visao mfope, fazendo com

que 0 foeo se desloque exatamente para a retina (contestayao,fI.24).

Porern, 0 deslocamento do foco foi maior do que 0 esperado, projetando-se para

alam da retina, provocando, emao, 0 inverso da miopia, que a a hipermetropia (astigma-

tismo) de dois graus no olho direito.

Como resultado dessa lntervencao cirurgica, a paciente ficou com dois problemas:

1 - Nevoa diante do olho direito, que desaparece com 0buraco estenopeico ou colocando

o indicador diante do canto interno, deve-se a difrayao (reflexao) dos feixes luminosos nas

linhas das incisoes (ficha cllnica da autora, prenchida pelo cirurgiao, fI.30);2- anisometropia,

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que e a diferen~a refratometrica entre os dois olhos, que pode ser compensada atraves de

corre~Ao 6ptica (Iaudo, fI.138), determlnante de altera~ao na fusAo das imagens no cortex

visual (idem,p.139).

Por causa da anisometropia de sels graus, que pode aumentar (laudo,fI.140), a

paciente nAo se permite mais poder corrlgir a deficiencia visual com 6culos, restando-Ihe,

apenas, a alternativa de lentes de contato (declara~o do perito,fI.178v).

A cirurgia refrativa e alternativa eletlva, diz 0perito a f1.178v., sendo uma das opcoes

para otratamento da mlopla, po is a paciente nao estava obrigada a realizar a cirurgia para

ver 0seu problema resolvido, podendo optar pelo usc de 6culos ou lentes (perito,fls.178 e

178v).

A tecnica para a realiza~ao da interven~ao deve levar em conta a idade do paciente,

pressao intra-ocular, curvatura da cornea, 0numero de tnclsoes e a profundidade relacio-

nada com 0grau a ser corrigido (perito,fI.178).

2. Diante desse quadro, a primeira conclusao a que chego e de gue houve euo

tecnjco na jntervenca.o cirurgjca, com a r n a avaliacao dos dados acima explicitados, de

consideracao obrlqatoria ( idade, pressao, curvatura da cornea, grau a ser corrigido),

realizando-se lncisoes em nurnero e profundidade em desacordo com a situacao da

paciente, resultando disso uma hipermetropia de dois graus.

Das inclsoes ainda resultaram seqOelas, com nevoa diante do olho direjto, conforme

consta da propria ficha medica.

Nao acredito se trate de uma obrigacao de resultado, ainda que a cirurgia seja

eletiva, mas neste caso e ampliada a responsabilidade do medico quanto a recomendacao

da alternativa escolhida e especialmente quanto ao modo de sua reauzacao. Na espscie,

a autora foi encaminhada para uma solucao da qual saiu grandemente prejudicada, com

prejuizo na visao do olho direito (nevoa), com hipermelropia de seis graus, quando 0

maximo admitido e de cinco graus, 0 que Ihe causa series smbaracos a saude e a obriga

a usar lentes de contato, sltuacao que Ihe lem sido extremamente penosa, conforme se

col he da Iicha medica.

Contentando-se ela com a reducao da sua miopia por metade (ficha medica, fI.30),

o resultado ficou muito aquern do aceltavel, pais se saiu de uma poslcao de mais de quatro

para menos dais graus. Sabendo 0 medico do risco de uma hipermetropia, com danos

con sequencia is por causa do alto grau de miopia, necessariamente deveria ter tomado

provldenclas para evitar esse resultado, pais nao e razoavel uma sltuacao sensivelmente

pior do que a anterior.

3. A tese do demandado cifra-se na negativa de qualquer culpa, atribuindo a autora

toda a responsabilidade pelo insucesso, urna vez que interrompeu 0 tratamento dois meses

depois da operacao, quando serlarn necessaries tres meses para urn perferto acompanha-

mento, resaltando que no periodo pos-operatorlo poderia realizar os ajustes necessaries

atraves de procedimento adequado.

A esc usa nao pode ser ace ita par uma razao principal: a busca de um resultado

mais satisfat6rio seria obtida atraves de medicamentos, aplicados para alterar a pressao

intra-ocular e modificar a curvatura corneana (Iaudo, fI.141). Isso seria obtido atraves do

usa de colirios (informe do medico-asslstente do reu,fI.179).

86

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Contudo, como bem observado pelo apelante, sem contestacac nos autos, desde

21.4.87 (ficha medica,fl.30), 0 reu nAo mais aplicou nenhum colirio a paciente, quando

decorridos apenas pouco mais de 20 dias da cirurgia, de onde se deduz que 0 cirurgiao

nlio mais pretendla fazer usa dessa via e procurava resolver as crescentes dificuldades

com 0 uso das lentes de contato, ate que pudesse operar 0olho esquerdo (anotavlio de

8.5.87,fI.30). Portanto, nao foi da conduta da paciente que resultou 0abandono do uso de

colfrios, que segundo os Informes, seria 0tratamento adequado para retificaCao de alguns

defeitos operatorlos. Passando rnais de dois meses da operacao, ja abandonado 0usa de

courlos, sem outra indicayao que nlio 0 uso de lentes de contato, e persistindo os

problemas, razoavet que a paciente procurasse uma outra soluCao.

4. Afasto as conclusces do laude quanta as cuestees de natureza juridica, fora do

ambito de perfcia. Lamento que nao tenha confrontado os dados constantes da ficha

medica da paciente com os achados na perfcia, deixando de esclarecer suficientemente 0

jufzo sabre clrcunstanclaa de fato, omitindo-se em responder sobre quest5es realmente

relevantes, por aspectos meramente formais na tormulacao da pergunta, e respondendo

outras de forma doqmatica, como especial mente ocorreu na negativa a possibilldade da

lnetsao ser feita com maior profundidade, 0 que, segundo tudo indica, e evidentemente

possivel.

Em razao das deflclenclas dessa prava, foi determinada a diligencia de folhas, para

o service medico, depois procurado pela autora, enviasse os dados ali registrados a seu

respeito. Mais uma vez, como e de praxe, nao se teve exito na colheita de informes

esclarecedores; daf a necessidade de uma renovada tentativa, igualmente frustrada, de

que em nada colaborou para 0 conhecimento do tatoo a que existe, porern, ja e bastante

para um julzo de procedencla da aeao.

a reu agiu com culpa ao realizar a intervencao cirlirgica com lnclsoes que provo-

caram nevoa diante do olho direito (fI.30), e produzlu hipermetropia ao nivel de dais graus

no mesmo olho, defeitos cujo corretivo pos-operatorlo, atraves do usa de medicamentos

(coHrio), conforme as tecnlcas apontam, nao foi suficiente para a retificacao e os ajustes

necessaries, e, ainda, por ter abandonado 0 uso desse tratamento corretivo menos de 30

dias depois da intervencao.

E preciso esclarecer, para eteito de cajculo de tndenlzacao, que nao se trata de

perda de uma chance, a que em certa passagem se referiu 0apelante. Na perda da chance,

nao ha taco de causalidade entre 0 resultado e a culpa do agente (Francois Chabas, La

Perte d'une Chance em Droit Francais, palestra na Faculdade de Direito, 23.5.90: 'On

remarque, dans ces atfaires, les traits communs qui sont les caracteristtques du problerne:

1. Une faute de I'agent. 2. Un enjeu total perdu et qui pourrait etre Ie prejudice. 3. Une

absence de preuve du lien de causalite entre la perte de cet enjeu et la faute, parce que,

par definition, cet enjeu est aleatolre, C'est une caracteristlque essentielle de la question').

Aqui houve nexo de causalidade entre 0 comportamento do reu e 0 dano sofrido

pela paciente.

5. Reconhecendo a culpa do reu e dando pela procedencla do pedldo, deflro

ill autora Indenll:a~Ao nos segulntes termos: 1) reembolso pelas despesas realizadas

com a cirurgia efetuada pelo reu, e com tratamento a que se submeteu com 0 Dr. Telles,

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depols com 0 Dr. Cruz e, finalmente, no Instltuto Hilton Rocha, em razso da cirurgia, assim

como comprovado nos autos, a ser calculado pelo contador, com corr~o monetaria desde

o desembolso e juros desde a cltayao; 2) despesas com a opera';80 do olho esquerdo,

para reduzir a mlopia e, conseqOentemente, a hlpermetropia, em medico estabelecldo no

Brasil, de confianca da autora. Essa parcela Ihe e deferida pela necessldade de reduzlr a

hlpermetropia, que e de seis graus, quando 0maXimo adlcional e de cinco, deslgualdadeque resultou do lnsucesso da clrurgia reallzada no olt;_odlreito. 0oryamento prevlo sera

apresentado ao Julz, em indices de correliAo, devendo 0 reu depositar 0numerarlo em 30

dias. 0 que tanar ou sobrar sera cobrado ou devolvido a posteriori; 3) indenizaliAo pelo

dano it sauele da paciente, ate aqui solrido, e pelo que Ihe resultar de definltivo, ap6s a

cirurgla do olho esquerdo, que decorra dlretamente da cirurgia do olho dlreito. conforme 0

que vier a ser apurado por arbltramento, e que Ihe resulte uma situaC80 plor daquela em

que se encontrava antes de ter realizado a cirurgla examinada nesses autos.

As custas serao pagas pelo reu e mais honorarlos de 15% sobre 0 valor dacondenacac. Julgo prejudlcado 0agravo de instrumento. E 0voto.

Des. Lio Cezar Schmitt -Peco venia, Sr. Presidente, para subscrever 0 voto de V.

Exa. Estou de pie no acordo.

De. Alfredo Guilherme Englert -Acornpanho.

A S D E Z M A IS D O H O M E M S E N S A T O

1 - Nao deixar para arnanha 0 que pode fazer hoje.

2· Nao ocupar outro naquilo que voce mesmo pode fazer.

3 • Nao gastar 0 dinheiro que ainda nao ganhou.

4 . Nao comprar 0que e inutll para aproveitar a oportunidade.

5 . Nao pagar 0preco do orgulho, mais caro do que 0 da fome, da sede e do frio.

6· Nunea se arrepender de ter eomido pouco.

7· Trabalhar de boa vontadce para nunca se cansar.

8 . Nao se afligir com desgrac;as que ainda nao aconteceram.

9 . Considerar sempre 0 lado bom das coisas.

10 • Contar ate dez antes de falar, quando estiver irritado,

88

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10 (38): 88, 1993

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A Responsabilidade

Medico-Legal do

Anesteslologlsta em atosClriirglcos-OdontoI6g1cos

P arecer C F M 0032191

A Sociedade Brasileira de Anestesiologia, encaminha consuna ao Conselho Federal

de Medicina sabre "a responsabilidade medico-legal nos casos de procedimentos realiza-

dos por cirurgioes-dentistas (nso medico) sob anestesia praticada por rneolcos anestesio-

logistas".

A responsabilidade de medicos (anestesiologistas) ou dentistas (Cirurgi5es-Dentis-

tas) esta prevista nos C6digo Civil, Penal e Etico das respectivas profiss6es.

"Artigo 1545 do C6digo Civil diz: "Os medicos, cirurgi6es, tarmaceutlcos, parteiras

e dentistas sao obrigados a safistazer 0 dano, sempre que da lmprudencla, negligencia,

ou imperfcia, em atos profissionais, resultar morte, inabilitar,;:ao de servir ou ferlmento.·

No C6digo Penal ha 0 Capitulo dos Crimes Contra a Pessoa, onde, em varlos

artigos, sao tipificados as delitos possiveis e as penas correspondentes aos de carater

culposo, que e a modalidade especffica ao que hoje denomina-se global mente de "erro

medico".

oC6digo de Etica Medica em seu art. 29 estabelece: E vedado ao medico: "Praticar

atos profissionais danosos ao paciente, que possam ser caracterizados como impericia,

imprudencta ou negligencia".

A Resofur,;:ao CFM 851/78 em seu item nil 04 diz: "Todas as consequenclas

decorrentes do ate anesteeico sao de responsabilidade direta e pessoal do medico

anestesiologista, inclusive 0 fornecimento de atestado de oblto em caso de exito letal

decorrente da anestesia".

A Resolur,;:ao CFM 852/78 em seus itens abaixo diz:

Itam 01 - "As solicit~oes para realizar,;:aode anestesia geral em pacienles a serem

submetidos a cirurgia por cirurgiao-dentista, somente pcderao ser atendidas pelos medicos

anestesiologistas, quando forem realizadas em ambiente hospitalar, cujo diretor tecnlco

seja medico e que disponha das indispensaveis condir,;:6es de seguran("as comuns a

ambientes cirurgicos, sendo pratica atentat6ria a etica a solicitar,;:ao de anestesia geral em

consultorlos ou ambulatorlos",

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10 (38): 89-90,1993 89

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Item 03 • "Quando 0 axlto letal t o r at/ng/do como res uItante de prat/ca dlreta de ato

cIrurgico-odontol6glco podeni ser 0 atestado de 6blto tornecldo palo medico que tenha

participado do a to cirurgico ou pelo Instituto Medico Legal".

Hem 04· "Em lesOes de interesse comum a Medicina e a Odontologia tem a equipe

cirurgica de ser, obrigatoriamente, constltufda de medico e cirurglAo-dentista, para ade-

quada seguran~ do resultado pretendldo, ficando sempre a equipe sob a chefla do

medico",

A ata da 4 1 1 Reuniao da Comissao Mista dos Conselhos Federais de Medicina e

Odontologia, no dia 19 de outubro de 1977 (anexa). estabeleceu normas de atualfao de

medicos e cirurgioes-dentistas na area da cirurgia buco-rnaxho-taclal.

CONCLUSAO:

1 - Em ato cirurgico-odontoI6gico. a cirurgiao-dentista eo responsavsl pela cirurgia e seu

resultado au conseq'uencias.

2 - 0cirurgiao-dentlsta. dlante da atuallegislac;ao, nao possui responsabilidade legal que

o autorize a fornecar atestado de oblto decorrente de ate cirurgico-odontologico.

3 -0medico anestesiologista e 0responsavel pela anestesia e, conseqUentemente, pelas

melhores condilfOes possiveis do paciente suportar 0 ato cirurgico neceseano.

4 - Do ponto de vista medico legal e pelo que foi citado acima, cabe ao medico, como

Integrante da equipe de proflsslonals, atestar tatos relatives a mortalidade do paciente

assistido.

