Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
Assistencia ventilatória em pacientes asmáticos e a contribuição da
fisioterapia
Rodrigo Tavares Barbosa
Dayana Mejia
Pós-graduação em Traumato 2– BIO CURSOS
Resumo
Este estudo tem como central a “Assistência ventilatória em pacientes asmáticos, e a
contribuição da fisioterapia”, onde destaca-se que nos últimos anos o profissional de
fisioterapia vem adquirindo crescente participação nos serviços referentes à atenção
primária. Isso porque suas funções e atribuições são constituídas por conjunto de ações de
saúde, incluindo nessa esfera a prevenção, assim como o diagnóstico cinesiofuncional,
tratamento, reabilitação e manutenção da saúde. Partindo desse contexto elencou-se como
objetivo geral desse estudo analisar a assistência ventilatória nos pacientes acometidos pela
asma. Com relação a metodologia do trabalho este trata-se de uma pesquisa de revisão
bibliográfica de caráter qualitativo com a identificação das fontes bibliográficas através da
BVS, nas bases de dados da SCIELO e LILACS. O período de coleta de dados aconteceu
entre abril e maio de 2015, seguindo os critérios de inclusão: artigos publicados em
português no período de 1995 a 2014, disponíveis completos on-line. Foi encontrado um total
de 14, e selecionados que correspondia a temática estudada. Ao chegarmos ao final desse
estudo torna-se possível apontar que fisioterapia tem dia-após-dia, adquirindo espaço e
desenvolvendo meios de abordagens em diversos segmentos na área de saúde e, portanto, é
certo que com o desenvolver dos estudos intensificados realizados no Brasil e no mundo,
alguns dos conceitos aqui aplicados, apesar de atualizados, já possam ter sofrido alguma
alteração.
Palavras-Chave: Fisioterapia; Assistência ventilatória; Asma.
1. Introdução
Mesmo com todos os avanços tecnológicos da medicina, existe ainda notório aumento nas
taxas de morbidade e mortalidade mundial no tangente a asma, existindo uma diferenciação
geográfica correlacionada a faixa etária, “enquanto, a crise de asma grave é menos incidente
com baixas taxas de complicações e poucos óbitos hospitalares”. (FREIRE apud KEARNEY,
2003, p. 01).
A asma brônquica é caracterizada por obstrução difusa das vias aéreas, situada
principalmente, a nível bronquiolar. A hipersensibilidade a alérgenos extrínsecos inalados ou
a agentes infecciosos intrínsecos do aparelho respiratório é considerada - na maioria dos
pacientes - como desencadeadora das alterações fisiopatológicas. Entretanto uma vez que o
padrão reacional asmático se tenha estabelecido, reações psicofisiológicas, fumaça,
emanações, cansaço físico e variações da temperatura e da umidade do ar podem provocar
crise. As manifestações clínicas da asma podem aparecer devido a fatores específicos e a
influências inespecíficas (RANGEL, 2005).
Esses fatores acima citados seriam os principais responsáveis pela etiologia da asma, ressalta-
se também o fator da hereditariedade. Os filhos de pais asmáticos parecem ter uma tendência
maior de apresentar asma do que outras condições alérgicas. Frente a isso, procura-se com
esse estudo, fazer uma breve descrição sobre a assistência ventilatória nos pacientes
2
asmáticos, norteado pelo seguinte questionamento: Como a assistência ventilatória pode
auxiliar aos pacientes asmáticos?
Esse trabalho apresentou como objetivo geral analisar a assistência ventilatória nos pacientes
acometidos pela asma. Entre os objetivos específicos estabeleceram-se: 1) elaborar um breve
histórico sobre a patologia da asma; 2) verificar a diferença existente entre as assistências
ventilatórias invasivas e não invasivas. Este tema surge pela curiosidade de estudar e entender
a funcionalidade da assistência ventilatória, e pelo fato de se ter poucos estudos na área em
questão. A pesquisa foi classificada, quanto ao nível, como descritiva, dentro do contexto de
procedimentos teremos o apoio bibliográfico como auxílio de pesquisa, onde Santos e
Pimentel (2010, p. 69) esclarece que, “quando elaborada com base em material já publicado,
constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material
disponibilizado na Internet”.
