aula de teatro completa

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  • 8/8/2019 aula de teatro completa.

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    revista semestral de pesquisa, ensino e extenso do CAp-UFRJ

    n 2 - Ano 2

    Aula de teatro ou no teatro?

    Caiu o ministrio!o Brasil do sculo XIX em cena

    TDAH:ateno nesta sigla

    O que signicangulo?

    Entrevistacom Srvula Paixo,

    ex-diretora do CAp-UFRJ

    Iniciao Cientca Jr.no CAp-UFRJ

    Alunos e licenciando constroem umtermmetro eletrnico

    Inspetor ou assistente?Um prossional em busca de uma identidade

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    Universidade Federal do Rio de Janeiro

    ReitorAlosio Teixeira

    Vice-reitoraSylvia da Silveira de Mello Vargas

    Pr-reitor de GraduaoJos Roberto Meyer Fernandes

    Pr-reitoria de Ps-Graduao e PesquisaJos Luiz Fontes Monteiro

    Pr-reitor de Planejamento e DesenvolvimentoCarlos Antonio Levi da Conceio

    Pr-reitor de PessoalLuiz Afonso Henriques Mariz

    Pr-reitor de ExtensoLaura Tavares Ribeiro Soares

    Centro de Filosoa e Cincias Humanas

    DecanoMarcelo Macedo Corra e Castro

    Colgio de Aplicao

    Diretora GeralCelina Maria de Souza Costa

    Vice-DiretoraMiriam Abduche Kaiuca

    Diretores Adjuntos de EnsinoAngela Alves da FonsecaMarcelo da Silva Bueno

    Mario Jacinto Ferraro JuniorRowilson Aparecido da Silva

    Diretores Adjuntos de Licenciatura, Pesquisa e ExtensoFbio Garcez de Carvalho

    Maria Luiza Mesquita da Rocha

    JORNALISTA RESPONSVELMaira da Costa......EDITORBeto Pimentel......

    ASSISTENTE DE PRODUOMaria de Ftima Galvo......PRODUO GRFICARaphael Borges

    Jand Saavedra FariasEstvo Sarcinelli......FOTOGRAFIASilmar Marques......

    REVISOTeresa Andrade......

    APOIOMalu Rocha, Fbio Garcez, SandraBragatto e Rsia Coelho (DALPE)Mrcia Carnaval e Patrcia Perez(Assessoria de Comunicao daReitoria da UFRJ)......IMPRESSOGrca da UFRJTIRAGEM3.000 exemplaresILUSTRAO DE CAPA

    Jand Saavedra Farias......CONSULTORES TCNICOSMaria Lucia Pupo (Artes Cnicas)

    Victor Giraldo (Matemtica)Marly Motta (Histria)Deise Vianna (Fsica)Mrcia Serra (Prtica de Ensino)

    EntrevistaSrvula de Souza PaixoArtes CnicasFazer Teatro e fazer aula de Teatropor Celia Machado

    MatemticaOlhando por Outro ngulo a

    produo de signicados para a noo de

    ngulopor Daniella Assemany

    NICJr.O Ncleo de Iniciao Cientca Jr. do

    CAp-UFRJpor Vicente de Paulo Batista, Ana Paula Penna,

    Elisa Caris, Fernanda Guinemer eRodrigo Gonalves

    Construindo PontesCaiu o Ministrio!por Alessandra Carvalho, Mariana Oliveira e

    Vitor Acselrad

    Na PrticaTermometria atravs do computadorpor Bernardo Medina

    OpinioAssistente ou Inspetor?por Esmeraldino Sardinha

    Sem FronteirasO Transtorno do Dcit de Ateno eHiperatividadepor Monica Lavoyer

    ResenhaIdentidades Fragmentadaspor Andr Ricardo Nunes, Flvia Gonalves e

    Priscila Corra.

    NotasAconteceu no 2 semestre

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    Srvula porChico Caruso

    entrevista

    maro de 2007 perspectiva capiana n2

    Caro LeitorSrvula Paixo

    Diretora do CAp-UFRJ de

    julho de 1983 a dezembro de

    1985, a professora Srvula deSouza Paixo protagonizou

    as mudanas estruturais que

    deram escola a sua cara

    atual. Aposentada pela

    Faculdade de Educao da

    UFRJ, Srvula divide hoje seu

    tempo entre o Rio de Janeiro

    e Quissam, pequena cidade

    no norte do estado, onde tem

    uma papelaria em sociedade

    com uma prima. PERSPECTIVA

    alcanou-a l para fazer a

    seguinte entrevista.

    O primeiro nmero de PERSPECTIVA teve uma excelente acolhida. Em nome de toda a equipe agradeo todasas manifestaes de apoio e votos de continuidade que recebemos desde o lanamento da revista. E pelo visto atorcida funcionou, pois a est o nmero 2 de PERSPECTIVA bem em suas mos.

    E com novidades! Agora a revista tem quatro pginas a mais. Recebemos um bom nmero de contribuies deartigos e optamos por ampliar nosso espao. Alm disso, a revista agora est acessvel pela internet na pginawww.cap.ufrj.br/perspectiva.html.

    Temos ainda o orgulho de apresentar a nova seo Na Prtica, que mostrar trabalhos desenvolvidos porlicenciandos no quadro de suas Prticas de Ensino. A seo inaugurada por Bernar do Medina, licenciando deFsica, que ao longo de 2005 fez seu estgio no CAp-UFRJ. No nal daquele ano, sob a co-orientao do professorCarlos Eduardo Aguiar, do Instituto de Fsica da UFRJ, ele desenvolveu um projeto de construo e operao determmetros eletrnicos com as turmas da segunda srie do Ensino Mdio, contextualizando-o no programa doquarto bimestre. Em 2006 deu continuidade ao projeto na escola, aperfeioando-o, como parte de sua monograade concluso de curso. um excelente exemplo das possibilidades que a Prtica de Ensino no CAp-UFRJ podeoferecer.

    Num dos artigos principais, a professora Celia Machado, do setor curricular de Artes Cnicas, discute a relaoentre a metodologia de ensino de Artes Cnicas e as caractersticas do fazer teatro em si. Noutro, a professoraDaniela Assemany, do setor curricular de Matemtica, traz uma parte interessante de sua pesquisa com aconstruo do signicado do conceito de ngulo pelos alunos. No terceiro, o pessoal do Ncleo de IniciaoCientca Jnior do CAp-UFRJ conta um pouco da histria do projeto na escola e os resultados alcanados em dezanos de funcionamento.

    A Construindo Pontesmostra novamente uma iniciativa envolvendo a interao entre palco e sala de aula, desta vezuma tabelinha entre a professora Mariana Oliveira, do setor cur ricular de Artes Cnicas, e a professora AlessandraCarvalho e o licenciando Vitor Acselrad, do setor curricular de Histria. Os trs realizaram um divertido passeiopela sociedade e cultura do Brasil do nal do sculo XIX com a montagem da pea Caiu o Ministrio!. Vale a penaconferir.

    A seo Opinio traz um ensaio do inspetor de alunos Esmeraldino Sardinha sobre o papel deste prossional naescola, um tema to interessante quanto pouco visitado em nossas reexes pedaggicas.

    A psicloga e psicopedagoga Monica Lavoyer contribui com a seo Sem Fronteirasantecipando-se a uma polmicaque muitos acreditam nos alcanar em breve: o diagnstico excessivo de alunos com Transtorno de Dcit deAteno e Hiperatividade (TDAH), um distrbio comportamental de difcil diagnstico. O que pode fazer a escolae o professor nesses casos?

    Finalmente, tivemos o prazer de entrevistar a professora Srvula de Souza Paixo, ex-diretora do CAp-UFRJ e,

    em boa parte, responsvel por instituir vrias das iniciativas que so hoje uma marca registrada da escola. Conrana entrevista que comea na pgina ao lado u m pouco da histria da escola e de uma de suas mais interessantespersonagens.

    Espero que goste deste nmero 2. Quem sabe a gente no publica um artigo seu no prximo nmero? Escreva!Veja tambm o seu trabalho em PERSPECTIVA.

    Beto [email protected]

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    maro de 2007 perspectiva capiana n2

    entrevista

    maro de 2007 perspectiva capiana n2

    PERSPECTIVA: Como era o processo de escolha dodiretor da escola na poca em que a Sra. foi diretora?

    Srvula: O diretor era indicado pelo Departamento deDidtica da Faculdade de Educao. O cargo costumavaser ocupado por um professor do depar tamento.

    PERSPECTIVA: Por qu?

    Srvula: Ah, por um monte de coisas. Em primeiro lugar,havia o desao. Era um grande desao. As coisas daescola estavam meio confusas. At a FORJA, o jornal dosalunos, estava parada. Junto com a equipe, comecei a botarpilha para as coisas acontecerem na escola. Soube quedepois de um tempo um aluno virou-se para a Manuela(professora de Histria) e perguntou: Professora, qual a dessa diretora, hein?. Quando eu cheguei na escolaos inspetores viviam correndo atrs de alunos para nopicharem as paredes da escola. Inventei ento o muralde pichao, uma parede ali perto da entrada da escola,onde era permitido pichar. No comeo as pichaes erammuito agressivas. De vez em quando eu mandava caiar aparede e a a garotada pichava tudo de novo. Aos poucosas pichaes foram cando mais leves. Havia tambm claro a experincia pedaggica, que era fantstica. E podeser piegas lembrar isso, mas foi uma emoo muito grandeuma vez em que, no meu aniversrio, a escola inteira sereuniu, os alunos todos no ptio, na rampa, e me zeramuma homenagem. Foi importante o trabalho de equipeque realizamos no CAp, e, particularmente, a contribuioda minha vice-diretora, a professora Hebe Goldfeld, dodepartamento de Didtica.

    PERSPECTIVA: Como funcionava a escola na pocaem que a Sra. assumiu a direo?

    Srvula: Funcionava em um turno, de 7 h s 12 h, abrigando3 graus de ensino (os 1 e 2 graus da poca, mais o 3grau com as licenciaturas), pois compartilhava-se o prdio(de propriedade da Prefeitura) com a Prefeitura, tarde(escola primria), e com o Estado, noite (supletivo).

    PERSPECTIVA: Quais inovaes a Sra. introduziu naescola como diretora?

    Srvula: Na poca a escola atendia apenas a lhos deprofessores e funcionrios da universidade. Institumosum sistema em que 50% das vagas eram reservadas paraos lhos de professores e funcionrios, mas os outros 50%eram abertos para a comunidade. Hoje tranqilo falar emsorteio, essas coisas, mas na poca uma mudana como

    essa gerou muita chiadeira. Eu argumentava que mesmoassim os lhos dos funcionrios da universidade aindatinham um privilgio muito grande, porque a disputa pelasvagas deles era muito menor do que nos outros 50%.

    PERSPECTIVA: E o ingresso era por concurso?

    Srvula: Sim, mas os concursos buscavam avaliar nofundo se o aluno era capaz de ler um texto e interpret-lo.

    E isso para qualquer srie. Leitura e interpretao, o restoera problema do professor do CAp fazer o aluno aprender.A seleo para a primeira srie primria, por exemplo, foiincrvel, incluiu uma srie de jogos e atividades ldicaspara deixar os garotos vontade, embora o interesse fosseavaliar a capacidade de leitura e interpretao. Brincavam,passavam at pelo pessoal de Educao Fsica. Foi louco emuito trabalhoso, mas foi legal.

    PERSPECTIVA: Essas modicaes foram planejadascomo parte de um programa para a escola, ou...?

