Aula 04

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  • CURSO ON-LINE NOES DE ADMINISTRAO ITEM 1 TEORIA E EXERCCIOS PARA AGENTE DE POLCIA FEDERAL

    PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS

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    Aula 04

    Ol, Pessoal!

    Esta a nossa quarta e ltima aula do curso de Noes de Administrao para a Polcia Federal. Nela vamos estudar o seguinte item:

    Aula 04 20/04: 1.3 Princpios e sistemas de administrao federal.

    Esse item bastante amplo, podem ser cobradas vrias coisas dentro dele. Eles podem cobrar os princpios administrativos, os sistemas de coordenao das reas-meio da administrao e tambm os sistemas informatizados. Vamos ver um pouco de cada desses trs tpicos.

    Boa Aula e Boa Prova!

    Sumrio

    1 PRINCPIOS ADMINISTRATIVOS ......................................................................... 2

    2 SISTEMAS DA ADMINISTRAO FEDERAL .......................................................... 20

    2.1 SISTEMA PLANEJAMENTO E DE ORAMENTO ................................................................ 22

    2.2 SISTEMA DE ADMINISTRAO FINANCEIRA ................................................................. 27

    2.3 SISTEMA DE CONTABILIDADE ................................................................................. 30

    2.4 SISTEMA DE CONTROLE INTERNO ............................................................................ 34

    2.5 SISTEMA DE ORGANIZAO E INOVAO INSTITUCIONAL (SIORG) .................................... 36

    2.6 SISTEMA DE GESTO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO (SIGA) ........................................... 40

    2.7 SISTEMA DE PESSOAL CIVIL (SIPEC)....................................................................... 43

    2.8 SISTEMA DE ADMINISTRAO DOS RECURSOS DE INFORMAO E INFORMTICA (SISP) ............ 49

    2.9 SISTEMA DE SERVIOS GERAIS (SISG). ................................................................... 51

    3 QUESTES COMENTADAS ................................................................................... 54

    3.1 LISTA DAS QUESTES ......................................................................................... 69

    3.2 GABARITO ....................................................................................................... 73

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    1 Princpios Administrativos

    Princpios administrativos representam as diretrizes que orientam a atuao do Poder Pblico nos seus trs poderes. No Legislativo, servem de parmetros elaborao das leis administrativas; no Executivo, direcionam sua atuao; no Judicirio, formam critrios para a avaliao da validade dos atos praticados pela Administrao Pblica.

    Normalmente so diferenciados os princpios expressos dos implcitos. Os primeiros esto previstos literalmente na legislao, seja na Constituio, seja nas leis. Os implcitos, por sua vez, no constam do texto legal, mas so indicados pela doutrina e pela jurisprudncia.

    A CF88 traz alguns princpios em seu texto:

    Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte:

    Temos aqui os cinco princpios constitucionais da Administrao Pblica, o famoso LIMPE: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia. O princpio da eficincia no estava na redao original do art. 37, ele foi includo pela Emenda Constitucional 19/98, a que resultou do Plano Diretor.

    H ainda princpios previstos em leis, como a Lei 9.784/1999, q ue regula o processo administrativo na esfera federal:

    Art. 2 A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia.

    Vamos dar uma olhada em alguns desses princpios.

    a) Princpio da Legalidade

    Segundo o princpio da legalidade, a Administrao s pode fazer o que a lei permite. Este conceito diverge da aplicao do princpio da legalidade na relao entre particulares (princpio da autonomia das vontades), que podem fazer tudo aquilo que a lei no probe, segundo o inciso II do art. 5 da CF:

    II - ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa seno em virtude de lei;

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    Aqui temos uma das diferenas mais importantes da gesto pblica para a gesto privada. Segundo Hely Lopes Meirelles:

    A eficcia de toda atividade administrativa est condicionada ao atendimento da lei. Na Administrao Pblica no h liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administrao particular lcito fazer tudo que a lei no probe, na Administrao Pblica s permitido fazer o que a lei autoriza.

    Assim, para os administrados, o princpio da legalidade possui uma conotao negativa, j que os particulares so autorizados desempenhar todos os comportamentos para os quais no exista expressa proibio em lei. No caso da Administrao Pblica, o princpio tem uma conotao positiva, pois a ausncia de norma proibitiva no suficiente para que determinados comportamentos possam ser exercidos, preciso que haja uma lei que a autorize a agir (nas competncias discricionrias) ou que determine que o faa (nas competncias vinculadas).

    Toda ao administrativa apresenta-se como exerccio de um poder atribudo previamente pela lei e por ela construdo e delimitado. O que legitima a ao administrativa retirar seu fundamento de uma lei anterior. O pessoal do Direito gosta muito dos termos em latim. Michel Stassinopoulos afirma que:

    A lei no apenas o limite do ato administrativo, mas a sua condio e a sua base. Em um Estado de Direito, a Administrao no se encontra apenas impossibilitada de agir contra legem ou praeter legem, mas obrigada a agir sempre secundum legem.

    O que ele quis dizer que no basta que a atividade administrativa no seja contra a lei (contra legem) ou alm da lei (praeter legem), preciso que ela seja segundo a lei (secundum legem).

    Pode haver competncias discricionrias. praticamente impossvel que a lei atinja todos os vrios aspectos de uma atividade administrativa. Quando ela faz isso, dizemos que o poder da Administrao vinculado, porque a lei no deixa opes. A lei estabelece que, diante de determinados requisitos, a Administrao deve agir de tal ou qual forma. Nos casos em que a lei no atinge todos os aspectos da atuao administrativa, quando ela deixa certa margem de liberdade de deciso para autoridade no caso concreto, dizemos que o poder da Administrao discricionrio. Diante de uma situao, a Administrao poder optar por uma dentre vrias solues possveis, todas vlidas perante o direito.

    Jos dos Santos Carvalho Filho, o poder discricionrio como

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    A prerrogativa concedida aos agentes administrativos de eleger, entre vrias condutas possveis, a que traduz maior convenincia e oportunidade para o interesse pblico.

    Quando falamos em convenincia e oportunidade, estamos nos referindo onde que possvel a discricionariedade. A discricionariedade pode ainda residir no contedo do ato. Um primeiro aspecto ao qual concerne a discricionariedade o momento da prtica do ato. Se a lei nada estabelece, a Administrao escolhe o momento que lhe parea mais adequado para atingir a consecuo de determinado fim. Aqui temos a oportunidade.

    A discricionariedade ainda pode dizer respeito a uma escolha entre o agir e o no agir. Quando h um ilcito administrativo, a Administrao atua de forma vinculada, obrigada a agir, a apurar o ilcito. No entanto, depois de realizada a licitao, a Administrao pode ou no celebrar o contrato, ou revogar a licitao, segundo razes de interesse pblico devidamente demonstradas. Aqui temos a discricionariedade sob a forma da convenincia.

    Com relao ao contedo, ou objeto, o ato ser vinculado quando a lei estabelecer apenas um objeto possvel para atingir determinado fim. Por exemplo, quando a lei prev uma nica penalidade possvel para punir uma infrao. Ser discricionrio quando houver vrios objetos possveis. o que ocorre quando a lei diz que, para uma determinada infrao, a Administrao pode punir com as penas de suspenso ou multa.

    Nos casos de discricionariedade, o Judicirio no pode atuar sobre o mrito, ou seja, sobre o trip visto acima: convenincia, oportunidade e contedo. No entanto, o Judicirio poder fazer o controle da discricionariedade, aqui que entram os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade.

    O princpio da razoabilidade aplica-se na aferio da legitimidade de atos discricionrios, em especial daqueles que estabelecem limitaes ou condicionamentos ao exerccio de direitos ou atividades individuais, impem obrigaes ou aplicam sanes. Ele acabou dividido em trs subprincpios: a adequao, a necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito.

    A adequao traduz uma exigncia de compatibilidade entre o fim pretendido pela norma e os meios por ela enunciados para sua consecuo. A necessidade diz respeito ao fato de a medida restritiva de direitos ser indispensvel preservao do prprio direito por ela restringido ou a outro em igual ou superior patamar de importncia, isto , o ato que restringe direito s deve ser edita se for indispensvel. Por ltimo, o subprincpio da proporcionalidade em sentido estrito diz respeito valorao entre o direito que est sendo protegido

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    em comparao com o que est sendo restringido. O juzo de proporcionalidade permite um equilbrio entre o fim almejado e o meio empregado, ou seja, o resultado obtido com a interveno na esfera de direitos do particular deve ser proporcional carga coativa da mesma.

    Vamos ver um exemplo. Para acabar com os congestionamentos em uma via, a prefeitura decide alarg-la. Mas, para isso, ter que utilizar parte dos terrenos que esto ao longo da via, desapropriando-os. O ato ser adequado se est medida for realmente a melhor soluo para o trnsito, se ela realmente vai reduzir os congestionamentos. Talvez a soluo fosse retirar os semforos. O ato necessrio se h realmente congestionamentos e isso prejudica a qualidade de vida da populao. Por fim, ser proporcional se a parcela dos terrenos no exceder ao necessrio. Assim, se uma desapropriao de um metro suficiente, ser desproporcional uma desapropriao de trs metros.

    b) Princpio da Impessoalidade

    O princpio da impessoalidade outro que gera diferenas entre a gesto pblica e a gesto privada. Duas dessas diferenas mais importantes esto diretamente relacionadas com a agilidade e flexibilidade da gesto: o concurso pblico e as licitaes.