O uso da ventilação mecânica para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória
aguda ou crônica agudizada foi, certamente, um dos maiores avanços no tratamento dos
pacientes asmáticos nas últimas duas décadas. Apesar de o seu uso ser relativamente recente,
o grande número de séries de casos, ensaios clínicos randomizados, meta-análises ou revisões
sistemáticas, assim como conferências de consenso e diretrizes publicadas até o presente
momento, tornaram a aplicação dessa técnica mais “baseada em evidências” do que
provavelmente qualquer outra medida de suporte ventilatório (REIS, 2005, p. 03).
2. Fundação Teórica
De acordo Rubin, Silva e Silva (2000, p. 87), “a asma e uma hiper-reatividade das vias aéreas,
decorrente da inflamação das vias aéreas e com a interação de agentes desencadeadores ocorre
broncoconstrição”. A obstrução ao fluxo aéreo e o fator que tem maior significado clinico [...]
sendo que os mecanismos que levam a obstrução podem ocorrer em proporções variadas,
sendo eles o broncoespasmo, inflamação, edema, tampões mucosos e hipertrofia da
musculatura brônquica (RUBIM; SILVA; SILVA, 2000, p. 87).
A asma tem sido também definida como uma condição caracterizada por episódios
recorrentes de dispneia, sibilancia, opressão torácica matinal e tosse, os quais estão associados
à broncoconstrição variável e a hiperresponsividade das vias aéreas (Silva, 2001, p. 263). Na
fisiopatologia da asma, ocorre broncoespasmo, edema da mucosa, retenção de secreções e
infiltração inflamatória das vias aéreas, resultando em aumento da resistência das vias aéreas,
resultado da broncoconstrição. Além da oclusão intraluminal, as vias aéreas tornam-se mais
instáveis e seu colapso expiratório dinâmico e precoce, e a capacidade pulmonar total pode
permanecer normal ou levemente aumentada (SILVA, 1997, p. 341).
O resultado final desta complexa cadeia se traduz por broncoconstrição, edema da mucosa,
aumento da permeabilidade vascular, hipersecreção, descamação epitelial,
hiperresponsividade brônquica e processo inflamatório com recrutamento de linfócitos,
eosinofilos, mastocitos, monócitos, macrófagos e neutrófilos. A obstrução, inicialmente
esparsa, provoca queda da relação ventilação/perfusão e hipoxemia. O aumento do estimulo
respiratório leva a taquipneia e a maior troca de gás carbônico pelos alvéolos não afetados. Se
a obstrução se tornar difusa, a hipoxemia aumenta e ocorre retenção de gás carbônico, agora
por hipoventilação, o que caracteriza a insuficiência respiratória grave. (SILVEIRA, 2000, p.
419).
3
Silveira (2000, p. 420) relata que: a asma e uma doença comum, e sua prevalência no mundo
oscila entre 05 e 10% na população geral, sendo mais frequente na infância e juventude.
Mesmo sendo considerada uma patologia de mortalidade baixa, que apresenta variações
geográficas e temporais, deve-se ter cuidado com a mesma, pois a asma não tratada ou
maltratada e potencialmente fatal.
O autor acima afirma em sua obra que, durante a infância, ocorre predomínio do sexo
masculino, e até aos 10 anos de idade, a proporção sexo masculino/feminino e de 2:1. Já na
adolescência as mulheres se igualam ou excedem aos homens e na vida adulta ha predomínio
do sexo feminino.
De acordo com West (2000, p. 79) durante o ataque, [...] os músculos acessórios da respiração
estão em atividade. Os pulmões estão hipersinsuflados e estertores musicais são auscultados
em todas as regiões. O pulso e rápido e pode estar presente pulso paradoxal (queda acentuada
na pressão sistólica e de pulso durante a inspiração), o escarro e escasso e viscoso e a
radiografia de tórax revela hiperinflação, mas sob os demais aspectos e normal.
O paciente asmático tem uma história familiar positiva de asma e manifestações de crises
quando exposto a algum fator desencadeante da crise asmática, sendo está classificada de
asma atópica. E quando a crise asmática não se identifica com nenhuma história típica de
alergia, e classificada como não-atópica.
Para Silva (1997, p. 348), a crise de asma pode ser desencadeada ou agravada por alguns
fatores, dentre os mais comuns estão os fatores alergênicos, os irritantes, as condições
climáticas, as infecções, o exercício físico e fatores emocionais. Todos esses fatores provocam
a hiperresponsividade das vias aéreas, levando ao broncoespasmo, obstruindo assim o fluxo
aéreo, desencadeando ou agravando a crise de asma.