    Srvula: Nada! As coisas iam aparecendo e eu via osentimento dos professores a respeito e decidia. Fui aospoucos me situando e em funo de minhas posiescomo educadora tomava as decises. Quando haviaimpasses a gente chamava todo mundo numa sala eresolvia. Uma outra modicao foi ter conseguido barraras transferncias de alunos ex ofcio, que depois o CFCHreverteu. Hoje nem sei como est isso.

    PERSPECTIVA: Por que a Sra. deixou a direo doCAp-UFRJ?

    Srvula: Era poca de mudana de mandatos e atendi ameus pares candidatando-me direo da Faculdade deEducao e implantando a eleio para escolha da direodo Colgio.

    PERSPECTIVA: E a Sra. era professora do Departamentode Didtica?

    Srvula: No, eu era do Departamento de AdministraoEscolar, que atualmente o Departamento deAdministrao da Educao.

    PERSPECTIVA: Como a Sra. acabou sendo indicadapara diretora do CAp-UFRJ?

    Srvula: Foi uma indicao do reitor, o professor AdolfoPollilo. No sei como se chegou escolha de meu nome.Havia na poca um vnculo no-formal entre muitosprofessores e o colgio. Eu entrei na universidade na pocada Faculdade Nacional de Filosoa (FNFi). A estruturada universidade mudou justo na poca em que eu meformava, em 1968. Eu fui da primeira turma que saiu daFaculdade de Educao. A partir da o CAp cou ligadoao Centro de Filosoa e Cincias Humanas (CFCH), masas vinculaes informais continuaram e mesmo quemno era do Departamento de Didtica tinha muitas vezes

    ligao com o colgio.

    PERSPECTIVA: Prossionalmente, como a Sra.considera a experincia de ter sido diretora do CAp-UFRJ?

    Srvula: Ter sido diretora do CAp-UFRJ foi uma dasexperincias mais ricas e graticantes de minha carreira.

    Ter sido diretora doCAp-UFRJ foi umadas experincias

    mais ricas egraticantes deminha carreira

    Fui aos poucos mesituando e em funode minhas posies

    como educadoratomava as decises

    Srvula como diretora daFaculdade de Educao

    Foto:acervoSrvulaPaixo

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    maro de 2007 perspectiva capiana n28

    entrevista

    9maro de 2007 perspectiva capiana n2

    PERSPECTIVA: O que a Sra. considera o seu maiorlegado ao CAp-UFRJ?

    Srvula: A eleio de seus diretores e o desenvolvimentodo conceito de Colgio de Aplicao como parte doprocesso de formao de professores pela UFRJ, e nocomo apenas mais um bom colgio. A excelncia seriaconseqncia da sua funo educadora.

    PERSPECTIVA: A Sra. acompanha o que acontece naescola at hoje?

    Srvula: Gostaria, mas no tem acontecido.

    PERSPECTIVA: Algumas caractersticas da escolamudaram nesses ltimos anos, como a forma de ingressoe o perl do corpo docente, agora com um expressivonmero de professores com ps-graduao, por um lado,envolvidos com projetos de pesquisa, e de professoressubstitutos. A Sra. acha que modicaes como essademandariam mudanas estruturais na maneira da escolafuncionar?

    Srvula: Essas modicaes certamente demandariammudanas estruturais em relao ao colgio de minhapoca, mas atualmente no sei como est funcionando.A qualicao dos professores e os projetos de pesquisatero de estar ligados funo educadora do colgio a quej me referi. Os professores substitutos constituem outroproblema. Precisam estar engajados no projeto pedaggicodo colgio e no serem apenas tapa-buracos.

    PERSPECTIVA: A relao da escola com a Faculdade deEducao, a Prtica de Ensino e os cursos de licenciatura muito diversicada e departamentalizada, com cada umdos setores curriculares estabelecendo regras e prticasdistintas em funo de sua histria e de relaes pessoaisentre os professores de um e outro lado. Isso sempre foiassim?

    Srvula: Cada rea de conhecimento tem problemasepistemolgicos prprios de desenvolvimento e pr oduo,logo a prtica metodolgica precisar ser funo diretada metodologia de produo da teoria, seno a didticaser um vazio de normas e regras. Por esse motivoacho que a relao ser mesmo por setor curricular, masno de forma independente, inuenciada apenas porrelaes interpessoais, embora elas sempre ocorram. imprescindvel que o processo seja parte de um projetopedaggico mais amplo que considere tanto o licenciandocomo o aluno do colgio, que no uma cobaia.

    PERSPECTIVA: O que a Sra. fez depois que deixou adireo do CAp-UFRJ?

    Srvula: Fui diretora da Faculdade de Educao. Depois,quando terminou o mandato, tinha havido uma novaeleio para reitor e eu recebi o convite para ir paraa Subreitoria de Desenvolvimento (hoje PR-5), ondefui Superintendente de Desenvolvimento e Extenso,trabalhando junto ao sub-reitor. Alm disso continuei atrabalhar como consultora em avaliao de currculo parao Ensino Superior fora da UFRJ, rea em que eu tinha

    uma certa experincia. Isso foi muito interessante porqueacabei conhecendo instituies de Ensino Superior no Acre, no Mato Grosso, no Alagoas, no Maranho, emSanta Catarina... Conheci boa parte do Br asil trabalhandocom isso. Depois que me aposentei, a partir de 1995,passei a trabalhar prestando consultoria para o SENAI.Ah, depois que sa do CAp, da Faculdade de Educao eda Subreitoria tambm consegui concluir meu doutorado,que havia interrompido para assumir a direo docolgio.

    PERSPECTIVA: Em que a Sra. se doutorou?

    Srvula: Em losoa das cincias humanas, no IFCS.Meu tema de tese de fato era na rea de Teoria doConhecimento. No me interessavam as linhas depesquisa da ps-graduao da Faculdade de E ducao.Minha rea era currculo, e o interesse especcoem contedo do currculo, mas no d pra serespecialista em tudo. Achei que era a opoque me dava uma melhor viso para tra balharna minha rea. A pesquisa na rea decurrculo, na poca, era muito maisterica, de um modo geral, do queprtica. Ento em vez de trabalharassim eu fui me envolvendo comprojetos de pesquisa-ao dentroda UFRJ. Alm disso, enquantotrabalhava na administraoeu no tinha tempo para fazerpesquisa terica.

    A prtica metodolgica precisar serfuno da metodologia de produo

    da teoria, seno a didtica ser umvazio de normas e regras

    A qualicao dosprofessores e os

    projetos de pesquisatero de estar

    ligados funoeducadora do colgio

    Srvula pelocaricaturistaCssio Loredano

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    maro de 2007 perspectiva capiana n20

    artescnicas

    11maro de 2007 perspectiva capiana n2

    Fazer Teatro e

    Celeia Machado

    fazer Aulade Teatro

    PERSPECTIVA: A Sra. possui uma papelaria emQuissam, em sociedade com uma prima. Isso pareceinteressante. Como isso aconteceu?

    Srvula: A papelaria em Quissam parte de meu projetode aposentadoria. Quissam, porque terra de origem dafamlia, para onde eu ia em minhas frias escolares, pormuitos anos. E papelaria porque uma rea de que eue minha prima e scia, que arquiteta, gostamos muito.Sobre Quissam tem uma coisa engraada: parece que huma surpreendente ligao entre o lugar e o CAp. Almde mim, ligados a Quissam o colgio teve o professorDomingos, de Matemtica, que ali nasceu e hoje vive, eo professor Joo Rua, de Geograa, que desenvolveu umprojeto com seus alunos da UERJ e recebeu o ttulo deCidado Quissamaense, da Cmara Municipal, por suacontribuio ao desenvolvimento local.

    PERSPECTIVA: Quem sabe no abrimos uma lial doCAp-UFRJ a em Quissam?

    Srvula: Quem sabe?

    PERSPECTIVA: A Sra. seria candidata diretora, nessecaso?

    Srvula: No! Eu j estou aposentada! (risos)

    Muitas das discusses no campo do ensino da Arteprocuram reetir sobre a natureza do processo de ensino-aprendizagem artstico. A questo que se coloca se ou quandoa experincia esttica na sala de aula pode ser qualicada comofenmeno artstico. Mais especicamente, em uma aula de Teatro,os exerccios de improvisao dos alunos podem ser qualicadoscomo ato teatral? Por qu?

    Srvula de Souza Paixo ex-diretora do CAp-UFRJ e da

    Faculdade de Educao da UFRJ.Atualmente co-proprietria de

    uma papelaria em Quissam.

    Foto:acervoSrvulaPaixo

    Ilustraes por

    Beto Pimentel

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    maro de 2007 perspectiva capiana n22

    artescnicas

    13maro de 2007 perspectiva capiana n2

    Nas ltimas dcadas, tem se apresentado uma nova abor-dagem para o ensino artstico a qual procura delimitar umcorpo de contedos prprio para a disciplina. A nalidade que seja reconhecida, no elenco das matrias escolares,como campo de conhecimento de contribuio nica e di-ferenciada para a formao do indivduo e, portanto comuma prtica pedaggica especca. Nesta perspectiva, aArte apresenta-se como disciplina autnoma, com um mem si mesmo e no instrumento ou ferramenta de outrasdisciplinas. Recusa-se a ser mero coadjuvante no ensinode quaisquer outros conhecimentos ou suporte no desen-volvimento de habilidades alheias ao seu prprio processode ensino, tais como desenvolver a sociabilidade e a co-ordenao motora ou ainda auxiliar na alfabetizao e nacompreenso de contedos de lngua portuguesa, histria,ingls, cincias e assim por diante.

    Este movimento visvel em diferentes propostas deArte-Educao, em diversas partes do mundo. No Brasil,por exemplo, os PCNs relativos ao Ensino Mdio esta-

    belecem trs conjuntos de competncias e habilidades aserem desenvolvidas no ensino de Arte: a representaoe comunicao, que correspondem ao fazer artstico; a in-vestigao e compreenso, referentes apreciao de Arte,que por sua vez, esto ligadas anlise esttica e crtica deArte e, ainda, a contextualizao sociocultural, equivalente compreenso da histria da Arte.

    O que se pode observar que o ensino de Arte, nesseponto de vista, pretende reunir funo formativa do en-sino artstico um carter epistemolgico. Alm do objeti-vo de promover uma experincia expressiva e propiciarnoes bsicas da linguagem, vem reivindicando para si aatribuio de investigar a natureza do fenmeno artstico-esttico, como ele acontece e se produz, sistematizandosuas relaes. Portanto, embutida neste debate, encontra-se uma investigao sobre o ato artstico. Paira uma ques-to sobre quais as condies que tornam um fenmenoqualquer, seja som, linha, movimento, ao ou palavra, emevento artstico.

    No se trata de questionar se o aluno ou no um ar-tista ou determinar o valor artstico da criao na sala deaula. No se pretende discutir sobre a existncia ou no deum fazer artstico prprio do artista e de um fazer arts-

    tico-pedaggico ou os elementos que os aproximam e osdistinguem.

    Este artigo pretende sobretudo reetir sobre a existnciado fato teatral na sala de aula. Fazer um levantamento so-bre as condies bsicas da teatralidade, e procur-las nasdinmicas com os alunos para assinalar que potencialmen-te a aula de teatro Teatro. Esta reexo ser conduzidaa partir dos conceitos elaborados por J. Guinsburg, editor

    da Perspectiva e professor aposentado da Escola de Co-municaes e Artes da USP, apresentados principalmenteno seu livro Da Cena em Cena.

