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CURSO ON-LINE – GESTÃO GOVERNAMENTAL – EPPGG-MPOG PROFESSORES: RAFAEL ENCINAS e LEONARDO ALBERNAZ Prof. Rafael Encinas www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula Demonstrativa Olá, Pessoal! Foi publicado o edital do concurso para Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Ministério do Planejamento. A disciplina com mais pontos no concurso é Gestão Governamental, com 80 pontos na prova objetiva e 180 na discursiva, ou seja, representa mais de 50% da pontuação total. As- sim, estamos lançando este curso de teoria e exercícios para esta disciplina, que sofreu grandes alterações no seu conteúdo desde o último concurso. Este curso será composto de seis aulas, além desta demonstrativa, no seguinte cronograma: Aula Demonstrativa: 6. Formas de gestão de serviços públicos: formas de supervisão e contratualização de resultados – parcerias estado e sociedade; hori- zontalização; pluralismo institucional; redes interorganizacionais. Aula 01 – 26/06: 2. Mecanismos e arranjos de governança e financiamento de políticas pú- blicas no Brasil – funcionamento e características: modelo de governança de programas matriciais. 9. Coordenação Executiva – problemas da articu- lação versus a fragmentação de ações governamentais. Dimensões da co- ordenação: intragovernamental, intergovernamental e governo-sociedade. Aula 02 – 03/07: 3. Planejamento e Orçamento na Constituição de 1988: Objetivos da Repú- blica, Planos Setoriais. Plano Plurianual – PPA 2012/2015, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual. 4. Lei de Responsabilidade Fiscal: princípios, objetivos, efeitos no planejamento e no processo orçamentário. Aula 03 – 10/07: 7. Planejamento: Técnicas de abordagem, análise e diagnóstico. Estabele- cimento de cenários. Estabelecimento de objetivos e metas organizacio- nais. Métodos de desdobramento de objetivos e metas e elaboração de Planos de Ação e Mapas Estratégicos. Implementação de estratégias. Tipos de indicadores. Sistemáticas de Monitoramento e Avaliação. Ferramentas de Gestão. Aula 04 – 17/07: 5. Os controles interno e externo. Responsabilização e Prestação de Con- tas. Lei de Acesso à Informação. 10. Gestão por resultado. Aula 05 – 24/07: 8. Gestão de Pessoas: Liderança, Gerenciamento de Conflitos, Gestão por Competência, Motivação, Avaliação de Desempenho, sistemas de incentivo e responsabilização; flexibilidade organizacional; trabalho em equipe; me- canismos de rede. Aula 06 – 31/07: 1. Práticas de gestão governamental no Brasil e seus resultados: processos de trabalho (processo administrativo digital, compras públicas sustentá- veis); gestão da Informação, avaliação e monitoramento de políticas públi- cas (Portal da Transparência), arranjos institucionais para coordenação e implementação de políticas públicas (Registro de Preços Nacional, Portal do Software Público). Gestão de suprimentos e logística na administração pú- blica.

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Aula Demonstrativa

Olá, Pessoal!

Foi publicado o edital do concurso para Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental do Ministério do Planejamento. A disciplina com mais pontos no concurso é Gestão Governamental, com 80 pontos na prova objetiva e 180 na discursiva, ou seja, representa mais de 50% da pontuação total. As-sim, estamos lançando este curso de teoria e exercícios para esta disciplina, que sofreu grandes alterações no seu conteúdo desde o último concurso. Este curso será composto de seis aulas, além desta demonstrativa, no seguinte cronograma:

Aula Demonstrativa: 6. Formas de gestão de serviços públicos: formas de supervisão e contratualização de resultados – parcerias estado e sociedade; hori-zontalização; pluralismo institucional; redes interorganizacionais.

Aula 01 – 26/06: 2. Mecanismos e arranjos de governança e financiamento de políticas pú-blicas no Brasil – funcionamento e características: modelo de governança de programas matriciais. 9. Coordenação Executiva – problemas da articu-lação versus a fragmentação de ações governamentais. Dimensões da co-ordenação: intragovernamental, intergovernamental e governo-sociedade.

Aula 02 – 03/07: 3. Planejamento e Orçamento na Constituição de 1988: Objetivos da Repú-blica, Planos Setoriais. Plano Plurianual – PPA 2012/2015, Lei de Diretrizes Orçamentárias e Lei Orçamentária Anual. 4. Lei de Responsabilidade Fiscal: princípios, objetivos, efeitos no planejamento e no processo orçamentário.

Aula 03 – 10/07: 7. Planejamento: Técnicas de abordagem, análise e diagnóstico. Estabele-cimento de cenários. Estabelecimento de objetivos e metas organizacio-nais. Métodos de desdobramento de objetivos e metas e elaboração de Planos de Ação e Mapas Estratégicos. Implementação de estratégias. Tipos de indicadores. Sistemáticas de Monitoramento e Avaliação. Ferramentas de Gestão.

Aula 04 – 17/07: 5. Os controles interno e externo. Responsabilização e Prestação de Con-tas. Lei de Acesso à Informação. 10. Gestão por resultado.

Aula 05 – 24/07: 8. Gestão de Pessoas: Liderança, Gerenciamento de Conflitos, Gestão por Competência, Motivação, Avaliação de Desempenho, sistemas de incentivo e responsabilização; flexibilidade organizacional; trabalho em equipe; me-canismos de rede.

Aula 06 – 31/07: 1. Práticas de gestão governamental no Brasil e seus resultados: processos de trabalho (processo administrativo digital, compras públicas sustentá-veis); gestão da Informação, avaliação e monitoramento de políticas públi-cas (Portal da Transparência), arranjos institucionais para coordenação e implementação de políticas públicas (Registro de Preços Nacional, Portal do Software Público). Gestão de suprimentos e logística na administração pú-blica.

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O curso é de “Teoria e Exercícios”, ou seja, as aulas serão compostas por uma parte expositiva e outra com questões comentadas. Iremos focar nas questões da ESAF, mas alguns dos temas do edital não possuem questões, pois é a pri-meira vez que estão sendo cobrados. Por isso, em alguns casos usaremos questões de outras bancas ou de nossa autoria.

Agora, vamos nos apresentar. Rafael Encinas é Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União. Já fui Analista Tributário da Receita Federal do Brasil e escriturário da Caixa Econômica Federal, além de ter traba-lhado em outras instituições financeiras da iniciativa privada. Sou formado em jornalismo e tenho formação também em economia. Possuo especialização em Orçamento Público e sou professor de cursinhos para concursos desde 2008. Também dou aula em cursos de pós-graduação.

Leonardo Albernaz também é Auditor do TCU. Foi Gestor de Planejamento e Orçamento, atuando em diversas unidades da Secretaria da Fazenda de Goiás e na Agência de Administração e Negócios Públicos daquele estado. Formado em Engenharia Elétrica pela Unicamp, atuou também na iniciativa privada nas áreas de administração, finanças e marketing. Atualmente ministra aulas de Administração Pública e Políticas Públicas.

Nesta aula demonstrativa, vocês poderão ter uma ideia de como será nosso curso. Espero que gostem. Boa Aula!

Sumário

1. FORMAS DE GESTÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS ..................................................... 3

1.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3

1.2. PLURALISMO INSTITUCIONAL ................................................................................. 18

1.3. REDES DE POLÍTICAS PÚBLICAS .............................................................................. 21

1.4. PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS .............................................................................. 31

1.5. CONTRATUALIZAÇÃO ........................................................................................... 36

2. QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................... 53

2.1. LISTA DAS QUESTÕES ......................................................................................... 74

2.2. GABARITO ....................................................................................................... 83

3. LEITURA SUGERIDA ........................................................................................... 83

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11.. FFoorrmmaass ddee ggeessttããoo ddee sseerrvviiççooss ppúúbblliiccooss Antes de estudarmos as formas de gestão dos serviços públicos, vamos ver uma parte introdutório que traz o contexto das mudanças pelas quais o Estado tem passado nas últimas décadas e alguns conceitos importantes para o nosso estudo, como o de governança. O edital de vocês deixou de trazer itens mais “básicos”, digamos assim, como a evolução da administração pública, as re-formas gerenciais, entre outros, mas que são conceitos necessários para com-preender parte do conteúdo. Neste curso, também não iremos abordar estes temas muito a fundo, em alguns casos daremos uma passada rápida por eles. Estaremos pressupondo que vocês estejam familiarizados com temas como Nova Gestão Pública, Plano Diretor, governança, entre outros.

11..11.. IInnttrroodduuççããoo

As duas últimas décadas do Século XX e os anos 2000 trouxeram mudanças significativas na forma como o Estado presta os serviços públicos. Se, no mo-delo burocrático, ele assumiu uma série de funções, crescendo constantemente até transformar-se no Estado de Bem-Estar Social, com a crise fiscal que asso-lou o mundo a partir da década de 1970, iniciou-se um processo de redução das atividades estatais com sua transferência para a iniciativa privada.

Inicialmente, governos como o de Ronald Reagan, nos EUA, e de Margareth Thatcher, na Inglaterra, adotaram o neoliberalismo, que defende a absoluta liberdade de mercado, um Estado Mínimo. Suas principais ideias eram:

���� Desregulamentação dos mercados de trabalho e de bens e serviços;

���� Questionamento do papel do Estado como aparato protetor das economias nacionais e a pressão de grupos econômicos dominantes no sentido de diminuir a atuação estatal;

���� Abertura econômica e financeira para o exterior;

���� Privatização das empresas estatais;

���� Crença de que os imperativos de mercado são suficientes para promover o desenvolvimento econômico e social.

O pressuposto neoliberal que permeava o programa de reformas orientadas para o mercado é que, uma vez alcançadas a estabilidade e a eficiência, o crescimento viria naturalmente. Uma vez desregulamentada e privatizada a economia, criando-se com isso condições para a competição, os mercados surgirão e seu funcionamento fará com que os recursos sejam realocados entre setores e atividades.

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O exemplo mais emblemático de implantação do neolibera-lismo é o governo de Margareth Thatcher, na Inglaterra. Ele procurou implantar de forma sistemática toda a receita neo-liberal. As práticas adotadas incluíram elevação das taxas de juros, redução de impostos sobre os altos rendimentos, abo-lição de controle sobre fluxos financeiros, desemprego em massa e sufocamento dos movimentos sindicais e grevistas.

Nos EUA, por outro lado, o modelo foi implantado apenas parcialmente, não houve a mesma preocupação com o déficit público. O governo de Ronald Rea-gan caracterizou-se por uma política keynesiana disfarçada, com aumento de gastos, que foram transferidos do setor social para o militar, constituindo um tipo de keynesianismo militarista.

Este princípio foi defendido nas reformas do Estado para defender da redução das atividades do Estado, com a transferência delas para a iniciativa privada. Defende-se um Estado Mínimo que é aquele que executa apenas as atividades essenciais à segurança dos indivíduos.

Apesar de, na década de 1980, as primeiras reformas gerenciais terem sido marcadas pelo ideário neoliberal, percebeu-se que o ajuste estrutural não era suficiente para que houvesse a retomada do crescimento. Ocorreram ganhos positivos, como o fato da balança de pagamentos voltar a um relativo controle, por toda a parte caíram as taxas de inflação, os países recuperaram pelo me-nos alguma credibilidade. Porém, o crescimento econômico não foi retomado e as políticas sociais foram reduzidas, deixando desassistida parte da população.

A partir daí as reformas gerenciais entendem que o Estado Mínimo não é algo concreto a ser buscado. Bresser considerava irrealista a ideia de um Estado Mínimo. Vamos ver outra passagem do autor:

O pressuposto neoliberal que estava por trás das reformas - o pressuposto de que o ideal era um Estado mínimo, ao qual caberia apenas garantir os di-reitos de propriedade, deixando ao mercado a total coordenação da economia - provou ser irrealista. Em primeiro lugar porque, apesar do predomínio ideo-lógico alcançado pelo credo neoconservador, em país algum - desenvolvido ou em desenvolvimento - este Estado mínimo tem legitimidade política. Não

Um dos fundamentos das reformas do Estado promovidas no final do Século XX é o Principio da Subsidiariedade, que afirma que as responsabilidades devem caber primeiro às comunidades menores e só serem assumidas pelas

mais amplas quando necessário, de forma subsidiário. Assim, quem deve primeiro resolver seus problemas é a família, depois o Estado. Dentro deste,

primeiro o município, depois os governos estaduais e por fim a União.

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há sequer apoio político para um Estado que apenas acrescente às suas fun-ções as de prover a educação, dar atenção à saúde e às políticas sociais compensatórias: os cidadãos continuam a exigir mais do Estado.

Portanto, apesar de, no início, as reformas gerenciais terem sim como objetivo o Estado Mínimo, afirmar que as reformas gerenciais defendem isso já não é mais válido.

Nesta nova visão, ao abandonar funções empresariais, relacionadas à produção de bens e serviços, o Estado estaria se capacitando para ter uma atuação mais seletiva e, portanto, mais eficaz. O novo papel regulatório do Estado faz parte do resultado de um programa de reformas que, a despeito de ser orientado para o mercado, objetiva a recuperação da capacidade de intervenção estatal.

A aplicação prática da teoria resultou numa série de medidas com o objetivo de retirar do Estado o papel de produtor, de executor. Ao se retirar da produ-ção e prestação de serviços, ao Estado caberia proteger, de forma instituciona-lizada, investidores e consumidores. Investidores desejam um sistema regulatório estável e previsível para que o processo de acumulação de capital da companhia possa se materializar; consumidores desejam ser protegidos da prática de preços abusivos, em setores onde existem monopólios naturais. Para o governo, estabelecer e definir mecanismos de revisão e controle do preço justo dos serviços monopolistas é a grande questão.

Essa nova visão do Estado também está presente no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado:

A reforma do Estado deve ser entendida dentro do contexto da redefinição do papel do Estado, que deixa de ser o responsável direto pelo desenvolvi-mento econômico e social pela via da produção de bens e serviços, para for-talecer-se na função de promotor e regulador desse desenvolvimento.

A partir deste princípio, o Plano defendeu estratégias diferentes para os seto-res de organização do Estado. Fora o núcleo estratégico e as atividades exclu-sivas, que deveriam permanecer estatais, no setor de serviços não exclusivos e no de produção de bens e serviços para o mercado deveria haver uma forma de transferência para a iniciativa privada: a publicização e a privatização.

Um dos traços marcantes desta mudança foi a criação das agências regulado-ras. O nascimento dessas agências está diretamente relacionado com o pro-cesso de privatização de serviços públicos ocorrido na década passada. O Estado deixou de exercer determinadas tarefas, que foram repassadas para a iniciativa privada, mas não pôde apenas esquecer tais setores. É preciso fisca-lizá-los e regulá-los. Para tanto, instituiu as agências reguladoras.

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Um ponto que vocês devem tomar cuidado é com relação à regulação. Muito se fala que o Estado assume o papel de regulador, ele deixa de executar os servi-ços diretamente e passa a regular a atividade privada. Assistimos nas últimas décadas ao surgimento de várias agências reguladoras. Porém, vamos ver uma questão que gera muitas dúvidas nos alunos:

1. (FCC/TCE AM/2008) Em decorrência da aplicação do princípio da subsidiariedade,

várias tendências em relação ao Estado podem ser apontadas, dentre elas,

III. Desregulação dos serviços públicos.

Essa afirmação é certa. Muitos marcam errado por causa da ideia do Estado Regulador, a mudança no papel do Estado com as reformas. Porém, o termo “regulação” aqui tem um caráter mais amplo. É preciso tomar MUITO CUI-DADO com uma confusão que é feita a respeito do com o aumento ou não da regulação nesse período pós-crise do Estado.

Na teoria econômica, a regulação vem sendo caracterizada como a intervenção estatal com objetivo de corrigir falhas de mercado. Segundo Vinicius de Carva-lho, regulação é o “conjunto de regras que visa à correção das deficiências do mercado através do estabelecimento de regras e da manutenção ou restabele-cimento do funcionamento equilibrado de um sistema”.

Philip Selznick conceitua regulação como “o controle contínuo e focado exerci-do por uma agência pública sobre atividades valorizadas pela sociedade”. É uma definição ampla, que considera regulação toda atuação do Estado sobre determinada atividade.

Marcos Juruena Villela Souto afirma que a regulação busca compatibilizar a eficiência econômica com a satisfação do consumidor, “protegendo-o contra os altos preços e baixa qualidade dos bens e serviços”. A partir disso, o autor diferencia três aspectos sob os quais a regulação deve ser analisada: a regula-ção de monopólios, minimizando as forças de mercado por controle sobre os preços e a qualidade do serviço; regulação para a competição, com o objetivo de viabilizar a sua existência e continuidade; e regulação social, assegurando prestação de serviços públicos de caráter universal e a proteção ambiental.

Assim, se olharmos para o que estava ocorrendo no período das reformas do Estado, percebemos que estava havendo uma redução das atividades estatais, ou seja, estava havendo uma desregulação.

Vinícius de Carvalho afirma que a ideia de desregulação tem um caráter gené-rico de redução do intervencionismo estatal, que pode se dar de várias formas em função das políticas públicas econômicas. Abrangendo, assim, a alienação

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da propriedade dos meios de produção públicos, a cessão de sua gestão, a abertura de setores, até então vedados à iniciativa privada, a liberação dos regimes legais da atividade privada e a colaboração de entidades privadas na execução de tarefas públicas.

Di Pietro ensina que a desregulação constitui a diminuição do regramento da atividade privada, com o intuito de diminuir a intervenção do Estado na vida do cidadão. Do ponto de vista da desregulação econômica, apresentam-se outros conceitos como: desmonopolização, desestatização, privatização e a própria concessão de serviços públicos.

Na década de 1990 novos grupos políticos assumem o poder, dando novos rumos para as mudanças no pa-pel do Estado. O neoliberalismo foi aplicado pelo go-verno do Partido Conservador de Margareth Thatcher e pelo governo do Partido Republicano de Ronald Re-agan. Em 1993 assume o presidente democrata Bill Clinton nos EUA e em 1997 o partido trabalhista de Tony Blair assume o governo na Inglaterra.

Bill Clinton e Tony Blair irão formar, juntamente com Fernando Henrique Car-doso e outros líderes de Estado, a chamada Terceira Via. Podemos colocá-los como um movimento de centro.

Em linhas gerais, o grupo da Terceira Via procurava manter a disciplina eco-nômica obtida com as reformas estruturais e “democratizar a globalização”, conjugando os benefícios do mercado com um estilo de governo mais focado nas questões sociais, que passaram a ser demandadas no final da década de 1990. Segundo Ana Paula Paes de Paula (2005):

Verificamos assim que os governos de orientação social-liberal adotaram uma posição mais conformista, pois se renderam às reformas neoliberais realizadas e tentaram se adequar a elas, incluindo questões sociais.

Na visão do grupo, trata-se de rejeitar não apenas o estatismo burocrático da velha esquerda, mas também os postulados neoliberais do "Estado mínimo". Busca-se, com a governança progressiva, redesenhar a administração pública para livrá-la de distorções seculares, para torná-la mais transparente e, por-tanto, mais forte e mais capaz de implementar políticas públicas. Buscam-se os ideais clássicos da solidariedade e coesão social, aplicados segundo as exi-gências de hoje, o que requer um novo Estado capaz de assegurar o bem-estar a todos. Eles buscam aplicar uma política econômica conservadora e de uma política social progressista.

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Analisando essa mudança na condução das reformas, Humberto Falcão Martins e Caio Marini dividem as reformas em duas gerações:

As reformas de primeira geração (anos 80 e 90) tinham uma orientação es-sencialmente econômica e fiscal. A crise do Estado era um elemento central das reformas de primeira geração.

A marca distinta das reformas de segunda geração no início do século XXI é a promoção do desenvolvimento. Acredita-se que os imensos desafios soci-ais em escala global, manifestos pela crescente desigualdade e pobreza, não podem ser vencidos pela simples ação dos mercados, mas por meio do fortalecimento de instituições tais como Estado, o mercado e o terceiro se-tor. Por um lado, a forte correlação entre instituições e desenvolvimento tem sido empiricamente comprovada em diversos estudos recentes, suge-rindo que a consolidação institucional é o fator primordial de desenvolvi-mento.

Portanto, a segunda geração está voltada para o pluralismo institucional, a governança em rede, a atuação conjunta de Estado, mercado e terceiro setor como forma de impulsionar o desenvolvimento.

É nesse momento que o termo governança passa a ganhar novas interpreta-ções. Ao invés de ser visto como uma capacidade gerencial e financeira de implementar políticas públicas, ele passa a ser visto como uma capacidade de diferente atores agirem de forma coordenada na busca de objetivos comuns, é a capacidade do Estado, do mercado e do terceiro setor atuarem juntos na implementação das políticas públicas.

A própria Terceira Via altera seu nome para Governança Progressista. Segundo Ana Paula Paes de Paula:

A administração pública progressista também vem abrangendo o termo go-vernança, que é bastante impreciso e abriga vários significados, mas está sendo frequentemente utilizado no âmbito da nova administração pública e do Banco Mundial para designar a administração eficiente dos negócios pú-blicos. Alguns autores tentam propor um conceito mais abrangente de go-vernança, que interpreta o Estado como um sistema político mediado por redes auto-organizadoras, cujos resultados são produto da interação do go-verno local, do setor privado e do setor voluntário.

