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ATA Nº 28, DE 26 DE JULHO DE 2017
Data da aprovação: 2 de agosto de 2017
Data da publicação no D.O.U.: 11 de agosto de 2017
Acórdãos apreciados por relação: 1574 a 1597
Acórdãos apreciados de forma unitária: 1598 a 1613
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
ATA 28, DE 26 DE JULHO DE 2017
(Sessão Ordinária do Plenário)
Presidência: Ministro Raimundo Carreiro
Representante do Ministério Público: Procurador-Geral, em exercício, Lucas Rocha Furtado
Secretário das Sessões: AUFC Marcio André Santos de Albuquerque
Subsecretária do Plenário, em substituição: AUFC Daniela Duarte do Nascimento
Às 14 horas e 32 minutos, a Presidência declarou aberta a sessão ordinária do Plenário, com a
presença dos Ministros Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Aroldo Cedraz, Bruno Dantas e
Vital do Rêgo; dos Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti (convocado para substituir o
Ministro Augusto Nardes), Marcos Bemquerer Costa (convocado para substituir a Ministra Ana
Arraes) e André Luís de Carvalho (convocado para substituir o Ministro José Múcio Monteiro), bem
como do Procurador-Geral em exercício Lucas Rocha Furtado. Ausentes, em férias, os Ministros
Augusto Nardes, José Múcio Monteiro e Ana Arraes e o Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
HOMOLOGAÇÃO DE ATA
O Tribunal Pleno homologou a Ata 27, referente à sessão ordinária realizada em 19 de julho
(Regimento Interno, artigo 101).
PUBLICAÇÃO DA ATA NA INTERNET
Os anexos desta ata, de acordo com a Resolução 184/2005, estão publicados na página do
Tribunal de Contas da União na internet (www.tcu.gov.br).
SORTEIO ELETRÔNICO DE RELATOR DE PROCESSOS
De acordo com o parágrafo único do artigo 28 do Regimento Interno e nos termos da Portaria da
Presidência 9/2011, entre os dias 20 e 26 de julho, foi realizado sorteio eletrônico dos seguintes
processos:
Processo: 006.667/2013-9
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro AROLDO CEDRAZ
Processo: 015.606/2017-1
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Impedimento - Arts. 111 e 151, Inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro VITAL DO RÊGO
Processo: 017.822/2017-3
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Relator sorteado: Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES
Processo: 018.229/2017-4
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Conflito de Competência
Tipo do sorteio: Sorteio por Conflito de Competência
Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES
Processo: 019.515/2017-0
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro BENJAMIN ZYMLER
Processo: 020.098/2017-0
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Impedimento - Arts. 111 e 151, Inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Processo: 020.646/2017-8
Interessado: Procuradoria da República do Município de Volta Redonda/Ministério Público
Federal
Motivo do sorteio: Resolução - TCU nº 280/2016, artigos 8º a 11, 42 e 43
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos de Obras
Relator sorteado: Ministro-substituto AUGUSTO SHERMAN
Processo: 020.785/2017-8
Interessado: Congresso Nacional (vinculador)
Motivo do sorteio: Resolução - TCU nº 280/2016, artigos 8º a 11, 42 e 43
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos de Obras
Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES
Processo: 020.783/2017-5
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Resolução - TCU nº 280/2016, artigos 8º a 11, 42 e 43
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos de Obras
Relator sorteado: Ministro AUGUSTO NARDES
Processo: 014.479/1996-6
Interessado: Prefeitura Municipal de Campina Grande - PB
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Processo: 020.378/2017-3
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Impedimento - Art. 111 e 151, inciso II do R.I.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos - Plenário
Relator sorteado: Ministro VITAL DO RÊGO
Processo: 020.437/2017-0
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Conflito de Competência
Tipo do sorteio: Sorteio por Conflito de Competência
Relator sorteado: Ministro VITAL DO RÊGO
Processo: 020.916/2017-5
Interessado: Não há
Motivo do sorteio: Resolução - TCU nº 280/2016, artigos 8º a 11, 42 e 43
Tipo do sorteio: Sorteio de Relator de Processos de Obras
Relator sorteado: Ministro JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Recurso: 008.298/2008-9/R001
Recorrente: Helena Maria Abu-Merhy Barroso
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: AROLDO CEDRAZ
Recurso: 025.046/2013-6/R001
Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 025.046/2013-6/R002
Recorrente: Agroleite - Comercial de Alimentos Ltda.
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 025.049/2013-5/R001
Recorrente: Agroleite Comércio Indústria de Laticinios Ltda
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 025.410/2013-0/R001
Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO
Recurso: 025.410/2013-0/R002
Recorrente: Laticínio Grupiara Ltda.
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO
Recurso: 025.411/2013-6/R001
Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 025.411/2013-6/R002
Recorrente: Laticínios da Serra LTDA.
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 025.416/2013-8/R001
Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO
Recurso: 025.417/2013-4/R001
Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO
Recurso: 025.417/2013-4/R002
Recorrente: Mila Derivados de Leite Ltda EPP
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO
Recurso: 025.424/2013-0/R001
Recorrente: Antônia Lúcia Navarro Braga
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 030.178/2013-4/R001
Recorrente: Carla Maria Martins Ferraz
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: JOSÉ MÚCIO MONTEIRO
Recurso: 017.651/2014-0/R002
Recorrente: José Osmir Bertazzoni
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO
Recurso: 028.125/2014-2/R001
Recorrente: Diostenes Jose Alves
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: AROLDO CEDRAZ
Recurso: 001.341/2015-4/R001
Recorrente: Instituto Cultural e Educacional Do Paraguaçu – Incep/ Mabel de Bonis Almeida
Simões
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 005.297/2015-0/R001
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Recorrente: Dacio Rocha Pereira
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: BRUNO DANTAS
Recurso: 017.295/2015-7/R001
Recorrente: João Dilmar da Silva
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: AUGUSTO NARDES
Recurso: 029.806/2015-1/R001
Recorrente: Nilson Urbano
Motivo do sorteio: Recurso de reconsideração
Relator sorteado: WALTON ALENCAR RODRIGUES
Recurso: 033.721/2015-7/R001
Recorrente: Josefa Neumira de Abrantes Sarmento
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 033.721/2015-7/R002
Recorrente: Emilia de Rodat Lira
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 006.046/2016-9/R001
Recorrente: Compacta Engenharia e Servicos Ltda - EPP
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: AUGUSTO NARDES
Recurso: 012.664/2016-2/R002
Recorrente: Eliete da Silva Telles
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: BENJAMIN ZYMLER
Recurso: 026.305/2016-0/R001
Recorrente: Carlos Eraldo Calado
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO
Recurso: 026.305/2016-0/R002
Recorrente: Amaro Geraldo dos Santos
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO
Recurso: 026.305/2016-0/R003
Recorrente: Dora Barbosa da Silva
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Recurso: 026.305/2016-0/R004
Recorrente: Eliete Oliveira Leite
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: VITAL DO RÊGO
Recurso: 005.626/2017-0/R001
Recorrente: Centro de Controle Interno da Aeronáutica
Motivo do sorteio: Pedido de reexame
Relator sorteado: AUGUSTO NARDES
COMUNICAÇÕES (v. inteiro teor no Anexo I desta Ata)
Da Presidência:
Apresentação de proposta de realização no dia 10 de agosto, às 15 horas, da reunião técnica entre
os membros da Força Tarefa da Lava Jato, do Ministério Público junto ao TCU e dos Ministros e
Ministros-Substitutos, sugerida e aprovada na sessão reservada de 5 de abril de 2017, pelo Ministro-
Substituto André Luís de Carvalho Os Ministros Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Bruno
Dantas e Vital do Rêgo, os Ministros-Substitutos Augusto Sherman Cavalcanti e André Luís de
Carvalho, bem como o Procurador-Geral em exercício Lucas Rocha Furtado usaram da palavra para
discutir a matéria. O Plenário deliberou pela não realização da reunião, tendo em vista que o tema já
está sendo tratado no âmbito do Grupo de Trabalho sobre acordos de leniência, cuja aprovação ocorreu
na sessão ordinária de 12 de julho de 2017. O Ministro-Substituto André Luís de Carvalho registrou
sua posição divergente, nos termos de manifestação constante do anexo I desta ata.
Presença no Plenário dos candidatos aprovados na primeira etapa do concurso público para
provimento do cargo de Auditor Federal de Controle Externo, Área e Especialidade: Controle Externo,
nas orientações Auditoria Governamental e Tecnologia da Informação. O Ministro Walton Alencar
Rodrigues, o Ministro-Substituto André Luís de Carvalho e o Procurador-Geral em exercício Lucas
Rocha Furtado usaram da palavra para parabenizar os candidatos. O Presidente Raimundo Carreiro deu
as boas-vindas aos futuros servidores e pediu que recebessem, de pé, os aplausos do Plenário.
Prorrogação, até 31/12/2017, da cessão dos servidores Adalberto Santos de Vasconcelos à Casa
Civil da Presidência da República, Emerson da Silva Gomes ao Supremo tribunal Federal e Jesse
Andros Pires de Castilho ao Conselho da Justiça Federal.
Prestação de informação ao Plenário sobre os trabalhos de fiscalização e processos em
andamento no Tribunal referentes aos fundos de previdência das empresas estatais, bem como sobre a
adoção das medidas aprovadas na sessão anterior, por ocasião da adoção da medida cautelar adotada
no TC 029.845/2016-5, de relatoria do Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti. Entre essas,
a elaboração do Aviso nº 540-Seses-TCU-Plenário destinado ao Procurador-Geral da República, cuja
cópia encontra-se no anexo I desta ata. O Ministro Walton Alencar Rodrigues usou da palavra para
agradecer as providências adotadas pela Presidência e os esclarecimentos prestados.
Do Ministro Vital do Rêgo:
Apresentação de proposta no sentido de expedir orientação à Segecex para que, por meio da
SecexEstatais, acompanhe a participação do BNDES no processo de venda da Cedae e, caso
identifique indícios de irregularidade, represente ao Tribunal. O Ministro André Luís de Carvalho usou
da palavra para discutir a matéria. Aprovada.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Do Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti:
Apresentação de proposta no sentido de alterar os normativos internos do Tribunal no que se
refere à situação do responsável omisso no dever de prestar contas. O Ministro Bruno Dantas e a
Presidência usaram da palavra para discutir a matéria, que será submetida à deliberação do Plenário na
próxima sessão.
MEDIDA CAUTELAR CONCEDIDA (v. inteiro teor no Anexo II desta Ata)
O Plenário referendou, nos termos do disposto no § 1º do art. 276 do Regimento Interno deste
Tribunal, a concessão da medida cautelar exarada no processo TC-018.163/2017-3, pelo Ministro
Walton Alencar Rodrigues, para que o município de Paço do Lumiar/MA suspenda os procedimentos
relativos à Concorrência Pública 02/2017, destinada à construção de 5 creches/pré-escola.
PROCESSOS APRECIADOS POR RELAÇÃO
O Tribunal Pleno aprovou, por relação, os acórdãos de nºs 1574 a 1597.
PROCESSOS EXCLUÍDOS DE PAUTA
Foram excluídos de pauta, nos termos do artigo 142 do Regimento Interno, os seguintes
processos:
TC-016.928/2017-2, cujo relator é o Ministro Walton Alencar Rodrigues;
TC-001.805/2015-0 e TC-039.947/2012-2, cujo relator é o Ministro Benjamin Zymler;
TC-015.459/2013-6 e TC- TC-034.015/2012-4, cujo relator é o Ministro Augusto Nardes; e
TC-017.741/2017-3, cujo relator é o Ministro Bruno Dantas.
PEDIDOS DE VISTA
Com base no artigo 112 do Regimento Interno, foi adiada a discussão do processo TC-
036.521/2011-6, de relatoria do Ministro Benjamin Zymler, que trata de tomada de contas especial
instaurada pelo Fundo Nacional de Saúde em razão de irregularidades em convênio destinado a
construção de unidade de saúde em Itaipava do Grajaú/MA, em função de pedido de vista formulado
pelo Ministro Bruno Dantas.
Com base no artigo 112 do Regimento Interno, foi adiada a discussão do processo TC-
045.767/2012-2, de relatoria do Ministro Vital do Rêgo, que trata de auditoria na Universidade Federal
do Rio de Janeiro com o objetivo de verificar se a vantagem decorrente da URP foi devidamente
absorvida, em função de pedido de vista formulado pelo Ministro Benjamin Zymler. O Procurador-
Geral em exercício Lucas Rocha Furtado usou da palavra para sugerir adoção de medida cautelar.
Com base no artigo 119 do Regimento Interno, foi suspensa a votação do processo TC-
031.586/2015-5, que trata de auditoria convertida em tomada de contas especial no Departamento de
Controle do Espaço Aéreo da Aeronáutica, referente a termos de parceiras com Oscips, cujo relator é o
Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa, em função de pedido de vista formulado pelo Ministro-
Substituto André Luís de Carvalho. Já votaram o relator e o Ministro-Substituto Augusto Sherman
Cavalcanti, acompanhando o relator. O Procurador-Geral em exercício Lucas Rocha Furtado usou da
palavra para discutir a matéria.
ATO NORMATIVO APROVADO (v. inteiro teor no Anexo III desta Ata)
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
TC-017.716/2017-9 – Relator Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao
Ministro Augusto Nardes – Acórdão 1612.
DECISÃO NORMATIVA TCU Nº 160 – “Aprova os coeficientes individuais de participação dos
Estados e do Distrito Federal nos recursos previstos no art. 159, inciso II, da Constituição Federal, para
aplicação no exercício de 2018.”
PROCESSOS APRECIADOS DE FORMA UNITÁRIA
Por meio de apreciação unitária, o Plenário examinou os processos listados a seguir e aprovou os
seguintes acórdãos:
MINISTRO AROLDO CEDRAZ
TC-016.060/2017-2 – Acórdão 1598
O Ministro Vital do Rêgo e o Ministro-Substituto André Luís de Carvalho usaram da palavra
para discutir a matéria.
MINISTRO WALTON ALENCAR RODRIGUES
TC-032.363/2013-3 – Acórdão 1599
MINISTRO BENJAMIN ZYMLER
TC-006.614/2013-2 – Acórdão 1600
TC-014.361/2015-9 – Acórdão 1601
MINISTRO BRUNO DANTAS
TC-000.283/2015-0 – Acórdão 1602
MINISTRO VITAL DO RÊGO
TC-008.204/2016-0 – Acórdão 1603
Em atendimento ao disposto no § 1º do art. 270 do Regimento Interno, o Tribunal deliberou
primeiramente sobre a gravidade da infração, para, então, aplicar a sanção de inabilitação para o
exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública. A
proposta do relator foi aprovada por unanimidade.
TC-027.311/2016-3 – Acórdão 1604
MINISTRO-SUBSTITUTO AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI, em substituição ao
MINISTRO AUGUSTO NARDES
TC-017.716/2017-9 – Acórdão 1612
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Nos termos do art. 28, XI, do Regimento Interno, foi computado o voto do Presidente Raimundo
Carreiro.
MINISTRO-SUBSTITUTO AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
TC-001.965/2015-8 – Acórdão 1605
TC-005.868/2014-9 – Acórdão 1606
TC-016.177/2016-9 – Acórdão 1607
TC-016.290/2017-8 – Acórdão 1608
TC-025.760/2016-5 – Acórdão 1609
TC-027.949/2015-0 – Acórdão 1610
TC-029.875/2015-3 – Acórdão 1611
A Presidência, nos termos do art. 107 do Regimento Interno, apresentou manifestação por
escrito, cujo inteiro teor consta no anexo IV desta Ata.
MINISTRO-SUBSTITUTO MARCOS BEMQUERER COSTA
TC-004.632/2015-0 – Acórdão 1613
Em atendimento ao disposto no § 1º do art. 270 do Regimento Interno, o Tribunal deliberou
primeiramente sobre a gravidade da infração, para, então, aplicar a sanção de inabilitação para o
exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública. A
proposta do relator foi aprovada por unanimidade.
ACÓRDÃOS PROFERIDOS
Os acórdãos de nºs 1574 a 1597, apreciados por relação, estão transcritos a seguir. Da mesma
forma, seguem transcritos os acórdãos de nºs 1598 a 1613, apreciados de forma unitária, que constam
também do Anexo IV desta Ata, juntamente com os relatórios e votos em que se fundamentaram.
RELAÇÃO Nº 26/2017 – Plenário
Relator – Ministro WALTON ALENCAR RODRIGUES
ACÓRDÃO Nº 1574/2017 - TCU – Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento nos arts. 143, incisos III e V, “a”, e 250, inciso II, do Regimento
Interno/TCU, em considerar cumpridas as determinações 9.1.1, 9.1.2, 9.1.3, 9.1.5, 9.1.6 e 9.1.7 do
Acórdão 465/2011-TCU-Plenário; considerar implementadas as recomendações 9.2.1, 9.2.2, 9.2.3,
9.2.5, 9.2.6, 9.2.9 e 9.2.10 do Acórdão 465/2011-TCU-Plenário; considerar em cumprimento a
determinação 9.1.4 do Acórdão 465/2011-TCU- Plenário; considerar não implementadas as
recomendações 9.2.4, 9.2.7 e 9.2.8 do Acórdão 465/2011-TCU-Plenário; e em adotar as seguintes
medidas, de acordo com o parecer emitido pela SeinfraCom.
11
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
1. Processo TC-010.256/2016-4 (MONITORAMENTO)
1.1. Órgão/Entidade: Agência Nacional de Telecomunicações
1.2. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Infraestrutura Hídrica, de Comunicações e de Mineração
(SeinfraCOM).
1.5. Representação legal: Mariana Félix Gonçalves de Mateus e outros, representando Agência
Nacional de Telecomunicações.
1.6. Medidas:
1.6.1. encaminhar cópia desta deliberação à Agência Nacional de Telecomunicações; e
1.6.2. apensar definitivamente os presentes autos ao TC 017.791/2010-3, nos termos do art. 4º,
inciso III, c/c art. 5º, inciso II da Portaria-Segecex 27/2009.
ACÓRDÃO Nº 1575/2017 - TCU – Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, com fundamento
no art. 27 da Lei 8.443/1992, e na forma do art. 218 do Regimento Interno, ACORDAM, por
unanimidade, em dar quitação ao Sr. Luiz Fernando Silva de Magalhães Couto (098.637.967-00), ante
o recolhimento integral da multa que lhe foi imputada por meio do acórdão 2.672/2010-TCU-Plenário,
de acordo com os pareceres emitidos nos autos:
Valor original da multa: R$ 10.000,00 Data de origem da multa: 6/10/2010
Valor recolhido: R$ 15.495,00 Data do recolhimento: parcelado.
1. Processo TC-022.849/2006-0 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)
1.1. Apensos: 010.987/2004-8 (RELATÓRIO DE MONITORAMENTO); 032.732/2011-2
(MONITORAMENTO); 012.448/2011-7 (RELATÓRIO DE MONITORAMENTO)
1.2. Responsáveis: Alderizio Catarino dos Santos (297.889.867-49); Francisco Alonso Rabelo
Vieira (012.452.357-96); Francisco Caputo (135.441.048-30); Furnas Centrais Elétricas S.a.
(23.274.194/0001-19); José Olavo Viana Leite (252.895.947-87); José Pedro Rodrigues de Oliveira
(003.945.136-49); Luciano Andrade Pinheiro (776.484.395-49); Lucimar Altomar Güttler
(385.252.837-20); Luis Fernando Paroli Santos (903.562.416-53); Luiz Fernando Silva de Magalhães
Couto (098.637.967-00); Luiz Henrique Hamann (302.332.599-53); Luiz Paulo Fernandez Conde
(027.025.097-20); Marco Antônio Fernandes da Costa (000.084.977-45); Márcio Flório (310.819.327-
91); Roberto Mendonça Mansur (276.916.167-91)
1.3. Interessados: Caixa de Assistência dos Funcionários de Furnas e Eletronuclear - Caefe
(03.972.226/0001-42); Furnas Centrais Elétricas S.A. (23.274.194/0001-19)
1.4. Órgão/Entidade: Furnas Centrais Elétricas S.A.
1.5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
1.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (SECEX-RJ).
1.8. Representação legal: Theo Francisco Giffoni (150521/OAB-RJ), representando
Sondotecnica Engenharia de Solos S A; Paulo Roberto Gomes e outros, representando Furnas Centrais
Elétricas S.a.; Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (6.546/OAB-DF) e outros, representando Luiz Paulo
Fernandez Conde, Alderizio Catarino dos Santos, José Pedro Rodrigues de Oliveira e Luiz Fernando
Silva de Magalhães Couto; Kayan Reis de Souza e outros, representando Luiz Henrique Hamann.
1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
12
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
RELAÇÃO Nº 24/2017 – Plenário
Relator – Ministro BENJAMIN ZYMLER
ACÓRDÃO Nº 1576/2017 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no art. 27 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 218 do Regimento Interno/TCU,
em expedir quitação aos Srs. Paulo Maia de Souza Valente (CPF 524.758.404-04) e Fernando Alves
do Nascimento (CPF: 100.139.385-68), ante o recolhimento das multas que lhe foram imputadas, de
acordo com os pareceres emitidos nos autos:
Quitação relativa aos subitens 9.3 e 9.4 do Acórdão 1.606/2015, proferido pelo Plenário, em
Sessão de 1/7/2015, conforme Ata 25/2015 - Plenário.
Sr. Paulo Maia de Souza Valente:
Valor original da multa: R$ 4.000,00 Data de origem da multa: 1/7/2015
Valor recolhido: R$ 4.476,80 Data do último recolhimento: 25/04/2017
Sr. Fernando Alves do Nascimento:
Valor original da multa: R$ 2.000,00 Data de origem da multa: 1/7/2015
Valor recolhido: R$ 2.237,20 Data do último recolhimento: 03/05/2017
1. Processo TC-010.139/2014-1 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Apensos: 023.151/2015-3 (SOLICITAÇÃO)
1.2. Responsáveis: Fernando Alves do Nascimento (100.139.385-68); Gilberto Gomes da Silva
Junior (050.438.034-60); Paulo Maia de Souza Valente (524.758.404-04)
1.3. Órgão/Entidade: Coordenadoria Estadual do Dnocs Em Alagoas
1.4. Relator: Ministro Benjamin Zymler
1.5. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Alagoas (SECEX-AL).
1.7. Representação legal: não há.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
RELAÇÃO Nº 17/2017 – Plenário
Relator – Ministro AROLDO CEDRAZ
ACÓRDÃO Nº 1577/2017 - TCU - Plenário
Considerando que esta Corte de Contas, por meio do Acórdão 6011/2009 – TCU – 1ª Câmara,
resolveu julgar irregulares as contas do Sr. Moacyr Canizo de Brito Filho, condenando-o em débito e
aplicando-lhe multa;
considerando que neste momento o responsável acima mencionado ingressa com recurso de
revisão (peça 109 dos autos);
considerando que, conforme exposto no exame preliminar efetuado pela Serur, com o qual
concordou o Ministério Público junto a esta Corte, a peça recursal apresentada contra o Acórdão
6011/2009 – TCU – 1ª Câmara não preenche os requisitos específicos exigidos para a admissão de
recurso de revisão, previstos nos incisos do artigo 35 da Lei Orgânica do TCU;
13
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
considerando que o recorrente limita-se, essencialmente, a mostrar o seu inconformismo com as
decisões deste Tribunal, rediscutindo questões já apreciadas, sem contudo apresentar qualquer
documento novo superveniente capaz de afastar as irregularidades que motivaram a reprovação de suas
contas;
considerando que a preliminar de solicitação de arquivamento desta tomada de contas especial
com base nas disposições da INTCU 56/2007 não merece guarida posto que a TCE foi instaurada pelo
liquidante da Ceasa/AM em 10/03/2004 (peça 1, p. 5) e encaminhada a este Tribunal em 12/5/2005
(peça 7, p. 25), em conformidade com a IN-TCU 13/1996 e a DN-TCU 64/2004, que vigiam à época;
considerando, ainda, que o valor original da TCE apurado pelo instaurador era de R$ 236.023,16
(peça 1, p. 4), o que determinava o seu encaminhamento ao TCU, e que o desmembramento desse
valor, por exercício e em diferentes processos, ocorreu somente quando a TCE já estava em instrução
neste Tribunal, consoante despacho do Relator original dos autos (peça 12, p. 35-36).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, com
fundamento nos artigos 35 da Lei 8.443/92; 143, inciso IV, alínea “b” e § 3º, e 278, § 2º, do Regimento
Interno, em não conhecer do recurso de revisão interposto pelo Sr. Moacyr Canizo de Brito Filho, sem
prejuízo da determinação abaixo transcrita:
1. Processo TC-008.197/2005-1 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Apensos: 011.484/2014-4 (COBRANÇA EXECUTIVA); 011.485/2014-0 (COBRANÇA
EXECUTIVA); 011.483/2014-8 (COBRANÇA EXECUTIVA); 011.486/2014-7 (COBRANÇA
EXECUTIVA); 011.482/2014-1 (COBRANÇA EXECUTIVA); 011.488/2014-0 (COBRANÇA
EXECUTIVA)
1.2. Recorrente: Moacyr Canizo de Brito Filho (385.226.162-72)
1.3. Órgão/Entidade: Central de Abastecimento do Amazonas S.A. - Mapa (em Liquidação)
1.4. Relator: Ministro Aroldo Cedraz
1.5. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico
1.6. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Weder de Oliveira
1.7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no
Estado do Amazonas (SECEX-AM).
1.8. Representação legal: Diogo de Mendonça Melim (35188/OAB-DF) e outros, representando
Moacyr Canizo de Brito Filho.
1.9. determinar seja comunicado aos interessados o teor da presente deliberação, juntamente
com a reprodução do exame de admissibilidade efetuado pela Secretaria de Recursos.
ACÓRDÃO Nº 1578/2017 - TCU – Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento nos arts. 143, inciso V, alínea “e”, e 183, inciso I, alínea d, do
Regimento Interno/TCU, em prorrogar até 17/1/2018 o prazo para a conclusão da determinação
constante do item “a” do Acórdão nº 1.570/2016 – Plenário, haja vista a razoabilidade do pedido em
face da complexidade dos estudos demandados pelo citado acórdão e as medidas em curso para o
atendimento das determinações, tendo em conta a alegação do solicitante que “apresenta cronograma
atualizado das etapas necessárias ao atendimento do Acórdão e requer 6 (seis) meses para a
conclusão dos trabalhos”.
1. Processo TC-012.235/2009-3 (RELATÓRIO DE LEVANTAMENTO)
1.1. Órgão/Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
1.2. Relator: Ministro Aroldo Cedraz
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação
Civil (SeinfraRod).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1579/2017 - TCU – Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, de acordo com os pareceres emitidos nos autos com fundamento nos arts. 143, inciso V,
alínea “a”, 169, inciso III, e 250, inciso I, do Regimento Interno/TCU, em considerar atendidas as
determinações do subitem 9.5 do acórdão 540/2016 – TCU - Plenário e em determinar o arquivamento
do processo a seguir relacionado.
1. Processo TC-001.189/2014-0 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Interessado: Secretaria de Fiscalização de Pessoal.
1.2. Órgão/Entidade: Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.
1.3. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Pessoal (SEFIP).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1580/2017 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no artigo 143, inciso V, alínea “d”, do Regimento Interno, c/c o
enunciado 145 da Súmula de Jurisprudência predominante do Tribunal, em retificar, por inexatidão
material, o Acórdão 1.242/2017 – TCU – Plenário, prolatado na sessão extraordinária de 14/6/2017,
Ata 21/2017, relativamente ao item “3.”, de modo que onde se lê: “Rádio e TV Schappo Ltda. (CNPJ
02.316.740/0001-67)”, leia-se: “Rádio e TV Schappo Ltda. (CNPJ 04.503.353/0001-65)”, mantendo-se
inalterados os demais termos do acórdão ora retificado, de acordo com os pareceres emitidos nos
autos.
1. Processo TC-007.776/2007-6 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Responsável: Hélio Calixto da Costa (047.629.916-00).
1.2. Interessados: Cable-link Operadora de Sinais de TV A Cabo Ltda (02.316.740/0001-67);
Rádio e TV Schappo Ltda (04.503.353/0001-65).
1.3. Órgão/Entidade: Ministério das Comunicações (extinto).
1.4. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
1.5. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Infraestrutura Hídrica, de Comunicações e de Mineração
(SeinfraCOM).
1.7. Representação legal: Pedro Ulisses Coelho Teixeira (21264/OAB-DF), representando
Ministério das Comunicações (extinto), Hélio Calixto da Costa e Cable-link Operadora de Sinais de
TV A Cabo Ltda.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
15
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
ACÓRDÃO Nº 1581/2017 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento nos artigos 143, inciso V, 169, V, do Regimento Interno/TCU; 62, e
65, inciso III, da Resolução TCU 259/2014, em:
a) conhecer da presente Solicitação;
b) encaminhar ao solicitante cópia integral, em mídia digital, do TC-034.902/2015-5;
c) alertar ao solicitante acerca da existência de documentos e informações sigilosas dentre as
peças processuais que serão enviadas, cujo sigilo deve ser por eles mantido, nos termos do art. 25, §2º,
da Lei 12.527/2011 (LAI) e do art. 18, § 2º da Resolução-TCU 254, de 10/04/2013;
d) comunicar que o feito requisitado ainda está em tramitação neste Tribunal, carecendo de
decisão de mérito;
e) arquivar os presentes autos.
1. Processo TC-015.040/2017-8 (SOLICITAÇÃO)
1.1. Solicitante: Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União.
1.2. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.4. Unidade Técnica: Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em Infraestrutura
(SeinfraOpe).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
RELAÇÃO Nº 27/2017 – Plenário
Relator – Ministro BRUNO DANTAS
ACÓRDÃO Nº 1582/2017 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
nos arts. 1º, incisos II, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 143, inciso III, do Regimento
Interno/TCU, em prorrogar o prazo pleiteado no Ofício 68/2017/CFORM/Dirco/STN/MF-DF e no
Ofício 51436/2017-MP, de forma a assinalar a data de 7/8/2017 como prazo final para cumprimento do
item 9.1 do Acórdão 746/2017-TCU-Plenário, de acordo com os pareceres emitidos nos autos.
1. Processo TC-014.650/2016-9 (RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO)
1.1. Apensos: 012.393/2016-9 (REPRESENTAÇÃO)
1.2. Órgão/Entidade: Banco Central do Brasil; Secretaria da Receita Federal do Brasil;
Secretaria de Orçamento Federal - MP; Secretaria do Tesouro Nacional
1.3. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Macroavaliação Governamental (SEMAG).
1.6. Representação legal: não há
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1583/2017 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
nos arts. 1º, incisos II, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c o art. 143, inciso III, do Regimento
Interno/TCU, em prorrogar por 90 (noventa) dias, a contar de 17/7/2017, o prazo para cumprimento da
16
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
determinação contida no item 9.1 do Acórdão 803/2017-TCU-Plenário, pleiteada no Ofício
1.037/2017/SE/CC-PR, de acordo com os pareceres emitidos nos autos:
1. Processo TC-030.228/2016-6 (RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO)
1.1. Órgão/Entidade: Banco Central do Brasil; Secretaria da Receita Federal do Brasil;
Secretaria de Orçamento Federal - MP; Secretaria do Tesouro Nacional; Casa Civil da Presidência da
República.
1.2. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Macroavaliação Governamental (SEMAG).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1584/2017 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
nos arts. 17, inciso IV; 143, inciso III; 235 c/c o art. 237, parágrafo único, e art. 237, todos do
Regimento Interno/TCU, em prorrogar, por mais 30 (trinta) dias, o prazo para cumprimento da
determinação contida no item 9.5 do Acórdão 1.168/2016-TCU- Plenário, salientando que, nos termos
do parágrafo único do art. 183 do RI/TCU, a prorrogação contar-se-á a partir do término do prazo
inicialmente concedido e independerá de notificação da parte, de acordo com os pareceres emitidos
nos autos:
1. Processo TC-011.172/2015-0 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Responsáveis: Ilma Lins de Souza (405.699.502-87); Ivanilson Otero de Macedo
(475.053.032-87)
1.2. Interessados: AFS Empreendimentos e Serviços Eireli - EPP (13.153.640/0001-83);
Secretaria Especial de Saúde Indígena (00.394.544/0029-86)
1.3. Órgão/Entidade: Secretaria Especial de Saúde Indígena
1.4. Relator: Ministro Bruno Dantas
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Amazonas (SECEX-AM).
1.7. Representação legal: Guilherme Marcel Jaquini (4.953 OAB/RO), representando Ilma Lins
de Souza
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
RELAÇÃO Nº 21/2017 – Plenário
Relator – Ministro VITAL DO RÊGO
ACÓRDÃO Nº 1585/2017 - TCU – Plenário
Trata-se de embargos de declaração opostos por Jose Francisco Marques Ribeiro, por meio de
sua representante legal (peça 165), em face do Acórdão 368/2016-TCU-Plenário, mediante o qual este
TCU conheceu do recurso de revisão interposto pelo ora embargante, para, no mérito, dar-lhe
provimento parcial (peça 108).
Considerando que o Tribunal, por meio do Acórdão 368/2016-TCU-Plenário, tornou
insubsistente o subitem 9.2 dos Acórdãos 1.782/2012 e 6.448/2014, ambos da 2ª Câmara, afastando a
17
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
existência de dano ao erário na execução do Convênio 2.753/2001, celebrado entre o município de
Itajubá/MG e o Ministério da Saúde para aquisição de Unidade Móvel de Saúde;
Considerando, contudo, que outras irregularidades tratadas nos presentes autos não foram
afastadas nos julgados anteriores, referentes a atos praticados nos processos licitatórios que não
ensejaram dano ao erário, mas justificaram a manutenção da multa aplicada ao então gestor da
prefeitura;
Considerando que, havendo outras irregularidades em processos de tomadas de contas, o
Tribunal deve julgar as contas dos gestores pela irregularidade, independente da gravidade da conduta
dos responsáveis ou da dosimetria da pena aplicada (multas de baixo valor), a teor do art. 202, § 6º, do
RITCU;
Considerando que esta Corte de Contas, ao julgar irregulares as contas de responsáveis, não
emite juízo de valor acerca das condições de elegibilidade das pessoas afetadas pela deliberação, visto
ser essa uma competência privativa da justiça eleitoral;
Considerando que os embargos de declaração devem ser opostos no prazo de dez dias contados
da ciência da deliberação recorrida, conforme determina o art. 287, § 1º, c/c o art. 183, ambos do
Regimento Interno deste TCU;
Considerando que o responsável foi notificado, por intermédio de sua procuradora, por meio dos
Ofícios 0746 e 0747/2016-TCU/SECEX-MG (peças 123 e 124), em 19/4/2016, conforme Avisos de
Recebimento acostados aos autos às peças 136 e 137;
Considerando que a data limite para oposição dos embargos se encerraria em 29/4/2016, nos
termos regimentais;
Considerando que os presentes embargos somente foram opostos em 7/7/2017 (peça 165), ou
seja, após expirado o prazo regimental, sendo manifestamente intempestivos;
Considerando, portanto, que o prazo para interposição dos embargos transcorreu sem que o
responsável tenha apresentado os argumentos trazidos nessa oportunidade referentes à obscuridade na
deliberação, e que não cabe mais rediscussão da matéria pela intempestividade do pedido;
Considerando que a multa aplicada já foi quitada pelo responsável, conforme
Acórdão 9.458/2016-TCU-2ª Câmara (peça 151), no entanto, não cabe a aplicação do § 4º do art. 202
do RITCU ao presente caso, pois as contas foram julgadas pela irregularidade;
Considerando que a referência à Operação Sanguessuga utilizada no presente processo decorre
tão somente do fato de a presente tomada de contas especial ter sido encaminhada pelo Departamento
Nacional de Auditoria do SUS – Denasus e pela Controladoria-Geral da União – CGU, juntamente
com centenas de outros processos de prestações de contas que foram reanalisados, após a Polícia
Federal identificar, no âmbito da mencionada operação, graves irregularidades nos convênios
celebrados para aquisição de Unidades Móveis de Saúde – UMS;
Considerando que, nos presentes autos, não foram caracterizados indícios de conluio ou
envolvimento do recorrente em ilícitos praticados por empresas que tenham sido investigadas ou
condenadas na Operação Sanguessuga.
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ACORDAM,
com fundamento nos arts. 32, inciso II, e 34 da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 143, inciso V, alínea "f" e §
3º, 278 e 287 do Regimento Interno/TCU, em:
a) receber o expediente acostado à peça 163 como mera petição, ante a ausência dos requisitos
fundamentais para a admissão como recurso;
18
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
b) não conhecer dos embargos de declaração acostados à peça 165, eis que intempestivos;
c) esclarecer ao embargante que a exclusão do débito determinada pelo subitem 9.2 dos
Acórdãos 1.782/2012 e 6.448/2014, ambos da 2ª Câmara, não reforma o subitem 9.1 do Acórdão
1.782/2012-TCU-2ª Câmara, o que motivou o julgamento pela irregularidade das contas do Sr. Jose
Francisco Marques Ribeiro, com a aplicação da multa de R$ 2 mil (já quitada) decorrente de outras
irregularidades que não ensejaram a ocorrência de débito, razão pela qual não pode ser aplicado o
previsto no § 4º do art. 202 do RITCU no presente caso;
d) dar ciência desta deliberação ao embargante.
1. Processo TC-020.439/2009-8 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Responsáveis: Jose Francisco Marques Ribeiro (165.982.026-04); Lealmaq Leal Maquinas
Ltda. (25.181.298/0001-04).
1.2. Recorrente: Jose Francisco Marques Ribeiro (165.982.026-04).
1.3. Órgão: Prefeitura Municipal de Itajubá – MG.
1.4. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.5. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
1.6. Relator da deliberação recorrida: Ministro Vital do Rêgo.
1.7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no
Estado de Minas Gerais (Secex-MG).
1.8. Representação legal: Erika Rodrigues Carvalho Vasconcelos (OAB/DF 18.027) e outros.
1.9. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1586/2017 - TCU – Plenário
Trata-se de recursos de reconsideração interpostos por Jussara Pereira Porcino, Paulo Pereira de
Sousa e Djaci Farias Brasileiro, em face dos itens 9.2, 9.3, 9.6 e 9.7 do Acórdão 1.243/2016-TCU-
Plenário, por meio do qual esta Corte de Contas julgou irregulares suas contas, imputando-lhes débito
e multa, bem como os inabilitou, pelo período de oito anos, para o exercício de cargo em comissão ou
função de confiança no âmbito da Administração Pública (peça 50).
Considerando que, regularmente notificados, em 9/8/2016 e 11/8/2016 (peças 86 e 89), da
deliberação recorrida (Acórdão 1.243/2016-TCU-Plenário), os responsáveis Jussara Pereira Porcino e
Paulo Pereira de Sousa somente compareceram aos autos em 1º/9/2016, oportunidade em que
protocolizaram seu recurso de reconsideração (peça 93);
Considerando que o prazo para a interposição desse recurso é de 15 (quinze) dias, nos termos do
art. 285 do Regimento Interno do TCU;
Considerando que “a data de início do prazo é contada a partir do primeiro dia em que houver
expediente no Tribunal”, nos termos do art. 19, § 3º, da Resolução-TCU 170/2004, os termos a quo
para análise das tempestividades foram os dias 10/8/2016 e 12/8/2016, sendo certo que os termos finais
para sua interposição se deram nos dias 24/8/2016 e 26/8/2016;
Considerando que argumento novo ou tese jurídica nova não podem ser considerados fatos
novos, vez que não representam documentos ou acontecimentos cujo conhecimento se daria
posteriormente à decisão recorrida;
Considerando que os referidos recorrentes não trazem aos autos quaisquer documentos que
demonstrem a superveniência de fatos novos, razão pela qual as intempestividades constatadas não
podem ser afastadas, a teor do art. 285, § 2º, do Regimento Interno/TCU;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 32, inciso I e parágrafo único, e 33 da
19
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Lei 8.443/1992, e nos arts. 143, inciso IV, alínea "b" e § 3º, 277, inciso I, e 285, caput e § 2º, do
Regimento Interno do TCU, de acordo com os pareceres emitidos nos autos, em:
a) conhecer do recurso de reconsideração interposto por Djaci Farias Brasileiro (peça 85),
suspendendo-se, para o recorrente e demais responsáveis com ele condenados em solidariedade, os
efeitos dos itens 9.2, 9.3, 9.6 e 9.7 do Acórdão 1.243/2016-TCU-Plenário;
b) não conhecer do recurso de reconsideração interposto por Jussara Pereira Porcino e Paulo
Pereira de Sousa (peça 93), por restar intempestivo e não apresentar fatos novos;
c) comunicar aos órgãos/entidades eventualmente cientificados do acórdão recorrido acerca do
efeito suspensivo concedido em face do recurso manejado por Djaci Farias Brasileiro;
d) encaminhar cópia desta deliberação, acompanhada da instrução da unidade técnica, aos
recorrentes; e
e) encaminhar os autos à Serur para análise de mérito do recurso interposto por Djaci Farias
Brasileiro após a adoção da medida especificada na alínea “c” supra.
1. Processo TC-027.716/2014-7 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Apensos: 004.887/2011-5 (Representação).
1.2. Responsáveis: América Construções e Serviços Ltda (05.492.161/0001-63); Antonio
Porcino Sobrinho (084.278.101-30); Construtora Mavil Ltda. (04.925.612/0001-46); Djaci Farias
Brasileiro (078.677.864-49); Elias da Mota Lopes (034.232.317-26); Jussara Pereira Porcino
(032.225.234-28); Marcos Tadeu Silva (113.826.864-04); Margarete Brasilino Leite Mendes de Sousa
(488.768.364-20); Paulo Pereira de Sousa (020.745.484-19).
1.3. Recorrentes: Djaci Farias Brasileiro (078.677.864-49); Jussara Pereira Porcino
(032.225.234-28); Paulo Pereira de Sousa (020.745.484-19).
1.4. Órgão: Prefeitura Municipal de Itaporanga – PB.
1.5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico.
1.7. Relator da deliberação recorrida: Ministro Bruno Dantas.
1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (Serur); Secretaria de Controle Externo no
Estado da Paraíba (Secex-PB).
1.9. Representação legal: Anderson Souto Maciel da Costa (OAB/PB 18.613); John Johnson
Gonçalves Dantas de Abrantes (OAB/PB 1.663); Michel de Almeida Porcino e outros.
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1587/2017 - TCU – Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
nos arts. 143, inciso V, alínea “a”, e 243 do Regimento Interno/TCU, de acordo com o parecer emitido
nos autos, em:
a) considerar atendidas as determinações constantes dos itens 9.2 a 9.6 do Acórdão 2.956/2012-
TCU-Plenário e, em consequência, concluído o presente monitoramento;
b) encaminhar cópia da presente deliberação, acompanhada da instrução da unidade técnica, ao
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, com fundamento no art. 169, § 1º, do
Regimento Interno/TCU;
c) apensar definitivamente os presentes autos ao TC 018.154/2012-3, nos termos do art. 169, §
2º, do Regimento Interno/TCU.
1. Processo TC-034.295/2014-3 (MONITORAMENTO)
1.1. Interessada: Secretaria de Controle Externo no Paraná (00.414.697/0013-51).
20
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
1.2. Entidade: Hospital de Clínicas da UFPR.
1.3. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Paraná (Secex-PR).
1.6. Representação legal: não há.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1588/2017 - TCU – Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
nos arts. 143, inciso V, alínea “e”, e 183, parágrafo único, do Regimento Interno/TCU, em prorrogar,
por mais 60 (sessenta) dias, o prazo para atendimento à audiência indicada no item 9.4 do Acórdão
630/2017-TCU-Plenário.
1. Processo TC-012.230/2016-2 (RELATÓRIO DE AUDITORIA)
1.1. Apensos: 005.521/2017-3 (Solicitação).
1.2. Responsáveis: Adilson Florencio da Costa (359.351.621-72); Alexej Predtechensky
(001.342.968-00); André Luis Carvalho da Motta e Silva (993.006.567-91); Antonio Carlos Conquista
(010.852.708-58); BNY Mellon Serviços Financeiros Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários
S/A (02.201.501/0001-61); Ernani de Souza Coelho (404.247.317-20); Guilherme Campos Junior
(048.890.978-30); José Carlos Rodrigues Sousa (184.722.491-15); José Roberto Ferreira
(382.925.136-04); João Carlos Penna Esteves (453.536.546-68); Julio Vicente Lopes (058.304.868-
49); Marcos Antonio da Silva Costa (411.927.537-04); Monica Christina Caldeira Nunes
(313.855.241-20); Reginaldo Chaves de Alcântara (307.353.514-49); Ricardo Oliveira Azevedo
(471.567.401-72); Rogério Ferreira Ubine (138.567.678-78); Tania Regina Teixeira Munari
(589.767.879-00).
1.3. Órgão/Entidade: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; Superintendência Nacional
de Previdência Complementar.
1.4. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.5. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.6. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da
Assistência Social (SecexPrevidência).
1.7. Representação legal: Jorge Ulisses Jacoby Fernandes (OAB/DF 6.546); Jose Caubi Diniz
Junior (OAB/DF 29.170); Pedro Henrique Costódio Rodrigues (OAB/DF 35.228); Fernando José
Gonçalves Acunha (OAB/DF 21.184); Fabiano de Castro Robalinho Cavalcanti (OAB/RJ 95.237);
Eluziene Lacerda Lima (OAB/DF 21.491) e outros.
1.8. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1589/2017 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União ACORDAM, por unanimidade, com fundamento
no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 17, § 1º, 143, inciso III, 235, 237, inciso VII e
parágrafo único, e 276, todos do Regimento Interno/TCU, e art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, de
acordo com o parecer emitido nos autos, em:
a) conhecer da presente representação, eis que satisfeitos os requisitos de admissibilidade
previstos no RITCU, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente;
b) indeferir o requerimento de medida cautelar formulado pela Construtora Brum Ltda. EPP,
tendo em vista a inexistência dos pressupostos necessários para sua concessão;
21
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
c) dar ciência ao Ministério das Cidades, à Caixa Econômica Federal e ao Município de Santana
do Manhuaçu, celebrantes do contrato de repasse em tela, sobre as seguintes impropriedades/falhas,
para que sejam adotadas medidas internas com vistas à prevenção de ocorrência de irregularidades
semelhantes:
c.1) as microempresas e as empresas de pequeno porte somente devem ser liberadas da
apresentação do balanço patrimonial do último exercício se o certame envolver fornecimento de bens
para pronta entrega, conforme previsto no art. 3º do Decreto 8.538/2015;
c.2) a exigência de atestado de visita técnica, especialmente se fixada em data e horário únicos,
contraria os arts. 3º, §1º, e 30, inciso III, da Lei 8.666/1993;
c.3) a insuficiência de publicidade afronta ao disposto no art. 37, caput, da CF/88;
d) encaminhar cópia desta decisão, acompanhada da instrução da unidade técnica, à
representante, ao Ministério das Cidades, à Caixa Econômica Federal e ao Município de Santana do
Manhuaçu;
e) arquivar os presentes autos, com fundamento no art. 250, inciso I, do RITCU.
1. Processo TC-011.967/2017-0 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Órgão: Prefeitura Municipal de Santana do Manhuaçu/MG.
1.2. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Rio de Janeiro (Secex-RJ).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
RELAÇÃO Nº 24/2017 – Plenário
Relator – Ministro-Substituto AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI
ACÓRDÃO Nº 1590/2017 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, ACORDAM, por
unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso V, “d”, do Regimento Interno, c/c a Súmula 145 da
Jurisprudência no Tribunal de Contas da União, em corrigir, por erro material, o item 9.2 do Acórdão
1.356/2008-TCU-Plenário, Sessão de 16/7/2008, Ata nº 28/2008, mediante apostila, sem a devolução
de prazo à parte, por não se tratar de alteração capaz de agravar a situação jurídica do responsável, nos
seguintes termos:
Onde se lê: “9.2. (...) com os encargos legais a partir de 29/2/1995, até a data do efetivo
recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor”
Leia-se: “9.2. (...) com os encargos legais a partir de 29/12/1995, até a data do efetivo
recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor”
1. Processo TC-000.779/2002-5 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Responsáveis: Governo do Estado de Minas Gerais (18.715.615/0001-60); José Rafael
Guerra Pínto Coelho (008.816.516-72); Wilmar de Oliveira Filho (484.557.096-34)
1.2. Órgão/Entidade: Entidades/órgãos do Governo do Estado de Minas Gerais
1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
1.4. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin
22
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Minas Gerais (SECEX-
MG).
1.6. Representação legal: Denize Aparecida Silva, representando Wilmar de Oliveira Filho (peça
50).
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1591/2017 - TCU - Plenário
Considerando que o recurso de revisão, conforme estatuído no art. 35, incisos I, II e III, da
Lei nº 8.443/1992, deve ser fundado em erro de cálculo; falsidade ou insuficiência de documentos
em que se tenha fundamentado o acórdão recorrido; e na superveniência de documentos novos
com eficácia sobre a prova produzida;
Considerando, dessa maneira, que o presente recurso não está fundado em nenhuma das
hipóteses descritas no dispositivo supracitado;
Considerando os pareceres uniformes da unidade técnica e do Ministério Público junto ao
TCU pugnando pelo não-conhecimento do presente recurso;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 35 da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c
o art. 288, do Regimento Interno do TCU, de acordo com os pareceres uniformes emitidos nos autos,
em não conhecer do recurso interposto por Davi José de Souza, por não atender aos requisitos
específicos de admissibilidade, dando ciência ao recorrente e aos órgãos/entidades interessados do
inteiro teor desta deliberação.
1. Processo TC-012.964/2011-5 (TOMADA DE CONTAS ESPECIAL)
1.1. Apensos: 018.277/2014-4 (COBRANÇA EXECUTIVA)
1.2. Responsáveis: Agência de Desenvolvimento Social do Amazonas (03.626.572/0001-79);
Bruno Queiroz Freitas (224.269.302-68); Davi Jose de Sousa (192.478.772-53); Guilherme Lancini
Bello (010.615.511-30)
1.3. Recorrente: Davi Jose de Sousa (192.478.772-53)
1.4. Órgão/Entidade: Entidades/órgãos do Governo do Estado do Amazonas
1.5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro
Augusto Nardes
1.6. Representante do Ministério Público: Procurador Sergio Ricardo Costa Caribé
1.7. Relator da deliberacao recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
1.8. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no
Estado do Amazonas (SECEX-AM).
1.9. Representação legal: Eurismar Matos da Silva (9221/OAB-AM) e outros, representando
Davi Jose de Sousa; Diogo de Mendonça Melim (35188/OAB-DF) e outros, representando Guilherme
Lancini Bello.
1.10. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1592/2017 - TCU - Plenário
Tratam os autos de acompanhamento sobre o processo de concessão de serviço público dos
segmentos das rodovias BR-364/365/GO/MG, nos trechos da divisa MG/GO até o entroncamento com
a BR-060, em Jataí (BR-364); e do entroncamento com a LMG-749, no contorno oeste de Uberlândia,
até o entroncamento com a BR-364, na divisa MG/GO (BR-365).
23
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Considerando que o Plenário deste Tribunal, por meio do Acórdão 943/2016, que foi
posteriormente integrado pelos fundamentos do voto condutor do Acórdão 1.529/2016 em sede de
embargos de declaração, deliberou sobre o primeiro estágio do processo de concessão dos referidos
trechos rodoviários, avaliando os estudos de viabilidade técnica, econômico-financeira – EVTE e o
plano de outorga apresentados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT em
30/11/2015 e 15/12/2016;
Considerando que por meio do aludido decisum o Tribunal determinou ações corretivas e propôs
melhorias à ANTT e ao Ministério dos Transportes quanto ao primeiro estágio do processo de
concessão dos trechos rodoviários;
Considerando que a agência proferiu a Deliberação ANTT 88/2017, em 26/4/2017, manifestando
que reiniciou o procedimento de desestatização dos referidos segmentos rodoviários, convocando, em
4/5/2017, interessados para audiências públicas realizadas em 22 e 26/5/2017, nas cidades de Jataí/GO
e Uberlândia/MG, em decorrência da reformulação dos estudos referentes à concessão em tela;
Considerando que os estudos já apreciados pelo TCU no presente processo se mostram
superados e, por consequência, que o acompanhamento do primeiro estágio da concessão perdeu seu
objeto;
Considerando, ainda, que a ANTT deverá, após a conclusão desses novos estudos, encaminhá-
los à esta Corte, em cumprimento à Instrução Normativa-TCU 46/2004, e que as determinações e
recomendações feitas à ANTT, por meio do Acórdão 943/2016-Plenário, poderão ser monitoradas no
processo de desestatização que será autuado futuramente quando da remessa desses estudos de
viabilidade;
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, incisos III e V, alínea “a”, e 169, inciso
V, do Regimento Interno do TCU, e em consonância com as manifestações uniformes emitidas nos
autos em arquivar o presente processo em virtude da perda de seu objeto, sem prejuízo das
providências descritas no subitem 1.7 desta deliberação.
1. Processo TC-033.634/2015-7 (DESESTATIZAÇÃO)
1.1. Responsável: Jorge Luiz Macedo Bastos (408.486.207-04)
1.2. Órgão/Entidade: Agência Nacional de Transportes Terrestres
1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro
Augusto Nardes
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação
Civil (SeinfraRod).
1.6. Representação legal: Débora Goelzer Fraga e outros, representando Agência Nacional de
Transportes Terrestres.
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.7.1. Dar ciência desta deliberação, bem como da instrução da unidade técnica (peça 56), à
Agência Nacional de Transportes Terrestres e ao Ministério dos Transportes, ressaltando que
permanecem válidas as determinações e recomendações expedidas por meio do Acórdão 943/2016-
TCU-Plenário.
ACÓRDÃO Nº 1593/2017 - TCU - Plenário
VISTOS e relacionados estes autos de Monitoramento do Acórdão 557/2016-TCU-Plenário,
autuados com espeque no item 9.4 daquela decisão;
24
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Considerando que a realização da “FOC Governança e Gestão das Aquisições – ciclo 2014” deu
origem a um acórdão consolidador (Acórdão 2.328/2015-TCU-Plenário) e a vinte acórdãos de
fiscalizações individuais, entre eles o Acórdão 557/2016-TCU-Plenário, decorrente da auditoria
realizada no Ministério do Desenvolvimento Social (MDS);
Considerando que a fiscalização em questão consistiu em verificar, por meio da avaliação de
controles internos, as práticas de governança e de gestão das aquisições, a fim de evidenciar que
controles com deficiências não contribuem para mitigar os riscos de desconformidades/ineficiência nas
contratações;
Considerando as informações prestadas pelo MDS e a análise efetuada pelo Selog sobre o plano
de ação encaminhado pela organização (peças 10 e 12);
Considerando a opção pela realização em momento futuro do monitoramento das deliberações
constantes do item 9.1 e subitens do Acórdão 557/2016-TCU-Plenário, tendo em vista a complexidade
envolvida na respectiva implementação;
Considerando que, no tocante ao item 9.2.5 do Acórdão 557/2016-TCU-Plenário, o MDS
encaminhou Plano de Trabalho da nova contratação, tomando por base quantitativos de material do
contrato anterior - Contrato 186/2010 - e os índices de produtividade padrão da IN 02/2008-SLTI/MP,
sem, contudo, avaliar as respectivas adequabilidades;
Considerando, portanto, que o item 9.2.5 do Acórdão 557/2016-TCU-Plenário é passível de
cumprimento por parte do MDS no âmbito da contratação que suceder o Contrato 186/2010;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão de Plenário, por
unanimidade, em:
a) considerar cumpridas as determinações constantes dos itens 9.2.7 a 9.2.9 do Acórdão
557/2016-TCU-Plenário;
b) considerar não cumprida a determinação constante do item 9.2.5 do Acórdão 557/2016-TCU-
Plenário;
c) considerar em cumprimento as determinações constantes dos itens 9.2.1 a 9.2.4 do Acórdão
557/2016-TCU-Plenário;
d) aprovar, com base no cap. 3, item 34 e no cap. 1, item 10, ambos dos Padrões de
Monitoramento do TCU, o Plano de Monitoramento constante do Anexo I da instrução da peça 15
destes autos, bem como autorizar a realização de duas reuniões de acompanhamento com as cinco
unidades jurisdicionadas auditadas pela Selog na FOC Governança e Gestão das Aquisições – Ciclo
2014;
e) apensar os presentes autos aos autos do processo que vier a ser aberto para monitorar, em
conjunto, as sete organizações fiscalizadas pela Selog no âmbito das FOC´s 2014 (TC 017.599/2014-8)
e 2015 (TC 020.145/2015-2), com base no art. 35 da Resolução TCU 259/2014; e
f) juntar cópia do que vier a ser decidido ao TC 017.637/2014-7.
1. Processo TC-016.183/2016-9 (MONITORAMENTO)
1.1. Órgão/Entidade: Ministério do Desenvolvimento Social.
1.2. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou.
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações:
1.6.1. Determinar ao Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) que apresente, no prazo de
trinta dias, plano de ação contendo os procedimentos e os prazos para cumprimento do item 9.2.5 e
subitens do Acórdão 557/2016-TCU-Plenário.
25
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
ACÓRDÃO Nº 1594/2017 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento nos arts. 143, incisos III e V, alínea “a”; 235 e 237,
VII, do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art. 113, §1º, da Lei 8.666/1993 e no art. 103, § 1º, da
Resolução – TCU 259/2014, em conhecer da presente Representação, para, no mérito, considerá-la
parcialmente procedente; indeferir o pedido de concessão de medida cautelar formulado pela
Representante (peça 1, p. 19, item V (i)) tendo em vista a inexistência dos elementos necessários para
sua adoção; indeferir o pedido formulado pela representante (peça 1, p. 19, item V (ii)), em razão da
inexistência dos pressupostos necessários para sua adoção; e encaminhar cópia desta deliberação e da
instrução de peça 5 a Fundação Nacional de Saúde e ao Representante, Multi Soluções em Informática
Ltda. (CNPJ 08.454.128/0001-37), promovendo, em seguida, o arquivamento dos autos, nos termos
propostos pela unidade técnica (peça 5).
1. Processo TC-018.173/2017-9 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Órgão/Entidade: Fundação Nacional de Saúde
1.2. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro
Augusto Nardes
1.3. Representante do Ministério Público: não atuou
1.4. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
1.5. Representação legal: não há.
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
ACÓRDÃO Nº 1595/2017 - TCU - Plenário
Cuidam os autos de representação da empresa ECO Engenharia Ltda. - EPP a respeito de
suposta irregularidade cometida pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Kaiapó do Pará (DSEI
Kaiapó do Pará) na condução da Tomada de Preços 03/2017, destinada à “contratação de empresa
especializada na execução de obra de engenharia de implantação de sistema de abastecimento e
tratamento de água na aldeia GOROTIRE, localizada no município de Cumaru do Norte” (edital de
peça 1, p. 9-120).
Considerando que o TCU firmou por meio do acórdão 8071/2010-TCU-Primeira Câmara,
relatado pelo ministro-substituto Weder de Oliveira, o entendimento de que “incumbir o TCU da
análise dos atos administrativos praticados num processo licitatório, nos quais não se sobressaia o
interesse público tem, na prática, o efeito de transformá- lo em nova instância recursal dos certames
instaurados nos diversos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, o que não encontra
respaldo no direito pátrio”
Considerando que a inexistência de indício concreto da irregularidade apontada na inicial,
consoante assevera a instrução técnica (peça 6);
Considerando que tal fato, por si só, inviabiliza o conhecimento da peça como Representação, a
teor do disposto no art. 235, parágrafo único, do Regimento Interno do TCU;
Considerando que com base tanto em sua jurisprudência consolidada quanto na nova redação de
seu regimento, passou o Tribunal a afastar de sua competência representações cuja finalidade não seja
a defesa do interesse público, mas sim a de interesses particulares;
Considerando a constatação feita pela unidade técnica de que representação não preenche os
requisitos de admissibilidade constantes no art. 235 do Regimento Interno do TCU, haja vista a
matéria não ser de competência do Tribunal;
26
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, quanto ao processo a seguir relacionado,
ACORDAM, por unanimidade, com fundamento no art. 1º, inciso II; da Lei nº 8.443, de 16 de julho de
1992, c/c os arts. 143, incisos III e V, alínea “a”; 235 e 237, do Regimento Interno do TCU, em não
conhecer não conhecer da presente representação por não atender os requisitos de admissibilidade
previstos, indeferir o requerimento de medida cautelar, inaudita altera pars, formulado pela
representante, tendo em vista a inexistência dos pressupostos necessários para a adoção da medida, e
em determinar seu arquivamento, após o envio de cópia desta deliberação à representante e ao Distrito
Sanitário Especial Indígena Kaiapó do Pará (DSEI Kaiapó do Pará).
1. Processo TC-018.604/2017-0 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Interessado: Eco Engenharia Ltda - Epp (16.993.292/0001-40)
1.2. Órgão/Entidade: Secretaria Especial de Saúde Indígena
1.3. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro
Augusto Nardes
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Pará (SECEX-PA).
1.6. Representação legal: Anderson Francisco Matos Besteiro (OAB/PA 21518)
1.7. Determinações/Recomendações/Orientações: não há.
RELAÇÃO Nº 23/2017 – Plenário
Relator – Ministro-Substituto ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO
ACÓRDÃO Nº 1596/2017 - TCU - Plenário
1. Processo nº TC-001.922/2009-5 (Recurso de Reconsideração em Tomada de Contas Especial)
2. Recorrentes: Fernando Passos Cupertino de Barros (CPF 195.630.601-30) e Cairo Alberto de
Freitas (CPF 216.542.981-15)
3. Unidade: Secretaria de Estado de Saúde/GO
4. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho, em substituição ao Ministro José Múcio
Monteiro
5. Representante do Ministério Público: Procurador Júlio Marcelo de Oliveira
6. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
7. Unidades Técnicas: Serur e Secex/GO
8. Advogados constituídos nos autos: Márcio Pacheco Magalhães (5.795/OAB-GO) e outros
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam, nesta fase, de recursos de reconsideração
apresentados por Fernando Passos Cupertino de Barros (peça 80) e por Cairo Alberto de Freitas (peça
112) em face do Acórdão 1.025/2015 – Plenário, modificado pelo Acórdão 815/2017 – Plenário, que
apreciou embargos de declaração opostos à decisão anterior.
Considerando que o acórdão que julgou os embargos de declaração conferiu efeitos infringentes
à decisão original, uma vez que tornou insubsistente a deliberação contida no item 9.4, de modo que o
prazo de quinze dias para a interposição do recurso iniciou-se com a notificação do Acórdão 815/2017
– Plenário, de acordo com o § 7º do artigo 287 do Regimento Interno/TCU;
Considerando que o responsável Fernando Passos Cupertino de Barros foi notificado do Acórdão
815/2017 – Plenário em 15/5/2017;
27
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Considerando que “a data de início do prazo é contada a partir do primeiro dia em que houver
expediente no Tribunal”, nos termos do art. 19, § 3º, da Resolução/TCU 170/2004, de modo que o
termo a quo para análise da tempestividade foi o dia 16/5/2017;
Considerando que o termo final para a interposição de recurso de reconsideração pelo Fernando
Passos Cupertino de Barros foi o dia 30/5/2017;
Considerando que o recurso do referido responsável foi protocolizado no Tribunal em 8/6/2015;
Considerando que tanto a Serur como o Ministério Público opinam pelo não conhecimento do
recurso de Fernando Passos Cupertino de Barros devido à sua intempestividade;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, e com fundamento nos arts. 33 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 285 do
Regimento Interno do TCU, em não conhecer do recurso de reconsideração interposto por Fernando
Passos Cupertino de Barros, dando-se ciência desta deliberação ao recorrente, e conhecer do recurso
interposto por Cairo Alberto de Freitas, restituindo-se o presente processo à Serur para instrução e
demais providências cabíveis para, em seguida, encaminhá-lo ao Ministério Público, com vistas ao seu
pronunciamento.
ACÓRDÃO Nº 1597/2017 - TCU - Plenário
Os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, quanto ao
processo a seguir relacionado, com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 143,
inciso III; e 237, parágrafo único, do Regimento Interno/TCU, ACORDAM em conhecer da
representação, para no mérito considerá-la improcedente, indeferindo, por conseguinte, o pedido de
medida cautelar formulado, arquivando-a e dando-se ciência à representante e à Caixa Econômica
Federal, com o envio de cópia da respectiva instrução, conforme os pareceres emitidos nos autos:
1. Processo TC-018.220/2017-7 (REPRESENTAÇÃO)
1.1. Representante: Schneider Electric IT Brasil Indústria e Comércio de Equipamentos
Eletrônicos Ltda. (CNPJ 07.108.509/0002-82)
1.2. Unidade: Caixa Econômica Federal
1.3. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho, em substituição ao Ministro José
Múcio Monteiro
1.4. Representante do Ministério Público: não atuou
1.5. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo das Aquisições Logísticas (Selog)
1.6. Representação legal: Maurício Zockun (OAB/SP 156.594)
1.6. Determinações/Recomendações/Orientações: não há
ACÓRDÃO Nº 1598/2017 – TCU – Plenário
1. Processo TC 016.060/2017-2.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Desestatização
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Órgãos/Entidades: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Ministério de Minas e
Energia (MME).
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Infraestrutura de Energia Elétrica (SeinfraElétrica).
8. Representação legal: Ingrid Palma Araújo, representando o Ministério de Minas e Energia.
28
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de desestatização, que tratam do primeiro estágio,
nos termos da IN TCU 27/1998, do Leilão Aneel 1/2017, referente à licitação para a outorga de quatro
usinas hidroelétricas em operação no país, com base no art. 8° da Lei 12.783/2013, com a redação dada
pela Lei 13.203/2015;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar, com fundamento no art. 258, inciso II, do Regimento Interno do TCU c/c art. 7º,
inciso I, da IN TCU 27/1998, que:
9.1.1. sob o ponto de vista formal, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atendeu aos
requisitos previstos na IN TCU 27/1998 para o Leilão Aneel 1/2017, com exceção do art. 8º, parágrafo
único, desse normativo, uma vez que não foi submetida tempestivamente a esta Corte de Contas toda a
documentação prevista;
9.1.2. não foram detectadas inconformidades que pudessem comprometer a continuidade do
Leilão Aneel 1/2017, devendo ser observadas, entretanto, as condicionantes adiante impostas ao Poder
Concedente nos subitens 9.2.1 e 9.2.2;
9.2. com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar ao
Ministério de Minas e Energia, na qualidade de Poder Concedente, em conjunto com o Conselho
Nacional de Política Energética, que:
9.2.1. antes da publicação do Edital do Leilão Aneel 1/2017, refaça o cálculo do custo médio
ponderado de capital (WACC) utilizado, adotando premissas e parâmetros compatíveis com a
modelagem de usinas existentes, operantes e amortizadas, uma vez que não estão presentes riscos de
negócio relevantes, tais como riscos de construção e risco ambiental, que ocorrem em
empreendimentos que preveem a construção de novas usinas hidrelétricas;
9.2.2. até a data de julgamento das propostas do Leilão Aneel 1/2017, complemente o estudo
apresentado com relação ao Edital do Leilão Aneel 1/2017, incluindo:
9.2.2.1. os impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazos resultantes da
licitação para o consumidor de energia elétrica dos mercados cativo e livre, bem como para a
sustentabilidade do setor elétrico, considerando o critério de julgamento da licitação escolhido e os
respectivos parâmetros técnicos e econômicos do leilão, incluindo o valor de outorga definido;
9.2.2.2. o efeito agregado dos impactos econômicos e financeiros para os consumidores dos
mercados cativo e livre, advindos da combinação dos efeitos produzidos pela adoção do critério de
julgamento escolhido para o leilão com os efeitos derivados de outras decisões e políticas setoriais de
impacto;
9.2.3. reavalie, após a análise das contribuições recebidas na Audiência Pública Aneel 26/2017 e
das considerações a serem apresentadas por potenciais investidores interessados junto ao roadshow do
Leilão Aneel 1/2017, programado para ocorrer depois da publicação do respectivo edital, se persiste a
conveniência de manter a exigência do pagamento integral à vista do Valor de Bonificação pela
Outorga no ato de assinatura do contrato de concessão desse leilão, tendo em vista o risco já suscitado
de tais condições diminuírem a quantidade de ofertantes no certame, devendo ser devidamente
motivada, sob pena de responsabilização da autoridade competente, eventual manutenção da referida
exigência em seus atuais termos;
9.2.4. nas próximas licitações de concessão envolvendo usinas geradoras de energia elétrica
existentes e em operação, a modelagem técnica, econômica e financeira do leilão seja precedida das
seguintes avaliações:
9.2.4.1. impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazos resultantes da licitação
para o consumidor de energia elétrica dos mercados cativo e livre, bem como para a sustentabilidade
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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do setor elétrico, nos diferentes cenários de critério de julgamento da licitação previstos em lei e de
seus respectivos parâmetros técnicos e econômicos de leilão, incluindo o valor de outorga;
9.2.4.2. efeito agregado dos impactos econômicos e financeiros para os consumidores dos
mercados cativo e livre, advindos da combinação dos efeitos produzidos pela adoção do critério de
julgamento escolhido para o leilão com os efeitos derivados de outras decisões e políticas setoriais de
impacto;
9.3. com fundamento no art. 250, inciso III, do RI/TCU, recomendar:
9.3.1. ao Conselho Nacional de Política Energética que realize, nos próximos leilões envolvendo
empreendimentos hidrelétricos incluídos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), consulta
pública sobre os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental (EVTEA) da concessão e/ou
dos parâmetros técnicos e econômicos norteadores do leilão, em acréscimo ao debate sobre as
respectivas minutas de edital de licitação e de contrato de concessão, em conformidade com os arts. 14
e 15 da Resolução PPI 1/2016 e em prol do aprimoramento dos estudos de modelagem econômico-
financeira do processo de contratação de tais empreendimentos e da efetividade do debate público em
leilões de concessão;
9.3.2. à Agência Nacional de Energia Elétrica que dê tratamento célere à busca da solução mais
adequada para a valoração das indenizações de que trata o art. 2º do Decreto 7.850/2012, referentes a
investimentos realizados em usinas hidrelétricas e não incluídos em seus projetos básicos, de modo a
minimizar o risco de disputas judiciais e de aumento de valores a serem pagos pela União em razão de
atualizações ou correções monetárias;
9.4. com fundamento no art. 7º da Resolução TCU 265/2014, dar ciência à Agência Nacional de
Energia Elétrica sobre o dever de, nos casos de empreendimentos com investimentos previstos
superiores a um bilhão de reais, submeter toda a documentação exigida pelo art. 7º, inciso I, da IN
TCU 27/1998 com sessenta dias de antecedência em relação a data estimada de publicação do edital de
licitação, conforme preconiza o art. 8º, parágrafo único, da IN TCU 27/1998;
9.5. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex) que, em sintonia com a
Coordenação-Geral de Infraestrutura (Coinfra), autue processo específico de acompanhamento com o
objetivo de averiguar na atuação do MME, entre outros aspectos, a conformidade da ponderação, para
a definição dos valores e das condições de outorga de concessões de serviços públicos, entre os
objetivos fiscais e os impactos operacionais, financeiros e na sustentabilidade dos setores de
infraestrutura do MME;
9.6. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentaram:
9.6.1. à Agência Nacional de Energia Elétrica;
9.6.2. ao Ministério de Minas e Energia;
9.6.3. ao Ministério da Fazenda;
9.6.4. à Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão;
9.6.5. ao Conselho Nacional de Política Energética;
9.6.6. à Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República;
9.6.7. à Casa Civil da Presidência da República;
9.6.8. ao Senado Federal, particularmente à Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) e à
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE);
9.6.9. à Câmara dos Deputados, em especial à Comissão de Minas e Energia (CME) e à
Comissão de Defesa do Consumidor (CDC);
9.6.10. à 3ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF); e
9.7. restituir o presente processo à SeinfraElétrica para continuidade do acompanhamento do
Leilão Aneel 1/2017, nos termos da IN TCU 27/1998.
30
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1598-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Aroldo Cedraz (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1599/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 032.363/2013-3.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de revisão (em Tomada de Contas Especial)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsável: Celson Cesar do Nascimento Mendes (874.567.293-87).
3.2. Recorrente: Celson Cesar do Nascimento Mendes (874.567.293-87).
4. Entidade: Município de Porto Rico do Maranhão/MA.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no
Estado do Maranhão (SECEX-MA).
8. Representação legal:
8.1. Erlandyson Aires Neves (12152/OAB-MA) e outros, representando Celson Cesar do
Nascimento Mendes.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto por Celson Cesar do
Nascimento Mendes (874.567.293-87), contra o Acórdão 5.945/2014-2ª Câmara;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos artigos 32, III, e 35, III, da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer do recurso de revisão para, no mérito, dar-lhe parcial provimento;
9.2. conferir a redação a seguir aos subitens 9.3 e 9.4 do Acórdão 5.945/2014-2ª Câmara:
“9.3. condená-lo ao recolhimento, aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação, de débito no valor de R$ 30.249,45 (trinta mil, duzentos e quarenta e nove reais e quarenta
e cinco centavos), atualizado monetariamente e acrescido de juros de mora, calculados a partir de
1/12/2005 até a data do efetivo pagamento, na forma prevista na legislação em vigor;
9.4. aplicar-lhe multa de R$ 13.000,00 (treze mil reais), a ser recolhida ao Tesouro Nacional,
com incidência de encargos legais, calculados da data deste acórdão até a data do pagamento, se este
for efetuado após o vencimento do prazo abaixo estipulado;”
9.3. dar ciência desta deliberação ao recorrente, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação e à Procuradoria da República no Estado do Maranhão.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1599-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator),
Benjamin Zymler e Bruno Dantas.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1600/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 006.614/2013-2
2. Grupo I – Classe I – Assunto: Pedido de reexame (em Relatório de auditoria)
3. Recorrentes: Laélio Pereira de Araújo (056.868.734-53), Maria Jailene Franco de Carvalho
(008.308.414-23) e Arko Construções Ltda. (10.715.077/0001-00)
4. Órgão: Prefeitura Municipal de Natal/RN
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1 Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade: Serur
8. Advogados constituídos nos autos: Felipe Augusto Meira de Medeiros (OAB/RN 3.640,
Afonso Adolfo de Medeiros Fernandes (OAB/RN 3.937) e outros.
9. Acórdão: Vistos, relatados e discutidos estes autos de pedidos de reexame interpostos por Laélio Pereira de
Araújo, Maria Jailene Franco de Carvalho e Arko Construções Ltda. contra o Acórdão 702/2016-
Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1 conhecer dos presentes pedidos de reexame, nos termos dos arts. 285 e 286 do RITCU c/c o
art. 48 da Lei 8.443/1992, para, no mérito, negar-lhes provimento; e
9.2. dar ciência do inteiro teor desta deliberação aos recorrentes, à Prefeitura Municipal de
Natal/RN, à Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Natal/RN (Semsur/Natal), à Secretaria
Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Natal/RN (Seturde) e ao Ministério do
Turismo, remetendo-lhes cópia do relatório e do voto que a fundamentaram.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1600-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1601/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 014.361/2015-9.
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsável: Constran S.A. - Construções e Comércio (61.156.568/0001-90); José
Francisco das Neves (062.833.301-34); Luiz Sérgio Nogueira (566.485.378-68); Ulisses Assad
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
(008.266.408-00), José Américo Cajado de Azevedo (548.198.066-53); Francisco Elísio Lacerda
(036.082.658-05); Luiz Carlos Oliveira Machado (222.706.987-20); Maria Estela Filardi
(348.592.927-15); Jorge Alberto Aun (374.154.178-87); José Roberto Bertoli (612.472.518-53).
4. Órgão/Entidade: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em Infraestrutura
(SeinfraOpe).
8. Representação legal:
8.1. Edgard Hermelino Leite Júnior (OAB/SP nº 92.114), Mario Henrique de Barros Dorna
(315746/OAB-SP), Maria Carolina Viana Machado Pinheiro (OAB/SP 235.057) e outros,
representando Constran S.A. - Construções e Comércio.
8.2. Silvia Regina Schmitt (58372/OAB-RS) e outros, representando Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada por força do
Acórdão 1.498/2015-Plenário, em razão do superfaturamento identificado no Contrato 58/2009,
referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km
situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. decretar cautelarmente, com fundamento no art. 44, § 2º, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 273
e 274 do Regimento Interno deste Tribunal, pelo prazo de um ano, a indisponibilidade de bens dos
responsáveis a seguir relacionados, devendo esta medida alcançar os bens considerados necessários,
para garantir o integral ressarcimento do débito em apuração imputado a cada responsável, no valor
atualizado de R$ 70.481.690,31 (até 22/5/2017), ressalvados os bens financeiros necessários ao
sustento das pessoas físicas e à manutenção das atividades operacionais da pessoa jurídica:
Responsável CNPJ/CPF
José Francisco das Neves 062.833.301-34
Luiz Sérgio Nogueira 566.485.378-68
Ulisses Assad 008.266.408-00
Constran S.A. - Construções e Comércio 61.156.568/0001-90
9.2. considerar como termo inicial para contagem do prazo fixado no subitem anterior desta
deliberação a data de averbação da medida cautelar nos respectivos órgãos de registro dos bens;
9.3. nos termos do art. 276, § 3º, do Regimento Interno deste Tribunal, conceder prazo de até
quinze dias, sem efeito suspensivo, aos responsáveis arrolados acima para que se pronunciem, caso
queiram, a respeito da adoção da medida cautelar referida no item 9.1, retro;
9.4. determinar à SeinfraOpe que informe aos responsáveis relacionados nos subitens 9.1. que,
no âmbito da respectiva resposta à aludida oitiva, fica desde já franqueada a possibilidade de serem
indicados os bens por eles considerados essenciais ao sustento das pessoas físicas e à manutenção das
atividades operacionais da sociedade empresarial e portanto não suscetíveis ao alcance da medida
cautelar, acompanhados das devidas justificativas;
9.5. determinar à Secretaria Extraordinária de Operações Especiais que constitua um processo
apartado de “indisponibilidade de bens” específico para cada responsável;
33
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.6. requisitar à Advocacia-Geral da União que, no caso de haver deferimento do pedido de
processamento da recuperação judicial que se encontra em apreciação no âmbito do processo nº
1069420-76.2017.8.26.0100, formule pedido perante a 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais
do Foro Central Cível da Comarca de São Paulo com vistas a salvaguardar as medidas de constrição
patrimonial contra a empresa Constran S.A. - Construções e Comércio;
9.7. dar ciência deste acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentam, ao MM.
Juiz de Direito da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central Cível da Comarca de
São Paulo; à Procuradoria da República em Goiás; ao Juiz Federal Titular da 11ª Vara Federal de
Goiás e ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle;
9.8. com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso II, do
Regimento Interno/TCU, determinar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que apresente
ao TCU, em 15 (quinze) dias, informações atualizadas sobre: (i) o montante retido no Contrato
58/2009 em valores históricos e atualizados; (ii) o andamento das ações judiciais contra decisão do
Tribunal proferida pelo Acórdão 593/2009-TCU-Plenário; e (iii) a forma pela qual a Valec apropriou
na sua contabilidade a retenção de pagamentos determinada pelo TCU;
9.9. em razão de indícios de superfaturamento apurado no bojo do Contrato 58/2009 e com
fundamento nos arts. 10, § 1º, 12, incisos I e II, e 16, §2º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e
II, e 209, §§ 5º e 6º, do Regimento Interno/TCU, determinar a citação solidária dos Srs. José Francisco
das Neves, Luiz Sérgio Nogueira, Ulisses Assad, José Américo Cajado de Azevedo, Francisco Elísio
Lacerda, Luiz Carlos Oliveira Machado, Maria Estela Filardi, Jorge Alberto Aun, José Roberto Bertoli
e da empresa Constran S.A. - Construções e Comércio (61.156.568/0001-90), para que, no prazo de até
15 (trinta) dias, apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres da da Valec Engenharia
Construções e Ferrovias S.A. as quantias abaixo indicadas, com a incidência dos devidos encargos
legais, a partir das respectivas datas até o efetivo recolhimento, abatendo-se, na oportunidade, as
quantias eventualmente já ressarcidas, na forma da legislação em vigor:
Data da Ocorrência Débito (R$)
04/02/10 395.008,42
02/03/10 166.750,80
29/03/10 479.843,17
26/04/10 851.636,34
27/05/10 2.690.260,66
25/06/10 2.919.335,26
26/07/10 6.709.918,15
26/08/10 4.485.133,40
25/09/10 5.441.872,88
26/10/10 3.857.493,73
26/11/10 1.924.618,05
14/12/10 887.264,65
25/01/11 1.070.574,15
28/02/11 1.480.522,99
25/03/11 751.435,78
27/07/11 1.873.720,39
26/08/11 1.397.639,67
26/09/11 4.659,28
28/11/11 21.612,48
34
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Data da Ocorrência Débito (R$)
28/11/11 242.198,07
06/12/11 17.954,58
26/12/11 17.614,08
23/10/12 330.549,27
9.10. encaminhar aos responsáveis arrolados nos autos cópia desta deliberação, acompanhada do
relatório e do voto que a fundamentam, juntamente com as cópias das demais peças que,
individualmente, interessem a cada um deles, incluindo as planilhas eletrônicas constantes da peça 30
em formato editável.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1601-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1602/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 000.283/2015-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial).
3. Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: José Manoel da Rosa (983.631.828-34) e Silvana Weles de Oliveira
(030.961.718-90)
3.2. Recorrente: José Manoel da Rosa (983.631.828-34).
4. Entidade: Caixa Econômica Federal.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no
Estado de São Paulo (SECEX-SP).
8. Representação legal:
8.1. Adam Luiz Alves Barra (19.786/OAB-DF) e outros, representando Caixa Econômica
Federal.
8.2. Rubens Barra Rodrigues de Lima (80.341/OAB-SP) e Michela de Souza Lima Batista
(280.341/OAB-SP), representando José Manoel da Rosa.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia recurso de reconsideração
interposto por José Manoel da Rosa em face do Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário, por meio do qual
o Tribunal julgou irregulares suas contas em razão de operações contábeis fictícias nas subcontas
“Adiantamento para Pagamento de Benefícios” e “Adiantamento para Unidades Lotéricas e
Correspondentes Bancários – Benefícios Sociais”, no montante original de R$ 100.000,00,
descontados R$ 239,54 e R$ 780,25, já restituídos.
35
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, conhecer e negar provimento
ao presente recurso de reconsideração, mantendo inalterado o Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário;
9.2. dar ciência do inteiro teor desta deliberação ao recorrente, à Caixa Econômica Federal e à
Procuradoria da República em São Paulo.
9.3. arquivar os autos.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1602-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1603/2017 – TCU – Plenário
1. Processo TC 008.204/2016-0.
2. Grupo II; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34); José Gesoaldo dos Santos
Braga (615.898.023-49); José Pereira de Azevedo Filho (068.003.943-00); Manuel Medeiros Neto
(020.474.623-04); e Maria Neide de Oliveira (218.472.663-04).
4. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará (Secex-CE).
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS/Gerência Executiva Juazeiro do Norte/CE, em razão do
prejuízo causado por Francisco Ricardo Lima Cruz, relativamente à concessão irregular de benefícios
previdenciários;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 71, inciso II, da Constituição Federal, em:
9.1. excluir da relação processual José Gesoaldo dos Santos Braga (615.898.023-49); José
Pereira de Azevedo Filho (068.003.943-00); Manuel Medeiros Neto (020.474.623-04); e Maria Neide
de Oliveira (218.472.663-04);
9.2. julgar irregulares as contas de Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34), servidor do
INSS à época, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei 8.443/1992, c/c
os arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV do Regimento Interno;
9.3. condenar o responsável identificado no subitem anterior, com fundamento no art. 19, caput,
da Lei 8.443/1992, c/c o art. 210 do RITCU, ao pagamento das quantias a seguir especificadas,
alusivas aos benefícios indevidos pagos aos beneficiários indicados, com a fixação do prazo de quinze
dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do
Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS,
36
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir da data discriminada, até
a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:
9.3.1. Relativamente aos pagamentos em favor de José Gesoaldo dos Santos Braga:
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR ORIGINAL
(R$)
2/5/2002 193,09
2/5/2002 379,74
13/5/2002 200,00
13/6/2002 200,00
15/7/2002 200,00
12/8/2002 200,00
11/9/2002 200,00
10/10/2002 200,00
12/11/2002 200,00
11/12/2002 200,00
11/12/2002 200,00
13/1/2003 200,00
12/2/2003 200,00
13/3/2003 200,00
10/4/2003 200,00
13/5/2003 240,00
11/6/2003 240,00
10/7/2003 240,00
12/8/2003 240,00
10/9/2003 240,00
10/10/2003 240,00
12/11/2003 240,00
10/12/2003 240,00
10/12/2003 240,00
13/1/2004 240,00
11/2/2004 240,00
10/3/2004 240,00
5/4/2004 240,00
5/5/2004 240,00
3/6/2004 260,00
5/7/2004 260,00
4/8/2004 260,00
3/9/2004 260,00
5/10/2004 260,00
4/11/2004 260,00
3/12/2004 260,00
3/12/2004 260,00
37
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR ORIGINAL
(R$)
5/1/2005 260,00
3/2/2005 260,00
3/3/2005 260,00
5/4/2005 260,00
4/5/2005 260,00
3/6/2005 300,00
5/7/2005 300,00
3/8/2005 300,00
5/9/2005 300,00
5/10/2005 300,00
4/11/2005 300,00
5/12/2005 300,00
5/12/2005 300,00
4/1/2006 300,00
3/2/2006 300,00
3/3/2006 300,00
5/4/2006 300,00
4/5/2006 350,00
5/6/2006 350,00
5/7/2006 350,00
3/8/2006 350,00
5/9/2006 175,00
5/9/2006 350,00
4/10/2006 350,00
6/11/2006 350,00
5/12/2006 175,00
5/12/2006 350,00
4/1/2007 350,00
5/2/2007 350,00
5/3/2007 350,00
4/4/2007 350,00
4/5/2007 380,00
5/6/2007 380,00
4/7/2007 380,00
3/8/2007 380,00
5/9/2007 190,00
5/9/2007 380,00
3/10/2007 380,00
6/11/2007 380,00
5/12/2007 190,00
5/12/2007 380,00
38
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.3.2. Relativamente aos pagamentos em favor de José Pereira de Azevedo Filho:
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR ORIGINAL
(R$)
5/2/2002 713,09
4/3/2002 1.258,40
2/4/2002 1.258,40
3/5/2002 1.258,40
4/6/2002 1.258,40
2/7/2002 1.320,39
2/8/2002 1.320,39
3/9/2002 1.320,39
2/10/2002 1.320,39
4/11/2002 1.320,39
3/12/2002 1.320,39
3/12/2002 1.320,39
3/1/2003 1.320,39
4/2/2003 1.320,39
5/3/2003 1.320,39
2/4/2003 1.320,39
5/5/2003 1.320,39
3/6/2003 1.320,39
2/7/2003 1.580,63
4/8/2003 1.580,63
2/9/2003 1.580,63
2/10/2003 1.580,63
4/11/2003 1.580,63
2/12/2003 1.580,63
2/12/2003 1.580,63
5/1/2004 1.580,63
3/2/2004 1.580,63
2/3/2004 1.580,63
2/4/2004 1.580,63
4/5/2004 1.580,63
2/6/2004 1.652,23
2/7/2004 1.652,23
3/8/2004 1.652,23
2/9/2004 1.652,23
4/10/2004 1.652,23
3/11/2004 1.652,23
2/12/2004 1.652,23
2/12/2004 1.652,23
39
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR ORIGINAL
(R$)
4/1/2005 1.652,23
2/2/2005 1.652,23
2/3/2005 1.652,23
4/4/2005 1.652,23
3/5/2005 1.652,23
2/6/2005 1.757,22
4/7/2005 1.757,22
2/8/2005 1.757,22
2/9/2005 1.757,22
4/10/2005 1.757,22
3/11/2005 1.757,22
2/12/2005 1.757,22
2/12/2005 1.757,22
3/1/2006 1.757,22
2/2/2006 1.757,22
2/3/2006 1.757,22
4/4/2006 1.757,22
3/5/2006 1.845,08
2/6/2006 1.845,08
4/7/2006 1.845,08
2/8/2006 1.845,08
4/9/2006 922,54
4/9/2006 1.845,08
3/10/2006 1.845,25
3/11/2006 1.845,25
4/12/2006 922,71
4/12/2006 1.845,25
3/1/2007 1.845,25
2/2/2007 1.845,25
2/3/2007 1.845,25
3/4/2007 1.845,25
3/5/2007 1.906,14
4/6/2007 1.906,14
3/7/2007 1.906,14
2/8/2007 1.906,14
4/9/2007 953,07
4/9/2007 1.906,14
2/10/2007 1.906,14
5/11/2007 1.906,14
9.3.3. Relativamente aos pagamentos em favor de Manuel Medeiros Neto:
40
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA OCORRÊNCIA
VALOR ORIGINAL
(R$)
5/6/2002 500,94
6/6/2002 326,70
8/7/2002 331,79
7/8/2002 331,79
5/9/2002 331,79
4/10/2002 331,79
6/11/2002 331,79
5/12/2002 276,49
5/12/2002 331,79
8/1/2003 331,79
6/2/2003 331,79
7/3/2003 331,79
4/4/2003 331,79
7/5/2003 331,79
5/6/2003 331,79
4/7/2003 397,18
6/8/2003 397,18
4/9/2003 397,18
6/10/2003 397,18
6/11/2003 397,18
4/12/2003 397,18
4/12/2003 397,18
7/1/2004 397,18
5/2/2004 397,18
4/3/2004 397,18
6/4/2004 397,18
6/5/2004 397,18
4/6/2004 415,17
6/7/2004 415,17
5/8/2004 415,17
6/9/2004 415,17
6/10/2004 415,17
5/11/2004 415,17
6/12/2004 415,17
6/12/2004 415,17
6/1/2005 415,17
4/2/2005 415,17
4/3/2005 415,17
6/4/2005 415,17
5/5/2005 415,17
41
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA OCORRÊNCIA
VALOR ORIGINAL
(R$)
6/6/2005 441,55
6/7/2005 441,55
4/8/2005 441,55
6/9/2005 441,55
6/10/2005 441,55
7/11/2005 441,55
6/12/2005 441,55
6/12/2005 441,55
5/1/2006 441,55
6/2/2006 441,55
6/3/2006 441,55
6/4/2006 441,55
5/5/2006 463,62
6/6/2006 463,62
6/7/2006 463,62
4/8/2006 463,62
6/9/2006 231,81
6/9/2006 463,62
5/10/2006 463,66
7/11/2006 463,66
6/12/2006 231,85
6/12/2006 463,66
5/1/2007 463,66
6/2/2007 463,66
6/3/2007 463,66
5/4/2007 463,66
7/5/2007 478,96
6/6/2007 478,96
5/7/2007 478,96
6/8/2007 478,96
6/9/2007 239,48
6/9/2007 478,96
4/10/2007 478,96
9.3.4. Relativamente aos pagamentos em favor de Maria Neide de Oliveira:
DATA DA OCORRÊNCIA VALOR ORIGINAL (R$)
27/3/2002 724,53
27/3/2002 1.086,80
3/4/2002 1.086,80
6/5/2002 1.086,80
42
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
5/6/2002 1.086,80
3/7/2002 1.206,13
5/8/2002 1.206,13
4/9/2002 1.206,13
3/10/2002 1.206,13
5/11/2002 1.206,13
4/12/2002 1.206,13
4/12/2002 1.206,13
7/1/2003 1.206,13
5/2/2003 1.206,13
7/3/2003 1.206,13
3/4/2003 1.206,13
6/5/2003 1.206,13
4/6/2003 1.206,13
3/7/2003 1.443,85
6/8/2003 1.443,85
3/9/2003 1.443,85
3/10/2003 1.443,85
5/11/2003 1.443,85
4/12/2003 1.443,85
4/12/2003 1.443,85
6/1/2004 1.443,85
4/2/2004 1.443,85
3/3/2004 1.443,85
5/4/2004 1.443,85
5/5/2004 1.443,85
3/6/2004 1.509,25
5/7/2004 1.509,25
4/8/2004 1.509,25
3/9/2004 1.509,25
5/10/2004 1.509,25
4/11/2004 1.509,25
3/12/2004 1.509,25
3/12/2004 1.509,25
5/1/2005 1.509,25
3/2/2005 1.509,25
3/3/2005 1.509,25
5/4/2005 1.509,25
4/5/2005 1.509,25
3/6/2005 1.605,16
5/7/2005 1.605,16
3/8/2005 1.605,16
5/9/2005 1.605,16
43
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.4. aplicar a Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34) a multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/1992, c/c o art. 267 do Regimento Interno, no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) ,
fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovar, perante o Tribunal
(art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data deste acórdão até a do efetivo
recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.5.considerar graves as infrações cometidas por Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-
34), nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992;
9.6. inabilitar Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34) pelo período de cinco anos, para o
exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, nos
termos do art. 60 da Lei 8.443/1992, observadas as disposições do Acórdão 714/2016-TCU-Plenário;
9.7. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei
8.443/1992, caso não atendidas as notificações;
5/10/2005 1.605,16
4/11/2005 1.605,16
5/12/2005 1.605,16
5/12/2005 1.605,16
4/1/2006 1.605,16
3/2/2006 1.605,16
3/3/2006 1.605,16
5/4/2006 1.605,16
4/5/2006 1.685,41
5/6/2006 1.685,41
5/7/2006 1.685,41
3/8/2006 1.685,41
5/9/2006 842,70
5/9/2006 1.685,41
4/10/2006 1.685,57
6/11/2006 1.685,57
5/12/2006 842,87
5/12/2006 1.685,57
4/1/2007 1.685,57
5/2/2007 1.685,57
5/3/2007 1.685,57
4/4/2007 1.685,57
4/5/2007 1.741,19
5/6/2007 1.741,19
4/7/2007 1.741,19
3/8/2007 1.741,19
5/9/2007 870,59
5/9/2007 1.741,19
3/10/2007 1.741,19
44
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.8. autorizar, desde logo, caso solicitado e o processo não tenha sido remetido para cobrança
judicial, o pagamento da dívida em até 36 parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da
Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da primeira
parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais mensalmente, devendo
incidir sobre cada valor mensal os correspondentes acréscimos legais, na forma prevista na legislação
em vigor, sem prejuízo de alertar aos responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de
qualquer parcela implicará o vencimento antecipado do saldo devedor;
9.9. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao
Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Ceará, nos termos do § 3º do art. 16 da
Lei 8.443/1992, c/c o §7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que
entender cabíveis;
9.10. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e à Procuradoria Geral Federal –
PGF que a decisão contida no subitem 9.1 deste acórdão não impede a adoção de providências
administrativas e/ou judiciais, com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos
indevidamente aos segurados ali mencionados, em razão da concessão irregular de benefício
previdenciário.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1603-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1604/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 027.311/2016-3.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII - Representação.
3. Interessado: José Alexandre dos Reis Cardozo (618.176.517-49).
4. Órgão: Prefeitura Municipal de Natal/RN.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco (SECEX-PE).
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de medida cautelar, a
respeito de possíveis irregularidades ocorridas na Prefeitura Municipal de Natal/RN – Secretaria
Municipal de Saúde, relacionadas ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, que tinha por objeto o registro de
preços para contratação de pessoa jurídica especializada na prestação de serviços terceirizados, de
natureza contínua, de apoio operacional e administrativo, visando suprir as necessidades da Secretaria
Municipal de Saúde de Natal, referente ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192
Natal;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão plenária, ante as
razões expostas pelo relator, em:
45
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.1. considerar a presente representação parcialmente procedente, sem prejuízo de revogar a
medida cautelar adotada em 16/11/2016;
9.2. determinar à Prefeitura Municipal de Natal/RN que:
9.2.1. se abstenha de praticar quaisquer atos tendentes a novas contratações da empresa JMT
Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda., vencedora dos lotes licitados, bem como de autorizar
adesões à ata de registro de preços por outros entes públicos, preservada tão somente a execução do
Contrato 182/2016;
9.2.2. condicione a prorrogação do Contrato 182/2016 à demonstração da vantajosidade dos
preços dos serviços pactuados, em comparação com os de mercado à época da renovação, realizando,
para tanto, ampla pesquisa de preços, priorizando consultas a Portais de Compras Governamentais e a
contratações similares de outros entes públicos, utilizando apenas subsidiariamente a pesquisa com
fornecedores, tudo à luz dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014;
9.3. determinar à Secex-PE que monitore o cumprimento das determinações consignadas no item
9.2 acima, representando a este Tribunal em caso de descumprimento;
9.4. dar ciência à Prefeitura Municipal de Natal/RJ de que, na licitação referente ao Pregão
Eletrônico 20.062/2016, foi detectada a utilização do sistema de registro de preços para contratação
imediata de serviços continuados e específicos, com quantitativos certos e determinados, não havendo
parcelamento de entregas do objeto, em descumprimento ao disposto no art. 3° do Decreto Federal
7.892/2013;
9.5. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao
representante e às empresas TRD Serviços e Administração Ltda. e JMT Serviços de Locação de Mão
de Obra Ltda.;
9.6. autorizar o arquivamento deste processo após as devidas comunicações.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1604-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1605/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 001.965/2015-8.
2. Grupo: II – Classe: I – Assunto: Embargos de Declaração.
3.Recorrentes: Altemir Antônio Tortelli (CPF 402.036.700-00) e Federação dos Trabalhadores
na Agricultura Familiar da Região Sul (CNPJ 05.684.806/0001-60).
4. Órgão/Entidade/Unidade: Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região
Sul.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: não atuou.
8. Representação legal: Geferson Luís Chetsco (OAB/PR 45.333), Claudismar Zupiroli
(OAB/DF 12.250) e outros.
9. Acórdão:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos ao Acórdão
3003/2016-TCU-Plenário, que julgou irregulares as contas objeto da tomada de contas especial
instaurada em desfavor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-
Sul) e de Altemir Antonio Tortelli, ex-Coordenador-geral da entidade, em razão da impugnação total
das despesas realizadas com os recursos do Convênio MDA 87/2006 (Siafi 568296), tendo por objeto a
capacitação de jovens agricultores familiares,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração, por atender os requisitos de admissibilidade
previstos no art. 34 da Lei 8.443/1992, para, no mérito, rejeitá-los; e
9.2. dar ciência desta deliberação aos embargantes.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1605-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1606/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 005.868/2014-9.
2. Grupo II – Classe V – Assunto: Monitoramento (em Auditoria)
3. Responsáveis: Tony Carlos Maranhão de Souza, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem
dos Músicos do Brasil no período de 9/7/2014 a 11/4/2016 (CPF 109.743.003-06); Gerson Ferreira
Tajes, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil no período de 12/4/2016 a
27/10/2016 (CPF 148.377.198-99).
4. Órgão/Entidade/Unidade: Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social (SecexPrevi).
8. Representação legal: Giovanni Charles Paraizo (105420/OAB-MG) e outros, representando
Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil; Igor Sant Anna Tamasauskas (25399/OAB-DF) e
outros, representando Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil e Gerson Ferreira Tajes.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento das determinações expedidas pelo
Acórdão 132/2014-Plenário, proferido no TC 020.515/2013-8, processo que visou ao atendimento de
solicitação do Congresso Nacional requerendo fiscalização sobre as ações do Conselho Federal da
Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB), no sentido de verificar a promoção das diligências
necessárias para atestar o regular funcionamento dos conselhos regionais e a transparência dos
recursos arrecadados com apresentação de artistas estrangeiros no Brasil;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar cumprida a determinação contida no item 9.3 do Acórdão 132/2014-Plenário;
47
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.2. reiterar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB) as determinações
proferidas nos itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 132/2014-Plenário, fixando o prazo de 90 dias para
que a entidade apresente um plano de ação a fim de dar cumprimento aos referidos itens, com
especificação das ações a serem adotadas, os respectivos prazos e o responsável (nome, cargo e CPF)
pelo desenvolvimento dessas ações;
9.3. não conhecer do pedido de medida cautelar formulado pelo Sr. Gerson Ferreira Tajes, visto
que a questão refere-se à organização interna corporis do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do
Brasil, não se inserindo na esfera de competência deste Tribunal;
9.4. determinar à SecexPrevidência que:
9.4.1 dê prosseguimento ao monitoramento das determinações mencionadas no item 9.2. retro;
9.4.2. formalize processo de representação a fim de aprofundar o exame relativo à penhora da
sede do CFOMB para pagamento de dívidas, conforme evidenciado em documentação anexa à peça 61
destes autos;
9.5. encaminhar cópia deste acórdão, acompanhado dos elementos que o fundamentam, ao
Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, Deputado
Leo Brito, e aos Deputados Edinho Bez e Valtenir Pereira, informando que a matéria refere-se ao
Ofício 48/2013/CFFC-S, que encaminhou a Proposta de Fiscalização e Controle 32/2011;
9.6. encaminhar cópia deste acórdão, acompanhado dos elementos que o fundamentam, ao
Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB), alertando aos gestores que o
descumprimento das determinações proferidas por esta Corte poderá ensejar a aplicação de multa com
fundamento no art. 58, § 1°, da Lei 8.443/1992.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1606-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1607/2017 - TCU - Plenário
1. Processo TC-016.177/2016-9
2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Monitoramento.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Órgão/Entidade/Unidade: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Selog.
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento do cumprimento das
determinações do subitem 9.2 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, prolatado em processo de
auditoria realizada com o objetivo de avaliar as práticas de governança e gestão das aquisições no
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT),
48
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar cumpridas as determinações constantes dos itens 9.2.1, 9.2.3, 9.2.5, 9.2.7 e do
subitem 9.2.2.1 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;
9.2. determinar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) que:
9.2.1. encaminhe a este Tribunal o edital da licitação realizada com vistas a substituir o Contrato
062/2010, de forma a permitir a avaliação do cumprimento do subitem 9.2.2.2 do Acórdão 2.743/2015-
TCU-Plenário;
9.2.2. encaminhe a este Tribunal, no prazo de noventa dias, as informações quanto ao
cumprimento do subitem 9.2.4 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;
9.3. sobrestar o monitoramento do subitem 9.2.6 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário até a
decisão definitiva quanto ao item 9.2 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário;
9.4. aprovar o plano de monitoramento constante do Anexo I da instrução à peça 16 destes autos,
destinado à verificação do cumprimento do subitem 9.1 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;
9.5. dar ciência desta deliberação ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios
(TJDFT); e
9.6. apensar os presentes autos ao TC-017.635/2014-4.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1607-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1608/2017 - TCU – Plenário
1. Processo TC-016.290/2017-8
2. Grupo: I - Classe: III – Assunto: Consulta.
3. Interessado: Gilberto Silva Domingues de Oliveira Belleza, Presidente do Conselho de
Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.
4. Órgão/Entidade/Unidade: Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo (Secex/SP).
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos autuados como Consulta, formulada pelo Presidente
do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), acerca da possibilidade de
aquisição de imóvel a partir de empresa vendedora sem certidão negativa de débitos, ou equivalente,
emitida pela Receita Federal,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. não conhecer a presente documentação como consulta, por não atender os requisitos de
admissibilidade previstos nos arts. 264 e 265 do Regimento Interno/TCU;
49
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.2. dar ciência desta deliberação, bem como das peças que a fundamentam, ao Presidente do
Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), nos termos do art. 265 do Regimento
Interno/TCU; e
9.3. arquivar o presente processo, com fundamento no art. 265 do Regimento Interno/TCU c/c o
disposto no art. 102 da Resolução TCU 259/2014.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1608-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1609/2017 - TCU - Plenário
1. Processo TC-025.760/2016-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Agravo (Relatório de Auditoria)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessados: Congresso Nacional; Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(04.892.707/0001-00); Direção Consultoria e Engenharia Ltda. (32.963.001/0001-28); JDS -
Engenharia e Consultoria Ltda. (40.376.139/0001-59); Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.
(01.397.753/0001-45); SVC Construções Ltda. (01.543.722/0001-55)
3.2. Recorrentes: Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. (01.397.753/0001-45); SVC
Construções Ltda. (01.543.722/0001-55).
4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil
(SeinfraRod).
8. Representação legal:
8.1. Manoel Pinto (11.024/OAB/BA), representando Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.
e SVC Construções Ltda.;
8.2. Paulo Aristóteles Amador de Sousa, representando Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos, no qual se examina agravo interposto conjuntamente
pelas empresas Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., integrantes do
Consórcio Paviservice/SVC, com pedido de efeito suspensivo, em face de medida cautelar adotada por
meio de despacho do relator proferido à peça 53 destes autos, referendado pelo Plenário deste Tribunal
em sessão de 24 de maio de 2017, em que se determinou ao Dnit que suspendesse a execução dos
serviços objeto do Contrato 05.00202/2014 (obras de construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km
357,4), especificamente no segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km
338,7), em razão dos indícios de irregularidades reportados nestes autos relativos ao item de Achado
50
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução
de colchão de areia,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do presente agravo, sem efeito suspensivo, com fulcro nos arts. 277, inciso V, e
289 do Regimento Interno TCU, para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência deste acórdão às recorrentes, ao Departamento de Nacional de Infraestrutura
Rodoviária (Dnit) e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional; e
9.3. restituir os autos à Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação
Civil, para realização das comunicações, prosseguimento das análises e fiscalização das obras,
determinando-lhe celeridade na instrução da questão ora em foco.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1609-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1610/2017 - TCU - Plenário
1. Processo TC-027.949/2015-0
2. Grupo: I - Classe: VII – Assunto: Representação.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsáveis: Antonio Fernando Brito Pinto (477.170.925-49) e Rosival Lopes dos Santos
(388.607.165-00).
3.2. Interessada/Representante: empresa Lua Branca Intermediação e Agenciamento de Serviços
Ltda.
4. Unidade: Município de Taperoá/BA.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado da Bahia (Secex/BA).
8. Representação legal: João Ricardo Santos Trabuco (42.070/OAB/BA) e outros, representando
Prefeitura Municipal de Taperoá/BA.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, ora em fase de monitoramento das
determinações constantes do Acórdão 804/2016 - Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. aplicar ao responsável, Sr. Rosival Lopes dos Santos, Prefeito Municipal de Taperoá/BA, a
multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 268, inciso IV, do Regimento
Interno/TCU, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em razão do não atendimento, sem causa
justificada, a diligências deste Tribunal, efetuadas por meio do Ofício 0076/2017-TCU/Secex/BA, de
13/1/2017 (peça 77) e do Ofício 0457/2017-TCU/Secex/BA, de 15/2/2017 (peça 79), fixando-lhe o
51
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprove, perante este Tribunal, nos termos do
art. 214, inciso III, alínea “a”, do RI/TCU, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento,
se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.2. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
da dívida, caso não atendida a notificação;
9.3. determinar ao Prefeito Municipal de Taperoá/BA, Sr. Rosival Lopes dos Santos, que
encaminhe a este Tribunal, no prazo de quinze dias, contados do recebimento da notificação, cópia do
edital de Tomada de Preços 001/2016, destinado à contratação de obras e serviços com recursos
provenientes de convênios celebrados com o Ministério das Cidades (Convênio 803110) e o Ministério
do Esporte (Convênio 794473), alertando-o, desde logo, de que a reincidência no descumprimento de
determinação do Tribunal pode ensejar a aplicação de multa, nos termos do art. 58, VII, da Lei
8.443/92;
9.4. dar ciência deste acórdão ao responsável e ao Município de Taperoá/BA; e
9.5. restituir os autos à Secex/BA com vistas à continuidade do monitoramento.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1610-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1611/2017 - TCU - Plenário
1. Processo TC-029.875/2015-3
2. Grupo II - Classe: I – Assunto: Embargos de declaração (Prestação de Contas).
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Sidney da Silva Cunha (CPF 422.099.437-87), Diretor-Geral, e José Carlos
Cirilo da Silva (CPF 482.525.306-72), Diretor-Geral (substituto), e outros.
3.2. Recorrente: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional
(33.469.172/0001-68).
4. Órgão/Entidade/Unidade: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento
Nacional.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e
Silva.
7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social (SecexPrevidência).
8. Representação legal: Antônio Perilo Teixeira OAB/DF 21659, Guilherme Augusto Fregapani
e outros, representando Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional.
9. Acórdão:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração, opostos ao Acórdão
550/2017- TCU - Plenário, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento
Nacional (Senac/DN), por meio de seus advogados,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 34 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 287 do
Regimento Interno deste Tribunal, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos, para, dando-lhes provimento parcial, excluir
da redação do item 1.7.1 do acórdão recorrido, o trecho “matéria discutida no TC-016.607/2015- 5”;
9.2. manter, em seus exatos termos, os demais elementos do Acórdão 550/2017- TCU – Plenário;
e
9.3. dar ciência deste acórdão ao embargante.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1611-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1612/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 017.716/2017-9.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Interessados/Responsáveis: Tribunal de Contas da União.
