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EXTENSIVO 2013 Disciplina: Literatura e Língua Portuguesa Professor: Caique Franchetto Estudante:_________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________ AULA EXTRA – LITERATURA BRASILEIRA: BARROCO E ARCADISMO Quinhentismo (séc.XVI-XVII) A chegada das caravelas portuguesas à costa da Bahia, em 1500, colocou frente a frente dois povos muito diferentes. Os viajantes que aqui estiveram no século XVI mostraram como se deu esse contato. Nos relatos que fizeram, encontra-se o registro de imagens da terra e de sua gente que marcaram para sempre a identidade brasileira. A Carta de Pero Vaz de Caminha - carta enviada ao atual de Rei de Portugal, D.Manuel, por Pero Vaz de Caminha, retratando a expedição em mar, a chegada em terras brasileiras e o contato com a cultura indígena das fragatas/caravelas de Pedro Álvares Cabral. “[...]Neste mesmo dia, à hora de vésperas, avistamos terra! Primeiramente um grande monte, muito alto e redondo; depois, outras serras mais baixas, da parte sul em relação ao monte e, mais, terra chã. Com grandes arvoredos. Ao monte alto o Capitão deu o nome de Monte Pascoal; e à terra, Terra de Vera Cruz. [...] Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. [...] Alguns deles traziam arcos e flechas. Que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco de tudo que lhes oferecíamos. Alguns deles bebiam vinho. [...] Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma... [...] k,lmkl,De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa. [...] Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro. [...] A águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem. Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar[...]” (CAMINHA, Pero Vaz. Carta.) - Literatura de catequese: textos escritos por jesuítas com objetivo de educar e catequisar os nativos. Sempre também com objetivo de seduzir o indígena para a religião, os jesuítas recorreram a algumas formas mais populares, como canto, o diálogo e as narrativas de viagem como aproveitamento de mitos da tradição medieval e da tradição indígenas. - Crônicas/Narrativas/Relatos de viagem: os viajantes que integravam expedições tinham algumas missões específicas a cumprir: descrever a terra e o povo nativo, catalogar espécimes da fauna e da flora, e identificar possíveis interesses econômicos para a coroa portuguesa. Os relatos de viagens são textos essencialmente informativos e se caracterizam como espécie da crônica histórica. Produção Literária: Padre José de Anchieta escreveu poemas líricos, a maior parte de cunho. Seus poemas revelam a visão teocêntrica medieval. Suas peças de teatro têm função claramente religiosa e pedagógica (catequese). Não há coisa segura Tudo quanto se vê, se vai passando; A vida não tem dura; O bem se vai gastando Toda criatura vai voando. Em Deus, meu Criador; Só’stá todo o meu bem, toda a esperança, Meu gosto e meu amor E bemaventurança. Quem serve a tal Senhor não faz mudança. Contente assi minha alma Do doce amor que Deus toda ferida, O mundo deixa em calma, Buscando a outra vida, Na qual deseja ser toda absorvida. Pe. José de Anchieta

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EXTENSIVO 2013 Disciplina: Literatura e Língua Portuguesa Professor: Caique Franchetto Estudante:_________________________________________________________

________________________________________________________________________________________________________ AULA EXTRA – LITERATURA BRASILEIRA: BARROCO E ARCADISMO

Quinhentismo (séc.XVI-XVII) A chegada das caravelas portuguesas à costa da Bahia, em 1500, colocou frente a frente dois povos muito diferentes. Os viajantes que aqui estiveram no século XVI mostraram como se deu esse contato. Nos relatos que fizeram, encontra-se o registro de imagens da terra e de sua gente que marcaram para sempre a identidade brasileira. A Carta de Pero Vaz de Caminha - carta enviada ao atual de Rei de Portugal, D.Manuel, por Pero Vaz de Caminha, retratando a expedição em mar, a chegada em terras brasileiras e o contato com a cultura indígena das fragatas/caravelas de Pedro Álvares Cabral.

“[...]Neste mesmo dia, à hora de vésperas, avistamos terra! Primeiramente um grande monte, muito alto e redondo; depois, outras serras mais baixas, da parte sul em relação ao monte e, mais, terra chã. Com grandes arvoredos. Ao monte alto o Capitão deu o nome de Monte Pascoal; e à terra, Terra de Vera Cruz. [...] Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. [...] Alguns deles traziam arcos e flechas. Que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco de tudo que lhes oferecíamos. Alguns deles bebiam vinho. [...] Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a

nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma... [...] k,lmkl,De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa. [...] Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro. [...] A águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem. Porém, o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve a principal semente que Vossa Alteza nela deve lançar[...]” (CAMINHA, Pero Vaz. Carta.)