5 - Os casas controversos deverao ser encaminhados a investigac;ao medico-legal.

Este e 0meu parecer,

Brasilia-DF, 23 de julho de 1992.

Dr. Claudio de Carvalho LisbOa

Conselheiro Relator

Parecar Aprovado

Sessao Plenarla de 12 /08 /92

90

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10 (38): 1993

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P RO C ES SO E T IC O -P RO F IS S IO N A L N Il 0 15190

OENUNCIANTE . "EX·OFFICIO"

OENUNCIAOO . DR. GLAUCIO ROBERTO DE SIQUEIRA CAVALCANTI VERAS

RELATOR . CONS. JOSE LEON ZINOELUK

REVISOR . CONS. HENRIOUE DE LACERDA SUPLICY

Ac6ROAo . 011/92

EMENTA· AUTO·DENUNCIA PARA APURACAO DE TRATAMENTO DISPENDIDO A PACIENTE

ACIDENTADO· OBITO - SUSPENSAo DO EXERCfclO PROFISSIONAL IMPOSTA

PELA courssso DE ETICA MEDICA DO HOSPITAL - ARTIGO 57 DO COOIGO DE

ETICA MEDICA - ABSOLVICAO.

Em instru~ao ficou tipilicado ter 0 denunciado envidado todos os meios tecoicos

disponfvels em prol do paciente, desnaturando, por conseq\!encia, eventual infringencia

ao disposto pelo artigo 57 do C6digo de Etica Medica. Sendo certo, dessa lorma, nao

ter 0denunciado praticado conduta vedada pelo ordenamento disciplinar etico.

De outro lado, cabe ao Conselho Regional de Medicina, dentro de sua jurisdiyao, a

aplicaeae de pana a seus membros, jamais a comissao de Etica Medica do pr6prio

Hospital.

Vistos, discutid os e relatados estes autos de processo Etico-Profission al sob 0nQ0 15190,

em que e denunciante 0 Conselho Regional de Medicina do Estado do Parana edenunciado 0Dr. GLAUCIO ROBERTO DE SIOUEIRA CAVALCANTI VERAS,

ACORDAM

Os membros do CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTAOO 00 PARANA, por

unanimidade, na forma dos votos dos Senhores Relator e Revisor, em Nolo ACOLHER a Impulayao

felta ao denunciado, de infrayao ao artigo 57 do C6digo de Etica Medica, conforme Ala nil 653, de

30 de novembro de 1992.

Curitiba,Ol de dezembro de 1992.

CONS. JOSE LEON ZINDELUK

Relator

CONS. WADIR RUPOLLO

Presidente

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M E l a A M B I E N T E E O I C A M E D I C A

Emir Calluf

1.INTRODUCAO

Partamos de dois fatos: a classe medica e ao mesmo tempo a mais conservadora

e a mais revoluclonarla,

A mals conservadora: Apesar dos avances extraordinarlos da medicina cientffica,

a mentalidade do medico e, no geral, ainda morallsta ao extremo. Ao contrario da moral,

decisac de procurar 0 bem do homern concreto e evnar-lhe 0 mal, 0 moralismo e uma

fixa~o sentimental-doutrinal em abstracoes. A mesma inversao, agora no plano medico,

que sucede no plano juridico: 0homem para a lei, em vez de a lei para 0hornern; a saude

humana subordinada a certas preconcepcoes e preconceitos, em vez de estas se subme-

terem aquela.

Ploriferam os exemplos: desde a relutancia, quando nao-orntseao e ate oposi~ao a

atitudes sexuais diversas das habituais: aborto, an t i concepcao , eugenia, eutanasta ... ate

a ignorancia diante de questoes sexuais, 0pudor excessivo diante do corpo, a obsessao

qufmica que converte 0 medico em mero receitador de remedlos, a quase ornissao nas

Faculdades em abordarem tais temas, mais a constante adesao da classe em prol do

status quo.

o que mot iva este conservadorismo? Negativamente, a defesa da propria sltuacao

soctoeccncmlca, que posiC;oes rnals avancadas talvez arriscassem. Positivamente, 0

contato com 0organismo, com uma anatomia e fisiologia que constituem dados ancestrals

praticamente imutados e tmutavels.

Ao mesmo tempo a classe medica € I , born ou mau grado dela, a mals revoluclo-

nIIria. Porque, mais ate inconscia do que consciamente, vem derrubando todos as rnitos

com que os antigos lidavam com 0organismo. Ao man ipula-Io, ao corrigi-Io, ao substitui-lhe

os orgAos inclusive, ao trata-lo necessariamente como objeto de pesquisa, tratamento e

cura, desfaz na mente pessoal e social, as vetustas explicac;Oes mfticas e misticas (a

epilepsia como possessao, a aids como castigo, a vida como "sagrada"), obrigando-se a

encara-lo objetivamene, nos dois sentidos da palavra: como objeto de intervenc;ao e

manuseio (aparelho anatornotiatoloqlco) e como algo a ser tratado sem subjetivismos e por

isto mesmo prejudiciais a propria saude,

Paradoxalmente 0 medico e pols alguem amiude 0 mais conservador possivel,

atendo-se ate a crencas absurdas, mantidas a custa de Ihe impedirem 0 avanco senao

• Psic6logo, residente em Curiliba. Trabalho premiado em 2R lugar no Concuroo cis -Melhor Monografia sobT6

E r i c a MtW1ica- 1992" - '0Meio Ambiente e a E t i c a MBdica-, promovido peio Conselho Regional de Medicina

do Parana.

92

Arq. Cons. Regional. Mad. do PRo

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econamico, pelo menos profissional-cientffico; ao passo que este 0obriga na pratlea a ir

demollndo os pr6prios preconceitos. Se por exemplo, e num caso extremo porem frequen-

te, atrlbui a influencia de "espfritos" uma doenca que nao consegue curar, 0 proprio

progresso da medicina, possibilitando a cura, Ihe des mente a crenca ...

Se portanto a etlca medica (EM) possul alguma significa~ao, antes de referir-se ao

paciente ou ambiente, cumpre atinja 0pr6prio medico: na medida em que se conseientizar

da pr6pria dualidade (credulidade e objetividade); em que se estorcar por supera-la; em

que por conseguinte agir integramente e integrante - e que agira eticamente. E em

conseq'uencia, contrfbulra especificamente para 0 meio ambiente, nao, como outros

especialistas, defendendo especles animais ou vegetais em extin~ao, mas promovendo 0

homem como influidor e influfdo.

2.DESENVOLVIMENTO

1. Deflnh;io de atlea. E a cienoia e a arte que distinque entre 0bem e a mal. Nao

abstratos, mas aqueles que benfazem ou malfazem ao homem. E que par isto a ensina a

evitar 0mal e praticar 0bem. Claro, 0 homem e ente polivalente: arnlude age e reage em

niveis e situac;:5es diversos, de modo que nem sempre e clare 0que para ele seria bam au

mal, porque 0 que Ihe faz bem num plano ou conjuntura poderia malfazer-Ihes noutros.

Como porern a ao mesmo tempo uma unidade, a aquilo que 0 beneficiar fundalmentalmen-

te, nao como animal au profissional au cidadao, mas como pessoa, apesar de exigir que

em prol disto sacrifique outros bens, que conslstlra em conduta etica, digam 0que disserem

os codigos das mais variadas origens.

2. Deflnl~io de a t i c s medica. Ai e que, mais do que qualquer outra clsncla, entra

a medicina. Pois e inegavel que 0 basico para qualquer comportamenta humano positivo

e a saude e partanto aquilo que a promove. E negativo, a dosnca e causas deia. Por outra:

etico a aquho que sana 0homem, que Ihe pramave a saude integral; e anti-etlco, 0contrarlo.

A etlca medica consiste pais na aplicac;:ao consciente e eficaz dos conhecimentos e

tecnicas mecicas ao bem-estar humana. Isso exclui dante mao qualquer doutrina ou crenea

- a ciencla nao se prende a qualquer ideologia - pais se atern a razao e a pratica: e esta,sao as resultados benfazejos desta, que importam, nao teorias, crendices ou filosofias.

Vale portanto para ela aquilo que sana 0 homem (outrora eurativamente, hoje em dia

preventivamente). Aquilo que 0 integra = 0 torna inteiro, ja que saude signifiea inteireza,

ser inteiro, fundonar integralmente; ao passo que doenc;:a,0oposto: aquila que 0desinte-

gra, tanto mais quanto mais gravemente.

A medicina a atica pois nao enquanto obedece a este O U aquele mestre, segue uma

doutrina ou outra, e sim enquanto reaimente contribui para salvar (no sentido original da

palavra: dar "salutem", que no latim signifiea tanto saude quanto salvac;:ao.o que este princfpio, 0mais conservador possivel, representa de revofucionario,

mal avanamos. Ata hoje em toda a htstorta humana nao houve nada nem nlnguem tao

coerente, que sobrepusesse a conceitos, preceitos e preconceitos 0 bem real da pessoa.

Mas e para este rumo que a evolu~ao - apesar da resist€mcia subconsciente porern real

dos pr6prios medicos est a caminhando: para a evidencia de que e bom e portanto etico

Arq. Cons. Regional. Med. do PR.

10 (38): 1993 93

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tucla aquilo com que a medicina benfaz ao homem como pessoa e mau contrarlo,

Isto reduzlria a medicina a promover urn animal sadio apenas? NEilo:uma pessoa

sadia. Pols a saude e algo Indlvlslve!. E e esse talvez 0preconceito mator que, para de fato

evolulr clentfflca e eticamente, a mediclna tern de superar. Tanto a sauce como 0homem

sao indivisivels. Inexiste uma sanidade fislca, dlstinta da mental, assim como inexiste um

corpo sadio e uma mente enferma ou vice-versa. Somos uma unidade e it esta que0

adoece ou sara.

S6 quando se sobrepujar esta dualidade manlquela entre corpo e alma, esta

sobrevivencia dentro da pr6pia ciencia medica duma concepcao pre-cientiflca, e que os

medicos individuais suplantarAo urn certo complexo-de-Inferioridade, oriundo do desprezo

atavico pelocorpo, pela materia, complexo que nAo raro os impele a deturparem (e portanto

imoralizarem) a vocacao essenciaimente concreta de sanarem a pessoa doente, num

aconselhamento, num sentimentalismo e ata numa doutrlnacao, os quais nAo tem nada a

ver nem com a medic ina nem portanto com a saude do enfermo.

Esta repleto 0mundo de pseudornedicos que degeneraram em quase curandeiros,

porque apelam muito mais para supersticoes do que para a ciencla. Nao so porque

naturalmente isto e rnais facil (dispensa-os de estudarem), como porque corresponde amentalidade nao-evolufca deles. Na medida em que sao e agem assim sao 0menos eticos

possivel, nao s6 porque nao a isto que esperam deles a saeiedade e a protlssao e os

doentes, como sobretudo porque impedem, em vez de ajudarem, a prevencao e a

eliminac;ao da enfermidade.

Resumamo-nos pois: longe de se confundir com certas mundivis5es doutrlnarlas e

ata doqmaticas ou com certos complexos pessoais nao-resolvldos (por exemplo 0 sofri-

mento como provacao, a vida como sagrada, a proibicao aprioristica de intervir no

organismo, a preferencia de crencas sobre a pessoa em vez da pessoa co ncreta) ,

responsavels par um atraso tanto da medicina quanto do medico, a atica medica se rege

por urn principio s61ido e lucioo: bom e qualquer procedimento que faz bem a este

organismo plurltacetlco chamado homem, aquilo que, em 0 encarando inteiro e uno, 0

integra e sana. E mau 0contrarlo. Em vez pois de absolutizar certos principles, dentro dos

quais depois se tenta enquadrar 0 homem, deforme-se com lsto quanto se deformar,

absolutiza-se 0 Individuo e a este tem de se adaptar os principios.

3. 0 melo amblente. Para uma medicina antiga e alienada, resultante duma

cosmovisao egocentrica do homem, 0 organismo era uma ilha. as doencas entidades

quase autonomas e 0tratamento uma concentracao de esforcos nele e nelas isoladamente.

Na visao moderna e ampla, 0organismo nao s6 esta imerso num ambiente que ofaz e que

e feito por ele, como conslste numa lnter-acao mediante a qual recebe e fornece elementos

essenciais de saude e doenca, Se urn adoece, contamina 0 outro e vice-versa. Se sara,

idem.

Nao e questao de apenas reconhecer com a psicoterapia que escusa tratarmos a

neurose, caso ao indivfduo envolva um ambiente neurotizante; nem de com a infectologia,

que a do melo que ele absorve e ao qual transmite micr6bios e virus. E sim de muito mais

averig1uarmos que ele a urna inter-acac continua e lnevitavel com 0 ambiente, mediante

desde 0 ar que inspira e expira, do alimento que extrai dele e nele dejeta, das press6es

94

Arq. Cons. Regional. Med. do PRo

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rmais variadas de clima, barulho, agressao atlca, estatlca ou intelectuat, que sofre e provoca.

Enfim mediante uma continua e lnescapavel estimula~o tanto positiva, caso ele e 0

ambiente sejam relativamente saudilvels, quanto negatlva, no caso oposto.

De modo que a ooenca, que 0medico se propoe a curar, melhor, a preventr, melhor

ainda a saude que visa a incentivar, nao pode, sob certeza de fracassar, aglr como se 0

individuo existisse isolado, como pois se tratasse dum aparelho a parafusar ou lubrificarcom certas subsUincias ou aparelhos: de bom ou mau grado se obriga a encarar, alem do

paciente no consult6rio ou hospital, alem dos remedios e cirurgias, para 0 mundo e a

sociedade em que a pessoa vive e respira e sa comunica a traoalha.

Claro, este mundo Ihe escapa, s6 pode mediante medicamentos ou esctarecimen-

tos, influir diretamente sobre 0organlsmo do Individuo, escapando-Ihe qualquer influencia

maior sobre 0ambiente como um todo. Mas, se for honesto e coerente, atico, reconhecera

que e vao 0esforco dele em prot da sauoe, se, tentando curar ou prevenir os males fislcos,

devolver 0 paciente a um meio contaminado e contaminante. Que a etica, injun<;ao deprocurar 0bem (sauce) da pessoa e Ihe evitar 0mal (dcenca), extrapola os limites estreitos

da profissao e 0 faz interrogar como e ate que ponto consequlra influir sobre sobre um

ambiente que ateta irrecusavelmente ao paciente. Exemplo premente e 0 da aids, que,

rnals do que tratar de eliminar urn virus, trata de todo uma conduta sexual social, de toda

uma rnentalidade em relacao ao sexo e portanto de toda uma visao do homem, da vida e

do futuro.