4. Órgão/Entidade: não há.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro
Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Macroavaliação Governamental (Semag).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação da Secretaria de Macroavaliação
Governamental sobre Projeto de Decisão Normativa que fixa, para o exercício de 2018, os coeficientes
destinados ao cálculo das quotas de participação dos estados e do Distrito Federal no montante dos
recursos provenientes da parcela de 10% (dez por cento) incidente sobre a arrecadação do Imposto
sobre Produtos Industrializados, proporcionalmente às exportações, a que alude o inciso II do artigo
159 da Constituição Federal,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer da presente representação, nos termos do inciso VI do art. 237 do Regimento
Interno;
9.2. aprovar, nos termos apresentados no relatório que compõe a presente deliberação, o Projeto
de Decisão Normativa que fixa, para o exercício de 2018, os coeficientes destinados ao cálculo das
quotas de participação dos estados e do Distrito Federal no montante dos recursos provenientes da
parcela de 10% (dez por cento) incidente sobre a arrecadação do Imposto sobre Produtos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Industrializados, proporcionalmente às exportações, a que alude o inciso II do artigo 159 da
Constituição Federal, acompanhado dos seus respectivos anexos, quais sejam:
9.2.1. Anexo I: IPI-EXP – Coeficientes de participação;
9.2.2. Anexo II: IPI-EXP – Memória de cálculo dos coeficientes;
9.2.3. Anexo III: IPI-EXP – Nota explicativa;
9.3. enviar cópia deste acórdão e da decisão normativa ora aprovada, bem como do relatório e do
voto que os fundamentam, aos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados; aos
Ministros de Estado da Fazenda, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços; e ao Presidente do Banco do Brasil S.A.;
9.4. determinar à Secretaria das Sessões que adote as providências necessárias à imediata
publicação da presente decisão normativa, em cumprimento ao prazo estipulado no art. 2º da Lei
Complementar 61/1989;
9.5. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo que alerte as Secretarias de Controle
Externo nos estados sobre a necessidade de encaminhar imediatamente para a Secretaria de
Macroavaliação Governamental eventuais recursos administrativos interpostos com base no §1º do art.
2º da Lei Complementar 61/89 e no art. 292 do Regimento Interno do Tribunal para retificação dos
percentuais publicados relativos ao IPI Exportação do exercício de 2018, independentemente da data
de recebimento; e
9.6. arquivar o presente processo.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1612-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
ACÓRDÃO Nº 1613/2017 – TCU – Plenário
1. Processo TC-004.632/2015-0
2. Grupo: I; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Zacarias Dias dos Santos (831.784.143-04); Aline Carvalho Cunha Nogueira
Martins (504.631.953-53).
4. Entidade: Município de Cristino Castro/PI.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Técnica: Secex/PI.
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos referentes à Tomada de Contas Especial instaurada
pelo Fundo Nacional de Saúde – FNS, em atenção ao Acórdão 6.211/2013 – 2ª Câmara (Rel. Gab.
Min. Subs. André de Carvalho, Ata 38/2013, sessão 22/10/2013), que tratou de Representação
noticiando possíveis irregularidades relacionadas a pagamentos com recursos do Sistema Único de
Saúde – SUS, repassados pelo FNS ao município de Cristino Castro/PI, objetivando a ampliação das
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
unidades básicas de saúde das localidades Japecanga e Palestina, no âmbito do Programa de
Requalificação das Unidades Básicas de Saúde.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão deste Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea d, 19, caput, e 23, inciso III, da
Lei 8.443/1992, julgar irregulares as contas do Sr. Zacarias Dias dos Santos e a Sra. Aline Carvalho
Cunha Nogueira Martins, condenando-os solidariamente ao pagamento da quantia de R$ 33.300,00
(trinta e três mil e trezentos reais), atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora,
calculados a partir de 10/09/2012 até a data da efetiva quitação, nos termos da legislação em vigor,
fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento das notificações, para que
comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o
recolhimento da dívida a favor do Fundo Nacional de Saúde, na forma prevista na legislação em vigor;
9.2. aplicar individualmente ao Sr. Zacarias Dias dos Santos e à Sra. Aline Carvalho Cunha
Nogueira Martins a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento das notificações, para que
comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional (art. 214, inciso III,
alínea a, do Regimento Interno/TCU), atualizadas monetariamente desde a data deste Acórdão até a
data do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.3. autorizar, caso requerido, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, o parcelamento das
dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e sucessivas, sobre as quais incidirão os
correspondentes acréscimos legais (débito: atualização monetária e juros de mora; multa: atualização
monetária), esclarecendo aos responsáveis que a falta de pagamento de qualquer parcela importará no
vencimento antecipado do saldo devedor, sem prejuízo das demais medidas legais;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas a que se refere este Acórdão, caso não
atendida as notificações, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.5. considerar graves as infrações cometidas pelo Sr. Zacarias Dias dos Santos e declarar, ante o
disposto no art. 60 da Lei n. 8.443/1992, a inabilitação do mencionado responsável para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, pelo prazo de cinco
anos;
9.6. remeter cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o sustentam, à
Procuradoria da República no Estado do Piauí, com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, e
ao FNS.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1613-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
(Relator) e André Luís de Carvalho.
ENCERRAMENTO
Às 16 horas e 32 minutos, a Presidência encerrou a sessão, lembrando que em seguida será
realizada sessão extraordinária de caráter reservado, da qual foi lavrada esta ata, a ser aprovada pelo
Presidente e homologada pelo Plenário.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DANIELA DUARTE DO NASCIMENTO
Subsecretária do Plenário, em substituição
Aprovada em 2 de agosto de 2017.
RAIMUNDO CARREIRO
Presidente
ANEXO I DA ATA 28, DE 26 DE JULHO DE 2017
(Sessão Ordinária do Plenário)
COMUNICAÇÕES
Comunicações proferidas pela Presidência.
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Na sessão reservada de 5/4/2017, o Plenário, acolhendo proposta do Ministro-Substituto André
Luís de Carvalho, autorizou-me a promover reunião técnica entre os membros da Força Tarefa da Lava
Jato, do Ministério Público junto ao TCU e dos Ministros e Ministros-Substitutos desta Casa, com
objetivo de viabilizar eventual aprimoramento das medidas suscitadas pelo Ministro Bruno Dantas, no
âmbito do Acórdão 483/2017-TCU-Plenário.
Por conseguinte, encaminhei ao Procurador Deltan Marinazzo Dallagnol o Aviso 445-GP/TCU,
de 9/6/2017, consultando-lhe sobre a possibilidade de realização do mencionado encontro.
Em 24 de julho, Sua Excelência respondeu afirmativamente ao convite desta Presidência,
sugerindo as datas de 8, 9 e 10 de agosto, no período vespertino.
Uma vez que nos dias 8 e 9, à tarde, temos sessões colegiadas, restou-nos o dia 10 de agosto,
quinta-feira.
Dessa forma, indago do Plenário se podemos realizar o encontro no dia 10 de agosto, às 15
horas, na Sala de Conferências Ministro Bento Bugarin.
(PAUSA)
Não havendo objeções, ficam convidados todos os Ministros, Ministros-Substitutos, membros do
Ministério Público junto ao TCU e o corpo técnico do Tribunal para comparecerem à aludida reunião.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.
RAIMUNDO CARREIRO
Presidente
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
MANIFESTAÇÃO SOBRE DECISÃO DO TCU.
Senhor Presidente do TCU,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral do MPTCU,
A partir da presente Comunicação da Presidência no sentido de promover a reunião técnica entre
os membros da Força Tarefa da Lava-Jato e os membros do TCU e do MPTCU, com objetivo de
promover o eventual aprimoramento das medidas suscitadas pelo Acórdão 483/2017-TCU-Plenário, o
Plenário deste Tribunal passou a decidir que a correspondente discussão deve ser conduzida pelo grupo
de trabalho encarregado de viabilizar a formação de comitê para a unificação das negociações dos
acordos de leniência, salientando, para tanto, que os membros da Força Tarefa da Lava-Jato serão
convidados a compor o referido comitê.
Peço licença para registrar a minha contundente discordância em relação a essa decisão, pois, em
consonância com a proposta aprovada pelo Plenário na sessão reservada de 5/4/2017, a referida
reunião técnica com os membros da Força Tarefa da Lava-Jato tem o principal objetivo de discutir os
eventuais efeitos das decisões do TCU sobre os acordos de colaboração premiada celebrados pelo
MPF, de sorte a evitar que as deliberações deste Tribunal prejudiquem ou mesmo inviabilizem a
celebração dos referidos acordos pelo MPF.
Bem se vê que a eventual necessidade de formação do referido comitê não se confunde com a
necessidade de se promover a aludida reunião técnica, já que a implantação do referido comitê se
destina a resolver as questões ligadas aos acordos de leniência firmados pela CGU, no exercício do
controle interno do Executivo federal, ao passo que o desenvolvimento da aludida reunião técnica se
direciona a solucionar as questões inerentes aos acordos de colaboração premiada celebrados pelo
MPF no âmbito da Operação Lava Jato, entre tantas outras importantes operações conduzidas com o
apoio da Polícia Federal.
Foi, por essa linha, que, na Sessão do Plenário de 12/7/2017, fiz registrar a minha expressa
manifestação no seguinte sentido:
“(...) Enalteço e, desde já, acompanho a presente manifestação do nobre Ministro Benjamin
Zymler no sentido de o TCU atentar para a possível necessidade de sopesar o período de inidoneidade
decretado pelo Tribunal em desfavor das empresas fraudadoras da licitação com a viabilidade do
prosseguimento das atividades das aludidas empresas, no âmbito dos processos autuados pelo TCU, a
partir das informações obtidas junto à Operação Lava-Jato, entre outras operações conduzidas pelo
MPF e pela Polícia Federal.
Bem se vê que de nada adiantaria o TCU condenar determinada empresa à reparação do dano
ao erário, para, mais à frente, ela vir a cessar o prosseguimento de toda a sua atividade empresarial,
ficando sem condições de arcar até mesmo com a referida reparação do dano, diante da perda de sua
viabilidade econômico-financeira pela fixação do longo prazo de inidoneidade para contratar com a
administração federal.
O TCU deve atentar, todavia, para o fato de, em regra, essa medida não se destinar às empresas
colaboradoras com a Operação Lava-Jato, uma vez que elas já tendem a ser beneficiadas pelo TCU
com a suspensão da referida inidoneidade, em sintonia com o Acórdão 483/2017-TCU-Plenário, de
sorte que a aludida medida se direciona muito mais às empresas não-colaboradoras com a referida
operação.
O Tribunal deve atentar, assim, para a necessidade de não prejudicar a atuação do MPF na
celebração dos acordos de colaboração premiada, já que, a partir da mencionada redução do prazo
de inidoneidade, as empresas ainda não-colaboradoras podem ficar “desestimuladas” de passar a
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
contribuir com o MPF para a elucidação dos diversos ilícitos perpetrados em desfavor do erário e da
administração pública, deixando de passar a celebrar novos acordos de colaboração.
Reitero aqui, então, a importância dos acordos de colaboração premiada promovidos pelo MPF
no sentido de que eles tendem a reduzir a nefasta prática da corrupção no País, já que contribuem
para a redução da impunidade no Brasil. Como tenho dito, os referidos acordos têm valoroso efeito
dissuasor contra a atual e, principalmente, contra a futura prática de corrupção perante a
administração pública. Eis que, diante da efetividade desses acordos, as pessoas “A”, “B” e “C”
tenderão, por exemplo, a não mais entrarem em colusão para a prática de atos de corrupção, pois, se
assim agirem, nenhuma delas poderá mais “dormir sossegada” ante o premente, contínuo e inegável
receio de que a outra pessoa vá buscar o MPF para “entregar todo o esquema de corrupção”, com o
intuito de receber os benefícios legais da correspondente delação.
Esse, em linhas gerais, é o cerne da efetividade de todo o mecanismo de colaboração premiada,
pela aplicação da teoria dos jogos, e o TCU não pode deixar de atentar, portanto, para a necessidade
de preservar a efetividade da atuação do MPF na celebração dos aludidos acordos, sob pena de o
Tribunal se distanciar dos legítimos interesses da sociedade brasileira. (...)”
Toda essa discussão ganhou, aliás, ainda maior relevância a partir da recente decisão proferida
pelo Supremo Tribunal Federal, no âmbito da Questão de Ordem junto à Petição 7074, no sentido da
necessidade de se evitar a modificação dos termos do acordo de colaboração premiada celebrado pelo
MPF na homologação pelo Poder Judiciário. Se nem o Plenário do STF pode modificar os termos do
acordo de colaboração premiada celebrado pelo MPF, como o TCU poderia ter competência para
modificar ou prejudicar esse acordo?
Registro, portanto, Senhor Presidente, a minha expressa discordância em relação à atual decisão
do TCU que, inegavelmente, passa a “desconvidar” os membros da Força Tarefa da Lava-Jato para a
relevante reunião técnica que havia sido aprovada pelo Plenário do TCU, na sessão de 5/4/2017,
deixando, assim, de iniciar os estudos para a uniformização dos entendimentos e dos procedimentos
tendentes a evitar que as deliberações do TCU prejudiquem ou mesmo inviabilizem a celebração dos
referidos acordos de colaboração premiada pelo MPF.
TCU, Sala das Sessões, em 26 de julho de 2017.
Ministro-Substituto ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Registro a presença, neste Plenário, de candidatos aprovados na primeira etapa do concurso
público, objeto do Edital nº 6-TCU-AUFC/2015, para provimento do cargo de Auditor Federal de
Controle Externo (Área e Especialidade: Controle Externo), nas Orientações: “Auditoria
Governamental” e “Tecnologia da Informação”.
Eles estão participando, no Instituto Serzedello Corrêa, da 4ª turma do respectivo Programa de
Formação. Conforme o Edital nº 45/2017, foram homologadas as matrículas de 36 candidatos de
“Auditoria Governamental” (sendo 34 vagas para Brasília/DF, uma para Manaus/AM e uma para Boa
Vista/RR), bem como de cinco candidatos de “Tecnologia da Informação”, para vagas em Brasília.
Dessa forma, o aludido Programa, que teve início ontem (dia 25/7), conta com 41 participantes.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Ao dar boas-vindas a esses alunos, expresso minhas congratulações pelo sucesso por eles
alcançado até aqui e votos de êxito na segunda fase do concurso.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.
RAIMUNDO CARREIRO
Presidente
COMUNICAÇÃO DA PRESIDÊNCIA
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Comunico a este Plenário que, conforme os pareceres proferidos pela Segecex e pela Segedam
nos respectivos processos de requisição, foram deferidos os seguintes pedidos de prorrogação dos
prazos de cessão de servidores:
- da Exma Ministra Laurita Vaz, Presidente do Conselho de Justiça Federal, sobre a
possibilidade de prorrogar até 31 de agosto de 2018 a cessão do Auditor Federal de Controle Externo
Jesse Andros Pires de Castilho, para continuar exercendo o cargo em comissão de Secretário de
Controle Interno, nível CJ-3, naquele Conselho; foi deferido até 31/12/2017;
- do Exmo Ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, sobre a possibilidade de
prorrogar por mais um ano, a partir de 27/7/2017, a cessão do Auditor Federal de Controle Externo
Emerson da Silva Gomes, para continuar exercendo o cargo de Assessor de Ministro, nível CJ-3, no
gabinete do mencionado Ministro; foi deferido até 31/12/2017;
- do Exmo Ministro de Estado Chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, sobre a possibilidade de
prorrogar pelo período de dois anos, o prazo de cessão do servidor Adalberto Santos de Vasconcelos,
nomeado Secretário Especial do Programa de Parcerias de Investimentos da Secretaria-Geral da
Presidência da República. Foi deferido até 31/12/2017.
Considerando que eventuais cessões de servidor, mesmo em caráter excepcional, causam
prejuízos às unidades técnicas para o cumprimento de metas institucionais, pois o crescente volume de
demandas recebidas pelo TCU exige esforço concentrado para realização de ações de controle externo
nos padrões de qualidade e prazos esperados, as referidas prorrogações foram autorizadas somente até
31/12/2017.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.
RAIMUNDO CARREIRO
Presidente
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Comunicação proferida pelo Ministro Vital do Rêgo.
COMUNICAÇÃO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Em nota divulgada no dia 20 passado, e amplamente divulgada pela mídia, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou ter recebido demanda do governo federal
para participar ativamente do processo de venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do
Estado do Rio de Janeiro (Cedae).
Os detalhes da operação ainda seriam definidos, mas segundo o que foi noticiado até o momento,
a concepção inicial levaria o BNDES, por meio do BNDES Par (braço de participações do Banco), a
injetar recursos na Companhia de Águas para sanear a empresa e torna-la atrativa para ser oferecida ao
mercado. Com isso, o BNDES se tornaria sócio do Cedae.
Não se sabe exatamente quanto o banco aportaria de recursos, mas o valor da transação chama a
atenção pela materialidade da Cedae, que teve lucro líquido em 2016 de R$ 379 milhões, mas em
contrapartida apresentou dívida líquida de R$ 1,5 bilhão no fim do ano passado.
Os riscos para o banco nesse tipo de operação precisam ser cuidadosamente considerados pelo
BNDES. Segundo ainda noticiado pela imprensa, técnicos do Ministério da Fazenda já sinalizaram
preocupações com a definição do valor da Cedae, pois várias incertezas impactariam essa questão,
como contingências acerca do poder concedente, bem como passivos trabalhistas e ambientais.
Existem ainda diversos questionamentos apontados por autoridades públicas constituídas acerca
da estruturação da operação dentro de prazos tão exíguos, até pela precariedade dos serviços públicos
prestados à população do Rio de Janeiro. Por essa razão, considero de mais alta relevância que o
Tribunal acompanhe de perto a modelagem dessa operação, caso venha a se confirmar.
Diante do exposto, proponho a este colegiado que seja expedida orientação à Segecex para que,
por meio da Secex Estatais, acompanhe a operação em comento e represente ao Tribunal caso
identifique indícios de irregularidade no processo de venda da Cedae, por meio da participação do
BNDES.
Sala das Sessões, em 26 de julho de 2017.
(assinado eletronicamente)
Ministro VITAL DO REGO
Relator
Comunicação proferida pelo Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
COMUNICAÇÃO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Senhor Procurador-Geral,
Considerando que, a despeito de este Tribunal já haver se deparado em diversos julgados com a
questão da responsabilização de gestores que apresentam intempestivamente suas prestações de contas,
ocasionando, inclusive, alterações nas regras constantes do Regimento Interno, a matéria continua a
gerar debates nesta Corte, trago à reflexão deste Colegiado proposta de alteração nos procedimentos de
chamamento dos responsáveis aos processos de contas.
A redação atual do Regimento Interno do Tribunal traz a seguinte disciplina:
“Art. 209. O Tribunal julgará as contas irregulares quando evidenciada qualquer das seguintes
ocorrências:
I – omissão no dever de prestar contas;
(...)
§4º Citado o responsável pela omissão de que trata o inciso I, bem como instado a justificar essa
omissão, a apresentação posterior das contas, sem justificativa para a falta, não elidirá a respectiva
irregularidade, podendo o débito ser afastado caso a documentação comprobatória das despesas esteja
de acordo com as normas legais e regulamentares e demonstre a boa e regular aplicação dos recursos,
sem prejuízo de aplicação da multa prevista no inciso I do art. 268” (sublinhei).
A despeito da previsão acima, vislumbro que, nas tomadas de contas especiais em que os
gestores encaminham suas prestações de contas em resposta a citações promovidas em razão da
omissão no dever de prestar contas, a regra comum consiste em o gestor apresentar a documentação,
mas não justificar o descumprimento deste dever no prazo originalmente estipulado em normativos ou
nos termos de convênio.
Para além da simples deficiência das defesas apresentadas, parece-me que o procedimento
adotado por este Tribunal não está deixando claro para os gestores que, uma vez instaurada a tomada
de contas especial, a prestação de contas intempestiva, se não justificada, ocasiona o julgamento pela
irregularidade das contas, com a aplicação de multa ao responsável. Ressalto que, em grande parte dos
casos, as citações deste Tribunal são endereçadas a gestores de formação simples, que não dominam as
singularidades das normas de direito público, e, em razão desta condição, necessitam ser esclarecidos
da melhor forma possível sobre a amplitude exigida de sua defesa.
Entendo que este Tribunal deva dar maior destaque à questão da intempestividade, alçando-a à
categoria de irregularidade independente da omissão no dever de prestar contas. Na verdade, entendo
que tal destaque é obrigatório, pois que o Tribunal tem aplicado sanções e julgado irregulares contas
de gestores, na hipótese de ausência de justificativa adequada.
Explico. Entendo que o Tribunal, além de citar o responsável pela omissão no dever de prestar
contas, deve promover o seu chamamento ao processo para ele se defender também pela não
apresentação das contas no prazo estipulado. Esse chamamento poderia se dar com a inclusão de mais
uma alínea entre as irregularidades registradas na citação, ou mediante a realização de uma audiência,
em separado, o que teria o condão de evidenciar ainda mais ao gestor a necessidade de justificar seu
atraso no cumprimento do dever de prestar contas, pelo que entendo seja a melhor opção. Para maior
clareza ainda ao responsável, na alínea da irregularidade relativa ao não cumprimento do prazo, poder-
se-ia fazer constar que a não apresentação de razões de justificativas quanto a essa falha poderia
ensejar a aplicação de sanções e o julgamento pela irregularidade das contas.
Desse modo, havendo a posterior prestação de contas, o que, a meu ver, sanaria a irregularidade
atinente à omissão, restaria a irregularidade relativa ao não cumprimento da obrigação no prazo
inicialmente estipulado, que, caso não justificado (seja em sede de citação, seja de audiência), poderia
61
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
ensejar o julgamento das contas pela irregularidade, com a aplicação de multa ao gestor, conforme o
Regimento e jurisprudência atual deste Tribunal.
Parece-me que esse procedimento estaria de acordo com as normas regimentais e proporcionaria
uma maior clareza aos responsáveis sobre a amplitude das irregularidades objeto do seu chamamento
ao processo.
II
Não obstante essa proposta, aproveito a oportunidade para trazer para reflexão do Colegiado
outra sugestão acerca do tema. Por considerar ser a intempestividade (o não cumprimento do prazo
para a apresentação das contas) irregularidade independente da omissão no dever de prestar contas
(não apresentação das contas), entendo ser possível que o saneamento desta última, ainda que
remanescendo a primeira, possa ensejar tão-somente a aplicação de multa ao gestor, sem o julgamento
pela irregularidade de suas contas.
Entendo que, saneada a omissão, ou seja, tendo o gestor, ainda que extemporaneamente,
apresentado as contas e comprovado a regular aplicação dos recursos, a intempestividade deva ser
tratada não como falha nas contas, mas como ato praticado com grave infração à norma legal ou
regulamentar, punível com a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992 e no art. 268, inciso
II, do Regimento Interno.
Observo que há deliberações deste Tribunal em que gestores ouvidos em audiência em processos
de contas, quando respondem por irregularidades não vinculadas ao débito, sofrem a aplicação de
multa, mas suas contas não são objeto de julgamento, conforme pode ser visto nos seguintes excertos
obtidos em consulta a Jurisprudência Selecionada deste Tribunal:
“Em processo de tomada de contas especial, quando, além dos responsáveis citados pelo débito,
há responsável que foi apenas ouvido em audiência por irregularidade da qual não decorra dano ao
erário, não cabe o julgamento de suas contas, mas apenas a aplicação da multa do art. 58, inciso II, da
Lei 8.443/1992, se for o caso”. Acórdão 4223/2017-1ª Câmara
“Em processo de tomada ou prestação de contas ordinárias, pode ser aplicada multa a gestor não
arrolado como responsável pelas contas, situação em que, se não houver dano ao erário a ele imputado,
o agente apenado não tem as contas julgadas”. Acórdão 1878/2017-1ª Câmara e Acórdãos 8031/2016
e 1460/2016, da 2ª Câmara.
“Não deve ocorrer o julgamento das contas dos responsáveis cujas condutas não demandariam,
por si sós, a instauração de tomada de contas especial, aplicando-se nesses casos apenas, quando
cabível, a multa do art. 58 da Lei 8.443/1992”. Acórdão 5811/2012-1ª Câmara.
Em todos esses casos o Tribunal aplicou multa ao gestor e se absteve de julgar suas contas.
Entendo que possa ser dado esse mesmo encaminhamento aos processos em que se verifica a
apresentação intempestiva das contas, sem a devida justificativa para o atraso, mas com a
comprovação da regular aplicação dos recursos, podendo-se aplicar a multa em razão da
intempestividade, mas afastando-se a irregularidade da omissão no dever de prestar contas, bem como
o débito, que fundamentaram a instauração da tomada de contas especial.
Por considerar a independência das irregularidades atinentes à omissão e à intempestividade,
bem como a jurisprudência acima indicada, entendo que, remanescendo apenas a intempestividade,
seria o caso de arquivar a tomada de contas especial, por ausência de pressuposto para o seu
desenvolvimento válido e regular, uma vez que a omissão e o dano foram afastados, sem prejuízo de
62
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
eventualmente aplicar ao gestor a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992 e no art. 268,
inciso II, do Regimento Interno, uma vez que a apenação pela prática de ato com grave infração à
norma legal ou regulamentar não está vinculada ao julgamento de contas.
Acrescento, ainda, conforme mencionado pelo Ministro André Luis de Carvalho na sessão de 2ª
Câmara de 25/7/2017, a possibilidade de, diante da ausência de pressupostos para o desenvolvimento
do processo de contas, o feito ser convertido para natureza de representação antes da aplicação da
multa retromencionada e do arquivamento do processo.
III
Dessa forma, proponho que sejam alterados os normativos internos do Tribunal para que, nos
casos de omissão no dever de prestar contas, promova-se o chamamento do responsável para
apresentar, de forma independente, alegações de defesa em razão das seguintes irregularidades:
a) não comprovação da boa e regular aplicação dos recursos em razão da omissão no dever de
prestar contas; e
b) não cumprimento do prazo originalmente estipulado para prestação de contas,
Proponho, ainda, seja o responsável alertado para a possibilidade de aplicação de sanções ou de
julgamento pela irregularidade das contas na hipótese de não apresentação de justificativa para as duas
irregularidades acima indicadas.
IV
Além disso, solicito que seja submetida à Comissão de Regimento Interno, para sua avaliação,
proposta no sentido de se alterar a redação do art. 209, §4°, do Regimento para contemplar a hipótese
de, uma vez saneada a ocorrência da omissão e afastada a configuração do débito com a apresentação
das contas pelo responsável, mas remanescendo injustificada a ocorrência da apresentação das contas
fora do prazo estipulado, o Tribunal possa arquivar a tomada de contas especial ou convertê-la para a
natureza de representação, tendo em vista a falta de pressuposto para o desenvolvimento válido e
regular do processo de contas, e possa aplicar ao responsável a multa prevista no art. 58, inciso II, da
Lei 8.443/1992 e no art. 268, inciso II, do Regimento Interno desta Corte.
Nestes termos, submeto a proposta ao descortino do Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 25 de julho de 2017
Augusto Sherman Cavalcanti
Ministro-Substituto
ANEXO II DA ATA 28, DE 26 DE JULHO DE 2017
(Sessão Ordinária do Plenário)
MEDIDA CAUTELAR
Comunicação sobre despacho exarado pelo Ministro Walton Alencar Rodrigues.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
COMUNICAÇÃO
Senhor Presidente,
Senhora Ministra,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Comunico a Vossas Excelências que, na data de ontem, nos autos do TC 018.163/2017-3, que
trata de representação formulada pela sociedade empresária Palladium Engenharia e Serviços Ltda.,
concedi medida cautelar, determinando à Prefeitura de Paço do Lumiar/MA que suspenda, no estágio
em que se encontra, até ulterior determinação desta Corte de Contas, os procedimentos relativos à
Concorrência Pública 02/2017, destinada à construção de 5 creches/pré-escola, com recursos do
FNDE, estimados em R$ 6.366.000,00, repassados mediante Termo de Compromisso inserido no
Programa de Aceleração do Crescimento-PAC 2.
A medida tem como fundamento o indício de prejuízo à competitividade do certame, decorrente
da alteração das condições para participação das licitantes, sem a observância da formalidade e prazo
previstos no art. 21, §§ 3º e 4º, da Lei 8.666/1993.
Considerando, pois, que os exames realizados pela unidade técnica lograram demonstrar o
fumus boni iuris e o periculum in mora, concedi a medida cautelar e determinei a oitiva do
representante do Município, do presidente da comissão de licitação e da empresa que porventura tenha
sido declarada vencedora da licitação.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Relator
TC 018.163/2017-3
Natureza: Representação
Unidade Jurisdicionada: Prefeitura Municipal de Paço do Lumiar - MA.
Interessado: Palladium Engenharia e Serviços Ltda.
DESPACHO
Trata-se de representação formulada pela sociedade empresária Palladium Engenharia e Serviços
Ltda., dando conta de suposta irregularidade na Concorrência Pública 02/2017, realizada pela
Prefeitura de Paço do Lumiar/MA, com o intuito de construir 5 creches/pré-escola, com recursos do
FNDE, estimados em R$ 6.366.000,00, repassados mediante termo de Compromisso inserido no PAC
2.
Segundo a representante, a competitividade do certame restou comprometida, ante o exíguo
prazo para que as licitantes obtivessem, em cumprimento ao subitem 4.3.4 do referido edital, atestado
de “visita técnica”, a ser emitido pela Prefeitura, relacionado ao conhecimento, por parte do
responsável técnico das licitantes, das condições locais para execução do objeto licitado.
Considerando desnecessário avaliar a razoabilidade do prazo definido pelo ente municipal, a
instrução da Secex/MA aponta que o edital contém flagrante ilegalidade, ao exigir a apresentação do
64
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
atestado acima mencionado, porquanto, consoante a jurisprudência desta Corte de Contas (Acórdão
234/2015-Plenário), a visitação poderia ser exigida, não sendo permitido, entretanto, que o licitante
seja obrigado a apresentar o “Atestado de Visitação”.
Ocorre que, em contato com o presidente da comissão de licitação, o auditor responsável pela
instrução dos autos foi informado de que a licitação seria realizada de acordo com o previsto. Para
solucionar a irregularidade ora analisada, haveria o registro em ata de que o item questionado não seria
considerado.
A unidade técnica entende que a providência adotada pela comissão de licitação fere o disposto
no art. 21, §§ 3º e 4º, da Lei 8.666/1993, porquanto apenas os licitantes que comparecessem à
Prefeitura na data da abertura da licitação teriam conhecimento da alteração das condições para
participação no certame.
Nesse sentido, afirma que tal irregularidade poderia ensejar a redução do número de empresas
interessadas em participar do certame, podendo influenciar diretamente na economicidade da
contração.
Diante de tais elementos, bem assim da previsão de abertura da concorrência para o dia 7/7/2017,
a Secex/MA considerou presentes os requisitos o fumus boni iuris e do periculum in mora, a justificar
a adoção de medida cautelar, no sentido da suspensão do procedimento licitatório aqui tratado, até
ulterior deliberação deste Tribunal.
Ressaltou, ainda, a ausência do periculum in mora reverso, visto que não há indícios de que a
adoção da medida acautelatória possa trazer prejuízos significativos ao interesse público.
De fato, não há dúvida de que o procedimento adotado no âmbito da Prefeitura de Paço do
Lumiar/MA merece ser melhor avaliado por esta Corte de Contas, para que se apure eventuais
prejuízos aos cofres federais, decorrentes do comprometimento da competitividade da Concorrência
Pública 02/2017.
Diante da provável abertura do certame, prevista para o dia 7 do corrente mês, e da iminente
assinatura do respectivo contrato, considero presente o risco de ineficácia da decisão de mérito a ser
adotada nos presentes autos, razão pela qual, com fulcro no art. 276 do Regimento Interno do TCU,
adoto a medida cautelar proposta, dispensando a prévia oitiva da parte, sem prejuízo das demais
medidas sugeridas pela Secex/MA.
Sendo assim, conheço da presente representação, nos termos dos artigos 235 e 237, inciso VII,
do Regimento Interno do TCU, c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, e determino:
a) cautelarmente, à Prefeitura Municipal de Paço do Lumiar/MA que suspenda os
procedimentos da Concorrência Pública 2/2017, no estágio em que se encontra, dando imediato
conhecimento das providências adotadas ao TCU;
b) a oitiva do Prefeito de Paço Lumiar/MA, do Presidente da Comissão Licitação do referido
Município e da empresa que porventura tenha sido declarada vencedora da licitação, para, no prazo de
15 dias, manifestarem-se quanto às ocorrências tratadas nesta representação, alertando-os quanto à
possibilidade de o Tribunal vir a declarar a nulidade dos atos praticados;
c) a realização das diligências necessárias à obtenção, no prazo de 15 dias, dos documentos
relacionados à Concorrência Pública nº 2/2017 e demais informações necessárias à análise da
regularidade dos procedimentos adotados e da economicidade dos preços praticados na referida
licitação.
Brasília, de julho de 2017.
(Assinado Eletronicamente)
WALTON ALENCAR RODRIGUES
Relator
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
ANEXO III DA ATA 28, DE 26 DE JULHO DE 2017
(Sessão Ordinária do Plenário)
ATO NORMATIVO APROVADO
DECISÃO NORMATIVA - TCU Nº 160, DE JULHO DE 2017
Aprova os coeficientes individuais de participação dos Estados e do Distrito Federal nos recursos
previstos no art. 159, inciso II, da Constituição Federal, para aplicação no exercício de 2018.
O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 161,
parágrafo único, da Constituição Federal, o art. 2º, caput, da Lei Complementar 61, de 26 de dezembro
de 1989 e o art. 1º, inciso VI, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 (Lei Orgânica do Tribunal de
Contas da União), e tendo em vista o disposto no art. 159, inciso II, da Constituição Federal, e nas Leis
Complementares 61, de 26 de dezembro de 1989, e 65, de 15 de abril de 1991, bem assim o que consta
no processo TC 017.716/2017-9, resolve:
Art. 1º Ficam aprovados, na forma dos Anexos I a III desta Decisão Normativa, os coeficientes
individuais dos Estados e Distrito Federal destinados ao rateio da parcela de 10% (dez por cento) do
produto da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados, previsto no art. 159, inciso II, da
Constituição Federal, para aplicação no exercício de 2018.
Art. 2º As unidades federadas disporão de trinta dias, a partir da publicação desta Decisão
Normativa, para apresentar contestação fundamentada, que poderá ser protocolada nas Secretarias de
Controle Externo nos estados ou na Sede deste Tribunal, nos termos do art. 292 do Regimento Interno.
Art. 3º Esta Decisão Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos
financeiros a partir de 1º/1/2018.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.
RAIMUNDO CARREIRO
Presidente
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO I
IPI EXPORTAÇÃO - COEFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO
EXERCÍCIO 2018
UF Unidade da Federação Coeficiente
AC Acre 0,007514%
AL Alagoas 0,224908%
AP Amapá 0,162913%
AM Amazonas 0,467237%
BA Bahia 4,297924%
CE Ceará 0,943955%
DF Distrito Federal 0,127594%
ES Espírito Santo 4,050400%
GO Goiás 2,346699%
MA Maranhão 1,153949%
MT Mato Grosso 1,396424%
MS Mato Grosso do Sul 1,823157%
MG Minas Gerais 12,419718%
PA Pará 5,993607%
PB Paraíba 0,085754%
PR Paraná 9,486885%
PE Pernambuco 1,408797%
PI Piauí 0,026465%
RJ Rio de Janeiro 17,910467%
RN Rio Grande do Norte 0,086304%
RS Rio Grande do Sul 9,149783%
RO Rondônia 0,296281%
RR Roraima 0,004412%
SC Santa Catarina 5,970458%
SP São Paulo 20,000000%
SE Sergipe 0,064599%
TO Tocantins 0,093796%
T O T A L 100,000000%
67
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO II
IPI EXPORTAÇÃO - MEMÓRIA DE CÁLCULO DOS COEFICIENTES
EXERCÍCIO 2018
(A) (B) (C) (D) (E) (F) (G) (H)
Unidade da
Federação
Valor das
exportações
jul/2016 a
jun/2017
(US$ FOB)
(*)
Participaçã
o inicial
Participaç
ão com
trava
(20%)
Participaç
ão
excedente
Participaç
ão das
UFs
abaixo da
trava
Redistribuiç
ão do
excedente
Participaçã
o final
AC - Acre 8.432.595 0,006348% 0,006348% 0,000000% 0,006348% 0,001166% 0,007514%
AL - Alagoas 252.403.094 0,190021% 0,190021% 0,000000% 0,190021% 0,034887% 0,224908%
AP - Amapá 182.829.597 0,137643% 0,137643% 0,000000% 0,137643% 0,025271% 0,162913%
AM - Amazonas 524.357.928 0,394761% 0,394761% 0,000000% 0,394761% 0,072476% 0,467237%
BA - Bahia 4.823.352.225 3,631243% 3,631243% 0,000000% 3,631243% 0,666681% 4,297924%
CE - Ceará 1.059.355.349 0,797532% 0,797532% 0,000000% 0,797532% 0,146424% 0,943955%
DF - Distrito Federal 143.193.054 0,107802% 0,107802% 0,000000% 0,107802% 0,019792% 0,127594%
ES - Espírito Santo 4.545.567.210 3,422114% 3,422114% 0,000000% 3,422114% 0,628286% 4,050400%
GO - Goiás 2.633.586.549 1,982686% 1,982686% 0,000000% 1,982686% 0,364013% 2,346699%
MA - Maranhão 1.295.020.687 0,974952% 0,974952% 0,000000% 0,974952% 0,178997% 1,153949%
MT - Mato Grosso 1.567.139.347 1,179815% 1,179815% 0,000000% 1,179815% 0,216609% 1,396424%
MS - Mato Grosso do
Sul 2.046.040.414 1,540354% 1,540354% 0,000000% 1,540354% 0,282803% 1,823157%
MG - Minas Gerais
13.938.047.29
8
10,493208
%
10,493208
% 0,000000%
10,493208
% 1,926510%
12,419718
%
PA - Pará 6.726.334.062 5,063896% 5,063896% 0,000000% 5,063896% 0,929710% 5,993607%
PB - Paraíba 96.237.591 0,072452% 0,072452% 0,000000% 0,072452% 0,013302% 0,085754%
PR - Paraná
10.646.670.84
2 8,015308% 8,015308% 0,000000% 8,015308% 1,471577% 9,486885%
PE - Pernambuco 1.581.025.080 1,190269% 1,190269% 0,000000% 1,190269% 0,218528% 1,408797%
PI - Piauí 29.700.221 0,022360% 0,022360% 0,000000% 0,022360% 0,004105% 0,026465%
RJ - Rio de Janeiro 20.100.047.350
15,132248%
15,132248% 0,000000%
15,132248% 2,778218%
17,910467%
RN - Rio Grande do
Norte 96.855.127 0,072917% 0,072917% 0,000000% 0,072917% 0,013387% 0,086304%
RS - Rio Grande do
Sul
10.268.357.60
0 7,730496% 7,730496% 0,000000% 7,730496% 1,419287% 9,149783%
RO - Rondônia 332.502.258 0,250323% 0,250323% 0,000000% 0,250323% 0,045958% 0,296281%
RR - Roraima 4.951.188 0,003727% 0,003727% 0,000000% 0,003727% 0,000684% 0,004412%
SC - Santa Catarina 6.700.355.666 5,044338% 5,044338% 0,000000% 5,044338% 0,926120% 5,970458%
SP - São Paulo
43.049.102.87
6
32,409361
%
20,000000
%
12,409361
% 0,000000% 0,000000%
20,000000
%
SE - Sergipe 72.496.683 0,054579% 0,054579% 0,000000% 0,054579% 0,010020% 0,064599%
TO - Tocantins 105.262.833 0,079247% 0,079247% 0,000000% 0,079247% 0,014549% 0,093796%
T O T A L
132.829.224.7
24
100,000000
%
87,590639
%
12,409361
%
67,590639
% 12,409361%
100,000000
%
(*) Obs: o valor informado corresponde ao valor dos produtos industrializados exportados para o
exterior na proporção do ICMS que deixou de ser exigido em razão da não incidência prevista na
alínea “a” do inciso X e da desoneração prevista na alínea “f” do inciso XII, ambos do § 2º do art. 155
da Constituição Federal (LC 65/91, art. 4º).
68
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO III
IPI EXPORTAÇÃO - NOTA EXPLICATIVA
EXERCÍCIO 2018
Em cumprimento ao item 9.2 do Acórdão 196/2003-TCU-Plenário, são publicadas
informações adicionais sobre o cálculo previsto no art. 159, inciso II, da Constituição Federal relativo
aos coeficientes individuais de participação dos Estados e Distrito Federal no rateio da parcela de 10%
(dez por cento) do produto da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), fixados
pela presente Decisão Normativa TCU.
Para o cálculo dos coeficientes devem ser observados os seguintes procedimentos:
- os coeficientes para o rateio são calculados para aplicação no ano-calendário, ou seja, de
janeiro a dezembro, tomando-se por base o valor em dólar norte-americano das exportações ocorridas
nos doze meses antecedentes a primeiro de julho do ano imediatamente anterior (LC 61/89, art. 1º, §
3º);
- a participação de cada unidade é limitada ao máximo de 20% (vinte por cento) do
montante a ser distribuído, sendo o eventual excesso redistribuído entre os demais participantes, de
forma proporcional às respectivas participações (CF, art. 159, e LC 61/89, art. 1º, § 4º).
O Anexo I da presente Decisão Normativa TCU apresenta os coeficientes individuais de
participação dos estados e do Distrito Federal no rateio da parcela de 10% (dez por cento) do produto
da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), enquanto o Anexo II apresenta a
memória dos cálculos que produziram esses coeficientes. As tabelas apresentadas foram construídas a
partir dos preceitos legais e possuem as seguintes informações:
1) TABELA “COEFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO”
“UF”: sigla da Unidade da Federação (UF);
“Unidade da Federação”: nome por extenso da UF;
“Coeficiente”: coeficiente individual de participação de cada UF, em percentagem.
2) TABELA “MEMÓRIA DE CÁLCULO DOS COEFICIENTES”
“Unidade da Federação” (Coluna A) – sigla e nome da UF;
“Valor das exportações jul/2016 a jun/2017 (US$ FOB)” (Coluna B) – valor dos produtos
industrializados exportados para o exterior na proporção do ICMS que deixou de ser exigido em razão
da não incidência prevista na alínea “a” do inciso X e da desoneração prevista na alínea “f” do inciso
XII, ambos do § 2º do art. 155 da Constituição Federal (LC 65/91, art. 4º) calculado com base no valor
FOB, em dólares, das exportações realizadas no período de julho de 2016 a junho de 2017 pela UF,
apurado pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
– Secex/MDIC (LC 61/89, art. 1º, § 3º);
“Participação inicial” (Coluna C) – percentual de participação de cada UF no valor total das
exportações, sem limitação (cada elemento da coluna B dividido pelo total da coluna B);
“Participação com trava (20%)” (Coluna D) – percentual de participação de cada UF no valor
total das exportações, com limitação superior (trava) de 20% (cada elemento da coluna B dividido pelo
total da coluna B, mantendo-se em 20% a participação da UF que ultrapassar esse percentual);
“Participação excedente” (Coluna E) – percentual excedente aos 20% que será redistribuído
entre os demais participantes;
“Participação das UFs abaixo da trava” (Coluna F) – percentual de participação de cada UF
que ficou abaixo da trava dos 20%;
“Redistribuição do excedente” (Coluna G) – participação de cada UF na redistribuição do
excedente, de forma proporcional à sua respectiva participação (cada elemento da coluna F dividido
pelo total da coluna F e, em seguida, multiplicado pelo total da coluna E);
69
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
“Participação final” (Coluna H) – coeficiente final de participação percentual de cada UF, que
corresponde à soma das colunas D e G, com 6 casas decimais e total ajustado para exatos
100,000000%.
ANEXO IV DA ATA 28, DE 26 DE JULHO DE 2017
(Sessão Ordinária do Plenário)
ACÓRDÃOS PROFERIDOS DE FORMA UNITÁRIA
Relatórios e Votos emitidos pelo respectivo relator, bem como os Acórdãos de nºs 1598 a 1613,
aprovados pelo Plenário.
GRUPO I – CLASSE VII – Plenário
TC 016.060/2017-2.
Natureza: Desestatização.
Órgão/Entidade: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Ministério de Minas e
Energia (MME).
Representação legal: não há.
SUMÁRIO: DESESTATIZAÇÃO. LEILÃO ANEEL 1/2017 – LICITAÇÃO PARA A
OUTORGA DE QUATRO USINAS HIDRELÉTRICAS EM OPERAÇÃO. ATENDIMENTO DOS
REQUISITOS PREVISTOS NA INSTRUÇÃO NORMATIVA TCU 27/1998. FALHAS QUE NÃO
IMPEDEM A CONTINUIDADE DO CERTAME. DETERMINAÇÕES. RECOMENDAÇÕES.
CIÊNCIA. RESTITUIÇÃO DOS AUTOS À UNIDADE TÉCNICA PARA ACOMPANHAR OS
DEMAIS ESTÁGIOS DO PROCESSO DE CONCESSÃO.
RELATÓRIO
Adoto como Relatório a instrução de mérito elaborada no âmbito da Secretaria de
Fiscalização de Infraestrutura de Energia Elétrica (peça 25), cuja proposta de encaminhamento foi
integralmente acolhida pelo Secretário daquela unidade técnica (peça 26):
1. Trata-se de acompanhamento do primeiro estágio do Leilão - Aneel 1/2017, referente à
licitação para a outorga de quatro usinas hidrelétricas em operação, nos termos do artigo 8° da Lei
12.783/2013, com a redação dada pela Lei 13.203/2015, e conforme delegação de competência
efetuada mediante a Portaria MME 133/2017, alterada pela Portaria MME 191/2017 (peça 2).
2. Recorde-se que as licitações para a outorga de concessão da exploração de aproveitamento
energético são regidas também pelo artigo 175 da Constituição Federal de 1988, pela legislação
setorial específica, especialmente pelas Leis 10.848/2004; 9.427/1996; 9.074/1995; 8.987/1995 e,
subsidiariamente, pela Lei 8.666/1993.
3. No âmbito do Tribunal de Contas da União (TCU), a matéria está disciplinada pela
Instrução Normativa (IN) TCU 27/1998, que dispõe sobre o acompanhamento concomitante dos
processos de outorga de concessão ou de permissão de serviços públicos, realizados em quatro
estágios, por meio de análise da documentação remetida pelo poder concedente.
HISTÓRICO
70
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
I. Das Concessões vencidas e não prorrogadas
4. Conforme exposto no relatório que precede o Acórdão 3.012/2011-TCU-Plenário, de
16/11/2011 (TC 028.862/2010-4), a Constituição Federal de 1988 dispôs no caput de seu art. 175 que
as concessões de serviço público deverão ser sempre precedidas de licitação. Todavia, o parágrafo
único deste dispositivo prevê que cabe à lei dispor sobre os contratos de concessão de serviço público,
inclusive quanto à sua prorrogação.
5. Com base nisso, a Lei 8.987/1995, nos termos de seu art. 42, fixou que as concessões de
serviço público outorgadas anteriormente à entrada em vigor dessa lei seriam válidas pelo prazo fixado
no contrato ou no ato de outorga, mas também dispôs que deveriam ser extintas as concessões:
a) outorgadas sem licitação na vigência da CF/88 (art. 43 caput);
b) outorgadas sem licitação anteriormente à CF/88, mas cujas obras ou serviços não tivessem
sido iniciados ou estivessem paralisados, hipótese em que deveriam ser extintas (art. 43, parágrafo
único); e
c) cujas obras ou serviços estivessem atrasadas e a concessionária não apresentasse plano
efetivo para conclusão das obras (art. 44).
6. Posteriormente, as concessões de geração de energia elétrica alcançadas pelo art. 42 da Lei
8.987/1995 foram prorrogadas por até vinte anos, com base no art. 19 da Lei 9.074/1995.
7. Já para as concessões alcançadas pelo parágrafo único do art. 43 e pelo art. 44 da Lei
8.987/1995, admitiu-se, nos termos do art. 20 da Lei 9.074/1995, que poderiam ser prorrogadas pelo
prazo necessário à amortização do investimento, limitado a trinta e cinco anos, desde que apresentado
e aprovado plano de conclusão das obras, exceto aquelas cujos empreendimentos não tivessem sido
iniciados.
8. Na maioria dos casos, essas prorrogações tratadas nos arts. 19 e 20 da Lei 9.074/1995
expirariam a partir de 2015. Porém, a MP 579/2012, posteriormente convertida na Lei 12.783/2013,
permitiu, nos termos de seu art. 1º, nova prorrogação das concessões de energia elétrica alcançadas
pelo art. 19 da Lei 9.074/1995.
9. Foram, porém, definidas condições para essa nova prorrogação, especificadas nos §§ 1º a
6º do art. 1º da Lei 12.783/2013, que, regulamentadas no Decreto 7.805/2015, caracterizam o
denominado regime de cotas e das quais destacam-se:
I - remuneração por tarifa calculada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para cada
usina hidrelétrica;
II - alocação de cotas de garantia física de energia e de potência da usina hidrelétrica às
concessionárias e permissionárias de serviço público de distribuição de energia elétrica do Sistema
Interligado Nacional - SIN, a ser definida pela Aneel, conforme regulamento do poder concedente.
10. Com base nisso, várias concessões de usinas hidrelétricas foram prorrogadas nos moldes
da Lei 12.783/2013, conforme tratado no TC 033.929/2012-2 e no TC 001.843/2013-3.
11. Para os concessionários que não aceitaram as referidas condições de prorrogação, definiu-
se a realização de licitação para uma nova concessão por até trinta anos, nos termos do art. 8º da Lei
12.783/2013, em que, em sua redação original, alocava toda a garantia física das usinas a licitar ao
regime de cotas.
12. O primeiro leilão para esse grupo de concessões licitou a usina hidrelétrica de Três Irmãos
(Leilão Aneel 2/2014, tratada no TC 001.618/2014-8). Na ocasião, adotou-se um modelo de preço teto,
o qual correspondia ao Custo de Gestão dos Ativos de Geração (GAG), incluídos os custos
regulatórios de operação, manutenção, administração, remuneração e amortização da usina
hidrelétrica, a serem definidos pela Aneel. Vencia o leilão a proponente que ofertasse o menor valor de
GAG. A vencedora seria remunerada por meio de Receita Anual de Geração (RAG), composta do
GAG resultante do processo licitatório, além dos encargos e tributos, inclusive os encargos de conexão
e uso dos sistemas de transmissão ou de distribuição de responsabilidade da concessionária. O cálculo
71
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
do preço teto da GAG seguiu a mesma metodologia que foi utilizada na fixação da tarifa inicial de
geração referente às usinas que foram prorrogadas com base na MP 579/2012.
13. O segundo leilão para o grupo de concessões não prorrogadas (Leilão Aneel 2/2015,
tratado no TC 023.134/2015-1) licitou 29 usinas hidrelétricas e seguiu modelagem distinta do leilão
anterior. A diferença foi justificada, em sua maioria, por inovações criadas pela MP 688/2015,
posteriormente convertida na Lei 13.203/2015.
14. Por meio da referida MP 688/2015, passou-se a admitir nos leilões, além dos regimes
existentes até então: a) a cobrança do proponente vencedor de um Valor de Bonificação pela Outorga e
a correlata cobertura tarifária, denominada Retorno da Bonificação pela Outorga (RBO); e b) a reserva
de uma parcela, no mínimo 70%, da garantia física ao Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e,
portanto, deixando-se a parcela restante, no máximo 30%, à livre disposição do vencedor da licitação.
A regulamentação dessas inovações foi atribuída ao Conselho Nacional de Política Energética
(CNPE), mediante proposta do MME, conforme art. 2º-A da Lei 9.478/1997. Ressaltou-se que, na
hipótese de um regime de bonificação, o Ministério da Fazenda (MF) será ouvido quanto aos valores, a
forma e os prazos de pagamento da bonificação pela outorga. Além disso, a definição da receita do
concessionário deverá considerar a parcela do Retorno da Bonificação pela Outorga, observada, para
concessões de geração, a proporcionalidade da garantia física destinada ao ACR (art. 15, §10 da Lei
12.783/2013).
15. Nesse novo contexto legal, o modelo do segundo leilão previu o recebimento de propostas
de preço para dois itens de remuneração da concessionária: a) o GAG, incluídos os custos regulatórios
de operação, manutenção, administração, remuneração e amortização da usina hidrelétrica, apurado
nas mesmas bases que foram usadas para fixar o preço teto da licitação de Três Irmãos; e 2) o RBO.
Vencia o leilão a proponente que ofertasse a menor soma para esses dois valores (ou seja, GAG +
RBO). Nessa concepção, os gastos adicionais com investimentos em melhorias e ampliações,
consignados como Custo da Gestão dos Ativos de Geração decorrentes das Melhorias e Ampliações
(GAGADL) seriam remunerados somente por ocasião de revisões tarifárias, carecendo de autorização
prévia pela Aneel.
16. Realizado o segundo leilão, ainda restou pendente a licitação das outras usinas de geração
de energia elétrica com prazo de concessão vencido e que não foram prorrogadas com base na Lei
12.783/2013, conforme tratado no TC 003.379/2015-9. O presente leilão, ora em análise, objetiva
licitar algumas dessas concessões pendentes.
17. Resgata-se, por fim, que a Lei 12.783/2013 autorizou que os antigos concessionários
fossem designados como responsáveis pela prestação dos serviços de geração associados a essas usinas
até a assunção de um novo concessionário a ser definido por futura licitação.
II. Preparação da licitação das concessões em foco
18. Com a publicação da Portaria MME 133/2017, em 5/4/2017 (peça 2, p.1), foi determinada
a licitação de cinco usinas hidrelétricas, a ser promovida pela Aneel, observados a organização dos
lotes e as seguintes diretrizes, ambos descritos naquele ato:
I – a Garantia Física de Energia e de Potência da usina licitada deverá ser alocada em regime de
cotas de que trata a Portaria MME 123/2013;
II – o leilão deve ser realizado até 30 de setembro de 2017;
III – o critério de julgamento das propostas a ser adotado deve ser o maior valor de Bonificação
pela Outorga, definido no art. 5º, § 1º, inciso II, da Portaria MME 123/2013; e
IV – a outorga será pelo prazo de trinta anos, contados da data de assinatura do Contrato de
Concessão ou do término do Contrato vigente, o que ocorrer por último, observado o disposto no art.
6º da Portaria MME 123/2013.
72
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
19. Em 3/5/2017, por meio da Portaria MME 178/2017, foram definidos, na forma de seu
Anexo IV, os valores revistos de garantia física de energia das UHEs integrantes desse leilão, que
passam a viger a partir de 1º/1/2018.
20. Posteriormente, em 12/5/2017, a Portaria MME 191/2017 (peça 2, p. 2), excluiu a usina
Agro Trafo do rol de usinas a serem leiloadas, restando, assim, apenas quatro usinas a licitar.
21. Nessa mesma data, o CNPE, com base na competência definida no inciso XII do art. 2º da
Lei 9.478/1997, com a redação dada pela Lei 13.203/2015, e com base em proposta do MME
submetida à manifestação do MF, expediu a Resolução CNPE 12/2017 (peça 3). O art. 1º dessa
Resolução fixou os seguintes parâmetros técnicos e econômicos a serem adotados no leilão:
I – os valores mínimos de Bonificação pela Outorga de cada Usina Hidrelétrica, que totalizaram
R$ 11.055.555.978,54;
II – a Bonificação pela Outorga deve ser paga em parcela única pelo vencedor do leilão, à vista,
no ato de assinatura do Contrato de Concessão, respeitados os valores mínimos de bonificação
definidos;
III – percentual de 70% da garantia física das usinas serão destinados ao Ambiente de
Contratação Regulada (ACR);
IV – o percentual da garantia física destinado ao ACR aplicar-se-á a partir do término de um
período de transição, previsto em ato do MME, ou, na sua inexistência, a partir da assinatura do
contrato de concessão;
V – taxa para remuneração do retorno dos valores mínimos de Bonificação pela Outorga,
baseada na metodologia do Weighted Average Capital Cost (WACC), igual a 8,08%, real a.a.,
deduzidos os tributos;
VI – os valores mínimos a serem pagos a título de bonificação pela outorga passam a retornar a
partir do início da vigência do contrato de concessão;
VII – o preço de referência da energia não contratada no ACR igual a R$ 142,70 R$/MWh,
correspondente ao custo de oportunidade da projeção dos Preços de Liquidação das Diferenças (PLD)
para o Submercado Sudeste/Centro-Oeste do período de janeiro de 2018 a dezembro de 2021, a ser
acrescido das contribuições para o PIS/PASEP e da COFINS.
22. Nessa Resolução foi reafirmada, ainda, a previsão do art. 5º, §1º-B, da Portaria MME
123/2013, no sentido de que não será repassado à tarifa de energia elétrica o montante de bonificação
pela outorga que exceda o valor mínimo dessa bonificação.
23. Em 19/5/2017, a Aneel abriu a Audiência Pública 26/2017, exclusivamente por
intercâmbio de documentos, para obter subsídios para o aprimoramento da minuta do edital e
respectivos anexos da licitação (peça 6). O período de contribuições foi de 19/5/2017 a 18/6/2017.
24. De forma concomitante, o Despacho do Presidente da Comissão Especial de Licitação
(CEL/Aneel) 1.383/2017 (peça 5), decidiu disponibilizar aos interessados as informações sobre os
aspectos contábeis, ambientais, fundiários, bem como de operação, manutenção, fiscalização,
investimento, outorga, risco e gestão de pessoas, relativos às usinas a serem licitadas.
25. Em 7/6/2017, a Aneel remeteu ao TCU os primeiros documentos a título de atendimento à
IN - TCU 27/1998 (peça 1). Nesses documentos, foi estimado inicialmente a data de 25/7/2017 para
publicação do edital (peça 1, p. 1), após serem processadas as contribuições recebidas na audiência
pública. A realização do Leilão foi prevista para 22/9/2017 (peça 1, p. 6), antes, portanto, da data
máxima definida na Portaria MME 133/2017, qual seja, 30/9/2017 (peça 2, p. 1).
III. Histórico dos presentes autos
26. Em 6/7/2017, por meio do Ofício 69/2017-SEL/ANEEL, a Aneel enviou a este Tribunal o
Ato Justificatório do Leilão 1/2017, acompanhado de seus anexos (peça 1).
27. Em 22/6/2017, visando o saneamento dos autos, encaminhou-se o Ofício 155/2017-
TCU/SeinfraElétrica (peças 4, 7 e 9) ao MME, com cópia à Aneel, solicitando a apresentação de dados
73
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
e informações essenciais à avaliação por esta Unidade Técnica da viabilidade econômico-financeira
das concessões, nos termos da IN-TCU 27/1998.
28. As solicitações foram respondidas parcialmente em 23/6/2017, mediante o Ofício
145/2017/SE-MME (peça 8). A parte restante foi apresentada em 30/6/2017, por intermédio de e-mail
(peça 12).
29. Entre o conjunto de documentos encaminhados ao TCU inclui-se a Nota Técnica
10/2017/STN/SES/MF-DF (peça 8, p. 47-67), por meio da qual o Ministério da Fazenda justificou sua
proposta ao CNPE de parâmetros econômicos a serem considerados na modelagem do leilão.
30. Em 5/7/2017, realizou-se reunião entre equipes e dirigentes dessa unidade técnica, do
Ministério da Fazenda, do MME, da Aneel e do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e
Gestão (peça 13).
31. Em atendimento a solicitações feitas na reunião (peça 13), a Aneel apresentou, em
7/7/2017, por e-mail (peça 16), informações complementares sobre a formação do GAG Melhorias das
Usinas e o Ministério da Fazenda, em 10/7/2017, apresentou informações complementares sobre o
critério de bonificação pela outorga e a respectiva forma de pagamento (peça 21).
32. Posteriormente, em 11/7/2017, em atendimento a ofício de diligência (peça 18), a Agência
forneceu dados sobre a formação do preço médio de energia elétrica adotado na modelagem do leilão
(peça 20).
CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS USINAS
33. A Tabela 1 a seguir lista as principais características das usinas hidrelétricas (UHEs) objeto
do Leilão Aneel 1/2017.
Tabela 1: Principais características das UHEs
Usina
Hidrelétri
ca
Potênci
a
Instala
da
(MW)
Garanti
a Física
(MWmé
d)1
Entrad
a em
operaç
ão
Termo
final do
atual
Contrat
o
Rio
Domíni
o do
Rio
Estado
(s)
Conces
sionári
a
anterio
r
São Simão 1.710,0
0 1.202,7
1978 11/01/20
15
Paranaí
ba Federal
GO/M
G
Cemig
GT
Jaguara 424,00 341,0 1971 28/08/20
13 Grande Federal MG/SP
Cemig
GT
Miranda 408,00 198,2 1998 23/12/20
16
Aragua
ri
Estadua
l MG
Cemig
GT
Volta
Grande 380,00 230,6
1974 23/02/20
17 Grande Federal MG/SP
Cemig
GT
Total
Geral
2.922,0
0 1.927,5
- - - - - -
Fonte: Ato Justificatório do Leilão Aneel 1/2017 (peça 1, pp. 6 e 8). Nota Técnica 8/2017-
SEL/Aneel (peça 1, p.3, item não digitalizável). TCU. Adaptado. Notas: (1) valores válidos a partir de
1º/1/2018.
34. Os valores de depreciação acumulada do ativo imobilizado relativo aos projetos básicos
das usinas São Simão e Miranda foram calculados pela Aneel e constam das Tabela 2 e 3,
respectivamente. As demais usinas (Jaguara e Volta Grande) têm ativos 100% depreciados.
Tabela 2: Depreciação acumulada do ativo imobilizado (UHE São Simão) - Data base 11/1/2015
Depreciação
Acumulada
Jun/7
8
Jun/7
8
Jun/7
8
Jun/7
8
Mar/
79
Jun/7
9 Nov/79
Agrupamento Ativo UG01 UG02 UG03 UG04 UG05 UG06
74
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
inicial
Gerador 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Turbina 100% 100% 99,78
%
99,28
%
98,53
%
97,83
% 96,69%
Reservatório,
Barragem e
Adutora
92,92
% - - - - - -
Edificações e
Obras civis 100% - - - - - -
Urbanização e
Benfeitorias 100% - - - - - -
Outros Sistemas 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Equipamentos de
Casa de Força 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Fonte: Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p.10).
Tabela 3: Depreciação acumulada do ativo imobilizado (UHE Miranda) - Data base 23/12/2016
Depreciação Acumulada Mai/9
8
Mai/9
8 Jul/98
Out/9
8
Agrupamento Ativo
inicial UG01 UG02 UG03
Gerador 57,95
%
57,95
%
57,47
%
56,92
%
Turbina 44,22
%
44,22
%
43,74
%
43,19
%
Reservatório, Barragem e
Adutora
35,73
% - - -
Edificações e Obras civis 66,35
% - - -
Urbanização e Benfeitorias 66,35
% - - -
Outros Sistemas 89,91
%
89,81
%
89,33
%
88,78
%
Equipamentos de Casa de Força 56,83
%
56,83
%
56,35
%
55,80
%
Equipamentos Gerais 100% 100% 100% 100%
Conduto Forçado 54,55
%
54,55
%
54,07
%
53,52
%
Transformação (Subestação) 66,52
% - - -
Conexão (Linha de
Transmissão)
52,85
% - - -
Fonte: Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p.11).
OBJETO DO LEILÃO, CRITÉRIO DE JULGAMENTO E RECEITAS
35. Constitui objeto do Leilão a outorga de concessão das Usinas Hidrelétricas integrantes dos
Lotes A e B, discriminados na Tabela 4 a seguir, mediante a contratação de serviço de geração de
energia elétrica, sob o regime de que trata a Lei 12.783/2013, com a redação dada pela Lei
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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12.203/2015, pelo prazo de trinta anos, contado da data de vigência do respectivo Contrato de
Concessão, vedada a prorrogação.
Tabela 4: Lotes das Usinas com concessões a serem licitadas
Lote Sublo
te
Usina
Hidrelétrica
Potência
Instalada
(MW)
Garantia
Física
(MWméd
)1
Rio Estado
(s)
A -
São Simão 1.710,00 1.202,7 Paranaíb
a
GO/M
G
B
B1 Jaguara 424,00 341,0 Grande MG/SP
B2 Miranda 408,00 198,2 Araguari MG
B3 Volta Grande 380,00 230,6 Grande MG/SP
Total Geral 2.922,00 1.927,5 - -
Fonte: Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p. 6). Nota: (1) valores válidos a partir de 1º/1/2018.
36. O prazo das outorgas coincide com o máximo autorizado no art. 8º da Lei 12.783/2013.
37. Segundo o Ato Justificatório, o Lote B foi dividido em três sublotes no intuito de ampliar a
competição, pois será estabelecido procedimento específico de leilão combinatório, que permite a
competição cruzada entre o Lote e os Sublotes. O método é praticado em alguns leilões de concessões
de transmissão realizados na B3 (antiga BM&F) e também foi adotado no Leilão 12/2015 (TC
023.134/2015-1), o qual, similarmente a este leilão, tratou de concessão de UHEs não prorrogadas.
38. A maior diferença entre o Leilão 1/2017 e o leilão anterior (Leilão 12/2015) é o critério de
julgamento da licitação, ou seja, o critério de seleção do vencedor do lote.
39. Será declarada vencedora a proponente que ofertar o maior valor de ágio de Bonificação
pela Outorga. O valor da tarifa da energia elétrica no ACR é fixo no leilão. O ágio corresponde ao
valor que exceder ao valor mínimo de bonificação pela outorga definido em Edital para o lote. É a
primeira vez que esse modelo é adotado nos leilões de concessão de UHEs não prorrogadas. Constitui-
se em uma opção de leilão focada na arrecadação de valores à União.
40. O valor mínimo de bonificação, pago pelo vencedor do lote, é recuperável por ele durante
a vigência da concessão, mediante a parcela denominada de Retorno da Bonificação pela Outorga
(RBO).
41. Além disso, o concessionário é remunerado com base na comercialização de energia no
ACR (em montante equivalente a 70% da garantia física da usina) e na comercialização sob outras
formas, a seu livre dispor (equivalente aos demais 30% da garantia física da usina). Quanto à parcela
da garantia física destinada ao ACR, o concessionário será remunerado em regime de cotas pela
Receita Anual de Geração (RAG), expressa em R$/ano, homologada pela Aneel, composta pelo GAG
e RBO fixadas pelo Poder Concedente no processo licitatório, além dos encargos e tributos, inclusive
os encargos de conexão e uso dos sistemas de transmissão ou de distribuição de responsabilidade da
concessionária, compensadas eventuais indisponibilidades da usina. Os pagamentos serão feitos em
parcelas duodecimais, sujeitos a ajustes por indisponibilidade ou desempenho de geração.
42. Assim como no leilão anterior, o GAG é formado por duas parcelas distintas: o “GAG
O&M”, que inclui os custos regulatórios de operação, manutenção, administração, remuneração e
amortização, e o “GAG Melhorias”, que inclui a estimativa de investimentos em melhorias na usina a
serem feitas durante a vigência da concessão, mais uma remuneração.
43. Os valores de GAG e de RBO foram apurados pela Aneel mediante delegação da Portaria
MME 123/2013. Os resultados dos cálculos e seus respectivos dados de entrada foram registrados
junto à Nota Técnica 135/2017-SGT/Aneel (peça 14).
44. Os referidos valores de GAG, RBO e os valores mínimos de bonificação são mostrados na
Tabela 5 a seguir. Os cálculos dessas quantias estão disponíveis nas planilhas
76
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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“3.2_STN_MF_Licitação UHEs 2017 - TCU.xlsx” e “3.2_ANEEL_Proposta teto - simula bonificacao
- mai17 - vfinal.xlsm”, ambas acessíveis à peça 8 como item não digitalizável.
Tabela 5: GAG e RBO por Usina e por Lote ou Sublote
Fonte: Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p. 9).
EXAME TÉCNICO
I. Análise do primeiro estágio
45. O art. 7º, inciso I, da IN - TCU 27/1998 estabelece os documentos que devem ser
analisados por este Tribunal relativamente ao primeiro estágio de fiscalização dos processos de
outorga de concessão:
a) relatório sintético sobre os estudos de viabilidade técnica e econômica do empreendimento,
com informações sobre o seu objeto, área e prazo de concessão ou de permissão, orçamento das obras
realizadas e a realizar, data de referência dos orçamentos, custo estimado de prestação dos serviços,
bem como sobre as eventuais fontes de receitas alternativas, complementares, acessórias e as
provenientes de projetos associados;
b) relatório dos estudos, investigações, levantamentos, projetos, obras e despesas ou
investimentos já efetuados, vinculados à outorga, de utilidade para a licitação, realizados ou
autorizados pelo órgão ou pela entidade federal concedente, quando houver;
c) relatório sintético sobre os estudos de impactos ambientais, indicando a situação do
licenciamento ambiental.
46. O art. 8º da IN define que os documentos referentes ao primeiro estágio de fiscalização dos
processos de outorga de concessão devem ser encaminhados ao TCU no prazo de trinta ou sessenta
dias antes da publicação do edital de licitação, respectivamente, nos casos em que a estimativa de
investimentos seja inferior ou superior a um bilhão de reais:
Art. 8° O dirigente do órgão ou da entidade federal concedente encaminhará, mediante cópia, a
documentação descrita no artigo anterior ao Tribunal de Contas da União, observados os seguintes
prazos:
I – primeiro estágio - 30 (trinta dias), no mínimo, antes da publicação do edital de licitação;
(...)
Parágrafo único. O prazo a que se refere o inciso I deste artigo será de 60 (sessenta) dias, para a
outorga de concessão de serviço público de transmissão de energia e de concessão de uso de bem
público destinado à exploração e aproveitamento hidrelétrico, desde que a estimativa de investimentos
seja superior a um bilhão de reais.
47. No caso deste leilão, o valor de investimento é de aproximadamente R$ 3 bilhões. Logo, o
prazo para remessa dos documentos ao TCU deve ser de sessenta dias antes da publicação do edital de
licitação.
48. O montante de investimento é obtido a partir dos dispêndios previstos com GAG
Melhorias ao longo da concessão, excluindo-se dele a parcela relativa à correspondente remuneração
do concessionário. O montante de GAG Melhorias durante os trinta anos de concessão é de R$
Lote Sub
lote Usina
Custo da Gestão dos Ativos de Geração – GAG (R$/ano)
Retorno da
Bonificação
pela Concessão
– RBO
(R$/ano)
Receita Total
(R$)
Valor Mínimo
da Bonificação
pela Outorga (R$) GAG O&M
GAG
Melhorias GAG Total
A - São Simão 103.491.188,64 132.040.897,89 235.532.086,53 796.629.337,25 1.032.151.423,78 6.740.946.603,49
B
B1 Jaguara 38.657.000,40 49.321.155,84 87.978.156,24 233.164.542,45 321.142.698,69 1.911.252.009,47
B2 Miranda 31.268.614,16 39.894.564,39 71.163.178,55 142.666.456,61 213.829.635,17 1.110.880.200,23
B3 Volta Grande 32.167.405,07 51.301.626,54 83.469.031,60 169.570.280,19 253.039.311,79 1.292.477.165,35
Total Lote B 102.093.019,63 140.517.346,77 242.610.366,39 545.401.279,25 788.011.645,65 4.314.609.375,05
Total Geral 205.584.208,27 272.558.244,66 478.142.452,92 1.342.030.616,50 1.820.173.069,43 11.055.555.978,54
77
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
8.176.747.339,80, considerando que o seu dispêndio anual é de R$ 272.558.244,66, a preços de maio
de 2017, conforme consta da documentação encaminhada. O valor referente a esse dispêndio anual é
encontrado no Quadro 4 do Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p. 9); na Tabela 3 da Nota Técnica
135/2017-SGT/Aneel, de 17/5/2017 (peça 14, p. 6), a qual apresenta os cálculos da GAG e do RBO,
assim como no documento “Proposta teto – simula bonificação” (peça 15). Aliás, todos são
documentos integrantes da Audiência Pública-Aneel 26/2017. Assim, considerando que a remuneração
do investidor nesse leilão é de 8,08% a. a., conforme definido na Resolução CNPE 12/2017, e também
explícita na documentação encaminhada, tem-se que, ao retirar dos R$ 8.176.747.339,80 o efeito
financeiro dessa renumeração, o valor estimado do investimento durante a concessão é de
aproximadamente RS 3 bilhões.
49. Quanto a este ponto, chama-se a atenção para o fato de que o MME e a Aneel organizaram
o cronograma do leilão prevendo que a documentação do leilão deveria ser enviada ao TCU apenas
com trinta dias de antecedência, e não com sessenta dias supracitado, apesar de tais entidades terem
plena ciência do rito da IN-TCU 27/1998.
50. O início da remessa da documentação relativa ao Leilão pela Aneel a este Tribunal se deu
em 16/6/2017, por meio do Ofício 69/2017-SEL/Aneel (peça 1, p. 1).
51. Não foram encaminhadas, porém, as planilhas excel ou as memórias de cálculo dos fluxos
de caixa das concessões, nem os estudos técnicos e econômicos que dessem suporte à fixação dos
seguintes parâmetros de modelagem do leilão:
a) valores Mínimos da Bonificação pela Outorga para cada Usina Hidrelétrica;
b) forma de pagamento da Bonificação pela Outorga;
c) percentual de Garantia Física das usinas a ser destinada ao Ambiente de Contratação
Regulada (ACR);
d) remuneração pelo Custo Médio Ponderado de Capital (WACC); e
e) preço de referência de energia não contratada no ACR.
52. Importa frisar que as tais planilhas, memórias de cálculo e estudos acima dizem respeito
diretamente à definição exata do objeto do Leilão – Aneel 1/2017 e a sua modelagem técnica,
econômica e financeira das concessões. São elementos essenciais para a análise do 1º estágio,
consubstanciada no art. 7º, inciso I, da IN-TCU 27/1998.
53. Tais informações foram recebidas no TCU somente em 23/6/2017, por meio do Ofício
145/2017/SE-MME (peça 8), em atendimento a diligência desta Unidade Técnica (peça 4).
54. A par desses fatos, e considerando o entendimento expresso no Acórdão 1.681/2008 - TCU
- Plenário, de que o prazo estipulado para que o TCU se manifeste sobre outorga de concessão somente
fluirá a partir da apresentação do estudo de viabilidade completo e atualizado, com a regularização de
todas as pendências indicadas pelas unidades técnicas do Tribunal; e o dever da Administração Pública
expressar de maneira fundamentada os motivos de seus atos, conforme o art. 2º c/c o art. 50 da Lei
9.784/1999, a que se fez referência no item 3 do Ofício 155/2017-TCU-SeinfraElétrica (peça 4. p.1), a
contagem do prazo dos sessenta dias previsto na IN - TCU 27/1998 deve ser reiniciada a partir de
23/6/2017.
55. Sendo assim, caso o edital de licitação seja publicado antes de 24/8/2017, poderá
configurar-se descumprimento formal do art. 8º da referida IN.
56. Contudo, se confirmada essa hipótese quando do acompanhamento do 2º estágio previsto
na referida IN, pode-se, desde logo, antecipar que, caso o edital publicado antes da referida data não
contenha alterações que impactem os estudos de viabilidade objeto desta instrução, entende-se que não
haverá prejuízo efetivo ao tempestivo exame da matéria pelo TCU.
I.1. Análise da viabilidade econômico-financeira das concessões
78
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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57. Nas condições de realização dessa fiscalização (escopo, prazo e procedimentos aplicados),
não foram identificadas razões que ensejassem proposta de intervenção desta Corte de Contas neste
momento ou óbice à realização do leilão.
58. Todavia, identificou-se questões que devem ser aperfeiçoadas nos futuros leilões de
concessões de UHEs existentes, operantes e amortizadas, conforme tratado nas seções seguintes.
I.1.1. Da bonificação pela outorga e sua forma de pagamento
59. A Lei 12.783/2013, em seu art. 8º, §§6º e 7º, especificou que a licitação das concessões
que não forem prorrogadas nos termos daquela lei poderá adotar um dos seguintes critérios de
julgamento de licitação antevistos na Lei 8.987/1995:
I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado;
II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga da concessão;
III - a combinação dos dois critérios.
60. O pagamento pela outorga da concessão referido no item II foi nomeado pela Lei
12.783/2013 como “bonificação pela outorga”. Esse foi o critério de julgamento da licitação escolhido
no presente caso.
61. O processo de escolha do critério de julgamento do leilão se iniciou em setembro de 2016,
quando o MF solicitou que as UHE São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Redonda fossem incluídas no
âmbito do Programa de Parceria de Investimentos (PPI) da Presidência da República. O objetivo da
medida foi o de, em uma etapa posterior, qualificar os empreendimentos como de prioridade nacional.
62. A necessidade da priorização desses empreendimentos foi justificada com a hipótese de vir
a ser cobrado um valor expressivo de bonificação pela outorga, conforme registrado na Nota Técnica
9/2017-Assec, do MME (peça 8, item 6 não digitalizável, p.4):
4.4. Sobre a inclusão das UHE no PPI, conforme exposto na Nota Técnica n° 4/2016-
AEPROE/SE-MME, de 22 de setembro de 2016, a qualificação das usinas em questão ocorreu em
virtude da importância, para o equilíbrio fiscal, do valor de bonificação de outorga a ser pago pelos
vencedores da licitação de tais UHE, in verbis (g.n.):
“8. A inclusão das UHE atendeu a pedido do Ministério da Fazenda (MF). O MF alegou que os
empreendimentos em questão eram prioritários pelo expressivo valor de bonificação de outorga a ser
pago pelos vencedores da licitação de tais UHE. Segundo o MF, essa receita é importante para o
atingimento da meta fiscal do ano de 2017. Acerca dessa questão, cumpre mencionar que, conforme
atestam a Nota Técnica nº 201/2016-DOC/SPE-MME, do Departamento de Outorgas de Concessões,
Permissões e Autorizações da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético e a Nota n°
00149/2016/CONJURMME/CGU/AGU da Consultoria Jurídica deste Ministério, tais UHE não
apresentam óbice para licitação. Ressalta-se, ainda, que a reunião do CPPI de 13 de setembro de 2016,
que contou com a participação do Exmo. Sr. Ministro de Estado de Minas e Energia, avaliou e
deliberou pela conveniência e oportunidade de inclusão dessas usinas no PPI e, por tal razão, não é
matéria desta Nota Técnica.”
63. A qualificação dos empreendimentos como prioridade nacional foi concretizada no
Decreto 8.938/2016. A UHE Jaguara não foi contemplada no Decreto porque, à época, havia óbice
jurídico para licitá-la.
64. Ato contínuo, considerando que se tratavam de empreendimentos qualificados como
prioritários, o MME consultou o MF sobre possíveis aperfeiçoamentos no modelo do futuro leilão.
65. Em resposta, o Ministério da Fazenda, por meio da Nota Técnica 34/2016/STN/SEAE/MF-
DF, de 7/12/2016 (peça 8, item não digitalizável, p. 3-4) recomendou que fosse adotado como critério
de julgamento da licitação a maior bonificação pela outorga. Isso porque tal critério tenderia a
aumentar a arrecadação do governo em leilões e auxiliaria a União a enfrentar o cenário fiscal do País.
Relatou assim o cenário fiscal:
79
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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10. Importante ressaltar também que os resultados fiscais do Governo Central têm mostrado
constantes déficits de magnitude significativa. No ano de 2015, o déficit foi de R$ 116,65 bilhões. Em
2016, foi aprovada, pelo Congresso Nacional, revisão da meta anual, prevendo déficit de R$ 170,50
bilhões. Para 2017, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) considerou um déficit de R$ 139 bilhões,
já prevendo uma receita de R$ 10 bilhões relativa à arrecadação de bonificação de outorga. Contudo,
as projeções de crescimento da economia para 2017 têm sido revisadas para baixo (recentemente o
próprio governo reduziu sua projeção, de 1,6% para 1%), o que torna o cenário fiscal de 2017 ainda
mais desafiador. Desse modo, as receitas provenientes do leilão de usinas hidrelétricas que se pretende
realizar em 2017 são de suma importância para o cumprimento da meta fiscal.
11. Portanto, ao observar o atual cenário, considera-se que um leilão que mantenha um patamar
tarifário condizente com o custo marginal de expansão do sistema, tendo como critério de licitação o
maior valor de bonificação de outorga, poderá trazer uma situação mais favorável ao cumprimento da
meta fiscal, proporcionando um cenário de maior credibilidade para o recebimento de investimentos
necessários à retomada econômica brasileira (peça B, p. 4)
66. A referida decisão de adotar a maior bonificação pela outorga como o critério de
julgamento do Leilão 1/2017 foi concretizada por meio da expedição da Portaria MME 133/2017.
67. Do histórico e motivação acima, é fácil perceber que o principal objetivo da escolha do
critério de bonificação foi cumprir a meta fiscal do exercício de 2017.
68. Esse entendimento é reforçado pela Nota Técnica 9/2017-ASSEC (peça 8, item 6 não
digitalizável, p.2), a qual justificou proposta de parâmetros técnicos e econômicos ao CNPE
(Resolução CNPE 12/2017) com base na importância de que o ingresso das receitas de bonificação
pela outorga no leilão ocorresse até o dia 10 de novembro de 2017:
4.5. De acordo com o cronograma de eventos previsto pela ANEEL, faz-se necessário publicar,
antes da abertura pela Agência de Audiência Pública relativa ao Edital, a Resolução do CNPE que
estabelece os parâmetros técnicos e econômicos do certame, conforme disposto no art. 2º, inciso XII, e
no art. 2ºA, ambos da Lei nº 9.478, de 1997, considerando o objeto do Leilão. Com este objetivo, as
áreas técnicas do Ministério de Minas e Energia, do Ministério da Fazenda e da ANEEL interagiram
para estabelecer as premissas a serem utilizadas na modelagem do leilão, ultimando,
consequentemente, na definição dos parâmetros técnicos e econômicos em tela.
4.6. Importa ressaltar, nesse sentido, reunião realizada em 27 de março de 2017, nas
dependências do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, com presença do Sr.
Ministro de Estado daquela pasta e do Sr. Secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia, bem
como de servidores das pastas afetas, em especial do Ministério da Fazenda. Conforme informado pelo
Sr. Secretário de Desenvolvimento e Infraestrutura, por questões orçamentárias, é importante o
ingresso da receita advinda da bonificação pela outorga das concessões em tela até 10 de novembro de
2017. A partir dessa premissa, a ANEEL elaborou cronograma de eventos que prevê a assinatura do
contrato de concessão pelos vencedores do certame em 10 de novembro de 2017, visto que o
pagamento da bonificação pela outorga dar-se-á no ato de assinatura do contrato.
69. Entendido o contexto de escolha pelo critério de maior Bonificação pela Outorga, retoma-
se que, por ocasião dos exames do último leilão de usinas hidrelétricas não prorrogadas (Leilão Aneel
12/2015), no relatório que suportou o Acórdão 2.526/2015-TCU-Plenário, o Ministro Relator José
Múcio já havia ressaltado o seguinte:
87. (...) a inclusão de pagamento de Bonificação pela Outorga implicou o acréscimo de R$
2.311.039.407,56/ano, a título de RBO, de ônus para o consumidor do mercado cativo, sem nenhuma
garantia de que esses recursos voltarão para o setor elétrico, sequer para o pagamento das indenizações
ainda pendentes sobre ativos não amortizados.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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88. Em outras palavras, trata-se, na prática, de empréstimo ao Tesouro Nacional a ser pago pelos
consumidores de energia elétrica ao longo de trinta anos, ao custo real de 9,04% ao ano, caso não haja
deságio no leilão.
70. A referida situação torna a se repetir no presente leilão.
71. Neste Leilão 1/2017, o pagamento de bonificação pela outorga a título de RBO implica um
acréscimo de R$ 1.342.030.616,50 ao ano, de ônus ao consumidor do mercado cativo, que persistirá
pelos próximos trinta anos. Frise-se que não há, tal como não houve no Leilão 12/2015, qualquer
garantia de que tal recurso financeiro retorne ao setor elétrico, sequer para custear os cerca de R$ 1,05
bilhão (a preços de maio de 2017) já estimados pela Aneel referente a uma das duas modalidades de
indenizações que ainda terão de ser feitas ao antigo titular da concessão dessas usinas, em razão de
saldo de ativos não amortizados das usinas ora leiloadas.
72. Somando-se a previsão de pagamentos de RBO do Leilão anterior com os previstos para
este leilão, constata-se que o consumidor de energia elétrica do mercado cativo terá de arcar com cerca
de R$ 3,65 bilhões por ano, durante 28 anos, ou seja, até o ano de 2045. Depois desse período, o valor
anual cai para 1,34 bilhão, mas persiste por dois anos, até 2047. Ressalta-se, pois, tratar-se de valores
expressivos.
73. Similarmente ao que se deu no último leilão, a modelagem do Leilão 1/2017 constitui, na
prática, empréstimo ao Tesouro Nacional custeado pelo consumidor de energia elétrica do mercado
cativo, pago durante trinta anos. Dessa vez, à taxa de 8,08% ao ano.
74. A fim de que não pairem dúvidas sobre o tema, ressalta-se, desde logo, que o governo
federal tem ampla discricionariedade para escolher qual dos critérios de julgamento de licitação
previstos na Lei 12.783/2013 adotará em seus leilões. A possibilidade é clara, conforme a dicção do
art. 8º, §§ 6º e 7º da referida lei.
75. Alerta-se, contudo, que a opção escolhida e, naturalmente, os parâmetros técnicos e
econômicos de leilão que resultem dessa escolha, devem ser tais que busquem a melhor solução
possível, satisfatória e conveniente ao poder público. Trata-se de característica típica dos atos
administrativos discricionários amplamente consolidada pela doutrina e pela jurisprudência.
76. É nesse ponto que se chama a atenção para o fato de que o processo de escolha do critério
de julgamento da licitação não foi acompanhado de uma avaliação de impacto de médio e longo prazos
no setor elétrico e no cenário fiscal.
77. A importância desse tipo de avaliação ganha relevo ao se considerar que a modelagem do
Leilão 1/2017 surtirá seus efeitos ao menos até o ano de 2047, período este sobejamente superior ao
que foi adotado como determinante da decisão de governo, no caso, o exercício de 2017.
78. A falta dessa avaliação impede que seja apurado se realmente vale a pena, dentre outras
consequências da decisão, prejudicar a modicidade tarifária prescrita no art. 6º, §1º da Lei de
Concessões (Lei 8.987/1995) em R$ 1,34 bi/ano, pelo longo período de trinta anos, tal como proposto,
em nome da meta fiscal de apenas um exercício fiscal. Em consequência, tem-se uma decisão que
também não leva em conta o fato de que outras políticas e decisões recentes de governo já custarão,
pelo menos, em valores reais, R$ 108,8 bilhões ao consumidor de energia elétrica, conforme mostrado
na Tabela 6.
Tabela 6: Impacto negativos recentes à modicidade tarifária (2015 em diante)
Evento Agente
impactado
Impacto
Valor1 Período
referência
Indenização de ativos de
transmissão anteriores a 20002
Consumidor
cativo/livre
R$ 62,2
bi
8 anos: 2017 –
2025
Transferência do risco
hidrológico ao consumidor (MP
Consumidor
cativo
R$ 18,5
bi
2 anos e 3
meses:
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579/2012)3 jan 2015 – mar
2017
Bônus de Outorga Leilão Aneel
12/20154
Consumidor
cativo
R$ 17,0
bi
30 anos: 2016 –
2045
Bônus de Outorga Leilão Aneel
1/20175
Consumidor
cativo
R$ 11,05
bi
30 anos: 2018 –
2047
Total R$ 108,8
bi
Fonte: Elaboração própria. Leilões Aneel 12/2015 e Leilão 1/2017. Voto Diretor Aneel AP
28/2016 (peça 22). Site CCEE.
Notas: 1. Dados em valores reais. 2. Incluídas atualizações e remunerações. 3. Não inclui a
projeção de gasto para períodos posteriores a mar/2017. 4. RBO de R$ 2,31 bi/ano, por 30 anos, em
valor real. 5. RBO de R$ 1,34 bi/ano, por 30 anos, em valor real.
79. Na prática, o valor é ainda maior do que a estimativa dos R$ 108,8 bilhões (em valores
reais) porque o custo do risco hidrológico de R$ 18,5 bilhão considerado na Tabela 6 se refere ao
montante já foi apurado para o período entre 2015 e março de 2017 (último dado disponibilizado pela
CCEE). A estimativa não contempla o montante que será gasto nos próximos anos, lembrando que a
transferência ao consumidor do risco hidrológico que antes estava com o concessionário gerador trata
de uma política sem previsão de término. A estimativa também não inclui, em razão de ainda não
terem sido calculados pela Aneel, os valores de indenização que terão de ser pagos por investimentos
não depreciados e que não estavam previstos nos projetos básicos de pelos menos 34 usinas geradoras,
e que foram objeto de novas concessões (Leilões 1/2014, 2/2015 e 1/2017), conforme mencionado em
seção específica deste relatório.
80. Sobre o papel ocupado pela modicidade tarifária nos processos de concessão de serviço
público, o Exmº Sr. Ministro José Múcio, no voto condutor do Acórdão 2.526/2015-TCU-Plenário (TC
023.134/2015-1), que avaliou o primeiro estágio de fiscalização do último leilão de concessão de
usinas de geração elétrica não prorrogadas com base na Lei 12,783/2013 (Leilão 12/2015), destaca
que:
Não obstante, o papel do Tribunal em todo este processo (...) está sendo crucial para que a
modelagem final das concessões não se desvirtue da busca pela melhor proposta para a Administração,
que deve ser entendida como dois vetores: o valor que se espera arrecadar com as concessões,
estimado em R$ 17 bilhões, e a modicidade tarifária.
81. O Exmº Sr. Ministro Raimundo Carreiro, ao proferir o voto condutor do Acórdão 976/2008
– TCU – Plenário (TC 007.893/2006-4), por meio do qual o TCU avaliou os quatro estágios de
fiscalização da concessão de linhas de transmissão de energia elétrica, consigna que:
Como já foi dito [...], a RAP [Receita Anual Permitida], por ser parcela da tarifa de energia
elétrica paga pelos consumidores, há de ser equilibrada. De um lado, não pode ser excessivamente
baixa, a ponto de frustrar o Leilão por falta de interessados - o que colocaria em risco o fornecimento
de energia no país - já que a RAP ofertada pelos licitantes não pode ser maior do que a RAP definida
pela Agência. De outro lado, não pode ser excessivamente alta a ponto de comprometer a modicidade
tarifária, o que geraria impactos negativos no custo de vida da população e na competitividade dos
produtos nacionais.
82. Outro motivo que corrobora com a conclusão da necessidade de avaliação de impacto de
médio e longo prazos no setor elétrico e no cenário fiscal é o fato de que, conforme registrado na Nota
Técnica 34/2016/STN/SEAE/MF-DF do Ministério da Fazenda (peça 8, item não digitalizável, p. 3-4),
o modelo de leilão derivou de uma opção de alocar ao contribuinte, em detrimento do consumidor de
energia elétrica, a denominada “renda hidráulica” das quatro UHEs a serem licitadas. Entende-se que
tal raciocínio deve ser levado na devida conta.
82
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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83. Impende relembrar, para tanto, que a renda hidráulica corresponde à renda extraordinária
decorrente da diferença entre os custos de geração das usinas já amortizadas e depreciadas
(basicamente GAGs e encargos) e o preço de equilíbrio de mercado. Na visão do Ministério da
Fazenda, o preço de equilíbrio do mercado seria aquele condizente com o custo marginal da expansão
do sistema elétrico.
84. O método para estimativa da bonificação pela outorga deste leilão baseia-se em um fluxo
de receitas que considera, além de 30% da energia a livre dispor do empreendedor (adotado como
referência a possibilidade de comercialização no mercado livre), 70% da energia comercializada com
consumidores cativos tendo por referência o preço de energia nova (o qual inclui, por definição todo o
custo advindo da construção de uma nova usina). Com isso, o preço de referência sinaliza ao
consumidor cativo o preço equivalente a realização de novos investimentos para implantação da
infraestrutura de geração.
85. Nessa linha, a valoração das receitas esperadas com o mercado regulado (ACR) levou em
conta o preço médio de energia de contratos com duração de trinta anos que, realizados alguns ajustes
metodológicos, resultou no valor de R$ 137,60/MWh:
III.2 Energia Alocada no ACR – Cotas
13. Para a valoração da receita a ser obtida com a venda dessa parcela de energia, utilizou-se a
tarifa de referência sugerida pela Aneel e encaminhada ao MF através do Ofício SE-MME nº 42, cujo
valor baseia-se no preço médio da energia hidrelétrica vendida no mercado regulado. Para obtenção
deste preço de referência, a Aneel calculou a média ponderada dos preços de todos os Contratos de
Comercialização de Energia no Ambiente Regulado (CCEARs) de energia nova de usinas hidrelétricas
vigentes em novembro de 2016, a qual resultou no valor de R$ 143,41/MWh.
14. Sobre este valor, no entanto, a Aneel entende necessário subtrair o risco hidrológico –
estimado pela Agência em R$ 11,23/MWh para 2017 – uma vez que no ambiente de CCEAR o risco
hidrológico é assumido pelo gerador, enquanto sob o regime de cotas, presente caso, este é assumido
pelo consumidor.
15. Ainda, como a modelagem financeira das concessões considera o fluxo de caixa em valore
reais de 2018 e a tarifa de referência da Aneel tem como base valores de final de 2016, entendemos
necessário também atualizar monetariamente a tarifa sugerida pela Aneel pela inflação esperada para
2017.
16. Desse modo, a tarifa de referência proposta pela Aneel, após os ajustes descritos nos
parágrafos 14 e 15, quais sejam, subtração do risco hidrológico e atualização monetária pelo IPCA
esperado de 2017, resulta no valor R$ 137,60/MWh, sendo que esse valor já inclui o pagamento de
PIS/COFINS.
86. Entendido o método de precificação, resgata-se que o preço da energia comercializada em
cotas nas UHEs prorrogadas nos moldes da MP 579/2012, que leva em conta que os ativos das usinas
estão totalmente amortizados e depreciados, está na ordem de R$ 60,00/MWh, conforme
esclarecimento prestado em reunião entre esta Unidade Técnica e os gestores do MME, Aneel, MF e
MP (peça 13).
87. Ao se utilizar a referida tarifa do ACR de R$ 60,00 na planilha de fluxo de caixa do Leilão
1/2017, ao invés dos R$ 137,60/MWh fixados como um sinal de preço neste leilão, constatou-se que o
valor do bônus pela outorga que zera o Valor Presente Líquido (VPL) alcança o montante de R$ 4,52
bilhões. Esse seria, portanto, o valor associado à renda hidráulica. A diferença entre esses R$ 4,52
bilhões e os R$ 11,06 bilhões previstos no Ato Justificatório, isto é, algo como R$ 6,5 bilhões estão
associados a uma renda financeira.
88. A depender do agente, nos moldes propostos, a renda financeira tem diferentes
perspectivas: para a União, possibilitará a formação de caixa para fazer frente ao déficit fiscal; para o
empreendedor vencedor no leilão, assemelha-se a uma aplicação em renda fixa, pois terá investido um
83
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
valor inicial (o bônus pela outorga) em troca de uma rentabilidade expressa pelo custo de capital do
negócio que, por conceito, já se encontra livre de riscos; para o consumidor, se constituirá em uma
dívida a ser paga nos próximos 30 anos.
89. Reconhece-se que a estratégia de sinal de preços materializada neste leilão, com a adoção
de um preço de energia nova, ao invés do preço de energia para usina existente (o qual é muito mais
baixo), encerra um debate importante, tendo em vista que o Brasil ainda necessita expandir seu parque
de geração. No entanto, e para esse ponto chama-se novamente a atenção, fato é que esse sinal de
preço, do qual decorre uma tarifa mais elevada, em nada tem relação com a expansão do parque de
geração de energia elétrica, pois não há sequer previsão de que a parcela da bonificação que extrapola
a renda hidráulica stricto sensu (algo como R$ 6,5 bilhões), seja utilizada no setor elétrico.
90. Do ponto de vista da sustentabilidade do setor, o sinal de preço dissociado da perspectiva
de investimentos no setor elétrico pouco se diferencia do contexto do passado vivenciado no Brasil em
que tarifas administradas (subestimadas) afastaram investimentos, tendo como uma das consequências
mais difundidas o apagão e o racionamento de energia elétrica de 2001.
91. Considerando o exposto, em particular o fato de que:
a) ainda existem concessões de usinas de geração não prorrogadas com base na Lei 12.783/2013;
b) a probabilidade de nova sequência de leilões de concessão de usinas de geração existentes e
operantes, como decorrência da denominada proposta de “descotização e privatização” externada pelo
governo junto à Consulta Pública MME 33/2017, publicada em 5/7/2017, que trata de alterações do
marco legal do setor elétrico (peça 23);
c) com a eventual realização deste Leilão 1/2017, o critério de maior bonificação pela outorga já
terá sido adotado, em dois leilões sucessivos de concessões de UHEs existentes;
d) os consumidores de energia elétrica já terão de arcar com o custo de, pelo menos, cerca de R$
97,8 bilhões nos próximos anos em decorrência de outras políticas e decisões governamentais, mais os
R$ 11,05 bilhões previstos neste Leilão 1/2017 como Bonificação pela Outorga; e
e) nesse cenário, o uso crescente de modelos de leilão focados no aumento da arrecadação
governamental, custeado pelo consumidor de energia elétrica, eleva o risco de afronta à modicidade
tarifária prescrita no §1º do art. 6º da Lei 8.987/1995 (Lei de Concessões),
propõe-se determinar que, para os próximos leilões de concessão de UHEs existentes e em
operação, a modelagem do leilão seja precedida das seguintes avaliações:
a) avaliação dos impactos de médio e longo prazos para o consumidor de energia elétrica e para a
sustentabilidade do setor elétrico para os diferentes cenários de critério de julgamento da licitação
previstos em lei e seus respectivos parâmetros técnicos e econômicos de leilão;
b) avaliação de custo-benefício de outras possibilidades de financiamento do Tesouro Nacional,
na hipótese de uso do critério de bonificação pela outorga;
c) avaliação contendo o efeito agregado do impacto financeiro para consumidores advindo do
critério de julgamento escolhido para o leilão combinado com o de outras decisões e políticas setoriais.
92. Quanto à forma de pagamento dos valores de bonificação pela outorga, relembre-se que o
Leilão adotou o pagamento à vista, no ato de assinatura do contrato.
93. Ressalta-se que não foi possível concluir, com base na documentação encaminhada a esta
Corte de Contas, em que medida tal forma de pagamento, combinada com a exigência de altos valores
mínimos de bonificação (Lote A, no valor mínimo de R$ 6,75 bilhões, e Lote B, no valor mínimo de
R$ 4,32 bilhões) pode efetivamente reduzir a competitividade no leilão, devido a eventual escassez de
agentes com capacidade econômica para pagar a bonificação pela outorga nessas condições,
considerando a atual crise econômica brasileira.
94. Na Audiência Pública Aneel 26/2017, consta, no entanto, contribuição de instituição
bancária (o Banco Santander) que sugere, inclusive, adiar em 30 dias a data para a realização do
pagamento, com vistas a aumentar a competição e mitigar o forte obstáculo à captação de recursos
84
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
com terceiros causado pela opção do pagamento à vista, no ato da assinatura do contrato de concessão
(peça 24):
Compreendemos que a definição do pagamento no mesmo ato da assinatura do CONTRATO DE
CONCESSÃO foi realizada pelo próprio Conselho Nacional de Política Energética – CNPE e este
tema não compete apenas a ANEEL.
Todavia, em prol do sucesso do certame através do aumento da competição e busca pela
modicidade tarifária, cabe destacar que tal definição cria um forte obstáculo para captação de recursos
de terceiros através de instituições financeiras e/ou mercado de capitais, local ou internacional, para
complementar o financiamento do pagamento da BONIFICAÇÃO PELA OUTORGA além dos
recursos próprios da PROPONENTE, consequentemente diminuindo o universo de eventuais
PROPONENTES que dispõem de recursos próprios suficientes para tal pagamento.
Para oferecer um financiamento, credores (instituições financeiras e/ou mercado de capitais)
exigem garantias para mitigar o risco de crédito e aumentar a probabilidade de recuperação dos
recursos emprestados em caso de inadimplemento por parte do tomador. No caso do financiamento da
BONIFICAÇÃO PELA OUTORGA, os únicos ativos ou bens que uma eventual PROPONENTE pode
oferecer aos credores são os direitos emergentes da concessão e os direitos creditórios oriundos da
alocação de COTAS de garantia física a DISTRIBUIDORAS, que representam a expectativa de
recebimento no futuro de receitas necessárias para operação dos ativos concedidos.
Caso o pagamento da BONIFICAÇÃO PELA OUTORGA seja exigido no mesmo ato de
assinatura do CONTRATO DE CONCESSÃO, conforme atualmente contemplado pelo EDITAL,
juridicamente não será possível realizar a constituição de tais garantias pelos eventuais credores antes
deste ato, de forma a viabilizar recursos para o pagamento, pois os referidos direitos emergentes
/creditórios ainda não existirão.
A sugestão realizada [pagamento 30 dias após a assinatura do contrato] busca criar um horizonte
temporal mínimo para que a documentação das garantias a serem constituídas possa ser celebrada e
devidamente aperfeiçoada nos termos legais, incluindo registro nos cartórios competentes, e desta
maneira viabilizar o desembolso de recursos de eventuais credores para viabilizar o pagamento da
BONIFICAÇÃO PELA OUTORGA pela PROPONENTE.
95. Esta Unidade Técnica questionou o fato em diligência ao MME (peça 4, p. 2) e o assunto
foi novamente tratado em reunião com equipe técnica e gestores do MME, MF, Aneel e MP (peça 13).
96. A visão externada pelo MF, acostada à peça 21, foi no sentido de que o pagamento à vista
no ato da assinatura do contrato de concessão contribui para a seleção de agentes mais qualificados e
minimiza o risco de inadimplemento do novo concessionário, conferindo maior previsibilidade às
receitas da União. Além disso, entende que a opção escolhida elevaria o incentivo à permanência do
concessionário, seu comprometimento com a boa operação do ativo e contribuiria para a garantia da
estabilidade no suprimento de energia elétrica ao SIN. Por fim, ressaltou que o pagamento integral à
vista, quando comparado à forma de pagamento fixada no Leilão de 2015 (65% do valor à vista e 35%
após 180 dias), não impactaria de maneira relevante a atratividade do certame.
97. Questionados ainda se havia algum levantamento sobre a quantidade de potenciais
interessados no leilão nessas condições ou se o governo já havia sido realizado roadshow do leilão,
ambas as respostas foram negativas. Apesar disso, foi informada a expectativa de realização de
roadshow após a publicação do edital de licitação.
98. Impende frisar que, além dos motivos expostos pelo MF, a definição sobre a forma de
pagamento à vista no ato de assinatura do contrato de concessão, conforme já mencionado
anteriormente, levou em conta ainda a premissa de que o ingresso da receita advinda do pagamento de
bonificação pela outorga ocorresse até 10/11/2017, como meio de cumprir a meta fiscal do exercício
de 2017.
85
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
99. Chama-se a atenção, no entanto, que a adoção de forma de pagamento com parcelas mais
espaçadas pode contribuir para o aumento da competitividade do leilão, do qual podem resultar valores
de ágio na bonificação pela outorga, o que poderia favorecer, inclusive, o intento governamental de
que o Leilão 1/2017 ajudasse na performance de arrecadação federal.
100. De toda forma, quanto a este ponto, propõe-se recomendar que o poder concedente, após
a análise das contribuições recebidas na AP Aneel 26/2017, bem como das novas considerações a
serem recebidas em seu roadshow, programado para depois da publicação do edital de licitação,
reavalie se persiste, em sua visão, a conveniência de manter o pagamento à vista do valor de
bonificação pela outorga, no ato de assinatura do contrato de concessão, dado o risco de diminuição da
quantidade de ofertantes em leilão.
I.1.2. Do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC)
101. A taxa de desconto do fluxo de caixa do projeto foi definida pelo método Weighted
Average Cost of Capital (WACC), conforme Nota Técnica 10/2017/STN/SEAE/MF-DF (peça 8, pp.
55-64). A taxa é calculada com base na ponderação dos custos de capital próprio e de terceiros na
proporção de sua participação no capital do empreendimento.
102. A Nota Técnica descreve a equação utilizada para determinação do modelo; as premissas e
parâmetros adotados na obtenção da estrutura de capital; a obtenção do custo do capital próprio, com
base na metodologia CAPM; e a obtenção do custo de capital de terceiros, a partir da Taxa Preferencial
Brasileira (TPB) e da taxa média de debêntures emitidas por empresas do setor elétrico brasileiro
negociadas no mercado secundário.
103. O valor obtido no cálculo foi um custo de capital de 8,08%, a.a., deduzidos os tributos. O
valor é menor do que a taxa de 9,04% estabelecida para o último leilão de UHEs não prorrogadas,
realizado em 2015 (Leilão 12/2015, TC 023.134/2015-1).
104. O MME, na qualidade de Poder Concedente das concessões ora em análise, considerou que
os cálculos formulados pelo Ministério da Fazenda para este leilão indicam uma percepção de melhora
no cenário econômico brasileiro e, em consequência dos custos financeiros (peça 8, item 6 não
digitalizável, p. 9).
105. Constatou-se inconsistências na apuração do custo de capital do presente leilão, com
impacto provável relevante em sua estruturação econômico-financeira e em seus resultados.
106. A primeira inconsistência se deve ao fato que de o conjunto de premissas e de parâmetros
adotados no cálculo do WACC não distingue, em nenhum momento, se o negócio modelado (a
concessão do serviço público de geração de energia elétrica) envolve usinas existentes, operantes e
amortizadas ou usinas a serem construídas. Consiste, na prática, modelagem aplicável tanto para um
tipo de negócio, quanto para o outro, resultando dele um valor de WACC idêntico, o que não faz
sentido.
107. Afinal, no caso de usinas existentes, operantes e amortizadas não estão presentes alguns
riscos tipicamente encontrados na implantação de novas usinas.
108. Em usinas existentes, operantes e amortizadas não há risco de construção (riscos
associados ao projeto da usina, à sua execução, ao atraso de fornecedores ou de elevação de custos de
produtos e de mão-de-obra, por exemplo). Também é praticamente nulo o risco ambiental, já que, em
se tratando de usinas que já estão operando há muito tempo, resta apenas renovações de licenças
ambientais de operação.
109. Por outro lado, o vasto histórico de fiscalizações desta Corte de Contas demonstra que, nos
casos de implantação de novas usinas hidrelétricas, os riscos de construção e ambiental têm-se
concretizado na prática, são frequentes e de alto impacto. A título de exemplo, relembra-se os
recorrentes casos de dificuldade de instalação da usina próximas a reservas indígenas e a outras
comunidades tradicionais que acabam prolongando a data de entrada em operação da usina e
postergando o recebimento da receita esperada pelo empreendedor.
86
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
110. Uma segunda inconsistência diz respeito ao fato de que, em outro aspecto da estruturação
geral do leilão, o modelo considerou que as condições de financiamento dos potenciais interessados
seriam substancialmente favoráveis neste Leilão 1/2017, em comparação com outros leilões de
concessões, justamente por envolverem usinas existentes, operantes e amortizadas. O entendimento
consta do esclarecimento do Ministério da Fazenda acessível à peça 21, p. 4:
3. Em relação à capacidade de financiamento dos potenciais interessados no certame para fins de
pagamento da BO, entendemos que as condições são substancialmente mais favoráveis nesse caso,
quando comparado com outros leilões de concessões. Isso porque trata-se de um ativo já existente,
operante e amortizado, cuja concessão não contempla:
- risco de demanda (à exceção da parcela da energia destinada ao mercado livre, equivalente a
30% do total);
- risco de construção;
- risco ambiental;
- risco de sobrepreço na construção;
- risco hidrológico (à exceção da parcela da energia destinada ao mercado livre, equivalente a
30% do total).
4. Assim, verifica-se que o projeto em questão se assemelha a um investimento de renda fixa, no
qual há um aporte de recursos inicial e um retorno com baixo risco de frustração. Tal característica
representa condições vantajosas para a obtenção de financiamento dos interessados junto ao mercado
de crédito, fato que tende a favorecer a competição no certame.
111. Ocorre que, nessa linha de raciocínio, em que o objeto do Leilão 1/2017 está livre de vários
riscos relevantes, não caberia uma precificação do custo de capital que despreza essa condição, razão
pela qual propugna-se o seu aperfeiçoamento. Tal proposta de aperfeiçoamento ampara-se no princípio
de que, quanto menor o risco associado ao negócio leiloado, menor deve ser a respectiva remuneração
ao investidor.
112. Ressalta-se, por ser oportuno, que, tendo em vista a teoria sob o qual se sustenta a
metodologia do WACC, o cálculo do custo de capital é dependente da disponibilidade de dados e de
séries históricas adotados como dados de entrada do modelo. Além disso, reconhece-se que a busca
por uma maior especificidade de um modelo traz consigo uma nova configuração de variáveis, de
parâmetros e de proxys, com dados de entrada a serem coletados e simulados, o que pode consumir
algum tempo.
113. Dessa forma, propõe-se determinar que o Poder Concedente se abstenha de utilizar em
próximas licitações de concessão de usinas hidrelétricas existentes e em operação método de custo de
capital que desconsidere o fato de que, nesse tipo de negócio, em oposição a negócios que preveem a
construção de usinas, estão ausentes riscos relevantes, tais como riscos de construção e risco
ambiental, o que tende a produzir valores de custo de capital distintos para os dois tipos de negócio
mencionados.
