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Revista Eletrônica do Programa de Pós-graduação da Faculdade Cásper Líbero
ResumoResumo
Palavras-chavePalavras-chave
Volume nº 1, Ano 3 - Julho 11
* Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciências da Comunicação da PUCRS (bolsista CAPES). E-mail: [email protected]
Convergência Midiática. Teorias da Comunicação de Massa. Jornalismo Popular. Diário Gaúcho.
Com os avanços tecnológicos, os jornais populares cederam à convergência midiática. Por mais que a maioria de seus leitores não
tivesse total domínio da web, a inovação tornou-se uma necessidade para as grandes empresas. Foram criadas formas de interação en-
tre o impresso e o online a fim de captar adeptos, sem que os leitores deixassem de lado a sistemática do cotidiano. Este artigo relata
as transformações que os meios sofreram, sob a ótica de Castells, Jenkins e Noblat. Para isso, serão analisadas quinze páginas do jornal
popular Diário Gaúcho, mais especificadamente a seção “Seu Problema é Nosso”, a fim de mostrar a conexão entre o online e o offline.
Karen Sica da Cunha*
http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/comtempo
With technological advances, the popular newspapers had to cede to the media convergence. Even though the majority of their read-
ers didn’t master the Web, innovation has become a necessity for large businesses. Thus, they created forms of interaction between
the newspapers and online media in order to attract readers, without letting them leave their systematic routine. Readers/internauts
participate through the Internet in order to contribute with the news of printed newspaper, being them reader reporters. This article
reports the changes that these means have undergone, as well as it examines how these changes affected Diário Gaúcho.
Convergence. Theories of Mass Communication. Popular Journalism.
ArtigoA evolução tecnológica e a interatividade no jornal Popular
AbstractAbstract
KeywordsKeywords
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Comtempo – Revista Eletrônica do Programa de Pós-graduação da Faculdade Cásper Líbero – Volume nº 1, Ano 3 - Julho 2011
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Breve evolução das teorias de comunicaçãoNo passado, apenas a imprensa, o cinema, a televisão e o rádio eram consideradas mídias
massivas. Essa visão mudou devido ao avanço tecnológico dos últimos anos. Hohlfeldt, Martino &
França (2001) consideram a web como uma nova mídia. Castells (2000 e 2003), por sua vez, acredita
que a rede de computadores se tornou um sistema de comunicação que abrange expressivas parce-
las da população e, por este motivo, pode ser chamada de cultura de massa.
O presente trabalho propõe analisar as transformações que os meios de comunicação im-
pressos sofreram devido ao avanço tecnológico. Será feita uma análise de caso tendo como base
o Diário Gaúcho, jornal popular do Grupo RBS, com circulação no Rio Grande do Sul, e o site1 do
respectivo jornal, criado em setembro de 2009. Após o lançamento da versão online, foi necessário
gerar diferentes formas de interação com leitores do impresso a fim de que eles interagissem com
o meio online, mesmo sendo eles de classe “B”, “C” e “D”.
A principal proposta deste artigo é mostrar como estas pessoas, que não estão totalmente
acostumadas com as novas tecnologias e gostam de comprar o jornal diariamente nas bancas, estão
se adaptando ao conteúdo disponível online. Pode-se dizer que este trabalho tem por objetivo ana-
lisar como a web entra na vida destes cidadãos e faz com que eles interajam com o impresso, sem
que eles deixem de lado a sistemática do cotidiano. Ou seja, eles continuam saindo de casa todos os
dias e comprando os jornais na ida para o trabalho em uma banca de rua. Porém, também acessam
o conteúdo da publicação na web.
Sabe-se que a ideia de emissor e receptor não é mais a mesma desde o surgimento destas
novas tecnologias. Ao longo dos anos, as Teorias da Comunicação sofreram diversas mudanças.
Embora as tecnologias tenham avançado, infelizmente grande parte da população ainda não tem
acesso a estes meios. Vale analisar, então, os seguintes aspectos:
a)Como pessoas que não estão acostumadas aos novos rumos da comunicação fazem para
interagir com os meios?
b) Como os meios se organizam para que estas pessoas contribuam com informação e façam
parte do desenvolvimento da notícia?
