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ATIVIDADE BIOCIDA DE Annona coriacea MART 1841 SOBRE O VETOR Rhodnius neglectus LENT 1954 (HEMIPTERA: REDUVIIDAE). ÂNGELA PINHEIRO CARNEIRO Dissertação apresentada à Universidade do Estado de Mato Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais para obtenção do título de Mestre. CÁCERES MATO GROSSO, BRASIL 2010

ATIVIDADE BIOCIDA DE Annona coriacea MART 1841 … · 2 ÂNGELA PINHEIRO CARNEIRO Atividade biocida de Annona coriacea (Mart, 1841) sobre o vetor Rhodnius neglectus (Lent, 1954) (Hemiptera:

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ATIVIDADE BIOCIDA DE Annona coriacea MART 1841 SOBRE O VETOR Rhodnius neglectus LENT 1954

(HEMIPTERA: REDUVIIDAE).

ÂNGELA PINHEIRO CARNEIRO

Dissertação apresentada à Universidade do Estado de Mato Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais para obtenção do título de Mestre.

CÁCERES

MATO GROSSO, BRASIL 2010

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ÂNGELA PINHEIRO CARNEIRO

ATIVIDADE BIOCIDA DE Annona coriacea MART 1841 SOBRE O VETOR Rhodnius neglectus LENT 1954 (HEMIPTERA:

REDUVIIDAE).

Dissertação apresentada à Universidade do Estado de Mato Grosso, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais para obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Profª. Drª. Mônica Josene Barbosa Pereira.

CÁCERES MATO GROSSO, BRASIL

2010

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ÂNGELA PINHEIRO CARNEIRO

Atividade biocida de Annona coriacea (Mart, 1841) sobre o vetor

Rhodnius neglectus (Lent, 1954) (Hemiptera: Reduviidae).

Essa dissertação foi julgada e aprovada como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ciências Ambientais. Cáceres-MT, 18 de Março de 2010.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________________ Profª. Drª. Carla Galbiati

Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT __________________________________________________________________

Profª. Drª. Liléia Gonçalves Diotaiuti Fundação Oswaldo Cruz, René Rachou – FIOCRUZ

________________________________________________________________ Profª. Drª. Mônica Josene Barbosa Pereira

Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT (Orientadora)

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DEDICATÓRIA

Dedico esta conquista aos meus pais, Benedito M. Carneiro e Mª. Rosangela P.

Carneiro que sempre me instruíram com todo amor e carinho. Aqui está uma

importante parte da minha trajetória que dedico a vocês. Obrigada pela

compreensão e apoio.

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AGRADECIMENTOS Muitas pessoas contribuíram para a realização desta pesquisa, pessoas que foram

essenciais, indispensáveis, sendo a primeira, Jeová Deus, que sem sua mão

protetora nada é possível.

Agradeço a minha orientadora Mônica J. B. Pereira pela orientação e apoio

durante todo o mestrado, sem dúvida o conhecimento passado foi

importantíssimo.

Aos professores do mestrado, em especial a Carla Galbiati que sempre esteve

disposta a ajudar com as análises estatísticas da dissertação, discussão dos

resultados e com a disponibilização de materiais, a professora Célia e a Áurea que

também disponibilizaram materiais.

Agradeço a todos os funcionários e pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz,

Instituto René Rachou de Belo Horizonte, em especial a Drª. Liléia Diotaiuti e

Angélica que possibilitaram a realização do estágio com triatomíneos, ao

Ademilson que me ensinou todas as técnicas de criação de triatomíneos e a

Grasielle Caldas pelas experiências, materiais e todo o apoio fornecido até a

conclusão da minha dissertação.

Não posso deixar de agradecer as pessoas queridas que estiveram todos os dias

comigo no laboratório, ajudando de inúmeras formas, ao Elderson que foi

voluntário desde o início da minha pesquisa, e agora bolsista, a Kelly pela

companhia em longos dias de trabalho, aos meus amigos do mestrado pelo apoio

e encorajamento, em especial ao Wilkinson (Kiwi) por sua generosidade e afeto,

tendo sempre palavras encorajadoras, muito obrigada.

Aos meus novos e queridos amigos que tive o privilégio de ter em meu caminho,

Rosália, Arlene, Hébia, Laura, Lilian e João.

Ao Josdemar e sua esposa Elaine, mestrandos e colegas, por inúmeras vezes ter

me socorrido e auxiliado com a parte experimental da dissertação.

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ÍNDICE

Página

Lista de tabelas ....................................................................................... 6

Lista de figuras ........................................................................................ 7

Resumo .................................................................................................... 8

Abstract .................................................................................................... 10

Introdução geral ....................................................................................... 11

Referências............................................................................................... 18

I. Efeito biocida do extrato de Annona coriacea Mart 1841 sobre ovos e

ninfas recém-eclodidas do vetor da doença de Chagas Rhodnius

neglectus Lent 1954 (Hemiptera: Reduviidae)..........................................

23

II. Efeito biocida do extrato de Annona coriacea Mart 1841 sobre ninfas

de 4º e 5º estádios e adultos do vetor Rhodnius neglectus Lent 1954

(Hemiptera: Reduviidae)...........................................................................

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Considerações finais................................................................................. 61

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LISTA DE TABELAS

Página

I. Efeito biocida do extrato de Annona coriacea Mart 1841 sobre ovos e ninfas recém-eclodidas do vetor da doença de Chagas Rhodnius neglectus Lent 1954 (Hemiptera, Reduviidae).

Tabela I - Comparação entre as médias do número de ovos não eclodidos de Rhodnius neglectus nos dois métodos de aplicação, tópica e de contato, em diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea. Tabela II – Porcentagem de ninfas que não sobreviveram aos testes em diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea nos métodos de aplicação tópica e de contato. II. Efeito biocida do extrato de Annona coriacea Mart 1841 sobre ninfas de 4º e 5º estádios e adultos do vetor Rhodnius neglectus Lent 1954 (Hemiptera: Reduviidae). Tabela I – Número de mortos e porcentagem da mortalidade de ninfas de 4º e 5º estádios de Rhodnius neglectus em diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea, ao final dos 28 dias de observação (Teste de Tukey). Tabela II – Efeito das concentrações (%) do extrato de Annona coriacea sobre ninfas de 4º e 5º estádios de Rhodnius neglectus, ao final dos 28 dias de observação. Tabela III – Número de mortos, porcentagem da mortalidade, fecundidade e fertilidade de adultos de Rhodnius neglectus em diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea, após 28 dias.

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LISTA DE FIGURAS

Página

I. Efeito biocida do extrato de Annona coriacea Mart 1841 sobre ovos e ninfas recém-eclodidas do vetor da doença de Chagas Rhodnius neglectus Lent 1954 (Hemiptera, Reduviidae). Figura 1- Número de ovos não eclodidos de Rhodnius neglectus quando submetidos a dois métodos de aplicação, tópico e de contato, em função das diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea (mg/ml) (métodos de aplicação p= 0,001; concentrações p= 0,003, GL= 39). Figura 2. Proporção de ninfas mortas ao final dos 30 dias de observação, nos dois métodos de aplicação, tópico e de contato, do extrato de Annona coriacea (mg/ml) sobre ovos de Rhodnius neglectus (p= 0,034, GL= 1, 39). II. Efeito biocida do extrato de Annona coriacea Mart 1841 sobre ninfas de 4º e 5º estádios e adultos do vetor Rhodnius neglectus Lent 1954 (Hemiptera: Reduviidae). Figura 1. Número de ninfas mortas do 4º estádio de Rhodnius neglectus sob o efeito de diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea, durante 28 dias de observação. As concentrações foram identificadas por letras; a: 25mg/ml, b: 50mg/ml, c: 100mg/ml, d: 200mg/ml e o controle. Figura 2. Número de ninfas mortas do 5º estádio de Rhodnius neglectus sob o efeito de diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea, durante 28 dias de observação. As concentrações foram identificadas por letras e agrupadas apartir das médias que não diferiram entre si, a: controle, 25mg/ml e 50mg/ml, c: 100mg/ml, d: 200mg/ml. Figura 3. Número de adultos mortos de Rhodnius neglectus sob o efeito de diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea, durante 28 dias de observação. As concentrações foram identificadas por letras; a: 25mg/ml, b: 50 mg/ml, c: 100mg/ml, d: 200 mg/ml e o controle.

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RESUMO CARNEIRO, Ângela Pinheiro. Atividade biocida de Annona coriacea

Mart 1841 sobre o vetor Rhodnius neglectus Lent 1954 (Hemiptera: Reduviidae). Cáceres: UNEMAT, 2010. 70p. (Dissertação – Mestrado em Ciências Ambientais)1.

A doença de Chagas ainda representa um importante agravo para a Saúde Pública nos países da América Latina, sendo o principal método de controle o uso de inseticidas sintéticos contra os vetores. Apesar da eficiência dos modernos piretróides, indesejáveis problemas surgem como a contaminação ambiental e a resistência do vetor aos inseticidas. Diante dessa problemática, pesquisas com produtos botânicos constituem uma alternativa viável no controle vetorial. Portanto, a presente pesquisa teve como objetivo avaliar a atividade biocida de diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea sobre ovos, ninfas e adultos de Rhodnius neglectus. No bioensaio ovicida, para os métodos de aplicação tópica e de contato, foram utilizadas as concentrações de 0, 25, 50, 100 e 200mg/ml de extrato/solvente de A. coriacea. Foram utilizados 10 ovos por repetição, para cada teste em quatro repetições. Para os bioensaios com ninfas de 4º e 5º estádios e adultos, foram utilizadas as mesmas concentrações do teste ovicida, sendo 10 ninfas e 10 adultos para cada tratamento, com três repetições para ninfas e quatro repetições para os adultos. Foi aplicado 1µl de cada concentração no abdomen das ninfas e 5 µl para os insetos adultos. As avaliações de mortalidade foram observadas nos períodos de 1, 2, 3, 4, 7, 14, 21 e 28 dias. No teste com ovos de R. neglectus, o extrato inibiu a eclosão no método tópico (p= 0,003, GL= 1, 39) e interrompeu o desenvolvimento das ninfas recém-eclodidas no método de contato (p= 0,034, GL= 1, 39). Quanto ao teste ninficida, observou-se uma mortalidade maior para as ninfas de 4º estádio, onde as concentrações apresentaram diferenças significativas entre si (p= 0,006, GL= 4, 119) e os diferentes dias de observações influenciaram na mortalidade (p= 0,001, GL= 1, 119), ocorrendo mortalidade com crescimento gradual em função das concentrações e dos dias de observação. A mortalidade de ninfas do 5º estádio também foi diferente em função das concentrações (p= 0,028, GL= 1, 119) e dos dias de observação (p= 0,001, GL= 2, 115). No ensaio com insetos adultos a mortalidade de 90 a 100% nas concentrações testadas, apresentando diferenças estatísticas entre si (p= 0,01, GL= 1, 159). Os efeitos de deterrencia alimentar e alterações morfológicas em ninfas de 4º e 5º estádios também foram observados com resultados significativos, sendo a capacidade de oviposição e a eclosão dos ovos interrompida pela ação do extrato nos adultos. Desta forma, o extrato de A. coriacea apresentou resultados promissores, pois inibiu a eclosão dos ovos, interrompeu o desenvolvimento de ninfas do 1º estádio, causou expressiva mortalidade em ninfas do 4º estádio e nos adultos, alterando o desenvolvimento

1Professora Orientadora: Mônica Josene Barbosa Pereira – UNEMAT.