- Literatura de catequese: textos escritos por jesuítas com objetivo de educar e catequisar os nativos. Sempre também com objetivo de seduzir o indígena para a religião, os jesuítas recorreram a algumas formas mais populares, como canto, o diálogo e as narrativas de viagem como aproveitamento de mitos da tradição medieval e da tradição indígenas. - Crônicas/Narrativas/Relatos de viagem: os viajantes que integravam expedições tinham algumas missões específicas a cumprir: descrever a terra e o povo nativo, catalogar espécimes da fauna e da flora, e identificar possíveis interesses econômicos para a coroa portuguesa. Os relatos de viagens são textos essencialmente informativos e se caracterizam como espécie da crônica histórica. Produção Literária: Padre José de Anchieta escreveu poemas líricos, a maior parte de cunho. Seus poemas revelam a visão teocêntrica medieval. Suas peças de teatro têm função claramente religiosa e pedagógica (catequese). Não há coisa segura Tudo quanto se vê, se vai passando; A vida não tem dura; O bem se vai gastando Toda criatura vai voando. Em Deus, meu Criador; Só’stá todo o meu bem, toda a esperança, Meu gosto e meu amor E bemaventurança. Quem serve a tal Senhor não faz mudança.

Contente assi minha alma Do doce amor que Deus toda ferida, O mundo deixa em calma, Buscando a outra vida, Na qual deseja ser toda absorvida. Pe. José de Anchieta

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BARROCO (séc.XVII-XVIII)

O registro das primeiras impressões dos viajantes, os sermões do Padre Antônio Vieira, a poesia de Gregório de Matos representam as primeiras manifestações literárias do Brasil Colônia a partir de 1600. No século XVII, o ser humano vive em conflito, atormentado por dúvidas existenciais, dividido entre uma postura racional e humanista e uma existência assombrada pela culpa religiosa. Representa o tempo de instabilidade e incerteza para a prematura poesia brasileira. Acontecimentos Históricos na Europa - 1517: Lutero escreve e defende a tese da Reforma Protestante (valorização e tentativa de conciliação entre o pensamento racional renascentista com os mandamentos religiosos); - 1545: Inicia-se, pela Igreja Católica, a Contrarreforma com ações de perseguições semelhantes à Santa Inquisição da Idade Média (retomadas dos valores apostólico-romanos por meio de imposição).

Características gerais - Retomada dos valores cristãos; - Sentimentos de tensão, angústia e culpa por parte do autor; - Arte das formas, rebuscamento e cultismo (valores renascentistas/classicistas ainda presentes na produção literária); - Antíteses, na poesia, que representavam a dúvida entre o religioso e o racional; - Valorização do argumento – a Dialética Clássica; - Sagrado X Profano / Luz X Sombra; - Busca da realidade, tentativa de expressar os sentimentos de pessimismo e tristeza perante a dúvida da conduta religiosa; - Ascensão da linguagem metafórica; - Tema: o Gótico (exagero, medo) expresso por antíteses, paradoxos e hipérboles. Os sermões religiosos do Pe. Antônio Vieira - Os sermões do Pe. Vieira são famosos pela argumentação e pela Retórica perfeita. As metáforas e as analogias ajudavam os fiéis a compreender as passagens mais obscuras da doutrina católica; - O sermão barroco devia demonstrar uma posição moral por meio de uma imagem que, associada a um fato ou a uma citação bíblica, pudesse ser um símbolo da posição a ser defendida; - Argumentos baseados na observação da realidade, em verdades históricas, em princípios éticos ou filosóficos deviam ser evitados. A agudeza e o engenho só se manifestavam caso o autor da argumentação fosse capaz de ilustrar por meio de imagens e metáforas o tema do sermão. - Em Sermão da sexagésima, Pe. Vieira convence os fiéis que a culpa as deficiências da expansão da “palavra de Deus” é culpa dos pregadores, que, em lugar de desenvolverem uma argumentação consistente, preocupam-se em enfeitar a linguagem, tornando o texto incompreensível. “[...] Não nego nem quero dizer que o sermão não haja de ter variedade de discursos, mas esses hão de nascer todos da mesma matéria e continuar a acabar nela. [...] Ora vede: uma árvore tem raízes, tem tronco, tem ramos, tem folhes, tem frutos. Assim há de ser o sermão: há de ter raízes fortes e sólidas, porque há de ser fundado no Evangelho; há de ter tronco, porque há de ter um só assunto e tratar uma só matéria; deste tronco hão de nascer diversos ramos, que são diversos discursos, [...] estes ramos não há de ser secos, senão cobertos de folhas, porque os discursos hão de ser vestidos e ornados de palavras. Há de ter esta árvore varas, que são repressão dos vícios; há de ter flores, que são as sentenças; e por remate de tudo, há d éter frutos, que é o fruto e o fim a que se há de ordenar o sermão.[...]” (VIEIRA, Padre Antônio. Sermões.) A lírica religiosa e satírica de Gregório de Matos

