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PACOTE PREPARATÓRIO – TRT 2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO - JUD PROF. FABIANO PEREIRA – DIREITO ADMINISTRATIVO -------------------------------------------------------------------------------------------------- Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá! Sei que você deve estar muito apreensivo, preocupado (a) com a gigantesca quantidade de matéria que ainda tem que ser estudada. Todavia, se o seu objetivo é realmente conseguir a aprovação no concurso do TRT da 2ª Região, o conselho que lhe dou é o seguinte: fique tranqüilo (a)! Digo isso porque o nervosismo e a ansiedade somente irão dificultar o seu estudo, criando obstáculos desnecessários à assimilação do conteúdo. Desse modo, procure programar o seu estudo e cumprir o cronograma que foi previamente estabelecido. Concentre-se no tópico que está sendo estudado atualmente, sem se preocupar com o conteúdo restante, pois, caso contrário, você não assimila nem um nem outro. Lembre-se de que é IMPRESCINDÍVEL resolver TODAS as questões apresentadas nas aulas, preferencialmente duas vezes (a segunda vez, na semana que anteceder a data da sua prova), pois essa é a melhor tática para gabaritar as questões de qualquer banca examinadora. O tópico que iremos estudar hoje não é muito comum em provas da Fundação Carlos Chagas. Todavia, em respeito ao “princípio da precaução”, é bom que estejamos preparados para enfrentar eventuais questões sobre o tema. No mais, estou à sua disposição no fórum de dúvidas. Bons estudos! Fabiano Pereira. [email protected] FAN PAGE: www.facebook.com.br/fabianopereiraprofessor

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Olá!

Sei que você deve estar muito apreensivo, preocupado (a) com a gigantesca quantidade de matéria que ainda tem que ser estudada. Todavia, se o seu objetivo é realmente conseguir a aprovação no concurso do TRT da 2ª Região, o conselho que lhe dou é o seguinte: fique tranqüilo (a)!

Digo isso porque o nervosismo e a ansiedade somente irão dificultar o seu estudo, criando obstáculos desnecessários à assimilação do conteúdo. Desse modo, procure programar o seu estudo e cumprir o cronograma que foi previamente estabelecido. Concentre-se no tópico que está sendo estudado atualmente, sem se preocupar com o conteúdo restante, pois, caso contrário, você não assimila nem um nem outro.

Lembre-se de que é IMPRESCINDÍVEL resolver TODAS as questões apresentadas nas aulas, preferencialmente duas vezes (a segunda vez, na semana que anteceder a data da sua prova), pois essa é a melhor tática para gabaritar as questões de qualquer banca examinadora.

O tópico que iremos estudar hoje não é muito comum em provas da Fundação Carlos Chagas. Todavia, em respeito ao “princípio da precaução”, é bom que estejamos preparados para enfrentar eventuais questões sobre o tema.

No mais, estou à sua disposição no fórum de dúvidas.

Bons estudos!

Fabiano Pereira.

[email protected]

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SERVIÇOS PÚBLICOS

1. Considerações iniciais ............................................................. 03

2. Conceito .................................................................................. 03

3. Classificação ........................................................................... 05

3.1. Serviços públicos próprios e impróprios ....................... 05

3.2. Quanto aos destinatários ou à maneira como concorrem para satisfazer ao interesse geral ............................................... 06

3.3. Quanto ao objeto ......................................................... 07

4. Competência para a prestação de serviços públicos ................ 08

5. Requisitos ou princípios .......................................................... 09

6. Formas e meios de prestação dos serviços públicos ................ 12

6.1. Concessão .................................................................... 13

6.2. Permissão .................................................................... 23

6.3. Autorização .................................................................. 24

7. Revisão de véspera de prova – “RVP”...................................... 26

8. Questões comentadas ........................................................... 28

9. Relação de questões comentadas com gabarito ....................... 47

10. Processo Administrativo Federal ........................................... 55

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1. Considerações iniciais

Se fosse possível resumir as atividades do Estado em uma única expressão, poderíamos restringi-las a “serviços públicos”. Basicamente, o Estado tem por obrigação prestar serviços públicos à coletividade, satisfazendo as necessidades gerais manifestadas pelos indivíduos, isolada ou coletivamente.

O artigo 175 da Constituição Federal de 1988 declara expressamente que “incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.

Conforme se constata no próprio texto constitucional, o Estado poderá prestar serviços públicos diretamente, através de seus respectivos órgãos públicos (neste caso teremos a centralização dos serviços), ou indiretamente, mediante a transferência da execução e/ou titularidade dos serviços para terceiros. Nesse último caso, o Estado poderá optar por transferir a titularidade e a execução do serviço para uma entidade da Administração Indireta (através de outorga), ou somente a execução do serviço a particulares (delegação), valendo-se da concessão, permissão ou autorização.

A fim de regular e garantir condições mínimas de acesso e qualidade na prestação dos serviços públicos, o parágrafo único, artigo 175, da CF/88, afirma que a lei será responsável por disciplinar:

a) o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

b) os direitos dos usuários;

c) política tarifária;

d) a obrigação de manter serviço adequado.

2. Conceito

Não existe um consenso doutrinário sobre a definição de serviços públicos, pois o seu conteúdo varia de acordo com o tempo e o espaço no qual ele seja aplicado. Nem mesmo o texto constitucional ou a lei apresentam uma conceituação que possa servir de parâmetro para o desenvolvimento de uma teoria precisa.

Em regra, os principais autores adotam três critérios básicos para definir o serviço público:

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1º - o subjetivo, que considera a pessoa jurídica prestadora da atividade: o serviço público seria aquele prestado pelo Estado;

2º - o material, que considera a atividade exercida: o serviço público seria a atividade que tem por objetivo a satisfação de necessidades coletivas;

3º - o formal, que considera o regime jurídico: o serviço público seria aquele exercido sob regime de direito público derrogatório e exorbitante do direito comum.

No Brasil, o conceito de serviços públicos é formulado em conformidade com a corrente adotada por cada doutrinador, e as principais delas são:

1ª) Escola essencialista: Para os adeptos desta corrente, serviço público é toda atividade que atenda direta e essencialmente à vida em coletividade. Nesses termos, para que um serviço seja considerado automática e obrigatoriamente público, basta que estejam presentes algumas características imprescindíveis. Nesse caso, adota-se o critério material.

Essa corrente não é adotada no Brasil, pois existem alguns serviços que, apesar de satisfazerem o interesse coletivo, não podem ser considerados públicos.

Exemplo: Quando o serviço de saúde é prestado por particulares, não pode ser considerado público e, portanto, será regido pelas regras do direito privado.

2ª) Escola subjetivista: Neste caso, para que um serviço seja considerado público, basta que esteja sendo prestado pelas entidades da Administração Direta ou Indireta, independentemente da atividade em si. Nesse caso, adota-se o critério subjetivo, também chamado de critério orgânico.

Como não poderia ser diferente, essa corrente não é adotada no Brasil, pois sabemos que pessoas jurídicas de direito privado que não integram a Administração, a exemplo dos delegatários, também podem prestar serviços públicos. Da mesma forma, existem entidades que integram a Administração Indireta, mas que não prestam serviços públicos, como acontece com as empresas públicas e sociedades de economia mista exploradoras de atividades econômicas.

3ª) Escola formalista: Defende o entendimento de que não é possível definir um serviço como público pela atividade em si, pois existem atividades essenciais, como a saúde, que quando prestadas por particulares não podem ser consideradas serviço público. Sendo assim, para que um serviço seja considerado público, é necessário que a lei ou o texto constitucional o defina como tal. Essa é a corrente adotada no Brasil (critério formal).

Para o professor José dos Santos Carvalho Filho, serviço público “é toda atividade prestada pelo Estado ou por seus delegados, basicamente sob regime de direito público, com vista à satisfação de necessidades essenciais e secundárias da coletividade”.

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Celso Antônio Bandeira de Mello apresenta um conceito mais amplo, afirmando que pode ser considerado serviço público “toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material fruível diretamente pelos administrados, prestado pelo Estado ou por quem lhe faça as vezes, sob um regime de direito público – portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais – instituído pelo Estado em favor dos interesses que houver definido como próprios no sistema normativo”.

A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, de forma bastante elucidativa, apresenta algumas conclusões acerca do conceito de serviço público:

“1. a noção de serviço público não permaneceu estática no tempo; houve uma ampliação na sua abrangência, para incluir atividades de natureza comercial, industrial e social;

2. é o Estado, por meio da lei, que escolhe quais as atividades que, em determinado momento, são consideradas serviços públicos; no Direito brasileiro, a própria Constituição faz essa indicação nos artigos 21, incisos X, XI, XII, XV E XXIII, e 25, § 2o, alterados, respectivamente, pelas Emendas Constitucionais 8 e 5, de 1995; isso exclui a possibilidade de distinguir, mediante critérios objetivos, o serviço público da atividade privada; esta permanecerá como tal enquanto o Estado não assumir como própria;3. daí outra conclusão: o serviço público varia não só no tempo, como também no espaço, pois depende da legislação de cada país a maior ou menor abrangência das atividades definidas como serviços públicos (...)”

No concurso público para o cargo de Juiz do Trabalho do TRT da 1ª Região, realizado em 2011, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: “A respeito do conceito de serviço público, é correto afirmar que são atividades erigidas a essa categoria por lei (elemento formal), em face da sua natureza de interesse público (elemento material), de titularidade do Estado (elemento subjetivo), prestadas diretamente por este ou por meio de concessão ou permissão”.

3. Classificação

São várias as classificações de serviços públicos apresentadas pelos doutrinadores brasileiros. Todavia, como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso público, iremos focar apenas aquelas que têm sido mais cobradas em provas.

3.1. Serviços públicos próprios e impróprios

A professora Maria Sylvia Zanela di Pietro afirma que serviços públicos próprios são aqueles que visam à satisfação de necessidades coletivas e que são executados diretamente pelo Estado (através de seus órgãos e agentes), a exemplo do Judiciário, ou indiretamente, através de delegação a particulares (concessionários ou permissionários).

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Difícil saber, né! Sendo assim, o serviço de iluminação pública pode ser considerado uti universi, da mesma forma que o serviço de limpeza urbana, de policiamento, de conservação de logradouros públicos, etc.

3.2.2. Serviços individuais ou uti singuli

Serviços individuais ou uti singuli são aqueles prestados a uma quantidade determinada ou determinável de usuários, sendo possível mensurar quanto cada destinatário está usufruindo, a exemplo do serviço de coleta domiciliar de lixo, fornecimento de água, telefonia, gás canalizado, etc.

Como é possível perceber, tais serviços são divisíveis e, portanto, podem ser remunerados mediante a cobrança de taxas (espécie de tributo) ou tarifa (preço público), mas nunca por impostos (que normalmente são cobrados pela prestação de serviços que não podem ser mensuráveis em sua utilização).

No concurso público para o cargo de Defensor Público do Paraná, realizado em 2012, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: “Uti singuli ou individuais são os serviços públicos mensuráveis para cada destinatário que correspondem à cobrança de tarifa ou de preço público”.

3.3. Quanto ao objeto

3.3.1. Serviços administrativos

São aqueles executados pela Administração Pública com o objetivo de satisfazer as suas necessidades internas ou preparar outros serviços que serão prestados à coletividade, a exemplo da imprensa oficial.

3.3.2. Serviços comerciais ou industriais

Nas palavras do professor Hely Lopes Meirelles, “são os que produzem renda para quem os presta, mediante a remuneração da utilidade utilizada ou consumida, remuneração esta que, tecnicamente, se denomina tarifa ou preço público, por ser sempre fixada pelo Poder Público, quer quando o serviço é prestado por seus órgãos ou entidades, quer quando por concessionários, permissionários ou autorizatários”.

Por outro lado, a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que serviços públicos comerciais ou industriais são aqueles assumidos pelo Estado como serviço público e que passam a ser de incumbência do poder público. Declara a autora que “a este não se aplica o artigo 173, mas o artigo 175 da Constituição, que determina a sua execução direta pelo Estado ou indireta, por meio de concessão ou permissão; é o caso dos serviços de transportes, energia elétrica, telecomunicações e outros serviços previstos nos artigos 21, XI e XII, e 25, parágrafo 2º. da Constituição, alterados, respectivamente, pelas Emendas Constitucionais 8 e 5, de 1995”.

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3.3.3. Serviço social

Serviços sociais são aqueles de caráter predominantemente assistencial, que também são oferecidos pela iniciativa privada, a exemplo da educação, saúde, meio ambiente, cultura etc.

4. Competência constitucional para a prestação de serviços públicos

A Constituição Federal de 1988 outorgou a todos os entes estatais (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) a prerrogativa de prestar serviços públicos à coletividade. Entretanto, a fim de evitar conflitos federativos, estabeleceu em seu texto uma detalhada repartição de competências.

Sendo assim, é necessário que você conheça os dispositivos constitucionais que enumeram as competências de cada ente federativo, bem como entenda as regras sobre a prestação dos respectivos serviços, pois, assim, você terá condições de resolver as questões sobre outros tópicos.

Os serviços públicos outorgados constitucionalmente à União estão enumerados taxativamente no artigo 21, a exemplo dos serviços de telecomunicações, transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, serviço postal, exploração de portos marítimos, fluviais e lacustres, etc.

Aos Municípios, nos termos do artigo 30 da CF/88, foram outorgados serviços públicos de interesses locais, a exemplo do transporte coletivo urbano (inciso V), que, em regra, é delegado a particulares; o ensino fundamental (inciso VI); a promoção da proteção ao patrimônio histórico-cultural local (inciso IX), entre outros.

Em relação ao Distrito Federal, é válido esclarecer que serão outorgados serviços inerentes aos Estados e aos Municípios, já que se trata de um ente estatal atípico, conforme preceitua o § 2º, artigo 32, da CF/88.

Por último, é importante destacar que aos Estados a Constituição Federal outorgou competência remanescente ou residual para a prestação de serviços públicos. Sendo assim, se a prestação do serviço público não é de competência da União ou dos Municípios, certamente será do Estado. No texto constitucional, somente encontramos uma competência outorgada aos Estados, a de “explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação”.

ATENÇÃO: As competências para a prestação de serviços públicos, que acabei de relacionar, são privativas de cada um dos entes estatais (União, Estados, Distrito Federal e Municípios). Entretanto, o artigo 23 da CF/88 estabelece um rol de competências comuns, em que deverá existir uma atuação conjunta e harmônica de todos os entes federativos.

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Exemplo: O inciso VI, artigo 23, da CF/1988, estabelece a competência comum de todos os entes estatais com o objetivo de “proteger o meio ambiente”. Sendo assim, a atuação da União não exclui a dos Municípios e Estados, e vice-versa.

No concurso público para o cargo de Analista Judiciário da 18ª Região, realizado em 2008, a Fundação Carlos Chagas também elaborou questão sobre o tema: (Analista Judiciária/TRT 18ª Região 2008/FCC) Explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado; organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão os serviços de transporte coletivo; promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, parcelamento e da ocupação do solo urbano, são serviços públicos de competência, respectivamente, (A) a União, do Estado e do Município. (B) do Estado; do Município e do Município. (C) do Estado; do Estado e do Município. (D) do Município; do Estado e do Estado. (E) do Município, do Estado e da União. Gabarito: Letra B.

5. Requisitos ou princípios

O artigo 6º da Lei 8.987/95 estabelece que toda a prestação de serviço público deve assegurar aos usuários um serviço adequado, sendo possível defini-lo como aquele que satisfaça as exigências estabelecidas na lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.

Para isso, foram estabelecidos alguns requisitos (denominados por alguns autores de princípios) que devem ser obrigatoriamente respeitados.

