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Porto Alegre
APoio culturAl
2013
50 anos além das porteiras
Expediente
Coordenação: Juliana Brunelli de Moraes
Edição: Visual Agência | Comunicação e Design e
Cartola - Agência de Conteúdo
Edição: Márcia Schuler (MTb 16.266) e Sebastião Ribeiro (MTb 11.009)
Pesquisa e redação: Márcia Schuler
Revisão: Simone Diefenbach Borges
Projeto gráfico: Ulisses Romano
Diagramação: Taiguara Castro e Ulisses Romano
Capa: Arthur Kolbetz e Vini Albernaz
Fotos: Eduardo Rocha e Fagner Almeida(51) 3223 4177
www.visualagencia.com.br(51) 3377 5341
www.cartolaconteudo.com.br
Largo Visconde do Cairu 12 - Sala 901 - CEP 90030 - 110Centro - Porto Alegre/RS - Fone: (51) 3328 9122
www.angus.org.br - [email protected]
Nas páginas a seguir, estão registrados 50
anos de conquistas. São décadas de desen-
volvimento de uma raça fomentada pela
luta de homens e mulheres que viram o
potencial da Aberdeen Angus no Brasil.
Fertilidade, longevidade, precocidade, rus-
ticidade, habilidade materna e qualidade
da carne foram algumas das características
que, já na primeira metade do século XX,
chamaram a atenção dos criadores brasilei-
ros e, em 1963, culminaram na fundação da
Associação Brasileira de Angus. A paixão
despertada pela raça foi o pontapé inicial
para o surgimento da entidade, mas sua
produtividade e eficiência como negócio
são o que a mantêm e fazem com que o
crescimento seja constante - e o futuro,
promissor. Em 2013, a Associação Brasileira
de Angus comemora seu cinquentenário, e
parte de suas memórias está aqui registra-
da. As histórias são contadas a partir das
lembranças dos presidentes que estiveram
à frente da Associação em cada período,
ou por seus familiares, que acompanharam
de perto as atividades da Angus Brasil.
Documentos históricos, como as atas de
assembleias e reuniões, bem como jornais
da época, também compuseram a pesquisa
e ajudaram a reconstruir um pouco do que
aconteceu neste meio século de existência e
a prever o sucesso dos anos que virão.
Apresentação
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A Fundação
1963-1965I P. 18
Embaixadores do Angus
1965-1969II P. 28
Controle para crescer
1969-1972III P. 40
A força política da Angus
1972-1974IV P. 50
Cruzamento e seleção
1974-1978V P. 62
A Associação tem que crescer
1978-1980VI P. 74
Integração em nome da pecuária
1980-1982VII P. 84
Integração e intecâmbio
1982-1984VIII P. 92
Juventude e inovação
1984-1988IX P. 102
A origem
Introdução
P. 10
Consolidação da raça
1988-1992X P. 112
Cruzando fronteiras
1992-1994XI P. 122
De olho na marca
1994-1996XII P. 132
Transição e crescimento
1996-1998XIII P. 140
Estruturar a Angus Brasil
1998-2002XIV P. 148
Foco na carne
2002-2004XV P. 158
Coragem para mudar
2004-2008XVI P. 166
A Angus encontra seu lugar
2008-2010XVII P. 176
Consolidação do caráter nacional
2010-2014XVIII P. 186
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1963 1966 1969 1972 1974
No dia 20 de setembro,
criadores se reúnem para
uma assembleia no Hotel
Glória, em Uruguaiana
(RS). É o começo oficial
da Associação Brasileira
de Aberdeen Angus
Em maio, é realizada a
1ª Exposição de Rústicos
Aberdeen Angus, no
Sindicato Rural de
Uruguaiana (RS)
Os animais Puros de Pedigree
(hoje Puros de Origem,
PO) nascidos a partir de 1º
de novembro de 1969 são
submetidos ao Controle de
Performance – era o início do
serviço que se transformaria no
Controle de Desenvolvimento
Ponderal
Neste ano, a exposição
de Esteio se torna inter-
nacional, e a Angus já
estava presente, reali-
zando a primeira assem-
bleia em seu estande no
parque
Ano em que se oficializa
o serviço de controle de
gado puro por cruza
O escocês Bob Adam era
considerado o papa da genética
Angus. Convidado pela
Associação Brasileira de Angus,
o especialista veio ao Brasil
para ser jurado na exposição do
Menino Deus
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6 Associação Brasileira de Angus
1979 1983 1989 1994 1995
É criado o primeiro
núcleo da Associação,
o Núcleo Regional do
Centro-Sul de Criadores
de Aberdeen Angus, pre-
sidido por Carla Sandra
Staiger Schneider
Investimento total nas
exposições regionais: a
1ª Feira de Rústicos em
Guaíba (RS) acontece
nesse ano
Em junho, o 1º Congresso de
Aberdeen-Angus reúne em Porto
Alegre mais de 300 criadores do
Rio Grande do Sul, Paraná, São
Paulo e Mato Grosso
A Angus chega com força
ao Paraná: pela primeira
vez, a raça participa da
Exposição de Londrina
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ia A Associação obtém o
registro do nome “Angus, a
raça completa” no Instituto
Nacional da Propriedade
Industrial (INPI)
50 Anos 7
A sede da Associação
sai de Uruguaiana e
passa a funcionar no
estande da entidade no
Parque de Exposições
de Esteio (RS)
A Angus Brasil transfe-
re sua sede para Porto
Alegre, temporariamen-
te para um casarão na
rua Luciana de Abreu.
Em seguida, se muda
para uma sala na ave-
nida Carlos Gomes
Acontece o lançamento
oficial do Programa Carne
Angus Certificada, inicia-
tiva que integra a cadeia
produtiva da carne
A diretoria determina
que os animais sejam
tosados antes de entrar
em pista, para evitar
que eventuais defeitos
sejam “camuflados”
pela pelagem
A Angus participa pela
primeira vez de um julga-
mento de classificação na
Feicorte, em São Paulo
1997 1999 2000 2003 2005
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8 Associação Brasileira de Angus
A Associação compra
uma sede própria em
Porto Alegre, no Largo
Visconde do Cairu
O Congresso Brasileiro
de Angus reúne pales-
trantes internacionais e
criadores de todo o país
para discutir os rumos
da raça
Entre as muitas conquistas
deste ano, está o fato de que
o Fazenda Barbanegra, em
Porto Alegre (RS), se tornar
o primeiro restaurante 100%
Angus do Brasil
É lançada a primeira
edição do Anuário da
Associação Brasileira
de Angus
2006 2008 2010 2012 2013
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Em outubro, é realizada
a 1ª Exposição Nacional
de Rústicos Angus,
paralelamente à Exposição
Agropecuária de Alegrete (RS)
50 Anos 9
história da Aberdeen An-
gus começou a ser escrita
na Escócia, em 1862,
quando o primeiro bovino da raça
foi registrado. A linhagem, porém,
se definira anos antes, com a cru-
za de um gado mocho do condado
escocês de Aberdeen com outro,
também sem aspas, do condado
de Angus. De lá, a genética se
espalhou pelo mundo. Em seguida,
países como Nova Zelândia, Cana-
dá e Estados Unidos já contavam
com exemplares da raça, que logo
chegaria também ao Brasil.
Aqui, o começo oficial da
trajetória da Aberdeen Angus foi
marcado por um nome: Menelik, o
primeiro reprodutor da raça regis-
trado pela Associação Nacional
de Criadores Herd-Book Collares
(ANC), em 1906. Criado por Felix
Buxareo y Oribe, o animal foi im-
portado do Uruguai por Leonardo
Collares Sobrinho, de Bagé (RS).
Como bem aponta a ANC,
responsável pelo Serviço de Regis-
tro Genealógico (SRG), também
houve inscrições em outro serviço,
criado pelo governo do Rio Grande
do Sul poucos meses depois do
Herd-Book Collares. Nesse, o pri-
meiro inscrito foi o touro Locksley,
nascido em 31 de julho de 1905,
também importado do Uruguai,
mas não há mais detalhes sobre
sua procedência. O reprodutor foi
inscrito no livro dos Polled Angus,
denominação usada para a raça na
época – o que faz com que, ainda
hoje, seja conhecida como “polian-
go” em algumas regiões.
A raça começou engatinhan-
do, e em 1906 Menelik foi o único
animal Puro de Origem registrado
no Herd-Book brasileiro. Depois,
só houve inscritos em 1913 – um
macho e uma fêmea. No ano se-
guinte, quando sete animais foram
inscritos, cinco matrizes foram im-
A origemNo início da década de 1960, jovens criadores gaúchos
se reuniam para dar início à Associação Brasileira de Angus
A portadas da Inglaterra, e ainda em
1914 o primeiro produto nacional,
“São Paulo” HBB 9, foi comprado
no ventre pelo Visconde Ribeiro
de Magalhães. Mas foi em 1937
que o número de registros deu um
salto, chegando a 306, uma marca
expressiva em comparação aos 13
do ano anterior. Coincidindo com a
fundação da Angus Brasil, o ano de
1963 registrou o maior número de
bovinos da raça até então: 1.362.
Os números mostram o cresci-
mento da Aberdeen Angus e são
proporcionais ao interesse que a
raça vinha despertando nos cria-
dores. As qualidades da genética já
chamavam a atenção de pecuaris-
tas brasileiros, especialmente da-
queles cujas propriedades ficavam
na fronteira do país, suscetíveis à
influência dos vizinhos Uruguai e
Argentina, onde a criação da raça
já estava difundida – os primeiros
registros nessas nações ocorreram
em 1888 e 1879, respectivamente.
Características como precocidade,
fertilidade, rusticidade, facilidade
de parto, habilidade materna e,
mais tarde, qualidade da carne
aumentaram o interesse dos brasi-
leiros e fomentaram a paixão que
se tornaria a criação de Angus.
Foi nesse contexto que, no co-
meço da década de 1960, um gru-
po de pecuaristas de Uruguaiana,
município do pampa gaúcho deli-
mitado por Argentina e Uruguai,
começou a se articular para reunir
os admiradores da Aberdeen An-
gus. Era o embrião da Associação
Brasileira de Angus (Angus Brasil).
O grupo tinha uma missão:
cativar criadores e fazê-los com-
preender a importância de se
unirem em prol da raça. Antonio
Martins Bastos Filho, um dos
fundadores, que mais tarde se
tornaria presidente da entidade,
recorda as inúmeras discussões
12 Associação Brasileira de Angus
No Brasil, o primeiro reprodutor Angus, Menelik, foi registrado em 1906
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50 Anos 13
entre os jovens Flavio Bastos Tel-
lechea, Luís Flodoardo Silva Pinto
e Carlos Marsiaj, que se reuniam
para organizar a estrutura da
Associação. Antoninho, como é
conhecido, identifica um ponto
em comum entre os quatro: eram
representantes da nova geração de
famílias tradicionais na agropecu-
ária rio-grandense e assumiam os
negócios que eram de seus pais –
estavam em busca de novas ideias.
Os encontros preliminares
foram, muitas vezes, sediados no
escritório de remates Trajano Silva
e Hermes Pinto, na esquina das
ruas 7 de Setembro e Santana, em
Uruguaiana (RS). As articulações,
no entanto, não se deram apenas
nas reuniões oficiais. Situações in-
formais, jantares, almoços, rema-
tes, eventos nas cidades vizinhas,
em tudo se via oportunidade para
falar de Angus. O trabalho árduo
deu frutos e segue fomentando
a raça que hoje se situa entre as
maiores do Brasil.
A fundação da Associação
Brasileira de Angus, em 1963, foi
um marco para a raça no país.
Na representatividade que a enti-
dade tem atualmente, com mais
de 534.440 bovinos inscritos no
SRG, está refletida uma trajetória
de 50 anos de luta, superação e
paixão. A história da Angus Brasil
é, primordialmente, uma história
de pessoas que acreditaram no
potencial de uma raça e se dedi-
caram para fazê-la crescer. Essa
dedicação se concretiza nesse
meio século de conquistas, conta-
do nas páginas a seguir. Angus campeões da Exposição do Menino Deus de 1959 (na foto de cima, com Antonio Martins Bastos Filho) e de 1960
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14 Associação Brasileira de Angus
Os Estados Unidos foram um dos países onde a Aberdeen Angus se difundiu rapidamente. Na foto, um rebanho da raça em março de 1958
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Flavio Bastos Tellechea
DiretoriaPresidente: Flavio Bastos Tellechea
Vice-presidente: Antônio Augusto Silva
1º secretário: Antonio Martins Bastos Filho
2º secretário: Wilson Pombo Dornelles
1º tesoureiro: Luís Flodoardo Silva Pinto
2º tesoureiro: José Fagundes
1963 1965
m dia, Alfeu Fleck, pe-
cuarista de Alegrete, no
interior do Rio Grande
do Sul, se deparou com um cami-
nhão cheio de novilhas Aberdeen
Angus prenhas em frente à sua
propriedade. Era um presente do
veterinário Flavio Bastos Telle-
chea, que não admitia que um
criador daquele porte se focasse
em outras raças, sem conhecer as
vantagens da Angus.
A vontade de ver a raça crescer
no Brasil e a paixão com que fazia
isso eram tão grandes que situ-
ações como essa não eram raras
para Flavio. Se criava um bom
reprodutor, dava o sêmen para que
outros pecuaristas incrementassem
seus plantéis. Na Cabanha Pai-
neiras, da qual foi administrador,
sempre se preocupou em vender
os melhores animais.
Essa determinação em fomen-
tar a genética é uma das carac-
terísticas mais marcantes da bio-
grafia e das gestões de Flavio na
Associação e, por isso, para contar
a história da raça e da entidade,
é preciso conhecer a trajetória do
uruguaianense e da Paineiras.
O pai do pecuarista, João
Francisco Tellechea, adquiriu a
propriedade com porteira fechada
em 1942 de Baldomero Barbará,
já com um plantel de Aberdeen
Angus que o antigo proprietário
formara em 1915, sendo um dos
primeiros do país. A Paineiras
também foi pioneira na seleção
de Red Angus no Brasil, quando,
no início da década de 1960, co-
meçou a selecionar animais da
linhagem.Formado em veterinária
na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e especializado em
zootecnia na Argentina, Flavio
assume a empresa rural em 1953.
Em 1955, casa-se com Lila Franco,
com quem terá quatro filhos que
perpetuarão a tradição do campo
na família: Flavio Antonio Franco
Tellechea – o Neco, que também
passaria pela presidência da Asso-
ciação –, Maria da Glória, Maria
Izabel e Mariana.
Nessa época, se tinha o costume
de fazer comida para os animais.
O preparo começava ainda de ma-
drugada, por volta das 4 horas, em
tonéis que cozinhavam em fogo de
chão. Mas a mistura fazia com que
os touros inchassem, e os cabanhei-
ros, sob a luz da lanterna de Flavio,
levavam latas de azeite para dar aos
animais e fazer o inchaço diminuir.
Participar ativamente da roti-
na da propriedade fez com que o
veterinário desenvolvesse outra
característica da
qual os filhos,
especialmente,
se lembram com
carinho. Muitas
vezes, ao chega-
rem de carro na
cabanha, Flavio
avistava de longe
uma vaca e dizia seu nome. Os
filhos não acreditavam na boa
memória do pai e saíam correndo
para conferir. Se impressionavam:
ele sempre acertava.
Os anos de dedicação do vete-
rinário e a sua memória seguem
vivos na casa, onde tudo é prêmio
e remete à raça – a xícara em que o
café é servido, a bandeja que a car-
rega, os utensílios que enfeitam as
estantes. A trilha de distinções leva
ao verdadeiro templo: a sala dos já
incontáveis troféus da cabanha.
Biografia do presidente
Comecei minha cabanha de Angus aos 12 anos – com
uma vaca vermelha, porque eu era colorada fanática
– em um remate na Paineiras que caiu no dia do
meu aniversário. A presença da raça foi constante na
nossa vida, e é por isso que eu tenho certeza: a Angus
vai fazer parte da família por muitas gerações.
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clima era de festa naquele
20 de setembro de 1963,
quando o Rio Grande do
Sul, mais uma vez, comemorava
sua Revolução Farroupilha. Em
Uruguaiana, não era diferente.
Mas nesse dia, além das festivida-
des habituais na cidade da fron-
teira oeste do estado, uma nova
tradição tomava forma. Na esqui-
na das ruas Domingos de Almeida
e Santana, no Hotel Glória, cerca
de 50 pecuaristas começavam a
construir a trajetória de uma raça
até então pouco conhecida no
país. Criava-se a Associação Bra-
sileira de Aberdeen-Angus, hoje
Associação Brasileira de Angus.
Os homens passaram pela
porta de vidro, atravessaram o hall
e subiram o lance de escadas para
chegar ao restaurante do hotel,
improvisado como auditório para a
ocasião. Lá, encontraram as cadei-
ras enfileiradas, viradas para uma
mesa grande onde se sentaria a
O
A fundaçãoUma assembleia no tradicional Hotel Glória, em Uruguaiana,
oficializou a criação da Associação no dia 20 de setembro de 1963
primeira diretoria da Associação,
que teve como presidente o veteri-
nário Flavio Bastos Tellechea, um
dos principais articuladores para a
formação da entidade.