Entre estes citados pelo autor, podemos ainda acrescentar: inalatórios (pelo de animais,
fumaça de cigarro, odores fortes, etc.), aditivos ou preservantes alimentares a base de nitritos,
agentes bacterianos (infecções respiratórias), meteorológicas (mudança brusca de
temperatura, principalmente o frio), expressões emocionais (riso, raiva, ansiedade, medo),
fatores endógenos (menstruação, gravidez, doença da tireoide), ou o uso de medicamentos (β-
bloqueadores, AAS, inibidores da enzima de conversão da angiotensina).
Segundo o III Consenso Brasileiro no Manejo da Asma (2002) a asma pode ser classificada
como intermitente, persistente leve, persistente moderada e persistente grave.
Asma intermitente: Os sintomas ocorrem uma a nenhuma vez na semana, as atividades
como trabalhar ou ir à escola em geral são normais, as crises são ocasionais e leves, com
broncodilatadores e sem ida a emergência, utiliza broncodilatador para alivio uma ou
nenhuma vez na semana.
Asma persistente leve: Os sintomas ocorrem mais que 01 vez na semana, as atividades estão
limitadas aos grandes esforços, com faltas ocasionais ao trabalho ou escola, as crises são
infrequentes e alguns requerem o uso de corticoides e se utiliza o broncodilatador para alivio
duas vezes na semana.
Asma persistente moderada: Os sintomas são diários, mas não contínuos, as atividades
estão prejudicadas, as crises são frequentes, sendo algumas com idas a emergência, uso de
corticoides sistêmicos ou internação e utiliza broncodilatador mais que 02 vezes na semana,
mas menos que 02 vezes ao dia.
Asma persistente grave: Os sintomas são diários e contínuos, as atividades estão muito
limitadas, as crises são frequentes e graves, com necessidade de uso de corticoide sistêmico,
internação ou risco de vida e faz uso de broncodilatador para alivio mais que 02 vezes ao dia.
4
Uma das maneiras de se confirmar o diagnóstico da asma e através da realização de um teste
espirométrico. A espirometria fornece analise dos padrões ventilatórios de grande utilidade na
pratica clinica terapêutica, os quais são classificados em padrão obstrutivo, padrão misto, e
padrão restritivo (AZEREDO, 1996, p. 217-218).
SIGLA DEFINIÇÃO DESCRIÇÃO
CV Capacidade vital
Representa o maior volume de ar mobilizado, podendo
ser medido tanto na inspiração quanto na expiração.
Esta grandeza e expressa em litros nas condições de
temperatura corporal (37°C), pressão ambiente e
saturado de vapor de água;
CVF Capacidade vital
forcada
Representa o volume máximo de ar exalado com
esforço máximo, a partir do ponto de máxima
inspiração. Esta grandeza e expressa em litros;
VEF1
Volume expiratório
forcado no primeiro
segundo
Representa o volume de ar exalado num tempo
especificado durante a manobra de CVF. Esta grandeza
e expressa em litros;
FEFmax Fluxo máximo
expiratório
Representa o fluxo máximo de ar na manobra de CVF.
Esta grandeza também e denominada de pico de fluxo
expiratório (PFE);
FEFx ou
FIFx Fluxo
Representa o fluxo expiratório ou inspiratório forcado
instantâneo relacionado a um volume do registro da
manobra de CVF. Esta grandeza e expressa em
litros/segundo;
FEFx-
y%
Fluxo expiratório
forcado
Representa o fluxo expiratório forcado médio de um
segmento obtido durante a manobra de CVF. Esta
grandeza e expressa em litros/segundo;
TEF Tempo da expiração
forcada
Representa o tempo decorrido entre os momentos
escolhidos para o “inicio” e “termino” da manobra de
CVF. Esta grandeza e expressa em segundos;
TEFx-
y%
Tempo expiratório
forcado médio
Representa o tempo expiratório forcado médio de um
segundo, obtido durante a manobra da CVF. Esta
grandeza e expressa em segundos;
VVM Ventilação
voluntaria máxima
Representa o voluma Máximo de ar ventilado em um
período de tempo por repetidas manobras respiratórias
forcadas. Esta grandeza e expressa em litros/minuto; TABELA I – NOMENCLATURA DA ESPIROMETRIA Fonte: Consenso Brasileiro de Espirometria I (1996).