    Este princpio pode ser entendido em trs sentidos: finalidade, isonomia e promoo pessoal.

    Pelo primeiro sentido, o princpio da impessoalidade relaciona-se com a finalidade pblica. Toda a atividade administrativa deve ser desenvolvida sempre visando finalidade pblica, o interesse pblico. Assim, quando os juzes viajam para um Congresso na Costa do Saupe com dirias pagas pela Administrao, tal viagem tem como objetivo aprimorar o conhecimento dos magistrados, e no proporcionar frias pagas.

    Pelo segundo sentido, a Administrao deve tratar isonomicamente todos os administrados. Aqui que entra o concurso e a licitao. A administrao deve proporcionar as mesmas condies e oportunidades para aqueles que desejem ter algum tipo de relao com ela. Nem sempre se deve considerar que todos so iguais. A equidade prev tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais. E isso no fere o princpio da isonomia. A CF/88 afirma que:

    Art. 5. Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a

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    inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

    Contudo, quando ela diz que todos so iguais perante a lei, no est dizendo que no poder haver tratamentos diferenciados. Aqui a Constituio quer dizer que a lei no ser aplicada de forma diferenciada, que, na sua aplicao, no haver tratamento desigual. o universalismo de procedimentos. Mas a prpria Constituio prev tratamento desigual em determinados casos, como na aposentadoria para homens e mulheres, vantagens para as microempresas, entre outros. O princpio da igualdade entendido aqui como equidade: significa tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual.

    O terceiro sentido do princpio da impessoalidade est relacionado com a publicidade dos atos administrativos, sendo vedada a promoo pessoal dos agentes pblicos em relao a atos da administrao, como determina o 1 do art. 37 da CF:

    1 - A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos.

    Os atos e provimentos da administrao so imputveis no ao funcionrio que os pratica, mas ao rgo ou entidade da Administrao Pblica. Uma aplicao prtica disso ocorre quando se reconhece validade aos atos praticados por funcionrio irregularmente investido no cargo ou funo, sob o fundamento de que os atos so do rgo e no do agente pblico.

    c) Princpio da Moralidade

    A administrao deve saber decidir no somente entre o bem e o mal, entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o conveniente, mas tambm entre o honesto e o desonesto.

    Muitos autores consideram que a imoralidade se reduz a uma das hipteses de ilegalidade, uma ilegalidade quanto aos fins, j que a moralidade se desenvolveu ligada a ideia de desvio de poder. No entanto, no podemos considerar que imoralidade e ilegalidade sejam a mesma coisa. Um ato pode ser legal e ao mesmo tempo imoral. Um exemplo o caso do prefeito em fim de mandato que congela o IPTU com o objetivo de prejudicar financeiramente a prxima administrao. Apesar de legal, esta atitude fere o princpio da moralidade.

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    O princpio da moralidade tambm possui trs aspectos. No primeiro, o servidor pblico deve atuar de forma tica. Ele no pode, por exemplo, fornecer informaes incompletas para os administrados, levando-os a se equivocar perante uma situao com a Administrao.

    No segundo, cria-se para o agente a obrigao de no limitar sua atuao a uma mera aplicao formal da lei, mas respeitando os valores que a norteiam. Assim, o agente pblico deve agir no s dentro da lei, mas tambm de forma a efetivar os valores nela consagrados.

    Por fim, no terceiro sentido, a moralidade relaciona-se com os costumes administrativos. O princpio vincula a validade da conduta administrativa observncia dos costumes administrativos, ou seja, das regras que surgem informalmente no quotidiano administrativo, a partir da adoo reiterada de determinadas condutas pela administrao. Assim, segundo a doutrina, mesmo que determinada conduta da Administrao v contra a lei, se ela for praticada de forma repetida e constante, passa a se tornar um direito do administrado.

    O princpio deve ser observado no apenas pelo administrador, mas tambm pelo particular que se relaciona com a Administrao, como nas licitaes, quando ocorrem conluios entre licitantes.

    d) Princpio da Publicidade

    Esse princpio exige a ampla divulgao dos atos praticados pela Administrao Pblica, ressalvadas as hipteses de sigilo previstas em lei. Os atos administrativos devem ser divulgados para o pblico. A publicidade no elemento formativo do ato administrativo, portanto no determina sua validade, mas requisito de eficcia e moralidade.

    A partir deste princpio exige-se da Administrao Pblica que preste contas de todos os seus atos, contratos e procedimentos. Deve manter plena transparncia de seus comportamentos, exceto nas hipteses em que o impedir o interesse pblico, nos casos extremos de segurana nacional ou em situaes em que a divulgao prvia possa eliminar a viabilizao de medidas justificveis.

    A CF/88 traz este princpio em alguns dispositivos, alm do caput do art. 37.

    CF, art. 37, 1 - A publicidade dos atos, programas, obras, servios e campanhas dos rgos pblicos dever ter carter educativo, informativo ou de orientao social, dela no podendo constar nomes, smbolos ou

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    imagens que caracterizem promoo pessoal de autoridades ou servidores pblicos.

    Art. 5, LX - a lei s poder restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

    XIV - assegurado a todos o acesso informao e resguardado o sigilo da fonte, quando necessrio ao exerccio profissional;

    A publicao no obrigatria para todos os atos administrativos, somente para os aos gerais de efeitos externos. Ato geral o que tem destinatrios indeterminados, ou seja, o ato no visa gerar efeitos sobre apenas uma pessoa determinada ou um grupo de pessoas especfico. Que gera efeitos externos o ato que tem por destinatrios os administrados. Existem atos no-gerais e no-externos que tambm devem ser publicados, como a nomeao de vocs para um cargo pblico.

    Podemos ver, portanto, que o princpio da publicidade est intimamente ligado com a transparncia. A gesto da coisa pblica no atividade sigilosa, que deve ser feita s ocultas. Ao contrrio, atividade que a todos interessa. Logo, ao administrado deve ser propiciado o conhecimento dos atos produzidos pela Administrao, sendo de seu prprio interesse individual, sejam de interesse geral, coletivo.

    e) Princpio da Eficincia

    O princpio da eficincia no estava na redao original do art. 37, ele foi includo pela Emenda Constitucional 19/98, a que resultou do Plano Diretor. Hely Lopes Meireles fala na eficincia como um dos deveres da Administrao Pblica, definindo-o como:

    O que se impe a todo agente pblico de realizar suas atribuies com presteza, perfeio e rendimento funcional. o mais moderno princpio da funo administrativa, que j no se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o servio pblico e satisfatrio atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros.

    O princpio da eficincia pode ser considerado em dois sentidos diversos: pode ser considerado em relao ao modo de atuao do agente pblico, do qual se espera o melhor desempenho possvel de suas atribuies, para lograr os melhores resultados; e em relao ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a Administrao Pblica, tambm com o mesmo objetivo de alcanar os melhores resultados na prestao do servio pblico.

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    No primeiro sentido, o princpio impe aos agentes pblicos uma atuao clere e tecnicamente adequada, sempre objetivando um melhor desempenho das suas atribuies. As principais aplicaes do princpio so: a avaliao especial de desempenho do servidor ocupante de cargo efetivo, requisito para a aquisio da estabilidade; a avaliao peridica de desempenho, nova hiptese de perda do cargo para o servidor estvel; e o concurso pblico, procedimento de adoo obrigatria para o preenchimento de cargos efetivos e empregos pblicos.

    Ainda num terceiro possvel sentido, o princpio da eficincia consagra o princpio da economicidade, impondo Administrao uma atuao sob uma adequada relao custo/benefcio, visando sempre obteno de um mximo de benefcios com um mnimo de despesas. Com o menor gasto possvel os melhores resultados possveis, tanto em termos quantitativos como qualitativos.

    Vamos ver uma questo do CESPE.

    1. (CESPE/AGU/2004) A transparncia e a desburocratizao so, entre outras, obrigaes do Estado decorrentes do princpio da eficincia.

    Esta questo foi dada como CERTE. Neste concurso o CESPE fez algo que deveria fazer em todos os demais: explicou no s porque alterou ou anulou questes, mas tambm porque manteve o gabarito de algumas que foram alvo de recursos. A justificativa para a manuteno deste gabarito foi:

    As caractersticas citadas na assertiva so do princpio da eficincia, apontadas por Alexandre de Moraes, Direito Constitucional, 15.ed. So Paulo: Atlas, 2004, pp. 321-322. O fato de a transparncia ser tambm caracterstica do princpio da publicidade no invalida a veracidade da assertiva, como tambm a existncia de outras caractersticas do princpio da eficincia no a invalida, uma vez que esta traz a expresso entre outras.

    Segundo Alexandre de Moraes, o princpio da eficincia

    aquele que impe Administrao Pblica direta e indireta e a seus agentes a persecuo do bem comum, por meio do exerccio de suas competncias de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade, primando pela

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    adoo dos critrios legais e morais necessrios para a melhor utilizao possvel dos recursos pblicos, de maneira a evitar-se desperdcios e garantir-se uma maior rentabilidade social.

    Portanto, devemos entender que a transparncia decorrncia tambm do princpio da eficincia. Isso deveria ser estendido ento a tudo que o Alexandre de Moraes falou em relao ao princpio da eficincia: imparcial, neutra, participativa, eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade. Mas nem sempre assim. Vejamos a prxima questo:

    2. (CESPE/MPE-AM/2007) Fere o princpio da eficincia a atitude praticada pelo prefeito de uma cidade do interior que, com o objetivo de valorizar sua propriedade, abre processo de licitao para asfaltar a estrada que liga a cidade sua fazenda.