5.1. Princípio ou requisito da Continuidade

Este princípio indica que os serviços públicos devem ser prestados de forma contínua, evitando-se paralisações que possam prejudicar o cotidiano dos seus destinatários ou até mesmo causar-lhes graves prejuízos.

Apesar da obrigatoriedade de prestação contínua, é válido ressaltar que os serviços públicos podem sofrer paralisações ou suspensões, conforme previsto no § 3º, artigo 6º, da Lei 8.987/95, em situações excepcionais:

§ 3º. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

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I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

No concurso público para o cargo de Juiz do Trabalho do TRT da 18ª Região, realizado em 2012, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: “De acordo com a Constituição Federal, incumbe ao Poder Público, na forma da lei, a prestação do serviço público, podendo fazê-lo diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão. Quando o serviço público não é prestado diretamente pelo Poder Público, mas sim por particular em regime de concessão ou permissão, submete-se aos princípios inerentes ao regime jurídico público, incluindo o da continuidade do serviço público”.

5.2. Princípio ou requisito da generalidade

Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, “o princípio da generalidade apresenta-se com dupla faceta. Significa, de um lado, que os serviços públicos devem ser prestados com a maior amplitude possível, vale dizer, deve beneficiar o maior número possível de indivíduos”.

Por outro lado, afirma o eminente professor, “é preciso dar relevo também ao outro sentido, que é o de serem eles prestados sem discriminação entre os beneficiários, quando tenham estes as mesmas condições técnicas e jurídicas para a fruição. Cuida-se da aplicação do princípio da isonomia ou, mais especificamente, da impessoalidade (art. 37, CF)”.

5.3. Princípio ou requisito da eficiência

O princípio da eficiência impõe à Administração Pública a obrigatoriedade de se atualizar e valer-se das inovações tecnológicas para garantir um serviço público de qualidade, sem desperdícios, e de baixo custo.

No julgamento do Recurso Especial nº 793.422/RS, de relatoria da Ministra Eliana Calmon, cujo acórdão foi publicado no DJE em 17/08/2006, o Superior Tribunal de Justiça ratificou o entendimento de que “os serviços públicos essenciais, remunerados por tarifa, porque prestados por concessionárias do serviço, podem sofrer interrupção quando há inadimplência, como previsto no art. 6º, § 3º, II, da Lei 8.987/95. Exige-se, entretanto, que a interrupção seja antecedida por aviso, existindo na Lei 9.427/97, que criou a ANEEL, idêntica previsão. continuidade do serviço, sem o efetivo pagamento, quebra o princípio da igualdade das partes e ocasiona o enriquecimento sem causa, repudiado pelo Direito (arts. 42 e 71 do CDC, em interpretação conjunta).”

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O próprio texto constitucional, no inciso IV, artigo 175, declara expressamente a obrigação dos prestadores de serviços públicos manterem um serviço adequado.

5.4. Princípio ou requisito da modicidade

Em respeito ao princípio da modicidade, os serviços públicos não devem ser prestados com lucros ou prejuízos, mas sim mediante taxas ou tarifas justas, que proporcionem a remuneração pelos serviços e garantam o seu aperfeiçoamento e expansão.

Apesar de ser possível a exigência de pagamento para a fruição de serviços públicos, destaca-se que a Constituição Federal assegurou a sua gratuidade em alguns casos, a exemplo do ensino fundamental (artigo 208, I) e do transporte coletivo urbano aos maiores de 65 anos (artigo 230).

5.5. Princípio ou requisito da atualidade

O princípio da atualidade exige da Administração Pública e dos delegatários de serviços públicos uma constante atualização tecnológica dos instrumentos e técnicas utilizados na execução de suas atividades.

Nas palavras do professor Diógenes Gasparini, “a atualidade significa que a prestação dos serviços públicos deve acompanhar as modernas técnicas de oferecimento aos usuários. Ademais, a atualidade exige a utilização de equipamentos modernos, cuidando-se bem das instalações e de sua conservação, visando, sempre, à melhoria e à expansão dos serviços públicos”.

5.6. Princípio ou requisito da mutabilidade

O princípio da mutabilidade, também denominado de princípio da flexibilidade dos meios aos fins, permite alterações na execução dos serviços públicos com o objetivo de adaptá-lo ao interesse público e às possibilidades financeiras da Administração.

Sendo assim, é incorreto afirmar que existe direito adquirido à permanência de uma determinada forma de regime de prestação de serviços públicos, sendo assegurada a revisão ou rescisão unilateral dos contratos administrativos com o objetivo de adequá-lo ao interesse da coletividade.

5.7. Princípio ou requisito da cortesia

O princípio da cortesia que se traduz em bom atendimento e digno tratamento para com o público na fruição dos serviços públicos. A prestação em tais condições não é um favor do agente ou da Administração, mas sim uma obrigação legal.

5.8. Princípio ou requisito da segurança

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Nas palavras do professor Diógenes Gasparini, “o serviço público deve ser prestado aos usuários com segurança, tendo em vista a natureza do serviço. Nada deve ser menosprezado se puder, por qualquer modo, colocar em risco os usuários do serviço público ou terceiros ou, ainda, bens públicos e particulares. Não deve haver qualquer descuido ou omissão, por menor que seja, na execução dos serviços de manutenção dos equipamentos utilizados na prestação dos serviços públicos. As falhas devem ser imediatamente corrigidas, substituindo-se as peças impróprias ou promovendo a renovação do próprio equipamento”.

6. Formas e meios de prestação dos serviços públicos

O artigo 175 da Constituição Federal de 1988 estabelece que “incumbe ao poder público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.

A fim de regular e garantir condições mínimas de acesso e qualidade na prestação dos serviços públicos, o parágrafo único do artigo 175 da CF/88 afirma que a lei será responsável por disciplinar:

a) o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

b) os direitos dos usuários;

c) política tarifária;

d) a obrigação de manter serviço adequado.

Sendo assim, em cumprimento ao texto constitucional foi editada a Lei 8.987/95, estabelecendo as regras gerais sobre a concessão e permissão de serviços públicos no âmbito da União, Estados, Municípios e Distrito Federal. É importante destacar que a Lei 8.987/95 somente estabelece as regras gerais sobre concessão e permissão de serviços públicos e, portanto, os demais entes federativos poderão legislar sobre normas específicas.

Na prestação direta de serviços públicos, a Administração pode optar pela forma centralizada ou descentralizada. Na forma centralizada, o próprio ente federativo (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios) assume a responsabilidade pela execução dos serviços, que poderá ficar sob a responsabilidade de seus órgãos públicos.

Para responder às questões de prova: Lembre-se de que a criação de órgãos públicos é fruto da desconcentração administrativa, e, portanto, eles não possuem personalidade jurídica.

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A Lei 9.074/95, em seu art. 2º, estabeleceu a proibição da União, Estados, Distrito Federal e Municípios executarem obras e serviços públicos por meio de concessão e permissão de serviço público, sem lei autorizativa estabelecendo os termos a serem respeitados.

Sendo assim, para que ocorra a execução indireta de serviços públicos, é necessário antes que uma lei estabeleça quais serão os termos e condições a serem observados, independentemente do ente federativo. É válido destacar, porém, que a própria Lei 9.074/95 reservou alguns serviços que poderão ser prestados sem a necessidade de prévia autorização legal, sendo eles os serviços:

a) de saneamento básico;

b) de limpeza urbana;

c) e aqueles admitidos na Constituição Federal, nas Constituições Estaduais e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e Municípios.

Além disso, é importante ressaltar que o próprio artigo 1º da Lei 9.074/95 estabeleceu para a União um rol de serviços e obras públicas que também não dependem de autorização legislativa prévia para serem prestados através de concessão ou permissão (se cabível):

a) vias federais, precedidas ou não da execução de obra pública;

b) exploração de obras ou serviços federais de barragens, contenções, eclusas, diques e irrigações, precedidas ou não da execução de obras públicas;

c) estações aduaneiras e outros terminais alfandegados de uso público, não instalados em área de porto ou aeroporto, precedidos ou não de obras públicas;

d) os serviços postais.

6.1.1. Licitação prévia

Nos termos do artigo 175 da Constituição Federal, as concessões e permissões de serviços públicos sempre deverão ser precedidas de licitação. Não existem exceções a essa regra e a modalidade licitatória utilizada nas concessões será obrigatoriamente a concorrência.

O artigo 14 da Lei 8.987/95 declara expressamente que “toda concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra pública, será objeto de prévia licitação, nos termos da legislação própria e com observância dos princípios da legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, do julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento convocatório”.

Para responder às questões de prova, é importante destacar que o parágrafo 3º, art. 4º, da Lei 9.491/1997, que altera procedimentos relativos ao Programa Nacional de Desestatização, permite a utilização da modalidade leilão nas seguintes espécies de desestatização:

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I - alienação de participação societária, inclusive de controle acionário, preferencialmente mediante a pulverização de ações;

II - alienação, arrendamento, locação, comodato ou cessão de bens e instalações;

III - dissolução de sociedades ou desativação parcial de seus empreendimentos, com a conseqüente alienação de seus ativos;

IV - concessão, permissão ou autorização de serviços públicos.

V - aforamento, remição de foro, permuta, cessão, concessão de direito real de uso resolúvel e alienação mediante venda de bens imóveis de domínio da União.

Nesses termos, fique atento para o caput da questão, pois se a banca fizer referência expressa à Lei 8.987/1995, deverá ser utilizada a modalidade concorrência. Todavia, se a banca simplesmente estiver se referindo a uma das hipóteses acima, também poderá ser utilizada a modalidade leilão.

A possibilidade de adoção da modalidade leilão foi referendada pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Mandado de Segurança nº 27.516, de relatoria da Ministra Ellen Gracie, cuja ementa apresento abaixo:

MANDADO DE SEGURANÇA. LINHAS DE SERVIÇO DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO INTERESTADUAL E INTERNACIONAL DE PASSAGEIROS. DECRETO PRESIDENCIAL DE 16 DE JULHO DE 2008. PRIVATIZAÇÃO. DESESTATIZAÇÃO. ARTIGO 2º, PARÁGRAFO 1º, ALÍNEA B, DA LEI 9.491/97. TRANFERÊNCIA PARA A INICATIVA PRIVADA DA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE RESPONSABILIDADE DA UNIÃO. ART. 21, INCISO XII, ALÍNEA E, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. POSSIBILIDADE DE DESESTATIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE RESPONSABILIDADE DA UNIÃO JÁ EXPLORADOS POR PARTICULARES. DENEGAÇÃO DA ORDEM.

1. A titularidade dos serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, nos termos do art. 21, XII, e, da Constituição Federal, é da União.

2. É possível a desestatização de serviços públicos já explorados por particulares, de responsabilidade da União, conforme disposto no art. 2º, § 1º, b, parte final, da Lei 9.491/97.

3. Inexistência de concessão ou de permissão para a utilização de algumas linhas, além da iminente expiração do prazo de concessão ou permissão de outras linhas.

4. Existência de decisões judiciais proferidas em ações civis públicas propostas pelo Ministério Público Federal que determinam a imediata realização de certames das linhas em operação.

5. Possibilidade de adoção da modalidade leilão no caso em apreço, nos termos do art. 4º, § 3º, da Lei 9.491/97.

6. Necessidade de observância do devido processo licitatório, independentemente da modalidade a ser adotada (leilão ou concorrência).

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assim considerados os bens adquiridos pelo concessionário para a prestação do serviço e que, por manterem sua utilidade, passam a ser de propriedade do poder concedente ao término do contrato, já que os serviços públicos não podem ser interrompidos.

6.1.3.1. Extinção pelo decurso do prazo

Ocorre a extinção automática da concessão ao término do prazo estabelecido no contrato. A essa causa de extinção dá-se o nome de reversão.

O professor Diógenes Gasparini informa que, nesse caso, a assunção independe de qualquer previsão editalícia ou contratual, uma vez que está expressamente determinada pelo § 2º do artigo 35 da Lei 8.987/95. Contudo, se o poder concedente não providenciar a retomada do serviço público concedido, não pode o concessionário, em razão do princípio da continuidade do serviço público, paralisar a sua execução. Para tanto, deve o concessionário notificar a Administração Pública concedente com o objetivo de obrigá-la, dentro de prazo razoável, a retomar o serviço, sob pena de sua consignação em juízo.

A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido.

6.1.3.2. Encampação

O artigo 37 da Lei 8.987/95 considera encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público superveniente, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido.

A encampação será formalizada mediante decreto expedido pelo Chefe do Executivo, após a aprovação de lei específica autorizando tal medida e o respectivo pagamento da indenização devida.

No concurso público para o cargo de Analista de Controle Externo do TCE/SE, realizado em 2011, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: “À retomada do serviço público pelo poder concedente durante o prazo da concessão por motivo de interesse público dá-se doutrinariamente o nome de encampação”.

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6.1.3.3. Caducidade

O inadimplemento ou adimplemento defeituoso por parte da concessionária pode ensejar a extinção da concessão antes do termo final estabelecido no contrato. A essa causa de extinção a própria lei denomina caducidade.

É de competência da própria Administração, discricionariamente, verificar se o inadimplemento (que pode ser total ou parcial) é suficiente para causar, ou não, a extinção da concessão.

A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da inadimplência da concessionária em processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa. Entretanto, antes da instauração do processo administrativo, deverá ser obrigatoriamente comunicado à concessionária os possíveis descumprimentos de cláusulas contratuais, sendo concedido um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas.

Não efetuadas as devidas correções, será então instaurado o processo administrativo e, após o seu término, a caducidade será declarada por decreto do poder concedente, independentemente de indenização prévia, calculada no decurso do processo.

Declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer espécie de responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com empregados da concessionária.

A caducidade poderá ser decretada, discricionariamente, quando ocorrer qualquer uma das seguintes hipóteses (art. 38, § 1º, da Lei 8.987/95):

1ª) o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;

2ª) a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou regulamentares concernentes à concessão;

3ª) a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;

4ª) a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido;

5ª) a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos;

6ª) a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de regularizar a prestação do serviço;

7ª) a concessionária for condenada em sentença transitada em julgado por sonegação de tributos, inclusive contribuições sociais.

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No concurso público para o cargo de Analista de Controle Externo do TCE/AM, realizado em 2012, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: “A extinção do contrato de concessão de serviços públicos, por caducidade, deve ser precedida da comunicação à concessionária dos descumprimentos contratuais, dando-lhe prazo para correção das falhas e transgressões apontadas e para o enquadramento nos termos contratuais”.

6.1.3.4. Rescisão

Nos termos do artigo 39 da Lei 8.987/95, o contrato de concessão “poderá ser rescindido por iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento das normas contratuais pelo poder concedente, mediante ação judicial especialmente intentada para esse fim”. Nesse caso, os serviços prestados pela concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada em julgado.

6.1.3.5. Anulação

O professor Diógenes Gasparini afirma que “o contrato de concessão de serviço público, embora prestigiado pelo princípio da presunção de legitimidade dos atos administrativos, pode ter sido celebrado com vícios que o maculam irremediavelmente, podendo ser declarados a qualquer tempo, desde que não prescrito esse direito. Nesses casos, há uma ilegalidade que serve de motivo ao ato de extinção. O ato da Administração Pública concedente que extingue a concessão de serviço público em razão de uma ilegalidade é ato administrativo, comumente chamado de ato de anulação, tal qual o faz o inciso V do artigo 35 da Lei Federal n. 8.897/95”.

6.1.3.6. Falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa individual

Ocorrido esse fato previsto no inciso VI, artigo 35, da Lei 8.987/95, resta evidente que se torna inviável a continuidade de execução do contrato. Sendo assim, extinta a concessão, o serviço retorna ao poder concedente a fim de que seja realizada uma nova concessão.

