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Empresas odontológicas
Clínica Odontológica IV
EMPRESAS ODONTOLÓGICAS
NEVES, Lilian de Jesus*
OLIVEIRA, Iury Ricardo Dias de**
ARAÚJO, Leonardo Barreto***
DULTRA, Cristiano de Almeida***
* Graduanda do curso de Odontologia da UEFS
** Graduando do curso de Odontologia da UEFS
*** Docente da Universidade Estadual de Feira de Santana
Resumo: O exercício da profissão do cirurgião-dentista deve ser ou estar de acordo com os
preceitos legais, devendo cumprir algumas exigências em relação à capacitação profissional e à
capacitação legal. Sendo assim, esse trabalho tem como objetivo elucidar quais os passos necessários para
o estabelecimento de um consultório odontológico, de acordo com a legislação vigente. A capacitação
legal consiste na inscrição do profissional no Conselho Regional de Odontologia (CRO) e registro no
Conselho Federal de Odontologia (CFO), além de envolver os trâmites burocráticos relacionados à
implantação do consultório odontológico. Na tentativa de esclarecer este complexo processo são
abordados os diversos tópicos que permeiam a construção de um consultório/empresa.
Abstract:The profession of dentist should be or comply with legal requirements and must meet
certain requirements in relation to professional skills and training legal. Therefore, this study aims to
elucidate the steps needed to establish a dental practice in accordance with current legislation. Legal
Empowerment is the recording professional in the Regional Council of Dentistry (RCD) and record the
Federal Council of Dentistry (FCD), besides involving bureaucratic procedures related to the
implementation of the dental office. In an attempt to clarify this complex process are discussed various
topics that pervade the construction of an office / company.
Palavras-chave: Cirurgião-dentista, Consultório odontológico, Empresa e Empresário
Keywords: Dentist, dentist office, Company and Entrepreneur
Introdução
A Odontologia evoluiu
significativamente desde a sua
constituição como profissão legalmente
reconhecida. A partir disso, foi
desenvolvida toda uma Deontologia
específica, ou seja, um conjunto de
princípios e regras de conduta ou
deveres, visando uma melhor
normatização da profissão e
promovendo assim, uma Odontologia
de qualidade (SILVA; SALES-PERES,
2009).
Empresas odontológicas
Clínica Odontológica IV
A profissão do cirurgião-dentista no
Brasil é regulamentada pela Lei nº
5.081/66. Além disso, a criação dos
Conselhos Federais e Regionais de
Odontologia, através da Lei nº 4.324/64,
possibilitou a fiscalização do exercício
da profissão em todo território nacional
(SILVA, 1997).
Apesar de muito se falar a respeito
dessas leis, atualmente o crescente
número de processos contra os
profissionais da área de saúde, dentre
eles os cirurgiões-dentistas, revela-nos a
necessidade de se compreender melhor
a legislação que regulamenta o seu
exercício. Bem como, os procedimentos
necessários para a abertura de um
consultório odontológico a fim de atuar
legalmente, se precavendo de possíveis
situações indesejáveis na esfera jurídica
(SILVA; SALES-PERES, 2009).
Tendo em vista o cumprimento
dos deveres ao exercício legal dessa
profissão, esse trabalho tem como
objetivo elucidar quais os passos
necessários para o estabelecimento de
um consultório odontológico, de acordo
com a legislação vigente.
Implantação de consultório
Odontológico
É notório que a implantação de qualquer
empresa ou atividade no Brasil não é
tarefa das mais fáceis, sobretudo quando
se sabe que o nosso país ainda guarda
como escudo de proteção contra fraudes
a velha e temida burocracia.
Infelizmente, através da falta de preparo
político e árduo compromisso com o
desenvolvimento econômico interno, o
Brasil tem se tornado uma Nação que
repudia os pequenos investidores
nacionais e, paradoxalmente, abre as
cancelas para megas-investidores,
bonificando-os com isenções fiscais,
implantações de infra-estrutura,
facilitação de inscrições e
documentações necessárias a sua
atividade. Por outro lado, massificam os
pequenos investidores, os profissionais
liberais e os autônomos, levantando
grandes barreiras ao exercício de
qualquer atividade econômica.
E assim, em face do entreve provocado
pelo mencionado perfil de
burocratização, se instaura a nossa
árdua tarefa de narrar os longos passos
necessários para a implantação de um
consultório odontológico/empresa.