Já pensando no futuro da
raça, Luís Flodoardo Silva Pinto
sugeriu que a entidade se cha-
masse Associação Brasileira de
Aberdeen-Angus, para lhe atri-
buir, desde o início, um caráter
nacional, ainda que a maior parte
dos criadores de Angus na época
se encontrasse no Rio Grande do
Sul. Na assembleia, os pecuaris-
tas também discutiram qual seria
o local ideal para sediar a Asso-
ciação. Optaram por Uruguaiana,
município que concentrava o
maior número de criadores.
Foi aí que a Angus Brasil pas-
sou a funcionar em uma sala no
escritório da Cabanha São Bibia-
no, do também fundador Antoni-
nho. Na sala de aproximadamente
5 m² localizada no número 1851
da rua 7 de Setembro, o contador
do escritório, Benedito Ferrareli,
também fazia as vezes de funcio-
nário da Angus, sendo responsável
pelas atas e por toda a estrutura
administrativa da Associação.
A prévia do estatuto da en-
tidade tinha sido estabelecida
algumas semanas antes, no dia 1º
de setembro, quando um grupo se
reuniu em Porto Alegre para estru-
turar o que seria apresentado na
assembleia de fundação. Os asso-
ciados decidiram que aqueles que
solicitassem ingresso antes da 1ª
Assembleia Geral Ordinária, que
se realizaria no ano seguinte, na
27ª Exposição Estadual de Ani-
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Os filhos de Flavio Tellechea, dedicação passada por gerações: Flavio
Antonio, o Neco, Mariana, Maria da Glória e Maria Izabel, na Paineiras
22 Associação Brasileira de Angus
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Na Exposição do Menino Deus de 1965, Jemore 29 de Paineiras foi o Grande
Campeão. Na foto, Carlos Staiger, João Tellechea, Carla Staiger, compradora
do touro, Carlos Guerreiro, Lila e Flavio Tellechea
mais e Produtos Derivados, seriam
considerados sócios-fundadores.
José Collares, da ANC, foi nomea-
do sócio honorário pelos serviços
prestados em prol da raça – antes
de a Angus Brasil ser fundada, o
próprio Collares muitas vezes fez o
trabalho de campo para realizar os
registros dos animais.
Como previsto, ainda que com
público reduzido, a Assembleia se
realizou no ano seguinte na Expo-
sição, que na época acontecia no
Parque Menino Deus, no bairro de
mesmo nome na capital gaúcha, e
era o principal acontecimento do
ano para a Associação e para os
criadores. Muitas famílias se des-
locavam de trem de Uruguaiana
a Porto Alegre. Como a viagem
levava o dia todo, os passageiros
dormiam em cabines nos vagões.
A semana de Exposição era como
férias para os filhos dos criadores,
e o estande da entidade no parque
ainda era pequeno, descrito por
muitos como “um quadradinho”,
mas já funcionava como ponto de
encontro dos criadores – não ape-
nas de Angus – no final da tarde.
A primeira gestão de Flavio
terminou em 21 de outubro de
1965, quando Antoninho foi eleito
presidente. É importante destacar
que, nos primeiros anos da entida-
de, independentemente do cargo,
as atividades muitas vezes eram
feitas em conjunto pelos membros
da diretoria – de representações
em eventos a negociações.
Visão geral da Exposição do Menino Deus em 1960
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Antonio Martins Bastos Filho
DiretoriaPresidente: Antonio Martins Bastos Filho
Vice-presidente: Luís Flodoardo Silva Pinto
Secretário: Carlos Eugênio Marsiaj
2º secretário: Sany Fontoura Silva
Tesoureiro: Flavio Bastos Tellechea
2ª tesoureira: Carla Sandra Staiger
1965 1969
ntonio Martins Bastos
Filho, o Antoninho, é his-
tória viva quando o tema
é Associação Brasileira de Angus.
Um dos principais articuladores,
fundador e participante ativo de
todas as gestões, o criador natural
de Uruguaiana confunde sua pró-
pria trajetória com a da entidade.
E não é à toa – sua cabanha, a São
Bibiano, tem 70 anos de tradição
de Angus. O pai, Antonio Martins
Bastos, adquiriu os primeiros exem-
plares da raça em 1943. Ele havia
fundado a São Bibiano em 1926,
quando se casou com Leonor Bení-
cio, unindo as terras das duas fa-
mílias. Com vocação de cabanheiro
e fã de gado de registro, o criador
frequentava as exposições de ani-
mais em Montevidéu e Palermo e
já acompanhava o crescimento da
Aberdeen Angus na região.
O ex-presidente da Angus Brasil
seguiu naturalmente os passos do
pai, assumindo a administração
do estabelecimento em 1960, logo
após se formar em veterinária.
Desde lá, a criação da raça britâ-
nica era uma paixão. Antoninho
foi jurado em julgamentos interna-
cionais – Escócia, Estados Unidos,
Argentina –, viajou
o mundo para di-
fundir a Aberdeen
Angus e, sempre
que possível, exalta
as qualidades da
genética. Quando
alguém quer saber
sobre a raça ou sobre a associação,
os criadores não têm dúvidas: “O
Antoninho pode contar essa histó-
ria” é a frase recorrente. A paixão
pela vida rural, a exemplo da dedi-
cação à Aberdeen Angus, também
está no sangue, e cinco gerações de
campo antecederam Antoninho.
Biografia do presidente
Minha vida toda foi no campo,
e vou morrer assim.
A
30 Associação Brasileira de Angus
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Embaixadoresdo Angus
Nos primeiros anos da Associação, o contato constante com
criadores de outros países impulsionou o desenvolvimento da raça
a metade da década
de 1960, o intercâm-
bio entre os diferentes
países com criação de Angus era
intenso. Os membros da diretoria
da Associação viajavam o mundo
trocando experiências com outros
pecuaristas. Antoninho descreve
a atuação da Associação na época
como de “embaixadora do Angus
brasileiro”. E foi dessa troca que
surgiu a ideia de realizar uma
exposição de outono da raça. Na
Argentina, isso já era rotina, e os
resultados obtidos eram bastante
satisfatórios.
Essa experiência culminou, em
8 de maio de 1966, na 1ª Exposi-
ção de Rústicos Aberdeen Angus,
realizada no Sindicato Rural de
Uruguaiana. O Suplemento Rural
do jornal Correio do Povo de 13 de
maio daquele mesmo ano diz que
a característica mais importante do
evento foi o predomínio numérico
de ventres a machos. “Depois da
terrível seca que assolou a nossa
fronteira, a procura por bons ven-
tres é uma constante em todo mer-
cado gadeiro”, afirma a publicação.
Graças ao número e à excelente
qualidade dos animais inscritos, o
jornal também previa “um grande
sucesso para esse certame”, o que,
de fato, se confirmou.
Foi nesse certame que se fir-
mou uma medida que seria essen-
cial para a difusão da raça: todos
os animais expostos tinham de ser
comercializados. Abrir uma con-
corrência fazia com que os criado-
res se preocupassem ainda mais
em expor animais de boa qualida-
de e, consequentemente, com que
novos criadores, ou mesmo caba-
nheiros antigos interessados em
melhorar sua seleção genética, se
aproximassem do evento. Em 1967,
a Exposição aconteceu no dia 15
de abril e contou com uma novida-
de: o 1º Concurso de Jurados.
O objetivo de mostrar a ge-
nética Angus e difundi-la se con-
cretizou também na 1ª Exposição
Regional de Rústicos, realizada em
março de 1969 em Tupanciretã.
E, já pensando na nacionalização
da raça, a Associação também fez
questão de se fazer presente nas
exposições de Araçatuba, em São
Paulo, em novembro de 1968, e
em Campo Grande, Mato Grosso
do Sul, em abril de 1969.
O intercâmbio que inspirou a
criação das exposições de rústicos
não se limitou à América Latina.
A Escócia, na época, era conside-
rada o centro da raça no mundo. E
foi lá o primeiro contato com Bob
Adam, em uma visita dos brasilei-
ros ao país britânico. Proprietário
da Cabanha Newhouse of Glamis,
Adam era um dos mais renomados
jurados em julgamentos da raça e
referência internacional em Angus.
Em fevereiro de 1969, durante
a grandiosa Exposição de Perth, na
Escócia, a diretoria da Associação
convidou o escocês para ser jurado
da Angus em setembro no Menino
Deus, e assim aconteceu. Depois
disso, a relação abandonou as
formalidades e Adam passou a ser
presença constante nas exposições
N
32 Associação Brasileira de Angus
Em 1966 foi realizada a 1ª
Exposição de Rústicos Aberdeen
Angus, no parque do Sindicato
Rural de Uruguaiana
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Com um fenótipo escocês típico da
época, Érica foi a Grande Campeã
Fêmea da edição do ano 1968 da
Exposição Estadual de Animais
de Porto Alegre, no parque de
exposições do Menino Deus
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50 Anos 33
O escocês Bob Adam (E), considerado papa da genética Angus, foi jurado na exposição do Menino Deus de 1969. Na
foto, ele aparece com José Barcellos, Clint Thomson, Antoninho, Juan Puig, Juan Gonzáles e Flavio Tellechea
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brasileiras, assim como já era nos
demais certames da América do
Sul. O britânico evitava ao má-
ximo viajar de avião, e chegou a
enfrentar estrada de chão para ir a
Uruguaiana – na época, chegar à
cidade pelos ares era mais fácil do
que por terra.
Além das relações de amizade
que o britânico firmou com os bra-
sileiros, a qualidade dos animais
vistos no certame de 1969 também
foi um incentivo para Adam seguir
frequentando o Brasil. Na época,
após visitar algumas estâncias
gaúchas, o criador disse ao Suple-
mento Rural do jornal Correio do
Povo que a raça Aberdeen Angus
estava em excelentes mãos no
Brasil. Sobre os animais expostos,
afirmou que “o standard zootéc-
nico é muito mais elevado do que
esperava quando saiu de casa. Os
melhores animais são de alto nível
qualificativo e teriam feito marcar
sua presença em qualquer pista de
julgamento do mundo”.
Na exposição do Menino
Deus de 1969, os convidados
estrangeiros foram o grande des-
taque. Além de Adam, o america-
no Milt Miller também chamou a
atenção do público, e o Correio
do Povo chegou a classificá-lo
como uma das presenças mais
simpáticas do evento. O secretário
da Associação Americana de An-
gus (AAA) já havia visitado o Rio
Grande do Sul, mas foi em 1969
sua primeira vez em Porto Alegre.
Designado pela entidade para os
assuntos relativos à América do
Em 1969, um Grande
Campeão de Perth
chegou ao Brasil: Easel
of Buchaam, adquirido
numa parceria entre
São Bibiano e Granja
Santa Rita. Na foto,
estão Antoninho, José
Chaves Barcellos, Luís
Fernando Cirne Lima,
o escocês Alex Ogg e
Miriam Cirne Lima
34 Associação Brasileira de Angus
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Luís Flodoardo, Carlos Marsiaj, Antoninho, Flavio Tellechea e um criador argentino na exposição de Palermo, Argentina, em 1969
Exposição do Menino Deus, 1969. Luís Fernando Cirne Lima, Horacio
Gutiérrez, Juan Ezcurra Sauze e Antoninho
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no
Sul, Miller também desenvolveu
uma relação próxima com os cria-
dores gaúchos.
Às famílias dos membros da
diretoria cabia recepcionar os
convidados internacionais. Aco-
lhidos com jantares regados a
vinho e carnes nobres, muitos se
tornaram amigos e passaram a
frequentar as casas dos criadores.
Além da Escócia, Estados
Unidos e Argentina também eram
pontos centrais no mapa da An-
gus no mundo. Palermo, em Bue-
nos Aires, era a grande festa da
raça para os criadores da América
do Sul. Lá, era possível se rela-
cionar com os mais importantes
criadores do mundo.
Foi ainda na gestão de Anto-
ninho que começou a se construir
o Controle de Performance – em-
brião do Controle de Desenvol-
vimento Ponderal, exigido atual-
mente para todas as raças – para
os Aberdeen Angus que fossem
concorrer às exposições de Porto
Alegre. Em 1969, foi publicado em
ata o anteprojeto do regulamento
do serviço, que era realizado por
técnicos credenciados pela Asso-
ciação Brasileira de Angus.
50 Anos 37
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1969 1972
lavio Bastos Tellechea voltou
à presidência no dia 19 de
outubro de 1969, em mais
uma assembleia da Associação
Brasileira de Angus no Hotel
Glória. No ano seguinte, Flavio
anunciou o início do Controle de
Performance – que já havia tido o
estatuto publicado durante a ges-
tão de Antoninho – para animais
Puros de Pedigree (hoje Puros de
Origem) nascidos a partir de 1º
de novembro de 1969. Na época,
também foram iniciados os estu-
dos para os serviços de controle
de gado puro por cruza da raça
Aberdeen Angus. E foi aí que o
presidente confirmou ser o que
muitos dizem para descrevê-lo:
um visionário.
Já naquele tempo, ele desta-
cou a importância da medida com
o seguinte argumento: “A difusão
da raça é grande e, no futuro,
faltarão touros, fato este que ain-
da vai justificar o serviço”. Nesse
mesmo sentido, uma parceria com
a Associação do Registro Genea-
lógico Rio-Grandense, detentora
do controle de performance e
F
DiretoriaPresidente: Flavio Bastos Tellechea
Vice-presidente: Carlos Marsiaj
2º vice-presidente: Luís Flodoardo Silva Pinto
Secretário: Enrique Piegas
2º secretário: João Vieira de Macedo Neto
Tesoureiro: Hermes Silva Pinto
2ª tesoureira: Carla Sandra Staiger
Controle para crescer
No fim da década de 1960 têm início os serviços que
ainda hoje garantem a qualidade do gado Angus
42 Associação Brasileira de Angus
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desenvolvimento ponderal (CDP),
foi iniciada em um estudo para a
realização do serviço de controle
de gado de corte na fronteira do
Rio Grande do Sul.
A transferência da Exposição
de Animais do Menino Deus para
a cidade de Esteio coincidiu com
Antoninho e Flavio Bastos atuaram como jurados em diversas exposições
internacionais. Nesta foto, tirada entre os anos 1970 e 1980, os criadores
estavam julgando Angus na Argentina
a segunda gestão de Flavio, tendo
sido realizada em 1970, quando
finalizada a construção do Parque
Estadual de Exposições. Na assem-
bleia de 1971, decide-se estudar a
possibilidade de que a Associação
instale um estande na Exposição
Estadual – hoje, uma prática di-
fundida, mas, na época, pioneira.
Nesse ano, durante a 34ª Exposi-
ção, o jurado convidado foi o ar-
gentino Horacio Gutiérrez, que se
tornara amigo de Flavio e passara
a frequentar os eventos brasileiros
de Aberdeen Angus. O intercâmbio
era recíproco. Da mesma forma
que jurados renomados vinham ao
Brasil, os mestres do Angus brasi-
leiro também iam prestar serviços
em outras terras.
Durante uma reunião em 1971,
o associado e futuro presidente da
entidade João Vieira de Macedo
Neto aproveitou para destacar a
“excepcional atuação do presi-
dente como jurado da Exposição
de Dallas-Texas (EUA), a convite
da American Angus Association”,
mais um fato importante para a
divulgação do Angus brasileiro.
Em 1972, a Associação já con-
tava com um estande no Parque
de Exposições de Esteio, adquirido
junto à Trajano Silva Remates,
onde estava prevista a realização
da assembleia e da votação da-
quele ano. Os criadores da época
lembram com carinho das expo-
sições no Parque de Esteio, que
se transformavam praticamente
em reuniões de família. O barulho
das crianças brincando e correndo
pelo estande era marca da época
– assim como o frio e a chuva que
assolavam a exposição. Nos jul-
gamentos, a competição era ame-
nizada pela combinação entre os
criadores: quem ganhava o Grande
Campeonato ficava incumbido de
pagar o jantar para os demais.
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Na década de 1970, o
fenótipo da Aberdeen Angus
já havia mudado, conforme
mostra a foto ao lado, em
comparação a um exemplar
do começo da década de
1960, como o da imagem de
cima. O anúncio ao lado dela
foi publicado em 1968 no
Catálogo da 31ª Exposição
Estadual de Animais
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46 Associação Brasileira de Angus
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Lauro Dornelles de Macedo
1972 1974
ma vida dedicada à ge-
nética Angus fez de Lau-
ro Dornelles de Macedo
um exímio produtor de plantéis,
e obter animais de qualidade era
seu objetivo máximo. O talento e
a paixão pelo campo vieram de
família. Lauro sucedeu o pai, o
médico João Vieira de Macedo,
que iniciou em 1907 a Cabanha
Azul, em Quaraí, Rio Grande do
Sul. A Aberdeen Angus entrou na
propriedade na década de 1940,
com animais importados do Uru-
guai e da Argentina.
O primeiro remate da Azul
coincidiu com a fundação da An-
gus Brasil, em 1963. À frente da
cabanha desde a década de 1930,
Lauro buscou reprodutores para
melhorar os rebanhos do estabe-
lecimento. As viagens ao exterior
eram comuns, e o pecuarista che-
gou a viajar mais de uma vez para
Estados Unidos e Inglaterra para
selecionar animais.
É natural que cada presidente
tenha levado para a Angus Bra-
sil um pouco de sua experiência
pessoal. No caso de Lauro, o prin-
cipal ponto que
buscou transmitir
a seus pares foi a
necessidade de se
investir em novas
fontes de genética,
como Canadá e
Estados Unidos.
