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Instituto de Tecnologia de Pernambuco- ITEPPrograma de Ps Graduao em Tecnologia AmbientalDisciplina Gesto de Resduos SlidosProfessor Bertrand Sampaio de Alencar

A PROBLEMTICA DOS LIXES NOS MUNICPIOS PERNAMBUCANOS E A RESPONSABILIDADE DOS GESTORES NO QUE DIZ RESPEITO A POLTICA NACIONAL DE RESDUOS SLIDOS.Edivan Carneiro FredericoJoo Machado Ludgren Marlia Feitosa de Alencar Arruda

RESUMO...

Palavras Chave: Lixes. Responsabilidade Criminal. Poltica Nacional de Resduos Slidos.

1. INTRODUO...

2. LIXO x LIXES: ORIGEM, CONCEITO E GESTO.

No incio das civilizaes o homem era nmade, no tinha um local fixo para viver e constantemente mudava de lugar, a maneira que os recursos para sua sobrevivncia ficavam escassos. Como extraiam apenas aquilo que necessitavam no momento, eles no estocavam alimentos e nem produziam uma quantidade grande de lixo, que logo era absorvido pela natureza.Segundo COSTA (2011), Desde os primrdios a relao do ser humano com a natureza tem sido utilitarista, no sentido de que para satisfazer suas necessidades, haveria de extrair recursos do meio ambiente, gerando, com isto, efeitos que eram totalmente assimilados pelo ecossistema. Isso se devia em partes, pela pequena quantidade de seres humanos no planeta; na limitao da satisfao apenas das necessidades bsicas.Na medida em que as civilizaes foram crescendo, os homens passaram a se fixar nos lugares, os hbitos comearam a modificar e o consumo de alimentos tambmaumentouconsequentemente o lixo tambm foi aumentando, mas nada que impactasse tanto o meio ambiente.Aps a revoluo industrial, com o desenvolvimento de novas tecnologias e a produo em massa de bens de consumo, os povos comearam a ter a oportunidade estocar alimentos e o hbitode consumir mudou, consumindo mais que a necessidade exigia, o suprfluo, assim como a produo de lixo aumentou devido o rpido descarte.Segundo LEMOS(2011), Consumir vem do latim consumire, que significa gastar, utilizar, despender, extinguir, destruir. Assim, a natureza comea a ser massacrada e os recursos naturais dizimados em prol de uma cultura de consumir alm do que se necessita e descarte incontrolvel, gerando por tanto impacto ambiental por todo o planeta.Inicia-se portanto uma nova fase que COSTA(2011) cita comoa relao ser humano-natureza passa da submisso para a dominao. Nessa fase os efeitos adversos aparecem com o crescimento populacional, hoje chega em pouco mais que 7 bilhes de pessoas segundo a ONU, concretiza-se o esgotamento dos recursos naturais em prol do crescimento econmico ilimitado. O grande problema alm do esgotamento de recursos a gerao de lixo em grande escala e do qual os gestores tem dificuldade de destina-lo de maneira correta comprometendo a qualidade de vida das futuras geraes. O lixo definido segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT, como restos das atividades humanas, consideradas pelos geradores como inteis, indesejveis ou descartveis. Segundo FERREIRA(1997), lixo tudo o que no presta e se joga fora. Muitos utilizam o termo resduo slido como sendo sinnimo do termo lixo. Assim foi com a Poltica Nacional de Resduos Slidos - PNRS, a Lei N 12.305/10, resduos, material, substncia, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinao final se procede, nos estados slido ou semisslido, bem como gases contidos em recipientes e lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou em corpos d'gua.Outro sinnimo que costumam dar a o termo lixo rejeito. Para CARNEIRO (2013) na cartilha do Ministrio Pblico de Pernambuco, Lixo, quem se lixa?, lixo sinnimo de rejeito, e que rejeito a parte do resduo slido que no aproveitada pela ausncia ou falha na aplicao de polticas pblicas e recursos tecnolgicos disponveis. A PNRSdiz que so postos em disposio final aps ter esgotados as possibilidades de tratamento e recuperao.J a Lei n 14.236 foi sancionada em 13 de dezembro de 2010 e define a Poltica Estadual de Resduos Slidosconceito de resduos slidos no inciso XVII, material, substncia, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinao final se est obrigado a proceder, no estado slido ou semi-slido, bem como gases contidos em recipientes e lquidos cujas particularidades tornem invivel o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou em corpos d.gua, ou exijam para isso soluo tcnica ou economicamente invivel em face da melhor tecnologia disponvel.A Lei n 13.047 de 26 de junho de 2006 que trata da implantao da coleta seletiva de lixo nos condomnios residenciais e comerciais, nos estabelecimentos comerciais e industriais e rgos pblicos federais, estaduais e municipais no mbito do estado de Pernambuco j considera o termo lixo mesmo e faz vrias definies no artigo 5:I lixo seco ou resduo reciclvel composto de metais, plsticos, vidros, papeis, embalagens longa vida e isopor; II lixo orgnico, no reciclvel, composto de sobra de alimentos, cascas de frutas e verduras, borra de caf e ch, cigarros, papel higinico, papel toalha e fraldas usadas; III o lixo especial ou resduo especial composto de pilhas, baterias, lmpadas fluorescentes, retalhos de couro, latas de tinta, venenos e solventes e devero ser encaminhados ao rgo municipal responsvel pela coleta e destino final; IV o lixo hospitalar e de laboratrios devero ser destinados a aterro especial; V pneus usados devero ser recolhidos pelo rgo municipal responsvel pela coleta para encaminh-los para reciclagem.O problema do lixo ou resduosso a maneira rpida e em grande quantidade que vm sendo gerado por parte dos seres humanos, que com o novo modelo de consumo, compram e descartam os produtos numa velocidade imensurvel e a qual a destinao fica muitas vezes sem adequao pelo grande volume gerado e coletado.Os lixes so reas onde so dispostos os resduos slidos de maneira inadequada sem menor preocupao com a poluio do solo, de cursos dgua, lenis freticos e do ar. Alm da proliferao de vetores causadores de doenas, poluio visual, risco sade pblica e de desvalorizao imobiliria. Segundo o Plano Metropolitano de Resduos Slidos os lixes so os vazadouros a cu aberto, reas de despejos sem maiores cuidados sanitrios e sem preocupao com a preveno de impactos ambientais.Segundo CARNEIRO (2013) o local mantido para a disposio final do lixo de forma inadequada, com a simples descarga dos materiais recolhidos diariamente sobre o solo, sem qualquer separao ou cuidado prvio, geralmente a cu aberto.Para o Ministrio do Meio Ambiente - MMA, lixes so reas que recebem resduos sem nenhuma preparao para evitar consequncias ambientais e sociais negativas. Dados do MMA do conta que 58% do lixo gerado no Brasil tm destinao inadequada, ou seja, temos 2/3 dos municpios brasileiros longe do considerado ideal para o tratamento dos resduos slidos.eexistem 2.906 lixes no Brasil.Em Pernambuco no diferente, mais da metade dos resduos coletados diariamente em Pernambuco no tem destinao adequada. Um estudo da Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais (Abrelpe), segundo PAZ (2012), indica que 56,9% do lixo recolhido no estado, em 2011, seguiram para os lixes e aterros controlados.Isso representa 3,95 toneladas.S que 1,39 tonelada de resduos no foram sequer coletadas no estado.Um dos mais importantes compromissos que exigido pela PNRS de 2010 de at 2014 os municpios exterminarem os lixes e aterros descontrolados, sob pena, de no serem repassados recursos financeiros do Governo Federal para obras do PAC- Programa de Acelerao do Crescimento e implantar sistemas para a coleta de materiais reciclveis nas residncias.Assim sendo, espera-se que os gestores municipais faam a sua parte e sejam responsabilizados nos termos da nova lei.