Primeiro passo
Neste primeiro momento, urge acentuar
que quanto à abertura de consultórios de
profissionais com especializações nas
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Clínica Odontológica IV
diversas áreas da saúde, além do entrave
provocado pelo caminho burocrático
percorrido para tal fim, tem-se a
observar, também como fator limitante
legal, as normas administrativas com
poder regulador, criadas para garantir a
fiscalização, implantação e manutenção
dos estabelecimentos, bem como o
regimento da classe profissional.
Neste ínterim, a Resolução nº. 118 de
2012 do Conselho Federal de
Odontologia (CFO) regula os direitos e
deveres do cirurgião-dentista,
profissionais técnicos e auxiliares, e
pessoas jurídicas que exerçam
atividades na área da Odontologia, em
âmbito público e/ou privado, com a
obrigação de inscrição e registro nos
Conselhos de Odontologia, segundo
suas atribuições específicas.
As inscrições podem ser provisória,
principal, secundária e remida. A
provisória pode ser requerida pelo
recém-formado em um CRO mediante a
apresentação de documentação
específica (CROBA, 2012).
A inscrição provisória vale por dois
anos, improrrogáveis, a partir da data de
colação de grau, e a transformação em
principal deve ser solicitada pelo
profissional.
No entanto, quando o profissional
pretende trabalhar em mais de um
Estado, deverá solicitar nos demais
Estados uma inscrição secundária e,
para tanto, pagará uma anuidade neste
Estado também.
A inscrição remida é concedida ao
profissional no ano em que completa 70
anos, devendo, porém, estar quite com
suas obrigações financeiras e nunca ter
sofrido penalidade por infração ética.
Segundo passo
Dando seguimento ao processo de
constituição de um consultório
odontológico/empresa, é imprescindível
que haja a projeção da pessoa jurídica à
existência de fato, fazendo-se surgir o
consultório/empresa. Essa prospecção
se realiza com o registro do contrato
societário ou requerimento de
empresário individual em uma Junta
Comercial ou Cartório de Registro de
Pessoas Jurídicas (CROBA, 2012).
Conforme o artigo 967 do Código Civil
de 2002, uma das obrigações do
empreendedor, ou seja, aquele que
exerce ou exercerá atividade econômica
organizada para circulação de bens ou
serviços, é, na literalidade da lei, a de
inscrever-se na Junta Comercial.
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Incumbido do seu poder de polícia
(CUNHA JUNIOR, 2007), o Conselho
Regional de Odontologia exige a análise
prévia de todo o instrumento contratual,
requerendo o preenchimento de todos os
dados cadastrais e financeiros dos
sócios dentistas e técnicos inscritos,
para somente assim, conferir o visto
prévio. Esta etapa é realizada para
cumprimento das Leis Federais n°.
5.965/73 e n°. 6.839/80, pois todo
serviço regulamentado, deve possuir
autorização do Conselho de Classe.
O visto prévio, portanto, precede o
registro em Cartório ou Junta
Comercial, entretanto cabe salientar que
este instrumento não configura
efetivação da inscrição. Assim sendo a
inscrição deverá ser solicitada
posterioriormente ao registro no
Cartório e/ou Junta Comercial.
Após o deferimento do visto, os
responsáveis pela empresa terão prazo
de 60 (sessenta) dias para requerer
registro e inscrição no CRO (CROBA,
2012).
Terceiro passo
Após a realização desse procedimento,
deve-se inscrever na Receita Federal a
fim de se obter o Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica (CNPJ).
Segundo a Instrução Normativa RFB nº
1.183 de 2011 o CNPJ compreende as
informações cadastrais das entidades de
interesse das administrações tributárias
da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios. Sendo a
administração deste cadastro, de
competência da Secretaria da Receita
Federal do Brasil (RFB).
Ainda de acordo com esta Instrução
normativa compreende-se que todas as
pessoas jurídicas domiciliadas no
Brasil, inclusive as equiparadas, estão
obrigadas a inscrever no CNPJ cada um
de seus estabelecimentos no Brasil ou
no exterior, antes do início de suas
atividades.
Quarto passo
Após a inscrição no CNPJ, busca-se a
autorização de funcionamento (alvará),
concedido pela Secretaria da Fazenda,
na prefeitura do município, que
garantirá a abertura e funcionamento do
estabelecimento.