A diversidade das teorias de comunicação de massaAs Teorias da Comunicação são necessárias para que se possa entender o desenvolvimento
da comunicação. Entre 1920 e 1930, enquanto as comunidades estavam se desfazendo, as socieda-
des estavam surgindo devido à industrialização. As pessoas não mantinham relações diretas e pre-
cisavam se comunicar através das mídias emergentes.
Harold Lasswell foi o primeiro teórico a definir a estrutura e a função da Comunicação So-
1 O conteúdo do site do Diário Gaúcho pode ser acessado em: http://www.diariogaucho.com.br
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cial, através da Teoria Hipodérmica, conhecida também como Teoria da Bala Mágica. Ele estabele-
ceu os fundamentos do paradigma teórico:
A comunicação constituiu um processo de cunho intencional, através do qual as
pessoas procuram influenciar o comportamento das demais por meio da transmissão
de mensagens para um determinado público (...). Do ponto de vista da estrutura, por
conseguinte, a comunicação é toda ação pela qual um sujeito transmite idéias para seus
semelhantes com determinado efeito, é toda ação que responde às perguntas: Quem?
Diz o quê? Em que canal? Para quem? Com que efeito? (RÜDIGER, 1995).
Sob este ponto de vista, o emissor, pré-determinado, transmite a mensagem para o receptor,
que é manipulado e indefeso. De acordo com De Fleur (DE FLEUR, 1993), essa teoria mecanicista
unidirecional E-M-R estava completamente correta, pois as mensagens atingiam desejos interiores,
emoções ou outros processos sobre os quais o emissor possuiria certo controle voluntário. Pode-se
dizer que os indivíduos reagiam uniformemente, visto que havia poucos laços sociais que pudessem
influenciar seus pensamentos. Tudo que a mídia dizia era absorvido como verdade absoluta.
Porém, esta ideia de que a exposição da comunidade de massa gerava efeitos imediatos
chegou ao final logo no início do século XX, mais precisamente após a I Guerra Mundial, em 1930.
A pesquisa empírica em grande escala sobre o processo e efeitos da comunicação de massa foi
encetada. As conclusões de tal pesquisa levantaram um quadro inconciliável com a Teoria da Bala
Mágica (DE FLEUR, 1993).
A Teoria Empírica entende que a mídia cumpre um papel limitado no jogo de influências
das relações comunitárias. Ou seja, ela não é mais um instrumento de persuasão na vida social do
indivíduo, apenas faz parte desta vida. Desta maneira, a Abordagem Empírica de Campo enfatiza a
influência indireta que a mídia exerce sobre o público. Pode-se dizer que o alcance das mensagens
midiáticas depende do contexto social em que elas estão inseridas, ficando sujeita aos demais pro-
cessos comunicativos que se encontram presentes na vida social (RÜDIGER, 1995).
Aquele paradigma teórico da comunicação, concebido por Lasswell, além de ter gerado inú-
meros programas de pesquisa, foi revisado profundamente e renovado por Schramm, em 1950. As
pesquisas de campo determinaram modificações no modelo inicial, não somente no entendimento
do modo como a comunicação influencia os indivíduos, mas também no próprio conceito do pro-
cesso da comunicação:
Tornou-se patente que a comunicação não pode ser reduzida à ação do comunicador,
compreende necessariamente a recepção da mensagem, que nem sempre corresponde
à intenção do comunicador, sem prejuízo necessário para a comunicação. Passou-
se a considerar que a relação do comunicador com o receptor não é unilateral, deve
ser vista também da perspectiva contrária, do receptor para o comunicador; que o
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comportamento deste último não ocorre independente do comportamento do primeiro,
há um condicionamento recíproco entre comunicadores e receptores no processo de
comunicação (RÜDIGER, 1995).
Há, ainda, a Teoria das Mídias, tratada por Parsons e posteriormente desenvolvida por N.
Luhmann. Nela, a comunicação constitui o núcleo dos mecanismos de interação social, que faz
com que as pessoas mantenham relações umas com as outras. Porém, estes teóricos acreditam que
a comunicação não pode ser reduzida simplesmente à produção, transmissão e recepção de mensa-
gens. Para eles, são as mídias que criam as condições necessárias para que haja comunicação entre
os indivíduos (RÜDIGER, 1995).