I.1.2. Da participação social no modelo de leilão
114. Por meio da Audiência Pública-Aneel 26/2017, realizada exclusivamente por meio de
intercâmbio documental, a Aneel submeteu minuta de Edital de Licitação e seus anexos aos
comentários dos agentes do setor elétrico, consumidores e demais interessados da sociedade, visando a
coleta de subsídios e aperfeiçoamentos (peça 6).
115. Conforme mencionado na introdução deste relatório, tais documentos ficaram disponíveis
no site da Agência e o período de contribuições foi de 19/5/2017 a 18/6/2017, ou seja, por um prazo de
trinta dias.
116. Até o encerramento deste relatório de fiscalização, a Aneel não havia divulgado o relatório
de análise das contribuições apresentadas no âmbito da Audiência Pública 26/2017.
87
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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117. Segundo informação no Ato Justificatório do Leilão, também foi disponibilizado no âmbito
da Audiência Pública, ainda em curso, um extenso rol de informações de cada Usina, organizados na
forma de um e-Data-Room, por Lote, como subsídio à participação de interessados no leilão (peça 1, p.
7).
118. Por fim, aquele mesmo ato informa que seria assegurada a possibilidade de visitas técnicas
às usinas hidrelétricas integrantes de seu objeto, nos termos de Despacho a ser publicado pela Aneel,
por meio do qual divulgar-se-ão a disponibilidade de datas, a duração e as condições da visita técnica
às instalações das centrais geradoras (peça 1, p.7).
119. A estimativa da Aneel constante do Ato Justificatório era publicar o edital da referida
licitação, na modalidade leilão, no dia 25/07/2017, após o processamento das contribuições recebidas
na referida Audiência Pública (peça 1, p. 1).
120. Ressalta-se que a AP Aneel 26/2017 se resumiu a colher sugestões de aperfeiçoamentos
nas minutas de edital e do contrato de concessão. Ficaram de fora do debate com a sociedade e com
agentes do setor elétrico aspectos importantes da proposta de nova concessão de UHE, tais como: o
critério de julgamento da licitação, os valores mínimos de bonificação pela outorga, a forma de
pagamento da bonificação pelo vencedor e o percentual de garantia física das usinas a ser destinado ao
ACR. Todos esses elementos já haviam sido previamente definidos em Resolução CNPE 12/2017, em
12/5/2017, sem submissão prévia a consulta pública ou a audiência pública.
121. Constatou-se que essa ausência de debate fragilizou os ganhos de aperfeiçoamento que a
Administração Pública objetivou auferir por meio da AP 26/2017, visto que seu escopo foi reduzido
sensivelmente em termos de relevância e de abrangência do objeto submetido ao escrutínio público.
Isso porque, aspectos essenciais à modelagem econômico-financeira do leilão, os quais inclusive
determinam qual será o conteúdo das minutas de edital e de contrato, já estavam fixados.
122. Questiona-se, inclusive, qual seria o grau de liberdade que a Aneel teria para acolher
contribuições que sugerissem modificar pontos estabelecidos em Resolução do CNPE, dada a
repartição de atribuições e competências no procedimento licitatório que foi adotada pela Lei
12.783/2013.
123. Impende ressaltar também que, assim agindo, deixou-se de atender o art. 14 da Resolução
PPI 1/2016, o qual prevê que os EVTEA de empreendimentos incluídos no PPI serão submetidos a
consultas públicas antes de seu encaminhamento ao TCU, independentemente de ter sido realizada
audiência pública das minutas de edital de licitação e do contrato:
Art. 14. Os Estudos de Viabilidade Técnica, Econômico-Financeira e Ambiental - EVTEA e a
documentação jurídica relacionada ao empreendimento serão submetidos ao Conselho do PPI somente
quando se mostrarem suficientemente consistentes e robustos.
§ 1º Os EVTEA serão construídos com base em premissas claras, objetivas e suficientemente
adequadas para garantir a robustez e a consistência dos modelos, além de considerar a complexidade e
as particularidades de cada projeto.
§ 2º Os EVTEA serão submetidos a consultas públicas antes de seu encaminhamento ao Tribunal
de Contas da União.
124. Relembre-se, nesse contexto, que a previsão de se submeter os EVTEA à consulta pública
amolda-se precisamente com a necessidade apontada pelo próprio governo federal junto aos
“considerandos” da Resolução PPI 1/2016 os quais lhe servem como fundamentação conforme art. 50,
§3º, da Lei 9.784/1999, qual seja, a necessidade de se aprimorar os estudos de modelagem econômico-
financeira no processo de contratação de empreendimentos.
125. Além disso, verificou-se que a AP 26/2017 previu um prazo de 30 dias para o recebimento
de sugestões dos potenciais interessados, ou seja, um prazo inferior aos 45 dias fixados como
referência para audiências públicas que subsidiem processos licitatórios para a contratação de
88
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
empreendimentos incluídos no PPI, conforme disposição do parágrafo único do art. 15 da Resolução
PPI 1/2016:
Art. 15. As minutas do edital e do contrato e os seus anexos, referentes a cada empreendimento,
serão submetidos a consulta pública pelo órgão ou pela entidade competente.
Parágrafo único. A consulta pública será divulgada na imprensa oficial e na internet, com a
identificação do objeto, a motivação para a prorrogação, as condições propostas, entre outras
informações relevantes, fixando-se, exceto se houver disposição em sentido contrário, o prazo mínimo
de quarenta e cinco dias para o recebimento de sugestões dos potenciais interessados.
126. Destaca-se que, muito embora os ritos e as orientações estabelecidas na referida Resolução
PPI 1/2016 não sejam vinculantes, conforme estabelecido em seu art. 2º, fato é que, também como
decorrência desse dispositivo normativo, esses devem ser compreendidos como a regra geral a ser
observada nas concessões de empreendimentos qualificados como de prioridade nacional:
Art. 1º Esta Resolução estabelece diretrizes gerais e estratégicas a serem adotadas pelos órgãos e
entidades da administração pública federal no processo de contratação de empreendimentos públicos
de infraestrutura do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República - PPI.
Parágrafo único. Para fins desta Resolução, considera-se processo de contratação as etapas de
planejamento, licitação, celebração e acompanhamento dos empreendimentos a que ela se refere.
Art. 2º No processo de contratação dos empreendimentos públicos de infraestrutura de que trata
o art. 1º, as autoridades competentes deverão observar, sempre que possível e desde que não haja
norma específica que disponha em sentido contrário, os ritos e as orientações estabelecidos nesta
Resolução, com vistas a homogeneizar os procedimentos básicos, as regras gerais e as diretrizes
comuns aplicáveis aos projetos e setores envolvidos.
127. Dessa forma, propõe-se recomendar que o CNPE, em prol do aprimoramento dos estudos
de modelagem econômico-financeira do processo de contratação de empreendimentos hidrelétricos
incluídos no PPI e da efetividade do debate público em leilões de concessão de energia elétrica,
realize, nos próximos leilões, consulta pública sobre os EVTEA dos empreendimentos e/ou dos
parâmetros técnicos e econômicos norteadores do leilão, em acréscimo ao debate sobre as respectivas
minutas de edital de licitação e de contrato de concessão, de conformidade com o disposto nos arts. 14
e 15 da Resolução PPI 1/2016.
I.1.2. Da indenização de investimentos realizados após o projeto básico
128. De acordo com o art. 8º da Lei nº 12.783/2013, o presente certame pode ser realizado sem
a reversão prévia dos bens vinculados à atual concessão, cabendo a indenização ao atual
concessionário referentemente aos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados:
Art. 8º. As concessões de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica que não forem
prorrogadas, nos termos desta Lei, serão licitadas, na modalidade leilão ou concorrência, por até 30
(trinta) anos.
§ 1º. A licitação de que trata o caput poderá ser realizada sem a reversão prévia dos bens
vinculados à prestação do serviço.
(...)
§ 2º. O cálculo do valor da indenização correspondente às parcelas dos investimentos vinculados
a bens reversíveis, ainda não amortizados ou não depreciados, utilizará como base a metodologia de
valor novo de reposição, conforme critérios estabelecidos em regulamento do poder concedente.
129. Ainda que a realização do presente Leilão 1/2017 não dependa diretamente da indenização
do atual concessionário, entende-se oportuno abordar o tema nesse primeiro estágio de fiscalização
pelas razões que se passa a expor.
130. Em linha com o referido art. 8º da Lei 12.783/2013, o Poder Concedente, mediante
cálculos da EPE, obteve os seguintes valores de indenização reproduzidos na Tabela 7:
Tabela 7: Valores de indenização das Usinas Hidrelétricas
89
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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Usina Valor (R$)
Base de
referênc
ia de
preços
Total
não
deprecia
do
Indenizaçã
o (R$)
Valor
atualizado
pelo IPCA
(R$)1
São Simão 5.809.755.84
0,00 dez/2015 4,19
243.598.750
,00
261.409.574
,28
Miranda 1.523.214.04
0,00 dez/2016 51,48
784.151.980
,00
791.703.365
,05
Fonte: Nota Técnica 9/2017-Assec (peça 8, item 6 não digitalizável. p. 10). Notas: 1. Valores
atualizados pelo IPCA, de março de 2017.
131. Considerando os valores atualizados para maio de 2017 (pelo IPCA de abril), o MME
estimou que o valor dos ativos a serem indenizados, nos termos dos arts. 9 e 10 do Decreto
7.805/2012, é de cerca de R$ 1,05 bilhão. Do exame do referido dispositivo, constata-se que a referida
indenização envolve os investimentos que constaram do Projeto Básico dos empreendimentos,
elaborados à época da sua concessão (grifo nosso):
Art. 9º. A indenização do valor dos investimentos dos bens reversíveis ainda não amortizados ou
não depreciados será calculada com base no Valor Novo de Reposição - VNR, e considerará a
depreciação e a amortização acumuladas a partir da data de entrada em operação da instalação, até 31
de dezembro de 2012, em conformidade com os critérios do Manual de Contabilidade do Setor
Elétrico - MCSE.
Parágrafo único. O valor da indenização será atualizado até a data de seu efetivo pagamento à
concessionária.
Art. 10. Os estudos para a definição do VNR dos empreendimentos de geração de energia
elétrica serão realizados pela Empresa de Pesquisa Energética - EPE, a partir das informações do
Projeto Básico do Empreendimento a ser fornecido à ANEEL pela concessionária de geração.
§ 1º. Os custos unitários utilizados nos estudos de que trata o caput serão obtidos a partir de
banco de preços da EPE.
(...)
§ 3º. No projeto básico do empreendimento devem constar os quantitativos de materiais,
equipamentos hidromecânicos e eletromecânicos, e serviços.
132. Contudo, conforme constou do Memorando 43/2017-SGT-SRG-SFF/Aneel, anexo ao
Ofício 46/2017-DR/Aneel, o qual integrou o Ato Justificatório (peça 1, item 8 não digitalizável, p. 8-
9), além dos investimentos supracitados, cabe indenizar também os investimentos descritos no art. 2º
do Decreto 7.850/2013:
Indenizações por investimentos realizados após implantação do projeto básico
22. No tocante às indenizações de que trata o art. 2º do Decreto n° 7.850, de 30 de novembro de
2013 [sic], referentes a investimentos realizados após a implantação dos projetos básicos das usinas
hidrelétricas, esta Agência ainda não dispõe de qualquer estimativa, em razão dos fatores comentados
nos parágrafos seguintes.
23. A Resolução ANEEL n° 596, de 19 de dezembro de 2012, dispõe que para a valoração será
utilizada a mesma base de referência de custos unitários prevista no § 1º do art. 10 do Decreto nº
7.805, de 2012, base essa que está sob gestão da Empresa de Pesquisa Energética – EPE.
24. Ocorre que foi identificado que o referido banco de preços não atende às necessidades de
valoração dos investimentos realizados ao longo da concessão, em especial os associados aos
equipamentos eletromecânicos. A formatação do banco de preços é adequada à valoração de
investimentos referentes à implantação de empreendimentos hidrelétricos (estudos de viabilidade e
projeto básico), mas não modernizações, melhorias, etc., que são basicamente os investimentos
realizados ao longo da concessão.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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25. Nesse sentido, a ANEEL está avaliando outras formas para tratamento desses investimentos.
133. Questionada sobre o tema por esta equipe de auditoria (peça 4, p. 3), a Aneel informou, em
resumo, que ainda está avaliando alternativas de solução e que, qualquer que seja a solução a ser
proposta, será submetida a processo de audiência pública para obtenção de contribuições que possam
aprimorar o resultado final (peça 12, p. 22).
134. Nota-se, pois, que apesar de já ter-se obtido a estimativa de indenização a ser efetuada para
investimentos não depreciados constantes do projeto básico da usina (em torno de R$ 1,05 bilhão, em
maio de 2017), o cálculo da indenização referente aos investimentos realizados após o projeto básico
ainda caracteriza questão em aberto, ainda pendente de providências administrativas e sem data
prevista para conclusão.
135. Sobre o tema, chama-se a atenção para o histórico do processo que envolveu a indenização
de ativos de concessões de transmissão de energia elétrica existentes em 31/5/2000 (os ativos
denominados de RBSE), os quais deveriam ser pagos pela União em decorrência da prorrogação de
suas concessões, conforme estabelecido na MP 579/2012, de 12/9/2012. Naquele caso, havia,
similarmente ao que ocorre com a indenização de concessões de geração, indefinições relevantes, que
comprometiam o avanço do processo de cálculo e de pagamento. Entre essas indefinições, estavam a
identificação dos ativos integrantes da base de remuneração e as condições de pagamento dessas
indenizações. Levou-se mais de três anos e meio entre a data de edição da MP 579/2012 (em
12/9/2012) e a data de expedição da Portaria-MME 120/2016 (em 20/4/2016), até que o Poder
Concedente definisse as condições para a realização do pagamento dessas indenizações. A data de
início do pagamento ficou prevista para o ano seguinte, em 2017.
136. Tais indefinições, associadas ao tempo prolongado de decisão, e a expectativa de valores
bilionários na indenização motivou a interposição de diversas ações administrativas e judiciais por
parte de concessionários de geração, o afastamento de grupos econômicos de vários leilões de
transmissão seguintes, assim como o agravamento da delicada situação econômico-financeira do
Grupo Eletrobras à época (este último tema tratado no TC 030.656/2015-0), aumentando a
instabilidade setorial.
137. Com base no exposto, em particular no histórico recente do processo de indenização de
ativos de transmissão de energia elétrica existentes em 31/5/2000, propõe-se recomendar que a Aneel
dê tratamento célere à busca da solução mais adequada para a valoração das indenizações de que trata
o art. 2º do Decreto 7.850/2012, referentes a investimentos realizados após a implantação dos projetos
básicos das usinas hidrelétricas, de modo a minimizar o risco de judicialização no setor e de eventual
aumento no montante a ser pago em razão de atualizações ou correções monetárias.
I.2. Análise da viabilidade técnica das concessões
138. Inicialmente, ressalta-se que o presente leilão objetiva conceder o direito de operar e
manter usinas hidrelétricas existentes, que já estão em funcionamento.
139. O Ato Justificatório resume as principais características técnicas e operativas dessas usinas,
descrevendo os níveis de reservatório, as vazões, a garantia física, o tipo e a potência das turbinas, a
tensão de fornecimento de energia e a potência dos geradores, a especificação do sistema de
transmissão de interesse restrito da UHE e sua conexão à Rede Básica, bem como a descrição dos
serviços ancilares a serem prestados (peça 1).
140. Constatou-se, adicionalmente, que as usinas a serem licitadas já passaram por processo de
revisão de suas garantias físicas. Os novos valores, definidos mediante a Portaria MME 178/2017,
passam a viger em 1º/1/2018. Sobre esse ponto, ressalta-se que tal revisão, em momento anterior à
assinatura do contrato de concessão, é oportuna e salutar, na medida em que dá mais segurança ao
investidor sobre a máxima quantidade de energia que as usinas estarão autorizadas a comercializar e,
consequentemente, maior previsibilidade sobre a sua expectativa de receita, reduzindo, também riscos
de eventuais disputas judiciais.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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141. Além disso, os índices de indisponibilidade eletromecânica de cada usina foram definidos
nos termos da Resolução Aneel 541/2013 e consta que deverão ser mantidos ou melhorados.
142. Quanto aos investimentos a serem executados ao longo das concessões, o inciso XI da
Cláusula Décima da minuta de contrato de concessão, submetido à Audiência Pública Aneel 26/2017,
estabelece para as futuras concessionárias a obrigação de realizarem os investimentos necessários a
fim de garantir a qualidade e a atualidade da produção de energia elétrica, compreendendo a
modernidade das técnicas, dos equipamentos, das instalações e a sua conservação, bem como a
melhoria e expansão.
143. Nesse mister, a minuta do contrato assim define ampliação e melhoria:
AMPLIAÇÃO - compreende a instalação, substituição ou reforma de equipamentos em
instalação de geração existente ou a adequação dessa instalação, visando aumento da capacidade de
geração, conforme regulamento.
MELHORIA - compreende a instalação, substituição ou reforma de equipamento em instalação
de geração existente, ou a adequação dessa instalação, visando manter a prestação de serviço adequado
de geração de energia elétrica, conforme disposto na Lei nº 8.987/1995, e regulamentação específica.
144. Por fim, importa frisar que está prevista a realização de investimentos em melhoria nessas
usinas. A principal justificativa para a necessidade de melhoria é que se tratam de empreendimentos
antigos (a maioria com mais de 40 anos da entrada em operação) e que, em muitos casos, precisarão
passar por processo de revitalização para garantir a qualidade e atualidade da produção de energia
elétrica, compreendendo a modernidade das técnicas, dos equipamentos, das instalações e a sua
conservação. A realização de tal investimento será coberta por uma parcela própria da receita anual de
geração (RAG) do concessionário.
145. Do exame da documentação encaminhada, e considerando as condições de realização dessa
fiscalização (escopo, prazo e procedimentos aplicados), não foram identificadas irregularidades no
tocante à viabilidade técnica que pudessem ensejar proposta de intervenção desta Corte de Contas.
II.3. Análise relativa aos estudos de impacto e de licenciamento ambiental e aos custos
socioambientais associados
146. Os empreendimentos já se encontram em operação comercial. Porém, para todos eles, à
exceção da UHE Miranda, a licença de operação vencerá ainda nos primeiros seis anos da concessão.
Para a UHE Miranda, apesar de sua Licença de Operação ter vencido, sua revalidação já foi requerida,
estando pendente de decisão do órgão ambiental.
147. A data de término da licença de operação dos empreendimentos é mostrada na Tabela 8.
Tabela 8: Data de término da Licença de Operação
Usina
Licença de Operação Vigente Da
ta de
Término
UHE São
Simão
Licença de Operação 569/2006-IBAMA
– 1ª Renovação, de 27/12/2012.
27/
12/2022
UHE
Jaguara
Licença de Operação 1.191/2013-
IBAMA, de 04/10/2013.
04/
10/2023
UHE
Miranda
Licença de Operação – COPAM/MG
112, de 09/03/2005, renovada por 1 ano pela
SUPRAM, em 08/01/2009.
11/
02/20121
UHE
Volta Grande
Licença de Operação 1.369/2017-
IBAMA, de 14/02/2017.
14/
02/2023
Fonte: Ato Justificatório do Leilão (peça 1, p.11). Notas: (1) A revalidação da licença foi
requerida em 11/11/2011.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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148. Importante ressaltar que esta Unidade Técnica, quando do exame do primeiro estágio do
Leilão 12/2015 (TC 023.134/2015-1), com o propósito de verificar a alocação dos riscos associados às
eventuais exigências para o licenciamento ambiental, dirigiu questionamento à Aneel.
149. Em resposta, a Aneel informou que, conceitualmente, a parcela da GAG associadas aos
custos de manutenção e operação inclui o custeio de ações requeridas para o licenciamento ambiental,
conforme exigências da administração pública, cabendo ao agente os respectivos riscos. Ressalvou,
porém, que no caso de as tais exigências demandarem investimentos, esses poderão ser considerados
na base de remuneração (TC 023.134/2015-1, peça 25, p.14).
150. Neste ponto, destaca-se que a definição de GAG e das parcelas que a compõem são
idênticas à adotada no Leilão 12/2015, o que permite concluir sobre o mesmo tratamento a ser dado em
caso de eventuais exigências para o licenciamento ambiental.
151. Isto posto, não foram detectadas inconformidades que pudessem ensejar proposta de
intervenção desta Corte de Contas acerca dos estudos de viabilidade ambiental referentes ao Leilão -
Aneel 1/2017.
CONCLUSÃO
152. Este processo foi constituído para acompanhamento do primeiro estágio do Leilão Aneel
1/2017, referente à licitação para a outorga de quatro usinas hidroelétricas em operação, conforme
estabelece o art. 7º, inciso I, da IN - TCU 27/1998.
153. Quanto ao prazo, a entrega da documentação somente se completou em 23/6/2017.
Portanto, caso o edital seja publicado antes de 24/8/2017, poderá configurar-se descumprimento formal
do art. 8º da referida IN. Contudo, caso confirmada essa hipótese quando do acompanhamento do 2º
estágio previsto na referida IN, pode-se, desde logo, antecipar que, caso o edital publicado antes da
referida data não contenha alterações que impactem os estudos de viabilidade objeto desta instrução,
entende-se que não haverá prejuízo efetivo ao tempestivo exame da matéria pelo TCU.
154. Na análise do primeiro estágio, no que se refere à avaliação econômica, o valor mínimo de
bonificação para o conjunto de lotes do leilão foi definido pelo CNPE, em sua Resolução CNPE
12/2017, com base em sugestão formulada pelo Ministério da Fazenda. O cálculo do valor de RBO
(Retorno de Bonificação pela Outorga) foi calculado pela Aneel a partir de informações do MF, da
referida Resolução e de outros dados setoriais, dentre eles o preço médio da energia elétrica.
155. O leilão prevê investimentos de cerca de R$ 3 bilhões em melhorias nas usinas, as quais se
encontram em operação há várias décadas (a maioria com mais de 40 anos da entrada em operação).
Na visão do MME, tais usinas precisarão passar por processo de revitalização para garantir a qualidade
e atualidade da produção de energia elétrica, compreendendo a modernidade das técnicas, dos
equipamentos, das instalações e a sua conservação.
156. O critério de julgamento de licitação adotado, ou seja, a forma de seleção do proponente
vencedor, é o de maior bonificação pela outorga, conforme previsto na Lei 12.783/2013. O valor
mínimo de bonificação pela outorga, para o total lotes, é de R$ 11,05 bilhões. Propostas no leilão que
superem o valor mínimo de bonificação do lote não serão repassados à tarifa de energia.
157. Chama-se atenção para o fato de que o pagamento de bonificação pela outorga implica um
acréscimo de cerca de R$ 1,3 bilhões/ano, de ônus ao consumidor do mercado cativo (em regra,
consumidores residenciais e pessoas físicas), que persistirá pelos próximos trinta anos. Não há, tal
como não houve no último leilão realizado (Leilão 12/2015), qualquer garantia de que tal recurso
financeiro retorne ao setor elétrico, sequer para custear os cerca de R$ 1,05 bilhão (a preços de maio de
2017) já estimados pela Aneel como uma das duas indenizações que ainda terão de ser feitas ao antigo
titular da concessão dessas usinas, em razão de haver saldo de ativos não amortizados das usinas ora
leiloadas.
158. Somando-se a previsão de pagamentos do Leilão anterior com os que foram previstos para
este leilão, constata-se que o consumidor de energia elétrica do mercado cativo terá de arcar com cerca
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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de R$ 3,65 bilhões por ano, durante um período de 28 anos, ou seja, até o ano de 2045. Depois disso, o
valor anual cai para 1,34 bilhão, mas persiste por mais dois anos, até o ano de 2047. Ressalta-se, pois,
tratar-se de valores expressivos.
159. Similarmente ao que se deu no último leilão, a modelagem do Leilão 1/2017 constitui, na
prática, empréstimo ao Tesouro Nacional custeado pelo consumidor de energia elétrica do mercado
cativo, pago durante trinta anos. Dessa vez, à taxa de 8,08% ao ano.
160. Alertou-se ainda nesta instrução que o processo de escolha do critério de julgamento da
licitação não foi acompanhado de uma avaliação de impacto de médio e longo prazos no setor elétrico
e no cenário fiscal. Isso porque o objetivo maior, que norteou praticamente todas as decisões neste
leilão, foi obter arrecadação que ajudasse a cumprir a meta de déficit fiscal do governo para o exercício
de 2017, por ele avaliado em cerca de RS 139 bilhões negativos.
161. Concluiu-se que a falta dessa avaliação impede que o governo federal apure se realmente
vale a pena, dentre outras consequências da decisão, prejudicar a modicidade tarifária prescrita no art.
6º, §1º, da Lei de Concessões (Lei 8.987/1995) em R$ 1,34 bi/ano, pelo longo período de trinta anos,
em nome da meta fiscal de apenas um único exercício. A decisão também não levou em conta o fato de
que outras políticas e decisões recentes de governo já custarão ao consumidor de energia elétrica, em
valores reais, pelo menos, R$ 108,8 bilhões.
162. Constatou-se inconsistências na apuração do custo de capital do presente leilão, com
impacto provável em sua estruturação econômico-financeira e em seus resultados, na medida que o
cálculo da metodologia WACC adotado pelo Ministério da Fazenda não considera que estão ausentes
determinados riscos de negócio em concessões de usinas existentes e operantes, tal como a ausência de
risco de construção e de risco ambiental.
163. Ainda assim, tendo em vista a teoria sob o qual se sustenta a metodologia do WACC,
reconheceu-se que o cálculo do custo de capital é dependente da disponibilidade de dados e de séries
históricas adotados como dados de entrada do modelo. Além disso, a busca por uma maior
especificidade de um modelo traz consigo uma nova configuração de variáveis, de parâmetros e de
proxys, com dados de entrada a serem coletados e simulados, o que pode consumir algum tempo.
164. Constatou-se, também, fragilização no debate público acerca da proposta e resultados do
leilão. A única Audiência Pública realizada admitiu contribuições em prazos inferiores às diretrizes
estabelecidas para o Programa de Parceria de Investimentos (PPI) da Presidência da República e se
resumiu a colher sugestões sobre as minutas de edital e do contrato de concessão. Ficaram de fora do
debate os aspectos mais importantes da proposta de nova concessão, tais como: o critério de
julgamento da licitação, os valores mínimos de bonificação pela outorga, a forma de pagamento da
bonificação pelo vencedor e o percentual de garantia física das usinas a ser destinado ao ambiente de
contratação regulada (ACR). Todos esses elementos já haviam sido definidos pelo Conselho Nacional
de Política Energética (Resolução CNPE 12/2017), sem qualquer participação pública, situação que,
novamente, contraria as diretrizes estabelecidas pelo próprio governo como marco da nova política
pública que sustentou a criação do PPI.
165. Verificou-se, ainda, que há estimativa de R$ 1,05 bilhão (a preços de maio de 2017) a ser
pago ao antigo concessionário detentor da outorga das usinas ora leiloadas. Porém, ainda falta definir
método de valoração para uma outra parcela de indenizações, a qual ainda se encontra em
desenvolvimento pela Aneel (a indenização sobre investimentos não incluídos nos projetos básicos das
usinas). Trata-se de questão em aberto, ainda pendente de providências administrativas e sem data
prevista para conclusão, mas que atinge todos os demais casos de usinas geradoras prorrogadas com
base na MP 579/2012 ou com prazo de concessão vencidos, portanto além das quatro UHEs objeto
deste leilão 1/2017.
166. Em função dessas constatações envolvendo aspectos relacionados à viabilidade econômica
do leilão, foram propostas determinações e recomendações ao CNPE, ao MME e à Aneel.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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167. Não foram detectadas inconformidades que pudessem ensejar proposta de intervenção do
TCU acerca dos estudos de viabilidade técnica e de viabilidade ambiental.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
168. Ante todo o exposto, e tendo em vista a previsão de controle concomitante deste Tribunal
de Contas da União em processos de concessões públicas federais, submetem-se os autos à
consideração superior, propugnando, com fulcro no art. 258, inciso II, do Regimento Interno do TCU
c/c o art. 7º, inciso I, da IN – TCU 27/1998, sua remessa ao Exmo. Senhor Ministro-Relator Aroldo
Cedraz com a seguinte proposta de encaminhamento:
1) com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar ao
Ministério de Minas e Energia, na qualidade de Poder Concedente, que:
1.1) nas próximas licitações de concessão envolvendo usinas geradoras de energia elétrica
existentes e em operação, a modelagem técnica, econômica e financeira do leilão seja precedida das
seguintes avaliações:
a) impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazos resultantes da licitação para o
consumidor de energia elétrica dos mercados cativo e livre, bem como para a sustentabilidade do setor
elétrico, nos diferentes cenários de critério de julgamento da licitação previstos em lei e seus
respectivos parâmetros técnicos e econômicos de leilão;
b) na hipótese de adoção da maior bonificação pela outorga como critério de julgamento da
licitação, custo-benefício, em termos econômicos e financeiros, de outras possibilidades de
financiamento do Tesouro Nacional, que não a arrecadação mediante o uso do referido critério de
bonificação pela outorga; e
c) efeito agregado dos impactos econômicos e financeiros para os consumidores dos mercados
cativo e livre, advindos da combinação dos efeitos produzidos pela adoção do critério de julgamento
escolhido para o leilão com os efeitos derivados de outras decisões e políticas setoriais de impacto;
1.2) se abstenha de utilizar nas próximas licitações de concessão de usinas hidrelétricas
existentes e em operação metodologia de cálculo de custo de capital que desconsidere o fato de que,
nesse tipo de negócio, contrariamente ao que ocorre em negócios que preveem a construção de novas
usinas, não estão presentes riscos de negócio relevantes, tais como riscos de construção e risco
ambiental, o que tende a produzir valores de custo de capital distintos para os tipos de negócio
mencionados;
2) com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar ao
Ministério de Minas e Energia, na qualidade de Poder Concedente, que, após a análise das
contribuições recebidas na Audiência Pública Aneel 26/2017 e o recebimento de considerações
apresentadas por potenciais investidores interessados junto ao roadshow do Leilão 1/2017 programado
para ocorrer depois de publicado o respectivo edital de licitação, reavalie se persiste a conveniência de
manter como forma de pagamento do Valor de Bonificação pela Outorga nesse leilão o pagamento
integral à vista, no ato de assinatura do contrato de concessão, tendo em vista o risco de tais condições
diminuírem a quantidade de ofertantes em leilão;
3) com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar ao
Conselho Nacional de Política Energética que, em conformidade com os arts. 14 e 15 da Resolução
PPI 1/2016, e em prol do aprimoramento dos estudos de modelagem econômico-financeira do processo
de contratação de empreendimentos hidrelétricos incluídos no Programa de Parcerias de Investimentos
(PPI) e da efetividade do debate público em leilões de concessão, realize, nos próximos leilões
envolvendo tais empreendimentos consulta pública sobre os EVTEA da concessão e/ou dos parâmetros
técnicos e econômicos norteadores do leilão, em acréscimo ao debate sobre as respectivas minutas de
edital de licitação e de contrato de concessão;
4) com fundamento no art. 250, inciso III, do Regimento Interno do TCU, recomendar à
Agência Nacional de Energia Elétrica dê tratamento célere à busca da solução mais adequada para a
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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valoração das indenizações de que trata o art. 2º do Decreto 7.850/2012, referentes a investimentos
realizados em usinas hidrelétricas e não incluídos em seus projetos básicos, de modo a minimizar o
risco de disputas judiciais e de aumento de valores a serem pagos pela União em razão de atualizações
ou correções monetárias;
5) encaminhar cópia do Acórdão que vier a ser exarado nestes autos, bem como do Relatório e
Voto que o fundamentarem à Agência Nacional de Energia Elétrica, ao Ministério de Minas e Energia,
ao Ministério da Fazenda, ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, ao Conselho
Nacional de Política Energética, à Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos da
Presidência da República, à Casa Civil da Presidência da República, ao Senado Federal -
particularmente à Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) e à Comissão de Assuntos Econômicos
(CAE) - à Câmara dos Deputados - em especial à Comissão de Minas e Energia (CME) e à Comissão
de Defesa do Consumidor (CDC) e à 3ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público
Federal; e
5) restituir o presente processo à SeinfraElétrica para continuidade do acompanhamento do
Leilão 1/2017 – Aneel, nos termos da Instrução Normativa – TCU 27/1998.
É o Relatório.
VOTO
Trata-se de acompanhamento do primeiro estágio do Leilão Aneel 1/2017, referente à licitação
para a outorga das usinas hidrelétricas em operação de São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Grande,
nos termos do art. 8º da Lei 12.783/2013, com a redação dada pela Lei 13.203/2015, e conforme
delegação de competência à agência efetuada pelo Ministério mediante a Portaria MME 133/2017,
alterada pela Portaria MME 191/2017.
2. No âmbito do Tribunal de Contas da União (TCU), a matéria está disciplinada pela Instrução
Normativa (IN) TCU 27/1998, que dispõe sobre o acompanhamento concomitante dos
processos de outorga de concessão de serviços públicos, realizados em quatro estágios, por
meio de análise da documentação remetida pelo poder concedente.
3. Em sua análise da documentação encaminhada pela Aneel, em atendimento ao disposto no art.
7º, inciso I, da IN TCU 27/1998, a SeinfraElétrica não detectou desconformidades relevantes
que ensejassem óbice à realização do Leilão Aneel 1/2017 e considerou que a agência atendeu
aos requisitos previstos quanto ao primeiro estágio de que trata a referida Instrução Normativa.
Todavia, também apontou questões que devem ser aperfeiçoadas neste e nos próximos leilões
de concessões.
4. Considero que o exame da unidade instrutiva foi adequadamente realizado, podendo ser
acolhido como minhas próprias razões de decidir, sem prejuízo das considerações adicionais
que passo a tecer acerca dos principais aspectos desse leilão.
II
5. Como exposto pela Unidade Técnica no Relatório precedente, a Medida Provisória
(MP) 579/2012, posteriormente convertida na Lei 12.783/2013, permitiu, nos termos de seu
art. 1º, outra prorrogação das concessões de energia elétrica outorgadas anteriormente à entrada
em vigor da Lei 8.987/1995, que já haviam tido seu prazo estendido por até 35 anos com base
na Lei 9.074/1995.
6. Contudo, a lei de 2013 condicionou essa nova prorrogação à aceitação de condições definidas
de acordo com os §§ 1º a 6º do art. 1º da Lei 12.783/2013 e o Decreto 7.805/2015. Vários
concessionários aceitaram esses termos e assinaram novos contratos, conforme tratado neste
Tribunal no âmbito do TC 033.929/2012-2 e do TC 001.843/2013-3.
96
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ATA-28-PL
7. No caso das empresas que não aceitassem, o art. 8º da Lei 12.783/2013 já previa a realização
de licitação para uma nova concessão por até trinta anos, sendo que os concessionários atuais
deveriam manter os ativos em operação até a assunção da empresa vencedora dos futuros
leilões. Desde 2014, já foram licitadas trinta usinas, que foram acompanhadas pelo TCU nos
TC 001.618/2014-8 e TC 023.134/2015-1.
8. A Lei 13.360/2016 alterou a Lei 12.783/2013 para incluir, no § 1º-C do art. 5º da lei de 2013,
que é facultado à União outorgar contrato de concessão pelo prazo de trinta anos para
prestadoras de serviço que forem controladas por estados ou municípios, desde que seja
realizada transferência de controle da pessoa jurídica.
9. As quatro usinas hidrelétricas objeto do presente Leilão estão em operação atualmente pela
Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) Geração e Transmissão S/A, com base em
contratos de concessão que venceram entre agosto de 2013 e fevereiro de 2017, mas que a
concessionária não aceitou prorrogar nas condições definidas pela lei. Inclusive, a empresa
ingressou em juízo para tentar renovar suas concessões com base nas regras constantes dos seus
contratos, anteriores à lei de 2013.
10. Apesar de ter obtido, no âmbito do Mandado de Segurança (MS) 20.432/DF no Superior
Tribunal de Justiça (STJ), em 30/8/2013, liminar favorável à manutenção de sua concessão da
hidrelétrica Jaguara, a concessionária teve seu pedido denegado na apreciação do mérito e, por
isso, ajuizou a Ação Cautelar 3.980/DF no Supremo Tribunal Federal (STF). Inicialmente, o
pedido de Medida Cautelar foi deferido, entretanto, posteriormente, o Ministro Relator do STF
reconsiderou seu entendimento e revogou a liminar concedida com a seguinte fundamentação:
Diante, todavia, da comunicação da União quanto à inviabilidade de acordo, e sopesando os
demais elementos envoltos na situação dos autos, especialmente o já extenso lapso temporal decorrido
desde a obtenção da primeira liminar no STJ (30/8/13), que vem colocando a ora recorrente em
posição distinta das concessionárias de energia elétrica, tenho que é o caso de revogar a liminar outrora
concedida.
Saliento, em adição, após o amadurecimento da análise dos autos, não vislumbrar fumaça do
bom direito na pretensão da recorrente.
A prorrogação contratual é, por sua própria natureza, elemento do ajuste que se submete à
apreciação discricionária da Administração Pública e assim é reconhecido nas normas atinentes aos
contratos administrativos (inclusive a lei à qual pretende a recorrente manter sua submissão
[Lei 9.074/1995]).
11. A concessionária interpôs agravo a essa decisão, ainda pendente de apreciação pelo STF.
12. O mesmo se repete nas outras ações judiciais, conforme atesta a Consultoria Jurídica do
Ministério de Minas e Energia (MME) na Nota 254/2017/Conjur-MME/CGU/AGU (peça 22,
p. 14-18), enviada ao TCU em resposta à diligência.
13. Com o intuito de suspender a realização do leilão para discutir a possibilidade de renovação de
suas concessões já expiradas, a Cemig e o Estado de Minas Gerais representaram a este
Tribunal, com pedido de Cautelar, no âmbito do TC 014.730/2017-0, de minha relatoria e que
será trazido oportunamente a este Plenário.
14. De toda forma, uma vez que o cerne dos argumentos de mérito trazidos pelo pedido de Medida
Cautelar dos representantes já estava sendo objeto de exame no presente processo de
acompanhamento do leilão, a legalidade da inclusão dessas usinas hidrelétricas na licitação foi
um dos aspectos que foram analisados nestes autos.
15. Destaca-se que a possiblidade de prorrogação dos contratos de concessão, com base no art. 1º
da Lei 12.783/2013, foi oferecida à empresa, porém recusada por ela não concordar com as
condições impostas pela legislação. E quanto à faculdade da União outorgar nova concessão
associada com a desestatização da concessionária, trata-se de uma escolha que se insere na
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
discricionariedade da Administração Pública, não havendo qualquer vinculação ou
obrigatoriedade.
16. Assim, como apontou o próprio TCU, ao prolatar diversas deliberações como os
Acórdãos 1.836/2013, 2.253/2015, 2.526/2015 e 2.899/2015, todos do Plenário, que analisaram
direta ou indiretamente a possibilidade de licitação de concessões em operação com base nessa
legislação, e a Unidade Técnica, na instrução consignada no Relatório precedente sobre o caso
concreto desta licitação, não há óbice jurídico para ofertar essas quatro hidrelétricas no presente
leilão e cabe proceder com a análise dos termos e das condições dispostos para o presente
certame.
III
17. A MP 688/2015, posteriormente convertida na Lei 13.203/2015, introduziu a possibilidade da
utilização do critério de maior valor de outorga nos leilões de outorga de concessão de geração,
transmissão e distribuição de energia elétrica. De acordo com o art. 2-A da Lei 9.478/1997,
cabe ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), mediante proposta do MME e
ouvido o Ministério da Fazenda (MF), estabelecer os valores, a forma e os prazos de
pagamento do montante mínimo, denominado de valor de bonificação de outorga pela própria
lei.
18. Ressalta-se que esse valor mínimo é recuperado pelo concessionário contratado durante a
vigência da concessão, mediante a parcela denominada de Retorno da Bonificação pela
Outorga (RBO), incluída na tarifa de energia elétrica paga pelos consumidores. Quanto ao
eventual ágio ofertado pelo licitante vencedor, há previsão em portaria do Ministério para que
qualquer valor acima do mínimo não seja incluído nessa parcela e nem ressarcido ao
concessionário.
19. Isto significa que quanto maior for o valor de bonificação de outorga fixado pelo Poder
Concedente, maior será o impacto direto nas tarifas das contas de energia elétrica, desde a
assinatura até o término do prazo do contrato de concessão.
20. No caso do presente leilão, com espeque nas propostas do MME e do MF, a Resolução
CNPE 12/2017 definiu que o total dos valores mínimos de outorga das quatro usinas seria de
R$ 11,0 bilhões e que deveria ser pago à vista no ato de assinatura do contrato de concessão. O
cronograma de eventos, elaborado pela Aneel, marcou a data de assinatura para 10/11/2017
para atender ao pedido do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão de que, por
questões orçamentárias, o ingresso da receita advinda da bonificação pela outorga das
concessões ocorresse até aquela data (Nota Técnica 9/2017-ASSEC, peça 8, item 6 não
digitalizável, p. 2).
21. Conforme descrito no Relatório precedente, a fixação desse valor de outorga foi influenciada
pela enfática defesa do MF, ainda em 2016, acerca da necessidade de a licitação contribuir para
o atingimento da meta fiscal de 2017, sob a justificativa de que nos últimos anos “os resultados
fiscais do Governo Central têm mostrado constantes déficits de magnitude significativa” (Nota
Técnica 34/2016/STN/SEAE/MF-DF, de 7/12/2016, peça 8, item 1 não digitalizável, p. 3-4).
22. De fato, para este exercício a meta fiscal prevista é de déficit primário de R$ 142 bilhões para o
Governo Federal, mas já houve alerta, emitido pelo Ministro Vital do Rêgo e comunicado a
este Plenário em 12/7/2017, de que há risco de não atingimento dessa meta devido à elevada
previsão de ingresso de receitas de concessões e de permissões nos dois últimos meses do ano,
que corresponde a R$ 19,3 bilhões. Assim, a estimativa é de que o presente leilão contribua
com quase 57% desse total.
23. Todavia, em que pese a situação fiscal atual, não se pode olvidar tanto da relevância do setor de
energia elétrica quanto das consequências que essa priorização da obtenção de valores nas
licitações pode trazer para a sustentabilidade do próprio setor e para os consumidores. Como
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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calculado pela Unidade Técnica, o ressarcimento ao futuro concessionário do valor de
bonificação de outorga desta licitação implica um acréscimo de ônus ao consumidor do
mercado cativo superior a R$ 1,34 bilhão ao ano, até 2047.
24. Cabe lembrar que outras políticas e decisões de Governo relativas ao setor já causaram um
impacto ao consumidor de energia elétrica de, no mínimo, R$ 97,7 bilhões até 2045, segundo
estimativas reunidas pela SeinfraElétrica e descritas na Tabela 6 do Relatório precedente. Entre
essas ações, estão a definição da indenização de ativos de transmissão anteriores a 2000, a
transferência do risco hidrológico ao consumidor pela MP 579/2012 e o próprio bônus de
outorga do Leilão Aneel 12/2015.
25. Inclusive, ao apreciar a citada licitação de 2015, a primeira realizada utilizando como critério
de julgamento o maior valor de outorga, o Ministro Relator José Múcio destacou, no voto
condutor do Acórdão 2.526/2015-TCU-Plenário (TC 023.134/2015-1), a importância de se
ponderar os objetivos fiscais e a modicidade tarifária nos processos de concessão dos serviços
públicos:
Não obstante, o papel do Tribunal em todo este processo [...] está sendo crucial para que a
modelagem final das concessões não se desvirtue da busca pela melhor proposta para a Administração,
que deve ser entendida como dois vetores: o valor que se espera arrecadar com as concessões,
estimado em R$ 17 bilhões, e a modicidade tarifária.
26. Entendimento idêntico expressou o Ministro Raimundo Carrero ao relatar o TC 007.893/2006-
4, que acompanhou a concessão de linhas de transmissão de energia elétrica, conforme Voto do
Acórdão 976/2008 – TCU – Plenário:
Como já foi dito [...], a RAP [Receita Anual Permitida], por ser parcela da tarifa de energia
elétrica paga pelos consumidores, há de ser equilibrada. De um lado, não pode ser excessivamente
baixa, a ponto de frustrar o Leilão por falta de interessados - o que colocaria em risco o fornecimento
de energia no país - já que a RAP ofertada pelos licitantes não pode ser maior do que a RAP definida
pela Agência. De outro lado, não pode ser excessivamente alta a ponto de comprometer a modicidade
tarifária, o que geraria impactos negativos no custo de vida da população e na competitividade dos
produtos nacionais.
27. Recorda-se que o setor de energia elétrica não foi o único em que o TCU apontou que poderia
estar havendo priorização excessiva do alcance de metas fiscais na definição das condições de
outorga de concessões, em detrimento das particularidades e das necessidades do respectivo
setor de infraestrutura.
28. Em 2013, isso também ocorreu no leilão do campo de Libra, em áreas do pré-sal, realizado pela
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Como detalhado no
Relatório e no Voto condutor do Acórdão 2.526/2015-TCU-Plenário, um dos aspectos que
contribuíram para a escolha desse campo como o primeiro a ser licitado sob o novo regime de
concessão foi seu potencial de auxiliar no cumprimento da meta de superávit do exercício com
o pagamento do valor de outorga de R$ 15 bilhões.
29. Segundo o referido Relatório, a despeito das fragilidades e das dificuldades enfrentadas no
planejamento e na execução de um certame regido por uma legislação nova, houve até a
antecipação da licitação em um mês. Na ocasião, o Ministro Relator José Jorge alertou em seu
Voto quanto aos riscos que essa opção poderia representar no longo prazo para o setor:
35. Diante da incerteza do sucesso do modelo, pode se chegar, sem grandes dificuldades, à
conclusão de que a escolha de Libra, maior estrutura licitável e com menos risco exploratório, já que
conta com um poço perfurado que confirmou as potencialidades promissoras do campo, tem como
objetivo validar o modelo adotado pela lei, além de possibilitar o cumprimento da meta de superávit
primário, com o pagamento do bônus de assinatura no valor de R$ 15 bilhões.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
36. Se por um lado as circunstâncias peculiares do prospecto de Libra podem conduzir com
menos riscos ao alcance da participação governamental desejada, licitar a maior área por intermédio de
um regime novo pode não ser a melhor estratégia, por não se conhecer as dificuldades que advirão com
esse modelo, podendo os erros porventura cometidos assumirem proporções indesejáveis.
30. Outro caso semelhante foi a licitação de radiofrequência da faixa de 700 MHz para o serviço de
telefonia móvel de 4G, realizada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em
2014. Ao contrário das licitações de espectro da agência ocorridas desde 2007, esse certame
não impôs às empresas nenhum compromisso de interesse dos usuários, seja de cobertura ou de
qualidade.
31. Nas licitações de radiofrequência anteriores, esses investimentos obrigatórios reduziram
proporcionalmente o valor de outorga pago, mas também contribuíram significativamente para
a massificação do serviço de telefonia móvel em todas as cidades do país, inclusive em 3G, o
que não há garantia de que vá ocorrer com o serviço de 4G prestado na faixa de 700 MHz.
32. Entretanto, a ausência de compromissos de investimentos não resultou nos valores de
arrecadação desejados. Embora tivesse um preço mínimo total de R$ 7,7 bilhões e houvesse
expectativa de que contribuísse com mais de R$ 8 bilhões para o superávit fiscal daquele
exercício, foram arrecadados R$ 5,2 bilhões. Registre-se que seis lotes não receberam
propostas e o ágio máximo foi de 1%, conforme descrito nos Acórdãos 2.031/2014 e
1.729/2016, ambos do Plenário e relatados pelo Ministro Benjamin Zymler.
33. Esses episódios evidenciam o quanto esta prática tem se disseminado e perpassa diversos
setores de infraestrutura. Como assinalado, a opção por aumentar a arrecadação em um ano por
meio do uso das outorgas de concessão de serviços públicos, definindo esses valores sem antes
analisar detalhadamente as especificidades e as necessidades do setor, pode implicar severos
impactos negativos durante décadas para todos os usuários desses serviços.
34. Esclareço que não se pretende afastar que os recursos arrecadados com outorga de concessões
sejam destinados pelo Tesouro Nacional, total ou parcialmente, para auxiliar a cobrir déficits
ou compor superávits fiscais. Procura-se tão somente ressaltar que é fundamental sopesar os
diversos objetivos da ação governamental de forma a não prejudicar a modicidade tarifária
prescrita no art. 6º, § 1º, da Lei de Concessões, Lei 8.987/1995, ou mesmo a sustentabilidade de
médio e de longo prazo dos setores de infraestrutura no país.
35. Afinal, não aparenta ser a melhor prática definir a priori que uma outorga de concessão deve
gerar uma “receita expressiva” para contribuir com o atingimento da meta fiscal em um
exercício, como teria dito o MF ao MME segundo consta dos autos, sem que sejam esboçados
outros cenários ou possibilidades de outros setores ou instrumentos contribuírem para cobrir
esse déficit; sem que seja avaliado se o montante exigido pode afastar possíveis concorrentes
na licitação; e sem que sejam estimados e avaliados os impactos operacionais e financeiros que
essa escolha terá para o setor e para seus usuários durante toda a duração da concessão.
36. Concordo com a avaliação da Unidade Técnica de que o caso em tela enseja propostas de
deliberação com a finalidade de evitar que essa situação se repita em futuros leilões de usinas
geradoras de energia elétrica, razão pela qual proponho determinar ao MME que faça
avaliações prévias quanto aos impactos que diferentes critérios de julgamento, valores de
outorga e parâmetros econômico-financeiros possam ter para sustentabilidade do setor elétrico
e para os consumidores cativos e livres. Adicionalmente, incluo determinação para que essas
avaliações sejam feitas para o presente leilão, sem prejuízo da publicação do edital e da
continuidade do certame, visando ao menos dar maior transparência quanto as variáveis
envolvidas nessa escolha.
37. Deixo de acolher somente a proposta de determinar que o MME avalie o custo-benefício de
outras possibilidades de financiamento do Tesouro Nacional além do valor de bonificação pela
100
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
outorga, posto que tais análises são de competência do MF e cabe ao MME, enquanto Poder
Concedente, fazer sua própria avaliação quanto as sugestões do MF e usar sua prerrogativa de
descartar as opiniões que não se adequam às suas licitações, nos termos do art. 2º-A da
Lei 9.478/1997.
38. Essas propostas de aprimoramentos na modelagem dos editais de concessão de outorgas de
usinas hidrelétricas tornam-se ainda mais relevantes ante a probabilidade de nova sequência de
leilões de concessão de usinas de geração existentes e operantes, como decorrência da
denominada proposta de “descotização e privatização” externada pela Consulta Pública
MME 33/2017, publicada em 5/7/2017, que trata de alterações do marco legal do setor elétrico.
39. Contudo, também entendo que é necessário o TCU analisar tal ocorrência sistêmica de forma
transversal e com maior cuidado e atenção, como a complexidade do caso requer, para que seja
possível avaliar quais são os limites legais da ponderação entre os objetivos fiscais e os
impactos operacionais, financeiros e na sustentabilidade dos setores de infraestrutura na
definição dos valores e das condições de outorga de concessões de serviços públicos.
40. Considerando que possíveis desequilíbrios já foram apontados por este Tribunal em três
licitações de responsabilidade do MME, sendo duas da área de energia elétrica, e que há risco
de ocorrer novamente nas diversas licitações previstas para esse setor, proponho que seja
autuado processo específico acerca deste tema.
IV
41. Quanto aos demais aspectos do presente leilão, cabe destacar que alguns pontos merecem
reparo, ainda que não configurem ilegalidades capazes de macular a licitação.
42. O cálculo da taxa de desconto do fluxo de caixa do estudo de viabilidade econômico-financeira
do leilão deve ser aprimorado. A metodologia de cálculo de custo de capital não considerou em
nenhum aspecto que se tratava da licitação de usinas já em operação e, por isso, com riscos de
construção e ambiental praticamente nulos, o que facilita significativamente a capacidade da
empresa conseguir financiamentos e deveria resultar em um valor de taxa de desconto menor.
43. Em face disso, entendo que a determinação proposta pela Unidade Técnica com vistas ao
saneamento dessa inconsistência previamente à publicação do edital seja dirigida não aos
futuros leilões, mas ao que ora se aprecia, configurando uma prática que certamente será
seguida nos próximos, sem prejuízo ao imediato prosseguimento do certame após essa
correção.
44. Também foi identificado que, embora as hidrelétricas do presente leilão tenham sido incluídas
no Programa de Parceria de Investimentos (PPI), os ritos e as orientações estabelecidas na
Resolução PPI 1/2016 não foram atendidos, posto que não houve consulta pública do estudo de
viabilidade e não foi respeitado o prazo mínimo da consulta do edital e do contrato de
concessão. Contudo, tendo em vista que esses dispositivos não são vinculantes para os órgãos,
conforme art. 2º dessa resolução, acato à proposta da unidade instrutiva de recomendar que o
CNPE siga este normativo de forma a ampliar a participação social nas próximas licitações.
45. Outro aspecto definido para o Leilão Aneel 1/2017 que pode impactar na competitividade do
certame é a exigência de que o valor de bonificação de outorga seja pago à vista, no ato de
assinatura do contrato. Considerando o risco de restrição à referida competitividade, adoto
como determinação a recomendação sugerida pela unidade técnica para que o Poder
Concedente reavalie a conveniência e a oportunidade de manter tal obrigação, à luz das
contribuições recebidas da sociedade e de potenciais investidores interessados no certame.
46. É imperioso registrar que duas das usinas hidrelétricas incluídas no presente leilão ainda não
foram totalmente amortizadas, o que implica indenizações que deverão ser pagas à
concessionária. Uma estimativa parcial do MME é de cerca de R$ 1,05 bilhão. Entretanto, até o
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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momento, a Aneel não concluiu o cálculo dos valores, em que pese estar atuando em prol disso,
uma vez que nem todas as questões metodológicas encontram-se definidas.
47. Conforme consignado pela Unidade Técnica em sua instrução, no caso das concessionárias de
transmissão de energia elétrica essa demora na definição de valores de indenização foi de três
anos e meio. Nesse período, foram interpostas diversas ações administrativas e judiciais, além
de, como tratado no TC 030.656/2015-0, ter se agravado a situação econômico-financeira do
Grupo Eletrobras.
48. Recorda-se que, pela própria modelagem do presente leilão, não foi destinado nenhum
percentual do valor a ser arrecadado pela outorga para arcar com esse gasto futuro do Poder
Concedente. E o transcurso de tempo para estabelecer essas indenizações também é refletido
nesse ônus, pois pode haver incidência de atualizações ou correções monetárias, aumentado o
montante a ser pago.
49. Dessa forma, anuo com a proposta da unidade instrutiva de recomendar que a Aneel adote as
medidas adequadas para definir essa metodologia e calcular esses valores para que o
Ministério, enquanto Poder Concedente, possa exercer seu papel para estabelecer os critérios e
condições para a realização do pagamento dessas indenizações.
50. Com relação aos aspectos processuais, o prazo de envio da documentação do primeiro estágio
de concessões de energia elétrica para o Tribunal é de, no mínimo, trinta dias antes da
publicação do respectivo edital de licitação, conforme o art. 8º, inciso I, da IN TCU 27/1998.
Porém, se a estimativa de investimentos dessa concessão for superior a R$ 1 bilhão, o
parágrafo único do mesmo artigo estabelece que o prazo seja de sessenta dias de antecedência,
com vistas a permitir que o TCU exercite sua competência de forma efetiva e tempestiva.
51. No entanto, no presente processo, a Aneel enviou todos os dados e as informações referentes ao
leilão em 23/6/2017, mas marcou a publicação do edital incialmente para 25/7/2017, transferida
posteriormente para a data de hoje. Considerando que o montante de investimentos previstos é
da ordem de R$ 3 bilhões, conforme assinalado pela unidade instrutiva, observa-se que há
grande possibilidade de ocorrer um descumprimento formal do prazo exigido, reduzindo o
tempo de análise do Tribunal sobre a matéria.
52. Por isso, proponho que seja dada ciência dessa impropriedade para a Aneel, com vistas a evitar
que se repita nas próximas licitações da agência.
53. Por fim, ressalto que a presente análise do primeiro estágio do Leilão Aneel 1/2017 não impede
que o Tribunal atue em outros momentos dessa licitação caso vislumbre qualquer
irregularidade, conforme as competências do TCU.
Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.
DECLARAÇÃO DE VOTO
Senhor Presidente do TCU,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral do MPTCU,
Louvo e acompanho o voto ora apresentado pelo ilustre Ministro-Relator Aroldo Cedraz e, por
essa linha, também enalteço a SeinfraElétrica pelo excelente trabalho de acompanhamento sobre o
referido processo de desestatização, sem prejuízo de registrar, contudo, a minha ressalva, nos termos
do art. 69, IV, do RITCU.
O Ministro-Relator bem apontou que a MP 688/2015, posteriormente convertida na Lei
13.203/2015, introduziu a possibilidade da utilização do critério de maior valor de outorga nos leilões
para a concessão de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica e que esse valor tende a ser
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posteriormente recuperado pelo concessionário, durante a vigência da concessão, por meio da
repercussão da parcela de RBO sobre a tarifa de energia elétrica paga pelos consumidores, destacando
que, quanto maior o valor de bonificação de outorga fixado pelo poder concedente, maior o impacto
direto nas tarifas de energia elétrica desde a assinatura até o término do prazo do contrato de
concessão.
O Relator anotou, ainda, que, no caso do presente leilão, a Resolução CNPE 12/2017 definiu que
o total dos valores mínimos de outorga das quatro usinas seria de R$ 11,0 bilhões e que esse montante
deveria ser pago à vista no ato de assinatura do contrato de concessão; salientando que a fixação desse
valor de outorga teria sido influenciada pelo Ministério da Fazenda, ainda em 2016, diante da
premente necessidade de a licitação contribuir para o cumprimento da meta fiscal de 2017, sob a
justificativa de que, nos últimos anos, “os resultados fiscais do Governo Central têm mostrado
constantes déficits de magnitude significativa”. E, por esse prisma, o Ministro-Relator enfatizou que o
ressarcimento ao concessionário do valor de bonificação de outorga dessa licitação tende a resultar em
acréscimo de ônus superior a R$ 1,34 bilhão ao ano, até 2047, em desfavor do consumidor no mercado
cativo.
A despeito de a correspondente escolha pública até ser discricionária, não parece haver
razoabilidade no uso do referido acréscimo à tarifa de energia elétrica como fonte para o cumprimento
das metas fiscais, não só porque essa medida tende a ter caráter regressivo, com maior oneração
relativa sobre os consumidores mais carentes, fazendo o povo “pagar a conta da má gestão pública”,
mas também porque, na atual sociedade eletroeletrônica, o fornecimento de energia elétrica consiste
em serviço público de utilização essencial, de tal sorte, por exemplo, que a referida medida equivaleria
hipoteticamente à absurda imposição de excedente tarifário sobre o serviço de abastecimento d’água
com o obtuso intuito de o governo central obter mais receitas públicas primárias.
Anoto aqui, então, o meu profundo descontentamento com a aludida medida, ainda mais quando
observo que o governo federal não se preocupou até agora em impor metas de economia para a efetiva
redução das despesas públicas ligadas à atividade vegetativa da administração federal, deixando de
economizar bilhões de reais pela legal fixação de metas anuais para a efetiva redução de 20% ou 30%,
por exemplo, das despesas públicas no consumo de energia elétrica, de telefonia e de transporte, entre
tantos outros gastos vegetativos, pelos diversos órgãos e entidades da administração federal, com a
efetiva repercussão dessa economia em prol do resultado primário, para além da mera fixação do teto
de gastos primários pela EC n.º 95/2016.
Acompanho o presente voto do Relator, contudo, no sentido da condicional aprovação do
primeiro estágio referente à licitação para a outorga dessas quatro usinas hidroelétricas em operação no
País, já que, sob o aspecto meramente formal, o procedimento legal foi atendido, sem prejuízo de
anotar o meu descontentamento material com a lamentável tendência de o governo federal impor à
sociedade brasileira todo o atual arrocho fiscal, pelo eventual aumento da tarifa de energia elétrica e
até, mais recentemente, pelo aumento do tributo e, consequentemente, do preço final da gasolina, do
etanol e do diesel, deixando de verdadeiramente promover o necessário aperto fiscal pela efetiva
redução das despesas primárias com o perdulário custeio da máquina administrativa.
Essa, Senhor Presidente, é a ressalva que faço registrar na apreciação do presente feito, ao tempo
em que acompanho o voto ora oferecido pelo ilustre Ministro Aroldo Cedraz.
TCU, Sala das Sessões, em 26 de julho de 2017.
Ministro-Substituto ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO
ACÓRDÃO Nº 1598/2017 – TCU – Plenário
1. Processo TC 016.060/2017-2.
103
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Desestatização
3. Interessados/Responsáveis: não há.
4. Órgãos/Entidades: Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Ministério de Minas e
Energia (MME).
5. Relator: Ministro Aroldo Cedraz.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Infraestrutura de Energia Elétrica (SeinfraElétrica).
8. Representação legal: Ingrid Palma Araújo, representando o Ministério de Minas e Energia.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de desestatização, que tratam do primeiro estágio,
nos termos da IN TCU 27/1998, do Leilão Aneel 1/2017, referente à licitação para a outorga de quatro
usinas hidroelétricas em operação no país, com base no art. 8° da Lei 12.783/2013, com a redação dada
pela Lei 13.203/2015;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante
das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar, com fundamento no art. 258, inciso II, do Regimento Interno do TCU c/c art. 7º,
inciso I, da IN TCU 27/1998, que:
9.1.1. sob o ponto de vista formal, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atendeu aos
requisitos previstos na IN TCU 27/1998 para o Leilão Aneel 1/2017, com exceção do art. 8º, parágrafo
único, desse normativo, uma vez que não foi submetida tempestivamente a esta Corte de Contas toda a
documentação prevista;
9.1.2. não foram detectadas inconformidades que pudessem comprometer a continuidade do
Leilão Aneel 1/2017, devendo ser observadas, entretanto, as condicionantes adiante impostas ao Poder
Concedente nos subitens 9.2.1 e 9.2.2;
9.2. com fundamento no art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, determinar ao
Ministério de Minas e Energia, na qualidade de Poder Concedente, em conjunto com o Conselho
Nacional de Política Energética, que:
9.2.1. antes da publicação do Edital do Leilão Aneel 1/2017, refaça o cálculo do custo médio
ponderado de capital (WACC) utilizado, adotando premissas e parâmetros compatíveis com a
modelagem de usinas existentes, operantes e amortizadas, uma vez que não estão presentes riscos de
negócio relevantes, tais como riscos de construção e risco ambiental, que ocorrem em
empreendimentos que preveem a construção de novas usinas hidrelétricas;
9.2.2. até a data de julgamento das propostas do Leilão Aneel 1/2017, complemente o estudo
apresentado com relação ao Edital do Leilão Aneel 1/2017, incluindo:
9.2.2.1. os impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazos resultantes da
licitação para o consumidor de energia elétrica dos mercados cativo e livre, bem como para a
sustentabilidade do setor elétrico, considerando o critério de julgamento da licitação escolhido e os
respectivos parâmetros técnicos e econômicos do leilão, incluindo o valor de outorga definido;
9.2.2.2. o efeito agregado dos impactos econômicos e financeiros para os consumidores dos
mercados cativo e livre, advindos da combinação dos efeitos produzidos pela adoção do critério de
julgamento escolhido para o leilão com os efeitos derivados de outras decisões e políticas setoriais de
impacto;
9.2.3. reavalie, após a análise das contribuições recebidas na Audiência Pública Aneel 26/2017 e
das considerações a serem apresentadas por potenciais investidores interessados junto ao roadshow do
Leilão Aneel 1/2017, programado para ocorrer depois da publicação do respectivo edital, se persiste a
conveniência de manter a exigência do pagamento integral à vista do Valor de Bonificação pela
Outorga no ato de assinatura do contrato de concessão desse leilão, tendo em vista o risco já suscitado
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
de tais condições diminuírem a quantidade de ofertantes no certame, devendo ser devidamente
motivada, sob pena de responsabilização da autoridade competente, eventual manutenção da referida
exigência em seus atuais termos;
9.2.4. nas próximas licitações de concessão envolvendo usinas geradoras de energia elétrica
existentes e em operação, a modelagem técnica, econômica e financeira do leilão seja precedida das
seguintes avaliações:
9.2.4.1. impactos econômicos e financeiros de médio e de longo prazos resultantes da licitação
para o consumidor de energia elétrica dos mercados cativo e livre, bem como para a sustentabilidade
do setor elétrico, nos diferentes cenários de critério de julgamento da licitação previstos em lei e de
seus respectivos parâmetros técnicos e econômicos de leilão, incluindo o valor de outorga;
9.2.4.2. efeito agregado dos impactos econômicos e financeiros para os consumidores dos
mercados cativo e livre, advindos da combinação dos efeitos produzidos pela adoção do critério de
julgamento escolhido para o leilão com os efeitos derivados de outras decisões e políticas setoriais de
impacto;
9.3. com fundamento no art. 250, inciso III, do RI/TCU, recomendar:
9.3.1. ao Conselho Nacional de Política Energética que realize, nos próximos leilões envolvendo
empreendimentos hidrelétricos incluídos no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), consulta
pública sobre os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental (EVTEA) da concessão e/ou
dos parâmetros técnicos e econômicos norteadores do leilão, em acréscimo ao debate sobre as
respectivas minutas de edital de licitação e de contrato de concessão, em conformidade com os arts. 14
e 15 da Resolução PPI 1/2016 e em prol do aprimoramento dos estudos de modelagem econômico-
financeira do processo de contratação de tais empreendimentos e da efetividade do debate público em
leilões de concessão;
9.3.2. à Agência Nacional de Energia Elétrica que dê tratamento célere à busca da solução mais
adequada para a valoração das indenizações de que trata o art. 2º do Decreto 7.850/2012, referentes a
investimentos realizados em usinas hidrelétricas e não incluídos em seus projetos básicos, de modo a
minimizar o risco de disputas judiciais e de aumento de valores a serem pagos pela União em razão de
atualizações ou correções monetárias;
9.4. com fundamento no art. 7º da Resolução TCU 265/2014, dar ciência à Agência Nacional de
Energia Elétrica sobre o dever de, nos casos de empreendimentos com investimentos previstos
superiores a um bilhão de reais, submeter toda a documentação exigida pelo art. 7º, inciso I, da IN
TCU 27/1998 com sessenta dias de antecedência em relação a data estimada de publicação do edital de
licitação, conforme preconiza o art. 8º, parágrafo único, da IN TCU 27/1998;
9.5. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo (Segecex) que, em sintonia com a
Coordenação-Geral de Infraestrutura (Coinfra), autue processo específico de acompanhamento com o
objetivo de averiguar na atuação do MME, entre outros aspectos, a conformidade da ponderação, para
a definição dos valores e das condições de outorga de concessões de serviços públicos, entre os
objetivos fiscais e os impactos operacionais, financeiros e na sustentabilidade dos setores de
infraestrutura do MME;
9.6. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentaram:
9.6.1. à Agência Nacional de Energia Elétrica;
9.6.2. ao Ministério de Minas e Energia;
9.6.3. ao Ministério da Fazenda;
9.6.4. à Secretaria de Desenvolvimento da Infraestrutura do Ministério do Planejamento,
Desenvolvimento e Gestão;
9.6.5. ao Conselho Nacional de Política Energética;
9.6.6. à Secretaria do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República;
9.6.7. à Casa Civil da Presidência da República;
105
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.6.8. ao Senado Federal, particularmente à Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) e à
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE);
9.6.9. à Câmara dos Deputados, em especial à Comissão de Minas e Energia (CME) e à
Comissão de Defesa do Consumidor (CDC);
9.6.10. à 3ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF); e
9.7. restituir o presente processo à SeinfraElétrica para continuidade do acompanhamento do
Leilão Aneel 1/2017, nos termos da IN TCU 27/1998.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1598-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Aroldo Cedraz (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
GRUPO II – CLASSE I – Plenário
TC 032.363/2013-3
Natureza: Recurso de revisão (em Tomada de Contas Especial)
Entidade: Município de Porto Rico do Maranhão/MA
Responsável: Celson Cesar do Nascimento Mendes (874.567.293-87)
Representação legal: Erlandyson Aires Neves (12152/OAB-MA) e outros, representando Celson
Cesar do Nascimento Mendes.
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. FNDE. CONVÊNIOS 807007/2005 E
657823/2009. OMISSÃO. DÉBITO. MULTA. RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO.
APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS INSUFICIENTES PARA COMPROVAR A REGULAR
APLICAÇÃO DOS RECURSOS. CONHECIMENTO. NEGATIVA DE PROVIMENTO. RECURSO
DE REVISÃO. COMPROVAÇÃO DA PROPRIEDADE DE VEÍCULO. CONHECIMENTO.
PROVIMENTO PARCIAL. REDUÇÃO DO DÉBITO E DA MULTA.
RELATÓRIO
Adoto, como relatório, a instrução peça 12, cujas conclusões foram acolhidas de modo uniforme
no âmbito da Secex/MA e pelo Ministério Público junto ao TCU.
“Cuidam os autos de recurso de revisão interposto por Celson César do Nascimento Mendes,
ex-prefeito municipal de Porto Rico do Maranhão/MA (peça 52) em face do Acórdão 5945/2014-TCU-
2ª Câmara (peça 13) – confirmado pelo Acórdão 6859/2016-2ª Câmara (peça 42).
1.1. A deliberação recorrida apresenta o seguinte teor:
ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 2ª Câmara,
diante das razões expostas pelo relator e com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 12, §3º; 16, inciso III,
alíneas ‘a’ e ‘d’ e §2º; 19; 23, inciso III; 26; 28, inciso II; e 57 da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 214,
inciso III, alínea ‘a’, e 217 do Regimento Interno, em:
9.1. considerar revel Celson César do Nascimento Mendes;
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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9.2. julgar irregulares as contas de Celson César do Nascimento Mendes;
9.3. condená-lo ao recolhimento ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação das
quantias abaixo especificadas, acrescidas de encargos legais das datas indicadas até a data do
pagamento;
VALOR ORIGINAL (R$) DATA DA OCORRÊNCIA
30.249,45 1/12/2005
121.770,00 12/3/2010
9.4. aplicar-lhe multa de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), a ser recolhida ao Tesouro
Nacional, com incidência de encargos legais, calculados da data deste acórdão até a data do
pagamento, se este for efetuado após o vencimento do prazo abaixo estipulado;
9.5. fixar prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovação, perante o
Tribunal, do recolhimento das dívidas acima imputadas;
9.6. autorizar a cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;
9.7. dar ciência desta decisão ao responsável e ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação;
9.8. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentaram, ao
procurador-chefe da Procuradoria da República no Estado do Maranhão, para adoção das medidas
que entender cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992. (grifos nosso)
HISTÓRICO
2. A presente tomada de contas especial (TCE) foi instaurada em razão de irregularidades na
documentação exigida para a prestação de contas do Convênio 807007/2005 (Siafi 526920), no valor
de R$ 30.249,45, objetivando conceder apoio financeiro para o desenvolvimento de ações que
promovessem o aperfeiçoamento da qualidade do ensino e melhor atendimento aos alunos da
Educação Básica (peça 1, p. 108-122) e pela omissão no dever de prestar contas dos recursos do
Convênio 657823/2009 (Siafi 655332), que alcançou R$ 121.770,00, objetivando a aquisição de
veículo automotor, zero quilômetro, com especificações para transporte escolar, no âmbito do
programa caminho da escola (peça 2, p. 22-39), cujos recursos foram repassados pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE-MEC) à Prefeitura Municipal de Porto Rico do
Maranhão (MA).
2.1. Conforme registrado no voto condutor da decisão recorrida (peça 14):
3. Ao fim dos prazos ajustados, não foi apresentada a prestação de contas do convênio
657823/2009, o que motivou a impugnação do valor total. Em relação ao convênio 8070007/2005, a
escassa documentação trazida pelo responsável mostrou-se insuficiente para comprovar a boa e
regular utilização das quantias recebidas, o que também suscitou a imputação de débito integral.
2.2. Embora regularmente citado por ofício (peça 7) encaminhado ao endereço constante da
base de dados da Receita Federal (peça 4), conforme aviso de recebimento (AR) à peça 8, o
responsável nem apresentou alegações de defesa, nem efetuou o recolhimento do débito. Dessa forma,
caracterizou-se sua revelia, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
2.3. Condenado mediante o Acórdão 5945/2014-TCU-2ª Câmara (peça 13), ora recorrido, o
responsável apresentou recurso de reconsideração (peça 24), ao qual foi negado provimento por meio
do Acórdão 6859/2016-2ª Câmara (peça 42).
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
3. O exame preliminar de admissibilidade à peça 54 – acolhido pelo Relator ad quem em
despacho à peça 57 – concluiu por conhecer do recurso de revisão, sem atribuição de efeito
suspensivo.
MÉRITO
4. Constitui objeto do recurso examinar as seguintes questões:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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a) se a documentação anteriormente encaminhada pelo recorrente comprova a boa gestão dos
recursos oriundos do Convênio 807007/2005 (item 5);
b) se o veículo para transporte escolar foi adquirido com recursos oriundos do Convênio
657823/2009 e se tal veículo integra o patrimônio do município (item 6).
5. Documentação comprobatória já encaminhada
5.1. O recorrente alega, com relação ao Convênio 807007/2005, que a documentação
anteriormente apresentada comprovaria a devida aplicação dos recursos. Nesse sentido, aduz que:
a) a documentação anteriormente apresentada era capaz de comprovar a utilização do recurso
em favor da municipalidade; (peça 52, p. 4-5)
b) a documentação já apresentada se não pôde ser reputada como suficiente para considerar
regular a prestação de contas, ao menos deveria comprovar a aplicação dos recursos federais em
favor do município e assim elidir a aplicação de multa e imputação de débito ao Recorrente; (peça 52,
p. 8)
c) a documentação anteriormente apresentada por si só poderia comprovar a aplicação dos
recursos em favor do Município. (peça 52, p. 10)
Análise
5.2. No tocante ao Convênio 807007/2005, que tinha por objeto o apoio financeiro para ações
de aperfeiçoamento da qualidade do ensino e melhor atendimento a alunos da Educação Básica, no
valor de R$ 30.249,45, o recorrente alega que a documentação anteriormente apresentada
comprovaria a devida aplicação dos recursos.
5.3. Contudo, foram identificadas diversas impropriedades que impediram a aceitação da
referida comprovação como comprobatória das despesas (peça 43, p. 2):
a) documentação assinada tão somente pelo ex-prefeito, ora recorrente;
b) apresentação de apenas duas notas fiscais, totalizando R$ 15.823,00, que não têm qualquer
vinculação expressa ao convênio ou comprovação da regular liquidação das despesas a que se
referem;
c) extratos bancários incompletos e parcialmente ilegíveis, impedindo o cotejamento das datas
registradas nas notas fiscais e valores de movimentação da conta;
d) relação dos pagamentos registra um único cheque emitido, a despeito de registrar três
beneficiários distintos.
5.4. Sem o esclarecimento desses pontos não é possível ter os valores recebidos como
regularmente geridos, razão pela qual se deve rejeitar a alegação.
6. Documento novo – veículo na propriedade do município
6.1. O recorrente alega o veículo adquiridos está efetivamente na propriedade do município,
aduzindo que:
a) segundo consulta ao sítio do Detran/MA sobre o ônibus adquirido com recursos do Convênio
657823/2009, o veículo de placa NWV4674, Renavam 283152443, Chassi 93ZL68B01A8416677,
objeto do aludido convênio, está em nome da Prefeitura Municipal de Porto Rico do Maranhão-MA;
(peça 52, p. 9)
b) tais informações podem ser confirmadas através do site do Detran-MA, disponível em
http://servicos.detran.ma.gov.br/Licenciamento, inserindo-se o número de chassi do veículo
(93ZL68B01A8416677) que consta nos dados adicionais da Nota Fiscal 45316 acostada aos autos,
comprovando assim que o ônibus adquirido através dos recursos provenientes do Convênio
657823/2009 é de propriedade da Prefeitura de Porto Rico do Maranhão-MA; (peça 52, p. 9)
c) não há disponibilidade de acesso ao Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo
(CRLV) do referido ônibus, bem como a demais documentos que pudessem robustecer as prestações
de contas apresentadas em virtude da alternância de poder por grupo de oposição no governo
municipal; (peça 52, p. 9)
108
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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d) refuta-se a afirmação de inexistência de comprovação da regular liquidação da despesa,
uma vez que consta o comprovante de depósito do Banco do Brasil no valor de R$ 123.000,00, datado
de 22/9/2010, tendo como favorecido a Iveco Latin América Ltda, trazendo como identificador o
CNPJ da Prefeitura Municipal de Porto Rico do Maranhão-MA (01.612.542/0001-88), valor
parcialmente proveniente de recursos do convênio e parcialmente da contrapartida do município
(cópia do comprovante à peça 52, p. 10); (peça 52, p. 10)
e) embora na decisão recorrida tenha-se afirmado que ‘a conta bancária empregada para
expedição do aludido cheque (9737-5) não corresponde à conta única do convênio (6360-6)’, o
número da conta mencionada refere-se ao outro convênio apreciado no Acórdão 5.945/2014, que
julgou a tomada de contas especial em comento, isto é, a conta corrente n° 9737-3 refere-se ao
Convênio n° 657823/2009, para aquisição do ônibus e a conta corrente n° 6360-6 é vinculada ao
Convênio n° 807007/2005, que trata das Inovações Educacionais. (peça 52, p. 11)
Análise
6.2. No tocante ao Convênio 657823/2009, cujo objeto era a aquisição de veículo automotor,
zero quilômetro, com especificações para transporte escolar, a conclusão foi de que, não obstante a
documentação apresentada pelo ora recorrente e os indícios de que o bem tinha sido adquirido pelo
município, não se comprovou o nexo de causalidade com os recursos repassados (peça 43, p. 2).
6.3. Ainda no voto condutor da decisão, registrou-se as seguintes inconsistências:
a) parte substancial dos elementos encontra-se assinada pelo então gestor, ora recorrente;
b) não há vinculação expressa da nota fiscal apresentada com o convênio, ou comprovação da
regular liquidação da despesa;
c) não se constatou extrato bancário a comprovar o depósito do cheque 850001 na conta
bancária da empresa Iveco, fornecedora do ônibus adquirido;
d) a conta bancária empregada para expedição do aludido cheque (9737-5) não corresponde à
conta única do convênio (6360-6); e
e) não trouxe aos autos o Certificado de Registro e Licenciamento do Veículo, Apólice de
Seguros ou qualquer outro documento atestando que o bem em apreço passou a integrar o patrimônio
do município.
6.4. Conforme alegado, a documentação ora encaminhada sana as ressalvas acima.
6.5. Assiste razão ao recorrente quando alega que o número da conta mencionada pela unidade
técnica corresponde ao outro convênio. De fato, no relatório que acompanha a decisão recorrida, a
unidade técnica apresenta como referência a ordem bancária à peça 1, p. 14 (cf. peça 44, p. 5), cujo
valor de R$ 30.249,45 denota claramente tratar-se do Convênio 807007/2005 (ações de
aperfeiçoamento da qualidade da Educação Básica), e não do Convênio 657823/2009 (aquisição de
veículo para transporte escolar).
6.6. O extrato bancário ora encaminhado pelo recorrente (peça 52, p. 16-17), relativo à conta
bancária em que foram creditados os recursos para a aquisição do veículo (9737-3), demonstra
claramente que os recursos foram creditados naquela conta e utilizados integralmente, juntamente
com a contrapartida do município, tal como alegado pelo recorrente. Tais elementos, juntamente com
os anteriormente apresentados pelo recorrente (nota fiscal, cheque, comprovante – cf. peça 24, p. 33,
34 e 35), suprem a ausência de nexo causal apontada no voto condutor da decisão recorrida.
6.7. Quanto à comprovação de que o veículo integra o acervo patrimonial do município,
consulta ao sítio do Detran/MA na internet comprova, tal como alegado pelo recorrente, que o veículo
pertence ao município, razão pela qual se tem por elidida também essa ressalva.
6.8. Ante o exposto, tendo o recorrente comprovado a devida aquisição do veículo de transporte
escolar com recursos do convênio e sua incorporação ao patrimônio do município, deve-se dar
provimento ao recurso nesse ponto, excluindo-se do débito a parcela relativa ao Convênio
657823/2009, bem como reduzindo-se proporcionalmente o valor da multa imposta ao recorrente.
109
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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6.9. Registre-se que o recorrente não justifica a omissão inicial no dever de prestar contas
relativa ao referido convênio, remanescendo, portanto, tal irregularidade nos termos definidos no art.
209, § 4.º, do RI/TCU, devendo tal situação ser sopesada pelo relator na definição do novo valor da
multa.
CONCLUSÃO
7. Das análises anteriores, conclui-se que:
a) o recorrente não esclarece ou justifica as diversas impropriedades apontadas nos
documentos relativos ao Convênio 807007/2005, razão pela qual permanecem incólumes as razões
para impugnação de tais documentos (item 5);
b) o recorrente comprova a devida aquisição do veículo de transporte escolar com recursos do
convênio, bem como sua incorporação ao patrimônio do município, sem justificar, contudo, a omissão
inicial na prestação de contas do convênio.
7.1. Assim, propõe-se dar provimento parcial ao recurso, excluindo-se do débito a parcela
relativa ao Convênio 657823/2009 e reduzindo-se proporcionalmente o valor da multa imposta ao
recorrente.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
8. Ante o exposto, submete-se o assunto à consideração superior, propondo-se, com fundamento
no artigo 32, inciso III, e 35, inciso III, da Lei 8.443/1992:
a) conhecer o recurso interposto, para, no mérito, dar-lhe provimento parcial, excluindo-se do
débito a parcela de R$ 121.770,00 relativa ao Convênio 657823/2009 e reduzindo-se
proporcionalmente o valor da multa imposta ao recorrente; e
b) dar ciência da decisão ao recorrente e demais interessados.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se de Tomada de Contas Especial instaurada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação – FNDE, em decorrência da não comprovação da correta aplicação dos recursos repassados
à Prefeitura Municipal de Porto Rico do Maranhão/MA, nos montantes de R$ 30.249,45 e R$
121.770,00, para execução dos Convênios 8070007/2005 e 657823/2009.
A primeira avença destinava-se a apoiar financeiramente ações para aperfeiçoamento da
qualidade do ensino e do atendimento aos alunos da educação básica. A segunda tinha por objeto a
aquisição de veículo para transporte escolar.
Findadas suas vigências, a prestação de contas do convênio 657823/2009 não foi apresentada ao
FNDE e a do convênio 8070007/2005 foi reputada insuficiente para comprovar a boa e regular
aplicação dos valores repassados.
No âmbito do TCU, conquanto regularmente citado, o responsável manteve-se silente,
acarretando irregularidade das suas contas, condenação a pagamento de débito correspondente à
integralidade dos valores transferidos e aplicação de multa, no valor de R$ 25.000,00 (Acórdão
5.945/2014-2ª Câmara – peça 12).
Irresignado, o responsável apresentou o recurso de reconsideração peça 24, p. 1-6, acompanhado
dos documentos peça 24, p. 8-68, em que se destacam:
Relativos ao o Convênio 807007/2005:
- quadro demonstrativo da execução da receita e da despesa e de pagamentos efetuados (p. 44);
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- relatório de execução física (p. 45 e 48-49);
- demonstrativo da execução financeira (receita e despesa) (p. 46-47);
- extrato parcial da conta corrente 6.360-6, mantida na agência 4407-5 do Banco do Brasil
referente ao período 20/12/2005 a 28/04/2006, parcialmente ilegível (p. 50-55);
- notas fiscais 183 e 182, expedidas pela empresa Comercial Silva, na data de 10/3/2006, nos
valores de R$ 8.370,00 e R$ 7.453,00, respectivamente, totalizando R$ 15.823,00 (p. 56 e 58);
- recibo firmado pela empresa no valor de R$ 8.370,00 referente à Nota Fiscal nº 183 (p. 57); e
- termo de homologação da Carta-Convite 07A/2006 a favor da empresa Comercial Silva
firmado pelo recorrente no valor de R$ 15.823,00 (p. 68).
Relativos ao Convênio 657823/2009:
- resposta ao Ofício 083/2014 CHM/PR/MA, protocolado no Ministério Público Federal em
22/04/2004, que teria encaminhado cópia da prestação de contas do Convênio 65783/2009 (p. 7);
- fotografias de ônibus (p. 8-11);
- relação de pagamentos efetuados (p. 14);
- relação de bens adquiridos ou produzidos (p. 15);
- relatório de execução física (p. 16);
- demonstrativo da execução financeira (receita e despesa) (p. 17-18);
- Ofício 306/2009, de 18/12/2009, da empresa IVECO ao Fundo Nacional do Desenvolvimento
da Educação (FNDE), informando anuência ao fornecimento do bem dos termos da Ata de Registro de
Preços (p. 19);
- cópia parcial do Oficio 3193/2009 do FNDE, de 31/12/2009, informando ao município a
concordância da Autarquia com a adesão do município ao registro de preços a que se refere o Pregão
Eletrônico 01/2009 (p. 20);
- nota fiscal eletrônica expedida pela empresa IVECO em 4/7/2010, no valor do bem
supostamente adquirido pelo município (p. 33);
- cópia do suposto cheque expedido a favor da empresa IVECO em 22/9/2010, no valor do bem
supostamente adquirido pelo município (p. 34);
- comprovante de depósito bancário tendo como favorecida a empresa IVECO em 22/9/2010 (p.
35); e
- cópia do Termo de Contrato 03/2009 firmado entre o município e a empresa IVECO (p. 36-43).
Esta Corte considerou os documentos relativos ao Convênio 807007/2005 incapazes de
comprovar nexo entre os recursos repassados e sua aplicação, principalmente em razão dos seguintes
fatos: apresentação de apenas duas notas fiscais, somando R$ 15.823,00, sem vinculação expressa ao
convênio nem comprovação de liquidação das despesas; extratos bancários incompletos e parcialmente
ilegíveis, de sorte que, mesmo para as despesas referentes às duas notas fiscais, não foi possível cotejar
datas de ocorrência e movimentação da conta; Relação de Pagamentos Efetuados com um único
cheque expedido, para três beneficiários distintos.
Com relação ao Convênio 657823/2009, o TCU entendeu que a documentação apresentada
sugeria aquisição de ônibus, mas não permitia identificar a origem dos recursos utilizados, haja vista
que: “(i) parte substancial dos elementos encontra-se assinada pelo então gestor, ora recorrente; (ii)
não há vinculação expressa da nota fiscal apresentada com o convênio, ou comprovação da regular
liquidação da despesa; (iii) não se constatou extrato bancário a comprovar o depósito do cheque
850001 na conta bancária da empresa Iveco, fornecedora do ônibus adquirido; (iv) a conta bancária
empregada para expedição do aludido cheque (9737-5) não corresponde à conta única do convênio
(6360-6); e (v) o recorrente não trouxe aos autos o Certificado de Registro e Licenciamento do
Veículo, Apólice de Seguros ou qualquer outro documento atestando que o bem em apreço passou a
integrar o patrimônio do município”.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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Assim, por meio do Acórdão 6.859/2016-2ª Câmara (peça 42), foi negado provimento ao recurso
de reconsideração.
Na atual fase processual examina-se o recurso de revisão peça 52, em que o responsável
colaciona os documentos constantes da peça 52, p. 9-10, 12-17:
- consultas do Departamento de Trânsito do Estado do Maranhão (Detran/MA) (peça 52, p. 9,
12-13), indicando a prefeitura como proprietária de veículo com chassi correspondente ao constante da
nota fiscal de venda (peça 24, p. 33), a qual faz referência ao Contrato 03/2009 e ao Registro de Preços
01/2009 FNDE;
- extratos bancários relativos ao Convênio 657823/2009 (peça 52, p. 11, 16-17);
- comprovante de inscrição e de situação cadastral da Prefeitura Municipal (peça 52, p. 15);
- comprovante de depósito em conta corrente (peça 52, p. 10 e 14), identificado com o CNPJ da
Prefeitura Municipal, em favor da empresa Iveco, fornecedora do ônibus.
Com base nos documentos acima, concluo que os recursos transferidos por força do Convênio
657823/2009 foram efetivamente empregados na aquisição, pela Prefeitura de Porto Rico do
Maranhão, do ônibus cujo número do chassi é indicado na nota fiscal peça 52, p. 9, 12-13.
Assim, afasto o débito imputado na parte referente Convênio 657823/2009 e reduzo
proporcionalmente a multa aplicada, sem olvidar, no entanto, que não houve justificativa para a
omissão inicial do responsável.
No que concerne ao Convênio 807007/2005, não foram apresentados elementos que pudessem
elidir as falhas apontadas por ocasião da prolação do Acórdão 6.859/2016-2ª Câmara. Meras alegações
de que não dispunha de “melhor assessoramento” e de que “a documentação já apresentada se não
pôde ser reputada como suficiente para considerar regular a prestação de contas, ao menos deveria
comprovar a aplicação dos recursos federais em favor do município e assim elidir a aplicação de
multa e imputação de débito ao Recorrente” não possuem o condão de provocar reforma do acórdão
recorrido. Assim, mantenho a parte do débito concernente ao ajuste.
Com essas considerações, incorporo às minhas razões de decidir os fundamentos expendidos na
instrução transcrita no relatório e voto por que o Tribunal de Contas da União aprove a deliberação que
submeto à apreciação deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1599/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 032.363/2013-3.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Recurso de revisão (em Tomada de Contas Especial)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsável: Celson Cesar do Nascimento Mendes (874.567.293-87).
3.2. Recorrente: Celson Cesar do Nascimento Mendes (874.567.293-87).
4. Entidade: Município de Porto Rico do Maranhão/MA.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Weder de Oliveira.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no
Estado do Maranhão (SECEX-MA).
8. Representação legal:
8.1. Erlandyson Aires Neves (12152/OAB-MA) e outros, representando Celson Cesar do
Nascimento Mendes.
112
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de recurso de revisão interposto por Celson Cesar do
Nascimento Mendes (874.567.293-87), contra o Acórdão 5.945/2014-2ª Câmara;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos artigos 32, III, e 35, III, da Lei 8.443/1992, em:
9.1. conhecer do recurso de revisão para, no mérito, dar-lhe parcial provimento;
9.2. conferir a redação a seguir aos subitens 9.3 e 9.4 do Acórdão 5.945/2014-2ª Câmara:
“9.3. condená-lo ao recolhimento, aos cofres do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação, de débito no valor de R$ 30.249,45 (trinta mil, duzentos e quarenta e nove reais e quarenta
e cinco centavos), atualizado monetariamente e acrescido de juros de mora, calculados a partir de
1/12/2005 até a data do efetivo pagamento, na forma prevista na legislação em vigor;
9.4. aplicar-lhe multa de R$ 13.000,00 (treze mil reais), a ser recolhida ao Tesouro Nacional,
com incidência de encargos legais, calculados da data deste acórdão até a data do pagamento, se este
for efetuado após o vencimento do prazo abaixo estipulado;”
9.3. dar ciência desta deliberação ao recorrente, ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação e à Procuradoria da República no Estado do Maranhão.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1599-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator),
Benjamin Zymler e Bruno Dantas.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE I – Plenário
TC 006.614/2013-2
NATUREZA: Pedido de reexame (em Relatório de auditoria)
ÓRGÃO: Prefeitura Municipal de Natal/RN
RECORRENTES: Laélio Pereira de Araújo (056.868.734-53), Maria Jailene Franco de Carvalho
(008.308.414-23) e Arko Construções Ltda. (10.715.077/0001-00)
Advogados constituídos nos autos: Felipe Augusto Meira de Medeiros (OAB/RN 3.640), Afonso
Adolfo de Medeiros Fernandes (OAB/RN 3.937) e outros
SUMÁRIO: RELATÓRIO DE AUDITORIA. CONVÊNIOS RELATIVOS À ÁREA DE
TURISMO. IRREGULARIDADES. MULTA. PEDIDOS DE REEXAME. CONHECIMENTO.
ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO VERGASTADA. NÃO
PROVIMENTO. CIÊNCIA.
RELATÓRIO
113
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Adoto como relatório a instrução elaborada no âmbito da Secretaria de Recursos deste Tribunal
(Serur) inserta à peça 323, com alguns ajustes de forma, verbis:
“INTRODUÇÃO
Cuidam-se dos pedidos de reexame em relatório de auditoria interpostos por Laélio Pereira de
Araújo, Maria Jailene Franco de Carvalho e Arko Construções Ltda., insurgindo-se contra o Acórdão
702/2016-TCU-Plenário, por meio do qual o Tribunal de Contas da União rejeitou alegações de
defesa dos responsáveis e aplicou multa com fundamento no art. 58, II, da Lei 8.443/92, e pena de
inidoneidade pelo período de 5 anos, em razão de irregularidades identificadas em convênios
firmados com o Ministério do Turismo e o Município de Natal.
2. Eis o extrato da decisão recorrida (Acórdão 702/2016-TCU-Plenário – peça 139):
‘9.1. considerar revel, para todos os efeitos, o Sr. José Renato Freire de Barros (009.585.644-
77), dando-se prosseguimento ao processo, com fundamento no art.12, § 3º, da Lei 8.443/1992;
9.2. acatar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis: Soraya Lopes Cardoso
Silva (242.715.784-87); Maria da Natividade Paulino Tinoco (035.723.234-87); Suelia de Paula
Nascimento (106.367.574-04); Melyna Jusseara de Lima e Silva (054.171.864-90); Suetânia Medeiros
Costa (474.460.564-87); Camila Nascimento de Queiroz (314.696.688-31); Cassius Claudio Pereira
Barreto (838.905.214-87); Jose Renato Freire de Barros (009.585.644-77), aproveitando-se as razões
de justificativa dos demais responsáveis, em seu favor; Luis Antônio de Albuquerque Lopes
(565.575.824-53); Raniere de Medeiros Barbosa (392.411.574-53); Franklin Delano Meira Garcia
(043.934.144-20); Marcelo Barreto China (056.141.394-00); Murilo Barros Junior (406.435.574-15);
e Start Pesquisa e Consultoria Técnica Ltda. (05.752.322/0001-00), representada por Keila Brandão
Cavalcanti (106.068.824-72).
9.3. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis: Moacir Mateus de Souza
(230.451.834-68); Maria Jailene Franco de Carvalho (008.308.414-23); Abrahão Lincoln Bezerra
Dantas (315.174.634-91); João Alves de Carvalho Bastos (526.172.704-91); Laélio Pereira de Araújo
(056.868.734-53); e Arko Construções Ltda. (10.715.077/0001-00), representada legalmente por
Joana Darc Franco de Araújo (021.299.344-55);
9.4. aplicar aos responsáveis identificados a seguir, individualmente, a multa prevista no art. 58,
inciso II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para
que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU), o
recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão
até a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor:
RESPONSÁVEL VALOR (R$)
Maria Jailene Franco de Carvalho (CPF 008.308.414-
23), Diretora do Departamento de Operações e
Manutenção da Semsur
20.000,00
Moacir Mateus de Souza (CPF 230.451.834-68),
parecerista jurídico da Semsur
5.000,00
João Alves de Carvalho Bastos (CPF 526.172.704-91),
então Secretário da Semsur
5.000,00
Abrahão Lincoln Bezerra Dantas (CPF 315.174.634-
91), parecerista jurídico da Segelm
3.000,00
Laélio Pereira de Araújo (056.868.734-53) 3.000,00
9.5. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança
judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações;
114
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.6. tendo em vista a gravidade das infrações cometidas, aplicar à Sra. Maria Jailene Franco de
Carvalho a penalidade de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança
no âmbito da Administração Pública Federal, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992, pelo prazo de 5
(cinco) anos;
9.7. declarar, com fundamento no art. 46 da Lei 8.443/1992, a empresa Arko Construções Ltda.
(CNPJ 10.715.077/0001-00) inidônea por 5 (cinco) anos para participar de licitações promovidas
pela Administração Pública Federal;
9.8. encaminhar cópia da presente decisão à Semsur/Natal, para conhecimento e para que
averigue a pertinência de instauração de processo administrativo disciplinar visando apurar
eventuais desvios de conduta praticados pela servidora, no que tange à irregularidade configurada
pela sua participação indireta na licitação Convite 24.008/2010-Semsur ao mesmo tempo em que foi
autora do projeto básico (técnico) do certame (irregularidade 4 descrita no Voto);
9.9. dar ciência à Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico do Natal
(Seturde) de que a intempestividade nas publicações de extratos de contrato e aditivos afronta o art.
61, parágrafo único, da Lei 8.666/1993, bem como o princípio constitucional da publicidade (CRFB,
art. 37, caput), tendo sido identificada tal ocorrência na contratação de empresa para elaboração do
PDITS/Natal, Convênio 732445/2010/MTur, TP 24.002/2011-Seturde, Contrato S/N-Seturde, firmado
em 15/12/2011;
9.10. determinar à Superintendência Regional da Caixa Econômica Federal no Rio Grande do
Norte para que, no prazo de trinta dias, adote, caso ainda não tenha feito, medidas com vistas à
regularização das obras concernentes aos Contratos de Repasse 0264684-38/2008/MTur/Caixa,
0267245-82/2008/MTur/Caixa e 0267246-96/2008/MTur/Caixa, todos celebrados com a Prefeitura
Municipal de Natal/RN, que, por ocasião da auditoria da Secex/RN em 2013, encontravam-se
paralisadas por mais de um ano, instaurando, se for o caso, as competentes tomadas de contas
especiais, consoante o disposto no art. 55 da Portaria Interministerial - MP/MF/MCT 127, de
29/5/2008, vigente à época das avenças, e na cláusula oitava, itens 8.7.3 a 8.7.5 dos termos dos
citados contratos de repasse; e
9.11. dar ciência à Superintendência Regional da Caixa Econômica Federal no Rio Grande do
Norte, por intermédio da sua Gerência de Filial de Desenvolvimento Urbano e Rural em Natal
(Gidur/NA), de que as prorrogações sucessivas e alongadas dos prazos originalmente fixados em
contratos de repasse, a exemplo do ocorrido nos Contratos de Repasse 02644684-
38/2008/MTur/Caixa, 0267245-82/2008/MTur/Caixa e 0267246-96/2008/MTur/Caixa, podem causar
prejuízos para a integralidade dos objetos contratados, resultantes da majoração de preços dos
insumos ao longo do tempo e por sujeição dos serviços então executados a intempéries, o que requer a
adoção de medidas, tais como as previstas no art. 55 da Portaria Interministerial - MP/MF/MCT 127,
de 29/5/2008, ou no art. 70 da Portaria Interministerial CGU/MF/MP 507, de 24/11/2011, atualmente
vigente, ressaltando que a reincidência injustificada nessa ocorrência poderá ensejar a imposição de
sanção aos agentes responsáveis em futuras ações de controle a serem empreendidas por esta Corte
de Contas.”
115
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
HISTÓRICO
3. O Tribunal de Contas da União realizou fiscalização dos recursos enviados ao Município de
Natal por meio do Ministério do Turismo, identificando, no julgamento final, as seguintes
irregularidades passíveis de apenamento:
‘Irregularidade 1: (Contratos de Repasse 0264684-38/2008/MTur/Caixa e 0267245-
82/2008/MTur/Caixa – Construção da Praça dos Mártires e construção do entorno desta praça.
Contrato 11/2010-Semsur).
Descrição da irregularidade: restrição à competitividade na licitação Tomada de Preços
24.044/2010-Semsur, em face da inclusão indevida no edital, nos critérios de qualificação técnica
para habilitação, dos itens 6.1.4.6 e 6.1.4.7. (Exigência de engenheiro agrônomo com acervo em
paisagismo e de engenheiro eletricista com acervo em iluminação pública).
Irregularidade 4: (Contrato de Repasse 0267246-96/2008/MTur/Caixa. Contratação de serviços
de reforma da Praça Pousada Brasília, no bairro Capim Macio-Natal/RN. Contrato 10/2010 -
Semsur/2010)
Descrição da irregularidade: participação indireta de autor do projeto básico (técnico) na
licitação Convite 24.008/2010-Semsur. (Acórdão 702/2016-TCU-Plenário)’
4. A primeira irregularidade foi imputada à recorrente Maria Jailene Franco de Carvalho,
Diretora do Departamento de Operação e Manutenção da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos
(Semsur/Natal), responsável pela inclusão das cláusulas restritivas no edital, e ao recorrente Laélio
Pereira de Araújo, Secretário Adjunto de Logística Sustentável da Prefeitura Municipal de Natal,
responsável pela homologação da Tomada de Preços 24.044/2010-Semsur.
5. A segunda irregularidade foi imputada à recorrente Maria Jailene Franco de Carvalho,
Diretora do Departamento de Operação e Manutenção da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos
(Semsur/Natal), e à recorrente Arko Construções Ltda. (representada por Joana Darc Franco de
Araújo).
6. Não houve alteração do acórdão originário em decorrência dos embargos de declaração
aviados por Laélio Pereira de Araújo (Acórdão 1.526/2016-TCU-Plenário – peça 210).
7. São as peças recursais a serem apreciadas: a) Maria Jailene Franco de Carvalho – peças
184, 185 e 250; b) Laélio Pereira de Araújo – peças 258 a 272; e c) Arko Construções Ltda. – peças
182, 183 e 249.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE 8. Manifesta-se concordância com os exames de admissibilidade contidos nas peças 273, 274,
276 e 277, acolhidos no despacho do e. Ministro Benjamin Zymler (peça 280), pelo conhecimento dos
pedidos de reexame.
EXAME DE MÉRITO
9. Delimitação
10. No que concerne à irregularidade derivada da inclusão de critérios restritivos de
qualificação técnica na Tomada de Contas 24.044/2010 (exigência de engenheiro agrônomo com
acervo em paisagismo e de engenheiro eletricista com acervo em iluminação pública), os recorrentes
argumentam pela necessidade da adoção da restrição em comento, bem como pela indicação de
circunstâncias especiais (ausência de responsabilidade na homologação).
11. No que concerne à irregularidade derivada da participação indireta da autora do projeto
básico (técnico) na licitação Convite 24.008/2010-Semsur, a recorrente Maria Jalene afirma não ter
tido papel na elaboração do projeto básico, realizado por arquiteta, mas apenas na elaboração de
116
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
planilha orçamentária básica e, ademais, aponta a irrelevância para a seleção da proposta vencedora
e a subsequente execução do contrato.
12. Da irregularidade relativa à inclusão de critérios restritivos no edital da Tomada de Preços
24.044/2010
13. Alega a recorrente Maria Jailene que a irregularidade deveria ser avaliada à luz dos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, devendo se reconhecer a ausência de dolo nas
condutas. Entende que a inclusão de elementos restritivos estaria fundamentada em problemas
identificados em outras licitações realizadas pela Administração, especificamente na área de
iluminação e paisagismo. Afirma que a ausência de questionamento administrativo ou judicial por
parte de empresa participante indicaria a licitude da restrição incluída.
14. Por seu turno, o recorrente Laélio Pereira afirma a ocorrência de circunstâncias próprias
da função de homologação, entendendo que não seria razoável a imposição de multa diante do curto
período em que o processo de licitação ficou no setor para análise, da indicação das instâncias
inferiores (CPL) sobre a regularidade do procedimento (confiança no trabalho da CPL) e da ausência
de ciência sobre as impugnações apresentadas ao edital (analisada exclusivamente pela Semsur),
atribuindo as irregularidades exclusivamente à Semsur.
Análise
15. A obra de construção da praça ‘Igreja dos Mártires’ e demais melhorias na região do
entorno, para a qual foi deflagrado o procedimento de Tomada de Preços 24.044/2010, inicialmente,
não apresentava exigências especiais no edital de licitação para a qualificação técnica da empresa
(peça 11, p. 62), sendo que as exigências em comento foram posteriormente incluídas no edital (peça
12, p. 3), demandando profissionais de engenharia agrônoma com acervo de paisagismo e engenharia
elétrica com acervo de iluminação pública.
16. Para a subsequente introdução da exigência no edital, foram relevantes tanto a
manifestação expressa da recorrente Maria Jailene (Memorando 54/2010, peca 11, p. 108, em
5/4/2010), quanto a aquiescência do recorrente Laécio Pereira (Despacho de 20/4/2010 – peça 11, p.
114) no sentido da ‘inclusão, no subitem 6.1.43 do edital (fl. 96), das exigências de qualificação
técnica requeridas às fls. 150’.
17. Assim, diversamente do que alega o recorrente Laécio Pereira, a exigência inserida no
edital, de sua responsabilidade, ocorreu em despacho de 20/4/2010 (peça 11, p. 114), não tendo
relação com o despacho que descreve em seu recurso, ocorrido em 28/5/2010. No caso, o servidor
concordou com a inclusão das exigências restritivas no edital sem prévia avaliação dos motivos
determinantes para o ato administrativo, razão pela qual sua responsabilidade subsiste, a despeito da
alegada ignorância de impugnação posterior apresentada pela empresa Stone Engenharia (peça 12,
p. 33-35).
18. O despacho de 28/5/2010 fazendo a homologação final do certame (peça 12, p. 130),
referenciado em seu recurso, seria um segundo momento para que o responsável pudesse analisar se
as cláusulas restritivas não tiveram impacto na licitação realizada. Ora, confiar na afirmação da
servidora da comissão de licitação de que o processo ‘estava em ordem’ (item 6 do recurso, peça 258,
p. 2) é a confissão de que a atividade de homologação não foi desempenhada a contento, com falta de
cautela na análise dos documentos produzidos durante a atividade da comissão de licitação.
19. Ainda que adotemos como verdadeira a premissa de que o recorrente não teve ciência da
impugnação feita pela empresa Stone Engenharia Ltda., indicando o caráter restritivo da exigência
técnica, o indício de exigência restritiva poderia ser haurido na própria análise da ata de abertura
das propostas (peça 12, p. 111), noticiando que, dentre as 5 empresas que retiraram o edital, apenas 2
participaram (Viga e Kizo), sendo que a última foi desclassificada pela ausência do ‘acervo técnico do
engenheiro agrônomo e engenheiro eletricista, itens 6.1.4.6 e 6.1.4.7 do edital’, indicando uma
licitação para a qual apenas uma única empresa foi habilitada a dar lances.
117
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
20. Deste modo, o próprio resultado da licitação (uma única empresa habilitada) indicava a
necessidade de uma análise mais criteriosa da autoridade responsável pela homologação,
investigando a existência de critérios restritivos da competitividade, função atribuída ao recorrente
responsável pela homologação da licitação, ratificando sua responsabilidade no âmbito do controle
externo.
21. Passo seguinte, após identificado os agentes responsáveis pela irregularidade, há de se
avaliar a licitude da cláusula inserida no edital. Aponte-se, de início, que o projeto básico da obra
(peça 11, p. 1-39) não trazia especificações detalhadas sobre as intervenções de paisagem ou de
iluminação, mostrando que se tratavam de itens de menor relevância no panorama da obra,
contraindicando a necessidade de profissionais especializados.
22. Nessa linha de pensamento, a jurisprudência da Corte de Contas é no sentido de que as
exigências de qualificação técnica devem recair simultaneamente sobre parcelas de maior relevância
e de valor significativo do objeto da licitação, tomando como exemplo o Acórdão 517/2012-Plenário,
de relatoria da e. Ministra Ana Arraes.
23. Considerando um contrato cujo orçamento básico final foi de R$ 646.134,06, a parte de
eletricidade compunha 9,53% dos valores a serem executados (R$ 61.583,82) e a parte de paisagismo
compunha 4,37% (R$ 28.262,80), tornando injustificável a exigência de qualificação técnica para
itens de baixa relevância na obra final.
24. A recorrente afirma que problemas identificados em obras anteriores seria o motivo para a
inclusão de qualificação técnica adicional. Ora, trata-se de fato não documentado nos autos do
processo de licitação ou mesmo nos documentos acostados pela recorrente, razão pela qual deve
prevalecer a noção de que a cláusula foi inserida sem a devida justificativa técnica, em desatenção ao
que determina o Acórdão 445/2014-Plenário, de relatoria do e. Ministro José Jorge:
‘As exigências de atributos técnicos inseridas no edital devem ser absolutamente relevantes e
proporcionais ao fim que se busca atingir com a realização da licitação, isto é, pertinentes para o
específico objeto que se intenta contratar. Para se legitimar determinada restrição em processo
licitatório, deve ser apresentada a devida justificativa técnica e/ou econômica para tal’.
25. É necessário recordar que o regime jurídico dos contratos administrativos dispõe de
diversos instrumentos suficientes para proteger o patrimônio público na contratação de empresas que
eventualmente não executam a obra pública conforme a determinação da Administração. A inserção
prévia de cláusulas restritivas não é o instrumento adequado para garantir a correta entrega do
objeto contratado pela Administração, no caso concreto.
26. Ainda que houvesse justificativa técnica para a restrição em comento, a forma adotada
também foi incongruente com o objeto contratado, pois existiam profissionais de outros ramos
técnicos habilitados para executar serviços especificados, conforme foi apontado no relatório de
fiscalização, mostrando que a restrição foi superior àquela adequada para a espécie de obra
contratada:
‘Frise-se que as instalações elétricas, que totalizaram no projeto, consoante o ART do
engenheiro eletricista (peça 14, p. 99), 19.550 W, aproximadamente 30 Kva, é caracterizado como de
baixa tensão, portanto de baixa complexidade técnica, podendo ser realizado, inclusive, por técnico
em eletrotécnica, o qual pode dirigir instalações elétricas com demanda de energia de até 800 Kva, de
acordo com o § 2º do art. 4º do Decreto 90.922/1985. Também com relação ao paisagismo, os
serviços poderiam ser executados não só por um engenheiro agrônomo, como também por arquiteto,
engenheiro florestal, urbanista, nos termos da Resolução Confea 218/1973, ou até mesmo por técnico
agrícola de 2º grau, haja vista as atribuições contidas no art. 6º do mencionado Decreto 90.922/1985.