Para tanto, vale salientar a observância
da lei de zoneamento, que consiste num
instrumento do planejamento urbano
caracterizado pela aplicação de um
sistema legislativo municipal que
procura regular o uso e ocupação do
solo urbano.
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Quinto passo
Em seguida, cabe à pessoa jurídica,
devidamente registrada e em posse
deste ato administrativo (alvará),
realizar um cadastro na Previdência
Social por meio de órgão competente.
Sendo este o Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS). Compete ao
INSS a operacionalização do
reconhecimento dos direitos da clientela
do Regime Geral de Previdência Social
(RGPS).
De acordo com o artigo 194 da
constituição civil a seguridade social
compreende um conjunto integrado de
ações de iniciativas dos Poderes
Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à
previdência e à assistência social.
Sendo assim, a seguridade social, com
base no artigo 195 da mesma
constituição, deve ser financiada por
toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos
da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos municípios e das
contribuições sociais do empregador da
empresa e da entidade a ela equiparada
na forma da lei.
Sexto passo
Na sequência de passos necessários para
abertura de um consultório
odontológico/empresa, faz-se necessária
a realização de um cadastro na Caixa
Econômica Federal, destinado a
abertura de um fundo para deposito de
valores decorrentes do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Com base no inciso I do artigo 7 da lei
8036/90, cabe à Caixa Econômica
Federal centralizar os recursos do
FGTS, manter e controlar as contas
vinculadas, emitir regularmente os
extratos individuais correspondentes à
estas contas e participar da rede
arrecadadora dos recursos deste fundo.
Sétimo passo
Ao final de todo o percurso burocrático
até então descrito, deve-se atentar à
obtenção do alvará Sanitário.
Documento este, de autorização de
funcionamento ou operação de serviço,
prestada pela autoridade sanitária local.
A concessão ou a renovação do alvará
sanitário ficam condicionadas ao
cumprimento de requisitos técnicos e à
inspeção da autoridade sanitária
competente.
Sendo esta autorização, passível, a
qualquer tempo, de suspensão, cassação
ou cancelamento, no interesse da saúde
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pública, assegurando ao proprietário do
estabelecimento o direito de defesa em
processo administrativo instaurado pela
autoridade sanitária. Neste contexto
cabe salientar que tanto as infrações
quanto as penas estão de acordo com a
(Lei Federal nº 6.437, de 20/08/1977).
Documentos necessários para
inscrição da clínica junto ao conselho
Para requisitar a inscrição da Clínica
deve-se protocolar obrigatoriamente na
sede ou seccionais, o que segue:
-Requerimento (MODELO CROBA);
-Contrato social registrado e alterações
(Cópia);
-Cópia simples do Cartão do CNPJ;
-Cópia do Alvará Definitivo de
Funcionamento
-Caso o Responsável Administrativo
não seja o Responsável Técnico, é
preciso que seja apresentado uma cópia
da identidade civil;
-Cópia da Carteira Livreto dos CD’s
sócios (fls.3,4,5 e 6)
-Copia do Contrato ou Carteira de
Trabalho dos funcionários da Clínica ou
Declaração de não existência;
-Termo de Responsabilidade técnica
(MODELO CROBA);
-Pagamento da taxa de Inscrição
O prazo para conclusão do registro é de
90 a 120 dias (CROBA, 2012).
Empresário Individual, EIRELI e
Sociedade Empresária
Empresário individual
Segundo o artigo 966 do Código Civil
(CC) 2002, considera-se empresário
individual aquele (pessoa física) que
exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção
ou circulação de bens ou de serviços.
Para tanto, faz-se obrigatória, de acordo
com o artigo 967 do mesmo código, a
inscrição da pessoa física no Registro
Público de Empresas Mercantis (Junta
Comercial).
Uma das características fundamentais
da empresa individual é o fato de que o
patrimônio particular do proprietário
confunde-se com o da empresa.
Neste contexto burocrático que se
apresenta à constituição de uma
empresa individual, o empresário
equipara-se à uma pessoa jurídica.
Portanto, há obrigatoriedade quanto à
inscrição na Receita Federal, através do
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CNPJ, e à incidência de tributação
específica.
Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada (EIRELI)
A Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada (EIRELI) é
uma nova modalidade de pessoa
jurídica de direito privado, cuja
existência decorre da publicação da Lei
12.441/2011.
Esta modalidade de empresa é
constituída por uma única pessoa titular
da totalidade do capital social,
devidamente integralizado, que não será
inferior a 100 (cem) vezes o maior
salário-mínimo vigente no País. A
quantia deve estar disponível em
dinheiro, bens ou direitos.
