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AS BOAS OBRAS DO CRISTÃO – Tito 2: 11-14 Introdução: Confissão de Westminster – CAPÍTULO XVI DAS BOAS OBRAS Sessão I. Boas obras são só aquelas que Deus ordenou em sua santa Palavra, e não aquelas que, sem a autorização dela, são inventadas pelos homens que, movidos por um zelo cego, nutrem alguma pretensão de boa intenção. Sessão II. Essas boas obras, feitas em obediência aos mandamentos de Deus, são os frutos e evidências de uma fé viva e

As Boas Obras Do Cristão

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Estudo sobre as boas obras.

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AS BOAS OBRAS DO CRISTO Tito 2:11-14Introduo: Confsso de F WestminsterCAPTULO XVI DAS BOAS OBRASSesso I.Boas obras so s aquelas queDeus ordenou em sua santa Palavra, eno aquelas que, sem a autorizaodela, so inventadas pelos homens que,movidos por um zelo cego, nutremalguma pretenso de boa inteno. Sesso II.Essas boas obras, feitas emobedincia aos mandamentos de Deus,so os frutos e evidncias de uma f vivaeverdadeira;' por elas os crentesmanifestam sua gratido;' fortalecemsua certeza, edifcamseus irmos,adornama profsso do evangelho,fechama boca dos adversrios' eglorifcama Deus.' de cuja feiturasomos, criados em Cristo Jesus paraisso mesmo," a fm de que, tendo seufruto para a santidade, tenham no fnala vida eterna.EXPOSIOMq 6.8; Rm 12.2; Hb 13.21. Mt 15.9; Is29.13; I Pe 1.18; Rm I 0.2; Jo 16.2; I Sm15.21-23. Tg2.18,22.4SI 116.12,13; IPe2.9.' I Jo2.3,5;2Pe 1.5-10.6 - 2 Co 9.2;Mt 5.16. Tt 2.5,9-12; I Tm 6.1. R I Pe2.15." I Pc 2.12; Fp 1.11; Jo 15.8. Ef2.10. DAS BOAS OBRAS Rm 6.22. Estas sees ensinamas seguintesproposies: -1. Para que alguma ao humana sejarealmente uma obra boa,deve ela ter asseguintes caractersticas essenciais: I. I. Deve ser algo direta ouimplicitamente ordenado por Deus. 1.2.Deve provir de um princpiointerno da f e amor no corao. Obrasno ordenadas por Deus, masinventadas e injustifcadamenteefetuadas pelos homens, so totalmentedestitudas de carter moral, e, seoferecidas no lugar da obedinciarequerida, so ofensivas. 2. Os efeitos e usos das boas obras,na vida crista, so multiformes, - 2.1. Expressam a gratido do crente emanifestam a graa de Deus, e assimadornam a profsso do evangelho. 2.2. Glorifcam a Deus. 2.3. Desenvolvem a graa atravs deexerccio, e assim fortalecem a certezado crente.2.4. Edifcam os irmos, 2.5. Fecham a boca dos adversrios. 2.6. So necessrias para aconsolidao da vida eterna.Defnio: Boas obras um chamamento para todoo cristo viver a f e o mandato de JesusCristo, pois, segundo vrias confssescrists, nomeadamente a Igreja Catlica,todos seremos julgados pelas nossasobras praticadas. As boas obras,nomeadamenteaesmola, soparticularmente recomendados aoscatlicos.Segundo a doutrina catlica, "as boasobras so feitas para agradar a Deus poramor e so as consequncias daverdadeira f, posta em prtica". Esta femJesus Cristo e nos seusensinamentos traduz-se no nosso desejoe obrigao de praticar e exprimir avirtude da caridade, o esprito demisericrdia e, em suma, a vontade deDeus.Logo, "o homem salvo pelas boas obrasnascidas da f", porque "s uma f vivapode dar a vida", sendo por isso aprtica delas um instrumento necessriopara a salvao.O texto de Efsios 2: 1-10Lei e Graa: Uma viso reformadaLEI Antigo Testamento GRAA Novo Testamento I. Estamos sob a Lei ou sob a graa?...sabendo, contudo, que o homem no justifcado por obras da lei, e simmediante a f em Cristo Jesus, tambmtemos crido em Cristo Jesus, para quefssemos justifcados pela f em Cristo eno por obras da lei, pois, por obras dalei, ningum ser justifcado(Glatas 