2.1 Ventilação Mecânica
Segundo Carvalho et al., (2007, p. 54), a ventilação mecânica consiste em um método de
suporte para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crônica
agudizada, tendo por objetivos, além da manutenção das trocas gasosas, aliviar o trabalho da
5
musculatura respiratória que, em situações agudas de alta demanda metabólica, está elevado;
reverter ou evitar a fadiga da musculatura respiratória; diminuir o consumo de oxigênio, dessa
forma reduzindo o desconforto respiratório; e permitir a aplicação de terapêuticas específicas.
Os mesmos autores classificam o método em dois grupos: Ventilação mecânica invasiva; e
Ventilação não invasiva. Nas duas situações, a ventilação artificial é conseguida com a
aplicação de pressão positiva nas vias aéreas. A diferença entre elas fica na forma de liberação
de pressão: enquanto na ventilação invasiva utiliza-se uma prótese introduzida na via aérea,
isto é, um tubo oro ou nasotraqueal (menos comum) ou uma cânula de traqueostomia, na
ventilação não invasiva, utiliza-se uma máscara como interface entre o paciente e o ventilador
artificial.
Em pacientes submetidos a suporte ventilatório prolongado, é importante a mensuração de
suas condições de força muscular, drive respiratório e da mecânica torácica para que ocorra o
desmame adequado destes casos.
Durante a crise asmática, o espasmo, o edema e a hipersecreção são os fatores responsáveis
pela obstrução brônquica com prejuízo das duas fases da respiração. Enquanto a inspiração se
torna rápida e superficial, a expiração é longa e ineficaz, levando à hiperinsuflação pulmonar.
Ocorre alteração da mecânica ventilatória com rebaixamento das cúpulas diafragmáticas,
redução de seu trajeto durante os movimentos respiratórios prejudicando a ventilação basal. A
caixa torácica adota uma atitude em inspiração, com diminuição da mobilidade costal. Em
vista das alterações citadas, entram em ação os músculos acessórios da respiração (trapézio,
escalenos, peitorais, esternocleidomastóideos), caracterizando a respiração torácica superior,
que leva a um grande consumo de energia (GUIMARÃES, 1982, p. 33).
Dois aspectos ainda podem ser aqui considerados: a hipersecreção e a ansiedade. A
predominância do componente secretório, comum em crianças até cinco anos de idade, pode
levar a obstrução das vias aéreas durante longos períodos de tempo. A ansiedade sempre
presente, em maior ou menor intensidade, pode constituir em alguns casos, fator de
agravamento da crise.
Em sua obra Freire (2003, p. 33), enumera uma série de objetivos da ventilação mecânica na
crise de asma aguda grave entre as quais podemos citar:
1. Diminuir o trabalho respiratório causado pelo aumento da resistência nas vias aéreas e
pelos níveis crescentes de insuflação;
2. Evitar barotrauma ainda que seja necessário o uso de ventilação controlada ou hipercapnia
permissiva; e,
3. Manter o paciente estável, enquanto o tratamento medicamentoso com corticóides e
broncodilatadores, reduz o processo inflamatório e a resistência das vias aéreas com reversão
da crise de asma aguda, permitindo que o paciente reassuma a respiração espontânea.
Filho (2012, p. 06) ressalta que a retirada do paciente do ventilador mecânico deve ser a mais
precoce possível, levando-se em consideração como segue abaixo:
1 Broncoespasmo controlado; com a retirada do bloqueador muscular e da sedação;
2 Rva < 20 cmH2O/L/s, PaO2 > 60 mm Hg com FIO2 ≤ 40%, PEEP ≤ 5 cm H2O e pH > 7,3
e < 7,6;
3 Eletrólitos séricos dentro da normalidade (sódio, potássio, cálcio, fósforo, magnésio);
4 Presença de drive respiratório;
6
5 Manutenção em modo assistido de ventilação, com altos fluxos inspiratórios e baixos níveis
de trabalho muscular respiratório;
6 Retirada gradual da ventilação mecânica utilizando a ventilação à pressão de suporte (PSV)
ou a interrupção através do tubo em T, intercalando-se períodos de ventilação assistida com
períodos progressivamente maiores de ventilação espontânea através do tubo T.
7 Após a extubação, manter o paciente sob oxigenioterapia contínua com máscara de Hudson,
e inaloterapia regular com ß2-agonista, mantendo-se o corticóide por via endovenosa.