Nesta nova visão, ao abandonar funções empresariais, relacionadas à produção de bens e serviços, o Estado estaria se capacitando para ter uma atuação mais seletiva e, portanto, mais eficaz. O novo papel regulatório do Estado faz parte do resultado de um programa de reformas que, a despeito de ser orientado para o mercado, objetiva a recuperação da capacidade de intervenção estatal. Surge dentro dessa lógica a ideia de Estado Regulador.

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A aplicação prática da teoria resultou numa série de medidas com o objetivo de retirar do Estado o papel de produtor, de executor. Ao se retirar da produ-ção e prestação de serviços, ao Estado caberia proteger, de forma instituciona-lizada, investidores e consumidores. Investidores desejam um sistema regula-regulatório estável e previsível para que o processo de acumulação de capital da companhia possa se materializar; consumidores desejam ser protegidos da prática de preços abusivos, em setores onde existem monopólios naturais. Para o governo, estabelecer e definir mecanismos de revisão e controle do preço justo dos serviços monopolistas é a grande questão.

O New Public Management passou a ser cada vez mais contestado. Segundo Stephen Osborne, o NPM constituiu, na realidade, um estágio de transição entre a administração pública tradicional e aquilo que ele chama de Nova Go-vernança Pública.

Aqui temos um ponto polêmico que foi objeto de questão da ESAF no concurso da CGU.

2. (ESAF/CGU/2012) Sobre redes de políticas públicas, não é correto afirmar que sur-

gem no âmbito da reforma gerencial do Estado, quando se buscou implementar inova-

ções na administração pública que promovessem a eficácia e a eficiência das ações

governamentais.

Essa questão foi dada como certa, ou seja, que as redes não teriam surgido nas reformas gerenciais. Mas esse é um tema polêmico. Segundo Sônia Maria Fleury Teixeira, no texto “O desafio da gestão das redes de políticas”:

A proliferação de redes de gestão é explicada por uma multiplicidade de fatores que incidem, simultaneamente, conformando uma nova realidade administrati-va. A globalização econômica alterou os processos produtivos e administrativos em direção à maior flexibilização, integração e interdependência.

Por outro lado, as transformações recentes no papel do estado e em suas rela-ções com a sociedade, impõem novos modelos de gestão que comportem a in-teração de estruturas descentralizadas e modalidades inovadoras de parcerias entre entes estatais e organizações empresariais ou sociais.

Como vocês podem ver, uma série de fatores contribuiu para a formação de redes, entre eles o fato de o Estado ter se retirado da condição de único im-plementador de políticas públicas e ter transferido uma série de atividades para o setor privado e o terceiro setor.

Segundo Peter Bogason e Juliet A. Musso:

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Este simpósio considera o caráter democrático das redes de governança. O conceito tem suas origens no crescimento e maior complexidade do Estado de Bem-Estar e na descentralização, devolução e reformas do New Public Mana-gement nos anos 1980 e 1990.

Podemos observar que os autores associam as redes de governança direta-mente com as reformas gerenciais das décadas de 1980 e 1990. Porém, outros autores abordam o tema das redes dentro de um modelo de gestão diferente do NPM. Vimos que falam em Nova Governança Pública. Assim, na visão de alguns, as redes não teriam se originado nas reformas gerenciais, mas num segundo momento, com a busca da atuação conjunta do Estado com a socie-dade. Segundo Erik-Hans Klijn:

Pode-se dizer que, de certa forma, a “narrativa” da governança constitui uma alternativa à “narrativa” do NPM. Esta “narrativa”, especialmente nas suas primeiras versões, focou fortemente nas mudanças organizacionais e instituci-onais dentro do setor público buscando a ampliação da eficiência e da efetivi-dade por meio de medidas como terceirização e o crescente uso de mecanismos do mercado nos serviços púbicos. Na medida em que a narrativa da governança cresceu em popularidade nos últimos 10 anos, não é surpreen-dente que a teoria das redes também tenha crescido em popularidade.

A ESAF considerou que as redes são mais antigas. Segundo o parecer que ana-lisou os recursos contra a questão:

Redes de políticas públicas são estruturas organizacionais que estão presentes em diversos países do mundo há muitas décadas. Precedem, portanto, o sur-gimento da chamada “reforma gerencial do Estado”. Há décadas existem re-des de cooperação internacional nas áreas de saúde, educação, meio ambiente, agricultura, ciência e tecnologia, direitos humanos, segurança no trabalho, , etc... E mesmo internamente, os grandes acordos de integração econômica e regional foram precedidos e implementados por redes de coope-ração entre empresas, sindicatos, associações e, obviamente, governos etc..

Ademais, no Brasil, há diversas redes de políticas públicas cuja origem não es-tá associada á Reforma do Estado como, por exemplo, o SUS, a CNI, a CNC, dentre tantas outras entidades envolvidas nos debates de políticas públicas.

A discussão mais recente do conceito de governança “ultrapassa o marco ope-racional para incorporar questões relativas a padrões de articulação e coopera-ção entre atores sociais e políticos e arranjos institucionais que coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras do sistema econômico”. Com a ampliação do conceito de governança fica cada vez mais imprecisa sua distinção daquele de governabilidade.

A governabilidade refere-se à capacidade de governar, dentro de um aspecto político. Assim, um governo tem governabilidade quando consegue aprovar

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suas leis no Legislativo; quando a sociedade aceita ser governada por ele, ou seja, ele possui legitimidade; quando as instituições, como o legislativo, o Ju-diciário, o Ministério Público, conseguem exercer suas atribuições. Um governo sem governabilidade está em constante pressão, as pessoas desejam derrubá-lo, ocorrem constantes tentativas de golpe de Estado, há instabilidade política.

As teorias da governança estão se voltando cada vez mais para a análise das redes de políticas públicas, buscando analisar qual o papel do governo frente às mudanças que estão ocorrendo na prestação de serviços públicos.

Segundo Löffer:

A governança pode ser entendida como uma nova geração de reformas ad-ministrativas e de Estado, que têm como objeto a ação conjunta, levada a efeito de forma eficaz, transparente e compartilhada, pelo Estado, pelas empresas e pela sociedade civil, visando uma solução inovadora dos pro-blemas sociais e criando possibilidades e chances de um desenvolvimento futuro sustentável para todos os participantes.

Milward e Provan utilizaram o conceito de “Hollow State”, ou “Estado Esvazia-do”, para descrever este novo Estado em que ele transfere a execução de ser-viços para entidades sem fins lucrativos. Segundo os autores:

No uso comum, governo se refere às instituições formais do Estado – Execu-tivo, Legislativo e Judiciário – e seu monopólio do uso legítimo do poder co-ercitivo. Governança é um termo mais inclusivo, preocupado em criar as condições para uma ação coletiva ordenada, geralmente incluindo agentes do setor privado e não-lucrativo dentro do setor público. A essência da gover-nança é seu foco nos mecanismos de governo – acordos, contratos e garanti-as – que não se baseiam somente na autoridade e sanções governamentais.

O conceito de governança deixa de estar restrito ao campo da gestão, para ganhar contornos políticos, tanto que Frederickson afirma que “a definição implica que a governança é inerentemente política, que envolve barganha e compromisso entre atores com interesses diversos”. E o conceito de legitimi-dade deixa de ser algo inerente apenas à governabilidade. Para Edmilson Fran-cisco de Oliveira:

Esse esforço teórico mostrou que a principal diferença entre governabilidade e governança está na forma como a legitimidade das ações dos governos é entendida. Enquanto no conceito de governabilidade a legitimidade vem da capacidade do governo de representar os interesses de suas próprias institui-ções. No conceito de governança, parte de sua legitimidade vem do processo, do entendimento de que, quando grupos específicos da população quando participam da elaboração e implantação de uma política pública, ela tem mais chances de ser bem sucedida em seus objetivos.

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Podemos ver aqui que a legitimidade não é mais associada apenas ao conceito de governabilidade, ela passa a integrar também o conceito de governança. Portanto, temos que tomar MUITO CUIDADO. Na governabilidade, a legitimi-dade está relacionada com a representação de interesses, se a sociedade per-cebe o governo como um legítimo intermediário na disputa de interesses entre os diversos grupos da sociedade ou se ele é visto como direcionado para de-terminado grupo. Na governança, a legitimidade está relacionada com a parti-cipação da sociedade nas decisões, se as políticas são formadas e implementadas junto com a sociedade.

As bancas de concursos normalmente não tratam desses nuances, elas ficam em torno de pontos que são mais consensuais e superficiais. Porém, algumas vezes elas passam a incorporar mudanças mais recentes nos conceitos, e a ESAF já fez isso uma vez com esse conceito de governança:

3. (ESAF/CGU/2008) Durante a crise do Estado dos anos 1980 e 1990, palavras e ex-

pressões foram forjadas para possibilitar o entendimento de suas diferentes dimen-

sões e propiciar a busca de soluções. Neste contexto, quando um governo está

preocupado em legitimar decisões e ações se diz que ele está buscando maior ...........

Complete a frase com a opção correta.

a) governabilidade.

b) efetividade.

c) governança.

d) accountability.

e) eficiência.

A questão fala em legitimidade, por isso a tendência é marcarmos governabili-dade. Só que ela fala em legitimidade das “decisões e ações”, ou seja, abrange um aspecto mais da gestão, não da política. Portanto, podemos perceber que eles estavam trazendo as tendências mais recentes do conceito de governança. Tanto que a resposta da questão era a letra “C”. Todavia, como choveu recur-sos de pessoas que associaram a legitimidade com a governabilidade, a ESAF anulou a questão. Mas, vejam que ela não quis alterar o gabarito para a letra “A”, ou seja, ela voltou a trás, mas nem tanto.

No concurso do TCDF, o CESPE deu como certa no gabarito preliminar a se-guinte questão:

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4. (CESPE/TCDF/2012) O fato de o governador de uma unidade federativa, incluso o

DF, perder sua legitimidade democrática lhe acarreta a perda da governança.

Porém, no gabarito definitivo eles anularam com a seguinte justificativa.

Há divergência na literatura em relação ao assunto tratado no item. Desse modo, opta-se por sua anulação.

Mais uma vez eles cobraram a legitimidade relacionada com a governança, mas não tiveram coragem de manter o gabarito. Vejam como eles apontam o fato de haver divergência na literatura.

A teoria da governança continua avançando, hoje já se fala em metagovernan-ça, que seria a “governança da governança”. Tanto as reformas do NPM quanto as da Nova Governança Pública resultaram numa redução da intervenção dire-ta do Estado, privilegiando a participação da sociedade, seja por meio de pri-vatizações ou fomento ao terceiro setor. Porém, estas reformas, apesar de diversos benefícios que propiciaram em termos de eficiência e flexibilidade, também geraram uma série de consequências negativas. Segundo Guy Peters, “ambos os estilos de reforma criaram problemas de incoerência e enfraqueci-mento da coordenação no setor público e, além disso, criaram extensos pro-blemas de accountability”.

Diante de tais problemas, muitos países estariam promovendo uma recentrali-zação do controle nos governos. Uma resposta que Peters e outros autores propõem é a Metagovernança, definida como a “coordenação de diferentes formas de governança, a garantia de uma coerência mínima entre elas, a or-ganização das condições para a governança”.

Ao longo do curso estudaremos outros itens que também se encaixam aqui, como os consórcios públicos, novos arranjos relacionados com a coordenação federativa.

Segundo Marta Farah, é possível identificar atualmente no país uma série de iniciativas, promovidas sobretudo por governos locais, que sugerem estar em curso um processo embrionário de reconstrução do Estado no Brasil, em que se destacam, o estabelecimento de uma nova relação entre Estado e sociedade e a redefinição de esfera pública. O IPEA também observa algo semelhante em suas análises das políticas sociais brasileiras. Segundo o instituto, a trajetória recente das políticas sociais no Brasil tem sido marcada por mudanças que vêm introduzindo transformações importantes no perfil do Estado Social brasi-leiro herdado do regime autoritário, e vêm permitindo avanços no cumprimen-to dos princípios de responsabilidade, de transparência e de parceria Estado/sociedade.

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Nesses últimos anos, tem-se assistido à emergência de uma série de inovações sociais, ainda muito restritas, e que têm em comum uma forte vertente de localismo (o local como ponto privilegiado para impulsionar um desenvolvi-mento mais sustentável) e a busca de processos de participação democrática. Essas experiências mais pontuais têm procurado rearticular o espaço social no qual se processam as políticas, promovendo uma mudança nos modos de pro-duzir e distribuir os bens e serviços sociais. Exemplos nessa linha – ainda que com magnitudes e naturezas diferenciadas – podem ser encontrados em pro-postas como a Agenda 21 Local, a Comunidade Ativa, os programas de desen-volvimento local impulsionados pelo Banco do Nordeste ou pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, os programas de renda mínima e as experiências municipais de orçamento participativo.

Marta Farah cita algumas iniciativas inovadoras de governos locais.

Integralidade

Uma primeira mudança significativa no desenho das políticas sociais imple-mentadas por governos locais consiste na promoção de ações integradas diri-gidas a um mesmo público-alvo. Focaliza-se uma área de intervenção ou um segmento da população e procura-se formular políticas integrais, articulando ações tradicionalmente fragmentadas em diversos campos ou setores.

Para alguns formuladores de políticas sociais, a focalização ou a seletividade das ações é entendida como meio para racionalizar e otimizar os insuficientes recursos orçamentários, direcionando-os para o atendimento social dos mais necessitados. Defende-se, portanto, a concentração de esforços na população mais carente, de forma a aliviar, de algum modo, os altos custos sociais das políticas de ajuste.

Essa vertente da focalização vem ganhando força em um contexto de crise do financiamento do Estado Social, e tem pautado o desenho e a implementação de vários programas e projetos em áreas como Habitação e Saneamento, Ge-ração de Emprego e Renda, Educação e Assistência Social.

Por outro lado, observa-se uma versão mais ampla da focalização da política social, na qual se entende que a seletividade das ações é um caminho para a universalização do atendimento, configurando-se em uma prática do tipo bene-ficiar todos e mais a quem tem menos. Essa concepção parte da tese de que é preciso aumentar o gasto social (estatal e não estatal) para contemplar tanto a garantia dos direitos sociais quanto a execução de programas expressivos de combate à pobreza.

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São vários os programas municipais que adotam essa abordagem. Podemos citar os que têm como foco as crianças e adolescentes, ou então as mulheres. No caso de programas para crianças e adolescentes em situação de risco social e pessoal, procura-se prestar um atendimento integral, envolvendo aspectos como formação profissional, reinserção na escola e na família, acompanha-mento na área de saúde e orientação sexual.

Os programas com foco nas mulheres também são cada vez mais freqüentes. Muitos têm como alvo o combate à violência, uma ação coordenada nas áreas jurídica, psicossocial, da saúde e da educação.

Programas como o bolsa-escola percebem que a eficácia de uma política seto-rial passa muitas vezes pela consideração de questões externas ao próprio setor. Reconhece-se que a evasão e a repetência não resultam exclusivamente das características do ensino oferecido, mas dependem também da inserção socioeconômica da família. Entende-se que os resultados almejados só serão alcançados se a própria formulação da política levar em consideração a neces-sidade de um atendimento integral.

Parcerias

Alguns outros programas recentes têm apresentado outra característica inova-dora, que é o estabelecimento de vínculos de parceria com outros níveis de governo e com governos de outros municípios. Estas iniciativas tentam rever-ter um dos problemas comuns nas políticas sociais brasileiras, que é a frag-mentação da ação governamental.

Maria das Graças Rua afirma que um dos aspectos que primeiro chamam a atenção nas políticas públicas brasileiras é a fragmentação. Embora as deman-das da sociedade geralmente necessitem ser resolvidas de forma articulada, em que diferentes agências setoriais atuem de forma coordenada, na prática o que ocorre é a existência de linhas rígidas – mas nem sempre consensuais e respeitadas – de demarcação das áreas de atuação de cada uma delas.

Como consequência da fragmentação, as políticas muito freqüentemente em-perram devido à competição interburocrática. Segundo a autora:

As políticas ou são fragmentadas em áreas de controle de cada agência, na busca de uma convivência pacífica; ou estabelecem-se superposições que levam à baixa racionalidade e ao desperdício de recursos.

O mesmo problema também foi observado por Sônia Maria Fleury Teixeira. Segundo a autora:

Apesar de que com a descentralização os serviços se dirigem aos mesmos grupos sociais que ocupam um mesmo espaço geográfico, sua execução se

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realiza de forma isolada por meio de cada política setorial. Se bem os pro-blemas sociais se manifestam setorialmente, sua solução depende da ação de mais de uma política, de uma ação que considere a população de forma integral. Só através da intersetorialidade é possível uma ação integradas das políticas sociais que garanta a universalidade, integridade e equidade.

No modelo provisor de políticas públicas advindo do período militar, a esfera local tendia a ser mera executora de programas federais. Contudo, em iniciati-vas recentes, identificam-se, de um lado, iniciativas de governos municipais que procuram aliados nas esferas mais abrangentes de governo e, de outro, programas locais articulados a políticas estaduais ou federais.

Por sua vez, com relação à articulação entre governos de diferentes municí-pios, já são várias as experiências no país do tipo consórcio intermunicipal, em que vários municípios se reúnem em torno de objetivos comuns, procurando formular, de forma conjunta, planos para enfrentamento de questões que ul-trapassam a capacidade de resolução de um município isolado.

A Lei 11.107 de 06 de abril de 2005 trata dos consórcios públicos como um mecanismo de coordenação das ações dos entes da federação. Os objetivos a serem alcançados com os consórcios públicos, segundo o Governo Federal são:

���� A instituição de um mecanismo de coordenação federativa adequado às diversas escalas de atuação territorial;

���� O fortalecimento do papel do ente público de agente planejador, regulador e fiscalizador de serviços públicos;

���� A possibilidade de incrementar a efetividade das políticas públicas executadas em parceria por diferentes entes governamentais;

���� A necessidade de superar a insegurança jurídica dos atuais arranjos de cooperação entre os entes públicos brasileiros, resultando em maior previsibilidade e segurança jurídica nas políticas executadas pelo Estado.

Segundo Vicente Trévas, o consórcio público instrumentaliza e dá nova regu-lamentação à cooperação horizontal e vertical entre as três esferas de gover-no, abrindo a possibilidade de potencializar a intervenção do poder público e de otimizar e racionalizar a aplicação de recursos públicos na execução de atri-buições que são compartilhadas pelas três esferas de governo, instituindo um arcabouço legal e institucional para a concretização do Federalismo Cooperati-vo no país, cujos princípios enunciados na própria constituição de 1988 careci-am de regulamentação.

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Articulação entre Estado, sociedade e mercado

Segundo Marta Farah, a construção de novos arranjos institucionais só se completa com outro elemento inovador presente em diversas experiências municipais recentes: o estabelecimento de novas formas de articulação entre Estado, sociedade civil e mercado.

Observa-se a inclusão de novos atores na formulação e implementação das políticas públicas no nível local. A iniciativa dos municípios na área social tende hoje a incluir, em algum grau, a participação das entidades da sociedade civil.

Desde o início dos anos 1980, são propostos e instituídos mecanismos de ges-tão de políticas sociais que envolvem a participação popular, tais como os con-selhos de saúde e os conselhos municipais de educação. Nos programas recentes de governos municipais são diversos os exemplos de iniciativas que se caracterizam pela participação dos representantes da sociedade civil. Na área de gestão e planejamento, vários programas envolvem a participação da população, como nos diversos casos de orçamento participativo.

A inclusão de novos atores se dá de forma diferenciada, segundo a área privi-legiada de intervenção. Assim, a questão ambiental parece ter-se configurado desde o início como problema cujo equacionamento passa necessariamente pelo envolvimento da sociedade civil e do mercado. Assim, nos programas dessa área, observa-se, de um lado, que a parceria com o setor privado é cru-cial, deixando as empresas de serem vistas como meras cumpridoras da legis-lação, sob pena de punição, para serem percebidas e se perceberem como co-responsáveis pela situação ambiental de seus municípios.

Nas áreas de educação e saúde, privilegia-se o envolvimento de entidades representativas da população na gestão do sistema (saúde) e da unidade de prestação de serviço (escola). Na educação, essa iniciativa responde a deman-das no sentido da democratização do sistema, procurando faze-la chegar até a “ponta do sistema” – a própria escola – como forma de garantir a adequação da política ao público-alvo.

Na área de habitação, destaca-se a inclusão da população como um novo ator, em que a questão dos recursos financeiros é um dos aspectos cruciais. Assim, a participação dos próprios usuários no processo construtivo viabiliza a redu-ção de custos. Mas o envolvimento da população garante mais do que isso: ele tende a ser considerado crucial também para o controle do uso dos recursos, evitando os desvios dos recursos públicos.

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11..22.. PPlluurraalliissmmoo IInnssttiittuucciioonnaall

Já vimos que o modelo pós-burocrático provoca uma grande mudança na for-ma de se prestar serviços públicos. A burocracia entra em crise junto com o Estado de Bem-Estar, surgindo novas ideias no que se refere ao atendimento das necessidades dos cidadãos. Fernando Luiz Abrucio, analisando a contratua-lização no consumerism inglês, observa que ela apresenta três dimensões:

a) Extensão das relações contratuais no fornecimento de serviços públicos entre o setor público, o setor privado e o voluntário/não lucrativo, criando uma nova estrutura de pluralismo institucional, contraposta ao antigo mo-delo de monopólio estatal;

b) Extensão das relações contratuais para dentro do setor público, envol-vendo descentralização, delegação e mecanismos de quasi market;

c) Desenvolvimento de contratos de qualidade entre os provedores de ser-viço e os consumidores/clientes.