6.1.4. SUBCONCESSÃO

Da mesma forma que acontece nos contratos administrativos em geral, as concessões de serviços públicos são celebradas intuitu personae, ou seja, a concessionária é declarada vencedora da licitação não somente pelo fato de ter apresentado a proposta mais vantajosa aos interesses da Administração, mas também por ter comprovado que possui efetivamente condições de cumprir os termos da proposta apresentada.

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Incumbe à concessionária a execução do serviço concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa responsabilidade.

Sendo assim, para que ocorra uma subconcessão, é imprescindível que exista expressa autorização do poder concedente. Ademais, a outorga de subconcessão será sempre precedida de concorrência.

No concurso público para o cargo de Juiz Substituto do Tribunal de Justiça de Goiás, realizado em 2011, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: “No tocante ao regime da concessão de serviços públicos, na sua forma tradicional, a Lei Federal no 8.987/95 condiciona a outorga de subconcessão, a transferência da concessão e a transferência do controle societário da concessionária à expressa concordância do poder concedente”.

Apesar de a Lei 8.987/95 estabelecer a possibilidade de subconcessão somente em caráter excepcional, é importante esclarecer que a concessionária poderá contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias ou complementares ao serviço concedido, bem como a implementação de projetos associados.

Os referidos contratos celebrados entre a concessionária e os terceiros reger-se-ão pelo Direito privado, não se estabelecendo qualquer relação jurídica entre os terceiros e o poder concedente.

Explica o professor Diógenes Gasparini que não é a subconcessão uma nova concessão, ainda que essa lei prescreva, dentro dos limites da subconcessão, a sub-rogação do subconcessionário a todos os direitos e obrigações do subconcendente; é, isto sim, o ajuste, calcado no edital e na proposta vencedora, celebrado entre o subconcendente e o subconcessionário. A anuência da Administração Pública concedente não a torna responsável perante o subconcessionário, mas reafirma o exercício das competências decorrentes da titularidade do serviço público cuja execução lhe foi trespassada pela via da concessão. O subconcessionário responde pelos danos que causar a terceiros, ao subconcendente e à própria Administração Pública concedente. O subconcedente e a Administração Pública concedente respondem subsidiariamente e nessa ordem.

A subconcessão sem a prévia e expressa autorização do poder concedente ensejará a caducidade da concessão. Da mesma forma, acarreta também a caducidade a transferência do controle societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente, conforme previsto no artigo 27 da Lei 8.987/95:

Art. 27. A transferência de concessão ou do controle societário da concessionária sem prévia anuência do poder concedente implicará a caducidade da concessão.

§ 1º. Para fins de obtenção da anuência de que trata o caput deste artigo, o pretendente deverá:

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I - atender às exigências de capacidade técnica, idoneidade financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à assunção do serviço; e

II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do contrato em vigor.

§ 2º. Nas condições estabelecidas no contrato de concessão, o poder concedente autorizará a assunção do controle da concessionária por seus financiadores para promover sua reestruturação financeira e assegurar a continuidade da prestação dos serviços.

§ 3º. Na hipótese prevista no § 2o deste artigo, o poder concedente exigirá dos financiadores que atendam às exigências de regularidade jurídica e fiscal, podendo alterar ou dispensar os demais requisitos previstos no § 1o, inciso I deste artigo.

§ 4º. A assunção do controle autorizada na forma do § 2o deste artigo não alterará as obrigações da concessionária e de seus controladores ante ao poder concedente.

6.1.5. Direitos e obrigações dos usuários

No termos do artigo 7º da Lei 8.987/95 são direitos dos usuários dos serviços públicos, além daqueles previstos no Código de Defesa do Consumidor:

1º) receber serviço adequado;

2º) receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de interesses individuais ou coletivos;

3º) obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de serviços, quando for o caso, observadas as normas do poder concedente.

4º) levar ao conhecimento do poder público e da concessionária as irregularidades de que tenham conhecimento, referentes ao serviço prestado;

5º) comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela concessionária na prestação do serviço;

Destaca-se ainda que as concessionárias de serviços públicos, de Direito Público e Privado, nos Estados e no Distrito Federal, são obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para escolherem os dias de vencimento de seus débitos.

Por último, consta como dever dos usuários no artigo 7º-A da citada Lei a obrigação de contribuição para a permanência das boas condições dos bens públicos através dos quais lhes são prestados os serviços.

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1ª) A concessão não pode ser contratada com pessoas físicas, mas somente com pessoas jurídicas e consórcio de empresas. Por outro lado, a permissão somente pode ser realizada com pessoas físicas ou jurídicas (consórcios de empresas, não);

2ª) Trata-se de modalidade de delegação menos complexa que a concessão, recomendável para serviços públicos de menor “envergadura”. Sendo assim, enquanto na concessão exige-se licitação obrigatoriamente na modalidade concorrência, em relação à permissão admitem-se outras modalidades;

3ª) A permissão, nos termos da lei, possui caráter precário, sendo revogável a qualquer tempo pela Administração, desde que existente interesse público superveniente. Por outro lado, a concessão constitui-se por meio de um contrato administrativo e, portanto, somente será extinto nos termos da lei.

No concurso público para o cargo de Analista Judiciário do TST, realizado em 2012, a FCC elaborou a seguinte questão, abordando as diferenças entre concessão e permissão:

(FCC/Analista Judiciário – TST/2012) De acordo com a legislação federal em vigor (Lei no 8.987/95), é uma diferença entre concessão e permissão de serviço público a) ser obrigatória a licitação para a primeira; e facultativa, para a segunda. b) ser a primeira contrato; e a segunda, ato unilateral. c) ter a primeira prazo determinado; e a segunda, não comportar prazo. d) voltar-se a primeira a serviços de caráter social; e a segunda, a serviços de caráter econômico. e) poder a primeira ser celebrada com pessoa jurídica ou consórcio de empresas; e a segunda, com pessoa física ou jurídica. Gabarito: Letra e.

6.3. Autorização

Apesar de não estar prevista no artigo 175 da CF/88 como uma das modalidades de delegação de serviços públicos (que se refere apenas à concessão e permissão), o inciso XII, do artigo 21, da CF/1988, afirma expressamente que compete à União explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:

a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens;

b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos;

c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária;

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d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território;

e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros;

f) os portos marítimos, fluviais e lacustres.

Assim, é possível concluir que a autorização é uma das modalidades de delegação de serviços públicos a particulares. Entretanto, é importante esclarecer que não existe uma lei específica versando sobre o tema, pois a Lei 8.987/95 restringiu-se às concessões e permissões de serviços públicos.

O Decreto 2.521/98 (que dispõe sobre a exploração, mediante permissão e autorização, de serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros e dá outras providências) define a autorização como uma “delegação ocasional, por prazo limitado ou viagem certa, para prestação de serviços de transporte em caráter emergencial ou especial”.

É claro que a definição de autorização apresentada no Decreto 2.521/98 foi elaborada para atender ao serviço de transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros, mas não diverge muito dos conceitos encontrados na doutrina.

O professor Diógenes Gasparini, por exemplo, define a autorização como “ato administrativo discricionário e precário mediante o qual a Administração Pública competente investe, por prazo indeterminado, alguém, que para isso tenha demonstrado interesse, na execução e exploração de certo serviço público”.

Nas sábias palavras do professor Hely Lopes Meirelles, a modalidade de serviços autorizados é adequada para todos aqueles que não exigem execução pela própria administração e que não necessitam de maior especialização para que seja prestado à coletividade, a exemplo dos serviços de táxi, de despachantes, segurança particular de residências ou estabelecimentos, entre outros.

Para responder às questões de prova, as informações mais importantes sobre autorização são aquelas que a diferenciam das concessões e permissões:

1ª) Ao contrário das permissões e concessões, as autorizações podem ser realizadas por prazo indeterminado;

2ª) Não é exigível licitação para a formalização de autorização;

3ª) Não necessita de prévia autorização legislativa;

4ª) Pode ser efetuada a pessoas físicas ou jurídicas;

5ª) É realizada mediante ato administrativo de caráter precário e revogável a qualquer tempo pela Administração (não existe necessidade de contrato), sem que seja assegurado ao particular o direito à indenização.

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SUPER R.V.P.

1. O Estado poderá prestar serviços públicos diretamente, através de seus respectivos órgãos públicos (neste caso teremos a centralização dos serviços), ou indiretamente, mediante a transferência da execução e/ou titularidade dos serviços para terceiros. Nesse último caso, o Estado poderá optar por transferir a titularidade e a execução do serviço para uma entidade da Administração Indireta (através de outorga), ou somente a execução do serviço a particulares (delegação), valendo-se da concessão, permissão ou autorização;

2. A professora Maria Sylvia Zanela di Pietro afirma que serviços públicos próprios são aqueles que visam à satisfação de necessidades coletivas e que são executados diretamente pelo Estado (através de seus órgãos e agentes), a exemplo do Judiciário, ou indiretamente, através de delegação a particulares (concessionários ou permissionários). Por outro lado, os serviços públicos impróprios também visam à satisfação de necessidades coletivas, mas não são executados ou assumidos pelo Estado, seja direta ou indiretamente. Neste caso, o Estado somente autoriza, regulamenta e fiscaliza esses serviços. São atividades privadas, mas, em virtude de atenderem necessidades coletivas, exigem uma maior atenção por parte do Estado, a exemplo dos serviços de seguro e previdência privada (incisos I e II do artigo 192 da CF/88);

3. Alguns autores denominam os serviços públicos próprios como “serviços públicos propriamente estatais”, definindo-os como aqueles cujo Estado atua no exercício de sua soberania, sendo impossível a delegação a terceiros (a exemplo do Judiciário). Sendo assim, caso você se depare com essa expressão em prova, também está correta;

4. Serviços gerais ou uti universi são serviços prestados indiscriminadamente à população, possuindo um número indeterminado e indetermináveis de usuários. Nesse caso, os serviços são indivisíveis, não sendo possível mensurar quais são os usuários que estão sendo beneficiados ou quanto cada usuário está utilizando do serviço prestado;

5. Aos Estados a Constituição Federal outorgou competência remanescente ou residual para a prestação de serviços públicos. Sendo assim, se a prestação do serviço público não é de competência da União ou dos Municípios, certamente será do Estado. No texto constitucional, somente encontramos uma competência outorgada aos Estados, a de “explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação”;

6. Em respeito ao princípio da modicidade, os serviços públicos não devem ser prestados com lucros ou prejuízos, mas sim mediante taxas ou tarifas justas, que proporcionem a remuneração pelos serviços e garantam o seu aperfeiçoamento e expansão;

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7. O princípio da mutabilidade, também denominado de princípio da flexibilidade dos meios aos fins, permite alterações na execução dos serviços públicos com o objetivo de adaptá-lo ao interesse público e às possibilidades financeiras da Administração, não existindo, portanto, direito adquirido à permanência de uma determinada forma de regime de prestação de serviços públicos;

8. Nos termos do artigo 175 da Constituição Federal, as concessões e permissões de serviços públicos sempre deverão ser precedidas de licitação. Não existem exceções a essa regra e a modalidade licitatória utilizada nas concessões será obrigatoriamente a concorrência;

9. Afirma o artigo 32 da Lei 8.987/95 que “o poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes”. Além disso, é importante destacar que a intervenção far-se-á por decreto do poder concedente, que conterá a designação do interventor (a pessoa que ficará responsável pela intervenção), o prazo e os objetivos e limites da medida;

10. A concessão de serviço público é sempre ajustada por prazo certo. Não existe concessão por prazo indeterminado. Entretanto, durante a vigência do contrato, podem ocorrer certos acontecimentos ensejadores de sua extinção. Nesse caso, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário, bem como ocorrerá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levantamentos, avaliações e liquidações necessários;

11. O artigo 37 da Lei 8.987/95 considera encampação a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público superveniente, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido;

12. O inadimplemento ou adimplemento defeituoso por parte da concessionária pode ensejar a extinção da concessão antes do termo final estabelecido no contrato. A essa causa de extinção a própria lei denomina caducidade;

13. O artigo 40 da Lei 8.987/95 estabeleceu que a permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, nos termos da citada lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato pelo poder concedente.

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BATERIA DE QUESTÕES – FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS

01. (Especialista em Políticas/Estado de SP 2009/FCC) É característico do regime jurídico dos serviços públicos a

(A) inexigibilidade de licitação para sua execução.

(B) sua fruição gratuita e a proibição de lucro para quem os executa.

(C) vedação para finalidade de desenvolvimento de atividade comercial ou industrial.

(D) continuidade de sua prestação e a igualdade de tratamento entre os usuários.

(E) prestação exclusiva pelo Estado e a finalidade de interesse social.

Comentários

(A) O art. 175 da CF/88 dispõe que incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Desse modo, o texto da assertiva deve ser considerado incorreto.

(B) Um dos princípios que rege a execução dos serviços públicos é o da modicidade, que impõe a necessidade de que os serviços sejam oferecidos a preços justos, de forma que permita a fruição por parte de todos os usuários e, ainda, garanta retribuição financeira do seu prestador.

Não existe nenhum impedimento legal ao fato de que a prestação de serviços públicos gere lucro para o concessionário executor, porém, deve ser garantida a qualidade e a abrangência do serviço. Assertiva incorreta.

(C) A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro classifica os serviços públicos, quanto ao objeto, em administrativos, comerciais ou industriais e sociais.

Serviço público comercial ou industrial é aquele que a Administração Pública executa, direta ou indiretamente, para atender às necessidades coletivas de ordem econômica, dividindo-se em três tipos:

1º - aquele que é reservado à iniciativa privada pelo artigo 173 da Constituição e que o Estado só pode executar por motivo de segurança nacional ou relevante interesse coletivo;

2º - aquele que é considerado atividade econômica, mas que o Estado assume em caráter de monopólio, como é o caso da exploração de petróleo, minas e minérios e minerais nucleares (arts. 176 e 177 da Constituição);

3º - aquele que é assumido pelo Estado como serviço público e que tem fundamento no art. 175 da CF/88 (este corresponde aos serviços públicos comerciais e industriais do Estado).

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Diante dos ensinamentos da professora Di Pietro, fica claro que o texto da assertiva está incorreto.

(D) A continuidade de sua prestação e a igualdade de tratamento entre os usuários realmente são duas características marcantes do regime de execução dos serviços públicos, o que torna a assertiva correta.

No primeiro caso, impõe-se a necessidade de que os serviços sejam prestados sem interrupções ou interferências que prejudiquem a fruição por parte dos administrados, salvo nas hipóteses expressamente autorizadas em lei. No segundo caso, impõe-se que os serviços públicos sejam prestados a todos os interessados, sem qualquer distinção de caráter pessoal.

(E) Os serviços públicos podem ser executados diretamente pelo Estado, através de sua própria estrutura administrativa, ou indiretamente, através de pessoas jurídicas regidas pelo direito privado, a exemplo dos concessionários e permissionários de serviços públicos. Assertiva incorreta.

GABARITO: LETRA D.

02. (Analista do Ministério Público/MPE SE 2009/FCC) É modalidade de transferência da execução de serviço público a particulares, caracterizada pela contratualidade e pela possibilidade de revogação unilateral pelo poder concedente, a

(A) encampação.

(B) autorização.

(C) permissão.

(D) reversão.

(E) delegação.

Comentários

O texto constitucional se refere expressamente, em seu art. 175, a duas modalidades básicas de delegação de serviços públicos: concessão e permissão.

O art. 2º da Lei 8.987/95 define a concessão de serviço público como a delegação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. Por outro lado, a permissão de serviço público é definida como a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

Dentre as duas modalidades apresentadas, perceba que somente a permissão é delegada a título precário, o que permite a sua revogação, pelo poder concedente, a qualquer momento.

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GABARITO: LETRA C.