Ele também defen-
dia o investimento em animais que
pudessem produzir carcaças maio-
res e mais pesadas, para atender às
demandas da indústria – o que se
concretizaria ainda na década de
1970 na genética do New Type.
Biografia do presidente
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O tio Lauro era um visionário e buscou as
melhores tecnologias. O foco sempre foi o que
havia de melhor em genética no mundo.
Susana Salvador
DiretoriaPresidente: Lauro Dornelles de Macedo
1º vice-presidente: Luís Flodoardo Silva Pinto
2º vice-presidente: Enrique Viegas
Secretário: Antonio Martins Bastos Filho
2º secretário: Theodoro de Mascarenhas
Tesoureiro: Hermes Silva Pinto
2ª tesoureira: Carla Sandra Staiger Schneider
52 Associação Brasileira de Angus
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A forçapolítica da Angus
Com a exposição de Esteio ganhando caráter internacional, o estande da Angus no
parque virou um ponto de encontro para figuras de destaque
auro Dornelles de Macedo
tomou posse em agosto
de 1972, na primeira
assembleia realizada no estande
da Associação em Esteio, quando
a exposição adquiriu caráter inter-
nacional. Nesse ano, dando início
a uma “tradição” que se repetiria
por diversas vezes na Expointer,
a chuva castigou o evento, trans-
formando as pistas de julgamento
em pântanos e causando estragos
no estande da Angus. Por isso,
uma das primeiras preocupações
do ex-presidente foi a reforma e a
ampliação do local.
Um dos principais objetivos do
presidente com a melhora do es-
paço era dar condições de que este
se tornasse um “ponto de reunião
obrigatório dos criadores de Aber-
deen Angus participantes da expo-
sição”, conforme foi registrado em
ata. Com isso, criava um meio de
se aproximar da sociedade e cativar
novos criadores para a raça. O local
também foi uma referência política,
como comprova a passagem, em
1973, do então governador do Rio
Grande do Sul, Euclides Triches,
e do presidente Ernesto Geisel ao
estande da Angus.
A Expointer era o evento mais
esperado do ano para os criadores
brasileiros. Na semana da feira,
a Associação se mudava para Es-
teio. Documentos, livros de atas e
folhetos para a inscrição de novos
associados eram levados de Uru-
guaiana até o local. O preparo do
estande – desde a decoração até
a contratação de funcionários de
limpeza – ficava a cargo, geralmen-
te, da esposa do presidente e outros
familiares dos associados.
Nas assembleias realizadas
durante as exposições, eram esco-
lhidos os jurados para a prova do
LEm 1973, Lauro Dornelles de Macedo levou o presidente Geisel e o governador Triches ao estande da
Angus em Esteio. Na foto, ao centro e em primeiro plano, estão Lauro (E) e o governador
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ano seguinte. A prática seria posta
em xeque mais tarde, já que, ainda
que o sentimento fosse mais de
colaboração do que de competi-
ção, era difícil fazer uma escolha
racional e justa com as emoções
afloradas logo após os julgamen-
tos. As discussões eram memorá-
veis: o criador vencedor do Grande
Campeonato sempre queria que o
jurado fosse o mesmo no ano se-
guinte, enquanto os demais critica-
vam, não raro de forma veemente,
o trabalho do encarregado.
A escolha dos jurados sempre
foi um momento-chave nas assem-
bleias. Para além das discussões,
Lauro, durante sua gestão, buscou
privilegiar os profissionais estran-
geiros. As novidades em termos
de genética se encontravam no
exterior, e o contato com esses
profissionais alavancava o cres-
cimento do Aberdeen Angus bra-
sileiro. Para a Exposição Estadual
de Animais de 1973, o escolhido
foi o técnico argentino Ignácio
Corti Maderna. Na 2ª edição da
Expointer, em 1974 – ano em que
as esferas que hoje são símbolo
do evento de Esteio foram envia-
das como presente pelo governo
da Alemanha Ocidental –, a As-
sociação participou com a indi-
cação do jurado argentino Juan
Ezcurra Sauze. Esses dois jurados
marcariam presença por diversas
vezes nos julgamentos de Angus
no Brasil nos anos seguintes, e,
a exemplo de outros visitantes
estrangeiros, estabeleceram laços
fortes com os criadores brasileiros.
Anúncio no Catálogo
da 2ª Expointer
Capa do primeiro relatório de
resultados do CDP, em 1973
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1974 1978
ntoninho voltou a ser
escolhido presidente da
Associação Brasileira de
Angus em agosto de 1974, des-
ta vez no estande de Esteio. Em
maio do ano seguinte, aconteceu
uma assembleia geral extraordi-
nária, de volta ao Hotel Glória,
em Uruguaiana, que abrigara os
primeiros encontros da entidade.
A reunião procurou organizar e
oficializar o serviço de controle
de gado puro por cruza. Foi então
apresentado o anteprojeto da se-
leção, que “buscava assegurar o
melhoramento da sua produtivi-
dade”, estabelecendo um controle
de reprodutores puros por cruza,
em razão da grande difusão da
Aberdeen Angus. A medida pio-
neira permitiria que os plantéis
puros por cruza tivessem gado
para uso comercial e garantiria a
qualidade do rebanho.
DiretoriaPresidente: Antonio Martins Bastos Filho
1º vice-presidente: João Vieira de Macedo Neto
2º vice-presidente: Hermes Silva Pinto
Secretário: Flavio Bastos Tellechea
2º secretário: Theodoro Mascarenhas
Tesoureiro: Eduardo Linhares
2ª tesoureira: Carla Sandra Staiger
Cruzamento e seleção
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O controle de reprodutores puros por cruza
estimulou o uso comercial do Angus
64 Associação Brasileira de Angus
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A tradição em trazer jurados
internacionais segue forte na As-
sociação, e a aproximação com os
Estados Unidos facilita essa rela-
ção. A 38ª Exposição Estadual de
Animais, em 1975, contou com a
participação do jurado americano
Herman Purdy, um dos maiores
especialistas em genética Angus e
um dos primeiros a falar do New
Type, que se popularizava no país
do norte. Era um animal maior,
que contrastava com o padrão
inicial da raça. O Brasil absorveu
a novidade, e o tamanho dos ani-
mais brasileiros também começou
a aumentar. Quando o porte da
raça começou a crescer demais,
colocando em risco alguns atribu-
tos de produtividade, buscou-se
reduzir o frame novamente.
Na reunião de agosto de 1976,
Antoninho anunciou o início oficial
do Serviço de Seleção Puro por
Cruza (PPC). Para isso, foi necessá-
ria a contratação de dois técnicos:
Mauro Lopez e Vicente Jaques, os
dois primeiros da Associação Brasi-
leira de Angus. Na ocasião, já tinha
sido revisado um total de 2.451
fêmeas e 182 machos. A iniciativa
animou os associados, que reelege-
ram a diretoria e o conselho con-
sultivo por mais um biênio. Nessa
gestão de Antoninho, iniciou-se
também o serviço de seleção An-
gus Definido (AD), marca dada às
fêmeas portadoras de característi-
cas raciais comprovadas através de
avaliação fenotípica.
Em 1974, um marco para a raça
e para a seleção genética no Brasil:
O jurado americano Herman Purdy (à esquerda, de branco)
julgou a 38ª Exposição Estadual de Animais, a convite da
Associação Brasileira de Angus. Purdy foi um dos primeiros
a falar no Angus New Type. Na foto abaixo, à direita, Milt
Miller, secretário da Associação Americana de Angus
o surgimento oficial do Programa
de Melhoramento de Bovinos de
Carne (Promebo). Os estudos foram
iniciados um ano antes pelo zootec-
nista Luiz Alberto Fries durante seu
mestrado na Faculdade de Agrono-
mia da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. O serviço passou
então a ser gerido pela ANC, sob
coordenação do zootecnista. A ini-
ciativa dinamizou a seleção genéti-
ca de animais e facilitou a escolha
técnica de reprodutores para inse-
minação artificial.
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Os anos 1970 foram a febre do New Type.
Era o modernismo da época, e a gente
também seguiu. Naquele momento,
os Estados Unidos eram a meca do Angus.
Antonio Martins Bastos Filho
O touro da fotografia é Ankonian Centenial, importado em 1976 dos Estados Unidos pela Cabanha Santa Bárbara, de São Jerônimo (RS). Ele foi um dos
primeiros representantes do New Type no Brasil
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Esta imagem da década de
1970 também mostra um
exemplar Angus New Type
O touro Chaparral recebe a roseta de Synval Guazzelli, então governador do
RS. À direita está Carla Sandra Staiger Schneider, proprietária do animal
Nesta foto de 1976, estão José A. Collares, diretor da ANC, Horacio Gutiérrez,
da Cabanha Três Marias, e Juan Ezcurra Sauze, da Cabanha El Meridiano
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1978 1980
ermes Silva Pinto foi
eleito presidente da
Associação Brasileira de
Angus em agosto de 1978. Nasci-
do em Uruguaiana, o pecuarista
ingressou naturalmente na enti-
dade, uma vez que o pai, Hermes
Pinto, e o irmão Luís Flodoardo
estiveram presentes desde a fun-
dação. Hermes tocou os negócios
da família e esteve à frente da
Cabanha São Luiz.
Antes de presidir a Angus Brasil,
o uruguaianense também integrou
outras entidades ligadas à pecu-
ária, o que lhe
deu uma visão
mais ampla so-
bre o setor. Ele
buscou levar essa
experiência para
a Associação
e teve grande
preocupação em
dar continuidade
e incentivar aquilo que já havia
sido feito pelas gestões anteriores,
como os serviços de controle e as
exposições de rústicos, sempre
com vistas ao fomento da raça.
DiretoriaPresidente: Hermes Silva Pinto
1º vice-presidente: Flavio Bastos Tellechea
2º vice-presidente: João Vieira de Macedo Neto
Secretário: Jorge Martins Bastos
2º secretário: Carlos César de Albuquerque
Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Filho
2ª tesoureira: Carla Sandra Staiger Schneider
HHermes Silva PintoBiografia do presidente
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76 Associação Brasileira de Angus
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ntre as décadas de 1970 e
1980, o crescimento da Aber-
deen Angus no Rio Grande
do Sul e no Brasil era evidente, e as
demandas dos criadores acompa-
nhavam esse cenário. Isso fez com
que a Associação buscasse meca-
nismos para acompanhar as exi-
gências dos associados. Em 1979,
Hermes pôs em votação a criação
de núcleos regionais, medida que
seria crucial para a expansão da
raça. A proposta foi aprovada por
unanimidade, dando origem ao
Núcleo Regional do Centro-Sul de
Criadores de Aberdeen Angus. A
primeira diretora foi Carla Sandra
Staiger Schneider, da Cabanha San-
ta Bárbara, em São Jerônimo (RS).
E
A Associaçãotem que crescer
A criação do primeiro núcleo regional da Angus Brasil foi
um sinal de que a entidade estava em plena expansão
Carla Sandra Staiger Schneider foi a primeira presidente do Núcleo Centro-Sul.
Nesta imagem da época, Carla Sandra aparece com o então governador do RS, Synval Guazzelli
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78 Associação Brasileira de Angus
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Essa história, iniciada há mais de
30 anos, resultou na criação dos
mais de 20 núcleos com os quais
a Associação conta hoje em dia.
Atualmente, são os seguintes:
• Núcleo de Criadores de Angus de Santana do Livramento (RS)
• Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de Alegrete (RS)
• Núcleo Regional de Criadores de Aberdeen Angus de Bagé (RS)
• Núcleo Centro Angus (Cachoeira do Sul, RS)
• Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de Dom Pedrito (RS)
• Núcleo Itaquiense de Criadores de Angus (Itaqui, RS)
• Núcleo Sudeste de Criadores de Angus (Pelotas, RS)
• Núcleo Centro-Litorâneo dos Criadores de Aberdeen Angus (Porto Alegre, RS)
• Núcleo de Criadores de Angus de Quaraí (RS)
• Núcleo Central de Angus (Santa Maria, RS)
• Núcleo Centro-Oeste de Criadores de Angus do Rio Grande do Sul (Santiago, RS)
• Núcleo de Criadores de Aberdeen Angus de São Borja (RS)
• Núcleo de Criadores de Angus do Planalto Médio do RS (Tupanciretã, RS)
• Núcleo Serrano de Criadores de Angus em Vacaria (RS)
• Núcleo Angus Três Fronteiras (Uruguaiana, RS)
• Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná (Cascavel, PR)
• Núcleo Paranaense de Criadores de Aberdeen Angus (Londrina, PR)
• Núcleo de Criadores de Angus dos Campos Gerais (Ponta Grossa, PR)
• Núcleo dos Criadores da Raça Angus do Sudoeste do Paraná (Pato Branco, PR)
• Núcleo Catarinense de Criadores de Angus (Florianópolis, SC)
• Núcleo de Criadores de Angus de São Paulo (São José do Rio Pardo, SP)
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Exemplar campeão da exposição em Esteio em 1979
Em abril de 1980, a Angus realizou um congresso em Canela (RS) para discutir o desenvolvimento da raça
O crescimento dos rebanhos
de Aberdeen Angus fez com que,
em 1979, a equipe de técnicos
para os serviços de PPC e AD da
Associação passasse a contar com
mais integrantes. Naquele ano,
ocorreu o ingresso de Pedro Adair
dos Santos e de outros profis-
sionais, para otimizar o serviço.
Pedro Adair é o mais antigo técni-
co da Associação ainda em ativi-
dade. Com o aumento do número
de animais revisados no PPC,
tornaram-se oito os técnicos dis-
poníveis no quadro da entidade.
Para atender às normas impos-
tas na época pelo Ministério da
Agricultura, a Angus Brasil firmou
um convênio com a ANC para exe-
cutar a parte burocrática dos ser-
viços. Também em razão de uma
exigência feita pelo ministério,
o Conselho Técnico da entidade
passou de três para seis membros
durante a gestão de Hermes.
Aproximar-se de outras as-
sociações de raça também foi
uma prioridade para Hermes. Em
1979, a Angus Brasil, represen-
tada por João Vieira de Macedo
Neto, participou de uma reunião
em Pelotas (RS), no Herd-Book
Collares, junto ao Ministério da
Agricultura, para discutir essa
questão. Mais especificamente,
foi debatido o financiamento para
reprodutores selecionados e regis-
trados e a padronização das pro-
vas zootécnicas das associações
de raça especializadas.
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João Vieira de Macedo Neto
DiretoriaPresidente: João Vieira de Macedo Neto
1ª vice-presidente: Carla Sandra Staiger Schneider
2ª vice-presidente: Maria Helena Lança Macedo
Secretário: Carlos César de Albuquerque
2º secretário: Jorge Martins Bastos
Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Filho
2º tesoureiro: Firmino Fernandes Lima Junior
1980 1982
ma figura agregadora,
dedicada, curiosa e com
um interesse único por
genética. É essa a lembrança que
Susana Macedo Salvador, filha de
João Vieira de Macedo Neto, tem
do pai, falecido em 2011. Neto de
João Vieira de Macedo e sobrinho
de Lauro Dornelles de Macedo,
também ex-presidente da Asso-
ciação, Macedinho, como ficou
conhecido, se interessou natural-
mente pela Aberdeen Angus. For-
mado em agronomia, ele começou
a trabalhar com o tio ainda em
1957 na Cabanha Azul .
Em 1973, quando o zootec-
nista Luiz Alberto Fries iniciou
os estudos para o que se tornaria
o Promebo, a Azul foi uma das
pioneiras em sua utilização. O
interesse em genética e no desen-
volvimento das raças de bovinos
de corte herdado do avô e do tio
fez com que Macedo fosse funda-
mental nessa empreitada, atuan-
do ao lado de Fries no desenvol-
vimento do programa.
Dentro do negócio familiar,
o pecuarista era responsável pe-
los animais que participavam de
exposições, e a isso se dedicava
incansavelmente, desde a seleção
dos reprodutores até o resultado
final. E não é à toa que vêm da
Expointer as lembranças mais
vívidas que Susana tem do pai. O
evento era a festividade máxima
para o agrônomo apaixonado por
genética, pois era a possibilidade
de ver concretizado o esforço de
um ano inteiro.
No trabalho, o principal ob-
jetivo de Macedo sempre foi
eliminar as dificuldades geradas
por diferenças ambientais, fazen-
do com que os bovinos tivessem
possibilidade de expressar seu
potencial pleno e pudessem ser
comparados a qualquer animal,
de qualquer parte do mundo.
Viajava muito e conhecia o gado
de corte de outros países, de onde
sempre buscava trazer novidades,
especialmente das cabanhas que
desenvolviam genéticas reconhe-
cidas internacionalmente.
Macedo era
discreto, como
autêntico minei-
ro - nascido em
Belo Horizon-
te, retornou às
raízes gaúchas
ainda criança.
A capacidade
de trabalhar em
silêncio, sem holofotes, era uma
de suas principais características.
O perfil metódico e organizado,
buscando o bem comum, era ou-
tro ponto forte do criador, o que
o levou à presidência de outras
entidades, como da ANC, parceira
da Angus Brasil em diversos mo-
mentos ao longo de sua história.
Biografia do presidente
U
Meu pai sempre foi muito inovador,
gostava de inventar, experimentar. A Central de
Inseminação Artificial Azul, montada nos anos 1980
para difundir a genética, foi resultado disso.