Ao se falar em mídias e novas tecnologias, torna-se necessário destacar Marshall McLuhan.
Em 1960, este teórico anunciou uma revolução nas comunicações que, depois de dez anos, come-
çou a se tornar motivo para a reconstrução da teoria da sociedade em termos de sociedade da in-
formação. Diferente dos demais teóricos que privilegiavam a mensagem na análise dos processos
comunicativos, McLuhan resumiu o pensamento central de sua teoria em uma frase: “o meio é a
mensagem”. Para ele, os meios eletrônicos permitiram a expressão da comunicação através de vá-
rios sentidos (BOSI, 1981).
Essa retomada da comunicação, supostamente mais próxima à expressão humana natural,
em contraste com a linearidade, fragmentação e abstração necessária à escrita, levariam a vivên-
cias, através da mídia eletrônica, capazes de socializar comunidades distantes, criando uma “aldeia
global” (BOSI, 1981).
Em 1990, surge o termo cibercultura. A web chega com o intuito de integrar ainda mais as
pessoas com o mundo ao seu redor. Pode-se dizer, ainda, que este pensamento revela um sentido
formativo para o indivíduo. Além disso, a cibercultura é vista como a Era sujeita ao pensamento
tecnológico – revolução na mídia, convergência midiática, interatividade entre os meios e os indi-
víduos (RÜDIGER, 2003).
Na internet, exige-se maior atividade do receptor. Em alguns casos, o receptor torna-se emis-
sor ou tem o poder de influenciar o comunicador no próprio instante da geração e transmissão da
mensagem. Enquanto a comunicação tradicional pressupõe uma difusão totalmente unidirecional
de um para muitos, a web gera outras formas de comunicação: um para um, muitos para um ou
muitos para muitos (CASTELLS, 2003).
No cenário contemporâneo de uma sociedade totalmente computadorizada, marcada pelas
Novas Tecnologias da Informação e da Comunicação (NTIC), ocorrem diversas convergências nos
mais variados campos. Estamos vivenciando o que Henry Jenkins (2008) chama de cultura da con-
vergência, na qual não são apenas as relações entre as tecnologias existentes que se alteram, mas
também as relações entre indústrias, mercados, gêneros, audiências e consumo dos meios. Há a
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reconfiguração do poder da mídia e o redesenho da estética e da economia.
Para este autor, a convergência refere-se ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes
midiáticos. Jenkins acredita que este fenômeno ocorre devido à cooperação entre múltiplos merca-
dos midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a
quase qualquer lugar em busca de entretenimento e diversão, além de informação (JENKINS, 2008).
A convergência digital gera um profundo impacto nas novas formas de relacionamentos e
cria novas possibilidades de pesquisa e aprendizagem. Além disso, surgem novos tipos de organi-
zações e diferentes formas de trabalho (CASTELLS, 2003; TERÊNCIO & SOARES, 2003; SILVERSTO-
NE, 2002). As relações entre os indivíduos e os meios se transformam e, por mais diferentes que
eles sejam, ficam unidos por um meio e não conseguem viver separadamente (CASTELLS, 2003).
As transformações no jornal popular Diário GaúchoAo analisar estas transformações nos meios de comunicação, pode-se entender melhor como
as diversas mídias se adaptaram a estas mudanças. O jornal popular Diário Gaúcho, criado em
abril de 2000 pelo Grupo RBS, alcançou um grande público do Rio Grande do Sul desde o seu lan-
çamento. Por ser muito barato e economicamente viável – no início custava R$ 0,25; atualmente, R$
0,75 – o impresso conquistou leitores fiéis nos últimos dez anos. Vale salientar que o público-alvo
do impresso se enquadra nas classes “B”, “C” e “D” e, em muitos casos, não está totalmente fami-
liarizado com a internet.
Noblat já dizia que a principal função do jornalista, desde o princípio, foi de repassar infor-
mações verdadeiras sobre os fatos cotidianos. Segundo o autor, “um jornal é, ou deveria ser, um
espelho da consciência crítica de uma comunidade em determinado espaço de tempo”. Porém, o
impresso, sendo ele popular ou não, não pode parar no tempo. Deve estar sempre se atualizando
para continuar conquistando leitores, pois a informação e o mercado não podem parar.