    Esta questo foi dada como ERRADA. Contudo, se formos seguir a lgica do Alexandre de Moraes, esta atitude seria sim contrria ao princpio da eficincia, j que no imparcial.

    Para Paulo Modesto:

    Eficincia, para fins jurdicos, no apenas o razovel ou correto aproveitamento dos recursos e meios disponveis em funo dos fins prezados. A eficincia, para os administradores, um simples problema de otimizao de meios; para o jurista, diz respeito tanto otimizao dos meios quanto qualidade do agir final.

    Outro ponto importante que o princpio da eficincia no pode sobrepor-se aos demais, especialmente ao da legalidade, sob pena de srios riscos segurana jurdica e ao prprio Estado de Direito. Dessa forma, no se pode identificar a eficincia como algo fora da legalidade, mas sim como uma nova verso, que enfatiza o elemento discricionrio, conferindo ao administrador a utilizao de critrios subjetivos de apreciao baseados em convenincia e oportunidade. Modesto acredita que o princpio da eficincia pode ser percebido como componente da prpria legalidade, percebida sob ngulo material e no formal.

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    f) Princpio da Supremacia do Interesse Pblico sobre o Privado

    Este um princpio implcito, que no objeto de qualquer norma expressa de carter geral (ele atualmente citado no art. 2 da Lei 9.784/99, aplicvel na esfera federal). A prpria razo de existir da Administrao a busca dos interesses pblicos, e para cumprir a contento sua misso necessrio assegurar que esses interesses, porque pertinentes a toda a coletividade, prevaleam sobre os interesses privados de seus membros. o princpio que distingue o Direito Administrativo dos demais ramos, no disciplinamento das relaes jurdicas.

    justamente essa a essncia do princpio: a Administrao atua voltada aos interesses da coletividade, aos interesses mais bsicos e relevantes do corpo social. Logo, deve gozar de superioridade perante os administrados, como medida indispensvel para assegurar a prevalncia desses interesses, os interesses pblicos, sobre os interesses privados dos membros da coletividade. Tais consideraes fazem com que nossa doutrina amplamente majoritria este princpio como o princpio fundamental do regime jurdico-administrativo.

    Este princpio serve de fundamento para todas as prerrogativas administrativas, os poderes conferidos por lei Administrao que lhe asseguram uma posio de superioridade perante o administrado, quando e enquanto age na busca do interesse pblico. Entre as principais prerrogativas administrativas, podemos citar:

    Os atributos dos atos administrativos, a exemplo da presuno de legitimidade e veracidade, da auto-executoriedade e da imperatividade;

    As clusulas exorbitantes dos contratos administrativos, a exemplo dos poderes de alterao unilateral do contrato e de resciso unilateral do contrato;

    As diversas formas de interveno do Estado na propriedade privada, dentre as quais podemos citar a desapropriao, a servido administrativa, o tombamento, a requisio administrativa, a ocupao temporria e as limitaes administrativas.

    g) Princpio da Indisponibilidade do Interesse Pblico

    Para Celso Antonio Bandeira de Mello, este um dos dois princpios basilares do Direito Administrativo, juntamente com a Supremacia do Interesse Pblico. Enquanto este princpio est ligado s prerrogativas da Administrao que

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    fazem com que ela seja preponderante numa relao com os administrados, o princpio da indisponibilidade do interesse pblico est ligado s sujeies da Administrao. mais um princpio implcito.

    A Administrao tem o dever de defender o interesse pblico. No uma faculdade sua escolher se ir praticar um ato ou no que tenha como objetivo a satisfao do interesse pblico. O que ns denominamos como poderes da Administrao (hierrquico, de polcia, etc.) so na realidade poderes-deveres. Sempre que a finalidade, o interesse pblico previsto em lei o requerer, so eles de utilizao obrigatria para o agente.

    Esta a aplicao mais importante do princpio da indisponibilidade do interesse pblico: sempre que a ordem jurdica confere a um agente pblico um poder, o faz tendo em vista dada finalidade; presente esta, tal poder de exerccio obrigatrio para o agente. As questes, alm de poder-dever, chamam isto de carter instrumental dos poderes administrativos e aspecto dplice dos poderes administrativos.

    A segunda aplicao deste princpio a indisponibilidade dos bens pblicos. Qualquer aplicao dos recursos financeiros, qualquer utilizao dos bens pblicos, deve-se voltar para o interesse previsto em lei. Destinao contrria lei, desvirtuada de qualquer interesse legtimo, caracteriza ato ilcito.

    O princpio a justificativa para todas as sujeies administrativas, as limitaes e restries impostas por lei Administrao com o intuito de evitar que ela atue de forma lesiva aos interesses pblicos ou de modo ofensivo aos direitos fundamentais dos administrados. Sempre que estivermos perante uma regra imposta Administrao e que limita seu comportamento, comparativamente ao dos particulares, estaremos perante uma sujeio administrativa, a qual tem seu fundamento o princpio da indisponibilidade do interesse pblico. Exemplos de sujeies a necessidade de concurso pblico para contratao de pessoal, as licitaes, entre outros.

    Uma quarta interpretao do princpio o impedimento imposto Administrao de transferir aos particulares os direitos relacionados aos interesses pblicos que a lei lhe encarregou de defender (Bandeira de Mello inclusive trata a matria como um princpio parte, o princpio da inalienabilidade dos direitos concernentes a interesses pblicos).

    A inalienabilidade dos bens pblicos, enquanto utilizados para a satisfao de certo interesse coletivo, tambm pode aqui ser lembrada.

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    h) Princpios da Razoabilidade e Proporcionalidade

    Os atos do poder pblico podem ser classificados em discricionrios ou vinculados. Estes so aqueles em que a lei no deixa opo de escolha para o agente pblico, a legislao estabelece todos os parmetros a serem seguidos. Jos dos Santos Carvalho Filho, o poder discricionrio como:

    A prerrogativa concedida aos agentes administrativos de eleger, entre vrias condutas possveis, a que traduz maior convenincia e oportunidade para o interesse pblico.

    Quando falamos em convenincia e oportunidade, estamos nos referindo onde que possvel a discricionariedade. Um primeiro aspecto ao qual concerne a discricionariedade o momento da prtica do ato. Se a lei nada estabelece, a Administrao escolhe o momento que lhe parea mais adequado para atingir a consecuo de determinado fim. Aqui temos a oportunidade.

    A discricionariedade ainda pode dizer respeito a uma escolha entre o agir e o no agir. Quando h um ilcito administrativo, a Administrao atua de forma vinculada, obrigada a agir, a apurar o ilcito. No entanto, depois de realizada a licitao, a Administrao pode ou no celebrar o contrato, ou revogar a licitao, segundo razes de interesse pblico devidamente demonstradas. Aqui temos a discricionariedade sob a forma da convenincia.

    A discricionariedade pode ainda residir no contedo do ato. O ato ser vinculado quando a lei estabelecer apenas um objeto possvel para atingir determinado fim, como quando a lei prev uma nica penalidade possvel para punir uma infrao. Ser discricionrio quando houver vrios objetos possveis. o que ocorre quando a lei diz que, para uma determinada infrao, a Administrao pode punir com as penas de suspenso ou multa.

    Nos casos de discricionariedade, o Judicirio no pode atuar sobre o mrito, ou seja, sobre o trip visto acima: convenincia, oportunidade e contedo. No entanto, o Judicirio poder fazer o controle da discricionariedade, aqui que entram os princpios da razoabilidade e da proporcionalidade.

    O princpio da razoabilidade aplica-se na aferio da legitimidade de atos discricionrios, em especial daqueles que estabelecem limitaes ou condicionamentos ao exerccio de direitos ou atividades individuais, impem obrigaes ou aplicam sanes. Ele acabou dividido em trs subprincpios: a adequao, a necessidade e a proporcionalidade em sentido estrito.

    A adequao traduz uma exigncia de compatibilidade entre o fim pretendido pela norma e os meios por ela enunciados para sua consecuo. A necessidade diz respeito ao fato de a medida restritiva de direitos ser indispensvel

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    preservao do prprio direito por ela restringido ou a outro em igual ou superior patamar de importncia, isto , o ato que restringe direito s deve ser edita se for indispensvel. Por ltimo, o subprincpio da proporcionalidade em sentido estrito diz respeito valorao entre o direito que est sendo protegido em comparao com o que est sendo restringido. O juzo de proporcionalidade permite um equilbrio entre o fim almejado e o meio empregado, ou seja, o resultado obtido com a interveno na esfera de direitos do particular deve ser proporcional carga coativa da mesma.

    Vamos ver um exemplo. Para acabar com os congestionamentos em uma via, a prefeitura decide alarg-la. Mas, para isso, ter que utilizar parte dos terrenos que esto ao longo da via, desapropriando-os. O ato ser adequado se est medida for realmente a melhor soluo para o trnsito, se ela realmente vai reduzir os congestionamentos. Talvez a soluo fosse retirar os semforos. O ato necessrio se h realmente congestionamentos e isso prejudica a qualidade de vida da populao. Por fim, ser proporcional se a parcela dos terrenos no exceder ao necessrio. Assim, se uma desapropriao de um metro suficiente, ser desproporcional uma desapropriao de trs metros.

    i) Princpio da Autotutela

    Segundo o art. 5 da CF88:

    XXXV - a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou ameaa a direito;

    Portanto, no Brasil utilizado o sistema de jurisdio nica, pelo qual o Poder Judicirio tem competncia para decidir de forma definitiva, com fora de coisa julgada, quaisquer litgios trazidos sua apreciao, inclusive aqueles que envolvam a Administrao. Em alguns pases h uma dualidade de jurisdio, como na Frana, em que as decises de matria administrativa no podem ser revistas pelo Judicirio, mas sim pelos tribunais administrativos.