Susana Salvador
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ia86 Associação Brasileira de Angus
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leito em setembro de 1980,
Macedo buscou trazer sua
experiência agregadora para
dentro da Associação Brasileira de
Angus. O agrônomo teve grande
participação em outras associa-
ções, como a ANC, da qual foi
presidente por duas vezes. A sua
luta constante pela modernização
do arquivo genealógico das raças,
bastante marcante no Herd-Book
Collares, se tornaria também evi-
dente na Angus Brasil.
O pecuarista se esforçou para
garantir a aproximação entre ins-
tituições durante sua gestão. Ele
conseguiu fazer com que ambas as
entidades, ANC e Associação Bra-
sileira de Angus, andassem entre-
laçadas e os controles de peso e os
serviços de seleção caminhassem
no sentido do crescimento da raça
e do bem comum.
Esse trabalho foi uma conti-
nuação daquele iniciado em 1979,
durante a gestão de Hermes Pinto,
quando Macedo representou a
Associação nas negociações para
o financiamento de reprodutores
selecionados e registrados e ga-
rantiu a isenção de pagamento de
impostos em transações interesta-
duais de produtos. E, ainda após
sua gestão, a integração seguiu
uma meta. Em 1983, o pecuarista
convidou Geraldo Estrázulas Perei-
ra de Souza, então presidente da
Associação Brasileira de Criadores
de Hereford, para participar da
assembleia da Angus Brasil, bus-
cando aproximar as entidades e
tendo em vista um crescimento da
pecuária de corte no país.
Em 1981, o jurado trazido foi
o americano Gary Minish, nome
lembrado com frequência entre
os criadores brasileiros por sua
atuação nos julgamentos e no
desenvolvimento genético da raça.
Em 1982, buscou-se priorizar os
jurados nacionais, mas na escolha
para o ano seguinte voltou-se a
dar ênfase aos estrangeiros, e os
argentinos Juan Ignácio Ezcurra
Sauze e Horacio Gutiérrez também
foram indicados como opções. Es-
ses nomes voltam a se repetir por
E
Integraçãoem nome da pecuária
A aproximação entre as entidades garantiu um maior
desenvolvimento das raças no Brasil
Gary Minish veio ao Brasil em
1981 para julgar a Exposição
Estadual de Animais. O
americano atuou como jurado
em diversos eventos a convite da
Associação Brasileira de Angus
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gus
88 Associação Brasileira de Angus
diversas vezes durante a história
da Associação, e não é por acaso:
além de profissionais renomados,
especialistas em Aberdeen Angus,
os jurados também se tornaram
amigos dos criadores brasileiros.
Essa predominância de jura-
dos vindos de fora do Brasil se
explica por uma das principais
preocupações de Macedo: a ge-
nética. Na época, o que havia de
mais moderno sobre Aberdeen
Angus vinha do exterior, e trazer
profissionais de fora, com conhe-
cimento e experiência no assunto,
era uma forma de incrementar a
raça e alavancá-la.
O fomento dos serviços de
seleção PPC e AD - desse último,
especialmente - também vai nesse
sentido. De agosto de 1980 a agos-
to de 1981, foi tatuado um total
de 1.667 produtos - 17 machos
CA, 390 fêmeas CA e 1.277 fême-
as AD. Em 1981, o número de ani-
mais tatuados já chega a 7.249.
Em 1981 e 1982, pela pri-
meira vez desde a sua criação, a
Associação opta por não realizar
a Exposição de Rústicos de Uru-
guaiana. A decisão foi uma forma
de se focar em outras atividades
para o fomento da raça.
Reynaldo Salvador (à direita),
Macedo e a equipe da Cabanha
Azul na Expointer de 1990
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Carlos César Silva de Albuquerque
1982 1984
ara Degrazia de Al-
buquerque tinha muito
ciúme do marido, Car-
los César Silva de Albuquerque.
Não era porque o médico passava
incontáveis horas dentro de um
hospital, mas sim por um grande
amor que o gaúcho, natural de
Barra do Ribeiro, não se preocu-
pava em esconder: o campo. A
paixão se explica pela família tra-
dicional de fazendeiros, em cujas
propriedades o médico passou
grande parte da infância.
Albuquerque estudava ardua-
mente a atividade rural. Assinava
revistas americanas e queria estar
sempre informado sobre o que
havia de mais moderno em termos
de genética e criação. E foi assim
que, na década de 1970, começou
o plantel de Aberdeen Angus e
passou a participar de exposi-
ções. Os primeiros ventres foram
comprados em 1970, e o primeiro
touro, em 1972. A estreia em Es-
teio aconteceu dois anos depois.
No início, o próprio médico fazia
questão de preparar e tosar os
animais para entrar em pista. Se-
guidor das tendências americanas,
o médico começou com o New
Type em sua cabanha, a Pavão,
nos anos 1980.
Nara lembra com carinho das
exposições de Palermo, que não
apenas eram uma aula sobre
Aberdeen Angus, mas também
um momento de grande integra-
ção para os criadores. Quando
algum membro da Angus Brasil
era convidado a julgar em Pa-
lermo, era costume que depois,
durante o jantar, se comentassem
os resultados e decisões do jura-
do - o que podia tanto despertar
discussões acaloradas, quanto
gargalhadas, em meio a críticas
bem-humoradas.
O envolvimento com a raça
e com a entidade cresceu, e a
atuação de Carlos César dentro
da Associação também se inten-
sificou, até chegar à presidência.
O médico fazia o possível - e era
bem-sucedido - em conciliar seus
muitos compromissos. Além de
clinicar, entre outras funções, o
gaúcho foi diretor da Irmandade
da Santa Casa de Misericórdia de
Porto Alegre, presidente do Hos-
pital das Clínicas, professor na
Universidade Federal do Rio Gran-
de do Sul - muitas vezes desem-
penhando mais de uma atividade
ao mesmo tempo.
Em todas as
áreas, agropecu-
ária ou médica,
Albuquerque
sempre exerceu
papéis de lide-
rança. O filho
Rafael Degrazia
atribui ao caris-
ma e às habili-
dades social e política do pai a
facilidade com que ele circulava
nesses diferentes meios e lembra
que, assim como ao construir
uma trajetória sólida dentro da
Associação Brasileira de Angus,
essas mesmas características o
levaram a se tornar, em 1996, mi-
nistro da Saúde de Fernando Hen-
rique Cardoso, cargo que ocupou
até 1998. O médico e pecuarista
faleceu em 2005.
Biografia do presidente
O clima nas exposições não era de disputa.
Éramos todos muito próximos, criávamos
nossos filhos juntos, no mesmo espaço.
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Nara Degrazia de Albuquerque
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DiretoriaPresidente: Carlos César Silva de Albuquerque
1º vice-presidente: Eduardo de Macedo Linhares
2ª vice-presidente: Carla Sandra Staiger Schneider
1º secretário: Flavio Antonio Franco Tellechea
2º secretário: Nelson Bastos Pinto
1º tesoureiro: Antonio Martins Bastos Filho
2ª tesoureira: Maria Helena Lança Macedo
94 Associação Brasileira de Angus
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carisma e a habilidade
política de Carlos César
foram marcantes desde o
início de sua gestão na Associa-
ção Brasileira de Angus. Logo no
discurso de posse, após a eleição
na assembleia de setembro de
1982, em Esteio, o médico fez
questão de agradecer e destacar a
recepção desde o primeiro conta-
to com a entidade. “Fui recebido
como um amigo”, afirmou, com-
prometendo-se a retribuir à altura
a confiança dos associados.
A exemplo de João Vieira de
Macedo Neto, o médico também se
esforçou em fomentar a integração
entre as entidades de raça. Duran-
te sua presidência, fez questão
de manter contato e intercâmbio
constantes com outras associações,
além de participar de todas as
reuniões da comissão permanente
de exposições do Ministério da
Agricultura no Rio Grande do Sul.
Ainda seguindo a tendência que
vinha desde o início da Associação
de manter proximidade com pecua-
ristas de fora do Brasil, Carlos César
promoveu a visita de uma comissão
de criadores norte-americanos ao
Brasil, buscando mostrar o estágio
de desenvolvimento e o nível zoo-
técnico da Aberdeen Angus no país.
Como já ocorrera na gestão
anterior, também não se realiza-
ram exposições de rústicos duran-
te a presidência de Carlos César.
No lugar delas, optou-se por or-
ganizar uma feira de ventres com
exemplares da raça Ibagé - atual-
mente denominada Brangus. Na
primeira edição, em 1983, foram
vendidos 740 animais, alcançan-
do Cr$ 37.000.000 (equivalentes
a R$ 1.094.054).
Ainda com foco nas exposi-
ções, o presidente articulava desde
1982 a organização de uma feira
na Região Metropolitana de Porto
Alegre. O projeto se concretizou
em 1983, quando foi realizada a
Feira de Rústicos em Guaíba (RS),
um modo de agregar mais criado-
res da região e trazê-los para den-
tro da Associação.
A discussão se as exposições
de rústicos em Uruguaiana e Re-
gião Metropolitana de Porto Alegre
seguiriam acontecendo ou seriam
definitivamente substituídas por
feiras de ventres também foi mar-
cante nessa época. Depois de mui-
to debate, decidiu-se que feiras de
ambos os tipos seriam fomentadas
e, sempre que possível, seriam
realizadas em outras regiões do
Rio Grande do Sul, especialmente
A troca de informações entre entidades de raça e criadores
de diferentes países fortaleceu a genética Angus
O
Integração e
intercâmbio
96 Associação Brasileira de Angus
A Aberdeen Angus foi destaque
na capa do suplemento de
agropecuária do Jornal do
Comércio, de Porto Alegre, em
março de 1983, apontada como
uma opção para qualificar os
cruzamentos industriais
na Grande Porto Alegre. À época,
diversos associados - especialmen-
te o futuro presidente Flavio Anto-
nio Franco Tellechea - insistiam na
necessidade de se promover uma
política agressiva de vendas, e
Carlos César se comprometeu com
essa causa durante sua gestão.
A questão da escolha de jura-
dos para exposições, assim como
todos os temas que envolviam
julgamentos, também foi alvo de
algumas discussões. Os associa-
dos afirmavam que os critérios de
quem poderia ou não votar ainda
eram, de certa forma, nebulosos.
Decidiu-se, então, que poderiam
participar da escolha os exposi-
tores que tivessem apresentado
animais em Esteio em ao menos
um dos últimos três anos.
Ainda no que diz respeito a
Esteio, na gestão de Carlos César
o estande no parque de exposições
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50 Anos 97
passou por mais uma remodela-
ção, sob o comando de Nara de
Albuquerque e Maria Helena Ma-
cedo. Por seus serviços prestados à
Associação, essas mulheres foram
agradecidas publicamente por
diversas vezes, e isso chegou a ser
registrado nas atas da entidade.
A habilidade política de Car-
los César aparece uma vez mais
no final de sua gestão. Em sinto-
nia com o momento histórico que
o Brasil vivia então - após 20 anos
de ditadura militar, o país vislum-
brava a abertura política -, o en-
tão presidente da Angus decidiu
que a diretoria não apresentaria
nenhuma chapa na eleição para
o biênio de setembro de 1984 a
agosto de 1986, uma vez que o
país estava “vivendo momentos
de abertura e eleições livres”,
conforme consta na ata em que o
médico, pecuarista, gestor e po-
lítico encerra sua presidência na
Associação Brasileira de Angus. Gilda Bastos e o então presidente da Associação, Carlos César, durante a Expointer de 1984
Mesmo quando
era administrador
hospitalar, a paixão
do Carlos sempre
foi o campo.
Nara Degrazia de Albuquerque
A Expointer era um dos momentos mais esperados pelos criadores. Na imagem, o Grande Campeão do certame de 1983
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98 Associação Brasileira de Angus
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Flavio Antonio Franco Tellechea
Diretoria1984 1986Presidente: Flavio Antonio Franco Tellechea
Vice-presidente: Eduardo Macedo Linhares
2ª vice-presidente: Carla Sandra Staiger Schneider
Secretário: Nelson Bastos Pinto
2º secretário: Tito Rubens Mondadori
Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Filho
2ª tesoureira: Maria Helena Lança de Macedo
1986 1988Presidente: Flavio Antonio Franco Tellechea
Vice-presidente: Reynaldo Titoff Salvador
2ª vice-presidente: Carla Sandra Staiger Schneider
Secretário: Tito Rubens Mondadori
2ª secretária: Paulo Leonardo Mascarenhas Linhares
Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Neto
2º tesoureiro: Pedro Ribeiro Tellechea
1984 1988
uando Flavio Antonio Fran-
co Tellechea assumiu a pre-
sidência da Associação Bra-
sileira de Angus, a entidade nunca
havia tido um gestor tão jovem
à sua frente. Aos 24 anos, Flavio
Antonio, o Neco, já tinha vivência
de criador experiente. Filho de
Flavio e Lila Tellechea, ele cresceu
e aprendeu no campo. As opiniões
firmes e a atuação constante nos
assuntos da Angus lhe renderam
a confiança dos pecuaristas mais
velhos e tornaram natural sua
entrada na entidade.
Sua trajetória, assim como a de
muitos dos fundadores, se confunde
com o desenvolvimento da raça e
da Angus Brasil. Na Paineiras, ainda
pequeno acompanhava Flavio Bas-
tos Tellechea nas lides da cabanha
e nas exposições. Montar a cavalo,
levar o gado, participar de leilões e
julgamentos eram práticas cotidia-
nas para o menino, que seguiria os
passos do pai e se tornaria veteriná-
rio. Do pai, Neco herdou o interesse
pela Aberdeen Angus. Ele passou
a paixão adiante para os filhos,
Martin e Ignacio, que com a mãe,
Claudia, deram continuidade ao
trabalho após sua morte, em 1989.
O carisma, o bom humor e a
dedicação são características que
os amigos e familiares de Neco
não esquecem. A vontade de que
todos conhecessem as vantagens
da genética também era um aspec-
to marcante da personalidade do
jovem criador.
Se ia a uma exposição, não
interessava o cargo que ocupasse,
participava da preparação dos
bovinos, lavava, soprava, fazia
seu melhor para ver um animal
campeão - e gostava de participar
até o fim. Puxar os animais, por
exemplo, era um costume difícil de
largar. Na última
Expointer de que
participou, em
1988, percebeu
que não era pos-
sível fazer tudo.
Como presidente,
também tinha que recepcionar o
jurado, os criadores, enfim, aten-
der a outras exigências do cargo.
Já na década de 1980, Neco
falava em um sonho: ele queria
“pretear o Brasil”, ou seja, que a
raça se espalhasse do Rio Grande
do Sul para o resto do país - o que,
hoje, já é realidade.
Biografia do presidente
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Mesmo em tão pouco tempo de vida,
Neco conseguiu transmitir aos filhos
a paixão pelo campo e pela Angus.
Claudia Indarte
104 Associação Brasileira de Angus
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eco tinha 24 anos e mui-
tas ideias para o fomento
da Aberdeen Angus no
país. Na primeira assembleia sob
a sua presidência, a presença de
José Mário Junqueira Netto, cria-
dor em São Paulo, já dava a en-
tender que o sonho do gaúcho de
“pretear o Brasil” não estava tão
distante e que a raça já desperta-
va interesse nos estados do cen-
tro do Brasil. O paulista pediu a
palavra e falou sobre os trabalhos
de cruzamento realizados em sua
terra para obter melhor produção
de carne. O criador fez questão
de destacar: a Aberdeen Angus
era a raça que vinha apresentan-
do os melhores resultados nesses
procedimentos.
É justamente nessa época,
no começo da década de 1980,
Juventudee inovação
Nessa época, o sonho de “pretear o Brasil” já dava sinais
de estar mais perto da realidade
N que se começa a falar mais so-
bre o cruzamento industrial com
Aberdeen Angus. A raça passa
a ser visada por suas muitas
características melhoradoras,
especialmente qualidade da carne
e precocidade, ideais para incre-
mentar outras raças de bovinos e
aumentar o rendimento e a pro-
dutividade de um rebanho.
No primeiro ano de gestão, a
diretoria de Neco retomou uma
mostra importante: a Exposição
de Rústicos voltou a ser realiza-
da em Uruguaiana, em junho de
1985. Em seu retorno, o evento
comercializou um total de Cr$
144.680.000 (R$ 367.034). Nas
reuniões, era comum que o pecu-
arista insistisse para que os cria-
dores valorizassem e participas-
sem das exposições de rústicos,
Três gerações de campo: João Francisco, Flavio e Neco Tellechea
no local de remates da Cabanha Paineiras
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106 Associação Brasileira de Angus
como forma de fortalecer a raça,
e naquele ano não foi diferente. O
chamamento deu resultados, e no
ano seguinte o certame aumentou
de tamanho e contou com 443
animais, vendidos pelo total de
Cz$ 1.172.100 (R$ 1.006.090).
Coerente com sua obstinação
em fortalecer a raça também a
partir dos eventos, Neco concla-
mou os criadores a participarem
mais efetivamente da Expointer,
lembrando da importância da
exposição como vitrine da raça.
Defendia, ainda, que fossem
realizados estudos para que hou-
vesse uma maior representação
de fêmeas na mostra.
Como forma de profissionali-
zar e melhorar o atendimento aos
associados durante a exposição,
em 1986, decidiu-se criar uma
comissão para a manutenção do
estande da Associação em Es-
teio. Até então, o local ficava sob
responsabilidade do presidente
e, informalmente, de sua famí-
lia - as esposas, especialmente,
se ocupavam da organização do
espaço para o evento.