03. (Técnico Superior de Procuradoria/PGE RJ 2009/FCC) Os serviços públicos podem ser classificados como

(A) concedidos, quando outorgados por lei a outrem, que deve executá-los em nome do Estado que mantém a sua titularidade.

(B) impróprios, quando o Estado os assume como seus e os executa indiretamente.

(C) outorgados, quando o Estado transfere, por contrato ou ato unilateral, unicamente a execução dos serviços.

(D) delegados, quando o Estado os transfere por lei, criando uma entidade para executá-los.

(E) próprios, quando o Estado os assume como seus e os executa, direta ou indiretamente.

Comentários

São várias as classificações apresentadas pelos doutrinadores brasileiros em relação aos serviços públicos. Em regra, a Fundação Carlos Chagas costuma cobrar em suas provas a classificação elaborada pela professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, e, em alguns casos, também a do professor Hely Lopes Meirelles.

A professora Di Pietro, citando vários autores, informa que os serviços públicos podem ser classificados, entre outras, em próprios e impróprios. Serviços próprios são aqueles que, atendendo a necessidades coletivas, o Estado assume como seus e os executa diretamente (por meio de seus agentes) ou indiretamente (por meio de concessionários e permissionários). Por outro lado, serviços públicos impróprios são os que, embora atendendo também a necessidades coletivas, como os anteriores, não são assumidos nem executados pelo Estado, seja direta ou indiretamente, mas apenas por ele autorizados, regulamentados e fiscalizados; eles correspondem a atividades privadas e recebem impropriamente o nome de serviços públicos, porque atendem a necessidades de interesse geral.

GABARITO: LETRA E.

04. (Técnico Superior de Procuradoria/PGE RJ 2009/FCC) A retomada da execução do serviço pelo poder concedente, quando a concessão se revelar contrária ao interesse público, antes do prazo estabelecido, denomina-se

(A) reversão, sem pagamento de indenização ao concessionário.

(B) concessão patrocinada, na qual mais de 70% da remuneração é paga pela Administração.

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(C) encampação, fazendo jus o concessionário ao ressarcimento dos prejuízos regularmente comprovados.

(D) concessão administrativa, na qual a remuneração pode ser exclusivamente por contraprestação de natureza não pecuniária.

(E) caducidade, indenizando-se apenas a parcela não amortizada do capital.

Comentários

A possibilidade de retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento de indenização, denomina-se encampação. Tal prerrogativa está prevista expressamente no art. 37 da Lei 8.987/95, e, portanto, deve ser considerada correta a letra “C”.

Analisemos as demais assertivas:

(A) O texto desta assertiva está incorreto, pois reversão é a extinção natural do contrato, após ter atingido o seu prazo de duração. Deve ser formalizada com a indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido. Assertiva incorreta.

(B) Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas que envolve, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. Assertiva incorreta.

(D) Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. Assertiva incorreta.

(E) A caducidade ocorre quando a concessão é extinta em virtude de inadimplemento ou adimplemento defeituoso por parte da concessionária. Assertiva incorreta.

GABARITO: LETRA C.

05. (Assessor Jurídico/TCE PI 2009/FCC) Na concessão comum de serviços públicos, (A) a responsabilidade civil por danos causados aos usuários dos serviços será objetiva, mesmo sendo a concessionária pessoa jurídica de direito privado. (B) as desapropriações eventualmente necessárias à prestação do serviço público pela concessionária deverão ser promovidas pelo poder concedente. (C) se aplica amplamente a regra da exceptio non adimleti contractus (exceção do contrato não cumprido), em favor da concessionária.

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(D) não é aplicável o instituto da reversão de bens, com fundamento no princípio da continuidade do serviço público. (E) a encampação é definida legalmente como o modo de extinção da concessão em razão da inexecução do contrato por parte da concessionária.

Comentários

(A) Nos termos do § 6º do art. 37 da CF/88, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos, independentemente do regime jurídico adotado (direito público ou privado), será de natureza objetiva em relação aos danos causados a terceiros pelos seus agentes. Assertiva correta.

(B) Em regra, a declaração de desapropriação é realizada pela União, Estados, Municípios e Distrito Federal. Todavia, a promoção da desapropriação, isto é, a competência para providenciar todas as medidas e exercer todas as atividades que venham a conduzir à efetiva transferência da propriedade pode ser outorgada às entidades da Administração Indireta (autarquias, empresas públicas, fundações públicas e sociedades de economia mista) e aos concessionários e permissionários de serviços públicos, o que torna a assertiva incorreta.

(C) Atualmente, tanto a doutrina quanto a jurisprudência têm admitido a utilização, pelo particular, da exceptio non adimleti contractus (exceção do contrato não cumprido) em face da Administração.

Entretanto, essa prerrogativa não pode ser utilizada amplamente, pois existem restrições legais. O inc. XV do art. 78 da Lei 8.666/93, por exemplo, permite que o contratado suspenda a execução dos serviços no caso de atraso dos pagamentos devidos, mas somente se este for superior a 90 (noventa) dias. Isso significa que antes dos 90 (noventa) dias de atraso nos pagamentos, o particular não pode alegar a cláusula de “exceção do contrato não cumprido” para deixar de prestar o serviço para a Administração. Assertiva incorreta.

(D) Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino afirmam que com o advento do termo contratual, retornam à Administração os bens de sua propriedade e os bens vinculados ao serviço que se encontravam em posse do concessionário. Tais bens, ditos bens reversíveis, pois, extinta a concessão, revertem ao Poder Concedente, devem estar especificados no contrato de concessão, sendo esta uma das cláusulas essenciais do contrato (art. 23, X). Assertiva incorreta.

(E) O art. 37 da Lei 8.987/95 define a encampação como a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização, o que torna a assertiva incorreta. É a caducidade que se origina em razão da inexecução do contrato por parte da concessionária.

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GABARITO: LETRA A.

06. (Assessor Jurídico/TCE PI 2009/FCC) Com base nas contribuições doutrinárias em matéria de serviços públicos, classifica-se o serviço de saúde, quanto ao objeto, como serviço público (A) próprio. (B) não exclusivo. (C) uti singuli. (D) administrativo. (E) social.

Comentários

Analisando-se as classificações formuladas pelos principais doutrinadores brasileiros, conclui-se que o serviço de saúde pode ser incluído na categoria dos serviços públicos sociais.

O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que serviços sociais são os que o Estado executa para atender aos reclamos sociais básicos e representam ou uma atividade propiciadora de comodidade relevante, ou serviços assistenciais e protetivos. Evidentemente, tais serviços, em regra, são deficitários, e o Estado os financia através de recursos obtidos junto à comunidade, sobretudo pela arrecadação de tributos. Estão nesse caso os serviços de assistência à criança de ao adolescente; assistência médica e hospitalar; assistência educacional; apoio a regiões menos favorecidas; assistência a comunidades carentes etc.

GABARITO: LETRA E.

07. (Analista Judiciária/TRT 18ª Região 2008/FCC) Explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado; organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão os serviços de transporte coletivo; promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, parcelamento e da ocupação do solo urbano, são serviços públicos de competência, respectivamente, (A) a União, do Estado e do Município. (B) do Estado; do Município e do Município. (C) do Estado; do Estado e do Município. (D) do Município; do Estado e do Estado. (E) do Município, do Estado e da União.

Comentários

O § 2º do art. 25 da CF/88 dispõe que compete “aos Estados explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a sua regulamentação”.

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De outro lado, o art. 30 prevê a competência dos Municípios para “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial (inc. V)” e, ainda, para “promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano (inc. VIII)”.

GABARITO: LETRA B.

08. (Assistente de Promotoria/MPE RS 2008/FCC) Em matéria de serviço público, é correto afirmar:

(A) sua execução, em regra, não pode ser objeto de permissão ou autorização.

(B) pode ser criado por decreto ou portaria administrativa.

(C) a sua prestação é sempre incumbência do Estado.

(D) a possibilidade de execução indireta, independe da natureza do serviço.

(E) serviço de utilidade pública é sinônimo de serviço público.

Comentários

(A) Ao contrário do que consta no texto da assertiva, os serviços públicos podem ser executados por particulares, mediante concessão, permissão ou autorização do poder público. Assertiva incorreta.

(B) Serviços públicos não podem ser criados por decreto ou portaria administrativa, conforme incorretamente afirmado. Na verdade, o texto da assertiva está um pouco sem sentido, tendo sido incluído apenas para confundir o candidato.

Ao responder às questões de prova, lembre-se sempre de que “no Brasil, a atividade em si não permite decidirmos se um serviço é ou não público, uma vez que há atividades essenciais, como a educação, que são exploradas por particulares sem regime de delegação, e há serviços totalmente dispensáveis, a exemplo das loterias, que são prestados pelo Estado como serviço público”, conforme nos informam os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino.

(C) O art. 175 da CF/88 é expresso ao afirmar que incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos. Assertiva correta.

(D) Existem alguns serviços públicos que são de execução exclusiva do Estado, e, portanto, não podem ser delegados a terceiros. A título de exemplo, cita-se o serviço postal e o correio aéreo nacional (art. 21, X), o serviço de gás (art. 25, § 2º), entre outros. Assertiva incorreta.

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(E) A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que particulares podem exercer atividades de interesse geral, mas há dois aspectos a considerar: um é o fato de raramente ser esse o seu objetivo primordial, pois o que move o particular é em regra o seu próprio interesse; outro aspecto é o fato de não ser suficiente o objetivo de interesse público para caracterizar o serviço público, pois é necessário que a lei atribua esse objetivo ao Estado.

Dessa forma, afirma a professora que é correta a afirmação de que “todo serviço público visa atender a necessidades públicas, mas nem toda atividade de interesse público é serviço público”. Assertiva incorreta.

GABARITO: LETRA C.

09. (Assessor - Administração/MPE RS 2008/FCC) Em relação às formas e meios de prestação de serviço público, é correto afirmar:

(A) Na denominação genérica de empresas estatais não se incluem as sociedades de economia mista.

(B) Ocorre delegação quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado serviço público ou de utilidade pública.

(C) As autarquias são entes administrativos autônomos criados por lei específica, porém sem personalidade jurídica.

(D) Serviço desconcentrado é todo aquele que a Administração executa centralizadamente, mas o distribui entre vários órgãos da mesma entidade.

(E) As fundações prestam-se, principalmente, à realização de atividades lucrativas e típicas do Poder Público, mas de interesse coletivo.

Comentários

(A) A expressão “empresas estatais” é utilizada para se referir tanto às empresas públicas quanto às sociedades de economia mista, o que torna a assertiva incorreta.

(B) No âmbito do Direito Administrativo, a centralização ocorre quando a União, Estados, Distrito Federal e Municípios exercem diretamente, em face dos beneficiários, as atividades administrativas que estão em suas respectivas competências, sem interferência de outras pessoas físicas ou jurídicas. Nesse caso, além de o ente estatal ser o titular da função administrativa, ainda será o responsável pela execução de tal atividade através de seus órgãos públicos.

Por outro lado, ocorre a descentralização administrativa quando um ente estatal (União, Estados, DF e Municípios) transfere a outra pessoa, pública ou privada, o exercício de uma determinada atividade administrativa. Nesse caso, a função administrativa não será executada por órgãos públicos, mas por outra pessoa jurídica, com personalidade jurídica distinta do ente estatal que transferiu a execução da função administrativa.

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São várias as espécies de descentralização, mas, na delegação, uma entidade política (União, Estados, DF e Municípios) ou administrativa, através de contrato administrativo ou ato unilateral, transfere o exercício de determinada atividade administrativa a uma pessoa física ou jurídica, que já atuava anteriormente no mercado.

Quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado serviço público ou de utilidade pública, ocorre a outorga e não a delegação. Assertiva incorreta.

(C) As autarquias realmente são criadas através de lei específica, que, ao contrário do que foi afirmado na assertiva, será responsável por garantir-lhes personalidade jurídica.

Lembre-se sempre de que todas as entidades integrantes da Administração Pública indireta possuem personalidade jurídica (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações públicas), característica que não se verifica, por exemplo, nos órgãos públicos. Assertiva incorreta.

(D) A desconcentração nada mais é do que a distribuição interna de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica. Trata-se da criação de órgãos públicos, integrantes de uma mesma estrutura hierarquizada, criada com o objetivo de tornar mais eficiente a execução das finalidades administrativas previstas em lei, a exemplo dos serviços públicos. Assertiva correta.

(E) O Decreto-Lei 200/67, em seu art. 5º, inc. IV, define fundação pública como “a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e de outras fontes”.

Apesar de o texto do Decreto-Lei 200/67 ser expresso ao afirmar que as fundações públicas são regidas pelo direito privado, lembre-se de que o Supremo Tribunal Federal possui entendimento no sentido de que essas entidades também podem ser regidas pelo direito público, hipótese na qual gozarão das mesmas prerrogativas asseguradas às autarquias. Assertiva incorreta.

GABARITO: LETRA D.

10. (FCC/Agente de Fiscalização TCE-SP/2012) De acordo com a Constituição Federal, a prestação de serviço público por particular é

a) vedada, em qualquer hipótese.

b) permitida, apenas quando se tratar de serviço não essencial, passível de cobrança de tarifa.

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c) possível, apenas para aqueles serviços de titularidade não exclusiva de Estado.

d) vedada, exceto quando contar com autorização legislativa específica.

e) permitida, na forma da lei, mediante concessão ou permissão, precedida de licitação.

Comentários

O art. 175 da Constituição Federal dispõe que incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Nesses termos, não restam dúvidas de que particulares podem prestar serviços públicos na condição de concessionários ou permissionários, após regular processo licitatório.

GABARITO: LETRA E.

11. (FCC/Técnico do Seguro Social INSS/2012) Em relação à extinção do contrato de concessão é correto afirmar que

a) caducidade é a resilição unilateral antes de findo o prazo de concessão, que se consubstancia na retomada do serviço pelo poder concedente por razões de interesse público.

b) reversão é a resilição unilateral da concessão que se consubstancia na retomada do serviço pelo poder concedente por razões de interesse público.

c) encampação é a extinção unilateral da concessão por motivo de inadimplemento contratual, não cabendo, portanto, indenização ao concessionário pelos prejuízos que sofrer.

d) reversão é a rescisão unilateral da concessão por motivo de inadimplemento contratual do concessionário, cabendo indenização pela interrupção do contrato antes de findo seu prazo.

e) encampação é a retomada do serviço pelo poder concedente por razões de interesse público, durante o prazo de concessão, mediante lei autorizativa específica.

Comentários

a) Errado. O texto da assertiva está se referindo à encampação, que se caracteriza como a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público superveniente, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização.

b) Errado. A reversão ocorre com a extinção automática da concessão ao término do prazo estabelecido no contrato. Nesse caso, a assunção independe de qualquer previsão editalícia ou contratual, uma vez que está expressamente determinada pelo § 2º do artigo 35 da Lei 8.987/95.

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c) Errado. A extinção unilateral da concessão por motivo de inadimplemento contratual é denominada de caducidade. Declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer espécie de responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com empregados da concessionária.

d) Errado. O texto da assertiva está se referindo à caducidade. Ademais, não há obrigatoriedade de pagamento de indenização pelo ente concedente (Poder Público).

e) Correto. O texto da assertiva simplesmente reproduziu o teor do art. 37 da Lei 8.987/1995, que é expresso ao afirmar que se considera encampação “a retomada do serviço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público, mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da indenização”.

GABARITO: LETRA E.