VENTILAÇÃO SIGNIFICADO DESCRIÇAO
CVM Ventilação
Mecânica
A frequência respiratória e o volume corrente
são constantes e predeterminados. O
ventilador inicia a inspiração seguinte após
um tempo estipulado, estabelecido a partir do
ajuste do comando da frequência respiratória.
A frequência respiratória é estipulada dentro
de um intervalo de tempo. Não ocorre
esforço respiratório, espontâneo do paciente;
VMAC Ventilação
assistido-controlada
O ventilador permite um mecanismo misto de
disparo da fase inspiratória por tempo ou
pressão. Enquanto o disparo por pressão é
ativado pelo esforço inspiratório do paciente
(assistido), o disparo por tempo é deflagrado
pelo aparelho (controlado), funcionando
como um mecanismo de resgate, que é
ativado apenas quando o ciclo assistido não
ocorre, garantindo uma frequência mínima. O
paciente recebe um número estipulado de
incursões respiratórias;
IMV
Ventilação
mandatória
intermitente
Alguns ventiladores permitem a combinação
dos modos assistido/controlado com períodos
de ventilação espontânea. No IMV, o
paciente recebe um número fixo e pré-
determinado de um VT estabelecido. Nos
intervalos das respirações mandatórias, o
paciente pode iniciar respirações
espontâneas, cujos volumes estão na
dependência do grau de esforço respiratório
do indivíduo. A respiração mandatória pode
coincidir com períodos de ventilação
espontânea ou a ventilação mandatória ocorre
em sincronia com a respiração espontânea do
paciente (SIMV);
TABELA 02 –
TIPOS DE
VENTILAÇÃO
MECÂNICA CPAP
Pressão positiva
contínua nas vias
aéreas
Nesse tipo de ventilação, o doente respira
espontaneamente através do circuito
pressurizado do aparelho, de tal forma que
certa pressão positiva, definida quando do
ajuste do respirador, é mantida praticamente
7
constante durante todo o ciclo respiratório. O
paciente respira espontaneamente durante
todo o ciclo, com pressão positiva, aplicada
ao longo das vias aéreas. Para ser utilizado,
esse método necessita de doentes com
capacidade ventilatória mantida, geralmente
sendo empregado em pacientes com
patologias parenquimatosas, puras, de pouca
gravidade e/ou no processo de desmame. É
uma técnica utilizada com a finalidade de
aumentar a capacidade residual, funcional,
pulmonar e melhorar a oxigenação arterial,
com poucos efeitos sobre as trocas do CO2. A
aplicação de CPAP pode ser feita inclusive
em pacientes extubados, através de máscaras
acopladas a dispositivos mecânicos especiais.
Os ciclos espontâneos podem ser auxiliados
por alguns dispositivos que permitam uma
ventilação muito similar à ventilação em ar
ambiente, ou mesmo serem auxiliados por
certo nível de pressão contínua de vias aéreas
(CPAP) ou pressão de suporte;
PSV Pressão de suporte
Consiste na aplicação de níveis pré-
determinados de pressão positiva e constante
nas vias aéreas do doente, apenas durante a
fase inspiratória. O paciente recebe um
incremento de pressão durante a inspiração
pelo fornecimento de um alto fluxo
inspiratório de gás. O objetivo do
fornecimento dessa pressão seria reduzir o
trabalho dos músculos inspiratórios
(preservando a musculatura respiratória),
mas, ficando ainda a cargo do doente o
controle do tempo, fluxo e volume
inspiratórios, assim como da própria
frequência respiratória. É um modo
obrigatoriamente assistido, onde o ventilador
necessita reconhecer o início de uma
inspiração espontânea para ativar a pressão
de suporte;
VAPSV
Ventilação com
pressão de suporte e
volume garantido
A utilização da PSV, em doentes graves e
instáveis, pode ser problemática. A
ventilação alveolar, nessa modalidade, é
consequência de diversas variáveis, entre elas
do esforço muscular do doente e da
impedância do sistema respiratório. Situações
de instabilidade do drive ventilatório ou de
alterações súbitas na impedância do sistema
respiratório, ou mesmo situações em que um
8
rígido controle da PaCO2 é necessário (como
em casos com hipertensão intracraniana
associada) são condições de uso limitado da
PSV. Numa tentativa de se evitar tais
deficiências, desenvolveu-se uma técnica de
ventilação, que combina a pressão de suporte
e a ventilação ciclada a volume num mesmo
ciclo respiratório, chamada VAPSV.