Podemos observar, na primeira dimensão, que uma das mudanças mais signi-ficativas é a criação de uma estrutura de pluralismo institucional. Já vimos que, na Nova Administração Pública, o Estado se retira da execução dos servi-ços públicos, passando a atuar como catalisador, como regulador. Será dada preferência sempre para as iniciativas fora da esfera estatal.

A prestação dos serviços públicos não será mais um monopólio estatal. Haverá uma ampla gama de instituições atuando em conjunto em benefício do interes-se público. Além do Estado, teremos a iniciativa privada e também o que Bres-ser Pereira gosta de chamar de setor público não-estatal.

Vamos dar uma olhada em uma questão da ESAF:

5. (ESAF/MPOG/2005) A partir da década de 80 e sobretudo a partir da década de

90, desenvolveu-se internacionalmente um amplo processo de reforma do Estado. In-

dependentemente das especificidades nacionais, esse processo tem algumas caracte-

rísticas comuns. Uma série de características são apontadas a seguir:

II - A dicotomia estatal/privado, predominante até então, abre espaço para formas in-

termediárias com a emergência de parcerias e de organizações públicas não-estatais.

A afirmação II é verdadeira. Além do Estado e da esfera privada, podemos falar agora numa série de entidades que não se inserem no aparelho do Estado e também não se enquadram na lógica da esfera privada, marcada pela busca do interessa particular, do lucro. Bresser Pereira descreve o setor público não-estatal da seguinte forma:

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O setor produtivo público não-estatal é também conhecido por “terceiro se-tor”, “setor não-governamental”, ou “setor sem fins lucrativos”. Por outro la-do, o espaço público não-estatal é também o espaço da democracia participa-participativa ou direta, ou seja, é relativo à participação cidadã nos assuntos públicos. Neste trabalho se utilizará a expressão “público não-estatal” que de-fine com maior precisão do que se trata: são organizações ou formas de con-trole “públicas” porque estão voltadas ao interesse geral; são “não-estatais” porque não fazem parte do aparato do Estado, seja porque não utilizam servi-dores públicos ou porque não coincidem com os agentes políticos tradicionais.

Portanto, podemos considerar que tais organizações são “públicas” porque buscam a satisfação do interesse coletivo, e não de um interesse particular; e são não-estatais porque não estão dentro do Estado. Trata-se de um setor que busca permitir uma maior participação da sociedade gestão e no controle dos serviços públicos.

Potyara Pereira nos traz a ideia da subordinação dos interesses econômicos aos imperativos das necessidades sociais e apresenta como estratégia a ser defendida aquela em que o Estado não foge de seus deveres e responsabilida-des, embora acate parcerias estratégicas com iniciativas privadas. Esse sentido ela denomina de pluralismo institucional. Segundo Bresser Pereira:

É previsível que no século XXI o espaço público se amplie sob a consciência de que a produção de bens públicos não pode ser um monopólio do Estado nem do mercado, atendendo tanto aos próprios limites de ambos como às crescen-tes exigências de auto-organização social.

O autor coloca três grandes vantagens no ponto de vista da produção social:

���� Pluralização da oferta de serviços sociais. Frente à provisão monopolista e autoritária que caracteriza a oferta de serviços públicos do âmbito estatal, a esfera da produção social oferece a oportunidade de desenvolver o prin-cipio da competição. Com isso não só se possibilita que os usuários exerci-tem o direito à "saída", mas sim que em forma imediata se estimula uma maior qualidade e eficiência das prestações. A qualidade é também favo-recida pela ênfase na dedicação, a vocação de serviço e a solidariedade que tendem a aflorar nos entidades não mercantis.

���� Flexibilização e desburocratização da gestão social. A produção não-estatal de serviços sociais oferece a possibilidade de obter prestações adaptadas aos públicos envolvidos, em oposição às prestações uniformes que tendem a caracterizar a oferta pública estatal. Outro benefício, que tem uma expressão mais micro-organizativa é o desenvolvimento de um estilo de gestão "pós-burocrático". A autonomia financeira e administrati-va e seu correlato na discrecionalidade, criam condições para organiza-ções menos piramidais e fragmentadas.

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���� Responsabilidade dos dirigentes e participantes pela organização: não contando com a certeza do apoio financeiro do Estado, e dispondo de uma autonomia maior que a existente nas organizações estatais, os integrantes das entidades de serviços públicos não estatais tendem a ser mais res-ponsáveis pelos destinos de suas organizações. Eles não podem transferir esta responsabilidade para fora da organização. Finalmente, dado que a responsabilidade do governo é por um orçamento global, permanece na própria organização o poder e a responsabilidade de utilizar adequada-mente estes recursos para alcançar os objetivos propostos

Dentro desta nova lógica na prestação dos serviços públicos, o Estado não se retira totalmente. A administração gerencial surge muito próxima ao neolibera-lismo, mas, quando o Estado Mínimo se revela algo irreal, torna-se dominante o movimento em direção à reforma, ou reconstrução do Estado.

Muitos autores dividem as reformas do Estado no final do século passado em duas gerações. A primeira, ocorrida nos anos 1980 e 90, teria uma orientação essencialmente econômica e fiscal, voltada para a minimização do Estado e o fortalecimento do mercado. Já a segunda geração, que surgiu no início deste Século, tem como foco a promoção do desenvolvimento, por meio do fortale-cimento do Estado, do mercado e do terceiro setor.

A participação estatal é reduzida no campo social, mas não abandonada total-mente, atuando indiretamente através de fomento e de incentivos, deixando a cargo dos entes intermediários – entre o mercado e o Estado –, a missão de zelar por serviços sociais (saúde, tecnologia, educação) pressupondo que a sociedade civil seja mais eficiente na prestação de serviços.

Os entes da sociedade civil que prestam serviços não-exclusivos do Estado necessitam da atuação do Estado mediante a ação administrativa de fomento. É justamente a atividade de fomento que caracteriza o Estado subsidiário.

A boa governança social depende de um equilíbrio (de capacidade e poder) entre as esferas do Estado, do mercado e do terceiro setor. Humberto Falcão Martins e Caio Marini apresentam as vantagens e desvantagens no predomínio de cada um dos setores:

O Estado promove equidade, mas é menos eficiente. Enfraquecê-lo em de-trimento das demais esferas pode levar à baixa capacidade de governo, for-talecê-lo pode levar ao estatismo dirigista e formas autoritárias perversas.

O mercado é virtuoso em eficiência, mas insensível em equidade. enfraque-cê-lo em detrimento das demais esferas pode levar à ineficiência e perda de competitividade, fortalecê-lo pode levar a formas perversas de “mercado li-vre”, concentração e “capitalismo selvagem”.

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O terceiro setor é virtuoso porque é o domínio do valor, da causa, provendo meio de expressão de iniciativas comunitárias e cidadãs essenciais à afir-mação da identidade cívica, mas sua natureza não é a regra de direito. For-talecê-lo em detrimento das demais esferas pode gerar formas anômicas de atuação paroquial ou formas perversas de comunitarismo excessivo, enfra-quecê-lo pode levar a negligência de comunidades e identidades.

Surge aqui o conceito de governança social. A governança está associada com a capacidade de gestão, de implementar políticas públicas; enquanto a gover-nabilidade se refere aos aspectos políticos, a capacidade de governar. Porém, os dois conceitos estão cada vez mais próximos, com a governança conside-rando questões mais amplas relativas a padrões de coordenação e cooperação entre atores sociais. Ou seja, as formulações mais recentes do conceito de governança englobam não só aspectos operacionais das ações governamentais como também aspectos políticos que dão sustentação a essas ações.

Assim, a governança passa a ser entendida como a capacidade dos diversos atores atuarem de forma coordenada, dentro das “redes de governança”. Se-gundo Caio Marini e Humberto Falcão Martins:

A ideia de Governo Matricial se posiciona na perspectiva de implementação de um modelo de governança social baseado em redes, na perspectiva intra e extragovernamental. O Governo Matricial é um modelo de gestão gover-namental voltado para resultados de desenvolvimento que se baseia na de-finição e gerenciamento intensivo de pontos nodais entre programas (desdobrados de um projeto de desenvolvimento) e organizações (ou parte delas) necessárias a sua implementação.

Essa nova forma de atuação conjunta entre os três setores promove uma hori-zontalização das relações entre eles. Ao invés de uma primazia do Estado, eles atuam de forma igualitária.

11..33.. RReeddeess ddee PPoollííttiiccaass PPúúbblliiccaass

A sociedade tem se organizado cada vez mais na forma de redes. Manuel Cas-tells escreveu o livro “Sociedade em Rede - A Era da informação: Economia, sociedade e cultura”. O autor descreve a sociedade contemporânea como uma sociedade globalizada, centrada no uso e aplicação de informação e conheci-mento, cuja base material está sendo alterada aceleradamente por uma revo-lução tecnológica concentrada na tecnologia da informação e em meio a profundas mudanças nas relações sociais, nos sistemas políticos e nos siste-mas de valores.

Castells define rede como “um conjunto de nós interconectados”:

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Redes são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada, inte-grando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro da rede, ou se-ja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação (por exemplo, valores ou objetivos de desempenho). Uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico suscetível de ino-vação sem ameaças ao seu equilíbrio

As redes também são chamadas de estruturas reticulares ou policêntricas. Reticulado se refere a qualquer coisa que tenha o formato de rede. Policêntrica porque a rede não possui um centro único, não há uma hierarquia estabeleci-da. Para Viviane Amaral:

De modo geral, a formação de redes, em seus diversos níveis e aplicações, tem sido considerada, tanto na prática quanto na teoria, um mecanismo de flexibilização das relações entre as pessoas, capaz de potencializar o com-partilhamento de informação entre organizações e indivíduos e de contribuir para a geração de conhecimento e inovação tecnológica.

Assim, as redes têm como principal característica justamente a flexibilidade, a não padronização das formas de relacionamento. Não deve haver um padrão determinando como as pessoas devem se relacionar.

As redes se caracterizam pelo compartilhamento de informações e pela dife-renciação do conhecimento. Segundo Eni Aparecida:

As redes de organizações consistem em um tipo de agrupamento cujo obje-tivo principal é fortalecer as atividades de cada um de seus participantes. Atuando em redes, as organizações podem complementar-se umas às ou-tras.

A autora cita João Luiz Passador, segundo o qual, na formação das redes orga-nizacionais, podemos identificar três variáveis determinantes:

���� Diferenciação: quando a organização está em rede, pode prover seus benefícios inovadores a todos os seus participantes. O mesmo não ocorre em uma organização isolada, dado que a diferenciação pode gerar eleva-ção em seus custos;

���� Interdependência: traduz um mecanismo que prediz a formação de re-des e por isso mesmo sugere uma cultura de unidade organizacional;

���� Flexibilidade: entendida tanto no aspecto inovador e produtivo como no próprio aspecto organizacional, é uma das mais fortes características das redes.

Antes de entrarmos nas redes de políticas públicas, vamos ver os conceiotos básicos relacionados com as redes nas organizações

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a) Organizações em Rede

Na opinião de vários autores, as redes organizacionais nascem como conse-quência da coexistência de vários fatores. Em primeiro lugar, elas nascem co-mo resposta às drásticas mudanças ambientais que fazem crescer a necessidade de interdependência. A organização em larga escala integrada verticalmente ou a empresa pequena isolada não conseguem a sobreviver nes-se ambiente altamente mutável e a rede apresenta-se como alternativa viável. E, por fim, as características da tarefa que desempenha uma organização tam-bém influenciam na ocorrência desse fenômeno. Em condições de demanda de muitos recursos especializados, necessidade de processamento de informação, estreito contato com os clientes e prevalência de trocas baseadas em customi-zação, a rede prolifera.

As empresas buscam uma maior capacidade de adaptação às mudanças, seja através de redes estabelecidas com outras organizações, seja através de uma maior flexibilidade interna.

As novas tecnologias de informação, apesar de não serem a causa dessas mu-danças, oferecem a infra-estrutura necessária para a emergência das redes organizacionais. Elas fazem possível a integração das empresas ao longo da rede.

Vejamos agora as redes que ocorrem internamente e externamente às organi-zações.

Intraorganizacionais X Interorganizacionais

As redes intraorganizacionais ocorrem dentro das organizações. A fim de assi-milar os benefícios da flexibilidade da rede, a própria empresa teve que se converter em uma rede e dinamizar cada elemento de sua estrutura interna. A principal mudança pode ser definida como a passagem da burocracia vertical à empresa horizontal.

Enquanto na burocracia é estabelecido um conjunto fixo de relações para pro-cessar todos os problemas e são criados departamentos para desempenhar determinadas atividades, a organização-rede molda a si mesma segundo a ocorrência de cada problema específico. Não podemos mais falar em um tipo de departamentalização específica, já que os funcionários são alocados em diversos trabalhos diferentes, em equipes diferentes.

A característica principal dessa organização é o seu grau de integração. Em um tipo ideal de organização-rede, todos os membros são integrados. Grupos ou categorias formais, alocação geográfica ou foco nos mercados específicos, não são barreiras significativas para a interação. Relações interpessoais de todos os

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tipos – comunicação formal, conselhos, socialização etc. – são estabelecidas facilmente entre e dentro grupos ou categorias formais. Essas organizações são mais adaptáveis aos ambientes complexos, variáveis e turbulentos, onde se demanda flexibilidade.

A emergência de redes organizacionais é fortemente relacionada com esse conceito de flexibilidade, geralmente utilizado para se referir a um conjunto de capacidades e atribuições.

Já as redes interorganizacionais ocorrem na cooperação entre organizações diferentes. Os termos “organização rede”, “formas rede de organização”, “rede inter-empresas”, “redes organizacionais”, “especialização flexível” ou “quase-empresas” têm sido frequentemente utilizados para se referir à coordenação que se estabelece entre as empresas. Utiliza-se o conceito de “governança em rede” ou “redes de governança”, que tem a ver com um conjunto selecionado, persistente e estruturado de empresas autônomas engajadas em criar produ-tos ou serviços baseados em contratos implícitos e sem fim estabelecido, para se adaptar às contingências ambientais, coordenar e proteger trocas.

Diante da necessidade de adaptação a esse ambiente de acirrada competição, organizações em todo o mundo têm recorrido a estratégias colaborativas como forma de adquirirem competências que ainda não possuem. A necessidade de reunir recursos tem forçado as organizações a formar alianças cooperativas. Isso implica mudanças na estratégia das organizações, que podem assumir uma variedade de formas, entre elas a atuação em redes, que tem sido uma efetiva resposta estratégica às pressões ambientais.

Castells traz como exemplos dessas novas formas interorganizacionais no campo internacional: o modelo de redes multidirecionais aplicado por peque-nas e médias empresas; o modelo de produção baseado na franquia e subcon-tratação sob a cobertura de uma grande companhia; as alianças estratégicas das grandes empresas, que diferentemente das formas tradicionais de cartéis, atendem a mercados, produtos, processos e tempos específicos, baseados em acordos etc. Todos esses exemplos tendem a demonstrar que no ambiente atual, nenhuma empresa, seja ela pequena, ou grande, não é independente e auto-suficiente. A maior mudança no comportamento organizacional nos últi-mos anos é o reconhecimento dessa interdependência e as redes nascem como resposta a esta orientação.

As redes de organizações consistem em um tipo de agrupamento cujo objetivo principal é fortalecer as atividades de cada um de seus participantes. Atuando em redes, as organizações podem complementar-se umas às outras.

Para Mandell no modelo de gestão estratégica “intra-organizacional” o controle é baseado na autoridade legítima que parte da hierarquia. Com relação à es-

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trutura de poder, as estratégias dependem da habilidade da administração do topo traçar as decisões, delegar e controlar o processo de implementação. Além disso, as ações do administrador estão delimitadas a um contexto orga-nizacional específico. Diferentemente, na rede “interorganizacional” o controle não é uma relação preponderante. Ainda que seus membros representem os diferentes níveis de governo, não implica que haja um relacionamento hierár-quico entre eles e cada nível atua como unidade semi-autônoma. Por isso que as redes interorganizacionais são estruturas não hierárquicas.

b) Redes nas Políticas Púbicas

A recente formação de estruturas policêntricas advém de um contexto de rup-tura com a concepção tradicional do Estado, como núcleo praticamente exclu-sivo de representação, planejamento e condução da ação pública. A recente experiência das políticas de ajuste econômico nos países em desenvolvimento foi suficiente para demonstrar que o mercado sozinho nem gera nem sustenta uma ordem social. Ao contrário, ele generaliza tendências desintegradoras, pois acentua as iniqüidades e promove a exclusão, não sendo capaz de gerar a integração social. As redes de políticas representariam uma nova modalidade de coordenação, que se distingue dos dois paradigmas acima apontados.

A proliferação de redes de gestão é explicada por uma multiplicidade de fato-res que incidem, simultaneamente, conformando uma nova realidade adminis-trativa. A globalização econômica alterou os processos produtivos e administrativos em direção à maior flexibilização, integração e interdependên-cia.

Por outro lado, as transformações recentes no papel do Estado e em suas rela-ções com a sociedade, impõem novos modelos de gestão que comportem a interação de estruturas descentralizadas e modalidades inovadoras de parceri-as entre entes estatais e organizações empresariais ou sociais.

A possibilidade de estabelecimento de redes de gestão está condicionada pelo desenvolvimento tecnológico das comunicações, permitindo interações virtuais em tempo real.

Todos estes fatores têm confluído para gerar a proliferação de redes gestoras de políticas públicas, especialmente no campo das políticas sociais, no qual incidem fortemente. Neste sentido, as redes têm sido vistas como a solução adequada para administrar políticas e projetos onde os recursos são escassos, os problemas são complexos, existem múltiplos atores envolvidos, interagem agentes públicos e privados, centrais e locais, há uma crescente demanda por benefícios e por participação cidadã.

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No entanto, a gestão de redes, está longe de ser algo simples, o que tem im-plicado, muitas vezes, no fracasso de programas e projetos sociais, apesar das boas intenções dos atores envolvidos. Esse caráter transnacional, ao passo que favorece o encontro, também desvela antagonismos. O contexto econômico em que se inserem as sociedades policêntricas é caracterizado pela complexi-dade e incerteza nas relações sociais, que manifesta, de um lado, a aproxima-ção, a integração e o diálogo, e de outro, o individualismo, a competição e a intolerância.

A criação e manutenção da estrutura de redes impõem desafios administrati-vos fundamentais, vinculados aos processos de negociação e geração de con-sensos, estabelecimento de regras de atuação, distribuição de recursos e interação, construção de mecanismos e processos coletivos de decisão, estabe-lecimento de prioridades e acompanhamento. Em outras palavras, os proces-sos de decisão, planejamento e avaliação ganham novos contornos e requerem outra abordagem, quando se trata de estruturas gerenciais policêntricas.

Segundo Moura, a abordagem de redes, como expressão dos novos arranjos organizacionais que emergem na atualidade, indica o esgotamento da capaci-dade de integração das instituições representativas tradicionais, da eficácia das organizações burocráticas e do modelo de planejamento centralizado. A multi-plicidade de atores sociais influenciando o processo político, seja na decisão, execução ou controle de ações públicas, sinaliza para o florescimento de uma sociedade policêntrica, na qual se organizam distintos núcleos articuladores, que, por sua vez, tendem a alterar os nexos verticais entre estado e socieda-de, baseados na regulação e subordinação, em direção às relações mais hori-zontais e que privilegiam a diversidade e o diálogo.

Nesse aspecto, a formação das estruturas policêntricas, que configuram uma nova esfera pública plural, advém tanto de um deslocamento desde o nível central de governo para o local quanto da esfera do estado para a sociedade. Processos como a descentralização e o adensamento da sociedade civil conver-gem para formas inovadoras de gestão compartida das políticas públicas.

Soma-se a esses fatores a revolução tecnológica informacional, estabelecendo um novo sistema de comunicação de alcance universal promovendo o compar-tilhamento de palavras, imagens e sons, ao passo que reforça as identidades individuais e coletivas. A tecnologia da informação revolucionou os modelos organizacionais vigentes, produzindo soluções inovadoras no processo de pla-nejamento, coordenação e controle das atividades e viabilizando uma articula-ção virtual, em tempo real, dos indivíduos e das organizações.

A proliferação de relações entre o governo e o chamado terceiro setor, na exe-cução de políticas públicas é apontada por Salamon como uma mudança cruci-

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al nas formas de ação governamental, colocando desafios em relação à ac-countability, gestão e coordenação das atividades governamentais. O novo padrão extensivo de governo em associação com instituições não-lucrativas responde tanto às demandas democráticas quanto às necessidades de corte no gasto público, mas impõe novos desafios à gestão pública.

Formação e Gestão de Redes

A proliferação de redes de políticas nos leva a refletir sobre suas característi-cas, fortalezas e debilidades, assim como sobre os problemas específicos en-volvidos na sua gestão. As principais características das redes de políticas são a horizontalidade e a interdependência entre os múltiplos nódulos ou partici-pantes, o que as distingue de outros formatos de gestão de políticas, como a contratação e as parcerias.