12. (FCC/Analista de Controle Externo TCE-AP/2012) A propósito dos elementos definidores e traços característicos dos serviços públicos, é correto afirmar:

a) Independem de definição por lei, podendo ser de titularidade do poder público, quando de natureza não econômica, ou privada, quando passíveis de exploração mediante concessão ou permissão.

b) São definidos por lei e de titularidade pública ou privada, conforme sua natureza essencial ou econômica.

c) Independem de definição por lei, bastando sua ca- racterização como atividade essencial, de titularidade exclusiva do poder público.

d) São definidos por lei e de titularidade do poder público, que pode prestá-los diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão.

e) São definidos em lei como obrigação do poder público e direito dos cidadãos, devendo ser prestados de forma universal e independentemente de cobrança de tarifa.

Comentários

A Escola Formalista, corrente adotada no Brasil, defende o entendimento de que não é possível definir um serviço como público pela atividade em si, pois existem atividades essenciais, como a saúde, que quando prestadas por particulares não podem ser consideradas serviço público. Sendo assim, para que um serviço seja considerado público, é necessário que a lei ou o texto constitucional o defina como tal.

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Ademais, os serviços públicos devem permanecer sob a titularidade do Poder Público, que pode delegar a sua execução para particulares, que os prestarão sob o regime de concessão ou permissão.

GABARITO: LETRA D.

13. (FCC/Oficial de Justiça TJPE/2012) No que se refere às formas e meios de prestação do serviço público ou de utilidade pública, é INCORRETO afirmar que

a) serviço centralizado é todo aquele em que o Poder Público presta por seus próprios órgãos em seu nome e sob sua exclusiva responsabilidade.

b) ocorre a outorga quando o Estado transfere, por contrato, unicamente a execução do serviço, para que o outorgado preste-o ao público em seu nome, por conta e risco, nas condições regulamentares e sob controle estatal.

c) serviço desconcentrado é todo aquele que a Administração executa centralizadamente, mas o distribui entre vários órgãos da mesma entidade, para facilitar sua realização e obtenção pelos usuários.

d) serviço descentralizado é todo aquele que o Poder Público transfere sua titularidade ou, simplesmente, sua execução, por outorga ou delegação, a consórcios públicos, autarquias e empresas privadas, dentre outras.

e) a execução direta do serviço ocorre sempre que o encarregado de seu oferecimento ao público o realiza pessoalmente, ou por seus órgãos, ou por prepostos (não por terceiros contratados).

Comentários

a) Corrreto. Sob o enfoque do Direito Administrativo, a “centralização” ocorre quando a União, Estados, Distrito Federal e Municípios exercem diretamente, em face dos beneficiários, serviços públicos que estão em suas respectivas competências, sem interferência de outras pessoas físicas ou jurídicas.

Nesse caso, além de o ente estatal ser o titular da função administrativa, ainda será o responsável pela execução de tal atividade, que ocorrerá através de seus respectivos órgãos e agentes públicos.

b) Errado. Na descentralização por outorga, uma entidade política (União, Estados, DF e Municípios) cria ou autoriza a criação, em ambos os casos através de lei específica, de entidades administrativas (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) que

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receberão a titularidade e a responsabilidade pela execução de uma determinada atividade administrativa. Perceba que o texto da assertiva afirmou que a outorga se processa através de “contrato”, o que não é verdade.

c) Correto. A desconcentração nada mais é que a distribuição interna de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica. Trata-se da criação de órgãos públicos que fazem parte de uma mesma estrutura, hierarquizada, criada com o objetivo de tornar mais ágil e eficiente a prestação de serviços públicos.

d) Correto. A “descentralização administrativa” quando um ente estatal (União, Estados, DF e Municípios) transfere a outra pessoa, pública ou privada, a prestação de determinado serviço público ou atividade administrativa. Nesse caso, o serviço público não será prestado por órgãos públicos, mas por outra pessoa jurídica, com personalidade jurídica distinta do ente estatal que transferiu a execução da função administrativa.

e) Correto. Nesse caso, estará configurada a centralização da prestação de serviços públicos.

GABARITO: LETRA B.

14. (FCC/Técnico Judiciário TJPE/2012) Os serviços de preservação da saúde pública e os de polícia, dentre outros, são considerados serviços a) públicos ou impróprios do Estado e também administrativos. b) de utilidade pública, assim como impróprios do Estado ou uti singuli. c) públicos, assim como próprios do Estado ou uti universi. d) públicos ou semi-comerciais e também administrativos. e) de utilidade pública, e também próprios do Estado ou uti singuli.

Comentários

Para Hely Lopes Meirelles, serviços públicos próprios “são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público (segurança, polícia, higiene e saúde públicas) e para a execução dos quais a Administração usa de sua supremacia sobre os administrados. Por essa razão só devem ser prestados por órgãos ou entidades públicas sem delegação aos particulares”.

Por outro lado, serviços uti universi são aqueles prestados indiscriminadamente à população, possuindo um número indeterminado e indetermináveis de usuários. Nesse caso, os serviços são indivisíveis, não sendo possível mensurar quais são os usuários que estão sendo beneficiados ou quanto cada usuário está utilizando do serviço prestado.

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Analisando-se as alternativas apresentadas, constata-se que somente a letra “c” complementa corretamente o texto da questão.

GABARITO: LETRA C.

15. (FCC/Analista Judiciário TRT 11ª Região/2012) O Município de Manaus, ao prestar determinado serviço público aos seus munícipes, estabelece tarifas diferenciadas aos respectivos usuários do serviço. Tal conduta

a) é possível em algumas hipóteses como, por exemplo, o estabelecimento de tarifas reduzidas para usuários de menor poder aquisitivo.

b) não é possível, pois a adoção de tarifas diferenciadas sempre implicará em distinção de caráter pessoal.

c) é possível, sendo vedada, no entanto, a isenção de tarifas, sob pena de implicar em afronta ao princípio da razoabilidade.

d) não é possível, por violar o princípio da modicidade.

e) é possível, ainda que os usuários tenham as mesmas condições técnicas e jurídicas para a fruição do serviço público.

Comentários

Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, “o princípio da generalidade apresenta-se com dupla faceta. Significa, de um lado, que os serviços públicos devem ser prestados com a maior amplitude possível, vale dizer, deve beneficiar o maior número possível de indivíduos”.

Por outro lado, afirma o eminente professor, “é preciso dar relevo também ao outro sentido, que é o de serem eles prestados sem discriminação entre os beneficiários, quando tenham estes as mesmas condições técnicas e jurídicas para a fruição. Cuida-se da aplicação do princípio da isonomia ou, mais especificamente, da impessoalidade (art. 37, CF)”.

Todavia, é importante destacar que a Lei 8.987/1995, em seu art. 13, preceitua que “as tarifas poderão ser diferenciadas em função das características técnicas e dos custos específicos provenientes do atendimento aos distintos segmentos de usuários”.

GABARITO: LETRA A.

16. (FCC/Analista de Controle TCE-PR/2011) No curso de contrato de concessão de serviços públicos, a concessionária passou a prestar os serviços de maneira deficiente, deixando de atender às normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade dos serviços. Diante deste cenário, o poder concedente

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a) está autorizado a proceder à encampação do serviço, independentemente de prévia autorização legislativa.

b) poderá decretar a caducidade da concessão, precedida de processo administrativo para verificação da inadimplência da concessionária, assegurado o direito de ampla defesa.

c) poderá decretar a caducidade da concessão, condicionada ao prévio procedimento de intervenção e quando deste não resultar a regularização da prestação dos serviços.

d) deverá aplicar as multas previstas no contrato de concessão, podendo declarar a caducidade apenas na hipótese de não pagamento das mesmas pela concessionária.

e) poderá declarar a caducidade da concessão ou proceder à encampação do serviço, em decorrência do inadimplemento da concessionária, mediante prévio procedimento administrativo.

Comentários

O inadimplemento ou adimplemento defeituoso por parte da concessionária pode ensejar a extinção da concessão antes do termo final estabelecido no contrato. A essa causa de extinção a própria lei denomina caducidade.

É de competência da própria Administração, discricionariamente, verificar se o inadimplemento (que pode ser total ou parcial) é suficiente para causar, ou não, a extinção da concessão.

A declaração da caducidade da concessão deverá ser precedida da verificação da inadimplência da concessionária em processo administrativo, assegurado o direito de ampla defesa. Entretanto, antes da instauração do processo administrativo, deverá ser obrigatoriamente comunicado à concessionária os possíveis descumprimentos de cláusulas contratuais, sendo concedido um prazo para corrigir as falhas e transgressões apontadas.

Não efetuadas as devidas correções, será então instaurado o processo administrativo e, após o seu término, a caducidade será declarada por decreto do poder concedente, independentemente de indenização prévia, calculada no decurso do processo.

Declarada a caducidade, não resultará para o poder concedente qualquer espécie de responsabilidade em relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos com terceiros ou com empregados da concessionária.

A caducidade poderá ser decretada, discricionariamente, quando ocorrer qualquer uma das seguintes hipóteses (art. 38, § 1º, da Lei 8.987/95):

1ª) o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade do serviço;

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2ª) a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou disposições legais ou regulamentares concernentes à concessão;

3ª) a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito ou força maior;

4ª) a concessionária perder as condições econômicas, técnicas ou operacionais para manter a adequada prestação do serviço concedido;

5ª) a concessionária não cumprir as penalidades impostas por infrações, nos devidos prazos;

6ª) a concessionária não atender a intimação do poder concedente no sentido de regularizar a prestação do serviço;

7ª) a concessionária for condenada em sentença transitada em julgado por sonegação de tributos, inclusive contribuições sociais.

GABARITO: LETRA B.

17. (FCC/Procurador TCE-SP/2011) A caracterização de uma atividade como serviço público exige a) a execução direta por parte do Poder Público. b) a submissão a regime integralmente público, por meio de concessão ou permissão. c) sua definição em ato administrativo do Poder Público que delegar sua execução. d) gestão direta do Poder Público sobre a atividade delegada a particular. e) previsão em lei, passível de delegação de sua execução material.

Comentários

A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, de forma bastante elucidativa, apresenta algumas conclusões acerca do conceito de serviço público:

“1. a noção de serviço público não permaneceu estática no tempo; houve uma ampliação na sua abrangência, para incluir atividades de natureza comercial, industrial e social;

2. é o Estado, por meio da lei, que escolhe quais as atividades que, em determinado momento, são consideradas serviços públicos; no Direito brasileiro, a própria Constituição faz essa indicação nos artigos 21, incisos X, XI, XII, XV E XXIII, e 25, § 2o, alterados, respectivamente, pelas Emendas Constitucionais 8 e 5, de 1995; isso exclui a possibilidade de distinguir, mediante critérios objetivos, o serviço público da atividade privada; esta permanecerá como tal enquanto o Estado não assumir como própria;

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3. daí outra conclusão: o serviço público varia não só no tempo, como também no espaço, pois depende da legislação de cada país a maior ou menor abrangência das atividades definidas como serviços públicos (...)”

GABARITO: LETRA E.

18. (FCC/Analista Judiciário TRT 20ª Região/2012) NÃO constitui característica da concessão de serviço público:

a) delegação contratual da execução do serviço.

b) necessidade de licitação.

c) responsabilidade subjetiva do concessionário.

d) permanecer o Poder Público sempre com a titularidade do serviço.

e) contratação intuitu personae.

Comentários

A concessão é a forma mais complexa de delegação de serviços públicos, geralmente utilizada em atividades que exigem alto investimento financeiro. Sendo assim, as formalidades para a sua implementação são diferentes da permissão e, principalmente, da autorização.

A definição de concessão está prevista no próprio texto legal, mais precisamente no artigo 2º da Lei 8.987/95, que é expresso ao afirmar que se trata de “delegação da prestação de serviço público, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado”.

Por se tratar de contrato administrativo, a concessão também possui caráter intuitu personae, o que significa que a Administração Pública levou em conta certos requisitos ou exigências antes de escolher o particular com quem contratar. Assim, o contratado, em regra, não poderá transferir para terceiros a responsabilidade pela execução do objeto contratual, sob pena de rescisão do contrato.

Analisando-se os comentários apresentados, constata-se que somente a letra “c” não apresenta uma característica da concessão de serviço público, pois, nos termos do art. 37, § 6º, da Constituição Federal, as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

GABARITO: LETRA C.

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19. (FCC/Técnico Judiciário TRT 20ª Região/2012) O serviço público não é passível de interrupção ou suspensão afetando o direito de seus usuários, pela própria importância que ele se apresenta, devendo ser colocado à disposição do usuário com qualidade e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade. Trata-se do princípio fundamental dos serviços públicos denominado a) impessoalidade. b) mutabilidade. c) continuidade. d) igualdade. e) universalidade.

Comentários

O princípio ou requisito da continuidade indica que os serviços públicos devem ser prestados de forma contínua, evitando-se paralisações que possam prejudicar o cotidiano dos seus destinatários ou até mesmo causar-lhes graves prejuízos.

Apesar da obrigatoriedade de prestação contínua, é válido ressaltar que os serviços públicos podem sofrer paralisações ou suspensões, conforme previsto no § 3º, artigo 6º, da Lei 8.987/95, em situações excepcionais:

§ 3º. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,

II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

GABARITO: LETRA C.

20. (FCC/Promotor de Justiça MPE-CE/2011) No que tange ao regime das concessões de serviços públicos estabelecido na Lei no 8.987/95, é correto afirmar: a) É admitida a delegação da prestação dos serviços por prazo indeterminado. b) A rescisão unilateral do contrato, em razão do inadimplemento do concessionário, é condicionada à prévia edição de lei autorizativa específica. c) O contrato deve prever a repartição objetiva de riscos entre as partes. d) O aumento da carga tributária referente ao imposto sobre a renda não autoriza a revisão da tarifa contratada. e) A celebração do contrato de concessão depende de prévia licitação, na modalidade pregão.

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Comentários

a) Errado. A delegação da prestação de serviços públicos possui prazo determinado em contrato. Apenas a outorga de serviços públicos é realizada por prazo indeterminado.

b) Errado. A lei autorizativa específica somente é exigida na rescisão unilateral do contrato por motivo de interesse público, o que caracteriza a encampação.

c) Errado. Concessão é a delegação da prestação de serviço público, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado.

d) Correto. O art. 9º, § 3º, da Lei 8.987/1995, dispõe que “ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado seu impacto, implicará a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso”.

e) Errado. Apesar da realização de licitação ser obrigatória, deverá ser utilizada a modalidade “concorrência”.

GABARITO: LETRA D.

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RELAÇÃO DE QUESTÕES COMENTADAS

01. (Especialista em Políticas/Estado de SP 2009/FCC) É característico do regime jurídico dos serviços públicos a

(A) inexigibilidade de licitação para sua execução.

(B) sua fruição gratuita e a proibição de lucro para quem os executa.

(C) vedação para finalidade de desenvolvimento de atividade comercial ou industrial.

(D) continuidade de sua prestação e a igualdade de tratamento entre os usuários.

(E) prestação exclusiva pelo Estado e a finalidade de interesse social.

02. (Analista do Ministério Público/MPE SE 2009/FCC) É modalidade de transferência da execução de serviço público a particulares, caracterizada pela contratualidade e pela possibilidade de revogação unilateral pelo poder concedente, a (A) encampação. (B) autorização. (C) permissão. (D) reversão. (E) delegação. 03. (Técnico Superior de Procuradoria/PGE RJ 2009/FCC) Os serviços públicos podem ser classificados como

(A) concedidos, quando outorgados por lei a outrem, que deve executá-los em nome do Estado que mantém a sua titularidade.

(B) impróprios, quando o Estado os assume como seus e os executa indiretamente.

(C) outorgados, quando o Estado transfere, por contrato ou ato unilateral, unicamente a execução dos serviços.

(D) delegados, quando o Estado os transfere por lei, criando uma entidade para executá-los.

(E) próprios, quando o Estado os assume como seus e os executa, direta ou indiretamente.