Funcionando através de um sistema de
circuitos paralelos, ao mesmo tempo em que
o paciente recebe uma pressão de suporte
com fluxo livre por umas das vias do
circuito, oferece-se um fluxo quadrado e fixo
pela outra via. Portanto, com essa
abordagem, pode-se estender as vantagens da
PSV a situações clínicas instáveis, quando a
ventilação ciclada por volume proporciona a
segurança de uma ventilação alveolar
mínima. TABELA 02 – TIPOS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA Fonte: Pádua e Martinez (2001)
Quando o paciente com asma grave não responde à terapêutica medicamentosa, intervenção
imediata e esforços para promover adequada oxigenação e ventilação por meio de Ventilação
Não Invasiva (VNI) ou Ventilação Mecânica Invasiva por pressão positiva devem ser
realizados. Estes pacientes têm uma propensão para desenvolver severa limitação ao fluxo de
ar, tornando difícil exalar o gás inspirado, o que leva a hiperinsuflação dinâmica, também
referida como pressão expiratória final positiva intrínseca (auto-PEEP ou PEEPI). Logo, um
dos mais importantes princípios da ventilação mecânica na crise de asma aguda grave é
utilizar estratégias que reduzam a probabilidade de potencializar estas complicações
(FREIRE, 2003, p. 33).
A VNI foi inicialmente aplicada na epidemia de poliomielite (1930 a 1950), utilizando a
ventilação por pressão negativa, que consistia na aplicação de pressão subatmosférica externa
ao tórax simulando a inspiração, ocorrendo a expiração de forma passiva. Nos anos 40 e 50,
com o desenvolvimento da VNI por pressão positiva, a VNI por pressão negativa foi perdendo
o seu lugar, mas só a partir da década de 80, com a introdução do CPAP (continuos positive
airway pressure) para tratamento da síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS), esta
técnica começou a ser mais divulgada (FERREIRA et al 2009, p. 656).
A utilização da VNI na asma está ainda numa fase muito precoce, sendo a evidencia cientifica
pouco clara, com base em estudos inconclusivos e alguns contraditórios. Poucos são os
estudos referentes a essa modalidade, pois esses são com realizados com amostras de reduzida
dimensão, não controlados e não randomizados. Em comum os doentes apresentavam cansaço
muscular, refletido pela hipercapnia, parecendo este ser um fator preditivo de sucesso para
VNI. Outros estudos são necessários para criar suporte cientifico evidente e clarificar o papel
da hipercapnia como condicionante de sucesso (FERREIRA et al 2009, p. 660).
Conforme Schettino (2007, p. 249): a VNI pode ser utilizada em conjunto com o tratamento
medicamentoso convencional para o cuidado de pacientes selecionados com exacerbação
aguda e grave da asma. O sucesso no tratamento da agudização, fez com que o seu uso fosse
também tentado no tratamento da exacerbação da asma.
9
Esses mesmos autores indicam para estudos de Meduri et al., com 17 pacientes com
exacerbação aguda de asma e relataram que a intubação foi necessária em apenas três desses
casos. Já, para Travaglia (2010), os resultados da utilização da VNI se mostram muito
favoráveis no tratamento da insuficiência respiratória, no edema pulmonar, e na DPOC
agudizada, entretanto, na exacerbação da asma o tratamento ainda é incerto (Schettino, 2007,
p. 253).
4 Metodologia
A pesquisa terá como embasamento teórico do método dialético. Severino (2007, p. 116)
coloca que, “a dialética vê a reciprocidade sujeito e objeto eminentemente como uma
interação social que vem se transformando ao longo do tempo histórico”.
Minayo (2010, p, 21) aponta, que a pesquisa qualitativa “trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço
dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de
variáveis”.
Segundo Gil (2008, p. 65) pontua que “a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside
no fato de permitir aí investigar a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do
que aquele que poderia pesquisar diretamente”. Os dados necessários para a análise do
problema foram obtidos através da pesquisa bibliográfica variada tais como: Constituição
Federal, Leis, Regulamentos e através de pesquisa bibliográfica referente ao tema, como
livros, artigos, monografias, entre outros.