Sônia Maria Fleury Teixeira aponta as seguintes características vantajosas:

Características vantajosas das redes de políticas públicas

���� Dada a pluralidade de atores envolvidos nas redes é possível a maior mobilização de recursos e garante-se a diversidade de opiniões sobre o problema;

���� Devido à capilaridade apresentada pelas redes, a definição de prioridades é feita de forma mais democrática, envolvendo organizações de pequeno porte e mais próximas dos da origem dos problemas;

���� Por envolver, conjuntamente, governo e organizações não-governamentais, pode-se criar uma presença pública sem criar uma estrutura burocrática;

���� Devido à flexibilidade inerente à dinâmica das redes elas seriam mais aptas a desenvolver uma gestão adaptativa que está conectada a uma realidade social volátil, tendo que articular as ações de planejamento, execução, retroalimentação e redesenho, adotando o monitoramento como instrumento de gestão, e não de controle.

���� Por serem estruturas horizontalizadas em que os participantes preservam sua autonomia, os objetivos e estratégias estabelecidos pela rede são fruto dos consensos obtidos através de processos de negociação entre seus participantes, o que geraria maior compromisso e responsabilidade destes com as metas compartilhadas e maior sustentabilidade.

No entanto, algumas das características das redes são também apontadas como limitadoras de sua eficácia ou gerando problemas e dificuldades para sua gestão, tais como:

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Problemas nas redes de políticas públicas

���� As redes de políticas apresentariam novos desafios para garantir a rendição de contas (accountability) em relação ao uso dos recursos públicos, pelo fato de envolverem numerosos participantes governamentais e privados;

���� O processo de geração de consensos e negociação pode ser demasiadamente lento criando dificuldades para enfrentar questões que requerem ação imediata

���� As metas compartilhadas não garantem a eficácia no cumprimento dos objetivos já que as responsabilidades são muito diluídas;

���� A dinâmica flexível pode terminar afastando os participantes dos objetivos iniciais ou comprometer a ação da rede pela deserção de alguns atores em momentos cruciais;

���� Os critérios para participação na rede não são explícitos e universais e podem provocar marginalização de grupos, instituições, pessoas e mesmo regiões, podendo deixar a política apenas nas mãos de uma elite;

���� As dificuldades de controle e coordenação das interdependências tende a gerar problemas gestão das redes.

Se as redes são formadas por atores, recursos, percepções e regras, estes são elementos chave a serem considerados não apenas na análise como também na gestão das redes.

Em relação aos atores devemos considerar que estão em uma situação de in-terdependência, gerada pela necessidade de compartilhar recursos para atingir um objetivo comum. Cada ator específico tem seus objetivos particulares, mas seria limitado imaginar que sua participação em uma rede seria consequência de suas carências e do mero comportamento maximizador para atingir seu objetivo pessoal ou organizacional. A construção de uma rede envolve mais do que isto, requer a construção de um objetivo maior que passa a ser um valor compartilhado, para além dos objetivos particulares que permanecem.

A habilidade para estabelecer este mega-objetivo, que implica uma linha bási-ca de acordo, tem a ver com o grau de compatibilidade e congruência de valo-res entre os membros da rede. Para chegar a este tipo de acordo é necessário desenvolver arenas de barganha, onde as percepções, valores e interesses possam ser confrontados e negociados. A estruturação destes espaços e pro-cessos de negociação faz parte da dimensão da estrutura da rede, que diz res-peito à institucionalização dos padrões de interação. O estabelecimento de regras formais e informais é um importante instrumento para a gestão das redes porque especifica a posição dos atores na rede, a distribuição de poder, as barreiras para ingresso, etc.

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Na gestão das redes o foco está colocado nos processos de interação entre os diferentes atores e os meios pelos quais estes processos podem ser estimula-dos, mantidos ou mudados, quando necessário. O conflito entre as organiza-ções é visto como um produto inevitável das interdependências entre elas e deve ser ativamente gerenciado. O apoio a uma política que favoreça os obje-tivos de vários atores é uma estratégia da gerência das redes, assim como a ativação seletiva por meio do uso de incentivos para desenvolver arranjos or-ganizacionais – coalizões - e interações entre os atores.

Como uma das características das redes é o fato de serem policêntricas, tam-bém encontraremos que a gerência não é mais uma estratégia exclusiva para um ator. O papel do gestor das redes de políticas é, portanto, um importante aspecto a ser pensado, já que ele pode ser desempenhado por cada um dos atores, por vários deles simultaneamente, ou mesmo por um mediador externo ou facilitador.

Os padrões tradicionais da teoria e práticas da administração pública não se aplicam à gerência das redes de políticas, pois os gerentes de redes não su-pervisionam o desempenho dos difusos participantes das redes. Neste caso, o gestor deve buscar instrumentos que lhe permitam conduzir pesquisas regula-res sobre as alianças que possui e identificar pontos de coordenação do con-junto de atores. Duas habilidades distinguem-se como imprescindíveis para garantir o comportamento mobilizador da liderança das redes: a habilidade de somar forças e a habilidade de alcançar metas comuns.

A gestão de redes implica na gestão de interdependências, o que termina por aproximar os processos de formulação e implementação de políticas e exige o desenvolvimento de formas de coordenação e controle. Uma parte importante da coordenação é o estabelecimento de processos de decisão que sejam contí-nuos e estáveis, sejam eles partes formais da estrutura da rede ou não. Os instrumentos usados na gestão da rede que favorecem a coordenação podem ser do tipo regulatório, financeiro ou comunicacional. No entanto, deve-se evi-tar os riscos de desenvolver estruturas formais que sejam inapropriadas ao problema e cujo desenho altere a estrutura de forma a ameaçar a própria exis-tência e o equilíbrio dentro da rede.

Existe um paradoxo inerente à indispensável preservação da autonomia dos membros da rede e a necessidade de desenvolver mecanismos de coordenação interorganizacional para garantir a efetividade de suas ações. O processo de desenvolvimento da coordenação interorganizacional contém as sementes da desintegração que são devidos ao aumento da formalização e monitoramento o que leva ao conflito e aumenta o dissenso entre os participantes que lutam por sua autonomia funcional apesar de sua crescente interdependência.

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O estabelecimento de canais de comunicação entre os membros da rede pare-ce crucial para o desenvolvimento de valores e objetivos coletivos, permitindo a emergência de uma teia de interdependências e o crescimento da coordena-ção interorganizacional, que não ameace o equilíbrio da rede. Canais informais baseados em relações pessoais entre pares de indivíduos também costumam ser de grande utilidade no desenvolvimento da coordenação.

A percepção crescente de que a descentralização, como transferência de poder de decisão às autoridades locais e mesmo aos usuários não garante a eficácia das políticas sociais tem levado estudiosos a identificar este déficit de eficácia em função de vários fatores e apontar possíveis soluções:

���� A falta de articulação das políticas econômicas e sociais. Em geral, a polí-tica social vem operando em áreas sem autonomia e sem participação nas decisões que a afetam, estando subordinadas às políticas econômicas.

���� Apesar de que com a descentralização os serviços se dirigem aos mesmos grupos sociais que ocupam um mesmo espaço geográfico, sua execução se realiza d forma isolada por meio de cada política setorial. Se bem os problemas sociais se manifestam setorialmente, sua solução depende da ação de mais de uma política, de uma ação que considere a população de forma integral. Só através da intersetorialidade é possível uma ação inte-grada das políticas sociais que garanta a universalidade, integridade e equidade.

���� A agenda de políticas sociais tende a excluir os temas conflitivos e a con-centrar em questões administrativas de menor importância. Torna-se ne-cessário então buscar uma abordagem “substancial”, que reconheça e resolva os conflitos, conduzindo processos de negociação utilizando mode-los técnicos avançados.

���� A necessidade aumentar a flexibilidade na gestão das políticas sociais de-ve ter em conta que isto não representa um alívio da tarefa gerencial. Primeiro porque a expansão das competências legais nem sempre é acompanhada pelo correlativo aumento das capacidades gerenciais e, se-gundo, porque a flexibilidade aumenta a complexidade do sistema, reque-rendo à ação administrativa diferentes bases para diferentes campos de política.

���� É necessário a introdução de uma gerência social adaptativa para tornar eficazes políticas que enfrentam problemas de elevada complexidade e que se desenvolvem em contexto de alta turbulência política e instabilida-de institucional. A não separação entre formulação e implementação das políticas assim como a introdução de mecanismos de monitoramento das políticas sociais são requisitos para o desenvolvimento da imprescindível aprendizagem institucional.

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���� Somente com a utilização de instrumentos como o planejamento estraté-gico e a análise de atores envolvidos e dos processos de negociação é possível dar consistência e sustentabilidade aos programas e projetos so-ciais. As negociações só serão efetivas se baseadas em relações de confi-ança entre todos os atores envolvidos

���� A participação da população na formulação e gestão das políticas sociais cria as condições para o desenvolvimento da cidadania e emancipação dos setores populacionais mais marginalizados, ao mesmo tempo em que transforma as estruturas autoritárias do estado, gerando formas de co-gestão pública.

���� O papel de liderança dos governos locais na articulação de atores públicos e privados indica que ao invés de um enfraquecimento do estado o que as redes locais sinalizam é em direção a sua transformação. Na gestão das políticas sociais, as redes viabilizam a otimização dos recursos disponíveis e a democratização na tomada de decisão, gerando ao mesmo tempo co-nhecimentos que lhes são próprios, numa perspectiva transetorial.

���� O gestor público deve deixar de ser um cumpridor de planos para ser um negociador, capaz de incentivar o diálogo, coletivizar idéias, formular al-ternativas e articular a ação conjunta. Nesse sentido, “o gerente negocia-dor, que trabalha com a participação, com o diálogo e com autonomia, tem, na informação, o instrumento fundamental de sua ação. Essa pers-pectiva requer do gerente a capacidade de captar, transferir, disseminar e utilizar a informação de formar pró-ativa e interativa.

Podemos, portanto concluir que as redes de políticas sociais são um instru-mento fundamental para a gerência das políticas sociais e, mais ainda, que elas permitem a construção de novas formas de coletivização, socialização, organização solidária e coordenação social, compatíveis com a transformação tanto da sociedade civil quanto do Estado.

11..44.. PPaarrcceerriiaass PPúúbblliiccoo--PPrriivvaaddaass

Maria Sylvia Di Pietro fala em três tipos de descentralização administrativa:

Tipos de Descentralização Administrativa

���� Territorial ou Geográfica: verifica-se quando uma entidade local é dotada de personalidade jurídica própria, de direito público, com capacidade administrativa genérica. É própria dos Estados unitários, constituídos por Regiões e Províncias.

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���� Por Serviços, Funcional ou Técnica: ocorre quando o poder público cria uma pessoa jurídica de direito público ou privado e a ela atribui a titularidade e a execução de determinado serviço público. No Brasil, esta criação somente pode dar-se por meio de lei e corresponde, basicamente, à figura de autarquia, mas abrange também as fundações governamentais, sociedades de economia mista e empresas públicas, que exerçam serviços públicos.

���� Por Colaboração: ocorre quando se transfere a execução de determinado serviços público a pessoa jurídica de direito privado, previamente existente, conservando o Poder Público a titularidade do serviço. Ocorre por meio da concessão, permissão ou autorização de serviço público.

A classificação da autora pode ser vista de outra forma:

���� Descentralização territorial ou geográfica.

���� Outorga, descentralização por serviços, funcional ou técnica;

���� Delegação, descentralização por colaboração;

Assim, na descentralização por serviços, quando é criada uma entidade da administração indireta, temos a outorga, que é a modalidade de descentrali-zação pela qual uma entidade política, por lei específica, transfere a titularida-de de certa competência a uma entidade administrativa por ela criada precisamente com esta finalidade, em regra por prazo indeterminado.

A delegação é a modalidade de descentralização pela qual uma entidade polí-tica ou administrativa, por contrato administrativo ou ato unilateral, transfere o exercício de certa competência (mais precisamente, a prestação de certo serviço público) a uma pessoa física ou a uma pessoa jurídica preexistente, em regra por prazo determinado e mediante prévia licitação. Ocorre a transferên-cia somente do exercício da competência, e não da própria titularidade, a qual permanece nas mãos da entidade política ou administrativa

Segundo a CF88:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a presta-ção de serviços públicos.

A Lei 8.987/1995 traz os conceitos de permissão e concessão:

II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

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III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melho-ramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da conces-sionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado;

IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

A concessão e a permissão de serviços públicos são institutos muito próximos. Uma diferença é que a segunda é uma modalidade menos complexa de dele-gação, adequada para os serviços públicos de porte médio, isto é, que exijam investimentos menores.

A Lei 11.079/2004 criou um nova espécie de concessão de serviço ou obra pública. José dos Santos Carvalho Filho afirma que a PPP se trata de uma con-cessão especial, já que a própria lei coloca que:

Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.

A exposição de motivos do projeto de Lei das PPP afirmava que:

A parceria público-privada constitui modalidade de contratação em que os entes públicos e as organizações privadas, mediante o compartilhamento de riscos e com financiamento obtido pelo setor privado, assumem a realização de serviços ou empreendimentos públicos. Tal procedimento, em pouco tempo alcançou grande sucesso em diversos países, como a Inglaterra, Ir-landa, Portugal, Espanha e África do Sul, como sistema de contratação pelo Poder Público ante a falta de disponibilidade de recursos financeiros e apro-veitamento da eficiência de gestão do setor privado.

As PPP têm como objetivo atrair o setor privado, seja nacional ou estrangeiro, para investimentos em infraestrutura, necessários ao desenvolvimento do país, cujos recursos envolvidos excedem a capacidade financeira do setor público. Segundo a exposição de motivos:

Representa uma alternativa indispensável para o crescimento econômico, em face das enormes carências sociais e econômicas do país, a serem su-pridas mediante a colaboração positiva do setor público e privado.

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A PPP foi criada na Inglaterra, no governo de Margareth Thatcher, que foi um dos precursores na implantação da administração pública gerencial. Por este vínculo com governos de cunho neoliberal, ela é criticada por alguns autores. Segundo Bandeira de Mello, “este instituto constitui-se na ‘creme de La creme’ do neoliberalismo, pelo seu apaixonado desvelo na proteção do grande capital e das empresas financeiras”. “Creme de La creme pode ser traduzido como “o melhor do melhor”, usado por Mello de forma irônica.

Já Zanella Di Pietro afirma que um dos objetivos das PPPs, “menos declarado, mas também verdadeiro, é o de privatizar a Administração Pública, transferin-do para a iniciativa privada grande parte das funções administrativas do Esta-do, sejam ou não passíveis de cobrança de tarifas dos usuários”. A principal diferença entre a PPP e a concessão comum está na contraprestação pecuniá-ria que cabe à Administração Pública. Segundo a Lei 11.079/04:

§ 3º Não constitui parceria público-privada a concessão comum, assim en-tendida a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando não envolver contra-prestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

Como podemos observar no art. 2º da Lei 11.079/04, existem dois tipos de PPP: a patrocinada e a administrativa. A concessão patrocinada é definida pela lei da seguinte forma:

§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pe-cuniária do parceiro público ao parceiro privado.

Segundo Bandeira de Mello, concessão patrocinada é a própria concessão de serviço ou de obra pública de que trata a Lei 8.987, quando, adicionalmente a tarifa cobrada dos usuários, envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

A concessão patrocinada se caracteriza pelo fato de o concessionário perceber recursos de duas fontes: pagamento das respectivas tarifas dos usuários e outra, de caráter adicional, oriunda de pagamento pelo poder concedente.

Já a concessão administrativa é conceituada como:

§ 2º Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens.

A diferença neste caso é que haverá apenas uma fonte de remuneração do particular, que será o Poder Público. Isto se deve ao fato de a Administração Pública ser a usuária direta ou indireta da prestação do serviço.

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Outra diferença é que a patrocinada refere-se apenas a serviços públicos, en-quanto a administrativa fala apenas em prestação de serviços. Bandeira de Mello afirma que o objetivo da lei, na verdade, por meios transversos, não confessados, é o de realizar um simples contrato de prestação de serviços se-gundo um regime diferenciado e muito mais vantajoso para o contratado que o regime geral de contratos.

Já José dos Santos Carvalho Filho afirma que a diferença entre a concessão administrativa e o contrato normal é que neste o particular contratado limita-se a prestação do serviço, cabendo a administração pagar o respectivo preço em dinheiro; naquela, o concessionário presta o serviço, mas se exige que faça investimento na atividade, obrigando a Administração a uma contraprestação pecuniária que pode variar de espécie.

O autor menciona que alguns autores consideram que o objeto da concessão administrativa é complexo, envolvendo necessariamente a prestação de um serviço e a execução de uma obra (ou uma concessão de uso). Outros susten-tam inexistir necessidade do objeto complexo, podendo o contrato alvejar ape-nas a prestação do serviço. Esta corrente seria a dominante.

Zanella Di Pietro defende que a lei fala em “usuária indireta” para se referir ao fato de o parceiro privado, na concessão administrativa, prestar um serviço público em que não é possível a cobrança de tarifas dos usuários. A autora se baseia no seguinte trecho da exposição de motivos:

As Parcerias Público-Privadas permitem um amplo leque de investimentos, suprindo demandas desde as áreas de segurança pública, habitação, sane-amento básico até as de infraestrutura viária ou elétrica.

Podemos observar que o trecho cita alguns serviços públicos que não são co-brados da sociedade. Nestes casos, a prestação do serviço ficaria a cago do particular, que receberia sua remuneração apenas da Administração.

Em relação à contraprestação pecuniária que cabe ao Poder Público, a Lei 11.079/04 estabelece que:

Art. 6º A contraprestação da Administração Pública nos contratos de parce-ria público-privada poderá ser feita por:

I – ordem bancária;

II – cessão de créditos não tributários;

III – outorga de direitos em face da Administração Pública;

IV – outorga de direitos sobre bens públicos dominicais;

V – outros meios admitidos em lei.

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O contrato poderá prever o pagamento ao parceiro privado de remuneração variável vinculada ao seu desempenho, conforme metas e padrões de qualida-de e disponibilidade definidos no contrato.

É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:

���� cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00;

���� cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5 (cinco) anos;

���� objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o fornecimento e instala-ção de equipamentos ou a execução de obra pública.

Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria, isto é, deverá ser criada uma pessoa jurídica que terá como único objeto social a execução do contrato de parceria público privada. Essa pessoa jurídica poderá ser criada sob a forma de companhia aberta, com valores mobiliários passíveis de nego-ciação no mercado.

11..55.. CCoonnttrraattuuaalliizzaaççããoo

A administração gerencial é caracterizada pela confiança limitada e pelo con-trole de resultados a posteriori, ao contrário da administração burocrática que se baseava na desconfiança total e no controle de processos a priori. A gestão por resultados é um dos grandes avanços trazidos pela Administração Gerenci-al. Ela surge em meio às críticas à administração burocrática, que, ao mesmo tempo em que não conseguia gerar resultados satisfatórios, pois era ineficien-te, também não conseguia proteger o patrimônio público dos interesses parti-culares.

A ideia da do gerencialismo foi mudar a forma do controle para permitir uma gestão mais flexível, sem as amarras da burocracia, para então cobrar resulta-dos do gestor público. O fundamento básico da gestão por resultados é que, de um lado, a Administração confere autonomia ao gestor público na gestão de recursos financeiros, materiais e humanos, para, de outro, cobrar resultados.

A estratégia do controle de resultados foi desenvolvida nos anos 1950 por Pe-ter Druker, na chamada Administração Por Objetivos, como um corolário da política de descentralização da autoridade para as unidades de negócio das empresas. A descentralização implica dar maior autonomia de gestão às uni-dades descentralizadas. Para isso, é necessário definir objetivos e metas preci-sos e estabelecer diretrizes claras que orientem os administradores no atingimento dos objetivos.

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Vamos ver o conceito de contratualização do Ministério do Planejamento:

A contratualização de desempenho institucional na administração pública é um procedimento de ajuste de condições específicas no relacionamento en-tre órgãos e entidades públicos e privados, que envolve a pactuação de me-tas de desempenho para o exercício de atividade pública, orientadas ao alcance dos objetivos das políticas públicas. Em alguns casos, a contratuali-zação pode proporcionar flexibilidades e autonomias de gestão que simplifi-quem processos internos das instituições partícipes, em acordo com o estabelecido pelo art. 37, parágrafo 8º da Constituição Federal.

Na contratualização, os instrumentos contratuais que podem ser utilizados, em sua maioria, são os mesmos já praticados pela Administração Pública, entre-tanto, o foco e a forma de se construir o instrumento é que muda, já que se passa de uma visão anterior focada no processo (meio), para uma nova visão focada nos resultados (fins). Desse modo, abandona-se a tradicional forma de se avaliar os contratos e a prestação dos serviços somente pela correta utiliza-ção dos recursos, através da tradicional prestação de contas financeira. Agora esse não é mais um critério de avaliação do Contrato e dos serviços prestados.

Segundo Marcelo de Matos Ramos:

Dentre as opções de reforma do serviço público que têm se verificado em todo o mundo, cresce, em popularidade, a experimentação em torno da as-sim chamada “contratualização”. Este movimento pode ser entendido como uma incorporação das críticas neoliberais em prol da necessidade de um comportamento empresarial autônomo em certas esferas de governo. De fato, a relação contratual estimula que as partes negociem um compromisso e assumam cada qual o seu papel sem demasiadas ambiguidades.