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de ninfas do 5º estádio de R. neglectus por meio de alterações morfológicas e deterrência alimentar. Palavras-chave: Ação adulticida, ação ninficida, ação ovicida, Annonacea, extrato vegetal.

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ABSTRACT

CARNEIRO, Ângela Pinheiro. Biocidal activity of Annona coriacea Mart 1841 on the Rhodnius neglectus control Lent 1954 (Hemiptera: Reduviidae). Cáceres: UNEMAT, 2009. 70p. (Dissertation – Master in Environmental Science)2.

Chagas disease still represents a considerable problem for public health in Latin America, where the main method of controlling it’s to use synthetic insecticides against the vector. Despite the efficiency of modern pyrethroids, undesirable problems arise as environmental contamination and vector resistance to insecticides. Given this problem, botanical products research are a viable alternative to vector control. Therefore, this study aims to assess the biocidal activity of different concentrations of the Annona coriacea extract on eggs, nymphs and adults of Rhodnius neglectus. Bioassay on eggs, for methods of topical application and contact, we used 0, 25, 50, 100 and 200mg/ml concentrations of the A. coriacea extract / solvent. We used 10 eggs per replicate for each test in four observations. For bioassays with nymphs of 4th and 5th stages and adults, we used the same concentrations of the test on eggs, 10 nymphs for each treatment, with three replications for nymphs and four replications for adults. Were applied 1μl of each concentration on abdomen of nymphs and applied 5μl for adults. Assessments of mortality were observed at 1, 2, 3, 4, 7, 14, 21 and 28 days. In the test with R. neglectus eggs, the extract inhibited the hatching in the topical method (p= 0.003, DF= 1, 39) and interrupted the development of newly hatched nymphs in the contact method (p= 0.034, DF= 1, 39). The ninficid test, there was a higher mortality for 4th instar nymphs, where concentrations showed significant differences between them (p= 0.006, DF= 4, 119) and different days of observations influenced mortality (p= 0.001, GL= 1, 119), with mortality occurring with gradual growth in function of concentration and days of observation. The mortality of 5th stage nymphs, was also different depending on the concentrations (p= 0.028, DF= 1, 119) and days of observation (p= 0.001, DF= 2, 115). In the bioassay with adults insects was observed mortality rate of 90 to 100% at 25, 50, 100 and 200mg/ml concentrations, showing statistical differences between them (p= 0.01, DF= 1, 159). The effects of feeding deterrence and morphological changes in 4th and 5th stages nymphs were also observed with significant results, like the oviposition ability and hatching eggs affected by the extract action in adults. Thus, the A. coriacea extract showed promising results, being able to inhibit egg hatching, stop the development of 1st stage nymphs, high mortality in 4th stage nymphs and adults and change the life cycle of 5th stage nymphs of R. Neglected by morphological changes and feeding deterrence. Keywords: adulticidal action, ninficid action, ovicidal action, Annona coriacea, plant extract.

2Major Teacher: Mônica Josene Barbosa Pereira – UNEMAT.

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INTRODUÇÃO GERAL

A doença de Chagas ou Tripanossomíase Americana é uma enfermidade

parasitária crônica causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi Chagas

1909 (Kinetoplastida: Trypanosomatidae), considerada pela Organização Mundial

da Saúde como um agravo a saúde pública do Continente Americano do ponto de

vista econômico e social (WORLD BANK, 1993; MARSDEN, 1997).

A infecção chagásica é conhecida com maior precisão no cone sul e

Venezuela (SILVEIRA, 2000). Estima-se que aproximadamente 16 a 18 milhões

de pessoas são infectadas pela doença e mais de 90 milhões vivem em áreas de

risco. No Brasil, a doença acomete cerca de 3 milhões de pessoas (JURBERG et

al., 2002; SCHOFIELD et al., 2006).

A causa mais comum de infecção do T. cruzi ao homem ocorre quando há

contato com as fezes contaminadas dos vetores, vulgarmente conhecidos como

barbeiros (ROCHA et al., 2004). Estes contraem o T. cruzi após sugar o sangue

de mamíferos contaminados, adquirindo formas flageladas do protozoário que se

desenvolvem em todo o seu aparelho digestivo. Durante o processo de

alimentação ocorre aumento de líquido em seu organismo. Em conseqüência, o

inseto rapidamente excreta parte desse líquido na urina e nas fezes liberando

junto tripomastigotas metacíclicos, altamente infectantes para o homem

(STEINDEL et al., 2005). Os parasitas podem invadir o organismo e iniciar a

infecção se entrarem em contato com mucosas ou com lesões da pele, podendo

invadir células dos mais variados tecidos (coração, fígado, sistema nervoso ou

células brancas do sangue), nas quais se reproduzem rápida e intensamente

(MARCONDES, 2001; LUNARDELLI et al., 2007).

A doença de Chagas Humana se manifesta em duas fases distintas, a fase

aguda e a fase crônica. A fase aguda corresponde à fase inicial da

tripanossomíase americana no hospedeiro vertebrado, tratando-se basicamente

de uma infecção generalizada pelo T. cruzi (DIAS, 2004). Os aspectos mais

característicos da fase aguda são o chagoma (inchaço na região da picada) e o

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sinal de Romaña, inchaço das pálpebras, que ficam quase totalmente fechadas,

surgindo de 4 a 6 dias após o contato do barbeiro com a sua vítima (REY, 2001).

Os tripanosomas eliminados pelo barbeiro são introduzidos nos tecidos da região

onde ocorreu a picada, determinando uma inflamação que marca a "porta de

entrada" da doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1989).

Devido os sintomas da fase aguda causarem apenas leves incômodos,

muitas vezes passando despercebidos, se manifestam muitos anos depois na fase

crônica, quando o coração já está gravemente comprometido (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2005). Os tripanosomas multiplicam-se, lesionando o miocárdio e, menos

intensamente, o pericárdio, o endocárdio e as arteríolas coronárias, podendo

atingir o fígado, os sistemas nervoso e linfático. O indivíduo infectado pode

apresentar diversas manifestações clínicas, como falta de ar, tonturas, taquicardia,

braquicardia e inchaço nas pernas (ARGOLO et al., 2008).

Tecnicamente, os desafios da doença de Chagas no Brasil prendem-se ao

cuidado dos já infectados pela parasitose, à qualidade do sistema de saúde

(bancos de sangue e transplantes) e principalmente ao controle de vetores com

potencial de domiciliação (DIAS, 2001). A transmissão vetorial continua sendo a

maior fonte de disseminação da doença de Chagas Humana em nível continental,

tornando-se o mecanismo primário de difusão dessa endemia (SILVEIRA e

RESENDE, 1994).

Os triatomíneos têm desenvolvimento hemimetábolo, isto é, da eclosão do

ovo até a fase adulta passam por cinco estádios ninfais, durante os quais se

alimentam e crescem através de fontes sanguíneas de aves, mamíferos, répteis

ou hemolinfa de invertebrados (GIRÓN et al., 1997). Em geral são insetos lentos,

pouco agressivos e de pouca mobilidade. Podem viver tanto em ambiente silvestre

como em domicílios e peridomicílios, alguns sendo exclusivamente silvestres

(LOROSA et al., 2003). Apresentam longevidade de aproximadamente dois anos,

chegam a fase adulta com cerca de 183 dias de vida, começando a ovipositar

depois de 15 dias, produzindo em média de 110 a 240 ovos/fêmea, dependendo

da espécie (PELLI et al., 2007; ARGOLO et al., 2008). O período de oviposição

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corresponde a aproximadamente 86,42% do tempo da fase adulta nas fêmeas,

estas vivem cerca de 500 dias e os machos 284 dias (SOUZA et al., 1978).

São conhecidas 140 espécies de triatomíneos, com mais de 50% destas

naturalmente infectadas pelo T. cruzi. Devido a uniformidade fisiológica, pode-se

dizer, que todas são capazes de infectar-se e transmitir o T. cruzi (SCHOFIELD e

GALVÃO, 2009).

A subfamília Triatominae é composta por 17 gêneros, entre eles o gênero

Rhodnius Stal 1859, que contém espécies de importância epidemiológica como

vetores da doença de Chagas (SCHOFIELD, 2000).

A espécie Rhodnius neglectus Lent 1954 (Hemiptera, Reduviidae,

Triatominae) está amplamente distribuída no Brasil, sendo registrada sua

ocorrência nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins, Pernambuco, Goiás,

Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná

(CARCAVALLO et al., 1998). Em Mato Grosso, esta espécie encontra-se

distribuída desde o Cerrado até a região de Mata Amazônica, prevalecendo em

regiões de transição entre estes dois biomas. A ocorrência de R. neglectus é

registrada em 10 municípios, entre estes, o município de Cáceres (COVSAM,

2007).

Populações dessa espécie ocorrem freqüentemente em palmeiras do

gênero Attalea Humboldt Bonpland e Kunth 1816, Acrocomia Martius 1824 e

Mauritia Linnaeus 1782, mas podem ser encontradas em ninhos de pássaros da

família Furnariidae e gênero Phacellodomus Reichenbach 1853, e de mamíferos

como Didelphis Linnaeus 1758 (CARCAVALLO et al., 1998; GURGEL-

GONÇALVES et al., 2004). Porém, a invasão de R. neglectus ao peridomicílio e

ao intradomicílio já tem sido observado em alguns estados brasileiros

(RODRIGUES et al., 2009).

Considerando a distribuição atual da domiciliação triatomínica no Brasil,

pode-se verificar sua associação aos espaços abertos, que são considerados

como naturais e artificiais (FORATTINI, 1982). Os primeiros estão essencialmente

situados nos domínios paisagísticos das caatingas e dos cerrados, totalmente

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incluídos em território brasileiro. Os outros são os originados da ação antrópica,

resultando em expansão da paisagem aberta principalmente em virtude da

devastação da cobertura florestal (FORATTINI, 2006).

Visto a necessidade do controle vetorial da doença de Chagas, em toda a

América Latina o uso de inseticidas sintéticos é o principal método de controle,

devido a inexistência de vacinas imunizantes para a população (SILVEIRA e

REZENDE, 1994).

Inicialmente os inseticidas utilizados no controle vetorial eram em especial o

Diclorodifeniltricloroetano (DDT) e o Hexaclorociclo-hexano (BHC), os mais

conhecidos entre os organoclorados, sendo consideradas as substâncias

sintéticas mais utilizadas no século XX no controle de vetores de doenças e

pragas agrícolas. O uso destas substâncias foi proibido pelo alto índice de

intoxicação, onde os sintomas nos seres humanos são cloracnes na pele, dores

de cabeça, tonturas, convulsões, insuficiência respiratória e até a morte,

dependendo do tempo de exposição e a dose aplicada (D’AMATO et al., 2002).

Com a proibição dos organoclorados, outras substâncias químicas como

hidrocarbonetos clorados, organofosforados, carbamatos e piretróides sintéticos

começaram a ser utilizadas pelos programas de saúde (D’AMATO et al., 2002).

Atualmente os piretróides sintéticos são adotados pelos programas de

controle vetorial por possuir maior estabilidade e maior atividade inseticida do que

os iniciais organoclorados (COURA, 1993; OLIVEIRA FILHO et al., 2000).

Apesar das vantagens apresentadas pelos piretróides em relação a outros

inseticidas, os mesmos cuidados devem ser tomados para sua utilização, já que

podem exercer nos vertebrados efeitos neurotóxicos e cardiotóxicos (SANTOS et

al., 2007). Os piretróides apresentam como sítio de ação as proteínas do canal de

sódio que atuam na membrana nervosa de tal forma a manter os canais de sódio

abertos, causando a despolarização dos neurônios, penetrando rapidamente no

sistema nervoso, onde a irritabilidade do inseto é aumentada e seguida de

paralisia (efeito Knockdown) e morte (WHO, 1999).