Em Esteio, na época, a loja
da Angus era a única mantida
por uma associação de raça, e
permitia que a entidade divul-
gasse informações e obtivesse re-
cursos significativos com a ven-
da de itens exclusivos, que iam
de canecos a talheres. Ainda no
sentido de consolidar a imagem
da raça, a Associação decidiu
formar uma comissão de divul-
gação e propaganda. A decisão
de que 1% das vendas de touros
fosse destinado à entidade, para
que se pudesse promover um
programa de mídia, também foi
feita nessa gestão, com o objeti-
vo de fomentar essa área, assim
como a criação do cargo de as-
sessor de imprensa.
Em 1988, quando a gestão de
Neco se encerrava, a Associação
completava 25 anos de existência,
já com um caráter mais profissio-
nal, indo ao encontro do cresci-
mento da raça no país.
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50 Anos 107
Neco Tellechea, à esquerda, na Expointer de 1984
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108 Associação Brasileira de Angus
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Reynaldo Titoff Salvador
DiretoriaPresidente: Reynaldo Titoff Salvador
1º vice-presidente: Pedro Ribeiro Tellechea
2º vice-presidente: Francisco Giaffoni Jr.
Secretário: Milton Lança Macedo
2º secretário: Carlos César de Albuquerque
Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Neto
2º tesoureiro: João Paulo Schneider da Silva
1988 1992
azia sete anos que Rey-
naldo Salvador se gra-
duara em agronomia na
Universidade Federal do Rio Gran-
de do Sul quando assumiu a pre-
sidência da Associação Brasileira
de Angus, aos 30 anos. O primeiro
contato dele com a raça fora em
1977, estagiando em propriedades
no sul do Brasil e no Uruguai. Em
1981, começou a trabalhar em um
rancho de Montana, nos Estados
Unidos, em uma das propriedades
que mais investia em genética
bovina no país. Não demorou para
o jovem perceber o potencial da
Angus. O estabelecimento também
trabalhava com outras duas raças,
o que possibilitou que Salvador
pudesse compará-las. Logo, per-
cebeu que, entre as três, a que
melhor se adaptava e mostrava
melhores índices zootécnicos era
a Angus. Viu, então, que a pecu-
ária de corte ainda tinha muito
para crescer no Brasil, e decidiu se
dedicar e fazer parte dessa história.
A experiência breve, mas inten-
sa, deu credibilidade a Salvador,
e os já calejados criadores não
hesitaram em escolhê-lo como
presidente. Carlos César, presiden-
te entre 1982 e 1984, perguntou
a Salvador se poderia indicá-lo
para suceder Neco. Na época, em
um rodeio de touros experientes
como era a maioria dos associa-
dos, poderia chocar. Nesse ponto,
vir depois de Neco, o mais jovem
a ser eleito presidente da entidade,
era uma vantagem.
Ainda durante as andanças
pela América do Norte, participou
em 1982 da Nacional de Denver ,
no Colorado, onde conheceu Dick
Spader, então diretor executivo da
American Angus Association. Foi lá
o primeiro contato com o Certified
Angus Beef, que
inspiraria o pro-
grama no Brasil.
Em 1984, ingres-
sou na Cabanha
Azul para atuar
com o sogro, João
Vieira de Macedo
Neto. Hoje, Salva-
dor é diretor comercial na Cia Azul
Agropecuária e diretor do Programa
Carne Angus Certificada. Entre as
vantagens da raça, aliás, a qualida-
de da carne foi determinante para
que Salvador tivesse certeza do
crescimento da Angus no país.
Biografia do presidente
Quando assumi, eu já começava
a olhar o Angus como produto
final ‘carne de qualidade’.
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114 Associação Brasileira de Angus
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Consolidação da raça
A situação econômica instável que marcou o final da década
de 1980 no Brasil não impediu a Angus de crescer
alvador iniciou sua gestão
com uma ideia clara: con-
solidar a Aberdeen Angus
como raça nacional. Caminhando
nessa direção, menos de um ano
depois de tomar posse, realizou
o I Congresso Brasileiro de Aber-
deen-Angus, em junho de 1989,
contando com cerca de 300 par-
ticipantes, entre criadores do Rio
Grande do Sul, Paraná, São Paulo
e Mato Grosso.
A representação da entida-
de no Fórum Mundial de Angus
(World Angus Forum, WAF), em
1989, na Argentina, também foi
um passo adiante na consolidação
da marca e da raça. Lá, associações
de todo o mundo se reuniram para
discutir linhas de registros gene-
alógicos, intercâmbio de material
genético e marketing da carne.
Por conversas e debates, ficou
definido que, entre os países, seria
exigido pedigree de cinco gerações
para que houvesse intercâmbio de
sêmen e de reprodutores. Salvador
teve oportunidade de apresentar
um painel falando sobre o Angus
brasileiro e mostrou o desenvolvi-
mento da raça aos estrangeiros.
Ainda em 1989, se articulava a
parceria pioneira da carne Angus -
antes mesmo de o programa existir
oficialmente, quando ainda eram
dados os primeiros passos. O acor-
do foi firmado com o Frigorífico
Rio Pel, de Pelotas (RS), e chegou
a culminar na exportação de carne
Angus brasileira para a Alemanha.
Na época, contudo, a colaboração
não foi suficiente para fazer o pro-
grama da carne deslanchar, pois
ainda faltavam animais para abate.
Ainda assim, o Programa de
Carne Certificada Angus foi apre-
sentado por Salvador em 1991 – a
criação oficial da iniciativa, no
entanto, se daria apenas em 2003.
A carne foi o ponto central da ges-
tão de Salvador e, provavelmente,
o que mais diz a respeito de sua
trajetória dentro da Associação. O
então presidente previa as vanta-
gens do programa para os criadores
de novilhos, que teriam uma valori-
zação maior para seus animais.
Para que a colaboração entre
a Angus e os frigoríficos pudesse
acontecer de fato, era preciso que
Angus virasse uma marca ligada
à Associação, e esse processo de
registro no INPI foi iniciado ainda
no mandato do gaúcho, em 1990.
Naquele mesmo ano foi preparada
uma ação direta para a consolida-
ção da marca Angus na Expointer.
No estande da Associação, era
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116 Associação Brasileira de Angus
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possível ler o que se transformaria
no conhecido slogan da entidade:
“Angus: a raça completa” estam-
pado em um fôlder com informa-
ções sobre os animais.
Na transição para a nova dé-
cada que se iniciava, a Associação
não ficou alheia à situação econô-
mica do país. Com os índices de
inflação nas alturas e os entraves
impostos pelos planos do governo
para conter a disparada, a entidade,
tal qual o resto do Brasil, passou
por dificuldades. Ainda assim, foi
possível concretizar a maior parte
dos projetos traçados no ano ante-
rior. O Remate das Britânicas, si-
multâneo à Expointer, assim como
o Remate Ouro Negro, em Guaíba,
Rio Grande do Sul, saíram do papel
e foram realizados ainda em 1989.
Pouco depois, já em 1990, o Re-
mate Angus PO, em Santa Maria,
encerrava o 1º Teste de Avaliação
de Terneiros, iniciado no estabe-
lecimento do Condomínio Irmãos
Mondadori, em Itaqui (RS).
Com a ideia de que os brasilei-
ros aprendessem com os vizinhos
do Prata, em maio de 1992 a Asso-
ciação levou criadores à Argentina
para visitar as cabanhas referência
em Angus. A medida era uma for-
ma de mostrar o processo daquelas
propriedades que se destacavam
nas mostras internacionais.
Durante essa gestão, os olhos
da Associação já se voltavam para
a Exposição de Londrina, no Para-
ná. Quando encerrava sua gestão,
o presidente alertou os associados
de que a cidade devia ser vista
como “porta de entrada para cru-
zamentos industriais no Brasil
Central” - o que, mais tarde, se
concretizaria. A ida do Angus para
a mostra, contudo, só seria levada
a efeito na gestão seguinte.
Em 1989, a Angus Brasil firma parceria com o Frigorífico Rio Pel, de Pelotas. Esteve presente o então ministro da
Agricultura, Antônio Cabrera Mano Filho, que aparece na fotos com Salvador. O presidente da Farsul na época,
Hugo Giudice Paz (D), também esteve presente para inaugurar a nova sede da Angus no parque de Esteio
Estampa da caixa em que a carne
Angus certificada no Rio Pel era
exportada para a Alemanha:
“A carne provém do sul do
Brasil, próximo à Argentina, e é
produzida de novilhos Aberdeen
Angus dos pampas gaúchos, de 2 a
3 anos de idade, sem hormônios e
substâncias químicas”
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118 Associação Brasileira de Angus
I Congresso Brasileiro de Aberdeen-Angus, realizado em 1989
Primeiro ano de gestão de Salvador, em 1988. O então presidente está ao lado de João Vieira de Macedo Neto, Bud
Snidow (representante da Associação Americana de Angus), Hilton Jacques e equipe da Cabanha Azul, na Expointer
50 Anos 119
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Angelo Bastos Tellechea
DiretoriaPresidente: Angelo Bastos Tellechea
Vice-presidente: Ruben Ilgenfritz da Silva
Secretário: Mauro Dante Aymone Lopez
2ª secretária: Claudia Silva Tellechea
Tesoureiro: Antonio Martins Bastos Neto
2º tesoureiro: João Paulo Schneider da Silva
1992 1994
Biografia do presidente
Sozinho ninguém faz nada.
Trabalho bom é em equipe.
ilho mais jovem de João
Francisco Tellechea, An-
gelo Bastos Tellechea tem
suas raízes no campo. Porém,
diferentemente do irmão Flavio,
um dos fundadores da Angus Bra-
sil, acabou alçando voos distantes
das terras da família em Uru-
guaiana. Formado em engenharia
industrial, Angelo construiu uma
trajetória na indústria e na gestão
de grandes empresas - experiên-
cia que seria fundamental na sua
atuação na Angus Brasil.
O uruguaianense estava afas-
tado do meio agropecuário há
quase 30 anos quando retornou
às origens em 1987, momento em
que começava a se libertar de suas
atividades de executivo - ou de
executado, como costuma dizer.
O desafio de se readaptar à vida
no campo foi encarado com tran-
quilidade pelo gaúcho. Para ele,
foi quando começou a viver. As
diferenças eram muitas. Na indús-
tria, todo produto sai igual. Em
um rebanho, contudo, padronizar
as gerações dentro da raça é um
trabalho árduo que só é possível
quando se atinge um nível de mui-
ta consistência genética.
Na divisão do patrimônio
familiar, tocou a Angelo adminis-
trar a Cabanha Umbu. O contato
com a Angus, naturalmente, se
deu quando ainda era pequeno, na
Cabanha Paineiras.
Quando che-
gou a hora de
voltar e o uru-
guaianense retor-
nou ao campo,
foi como o ingres-
so em um novo
negócio. Apesar
da tradição, a
familiaridade com o meio ficara
difusa no tempo, e era preciso re-
aprender algumas coisas enquanto
presidente de entidade de raça. O
engenheiro ainda tinha poucos
contatos na área, por isso se em-
penhou para estar em todos os
remates e exposições da Aberdeen
Angus que lhe fossem possíveis -
queria conhecer e ser conhecido.
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124 Associação Brasileira de Angus
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Cruzando
fronteiras
uando assumiu a presidência
da Associação, Angelo sabia
do desafio que tinha pela
frente. Seu discurso de posse, em
setembro de 1992, já tinha esse
tom. Ele assinalava que o trabalho
seria árduo, mas que buscaria
acompanhar o estágio de desen-
volvimento que a entidade e a
raça atingiam naquele momento.
“Sozinho ninguém faz nada”, é
a frase que o engenheiro costu-
ma repetir quando pensa em sua
gestão – como bom empresário,
escolheu com cuidado a equipe
que lhe cercava.
A primeira grande mudança
levada a cabo por Angelo, como
poderia se esperar de alguém com
sua experiência, foi no sentido de
melhorar a gestão da Associação.
Como presidente, ao olhar o esta-
tuto da entidade, considerou que
era possível aprimorá-lo – o docu-
mento era praticamente o mesmo
desde a fundação, por isso, uma
atualização era bem-vinda naquele
momento de crescimento da An-
gus. Entre as principais mudanças,
estiveram a normatização para
criação dos núcleos regionais e a
definição de objetivos mais claros
para a Angus Brasil.
Projetar a Associação exter-
namente também era uma meta,
que se evidenciava nos anúncios
publicados na tradicional revista
agropecuária DBO. Os textos fa-
lavam sobre a raça, explicavam
suas características e assinalavam
suas vantagens. A iniciativa aten-
deu às expectativas de tornar a
Angus conhecida dentro e fora do
Rio Grande do Sul.
Um dia, Angelo estava sozinho
na sede da Associação – o único
funcionário da entidade havia ido
realizar uma atividade externa –
quando o telefone tocou. Angelo
atendeu, e era um criador do
Ceará, que disse ter lido sobre a
Angus na DBO. O anúncio foi uma
sugestão de Jovelino Mineiro, cria-
dor que já trabalhava com Angus
e havia realizado um investimento
significativo na região de São Pau-
lo para a difusão da raça.
A principal medida de pro-
jeção da raça para fora do Rio
Grande do Sul foi, sem dúvidas,
a primeira participação da Angus
na Exposição de Londrina, em
1994. A expansão da Angus para
o Paraná, já sonhada em gestões
anteriores, teve seu princípio em
outra ideia de integração. Havia
certo tempo se pensava em reali-
zar uma feira que congregasse os
criadores de Angus do Mercosul.
O evento deveria ser rotativo, e
um dos pontos de encontro seria,
eventualmente, o Paraná. O estado,
porém, já contava com um evento
de porte, e a Associação percebeu
que deveria aproveitar esse espaço.
Deram-se, então, os primeiros
passos na articulação para fazer
a Aberdeen Angus rumar para o
norte. Para isso, a Associação con-
tou com o apoio de criadores que
já utilizavam a raça para cruza-
mento, percebendo seu potencial
melhorador de rebanhos. Primeiro,
entrou em contato com o então
presidente da Sociedade Rural do
Paraná, na época, o paulista José
Carlos Tibúrcio. Angelo telefonou
para ele, apresentou-se e com-
binou uma visita a Londrina no
verão. Mais tarde, as relações com
Tibúrcio, assim como com outros
criadores locais, se aprofundaram,
Em 1994, o Angus entra no Paraná. Pela primeira vez,
a raça participa da Exposição de Londrina
126 Associação Brasileira de Angus
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o que facilitou ainda mais a entra-
da do gado na região.
Foi, em seguida, em busca
dos criadores que já tinham con-
tato com a raça, sempre com a
ajuda oferecida pelo presidente da
Sociedade, que deixou seu pessoal
à disposição. Assim, o então pre-
sidente da Angus Brasil conseguiu
cativar pecuaristas e viabilizar a
participação da Angus na Exposi-
ção. Mesmo com toda a agitação
da estreia da raça em Londrina,
a Associação conseguiu realizar
ainda um Dia de Campo em uma
fazenda da região, na qual se fa-
lou sobre o cruzamento industrial
da raça britânica com zebu. Com
o sucesso da mostra e o interesse
na Aberdeen Angus, foi inaugu-
rado o núcleo de Londrina, ainda
nesta gestão.
A Associação seguia firme
em sua resolução de nacionali-
zar, cada vez mais, a Aberdeen
Angus, mas não se esquecia de
fomentar o crescimento também
no Rio Grande do Sul. No Remate
Angus de 1992, em Santa Maria
(RS), apesar de algumas adver-
sidades no que dizia respeito à
divulgação, oferta e participação
de touros jovens testados, atingiu-
-se um resultado que confirmou o
aumento do interesse pela raça na
região. Na ocasião, um repórter
perguntou a Angelo o porquê de
se realizar o evento comercial em
Santa Maria, a que o então pre-
sidente respondeu, prontamente:
“Queremos colocar o preto no
branco”, referindo-se à forte pre-
sença de Charolês na região.
Na Expointer, que seguia
sendo o evento máximo da raça
no Brasil, as conquistas também
foram relevantes. Em 1993, a
Associação passou a servir carne
Angus no restaurante do estande
no local, como forma de mostrar,
concretamente, a qualidade su-
perior do produto. Nessa edição,
a Angus foi uma das raças que
experimentou um dos maiores
aumentos na participação. Nas
duas Expointer realizadas durante
a presidência de Angelo, o jurado
foi o americano Gary Minish, que
marcou o início de uma prática de
avaliação comentada, com tradu-
ção simultânea, dos animais que
se destacaram na mostra, como
uma forma de fazer com que os
julgamentos fossem também um
momento de aprendizado para os
criadores e para o público.
Angelo gosta de dizer que,
durante sua presidência, ele do-
brou o número de funcionários da
Associação: de um, passou para
dois. O aumento pode parecer
pouco expressivo, mas agilizou
os processos da Angus Brasil e
buscou, na medida do possível,
acompanhar as novas demandas
impostas pelo constante cresci-
mento da raça e do quadro social
da entidade – que também cres-
ceu a partir da ideia de que cada
associado trouxesse mais outro.