- Poesia Lírica (Amorosa e/ou Erótica): retoma temas clássicos, como a posição entre o espírito e a matéria;

Pintura admirável de uma beleza Vês esse sol de luzes coroado? Em pérolas a aurora convertida? Vês a lua de estrelas guarnecida? Vês o céu de planetas adorado?

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O céu deixemos; vês naquele prado A rosa com razão desvanecida? A açucena por alva presumida? O cravo por galã lisonjeado? Deixa o prado; vem cá, minha adorada: Vês desse mar a esfera cristalina Em sucessivo aljôfar desatada? Parece aos olhos ser de prata fina? Vês tudo isto bem? Pois tudo é nada À vista do teu rosto, Catarina. Gregório de Matos - Poesia Sacra/Religiosa: sobressai-se o senso de pecado, a constatação da fragilidade humana e o temor diante da morte e da condenação eterna. Buscando a Cristo A vós correndo vou, braços sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos, Que, para receber-me, estais abertos, E, por não me castigar-me, estais cravados. A vós, divinos olhos, eclipsados De tanto sangue e lágrimas abertos, Pois, para perdoar-me, estais despertos, E, por não condenar-me, estais fechado

A vós, pregados pés, por não deixar-me, A vós, sangue vertido, para ungir-me, A vós, cabeça baixa, p’ra chamar-me. A vós, lado patente, quero unir-me, A vós, cravos preciosos, quero atar-me, Para ficar unido, atado e firme. Gregório de Matos - Poesia satírica/social: olhar crítico da vida social. Denuncia, com irreverência, a corrupção econômica de políticos e a corrupção moral de padres e freiras. Reprovações Se sois homem valoroso, Dizem que sois temerário, Se valente, espadachim, E atrevido, se esforçado. Se resoluto, - arrogante, Se pacífico, sois fraco, Se precatado, - medroso, E se o não sois, - confiado. (...) Gregório de Matos

ARCADISMO (séc.VIII-XIX)

A luz da razão volta a brilhar forte sobre a Europa do século XVIII. O cientista olha para o céu e se pergunta sobre a configuração das estrelas, o filósofo questiona o direito da nobreza a uma vida privilegiada. Razão e ciência iluminam a trajetória humana, explicando fenômenos e propondo novas formas de organizar a sociedade. Acontecimentos Históricos na Europa - A partir de 1700: O século das Luzes (Iluminismo), a partir do avanço dos estudos da Física, com Isaac Newton. A partir da publicação da Lei da Gravidade, a pesquisa científica começa a compreender e explicar o funcionamento da Natureza.

- O “reinado da fé” foi substituído pela crença da Racionalidade. Grandes filósofos como Voltaire e J.-J.Rosseau adotam a Razão como parâmetro para analisar as crenças tradicionais, as opiniões políticas e a organização social. Para eles, a razão e a ciência guiariam o ser humano para longe da obscuridade e da ignorância. A principal expressão do Iluminismo foi a Enciclopédia, uma obra de 28 volumes cujo objetivo principal era conter todos os conhecimentos filosóficos e científicos da época. - 1751: publicação da Enciclopédia; - 1759: Voltarei inicia o Dicionário Filosófico; e publica Cândido (início do romance-filosófico); - 1762: J.J.Rosseau publica O Contrato Social. - 1789: Inicia-se, na França, a Revolução Francesa; e, no Brasil, a Inconfidência Mineira. Características gerais - Iluminismo (retomada de uma postura racional); - Equilíbrio entre razão e sentimento; - Arte como imitação da Natureza; - Bucolismo e simplicidade; - Inicio da poesia popular; - Início das Revoluções Europeias; - Inconfidência Mineira e início das revoluções no Nordeste e no Sul contra o Império; - Literatura como projeto social; - Renasce a ideia do Carpe Diem (Gozar o Dia);