Possivelmente a primeira manifestação da chamada “contratualização” tenha ocorrido, paradoxalmente, em um país de forte tradição burocrática: em 1967 o relatório Nora recomendou, como forma de se enfrentar o alto grau de inefi-ciência das empresas públicas francesas, cada vez mais dependentes de subsí-dios governamentais, a “contratualização” das relações de supervisão entre Estado e empresa.

Na contratualização, avalia-se o cumprimento do contrato pela avaliação do alcance dos resultados pactuados, através da verificação quanto ao atingimen-to das metas previstas para os indicadores de desempenho.

A contratualização é uma prática importante na Administração Pública pós-Reforma do Estado, pois permite instituir práticas de planejamento, avaliação e monitoramento da execução por parte do Estado (órgão contratante) e o ter-ceiro ou órgão público contratado. Os ajustes de resultados podem ser firma-

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dos com qualquer natureza de instituição, seja ela estatal (pública), do terceiro setor (associações e fundações) e mesmo privadas (empresas e consórcios).

Segundo Abrucio, a criação de relações contratuais surge de três pressupostos.

���� O primeiro é de que numa situação de falta de recursos, como a atual, a melhor forma de aumentar a qualidade é introduzir relações contratuais de competição e de controle.

���� O segundo, quase como consequência do primeiro, é de que a forma contratual evita a situação de monopólio.

���� Por fim, o último pressuposto refere-se à maior possibilidade que os consumidores têm de controlar e avaliar o andamento dos serviços públicos a partir de um marco contratual.

Há registros do uso de instrumentos de contratualização de desempenho insti-tucional em alguns estados da Federação, como São Paulo, Minas Gerais e Bahia, para regular as relações dos governos com entidades prestadoras de serviços públicos, especialmente nas áreas da saúde e do transporte. Os no-mes utilizados para o instrumento contratual nesse caso têm variado conforme o Estado ou Governo. Alguns têm adotado o nome geral de Contratos de Ges-tão e outros têm utilizado o Acordo de Resultados, embora ambos tenham as mesmas características, natureza e alcance.

Na esfera federal, a aplicação é recente entre ministérios, agências regulado-ras e executivas e organizações sociais, a partir da criação dessas novas figu-ras jurídicas do direito público, embora haja registros de uso anterior de mecanismos de contratualização de desempenho, pelo Ministério da Saúde e a Associação das Pioneiras Sociais e pelo Ministério da Fazenda, a Petrobrás e a Companhia Vale do Rio Doce.

Os marcos legais do procedimento de contratualização e, em particular os que estabeleceram o uso do contrato de gestão, no âmbito do Governo Federal, não dispõem de regulamentação orientadora, que fixe diretrizes gerais a serem observadas no processo de negociação, implementação, acompanhamento e avaliação do instrumento. Um seminário realizado pelo MPOG identificou as seguintes fragilidades na contratualização:

���� Ausência de uma conceituação clara e objetiva a respeito de contratualização de desempenho institucional que estabeleça seus objetivos, instrumentos e as situações em que sua aplicação é recomendável;

���� Falta de clareza quanto ao papel de cada partícipe da contratualização de desempenho institucional e à natureza das relações jurídicas entre eles;

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���� Falta de orientação técnica para a etapa de planejamento da contratualização de desempenho institucional, o que afeta: o alinhamento das metas à missão da instituição contratada e aos objetivos e diretrizes setoriais do ministério e das macro-orientações de governo; a qualidade das metas quanto à sua natureza desafiadora (mas factível); e a geração de indicadores pertinentes;

���� Preparo técnico insuficiente dos órgãos e entidades contratados para a implantação do modelo de gestão por resultados, do qual a contratualização de desempenho institucional é apenas instrumento;

���� Falta de orientação técnica aos órgãos supervisores para aplicação de metodologias adequadas à condução da etapa de avaliação do desempenho bem como dos resultados obtidos pela contratada e sua relação com as metas acordadas;

���� Falta de orientação técnica aos órgãos supervisores para as etapas de fiscalização e de relacionamento com os órgãos de controle interno e externo.

Como problemas mais frequentes no gerenciamento dos contratos, foram cita-dos:

���� metas pouco ambiciosas;

���� indicadores mal elaborados;

���� falhas na supervisão do cumprimento de metas;

���� não inclusão de atividades importantes da organização contratada no instrumento de contratualização;

���� objetivos vagos;

���� inexistência de sanções para metas não cumpridas;

���� maior influência na elaboração dos contratos de resultados das organizações contratadas do que de seus órgãos supervisores (ou a persistência da assimetria de informações, entre a entidade prestadora de serviços e o órgão responsável pela política pública perante a sociedade).

A contratualização de resultados no âmbito de agências públicas recebeu o nome de agencificação. O contrato de resultados (ou acordo-quadro, contrato de gestão) é um instrumento de gestão, que relaciona ministérios (ou secreta-rias responsáveis pela formulação de políticas públicas) e entidades a eles vin-culadas, prestadoras de serviços públicos (genericamente denominadas ‘agências’). Tem por objetivos promover mais flexibilidade, transparência de custos, melhor desempenho, aumento da qualidade, produtividade, eficiência e efetividade na prestação de serviços públicos. Promove um par de atributos

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inseparáveis, à luz das reformas gerenciais: autonomia de gestão em troca de compromisso prévio com resultados.

Por meio de metas pré-acordadas entre as partes, a serem alcançadas pela entidade em troca de algum grau maior de flexibilidade ou apenas de previsibi-lidade, a contratualização de resultados no setor público substitui o controle clássico político (pela hierarquia) e burocrático (pelo cumprimento de normas).

Contudo, o termo agencificação também adquiriu uma carga negativa, na me-dida em que um dos problemas geralmente associados às novas formas de contratos é o risco da atomização excessiva da ação governamental e dificul-dades para lidar com problemas e ações interministeriais.

Dois casos paradigmáticos - Nova Zelândia e Reino Unido - levaram analistas a apontar os riscos de aumento da fragmentação, advindos da agencificação; nos dois casos, as reformas foram iniciadas por governos conservadores, com forte orientação para analogia com a gestão de negócios e com o mercado. Mais recentemente, nos dois países, governos buscam corrigir excessos (e preservar avanços) - o governo Blair com o slogan ‘joined up government’, buscando promover a articulação das entidades prestadoras de serviços a par-tir das necessidades do público-alvo (e não da ‘missão’ de cada entidade), e a coalizão de centro-esquerda que assumiu o governo neozelandês em 1999 buscando enfatizar a contratação de outcomes (e não mais de outputs) e a colaboração intragovernamental.

Tipicamente, a relação contratual ocorre entre uma instância do governo cen-tral, que será o órgão supervisor do contrato, euma agência governamental (em geral uma empresa, mas também passível de ocorrer com outras instân-cias equivalentes à nossa administração autárquica e fundacional). Em geral, o contrato estipula objetivos e metas que devem ser atingidos pela agência: as autonomias a ela concedidas; os direitos e obrigações de cada parte; bem co-mo as chamadas condicionalidades, ou seja, as situações ou cenários que ins-truíram a expectativa de realização e atingimento dos objetivos e metas e que se nãose concretizarem extinguem a obrigação de cumprimento do contrato.

Vamos ver algumas modalidades de contratualização:

a) Contrato de Gestão

O contrato de gestão não é uma inovação da reforma de 1995. Já em 1991, o governo Collor instituiu as duas modalidades de contrato de gestão, praticamente as mesmas que temos hoje: um assinado com entidades públicas concedendo maior autonomia e outro assinado com entidades particulares que iriam prestar serviço público e administrar bens do Estado.

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O primeiro tipo de contrato de gestão foi previsto no Decreto 137/91, segundo o qual as empresas estatais que viessem a celebrar contratos de gestão com a União ficariam isentas do sistema de autorização prévia, por parte da Comissão de Controle das Estatais (CCE), de propostas referentes a preços e tarifas públicas; admissão de pessoal; despesa de pessoal; elaboração, execução e revisão orçamentárias; contratação de operações de crédito ou de arrendamento mercantil, inclusive refinanciamento. A Petrobrás e a Vale do Rio Doce assinaram contratos de gestão.

O segundo tipo de contrato de gestão foi assinado com Associação das Pioneiras Sociais, um serviço Social Autônomo, entidade privada, que iria administrar o Hospital Sarah Kubitscheck, de Brasília. Este hospital era mantido antes por uma fundação pública que foi extinta. Temos aqui a antecipação da publicização. Segundo a Lei n.º 8.246/91:

Art. 2º O Poder Executivo é autorizado a promover, no prazo de noventa dias a contar da publicação desta lei, a extinção da Fundação das Pioneiras Soci-ais, cujo patrimônio será incorporado ao da União pelo Ministério da Saúde.

§ 1º O Serviço Social Autônomo Associação das Pioneiras Sociais será incum-bido de administrar os bens móveis e imóveis que compõem esse patrimônio, aí incluídas as instituições de assistência médica, de ensino e de pesquisa, in-tegrantes da rede hospitalar da extinta fundação.

As semelhanças entre as OS e a associação das pioneiras sociais são inúmeras: assunção de serviços públicos extintos, bens e servidores, recursos públicos, celebração de contrato de gestão. A diferença está no tocante à sua criação, uma vez que a Associação foi criada por lei e as OS serão criadas pelo particular.

O Plano Diretor previu os mesmos dois tipos de contratos de gestão: um dentro do poder público e outro com entidades privadas. A Emenda Constitucional nº 19 de 1998 inseriu então, no art. 37 da Constituição Federal, o §8º que trata do contrato de gestão dentro do poder público.

§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entida-des da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante con-trato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou enti-dade, cabendo à lei dispor sobre:

I - o prazo de duração do contrato;

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obriga-ções e responsabilidade dos dirigentes;

III - a remuneração do pessoal

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Este contrato de gestão pode ser assinado por qualquer órgão da administração direta ou entidade da indireta. Até mesmo empresas públicas e sociedades de economia mista podem ganhar maior autonomia por meio de tal instrumento, como está disposto na Lei de Responsabilidade Fiscal:

Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão em que se es-tabeleçam objetivos e metas de desempenho, na forma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e financeira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5º do art. 165 da Constituição.

A definição de empresa controlada está no art. 2º da LRF:

II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direi-to a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação;

Vimos que qualquer órgão ou entidade pode assinar contrato de gestão. Po-rém, nem todos receberão a qualificação de agência executiva, esta é conferi-da apenas para autarquias e fundações públicas que executem atividades exclusivas. Veremos as agências executivas a seguir.

Os contratos de gestão são instrumentos da gestão por resultados. A ideia é que o gestor responsável por determinado serviço público deve ter maior auto-nomia na gestão de sua organização, mas em troca deve se responsabilizar pelo alcance de resultados. A isso damos o nome de contratualização. Segundo o Ministério do Planejamento:

A contratualização de desempenho institucional na administração pública é um procedimento de ajuste de condições específicas no relacionamento en-tre órgãos e entidades públicos e privados, que envolve a pactuação de me-tas de desempenho para o exercício de atividade pública, orientadas ao alcance dos objetivos das políticas públicas. Em alguns casos, a contratuali-zação pode proporcionar flexibilidades e autonomias de gestão que simplifi-quem processos internos das instituições partícipes, em acordo com o estabelecido pelo art. 37, parágrafo 8º da Constituição Federal.

Na contratualização, os instrumentos contratuais que podem ser utilizados, em sua maioria, são os mesmos já praticados pela Administração Pública, entre-tanto, o foco e a forma de se construir o instrumento é que muda, já que se passa de uma visão anterior focada no processo (meio), para uma nova visão focada nos resultados (fins). Desse modo, abandona-se a tradicional forma de se avaliar os contratos e a prestação dos serviços somente pela correta utiliza-ção dos recursos, através da tradicional prestação de contas financeira. Agora esse não é mais um critério de avaliação do Contrato e dos serviços prestados.

Segundo Marcelo de Matos Ramos:

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Dentre as opções de reforma do serviço público que têm se verificado em todo o mundo, cresce, em popularidade, a experimentação em torno da as-sim chamada “contratualização”. Este movimento pode ser entendido como uma incorporação das críticas neoliberais em prol da necessidade de um comportamento empresarial autônomo em certas esferas de governo. De fato, a relação contratual estimula que as partes negociem um compromisso e assumam cada qual o seu papel sem demasiadas ambiguidades.

Na contratualização, avalia-se o cumprimento do contrato pela avaliação do alcance dos resultados pactuados, através da verificação quanto ao atingimen-to das metas previstas para os indicadores de desempenho. Segundo Abrúcio a criação de relações contratuais origina-se de três pressupostos.

���� O primeiro é de que numa situação de falta de recursos, como a atual, a melhor forma de aumentar a qualidade é introduzir relações contratuais de competição e de controle.

���� O segundo, quase como conseqüência do primeiro, é de que a forma con-tratual evita a situação de monopólio.

���� Por fim, o último pressuposto refere-se à maior possibilidade que os con-sumidores têm de controlar e avaliar o andamento dos serviços públicos a partir de um marco contratual.

Há uma diferença importante em relação aos dois tipos de contratos de gestão. Vamos ver uma questão:

6. (ESAF/ATRFB/2010) O contrato de gestão, quando celebrado com organizações

sociais, restringe a sua autonomia.

Aqui temos que tomar muito cuidado. Segundo o PDRAE:

As entidades que obtenham a qualidade de organizações sociais gozarão de maior autonomia administrativa, e, em compensação, seus dirigentes terão maior responsabilidade pelo seu destino.

O que o Plano Diretor queria era transformar fundações públicas em entidades privadas sem fins lucrativos. O termo transformar não é o mais correto, mas é usado pelo próprio Plano, por isso nas questões deve ser considerado certo. Haveria a extinção da fundação que executasse serviços não exclusivos, que seriam assumidos por uma OS. Como o PDRAE deixa claro, o objetivo era “lo-grar, assim, uma maior autonomia e uma consequente maior responsabilidade para os dirigentes desses serviços”. Nessa ótica, a questão deveria ser marca-da como errada, pois o contrato de gestão não restringiria a autonomia, o ob-jetivo é justamente o inverso.

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Porém, todavia, entretanto, contudo, a Senhora Maria Sylvia Zanella Di Pietro decidiu causar uma grande confusão, ao afirmar que:

O contrato de gestão, quando celebrado com entidades da Administração Indi-reta, tem por objetivo ampliar a sua autonomia; porém, quando celebrado com organizações sociais, restringe a sua autonomia, pois, embora entidades privadas, terão de se sujeitar a exigências contidas no contrato de gestão.

De certa forma a autora está certa, já que as entidades sem fins lucrativos poderiam prestar os serviços sem se restringir às regras do contrato de ges-tão, por isso ele limita sua autonomia. Mas isso é algo pequeno, muito menor perto do objetivo explícito do programa de publicização, que era tirar uma atividade de uma fundação pública, sujeita a uma série de regras de direito público, transferindo-a para uma entidade de direito privado.

Uma diferença que a doutrina cita acerca das Organizações Sociais e as OS-CIPs, que veremos melhor logo a seguir, é que as primeiras assumiriam um serviço prestado anteriormente pelo Estado, enquanto as últimas receberiam ajuda do Estado para prestarem um serviço que já vinham prestando anteri-ormente. Isso não saiu na Lei 9.637, que trata das OS, mas é assim que vem sendo empregado. Portanto, no caso das OS, o objetivo sempre foi ampliar a flexibilidade na gestão dos serviços públicos, ampliar a autonomia.

O problema é que, muitas vezes, as bancas repetem essa besteira, como acon-teceu nessa questão, que é certa.

Outra divergência que pode ser encontrada na doutrina refere-se à natureza jurídica do contrato de gestão. No primeiro tipo, celebrado com órgãos da ad-ministração direta e entidades da administração indireta, muitos autores criti-caram a figura do contrato, pois órgãos não têm personalidade jurídica própria e não poderiam celebrar contratos.

No segundo tipo, celebrado com as organizações sociais, apesar do instrumen-to jurídico receber a denominação de contrato, a Lei 9.637/1998 aborda a re-lação do poder público com as organizações sociais como uma forma de parceria, em que o Estado realiza uma forma de fomento de atividades de inte-resse público. Segundo a norma:

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o ins-trumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como orga-nização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1º.

Por conseguinte, não estaria presente no contrato de gestão a contraposição de interesses, típica dos contratos em geral, mas sim os interesses recíprocos, que caracaterizam os instrumentos de parceria, como os convênios.

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b) Agências Executivas

O Plano Diretor não falava ainda em Agências Executivas, mas sim em Agências Autônomas, que constituía um projeto básico voltado para a dimensão da gestão. Segundo o Plano:

A responsabilização por resultados e a conseqüente autonomia de gestão inspiraram a formulação deste projeto, que tem como objetivo a transforma-ção de autarquias e de fundações que exerçam atividades exclusivas do Es-tado, em agências autônomas, com foco na modernização da gestão.

Segundo a Lei 9.649/98:

Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autar-quia ou fundação que tenha cumprido os seguintes requisitos:

I - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institu-cional em andamento;

II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.

§ 1º A qualificação como Agência Executiva será feita em ato do Presidente da República.

Como podemos ver no art. 51, a concessão do status de Agência Executiva depende do preenchimento de dois requisitos pela entidade:

���� A celebração de contrato de gestão com o Ministério Supervisor;

���� A existência de um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvi-mento institucional, voltado para a melhoria da qualidade de gestão e pa-ra a redução de custos, já concluído ou em andamento.

As agências executivas teriam uma maior autonomia em três áreas, basicamente:

���� Orçamento e finanças;

���� Gestão de recursos humanos;

���� Serviços gerais e contratação de bens e serviços.

É o mesmo tripé da implantação da administração burocrática no Brasil pelo DASP. No que se refere ao aspecto orçamentário-financeiro, pretendia-se que as Agências Executivas tivessem seu orçamento disposto de uma forma mais agregada, com os recursos alocados em apenas um projeto ou sub-atividade, respeitada a distinção entre os grupos de despesa (pessoal e outros custeios e capital). Haveria maior discricionariedade na aplicação dos recursos.

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Em relação à gestão de recursos humanos, buscava-se uma relação com os servidores baseada no desempenho e no mérito, com a definição de mecanismos financeiros de reconhecimento, como, por exemplo, a concessão de formas de bonificação por desempenho.

Quanto à gestão dos serviços gerais e contratação de bens e serviços, o objetivo era dotar as Agências Executivas de um mínimo essencial de autonomia de gestão. A concessão de um limite diferenciado de dispensa de licitação para contratação de serviços, compras e obras de engenharia, como dispõe o art. 24 da Lei 8.666:

Parágrafo único. Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput deste arti-go serão 20% (vinte por cento) para compras, obras e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de economia mista, empresa pública e por au-tarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas.

c) Organizações Sociais

O segundo tipo de contrato de gestão existente é o assinado com entidades de direito privado que recebem a qualificação de Organizações Sociais. A definição deste tipo de contrato de gestão está na Lei 9.637 de 1998:

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o ins-trumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como orga-nização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1º.

O contrato de gestão é um contrato de parceria, que busca conceder fomento para que as OS prestem serviços públicos. O Plano Diretor definiu Organiza-ções Sociais como entidades de direito privado que, por iniciativa do Executivo, obtêm autorização legislativa para celebrar contrato de gestão com esse poder, e assim ter direito à dotação orçamentária. Segundo a Lei 9.637/2000:

Art. 1º O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pes-soas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.

O objetivo maior do Projeto Organizações Sociais e Publicização era permitir a descentralização de atividades no setor de prestação de serviços não exclusivos, nos quais não existe o exercício do poder de Estado, a partir do pressuposto que esses serviços serão mais eficientemente realizados se, mantendo o financiamento do Estado, forem realizados pelo setor público não-

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estatal. Seriam extintas fundações públicas ou outras entidades que desempenhassem atividades não exclusivas e estas atividades seriam assumidas por entidades de direito privado sem fins lucrativos que receberiam ajuda do Poder Público para prestarem serviços públicos.

Segundo a Maria Sylvia Zanella Di Pietro, as organizações sociais não são uma nova figura jurídica, mas apenas uma qualificação especial conferida a determinadas pessoas jurídicas da iniciativa privada, sem fins lucrativos, mediante o preenchimento de certos requisitos legais.

Não integram a Administração Direta nem a Indireta, nem são delegatárias de serviço público, pois prestam serviços não exclusivos do Estado. Devemos considerar as organizações sociais como pessoas jurídicas de direito privado que realizam, em seu próprio nome, atividades de interesse coletivo não-privativas de certa pessoa política, e que, portanto, podem ser desempenhadas independentemente de delegação.

Poderíamos entender que, no caso das OS, a responsabilização por resultados ocorre em troca da ajuda que o Poder Público concede a entidade de direito privado, ajuda esta que recebe o nome de fomento. A Lei 9.637/98 define as seguintes modalidades de fomento para as OS:

Art. 11. As entidades qualificadas como organizações sociais são declaradas como entidades de interesse social e utilidade pública, para todos os efeitos legais.

Art. 12. Às organizações sociais poderão ser destinados recursos orçamen-tários e bens públicos necessários ao cumprimento do contrato de gestão.

§ 3º Os bens de que trata este artigo serão destinados às organizações so-ciais, dispensada licitação, mediante permissão de uso, consoante cláusula expressa do contrato de gestão.

Art. 14. É facultado ao Poder Executivo a cessão especial de servidor para as organizações sociais, com ônus para a origem.

Um ponto que gera confusão e que devemos tomar cuidado é que o Plano Diretor fala que as fundações públicas seriam transformadas em OS.