5 Resultados e discussões
O método não invasivo melhora a ventilação alveolar por criar gradiente de pressão
transpulmonar sem a necessidade de uma via aérea artificial. O benefício associado com a
utilização da VNI resulta primariamente da redução do uso da ventilação pulmonar mecânica
com intubação intratraqueal. Os sistemas invasivos como cateteres intravasculares e tubos
intratraqueais são fatores de risco para infecção intra-hospitalar.
A VNI tem reduzido o uso da ventilação pulmonar mecânica (VPM) invasiva se mostrando
melhor em relação a taxa de mortalidade, já em relação ao tempo de internação hospitalar, não
há diferença significativa. Conforme Dias e Duarte (2011), por ser uma técnica com baixas
taxas de complicações, a VNI pode e deve ser iniciada precocemente; a sua falha, também
deve ser reconhecida precocemente. O conhecimento das técnicas e a motivação da equipe
são pontos fundamentais para o sucesso da VNI.
Parreira e Carvalho (2008, p. 07) analisaram o papel do fisioterapeuta no manuseio da CPAP
dentro da UTI, que presta assistência a pacientes adultos. Especificamente, o papel do
fisioterapeuta é variável de uma instituição à outra e apresenta basicamente três faces:
observação/avaliação do paciente (dados clínicos e laboratoriais), aplicação da técnica
(escolha da modalidade ventilatória, ajustes do ventilador e interface) e acompanhamento da
evolução do paciente (necessidade de realizar ajustes e a decisão de interromper ou finalizar a
ventilação não invasiva).
Ressalta-se também a necessidade de explicação da técnica ao paciente que irá recebê-la, pois
nem todos se adaptam a este recurso; a pressão inicial deve ser em torno de 5 cm H2O,
10
ajustando a máscara facial manualmente a princípio, para promover conforto e segurança, até
atingir um nível em torno de 20 a 25 cm H2O, a fim de se evitar possível distensão gástrica.
Assim, o sucesso da técnica que utiliza a VNI implica na abordagem, orientação e manuseio
correto do procedimento para que se possam obter os resultados satisfatórios e plenos.
6 Considerações finais
Após a realização desse estudo, podemos chegar a uma conclusão de que a VNI aplicada de
forma correta em doentes acometidos pela asma é segura, e atua com eficácia na prevenção de
intubação endotraqueal em pacientes complicações respiratórias mais graves. Segundo esse
estudo os pacientes internados em hospitais submetidos ao tratamento com ventilação
mecânica não invasiva com pressão positiva são beneficiados pela redução do tempo de
internação quando comparados com os outros sob terapia convencional.
Menor tempo de internação hospitalar e diminuição da mortalidade podem ser atribuídos à
ausência de intubação orotraqueal, que consequentemente reduz os riscos de infecções e
diminuição do tempo de desmame, trazendo benefícios nas diversas causas de insuficiência
respiratória aguda.
Os objetivos do tratamento da VNI são:
- Ajudar na remoção de secreções fortalecendo musculatura expiratória;
- Obter relaxamento do pescoço, cintura escapular e músculos torácicos superiores;
- Ensinar ao paciente o controle respiratório;
- Manter a mobilidade do pescoço, cintura escapular, coluna torácica e tórax, educar a
consciência postural, manter ou melhorar a tolerância aos exercícios;
- Encorajar um estilo de vida ativo e completo.
Embora o diagnóstico da asma possa vir a levar uma pessoa, inevitavelmente, ao uso de
medicamentos para controle de sua condição, há várias maneiras de sua família ajudar a
reduzir os sintomas: evitando alérgenos, temperatura do quarto, fumaça de cigarro.
A abordagem multidisciplinar vigorosa e intensificada em centros de tratamento intensivo em
paciente portadores de asma agudizada é um aspecto que deve ser bem analisado, avaliando
com cautela os risco-benefício, visando um rápido estabelecimento clínico do paciente, além
de fortalecer as orientações a exacerbações.
A fisioterapia tem dia-após-dia, adquirindo espaço e desenvolvendo meios de abordagens em
diversos segmentos na área de saúde e, portanto, é certo que com o desenvolver dos estudos
intensificados realizados no Brasil e no mundo, alguns dos conceitos aqui aplicados, apesar de
atualizados, já possam ter sofrido alguma alteração.