(peça 23, p. 13)’
27. Por fim, a alegação da recorrente de que não houve questionamentos é inverídica, devendo-
se apontar ao menos um questionamento administrativo encaminhado pela Stone Engenharia (peça
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
12, p. 33-35). Ademais, ainda que não houvesse qualquer questionamento, a restrição permaneceria
como indevida, suprimindo a participação de outras empresas.
28. No caso concreto, verifica-se que a restrição da competição se aproximou, ao menos de
forma indiciária, do conceito de direcionamento da licitação. É que a única empresa habilitada (Viga
Construções – peça 12, p. 111) apresentou certidões de acervo técnica dos profissionais Sebastião
José Macedo da Silva (engenheiro agrônomo) e Antônio Jaime Benevides Neto (engenheiro
eletricista), profissionais da empresa Viga e envolvidos em contratações da Administração Municipal
em períodos próximos (22/4/2010-26/4/2010 e 13/4/2010-20/4/2010 – peça 12, p. 66 e 68) e também
em período próximo da inserção da limitação no edital (5/5/2010 – peça 11, p. 108), sugerindo que a
cláusula houvera sido inserido como meio de direcionamento da licitação àquela empresa que já
detinha aqueles profissionais específicos em seus quadros e já havia executado obras para o ente
municipal.
29. Da irregularidade relativa à participação indireta do autor do projeto básico no Convite
24.008/2010-Semsur
30. Afirma a recorrente Maria Jalene que não teve papel na elaboração do projeto básico, mas
apenas na elaboração de planilha orçamentária básica, não tendo qualquer relevância para a seleção
da proposta vencedora ou para a subsequente execução do contrato. Por seu turno, a empresa Arko
narra que fora prejudicada pela Administração pois, embora tenha executado 77,37% da obra, não
recebeu os valores equivalentes, não havendo comprovação de fraude no procedimento licitatório.
Análise
31. Trata-se da obra de reforma da ‘Praça Pousada Brasília’, para a qual foi realizado o
Convite 24.008/2010-Semsur. A irregularidade em questão investiga a participação da recorrente
Maria Jalene no projeto básico da obra e a relação indireta com a empresa vencedora do certame
(Arko Construções Ltda.), sugerindo a participação da servidora nas atividades da empresa.
32. Quanto aos indícios de participação da recorrente Maria Jalene na empresa Arko
Construções, verificou-se que a sócia majoritária da empresa, Jalicéia Franco Moura (CPF
087.028.174-70), detentora de 95% das cotas sociais, era prima da recorrente (peça 19, p. 102). Na
sequência, as cotas sociais foram transferidas para Joana Darc Franco de Araújo, detentora de
85,75% das cotas sociais e genitora da recorrente (peça 19, p. 102), ocorrências sugestivas de
participação oculta da servidora na sociedade empresarial.
33. A participação oculta se reforça com o documento contido na peça 19, p. 97-98, qual seja, o
Contrato de Prestação de Serviços de uma engenheira da firma, ato exclusivo da entidade
empresarial, para a qual se identificou a assinatura da servidora na qualidade de testemunha,
denotando uma proximidade injustificada com os atos privativos da empresa.
34. Ademais, ainda que os elementos indicados tenham natureza circunstancial, a ilicitude
permaneceria por força do art. 9o, III, da Lei 8.666/93, conforme indicado no acórdão recorrido: ‘A
participação de empresa cujo sócio tenha vínculo de parentesco com servidor da entidade licitante
afronta, por interpretação analógica, o disposto no art. 9º, inciso III, da Lei 8.666/1993’. Nessa
hipótese, há uma presunção de fraude em virtude da participação da empresa na licitação em análise,
exclusivamente por força da relação de parentesco, afastando a alegação da empresa quanto à
ausência de comprovação de fraude.
35. Assim, embora seja dispensável a comprovação de que a recorrente participou da confecção
do projeto básico (sendo passível de penalização apenas pela demonstração da relação de parentesco
que advém da intepretação do art. 9o, III, da Lei de Licitações), o processo demonstra que a
recorrente teve participação direta na elaboração do projeto básico, devendo se recordar a definição
de projeto básico contido na Lei:
‘IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão
adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação,
119
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade
técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a
avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os
seguintes elementos: (...)
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de serviços e
fornecimentos propriamente avaliados;’
36. Assim, nos termos do art. 6o, IX, “f”, da Lei 8.666/93, a elaboração de orçamento detalhado
da obra com quantitativos e valores globais faz parte do projeto básico, sendo inválido o argumento
da recorrente de que não houvera participado do projeto básico, pois, conforme se verifica nos autos
(peça 18, p. 15-17), a recorrente elaborou os orçamentos básicos da obra da praça ‘Pousada
Brasília’.
37. Também não merece prosperar o fato de que a empresa não obteve vantagens na execução
da obra, por ter realizado uma substancial parcela da obra sem o recebimento dos valores
equivalentes e a subsequente paralisação da obra. Ora, se a empresa realizou as obras, o pagamento
mediante medição é devido, podendo, inclusive, ser exigido judicialmente. Trata-se, contudo, de
ocorrência da execução da obra, fase que é posterior à licitação, não tendo relação com a ilegalidade
apurada ainda na fase de escolha da proposta mais vantajosa.
CONCLUSÕES 38. Os recursos apresentados buscam justificar a ocorrência de duas irregularidades
identificadas pelo TCU: a) a inclusão de critérios restritivos no edital do procedimento de Tomada de
Preços 24.044/2010, para construção da ‘Praça dos Mártires’ e seu entorno; e b) a participação
indireta da autora do projeto básico no procedimento de Convite 24.008/2010, para reforma da praça
‘Pousada Brasília’.
39. No primeiro ponto, os recorrentes não lograram justificar a inserção de cláusula restritiva
na licitação, estando demonstrada a responsabilidade pessoal da Diretora do Departamento de
Operação e Manutenção/SEMSUR (Maria Jailene Franco de Carvalho), que solicitou a inserção das
inclusão de critérios restritivos de qualificação técnica na Tomada de Contas 24.044/2010, bem como
do Secretário Adjunto de Logística Sustentável da Prefeitura Municipal de Natal (Laécio Pereira de
Araújo), que homologou a alteração do edital, o qual passou a conter a exigência de profissionais de
engenharia agrônoma e elétrica para execução de parcela pouco expressiva da obra pública,
restringindo a competição pública.
40. No segundo ponto, os recorrentes não lograram justificar a participação indireta da
Diretora do Departamento de Operação e Manutenção da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos
(Maria Jailene Franco de Carvalho), responsável pelo projeto básico, na empresa vencedora da
licitação. Verificou-se que os sócios majoritários tinham relação direta de parentesco com a
servidora, fato que, por si só, implica a presunção de fraude no procedimento licitatório, importando
na sanção da servidora e da empresa interposta.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO Deste modo, submete-se à consideração superior a presente análise dos pedidos de reexame
contra o Acórdão 702/2016-TCU-Plenário, interpostos por Laélio Pereira de Araújo, Maria Jailene
Franco de Carvalho e Arko Construções Ltda., nos termos dos arts. 32, 33 e 48 da Lei 8.443/92,
propondo conhecer e negar provimento aos apelos, dando ciência aos recorrentes, à Semsur/Natal e à
Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico do Natal (Seturde).”
2. O Sr. Diretor e o Sr. Secretário da Serur ratificaram a instrução acima transcrita (peças 324 e
325, respectivamente).
É o relatório.
120
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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VOTO
Preliminarmente, insta destacar que os pedidos de reexame ora sob análise atendem aos
requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 285 e 286 do RITCU c/c o art. 48 da Lei 8.443/1992,
razão por que devem ser conhecidos.
2. Versam os autos, originalmente, sobre relatório de auditoria realizada pela Secretaria de
Controle Externo no Estado do Rio Grande do Norte (Secex/RN) em que se identificou irregularidades
na execução de convênios firmados entre o Ministério do Turismo e o município de Natal/RN.
3. Das diversas impropriedades que motivaram a audiência de responsáveis, ao final,
remanesceram as seguintes:
a) restrição à competitividade na Tomada de Preços 24.044/2010-Semsur em face da inclusão
indevida, no edital, na parte de critérios de qualificação técnica para habilitação, dos subitens 6.1.4.6 e
6.1.4.7. (exigência de engenheiro agrônomo com acervo em paisagismo e de engenheiro eletricista
com acervo em iluminação pública); e
b) participação indireta de autor do projeto básico na condução do Convite 24.008/2010-Semsur.
4. Em relação à primeira irregularidade, foi responsabilizada a sra. Maria Jailene Franco de
Carvalho, diretora do Departamento de Operação e Manutenção da Secretaria Municipal de Serviços
Urbanos (Semsur/Natal), por ter solicitado a inclusão de cláusulas restritivas no edital, sem apresentar,
à época, qualquer estudo técnico que respaldasse a exigência.
5. Do mesmo modo, foram também responsabilizados o sr. João Alves de Carvalho Bastos, ex-
secretário da Semsur/Natal, e os srs. Moacir Mateus de Souza e Abrahão Lincoln Bezerra Dantas,
assessores jurídicos do órgão, os quais ratificaram a exigência indevida.
6. Além disso, o sr. Laélio Pereira de Araújo, secretário adjunto de logística sustentável da
Prefeitura Municipal de Natal, que homologou a licitação, também foi apenado por esta ocorrência.
7. Todos os gestores acima foram multados, nos termos do art. 58 da Lei 8.443/1992 (vide tabela
transcrita no relatório precedente).
8. Acerca da segunda irregularidade, a deliberação a quo rejeitou as razões de justificativas
apresentadas pela sra. Maria Jailene Franco de Carvalho, diretora do Departamento de Operações e
Manutenção da Semsur/Natal, e pela empresa Arko Construções Ltda., representada legalmente pela
sra. Joana Darc Franco de Araújo.
9. Consoante restou verificado, a primeira responsável participou da elaboração do projeto
básico do Convite 24.008/2010 e possuía estreita ligação com a empresa Arko Construções Ltda.,
vencedora do certame (era prima em primeiro grau da sócia-gerente e foi testemunha em contrato de
prestação de serviços de uma engenheira da empresa). Ademais, coube à sra. Maria Jailene Franco de
Carvalho expedir, juntamente com o secretário municipal, a ordem de serviço, bem como analisar as
solicitações de aditivos ao contrato e apresentar justificativas técnicas, dentre outras atribuições
diretamente relacionadas à execução contratual.
10. A ex-gestora foi inabilitada para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança
no âmbito da Administração Pública Federal, consoante o art. 60 da Lei 8.443/1992, pelo prazo de
cinco anos, e multada em R$ 20.000,00, com fulcro no art. 58 da Lei 8.443/1992. Já a empresa foi
declarada inidônea para participar de licitações promovidas pela Administração Pública Federal
também pelo prazo de cinco anos.
11. É contra esta decisão que se insurgem, neste momento, o sr. Laélio Pereira de Araújo, a sra.
Maria Jailene Franco de Carvalho e a empresa Arko Construções Ltda.
121
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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12. Para tanto, o sr. Laélio Pereira de Araújo aduz, em síntese, que, no exercício da função de
homologação do certame, não seria razoável a imposição de multa tendo em vista os seguintes
aspectos: (i) curto período em que o processo de licitação ficou no setor para análise; (ii) indicação da
comissão permanente de licitação pela regularidade do procedimento; (iii) ausência de ciência sobre as
impugnações apresentadas ao edital, as quais foram analisadas exclusivamente pela Semsur/Natal.
13. Quanto à exigência de engenheiro agrônomo com acervo em paisagismo e de engenheiro
eletricista com acervo em iluminação pública, a sra. Maria Jailene Franco de Carvalho sustenta que: (i)
não houve dolo em sua conduta; (ii) a inclusão de elementos restritivos se fundamentaria em
problemas identificados em outras licitações realizadas pela Administração, especificamente na área de
iluminação e paisagismo; e (iii) a ausência de questionamento administrativo ou judicial por parte de
empresa participante indicaria a licitude da restrição incluída. No que concerne à sua participação na
confecção do projeto básico do Convite 24.008/2010-Semsur, afirma que o documento foi elaborado
por uma arquiteta e que não interferiu, mas apenas elaborou a planilha orçamentária básica.
14. A empresa Arko Construções Ltda., por sua vez, alega que não houve comprovação de
fraude no procedimento licitatório e que foi prejudicada pela Administração, pois, embora tenha
executado 77,37% da obra, não recebeu os valores correspondentes.
15. Manifesto minha concordância com a análise empreendida pela Serur, cujos argumentos
incorporo, desde já, às minhas razões de decidir.
16. As alegações recursais apresentadas em relação à inclusão de critérios restritivos no edital da
Tomada de Preços 24.044/2010 devem ser rejeitadas.
17. Esse certame teve como objeto a realização da construção da praça “Igreja dos Mártires” e de
melhorias na região do entorno. Do que ressai dos autos, as exigências reputadas como indevidas não
constavam inicialmente do instrumento convocatório (peça 11, p. 62) e foram introduzidas em
momento posterior (peça 12, p. 3), por expressa solicitação da sra. Maria Jailene Franco de Carvalho
(ex vi do Memorando inserto à peça 11, p. 108).
17. Cumpre destacar que, nos termos da ata do certame, dentre as cinco empresas que retiraram o
edital (Solar Construção e Projeto Ltda., HSA Construções Ltda., Plantacon Comércio de Plantações,
Construções e Criação Ltda., Viga Construções Ltda. e Kizo Construção e Serviço Ltda.), apenas duas
participaram (Viga Construções Ltda. e Kizo Construção e Serviço Ltda.), sendo que a segunda foi
inabilitada justamente pela ausência do acervo técnico do engenheiro agrônomo e do engenheiro
eletricista e por ter apresentado garantia e certidão de regularidade para com a Fazenda Federal
vencidas (peça 12, p. 111). Observa-se, portanto, que o resultado do certame, com apenas uma licitante
habilitada, reforça o caráter restritivo da exigência técnica em comento.
18. Como é cediço, a legitimação de determinada restrição em processo licitatório exige a devida
justificativa técnica e/ou econômica, o que não ocorreu (vide Acórdãos 445/2014 e 517/2012, ambos
do Plenário, dentre outros). Conforme bem destacou a Serur, o projeto básico da obra não continha
especificações detalhadas sobre as intervenções de paisagem ou de iluminação de forma a evidenciar
que se tratavam de parcelas de relevância e valor significativo que necessitavam de profissionais
especializados. Ao contrário, a indicação era de que se tratavam de itens de menor relevância no
panorama da obra: a parte de eletricidade compunha 9,53% dos valores a serem executados e a de
paisagismo equivalia a 4,37%.
19. Outro aspecto que chamou a atenção e, inclusive, sugere possível direcionamento da
licitação, diz respeito ao fato de que a única habilitada (Viga Construções Ltda.) apresentou certidões
de acervo técnica dos profissionais Sebastião José Macedo da Silva (engenheiro agrônomo) e Antônio
Jaime Benevides Neto (engenheiro eletricista), profissionais envolvidos em contratações então
recentes do município (22/4/2010-26/4/2010 e 13/4/2010-20/4/2010 – peça 12, p. 66 e 68) e também
em período próximo à data de inserção da exigência no edital (5/4/2010 – peça 11, p. 108).
122
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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20. Quanto à participação do sr. Laélio Pereira de Araújo na concretização da irregularidade em
comento, esta se deu por meio da concordância do ex-gestor com a inclusão das exigências técnicas
(vide despacho exarado em 20/4/2010 à peça 11, p. 114), bem como da homologação da tomada de
preços (peça 12, p. 130). Ressalta-se que a homologação de um procedimento licitatório não é ato
meramente formal, em que a autoridade competente apõe sua assinatura e toma ciência do resultado do
certame. Trata-se, na verdade, de ato por intermédio do qual a autoridade administrativa exerce o
controle sobre a legalidade do procedimento, aprovando as decisões tomadas pelos membros da
comissão de licitação. Assim, ao apor sua assinatura para homologar o certame, a autoridade
administrativa ratifica todos os atos da referida comissão, tornando-se por eles igualmente responsável.
21. Igualmente, não merecem prosperar as alegações relacionadas à participação indireta do
autor do projeto básico na condução do Convite 24.008/2010-Semsur, cujo objeto foi a obra de
reforma da “Praça Pousada Brasília”.
22. Restou verificado que a sra. Maria Jailene Franco de Carvalho, diretora do Departamento de
Operações e Manutenção da Semsur/Natal, elaborou a planilha orçamentária que integrava o projeto
básico da obra. Por outro lado, a responsável mantinha relação indireta com a empresa vencedora do
certame (Arko Construções Ltda.), segundo evidenciaram os elementos abaixo:
- a sócia majoritária da empresa, detentora de 95% das cotas, era a sra. Jalicéia Franco Moura
(peça 19, p. 102), prima da ora recorrente;
- as cotas sociais foram transferidas para Joana Darc Franco de Araújo, então detentora de
85,75% (peça 19, p. 102), que vem a ser a genitora da recorrente; e
- o contrato de prestação de serviços firmado entre uma engenheira e a empresa Arko
Construções Ltda. (peça 19, p. 97-98) traz a recorrente como testemunha, denotando uma proximidade
indevida com atos privativos da empresa.
23. Quanto às demais alegações, creio que foram devidamente refutadas pela Serur. Por
conseguinte, considero desnecessário tecer comentários adicionais. Dessa forma, resta inviabilizada a
pretensão dos recorrentes em reformar o acórdão atacado.
24. Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote o acórdão que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1600/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 006.614/2013-2
2. Grupo I – Classe I – Assunto: Pedido de reexame (em Relatório de auditoria)
3. Recorrentes: Laélio Pereira de Araújo (056.868.734-53), Maria Jailene Franco de Carvalho
(008.308.414-23) e Arko Construções Ltda. (10.715.077/0001-00)
4. Órgão: Prefeitura Municipal de Natal/RN
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler
5.1 Relator da deliberação recorrida: Ministro Augusto Nardes
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade: Serur
8. Advogados constituídos nos autos: Felipe Augusto Meira de Medeiros (OAB/RN 3.640,
Afonso Adolfo de Medeiros Fernandes (OAB/RN 3.937) e outros.
9. Acórdão:
123
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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Vistos, relatados e discutidos estes autos de pedidos de reexame interpostos por Laélio Pereira de
Araújo, Maria Jailene Franco de Carvalho e Arko Construções Ltda. contra o Acórdão 702/2016-
Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1 conhecer dos presentes pedidos de reexame, nos termos dos arts. 285 e 286 do RITCU c/c o
art. 48 da Lei 8.443/1992, para, no mérito, negar-lhes provimento; e
9.2. dar ciência do inteiro teor desta deliberação aos recorrentes, à Prefeitura Municipal de
Natal/RN, à Secretaria Municipal de Serviços Urbanos de Natal/RN (Semsur/Natal), à Secretaria
Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico de Natal/RN (Seturde) e ao Ministério do
Turismo, remetendo-lhes cópia do relatório e do voto que a fundamentaram.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1600-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE ___ – Plenário
TC 014.361/2015-9
Natureza: Tomada de Contas Especial
Órgão/Entidade: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
Responsável: Constran S.A. Construções e Comércio (61.156.568/0001-90); José Francisco das
Neves (062.833.301-34); Luiz Sérgio Nogueira (566.485.378-68); Ulisses Assad (008.266.408-00);
José Américo Cajado de Azevedo (548.198.066-53); Francisco Elísio Lacerda (036.082.658-05); Luiz
Carlos Oliveira Machado (222.706.987-20); Maria Estela Filardi (348.592.927-15); Jorge Alberto Aun
(374.154.178-87); José Roberto Bertoli (612.472.518-53).
Representação legal: Edgard Hermelino Leite Júnior (OAB/SP nº 92.114), Mario Henrique de
Barros Dorna (315746/OAB-SP), Maria Carolina Viana Machado Pinheiro (OAB/SP 235.057) e
outros, representando Constran S.A. - Construções e Comércio; Silvia Regina Schmitt (58372/OAB-
RS) e outros, representando Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. SUPERFATURAMENTO DECORRENTE
DE PREÇOS EXCESSIVOS. CONTRATO 58/209, REFERENTE AO LOTE 2 FERROVIA NORTE-
SUL NO ESTADO DE GOIÁS. QUANTIFICAÇÃO DO DÉBITO. CITAÇÃO DOS
RESPONSÁVEIS. INDISPONIBILIDADE DOS BENS.
RELATÓRIO
124
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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Adoto como relatório a instrução elaborada por auditor da Secretaria Extraordinária de
Operações Especiais em Infraestrutura (peça 37), com a qual se manifestaram de acordo os dirigentes
da mencionada unidade técnica (peças 38 e 39):
“I. INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial (TCE) constituída em atendimento ao
subitem 9.1.1 do Acórdão 1.498/2015-TCU-Plenário em razão do superfaturamento identificado pelo
TCU no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul
(FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a
empresa Constran Construções e Comércio S.A.
2. A presente instrução trata da apuração do débito e da identificação dos responsáveis
consoante previsão contida no art. 32 da Portaria-Segecex, n. 5/2017 e Ordem de Serviço-Segecex
6/2017. Além disso, o presente processo tem tratamento prioritário no TCU desde a instauração até o
julgamento por conta do débito atualizado ser superior a R$ 5 milhões consoante orientação do art.
13 da Decisão Normativa TCU n. 155 de 23 de novembro de 2016.
II. HISTÓRICO
3. A construção da Ferrovia Norte-Sul (FNS) vem sendo auditada pelo TCU há mais de 10
anos, identificando-se irregularidades de toda ordem, tais como sobrepreço, superfaturamento, jogo
de planilha, avanço desproporcional entre as etapas de serviços, gestão temerária, direcionamento
nos procedimentos licitatórios, deficiência nos projetos de engenharia e falta de planejamento na
execução das obras conforme se depreende, entre outros, dos Acórdãos do Plenário do TCU
2.843/2008, 593/2009, 462/2010, 2.115/2010, 2.478/2010, 1.922/2011, 1.923/2011, 2.433/2011,
3.061/2011, 1.910/2012, 1.978/2012, 1.103/2013, 1.514/2015, 2.313/2015.
4. A construção ferroviária do trecho goiano foi contratada em lotes (trechos) entre 2001 e 2007
para construção do então denominado tramo sul da FNS. As citadas obras ferroviárias foram
concluídas por contratos complementares celebrados por regime diferenciado de contratação em
2015, mas a ferrovia continua subutilizada no trecho goiano por indefinição de questões regulatórias.
5. Esse trecho de ferrovia parado do norte goiano (que contém os 52 km objeto da TCE) não se
confunde com o trecho em obra inacabada ao sul de Goiás denominado Extensão Sul da FNS licitado
e contratado entre 2010 e 2011 com extensão de 680 km, conforme pode ser verificado abaixo:
II.1. As auditorias do TCU na Ferrovia Norte-Sul 6. Já nas primeiras fiscalizações realizadas pelo TCU nas contratações da Ferrovia Norte-Sul,
verificou-se entre 2007 e 2008 grande discrepância entre os valores praticados nas planilhas dos
contratos de construção da Valec e os valores de mercado adotados como referência pelo TCU,
sinalizando risco de dano erário, uma vez que a Valec é estatal dependente do Orçamento Geral da
União.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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7. Antes de adentrar o exame técnico, faz-se oportuno compreender a última deliberação do
TCU nos contratos de construção da Valec, que inclui o Contrato 58/2009, explicitado no voto
condutor do Acórdão 2.495/2016-TCU-Plenário de Relatoria do Ministro Benjamin Zymler:
4. No bojo do TC 021.283/2008-1, relativo à auditoria realizada nas obras em questão no
âmbito do Fiscobras/2008, foi apontada a ocorrência sobrepreço nos contratos 14/2006 (Lote 1),
15/2006 (Lote 2), 16/2006 (Lote 3), 13/2006 (Lote 4) e 21/2001 (Lote s/n), o que resultou na
determinação de retenção cautelar de 40% dos valores apontados como sobrepreço em cada lote da
ferrovia
(...)
6. O TC 021.283/2008-1 foi apreciado no mérito pelo Acórdão 2.447/2014-Plenário, o qual
determinou, dentre outras providências, a constituição de processos específicos de tomada de contas
especial relativos a cada um dos contratos supracitados, a saber: TC 004.063/2015-5, TC
004.060/2015-6, TC 004.058/2015-1, TC 004.056/2015-9 e TC 004.057/2015-5. (...)
7. Os contratos 15/2006 (Lote 2) e 13/2006 (Lote 4) foram rescindidos pela Valec, sendo
sucedidos pelos contratos 58/2009 (Lote 2) e 60/2009 (Lote 4), os quais foram acordados nas mesmas
condições dos anteriores, ou seja, com os mesmos preços unitários e com os quantitativos restantes.
Tais ajustes foram fiscalizados no âmbito do Fiscobras/2010 (TC-011.287/2010-1), cuja última
deliberação foi o Acórdão 1.498/2015-Plenário, de minha relatoria.
8. O citado decisum determinou a instauração de três processos apartados de Tomada de
Contas Especial, com vistas à quantificação dos débitos e identificação dos responsáveis pelos
superfaturamentos apurados nos contratos 58/2009, 60/2009 e 13/2006, determinando que a unidade
técnica submetesse ao relator propostas de citação.
9. Essas tomadas de contas especiais estão em tramitação nos processos TC 014.364/2015-8, TC
014.361/2015-9 e TC 014.362/2015-5. Insta salientar que o TC-004.063/2015-5, por racionalidade
administrativa, foi posteriormente apensado ao TC 014.364/2015-8, nos termos do art. 36 da
Resolução TCU 259/2014, por tratar do mesmo contrato e dos mesmos fatos.
10. Considerando que o objeto de tais ajustes são os serviços remanescentes de contratos
rescindidos, a Valec também aplicou aos Contratos 58/2009 e 60/2009 a medida cautelar relativa aos
contratos antecessores, o que resultou na retenção de 10,35% e 11,26% dos valores pagos em ambos
os instrumentos, respectivamente.
11. Por isso, no âmbito do TC-011.287/2010-1, a empresa Constran também ingressou com
agravo contra o despacho de 4/4/2012, que negou petição apresentada pela empresa para que fosse
reduzido o percentual de retenção de pagamentos, bem como devolvido os valores já retidos no
âmbito do Contrato 58/2009. O referido recurso não foi provido pelo TCU, conforme decidido no
Acórdão 1.704/2012-Plenário.
12. Nesta fiscalização, a unidade técnica apurou a situação atualizada de todas as retenções
cautelares determinadas pelo TCU, as quais se encontram consolidadas na tabela a seguir:
Lote Contrato Retenção
TCU Situação Atual
Lote
S/N 21/2001
9,28%
Os valores retidos, no total de R$ 8.641.347,88, foram
devolvidos à contratada e substituídos por apólice de
seguro garantia, que se encontrava com validade somente
até 16/3/2014. Restam retidos apenas R$ 270.713,97.
Lote
01
14/2006 3,54%
Havia sido retido R$ 2.489.360,14, porém, a determinação
de retenção foi declarada nula pela Justiça Federal.
Restam ainda retidos tão somente R$ 15.109,42.
Lote
02 15/2006 11,26%
A contratada ingressou com Ação Ordinária contra a
retenção (2009.34.00.034608-1), cujo pedido foi julgado
126
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
improcedente pela Justiça Federal, mas a empresa interpôs
recurso de apelação (0034009-90.2009.4.01.3400) e,
atualmente, o processo encontra-se concluso para relatório
e voto na Quinta Turma do TRF-1. Ou seja, não há decisão
judicial transitada em julgado. A determinação do TCU
quanto à retenção de 11,26% continua aplicável, embora
informação atualizada da Valec noticie que os valores
retidos durante a execução contratual, num total de R$
543.740,97, foram liberados. Portanto, não há valores
retidos quanto a esse contrato.
Lote
02 58/2009 11,26%
Encontra-se retido o valor de R$ 20.583.175,50. Há ação
judicial (Processo 39062-18.2010.4.01.3400) solicitando
liberação das retenções referentes a esse Contrato e ao
Contrato 13/2006, ambos assinados com a Constran, mas
que se encontra em grau de recurso, sem decisão judicial
transitada em julgado, mantendo-se a determinação deste
TCU quanto à retenção de 11,26%.
Lote
03 16/2006 9,78%
Há retenção de R$ 3.794.429,93. Foi proferida decisão
judicial desobrigando a retenção dos valores, mas a
Procuradoria Jurídica da Valec entendeu que, até a
decisão final de mérito do processo, as retenções já
realizadas não deveriam ser devolvidas.
Lote
04 13/2006 10,35%
Encontra-se retido o valor de R$ 6.056.693,96. Há ação
judicial não transitada em julgado solicitando liberação
das retenções referentes a esse Contrato.
Lote
04 60/2009 10,35%
Durante a execução contratual houve a retenção de R$
17.015.437,34 que, em função de sentença liminar no
processo 0035896-75.2010.4.01.3400, foram liberados.
Não há qualquer valor retido referente a esse contrato,
embora a sentença ainda não tenha transitado em julgado.
(...)
20. Aproveito a oportunidade para observar que o Ministério Público Federal em Goiás
ofereceu denúncia contra oito pessoas suspeitas de superfaturar as obras da Ferrovia Norte-Sul no
estado, com prejuízo estimado aos cofres públicos da ordem de R$ 630 milhões (fonte:
http://g1.globo.com/politica/operacao-lava-jato/noticia/2016/02/pf-cumpre-mandados-em-operacao-
relacionada-lava-jato.html). Além das tomadas de contas especiais tratando do superfaturamento das
obras da FNS em Goiás, cuja relatoria compartilho com o Ministro Walton Alencar Rodrigues,
enfatizo que existem outros feitos apurando danos nos trechos da FNS em Tocantins, que são
relatados pelo eminente Ministro Bruno Dantas.
21. Todavia, até o presente momento, as citações determinadas pelos Acórdãos 2.447/2014-
Plenário e 1.498/2015-Plenário ainda não foram efetuadas, o que não se coaduna com a grande
repercussão do caso e com os elevados prejuízos ocasionados ao Poder Público. Há também a
possibilidade de prescrição da pretensão punitiva do Tribunal caso as citações não sejam realizadas
no prazo adequado.
22. Cabe enfatizar que sucessivas leis de diretrizes orçamentárias têm fixado prazos e
estabelecido que os processos relativos a obras públicas que possam ser objeto de bloqueio
orçamentário serão instruídos e apreciados prioritariamente pelo Tribunal de Contas da União,
conforme se dessume do disposto no art. 122, §§ 2º, 4º e 5º, da Lei 13.242/2015 (LDO de 2016).
127
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
23. A instrução das tomadas de contas especiais estava originalmente a cargo da SeinfraHidro,
mas, desde o dia 9/5/2016, em atendimento ao Memorando nº 6/2016-Coinfra, a responsabilidade
técnica pela condução dos processos da FNS foi transferida à SeinfraOperações.
24. Ocorre que diuturnamente, por meio de minha assessoria, acompanho as atividades da
SeinfraOperações e sei da relevância de outros processos em instrução naquela unidade técnica e da
carência de pessoal existente. Preocupa-me sobremaneira que o exame dos processos da FNS
continue em segundo plano, ou pior, que haja comprometimento em ações de controle externo ainda
mais relevantes. Em um único processo recentemente instruído pela unidade técnica, foi apurado
indício de superfaturamento que supera o montante de R$ 2,1 bilhões, em valores atualizados,
conforme se observa no Acórdão 2.109/2016-Plenário.
25. Portanto, a Secretaria-Geral de Controle Externo deve alocar a força de trabalho
disponível, priorizando o exame de questões como a que ora se examina, ou seja, de elevada
relevância e com prazo de apreciação previsto em lei, motivo pelo qual proponho determinar que a
unidade básica de controle externo, mediante suas secretarias, ultime as propostas de citação em
atendimento aos Acórdãos 2.447/2014-Plenário e 1.498/2015-Plenário, assegurando-se que as
providências ora determinadas não comprometam o andamento de outras relevantes ações em curso
pela SeinfraOperações. (grifou-se)
II.2. A Valec, o lote 2 da Ferrovia Norte-Sul e o contrato 58/2009 8. O objeto do contrato 58/2009 celebrado entre a Valec e a Constran Construções e Comércio
S.A. em 24/12/2009 refere-se às obras remanescentes para construção de infraestrutura e
superestrutura ferroviária e obras de arte especiais da Ferrovia Norte-Sul em trecho de 52 km situado
entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO) com valor original (p0) de R$ 116.426.598,27.
9. Após a rescisão amigável da Valec com a Camargo Correa S.A. celebrou-se o contrato com a
segunda colocada no certame 8/2004 nas mesmas condições de preço do licitante vencedor (art. 24,
inciso XI da Lei 8.666/1993). Nesse novo contrato (58/2009) foram realizadas 26 medições e
executados R$ 143.511.780,20 (peça 25) considerando-se aproximadamente o valor máximo legal
aditivado. Apesar disso, a Constran exauriu os recursos do contrato sem, no entanto, concluir o
objeto, uma vez que foi necessária contratação complementar.
10. Especificamente quanto ao sobrepreço identificado no Contrato 15/2006-Camargo, registre-
se que o débito em desfavor da União continuou a ser realizado por meio do contrato 58/2009-
Contran, uma vez que é oriundo da mesma proposta contratada com sobrepreço. Por esse motivo,
conforme detalhado no voto do acórdão supracitado, a Valec em resposta a determinação cautelar do
TCU continuou a realizar a retenção nos pagamentos feitos a construtora em percentual de 11,26 %.
Esse percentual representava 40% do sobrepreço apontado pela unidade técnica do TCU em 2008 em
cognição sumária e foi adotada cautelarmente pelo Tribunal no intuito de resguardar o erário até a
decisão de mérito (Acórdão 593/2009-TCU-Plenário).
11. Insurgindo-se administrativa e judicialmente contra determinação cautelar de retenção de
pagamentos do TCU a Constran S.A. Construções e Comércio buscou, por diversas vezes, a liberação
dos valores retidos pela Valec, mas não logrou êxito. Segundo informações do último Fiscobras o
saldo acumulado decorrente da retenção de pagamentos determinadas pelo TCU é de R$
20.583.175,50 na data-base novembro 2004 (Acórdão 593/2009-TCU-Plenário atualizado pelo
Acórdão 2.495/2016-Plenário).
12. Além do superfaturamento por preços excessivos frente ao mercado, enfrentou-se no julgado
que instaurou a presente tomada de contas especial do contrato 58/2009 (Acórdão 1.498/2015-TCU-
Plenário) problemas nos projetos de engenharia, alteração injustificada de quantitativos e aditivos
superiores ao limite legal. Nessa oportunidade, o TCU multou os gestores da Valec e, com isso, a
apuração do débito decorrente do superfaturamento por preços ficou para ser realizado no presente
processo de contas.
128
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
13. Quanto às deliberações do TCU em auditoria de obras ferroviárias, verifica-se pacificação
dos critérios para apuração de superfaturamento de preços por meio dos Acórdãos do Plenário do
TCU 2.143/2008, 2.843/2008, 593/2009, 462/2010 e 1910/2012, uniformizando-se a jurisprudência,
entre outros pontos, quanto a utilização do Sistema de Custos Rodoviários (Sicro) como referência de
mercado, com adoção integral dos preceitos, critérios e métodos constantes no Manual de Custos
Rodoviários, para serviços de terraplenagem, drenagem, obras-de-arte correntes e especiais, obras
complementares, proteção vegetal e demais serviços de infraestrutura ferroviária. Posteriormente o
TCU referendou essas premissas por meio do Acórdão 2.447/2014-TCU-Plenário e do Acórdão
1.498/2015-Plenário.
II.3. Objeto conexo com a Operação LavaJato 14. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal, após tomarem ciência das graves
irregularidades apontadas pelo TCU no Fiscobras 2008 (peça 1, p.183, TC 021.283/2008-1),
identificaram condutas criminosas e de improbidade nas contratações da Valec. Com isso, entre
outras investigações anteriores, deflagrou-se a “Operação Tabela Periódica” em 2016 que é
desdobramento da “Operação Lavajato” e da “Operação O Recebedor” que investiga cartel, fraude
em licitações, corrupção, peculato e lavagem de dinheiro em obras da ferrovia Norte-Sul
(http://www.mpf.mp.br/go/sala-de-imprensa/noticias-go/deflagrada-operacao-201ctabela-
periodica201d-em-goias).
15. A “Operação Tabela Periódica” contou com provas produzidas pela Camargo Corrêa no
inquérito administrativo instaurado no âmbito da Superintendência-Geral do CADE (SG/CADE).
Nessa oportunidade, dirigentes da construtora celebraram acordo de leniência (n. 2/2016) nos termos
do art. 86 e 87 da Lei 12.529/2011 (Lei de Defesa da Concorrência).
16. A investigação do cartel nas licitações de obras ferroviárias na Valec pela SG/CADE
ocorreu no âmbito do processo 08700.001836/2016-11 e foi subsidiada, conforme supracitado, pela
celebração em abril de 2016 de acordo de leniência com a empresa Construções e Comércio
Camargo Corrêa S/A e alguns de seus dirigentes. O acordo de leniência foi assinado conjuntamente
pelo MPF/GO.
17. As investigações do CADE, MPF/GO e Polícia Federal apontaram a existência de cartel
por meio de acordo para divisão de licitações entre as construtoras concorrentes, com fixação de
vantagens relacionadas, para frustrar o caráter competitivo das licitações na Valec destinadas a
obras em trechos das Ferrovias Norte-Sul e Oeste-Leste. A atuação do cartel deu-se entre o ano 2000
e 2010. Durante esse período pode ter se envolvido cerca de 37 empresas. Entre elas, 16 empresas
foram apontadas no acordo de leniência como participantes efetivas, enquanto outras 21 seriam
participantes possíveis.
18. Entre as 16 participantes efetivas, seriam, segundo apontam os indícios:
Carioca Christiani Nielsen Engenharia S/A, Constran S/A Construções e Comércio, Construções e
Comércio Camargo Corrêa S/A, Construtora Andrade Gutierrez S/A, Construtora Barbosa Mello S/A,
Construtora Norberto Odebrecht S/A, Construtora OAS S/A, Construtora Queiroz Galvão S/A, C.R.
Almeida S/A - Engenharia de Obras, Egesa Engenharia S/A, Galvão Engenharia S/A, Mendes Junior
Trading e Engenharia S/A, Pavotec Pavimentação e Terraplanagem Ltda., Serveng Civilsan S/A
Empresas Associadas de Engenharia, Servix Engenharia S/A, e SPA Engenharia, Indústria e
Comercio Ltda.
19. Especificamente sobre o envolvimento da Constran (atual UTC) no cartel, o histórico de
conduta (peças 32-35) que acompanha o acordo de leniência 2/2016 demonstra a participação efetiva
da construtora na chamada fase de consolidação do cartel que ocorreu entre 2003 e 2007 nos trechos
que incluem o edital de concorrência 8/2004 e o contrato 58/2009 que é objeto da presente TCE
(http://www.cade.gov.br/noticias/cade-mpf-go-e-policia-federal-realizam-operacao-para-investigar-
suposto-cartel-em-licitacoes-de-ferrovias).
129
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
20. Nesse contexto, em 2016 o TCU recebeu do MPF/GO o produto dos acordos de
colaboração trazidos na denúncia do MPF recebida pela justiça federal (Ação Penal n. 17620-
74.2016.4.01.3500). Em razão desse acordo, gestores da Camargo Correa confessaram a prática de
cartel, corrupção, lavagem de dinheiro e crimes de licitação, além de se comprometerem a restituir os
danos aos cofres públicos. A Camargo Correa entregou provas documentais e testemunhais contra as
demais empreiteiras integrantes do esquema ilícito, bem como contra o ex-presidente da Valec, José
Francisco das Neves .
21. Em virtude do disposto no art. 32 da Portaria-Segecex n. 5 de 2017 combinado com a
determinação da Coinfra (peça 25), o presente processo teve sua responsabilidade transferida para a
Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em Infraestrutura (SeinfraOperações).
III. EXAME TÉCNICO
22. Serão apresentados os critérios utilizados para o cálculo do débito e para
responsabilização, individualizando-se as condutas dos envolvidos.
III.1. Critérios para o cálculo do débito
23. Conforme já foi mencionado o Contrato 58/2009 foi encerrado em 2013 sendo gerados 26
boletins de medição em favor da Constran totalizando aprox. R$ 143,5 milhões. O termo de
recebimento definitivo foi emitido pela estatal em 12/3/2013. Por esse motivo, adotar-se-á apenas a
terminologia superfaturamento em detrimento de sobrepreço, uma vez que o contrato está encerrado e
os prejuízos identificados no Acórdão 1.498/2015-TCU-Plenário já se materializaram.
24. Especificamente quanto aos critérios para apuração do superfaturamento por preço no
Contrato 58/2009 ressalte-se que as unidades técnicas do TCU já se manifestaram sobre esse assunto
em diversas oportunidades de contraditório. Com esse debate pretérito o Tribunal pacificou a
metodologia de análise de preços de obras ferroviárias por meio do Acórdão 462/2010-TCU-Plenário
e Acórdão 2447/2014-Plenário.
25. Além disso, quando da instauração da presente TCE o Plenário do TCU referendou, por
meio do Acórdão 1.498/2015-Plenário, os critérios utilizados pelo TCU para apuração do
superfaturamento em ferrovias, sendo realizado extenso debate processual com as construtoras da
Ferrovia Norte-Sul em Goiás no âmbito do TC 021.283/2008-1 e TC 011.287/2010-1, entre elas a
empresa Constran S.A., especialmente no que se refere a BDI, aplicação do SICRO, retenção de
pagamentos e custos diretos (ver relatório do Acórdão 1.498/2015-TCU-Plenário).
26. Na última deliberação do TCU (Acórdão 2.495/2016-TCU-Plenário) sobre o contrato
58/2009 consta a informação de retenção de pagamentos acumulada pela Valec em R$ 20.583.175,50
na base novembro de 2004 sem, no entanto, explicitar o andamento das ações judiciais e nem
demonstrar a maneira de apropriação desses valores na contabilidade da estatal. Além disso, cabe
ressaltar que eventuais descontos por conta de valores retidos e acumulados pela Valec em relação
aos débitos dos responsáveis somente podem ser realizados após a decisão de mérito do Tribunal em
sede de decisão definitiva prevista no art. 23, inciso III, alínea “b” combinado com o art. 28, inciso II
da Lei Orgânica do TCU.
27. No que se refere ao superfaturamento por qualidade decorrente de irregularidades
encontradas pelo TCU (Acórdão 2.882/2013-TCU-Plenário) no recebimento das obras do contrato
58/2009 ressalte-se que foram elididas por meio do Acórdão 1.322/2015-TCU-Plenário. Com isso, no
presente processo de contas restou somente a apuração do superfaturamento por preço originado na
planilha do contrato 15/2006 da Camargo Correa e transferido para o Contrato 58/2009 da Constran
por força do inciso XI do artigo 24 da Lei de Licitações (contratação por dispensa em remanescente
de obra nas mesmas condições do licitante vencedor).
28. Dessa forma, foi realizada apuração do superfaturamento por preço comparando-se os
preços unitários de cada serviço da planilha contratada com os preços unitários de referência
(paradigmas de mercado adotados pelo TCU). Por fim, realizou-se o somatório das diferenças de
130
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
preço mantendo-se a data base em novembro de 2004. O valor total acumulado corresponde ao ônus
ilegal à Administração pelo pagamento de serviços contratados por preços superiores aos de
mercado.
29. Cabe ressaltar que não foi considerado para apuração do superfaturamento fatos, valores e
pagamentos envolvendo cartel, corrupção, lavagem de dinheiro. Mas eventuais condutas ilícitas
comprovadas em acordos de colaboração e/ou de leniência pode ser considerado como critério para
análise de culpabilidade e de boa-fé dos agentes envolvidos.
30. A seguir apresenta-se a memória de cálculo sintética do superfaturamento no contrato
58/2009 da Constran organizado do maior valor acumulado para o menor valor:
Serviço / Item de planilha Preço
Contrato
Preço
Referenci
al
Percentua
l de
Superf. no
item
Superfaturamen
to
Dormente monobloco de concreto protendido
para bitola mista 1,00/1,60 m 320,37 246,79 22,97% 6.376.976,89
Escavação, carga, descarga e espalhamento
1ª cat 4,74 3,32 29,96% 5.433.723,01
Montagem da grade -(superestr) 136.408,0
6 62.585,31 54,12% 3.781.201,25
Brita para lastro (incl. transporte até 3 km) -
(superestr) 54,78 26,09 52,38% 3.154.403,98
Aterro grau de compactação 95% (Proctor
Normal) (corpo) 2,64 1,32 50,02% 2.857.002,50
Nivelamento, levante, alinhamento e socaria de
linha -(superestr) 78.279,67 30.386,46 61,18% 2.453.090,27
Concreto fck >= 15 MPa - (bueiros tub e cel) 402,39 299,48 25,58% 1.741.553,83
Cercas empregando mourões de concreto 32,67 15,81 51,61% 1.607.528,16
Compactação de bota-fora 95% PN 2,64 1,06 59,97% 1.554.779,96
Forma - (bueiros tub e cel) 50,02 27,90 44,23% 1.290.108,42
Revestimento vegetal de taludes
(hidrossemeadura) 1,54 0,92 40,20% 1.089.340,64
Concreto fck >= 25 MPa - (bueiros tub e cel) 411,96 342,68 16,82% 635.820,04
Escav, carga, desc e espalhamento material de
3ª cat 28,06 20,14 28,23% 601.829,63
Execução de Sublastro (incl. transporte até 3
km) 17,75 10,77 39,32% 548.100,78
Aterro grau de compactação 100% (Proctor
Normal) (corpo) 3,35 1,57 53,08% 495.495,67
Lastramento de linha ( h=0,30 m ) -(superestr) 28.769,52 22.218,00 22,77% 335.568,85
Execução de Sublastro com solo brita
misturado na pista (incl. Transp. 3 km) 24,98 22,32 10,66% 209.062,72
Concretofck >= 30 Mpa (superestr concr
armado) 428,20 362,89 15,25% 186.278,88
Transporte de Brita para Lastro -(superestr) 0,55 0,54 2,61% 92.352,72
Concreto fck >= 10 MPa - (bueiros tub e cel) 341,48 284,71 16,62% 60.297,15
Solda aluminotermica de trilho TR-57 para 520,10 320,32 38,41% 56.538,19
131
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
formação de TLS -(superestr)
Desmatamento, destocamento e limpeza 0,32 0,27 14,55% 52.042,32
CBUQ (Faixa "C"/ DNER) ( pavim) 283,76 194,06 31,61% 39.055,97
Execução de revestimento primário ou sub-
base (inc. transp. 3 km) (pav) 17,56 8,62 50,88% 27.617,43
Armadura de aço CP 190 RB 12,7mm
(superestr concr armado) 12,42 11,78 5,12% 18.236,72
fck >= 20 MPa (Galerias e Alas) 389,73 296,90 23,82% 801,08
Posicionamento final e acabamento 15.177,78 15.868,08 -4,55% -35.398,58
Escavação, carga, descarga e espalhamento 2ª
cat 4,42 4,62 -4,52% -45.991,97
Transporte além de 2000 m Material de 2ª cat 0,57 1,96 -243,76% -237.460,37
Escoramento (superestr concr armado) 19,24 33,95 -76,48% -338.902,46
Transporte mat. de 1ª categ. além de 2000 m 0,57 1,26 -121,73% -1.035.342,72
Transporte mat. de 1ª categ. até 2000 m 1,34 1,63 -21,54% -1.377.527,20
Armadura CA-50/60 (drenagem) 5,09 6,28 -23,38% -1.781.264,33
SUPERFATURAMENTO TOTAL NO CONTRATO 58/2009 (20,8 %) /
NOVEMBRO 2004
R$
29.846.919,48
31. O valor total do superfaturamento em valores originais (p0) é de R$ 29.846.919,48 milhões,
atualizado monetariamente a partir das datas que ocorreram o débito (2002-2012) até maio de 2017
representa R$ 70,4 milhões (peça 28). O superfaturamento representa 20,8 % do contrato e 23,2 % da
amostra analisada. A memória de cálculo analítica contendo as composições de preço unitário de
referência constam da peça 30.
32. Ressalte-se que o percentual de itens de planilha analisados no Contrato 58/2009 alcançou
89,6 % do contrato, já que o restante dos itens foi considerado sem referência ou sem
representatividade financeira sendo mantido o valor do item de serviço.
III.2. Responsabilização e individualização das condutas
33. O cargo de Diretor de Engenharia da Valec é reconhecidamente o segundo cargo mais alto
da administração executiva da empresa, ficando abaixo apenas do Diretor-presidente, especialmente
porque a Valec tem como objeto social a construção ferroviária, ou seja, a área-fim propriamente
dita.
34. Consultando-se a instrução em que foram analisadas as oitivas da Valec e da Constran (TC
021.283/2008-1 e TC 011.287/2010-1) e os documentos encaminhados em resposta à diligência do
TCU para indicar os gestores responsáveis pela aprovação no orçamento, verificou-se que o
superfaturamento no contrato 15/2006 que passou para o contrato 58/2009 foi resultado da
aprovação da planilha orçamentária que acompanhou o edital de concorrência 8/2004, cujos preços
estavam superiores aos de mercado. Frise-se que o superfaturamento decorreu diretamente da adoção
de preços referenciais na Concorrência 8/2004 acima dos referenciais de mercado, em afronta ao
disposto no art. 6º, inciso IX, alínea “f” da Lei 8.666/1993 e ao princípio da economicidade.
35. Quanto a identificação do titular da área de orçamentação da Valec à época, a estatal
indicou, por meio do Memorando 75/2016-Sucon e Memorando 98/2015/IMB/GERENTE/RJ (peça
27), o responsável pela Superintendência de Construção: Sr. José Américo Cajado de Azevedo.
36. O processo administrativo da referida licitação contém a aprovação da planilha de preços
do Diretor de Engenharia (peça 23). Além disso, confirmou-se no regimento interno da Valec as
atribuições do Diretor de Engenharia e do Superintendente de Construção, a saber:
Diretoria de Engenharia
(...)
132
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
A Diretoria de Engenharia é um órgão de Execução sob a supervisão direta da Presidência. A
esta Diretoria estão subordinadas a Superintendência de Projetos, a Superintendência de
Construção e a Superintendência Regional, bem como as suas respectivas unidades operacionais.
Atribuições:
(...)
Coordenar, orientar e supervisionar os assuntos vinculados a sua área funcional,
(...)
3.2. Superintendência de Construção
Atribuições:
(...)
Elaborar o levantamento dos preços unitários de serviços, materiais e equipamentos;
Setorizar os custos dos lotes (infraestrutura e superestrutura);
Emitir quadro de acompanhamento de custos por item orçamentário; relação de unidade de
área;
Analisar e confeccionar a composição de preços unitários dos serviços/obras de
engenharia;
Definir e implantar o Plano de Centro de Custos de Engenharia;
Acompanhar a elaboração do orçamento econômico-financeiro do empreendimento;
37. Como pode ser verificado, é a Superintendência de Construção o órgão ligado
imediatamente à Diretoria de Engenharia, que, entre outras atribuições, realiza a elaboração, análise
e acompanhamento dos preços unitários e dos orçamentos de empreendimentos da Valec. Tudo isso,
por meio de coordenação, orientação e supervisão do Diretor de Engenharia.
38. Com isso, a responsabilidade pelo débito apurado no contrato 58/2009 deve recair sobre o
ex-Superintendente de Construção e o ex-Diretor de Engenharia da Valec, por terem,
respectivamente, elaborado e aprovado a minuta do edital contendo planilha orçamentária
apresentando itens com sobrepreço (peça 23), bem como sobre a empresa contratada Constran
Construções e Comércio S.A.
39. Além das condutas do Diretor de Engenharia e do Superintendente de Construção, resta
individualizar a participação do ex-Diretor-Presidente da Valec e do representante da Constran no
cartel que resultou no superfaturamento do contrato 58/2009, uma vez que figuram como agentes
envolvidos no ilícito conforme demonstrado no acordo de leniência da Camargo Correa no CADE
(2/2016). A participação efetiva da Constran no cartel consta do histórico de conduta (peça 32) que
acompanha o acordo de leniência da Camargo Corrêa nos trechos licitados que incluem o edital de
concorrência 8/2004 e o contrato 58/2009:
I. DESCRICÃO SUMÁRIA DA CONDUTA
1.Este Histórico da Conduta consiste em documento elaborado pela Superintendência-Geral do
CADE (SG/CADE) com base nos documentos e informações apresentados pelos Signatários do
Acordo de Leniência, que reportaram ao conhecimento da Superintendência-Geral do CADE a
ocorrência de condutas anticompetitivas praticadas no Brasil em licitações da Valec - Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A. ("Valec"), com relação ao mercado de obras civis de infraestrutura e
superestrutura ferroviárias, obras de arte especiais e serviços de engenharia para implantação da da
Ferrovia Norte-Sul ("FNS" - EF-151) e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste ("FIOL" - EF-334).
2.As violações à ordem econômica consistiram em acordos para divisão de mercado entre
concorrentes com fixação de vantagens relacionadas para frustrar o caráter competitivo das
licitações referidas adiante. Conforme apurado pelos Signatários, a conduta foi implementada
133
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
principalmente por meio de reuniões presenciais e negociações intermediadas pela alta administração
da Valec.
3.O relato dos Signatários aponta que a conduta aqui narrada se deu de forma continuada e
experimentou fases distintas ao longo do tempo'. A sequência abaixo descreve cronologicamente as
fases da conduta conforme o relato dos Signatários.
(...)
c "(III) Fase de consolidação do cartel - entre 2003 e 2007 - Ferrovia Norte-Sul trechos
Tocantins a Goiás", momento em que a Valec lançou editais para contratação de obras para
implantação da Ferrovia Norte-Sul em trechos entre Tocantins e Goiás, por meio das Concorrências
008/2004, 002/2005 e 001/2007. Os Signatários apontam que, nessa fase, graças aos acordos
anticompetitivos, foi frustrado o caráter competitivo da Concorrência 008/2004 e, possivelmente, das
Concorrências 002/2005 e 001/2007. Empresas participantes da conduta: (i) Carioca Eng., (ii)
Constran, (iii) CCCC, (iv) Andrade Gutierrez, (v) Barbosa Mello, (vi) Odebrecht, (vii) Queiroz
Galvão, (viii) C.R. Almeida, (ix) Egesa, (x) Galvão Eng., (xi) Mendes Júnior, (xii) Serveng, (xiii)
Servix9 e (xiv) SPA.
4. De acordo com informações dos Signatários, por meio das práticas anticompetitivas no
mercado de obras civis de infraestrutura e superestrutura ferroviárias, obras de arte especiais e
serviços de engenharia para implantação de ferrovias, frustrou-se o caráter competitivo, pelo menos,
das Concorrência 004/2001 (Ferrovia Norte-Sul: Trecho Anápolis/GO - Porangatu/GO), 008/2004
(Ferrovia Norte-Sul: Trechos entre Tocantins e Goiás), dos Lotes 01 a 04 da Concorrência 004/2010
(Ferrovia Norte-Sul: Trecho Ouro Verde/GO - Estrela do Oeste/SP) e dos Lotes 01, 02, 04, 05 e 06 da
Concorrência 005/2010 (Ferrovia de Integração Oeste-Leste: Trecho Ilhéus/BA - Barreiras/BA), com
indícios de que os Contratos 011/2000 e 010/2002, as Concorrências 002/2005 e 001/2007 (Ferrovia
Norte-Sul: Trechos entre Tocantins e Goiás), bem como os Lotes 05 da Concorrência 004/2010 e os
Lotes 03 e 07 da Concorrência 005/2010 também tenham sido afetados pela conduta, como descrito
no quadro abaixo.
(...)
Constran S.A. Construções e Comércio ("Constran')
17. A Constran teve participação efetiva na conduta anticompetitiva implementada pelos seus
funcionários (atualmente funcionários e/ou ex-funcionários) Luiz Sérgio Nogueira (Engenheiro) na
"(III) Fase de consolidacão do cartel - entre 2003 e 2007", que também participou, junto a José
Carlos Tadeu Lima (Diretor) da "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010" e, ainda, por meio de sua
participação no Consórcio Constran! Egesa/ Pedra Sul/ Estacon/ CMT e no Consórcio Constran/
Egesal Carioca, integrantes do cartel na "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010" da conduta. Sua
participação está evidenciada, por exemplo, nos parágrafos 3, 16, 17, 24, 32, 41, 45, 55, 56, 144, 147,
156, 164, 166, 178, 190, 214, 220, 221, 225, 227, 285, 296, 297 e 305 e nas Tabelas 4, 7, 22, 51, 52,
65, 66, 67, 70, 71 e 72 deste Histórico da Conduta
(...)
José Carlos Tadeu Lima
55. De acordo com os Signatários, José Carlos Tadeu Lima foi, durante a conduta, Diretor da
Constran S.A. Construções e Comércio, participante do cartel na "(IV) Fase de ampliação do cartel -
2010" da conduta. Ele era representante do alto escalão, cuja participação na conduta consistiu em
realizar contato com concorrentes e com eles participar de reuniões para discutir preços e alocação
134
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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dos lotes licitados pela Valec, o que está evidenciado, por exemplo, nos parágrafos 17, 55, 221, 227,
285, 297 e 305 e nas Tabelas 7, 22, 23 e 65 deste Histórico da Conduta.
Luiz Sérgio Nogueira
56. De acordo com os Signatários, Luiz Sérgio Nogueira foi, durante a conduta, Engenheiro na
Constran S.A. Construções e Comércio, participante do cartel na "(III) Fase de consolidação do
cartel entre 2003 e 2007" e "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010"da conduta. Ele era
representante do escalão operacional, cuja participação na conduta consistiu em realizar contato com
concorrentes e com eles participar de reuniões para discutir preços e distribuição dos lotes licitados
pela Valec, o que está evidenciado, por exemplo nos parágrafos 17, 56, 147, 227, 285, 297 e 305 nas
Tabelas 7. 22, 23, 51 e 65 deste Histórico da Conduta.
40. Em face dessa leniência e de outros elementos de prova coletados desde o início das
investigações foram denunciados pelo MPF/GO em 6 de maio de 2016, entre outros, José Francisco
das Neves e Ulisses Assad, pela prática de cartel, corrupção, lavagem de dinheiro e crimes de
licitação referente aos contratos de construção da Ferrovia Norte-Sul e Ferrovia de Integração Oeste-
Leste (Fiol).
41. Segundo a Denúncia do MPF/GO (peça 31), o esquema criminoso teve início quando
executivos das principais empreiteiras do país formaram cartel para, mediante acordo de divisão de
lotes, combinação de preços e oferecimento de propostas não competitivas (de cobertura, apenas para
simular a competição), eliminar a concorrência no mercado de construção ferroviária, frustrando o
caráter competitivo das licitações realizadas pela Valec para a construção das ferrovias Norte-Sul e
Integração Oeste-Leste. Com isso, dominaram o mercado e, combinando, manipulando e elevando
arbitrariamente os preços (sobrepreço), maximizaram seus lucros em prejuízo da Administração. O
cartel teve início ainda no ano 2000 e se manteve após as últimas licitações realizadas no ano de
2011.
42. A participação do ex-presidente da estatal, José Francisco das Neves, e do ex-Diretor de
Engenharia, Ulisses Assad foi detalhada na Denúncia do Ministério Público Federal e contém os
elementos para a Matriz de Responsabilização, conforme se depreende da leitura da peça 31:
O “Mapa do Cartel” fornecido pelo denunciado colaborador demonstra que não só a licitação
de 2001, mas praticamente todas as licitações subsequentes realizadas pela VALEC para construir as
Ferrovias Norte-Sul - FNS e Integração Leste-Oeste - FIOL foram fraudadas, mediante cartel
(combinação entre as mesmas grandes empreiteiras de sempre, ao qual outras foram paulatinamente
aderindo), com o beneplácito e a efetiva participação da diretoria da VALEC, em especial do seu
então presidente, JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES, e do seu Diretor de Engenharia, ULISSES ASSAD,
que atuaram para beneficiar as empreiteiras e serem por elas recompensados com vantagens ilícitas
(propina), além de JORGE ANTÔNIO MESQUITA PEREIRA DE ALMEIDA, os quais direcionaram
os editais das licitações promovidas entre os anos de 2004 e 2011.
(...)
De fato, a exemplo do edital da concorrência 004/2001 acima descrita, os editais das
concorrências 008/2004, 002/2005 e 01/2007 promovidas por JUQUINHA e ASSAD foram elaborados
contendo exigências que limitaram, injustificadamente, a competição, entre elas: (a) proibição de que
uma mesma empresa concorresse a mais de dois lotes; (b) proibição da participação de consórcios de
empresas (c) comprovação de execução anterior de ferrovias com dormentes de concreto fabricados
pelo próprio licitante, as quais reduziram artificial e significativamente o universo de empresas com
condições de participar das licitações.
A inclusão de tais exigências nos editais das concorrências 008/2004, 002/2005 e 01/2007 foi
ajustada mediante acordo prévio em reuniões entre representantes as empresas do cartel e os
diretores da VALEC JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES e ULISSES ASSAD que, como dito, aderiram ao
esquema criminoso ora denunciado.
135
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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Apurou-se que, em relação às concorrências 008/2004, 002/2005 e 001/2007, JOSÉ
FRANCISCO DAS NEVES permitiu que as empresas integrantes do cartel dividissem entre elas, como
melhor lhes aprouvessem, os lotes em disputa, bem assim praticassem os preços que lhes fossem
convenientes, o que resultou em sobrepreço. Exigiu, contudo, que a empresa SPA Engenharia fosse
contemplada. Além do mais, JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES atuou para que nenhuma das empresas
cartelizadas “furasse” a acordo espúrio.
ULISSES ASSAD, por se turno, elaborou a Nota Técnica (fls. 910/918, IPL 0225/2001) que
assegurou a inclusão e a manutenção nos editais de exigências desnecessárias e restritivas que
tornaram viáveis a continuidade das atividades do cartel, como por exemplo, a proibição de
consórcios, a proibição de que um mesmo licitante fosse contemplado com mais de 2 lotes, a exigência
de comprovação de experiência anterior com dormentes de concreto monobloco usinado no canteiro,
porque direcionou a licitação em benefício das empresas cartelizadas (já que apenas elas podiam
atender à tais exigências).
Apurou-se, ainda, que JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES e ULISSES ASSAD promoveram as
licitações 008/2004, 002/2005 e 01/2007 com sobrepreço nos seus respectivos orçamentos de
referência.
Especificamente em relação ao Lote 02, da Concorrência 008/2004, Contrato nº 015/2006,
também objeto desta denúncia 21, o orçamento de referência da VALEC continha sobrepreço da
ordem de 25,1% (Laudo nº 215/2012 – SETEC/SR/DPF/GO, fls. 108, IPL nº 0240/2011). E o
sobrepreço no orçamento de referência somado ao conjunto de exigências editalícias injustificadas
foram decisivos para viabilizar a atuação do cartel, que pode assim repartir os lotes entre as
empresas participantes, as quais ainda apresentaram propostas não competitivas (de cobertura,
apenas para simular a competição), bem como praticarem o preço que maximizou seus lucros, em
detrimento da VALEC.
Em razão disso, a proposta da Construções e Comércio Camargo Corrêa sagrou-se
“vencedora” e a empresa foi contratada em 15/09/2006 (Contrato nº 015/2006) pelos denunciados
JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES e ULISSES ASSAD com um sobrepreço de R$25.580.665,42 em
relação aos preços de mercado (a preços iniciais, vigentes em 2004), ou seja, 25,40% a maior,
conforme atesta o Laudo nº 215/2012 – SETEC/SE/DPF/GO, da perícia criminal (fls. 115, IPL nº
0240/2011).
O Mapa do Cartel, anexo, revela não só a pouca diferença entre as propostas combinadas, mas
sobretudo a insignificância dos descontos dados pelas propostas “vencedoras”22 em relação ao
orçamento de referência (indicativos da existência e da atuação do cartel), bem como discrimina as
propostas não competitivas (apenas para dar cobertura às “vencedoras” e simular a existência de
competição).
Parte do sobrepreço acima referido materializou-se na forma de superfaturamento (peculato)
ocorrido ao longo da execução do contrato (no que foi efetivamente executado, medido e pago), que
ocorreu no período compreendido entre de setembro de 2006 a novembro de 2009 (permanência
criminosa), no valor total de R$1.122.138,84 (ou 12,36%) a preços iniciais (referentes ao ano de
2006, época da assinatura do contrato), conforme atestou o Laudo nº 1.047/2012 –
SETEC/SR/DPF/GO da perícia criminal (fls. 194, IPL nº 0240/2011).
O Contrato nº 015/2006 foi rescindido em novembro de 2009, antes de concluído. A rescisão
decorreu de um estranho rearranjo promovido pelo denunciado JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES, que
retirou algumas empreiteiras da execução dos lotes que haviam adjudicado e colocou outras no lugar.
Apurou-se que JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES promoveu esse rearranjo para ludibriar
decisões liminares do Tribunal de Contas da União que, em virtude de fiscalização de rotina, havia
detectado parte dos sobrepreços acima descritos e determinado a retenção cautelar de 10% dos
pagamentos das respectivas faturas. Assim, a parte remanescente do lote 02, objeto do Contrato nº
136
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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015/2006 firmado com a CCCC, após a sua rescisão, foi formalmente contratada à CONSTRAN, por
intermédio do Contrato nº 058/2009.
(...)
Mais do que homologar os resultados das licitações, aprovar e assinar os contratos
superfaturados e proveniente de fraudes à licitação, JUQUINHA assumiu o papel de garante do
cartel.
(...)
Vendo o esquema criminoso ameaçado por ações judiciais e processos no TCU contra
JUQUINHA e ASSAD, o cartel se cotizou para pagar os honorários do advogado de JUCA, para
garantir que os referidos agentes públicos continuassem a atender aos interesses do cartel na VALEC.
A solicitação ao Consórcio Ferrosul (CAMARGO CORREA e QUEIROZ GALVÃO) foi transmitida
por RODRIGO LOPES, superintendente da ANDRADE GUTIERREZ e um dos principais
interlocutores do cartel junto à diretoria da VALEC.
(...)
Apurou-se, ainda, que o denunciado JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES, no exercício do cargo de
Diretor-Presidente da VALEC, solicitou e efetivamente recebeu propina da Camargo Corrêa, como
condição para autorizar o pagamento de faturas emitidas pela empresa, relativamente à execução dos
contratos com sobrepreço, como se viu acima. (grifou-se)
III.3. Matriz de Responsabilização
43. De acordo com os critérios supracitados segue a Matriz de Responsabilização dos
envolvidos:
44. Responsável: Ulisses Assad (CPF 008.266.408-00) na condição de Diretor de Engenharia
da Valec no período de 10/7/2003 até 10/2/2010.
45. Conduta: aprovar a planilha orçamentária e participar de atos de corrupção e de conluio
no âmbito da Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$
29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da
construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de
Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran Construções e Comércio S.A.,
infringindo o art. 3º, o art. 6º, inciso IX, alínea “f” e o art. 43, inciso IV da Lei 8.666/1993, além de
infringir o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da economicidade.
46. Nexo de causalidade: a aprovação da planilha orçamentária e a participação em atos de
corrupção e de conluio no âmbito do lote 2 da Concorrência 8/2004 da Valec, referente ao
remanescente da construção da Ferrovia Norte-Sul em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de
Goiás (GO) e Jaraguá (GO), resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base
novembro de 2004) no Contrato 58/2009.
47. Culpabilidade: o responsável já foi apenado pelo TCU por ter restringido a competitividade
da licitação 8/2004 (subitem 9.4 do Acórdão 2.447/2014-Plenário). Além disso, considerado o
ambiente de conluio e de corrupção trazido na leniência do CADE e na denúncia do MPF/GO não é
possível afirmar que houve boa-fé do responsável, especialmente porque é réu em ação penal
envolvendo irregularidades na licitação e no contrato objeto da presente tomada de contas especial.
Com isso, conclui-se que a conduta do responsável é culpável e há, ainda, a obrigação de reparar o
dano, motivo de se propor a citação do ex-Diretor de Engenharia da Valec Ulisses Assad (CPF
008.266.408-00), com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e II, da Lei 8.443/1992 c/c o art.
202, incisos I e II, do RI/TCU.
48. Responsável: José Américo Cajado de Azevedo (CPF 548.198.066-53) na condição de
Superintendente de Construção da Valec no período de 27/5/2003 à 16/2/2005.
49. Conduta: elaborar a planilha orçamentária da Concorrência 8/2004 da Valec que resultou
em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009,
137
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km
situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran
Construções e Comércio S.A., infringindo o art. 3º, o art. 6º, inciso IX, alínea “f” e o art. 43, inciso IV
da Lei 8.666/1993, além de infringir o princípio da economicidade.
50. Nexo de causalidade: a elaboração da planilha orçamentária do lote 2 da Concorrência
8/2004 da Valec, referente ao remanescente da construção da Ferrovia Norte-Sul em trecho de 52 km
situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), resultou em superfaturamento no valor de
R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009.
51. Culpabilidade: Considerando o ambiente de conluio e de corrupção trazido na leniência do
CADE e na denúncia do MPF/GO não é possível afirmar que houve boa-fé do responsável. Com isso,
conclui-se que a conduta do responsável é culpável e há, ainda, a obrigação de reparar o dano,
motivo de se propor a citação do ex-superintendente de construção da Valec José Américo Cajado de
Azevedo (CPF 548.198.066-53), com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e II, da Lei
8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e II, do RI/TCU.
52. Responsável: José Francisco das Neves (CPF 062.833.301-34) na condição de Diretor-
Presidente da Valec, no período de 4/4/2003 até 24/8/2011.
53. Conduta: participar de atos de corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004
da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004)
no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS),
em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a
empresa Constran Construções e Comércio S.A., infringindo o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 37 da
Constituição Federal e o princípio da economicidade.
54. Nexo de causalidade: a participação em atos de corrupção e de conluio no âmbito do lote 2
da Concorrência 8/2004 da Valec, referente ao remanescente da construção da Ferrovia Norte-Sul em
trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), resultou em
superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009.
55. Culpabilidade: considerando o ambiente de conluio e de corrupção trazido na leniência do
CADE e na denúncia do MPF não é possível afirmar que houve boa-fé do responsável. Com isso,
conclui-se que a conduta do responsável é culpável e há, ainda, a obrigação de reparar o dano,
motivo de se propor a citação do ex-Diretor Presidente da Valec José Francisco das Neves (CPF
062.833.301-34), com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e II, da Lei 8.443/1992 c/c o art.
202, incisos I e II, do RI/TCU.
56. Responsável: Luiz Sergio Nogueira (CPF 566.485.378-68) na condição de dirigente da
Constran Construções e Comércio S.A.
57. Conduta: participar de atos de corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004
da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004)
no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS),
em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a
empresa Constran Construções e Comércio S.A., infringindo o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 37 da
Constituição Federal e o princípio da economicidade.
58. Nexo de causalidade: a participação em atos de corrupção e de conluio no âmbito do lote 2
da Concorrência 8/2004 da Valec, referente ao remanescente da construção da Ferrovia Norte-Sul em
trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), resultou em
superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009.
59. Culpabilidade: considerando o ambiente de conluio e de corrupção trazido na leniência do
CADE e na denúncia do MPF/GO não é possível afirmar que houve boa-fé do responsável. Com isso,
conclui-se que a conduta do responsável é culpável e há, ainda, a obrigação de reparar o dano,
motivo de se propor a citação do dirigente da Constran Construções e Comércio S.A. Luiz Sergio
138
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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Nogueira (CPF 566.485.378-68), com fundamento nos arts. 10, § 1º, e 12, incisos I e II, da Lei
8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e II, do RI/TCU.
60. Responsável: Constran Construções e Comércio S.A. (CNPJ 61.156.568/0001-90) na
condição de contratada da Valec (Contrato 58/2009).
61. Conduta: beneficiar-se de atos de corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004
da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004)
no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS),
em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), infringindo o art. 3º da
Lei 8.666/1993, o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da economicidade.
62. Nexo de causalidade: o benefício decorrente de atos de corrupção e de conluio no âmbito do
lote 2 da Concorrência 8/2004 da Valec, referente ao remanescente da construção da Ferrovia Norte-
Sul em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), resultou em
superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009.
IV. ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS
63. Especificamente quanto a retenção de pagamentos determinada pelo TCU e acumulada pela
Valec em R$ 20.583.175,50 na data base de novembro de 2004 (atualização feita no Acórdão
2.495/2016-Plenário), faz-se oportuno propor determinação a Valec para encaminhar ao TCU
informações atualizadas sobre: (i) o montante retido no contrato 58/2009 em valores históricos e
atualizado; (ii) ao andamento das ações judiciais contra decisão do Tribunal proferida pelo Acórdão
593/2009-TCU-Plenário; (iii) à forma que a Valec apropriou na sua contabilidade a retenção de
pagamentos determinadas pelo TCU. A manifestação da Valec no processo tem o condão de subsidiar
a análise de mérito deste TCU no caso de eventual desconto no débito a ser imputado pelo TCU em
decisão de mérito em sede de decisão definitiva prevista no art. 23, inciso III, alínea “b” combinado
com o art. 28, inciso II da Lei Orgânica do TCU.
V. CONCLUSÃO
64. Esta instrução preliminar teve por objetivo identificar os responsáveis e quantificar o débito
decorrente do superfaturamento no Contrato 58/2009, cujo objeto foi o remanescente da construção
do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e
Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran Construções e Comércio S.A.
65. O valor total do débito decorrente do superfaturamento é de R$ 29.846.919,48 milhões (p0)
e, atualizado monetariamente a partir das datas que ocorreram o débito (2002-2012), representa
R$ 70,4 milhões até maio de 2017. O montante superfaturado representa 20,8 % do contrato e 23,2 %
da amostra analisada. A memória de cálculo analítica contendo as composições de preço unitário de
referência constam da peça 30.
66. Em sede de responsabilização identificou-se os gestores da Valec responsáveis pela
elaboração e pela aprovação do orçamento base a concorrência 8/2004. Esses dirigentes atestaram a
o orçamento do empreendimento, mesmo com valores manifestamente superiores aos de mercado
contrariando o disposto no art. 6º, inciso IX, alínea “f” e art. 43, inciso IV da Lei 8.666/1993.
67. Além disso, propôs-se a responsabilização solidária pelo superfaturamento dos agentes
envolvidos em atos de conluio e de corrupção em licitações da Valec conforme detalhamento das
condutas contidas na denúncia do Ministério Público Federal em Goiás (peça 31) e no Histórico de
Conduta que acompanha o Acordo de Leniência 2/2016 do CADE (peça 32). A Matriz de
Responsabilização encontra-se no tópico III.3 desta instrução.
68. Dessa forma, foi considerada a solidariedade entre todos os envolvidos conforme disposto
na alínea “b” do § 2º do art. 16 da Lei 8.443/1992, que define o responsável solidário como o agente
que “de qualquer modo haja concorrido para o cometimento do dano”, inclusive particular ou
empresa contratada.
69. Os valores mensais superfaturamentos, incluindo os reajustes, foram atualizados pelo
139
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
“Sistema Débito” do TCU e representam até maio de 2017 aproximadamente 70,4 milhões (peça 28).
70. Por fim, a proposta de encaminhamento contemplou determinação à Valec para informar
atualização ao TCU sobre os valores retidos e citação dos responsáveis pelo superfaturamento para
que apresentem alegações de defesa e/ou recolham, solidariamente, aos cofres do Tesouro as quantias
indicadas, atualizadas monetariamente até o efetivo recolhimento.
VI. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
71. Ante todo o exposto, propõe-se encaminhar os autos à consideração superior, alvitrando o
envio ao gabinete do Exmo. Ministro Relator com as seguintes propostas:
72. Realizar, com fundamento nos arts. 10, § 1º, 12, incisos I e II, e 16, §2º, da Lei 8.443/1992
c/c o art. 202, incisos I e II, e 209, §§ 5º e 6º, do Regimento Interno/TCU, a citação solidária dos
responsáveis a seguir relacionados, para que, no prazo de 60 (sessenta) dias, apresentem alegações
de defesa e/ou recolham aos cofres da Valec Engenharia Construções e Ferrovias S.A. a quantia de
R$ 29.846.919,48 milhões (data base novembro de 2004), atualizada monetariamente a partir das
datas indicadas na tabela a seguir até a data do efetivo recolhimento, representando
R$ 70.481.690,31, atualizado até a data 22/5/2017 (peça 28, 29 e 30), abatendo-se, na oportunidade,
a quantia eventualmente já ressarcida na forma da legislação em vigor:
a) Responsável: Ulisses Assad (CPF 008.266.408-00), na condição de Diretor de Engenharia da
Valec, no período de 10/7/2003 até 10/2/2010, por aprovar a planilha orçamentária e participar de
atos de corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em
superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009,
referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km
situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran
Construções e Comércio S.A., infringindo o art. 3º, o art. 6º, inciso IX, alínea “f” e o art. 43, inciso IV
da Lei 8.666/1993, além de infringir o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da
economicidade;
b) Responsável: José Américo Cajado de Azevedo (CPF 548.198.066-53), na condição de
Superintendente de Construção da Valec, no período de 27/5/2003 à 16/2/2005, por elaborar a
planilha orçamentária da Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em superfaturamento no valor
de R$ 29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da
construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de
Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran Construções e Comércio S.A.,
infringindo o art. 3º, o art. 6º, inciso IX, alínea “f” e o art. 43, inciso IV da Lei 8.666/1993, além de
infringir o princípio da economicidade;
c) Responsável: José Francisco das Neves (CPF 062.833.301-34), na condição de Diretor-
Presidente da Valec, no período de 4/4/2003 até 24/8/2011, por participar de atos de corrupção e de
conluio no âmbito da Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$
29.846.919,48 (base novembro de 2004) no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da
construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de
Goiás (GO) e Jaraguá (GO), pactuado com a empresa Constran Construções e Comércio S.A.,
infringindo o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da
economicidade;
d) Responsável: Luiz Sergio Nogueira (CPF 566.485.378-68), na condição de dirigente da
Constran Construções e Comércio S.A., por participar de atos de corrupção e de conluio no âmbito da
Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base
novembro de 2004) no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da
Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá
(GO), pactuado com a empresa Constran Construções e Comércio S.A., infringindo o art. 3º da Lei
8.666/1993, o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da economicidade;
140
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
e) Responsável: Constran Construções e Comércio S.A. (CNPJ 61.156.568/0001-90), na
condição de contratada da Valec, por beneficiar-se de atos de corrupção e de conluio no âmbito da
Concorrência 8/2004 da Valec que resultou em superfaturamento no valor de R$ 29.846.919,48 (base
novembro de 2004) no Contrato 58/2009, referente ao remanescente da construção do lote 2 da
Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá
(GO), infringindo o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da
economicidade.
MEDIÇÃO DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR SUPERFATURAMENTO ORIGINAL*
(R$)
1 04/02/10 395.008,42
2 02/03/10 166.750,80
3 29/03/10 479.843,17
4 26/04/10 851.636,34
5 27/05/10 2.690.260,66
6 25/06/10 2.919.335,26
7 26/07/10 6.709.918,15
8 26/08/10 4.485.133,40
9 25/09/10 5.441.872,88
10 26/10/10 3.857.493,73
11 26/11/10 1.924.618,05
12 14/12/10 887.264,65
13 25/01/11 1.070.574,15
14 28/02/11 1.480.522,99
15 25/03/11 751.435,78
16 26/04/11 -
17 26/05/11 -
18 28/06/11 -
19 27/07/11 1.873.720,39
20 26/08/11 1.397.639,67
21 26/09/11 4.659,28
22 28/11/11 21.612,48
23 28/11/11 242.198,07
24 06/12/11 17.954,58
25 26/12/11 17.614,08
26 23/10/12 330.549,27
* contém o reajuste da medição na data da ocorrência
73. Determinar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. com fundamento no art. 43,
inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno que apresente ao TCU, em
60 (sessenta) dias, informações atualizadas sobre: (i) o montante retido no contrato 58/2009 em
valores históricos e atualizados; (ii) o andamento das ações judiciais contra decisão do Tribunal
proferida pelo Acórdão 593/2009-TCU-Plenário; (iii) a forma que a Valec apropriou na sua
contabilidade a retenção de pagamentos determinadas pelo TCU.
Informar aos responsáveis de que, caso venham a ser condenados pelo Tribunal, os débitos ora
apurados serão acrescidos de juros de mora, nos termos do § 1º do art. 202 do RI/TCU”.
141
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
É o Relatório.
VOTO
Cuidam os autos de tomada de contas especial decorrente do Acórdão 1.498/2015-Plenário, o
qual apreciou relatório de auditoria realizada no âmbito do Fiscobras/2010 nas obras de construção da
Ferrovia Norte-Sul (FNS), em Goiás.
2. No feito é apurado indício de superfaturamento no Contrato 58/2009, firmado entre a Valec
Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. (Valec) e a empresa Constran S.A. Construções e Comércio,
cujo objeto foi a execução da infraestrutura e superestrutura ferroviárias e obras de arte especiais, no
trecho de 52 km, compreendido entre Ouro Verde de Goiás e o Pátio de Jaraguá no Estado de Goiás,
relativo ao Lote 2 da Concorrência 8/2004.
3. O referido ajuste foi celebrado em 24/12/2009 por R$ 116.426.598,81, a preços de nov/2004.
Depois de cinco termos de aditamento contratual, o valor acordado foi elevado para R$
145.528.873,21 (a preços iniciais), dos quais R$ 143.511.780,20 foram efetivamente liquidados e
pagos, por meio de 26 medições, representando um percentual de execução financeira de 98,61%.
3. Na presente etapa processual, a Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em
Infraestrutura (SeinfraOpe) quantificou o débito e submeteu ao relator proposta de citação dos
responsáveis.
4. Antes de adentrar no exame das propostas formuladas pela unidade técnica, considero
pertinente fazer uma breve contextualização dos fatos. O empreendimento foi auditado pelo TCU no
TC-021.283/2008-1 (Fiscobras/2008), ocasião em que foi apontada a ocorrência de sobrepreço em
diversos ajustes, incluindo o Contrato 15/2006, celebrado com a Construtora Camargo Corrêa S.A., o
que resultou na determinação de retenção cautelar de 40% dos valores apontados como sobrepreço em
cada lote da ferrovia em questão.
5. A referida deliberação, adotada por despacho monocrático do Ministro Aroldo Cedraz, relator
do processo, foi agravada pela empresa Construções e Comércio Camargo Corrêa S/A, porém, foi
mantida pelo Acórdão 539/2009-Plenário.
6. O Contrato 15/2006 foi rescindido, sendo sucedido pelo Contrato 58/2009, celebrado com
fulcro no art. 24, inciso XI, da Lei 8.666/1993, com a segunda colocada na Concorrência 8/2004, nas
mesmas condições de preço do licitante vencedor. Apenas a segunda avença é objeto de exame neste
processo, pois o TC 021.283/2008-1 foi apreciado no mérito pelo Acórdão 2.447/2014-Plenário, o qual
determinou, dentre outras providências, a constituição de processo específico de tomada de contas
especial relativo ao contrato rescindido com a Camargo Corrêa S.A.
7. Em outras deliberações do TCU, foi consignado que a Valec também aplicou ao Contrato
58/2009 a medida cautelar de retenção de valores relativa ao contrato antecessor, o que resultou na
retenção de 11,26% dos valores pagos no âmbito desse pacto.
8. Por tal motivo, a empresa Constran agravou o despacho de 4/4/2012 do Ministro Aroldo
Cedraz, que negou a petição apresentada pela empresa para que fosse reduzido o percentual de
retenção de pagamentos, bem como devolvidos os valores já retidos no âmbito do Contrato 58/2009. O
referido recurso não foi provido pelo TCU, conforme decidido no Acórdão 1.704/2012-Plenário.
9. No âmbito do Fiscobras 2013, apurou-se que a retenção de 11,26% no Contrato 58/2009 foi
efetuada entre os meses de janeiro/2010 a dezembro/2011, restando retido o montante de
R$ 20.583.175,50. Tal informação foi confirmada por fiscalização realizada em 2016, apreciada pelo
Acórdão 2.495/2016-Plenário, de minha relatoria.
142
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
10. Nesse último julgado, foi observado que havia ação judicial (Processo 39062-
18.2010.4.01.3400) solicitando liberação das retenções referentes ao ajustes assinado com a Constran,
com decisão em primeira instância desfavorável à empreiteira, mas que se encontrava em grau de
recurso, sem decisão judicial transitada em julgado, mantendo-se a determinação deste Tribunal quanto
à retenção.
11. A SeinfraOpe, em sua última manifestação, formulou proposta de determinação à Valec para
encaminhar ao TCU informações atualizadas sobre: (i) o montante retido no Contrato 58/2009 em
valores históricos e atualizado; (ii) o andamento das ações judiciais contra decisão do Tribunal
proferida pelo Acórdão 593/2009-Plenário; (iii) a forma pela qual a Valec apropriou na sua
contabilidade a retenção de pagamentos determinada pelo TCU.
12. Segundo a unidade técnica, a manifestação da Valec no processo teria o condão de subsidiar
a análise de deste Tribunal, que poderia promover um desconto no débito que viesse a ser
eventualmente imputado em decisão de mérito nesta tomada de contas especial.
13. Acolho a proposição da unidade técnica e ressalto que o Laudo Pericial 1.013/2013
produzido pela Polícia Federal (peça 16) foi produzido especificamente com a finalidade de levantar os
valores efetivamente pagos no âmbito do contrato em apreciação. O referido laudo, produzido a partir
de empenhos, ordens bancárias e boletins de medição, corrobora com a realização de tal retenção.
II
14. No que tange ao cálculo do débito, enfatizo que a empresa Constran já teve a oportunidade
de se manifestar diversas vezes no âmbito do TC-021.281/2008-1 (Fiscobras/2008) e TC-
011.287/2010-1 (Fiscobras/2010). Neste último feito, a auditoria foi apreciada pelo Acórdão
2.478/2010-Plenário, que trouxe as seguintes deliberações, dentre outras:
“9.1. realizar as audiências prévias dos seguintes dirigentes e gerentes da Valec, para que, no
prazo de 15 (quinze) dias, manifestem-se:
(...)
9.1.2. Ulisses Assad, diretor de engenharia, a respeito:
9.1.2.1. da celebração dos contratos 58/2009 e 60/2009 com indícios de sobrepreços de 19,84%
e 21,54%, respectivamente, em decorrência de preços excessivos ante o mercado, com violação do
princípio constitucional da eficiência e do art. 109, caput e § 1º, da Lei 11.768/2008;
(...)
9.2. promover, ante a possibilidade de determinações desta Corte de glosa de valores ou de
repactuação contratual, as oitivas, para que, caso desejem, manifestem-se no prazo de 15 (quinze)
dias, das seguintes empresas:
9.2.1. Constran S/A Construções e Comércio (CNPJ 61.156.568/0001-90) acerca:
9.2.1.1. da celebração do contrato 58/2009 com indícios de sobrepreço de 19,84% em razão de
preços excessivos ante o mercado;
9.2.1.2. dos indícios de superfaturamento de R$ 1.901.461,97 (um milhão novecentos e um mil
quatrocentos e sessenta e um reais e noventa e sete centavos), referente a novembro de 2004, por
quantitativos de itens pagos e não executados;
(...)
9.3. realizar a oitiva da Valec acerca das ocorrências mencionadas nos itens 9.2.1.1, 9.2.1.2,
9.2.2.1 e 9.2.2.2 acima;”
15. A apreciação do mérito das manifestações apresentadas pelos responsáveis e interessados,
em razão das audiências e oitivas efetuadas pela decisão supracitada, ocorreu mediante o Acórdão
1.498/2015-Plenário, que determinou a constituição desta tomada de contas especial, em virtude da
não elisão do apontamento de superfaturamento por preços excessivos na obra.
143
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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16. Em atendimento à referida deliberação, a SeinfraOpe quantificou o débito tomando como
base os quantitativos de serviços acumulados, pagos após a última medição dos serviços (26ª
medição), obtendo o valor de superfaturamento discriminado na tabela a seguir (a preços originais):
Serviço Preço do
Contrato
Preço de
Referência
Percentual de
Superf. no
Item
Superfaturamento
(R$)
Dormente monobloco de concreto protendido
para bitola mista 1,00/1,60 m 320,37 246,79 22,97% 6.376.976,89
Escavação, carga, descarga e espalhamento 1ª
cat 4,74 3,32 29,96% 5.433.723,01
Montagem da grade -(superestr) 136.408,06 62.585,31 54,12% 3.781.201,25
Brita para lastro (incl. transporte até 3 km) -
(superestr) 54,78 26,09 52,38% 3.154.403,98
Aterro grau de compactação 95% (Proctor
Normal) (corpo) 2,64 1,32 50,02% 2.857.002,50
Nivelamento, levante, alinhamento e socaria de
linha -(superestr) 78.279,67 30.386,46 61,18% 2.453.090,27
Concreto fck >= 15 MPa - (bueiros tub e cel) 402,39 299,48 25,58% 1.741.553,83
Cercas empregando mourões de concreto 32,67 15,81 51,61% 1.607.528,16
Compactação de bota-fora 95% PN 2,64 1,06 59,97% 1.554.779,96
Forma - (bueiros tub e cel) 50,02 27,90 44,23% 1.290.108,42
Revestimento vegetal de taludes
(hidrossemeadura) 1,54 0,92 40,20% 1.089.340,64
Concreto fck >= 25 MPa - (bueiros tub e cel) 411,96 342,68 16,82% 635.820,04
Escav, carga, desc e espalhamento material de
3ª cat 28,06 20,14 28,23% 601.829,63
Execução de Sublastro (incl. transporte até 3
km) 17,75 10,77 39,32% 548.100,78
Aterro grau de compactação 100% (Proctor
Normal) (corpo) 3,35 1,57 53,08% 495.495,67
Lastramento de linha ( h=0,30 m ) -(superestr) 28.769,52 22.218,00 22,77% 335.568,85
Execução de Sublastro com solo brita
misturado na pista (incl. Transp. 3 km) 24,98 22,32 10,66% 209.062,72
Concretofck >= 30 Mpa (superestr concr
armado) 428,20 362,89 15,25% 186.278,88
Transporte de Brita para Lastro -(superestr) 0,55 0,54 2,61% 92.352,72
Concreto fck >= 10 MPa - (bueiros tub e cel) 341,48 284,71 16,62% 60.297,15
Solda aluminotermica de trilho TR-57 para
formação de TLS -(superestr) 520,10 320,32 38,41% 56.538,19
Desmatamento, destocamento e limpeza 0,32 0,27 14,55% 52.042,32
CBUQ (Faixa "C"/ DNER) ( pavim) 283,76 194,06 31,61% 39.055,97
Execução de revestimento primário ou sub-
base (inc. transp. 3 km) (pav) 17,56 8,62 50,88% 27.617,43
Armadura de aço CP 190 RB 12,7mm
(superestr concr armado) 12,42 11,78 5,12% 18.236,72
fck >= 20 MPa (Galerias e Alas) 389,73 296,90 23,82% 801,08
144
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Posicionamento final e acabamento 15.177,78 15.868,08 -4,55% -35.398,58
Escavação, carga, descarga e espalhamento 2ª
cat 4,42 4,62 -4,52% -45.991,97
Transporte além de 2000 m Material de 2ª cat 0,57 1,96 -243,76% -237.460,37
Escoramento (superestr concr armado) 19,24 33,95 -76,48% -338.902,46
Transporte mat. de 1ª categ. além de 2000 m 0,57 1,26 -121,73% -1.035.342,72
Transporte mat. de 1ª categ. até 2000 m 1,34 1,63 -21,54% -1.377.527,20
Armadura CA-50/60 (drenagem) 5,09 6,28 -23,38% -1.781.264,33
Total 29.846.919,43
17. Insta salientar que a amostra analisada foi ampliada em relação a que foi examinada no bojo
da peça 99 do TC-011.287/2010-1. Nesta oportunidade, foram avaliados serviços que representam
84,88% do montante total liquidado do contrato, sendo apurado um sobrepreço de 32,45% em relação
ao valor de referência da amostra.
18. No voto condutor do Acórdão 1.498/2015-Plenário, enfatizei que no exame da curva ABC do
Contrato 58/2009 foi apurada a existência de superfaturamento no montante R$ 28.586.237,27 (data-
base de nov/2004), que alcançava o percentual de 33,51% na amostra de serviços avaliados. Os dados
ora apresentados diferem dos dispostos no referido decisum em virtude de três motivos principais:
a) ampliação da amostra dos serviços analisados, conforme já enfatizado;
b) o Acórdão 1.498/2015-Plenário considerou os pagamentos acumulados somente até a 25ª
medição e, nesta ocasião, estão sendo computados os serviços liquidados até a 26ª medição; e
c) houve a revisão pela unidade técnica dos critérios utilizados para compor os preços de
referência, que resultaram em parâmetros mais favoráveis aos responsáveis, conforme pode ser
observado nos preços unitários dispostos na tabela supra e aqueles existentes na peça 99 do TC-
011.287/2010-1.
19. O montante global do superfaturamento a preços iniciais (R$ 29.846.919,43) foi dividido
pelo valor total pago no contrato, sem considerar os reajustes de preços (R$ 143.511.780,20), obtendo-
se um fator de 20,80%. Tal coeficiente foi aplicado linearmente sobre todos os pagamentos efetuados à
contratada (R$ 182.798.972,11), incluindo tanto as medições dos serviços a preços originais quanto os
respectivos reajustamentos contratuais, conforme demonstrativo à peça 29. O referido procedimento
resultou na tabela de débitos e respectivas datas de origem apresentada na proposta de citação dos
responsáveis.
20. Cabe enfatizar que os indícios de superfaturamento são robustos e representam percentual
significativo do contrato. São também corroborados pelo Laudo nº 532/2012 – SETEC/SR/DPF/GO,
produzido pelo Departamento de Polícia Federal, o qual concluiu que o contrato original, antes da
celebração dos termos de aditamento contratual, teria um sobrepreço de cerca de 27% (peça 13).
21. Em vista do exposto nos parágrafos precedentes, considero adequados os exames
empreendidos pela SeinfraOpe com o intuito de quantificar o débito. Portanto, acolho as propostas de
citação dos responsáveis com os ajustes que farei em seguida.
III
22. Passo a tratar da responsabilização pelo superfaturamento constatado no Contrato 58/2009.
Em apertada síntese, a SeinfraOpe propôs citar solidariamente os seguintes responsáveis pelo dano ao
erário:
a) Sr. Ulisses Assad, na condição de Diretor de Engenharia da Valec, no período de 10/7/2003 a
10/2/2010, em virtude da aprovação da planilha orçamentária e da suposta participação de atos de
corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004, que resultou em superfaturamento no
Contrato 58/2009, infringindo os arts. 3º, 6º, inciso IX, alínea “f”, e 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993,
além de infringir o art. 37 da Constituição Federal e o princípio da economicidade.
145
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
b) Sr. José Américo Cajado de Azevedo, Superintendente de Construção da Valec entre
27/5/2003 e 16/2/2005, por elaborar a planilha orçamentária da Concorrência 8/2004, a qual resultou
em superfaturamento no Contrato 58/2009, com violação ao disposto nos arst. 3º, 6º, inciso IX, alínea
“f”, e 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993, além de infringir o princípio da economicidade.
c) Sr. José Francisco das Neves, na condição de Diretor-Presidente da Valec, no período de
4/4/2003 até 24/8/2011, devido à suposta participação de atos de corrupção e de conluio no âmbito da
já citada Concorrência 8/2004, infringindo o art. 3º da Lei 8.666/1993, o art. 37 da Constituição
Federal e o princípio da economicidade.
d) Sr. Luiz Sérgio Nogueira, na condição de dirigente da Constran Construções e Comércio S.A.,
por participar dos supostos atos de corrupção e de conluio no âmbito da Concorrência 8/2004.
e) Constran Construções e Comércio S.A., na condição de contratada da Valec, por se beneficiar
de atos de corrupção e de conluio no âmbito da referida Concorrência 8/2004, que resultou em
superfaturamento no Contrato 58/2009.
23. Não obstante o habitual zelo da SeinfraOpe, entendo que tal responsabilização merece alguns
reparos.
24. A unidade técnica aduz que o superfaturamento no Contrato 58/2009 decorre diretamente do
Contrato 15/2006, que foi rescindido pela Valec, o qual por sua vez foi resultado da aprovação da
planilha orçamentária que acompanhou o edital de Concorrência 8/2004, cujos preços estavam
superiores aos de mercado. Concordo com tal assertiva, mas também entendo que na contratação do
remanescente da obra por dispensa de licitação, que originou o Contrato 58/2009, houve a prática de
uma série de atos que estão diretamente relacionados com o superfaturamento em apuração.
25. Solicitei à minha assessoria que realizasse consulta dos documentos atinentes à celebração do
Contrato 58/2009 no TC-011.287/2010-1, em particular nas peças 26 e 27 daquele processo. A
documentação de interesse ao feito foi autuada à peça 40 destes autos, em que se pode observar que a
contratação por dispensa licitação foi precedida da Carta nº 243/2009-PRESI, de 28/10/2009, de lavra
do Sr. José Francisco das Neves, no qual é feito um longo relato da situação dos contratos 21/2001 e
15/2006, celebrados com a Construtora Camargo Corrêa S.A. O citado documento é concluído com a
decisão de notificar a construtora acerca da rescisão de ambos os ajustes, com fundamento no art. 79,
inciso I, e 78, inciso II, da Lei 8.666/1993.
26. Em seguida, o então Presidente da Valec remeteu o Memorando 35/2009, de 12/11/2009, ao
Sr. Jorge Antônio Mesquita Pereira de Almeida, Diretor de Engenharia em exercício, fazendo uma
exposição circunstanciada do histórico e da situação das obras na Ferrovia Norte-Sul, bem como
apresentando plano de ação que deveria ser desenvolvido com urgência para a conclusão do
empreendimento até outubro/2010. A Presidência da Valec também solicitou à Diretoria de
Engenharia providências no sentido de retomar o ritmo normal das obras e recuperar os atrasos então
verificados.
27. No dia seguinte, o Sr. Luiz Carlos de Oliveira Machado, na condição de Superintendente de
Construção da Valec, em atendimento ao citado memorando, solicitou ao presidente da comissão de
licitação informação sobre as empresas que foram habilitadas na Concorrência 8/2004.
28. De forma subsequente, a Nota Técnica 5/2009-Sucon, de 24/11/2009, assinada pelo mesmo
gestor, analisa, dentre outras coisas, a situação das obras do Lote 2 da Ferrovia Norte Sul. Além disso,
informa acerca das alterações de empresas contratadas para término da execução do lote 2, sendo que a
Constran seria a empresa contratada para executar o remanescente da obra. A citada Nota Técnica
apresenta posicionamento final de que “a única alternativa que efetivamente atende ao interesse
público no presente caso: a continuidade do contrato do Lote 11 com a Constran, a celebração dos
contratos referentes aos Lotes 2 e 10 com a Constran e a celebração do contrato do lote 4 com a
SPA”. O então superintendente de construção anexou a planilha dos serviços remanescentes dos lotes
2, 4 e 10.
146
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
29. Na sequência, a Carta 286/09-Presi, assinada pelo Diretor-Presidente da Valec, Sr. José
Francisco das Neves, datada de 15/12/2009, convoca a empresa Constran para celebrar o contrato de
execução dos serviços remanescentes das obras do Lote 2 da Ferrovia Norte Sul.
30. No dia 17/12/2009, o Diretor Administrativo-Financeiro da Valec, Sr. Francisco Elísio
Lacerda, autorizou a despesa no valor de R$ 116.426.598,81 em favor da Constran, com fundamento
no art. 24, inciso XI, da Lei 8.666/1993. A dispensa de licitação foi ratificada na mesma data pelo Sr.
José Francisco das Neves, sendo tais atos publicados no Diário Oficial da União do dia 21/12/2009.
31. A Exposição de motivos nº 005/09, emitida em 22/12/2009 pela Sra. Maria Estela Filardi,
Chefe da Assessoria Jurídica da Valec, entendeu que seria desnecessária a aprovação do Contrato
58/2009 pelo Conselho de Administração da Estatal, uma vez que o contrato original (15/2006) já
havia sido aprovado por aquele Colegiado. Assim, não haveria impedimento para que a Diretoria da
Valec aprovasse o referido ajuste.
32. Finalmente, em 24/12/2009, o Contrato 58/2009 foi firmado, tendo por signatários os Srs.
José Francisco das Neves e Francisco Elísio Lacerda, por parte da Valec, bem como os Srs. Jorge
Alberto Aun, Diretor-Presidente e Técnico da Constran, e José Roberto Bertoli, como Diretor
Administrativo, Financeiro e Comercial da Constran.
33. De todo o exposto, verifico que o Sr. José Francisco das Neves teve papel central não apenas
na Concorrência 8/2004, mas também no processo de dispensa de licitação que originou o Contrato
58/2009. A Lei 8.666/1993, em seu art. 26, prevê que as dispensas de licitação devem necessariamente
ser justificadas e deverão ser comunicadas, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, para
ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia
dos atos. Por sua vez, o art. 25, §2º, do mesmo diploma legal dispõe que, em qualquer dos casos de
dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem solidariamente pelo dano causado à Fazenda
Pública tanto o fornecedor ou o prestador de serviços como o agente público responsável, sem prejuízo
de outras sanções legais cabíveis.
34. Assim, o ato de ratificação da dispensa de licitação que resultou no Contrato 58/2009
também deve ser trazido como fundamento para a citação do Sr. José Francisco das Neves.
35. Em adição às propostas da unidade técnica, consoante historiado nos parágrafos acima, julgo
que também devam ser citados pelo débito os seguintes responsáveis:
a) Sr. Francisco Elísio Lacerda, Diretor Administrativo-Financeiro da Valec, por ter assinado o
Contrato 58/2009 contendo preços acima dos de mercado e autorizado a despesa no valor de R$
116.426.598,81 em favor da Constran, com fundamento no art. 24, inciso XI, da Lei 8.666/1993;
b) Luiz Carlos Oliveira Machado, Superintendente de Construção da Valec, por ter emitido nota
técnica favorável à contratação do remanescente das obras do Lote 2 da Ferrovia Norte Sul, bem como
encaminhado planilha orçamentária dos serviços remanescentes contendo serviços com sobrepreço;
c) Maria Estela Filardi, Chefe da Assessoria Jurídica da Valec, por ter aposto visto no Contrato
58/2009 eivado de vício e por ser signatária de exposição de motivos favorável à contratação;
d) Jorge Alberto Aun, Diretor-Presidente e Técnico da Constran; e
e) José Roberto Bertoli, Diretor Administrativo, Financeiro e Comercial da Constran.
36. No mínimo, pode-se afirmar que os demais responsáveis da Valec se omitiram diante de
graves irregularidades que são apontadas pelo TCU no empreendimento desde 2008. Conforme
registrei na introdução deste voto, as obras da Ferrovia Norte-Sul no trecho em questão são auditadas
pelo TCU desde 2008, ocasião em que foi apontado sobrepreço em diversos ajustes, incluindo o
Contrato 15/2006, celebrado com a Construtora Camargo Corrêa S.A., o que resultou na determinação
de retenção cautelar de 40% dos valores apontados como sobrepreço em cada lote da ferrovia em
questão. Ainda que cientes do sobrepreço existente no Contrato 15/2006, o ajuste foi rescindido e nova
contratação com os mesmos preços foi efetivada por dispensa de licitação.
147
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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37. As diversas irregularidades apontadas pelo TCU no empreendimento eram públicas e
notórias, conforme comprovam diversas publicações da imprensa. Cito como exemplo a reportagem
publicada no portal Globo.com, do dia 13/8/2009 (disponível em:
http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL1265647-5601,00-
EM+ANAPOLIS+LULA+CRITICA+PARALISACAO+DE+OBRAS+DA+FERROVIA+NORTESU
L.html).
38. A responsabilização do Sr. José Francisco das Neves também foi evidenciada por meio de
acordo de leniência celebrado entre o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e
Construtora Camargo Corrêa, que relatam a participação efetiva da Constran no cartel observado em
licitações promovidas pela Valec, entre elas a Concorrência 8/2004.
39. O Sr. José Francisco das Neves, juntamente com o ex-diretor de Engenharia, Sr. Ulisses
Assad, foi denunciado pelo MPF/GO, em maio/2016, pela prática de cartel, corrupção, lavagem de
dinheiro e crimes de licitação referentes aos contratos de construção da Ferrovia Norte-Sul e Ferrovia
de Integração Oeste-Leste (FIOL). A denúncia ofertada aduz que a prática de cartel teve a efetiva
participação da Diretoria da Valec, em especial desses dois responsáveis, que atuaram para beneficiar
as empreiteiras a serem por elas recomenpensados com vantagens ilícitas. Cumpre transcrever trecho
da denúncia do MPF/GO (destaques acrescidos):
“De fato, a exemplo do edital da concorrência 004/2001 acima descrita, os editais das
concorrências 008/2004, 002/2005 e 01/2007 promovidas por JUQUINHA e ASSAD foram elaborados
contendo exigências que limitaram, injustificadamente, a competição, entre elas: (a) proibição de que
uma mesma empresa concorresse a mais de dois lotes; (b) proibição da participação de consórcios de
empresas (c) comprovação de execução anterior de ferrovias com dormentes de concreto fabricados
pelo próprio licitante, as quais reduziram artificial e significativamente o universo de empresas com
condições de participar das licitações.
A inclusão de tais exigências nos editais das concorrências 008/2004, 002/2005 e 01/2007 foi
ajustada mediante acordo prévio em reuniões entre representantes as empresas do cartel e os
diretores da VALEC JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES e ULISSES ASSAD que, como dito, aderiram ao
esquema criminoso ora denunciado.
Apurou-se que, em relação às concorrências 008/2004, 002/2005 e 001/2007, JOSÉ
FRANCISCO DAS NEVES permitiu que as empresas integrantes do cartel dividissem entre elas, como
melhor lhes aprouvessem, os lotes em disputa, bem assim praticassem os preços que lhes fossem
convenientes, o que resultou em sobrepreço. Exigiu, contudo, que a empresa SPA Engenharia fosse
contemplada. Além do mais, JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES atuou para que nenhuma das empresas
cartelizadas “furasse” a acordo espúrio.
ULISSES ASSAD, por se turno, elaborou a Nota Técnica (fls. 910/918, IPL 0225/2001) que
assegurou a inclusão e a manutenção nos editais de exigências desnecessárias e restritivas que
tornaram viáveis a continuidade das atividades do cartel, como por exemplo, a proibição de
consórcios, a proibição de que um mesmo licitante fosse contemplado com mais de 2 lotes, a exigência
de comprovação de experiência anterior com dormentes de concreto monobloco usinado no canteiro,
porque direcionou a licitação em benefício das empresas cartelizadas (já que apenas elas podiam
atender à tais exigências).
Apurou-se, ainda, que JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES e ULISSES ASSAD promoveram as
licitações 008/2004, 002/2005 e 01/2007 com sobrepreço nos seus respectivos orçamentos de
referência.
Especificamente em relação ao Lote 02, da Concorrência 008/2004, Contrato nº 015/2006,
também objeto desta denúncia 21, o orçamento de referência da VALEC continha sobrepreço da
ordem de 25,1% (Laudo nº 215/2012 – SETEC/SR/DPF/GO, fls. 108, IPL nº 0240/2011). E o
sobrepreço no orçamento de referência somado ao conjunto de exigências editalícias injustificadas
148
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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foram decisivos para viabilizar a atuação do cartel, que pode assim repartir os lotes entre as
empresas participantes, as quais ainda apresentaram propostas não competitivas (de cobertura,
apenas para simular a competição), bem como praticarem o preço que maximizou seus lucros, em
detrimento da VALEC.
(...)
O Contrato nº 015/2006 foi rescindido em novembro de 2009, antes de concluído. A rescisão
decorreu de um estranho rearranjo promovido pelo denunciado JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES, que
retirou algumas empreiteiras da execução dos lotes que haviam adjudicado e colocou outras no lugar.
Apurou-se que JOSÉ FRANCISCO DAS NEVES promoveu esse rearranjo para ludibriar
decisões liminares do Tribunal de Contas da União que, em virtude de fiscalização de rotina, havia
detectado parte dos sobrepreços acima descritos e determinado a retenção cautelar de 10% dos
pagamentos das respectivas faturas. Assim, a parte remanescente do lote 02, objeto do Contrato nº
015/2006 firmado com a CCCC, após a sua rescisão, foi formalmente contratada à CONSTRAN, por
intermédio do Contrato nº 058/2009.
(...)
Mais do que homologar os resultados das licitações, aprovar e assinar os contratos
superfaturados e proveniente de fraudes à licitação, JUQUINHA assumiu o papel de garante do
cartel”.