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- Tema: modelo de vida ideal é aquele que envolve a Natureza. Cenário rural é sinônimo de tranquilidade e harmonia; - Arcádia como o Paraíso: os poetas e as musas amadas são identificados como pastores(as). Produção Literária - com o objetivo de se oporem aos barrocos, os poetas árcades buscaram reverência na poesia clássica-renascentista, abordam a temática sentimental e da fugacidade do tempo. - o cenário na poesia é sempre campos e pastos alegres (pastoril); Resgate do clássico: - Fugere urbem: fuga da cidade, da urbanização; afirmação das qualidades na vida do campo. O urbano corrompe. É no campo que se pode produzir conhecimento por conta da tranquilidade; - Aurea mediocritas: mediocridade “áurea dourada” – simboliza a valorização das coisas cotidianas, simples, focalizadas pela razão e pelo bom senso; - Locus amoenus: caracterização de um lugar ameno, tranquilo, agradável, onde os amantes se encontram para desfrutar dos prazeres da natureza; - Inutilia truncat: cortar o inútil – princípio muito valorizado, preocupado em eliminar os excessos, evitando qualquer uso mais elaborado da linguagem. - Carpe Diem: gozar o dia – trata da passagem do tempo como algo que traz velhice, a fragilidade e a morte, tornando imperativo aproveitar o momento presente de modo intenso. Principais autores arcadistas Bocage - Voltaire (França); - Manuel du Bocage (Portugal); - Tomás Antônio Gonzaga – Marília de Dirceu (Brasil); - Cláudio Manuel da Costa (Brasil). Recreios campestres na companhia de Marília Olha Marília, as flautas dos pastores Que bem que soam, como estão cadentes! Olha o Tejo sorrir-se! Olha, não sentes Os Zéfiros brincar por entre as flores? Vê como ali beijando-se os Amores Incitam-se nossos ósculos ardentes! Ei-las de planta em planta as inocentes, As vagas borboletas de mil cores! Naquele arbusto o rouxinol suspira, Ora nas folhas a abelhinha para, Ora nos ares sussurrando gira: Que alegre campo! Que manhã tão clara! Mas ah! Tudo o que vês, se eu te não vira, Mais tristeza que a morte me causara. Manuel Bocage

Convite à Marília Já se afastou de nós o Inverno agreste Envolto nos seus úmidos vapores; A fértil Primavera, a mãe das flores O prado ameno de bobinas veste: Varrendo os ares o sutil nordeste Os torna azuis; as aves de mil cores Adejam entre Zéfiros, e Amores, E toma o fresco Tejo a cor celeste: Vem, ó Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza, Destas copadas árvores o abrigo: Deixa louvar da corte a vã grandeza: Quanto me agrada mais estar contigo Notando as perfeições da Natureza! Manuel du Bocage

EXERCÍCIOS DE VESTIBULARES

1- (ITA-SP) Leia o texto abaixo e as informações que se seguem.

Que falta nesta cidade? Verdade. Que mais por sua desonra? Honra. Falta mais que se lhe ponha? Vergonha. O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta, Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha. Gregório de Matos

I- Mantém uma estrutura formal e rítmica regular. II- Enfatiza as ideias opostas. III- Emprega a ordem direta. IV- Refere à cidade de São Paulo. V- Emprega a gradação.

Então, pode-se dizer que são verdadeiras

a) Apenas I, II, IV. b) Apenas I, II, V. c) Apenas I, III, V. d) Apenas I, IV, V. e) Todas.