Animais durante a primeira participação da Angus na ExpoLondrina, em 1994
A primeira edição do Jornal do
Angus circulou em agosto de 1992,
destacando a qualidade da Angus
e seu potencial
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DiretoriaPresidente: Antonio Martins Bastos Filho
Vice-presidente: Fernando Bonotto
Diretor administrativo: Tito Rubens Mondadori
2ª secretária: Claudia Silva Tellechea
Diretor financeiro: Antonio Martins Bastos Neto
Diretoras sem designação: Claudia Silva Tellechea e
Heloísa Linhares Fitchner da Silva
1994 1996
m setembro de 1994, Antoni-
nho se tornava pela terceira
vez presidente da Associação
Brasileira de Angus. Logo de iní-
cio, o uruguaianense coloca em
discussão dois pontos importantes:
a reformulação dos objetivos per-
manentes da entidade e a consoli-
dação dos critérios para o serviço
PPC. Em 1995, chega a convocar
uma assembleia extraordinária
para discutir esse segundo ponto
- pertinente ao fortalecimento do
uso da raça em cruzamentos - já
na terceira sede da Angus Brasil
em Uruguaiana.
O uso do nome Angus como
uma forma de alavancar os ser-
viços e produtos oferecidos pela
associação, discutido desde o co-
meço da década, segue em pauta
na presidência de Antoninho. Para
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De olhona marcaA Associação registra o slogan
“Angus, a raça completa”
134 Associação Brasileira de Angus
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consolidar esse objetivo, foi con-
tratada uma empresa com o fim
de construir um plano de mídia,
no qual foi incluída a publica-
ção de um encarte de 16 páginas
sobre a raça em uma revista de
grande circulação no meio rural
e a elaboração de um fôlder com
apresentação do novo logotipo
da entidade - no qual a cabeça
de um touro Angus é o elemento
fundamental, como ainda é hoje -
e das qualidades da raça.
A caminhada para o regis-
tro da marca, iniciada em 1990,
continua. Em 1995, a Associação
obtém o registro no INPI do nome
“Angus, a raça completa”. Ainda
em 1995, começou a se discutir
a criação de um certificado único
de exportação para o Mercosul e
Chile, a exigência de tipificação
sanguínea para o intercâmbio
entre os países e o reconhecimen-
to dos registros PPC. A decisão foi
tomada durante a Reunião Angus
no Mercosul, durante a Exposição
de Palermo, na qual estiveram
presentes representantes da Ar-
gentina, Brasil, Uruguai e Chile.
Em maio de 1996, a raça par-
ticipou pela primeira vez da Expo-
leite, feira de outono realizada em
Esteio (RS), levando um total de
81 animais, entre exemplares de
argola e rústicos. Naquele mesmo
ano, a diretoria realizou uma pes-
quisa para compreender o perfil
dos criadores de Angus no Brasil.
É interessante observar alguns dos
resultados na época.
Dos 49 associados, represen-
tando 25% do total:
•71%sãotambémagricultores;
•79%possuemvariedadedeAn-
gusvermelha;
•79%são,alémdecriadores,
recriadores;
•fertilidadeeprolificidadesãoas
características mais marcantes da
AberdeenAngus;
•92%registramseusanimais;
•79%fizeramcruzamentos;
•consideramqueaintegridadedo
criador é o fator mais importante
na aquisição de reprodutores.
136 Associação Brasileira de Angus
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50 Anos 137
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Fernando Bonotto
DiretoriaDiretor-presidente: Fernando Bonotto
Diretor vice-presidente: José Paulo Dornelles Cairoli
Diretor administrativo: Reynaldo Titoff Salvador
Diretor financeiro: Antonio Martins Bastos Neto
Diretores sem designação específica:
Lauro Moura Jardim e Claudia Indarte Silva
1996 1998
história da família de
Fernando Bonotto com a
Aberdeen Angus começa
no início da década de 1970, quan-
do o pai, Antônio Bonotto Neto,
importa exemplares da raça da
Argentina, junto com outros dois
criadores da região de Santiago,
no Rio Grande do Sul. Os animais
chegaram de trem, e um jovem era
responsável por percorrer os va-
gões para garantir que eles desces-
sem em segurança. Apesar da tradi-
ção na criação, o Angus criado na
propriedade não foi registrado até
o começo da década de 1980. Em
1982, Fernando assumiu a cabanha
de Angus da ABN Agropecuária.
A vontade de criar a raça veio
de uma análise simples e prática
dos animais. Dentro da proprieda-
de dos Bonotto, os primeiros diag-
nósticos de gestação apartavam as
vacas prenhes das vazias. No final
do serviço, ao observar a manguei-
ra das vacas prenhes, ela estava
repleta de fêmeas mochas, pretas
ou vermelhas. Ou seja, a produti-
vidade conquis-
tou a família.
Por carac-
terísticas como
esta, Bonotto
manteve o le-
gado do pai e
seguiu investin-
do na raça. Ele
decidiu fazer
parte da história da Angus no
Brasil, integrando a Associação,
da qual chegou à presidência em
agosto de 1996.
Biografia do presidente
Na minha propriedade,
escolhemos a Aberdeen Angus
pelo que vimos na prática.
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142 Associação Brasileira de Angus
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Transição e crescimento
Para crescer, a Associação saiu de Uruguaiana e se mudou
para seu estande no Parque de Exposições de Esteio
onotto não tem dificulda-
des em resumir sua ges-
tão de dois anos frente à
Associação Brasileira de Angus
com uma palavra: transição. A
mudança da sede da Associa-
ção de Uruguaiana, local de sua
fundação, para o estande em
Esteio, é oficializada em 1997,
e representa uma das mudanças
mais expressivas na estrutura da
entidade, que busca se aproximar
dos associados de outros estados
do país. A raça crescia exponen-
cialmente, e esperava-se que
a entidade que a representava
crescesse no mesmo ritmo.
A diretoria também começava
a mexer na estrutura administra-
tiva da Associação, contratando
um diretor executivo e um secre-
tário, para garantir atendimento
ao grande número de criadores
que vinha procurando a entida-
de. A criação do encarte Jornal
do Angus, que circulava junto ao
Jornal dos Criadores, também foi
uma estratégia para buscar um
maior entrosamento com associa-
dos e técnicos.
Também o site da Angus, que
hoje é amplamente acessado por
criadores, associados e admira-
dores da raça, teve sua origem
na gestão de Bonotto. Na época,
o presidente justificava: “Como a
internet é acessada diariamente
por milhões de pessoas no mundo
todo, a diretoria vê a criação de
uma home page como mais uma
oportunidade de firmar a imagem
da raça e proporcionar bons negó-
cios a todos os criadores”.
O monitoramento da marca
Angus também foi forte na presi-
dência de Bonotto. O processo de
registro, que já vinha de outras
gestões, avança alguns passos e
garante à Associação o uso da
marca em outras vertentes além
das já permitidas anteriormente.
Em 1997, surgiu uma nova
forma de comercializar os ani-
mais resultantes do Teste de
Avaliação de Terneiros, já na 8ª
edição: o 1º Leilão Conjunto
de Touros Avaliados, Testados e
Aprovados em Testes de Avalia-
ção, realizado em setembro de
1997. No ano seguinte, o teste
passou por uma reformulação,
elaborando uma projeção de
ganho de peso. A Associação fez
questão de participar da prova
de ganho de peso de 1997 execu-
tada pela Estação Experimental
de Zootecnia de Sertãozinho, em
São Paulo, visando ao mercado
promissor do Brasil Central.
Nas exposições, a Angus se-
guiu se destacando. Na Expointer
de 1997, a participação do público
no julgamento da raça chamou a
atenção dos participantes e de-
monstrou o envolvimento e a in-
tegração que a Angus vinha des-
pertando. Nessa edição da mostra,
o jurado foi Antoninho, que, após
36 anos de presença consecutiva
de sua cabanha na principal feira
pecuária do país, abriu mão de
expor seus animais para julgar os
dos demais associados.
Na Exposição Agropecuária e
Industrial de Londrina de 1998, a
participação da Associação Bra-
sileira de Angus se consolidou
com a criação de um estande da
entidade. Na época, foi necessá-
rio dividir o espaço com outra
associação de raça, que expunha
no turno inverso à Angus.
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144 Associação Brasileira de Angus
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Os remates e leilões estiveram
presentes desde o início da
Associação, como mostram os
anúncios ao lado. Mas em 1997
houve um marco: um evento
comercial de elite, o 1° Remate
Golden Angus. Na foto acima,
outro exemplo de leilão de elite, o
Red Concert Catanduva, realizado
em maio de 2009
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146 Associação Brasileira de Angus
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José Roberto Pires Weber
1998 2002
ilho de médico, José Ro-
berto Pires Weber nasceu
e foi criado em Porto Ale-
gre. O pai tinha uma vida urbana,
assim como ele próprio, formado
em direito na Universidade Federal
do Rio Grande do Sul e advogado
por convicção. Por outro lado, sua
mãe, de família de ruralistas, foi
responsável pela sua relação com
o campo que, mais tarde, se torna-
ria uma das suas grandes paixões.
Em janeiro de 1984, ele deixou a
capital gaúcha para morar na Es-
tância Santa Thereza, propriedade
da família em Dom Pedrito (RS). O
gaúcho abandonou a advocacia e a
condição de professor universitário
para se dedicar à agropecuária. A
esposa, também advogada, aceitou
a mudança, e o casal trocou a vida
na cidade grande pela tranquilida-
de do interior. Para Weber, foi um
retorno às raízes maternas, que
remontavam ao tataravô, o Barão
do Upacaraí, fazendeiro que hoje
dá nome a uma das principais ruas
de Dom Pedrito.
Na propriedade familiar,
utilizava-se cruzamentos na ex-
ploração bovina, e ao assumir a
administração, Weber progressi-
vamente foi substituindo o gado
existente por Aberdeen Angus.
Quando conta essa história, faz
questão de ressaltar: há muitas
raças “do momento”, mas a An-
gus é a “definitiva”.
Os primeiros touros da raça
foram adquiridos no começo da
década de 1990. Em seguida,
investiu também em ventres e
passou a usar
exclusivamente
sêmen Angus. Foi
a consolidação da
admiração pela
raça britânica,
cuja fagulha já
havia sido acesa
nas diversas exposições de que
participou, nas quais teve contato
com o Aberdeen Angus. E foi essa
história que o levou, em setembro
de 1998, à presidência da Associa-
ção Brasileira de Angus.
Biografia do presidente
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Cada gestor fez o que era possível a seu tempo.
Já fui presidente de outras entidades e posso afirmar que na
Angus ocorre algo raro: sempre se caminha para frente,
e a cada gestão a Associação cresce.
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Diretoria 1998 2000Diretor-presidente: José Roberto Pires Weber
Diretor vice-presidente: Fábio Gomes
Diretor administrativo: Alexandre Chanan
Diretor financeiro: Reynaldo Titoff Salvador
Diretores sem designação específica:
Sérgio Bastos Tellechea e
Antônio Carlos Vicente e Silva
2000 2002Diretor-presidente: José Roberto Pires Weber
Diretor vice-presidente: Fábio Gomes (de setembro de 1998 a novembro
de 2001) e Lauro Moura Jardim (de novembro de 2001 a agosto de 2002)
Diretor administrativo: Claudia Indarte Silva
Diretor financeiro: Reynaldo Titoff Salvador
Diretor de marketing: Carlos Eduardo Lima
Diretor de núcleo: Antonino Souza Dornelles
Diretor: Antônio Carlos Torres Vicente Silva
150 Associação Brasileira de Angus
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Estruturar a Angus brasil
A mudança da sede para Porto Alegre e o incremento no
quadro de funcionários ajudaram a profissionalizar a Associação
eber assumia a liderança
da Associação Brasileira
de Angus em uma fase
crucial. Na gestão anterior, a sede
da entidade havia sido transferida
de Uruguaiana para o estande da
Associação no Parque de Expo-
sições Assis Brasil, em Esteio,
e a única funcionária na época,
Helena Assis Brasil, organizava a
transição do setor administrativo.
De Esteio para Porto Alegre, a
distância era curta, e o presidente
aproveitou a oportunidade para
levar, enfim, a sede para a capital
gaúcha, medida que há muito era
discutida entre os associados.
A Angus Brasil passou a fun-
cionar, então, na garagem de um
casarão antigo na rua Luciana de
Abreu, número 266, em uma zona
nobre da capital gaúcha. Nem bem
a mudança fora oficializada em
setembro de 1999, e a Associação
já mudava de endereço novamente
em janeiro do ano seguinte, desta
vez para a avenida Carlos Gomes,
141, no conjunto 501 - transfe-
rência que, segundo Weber, só
foi possível com o apoio do então
vice-presidente, Fábio Gomes. He-
lena também foi responsável pela
organização dessa mudança.
Weber insistia com veemência
que, para uma raça do porte da
Aberdeen Angus, era preciso uma
associação forte que a acompa-
nhasse. E isso passava, além do es-
paço físico da entidade, pelo qua-
dro de funcionários, que Weber se
preocupou em expandir e profis-
sionalizar. A nova fase da entidade
também passava pela consolidação
da marca perante os criadores e
a sociedade em geral e, dentro
desta ideia, foram encaminhados
registros relacionados ao uso da
expressão Angus e suas variações
junto ao Instituto Nacional da Pro-
priedade Industrial, e foi lançada
a Revista Angus, com uma tiragem
de 10 mil exemplares e duas edi-
ções anuais. Logo depois, durante
a ExpoLondrina de 2000, também
foi lançado o jornal Angus@News,
ainda hoje um dos mais importan-
tes veículos de comunicação da
entidade. Também houve o regis-
tro do domínio angus.org.br e a
reformulação do site.
Nessa mesma direção, foi ela-
borado o Manual do Criador, hoje
na terceira edição, que objetivou
oferecer ao produtor uma ferra-
menta de apoio que lhe facilitasse
o entendimento e o acesso direto
aos procedimentos de registros
dos animais e outras informações
práticas sobre a raça.
O fortalecimento da marca
Angus também foi o objetivo da
mudança no estatuto social da
entidade, em Assembleia Extraor-
dinária realizada em novembro de
1999, quando a entidade até então
denominada Associação Brasilei-
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152 Associação Brasileira de Angus
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Anúncio da I Exposição Nacional
da Raça Angus, realizada em 2001
Primeira edição do jornal
Angus@News, lançado em 2000
O selo de certificação do Programa Carne
Angus Certificada foi criado antes mesmo
da existência do programa, no ano 2000,
para dar apoio ao projeto de produção de
carne Angus da Red Angus Beef MC
regulamento único para todas as
exposições e feiras nacionais. Tam-
bém foi criado o Ranking Oficial
dos Expositores da Raça Angus,
que teve início na Exposição de
Londrina de 2000 e serviu como
estímulo a uma maior participação
dos criadores nas exposições ofi-
ciais da raça. No ano seguinte, foi
elaborado o padrão racial definido
para a Angus, adequado aos cri-
térios internacionais. Além disso,
ocorreu na época a oficialização do
programa Cruzamento sob Con-
trole Genealógico (CCG Angus).
Em razão da implementação de
tantas iniciativas desta ordem é que
Weber, sempre que fala das suas
gestões, enfatiza a importância e o
apoio do Conselho Técnico.
Acompanhando a expansão
da raça, a Associação aumentou
sua presença em exposições fora
do Rio Grande do Sul. Em 2000,
a raça Aberdeen Angus teve seu
primeiro julgamento de classifica-
ção na Feicorte, embora já tivesse
participado da mesma no começo
da década de 1990, quando a feira
se chamava Expande e, depois,
Expocorte. A Angus Brasil tam-
bém participou da Agrishow, em
Ribeirão Preto, em parceria com
o Núcleo de Criadores de Angus
da região, e enviou técnicos às
exposições de Brasília, Umuarama
e Araçatuba. Mais uma vez em
parceria com o núcleo paulista da
entidade, realizou entre novembro
e dezembro de 2001 a I Exposi-
ção Nacional da Raça Angus, na
cidade de Avaré, em São Paulo. A
segunda edição do evento aconte-
ceu no ano seguinte, em São José
do Rio Preto.
Ainda na região de São Paulo,
Weber deu um passo adiante para
a criação definitiva do Programa
Carne Angus, com a oficialização
do contrato entre a Associação e o
criador Eloy Tuffi. A parceria au-
torizava que o criador fizesse uso
da marca Angus em suas butiques
de carne. Também houve, na
mesma época, uma aproximação
entre a Associação e o Frigorífi-
co Mercosul, cujo presidente era
Mauro Pilz, para a realização de
uma parceria visando a promoção
e crescimento da carne Angus.
ra de Aberdeen Angus passou a
se chamar Associação Brasileira
de Angus. “Angus” era um nome
mais fácil de utilizar comercial-
mente, o que contribuiria para a
difusão da marca – o que, de fato,
aconteceu. Hoje, os nomes Angus,
Aberdeen, Aberdeen Angus e Red
Angus pertencem à Associação.
Em 2000, a Angus escreve seu
nome na história como a primeira
raça europeia a superar as raças
zebuínas em venda de sêmen: o
relatório da Associação Brasileira
de Inseminação Artificial referente
ao ano anterior anuncia a comer-
cialização de 943.129 doses de
sêmen Angus. Em 2001, uma nova
reforma estatutária buscou forta-
lecer a estrutura da Angus Brasil.
O número de vice-presidentes
aumentou para quatro, visando
a atender aos diversos compro-
missos e objetivos da entidade.
A modificação passaria a valer a
partir do mandato seguinte.