2.16).Porque o pecado no ter domnio sobrevs; pois no estais debaixo da lei, e simda graa (Romanos 6.14).No sculo XVI, os catlicos acusavam osreformadores de antinomistas, de seremcontrrios lei de Deus. At mesmo ogrande reformador Martinho Luteroexpressou preocupao quanto a algunsde seus seguidores que, em seu zelo deproclamar a graa por tanto tempodesprezada pela Igreja, acabavam pordesprezar a Lei.Em uma direo oposta, outro grandemovimento foi iniciado por Karl Barth,em seu livro God, Grace and Gospel,onde argi por uma unidade bsicaentre lei e graa, direcionando seupensamento para um novo moralismo.As implicaes da forma comoentendemos a relao entre lei e graavo muito alm do aspecto puramenteintelectual.John Hesselink, um estudioso sobre arelao entre lei e graa, exemplifca que,na dcada de 1960, os cristosproponentes da tica situacionista selevantaramcontra leis, regras eprincpios gerais, propondo uma novamoralidade.Esse movimento prope que a tica dasEscrituras no absoluta, mas dependedo contexto. Nem mesmo a lei moral deDeus absoluta; ela depende dasituao.A lei no tem mais qualquer papeldeterminante na tica crist; o quedetermina a tica crist o princpio doamor, conclui o movimento.A conseqncia dessa concluso que agraa suplanta a lei. As decises ticasdevemser tomadas levando emconsiderao o princpio do amor. Tome-se por exemplo a questo do aborto nocaso de estupro. Aprov-lo nessascircunstncias umato de amorbaseado no princpio do amor me quefoi estuprada. Ou mesmo a questo dapena de morte. Ela no se encaixa noprincpio do amor ao prximo e,portanto, no pode ser uma prticacrist. At mesmo situaes como odivrcio passam a ser aceitveis peloprincpio do amor. A separao de casaispassa a ser aceitvel pelo mesmoprincpio. O mesmo acontece com ohomossexualismo. Aceitar ohomossexualismo passa a ser um ato deamor, e portanto, essa prtica no podeser considerada como pecado, ou, seassimconsiderada, umpecadoaceitvel.Mas seria essa a verdadeira conclusodo cristianismo e o verdadeiro ensinodas Escrituras sobre a lei?I. O Uso da Lei Para entendermos bem o uso da leiprecisamos entender o que so o pactodas obras e o pacto da graa. Assim, prudente comearmos poresclarecer o que so esses pactos e qualo conceito de lei que est envolvido naquesto.Pacto das Obras e Pacto da Graa aterminologia usada pela Confsso de Fde Westminster para explicar a forma derelacionamento adotada por Deus paracomas suas criaturas, os sereshumanos. Mais do que isso, essa terminologiarefete o sistema teolgico adotado pelosreformados, conhecido como TEOLOGIAFEDERAL.De forma bem resumida, podemos dizerque o pacto das obras o pactooperante antes da queda e do pecado. Ado e Eva viveramoriginalmentedebaixo desse pacto e sua vida dependiada sua obedincia lei dada por Deus deforma direta emGnesis 2.17 nocomer da rvore do conhecimento dobem e do mal.Ado e Eva descumprirama suaobrigao, desobedecerama lei eincorreram na maldio do pacto dasobras, a morte.O pacto da graa a manifestaograciosa e misericordiosa de Deus,aplicando a maldio do pacto das obras pessoa de seu Filho, Jesus Cristo,fazendo com que parte da sua criao,primeiramente representada em Ado, eagora representada por Cristo, pudesseser redimida.A lei no deve ser reduzida a um aspectosomente. Existem outras leis, implcitase explcitas, no texto bblico. Por exemplo, a descrio das bnosemGnesis 1.28aparece nosimperativos sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e dominai. Essesimperativos foramordens claras doCriador a Ado e sua esposa e, porconseguinte, eram leis. O relacionamento de Ado com o Criadorestava vinculado obedincia, a qual eleera capaz de exercer e assim cumprir opapel