Obviamente a acao do medico individual se limitara e cevera limitar-se ao paciente.

Nao cabe a ele prom over gran des reformas e revolucoes sociais, mas, se cada medico ea pr6pria medicina, como e pesquisada, ensinada e pratieada, se eonseientizarem da

relacao estreita entre individuo e ambiente, dirigirao a eieneia medida para um rumo

inteiramente novo: aquele que procura 0 bem (saude do homem, a integridade humana,

num mundo que poria a pessoa aeima de tuco e poria tuco em fun<;ao da pessoa, num

mundo etieo portanto, nao porque obedeca a codigos antigos, veneravels e antiquados,

mas porque, mais do que por causa dum sueesso parcial embora importante no tratamento

duma doenya ou doente, contribui para a formacao dum ambiente humano: aquele que e

bom porque nos faz bern, aquele que, mais ao ponto, e sadio, porque sadios somos n6sque o1ormamos.

4. Pr8tlc8. Se perguntarmos agora como e em que pode 0medico agir eticamente

em concreto, isto e , procurar 0bem real do homem, a sauce integral deste, a integridade

dele, e claro que nao se trata de ele atiliar-se a e militar em movimentos ecol6gicos, que

os desviariam da rnissao especifica dele: nem seria um medico eticamente correto

(interessado que estaria noutros assuntos) nem urn ecologista eficiente, pois a preparayao

dele 0 levaria noutra direyao. Enquanto se preocupasse com 0meio ambiente, esquecer-

se-ia do paelente concreto, que necessita dele aqui e agora. Mas tarnbern, se nao quisertrustar-se na tareta curativa e preventiva, se nao alimitar a um ganha-pao ou fortuna, que,

por mais que 0 sustentem, nao 0 realizam profissionalmente, tera de descobrir como e

onde, mediante a acao medica sobre 0 individuo agirii sobre 0meio ambiente e vice-versa.

Talvez nao tenhamos percebido como esta posioao revolucionluia nao s6 a medi-

cina, como a propria questao elica. Esta tem se restringindo a ensinar (baseada em que?),

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que certas condutas medicas sao certas e outras erradas, que born eticamente e 0medico

que adota as "certas"e evita as erradas·. Num mundo porem crescentemente consciente

da Interdependencia entre 0 homem e 0ambiente, essa estreita conduta nao basta mais:

na pratlea a etiea medica se ampliou ao tamanho do mundo e da sociedade. E se resume

neste raclocfnlo: se a meta e a saude, se atico a 0medico que sana 0homem, se no entanto

homem sadio depende do amblente sadio e vice-versa, na medida em que sanar 0homem,contribuira para conscientizar a si e a ele da importancia da sanidade ambiental; e

vice-versa, na medida em que for sanado 0ambiente, 0 homem adqulrira mais condiyoes

para tornar-se sadio.

Evadimo-nos pois da estrelta e tacanha nocao do medico como receitador de

remedies, anestesiador de dores ou cortador de tecidos e 6rgaos ... ou da tictfcia e

sentimental6ide nOl;aO dele como sacerdote dos corpos em oposiC;ao ao das almas ... e

partimos para, num mundo em expansao, a meta do medico como a maior contribuidor

para a salide dum homem que prolonga0

ambiente e a quem0

ambiente prolonga. Emconcreto ele nao se contantara mais com receitar um rernedio, que, embora eficaz, nao

intluiria em nada sabre a ambiente, a qual, mesmo que nao 0 adoecesse, 0 impediria de

desabrochar; ou em operar um organismo decadente, para Ihe restituir um funcionamento

normal, que logocontinuara afetado por clrcunstanctas adversas. E sim trabalhar, por mais

humilde e ocultamente que seja, a tim de melhorar (sanar) 0 ambiente em que 0 homem

vive e trabalha neste ambiente. Apenas assim escapara nao so da irrelevante nOl;ao de

etlea medica como um conjunto de preceitos limitadores e infundados e antiquados, como

dafrustat;tao de estar sempre entrentando novas doenc;as, sem que jamais atinja 0objetivo

da saUde. A etica medica conslstira numa atitude e de quanta depende dele contribuir para

um ambiente sadlo, que sana 0homem e um homem sadio que sane 0ambiente.

E aqui tocamos no cerne da questao, Nao e 0ambiente que adoece 0homem, e 0

homem que adoece 0ambiente. E portanto, na medida em que se sanar 0hom em, em que

o caso 0medico, 0esclarecer que a saude dele depende nao tanto do rernedlo quanto de

ele criar um ambiente saudavel, e que atingiremos a saude: nao apenas um funcionamento

flsiologico relativamente perteilo, mas como na etimologia: salutem = salvacao ou conser-

vacao e ampliac;ao da vida.

5. Superpopula98o. Pormenorizando: no que e que 0homem tern mais pervertido

e dessavado 0 ambiente e ate que ponto deve 0 medico eticamente orientado interterir

nlsto, evidencia-se a resposta: embora nem os ecologistas nem lamentavelrnente a Rio 92

e ten ham quase mencionado, a destrulcao do meio ambiente (e consequente adoecimento

do homem) galopa nas costas da superpopulacAo: nosso planeta e um ecossistema fnlgil

demais para suportar est a multldao descontrolada de humanos, nao suporta a coexistencia

e convlvancla de tantas especies com uma que se descontrolou numericamente. E que

portanto nao so vai esgotar, pela simples quantidade, os recursos necessaries ate parasobreviver e em consequencla destruir-se (como j i l . acontece na India, China e partes da

America latina), num nivel de doenca, sordidez e indignidade. Quando nascerem mais

cem milhOes de brasileiros, 0que tarao, aonde irao, senao ocupar e derrubar a Amazonia,

par mais que as ecologistas berrrem a favor da preservacao das florestas e especies

tropicais?

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Se os medicos t6m se ocupado nAo s6 em salvar as vidas mas de sana-las, no

sentldo de contrlbuirem para uma saude sem a qual nAo vale a pena ser vlvlda, hOle em

dla deve mudar-Ihes a ca~a a questAo e a consciencia do melo amblente, a menoa que,

seja sob que pretexto for, se reslgnem a uma impotencia crescente (pols a deterior89Ao

do meio ambiente inutilizara quaisquer esfo~os em prol dum homem sadlo), cumpre-Ihes

reconhecer, superando, superando 0 conservadorlsmo e aderlndo a evoluCao: a grandedoenc;a, para sanar e sobretudo prevenlr a qual tem de contrlbuir uma mediclna atlca, a a

sub-humanldade, a 0 homem nAo conseguir vlver como gente, sobreviver ata abalxo do

nivel animal. Porque nao s6 mals infeliz do que este, como sobretudo aquem das proprias"

potencialidades.

Se 0 medico antigo era venerado por acorrer as populacOes sas mais carentes e

vaclna-las e medica-las, atenuava os efeltos sem atlngir as causas. Ora uma etica medica

honesta, etacera as causas, mediante 0que ellmlnara os eteitos, Ora a causa prlmarta da

sub-humanidade e consequents destruicao lrnplacavel do meio ambiente a a superpopu-lacao: ha gente demais para recursos de menos, gente de mais para possuirem recursos

que os humanize, como triste e inativamente assistimos neste Brasil, onde se muitiplicam

as crlaneas de rua, sam que se tome nenhuma medida concreta, nem mesmo por parte

duma medicina que se diz e se quer atica, para extirpa-Ihe a causa: a orccrlacac indesejada

e indssejavel.

Concluimos logo que nao t il mais etlco 0 medico e a fortiori a medicina que se

contentam com obedecer 0preceito tradicional de fazer 0bem quase como filantropia. Pelo

contrarlo a evolucao etica se faz noutra direCao: se a quantidade se opoe a qualidade e se

s6 a qualidade justifica a vida; se a quantidade e ma para 0homem como pessoa porque

dificulta e ate impossibilita a humanidade da vida - etlco a aquele que promove a qualidade

da vida (saude), nao aquele que a promove sem qualidade e ate contra ela (doenca). Se

a doenca mais grave, porque base de todas as outras, a a sub-humanidade, cabe amedicina e ao medico a conduta etica de impedir a sub-humanidade, fornecendo recursos

para 0cerceamento da quantidade.

Outrora a medicina se empenhava e salvar 0 maior nurnero de vidas passivel

baseada no hoje questionado e questionavel pressuposto de que qualquer vida a sagrada.

Em conseq~encia interferiu na selecao natural e conseguiu sobrevivessem milhoes que

ela eliminaria, porque careciam das minimas condicOes para uma existencia hum ana. Fol

uma conquista cientfficamente notavet, que atualmente tem de evofuir para uma mais

notavel ainda: a de partir da quantidade para a qualidade. Nao a atico, nao e decente, nao

a humano, salvar uma vida sem se importar se ela possulra as minimas condicoes para

tornar-se humana. A vidas6 merece ser vivida na proporcao em que a humanlzavet, Oai

que se deve esclarecer par um lado e por outro fornecer as recursos para que ela cresca

em qualidade. E esta a etlca medica atual; ao Invas se contradiria de todo urna detertoracaoantl-enca: aqueta que contribuisse para urna deterioracao da vida humana (suc-humanl-

dade) e em consequencia do meio ambiente que a sustenta. E a isto nos conduzlrla a

mentalidade conservadora, ainda prevalente em parte dos medicos, de que absurdamente

Ihes cabe eximir-se de qualquer atitude neste assunto. Enquanto a ornlssao deles contribui

o rnais poderosamente passlvel para que, explodindo em quantidade, a vida, a qualidade

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da vida vA se detiorando irremediavelmente.

No fundo a elica, medica ou nlo, e uma questao de amor a vida. Ou 0homem (e 0

medico) se ama suficientemente para promover uma vida decente, para s6 aceitar uma

vida humana e portanto em harmonia com 0ambiente; ou destrot ao ambiente e a sl mesmo

mediante uma procriacao exagerada e desrespeitosa. Mais ao ponto: ou medico e medicina

se conscientizam de que hOje cabe a ales mals do que a ninguem a autoridade, nao dosditadores ou politicos mas da ciancia, limltar a quantidade de vidas, a fim de Ihes melherar

a qualidade, ampliar 0 conceito de saude para 0 de integridade humana, para 0 de

humanidade, pots sadio e 0 homem que e humano ao mAximo e humano ao maximo eaquele que se harmoniza com 0 ambiente necessarlc para hurnanlza-to. E : isto que a

quantidade impede irremediavelmente.

Isto significa que 0 medico e a medicina eticamente orientados (nao financeiramen-

te, interesseiramente, politicamente ou tradicionalmente orientados) nao apenas van

descontinuar a mentalidade curativa do passado, por mais necessAria que tenha sido econtinue a ser; nem so que vao contrlbulr mediante a pesquisa crescente e a pratlca

cotidiana para esclarecer e fornecer os recursos para uma limita~ao eficaz da natalidade,

mas que compreenderao a fun0;:80deles como nao meramente receitadores de remedies

ou consertadores de organismos, e sim como a de humanizadores do homem: contribuir

eficazmente para que 0 homem seja fntegro=inteiro=sadio=realize aquilo que existe

potencial mente na natureza deles: a humanidade, entendia como desabroehamento global

(Hsico, mental e social e como para isto ele precisa de ambiente sadio e integro tarnbem,

a este recorra e conserve com esse intuito. E como 0 maior inimigo desta integridade,sauce, hurnanizacao, ambiente e a quantidade, empenha-se em reproduzlr-se qualidade

nao quanti dade.

Esta € I que seria a atitude medica mais etica para com 0 meio ambiente: a de

contribuir para que, em vez de consumHo e afinal eomsumir-se uma massa lnsaciavel, se

estabeleca 0 clrculo virtuoso do homem que procria em harmonia com 0 meio ambiente e

dum meioque sustenta esta procriacao harmoniosa, ninguem mais doque a medicina pode

e deve encarregar-se desta fun~ao. Se ou a preterir ou a desconsiderar, tudo 0que charnar

ainda de etlca medica se reduzlra a auto e hetero-engano.6. Eugenia. Medico e.medieina eticamente motivados encaminhar-se-iam para aos

poueos (porque populam ainda os tabus contra ela) para uma dire~ao mais ousada: a da

eugenia. Por que senao por preconceitos (doutrina~Oes anti gas) ou confusao-lqnorancla

(confunde-se com genocidio!) evlta-se a t a toear neste topico? Por que se apliea sem

hesltacao aos animais, como se importasse mais produzirmos bichos apertelcoados do

que filhos rnais sadios? Par que nao se extirpariam geneticamente as dosncas que hoje

nos limitamos a curar quando possivel ou a tolerar quando nao? E por que, mais

radicalmente, nao desenvolveriamos qualidades superiores que hoje nos restringimos aapreciar, quando aparecem por acaso?

Custa compreendermos que um homem eugimico se harmonizaria melhor consigo,

nao s6 com 0 meio ambiente, mas consigo e com os semelhantes, dotado que seria de

maior humanidade? E que portanto em ultima analise e num progresso dec is ivo, al se

ofereceria a resposta para todo 0 conflito existente entre homem e meio ambiente, entre

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homem e homem, entre saude e doenca, entre vida sub-humana portanto digna de ser

vivida porque crescentemente humana, entre medico antl-etico, porque indiferente aqualidade de vida e etica medica, porque poe esta a qualidade acima de tudo.