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Os inseticidas piretróides são foto-degradáveis tanto em água quanto no

solo, dependendo da exposição a luz (WHO, 2002). No entanto, a degradação dos

piretróides como permetrina, cipermetrina, deltametrina entre outros, não

impossibilita que os mesmos estejam presentes como resíduos em alimentos e no

meio ambiente, visto que são cumulativos (SANSINE, 2002).

Mesmo havendo uma boa aceitação desses produtos no controle vetorial,

com as campanhas contínuas deste a década de 80, observa-se o aparecimento

de insetos resistentes (ALZOGARAY, 2003; VASSENA e PICOLLO, 2003).

A resistência a um inseticida se manifesta pela diminuição da mortalidade

em uma população submetida a um constante tratamento químico. Isto ocorre com

o predomínio de indivíduos que toleram doses letais sobre indivíduos chamados

sensíveis nas primeiras aplicações do produto, ocasionando seleção nas

populações (OLIVEIRA FILHO, 1984).

Além da resistência dos vetores é importante ressaltar que o mecanismo de

controle químico pode causar efeitos tóxicos ao homem, a outros mamíferos, e ao

meio ambiente, como poluição de lençóis freáticos, águas superficiais e até

mesmo na fauna aquática (D’AMATO et al., 2002), indicando a necessidade do

desenvolvimento de novas alternativas para o controle dos triatomíneos.

A partir da década de 80, um novo estímulo surgiu com o estudo fitoquímico

de plantas promissoras portadoras de compostos biocidas ativos, vistos os

aspectos negativos dos inseticidas sintéticos (ALVES, 2007). Entre os efeitos, já

foram constatados deterrência alimentar, atraso no desenvolvimento e mortalidade

dos insetos. Dessa forma, os extratos vegetais surgem como um possível método

de controle alternativo sobre vetores e pragas (COSTA et al., 2004).

Atualmente, entre as plantas com ação biocida, a meliácea Azadirachta

indica Juss, conhecida por nim, o cinamomo (Melia azedarach L. 1793), os

catiguás (Trichilia spp P. Browne 1756), a pimenta-do-reino (Piper nigrum L.),

assim como espécies das famílias Annonaceae, Asteraceae, Cannellaceae,

Labiateae e Rutaceae são consideradas como promissores vegetais para o futuro

desenvolvimento de novos compostos tóxicos no controle de vetores como os

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triatomíneos dos gêneros Triatoma Laporte 1832 e Rhodnius Stal 1859. Estes

vegetais têm sido investigados em relação aos seus princípios ativos e efeitos

sobre várias espécies de insetos (SIDDIQUI et al., 2000; COSTA et al., 2004;

COELHO et al., 2006; DOLAN et al., 2007).

Alguns estudos demonstraram atividades inseticida e repelente de extratos

ou óleos essenciais de algumas plantas. Em triatomíneos foi observado efeito

repelente de M. azedarach em T. infestans (ROJAS DE ARIAS e SCHMEDA-

HIRSCHMANN, 1988; VALLADARES et al., 1999) enquanto que Achyrocline

satureioides Lam. causou mortalidade de T. infestans tratados topicamente

(ROJAS DE ARIAS et al., 1995).

Fournet et al. (1996) também observaram que a aplicação tópica de óleos

essenciais de Minthostachys andina Britton causaram mortalidade em T. infestans

e R. neglectus assim como o óleo de Hedeoma mandoniana Wedd também

apresentou esse efeito nas mesmas espécies de vetores (VILASECA et al., 2004).

Entre estes exemplos de vegetais com ação biocida existem diversas espécies de

plantas a serem estudadas, exigindo maiores pesquisas na área.

A família Annonaceae é um exemplo de plantas do Cerrado Central que

está sendo pesquisada devido a presença de uma nova classe de substâncias

naturais bioativas.

O gênero Annona Linnaeus 1753 compreende cerca de 120 gêneros

relatados na América Central e do Sul, África, Ásia e Austrália (COSTA et al.,

2006). Investigações químicas e farmacológicas das espécies deste gênero têm

indicado a presença de importantes compostos bioativos, revelando a presença de

alcalóides, acetogeninas de anonáceas e lignóides, com comprovada ação

inseticida sobre vetores de doenças (ALALI et al., 1999; BOAVENTURA, 2003;

NASCIMENTO et al., 2006).

Trabalhos realizados no combate a vetores com extratos vegetais de

anonáceas têm apresentado bons resultados quanto a mortalidade dos insetos,

assim como Schmeda-Hisrchmann e Rojas de Arias (1992) testaram o efeito

inseticida de Annona reticulata em ninfas de R. neglectus, Bobadilla (2005) o

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efeito larvicida de Annona muricata Linnaeus em Aedes aegypti e Luna (2006) o

efeito das folhas de A. muricata sobre o caramujo Biomphalaria glabrata Say 1818

e larvas de A. aegypti.

Diante desta contextualização, esta pesquisa propôs avaliar a atividade

inseticida da espécie Annona coriacea Mart 1841, sobre o barbeiro R. neglectus,

nas seguintes fases de desenvolvimento: ovo, ninfas de quarto e quinto estádios e

adultos, como uma nova alternativa de combate vetorial à doença de Chagas,

sendo organizada em dois artigos.

O primeiro artigo intitulado “Efeito biocida do extrato de Annona coriacea

Mart 1841 sobre ovos do vetor Rhodnius neglectus Lent 1954 (Hemiptera,

Reduviidae)”, que teve como objetivo verificar a ação ovicida em diferentes

concentrações, através dos métodos de aplicação tópica e de contato.

O segundo artigo intitulado “Efeito biocida do extrato de Annona coriacea

Mart 1841 sobre ninfas de 4º e 5º estádios e adultos do vetor Rhodnius neglectus

Lent 1954 (Hemiptera, Reduviidae)”, cujo objetivo foi testar os efeitos ninficida e

adulticida de A. coriacea sobre o desenvolvimento de R. neglectus.

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Efeito biocida do extrato de Annona coriacea Mart 1841 sobre ovos e ninfas recém-eclodidas do vetor da doença de Chagas Rhodnius neglectus Lent

1954 (Hemiptera, Reduviidae).

[Preparado de acordo com as normas da Revista Brasileira de Entomologia]

Ângela Pinheiro Carneiro1, Mônica Josene Barbosa Pereira2, Carla Galbiati3

1Mestranda do Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Ciências Ambientais, Universidade do

Estado de Mato Grosso, Cáceres-MT. Endereço eletrônico: [email protected].

2Docente do Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Ciências Ambientais, Universidade do

Estado de Mato Grosso. UNEMAT – Campus Universitário de Tangará da Serra. Rodovia MT 358,

Km 7. Bairro Aeroporto. Caixa Postal: 287. Tangará da Serra- MT, CEP 78300-000. Endereço

eletrônico: [email protected].

3Docente do Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Ciências Ambientais, Universidade do

Estado de Mato Grosso. UNEMAT – Campus Universitário de Cáceres. Av. Tancredo Neves, 1095,

Cavalhada 2. Cáceres-MT, CEP 78200-000. Endereço eletrônico: [email protected].

RESUMO. Os bioensaios foram conduzidos a fim de avaliar a atividade biocida do

extrato de sementes de Annona coriacea sobre ovos e ninfas recém-eclodidas do

vetor Rhodnius neglectus através de dois métodos de aplicação, tópica e de

contato. Foram avaliadas as concentrações de 25, 50, 100 e 200mg/ml de

extrato/solução juntamente com o controle água em DMSO (2%). O delineamento

utilizado foi inteiramente casualizado com quatro repetições, sendo selecionados

10 ovos com 1 dia de idade para cada repetição. No método de aplicação tópica,

os ovos foram tratados após serem distribuídos sobre as placas de Petri forradas

com papel filtro, enquanto que no método de aplicação de contato, o papel filtro foi

tratado 60 minutos antes de receber os ovos. O extrato de A. coriacea inibiu a

eclosão dos ovos em até 90% por meio da aplicação tópica. No método de contato

ocorreu mortalidade de até 96,6% de ninfas eclodidas na maior concentração,

possivelmente após o contato com o resíduo do extrato no papel impregnado.

Sendo assim, conclui-se que o extrato de A. coriacea apresentou atividade biocida

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sobre ovos e ninfas de primeiro estádio de R. neglectus, sendo o método de

aplicação tópica eficiente para inibir a eclosão dos ovos e o método de contato

suficiente para impedir o desenvolvimento das ninfas eclodidas.

PALAVRAS-CHAVE: ação biocida, aplicação de contato, aplicação tópica, extrato

vegetal, triatomíneos.

ABSTRACT. The bioassays were conducted to assess the biocidal activity of

Annona coriacea seed extract on eggs and newly hatched nymphs of the vector

Rhodnius neglectus by two application methods, topical and contact. We evaluated

the 25, 50, 100 and 200mg/ml concentrations of extract / solution with the water

control in DMSO (2%). The design was completely randomized with four

replications, being used 10 eggs with 1 day of age for each repetition. In the topical

application method, the eggs were treated after they were distributed on Petri

dishes with filter paper, while the contact application method, the filter paper was

treated 60 minutes before receiving eggs. The A. coriacea extract inhibited the

hatching of eggs up to 90% through topical application method. In the contact

method deaths occurred up to 96.9% of nymphs at the highest concentration,

possibly after the contact with the impregnated paper extract residue. Therefore, it

is concluded that the A. coriacea extract showed biocidal activity on eggs and R.

neglectus first stage nymphs, being the topical application method effective in

inhibiting the eggs hatch and the contact method enough to prevent the nymphs

development.

KEYWORDS: biocidal action, contact application method, topical application

method, plant extract, triatomines.

Inicialmente, os recursos aplicados no controle dos triatomíneos vetores da

doença de Chagas eram aqueles disponibilizados pelo programa de combate a

malária tendo como recurso chave o uso de inseticidas organoclorados como o

DDT e o BHC (Dias 2000). Atualmente, o emprego dos modernos piretróides do

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grupo alfa-ciano é utilizado em larga escala para o controle vetorial (Rassi et al.

2003).

A metodologia de controle vetorial da doença de Chagas no Brasil prioriza a

borrifação das unidades domiciliares infestadas, mas este controle é dificultado

pela capacidade de reinfestação das casas pelos triatomíneos (Diotaiuti et al.

2000).

Dias (1958) indicou que a reinfestação dos locais tratados poderia

acontecer a partir de ovos oriundos da geração que recebeu o tratamento

inseticida, sendo os ovos mais resistentes a tais produtos. Freitas et al. (1960) em

sua pesquisa já demonstravam o problema gerado pelo uso excessivo de

inseticidas, apontando grande dificuldade no controle de ovos de triatomíneos,

quando expostos a ação de químicos como o BHC, o Dieldrin e o Rhodiatox.

Diante dos problemas gerados pelo uso indiscriminado dos inseticidas,

como a contaminação do meio ambiente, as possíveis intoxicações humanas e a

seleção de indivíduos resistentes (Caldas et al. 2000) é indispensável o estudo de

novas alternativas para o controle dos vetores da doença de Chagas.

Estudos com extratos vegetais que apresentam atividade biocida têm sido

estudados como uma importante alternativa para o controle vetorial, apontando

vantagens como o menor desenvolvimento de insetos resistentes e menor

toxicidade a população (Valladares et al. 1999; Costa et al. 2004).