    Porm, mesmo no caso de jurisdio nica, existe o poder-dever de a Administrao Pblica exercer o controle de seus prprios atos, ao que se d o nome de autotutela administrativa ou princpio da autotutela. Neste caso, o controle pode ocorrer tanto sobre a legalidade quanto sobre o mrito dos atos. Segundo a Smula n 473 do STF:

    A Administrao pode anular seus prprios atos quando eivados de vcios que os tornem ilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los,

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    por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em qualquer caso, a apreciao judicial.

    Assim, no caso de ilegalidade o ato pode ser ANULADO, enquanto no caso de discricionariedade pode ser REVOGADO. No primeiro caso, a Administrao avalia se o ato foi produzido em conformidade com os princpios administrativos, as leis e os atos normativos. No segundo caso, mesmo o ato sendo legal, sem nenhum vcio que retire sua validade, ele poder no ser mais considerado conveniente ou oportuno, quando ento ser revogado. Porm, atos que tenham gerado direito adquirido so irrevogveis.

    j) Princpio da Continuidade dos Servios Pblicos

    Ele tambm recebe o nome de Princpio da Permanncia, dispondo que os servios pblicos no podero ser interrompidos. Uma vez que os servios pblicos tm como caracterstica a essencialidade e a sua interrupo traria prejuzos graves para a sociedade. Disso surgem algumas consequncias importantes.

    A primeira delas a restrio ao direito de greve nos servios pblicos, que a CF88 condicionou a uma legislao especfica:

    VII - o direito de greve ser exercido nos termos e nos limites definidos em lei especfica

    A segunda a impossibilidade de quem contrata com a administrao de invocar a exceptio non adimpleti contractus (exceo do contrato no cumprido) nos contratos que tenham por objeto a execuo de servio pblico. O princpio da continuidade dos servios pblicos tambm abrange os particulares que prestam servios pblicos mediante vnculo contratual, os concessionrios e permissionrios de servios pblicos. A lei no permite que eles paralisem a prestao do servio delegado em virtude de eventual inadimplemento da Administrao.

    Aos particulares que firmam os demais tipos de contratos administrativos facultada, aps um atraso de mais de 90 dias dos pagamentos devidos pela Administrao (salvo em caso de guerra, comoo interna ou calamidade pblica), a possibilidade de decidirem pela suspenso do cumprimento das obrigaes pactuadas.

    Todavia, a lei 8.987/1995 traz excees a este princpio.

    3 No se caracteriza como descontinuidade do servio a sua interrupo em situao de emergncia ou aps prvio aviso, quando:

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    I - motivada por razes de ordem tcnica ou de segurana das instalaes; e,

    II - por inadimplemento do usurio, considerado o interesse da coletividade.

    So trs as hipteses de suspenso::

    Em situaes de emergncia, independentemente de aviso-prvio;

    Devido a razes de ordem tcnica ou de segurana das instalaes, aps aviso-prvio ao usurio;

    Em funo do inadimplemento do usurio, tambm aps aviso prvio.

    k) Princpio do Devido Processo Legal

    Segundo o art. 5 da CF88:

    LIV ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

    Este princpio determina que a Administrao s poder produzir um ato que atinja interesses dos administrados caso obedea as determinaes legais. Segundo Celso Antnio Bandeira de Mello:

    Tal enquadramento da conduta estatal em pautas balizadoras, como se disse e universalmente sabido, concerne tanto a aspectos materiais pelo atrelamento do Estado a certos fins antecipadamente propostos como os validamente perseguveis quanto a aspectos formais, ou seja, relativos ao preestabelecimento dos meios eleitos como as vias idneas a serem percorridas para que, atravs delas e somente atravs delas - possa o Poder Pblico exprimir suas decises. Estes ltimos dizem com a prvia definio dos processos que canalizaro as manifestaes estatais.

    A partir desse princpio, devem ser obedecidos outros princpios constitucionais:

    Juiz Natural:

    XXXVII - no haver juzo ou tribunal de exceo.

    LIII - ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente.

    Este princpio impede que, por arbitrariedade ou casusmo, seja estabelecido tribunal ou juzo excepcional. Um exemplo de tribunal de exceo o

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    julgamento de Sadam Hussein. Foi criado um tribunal para julg-lo. Alm de pr-constitudo, o juiz precisa ser competente.

    Contraditrio e Ampla Defesa:

    LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

    Por este princpio, tanto no mbito de um processo judicial quanto administrativo, assegurada s partes a oportunidade de atuarem no sentido de verem satisfeita sua pretenso. Por um lado, h o direito de conhecer das alegaes da parte contrria e a possibilidade de a elas se contrapor (contraditrio), utilizando-se para tanto de todos os meios juridicamente vlidos (ampla defesa).

    Vedao Prova Ilcita:

    LVI - so inadmissveis, no processo, as provas obtidas por meios ilcitos.

    Prova ilcita toda aquela no admitida pelo Direito, obtida por meios ilcitos: escuta telefnica, tortura, etc. A simples presena de prova ilcita no invalida o processo, se existirem nele outras provas lcitas e autnomas. A prova ilcita s contamina as demais provas dela decorrentes, de acordo com a teoria dos frutos da rvore envenenada. No entanto, no h ilicitude da prova se quem a produziu agiu em legtima defesa de direitos.

    Presuno de Inocncia:

    LVII - ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado de sentena penal condenatria.

    Esta garantia processual penal tem por fim tutelar a liberdade do indivduo, que presumido inocente, cabendo ao Estado comprovar a sua culpabilidade.

    Publicidade dos Atos Processuais:

    LX - a lei s poder restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem.

    O processo s ser legal caso siga o princpio da publicidade.

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    Celeridade Processual

    LXXVIII a todos, no mbito judicial e administrativo, so assegurados a razovel durao do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitao.

    A Emenda Constitucional n 45/2004 trouxe diversos mecanismos de celeridade, como: vedao de frias coletivas nos juzos e tribunais de segundo grau; proporcionalidade do nmero de juzes efetiva demanda judicial e respectiva populao; a possibilidade da delegao aos servidores do judicirio, para a prtica de atos da Administrao e atos de mero expediente sem carter decisrio; distribuio imediata dos processo em todos os graus de jurisdio; as smulas vinculantes do STF; a instalao da justia itinerante.

    l) Princpio da Motivao

    O princpio da motivao exige que a Administrao Pblica indique os fundamentos de fato e de direito de suas decises. A Constituio s exige expressamente a motivao para as decises administrativas do Poder Judicirio e do Ministrio Pblico (art. 93 e 128, 4, respectivamente). Entretanto, deve considerar-se a Administrao de um modo geral a ela obrigada, como entende nossa doutrina. At porque, do contrrio ela no poderia ser considerada um princpio administrativo.

    A Lei 9.784/99 traz expressamente este princpio:

    Art. 2 A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia.

    Pargrafo nico. Nos processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios de:

    VII - indicao dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a deciso;

    O art. 50 da Lei traz um rol de atos necessariamente motivados.

    Art. 50. Os atos administrativos devero ser motivados, com indicao dos fatos e dos fundamentos jurdicos, quando:

    I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

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    II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanes;

    III - decidam processos administrativos de concurso ou seleo pblica;

    IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatrio;

    V - decidam recursos administrativos;

    VI - decorram de reexame de ofcio;

    VII - deixem de aplicar jurisprudncia firmada sobre a questo ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatrios oficiais;

    VIII - importem anulao, revogao, suspenso ou convalidao de ato administrativo.

    Em outras leis administrativas, com a Lei 8.666/93, tambm h hipteses de motivao obrigatria.

    m) Princpio da Segurana Jurdica

    Este princpio no restrito ao Direito Administrativo, tem ampla aplicao no direito. Seu objetivo assegurar estabilidade das situaes jurdicas j consolidadas frente inevitvel evoluo do Direito, tanto a nvel legislativo como jurisprudencial. Podemos observar vrias aplicaes consagradas em normas jurdicas, a exemplo da proteo ao direito adquirido, ao ato jurdico perfeito e coisa julgada, a prescrio e a decadncia.

    Ele est previsto na lei 9.784/99.

    Art. 2 A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, finalidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia.

    Pargrafo nico. Nos processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios de:

    XIII - interpretao da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim pblico a que se dirige, vedada aplicao retroativa de nova interpretao.

    O objetivo da incluso deste dispositivo foi o de vedar a aplicao retroativa de nova interpretao de lei no mbito da Administrao Pblica. A segurana jurdica tem muita relao com a ideia de boa-f. Se a Administrao adotou determinada interpretao como a correta e aplicou nos casos concretos, no pode depois vir a anular atos anteriores, sob o pretexto de que os mesmos foram praticados com base em errnea interpretao.