3. CONCLUSAO

Para a maioria dos medicos, que nos consultorios e hospitals se dedicam a curar

ou prevenir doencas, tudo isto soara como divagac;ao tsorlca. Gostariam de saber qual a

atitude etica na pratlca deles. Mas 9 das grandes vis5es que se origin am as acoes mais

nobres. E mesmo a medico mais humilde s6 ganhara com abrir a cabeca: como com preen-

der-se nolo qual mero rnecanico ou quimico ou encanador do corpo e slrn como alquem

cuja conduta etica vai contribuir grandemente para a evolucao humana. E esta conduta

etica conslstlra em algo simples embora dificultado pelo preconceito: que Ihe cabe incen-

tivar tudo 0que for bom para 0 homem e desestimular tudo 0que 10r mau. E que bom para

a homem e aquilo que 0 humaniza, mau 0 que desumaniza. E que, lenham sido como

tiveram outras epocas, nao 8 nelas que vive e sim na nossa. E na nossa 0 que mais

desumaniza 0homem e antes de tudo a quantidade, a superpopulacao que destr6i a meio

ambiente necessaria para a saude integral dele. E que a que 0 humanize e a qualidade

resultante duma harmonia como meio ambiente, a qual exige que, antes do que multipli-

car-se destrutivamente desabroche nas qualidades que, em vez de 0 rebaixarem a um

mero perpetuador da especie, a transformem em individuo sao e sandor.

Toda esta questao de relacao entre meio ambiente e etica medica, 8 muito simples:

cabe ao medico nao tornar-se um ecologista com nome de medico au medico especializado

em ecologia e sim simplesmente indagar-se: como vou contribuir para a sauds, 0 bem,

deste paciente e Ihe evitar 0mal? Ja que ele vive em inter-acao com a ambiente? Como

you contribuir para a saude, 0 bem, deste ambiente e Ihe evitar 0mal, ja que 8 nele que 0

paciente vive? E a res posta e 6bvia: niguem mais do que urn medico e uma medicina livres

de preconceitos e donos de recursos inauditos, consequira contribuir mais para a qualidade

de vida, a cornpreensao de que 0 indivfduo que respeitar sera respeitado, e que contra lsso

tudo esta a quantidade.

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Ac6ROAo

P RO CE SS O E TIC O ·P RO F IS S IO N A L N R 01 2 1 88

DENUNCIANTE - CRM/PR

DENUNCIADO - DR. JOAO SAID SALLUM

RELATOR - CONS. ELIAS ABRAo

REVISOR - CONS. SERGIO AUGUSTO DE MUNHOZ PITAKI

Ac6ROAo - 007192

EMENTA - ATENDIMENTO POR ACADEMICO EM PLANTAo DE PRONTO SOCORRO· MEDICO

RESPONSAvEL NO CENTRO CIRURGICO - IMPOSSIBILIDADE DE EXAME NO

MOMENTO-DENUNCIA IMPROCEDENTE.

Se nae houve prova conclusiva de falla de atendimento no plantae do Pronto Socorro

nao sa pode irnputar ao denunciado a figura da cmiseae de socorro.

Relevante 0 fato de na ccaeiac 0denunciado encentrar-se com eperaeao de emergen-

cia, impossibilitado de atender 0 paciente no Pronto Socorro.

Vistos, discutidos e relatados estes autos de Processo Etico-Profissional sob ng 012188,

em que ~ denunciante 0 Consalho Regional de Medicina do Estado do Parana e

denunciado 0DR. JOAo SAID SALLUM.

ACORDAM

O. membros do CPNSELHO REGIONAL DEMEDICINA 00 ESTAOO 00 PARANA, por

unan imk f ac l e , na f o rma d08 votos d08 S e nh of8 a A e la to r e R e vis or, e m H A o ACOLHER a im p u ta ~ o

felta ao denunciado, de in fra yio a o a rt lg o 35 do C6d l go de E t i c a Me - d i c a , conforme Ata nQ634, de

17 de ag08to de 1992.

Curifiba, 18 de agosto de 1992.

CONS. ELIAS ABRAo

Relator

CONS. WADIR RUPOLLO

Presidente

10 0

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oDIREITO-

DOS JUIZES

Paulo Heerdt'

1. INTRODUCAO

Na expressao de Winfried Hassemer, desde 0 infcio do atual seculo, a leoria do Direlto e 0

ensino metodol6gico compreendem-se como sendo, preponderantemente, 0debate da polaridade da

norma legal de um lado e da sentenya judicial de outro 1•

o debate acentuou-se a partir das codiJieayees das lei e das obras juridicae que passaram a

ditar as normas ao Juiz, determinando como dave decidir os casos a ale submatidos, tendo como

consequEincia natural a vinculayao do julgador a lei.

A existincia das CodificayOes alatou a atingiu de rnanaira substancial a arrao do Juiz a,

consequenlemente, ficou a indagarrao a respeilo de que funrrOes deve desempenha~;' na arrao do Juiz,

e de que forma deve ser compreendida a sua vincularrflo a norma legal. A res posta asta em que grau

se deva enlender a coatividade da lai sobre a atividade judicial2.

De urn lado, suatanta-sa que 0 Juiz deve subsumir 0 case concreto na norma codificada,de

tal sorte qua a sentenrra ssta correia quando somante apllca a lei, sem nada acrescentar ou subtrair.

A decisao do Juiz nao tem outra funrrao do que a de concretizar 0contaudo da norma legal,da lei para

e no case a ser decidido. A vincularrflo do Juiz Iinorma lagal iIcoativa (Zwingend). 0 ideal de saguranrra

e certeza do direito (Rechtssicherhell) parsce ter side alingido. As decisOes judiciais individuais sao

ab inaio prognoalicaveia, pols que desembocam da norma juridiea pre-Iormulada3.

Eala ideia,em realidada,e antiga. Oesde a epoca do lIuminismo penscu-ee eslabelecer a

seguranrrajuridica absojuta.atravse da norm as rigorosamente alaboradas,especialmente para garantir

uma absoluta univocidade a todas as decisoes judiciais e a Iodos as alos administrativos.

Ainda recenlemenle - como lembra Karl Engisch - expOs Bockenlmann, mais uma vez tal

concapcao, em tarmos preciosos: '0 Tribunal, ao aplicar a Oireilo, deve luncionar como um aulonomo,

com a unica particularidade de que 0aparelho em lunrrao nao e urn mecanismo automiltico, mas um

mecanismo IOgico·4.

No dizer ainda de Engisch, a desconflanca que havia chamado sabre ai os Juizes no Periodo

da Just~a de arbilrio e da gabinele (quer dizer, de uma justiea que sa acomodava a s instrurroes des

senhores da terra), e, por outro lado,a adorarrao da lei anlrnada por um espirilo racionalisla, fizeram

com que a aatrila vincularrao do juiz it lei se tornasse um postu lado centrals. Oaf a chagar-se ao exagero

• JUIZ de aleada e Professor de Oireito Civil e Processo Civil do Rio Grande do Sui

1 HASSEMER, Winfried. 0 Sistema do Direito e a Codificafio. A Vinc:ula>iio do Juiz a Lei. Rev. AJURIS, 3&'80.

2 Idem, Ibidem, p. 181.

3 Idem, Ibidem, p. 182.

4 ENGISGH, Karl, Introdut;ao ao Pensamento Jurfdico. Lisboa, Caloustre Gu/benkian, 3" ed. p. 170.

5 Idem, Ibidem, p. 171.

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loi um passo,pois que se astabeleceram insustentavale proibiltOes de interpretar a comentar a lei. 0

Juiz deveria ser escravo da lei.

No decurso do sec. XIX percebeu-se, porem, impraticilvel 0 postulado, pois nao e possivel

elaborar as leis com tanto rigor e lao exalas, de modo que toda a duvida quanto it sua apllcacao seja

afastada6•

A madida em qua os Tribunais se foram libertando do poder dos senhores da terra e passaram

a ter autonomia, como verdadeiras autoridades judlclals indepandentes, passou-se a psnsar ser licitodessmbraJ;:a-los das amarras da lei, a fim de disporem eles daquela liberdade de decisao, de que

precisam para dominar a vida na pluralldade de suas forrnas e na sua imprevisibilidade7.

No inicio deste seculo, passou ao extremo oposto com a Escola do Direito Livre, ancabscada

por Kantorowicz (Der Kampf um die Rechtswissen 1906) e Eugen Erhlich (Freie Rechtsfindung und

freie Rechtswissenschft, 1903)Na prime ira obra, como se sabe, Kantorowicz publicou,sob 0 pseudo-

nimo de Genaeus Flavius, 0 programa do Direito Livre, do qual depois Erhlich foi seu defensor.

Afirmava entre outras coisas8que, ao lade do Direito Estatal, se apresenta como igual. pelo

menos em potsncla e em influencia,o Direito Livre. produto da obra juridica dos membros da

sociedade,a ciencia do Direito e das sentenyas dos Juizes.Descrevendo esse novo movimento. Alfredo Buzaid salienta que dele partriciparam varies

juristas da mais alta autoridade, todos empenhados na busea de medidas tendenles a solucionar 0

problema das lontes do Direito e dos limites ao poder de 0 Juiz lormar livremente 0 Direit09.

o pensamento de urn deles (Oscar von SuUow) foi assim sintetizado por Chiovenda: '0 oficio

do .Julz sa raallza com base em uma opsracao logica, mas nao se reduz a um simples silogismo. A

sentenya, como vontade concreta,se diversilica da lei, obriga com lorya maior de uma simples norma

abstrata. Um puro Juizo logico pode fazer-se tambsrn pelo particular, mas 0 particular nao pode

sentenciar. nem condenar. Se 0 Juiz nao devesse ssnao declarar a lei, 0 objetivo da ciencia juridica

se reduziria ao conhecimento de normas [a contidas na lei. 0 proprio florescer da clsncla juridicademonstra 0 contrario, Hisloricamente 0 Juiz aparece a princlpio livre em seu julgamento, conquanto

orientado pelo senso comum juridico ou pelo costume: € I gralta it obra dos Juizes que se forma

lentamente a legislayao'10. Rudolf Stammler destacava que 0 Direito tem 0 sentido de que seus

preceitos sejam fundados intrinsecamente. E lodo preceilo juridico deve estar sempre em busca do

justo".

Apostando no equilibrio. Karl Engisch valicionou que as leis sao hoje, em lodos os dominios

juridicos, elaboradas de tal forma que os Juizes e os funcionarios da admlnlatraceo nao descobrem e

fundamentam suas decisOes tao somenle atravss da aubsuncao aconceitos juridicos fixos, a conceilos

cujo conteudo seja explicilado com seguranij:a alraves da lnterprstacao.rnas antes sao ohamados avalorar autonomamente e, por vszas, e decidir e a agir de modo idenlico ao do legislador. E assim

continuara sendo no futuro. Sera sempre quastao de uma maior ou menor vinculacao it lei'2.

Tambam Francois Geny assumiu poslcao de equilibrio, pois que, segundo ele, a ordem juridica

pcsltiva de um pais nao esta jamais plenamente satisfeita pelas disposiyoes de suas leis escritas. E

ainda que se desenvolvam estas numa logica precisa e que delas se lire tudo 0 que pode dar uma

aplicacao intensiva das faculdades intelectuais para a penetrayao de um texto redigido por homens,

6 Idem, Ibidem, p. 171.

7 ENGISCH, Karl. Op. cit, p. 171.S TREVES, Renata. Introducci6n ala Sociologia del Demcho. Madrid, Taurus Ed. 1978, p. 59.

9 BUZAID. Apresenta9fja cia obra Hermeneutica Jurfdica de Francisco de Paula Baptista. Ed. Saraiva, 1984, p. 3.

10 CHIOVENDA. Giuseppe. Principi di Viritta Processuale Civile Napoles. 1965p. 70.

11 STAMMLER. Rudolf. Apud Alfredo Buzaid, op. cit.

12 ENGUCH, Karl. Op. cit. P 172.

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fica-sa abaixo das necessidades a que corresponde 0 ideal do Direito. As Rela~Oes humanas sao

muito numerosas, muito complexas e mutaveis, para encontrar um regu lame nto suficiente em algumas

formulas verbale, editadas em um delerminado momenta e em prasenea de uma situa~ao impossivel

de abranger em um unico relance de olhos, que se trate de distinguir entre os fatos da vida

social,quando mere~am aancao publica.quer tendam a determinar as condicoas, a natureza e os

eleitos desta solu~ao13.

Mais tarde, Hans Kelsen, tratando da lnterpretacao da lei, magistralmente conclui que: ·0atejuridico que efetiva ou executa norma pode ser conform ado por maneira a corresponder a uma ou

outra das varias significa~oes verbais da mesma norrna.por maneira a corrssponder it vontade do

legislador - a determinar por qualquer forma que seja - ou, entiio, it expressiio por ele escolhida, por

forma a corresponder a uma ou outra das duas normas que se conlradizem ou por forma a decidir

como se as ...oas normas em contradlcao se anulassem mutuamante. 0 diraito a aplicar forma, em

todas estas hip6teses, uma moldura, dentro da qual exislem varias possibilidades de aplicacae, pelo

que e conforme 0Diraito todo 0ato qua se menlenha dentro deste quadro ou moldura, que prencha

esta moldura em qualquer sentido posstvet"!".

A interpretacao de urna lai - assinala 0mestre de Viena - nao deve necessariamente conduzir

a uma unica sctucao.mas a varias - que tern igual valor - se bem que apsnas uma delas se torne Direito

Positivo no ate do argao aplicador do Direito, Dizer que uma santenca judicial e fundada na lei niio

signilica. na verdade. ssnao que ela contsrn dentro de moldura ou quadro que a lei representa; nao

significa que ela e a norma individual, mas apenas que a uma das normas individuais que podem ser

produzidas dentro da moldura da norma geral'5.

Entre nos, Carlos Maximiliano confessa sua prelerencia por um meio termo.destacando no

prafacio da primeira ediyiio de sua principal obra que adotou a medianeira entre as astraitez as do

passado e as audacias do futuro; esposei a doutrina consagrada, vigenle, ace ita pela maioria dos

juristas conternporansos'J''.

Modernamenle, de forma vigorosa,ressurge 0debate.,Na liyao de Juarez Freitas, '0problema

da injusti~a das leis torna-sa, nao rare, centra, mormente quando e imenso 0 contraste entre os valores

do ordenamento juridico positivo e 0 santimento de justi~a preponderanle na sociedade,a que e - oudeveria ser - epistemologicamenle,a fonle juridica por excelencia,17.

o correto - alirma - e sustentar que a lei, quando rschacada pela maioria da poputacao,

sobretudo palos espiritos desinteressados, e a tal ponto dsspotica, qua falecem seus alributos de lei

ou se infirman parcialmente, per nao conseguir ser uma imagem fisica da lei Social18.