Objetivos para os Serviços Não-exclusivos:

Transferir para o setor público não-estatal estes serviços, através de um programa de “publicização”, transformando as atuais fundações públicas em organizações sociais, ou seja, em entidades de direito privado, sem fins lu-crativos, que tenham autorização específica do poder legislativo para cele-brar contrato de gestão com o poder executivo e assim ter direito a dotação orçamentária.

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O que ocorre na realidade é que a fundação pública é extinta e a OS absorve as suas atividades. Mas, para fins de concurso, devemos considerar como correto o uso do termo “transformação”.

A qualificação da entidade privada como OS é um ato separado do contrato de gestão, anterior a ele. Aqui temos uma diferença em relação às agências executivas. Para estas, a assinatura do contrato de gestão é condição para receberem a qualificação, ou seja, o contrato vem antes. No caso das OS a qualificação que é condição, é anterior ao contrato.

A qualificação como ocorre mediante decreto do Presidente da República, e só poderá ocorrer se:

II - haver aprovação, quanto à conveniência e oportunidade de sua qualifi-cação como organização social, do Ministro ou titular de órgão supervisor ou regulador da área de atividade correspondente ao seu objeto social e do Mi-nistro de Estado da Administração Federal e Reforma do Estado.

Conveniência e oportunidade são aspectos da discricionariedade do gestor público, ou seja, a qualificação de uma OS não é ato vinculado – mesmo que a entidade que deseje se qualificar preencha todos os requisitos previstos em lei, o governo pode negar sua qualificação. O MARE foi extinto e suas atribuições foram incorporadas pelo Ministério do Planejamento. Assim, a aprovação da qualificação cabe hoje ao ministro da área de atividade e ao Ministro do Planejamento.

A questão da discricionariedade na qualificação é um dos pontos polêmicos acerca das OS e que está sendo abordada no ADIn 1.923/DF, no Supremo Tribunal Federal, que questiona toda a legalidade do modelo. Ela é de 1998, mas até hoje somente dois ministros se posicionaram. Segundo o voto do Ministro Luiz Fux:

A atribuição de título jurídico de legitimação da entidade através da qualifi-cação configura hipótese de credenciamento, no qual não incide a licita-ção pela própria natureza jurídica do ato, que não é contrato, e pela inexistência de qualquer competição, já que todos os interessados podem alcançar o mesmo objetivo, de modo includente, e não excludente.

Portanto, a qualificação como OS seria uma forma de credenciamento, em que todos os interessados que preenchessem os requisitos deveriam receber a qualificação. Como todos deveriam receber a qualificação, não há competição e não haveria possibilidade de realização de licitação para a escolha de quais seriam qualificadas.

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Essa discricionariedade prevista na lei é apontada como inconstitucional pelo Procurador-Geral e pelo Relator da ADIn, o ministro Carlos Ayres Britto. Segundo o primeiro:

A qualificação, por sua vez, por fazer parte fundamental do processo de ha-bilitação, se for enquadrada pelo ângulo republicano, para que dê chances a absolutamente todos os interessados em atuar na arena pública, deve ser compreendida como um ato vinculado do administrador, o que faz cair a expressão 'quanto à conveniência e oportunidade de sua qualificação como organização social' do inciso II do art. 2º da Lei 9.637/98.

Outra divergência existente em relação às OS refere-se à necessidade ou não de licitação para escolha da entidade que irá celebrar o contrato de gestão. Segundo a Lei 8.666/1993.

Art. 24. É dispensável a licitação:

XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as or-ganizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de go-verno, para atividades contempladas no contrato de gestão.

Portanto, quando o governo quiser contratar das OS serviços referentes às atividades previstas no contrato de gestão, não será necessária a realização de licitação. Esse inciso tem uma redação muito confusa, ele dá a entender que a contratação de serviços previstos no contrato de gestão teriam a licitação dispensada. Ele não fala que para a escolha da OS para celebração do contrato de gestão também não seria necessária a licitação, mas é assim que o dispositivo tem sido usado. Os entes governamentais justificam a dispensa de licitação na escolha da entidade sem fins lucrativos para celebração do contrato de gestão com base nesse inciso XXIV.

Os ministros do STF entendem como desnecessária a licitação, mas deve haver um processo seletivo objetivo, realizado por meio de chamamento público. Segundo Carlos Ayres Britto:

Noutros termos, é de se proceder a um chamamento público, com regras ob-jetivas, para que, de todas as organizações sociais com atuação na área em que pretende agir o Poder Público por modo emparceirado com o setor priva-do, seja convocada aquela de maior aptidão para vitalizar a atividade que, em princípio, demandaria atuação estatal por sua exclusiva conta e risco.

Porém, lembrem-se que a legislação não especifica nenhum tipo de processo seletivo para a escolha da entidade.

Um terceiro ponto de polêmica é a necessidade de que as OS realizem ou não licitação. Segundo a Lei 9.637/1998:

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Art. 17. A organização social fará publicar, no prazo máximo de noventa di-as contado da assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio con-tendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e servi-serviços, bem como para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público.

Portanto, elas não se submeteriam as regras da Lei 8.666/93, mas sim a um regulamento próprio. No entanto, em 2005 foi editado o Decreto 5.504, que dispôs que:

Art. 1° Os instrumentos de formalização, renovação ou aditamento de con-vênios, instrumentos congêneres ou de consórcios públicos que envolvam repasse voluntário de recursos públicos da União deverão conter cláusula que determine que as obras, compras, serviços e alienações a serem reali-zadas por entes públicos ou privados, com os recursos ou bens repassados voluntariamente pela União, sejam contratadas mediante processo de licita-ção pública, de acordo com o estabelecido na legislação federal pertinente.

§ 5° Aplica-se o disposto neste artigo às entidades qualificadas como Orga-nizações Sociais, na forma da Lei no 9.637, de 15 de maio de 1998, e às entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, na forma da Lei no 9.790, de 23 de março de 1999, relativamente aos recursos por elas administrados oriundos de repasses da União, em face dos respectivos contratos de gestão ou termos de parceria.

Assim, tanto as OS como as OSCIP, que veremos logo a seguir, teriam que realizar licitação prévia segundo as regras da legislação federal. No entanto, Decreto não é instrumento suficiente para alterar ou revogar lei, por isso a Lei 9.637 continua válida. O TCU julgou caso que envolvia esta confusão e decidiu:

Acórdão 1.777/2005

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1 adotar, para fins de fiscalização deste Tribunal e orientação dos órgãos e entidades da Administração Pública, as seguintes conclusões:

9.1.1. as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público - Oscips, contratadas pela Administração Pública Federal, por intermédio de Termos de Parceria, submetem-se ao Regulamento Próprio de contratação de obras e serviços, bem como para compras com emprego de recursos prove-nientes do Poder Público, observados os princípios da legalidade, impessoa-lidade, moralidade, publicidade, economicidade e da eficiência, nos termos do art. 14, c/c o art. 4º, inciso I, todos da Lei 9.790/99;

9.1.2. não se aplicam aos Termos de Parceria celebrados entre a Adminis-tração Pública Federal e as Oscips as normas relativas aos Convênios, espe-cificamente a IN 01/97-STN;

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Portanto, na visão do TCU, OSCIP ainda se submeteriam a regulamento pró-prio. Eu entendo que a mesma visão seria aplicada às Organizações Sociais. Porém, o Acórdão 601/2007 – 2ª Câmara definiu que as Organizações Sociais submetem-se às normas gerais de licitações e contratos e devem utilizar o pregão para aquisição de bens e serviços comuns. Há toda uma análise dife-renciando as OS das OSCIPs para justificar porque não seguiram o entendi-mento do Acórdão de 2005 .

O Acórdão de 2005 foi proferido pelo Plenário, ou seja, a partir da discussão entre todos os ministros. Já este último por uma das Câmaras, na qual se reu-nem uma quantidade menor de ministros, que, no caso, tinham essa visão mais conservadora. Acredito que, se a questão for levada ao Plenário nova-mente, seria decidido que as OS não precisam realizar licitação, como vem ocorrendo na prática em todo o país.

Ainda em 2007 tivemos a publicação do Decreto 6.170, que regula os convê-nios, que dispõe que:

Art. 11. Para efeito do disposto no art. 116 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a aquisição de produtos e a contratação de serviços com recursos da União transferidos a entidades privadas sem fins lucrativos deverão ob-servar os princípios da impessoalidade, moralidade e economicidade, sendo necessária, no mínimo, a realização de cotação prévia de preços no merca-do antes da celebração do contrato.

d) Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)

As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público são muito semelhan-tes as OS. São pessoas jurídicas de direito privado sem fins lucrativos que recebem uma qualificação do Poder Público para receber fomento na prestação de atividades de interesse público.

A qualificação das OSCIP se dará por meio de termo de parceria, que é equiva-lente ao contrato de gestão assinado com as OS. Assim como as OS, as OSCIP não representam uma nova espécie de pessoa jurídica. São apenas entidades privadas que recebem do Estado uma especial qualificação, mediante a assina-tura de um instrumento legalmente denominado termo de parceria. Segundo a Lei 9.790/99.

Art. 9° Fica instituído o Termo de Parceria, assim considerado o instrumento passível de ser firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público destinado à formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a execução das atividades de interesse público previstas no art. 3° desta Lei.

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Algumas das cláusulas essenciais do termo de parceria são:

I - a do objeto, que conterá a especificação do programa de trabalho pro-posto pela Organização da Sociedade Civil de Interesse Público;

II - a de estipulação das metas e dos resultados a serem atingidos e os res-pectivos prazos de execução ou cronograma;

III - a de previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desem-penho a serem utilizados, mediante indicadores de resultado;

Podemos ver que o termo de parceria é mais um instrumento de contratualização, prevendo metas e indicadores de desempenho.

Vimos que a Lei 9.637/98 estabelece os tipos de fomentos possíveis para as OS. Já a Lei 9.790/99, que rege as OSCIP, não especificou as modalidades de fomento, restringindo-se a menções genéricas quanto a bens e recursos públicos. Deste modo, aplicam-se a essas entidades as modalidades comuns de fomento, aplicáveis a todas as entidades paraestatais, como:

���� Dotação de recursos orçamentários

���� Permissão de uso gratuito de bens públicos

���� Concessão de incentivos fiscais e creditícios.

A Lei 9.790/1999 traz a definição de pessoa jurídica sem fins lucrativos:

§ 1º Para os efeitos desta Lei, considera-se sem fins lucrativos a pessoa jurí-dica de direito privado que não distribui, entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados ou doadores, eventuais excedentes ope-racionais, brutos ou líquidos, dividendos, bonificações, participações ou par-celas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplica integralmente na consecução do respectivo objeto social.

Portanto, a entidade até pode ter lucro, mas deve revertê-lo para seu patrimônio, sem haver qualquer tipo de distribuição para sócios. O art. 4º da Lei 9.790 determina que os estatutos das pessoas jurídicas interessadas em se qualificar como OSCIP devem dispor, entre outras coisas, sobre:

VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entida-de que atuem efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região correspondente a sua área de atuação;

Assim, apenas aqueles que estejam efetivamente envolvidos com na atividade da OSCIP podem receber remuneração.

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Vimos que a qualificação das OS se insere no poder discricionário dos Ministros, que podem não aprová-la, mesmo que a entidade preencha todos os requisitos. Já no caso das OSCIP, a qualificação é ato vinculado:

§ 2º A outorga da qualificação prevista neste artigo é ato vinculado ao cumprimento dos requisitos instituídos por esta Lei.

22.. QQuueessttõõeess CCoommeennttaaddaass

1. (ESAF/STN/2013) Considerando que o termo governança em sentido amplo pode ser definido como um processo complexo de tomada de decisão que antecipa e ultrapassa o governo, os aspectos comumente relacionados a este termo são os seguintes, exceto:

a) legitimidade do espaço público em constituição.

b) estabelecimento de redes e mecanismos de coordenação.

c) gestão das interações e das interdependências que sempre produzem sis-temas alternativos de regulação.

d) repartição do poder entre aqueles que governam e os que são governa-dos.

e) descentralização da autoridade e das funções ligadas ao ato de governar.

Segundo Milani Solinís:

Já a literatura acadêmica sobre a governança define-a grosso modo como um processo complexo de tomada de decisão que antecipa e ultrapassa o governo. Os aspectos freqüentemente evidenciados nessa literatura sobre a governança (ver quadro) estão relacionados: à legitimidade do espaço pú-blico em constituição [a]; à repartição do poder entre aqueles que gover-nam e aqueles que são governados [d]; aos processos de negociação entre os atores sociais (os procedimentos e as práticas, a gestão das interações e das interdependências que desembocam ou não em sistemas alternativos de regulação [c], o estabelecimento de redes e os mecanismos de coorde-nação [b]); e à descentralização da autoridade e das funções ligadas ao ato de governar [e].

Podemos ver que a letra “A” associa a governança com a legitimidade e não está errada, dentro da nova visão de governança que vimos na aula.

Gabarito: C.

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2. (ESAF/CGU/2012) Sobre redes de políticas públicas, não é correto afir-mar que:

a) surgem no âmbito da reforma gerencial do Estado, quando se buscou im-plementar inovações na administração pública que promovessem a eficácia e a eficiência das ações governamentais.

b) são sujeitas aos efeitos causados pela assimetria informacional entre seus membros.

c) demandam uma estrutura de coordenação e prestação de contas que leve em consideração as interdependências existentes.

d) possuem estruturas polimórficas, que podem ser representadas por um conjunto de nós e vínculos que indicam, entre outros aspectos, a possível presença de capital social nas transações.

e) são instrumento analítico fundamental para caracterizar as relações intergovernamentais nas políticas sociais brasileiras.

A letra “A” foi dada como errada, vimos na aula.

A letra “B” é certa. As redes também apresentam problemas de assimetria de informações, em que um agente possui informações das quais os outros atores não têm conhecimento.

A letra “C” é certa. As redes têm como característica a interdependência, ou seja, cada um necessita do outro para o atingimento dos resultados. A coorde-nação dos atores precisa levar em consideração essa interdependência. O mesmo vale para a prestação de contas, pois o alcance dos resultados não é decorrente da ação de apenas um ator, mas da sua atuação em conjunto com os demais.

A letra “D” é certa. Poliformismo significa “várias formas”, ou seja, nas redes não há uma única forma de organização, elas variam em cada caso, depen-dendo dos atores. As redes também são chamadas de estruturas reticulares ou policêntricas. Reticulado se refere a qualquer coisa que tenha o formato de rede. Policêntrica porque a rede não possui um centro único, não há uma hie-rarquia estabelecida.

O capital social corresponde aos ganhos advindo das relações de confiança entre os atores de determinada sociedade que trabalham de forma colaborati-va. Assim, uma sociedade em que as pessoas colaboram entre si, atuando em redes, teria maior capital social.

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A letra “E” é certa. As redes são importantíssimas nas políticas sociais. Segun-do Sônia Maria Fleury Teixeira:

A complexidade dos problemas sociais, a diversidade de atores e interesses em conflitos envolvidos, a crescente mobilização da sociedade civil cobrando atenção diferenciada que respeite as diferenças sociais, a organização de um setor não-governamental que atua cada vez mais no campo das políti-cas sociais e o aumento da ação social das empresas, são fatores que im-pulsionam e explicam o florescimento das redes de políticas sociais.

Gabarito: A.

3. (ESAF/CGU/2012) O surgimento de um conceito como o de governança supõe uma mudança na forma de atuar do poder público. Assinale abaixo com que tipo de ações esta mudança está relacionada.

a) Ações que garantam, por parte do poder público, com amplo respaldo po-pular.

b) A definição de políticas públicas universais.

c) Modificar as relações entre o Estado e a Sociedade Civil para dividir as responsabilidades na execução das políticas públicas.

d) Ações que permitam governar de forma cooperativa, com instituições pú-blicas e não públicas, participando e cooperando na definição e execução das políticas públicas.

e) Ações que garantam o controle dos processos políticos, por parte do poder público, com medidas periódicas de prestação de contas aos cidadãos.

A letra “A” é errada. Não dá nem para saber o que ela quer dizer, pois foi mui-to mal escrita. São ações que garantam o quê? Faltou o objeto direto do verbo garantir. Parece que o “ctrl+c e ctrl+v” deu algum problema. O respaldo popu-lar tem sido um aspecto importante na governança, aqui a alternativa é certa.

A letra “B” é errada. A definição de políticas universais não é algo inerente ao conceito de governança. O estado também pode promover políticas focalizadas dentro da governança.

A letra “C” foi dada como errada, mas é certa. Na governança o Estado atua em conjunto com a sociedade civil, que passa a ter mais responsabilidade também nas políticas públicas. Por isso que se fala tanto que as redes apre-sentam problemas de accountability, pois a responsabilidade é compartilhada.

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A letra “D” é certa. É a visão da governança pública como atuação conjunta do Estado com o mercado e o terceiro setor.

A letra “E” é errada, a governança pressupõe a participação popular, ou seja, o Estado deixa de ter o controle dos processos políticos, as discussões ocorrem de forma mais aberta e democrática.

Gabarito: D.

4. (ESAF/SEFAZ-RJ/2010) Sobre a Parceria Público-Privada (PPP), assinale a opção correta.

a) São modalidades de PPP a concessão patrocinada e a concessão de uso.

b) É possível que o objeto do contrato de PPP seja atividade regulatória.

c) A modalidade de licitação para a PPP é a concorrência, não se admitindo, portanto, a realização de lances em viva voz no processo licitatório.

d) O prazo de vigência do contrato de PPP pode ser de até quarenta anos.

e) Antes da celebração do contrato de PPP, deverá ser constituída sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.

A letra “A” é errada, é concessão patrocinada e administrativa.

A letra “B” é errada, a atividade regulatória é exclusiva de Estado, indelegável.

A letra “C” é errada. Segundo a Lei 11.079/2004:

Art. 10. A contratação de parceria público-privada será precedida de licita-ção na modalidade de concorrência, estando a abertura do processo licitató-rio condicionada a:

Art. 12. O certame para a contratação de parcerias público-privadas obede-cerá ao procedimento previsto na legislação vigente sobre licitações e con-tratos administrativos e também ao seguinte:

III – o edital definirá a forma de apresentação das propostas econômicas, admitindo-se:

a) propostas escritas em envelopes lacrados; ou

b) propostas escritas, seguidas de lances em viva voz;

A letra “D” é errada. Segundo a Lei:

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I – o prazo de vigência do contrato, compatível com a amortização dos in-vestimentos realizados, não inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos, incluindo eventual prorrogação;

A letra “E” é certa. Segundo a Lei:

Art. 9º Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.

§ 2º A sociedade de propósito específico poderá assumir a forma de compa-nhia aberta, com valores mobiliários admitidos a negociação no mercado.

Gabarito: E.

5. (ESAF/APO-MPOG/2010) Acerca da contratualização de resultados, pela administração pública, é correto afirmar:

a) segundo alguns doutrinadores do Direito Administrativo, o Contrato de Gestão não seria o termo adequado para a pactuação entre órgãos da admi-nistração direta.

b) como área temática, a contratualização de resultados tem por objetivo maior a redução das amarras burocráticas impostas à administração direta.

c) o Contrato de Gestão, quando firmado com OSCIPs, prescinde do estabe-lecimento de padrões de desempenho.

d) a contratualização de resultados nada mais é que um dos processos de terceirização preconizados pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Es-tado, de 1995.

e) o Termo de Parceria, quando firmado com Organizações Sociais, obriga ao estabelecimento de padrões de desempenho.

A letra “A” é certa, para alguns autores os órgãos públicos, por não possuírem personalidade jurídica, não poderiam assinar contratos, assumir obrigações.

A letra “B” é errada, o objetivo maior é o alcance de resultados. A autonomia é um meio para isso. E não é só para a administração indireta.

A letra “C” é errada, o contrato de gestão é firmado com as organizações soci-ais, as OSCIPs firmam termo de parceria.

A letra “D” é errada, contratualização não tem nada de terceirização.

A letra “E” é errada, termo de parceria é com as OSCIPs.

Gabarito: A.

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6. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) Comportando a interação de estruturas des-centralizadas e modalidades inovadoras de parcerias entre estatais e organi-zações sociais ou empresariais, a abordagem de redes de políticas públicas se constitui em uma recente tendência da administração pública em nosso país. Sua proliferação, porém, acarreta vantagens e desvantagens à sua gestão. Como desvantagem, podemos citar o fato de que as redes:

a) propiciam o desenvolvimento de uma gestão adaptativa.

b) garantem a presença pública sem a necessidade de criação ou aumento de uma estrutura burocrática.

c) possibilitam a definição de prioridades de uma maneira mais democrática.

d) dificultam a prestação de contas dos recursos públicos envolvidos, por envolver numerosos atores governamentais e privados.

e) garantem a diversidade de opiniões sobre o problema em questão, por envolverem mais atores.

Questão tirada do texto de Sonia Maria Fleury Teixeira, que vimos na aula e que está na leitura sugerida. Só há uma alternativa com uma coisa ruim, que é a letra “D”. As demais alternativas são certas, mas são vantagens das redes.

Gabarito: D.