    A condio primeira para um gesto ou uma situao estarassinalada pela substantividade teatral a inteno de serTeatro. Guinsburg estabelece que a marca fundamental dofenmeno teatral a intencionalidade. O ato teatral no aleatrio nem um mero fazer. Esclarece que, apesarde muitas circunstncias na vida terem qualidades teatrais,como uma briga, uma gafe ou um tropeo, no se carac-terizam como Teatro, pois esto desprovidas de um pro-jeto de suspender o uxo da vida civil e produzir umparecer ser. Neste caso, o termo teatral atribui ao gestouma natureza adjetiva e no substantiva.

    Em uma aula regular de Teatro h exerccios de improvi-sao, jogos teatrais, jogos dramticos ou trabalhos queenvolvem o uso do corpo, como conscincia corporalou movimento expressivo. Em todas estas situaes, est

    explcita a inteno de estabelecer, temporariamente, umespao em que no seja a vida real, onde seja possvelproduzir uma outra realidade e assumir outras personali-dades.

    Por exemplo, em atividade conhecida de Viola Spolin,pesquisadora norte-americana que investigou e sistemati-zou um mtodo de criao teatral baseado em exercciosimprovisacionais denominado Jogos Teatrais, em que ogrupo de alunos recebe o nome de um jogo que tero de

    representar com uma bola imaginria. Embora todos este-jam na sala de aula, os alunos devem escolher movimentosque os faam movimentar-se como se eles estivessem emum campo com uma bola real. Naquele momento, os inte-grantes da aula assumem que a sala possa ser uma quadrade futebol ou basquete ou o jogo q ue seja.

    Mesmo nas atividades corporais, o aluno deliberadamenteassume gestos e movimentos que no so do seu cotidianoe compe um outro espao e uma outra forma de estarno mundo. Isto pode acontecer em uma dinmica sim-ples como movimentar-se pela sala, utilizando diferentespartes do corpo e nveis espaciais ou em exerccios maiscomplexos como em duplas, um tocar delicadamente coma ponta do dedo indicador o outro de olhos fechados.

    Porm, Guinsburg enfatiza que no basta a intencionali-dade. O evento teatral o encontro de algum que assu-me um papel e comunica algo e outro que aceita e assiste.Aponta a existncia do texto, do ator e do pblico como

    os elementos fundamentais para constituir o ato teatral.Para o autor, estes elementos constituem um sistema aber-to, sujeito a diversos enfoques e combinaes. A respeitodo texto, reconhece como material textual todo um con-junto de elementos, aos quais atribudo um signicado e,portanto, passveis de leitura, e no s o q ue costumamosdenominar de texto dramtico. Quanto gura do ator,compreende a investidura de uma pessoa em atuante pormeio de uma relao consentida entre um que assume aconcreo de um papel e algum que o acolhe, o especta-

    dor. Sobre o terceiro elo desta trade essencial, o pblico,refere-se presena de outro, pois somente quando al-gum assiste que a ao teatral se completa e se instauracomo tal.

    Destacada a necessidade da presena destas trs condiespara se estabelecer um evento teatral: o texto, a assunoda mscara e a presena do pblico, preciso encontr-lasno processo de ensino de Teatro.

    O texto

    O sentido de texto aqui empregado ampliado para todoelemento, passvel de leitura, com um desgnio e uma or-dem referida. Ento podem ser considerados texto ma-teriais textuais, a palavra, o gesto, a msica, a inteno dafala, os cdigos etc.

    Em cada uma das dinmicas evocadas em uma aula deTeatro h um sem nmero de signos e cdigos onde

    possvel conceber-se um texto. O desenrolar de uma situ-ao, uma forma de andar, a expresso que se procura, aexo de voz, um determinado gesto ou movimento soelementos que compem formas de textualizao, quemuitas vezes falam tambm e principalmente sobre a his-tria pessoal do aluno, seus valores e sua cultura.

    Quando a atividade na aula de Teatro oferece a oportuni-dade de algum compor algo para os seus pares, outorga-lhe tambm um papel de falar de e sobre aquele grupo. Dealguma maneira, o seu modo de vida e o do seu grupo seexpressa nas mnimas escolhas das formas artsticas. Ostemas que escolhe dar relevncia, o que acentua de comici-dade, a composio do gestual dos personagens, tudo istomanifesta sua opinio sobre o seu meio e sobre as pessoasque l esto inseridas.

    A assuno da mscara

    O ato de assumir a mscara pode se dar na ao de incor-porar a existncia de um que diferente de si ou no sim-ples estabelecimento da ao de interpretar, instituindo adivisria entre aqueles que atuam e aqueles que assistem.

    Este processo est evidenciado no trabalho de compo-

    sio dos personagens. Pode ser tambm compreendidoem todos os jogos e exerccios do percurso criativo emque esteja imanente a ao de dotar de corporeidade a umoutro por meio do seu prprio corpo. Mesmo que estejaimplcito na atividade ser quem se , como nas improvisa-es corporais, h uma procura de outra forma de apre-sentar-se, de construir algo de si diferente do cotidianopara algum, ou seja, um espectador.

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    maro de 2007 perspectiva capiana n24

    matemtica

    15maro de 2007 perspectiva capiana n2

    A presena do pblico

    O espectador o outro que aceita compartilhar destemundo em suspenso criado pelo ator e assume a conven-o da linha imaginria que institui os atuantes e os obser-vadores. Neste relacionamento, a rede de sentimentos ereaes que se estabelece no momento do encontro queatribui o carter nico de cada apresentao. comumouvir dos prprios artistas que a encenao s se completana presena do pblico.

    Na sala de aula, o pblico formado pelos alunos que serevezam em atuantes e assistentes. Alternam-se entre asfunes dos que atuam e dos que observam. Em ambas,trafegam nas mesmas mirades de relaes que percorremo ator e seu pblico: admirao, descrdito, interesse, sur-presa, curiosidade etc.

    Alm disso, na sala de aula h um momento de contri-buies na criao de cada um, na forma de crticas e su-

    gestes, ou nas discusses sobre a distncia entre o quese tinha inteno de comunicar e o que de fato foi com-preendido. Desta forma, alm de companheiros de umaviagem sgnica, isto , de uma experincia tecida em umalinguagem com poder de atribuir sentido que transcende alinguagem verbal, os alunos de uma mesma turma podemvir a ser tambm participantes e testemunhas do movi-mento intenso e singular que caracteriza o processo decriao de cada um.

    Intencionalidade, texto, personagem e pblico: estas soas condies fundamentais para o surgimento do Teatro,apontadas por Guinsburg. Estas condies foram apre-sentadas e cotejadas com os procedimentos mais comunsdas aulas de Teatro na escola. Parece ento admissvelarmar que no espao escolar faz-se Teatro, tanto na suaforma mais evidente, o espetculo, como nos exerccios eatividades pertinentes ao seu ensino.

    Desta forma, cabe ao professor de Teatro oferecer umaprtica na linguagem que articule, discuta e, sobretudo,que permita ao aluno descobrir estes princpios imanentesda natureza teatral no prprio exerccio da criao, poisum dos pressupostos do ensino de Arte que, emboranem todos necessariamente se constituam artistas, qual-quer indivduo pode produzir Arte.

    Olhando poroutro ngulo

    A Produo De SignifcadosPara A Noo De ngulo

    Celeia Machado professora deArtes Cnicas do CAp-UFRJ desde1995. Atualmente cursa o doutora-

    do em Artes na UNICAMP.

    Sugestes para leitura:

    BIASOLI, Carmen L. A. A Formao do Professorde Arte: do Ensaio... Encenao. Campinas:Papirus, 1999.

    GUINSBURG, J. Da Cena em Cena. So Paulo:Perspectiva, 2001.

    SANTOS, Vera Lcia B. dos. Brincadeira e

    Conhecimento: do Faz-de-conta RepresentaoTeatral. Porto Alegre: Mediao, 2002.

    SPOLIN, Viola. Improvisao para o Teatro. SoPaulo: Perspectiva, 1982.

    Daniella Assemany

    Em seu livro O Ensino da Geometria (1964),Gustave Choquet inicia o captulo intitulado Osngulos com uma digresso sobre as diculdades quecercam a noo de ngulo. Estas diculdades derivamem parte de uma terminologia mal especicada, em partede uma mistura confusa de vrias noes e, nalmente,das reais diculdades matemticas deste conceito. Estasquestes so muito intrigantes, mas no tanto quantoo fato de um matemtico do sculo XX observardiculdades no aprendizado da noo de ngulo.Conceito fundamental para a Matemtica a partir da 5srie do Ensino Fundamental, a noo de ngulo apareceexplcita ou implicitamente no programa da disciplina ato m do Ensino Mdio. Se o conceito to importante eh tantas questes envolvidas com sua signicao, cabeperguntar quais so os signicados produzidos na origem

    da construo da noo de ngulo. Aqui apresentamosalgumas possibilidades, e o quo variada pode ser essaconstruo, a partir de uma pesquisa com professoresde Matemtica e estudantes em que foram propostasabordagens de livros didticos e considerados ossignicados produzidos pelos sujeitos, tomando-se comobase o Modelo Terico dos Campos Semnticos.

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    matemtica

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    O Referencial Terico

    O Modelo Terico dos Campos Semnticos (MTCS) estudaos modos de produzir justicaes e signicados paratextos matemticos. Para compreender o que conhecimentoneste trabalho, preciso ter a noo de signicado, que,para o MTCS, tudo aquilo que o sujeito efetivamente dizsobre um objeto numa tarefa proposta. Assim, produzirsignicados produzir aes enunciativas (fala, gestos,etc.) no interior de uma atividade (tarefa). A produode signicados aquilo que realmente expresso acercade um determinado objeto, e no o que poderia ter sidodito.

    A noo de conhecimento constituda a partir de crenas-armaes para uma situao dada, seguidas de justicaesfornecidas pelo sujeito acerca dos signicados produzidos,ou seja, um par (crena-armao, justicao). Issosignica que, para um sujeito produzir conhecimento, necessrio que ele constitua um texto sobre o assunto emquesto e o justique, legitimando assim sua produotextual e, conseqentemente, os signicados produzidos.No basta escolher um tipo de argumento, necessrioque comande suas escolhas a partir da compreenso dospressupostos e das justicaes dos mesmos. Assim,se justicado, o enunciado se torna legtimo naquelasituao.

    Logo, posto que no existe conhecimento nos livros porserem objetos constitudos na produo de signicados,porque h somente enunciados, ou seja, necessrio quehaja uma enunciao efetiva, isto , uma leitura seguidade justicao, para que os enunciados participemda produo do conhecimento. Nos livros existe umenunciado do conhecimento do autor.

    A Pesquisa

    A pesquisa apresentada neste artigo parte de um estudoapresentado em 2003, na dissertao de Mestrado: Uma Anlise da Produo de Signicados para a Noo de ngulo. Nos anos de 2001 e 2002, foram aplicados adois grupos distintos trs estudantes dos Ensinos Mdioe Fundamental e trs professores de Matemtica dois

    textos retirados de livros didticos de Matemtica, queintroduziam o conceito de ngulo, para a identicaodos signicados da noo em questo. A pesquisa se deuatravs da proposio de duas situaes para identicaodos signicados.

    COLEOA (formada por quatro livros do mesmoautor 3 e 4 ciclos - E.F.): nesta coleo, a noo dengulo comea a ser construda a partir da 5 srie, mas

    A partir desta leitura, tivemos dvidas para garantirqual era a gura formada pelas semi-retas em questo,e, conseqentemente, qual era o ngulo efetivamenteapontado. Por exemplo, ngulo a gura que possui amarcao daquela curvinha ou a que no possui?