De sua vez, 0 Juiz Amilton Bueno de Carvalho sustenta que a lei injusta neo deve ser aplicada.

Evidenle que 0 Juiz deve pensar a lei em todas as possiveis interpretacoss a, niio encontrando nela

respaldo para 0 justo deve nega-Ia. porque os anseios sociais assim 0exigem 19.

E acrescenlando 0magistrado; ·0mundo do Juiz, 0 seu campo de luta.,« local onde raaliza

sua obra de arte.sua fonte de raalizacao pessoal,e onde sela seu compromisso com a sociedade,e no

reinado do caso concreto. Ali eie e soberano para buscar a justica, Ao legislador cabe a crlacao de

normas genericas,tao-so,,20.

13 GENY, Fran90!S, Methode d'interpretation et Sources en Droit Prive Positive. Paris, 1932, 2/404.

14 KELSEN, Hans. Tooria Pura do Diretto. Armenio Amado Ed., Coimbra. 4' ed.p.466.

15 Idem, Ibidem. p. 467.

16 MAXIMILIANO. Carlos. Hermeneutica e Aplica.,ao do Diretto Forense, 1()J ed. o. XIII.

17 FREITAS. Juarez. A Substanciallnconstitucionalidade c ia Lei injusta. Ed. Vozes, Perr6polis. 1989. p. 13.

18 Idem, Ibidem, p. 13.

19 CARVALHO, ammon Bueno de. Rev. AJURIS 39/144.

20 Idem. Ibidem, p. 145.

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2. Os Crlterloe de Interpreta~o da Lei

A hermenGutica classica,como exposta por Karl l.arenz, sempre sustentou que, se a interpre-

ta~ao nao deve serdeixada ao arbftrio do interprete, mas decorrerde modo seguro e ccmprovavel.sn-

tao e preciso ter determinados criterios de interpreta~ao,em conformidade com os quais 0interprete

deva sa guia~1. Tais criterios !oram desenvolvidos pela metodologia juridica.

Ja Savigny distinguia os elementos gramatical, l6gico, historico e sistematico. E - segundo

Larenz - assinalava tambsm que estes distintos elementos nao podiam ser isoladas, mas deviam

sempre atuar conjuntamente22.

Alertando que seus crlrsrlos de interpretali'ao s6 parcialmente coincidem com os de Savigny.

sustenta Larenz que toda a interpretali'aO de urn texto ha de iniciar-se com 0sentido literal, por tal

devendo entender-se 0significado de um termo ou de uma cadeia de palavras no use lingu isfico gerar.

Poda-sa - diz 0 [urista - aeaitar que aquele que quer dizer algo usa as palavras no sentido em que

comumente sao entendidas. 0 legislador ssrva-sa da linguagem corrente, porque se dirige ao cidadao

e deseja ser entendido por ele. Alem disso, serve-se em grande escala de uma IiRguagem tecnico-ju-

rfdica especial. na qual ele se pode expressar com mais pracisao e cujo uso 0 dispensa de muitos

esclarecimentos circunstanciais23.

A linguagem da lei nao se deve distanciar demasiadamente da linguagem comum, pois que,

alsrn de facilitar a a~ao do interprata, e destinada ao povo que deve entands-la para cumpri-la,

o nosso C6digo Civil, per example, quando usou a axpreasao 'Ioucos de todo 0genero'. como

sendo incapazes e sujeilos a inlerdi~ao, nao poderia ler sofrido tanlas criticas,pois qualquer passo a

sabe que louco e aquele que tem deficiancias mentais e nao lisicas.

Ja 0 Decreto nO24.559/34. utlllzando-se de expressiio diversa, ou seja, 'peiccpatos'. para

designar 0doants mental, gerou duvidas, pois sequer a Medicina Legal ou a Psiquiatria sabem precisar

quem possa ser classificado como psicopata.

Quanto menes 0 sentido literal- afirma Larenz· conforme 0 uso linguistico geral ou, tambam,

conforme a urn uso linguistico especial, for capaz de fixardesde logo de modo definitivo 0 significado

de uma exprassao, tanto menos se dovara prescindir de seu conhecimento. devendo, pols, per-sa em

marcha 0 procssso do compreender mediante 0 de interpreta,24.

Invocando Meier-Hayoz, ensina que 0 teor literal tern urna dupla funcao: e ponto de partida

para a indaga~ao judicial do sentido. e traca. ao mesmo tempo. os limites da sua atividade intarpreta-

tiva. Uma intsrpratacao que se nao situe jil no ambito do sentido literal possivel. ja nao e interprataeao.

mas modlficacoes do sentido25.

o critsric sistematico de Savigny. denominado por Francisco de Paula Batista como sendo 0

elemenlo cientific026, e Iralado per l.aranz como 0 'crltsrio significativo da lei'. Entre as varias

interpreta~oes pessiveis segundo 0 sentido literal, deve ter prevalencla aquela que possibilita a

garantia de ccncordancia material com outra disposiyao27 .

Norberto Bobbio, tratando de unidade do ordenamento juridico,saliente que,por mais nume-

rosas que sejam as fonles do Direilo num ordenamento complexo, tal ordenamento constitui uma

21 !ARENZ, Karl. Metodologia da Ciencia do Direito. Lisboa, 2" ed. p. 384.

22 Idem , Ib idem , p. 385.

23 Idem . Ib idem . p. 386.

24 !ARENZ, KarL Op. cit. p. 386.

25 Idem , Ib idem , p. 387 .

26 BAPTISTA. Francisco de PaJla. Hermeneuuce Juridica. Ed. Saraiva. 1984 p 14

27 /.ARENS, Karl. op. cit. p. 391 .

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unidade pelo fato de que, diretaou indiretamente, com voltas mais ou menos tortuosas, todas as fontes

do Direito podem ssr remontadas a uma (mica norma28•

Jil a criterio hlstorlco, segundo Larenz, corresponde iIindaga~ao da inten~ao reguladora do

legislador htstcrico. A intencao reguladora do legislador e as decis6es valorativas por ele encontradas

para alcancar manifestamenle esse desiderato continuam a ser arrimo obrigatorio para 0 juizo,mesmo

quando adequa a lei, por via da intsrpratacao teleolOgica ou do desenvolvimento do Dire ito , a novas

circunstancias, nolo previstas pelo legislador historlco, ou quando as complementa.29

Admite, porarn, qua saria lnutil invastigar as ideias de todas as pessoas que tornaram parte

no processo legislativo ou, palo manos, daqualas qua aprovaram a lei. Nem ssrnpra tats ideias podem

ser conhacidas e, sa pudassam, rnuitas vazas sariam divargentes.

Estas dificuldades. como sa saba, daram margem a inlindavel polemica antre a teoria

subjetivista au teoria da vontade do legislador (Windschaid e Bierling) a a taoria objativista,ou teoria

da interpretacao imanente a lei (Kohler, Binding e Wach),contrapondo ~ mens legis ~ mens legislatoris.

Na lit;:ao ainda da Laranz, nenhuma dalas pode ser aceita sem limites. A verdade da prirnaira

ssta em qua alai jurldica.ao inves da lei naturat.a feita por homans a para homans, e sxpressao da

uma vontada dirigida a criacao da uma ordam tantoquanto possivel justa e adequada as necessidadesda sociedade.

A verdade dasegunda esta em que a lei, logo que aplicada.irradia uma acao qua Ihe e peculiar,

que transcende aquilo que 0 legislador tinha intentado.

A lei lntervern em ralacoaa de vida diversas em mutacao, cujo conjunto 0 legislado nae podia

tar abrangido,e da resposta a queetoes que 0lagislador ainda nao tinha colocado a si proprio. Adquire,

com 0 decurso do tempo, cada vez rnais uma vida propria e se afasta das ideias de seus autores.30

Por lim, aponta Larenz a criterio teleoI6gico-objetivo,assevarando que os fins que olagislador

tenta realiazar por meio da lei sao fins objativos do Diraito, como a manutsncao da paz e a justa

rasolucao dos litigios,o equilibrio de uma regula~olo no sentido da ccnslderacao optimizada dosintarassas qua sa encontram em jogo, a protecao de bens juridtcos e um procedimento judicial justo.

Alem disso, todos aspiram a uma regula<;ao materialmante adequada. S6 quando sa supusar

esta intencao de parte do lagislador, sa chegara, por via da interpretacao, a resultados que possibilitam

uma solucao adequada tambem do caso ccncretc ". lnterpretacao teleolOgica quer r'izer tnterpretacao

de acordo com os fins cognosciveis e as ideias fundamentais de uma regulamentat;:ao.

Invocando Friedrich Muiler, criador da exprsssao 'dominio da norma', larenz diz que a norma

juridica nao e nenhuma forma vertida autoritariamenta da realidade, mas uma consequancia ordena-

dora e disciplinadora a partir da estrutura material do proprio setor social regulado32.

A par desses criterics clasaiccs, nao podemos deixar de lembrar a advertencia de CarlosMaximiliano,feita nos prlrnordios do sacuto atual: 'A intsrpretacao sociol6gica atende cada vez mais

as consequencias provavsts de um modo de entender e aplicar determinado texto; quanto possivel

busca uma conclusao bene-fica e comparavsl com 0 bem geral e as idelas modernas de protecao dos

fracas, de solidariedade humana. Faca-se justit;:a, porem de tal sorte que 0 mundo prossiga 0 rumo

de seus altos destinos,33,

Os mestres contamporaneos - adverte 0 hsrmaneuta.lnvocando Franorois Geny • introduzem

28 BOBBlG, Norberto. Teoria do Grrienamenlo Jurfdieo. Ed. Polis, UNB, 1989, p. 49.29 £.ARENZ, Karl. Op. cit, p. 395.

30 LARENZ, Karl. Gp. cit, p. 381.

31 Idem. Ibidem, p. 402.

32 Idem. Ibidem, p. 403.

33 MAXIMILIANO. Carlos. Op. eil. p. 168.

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combina¢>es de maneira a encarar as a8suntos e como uma derrocada, inversao au substituh;;Ao de

valores, que levem a modlficar a inclin~ao geral, em favor de um Direlto igualmente segura, porern

menos abstrato e mais verdadelramente humano34 •

E cendul com a liliao de Stammler: 'Entre os traeos caracteristicos da corrente que vai

predomlnando, ressaltam a restrt~o das discussOes de palavras au dos argumentos 100ices em

prove ito das considera~e8 morais, economicas, socials, penetradas de uma inluiyao sfmpatica: 0

sacrificio des conceitos a utilidade; aprecia ..ao des interesses, justaposta, senao subsliluida, itconstruliao te6rica,35.

3. A lellntustB eBBsplra{:~oa umaSOIU{:80do caso concreto

Se de um lado as objativos do principia da vincula ..ao do Juiz a lei sao os de formar urna

jurisprud~ncia iteraliva e uniforme,com decisOe$ judiciais previsiveis,o que implica seguran ..a do

Direito,como afirma Hasseme~6, nao e menos verdade que a maior aspirac;:ao de lodos . e nao so do

Juiz - ha de ser a busca da soluc;:ao justa para 0 caso concrelo.

Ainda que 0 justo seja pressuposto de toda a lei,e certa que nem sernpre a lei e justa seaplicada como fai formulada. Para a injustiya da lei contribuem a ma·fe de seus autores, por vezes,

compromelidas com minarias dominanles.

o Direito . no dizer de Juarez Freitas· nao pode ser somente forma, sob pena de perecer com

ela. 0 jurisla nao pode fechar os olhos a absolutidade do justo,sem a qual a 16gica diahtica nao

sUbsiste37.

o Juiz que interpreta uma lei - afirma Laranz > fa·lo em vista a um caso concreto que tern de

resolver, que consiste em resolver 'justamente' 0caso que lhe e eubrnstido. A globalidade de ordem

juridica esta submetida a exig~ncia obrigatoria de jusliCa, somenle a partir da qual e capaz de justificar,

em ultima instancia, a sua pretsncao de validade. 0Juiz deve entender par uma rasolucao justa docaso aquela que de conta do interesse legitimo de ambas as partes, eslabelecendo uma pondaracao

equilibrada dos interesses e que, por isso, pode ser aceita por cad a uma das partes, na medida em

que tam bam considera adequadamente 0 interesse da parte contraria. Mesmo que esta meta nao

possa ser sempre alcancada, aspirar a ela e para 0 Juiz um imperativo de ordem moral38.

Qual eo papel do Juiz - pergunta Amillon Bueno de Carvalho - quando, na apraciacao do caso

concreto, em confronto com a lei, notar que da aplicacao do dispositivo legal sxsurqlra a injustiea?

Deve aplicar a lei au nao? a Judiclarlo deve legitimar a injusto39?

o Juiz que nao aprande a lirar do lexlo algo mais do que ali ve, au seja, que nao aprende ve-Io

a luz do caso que tern de julgar, na verdada, nao julga: aplica aos fatos uma 16gica que ss pretendejuridica, mas na verdade apsnas. transfere para os tsxtos de lei ou jurisprudsncla que invoea uma

responsabilidade que Ihe pertence de direit040. Buscaro justo no easo concreto significa buscaro etico.

o Direito· assevera Juarez Freitas, invocando Rscasens Siches - sob pena de nao raaflzar-ae

como tal, deve 'fsear eoincidir com a elico, que e mais do que 0 razoavel ou prudente. Dito de outra

rnanaira, nao pode 0 Direito ser uma 'mera' busca de equilibria entre 0 100ieo e 0exlral6gico, mas do

justa concreto, em todos as casoS41.

34 MAXIMILIANO, Carlos. Op. cit. p. 169.

35 Idem, Ibidem, p. 169.

36 HASSEMER, Winfried. Op. cit. p. 183.

37 FREITAS, Juarez Op. Git. p. 17.

38 !ARENZ, Karl. Op. cit. p. 419.

39 CARVALHO, Ami/ton Bueno de Op. cit. p. 137.

40 GHAGAS. Wilson. A Gena Judicraria Cole«io Ajuris. 2" ed. 1983, p. 45.

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Disso tudo se deve conelulr que dentro de um sistema posilivado de Direito, em principio vlge

o postulado da vincula~o do Juiz a lei. Cabe ao legislativo a elabora~o das leR. partir daquilo que

pensa ser 0 justo e 0melher para os destinalEuios da lei.