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2- (PUC-MG) Texto I Discreta e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo claramente Na vossa ardente vista o sol ardente, E na rosada face a aurora fria; Enquanto pois produz, enquanto cria Essa esfera gentil, mina excelente No cabelo o metal mais reluzente, E na boca a mais fina pedraria. Gozai, gozai da flor da formosura, Antes que o frio da madura idade Tronco deixe despido o que é verdura. Que passado o Zenith da mocidade, Sem a noite encontrar da sepultura, É cada dia ocaso da beldade. Gregório de matos Texto II Minha bela Marília, tudo passa; A sorte deste mundo é mal segura; Se vem depois dos males a ventura, Vem depois dos prazeres a desgraça. Estão os mesmos deuses Sujeitos ao poder do ímpio Fado: Apolo já fugiu do Céu brilhante, Já foi pastor de gado. Ah! Enquanto os destinos impiedosos Não voltam contra nós a face irada, Façamos, sim façamos, doce amada, Os nosso breves dias mais ditosos, Um coração, que frouxo A grata posse de seu bem difere, A si, Marília, a si próprio rouba, E a si próprio fere. Ornemos nossas testas com as flores; E façamos de feno um brando leito, Prenda-nos, Marília, em laço estreito, Gozemos do prazer de sãos Amores. Sobre as nossas cabeças, Sem que o possam deter, o tempo corre; E para nós o tempo, que se passa, Também, Marília, morre. Tomás A. Gonzaga O texto I é barroco; o texto II é árcade. Comparando-os, só não é correto afirmar que:

a) Os barrocos e árcades expressam sentimentos. b) As construções sintáticas barrocas revelam um interior

conturbado. c) O desejo de viver o prazer é dirigido à amada nos dois

textos. d) Os árcades têm uma visão de mundo mais angustiada que

barrocos. e) A fugacidade do tempo é temática comum aos dois estilos.

3- (UEL-PR) “Ao lado dos versos críticos e contundentes, em

geral dirigidos contra os poderosos e os oportunistas, há os versos líricos, tocados pelo sentimento amoroso ou pela devoção cristã. Num e outro casos, apuravam-se o engenho verbal, as construções paralelísticas, o emprego de antíteses e hipérboles[...]”

O trecho acima está-se referindo à obra poética de:

a) Cláudio Manuel da Costa b) Gregório de Matos c) Tomás Antônio Gonzaga d) José de Anchieta e) Antônio Vieira

4- (UEL-PR) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e

XVII, momento em que os ideais da reforma entram em confronto com a Contrarreforma católica, ocasionando no plano das artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que contém versos que melhor expressam esse conflito é:

a) “Um paiá de Monal, bonzo bramá, / Primaz de Cafraria do

Pegu, / Quem sem ser do Pequim, por ser do Açu, / Quer ser filho do sol, nascendo cá.” (Gregório de Matos)

b) “Temerária, soberba, confiada, / Por altiva, por densa, por lustrosa, / A Exaltação, a névoa, a mariposa, / Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe enfada.” (Botelho de Oliveira)

c) “Fábio, que pouco entendes de finezas! / Quem faz só o que pode a pouco obriga: / Quem contra os impossíveis se afadiga, / A esse ceder amor em mil ternezas.” (Gregório de Matos)

d) “Luzes qual sol entre astros brilhadores, / Se bem rei mais propício, e mais amado; / Que ele estrelas desterra em régio estado, / Em régio estado não desterras flores.” (Botelho de Oliveira)

e) “Pequei Senhor; mas não porque hei pecado, / Da vossa alta clemência me despido;/ Porque quanto mais tenho delinquido, / Vos tenho a perdoar mais empanhado.” (Gregório de Matos)

5- (UFRGS) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as

afirmações abaixo sobre os dois grandes nomes do barroco brasileiro:

( ) A obra poética de Gregório de Matos oscila entre os valores transcendentais e os valores mundanos, exemplificando as tensões de seu tempo. ( ) Os sermões do Padre Vieira caracterizam-se por uma construção de imagens desdobradas em numerosos exemplos que visam enfatizar o conteúdo de pregação. ( ) Gregório de Matos e o Padre Vieira, em seus poemas e sermões, mostram exacerbados sentimentos patrióticos expressos em linguagem barroca. ( ) A produção satírica de Gregório de Matos e o tom dos sermões do Padre Vieira representam duas faces da alma barroca no Brasil. ( ) O poeta e o pregador alertam os contemporâneos para o desvio operado pela retórica retumbante e vazia.

a) V-F-F-F-F b) V-V-V-V-F c) V-V-F-V-F d) F-F-V-V-V e) F-F-F-V-V

6- (Fatec-SP)

As cousas do mundo Neste mundo é mais rico o que mais rapa: Quem mais limpo se faz, tem mais carepa; Com sua língua, ao nobre o vil decepa: O velhaco maior sempre tem capa. Mostra o patife da nobreza o mapa: Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa; Quem menos falar pode, mais increpa; Quem dinheiro tiver; pode ser Papa. A flor baixa se inculca por tulipa; Bengala hoje na mão, ontem garlopa.