04. (Técnico Superior de Procuradoria/PGE RJ 2009/FCC) A retomada da execução do serviço pelo poder concedente, quando a concessão se revelar contrária ao interesse público, antes do prazo estabelecido, denomina-se

(A) reversão, sem pagamento de indenização ao concessionário.

(B) concessão patrocinada, na qual mais de 70% da remuneração é paga pela Administração.

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(C) encampação, fazendo jus o concessionário ao ressarcimento dos prejuízos regularmente comprovados.

(D) concessão administrativa, na qual a remuneração pode ser exclusivamente por contraprestação de natureza não pecuniária.

(E) caducidade, indenizando-se apenas a parcela não amortizada do capital.

05. (Assessor Jurídico/TCE PI 2009/FCC) Na concessão comum de serviços públicos,

(A) a responsabilidade civil por danos causados aos usuários dos serviços será objetiva, mesmo sendo a concessionária pessoa jurídica de direito privado.

(B) as desapropriações eventualmente necessárias à prestação do serviço público pela concessionária deverão ser promovidas pelo poder concedente.

(C) se aplica amplamente a regra da exceptio non adimleti contractus (exceção do contrato não cumprido), em favor da concessionária.

(D) não é aplicável o instituto da reversão de bens, com fundamento no princípio da continuidade do serviço público.

(E) a encampação é definida legalmente como o modo de extinção da concessão em razão da inexecução do contrato por parte da concessionária.

06. (Assessor Jurídico/TCE PI 2009/FCC) Com base nas contribuições doutrinárias em matéria de serviços públicos, classifica-se o serviço de saúde, quanto ao objeto, como serviço público

(A) próprio.

(B) não exclusivo.

(C) uti singuli.

(D) administrativo.

(E) social.

07. (Analista Judiciária/TRT 18ª Região 2008/FCC) Explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado; organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão os serviços de transporte coletivo; promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, parcelamento e da ocupação do solo urbano, são serviços públicos de competência, respectivamente,

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(A) a União, do Estado e do Município.

(B) do Estado; do Município e do Município.

(C) do Estado; do Estado e do Município.

(D) do Município; do Estado e do Estado.

(E) do Município, do Estado e da União.

08. (Assistente de Promotoria/MPE RS 2008/FCC) Em matéria de serviço público, é correto afirmar:

(A) sua execução, em regra, não pode ser objeto de permissão ou autorização.

(B) pode ser criado por decreto ou portaria administrativa.

(C) a sua prestação é sempre incumbência do Estado.

(D) a possibilidade de execução indireta, independe da natureza do serviço.

(E) serviço de utilidade pública é sinônimo de serviço público.

09. (Assessor - Administração/MPE RS 2008/FCC) Em relação às formas e meios de prestação de serviço público, é correto afirmar:

(A) Na denominação genérica de empresas estatais não se incluem as sociedades de economia mista.

(B) Ocorre delegação quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado serviço público ou de utilidade pública.

(C) As autarquias são entes administrativos autônomos criados por lei específica, porém sem personalidade jurídica.

(D) Serviço desconcentrado é todo aquele que a Administração executa centralizadamente, mas o distribui entre vários órgãos da mesma entidade.

(E) As fundações prestam-se, principalmente, à realização de atividades lucrativas e típicas do Poder Público, mas de interesse coletivo.

10. (FCC/Agente de Fiscalização TCE-SP/2012) De acordo com a Constituição Federal, a prestação de serviço público por particular é

a) vedada, em qualquer hipótese.

b) permitida, apenas quando se tratar de serviço não essencial, passível de cobrança de tarifa.

c) possível, apenas para aqueles serviços de titularidade não exclusiva de Estado.

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d) vedada, exceto quando contar com autorização legislativa específica.

e) permitida, na forma da lei, mediante concessão ou permissão, precedida de licitação.

11. (FCC/Técnico do Seguro Social INSS/2012) Em relação à extinção do contrato de concessão é correto afirmar que

a) caducidade é a resilição unilateral antes de findo o prazo de concessão, que se consubstancia na retomada do serviço pelo poder concedente por razões de interesse público.

b) reversão é a resilição unilateral da concessão que se consubstancia na retomada do serviço pelo poder concedente por razões de interesse público.

c) encampação é a extinção unilateral da concessão por motivo de inadimplemento contratual, não cabendo, portanto, indenização ao concessionário pelos prejuízos que sofrer.

d) reversão é a rescisão unilateral da concessão por motivo de inadimplemento contratual do concessionário, cabendo indenização pela interrupção do contrato antes de findo seu prazo.

e) encampação é a retomada do serviço pelo poder concedente por razões de interesse público, durante o prazo de concessão, mediante lei autorizativa específica.

12. (FCC/Analista de Controle Externo TCE-AP/2012) A propósito dos elementos definidores e traços característicos dos serviços públicos, é correto afirmar:

a) Independem de definição por lei, podendo ser de titularidade do poder público, quando de natureza não econômica, ou privada, quando passíveis de exploração mediante concessão ou permissão.

b) São definidos por lei e de titularidade pública ou privada, conforme sua natureza essencial ou econômica.

c) Independem de definição por lei, bastando sua ca- racterização como atividade essencial, de titularidade exclusiva do poder público.

d) São definidos por lei e de titularidade do poder público, que pode prestá-los diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão.

e) São definidos em lei como obrigação do poder público e direito dos cidadãos, devendo ser prestados de forma universal e independentemente de cobrança de tarifa.

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13. (FCC/Oficial de Justiça TJPE/2012) No que se refere às formas e meios de prestação do serviço público ou de utilidade pública, é INCORRETO afirmar que

a) serviço centralizado é todo aquele em que o Poder Público presta por seus próprios órgãos em seu nome e sob sua exclusiva responsabilidade.

b) ocorre a outorga quando o Estado transfere, por contrato, unicamente a execução do serviço, para que o outorgado preste-o ao público em seu nome, por conta e risco, nas condições regulamentares e sob controle estatal.

c) serviço desconcentrado é todo aquele que a Administração executa centralizadamente, mas o distribui entre vários órgãos da mesma entidade, para facilitar sua realização e obtenção pelos usuários.

d) serviço descentralizado é todo aquele que o Poder Público transfere sua titularidade ou, simplesmente, sua execução, por outorga ou delegação, a consórcios públicos, autarquias e empresas privadas, dentre outras.

e) a execução direta do serviço ocorre sempre que o encarregado de seu oferecimento ao público o realiza pessoalmente, ou por seus órgãos, ou por prepostos (não por terceiros contratados).

14. (FCC/Técnico Judiciário TJPE/2012) Os serviços de preservação da saúde pública e os de polícia, dentre outros, são considerados serviços

a) públicos ou impróprios do Estado e também administrativos.

b) de utilidade pública, assim como impróprios do Estado ou uti singuli.

c) públicos, assim como próprios do Estado ou uti universi.

d) públicos ou semi-comerciais e também administrativos.

e) de utilidade pública, e também próprios do Estado ou uti singuli.

15. (FCC/Analista Judiciário TRT 11ª Região/2012) O Município de Manaus, ao prestar determinado serviço público aos seus munícipes, estabelece tarifas diferenciadas aos respectivos usuários do serviço. Tal conduta

a) é possível em algumas hipóteses como, por exemplo, o estabelecimento de tarifas reduzidas para usuários de menor poder aquisitivo.

b) não é possível, pois a adoção de tarifas diferenciadas sempre implicará em distinção de caráter pessoal.

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c) é possível, sendo vedada, no entanto, a isenção de tarifas, sob pena de implicar em afronta ao princípio da razoabilidade.

d) não é possível, por violar o princípio da modicidade.

e) é possível, ainda que os usuários tenham as mesmas condições técnicas e jurídicas para a fruição do serviço público.

16. (FCC/Analista de Controle TCE-PR/2011) No curso de contrato de concessão de serviços públicos, a concessionária passou a prestar os serviços de maneira deficiente, deixando de atender às normas, critérios, indicadores e parâmetros definidores da qualidade dos serviços. Diante deste cenário, o poder concedente

a) está autorizado a proceder à encampação do serviço, independentemente de prévia autorização legislativa.

b) poderá decretar a caducidade da concessão, precedida de processo administrativo para verificação da inadimplência da concessionária, assegurado o direito de ampla defesa.

c) poderá decretar a caducidade da concessão, condicionada ao prévio procedimento de intervenção e quando deste não resultar a regularização da prestação dos serviços.

d) deverá aplicar as multas previstas no contrato de concessão, podendo declarar a caducidade apenas na hipótese de não pagamento das mesmas pela concessionária.

e) poderá declarar a caducidade da concessão ou proceder à encampação do serviço, em decorrência do inadimplemento da concessionária, mediante prévio procedimento administrativo.

17. (FCC/Procurador TCE-SP/2011) A caracterização de uma atividade como serviço público exige

a) a execução direta por parte do Poder Público.

b) a submissão a regime integralmente público, por meio de concessão ou permissão.

c) sua definição em ato administrativo do Poder Público que delegar sua execução.

d) gestão direta do Poder Público sobre a atividade delegada a particular.

e) previsão em lei, passível de delegação de sua execução material.

18. (FCC/Analista Judiciário TRT 20ª Região/2012) NÃO constitui característica da concessão de serviço público:

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a) delegação contratual da execução do serviço.

b) necessidade de licitação.

c) responsabilidade subjetiva do concessionário.

d) permanecer o Poder Público sempre com a titularidade do serviço.

e) contratação intuitu personae.

19. (FCC/Técnico Judiciário TRT 20ª Região/2012) O serviço público não é passível de interrupção ou suspensão afetando o direito de seus usuários, pela própria importância que ele se apresenta, devendo ser colocado à disposição do usuário com qualidade e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade. Trata-se do princípio fundamental dos serviços públicos denominado a) impessoalidade. b) mutabilidade. c) continuidade. d) igualdade. e) universalidade.

20. (FCC/Promotor de Justiça MPE-CE/2011) No que tange ao regime das concessões de serviços públicos estabelecido na Lei no 8.987/95, é correto afirmar:

a) É admitida a delegação da prestação dos serviços por prazo indeterminado.

b) A rescisão unilateral do contrato, em razão do inadimplemento do concessionário, é condicionada à prévia edição de lei autorizativa específica.

c) O contrato deve prever a repartição objetiva de riscos entre as partes.

d) O aumento da carga tributária referente ao imposto sobre a renda não autoriza a revisão da tarifa contratada.

e) A celebração do contrato de concessão depende de prévia licitação, na modalidade pregão.

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PROCESSO ADMINISTRATIVO FEDERAL – LEI 9.784/99

1. As diversas denominações da expressão “processo”............... 56

2. Conceito .................................................................................. 57

3. Abrangência da Lei 9.784/99 .................................................. 57

4. Princípios inerentes ao processo administrativo federal ......... 58

4.1. Princípio da legalidade objetiva ................................... 58

4.2. Princípio da oficialidade ............................................... 58

4.3. Princípio do informalismo ............................................ 59

4.4. Princípio da “verdade material” ou “verdade real” ...... 59

4.5. Princípios do contraditório e da ampla defesa ............. 60

5. Objeto ..................................................................................... 60

6. Princípios expressos ................................................................ 61

7. Critérios a serem observados nos processos administrativos .. 67

8. Dos direitos e deveres do administrados .................................. 68

9. Resumo de Véspera de Prova ................................................... 69

10. Questões comentadas ............................................................ 70

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1. As diversas denominações da expressão “processo”

A expressão “processo” representa um conjunto lógico e seqüencial de fatos e procedimentos adotados para se atingir um determinado objetivo. Em regra, essa expressão é utilizada para referir-se ao processo judicial, mas é importante destacar que várias são as classificações para a expressão “processo”, que representa um gênero:

1.1. Processo judicial: trata-se do instrumento pelo qual o juiz exerce o seu poder jurisdicional (de aplicar o direito ao caso em concreto), decidindo um possível conflito existente entre as partes que participam do processo.

1.2. Processo legislativo: é composto pelo conjunto de regras constitucionais e legais que devem ser obedecidas pelo legislador ao elaborar as leis.

1.3. Processo administrativo: pode ser entendido como o conjunto seqüencial de atos administrativos necessários a produzir uma decisão referente a um conflito de natureza administrativa.

Como o foco da nossa aula é estudar as normas gerais sobre o processo administrativo federal, iremos nos restringir a essa última espécie de processo, que está prevista na Lei 9.784/99.

Atenção: é importante que você saiba que a própria expressão “processo administrativo” possui diversas espécies, que, frequentemente são encontradas em provas de concursos.

A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro nos informa que, na linguagem corrente, a expressão processo administrativo é utilizada em vários sentidos diferentes:

1. num primeiro sentido, designa o conjunto de papéis e documentos organizados numa pasta e referentes a um dado assunto de interesse do funcionário ou da administração;

2. é ainda usado como sinônimo de processo disciplinar, pelo qual se apuram as infrações administrativas e se punem os infratores; nesse sentido é empregado no artigo 41, § 1º, da Constituição Federal, quando diz que o servidor público estável só perderá o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa. Esse tipo de processo é conhecido por "PAD" no meio jurídico.

3. em sentido mais amplo, designa o conjunto de atos coordenados para a solução de uma controvérsia no âmbito administrativo;

4. como nem todo processo administrativo envolve controvérsia, também se pode falar em sentido ainda mais amplo, de modo a abranger a série de atos preparatórios de uma decisão final da Administração.

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A Lei 9.784/99, conforme destaquei anteriormente, estabelece normas básicas e gerais sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração.

Assim, os processos administrativos específicos, a exemplo do Processo Administrativo Disciplinar – PAD, o Processo Administrativo Federal de Determinação e Exigência de Créditos Tributários – PAF, entre outros, continuarão a reger-se por normas próprias, aplicando-se-lhes apenas subsidiariamente os preceitos da Lei 9.784/99.

O Processo Administrativo Disciplinar – PAD, quando instaurado na esfera federal, por exemplo, será regulamentado pela Lei 8.112/90. Por outro lado, o Processo Administrativo Federal de Determinação e Exigência de Créditos Tributários – PAF, será regulamentado pelo Decreto 70.235/72.

2. Conceito

O saudoso professor Diógenes Gasparini apresenta um conceito bastante completo sobre processo administrativo, ao defini-lo como o “conjunto de medidas jurídicas e materiais praticadas com certa ordem e cronologia, necessárias ao registro dos atos da Administração Pública, ao controle do comportamento dos administrados e de seus servidores, a compatibilizar, no exercício do poder de polícia, os interesses público e privado, a punir seus servidores e terceiros, a resolver controvérsias administrativas e a outorgar direitos a terceiros”.

3. Abrangência da Lei 9.784/99

A Lei 9.784/99, que estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal, alcança tanto as entidades da Administração Direta (União e seus respectivos órgãos), quanto às entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista).

Lembre-se de que a Lei do processo administrativo federal não se restringe ao Poder Executivo, pois abrange também os poderes Legislativo e Judiciário, bem como o Ministério Público da União e o Tribunal de Contas da União, quando estiverem exercendo função administrativa.

Pergunta: professor, a Lei 9.784/99 também será obrigatória para os processos administrativos instaurados no âmbito dos Estados, Distrito Federal e Municípios?

Em regra, não. As entidades políticas possuem competência legislativa para criarem as suas próprias legislações sobre processo administrativo. No Estado de São Paulo, por exemplo, vigora a Lei Estadual 10.177, publicada em 30 de dezembro de 1998. Da mesma forma, no Estado de Minas Gerais vigora outra Lei Estadual, a de nº 14.184, editada em 30 de janeiro de 2002.