Pode-se dizer que cada vez se tem mais acesso à socialização através do virtual. Tudo isto
é ocasionado pelo intenso espaço de fluxos informacionais gerados pelos meios de comunicação
(CASTELLS, 1996). As informações podem ser acrescentadas a todo o momento de uma forma
praticamente instantânea. Para acompanhar o crescimento destas novas tecnologias, os impressos
também precisaram investir em melhorias e mudanças editoriais (NOBLAT, 2003).
Tendo em vista essa nova realidade, a qual internet está em pleno crescimento entre os brasi-
leiros, o Grupo RBS lançou o site do jornal Diário Gaúcho, em setembro de 2009. Embora o impres-
so seja destinado a um público de classes “B”, “C”, e “D”, que, muitas vezes, não tem acesso à web,
a necessidade de modernização foi maior. O site do jornal traz as principais matérias veiculadas no
impresso, mas também tem outros atrativos que chamam a atenção desse público que tem pouca
familiaridade com o meio online.
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Foi necessário criar novas formas de interatividade. Antes, os leitores enviavam cartas com
problemas dos seus bairros, por exemplo. Após o surgimento do Diário Gaúcho online, criou-se
uma seção intitulada “Pede-se Providência” com o intuito de gerar um novo mecanismo de conecti-
vidade entre o internauta e o jornal. Neste caso, o indivíduo envia, através de um formulário online,
uma reclamação, com foto, sobre um problema recorrente no seu bairro.
FIGURA 1: Matéria publicada no site do Diário Gaúcho que explica como funciona a seção “Pede-se Providência”. Há um link para o formulário de participação do internauta. Além disso, todas as fotos enviadas
são recebidas e inseridas em uma galeria de fotos com todos os problemas de bairro.
Todas as fotos enviadas são encaminhadas para o responsável pela editoria de geral do Diá-
rio Gaúcho impresso, que avalia as informações e, conforme o critério editorial, publica a notícia
enviada pelo internauta na seção “Seu Problema é Nosso”. Para entender melhor este caso específi-
co, no qual há total interatividade entre o indivíduo e o jornal impresso e o jornal internet, é neces-
sário fazer um estudo de caso de algumas publicações. Sendo assim, neste artigo, serão analisadas
as edições da primeira quinzena do mês de março de 2010. Vale salientar que essa seção não tem
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um dia específico da semana para ser publicada.
A interatividade gerada pela internetNo dia 1º de março de 2010, por exemplo, além da matéria principal da página 06, intitulada
Campinho sem tela perturba a vizinhança, destacam-se duas retrancas importantes: a) Preocupa-
ção com a dengue, na qual uma internauta enviou uma foto com diversos pneus jogados no bairro
São Geraldo, em Porto Alegre; b) Falta de calçamento, referente a uma nota enviada por um funcio-
nário público sobre as más condições de uma comunidade no bairro Partenon, em Porto Alegre.
Já no dia 2 de março, um morador do bairro Nonoai, em Porto Alegre, divulga uma foto com
uma árvore morta, que pode cair em cima de sua casa. Além disso, um internauta reclama sobre
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a lotação dos vagões do Trensurb nos horários de pico e envia uma imagem da situação que passa
todos os dias ao ir para o trabalho.
O buraco nas ruas foi o assunto do dia 4 de março, na seção “Seu Problema é Nosso”. Um
internauta reclamou sobre uma cratera que acumulou água parada, em Gravataí. Para completar a
matéria, foi publicada outra nota, na qual um cidadão fotografou a situação caótica de uma boca-
de-lobo próximo à Estação Mercado do Trensurb, na Capital.
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No dia 8 de março, com medo de transmissão de doenças, internautas relataram problemas
com esgotos entupidos na Capital. As imagens foram publicadas no jornal, com o mesmo texto en-
viado pelos leitores no site do Diário Gaúcho.
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Um dos assuntos abordados por internautas no dia 11 de março foi sobre a situação de uma
rede elétrica em Gravataí, que se encostava a algumas árvores no local. Na mesma página, foi pu-
blicada uma nota sobre o acúmulo de lixo na entrada da Vila Nazaré, em Porto Alegre, também
enviada por um internauta do site.