para o qual fora criado. No entanto, o relacionamento de Adocom Deus no se limitava obedincia.Esse relacionamento, acompanhado deobedincia, deveria expandir-se demaneira que nele o Deus criador fosseglorifcado e o ser humano pudesse terplena alegria em servi-lo. A Confsso deF nos fala da lei de Deus gravada nocorao do homem (CFW 4.2). Essa lei gravada no corao do serhumano refete o tipo de intimidadereservada por Deus para as suascriaturas.Nesse contexto podemos perceber que alei tinha um papel orientador para o serhumano. Para que o seu relacionamentocom o Criador se mantivesse, o homemdeveria ser obediente e assim cumprir oseu papel. A obedincia estava associada manuteno da bno pactual. A noobedincia estava associada retiradada bno e aplicao da maldio. Alei, portanto, tinha uma funoorientadora. O ser humano, desde oprincpio, conheceu os propsitos deDeus atravs da lei. Tendo quebrado alei, ele tornou-se ru da mesma erecebeu a clara condenao proclamadapelo Criador: a morte.O que acontece com essa lei depois daqueda e da desobedincia? Ela tem omesmo papel? Ela possui diferentescategorias? Por que Deus continuou arevelar a sua lei ao ser humano cado?III. De que Lei estamos Falando? A revelao da lei de Deus, comoexpresso objetiva da sua vontade,encontra-se registrada nas Escrituras.Esse registro, que comeou nos temposde Moiss, fala-nos da lei que Deus deua Ado e tambmaos seusdescendentes. Essa lei foi revelada ao longo do tempo.Dependendo das circunstncias e daocasio emque foi dada, possuidiferentes aspectos, qualidades ou reassobre as quais legisla. Assim, importante observar o contextoem que cada lei dada, a quem dada equal o seu objetivo manifesto. S assimpoderemos saber a que estamos nosreferindo quando falamos de Lei. A Confsso de F, no captulo 18,divide esses aspectos em lei moral, civil ecerimonial.Cada uma tem um papel e um tempopara sua aplicao: (a) Lei Civil ou Judicial representa alegislao dada sociedade israelita ou nao de Israel; por exemplo, defne oscrimes contra a propriedade e suasrespectivas punies. (b) Lei Religiosa ou Cerimonial representa a legislao levtica do VelhoTestamento; por exemplo, prescreve ossacrifcios e todo o simbolismocerimonial.(c) Lei Moral representa a vontade deDeus para o ser humano, no que dizrespeito ao seu comportamento e aosseus principais deveres.A. Toda a Lei aplicvel aos nossosdias? Quanto aplicao da Lei, devemosexercitar a seguinte compreenso: (a) A Lei Civil tinha a fnalidade deregular a sociedade civil do estadoteocrtico de Israel. Como tal, no aplicvel normativamente emnossasociedade. Os sabatistas erramaoquerer aplicar parte dela, sendoincoerentes, pois no conseguem aplic-la, nem impingi-la, em sua totalidade. (b) A Lei Religiosa tinha a fnalidade deimprimir nos homens a santidade deDeus e apontar para o Messias, Cristo,fora do qual no h esperana.Como tal, foi cumprida com sua vinda.Os sabatistas erram ao querer aplicarparte da mesma nos dias de hoje e aomescl-la com a Lei Civil. (c) A Lei Moral tem a fnalidade dedeixar bem claro ao homem os seusdeveres, revelando suas carncias eauxiliando-o a discernir entre o bem e omal. Como tal, aplicvel em todas aspocas e ocasies. Os sabatistasacertam ao consider-la vlida, pormerram ao confundi-la e ao mescl-la comas outras duas, prescrevendo umaplicao confusa e desconexa.Assim sendo, fundamental que, ao lero texto bblico, saibamos identifcar aque tipo de lei o texto se refere econhecer, ento, a aplicabilidade dessalei ao nosso contexto. As leis civis e cerimoniais de Israel notm um carter normativo para o povode Deus em nossos dias, ainda quepossam ter outra funo como, porexemplo, ensinar-nos