Coelho et al. (2009) avaliou a atividade inseticida dos extratos vegetais de

35 espécies diferentes, em ninfas do primeiro estádio de Dipetalogaster maxima

Uhler 1894 (Hemiptera: Reduviidae), entre essas espécies, Annona crassiflora

Mart, Cardiopetalum calophyllum Schltdl, Duguetia furfuracea A. St. Hil, Xylopia

aromatica Mart, todas da família Annonaceae.

Em virtude da importância e das limitações para o controle vetorial na

Saúde Pública, essa pesquisa teve como objetivo verificar a atividade biocida do

extrato de Annona coriacea sobre ovos e ninfas recém-eclodidas do vetor da

doença de Chagas Rhodnius neglectus, sob dois métodos de aplicação, tópica e

de contato.

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MATERIAL E MÉTODOS

Coleta dos frutos de anonácea e local de preparação do extrato. A coleta dos

frutos foi realizada em área de cerrado Stricto sensu na Fazenda Três Rios,

localizada no município de Nova Marilândia/MT (14º 23’S e 57º 42’ W) com altitude

de 467m. O processo de preparação do extrato foi realizado nos Laboratórios de

Entomologia e Química Geral da Universidade do Estado de Mato Grosso

(UNEMAT), Campus Tangará da Serra.

Preparo dos extratos. As sementes foram dessecadas em estufa com circulação

de ar a 40ºC por 72 horas. Após esse período as sementes foram trituradas, em

moinho tipo faca, até a obtenção de um pó. Os extratos de sementes de A.

coriacea foram obtidos através da adição de 500g do pó da semente com 1.500ml

de solvente, sendo utilizado o solvente etanol no preparo do extrato. As

suspensões foram filtradas em funil Büchner. Os solventes foram evaporados em

rotavapor até adquirirem a estabilidade da massa, obtendo o extrato bruto

etanólico. Este extrato apresentou um rendimento final equivalente a 30g.

Procedência dos insetos e local de desenvolvimento dos bioensaios. Os

insetos, R. neglectus, obtidos para o início da colônia foram doados pelo

Laboratório de Triatomíneos e Epidemiologia da Doença de Chagas (LATEC),

Centro de Pesquisas René Rachou (CpqRR)/Fundação Oswaldo Cruz

(FIOCRUZ), Belo Horizonte - MG. A criação e o desenvolvimento dos bioensaios

foram conduzidos no Laboratório de Interação Inseto/Planta, no Centro de

Limnologia, Biodiversidade e Etnobiologia do Pantanal (CELBE), da Universidade

do Estado de Mato Grosso, UNEMAT, Campus de Cáceres.

Criação do vetor. Os insetos foram acondicionados em frascos transparentes de

polietileno, devidamente identificados, com a abertura vedada com tecido de

algodão fino, com fundo recoberto com folhas de papel filtro para a retenção da

umidade produzida pelas fezes e urina. A criação foi mantida em estufa tipo

B.O.D, com temperatura de 28±1°C, 60 a 70% UR e fotoperíodo de 12 horas

conforme Shmeda-Hirshmann & Arias de Rojas (1992). A alimentação foi

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oferecida semanalmente por um período de 30 minutos, utilizando galinhas (Gallus

galus) imobilizadas com o auxílio de uma placa de madeira.

Bioensaios. Foram conduzidos conforme a metodologia de Rodrigues et al.

(2002) e Ferrero et al. (2006) com algumas adequações. Placas de Petri com

11,5cm de diâmetro e 0,5 cm de altura foram utilizadas. Como solubilizante

utilizou-se DMSO (Dimetilsulfóxido) a 2% e água. As concentrações testadas

foram 25, 50, 100 e 200mg/ml e o controle (DMSO em água), as quais

apresentavam um aspecto oleoso. Os bioensaios foram realizados em quatro

repetições e mantidos em ambiente controlado com temperatura de 28±1°C, 60 a

70% UR e fotoperíodo de 12 horas. A avaliação da eclosão dos ovos foi efetuada

diariamente por um período de 30 dias.

Método de aplicação tópica. Foi realizado em delineamento inteiramente

casualizado, com 10 ovos com 1 dia de idade para cada repetição. As placas de

Petri foram devidamente forradas com papel filtro e após a distribuição dos ovos,

borrifadas com 1 ml de cada concentração (Rodrigues et al. 2002). Após a

borrifação as placas foram fechadas com uma tampa de algodão fino e vedadas

com fita adesiva para a evaporação do extrato. Os ovos foram mantidos durante

todo o período de teste na placa inicial do bioensaio.

Método de aplicação de contato. Foi utilizada a mesma metodologia do método

de aplicação tópica, no entanto, as placas de Petri foram forradas e borrifadas

com 1 ml de cada concentração e após 60 minutos de secagem, os ovos foram

distribuídos no interior das placas (Rodrigues et al. 2002; Ferrero et al. 2006).

Assim como no bioensaio anterior, os ovos ficaram em contato com o papel

impregnado até o final do teste, 30 dias.

Avaliação da mortalidade dos períodos embrionário e pós-embrionário. No

decorrer dos bioensaios os ovos eram classificados como ovos não eclodidos e

ovos eclodidos. As ninfas recém-eclodidas foram classificadas como: a) ninfa

consegue emergir, mas não sobrevive até o final dos bioensaios, 30 dias; b) ninfa

sobrevivente ao teste, quando sobrevive até o término do teste.

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A ninfa recém-eclodida permanecia na placa de Petri tratada até o momento da

leitura seguinte, que ocorria todos os dias no mesmo horário durante os

bioensaios, e se ainda viva, era transferida para outra placa forrada com o mesmo

tipo de papel, porém, livre de qualquer tratamento. As ninfas eram observadas a

cada 24 horas. Após cinco dias de permanência com vida, era oferecido o primeiro

repasto sanguíneo, sendo realizado semanalmente durante 30 minutos (Rodrigues

et al. 2002).

Análise Estatística. Os resultados foram submetidos a análise de covariância

(ANCOVA), através da Distribuição de Poisson com correção de sobredispersão,

visto que os dados são de contagem. Para a análise dos ovos não eclodidos em

função das concentrações do extrato a variável resposta foi o número de ovos não

eclodidos e as variáveis exploratórias método de aplicação (x1), concentração do

extrato (x2) e interação (x1:x2).

A avaliação da mortalidade das ninfas recém-eclodidas após entrarem em contato

com os resíduos do extrato foi realizada por meio de ANCOVA, através da

Distribuição Binomial com correção de sobredispersão, visto que o número de

ninfas sobreviventes foi diferente para cada tratamento. A variável resposta foi

proporção de ninfas mortas e as variáveis exploratórias método de aplicação (x1)

e concentrações do extrato (x2). As médias foram comparadas pelo teste de

Tukey (p<0,05), utilizando-se o programa R version 2.9.0.

RESULTADOS

Período Embrionário. O número de ovos não eclodidos nos dois métodos de

aplicação apresentou diferenças estatísticas aos efeitos das diferentes

concentrações do extrato de A. coriacea (p= 0,003, GL= 1, 39) e dos métodos de

aplicação (p= 0,001, GL= 1, 39) (Figura 1).

As concentrações de 100 e 200mg/ml apresentaram ação ovicida através

do método da aplicação tópica, sendo estas concentrações equivalentes uma a

outra. A concentração de 200mg/ml apresentou diferenças significativas entre as

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médias de ovos não eclodidos com as concentrações de 25 e 50mg/ml, enquanto

que a concentração de 100mg/ml diferiu estatisticamente apenas de 25mg/ml e

50mg/ml (Tabela I).

No bioensaio de aplicação de contato a concentração de 200mg/ml diferiu

estatisticamente das concentrações de 25, 50, 100mg/ml em relação aos números

de ovos não eclodidos. Enquanto as concentrações de 100 e de 200mg/ml

diferiram de todas as outras. A concentração de 50mg/ml foi estatisticamente

semelhante a 25mg/ml e ambas diferiram do controle (Tabela I). Portanto, as duas

maiores concentrações apresentaram os melhores resultados de inibição de

eclosão. Mesmo assim, esse efeito não interrompeu completamente o

desenvolvimento do embrião como no método de aplicação tópica, visto que neste

método a inibição foi maior (Tabela I).

Período Pós-embrionário. Ao analisar o período pós-embrionário, observa-se

que a proporção de ninfas mortas nos dois métodos de aplicação, não apresentou

diferenças significativas em função das concentrações (p= 0,220, GL=1, 39) e não

ocorreu interação entre as variáveis concentrações e métodos de aplicação (p=

0,214, GL=1, 39).

Quando avaliada a proporção de ninfas mortas em função dos métodos de

aplicação do extrato sobre os ovos nota-se que houve diferença entre eles (p=

0,034, GL= 1, 39) (Figura 2). Este efeito possivelmente ocorreu devido a diferença

existente entre as concentrações de 25mg/ml nos dois métodos, visto que o

método de contato apresentou mortalidade de 88,2% (Tabela II) enquanto que no

método de aplicação tópica a mortalidade foi de apenas 6,2% (Tabela II). Na

Figura 2 observa-se que a proporção de ninfas mortas ao final dos experimentos

apresentou maior relevância quando aplicado o extrato de A. coriacea por meio do

método de contato, visto que a capacidade de interromper o desenvolvimento

evolutivo das ninfas foi maior no método de contato do que no de aplicação tópica.

A mortalidade de ninfas recém eclodidas no método de aplicação tópica foi

de 85, 90 e 100% para as concentrações de 50, 100 e 200mg/ml, respectivamente

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(Tabela II). Entretanto, no método de contato, a mortalidade foi de 91,6%, 95,6% e

96,6% para as mesmas concentrações (Tabela II).

Vale ressaltar que em ambos os métodos de aplicação em todas as

concentrações as ninfas-eclodidas não conseguiram realizar o primeiro repasto

sanguíneo oferecido semanalmente durante os 30 dias de observação.

DISCUSSÃO

Na presente pesquisa foi observado que a ação de interromper o

desenvolvimento do embrião ainda no interior do ovo foi visivelmente mais efetiva

quando a aplicação do inseticida foi direta sobre o exocorion, ou seja, no método

de aplicação tópica, assim como constatado por Rodrigues et al. (2002) na

avaliação com diferentes piretróides sobre Panstrongylus megistus Burmeister

1835 e Triatoma sordida Stal 1859. Portanto, os resultados com A. coriacea sobre

os ovos de R. neglectus sugerem ser a aplicação tópica, a melhor via de ação

para evitar a eclosão das ninfas.

O extrato etanólico de A. coriacea apresentou resultados positivos, inibindo

a eclosão dos ovos de R. neglectus em até 90%, por meio do método de ação

tópica. Tal resultado é importante visto que se espera a inibição de no mínimo

75% de eclosão dos ovos, para considerar o produto como um efetivo ovicida

(Picollo & Zerba 1997).

Laurent et al. (1997) obteve 100% de inibição da eclosão dos ovos de

Triatoma infestans Klug 1834, por meio da aplicação dos óleos essenciais das

espécies Eryngium sp. L, Tagetes pusilla Kunth, Tagetes minuta L, Mentha

arvensis L, Minthostachys andina Brett, Minthostachys mollis Griseb e Foeniculum

vulgare P. Mill.