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No dia 15 de março, o “Seu Problema é Nosso” trata sobre uma rua que está sem luz em Ca-
noas, há mais de um ano. Além disso, moradores de Guaíba aproveitaram o espaço no jornal para
reclamar sobre o estado de conservação de uma via. Um internauta enviou uma foto com mais uma
cratera nas ruas de Porto Alegre.
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Após serem publicadas no jornal impresso, espera-se que todas as reclamações sejam lidas
pelos órgãos responsáveis. Na maioria dos casos, as solicitações são atendidas prontamente. Como
é o caso da reclamação de um internauta sobre o acúmulo de pneus no bairro São Geraldo, publica-
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da no dia 1º de março. Neste exemplo, a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre respondeu
à reclamação da internauta e disse que o problema estava sendo solucionado.
Outro que teve o pedido atendido foi o morador da Cohab, que reclamou, no dia 11 de mar-
ço, sobre os galhos que ameaçavam cair sobre a fiação elétrica. No dia seguinte à nota publicada,
a empresa responsável, no caso a Rio Grande Energia (RGE), tomou as providências e fez a poda
dos galhos no local. As demais reclamações não obtiveram respostas durante o período analisado.
Independente de o pedido ter sido atendido pelos órgãos competentes de cada região, o que
importa, neste caso, é analisar a forma pela qual o internauta do site do Diário Gaúcho está co-
nectado com o jornal impresso. Quem envia a mensagem/reportagem para o jornalista é o leitor/
internauta. Este internauta quer mostrar o quanto ele se preocupa com a sociedade e quer fazer
algo para melhorar os problemas que vê a sua volta. Assim, ele acaba por se tornar o emissor de
determinada mensagem e, ao mesmo tempo, ele também é o receptor ao comprar o jornal.
ConclusaoAo contrário do paradigma inicial da comunicação de massa, no qual o emissor apenas
transmite uma mensagem para o receptor (BOSI, 1981), na internet os papéis se invertem e o re-
ceptor torna-se, ao mesmo tempo, emissor de determinada mensagem. Este receptor precisa ser
ativo para poder participar do meio e poder contribuir para o funcionamento eficaz do mesmo
(CASTELLS, 2003).
Após analisar o caso específico do Diário Gaúcho, levando sempre em consideração que o
público-alvo do jornal é de classe “B”, “C” e “D”, pode-se dizer que há o que Henry Jenkins cha-
ma de convergência midiática. Os meios se relacionam e as mídias se unem em prol de um obje-
tivo: conquistar os públicos e gerar maior interatividade entre os meios e os leitores/internautas
(JENKINS, 2008).
Neste caso, a interatividade torna-se necessária para que este leitor/internauta sinta vontade
de participar do produto final. Ou seja, os indivíduos desejam exercer sua cidadania e, para isso,
utilizam a internet e, conseqüentemente, o jornal como meio de disseminação do problema. Desta
forma, há satisfação para o leitor e o sentimento de que seus pedidos foram atendidos e, em alguns
casos, solucionados, conforme foi analisado anteriormente.
Além dos meios de comunicação, o pensamento das pessoas também se transformou, devi-
do ao desenvolvimento das novas tecnologias. Enquanto antes não se imaginava um site para um
jornal popular, hoje em dia este meio de comunicação é necessário para dar continuidade ao jornal
impresso. Vale ressaltar que um completa o outro. Mas qual será o motivo de tanta mudança de
pensamento? Por que o site do jornal Diário Gaúcho se tornou tão fundamental?
Ainda não se sabe o principal motivo, mas pode-se afirmar que os cidadãos, independente
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das classes sociais, querem interagir. Eles sentem necessidade de mostrar que têm conhecimentos
e que podem contribuir com informações relevantes para o jornal e para as notícias disponíveis na
internet. As pessoas gostam de se ver na mídia, querem estar nos meios de comunicação.
Além de participar, eles querem estar nos meios de comunicação. Essa necessidade de apare-
cer e, ao mesmo tempo, ajudar, é a questão que deve ser analisada e levada em consideração neste
e nos demais estudos sobre o tema. Conforme citado anteriormente, a web chega com o intuito
de integrar ainda mais as pessoas com o mundo ao redor (RÜDIGER, 2003). É exatamente isso que
ficou comprovado a partir deste estudo.