    Com base na abordagem dada at ento, apresentadoao leitor um transferidor como um objeto para medirngulos. Com esses conceitos, j so apresentadas asclassicaes reto, agudo e obtuso, o que proporciona oestudo dos ngulos internos de um polgono.

    No livro da 6 srie, os autores se posicionam: Na 5srie, estudamos medida de ngulo. Agora, na 6 srie,esse estudo vai ser retomado e aprofundado.. A partirda, vem o ttulo: O conceito de ngulo, e so mostradosdesenhos de relgios, onde as horas so variadas, alterandoa abertura dos ponteiros.

    (...) Esta abertura caracteriza o ngulo. Vamos conceituar ngulo geometricamente. Quandoduas semi-retas (no coincidentes) tm a mesma origem,elas separam o plano que as contm em duas regies.Cada uma dessas duas regies, juntamente com as semi-retas, formam uma regio angular. Em geral consideramos

    apenas a menor delas. (6 srie - Noo de ngulo Coleo A p. 138 )

    A ordem e os tpicos escolhidos pelos autores a seguir so:ngulos raso (180) e nulo (0) sem mostrar a sua origem, medida de um ngulo utilizando dois transferidores (de180 e 360), classicao e soma das medidas. Mas pode-se questionar a partir de que pressupostos trabalhou-secom os ngulos nulo e raso, visto que as semi-retas no

    podem ser coincidentes. Que gura formada nos ngulosnulos e rasos? Alm disso, em dado momento no existemngulos maiores do que 180, mas posteriormente, quandotrabalha-se com medio, este fato ignorado e passama existir os ngulos de medida maior do que 180. Apassagem de uma noo dada na 5 srie sofre uma quebrade continuidade ao ser aplicada nas sries seguintes.

    Com o objetivo de explicitar os signicados produzidos apartir da leitura do texto desta coleo, apresentaremos aproduo de signicados para dois grupos:

    I) Professores (de Matemtica):

    Professor X: ngulo , na maioria das vezes, a menorgura formada por duas semi-retas de mesma origem eno colineares.

    ProfessorY: Quando se traam duas semi-retas nocoincidentes sobre um plano, ele car dividido em duas

    regies angulares, havendo sempre uma regio menor doque a outra.

    ProfessorZ: ngulo a regio delimitada por duas semi-retas, no coincidentes, de mesma origem .

    Notamos que as enunciaes para a Coleo A caracterizamos seguintes objetos: semi-retas, gura, superfcie e regio,que representam a produo de signicados para o grupode professores.

    II) Alunos:

    Ana (8 srie): Eu entendi o conceito do ngulo do livrocomo duas semi-retas no mesmo plano que se encontrame formam o ngulo.

    Renata (8 srie): Esse texto caracteriza o ngulo como otamanho da abertura.

    Na armao de Ana, notamos que as semi-retas podemse encontrar em qualquer ponto, sendo possvel trabalharcom ngulos opostos pelo vrtice. J Renata produzuma nova enunciao com a medio e abertura inter-relacionadas. Podemos armar que, apesar de serem damesma srie, produziram signicados diferentes para o

    mesmo enunciado.

    Marianna (5 srie): O vrtice como se descobre ongulo, os pontos OA e OB. O primeiro signica o vrticeO indo em direo ao A e o segundo o vrtice O indoem direo ao B.

    Na armao de Marianna, percebemos que ela fezcrenas-armaes acerca da gura 1, mas no levou emconsiderao o trecho nal do texto referente ao livro

    da 6 srie. Para ela, o vrtice o elemento principal nadescoberta do ngulo, pois sem ele no se formam oslados do ngulo.

    Baseados nas crenas-armaes das alunas, destacamosos objetos: ponto, reta, semi-reta, vrtice e abertura.

    COLEO B (formada por quatro livros dos mesmosautores 3 e 4 ciclos - E.F.): nesta coleo os autorespreferiram constituir a noo de ngulo ano aps ano, da 5 8 srie do Ensino Fundamental. No livro de 5 srie, naseo Formas Geomtricas, h uma parte denominada Giros,Cantos e ngulos. Nela, so analisadas quatro fotograasdo rosto de uma pessoa, que representam as posiesfrente, lado direito, costas e lado esquerdo. Com isso, observado que a pessoa fotografada girou de volta paraposar para a foto seguinte.

    A

    B

    O

    Considere trs pontos no-colineares, isto , que nopertencem a uma mesma reta, A, O e B.

    ngulo geomtrico AB a gura formada pelassemi-retas OA e OB:

    Na gura:ponto O o vrtice do ngulo;as semi-retas OA e OB so os lados do ngulo.

    Fig. 1: 5 srie Noo de ngulo Coleo A, p.154

    um lado do ngulo

    vrtice

    outro lado do ngulo

    A

    assim que desenhamos e damos nome aos ngulos.

    Para medir um ngulo, combina-se que a volta todatem 360 (trezentos e sessenta graus).

    Fig. 3: 5 srie Noo de ngulo Coleo B, p.29

    Para entender bem esses giros de de volta, vejauma rgua girar de volta:

    O giro da rgua corresponde a um ngulo.

    Fig. 2: 5 srie Noo de ngulo Coleo B, p.27

    A representao anterior foi denominada de Giro. Logo aseguir, a representao geomtrica para ngulo aparece:

    As duas representaes foram diferentes e denominadascomo Giro e Geomtrica, entretanto a rotao (giro) apre-sentada na primeira representao no igualmente ge-omtrica?

    A partir da, os autores citam ngulos rasos e retos, su-gerem exerccios e, dentre eles, exerccios de medio apartir de uma gura dada, utilizando a idia de de volta.Sustentam esses possveis signicados para trabalhar com

    numa seo opcional para o professor, pois os autoresescolheram falar em reas de guras e julgaram convenienteconceituar quadrado e retngulo. A primeira abordagemexplcita dos ngulos est destacada a seguir:

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    maro de 2007 perspectiva capiana n28 maro de 2007 perspectiva capiana n2 19

    Bernardo, 15 anos, aluno da 1 srie do Ensino Mdio do CAp-UFRJ, cumpre amesma rotina de seus colegas: aulas, provas, cursos extracurriculares. s segundas,a rotina diria assume caractersticas diferentes. Ao sair da escola ele segue parao Ncleo Pr-acesso da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. L,orientado por um grupo de pesquisadoras, participa do desenvolvimento de projetosde adaptao de casas populares para decientes fsicos. Enquanto isso, sua colegaLas, 16 anos, da 2 srie, s teras segue para o Laboratrio de Farmacologia Neuro-cardiovascular na Fiocruz. Tambm inserida em um grupo de pesquisa, ela mede ataxa de glicose em rins de coelhos para vericar se aqueles que fazem exerccios somais propensos a desenvolver diabetes do que os sedentrios. Ao nal de um anode pesquisa, ambos os alunos apresentaram os seus trabalhos para colegas e outrospesquisadores em eventos de iniciao cientca. Bernardo e Las so dois dos 60alunos integrados ao Ncleo de Iniciao Cientca Jnior do CAp-UFRJ em 2006.

    Vicente de Paulo BatistaAna Paula Penna da SilvaElisa Araujo Penna CarisFernanda Guinemer de OliveiraRodrigo de Oliveira Gonalves

    Renata novamente produz signicado relacionado medi -da do ngulo. Observamos que novamente as duas alunasda mesma srie produziram signicados diferentes para omesmo enunciado.

    Marianna (5 srie): Que uma volta completa tem 360e que dessa volta tem 360 4 = 90 que um nguloreto.

    Na armao de Marianna, percebemos que ela apresen -tou crenas-armaes acerca do primeiro enunciado,desconsiderando a gura do ngulo no segundo. Quantoao que efetivamente ela disse, consideramos que os signi-cados foram exclusivamente para os ngulos de medidas90 e 360.

    Baseados nas crenas-armaes das alunas, identicamosos seguintes elementos: giro, volta e semi-reta.

    Observaes Finais

    No temos a pretenso de responder s dvidas proce-dentes deste trabalho ainda nessa pesquisa, muito menosde defender o que impossvel: uma pesquisa com todosos signicados produzidos para a noo de ngulo. Cabeao professor de Matemtica auxiliar seus alunos par a umaproduo de diversos signicados ao lidar com uma mesmaidia, e estar atento s aes enunciativas para que tenhacondies de criar um ambiente de aprendizado. Nessesentido, aumenta-se a chance de solues para a diversida-de de situaes problema na escola e no dia-a-dia.

    retas paralelas e perpendiculares e ngulo interno de umpolgono.

    No livro referente 6 srie, na seo Formas geomtricas/ngulos, os autores relembram as noes apresentadas nasrie anterior a partir do movimento dos ponteiros de umrelgio, acrescentando o transferidor ao estudo. Aqui ain-da no aparecem ngulos maiores do que 360, mas nota-mos a preocupao dos autores em conceituar geometri-camente ngulo, a partir de um dilogo:

    O ngulo A maior que o B. Mas B parece maior, tem lados mais compridos. Na medida do ngulo, s interessa quanto um lado gira paracair sobre o outro. O comprimento do lado no importa.

    Dizemos que lados so semi-retas.(6 srie - Noo de ngulo Coleo B p.66)

    Mas o que o comprimento de um lado signica para a me-dida de um ngulo? Esses lados so ditos semi-retas; maso que pode ser medido no so segmentos de reta?

    A produo de signicados observada nesse caso foi:

    I) Professores (de Matemtica):

    Professor X: ngulo est relacionado com a viso, comquinas e cantos; um ponto de vista que pode ser repre-sentado por um desenho, pode ser medido e alterado aqualquer momento, desde que se queira.

    Professor Y: H ngulo que mede de volta. ngulo o caminho de uma semi-reta at chegar sobre a outra. Olado de um ngulo no tem tamanho denido. S pode-mos desenhar um ngulo assim: . Uma volta temsempre 360 .

    Professor Z: Um ngulo obtido atravs da rotao deum lado sobre o outro.

    Em relao aos objetos descritos na produo de signi-cados para a Coleo B, destacamos: quinas, viso, lado,rotao, movimento e desenho.

    II) Alunos:

    Ana (8 srie): Duas semi-retas com um ponto em co-mum podem ser giradas para qualquer posio e formamum ngulo.

    Renata (8 srie): O que importa na gura o quantotem de tamanho um giro do ngulo.

    Ana nos passa a idia de giro de semi-retas, independentedo sentido e da posio em que parar, produzindo signi-cados para ngulos de medidas que variam de 0 a 360.

    Professores deMatemtica Alunos

    Coleo A Semi-retas, gura,superfcie e regio

    Semi-retas, retas,ponto, abertura e

    vrtice

    Coleo B Quinas, viso,lado, movimento,rotao e desenho

    Semi-retas, giro evolta

    Daniella Assemany professora deMatemtica do CAp-UFRJ. Graduou-

    se pela UERJ e mestre em EducaoMatemtica pela Universidade Santa rsula

    O Ncleo deIniciao Cientfca Jr.do CAp-UFRJ

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    Pequeno histrico

    O CAp-UFRJ incorpora seus alunos do Ensino Mdio adiversas instituies de pesquisa e de divulgao cientcadesde 1990, quando ingressou no Programa de VocaoCientca da Fiocruz(Provoc-Fiocruz), que oferece estgiosnos Centros de Pesquisas da Fundao Oswaldo Cruz(Fiocruz). No nal dos a nos 90, este convnio possibilitoutambm que os alunos participassem de estgios no CentroBrasileiro de Pesquisas Fsicas (CBPF) e na PontifciaUniversidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

    O programa no CAp-UFRJ avanou em outra frenteem 1993, com a criao do projeto O Jovem e a Cincia noFuturo, desenvolvido em parceria com a Federao deSociedades de Biologia Experimental (FeSBE) e a Fiocr uz.Anualmente, cerca de 20 alunos do CAp-UFRJ se juntama alunos de escolas conveniadas ao Provoc-Fiocruz eparticipam das reunies da FeSBE, assistindo a uma

    programao especialmente destinada a eles. Alm de seintegrarem s atividades gerais do encontro, apresentamem uma sesso especial os trabalhos produzidos em seusestgios. Ao longo desses 14 anos, 233 alunos do CAp-UFRJ participaram do encontro.