Ao judiciario cabe aplicar a lei, interprelando-a segundo os principios gerais de inlerprela·

~o, havendo de consagu ir, na absolula maioria dos casos, enc:onlrar· dentro da mold ura legal· realizar

sua obra de arte que a a de fazer a justi~a do caso concreto.

Entratan 10,sa, embora, valendo-se de todos os meios que a tecnica de interpretacao Ihe coloca

ao alcance, nem assim enconlrar 0alico e, portanto, 0 justo para as partes envolvldas, {Hhe Hcilo,em

razao de compromisso moral S8U, reescrever a lei de molde a exercer sua independllncia e a alender

seu dever de consciAncia.

De se fazer, porem, um alerta, 5e a inlerprel~ao ha de ser acima de tude sociol6gica, no

senlido de buscar 0equilibrlo enlre as partes, rejeilando dispositivos que consagram a prepolAncia de

uma casta sobre a maiorla desprivilegiada, nlio pode, perem, 0 Juiz fazer prevalecer leimosamente

seu concelto particular do justo e do concreto. E 0juiz uma pessoa so e, como tal, dificilmenle sera 0

unico dono da verdade, dificilmente sera mais sable e mais justo que 0 lote de cidadaos que pansaram

e elaboraram 0 texto legal.Se e verdade • como afirma Roberto Aguiar - que 0 Direito nada mais e do que a ideologia

vencedora que sanciona42, nao menos verdadeiro que, ulilizando-se 0 Juiz de subjetivismo ideologico

proprio, estara incorrendo em identico erro.

Nao pode 0Juiz seus conceitos passoais de juslilta, pois que 0que € I justo para ele Juiz pode

nao ser justo para os demais Juizes que viessem a decidir 0mesmo caso, multo menos ser justa para

am bas as partes em litigio, Nao pode 0 Juiz se olvidar que € I 6rgao da sociedade, que age em nome

desta e para esta e nae em nome proprio43.

Nilo atuando por si, como senhor absoluto e dono da verdade, hit de buscar 0 Direito Justo·

Nao aquale Direito que ele, muitas vezes comprometido com urna minoria e equivocado em seusconceitos sconomlcos e sociais ou morais, pensa ser a aspiraltao de todos.

o Direito e vida, € I realidade e outra coisa nao busca sanae 0bem -estar de todos. 0 Direito,

antes de ser meio de raprassac, e - no dlzer de Max Webber - um meio efetivo de.::Jireyao da

sociedade,que se pretende justa e organizada, capaz de levar a lelicidade a todos'".

4. 0 Juiz easLacunasda Lei

Dentro do tema que nos propusemos enfrentar, almejamos demonslrar que a atividade do

Juiz, embora, em principio, vinculado a lei, e funyao criadora do Direito e contribui extraordinariamentepara 0 desenvolvimento de saus postulados e para a finalidade precipua do Direito que e a busca do

'justo'. nao se limitando simplesmente a fUl1yao de escrava da lei e cumpridor cego das determinacoas

do ilgislador.

Muito a respeito do tema se poderia escrever, enfrentando, por exemplo, a posicao do .Juiz

diante dos conceitos indeterminados, dos conceitos normativos e descritivos e dos conceitos discri-

cionarios, quando a liberdade do lntsrprate e quase ilimitada.

Ater-nos-emos, porsm, apenas a urna rapida das lacunas do Direito, em que rnais se revela

a alividade do Juiz como criador do Direjto.

41 FREITAS, Juarez Gp. cit. p. 20.

42 AGUIAR, Robel1o. Direito, podcr o Opressiio. Ed. 1984., p. 79.

43 REHBlNDER, Manfred. Sociologia del Dorecro. Ed. Piramide S.A. Madrid, 1981, p. 67.

44 REHBINDER, Manfred. Op. cit, p. 73.

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AUlm da unlclade 8 0 da coe"nda, como caracteristicas do omamento jurfdico, aponta Bobbio

uma tercelra que geralmente Ih. e atribulda: a completude,

Em outras paJavras, um ordenamento juridico e completo quando 0Juiz pode encontrar nale

uma norma para regular qualqu8r case que S8 In8 apr."nte, ou mel nor , nao na caso que nio poasa

ser regulado com uma norma tirada do sistema, Para dar uma defini~ao mais tecnica de completude,

podemos dizer que um ordenamanto e completo quando jamais se varifica 0 caso de que a ele nio

88 pode demonslrar partencentes oem uma ceria norma, nem a norma contradit6ria45

,

A falta da uma norma para um caso concreto chama-sa 'lacuna', A incompletude consiste,

pois, no fato de que 0 sistema nao compraende nam a norma que proibe um cerlo comporlamanto,

oem a norma que 0 permite, 5e se pode damonslrar qua nem a proibi~ao nem a permissao de um

eerlo comportamento sio dedutiveis do sistema, da forma como foi colocado, e precise dizer que 0

sistema e incompleto a que 0 ordenamanto juridico tern uma lacuna46,

Rasumindo a pos~o de Brunetti quanto ao problema das lacunas, Bobbio apresenta trAs

situ~i3es: 1) 0 problema de 0 ordenamento juridico,considerado em si pr6prio, sar completo ou

incompleto, Tal problema nae tem santido; 2) 0 problema de ser complete ou incompleto 0 ordena-

mento, tal como e, comparado a urn ordenamanto juridico ideal: esse problema tern sentido, mas aslacunas que aqui vem a baila sao lacunas ideologicas, que nao interessam aos juristas; 3) 0 problema

de ser completo ou incompleto 0 ordenamento legislativo, considerado como parte de urn todo e

confrontado com 0 todo, isto ii, com 0 orden amen 10juridico: esse problema tem sentido e 8 0 unlco

caso em que se pode falar de lacunas no senlido proprio da palavra47.

Admite Bobbio que a terceira hip6tese pode ser enquadrada na categoria das lacunas

ideol6gicas, isto e, na cposlcac entre aquilo que a lei diz a aquilo que deveria dizar para ssr

perfaitamente adequada ao espirito de todo 0 sistema. Eslas lacunas reais a lacunas ideologicas

podem tambem se charnar de lacunas prcprias e improprias48,

Preleciona Karl Engiscn que a mudanya das concepyOes de vida pode fazer surgir lacunasque anteriormente nao haviam side notadas e que temos de considerar como lacunas do Oireito vigente

e nao apenas lacunas juridico-politicas49

,

Voltando a Bobbio, afirma ele que 0que ambas tern em comum e que designam urn case nao

regulamentado pelas lais vigentes num dado ordenamento juridico. 0 que as distingue t..que a lacuna

propria sa observa dentro do sistema; a lrnproprla da comparacao do sistema real com a sistema ideal.

Alem disso, distinguem-se quanto a forma pela qual podem ser eliminadas: a lacuna imprcpria somente

atravas da Iorrnulacae de novas norm as, enquanto a outra mediante as leis vigentes. Estas sao

completaveis por obra do interprete50, Nossas leis civil e processual civil prevsem expressamente

complete 0 interprete as lacunas pr6prias.Dispi3e a Lei de Introdu~ao do Cooigo Civil: 'Quando a lei for omissa, 0 Juiz decldira 0 caso

de acordo com a analogia, os costumes e os princfpios gerais de Oireito'(art.6Q).

Ja 0 art, 126 do CPC, taxalivamente, imp6e ao Juiz 0 dever de sentenciar, mesmo em caso

de lacuna da lei, ao dispor: '0 juiz nao se exirne de sentenciar ou despachar, alegando lacuna au

obscuridade da lei. No julgamento da lide, cabar-lha-a aplpr as normas legais; nao as havendo,

recorrera a analogia, aos costumes e aos principios gerais de Oireito'.

45 BOBBlO, Norberto Op. cit., p. 115.

46 BOBBlO, Norberta, Gp. c i t . p. 145.

47 Idem, Ibidem, p. 142.

48 Idem, Ibidem, p. 143.

49 E NG ISC H, Karl. O p. cit., p. 2 87 .

5 0 BOBBIO. Norberta. Gp. cit, p. 144.

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Destes dois dispositivos se percebe que 0noseo Direito Positiv~ consagra, como regra geral,

o principio da vincula~ao do Juiz it lei, cabendo-Ihe interpreta-Ia. Mas, se houver lacunas em sentido

proprio, exige recorra it analogia, aos costumes e aos principios gerais de Direito. Logo se vi que, ao

menos quanto a s lacunas reais. e a propria lei que permite e ale delermina alue 0 Juiz como criador

do Direito.

De rassalvar, porsm, 0 Direito Penal, jil que, quanto a esle, prevalece a maxima de que nao

ha crime sem lei anlerior que 0defina, nem pena sem previa comina~o legal (art. SI ' , XXXIX, da CF).

I A questao, contudo, assume maior relevancia quanto its denominadas lacunas irnprcprlas ou

ideologicas. Pode 0Juiz substituir-se ao legislador ou deve aplicar a lei vigente, mesmo em detrimento

dajustit;'a?

Em parte jil respondemos a pergunta quando dissertamos sabre a posit;'ao do Juiz frenle iI lei

injusta. De lembrar, ainda, porsrn, 0 disposto no art. 5Q da LlCC: 'Na apllcacao da lei, 0Juiz atenderii

aos fins sociais a que ela se dirige e as exigencias do bem cornurn'. Para alender aos fins sociais,

haveria de atender especialmente ao criterio historico e ao crilerio teologico\ mas, e quando os fins

socials visados pelo legislador nao atendem mais iI realidade presenle?

Afirma Larenz que 0 interprele, ao partir dos fins estabelecidos pelo legislador histcrico, mas

examinando ulleriormente as suas consaquencias e ao orientar a eles as disposicces legais parficu-

lares, vai ja para alsm da vonlade do legislador, entendida como fato hietcrico, e das ideias normativas

concrelas dos autores da lei, e enlende a lei na sua racionalidade propria51.

Adverte, conludo, 0 jurista:'Nao pode, com certeza, impedir-se a Juiz de formar uma opiruao

preliminar relativa a resolut;'ao que ha de achar. Ele pode esperar vir a enccntra-ta confirmada pela

lei. Mas esla fidelidade it lei a que esta obrigado exige dele a disponibilidade para permitir que a sua

opiniao preliminar seja relificada pela lei. Nao e lfclto introduzir na lei a que deseja extrair dela,52.

E prossegue: A aspiracao a uma justit;'a do caso e assim um lalo legitimo no processo de

decisao judicial, conquanto nao induza 0 Juiz a manipular a lei de acordo com as suas convlceoas. A

tentacao continua do Juiz em substiluir as pautas legais pela sua ideia pessoal de justiya e muito

perigosa.O Estado de Direito nao pode renunciar, sobretudo nas complexas relat;'oes do nosso tempo,

nem as leis bem pensadas, nem a uma magistratura que tome a serio a sua vinculacao a lei e ao

Direito,53

4. conclusao . .Como procuramos demonstrar. tem 0Juiz 0compromisso de fazer cumprir a lei, oabendo-lha

intarprata-la e aplica-la, como dever funcional. Para bem exercer seu mister, deve valer-sa de criteriosjuridicos e sociolcplcos de lnterpretacao. buscando, dentro da moldura da lei, ou seja, dentro das

possibilidades que Ihe oferecem 0 texto legal, fazer a justica do caso concreto.

Assim, inlerpretando a norma de acordo com a realidade e com as mutaeoes da vida social,

sua atividade e criadora do Direito. E fenomeno conhecido e reconhecido que as declscas judiciais, a

cada dia mais intensamente, sa constituem em verdadeira fonts primaria do Direito. Nao sao poucas

as leis que sa veem modilicadas e revogadas palo legislador, merce da constancla das decis6es

judiciais.

Contudo, se 0 Juiz tem autonomia e independencia na funyao de interprets da lei ao caso

concreto, deve saber bem pesar sua liberdade.

51 LARENZ, Karls. Op. cit, p. 401.

52 Idem, Ibidem, p. 420.

53 Idem, Ibidem. p. 421.

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S..fellvamente Injusta a lei, dentro da conoe~iio geral da Justlya - nao dentro da conce~o

particular e, a s vezea, condlclonada e deturpada do Juiz - cIevera negar vig6ncia a lei.Na pertlnente expreaaiio de Carlos Maximillano, 0 Direito nasce na sociadade e para a

eociedade; nlo pode delxar d. ser um fator de deaenvolvlmento da meama. Para ele nAo e indlferenle

a ruina ou a prospericlacle, a Sallde ou a mol6stia, 0 bem-eatar ou a desgr~a54.

o Dlrelto - continua 0 mean - • urn maio para alingir 05 fins colimados pelo homem em

ativldad.; a sua funt;ao .. eminenlemenle social, construtora; logo, nao mais prevalece a seu papal

antigo de enlidade caga, indiferenle a s ruinas que inconsci.nle ou conseiente possa espalhar.

o excesso de juridicldada (summum jus, summa injuria) .. contraproducente; alasla-se do

objetivo superior das leis; deevia os pret6rios dos fins .!evados que toram inslituidos; 'aya-ae jusliya,

poram do modo mala humano possfvel5S• Nao sa esqueya, poram, 0 Juiz que 0 melhor regime .. 0

democratico, em que prevaleca 0 Eslado da Dlrelto, com a observancia das leis qua sao alaboradas

pelos repreeentantes do pow, por ale aleltos.

Dlr-sa-a qua oslegisladoree sao compromalid08 com as al ites mlncritariaa a nao como 0povo.

Ainda que haja um fundo da vel ;ada nissa, nao se pede negar que somenle a prafica democratica

haver. de ensinar a maioria conslituida tristemente de desafortunados, incultos, sem influ6ncia e sempoder. 86 a priJlica damocratica os ensinara a, cada vez menos, se equivocar na escolha de seus

representanles e rasponsavais pela feilura de leis injustas.

Se 0 Juiz - que por ocasiao de sua inveslidura jurou cumprir a ConstiluiC;ao e as leis· nao

hamar seu compromisso e usurpar 0 poder que nao e seu, sera tao au mais indigno que a legislador

que nao cumpriu seus compromissos para com as cidadaos que 0 alegaram. Oenlro do Eslado de

Direito, cabe ao Juiz, acima de tudo, respeitar a Constituicao que separa os poderes da naC;ao,

atribuindo a cada um deles tarefas pr6prias.