princpios geraissobre a justia de Deus. Portanto, a leique permanece vigente em nossa e emtodas as pocas a lei moral de Deus.Ela valeu para Ado assim como valepara ns hoje. Isto implica que estamos, hoje, debaixoda lei?B. Estamos sob a Lei ou sob a Graade Deus? Muitas interpretaes erradas podemresultar de um entendimento falho dasdeclaraes bblicas de que noestamos debaixo da lei, e sim da graa(Romanos 6.14). Se considerarmos queos trs aspectos da lei de Deusapresentados acima so distinesbblicas, podemos afrmar: (a) No estamos sob a Lei Civil deIsrael, mas sob o perodo da graa deDeus, em que o evangelho atinge todosos povos, raas, tribos e naes. (b) No estamos sob a Lei Religiosa deIsrael, que apontava para o Messias, foicumprida em Cristo, e no nos prendesob nenhuma de suas ordenanascerimoniais, uma vez que estamos sob agraa do evangelho de Cristo, comacesso direto ao trono, pelo seu SantoEsprito, sema intermediao dossacerdotes. (c) No estamos sob a condenao daLei Moral de Deus, se fomosresgatados pelo seu sangue, e nosachamos cobertos por sua graa. Noestamos, portanto, sob a lei, mas sob agraa de Deus, nesses sentidos. Entretanto... (a) Estamos sob a Lei Moral de Deus,no sentido de que ela continuarepresentando a soma de nossos deverese obrigaes para com Deus e para como nosso semelhante. (b) Estamos sob a Lei Moral de Deus,no sentido de que ela, resumida nos DezMandamentos, representa o caminhotraado por Deus no processo desantifcao efetivado pelo Esprito Santoem nossa pessoa (Joo 14.15). Nos dois ltimos aspectos, a prpria LeiMoral de Deus umaexpresso de suagraa, representando a revelaoobjetiva e proposicionalde sua vontade.IV. Os Trs usos da Lei MoralPara esclarecer a funo da lei de Deusdada por intermdio de Moiss nasdiferentes pocas da revelao, Calvinousou a seguinte terminologia: A. O Primeiro Uso da Lei: UsusTheologicus a funo da lei que revela e tornaainda maior o pecado humano. Segue oensino de Paulo em Romanos 3.20 e5.20:...visto que ningumserjustifcado diante dele por obras da lei,em razo de que pela lei vem o plenoconhecimento do pecado. Sobreveio a leipara que avultasse a ofensa; mas ondeabundou o pecado, superabundou agraa.CONFISSO DE F DE WESTMISNTER1. Para que uma obra seja boa, l. l. Deve ser um ato realizado deconformidade com a vontade revelada deDeus. A lei da perfeio moral absoluta, a qualsomos mantidos em sujeio, no e a leide nossas prprias razoes ouconscincias, mas e uma norma todo-perfeitade justia, tendoseufundamento na natureza eterna deDeus, e sua expresso e impositivaautoridade sobre ns na vontade divina.O que a razo, a conscincia e aEscritura precisamente requerem no o autodesenvolmento nem a realizaode um fm ideal, mas a obedincia a umaautoridade pessoal fora de ns, e acimade ns. O homem bom e o homem obediente. Opecador, emcada transgresso davirtude, e cnscio de que ele e culpadode desobedincia ao Supremo Legislador.Davi diz, emseu arrependimento:"Contra ti, contra ti somente, pequei e fzesse mal na tua presena." SI 51.4. Deus apresentounas Escriturasinspiradas uma norma perfeita de f epratica. Cada princpio, cada motivo e cada fmda ao certa, segundo a vontade deDeus, sero facilmente aprendidos peloinquiridor devoto.Deus diz a sua Igreja: "Tudo o que eu teordeno,observaras;nadalheacrescentaras nem diminuirs." Dt 12.32;Ap 22.18, 19.Para que uma obra seja realmente boa, Leitura na confsso de F: todos;OS PROPSITOS DA LEI DE DEUSPor isso, nenhuma carne ser justifcadadiante dele pelas obras da lei, porquepela lei vem o conhecimento do pecado.