    Ampliao de grande importncia ocorreu em 1995 coma criao do Programa de Iniciao Cientca Jnior, no qualos alunos do CAp-UFRJ foram integrados a grupos depesquisa da prpria Universidade. Esse programa foicriado em conjunto com a Pr-Reitoria de Ps-Graduaoe Pesquisa da UFRJ (PR-2/UFRJ) e pesquisadores/orientadores de diversas unidades da instituio.

    Avanado

    Iniciao

    Total de alunos por instituio 1990-2006

    409105

    19

    350 450

    16

    Alunas Vanessa Ferreira Rodriguez Pereira e Las de Almeida Relvas Brandt em atividade noLaboratrio de Macrofsseis do Departamento de Geologia do Instituto de Geocincias da UFRJ e no

    Departamento de Fisiologia e Farmacodinmica do IOC-Fiocruz, respectivamente.

    Em 2001, o crescente nmero de alunos interessados emparticipar do programa e a necessidade do aumento donmero de vagas oferecidas exigiam uma nova estrutura.A coordenao do programa props ento a criao doNcleo de Iniciao Cientca Jnior do CAp-UFRJ,objetivando a divulgao e ampliao das atividades deiniciao cientca jnior, assim como a obteno derecursos. Atualmente, mesmo com a crescente ampliao,todos os alunos em estgio recebem bolsa-alimentaonanciada pela PR-2/UFRJ, que tambm oferece bolsasde aperfeioamento a quatro professores que compem aequipe do Ncleo, alm do transporte aos alunos entre ocolgio e o estgio.

    Fotos:AcervoNICJr.

    Foto: A

    Fiocruz

    UFRJ

    CBPF

    PUC-Rio

    0 100 4000

    Jornada Jr. do CAp-UFRJ/2006: prof. Jos

    Luiz Fontes Monteiro, pr-reitor de Ps-graduao e

    Pesquisa da UFRJ, visitapainel do aluno Joo Felipe

    Pontes Faria. Trabalhoapresentado naXIII

    International Conferenceof Young Scientists

    (Alemanha, 2006) e no2o Encuentro Educativo-

    Cultural de PaisesAsociados e Invitados de

    Mercosul (Argentina, 2006)

    Objetivos

    As atividades do Ncleo buscam contribuir para queo aluno aprofunde os conhecimentos adquiridos naEducao Bsica e esteja preparado para prosseguir emseus estudos, inserindo-se na pesquisa acadmica. NaIniciao Cientca Jnior o aluno tem a oportunidadede desenvolver atividades que consideramos importantespara o processo de escolha prossional e que incentivamo interesse pela pesquisa. Ao estagiarem nos laboratriossob orientao dos pesquisadores/orientadores, os alunosantecipam seu contato com processos de produo doconhecimento acadmico, reetindo sobre as relaesentre cincia, tecnologia e sociedade.O programa contribui tambm para a integrao entrea Educao Bsica e a Educao Superior e Centros dePesquisa.

    Processo de seleo

    A participao dos alunos no programa facultativa e nofaz parte de sua grade curricular. O aluno-pesquisador,ao ser integrado a estas atividades realiza, em mdia, 128horas de estgio durante um ano letivo, ocupando umatarde por semana. Em alguns casos, possvel ao alunodar prosseguimento a suas atividades por mais um ano estgio Avanado. Isto, porm, depende do interessee envolvimento do aluno na pesquisa, assim comoda avaliao do pesquisador/orientador. O aluno querealizou estgio durante a 1 srie pode tambm pleitearparticipar de um novo projeto no ano seguinte. No

    entanto, a prioridade dada aos concorrentes que aindano participaram do programa.Alguns critrios e requisitos norteiam a seleo de alunospara os estgios de Iniciao Cientca Jnior do CAp-UFRJ:

    estar cursando a 1 ou a 2 srie do EnsinoMdio;

    ter bom rendimento escolar na rea de interessee domnio da escrita;

    comprometer-se a participar de eventosde divulgao cientca organizados pelas instituiesparceiras e pelo prprio CAp-UFRJ;

    ter uma tarde livre para se dedicar s atividadesdo estgio.

    O processo de seleo para os estgios da UFRJ ocorreno incio do ano letivo aps a realizao da Jornada deIniciao Cientca Jnior do CAp-UFRJ. Para as vagasoferecidas pela Fiocruz, CBPF e PUC-Rio o processose inicia no Ncleo, porm a denio da seleo e ocontato com os pesquisadores/orientadores so deresponsabilidade de equipes das prprias instituies. Ocronograma de seleo para estas instituies tambm sediferencia do da UFRJ e seu encerramento se d no naldo primeiro semestre, sendo que as atividades dos alunostm incio no segundo semestre do a no letivo.

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    Eventos

    Os alunos do CAp-UFRJ integrados ao Ncleo participamde diversos eventos de divulgao de pesquisas cientcasdas instituies onde fazem estgio, como a JornadaGiulio Massarani de Iniciao Cientca, Artstica eCultural da UFRJ, o Seminrio de Vocao Cientcado CBPF, entre outros. Tivemos, inclusive, um alunoapresentando trabalho em dois eventos internacionais em2006: XIII International Conference of Young Scientists,na Alemanha e 2 Encuentro Educativo-Cultural de PaisesAsociados e Invitados de Mercosul, na Argentina. Nesteseventos os alunos apresentam trabalhos produzidos emseus estgios e tm oportunidade de trocar experinciascom pesquisadores da rea e colegas de outras escolas: A partir de 2001, passamos a realizar, anualmente, noCAp-UFRJ a Jornada de Iniciao Cientca Jnior,congregando todos os trabalhos produzidos no ano

    anterior pelos alunos do Colgio participantes doprograma. A apresentao dos trabalhos um estmulo integrao de novos alunos, tendo em vista que a jornada realizada anteriormente abertura do processo de seleoanual. Esse evento possibilita tambm divulgar as pesquisasjunto aos professores, alunos e funcionrios do Colgio,contribuindo na integrao entre os prossionais queparticipam direta ou indiretamente do desenvolvimentodas atividades que compem o Ncleo.

    Pesquisadores/orientadores e histrico do programa comtodos os seus participantes esto relacionados na pginado Ncleo (www.cap.ufrj.br/nicjr). O NICJr. recebeapoio da UFRJ, Fiocruz, FeSBE, PUC-Rio, CBPF e IPEA/Ministrio da Fazenda.

    Jornada UFRJ/2004:

    prof. EdsonWatanabe,coordenador doevento, visita opainel ImagensTridimensionais paraQumica do EnsinoMdio, da alunaYasmin Loureno

    Perspectivas

    Pretendemos, nos prximos anos, ampliar o nmero dealunos integrados nas atividades do Ncleo de IniciaoCientca Jnior, assim como o de pesquisadores/orientadores que oferecem vagas. Em 2006, tivemos aincorporao de alunos em projeto oferecido pelo I nstitutode Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA) em articulaocom a Biblioteca do Ministrio da Fazenda.Estamos organizando um banco de dados referente satividades desenvolvidas nos ltimos anos, que car disposio de pesquisadores da UFRJ e de outrasinstituies. Estas informaes podero contribuir paraestudos sobre a formao de pesquisadores no Brasile para a avaliao da contribuio desta iniciativa e davalidade de sua disseminao.

    Vicente de Paulo Batista professor de Geograa e coordenao NICJr. do CAp-UFRJ. Os professores de Biologia AnaPaula Penna da Silva, Elisa Araujo Penna Caris, Rodrigo de

    Oliveira Gonalves e a professora de Histria Fernanda Gui-nemer de Oliveira fazem parte da equipe tcnico-pedaggicado projeto como bolsistas de aperfeioamento - PR2/UFRJ.

    Caiu o ministrio!Alessandra Carvalho

    Mariana OliveiraVitor Acselrad

    Sabemos que momentos histricos importantes foram muitas vezes representados nacena teatral e que o entendimento de processos histricos lana luz sobre aspectos fundamentaisdas diferentes linguagens teatrais construdas ao longo do tempo. Como alcanar, porm,objetivos didticos atravs dessa ponte interdisciplinar? A comdia Caiu o ministrio!, de FranaJnior, revelou-se um excelente instrumento para a interao entre Artes Cnicas e Histria. Oconjunto da experincia nos mostrou, no texto da pea, uma questo signicativa que permeouo trabalho em ambas as disciplinas: a formao histrica da sociabilidade brasileira, ou seja, ascaractersticas e signicados das formas de v iver em sociedade.

    Foto:AndreaPinheiro

    Foto:AcervoNICJr.

    construindopontes

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    Foto:VitorAcselrad

    As alunas Ritchelle, Eduarda e Larissa (turma 18 B) interpretam as personprojeto do sistema cinfero de Mr. James causa estupefao nos ministros da

    da justia e no jovem dr. Monteirinho: - Santo Deus! Que cac

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    construindopontes

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    Frana Jnior (1840-90) escreveu comdias de crticasde (maus) costumes polticos e domsticos no SegundoReinado no Brasil (1840-89). Caiu o Ministrio!, de1882, se passa no Rio de Janeiro, especialmente na rua doOuvidor, onde muito se discutia sobre poltica e as ltimasnovidades modernas vindas do estrangeiro. Tudo comeacom a queda do Gabinete ministerial e a expectativade quem ser o novo chefe do Executivo. Dr. Brito escolhido, para felicidade da esposa e da lha, DonaFilomena e Beatriz, desejosas de uma boa posio social.Disso munidas, arranjam o casamento da moa com Mr.James, um ingls que busca privilgio para uma inusitadaproposta: um novo sistema de transporte par a o Corcovadocom carros puxados por cachorros, intitulado por ele desistema cinfero! Mas o esquema de favorecimento descoberto e, mais uma vez, cai o ministrio. Dr. Britoperde o cargo e Beatriz, o casamento. Outro pretendente,porm, far a felicidade da jovem: Filipe, um pobretoque ganha na loteria e que se apaixonou ao v-la numaconfeitaria, comendo empadas:

    Filipe (...) Com que graa ela segurava a apetitosa iguariaentre o furabolo e o matapiolho, assim, olha.

    Na disciplina de Histria, a idia de trabalhar em conjuntocom Artes Cnicas surgiu a partir de uma convergnciaentre questes presentes na pea e as discussesdesenvolvidas sobre as transformaes da sociedadebrasileira na segunda metade do sculo XIX. O primeiropasso foi indicar s turmas que a pea seria utilizada emsala de aula, para espanto geral. Acostumados divisocurricular da escola e habituados a adotar posturasdiferentes em cada disciplina, era difcil e incerto para osalunos imaginar quais relaes poderiam ser estabelecidasentre a trama da pea e as discusses da Histria.