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    n) Princpio da Especialidade

    O Estado realiza a descentralizao funcional quando cria entidades da administrao indireta, com personalidade jurdica prpria, para a prestao de servios pblicos. A lei estabelece em quais reas elas podem atuar e a que finalidades devem atender. O princpio da finalidade estabelece que tais entidades no podem atuar com outras finalidades seno as estabelecidas na lei. Inicialmente criado para as autarquias, tal princpio tambm se aplica s demais entidades.

    o) Princpio da Oficialidade

    A Administrao Pblica deve instaurar os processos administrativos por sua prpria iniciativa, independente de provocao do particular, ressalvados os processos que, segundo a lei, requerem necessariamente a iniciativa do interessado para terem seu curso iniciado. o que se chama atuao de ofcio da Administrao.

    2 Sistemas da Administrao Federal

    Vimos que o Decreto-Lei 200/1967 apresentou cinco princpios, entre os quais o da coordenao. Buscando concretizar este princpio, o Decreto organizou a administrao pblica na forma de sistemas, no que se refere s atividades-meio.

    Pode-se classificar as atividades de uma organizao em dois grupos principais: atividades de linha e atividades de assessoria. As primeiras referem-se s atividades-fim, ou seja, ligadas atividade principal da organizao, enquanto as ltimas so atividades-meio, ligadas s atividades que assessoram as de linha. So tambm chamadas de staff. Elas fornecem aos rgos de linha servios, conselhos, recomendaes, assessoria e consultoria. Na primeira forma, considera-se que as unidades organizacionais de linha tm ao de comando, enquanto as unidades de assessoria no tm ao de comando, pois apenas aconselham as unidades de linha no desempenho de suas atividades.

    Neste ponto de vista, podemos dizer que os rgos de staff possuem autoridade funcional. Aqui, podemos classificar a autoridade em dois tipos: de

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    linha e de assessoria. A primeira significa que as pessoas nas posies administrativas tm autoridade formal para dirigir e controlar os subordinados imediatos. J a autoridade funcional, autoridade de staff ou autoridade de assessoria, mais estreita e inclui o direito de advertir, recomendar e aconselhar na rea de conhecimento dos especialistas no quadro de funcionrios. Por exemplo, o departamento de finanas de uma empresa de manufatura teria autoridade de assessoria para coordenar com os departamentos de linha sobre quais formulrios contbeis usar para facilitar as compras de materiais e padronizar os servios da folha de pagamentos.

    Segundo o DL200:

    Art. 30. Sero organizadas sob a forma de sistema as atividades de pessoal, oramento, estatstica, administrao financeira, contabilidade e auditoria, e servios gerais, alm de outras atividades auxiliares comuns a todos os rgos da Administrao que, a critrio do Poder Executivo, necessitem de coordenao central.

    1 Os servios incumbidos do exerccio das atividades de que trata ste artigo consideram-se integrados no sistema respectivo e ficam, conseqentemente, sujeitos orientao normativa, superviso tcnica e fiscalizao especfica do rgo central do sistema, sem prejuzo da subordinao ao rgo em cuja estrutura administrativa estiverem.

    A ideia da reforma era fazer com que as reas meio da administrao pblica fossem integradas. Assim, por exemplo, cada rgo do executivo federal possui uma unidade voltada para a administrao de pessoal, a rea de recursos humanos. Estas vrias unidades permanecem na hierarquia do rgo, mas se submetem orientao normativa, superviso tcnica e fiscalizao especfica do rgo central do sistema. Podemos dizer que se trata de uma autoridade funcional, em que um rgo central estabelece os procedimentos e as normas da rea de pessoal e possui autoridade apenas sobre este aspecto especfico.

    Esses sistemas funcionam como um guarda-chuva. Por exemplo, na rea de recursos humanos, a Secretaria de Gesto Pblica do MPOG exerce a funo de rgo central do sistema. Todos os departamentos dos diversos ministrios que trabalham com recursos humanos devem se submeter a sua orientao normativa, superviso tcnica e fiscalizao especfica do rgo central do sistema. Isso pode ser visto melhor na figura abaixo:

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    No significa que essas reas de RH dos vrios ministrios no estaro mais na hierarquia do rgo respectivo. Elas continuam l. S que, no que se refere administrao de pessoal, elas seguem a autoridade funcional da SRH-MPOG.

    Os sistemas existentes so os seguintes:

    Sistema de Planejamento e de Oramento (SPOF);

    Sistema de Administrao Financeira;

    Sistema de Contabilidade;

    Sistema de Controle Interno;

    Sistema de Organizao e Inovao Institucional (SIORG);

    Sistema de Gesto de Documentos de Arquivo (SIGA);

    Sistema de Pessoal Civil (SIPEC);

    Sistema de Administrao dos Recursos de Informao e Informtica (SISP)

    Sistema de Servios Gerais (SISG).

    Lembrem-se: esses no so sistemas informatizados, mas uma forma de organizar os departamentos que exercem as mesmas funes de staff nos vrios rgos da Administrao Federal. Vamos dar uma olhada neles.

    2.1 SISTEMA PLANEJAMENTO E DE ORAMENTO

    O SPOF est regulamentado na Lei 10.180/2001, segundo a qual:

    SEGEP - MPOG

    RH da Polcia

    Federal

    RH da Receita

    Federal

    RH do Ministrio

    do Esporte

    RH do Ministrio

    da Justia

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    Art. 2 O Sistema de Planejamento e de Oramento Federal tem por finalidade:

    I - formular o planejamento estratgico nacional;

    II - formular planos nacionais, setoriais e regionais de desenvolvimento econmico e social;

    III - formular o plano plurianual, as diretrizes oramentrias e os oramentos anuais;

    IV - gerenciar o processo de planejamento e oramento federal;

    V - promover a articulao com os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, visando a compatibilizao de normas e tarefas afins aos diversos Sistemas, nos planos federal, estadual, distrital e municipal.

    Art. 3 O Sistema de Planejamento e de Oramento Federal compreende as atividades de elaborao, acompanhamento e avaliao de planos, programas e oramentos, e de realizao de estudos e pesquisas scio-econmicas.

    O planejamento uma das funes que mais dependem da coordenao. O planejamento de um departamento no pode ser diferente do planejamento de seu rgo, que no pode ser diferente do planejamento de seu Ministrio, que no pode ser diferente do planejamento do governo federal como um todo. Todos os planos devem seguir determinadas diretrizes.

    Ao contrrio do que acontecia no passado, hoje o oramento deve ser visto como parte de um sistema maior, integrado por planos e programas de onde saem as definies e os elementos que vo possibilitar a prpria elaborao oramentria. James Giacomoni apresenta o seguinte diagrama para representar um Sistema Integrado de Planejamento e Oramento.

    Estratgia de Desenvolvimento

    Definio de uma Imagem Prospectiva

    Determinao de projetos estratgicos Enunciado de polticas bsicas

    Planos de Mdio Prazo

    Planos Operativos Anuais

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    A estratgia para o desenvolvimento resulta da escolha de certas grandes alternativas, das quais se espera a contribuio mais eficaz para o desenvolvimento do pas. Essas definies ocorrem principalmente por meio de planos nacionais de longo prazo e se apiam em trs elementos principais:

    Imagem prospectiva: resulta da escolha de objetivos e metas substantivas a serem buscados, atravs de projetos sociais bsicos que busquem mudanas concretas no plano econmico-social.

    Projetos Estratgicos: destinados a gerar precipuamente mudanas fundamentais idealizadas pela imagem prospectiva, se caracterizam por serem intersetoriais;

    Polticas Bsicas: condicionam as aes e decises dos setores pblico e privado, viabilizando os projetos estratgicos.

    Os planos de mdio prazo expressam de forma mais detalhada cada etapa das estratgias. Em geral, so planos setoriais, sendo constitudos por programas bsicos, que determinam os objetivos e as metas a serem alcanados em cada setor, fixando tambm os recursos humanos, materiais e financeiros necessrios.

    Os planos operativos anuais estabelecem metas de curto prazo a cargo do setor pblico, bem como orientaes e regulamentaes a serem cumpridas pelo setor privado (preos, salrios, tributaes, etc.). Nos planos anuais constam as necessidades financeiras, materiais e humanas das diversas metas, distribudas em cronogramas.

    No Brasil, a CF88 concebe duas modalidades de planos. A primeira envolve os chamados planos de desenvolvimento econmico e social. A outra modalidade o plano plurianual, voltado para a programao da Administrao Pblica e claramente idealizado como guia plurianual para as autorizaes oramentrias anuais.

    O planejamento de longo prazo cobre perodos normalmente de 10 anos ou mais. Vamos ver alguns dispositivos da CF88:

    Art. 21. Compete Unio:

    IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenao do territrio e de desenvolvimento econmico e social;

    Art. 214. A lei estabelecer o plano nacional de educao, de durao decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educao em regime de colaborao e definir diretrizes, objetivos, metas e estratgias de

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    implementao para assegurar a manuteno e desenvolvimento do ensino em seus diversos nveis, etapas e modalidades por meio de aes integradas dos poderes pblicos das diferentes esferas federativas que conduzam a:

    Art. 215. 3 A lei estabelecer o Plano Nacional de Cultura, de durao plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do Pas e integrao das aes do poder pblico que conduzem :

    Art. 227. 8 A lei estabelecer:

    II - o plano nacional de juventude, de durao decenal, visando articulao das vrias esferas do poder pblico para a execuo de polticas pblicas.