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Apesar dos Estados, DF e Municípios possuírem competência para legislar sobre o tema, não existe proibição a que a Lei 9.784/99 seja utilizada em âmbito municipal ou estadual, por exemplo, enquanto a respectiva legislação local não seja criada.

(FCC/Analista Judiciário TRT 22ª Região/2010) Nos termos da Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é CORRETO que seus preceitos também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa. Assertiva considerada correta pela banca.

4. Princípios inerentes ao processo administrativo federal

O professor Hely Lopes Meirelles destaca que são cinco os princípios inerentes aos processos administrativos no âmbito federal, a saber:

4.1. Princípio da legalidade objetiva

O princípio da legalidade objetiva impõe a obrigatoriedade de que o processo administrativo se desenvolva nos termos da lei, cumprindo-se fielmente a sua finalidade. Ocorrendo qualquer violação ao texto legal, o processo administrativo, consequentemente, deverá ser declarado nulo.

4.2. Princípio da oficialidade

Esse princípio impõe à Administração o dever de dar andamento automático ao processo administrativo, independentemente da manifestação do administrado. Também é conhecido como “princípio da impulsão de ofício” ou “princípio do impulso oficial”.

É interessante destacar que, contrariamente ao que ocorre no Poder Judiciário, que deve ser provocado pelo interessado a fim de que possa tomar alguma providência, no âmbito administrativo a própria Administração se encarrega de adotar as providências necessárias para garantir o andamento e a conclusão do processo.

A oficialidade se revela na instauração, na instrução, na decisão e na eventual revisão de decisões tomadas nos processos administrativos.

No concurso público para o cargo de Analista Judiciário do TRE/CE, realizado em 2012, a FCC considerou correta a seguinte assertiva: “O princípio da oficialidade está presente no poder de iniciativa da Administração Pública para instaurar o processo, na instrução do processo e também na revisão de suas decisões”.

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4.3. Princípio do informalismo

O processo administrativo caracteriza-se pelo informalismo, dispensando a solenidade e o rigor exacerbado na edição de seus atos. É claro que não é possível exagerar no informalismo, pois é necessário garantir a confiança e a credibilidade do processo administrativo. Assim, a lei poderá estabelecer uma maior rigidez para a prática de alguns atos, cominando a respectiva nulidade em caso de sua inobservância.

Como o administrado não está obrigado a contratar um advogado para atuar em processo administrativo, o princípio do informalismo apresenta-se como essencial e de extrema relevância, permitindo que qualquer pessoa possa acessá-lo e praticar os atos necessários ao seu desenvolvimento e conclusão.

No concurso público para o cargo de Técnico Judiciário do TRT da 9ª Região, realizado em 2013, a FCC considerou incorreta a seguinte assertiva: “De acordo com a Lei no 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, aplica-se o princípio do formalismo, dispensada a indicação dos pressupostos de fato da decisão”.

4.4. Princípio da “verdade material” ou “verdade real”

Nos processos administrativos, a Administração deve sempre buscar a realidade dos fatos. Nesse sentido, deve adotar todas as providências que se fizerem necessárias para esclarecer, com exatidão, o que realmente ocorreu. Para isso o processo administrativo é instaurado.

A professora Odete Medauar nos ensina que, como conseqüência do princípio da verdade real ou material, “a Administração deve tomar decisões com base nos fatos tais como se apresentam na realidade, não se satisfazendo com a versão oferecida pelos sujeitos. Para tanto, tem o direito e o dever de carrear para o expediente todos os dados, informações, documentos a respeito da matéria tratada, sem estar jungida aos aspectos suscitados pelos sujeitos”.

Pergunta: professor, verdade material é o mesmo que verdade formal?

Não. Fique bastante atento a essa diferença, pois, frequentemente, ela é objeto de concursos.

A verdade formal, que se objetiva nos processos judiciais (com exceção dos criminais), caracteriza-se por não representar a realidade dos fatos. Para decidir um conflito que lhe foi apresentado, o juiz está restrito às provas que foram apresentadas pelas partes e que estão no processo, não podendo se referir a fatos ou documentos de que teve ciência “fora” do processo.

Para que fique mais fácil o entendimento, basta que você se lembre de que ao ser citado para responder a uma ação judicial, o acusado será advertido de que “não sendo contestada a ação, se presumirão aceitos pelo réu, como verdadeiros, os fatos articulados pelo autor” (artigo 285 do Código de Processo Civil).

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Exemplo: caso JOÃO ingresse com uma ação judicial em face de PEDRO, alegando que ele lhe deve a quantia de R$ 500,00 por um serviço prestado e não pago, PEDRO terá que apresentar a sua contestação (defesa) no processo, mesmo que a cobrança seja absurda (sequer conhece João, por exemplo), pois, caso contrário, presumir-se-ão verdadeiros os fatos alegados por João.

Assim, por mais mentirosa e absurda que possa parecer tal cobrança, se JOÃO não se defender, apresentando os seus argumentos, ela será considerada verdadeira. Eis a verdade formal, que não corresponde à realidade dos fatos.

No concurso público para o cargo de Técnico Judiciário do TRE/PE, realizado em 2011, a FCC considerou incorreta a seguinte assertiva: “No que concerne à comunicação dos atos do processo administrativo na Administração Pública Federal, é correto afirmar que o desatendimento da intimação importa o reconhecimento da verdade dos fatos”.

4.5. Princípios do contraditório e da ampla defesa

Os princípios do contraditório e da ampla defesa estão expressamente previstos no inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, que assim declara:

“LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

O princípio da ampla defesa, de uma forma bem resumida, assegura ao acusado a prerrogativa de valer-se de todos os meios existentes para provar a sua inocência, desde que lícitos. Por outro lado, o princípio do contraditório impõe a obrigatoriedade de se garantir ao acusado a oportunidade de se manifestar sobre todos os fatos e acusações a ele imputados, bem como o direito de contradizer um por um, caso entenda cabível e necessário.

5. Objeto

O processo administrativo será utilizado no âmbito da Administração Pública para tratar sobre os mais diversos temas. O professor Diógenes Gasparini, apresentando alguns exemplos, informa que podem versar sobre a padronização de um bem, cuidar da investigação de um fato, visar a aplicação de uma pena, objetivar uma decisão, encerrar uma denúncia, consubstanciar uma sugestão, exigir um tributo, comprovar o exercício do poder de polícia, visar a apuração de certos fatos e a indicação dos respectivos autores.

Afirma o citado professor que o objeto é, portanto, o tema versado no processo administrativo e esse pode ser qualquer um.

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6. Princípios expressos

O artigo 2º da Lei 9.784/99 apresenta um rol de princípios que devem ser obrigatoriamente observados durante os processos administrativos federais, a saber:

� Princípio da legalidade

� Princípio da finalidade;

� Princípio da motivação;

� Princípio da razoabilidade;

� Princípio da proporcionalidade;

� Princípio da moralidade;

� Princípio da ampla defesa e do contraditório;

� Princípio da segurança jurídica;

� Princípio do interesse público; e

� Princípio da eficiência.

Dentre todos os princípios acima relacionados, em nossa primeira aula estudamos o da LEGALIDADE, FINALIDADE, MORALIDADE e EFICIÊNCIA. Ademais, como no tópico anterior fiz referência aos princípios do CONTRADITÓRIO e da AMPLA DEFESA, resta então tecer alguns breves comentários sobre os princípios da MOTIVAÇÃO, RAZOABILIDADE, PROPORCIONALIDADE, SEGURANÇA JURÍDICA E INTERESSE PÚBLICO.

Para fins de concursos públicos, entenda que o princípio do interesse público impõe para a Administração a obrigatoriedade de sempre almejar a satisfação do interesse público, o que lhe assegura uma supremacia jurídica em relação aos particulares.

Como interesse público, podemos entender aquele que está previsto na lei, o que nos remete ao princípio da legalidade. Isso porque o interesse público deve estar presente tanto no momento da edição da lei quanto no momento de sua execução em concreto pela Administração.

(FCC/Analista Judiciário TRT 22ª Região/2010) Nos termos da Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é CORRETO que a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Assertiva considerada correta pela banca.

6.1. Princípio da Motivação

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O princípio da motivação impõe à Administração Pública a obrigação de apresentar as razões de fato (o acontecimento, a circunstância real) e as razões de direito (o dispositivo legal) que a levaram a praticar determinado ato.

A necessidade geral de motivação dos atos administrativos não está prevista expressamente no artigo 37 da Constituição Federal de 1988, mas consta no artigo 93, X (em relação aos atos administrativos editados pelo Poder Judiciário) e 129, § 4º (em relação aos atos administrativos editados pelo Ministério Público).

Em termos gerais, o princípio da motivação pode ser considerado implícito, pois não existe previsão expressa na Constituição Federal de 1988 de que os atos editados pelo Poder Executivo também devam ser motivados. É claro que se a Constituição Federal impõe a obrigatoriedade de motivação dos atos administrativos do Poder Judiciário e do Ministério Público, implicitamente, também a estende aos atos editados pelo Poder Executivo, que é aquele que possui na edição de atos administrativos a sua função principal, típica.

A Lei 9.784/99, no inciso VII do artigo 2º, declara expressamente que nos processos administrativos federais serão indicados os pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão.

Além disso, afirma no § 1º do artigo 50 que a motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato, o que a doutrina convencionou chamar de motivação aliunde.

Isso significa que, no momento de motivar um ato administrativo, o administrador poderá invocar fundamentos que já estejam em pareceres ou decisões anteriores, por exemplo. Assim, para concluir a motivação, basta que faça uma afirmação declarando que a motivação é a mesma constante da “decisão Y”, “em anexo”.

A imposição de que a motivação seja explícita, clara e congruente deriva, dentre outros, dos princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa.

Para que o administrado ou mesmo os agentes públicos (nos casos em que estiverem respondendo a um processo administrativo, por exemplo) possam contestar ou defender-se dos atos administrativos praticados pela Administração, é necessário que tenham pleno conhecimento de seu conteúdo.

Sendo assim, no momento de motivar o ato, o administrador não pode limitar-se a indicar o dispositivo legal que serviu de base para a sua edição. É essencial ainda que o administrador apresente, detalhadamente, todo o caminho que percorreu para chegar a tal conclusão, bem como o objetivo que deseja alcançar com a prática do ato.

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Agindo dessa maneira, o administrador estará permitindo que os interessados possam exercer um controle efetivo sobre o ato praticado, que deve respeitar as diretrizes do Estado Democrático de Direito, o princípio da legalidade, da razoabilidade, proporcionalidade, do devido processo legal, entre outros.

Pergunta: Será que todos os atos administrativos devem ser motivados?

Diante do que escrevi até o momento, parece que sim, não é? Bem, para fins de concursos públicos, devemos ficar atentos a essa pergunta.

Embora renomados professores como Diógenes Gasparini e Maria Sylvia Zanella Di Pietro, por exemplo, entendam que todos os atos administrativos devam ser motivados, sejam eles vinculados ou discricionários, é válido destacar que existe uma exceção muito cobrada em concursos públicos: a nomeação e exoneração de servidores ocupantes de cargos em comissão (cargos de confiança).

No momento de nomear um cidadão para ocupar cargo público em comissão (aquele em que não é necessário ser aprovado em concurso público e que possui atribuições de direção, chefia e assessoramento, como o cargo de Secretário Municipal, por exemplo), a autoridade competente não está obrigada a apresentar os motivos, por escrito, que a levaram a optar pelo cidadão “a”, em vez do cidadão “b”.

Da mesma forma, acontece na exoneração. A autoridade competente não está obrigada a apresentar, por escrito, os motivos que a levaram a “dispensar” o ocupante do cargo em comissão, independentemente de quais sejam.

Sendo assim, como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso público, fique atento a essa exceção que comprova que nem todos os atos administrativos devem ser motivados.

Por fim, não confunda o motivo do ato administrativo (que estudamos anteriormente) com a necessidade de motivação. O primeiro é a razão de fato e de direito que justificou a edição do ato. O segundo nada mais é que a exposição dos motivos, por escrito, detalhadamente.

Exemplo: Imagine que o Departamento de Recursos Humanos de um determinado órgão público tenha solicitado ao servidor “X” a apresentação de algumas informações e documentos para proceder à atualização de seus dados cadastrais. Contudo, apesar da solicitação formal da Administração, imotivadamente, o servidor se recusou a fornecê-los. Diante do exposto, o servidor será punido com uma advertência em virtude de não ter apresentado as informações e documentos solicitados (motivo), mas, no momento da aplicação da penalidade, a Administração deverá explicar por escrito o “porquê” de ter sido aplicada a referida advertência (motivação).

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O artigo 50 da Lei 9.784/99 apresenta um rol de hipóteses que ensejam, obrigatoriamente, a motivação do ato administrativo. Entretanto, é importante esclarecer que as hipóteses elencadas legalmente não são as únicas que impõem à necessidade de motivação (esse é o entendimento da doutrina majoritária, para fins de concursos públicos).

Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando:

I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;

II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;

III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;

IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;

V - decidam recursos administrativos;

VI - decorram de reexame de ofício;

VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;

VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.

Para responder às questões de prova: Em regra, todos os atos administrativos devem ser motivados, sejam eles vinculados ou discricionários. Esse é o entendimento da doutrina majoritária.

Todavia, como as exceções estão sempre presentes no Direito, lembre-se de que o Supremo Tribunal Federal já declarou, por diversas vezes, que o ato de nomeação e exoneração ad nutum dos ocupantes de cargos em comissão (cargos de confiança) não necessita de motivação.

6.2. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade

Grande parte da doutrina afirma que os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade são sinônimos. Outra parte afirma que tais princípios são autônomos, apesar do fato de a proporcionalidade ser um dos elementos da razoabilidade.

Sendo assim, apresentarei ambos os princípios conjuntamente, mas citando as peculiaridades de cada um para que você não se confunda no momento de responder às questões de prova.

O princípio da razoabilidade está diretamente relacionado ao senso comum do homem médio, do aceitável, do justo, do mediano. Em respeito a tal princípio, as condutas administrativas devem pautar-se no bom senso, na sensatez que guia a atuação do homem mediano, pois, caso contrário, serão invalidadas.

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O princípio da razoabilidade tem origem no sistema jurídico anglo-saxão, mas foi no Direito norte-americano que se desenvolveu e ganhou autonomia, como consequência do devido processo legal, servindo de parâmetro obrigatório para a conduta tanto dos administradores quanto do legislador.

Eis aqui uma importante informação que você deve guardar: o princípio da razoabilidade, que é considerado um princípio implícito (em termos gerais), deriva do princípio do devido processo legal, este previsto expressamente no inciso LIV, artigo 5º, da CF/88.

Atenção: se analisarmos os princípios da razoabilidade e proporcionalidade nos termos da Lei 9.784/99, eles poderão ser considerados expressos, mas somente para a Administração Pública Federal.

A professora Lúcia Valle Figueiredo, na tentativa de distinguir a proporcionalidade da razoabilidade, informa que a proporcionalidade pressupõe a adequação entre os atos e as necessidades, ou seja, “só se sacrificam interesses individuais em função dos interesses coletivos, de interesses primários, na medida da estrita necessidade, não se desbordando que seja realmente indispensável para a implementação da necessidade pública1”.

O princípio da proporcionalidade também pode ser entendido como princípio da “proibição de excesso”, já que o fim a que se destina é justamente limitar as ações administrativas que ultrapassem os limites adequados. Em outras palavras, significa dizer que tal princípio impõe à Administração Pública a necessidade de adequação entre meios e fins, sendo vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (inciso VI, artigo 2º, da Lei 9.784/99).

Para fins de concurso público, que é o nosso foco principal, é importante que você saiba as características tanto da razoabilidade quanto da proporcionalidade, pois algumas bancas examinadoras elaboram questões como se ambos fossem sinônimos (Fundação Carlos Chagas), e outras como se fossem princípios autônomos (CESPE).