    O estranhamento inicial foi sendo paulatinamentesuperado quando alguns personagens da pea se tornaramos personagens da histria em sala de aula. Mr. James,o amalucado ingls que pretendia vender ao governo otal sistema cinfero, foi nosso cicerone no debate sobreas relaes estabelecidas entre a economia brasileira, aInglaterra e o sistema capitalista que se expandia pelomundo. Tambm nos ajudou a pensar na modernizao dascidades, com a necessidade de implantar novos sistemasde transporte. As personagens femininas, envoltas emconversas sobre vestidos, bailes e romances permeadospor expresses em francs e ingls, nos guiaram pelouniverso cultural das elites da cidade do Rio de Janeiro emns do sculo XIX, universo marcado pelas inunciasestrangeiras, pela idia do moderno, do progresso, damoda, dos eventos sociais..

    importante sublinhar que a apario destes personagensnas aulas de Histria era acompanhada pela preocupaode relacionar produo artstica e seu contexto histrico.Entre os milhares de britnicos que vieram trabalharou investir no Brasil durante o sculo XIX, no se temnotcia de um projeto to, digamos, diferente comoo de Mr. James. Todavia, a presena inglesa era grande,permitindo ao autor criar um personagem como esse; e,ao pblico, situ-lo perfeitamente na sociedade brasileirae compreend-lo de imediato ao assistir pea. O mesmopode ser dito sobre as quatro personagens femininas dapea, Dona Filomena, Dona Brbara e suas lhas Beatrize Mariquinhas. Na obra teatral, seus dilogos giram emtorno de roupas, festas, pretendentes, com muita invejade ambas as partes. Antes de generalizar esses aspectos

    para as mulheres da boa sociedade do sculo XIX, foiimportante acompanhar as atividades cotidianas destas

    personagens na pea como um caminho para discutir osespaos abertos presena e atuao femininas. Por m,alguns trechos da pea foram reproduzidos na atividadeavaliativa escrita, tratando dos dois temas apontados acima as relaes econmicas e as transformaes culturais nascidades no Brasil do Segundo Reinado.

    O trabalho interdisciplinar desenvolvido com ArtesCnicas propiciou, ainda, a oportunidade de lidardiretamente com uma questo fundamental: a narrativa daHistria. Durante as ltimas dcadas, a escrita da histriapara o ensino bsico e a maneira de narr-la em sala deaula se basearam na noo de processo. Neste sentido,o objetivo da disciplina construir com os alunos osprocessos histricos, buscando identicar e analisar seusaspectos econmicos, culturais, sociais e polticos. Semreduzir a importncia dessa abordagem, interessanteperceber que, muitas vezes, homens e mulheres de carnee osso desapareceram da narrativa construda pelosprofessores em sala de aula, dando lugar a agentes sociaiscoletivos e conceitos abstratos.

    Um dos riscos deste caminho trilhado pela narrativahistrica a perda de seu frescor e de seu poder de atrao.Muitas vezes, as aulas podem tornar-se desinteressantesaos olhos dos estudantes, que no conseguem imaginarcomo era a vida das pessoas em determinada poca e lugar.Este obstculo pode ser ultrapassado quando buscamostrazer cena principal indivduos, reais ou ctcios, que

    devem lidar cotidianamente com os processos histricosenfocados. E contar suas histrias individuais podeser um passo interessante para se chegar Histria deuma sociedade; nos conitos vividos pelas pessoas, naspresses sociais que recebem, na posio que ocupam ede onde olham o mundo, nas escolhas que fa zem, em tudoisso esto, tambm, as questes que levam compreensodos processos histricos. E essa experincia nos foipossibilitada pela presena de Mr. James, Doutor Brito,Dona Brbara, entre outros.

    Na disciplina de Artes Cnicas, a abordagem da pea tevetrs etapas. A primeira foi constituda de breve estudosobre a comdia de costumes, em que vimos seu lugar emmeio aos discursos sobre fundao, formao e tradiono teatro brasileiro, de acordo com o que nos apresentaa pesquisadora Beti Rabetti (conferir a referncia nasugesto de leitura). As primeiras peas do gnero, escritaspor Martins Pena a partir de 1838, coincidiram com omomento decisivo da criao de um sistema teatral, isto ,de uma rede de interlocuo entre autores, obras e pblico,impulsionada por um mpeto civilizador e de superaodo atraso da nao em relao ao modelo europeu. Aformao desse sistema permitiu tal continuidade datradio da comdia na histria teatral brasileira que Dciode Almeida Prado chegaria a armar ser ela a nossa nicatradio teatral e at mesmo a nica planta adaptvels condies do clima dramtico brasileiro. Embora sedeva ler criticamente a naturalizao do gosto nacional

    A apario destespersonagens nasaulas de Histriaera acompanhada

    pela preocupao derelacionar produo

    artstica e seucontexto histrico

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    Termometria eFsica Trmica

    Oque acontece com a temperatura interna do congelador quando o abri-mos para retirar cubos de gelo? verdade que uma pea de carne continua cozinhan-

    do mesmo aps ter sido retirada do forno? Para r esponder a estas e a outras questes, possvel usar o computador como um termmetro atravs da adaptao de umtermistor ao circuito eltrico de um joystick. O truque permite a aquisio automticade dados de temperatura atravs da porta de jogos do computador. Eis o relato e aanlise da construo, calibrao e utilizao deste instrumento dentro da proposta detrabalhos de grupo em Fsica Trmica dos alunos da segunda srie do Ensino Mdiodo CAp-UFRJ.

    atravs docomputador

    Bernardo Medina

    Sugestes de leitura

    FREYRE, Gilberto. Sobrados e mocambos: decadnciado patriarcado rural e desenvolvimento do urbano. Riode Janeiro: J. Olympio, 1968.

    HOLANDA, Sergio Buarque de. Razes do Brasil. Rio deJaneiro: J. Olympio, 1971.

    JNIOR, Frana. Caiu o ministrio! In: Teatro deFrana Jnior - Tomo II - Coleo Clssicos do TeatroBrasileiro VOL. 5 - MEC -SEAC - FUNARTE - SERVIONACIONAL DE TEATRO 1980.

    PRADO, Dcio de Almeida. A evoluo da comdia. In:Histria concisa do teatro brasileiro. So Paulo, Edusp,1999, p. 115-138.

    ______________________. O teatro e o modernismo.In: Peas, pessoas, personagens: o teatro brasileiro deProcpio Ferreira a Cacilda Becker. So Paulo: Compa-nhia das Letras, 1993, p. 11-39 (ensaio originalmentepublicado em 1972).

    RABETTI, Beti (Maria de Lourdes Rabetti). Pontua-es sobre o lugar da comdia em meio a noes defundao, formao e tradio no teatro brasileiro.In: Folhetim Cadernos Monogrcos. Rio de Janei-ro: Laboratrio de Estudos sobre o Cmico, UNIRIO,Folhetim Teatro do Pequeno Gesto, CNPq, 7 Letras,2005, N. 02, p. 6-13.

    Filipe, ajoelhando-se aos ps de Beatriz Minha senhora,eu adoro-a, idolatro-a. Quando a vi pela primeira vez foino Casteles, a senhora comia uma empada. Quer aceitara minha mo?Beatriz De tout mon coeur.Mr. James All right! Boa negcia.

    O desfecho da pea aponta para duas possibilidades deascenso social: favor ou sorte. Desenha-se, assim, umaimagem da nao marcada pela imensa concentrao depoder e riquezas, onde quase todos cobiam os favoresdo patriarca, mas tambm onde as alianas familiares, aovencerem os umbrais dos negcios pblicos, subordinamestes a seus interesses particulares.No processo de abordagem da pea na disciplina de ArtesCnicas, essas reexes procuraram, em ltima instncia,levar ao aluno a reexo acerca do papel do teatro nasociedade. Ora, essa atividade propicia o pensar orgnicoe crtico, numa relao entre teoria e prtica dinmica etambm prazerosa. E a culminncia do trabalho est,

    claro, na montagem do espetculo em nova interaointerdisciplinar, agora entre Artes Cnicas e Msica, comoresultado dos trabalhos realizados com os alunos de oitavasrie ao longo do ano.

    Para alm do relacionamento entre disciplinas, a experinciaprocurou integrar saberes, teoria e prtica, indivduoe sociedade. Os dilogos estabelecidos ultrapassamos limites da escola e alcanam dois outros mbitos defundamental importncia. O primeiro o do momentopoltico atual do pas que privilegia a discusso acerca datica; o outro o da formao dos alunos que puderamdesenvolver uma viso histrica e crtica sobre seu pas esua sociabilidade. Talvez se encontre a uma contribuiopara que imaginemos outra nao, fundada em princpiose prticas de ruptura com a tradio. Ento, a integraoexperimentada ter proporcionado snteses de sentidotransformador.

    Vitor Acselrad foi licenciando em Histria no CAp-UFRJ em 2006 e mestre em Cincia Poltica pelo

    IUPERJ.

    Mariana Oliveira mestre em Teatro pela UNIRIO eprofessora de Artes Cnicas no CAp-UFRJ.

    Alessandra Carvalho mestre em Histria Social pelaUFRJ e professora de Histria no CAp-UFRJ.

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    O projeto consiste na construo, calibrao e utilizaocomo instrumento de pesquisa de um termmetro digital Data-MAP tendo como base a utilizao de umtermistor (resistncia eltrica sensvel temperatura) e aporta de jogos de um computador.

    UFRGS e disponvel por exemplo em http://omnis.if.ufrj.br/~carlos/cap/capjoystick.html) possvel fazero computador ler e armazenar essas resistncias quevariam. Portanto, se substituirmos os potencimetros queconstituem esse joystick por termistores apropriados, osvalores de resistncia enviados pelo joystick e medidospelo computador estaro, agora, relacionados com atemperatura do termistor. Assim, uma vez calibrado osistema, tem-se um instrumento que mede temperaturasa partir de resistncias eltricas.

    H muitas vantagens na utilizao de um termmetroconectado ao computador em relao aos termmetrosconvencionais (clnico, de lcool, etc.), em particulardo ponto de vista fsico-experimental. Destacam-se oarmazenamento quase instantneo das informaes emplanilhas de dados, a separao fsica entre a unidadetermossensvel (termistor) e o mostrador (o prpriomonitor do computador) e a possibilidade de umconhecimento detalhado sobre o funcionamento dodispositivo, uma vez que este construdo pelos prpriosusurios.

    Fazem parte dos objetivos didticos do projeto a utilizaodo computador como ferramenta cientca de trabalho,a apresentao de conceitos fsicos como resistnciaeltrica, condutores e semicondutores e, nalmente, acompreenso de fenmenos trmicos cuja observao sse torna possvel pela ferramenta construda.

    Como a leitura de dados feita pelo computador a partirda porta de jogos DB-15, preciso um cabo que faaesta conexo at os sensores. Pode-se utilizar o prpriojoystick, mas prefervel um cabo extensor de joystick,disponvel em lojas do ramo a u m custo inferior. A pontamacho deste cabo conectada, ao computador, enquantoa ponta fmea cortada e descartada, revelando 15 osinternos.

    O princpio de funcionamento do Data-MAP similar aode um joystick. Este ltimo, em geral, formado por ummanche (controlador direcional, analgico) e alguns botes(controles digitais). Os botes enviam sinais eltricospara o computador cada vez que os pressionamos, de talforma que um boto pressionado signica ligado e umboto no pressionado signica desligado. J o mancheconsiste de duas r esistncias eltricas variveis, chamadaspotencimetros; uma na direo horizontal e outra nadireo vertical. Conforme movemos o manche em umadeterminada direo, alteramos o valor de pelo menos umadessas resistncias, o que interpretado pelo programa dojogo e transformado em ao na tela do computador.