    Outro exemplo o Plano Brasil 2022, que prev metas para o ano do bicentenrio de nossa independncia

    O PPA um instrumento de planejamento mediador entre o planejamento de longo prazo e os oramentos anuais que consolidam a alocao dos recursos pblicos a cada exerccio. A mensagem presidencial do PPA 2008-2011 apresentava o seguinte diagrama:

    Portanto, o PPA um planejamento de mdio prazo. Isso est no Manual Tcnico do Oramento 2012, do Ministrio do Planejamento:

    O PPA o instrumento de planejamento de mdio prazo do Governo Federal, que estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, os objetivos e as metas

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    da Administrao Pblica Federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de durao continuada.

    A integrao entre plano plurianual e oramento anual feita por meio do papel cumprido pela Lei de Diretrizes Oramentrias, que, alm de fornecer orientao para a elaborao dos oramentos anuais, tem por finalidade destacar, da programao plurianual, as prioridades e metas a serem executadas em cada oramento anual.

    Vamos voltar agora Lei 10.180/2001:

    Art. 4 Integram o Sistema de Planejamento e de Oramento Federal:

    I - o Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto, como rgo central;

    II - rgos setoriais;

    III - rgos especficos.

    1 Os rgos setoriais so as unidades de planejamento e oramento dos Ministrios, da Advocacia-Geral da Unio, da Vice-Presidncia e da Casa Civil da Presidncia da Repblica.

    2 Os rgos especficos so aqueles vinculados ou subordinados ao rgo central do Sistema, cuja misso est voltada para as atividades de planejamento e oramento.

    3 Os rgos setoriais e especficos ficam sujeitos orientao normativa e superviso tcnica do rgo central do Sistema, sem prejuzo da subordinao ao rgo em cuja estrutura administrativa estiverem integrados.

    4 As unidades de planejamento e oramento das entidades vinculadas ou subordinadas aos Ministrios e rgos setoriais ficam sujeitas orientao normativa e superviso tcnica do rgo central e tambm, no que couber, do respectivo rgo setorial.

    O Sistema de Planejamento e Oramento Federal constitudo pelo rgo central que o Ministrio do Planejamento e seus rgos especficos e pelos rgos setoriais que so as unidades de planejamento e oramento dos Ministrios, da Advocacia-Geral da Unio (AGU) e da Casa Civil, todos sujeitos orientao normativa e superviso do rgo central.

    Algo interessante que as unidades responsveis pelo planejamento dos demais poderes Legislativo, Judicirio, Ministrio Pblico, TCU ficam tambm sujeitos orientao normativa do MPOG, como determina a lei:

    Art. 5 Sem prejuzo das competncias constitucionais e legais de outros Poderes, as unidades responsveis pelos seus oramentos ficam sujeitas orientao normativa do rgo central do Sistema.

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    Art. 6 Sem prejuzo das competncias constitucionais e legais de outros Poderes e rgos da Administrao Pblica Federal, os rgos integrantes do Sistema de Planejamento e de Oramento Federal e as unidades responsveis pelo planejamento e oramento dos demais Poderes realizaro o acompanhamento e a avaliao dos planos e programas respectivos.

    a) Sistema Integrado de Planejamento e Oramento (SIOP)

    Para auxiliar as atividades do Sistema de Planejamento e Oramento, existe o SIOP, um sistema informatizado. Com o SIOP, os rgos setoriais e as unidades oramentrias do Governo Federal podem alimentar o cadastro de programas e aes, alm de gerenciar o processo de Captao da Proposta Oramentria, em que detalham suas propostas de acordo com os limites do PPA.

    Com base nos referenciais monetrios, os rgos setoriais detalham, no SIOP, a abertura desses limites segundo a estrutura programtica da despesa. Considerando a escassez de recursos, cada rgo setorial observar, no processo de alocao oramentria, pela melhor distribuio, tendo em vista as prioridades e a qualidade do gasto.

    O processo de detalhamento da proposta setorial, via SIOP, compreende as trs etapas decisrias bsicas, denominadas momento: UO, rgo setorial e rgo Central. A proposta das Unidades Oramentrias feita no SIOP e encaminhada aos seus respectivos rgos setoriais para anlise, reviso e ajustes. A proposta setorial encaminhada ento para a Secretaria de Oramento Federal, do MPOG, que verifica, pelo SIOP, a compatibilidade das propostas encaminhadas pelos rgos setoriais, com os limites oramentrios estabelecidos, condio bsica para se iniciar a fase de anlise no mbito da SOF.

    2.2 SISTEMA DE ADMINISTRAO FINANCEIRA

    O Sistema de Administrao Financeira tambm regulado pela Lei 10.180/2001, segundo a qual:

    Art. 9 O Sistema de Administrao Financeira Federal visa ao equilbrio financeiro do Governo Federal, dentro dos limites da receita e despesa pblicas.

    Art. 10. O Sistema de Administrao Financeira Federal compreende as atividades de programao financeira da Unio, de administrao de direitos

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    e haveres, garantias e obrigaes de responsabilidade do Tesouro Nacional e de orientao tcnico-normativa referente execuo oramentria e financeira.

    A Programao Financeira compreende um conjunto de atividades com o objetivo de ajustar o ritmo de execuo do oramento ao fluxo provvel de recursos financeiros. Assegurando a execuo dos programas anuais de trabalho, realizados por meio do SIAFI, com base nas diretrizes e regras estabelecidas pela legislao vigente. Segundo a LRF:

    Art. 8 At trinta dias aps a publicao dos oramentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes oramentrias e observado o disposto na alnea c do inciso I do art. 4, o Poder Executivo estabelecer a programao financeira e o cronograma de execuo mensal de desembolso.

    Assim, logo aps a sano presidencial Lei Oramentria aprovada pelo Congresso Nacional, o Poder Executivo, mediante decreto, estabelece em at trinta dias a programao financeira e o cronograma de desembolso mensal por rgos, observadas as metas de resultados fiscais dispostas na Lei de Diretrizes Oramentrias.

    Segundo a Lei 10.180/2001:

    Art. 11. Integram o Sistema de Administrao Financeira Federal:

    I - a Secretaria do Tesouro Nacional, como rgo central;

    II - rgos setoriais.

    1 Os rgos setoriais so as unidades de programao financeira dos Ministrios, da Advocacia-Geral da Unio, da Vice-Presidncia e da Casa Civil da Presidncia da Repblica.

    2 Os rgos setoriais ficam sujeitos orientao normativa e superviso tcnica do rgo central do Sistema, sem prejuzo da subordinao ao rgo em cuja estrutura administrativa estiverem integrados.

    A Programao Financeira se realiza em trs nveis distintos, sendo a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) o rgo central, contando ainda com a participao das Subsecretarias de Planejamento, Oramento e Administrao (ou equivalentes nos rgos setoriais - OSPF) e as Unidades Gestoras Executoras (UGE).

    Compete STN estabelecer as diretrizes para a elaborao e formulao da programao financeira mensal e anual, bem como a adoo dos procedimentos necessrios a sua execuo. Aos rgos setoriais competem a

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    consolidao das propostas de programao financeira dos rgos vinculados (UGE) e a descentralizao dos recursos financeiros recebidos do rgo central. s Unidades Gestoras Executoras cabem a realizao da despesa pblica nas suas trs etapas, ou seja: o empenho, a liquidao e o pagamento.

    A Lei 10.180/2001 traz ainda as competncias das unidades do sistema:

    Art. 12. Compete s unidades responsveis pelas atividades do Sistema de Administrao Financeira Federal:

    I - zelar pelo equilbrio financeiro do Tesouro Nacional;

    II - administrar os haveres financeiros e mobilirios do Tesouro Nacional;

    III - elaborar a programao financeira do Tesouro Nacional, gerenciar a Conta nica do Tesouro Nacional e subsidiar a formulao da poltica de financiamento da despesa pblica;

    IV - gerir a dvida pblica mobiliria federal e a dvida externa de responsabilidade do Tesouro Nacional;

    V - controlar a dvida decorrente de operaes de crdito de responsabilidade, direta e indireta, do Tesouro Nacional;

    VI - administrar as operaes de crdito sob a responsabilidade do Tesouro Nacional;

    VII - manter controle dos compromissos que onerem, direta ou indiretamente, a Unio junto a entidades ou organismos internacionais;

    VIII - editar normas sobre a programao financeira e a execuo oramentria e financeira, bem como promover o acompanhamento, a sistematizao e a padronizao da execuo da despesa pblica;

    IX - promover a integrao com os demais Poderes e esferas de governo em assuntos de administrao e programao financeira.

    a) Sistema Integrado de Administrao Financeira (SIAFI)

    O SIAFI o sistema informatizado que registra, controla e contabiliza toda a execuo Oramentria, Financeira e Patrimonial do Governo Federal, em tempo real. Ele foi criado em 1986 com o intuito de agilizar o processamento de dados contbeis, bem como oferecer transparncia e segurana s informaes registradas. Seus objetivos so os seguintes:

    Prover de mecanismos adequados ao registro e controle dirio da gesto oramentria, financeira e patrimonial, os rgos Central, Setorial,

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    Seccional e Regional do Sistema de Controle Interno e rgos executores;

    Fornecer meios para agilizar a programao financeira, com vistas a otimizar a utilizao dos recursos do Tesouro Nacional;

    Permitir que a contabilidade pblica seja fonte segura e tempestiva de informaes gerenciais destinada a todos os nveis da administrao pblica federal;

    Integrar e compatibilizar as informaes disponveis nos diversos rgos e Entidades participantes do sistema;

    Permitir aos segmentos da sociedade obterem a necessria transparncia dos gastos pblicos;

    Permitir a programao e o acompanhamento fsico-financeiro do oramento, em nvel analtico;

    Permitir o registro contbil dos balancetes dos Estados, Municpios e de suas supervisionadas; e

    Permitir o controle da dvida interna e externa, do Governo Federal, bem assim a das transferncias negociadas.