40. O último trecho é um indício de que as rescisões contratuais promovidas pela Valec, dentre
elas a do Contrato 15/2006, foram uma forma de burlar as retenções cautelares determinadas pelo
TCU. Friso que tais atos contaram com a participação pessoal e direta do responsável, que
recentemente foi condenado pela 11ª Vara Federal pelos crimes de associação criminosa e lavagem ou
ocultação de bens, direitos e valores na ação penal nº 18.114-41.2013.4.01.3500 (Operação “O Trem
Pagador”).
IV
41. A respeito da proposta de citação da Constran e do Sr. Luiz Sérgio Nogueira, ponho-me de
acordo com o exame realizado pela SeinfraOpe. A sociedade empresária teve participação efetiva na
conduta anticompetitiva implementada pelo seu funcionário Luiz Sérgio Nogueira na denominada
“Fase de consolidacão do cartel - entre 2003 e 2007", que também participou da "Fase de ampliação do
cartel - 2010". A participação desse agente é apresentada da seguinte forma na descrição sumária da
conduta realizada pelo Cade (destaques acrescidos):
“1.Este Histórico da Conduta consiste em documento elaborado pela Superintendência-Geral
do CADE (SG/CADE) com base nos documentos e informações apresentados pelos Signatários do
Acordo de Leniência, que reportaram ao conhecimento da Superintendência-Geral do CADE a
ocorrência de condutas anticompetitivas praticadas no Brasil em licitações da Valec - Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A. ("Valec"), com relação ao mercado de obras civis de infraestrutura e
superestrutura ferroviárias, obras de arte especiais e serviços de engenharia para implantação da da
Ferrovia Norte-Sul ("FNS" - EF-151) e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste ("FIOL" - EF-334).
2.As violações à ordem econômica consistiram em acordos para divisão de mercado entre
concorrentes com fixação de vantagens relacionadas para frustrar o caráter competitivo das
licitações referidas adiante. Conforme apurado pelos Signatários, a conduta foi implementada
principalmente por meio de reuniões presenciais e negociações intermediadas pela alta administração
da Valec.
3.O relato dos Signatários aponta que a conduta aqui narrada se deu de forma continuada e
experimentou fases distintas ao longo do tempo'. A sequência abaixo descreve cronologicamente as
fases da conduta conforme o relato dos Signatários.
149
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
(...)
c "(III) Fase de consolidação do cartel - entre 2003 e 2007 - Ferrovia Norte-Sul trechos
Tocantins a Goiás", momento em que a Valec lançou editais para contratação de obras para
implantação da Ferrovia Norte-Sul em trechos entre Tocantins e Goiás, por meio das Concorrências
008/2004, 002/2005 e 001/2007. Os Signatários apontam que, nessa fase, graças aos acordos
anticompetitivos, foi frustrado o caráter competitivo da Concorrência 008/2004 e, possivelmente, das
Concorrências 002/2005 e 001/2007. Empresas participantes da conduta: (i) Carioca Eng., (ii)
Constran, (iii) CCCC, (iv) Andrade Gutierrez, (v) Barbosa Mello, (vi) Odebrecht, (vii) Queiroz
Galvão, (viii) C.R. Almeida, (ix) Egesa, (x) Galvão Eng., (xi) Mendes Júnior, (xii) Serveng, (xiii)
Servix9 e (xiv) SPA.
4. De acordo com informações dos Signatários, por meio das práticas anticompetitivas no
mercado de obras civis de infraestrutura e superestrutura ferroviárias, obras de arte especiais e
serviços de engenharia para implantação de ferrovias, frustrou-se o caráter competitivo, pelo menos,
das Concorrência 004/2001 (Ferrovia Norte-Sul: Trecho Anápolis/GO - Porangatu/GO), 008/2004
(Ferrovia Norte-Sul: Trechos entre Tocantins e Goiás), dos Lotes 01 a 04 da Concorrência 004/2010
(Ferrovia Norte-Sul: Trecho Ouro Verde/GO - Estrela do Oeste/SP) e dos Lotes 01, 02, 04, 05 e 06 da
Concorrência 005/2010 (Ferrovia de Integração Oeste-Leste: Trecho Ilhéus/BA - Barreiras/BA), com
indícios de que os Contratos 011/2000 e 010/2002, as Concorrências 002/2005 e 001/2007 (Ferrovia
Norte-Sul: Trechos entre Tocantins e Goiás), bem como os Lotes 05 da Concorrência 004/2010 e os
Lotes 03 e 07 da Concorrência 005/2010 também tenham sido afetados pela conduta, como descrito
no quadro abaixo.
(...)
Constran S.A. Construções e Comércio ("Constran')
17. A Constran teve participação efetiva na conduta anticompetitiva implementada pelos seus
funcionários (atualmente funcionários e/ou ex-funcionários) Luiz Sérgio Nogueira (Engenheiro) na
"(III) Fase de consolidacão do cartel - entre 2003 e 2007", que também participou, junto a José
Carlos Tadeu Lima (Diretor) da "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010" e, ainda, por meio de sua
participação no Consórcio Constran! Egesa/ Pedra Sul/ Estacon/ CMT e no Consórcio Constran/
Egesal Carioca, integrantes do cartel na "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010" da conduta. Sua
participação está evidenciada, por exemplo, nos parágrafos 3, 16, 17, 24, 32, 41, 45, 55, 56, 144, 147,
156, 164, 166, 178, 190, 214, 220, 221, 225, 227, 285, 296, 297 e 305 e nas Tabelas 4, 7, 22, 51, 52,
65, 66, 67, 70, 71 e 72 deste Histórico da Conduta
(...)
Luiz Sérgio Nogueira
56. De acordo com os Signatários, Luiz Sérgio Nogueira foi, durante a conduta, Engenheiro na
Constran S.A. Construções e Comércio, participante do cartel na "(III) Fase de consolidação do
cartel entre 2003 e 2007" e "(IV) Fase de ampliação do cartel - 2010"da conduta. Ele era
representante do escalão operacional, cuja participação na conduta consistiu em realizar contato com
concorrentes e com eles participar de reuniões para discutir preços e distribuição dos lotes licitados
pela Valec, o que está evidenciado, por exemplo nos parágrafos 17, 56, 147, 227, 285, 297 e 305 nas
Tabelas 7. 22, 23, 51 e 65 deste Histórico da Conduta”.
42. Em adição à responsabilização do Sr. Luiz Sérgio Nogueira, entendo que os representantes
legais da Constran, signatários do Contrato 58/2009, também devem ser responsabilizados pelo débito
em apuração. Refiro-me aos Srs. Jorge Alberto Aun, Diretor-Presidente e Técnico da Constran, e José
Roberto Bertoli, como Diretor Administrativo, Financeiro e Comercial, pois não é crível que o Sr. Luiz
Sérgio Nogueira tenha agido de forma isolada, sem o conhecimento dos representantes legais da
empresa.
150
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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43. Enfatizo que a responsabilização desses agentes privados pode ocorrer sob duas vertentes
distintas perante o Tribunal de Contas da União.
44. A primeira delas utiliza o instituto da desconsideração da personalidade jurídica, pois há
indicativos nos autos que funcionários e dirigentes da Constran supostamente praticaram atos ilícitos,
com desvio de finalidade e abuso das personalidades jurídicas que representavam, para fraudar
deliberadamente os processos licitatórios da Valec e obter contratos de obras com sobrepreço, de
forma a maximizar indevidamente os lucros, mediante formação de cartel e pagamento de vantagens
indevidas a agentes da estatal.
45. Aplicar-se-ia, pois, o disposto nos arts. 50 e 1016 do Código Civil:
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade,
ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.”
“Art. 1.016. Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros
prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções” (grifou-se).
46. A segunda vertente de responsabilização desses agentes deriva do próprio texto
constitucional, em especial o art. 70, parágrafo único, e o inciso II do art. 71, que não faz qualquer
distinção entre agentes públicos ou particulares para fins de recomposição do débito, bastando que
qualquer um deles tenha dado causa a irregularidade que resulte prejuízo ao erário.
47. Com efeito, a interpretação desses dispositivos constitucionais deixa evidente o poder-dever
de o Tribunal de Contas da União julgar, não só as contas dos gestores públicos, mas de qualquer
pessoa física ou jurídica que der causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo
ao erário público.
48. Tenho seguido essa linha de responsabilização dos administradores, sócios ou empregados
das empresas contratadas pela Administração no caso de fraudes que foram comprovadas nos autos,
perpetradas por sócios ou administradores das empresas contratadas, a exemplo do decidido no bojo do
Acórdão Plenário 2.109/2016, quando foi autorizada a citação de executivos das empresas contratadas
em razão de suposta fraude à licitação e superfaturamento em contratos de implantação da Refinaria
Abreu e Lima (contratos referente às obras de construção da Unidade de Destilação Atmosférica –
UDA e da Unidade de Hidrotratamento – UHDT). Em situação idêntica, cito os Acórdãos 2.428/2016
e 1.083/2017, ambos do Plenário.
V
49. Embora não tenham sido objeto de proposição da unidade técnica, trato agora da decretação
da indisponibilidade dos bens dos responsáveis. No voto condutor do Acórdão 2.428/2016-Plenário,
teci as seguintes considerações:
“83. Como toda medida cautelar, a proposta de indisponibilidade de bens deve estar assentada
em dois pressupostos, o periculum in mora e o fumus bonis iuris. Com relação a este último
requisito, em geral, o TCU deve confirmar se realmente houve dano ao erário, apurar a exata
extensão da responsabilidade dos gestores da estatal e das empresas envolvidas. Nesse aspecto, creio
que seja prescindível tecer maiores comentários, pois a materialidade dos débitos apurados e os
robustos indícios probatórios sobre a autoria pelos fatos evidenciados estão fartamente demonstrados
neste voto e no relatório que o fundamenta.
84. Quanto ao perigo da demora, trago à baila as seguintes considerações constante do voto por
mim proferido quando da decretação da indisponibilidade de bens dos responsáveis pela aquisição da
refinaria de Pasadena (Acórdão 224/2015-Plenário), no sentido de a gravidade dos fatos e os valores
envolvidos podem representar riscos significativos de desfazimento de bens:
“Ou seja, na seara de direito público [em razão do disposto na lei de improbidade
administrativa], entendeu-se que o periculum in mora seria presumido em razão da gravidade dos
151
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
fatos e da importância de se preservar o bem público. A jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça indica, pois, que a decretação de indisponibilidade de bens pode ocorrer mesmo sem a
existência de atos concretos indicativos da dilapidação do patrimônio por parte dos responsáveis.
Cito, ainda, como exemplo a seguinte decisão:
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. CAUTELAR DE
INDISPONIBILIDADE DOS BENS DO PROMOVIDO. DECRETAÇÃO. REQUISITOS. EXEGESE
DO ART. 7º DA LEI N. 8.429/1992, QUANTO AO PERICULUM IN MORA PRESUMIDO.
1. O fundamento utilizado pelo acórdão recorrido diverge da orientação que se pacificou no
âmbito desta Corte, inclusive em recurso repetitivo (REsp 1.366.721/BA, Primeira Seção, j.
26/2/2014), no sentido de que a decretação de indisponibilidade de bens em improbidade
administrativa caracteriza tutela de evidência.
2. Daí a desnecessidade de comprovar a dilapidação do patrimônio para a configuração de
periculum in mora, o qual estaria implícito ao comando normativo do art. 7º da Lei n. 8.429/92,
bastando a demonstração do fumus boni iuris, consistente em indícios de atos ímprobos.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 1314088/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em
18/06/2014, DJe 27/06/2014) (grifei)
11. No âmbito do TCU, a matéria é regulada pelo art. 44 da Lei 8.443/1992, o qual estabelece
que:
Art. 44. No início ou no curso de qualquer apuração, o Tribunal, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, determinará, cautelarmente, o afastamento temporário do responsável, se
existirem indícios suficientes de que, prosseguindo no exercício de suas funções, possa retardar ou
dificultar a realização de auditoria ou inspeção, causar novos danos ao Erário ou inviabilizar o seu
ressarcimento.
...
§ 2º Nas mesmas circunstâncias do caput deste artigo e do parágrafo anterior, poderá o
Tribunal, sem prejuízo das medidas previstas nos arts. 60 e 61 desta Lei, decretar, por prazo não
superior a um ano, a indisponibilidade de bens do responsável, tantos quantos considerados bastantes
para garantir o ressarcimento dos danos em apuração”. (grifei)
...
14. Nessa linha, a jurisprudência desta Corte de Contas se posiciona no sentido de que a
decretação de indisponibilidade de bens dos responsáveis não necessita ser precedida de indícios
concretos de dilapidação do patrimônio por parte dos responsáveis ou de qualquer outra ação
tendente a inviabilizar o ressarcimento ao erário. Trata-se de procedimento consentâneo com aquele
da Lei de Improbidade Administrativa e justificado por ambas se tratarem de questões de direito
público.
15. Entretanto, essa mesma jurisprudência do TCU é firme no sentido de que a utilização do
instituto de natureza cautelar é excepcional e somente deve ocorrer em casos específicos, no bojo dos
quais estejam presentes não só indícios de prejuízos de significativa monta, mas, principalmente,
quando está evidenciada uma conduta por parte dos responsáveis especialmente reprovável que
apresente riscos significativos de desfazimento de bens de forma a prejudicar o ressarcimento aos
cofres públicos.”
85. Consoante decidido pelo STF no âmbito do MS 33.092 MC/DF-2015 (2ª Turma – Relator
Ex.mo Ministro Gilmar Mendes), em situação fática similar a aqui tratada, a decretação cautelar da
indisponibilidade dos bens dos envolvidos em atos danosos aos cofres da União “mostra-se cabível e
até mesmo recomendável na hipótese em exame, ante o risco de frustração da utilidade do processo
administrativo em curso na Corte de Contas”.” (grifou-se)
152
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
50. A respeito, ao apreciar o Mandado de Segurança 34.446/DF-2016 interposto pela Construtora
Queiroz Galvão em face do Acórdão 2.428/2016-Plenário, a Ministra Rosa Weber, do Supremo
Tribunal Federal, teceu as seguintes considerações aplicáveis à decretação de indisponibilidade de
bens que se amoldam ao caso ora analisado:
“40. Nesse enfoque, a decretação de indisponibilidade de bens aparenta ter observado, na
espécie, as exigências do art. 44, § 2º, da Lei 8.443/1992, pois a autoridade impetrada identificou
indícios de condutas lesivas ao erário imputáveis à impetrante e ao Consórcio Ipojuca Interligações –
CII, em especial a formação de cartel que pagava propina a agentes públicos, no intuito de viabilizar
a contratação, por meio da modalidade convite, de obra com sobrepreço.
41. Tais condutas, segundo levantamento inicial do TCU, teriam importado em
superfaturamento correspondente a 20,3% do valor inicial do contrato nº 0800.0057000.10-2. No
curso da execução da avença, a contemplar alguns aditivos, a autoridade impetrada estima que o
desfalque à Petrobras, apenas com tal contrato, alcançou valor histórico, em setembro de 2009, de R$
682.404.146,73. A atualização dessa cifra, quando da prolação do acórdão impugnado, levou a Corte
de Contas a estimar prejuízo da ordem de R$ 960.962.757,75 aos cofres da referida sociedade de
economia mista.
42. A grandiosidade dos montantes estimados, ao lado da gravidade e da robustez dos indícios
de comportamento ilícito dos possíveis responsáveis, parecem, à primeira vista, respaldar a
decretação da medida cautelar de indisponibilidade de bens, por delinearem cenário de risco
acentuado para o resultado útil da tomada de contas especial instaurada no âmbito do TCU.
43. Corrobora esse raciocínio a compreensão de que o risco de inviabilização do ressarcimento
ao erário, ínsito à previsão do art. 44, § 2º, da Lei 8.443/1992, não exige prova de que a pessoa sob
fiscalização do Tribunal de Contas da União esteja efetivamente praticando atos de desbaratamento
patrimonial. Exigir prova nesse sentido esvaziaria a medida em tela, pois, até a colheita de elementos
comprobatórios da prática de atos de dissipação do patrimônio, este já estaria parcial ou totalmente
comprometido, de molde a prejudicar a consecução do objetivo do dispositivo em comento, qual seja,
o de preservar a utilidade de futuros pronunciamentos do TCU.
44. Realço, por outro lado, que, no acórdão impugnado, a Corte de Contas da União prestou
homenagem a outros vetores constitucionais e legais, em especial os relacionados à preservação da
empresa, ao delimitar a indisponibilidade, no tocante aos ativos financeiros, às “aplicações
financeiras que representem meras reservas financeiras e não sejam necessárias para a manutenção
da operação das sociedades empresariais” (evento 10, fl. 55).
45. O cuidado adicional, de preservar as atividades empresariais da impetrante, conjura,
quanto ao acórdão impugnado, o perigo da demora inverso ventilado na inicial” (grifou-se).
51. Assim, todos os elementos probatórios dos autos me levam a propor a indisponibilidade dos
bens dos seguintes responsáveis, até o limite de R$ 70.481.690,31, que representa o montante
atualizado do débito apurado neste feito:
Responsável CNPJ/CPF
José Francisco das Neves 062.833.301-34
Luiz Sérgio Nogueira 566.485.378-68
Ulisses Assad 008.266.408-00
Constran S.A. - Construções e Comércio 61.156.568/0001-90
52. Há indícios, corroborados pelo acordo de leniência celebrado no Cade e pela denúncia
ofertada pelo MPF/GO, de que os responsáveis arrolados acima agiram de maneira particularmente
reprovável para fraudar as licitações da Valec, bem como para obter lucros e benefícios indevidos.
53. Deixo de propor medida cautelar de indisponibilidade de bens para os demais responsáveis,
por não terem sido ouvidos em etapas anteriores do processo de auditoria realizada nas obras em
apreciação ou por não haver elementos que comprovem uma conduta dolosa.
153
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
VI
54. Acerca dos procedimentos de operacionalização da decisão de indisponibilidade de bens,
deve ser aplicado o entendimento consubstanciado no Acórdão 2.428/2016-Plenário, quando foi
decidido que “não devem ser objeto de constrição os valores considerados necessários ao sustento do
responsável e suas famílias (art. 833, inciso IV, do CPC – v.g. vencimentos, subsídios, soldos,
salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, ganhos de trabalhador autônomo e
honorários de profissional liberal)”. Nesse sentido, menciono o seguinte precedente do STJ:
“17. Contudo, impende ressalvar que a penhora eletrônica dos valores depositados nas contas
bancárias não pode descurar-se da norma inserta no artigo 649, IV, do CPC (com a redação dada
pela Lei 11.382/2006), segundo a qual são absolutamente impenhoráveis "os vencimentos, subsídios,
soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as
quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os
ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal". (REsp 1184765/PA, Rel.
Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, DJe 03/12/2010)”.
55. Com relação à indisponibilidade de bens das pessoas jurídicas, mediante o Acórdão
2.995/2016-Plenário, quando ao se apreciar agravo de instrumento interposto pela Construtora Queiroz
Galvão S/A. em face da decretação da indisponibilidade de seus bens, decidiu-se “facultar à agravante
a possibilidade de indicar a esta Corte de Contas, independentemente da resposta de todos os órgãos
competentes, os ativos financeiros que, ao seu ver, não podem ser bloqueados, apresentando as
justificativas e documentos que entender necessários”.
56. Recentemente, tal procedimento foi amplamente debatido no bojo do TC 023.266/2015-5, no
qual o eminente Ministro-substituto Weder de Oliveira efetuou as seguintes considerações em seu voto
revisor:
“Quanto a este processo, as propostas que pretendia melhor examinar são as seguintes:
proposta de oitiva prévia dos responsáveis, em processos apartados, para que, no especial e
improrrogável prazo de 15 (quinze) dias, apresentem as suas manifestações sobre a possibilidade de,
a partir dos elementos contidos nestes autos, o Tribunal vir a decretar cautelarmente a
indisponibilidade dos bens considerados bastantes para garantir o ressarcimento dos prejuízos (item
9.1.1) ;
proposta de franquear aos responsáveis, no âmbito da respectiva resposta à aludida oitiva
prévia, a possibilidade de o responsável designar os ativos financeiros não suscetíveis à
correspondente indisponibilidade cautelar, com a devida justificativa para essa necessidade de
manutenção da disponibilidade (subitem 9.1.2.1) ;
(...)
É pertinente, portanto, realçar as análises e argumentos, a seguir transcritos, que consignei na
declaração de voto proferida naquele processo, no qual o Tribunal adotou deliberação (acórdão
632/2017-TCU-Plenário) que se configuraria como precedente integralmente aplicável aos temas que
pretendia discutir em voto revisor neste processo:
“3. Com relação à proposta de oitiva dos responsáveis, em processos apartados, previamente à
adoção da medida acautelatória de indisponibilidade de bens, observo que o procedimento
predominante e dominante nesta Corte é, até o momento, o de decretar a indisponibilidade de bens
sem a oitiva dos interessados ou realizando-se oitiva posterior, nos termos do art. 276, §3º, do
RI/TCU (acórdãos 2140/2011, 1927/2014, 64/2015, 984/2015, 1915/2015, 1525/2016, 2109/2016 e
2428/2016, todos do Plenário) .
4. Dentre essas deliberações, destaco o acórdão 1927/2014-TCU-Plenário, proferido no TC
005.406/2013-7, no qual esta Corte avaliou a ocorrência de irregularidades na aquisição da refinaria
Pasadena Refining System Inc. pela Petrobras.
154
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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5. Naquela decisão, foi decretada cautelarmente, com suporte no comando contido no art. 44 da
Lei 8.443/92, c/c arts. 273 e 274 do RI/TCU, a indisponibilidade dos bens dos responsáveis,
ressaltando-se que a medida deveria alcançar tantos bens quantos bastantes para garantir o
ressarcimento dos prováveis prejuízos apontados nos autos.
6. Esse procedimento sofreu alterações que culminaram na prolação do acórdão 2428/2016-
TCU-Plenário, de relatoria do Ministro Benjamin Zymler, no qual o Tribunal decretou ‘a
indisponibilidade de bens dos responsáveis a seguir relacionados, devendo esta medida alcançar os
bens considerados necessários, para garantir o integral ressarcimento do débito em apuração
imputado a cada responsável, ressalvados os bens financeiros necessários ao sustento das pessoas
físicas e à continuidade das operações das pessoas jurídicas’.
7. Essa medida cautelar foi objeto do MS 34446 MC/DF, deferido parcialmente, no qual a
relatora, Ministra Rosa Weber, além de referendar o poder geral de cautela atribuído ao Tribunal de
Contas da União, ratificou integralmente os termos do acórdão 2428/2016-TCU-Plenário.
8. O ponto que fundamentou o deferimento parcial da segurança não diz respeito aos termos do
acórdão 2428/2016-TCU-Plenário, mas ao teor do despacho do relator do TC 016.832/2016-0,
eminente Ministro Benjamin Zymler, que, estaria em parcial desacordo com a deliberação colegiada,
por não constar da decisão monocrática a ressalva quanto aos ‘bens financeiros necessários ao
sustento das pessoas físicas e à continuidade das operações das pessoas jurídicas’.
9. Nesse mandado de segurança, ao tecer considerações acerca da desnecessidade de provas da
prática de atos de desbaratamento patrimonial, a relatora alertou para o risco de inviabilização do
ressarcimento ao erário, em virtude da demora na decretação da medida cautelar.
10. No presente processo, propõe-se realizar a oitiva dos responsáveis previamente à decisão
sobre a medida cautelar de indisponibilidade de bens. Oitiva tanto para que se manifestem sobre a
própria possibilidade ‘de o Tribunal vir a decretar cautelarmente a indisponibilidade dos bens
considerados necessários para garantir o integral ressarcimento do débito em apuração’, assim como
para que ‘indiquem os bens por eles considerados essencial à manutenção das atividades
operacionais da sociedade empresarial e, portanto, não suscetíveis ao alcance da medida cautelar,
acompanhados das devidas justificativas’, se assim desejarem.
11. Ao que parece, a sistemática foi proposta com a salutar intenção de melhor operacionalizar
o procedimento de efetivação da indisponibilidade, de modo a evitar o problema que levou ao
deferimento parcial do mandado de segurança acima referido.
12. No entanto, após discutir e examinar com mais vagar o novel procedimento, vislumbro que
tenderá a não produzir os benefícios pensados, dado que os responsáveis, presumidamente, resistirão
à intenção do Tribunal em decretar-lhes a indisponibilidade de bens, de modo que também não
ofertarão bens para esse fim, mormente quando a concordância com a possibilidade de esta Corte
adotar a mencionada medida cautelar significaria a aceitação, ainda que parcial, da imputação de
responsabilidade por dano ao erário que lhes é feita no presente processo de tomada de contas
especial.
13. Assim, ao revés, o novo procedimento, não obstante os melhores propósitos subjacentes à
sua proposição, poderá tornar mais complexo, mais lento e elevar, em maior ou menor grau,
conforme as especificidades do caso, o risco de perda de efetividade do poder geral de cautela
atribuído pelo legislador a esta Corte de Contas com o fim de assegurar o pleno exercício das
competências fixadas no art. 71 da Constituição Federal.
14. Em vista disso, entendo que deva ser mantida a linha já adotada no acórdão 2428/2016-
TCU-Plenário, da relatoria do Ministro Benjamin Zymler (que não mereceu reparo da Ministra Rosa
Weber quando do exame do mencionado mandado de segurança), com um necessário acréscimo
procedimental, visando enfrentar o ponto que motivou o deferimento parcial da segurança, e que está
aventado na minuta de acórdão do eminente relator.
155
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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15. Em linhas gerais é esse o procedimento: decretar a indisponibilidade de bens, com as
ressalvas necessárias à continuidade das operações da empresa e ao sustento das pessoas físicas,
ofertando-se aos responsáveis, posteriormente, em despacho monocrático, antes da efetivação da
medida cautelar, oportunidade para que identifiquem os bens considerados imprescindíveis para
aquelas finalidades.
16. Assim, em futuros processos, o acórdão que vier a decretar a indisponibilidade de bens seria
lavrado nos seguintes termos (adaptação do texto da minuta de acórdão do presente processo) :
‘9.X. decretar cautelarmente, com fundamento art. 44, § 2º, da Lei 8.443/1992, c/c arts. 273 e
274 do RI/TCU, pelo prazo de um ano, a indisponibilidade de bens das empresas e demais pessoas
físicas deram causa aos superfaturamentos aqui identificados, devendo esta medida alcançar os bens
considerados necessários, para garantir o integral ressarcimento do débito em apuração imputado a
cada responsável, ressalvados os bens financeiros necessários ao sustento das pessoas físicas e à
continuidade das operações das pessoas jurídicas;
9.Y. informar aos responsáveis que o Ministro-Relator, antes da adoção das medidas
necessárias à efetivação da indisponibilidade de bens decretada neste acórdão, promover-lhes-á
oitiva prévia, para que indiquem os bens que se enquadrem na ressalva do item 9.X’ ”.
57. A proposta de deliberação do Ministro Weder se sagrou vencedora, porém, com um ajuste
sugerido pela Declaração de Voto do Ministro Walton Alencar Rodrigues, in verbis:
“Não vislumbro compatibilidade entre o mecanismo de urgência – medida acautelatória de
indisponibilidade de bens – e a oitiva prévia dos interessados. A meu ver, trata-se da mesma
incompatibilidade que haveria entre a realização de oitiva prévia e a decretação de prisão preventiva.
A medida cautelar prevista no artigo 274, do RITCU, visa a garantir o ressarcimento dos danos
em apuração, ante a possibilidade de ocultação dos bens dos responsáveis, prejudicando a efetividade
do processo de Tomada de Contas Especial.
Nesse sentido, a realização de oitiva prévia dos responsáveis, quanto à possibilidade de o
Tribunal adotar essa medida, vai de encontro aos seus próprios objetivos, podendo torná-la inócua.
Como bem destacado no voto revisor do Ministro-Substituto Weder de Oliveira, o Tribunal
decreta, cautelarmente, a indisponibilidade de bens e, adicionalmente, abre prazo aos responsáveis
para, querendo, se manifestarem sobre a medida, bem como para indicarem os bens por eles
considerados essenciais à manutenção das atividades operacionais da sociedade empresarial ou ao
sustento das pessoas físicas e, portanto, não suscetíveis ao alcance da medida cautelar”.
58. Em vista do exposto, tratando-se de matéria que vem sendo debatida amplamente pelo
Tribunal de Contas da União, em perfeita sintonia com esses precedentes recentes do Tribunal no
sentido de se buscar garantias para o ressarcimento do débito, proponho adotar redação análoga ao
disposto no Acórdão 1.083/2017-Plenário, que apreciou o caso mencionado acima.
VII
59. Não olvido que, no dia 17/7/2017, o grupo econômico formado pela UTC Participações S.A.,
UTC Engenharia S.A., Constran S.A. Construções e Comércio, UTC Investimentos, bem como outras
empresas vinculadas ao Grupo UTC, ingressaram com pedido de recuperação judicial na 2ª Vara de
Falências e Recuperações Judiciais da Comarca de São Paulo.
60. Segundo minha assessoria averiguou, o pedido de processamento da recuperação judicial
ainda não foi deferido. Em despacho datado de 21/7/2017, o juiz titular do feito determinou a
realização de perícia para apurar se a crise de todas as sociedades é comum, se o endividamento afeta
todas as empresas ou apenas parte delas, e de que maneira a inadimplência de qualquer empresa teria
repercussão patrimonial na outra, de modo a justificar o litisconsórcio.
61. Tal questão é relevante, pois, em decisão recente, adotada no âmbito do MS 34.793, o Exmo.
Ministro Luiz Edson Fachin entendeu que o TCU não poderia bloquear o patrimônio de empresa
beneficiada pela recuperação judicial e suspendeu indisponibilidade de bens imposta à empresa
156
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Alumini Engenharia. Em liminar do dia 29/6/2017, o Ministro Fachin determinou que, se quisesse
efetivar o bloqueio, o TCU deveria oficiar à Advocacia-Geral da União para que pedisse isso à 2ª Vara
de Recuperações e Falências de São Paulo, o qual por coincidência vem a ser o mesmo juízo de
recuperação judicial do Grupo UTC, controlador da Constran.
62. Assim, considerando que o pedido de processamento da recuperação judicial ainda não foi
deferido, julgo que a medida de declaração de indisponibilidade de bens pode ser aplicada de imediato
por esta Corte de Contas. Porém, seguindo o procedimento aventado pelo STF no MS 34.793, cabe
desde logo requisitar à Advocacia-Geral da União que, no caso de haver deferimento do pedido de
processamento da recuperação judicial que se encontra em apreciação no âmbito do processo nº
1069420-76.2017.8.26.0100, formule pedido perante a 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais
do Foro Central Cível da Comarca de São Paulo com vistas à salvaguardar as medidas de constrição
patrimonial contra a empresa Constran S.A. - Construções e Comércio.
63. Outrossim, entendo pertinente enviar cópia desta deliberação, acompanhada do relatório e do
voto que a fundamentam, ao MM. Juiz de Direito da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do
Foro Central Cível da Comarca de São Paulo.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à apreciação deste
Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1601/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 014.361/2015-9.
2. Grupo I – Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsável: Constran S.A. - Construções e Comércio (61.156.568/0001-90); José
Francisco das Neves (062.833.301-34); Luiz Sérgio Nogueira (566.485.378-68); Ulisses Assad
(008.266.408-00), José Américo Cajado de Azevedo (548.198.066-53); Francisco Elísio Lacerda
(036.082.658-05); Luiz Carlos Oliveira Machado (222.706.987-20); Maria Estela Filardi
(348.592.927-15); Jorge Alberto Aun (374.154.178-87); José Roberto Bertoli (612.472.518-53).
4. Órgão/Entidade: Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A.
5. Relator: Ministro Benjamin Zymler.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria Extraordinária de Operações Especiais em Infraestrutura
(SeinfraOpe).
8. Representação legal:
8.1. Edgard Hermelino Leite Júnior (OAB/SP nº 92.114), Mario Henrique de Barros Dorna
(315746/OAB-SP), Maria Carolina Viana Machado Pinheiro (OAB/SP 235.057) e outros,
representando Constran S.A. - Construções e Comércio.
8.2. Silvia Regina Schmitt (58372/OAB-RS) e outros, representando Valec Engenharia,
Construções e Ferrovias S.A.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada por força do
Acórdão 1.498/2015-Plenário, em razão do superfaturamento identificado no Contrato 58/2009,
referente ao remanescente da construção do lote 2 da Ferrovia Norte-Sul (FNS), em trecho de 52 km
situado entre Ouro Verde de Goiás (GO) e Jaraguá (GO),
157
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. decretar cautelarmente, com fundamento no art. 44, § 2º, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 273
e 274 do Regimento Interno deste Tribunal, pelo prazo de um ano, a indisponibilidade de bens dos
responsáveis a seguir relacionados, devendo esta medida alcançar os bens considerados necessários,
para garantir o integral ressarcimento do débito em apuração imputado a cada responsável, no valor
atualizado de R$ 70.481.690,31 (até 22/5/2017), ressalvados os bens financeiros necessários ao
sustento das pessoas físicas e à manutenção das atividades operacionais da pessoa jurídica:
Responsável CNPJ/CPF
José Francisco das Neves 062.833.301-34
Luiz Sérgio Nogueira 566.485.378-68
Ulisses Assad 008.266.408-00
Constran S.A. - Construções e Comércio 61.156.568/0001-90
9.2. considerar como termo inicial para contagem do prazo fixado no subitem anterior desta
deliberação a data de averbação da medida cautelar nos respectivos órgãos de registro dos bens;
9.3. nos termos do art. 276, § 3º, do Regimento Interno deste Tribunal, conceder prazo de até
quinze dias, sem efeito suspensivo, aos responsáveis arrolados acima para que se pronunciem, caso
queiram, a respeito da adoção da medida cautelar referida no item 9.1, retro;
9.4. determinar à SeinfraOpe que informe aos responsáveis relacionados nos subitens 9.1. que,
no âmbito da respectiva resposta à aludida oitiva, fica desde já franqueada a possibilidade de serem
indicados os bens por eles considerados essenciais ao sustento das pessoas físicas e à manutenção das
atividades operacionais da sociedade empresarial e portanto não suscetíveis ao alcance da medida
cautelar, acompanhados das devidas justificativas;
9.5. determinar à Secretaria Extraordinária de Operações Especiais que constitua um processo
apartado de “indisponibilidade de bens” específico para cada responsável;
9.6. requisitar à Advocacia-Geral da União que, no caso de haver deferimento do pedido de
processamento da recuperação judicial que se encontra em apreciação no âmbito do processo nº
1069420-76.2017.8.26.0100, formule pedido perante a 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais
do Foro Central Cível da Comarca de São Paulo com vistas a salvaguardar as medidas de constrição
patrimonial contra a empresa Constran S.A. - Construções e Comércio;
9.7. dar ciência deste acórdão, acompanhado do relatório e do voto que o fundamentam, ao MM.
Juiz de Direito da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central Cível da Comarca de
São Paulo; à Procuradoria da República em Goiás; ao Juiz Federal Titular da 11ª Vara Federal de
Goiás e ao Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle;
9.8. com fundamento no art. 43, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 250, inciso II, do
Regimento Interno/TCU, determinar à Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. que apresente
ao TCU, em 15 (quinze) dias, informações atualizadas sobre: (i) o montante retido no Contrato
58/2009 em valores históricos e atualizados; (ii) o andamento das ações judiciais contra decisão do
Tribunal proferida pelo Acórdão 593/2009-TCU-Plenário; e (iii) a forma pela qual a Valec apropriou
na sua contabilidade a retenção de pagamentos determinada pelo TCU;
9.9. em razão de indícios de superfaturamento apurado no bojo do Contrato 58/2009 e com
fundamento nos arts. 10, § 1º, 12, incisos I e II, e 16, §2º, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 202, incisos I e
II, e 209, §§ 5º e 6º, do Regimento Interno/TCU, determinar a citação solidária dos Srs. José Francisco
das Neves, Luiz Sérgio Nogueira, Ulisses Assad, José Américo Cajado de Azevedo, Francisco Elísio
Lacerda, Luiz Carlos Oliveira Machado, Maria Estela Filardi, Jorge Alberto Aun, José Roberto Bertoli
e da empresa Constran S.A. - Construções e Comércio (61.156.568/0001-90), para que, no prazo de até
158
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
15 (trinta) dias, apresentem alegações de defesa ou recolham aos cofres da da Valec Engenharia
Construções e Ferrovias S.A. as quantias abaixo indicadas, com a incidência dos devidos encargos
legais, a partir das respectivas datas até o efetivo recolhimento, abatendo-se, na oportunidade, as
quantias eventualmente já ressarcidas, na forma da legislação em vigor:
Data da
Ocorrência Débito (R$)
04/02/10 395.008,42
02/03/10 166.750,80
29/03/10 479.843,17
26/04/10 851.636,34
27/05/10 2.690.260,66
25/06/10 2.919.335,26
26/07/10 6.709.918,15
26/08/10 4.485.133,40
25/09/10 5.441.872,88
26/10/10 3.857.493,73
26/11/10 1.924.618,05
14/12/10 887.264,65
25/01/11 1.070.574,15
28/02/11 1.480.522,99
25/03/11 751.435,78
27/07/11 1.873.720,39
26/08/11 1.397.639,67
26/09/11 4.659,28
28/11/11 21.612,48
28/11/11 242.198,07
06/12/11 17.954,58
26/12/11 17.614,08
23/10/12 330.549,27
9.10. encaminhar aos responsáveis arrolados nos autos cópia desta deliberação, acompanhada do
relatório e do voto que a fundamentam, juntamente com as cópias das demais peças que,
individualmente, interessem a cada um deles, incluindo as planilhas eletrônicas constantes da peça 30
em formato editável.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1601-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler (Relator), Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
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GRUPO I – CLASSE I – Plenário
TC 000.283/2015-0
Natureza: Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial).
Entidade: Caixa Econômica Federal.
Responsáveis: José Manoel da Rosa (983.631.828-34) e Silvana Weles de Oliveira
(030.961.718-90).
Representação legal: Adam Luiz Alves Barra (19.786/OAB-DF) e outros, representando Caixa
Econômica Federal; Rubens Barra Rodrigues de Lima (80.341/OAB-SP) e Michela de Souza Lima
Batista (280.341/OAB-SP), representando José Manoel da Rosa.
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. IRREGULARIDADES NA
ESCRITURAÇÃO DE CONTAS REFERENTES A TRANSFERÊNCIAS A LOTÉRICA PARA
PAGAMENTO DE BENEFÍCIOS, COM A ESCRITURAÇÃO DE ADIANTAMENTOS FICTÍCIOS.
VALORES APROPRIADOS POR SERVIDORA DA ENTIDADE. PARTICIPAÇÃO DE
TERCEIRO CONIVENTE COM A IRREGULARIDADE. DEMORA NA INSTAURAÇÃO DE
TCE. DÉBITO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA. DETERMINAÇÕES. ALERTA.
RECURSO DE RECONSIDERAÇÃO. ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA REFORMA DO
JULGADO. CONHECIMENTO E NÃO PROVIMENTO.
RELATÓRIO
Cuidam os autos de recurso de reconsideração interposto por José Manoel da Rosa (peça 41)
contra o Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário.
2. A tomada de contas especial que deu origem a estes autos foi instaurada pela Caixa
Econômica Federal (CEF) em desfavor de Silvana Weles de Oliveira, ex-Supervisora de Retaguarda da
Agência da CEF de Capão Bonito (SP), e José Manoel da Rosa, sócio da Lotérica API, em razão de
irregularidades em operações contábeis fictícias nas subcontas “Adiantamento para Pagamento de
Benefícios” e “Adiantamento para Unidades Lotéricas e Correspondentes Bancários – Benefícios
Sociais”, no montante original de R$ 100.000,00, descontados R$ 239,54 e R$ 780,25, já restituídos.
3. A deliberação recorrida, relatada pelo Ministro Raimundo Carreiro, possui o seguinte teor:
“9.1. julgar irregulares as contas da Sra. Silvana Weles de Oliveira e do Sr. José Manoel da
Rosa, com fulcro nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei n.º 8.443, de 16 de julho de
1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, condenando-os, em solidariedade, ao pagamento
dos valores discriminados, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para
comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento desses valores aos cofres da Caixa Econômica
Federal, atualizados monetariamente e acrescidos dos juros de mora calculados a partir das datas
indicadas até a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor;
Valor (R$) Data
Débito Crédito
100.000,00 13/6/2005
239,54 20/2/2006
780,25 20/4/2006
9.2. autorizar, desde já, se requerido, o pagamento da dívida mencionada no itens 9.1 em até 36
(tinta e seis) parcelas mensais consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei n.º 8.443, de 16 de junho de
160
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar do
recebimento das notificações, para comprovarem perante o Tribunal o recolhimento da primeira
parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior, para comprovarem os recolhimentos das demais
parcelas, atualizadas monetariamente, devendo incidir sobre cada valor mensal da dívida mencionada
no item 9.1 os juros de mora devidos, na forma prevista na legislação em vigor;
9.3. alertar os responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela
importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do Regimento
Interno deste Tribunal;
9.4. autorizar, desde logo, caso não sejam atendidas as notificações, nos termos do art. 28, inciso
II, da Lei nº 8.443/1992, a cobrança judicial dos valores acima, na forma da legislação em vigor;
9.5. determinar que a Secretaria-Geral de Controle Externo:
9.5.1. identifique e ouça em audiência os responsáveis pela morosidade na instauração do devido
processo de tomada de contas especial para a apuração do desfalque apurado;
9.5.2. avalie a necessidade de realizar fiscalização junto aos órgãos centrais do Governo Federal
acerca do cumprimento das normas em vigor referentes a prazos para a instauração e encaminhamento
de tomadas de contas especiais ao Controle Interno;
9.5.3. solicite dos órgãos centrais do Governo Federal que informem, no prazo de 90 (noventa)
dias a contar da notificação, as características dos estoques, presentes nos órgãos e entidades federais,
de prestações de contas não analisadas, de tomadas de contas especiais não finalizadas ou não
instauradas após notícia oficial de ilícito contra o erário federal;
9.6. remeter cópia do presente Acórdão, e do Relatório e Voto que o fundamentam à Caixa
Econômica Federal, à Casa Civil, ao Ministério do Planejamento e Orçamento, ao Ministério da
Fazenda, para ciência, e à Procuradoria da República em São Paulo, para adoção das providências que
julgar pertinentes, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443/92;”
4. Admitido o processamento do recurso, porquanto preenchidos os requisitos previstos no art.
33 da Lei 8.443/1992, conferi efeito suspensivo aos itens 9.1 e 9.4 do acórdão questionado em relação
ao recorrente (peça 48).
5. Instruído o presente feito, faço reproduzir, no essencial e com os ajustes que julgo pertinentes,
o exame técnico e o encaminhamento oferecidos pela Secretaria de Recursos deste Tribunal (peça 59),
que contou com a integral anuência do corpo diretivo da unidade (peças 60 e 61) e do Ministério
Público junto ao TCU (peça 62):
“(...)
HISTÓRICO
2. Trata-se, originariamente, de tomada de contas especial – TCE, instaurada pela Caixa
Econômica Federal, que versa sobre as movimentações irregulares realizadas nas subcontas
‘Adiantamento para Pagamento de Benefícios Sociais’ e ‘Adiantamento para Unidades Lotéricas e
Correspondentes Bancários – Benefícios Sociais’ pela ex-funcionária Silvana Weles de Oliveira, na
Agência da Caixa no município de Capão Bonito/SP.
2.1. José Manoel da Rosa, sócio da Lotérica API, foi citado juntamente com a funcionária da
Caixa, por conta da seguinte conduta (peça 10 p. 1):
‘O débito é decorrente de Vossa Senhoria ter tido participação decisiva e contribuído de forma
eficaz para a consecução da fraude praticada pela empregada Silvana Weles de Oliveira, ao permitir a
utilização indevida das contas 043 e 003 tituladas pela API Lotérica, sendo conivente com o
favorecimento da empregada Silvana (item 6.1.1 do Relatório Conclusivo da Comissão para Apuração
de Responsabilidade Disciplinar e Civil - peça 1, p. 37). Além disso, é indiferente a demonstração de
obtenção de vantagem financeira pelo terceiro participante para fins de responsabilização solidária no
âmbito desta tomada de contas especial, a teor do disposto no § 2º do art. 16 da Lei 8.443/1992.’
2.2. Após citação dos responsáveis e análise das alegações de defesa apresentadas, o Tribunal,
161
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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por meio do Acórdão 2.592/2016 – Plenário (peça 26), julgou-lhes irregulares as contas e lhes imputou
débito, além de proferir determinações à Secretaria-Geral de Controle Externo, na forma transcrita na
introdução acima.
2.3. Insatisfeito, José Manoel da Rosa interpôs o presente recurso de reconsideração (peças 39 e
41), requerendo o recebimento e provimento do pedido, de modo a eximir-lhe de responsabilidade,
afastando-se a sanção a ele imputada (peça 39, p. 10).
ADMISSIBILIDADE
3. Reitera-se o exame preliminar de admissibilidade (peças 45-46), ratificado pelo Exmo. Sr.
Ministro-Relator, na peça 48, que concluiu pelo conhecimento do recurso, suspendendo-se os efeitos
dos subitens 9.1 e 9.4 do Acórdão 2.592/2016 - Plenário, eis que preenchidos os requisitos processuais
aplicáveis à espécie.
MÉRITO
4. Delimitação
4.1. Constituem objetos do recurso as seguintes questões:
a) Se ocorreu a prescrição da pretensão punitiva estatal, de modo a afastar o julgamento pela
irregularidade das contas do recorrente e o débito a ele imputado (peça 39, p. 4-10);
b) Se José Manoel da Rosa pode ser responsabilizado pelas irregularidades descritas nos autos
(peça 39, p. 8-10);
5. Prescrição da pretensão punitiva estatal, julgamento pela irregularidade das contas do
recorrente e débito (peça 39, p. 4-10)
5.1. O recorrente afirma ter ocorrido a prescrição da pretensão punitiva estatal, não sendo mais
possível aplicar-lhe qualquer penalidade administrativa ou imputar-lhe débito, tendo em vista os
seguintes argumentos:
a) De acordo com a jurisprudência do TCU, resumida no Acórdão 3.298/2011 – Plenário, a
pretensão punitiva desta Corte se subordina ao prazo geral de prescrição indicado no artigo 205 do
Código Civil, contada a partir da data da ocorrência da irregularidade, havendo hipóteses de
interrupção e suspensão do prazo prescricional. Aplica-se esse prazo, no Tribunal, em cada processo
em que haja intenção de aplicação de sanções previstas na Lei 8.443/1992 (peça 39, p. 4-6 e 9-10);
b) No presente caso, ocorreu a prescrição, pois, do fato inicial, delineado no item 9.1 do acórdão
recorrido, com data do débito de R$ 100.000,00 em 13/6/2005, considerando-se o prazo decenal,
atinge-se o termo prescricional em 12/6/2015. Quando o recorrente foi citado, já estava prescrito o
direito de a Fazenda Pública da União, que representa a Caixa, puni-lo no âmbito administrativo (peça
39, p. 6);
c) Mesmo que o Tribunal não tenha acolhido os argumentos de defesa, há precedente semelhante
desta Corte, atribuindo-se 10 anos ao prazo prescricional, o que claramente ocorreu na espécie, pois,
quando da citação do recorrente, o período estabelecido no artigo 205 do Código Civil já havia
ocorrido, impondo-se a revisão do julgado (peça 39, p. 6);
d) A Constituição Federal não foi observada, pois o TCU tem prerrogativas estabelecidas no
inciso VIII do artigo 71 da Carta, tendo atuado no exercício de função controladora, fator não
apreciado na deliberação recorrida (peça 39, p. 7);
e) A Constituição Federal adotou a prescritibilidade como regra, conforme o capítulo dos Direito
e Deveres Individuais e Coletivos, havendo apenas exceções expressas, como a prática do crime de
racismo;
f) O direito de punir José Manoel surgiu em 13/6/2005, prescrevendo em 12/6/2015. O processo
administrativo deveria ter trâmite normal com acompanhamento efetivo dos interessados,
contemplando-se o contraditório e a ampla defesa, o que não ocorreu no presente caso, o que reforça a
tese da decadência e prescrição (peça 39, p. 7);
g) As sanções administrativas, assim como as demais sanções jurídicas, estão sujeitas à
162
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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prescrição, não sendo possível se perpetuar a pretensão punitiva estatal, em qualquer dos entes
públicos da Administração Direta ou Indireta, sob pena de se prolongar infinitamente situações
litigiosas, em detrimento da estabilidade da ordem jurídica (peça 39, p. 7-8);
h) A decisão do TCU não atentou para o prazo prescricional, pois refutou cinco anos, como
apresentado anteriormente, havendo julgado da Corte em sentido contrário. Isso constitui erro material,
podendo haver revisão a qualquer tempo (peça 39, p. 8);
Análise
5.2. Os argumentos do recorrente não merecem prosperar. Primeiramente, o Tribunal
corretamente reconheceu a incidência da prescrição no que tange às sanções às partes. A pretensão
punitiva do Tribunal de Contas da União se subordina ao prazo geral de prescrição indicado no art. 205
do Código Civil.
5.3. A divergência jurisprudencial existente no Tribunal no tocante à prescrição da pretensão
punitiva foi recentemente uniformizada por meio do Acordão 1.441/2016 – Plenário, de 8/6/2016,
julgado decorrente de inúmeros posicionamentos anteriores na Corte, um deles citado peça recursal, no
sentido de se adotar o regime prescricional previsto no Código Civil, nos seguintes termos:
‘ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
ante as razões expostas pelo Redator, em:
9.1. deixar assente que:
9.1.1. a pretensão punitiva do Tribunal de Contas da União subordina-se ao prazo geral de
prescrição indicado no art. 205 do Código Civil;
9.1.2. a prescrição a que se refere o subitem anterior é contada a partir da data de ocorrência da
irregularidade sancionada, nos termos do art. 189 do Código Civil;
9.1.3. o ato que ordenar a citação, a audiência ou oitiva da parte interrompe a prescrição de que
trata o subitem 9.1.1, nos termos do art. 202, inciso I, do Código Civil;
9.1.4. a prescrição interrompida recomeça a correr da data em que for ordenada a citação, a
audiência ou oitiva da parte, nos termos do art. 202, parágrafo único, parte inicial, do Código Civil;
9.1.5. haverá a suspensão da prescrição toda vez que o responsável apresentar elementos
adicionais de defesa, ou mesmo quando forem necessárias diligências causadas por conta de algum
fato novo trazido pelos jurisdicionados, não suficientemente documentado nas manifestações
processuais, sendo que a paralisação da contagem do prazo ocorrerá no período compreendido entre a
juntada dos elementos adicionais de defesa ou da peça contendo o fato novo e a análise dos referidos
elementos ou da resposta da diligência, nos termos do art. 160, §2º, do Regimento Interno;
9.1.6. a ocorrência desta espécie de prescrição será aferida, independentemente de alegação da
parte, em cada processo no qual haja intenção de aplicação das sanções previstas na Lei 8.443/1992;
9.1.7. o entendimento consubstanciado nos subitens anteriores será aplicado, de imediato, aos
processos novos (autuados a partir desta data) bem como àqueles pendentes de decisão de mérito ou de
apreciação de recurso por este Tribunal; (...)’
5.4. No caso concreto, a irregularidade ensejadora da multa (último lançamento fictício) ocorreu
em 13/6/2005 (peça 1, p. 89). A pretensão punitiva estaria prescrita em 13/6/2015, observando-se o
prazo de dez anos previsto no art. 205 do Código Civil. Assim, como o ato que ordenou a citação nesta
Corte ocorreu após essa data, não mais seria possível aplicar sanções aos responsáveis, como discorreu
corretamente o Relator a quo no voto condutor da deliberação recorrida (peça 27, p. 2):
‘13. No entanto, assiste razão ao Sr. José Manoel da Rosa quanto à prescrição da pretensão
punitiva por este Tribunal, em que pese esta não alcance a possibilidade da cobrança do débito. Não
pelos motivos elencados pelo responsável, mas pelo entendimento firmado no Acórdão n.º 1.441/2016-
Plenário, não é mais possível aplicar qualquer sanção aos responsáveis, uma vez que se passaram mais
de dez anos entre a ocorrência do último lançamento fictício, em 13/6/2005, e o ato que ordenou a
citação. Contribuiu decisivamente para isso o longo período em que os gestores da Caixa
163
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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permaneceram omissos quanto à instauração do processo de prestação de contas – quase dez anos entre
a conclusão da apuração das irregularidades, em 13/7/2005 e a emissão do relatório da TCE, em
30/1/2014.’
5.5. Todavia, é pacífico nesta Corte entendimento no sentido de que o reconhecimento da
prescrição da pretensão punitiva não implica o afastamento do débito, porquanto as ações de
ressarcimento movidas pelo Estado contra os agentes causadores de danos ao erário são
imprescritíveis, nos termos do art. 37, § 5º, da Constituição Federal; e do enunciado número 282 da
Súmula do TCU (Acórdão 76/2017 – Plenário).
5.6. Assim, confunde-se o recorrente a pretensão de esta Corte lhe aplicar sanções previstas na
Lei 8.443/1992, como multa e suspensão para o exercício de cargos ou funções públicas, com o
ressarcimento dos danos aos cofres da Caixa Econômica Federal, imprescritível.
6. Responsabilidade de José Manoel da Rosa e irregularidades descritas nos autos (peça 39,
p. 8-10)
6.1. O recorrente afirma não ter responsabilidade sobre as irregularidades descritas nos autos,
tendo em vista os seguintes argumentos:
a) O Tribunal de Contas da União está incumbido de aplicar sanções administrativas, por força
da autorização concedida no artigo 71 da Constituição Federal. No inciso II do referido dispositivo,
consta competência da Corte para julgar as contas dos responsáveis que derem causa a perda, extravio
ou outra irregularidade de que resulte dano ao erário (peça 39, p. 8-9);
b) José Manoel da Rosa não causou nenhum prejuízo ao erário, não tendo responsabilidade sobre
os atos da ex-supervisora Silvana Weles de Oliveira. A própria agente afirma, em escritura pública de
declaração juntada aos autos, que se responsabiliza integralmente pelo pagamento de qualquer
importância cobrada nos presentes autos. Ela declara, ainda, que o recorrente não teve nenhuma
responsabilidade no caso ou obteve proveito dos fatos (peça 39, p. 9);
c) O Tribunal não levou em consideração que José Manoel da Rosa agiu com culpa, por ter sido
induzido a erro por Silvana Weles de Oliveira, que praticou deliberadamente os desfalques nos cofres
da Caixa Econômica Federal, devendo responder pelos fatos irregulares (peça 39, p. 9-10).
Análise
6.2. Não assiste razão ao responsável. A participação do recorrente nas irregularidades descritas
nos autos foi primordial para o dano ao erário, o qual sequer teria existido sem a atuação da parte,
como descreve adequadamente o relatório da deliberação recorrida:
a) Em 17/6/2005, a gerência de serviços da RERET Sorocabana encaminhou expediente à
RETPV Capão Bonito, solicitando regularização de pendência na subconta 188051201 –
Adiantamento para Pagamento – Benefícios, extraído do SICTB, onde apresentava um lançamento
para a Lotérica API, efetuado em 13/6/2005, no valor de R$ 100.000,00;
b) Em 21/6/2005, a funcionária Silvana informou ao tesoureiro da RETPV Capão Bonito que
estava utilizando a subconta de adiantamento para pagamento – benefícios há mais de 2 anos,
apropriando-se de parte dos valores adiantados. O tesoureiro, por sua vez, comunicou o fato à Gerência
da RERET Sorocabana;
c) A fraude era realizada da seguinte forma: a Sra. Silvana Weles de Oliveira solicitava
mensalmente ao empresário lotérico, Sr. José Manoel da Rosa a quantia de R$ 3.000,00, cujo valor era
depositado na conta corrente de nº 1213.001.51510-0, da qual era titular. Essa rotina de entrega de
valores vinha ocorrendo há mais de dois anos;
d) A todo adiantamento regular ao empresário lotérico, era gerado um novo lançamento contábil
na rubrica de adiantamento, no valor da dívida pessoal da funcionária, não gerando diferenças para
unidade lotérica, nem para a agência Capão Bonito, uma vez que o controle era executado de forma a
não extrapolar os períodos estabelecidos para as prestações de contas;
e) A partir de 30/5/2005, em função da alteração da rotina de adiantamento para as unidades
164
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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lotéricas, a funcionária Silvana não conseguiu mais realizar esse tipo de operação, ou seja, a
contabilização de adiantamentos fictícios.
f) Apurou-se que o empresário lotérico, Sr. José Manoel da Rosa (CPF 983.831.828-34) permitiu
a utilização indevida das contas 043 e 003 tituladas pela API Lotérica, sendo conivente com os atos
praticados pela Sra. Silvana Weles de Oliveira.
6.3. Note-se que os recursos encaminhados à Lotérica API tinham a finalidade de pagamento de
benefícios sociais. O pagamento mensal realizado por José Manoel à Silvana claramente não tinha
relação com os objetivos dos valores por ele geridos. Mesmo supostamente não tendo o recorrente se
beneficiado financeiramente do esquema criminoso, a atuação dele foi essencial para o desvio. A
declaração da ré não afasta essa realidade.
6.4. Essa afirmação é de tal sorte verdadeira que José Manoel da Rosa restou condenado
criminalmente pelos mesmos fatos na Justiça Federal da Terceira Região, confirmada pelo Tribunal
Regional Federal da Terceira Região, como se pode consultar na Apelação Criminal n. 0003014-
63.2006.4.03.6110/SP.
6.5. Em julgado proferido nesses autos e publicado no Diário Eletrônico da Justiça Federal da
Terceira Região de 27/7/2016, o Desembargador Relator se utiliza da deliberação do Juiz de primeira
instância para atestar a autoria de José Manoel da Rosa, nos seguintes termos (Disponível em
<http://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoGedpro/5368144> Acesso em 23 mar
2017):
‘Fato certo: sem a participação do denunciado JOSÉ, no caso em apreço, os crimes não teriam
acontecido. Sua conduta, assim, foi decisiva para a consumação dos delitos.
(...)
Tudo aconteceu porque JOSÉ acatou os pedidos de SILVANA para que retirasse dinheiro da
conta da lotérica e o entregasse à mãe de SILVANA, Zélia.
(...)
Uma vez que a fonte das assertivas das testemunhas foi a denunciada SILVANA, o valor das
suas declarações, no que diz respeito a esse assunto, será o mesmo que aquele dado às da denunciada
SILVANA.
Tenho por correto que a estória apresentada pela denunciada SILVANA, que inspirou as
declarações das testemunhas acima citadas, afastando de JOSÉ a responsabilidade pelos crimes aqui
tratados, não é crível. Não ‘cola’.
Trata-se de versão que não se coaduna com as circunstâncias dos fatos. Tudo indica que a
denunciada SILVANA, com as suas declarações, assumindo a completude da culpa, tentou afastar o
denunciado JOSÉ, porque se trata de conhecido da sua família há algum tempo (para não o prejudicar
e tampouco manchar a imagem do seu negócio, da sua lotérica) e, de todo modo, JOSÉ, procedendo
aos saques, como solicitados pela denunciada SILVANA, não deixou de lhe prestar um favor.
Arrolo as seguintes razões que me levam a concluir pela corresponsabilidade do denunciado
JOSÉ para o cometimento dos crimes aqui debatidos:
Não há como negar que JOSÉ, empresário, dono da lotérica API há alguns anos (e responsável
por toda a contabilidade da empresa - fl. 125), isto é, pessoa com comprovada experiência no ramo e
no trato com a CEF, não tivesse consciência da irregularidade dos saques realizados.
Em primeiro lugar, sabia que o dinheiro transferido da CEF para a sua lotérica tinha por única
finalidade o pagamento dos benefícios sociais. Isto é, não poderia ter sido usado com outro propósito;
não poderia ter sido sacado e entregue para a mãe da denunciada SILVANA, a fim de suprir interesse
exclusivo desta.
(...)
Mesmo que os recursos pudessem ser utilizados em benefício da denunciada SILVANA, não se
mostra verossímil a possibilidade da realização das transações (=saques) divorciadas de quaisquer
165
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
tipos de comprovantes.
(...)
Só se admite tal hipótese (=inexistência de comprovante referente ao saque) na comprovada
ocorrência de um conluio entre os interessados (SILVANA e JOSÉ) com o evidente propósito de
causar prejuízo à CEF, manifesta a intenção de não deixar qualquer tipo de rastro (prova) quanto à
transação efetuada, mormente considerando que, como aconteceu, o prejuízo contábil seria ‘zerado’ no
próximo adiantamento realizado à lotérica.
No mais, como bem asseverou a testemunha Carlos, auditor da CEF (fl. 441), JOSÉ já tinha
conhecimento do valor a maior transferido para a lotérica (mais que o necessário para o pagamento dos
benefícios) e isto demonstra que SILVANA e JOSÉ, previamente, cuidavam de tramar toda a operação
irregular.
(...)
Por último, a amizade entre SILVANA e JOSÉ confirma que os dois atuavam em unidade de
desígnios, com o manifesto propósito de lesar a CEF.
(...)
A confiança e amizade, nesse contexto, não servem para afastar a responsabilidade de JOSÉ
pelos fatos tratados na denúncia, como dogmatizaram as defesas de JOSÉ e SILVANA; atestam, ao
contrário um forte elo entre os denunciados, extremamente propício à união de esforços destinados à
consumação dos delitos, como efetivamente aconteceu.
Por tais motivos, estou convencido da efetiva colaboração do denunciado JOSÉ para o desiderato
criminoso. Ciente da conduta ilícita pretendida pela denunciada SILVANA, auxiliou-a, utilmente, de
maneira intencional (=dolo direto; afasta-se, assim, a conduta culposa) e onisciente do prejuízo
causado à CEF.’
6.6. Diante disso, o réu restou condenado, com pena mantida pelo Tribunal Regional Federal da
Terceira Região, a três anos de reclusão e 15 dias-multa, pelo crime de peculato, tipificado no artigo
312 do Código Penal, na forma continuada. A sentença transitou em julgado em 17/2/2017 (Disponível
em
<http://web.trf3.jus.br/consultas/Internet/ConsultaProcessual/Processo?NumeroProcesso=0003014632
0064036110> Acesso em 23 mar 2017).
6.7. Do mesmo modo, nesta Corte, diante das provas coligidas aos autos, não há como afastar a
responsabilidade do ora recorrente. Aquele que de qualquer modo haja concorrido para o dano
apurado, ainda que de forma culposa, responde solidariamente pelo débito.
CONCLUSÃO
7. Das análises anteriores, conclui-se que:
a) A pretensão punitiva do Tribunal de Contas da União se subordina ao prazo geral de
prescrição indicado no art. 205 do Código Civil;
b) O reconhecimento da prescrição da pretensão punitiva não implica o afastamento do débito,
porquanto as ações de ressarcimento movidas pelo Estado contra os agentes causadores de danos ao
erário são imprescritíveis, nos termos do art. 37, § 5º, da Constituição Federal; e do enunciado número
282 da Súmula do TCU; e
c) Aquele que de qualquer modo haja concorrido para o dano apurado, ainda que de forma
culposa, responde solidariamente pelo débito.
7.1. Assim, o recorrente não logrou êxito em afastar as irregularidades que lhe são imputadas,
impondo-se a manutenção do julgado recorrido em seus exatos termos.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
8. Diante do exposto, com fundamento nos artigos 32, inciso I; e 33, da Lei 8.443/1992,
submetem-se os autos à consideração superior, com posterior encaminhamento ao Ministério Público
junto ao Tribunal de Contas da União e ao Gabinete do Relator, propondo:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
a) conhecer do recurso interposto e, no mérito, negar-lhe provimento;
b) comunicar a deliberação que vier a ser proferida por esta Corte ao recorrente, à Caixa
Econômica Federal, à Casa Civil, ao Ministério do Planejamento e Orçamento, ao Ministério da
Fazenda e à Procuradoria da República em São Paulo.”
É o Relatório.
VOTO
Em julgamento recurso de reconsideração interposto por José Manoel da Rosa em face do
Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário, por meio do qual o Tribunal julgou irregulares suas contas em
razão de operações contábeis fictícias nas subcontas “Adiantamento para Pagamento de Benefícios” e
“Adiantamento para Unidades Lotéricas e Correspondentes Bancários – Benefícios Sociais”, no
montante original de R$ 100.000,00, descontados R$ 239,54 e R$ 780,25 já restituídos.
2. Nesta oportunidade, o recorrente alega, em síntese, a prescrição da pretensão punitiva estatal,
não sendo mais possível aplicar-lhe qualquer penalidade administrativa ou imputar-lhe débito, bem
como não ter responsabilidade sobre as irregularidades tratadas. Quanto ao segundo ponto, alega não
ter tido ingerência sobre a conduta da ex-supervisora Silvana Weles de Oliveira, cujos atos o teriam
induzido a erro, o que afastaria sua culpa e justificaria a responsabilidade integral da aludida
supervisora pelas condenações impostas no acordão recorrido.
3. Após examinar as razões recursais, a Secretaria de Recursos (Serur) concluiu que não foram
trazidos elementos suficientes para alterar a deliberação recorrida, razão pela qual, com a concordância
do Ministério Público junto ao TCU, propõe o conhecimento e o não provimento do apelo recursal.
4. Preliminarmente, ratifico o despacho exarado no sentido de que o presente recurso merece ser
conhecido, porquanto preenche os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 32, inciso I, e 33, da
Lei 8.443/1992.
5. Quanto ao mérito, acompanho a análise empreendida pela secretaria especializada, transcrita
no relatório precedente, a qual enfrentou e afastou com propriedade cada um dos argumentos
apresentados pelo recorrente, adotando-a como razões de decidir, sem prejuízo das seguintes
considerações.
6. Quanto à alegação da prescrição, é pertinente observar que o acórdão combatido já havia
reconhecido sua ocorrência no caso concreto, o que afastou a aplicação de multa aos responsáveis e
cingiu o acordão à condenação em débito (parágrafo 13 do Voto condutor do Acórdão 2.592/2016-
TCU-Plenário). Porém, como sabido, é pacífico nesta Corte e no Pretório Excelso que as ações de
ressarcimento ao erário são imprescritíveis, nos termos do art. 37, § 5º, da Constituição Federal, e da
Súmula 282 desta Casa. Ressalto que a condenação em débito tampouco é sanção, mas tão somente
reparação do erário ao status quo ante.
7. No que tange ao argumento da ausência de responsabilidade sobre os atos em exame, sem
prejuízo dos elementos contidos nestes autos e que já delinearam a responsabilidade de José Manoel da
Rosa, bem arrematou a Serur ao consignar que o recorrente restou condenado, com pena mantida pelo
Tribunal Regional Federal da Terceira Região, a três anos de reclusão e quinze dias-multa, pelo crime
de peculato, tipificado no art. 312 do Código Penal, na forma continuada, em decorrência dos mesmos
fatos ora tratados. Na decisão judicial transcrita no Relatório precedente, restou patente a conduta
comissiva do responsável para a consecução do ato ilícito. Aquele que de qualquer modo haja
167
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
concorrido para o dano apurado, ainda que de forma culposa, responde solidariamente pelo débito,
motivo pelo qual não cabe reformar o acordão combatido.
8. Sendo assim, ante a ausência de elementos capazes de alterar o juízo anteriormente formulado,
não é possível reformar o julgado, como pretende o recorrente.
9. Feitas essas considerações, entendo que o presente recurso deve ser conhecido e rejeitado,
mantendo-se inalterada a deliberação ora combatida.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal adote o Acórdão que ora submeto à deliberação deste
Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1602/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 000.283/2015-0.
2. Grupo I – Classe de Assunto: I – Recurso de Reconsideração (Tomada de Contas Especial).
3. Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: José Manoel da Rosa (983.631.828-34) e Silvana Weles de Oliveira
(030.961.718-90)
3.2. Recorrente: José Manoel da Rosa (983.631.828-34).
4. Entidade: Caixa Econômica Federal.
5. Relator: Ministro Bruno Dantas
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro Raimundo Carreiro.
6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Recursos (SERUR); Secretaria de Controle Externo no
Estado de São Paulo (SECEX-SP).
8. Representação legal:
8.1. Adam Luiz Alves Barra (19.786/OAB-DF) e outros, representando Caixa Econômica
Federal.
8.2. Rubens Barra Rodrigues de Lima (80.341/OAB-SP) e Michela de Souza Lima Batista
(280.341/OAB-SP), representando José Manoel da Rosa.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos em que se aprecia recurso de reconsideração
interposto por José Manoel da Rosa em face do Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário, por meio do qual
o Tribunal julgou irregulares suas contas em razão de operações contábeis fictícias nas subcontas
“Adiantamento para Pagamento de Benefícios” e “Adiantamento para Unidades Lotéricas e
Correspondentes Bancários – Benefícios Sociais”, no montante original de R$ 100.000,00,
descontados R$ 239,54 e R$ 780,25, já restituídos.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário,
diante das razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento no arts. 32, inciso I, e 33 da Lei 8.443/1992, conhecer e negar provimento
ao presente recurso de reconsideração, mantendo inalterado o Acórdão 2.592/2016-TCU-Plenário;
9.2. dar ciência do inteiro teor desta deliberação ao recorrente, à Caixa Econômica Federal e à
Procuradoria da República em São Paulo.
9.3. arquivar os autos.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1602-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas (Relator) e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
GRUPO II – CLASSE IV – Plenário
TC 008.204/2016-0.
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
Responsáveis: Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34); José Gesoaldo dos Santos Braga
(615.898.023-49); José Pereira de Azevedo Filho (068.003.943-00); Manuel Medeiros Neto
(020.474.623-04); e Maria Neide de Oliveira (218.472.663-04).
Representação legal: não há.
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CONCESSÃO FRAUDULENTA DE
BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS. CITAÇÃO. REVELIA. IRREGULARIDADE DAS
CONTAS DO RESPONSÁVEL. CONDENAÇÃO EM DÉBITO. INABILITAÇÃO PARA O
EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA.
RELATÓRIO
Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial (TCE) instaurada pelo Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) em desfavor do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz, ex-servidor daquela autarquia
previdenciária, em razão da concessão irregular de benefícios previdenciários aos segurados José
Gesoaldo dos Santos, José Pereira de Azevedo Filho, Manuel Medeiros Neto e Maria Neide de
Oliveira, ocorrida na Agência da Previdência Social em Barbalha/CE.
2. Adoto como relatório a instrução de mérito elaborada no âmbito da Secex-CE (peça 39), com
a qual se manifestaram favoráveis os dirigentes da unidade técnica (peças 40 e 41), transcrita a seguir
com os ajustes de forma pertinentes:
INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de tomada de contas especial instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS), em razão do prejuízo causado pelo Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz, servidor da
entidade à época da ocorrência das irregularidades apuradas no Processo Administrativo Disciplinar
(PAD) 35048.000879/2008-93 - Relatório Final, de 10/12/2008, à peça 1, 16-41.
HISTÓRICO
2. O motivo para a instauração da presente Tomada de Contas Especial foi a concessão irregular
de benefícios com a validação, inclusão e alteração/majoração de vínculos fictícios e CTPS
extemporânea, sem a devida busca pela comprovação da veracidade das informações, conforme
verificado nas cópias das peças processuais intituladas Relatório de Auditoria (peça 1, p. 62-64, 70-76,
94-104, 124-130), Relatório da Comissão de PAD (peça 1, 16-41), Parecer Consultoria Jurídica do
MPS (pela 1, p. 42-57) e Portaria de Penalidade (peça 1, p. 59) (peça 2, p. 347).
3. A Comissão de Processo Administrativo Disciplinar (peça 1, 16-41) opinou pela aplicação da
169
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
penalidade disciplinar de demissão ao servidor público já qualificado nos autos, sendo tal
entendimento corroborado pela Consultoria Jurídica, consoante Parecer/CONJUR/MPS 23/2010
(peça 1, p. 42-57). A aplicação da referida penalidade disciplinar de demissão foi efetivada por ato da
autoridade competente, mediante a Portaria 46, de 27/1/2010 (peça 1, 59), com fundamento no
art. 117, inciso IX, por força do art. 132, inciso XIII da Lei 8.112, de 11/12/1990.
4. O PAD 35048.000879/2008-93 apurou a irregularidade de trinta e cinco benefícios pagos
indevidamente, dos quais somente quatro fazem parte da presente tomada de contas especial (peça 1,
p. 392), relacionados aos seguintes beneficiários (peça 2, p. 404): José Gesoaldo dos Santos Braga
(CPF: 615.898.023-49); José Pereira de Azevedo Filho (CPF: 068.003.943-00); Manuel Medeiros
Neto (falecido; CPF: 020.474.623-04); e Maria Neide de Oliveira (CPF: 218.472.663-04).
5. Verifica-se que foi dada oportunidade de defesa aos agentes responsabilizados, em obediência
aos princípios constitucionais que asseguram o direito ao contraditório e à ampla defesa, tendo em
vista a notificação à peça 1, p. 298, 397 e peça 2, p. 192, 198, 206-209 e 283. No entanto, mantiveram-
se silentes e não recolheram o montante devido aos cofres da Fazenda Pública, razões pelas quais suas
responsabilidades foram mantidas (peça 2, p. 349-357).
6. No Relatório de Tomada de Contas Especial (peça 2, p. 343-357), em que os fatos estão
circunstanciados, a responsabilidade pelo dano causado ao erário foi atribuída ao Sr. Francisco Ricardo
Lima Cruz, solidariamente aos Srs. José Gesoaldo dos Santos Braga, José Pereira de Azevedo Filho,
Manuel Medeiros Neto e à Sra. Maria Neide de Oliveira.
7. A inscrição em conta de responsabilidade, no Siafi, foi efetuada mediante a Nota de Sistema
2015NS000353, de 11/11/2015 (peça 2, p. 375).
8. A CGU, mediante Relatório de Auditoria (peça 2, p. 401-403) e Certificado de Auditoria
(peça 2, p. 407), concluiu pela irregularidade das contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz,
solidariamente aos mencionados favorecidos com as concessões indevidas de benefícios
previdenciários. Posteriormente, o Ministro de Estado do Trabalho e Previdência Social atestou haver
tomado conhecimento desse posicionamento (peça 2, p. 411).
9. No âmbito do TCU, a instrução preliminar, inserida na peça 10 destes autos, concluiu que
apenas o ex-servidor do INSS Francisco Ricardo Lima Cruz e os beneficiários Jose Gesoaldo dos
Santos Braga e Jose Pereira de Azevedo Filho deveriam figurar no polo passivo da presente tomada de
contas especial, com proposta de citação inicial, a qual se deu por intermédio dos ofícios de peças (12,
14, 16).
EXAME TÉCNICO
10. Em razão de prejuízo causado aos cofres do INSS mediante a concessão indevida de
benefícios previdenciários, no âmbito da Agência da Previdência Social em Barbalha/CE, os
responsáveis foram citados para apresentar alegações de defesa quanto às ocorrências descritas a
seguir e/ou recolher aos cofres da entidade credora, solidariamente, as quantias indicadas.
11. Os débitos são decorrentes da seguinte ocorrência: concessão irregular de benefícios com a
validação, inclusão e alteração/majoração de vínculos fictícios e CTPS extemporânea, sem a devida
busca pela comprovação da veracidade das informações, conforme verificado nas cópias das peças
processuais intituladas Relatório de Auditoria (peça 1, p. 124-130), Relatório da Comissão de PAD
(peça 1, p. 16-41), Parecer Consultoria Jurídica do MPS (peça 1, p. 42-57) e Portaria de Penalidade
(peça 1, p. 59).
12. Consoante delegação de competência do Exmo. Sr. Ministro-Relator e Despacho do
Secretário desta Secex/CE (peça 11), foi promovida a citação dos Srs. José Pereira de Azevedo Filho,
José Gesoaldo dos Santos Braga e Francisco Ricardo Lima Cruz, mediante os Ofícios 1839/2016-
TCU/SECEX-CE, 1838/2016-TCU/SECEX-CE, e 1837/2016-TCU/SECEX-CE (peça 12, 14, e 16),
respectivamente, datados de 28/7/2016.
170
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
13 Os avisos de recebimento – AR (peças 18 e 19), dos responsáveis Francisco Ricardo Lima
Cruz e José Gesoaldo dos Santos Braga, apresentam ciência em 9/8/2016.
14. O comprovante do endereço dos Srs. Francisco Ricardo Lima Cruz e José Gesoaldo dos
Santos Braga, consoante registros no Cadastro da Receita Federal, constam nas peças 7 e 8. Embora os
Ofícios 1837/2016-TCU/SECEX-CE e 1838/2016-TCU/SECEX-CE a eles endereçados não tenham
sido recebidos de próprio punho pelo responsável, consoante Resolução TCU 170, de 30/6/2004,
consideram-se entregues as comunicações realizadas por carta registrada, com aviso de recebimento,
com retorno do aviso de recebimento, entregue comprovadamente nos endereços dos destinatários.
Dessa forma, tem-se como válida a citação realizada.
15. Apesar de os responsáveis Francisco Ricardo Lima Cruz e José Gesoaldo dos Santos Braga,
terem tomado ciência da citação, conforme atesta os ARs de peças 18 e 19, não atenderam à citação.
16. Efetuada a expedição do Ofício 1839/2016-TCU/SECEX-CE ao Sr. José Pereira de Azevedo
Filho, retornou o AR contendo a informação: “Não Procurado” (peças 20 e 24). Nesse sentido, esta
SECEX/CE, atendendo ao disposto no artigo 6º, inciso II da Resolução 170/2004, emitiu a Certidão
(Destinatário não Localizado), peça 21, e não localizando outro endereço, tendo assim esgotadas as
pesquisas efetuadas nas diversas fontes sem resultado, foi proposta a realização da comunicação por
Edital de números 161/2016 e 213/2016, publicados no DOU de 17/10/2016 e 5/12/2016 – peças 23 e
26), nos termos do art. 7º, inciso II, c/c art. 3º, inciso IV, da Resolução TCU 170/2004, sem que tenha
havido atendimento.
17. Apesar de não ter havido resposta por parte do Sr. José Pereira de Azevedo Filho, mais duas
tentativas de citação foram feitas (peças 28 e 29) mas permaneceu sua inércia. (peças 33 e 34).
18. Transcorrido o prazo regimental fixado e mantendo-se inertes os aludidos responsáveis,
impõe-se que sejam considerados revéis, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art.
12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
19. A despeito da aplicação da revelia, devem ser considerados os elementos já constantes dos
autos, os quais podem, inclusive, levar a um juízo favorável ao responsável revel. Há de se frisar que,
nos processos do TCU a revelia não implica a presunção de que sejam verdadeiras todas as imputações
levantadas contra os responsáveis, diferentemente do que ocorre no processo civil, em que o não
comparecimento do réu aos autos leva à presunção da verdade dos fatos narrados pelo autor.
20. Assim, independentemente da revelia, a avaliação da responsabilidade do agente nos
processos desta Corte não prescinde dos elementos existentes nos autos ou para ele carreados, uma vez
que são regidos pelo Princípio da Verdade Material (Acórdãos 1128/2011-TCU-Plenário, 1737/2011-
TCU-Plenário, 341/2010-TCU-2ª Câmara, 1732/2009-TCU-2ª Câmara, 1308/2008-TCU-2ª Câmara e
2117/2008-TCU-1ª Câmara).
21. Neste sentido, compulsando os elementos existente nos autos, não se identificam documentos
que afastem a culpabilidade dos responsáveis Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz, José Gesoaldo dos
Santos Braga, e José Pereira de Azevedo Filho.
22. Configurada revelia frente à citação deste Tribunal e inexistindo comprovação da boa e
regular aplicação dos recursos, não resta alternativa senão dar seguimento ao processo proferindo
julgamento sobre os elementos até aqui presentes, que conduzem à irregularidade das suas contas.
23. No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta dos responsáveis, conforme
determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, em se tratando de processo em que as
partes interessadas não se manifestaram acerca das irregularidades imputadas, não há elementos para
que se possa efetivamente reconhecê-la, podendo este Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de
mérito pela irregularidade das contas, nos termos do § 6º do mesmo artigo do normativo citado
(Acórdãos 2.064/2011-TCU-1ª Câmara, 6.182/2011-TCU-1ª Câmara, 4.072/2010-TCU-1ª Câmara,
2.064/2011-TCU-1ª Câmara, 6.182/2011-TCU-1ª Câmara e 4.072/2010-TCU-1ª Câmara).
171
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
24. Por fim, considerando que as multas aplicadas pelo TCU possuem natureza sancionatória,
estando sujeitas à prescrição da pretensão punitiva, e, uma vez que há intenção de aplicar a multa
proporcional ao débito prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, a prescrição, que ocorre em dez anos,
deve ser aferida neste processo.
25. Conforme jurisprudência consolidada nesta Corte, tratando-se de pagamento irregular de
benefício previdenciário de natureza continuada, o termo inicial para a contagem do prazo da
prescrição da pretensão punitiva do TCU será a data do último pagamento indevidamente realizado
(Acórdão 1641/2016-Plenário).
26. No presente caso, deve-se atentar que o último pagamento irregular ocorreu em 5/12/2007.
Logo, a pretensão punitiva estaria prescrita em 5/12/2017, observando-se o prazo de dez anos previsto
no art. 205 do Código Civil. O prazo prescricional foi interrompido por meio do Pronunciamento da
Unidade Técnica, de 18/7/2016, que ordenou a citação dos responsáveis (peça 11). Assim, é possível
observar que não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva.
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR ORIGINAL
(R$)
2/5/2002 193,09
2/5/2002 379,74
13/5/2002 200,00
13/6/2002 200,00
15/7/2002 200,00
12/8/2002 200,00
11/9/2002 200,00
10/10/2002 200,00
12/11/2002 200,00
11/12/2002 200,00
11/12/2002 200,00
13/1/2003 200,00
12/2/2003 200,00
13/3/2003 200,00
10/4/2003 200,00
13/5/2003 240,00
11/6/2003 240,00
10/7/2003 240,00
12/8/2003 240,00
10/9/2003 240,00
10/10/2003 240,00
12/11/2003 240,00
10/12/2003 240,00
10/12/2003 240,00
13/1/2004 240,00
11/2/2004 240,00
10/3/2004 240,00
5/4/2004 240,00
172
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR ORIGINAL
(R$)
5/5/2004 240,00
3/6/2004 260,00
5/7/2004 260,00
4/8/2004 260,00
3/9/2004 260,00
5/10/2004 260,00
4/11/2004 260,00
3/12/2004 260,00
3/12/2004 260,00
5/1/2005 260,00
3/2/2005 260,00
3/3/2005 260,00
5/4/2005 260,00
4/5/2005 260,00
3/6/2005 300,00
5/7/2005 300,00
3/8/2005 300,00
5/9/2005 300,00
5/10/2005 300,00
4/11/2005 300,00
5/12/2005 300,00
5/12/2005 300,00
4/1/2006 300,00
3/2/2006 300,00
3/3/2006 300,00
5/4/2006 300,00
4/5/2006 350,00
5/6/2006 350,00
5/7/2006 350,00
3/8/2006 350,00
5/9/2006 175,00
5/9/2006 350,00
4/10/2006 350,00
6/11/2006 350,00
5/12/2006 175,00
5/12/2006 350,00
4/1/2007 350,00
5/2/2007 350,00
5/3/2007 350,00
4/4/2007 350,00
4/5/2007 380,00
173
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR ORIGINAL
(R$)
5/6/2007 380,00
4/7/2007 380,00
3/8/2007 380,00
5/9/2007 190,00
5/9/2007 380,00
3/10/2007 380,00
6/11/2007 380,00
5/12/2007 190,00
5/12/2007 380,00
CONCLUSÃO
27. Diante da revelia dos Srs. Ricardo Lima Cruz, José Gesoaldo dos Santos Braga e José
Pereira de Azevedo Filho, e inexistindo nos autos elementos que permitam concluir pela ocorrência de
boa-fé ou de outros excludentes de culpabilidade em suas condutas, propõe-se que suas contas sejam
julgadas irregulares e que os responsáveis sejam condenados em débito, bem como que lhes seja
aplicada a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
28. Diante do exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo ao Tribunal:
a) excluir da relação processual os segurados Manoel Medeiros Neto (CPF 020.474.623-04) e
Maria Neide de Oliveira (CPF 218.472.663-04);
b) considerar revéis os Srs. Francisco Ricardo Lima Cruz (CPF 425.957.113-34), José Gesoaldo
dos Santos Braga (CPF 615.898.023-49), e José Pereira de Azevedo Filho (CPF 068.003.943-00), nos
termos do art. 12, § 3º da Lei 8.443/1992;
c) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei 8.443/1992 c/c os arts.
19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e 214, inciso III, do
Regimento Interno, julgar irregulares as contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz ,
(CPF 425.957.113-34), ex-servidor do INSS, e condená-lo, em solidariedade ao Sr. José Gesoaldo dos
Santos Braga (CPF 615.898.023 49), beneficiário do INSS, ao pagamento das quantias a seguir
especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas
aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atualizadas monetariamente e acrescidas dos
juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma
prevista na legislação em vigor abatendo-se, na oportunidade, os valores já ressarcidos.
c.1) Beneficiário: benefícios concedidos irregularmente ao segurado José Gesoaldo dos Santos
Braga (CPF 615.898.023-49) – (peça 1, p. 294-296)
d) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei 8.443/1992 c/c os arts.
19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e 214, inciso III, do
Regimento Interno, julgar irregulares as contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz ,
(CPF 425.957.113-34), ex-servidor do INSS, e condená-lo, em solidariedade com o Sr. José Pereira de
Azevedo Filho (CPF 068.003.943-00), beneficiário do INSS, ao pagamento das quantias a seguir
especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas
aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atualizadas monetariamente e acrescidas dos
juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma
prevista na legislação em vigor abatendo-se, na oportunidade, os valores já ressarcidos.
174
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
d.1) Beneficiário: benefícios concedidos irregularmente ao segurado José Pereira de Azevedo
Filho (CPF 068.003.943-00) (peça 1, p. 393-395)
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR ORIGINAL
(R$)
5/2/2002 713,09
4/3/2002 1.258,40
2/4/2002 1.258,40
3/5/2002 1.258,40
4/6/2002 1.258,40
2/7/2002 1.320,39
2/8/2002 1.320,39
3/9/2002 1.320,39
2/10/2002 1.320,39
4/11/2002 1.320,39
3/12/2002 1.320,39
3/12/2002 1.320,39
3/1/2003 1.320,39
4/2/2003 1.320,39
5/3/2003 1.320,39
2/4/2003 1.320,39
5/5/2003 1.320,39
3/6/2003 1.320,39
2/7/2003 1.580,63
4/8/2003 1.580,63
2/9/2003 1.580,63
2/10/2003 1.580,63
4/11/2003 1.580,63
2/12/2003 1.580,63
2/12/2003 1.580,63
5/1/2004 1.580,63
3/2/2004 1.580,63
2/3/2004 1.580,63
2/4/2004 1.580,63
4/5/2004 1.580,63
2/6/2004 1.652,23
2/7/2004 1.652,23
3/8/2004 1.652,23
2/9/2004 1.652,23
4/10/2004 1.652,23
3/11/2004 1.652,23
2/12/2004 1.652,23
2/12/2004 1.652,23
175
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR ORIGINAL
(R$)
4/1/2005 1.652,23
2/2/2005 1.652,23
2/3/2005 1.652,23
4/4/2005 1.652,23
3/5/2005 1.652,23
2/6/2005 1.757,22
4/7/2005 1.757,22
2/8/2005 1.757,22
2/9/2005 1.757,22
4/10/2005 1.757,22
3/11/2005 1.757,22
2/12/2005 1.757,22
2/12/2005 1.757,22
3/1/2006 1.757,22
2/2/2006 1.757,22
2/3/2006 1.757,22
4/4/2006 1.757,22
3/5/2006 1.845,08
2/6/2006 1.845,08
4/7/2006 1.845,08
2/8/2006 1.845,08
4/9/2006 922,54
4/9/2006 1.845,08
3/10/2006 1.845,25
3/11/2006 1.845,25
4/12/2006 922,71
4/12/2006 1.845,25
3/1/2007 1.845,25
2/2/2007 1.845,25
2/3/2007 1.845,25
3/4/2007 1.845,25
3/5/2007 1.906,14
4/6/2007 1.906,14
3/7/2007 1.906,14
2/8/2007 1.906,14
4/9/2007 953,07
4/9/2007 1.906,14
2/10/2007 1.906,14
5/11/2007 1.906,14
e) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei 8.443/1992 c/c os arts.
19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV, 210 e 214, inciso III, do
176
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Regimento Interno, julgar irregulares as contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz ,
(CPF 425.957.113-34), ex-servidor do INSS, condenando-o ao pagamento das quantias a seguir
especificadas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem,
perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas
aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), atualizadas monetariamente e acrescidas dos
juros de mora, calculados a partir das datas discriminadas, até a data dos recolhimentos, na forma
prevista na legislação em vigor, em decorrência da concessão irregular dos seguintes benefícios
previdenciários.
e.1) Beneficiário: benefícios concedidos irregularmente ao segurado Manuel Medeiros Neto
(peça 2, p. 92-94)
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
5/6/2002 500,94
6/6/2002 326,70
8/7/2002 331,79
7/8/2002 331,79
5/9/2002 331,79
4/10/2002 331,79
6/11/2002 331,79
5/12/2002 276,49
5/12/2002 331,79
8/1/2003 331,79
6/2/2003 331,79
7/3/2003 331,79
4/4/2003 331,79
7/5/2003 331,79
5/6/2003 331,79
4/7/2003 397,18
6/8/2003 397,18
4/9/2003 397,18
6/10/2003 397,18
6/11/2003 397,18
4/12/2003 397,18
4/12/2003 397,18
7/1/2004 397,18
5/2/2004 397,18
4/3/2004 397,18
6/4/2004 397,18
6/5/2004 397,18
4/6/2004 415,17
6/7/2004 415,17
5/8/2004 415,17
6/9/2004 415,17
177
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
6/10/2004 415,17
5/11/2004 415,17
6/12/2004 415,17
6/12/2004 415,17
6/1/2005 415,17
4/2/2005 415,17
4/3/2005 415,17
6/4/2005 415,17
5/5/2005 415,17
6/6/2005 441,55
6/7/2005 441,55
4/8/2005 441,55
6/9/2005 441,55
6/10/2005 441,55
7/11/2005 441,55
6/12/2005 441,55
6/12/2005 441,55
5/1/2006 441,55
6/2/2006 441,55
6/3/2006 441,55
6/4/2006 441,55
5/5/2006 463,62
6/6/2006 463,62
6/7/2006 463,62
4/8/2006 463,62
6/9/2006 231,81
6/9/2006 463,62
5/10/2006 463,66
7/11/2006 463,66
6/12/2006 231,85
6/12/2006 463,66
5/1/2007 463,66
6/2/2007 463,66
6/3/2007 463,66
5/4/2007 463,66
7/5/2007 478,96
6/6/2007 478,96
5/7/2007 478,96
6/8/2007 478,96
6/9/2007 239,48
6/9/2007 478,96
178
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
4/10/2007 478,96
e.2) Beneficiária: benefícios concedidos irregularmente ao segurado Maria Neide de Oliveira
(peça 2, p. 188-190).
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
27/3/2002 724,53
27/3/2002 1.086,80
3/4/2002 1.086,80
6/5/2002 1.086,80
5/6/2002 1.086,80
3/7/2002 1.206,13
5/8/2002 1.206,13
4/9/2002 1.206,13
3/10/2002 1.206,13
5/11/2002 1.206,13
4/12/2002 1.206,13
4/12/2002 1.206,13
7/1/2003 1.206,13
5/2/2003 1.206,13
7/3/2003 1.206,13
3/4/2003 1.206,13
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
6/5/2003 1.206,13
4/6/2003 1.206,13
3/7/2003 1.443,85
6/8/2003 1.443,85
3/9/2003 1.443,85
3/10/2003 1.443,85
5/11/2003 1.443,85
4/12/2003 1.443,85
4/12/2003 1.443,85
6/1/2004 1.443,85
4/2/2004 1.443,85
3/3/2004 1.443,85
5/4/2004 1.443,85
5/5/2004 1.443,85
3/6/2004 1.509,25
5/7/2004 1.509,25
4/8/2004 1.509,25
3/9/2004 1.509,25
179
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
5/10/2004 1.509,25
4/11/2004 1.509,25
3/12/2004 1.509,25
3/12/2004 1.509,25
5/1/2005 1.509,25
3/2/2005 1.509,25
3/3/2005 1.509,25
5/4/2005 1.509,25
4/5/2005 1.509,25
3/6/2005 1.605,16
5/7/2005 1.605,16
3/8/2005 1.605,16
5/9/2005 1.605,16
5/10/2005 1.605,16
4/11/2005 1.605,16
5/12/2005 1.605,16
5/12/2005 1.605,16
4/1/2006 1.605,16
3/2/2006 1.605,16
3/3/2006 1.605,16
5/4/2006 1.605,16
4/5/2006 1.685,41
5/6/2006 1.685,41
5/7/2006 1.685,41
3/8/2006 1.685,41
5/9/2006 842,70
5/9/2006 1.685,41
4/10/2006 1.685,57
6/11/2006 1.685,57
5/12/2006 842,87
5/12/2006 1.685,57
4/1/2007 1.685,57
5/2/2007 1.685,57
5/3/2007 1.685,57
4/4/2007 1.685,57
4/5/2007 1.741,19
5/6/2007 1.741,19
4/7/2007 1.741,19
3/8/2007 1.741,19
5/9/2007 870,59
5/9/2007 1.741,19
3/10/2007 1.741,19
180
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
f) aplicar aos Srs. Francisco Ricardo Lima Cruz, (CPF 425.957.113-34), José Gesoaldo dos
Santos Braga (CPF 615.898.023-49), e José Pereira de Azevedo Filho (CPF 068.003.943-00),
individualmente, a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 267 do Regimento Interno,
com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovarem, perante o
Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres
do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do acórdão que vier a ser proferido até
a dos efetivos recolhimentos, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
g) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
das dívidas caso não atendidas as notificações;
h) autorizar, se solicitado, o pagamento da dívida em até trinta e seis parcelas mensais e
consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento Interno, fixando-
lhes o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação, para comprovarem perante o
Tribunal o recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar da parcela anterior, para
comprovarem os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir sobre cada valor mensal,
atualizado monetariamente com os acréscimos legais, na forma prevista na legislação em vigor. A
falta de pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor (§ 2º do
art. 217 do regimento Interno do Tribunal), sem prejuízo das demais medidas legais;
i) encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que
a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Ceará, nos termos
do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção
das medidas que entender cabíveis.
j) comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Procuradoria Geral Federal que a decisão
pela exclusão dos segurados beneficiados não impede a adoção de providências administrativas e/ou
judiciais com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos a esses segurados em razão das
concessões irregulares de benefícios previdenciários.
3. O Ministério Público junto ao TCU, representado pelo Procurador Rodrigo Medeiros de Lima,
concordou em parte com a proposta da unidade técnica nos termos do parecer reproduzido abaixo
(peça 41):
Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial (TCE) instaurada pelo Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) em desfavor do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz, ex-servidor daquela autarquia
previdenciária, em razão da concessão irregular de benefícios previdenciários aos segurados José
Gesoaldo dos Santos, José Pereira de Azevedo Filho, Manuel Medeiros Neto e Maria Neide de
Oliveira, ocorrida na Agência da Previdência Social em Barbalha/CE.
2. A Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará (Secex-CE), ao examinar o feito, sugere,
em pareceres uniformes (peças 38-40), a adoção das seguintes medidas, em síntese:
a) excluir da relação processual os segurados Manuel Medeiros Neto (falecido) e Maria Neide de
Oliveira;
b) considerar revéis os Srs. Francisco Ricardo Lima Cruz, José Gesoaldo dos Santos Braga e
José Pereira de Azevedo Filho, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei n.º 8.443/1992;
c) julgar irregulares as contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz e condená-lo, em
solidariedade aos Srs. José Gesoaldo dos Santos Braga e José Pereira de Azevedo Filho, na forma das
tabelas insertas nas alíneas “c”, “d” e “e” do item 28 da proposta de encaminhamento lançada à peça
38, p. 4-12, e aplicar-lhes a multa individual prevista no art. 57 da Lei n.º 8.443/1992.
3. No caso vertente, assim como pontuou a Unidade Técnica, não se vislumbra quaisquer
elementos de prova que indiquem conluio do Sr. Manuel Medeiros Neto e da Sra. Maria Neide de
Oliveira na concessão fraudulenta dos benefícios, ou mesmo que tenham, efetivamente, percebido o
181
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
benefício indevido em suas contas bancárias.
4. Cumpre registrar que em situações análogas a esta, o Tribunal tem firmado entendimento no
sentido de que devem figurar no polo passivo da TCE somente os segurados que tenham concorrido
com o agente público, seja por dolo ou por culpa, para a concessão irregular do benefício
previdenciário, a exemplo dos Acórdãos n.º 859/2013, 2.369/2913, 1.380/2014, 168/2015 e 665/2015,
todos do Plenário.
5. Quanto aos Srs. José Gesoaldo dos Santos Braga e José Pereira de Azevedo Filho, a Secex-CE
entendeu pela responsabilização dos segurados com base nas seguintes conclusões presentes no
Relatório da Comissão Permanente de Tomada de Contas Especial da Gerência Executiva do INSS em
Juazeiro do Norte/CE (peça 2, p. 351; peça 10, p. 4):
14. Em 05/10/2015, a douta Procuradoria informou acerca da existência de notícia-crime dos
corresponsáveis listados abaixo:
José Gesoaldo dos Santos Braga: localizada Nota Técnica nº 041/2009, anexa às fls. 311 a
318, adotada como notícia crime e enviada ao Ministério Público Federal – MPF e Departamento de
Polícia Federal – DPF (fls. 319 e 320);
(...)
14.1. Embora não tenha localizado notitia criminis em relação à concessão do benefício nº
42/122.723.164-1 à José Pereira de Azevedo Filho, em consulta ao endereço eletrônico da Justiça
Federal identificamos ação penal autuada na 16ª Vara Federal/CE sob o nº 0000083-
61.2012.4.05.8102. Na referida ação o corresponsável foi condenado em grau de recurso a pena de 01
(um) ano e 04 (quatro) meses de reclusão, com pagamento de 45 dias-multa valorados em 1/30 (um
trigésimo) do salário-mínimo vigente à época dos fatos. A penalidade deixou de ser aplicada por estar
reconhecida a extinção da punibilidade pela ocorrência da prescrição retroativa nos termos do art.
107, IV do Código Penal Brasileiro (fls. 331 a 338).
6. Em seguida, a Unidade Técnica promoveu a citação dos segurados e do Sr. Francisco Ricardo
Lima Cruz em razão da “concessão irregular de benefícios com a validação, inclusão e
alteração/majoração de vínculos fictícios e CTPS extemporânea, sem a devida busca pela
comprovação da veracidade das informações, conforme verificado nas cópias das peças processuais
intituladas Relatório de Auditoria, Relatório da Comissão de PAD, Parecer Consultoria Jurídica do
MPS e Portaria de Penalidade”.
7. Com relação aos ofícios citatórios encaminhados ao Sr. José Pereira de Azevedo Filho (peças
12, 28 e 29), em face das devoluções promovidas pelos Correios com a informação “não procurado”
(peças 24, 31 e 32), a citação acabou sendo realizada de forma ficta, por meio do edital à peça 26.
8. Todavia, ocorre que não está documentalmente comprovado nos autos a realização de
pesquisas em outras fontes com o objetivo de localizar outro endereço do Sr. José Pereira de Azevedo
Filho. Em que pese a certidão de peça 21 informar que foram realizadas consultas a outras fontes de
dados a fim de obter outro endereço do responsável, os resultados das aludidas pesquisas não foram
acostados aos autos, conforme exigência prevista no art. 6º, inciso II, da Resolução TCU n.º 170/2004,
motivo pelo qual se vislumbra possível vício na citação desse responsável.
9. Dessa forma, não obstante a constatação de que o beneficiário adulterou sua CTPS com o
intuito de induzir o INSS ao erro (peça 2, p. 265-267), concorrendo diretamente para a ocorrência da
fraude, não parece razoável que a citação por edital do aludido beneficiário seja considerada válida se
não foram esgotados todos os meios possíveis para a sua localização, cabendo, portanto, a renovação
da citação desse responsável. Nesse sentido, o Acórdão nº 1.323/2016-Plenário (Rel. Min. Benjamin
Zymler) orienta a aplicação do art. 256, § 3º, do novel Código de Processo Civil.
10. Caso o nobre Relator entenda pela inviabilidade de se promover novas citações, em
homenagem ao princípio da celeridade processual e sem perder de vista que a jurisprudência
consolidada no TCU é no sentido de que a solidariedade passiva constitui benefício do credor, que
182
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
pode exigir de um ou de todos os devedores a integralidade da dívida (vide Acórdãos 2.591/2016 –
Plenário, 10.468/2016 – 2ª Câmara, 5.375/2016 – 1ª Câmara e 3.320/2015 – Plenário), sugere-se a
exclusão do Sr. José Pereira de Azevedo Filho da presente relação processual.
11. Em relação à responsabilização do Sr. José Gesoaldo dos Santos Braga, apesar de ter sido
encaminhada notícia crime ao Ministério Público Federal – MPF com base na Nota Técnica n.º
41/2009 (peça 2, p. 222-235), em consulta realizada por este Gabinete, não restou comprovada a
existência de ação judicial contra o responsável. Além disso, a exemplo do que ocorreu com os
segurados relacionados no parágrafo 3 deste parecer, não se identifica nos autos qualquer
documentação comprobatória que indique o conluio do segurado na concessão fraudulenta do
benefício.
12. Nesses termos, o simples fato de o Sr. José Gesoaldo dos Santos Braga ter requerido a
aposentadoria sem ter tempo suficiente para tanto não pode ser considerado, por si só, uma
irregularidade, pois não configura fraude por parte do peticionário, cabendo à autarquia previdenciária
examinar a documentação apresentada e indeferir o benefício caso não satisfeitas as exigências legais
do pleito. Dessa forma, ante a inexistência de provas de que o segurado tenha agido em conluio para a
prática ilegal, sugere-se a sua exclusão da presente relação processual.
13. Em face do exposto, este representante do Ministério Público manifesta-se, preliminarmente,
no sentido de que seja renovada a citação do Sr. José Pereira de Azevedo Filho, devendo ser realizada
consulta a outros cadastros mantidos por instituições públicas ou privadas que possam oferecer
subsídios à obtenção do endereço do destinatário, e fazendo juntar aos autos documentação ou
informação comprobatória do resultado dessa consulta, nos termos do art. 6º, inciso II, da Resolução
TCU n.º 170/2004.
14. Alternativamente, na eventualidade de não ser acolhida a preliminar acima, nos termos do
art. 62, § 2º, do Regimento Interno do TCU, este representante do Ministério Público concorda
parcialmente com a proposta lavrada pela Secex-CE, sugerindo tão somente que sejam excluídos da
relação processual os Srs. José Gesoaldo dos Santos Braga e José Pereira de Azevedo Filho, pelas
razões expostas nos parágrafos 8 a 12 deste parecer.
É o relatório.
VOTO
Trata-se de tomada de contas especial instaurada pelo Instituto Nacional do Seguro Social –
INSS, em razão do prejuízo causado por Francisco Ricardo Lima Cruz, servidor à época, relativamente
à concessão irregular de benefícios previdenciários com a validação, inclusão e alteração/majoração de
vínculos fictícios e CTPS extemporânea, sem a devida busca pela comprovação da veracidade das
informações. Tais irregularidades foram apreciadas no âmbito do Processo Administrativo Disciplinar
(PAD) 35048.000879/2008-93, de 10/12/2008, à peça 1, 16-41.
2. O tomador de contas (peça 2, p. 343 a 357) concluiu pela responsabilização de Francisco
Ricardo Lima Cruz solidariamente aos segurados José Gesoaldo dos Santos Braga, José Pereira de
Azevedo Filho, Manuel Medeiros Neto e Maria Neide de Oliveira.
3. Ainda no âmbito do controle interno, a então Controladoria-Geral da União e a autoridade
ministerial acompanharam o encaminhamento do tomador de contas e concluíram pela irregularidade
das contas dos responsáveis tratados no presente processo (peça 2, 401 a 403 e 411).
183
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
4. No TCU, a instrução inicial da Secex-CE (peça 10) fundamentou-se na jurisprudência
dominante desta Corte de Contas, no sentido de excluir a responsabilidade de beneficiários sempre que
não restar demonstrado nos autos que eles agiram com dolo e em concurso com o agente público para
a produção do dano, conforme, entre outros, os Acórdãos TCU 1.201/2011, 427/2012, 789/2012,
2580/2012 e 325/2013, todos do Plenário.
5. Nesse sentido, a unidade técnica entendeu por afastar da presente relação processual os
beneficiários Manuel Medeiros Neto e Maria Neide de Oliveira.
6. Ato contínuo, propôs a citação de Francisco Ricardo Lima Cruz, bem como dos beneficiários
José Gesoaldo dos Santos Braga e José Pereira de Azevedo Filho pelas razões apresentadas adiante
neste voto.
7. O Sr. José Pereira de Azevedo Filho, após infrutíferas tentativas de citação relatadas pela
unidade técnica (peças 20 e 24), foi citado por via editalícia (peças 23 e 26). Para os demais
responsáveis, constam nos autos os respectivos avisos de recebimento (peças 18 e 19).
8. Transcorridos os prazos regimentais fixados e mantendo-se inertes os responsáveis, a Secex-
CE concluiu pelo reconhecimento da revelia e prosseguimento do feito, nos termos do art. 12, § 3º, da
Lei 8.443/1992. No mérito, pugna pelo julgamento pela irregularidade das contas de Francisco Ricardo
Lima Cruz, com a condenação em débito solidariamente com José Gesoaldo dos Santos Braga e com
José Pereira de Azevedo Filho e aplicação individual da multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992.
9. O representante do MPTCU concorda em parte com a análise empreendida e sugere
alternativas de encaminhamento, a saber.
10. Preliminarmente, consignou que diante de um possível vício na citação do beneficiário José
Pereira de Azevedo Filho, caberia a renovação do ato, devendo proceder “a consulta a outros cadastros
mantidos por instituições públicas ou privadas que possam oferecer subsídios à obtenção do endereço
do destinatário, e fazendo juntar aos autos documentação ou informação comprobatória do resultado
dessa consulta”.
11. Caso não aceita a preliminar, manifestou-se favorável à proposta da unidade instrutiva com a
ressalva de que sejam excluídos da relação processual José Pereira de Azevedo Filho e José Gesoaldo
dos Santos Braga. O primeiro em razão do possível vício na citação supramencionado e, o segundo,
por não “ter identificado nos autos qualquer documentação comprobatória que indique conluio do
segurado na concessão fraudulenta do benefício”.
12. Manifesto minha concordância parcial com os pareceres prévios.
13. Observo, de início, acertada a proposição da unidade técnica em afastar a responsabilidade
dos beneficiários Manuel Medeiros Neto e Maria Neide de Oliveira. Divirjo, contudo, da proposta da
unidade técnica em arrolar como responsáveis os beneficiários José Gesoaldo dos Santos Braga e José
Pereira de Azevedo Filho pelas seguintes razões.
14. Verifico que a conclusão da unidade instrutiva em incluir tais beneficiários como
responsáveis deu-se, essencialmente, pelo fato de o Relatório de TCE da Gerência Executiva do INSS
em Juazeiro do Norte/CE (peça 2, p. 351; peça 10, p.4), ter mencionado diversas ações penais em que
esses beneficiários foram arrolados:
Em 05/10/2015, a douta Procuradoria informou acerca da existência de notícia-crime dos
corresponsáveis listados abaixo:
José Gesoaldo dos Santos Braga: localizada Nota Técnica nº 041/2009, anexa às fls. 311 a
318, adotada como notícia crime e enviada ao Ministério Público Federal – MPF e Departamento de
Polícia Federal – DPF (fls. 319 e 320);
(...)
14.1. Embora não tenha localizado notitia criminis em relação à concessão do benefício nº
42/122.723.164-1 à José Pereira de Azevedo Filho, em consulta ao endereço eletrônico da Justiça
Federal identificamos ação penal autuada na 16ª Vara Federal/CE sob o nº 0000083-
184
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
61.2012.4.05.8102. Na referida ação o corresponsável foi condenado em grau de recurso a pena de 01
(um) ano e 04 (quatro) meses de reclusão, com pagamento de 45 dias-multa valorados em 1/30 (um
trigésimo) do salário-mínimo vigente à época dos fatos. A penalidade deixou de ser aplicada por estar
reconhecida a extinção da punibilidade pela ocorrência da prescrição retroativa nos termos do art. 107,
IV do Código Penal Brasileiro (fls. 331 a 338).
15. A unidade técnica, nas peças instrutórias que produziu (peças 10 e 38), não apontou a exata
conduta de cada um dos beneficiários de forma a caracterizar a atuação dolosa e em concurso com o
servidor Francisco Ricardo Lima Cruz na produção do dano ao Erário.
16. Esta Corte de Contas, assim como o Poder Judiciário, inclina-se no sentido de que a sentença
penal se comunica com as esferas civil e administrativa apenas em caso de sentença penal absolutória
negando a existência do fato material ou a autoria do delito praticado (Acórdão 1.534/2010-TCU-
Plenário).