Parra-Henao et al. (2007) observaram que o extrato de A. muricata não

apresentou ação ovicida sobre ovos de Rhodnius prolixus Stal 1859 e Rhodnius

pallescens Barber 1932, no entanto, registraram a inibição da eclosão destes

triatomíneos em apenas 10% dos ovos com o extrato de Ricinus communis L. e

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25% com o extrato de Melia azedarach L. 1753. Valladares et al. (1999) também

não obtiveram resultados efetivos para inibição da eclosão com o extrato de M.

azedarach sobre ovos de T. infestans, ou seja, M. azedarach não pode ser

considerada um efetivo ovicida.

Nota-se também nesta pesquisa que as ninfas eclodidas, exceto no

controle, não realizaram o primeiro repasto sanguíneo em ambos os métodos

testados, indicando que o extrato de A. coriacea causou um possível efeito de

deterrência alimentar nas ninfas de primeiro estádio, contribuindo desta forma

para a mortalidade das mesmas nos dois métodos de aplicação, que

apresentaram o máximo de 10% de sobreviventes, semelhantes aos obtidos por

Rodrigues et al. (2002) com piretróides em que menos de 10% das ninfas

sobreviveram a ambos os métodos de aplicação.

Mesmo apresentando eclosão completa dos ovos de R. neglectus, o

desenvolvimento evolutivo do vetor foi interrompido quando a ninfa recém-eclodida

entrou em contato com os possíveis resíduos da aplicação. Esse resultado é

importante, pois indica que o extrato de A. coriacea possui efeito residual

suficiente para impedir a sobrevivência das ninfas. Dias (1965) obteve essa

mesma constatação ao observar o efeito do inseticida BHC sobre ninfas recém-

eclodidas de P. megistus e T. infestans, concluindo que estas morrem

rapidamente após o contato com a superfície tratada, devido a suscetibilidade ao

inseticida.

Laurent et al. (1997) avaliaram a ação Baccharis latifolia e Baccharis sp.

sobre ninfas recém-eclodidas de T. infestans, com mortalidade de 80 e 60%

respectivamente, resultados estes inferiores aos obtidos com A. coriacea para a

mortalidade de ninfas que atingiram 100 e 96,6% nas aplicações tópica e contato,

respectivamente (Tabela II).

Na presente pesquisa com o extrato de A. coriacea, a inibição da eclosão

dos ovos, possivelmente se deu pela penetração do extrato pelo opérculo e

orifícios dos ovos onde ocorre permeabilidade, visto que a mortalidade do embrião

incidiu ainda no seu interior, conforme explica Dias (1965) em resultados

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semelhantes com BHC. No método de aplicação de contato, a possível exposição

aos papéis impregnados foi suficiente para inibir a eclosão de alguns ovos,

havendo grande mortalidade das ninfas recém-eclodidas, apresentando-se assim,

suscetíveis a ação letal de A. coriacea.

Ressalta-se que através do efeito de deterrência alimentar observado em

todas as ninfas eclodidas nos dois métodos de aplicação, o ciclo da doença é

interrompido, não havendo infecção nem transmissão do agente etiológico, visto

que as ninfas não se alimentaram, sendo este um fator imprescindível para a

transmissão da doença de Chagas (Galvão 2003; Rocha et al. 2004).

É importante ressaltar que os triatomíneos em geral vivem em esconderijos,

como frestas de árvores, madeiras e pedras, dificultando o acesso do tratamento

vetorial, sendo o método de aplicação de contato conveniente para aqueles

insetos que venham a ovipositar em uma superfície tratada e consequentemente

as ninfas eclodidas entrem em contato com os resíduos do extrato, morrendo.

Portanto, considera-se que o extrato de A. coriacea apresentou efeito

ovicida, sendo o método tópico o mais eficiente para a inibição da eclosão dos

ovos e o método de contato indicado para impedir o desenvolvimento de ninfas do

1º estádio, em todas as concentrações testadas.

Pesquisas a fim de investigar os compostos ativos que agem sobre o

embrião e ninfas recém-eclodidas mostram-se necessárias para o melhor

conhecimento da ação do extrato de A. coriacea.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Professora Doutora Liléia Diotaiuti e a toda a sua equipe do

Centro de Pesquisas René Rachou (CpqRR) / Fundação Oswaldo Cruz

(FIOCRUZ), Belo Horizonte – MG.

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Figura 1- Número de ovos não eclodidos de Rhodnius neglectus quando

submetidos a dois métodos de aplicação, tópico e de contato, em função das

diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea (mg/ml) (métodos de

aplicação p= 0,001; concentrações p= 0,003, GL= 39).

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Tabela I - Comparação entre as médias do número de ovos não eclodidos de

Rhodnius neglectus nos dois métodos de aplicação, tópica e de contato, em

diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea.

Concentração Ovos não eclodidos (n)

mg/ml Método de aplicação

tópica

Método de aplicação

de contato

Total

Controle 1 a 1 a 40

25 8 b 6 b 40

50 20 bc 4 b 40

100 30 cd 17 c 40

200 36 d 10 d 40

Obs.: Valores seguidos da mesma letra na coluna não apresentam diferença

significativa entre si ao nível de 5% de probabilidade.

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Figura 2. Proporção de ninfas mortas ao final dos 30 dias de observação, nos dois

métodos de aplicação, tópico e de contato, do extrato de Annona coriacea (mg/ml)

sobre ovos de Rhodnius neglectus (p= 0,034, GL= 1, 39).

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Tabela II – Porcentagem de ninfas que não sobreviveram aos testes em diferentes

concentrações do extrato de Annona coriacea nos métodos de aplicação tópica e

de contato.

Concentração Método de aplicação

tópica

Método de aplicação de

contato

mg/ml

Ninfas

mortas (%)

Total de ninfas

sobreviventes

(n)

Ninfas

mortas (%)

Total de ninfas

sobreviventes

(n)

Controle 0 39 0 39

25 6,2 32 88,2 33

50 85 19 91,6 31

100 90 14 95,6 23

200 100 5 96,6 30

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39

Efeito biocida do extrato de Annona coriacea Mart 1841 sobre ninfas de 4º e

5º estádios e adultos do vetor Rhodnius neglectus Lent 1954 (Hemiptera,

Reduviidae).

[Preparado de acordo com as normas da Revista Brasileira de Entomologia]

Ângela Pinheiro Carneiro1, Mônica Josene Barbosa Pereira2

1Mestranda do Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Ciências Ambientais, Universidade do

Estado de Mato Grosso, Cáceres-MT. Endereço eletrônico: [email protected].

2Docente do Programa de Pós-Graduação, Mestrado em Ciências Ambientais, Universidade do

Estado de Mato Grosso, Cáceres-MT. Rodovia MT 358, Km 7. Bairro Aeroporto. Caixa Postal: 287.

Tangará da Serra- MT, CEP 78300-000. Endereço eletrônico: [email protected].

RESUMO. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a atividade biocida do extrato

de Annona coriacea sobre ninfas e adultos de Rhodnius neglectus. Foram

avaliadas as concentrações de 25, 50, 100 e 200mg/ml de extrato/solvente de A.

coriacea, juntamente com o controle, água em DMSO (2%). Foi utilizado o

delineamento inteiramente casualizado com três repetições para o bioensaio com

ninfas e quatro repetições para adultos, sendo usadas 10 ninfas e 10 adultos (5

machos e 5 fêmeas), para cada tratamento. A ação do extrato foi registrada em

diferentes exposições de tempo, 1, 2, 3, 4, 7, 14, 21 e 28 dias, para ambos

bioensaios. A partir dos resultados obtidos, observou-se que o extrato de A.

coriacea foi capaz de interromper o desenvolvimento de ninfas e adultos de R.

neglectus, com mortalidade de 90%, 36% e 100%, respectivamente, nas maiores

concentrações. Observou-se também, inibição do processo de ecdise em ninfas,

redução da capacidade reprodutiva de fêmeas, deterrência alimentar e alterações

morfológicas em ninfas e adultos. Conclui-se que o extrato de A. coriacea

apresentou ação ninficida e adulticida sobre R. neglectus.

PALAVRAS-CHAVE: Annona coriacea, ação ninficida, ação adulticida, extrato

vegetal, triatomíneos.

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ABSTRACT. The objective of this study was to evaluate the biocidal activity of the

Annona coriacea extract on Rhodnius neglectus nymphs and adults. We evaluated

the 25, 50, 100 and 200mg/ml concentrations of the extract / solvent, together with

the control, water in DMSO (2%). We used a completely randomized design with

three replications for the bioassay with nymphs and four repetitions for adults, and

used 10 nymphs and 10 adults (5 males and 5 females) for each treatment. The

extract action was recorded at different exposure time, 1, 2, 3, 4, 7, 14, 21 and 28

days for both bioassays. From the results obtained showed that the A. coriacea

extract was able to interrupt the development of the nymphs and R. neglectus

adults, with mortality in more than 90%, 36% and 100%, respectively, in the

highest concentrations. There was also inhibition of moulting in nymphs, reduced

reproductive capacity of females, feeding deterrence and morphological changes in

nymphs and adults. It is concluded that the A. coriacea extract presented ninficid

and adulticidal action on R. neglectus

KEYWORDS: Annona coriacea, ninficid action, adulticidal action, plant extract,

triatomines.

A doença de Chagas, primitivamente identificada como enzootia, passou a

se constituir um problema de saúde pública apartir da domiciliação dos vetores

(Silveira & Rezende 1994). As espécies transmissoras do protozoário

Trypanosoma cruzi Chagas 1909, agente etiológico da doença, são insetos

hematófagos com desenvolvimento hemimetábolo, pertencentes aos gêneros

Triatoma Laporte 1832, Rhodnius Stal 1859 e Panstrongylus Berg 1879

(Hemiptera: Reduviidae), que são os vetores de maior importância epidemiológica

(Steindel et al. 2005).

A hematofagia é essencial para o crescimento, ecdise e reprodução nos

triatomíneos (Rocha et al. 2004; Tartarotti et al. 2004). O repasto sangüíneo

seguido da defecação é uma das características biológicas que apresenta maior

impacto e importância na epidemiologia da doença de Chagas, momento em que

o vetor pode infectar-se ou transmitir o T. cruzi (Galvão 2003; Rocha et al. 2004).

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Atualmente a eliminação da transmissão vetorial da doença de Chagas é

assumida como prioridade nos países da América Latina através do emprego

regular e sistematizado de inseticidas de ação residual nas habitações infestadas

(Villela et al. 2005).

No Brasil os inseticidas mais utilizados no controle de triatomíneos foram os

piretróides deltametrina, ciflutrina, lambdacialotrina e cipermetrina, sendo a alfa-

cipermetrina utilizada atualmente (Oliveira Filho et al. 2000). Apesar da eficiência

do método de controle químico, o uso prolongado destes inseticidas vem sendo

discutido, devido a possibilidade de desenvolvimento de resistência dos

triatomíneos, além da toxidade ao homem (Dias 1997; Dias 2001; WHO 2002).

No intuito de reduzir os problemas enfrentados com os inseticidas

sintéticos, o uso de produtos vegetais apresenta-se como uma alternativa para o

controle vetorial da doença de Chagas (Costa et al. 2004).

Espécies vegetais são apontadas como promissoras no controle de vetores,

podendo causar mortalidade dos insetos, inibição do crescimento, interrupção do

processo de ecdise, alongamento da fase, deformações de ninfas e adultos,

redução na longevidade, fecundidade e fertilidade dos adultos (Schmeda-

Hirschmann & Rojas de Arias 1992; Fournet et al. 1996; Valladares et al. 1999;

Bobadilla et al. 2005; Coelho et al. 2006; Costa et al. 2006).