(Analista Judiciário - Adm – TRT 23ª R/2004 / FCC) A adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; e a observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados, entre outras, dizem respeito ao princípio da (A) razoabilidade, sob a feição de proporcionalidade. (B) motivação, decorrente da formalidade. (C) finalidade, que se apresenta como impessoalidade. (D) ampla defesa, somada à segurança jurídica. (E) segurança jurídica atrelada à legalidade. Resposta: letra “a”

1 FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2008.

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(Especialista em Regulação – ANATEL 2006 / CESPE) O princípio da proporcionalidade - que tem fundamento no texto constitucional brasileiro - aplicado à garantia do indivíduo, em face do poder regulador do Estado, é uma das formas de manifestação da função de garantia e proteção que desempenha a Constituição. (Correta)

6.3. Princípio da segurança jurídica

Para que o homem possa conduzir os atos de sua vida civil, familiar e profissional, necessita de certo grau de estabilidade, de confiança e de certeza de que as decisões tomadas no dia a dia não serão alteradas unilateralmente, por terceiros, em momento posterior. Assim, é possível programar o futuro e estabelecer projetos a curto, médio e longo prazo.

A necessidade de estabilidade, certeza e confiança se mostra ainda mais latente nas relações entre a Administração e os administrados.

Conforme nos informa a professora Di Pietro, é muito comum, na esfera administrativa, haver mudança de interpretação de determinadas normas legais, com a consequente mudança de orientação, em caráter normativo, afetando situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação anterior.

Essa possibilidade de mudança de orientação é inevitável, porém, gera uma grande insegurança jurídica, pois os interessados nunca sabem quando a sua situação será passível de contestação pela própria Administração Pública.

Daí a regra que proíbe a aplicação retroativa de nova interpretação, prevista no artigo 2º, XIII, da Lei 9.784/99:

Art. 2º, parágrafo único: Nos processos administrativos, serão observados, entre outros, os critérios de:

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

Sendo assim, se a Administração Pública praticou certo ato amparada em uma determinada interpretação da lei, posteriormente, caso seja alterada a interpretação, não poderá a Administração aplicá-la ao ato que já havia sido praticado com base na interpretação anterior.

Nessa situação, a nova interpretação somente poderá ser aplicada em casos futuros, desde que se enquadrem na nova interpretação.

A Constituição Federal de 1988 vai ainda mais longe, pois declara em seu artigo 5º, XXXVI, que nem mesmo a lei poderá prejudicar ato jurídico perfeito, direito adquirido e a coisa julgada.

Para responder às questões de prova, lembre-se sempre de que o objetivo do princípio da segurança jurídica é proteger os administrados em face de novas interpretações adotadas pela Administração e que possam prejudicá-los, no caso em concreto.

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(FCC/Técnico Judiciário TRT 23ª Região/2011) Nos processos administrativos, na forma preconizada pela Lei nº 9.784/1999, serão observados, entre outros, os critérios de interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. Assertiva considerada correta pela banca.

7. Critérios a serem observados nos processos administrativos

Além de apresentar um rol de princípios que devem ser obrigatoriamente observados, a Lei 9.784/99 também enumerou, no parágrafo único do artigo 2º, uma relação de critérios que devem pautar as condutas das autoridades nos processos administrativos.

Perceba que os critérios decorrem diretamente dos princípios arrolados anteriormente, portanto, fique atento ao responder às questões de concursos:

I - atuação conforme a lei e o Direito (princípio da legalidade);

II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei (impessoalidade)

III - objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades (impessoalidade);

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé (moralidade);

V - divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição (publicidade);

VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (razoabilidade e proporcionalidade);

VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão (motivação);

VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados (segurança jurídica);

IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados (segurança jurídica e informalismo);

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X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio (ampla defesa e contraditório);

XI - proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei;

XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados (oficialidade);

XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação (impessoalidade e segurança jurídica).

(FCC/Analista Judiciário TRT 24ª Região/2011) De acordo com Lei nº 9.784/1999, no processo administrativo será observado, dentre outros, o critério de garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio. Assertiva considerada correta pela banca.

8. Dos direitos e deveres do administrados

A fim de que não restem dúvidas sobre os direitos e deveres dos administrados, quando forem parte em processo administrativo, cuidou a Lei 9.784/99 de apresentá-los expressamente, em seus artigos 3º e 4º, vejamos:

8.1. Direitos

1º) ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações;

2º) ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas;

3º) formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente;

4º) fazer-se assistir, facultativamente, por advogado, salvo quando obrigatória a representação, por força de lei.

(FCC/Analista Judiciário TRT 22ª Região/2010) Nos termos da Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é CORRETO que, dentre os direitos do administrado perante a Administração Pública, está o de ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas. Assertiva considerada correta pela banca.

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8.2. Deveres

1º) expor os fatos conforme a verdade;

2º) proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;

3º) não agir de modo temerário;

4º) prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.

RESUMO DE VÉSPERA DE PROVA

1. A Lei do processo administrativo federal não se restringe ao Poder Executivo, pois abrange também os poderes Legislativo e Judiciário, bem como o Ministério Público da União e o Tribunal de Contas da União, quando estiverem exercendo função administrativa.

2. O princípio da motivação impõe à Administração Pública a obrigação de apresentar as razões de fato (o acontecimento, a circunstância real) e as razões de direito (o dispositivo legal) que a levaram a praticar determinado ato.

3. A norma administrativa deve ser interpretada da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

4. É direito do administrado ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas.

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QUESTÕES COMENTADAS

01. (FCC/Técnico Judiciário TRT 23ª Região/2011) Nos processos administrativos, na forma preconizada pela Lei nº 9.784/1999, serão observados, entre outros, os critérios de

a) atendimento a fins de interesse geral, com possibilidade de renúncia parcial de poderes ou competências, ainda que sem autorização legal.

b) interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação.

c) objetividade no atendimento do interesse público, sendo possível a promoção pessoal de agentes ou autoridades.

d) adequação entre meios e fins, com possibilidade de imposição de obrigações em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.

e) proibição de cobrança, em qualquer hipótese, de despesas processuais.

Comentários

a) Errado. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei.

b) Correto. O texto da assertiva refere-se ao princípio da segurança jurídica, previsto expressamente no art. 2º, XIII, da Lei 9.784/1999.

Se a Administração Pública edita um ato administrativo amparada em determinada interpretação da lei, caso essa interpretação, posteriormente, seja alterada, não poderá a Administração aplicá-la ao ato que já havia sido praticado com base na interpretação anterior. Nessa situação, a nova interpretação somente poderá ser aplicada em casos futuros, desde que se enquadrem no novo entendimento.

c) Errado. O art. 2º, III, da Lei 9.784/1999, impõe a obrigatoriedade de “objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades”.

d) Errado. É obrigatória a adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.

e) Errado. Em caráter excepcional, poderá ocorrer a cobrança de despesas processuais, desde que exista expressa determinação ou autorização legal.

GABARITO: LETRA B.

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02. (FCC/Analista Judiciário TRT 14ª Região/2011) Nos termos da Lei nº 9.784/99, que regula o Processo Administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é correto afirmar:

a) Não é dever do administrado prestar informações solicitadas pela Administração, pois caracterizaria afronta a princípios constitucionais, como a liberdade e a democracia.

b) É possível, como regra, a renúncia de competências.

c) Considera-se entidade a unidade de atuação sem personalidade jurídica.

d) É possível a impulsão, de ofício, do processo pela Administração e, assim ocorrendo, dar-se-á com prejuízo da atuação de interessados, por prevalecer o interesse público.

e) Autoridades e servidores deverão facilitar o exercício dos direitos dos administrados.

Comentários

a) Errado. A prestação de informações que lhe forem solicitadas e a colaboração para o esclarecimento dos fatos são deveres previstos expressamente no art. 4º, IV, da Lei 9.784/1999.

b) Errado. Os processos administrativos devem atender a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo mediante autorização prevista em lei.

c) Errado. Entidade é a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica. Por outro lado, órgão público é a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta (desprovida de personalidade jurídica).

d) Errado. O professor José dos Santos Carvalho Filho afirma que em decorrência do princípio da oficialidade, característico do processo administrativo federal, “a Administração pode instaurar e impulsionar, de ofício, o processo e não depende da vontade do interessado”. Todavia, deve ficar claro que essa impulsão ocorrerá sem prejuízo da atuação e participação de eventuais interessados.

e) Correto. O administrado tem direito a ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que deverão facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações.

GABARITO: LETRA E.

03. (FCC/Analista Judiciário TRT 14ª Região/2011) Nos termos da Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, NÃO consiste em dever do administrado:

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a) proceder com lealdade. b) proceder com urbanidade. c) colaborar para o esclarecimento dos fatos. d) expor os fatos conforme a verdade. e) fazer-se assistir, obrigatoriamente, por advogado, salvo hipóteses excepcionais em que não se exige tal obrigação.

Comentários

O art. 4º da Lei 9.784/1999 preceitua que são deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:

I - expor os fatos conforme a verdade;

II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;

III - não agir de modo temerário;

IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos.

Desse modo, deve ficar claro que a assistência de um advogado não é um dever imposto ao administrado, mas sim uma faculdade que pode ser exercida a qualquer momento.

GABARITO: LETRA E.

04. (FCC/Analista Judiciário TRT 24ª Região/2011) Constituem princípios do processo administrativo, explícitos ou implícitos no Direito positivo: a) oficialidade, publicidade e motivação. b) sigilo, economia processual e unilateralidade. c) onerosidade, publicidade e tipicidade. d) formalismo, gratuidade e inércia dos órgãos administrativos. e) oficialidade, devido processo legal e inércia dos órgãos administrativos.

Comentários

O art. 2º da Lei 9.784/1999 preceitua expressamente que a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

Ademais, no parágrafo único do art. 2º também estão arrolados diversos outros princípios, considerados implícitos por diversos autores, entre os quais o princípio da oficialidade (XII) e da publicidade (V).

GABARITO: LETRA A.

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05. (FCC/Analista Judiciário TRT 24ª Região/2011) De acordo com Lei nº 9.784/1999, no processo administrativo será observado, dentre outros, o critério de

a) garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio.

b) impulsão do processo administrativo mediante atuação dos interessados, vedada a impulsão, de ofício, pela Administração Pública.

c) cobrança de despesas processuais, não havendo tal cobrança apenas em hipóteses excepcionais previstas em lei.

d) interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, permitida a aplicação retroativa de nova interpretação.

e) atendimento a fins de interesse geral, permitida, em regra, a renúncia total ou parcial de poderes ou competências.

Comentários

a) Correto. Trata-se de imposição assegurada expressamente no art. 2º, X, da Lei 9.784/1999.

b) Errado. A impulsão, de ofício, do processo administrativo é assegurada à Administração Pública, sem prejuízo da atuação dos interessados.

c) Errado. É proibida a cobrança de despesas processuais, ressalvadas aquelas que estejam expressamente previstas em lei.

d) Errado. Ao contrário do que consta no texto da assertiva, é vedada a aplicação retroativa de nova interpretação.

e) Errado. É vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei.

GABARITO: LETRA A.

06. (FCC/Analista Judiciário TRT 22ª Região/2010) Nos termos da Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é INCORRETO que

a) para os fins desta Lei, consideram-se entidade a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica e autoridade o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.

b) nos processos administrativos será observado, em qualquer caso e de forma absoluta, entre outros, o critério de proibição de cobrança de despesas processuais.

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c) a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

d) dentre os direitos do administrado perante a Administração Pública, está o de ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas.

e) os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa.

Comentários

a) Correto. Para responder às questões da Fundação Carlos Chagas, lembre-se sempre de que as entidades possuem personalidade jurídica, enquanto os órgãos públicos são desprovidos de tal característica.

b) Errado. A cobrança de despesas processuais poderá ser promovida pela Administração Pública, desde que exista autorização ou determinação legal.

c) Correto. Os princípios arrolados no texto da assertiva estão expressamente previstos no art. 2º da Lei 9.784/1999.

d) Correto. Trata-se de uma prerrogativa essencial para fazer valer o direito ao contraditório e à ampla defesa.

e) Correto. A Lei 9.784/99, que estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal, alcança tanto as entidades da Administração Direta (União e seus respectivos órgãos), quanto às entidades da Administração Indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). Ademais, não se restringe ao Poder Executivo, pois abrange também os poderes Legislativo e Judiciário, bem como o Ministério Público da União e o Tribunal de Contas da União, quando estiverem exercendo função administrativa.

GABARITO: LETRA B.

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QUESTÕES COMENTADAS - COM OS GABARITOS

01. (FCC/Técnico Judiciário TRT 23ª Região/2011) Nos processos administrativos, na forma preconizada pela Lei nº 9.784/1999, serão observados, entre outros, os critérios de a) atendimento a fins de interesse geral, com possibilidade de renúncia parcial de poderes ou competências, ainda que sem autorização legal. b) interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. c) objetividade no atendimento do interesse público, sendo possível a promoção pessoal de agentes ou autoridades. d) adequação entre meios e fins, com possibilidade de imposição de obrigações em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público. e) proibição de cobrança, em qualquer hipótese, de despesas processuais. 02. (FCC/Analista Judiciário TRT 14ª Região/2011) Nos termos da Lei nº 9.784/99, que regula o Processo Administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é correto afirmar: a) Não é dever do administrado prestar informações solicitadas pela Administração, pois caracterizaria afronta a princípios constitucionais, como a liberdade e a democracia. b) É possível, como regra, a renúncia de competências. c) Considera-se entidade a unidade de atuação sem personalidade jurídica. d) É possível a impulsão, de ofício, do processo pela Administração e, assim ocorrendo, dar-se-á com prejuízo da atuação de interessados, por prevalecer o interesse público. e) Autoridades e servidores deverão facilitar o exercício dos direitos dos administrados. 03. (FCC/Analista Judiciário TRT 14ª Região/2011) Nos termos da Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, NÃO consiste em dever do administrado: a) proceder com lealdade. b) proceder com urbanidade. c) colaborar para o esclarecimento dos fatos. d) expor os fatos conforme a verdade. e) fazer-se assistir, obrigatoriamente, por advogado, salvo hipóteses excepcionais em que não se exige tal obrigação.

04. (FCC/Analista Judiciário TRT 24ª Região/2011) Constituem princípios do processo administrativo, explícitos ou implícitos no Direito positivo:

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a) oficialidade, publicidade e motivação. b) sigilo, economia processual e unilateralidade. c) onerosidade, publicidade e tipicidade. d) formalismo, gratuidade e inércia dos órgãos administrativos. e) oficialidade, devido processo legal e inércia dos órgãos administrativos. 05. (FCC/Analista Judiciário TRT 24ª Região/2011) De acordo com Lei nº 9.784/1999, no processo administrativo será observado, dentre outros, o critério de a) garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio. b) impulsão do processo administrativo mediante atuação dos interessados, vedada a impulsão, de ofício, pela Administração Pública. c) cobrança de despesas processuais, não havendo tal cobrança apenas em hipóteses excepcionais previstas em lei. d) interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, permitida a aplicação retroativa de nova interpretação. e) atendimento a fins de interesse geral, permitida, em regra, a renúncia total ou parcial de poderes ou competências.

06. (FCC/Analista Judiciário TRT 22ª Região/2010) Nos termos da Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, é INCORRETO que a) para os fins desta Lei, consideram-se entidade a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica e autoridade o servidor ou agente público dotado de poder de decisão. b) nos processos administrativos será observado, em qualquer caso e de forma absoluta, entre outros, o critério de proibição de cobrança de despesas processuais. c) a Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. d) dentre os direitos do administrado perante a Administração Pública, está o de ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas. e) os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa.

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