    2.3 SISTEMA DE CONTABILIDADE

    Mais um sistema regido pela Lei 10.180/2001. Segundo a Lei:

    Art. 14. O Sistema de Contabilidade Federal visa a evidenciar a situao oramentria, financeira e patrimonial da Unio.

    Art. 15. O Sistema de Contabilidade Federal tem por finalidade registrar os atos e fatos relacionados com a administrao oramentria, financeira e patrimonial da Unio e evidenciar:

    I - as operaes realizadas pelos rgos ou entidades governamentais e os seus efeitos sobre a estrutura do patrimnio da Unio;

    II - os recursos dos oramentos vigentes, as alteraes decorrentes de crditos adicionais, as receitas prevista e arrecadada, a despesa empenhada, liquidada e paga conta desses recursos e as respectivas disponibilidades;

    III - perante a Fazenda Pblica, a situao de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados;

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    IV - a situao patrimonial do ente pblico e suas variaes;

    V - os custos dos programas e das unidades da Administrao Pblica Federal;

    VI - a aplicao dos recursos da Unio, por unidade da Federao beneficiada;

    VII - a renncia de receitas de rgos e entidades federais.

    Art. 16. O Sistema de Contabilidade Federal compreende as atividades de registro, de tratamento e de controle das operaes relativas administrao oramentria, financeira e patrimonial da Unio, com vistas elaborao de demonstraes contbeis.

    A Contabilidade Pblica o ramo da Cincia Contbil que aplica Administrao Pblica as tcnicas de registro dos atos e fatos administrativos, apurando resultados e elaborando relatrios peridicos, tendo por base as normas de Direito Financeiro e os Princpios Gerais de Finanas Pblicas. Segundo a Lei 4.320/1964:

    Art. 83. A contabilidade evidenciar perante a Fazenda Pblica a situao de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados.

    Art. 85. Os servios de contabilidade sero organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execuo oramentria, o conhecimento da composio patrimonial, a determinao dos custos dos servios industriais, o levantamento dos balanos gerais, a anlise e a interpretao dos resultados econmicos e financeiros.

    A Contabilidade Pblica organiza-se de modo a permitir:

    O acompanhamento da execuo oramentria;

    O conhecimento da composio patrimonial;

    A determinao dos custos dos servios industriais;

    O levantamento dos balanos gerais;

    A anlise e interpretao dos resultados econmicos e financeiros.

    A contabilidade aplicada Administrao Pblica registra a previso da receita e a fixao da despesa, estabelecidas no oramento pblico aprovado para o exerccio, escritura a execuo oramentria da receita e da despesa, faz a comparao entre a previso e a realizao das receitas e despesas, controla as operaes de crdito, a dvida ativa, os crditos e obrigaes, revela as variaes patrimoniais e mostra o valor do patrimnio.

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    O campo de aplicao da Contabilidade Pblica pode ser abordado sob dois aspectos: o dos rgos e entidades que devem seguir os seus preceitos e regras e o dos fatos contbeis abrangidos.

    Pessoas Abrangidas

    O campo de aplicao da Contabilidade Pblica o estudo, interpretao, identificao, mensurao, avaliao, registro, controle e evidenciao de fenmenos contbeis, decorrentes de variaes patrimoniais em:

    entidades do setor pblico;

    entidades que recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos pblicos, na execuo de suas atividades, no tocante aos aspectos contbeis da prestao de contas.

    Entidade do Setor Pblico so os rgos, fundos e pessoas jurdicas de direito pblico ou que, possuindo personalidade jurdica de direito privado, recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem dinheiros, bens e valores pblicos, na execuo de suas atividades. Equiparam-se, para efeito contbil, as pessoas fsicas que recebam subveno, benefcio, ou incentivo, fiscal ou creditcio, de rgo pblico.

    Fatos Abrangidos

    Quanto aos fatos contbeis abrangidos, a Lei 4.320/1964 dispe:

    Art. 85. Os servios de contabilidade sero organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execuo oramentria, o conhecimento da composio patrimonial, a determinao dos custos dos servios industriais, o levantamento dos balanos gerais, a anlise e a interpretao dos resultados econmicos e financeiros.

    Art. 89. A contabilidade evidenciar os fatos ligados administrao oramentria, financeira patrimonial e industrial.

    Art. 90 A contabilidade dever evidenciar, em seus registros, o montante dos crditos oramentrios vigentes, a despesa empenhada e a despesa realizada, conta dos mesmos crditos, e as dotaes disponveis.

    Observa-se que o objetivo da Contabilidade Pblica o de atender Administrao com informaes que permitam ao gestor a tomada de

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    decises, contribuindo, desta forma, para a consecuo da finalidade da Administrao Pblica que o bem estar social.

    A Contabilidade Governamental inicia o seu papel na execuo oramentria e, portanto, no contempla as fases anteriores do ciclo oramentrio que so: o planejamento, a elaborao e a aprovao do Oramento.

    Quanto execuo patrimonial:

    Art. 94. Haver registros analticos de todos os bens de carter permanente, com indicao dos elementos necessrios para a perfeita caracterizao de cada um dles e dos agentes responsveis pela sua guarda e administrao.

    Art. 95 A contabilidade manter registros sintticos dos bens mveis e imveis.

    O objeto da Contabilidade o patrimnio constitudo por bens, direitos e obrigaes vinculados a uma entidade. Dentro dessa tica, deve ser considerado o patrimnio a ser controlado pelos rgos e entidades pblicas, to somente os bens com caractersticas de uso restrito. Os bens de uso geral, como rodovias, praas, viadutos, quadras esportivas, etc., no so objeto da Contabilidade Pblica, mesmo sendo construdos e mantidos com recursos pblicos.

    Segundo a Lei 10.180/2001:

    Art. 17. Integram o Sistema de Contabilidade Federal:

    I - a Secretaria do Tesouro Nacional, como rgo central;

    II - rgos setoriais.

    1 Os rgos setoriais so as unidades de gesto interna dos Ministrios e da Advocacia-Geral da Unio.

    2 O rgo de controle interno da Casa Civil exercer tambm as atividades de rgo setorial contbil de todos os rgos integrantes da Presidncia da Repblica, da Vice-Presidncia da Repblica, alm de outros determinados em legislao especfica.

    3 Os rgos setoriais ficam sujeitos orientao normativa e superviso tcnica do rgo central do Sistema, sem prejuzo da subordinao ao rgo em cuja estrutura administrativa estiverem integrados.

    So competncias dos rgos do SFC:

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    Manter e aprimorar o Plano de Contas da Unio;

    Estabelecer normas e procedimentos de registro contbil;

    No caso de irregularidade, efetuar os registros pertinentes e comunicar o rgo para que o agente seja responsabilizado;

    Instituir, manter e aprimorar sistemas de informao;

    Realizar tomadas de conta dos ordenadores de despesa;

    Elaborar os Balanos Gerais da Unio;

    Consolidar os balanos da Unio, Estados, DF e Municpios;

    Promover a integrao com os demais entes em relao a contabilidade.

    2.4 SISTEMA DE CONTROLE INTERNO

    O Sistema de Controle Interno tambm est na Lei 10.180/2001:

    Art. 19. O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal visa avaliao da ao governamental e da gesto dos administradores pblicos federais, por intermdio da fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial, e a apoiar o controle externo no exerccio de sua misso institucional.

    Art. 20. O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal tem as seguintes finalidades:

    I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execuo dos programas de governo e dos oramentos da Unio;

    II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto eficcia e eficincia, da gesto oramentria, financeira e patrimonial nos rgos e nas entidades da Administrao Pblica Federal, bem como da aplicao de recursos pblicos por entidades de direito privado;

    III - exercer o controle das operaes de crdito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da Unio;

    IV - apoiar o controle externo no exerccio de sua misso institucional.

    Art. 21. O Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal compreende as atividades de avaliao do cumprimento das metas previstas no plano plurianual, da execuo dos programas de governo e dos oramentos da Unio e de avaliao da gesto dos administradores pblicos federais, utilizando como instrumentos a auditoria e a fiscalizao.

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    O Controle Interno est previsto na CF88:

    Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio mantero, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

    I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execuo dos programas de governo e dos oramentos da Unio;

    II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto eficcia e eficincia, da gesto oramentria, financeira e patrimonial nos rgos e entidades da administrao federal, bem como da aplicao de recursos pblicos por entidades de direito privado;

    III - exercer o controle das operaes de crdito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da Unio;

    IV - apoiar o controle externo no exerccio de sua misso institucional.

    Assim, cada um dos poderes ter um sistema de controle interno. Segundo Hely Lopes Meirelles:

    O controle Interno objetiva a criao de condies indispensveis eficcia do controle externo e visa a assegurar a regularidade da realizao da receita e da despesa, possibilitando o acompanhamento da execuo do oramento, dos programas de trabalho e a avaliao dos respectivos resultados. , na sua plenitude, um controle de legalidade, convenincia, oportunidade e eficincia.