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Mais isento se mostra o que mais chupa. Para a tropa do trapo vazo a tripa E mais não digo, porque a Musa topa Em apa, epa, ipa, opa, upa. Gregório de Matos A alternativa que melhor exprime as características da poesia de Gregório de Matos, encontradas no poema transcrito, é a que destaca a presença de

a) Inversões da sintaxe corrente, como “Com sua língua, ao nobre o vil decepa” e “Quem menos falar pode”.

b) Conflito entre os universos do profano e do sagrado, como se vê na oposição “Quem dinheiro tiver” e “pode ser Papa”.

c) Metáforas raras e desnudas, como nos versos experimental a “a Musa topa / Em apa, epa, ipa, opa, upa.”

d) Contraste entre os polos de antíteses violentas, como “língua” X “decepa” e “menos falar” X “mais increpa”

e) Imagens que exploram os elementos mais efêmeros e diáfanos de natureza, como “flor” e “tulipa”.

7- (UFRRJ)

Lira XI Não toques, minha musa, não, não toques Na sonora lira, Que às almas, como a minha, namoradas Doces canções inspira: Assopra no clarim que apenas soa, Enche de assombro a terra! Naquele, a cujo som cantou Homero, Cantou Virgílio a guerra. Tomás Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu) Marília de Dirceu apresenta um dos principais traços do Arcadismo. A opção que aponta essa característica temática, presente no texto, é:

a) O bucolismo. b) A presença de valores ou elementos clássicos. c) O pessimismo e negatividade. d) A fixação do momento presente. e) A descrição sensual da mulher amada.

8- (UFV-MG) Os árcades, no Brasil, assimilaram as ideias

neoclássicas europeias, muitas vezes, reinterpretando, cada um ao seu estilo, a realidade sociopolítica e cultural do país do país, como se observa no seguinte fragmento das Cartas chilenas.

Pretende, Doroteu, no nosso chefe Erguer uma cadeia majestosa, Que possa escurecer a velha fama Da torre de Babel e mais dos grandes, Custosos edifícios que fizeram, Para sepulcros seus, o rei do Egito. Talvez, prezado amigo, que imagine Que neste monumento se conserve, Eterna a sua glória, bem que os povos, Ingratos, não consagrem ricos bustos Nem montadas estátuas ao seu nome. Desiste, louco chefe, dessa empresa: Um soberbo edifício levantando Sobre ossos de inocentes, construído Com lágrimas dos pobres, nunca serve De glória ao seu autor, mas sim de opróbrio. Tomás Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu) Todas as alternativas abaixo apresentam características desse estilo literário, presente nos versos acima citados, EXCETO:

a) Valorização do ideal da vida simples e tranquila. b) Tendência ao discurso em forma de diálogo do eu-poético

com um interlocutor. c) Utilização de linguagem elegante, rebuscada e artificial. d) Intenções didáticas, expressas no tom de denúncia e sátira. e) Caracterização do poeta como um pintor de situações e não

de emoções.

9- (UFLavras-MG) Apresenta-se em seguida três proposições:

I. O momento ideológico, na literatura do Setecentos, traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.

II. O momento poético, na literatura do Arcadismo, nasce de um encontro, embora ainda amaneirado, com a natureza e os afetos comuns do homem.

III. Façamos, sim, façamos, doce amada / Os nosso breves dias mais ditosos.

A característica que está presente nos versos de Marília de Dirceu é o Carpe Diem. Marque:

a) Se só a proposição I é correta. b) Se só a proposição II é correta. c) Se só a proposição III é correta. d) Se só são corretas as proposições I e II. e) Se todas as proposições são corretas.

10- (UFV-MG) Sobre o Arcadismo, anota-se:

I. Desenvolvimento do gênero lírico, em que os poetas

assumem postura de pastores e transformam a realidade num quadro idealizado.