Foi também na gestão de We-
ber que algumas decisões técnicas
importantes foram levadas a efeito.
O Conselho Técnico elaborou um
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154 Associação Brasileira de Angus
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2002 2004
m agosto de 2002, Salvador
voltava à presidência da
Angus determinado a fazer
o Programa Carne Angus deco-
lar. Era a hora de o projeto de
integrar a cadeia produtiva da
carne sair do papel. Para isso,
foi realizado um levantamento
dos volumes e da qualidade da
carcaças Angus e de cruzamentos
com a raça de animais abatidos
nos frigoríficos do Rio Grande do
Sul - especialmente no Frigorífico
Mercosul, primeiro parceiro da
iniciativa. O começo oficial do
Programa Carne Angus, que se
desenhava desde 2001, acontece
finalmente em 2003. Logo depois
do início do projeto, a Angus
Brasil e o Mercosul desenvolve-
ram em conjunto a marca Angus
Reiter Premium.
Para começo de conversa, era
necessário que os criadores forne-
cessem animais adequados e os
abates fossem direcionados a uma
planta específica. Inicialmente, 30
pecuaristas gaúchos entregaram
novilhos que atendiam às exigên-
cias do programa, e os primeiros
abates ocorreram em março de
2003. Naquele momento, 200 ani-
mais eram abatidos mensalmente.
E
Focona carne
DiretoriaDiretor-presidente: Reynaldo Titoff Salvador
Diretor 1º vice-presidente: José Paulo Dornelles Cairoli
Diretores vice-presidentes: Fábio Gomes,
Valdomiro Poliseli Júnior e Nilton Carlesso
Diretor financeiro: João Francisco Bade Wolf
Diretor de marketing: Marco Bochi
Diretora administrativa: Claudia Indarte Silva
Diretor de núcleos: Antonino Souza Dorneles
Diretor sem designação específica: Fernando Osório
Depois de anos de construção, chega a
hora do Programa Carne Angus
160 Associação Brasileira de Angus
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Quando atingiu a marca de 2
mil carcaças Angus mensais pa-
dronizadas, Salvador foi conversar
com a direção da rede de super-
mercados Zaffari para propor uma
parceria. Foi quando se conseguiu
organizar os três elos da cadeia
da pecuária de corte: produtores,
indústria e varejo, com o objetivo
de ter uma marca de carne Angus
forte e de qualidade. Enfim, a As-
sociação conseguia oferecer uma
produção regularizada, que aten-
dia às demandas do cliente final.
Ainda em 2003, aconteceu o I
Concurso de Carcaças, na ocasião
chamado de FestCarne, para divul-
gar a Carne Angus Reiter Premium.
O evento aconteceu em Bagé (RS),
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terra do Frigorífico Mercosul. No
mesmo ano, Salvador consolidou
o programa Angus Plus, uma fer-
ramenta de difusão genética, e em
2004 formatou a parceria entre
ANC, Promebo e Gensys para apri-
morar o Sumário de Touros.
Ainda com foco na divulgação
da carne Angus e no fomento da
pecuária de corte, a Associação
realizou o I Seminário: Avaliação
Funcional de Bovinos de Corte
e Formação de Jurados da Raça
Angus, em dezembro de 2004,
ministrado pelos americanos Roger
E. Hunsley e Gary Minish.
Para proporcionar a troca de
experiências entre criadores de dife-
rentes nacionalidades, a Associação
promoveu em 2003 a Gira Angus
Mercosul, em parceria com Argen-
tina e Uruguai. O foco na carne, po-
rém, não diminuiu a atenção dada
às exposições, que seguem sendo
valorizadas como vitrine para a
raça. Naquele ano, a participação
da Angus em Londrina passou a se
enquadrar como exposição de nível
A no ranking da Associação.
A carne Angus chega ao supermercado em 2004. Na foto, Fernando Osório,
na época diretor do Programa Carne Angus, Reynaldo Salvador e João Wolf
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162 Associação Brasileira de Angus
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José Paulo Dornelles Cairoli
Diretoria 2004 2007Diretor-presidente: José Paulo Dornelles Cairoli
1º vice-presidente: Luiz Anselmo Cassol
Vice-presidentes: Valdomiro Poliselli Júnior,
Afonso Antunes da Motta e Paulo de Castro Marques
Diretor financeiro: João Francisco Bade Wolf
Diretor de marketing: Luiz Eduardo Batalha
Diretor administrativo: Ângelo Antônio Martins Bastos
2004 2008
Biografia do presidente
Q
A evolução de uma cabanha
está em produzir sempre um animal
melhor do que no ano anterior.
uem conversa com José
Paulo Dornelles Cairoli
na cidade e, em seguida,
encontra-o no campo, não tem
dificuldade em perceber onde o
empresário e pecuarista se sente
mais à vontade. Como muitos
criadores, o ex-presidente da
Associação Brasileira de Angus
se divide entre os dois meios e as
duas atividades, mas não esconde
onde prefere estar. Escorado em
uma cerca, vestindo bota, bomba-
cha e chapéu, o gaúcho observa
seu rebanho de Angus com o or-
gulho de quem vê uma obra cons-
truída por décadas de trabalho.
Um plantel, no entanto, é uma
obra que não termina nunca, e
que precisa ser aperfeiçoada ano
após ano - e é essa mentalidade,
de melhoria constante, que Cairoli
buscou levar para a Associação
Brasileira de Angus.
Em 1969, alguns anos após a
morte do avô de Cairoli, a família
recebeu parte da Fazenda Recon-
quista, em Alegrete (RS). Aos pou-
cos, o clã foi trabalhando a terra,
onde a criação predominante até
então era de gado cruzado. Casado
com Maria da Glória Tellechea,
quando assume a propriedade no
começo da década de 1970 Cai-
roli conhece o Brangus por meio
do sogro, Flavio. Assim, começa
a usar sangue Angus em 1974 e
em 1983 firma uma parceria com
o cunhado, Neco Tellechea, para
a criação de Angus PC em outras
propriedades. Como consequência,
no final da década de 1980 passa
a criar Angus PO, e dá início a
sua cabanha inspirado no modelo
argentino, com animais a campo.
Cairoli recorda que, antes dos
anos 1990, a genética era desen-
volvida quase exclusivamente
dentro das cabanhas, e compara
com a forma como a seleção é
feita hoje, com grande intercâmbio
genético pela compra de embri-
ões. Para o fazendeiro, isso exigiu
que os cabanheiros se tornassem
ainda mais com-
petentes, uma
vez que, quando
todos podem ter
uma determinada
genética, a dife-
rença se faz no
cuidado.
O fazendeiro
começou comprando quatro vacas
PO. Já em 1991, começou a parti-
cipar de exposições. Comprou 100
prenhezes da Cabanha Três Marias
e, a partir daí, firmou como obje-
tivo máximo investir em carne de
qualidade e passou a defender a
raça Aberdeen Angus como negó-
cio - o que sustenta ainda hoje.
2007 2008Diretor-presidente: José Paulo Dornelles Cairoli
Diretor 1º vice-presidente: Luiz Anselmo Cassol
Diretores vice-presidentes: Joaquim Assumpção Mello,
Renato Zancanaro e Paulo de Castro Marques
Diretor financeiro: Fábio Gomes
Diretor administrativo: João Francisco Bade Wolf
Diretor de marketing: Luiz Eduardo Batalha
Diretor de núcleos: Flávio Montenegro Alves
Diretora sem designação específica: Vivian Diesel Pötter
168 Associação Brasileira de Angus
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Coragempara mudar
A exigência de que os animais fossem tosados para
participar dos julgamentos de seleção da raça foi polêmica
ma das primeiras medi-
das tomadas por Cairoli
no período em que esteve
à frente da Associação Brasileira
de Angus causou polêmica entre
os criadores. O presidente, junto
ao Conselho Técnico da entidade,
determinou que os animais fossem
tosados para participar dos julga-
mentos de classificação. A inicia-
tiva foi implementada já nas ex-
posições ranqueadas de 2005, um
ano após o anúncio da decisão,
sendo aplicada pela primeira vez
na ExpoLondrina daquele ano.
A ideia era valorizar os produ-
tos fenotipicamente superiores,
reduzindo as possibilidades de
encobrir defeitos estruturais com
maquiagem e penteados. Desde o
início das exposições, era costume
U trazer profissionais da Argentina e
dos Estados Unidos para arrumar
os animais - às vezes, se usava até
laquê para consertar alguma falha.
A tosa baixa acabou marcando
a gestão de Cairoli como um dos
grandes diferenciais da raça na-
quele momento, permitindo que
o corpo dos competidores fosse
visto sem artificialismos. Além
disso, a medida fez com que os
criadores passassem a selecionar
animais com pelo mais curto,
o que é mais adequado para o
centro do país, um dos mercados
para onde a Angus se expandia
rapidamente. A decisão, que
incomodou alguns criadores na
época, é mantida até hoje, e re-
presentou uma mudança no pa-
drão racial da Aberdeen Angus.
Já no fim da gestão de Cairoli,
outra medida trouxe mudanças
para as exposições da raça: a
exigência de tipagem sanguínea
de todos os animais campeões
de cada categoria. O objetivo era
reduzir o contrabando de animais,
e o procedimento evoluiu para a
catalogação do DNA.
Para mostrar que a Angus en-
trava em um novo momento, a
Associação realizou em dezembro
de 2004 o I Leilão Nova Era, que
também comemorou a posse da
nova diretoria na época. Em de-
zembro daquele ano, o Iate Clube
da Ilha, na Ilha da Flores, Grande
Porto Alegre (RS), recebeu cria-
dores, técnicos e aficionados pela
raça para assistir ao evento coman-
dado pelo leiloeiro Fábio Crespo.
Na ocasião, a Angus comercializou
22 lotes, o que gerou uma renda
significativa voltada para as ações
de marketing da Associação.
O leilão Futurity também sur-
giu, em 2005, como uma forma de
dar aos associados mais oportuni-
dades de comercialização de seus
rebanhos. Realizado paralelamen-
te à Exposição de Londrina, o
evento seguiu uma fórmula con-
sagrada em países como Canadá e
Estados Unidos, mas ainda inédita
no Brasil: consistia na realização
de um leilão e, depois, de uma
exposição e julgamento de classi-
ficação dos animais, que precisa-
vam ser estreantes em pistas de
julgamento. Somente fêmeas PO
da categoria Terneira Menor po-
diam integrar a promoção.
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Ainda em 2005, durante a
Expointer, a Angus Brasil organi-
zou um mecanismo para facilitar
a participação nas exposições de
categoria A com animais de argo-
la: era lançada a Copa Incentivo, o
“début dos criadores nas pistas de
julgamento”. Além de estimular os
criadores a participarem dos even-
tos da Angus, a divulgação da raça
também foi um ponto marcante do
mandato de Cairoli.
Em parceria com o Canal Ru-
ral, a Associação desenvolveu
um programa para ser veiculado
para um público mais direciona-
do, buscando levar informações
sobre a criação de Aberdeen para
o segmento rural. O Anuário da
Angus, lançado em 2006, além da
promoção da raça, também tinha
como objetivo catalogar os vence-
dores das exposições e os aconte-
cimentos da Associação ao longo
do ano, para criar um documento
histórico da entidade.
Como é recorrente em toda a
trajetória da Associação, a coope-
ração e integração internacionais
continuaram durante a gestão
de Cairoli. No grande evento da
raça em 2005, o Fórum Mundial
Angus África do Sul, a entidade
se fez presente. No evento, reali-
zado em março, foi arquitetada a
Aliança de Angus do Hemisfério
Sul, consolidada meses depois. Em
agosto do mesmo ano, os criadores,
A Cabanha La Cornélia, de Tapes (RS) foi a grande vencedora do julgamento de classificação de fêmeas na 1ª Copa Incentivo, realizada em 2005
Em maio de 2007, foi realizada a 1ª Feira de Terneiros e Ventres Angus
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172 Associação Brasileira de Angus
Criadores e expositores junto à primeira Grande Campeã do I Futurity, Espinilho 4007 Zeta
reunidos mais uma vez para a
Exposição de Palermo, dão início
à Associação Sul-Americana de
Angus, que substituiu a Federação
de Angus do Mercosul, na qual a
Angus Brasil já estava representa-
da. Também constavam no grupo
Argentina, Uruguai, Paraguai,
Chile e Colômbia. Durante a feira
de Esteio de 2005, foi realizado o I
Workshop Internacional da Carne
Angus - Cone Sul, com o apoio
da Associação Sul-Americana de
Angus e do Frigorífico Mercosul.
Ainda investindo no fomento
ao Programa da Carne, foi assina-
do em junho de 2005 o contrato
com a empresa australiana de
certificação Aus-Qual para o reco-
nhecimento internacional da carne
Angus. A criação do site da carne,
em setembro do ano seguinte, é
mais um passo em direção ao cres-
cimento do projeto. Em novembro
de 2006, foi firmado o contrato de
certificação com o Frigorífico Mar-
frig, em São Paulo. Naquele ano a
Aberdeen Angus comemorava 100
anos de registro no Brasil, e a raça
e a entidade colhiam os frutos de
um século de dedicação e trabalho
de criadores e selecionadores.
No ano seguinte, a carne Angus
continuou em alta, e a Associação
se aliou à empresa VPJ. Nessa
época, a carne Angus chega à
mesa do consumidor pelo tradicio-
nal restaurante Barranco, em Porto
Alegre (RS), e em 2008, mais uma
parceria é fechada, dessa vez com
o Frigorífico Nossa Senhora da
Gruta, em Herval (RS).
No Fórum Mundial de Angus de 2006 no Canadá, a Cabanha Catanduva foi a única representante brasileira. Na foto,
o proprietário, Fábio Gomes, aparece com a filha Fabiana ao lado do animal vendido no evento, WAF 337U Brazil
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Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello
DiretoriaDiretor-presidente: Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello
Diretor 1º vice-presidente: Fábio Gomes
Diretores vice-presidentes: Mariana Franco Tellechea,
José Roberto Pires Weber e Paulo de Castro Marques
Diretor financeiro: Marco Antônio Gomes Costa
Diretor administrativo: Angelo Bastos Tellechea
Diretor de marketing: João Francisco Bade Wolf
Diretor de núcleos: Ignacio Silva Tellechea
Diretor sem designação específica: Ronaldo Zechinski de Oliveira
2008 2010
ntrar na Estância Santa Eulá-
lia é um mergulho no tempo.
A casa, uma construção de
1888, foi comprada em 1919 pela
família Bordagorry para “curar
uma gripe”, como brincam ainda
hoje os familiares. A tataravó de
Joaquim Francisco Bordagorry
de Assumpção Mello começou
a adoecer, e o marido, temendo
que o mal-estar descambasse para
uma tuberculose, decidiu comprar
a terra em Pelotas, no Rio Grande
do Sul, próxima a um local cha-
mado Cascata, onde muitas pesso-
as iam se tratar da enfermidade.
Essa e outras histórias estão
guardadas na estância que hoje
pertence a Joaquim e é referên-
cia na criação de Angus no Rio
Grande do Sul. A trajetória da
Associação Brasileira de Angus,
assim como a da raça, também
passa por lá. A sala da Santa Eu-
lália, que ainda conserva móveis
da época da tataravó de Joaquim,
hoje guarda também uma pare-
de repleta de troféus obtidos em
exposições de Aberdeen Angus.
Esses prêmios dividem espaço
com distinções recebidas pela cria-
ção de cavalo crioulo e, destoando
um pouco do restante, medalhas
de campeonatos de golfe.
Joaquim iniciou seus traba-
lhos na Santa Eulália em 1964,
quando ainda era estudante de
agronomia. Ao se formar, em
1969, assumiu a totalidade da
propriedade, que vinha arrendada
por 36 anos. Começou com a pe-
cuária tradicional, mas em 1972
iniciou uma exploração integrada
de agricultura de arroz e soja,
implantando pastagens artificiais.
A família do pelotense come-
çara a criar Angus em 1900 no
Uruguai, mas, para ele, a história
foi um pouco diferente e não veio
apenas por tradição. Na década
de 1980, o engenheiro-agrônomo
ainda trabalhava com cruzamento
em sua propriedade. Aos poucos,
começou a notar que aqueles
animais cruzados com Aberdeen
Angus acabavam sendo mais pro-
dutivos. Na Santa Eulália, quando
chove, a água
se acumula por
todos os cantos
da propriedade.
Ainda assim, os
Angus conse-
guiam andar pela
terra e alcançar
pastos onde ou-
tros bovinos não chegavam, o que
fazia com que ganhassem peso
com mais facilidade.
Foi aí que Joaquim resolveu
definitivamente se dedicar à raça,
e, em 1983, começou a montar seu
plantel. A produtividade e adapta-
bilidade da raça tornaram a Angus
uma paixão e um bom negócio que
o pelotense cultiva até hoje.
Biografia do presidente
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Selecionar a raça
é importante porque você está
transformando pasto em carne.
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178 Associação Brasileira de Angus
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Com esforço e determinação, a Associação adquire
uma sede própria em Porto Alegre
A Angus encontra
seu lugar
m dezembro de 2008, Joa-
quim se tornou presidente da
Associação Brasileira de An-
gus. O primeiro pensamento que
passou pela cabeça do pelotense
foi o mesmo que muitos antes dele
tiveram: a expansão da raça e o
crescimento da entidade pediam
um espaço físico condizente com a
sua importância. Começou, então,
a busca pelo local ideal para abri-
gar a Angus Brasil.