Ainda que ae reconhsca ao Judiciario a missao de fazer a justiya do case concreto e, entre a

legal e a justo, optar por esle ultimo, nao sa pode conferir a ele a poder de csnsura indiseriminada aosoulros poderes constituidos democralicamente.

Costuma-se afirmar que a pior e a do Juiz. Ainda que nao se possa qualifica-la como a pior

das ditaduras, indubitavelmente todas as ditaduras sao desaslrosas para a maioria sem poder

beneficas somente para as minorias influentes.

o postulado da astrita vinculacao do Juiz a lei - e bom relembrar - se lortaleceu exatarnenta

em reayao a desconlianc;a que havia chamado sobre si as Juizes do arbitrio e de gabinete, cujajustic;a

se acomodava aos senhores da terra, porqua se orientavam ao beneficia de grupos. Nao da sociedade

como um tooo.

Nao pode a justic;a orientar-se para grupos, sejam fracos, sejam poderosos. A justiya e paralodos. Manter 0equilibrio e sua principal funC;ao.

5 4 MAXIMILIANO, Carlos. Op. Cit . •p. 168.

55 MAXIMILIANO, Carlos. Op. Cit .• p. 169.

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OS CONSELHEIROS TAMBEM

SAO JUiZES

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PROCESSO ETICO-PROFISSIONAL Nil 014185

DENUNCIANTE - CRMIPR

DENUNCIADOS - DRS. WILSON SCHNEIDER MOURA, A.J.S., CLAUDIO FERNANDO MAnANA

CAROLLO E ITAMAR CORTES.

RELATOR

REVISOR

Ac6ROAo

- DR. LUIZ FERNANDO CAJADO DE OLIVEIRA BRAGA

- DR. GILBERTO SACILOTO

- 010/88

EMENTA - DENUNCIADO· DR. WILSON SCHNEIDER MOURA

EXAGERO NO OlAGN6STICO - REAUZACAo DE ESTERILlZAi;OES DESNECE5-

SARI AS E PREJUDICIAIS - OENUNCIA PROCEDENTE - INFRACAo AOS ARTIGOS

42,43 E 60 DO C60lGO DE ETICA MEDICA.

5e no transcorrer do procssao. em varlas oportunidadas, ficou constatado que 0

denunciado, realizou cirurgias esterilizantes sem indica~ao terapeutica e algumas com

consequencias prsjudlcials as pacientes, resolve-se como comprovada a inlra~ao aos

artigos 42, 43 e 60 do COdigo de Etica Medica.

EMENTA· DENUNCIADO· DR. A.J.S.

MEDICO AUXILIAR - CIRURGIA DESNECESSARIA - PLENO CONHECIMENTO DA

IRREGULARIDADE - INFRAQAO AO ARTIGO 79 DO C6DIGO DE ETICA MEDICA -

DENUNCIA PROCEDENTE.

Restando cornprovadc pelas provas juntadas ao proceaeo, que 0denunciado, dentre as

cirurgias em que participou como auxiliar, em quatro delas, tinha conhecimento de que

eram dasnecassariaa, resolve-se como demonstra a sua responsabilidade € I conse-

quente infrar;:ao ao artigo 79 do C6digo de Etica Medica.

EMENTA - DENUNCIADO - DR. CLAUDIO FERNANDO MAnANA CAROLLO.

AUXILIAR DE CIRURGIAS· IMPOSSIBILIDADE DE CONTESTAR DIAGN6STICO·

INEXISTENCIA DE INFRACAo ET1CA - CIRURGIAO RESPONSAvEL - CIRURGIA

NAO COMPROVADAMENTE DESNECESsARIA - DENUNCIA IMPROCEDENTE •

ABSOLVICAO.

Restando comprovado pelas pro vas juntadas ao processc que 0 denunciado, nas

cirurgias em que parlicipou como auxiliar, nao poderia tar contestado a indlcacao

terapsutica, nao lhe advam dai nenhuma responaabnldade e consequenta inlrar;:a.oalica.

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Por outro lado, nas duaa outras cirurgias am que atuou como cirurgiao responaavel, nao

sa comprovou tambElm a falta de indica!;iio tarapiutica, nao ae caracterizando pois,

infra!;ao ao artigo 79 do C6digo de Etica Medica,

EMENTA - DENUNCIADO - OR ITAMAR cORTES.

MEDICO ANESTESISTA· DESCONHECIMENTO 00 DIAGNOSTICO • NAo INTER·

FERENCIA NO ATO CIRURGICO· INEXIST~NCIA DE INFRACAO AO ARTIGO 7900C6DIGO DE ETICA MEDICA· DENUNCIA IMPROCEDENTE • ABSOLVICAO,

Se 0 medico anastasista exarcendo sua aspecialidade, nao interfere no diagn6slico e

na execu~o do ate cirurgico, nao se the pode imputar infra!;iio ao artigo 79 do COdigo

de Etica Medica,

Vistas, discutidos e relatados estes autoa de Proossso Etico-Profissional sob nQ{)14185,

em que e denunciante 0 Conselho Regional de Medicina do Estado do Parana e

denunciados os medicos WILSON SCHNEIDER MOURA, A,J.S., CLAUDIO FERNAN-DO MATTANA CAROLLO e ITAMAR CORTES,

ACORDAM

Os membros do CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTAOO DO PARANA, por

maioria, na forma dos votes dos Senhores Relator e Revisor, quanto aos denunciado8 Wilson

Scheneider Moura e A.J.S., em ACOLHER A IMPUTAC;Ao felta ao primeiro, de infrSlrAo aoe artigoe

42,43 e 60 do C6digo de etiea M6dica, e acoIher tambElm a imputa!;!o felta ao aegundo, da infrSlroo

ao artigo 79 do COdigo de E t i c a M6dica, e, ainda per maioria, em aplicar lhes respectivamente as

panas de "SUSPENSAo DO EXERCfclO PROFISSIONAL POR 30 DIAS·, prevista na latra "d", do

§ lSi, do artigo 22, da Lei 3268157 e de "CENSURA CONFIDENCIAL EM AVISO RESERYADO",

prevista na letra "b", da mesma lei. Acordam ainda, contra as votes dos Senhores Relator e Revisor

em ASSOL YER 0denunciado Claudio Femando Mattana Carolo, da imput8!;aa lhe feita de Infr8!;aa

ao artigo 79 do C6digo da Etica Medica. Acordam tambem, da conformldade oem os votoe dos

Senhores Relator e Revisor, em ASSOLVER 0denunciado ltamar COrtes, de infra!;!o ao arligo 79

do COdigo de Etica Medica, conforme ala nS!400, de 111de agosto de 1988.

Curiliba, 02 de agosto de 1988.

CONS, LUIZ FERNANDO C.O. BRAGA

Relator

CONS. LUIZ CARLOS SOBANIA

Presidente

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AMORIENA

SOCIEDADE ATUAL

Anna M aria Laporte

"Assim que 0 homem com~a a viver, tem idade suficiente para morrer" - Heidegger pensa

um homem como urn sar para a morte: sua completude, sua lotalidade se da com a finitude. E um ser

em processc. inacabado, incompleto, porque Ihe falla a ultima experiencia que fechara seu ciolo vital:

a morts: logo, pensar a morte e pensar sobre a vida, a contradit6ria completude na nadificaeao,

o estranho e que a vida luta e permanece apasar da desordem, da degrada~ao e da enlropia

e se serve da propria entropia para explicitar-se com mais for~a - afinal e a morte.

Por que, enlao, a sociedade conteporiinea procura negar a morte?

Negar a morte nao significa 0 terror it morte. Esse medo acompanha 0 homem desde os

prirncrdies de sua evolu~ao. A descoberta da individualidade gera 0 terror a morte porque ela

representa a perda da conscisncia de si, a desiniegracao do proprio centro, a impossibilidade total do

desejo, a volta irreversivel ao em-sl sartreano.

Para fugir a esta impossibilidade suprema de permanecer, 0ser humane cria a ideia de vida

apes a morte, 0 sentido de imortalidade, continuidade e eternidade.

o problema hoje nao eo terror itmorte, mas percebe-Ia como tabu, proibida irnpensavel.

Sera a morte 0ultimo interdilo a ser derrubado depois da libera~ao geral do sexo? Por que?

Enquanto 0 homem da antiguidade morria cercado pelos familiares e expressava aos filhos e

esposa seus ultimos desejos, apoiado pelo amor dos amigos, a homem conteporanao insereve a morte

como algo que deve ser escondido, urn mal contagioso.

Dizer que alguem morreu causa constrangimento; nos hospitals nunca existem doentes

terminais; os medicos deseonversam, usando uma linguagem altamente rebuscada de termos lecni-

cos, para dizer que seus pacientes astao a morte; as criancae diz-se que seus enles queridos foram

para uma viagem irretornavsl.

o morrer, antigamenle, era algo inerente a condicao humana, enquanto hoje, a morte e algafora do homem, morre-se anonimamente, assepticamente nas Unidades de Terapia Intensiva.

Devido a este interdito inconseienle, uma grande parte das pessoas nao quer que 0morto seja

velado em sua propria casa entrando em aCao a parafsmalia das funararias com coroas, caixOes,

arranjos e capelas mcrnrsrias.

Por que a rapressao da unica carteza do homem?

A sociedade ocidenial desenvolveu-se a partir da ideologia do liberarisrno. O'Iaissez laire et

passer" gerou 0 capitalismo, e 0capitalismo 0 imperialismo antropotsqico, que vigora, principalmente,

nos paises subdesenvolvidos. Uma das bases do capilalismo e a lei da oferta e da procura que cria a

liberdade de mercado - a "Iiberdade da raposa livre no galinheiro livre" - porque a especulacao toma

• Professora do Departamento de Fi/oSO/ia da PUC-PRo

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conta do mercado finanoeiro gerando a explonl~ao e a usura, indo, assim, contra 0 proprio principia

que lhe deu origem; e 0 que ocorre, apeear doe ventoe I ibert iviO$ que varrem as ditaduraa do LA_..

Europeu, • a deifica~o do lucro, da rete~ de mercadorias, da produ~o de engenhocaa supirftuaa

- paga- .. pela embalagem, cada vez mal. IOfislicada, enquanto 0 produto .. toma cada vez mala

desagradavel. A produlividade leva it Ioucura do consum~ desvairado: a ordem , produzir e consumir,

e esta ordem 6 levada, tamb6m, as rel~. Interpe .. oaia.

Qual0

lugar da morte em uma socIedade que endeusa0

ter como valor maximo?o homem, enquanlo morlbundo, representa ums fonte de lucro para hospitals e medicoe, e e

mantido neste estado 0maximo passivel - sio implantados 6rgaO$ , sio feitas pontes de safena, sao

aplicadas transfusOes, sAo ligados e desllgados aparelhos sotisticados - usando, para encobrir esta

verdade, a famosa frase ideol6gica: Menquanto nouver vida, havera esperan~a". ..

o ser humane e despojado, asaim, da dignldade da pr6pria finitude.

Quando, entim, consegue morrer, e nao e mais um born investlmento para hospitais e medicos,

e jog ado rapidamente nas capalas mortuarias destes no8OcOmios, nao deixando qualquervestigio nas

unidades de terapia intensiva, quarto e corredores: os medicos e enfermeiras desaparecem, como por

encanto indiferentesador da familia.

o segundo ato deste leatro macabro fica por conta das funerarias que, apesar des 'Centrais

de Luto", manipulam, de forma dantesca, a agonia da parda, 0 vazio lancinante sentido pelos antes

queridos do morto, para vender-Ihes, 0 mais caro poesivel, caixCies, coroas e flores. 0 morto e

consumido ate baixar a sepultura, pagando um alto pre~o para poder tranformar-se em pe.

A incoerencia da sociedade atual consiste em impedir ao homem a consciencia de sua fin itude,

de sua dor, de sua agonia e de seu luto e, ao mesmo tempo, leva-Io a morrer, quando consegue lucrar

e arrancar dele ate 0 ultimo "penny" (0dolar paraee ter se tranformado em moeda oficial no pais) e 0

ultimo suspiro. Este transformar 0 homem em objelo de lucro e a suprema necrofilia; logo, ao mesmo

tempo que a sociedade nega a morte, busca desesperadamente 0morrer.

Sera, ainda, possivel ao ser humano 0 resgate a dignidade na morte?

Podera pensar-se como um valor, possibilitando a transcedencia?

Podera 0homem ler 0direito de morrar em paz?

Conseguindo reverter este pro08sao de desumaniza~ao, 0homem podsra tomar consciencia

de seu misterio. E um ser que pode conhecer 0 seu caminho, e seu caminho e a vida que e a morte.

A meu pai meu ultimo adeus.

Transcrito da Gazela do Povo

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P aracar C F M nil 3447J93

Por concordar com 0 pareeer de n2 010, da Assessoria Juridica deste Conselho

Federal, adoto-o integralmente, transcrevo-o abaixo.

·Refere-se a consulta acerca do exemplo trazido do Rio de Janeiro quando uma

clinica foi admoestada judicialmente pelo Conselho de Enfermagem daquele Estado para

registrar-se no 6rgao flscalizador devldo a contemplar em seu staff 0 exercfcio da enfer-

magem. A declsao judicial em ambas as instanclas foi destavoravel a clinica fundamen-

tando-se no poder-dever da adminlstraeao constituindo do Poder de Policia, 0 qual deve

resguardar, acima de tudo, 0 interesse publico.

Inicialmente, cumpre dizer que 0assunto em tela encontra-se bastante respaldado

pela legislayao especial, senao vejamos, "in verbis'.

art. 28 do Dec. 20.931/32:

·Nenhum estabelecimento de hospltallzacao ou de assistencia medica publica ou

privada podera funcionar, em qualquer ponto do terrltorio nacional, sem ter um diJEQr

tecnico e principal responsavel, habiljtado para 0 exercfcjo da medjcjna nos termos do

regulamento sanltarlo federal.' (grifo nosso)

art. 1 1 2 da Resoluyao 997/80, "ln verbis":

·0Diretor Tecnico Medico, principal responsavel pelo funcionamento dos estabe-

lecimentos de saude, tera obrigatorjedade sob sua respoosabjlidade a supervjsao e

coordenacao de lodos os servicos 19cnjcos do estabelecjmento, que a ele ficam subordi-

nados hiearquicamente.· (grifo nosso)

Conforme se observa, 0poder-dever de fiscalizar os orgaos hospitalares e clinicas,

enquanto staff tecnlco e seu funcionamento, e da competencla legal dos medicos habilitado

podera funcionar um nosocomio, constitulndo-se extensiva a interpretayao que deseja dar

o Consalho de Enfermagem. Deve-se observar qua 0 dever de fiscalizar a ativldade dos

enfermeiros nos hospitais e clinicas independente do registro dessas entldades no Con-

selho de Enfermagem, pois cada profissional por lei est a subordinado ao 6rgao de

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fiscaliz~ao da categoria.