7. (ESAF/ANA/2009) Como instrumento gerencial contemporâneo, é cor-reto afirmar sobre os mecanismos de rede:

a) seu pressuposto básico é o da articulação conjunta entre as organizações, visando ao compartilhamento de recursos, exceto o acesso ao know-how, que deve ser mantido em sigilo.

b) as redes podem ser compreendidas como a formação de relações interor-ganizacionais segundo uma perspectiva econômica e mercadológica.

c) as redes são vistas como uma forma rígida e centralizada de governança.

d) a redução dos custos de transação é a única causa da emergência das redes organizacionais.

e) embora seja um espaço plural, onde coexistem diferentes agentes, a rede organizacional se caracteriza pela unicidade de capital e de interesses corporativos.

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A letra “A” é errada, o acesso ao know-how (conhecimento), é sim importante. Um dos maiores princípios da rede é justamente o compartilhamento.

A letra “B” é certa. Temos as redes intraorganizacionais e as interorganizacio-nais. Estas são formadas com o objetivo de aumentar a competitividade da empresa por meio da cooperação como forma de dispor de vantagens que a empresa não conseguiria sozinha.

A letra “C” é errada, elas são flexíveis e descentralizadas.

A letra “D” é errada. Custos de transação estão relacionados com a negociação e os contratos entre duas empresas. Eles não se relacionam com os gastos provenientes de uma produção em si, mas estão ligados aos custos decorren-tes da negociação de contratos no mercado entre os agentes econômicos. De acordo com JL Pondé, J Fagundes, M Possas, a teoria dos custos de transação demonstra que movimentos de integração vertical e práticas contratuais que organizam as interações dos agentes nos mercados geram inovações instituci-onais que buscam gerar ganhos de eficiência. Porém, este não é o único fator que fomentou a formação de redes, há outras questões mais importantes, como a complementaridade.

A letra “E” é errada, são diversos interesses e capitais.

Gabarito: B.

8. (ESAF/EPPGG-MPOG/2008) Sobre a gestão de redes no setor público, é correto afirmar que:

a) tornam a ação pública mais facilmente gerenciável, visto que reduzem os obstáculos para o controle e coordenação das interdependências.

b) são constituídas a partir de critérios explícitos e universais de participa-ção, o que reduz consideravelmente a concentração das decisões nas mãos de uma elite.

c) estabelecem metas compartilhadas e preenchem os vazios estruturais existentes na administração pública.

d) são conduzidas a partir de instrumentos de gestão estratégica amplamen-te aceitos, advindo de um vasto acervo de estudos sobre modelos de com-portamento inter-organizacional.

e) preconiza a existência de uma gerência social adaptativa para elevar a eficácia das políticas públicas que lidam com problemas de grande complexidade em contextos de instabilidade institucional e turbulência política.

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Está questão também foi tirada do texto da Sônia Maria Fleury Teixeira. Vimos algumas características limitadoras da eficácia das redes, entre elas:

As dificuldades de controle e coordenação das interdependências tende a gerar problemas gestão das redes.

Portanto, como os diversos atores são interdependentes, têm uma autonomia grande, é difícil coordená-los, por isso que a gestão das redes está longe de ser algo simples. A letra “A” é errada.

Outra das características limitadoras da eficácia das redes é:

Os critérios para participação na rede não são explícitos e universais e po-dem provocar marginalização de grupos, instituições, pessoas e mesmo re-giões, podendo deixar a política apenas nas mãos de uma elite;

Portanto, a letra “B” é errada porque os critérios não são explícitos e univer-sais, permitindo que alguns grupos se apoderem da política.

Mais uma característica limitadora da eficácia das redes:

As metas compartilhadas não garantem a eficácia no cumprimento dos ob-jetivos já que as responsabilidades são muito diluídas;

Eu considero que as redes preenchem sim alguns vazios estruturais da admi-nistração pública. Lembram-se do governo empreendedor que amplia sua ação porque, ao catalisar outros grupos da sociedade, chega onde não conseguia chegar antes? Para mim, aqui são preenchidos sim vazios. É óbvio que não todos. Por isso não concordo tanto com esta questão, já que apesar das metas compartilhadas não garantirem a eficácia no cumprimento dos objetivos, as redes preenchem sim alguns vazios. Mas a letra “C” é errada.

Se fosse dessa forma seria fácil gerencial uma rede. Contudo, elas são muito difíceis de serem administradas, justamente porque não existe instrumentos amplamente aceitos, nem tantos estudos assim. A letra “D” é errada.

Aqui temos uma das possíveis soluções apontadas pela Sônia Fleury:

É necessário a introdução de uma gerência social adaptativa para tornar efi-cazes políticas que enfrentam problemas de elevada complexidade e que se desenvolvem em contexto de alta turbulência política e instabilidade institu-cional. A não separação entre formulação e implementação das políticas as-sim como a introdução de mecanismos de monitoramento das políticas sociais são requisitos para o desenvolvimento da imprescindível aprendiza-gem institucional.

A letra “E” é certa.

Gabarito: E.

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9. (ESAF/EPPGG-MPOG/2008) Entre os pressupostos das novas aborda-gens sobre governança no setor público, destacam-se:

I. o crescimento da complexidade nas relações entre governo e sociedade;

II. a expansão da influência dos organismos internacionais e das comunida-des locais nos processos de formação, implementação e avaliação de políti-cas públicas;

III. a possibilidade de existência de múltiplos modelos de governança no se-tor público, ao invés de um sistema burocrático único e centralizado;

IV. a importância da teoria dos sistemas, especialmente a cibernética, como fundamento conceitual para formulação de políticas públicas;

V. a crescente importância do papel das redes inter-organizacionais.

Estão corretas:

a) As afirmativas I, II, III, IV e V.

b) Apenas as afirmativas I, II, III e V.

c) Apenas as afirmativas I, II e III.

d) Apenas as afirmativas II, III e V.

e) Apenas as afirmativas I, II e IV.

A governança pode ser interna ou externa. Internamente, refere-se a gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros. Externamente, envolve a atua-ção conjunta com outros órgãos e as entidades sem fins lucrativos na imple-mentação das políticas públicas. A afirmação I é certa porque as relações do Estado com a sociedade são cada vez mais complexas. Formam-se as redes de políticas públicas, que são também chamadas de redes de governança.

A afirmação II é certa porque há uma participação maior tanto de organismos internacionais, muitas vezes como financiadores de políticas públicas e proje-tos sociais, e das comunidades locais.

A afirmação III é certa. A gestão deve ser adaptativa. Não existe um único modelo ideal para todas as situações.

A afirmação IV é errada. É correto que há importância da teoria de sistemas, mas essa não se refere a sistemas de informática. Segundo Richard Daft:

Um sistema é um conjunto de partes inter-relacionadas que funcionam co-mo um todo para alcançar um propósito comum.

Quando analisamos a organização sob o ponto de vista da Teoria dos Siste-mas, devemos dar atenção não somente aos seus elementos, como também a

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interação entre eles. Nenhuma parte da organização pode ser compreendida se não olharmos para a relação desta parte com as outras.

Os sistemas funcionam a partir da aquisição de entradas (inputs) no ambiente externo. Após transformá-las de alguma maneira, elas são liberadas novamen-te para o ambiente externo na forma de saídas (outputs), como, por exemplo, os produtos, ou as políticas públicas no caso do setor público.

Alguns conceitos dessa teoria foram importantes para o pensamento adminis-trativo. Um deles é a diferença entre os sistemas abertos e os fechados. En-quanto os primeiros precisam do ambiente para sobreviverem, os últimos não. Na perspectiva clássica, as organizações eram vistas como sistemas fechados. Contudo, todas as organizações são sistemas abertos. Ao ignorar o ambiente, podemos chegar ao fracasso.

A afirmação V é certa. As redes entre organizações são cada vez mais impor-tantes. O Estado não atua mais isoladamente, é preciso coordenação com ou-tros atores.

Gabarito: B.

10. (ESAF/PSS/2008) Uma característica central das políticas públicas, es-pecialmente das políticas sociais vigentes no Brasil, até os anos 1980, era a exclusão da sociedade civil dos processos de formulação e implementação, bem como do controle da ação governamental. Ao longo da redemocratiza-ção, aos poucos, foram-se redefinindo agendas e se constituindo novos ar-ranjos de políticas públicas. Sobre essa temática, assinale o enunciado incorreto.

a) As parcerias abrangem diversos arranjos, sendo comum a todos eles a co-responsabilização dos diferentes participantes pela política e por seus re-sultados.

b) Um arranjo que conta com várias experiências no país são os consórcios intermunicipais, em que vários municípios se reúnem em torno de objetivos comuns e procuram formular, conjuntamente, planos para enfrentar proble-mas que ultrapassam suas capacidades individuais.

c) Uma forma de parceria, já experimentada em diversas oportunidades, consiste em iniciativas de governos municipais que procuram aliados nas es-feras mais abrangentes de governo e, de outro, programas locais articulados a políticas estaduais ou federais.

d) Existem arranjos nos quais, sob a direção de uma entidade governamen-tal, vários projetos podem-se estruturar em redes de entidades e institui-

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ções privadas, articuladas em torno de um problema de interesse público, cujo enfrentamento ultrapassa a capacidade de ação isolada do Estado.

e) Um outro arranjo bastante frequente consiste na organização de associações privadas funcionais, não competitivas, reconhecidas pelo Estado como representantes dos interesses de um grupo, que atuam direta ou indiretamente na formulação e implementação de políticas públicas.

Questão copiada do texto “Parcerias, Novos Arranjos Institucionais e Políticas Públicas Locais”, de Marta Ferreira Santos Farah, disponível em:

http://www.eaesp.fgvsp.br/subportais/ceapg/Acervo%20Virtual/Cadernos/Cadernos/Cad18.pdf

A letra “A” é certa. Segundo o texto:

A articulação entre governos municipais e entre diferentes esferas de go-verno assinala a possibilidade de estabelecimento de um novo tipo de vín-culo intergovernamental, distinto do que vinha caracterizando as políticas sociais no país – marcando ora pelo clientelismo ou pelo predomínio da atri-buição aos municípios da função de meros executores - sem voz - de políti-cas federais. Neste novo vínculo – de parceria - há uma co-responsabilização pela política e seus resultados, ainda que a cada um dos participantes possam caber papéis diferenciados ao longo do processo de implementação das políticas.

A letra “B” é certa, segundo o texto:

Com relação, por sua vez, à articulação entre governos de diferentes muni-cípios, já são várias as experiências no país do tipo consórcio intermunici-pal, em que vários municípios se reúnem em torno de objetivos comuns, procurando formular, de forma conjunta, planos para enfrentamento de questões que ultrapassam a capacidade de resolução de um município iso-lado.

A letra “C” é certa, segundo o texto:

Outro aspecto que se destaca em programas recentes promovidos por go-vernos municipais consiste no estabelecimento de vínculos de parceria com outros níveis de governo e com governos de outros municípios. Como visto anteriormente, no modelo anterior de provisão de serviços públicos e de promoção de políticas sociais, a esfera local tendia a ser mera executora de programas federais. Em iniciativas recentes, identificam-se, de um lado, ini-ciativas de governos municipais que procuram aliados nas esferas mais abrangentes de governo e, de outro, programas locais articulados a políticas estaduais ou federais.

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A letra “D” é certa, segundo o texto:

Embora sob direção de uma entidade governamental, vários projetos se es-truturam como redes de entidades e instituições, mobilizadas e articuladas em torno de um problema de interesse público, cujo enfrentamento ultra-passa a capacidade de ação isolada do Estado - seja por limites financeiros ou técnicos, seja pelo maior grau de imersão no problema que uma ação coordenada permite.

A letra “E” é errada, traz a definição de neocorporativismo:

No sistema neocorporativista os interesses gerados na sociedade civil são organizados em números limitados de associações cuja diferença está fun-damentalmente nas funções por elas desenvolvidas, não competindo, por-tanto, entre si. Estas estruturas têm uma estrutura interna centralizada e hierárquica, e pertencer a elas é muitas vezes uma obrigação, pelo menos de fato quando não de direito. O aspecto mais característico está na sua re-lação com a máquina do Estado. É o Estado que dá a estas associações o reconhecimento institucional e o monopólio na representação dos interesses do grupo, assim como é o Estado que delega a elas um conjunto de funções públicas.

Gabarito: E.

11. (ESAF/PSS/2008) Com o amadurecimento do debate em torno do mo-delo gerencial de administração pública e com a multiplicação de tentativas de mudanças do modelo de gestão por diversos países, algumas tendências emergiram. O exame das iniciativas realizadas em países latinos indica uma trajetória, quase um padrão, em que é possível identificar alguns elementos comuns nas estratégias adotadas. Entre eles não se inclui:

a) a recuperação da capacidade financeira, a partir de iniciativas voltadas para a melhoria da eficiência, e a introdução da cultura da responsabilidade fiscal.

b) adoção de estratégias para assegurar a irreversibilidade do processo de transformação, a partir do fortalecimento das iniciativas bem-sucedidas e do desenvolvimento de mecanismos inovadores de capacitação de lideranças.

c) o desenvolvimento das capacidades institucionais dos órgãos da adminis-tração pública, incluindo o fortalecimento do planejamento estratégico como ferramenta de gestão, programas de reestruturação administrativa, meca-nismos de contratualização, intensificação do uso da tecnologia da informa-ção e a terceirização de serviços de apoio.

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d) o fortalecimento de canais de relacionamento Estado/sociedade a partir de iniciativas orientadas para a melhoria da qualidade na formulação das po-líticas públicas; busca de maior participação cidadã; introdução de mecanis-mos de controle social; e maior envolvimento do terceiro setor.

e) o aperfeiçoamento do marco legal, visando à eliminação de entraves de natureza burocrática, que impedem a adoção de modelos de gestão orientados a resultados com maior flexibilidade e autonomia.

Questão copiada do texto “O contexto contemporâneo da administração públi-ca na América Latina”, de Caio Marini, disponível em:

http://www.enap.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=2631

Segundo o texto:

O exame da experiência recente na região, infelizmente, é pouco conclusivo e, contraditoriamente ao princípio da NGP, que destaca a orientação a resul-tados, não permite aferições mais precisas sobre a efetividade dos progra-mas de reforma gerencial. Os balanços tendem a produzir mais registros de iniciativas do que avaliação de impactos dos programas (este artigo não é uma exceção à regra dominante). Contudo, o exame das iniciativas realiza-das indica uma trajetória, quase um padrão, em que é possível identificar alguns elementos comuns nas estratégias adotadas, que dão especificidade ao conjunto de iniciativas que vêm sendo implementadas, como, por exem-plo:

a) fortalecimento de canais de relacionamento Estado/sociedade a partir de iniciativas orientadas para a melhoria da qualidade na formulação das políti-cas públicas; busca de maior participação cidadã; introdução de mecanis-mos de controle social; melhoria na entrega de serviços públicos e maior envolvimento do terceiro setor [letra “D”];

b) aperfeiçoamento do marco legal, visando à eliminação de entraves de natureza burocrática, que impedem a adoção de modelos de gestão orien-tados a resultados com maior flexibilidade e autonomia[letra “E”];

c) recuperação da capacidade financeira (racionalismo econômico), a partir de iniciativas voltadas para a melhoria da eficiência, e introdução da cultura da responsabilidade fiscal [letra “A”];

d) desenvolvimento das capacidades institucionais dos órgãos da adminis-tração pública, incluindo o fortalecimento do planejamento estratégico como ferramenta de gestão, programas de reestruturação administrativa, meca-

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nismos de contratualização, intensificação do uso da tecnologia da informa-ção e a terceirização de serviços de apoio [letra “C”]; e

e) desenvolvimento do capital intelectual, a partir de iniciativas voltadas pa-ra a profissionalização e modernização do serviço civil, intensificação de programas de capacitação de servidores e de lideranças, ética na adminis-tração pública, adoção de mecanismos inovadores de remuneração de fun-cionários e introdução da gestão do conhecimento.

Concluindo, ainda que com mais perguntas do que respostas, o debate con-temporâneo sobre as questões de desenvolvimento da sociedade, sobre as questões de Estado e sobre as questões de gestão pública, parecem reafir-mar-se alguns dos princípios básicos da agenda atual, tais como: a focaliza-ção no cidadão, a transparência, o controle social, a conscientização da responsabilidade fiscal, a orientação da gestão para resultados, a ética e a profissionalização do servidor público. Dessa forma, o grande desafio é o de assegurar a irreversibilidade do processo de transformação, a partir do for-talecimento das iniciativas bem-sucedidas e do realinhamento que se fizer necessário para a incorporação dos temas emergentes [letra “B”].

A letra “B” não é uma característica porque ainda é um desafio assegurar a irreversibilidade do processo de transformação.

Gabarito: B.

12. (ESAF/CGU/2006) Sobre as parcerias público-privado (PPP), todas as opções abaixo são verdadeiras, exceto:

a) As PPP admitem complementação de receitas por parte do setor público, de maneira a viabilizar o empreendimento a ser contratado.

b) Embora o governo delegue ao setor privado os aspectos mercantis do empreendimento contratado mediante PPP, mantém suas prerrogativas de planejamento, monitoramento e regulamentação.

c) As PPP podem ter como objetivo único tanto o fornecimento de equipa-mentos como de mão-de-obra, ou ainda a execução de obras públicas.

d) Nas PPP a alocação dos riscos é definida contratualmente entre a adminis-tração e os entes privados.

e) A lei das PPP é o regime predominante para as concessões administrativas, nas quais o usuário da prestação de serviço é a própria administração pública.

As letras “A” e “B” são certas. Segundo Brito e Silveira:

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Ainda que a lei brasileira enquadre as PPP como uma forma de concessão, elas se diferenciam das tradicionais no que se refere às fontes de remune-ração do parceiro privado. Nas concessões tradicionais, a cobrança de tari-fas é suficiente para remunerar o investimento. Já nas PPP, abre-se espaço para uma complementação de receitas por parte do setor público, de modo a tornar o empreendimento viável. Nos casos em que não há cobran-ça de tarifa do beneficiário – ou quando a administração é a usuária, direta ou indireta, cabe ao poder público efetuar o pagamento integral pelo provi-mento do serviço

Nos contratos de PPP, a eficiência advém da possibilidade de integrar elabo-ração de projeto, construção e operação de infraestruturas em um único agente, o que gera incentivos não só para a otimização de custos em uma lógica de ciclo de vida do projeto, mas, sobretudo, para uma melhor quali-dade na prestação do serviço, sem prejuízo da dimensão estratégica do pla-nejamento da política pública. Desta forma, o governo delega ao setor privado aspectos tipicamente mercantis do empreendimento, mantendo

suas prerrogativas de planejamento, monitoramento e regulamen-

tação. O aspecto fundamental na obtenção dos ganhos de eficiência é a adequada alocação de riscos entre os setores público e privado

A letra “C” é errada. Segundo a Lei 11.079/2004:

§ 4º É vedada a celebração de contrato de parceria público-privada:

III – que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-obra, o forne-cimento e instalação de equipamentos ou a execução de obra pública.

A letra “D” é certa. Segundo a Lei:

Art. 5º As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto no art. 23 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também prever:

III – a repartição de riscos entre as partes, inclusive os referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária;

A letra “E” é certa. Os dois tipos de PPP são a concessão patrocinada e a admi-nistrativa.

Gabarito: C.

13. (ESAF/CGU/2006) Devido às limitações impostas pela crise fiscal, mui-tos governos procuraram criar vias alternativas para viabilizar projetos de infraestrutura e de provisão de serviços, como as parcerias público-privado

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(PPP). Sobre tal assunto, analise os enunciados abaixo e depois marque a resposta certa.

1- A parceria público-privado consiste em uma substituição da lógica da aquisição de ativos para uma outra, de compra de serviços, o que acarreta alterações fundamentais na estrutura de incentivo dos contratos.

2- Ainda que a lei brasileira enquadre as parcerias público-privado como uma forma de concessão, elas se diferenciam das concessões tradicionais devido à fonte de remuneração do parceiro privado.

3- Nos contratos de parceria público-privado a eficiência resulta da possibili-dade de dispersar entre vários agentes, a elaboração de projeto, construção e operação de infraestrutura, incentivando a otimização de custos e a me-lhor qualidade na prestação do serviço, sem prejuízo da dimensão estratégi-ca do planejamento da política pública.

4- As parcerias público-privado representam a oportunidade de superação definitiva da restrição fiscal ao financiamento dos investimentos públicos em infraestrutura e provisão de serviços.

a) Apenas os enunciados 1,3 e 4 estão corretos.

b) Apenas os enunciados 2, 3 e 4 estão corretos.

c) Apenas os enunciados 3 e 4 estão corretos.

d) Apenas os enunciados 1 e 2 estão corretos.

e) Apenas os enunciados 1 e 3 estão corretos.

Questão copiada do texto de Brito e Silveira.

A primeira afirmação é certa, segundo os autores:

Mas foi somente em 1997, já no governo do trabalhista Tony Blair, que o programa foi aprofundado. Ampliado e rebatizado de Public-Private Partnerships (PPP), o programa tinha por objetivo mudar a forma de contra-tação de obras e serviços públicos, saindo da maneira tradicional de aquisi-ção de ativos para uma lógica de compra de serviços. A busca por alternativas de financiamento permanecia no centro da questão, mas o ob-jetivo maior passou a ser a eficiência na contratação de serviços públicos.

A segunda afirmação é certa. Segundo os autores:

Ainda que a lei brasileira enquadre as PPP como uma forma de concessão, elas se diferenciam das tradicionais no que se refere às fontes de remune-ração do parceiro privado. Nas concessões tradicionais, a cobrança de tari-fas é suficiente para remunerar o investimento. Já nas PPP, abre-se espaço para uma complementação de receitas por parte do setor público, de modo

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a tornar o empreendimento viável. Nos casos em que não há cobrança de tarifa do beneficiário – ou quando a administração é a usuária, direta ou in-direta, cabe ao poder público efetuar o pagamento integral pelo provimento do serviço.