Antes disso, era preciso obter
recursos para que a entidade pu-
desse adquirir a própria sede. Jo-
aquim anunciou em dezembro de
2009 que a arrecadação do Leilão
Nova Era seria depositada em uma
conta exclusiva para esse fim. O pe-
lotense ativou os contatos tramados
em mais de 50 anos de pecuária e
conseguiu que criadores doassem
animais de boa qualidade para
serem leiloados. Mas também era
preciso que os convidados acredi-
tassem no projeto e se dispusessem
a participar do evento. Alguns ami-
gos recrutados pelo pelotense que
sequer criavam Angus comparece-
ram para comprar, e até mesmo um
desembargador aposentado saiu de
lá dono de uma vaca. O esforço deu
resultados, e em 2010 foi possível
comprar a nova casa da Associação
Brasileira de Angus, no número
12 do largo Visconde do Cairu,
conjunto 901, no centro de Porto
Alegre (RS). Em empreitadas como
essas, o ex-presidente faz questão
de destacar a importância do apoio
da diretoria que lhe acompanhou.
As boas relações também
foram fundamentais para a As-
sociação em outros momentos.
Joaquim negociou a expansão da
certificação no Frigorífico Marfrig
diretamente com o CEO da em-
presa, James Cruden, bonificando
todas as categorias da raça Angus.
Foi também com Cruden que o pe-
lotense percorreu o Brasil Central
para se aprofundar na expansão
do cruzamento de Angus na re-
gião. Em um só dia, estiveram em
São Paulo, Mato Grosso e Goiás.
Com essa viagem, foi possível ter
uma ideia do que se estava fazen-
do, em termos de criação, nesses
locais. Uma das conclusões foi
que o crescimento do cruzamento
também gerava o aumento das
plantas que usavam carne Angus,
o que era importante para outro
projeto que também esteve entre
as prioridades de Joaquim: o for-
talecimento do Programa Carne
Angus, cuja diretoria ele assumiu
simultaneamente à presidência.
Cruden teve ainda mais uma
participação decisiva na história
da Associação. Na gestão de Joa-
quim, iniciavam na Argentina as
negociações junto à rede de fast-
-food McDonald’s para firmar uma
nova parceria. Em uma reunião no
país vizinho, com a mediação da
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180 Associação Brasileira de Angus
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Associação Argentina de Angus,
discutiu-se essa possibilidade e já
começou a se articular uma nova
conversa. Nessa ocasião, Cruden
sugeriu que o próximo encontro
fosse sediado no Marfrig, em São
Paulo. Assim, trazia o McDonald’s
para dentro do frigorífico que
forneceria os hambúrgueres, res-
pondendo positivamente à grande
pergunta da rede: haveria carne
Angus no Brasil para abastecer as
lanchonetes?
A certificação da carne An-
gus no Frigorífico Silva, em 2009,
consolidou o programa na região
central do Rio Grande do Sul, no
mesmo ano em que o fornecimento
de produtos para a Cia Zaffari foi
incrementado. A ida ao Congresso
Brasileiro de Gastronomia, em São
Paulo, em parceria com a VPJ, tam-
bém marcou a gestão de Joaquim:
foi a primeira vez que a entidade
participou de um evento dessa área.
Joaquim Mello amplia certificação no Marfrig. Na foto, ele está com James Cruden (ao centro), CEO da instituição, e
o empresário Marcos Molina, um dos fundadores do frigorífico
Em abril de 2010 nascia o primeiro clone Angus no Brasil, cópia da fêmea Catanduva Impala (à esquerda). O clone, propriedade de Zuleika Torrealba, dona
da Cabanha da Maya, em Bagé (RS) foi registrado como Maya Impala Stryker 4128 0 TE68-02-TN e recebeu o número 138337 no Herd-Book Collares
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O produtor que trabalha com a nossa
genética e faz animal de rebanho, que não
participa de pista, mas usa cruzamento para a
indústria deve ser valorizado.
2010 2014
Diretoria2010 2012Diretor-presidente: Paulo de Castro Marques
1º vice-presidente: José Roberto Pires Weber
Vice-presidentes: Mariana Franco Tellechea, Eduardo
Linhares e Valdomiro Poliselli Jr.
Diretor financeiro: Reynaldo Titoff Salvador
Diretor administrativo: Marco Antônio Gomes da Costa
Diretor de marketing: Luiz Felipe de Moura Pinto
Diretor de núcleos: Sérgio Colaço da Silva
2013 2014Diretor-presidente: Paulo de Castro Marques
Diretor 1º vice-presidente: José Roberto Pires Weber
Diretores vice-presidentes: Marco Antônio Costa,
Wilson Brochmann e Rogério Francisco Stein
Diretor financeiro: Maurício Lampert Weiand
Diretor administrativo: Sérgio Colaço da Silva
Diretor de marketing: Gustavo Goulart
Paulo de Castro Marques
ineiro de Belo Horizonte,
Paulo de Castro Marques
divide-se em dois. Pecua-
rista, está à frente da Casa Branca
Agropastoril, em Fama, Minas Ge-
rais. Empresário, atua na indústria
farmacêutica Biolab, com sede em
São Paulo. “Sou pecuarista, estou
empresário”, ressalta, sempre que
tem oportunidade. A duplicidade
está em sua origem. O pai, João,
saiu do interior de Minas para ga-
nhar a vida na cidade, mas sempre
reclamou de saudades do campo.
Assim que possível, comprou uma
fazenda leiteira, onde Marques per-
maneceu até os 14 anos, quando a
família se mudou para São Paulo.
E foi assim, dividido entre a vida
urbana e rural, que o presidente da
Angus passou parte da vida.
Décadas mais tarde, Marques
e a família compraram terras no
sul de Minas e decidiram investir
novamente na pecuária de leite. O
mineiro comandou o estabeleci-
mento por cerca de dez anos, quan-
do retornou a São Paulo e passou
a se dedicar à indústria química e
farmacêutica, enquanto um irmão
assumia a propriedade rural.
Após alguns anos afastado,
Marques retornou ao campo que-
rendo realizar um trabalho dife-
rente, e entrou para a pecuária
de corte. Por meio de pesquisas,
o pecuarista percebeu que o mer-
cado da carne vivia um momento
especial no Brasil, com grande ex-
pectativa de crescimento. Ao mes-
mo tempo, detectou que o valor
da carne brasileira estava abaixo
do cobrado pelos principais expor-
tadores, que tinham uma margem
de lucro maior, especialmente em
razão da qualidade superior.
Por isso, ele e o filho Paulo
decidiram desenvolver um projeto
em que oferece-
riam material ge-
nético para quem
quisesse produzir
essa qualidade.
Analisando as
mesmas pesqui-
sas, concluíram
que a Angus era
a raça ideal para isso. Iniciaram a
criação na Casa Branca Agropasto-
ril, buscando os melhores indiví-
duos para as condições de Sudeste
e Centro-Oeste. O Aberdeen Angus
entrou na propriedade em 1999 e
não saiu desde então.
Biografia do presidente
M
188 Associação Brasileira de Angus
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aulo de Castro Marques
foi eleito no final de 2010
presidente da Associação
Brasileira de Angus. Se absolu-
tamente mais nada acontecesse
durante seu mandato – o que
passa bem longe da realidade
–, apenas a sua eleição já seria
suficientemente expressiva na
história da entidade. Foi a primei-
ra vez que um criador de fora do
Rio Grande do Sul ocupou esse
cargo na Angus. Marques nasceu
em Minas Gerais, parte da região
que foi alvo máximo da expansão
da genética no Brasil. Esse fato,
P
Consolidaçãodo caráter nacional
A eleição de um criador de fora da Região Sul provou
que a raça e a Associação conquistaram o Brasil
nesse momento específico da
trajetória da Associação, mostra
que o objetivo de nacionalizar a
raça e a entidade, que já vinha de
tanto tempo, foi concretizado.
A ideia que alguns criadores
ainda tinham de que a Aberdeen
Angus era uma raça gaúcha foi
definitivamente extinta pela elei-
ção de Marques. Mas, além desse,
outros fatos tornam histórico o
momento que a Associação vive
atualmente. A gestão do mineiro
teve desde o início uma grande
preocupação em deixar claro que
a Angus Brasil é, principalmente,
uma entidade de criadores, não
contemplando apenas os exposi-
tores que fazem trabalho de se-
leção genética, e que ambos são
essenciais para o funcionamento
da Associação e para a difusão da
raça. Para isso, a entidade incen-
tiva o fomento e a divulgação de
informações com objetivo de le-
var conhecimento, especialmente,
aos pecuaristas do Brasil Central.
Não é à toa que Marques vive
em movimento desde que assu-
miu a presidência da Associação.
As incontáveis viagens de empre-
sário e criador se somaram aos
compromissos de representante
de uma das maiores entidades de
raça do Brasil. Para concretizar
o objetivo de fomentar a difusão
de informação sobre a Angus, o
mineiro buscou participar, sempre
que possível, de eventos que lhe
dessem a oportunidade de divul-
gar a Associação.
Em 2012, o auditório lotado
em pleno dezembro no Hotel
Sheraton mostrou que a estratégia
está dando certo. O 1º Congresso
Brasileiro da Raça Angus, no final
de 2012, reuniu especialistas reno-
mados dos Estados Unidos à Nova
190 Associação Brasileira de Angus
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Ed
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Zelândia para debater o tema Se-
lecionando e Produzindo o melhor
Angus para o Brasil. A qualidade
e a especialização das palestras,
aliadas à participação ativa dos
criadores, tornaram o evento um
sucesso e fizeram com que ele
entrasse para a história da raça.
O encontro encerrou o primeiro
período da gestão de Marques na
Associação, cumprindo a meta de
agregar valor e levar conhecimento
aos criadores.
O reconhecimento do profis-
sionalismo e do objetivo da Asso-
ciação diante de outras entidades
também é algo primordial para
esta gestão. O lançamento de ma-
teriais como o programa Angus
News, inicialmente transmitido
pela televisão, e hoje veiculado
pelainternet;oportaldaAngus,
que compila informações sobre a
entidadeeoprogramadacarne;e
a publicação do portfólio Angus,
que mostra a raça ao público,
também fortalecem a marca da As-
sociação e difundem informações
importantes para a raça.
No mesmo ritmo acelerado
das gestões anteriores, o Programa
Carne Angus continua crescendo
exponencialmente. Já em 2011 os
resultados são impressionantes.
Em novembro, as articulações ini-
ciadas na gestão de Joaquim Mello
com o McDonald’s se concretizam
em um acordo comercial. Mem-
bros da diretoria da Associação
foram ao escritório da rede de res-
taurantes em Alphaville (SP) para
acertar os últimos detalhes para a
criação da Linha Angus Premium.
Alguns meses depois, a carne de
qualidade já estava ao alcance de
todos: as unidades da rede nas
cidades de Brasília e São Paulo
passaram a vender os lanches com
a marca Angus, hoje disponíveis
em todo o Brasil.
No ano seguinte, a Angus
aproveitou a ExpoLondrina 2012
para selar a parceria com a Coope-
rativa de Carnes Nobres do Vale do
Jordão (CooperAliança), sediada
em Guarapuava, no Paraná, mar-
cando a chegada da carne Angus
ao estado. O programa comemo-
rava a sua 14ª planta frigorífica
certificada no país. A cidade para-
naense também foi escolhida para
receber o primeiro estabelecimento
100% carne Angus, o La Bode-
ga, que passou a comercializar
produtos da linha Aliança Angus
Premium. Ainda em 2012, mais um
reflexo do crescimento do Progra-
ma Carne Angus, que passou a
contar com gerência própria.
Em 2013 também não faltam
motivos para comemorar. Além de
marcar o cinquentenário da Asso-
ciação, o Programa Carne Angus
segue crescendo e conquistando
novos mercados. Logo no início do
ano, Marques e Germano Dowich,
O Congresso Brasileiro de Angus
encerrou 2012 da mesma forma
que o ano começou: com sucesso e
perspectiva de crescimento para a
Aberdeen Angus. O evento reuniu
criadores de todo o país e contou
com a presença de convidados
internacionais para discutir os rumos
da raça no Brasil e no mundo
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192 Associação Brasileira de Angus
presidente da Cotripal, de Panambi
(RS), acertaram a participação do
frigorífico no programa, e já em
julho a cooperativa passou a ofere-
cer cortes nobres certificados sob a
marca Angus Supreme. No mesmo
ano, outro fato seguiu em direção
à disseminação da carne Angus
para o grande público: o Fazen-
da Barbanegra, em Porto Alegre,
se tornou o primeiro restaurante
100% Angus no Brasil.
A carne Angus também movi-
mentou o estande da Associação
na edição desse ano da Feicorte.
A parceria com o Frigorífico Ver-
di, de Pouso Redondo, marcou a
entrada do programa em Santa
Catarina. O programa continuou
Acredito que, para
a raça, foi importante
ter um presidente de fora
do RS. Existia a ideia
de que Angus era raça
de gaúcho, e isso não é
verdade, ainda que ela
exista forte no Brasil
graças ao trabalho que
foi realizado no Sul.
Paulo Marques
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que chega a consumidores do
mundo todo. A produção de carne
certificada deve ser destinada a
churrascarias, restaurantes, varejo
e mesmo ao McDonald’s. O acordo
significou um alcance maior da
Associação em regiões que, apesar
de já contarem com gado da raça,
ainda não possuíam certificação.
Um dos grandes méritos que a
Angus teve por meio do programa
de certificação foi a valorização da
carcaça de qualidade no mercado.
A Associação conseguiu separar a
carne da carne, mostrando que é
preciso desvincular o produto de
maior valor agregado da commodi-
ty, permitindo a melhor remunera-
ção do criador.
No futuro da entidade, o atual
presidente prevê o aumento da
certificação para acompanhar a
participação da Angus no mer-
cado, que cresce rapidamente. O
mineiro garante que dar continui-
dade e aumentar a participação da
entidade na pesquisa de genoma
também está entre as prioridades
da Angus Brasil, que busca se
aproximar cada vez mais de uni-
versidades e centros de pesquisa.
Agora, após 50 anos, a Associa-
ção Brasileira de Angus não colhe
rumando para o norte e chegou
em Lençóis Paulista, em São Pau-
lo, por meio do acordo firmado
com o Frigol.
A conquista mais recente do
Carne Angus foi a parceria com
a JBS. Em setembro de 2013, a
gigante mundial de carnes passou
a fazer parte do programa, como
forma de impulsionar a venda
de carne da Friboi, marca da JBS
194 Associação Brasileira de Angus
apenas os resultados de uma vida
de trabalho, mas também recebe
o reconhecimento de setores im-
portantes da sociedade. Exemplo
disso foi a homenagem prestada
pela Assembleia Legislativa do Rio
Grande do Sul ao cinquentenário
da entidade. O Grande Expediente
foi proposto pelo deputado estadual
Lucas Redecker, contando com a
presença de parceiros, representan-
tes de entidades de classe e insti-
tuições, além de ex-presidentes e
membros da Angus Brasil.
As comemorações oficiais da
Associação, entretanto, tiveram
início na Expointer, entre agosto
e setembro de 2013. A ocasião
não poderia ser mais adequada. A
feira agropecuária seguiu a tra-
dição e foi realizada debaixo de
chuva constante, trazendo a nos-
talgia das muitas vezes em que os
criadores, ao longo das 36 edi-
ções da exposição, enfrentaram
água, frio e lama. A pista, como
já aconteceu em tantos outros
certames, virou um lamaçal e
desafiou a habilidade de todos os
profissionais – jurado, apresenta-
dores, assistentes – empenhados
em fazer seu melhor e mostrar
todo o potencial dos animais.
Em qualquer lugar
do mundo em que se
chega e pede para comer
carne de qualidade,
oferecem Angus.
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50 Anos 195
A disposição era tanta que o
frio e a chuva – que acabaram
com o estoque de galochas e re-
duziram drasticamente o número
de ponchos disponíveis no par-
que – não chegaram a atrapalhar
o evento. O jurado, Jim Williams,
não se importou em improvisar:
não podendo usar calçados lon-
gos em razão de uma cirurgia na
perna a que havia se submetido
pouco antes, recebeu botas de
borracha com o cano cerrado pela
metade para se aventurar a entrar
na pista. E valeu a pena. O ameri-
cano se impressionava a cada lote
e se desdobrava em elogios: “Os
criadores brasileiros podem ficar
orgulhosos”, repetia.
Os prêmios dos vencedores
dos julgamentos foram entregues
em um jantar realizado no Res-
taurante Internacional do parque
de Esteio, marcando o início das
celebrações do cinquentenário e
festejando o sucesso da raça e da
entidade. A história de meio sécu-
lo de paixão e dedicação pela raça
estava escrita no rosto de cada
um dos convidados, que se emo-
cionavam ao ver as fotos antigas
da Associação que passavam no
telão. Os convidados lembraram
tempos antigos, falaram do início
da Angus Brasil e olharam para o
presente e para o futuro da raça.
A entidade que ontem foi movida
pela paixão hoje segue crescendo
e conquistando o Brasil pela pro-
dutividade e eficiência.
A Angus Brasil foi homenageada na Assembleia Legislativa
do Rio Grande do Sul pelo seu cinquentenário
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196 Associação Brasileira de Angus
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200 Associação Brasileira de Angus
50 anos além das porteiras