3. A responsabilidade dos gestores municipais pela gesto dos resduos slidos.No que concerne aos aspectos legais, verifica-se que utilizao de lixo ou aterro controlado para disposio final dos resduos slidos gerados, encontra-se em situao de completo descompasso com o que prescreve as normas jurdicas em vigor. A Constituio Federal de 1988 prev em seu art. 24, a competncia concorrente da Unio, dos Estados e Municpios, para legislar sobre o meio ambiente, visando sua proteo e combatendo a poluio. Ainda por determinao constitucional temos a competncia dos Municpios para legislar sobre assuntos de interesse local, entre eles a obrigao da limpeza pblica, coleta, transporte e disposio de resduos slidos. (art. 30, I CF/88).No mbito da legislao infraconstitucional, a Lei n. 12.305, de 2 de agosto de 2010, dispe em seu art. 10 que compete ao Distrito Federal e aos Municpios a gesto dos resduos slidos gerados nos respectivos territrios, in verbis:Incumbe ao Distrito Federal e aos Municpios a gesto integrada dos resduos slidos gerados nos respectivos territrios, sem prejuzo das competncias de controle e fiscalizao dos rgos federais e estaduais do Sisnama, do SNVS e do Suasa, bem como da responsabilidade do gerador pelo gerenciamento de resduos, consoante o estabelecido nesta Lei.Assim, no restam dvidas, de que o Poder Pblico Municipal o responsvel por todo o dano ambiental causado pelo lixes, competindo a esta municipalidade a resoluo de todos os problemas decorrentes destinao dos resduos slidos gerados em seu territrio, alm, da reparao de todos os danos j causados (art. 225, 3, da Constituio Federal).No se pode olvidar que a maneira irresponsvel de disposio de resduos, configura o crime ambiental previsto no art. 54 da lei n 9.605/98 (Lei dos crimes ambientais) que assim determina:

Art. 54. Causar poluio de qualquer natureza em nveis tais que resultem ou possam resultar em danos sade humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruio significativa da flora: 2 Se o crime:V - ocorrer por lanamento de resduos slidos, lquidos ou gasosos, ou detritos, leos ou substncias oleosas, em desacordo com as exigncias estabelecidas em leis ou regulamentos:Pena - recluso, de um a cinco anos. importante salientar que o fato do lixo de no ter sido criado na gesto do atual Prefeito no isenta o gestor municipal das sanes penais, administrativas, alm da responsabilidade de reparar o dano causado ao meio ambiente. O Superior Tribunal de Justia em caso anlogo julgou da seguinte maneira: (...) o simples fato de os prefeitos anteriores ou de outros prefeitos terem iniciado a prtica danosa ao meio ambiente no elide a responsabilizao do recorrido, que adotou, quando de sua gesto (autnoma em relao a todas as outras), a mesma conduta (poluidora) (STJ- REsp 699287 / AC Relator Ministro Mauro Campbell Marques)Na mesma deciso o referido Tribunal Superior firma entendimento de que ausncia de recursos do ente municipal no prejudica o interesse do parquet em propor ao objetivando a responsabilizao do agente pblico, seno vejamos: (...) a mera alegao de que a verba oramentria das municipalidades seria insuficiente para viabilizar a adequao do depsito de lixo as normas ambientais no tm o condo de afastar o interesse de o Ministrio Pblico propor demanda na qual se objetive a responsabilizao do agente da Administrao Pblica que atuou em desconformidade com a legislao protetiva do meio ambiente (STJ- REsp 699287 / AC Relator Ministro Mauro Campbell Marques)Faz-se oportuno mencionar que a Lei n. 12.305/2010 (Poltica Nacional do Meio Ambiente) estabeleceu o prazo de dois anos para a elaborao dos Planos Municipais de Gesto Integrada de Resduos Slidos, impossibilitando o acesso a recursos do Governo Federal relacionados a limpeza urbana e ao manejo de resduos slidos aos Municpios que no possurem o referido plano (prazo expirado em 03.08.2012). Certo que grande parte dos municpios brasileiros deixaram transcorrer todo o prazo sem a elaborao do Plano Municipal,o que demonstra o completo descaso dos Gestores Municipais razo pela qual no resta outra alternativa aos prefeitos municipais a no ser a responsabilizao criminal.. 4. CONCLUSODesta maneira, verifica-se que toda a legislao e a Constituio Federal apontam o prefeito municipal como responsvel pela destinao final ambientalmente adequada dos resduos slidos no municpio, e por isso esto autorizados a cobrar a taxa de limpeza urbana. Ademais, no Estado de Pernambuco os municpios que destinam de maneira adequada os seus resduos ainda contam com um incentivo financeiro concedido pelo Estado denominado ICMS scio ambiental, o que pode incrementar o oramento pblico municipal. Portanto, conforme acima exposto, conclui-se que a destinao ambientalmente adequada um servio pblico deferido aos municpios e plenamente possvel de ser implementada em qualquer municpio, o argumento de que muitos municpios se utilizam de dizer que no possuem recursos financeiros no se sustenta , visto que a Lei fornece vrios mecanismos para uma destinao adequada resduos slidos, o que realmente falta investimento em educao ambiental e vontade poltica de resolver esta problemtica.

Graduado em Direito pela Faculdade Salesiana e Aluno especial do Mestrado de Tecnologia Ambiental pelo ITEP/PE. Graduado em Direito pela Universidade Catlica de Pernambuco, Especialista em Cincia Criminais pela Universidade Catlica de Pernambuco, Especialista em Direito Administrativo pela Universidade Potiguar, Aluno especial do Mestrado de Tecnologia Ambiental pelo ITEP/PE e Analista Jurdico do Ministrio Pblico de Pernambuco.Graduada em Turismo pela Universidade Federal de Fortaleza, Especializada em Gesto Ambiental Urbana pelo IFCE, Especializada em Polticas Pblicas de Turismo pelo IFCE, Mestranda do Programa de Desenvolvimento do Meio Ambiente PRODEMA pela UFPE e Aluna especial do Mestrado de Tecnologia Ambiental pelo ITEP/PE.

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