(Rm 3:20)Em 1 Timteo, lemos que a lei s boa eproveitosa quando algum a usa demaneira adequada (1:8). Como oversculo deixa subentendido,infelizmente, h quem empregue a lei deDeus de maneira inadequada. Exemplodisso algum ensinar que a lei ummeio de salvao ou justifcao.Obedecer lei no o que nos tornadignos diante de Deus. A salvao sempre pela graa de Deus. Paulo disse:Vocs so salvos pela graa, por meio daf, e isto no vem de vocs, dom deDeus; no por obras, para que ningumse glorie (Ef 2:8-9). Se salvao no funo da lei, ento por que esta existe?Qual o seu propsito?A lei de Deus tem sido objeto de muitasdiscusses entre religiosos,especialmente nestes ltimos tempos.Essas discusses so, via de regra,extremistas. De um lado, esto osliberais, que se julgam desobrigados deguardar a lei; do outro, os legalistas.Como j observei, em estudo anterior,enquanto os legalistas consideram ques pelo cumprimento da lei as pessoaspodem ser salvas, os liberais julgamdesnecessrio o cumprimento desta,pois entendem que a graa e a f sosufcientes para salvar aquele que cr,fcando este dispensado da obedincia lei. Para no haver, entre ns, confusosobre essas questes, este estudo temcomo objetivo mostrar o verdadeiropropsito da lei, de acordo com asEscrituras.1. Alei temcomo objetivodesmascarar o pecado: Umdosprincipais objetivos da lei consiste emconvencer-nos de que somos pecadores.Para que nos convenamos disso, necessrio que conheamos o signifcadode pecado. A lei tambm nos ajuda acompreender isso. A segunda parte dotexto que base para este post diz:Porque pela lei vem o conhecimento dopecado. A palavra conhecimento atraduo do termo grego epignosis, quepode tambmser traduzido porconhecimento preciso e concreto. Porisso, algumas tradues trazem plenoconhecimento (RA). Veja o quanto a lei importante: ela que nos revela o tipo depessoa que temos sido, diante de Deus.Ao nos revelar essa verdade, presta-nosum grande servio, pois nos enseja aoportunidade de mudana para melhor.Em sua carta aos Romanos, o apstoloPaulo faz uma declarao importante:Mas eu no teria conhecido o pecado,seno por intermdio da lei; pois noteria eu conhecido a cobia, se a lei nodissesse: No cobiars (Rm 7:7). A leifunciona como uma espcie de espelhodiante do qual os nossos defeitos nos sorevelados, ou seja, desmascara ahipocrisia do corao humano, queimagina constantemente estar certodiante de Deus, e tambm para mostrara corrupo da raa admica. [1] a leide Deus que revela a nossa verdadeiracondio espiritual diante de Deus.Quanto ao termo pecado, temos, naprimeira carta de Joo, a melhordefnio bblica dessa palavra: ...pecado a transgresso da lei (1 Jo 3:4).Por isso, est escrito: Porque onde noh lei tambm no h transgresso (Rm4:15). Porque o pecado no imputado,no havendo lei (Rm 5:13). Com razo, possvel dizer que o castigo da lei paraos injustos e obstinados, para os mpiose pecadores, para os profanos eirreligiosos, para os parricidas ematricidas, para os homicidas, para osfornicrios, para os sodomitas, para osroubadores de homens, para osmentirosos (1 Tm 1:9-10).2. A lei tem como objetivo apontar oSalvador: Quanto conhecimento sobre asalvao tinham as pessoas que viveramantes de Cristo? Havia aqueles que,como os profetas podiam saber muito.Outros sabiam menos. Contudo (...), opropsito da lei era claro: revelar opecado e apontar para a vinda de nossoSenhor Jesus Cristo como Salvador. [2]Sim, a lei a ningum justifca. No foicom esse propsito que ela foi feita.Porm, serviu-nos de guia, paraconduzir nos a Cristo (Gl 3:24),mostrando o nosso pecado e anecessidade de perdo que s em Cristopode ser satisfeita.A lei age para conduzir os homens salvao pela f em Jesus Cristo (Gl3:21-24; Rm7:24 e 25, 3:19-26),convencendo-os do seu pecado (...) paradirecion-los sua nica