II. Composição do poema Vila RicaI por Cláudio Manuel da Costa.

III. Predomínio da tendência mística e religiosa, expressiva da busca do transcendente.

IV. Propagação de manuscrito anônimos de teor satírico e conteúdo político, atribuídos a Tomás A. Gonzaga.

V. Presença de metáforas da mitologia grega na poesia lírica, divulgando as ideias dos inconfidentes.

Considerando as anotações anteriores, assinale a alternativa correta:

a) Apenas I e III são verdadeiras. b) Apenas II e IV são falsas. c) Apenas II e V são verdadeiras. d) Apenas III e V são falsas. e) Todas são verdadeiras

11- (UFPE)

“Basta senhor, porque roubo em uma barca sou ladrão, e vós que roubais em uma armada sois imperador? Assim é. Roubar pouco é culpa, roubar muito é grandeza. O ladrão que furta para comer, não vai me levar ao inferno: os que não só vão, mas que levam de que eu trato, são os outros... ladrões de maior calibre e mais alta esfera... Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos, os outros furtam debaixo de seu riso, estes sem temor nem perigo; os outros se furtam são enforcados, e o bucolismo estes furtam e enforcam.” Pe. Antônio Vieira “Que havemos de esperar, Marília bela? Que vão passando os florescentes dias? As glórias que vêm tarde já vêm frias; E pode enfim mudar-se a nossa estrela. Ah! Não, minha Marília, Aproveite-se o tempo, antes que faça O estrago de roubar ao corpo as forças E ao semblante a graça.

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Tomás A. Gonzaga (Marília de Dirceu) Sobre a obra desses autores, analise as afirmativas a seguir: I. A Obra de Gonzaga é exemplar do Arcadismo. O tema dos versos acima é o Carpe Diem, escrito numa linguagem amena, sem arroubos, própria do Arcadismo. II. Despojada de ousadias sintáticas e vocabulares, a linguagem árcade, no poema de Gonzaga, diferencia-se da linguagem rebuscada, usada pelo barroco. III. O texto de Vieira, sendo Barroco, está pleno de metáforas, de linguagem figurada, de termos inusitados e eruditos, sendo difícil de compreensão. IV. Vieira adota a tendência barroca conceptista que leva para o texto o predomínio das ideias, do raciocínio, da lógica, procurando adequar os textos religiosos à realidade circundante. Está(ão) correta(s) apenas:

a) I, II e III. b) I. c) II. d) I, II e IV. e) II, III e IV.

12- (UFAL) Considerando-se produção poética de Gregório de

Matos e Cláudio Manuel da Costa, é correto afirmar que ambos

a) Cultivaram o soneto, forma fixa pela qual exploraram temas

e recursos poéticos próprios dos diferentes períodos e estilos literários que tão bem representaram.

b) Cultivaram o soneto, pois valorizam o mesmo estilo de época predominante no séc.XVII, quando essa forma fixa de poesia era considerada superior a todas as demais.

c) Notabilizaram-se pela sátira, dirigida contra os mandatários da Coroa Portuguesa responsáveis pela exploração econômica do açúcar e pela corrupção política na Bahia.

d) Notabilizaram-se por um tipo de lirismo sentimental que já prenunciava o movimento romântico, influindo diretamente nas obras de Gonçalves Dias e Álvares de Azevedo.

e) Notabilizaram-se pela idealização do amor e da natureza, esses dois elementos centrais para a lírica que seguia os padrões e os valores do chamado neoclassicismo.

13- (UFAL) Considere as seguintes afirmações: I. Gregório de Matos e Tomás Antônio Gonzaga compuseram poesia lírica, mas o talento de ambos encontrou sua expressão máxima nas sátiras. II. Em Marília de Dirceu, o árcade mineiro buscou figurar um equilíbrio entre a vida rústico e a cultura ilustrada. III. Claudio Manuel da Costa confronta a paisagem bucólica idealizada com a de sua terra natal. Está inteiramente correto o que vem afirmado SOMENTE em:

a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III.

GABARITO 1-B 2-D 3-B 4-E 5-B 6-A 7-B 8-C 9-E 10-E 11-D 12-C 13-B Bibliografia do curso de Literatura ABAURRE, Ma.Luiza; PONTARRA, Marcela. Literatura Brasileira – tempos, leitores e leituras. São Paulo: Moderna, 2005. BOCAGE, Manuel Du. O delírio amoroso E outros poemas. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2011. BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1985. MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. São Paulo: Círculo do Livro / Cultrix, 1975. NEJAR, Carlos. História da Literatura Brasileira. 1 reimp. São Paulo: Leya, 2011.