Portanto, é de fundamental importância uma educação continuada a respeito de sua utilização,
pois nem todos pacientes são elegíveis a este tratamento. Pode-se afirmar que, os objetivos do
presente estudo foram alcançados por encontrar evidências da eficácia do método da VNI,
mostrando vantagens quando aplicada de forma correta, com exceção de alguns casos onde
não são indicadas para ventilação mecânica.
11
REFERÊNCIAS
AZEREDO, Carlos Alberto Caetano; MACHADO, Maria da Gloria Rodrigues. Fisioterapia
respiratória moderna. 2. ed. São Paulo: Manole, 1996.
CARVALHO, C. R. R; TOUFEN JUNIOR, C; FRANCA, S. A. Ventilação mecânica:
princípios, análise gráfica e modalidades ventilatórias. Jornal brasileiro de Pneumologia.
2007, vol.33. ISSN 1806-3713. Disponível em: <http://www.uol.com.br/artigos>. Acessado
em 25.09.15.
CONSENSO BRASILEIRO DE ESPIROMETRIA I. Jornal Brasileiro de Pneumologia.
São Paulo, v. 22. n°. 3. 1996. Disponível em: <http://www.uol.com.br/artigos>. Acessado em
23.09.15.
CONSENSO BRASILEIRO NO MANEJO DA ASMA III. Definição, epidemiologia e
patogenia. Revista AMRIGS. Porto Alegre, v. 46. 2002. Disponível em:
<http://www.uol.com.br/artigos>. Acessado em 23.09.15.
DIAS, M. S; DUARTE, M. S. Uso e benefícios da ventilação mecânica não invasiva com
pressão positiva na DPOC. 2011. Disponível em: <http://www.uol.com.br/artigos>.
Acessado em 25.09.15.
FERREIRA, Susana; NOGUEIRA, Carla; CONDE, Sara; TAVEIRA, Natália. Ventilação não
invasiva. Revista Portuguesa de Pneumologia. Vol. 15. N.º 4. Vila Nova de Gaia, Portugal.
2009. Disponível em: <http://www.uol.com.br/artigos>. Acessado em 24.09.15.
FILHO, Pierre d'Almeida Telles. Asma Brônquica/Ventilação Mecânica na Asma Severa.
2012. Disponível em: <http://www.asmabronquica.com.br/medical>. Acessado em 24.09.15.
FREIRE, Nilcéa de Moura. Ventilação Mecânica na Crise de Asma Aguda. I Consenso
Brasileiro de Ventilação Mecânica Pediátrica. São Paulo. 2003. Disponível em:
<http://www.uol.com.br/artigos>. Acessado em 23.09.15.
GUIMARÃES, Maria Lucila Lima Gonçalves. Fisioterapia na Asma Brônquica. Instituto
da Criança “Prof. Pedro de Alcântara” do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. São Paulo. 1983.
PÁDUA, A. I; MARTINEZ, J. A. B. Modos de assistência ventilatória. Medicina, Ribeirão
Preto. 2001. Disponível em: <http://www.uol.com.br/artigos>. Acessado em 25.09.15.
PARREIRA, V. F.; CARVALHO, S. A. M.: Ventilação não invasiva na unidade de terapia
intensiva: o manuseio da técnica pelo fisioterapeuta. Revista Fisioterapia Brasileira. Vol.
VI, n.2: Revisões, 2008. Disponível em: <http://www.uol.com.br/artigos>. Acessado em
25.09.15.
SILVA, Luiz Carlos Correa da. Compêndio de pneumologia. 2. ed. São Paulo: Fundação
BYK, 1997.
12
RUBIN, Adalberto Sperb; SILVA, Luiz Carlos Correa da; SILVA, Luciano Muller Correa da.
Avaliação funcional pulmonar: incluindo questões de auto-avaliacão e respostas
comentadas. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.
SCHETTINO, G. P. P. Ventilação mecânica não invasiva com pressão positiva. Revista
brasileira de Terapia Intensiva. 2007, vol.19, n.2, ISSN 0103-507. Disponível em:
<http://www.uol.com.br/artigos>. Acessado em 25 de agosto de 2012.
SILVEIRA, Ismar Chaves da. O pulmão na prática médica. 4. ed. Rio de Janeiro: Ed. De
Publicações Biomédicas, 2000.
WEST, John B. Fisiopatología pulmonar. 5 ed. Buenos Aires: Editorial Medica Pan-
americana, 2000. Disponível em: <http://www.uol.com.br/artigos>. Acessado em 25.09.15.