esperana: agraa de Deus em Jesus Cristo!. [3] em Jesus que alcanamos a graa doperdo e a justifcao. Como afrmouPedro, em nenhum outro h salvao,porque tambm debaixo do cu nenhumoutro nome h, dado entre os homens,pelo qual devamos ser salvos (At 4:12).Nada e ningum poder nos salvar, ano ser Jesus Cristo, por meio da f. Aconscincia de pecado, oarrependimento e a confsso so passosno processo de aproximao do homemcom Deus; porm, a necessidade deperdo s lhe ser satisfeita por JesusCristo. At este ponto, notvel o papeldesempenhado pela lei. O que Paulo dizde si mesmo, em Rm 7:7, apenasexemplifca o que normalmente acontececomtodos: conscincia de pecado,arrependimento e confsso. Essasposturas so despertadas pela lei, sendoesta a razo pela qual ela nos serviu deaio, para nos conduzir a Cristo, para quepela f fossemos justifcados (Gl 3:24). Alei nos serviu de guia para nos conduzira Cristo. A conscincia do estado deculpa no teria se manifestado em ns,se a lei no dissesse que estvamos emdesacordo com a vontade de Deus, paraque, pela f, fossemos justifcados. Aqui, temos o propsito da lei e opropsito da f: a primeira nos conduz aCristo; a segunda nos justifca.3. A lei tem como objetivo inibir atransgresso: A lei inibe a transgressopor manifestar o carter santo de Deus.Quando somos convencidos pelo EspritoSanto da nossa situao lamentvel edeparamo-nos com a santidade de Deusexpressa na lei, sentimos o peso danossa condio e nos voltamos para ele,inconformados como nosso estadomiservel. Isso porque o Esprito Santonos conscientiza de que transgredi-la ofender a santidade de Deus. Nenhumfel seguidor de Jesus Cristo tem prazerem ofend-lo. Portanto, buscar emDeus a fora para permanecer fel. Esse o efeito inibidor da lei.Paulo afrma que a lei foi escrita para ostransgressores, de acordo com 1 Tm 1:9-10. Quando lemos, nesse texto, que a leino foi feita para o justo, entendemosque esta traz punies para osdesobedientes, citados nos versculos 9-10. Neste sentido, a lei no feita para ojusto, pois este no est sob seu podercondenatrio, uma vez que foi justifcadopelo Senhor Jesus e no vive mais emdesacordo com a lei. Os que so lavadospelo sangue do Cordeiro so inibidos detransgredi-la pelo amor a Deus. Quandodesobedecem porque ainda sopecadores , podem achegar-se a ele,arrependidos, confessando seus pecadose pedindo-lhe perdo, com a seguintegarantia: Se confessarmos os nossospecados, ele fel e justo para nosperdoar os pecados e nos purifcar detoda injustia (1 Jo 1:9). A essncia dalei de Deus o amor. Sendo assim, oefeito inibidor da lei tem origem no amor.Deus no usa o medo para inibir atransgresso de sua lei a seus flhos.No podemos negar as consequncias datransgresso da lei, pois Deus noscorrige em seu amor (Pv 3:11-12; Hb12:6-8); mas precisamos entender que omedo dessas consequncias no deve sera motivao para no transgredirmos alei. Deus no quer esse tipo deobedincia. Ele quer o nosso amor. Osflhos da ira que devem temer o juzodivino. Ns, porm, fomos feitos flhos deDeus, tirados das trevas para a suamaravilhosa luz. Sobre ns, est amisericrdia de Deus, no mais a suaira.4. A lei tem como objetivo guiar-nosna santifcao: Alm de revelar opecado, a lei tambm induz o pecadorarrependido a uma mudana de rumoem sua vida. O Esprito Santo, que operana vida daquele que ama a Deus e sualei, o impelir a buscar o caminho dasantifcao. Tudo o que caracterizava avelha natureza passa a ser combatido edesestimulado, pois uma nova criaturaest nascendo em Cristo (2 Co 5:17).Essa nova criatura, almde serbenefciada com a graa salvadora deCristo, encontrar, tambm, na santa leide Deus, toda a orientao espiritual deque precisar para viver