    Com o auxlio de um software apropriado (utilizamoso AqDados 2.0, desenvolvido por Ives S. Arajo, da

    Fig. 1: Porta de jogos DB-15 (15 pinos)

    N Funo1 + 5 volts2 Boto A13 Potencimetro X14 Terra Terra6 Potencimetro Y17 Boto B18 + 5 volts (ou sem uso)9 + 5 volts10 Boto A211 Potencimetro X212 Terra (ou porta MIDI)13 Potencimetro Y214 Boto B215 + 5 volts (ou porta MIDI)

    Cabo extensor

    modicado parao projeto.

    Montagem

    Cada um dos 15 os conecta eletricamente as duasextremidades do cabo extensor e sua funo especca(pinagem) pode ser vista na pgina ao lado.

    Os termistores utilizados no projeto so semicondutoresconstitudos de xidos metlicos (mangans, ferro, cobalto)e caracterizados por oferecer uma resistncia eltrica quecai acentuadamente com a temperatura

    Ao nal da montagem eltrica dos cabos, conexes etermistores, deve-se instalar o programa (freeware) deaquisio de dados, que far a leitura da resistncia eltricamedida pelo termistor. Embora seja possvel elaborar umprograma em MS-DOS ou ainda utilizar outro tipo deferramenta, utilizamos o AqDados 2.0 por sua simplicidadee disponibilidade gratuita na internet.

    Calibrao

    Para que o Data-MAP seja um termmetro de verdade preciso transformar as leituras feitas pelo computador(atravs do programa de aquisio de dados), dadas emunidades de resistncia eltrica, na grandeza objeto denosso estudo: a temperatura.

    Matematicamente, sabe-se que a dependncia entre asduas grandezas altamente no-linear e difcil de serparametrizada com uma funo simples. A gura 5 mostraas curvas caractersticas para os trs tipos de termistoresutilizados no projeto.

    A montagem do Data-MAP consiste na conexo eltricade um termistor entre um pino +5 volts e um dos pinos3, 6, 11 ou 13, interpretados pelo computador comoleituras de resistncia varivel, conforme a tabela anterior.Para realizar esta conexo, contudo, preciso uma boasoldagem para garantir uma unio consistente entre aspernas metlicas do termistor e os os de cobre internosa cada capa colorida.

    Para melhorar o isolamento eltrico do sistema, recomendvel cobrir com ta isolante comum ou lquida(ambas encontradas em lojas de ferragens e eletrnica) oscontatos soldados. Alm disso, os demais os coloridosno utilizados tambm devem ser isolados eletricamentee separados.

    Fig. 3: Dois termistoresutilizados no projeto.

    Na prtica, v-se que para variaes de temperatura nomuito superiores a cerca de 50C a relao entre resistnciae temperatura pode ser modelada, com excelenteaproximao, pela funo exponencial

    R(T) = aeb/T (1)

    e sua inversa logartmica

    T(R) = b (2)

    em que a temperatura T dada em kelvins (K). A incertezada medida da temperatura de cerca de 2C para ostrs sensores quando de sua utilizao dentro da faixa deat 50C de variao. No caso particular do termistor de100 k, pode-se estender a faixa medida para at 80Csem grande prejuzo conabilidade dos dados, embora aincerteza seja da ordem de 4C para temperaturas muitoaltas.

    Fig. 4: Curvas caractersticas dos termistores.

    ln(R/a)

    Fig. 2: Pinagem

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    6,0 cm

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    barra

    vela

    S2 S1

    A calibrao do Data-MAP pode ser feita pela escolha deduas temperaturas conhecidas: digamos T1 e T2. Medindo-se R(T1) e R(T2) para estas temperaturas, obtm-se osparmetros a e b pela soluo de um sistema algbricosimples de duas equaes e duas variveis.

    Vale ressaltar, contudo, que estes dois parmetros soparticularmente caractersticos de cada montagemexperimental realizada, o que inclui no somente otermistor, mas especialmente os contatos eltricos feitos,o computador utilizado (e o estabilizador de voltagem,se existente) e at mesmo a tenso da rede eltricadomstica. Assim, conhecidos a e b, utiliza-se a equao(2) para converter (atravs de uma planilha eletrnica dedados) cada leitura de resistncia eltrica em um valor detemperatura, em qualquer escala que se desejar. Para obter T na escala Celsius, basta subtrair 273,15 da leitura emkelvins.

    Alguns experimentos

    Uma vez montado e calibrado o termmetro, ele pode serusado para observar uma srie de fenmenos trmicos.Mostra-se particularmente interessante para observar avariao da temperatura ao longo do tempo num processoqualquer.

    Por exemplo, quando se adiciona um comprimidoefervescente de vitamina C em gua percebe-se umareduo na temperatura da mistura. O que ocorre umprocesso endotrmico, que retira energia trmica da gua.Deste modo, se pudermos monitorar a temperatura dagua durante este perodo de tempo, deve ser possvelmedir seu resfriamento devido ao processo endotrmico.A gura 6 mostra o que acontece quando adicionam-setrs sucessivos comprimidos efervescentes em cerca de100 ml de gua, com intervalos de alguns minutos entreeles.

    Re-interpretando os dados em termos de temperatura, ntido o resfriamento da gua por mais de um minuto, numavariao total de cerca de 2C em relao temperaturainicial a cada vez que um comprimido efervescente adicionado.

    Outro experimento interessante vericar,simultaneamente, a velocidade de aquecimento e aposterior velocidade de resfriamento de um metal em doispontos diferentes, a distncias distintas de uma fonte decalor inicial. Utilizando uma vela, aquecemos por algunsminutos uma barra de ao inoxidvel, de 30 mm de largurae cerca de 3 mm de espessura. Um dos termistores posicionado a 3,0 cm da vela (ao longo da barra) e o outroa 6,0 cm, conforme a gura abaixo.

    Fig. 5: Resfriamento endotrmico da gua.

    O resultado mais interessante, contudo, quanto aoresfriamento de cada um destes pontos da barra, logoaps a retirada da vela.

    Fig. 7: Software de aquisio de dados mostrando avariao da resistncia eltrica do termistor duranteo resfriamento natural da barra imediatamente apsapagar a vela.

    Fig. 8: Resfriamento da barra metlicaimediatamente aps apagar a vela.

    A gura abaixo traduz esse comportamento em termosda temperatura.

    da carne aquea mais lentamente. Portanto, ao se retirar acarne do forno, o miolo encontra-se a uma temperaturainferior da camada mais externa da pea. Por isso osbons cozinheiros colocam a carne par a descansar antesde servi-la. A camada mais externa tende a perder seucalor no s para o ar, mas tambm para o prprio mioloque est mais frio. Assim, o interior da carne continuacozinhando mesmo aps ter sado do forno.

    Muitos outros experimentos em Fsica Trmica foramrealizados e constam do projeto nal de Instrumentaopara o Ensino (monograa) do autor. Alguns deles so: oestudo do superresfriamento (uma substncia permaneceno estado lquido a uma temperatura inferior ao seuponto de solidicao); uma comparao entre conduoe conveco num experimento com um tubo metlico;um estudo da sensibilidade trmica da pele humana; umaanlise e comparao do resfriamento do caf (uma poronuma xcara e outra dentro de uma garrafa trmica); umaanlise do funcionamento do congelador e da geladeira,entre outros.

    Implementao do Projeto no CAp

    Como o objetivo ltimo e principal deste projeto deservir como ferramenta didtica ao professor do EnsinoMdio, implementamos um piloto do mesmo por duasvezes nas turmas da segunda srie do prprio CAp-UFRJ;originalmente em outubro de 2005 e, mais recentemente,em agosto de 2006. Deste modo, identicamos as falhase mritos do projeto em funcionamento real, permitindo-nos aprimor-lo antes de sua publicao nal comoProjeto de Instrumentao para o Ensino.

    Nota-se que o sensor S1, mais prximo da vela, atingeuma temperatura bem mais alta que o sensor S2 duranteo aquecimento. Entretanto, ao retirarmos a fonte de calore deixarmos o objeto temperatura ambiente, aindamonitorado, percebe-se que o sensor S2, inicialmentemais distante da vela, continua a aquecer por mais de umminuto at iniciar, de fato, seu r esfriamento.

    O que se v similar ao que acontece quando se aqueceuma pea de carne num forno domstico. Como o calorpenetra de fora para dentro, natural que a parte interna

    Grupo utilizando ummultmetro no processo demontagem do termmetro.

    Fig. 6: Esquema de aquecimento da barra metlica.

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    Neste projeto piloto, conduzido sob orientao dosprofessores Beto Pimentel (CAp-UFRJ) e Carlos Eduardo Aguiar (Instituto de Fsica da UFRJ), foi proposto strs turmas da segunda srie a construo, calibrao eutilizao (em projeto de pesquisa) de ter mmetros Data-MAP, como trabalho bimestral de grupo e, portanto, parteda avaliao bimestral.

    Em 2005, o desempenho dos estudantes como um todofoi surpreendente, em particular, no que diz respeito postura diante do novo e das diculdades encontradas.Entre elas, destacam-se as de ordem terica, devido aosconceitos inditos de fsica e de matemtica envolvidos, eas de ordem prtica, em funo da montagem envolvendosoldas, dos problemas de acesso a computadores e da faltade termistores apropriados no comrcio.

    Ao nal do processo, o aprendizado dos alunos quantoaos conceitos envolvidos podia ser notado atravs dostrabalhos desenvolvidos por eles e tambm pelo relato deprofessores de outras disciplinas. Esses outros professoreseram tambm testemunhas da euforia dos alunos diantede um feito grandioso e inicialmente inacreditvel paraeles prprios: ter construdo na escola uma ferramentaexperimental funcional a partir do zero, pelas prpriasmos e ter conseguido, de fato, aprender Fsica e se divertirao mesmo tempo durante esse processo.

    Em 2006, j com a bagagem do ano anterior, o projetofoi reimplementado, desta vez com incio antecipadopara o terceiro bimestre e com auxlio dos licenciandosde Fsica e da equipe do Ncleo de Atividades em Fsica(NAF), composto por alguns alunos e licenciandos deFsica do Ensino Mdio do CAp-UFRJ e coordenado peloprofessor Beto Pimentel. A antecipao visou a ampliar otempo para desenvolvimento do projeto, que conclumoscomo escasso no ano anterior. No terceiro bimestre,ento, os alunos deveriam montar o termmetro, calibr-lo e ainda realizar um experimento piloto padro, deresultado conhecido, proposto a todos os grupos. Noltimo bimestre, a tarefa foi propor um experimentoprprio, de resultado no necessariamente conhecido, erealiz-lo com o mesmo termmetro digital. Mais uma vez, os resultados mostraram a capacidade da proposta

    para motivar criativamente o estudo de tpicos em FsicaTrmica e gerar bons projetos e resultados experimentais.

    Concluses

    O projeto explora a riqueza didtica de todas as etapas doprocesso: compreenso dos conceitos iniciais envolvidos(termistores, porta de jogos, resistncia eltrica, etc.),a montagem e calibrao dos Data-MAPs pelos alunos(envolvendo o manuseio da funes exponencial elogartmica, numa interface casada com o programa deMatemtica), e ainda a realizao de experimentos emFsica Trmica, alguns clssicos e outros originais.

    Assim sendo, rompem-se algumas barreiras dodesinteresse pela Cincia, em grande parte fruto dadescontextualizao do ensino. Outros problemas, como aatual matematizao excessiva da Fsica no Ensino Mdioe a falta de laboratrios cientcos apropriados nas escolastambm podem ser minimizados nesta atividade, pelarealizao de experimentos com o Data-MAP. Alm disso,o projeto amplica o contato do aluno com a Fsica e coma experimentao, levando-as para alm da sala de aula,uma vez que as atividades so propostas para casa.