    O controle interno o que cada Poder exerce sobre seus prprios atos. Esse controle normalmente feito pelo sistema de auditoria, que acompanha a execuo do oramento, verifica a legalidade na aplicao do dinheiro pblico e auxilia o Tribunal de Contas no exerccio de sua misso institucional.

    Podemos observar que Meirelles inclui no controle interno o controle de convenincia e oportunidade, que esto ligados ao mrito do ato administrativo. Segundo a Smula n 473 do STF:

    A Administrao pode anular seus prprios atos quando eivados de vcios que os tornem ilegais, porque deles no se originam direitos; ou revog-los, por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em qualquer caso, a apreciao judicial.

    Temos aqui a autotulela administrativa. J o sistema de controle interno consiste na ao realizada por rgo com essa atribuio, integrante da estrutura administrativa.

    Segundo a Lei 10.180/2001:

    Art. 22. Integram o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal:

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    I - a Secretaria Federal de Controle Interno, como rgo central;

    II - rgos setoriais.

    1 A rea de atuao do rgo central do Sistema abrange todos os rgos do Poder Executivo Federal, excetuados aqueles indicados no pargrafo seguinte.

    2 Os rgos setoriais so aqueles de controle interno que integram a estrutura do Ministrio das Relaes Exteriores, do Ministrio da Defesa, da Advocacia-Geral da Unio e da Casa Civil.

    3 O rgo de controle interno da Casa Civil tem como rea de atuao todos os rgos integrantes da Presidncia da Repblica e da Vice-Presidncia da Repblica, alm de outros determinados em legislao especfica.

    4 Os rgos central e setoriais podem subdividir-se em unidades setoriais e regionais, como segmentos funcionais e espaciais, respectivamente.

    5 Os rgos setoriais ficam sujeitos orientao normativa e superviso tcnica do rgo central do Sistema, sem prejuzo da subordinao ao rgo em cuja estrutura administrativa estiverem integrados

    Podemos observar que o rgo central a Secretaria Federal de Controle Interno (SFC). Porm, depois da criao da Controladoria Geral da Unio em 2001, o Decreto 3.591/2000 passou a consider-la como o rgo central:

    Art. 8 Integram o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal:

    I - a Controladoria-Geral da Unio, como rgo Central, incumbido da orientao normativa e da superviso tcnica dos rgos que compem o Sistema;

    A SFC passou a fazer parte da CGU.

    2.5 SISTEMA DE ORGANIZAO E INOVAO INSTITUCIONAL (SIORG)

    Este Sistema chamava-se anteriormente Sistema de Informaes Organizacionais do Governo Federal, mas foi reestruturado pelo Decreto 6.944/2009, segundo o qual:

    Art. 20. Ficam organizadas sob a forma de sistema, com a designao de Sistema de Organizao e Inovao Institucional do Governo Federal - SIORG, as atividades de desenvolvimento organizacional dos rgos e

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    entidades da administrao direta, autrquica e fundacional do Poder Executivo Federal, com as seguintes finalidades:

    I - uniformizar e integrar aes das unidades que o compem;

    II - constituir rede colaborativa voltada melhoria da gesto pblica;

    III - desenvolver padres de qualidade e de racionalidade;

    IV - proporcionar meios para melhorar o desempenho institucional e otimizar a utilizao dos recursos disponveis; e

    V - reduzir custos operacionais e assegurar a continuidade dos processos de organizao e inovao institucional.

    O Sistema ganhou um escopo de atuao renovado, voltado para o desenvolvimento organizacional, apoiado na construo de espaos de articulao, intercmbio e construo de consensos entre dirigentes e tcnicos das unidades dos rgos e entidades com atuao em temas de gesto. Segundo o Decreto:

    Pargrafo nico. Para os fins deste Decreto, consideram-se funes bsicas de organizao e inovao institucional:

    I - definio das competncias dos rgos e entidades e das atribuies de seus dirigentes;

    II - organizao e funcionamento da administrao federal;

    III - estabelecimento de programas de melhoria do desempenho dos rgos e entidades;

    IV - gerao, adaptao e disseminao de tecnologias de inovao;

    V - racionalizao de mtodos e processos administrativos;

    VI - elaborao de planos de formao, desenvolvimento e treinamento do pessoal envolvido na rea de abrangncia do sistema; e

    VII - disseminao de informaes organizacionais e de desempenho da gesto administrativa.

    O Desenvolvimento Organizacional representa a fuso de duas tendncias no estudo das organizaes: o estudo da estrutura, de um lado, e o estudo do comportamento humano nas organizaes, de outro, integrados atravs de um tratamento sistmico. Segundo Richard Daft, trata-se de um:

    processo sistemtico e planejado de mudana que usa o conhecimento e as tcnicas da cincia comportamental para melhorar a sade e a eficincia da organizao por meio da sua habilidade de se adaptar ao ambiente, melhorar os relacionamentos internos e aumentar o aprendizado e as capacidades de resoluo de problemas.

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    O DO foca nos aspectos humanos e sociais da organizao e trabalha para mudar as atitudes e os relacionamentos individuais entre os funcionrios. Na realidade, um termo utilizado para englobar uma srie de intervenes de mudana planejada, com base em valores humanos e democrticos, que buscam melhorar a eficcia organizacional e o bem-estar dos funcionrios. O paradigma do DO valoriza o crescimento humano e organizacional, os processos colaborativos e participativos e o esprito investigativo. French e Bell definem o DO como:

    Esforo de longo prazo, apoiado pela alta direo, no sentido de melhorar os processos de resoluo de problemas de renovao organizacional, particularmente atravs de um eficaz e colaborativo diagnstico e administrao da cultura organizacional.

    O Desenvolvimento Organizacional uma resposta da organizao s mudanas. um esforo educacional muito complexo, destinado a mudar atitudes, valores, comportamentos e a estrutura da organizao, de tal maneira que esta possa se adaptar melhor s novas conjunturas, mercados, tecnologias, problemas e desafios que esto surgindo em uma crescente progresso.

    No setor pblico fala-se em Desenvolvimento Institucional. O Desenvolvimento Organizacional envolve o aperfeioamento dos mecanismos internos de uma dada organizao, enfocando as reas financeira, administrativa, organizativa e os seus sistemas de planejamento, monitoramento e avaliao. O conceito de Desenvolvimento Institucional extrapola esta dimenso e configura "a articulao entre o respectivo desenvolvimento organizacional e sua rede de aes e relaes externas".

    Segundo Domingos Armani, o conceito de Desenvolvimento Institucional (DI)

    origina-se nas dcadas de 1960-70. Relaciona-se ao desenvolvimento de instituies que buscam dar suporte ao desenvolvimento econmico capitalista, especialmente nas reas de fronteira. Hoje, este conceito muito usado, por exemplo, na Rssia - dentro do processo de transformao interna em um pas capitalista, com a construo de instituies como Bolsa de Valores, mercado, regras de contrato. Nos anos 60, este termo tambm comea a aparecer nas polticas de desenvolvimento e cooperao dos pases europeus como estratgia de desenvolvimento para os pases pobres, definida a partir dos pases desenvolvidos. Neste perodo, a poltica de cooperao do Reino Unido, da Holanda, da Alemanha, da Frana, defendem o desenvolvimento das instituies locais, nativas, nos pases pobres, para que elas possam promover o desenvolvimento local. Atualmente esta concepo, em geral,

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    defende o fortalecimento das ONGs e dos movimentos sociais enquanto organizaes da sociedade civil .

    Articula-se, numa viso sistmica das organizaes, as relaes e os processos internos com as relaes e os processos que conectam essas organizaes com outros atores da sociedade. O Desenvolvimento Institucional de uma determinada organizao, neste sentido, inclui o desenvolvimento de relaes inter-institucionais e tematiza as articulaes e redes, as relaes com atores diversos da sociedade e com a prpria cultura que permeia esses intercmbios.

    O DI um conceito importante para a sustentabilidade das organizaes. Sustentabilidade um conceito sistmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econmicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. Significa que devemos tomar medidas agora para que haja condies de sobrevivncia no futuro. Nas organizaes, o conceito o mesmo. Envolve a capacidade de a organizao manter as condies de se sustentar ao longo do tempo.

    O desenvolvimento institucional compreende os processos e iniciativas que visam assegurar a realizao, de maneira sustentvel, da misso institucional; e fortalecer o posicionamento estratgico de uma determinada organizao na sociedade. Para tanto, exigemse medidas (i) que fortaleam a capacidade de articulao das iniciativas e de promoo de processos de mudana social, e (ii) que ampliem a base social/legitimidade e credibilidade da organizao, assim como (iii) busquem o aprimoramento gerencial e operacional.

    Segundo o Decreto 6.944/2009:

    Art. 21. So integrantes do SIORG todas as unidades administrativas incumbidas de atividades de organizao e inovao institucional da Administrao direta, autrquica e fundacional do Poder Executivo federal, observada a seguinte estrutura:

    I - rgo central: o Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto, por intermdio da Secretaria de Gesto;

    II - rgos setoriais: as Secretarias-Executivas ou equivalentes, assessoradas pelas unidades administrativas responsveis pela rea de organizao e inovao institucional dos Ministrios e rgos integrantes da Presidncia da Repblica; e

    III - rgos seccionais: diretorias administrativas ou equivalentes, que atuam na rea de organizao e inovao institucional, nas autarquias e fundaes.

    1 As unidades setoriais e seccionais do SIORG subordinam-se tecnicamente ao rgo central do Sistema, para os estritos fins deste

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