O nome empresarial deverá ser
formado pela inclusão da expressão
"EIRELI" após a firma ou a
denominação social da empresa
individual de responsabilidade limitada.
A nova lei estabelece que o
empreendedor que constituir uma Eireli
somente poderá figurar em uma única
empresa dessa modalidade, mas não há
impedimentos para que a formalização
da Empresa Individual decorra da
concentração das quotas de outros
modelos societários pertencentes a uma
mesma pessoa física. Poderá ainda, ser
atribuída à empresa individual
constituída para a prestação de serviços
de qualquer natureza a remuneração
decorrente da cessão de direitos
patrimoniais de autor ou de imagem,
nome, marca ou voz de que seja
detentor o titular da pessoa jurídica,
vinculados à atividade profissional.
Esta modalidade jurídica
restringe a responsabilidade do
proprietário ao capital da empresa, não
comprometendo a totalidade de seu
patrimônio pessoal. Ou seja, protege o
patrimônio do empresário a partir do
valor do capital da empresa, contudo a
Lei 12.441/11 dispõe, ao incluir o art.
980-A no Código Civil, que as novas
empresas individuais seguirão as
mesmas regras das sociedades
limitadas.
Sociedade Empresarial
A opção do legislador foi de dividir a
atividade empresarial exercida por
pessoa física de outra exercida por
pessoa jurídica.
Como foi abordado anteriormente
empresário é a pessoa física que exerce
atividade empresarial. Diferindo desta,
Sociedade empresária é a pessoa
jurídica que exerce atividade
empresarial.
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Sendo que a sociedade empresária pode
se organizar na forma de sociedade em
nome coletivo (art. 1039 do CC),
sociedade em comandita simples (art.
1045 do CC), sociedade limitada (art.
1052 do CC), sociedade anônima ( art.
1088 do CC) e sociedade em comandita
por ações (art. 1090 do CC).
Assim como a empresa individual o
início da atividade empresarial está
vinculado à inscrição em Junta
Comercial e cadastramento na Receita
Federal.
Responsabilidade do dentista
Cumpre frisar, que muitos profissionais
dentistas ainda não estão atentos acerca
da responsabilidade civil, decorrente
dos serviços prestados à sociedade.
Pelo ordenamento brasileiro, o
Cirurgião-Dentista é responsável pelo
tratamento que executa e,
consequentemente, todo dano causado
deve ser reparado. Todo exercício de
profissão regulamentada está
intimamente ligado ao cumprimento do
dever moral e legal de não prejudicar
terceiros, por ato danoso ou ilícito
(CRO-SC, 2009).
No direito civil a doutrina interpreta que
os procedimentos executados pelo
cirurgião-dentista, dependendo da área
da especialidade e da forma como o
profissional divulga o tratamento,
podem ser obrigação de meio ou de
resultado.
De acordo com o artigo 14 do Código
de Defesa do Consumidor o fornecedor
de serviços responde de forma objetiva,
ou seja, independentemente da culpa,
pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à
prestação de serviços, bem como por
informações insuficientes ou
inadequadas sobre os riscos.
Porém o parágrafo 4° do mesmo artigo
abre exceção ao princípio da
objetivação de serviços prestados por
profissionais liberais, a exemplo dos
cirurgiões-dentistas, cuja
responsabilidade será apurada mediante
a verificação da culpa, neste caso a
responsabilidade passa a ser subjetiva,
ou seja, o profissional esta incumbido
de provar em juízo, que não laborou em
equívoco, nem agiu com negligência,
imprudência ou imperícia.
Cobranças de Anuidades e Taxas
O valor das anuidades cobradas pelos
conselhos regionais e taxas
correspondentes aos serviços e atos
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indispensáveis ao exercício da profissão
são fixados pelo Conselho Federal em
conjunto com representantes de todos os
Conselhos Regionais do Brasil. Sendo
que parte do valor arrecadado pelos
Conselhos Regionais é destinado ao
Conselho Federal.
O profissional cirurgião-dentista deve
manter seus dados cadastrais
atualizados, tendo o mesmo total
responsabilidade sobre a atualização e
veracidade das informações, eximindo
os Conselhos de qualquer
responsabilidade caso isso não ocorra.