Espécies da família Annonaceae têm demonstrado ação biocida sobre

triatomíneos, assim como constatado por Schmeda-Hisrchmann & Rojas de Arias

(1992) ao testarem o efeito inseticida de Annona reticulata L. em ninfas de

Rhodnius neglectus Lent 1954 e Parra-Henao et al. (2007) ao avaliarem o efeito de

Annona muricata L. sobre ninfas de 4º estádio de Rhodnius prolixus Stal 1859 e

Rhodnius pallescens Barber 1932.

Diante da necessidade de novas estratégias para o controle triatomínico,

esta pesquisa teve como objetivo avaliar a atividade ninficida e adulticida da

espécie Annona coriacea Mart 1841 sob o vetor da doença de Chagas, R.

neglectus.

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MATERIAL E MÉTODOS

Preparação dos Extratos. A coleta dos frutos foi realizada em área de cerrado

stricto sensu na Fazenda Três Rios, localizada no município de Nova

Marilândia/MT (14º 23’S e 57º 42’ W) com altitude de 467m. O processo de

preparação do extrato foi realizado nos Laboratórios de Entomologia e Química

Geral da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, Campus Tangará

da Serra. Para a secagem das sementes, estas foram colocadas em estufa com

circulação de ar a 40 ºC por 72 horas. Após esse processo, as sementes foram

moídas, até a obtenção de um pó. O extrato das sementes de A. coriacea foi

obtido através da adição de 500g do pó da semente com 1.500ml de solvente

etanol. As suspensões foram filtradas em funil Büchner e o solvente foi evaporado

em rotavapor até adquirirem a estabilidade de massa. O extrato bruto apresentou

um rendimento final de 30g. Para solubilizar o extrato foi utilizado Dimetilsulfóxido

(DMSO) a 20%.

Manutenção e Criação de Rhodnius neglectus. A criação e desenvolvimento

dos experimentos foram conduzidos no Laboratório de Interação Inseto/Planta, no

Centro de Limnologia, Biodiversidade e Etnobiologia do Pantanal (CELBE), da

Universidade do Estado de Mato Grosso, UNEMAT, Campus de Cáceres. Os

insetos obtidos para o início da colônia foram doados pelo Laboratório de

Triatomíneos e Epidemiologia da Doença de Chagas (LATEC), Centro de

Pesquisas René Rachou (CpqRR) / Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Belo

Horizonte - MG. Os insetos foram acondicionados em frascos transparentes de

polietileno, devidamente identificados, com fundo recoberto com folhas de papel

filtro. A abertura dos frascos foi vedada com pano de algodão fino fixado por

esparadrapo e elásticos. Os potes foram mantidos em uma estufa incubadora tipo

B.O.D, com temperatura de 28±1°C e 60 a 70% de Umidade Relativa e

fotoperíodo de 12 horas conforme sugerido por Shmeda-Hirshmann & Arias de

Rojas (1992). A alimentação foi oferecida semanalmente por 30 minutos utilizando

galinhas (Gallus galus) imobilizadas.

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Bioensaios de ação ninficida. Foram realizadas aplicações do extrato etanólico

em ninfas de 4º e 5º estádios de R. neglectus com quinze a vinte dias de vida,

alimentadas 7 dias antes de receberem os tratamentos, as ninfas que não se

alimentaram foram descartadas do teste. As ninfas de 5º estádio são

recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para testes laboratoriais

devido ser o estádio evolutivo que apresenta maior resistência a compostos

químicos (WHO 2002) e as ninfas de 4º estádio as mais utilizadas por

pesquisadores em testes com extratos vegetais (Coelho et al. 2006). Os

bioensaios foram conduzidos em delineamento inteiramente casualizado, as

concentrações testadas foram de 25, 50, 100 e 200mg/ml e o controle (DMSO em

água), com três réplicas, sendo cada repetição composta por dez ninfas. A

quantidade de solução aplicada nos tergitos abdominais de cada ninfa foi de 1µl,

conforme metodologia proposta por Shmeda-Hirshmann & Arias de Rojas (1992) e

Coelho et al. (2006). A ação do extrato foi observada em diferentes exposições de

tempo a fim de avaliar a mortalidade, sendo os períodos de 1, 2, 3, 4, 7, 14, 21 e

28 dias, conforme recomendado por Coelho et al. (2006).

Bioensaios de ação adulticida. Foram realizadas aplicações do extrato etanólico

em adultos de R. neglectus seguindo o mesmo protocolo do bioensaio anterior

(WHO 2002). Cada grupo experimental foi composto por 5 machos e 5 fêmeas de

R. neglectus. O bioensaio foi conduzido em delineamento inteiramente

casualizado com quatro réplicas. A quantidade de solução aplicada no abdômen

de cada inseto foi de 5µl. As concentrações testadas e o tempo de ação do extrato

foram os mesmos avaliados para ninfas.

Critério de Mortalidade e avaliação do repasto. Para qualificar os insetos

afetados pelo extrato foi adotado o critério de mortalidade segundo WHO (2002),

considerando morto o inseto que colocado sobre papel de filtro não apresentasse

atividade locomotora própria. Foram registradas também, as alterações

morfológicas, a deterrência alimentar, a inibição de ecdise, a fecundidade das

fêmeas e a fertilidade dos ovos nas diferentes concentrações durante 28 dias de

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teste. A fonte alimentar foi oferecida, no oitavo dia de teste, para não ocorrer à

possibilidade de morte por falta de alimento.

Para avaliar os insetos que realizaram o repasto sanguíneo, foi observado se

estes introduziam a probócide na fonte alimentar e se ocorria aumento do volume

abdominal dos insetos.

Análise Estatística. Os dados dos experimentos foram submetidos à ANOVA

com Distribuição de Poisson com correção para sobredispersão devido todas as

amostras se tratarem de dados de contagem. As médias das concentrações do

extrato foram comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05), utilizando-se o programa

R version 2.9.0. Para a análise da mortalidade em função da concentração do

extrato e dos dias após aplicação, foi realizada uma análise de covariância, sendo

a variável resposta a proporção de ninfas mortas e as variáveis exploratórias dias

após aplicação (x1), concentração do extrato (x2) e interação (x1:x2).

RESULTADOS

Efeito das concentrações de A. coriacea sobre ninfas de 4º estádio de

R. neglectus. Quando analisado o efeito das diferentes concentrações sobre a

mortalidade das ninfas do 4º estádio, observa-se que o efeito do extrato de A.

coriacea é estatisticamente significativo para as diferentes concentrações (p=

0,006, GL= 4, 119) e para os dias de observação (p= 0,001, GL= 1, 119) (Figura

1).

As concentrações de 100 e 200mg/ml apresentaram os maiores números

de ninfas mortas, não diferindo estatisticamente entre si, com mortalidade de 80 e

93,3%, respectivamente (Tabela I). As concentrações de 25mg/ml e 50mg/ml

apresentarem valores inferiores de mortalidade, diferindo estatisticamente das

concentrações de 100 e 200mg/ml. Todas as concentrações, exceto a de

25mg/ml, diferiram do tratamento controle (Tabela I).

É importante notar que na concentração de 50mg/ml a mortalidade

aumentou discretamente no decorrer dos dias, sem grandes variações,

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diferentemente das ninfas da concentração de 25mg/ml cujos insetos começaram

a morrer a partir do 14º dia de teste. Pode-se ver essa relação quando analisada a

interação das retas de 25 e 50mg/ml próximo aos 25 dias de observação (Figura

1). Essa interação, possivelmente ocorreu, visto que as médias da mortalidade,

não diferiram para as concentrações de 25 e 50mg/ml (Tabela I).

As alterações morfológicas como abdômen e probócide irregular, pernas e

antenas deformadas ocorreram principalmente nas concentrações de 25 e

50mg/ml, com porcentagem de 36,6 e 20%, respectivamente, enquanto que nas

demais concentrações apenas 3,3% dos indivíduos apresentaram modificações

em sua morfologia (Tabela II). Grande parte das alterações ocorreu ainda no

estádio de teste, ou seja, em ninfas de 4º estádio, sendo que os indivíduos que

conseguiram realizar a troca de muda para ninfas de 5º também apresentaram

anormalidades morfológicas, principalmente na probócide. Os insetos que

morreram apresentaram aspecto de desidratação bastante visível.

Quando avaliado o processo de ecdise, apenas uma pequena porcentagem

conseguiu realizar a ecdise, 26,6% na concentração de 25mg/ml e 3,3% nas

concentrações de 50 e 200mg/ml. Vale salientar que somente 3,3%, o equivalente

a um indivíduo, conseguiu realizar o repasto sanguíneo nas concentrações

citadas, evidenciando o efeito deterrente em ninfas de 4º estádio (Tabela II).

Efeito das concentrações de A. coriacea sobre ninfas de 5º estádio de R.

neglectus. Ao observar a mortalidade de ninfas de 5º estádio em função das

variáveis exploratórias, pode-se dizer que o número de indivíduos mortos

apresentou diferenças significativas em função das concentrações testadas (p=

0,028, GL= 1, 119) e dos dias de observação (p= 0,001, GL= 2, 115). Portanto o

número de indivíduos mortos foi maior conforme o aumento das concentrações e

com o tempo de exposição das ninfas ao extrato (Figura 2).

Nas concentrações de 100 e 200mg/ml observa-se significante mortalidade

desde os primeiros dias de teste até o final das observações, demonstrando a

eficácia do extrato vegetal quanto a sua toxicidade nas maiores concentrações e

no decorrer dos dias de observação (Figura 2).

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Ao comparar as médias do número de indivíduos mortos, os tratamentos de

100 e 200mg/ml não diferiram ente si, assim como nas concentrações de 25 e

50mg/ml não diferiram do controle (Tabela I).

Em todas as concentrações testadas o extrato de A. coriacea provocou

alterações morfológicas no aparelho bucal, nas pernas, antenas e no abdômen em

20 a 40% dos indivíduos testados. Essas deformações constituíam de probócides

levantadas ou entortadas, pernas encurvadas em formado de arco, antenas

quebradiças e abdômen com formatos irregulares apresentando reentrâncias nos

tergitos abdominais. Como conseqüência observa-se que a maioria dos insetos

não conseguiu realizar a ecdise, e todas as ninfas testadas apresentaram

deterrência alimentar para todas as concentrações de A. coriacea (Tabela II).

Quando se observa os resultados da mortalidade nos testes com ninfas de

4º e 5º estádios nota-se que mesmo nas maiores concentrações, 100 e 200mg/ml,

a porcentagem de indivíduos de 5º estádio mortos, 26,6 e 36,6%, foi inferior aos

resultados obtidos com ninfas de 4º estádio, 80 e 93,3%, respectivamente (Tabela

I).

Efeito das concentrações de A. coriacea em adultos de R. neglectus. O efeito

das diferentes concentrações sobre a mortalidade dos insetos adultos foi

observado, constatando que o extrato de A. coriacea foi estatisticamente

significativo para as diferentes concentrações (p= 0,01, GL= 1, 159), dias de

observações (p= 0,002, GL= 4, 159) e interação entre as variáveis exploratórias

(p= 0,007, GL= 4, 159) (Figura 3).

Ao analisar as médias do número de mortos em relação às diferentes

concentrações, observa-se que as concentrações de 25, 50, 100 e 200mg/ml não

diferiram entre si, mas apenas quando comparadas com o controle (Tabela III).

Assim, pode-se dizer que a menor concentração, 25mg/ml, causou mortalidade

equivalente as maiores concentrações, matando 90% dos adultos, enquanto que

100 e 200mg/ml mataram 100% dos insetos, explicando assim, a interação entre

as concentrações (Tabela III).