A contrBriu sensu, seguindo a 16glca exarada pelo COREN e pela justk;a do Rio de

Janeiro, teriamos que, para cada profisslonallntegrante do corpo clinlco, serta obrigatorio

um registro da institui~o no orgao da categorla aflm, 0que, alem de burocratizar ° servi~oInvlabllizaria devido a sobrecarga trlbutarta que recairia sabre 0 hospital ou clfnlca,

prejudicando 0serviyo de interesse publico.

Por tim, cabe ainda ressaitar que a decisao proterida pela ~-ala justi~a carioca. ,procuzlu eteitos apenas no sentido inter-partes, nao constituindo jurisprudelOcia no caso.

Conclusao

Pelo exposto, concluimos pela lmprocedencia do requerimento efetuado pelo

Conselho Regional de Entermagem de Rondonia, ate porque nao ha entendimento pacffico

no ambito judicial ate a presente data.

Este e 0parecer.

Brasilia, 05 de maio de 1993

HERCULES SIDNEI PIRES LIBERAL

Cons. Relator

Parecer Aprovado

Sessao Pleniuia de 15/5/93

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TAREFA

Morder 0 fruto amargo e nao cuspi r

Mas avisar aos outros quanto e amargo

Cumprir 0 trato injusto e nao falhar

Mas avisar aos outros quanto e injusto

Sofrer 0esquema falso e nao ceder

Mas avisar aos outros quanto e falso

Dizer t a r nbem que sao coisas mutaveis

E quando em muitos a nocao pulsar

Do amargo e injusto e falso por mudar

Entao confiar a gente exausta 0 plano

De urn mundo novo e muito mais humano

GeirCampos

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ATIVIDADES DESENVOLVIDAS CRM-PR

GESTAO - ABRIU1991 - JUNHO/1993

R E S U M O D A S A T IV ID A D E S R E A L I lA D A S

oF lC los EJ,oITIOOS "' ,""",., , "' .

OI'k;IOB CIRCULARES "' .

PORT_ "' .DECv.RM;6ES "' .

CERTIOOES "' "' , ..

TE LEGRAMAS ENVIAOOS , ..

REUNOEs Pl.ENMuAS .

REUNIOea DE DIRETORIA .

REUNiOES EXTFlAORDINARIAS.... . . .

ASSEJo!8LEIAS GERAIS .. . .

ReIOLllI;:Oes APROVADAS .. .," ..SES. SOLENES PARA ENTREGA DE CARTEIRAS... .. .

CONSULTAS RESPONOIDAS.... .. .

p"'RECERES APROV OOS .

pALESTRAS REPRESENTACOES E OVTRAS ATN. ONERSAS ...

REGISTROS DE ESf'ECIAUOAOE APF'!O\1AOOS .

REGISTROS DE ESpECIAUOAOE INI)EFERIOOS .

REVAUDACAo DE TITuLOS DE ESPECIAUOAOE " , , .

NIIOT A t V k > DE ESPECIALIOAOE EM CARTEIRA ,. .. ,' .

R~ES DE ESPECIAUSTAS PARA APPOV. EM PU;IIIARIA ..

INSCRICOES PRIMARIAS ..

INSCRN;:OES SEcuNOARIAS NO CRMpR. .

TFlANSFER~NCIAS PARA 0 CRMPA .

INSCRI¢eS SEcuNOARIAS EM OVTPOS ESTAOOS ....

TRANSFER!NCIAS PARA OVTPOS ESTAOOS .

CANCEUlMENTOS De INSCRIGAo PAIMARIA A pEOIOO ..

CAHCEUlMENTO DE INSCRI<;AO SECUNOARIA .....

AUTORlZA9Ao 90 OIAS .....

FAU;CIMENTOS

AUS~NCIA DO PAis ..

RETORNO /If.) PAIS ..

RETORNO AS ATIVIOAOES MEOICAS

AQUISI9Ao OE EQUIPAMENTOS DE INFORMATICA ..

AQUISICAo DE SOFTWARE ..

SISTEMAS INFOFIMATIZADOS OESEIIIVOLVIOOS NO CAMPR.. . ..

USTAGEM E ETIOUETAS EMITIDAS PfLO CPD ......

CARrAS De C08RA"I<;A PESSOA FlSlCA ..

CARTA DE COBFIAN<;A PES$OA JURIOICA .

OOCWENTOS PROTOCOUZADOS ..

PROCESSOS INSTAURADOS .,c .lMAAAs INSTAURADAS.

PE<;AS ACUSATORIAS ..

PAOCESSOS JULGAOOS .

AUOIENCIAS REALIZAOAS ..

AUOIENCIAS REAUZAOAS • COFEp ..

INSCRK;AO DE EMPRESAS CRMlPJ ApROVADAS

INSCRIcJ.O DE EMpRESAS CRMlPJ CANCELAOAS.

REGIMENTO INTERNO 00 CORPO CLINICO APROVADO.

OENUNCIAS ApURAOAS • COFEp .

CONSUl.TAS RESPONOIDAS· COFEi'.,

VlSiTAS DE FISCAUZA<;AO PES$OA JURloICA.............. . ....

ALTERACOES NO CAOASTPO DOS MEDICOS,,,

OOCWENTOS ENTREGUES ,

N¥lTACAo DE APENACAo EM CARrEIRA .

f lE C l I IO S E M I T I D O S , .

SISTEMAS INFORMAl1ZAOOS EM DESENVOLVIMENTOS " .

REGISTROS PENOENTES ·CQP .

OENUNcIAS EM ANOAMENTO· COF~p .., " .

C O " " U L T A S E M N ID A M E H T O · C O F I iP .

Arq. Cons. Regional. Med. do PRo

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TOTAlS

4 8 3 4

2Q

1 1 4 7

3 1 2

1 91

30

1 4 4

1 0 2

9

4

~3831 9

281

1 ! 1 9

64 2

68

1 6 4

1 0 4

76

7 7 5

iz a

3 4 2

21 3

42 7

4 6

6 2

i i E I

35

37

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5

13

12

3

1 97

3M2

1 0 2

9n6

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4 1 3 0

1 10

70

2 2

25

5 6

73

~5

2Sl8

2

T.J)9

1

47

119

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MEDICOS ATIVOS INSCRITOS NO CRMPR

R E S ID E N T E S E M T IP O D E IH S C R IC A O M £ D l C O S T O T A lS 1 T O T A l S 2 T O T A L

C U R I T I B A P R I M A R I A 4.350

S E C U N O A R I A 374 4 .724

D E M A IS C IO A O E S D O P R IM A R IA 4 .488

P A R A N AS E C U N O A R I A 515 5.0 03 9.727

O U T R O S E S T A D O S P R I M A R I A 1 33

S E C U N D A R I A 21 6 349 349 1 0 .0 76

MEDICOS INSCAITOS NO CAMPA X ATIVOS NO BAASIL

C F ME C R M P R

10 .07604.500

MUNIC[PIOS ATENDIDOS NO PARANA

T O T A L A T E N D ID O S %

I71 297 80,05%

Curitiba, 09 de julho de 1993

MEDICOS ATIVOS INSCRITOS NO CRMPR

PQR LOCAL DE RESIDENCIA

Outros Estados

Interior do

1++t-++++1r++-++-t-r- (46,9%)

Curitiba

120

Arq. Cons. Regional. Med. do PRo

10 (38): 1993

5/11/2018 artigo 22 - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/artigo-22-55a0c7df480a5 67/67

 

CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO PARANA

Gestae 1991 I 1993

COM ISSOES DE TRABA lHO 00 CRM -PR D ElE GA CIA S R EG IO NA IS

1. CO MiSsAo D A F ISC ALIZAC AO DO EXE RC Ic IO DE lEGAC IA SECC IONA l DE M AR INGA

PROFISS IONAL D r. K e rn el J org e C hamma s (P re sid en ts )

C on s. S e rg io A ug us to d e M u nh oz P ita ki (P re sid en te ) D r. D ac ym a r C ap uto d e C arv alh o (C ola bo ra do r)

C o ns . G a br ie l P a u 1 0S k ro ch D r. M in ao lk aw a (S up le nte )

C ons . D ae be s G alati V ~ira D r. C a rio s AR le rto F e rr i ( Su ple nte )

C on s. G e rs on Z afa lo n M a rtin s D r. J os e C arlo s Am ad or (S up le nte )

C ons. M ig ue llbralm A bboud H anna S obrin ho D r. N e ls on C ou to de Rezende (Colaborado r)

C ons ', T ania M ara C unha S chae fe r

DE lEG AC IA SEC CIO NA l DE lO ND RIN A

2. C OM IS SA O D E D IV ULG AC AO D r. Iv an Po zz i ( Pr es id en te )

C on s. F arid S ab ba g (P re sid en ts ) D r. J os e l.u iz d e O liv eira C am a rg o (S ec re ta no )

C on s. C arlO S A ug us to R lb e i ro D r. J oa o F ern an do C aH aro G 6is (S up le nte )

C ons . L uil C arlos S ob ania D r. L uiz C arlo s P olo nio d e O liv eira (S up le nte )

C ons . M arco A u r elio d e Q uad ros crave D r. J un ot C o rd e ir o (S u ple nte )

E dito r d a R evis ta· D r. E hre nfrie d O th mar W ittig D r. C a rlo s A lb ert o de A lm e id a B o er (C o la bo ra do r)

3. C OM IS SA O D E Q UA UF IC AC ;:A O P RO FIS SIO NA l D ElEG AC IA SEC CIO NA l DE G UARAP UAV A

Co ns lS o ia ng e Bo ro a G ild em e is te r (P re sid e nte ) D r . G i lb e rt a Sac ilo to ( P re s id e nt e)

C ons C arlos E h ike B raga F ilho D r. R e in ald o R oc ha Ma rtin s (S e cre ta rio )

O ra . SO nia t.!a rg are t C . dB . Cos ta (Colabo radora)

4 . C <?M ISSAO D E D IVU lG ACA O D E ASSU NTO S D r. B e la rm in o An tO n io B a cc in (S u ple nte )

M E DIC O S (C O DAME) 0 1. J oA o G ue rin o C ato (S up le nte )

C on s. G e rs on Z ala lo n M a rtin s (P re sid en te ) D r. F lo rla no Ka is s (S u ple nt e)

C on s. L uiz C arlo s M is ure lii P alm q uis t

O ELE GAC IA SEC CIO NA l DE UM UAR AM Aons. L uiz A nton io M unhoz d a C unha

Co ns . O c ta via no Ba ptis tin i J un io r D r. L uiz A nt6nio d e M e lo C os ta (P re sid ente )

C on s. A nto nio M o tiw k i D r. P au lo A lo ns o de Barce lo s (Sec re tar io )

D r. Iv an J os e C ard os o F re y (C ola bo ra do r)

5. coeissrc DE TOM ADA DE CONTAS D r. R ob erto J os e L in arth (S up le nte )

C on s. J aim e R ic ard o P ac io rn ik (P re sid en te ) D r. F ra nc is co t.!a rtin ez C e br ia n (S u ple nte )

C on s. E lia s A bra o D r. E d is on M o re l (S up le nte )

C ons . O sm ar R atz keD ElEG AC IA SEC CIO NAL DE CAS CAV EL

6. COM ISSAO DE lIC ITACAO E lE ILAo D r. V ilm a r R iz zo ( Se cr eta rio )C ons N els on E gy dio d e C arva lho (P re sid ente )

D r. U nv ald o S ag ae (C ola bo ra do r)

C on s. C arlo s H e nriq ue G on ca lv esD r. R au l M ira nd a (S up le nte )

C o ns . V a ld ir S a be d otliD r. F au stin o M e re s G arc ia (S up le nte )

D r. M ih on d e O liv eir a (S u ple nte )

7. CO MISSAO DA TABELA DE HONORAR IOS M ED ICOSO ra . Y ad ira R aq ua l T ap ia G . P e re ira (C ola bo ra oo ra )

C on s. J os e L eo n Z in de lu k (P re sid en le )DE lEGAC IA SECC IONA l DE PONTA GROSSA

Cons tu iz S allim Em ed0 1. D a n ilo S a ad ( Pr es id en te )

8. CO MiSsAo D E C OO RDEN Ac;:A o D AS DE LEG AC IASD r. L uiz J ac in th a S iq ue ira ( Se cr eta ria l

SECCIONAISD r. A c hille s B u ss J un io r (C o la bo ra do r)

C o ns . H e lio G e rm in ia ni (P re sid e nte )

D r. G e ra ld o N ad al (S up le nte )

C o ns . H e nriq ue de L ac er da Su plic yD r. G e ra ld o T re nt in i ( Su ple nte )

C on s. G lb srto S ac io toD r. ls ac S . M e ln ic k (S up le nle )

C ons M arco A ntonio R ocha L ouresD ElEG AC IA SEC CIO NA l DE PAR ANA GUA

9. COM ISSAO DE REV ISAo DO REG IM ENTO INTER NOD r. M a rio B ud an l de A rau jo ( P re s id e nt e)

C on s. J oa o Z en i J un io r (P re sid en te )D r. E d ua rd o Ma re ck i ( Se cr eta rio )

D r. J os e M ic he l G an tu s (C ola bo ra do r)C ons. A nlonio C arlos C orrM K uste r F ilho

D r. Iv a P etry M a cie l J un io r (S up le nte )C o ns . A g os tl n ho B e rto ld i

D r t.!a rio P erc eg on a (S up le nte )C on s. N e ls on Em ilia M a rq ue s

D r. L aub er M ac ed o d e M anos (S up le nte )