17. Desse modo, o que restou decido nessas ações em âmbito judicial, não vincula a atuação do
TCU no exercício de suas competências constitucionais.
18. De fato, em consonância com a análise do MPTCU, compulsando os autos e em
complemento ao que já foi assentado neste voto, não vislumbro elemento probatório capaz de
demonstrar que os beneficiários arrolados neste processo tenham atuado de forma decisiva na obtenção
dos benefícios irregulares de aposentadoria junto ao INSS, em face da não comprovação de dolo e de
sua atuação em concurso com o agente público na produção do dano, o que afasta a incidência do art.
16, § 2º, da Lei 8.443/1992.
19. Em situações similares, tem esta Corte excluído da relação processual o beneficiário que
atende a essas condições, consoante decidido por meio dos Acórdãos 1.201/2011, 427/2012, 789/2012,
2.580/2012, 325/2013, 509/2013, todos do Plenário.
20. Não seria demais aclarar, contudo, que a exclusão desses beneficiários da relação processual,
por não ter sido comprovada sua conduta dolosa ou culposa na consecução da fraude, não impede
aquela Gerência Executiva do INSS em adotar as medidas administrativas e judiciais necessárias à
cobrança dos valores recebidos indevidamente.
21. Com base nesse raciocínio, não vislumbro razão para a renovação da citação, pois como dito,
não restou evidenciado nos autos conduta dolosa ou culposa de José Pereira de Azevedo Filho na
consecução da fraude (análise nos itens 15 a 20 supra).
22. Relativamente às irregularidades de fundo apuradas neste processo, vale dizer que,
devidamente citado, o Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz permaneceu silente, motivo pelo qual
reconheço sua revelia, nos termos do disposto no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
23. A revelia do responsável não impede o seguimento do feito. Ao não apresentar sua defesa,
deixou de produzir prova da regular aplicação dos recursos sob sua responsabilidade, em afronta às
normas que lhes impõem a obrigação legal de, sempre que demandado pelos órgãos de controle, trazer
os documentos que demonstrem a correta utilização das verbas públicas, a teor do que dispõe o art. 93
do Decreto-Lei 200/67 e art. 70, parágrafo único, da CF/1988.
24. Não seria demais mencionar que os efeitos da revelia de responsável no âmbito desta Corte
diferem daqueles emprestados a esse mesmo instituto pelo Código de Processo Civil. No âmbito civil,
o silêncio do responsável gera a presunção de veracidade dos fatos a ele imputados, de sorte que sua
inércia opera contra sua defesa. Nesta Corte, a não apresentação de defesa pelo responsável apenas não
inviabiliza a normal tramitação do processo, que deve seguir seu fluxo ordinário de apuração. Por
conseguinte, a conduta irregular do responsável deve estar caracterizada para que haja a sua
condenação.
25. Com efeito, as provas constantes dos autos dão conta de que o ex-servidor do INSS
participou de forma decisiva na concessão irregular de aposentadorias.
185
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
26. Em face do que restou expendido, entendo que as contas do Sr. Francisco Ricardo Lima Cruz
devem ser julgadas irregulares, com sua condenação em débito pela totalidade dos valores pagos
indevidamente aos beneficiários mencionados no presente processo.
27. Por fim, considerando entendimento fixado por meio do Acórdão 1.441/2016-TCU-Plenário,
observo que o último pagamento irregular ocorreu em 5/12/2007, já o ato que ordenou a citação data
de 18/7/2016 (peça 11), portanto, menos de 10 anos da ocorrência da irregularidade, não se operando,
desse modo, a prescrição da pretensão punitiva.
28. Desse modo, diante da gravidade da conduta do responsável, além da aplicação de multa
prevista no art. 57 da Lei 8443/1992, proponho a inabilitação para o exercício de cargo em comissão
ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992,
observadas as disposições do Acórdão 714/2016-TCU-Plenário.
Ante o exposto, VOTO para que o Tribunal aprove a minuta de acórdão que ora submeto a este
Plenário.
ACÓRDÃO Nº 1603/2017 – TCU – Plenário
1. Processo TC 008.204/2016-0.
2. Grupo II; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34); José Gesoaldo dos Santos
Braga (615.898.023-49); José Pereira de Azevedo Filho (068.003.943-00); Manuel Medeiros Neto
(020.474.623-04); e Maria Neide de Oliveira (218.472.663-04).
4. Entidade: Instituto Nacional do Seguro Social.
5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Rodrigo Medeiros de Lima.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado do Ceará (Secex-CE).
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial instaurada pelo
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS/Gerência Executiva Juazeiro do Norte/CE, em razão do
prejuízo causado por Francisco Ricardo Lima Cruz, relativamente à concessão irregular de benefícios
previdenciários;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator e com fundamento nos arts. 71, inciso II, da Constituição Federal, em:
9.1. excluir da relação processual José Gesoaldo dos Santos Braga (615.898.023-49); José
Pereira de Azevedo Filho (068.003.943-00); Manuel Medeiros Neto (020.474.623-04); e Maria Neide
de Oliveira (218.472.663-04);
9.2. julgar irregulares as contas de Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34), servidor do
INSS à época, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea “d”, da Lei 8.443/1992, c/c
os arts. 1º, inciso I, 209, inciso IV do Regimento Interno;
9.3. condenar o responsável identificado no subitem anterior, com fundamento no art. 19, caput,
da Lei 8.443/1992, c/c o art. 210 do RITCU, ao pagamento das quantias a seguir especificadas,
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
alusivas aos benefícios indevidos pagos aos beneficiários indicados, com a fixação do prazo de quinze
dias, a contar da notificação, para comprovar, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do
Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS,
atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora, calculados a partir da data discriminada, até
a data do recolhimento, na forma prevista na legislação em vigor:
9.3.1. Relativamente aos pagamentos em favor de José Gesoaldo dos Santos Braga:
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
2/5/2002 193,09
2/5/2002 379,74
13/5/2002 200,00
13/6/2002 200,00
15/7/2002 200,00
12/8/2002 200,00
11/9/2002 200,00
10/10/2002 200,00
12/11/2002 200,00
11/12/2002 200,00
11/12/2002 200,00
13/1/2003 200,00
12/2/2003 200,00
13/3/2003 200,00
10/4/2003 200,00
13/5/2003 240,00
11/6/2003 240,00
10/7/2003 240,00
12/8/2003 240,00
10/9/2003 240,00
10/10/2003 240,00
12/11/2003 240,00
10/12/2003 240,00
10/12/2003 240,00
13/1/2004 240,00
11/2/2004 240,00
10/3/2004 240,00
5/4/2004 240,00
5/5/2004 240,00
3/6/2004 260,00
5/7/2004 260,00
4/8/2004 260,00
3/9/2004 260,00
5/10/2004 260,00
4/11/2004 260,00
187
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ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
3/12/2004 260,00
3/12/2004 260,00
5/1/2005 260,00
3/2/2005 260,00
3/3/2005 260,00
5/4/2005 260,00
4/5/2005 260,00
3/6/2005 300,00
5/7/2005 300,00
3/8/2005 300,00
5/9/2005 300,00
5/10/2005 300,00
4/11/2005 300,00
5/12/2005 300,00
5/12/2005 300,00
4/1/2006 300,00
3/2/2006 300,00
3/3/2006 300,00
5/4/2006 300,00
4/5/2006 350,00
5/6/2006 350,00
5/7/2006 350,00
3/8/2006 350,00
5/9/2006 175,00
5/9/2006 350,00
4/10/2006 350,00
6/11/2006 350,00
5/12/2006 175,00
5/12/2006 350,00
4/1/2007 350,00
5/2/2007 350,00
5/3/2007 350,00
4/4/2007 350,00
4/5/2007 380,00
5/6/2007 380,00
4/7/2007 380,00
3/8/2007 380,00
5/9/2007 190,00
5/9/2007 380,00
3/10/2007 380,00
6/11/2007 380,00
188
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
5/12/2007 190,00
5/12/2007 380,00
9.3.2. Relativamente aos pagamentos em favor de José Pereira de Azevedo Filho:
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
5/2/2002 713,09
4/3/2002 1.258,40
2/4/2002 1.258,40
3/5/2002 1.258,40
4/6/2002 1.258,40
2/7/2002 1.320,39
2/8/2002 1.320,39
3/9/2002 1.320,39
2/10/2002 1.320,39
4/11/2002 1.320,39
3/12/2002 1.320,39
3/12/2002 1.320,39
3/1/2003 1.320,39
4/2/2003 1.320,39
5/3/2003 1.320,39
2/4/2003 1.320,39
5/5/2003 1.320,39
3/6/2003 1.320,39
2/7/2003 1.580,63
4/8/2003 1.580,63
2/9/2003 1.580,63
2/10/2003 1.580,63
4/11/2003 1.580,63
2/12/2003 1.580,63
2/12/2003 1.580,63
5/1/2004 1.580,63
3/2/2004 1.580,63
2/3/2004 1.580,63
2/4/2004 1.580,63
4/5/2004 1.580,63
2/6/2004 1.652,23
2/7/2004 1.652,23
3/8/2004 1.652,23
2/9/2004 1.652,23
189
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
4/10/2004 1.652,23
3/11/2004 1.652,23
2/12/2004 1.652,23
2/12/2004 1.652,23
4/1/2005 1.652,23
2/2/2005 1.652,23
2/3/2005 1.652,23
4/4/2005 1.652,23
3/5/2005 1.652,23
2/6/2005 1.757,22
4/7/2005 1.757,22
2/8/2005 1.757,22
2/9/2005 1.757,22
4/10/2005 1.757,22
3/11/2005 1.757,22
2/12/2005 1.757,22
2/12/2005 1.757,22
3/1/2006 1.757,22
2/2/2006 1.757,22
2/3/2006 1.757,22
4/4/2006 1.757,22
3/5/2006 1.845,08
2/6/2006 1.845,08
4/7/2006 1.845,08
2/8/2006 1.845,08
4/9/2006 922,54
4/9/2006 1.845,08
3/10/2006 1.845,25
3/11/2006 1.845,25
4/12/2006 922,71
4/12/2006 1.845,25
3/1/2007 1.845,25
2/2/2007 1.845,25
2/3/2007 1.845,25
3/4/2007 1.845,25
3/5/2007 1.906,14
4/6/2007 1.906,14
3/7/2007 1.906,14
2/8/2007 1.906,14
4/9/2007 953,07
4/9/2007 1.906,14
190
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
2/10/2007 1.906,14
5/11/2007 1.906,14
9.3.3. Relativamente aos pagamentos em favor de Manuel Medeiros Neto:
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
5/6/2002 500,94
6/6/2002 326,70
8/7/2002 331,79
7/8/2002 331,79
5/9/2002 331,79
4/10/2002 331,79
6/11/2002 331,79
5/12/2002 276,49
5/12/2002 331,79
8/1/2003 331,79
6/2/2003 331,79
7/3/2003 331,79
4/4/2003 331,79
7/5/2003 331,79
5/6/2003 331,79
4/7/2003 397,18
6/8/2003 397,18
4/9/2003 397,18
6/10/2003 397,18
6/11/2003 397,18
4/12/2003 397,18
4/12/2003 397,18
7/1/2004 397,18
5/2/2004 397,18
4/3/2004 397,18
6/4/2004 397,18
6/5/2004 397,18
4/6/2004 415,17
6/7/2004 415,17
5/8/2004 415,17
6/9/2004 415,17
6/10/2004 415,17
5/11/2004 415,17
6/12/2004 415,17
191
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
6/12/2004 415,17
6/1/2005 415,17
4/2/2005 415,17
4/3/2005 415,17
6/4/2005 415,17
5/5/2005 415,17
6/6/2005 441,55
6/7/2005 441,55
4/8/2005 441,55
6/9/2005 441,55
6/10/2005 441,55
7/11/2005 441,55
6/12/2005 441,55
6/12/2005 441,55
5/1/2006 441,55
6/2/2006 441,55
6/3/2006 441,55
6/4/2006 441,55
5/5/2006 463,62
6/6/2006 463,62
6/7/2006 463,62
4/8/2006 463,62
6/9/2006 231,81
6/9/2006 463,62
5/10/2006 463,66
7/11/2006 463,66
6/12/2006 231,85
6/12/2006 463,66
5/1/2007 463,66
6/2/2007 463,66
6/3/2007 463,66
5/4/2007 463,66
7/5/2007 478,96
6/6/2007 478,96
5/7/2007 478,96
6/8/2007 478,96
6/9/2007 239,48
6/9/2007 478,96
4/10/2007 478,96
9.3.4. Relativamente aos pagamentos em favor de Maria Neide de Oliveira:
192
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
DATA DA
OCORRÊNCIA
VALOR
ORIGINAL (R$)
27/3/2002 724,53
27/3/2002 1.086,80
3/4/2002 1.086,80
6/5/2002 1.086,80
5/6/2002 1.086,80
3/7/2002 1.206,13
5/8/2002 1.206,13
4/9/2002 1.206,13
3/10/2002 1.206,13
5/11/2002 1.206,13
4/12/2002 1.206,13
4/12/2002 1.206,13
7/1/2003 1.206,13
5/2/2003 1.206,13
7/3/2003 1.206,13
3/4/2003 1.206,13
6/5/2003 1.206,13
4/6/2003 1.206,13
3/7/2003 1.443,85
6/8/2003 1.443,85
3/9/2003 1.443,85
3/10/2003 1.443,85
5/11/2003 1.443,85
4/12/2003 1.443,85
4/12/2003 1.443,85
6/1/2004 1.443,85
4/2/2004 1.443,85
3/3/2004 1.443,85
5/4/2004 1.443,85
5/5/2004 1.443,85
3/6/2004 1.509,25
5/7/2004 1.509,25
4/8/2004 1.509,25
3/9/2004 1.509,25
5/10/2004 1.509,25
4/11/2004 1.509,25
3/12/2004 1.509,25
3/12/2004 1.509,25
5/1/2005 1.509,25
3/2/2005 1.509,25
193
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.4. aplicar a Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34) a multa prevista no art. 57 da Lei
8.443/1992, c/c o art. 267 do Regimento Interno, no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) ,
fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar das notificações, para comprovar, perante o Tribunal
(art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das dívidas aos cofres do
Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data deste acórdão até a do efetivo
recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
3/3/2005 1.509,25
5/4/2005 1.509,25
4/5/2005 1.509,25
3/6/2005 1.605,16
5/7/2005 1.605,16
3/8/2005 1.605,16
5/9/2005 1.605,16
5/10/2005 1.605,16
4/11/2005 1.605,16
5/12/2005 1.605,16
5/12/2005 1.605,16
4/1/2006 1.605,16
3/2/2006 1.605,16
3/3/2006 1.605,16
5/4/2006 1.605,16
4/5/2006 1.685,41
5/6/2006 1.685,41
5/7/2006 1.685,41
3/8/2006 1.685,41
5/9/2006 842,70
5/9/2006 1.685,41
4/10/2006 1.685,57
6/11/2006 1.685,57
5/12/2006 842,87
5/12/2006 1.685,57
4/1/2007 1.685,57
5/2/2007 1.685,57
5/3/2007 1.685,57
4/4/2007 1.685,57
4/5/2007 1.741,19
5/6/2007 1.741,19
4/7/2007 1.741,19
3/8/2007 1.741,19
5/9/2007 870,59
5/9/2007 1.741,19
3/10/2007 1.741,19
194
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.5.considerar graves as infrações cometidas por Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-
34), nos termos do art. 60 da Lei 8.443/1992;
9.6. inabilitar Francisco Ricardo Lima Cruz (425.957.113-34) pelo período de cinco anos, para o
exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, nos
termos do art. 60 da Lei 8.443/1992, observadas as disposições do Acórdão 714/2016-TCU-Plenário;
9.7. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei
8.443/1992, caso não atendidas as notificações;
9.8. autorizar, desde logo, caso solicitado e o processo não tenha sido remetido para cobrança
judicial, o pagamento da dívida em até 36 parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da
Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno/TCU, fixando-se o vencimento da primeira
parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais mensalmente, devendo
incidir sobre cada valor mensal os correspondentes acréscimos legais, na forma prevista na legislação
em vigor, sem prejuízo de alertar aos responsáveis de que a falta de comprovação do recolhimento de
qualquer parcela implicará o vencimento antecipado do saldo devedor;
9.9. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao
Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado do Ceará, nos termos do § 3º do art. 16 da
Lei 8.443/1992, c/c o §7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para adoção das medidas que
entender cabíveis;
9.10. comunicar ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e à Procuradoria Geral Federal –
PGF que a decisão contida no subitem 9.1 deste acórdão não impede a adoção de providências
administrativas e/ou judiciais, com vistas a reaver valores que eventualmente foram pagos
indevidamente aos segurados ali mencionados, em razão da concessão irregular de benefício
previdenciário.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1603-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE VII – Plenário
TC 027.311/2016-3.
Natureza: Representação.
Órgão: Prefeitura Municipal de Natal/RN.
Representante: José Alexandre dos Reis Cardozo (618.176.517-49).
Representação legal: não há.
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. POSSÍVEIS IRREGULARIDADES EM EDITAL DE
PREGÃO ELETRÔNICO. REGISTRO DE PREÇOS. ADOÇÃO DE MEDIDA CAUTELAR
SUSPENDENDO O CERTAME. OITIVA DO ÓRGÃO PROMOTOR DA LICITAÇÃO.
195
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
JUSTIFICATIVAS SUFICIENTES PARA ELIDIR APENAS PARTE DAS
IRREGULARIDADES SUSCITADAS. USO INDEVIDO DO SISTEMA DE REGISTRO DE
PREÇOS. ATA JÁ CONSTITUÍDA. CONTRATO FIRMADO PELO ÓRGÃO
GERENCIADOR ENVOLVENDO A INTEGRALIDADE DO OBJETO REGISTRADO.
ENCERRAMENTO DA ATA CONFORME A JURISPRUDÊNCIA DO TCU. DÚVIDAS
ACERCA DA ECONOMICIDADE DA CONTRATAÇÃO REALIZADA. IMPOSSIBILIDADE
DE NOVAS CONTRATAÇÕES PELO GERENCIADOR BEM COMO DE ADESÕES À ATA.
PREJUÍZO MAIOR EM CASO DE ANULAÇÃO DO CONTRATO JÁ CELEBRADO.
PRORROGAÇÃO CONDICIONADA À DEMONSTRAÇÃO DA VANTAJOSIDADE DOS
PREÇOS À ÉPOCA DA RENOVAÇÃO CONTRATUAL. PROCEDÊNCIA PARCIAL.
DETERMINAÇÃO. CIÊNCIA. ARQUIVAMENTO.
RELATÓRIO
Trata-se de representação, com pedido de medida cautelar, a respeito de possíveis irregularidades
ocorridas na Prefeitura Municipal de Natal/RN – Secretaria Municipal de Saúde (SMS), relacionadas
ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, que tinha por objeto o registro de preços para contratação de pessoa
jurídica especializada na prestação de serviços terceirizados, de natureza contínua, de apoio
operacional e administrativo, visando suprir as necessidades da Secretaria Municipal de Saúde de
Natal, referente ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192 Natal.
2. Adoto, como parte integrante deste relatório, a instrução produzida na Secex-PE, pelo Auditor
Henrique da Fonseca Carvalho, vazada nos seguintes termos:
INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de representação, com pedido de medida cautelar, a respeito de possíveis
irregularidades ocorridas na Prefeitura Municipal de Natal/RN – Secretaria Municipal de Saúde
(SMS), relacionadas ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, cujo objeto é o registro de preços para
eventual contratação de pessoa jurídica especializada na prestação de serviços terceirizados, de
natureza continua, de apoio operacional e administrativo, visando suprir as necessidades da Secretaria
Municipal de Saúde do Natal, referente ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192
Natal.
2. Há previsão de que 50% das despesas da execução do objeto do pregão sejam custeadas com
recursos do Fundo Nacional de Saúde, conforme Despacho juntado à peça 4, p. 3 e previsão constante
do art. 4º da Portaria - GM/MS 1.864/2003 (peça 28, p. 2).
ANTECENDENTES
3. O objeto do pregão ora em análise vem suprir, em parte, o objeto do Contrato 67/2016 (peça
29), advindo da Coleta de Preços 21/2016, realizada pela Prefeitura de Natal/RN, cuja finalidade é a
contratação emergencial, por um período de seis meses, de empresa especializada na operacionalização
das atividades administrativas e de apoio ao Samu 192 em Natal/RN, firmada por meio de dispensa de
licitação. Tal contratação está sendo examinada neste Tribunal na representação, com pedido de
medida cautelar, TC 016.586/2016-6, sob a relatoria do Exmo. Ministro Vital do Rego.
4. Por meio do Acórdão 2.174/2016-TCU-Plenário, este TCU conheceu a representação
supramencionada, indeferiu o pedido de cautelar, ante a existência de periculum in mora reverso, e
devolveu os autos a esta Secex-PE para aprofundamento da matéria, especialmente no que diz respeito
ao exame dos preços praticados no processo de dispensa.
5. Atualmente o TC 016.586/2016-6 está em fase de instrução, não havendo pronunciamento
conclusivo nesta Unidade sobre a matéria.
196
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
HISTÓRICO
6. Inicialmente, deve-se registrar que o Ministro-Relator conheceu do expediente encaminhado
pelo Sr. José Alexandre do Reis Cardozo (peça 1) como representação, conforme apontado no
Despacho de 16/11/2016 (peça 22, p. 6), uma vez atendidos os requisitos de admissibilidade constantes
do art. 237, VII e parágrafo único do RI/TCU c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993.
7. Dessa forma, a representação pode ser apurada, para fins de comprovar a sua procedência, nos
termos do art. 234, § 2º, segunda parte, do Regimento Interno do TCU, aplicável às representações de
acordo com o parágrafo único do art. 237 do mesmo RI/TCU.
8. Em análise preliminar desta Unidade Técnica (peça 5), propôs-se a realização de oitiva prévia
da Secretaria Municipal de Saúde de Natal/RN, com o objetivo de confirmar a existência dos requisitos
do fumus boni iuris e do periculum in mora. Foi instado que a Secretaria se manifestasse sobre os
seguintes fatos apontados na representação formulada pelo Sr. José Alexandre dos Reis Cardozo (peça
7):
8.1. utilização do Sistema de Registro de Preço – SRP, uma vez que se trata de contratação
imediata de serviços continuados e específicos para o Município de Natal/RN, com quantitativos certos
e determinados, não havendo parcelamento de entregas do objeto, conforme descrito no Termo de
Referência, contrariando o art. 3º do Decreto 7.892/2013, e seus incisos;
8.2. ausência de estimativa máxima de custo individualizada por lote, o que impossibilita a
análise comparativa dos valores das propostas a serem apresentadas com os valores máximos de
mercado levantados pela administração, prejudicando o julgamento objetivo das propostas,
contrariando os arts. 3º e 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/1993;
8.3. segregação dos objetos do Pregão por lotes, que pode culminar na formalização de diversos
contratos, prejudicando a administração destes, ante a dificuldade da gestão de múltiplas funções para
uma mesma finalidade, haja vista se tratar de serviços interdependentes, podendo existir controvérsias
sobre a execução dos mesmos, falhas e duplicidades de informações, contrariando o princípio da
eficiência administrativa (art. 37 da Constituição Federal);
8.4. exigência, para fins de habilitação, da apresentação de atestado de capacidade técnica,
emitido por pessoa jurídica de direito público ou privado, datado e assinado, comprovando a aptidão
para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o
objeto do pregão, ou que guardem semelhança com o objeto licitado, por período não inferior a três
anos, que pode cercear o caráter competitivo do certame, sendo uma afronta aos arts. 3º, §1º; 30, §5º; e
37, inciso XXI, da Lei 8.666/1993; e
8.5. ausência no Edital de critérios ou índices objetivamente previstos para fins de avaliação da
situação econômico-financeira dos participantes, o que vai de encontro às determinações contidas no
§5º do art. 31 da Lei 8.666/1993.
9. Ainda, foi realizada diligência (peça 8) a fim de que a Secretaria Municipal de Saúde
informasse em qual fase se encontrava o Pregão Eletrônico 20.062/2016, bem como encaminhasse a
composição dos preços estimados por lotes, de forma detalhada, objetos do Pregão.
10. Vale ressaltar que a data da instrução preliminar coincidiu com a do limite de acolhimento e
abertura das propostas, não existindo, até então, empresa vencedora do certame.
11. Em resposta à oitiva prévia, o Secretário Municipal de Saúde de Natal/RN, Sr. Luiz Roberto
Fonseca Leite, por meio do Ofício 7246/2016-GS/SMS, de 25/10/2016, solicitou dilação de prazo para
a resposta (por quinze dias), sob a justificativa de que “o mesmo mostra-se demasiadamente exíguo
para colecionar as informações requeridas, sobretudo em face do imenso déficit de pessoal que a SMS
possui” (peça 14).
12. Em seguida, tomou-se conhecimento de que a Secretaria Municipal de Saúde vinha dando
prosseguimento normal ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, conforme exposto na peça 15. Nesta peça é
apresentado o Diário Oficial do Município de Natal/RN, de 27/10/2016, por meio do qual foi
197
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
formalizado que a pregoeira e o secretário municipal de saúde julgaram improcedente um recurso
administrativo impetrado por uma das empresas concorrentes (Prol Staff Ltda.), mantendo inalterada a
decisão que julgou vencedora do certame a empresa JMT Serviços e Locação de Mão de Obra Ltda.,
em relação aos lotes 1 e 2.
13. Dessa forma, diante da solicitação de prorrogação de prazo para a resposta da oitiva prévia e
da diligência, comprovada a continuidade normal do Pregão Eletrônico 20.062/2016 e considerando as
impropriedades preliminarmente levantadas (item 8), a Unidade Técnica propôs a adoção da medida
cautelar para suspender os efeitos do Pregão em análise até a decisão de mérito deste TCU e a
autorização da dilação do prazo para resposta solicitada pela SMS de Natal/RN (peça 17, p. 3-4).
14. O Ministro-Relator, por meio de Despacho datado de 16/11/2016, entendeu que subsistiam
os indícios de irregularidade apontados apenas nos itens 8.1, 8.2 e 8.3, anuindo em síntese com os
demais fundamentos apontados pela Secex-PE. Com base nisso, decidiu adotar a aludida medida
cautelar e autorizar a oitiva (agora com base no art. 276, § 3º, do RI/TCU) sobre esses indícios de
irregularidade e a realização de diligência à Prefeitura Municipal de Natal para que encaminhasse a
composição detalhada dos preços estimados dos lotes do Pregão Eletrônico 20.062/2016 (peça 22), o
que ocorreu por meio dos Ofícios 1827 e 1828/2016-TCU/Secex-PE (peças 23 e 24), entregues ao
destinatário em 9/12/2016, conforme avisos de recebimento entregues pelos Correios (peças 26 e 27).
15. Registre-se que, nesse ínterim, conforme registrado na instrução anterior (peça 17, p. 3), a
TRD Serviços e Administração Ltda., empresa que prestava os serviços objeto do Pregão Eletrônico
20.062/2016 à SMS de Natal/RN até a assinatura do Contrato Emergencial 67/2016 em 28/4/2016
(peça 29), conforme informações constantes do TC 016.586/2016-6, e para a qual o representante José
Alexandre dos Reis Cardozo presta serviços, trouxe aos autos documentos em que são informadas
supostas novas irregularidades cometidas no âmbito do pregão ora em comento (peças 9-13 e 15).
Essas informações devem ser analisadas em conjunto com aquelas apontadas na representação inicial
(peça 1).
16. Em 4/1/2017, foi juntado aos autos o Ofício 7226/2016-GS/SMS (peça 31), assinado pelo
Secretário Municipal de Saúde de Natal/RN, por meio do qual foram apresentadas as justificativas e
esclarecimentos relativos aos últimos ofícios de oitiva e diligência encaminhados à Prefeitura
Municipal de Natal.
17. Diante disso, dá-se continuidade à análise iniciada nas instruções anteriores (peças 5 e 17) e
no Despacho do Ministro-Relator (peça 22).
EXAME TÉCNICO
18. Esta instrução cuida da análise sobre a necessidade de manutenção da medida cautelar
adotada por meio do Despacho do Ministro-Relator em 16/11/2016 (peça 22), bem como sobre as
irregularidades eventualmente cometidas no âmbito do Pregão Eletrônico 20.062/2016.
19. Nos tópicos seguintes serão analisados os indícios de irregularidade apresentados na peça
inicial de representação (peça 1) que foram objeto da oitiva (peça 23) para posteriormente analisar os
novos documentos trazidos pela empresa TRD Serviços e Administração Ltda. (peças 9-13).
Utilização irregular do Sistema de Registro de Preços
20. O primeiro ponto da oitiva estava relacionado ao seguinte indício de irregularidade (peça 23,
p. 1):
utilização indevida do Sistema de Registro de Preços - SRP, uma vez que se trata de contratação
imediata de serviços continuados e específicos para o Município de Natal/RN, com quantitativos certos
e determinados, não havendo parcelamento de entregas do objeto, conforme descrito no Termo de
Referência, contrariando o art. 3° do Decreto 7.892/2013 e seus incisos;
21. Sobre a questão, o Secretário Municipal de Saúde de Natal alegou resumidamente que (peça
31, p. 2-3):
21.1. a utilização do Sistema de Registro de Preços (SRP) teria diversas vantagens, tais como:
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21.1.1. desnecessidade de dotação orçamentárias no momento da licitação;
21.1.2. atendimento a demandas imprevisíveis;
21.1.3. eliminação do fracionamento de despesa;
21.1.4. agilidade nas aquisições; e
21.1.5. participação de pequenas e médias empresas.
21.2. no caso em debate, o motivo da escolha pelo SRP teria sido o atendimento de demandas
futuras e imprevisíveis, considerando a perspectiva de ampliação dos serviços do SAMU 192 Natal, o
que poderá se concretizar ou não.
22. O art. 3º do Decreto 7.892/2013 prescreve que:
Art. 3º O Sistema de Registro de Preços poderá ser adotado nas seguintes hipóteses:
I - quando, pelas características do bem ou serviço, houver necessidade de contratações
frequentes;
II - quando for conveniente a aquisição de bens com previsão de entregas parceladas ou
contratação de serviços remunerados por unidade de medida ou em regime de tarefa;
III - quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimento a
mais de um órgão ou entidade, ou a programas de governo; ou
IV - quando, pela natureza do objeto, não for possível definir previamente o quantitativo a ser
demandado pela Administração.
23. O Decreto 11.005/2016, que regulamentou o SRP no âmbito do município de Natal/RN,
prevê essas mesmas hipóteses em seu art. 3º (peça 32, p. 1-2).
24. No caso em apreço, o gestor tenta configurar o objeto do Pregão 20.062/2016 no inciso IV
antecedente, dando a entender que não seria possível definir previamente o quantitativo a ser
demandado pela SMS.
25. Sobre o assunto, o Tribunal já se manifestou no sentido de que é lícita a utilização do
sistema de registro de preços para contratação de serviços contínuos, desde que configurada uma das
hipóteses delineadas na norma regulamentadora e com expressa justificativa da circunstância
ensejadora (Acórdãos 3092/2014 e 1737/2012, ambos do Plenário do TCU).
26. Não é o caso do objeto do Pregão 20.062/2016. O simples fato de haver uma possibilidade
de aumento futuro da demanda pelos serviços não justifica a constituição de uma ata de registro de
preços.
27. O Termo de Referência do pregão em análise (peça 1, p. 57-99) demonstra claramente a
quantidade de mão-de-obra a ser contratada para cada serviço a ser prestado pela empresa contratada.
O art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, inclusive, faculta ao administrador público alterar unilateralmente o
contrato celebrado em para acrescer ou suprimir em até 25% os serviços contratados, o que representa
uma margem razoável.
28. Nos casos em que houvesse necessidade de um aumento superior a 25% dos serviços
previstos inicialmente no termo de referência, mostrar-se-ia mais coerente realizar uma nova licitação,
aumentando a competitividade e possibilitando a contratação de outras empresas interessadas,
observando, entre outros, os princípios da isonomia e da seleção da proposta mais vantajosa, em
conformidade com o art. 3º da Lei 8.666/1993.
29. Dessa forma, verifica-se que a Prefeitura Municipal de Natal utilizou indevidamente o
Sistema de Registro de Preços (SRP), uma vez que se trata de contratação imediata de serviços
continuados e específicos, com quantitativos certos e determinados, não havendo parcelamento de
entregas do objeto, conforme descrito no Termo de Referência, contrariando o art. 3° do Decreto
7.892/2013 e do Decreto Municipal 11.005/2016.
30. Se, por um lado, a impropriedade não se reveste de gravidade suficiente para que o TCU
tome medidas no sentido de determinar a anulação de todo o processo licitatório ou do contrato
celebrado (haja vista que o Pregão 20.062/2016 ocorreu normalmente com a participação de oito
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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empresas), por outro lado faz-se necessário determinar que a Prefeitura Municipal não utilize a ata para
contratações futuras nem permita a adesão de outros órgãos a ela.
31. Caso seja necessário um acréscimo dos serviços contratados, o município poderá se utilizar
da faculdade prevista no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993 até o limite ali imposto.
Ausência de definição de preços máximos por lote no edital
32. O segundo ponto da oitiva questionou a: (peça 23, p. 2):
divisão do objeto licitado por lotes sem a definição dos seus preços máximos, o que impossibilita
a análise comparativa dos valores das propostas a serem apresentadas com os valores máximos de
mercado levantados pela administração, prejudicando o julgamento objetivo das propostas,
contrariando, assim, os arts. 3° e 40, § 2°, inciso II, da Lei 8.666/1993;
33. Sobre a questão, a Pregoeira alegou resumidamente que (peça 31, p. 3 e 5):
33.1. a estimativa anual de custos no valor de R$ 7.592.070,00 consta do item 7.2 do edital do
Pregão 20.062/2016 (peça 1, p. 31); e
33.2. a jurisprudência do TCU não exigiria da Administração a obrigatoriedade de anexar ao
edital o orçamento de referência, podendo este constar apenas dos autos, sendo facultado aos
interessados o acesso ao documento, conforme estaria exposto no Acórdão 2080/2012-TCU-Plenário.
34. Este Tribunal, por meio do Acórdão 2166/2014-TCU-Plenário, se manifestou no sentido de
que, na modalidade pregão, o orçamento estimado não constitui elemento obrigatório do edital,
devendo, contudo, estar inserido no processo relativo ao certame. Todavia, sempre que o
preço de referência for utilizado como critério de aceitabilidade da proposta, a sua divulgação no edital
é obrigatória, nos termos do art. 40, inciso X, da Lei 8.666/1993.
35. Sobre o assunto, no voto condutor do Acórdão 392/2011-TCU-Plenário, o Exmo. Ministro
José Jorge resumiu bem o entendimento desta Corte de Contas ao afirmar que, no pregão, “caberá aos
gestores/pregoeiros (...) a avaliação da oportunidade e conveniência de incluir tais orçamentos - e os
próprios preços máximos, se a opção foi a sua fixação - no edital, informando nesse caso, no próprio
ato convocatório, a sua disponibilidade aos interessados e os meios para obtê-los”. Ressalvara,
contudo, a deliberação que “na hipótese de o preço de referência ser utilizado como critério de
aceitabilidade de preços, a divulgação no edital é obrigatória”.
36. No caso, como o preço de referência obtido na pesquisa de preços não teria sido utilizado
como critério de aceitabilidade das propostas, não se mostraria obrigatória a sua divulgação no edital.
Além disso, de acordo com a Pregoeira, os interessados poderiam consultar o quadro demonstrativo de
preços (peça 31, p. 19-20) ao obter vista dos autos.
37. Assim, a ausência de publicação no edital de definição dos preços máximos de referência ou
dos valores de mercado obtidos na pesquisa mercadológica não configura irregularidade insanável que
vicie o Pregão 20.062/2016.
Segregação do objeto em lotes
38. O último ponto questionado na oitiva foi a (peça 23, p. 2):
segregação do objeto do Pregão por lotes, que pode culminar na formalização de diversos
contratos, prejudicando a administração destes, ante a dificuldade da gestão de múltiplas funções para
uma mesma finalidade, haja vista se tratar de serviços interdependentes, podendo existir controvérsias
sobre a execução dos mesmos, falhas e duplicidades de informações, contrariando o princípio da
eficiência administrativa.
39. Em resposta ao questionamento, o Secretário Municipal de Saúde alegou que a escolha do
julgamento por lotes foi adotada com vistas a “evitar a desfragmentação que ocasionaria um
descontrole de responsabilização, bem como divisão na equipe”. Acrescentou ainda que a medida foi
adotada visando agir em consonância com a argumentação da oitiva (peça 31, p. 3):
evitar a formalização de diversos contratos, prejudicando a administração destes, ante a
dificuldade ante a dificuldade da gestão de múltiplas funções para uma mesma finalidade, haja vista se
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tratar de serviços interdependentes, podendo existir controvérsias sobre a execução dos mesmos, falhas
e duplicidades de informações, contrariando o princípio da eficiência administrativa (o que ocorreria
no caso da adoção do julgamento por item).
40. A súmula 247 do TCU prescreve que:
É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais das
licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divisível, desde
que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala, tendo em vista o
objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a
execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou
unidades autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa divisibilidade.
41. No caso, a oitiva tinha o objetivo de questionar o motivo de a licitante ter optado pelo
julgamento em lotes, em detrimento do julgamento por preço global, em razão da possibilidade de a
administração ter que administrar vários contratos distintos no âmbito de uma mesma finalidade.
Conforme apontado, por meio do Pregão 20.062/2016, buscou-se suprir as necessidades da SMS, no
que se refere ao SAMU 192, por meio da contratação de serviços terceirizados de condutor de veículo
de emergência, operador de frota, telefonista auxiliar de regulação médica, operador de rádio, lavador
de veículo e auxiliar de manutenção nos quantitativos constantes do Termo de Referência (peça 1, p.
58).
42. A resposta da SMS justificou a adoção da adjudicação “por lote”, em vez de “por item”,
justamente no sentido de que desfragmentar uma mesma função em vários contratos poderia ocasionar
um descontrole da secretaria, uma vez que teria que administrar diversos contratos para um mesmo
serviço executado, o que traria dificuldades para a gestão municipal.
43. A decisão da SMS de Natal está mais em consonância com a Súmula 247 do TCU do que o
alegado pela representante (constante da oitiva). A decisão por adjudicar por lote possibilita que
empresas que prestem serviços referentes a apenas alguns dos lotes possam também participar do
certame, o que, por certo, amplia a competitividade.
44. Ainda que haja conexão entre os serviços objeto de cada lote, a gestão municipal entendeu
ser possível destinar cada tipo de serviço (cada lote) a uma empresa diferente, harmonizando-os, sem
prejuízo para administração pública, inclusive no que refere à responsabilização.
45. Desse modo, se a SMS entendeu ser esse o modo conveniente e oportuno para realizar a
contratação dos serviços, ampliando ainda a competitividade da licitação, não cabe a este Tribunal
adentrar na seara discricionária do gestor público determinando que todos os serviços listados no termo
de referência sejam contratados por uma mesma empresa, quando o administrador decidiu de forma
diversa.
46. De qualquer modo, todos os lotes foram adjudicados à empresa JMT Serviços e Locação de
Mão de Obra Ltda., CNPJ 07.442.731/0001-36, sendo com ela celebrado o Contrato 182/2016 para
prestação de todos os serviços licitados por meio do Pregão 20.062/2016 (peça 30, p. 2-5).
Novos indícios de irregularidades
47. A TRD Serviços e Administração Ltda., empresa que prestava os serviços objeto do Pregão
Eletrônico 20.062/2016 à SMS de Natal/RN até a assinatura do Contrato Emergencial 67/2016 em
28/4/2016 (peça 29), conforme informações constantes do TC 016.586/2016-6, e para a qual o
representante José Alexandre dos Reis Cardozo presta serviços, trouxe aos autos documentos em que
são informadas supostas novas irregularidades cometidas no âmbito do pregão ora em comento (peças
9-13).
48. Nos documentos apresentados, a empresa alega, em síntese, que a SMS de Natal restringiu o
seu direito de impugnar o Edital do Pregão 20.062/2016, uma vez que a Pregoeira julgou intempestivo
e não conheceu a impugnação que teria sido apresentada pela empresa no dia 29/9/2016, dois dias úteis
antes da abertura das propostas marcadas para ocorrer no dia 4/10/2016.
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49. Conforme apontado no art. 18 do Decreto 5.450/2005 e no Decreto Municipal 11.004/2016,
regulamentadores do Pregão em âmbito nacional e no município de Natal/RN, respectivamente, “até
dois dias úteis antes da data fixada para abertura da sessão pública, qualquer pessoa poderá impugnar o
ato convocatório do pregão, na forma eletrônica”.
50. Considerando que o dia 3/10/2016 é feriado em Natal (Dia dos “Protomártires de Uruaçu e
Cunhaú”), o último dia para impugnação do Edital do Pregão Eletrônico 20.062/2016 seria
efetivamente 29/9/2016.
51. Apesar disso, o documento de impugnação juntado aos autos pela empresa TRD Serviços e
Administração Ltda. que teria sido entregue na SMS de Natal/RN (peça 11, p. 7-57), ainda que esteja
datado de 29/9/2016, não está assinado nem contém o protocolo com o registro de que tenha sido
recebido nesse mesmo dia pela Prefeitura Municipal.
52. Mesmo assim, sobre esse ponto, verifica-se que essa questão não objetiva
predominantemente o interesse público, mas sim o interesse privado da empresa.
53. Oportuno consignar que o Tribunal não visa à tutela de interesse puramente privado,
cabendo ao poder judiciário a solução desse tipo de demanda. O objeto de atuação da Corte de Contas
sempre está a exigir que, em alguma medida, se configure ameaça aos bens públicos e/ou aos
princípios que regem a administração pública.
54. Nesse ponto, o ministro Benjamin Zymler em recente deliberação deste Tribunal, no âmbito
do Acórdão 2.426/2015-TCU-Plenário, assim discorreu:
As representações formuladas com base no art. 113, §1º, da Lei 8.666/93 não se prestam à defesa
de interesses meramente particulares junto à Administração Pública, devendo sua procedência ser
fundada no resguardo do interesse público. Não é da competência do TCU a defesa de interesses
privados perante o Poder Público.
55. Ressalta-se que a empresa TRD Serviços e Administração Ltda. sequer participou do Pregão
Eletrônico 20.062/016 ofertando propostas, o que poderia ter optado por fazer, haja vista que as
irregularidades apresentadas na impugnação e analisadas por meio do presente processo não a
impediriam, em tese, de participar do certame.
56. Dessa forma, sobre a suposto indeferimento irregular e não conhecimento da Pregoeira sobre
a impugnação impetrada pela empresa, considerando o interesse eminentemente privado da questão,
não cabe a este Tribunal a tutela desse interesse, podendo a firma recorrer ao judiciário para
atendimento de sua demanda.
Da medida cautelar
57. No que diz respeito à medida cautelar, por meio do aludido despacho de 16/11/2016, o
Exmo. Ministro Vital do Rêgo determinou à Prefeitura Municipal de Natal/RN que suspendesse
cautelarmente o Pregão Eletrônico 20.062/2016, assim como todos os atos dele decorrentes, até que o
TCU se pronunciasse sobre o mérito da presente representação. Caso a licitação já tivesse sido
homologada, deveria a Prefeitura Municipal de Natal/RN abster-se de constituir a ata de registro de
preços decorrente do aludido certame. Na hipótese de a ata de registro de preços já ter sido constituída,
deveria a Prefeitura Municipal de Natal/RN suspender imediatamente os seus efeitos, em especial a
prática de quaisquer atos tendentes à efetivação da contratação das empresas vencedoras dos lotes,
bem como abster-se de autorizar adesão à ata.
58. Apesar de o despacho ter sido assinado em 16/11/2016, foi juntado ao processo apenas em
23/11/2016, sendo o Ofício 1827/2016-TCU/Secex-PE (contendo a referida determinação) assinado
em seguida no dia 24/11/2016. O destinatário tomou ciência da decisão apenas em 9/12/2016 (peça
27).
59. Ao efetuar pesquisa no Diário Oficial do Município de Natal/RN, verificou-se a cronologia
da publicação dos atos relativos ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, conforme segue (peça 30):
59.1. 4/10/2016: A pregoeira considerou intempestivo o recurso apresentado pela empresa TRD
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Serviços e terceirização Ltda., uma vez que a impugnação ao edital teria sido interposta fora do prazo
legal, mantendo a licitação para o dia 4/10/2016 (peça 30, p. 1);
59.2. 28/10/2016: A pregoeira adjudicou os lotes 3 a 6 à empresa JMT Serviços de Locação de
Mão de Obra Ltda. (peça 30, p. 2);
59.3. 3/11/2016: O Secretário Municipal de Saúde adjudicou os lotes 1 e 2 a essa mesma
empresa e homologou os atos praticados pela pregoeira no âmbito da licitação (peça 30, p. 3);
59.4. 4/11/2016: O Secretário Municipal de Saúde publicou a relação dos preços da ARP
20.037/2016, decorrente do Pregão Eletrônico 20.062/2016 (peça 30, p. 4); e
59.5. 18/11/2016: Foi publicado o extrato do Termo de Contrato 182/2016, celebrado com a
empresa JMT Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda. e assinado em 17/11/2016 (peça 30, p. 5).
60. Conforme se observa, a data em que a Prefeitura Municipal de Natal tomou ciência da
determinação para suspensão cautelar do Pregão 20.062/2016 (9/12/2016) ocorreu após o certame estar
finalizado e homologado pela autoridade competente com o objeto adjudicado à licitante vencedora
(3/11/2016).
61. Constata-se que a constituição da ARP (4/11/2016) e a celebração do Contrato 182/2016
(1811/2016), decorrente do pregão em análise, também ocorreram antes da ciência da unidade
jurisdicionada sobre a medida cautelar adotada.
62. Nesse sentido, apesar de prejudicada em parte, não se vislumbra descumprimento formal da
medida cautelar até o presente momento por parte da Prefeitura Municipal de Natal/RN.
63. Por um lado, há que se considerar que o novo contrato de prestação de serviços já foi
assinado, como comprova a publicação do extrato termo do contrato 182/2016 (peça 30, p. 5) e que a
vigência do contrato emergencial 67/2016 (peça 29) expirou. Assim, como o contrato está em
execução e tratando-se de um serviço essencial como é o SAMU, qualquer medida do TCU no sentido
de suspender de forma imediata a sua execução poderia colocar em risco a saúde e a vida das pessoas,
o que caracteriza o periculum in mora ao reverso.
64. Por outro lado, ainda há risco de ocorrência da prática de atos tendentes à efetivação da
contratação da empresa vencedora dos lotes por meio de nova adesão à ata, inclusive por parte da
Prefeitura Municipal de Natal, o que deve ser, desde já, objeto da decisão mérito da questão no sentido
de proibir tal prática.
65. Registre-se que não se revoga medida cautelar nos casos em que a decisão de mérito a
confirmar na íntegra. Se o conteúdo da cautelar se tornou definitivo por ocasião da apreciação de
mérito, é porque a tutela cautelar foi confirmada pela deliberação, não sendo concebível confirmar
a cautelar e, ao mesmo tempo, determinar sua revogação, conforme Acórdão 1.476/2016-TCU-
Plenário.
66. Diante disso, deve ser revogada a medida cautelar, haja vista que subsiste apenas a
necessidade de manutenção da parte final dessa decisão acautelatória. A referida medida deverá ser
substituída por decisão definitiva deste Tribunal, determinando à Prefeitura Municipal de Natal/RN
que suspenda imediatamente os efeitos da Ata de Registro de Preços 20.037/2016, decorrente do
Pregão Eletrônico 20.062/2016, em especial a prática de quaisquer atos tendentes à efetivação da
contratação da empresa JMT Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda., vencedora dos lotes, bem
como se abstenha de autorizar adesão à ata por outros órgãos, excetuando-se o Contrato 182/2016, o
qual poderá ser mantido caso seja demonstrada a vantajosidade dessa contratação.
Dos preços praticados
67. Em resposta ao Ofício de Diligência 1828/2016-TCU/Secex-PE (peça 24), por meio do qual
foi solicitada a composição detalhada dos preços estimados dos lotes do Pregão Eletrônico
20.062/2016, a SMS de Natal/RN encaminhou o quadro demonstrativo de preços da pesquisa
mercadológica 106/2016 (peça 31, p. 19-20).
68. Ao se analisar o documento, verifica-se que somente duas empresas teriam apresentado
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preços para os serviços, sendo que uma delas é justamente a empresa que já prestava serviços ao
município e foi contratada por meio do Pregão 20.062/2016.
69. O art. 43, IV, da Lei 8.666/1993 prescreve que:
Art. 43. A licitação será processada e julgada com observância dos seguintes procedimentos:
(...)
IV - verificação da conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e, conforme o
caso, com os preços correntes no mercado ou fixados por órgão oficial competente, ou ainda com os
constantes do sistema de registro de preços, os quais deverão ser devidamente registrados na ata de
julgamento, promovendo-se a desclassificação das propostas desconformes ou incompatíveis; [grifei]
70. A jurisprudência do TCU é pacífica no sentido de que a pesquisa de preços para elaboração
do orçamento estimativo da licitação não deve se restringir a cotações realizadas junto a potenciais
fornecedores, devendo, ainda, serem adotadas outras fontes como parâmetro, como contratações
similares realizadas por outros órgãos ou entidades públicas, mídias e sítios eletrônicos especializados
e portais oficiais de referenciamento de custos (Acórdãos 3010/2016, 3351/2015, 1678/2015, todos do
TCU-Plenário).
71. Dessa forma, eventual argumentação de que o valor do melhor lance se encontra abaixo do
orçamento estimativo e que, portanto, estaria atendido o princípio da seleção da proposta mais
vantajosa para a Administração somente mereceria guarida quando evidenciado que a pesquisa de
preços da licitação foi feita de acordo com a melhor técnica possível para cada caso, a exemplo dos
parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014 (Acórdão 28/2015-TCU-Plenário), o que não foi o
caso.
72. A falta ou realização da pesquisa de preços prévia junto a poucas empresas, com manifesta
diferença nos valores dos orçamentos apresentados, não se mostra suficiente para justificar o valor do
orçamento estimativo da contratação, pois impede a Administração contratante de aferir a
vantajosidade real da contratação e os potenciais interessados de cotarem adequadamente suas
propostas, conforme apontado no Acórdão 1002/2015-TCU-Plenário.
73. Da mesma forma, na demonstração da vantajosidade de eventual prorrogação de contrato,
devem ser utilizadas fontes diversificadas de pesquisa de preços. Devem ser priorizadas consultas ao
Portal de Compras Governamentais e a contratações similares de outros entes públicos, em detrimento
de pesquisas com fornecedores, publicadas em mídias especializadas ou em sítios eletrônicos
especializados ou de domínio amplo, cuja adoção deve ser tida como prática subsidiária, nos termos do
Acórdão 1445/2015-TCU-Plenário.
74. Com base nisso, constata-se que a pesquisa de preços efetuada antes da realização do
certame se mostrou deficitária, comprovando de forma precária que os preços contratados seriam os
mais vantajosos para a Administração.
75. Ao se comparar os preços apontados na pesquisa (peça 31, p. 19-20) com os do Contrato
182/2016, celebrado com base no Pregão 20.062/2016 (peça 30, p. 4), verifica-se que os valores
informados na pesquisa realizada pelo município de Natal/RN parecem estar bem acima dos praticados
pelo mercado, não condizendo com a realidade, conforme comparativo elaborado por esta Unidade
Técnica (peça 34).
76. Por sua vez, em comparação com preços do Contrato Emergencial 67/2016 celebrado com a
própria empresa JMT anteriormente, os preços variaram de acordo com a categoria do serviço a ser
prestado (peça 34). A título de exemplo, os preços por condutor de ambulância diurno e noturno (lote
1) foram majorados em 5,18% e 6,90%, respectivamente, o que parece ter ocorrido em razão do
aumento de 10,28% no piso salarial da categoria (de R$ 1.713,23 para R$ 1.889,35), conforme
convenção coletiva firmada pelo Sintro/RN (peça 36, p. 1). O lote 1 (R$ 374,496,00 mensais)
representa 70,37% do valor total do Contrato 182/2016 (R$ 532.114,50), celebrado com base no
Pregão 20.062/2016 (peça 30, p. 3 e 5).
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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77. Por fim, registra-se que oito empresas participaram da licitação ofertando preços para os
lotes, conforme ata da Sessão Pública do Pregão 20.062/2016, o que sinaliza a existência de
competitividade no certame.
78. De toda sorte, apesar de haver indícios de que o caráter competitivo do certame não restou
comprometido, não ficou demonstrado que as propostas apresentadas no Pregão 20.062/2016, que
serviram de base para os preços dos serviços pactuados por meio Contrato 182/2016, sejam as mais
vantajosas para Administração, uma vez que a pesquisa de preços que balizou o orçamento estimativo
do certame se mostrou deficitária.
79. A manutenção do Contrato 182/2016 depende sobremaneira da comprovação de que os
preços nele pactuados estão em conformidade com os praticados no mercado. Desse modo, a fim de
regularizar essa situação, cabe a este Tribunal determinar à Prefeitura Municipal de Natal que:
79.1. realize ampla pesquisa de preços para os serviços objeto do Contrato 182/2016, priorizado
consultas a Portais de Compras Governamentais e a contratações similares de outros entes públicos,
utilizando subsidiariamente a pesquisa com fornecedores, balizando-se nos parâmetros definidos na
IN-SLTI/MPOG 5/2014;
79.2. adote providências com vistas a iniciar novo processo de contratação para os serviços cujos
preços não se demonstrem vantajosos para a administração, considerando os preços praticados no
mercado e obtidos na pesquisa de preços supracitada; e
79.3. encaminhe a este Tribunal, no prazo de trinta dias, a análise da vantajosidade dos preços
praticados no Contrato 182/2016 acompanhado de cópia do processo da pesquisa de preços realizada.
[...]
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
87. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
87.1. conhecer da presente representação formulada pelo Sr. José Alexandre dos Reis Cardozo
(CPF 618.176.517-49), satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237, inciso
VII, do Regimento Interno deste Tribunal c/c o art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, para, no mérito,
considerá-la parcialmente procedente;
87.2. com fundamento no art. 276, § 5º, do RI/TCU, revogar a medida cautelar, adotada em
16/11/2016, pelo Ministro-Relator, considerando que subsiste apenas a necessidade de manutenção da
parte final da referida medida cautelar, a qual deverá ser substituída pela determinação definitiva
subsequente;
87.3. com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU, determinar à Prefeitura Municipal de
Natal/RN que:
87.3.1. suspenda imediatamente os efeitos da Ata de Registro de Preços 20.037/2016, decorrente
do Pregão Eletrônico 20.062/2016, em especial a prática de quaisquer atos tendentes à efetivação da
contratação da empresa JMT Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda., vencedora dos lotes
licitados, bem como que se abstenha de autorizar adesão à referida ata por outros órgãos, excetuando-
se o Contrato 182/2016, o qual poderá ser mantido caso seja demonstrada a vantajosidade dessa
contratação;
87.3.2. realize ampla pesquisa de preços para os serviços objeto do Contrato 182/2016,
priorizado consultas a Portais de Compras Governamentais e a contratações similares de outros entes
públicos, utilizando apenas subsidiariamente a pesquisa com fornecedores, balizando-se nos
parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014;
87.3.3. adote providências com vistas a iniciar novo processo de contratação para os serviços
cujos preços não se mostrem vantajosos para a administração, considerando os preços praticados no
mercado e obtidos na pesquisa de preços supracitada; e
87.3.4. encaminhe a este Tribunal, no prazo de trinta dias, a comprovação do cumprimento das
determinações supracitadas, em especial da suspensão dos efeitos da Ata de Registro de Preços
205
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
20.037/2016 e da análise sobre a vantajosidade dos preços praticados no Contrato 182/2016,
acompanhada de cópia do processo da nova pesquisa de preços realizada.
87.4. dar ciência à Prefeitura Municipal de Natal/RJ que a utilização do Sistema de Registro de
Preços (SRP) para contratação imediata de serviços continuados e específicos, com quantitativos
certos e determinados, não havendo parcelamento de entregas do objeto, conforme ocorreu no Pregão
eletrônico 20.062/2016, contraria o disposto nos arts. 3°, e seus incisos, do Decreto 7.892/2013 e do
Decreto Municipal 11.005/2016;
87.5. comunicar ao representante, bem como à empresa TRD Serviços e Administração Ltda.
(CNPJ 39.413.414/0001-88), a decisão que vier a ser adotada nestes autos; e
87.6. arquivar os presentes autos, com fundamento no art. 169, inciso V, do Regimento
Interno/TCU.
3. O Secretário-Substituto da Secex-PE manifestou-se de acordo com a instrução.
É o relatório.
VOTO
Trata-se de representação, com pedido de medida cautelar, a respeito de possíveis irregularidades
ocorridas na Prefeitura Municipal de Natal/RN – Secretaria Municipal de Saúde, relacionadas ao
Pregão Eletrônico 20.062/2016, que tinha por objeto o registro de preços para contratação de pessoa
jurídica especializada na prestação de serviços terceirizados, de natureza contínua, de apoio
operacional e administrativo, visando suprir as necessidades da Secretaria Municipal de Saúde de
Natal, referente ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192 Natal.
2. Consoante despacho inserto à peça 22 dos autos, ao considerar presentes os requisitos
necessários à concessão de medida cautelar, determinei a suspensão do certame e de todos os atos dele
decorrentes, com a consequente oitiva da Prefeitura Municipal de Natal/RN. Nesta oportunidade,
examinam-se os esclarecimentos/justificativas prestados em resposta à oitiva que lhe foi endereçada.
3. Manifesto-me, no essencial, em consonância com os fundamentos expendidos na derradeira
instrução produzida pela Secex-PE, adotando-os, desde já, como minhas razões de decidir, sem
prejuízo de aduzir as considerações que se seguem.
4. De acordo com o exame realizado pela unidade técnica, remanesceram duas irregularidades no
âmbito da referida licitação: a “utilização indevida do Sistema de Registro de Preços” e a ausência de
“composição detalhada dos preços estimados dos lotes do Pregão Eletrônico 20.062/2016”.
5. Acerca da “utilização indevida do Sistema de Registro de Preços”, são merecedoras de
registro as seguintes conclusões a que chegou a unidade técnica:
21. Sobre a questão, o Secretário Municipal de Saúde de Natal alegou resumidamente que (peça
31, p. 2-3):
21.1. a utilização do Sistema de Registro de Preços (SRP) teria diversas vantagens, tais como:
21.1.1. desnecessidade de dotação orçamentária no momento da licitação;
21.1.2. atendimento a demandas imprevisíveis;
21.1.3. eliminação do fracionamento de despesa;
21.1.4. agilidade nas aquisições; e
21.1.5. participação de pequenas e médias empresas.
21.2. no caso em debate, o motivo da escolha pelo SRP teria sido o atendimento de
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demandas futuras e imprevisíveis, considerando a perspectiva de ampliação dos serviços do
SAMU 192 Natal, o que poderá se concretizar ou não.
[...]
25. Sobre o assunto, o Tribunal já se manifestou no sentido de que é lícita a utilização do
sistema de registro de preços para contratação de serviços contínuos, desde que configurada uma
das hipóteses delineadas na norma regulamentadora e com expressa justificativa da
circunstância ensejadora (Acórdãos 3092/2014 e 1737/2012, ambos do Plenário do TCU).
26. Não é o caso do objeto do Pregão 20.062/2016. O simples fato de haver uma possibilidade
de aumento futuro da demanda pelos serviços não justifica a constituição de uma ata de registro de
preços.
27. O Termo de Referência do pregão em análise (peça 1, p. 57-99) demonstra claramente a
quantidade de mão-de-obra a ser contratada para cada serviço a ser prestado pela empresa
contratada. O art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993, inclusive, faculta ao administrador público alterar
unilateralmente o contrato celebrado para acrescer ou suprimir em até 25% os serviços contratados, o
que representa uma margem razoável.
28. Nos casos em que houvesse necessidade de um aumento superior a 25% dos serviços
previstos inicialmente no termo de referência, mostrar-se-ia mais coerente realizar uma nova licitação,
aumentando a competitividade e possibilitando a contratação de outras empresas interessadas,
observando, entre outros, os princípios da isonomia e da seleção da proposta mais vantajosa, em
conformidade com o art. 3º da Lei 8.666/1993.
29. Dessa forma, verifica-se que a Prefeitura Municipal de Natal utilizou indevidamente o
Sistema de Registro de Preços (SRP), uma vez que se trata de contratação imediata de serviços
continuados e específicos, com quantitativos certos e determinados, não havendo parcelamento
de entregas do objeto, conforme descrito no Termo de Referência, contrariando o art. 3° do Decreto
7.892/2013 e do Decreto Municipal 11.005/2016.
30. Se, por um lado, a impropriedade não se reveste de gravidade suficiente para que o TCU
tome medidas no sentido de determinar a anulação de todo o processo licitatório ou do contrato
celebrado (haja vista que o Pregão 20.062/2016 ocorreu normalmente com a participação de oito
empresas), por outro lado faz-se necessário determinar que a Prefeitura Municipal não utilize a
ata para contratações futuras nem permita a adesão de outros órgãos a ela.
31. Caso seja necessário um acréscimo dos serviços contratados, o município poderá se utilizar
da faculdade prevista no art. 65, § 1º, da Lei 8.666/1993 até o limite ali imposto. (grifos acrescidos)
6. Assiste inteira razão à unidade técnica quanto à indevida utilização do sistema de registro de
preços (SRP) para contratação dos serviços objeto do Pregão Eletrônico 20.062/2016, uma vez que se
trata de contratação imediata de serviços continuados e específicos, com quantitativos certos e
determinados, não havendo parcelamento de entregas do objeto, conforme descrito no Termo de
Referência.
7. Com relação à proposta da Secex-PE de “determinar que a Prefeitura Municipal não utilize a
ata para contratações futuras nem permita a adesão de outros órgãos a ela”, apenas acrescentaria a
jurisprudência do TCU no sentido de que a ata de registro de preços se encerra ou com o término da
sua vigência ou com a contratação da totalidade do objeto nela registrado. Nesse sentido, trago à
colação o seguinte excerto do voto condutor do Acórdão 113/2012-TCU-Plenário, da lavra do ex-
ministro José Jorge:
No que se refere à ocorrência (...) atinente à realização do pregão para registro de preço, sem
que o objeto licitado atendesse a nenhum dos pressupostos estabelecidos nos incisos do art. 2º do
Decreto nº 3.931/2001, restou evidente que a modalidade utilizada pretendeu agilizar a
contratação, ante a falta de crédito orçamentário quando da deflagração da licitação.
207
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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Manifesto-me favoravelmente ao posicionamento da unidade técnica de que não há base legal
para o procedimento levado a efeito no âmbito da UFAM [Universidade Federal do Amazonas],
considerando que na forma como foi concebido o certame só seria possível a contratação uma única
vez, para o serviço ali explicitado [‘ampliação e melhoria da rede de distribuição de energia elétrica,
aérea, trifásica, compacta, protegida em média tensão (MT), baixa tensão (BT) e iluminação pública,
na área interna do campus universitário’], situação que descaracteriza por completo a opção pelo
sistema de registro de preço.
(...) reproduzo, por oportuno, trecho de despacho (...) exarado quando da apreciação de
representação (...) denunciando possíveis irregularidades no Pregão Eletrônico nº 02/2011, realizado
no âmbito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás – IFG:
‘15. Outro ponto que se me afigura de extrema relevância para o deslinde da matéria foi a
constatação, à luz dos novos elementos colacionados aos autos, de que as contratações efetivadas
pelo IFG (Contratos nºs 13/2011 e 14/2011) abarcaram a integralidade dos objetos registrados nas
atas que lhes deram origem (Atas de Registro de Preços nos 01/2011 e 02/2011, respectivamente), o
que, em termos práticos, significa dizer que tais atas não mais existem no mundo jurídico,
encontrando-se, pois, tacitamente extintas. Não se pode olvidar que a ata se encerra ou com o
término da sua vigência ou com a contratação da totalidade do objeto nela registrado.
16. Atenta contra os princípios da razoabilidade e da finalidade o ente público (‘órgão
gerenciador’, nos termos do art. 1º, parágrafo único, III, do Decreto Federal nº 3.931/2001) valer-se
do sistema de registro de preços para celebrar contrato com objeto absolutamente idêntico ao da ata
que lhe deu origem, isto é, constituir uma ata de registro de preços para simplesmente firmar
contrato pela totalidade do valor da ata. Não se pode aceitar aqui o argumento de que, nesse caso, a
ata ainda teria utilidade para os ‘caronas’, uma vez que sua finalidade precípua – sua razão maior
de ser – é o atendimento às necessidades do ‘gerenciador’ e dos eventuais ‘participantes’ (art. 2º,
III, do Decreto Federal nº 3.931/2001)’. (grifos acrescidos)
8. No que concerne à ausência de “composição detalhada dos preços estimados dos lotes do
Pregão Eletrônico 20.062/2016”, assim se manifestou a Secex-PE:
67. Em resposta ao Ofício de Diligência 1828/2016-TCU/Secex-PE (peça 24), por meio do qual
foi solicitada a composição detalhada dos preços estimados dos lotes do Pregão Eletrônico
20.062/2016, a SMS de Natal/RN encaminhou o quadro demonstrativo de preços da pesquisa
mercadológica 106/2016 (peça 31, p. 19-20).
68. Ao se analisar o documento, verifica-se que somente duas empresas teriam apresentado
preços para os serviços, sendo que uma delas é justamente a empresa que já prestava serviços ao
município e foi contratada por meio do Pregão 20.062/2016.
[...]
70. A jurisprudência do TCU é pacífica no sentido de que a pesquisa de preços para
elaboração do orçamento estimativo da licitação não deve se restringir a cotações realizadas
junto a potenciais fornecedores, devendo, ainda, serem adotadas outras fontes como parâmetro,
como contratações similares realizadas por outros órgãos ou entidades públicas, mídias e sítios
eletrônicos especializados e portais oficiais de referenciamento de custos (Acórdãos 3010/2016,
3351/2015, 1678/2015, todos do TCU-Plenário).
71. Dessa forma, eventual argumentação de que o valor do melhor lance se encontra abaixo
do orçamento estimativo e que, portanto, estaria atendido o princípio da seleção da proposta
mais vantajosa para a Administração somente mereceria guarida quando evidenciado que a
pesquisa de preços da licitação foi feita de acordo com a melhor técnica possível para cada caso,
a exemplo dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014 (Acórdão 28/2015-TCU-
Plenário), o que não foi o caso.
72. A falta ou realização da pesquisa de preços prévia junto a poucas empresas, com
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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manifesta diferença nos valores dos orçamentos apresentados, não se mostra suficiente para
justificar o valor do orçamento estimativo da contratação, pois impede a Administração
contratante de aferir a vantajosidade real da contratação e os potenciais interessados de cotarem
adequadamente suas propostas, conforme apontado no Acórdão 1002/2015-TCU-Plenário.
73. Da mesma forma, na demonstração da vantajosidade de eventual prorrogação de
contrato, devem ser utilizadas fontes diversificadas de pesquisa de preços. Devem ser priorizadas
consultas ao Portal de Compras Governamentais e a contratações similares de outros entes
públicos, em detrimento de pesquisas com fornecedores, publicadas em mídias especializadas ou
em sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo, cuja adoção deve ser tida como prática
subsidiária, nos termos do Acórdão 1445/2015-TCU-Plenário.
74. Com base nisso, constata-se que a pesquisa de preços efetuada antes da realização do
certame se mostrou deficitária, comprovando de forma precária que os preços contratados
seriam os mais vantajosos para a Administração.
75. Ao se comparar os preços apontados na pesquisa (peça 31, p. 19-20) com os do
Contrato 182/2016, celebrado com base no Pregão 20.062/2016 (peça 30, p. 4), verifica-se que os
valores informados na pesquisa realizada pelo município de Natal/RN parecem estar bem acima
dos praticados pelo mercado, não condizendo com a realidade, conforme comparativo elaborado por
esta Unidade Técnica (peça 34).
76. Por sua vez, em comparação com preços do Contrato Emergencial 67/2016 celebrado com a
própria empresa JMT anteriormente, os preços variaram de acordo com a categoria do serviço a ser
prestado (peça 34). A título de exemplo, os preços por condutor de ambulância diurno e noturno (lote
1) foram majorados em 5,18% e 6,90%, respectivamente, o que parece ter ocorrido em razão do
aumento de 10,28% no piso salarial da categoria (de R$ 1.713,23 para R$ 1.889,35), conforme
convenção coletiva firmada pelo Sintro/RN (peça 36, p. 1). O lote 1 (R$ 374,496,00 mensais)
representa 70,37% do valor total do Contrato 182/2016 (R$ 532.114,50), celebrado com base no
Pregão 20.062/2016 (peça 30, p. 3 e 5).
77. Por fim, registra-se que oito empresas participaram da licitação ofertando preços para
os lotes, conforme ata da Sessão Pública do Pregão 20.062/2016, o que sinaliza a existência de
competitividade no certame.
78. De toda sorte, apesar de haver indícios de que o caráter competitivo do certame não
restou comprometido, não ficou demonstrado que as propostas apresentadas no Pregão
20.062/2016, que serviram de base para os preços dos serviços pactuados por meio Contrato
182/2016, sejam as mais vantajosas para Administração, uma vez que a pesquisa de preços que
balizou o orçamento estimativo do certame se mostrou deficitária.
79. A manutenção do Contrato 182/2016 depende sobremaneira da comprovação de que os
preços nele pactuados estão em conformidade com os praticados no mercado. Desse modo, a fim
de regularizar essa situação, cabe a este Tribunal determinar à Prefeitura Municipal de Natal
que:
79.1. realize ampla pesquisa de preços para os serviços objeto do Contrato 182/2016,
priorizando consultas a Portais de Compras Governamentais e a contratações similares de outros entes
públicos, utilizando subsidiariamente a pesquisa com fornecedores, balizando-se nos parâmetros
definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014;
79.2. adote providências com vistas a iniciar novo processo de contratação para os serviços
cujos preços não se demonstrem vantajosos para a administração, considerando os preços
praticados no mercado e obtidos na pesquisa de preços supracitada; e
79.3. encaminhe a este Tribunal, no prazo de trinta dias, a análise da vantajosidade dos
preços praticados no Contrato 182/2016 acompanhado de cópia do processo da pesquisa de preços
realizada. (grifos acrescidos)
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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9. Em síntese, no entender da Secex-PE, apesar de haver indícios de que o caráter competitivo do
Pregão 20.062/2016 não restou comprometido (oito empresas participaram da licitação ofertando
preços para os lotes), não teria ficado demonstrado que as cotações apresentadas no certame, que
serviram de base para os preços dos serviços pactuados com a empresa JMT Serviços de Locação de
Mão de Obra Ltda., por meio Contrato 182/2016, eram, de fato, as mais vantajosas para a
administração. Para a unidade técnica, a pesquisa de preços que balizou o orçamento estimativo do
certame “se mostrou deficitária”, isso porque “somente duas empresas teriam apresentado preços para
os serviços”.
10. Por conseguinte, sustenta a Secex-PE que a manutenção do Contrato 182/2016 “depende
sobremaneira da comprovação de que os preços nele pactuados estão em conformidade com os
praticados no mercado”.
11. Concordo com a unidade técnica que, não obstante haver indícios de que o caráter
competitivo do Pregão 20.062/2016 não restou comprometido, de fato não ficou suficientemente
demonstrado que as cotações apresentadas no certame, as quais serviram de base para a elaboração do
orçamento estimativo da licitação, retratavam fielmente os preços praticados no mercado à época, tudo
isso porque a pesquisa de preços que balizou o orçamento da administração não teria sido realizada
adequadamente, à luz das normas vigentes.
12. Por outro lado, também não foi possível assegurar a existência de sobrepreço. E uma nova
pesquisa de preços feita nos dias de hoje – como propõe a unidade técnica – poderia sim chegar à
conclusão de que os preços atuais se encontram abaixo daqueles obtidos quando da realização da
indigitada ‘pesquisa mercadológica 106/2016’ (peça 31, p. 19-20), mas esse fato, por si só, não
permitiria concluir, com a certeza necessária, que os preços obtidos no Pregão 20.062/2016 – e
efetivamente contratados junto à empresa JMT Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda. – estariam
eivados de vício. Tal resultado poderia ter sido consequência, por exemplo, de uma oscilação natural
de mercado. Nesse contexto, considero mais prudente, justamente por se tratar de serviço de natureza
contínua, tão somente condicionar a prorrogação do Contrato 182/2016 à efetiva demonstração da
vantajosidade dos preços pactuados, em comparação com os de mercado à época da renovação,
balizando-se nos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014.
13. Por derradeiro, impende destacar que a Prefeitura Municipal de Natal tomou ciência da
determinação para suspensão cautelar do Pregão 20.062/2016 no dia 9/12/2016, após o certame já ter
sido homologado pela autoridade competente, com o objeto adjudicado à licitante vencedora
(3/11/2016). Constata-se, ainda, que a constituição da ARP (4/11/2016) e a celebração do Contrato
182/2016 (18/11/2016), decorrente do pregão em análise, também ocorreram antes da ciência da
unidade jurisdicionada acerca da medida cautelar adotada. Nesse sentido, na esteira do que sustenta a
Secex-PE, não identifico descumprimento formal da medida cautelar por parte da Prefeitura Municipal
de Natal/RN.
Ante o exposto, VOTO para que seja adotada a deliberação que ora submeto à apreciação deste
Plenário.
ACÓRDÃO Nº 1604/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 027.311/2016-3.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII - Representação.
3. Interessado: José Alexandre dos Reis Cardozo (618.176.517-49).
4. Órgão: Prefeitura Municipal de Natal/RN.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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5. Relator: Ministro Vital do Rêgo.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Pernambuco (SECEX-PE).
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, com pedido de medida cautelar, a
respeito de possíveis irregularidades ocorridas na Prefeitura Municipal de Natal/RN – Secretaria
Municipal de Saúde, relacionadas ao Pregão Eletrônico 20.062/2016, que tinha por objeto o registro de
preços para contratação de pessoa jurídica especializada na prestação de serviços terceirizados, de
natureza contínua, de apoio operacional e administrativo, visando suprir as necessidades da Secretaria
Municipal de Saúde de Natal, referente ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192
Natal;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão plenária, ante as
razões expostas pelo relator, em:
9.1. considerar a presente representação parcialmente procedente, sem prejuízo de revogar a
medida cautelar adotada em 16/11/2016;
9.2. determinar à Prefeitura Municipal de Natal/RN que:
9.2.1. se abstenha de praticar quaisquer atos tendentes a novas contratações da empresa JMT
Serviços de Locação de Mão de Obra Ltda., vencedora dos lotes licitados, bem como de autorizar
adesões à ata de registro de preços por outros entes públicos, preservada tão somente a execução do
Contrato 182/2016;
9.2.2. condicione a prorrogação do Contrato 182/2016 à demonstração da vantajosidade dos
preços dos serviços pactuados, em comparação com os de mercado à época da renovação, realizando,
para tanto, ampla pesquisa de preços, priorizando consultas a Portais de Compras Governamentais e a
contratações similares de outros entes públicos, utilizando apenas subsidiariamente a pesquisa com
fornecedores, tudo à luz dos parâmetros definidos na IN-SLTI/MPOG 5/2014;
9.3. determinar à Secex-PE que monitore o cumprimento das determinações consignadas no item
9.2 acima, representando a este Tribunal em caso de descumprimento;
9.4. dar ciência à Prefeitura Municipal de Natal/RJ de que, na licitação referente ao Pregão
Eletrônico 20.062/2016, foi detectada a utilização do sistema de registro de preços para contratação
imediata de serviços continuados e específicos, com quantitativos certos e determinados, não havendo
parcelamento de entregas do objeto, em descumprimento ao disposto no art. 3° do Decreto Federal
7.892/2013;
9.5. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, ao
representante e às empresas TRD Serviços e Administração Ltda. e JMT Serviços de Locação de Mão
de Obra Ltda.;
9.6. autorizar o arquivamento deste processo após as devidas comunicações.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1604-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo (Relator).
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
e André Luís de Carvalho.
211
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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GRUPO II - CLASSE I - PLENÁRIO
TC-001.965/2015-8
Natureza: Embargos de Declaração
Órgão/Entidade/Unidade: Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul
Recorrentes: Altemir Antônio Tortelli (CPF 402.036.700-00) e Federação dos Trabalhadores na
Agricultura Familiar da Região Sul (CNPJ 05.684.806/0001-60)
Representação legal: Geferson Luís Chetsco (OAB/PR 45.333), Claudismar Zupiroli (OAB/DF
12.250) e outros
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. JULGAMENTO PELA IRREGULARIDADE DAS CONTAS,
COM IMPUTAÇÃO DE DÉBITO E APLICAÇÃO DE MULTA. INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS. ALEGAÇÃO DE
OCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO E OMISSÕES. CONHECIMENTO. INEXISTÊNCIA DOS VÍCIOS ALEGADOS.
REJEIÇÃO.
RELATÓRIO
Trata-se de embargos de declaração opostos ao Acórdão 3003/2016-TCU-Plenário, que julgou
irregulares as contas objeto da tomada de contas especial instaurada em desfavor da Federação dos
Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul) e de Altemir Antonio Tortelli,
ex-coordenador-geral da entidade, em razão da impugnação total das despesas realizadas com os
recursos do Convênio MDA 87/2006 (Siafi 568296), tendo por objeto a capacitação de jovens
agricultores familiares.
2. Nos presentes embargos, inicialmente à alegada, à guisa de omissão, a ocorrência da
prescrição da pretensão punitiva, apontando-se entendimentos do Superior Tribunal de Justiça e do
Tribunal Regional Federal da 1ª Região acerca da aplicação da prescrição quinquenal na aplicação de
penas em processos de tomada de contas especial.
3. É alegada, ainda, a ocorrência de outras omissões na decisão embargada, nos seguintes
termos:
“III — Outras omissões do julgado embargado.
Com efeito, a partir de conclusões irrealistas da investigação da Polícia Federal e tendo em vista
a mudança incompreensível do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que em sede de 03 Notas
Técnicas emitidas havia atestado a execução de 67% do convênio e dado quitação a esse respeito e
repentinamente, a partir da investigação destacada, passa a desaprovar a totalidade do ajuste, o
Tribunal de Contas entende que o objeto do Convênio não foi executado, o que justifica a rejeição das
contas e as penalidades aplicadas.
Veja-se, contudo, que o Acórdão recorrido é parcialmente omisso, na medida em que não
analisou todas as teses defensivas dos Embargantes.
Com efeito, constam das razões de justificativa, informações a respeito da análise efetuada pelo
Departamento de Estudos Sócios-Econômicos Rurais — DESER acerca da execução do Convênio e da
importância do trabalho desenvolvido, sem que o Acórdão embargado tenha feito qualquer
consideração a respeito.
212
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Nessa mesma quadra, há importante referência, nas razões de justificativa, acerca do trabalho
desenvolvido na pesquisa de Mestrado da pesquisadora Ionara Cristina Albani, do IFECT/RS, onde
são demonstrados os benefícios o trabalho realizado nos autos do mencionado convênio e,
consequentemente, atestado, ainda que parcialmente, sua execução física e orçamentária em sintonia
com o objetivo inicial.
Desse modo, se o Acórdão embargado não enfrentou todas as teses defensivas, verifica-se
claramente que há omissão no julgado, a comprometer, na perspectiva constitucional, o contraditório e
a ampla defesa.
Requer-se, portanto, a complementação do julgado, de modo que todos os pontos articulados
pelos Embargantes nas razões de justificativa sejam levados em consideração.
IV — Inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança. Violação ao
princípio da ampla defesa.
A pena de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança do
segundo Embargante foi imposta, à margem da opinião técnica da Auditoria, sem o beneplácito do MP
e, principalmente, sem que o Embargante tenha tido oportunidade de exercer o contraditório e a ampla
defesa em face desse ponto específico da condenação.
Conquanto seja a punição uma possibilidade legal e com perspectiva eventual de aplicação,
inscrita no artigo 60 da Lei de regência, em nenhum momento a defesa apresentada pelo segundo
Embargante se voltou para enfrentar uma consequência punitiva dessa natureza, de modo que, diante
dessa realidade, essa pena aplicada viola seus direitos e garantias constitucionais a um devido processo
legal.
O que se afirma é que nesse ponto, deveria o Tribunal, antes da exação do Acórdão embargado,
suspender o feito e oportunizar ao Embargante, o direito de se defender da pena então indicada pelo
relator, cuja perspectiva de aplicação somente veio ao mundo jurídico, com a prolação do voto do
relator, não permitindo que sequer em Memoriais, a partir da instrução liberada, o Embargante pudesse
contraditar, em sede de ampla defesa, a pena aplicada e ora Embargada.
Trata-se de omissão violadora de direitos e garantias fundamentais, que deve ser corrigida. É o
que se espera aconteça.
V — Multa imposta. 1/3 do valor, em tese, devido. Violação ao princípio da razoabilidade.
Ausência de Fundamentação. Omissão.
Afirma-se, por outro lado, que os valores das multas aplicadas aos Embargantes - que se espera
sejam desconstituídas com o presente recurso - não se pautou por um juízo de ponderação e
razoabilidade.
Com efeito, além do suposto prejuízo não está devidamente mensurado, em nenhum momento
dos autos se tem qualquer alegação de que o gestor recebeu benefícios pessoais ou agiu de modo
doloso em relação ao interesse público, de modo que a aplicação da multa em montante tão elevado se
mostra flagrantemente incompatível com a realidade do processo.
Na verdade, em situações da espécie, quando se tem meras irregularidades formais — o que se
admite apenas para argumentar — o Tribunal tem reiteradamente, quando rejeita as justificativas
iniciais ou recursais, aplicado multas em patamares mínimos, o que também, ressalte-se, não é e nem
será a realidade deste feito.
Assim, as multas aplicadas violam os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, hoje de
larga aplicação na administração pública e nas decisões administrativas. Com efeito, o princípio da
proporcionalidade quer significar que o Estado, representado na atuação de seus agentes públicos, não
deve agir com demasia, tampouco de modo insuficiente na consecução dos seus objetivos.
213
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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A violação à proporcionalidade ocorre quando a Administração Pública, tendo dois valores
legítimos a sopesar, prioriza um em detrimento ou sacrifício exagerado do outro. O erro está em
realizar o sacrifício excessivo de um direito na aplicação de outro.
A razão de ser deste princípio é justamente criar mecanismos para que estes direitos, igualmente
fundamentais, possam coexistir, sem que um seja eliminado para que o outro possa ser implementado,
ou seja, o Administrador Público está obrigado a sacrificar o mínimo para preservar o máximo dos
direitos, compatibilizando-os, sempre.
Neste sentido, o princípio da proporcionalidade exige ponderação e racionalidade prudente do
administrador na interpretação e aplicação da legislação, razão pela qual, no caso em análise, não se
pode admitir a possibilidade de apenação exagerada, como ocorre nos autos.
A razoabilidade não possui nada de extravagante, não é um empecilho para o desempenho da
função estatal nem dificulta o alcance do interesse coletivo pelos agentes públicos, mas tão somente
um princípio básico e elementar que exige coerência, moderação e bom senso por parte dos executores
da vontade do Estado.
A utilização de critérios aceitáveis e a adoção de medidas adequadas em função das
circunstâncias é o mínimo que se espera dos órgãos administrativos, legislativos e jurisdicionais. Em
outras palavras, a coerência de atitudes e a proporcionalidade entre meios e fins constituem os
componentes por excelência do princípio da razoabilidade, que funciona como limite ao exercício da
discricionariedade do administrador, do legislador e do juiz.
Portanto, o princípio que proíbe o excesso deve pautar todos os atos do poder público em suas
diversas manifestações, não sendo privativo de determinado órgão constitucional nem exclusivo do
Direito Administrativo.
A Administração, no uso da discricionariedade, deverá sempre obedecer a critérios aceitáveis na
prática de seus atos. A respeito dessa liberalidade do administrador público, assim expressa o prof.
Celso Antônio:
‘...Não significa, como é evidente, que lhe seja outorgado o poder de agir ao saber exclusivo de
seu líbito, de seus humores, paixões pessoais, excentricidade ou critérios personalíssimos e muito
menos significa que liberou a Administração para manipular a regra de direito de maneira a sacar dela
efeitos não pretendidos nem assumidos pela lei aplicada’. (Celso Antônio, 1998, p.66)
Por outro lado, segundo o Professor José dos Santos Carvalho Filho:
[...] o Poder Público, quando intervém das atividades sob seu controle, deve atuar porque a
situação reclama realmente a intervenção, e esta deve processar-se com equilíbrio, sem excessos e
proporcionalmente ao fim a ser atingido. [...] (CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
direito administrativo. 17 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007, p. 33.)
Ou seja, se um ato for praticado sem a devida prudência e sensatez necessárias ao administrador,
aquele será perfeitamente invalidável, visto ser eivado de nulidade. Assim as penas de multas devem
ser totalmente afastadas ou, no limite revisadas.
O que se afirma é que inexiste no Acórdão Embargado qualquer fundamentação que valide a
aplicação das penas de multa nos valores ora inquinados.
Tem-se, dessa forma, que o Acórdão recorrido não observa a necessidade de fundamentação das
penas aplicadas. Com efeito, estatui o inciso X, do art. 93 da Constituição Federal:
‘art. 93....
X — as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;’
No mesmo sentido, o art. 50, da Lei 9.7841199 assevera:
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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‘art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
Ora, não é nula a decisão com fundamentação sucinta, mas o é a que carece, como na espécie, de
devida motivação, essencial ao processo democrático.
Nesse norte é o magistério de Barbosa Moreira:
‘A motivação das decisões judiciais, como expressão da justificação foral dos atos emanados do
Poder a que compete, por excelência a tutela da ordem jurídica e dos direitos subjetivos, constitui
garantia inerente ao Estado de Direito’ (in Temas de Direito Processual, Saraiva, São Paulo, 1980, p.
95).
Como se observa, a fundamentação é garantia política que corresponde à vocação democrática
do poder de julgar. Não pode ser olvidada, mesmo nas decisões interlocutórias, pena de nulidade.
Fundamentar é justificar, dizer dos motivos que formaram o convencimento. A motivação, ou seja, a
explicitação das razões de decidir constitui garantia das partes, sendo indispensável ao controle dos
órgãos recursais. Não há no Acórdão embargado qualquer justificativa que valide a aplicação da pena
de multa, nos patamares apresentados.
Aliás, no julgamento do Mandado de Segurança n 2 23.452/RJ — DJ 12.05.2000, p. 20, o
Ministro Celso de Mello, fazendo alusão às decisões administrativas adotadas em CPI, asseverou de
forma expressa que: ‘as deliberações de qualquer CPI, à semelhança do que também ocorre com as
decisões judiciais (RTJ 140/514), quando destituídas de motivação, mostram-se írritas e despojadas de
eficácia jurídica, pois nenhuma medida restritiva de direitos pode ser adotada pelo Poder Público, sem
que o ato que a decreta seja adequadamente fundamentado pela autoridade estatal’.
Para ilustrar o que se afirma, podemos citar o jurista Celso Antônio
Bandeira de Mello, em sua obra Curso de Direito Administrativo:
‘A motivação integra a ‘formalização’ do ato, sendo um requisito formalístico dele. É a
expressão dos motivos, a fundamentação na qual são enunciados (a) a regra de Direito habilitante, (b)
os fatos em que o agente se estribou para decidir, e, muitas vezes, obrigatoriamente, (c) a enunciação
da relação de pertinência lógica entre os fatos ocorridos e o ato praticado. Não basta, pois, em uma
imensa variedade de hipóteses, apenas aludir ao dispositivo legal que o agente tomou como base para
editar o ato. Na motivação aparece aquilo que o agente apresenta como ‘causa’ do ato administrativo’.
E complementa o notório jurista:
Parece-nos que a exigência de motivação dos atos administrativos, contemporânea à prática do
ato, ou pelo menos anterior a ela, há de ser tida como rega geral, pois os agentes administrativos não
são ‘donos’ da coisa pública, mas simples gestores de interesses de toda a coletividade, esta sim,
senhora de tais interesses. Logo, parece óbvio que, praticado em um Estado onde tal preceito é
assumido e que, ademais, qualifica-se como ‘Estado Democrático de Direito’, proclamando, ainda, ter
como um de seus fundamentos a ‘cidadania’, os cidadãos e em particular o interessado no ato têm o
direito de saber por que foi praticado, isto é, que fundamentos o justificam’.
A motivação, como forma de controle da atividade administrativa, é de extrema importância. A
motivação atende às duas faces do ‘due process of law’: a formal — porque está expressa no texto
constitucional básico; e a substancial — sem a motivação não há possibilidade de aferição da
legalidade ou ilegalidade declarada, da justiça ou da injustiça de uma decisão administrativa.
Assim, outra não pode ser a conclusão, senão a de que o Acórdão recorrido, também nesse
ponto, deve ser modificado. É o que se requer, seja reconhecido.”
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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4. Ao final, após tecer considerações sobre a possibilidade de se atribuir efeitos infringentes aos
embargos, os recorrentes apresentam os seguintes pedidos:
“PELO EXPOSTO, requerem-se:
1. O recebimento e acolhimento dos presentes embargos com efeitos infringentes;
O reconhecimento da prescrição e os consectários daí decorrentes;
2. O suprimento das omissões apontadas;
3. A reabertura de prazo para que o segundo embargante possa apresentar defesa em face da
perspectiva de pena de inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança; e
4. Na eventualidade de manutenção das penas aplicadas, seja reduzida a multa aplicada, na
perspectiva do princípio da razoabilidade e, decotadas do valor da condenação, a parte das contas
consideradas inicialmente aprovadas pelo MDA.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se de embargos de declaração opostos ao Acórdão 3003/2016-TCU-Plenário, que julgou
irregular as contas, objeto da tomada de contas especial instaurada em desfavor da Federação dos
Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul) e de Altemir Antonio Tortelli, ex-
Coordenador-geral da entidade, em razão da impugnação total das despesas realizadas com os recursos
do Convênio MDA 87/2006 (Siafi 568296), objetivando a capacitação de jovens agricultores
familiares.
2. Os presentes embargos devem ser conhecidos por este Tribunal, uma vez que foram
preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos no art. 34 da Lei 8.443/1992.
3. Quanto ao mérito, inicialmente deve ser rechaçada a alegação de que teria ocorrido a omissão
do Tribunal ao não reconhecer a prescrição quinquenal da pretensão punitiva. Ora, essa questão foi
abordada tanto na instrução da Secex/SC, transcrita no Relatório parte da deliberação recorrida, quanto
no Voto condutor do Acórdão, do qual reproduzo o seguinte excerto:
“10. Quanto às alegações preliminares apresentadas pelos responsáveis em resposta às citações,
entendo que foram devidamente rechaçadas pela Secex/SC. Com efeito, em relação à alegada
ilegitimidade passiva do Sr. Altemir Antônio Tortelli, tendo sido o gestor dos recursos públicos,
cabe-lhe a responsabilidade de comprovar a regular aplicação desses recursos. Também quanto à
prescrição do direito de ação do TCU, não há como acolher a argumentação. A ação de ressarcimento
é imprescritível, conforme a Súmula/TCU 282. Por sua vez, a pretensão punitiva, nos termos do
entendimento fixado por meio do Acórdão 1441/2016-TCU- Plenário, subordina-se ao prazo geral de
prescrição indicado no art. 205 do Código Civil. No caso em exame, considerando que os recursos
foram repassados à Fetraf-Sul em setembro e dezembro de 2006 e a citação dos responsáveis ocorreu
em agosto de 2015, também não há que se falar em prescrição da pretensão sancionatória deste
Tribunal. Improcedente, ainda, o alegado acerca do princípio do devido processo legal ou da
impossibilidade de exercer o contraditório, eis que toda a documentação do convênio foi franqueada
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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aos responsáveis. Portanto, não há reparos a fazer à análise empreendida pela unidade técnica acerca
das preliminares arguidas.” (destaquei)
4. Inexiste, portanto, a alegada omissão. O eventual entendimento divergente de outros tribunais,
nos termos alegados neste recurso, não vincula esta Corte de Contas, ante o princípio da independência
das instâncias judiciais e administrativas.
5. Alega-se também a ocorrência de omissão ante a ausência de considerações, na decisão
embargada, acerca das “informações a respeito da análise efetuada pelo Departamento de Estudos
Sócios-Econômicos Rurais – DESER acerca da execução do Convênio e da importância do trabalho
desenvolvido” e “acerca do trabalho desenvolvido na pesquisa de Mestrado da pesquisadora Ionara
Cristina Albani, do IFECT/RS, onde são demonstrados os benefícios o trabalho realizado nos autos do
mencionado convênio e, consequentemente, atestado, ainda que parcialmente, sua execução física e
orçamentária em sintonia com o objetivo inicial”.
6. Improcedente também a alegada omissão. Ressalto que todos os argumentos aventados pelos
responsáveis capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada foram analisados nas peças que
fundamentam o Acórdão 3003/2016-TCU-Plenário, consoante prescrito no art. 489, § 1º, inciso IV, do
Código de Processo Civil. Além disso, cabe destacar que a jurisprudência dos tribunais registra
entendimento ainda mais rígido em relação à matéria, conforme destaco dos seguintes julgados do
STJ:
“EDcl no REsp 1070252/SP - 2008/0144905-4 – Rel. Min. Luiz Fux - DJe 18/09/2009:
‘PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PRETENSÃO DE REEXAME DE
MATÉRIA DE MÉRITO (RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.
ART. 543-C, DO CPC. ADMINISTRATIVO. PLANO COLLOR. CRUZADOS NOVOS RETIDOS.
MEDIDA PROVISÓRIA Nº 168/90 E LEI Nº 8.024/90. LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM
DO BACEN. CORREÇÃO MONETÁRIA. BTNF. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, CPC. NÃO
CONFIGURADA). INOBSERVÂNCIA DAS EXIGÊNCIAS DO ART. 535, E INCISOS, DO CPC.
1. O inconformismo, que tem como real escopo a pretensão de reformar o decisum, não há como
prosperar, porquanto inocorrentes as hipóteses de omissão, contradição, obscuridade ou erro material,
sendo inviável a revisão em sede de embargos de declaração, em face dos estreitos limites do art. 535
do CPC. Precedentes da Corte Especial: AgRg nos EDcl nos EREsp 693.711/RS, DJ 06.03.2008; EDcl
no AgRg no MS 12.792/DF, DJ 10.03.2008 e EDcl no AgRg nos EREsp 807.970/DF, DJ 25.02.2008.
2. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos
pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão.’
(grifei)
‘PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ.
1. O aresto recorrido não está eivado de omissão e tampouco padece de fundamentação, pois
resolveu a matéria de direito valendo-se dos elementos que julgou aplicáveis e suficientes para a
solução da lide.
2. O Tribunal a quo manifestou-se de maneira clara e fundamentada sobre as questões postas a
julgamento, apenas entendendo em sentido contrário ao posicionamento defendido pela ora recorrente.
3. Não é demais lembrar que o julgador não precisa responder a todas as alegações das
partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a
ater-se aos fundamentos por elas indicados (REsp 938.417/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,
DJU de 10.09.07).” (grifei)
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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7. Diante do robusto conjunto de provas coletadas pela Polícia Federal, considerado mais que
suficiente para fundamentar a decisão embargada, as manifestações de terceiros não são suficientes
para comprovar o cumprimento do objeto do convênio tratado nesta tomada de contas especial,
mormente quando esses terceiros não guardam independência em relação à entidade ou aos fatos
analisados. Pelo contrário, o DESER é mencionado no relatório da DPF, quando trata da existência de
lista de presença assinadas por dirigentes, funcionários e outras pessoas ligadas à Fetraf-Sul, conforme
apontado no subitem 8.10 do Voto condutor do acórdão embargado:
“Na Planilha do Anexo VI deste relatório de análise, estão relacionados alguns nomes de
dirigentes e funcionários da FETRAF-SUL, sindicatos de trabalhadores rurais filiados, COOPERHAF,
DESER e assessores técnicos.
Ao lado do nome da maioria das pessoas relacionadas, na coluna FUNÇÃO, como a
nomenclatura sugere, há a indicação da função que a pessoa exerce ou exercia na FETRAF-SUL ou
nas entidades afins, conforme informações existentes nos documentos de fls. 87/88 do Apenso VI, das
fls. 386/3447 e fls. 527/531 dos autos principais do inquérito policial, dos livros de registros de
empregados apreendidos na sede da FETRAF-SUL e de outros documentos existentes nas caixas
apreendidas.
Não é preciso muito esforço para perceber que dirigentes, funcionários e outras pessoas ligadas
às entidades mencionadas são responsáveis por quantidade considerável de assinaturas existentes nas
listas de presença. Para ser mais exato, as 59 pessoas relacionadas foram responsáveis pela geração de
202 assinaturas nas listas de presenças vinculadas ao convênio ora analisado.
(...)”
8. Quanto à pesquisadora Ionara Cristina Albani, o seu nome aparece no mesmo relatório da DPF
quando trata das seguintes irregularidades:
a) ocultação do descumprimento de metas com a repetição de capacitandos em cursos com
mesmo conteúdo (item 8.9 do Voto):
“O Art. 2°, III, da IN/STN/MF n° 01/97, prevê que o plano de trabalho deve conter, entre outros
requisitos, a descrição quantitativa e qualitativa das metas a serem alcançadas.
No presente caso, o plano de trabalho do Convênio n° 87/2006 estipulou a quantidade de
atividades que seriam realizadas e de jovens agricultores que seriam capacitados, como pode ser visto
na fl. 20 do Apenso III, Vol. III.
Ocorre que a FETRAF-SUL não cumpriu a meta prevista para alguns cursos, mas, ao invés de
justificar os motivos desse não cumprimento, forjou o alcance da meta, recheando as listas de presença
com assinaturas de pessoas que já haviam assinado listas do mesmo curso.
Por exemplo, de acordo com o plano de trabalho, deveriam ser realizados 6 cursos de formação
para educadores, objetivando capacitar 132 jovens agricultores, ou seja, cada um dos cursos seria
ministrado para 22 pessoas (22 x 6 = 132). Dessa forma, o jovem que participou de uma atividade não
poderia participar das outras cinco.
As listas de presença desse curso de formação para educadores são as de n° 2060 a 2064 da
CX/FETRAF-SUL n° 82, sendo que, a maioria delas tem assinaturas de 22 pessoas, com exceção da
Lista n° 2062, que foi assinada por 42 capacitandos.
Analisando as listas apenas sob esse aspecto quantitativo, infere-se, apressadamente, que a meta
de capacitar 22 pessoas por curso teria sido alcançada. Entretanto, ao verificar quem assinou as listas,
chega-se a outra conclusão.
A Lista n° 2060, que se refere ao primeiro dos 06 cursos previstos, supostamente ocorrido entre
os dias 06 e 08/11/2006, em Chapecó/SC, foi assinada pelas seguintes 22 pessoas: IONARA
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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CRISTINA ALBANI, JOSEANI PERIN, DAINARA ZANARDI, VANESSA M. DAL PIVA,
CLEDIANA ALGERI, VANDERLEIA CARLA P. JOAQUIM, EVANDRA ROSSI, VIVIANA
DEBIASI BROCH, EDER FAVETTO, DAVI FERREIRA, LIANE VITALI KOTHE, FRANCISCO
M. GEREMIA, JUSSARA DE JESUS, CLEUSA R. TOMAZELLI, MARCELINO PIES,
ADALBERTO FREIRE, JOSIANE CANTERLE, JOSÉ TADEU LEAL PEIXOTO, SILVETE K.
SABATKE, JOCÉLIA SPAGNOL, ANTÔNIO S. CUBA e LIDIANE GIELINSKI. IVO
DIECKMANN assinou como responsável técnico.
Já a Lista n° 2061, referente ao segundo curso, supostamente realizado de 11 a 13/12/2006, em
Chapecó/SC, foi assinada por JOSEANI PERIN, JEFFERSON V. NEISTER, IONARA C. ALBANI,
EVANDRA ROSSI, FRANCISCO MARCOS GEREMIA, CLEDIANA ALGERI, VIVIANA D.
BROCH, SANDRA KONIG, LIDIANE GIELISKI, RENATA AP. HALABERA, EDER FAVETTO,
LIANE VITALI KOTHE, JUSSARA DE JESUS, JOSIANE AP. CANTERLE, DALIANE LAIS
WERLE, CLEUSA TOMAZELLI, OTÁVIA MATTIOLA, DAVI FERREIRA, VANESSA
MOREIRA DAL PIVA, NIVO EDE MALLMANN, IVO DIECKMANN e MARCIO LUIZ CASSEL.
Não consta assinatura do responsável técnico.
Os nomes sublinhados são os que se repetem nas duas listas e somam, no total 15 assinaturas.
Isso significa que os cursos das Listas 2060 e 2061, que deveriam capacitar 44 jovens agricultores,
teriam capacitado apenas 29, não obstante cada uma das listas conter 22 assinaturas.
Note-se, por exemplo, que IVO DIECKMANN, que foi o responsável técnico no primeiro curso,
isto é, o capacitante, assinou a lista de presença do curso seguinte como aluno, demonstrando que não
havia qualquer preocupação com a razoabilidade para rechear as listas de presença com a quantidade
de assinaturas necessária para aparentar ao órgão concedente o cumprimento da meta.
Basta uma rápida passada de olhos nas Listas n° 2062, 2063 e 2064 para verificar a existência de
muitos dos nomes acima transcritos, demonstrando que a maquiagem persistiu nas listas seguintes.
Registre-se ainda que boa parte dos nomes citados são de pessoas ligadas á FETRAF-SUL,
incluindo dirigentes e funcionários, o que facilitava sobremaneira a montagem das listas.” (destaquei)
b) listas de presença de atividades distintas, com a mesma data, assinadas pelos mesmos
participantes (item 8.11 do Voto):
‘Através do cruzamento das listas de presença vinculadas ao convênio em análise, entre si e com
as demais listas de presença de outros convênios firmados pela FETRAF-SUL e também pela
COOPERHAF, foi possível confirmar a veracidade da irregularidade noticiada na fl. 107 do caderno
principal, no sentido de que pessoas assinavam listas de presença de atividades realizadas no mesmo
dia, em locais diferentes, o que corrobora os indícios de montagem das listas.
As constatações dessa natureza passam a ser relacionadas abaixo.
(...)
b) No subitem 4.17.2, a, do Relatório de Análise do Contrato de Repasse n° 184.088-12/2005,
foi demonstrado que CLEONICE F. BACK e IONARA CRISTINA ALBANI assinaram as Listas n°
330 e 2062 (CX's/FETRAF-SUL n° 49 e 82, respectivamente). A Lista n° 330, vinculada ao Contrato
de Repasse n° 184.088-12/2005, refere-se a seminário temático supostamente realizado de 21 a
22/12/2006, em Chapecó/SC. Já a Lista n° 2062, vinculada ao Convênio n° 87/2006, compreende
curso de formação que teria acontecido de 19 a 21/12/2006, em Marcelino Ramos/RS.
(...)
Como todas as incompatibilidades apontadas acima ocorreram entre listas de presença de
convênios distintos, a fraude somente poderia ser detectada pelo órgão concedente através da análise
conjunta das prestações de ambos.” (destaquei)
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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9. Outra suposta omissão alegada pelos embargantes diz respeito à aplicação da pena de
inabilitação do Sr. Altemir Antônio Tortelli para o exercício de cargo em comissão ou função de
confiança no âmbito da Administração Pública Federal sem que lhe tenha sido oportunizado exercer o
contraditório e a ampla defesa em face desse ponto da condenação.
10. Mais uma vez, inexiste a alegada omissão. A citação dos responsáveis se dá para que
apresentem sua defesa em relação a fatos considerados irregulares e não em relação às sanções
passíveis de aplicação pelo Tribunal. Isso foi observado no julgamento da tomada de contas especial,
na qual foi arrolado um extenso conjunto de graves irregularidades praticadas pelo responsável,
conforme apontado no Voto condutor da decisão recorrida, tendo sido concedido aos responsáveis
arrolados nos autos a oportunidade de se manifestarem sobre essas ocorrências (peças 22 e 26),
conforme pode ser visto no seguinte trecho dos ofícios de citação:
“O débito é decorrente da impugnação total das despesas realizadas com recursos do Convênio
MDA 87/2006, em razão, sobretudo, de autopagamentos com mais de 70% dos recursos federais
repassados; pagamento de diárias para capacitandos residentes na mesma cidade da atividade; recibos
vinculados a bilhetes de passagem com data de embarque incompatível com a da atividade; veículo
abastecido além da capacidade do tanque de combustível; recibos de diárias vinculadas a atividades
desprovidas de listas de presença; recibos e lista de presença sem data; inexistência de licitação;
despesas não previstas no plano de trabalho; ocultação do descumprimento de metas com a repetição
de capacitandos em cursos com mesmo conteúdo; lista de presença assinadas por dirigentes,
funcionários e outras pessoas ligadas à Fetraf-Sul; listas de presença de atividades distintas, com a
mesma data, assinadas pelos mesmos participantes; ausência de identificação do ajuste nos
documentos comprobatórios de despesas; comprovação de despesas com documentos não fiscais;
indícios de condução fraudulenta na comprovação de despesas; ausência do depósito e da
comprovação válida da contrapartida; falta de aplicação financeira dos recursos enquanto não
empregados na sua finalidade; e indícios de desvio de objetivo relativo ao público-alvo previsto no
Plano de Trabalho”.
11. Observe-se que a aplicação da referida penalidade está delimitada nos termos do art. 60 da
Lei Orgânica desta Corte, sendo o único requisito para a sua aplicação o Tribunal considerar grave a
infração cometida por maioria absoluta de seus membros, o que ocorreu no presente caso.
12. Por fim, os embargantes consideram ter ocorrido omissão por entenderem que houve
ausência de fundamentação para o valor da multa imposta.
13. A multa foi aplicada nos termos da norma aplicável, no caso, o art. 57 da Lei 8.443/1992, o
qual dispõe que quando o responsável for julgado em débito, poderá ainda o Tribunal aplicar-lhe multa
de até cem por cento do valor atualizado do dano causado ao Erário. No presente caso, apesar da
gravidade do extenso rol de irregularidades detectadas, a multa alcançou apenas cerca de 1/3 do valor
do débito atualizado. Assim, a multa foi aplicada de forma comedida e dentro dos limites impostos
pela lei.
14. Portanto, não subsiste também nesse caso a alegada omissão.
15. Concluindo, uma vez que os recorrentes não foram capazes de comprovar a existência na
decisão recorrida de qualquer vício sanável pela estreita via dos embargos de declaração, o presente
recurso deve ser rejeitado.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.
220
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
ACÓRDÃO Nº 1605/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 001.965/2015-8.
2. Grupo: II – Classe: I – Assunto: Embargos de Declaração.
3.Recorrentes: Altemir Antônio Tortelli (CPF 402.036.700-00) e Federação dos Trabalhadores
na Agricultura Familiar da Região Sul (CNPJ 05.684.806/0001-60).
4. Órgão/Entidade/Unidade: Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região
Sul.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: não atuou.
8. Representação legal: Geferson Luís Chetsco (OAB/PR 45.333), Claudismar Zupiroli
(OAB/DF 12.250) e outros.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração opostos ao Acórdão
3003/2016-TCU-Plenário, que julgou irregulares as contas objeto da tomada de contas especial
instaurada em desfavor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-
Sul) e de Altemir Antonio Tortelli, ex-Coordenador-geral da entidade, em razão da impugnação total
das despesas realizadas com os recursos do Convênio MDA 87/2006 (Siafi 568296), tendo por objeto a
capacitação de jovens agricultores familiares,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer dos presentes embargos de declaração, por atender os requisitos de admissibilidade
previstos no art. 34 da Lei 8.443/1992, para, no mérito, rejeitá-los; e
9.2. dar ciência desta deliberação aos embargantes.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1605-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II - CLASSE V - PLENÁRIO
TC-005.868/2014-9
Natureza: Monitoramento
Órgão/Entidade/Unidade: Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB)
221
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Responsáveis: Tony Carlos Maranhão de Souza, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem
dos Músicos do Brasil no período de 9/7/2014 a 11/4/2016 (CPF 109.743.003-06); Gerson Ferreira
Tajes, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil no período de 12/4/2016 a
27/10/2016 (CPF 148.377.198-99)
Representação legal: Giovanni Charles Paraizo (105420/OAB/MG) e outros, representando
Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil; Igor Sant Anna Tamasauskas (25399/OAB/DF) e
outros, representando Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil e Gerson Ferreira Tajes.
SUMÁRIO: MONITORAMENTO. DETERMINAÇÕES PROFERIDAS NO ÂMBITO DE
AUDITORIA REALIZADA PARA ATENDER A SOLICITAÇÃO DO CONGRESSO NACIONAL.
ADOÇÃO DE PROVIDÊNCIAS INSUFICIENTES PARA DAR CUMPRIMENTO INTEGRAL ÀS
DETERMINAÇÕES. DIFICULDADES OPERACIONAIS OCASIONADAS PELA FRAGILIDADE
ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA DA ENTIDADE. REITERAÇÃO DAS DETERMINAÇÕES.
PROSSEGUIMENTO DO MONITORAMENTO.
RELATÓRIO
Adoto, como relatório, a instrução elaborada pela SecexPrevidência (peças 69/71).