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No decorrer dos 28 dias de teste ocorreram diferenças na mortalidade de

insetos referentes às concentrações. A concentração de 25mg/ml apresentou um

crescimento constante da mortalidade até o final do experimento, enquanto que as

concentrações de 50, 100 e 200mg/ml proporcionaram maior mortalidade no início

do teste (Figura 3).

Na avaliação da fecundidade, durante o período de 28 dias, todas as

concentrações apresentaram médias distintas do controle, exceto a concentração

de 25mg/ml, sendo a concentração de 50mg/ml diferente estatisticamente de

todas as concentrações, enquanto as médias de 100 e 200mg/ml foram

semelhantes entre si. Com o aumento das concentrações ocorreu redução da

fecundidade (Tabela III).

A fertilidade dos ovos na concentração de 25mg/ml foi diferente

estatisticamente das médias de 50, 100 e 200mg/ml, enquanto que 50 mg/ml

diferiu de todas as concentrações, sendo que 100 e 200mg/ml não diferiram entre

si. Assim como na fecundidade, na fertilidade também houve redução com o

aumento das concentrações (Tabela III).

Observa-se que a fertilidade e fecundidade mostraram resultados distintos

nas diferentes concentrações, sendo as maiores concentrações, 100 e 200mg/ml

as que apresentaram menor oviposição, 67 e 45 ovos, e eclosão de apenas 16,4 e

13,3% de ovos, respectivamente (Tabela III).

Nota-se que desde a menor concentração, 25mg/ml, até a maior, 200mg/ml,

o extrato de A. coriacea foi capaz de inibir a alimentação em 100% dos insetos

adultos, sendo que estes não conseguiram detectar a fonte sanguínea no ato do

repasto sanguíneo (Tabela III). Somente os insetos do grupo controle

alimentaram-se normalmente.

DISCUSSÃO

Na presente pesquisa, os resultados obtidos com a aplicação tópica do

extrato de A. coriacea destacou-se como uma ferramenta promissora ao controle

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vetorial da espécie R. neglectus, apresentando efeitos positivos para todas as

concentrações testadas, pois como já mencionado por Costa et al. (2004) os

efeitos dos extratos vegetais, não são aqueles vinculados apenas a causar

mortalidade, mas também interrupção do ciclo de desenvolvimento do inseto.

Além da mortalidade significativa, efeitos como deterrência alimentar, interrupção

do processo de ecdise, alterações morfológicas, interferência na fecundidade e

fertilidade foram observados nos testes com ninfas de 4º e 5º estádios e adultos

de R. neglectus.

O extrato de A. coriacea causou a mortalidade de 33,3% das ninfas de 4º

estádio de R. neglectus na concentração de 50mg/ml, resultados semelhantes aos

obtidos por Schmeda-Hirschman & Rojas de Arias (1992) com A. reticulata,

causando mortalidade de 35% das ninfas desta mesma espécie. Alves (2007) ao

avaliar a atividade inseticida de algumas espécies do cerrado, registrou uma

variação na mortalidade de 12,5 a 42,5% para Rhodnius milesi Carcavallo, Rocha,

Galvão & Jurberg. Assim como Fournet et al. (1996) em pesquisas com

Minsthostachys andina Brett a mortalidade variou de 30 a 50% em Triatoma

infestans Klug 1834 e R. neglectus. Vilaseca et al. (2004) analisou a atividade

inseticida de Hedeoma mandoniana Wedd no controle de T. infestans e R.

neglectus apresentando 33,3% de mortalidade.

Parra-Henao et al. (2007) também avaliou o efeito tóxico de espécies

vegetais, sendo Annona muricata L. a espécie que apresentou maior mortalidade,

de 56% na concentração de 70% ou 70mg/ml sobre ninfas de 4º. Na literatura não

há publicações que discorram sobre a toxidade da espécie A. coriacea sobre

triatomíneos, mas a atividade inseticida é explicada pelo gênero Annona possuir

moléculas ativas, entre elas as acetogeninas que apresentam várias atividades

biológicas, entre elas, a inseticida (Nascimento et al. 2003).

O extrato de A. coriacea foi eficiente para inibir o processo de ecdise em R.

neglectus, diferente dos resultados obtidos com A. reticulata por Schmeda-

Hirschman & Rojas de Arias (1992) que não observaram nenhum alteração no

processo de ecdise, sobre ninfas de 4º estádio de R. neglectus. No entanto, esses

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mesmos autores ao avaliarem as espécies Mangifera indica L., Spilanthes sp.,

Tagetes erecta L., Mintostachys sp., Salvia cardiophylla Benth, Cassia sp., Senna

occidentalis e Melia azederach L. verificaram que as mesmas inibiram a ecdise

com taxas variando entre 22,2% e 33,3%.

Apesar de todas as pesquisas apresentadas indicarem os efeitos de

extratos vegetais em ninfas do 4º estádio, o presente trabalho também realizou

testes com ninfas de 5º estádio, visto ser o mais recomendado pela WHO (2002)

devido a maior resistência deste estádio evolutivo.

Os resultados de mortalidade obtidos com adultos de R. neglectus foram

semelhante a aqueles obtidos por Lima et al. (1992), com suspensão aquosa de

Hexaclorociclohexano (HCH), registrando mortalidade de 100% dos insetos

adultos e ninfas de 5º estádio, sendo as ninfas de 5º estádio mais resistentes ao

inseticida, morrendo somente após vários dias de exposição.

As alterações ou anormalidades morfológicas observadas tanto em ninfas

do 4º como do 5º estádio de R. neglectus, provavelmente estão relacionadas com

a deterrência alimentar ocasionada pelo extrato, causando a deficiência nutricional

nas ninfas, conforme relatado por Costa et al. 2004, para extratos vegetais em

geral. Mesmo sofrendo maior mortalidade, as ninfas de 4º estádio apresentaram

menores alterações morfológicas do que as ninfas de 5º estádio. Assim, pode-se

concluir que ninfas de 5º estádio foram mais suscetíveis ao efeito bioativo

causador de alterações morfológicas, mesmo apresentando maior resistência

quanto ao efeito tóxico do extrato, exigindo assim maiores estudos quanto aos

princípios ativos de A. coriacea.

A ação deterrente do extrato de A. coriacea em todas as concentrações,

impediu ninfas de 4º e 5º estádios e adultos de realizarem o repasto sanguíneo. A

efetiva alimentação seguida da defecação é considerada de suma importância

para completar o ciclo de desenvolvimento da doença, sendo assim, não havendo

repasto sanguíneo não há infecção, nem tampouco a transmissão do agente

etiológico da doença de Chagas (Garcia & Azambuja 2004; Tartarotti et al. 2004).

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O efeito deterrente ou anti-alimentar também pode ser ocasionado devido a

compostos ativos de A. coriacea que dificultam o desenvolvimento normal do

inseto, provocando deformações que os impossibilitam de completar o

desenvolvimento evolutivo, assim como definido por Cabral (1999) e observado

nos dois experimentos com A. coriacea em ninfas de 4º e 5º estádios, uma

quantidade insignificante dos insetos conseguiram alimentar-se.

Os resultados obtidos nos diferentes dias de observação apresentaram uma

mortalidade com crescimento gradual para ninfas do 4º estádio, sendo este

considerado um relevante resultado. No teste com ninfas do 5º estádio, a

mortalidade também apresentou um crescimento gradativo até o final do teste,

sendo que as concentrações que apresentaram mortalidade significativa foram

apenas as de 100 e 200mg/ml. Mesmo não havendo mortalidade nas menores

concentrações, os efeitos causados, como deterrência alimentar, alterações

morfológicas e inibição da ecdise foram suficientes para impedir o

desenvolvimento das ninfas de 5º estádio em todas as concentrações testadas.

O efeito da mortalidade com crescimento gradual, também foi constatado

por Coelho et al. (2006), observando que o extrato etanólico da casca da raiz de

Simarouba versicolor A. St. Hil matou praticamente todos os insetos da espécie R.

milesi com uma atividade de crescimento gradual ao longo do tempo, matando

15% dos insetos depois de 24horas, 35% depois de 48 e 72h, 50% depois de 7

dias, 90% em 14 dias e 95% do insetos depois de 21 dias, sendo mantido essa

porcentagem até o final dos 28 dias de observação.

Nos insetos adultos, o crescimento gradativo da mortalidade foi observado

somente na concentração de 25mg/ml, onde a porcentagem de indivíduos mortos

foi equivalente ao observado em ninfas de 4º estádio na maior concentração,

evidenciando que os insetos adultos apresentam maior suscetibilidade a

toxicidade do que os estádios evolutivos de 4º e 5º. Assim como observado por

Costa & Perondini (1973) a resistência aumentou até o 5º estádio caindo no

estádio adulto.

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A redução nas taxas de fecundidade e fertilidade das fêmeas de R.

neglectus registradas durante o período de 28 dias de observação, ocorreu

provavelmente devido a deterrência alimentar causada pela privação alimentar,

efeito este constatado por Braga & Lima (2001) que avaliaram o efeito da privação

alimentar em fêmeas de Panstrongylus megistus Burmeister 1835 concluindo que

a fecundidade das fêmeas está relacionada com a quantidade de sangue ingerido,

sendo a privação alimentar responsável pela diminuição da fertilidade.

Pode-se concluir dessa forma, que o extrato de A. coriacea apresentou

efeito ninficida, sendo capaz de alterar o desenvolvimento em ninfas do 4º e 5º

estádios de R. neglectus, apresentando significativa mortalidade para ninfas de 4º

estádio, inibindo o processo de ecdise, causando deterrência alimentar e

alterações morfológicas em ambos os testes, interrompendo o desenvolvimento

das ninfas de R. neglectus. Na fase adulta, o extrato demonstrou ser um eficiente

biocida desde a menor concentração 25mg/ml.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Professora Doutora Liléia Diotaiuti e a toda a sua equipe do

Centro de Pesquisas René Rachou (CpqRR) / Fundação Oswaldo Cruz

(FIOCRUZ), Belo Horizonte - MG, pela a oportunidade de estágio e doação dos

insetos para a colônia inicial. A professora Carla Galbiati pela colaboração na

pesquisa. A Kelly, secretária do Centro de Limnologia (CELBE). A FAPEMAT pelo

projeto aprovado e a CAPES pelo provimento da bolsa durante o mestrado.

REFERÊNCIAS

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55

Figura 1. Número de ninfas mortas do 4º estádio de Rhodnius neglectus sob o

efeito de diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea, durante 28 dias

de observação. As concentrações foram identificadas por letras; a: 25mg/ml, b:

50mg/ml, c: 100mg/ml, d: 200mg/ml e o controle.

Page 57: ATIVIDADE BIOCIDA DE Annona coriacea MART 1841 … · 2 ÂNGELA PINHEIRO CARNEIRO Atividade biocida de Annona coriacea (Mart, 1841) sobre o vetor Rhodnius neglectus (Lent, 1954) (Hemiptera:

56

Tabela I – Número de mortos e porcentagem da mortalidade de ninfas de 4º e 5º

estádios de Rhodnius neglectus em diferentes concentrações do extrato de

Annona coriacea, ao final dos 28 dias de observação (Teste de Tukey).

Concentração Indivíduos mortos

(mg/ml)

Ninfas de

4º estádio

(n)

Ninfas de

4º estádio

(%)

Ninfas de

5º estádio

(n)

Ninfas de

5º estádio

(%)

Total

(n)

Controle 0 a 0 0 a 0 30

25 5 ab 16,6 1 a 3,3 30

50 10 b 33,3 1 a 3,3 30

100 24 c 80 8 ab 26,6 30

200 28 c 93,3 11 b 36,6 30

Obs.: Valores seguidos da mesma letra na coluna não apresentam diferença

significativa entre si ao nível de 5% de probabilidade.