em harmoniacom ela.Sendo a lei a expresso escrita davontade de Deus para como serhumano, este descobrir nela ospropsitos de Deus para a sua vida. Umdos propsitos de Deus para o crente que este seja santo, porquanto escritoest: Sede santos, porque eu sou santo(1 Pd 1:16). Para ser santa, uma pessoaprecisa ser, necessariamente, separadade tudo que a contamina e, cada diamais, espelhar a imagem de Cristo. Masquem ensinou essas coisas e onde issoest escrito, seno na lei de Deus? (Rm8:4-5). Portanto, no foi sem motivo quePaulo afrmou que a lei santa, omandamento, santo, justo e bom (Rm7:12).Ao dizer que a lei espiritual (Rm 7:14) eque tinha prazer na lei de Deus (Rm7:22), Paulo estava confessando a suacrena nos mandamentos. Alis, nasEscrituras do Novo Testamento, ele fgura de destaque na defesa da lei deDeus, embora nem sempre seja bemcompreendido naquilo que escreveu arespeito dela. Quando defende ajustifcao pela f, sem as obras da lei(Rm 3:28), Paulo no est isentando ocrente da obedincia (v. 31). O que elequer tornar claro que cada uma dessascoisas tem um propsito defnido, masno so antagnicas entre si. Paulo noera antinomista, ou seja, para ele, a lei ea f no so excludentes.Quais so, ento, os objetivos da lei deDeus? Revelar o pecado e levar o pecadorarrependido a encontrar o Salvador;inibir a ao pecaminosa e guiar para asantifcao.Tudo isso signifca que a lei exerce umimportante papel embenefcio dopecador, primeiramente levando-o aconhecer o pecado, e, em seguida,mostrando-lhe a necessidade de perdo.Essa uma obra do Esprito Santo. Joo16:8 afrma que o Esprito Santo quemconvence o mundo do pecado, da justiae do juzo. Estes s fazem sentido dianteda lei de Deus. Sem lei, no haveriapecado ou condenao. [4]APLICANDO A PALAVRA DE DEUS EMNOSSA VIDADevemos usar a lei de Deus de formaconsciente. A lei de Deus revela o carterdo prprio Deus. Quando a Escritura diz: ... o fm da lei Cristo (Rm 10:4), no est afrmandoque, em Cristo, a lei termina, mas, sim,que sua fnalidade conduzir o pecadora Cristo, uma vez que, depois de salvo, ocrente continua a observ-la, comoprova de sua gratido a Deus (Jo 14:21;15:10). Portanto, agora que sabemosqual o papel da lei e temos conscinciado seu propsito, devemos guard-la erespeit-la, de forma consciente, comoprova do nosso amor; afnal, assim nosensina a palavra de Deus: Aquele quetem os meus mandamentos e os guardaesse o que me ama; e aquele que meama ser amado de meu Pai (Jo14:21).CONCLUSOUm dos propsitos da lei revelar opecado, conscientizar-nos de que somospecadores e de que, como tais,necessitamos de um Salvador. A lei no tem o poder de nos salvar,como alguns imaginam. Esta umaatribuio de Cristo e to somente dele.Este estudo mostrou-nos tambm que alei aponta para o Salvador, inibe a aopecaminosa enquanto nos induz a umavida de santifcao. evidente que a leino tem como objetivo salvar a quemquer que seja, mas nos serviu de guiapara nos levar a Cristo e nisto j nosprestou um grande servio. Amemos eobedeamos lei de Deus!Bibliografa:1. BOICE, James Montgomery (Ed).Fundamentos da f crist: um manualde teologia ao alcance de todos. Rio deJaneiro: Central Gospel, 2011. pg. 1932. BOICE, James Montgomery (Ed).Fundamentos da f crist: um manualde teologia ao alcance de todos. Rio deJaneiro: Central Gospel, 2011. pg. 1963. EINWECHTER, William O. tica e a leide Deus: uma introduo teonomia.Braslia, DF: Monergismo, 2009. pg. 494. MEISTER, Mauro. Lei e graa: acompreenso necessria para uma vidade maior santidade e apreo pelasverdades divinas. So Paulo: CulturaCrist, 2003. pg. 995. FORELL, George W. tica da deciso:introduo tica crist. 8 ed. SoPaulo: Sinodal, 2005. pgs. 64-65