    Bibliograa e Leituras Complementares

    MEDINA, Bernardo, PIMENTEL, Beto e AGUIAR, CarlosE., Data-MAP: Termometria atravs do computador,Projeto de Instrumentao para o Ensino, Instituto deFsica da UFRJ, 2006.

    SILVA, Lucia F. e VEIT, Eliane A., O microcomputadorcomo instrumento de medida no laboratrio didticode Fsica, Textos de apoio ao Professor de Fsica, v.16n.2, 2005.

    HAAG, Rafael, OLIVEIRA, Leonardo M. e VEIT, ElianeA., Coleta automtica e interpretao de dados emum laboratrio didtico de termologia, Textos deapoio ao Professor de Fsica, v.16 n.2, 2005.

    AGUIAR, Carlos. E., LAUDARES, Francisco, Aquisio

    de dados usando Logo e a porta de jogos do PC, Rev.Bras. Ens. Fsica, v.23, n.4, 2001.

    Bernardo Medina realizou a Prtica de Ensino emFsica no CAp-UFRJ ao longo de 2005. Defendeusua monograa de concluso de curso, tema deste

    artigo, no segundo semestre de 2006.

    EsmeraldinoSardinha

    Assistenteou Inspetor?

    um profssional embusca de uma

    identidadeAo longo da histria daeducao brasileira, a gura doInspetor ou Assistente de Alunos foidenida de maneiras muito distintas.Hoje novamente se discute a questodo papel deste prossional nasescolas, com a sugesto de passara chamar-se Auxiliar Educacional.Independentemente do nome quese d ao cargo, o que importantemesmo o que o faz ser u m bomprossional: a dedicao ao trabalhoe, acima de tudo, o respeito aoprximo. isso que o far serrespeitado.

    Ilustraes por

    Beto Pimentel

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    de chato ou quadrado (termo muito usado na poca),pois isto automaticamente aconteceria. Tambm deveriaevitar atuar como o educador muito bonzinho, que nocivo ao desenvolvimento da personalidade da crianaou do adolescente.

    A lei 5.692 instituiu a obrigatoriedade da presena doServio de Orientao E ducacional e Vocacional em todosos estabelecimentos de ensino. Um dos contatos maisfreqentes que aquele rgo deveria ter era com o Inspetorde Alunos, pois, no raro, os alunos deixavam transparecersua problemtica individual nas conversas de corredor. OInspetor deveria estar preparado para prestar os primeirossocorros em caso de acidente, ter noes de psicologiada infncia e adolescncia, de preveno de acidentes ede relaes humanas, tendo assim destaque merecido naestrutura escolar. Ele deixou de ser um mero agente descalizao para se transformar num colaborador efetivoda tarefa de administrao da escola.

    Hoje, encaminhada para homologao, h uma Proposta deDiretrizes Curriculares Nacionais para a rea prossionalde Servios de Apoio Escolar. No corpo do relatrio

    h uma proposta de prossionalizao tcnica de nvelmdio para atuar na rea da educao. A justicativa ade que esta formao servir no s para a aquisio dascompetncias necessrias para o bom desenvolvimentodas atividades educacionais, rea que requer competentese compromissados prossionais, como tambm ser uminstrumento importante para a construo da identidadesocial desses funcionrios e para sua valorizaoprossional. Estaro compreendidas a atividades de nveltcnico, de planejamento, execuo, controle e avaliao defunes de apoio pedaggico e administrativo nas escolaspblicas e privadas de Educao Bsica e Superior, nasrespectivas modalidades. Tradicionalmente, so funeseducativas que se desenvolvem de forma complementar ao docente. Esses Servios de Apoio Escolar serorealizados em espaos como a secretaria escolar, acoordenao, o servio de manuteno de infra-estrutura,cantinas, recreios, portarias, laboratrios, ocinas,instalaes esportivas, jardins, hortas e outros ambientesrequeridos pelas diversas modalidades de ensino.

    De acordo com os pareceres da referida proposta, ascompetncias prossionais gerais do tcnico da rea soas seguintes:

    Identicar o papel da escola na construo da sociedadecontempornea; Assumir uma concepo de escola inclusiva, a partir doestudo inicial e permanente da histria, da vida socialpblica, da legislao e do nanciamento da educaoescolar; Identicar as diversas funes educativas presentes naescola; Reconhecer e constituir identidade prossional educativaem sua ao nas escolas e em rgos dos sistemas deensino; Cooperar na elaborao, execuo e avaliao da propostapedaggica da instituio de ensino; Formular e executar estratgias e aes no mbito dasdiversas funes educativas no docentes, em articulaocom as prticas docentes, conferindo-lhes maior qualidadeeducativa; Dialogar e interagir com os outros segmentos da escolano mbito dos conselhos escolares e de outros rgos degesto democrtica da educao; Coletar, organizar e analisar dados r eferentes secretariaescolar, alimentao escolar, operao de multimeiosdidticos e manuteno da infra-estrutura material eambiental; Redigir projetos, relatrios e outros documentospertinentes vida escolar, inclusive em formatos legais, paraas diversas funes de apoio pedaggico e administrativo.

    A incorporao do prossional de servio de apoio escolar,em uma das reas da Educao Prossional Tcnica deNvel Mdio vem sendo tratada desde 1999. Os princpiosgerais para a poltica de formao do tcnico em educaoso os seguintes:

    a) A educao como direito de todos e dever do Estado,incluindo a formao bsica do cidado e sua qualicaopara o trabalho, pela habilitao prossional;b) Igualdade de condies de acesso s escolas epermanncia nelas com sucesso para todos cidados;c) Liberdade de aprender e ensinar, com uso das novastecnologias da informao e comunicao;d) Gesto democrtica do ensino pblico com qualidade eresponsabilidade social;e) Vinculao do processo educativo com as prticas

    sociais e o mundo do trabalho;f) Ruptura com as formas elitistas, seletivas e de privilgioda educao escolar at hoje vigentes;g) Combate aos privilgios e rearmao da inclusosocial de todos os sujeitos constituintes no e do processoeducativo;h) Articulao, nas escolas da educao bsica, entre osespaos da docncia, na perspectiva da construo dosaber sistematizado num ambiente educativo e prazeroso.

    Desde Benjamin Constant, que protagonizou a reformade 1890, os educadores e os governantes brasileiros,quando podem, reestruturam o sistema de ensino no pas.Em particular quero tratar de algumas novidades queacompanharam as mudanas introduzidas na educaobrasileira a partir da lei 5.692, de agosto de 1971, quandoa estrutura do ensino foi novamente modicada. Essastransformaes tambm se referiram ao papel doInspetor de Alunos. No era mais defensvel a velhaidia do inspetor confundido com scal de disciplina. Jnaquela poca pensava-se no Inspetor como uma pessoadinmica e de grande importncia dentro da escola, ondea normalidade e a convivncia pacca muito dependiadesta gura.

    As responsabilidades que competiam a este prossionalforam determinadas, ao lado de algumas apreciaesobjetivas sobre os novos rumos da educao brasileira,ao longo da dcada de 70, a partir da lei de atualizaoe expanso do ensino de 1 e 2 graus, hoje entendidocomo Educao Bsica, compreendendo os EnsinosFundamental e Mdio.

    Naquela poca, os governantes preocuparam-se com acriao de um quadro secundrio de tcnicos que pudessesuprir as necessidades que adviriam com o tempo emtodas as reas, inclusive na educao.

    Assim, foi analisada a necessidade de mudana dadenominao do Inspetor de Alunos para Auxiliar deEducao, ou outra mais adequada. No seria mudadaapenas a denominao, mas tambm suas atribuies,deixando-se de lado o scal severo e ranzinza para darlugar ao prossional consciente do seu papel de educador.Este, sem deixar de observar as regras bsicas para sua aodiria, colaboraria principalmente com a administraosuperior para tornar a Escola um ambiente educativo eagradvel. Deveria assim usar sua capacidade para auxiliaro aluno na sua integrao na escola e na sociedade,contribuindo para sua formao integral e para a prticada cidadania participativa e crtica.

    Com esta responsabilidade efetiva, o prossional emquesto procuraria observar toda a movimentao

    dos alunos, vericando suas faltas e falhas e atuandoprontamente no sentido de orient-los ou at mesmorepreend-los. Caberia a ele tambm zelar pelas instalaesdo estabelecimento e observar a entrada e a sada dosalunos. Deveria estar atento aos alunos que freqentementechegam atrasados ou saem cedo, no temendo ser chamado

  • 8/8/2019 aula de teatro completa.

    20/25

    i i

    maro de 2007 perspectiva capiana n238

    sem

    fronteiras

    maro de 2007 perspectiva capiana n2 39

    O Transtorno doDfcit de Atenoe Hiperatividade

    Monica LavoyerSer que no h diferena na percepo dos atos desteprossional com relao ao nome que se d a ele? Talvez o

    termo Inspetor de Alunos cause mais impacto, trazendo mente uma gura de autoridade, disciplinadora, enquantoo termo Assistente de Alunos remete ao estabelecimentode normas de convivncia, e parece estar pronto paraajudar o aluno em termos de conscientizao das prticasda cidadania. As representaes deste prossional dentrodo ambiente escolar so, portanto, muitas. no processode interao com os alunos, a cada troca de idias, que sed o reconhecimento do papel deste prossional para cadaum deles.

    O problema com ambas as terminologias o seguinte: oprimeiro lembra o policial militar, chato e repressor, paraquem o mundo s regr as; o segundo, um assistencialista,que infantiliza as crianas e adolescentes, sem delegar aresponsabilidade que todos temos na construo dosujeito como uma pessoa crtica, par te da sociedade, comdireitos e deveres.

    Esmeraldino Pio Sardinha cursaPedagogia na Faculdade de Educao

    da UFRJ e um prossional noCAp-UFRJ como prestador de servio

    na qualidade de Assistente (ou seriaInspetor?) de Aluno.

    A cada minuto, quatro crianas re-cebem prescrio de Ritalina nos EUA. Esta foia alarmante notcia da Associao de PsicologiaAmericana, de junho de 2001, alertando, atravsda revista Monitor on Psychology, que mais de 2milhes de prescries eram feitas a cada ano. Atmesmo os defensores do modelo biolgico da ques-to, como a Academia Norte-Americana de Psiquiatria

    Infantil e de Adolescentes, reconheceram a necessidadede maior rigor nos diagnsticos do Transtorno do D-cit da Ateno e Hiperatividade TDAH, recomendandoaos especialistas que no se baseassem somente em in-ventrios de sintomas ou em queixas de pais e pr ofessores.O tema TDAH polmico em diversas esferas, e se voc uma dessas pessoas que est tentando entender algo nestecampo, no que consternado, porque muitos prossionais darea tambm esto confusos.

    Fiz uma pequena enquete na escola recentemente, ediante da pergunta: O que representa para voc esteprossional? alguns alunos foram categricos emresponder: No deveria haver Assistente... os alunosdeveriam ter liberdade de escolher [se assistem ou no asaulas, por exemplo], como na Faculdade.... Alm disso, tachado de X-9 (delator) e chato. Mas, na sua maioria, osalunos acreditam que esses prossionais so necessrios deuma maneira ou de outra, no sendo capazes, no entanto,de dar uma denio clara.

    Para alguns funcionrios, colegas de trabalho, esteprossional muitas vezes representa meramente umcarimbador de cadernetas, zelador do patrimnio daesc