Page 58: ATIVIDADE BIOCIDA DE Annona coriacea MART 1841 … · 2 ÂNGELA PINHEIRO CARNEIRO Atividade biocida de Annona coriacea (Mart, 1841) sobre o vetor Rhodnius neglectus (Lent, 1954) (Hemiptera:

57

Tabela II – Efeito das concentrações (%) do extrato de Annona coriacea sobre

ninfas de 4º e 5º estádios de Rhodnius neglectus, ao final dos 28 dias de

observação.

Concentração

(mg/ml)

Ninfas que

realizaram o

repasto

Ninfas que

realizaram a

muda

Ninfas vivas com

alterações

morfológicas

estádio

Controle 100 100 0

25 3,3 26,6 36,6

50 3,3 3,3 20

100 3,3 0 3,3

200 0 3,3 3,3

estádio

Controle 100 100 0

25 0 16,6 20

50 0 0 30

100 0 0 40

200 0 0 33,3

Page 59: ATIVIDADE BIOCIDA DE Annona coriacea MART 1841 … · 2 ÂNGELA PINHEIRO CARNEIRO Atividade biocida de Annona coriacea (Mart, 1841) sobre o vetor Rhodnius neglectus (Lent, 1954) (Hemiptera:

58

Figura 2. Número de ninfas mortas do 5º estádio de Rhodnius neglectus sob o

efeito de diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea, durante 28 dias

de observação. As concentrações foram identificadas por letras e agrupadas

apartir das médias que não diferiram entre si, a: controle, 25mg/ml e 50mg/ml, c:

100mg/ml, d: 200mg/ml.

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Figura 3. Número de adultos mortos de Rhodnius neglectus sob o efeito de

diferentes concentrações do extrato de Annona coriacea, durante 28 dias de

observação. As concentrações foram identificadas por letras; a: 25mg/ml, b:

50mg/ml, c: 100mg/ml, d: 200mg/ml e o controle.

Page 61: ATIVIDADE BIOCIDA DE Annona coriacea MART 1841 … · 2 ÂNGELA PINHEIRO CARNEIRO Atividade biocida de Annona coriacea (Mart, 1841) sobre o vetor Rhodnius neglectus (Lent, 1954) (Hemiptera:

60

Tabela III – Número de mortos, porcentagem da mortalidade, fecundidade e

fertilidade de adultos de Rhodnius neglectus em diferentes concentrações do

extrato de Annona coriacea, após 28 dias.

Conc.

(mg/ml)

Adultos

Mortos

Fecundidade

(n)

Fertilidade

(ovos eclodidos)

Repasto

sanguíneo

(%)

Total

(n) (n) (%) (n) (%)

Controle 1 a 2,5 530 a 517 a 97, 5 100 40

25 36 b 90 332 ab 288 b 86,4 0 40

50 37 b 92,5 124 c 90 c 72, 5 0 40

100 40 b 100 67 d 11 d 16,4 0 40

200 40 b 100 45 d 6 d 13,3 0 40

Obs.: Valores seguidos da mesma letra na coluna não apresentam diferença

significativa entre si ao nível de 5% de probabilidade.

Page 62: ATIVIDADE BIOCIDA DE Annona coriacea MART 1841 … · 2 ÂNGELA PINHEIRO CARNEIRO Atividade biocida de Annona coriacea (Mart, 1841) sobre o vetor Rhodnius neglectus (Lent, 1954) (Hemiptera:

61

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os extratos de A. coriacea apresentam ação ovicida, sendo que os métodos

de aplicação tópica e de contato apresentaram resultados satisfatórios, capazes

de interromperem o desenvolvimento evolutivo do vetor da doença de Chagas.

O extrato apresentou também ação ninficida, pois, além da mortalidade,

causou deterrência alimentar, interrupção da ecdise e alterações morfológicas,

sobre ninfas de 4º e 5º estádios, mortalidade dos insetos adultos, inibição da

fecundidade e fertilidade, sendo suficiente para impedir que estes insetos sejam

considerados como vetores qualificados para a transmissão da doença em suas

várias fases evolutivas.

Além dos efeitos positivos encontrados no extrato de A. coriacea sobre o

vetor R. neglectus, a proposta de trabalhar com produtos vegetais se torna

importante do ponto de vista ambiental, principalmente por ser uma forma de

exploração sustentável dos recursos naturais, disponíveis na flora regional.

Portanto, A. coriacea mostrou ser um biocida promissor no controle de

ovos, ninfas e adultos do vetor R. neglectus, exigindo futuras pesquisas como

fracionamento, isolamento de compostos ativos e identificação para elaboração de

um promissor inseticida botânico.

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62

ANEXO

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63

ANEXO A -

Normas para publicação: Revista Brasileira de Entomologia (ISSN 00855626 -

B1 – Interdisciplinar).

Os manuscritos devem ser enviados online pelo endereço

http://submission.scielo.br/index.php/rbent/login. O texto deve ser editado, de

preferência, em Microsoft Word®, em página formato A4, usando fonte Times New

Roman tamanho 12, espaço duplo entre as linhas, com margem direita não

justificada e com páginas numeradas. Usar a fonte Times New Roman também

para rotulagem das figuras e dos gráficos. Apenas tabelas e gráficos podem ser

incorporados no arquivo contendo o texto do manuscrito. Os manuscritos deverão

ter, no máximo, 120 páginas incluindo as pranchas das figuras. Para manuscritos

maiores, os autores deverão consultar a comissão editorial previamente à

submissão.

O manuscrito deve começar com uma página de rosto, contendo: título do trabalho

e nome(s) do(s) autor(es) seguido(s) de número(s) (sobrescrito) com endereço(s)

completo(s), inclusive endereço eletrônico, e com respectivos algarismos arábicos

para remissão. Não utilizar palavras escritas totalmente em maiúsculas, exceto

nas indicações a seguir. Em seguida, apresentar ABSTRACT, com no máximo 250

palavras, com o título do trabalho em inglês e em parágrafo único; KEYWORDS,

em inglês, em ordem alfabética e no máximo cinco. Na seqüência virá o RESUMO

em português, incluindo o título e PALAVRAS-CHAVE, em ordem alfabética e

equivalentes às KEYWORDS. Devem ser evitadas palavras-chave que constem

do título e do resumo do artigo.

No corpo do texto, os nomes do grupo-gênero e do grupo-espécie devem ser

escritos em itálico. Os nomes científicos devem ser seguidos de autor e data, pelo

menos na primeira vez. Não usar sinais de marcação, de ênfase, ou quaisquer

outros. Conforme o caso (manuscritos de outra área, que não sejam de

Sistemática, Morfologia e Biogeografia), a Comissão Editorial decidirá como

proceder.

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64

As referências devem ser citadas da seguinte forma: Canhedo (2004); (Canhedo

2003, 2004); (Canhedo 2004; Martins & Galileo 2004); Parra et al. (2004).

As figuras (fotografias, desenhos, gráficos e mapas) devem ser sempre

numeradas com algarismos arábicos e, na medida do possível, na ordem de

chamada no texto. As escalas devem ser colocadas na posição vertical ou

horizontal. As tabelas devem ser numeradas com algarismos romanos e incluídas,

no final do texto em páginas separadas. Se necessário, gráficos podem ser

incluídos no arquivo do texto e, como as tabelas, deverão vir no final do texto. As

figuras devem ser enviadas em arquivos suplementares, com, no mínimo, 300 dpi

de resolução para fotos coloridas e 600 dpi para desenhos a traço e fotos branco e

preto, em formato tiff ou jpeg de baixa compactação, sendo que os manuscritos

que não atendam às configurações indicadas acima serão devolvidos. O tamanho

da prancha deve ser proporcional ao espelho da página (23 x 17,5 cm), de

preferência não superior a duas vezes. Para a numeração das figuras utilizar

Times New Roman 11, com o número colocado à direita e abaixo. Isto só deve ser

aplicado para as pranchas quando em seu tamanho final de publicação. A fonte

Times New Roman deve ser usada também para rotulagem inserida em fotos,

desenhos e mapas (letras ou números utilizados para indicar nomes das

estruturas, abreviaturas etc.) e em tamanho apropriado de modo que em seu

tamanho final não fique mais destacada que as figuras propriamente ditas.

Fotografias (preto e branco ou coloridas) e desenhos a traço devem ser montados

em pranchas distintas. A Comissão Editorial poderá fazer alterações ou solicitar

aos autores uma nova montagem, bem como o envio de novos arquivos de

figuras. As legendas das figuras devem ser apresentadas no arquivo de texto. O

custo da publicação de pranchas coloridas deverá ser arcado pelos autores.

Os AGRADECIMENTOS devem ser relacionados no final do trabalho,

imediatamente antes das Referências. Sugere-se aos autores que sejam sucintos

e objetivos. Para as REFERÊNCIAS, adota-se o seguinte:

1. Periódicos (os títulos dos periódicos devem ser escritos por extenso e em

negrito, assim como o volume do periódico):

Page 66: ATIVIDADE BIOCIDA DE Annona coriacea MART 1841 … · 2 ÂNGELA PINHEIRO CARNEIRO Atividade biocida de Annona coriacea (Mart, 1841) sobre o vetor Rhodnius neglectus (Lent, 1954) (Hemiptera:

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Zanol, K. M. R. 1999. Revisão do gênero Bahita Oman, 1936 (Homoptera,

Cicadellidae, Deltocephalinae). Biociências 7: 73145.

Martins, U. R. & M. H. M. Galileo. 2004. Contribuição ao conhecimento dos

Hemilophini (Coleoptera, Cerambycidae, Lamiinae), principalmente da Costa Rica.

Revista Brasileira de Entomologia 48: 467472.

Alves-dos-Santos, I. 2004. Biologia da nidificação de Anthodioctes megachiloides

Holmberg (Anthidiini, Megachilidae, Apoidea). Revista Brasileira de Zoologia 21:

739744.

2. Livros:

Michener, C. D. 2000. The Bees of the World. Baltimore, Johns Hopkins

University Press, xiv+913 p.

3. Capítulo de livro:

Ball, G. E. 1985. Reconstructed phylogeny and geographical history of genera of

the tribe Galeritini (Coleoptera: Carabidae), p. 276321. In: G. E. Ball (ed.).

Taxonomy, Phylogeny and Zoogeography of Beetles and Ants. Dordrecht, W.

Junk Publishers, xiii+514 p.

Referências a resumos de eventos não são permitidas e deve-se evitar a citação

de dissertações e teses.

Nas Comunicações Científicas o texto deve ser corrido sem divisão em itens

(Material e Métodos, Resultados e Discussão). Inclua o Abstract e o Resumo

seguidos das Keywords e Palavras-Chave.

Provas serão enviadas eletronicamente ao autor responsável e deverão ser

devolvidas, com as devidas correções, no tempo solicitado.

O teor científico do trabalho assim como a observância às normas gramaticais são

de inteira responsabilidade do(s) autor(es). Para cada trabalho publicado serão

fornecidas 10 (dez) separatas, independente do número de autores.

Sugere-se aos autores que consultem a última edição da revista para verificar o

estilo e lay-out. Ao submeter o manuscrito o autor poderá sugerir até três nomes

de revisores para analisar o trabalho, enviando: nome completo, endereço e email.

Entretanto, a escolha final dos consultores permanecerá com os Editores.