Em casos de atuação militar exclusiva a
anuidade não será cobrada, sendo
incumbida ao profissional a
responsabilidade de comprovação anual
de tal situação. Já nos casos em que não
houver quitação da anuidade, até o
vencimento do exercício, será inscrita
em dívida ativa e posteriormente
executada. Estando, a inscrição, fadada
ao cancelamento em casos de
inadimplência persistente por cinco
anos, falecimento ou aposentadoria por
invalidez.
Elementos de empresa
Partindo da definição jurídica de
empresário contida no art. 966 do CC de
2002, cumpre apresentar de forma mais
ampla os elementos caracterizadores
desta figura, em acordo com o texto
jurídico contido na constituição. Sendo
assim, a noção do exercício profissional
de certa atividade é associada, segundo
Ulhoa (2008), a considerações de três
ordens, destacadas a seguir:
Profissionalismo
Este primeiro elemento refere-se à
habitualidade, que por sua vez,
contempla como profissional aquele que
realiza tarefa de forma habitual. Por
conseguinte, não será considerado
empresário, aquele que organizar, de
maneira esporádica, a produção de certa
mercadoria, mesmo destinando-a à
venda no mercado.
O segundo aspecto do profissionalismo
é a pessoalidade. Este elemento, por sua
vez, trata como dever do empresário, no
exercício da atividade empresarial,
contratar empregados. Tendo em vista
que são estes que, literalmente,
produzem ou promovem a circulação de
bens ou serviços, ou seja, enquanto o
profissional exerce atividade
empresarial pessoalmente, os
empregados fazem em nome do
empregador.
O terceiro aspecto se apresenta como o
mais relevante, tendo em vista que se
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traduz no monopólio das informações
que o empresário detém ou do serviço
objeto de sua empresa, tendo este
profissional, o dever tanto de conhecer
as informações sobre os bens ou
serviços por ele fornecidos quanto de
informar amplamente os consumidores
e usuários.
Economicidade
A atividade empresarial é econômica no
sentido de que busca gerar lucro para
quem a explora. Nota-se que o lucro
pode ser o objeto da produção ou
circulação de bens ou serviços, ou
apenas o instrumento para alcançar
outras finalidades. Neste último caso, o
lucro é meio e não fim da atividade
econômica, a exemplo de instituições
com fins não lucrativos.
Organização
A empresa é atividade organizada,
tendo em vista que nela se encontram
articulados, pelo empresário, os quatros
fatores de produção: capital, mão de
obra, insumos e tecnologia. Vale
salientar que a observância destes
fatores torna-se pré-requisito para que
se configure o empresário, a exemplo
do profissional liberal, que é o caso do
cirurgião-dentista.
Considerações finais
O cirurgião dentista deve se preocupar
com o caminho burocrático relacionado
à implantação do consultório
odontológico/ empresa.
O percorrer deste caminho é um tarefa
árdua, que pode ser minimizada com o
conhecimento prévio dos tramites que
compõem esse complexo processo.
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Referências
Coelho,Fabio Ulhoa. Anual de direito comercial: Direito de empresa.20 edição,São
Paulo:Saraiva,2008.
CROBA, Conselho Regional de Odontologia. Manual de Orientação para Pessoas
Jurídicas e Empresários (Individuais). 2012. Disponível em: <
http://www.croba.org.br/downloads/>. Acesso em: 04 jan. 2013.
CROSC. Orientações para o dentista recém formado. Conselho Regional de
Odontologia de Santa Catarina. Disponível em: < http://www.crosc.org.br/wp-
content/uploads/2012/02/manual_formando.pdf >. Acesso em: 14 jan. 2012.
CUNHA JUNIOR, Dirley. Curso de Direito Administrativo. Salvador: Juspodivm,
2007.
Resolução nº118 de 11 de maio de 2012. Entidades de Fiscalização do exercício das
profissões liberais. Conselho Federal de Odontologia. DOU nº114 de 14/06/2012
Seção 01.p118.
SILVA, Ricardo Henrique Alves da; SALES-PERES, Arsenio. Exercício profissional e
atividade ilícita em odontologia no Brasil. Saúde, Ética & Justiça. 2009; 14(1):1-8.
SILVA, Moacyr da. Compêndio de Odontologia Legal. Rio de Janeiro: Médica e
Científica, 1997.
Vade Mecum Acadêmico de Direito/Anne Joyce Angher, organização – 11º Ed. – São
Paulo: Rideal, 2011 (Coleção de Leis).