1. “Trata-se de Monitoramento sobre determinações exaradas no Acórdão 132/2014-Plenário
(TC-020.515/2013-8), que tratou de solicitação do Congresso Nacional requerendo fiscalização sobre
as ações do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (OMBCF), no sentido de verificar se
esse ‘vem promovendo as diligências necessárias para atestar o regular funcionamento dos conselhos
regionais, nos termos previstos na alínea ‘e’ do artigo 50 da Lei 3.857/60, inclusive no tocante à
transparência dos recursos arrecadados com apresentação de artistas estrangeiros no Brasil, conforme
consta do artigo 53 da supracitada lei’ (peça 1, p. 1).
2. O Monitoramento foi determinado no item 9.4 do próprio Acórdão 132/2014, sendo que as
demais determinações foram (peça 3) (sublinhou-se):
9.2. determinar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil que adote as seguintes
providências e informe ao Tribunal os resultados obtidos, no prazo de 120 (cento e vinte) dias,
contados a partir da ciência:
9.2.1. expeça normativo para disciplinar a elaboração dos demonstrativos contábeis a serem
apresentados pelos Conselhos Regionais, prevendo, entre outras medidas destinadas ao
aperfeiçoamento do controle, a padronização de contas contábeis e a discriminação das fontes de
receita e de sua respectiva aplicação, com especial atenção para a taxa prevista no art. 53 da Lei
3.857/60;
9.2.2. expeça normativo direcionado aos Conselhos Regionais determinando a divulgação na
internet das receitas arrecadadas, das despesas incorridas e demais documentos de prestação de contas,
de forma discriminada, padronizada e organizada, com o fito de possibilitar o exercício do controle
social;
9.2.3. envide esforços para regularizar a situação gerencial, administrativa e operativa dos
Conselhos Regionais dos Estados de Alagoas, Amapá e Maranhão, adotando as medidas cabíveis no
âmbito de sua competência;
9.3. determinar ao Conselho Nacional de Imigração e à Coordenação-Geral de Imigração do
Ministério do Trabalho e Emprego que, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contados a partir da
ciência, realizem estudo conclusivo com vistas a efetuar adequações nas normas que regem o
222
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
procedimento de concessão de autorização de trabalho a músicos estrangeiros de forma a permitir que
sejam atendidas as disposições e condicionantes do art. 53 da Lei 3.857/60.
HISTÓRICO
3. A determinação 9.2.3 teve origem no seguinte texto da Instrução (peça 1, p. 6):
37. (...) Vale destacar que, conforme informações encaminhadas pelo Conselho Federal, os
Conselhos Regionais dos estados do Acre, Alagoas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Rondônia,
Roraima, Piauí, Pará e Rio Grande do Norte encontram-se ‘acéfalos’ ou em ‘estado crítico’, ou seja, a
manutenção desses conselhos se tornou praticamente inviável.
(...)
60. (...) Atualmente, os Conselhos Regionais dos estados do Acre, Alagoas, Amapá, Maranhão,
Mato Grosso, Rondônia, Roraima, Piauí, Pará e Rio Grande do Norte não estão em funcionamento.
4. Em seguida, o Voto do ministro-relator propôs (peça 2, p. 4):
29. Finalmente, chamo a atenção para a informação enviada pelo CF/OMB dando conta de que
os Conselhos dos Estados de Alagoas, Amapá e Maranhão encontram-se acéfalos. Neste caso, penso
ser necessário que o TCU determine ao Conselho Federal que envide esforços para regularizar a
situação gerencial, administrativa e operativa desses conselhos, adotando as medidas cabíveis no
âmbito de sua competência.
5. As determinações 9.2 e 9.3 fixaram o prazo de 120 dias para os responsáveis encaminharem
informações, mas a OMB solicitou seguidas prorrogações de prazo, concedidas conforme: Acórdão
1.592/2014-Plenário (peça 8), Acórdão 25/2015-Plenário (peça 28), Acórdão 2.485/2015-Plenário
(peça 40) e Acórdão 1.052/2016-Plenário (peça 47).
6. O penúltimo Acórdão 2.485/2015-Plenário concedeu prorrogação à OMB e decidiu:
1.7.1. determinar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) que, no prazo de
sessenta dias, contados a partir da ciência, que:
1.7.1.1 encaminhe informações acerca da atual situação gerencial, administrativa e operativa dos
Conselhos Regionais dos Estados de Alagoas, Amapá e Maranhão;
1.7.1.2. informe sobre as providências, mesmo que ainda não concluídas, eventualmente
adotadas no sentido de cumprir os itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 132/2014-Plenário;
1.7.1.3. apresente um plano de ação a fim de dar cumprimento aos itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do
Acórdão 132/2014-Plenário, especificando as ações a serem adotadas, os respectivos prazos e o
responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento dessas ações.
7. O último Acórdão 1.052/2016-Plenário (peça 47) ainda concedeu nova prorrogação, de
noventa dias, contados a partir do término do período inicialmente fixado no Acórdão 2.485/2015-
Plenário (peça 40), prazo que findou em 17/8/2016. A ciência do último Acórdão (1.052/2016-P) deu-
se em 17/5/2016 (peça 49) e a resposta foi recebida no TCU em 10/6/2016 (peça 50).
8. A Coordenação-Geral de Imigração, responsável pelo cumprimento do item 9.3 do Acórdão
132/2014-Plenário, foi a única a encaminhar resposta e a determinação foi tida como cumprida,
conforme item 15 da Instrução anterior (peça 51), [trecho transcrito pelo Relator]:
[‘9. A determinação acima, exarada no Acórdão 132/2014-Plenário, foi comunicada à CGIg por
meio do Ofício 0183/2014-TCU/SecexPrevidência, de 11/2/2014 (TC-020.515/2013-8, peça 45), e
respondida pela CGIg em 22/9/2014 (TC-020.515/2013-8, peça 52), informando sobre a existência de
grupo de trabalho para estudar alteração da legislação quanto ao contrato de músicos, artistas e
técnicos, entre eles, o contrato de estrangeiro (TC-020.515/2013-8, peça 52, p. 3-4).
10. Posteriormente, em 14/10/2014, informou sobre a publicação de Norma Operacional
orientando as Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego sobre procedimentos a serem
adotados para o registro do contrato de artistas e técnicos em espetáculos de diversão e, em especial,
de músicos estrangeiros, nos termos do art. 53, da Lei 3.857/1960, com objetivo de uniformizar os
procedimentos adotados (TC-020.515/2013-8, peça 53).
223
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
11. Complementarmente, a OMB encaminhou a seguinte informação em 10/6/2016 (peça 50,
p.5):
No final de 2015 a Diretoria, após fiscalização do TCU, contratou uma empresa especializada de
Assessoria jurídica, contábil e auditoria para reestruturar, organizar e dar novas diretrizes ao Conselho
Federal, dessa forma, como pode-se notar o órgão já apresenta melhorias e aguarda a promulgação da
Projeto de Lei 3.276/2015, que altera o artigo 53 da Lei 3.857, o que deverá ocorrer em 2016, com isso
a perspectiva de resolução dos problemas e continuidade deste órgão será alcançada para o bem de
toda comunidade de músicos amparados pela Ordem dos Músicos do Brasil.
12. No entanto, o Projeto de Lei 3.276/2015 trata de ‘obrigatoriedade da oferta, em espaços de
uso público, de brinquedos e equipamentos de lazer adaptados para utilização por pessoas com
deficiência, inclusive visual, ou com mobilidade reduzida’. Na verdade, o projeto de lei que trata da
alteração do art. 53 é o PL 3.176/2015.
13. O art. 53 original, da Lei 3.857/1960, dispõe:
art. 53. Os contratos celebrados com os músicos estrangeiros somente serão registrados no órgão
competente do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, depois de provada a realização do
pagamento pelo contratante da taxa de 10% (dez por cento) sobre o valor do contrato e o recolhimento
da mesma ao Banco do Brasil em nome da Ordem dos Músicos do Brasil e do sindicato local, em
partes iguais.
Parágrafo único. No caso de contratos celebrados com base, total ou parcialmente, em
percentagens de bilheteria, o recolhimento previsto será feito imediatamente após o término de cada
espetáculo.
14. A alteração proposta pelo PL 3.176/2015, que ainda tramita no Congresso, é:
art. 53. Os contratos celebrados com músicos internacionais e nacionais serão registrados no
órgão competente do Ministério do Trabalho, instruído do pagamento de contribuição no interesse das
categorias profissionais, a que se refere o artigo 149 da Constituição Federal no importe de 5% sobre o
valor do contrato e recolhimento da mesma, em nome da Ordem dos Músicos do Brasil e do Sindicato
local, em partes iguais.
Parágrafo único: No caso de contratos colocados com base, total ou parcialmente, em
porcentagem da bilheteria, o recolhimento previsto será feito imediatamente após o término de cada
evento.
15. Com as informações sobre o art. 53, tem-se como cumprida a determinação 9.3 do Acórdão
132/2014-Plenário.’ ]
9. No entanto, aquela Instrução propôs audiência a dois responsáveis pela OMBCF, seu
presidente e seu ex-presidente, com base nas seguintes justificativas:
As informações encaminhadas não sinalizaram efetividade ao cumprimento do determinado,
nem justificaram seu descumprimento, como é o caso da ausência de divulgação dos demonstrativos
contábeis, implicando em possibilidade de multa ao responsável pela OMB-CF, por reincidência no
descumprimento de decisão do Tribunal, em infração ao art. 58, VII, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268,
VIII, do RI/TCU
10. As audiências foram realizadas (peças 57-58) e análise das respostas consta a seguir.
ANÁLISE TÉCNICA
11. As audiências do presidente da OMBCF, Gerson Ferreira Tajes, e de seu antecessor, Tony
Carlos Maranhão de Souza, se deram sobre a mesma questão (peças 57-58):
Apresente razões de justificativa quanto ao encaminhamento de informações que não
demonstraram o cumprimento do que foi determinado por este Tribunal, nem justificaram seu
descumprimento, como é o caso da ausência de divulgação dos demonstrativos contábeis, propiciando
a ocorrência de reiterado descumprimento das determinações 9.2.1 e 9.2.2 do Acórdão 132/2014-
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Plenário c/c determinações 1.7.1.2 e 1.7.1.3 do Acórdão 2.485/2015-Plenário, com infração ao art. 58,
VII, da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268, VIII, do RI/TCU.
12. O ofício de audiência de Gerson Ferreira Tajes (peça 58) foi recebido em 27/10/2016 (peça
59) e respondido tempestivamente em 3/11/2016 e 11/11/2016, incluindo pedido de medida cautelar
(peças 61 e 63) e procuração a advogados (peça 65).
13. O ofício a Tony Carlos Maranhão de Souza (peça 57) foi recebido em 18/10/2016 (peça 64) e
respondido tempestivamente em 1/11/2016 e 7/11/2016, incluindo pedido de medida cautelar (peças
60-61).
14. A OMBCF também anexou procuração a advogados (peça 66). Em seguida, houve dois
pedidos de cópia do processo, nos dias 13 e 23/1/2017, pelo mesmo advogado, João Antônio Fonseca
(peças 67-68).
15. O objeto da audiência foi o descumprimento das determinações a seguir, referentes ao
Acórdãos 132/2014-Plenário e 2.485/2015-Plenário, respectivamente:
9.2.1. expeça normativo para disciplinar a elaboração dos demonstrativos contábeis a serem
apresentados pelos Conselhos Regionais, prevendo, entre outras medidas destinadas ao
aperfeiçoamento do controle, a padronização de contas contábeis e a discriminação das fontes de
receita e de sua respectiva aplicação, com especial atenção para a taxa prevista no art. 53 da Lei
3.857/60;
9.2.2. expeça normativo direcionado aos Conselhos Regionais determinando a divulgação na
internet das receitas arrecadadas, das despesas incorridas e demais documentos de prestação de contas,
de forma discriminada, padronizada e organizada, com o fito de possibilitar o exercício do controle
social;
1.7.1.2. informe sobre as providências, mesmo que ainda não concluídas, eventualmente
adotadas no sentido de cumprir os itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 132/2014-Plenário;
1.7.1.3. apresente um plano de ação a fim de dar cumprimento aos itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do
Acórdão 132/2014-Plenário, especificando as ações a serem adotadas, os respectivos prazos e o
responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento dessas ações.
Resposta de Tony Carlos Maranhão de Souza (peça 60)
16. Esse ex-presidente informou que (peça 60, p. 1-2):
a) assumiu a OMB sem estrutura e com dívidas ‘impagáveis’, dependendo da estrutura do
Conselho de São Paulo;
b) criou a Comissão Federal de Restruturação Administrativa e Operacional da OMB, presidida
por Gerson Ferreira Tajes, que lhe sucederia no cargo;
c) Gerson Ferreira Tajes era encarregado de dar cumprimento à decisão do TCU;
d) solicitou antecipação do pleito eleitoral;
17. Também apresentou os seguintes documentos:
e) ofício às regionais, de 11/8/2015, solicitando as prestações de contas de 2014 (peça 60, p. 7-
9), assim como e-mail sobre a mesma solicitação (peça 60, p. 16);
f) ofício às regionais, de 11/1/2016, solicitando documentos de cunho administrativo (peça 60, p.
13);
g) duas resoluções de maio de 2015 que tratam da alienação de bens dos conselhos regionais
(peça 60, p. 14-15);
h) um e-mail, ainda de outubro de 2014 e dirigido às regionais, com o seguinte trecho (peça 60,
p. 20):
Solicitamos que sejam cumpridas tais determinações como: padronização das contas contábeis,
discriminação das fontes de receitas e sua respectiva aplicação, com especial atenção para a taxa
prevista no art. 53 da Lei 3.857/60. Divulgação na internet das receitas arrecadadas, despesas
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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incorridas e demais documentos de prestação de contas, de forma discriminada, padronizada e
organizada.
18. No e-mail do item ‘h’ acima, a OMBCF incumbe as regionais pela padronização das contas
contábeis, sendo que era sua responsabilidade, conforme o item 9.2.1: ‘expeça normativo para
disciplinar a elaboração dos demonstrativos contábeis a serem apresentados pelos Conselhos
Regionais’.
19. O Acórdão 2.485/2015-Plenário data de 14/10/2015 e sua ciência pela OMBCF data de
16/11/2015 (peça 42). Conforme os termos da audiência, esse ex-presidente deixou o cargo em
11/4/2016, ou seja, houve tempo para atuar no sentido de cumprir as determinações desta Corte de
Contas.
20. Além disso, continuou na gestão seguinte e faz parte da atual gestão, no entanto, não
apresentou qualquer ofício ou informação com data posterior ao Acórdão 2.485/2015-Plenário nem
prestou qualquer informação sobre o objeto da audiência: expedir os normativos determinados nos
itens 9.2.1 e 9.2.2; informar providências no sentido de cumprir os itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3; e
apresentar o plano de ação.
Resposta de Gerson Ferreira Tajes (peça 61)
21. Esse ex-presidente não respondeu as questões da audiência, ao invés disso, comunicou
suposta irregularidade contra a atual administração, que o afastou. Portando, conclui-se que não adotou
providências ao cumprimento das determinações.
22. O ex-presidente alegou que (peça 61, p. 1-19):
a) foi empossado na OMB em 1/3/2016;
b) teve ciência de irregularidades na regional de São Paulo e autorizou intervenção
administrativa para apuração de desvio de verbas, abuso de poder e formação de quadrilha;
c) tal ato provocou reações que culminaram com sua destituição do cargo, em 27/10/2016 (peça
61, p. 8);
d) cita questões judiciais em curso que podem culminar com o ingresso de R$ 2,4 milhões no
Conselho Federal e na regional de São Paulo, ambos administrados pelo mesmo grupo (peça 61, p. 11).
23. O ex-gestor apresentou acusações contra o grupo que o afastou, anexando documentos, entre
os quais estão alguns em que o grupo também o acusa. A celeuma foi objeto de representação junto à
Policia Federal e Ministério Público Federal (peça 61, p. 37-43 e 49-52).
24. Verificou-se que o advogado do requerente, João Antônio Fonseca, é, antagonicamente, o
mesmo da administração que o afastou (peças 65 e 66), composta por seus ex-assessores: seu ex-vice-
presidente, seu ex-segundo secretário e seu ex-primeiro tesoureiro e ex-presidente Tony Maranhão.
Não foi possível verificar se outros membros da gestão anterior permaneceram na atual gestão.
25. Em sua resposta à audiência, o ex-presidente requereu ao TCU medida cautelar inaudita
altera parte para retornar à função de presidente do Conselho Federal, retirando aqueles que o
afastaram, alegando ‘urgência e fundado receio de lesão grave ao erário e ao interesse público’ (peça
61, p. 18-19).
26. O documento, apresentado pelo gestor (peça 61), não pode ser tratada como denúncia, por
não ter sido oficiada como tal, devendo ser tratada como comunicação de irregularidade efetuada em
resposta a audiência, que poderia ser objeto de representação por parte desta Secex. Porém, esse não é
o caso, ante as razões expostas a seguir.
27. Os únicos fatos concretos relatados foram falhas formais quando da reunião que afastou o
requerente, sem sua convocação ou ciência e sem a publicidade e antecedência mínima necessárias
(peça 61, p. 6-7). As demais alegações possuem versões dos dois lados envolvidos.
28. As razões que afastaram o requerente são fortes e o grupo que o afastou fazia parte de sua
gestão, incluindo seu vice-presidente e o ex-presidente antecessor, portanto, haveria o perigo de se
incorrer em periculum in mora inverso (peça 61, p. 49-52).
226
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
29. A alegação de existência de risco de dano ao erário não restou caracterizada. Além disso, a
legitimidade de tal alegação pode ser questionada quando proferida pelo requerente, uma vez que esse
deixou de cumprir determinações do TCU que visam a garantir transparência financeira para evitar
dano ao erário.
30. Além disso, as questões denunciadas já estão sendo tratadas nas esferas adequadas, Polícia
Federal e Ministério Público Federal. Ao TCU caberá, eventualmente, atuar com base nos resultados
desses órgãos e no caso de haver indícios de dano ao erário.
31. Portanto, a atenção desta Instrução deve se restringir à análise da resposta à audiência
realizada em decorrência de descumprimento de determinação deste Tribunal.
CONCLUSÃO
32. As informações nas duas audiências apontam para uma desordem financeira e política no
Conselho Federal e suas regionais. Ambos os responsáveis na audiência participaram da gestão da
OMBCF após os Acórdãos 132/2014-Plenário e 2.485/2015-Plenário, atuando em conjunto até
27/10/2016, quando um deles foi destituído.
33. Nenhum dos gestores demonstrou ter adotado qualquer das providências determinadas.
Inclusive, até hoje, o site da Ordem não apresenta informação sobre seus demonstrativos financeiros
(http://www.ombcf.org.br/contas.htm), portanto, a instituição não possui legitimidade, na atual
conjuntura, para cobrar transparência de suas regionais.
34. As administrações da OMBCF, atual e passadas, acusam-se sobre a falta de transparência
financeira, mas nenhuma deu cumprimento às determinações do TCU justamente sobre transparência.
Cabe multa a ambos responsáveis por reiterado descumprimento de determinações do TCU.
35. Cabe também remeter cópia da decisão proferida ao atual presidente da OMBCF, com vistas
a obter o cumprimento das determinações.
36. Esta conclusão é resultado de fiscalização solicitada pelo ex-Presidente da Comissão de
Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, Deputado Edinho Bez, que encaminhou
a Proposta de Fiscalização e Controle 32/2011, baseada no Relatório Prévio de autoria do Deputado
Valtenir Pereira, requerendo a realização de fiscalização sobre as ações do Conselho Federal da Ordem
dos Músicos do Brasil, no sentido de verificar se o Conselho Federal ‘vem promovendo as diligências
necessárias para atestar o regular funcionamento dos conselhos regionais, nos termos previstos na
alínea ‘e’ do artigo 50 da Lei 3.857/60, inclusive no tocante à transparência dos recursos arrecadados
com apresentação de artistas estrangeiros no Brasil, conforme consta do artigo 53 da supracitada lei’
(peça 1, p. 1).
37. Atualmente, o Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle é o Deputado
Leo de Brito, mas os deputados Edinho Bez e Valtenir Pereira continuam em exercício nesta
legislatura, portanto, cabe remessa de cópia da decisão proferida aos três.
ENCAMINHAMENTO
Diante do exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) aplicar aos senhores Tony Carlos Maranhão de Souza (CPF 109.743.003-06), ex-presidente do
Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil no período 9/7/2014 a 11/4/2016, e Gerson Ferreira
Tajes (CPF 148.377.198-99), ex-presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil no
período 12/4/2016 a 27/10/2016, a multa prevista no art. 58, inciso VII, da Lei 8.443/1992, em virtude
do reiterado descumprimento das determinações 9.2.1 e 9.2.2 do Acórdão 132/2014-Plenário c/c
determinações 1.7.1.2 e 1.7.1.3 do Acórdão 2.485/2015-Plenário, com infração ao art. 58, VII, da Lei
8.443/1992 c/c o art. 268, VIII, do RI/TCU, fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da
notificação, para que comprove, perante este Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do
Regimento Interno/TCU, o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente
desde a data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da
legislação em vigor;
227
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
b) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
da dívida, caso não atendida a notificação;
c) determinar à SecexPrevidência a realização de novo monitoramento;
d) remeter cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e voto que a
fundamentarem, ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil;
e) remeter cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e voto que a
fundamentarem, ao Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos
Deputados, Deputado Leo Brito, e aos Deputados Edinho Bez e Valtenir Pereira.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se de monitoramento das determinações expedidas pelo Acórdão 132/2014-Plenário,
proferido no TC-020.515/2013-8, processo que visou ao atendimento de solicitação do Congresso
Nacional requerendo fiscalização sobre as ações do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil
(CFOMB), no sentido de verificar a promoção das diligências necessárias para atestar o regular
funcionamento dos conselhos regionais e a transparência dos recursos arrecadados com apresentação
de artistas estrangeiros no Brasil.
2. As determinações monitoradas são as seguintes:
“9.2. determinar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil que adote as seguintes
providências e informe ao Tribunal os resultados obtidos, no prazo de 120 (cento e vinte) dias,
contados a partir da ciência:
9.2.1. expeça normativo para disciplinar a elaboração dos demonstrativos contábeis a serem
apresentados pelos Conselhos Regionais, prevendo, entre outras medidas destinadas ao
aperfeiçoamento do controle, a padronização de contas contábeis e a discriminação das fontes de
receita e de sua respectiva aplicação, com especial atenção para a taxa prevista no art. 53 da Lei
3.857/60;
9.2.2. expeça normativo direcionado aos Conselhos Regionais determinando a divulgação na
internet das receitas arrecadadas, das despesas incorridas e demais documentos de prestação de contas,
de forma discriminada, padronizada e organizada, com o fito de possibilitar o exercício do controle
social;
9.2.3. envide esforços para regularizar a situação gerencial, administrativa e operativa dos
Conselhos Regionais dos Estados de Alagoas, Amapá e Maranhão, adotando as medidas cabíveis no
âmbito de sua competência;
9.3. determinar ao Conselho Nacional de Imigração e à Coordenação-Geral de Imigração do
Ministério do Trabalho e Emprego que, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, contados a partir da
ciência, realizem estudo conclusivo com vistas a efetuar adequações nas normas que regem o
procedimento de concessão de autorização de trabalho a músicos estrangeiros de forma a permitir que
sejam atendidas as disposições e condicionantes do art. 53 da Lei 3.857/60.”
3. Em atendimento a solicitações do CFOMB, este Tribunal concedeu prorrogação de prazo para
cumprimento das determinações supra em 4 (quatro) oportunidades nos últimos dois anos.
228
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
4. Entre as decisões que concederam prorrogação, ressalte-se que o Acórdão 2.485/2015-
Plenário decidiu:
1.7.1. determinar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) que, no prazo de
60 (sessenta) dias, contados a partir da ciência, que:
1.7.1.1 encaminhe informações acerca da atual situação gerencial, administrativa e operativa dos
Conselhos Regionais dos Estados de Alagoas, Amapá e Maranhão;
1.7.1.2. informe sobre as providências, mesmo que ainda não concluídas, eventualmente
adotadas no sentido de cumprir os itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 132/2014-Plenário;
1.7.1.3. apresente um plano de ação a fim de dar cumprimento aos itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do
Acórdão 132/2014-Plenário, especificando as ações a serem adotadas, os respectivos prazos e o
responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento dessas ações.
5. Diante da ausência de demonstração de cumprimento dos comandos e das correspondentes
justificativas, esta Corte promoveu a audiência dos gestores do Conselho que atuaram no período, os
Srs. Tony Carlos Maranhão de Souza e Gerson Ferreira Tajes.
6. O Sr. Tony Carlos Maranhão de Souza foi Presidente do Conselho Federal da Ordem dos
Músicos do Brasil no período de 9/7/2014 a 11/4/2016. Portanto, tinha a incumbência de dar
cumprimento às determinações dos Acórdãos 132/2014-Plenário e 2.485/2015-Plenário. Em sua
resposta, argumentou que a fragilidade administrativa e a difícil situação financeira do Conselho
Federal o impediram de implementar as medidas determinadas. Apesar disso, alega que adotou
providências nesse sentido, como:
a) expedição de orientação aos conselhos regionais sobre a documentação de prestação de
contas;
b) solicitação aos conselhos regionais para que apresentassem pesquisa fiscal atualizada,
certidões de processos judicias, certidões de tributos, informações sobre pendências financeiras
(aluguel, condomínio e serviços) e relação dos funcionários;
c) edição de resoluções sobre os procedimentos de alienação de bens nas hipóteses de
imprestabilidade, desvio de finalidade e saneamento de pendências financeiras;
d) instituição de Comissão de Reestruturação Administrativa, presidida pelo Sr. Gerson Tajes;
e) encaminhamento de reiterações das orientações aos conselhos regionais ante a ausência de
atendimento.
7. A SecexPrevidência não acolheu essas alegações por entender que as ações adotadas não
foram suficientes para cumprir os objetivos pretendidos pelas decisões proferidas por esta Corte.
8. O Sr. Gerson Tajes, Presidente do CFOMB de 12/4/2016 a 27/10/2016, não apresentou
justificativas sobre os pontos questionados na audiência. No mesmo expediente, o ex-gestor relatou a
ocorrência de irregularidades na gestão do Conselho Regional de São Paulo, alegando que suas
providências para regularizar a situação teriam ocasionado o movimento que levou à sua destituição do
cargo. Assim, solicitou a este Tribunal a adoção de medida cautelar para determinar o afastamento da
atual diretoria e sua recondução ao cargo.
9. A unidade técnica não acolheu as justificativas e propôs a aplicação de multa aos dois gestores
por descumprimento das decisões desta Corte. Foi sugerido também determinar a realização de novo
monitoramento.
10. Embora reconheça que as providências adotadas para cumprir as determinações não tenham
alcançado resultados satisfatórios, penso que a aplicação de multa aos gestores se afigura como medida
demasiado rigorosa em face de diversas circunstâncias atenuantes presentes no caso. No tocante ao Sr.
Tony Maranhão, é forçoso admitir que o responsável buscou dar atendimento às decisões emanadas
desta Corte, ainda que sem obter sucesso. No que se refere ao Sr. Gerson Tajes, há que se considerar o
breve período de sua gestão e o fato de que esta foi tumultuada por conflitos internos.
229
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
11. Ademais, a situação desses responsáveis deve ser sopesada com o contexto levantado na
auditoria que originou este processo, contexto esse que inclui (vide relatório e voto anexos ao Acórdão
132/2014-Plenário):
a) o esvaziamento institucional dos conselhos vinculados à OMB, visto que o exercício da
atividade de músico prescinde de controle do conselho de fiscalização profissional por inexistir
potencial lesivo na atividade e por consistir em manifestação artística protegida pela garantia da
liberdade de expressão (Recurso Extraordinário 414.426/SC);
b) a consequente baixa materialidade dos valores arrecadados, seguida de falta de estrutura e
deficiências na gestão;
c) a existência de disputas internas ou, no extremo oposto, a falta de diretoria em diversos
conselhos regionais.
12. Por conseguinte, apresenta-se mais razoável que esta Corte atue de forma pedagógica com
vistas a contribuir para a melhoria da gestão da OMB. Assim, cabe reiterar as determinações e instar o
Conselho Federal a elaborar um plano de ação para organizar a forma de cumprimento dos comandos.
Nessa tarefa, caso entenda necessário, poderá o Conselho Federal colher subsídios junto a outros
conselhos de fiscalização das profissões mais estruturados ou, dentro de suas possibilidades, buscar o
auxílio de profissionais especializados.
13. Com relação ao pedido de medida cautelar formulado pelo Sr. Gerson Tajes para que o
Tribunal afaste a atual diretoria e reconduza o responsável ao cargo do Presidente do Conselho Federal
da OMB, cumpre não conhecê-lo, visto que a questão refere-se à organização interna corporis da
entidade, o que não se insere na esfera de competência deste Tribunal.
14. Também constou da manifestação encaminhada pelo Sr. Gerson Tajes documentação que
trata da penhora da sede do Conselho Federal da OMB com vistas à quitação de dívidas condominiais.
Como a questão refere-se ao patrimônio da entidade, penso que a SecexPrevidência deva autuar
processo de representação específico para aprofundar o exame da matéria.
15. Por fim, rememore-se que o item 9.3 do Acórdão 132/2014-Plenário determinou ao Conselho
Nacional de Imigração e à Coordenação-Geral de Imigração do Ministério do Trabalho e Emprego que
elaborassem estudo conclusivo tratando da realização de adequações nas normas que regem o
procedimento de concessão de autorização de trabalho a músicos estrangeiros de forma a atender o art.
53 da Lei 3.857/60.
16. Conforme verificado pela unidade técnica, os estudos foram realizados e culminaram na
edição de norma operacional e na elaboração de projeto de lei para alteração do mencionado
dispositivo legal. Portanto, pode-se considerar cumprido o item 9.3 da referida deliberação.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1606/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 005.868/2014-9.
2. Grupo II – Classe V – Assunto: Monitoramento (em Auditoria)
3. Responsáveis: Tony Carlos Maranhão de Souza, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem
dos Músicos do Brasil no período de 9/7/2014 a 11/4/2016 (CPF 109.743.003-06); Gerson Ferreira
Tajes, ex-Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil no período de 12/4/2016 a
27/10/2016 (CPF 148.377.198-99).
4. Órgão/Entidade/Unidade: Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB).
230
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social (SecexPrevi).
8. Representação legal: Giovanni Charles Paraizo (105420/OAB-MG) e outros, representando
Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil; Igor Sant Anna Tamasauskas (25399/OAB-DF) e
outros, representando Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil e Gerson Ferreira Tajes.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento das determinações expedidas pelo
Acórdão 132/2014-Plenário, proferido no TC 020.515/2013-8, processo que visou ao atendimento de
solicitação do Congresso Nacional requerendo fiscalização sobre as ações do Conselho Federal da
Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB), no sentido de verificar a promoção das diligências
necessárias para atestar o regular funcionamento dos conselhos regionais e a transparência dos
recursos arrecadados com apresentação de artistas estrangeiros no Brasil;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar cumprida a determinação contida no item 9.3 do Acórdão 132/2014-Plenário;
9.2. reiterar ao Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB) as determinações
proferidas nos itens 9.2.1, 9.2.2 e 9.2.3 do Acórdão 132/2014-Plenário, fixando o prazo de 90 dias para
que a entidade apresente um plano de ação a fim de dar cumprimento aos referidos itens, com
especificação das ações a serem adotadas, os respectivos prazos e o responsável (nome, cargo e CPF)
pelo desenvolvimento dessas ações;
9.3. não conhecer do pedido de medida cautelar formulado pelo Sr. Gerson Ferreira Tajes, visto
que a questão refere-se à organização interna corporis do Conselho Federal da Ordem dos Músicos do
Brasil, não se inserindo na esfera de competência deste Tribunal;
9.4. determinar à SecexPrevidência que:
9.4.1 dê prosseguimento ao monitoramento das determinações mencionadas no item 9.2. retro;
9.4.2. formalize processo de representação a fim de aprofundar o exame relativo à penhora da
sede do CFOMB para pagamento de dívidas, conforme evidenciado em documentação anexa à peça 61
destes autos;
9.5. encaminhar cópia deste acórdão, acompanhado dos elementos que o fundamentam, ao
Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, Deputado
Leo Brito, e aos Deputados Edinho Bez e Valtenir Pereira, informando que a matéria refere-se ao
Ofício 48/2013/CFFC-S, que encaminhou a Proposta de Fiscalização e Controle 32/2011;
9.6. encaminhar cópia deste acórdão, acompanhado dos elementos que o fundamentam, ao
Conselho Federal da Ordem dos Músicos do Brasil (CFOMB), alertando aos gestores que o
descumprimento das determinações proferidas por esta Corte poderá ensejar a aplicação de multa com
fundamento no art. 58, § 1°, da Lei 8.443/1992.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1606-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
231
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
GRUPO II - CLASSE V - Plenário
TC-016.177/2016-9
Natureza: Monitoramento
Órgão/Entidade/Unidade: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT)
Interessado: Tribunal de Contas da União
Representação legal: não há
SUMÁRIO: MONITORAMENTO DO CUMPRIMENTO DAS DETERMINAÇÕES PROLATADAS POR MEIO
DO ACÓRDÃO 2.743/2015-TCU-PLENÁRIO. CUMPRIMENTO PARCIAL. PERDA DE OBJETO DE UMA DAS
DETERMINAÇÕES. APROVAÇÃO DO PLANO DE MONITORAMENTO DO CUMPRIMENTO DAS
RECOMENDAÇÕES. NOVAS DETERMINAÇÕES.
RELATÓRIO
Adoto, como relatório, a instrução elaborada no âmbito da Selog (peça 16), transcrita a seguir.
“1. INTRODUÇÃO
1.1 Deliberação:
1. Para o monitoramento das deliberações constantes do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, foi
autuado o presente processo de controle externo do tipo MON - Monitoramento, em observância aos
arts. 243 e 250, inciso III, do Regimento Interno deste Tribunal, aos arts. 2º, § 1º e 4º inciso III da
Portaria Segecex 27/2009 e ao art. 8º da Resolução TCU 265/2014.
1.2 Visão geral do objeto:
2. Governança das aquisições pode ser definida como conjunto de mecanismos de liderança,
estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão das
aquisições, com o objetivo de que as aquisições agreguem valor ao negócio da organização, com riscos
aceitáveis (adaptado do ‘Referencial Básico de Governança Aplicada a Órgãos e Entidades da
Administração Pública’, publicado pelo TCU em 2014).
3. O termo aquisições, na abordagem deste trabalho, se refere à compra de bens, à contratação de
obras ou serviços, ou esses em conjunto, com ou sem licitação, com ou sem a formalização de
contrato.
4. Em 2014, o TCU realizou fiscalização intitulada ‘FOC Governança e Gestão das Aquisições -
ciclo 2014’ (doravante denominada FOC 2014), que consistiu em verificar, por meio da avaliação de
controles internos, as práticas de governança e de gestão das aquisições, efetuando-se testes
substantivos (inclusive de conformidade) em contratos a fim de evidenciar que controles com
deficiências não contribuem para mitigar os riscos de desconformidades/ineficiência nas contratações.
5. O resultado desse trabalho deu origem a um acórdão consolidador (Acórdão 2.328/2015-TCU-
Plenário) e a vinte acórdãos de fiscalizações individuais realizadas no âmbito da FOC 2014. Dentre
eles, está o Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário decorrente da fiscalização realizada no TJDFT.
1.3 Objetivo:
232
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
6. O objetivo geral deste monitoramento é avaliar o nível de atendimento das deliberações
constantes do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, destinado ao TJDFT, e acompanhar as medidas
adotadas na implementação dessas deliberações.
1.4 Metodologia utilizada:
7. Para o monitoramento dessas deliberações foram realizados os seguintes procedimentos:
7.1. Autuação de processo de controle externo do tipo MON - Monitoramento TC-016.177/2016-
9 (RI/TCU, art. 243 c/c Portaria-Segecex 27/2009, arts. 2º, § 1º e 4º inciso III);
7.2. Realização de diligência (peça 9);
7.3. Reuniões com as cinco organizações sediadas em Brasília fiscalizadas na FOC 2014, com
objetivo de esclarecer suas dúvidas e alinhar expectativas quanto à adoção das medidas propostas pelo
TCU (peça 12); e
7.4. Análise documental do plano de ação da organização (peça 11 e 15).
8. Tendo em vista que as medidas propostas são estruturantes e a complexidade envolvida no
tema, optou-se por não realizar neste momento o monitoramento das deliberações constantes do item
9.1 (e subitens) por entender-se que a época não era oportuna, conforme cap. 1, item 3, dos padrões de
monitoramento do TCU. O monitoramento dessas deliberações será realizado em momento futuro,
acompanhado de reuniões de acompanhamento aproximadamente nos meses de maio e novembro de
2017, conforme plano de monitoramento (Anexo I).
1.5 Limitações:
9. Não houve qualquer limitação ou restrição aos trabalhos que mereça registro.
1.6 Processos Conexos:
10. O presente monitoramento é reflexo do trabalho realizado na FOC 2014, no âmbito do
processo TC-017.599/2014-8, e que deu origem ao Acórdão 2.328/2015-TCU-Plenário. Nessa
fiscalização foram realizadas vinte auditorias, dentre elas, no TJDFT, a qual deu origem a este
monitoramento.
11. A FOC 2014, citada acima, é sequência do levantamento do Perfil Governança e Gestão das
Aquisições - Ciclo 2013 (TC-025.068/2013-0), que consistiu no diagnóstico da situação de governança
e gestão das aquisições na Administração Pública Federal. Esse levantamento deu origem ao Acórdão
2.622/2015-TCU-Plenário.
12. Além disso, como sequência da FOC 2014, foi realizada a FOC Governança e Gestão das
Aquisições - Ciclo 2015 (TC-020.145/2015-2), intitulada FOC 2015. Essa fiscalização resultou no
Acórdão 2.339/2016-TCU-Plenário. Nessa fiscalização foram realizadas quatorze auditorias.
13. Além dessas fiscalizações terem parte de seu escopo voltada para governança e gestão das
aquisições, houve uma parte voltada para contratação de serviços terceirizados. No ciclo 2014, foram
abordadas as contratações de serviços de limpeza e conservação, vigilância e transporte. Já o ciclo
2015, tratou das contratações de serviços de manutenção predial.
14. Os três acórdãos consolidadores supracitados possuem estreita relação entre si, pois são
trabalhos sequenciais e que se complementam.
15. Além disso, as vinte auditorias realizadas no Ciclo 2014 e as quatorze realizadas no Ciclo
2015, também são interligadas, sequenciais e se complementam, sendo que o trabalho de 2015
aprofunda as conclusões e detalha as recomendações do anterior.
16. Como exemplo, podemos citar que um dos produtos do trabalho realizado em 2014 foi a
elaboração do chamado ‘Apêndice 4’, que trata de controles que devem ser observados durante o
processo de contratação dos serviços terceirizados de limpeza, vigilância e transporte de pessoas. O
‘Apêndice 4’ foi complementado e aperfeiçoado com base nas informações da FOC 2015, resultando
num ‘novo Apêndice 4’, ora chamado de ‘Apêndice 5’, atualizado com dados obtidos nos testes em
contratos de manutenção predial (acesso em
233
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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http://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A1576F5DD101577C4A13A
C0B2D).
17. Diante disso, a Selog pretende avaliar, em momento futuro e por racionalidade
administrativa, a realização dos sete monitoramentos em conjunto, sendo cinco relativos a auditorias
da FOC 2014 (limpeza, vigilância e transporte) e as duas da FOC 2015 (manutenção predial). Essa
opção se deve ao fato de que as medidas são intimamente relacionadas e, na maioria das vezes, as
deliberações são as mesmas, somente alterando o destinatário. Isso acarreta maior efetividade da
implementação das deliberações por parte das unidades jurisdicionadas, já que elas podem ser tratadas
em conjunto, em conformidade ao disposto no capítulo 1, item 3 dos padrões de monitoramento.
Ademais, a realização desse trabalho com as sete UJs em conjunto incentiva a interação e a troca de
experiências entre elas, trazendo maior amadurecimento na implementação das deliberações.
2. HISTÓRICO
18. A fiscalização que gerou o Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário teve por objetivo avaliar se as
práticas de governança e de gestão de aquisições adotadas pelas organizações públicas estavam de
acordo com a legislação aplicável e aderentes às boas práticas.
19. De acordo com o item 9.2.7 (e subitens) do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, o TJDFT
deveria enviar um plano de ação para a implementação das deliberações. A resposta a esse item foi
encaminhada para a Selog por meio dos Ofícios GSG 24.264 (peça 11) e 41.172 (peça 15).
20. Além disso, em 10/10/2016 foi realizada reunião de alinhamento com as cinco organizações
que foram fiscalizadas nas auditorias conduzidas pela Selog na FOC 2014 - Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios (TJDFT), Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit),
Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDA), Ministério da Integração Nacional (MIN) e
Superior Tribunal de Justiça (STJ) - e com as duas organizações participantes das auditorias também
conduzidas pela Selog na FOC 2015 - Banco Central do Brasil (BCB) e Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) (peça 12).
21. A reunião teve o fim de esclarecer dúvidas sobre o teor das recomendações e de alinhar
expectativas quanto à adoção das medidas propostas pelo TCU, com possível discussão sobre linhas de
ação viáveis para a implementação das medidas, conforme previsto no cap. 1, item 10, dos padrões de
monitoramento do TCU.
3. EXAME TÉCNICO - ANÁLISE DO ATENDIMENTO DAS DELIBERAÇÕES
3.1 Deliberação
22. Determinações ao TJDFT:
9.2. determinar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, com fulcro no art. 43,
inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:
9.2.1. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘c’, da Lei 8.666/1993, antes da eventual
prorrogação do Contrato 115/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo,
inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções
disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o
problema do transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução
mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,
locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado;
9.2.2. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘f’, e ao art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993, antes da
elaboração de edital de licitação com vistas a substituir o Contrato 062/2010, inclua, nos estudos
técnicos preliminares da contratação:
9.2.2.1. o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto no art. 43, parágrafo único, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.2.2. a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do
prédio ou documento técnico equivalente;
234
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.2.3. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘c’, da Lei 8.666/1993, antes da elaboração de
edital para licitação com vistas a substituir o Contrato 223/2012, realize estudo técnico preliminar com
objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.4. em atenção ao art. 66 da Lei 8.666/1993, abstenha-se de efetuar, ao final do Contrato
223/2012, com vencimento previsto para 27/9/2017, pagamento à contratada relativo a aviso prévio
trabalhado, conforme disposto no item 3 do Capítulo ‘OBSERVAÇÕES IMPORTANTES’, constante
do Edital 08/2011, tendo em vista que tal parcela já foi provisionada mensalmente ao longo da
execução contratual;
9.2.5. em atenção ao art. 68 da Lei 8.666/93, oficie a contratada para designar formalmente outro
empregado para desempenhar as funções de preposto do Contrato 223/2012, o qual não poderá ser um
terceirizado vinculado a essa contratação;
9.2.6. em atenção ao art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, e ao princípio da legalidade, informe ao
TCU, no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento ao item 9.2.1 do Acórdão
2.859/2013-TCU-Plenário, incluindo detalhamento da quantidade de contratos revisados e a economia
(redução de valor contratual) obtida;
9.2.7. encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência, plano de ação para a
implementação das medidas prolatadas neste acórdão, contendo:
9.2.7.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o
responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
9.2.7.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
9.2.7.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;
3.2 Situação que levou à proposição da deliberação
23. As propostas acima derivaram dos seguintes fatos evidenciados no processo de origem:
23.1. Não foi realizado, previamente à terceirização de serviços de motorista, um estudo técnico
para identificar os diferentes tipos de solução passíveis de contratar e que atendessem à necessidade de
transportar pessoas (9.2.1);
23.2. O TJDFT informou que à época da licitação dos serviços de limpeza e vigilância, não
havia estudo que materializasse de forma terminativa as áreas externas e internas dos prédios e que não
foi formalizado estudo técnico para definir a produtividade da mão de obra atualmente alocada na
prestação desses serviços, mas teria sido feita uma análise para o estabelecimento dos índices, sem,
entretanto, juntar memórias de cálculo que evidenciassem a informação (9.2.2 e subitens);
23.3. As atribuições do posto de trabalho de supervisor 44h semanais do contrato de vigilância
(Contrato 223/2012) não foram definidas, sendo ele utilizado para desempenhar as funções de preposto
da contratada (9.2.3);
23.4. No item 3 do Capítulo OBSERVAÇÕES IMPORTANTES do Edital 84/2012, para
contratação de serviços de vigilância armada e desarmada, havia previsão de pagamento, ao final do
contrato, de 23,33% do valor da remuneração mensal, a título de aviso prévio trabalhado, mesmo essa
parcela sendo provisionada mensalmente como item da planilha de custos e formação de preços
(PCFP) da contratada (9.2.4);
23.5. No contrato de vigilância, não havia designação formal de preposto. Um empregado
terceirizado, vinculado ao contrato, era utilizado como preposto para representar a contratada (9.2.5);
23.6. A organização não havia ultimado as providências para revisar os contratos a serem objeto
de revisão decorrente da desoneração fiscal instituída pela Lei 12.546/2011. Também não tinham sido
prestadas informações sobre como os valores pagos a maior estariam sendo recuperados (9.2.6).
235
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
3.3 Providências adotadas
24. Por meio do Ofício GSG 24.264 (peça 11), o TJDFT encaminhou o plano de ação para
implementação das determinações citadas acima com as seguintes informações:
24.1. Quanto ao item 9.2.1, informa que realizou estudo de viabilidade objetivando a tomada de
decisão para a nova contratação de serviços terceirizados de transporte (peça 11, p. 27 e p. 33 a 79);
24.2. Em relação ao item 9.2.2, 9.2.2.1 e 9.2.2.2, o Ofício GSG 41.172 encaminhou cópia de
estudos para a definição da produtividade da mão de obra utilizada na prestação de serviços de limpeza
- Contrato 109/2015 (peça 15, p. 1 a 7). Além disso, enviou documentos sobre a definição do tamanho
das áreas objeto de limpeza, dentre outros, alvará de construção, certidão de registro de imóvel e carta
de habite-se (peça 15, p. 8 a 92).
24.3. Sobre o item 9.2.3, foi encaminhado cópia de estudo técnico preliminar contendo a
definição da localização, quantidade e tipo de postos de trabalho de vigilância. Nesse documento
consta o detalhamento e a justificativa dos postos (peça 11, p. 29 e 130 a 145).
24.4. A respeito do item 9.2.4, o TJDFT cita que determinou a elaboração de Termo Aditivo a
fim de excluir a previsão de pagamento de aviso prévio trabalhado ao final do Contrato 223/2012, pois
essa parcela teria sido provisionada mensalmente ao longo da execução contratual (peça 15, p. 1).
24.5. Já em relação ao item 9.2.5, a empresa contratada foi oficiada para indicar outro
empregado, não vinculado ao Contrato 223/2012 para desempenhar a função de preposto. A empresa
realizou a designação formal (peça 11, p. 30 e 171).
24.6. Acerca do item 9.2.6, o TJDFT informou que realizou o detalhamento da quantidade de
contratos revisados, a economia gerada e as providências para reaver os valores pagos a maior, porém
a revisão foi suspensa até decisão final do TCU em decorrência de pedido de reexame recebido com
efeito suspensivo em relação aos itens 9.2 e 9.3 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário (Processo TC-
013.515/2013-6), conforme justificativa constante no Ofício GSG 805/2016 (peça 11, p. 30).
24.7. Por fim, quanto ao item 9.2.7 (e subitens) a organização encaminhou, por meio do Ofício
GSG 24.264, o plano de ação para as deliberações prolatadas no Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário,
acompanhado de justificativas e evidências (peça 11, p. 2 a 31).
3.4 Análise
25. O escopo desse monitoramento não contempla uma avaliação detalhada da eficácia das ações
adotadas pela organização, visto que equivaleria a realizar uma nova auditoria. Assim, realizar-se-á
uma avaliação com escopo de avaliar se as ações adotadas sinalizam que houve alguma avaliação dos
riscos relatados e implementação de alguma medida (controle) pelos gestores. Por exemplo, se havia
riscos decorrentes da não realização de análise de viabilidade, verificar-se-á se houve realização de
estudo com vistas a analisar as alternativas de contratações oferecidas pelo mercado, sem entrar no
mérito se a conclusão do estudo foi adequada ou não.
26. Não obstante, considera-se que o objetivo primordial dessa fiscalização, que foi estimular a
implementação de controles internos, foi alcançada com êxito, visto que a organização adotou ou
pretende adotar os controles recomendados para aprimorar seu processo de contratação. Em resumo, o
escopo deste monitoramento é avaliar se houve a implantação de algum controle, e não se a medida, no
mérito, foi a mais correta quanto a sua eficácia.
27. O estudo de viabilidade para contratação de serviços de transporte (item 9.2.1) teria sido
realizado de forma ampla e englobaria os custos envolvidos em cada tipo de serviço que o mercado
oferece, além do tipo de solução que mais atenderia às necessidades do TJDFT. A exemplo, cite-se o
item 5.3 do documento (peça 11, p. 62), que demonstraria alguns tipos de contratação praticados na
administração pública.
236
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
28. Quanto ao estudo e definição da produtividade da mão de obra a ser utilizada em nova
contratação de serviços de limpeza (9.2.2.1), o TJDFT apresentou estudo com esse fim. O referido
estudo não foi incluído no processo de contratação, o que, de acordo com a organização, será feito em
futuras contratações, conforme peça 15, p. 7, capítulo CONCLUSÃO.
29. Sobre a definição do tamanho das áreas com base em documento técnico (9.2.2.2), a
organização enviou os seguintes documentos relativos às áreas objeto dos serviços de limpeza, dentre
outros: alvará de construção, certidão de registro de imóvel e carta de habite-se. Contudo, nossa análise
é de que esses documentos não demonstram com clareza as áreas que devem ser objeto da contratação,
ou seja, não consta uma medição precisa e detalhada sobre o tamanho desses imóveis (peça 15, p. 8 a
92).
30. Conforme apontado pelo próprio TJDFT, as medidas não estão claras e se originam de fontes
diversas, de forma que a própria unidade administrava que deve utilizar tais medidas não tem a
definição sobre qual fonte utilizar (peça 15, p. 92).
31. Ademais, os documentos não apresentam detalhamento suficiente que possa embasar as áreas
a serem objeto de limpeza, como exemplo, área externa e área interna, áreas de fachadas, áreas de
banheiro, entre outras, que possuem produtividades diferenciadas. Eles abrangem, na maioria das
vezes, a área total do imóvel sem detalhamentos. Por esse motivo, a planta dos prédios ou documento
equivalente seria um documento ideal com todo o detalhamento necessário.
32. Em atendimento ao item 9.2.3, foi encaminhada cópia de estudo técnico preliminar contendo
a definição da localização, quantidade e tipo de postos de trabalho de vigilância. Especialmente o item
3 - Do dimensionamento (peça 11, p. 135 a 141) que justificaria adequadamente a necessidade e o tipo
de cada posto de trabalho.
33. Em relação ao item 9.2.4, de acordo com as evidências apresentadas até o presente momento,
não houve alteração nos dispositivos do Contrato 223/2012, visto que o item aviso prévio trabalhado
continua sendo pago mensalmente e coexistindo com o item 3 do Capítulo ‘OBSERVAÇÕES
IMPORTANTES’, do Edital 08/2011.
34. Contudo, o TJDFT informou que haveria determinação para que seja feito um termo aditivo
com o fim de excluir a parcela constante do item 3 do edital, uma vez que já é realizado seu
provisionamento mensalmente. Com efetivação dessa alteração contratual, não haveria risco de a
parcela aviso prévio trabalhado ser paga em duplicidade ao final do contrato (peça 15, p.1).
35. A respeito do item 9.2.5, a empresa contratada realizou formalmente a indicação de
empregado para desempenhar a função de preposto, conforme designação a peça 11, p. 171.
36. Quanto ao item 9.2.6, estão suspensos os efeitos dos itens 9.2 e 9.3 do Acórdão 2.859/2013-
TCU-Plenário, conforme despacho do Ministro-Relator datado de 2/3/2015, acostado à peça 232 do
TC-013.515/2013-6. Logo, entende-se configurado o sobrestamento do monitoramento do item 9.2.6
do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário.
37. Por fim, considera-se cumprido o item 9.2.7 (e subitens) diante do plano de ação
encaminhado pelo Ofício GSG 24.264, contendo as medidas prolatadas no Acórdão 2.743/2015-TCU-
Plenário, acompanhado de justificativas e evidências (peça 11, p. 2 a 31 e peça 15).
3.5 Evidências
38. Ofício GSG 24.264 (peça 11);
39. Estudo de viabilidade (peça 11, p. 33 a 79);
40. Ofício GSG 41.172 (peça 15);
41. Estudo para a definição da produtividade (peça 15, p. 1 a 7);
42. Ofício GSG 24.264, Anexo 10 (peça 11, p. 80 a 88);
43. Estudo técnico preliminar para contratação de serviços de vigilância (peça 11, p. 130 a 145);
44. Termo Aditivo 8 ao contrato 223/2012 (peça 11, p. 146 a 170);
45. Carta de preposto (peça 11, p. 171);
237
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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46. Plano de ação (peça 11, p. 2 a 31).
3.6 Conclusão
47. Diante do exposto, consideram-se:
47.1. Cumprida a determinação do item 9.2.1;
47.2. Cumprida a determinação do subitem 9.2.2.1;
47.3. Parcialmente cumprida a determinação do subitem 9.2.2.2;
47.4. Cumprida a determinação do item 9.2.3;
47.5. Em cumprimento a determinação do item 9.2.4;
47.6. Cumprida a determinação do item 9.2.5;
47.7. Não aplicável, por enquanto, a determinação do item 9.2.6; e
47.8. Cumprida a determinação do item 9.2.7 e subitens.
3.7 Proposta de encaminhamento
48. Ante o exposto, propõe-se:
48.1. que as determinações constantes dos itens 9.2.1, 9.2.3, 9.2.5 e 9.2.7 e do subitem 9.2.2.1
sejam consideradas cumpridas;
48.2. determinar que a organização apresente, no prazo de 30 dias, plano de ação com os
procedimentos e prazos para cumprimento das deliberações constantes do subitem 9.2.2.2 e do item
9.2.4;
48.3. considerar o item 9.2.6, por enquanto, não aplicável ante a perda de objeto;
48.4. Aprovar o plano de monitoramento (Anexo I) para que as medidas constantes do item 9.1 e
subitens sejam acompanhadas em momento mais avançado do plano de ação, com a realização de duas
reuniões de acompanhamento, aproximadamente nos meses de maio e novembro de 2017, com as
cinco unidades jurisdicionadas auditadas pela Selog participantes deste trabalho, tendo em vista a
previsão contida nos padrões de monitoramento do TCU e a complexidade de implementação das
recomendações do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário.
4. BENEFÍCIOS EFETIVOS DAS DELIBERAÇÕES
49. Como principais benefícios do atendimento das deliberações citam-se os seguintes:
49.1. Aperfeiçoamento da contratação de serviços de transporte de pessoas, após a realização de
levantamento de mercado para conhecer as alternativas de soluções que podem atender às necessidades
do TJDFT (item 9.2.1);
49.2. Potencial redução na quantidade de postos de postos de trabalho alocados na prestação de
serviços de limpeza, com utilização de produtividade maior do que a referência definida na IN
SLT/MP 02/2008 (subitem 9.2.2.1);
50. Melhor alocação dos postos de trabalho de vigilância, após a realização de estudo técnico
para dimensionar os quantitativos e tipo de postos a serem contratados (item 9.2.3);
51. Maior controle da fiscalização quanto à adequada execução contratual, após a designação do
preposto da contratada para atuar no cumprimento das demandas relacionados ao Contrato 223/2012
(item 9.2.5);
52. Pode-se mencionar ainda que a implementação das deliberações do Acórdão 2.743/2015-
TCU-Plenário induz à melhoria nos controles internos e da governança dos processos de aquisições do
TJDFT. E ainda contribui para o aumento da transparência da gestão e da melhoria da qualidade dos
serviços públicos prestados.
53. Além desses, pode-se mencionar como último benefício a expectativa do controle por meio
da inibição de falhas e irregularidades em virtude da atividade de controle externo exercida pelo TCU
em resposta às demandas da sociedade.
5. CONCLUSÃO
54. O monitoramento, em cumprimento aos arts. 243 e 250, inciso III, do Regimento Interno
deste Tribunal, aos arts. 2º, § 1º e 4º inciso III da Portaria Segecex 27/2009 e ao art. 8º da Resolução
238
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
TCU 265/2014, avaliou o atendimento às deliberações constantes do item 9.2 (e subitens) do Acórdão
2.743/2015-TCU-Plenário.
55. Da análise empreendida, pode-se concluir que a situação de cumprimento ou implementação
das deliberações é a seguinte:
Grau de implementação das deliberações - TJDFT
Deliberação Cumprida ou
Implementada
Em
cumprimento
ou Em
implementação
Parcialmente
cumprida ou
Parcialmente
implementada
Não cumprida
ou Não
implementada
Não aplicável
9.2.1 X
9.2.2.1 X
9.2.2.2 X
9.2.3 X
9.2.4 X
9.2.5 X
9.2.6 X
9.2.7 X
Quantidade 5 1 1 1
Percentual 63% 12% 12% 12%
Quadro 1 - Grau de atendimento das deliberações do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário -
TJDFT
56. No que tange ao item 9.1 e subitens do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, propõe-se um
plano de monitoramento (Anexo I) para que as recomendações adotadas sejam acompanhadas em
momento mais avançado do plano de ação, com a realização de reuniões de acompanhamento
aproximadamente nos meses de maio e novembro de 2017, em virtude da complexidade das medidas
propostas.
57. Registre-se aqui que, embora tenhamos declarado estar fora do escopo deste relatório o
monitoramento do item 9.1 e seus subitens, em análise superficial das justificativas acerca das
recomendações, verificou-se que a organização informou ser não oportuna a implementação de
algumas delas.
58. Porém, após os esclarecimentos prestados durante a reunião de alinhamento citada no item
20, diversas dúvidas que prejudicavam a adoção de medidas pela organização foram sanadas. Além
disso, após o encaminhamento do plano de ação por parte do TJDFT, foram publicados normativos
que tratam especificamente de temas relacionados ao item 9.1, estabelecendo um caráter vinculante
para o órgão.
59. Como exemplo, cite-se a Resolução-CNJ 240/2016, de 9 de setembro de 2016, que prevê em
seu art. 5º, inc. VI, as diretrizes para provimento dos cargos em comissão e função de confiança nos
órgãos do Poder Judiciário, o que vai ao encontro do disposto no item 9.1.1 do acórdão, considerado
como de implementação não oportuna pelo TJDFT.
60. Por tais motivos, foi oportunizada ao TJDFT a revisão de seu plano de ação, com vistas a
considerar as novas informações obtidas na reunião de alinhamento, assim como os novos normativos
que tratam dos assuntos relacionados ao item 9.1 do acórdão. Dessa forma, tais atualizações serão
devidamente analisadas no decorrer de 2017.
61. Além disso, tal oportunidade possibilitará ao TJDFT enviar seu plano de ação conforme o
modelo previsto nos padrões de monitoramento do TCU, de forma a facilitar a análise das medidas
previstas pela organização.
239
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
62. Conforme citado no item 15 acima, as vinte auditorias realizadas na FOC Governança e
Gestão das Aquisições - Ciclo 2014 e as quatorze realizadas no Ciclo 2015, são decorrentes de
trabalhos sequenciais, que se complementam e tratam do mesmo tema: Governança e Gestão das
Aquisições. Desse total de 34 auditorias, a Selog foi a responsável por sete, sendo cinco no âmbito da
FOC 2014 e duas no âmbito da FOC 2015.
63. Dessa forma, a Selog pretende avaliar, em momento futuro, a possibilidade de realizar o
monitoramento desses sete acórdãos em conjunto. Essa medida acarreta racionalidade na execução dos
trabalhos e maior efetividade na implementação das medidas por parte das organizações, já que
poderão ser tratadas de maneira sistêmica e permitir maior interação e troca de experiências entre eles,
trazendo maior amadurecimento para essas organizações.
6. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
64. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, para encaminhamento ao
gabinete do Ministro-Relator Augusto Sherman Cavalcanti, com as seguintes propostas quanto ao
Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário:
64.1. considerar cumpridas as determinações constantes dos itens 9.2.1, 9.2.3, 9.2.5, 9.2.7 e do
subitem 9.2.2.1;
64.2. determinar que a organização apresente, no prazo de 30 dias, novo plano de ação, conforme
modelo previsto nos padrões de monitoramento do TCU (anexo), com os procedimentos e prazos para
cumprimento do subitem 9.2.2.2 e do item 9.2.4, assim como com as devidas atualizações relacionadas
ao item 9.1;
64.3. considerar não aplicável, por perda do objeto, a determinação constante do item 9.2.6;
64.4. com base no cap. 3, item 34 e no cap. 1, item 10, ambos dos padrões de monitoramento do
TCU, aprovar o plano de monitoramento constante do Anexo I, bem como a realização de duas
reuniões de acompanhamento com as cinco unidades jurisdicionadas auditadas pela Selog na FOC
Governança e Gestão das Aquisições - Ciclo 2014 aproximadamente nos meses de maio e novembro
de 2017;
64.5. apensar os presentes autos ao TC-017.635/2014-4, com base no art. 42 da Resolução TCU
191/2006.”
É o relatório.
VOTO
Trata-se de monitoramento do cumprimento das determinações do subitem 9.2 do Acórdão
2.743/2015-TCU-Plenário, prolatado em processo de auditoria realizada com o objetivo de avaliar as
práticas de governança e gestão das aquisições no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios
(TJDFT).
2. Na mencionada decisão foram prolatadas as seguintes determinações objeto do presente
monitoramento:
“9.2. determinar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, com fulcro no art. 43,
inciso I, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 250, inciso II, do Regimento Interno do TCU, que:
9.2.1. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘c’, da Lei 8.666/1993, antes da eventual
prorrogação do Contrato 115/2011, ou da elaboração de edital para licitação com vistas a substituí-lo,
inclua, nos estudos técnicos preliminares da contratação, a avaliação das alternativas de soluções
240
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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disponíveis no mercado para atender à necessidade que originou a contratação atual (resolver o
problema do transporte de pessoas e cargas em regiões metropolitanas), a fim de identificar a solução
mais vantajosa dentre as existentes, considerando, por exemplo, as alternativas de compra de veículos,
locação de veículos e contratação de serviços de transporte pagos por quilometro rodado;
9.2.2. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘f’, e ao art. 7º, § 4º, da Lei 8.666/1993, antes da
elaboração de edital de licitação com vistas a substituir o Contrato 062/2010, inclua, nos estudos
técnicos preliminares da contratação:
9.2.2.1. o estudo e definição da produtividade da mão de obra que será utilizada na prestação de
serviços de limpeza, à semelhança do previsto no art. 43, parágrafo único, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.2.2. a definição do tamanho das áreas que serão objeto de limpeza com base em planta do
prédio ou documento técnico equivalente;
9.2.3. em atenção ao art. 6º, inciso IX, alínea ‘c’, da Lei 8.666/1993, antes da elaboração de
edital para licitação com vistas a substituir o Contrato 223/2012, realize estudo técnico preliminar com
objetivo de definir a localização, quantidade e tipo de todos os postos de trabalho de vigilância, à
semelhança do previsto no art. 49, inciso I, da IN-SLTI 2/2008;
9.2.4. em atenção ao art. 66 da Lei 8.666/1993, abstenha-se de efetuar, ao final do Contrato
223/2012, com vencimento previsto para 27/9/2017, pagamento à contratada relativo a aviso prévio
trabalhado, conforme disposto no item 3 do Capítulo ‘OBSERVAÇÕES IMPORTANTES’, constante
do Edital 08/2011, tendo em vista que tal parcela já foi provisionada mensalmente ao longo da
execução contratual;
9.2.5. em atenção ao art. 68 da Lei 8.666/93, oficie a contratada para designar formalmente outro
empregado para desempenhar as funções de preposto do Contrato 223/2012, o qual não poderá ser um
terceirizado vinculado a essa contratação;
9.2.6. em atenção ao art. 65, § 5º, da Lei 8.666/1993, e ao princípio da legalidade, informe ao
TCU, no prazo de sessenta dias, os resultados alcançados em cumprimento ao item 9.2.1 do Acórdão
2.859/2013-TCU-Plenário, incluindo detalhamento da quantidade de contratos revisados e a economia
(redução de valor contratual) obtida;
9.2.7. encaminhe, no prazo de sessenta dias a contar da ciência, plano de ação para a
implementação das medidas prolatadas neste acórdão, contendo:
9.2.7.1. para cada determinação, as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o
responsável (nome, cargo e CPF) pelo desenvolvimento das ações;
9.2.7.2. para cada recomendação cuja implementação seja considerada conveniente e oportuna,
as ações que serão adotadas pela organização, o prazo e o responsável (nome, cargo e CPF) pelo
desenvolvimento das ações;
9.2.7.3. para cada recomendação cuja implementação não seja considerada conveniente ou
oportuna, justificativa da decisão;”
3. A análise, por parte da Selog, das informações recebidas do TJDFT permitiu concluir que as
determinações constantes dos subitens 9.2.1, 9.2.2.1, 9.2.3, 9.2.5 e 9.2.7 podem ser consideradas
cumpridas.
4. Os subitens 9.2.2.2 e 9.2.4 foram considerados em fase de cumprimento. Em consequência,
ante a não demonstração da efetivação do cumprimento dessas determinações, a unidade técnica
propõe assinar prazo para que o TJDFT apresente plano de ação com os procedimentos e prazos para
cumprimento desses subitens. Entretanto, considerando a natureza pontual dos mencionados
comandos, entendo desnecessária a medida proposta. No caso do subitem 9.2.2.2, o TCU poderá
avaliar seu cumprimento por meio da análise do edital da licitação objetivando substituir o Contrato
062/2010. Para isso, considero suficiente determinar o envio a este Tribunal do mencionado edital.
Quanto ao subitem 9.2.4, considerando que o Contrato 223/2012, tem vencimento previsto para
241
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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27/9/2017, cabe determinar ao TJDFT que demonstre, no prazo de 90 dias, o cumprimento da
determinação.
5. Por fim, em relação ao subitem 9.2.6, a Selog informa que estão suspensos os efeitos dos
subitens 9.2 e 9.3 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário, conforme despacho do eminente Relator,
Ministro José Múcio, datado de 2/3/2015. Dessa forma, a unidade técnica propõe considerar não
aplicável, por perda do objeto, aquela determinação. Entretanto, ante o caráter temporário da
suspensão dos efeitos da medida constante daquela decisão, entendo que não é o caso de se declarar a
perda de objeto da determinação monitorada, mas sim seu sobrestamento até decisão definitiva quanto
ao subitem 9.2 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário.
6. A Selog propõe, ainda, aprovar o plano de monitoramento do cumprimento das
recomendações prolatadas por meio do subitem 9.1 do acórdão ora monitorado, bem como “a
realização de duas reuniões de acompanhamento com as cinco unidades jurisdicionadas auditadas pela
Selog na FOC Governança e Gestão das Aquisições - Ciclo 2014 aproximadamente nos meses de maio
e novembro de 2017”. Não vejo óbice quanto à aprovação do plano de monitoramento. Todavia, creio
ser desnecessário constar da deliberação que ora submeto ao Plenário detalhes acerca de eventuais
reuniões ou outras medidas internas acerca desse monitoramento.
7. Finalmente, acerca das recomendações prolatadas nestes autos ao TJDFT, recebi em meu
Gabinete no dia 24/02/2017 representantes daquele Tribunal, que vieram apresentar o plano de ação
com vistas à implementação das recomendações contidas Acórdão 2743/2015-TCU-Plenário. Tendo
em vista a relevância dos resultados alcançados junto àquele órgão judicial, considerei oportuno fazer
comunicação à sessão do dia 08/03/2017 do Plenário acerca daquela visita, na qual destaquei (a) os
elogios recebidos dos representantes daquele Tribunal em relação às orientações contidas no
mencionado Acórdão; (b) a consciência de que tanto a elaboração quanto a implementação do plano
são atividades complexas e multivariáveis; (c) o estreitamento do relacionamento das áreas de
planejamento logístico do TJDFT com a Selog; (d) a importância do trabalho em parceria, que permite
que nossos técnicos e ministros compreendam melhor as dificuldades dos gestores na implementação
desses mecanismos de governança, o que contribui para o amadurecimento do processo; e (e) os bons
resultados que vêm sendo colhidos da atuação deste Tribunal na sua vertente pedagógica e orientadora.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
apreciação deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1607/2017 - TCU - Plenário
1. Processo TC-016.177/2016-9
2. Grupo: II - Classe: V - Assunto: Monitoramento.
3. Interessado: Tribunal de Contas da União.
4. Órgão/Entidade/Unidade: Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Selog.
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de monitoramento do cumprimento das
determinações do subitem 9.2 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário, prolatado em processo de
242
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
auditoria realizada com o objetivo de avaliar as práticas de governança e gestão das aquisições no
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT),
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. considerar cumpridas as determinações constantes dos itens 9.2.1, 9.2.3, 9.2.5, 9.2.7 e do
subitem 9.2.2.1 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;
9.2. determinar ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) que:
9.2.1. encaminhe a este Tribunal o edital da licitação realizada com vistas a substituir o Contrato
062/2010, de forma a permitir a avaliação do cumprimento do subitem 9.2.2.2 do Acórdão 2.743/2015-
TCU-Plenário;
9.2.2. encaminhe a este Tribunal, no prazo de noventa dias, as informações quanto ao
cumprimento do subitem 9.2.4 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;
9.3. sobrestar o monitoramento do subitem 9.2.6 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário até a
decisão definitiva quanto ao item 9.2 do Acórdão 2.859/2013-TCU-Plenário;
9.4. aprovar o plano de monitoramento constante do Anexo I da instrução à peça 16 destes autos,
destinado à verificação do cumprimento do subitem 9.1 do Acórdão 2.743/2015-TCU-Plenário;
9.5. dar ciência desta deliberação ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios
(TJDFT); e
9.6. apensar os presentes autos ao TC-017.635/2014-4.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1607-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I - CLASSE III - Plenário
TC-016.290/2017-8
Natureza: Consulta
Unidade: Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo
Interessado: Gilberto Silva Domingues de Oliveira Belleza, Presidente do Conselho de
Arquitetura e Urbanismo de São Paulo
Representação legal: não há
SUMÁRIO: CONSULTA. AQUISIÇÃO DE IMÓVEL PARA SEDE PRÓPRIA.
AUTORIDADE NÃO LEGITIMADA. NÃO CONHECIMENTO.
RELATÓRIO
243
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Adoto, como relatório, instrução da Auditora Federal da Secex/SP, lançada à peça 2 destes autos,
a qual contou com a anuência do corpo dirigente daquela unidade:
“INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de consulta formulada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São
Paulo (CAU/SP), na pessoa de seu presidente, Sr. Gilberto Silva Domingues de Oliveira Belleza,
acerca da possibilidade de aquisição de imóvel, a ser utilizado como sede própria daquele Conselho,
embora a empresa vendedora não possua certidão negativa de débitos emitida pela Receita Federal.
HISTÓRICO
2. O consulente relata que o CAU/SP instaurou procedimento administrativo para aquisição de
imóvel a ser utilizado como sua sede própria, no qual seriam concentradas suas atividades nos
próximos anos.
3. Inicialmente, o Conselho buscou imóveis junto a entes públicos que tratam de matéria
imobiliária e gestão de bens públicos, e imóveis tombados e de valor histórico, bem como realizou
chamadas públicas para prospecção do mercado, conhecimento de sua realidade e obtenção de imóvel
com a finalidade desejada, observados os princípios constitucionais e legais que regem a matéria.
Considerando que tais tentativas resultaram infrutíferas, o CAU/SP passou a buscar imóveis
diretamente no mercado, tendo encontrado um imóvel localizado na Rua Teodoro Sampaio, nesta
capital, de propriedade da empresa Itaú Rent Administração e Participações Ltda., integrante do grupo
financeiro Itaú/Unibanco, com as seguintes características:
a) o valor de compra do imóvel estaria abaixo do valor de mercado para bens de mesma
natureza, conforme avaliação realizada pela Caixa Econômica Federal;
b) a locação de parte do bem, informada como condição indispensável e prévia do negócio, iria
gerar uma receita imediata e permanente, incrementando as finanças do Conselho;
c) o imóvel possui grande valor arquitetônico, por representar uma escola e um período
relevante da arquitetura paulistana, permitindo uma identificação entre o imóvel e os inscritos naquela
autarquia, além de ter assegurada sua preservação e correta utilização.
4. A despeito disso, a empresa vendedora possui demandas fiscais no âmbito administrativo e,
portanto, não possui certidão negativa de débitos (CND) emitida pela Receita Federal. Tal documento
foi exigido pelo CAU/SP, e a empresa vendedora, em resposta, informou que realiza negócios dessa
natureza, inclusive com órgãos públicos, e adota a postura de garantir todos os atos administrativos e
judiciais necessários para sua concretização, de modo a proteger os direitos e interesses do comprador
contra eventuais problemas que venham a surgir. Segundo informação da empresa, em face da
ausência da CND, a recusa inicial no registro do imóvel é sanada com o procedimento de
questionamento junto ao Poder Judiciário, que gera a determinação judicial de realização do registro
da escritura do imóvel.
5. O Conselho acrescenta que o débito existente é da ordem de 60% do valor do imóvel a ser
adquirido e a empresa vendedora, a princípio, possui patrimônio suficiente para quitação do valor em
caso de condenação, não havendo risco para o CAU/SP com a celebração do negócio.
6. Diante desse cenário, o Presidente do CAU/SP consulta o TCU sobre a possibilidade de
celebração do negócio nas condições descritas, e as providências necessárias para sua concretização,
com observância aos normativos que regem a matéria.
EXAME DE ADMISSIBILIDADE
7. Apesar de tratar de matéria de competência desta Corte de Contas, nos termos do inciso XVII
do art. 1º da Lei 8.443/1992, registra-se que a consulta não preenche os requisitos de admissibilidade
subjetivos constantes no art. 264 do Regimento Interno/TCU, haja vista que o Presidente do CAU/SP
244
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
não se encontra entre os legitimados previstos no rol do mencionado artigo.
8. Além disso, a consulta versa sobre caso concreto, o que é vedado pelo art. 265 do Regimento
Interno/TCU. De fato, a presente consulta refere-se à aquisição de imóvel a ser utilizado como sede
própria do CAU/SP, sendo que a empresa vendedora não possui certidão negativa de débitos (CND)
emitida pela Receita Federal.
9. Dessa forma, não havendo o atendimento dos requisitos de admissibilidade previstos nos arts.
264 e 265 do Regimento Interno/TCU, a presente consulta não deve ser conhecida.
10. Por fim, registra-se que, em consulta à jurisprudência deste Tribunal, não foram localizados
precedentes sobre o tema em exame nestes autos.
CONCLUSÃO
11. A presente consulta não merece ser conhecida pelo Tribunal, por não preencher os requisitos
de admissibilidade previstos nos arts. 264 e 265 do Regimento Interno/TCU, cabendo, desde já, propor
o arquivamento do processo, nos termos do art. 265 do Regimento Interno/TCU, c/c o art. 102 da
Resolução TCU 259/2014.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
12. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
a) não conhecer a presente documentação como consulta por não atender os requisitos de
admissibilidade previstos nos arts. 264 e 265 do Regimento Interno/TCU;
b) dar ciência da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto que a
fundamentarem, ao Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), Sr.
Gilberto Silva Domingues de Oliveira Belleza, nos termos do art. 265 do Regimento Interno/TCU;
c) arquivar o presente processo, com fundamento no art. 265 do Regimento Interno/TCU, c/c o
art. 102 da Resolução TCU 259/2014.”
É o relatório.
VOTO
Em exame Consulta formulada pelo Presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São
Paulo (CAU/SP), acerca da possibilidade de aquisição de imóvel, a ser utilizado como sede própria
daquele Conselho, embora a empresa vendedora não possua certidão negativa de débitos, ou
equivalente, emitida pela Receita Federal.
2. Como resume a instrução precedente, o consulente relata que o CAU/SP instaurou
procedimento com o fito de adquirir imóvel a ser utilizado como sede própria, onde seriam
concentradas suas atividades nos próximos anos. Nesta esteira, o Conselho teria buscado, incialmente,
imóveis junto a entes públicos que tratam de matéria imobiliária e gestão de bens públicos, e imóveis
245
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
tombados e de valor histórico, bem como realizou chamadas públicas para prospecção do mercado,
observados os princípios constitucionais e legais que regem a matéria. Restando infrutíferas tais
tentativas, o Conselho passou a buscar imóveis diretamente no mercado, tendo encontrado um imóvel
na capital paulista, de propriedade da empresa Itaú Rent Administração e Participações Ltda.,
integrante do grupo financeiro Itaú/Unibanco.
3. A despeito disso, a empresa vendedora possui demandas fiscais no âmbito administrativo e,
portanto, não detém certidão negativa de débitos (CND) emitida pela Receita Federal, tampouco
certidão com efeitos equivalentes.
4. Diante disso, a empresa vendedora informou que realiza negócios dessa natureza, inclusive
com órgãos públicos, e adota a postura de garantir todos os atos administrativos e judiciais necessários
para sua concretização. Assim, em face da ausência da CND, a recusa inicial no registro do imóvel
seria sanada com procedimento de questionamento junto ao Poder Judiciário, que ensejaria a
determinação judicial para realização do registro da escritura do imóvel.
5. O Conselho acrescenta que o débito existente é da ordem de 60% do valor do imóvel a ser
adquirido e a empresa vendedora, em princípio, possui patrimônio suficiente para quitação do valor em
caso de condenação, de modo que não haveria riscos para o Conselho decorrentes do negócio.
6. Diante desse cenário, o Presidente do CAU/SP consulta o TCU sobre a possibilidade de
realização do negócio nas condições descritas, bem como providências necessárias para sua
concretização.
7. Endosso a análise e a conclusão da unidade instrutiva pelo não conhecimento da presente
documentação como Consulta.
8. Apesar de tratar de matéria de competência desta Corte, registra-se que o expediente não
preenche os requisitos de admissibilidade subjetivos constantes no art. 264 do Regimento
Interno/TCU, haja vista que seu signatário, o Presidente do CAU/SP, não se encontra entre os
legitimados previstos no rol do mencionado artigo.
9. Além disso, a consulta versa sobre caso concreto, o que não é admitido pelo art. 265 do
Regimento Interno/TCU.
10. Por fim, registro que, ao compulsar a jurisprudência desta Corte, o caso mais próximo que
identifiquei consiste na Decisão 221/1996-Plenário, em que se analisou a aquisição de imóvel
destinado à ampliação do Hospital Central da Aeronáutica, de vendedor com dívidas constituídas,
porém a questão específica destes autos não chegou a ser enfrentada naquela decisão. Portanto, assim
como noticia a Secex/SP, não foram encontrados precedentes semelhantes ao caso em tela, o que não
colabora para dirimir a dúvida apresentada.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1608/2017 - TCU – Plenário
1. Processo TC-016.290/2017-8
2. Grupo: I - Classe: III – Assunto: Consulta.
3. Interessado: Gilberto Silva Domingues de Oliveira Belleza, Presidente do Conselho de
Arquitetura e Urbanismo de São Paulo.
4. Órgão/Entidade/Unidade: Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Estado de São Paulo.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
246
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo (Secex/SP).
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos autuados como Consulta, formulada pelo Presidente
do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), acerca da possibilidade de
aquisição de imóvel a partir de empresa vendedora sem certidão negativa de débitos, ou equivalente,
emitida pela Receita Federal,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. não conhecer a presente documentação como consulta, por não atender os requisitos de
admissibilidade previstos nos arts. 264 e 265 do Regimento Interno/TCU;
9.2. dar ciência desta deliberação, bem como das peças que a fundamentam, ao Presidente do
Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (CAU/SP), nos termos do art. 265 do Regimento
Interno/TCU; e
9.3. arquivar o presente processo, com fundamento no art. 265 do Regimento Interno/TCU c/c o
disposto no art. 102 da Resolução TCU 259/2014.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1608-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II - CLASSE I - Plenário
TC-025.760/2016-5
Natureza: Agravo (em Relatório de Auditoria)
Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
Interessados: Congresso Nacional; Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(04.892.707/0001-00); Direção Consultoria e Engenharia Ltda. (32.963.001/0001-28); JDS -
Engenharia e Consultoria Ltda. (40.376.139/0001-59); Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.
(01.397.753/0001-45); SVC Construções Ltda. (01.543.722/0001-55)
Recorrentes: Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. (01.397.753/0001-45); SVC
Construções Ltda. (01.543.722/0001-55), empresas integrantes do Consórcio Paviservice/SVC.
Representação legal: Manoel Pinto (11.024/OAB/BA), representando Paviservice Serviços de
Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda.; Paulo Aristóteles Amador de Sousa, representando
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
247
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
SUMÁRIO: AGRAVO CONTRA MEDIDA CAUTELAR. OBRAS DE CONSTRUÇÃO
RODOVIÁRIA NO ESTADO DA BAHIA. SUSPENSÃO DA EXECUÇÃO CONTRATUAL NO
ESPECÍFICO TRECHO COMPREENDIDO ENTRE AS ESTACAS 2625 E 2835 NOS KM 334,5 A
KM 338,7 DA BR-235/BA. INDÍCIOS DE SUPERFATURAMENTO PELA MEDIÇÃO DE
SERVIÇOS NÃO REALIZADOS. CONHECIMENTO. NEGATIVA DE PROVIMENTO.
1. Os recursos manejados contra decisão de natureza cautelar proferida pelo TCU devem ser
recebidos sem efeito suspensivo, conforme aplicação subsidiária do CPC (art. 520 da Lei 5.869/1973 e
art. 1.012, § 1º, da Lei 13.105/2015), e o disposto na Resolução TCU 36/1995.
2. Ademais, por dedução lógica, nem se poderia admitir efeito suspensivo aos recursos e agravos
interpostos contra as medidas cautelares, pois significaria, em termos práticos, cancelar a medida
acautelatória antes mesmo da apreciação dos argumentos apresentados pelos interessados, conforme os
precedentes Acórdãos 2.483/2013 e 488/2017, ambos do Plenário.
RELATÓRIO
Trata-se de agravo interposto pelas empresas Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC
Construções Ltda., integrantes do Consórcio Paviservice/SVC, com pedido de efeito suspensivo, em
face de medida cautelar adotada por meio de despacho deste relator proferido à peça 53 destes autos,
referendado pelo Plenário deste Tribunal em sessão de 24 de maio de 2017 (peça 55).
2. Para melhor compreensão da matéria, cuido primeiramente de reproduzir o teor do despacho
proferido, no qual foi determinada a suspensão cautelar da execução de parcela de obra objeto de
contrato celebrado entre as recorrentes e o Dnit, sobre o qual se insurgem referidas empresas:
“Trata-se de relatório de auditoria realizada pela Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura
Rodoviária e de Aviação Civil (SeinfraRodoviaAviação) nas obras de construção da BR-235-BA - km
282 ao km 357,4, objeto do contrato firmado entre o Dnit e o Consórcio Paviservice/SVC.
I
2. Consoante exposto pela equipe de fiscalização no Relatório de Fiscalização 404/2016 (peça
27), antes do início das obras contratadas o segmento de 75 km de rodovia apresentava uma
implantação consolidada, parte em leito natural e parte com revestimento asfáltico.
3. As obras em questão estão abrangidas pelo Contrato 05.00202/2014, celebrado a partir do
resultado da licitação relativa ao Edital RDC-Presencial 702/2013-05, cujo regime de execução é a
empreitada por preço global. O orçamento de referência do Dnit para fins de licitação foi de
R$ 100.701.492,76 (3/2013), e o Consórcio Paviservice/SVC sagrou-se vencedor com uma proposta de
preço no valor global de R$ 100.660.000,00 (3/2013), com desconto de 0,04%.
4. A fiscalização da obra no âmbito do Dnit, por sua vez, é realizada por servidor da autarquia,
com o auxílio da empresa supervisora Direção Consultoria e Engenharia Ltda., conforme Contrato
05.00239/2014.
5. Consta dos autos que no decorrer das obras foi formalizado o 1º Termo Aditivo ao Contrato
05.00202/2014, fundamentado na 1ª Revisão de Projeto em Fase de Obras - RPFO, aprovada em
7/12/2015 pelo Coordenador-Geral de Construção Rodoviária - DIR/Dnit. Dentre as alterações
promovidas na 1ª RPFO evidenciam-se as seguintes:
248
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
5.1 - deslocamento da plataforma da rodovia para direita entre os km 334,5 (est. 2625) e km
338,7 (est. 2835), em razão de terem sido verificadas interferências da plataforma projetada com uma
linha de distribuição de energia elétrica e com um canal de irrigação;
5.2 - inclusão dos serviços de remoção de solo mole e execução de camada drenante, entre os km
334,5 (est. 2625) e km 338,7 (est. 2835), uma vez que a nova plataforma estaria localizada sobre um
trecho com presença de solo mole;
5.3 - acréscimos nas alturas dos aterros ao longo do segmento, de maneira a viabilizar a
execução dos bueiros de drenagem, uma vez que as alturas de aterro previstas originalmente não
permitiam a adequada implantação desses dispositivos;
5.4 - deslocamento da posição do canteiro de obras e das usinas de solos e de CBUQ,
acarretando alterações nas distâncias médias de transporte - DMTs dos insumos; e
5.5 - implantação de um segmento de 1,4 km para proporcionar melhorias na interligação entre o
final do trecho (est. 3325) e a área urbana de Juazeiro/BA.
6. As alterações promovidas pela revisão de projeto resultaram acréscimo de R$ 9.630.675,23
(3/2013) no valor do Contrato 05.00202/2014, que passou a ter um valor global de R$ 110.290.675,23.
7. Por ocasião da realização dos trabalhos (8/9/216 a 28/10/2016) a obra encontrava-se com
84,9% de execução, conforme Relatório Geral do Contrato 05.00202/2014, obtido no Sistema de
Acompanhamento de Contratos do Dnit - Siac. Na oportunidade, sete achados foram reportados pela
equipe de fiscalização em seu relatório, concluído em 29/3/2017 (peça 27):
7.1 - Achado III.1 (pIGP) - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -
Remoção de solo mole e execução de colchão de areia (prejuízo estimado em cerca de 6,4% do valor
do contrato, a preços iniciais), equivalente a R$ 7.017.467,91 (3/2013);
7.2 - Achado III.2 (pIGP) - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços
desnecessários - Substituição de subleito (prejuízo estimado em cerca de 7,7% do valor do contrato, a
preços iniciais), equivalente ao montante de R$ 8.487.330,40 (3/2013);
7.3 - Achado III.3 (pIGC) - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em
Fase de Obras (prejuízo estimado em cerca de 0,6% do valor do contrato, a preços iniciais),
equivalente a R$ 660.778,06 (3/2013);
7.4 - Achado III.4 (pIGC) - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto
executivo deficiente (prejuízo estimado em face dos próprios valores pagos à executora do projeto
executivo, considerado deficiente; serviços impugnados pela equipe: R$ 711.996,38 de um contrato de
R$ 1.000.128,36);
7.5 - Achado III.5 (pIGC) - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em
desacordo com o previsto em projeto;
7.6 - Achado III.6 (pIGC) - Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração
para solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de interferências; e
7.7 - Achado III.7 (pIGC) - Paralisação injustificada de frentes de serviço.
8. Consoante exposto no relatório de auditoria, os achados III.1 e III.2 foram tipificados como
pIGP (proposta de indício de irregularidade grave com recomendação de paralisação). Para o Achado
III.1 a SeinfraRodoviaAviação também propôs a adoção de medida cautelar inaudita altera pars com
vistas a que o Dnit suspendesse a execução dos serviços objeto do contrato 05.00202/2014 (obras de
construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento de quatro
quilômetros compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km 338,7), com fundamento no
art. 276 do Regimento Interno/TCU, procedendo-se, em seguida, às oitivas do Dnit e do Consórcio
executor.
9. Informaram os auditores, ainda, que a execução dos serviços no referido trecho objeto da
proposta de cautelar estava paralisada ao tempo da realização da fiscalização, em razão da necessidade
de resolução das questões relativas às interferências relativas às linhas de distribuição de eletricidade.
249
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Todavia, tal fato não influiria no perigo de lesão e risco de ineficácia de decisão de mérito, porquanto
os serviços poderiam ser retomados por completo quando da resolução dessas questões, agravando as
irregularidades apontadas no achado, mantendo-se, na visão deles, os requisitos ensejadores da
cautelar.
10. Submetidas as proposições da secretaria a este Relator, proferi despacho constante da peça
31 destes autos, no dia 4/4/2017, no qual manifestei-me no sentido de que deveria ser colhida a oitiva
prévia junto ao Dnit e empresas integrantes do consórcio executor, nos termos do § 2º do art. 276 do
Regimento Interno/TCU, no prazo de cinco dias úteis, notadamente porque não havia informações
atualizadas sobre a execução das obras no trecho, uma vez que desde a fiscalização empreendida in
loco pelos auditores, até a conclusão do relatório e elaboração das propostas pelo titular da unidade
técnica, em 31/3/2017, passaram-se mais de 5 meses, bem assim, considerando que o relatório
preliminar não foi submetido aos gestores.
11. Consignei, ainda, que, previamente à eventual adoção da cautelar pleiteada pela secretaria,
deveria ser realizada a oitiva regimental, de forma a propiciar, neste caso, tanto o contraditório sobre
os fatos reputados de urgente intervenção cautelar por este Tribunal, como a busca de informações
mais atualizadas sobre o trecho em execução (diligência), e sobre as medidas encetadas ou
efetivamente executadas pelo Dnit e empresas executoras para eventual correção dos problemas
apontados pela equipe, haja vista que no relatório produzido pelos auditores havia indicação de ciência
prévia, por parte do Dnit, sobre o indício de irregularidade apontado bem como da adoção de algumas
providências, ainda que incipientes ou preliminares, em face das constatações havidas durante a
fiscalização realizada na presença dos envolvidos com a realização das obras.
12. Assim, determinei, preliminarmente, a realização de oitiva prévia do Dnit e das empresas
integrantes do Consórcio Paviservise/SVC, para que, no prazo regimental, apresentassem as
manifestações que entendessem pertinentes quanto ao Achado III.1 - Superfaturamento pela medição
de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia no segmento
compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 km 338,7 da Rodovia BR-135/BA), objeto do
Contrato 05.00202/2014, reportado no relatório da Fiscalização 404/2016, constante deste processo,
informando-se a eles sobre a possibilidade de este Tribunal vir a adotar medida cautelar suspensiva da
execução dos serviços ou de retenção de valores, caso presentes os requisitos ensejadores da medida.
Determinei, ainda, o envio, ao Dnit, de cópia do relatório da Fiscalização 404/2016, objeto deste
processo, para manifestação preliminar, no prazo improrrogável de quinze dias, acerca dos indícios de
irregularidades tipificados como pIGP e a realização de diligência com vistas a que informasse sobre o
estágio atual de execução das obras do trecho informado no Achado III.1 do relatório de auditoria, bem
assim, sobre o estágio de execução total das obras, e respectivos pagamentos efetuados, incluindo
informação sobre o saldo contratual pendente de pagamento.
13. Após o cumprimento das medidas por mim determinadas, vieram aos autos as alegações do
Dnit e das empresas consorciadas, bem assim informações mais atuais sobre a execução das obras e
sobre a situação do contrato em questão. Quanto a essas, o Dnit apresentou um Relatório-Geral do
Contrato, emitido em 11/4/2017, no qual demonstra que foram medidos R$ 95.424.618,19 a preços
iniciais, que representam 86,52% do valor total do contrato (R$ 110.290.675,23), além do histórico das
medições realizadas e um relatório da situação dos processos de pagamento, informando a existência
de saldo a executar de R$ 14.866.057,02, a preços iniciais. Relativamente ao trecho situado no
segmento de 4,2 km de extensão, localizado entre o km 334,5 e o km 338,7 da BR-235/BA, as
informações constantes de documento da empresa supervisora das obras são de que teria sido realizada
a correção da camada drenante no segmento, apontada como de composição irregular pela equipe,
mediante a escavação do material existente e substituição por areia conforme indicação do projeto,
respeitando suas cotas e larguras. Já teria sido realizada, segundo ela, a terraplenagem em toda a
extensão do segmento. Este se encontraria, atualmente, em cota de regularização de subleito.
250
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
14. Em que pese o refazimento de parte dos serviços no referido trecho, a análise empreendida
pela SeinfraRodoviaAviação, em sua derradeira instrução de peça 49 destes autos, corroborada pelo
pronunciamento dos dirigentes (peças 50/51) em face dos argumentos apresentados pelas partes,
conduziu ao entendimento daquela especializada no sentido do não saneamento integral dos indícios
de irregularidades apontados no ‘Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não
executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia’ no segmento compreendido entre
as estacas 2625 e 2835, razão pela qual, além da manutenção da pIGP, manteve-se a proposição de
adoção de medida cautelar suspensiva da execução dos serviços naquele trecho.
15. A justificativa para a manutenção de tal proposição reside no entendimento dos auditores
daquela Seinfra de que o indício não foi sanado. Persistiria, na visão dos auditores, indício de que a
liquidação e o posterior pagamento ocorreram sem a prévia comprovação da remoção da camada de
solo mole prevista na primeira revisão do projeto em fase de obra, bem como não teria sido
demonstrada a comprovação da real necessidade de utilização de areia lavada de rio na camada
denominada drenante.
16. O periculum in mora reside, na visão dos auditores, no fato de que a continuidade da
execução das obras no trecho, com a realização das camadas de subleito e pavimentação sem a
comprovação efetiva da remoção da camada de solo mole, caso esta de fato tenha existido (aqui há
dúvidas da secretaria quanto à efetiva existência, volume e extensão), tende a comprometer a qualidade
do pavimento, pois a eventual existência de resquícios de solo mole sob a camada de areia executada
poderia comprometer a estabilidade do corpo estradal. Seria então necessário a realização de estudo
com o intuito de traçar o perfil geotécnico do segmento executado, a fim de se concluir sobre a efetiva
situação do trecho no que tange tanto à existência de solo mole a esta altura, como para fins de
comprovação de sua remoção, nos termos constantes da revisão de projeto.
17. Assim, justifica a secretaria que ‘o perigo da demora só estará afastado se for constatada a
inexistência de solo mole sob a plataforma da rodovia ou se, constatada a existência de solo mole,
sejam feitos os serviços que se avalie como necessários para solucionar adequadamente o problema’.
18. Quanto ao segundo achado, que contém também proposição de IGP - ‘Achado III.2 (pIGP) -
Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários - Substituição de subleito’, a
unidade técnica deste Tribunal, da mesma forma mantém sua proposição de manutenção de IGP,
conforme as razões aduzidas à peça 49.
19. Assim, como resultado da análise empreendida, a secretaria especializada em obras
rodoviárias propõe a adoção de cautelar suspensiva dos serviços, especificamente no segmento
compreendido entre as estacas 2625 e 2835, a oitiva do Dnit e das empresas envolvidas com os
achados apontados (todos os sete achados e não apenas os relativos à pIGP), e a expedição de
comunicação à Comissão Mista do Congresso Nacional, nos termos do art. 19 da Resolução TCU
280/2016, em face da manutenção das proposições de IGP para os achados III.1 e III.2 do relatório de
auditoria.
II
20. Feito esse resumo, PASSO A DECIDIR.
21. Acerca do ‘Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -
Remoção de solo mole e execução de colchão de areia’, colhe-se da instrução derradeira e da peça 42,
que o Dnit/SR-BA discorda das constatações da equipe de auditoria, aduzindo que o serviço de
remoção de solo mole no trecho de 4,2 km fora efetivamente realizado, conforme parecer técnico de
consultor especializado apresentado em 18/10/2014 e fotografias ali anexadas, além do que, a
observação do tipo de solo no entorno da área permitiria verificar que ainda existiriam resquícios e
sobras de solos moles, e as seções onde foram executados os serviços apresentam perfil diferente do
horizonte geológico do seu entorno, evidenciando a execução de aterro com material importado de
jazida. Aduz, nesse sentido, que teria seguido a IN Dnit DG 2/2015 e que teria apresentado uma forma
251
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
sintética dos registros de sondagem. Porém, reconhece que deixou de apresentar os perfis de sondagem
rotativa à percussão.
22. Nesse ponto, em linha oposta a essa argumentação, a unidade técnica especializada aduz que
‘37. (...) não foram apresentados os ensaios de sondagem que supostamente teriam embasado a
solução proposta na 1ª RPFO, os quais, em princípio, poderiam comprovar, objetivamente, a
existência da camada de solo mole, e permitiriam inferir qual teria sido a dimensão dessa camada.
Além disso, ao contrário do que foi informado pela SR-Dnit/BA e pelo consórcio, os boletins de
medição apresentam desenhos de perfis que corroboram a constatação de ausência de remoção de
solo mole, já que não se nota alteração da cota do terreno natural, conforme se verifica na peça 20, p.
60-98 e no exemplo mostrado na Figura 1.’
23. Além do mais, a unidade técnica é enfática sobre a ineficácia dos elementos aduzidos pelas
construtoras para fins de comprovação da existência e da retirada da camada de solo mole e sua
substituição por areia, ao expor que:
‘38. Mesmo os laudos das sondagens apresentados pelo consórcio construtor (peça 47, p. 41-52),
as quais, frise-se, foram realizadas após a execução dos serviços, não comprovam a existência prévia e
tampouco a posterior remoção de solo mole na forma indicada no projeto. Os laudos apresentam os
resultados de sondagens realizadas em quatro pontos localizados às margens do segmento executado
(estacas 2646, 2698, 2746 e 2796). Em dois desses pontos (estacas 2646 e 2698), não se evidenciou a
existência de solo mole nos termos da normatização do Dnit, já que os laudos demonstram não haver
material cujo índice de resistência à penetração (NSPT) o classifique como mole. Importa observar que,
conforme as Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários - Instruções para
acompanhamento e análise - Publicação IPR-739/2010, p. 417, ‘devem ser considerados solos moles
materiais de alta compressibilidade, ricos em matéria orgânica e cujo NSPT seja inferior a 4’ (grifou-
se). O não atendimento a um dos requisitos caracterizadores estabelecidos para enquadramento na
classificação, qual seja, NSPT inferior a 4, já demonstra que foi equivocada a indicação na 1ª RPFO de
que haveria solo mole ao longo de todo o segmento.
39. Ademais, a Figura 1 apresentada acima demonstra que a camada drenante foi executada
sobre o perfil do terreno natural, em cota acima da que havia sido prevista na 1ª RPFO. Ou seja, a
seção executada como demonstrado na Figura 1 supra (a qual é compatível com a situação verificada
em campo pela equipe de auditoria) indica que não houve remoção de material sob a camada drenante.
40. Por outro lado, as fotografias apresentadas sugerem que possa ter havido a retirada de algum
material ao longo do segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835. Entretanto, se houve, os
quantitativos removidos certamente são inferiores aos previstos na 1ª RPFO e pagos no Contrato
05.00202/2014, mesmo porque essa escavação não está demonstrada nas seções transversais
apresentadas nas medições (ver Figura 1). Uma possibilidade é que esse material removido tenha sido
decorrente da limpeza da camada vegetal superficial sobre a qual foi executada a camada drenante.
41. Nesse sentido, para que se chegue a uma conclusão sobre os quantitativos de material de fato
removidos, entende-se ser necessária a realização de um estudo, possivelmente mediante a realização
de sondagens tanto na plataforma executada quanto nas margens, de modo a permitir traçar-se um
perfil geotécnico do local. Considera-se pertinente que esse estudo seja conduzido pelo Dnit,
ressaltando-se a necessidade de que este Tribunal seja informado sobre o período de realização das
sondagens, com antecedência mínima de quinze dias, para que avalie a conveniência e oportunidade de
designar um representante para acompanhá-las.’ (grifei)
24. Diante desse arrazoado, e das evidências até aqui produzidas, exerço juízo de
verossimilhança sobre as evidências produzidas pela equipe da SeinfraRodoviaAviação acerca da
proposição de adoção da cautelar.
252
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
25. Nesse juízo de cognição sumária, considerando que o contraditório exercido não foi capaz de
apontar, mediante a apresentação dos laudos de sondagem segundo normas técnicas do próprio Dnit, a
efetiva necessidade e execução dos serviços, vez que a própria autarquia reconhece a apresentação
apenas sintética dos registros de sondagem, sem demonstração dos perfis de sondagem rotativa à
percussão, e considerando que os elementos de peça 20, notadamente, os boletins de medição, que não
apresentam desenhos de perfis indicando a alteração da cota do terreno natural pela remoção da
camada de solo mole e substituição por areia, sou conduzido ao acolhimento da proposição da unidade
técnica, no sentido da suspensão cautelar da execução da obra no referido trecho, mantendo-se ainda a
proposição de IGP, com ciência ao Congresso Nacional, a fim de resguardar o erário e a futura
qualidade construtiva do trecho rodoviário em questão, fruto de alteração do traçado na 1ª RPFO.
26. A propósito, estando os autos conclusos em meu Gabinete, foi protocolado junto à
Secex/BA, no dia 19/5/2017, o Ofício 393/2017/GAB/Dnit-BA, no qual a Superintendência Regional
do Dnit informa providências adicionais que adotou em face das conclusões da instrução oferecida
pela SeinfraRodoviaAviação, valendo transcrever aqui excerto de tal comunicação:
‘ (...)
2. Considerando a análise da oitiva prévia realizada pelo Tribunal de Contas da União - TCU,
relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-025.760/2016-5.
3. Considerando a grande importância da conclusão das obras da Rodovia BR- 235/BA - Lote 5
para o Estado da Bahia como também para todos os usuários que dela utiliza e atendendo ao relato do
Sr. Auditor Lúcio Cardial Jacomini da SeinfraRodovia, solicitamos ao Consórcio PAVISERVICE /
SVC, conforme determinado no Ofício 391/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo I), que realize um estudo
geotécnico, com sondagens e os ensaios necessários e cabíveis, ao longo do segmento compreendido
entre as estacas 2625 e 2835, com o intuito de traçar um perfil geotécnico do segmento executado, e
assim, permitir concluir sobre a existência de solo mole sob a plataforma executada e os quantitativos
de material de fato removidos.
4. Ato contínuo, solicitamos também à Supervisora DIREÇÃO Consultoria e Engenharia
Ltda., conforme o Ofício 392/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo II), que acompanhe e ateste os estudos a
serem realizados pelo Consórcio PAVISERVICE / SVC, para o atendimento das determinações do
Tribunal de Contas da União - TCU.
5. Como resposta, e ação imediata ao determinado por este distinto Tribunal, o Consórcio
PAVISERVICE / SVC, conforme demonstrado no Ofício 215/2017/SEDE/BA-ENG (Anexo III),
informa que estará iniciando, a partir de 05/06/2017, os estudos geotécnicos, com sondagens e os
ensaios necessários para traçar um perfil geotécnico entre as estacas 2625 e 2835 da Rodovia BR-
235/BA.
6. Diante o exposto, e conforme determinado na análise da oitiva prévia realizada pelo Tribunal
de Contas da União - TCU relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-025.760/2016-5,
informamos que os ensaios de campo serão realizados, a partir de 05/06/2017.’
27. Dessarte, entendo que as medidas adotadas pelo Dnit, embora suficientes para propiciar a
apuração do indício de irregularidade apontado, com vistas à sua confirmação ou saneamento, não
trazem substancial modificação nas proposições alvitradas, pois resta evidenciada a adequação dessas,
tanto no que tange à cautelar quanto à proposição de IGP, medidas essas que poderão ser revertidas
caso se constate a adequação dos estudos às alegações outrora apresentadas pelos defensores da
correção dos procedimentos de projeto, execução e medição dos serviços realizados.
28. Todavia, considerando que a unidade técnica deste Tribunal sinaliza com a necessidade de
acompanhamento dos referidos trabalhos, conforme constou da parte final do ‘item f.1.1’ da proposta
de encaminhamento da derradeira instrução, entendo adequado determinar que a referida unidade
253
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
técnica proceda ao acompanhamento dos procedimentos com ou sem o auxílio da Secex/BA, na forma
que entender mais pertinente.
29. Relativamente ao segundo achado, que contém também proposição de IGP - ‘Achado III.2
(pIGP) - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários - Substituição de
subleito’, também estou de acordo com a proposição da secretaria, que se fundamenta no disposto no
no art. 121, § 1º, inciso IV da Lei 13.408/2016 (LDO/2017) c/c o art. 2º, inc. VIII da Resolução TCU
280/2016.
30. Em relação a esse achado, a equipe de fiscalização reportou a existência de indícios de
medição e pagamento indevidos referentes a serviços de substituição de subleito, previstos em
segmentos para os quais não haveria a necessidade de sua realização, sobretudo em locais
apresentando alturas de aterro superiores a um metro. O montante estimado desse pagamento indevido
foi de R$ 8.487.330,40 (3/2013).
31. Segundo reportado pela equipe da SeinfraRodoviaAviação, as Diretrizes Básicas para
Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários - Instruções para acompanhamento e análise -
Publicação IPR-739/2010, p. 400, preveem que o processo de substituição de subleito deve ser previsto
nos casos em que os solos do subleito apresentam Índice de Suporte Califórnia - ISC menor que ISC
de projeto e expansão maior que 2% e que, nesses casos, deve ser previsto o rebaixo do material e sua
substituição, considerando uma espessura máxima de reposição igual a 60 cm, ou
tratamento/estabilização dos solos do subleito. E, nos casos do solo subleito apresentar ISC inferior a
2%, a espessura do rebaixo deve alcançar um metro, conforme o Manual de Pavimentação -
Publicação IPR-719/2006, p. 147.
32. Explicam que o rebaixo e a consequente substituição de solo do subleito visam garantir que
os últimos 60 cm da terraplenagem (acabamento da terraplenagem) apresentem ISC maior ou igual ao
ISC de projeto e expansão inferior a 2%. E, dessa forma, espera-se que a execução de rebaixo e
substituição do material de subleito ocorra em segmentos com corte ou com aterros menores que 60
cm, que apresentem ISC menor que ISC de projeto e/ou expansão maior que 2%. Ocorre que segundo
os auditores da Seinfra, nos trechos em aterro, são esperadas a execução de rebaixo e substituição do
material do terreno natural apenas quando o aterro for menor que 60 cm (no caso de o terreno natural
apresentar ISC < ISCprojeto ou expansão > 2%) ou menor do que 1 m (no caso de o terreno natural
apresentar ISC < 2%). Porém, essas premissas não teriam sido seguidas nas obras da BR-235/BA, uma
vez que em diversos locais com presença de aterros significativos, inclusive com alturas superiores a 1
metro, previu-se o rebaixo e a substituição do subleito, sendo que esse erro permaneceu na 1ª RPFO e
teria sido agravado nessa revisão em razão de acréscimo das alturas dos aterros ao longo do segmento
ali referido, mantendo-se os volumes de rebaixo e substituição do subleito.
33. Dessa forma, tem-se duas situações, a meu ver: a) houve erro de projeto que previu a
execução de serviço desnecessário, mas que foi executado pela empresa, resultando na prática de ato
antieconômico em prejuízo ao erário, porém sem locupletamento por parte da empresa executora na
execução desses (de qualquer forma o Dnit teria licitado, medido e pago por serviços desnecessários);
ou b) houve erro de projeto que previu a execução de serviço desnecessário, o qual foi medido e pago
em razão de constar da planilha de obra, sem a prestação efetiva do serviço por parte da empresa, eis
que desnecessário, resultando em prejuízo ao erário e pagamento por serviço não realizado, o que me
parece a conclusão mais plausível com a qual a equipe da Seinfra trabalhou neste processo, uma vez
que sinaliza como providência para o saneamento a adoção de medidas administrativas visando reaver
o prejuízo ao erário já consumado.
34. De qualquer forma, o prejuízo estimado, da ordem de R$ 8,47 milhões, decorrente da
superestimativas de rebaixos com substituição de subleito, é grave e recomenda a paralisação do aporte
de recursos à obra, ou a retenção dos valores enquanto se discute e se apura tal prejuízo. Saliento,
todavia, em face da possibilidade de continuidade das obras com retenção de valores, que consoante
254
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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dispõe o no art. 121, § 1º, inciso V da Lei 13.408/2016 (LDO/2017) c/c o art. 2º, inc. V da Resolução
TCU 280/2016, classifica-se como indício de irregularidade grave com recomendação de retenção
parcial de valores (IGR) aquele que, embora atenda à conceituação de IGP permite a continuidade da
obra, desde que haja autorização do contratado para retenção de valores a serem pagos ou a
apresentação de garantias suficientes para prevenir o possível dano ao erário, até a decisão de mérito
sobre o indício relatado, e que até o momento não houve autorização do contratado para tal retenção ou
apresentação de garantia, em que pese este Relator haver determinado, no despacho de peça 31, que
fossem adotadas as seguintes providências:
‘12.3 - seja comunicado ao Dnit, nos termos do art. 14, §§ 1º, 2º e 4º, da Resolução TCU
280/2016, que:
12.3.1 - na hipótese de a manifestação preliminar apresentada não elidir os indícios de
irregularidades relativos aos Achados III.1 e III.2, o Tribunal de Contas da União, mediante decisão
monocrática ou colegiada, poderá classificar referidos achados como IGP (indício de irregularidade
grave com recomendação de paralisação) e encaminhar as informações pertinentes ao Congresso
Nacional, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias;
12.3.2 - os achados poderão ser reclassificados para IGR (indício de irregularidade grave com
recomendação de retenção parcial de valores), caso haja autorização do contratado para retenção de
valores a serem pagos, ou apresentação de garantias suficientes à cobertura integral dos prejuízos
potenciais ao erário, nos termos da legislação pertinente, até a decisão de mérito sobre o indício
relatado, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias; e
(...)