Especificamente no caso pesquisado neste artigo, os cidadãos sentem-se inconformados com
a realidade em que vivem, com o bairro deteriorado, com o buraco que pode prejudicar os morado-
res da região. A vontade de resolver estes problemas diários faz com que estes indivíduos superem
seus limites e tentem entender ainda mais a funcionalidade da web.
Sendo assim, pode-se dizer que estamos vivenciando um momento em que as pessoas de-
pendem dos meios, assim como o meio das pessoas. Melhor que isso: os indivíduos sentem a neces-
sidade de participar ativamente deste meio, seja ele qual for. Para isso, eles utilizam a tecnologia a
fim de aproveitar a rapidez que ela proporciona. O intenso fluxo informacional gera o que Castells
(1996) chama de socialização através da internet. Ao mesmo tempo em que as pessoas interagem
com os meios, elas também mantém relações diversas com outros cidadãos, embora, muitas vezes,
à distância.
O resultado adquirido através da web é satisfatório sob o ponto de vista da comunicação,
visto que a mensagem do emissor chega ao receptor, ainda que com ruídos, e o emissor transmite a
mensagem para mais receptores. O ciclo não para. Sempre existe um receptor com sede de emissor
no mundo da comunicação de massa.
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ExpedienteCoMtempoRevista Eletrônica do Programa de Pós-graduação da Faculdade Cásper LíberoSão Paulo, v.3, n.1, jun. 2011/nov. 2011
A revista CoMtempo é uma publicação científica semestral em formato eletrônico do Programa de Pós-graduação em Comuni-cação Social da Faculdade Cásper Líbero. Lançada em novembro de 2009, tem como principal finalidade divulgar a produção acadêmica inédita dos mestrandos e recém mestres de todos os Programas de Pós-graduação em Comunicação do Brasil.
Presidente da Fundação Cásper Líbero Paulo Camarda Diretora da Faculdade Cásper Líbero Tereza Cristina Vitali Vice-Diretor da Faculdade Cásper Líbero Welington Andrade Coordenador da Pós-Graduação Dimas Antônio Künsch
EditorWalter Teixeira Lima Junior
Comissão EditorialCarlos Costa (Faculdade Cásper Líbero) * Luis Mauro de Sá Martino (Faculdade Cásper Líbero) * Maria Goreti Frizzarini (Fa-culdade Cásper Líbero) *Liráucio Girardi Junior (Faculdade Cásper Líbero) * Walter Teixeira Lima Júnior (Faculdade Cásper Líbero)
Conselho EditorialÂngela Cristina Salgueiro Marques (Universidade Federal de Minas Gerais) * Carlos Roberto da Costa (Faculdade Cásper Líbero) * José Eugenio de Oliveira Menezes (Faculdade Cásper Líbero) * Luis Mauro Sá Martino (Faculdade Cásper Líbero) *Marcia Perencin Tondato (Escola Superior de Propaganda e Marketing) * Maria Goretti Frizzarini (Faculdade Cásper Líbero) * Walter Teixeira Lima Junior (Faculdade Cásper Líbero) * Roberto Oliveira (Universidade de Marília) * Bruno Lima Rocha (Uni-versidade Federal do Rio Grande do Sul) * Gerson Luiz Martins (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) * Roberto Chia-chiri (Faculdade Cásper Líbero) * Patrícia de Melo Bandeira (Fundação Joaquim Nabuco) * Dulcília Buitoni (Faculdade Cásper Líbero) * Claudio Novaes (Faculdade Cásper Líbero) * Macelle Khouri Santos (Universidade do Estado da Bahia). Assistente editorialGuilherme Carvalho Santini* Renata Barranco* Tel. (11) 3170-5969 | 3170-5841 * [email protected]
Projeto Gráfico e LogotipoDanilo Braga * Marcelo Rodrigues
Revisão de textosWalter Teixeira Lima Junior
Editoração eletrônicaWalter Teixeira Lima Junior
CorrespondênciaFaculdade Cásper Líbero – Pós-graduaçãoAv. Paulista, 900 – 5º andar01310-940 – São Paulo (SP) – BrasilTel.: (11) 3170.5969 – 3170.5875