12.5 - seja enviada ao Dnit e às empresas integrantes do consórcio executor, além de cópia do
relatório de fiscalização, também cópia do pronunciamento do titular da unidade técnica e cópia deste
Despacho.’
35. Sem embargo, entendo que a partir da confirmação do IGP, torna-se necessário seja
novamente dada ciência às empresas envolvidas sobre essa possibilidade de alteração de IGP para
IGR, caso haja concordância com a retenção de valores ou apresentação de garantias, conforme definiu
a LDO.
36. Quanto aos demais achados, cujos apontamentos são detalhados na instrução da
SeinfraRodoviaAviação, os quais receberam a proposta de classificação do tipo IGC, entendo que são
adequadas as proposições preliminares de realização de oitiva das partes envolvidas, razão pela qual
também acolho as medidas alvitradas.
37. Assim, diante do exposto, acolhendo as proposições da SeinfraRodoviaAviação
fundamentadas que estão no relatório e instrução lá produzidos, considerando a insuficiência das
alegações apresentadas para o afastamento integral dos indícios de irregularidades apontados em sede
de oitiva prévia determinada por este Relator, DETERMINO:
37.1. cautelarmente ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit, com
fundamento nos arts. 71, inciso IX, da Constituição Federal, 45 da Lei 8.443/1992 e 276, caput, do
Regimento Interno/TCU, que suspenda a execução dos serviços objeto do Contrato 05.00202/2014
(obras de construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento
compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km 338,7), em razão dos indícios de
irregularidades reportados nestes autos relativos ao item de Achado III.1 - Superfaturamento pela
medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;
37.2. seja realizada a oitiva do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit,
com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, com vistas a que, no prazo de
quinze dias, apresente razões que entender necessárias e pertinentes ao exame de mérito da cautelar
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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adotada por este Tribunal, bem assim, relativamente a todos os demais achados consignados no
relatório de auditoria da equipe de fiscalização da SeinfraRodoviaAviação, assim indicados:
37.2.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de
solo mole e execução de colchão de areia;
37.2.2. Achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários -
Substituição de subleito;
37.2.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase de
Obras;
37.2.4. Achado III.4 - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto executivo
deficiente;
37.2.5. Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em desacordo
com o previsto em projeto;
37.2.6. Achado III.6 - Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração para
solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de interferências; e
37.2.7. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço;
37.3. seja realizada a oitiva das empresas integrantes do Consórcio Paviservice/SVC, com
fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias,
apresentem razões que entender necessárias e pertinentes ao exame de mérito da cautelar adotada por
este Tribunal, bem assim, relativamente aos achados consignados no relatório de auditoria da equipe
de fiscalização da SeinfraRodoviaAviação, assim indicados:
37.3.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de
solo mole e execução de colchão de areia;
37.3.2. Achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários -
Substituição de subleito;
37.3.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase de
Obras;
37.3.4. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço;
37.4. seja realizada a oitiva da empresa JDS Engenharia e Consultoria, com fundamento no art.
250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, se manifeste, se assim
desejar, sobre o indício de irregularidade tratado no Achado III.4 - Superfaturamento em razão de
medição e pagamento de projeto executivo deficiente;
37.5. seja realizada a oitiva da empresa Direção Consultoria e Engenharia Ltda., com
fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, se
manifeste, se assim desejar, sobre os seguintes indícios de irregularidade apontados no relatório de
fiscalização da SeinfraRodoviaAviação:
37.5.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de
solo mole e execução de colchão de areia;
37.5.2. Achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários -
Substituição de subleito;
37.5.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase de
Obras;
37.5.4. Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em desacordo
com o previsto em projeto;
37.5.5. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço.
37.6. seja remetida comunicação à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e
Fiscalização do Congresso Nacional, em cumprimento ao art. 19 da Resolução TCU 280/2016, com
vistas a informar que foram detectados indícios de irregularidades graves do tipo IG-P (inciso IV do §
1º do art. 121 da LDO/2017) no Contrato 05.00202/2014 (obras de construção da BR-235/BA - km
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282,0 ao km 357,4), tendo sido estimado potencial dano ao erário de R$ 15.548.752,66, e que seu
saneamento depende da adoção das seguintes medidas pelo Dnit:
37.6.1. quanto ao achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -
Remoção de solo mole e execução de colchão de areia:
37.6.1.1. realização de estudos geotécnicos no segmento compreendido entre as estacas 2625 e
2835 (km 334,5 - km 338,7), que permitam concluir sobre a existência de solo mole sob a plataforma
executada e os quantitativos de material de fato removidos, a ser realizado sob acompanhamento de
Auditor Federal de Controle Externo pertencente aos quadros da secretaria deste Tribunal;
37.6.1.2. refazimento dos serviços, caso constatado comprometimento da estabilidade do corpo
estradal;
37.6.1.3. adoção das medidas administrativas visando à recuperação do prejuízo ao Erário;
37.6.2. quanto ao achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços
desnecessários - Substituição de subleito: a adoção das medidas administrativas para reaver o prejuízo
ao Erário já consumado;
37.7. dê-se ciência ao Dnit da comunicação a que se refere o subitem anterior, enviando-se-lhe,
ainda, cópia do inteiro teor deste despacho bem como cópia da instrução e pareceres de peças 49/51;
37.8. dê-se ciência deste despacho às empresas integrantes do consórcio Paviservice/SVC e às
demais empresas arroladas nas oitivas determinadas, enviando-se-lhes, ainda, cópia das peças 49/51;
37.9. seja comunicado ao Dnit e às empresas integrantes do consórcio que os achados III.1 e
III.2, ora classificados como IGP, poderão ser reclassificados para IGR (indício de irregularidade grave
com recomendação de retenção parcial de valores), caso haja autorização do contratado para retenção
de valores a serem pagos, ou apresentação de garantias suficientes à cobertura integral dos prejuízos
potenciais ao erário, nos termos da legislação pertinente, até a decisão de mérito sobre os indícios de
irregularidades graves com paralisação aqui mencionados, nos termos da Lei de Diretrizes
Orçamentárias,
37.10. à Secretaria de Fiscalização de Obras Rodoviárias e de Aviação Civil que proceda ao
acompanhamento dos procedimentos informados pelo Dnit no Ofício 393/2017/GAB/Dnit-BA (peça
52) podendo valer-se do auxílio da Secex/BA na realização de tal trabalho de acompanhamento, que
deverá ser realizado com a participação de Auditor Federal de Controle Externo com conhecimentos
na área de especialidade dessa unidade técnica especializada;
37.11. sejam os autos restituídos à Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de
Aviação Civil para as comunicações e demais providências a seu cargo, respeitando-se o que dispõe o
art. 19, § 1º, da Resolução TCU 280/2016.”
3. Contra o referido despacho acautelatório as construtoras opuseram este agravo, cujas razões
recursais apresento, nos parágrafos seguintes, de forma resumida.
4. Aduzem que as obras se encontram em estágio avançado, com cerca de 95% dos serviços
concluídos e que deveriam ser concluídas em um prazo aproximado de sessenta dias.
5. Defendem que deveria ter sido adotada outra forma de cautela que não seja a paralisação dos
serviços. Entendem as agravantes que a cautelar adotada foi precipitada, já que novos estudos
geológicos, já contratados, e na iminência de serem realizados (3/7/2017), demonstrarão que houve
não só a remoção do solo mole, como também a aplicação de colchão de areia como previsto em
projeto. As cautelas que deveriam ter sido adotadas, em suas visões, já o foram pelo consórcio
construtor e pelo Dnit, inexistindo assim os pressupostos para aquela medida, tendo este Tribunal
acabado por incorrer em perigo reverso, ante o avançado estágio da obra.
6. O consórcio construtor aponta que houve a confirmação pelo Dnit da realização dos serviços,
e informa que a figura 1 trazida aos autos pela secretaria padece de falha técnica, vez que não reflete a
situação da estaca 2739, razão pela qual apresenta figura que demonstra a situação real da referida
257
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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estaca. Além do mais, não teriam só seguido os normativos do Dnit, como também demonstrada a
existência de solo mole no trecho questionado, fato que foi determinante para a realização de sua
remoção e aplicação de colchão de areia, conforme a primeira revisão do projeto em fase de obras.
7. Asseveram que no tocante à qualidade do material da camada drenante inspecionada pelos
auditores deste Tribunal, as amostras ensaiadas pela equipe de auditoria não foram examinadas em
quantidade representativa estatisticamente, que pudesse determinar o valor característico do
equivalente de areia, e que o consórcio optou por refazer todo o serviço, ante a dúvida que pairava
sobre a qualidade da areia.
8. Quanto à existência de periculum in mora reverso, apontam os recorrentes que:
8.1 - o consórcio não só colaborou, como tem colaborado para que os serviços sejam concluídos
a contento, dentro da mais alta qualidade e regularidade;
8.2 - a paralisação dos serviços nesta etapa do empreendimento poderá causar sérios prejuízos à
sociedade e ao erário, já que o atual estágio de evolução das obras aponta para a desnecessidade de
adoção de uma medida cautelar que possa suspender a conclusão dos serviços, já que todo o trabalho
de ratificação da qualidade e dos custos dos serviços poderá ser realizado pelos auditores após o
término do empreendimento;
8.3 - já foi acertado pelo Dnit em comum acordo com o consórcio e com o conhecimento dos
auditores desta Corte de Contas, que serão realizados estudos geológicos, custeados pelo consórcio,
para demonstrar que não se sustentam os indícios de irregularidades apontados pela equipe de auditoria
no item III.1;
8.4 - haveria que se aguardar os resultados dos referidos estudos geológicos para que se pudesse
fazer juízo de valor sobre o que se supõe irregular no Achado III.1;
8.5 - os serviços de remoção de solo mole e execução de colchão de areia foram refeitos,
incontinenti, quando da realização da auditoria, há cerca de seis meses, e por sugestão da equipe
técnica deste TCU, que entendida não ter sido utilizado material de qualidade no primeiro serviço, de
modo que numa atitude proativa e de boa-fé, os trabalhos foram refeitos, com mínimo impacto ao
empreendimento que se encontra em seu final;
8.6 - no item “Limitações inerentes à auditoria” a própria secretaria reconheceu “limitações de
tempo” e de recursos utilizados na auditoria, asseverando que não foi possível realizar uma quantidade
de ensaios geotécnicos suficiente para a generalização dos resultados obtidos;
8.7 - seria essa uma demonstração clara de que o relatório de auditoria não conseguiu
demonstrar por meio de provas cabais a ocorrência de falhas por parte do consórcio, tanto assim que o
consórcio contratou estudos geotécnicos mais aprofundados para demonstrar a qualidade e comprovar
a realização dos serviços;
8.8 - não se deve deixar de considerar a importância socioeconômica do empreendimento, que
se interrompido neste momento deverá acarretar um cenário de total descontentamento para a região e
de elevadas perdas para o particular, para as economias local e regional, quanto para o erário, que terá
de retomar os serviços mais adiante, certamente, a um custo mais elevado.
9. Rogam por que seja revista a cautelar adotada em razão da já reconhecida alteração da
situação fática das obras, visto que necessário seria novamente que se conheça as obras para ver que
não deveriam mais persistir as preocupações da equipe de auditoria. Aduzem, nessa linha, que “já que
vista a obra há mais de seis meses pela equipe de auditoria, momento em que foram realçadas
algumas preocupações, e instadas as empresas, e até o Dnit, órgão contratante, houve notícia nos
autos da execução das obras de correção, exatamente no trecho questionado, ou seja, os km 334,5 e
338,7, com clara alteração da situação de fato, que estava a conclamar nova visita antes que qualquer
decisão cautelar pudesse gerar prejuízo para a sociedade, uma vez que as obras encontram-se em
avançado estagio de realização (...)” (grifo no original).
258
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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10. Entendem, por fim, que a auditoria não avaliou as consequências para o contrato ao
recomendar sua paralisação, análise que deveria ter sido feita em função do volume contratado,
volume já executado e o que resta a ser feito, e mais ainda o que já foi refeito pelo consórcio.
11. Requerem, assim, a revogação da cautelar a fim de que, primeiramente, sejam concluídos os
novos estudos geotécnicos, além de permitir a conclusão total do empreendimento.
É o relatório.
VOTO
Em exame, agravo interposto conjuntamente pelas empresas Paviservice Serviços de
Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., integrantes do Consórcio Paviservice/SVC, com pedido
de efeito suspensivo, em face de medida cautelar adotada por meio de despacho deste relator, proferido
à peça 53 destes autos, referendado pelo Plenário deste Tribunal em sessão de 24 de maio de 2017.
2. Preliminarmente, consigno que o agravo em questão preenche os requisitos de admissibilidade
previstos para seu conhecimento por este Tribunal, com fundamento no art. 289 do RI/TCU.
I
3. Quanto ao pedido de efeito suspensivo, conquanto o § 4º do art. 289 do Regimento Interno
disponha que a critério do Presidente do Tribunal, do presidente de câmara ou do relator, conforme o
caso, poderá ser conferido efeito suspensivo ao agravo, em se tratando de medidas cautelares tal efeito
suspensivo encontra óbice nas disposições da Resolução TCU 36/1995, notadamente, no art. 24,
segundo o qual não tem efeito suspensivo os recursos e agravos interpostos contra as medidas
cautelares previstas nos arts. 18 a 21 do mesmo normativo, correspondentes àquelas dispostas na Lei
8.443/1992.
4. E nessa linha tem decidido esta Corte de Contas, como por exemplo restou evidenciado no
precedente Acórdão 2.438/2013 - Plenário, do qual se extrai o entendimento de que não têm efeito
suspensivo os recursos e agravos interpostos contra as medidas cautelares, pois, caso contrário,
significaria, em termos práticos, cancelar a medida acautelatória antes mesmo da apreciação dos
argumentos apresentados pelos interessados. No mesmo sentido decidiu este Tribunal ao apreciar o
Acórdão 488/2017 - Plenário, sob minha relatoria, no qual assentei o seguinte posicionamento no voto
que proferi ao conduzir aquela deliberação:
“14. O pedido de concessão de efeito suspensivo ao agravo, entretanto, não pode ser acolhido
por este Tribunal, pois tal medida significaria, na verdade, tornar sem efeito a medida acautelatória
antes mesmo da apreciação dos argumentos apresentados pelos interessados, conforme já decidiu esta
Casa por meio do Acórdão 2.438/2013-TCU-Plenário (Rel. o Ministro Raimundo Carreiro). Ademais,
há muito se entende dessa forma, consoante pode ser visto nos arts. 24 e 26 da Resolução/TCU 36/95,
os quais estabelecem que não têm efeito suspensivo os recursos interpostos contra as medidas
cautelares adotadas por esta Corte.
15. Ressalto, ademais, que na apreciação do TC-005.406/2013-7 (Acórdão 927/2016-TCU-
Plenário - relator Ministro Vital do Rêgo) ficou consignado que ’ os recursos que se prestem a atacar
deliberações de cunho cautelar devem ser recebidos sem efeito suspensivo, uma vez que, tanto o
antigo como o novo Código de Processo Civil, aplicados subsidiariamente aos processos desta Corte
por força da Súmula 103/TCU e do art. 298 do Regimento Interno/TCU, excepcionam este efeito
259
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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suspensivo em casos de a decisão atacada versar sobre concessão de medida cautelar, arts. 520 e
1.012, respectivamente’.”
5. Destarte, os recursos manejados contra decisão de natureza cautelar proferida pelo TCU
devem ser recebidos sem o referido efeito, conforme aplicação subsidiária do CPC (art. 520 Lei
5.869/1973 e art. 1.012, § 1º, da Lei 13.105/2015), e o disposto na Resolução TCU 36/1995.
II
6. No mérito, entendo que os argumentos ventilados na peça recursal não se revelam suficientes
ou capazes de provocar a revogação da medida cautelar como pretendido pelas agravantes.
7. Conforme pode ser lido no relatório precedente, a medida cautelar adotada consistiu em
determinar a suspensão da execução dos serviços objeto do Contrato 05.00202/2014 (obras de
construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento compreendido entre
as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km 338,7), em razão dos indícios de irregularidades reportados
nestes autos relativos ao item de Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não
executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia.
8. Os recorrentes aduzem que a obra se encontra em estágio avançado, com cerca de 95% dos
serviços concluídos, e que deveriam ser concluídas em prazo aproximado de sessenta dias. Defendem
que deveria ter sido adotada outra forma de cautela em vez da paralisação dos serviços. Entendem
ainda que a cautelar adotada foi precipitada, já que novos estudos geológicos, já contratados, e na
iminência de serem realizados (3/7/2017), demonstrarão que houve não só a remoção do solo mole,
como também a aplicação de colchão de areia como previsto em projeto. As cautelas que deveriam ter
sido adotadas, em suas visões, já o foram pelo consórcio construtor e pelo Dnit, inexistindo assim os
pressupostos para aquela medida, tendo este Tribunal acabado por incorrer em perigo reverso, ante o
avançado estágio da obra.
9. Em linha diversa do alardeado pelos recorrentes, todavia, verifica-se que o estágio de sua
execução não foi ignorado pela decisão acautelatória, vez que a equipe de auditoria da
SeinfraRodoviaAviação informara, por ocasião da conclusão de seu relatório, que a obra se encontrava
com 84,9% de execução, ao tempo da realização dos trabalhos entre agosto e setembro de 2016.
Preocupado que estive com o andamento das mesmas, e considerando o transcurso de
aproximadamente seis meses desde a execução da auditoria até a conclusão do relatório, retornei os
autos à secretaria para que realizasse oitivas prévias, bem assim diligenciasse o Dnit em busca de
informações mais atualizadas sobre o estágio de execução, adotando medida de prudência e cautela, e
não de precipitação como asseveram as construtoras. E tais medidas constam expressamente
registradas no Despacho decisório em que fora adotada a cautelar, transcrito integralmente no relatório
precedente.
10. Assim, em resposta, obtive a informação, em data próxima à adoção da cautelar, conforme
Relatório-Geral do Contrato, emitido em 11/4/2017, enviado pelo Dnit, de que a execução se
encontrava em cerca de 86,25% do valor total do contrato. O trecho objeto da cautelar, todavia, é que
se situava em estágio ainda intermediário, em razão dos problemas enfrentados ali, a exemplo da
resolução de questões relativas às interferências das linhas de distribuição de energia, estes informados
no relatório de auditoria, e à necessidade de refazimento de serviços, detectada pela equipe de
fiscalização e, aparentemente, acatada e executada pelo consórcio recorrente.
11. Não fossem os apontamentos também relativos à qualidade construtiva, como a remoção de
solos moles e execução de colchão de areia drenante, e fosse o caso de paralisar toda a extensão da
rodovia, não teria este Relator adotado a cautelar suspensiva da execução, preferindo, ao revés, adotar
cautelar de retenção de valores contratuais, de sorte a evitar a concretização de prejuízos financeiros.
Ocorre que a decisão levou em consideração o fato de que somente o trecho de pouco mais de 4 km
260
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
seria suspenso, seja em virtude de superfaturamento, seja em razão de indícios de inexecução da
remoção de camada de solo mole ou da execução de colchão drenante com areia de rio em
descompasso com a previsão da projetista, o que poderia afetar a qualidade construtiva.
12. A propósito, os novos estudos geológicos, já contratados, e na iminência de serem realizados,
consoante explicitado pelo recorrentes, também foram objeto de consideração no Despacho proferido,
e, ao revés do que tenciona indicar as agravantes, consistem em medidas adotadas pelo Dnit junto à
empresa, em face de apontamentos da própria auditoria deste Tribunal, após a constatação da
insuficiência dos registros de sondagem até então apresentados, conforme os seguintes excertos da
decisão singular que adotei e que resta integralmente transcrita no relatório precedente:
“21. Acerca do ‘Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -
Remoção de solo mole e execução de colchão de areia’, colhe-se da instrução derradeira e da peça 42,
que o Dnit/SR-BA discorda das constatações da equipe de auditoria, aduzindo que o serviço de
remoção de solo mole no trecho de 4,2 km fora efetivamente realizado, conforme parecer técnico de
consultor especializado apresentado em 18/10/2014 e fotografias ali anexadas, além do que, a
observação do tipo de solo no entorno da área permitiria verificar que ainda existiriam resquícios e
sobras de solos moles, e as seções onde foram executados os serviços apresentam perfil diferente do
horizonte geológico do seu entorno, evidenciando a execução de aterro com material importado de
jazida. Aduz, nesse sentido, que teria seguido a IN Dnit DG 2/2015 e que teria apresentado uma forma
sintética dos registros de sondagem. Porém, reconhece que deixou de apresentar os perfis de sondagem
rotativa à percussão.
22. Nesse ponto, em linha oposta a essa argumentação, a unidade técnica especializada aduz que
‘37. (...) não foram apresentados os ensaios de sondagem que supostamente teriam embasado a
solução proposta na 1ª RPFO, os quais, em princípio, poderiam comprovar, objetivamente, a
existência da camada de solo mole, e permitiriam inferir qual teria sido a dimensão dessa camada.
Além disso, ao contrário do que foi informado pela SR-Dnit/BA e pelo consórcio, os boletins de
medição apresentam desenhos de perfis que corroboram a constatação de ausência de remoção de
solo mole, já que não se nota alteração da cota do terreno natural, conforme se verifica na peça 20, p.
60-98 e no exemplo mostrado na Figura 1.’
23. Além do mais, a unidade técnica é enfática sobre a ineficácia dos elementos aduzidos pelas
construtoras para fins de comprovação da existência e da retirada da camada de solo mole e sua
substituição por areia, (...omissis....):
(...omissis...)
25. Nesse juízo de cognição sumária, considerando que o contraditório exercido não foi capaz de
apontar, mediante a apresentação dos laudos de sondagem segundo normas técnicas do próprio Dnit, a
efetiva necessidade e execução dos serviços, vez que a própria autarquia reconhece a apresentação
apenas sintética dos registros de sondagem, sem demonstração dos perfis de sondagem rotativa à
percussão, e considerando que os elementos de peça 20, notadamente, os boletins de medição, que não
apresentam desenhos de perfis indicando a alteração da cota do terreno natural pela remoção da
camada de solo mole e substituição por areia, sou conduzido ao acolhimento da proposição da unidade
técnica, no sentido da suspensão cautelar da execução da obra no referido trecho, mantendo-se ainda a
proposição de IGP, com ciência ao Congresso Nacional, a fim de resguardar o erário e a futura
qualidade construtiva do trecho rodoviário em questão, fruto de alteração do traçado na 1ª RPFO.
26. A propósito, estando os autos conclusos em meu Gabinete, foi protocolado junto à
Secex/BA, no dia 19/5/2017, o Ofício 393/2017/GAB/Dnit-BA, no qual a Superintendência Regional
do Dnit informa providências adicionais que adotou em face das conclusões da instrução oferecida
pela SeinfraRodoviaAviação, valendo transcrever aqui excerto de tal comunicação:
261
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
‘ (...)
2. Considerando a análise da oitiva prévia realizada pelo Tribunal de Contas da União - TCU,
relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-025.760/2016-5.
3. Considerando a grande importância da conclusão das obras da Rodovia BR- 235/BA - Lote 5
para o Estado da Bahia como também para todos os usuários que dela utiliza e atendendo ao relato do
Sr. Auditor Lúcio Cardial Jacomini da SeinfraRodovia, solicitamos ao Consórcio PAVISERVICE /
SVC, conforme determinado no Ofício 391/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo I), que realize um estudo
geotécnico, com sondagens e os ensaios necessários e cabíveis, ao longo do segmento compreendido
entre as estacas 2625 e 2835, com o intuito de traçar um perfil geotécnico do segmento executado, e
assim, permitir concluir sobre a existência de solo mole sob a plataforma executada e os quantitativos
de material de fato removidos.
4. Ato contínuo, solicitamos também à Supervisora DIREÇÃO Consultoria e Engenharia
Ltda., conforme o Ofício 392/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo II), que acompanhe e ateste os estudos a
serem realizados pelo Consórcio PAVISERVICE / SVC, para o atendimento das determinações do
Tribunal de Contas da União - TCU.
5. Como resposta, e ação imediata ao determinado por este distinto Tribunal, o Consórcio
PAVISERVICE / SVC, conforme demonstrado no Ofício 215/2017/SEDE/BA-ENG (Anexo III),
informa que estará iniciando, a partir de 05/06/2017, os estudos geotécnicos, com sondagens e os
ensaios necessários para traçar um perfil geotécnico entre as estacas 2625 e 2835 da Rodovia BR-
235/BA.
6. Diante o exposto, e conforme determinado na análise da oitiva prévia realizada pelo Tribunal
de Contas da União - TCU relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-025.760/2016-5,
informamos que os ensaios de campo serão realizados, a partir de 05/06/2017.’
27. Dessarte, entendo que as medidas adotadas pelo Dnit, embora suficientes para propiciar a
apuração do indício de irregularidade apontado, com vistas à sua confirmação ou saneamento, não
trazem substancial modificação nas proposições alvitradas, pois resta evidenciada a adequação dessas,
tanto no que tange à cautelar quanto à proposição de IGP, medidas essas que poderão ser revertidas
caso se constate a adequação dos estudos às alegações outrora apresentadas pelos defensores da
correção dos procedimentos de projeto, execução e medição dos serviços realizados.
28. Todavia, considerando que a unidade técnica deste Tribunal sinaliza com a necessidade de
acompanhamento dos referidos trabalhos, conforme constou da parte final do ‘item f.1.1’ da proposta
de encaminhamento da derradeira instrução, entendo adequado determinar que a referida unidade
técnica proceda ao acompanhamento dos procedimentos com ou sem o auxílio da Secex/BA, na forma
que entender mais pertinente.”
13. Logo, determinei, diante da iniciativa do Dnit em solicitar a realização das sondagens
requeridas, que a unidade técnica especializada realizasse acompanhamento de tais estudos, com ou
sem o auxílio da unidade técnica regional, já se tendo inclusive notícia nos autos do início dos
trabalhos de fiscalização entre os dias 10/7 e 20/7/2017, consoante portarias anexadas aos autos às
peças 76/77 e informação constante do despacho do titular da SeinfraRodoviaAviação, à peça 75,
segundo o qual “No âmbito da Fiscalização 245/2017 será realizada inspeção nas obras de
construção da BR-235/BA, de maneira a viabilizar o acompanhamento dos procedimentos informados
pelo Dnit no Ofício 393/2017/GAB/Dnit-BA (peça 52), em especial a realização de ensaios
geotécnicos para obtenção dos elementos técnicos necessários ao exame de mérito das
irregularidades que justificaram a adoção da medida cautelar, objeto da decisão alvo de recurso.”.
14. Logo, as alegações do consórcio, neste recurso, já referidas, bem como aquelas outras, de que
houve a confirmação pelo Dnit da realização dos serviços, de que a figura 1 trazida aos autos pela
262
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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secretaria padece de falha técnica, vez que não reflete a situação da estaca 2739, de que teriam seguido
os normativos do Dnit, e de que foi demonstrada a existência de solo mole no trecho questionado, não
se revelam suficientes para a revisão da cautelar, haja vista que não infirmam os apontamentos
relativos ao fumus boni juris, o qual somente restará afastado se os ensaios geotécnicos, sob
fiscalização dos auditores desta Corte, demonstrarem haver razão ao consórcio executor.
15. Até mesmo a alegação de que no tocante à qualidade do material da camada drenante
inspecionada pelos auditores deste Tribunal, as amostras ensaiadas pela equipe de auditoria não foram
examinadas em quantidade representativa estatisticamente, que pudesse determinar o valor
característico do equivalente de areia, somente receberá guarida, e conclusão definitiva, com a
realização dos referidos ensaios, que, em tese, já se encontram em andamento.
16. Inexiste, assim, a meu ver, também o alardeado periculum in mora reverso, porquanto a
colaboração do consórcio no deslinde da matéria enfrentada, com a realização dos estudos geológicos,
os quais seriam realizados ainda neste mês, somente tende a propiciar rápida resolução de mérito deste
processo, seja confirmando os prejuízos que a cautelar quis obstar o agravamento ou a concretização,
seja confirmando as alegações do Dnit e do consórcio, de modo a possibilitar, nesse caso, a revogação
da cautelar e a continuidade das obras no referido trecho.
17. Ora, é contraditório aos termos da cautelar o pedido formulado pelos recorrentes, no sentido
de que se aguardem os estudos geológicos para a adoção da medida, pois é a partir desses estudos que
se poderá formar a convicção, a devida certeza sobre a correção dos procedimentos de execução das
obras no referido trecho, de sorte a autorizar sua retomada. Medida de cautela, portanto, é aquela que
aguarda a conclusão dos estudos e o aval da equipe técnica de fiscalização deste Tribunal, não a que
revoga a cautelar e autoriza, previamente, sem conclusão de tais estudos, a continuidade da execução
de obras no trecho, que poderá ensejar, inclusive, o seu refazimento, ou a devolução dos recursos ali
empregados indevidamente.
18. Por fim, vale dizer que a concomitância da atuação da equipe técnica deste Tribunal, na
fiscalização da realização dos estudos e ensaios no trecho em questão, propiciará o rápido deslinde das
questões debatidas nestes autos, seja no sentido da liberação das obras, seja no da adoção das medidas
corretivas necessárias, após os devidos apontamentos e contraditório das partes. A não ser que haja
resistência do próprio consócio construtor em aceitar os resultados dos ensaios geotécnicos que ora se
realizam ou se realizarão, e em adotar as medidas corretivas necessárias, sejam físicas ou contratuais,
vislumbro desfecho razoavelmente célere para estes autos, o que afasta também os supostos prejuízos
econômicos e sociais aventados pelos recorrentes a título de perigo reverso.
19. Encontrando-se o agravo em tela já incluído em pauta para julgamento, a Paviservice
Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., empresas integrantes do Consórcio
Paviservice/SVC, fizeram chegar memorial às minhas mãos, por meio do qual defendem o
levantamento, ainda que parcial, da Cautelar adotada sobre este feito. Verifico, no entanto, que, de
novo, em relação ao que já haviam argumentado em sua peça recursal, só consta a assertiva de que “os
estudos geotécnicos, com sondagens e os ensaios necessários para traçar um perfil geotécnico entre as
estacas 2625 e 2835 da Rodovia BR-235/BA” já se iniciaram e que, em função dos levantamentos já
realizados, a substituição de solo mole por colchão de areia já restaria devidamente demonstrada para
1,2 Km dos 4,2 Km sob questionamento, afirmação com base na qual requerem a liberação para que
seja dada continuidade à execução de, ao menos, 1,8 Km do trecho envolvido na medida ad cautelam.
Referida informação, contudo, não é acompanhada de qualquer elemento probatório.
20. Referido memorial ainda faz confusão entre o Achado de Auditoria III.1 (Superfaturamento
pela medição de serviços não executados – Remoção de solo mole e execução de colchão de areia),
objeto da cautelar em discussão, e o Achado de Auditoria III.2 (Superfaturamento por medição e
pagamento de serviços desnecessários – Substituição de subleito), como se ambos se referissem
exatamente ao mesmo trecho da estrada, com isso pretendendo defender-se que o suposto saneamento
263
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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de um significaria, igualmente, o saneamento do outro. Tal argumento, no entanto, funda-se em
premissa incorreta. No Despacho ora questionado, transcrito no item 2 do Relatório precedente, tive a
oportunidade de esclarecer que, enquanto o Achado III.1 se refere exclusivamente ao segmento entre
as estacas 2625 e 2835, o Achado III.2 corresponde a diversos segmentos da rodovia, sendo este
último atinente a prejuízo já concretizado, em relação ao qual nem mesmo se mostra útil a concessão
de medida acautelatória.
21. Não considero, portanto, que a nova manifestação aporte elementos que justifiquem a
mudança de meu entendimento anterior.
22. Isto posto, entendo que este Tribunal deva conhecer do agravo interposto pelas empresas
Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., integrantes do Consórcio
Paviservice/SVC, para, no mérito, negar-lhes provimento.
E, com essas considerações, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto
à deliberação deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1609/2017 - TCU - Plenário
1. Processo TC-025.760/2016-5.
2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Agravo (Relatório de Auditoria)
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Interessados: Congresso Nacional; Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
(04.892.707/0001-00); Direção Consultoria e Engenharia Ltda. (32.963.001/0001-28); JDS -
Engenharia e Consultoria Ltda. (40.376.139/0001-59); Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.
(01.397.753/0001-45); SVC Construções Ltda. (01.543.722/0001-55)
3.2. Recorrentes: Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. (01.397.753/0001-45); SVC
Construções Ltda. (01.543.722/0001-55).
4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil
(SeinfraRod).
8. Representação legal:
8.1. Manoel Pinto (11.024/OAB/BA), representando Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.
e SVC Construções Ltda.;
8.2. Paulo Aristóteles Amador de Sousa, representando Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos, no qual se examina agravo interposto conjuntamente
pelas empresas Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., integrantes do
Consórcio Paviservice/SVC, com pedido de efeito suspensivo, em face de medida cautelar adotada por
meio de despacho do relator proferido à peça 53 destes autos, referendado pelo Plenário deste Tribunal
em sessão de 24 de maio de 2017, em que se determinou ao Dnit que suspendesse a execução dos
serviços objeto do Contrato 05.00202/2014 (obras de construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km
357,4), especificamente no segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km
338,7), em razão dos indícios de irregularidades reportados nestes autos relativos ao item de Achado
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução
de colchão de areia,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer do presente agravo, sem efeito suspensivo, com fulcro nos arts. 277, inciso V, e
289 do Regimento Interno TCU, para, no mérito, negar-lhe provimento;
9.2. dar ciência deste acórdão às recorrentes, ao Departamento de Nacional de Infraestrutura
Rodoviária (Dnit) e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional; e
9.3. restituir os autos à Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação
Civil, para realização das comunicações, prosseguimento das análises e fiscalização das obras,
determinando-lhe celeridade na instrução da questão ora em foco.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1609-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I - CLASSE VII – Plenário
TC-027.949/2015-0
Natureza: Representação
Unidade: Município de Taperoá/BA
Representante: empresa Lua Branca Intermediação e Agenciamento de Serviços Ltda.
Responsáveis: Antonio Fernando Brito Pinto (477.170.925-49) e Rosival Lopes dos Santos
(388.607.165-00)
Representação legal: João Ricardo Santos Trabuco (42.070/OAB/BA) e outros, representando a
Prefeitura Municipal de Taperoá/BA.
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. IRREGULARIDADES EM TOMADA DE PREÇOS.
OITIVA. FIXAÇÃO DE PRAZO PARA ANULAÇÃO. DETERMINAÇÕES. MONITORAMENTE
REALIZADO NOS PRÓPRIOS AUTOS. DILIGÊNCIA. REITERAÇÃO. NÃO ATENDIMENTO
SEM CAUSA JUSTIFICADA. MULTA. DETERMINAÇÃO.
RELATÓRIO
265
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Adoto, como relatório, a instrução constante da peça 81 destes autos, produzida no âmbito da
Secex/BA, e com a qual se manifestaram de acordo o diretor (peça 82) e o titular daquela unidade
técnica (peça 83):
“INTRODUÇÃO
1. Cuidam os autos de Representação formulada pela empresa Lua Branca Intermediação e
Agenciamento de Serviços Ltda., em face de possíveis irregularidades ocorridas na Tomada de Preços
004/2015 da Prefeitura Municipal de Taperoá/BA, com vistas à execução de obras de construção do
estádio municipal e calçamento do bairro da Baixinha no Município de Taperoá/BA, com recursos
provenientes de convênios celebrados com o Ministério das Cidades (Convênio 803110) e o Ministério
do Esporte (Convênio 794473).
HISTÓRICO
2. O processo foi instruído na Secretaria de Controle Externo do TCU no Estado da Bahia que,
após a análise das manifestações apresentadas pelos interessados, propôs conhecer da Representação,
uma vez que os requisitos de admissibilidade previstos nos arts. 235 e 237 do Regimento Interno
estavam satisfeitos. Ademais, propôs também a aplicação de multa prevista no art. 58, IV ao prefeito
de Taperoá/BA (peça 47), uma vez que não houve a apresentação de documentação requisitada em
sede diligência.
3. A proposta foi anuída pelo Ministro Augusto Sherman Cavalcanti, com exceção da aplicação
de multa por não atendimento de diligência, uma vez que, posteriormente à instrução na unidade
técnica, os documentos foram apresentados. Com isso, por meio do Acórdão 804/2016 - TCU-
Plenário, o Tribunal deliberou nos seguintes termos:
‘9.1. conhecer da representação, com fundamento nos arts. 235 e 237, inciso VII, e parágrafo
único, do RI/TCU, para, no mérito, considerá-la procedente;
9.2. fixar, com fulcro no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal de 1988, c/c o art. 45, caput,
da Lei 8.443/1992, o prazo de quinze dias para que o Município de Taperoá/BA adote, se ainda não o
fez, as providências necessárias ao exato cumprimento da Lei 8.666/1993, com vistas à anulação da
Tomada de Preços 004/2015 e os contratos dela decorrentes, informando a este Tribunal, no prazo de
trinta dias, as medidas adotadas;
9.3. determinar ao Município de Taperoá/BA, com fundamento no art. 250, inciso II, do RI/TCU,
que, caso opte por lançar nova licitação, adote as providências necessárias a evitar as ocorrências
abaixo relacionadas, identificadas no edital da Tomada de Preços 004/2015:
9.3.1. exigência de apresentação de garantia de proposta em data anterior a fixada como limite
para a entrega da documentação de habilitação econômico-financeira, em desacordo com o disposto
nos arts. 4º, 21, § 2º; 31, inciso III; 40, inciso VI, e 43, inciso I, todos da Lei 8.666/1993, conforme
jurisprudência deste TCU, a exemplo do orientado nos Acórdãos 2993/2009 - Plenário, e, em especial,
subitem 9.2 do Acórdão 557/2010 - Plenário;
9.3.2. exigência da garantia nas modalidades previstas no parágrafo 1° do artigo 56 da Lei
Federal nº 8.666/93, no valor de 1% (um por cento) do valor estimado da contratação das duas obras
juntas (R$ 1.398.438,99), não indicando valor estimado para um lote, construção do Estádio
Municipal, e para outro lote, calçamento do Bairro da Baixinha, restringindo dessa forma a
participação de licitante em apenas uma das obras, dificultando/impedindo a participação de licitante
que só pretendesse fazer a obra bem mais simples tecnicamente (calçamento de rua), inclusive a
participação de pequenas empresas;
9.3.3. ausência do Projeto Básico no edital da Tomada de Preços 004/2015, contrariando o
disposto no art. 7º, § 2º, I, da Lei 8.666/93;
9.3.4. falta de informações essenciais no edital, como a não indicação de que os pagamentos
266
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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pelas obras do estádio municipal seriam feitos com recursos do Ministério do Esporte (Convênio
794473) e as obras de calçamento do bairro da Baixinha no Município de Taperoá/BA seriam feitos
com recursos do Ministério das Cidades (Convênio 803110);
9.4. dar ciência à Prefeitura Municipal de Taperoá/BA que, com vistas a ampliar a
competitividade e possibilitar a economia de escala, com o melhor aproveitamento dos recursos
disponíveis, a Lei 8.666/93 estabeleceu em seu artigo 23, § 1º, a obrigatoriedade da Administração
Pública em promover o parcelamento do objeto, quando houver viabilidade técnica e econômica para
tanto, de maneira que a Súmula 247/TCU, ao explicitar tal entendimento, esclareceu que as exigências
de habilitação deverão adequar-se a essa divisibilidade;
9.5. determinar à Secex/BA que monitore o cumprimento das determinações constantes deste
acórdão, nos termos do art. 35 da Resolução TCU 259/2014;
9.6. dar ciência deste acórdão à representante, à Prefeitura Municipal de Taperoá/BA, e aos
órgãos concedentes dos recursos federais indicados nos convênios firmados, e
9.7. arquivar o presente processo.’
4. Após a deliberação do TCU, o Acórdão foi comunicado aos interessados e à Prefeitura de
Taperoá/BA, conforme demonstram os documentos acostados à peça 56 a 58 e 64.
5. Os ofícios de notificação do Acórdão encaminhados à municipalidade (peças 58 e 64),
informaram sobre a deliberação do Tribunal, mas não impôs que o cumprimento fosse comunicado ao
TCU.
6. Com isso, foram extraídos do portal eletrônico do município o extrato de publicação do edital,
datado de 04 de abril de 2016 (peça 66), resultado da fase de habilitação (peça 67), adjudicação e
homologação (peça 68) do novo certame licitatório.
7. Assim, considerando que até 28/10/2016, não se sabia se a determinação fora atendida e, por
conseguinte, saber se os vícios apontados se repetiram, a instrução de peça 69 sugeriu a realização de
diligência à Prefeitura de Taperoá/BA para que fosse encaminhada cópia do edital de Tomada de
Preços 001/2016 que veio a substituir a Tomada de Preços 004/2015, objeto do Acórdão ora
monitorado. A proposta contou com a anuência do Diretor (peça 70) e do Secretário da unidade técnica
(peça 71).
EXAME TÉCNICO
8. Em atendimento ao Pronunciamento do Sr. Secretário, o Serviço de Administração da
Secex/BA encaminhou ao então Procurador de Prefeitura Municipal de Taperoá/BA o Ofício
3229/2016-TCU/Secex/BA, de 7/11/2016 (peça 72), reiterado pelo Ofício 3651/2016-TCU/Secex/BA,
de 15/12/2016 (peça 74). Porém, em resposta, por meio de expediente recebido em 9/1/2017, o então
Procurador Municipal informou que não mais representava o município, haja vista a mudança do
prefeito. Com isso, afirmou não poder atender a solicitação do Tribunal.
9. Assim, o Serviço de Administração da Secex/BA encaminhou novo ofício, datado de
13/1/2017 (peça 77) dessa vez destinado ao novo prefeito municipal, Sr. Rosival Lopes dos Santos.
Porém, mesmo devidamente recebido no endereço da Prefeitura Municipal (AR, peça 78), o novo
alcaide não se manifestou.
10. Em razão disso, a diligência foi reiterada por meio do Ofício 0457/2017-TCU/Secex/BA, de
15/2/2017 (peça 79) e recebida em 2/3/2017 (AR peça 80). Entretanto, mais uma vez, não houve
qualquer resposta.
11. O não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, à diligência determinada pelo
Relator enseja a aplicação de multa ao responsável, a teor do art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992, c/c
o art. 268, inciso IV, do Regimento Interno/TCU.
267
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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‘art. 268. O Tribunal poderá aplicar multa, nos termos do caput do art. 58 da Lei 8.443/1992,
atualizada na forma prescrita no § 1º deste artigo, aos responsáveis por contas e atos adiante indicados,
observada a seguinte gradação:
(...)
IV - descumprimento, no prazo fixado, sem causa justificada, à diligência determinada pelo
relator, no valor compreendido entre cinco e cinquenta por cento do montante a que se refere o caput;
§ 3º A multa aplicada com fundamento nos incisos IV, V, VI, VII ou VIII prescinde de prévia
audiência dos responsáveis, desde que a possibilidade de sua aplicação conste da comunicação do
despacho ou da decisão descumprida ou do ofício de apresentação da equipe de fiscalização.’
(grifamos)
12. Observa-se, que tanto ofício de peça 77, quanto o de peça 79, por meio do quais se realizou a
diligência ao prefeito municipal de Taperoá/BA, constou a informação de que ‘o não cumprimento de
diligência ou de decisão deste Tribunal, no prazo fixado, sem causa justificada, poderá ensejar a
aplicação da multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992, a qual prescinde de realização de
prévia audiência, nos termos do art. 268, § 3º, do Regimento Interno do TCU’. Logo, estão cumpridos
os requisitos mencionados no § 3º do art. 268 do Regimento Interno do TCU.
CONCLUSÃO
13. Tendo em visto o relato acima, cabe a aplicação da multa ao Sr. Rosival Lopes dos Santos,
prefeito de Taperoá/BA, prevista no artigo 58, inciso IV da Lei 8.443/92.
14. Considera-se, ainda, ser oportuno, determinar ao dirigente municipal que no prazo de quinze
dias, encaminhe cópia do edital de Tomada de Preços 001/2016 destinado à contratação de empresa
especializada para execução da obra do calçamento do Bairro da Baixinha, alertando-se ainda, que o
descumprimento de determinação do Tribunal pode dar ensejo à aplicação de nova multa em
conformidade com o artigo 58, § 1º da Lei 8.443/92.
PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
15. Ante todo o exposto, submetemos os autos à consideração superior, propondo:
a) aplicar ao Sr. Rosival Lopes dos Santos (CPF 388.607.165-00), prefeito municipal de
Taperoá/BA, a multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 268, inciso IV, do
Regimento Interno/TCU, em razão do não atendimento de diligências determinadas pelo relator, por
meio do Ofício 0076/2017-TCU/Secex/BA, de 13/1/2017 (peça 77) e do Ofício 0457/2017-
TCU/Secex/BA, de 15/2/2017 (peça 79), fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da notificação,
para que comprove perante este Tribunal, nos termos do art. 214, inciso III, alínea ‘a’, do RI/TCU, o
recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a
data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o vencimento, na forma da
legislação vigente;
b) autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
da dívida, atualizadas monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo estabelecido até a
data do efetivo recolhimento, na forma da legislação em vigor, caso não atendida a notificação;
c) determinar ao Prefeito Municipal de Taperoá/BA, Sr. Rosival Lopes dos Santos, que
encaminhe ao Tribunal, no prazo de quinze dias, contados do recebimento da notificação, cópia do
edital de Tomada de Preços 001/2016 destinado à contratação de empresa especializada para execução
da obra do calçamento do Bairro da Baixinha, com recursos provenientes de convênios celebrados com
o Ministério das Cidades (Convênio 803110) e o Ministério do Esporte (Convênio 794473), alertando-
o, desde logo, de que a reincidência no descumprimento de determinação do Tribunal pode ensejar a
aplicação de multa, nos termos do art. 58, VII, da Lei 8.443/92.”
É o relatório.
268
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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VOTO
Trata-se de representação formulada pela empresa Lua Branca Intermediação e Agenciamento de
Serviços Ltda. em face de indícios de irregularidades na Tomada de Preços 004/2015 da Prefeitura
Municipal de Taperoá/BA.
2. A representação foi apreciada mediante o Acórdão 804/2016 - Plenário, ocasião em que este
Tribunal fixou prazo para anulação do certame, fazendo determinações com vistas a evitar a repetição
das irregularidades ali detectadas, especialmente, no caso de lançar nova licitação em substituição à
anulada, para o fim de proceder-se à construção de estádio municipal e calçamento de ruas com
recursos dos convênios firmados com o Ministério das Cidades e o Ministério do Esporte.
3. Ao realizar o monitoramento da deliberação, efetuada nos próprios autos da representação, a
Secex/BA realizou diligência ao procurador do município, em 15/12/2016 (peça 74), tendo obtido
informação do causídico, ex-procurador municipal, acerca da mudança de prefeito em virtude das
eleições de 2016, e da substituição do procurador municipal, de modo que não lhe seria possível
atender à diligência que lhe fora remetida (peça 76), o que conduziu à realização de nova diligência
pela secretaria em 13/1/2017, desta feita, destinada ao novo prefeito municipal, Sr. Rosival Lopes dos
Santos.
4. Diante do não atendimento à diligência, esta foi reiterada em 15/2/2017, tendo sido novamente
recebida no endereço da prefeitura, porém sem resposta até o momento, razão pela qual a unidade
técnica propõe seja aplicada ao prefeito a multa prevista no art. 58, inciso IV, do Regimento
Interno/TCU, efetuando-se determinação com vistas à remessa, a este Tribunal, da documentação
anteriormente requerida em diligência.
5. Diante do quadro apresentado, verifico dos autos que, mediante a diligência remetida ao atual
prefeito municipal, requereu-se tão somente a ele que enviasse a este Tribunal “cópia do edital de
Tomada de Preços 001/2016 destinado à contratação de empresa especializada para execução da
obra do calçamento do Bairro da Baixinha, com recursos provenientes de convênios celebrados com o
Ministério das Cidades (Convênio 803110) e o Ministério do Esporte (Convênio 794473).”.
6. A informação requerida não pôde ser obtida pela secretaria no sítio da prefeitura na internet,
em que pese a observância, ainda que formal, dos princípios da transparência e publicidade pela
administração pública municipal, em face da publicação naquele endereço eletrônico do aviso de
licitação, do resultado da fase de habilitação, adjudicação e homologação do novo certame. Assim,
verificou-se, no sítio oficinal da prefeitura, que a licitação anteriormente conduzida foi, de fato,
anulada em atendimento à determinação desta Corte. Todavia, não se pôde obter informação, só com
base no aviso da licitação, se o novo edital lançado repetiu quaisquer das irregularidades originalmente
apontadas pelo Acórdão 804/2016 - Plenário. Tal verificação, entretanto, consiste no objeto da ação
fiscalizatória de monitoramento deste Tribunal. E, para tanto, torna-se necessário examinar a íntegra
do edital, de forma que o não envio da informação requerida representa obstáculo àquele mister.
7. Verifico, ademais, que a diligência empreendida, de fácil atendimento pela Prefeitura
Municipal, foi reiterada pela secretaria, de modo que, por duas oportunidades, foi dirigida ao prefeito
municipal sem que esse tivesse se inclinado a enviar resposta, seja remetendo a informação requerida,
seja justificando a impossibilidade de atendimento.
8. Como pode ser visto na cópia dos ofícios encaminhados (peças 77 e 79), constou deles a
informação de que “o não cumprimento de diligência ou de decisão deste Tribunal, no prazo fixado,
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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sem causa justificada, poderá ensejar a aplicação da multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei
8.443/1992, a qual prescinde de realização de prévia audiência, nos termos do art. 268, § 3º, do
Regimento Interno do TCU.”, bem como acerca de eventual possibilidade de pedido de prorrogação de
prazo para atendimento, indicando-se os dispositivos regimentais e normativos pertinentes.
9. Assim, considerando que as correspondências foram recebidas no endereço da prefeitura
(avisos de recebimento - AR às peças 78 e 80 dos autos) e dirigidas ao dirigente municipal, sua inércia
em prestar as informações requeridas por este Tribunal enseja a aplicação da sanção prevista no
referido dispositivo legal, razão pela qual acolho as proposições da secretaria, no sentido de que lhe
seja aplicada a multa, efetuando-se ainda nova determinação com vistas a que se remeta a
documentação requerida por este Tribunal, sob pena de descumprimento de deliberação, que enseja a
aplicação de nova sanção, sob novo fundamento legal, caso não haja atendimento.
Ante o exposto, acolhendo o parecer da Secex/BA, manifesto-me por que o Tribunal aprove o
acórdão que ora submeto à deliberação deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1610/2017 - TCU - Plenário
1. Processo TC-027.949/2015-0
2. Grupo: I - Classe: VII – Assunto: Representação.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Responsáveis: Antonio Fernando Brito Pinto (477.170.925-49) e Rosival Lopes dos Santos
(388.607.165-00).
3.2. Interessada/Representante: empresa Lua Branca Intermediação e Agenciamento de Serviços
Ltda.
4. Unidade: Município de Taperoá/BA.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado da Bahia (Secex/BA).
8. Representação legal: João Ricardo Santos Trabuco (42.070/OAB/BA) e outros, representando
Prefeitura Municipal de Taperoá/BA.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação, ora em fase de monitoramento das
determinações constantes do Acórdão 804/2016 - Plenário,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, ante
as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. aplicar ao responsável, Sr. Rosival Lopes dos Santos, Prefeito Municipal de Taperoá/BA, a
multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 268, inciso IV, do Regimento
Interno/TCU, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), em razão do não atendimento, sem causa
justificada, a diligências deste Tribunal, efetuadas por meio do Ofício 0076/2017-TCU/Secex/BA, de
13/1/2017 (peça 77) e do Ofício 0457/2017-TCU/Secex/BA, de 15/2/2017 (peça 79), fixando-lhe o
prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprove, perante este Tribunal, nos termos do
art. 214, inciso III, alínea “a”, do RI/TCU, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizada monetariamente desde a data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento,
se for paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
9.2. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial
da dívida, caso não atendida a notificação;
270
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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9.3. determinar ao Prefeito Municipal de Taperoá/BA, Sr. Rosival Lopes dos Santos, que
encaminhe a este Tribunal, no prazo de quinze dias, contados do recebimento da notificação, cópia do
edital de Tomada de Preços 001/2016, destinado à contratação de obras e serviços com recursos
provenientes de convênios celebrados com o Ministério das Cidades (Convênio 803110) e o Ministério
do Esporte (Convênio 794473), alertando-o, desde logo, de que a reincidência no descumprimento de
determinação do Tribunal pode ensejar a aplicação de multa, nos termos do art. 58, VII, da Lei
8.443/92;
9.4. dar ciência deste acórdão ao responsável e ao Município de Taperoá/BA; e
9.5. restituir os autos à Secex/BA com vistas à continuidade do monitoramento.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1610-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO II - CLASSE I - Plenário
TC-029.875/2015-3
Natureza: Embargos de Declaração em Prestação de Contas
Órgão/Entidade/Unidade: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento
Nacional.
Exercício: 2014
Responsáveis: Sidney da Silva Cunha (CPF 422.099.437-87), Diretor-Geral, e José Carlos Cirilo
da Silva (CPF 482.525.306-72), Diretor-Geral (substituto), e outros.
Representação legal: Antônio Perilo Teixeira OAB/DF 21659, Guilherme Augusto Fregapani e
outros, representando Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional.
SUMÁRIO: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM PRESTAÇÃO DE CONTAS JULGADAS
REGULARES COM RESSALVA. ALEGAÇÃO DE CONTRADIÇÃO POR SE CONSIDERAR
QUE A JURISPRUDÊNCIA DO TCU É NO SENTIDO DA OBRIGATORIEDADE DE
OBSERVÂNCIA PELOS SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS DA REGRA CONSTITUCIONAL
DA PARIDADE EMPREGADOR-EMPREGADO EM RELAÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES PARA
PLANO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR, ENQUANTO AINDA TRAMITA PROCESSO A
TRATAR DA QUESTÃO. PLEITO DE MODIFICAÇÃO DO JUÍZO DE MÉRITO DAS CONTAS
PARA REGULARES (SEM RESSALVAS) E DE RETIRADA DE ALERTA ACERCA DA
JURISPRUDÊNCIA DA CORTE. CONHECIMENTO. EXISTÊNCIA DE OBSCURIDADE A
EXIGIR ESCLARECIMENTO. PROVIMENTO PARCIAL. MODIFICAÇÃO DO TEXTO DO
ACÓRDÃO PARA SANEAMENTO DA OBSCURIDADE. MANUTENÇÃO DO ALERTA E DO
JUÍZO DE MÉRITO DAS CONTAS.
271
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
RELATÓRIO
Trata-se de Processo de Prestação de Contas do Exercício de 2014 do Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional (Senac/DN). As contas foram julgadas regulares
com ressalva por meio do Acórdão 550/2017- TCU - Plenário.
2. Na presente fase, cuida-se de embargos de declaração formulados pela entidade interessada,
cuja íntegra transcrevo adiante, como parte do relatório:
“O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial -Departamento Nacional (Senac/DN), já
conhecido nos presentes autos, vem, por seus Advogados, nos termos do art. 34 da Lei Orgânica dessa
Eg. Corte e 91 c/c 287 do seu Regimento Interno, opor os presentes
Embargos de Declaração
(com pedido de efeitos infringentes)
em razão de evidente contradição constatada no acórdão 550/2017- TCU Plenário.
1. O Acórdão embargado julgou regulares com ressalvas as contas dos gestores da entidade,
recomendando no item 1.7.1 o seguinte:
‘1.7.1 - Dar ciência ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional
(Senac/DN), com fundamento no art. 208 § 22 do RI/TCU, acerca da jurisprudência do TCU, segundo
a qual os Serviços Sociais Autônomos têm que observar a paridade contributiva constitucional em
relação às contribuições ao plano de previdência complementar, matéria discutida no TC-
016.607/2015-5;’
2. A matéria tratada no TC-016.607/2015-5 é referente à discussão de temas relacionados aos
planos de previdência complementar instituídos por entidades do chamado ‘Sistema S’.
3. Em razão do conflito jurisprudencial acerca da sistemática adotada pelos diversos entes no que
tange à adoção de previdência privada no âmbito do Sistema ‘S’, foi que o Nobre Ministro Raimundo
Carreiro determinou a abertura de processo apartado para discussão definitiva sobre o tema. Desta
forma, o ponto que justificou a ressalva no Acórdão embargado ainda está sendo discutido no âmbito
do citado processo. Portanto, a contradição reside na determinação de observância à matéria ainda em
discussão em processo específico e cuja jurisprudência não está pacificada nessa Egrégia Corte de
Contas, como se verifica da decisão 904/97. Pede-se vênia para colacionar trecho da citada decisão
nesse sentido:
‘A natureza singular dos serviços sociais autônomos, como entes de cooperação com o Poder
Público, assim definido pela doutrina, com administração e patrimônio próprios, não os obriga a
atuar como entidades da
Administração Pública’
272
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
4. Desta forma, entende-se, não há como atender, com a necessária segurança jurídica, a
determinação contida no item 1.7.1 do Acórdão 550/2017-TCU Plenário, eis que a matéria não está
pacificada e tramita processo nessa Egrégia Corte com o único objetivo de debater o tema e firmar o
posicionamento jurisprudencial.
O Pedido
5. Ante o exposto, requer-se o enfrentamento expresso da contradição apontada, para no mérito
ser dado provimento aos presentes embargos de modo a eliminar a determinação contida no item 1.7.1,
julgando-se regulares, sem ressalvas, as contas dos dirigentes da entidade”.
É o relatório.
VOTO
Trata-se de embargos de declaração interpostos pelo o Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial - Departamento Nacional (Senac/DN), por meio seus advogados, em razão do que chamou
de “evidente contradição constatada no acórdão 550/2017- TCU - Plenário, por meio do qual foram
julgadas regulares com ressalvas as contas dos gestores da entidade.
2. Pretende o embargante a desconstituição do que caracterizou como “determinação” do item
1.7.1, do acórdão atacado, além da modificação do julgamento de mérito das contas para “regulares”
(sem ressalvas).
3. Em essência o decisum vergastado diz:
“Considerando que a unidade técnica, em sua instrução, identificou falhas consistentes em aporte
ao plano de previdência complementar da entidade, em valores superiores ao segurado, contrariando
dispositivo constitucional, e em fragilidades verificadas na documentação comprobatória referente aos
resultados alcançados na gestão do Pronatec no exercício de 2014;
Considerando, entretanto, a existência de aspectos atenuantes da culpa do gestor responsável;
Considerando que foi restabelecida a paridade de contribuições entre empregador e beneficiários;
Considerando a proposta da unidade técnica de julgamento das contas dos srs. Diretores Gerais,
titular e substituto, pela regularidade, com ressalvas, por entender que as ocorrências não são
suficientes para macular o conjunto da gestão;
Considerando que as demais falhas observadas foram ne natureza formal;
Considerando a proposta da unidade técnica no sentido do julgamento das contas dos demais
gestores pela regularidade;
Considerando as propostas da unidade técnica no sentido da expedição de recomendações e
ciência, no sentido da correção das falhas observadas e prevenção de novas ocorrências futuras;
Considerando o parecer oferecido pelo MP/TCU, manifestando sua concordância com as
propostas oferecidas pela unidade técnica;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário, por
unanimidade, com fundamento no art. 143, inciso I, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU, em:
julgar regulares com ressalva, com fundamento nos arts. 1º, inc. I, 16, inc. II, 18 e 23, inc. II, da
Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inc. I, 208 e 214, inc. II, do Regimento Interno, as contas do Sr. Sidney
da Silva Cunha (CPF 422.099.437-87), Diretor-Geral, e do Sr. José Carlos Cirilo da Silva
(CPF 482.525.306-72), Diretor-Geral, substituto, dando-lhes quitação”
273
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
4. Complementarmente, o decisum vergastado apresentou as seguintes Determinações/
Recomendações/Orientações:
“1.7.1 dar ciência ao Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional
(Senac/DN), com fundamento no art. 208, § 2º, do RI/TCU, acerca da Jurisprudência do TCU, segundo
a qual os Serviços Sociais Autônomos têm que observar a paridade contributiva constitucional em
relação às contribuições ao plano de previdência complementar, matéria discutida no TC-
016.607/2015- 5;
1.7.2 recomendar ao Senac/DN que reavalie os indicadores destinados a avaliar os programas
sob sua responsabilidade, em especial o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec), consoante, entre outras referências técnicas, o documento de Orientação Técnica de
Indicadores de Desempenho, aprovado por Portaria-TCU-Segecex 33, de 23/12/2010, observando os
requisitos ali estabelecidos.
1.7.3 determinar ao Senac/DN que, no Relatório de Gestão de sua próxima prestação de contas
anual completa, informe acerca na situação dos planos de previdência complementar para os quais
tenha contribuído, relativamente aos exercícios de 2016 em diante.”.
5. O embargante alega contradição pelo fato de que, segundo afirma, o tema que motivou a
ressalva das contas ainda está sendo discutido. O TC-016.607/2015-5, mencionado no item 1.7.1, teria
sido autuado por decisão do excelentíssimo Sr. Ministro Raimundo Carrreiro, “em razão do conflito
jurisprudencial acerca da sistemática adotada pelos diversos entes no que tange à adoção de
previdência privada no âmbito do Sistema S (...) para discussão definitiva sobre o tema”.
6. Ter-se-ia, portanto, contraditoriamente, determinado a “observância a matéria ainda em
discussão em processo específico e cuja jurisprudência não está pacificada nessa Egrégia Corte de
Contas, como se verifica da decisão 904/97, onde se afirmou:
“A natureza singular dos serviços sociais autônomos, como entes de cooperação com o Poder
Público, assim definido pela doutrina, com administração e patrimônio próprios, não os obriga a atuar
como entidades da Administração Pública”.
7. Como a matéria estaria não pacificada, pois, segundo o embargante “tramita processo (...) com
o único objetivo de debater o tema e firmar o posicionamento jurisprudência”, não haveria como
“atender, com a necessária segurança jurídica, a determinação (sic) contida do 1.7.1”.
8. Conheço dos embargos, pois, tempestivamente, o embargante alega contradição em acórdão, a
obscurecer o sentido de seus termos.
9. De pronto, cabe o registro de que o trecho questionado do Acórdão não trata de determinação,
mas de alerta.
10. No mérito, é de se reconhecer que o acórdão merece reparos, mas não por contradição interna
em seus termos, mas pela contradição entre seus termos e o teor a matéria tratada do processo
mencionado indevidamente, o TC-016.607/2015-5, ainda não concluído.
11. Foi acidental essa menção. Em momento algum do exame da matéria foi admitida a hipótese
de restar qualquer dúvida quanto à aplicabilidade da regra do art. 202, § 3º, da Constituição Federal,
aos serviços sociais autônomos.
12. Tendo classificado o processo no Grupo I, por estar de acordo, no mérito, com a proposta da
unidade técnica, endossada pelo Ministério Público junto TCU, apenas divergi da parte da sugestão de
alerta que dizia “convém acompanhar a decisão que vier a ser adotada pelo Tribunal no âmbito do TC-
016.607/2015- 5”.
274
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
13. O processo em referido foi constituído como apartado de caso específico, e se presta,
realmente, a discutir a matéria sob exame nas contas recorridas, entretanto, julguei descabido esse tipo
de recomendação, visto que a jurisprudência de fato, ou seja, a resultante de julgados findos é que deve
guiar a atuação da Corte e dos jurisdicionados. A expectativa de futura eventual alteração de sólida
linha jurisprudencial refoge, a meu ver, da esfera temática das presentes contas anuais, pelo menos no
nível da parte dispositiva do acórdão. Tal sugestão estaria melhor situada em entendimentos
extraoficiais. Considerei, também, desnecessário a aviso, visto que as entidades do sistema S já foram
convidadas a se manifestar naqueles autos.
14. Ressalto, ademais, que não identifiquei na jurisprudência da Corte a falta de uniformidade
apontada pelo embargante. Ao contrário, os julgados do TCU têm, há mais de uma década, declarado
uniformemente a submissão dos serviços sociais autônomos à regra constitucional da paridade
contributiva nos planos de previdência complementar de seus empregados.
15. São nesse sentido os Acórdãos 2371/2003, 4008/2009-1, 1214/2014, 1748/2010, 7404/2011,
2569/2010, 1214/2014, 2073/2012, 7021/2012, 2965/2011, da 1ª Câmara; 2125/2017, 1719/2004,
668/2011, 2070/2004, 62/2001, 5162/2011, do Plenário e 8804/2012, 2790/2011, 4120/2016, 559/2003
da 2ª Câmara. Assim, entendo pacificada a jurisprudência do Tribunal sobre a matéria.
16. Desse modo, cabe o provimento parcial dos embargos, para a alteração dos termos do item
1.7.1 do acórdão atacado, apenas para que lhe seja retirada a expressão indevida.
Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora submeto à
deliberação deste Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1611/2017 - TCU - Plenário
1. Processo TC-029.875/2015-3
2. Grupo II - Classe: I – Assunto: Embargos de declaração (Prestação de Contas).
3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:
3.1. Responsáveis: Sidney da Silva Cunha (CPF 422.099.437-87), Diretor-Geral, e José Carlos
Cirilo da Silva (CPF 482.525.306-72), Diretor-Geral (substituto), e outros.
3.2. Recorrente: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional
(33.469.172/0001-68).
4. Órgão/Entidade/Unidade: Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento
Nacional.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.
6. Representante do Ministério Público: Subprocuradora-Geral Cristina Machado da Costa e
Silva.
7. Unidade técnica: Secretaria de Controle Externo da Previdência, do Trabalho e da Assistência
Social (SecexPrevidência).
8. Representação legal: Antônio Perilo Teixeira OAB/DF 21659, Guilherme Augusto Fregapani
e outros, representando Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento Nacional.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de embargos de declaração, opostos ao Acórdão
550/2017- TCU - Plenário, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - Departamento
Nacional (Senac/DN), por meio de seus advogados,
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão Plenária, ante as
razões expostas pelo Relator, e com fundamento no art. 34 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 287 do
Regimento Interno deste Tribunal, em:
9.1. conhecer dos embargos de declaração opostos, para, dando-lhes provimento parcial, excluir
da redação do item 1.7.1 do acórdão recorrido, o trecho “matéria discutida no TC-016.607/2015- 5”;
9.2. manter, em seus exatos termos, os demais elementos do Acórdão 550/2017- TCU – Plenário;
e
9.3. dar ciência deste acórdão ao embargante.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1611-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE VII – Plenário
TC 017.716/2017-9
Natureza(s): Representação.
Órgão/Entidade: não há.
Interessado: Tribunal de Contas da União.
Representação legal: não há.
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. PROJETO DE DECISÃO NORMATIVA. CÁLCULO DOS
COEFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL NO RATEIO
DA PARCELA DE 10% DA ARRECADAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS
INDUSTRIALIZADOS, DE QUE TRATA O INCISO II DO ARTIGO 159 DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL, PARA O EXERCÍCIO DE 2018. APROVAÇÃO. COMUNICAÇÃO.
ARQUIVAMENTO.
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução aprovada no âmbito da Secretaria de Macroavaliação
Governamental (Semag) – peça 7:
Cuidam os autos dos cálculos dos coeficientes de participação dos estados e do Distrito Federal
no montante dos recursos provenientes da parcela de 10% (dez por cento) incidente sobre a
arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcionalmente às exportações, a que
alude o inciso II do artigo 159 da CF, para o exercício de 2018, observada a competência atribuída ao
Tribunal de Contas da União pelo parágrafo único do art. 161 da Constituição Federal.
276
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
2. As normas para a participação dos estados e do Distrito Federal no produto da arrecadação do
Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, relativamente às exportações, foram estabelecidas na
Lei Complementar 61, de 26 de dezembro de 1989, e no art. 4º da Lei Complementar 65, de 15 de abril
de 1991, entre as quais destacam-se as seguintes:
a) na apuração dos valores das exportações devem ser levados em conta a origem (UF) do
produto exportado e o conceito de produto industrializado adotado pela legislação federal referente ao
IPI (LC 61/89, art. 1º, § 1º);
b) os coeficientes para o rateio são calculados para aplicação no ano-calendário, ou seja, de
janeiro a dezembro, tomando-se por base o valor em dólar norte-americano das exportações ocorridas
nos doze meses antecedentes a primeiro de julho do ano imediatamente anterior (LC 61/89, art. 1º, §
3º);
c) a participação de cada unidade é limitada ao máximo de 20% (vinte por cento) do montante a
ser distribuído, sendo o eventual excesso redistribuído entre os demais participantes, de forma
proporcional às respectivas participações (CF, art. 159, e LC 61/89, art. 1º, § 4º);
d) o órgão encarregado do controle das exportações, atualmente a Secretaria de Comércio
Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, fornecerá ao Tribunal, até
o dia 25 de julho de cada ano, o valor consolidado das exportações (LC 61/89, art. 1º, § 5º);
e) para o cálculo da participação de cada Estado ou do Distrito Federal na repartição da receita
tributária de que trata o inciso II do art. 159 da Constituição Federal, somente será considerado o valor
dos produtos industrializados exportados para o exterior na proporção do ICMS que deixou de ser
exigido em razão da não incidência prevista na alínea ‘a’ do inciso X e da desoneração prevista na
alínea ‘f’ do inciso XII, ambos do § 2º do art. 155 da Constituição Federal (LC 65/91, art. 4º).
3. De acordo com o caput do art. 2º da Lei Complementar 61/89, os coeficientes individuais de
participação de cada estado e do Distrito Federal deverão ser apurados e publicados no Diário Oficial
da União por esta Corte até o último dia útil do mês de julho de cada ano.
4. Objetivando o cumprimento desse dispositivo, em 4 de julho do corrente ano a Secretaria de
Macroavaliação Governamental - Semag solicitou à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da
Indústria, Comércio Exterior e Serviços - Secex/MDIC, por meio do Ofício 0188/2017-TCU/Semag
(peça 4), demonstrativo do valor total em dólares das exportações realizadas no período de 1º de julho
de 2016 a 30 de junho de 2017 de forma consolidada e por unidade da federação.
5. Por meio do Ofício 21/2017-SEI-DEAEX/SECEX, de 14/7/2017 (peça 6), contendo em anexo
os dados solicitados, foi atendido o referido pleito.
6. Com base nas informações prestadas pela Secex/MDIC e observando-se os critérios
estabelecidos na legislação em vigor, foram efetuados os cálculos dos percentuais relativos aos
coeficientes individuais de participação dos estados e do Distrito Federal a vigorar no exercício de
2018, que se encontram no Anexo I do anteprojeto de Decisão Normativa, ao final da presente
instrução.
7. Deve-se esclarecer que os valores informados pela Secex/MDIC, seguindo o mesmo
procedimento de anos anteriores, foram arredondados para valores inteiros. No entanto, como o valor
real contido na célula é um número decimal (com casas decimais), a soma das células da coluna ‘Valor
apurado’ (peça 6, p. 3) apresenta uma pequena variação devido ao processo de arredondamento para
número inteiro. Assim, o total geral do valor apurado apresentado na planilha foi de
US$ 132.829.224.723,77 e o total utilizado pelo TCU, com base nos dados arredondados, foi de
US$ 132.829.224.724 – uma diferença de US$ 0,23. Considera-se que tal diferença, resultante de
arredondamento, é materialmente insignificante e não afeta o valor dos coeficientes calculados.
8. Com vistas a tornar mais transparente o processo de cálculo, seguindo os princípios
estabelecidos no item 9.2 do Acórdão 196/2003-TCU-Plenário, de 12 de março de 2003, a memória de
cálculo dos coeficientes é detalhada no Anexo II do citado anteprojeto.
277
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9. Outra determinação do Acórdão em comento é a de se descrever, em nota explicativa, a
metodologia utilizada nos cálculos, o que se faz presente no Anexo III do referido anteprojeto.
10. Deve-se esclarecer ainda que, de acordo com o §1º do art. 2º da Lei Complementar 61/89, ‘as
unidades federadas disporão de 30 (trinta) dias, a partir da publicação referida no caput deste artigo,
para apresentar contestação, juntando desde logo as provas em que se fundamentar’.
11. O §2º do mesmo artigo estabelece que ‘o Tribunal de Contas da União, no prazo de 30
(trinta) dias contados do recebimento da contestação mencionada no parágrafo anterior, deverá
manifestar-se sobre a mesma’.
12. Para que esses prazos, que também estão previstos no art. 292 do Regimento Interno desta
Corte, com a redação dada pela Resolução 246, de 30 de novembro de 2011, sejam cumpridos, deve-se
alertar as Secretarias de Controle Externo nos Estados a respeito da necessidade de encaminhar
tempestivamente para a Secretaria de Macroavaliação Governamental os eventuais recursos
administrativos interpostos para retificação dos percentuais de participação publicados, relativos ao
IPI-Exportação do exercício de 2018, independentemente da data de recebimento.
13. Ante o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo, com base no art.
74 do RITCU, o encaminhamento ao Gabinete da Presidência, para proceder ao sorteio do relator, e o
posterior envio ao Gabinete do relator sorteado, com proposta de o Tribunal:
a) conhecer da presente representação, nos termos do inciso VI do art. 237 do Regimento
Interno;
b) aprovar o anteprojeto de decisão normativa que cuida dos coeficientes de participação dos
Estados e do Distrito Federal no montante dos recursos provenientes da parcela de 10% (dez por cento)
incidente sobre a arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcionalmente às
exportações, a que alude o inciso II do artigo 159 da CF, para o exercício de 2018, acompanhado dos
seguintes anexos:
Anexo I: IPI-EXP – Coeficientes de participação;
Anexo II: IPI-EXP – Memória de cálculo dos coeficientes;
Anexo III: IPI-EXP – Nota explicativa.
c) encaminhar cópia do acórdão e da decisão normativa que vier a ser aprovada, bem como do
relatório e voto que os fundamentam, aos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados,
bem como ao Ministro de Estado da Fazenda, ao Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e
Gestão, ao Ministro de Estado da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e ao Presidente do Banco do
Brasil S/A;
d) determinar à Segecex que alerte as Secretarias de Controle Externo nos estados sobre a
necessidade de encaminhar imediatamente para a Secretaria de Macroavaliação Governamental
eventuais recursos administrativos interpostos com base no §1º do art. 2º da Lei Complementar 61/89 e
no art. 292 do Regimento Interno do Tribunal, para retificação dos percentuais publicados, relativos ao
IPI Exportação do exercício de 2018, independentemente da data de recebimento;
e) encerrar o presente processo.
É o relatório.
VOTO
278
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
Registro, inicialmente, que relato este feito em substituição ao Ministro Augusto Nardes, nos
termos da Portaria TCU 317, de 20 de julho de 2017.
2. Trata-se de representação da Secretaria de Macroavaliação Governamental (Semag) que tem
por objetivo a fixação, pelo Tribunal de Contas da União (TCU), dos coeficientes de participação dos
estados e do Distrito Federal nos recursos provenientes da parcela de 10% (dez por cento) incidente
sobre a arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados, para o exercício de 2018, na forma do
inciso II do art. 159 da Constituição Federal.
3. Os coeficientes a serem fixados devem ser proporcionais ao valor das exportações (em dólar
norte-americano) de cada estado em doze meses (julho/2016 a junho/2017), observada a limitação da
participação individual de 20%, na forma art. 1º da Lei Complementar 61/1989.
4. Consoante o art. 2º da mencionada lei, caput, o TCU deve fazer publicar os coeficientes para
o ano de 2018 até o último dia útil deste mês, ou seja, 31/7/2017.
5. Para atendimento a esse prazo, a Semag antecipou-se e obteve as informações pertinentes
junto à Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (Secex/MDIC) no dia 14 deste mês.
6. A indicação dos coeficientes, por unidade federativa, consta do Anexo I do anteprojeto. A
memória de cálculo e a metodologia utilizada estão detalhadas, respectivamente, no Anexo II e em
nota explicativa no Anexo III daquele anteprojeto.
7. Tendo em vista que foram observados os critérios e procedimentos legais para cálculo dos
coeficientes de que tratam os autos, manifesto-me no sentido da aprovação do anteprojeto de Decisão
Normativa, na forma proposta pela unidade técnica.
8. Por fim, em virtude da urgência, da relevância da matéria e do fato de os procedimentos
adotados pelo Tribunal para o cálculo dos coeficientes de participação do IPI-exportação serem
vinculados, solicito aos eminentes pares dispensa de abertura de prazos para eventual apresentação de
sugestões ou emendas.
Ante o exposto, acolho a proposta uniforme da Semag e VOTO por que seja adotado o acórdão
que submeto à apreciação deste colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1612/2017 – TCU – Plenário
1. Processo nº TC 017.716/2017-9.
2. Grupo I – Classe de Assunto: VII – Representação.
3. Interessados/Responsáveis: Tribunal de Contas da União.
4. Órgão/Entidade: não há.
5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti em substituição ao Ministro
Augusto Nardes.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Macroavaliação Governamental (Semag).
8. Representação legal: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação da Secretaria de Macroavaliação
Governamental sobre Projeto de Decisão Normativa que fixa, para o exercício de 2018, os coeficientes
279
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
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destinados ao cálculo das quotas de participação dos estados e do Distrito Federal no montante dos
recursos provenientes da parcela de 10% (dez por cento) incidente sobre a arrecadação do Imposto
sobre Produtos Industrializados, proporcionalmente às exportações, a que alude o inciso II do artigo
159 da Constituição Federal,
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão do Plenário, ante
as razões expostas pelo relator, em:
9.1. conhecer da presente representação, nos termos do inciso VI do art. 237 do Regimento
Interno;
9.2. aprovar, nos termos apresentados no relatório que compõe a presente deliberação, o Projeto
de Decisão Normativa que fixa, para o exercício de 2018, os coeficientes destinados ao cálculo das
quotas de participação dos estados e do Distrito Federal no montante dos recursos provenientes da
parcela de 10% (dez por cento) incidente sobre a arrecadação do Imposto sobre Produtos
Industrializados, proporcionalmente às exportações, a que alude o inciso II do artigo 159 da
Constituição Federal, acompanhado dos seus respectivos anexos, quais sejam:
9.2.1. Anexo I: IPI-EXP – Coeficientes de participação;
9.2.2. Anexo II: IPI-EXP – Memória de cálculo dos coeficientes;
9.2.3. Anexo III: IPI-EXP – Nota explicativa;
9.3. enviar cópia deste acórdão e da decisão normativa ora aprovada, bem como do relatório e do
voto que os fundamentam, aos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados; aos
Ministros de Estado da Fazenda, do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão e da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços; e ao Presidente do Banco do Brasil S.A.;
9.4. determinar à Secretaria das Sessões que adote as providências necessárias à imediata
publicação da presente decisão normativa, em cumprimento ao prazo estipulado no art. 2º da Lei
Complementar 61/1989;
9.5. determinar à Secretaria-Geral de Controle Externo que alerte as Secretarias de Controle
Externo nos estados sobre a necessidade de encaminhar imediatamente para a Secretaria de
Macroavaliação Governamental eventuais recursos administrativos interpostos com base no §1º do art.
2º da Lei Complementar 61/89 e no art. 292 do Regimento Interno do Tribunal para retificação dos
percentuais publicados relativos ao IPI Exportação do exercício de 2018, independentemente da data
de recebimento; e
9.6. arquivar o presente processo.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1612-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos
Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.
GRUPO I – CLASSE IV – Plenário
280
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
TC-004.632/2015-0
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Entidade: Município de Cristino Castro/PI.
Responsáveis: Zacarias Dias dos Santos (831.784.143-04); Aline Carvalho Cunha Nogueira
Martins (504.631.953-53)
SUMÁRIO: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. RECURSOS DO SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE REPASSADOS AO MUNICÍPIO, NO ÂMBITO DO PROGRAMA DE
REQUALIFICAÇÃO DAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE. TRANSFERÊNCIA DAS
VERBAS RECEBIDAS DAS CONTAS CORRENTES VINCULADAS AO PROGRAMA PARA
OUTRA CONTA. NÃO APLICAÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS NA FINALIDADE
ACORDADA. CITAÇÃO. REVELIA. ÔNUS DO GESTOR DE COMPROVAR O ADEQUADO
EMPREGO DOS RECURSOS PÚBLICOS NO OBJETO PACTUADO. CONTAS IRREGULARES,
COM DÉBITO SOLIDÁRIO E MULTA INDIVIDUAL E PROPORCIONAL AO DANO
CAUSADO AO ERÁRIO. INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO
OU FUNÇÃO DE CONFIANÇA NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
Julgam-se irregulares as contas dos responsáveis, condenando-os solidariamente ao pagamento
do débito apurado e aplicando-lhes a multa proporcional ao dano ao erário, em face da não
comprovação do bom e regular emprego dos recursos públicos no objeto pactuado.
RELATÓRIO
Cuidam os autos da Tomada de Contas Especial instaurada pelo Fundo Nacional de Saúde –
FNS, em atendimento ao Acórdão 6.211/2013 – 2ª Câmara (Rel. Gab. Min. Subs. André de Carvalho,
Ata 38/2013, sessão 22/10/2013), que tratou de Representação formulada pelo Sr. Valmir Martins
Falcão Filho, a época prefeito de Cristino Castro/PI, noticiando possíveis irregularidades que teriam
sido praticadas durante a gestão anterior, relacionadas a pagamentos com recursos do Sistema Único
de Saúde – SUS, repassados pelo FNS à municipalidade, objetivando a ampliação das unidades básicas
de saúde das localidades Japecanga e Palestina, no âmbito do Programa de Requalificação das
Unidades Básicas de Saúde.
2. Na aludida Representação, constatou-se que recursos relativos à primeira parcela dos repasses,
no valor de R$ 33.300,00 (peça 1, p. 63), foram utilizados de forma indevida e para outros fins que não
os ajustados. Em especial, verificou-se que essa verba foi creditada nas contas bancárias 21705-0 e
21706-9, ambas do Banco do Brasil, agência 0589-4 (peça 1, p. 49-53 e 55-59), e, após, transferidas
integralmente para a conta 7157-9, agência 0609-2, da mesma instituição financeira, em benefício da
Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira Martins, em vez de serem aplicadas em seu objeto.
3. Nada obstante, sob o fundamento de que o valor atualizado do débito apurado era inferior a R$
75.000,00, limite anteriormente fixado por este Tribunal para encaminhamento de TCE (atualmente
esse limite é de R$ 100.000,00, conforme dispõe a IN/TCU 76/2016), e, bem assim que o processo
encontrava-se pendente de citação válida neste Tribunal, fora proposto o arquivamento dos autos pela
unidade técnica (peça 5, p. 6).
4. O Ministério Público junto ao TCU, representado pelo Subprocurador-Geral Lucas Rocha
Furtado, dissentiu dessa proposta, por considerar que (peça 8):
“[N]ão se cuida apenas de um processo que busca ressarcir o erário dos relativamente parcos
valores possivelmente desviados, mas sim de apurar a real responsabilidade do ex-prefeito, a qual, se
vier a ser confirmada, pode ensejar a aplicação de sanções que se guiam pela prevenção da ocorrência
281
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
de práticas semelhantes, bem como pelo impedimento de que o imputado, caso seja ao final
condenado, seja guindado, por determinado período, a novos postos da administração. Refiro-me às
consequências de inelegibilidade dos que tiverem suas contas julgadas irregulares e da inabilitação
para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança de que trata o art. 60 da LOTCU.”
5. Ao despachar nos autos, acolhi o entendimento esposado pelo Parquet, para determinar a
citação do ex-prefeito e da beneficiária dos recursos desviados (peça 9).
6. Em atenção ao despacho, a Secex/PI examinou o processo por meio da instrução inserta à peça
29, que reproduzo em parte e com ajustes de forma:
8. [F]oi promovida a citação do senhor Zacarias Dias dos Santos e da senhora Aline Carvalho
Cunha Nogueira Martins, mediante os Ofícios 945, 943, 1245, 1243, 1242 e 1244 todos de 2016,
consoante se vê, respectivamente, das peças 15, 16, 20, 21, 22 e 24.
9. Nada obstante, apesar de os responsáveis terem tomado ciência dos expedientes que lhes
foram encaminhados, conforme atestam os avisos de recebimento (AR) que compõem as peças 23, 25
e 26, não atenderam a citação e não se manifestaram quanto às irregularidades verificadas.
10. Vale rememorar o consignado na instrução anterior (peça 10) no sentido de que restou
comprovado pelo Acórdão/TCU 6.211/2013 – 2ª Câmara nos autos do TC 009.976/2013-2 (vide peça
1, p. 9-10 c/c peça 1, p. 151-157), que os recursos da 1ª parcela, referentes ao Programa de
Requalificação de Unidades Básicas de Saúde, oriundos do orçamento do Ministério da Saúde (arts. 1º
e 3º da Portaria/MS 1.170/2012), foram utilizados de forma irregular e para outros fins que não os
ajustados. No mesmo sentido se constatou por meio do Relatório Simplificado do Tomador de Contas
Especial 168/2014 (275-279, peça 1) e do Relatório de Auditoria/CGU 2297/2014 (peça 1, p. 285-
287).
11. Dessume-se, portanto, estreme de dúvidas, que houve desvio de recursos repassados
objetivando a ampliação das unidades básicas de saúde das localidades Japecanga e Palestina, no
âmbito do Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saúde (UBS), pelo Fundo Nacional
de Saúde ao Município de Cristino Castro/PI (peça 1, p. 63), na liberação da 1ª parcela, eis que fora
creditada na conta bancária de titularidade de pessoa física, senhora Aline Carvalho Cunha Nogueira
Martins.
12. A liberação de tais recursos, pelo Ministério da Saúde, de conformidade com as disposições
contidas na Portaria/MS 1.170/2012, ocorreu em 10/7/2012, mas no dia 10/9/2012 foram realizadas
duas transferências, nos valores de R$ 16.300,00 e R$ 17.000,00, para uma conta de número 7157-9,
agência 0609-2, do Branco do Brasil, de titularidade da pessoa física acima referida (vide extratos
bancários das contas correntes 21705-0 e 21706-9, ambas do Banco do Brasil, agência 0589-4 – p. 49-
53 e 55-59, peça 1).
13. Dessa feita, resta caracterizada a responsabilidade do senhor Zacarias Dias dos Santos, gestor
municipal à época dos fatos (gestão 2009 a 2012, peça 1, p. 183), em razão da transferência de
recursos com desvio de finalidade, na medida em que empregados fora do escopo legal previsto na
Portaria MS 1.170/2012 e, outrossim, da senhora Aline Carvalho Cunha Nogueira Martins, haja vista
ser a recebedora de tal numerário.”
7. Diante do exposto, a Secex/PI oferece a seguinte proposta de encaminhamento (peça 29-31):
7.1. considerar revéis o Sr. Zacarias Dias dos Santos e a Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira
Martins, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992;
7.2. julgar irregulares as contas do Sr. Zacarias Dias dos Santos e da Sra. Aline Carvalho Cunha
Nogueira Martins, com fundamento no art. 16, inciso III, alínea d, condenando-os ao pagamento das
importâncias a seguir especificadas:
VALOR
ORIGINAL (R$)
DATA DA
OCORRÊNCIA
16.300,00 10/9/2012
282
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
17.000,00 10/9/2012
7.3. aplicar aos responsáveis a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992;
7.4. autorizar, desde logo, o pagamento parcelado das dívidas e a cobrança judicial, caso não
atendida as notificações;
7.5. encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do relatório e do voto
que a fundamentarem, ao Procurador-Chefe da Procuradoria da República no Estado de Piauí, nos
termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992 c/c o § 7º do art. 209 do Regimento Interno do TCU, para
adoção das medidas que entender cabíveis.
8. O Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado concordou com o encaminhamento proposto
pela unidade técnica, acrescentando a sugestão de que a irregularidade seja considerada grave e que o
ex-agente público, Sr. Zacarias Dias dos Santos, seja “inabilitado para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, com base no art. 60 da Lei nº
8.443/1992, tendo em vista que o ato inquinado consistiu em transferência bancária dos recursos
federais repassados ao munícipio para conta corrente de pessoa física (no caso, a Sra. Aline Carvalho
Cunha Nogueira), sem qualquer justificativa e em completa dissonância com o destino que deveria ser
dado ao dinheiro público.” (peça 32).
É o Relatório.
VOTO
A presente Tomada de Contas Especial foi instaurada pelo Fundo Nacional de Saúde – FNS, em
atenção ao Acórdão 6.211/2013 – 2ª Câmara (Rel. Gab. Min. Subs. André de Carvalho, Ata 38/2013,
sessão 22/10/2013).
2. O referido decisum foi proferido em autos da Representação formulada pelo Sr. Valmir
Martins Falcão Filho, à época prefeito de Cristino Castro/PI, que noticiou possíveis irregularidades
praticadas na gestão anterior, referentes a pagamentos com os recursos do Sistema Único de Saúde –
SUS, repassados pelo FNS àquele município, objetivando a ampliação das unidades básicas de saúde
das localidades Japecanga e Palestina, sob a égide do Programa de Requalificação das Unidades
Básicas de Saúde.
3. Naquela Representação constatou-se que verbas referentes à primeira parcela dos repasses, no
valor de R$ 33.300,00, foram utilizadas de forma indevida. Em especial, verificou-se que os recursos
foram creditados nas contas bancárias 21705-0 e 21706-9, ambas do Banco do Brasil, agência 0589-4
(peça 1, p. 49-53 e 55-59), e, após, no dia 10/09/2012, transferidas integralmente para a conta 7157-9,
agência 0609-2, da mesma instituição financeira, em benefício da Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira
Martins.
4. Por se tratar de desvio de recursos no quantum de R$ 33.300,00 (valor original) e tendo em
vista que o processo encontrava-se pendente de citação válida neste Tribunal, a Secex/PI, em instrução
preliminar, sugeriu o arquivamento desta Tomada de Contas Especial. O Ministério Público junto ao
TCU, representado pelo Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado, dissentiu da proposta, por
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
considerar necessário apurar a real responsabilidade do ex-prefeito, que, caso fosse confirmada,
poderia dar ensejo a aplicação de sanções relacionadas à inelegibilidade daquele que tem suas contas
julgadas irregulares e à inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança de
que trata o art. 60 da Lei 8.443/1992.
5. Acolhi a proposta do Parquet para determinar a citação solidária do Sr. Zacarias Dias dos
Santos, ex-prefeito de Cristino Castro/PI, e da Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira Martins,
beneficiária dos recursos.
6. Os responsáveis instados a se manifestar nos autos deixaram transcorrer in albis o prazo que
lhes foi conferido, sem recolher o débito quantificado no processo e sem oferecer a esta Corte suas
alegações de defesa, caracterizando a revelia prevista no art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.
7. Diante desse contexto, a unidade técnica concluiu pela irregularidade das contas do Sr.
Zacarias Dias dos Santos e da Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira Martins, com a condenação ao
pagamento solidário do débito apurado nos autos e a aplicação individual da multa prevista no art. 57
da referida lei.
8. O Ministério Público junto ao TCU concordou com a proposta da Secex/PI, sugerindo o
acréscimo de que o Sr. Zacarias Dias dos Santos fosse inabilitado para o exercício de cargo em
comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, com base no art. 60 da Lei
8.443/1992, ante a gravidade da irregularidade cometida, pois o ato impugnado consistiu na
transferência bancária dos recursos federais repassados ao munícipio para conta corrente de pessoa
física (Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira), sem qualquer justificativa.
9. Fixadas essas premissas, passo ao exame das questões que permeiam o processo.
Preliminarmente, ressalto que a imposição de comprovar o bom e regular emprego dos recursos
federais recebidos decorre do ordenamento jurídico, a teor do bloco normativo composto pelas
disposições dos arts. 70, parágrafo único, da Constituição Federal, 93 do Decreto-lei 200/1967 e 66 do
Decreto 93.872/1986. Ou seja, é ônus do gestor público aplicar os recursos financeiros na finalidade
acordada – o que não ocorreu nestes autos –, além de oferecer documentação que demonstre, de forma
efetiva, os gastos efetuados e o nexo de causalidade entre as despesas realizadas e a verba federal
recebida.
10. Na hipótese dos autos, a responsabilidade do ex-prefeito decorre do ato de retirar verbas das
contas correntes específicas do Programa de Requalificação das Unidades Básicas de Saúde para
depositá-las em outra conta de titularidade de pessoa física. Logo, conclui-se que o valor recebido pelo
município não foi empregado no fim a que se destinava. A responsabilidade da Sra. Aline Carvalho
Cunha Nogueira advém do fato de ter sido contemplada indevidamente com recursos públicos,
beneficiando-se de valores aos quais não fazia jus.
11. Nesse contexto, constatada a irregularidade registrada no item precedente e no item 3 acima,
somada a delimitação das condutas consoante historiadas no processo, entendo que as contas do Sr.
Zacarias Dias dos Santos e da Sra. Aline Carvalho Cunha Nogueira Martins devem ser julgadas
irregulares, condenando-se-lhes solidariamente ao pagamento do débito quantificado no processo.
Igualmente deve ser aplicada a multa individual e proporcional ao dano, capitulada no art. 57 da Lei
8.443/1992, ante a reprovabilidade de suas condutas.
12. Entendo ainda pertinente a proposta do Ministério Público junto ao TCU de inabilitar o Sr.
Zacarias Dias dos Santos para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da
Administração Pública, com base no art. 60 da Lei 8.443/1992, em face da irregularidade de transferir
recursos da conta específica de programa (estatal) para uma pessoa física, sem qualquer justificativa
para tanto, o que se reveste de gravidade suficiente para moldar a situação fática à hipótese jurídica
descrita no referido dispositivo legal.
13. Cumpre autorizar ainda o pagamento fracionado das dívidas constantes nos autos, em até 36
parcelas mensais e consecutivas, e a cobrança judicial, bem como encaminhar cópia do Acórdão que
284
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
vier a ser proferido, acompanhado do Relatório e do Voto que o fundamentarem, à Procuradoria da
República no Estado do Piauí, com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992 c/c art. 209, § 7º, do
Regimento Interno do TCU, e ao Fundo Nacional de Saúde.
Ante o exposto, concordo com a proposta de encaminhamento alvitrada pela unidade técnica,
com as achegas promovidas pelo Parquet, e voto por que seja aprovada a deliberação que ora submeto
a este Colegiado.
ACÓRDÃO Nº 1613/2017 – TCU – Plenário
1. Processo TC-004.632/2015-0
2. Grupo: I; Classe de Assunto: IV – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: Zacarias Dias dos Santos (831.784.143-04); Aline Carvalho Cunha Nogueira
Martins (504.631.953-53).
4. Entidade: Município de Cristino Castro/PI.
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: Subprocurador-Geral Lucas Rocha Furtado.
7. Unidade Técnica: Secex/PI.
8. Representação legal: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos referentes à Tomada de Contas Especial instaurada
pelo Fundo Nacional de Saúde – FNS, em atenção ao Acórdão 6.211/2013 – 2ª Câmara (Rel. Gab.
Min. Subs. André de Carvalho, Ata 38/2013, sessão 22/10/2013), que tratou de Representação
noticiando possíveis irregularidades relacionadas a pagamentos com recursos do Sistema Único de
Saúde – SUS, repassados pelo FNS ao município de Cristino Castro/PI, objetivando a ampliação das
unidades básicas de saúde das localidades Japecanga e Palestina, no âmbito do Programa de
Requalificação das Unidades Básicas de Saúde.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão deste Plenário,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alínea d, 19, caput, e 23, inciso III, da
Lei 8.443/1992, julgar irregulares as contas do Sr. Zacarias Dias dos Santos e a Sra. Aline Carvalho
Cunha Nogueira Martins, condenando-os solidariamente ao pagamento da quantia de R$ 33.300,00
(trinta e três mil e trezentos reais), atualizada monetariamente e acrescida dos juros de mora,
calculados a partir de 10/09/2012 até a data da efetiva quitação, nos termos da legislação em vigor,
fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento das notificações, para que
comprovem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o
recolhimento da dívida a favor do Fundo Nacional de Saúde, na forma prevista na legislação em vigor;
9.2. aplicar individualmente ao Sr. Zacarias Dias dos Santos e à Sra. Aline Carvalho Cunha
Nogueira Martins a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil
reais), fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar do recebimento das notificações, para que
comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas ao Tesouro Nacional (art. 214, inciso III,
alínea a, do Regimento Interno/TCU), atualizadas monetariamente desde a data deste Acórdão até a
data do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
285
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
9.3. autorizar, caso requerido, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, o parcelamento das
dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais e sucessivas, sobre as quais incidirão os
correspondentes acréscimos legais (débito: atualização monetária e juros de mora; multa: atualização
monetária), esclarecendo aos responsáveis que a falta de pagamento de qualquer parcela importará no
vencimento antecipado do saldo devedor, sem prejuízo das demais medidas legais;
9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas a que se refere este Acórdão, caso não
atendida as notificações, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
9.5. considerar graves as infrações cometidas pelo Sr. Zacarias Dias dos Santos e declarar, ante o
disposto no art. 60 da Lei n. 8.443/1992, a inabilitação do mencionado responsável para o exercício de
cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública, pelo prazo de cinco
anos;
9.6. remeter cópia deste Acórdão, acompanhado do Relatório e do Voto que o sustentam, à
Procuradoria da República no Estado do Piauí, com fundamento no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992, e
ao FNS.
10. Ata n° 28/2017 – Plenário.
11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1613-28/17-P.
13. Especificação do quorum:
13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues,
Benjamin Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.
13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti, Marcos Bemquerer Costa
(Relator) e André Luís de Carvalho.
ANEXO
DECISÃO NORMATIVA - TCU Nº 160, DE JULHO DE 2017
Aprova os coeficientes individuais de participação dos Estados e do Distrito Federal nos recursos
previstos no art. 159, inciso II, da Constituição Federal, para aplicação no exercício de 2018.
O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, no uso da atribuição que lhe confere o art. 161,
parágrafo único, da Constituição Federal, o art. 2º, caput, da Lei Complementar 61, de 26 de dezembro
de 1989 e o art. 1º, inciso VI, da Lei 8.443, de 16 de julho de 1992 (Lei Orgânica do Tribunal de
Contas da União), e tendo em vista o disposto no art. 159, inciso II, da Constituição Federal, e nas Leis
Complementares 61, de 26 de dezembro de 1989, e 65, de 15 de abril de 1991, bem assim o que consta
no processo TC 017.716/2017-9, resolve:
Art. 1º Ficam aprovados, na forma dos Anexos I a III desta Decisão Normativa, os coeficientes
individuais dos Estados e Distrito Federal destinados ao rateio da parcela de 10% (dez por cento) do
286
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
produto da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados, previsto no art. 159, inciso II, da
Constituição Federal, para aplicação no exercício de 2018.
Art. 2º As unidades federadas disporão de trinta dias, a partir da publicação desta Decisão
Normativa, para apresentar contestação fundamentada, que poderá ser protocolada nas Secretarias de
Controle Externo nos estados ou na Sede deste Tribunal, nos termos do art. 292 do Regimento Interno.
Art. 3º Esta Decisão Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos
financeiros a partir de 1º/1/2018.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.
RAIMUNDO CARREIRO
Presidente
DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO I
IPI EXPORTAÇÃO - COEFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO
EXERCÍCIO 2018
UF Unidade da Federação Coeficiente
AC Acre 0,007514%
AL Alagoas 0,224908%
AP Amapá 0,162913%
AM Amazonas 0,467237%
BA Bahia 4,297924%
CE Ceará 0,943955%
DF Distrito Federal 0,127594%
ES Espírito Santo 4,050400%
GO Goiás 2,346699%
MA Maranhão 1,153949%
MT Mato Grosso 1,396424%
MS Mato Grosso do Sul 1,823157%
MG Minas Gerais 12,419718%
PA Pará 5,993607%
PB Paraíba 0,085754%
PR Paraná 9,486885%
PE Pernambuco 1,408797%
PI Piauí 0,026465%
RJ Rio de Janeiro 17,910467%
RN Rio Grande do Norte 0,086304%
RS Rio Grande do Sul 9,149783%
287
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
RO Rondônia 0,296281%
RR Roraima 0,004412%
SC Santa Catarina 5,970458%
SP São Paulo 20,000000%
SE Sergipe 0,064599%
TO Tocantins 0,093796%
T O T A L 100,000000%
DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO II
IPI EXPORTAÇÃO - MEMÓRIA DE CÁLCULO DOS COEFICIENTES
EXERCÍCIO 2018
(A) (B) (C) (D) (E) (F) (G) (H)
Unidade da
Federação
Valor das
exportações
jul/2016 a
jun/2017
(US$ FOB)
(*)
Participaç
ão inicial
Participa
ção com
trava
(20%)
Participa
ção
excedent
e
Participa
ção das
UFs
abaixo
da trava
Redistribu
ição do
excedente
Participaç
ão final
AC - Acre 8.432.595
0,006348
%
0,006348
%
0,000000
%
0,006348
%
0,001166
%
0,007514
%
AL - Alagoas 252.403.094
0,190021
%
0,190021
%
0,000000
%
0,190021
%
0,034887
%
0,224908
%
AP - Amapá 182.829.597
0,137643
%
0,137643
%
0,000000
%
0,137643
%
0,025271
%
0,162913
%
AM - Amazonas 524.357.928
0,394761
%
0,394761
%
0,000000
%
0,394761
%
0,072476
%
0,467237
%
BA - Bahia
4.823.352.2
25
3,631243
%
3,631243
%
0,000000
%
3,631243
%
0,666681
%
4,297924
%
CE - Ceará
1.059.355.3
49
0,797532
%
0,797532
%
0,000000
%
0,797532
%
0,146424
%
0,943955
%
DF - Distrito
Federal 143.193.054
0,107802
%
0,107802
%
0,000000
%
0,107802
%
0,019792
%
0,127594
%
ES - Espírito Santo
4.545.567.2
10
3,422114
%
3,422114
%
0,000000
%
3,422114
%
0,628286
%
4,050400
%
GO - Goiás
2.633.586.5
49
1,982686
%
1,982686
%
0,000000
%
1,982686
%
0,364013
%
2,346699
%
MA - Maranhão
1.295.020.6
87
0,974952
%
0,974952
%
0,000000
%
0,974952
%
0,178997
%
1,153949
%
MT - Mato Grosso
1.567.139.3
47
1,179815
%
1,179815
%
0,000000
%
1,179815
%
0,216609
%
1,396424
%
MS - Mato Grosso
do Sul
2.046.040.4
14
1,540354
%
1,540354
%
0,000000
%
1,540354
%
0,282803
%
1,823157
%
MG - Minas Gerais
13.938.047.
298
10,49320
8%
10,49320
8%
0,000000
%
10,49320
8%
1,926510
%
12,41971
8%
PA - Pará
6.726.334.0
62
5,063896
%
5,063896
%
0,000000
%
5,063896
%
0,929710
%
5,993607
%
288
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
PB - Paraíba 96.237.591
0,072452
%
0,072452
%
0,000000
%
0,072452
%
0,013302
%
0,085754
%
PR - Paraná
10.646.670.
842
8,015308
%
8,015308
%
0,000000
%
8,015308
%
1,471577
%
9,486885
%
PE - Pernambuco
1.581.025.0
80
1,190269
%
1,190269
%
0,000000
%
1,190269
%
0,218528
%
1,408797
%
PI - Piauí 29.700.221
0,022360
%
0,022360
%
0,000000
%
0,022360
%
0,004105
%
0,026465
%
RJ - Rio de Janeiro
20.100.047.
350
15,13224
8%
15,13224
8%
0,000000
%
15,13224
8%
2,778218
%
17,91046
7%
RN - Rio Grande
do Norte 96.855.127
0,072917
%
0,072917
%
0,000000
%
0,072917
%
0,013387
%
0,086304
%
RS - Rio Grande
do Sul
10.268.357.
600
7,730496
%
7,730496
%
0,000000
%
7,730496
%
1,419287
%
9,149783
%
RO - Rondônia 332.502.258
0,250323
%
0,250323
%
0,000000
%
0,250323
%
0,045958
%
0,296281
%
RR - Roraima 4.951.188
0,003727
%
0,003727
%
0,000000
%
0,003727
%
0,000684
%
0,004412
%
SC - Santa Catarina
6.700.355.6
66
5,044338
%
5,044338
%
0,000000
%
5,044338
%
0,926120
%
5,970458
%
SP - São Paulo
43.049.102.
876
32,40936
1%
20,00000
0%
12,40936
1%
0,000000
%
0,000000
%
20,00000
0%
SE - Sergipe 72.496.683
0,054579
%
0,054579
%
0,000000
%
0,054579
%
0,010020
%
0,064599
%
TO - Tocantins 105.262.833
0,079247
%
0,079247
%
0,000000
%
0,079247
%
0,014549
%
0,093796
%
T O T A L
132.829.224
.724
100,0000
00%
87,59063
9%
12,40936
1%
67,59063
9%
12,409361
%
100,0000
00%
(*) Obs: o valor informado corresponde ao valor dos produtos industrializados exportados para o
exterior na proporção do ICMS que deixou de ser exigido em razão da não incidência prevista na
alínea “a” do inciso X e da desoneração prevista na alínea “f” do inciso XII, ambos do § 2º do art. 155
da Constituição Federal (LC 65/91, art. 4º).DECISÃO NORMATIVA Nº 160 - TCU - ANEXO III
IPI EXPORTAÇÃO - NOTA EXPLICATIVA
EXERCÍCIO 2018
Em cumprimento ao item 9.2 do Acórdão 196/2003-TCU-Plenário, são publicadas informações
adicionais sobre o cálculo previsto no art. 159, inciso II, da Constituição Federal relativo aos
coeficientes individuais de participação dos Estados e Distrito Federal no rateio da parcela de 10%
(dez por cento) do produto da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), fixados
pela presente Decisão Normativa TCU.
Para o cálculo dos coeficientes devem ser observados os seguintes procedimentos:
- os coeficientes para o rateio são calculados para aplicação no ano-calendário, ou seja, de
janeiro a dezembro, tomando-se por base o valor em dólar norte-americano das exportações ocorridas
nos doze meses antecedentes a primeiro de julho do ano imediatamente anterior (LC 61/89, art. 1º, §
3º);
- a participação de cada unidade é limitada ao máximo de 20% (vinte por cento) do montante a
ser distribuído, sendo o eventual excesso redistribuído entre os demais participantes, de forma
289
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
ATA-28-PL
proporcional às respectivas participações (CF, art. 159, e LC 61/89, art. 1º, § 4º).
O Anexo I da presente Decisão Normativa TCU apresenta os coeficientes individuais de
participação dos estados e do Distrito Federal no rateio da parcela de 10% (dez por cento) do produto
da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), enquanto o Anexo II apresenta a
memória dos cálculos que produziram esses coeficientes. As tabelas apresentadas foram construídas a
partir dos preceitos legais e possuem as seguintes informações:
1) TABELA “COEFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO”
“UF”: sigla da Unidade da Federação (UF);
“Unidade da Federação”: nome por extenso da UF;
“Coeficiente”: coeficiente individual de participação de cada UF, em percentagem.
2) TABELA “MEMÓRIA DE CÁLCULO DOS COEFICIENTES”
“Unidade da Federação” (Coluna A) – sigla e nome da UF;
“Valor das exportações jul/2016 a jun/2017 (US$ FOB)” (Coluna B) – valor dos produtos
industrializados exportados para o exterior na proporção do ICMS que deixou de ser exigido em razão
da não incidência prevista na alínea “a” do inciso X e da desoneração prevista na alínea “f” do inciso
XII, ambos do § 2º do art. 155 da Constituição Federal (LC 65/91, art. 4º) calculado com base no valor
FOB, em dólares, das exportações realizadas no período de julho de 2016 a junho de 2017 pela UF,
apurado pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
– Secex/MDIC (LC 61/89, art. 1º, § 3º);
“Participação inicial” (Coluna C) – percentual de participação de cada UF no valor total das
exportações, sem limitação (cada elemento da coluna B dividido pelo total da coluna B);
“Participação com trava (20%)” (Coluna D) – percentual de participação de cada UF no valor
total das exportações, com limitação superior (trava) de 20% (cada elemento da coluna B dividido pelo
total da coluna B, mantendo-se em 20% a participação da UF que ultrapassar esse percentual);
“Participação excedente” (Coluna E) – percentual excedente aos 20% que será redistribuído
entre os demais participantes;
“Participação das UFs abaixo da trava” (Coluna F) – percentual de participação de cada UF
que ficou abaixo da trava dos 20%;
“Redistribuição do excedente” (Coluna G) – participação de cada UF na redistribuição do
excedente, de forma proporcional à sua respectiva participação (cada elemento da coluna F dividido
pelo total da coluna F e, em seguida, multiplicado pelo total da coluna E);
“Participação final” (Coluna H) – coeficiente final de participação percentual de cada UF, que
corresponde à soma das colunas D e G, com 6 casas decimais e total ajustado para exatos
100,000000%.