A terceira afirmação é errada. Segundo os autores:

Nos contratos de PPP, a eficiência advém da possibilidade de integrar elabo-ração de projeto, construção e operação de infraestruturas em um único agente, o que gera incentivos não só para a otimização de custos em uma lógica de ciclo de vida do projeto, mas, sobretudo, para uma melhor quali-dade na prestação do serviço, sem prejuízo da dimensão estratégica do pla-nejamento da política pública.

A quarta afirmação é errada. Segundo os autores:

A crença de que a PPP representa a superação definitiva da restrição fiscal ao financiamento de investimentos públicos é, portanto, errônea.

Gabarito: D.

14. (ESAF/ENAP/2006) Assinale a opção que exprime corretamente caracte-rísticas de uma estrutura organizacional em rede.

a) Na estrutura em rede a organização é vista como um sistema fechado.

b) Na estrutura em rede prevalece a uniformidade e conformidade.

c) Na estrutura em rede prevalece o compartilhamento de autoridade e res-ponsabilidade.

d) Na estrutura em rede as células são formadas considerando a especializa-ção do trabalho.

e) Na estrutura em rede conjugam-se aspectos funcionais com a de produto e/ou processo.

Na rede, a organização é um sistema aberto, flexível. Não prevalece a unidade, mas a diferenciação. Prevalece sim o compartilhamento de autoridade e res-ponsabilidade. A especialização não é o critério de formação das células. A letra “D” traz a estrutura funcional e a “E” traz a estrutura matricial.

Gabarito: C.

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15. (ESAF/ADM-MPOG/2006) Complete as lacunas a seguir com a opção correta.

A Lei n. 11.079, de 30/12/2004, institui normas gerais para licitação e con-trato de ........... no âmbito da administração pública. Trata-se de contrato de ............... a ser firmado por ............

a) parceria público-privada; concessão; sociedade constituída de propósito específico.

b) privatização; cessão de direito; organização social criada para este fim.

c) parceria público-privada; cessão de direito; sociedade anônima com atua-ção no mercado.

d) privatização; concessão; sociedade anônima com atuação no mercado.

e) parceria público-privada; cessão de direito; sociedade constituída de propósito específico.

Segundo a Lei 11.079/2004:

Institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública.

Art. 2º Parceria público-privada é o contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa.

Art. 9º Antes da celebração do contrato, deverá ser constituída sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.

Gabarito: A.

16. (ESAF/ADM-MPOG/2006) Segundo a Lei n. 11.079, de 2004, o contrato que envolve, adicionalmente, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado é uma modalidade de

a) cessão patrocinada e concessão administrativa.

b) concessão administrativa.

c) cessão patrocinada.

d) concessão patrocinada e cessão administrativa.

e) concessão patrocinada.

Segundo a Lei 11.079/2004:

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§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pe-cuniária do parceiro público ao parceiro privado.

Gabarito: E.

17. (ESAF/APO-MPOG/2005) A Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004 institui normas gerais para licitação e contratação de Parceria Público- Priva-do no âmbito da administração pública. O Art. 4º dessa Lei estabelece que, na contratação de Parceria Público-Privado, serão observadas algumas dire-trizes. Classifique as opções a seguir em Verdadeiras (V) ou Falsas (F).

( ) Eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos re-cursos da sociedade e repartição objetiva de riscos entre as partes.

( ) Respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes privados incumbidos da sua execução.

( ) Delegabilidade das funções de regulação e do exercício do poder de polí-cia do Estado.

( ) Responsabilidade social na celebração e execução das parcerias.

( ) Transparência dos procedimentos e das decisões e sustentabilidade fi-nanceira e vantagens socioeconômicas dos projetos de parceria.

Indique a resposta correta.

a) V, V, V, F, F

b) V, V, F, F, V

c) F, F, V, V, F

d) F, V, V, V, V

e) F, V, F, V, F

As diretrizes para as PPP são:

Art. 4º Na contratação de parceria público-privada serão observadas as se-guintes diretrizes:

I – eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos re-cursos da sociedade;

II – respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes privados incumbidos da sua execução;

III – indelegabilidade das funções de regulação, jurisdicional, do exercício do poder de polícia e de outras atividades exclusivas do Estado;

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IV – responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;

V – transparência dos procedimentos e das decisões;

VI – repartição objetiva de riscos entre as partes;

VII – sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de parceria.

A primeira afirmação é verdadeira, traz as diretrizes I e VI.

A segunda afirmação é verdadeira, traz a diretriz II.

A terceira é falsa, pois, conforme a diretriz III, o correto é a indelegabilidade.

A quarta é falsa, já que, conforme a diretriz IV, o correto é responsabilidade fiscal, e não social.

A quinta afirmação é verdadeira, traz as diretrizes V e VII.

Gabarito: B.

18. (ESAF/STN/2005) A inovação na prestação de serviços públicos no Bra-sil é a recente legislação sobre PPP – parceria público-privada.Por essa nor-ma, entende-se por concessão patrocinada:

a) a concessão de serviços públicos ou de obras públicas, de que trata a Lei nº 8.987/95, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

b) o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou forneci-mento ou instalação de bens.

c) a concessão comum, abrangida pela Lei nº 8.987/95, que não envolve a contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

d) a concessão de serviços ou de obras públicas, regidas pela Lei nº 8.987/95, quando envolver, adicionalmente ao recebimento da tarifa cobra-da pelo usuário, o pagamento de contraprestação do parceiro privado ao parceiro público.

e) o contrato de prestação de serviços ou de obras públicas, nos quais o parceiro privado é patrocinado por um terceiro, entidade financeira, nacional ou internacional, com responsabilidade de pagamento pelo parceiro público.

Segundo a Lei 11.079/04:

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§ 1º Concessão patrocinada é a concessão de serviços públicos ou de obras públicas de que trata a Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários contraprestação pe-cuniária do parceiro público ao parceiro privado.

A letra “A” é cópia da lei.

Gabarito: A.

19. (ESAF/AFRF/2003) Assinale o item incorreto. São formas usuais de co-ordenação de redes:

a) ajustamento mútuo.

b) supervisão.

c) arbitragem por ator privado.

d) padronização de procedimentos e habilidades.

e) instituição de instâncias colegiadas.

Vimos que nas redes o que se busca é a flexibilidade, justamente o contrário da “padronização de procedimentos e habilidades”. O ajustamento mútuo é a coordenação do trabalho pelo simples processo da comunicação informal. Nas redes a flexibilidade pode ocorrer pelo ajustamento mútuo.

Gabarito: D.

20. (ESAF/AFPS/2002) A Constituição Federal prevê a concessão de auto-nomia gerencial, orçamentária e financeira a órgãos e entidades da Adminis-tração Pública, mediante contrato de gestão. O comando constitucional não inclui, entre os assuntos da lei que regerá o tema, o seguinte:

a) o prazo de duração do contrato.

b) a remuneração do pessoal.

c) os critérios de avaliação de desempenho.

d) o montante dos recursos.

e) a responsabilidade dos dirigentes.

Questão que exige a decoreba. Segundo a CF88:

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§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entida-des da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante con-trato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou enti-dade, cabendo à lei dispor sobre:

I - o prazo de duração do contrato;

II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obriga-ções e responsabilidade dos dirigentes;

III - a remuneração do pessoal.

Gabarito: D.

22..11.. LLiissttaa ddaass QQuueessttõõeess

1. (ESAF/STN/2013) Considerando que o termo governança em sentido am-plo pode ser definido como um processo complexo de tomada de decisão que antecipa e ultrapassa o governo, os aspectos comumente relacionados a este termo são os seguintes, exceto:

a) legitimidade do espaço público em constituição.

b) estabelecimento de redes e mecanismos de coordenação.

c) gestão das interações e das interdependências que sempre produzem siste-mas alternativos de regulação.

d) repartição do poder entre aqueles que governam e os que são governados.

e) descentralização da autoridade e das funções ligadas ao ato de governar.

2. (ESAF/CGU/2012) Sobre redes de políticas públicas, não é correto afirmar que:

a) surgem no âmbito da reforma gerencial do Estado, quando se buscou im-plementar inovações na administração pública que promovessem a eficácia e a eficiência das ações governamentais.

b) são sujeitas aos efeitos causados pela assimetria informacional entre seus membros.

c) demandam uma estrutura de coordenação e prestação de contas que leve em consideração as interdependências existentes.

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d) possuem estruturas polimórficas, que podem ser representadas por um conjunto de nós e vínculos que indicam, entre outros aspectos, a possível pre-sença de capital social nas transações.

e) são instrumento analítico fundamental para caracterizar as relações intergo-vernamentais nas políticas sociais brasileiras.

3. (ESAF/CGU/2012) O surgimento de um conceito como o de governança supõe uma mudança na forma de atuar do poder público. Assinale abaixo com que tipo de ações esta mudança está relacionada.

a) Ações que garantam, por parte do poder público, com amplo respaldo popu-lar.

b) A definição de políticas públicas universais.

c) Modificar as relações entre o Estado e a Sociedade Civil para dividir as res-ponsabilidades na execução das políticas públicas.

d) Ações que permitam governar de forma cooperativa, com instituições públi-cas e não públicas, participando e cooperando na definição e execução das políticas públicas.

e) Ações que garantam o controle dos processos políticos, por parte do poder público, com medidas periódicas de prestação de contas aos cidadãos.

4. (ESAF/SEFAZ-RJ/2010) Sobre a Parceria Público-Privada (PPP), assinale a opção correta.

a) São modalidades de PPP a concessão patrocinada e a concessão de uso.

b) É possível que o objeto do contrato de PPP seja atividade regulatória.

c) A modalidade de licitação para a PPP é a concorrência, não se admitindo, portanto, a realização de lances em viva voz no processo licitatório.

d) O prazo de vigência do contrato de PPP pode ser de até quarenta anos.

e) Antes da celebração do contrato de PPP, deverá ser constituída sociedade de propósito específico, incumbida de implantar e gerir o objeto da parceria.

5. (ESAF/APO-MPOG/2010) Acerca da contratualização de resultados, pela administração pública, é correto afirmar:

a) segundo alguns doutrinadores do Direito Administrativo, o Contrato de Ges-tão não seria o termo adequado para a pactuação entre órgãos da administra-ção direta.

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b) como área temática, a contratualização de resultados tem por objetivo mai-or a redução das amarras burocráticas impostas à administração direta.

c) o Contrato de Gestão, quando firmado com OSCIPs, prescinde do estabele-cimento de padrões de desempenho.

d) a contratualização de resultados nada mais é que um dos processos de ter-ceirização preconizados pelo Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, de 1995.

e) o Termo de Parceria, quando firmado com Organizações Sociais, obriga ao estabelecimento de padrões de desempenho.

6. (ESAF/EPPGG-MPOG/2009) Comportando a interação de estruturas des-centralizadas e modalidades inovadoras de parcerias entre estatais e organiza-ções sociais ou empresariais, a abordagem de redes de políticas públicas se constitui em uma recente tendência da administração pública em nosso país. Sua proliferação, porém, acarreta vantagens e desvantagens à sua gestão. Como desvantagem, podemos citar o fato de que as redes:

a) propiciam o desenvolvimento de uma gestão adaptativa.

b) garantem a presença pública sem a necessidade de criação ou aumento de uma estrutura burocrática.

c) possibilitam a definição de prioridades de uma maneira mais democrática.

d) dificultam a prestação de contas dos recursos públicos envolvidos, por en-volver numerosos atores governamentais e privados.

e) garantem a diversidade de opiniões sobre o problema em questão, por en-volverem mais atores.

7. (ESAF/ANA/2009) Como instrumento gerencial contemporâneo, é correto afirmar sobre os mecanismos de rede:

a) seu pressuposto básico é o da articulação conjunta entre as organizações, visando ao compartilhamento de recursos, exceto o acesso ao know-how, que deve ser mantido em sigilo.

b) as redes podem ser compreendidas como a formação de relações interorga-nizacionais segundo uma perspectiva econômica e mercadológica.

c) as redes são vistas como uma forma rígida e centralizada de governança.

d) a redução dos custos de transação é a única causa da emergência das redes organizacionais.

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e) embora seja um espaço plural, onde coexistem diferentes agentes, a rede organizacional se caracteriza pela unicidade de capital e de interesses corpora-tivos.

8. (ESAF/EPPGG-MPOG/2008) Sobre a gestão de redes no setor público, é correto afirmar que:

a) tornam a ação pública mais facilmente gerenciável, visto que reduzem os obstáculos para o controle e coordenação das interdependências.

b) são constituídas a partir de critérios explícitos e universais de participação, o que reduz consideravelmente a concentração das decisões nas mãos de uma elite.

c) estabelecem metas compartilhadas e preenchem os vazios estruturais exis-tentes na administração pública.

d) são conduzidas a partir de instrumentos de gestão estratégica amplamente aceitos, advindo de um vasto acervo de estudos sobre modelos de comporta-mento inter-organizacional.

e) preconiza a existência de uma gerência social adaptativa para elevar a efi-cácia das políticas públicas que lidam com problemas de grande complexidade em contextos de instabilidade institucional e turbulência política.

9. (ESAF/EPPGG-MPOG/2008) Entre os pressupostos das novas abordagens sobre governança no setor público, destacam-se:

I. o crescimento da complexidade nas relações entre governo e sociedade;

II. a expansão da influência dos organismos internacionais e das comunidades locais nos processos de formação, implementação e avaliação de políticas pú-blicas;

III. a possibilidade de existência de múltiplos modelos de governança no setor público, ao invés de um sistema burocrático único e centralizado;

IV. a importância da teoria dos sistemas, especialmente a cibernética, como fundamento conceitual para formulação de políticas públicas;

V. a crescente importância do papel das redes inter-organizacionais.

Estão corretas:

a) As afirmativas I, II, III, IV e V.

b) Apenas as afirmativas I, II, III e V.

c) Apenas as afirmativas I, II e III.

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d) Apenas as afirmativas II, III e V.

e) Apenas as afirmativas I, II e IV.

10. (ESAF/PSS/2008) Uma característica central das políticas públicas, especi-almente das políticas sociais vigentes no Brasil, até os anos 1980, era a exclu-são da sociedade civil dos processos de formulação e implementação, bem como do controle da ação governamental. Ao longo da redemocratização, aos poucos, foram-se redefinindo agendas e se constituindo novos arranjos de políticas públicas. Sobre essa temática, assinale o enunciado incorreto.

a) As parcerias abrangem diversos arranjos, sendo comum a todos eles a co-responsabilização dos diferentes participantes pela política e por seus resulta-dos.

b) Um arranjo que conta com várias experiências no país são os consórcios intermunicipais, em que vários municípios se reúnem em torno de objetivos comuns e procuram formular, conjuntamente, planos para enfrentar problemas que ultrapassam suas capacidades individuais.

c) Uma forma de parceria, já experimentada em diversas oportunidades, con-siste em iniciativas de governos municipais que procuram aliados nas esferas mais abrangentes de governo e, de outro, programas locais articulados a polí-ticas estaduais ou federais.

d) Existem arranjos nos quais, sob a direção de uma entidade governamental, vários projetos podem-se estruturar em redes de entidades e instituições pri-vadas, articuladas em torno de um problema de interesse público, cujo enfren-tamento ultrapassa a capacidade de ação isolada do Estado.

e) Um outro arranjo bastante frequente consiste na organização de associa-ções privadas funcionais, não competitivas, reconhecidas pelo Estado como representantes dos interesses de um grupo, que atuam direta ou indiretamen-te na formulação e implementação de políticas públicas.

11. (ESAF/PSS/2008) Com o amadurecimento do debate em torno do modelo gerencial de administração pública e com a multiplicação de tentativas de mu-danças do modelo de gestão por diversos países, algumas tendências emergi-ram. O exame das iniciativas realizadas em países latinos indica uma trajetória, quase um padrão, em que é possível identificar alguns elementos comuns nas estratégias adotadas. Entre eles não se inclui:

a) a recuperação da capacidade financeira, a partir de iniciativas voltadas para a melhoria da eficiência, e a introdução da cultura da responsabilidade fiscal.

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b) adoção de estratégias para assegurar a irreversibilidade do processo de transformação, a partir do fortalecimento das iniciativas bem-sucedidas e do desenvolvimento de mecanismos inovadores de capacitação de lideranças.

c) o desenvolvimento das capacidades institucionais dos órgãos da administra-ção pública, incluindo o fortalecimento do planejamento estratégico como fer-ramenta de gestão, programas de reestruturação administrativa, mecanismos de contratualização, intensificação do uso da tecnologia da informação e a terceirização de serviços de apoio.

d) o fortalecimento de canais de relacionamento Estado/sociedade a partir de iniciativas orientadas para a melhoria da qualidade na formulação das políticas públicas; busca de maior participação cidadã; introdução de mecanismos de controle social; e maior envolvimento do terceiro setor.

e) o aperfeiçoamento do marco legal, visando à eliminação de entraves de natureza burocrática, que impedem a adoção de modelos de gestão orientados a resultados com maior flexibilidade e autonomia.

12. (ESAF/CGU/2006) Sobre as parcerias público-privado (PPP), todas as op-ções abaixo são verdadeiras, exceto:

a) As PPP admitem complementação de receitas por parte do setor público, de maneira a viabilizar o empreendimento a ser contratado.

b) Embora o governo delegue ao setor privado os aspectos mercantis do em-preendimento contratado mediante PPP, mantém suas prerrogativas de plane-jamento, monitoramento e regulamentação.

c) As PPP podem ter como objetivo único tanto o fornecimento de equipamen-tos como de mão-de-obra, ou ainda a execução de obras públicas.

d) Nas PPP a alocação dos riscos é definida contratualmente entre a adminis-tração e os entes privados.

e) A lei das PPP é o regime predominante para as concessões administrativas, nas quais o usuário da prestação de serviço é a própria administração pública.

13. (ESAF/CGU/2006) Devido às limitações impostas pela crise fiscal, muitos governos procuraram criar vias alternativas para viabilizar projetos de infraes-trutura e de provisão de serviços, como as parcerias público-privado (PPP). Sobre tal assunto, analise os enunciados abaixo e depois marque a resposta certa.

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1- A parceria público-privado consiste em uma substituição da lógica da aquisi-ção de ativos para uma outra, de compra de serviços, o que acarreta altera-ções fundamentais na estrutura de incentivo dos contratos.

2- Ainda que a lei brasileira enquadre as parcerias público-privado como uma forma de concessão, elas se diferenciam das concessões tradicionais devido à fonte de remuneração do parceiro privado.

3- Nos contratos de parceria público-privado a eficiência resulta da possibilida-de de dispersar entre vários agentes, a elaboração de projeto, construção e operação de infraestrutura, incentivando a otimização de custos e a melhor qualidade na prestação do serviço, sem prejuízo da dimensão estratégica do planejamento da política pública.

4- As parcerias público-privado representam a oportunidade de superação de-finitiva da restrição fiscal ao financiamento dos investimentos públicos em in-fraestrutura e provisão de serviços.

a) Apenas os enunciados 1,3 e 4 estão corretos.

b) Apenas os enunciados 2, 3 e 4 estão corretos.

c) Apenas os enunciados 3 e 4 estão corretos.

d) Apenas os enunciados 1 e 2 estão corretos.

e) Apenas os enunciados 1 e 3 estão corretos.

14. (ESAF/ENAP/2006) Assinale a opção que exprime corretamente caracterís-ticas de uma estrutura organizacional em rede.

a) Na estrutura em rede a organização é vista como um sistema fechado.

b) Na estrutura em rede prevalece a uniformidade e conformidade.

c) Na estrutura em rede prevalece o compartilhamento de autoridade e res-ponsabilidade.

d) Na estrutura em rede as células são formadas considerando a especialização do trabalho.

e) Na estrutura em rede conjugam-se aspectos funcionais com a de produto e/ou processo.

15. (ESAF/ADM-MPOG/2006) Complete as lacunas a seguir com a opção cor-reta.

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A Lei n. 11.079, de 30/12/2004, institui normas gerais para licitação e contrato de ........... no âmbito da administração pública. Trata-se de contrato de ............... a ser firmado por ............

a) parceria público-privada; concessão; sociedade constituída de propósito específico.

b) privatização; cessão de direito; organização social criada para este fim.

c) parceria público-privada; cessão de direito; sociedade anônima com atuação no mercado.

d) privatização; concessão; sociedade anônima com atuação no mercado.

e) parceria público-privada; cessão de direito; sociedade constituída de propó-sito específico.

16. (ESAF/ADM-MPOG/2006) Segundo a Lei n. 11.079, de 2004, o contrato que envolve, adicionalmente, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado é uma modalidade de

a) cessão patrocinada e concessão administrativa.

b) concessão administrativa.

c) cessão patrocinada.

d) concessão patrocinada e cessão administrativa.

e) concessão patrocinada.

17. (ESAF/APO-MPOG/2005) A Lei nº 11.079, de 30 de dezembro de 2004 institui normas gerais para licitação e contratação de Parceria Público- Privado no âmbito da administração pública. O Art. 4º dessa Lei estabelece que, na contratação de Parceria Público-Privado, serão observadas algumas diretrizes. Classifique as opções a seguir em Verdadeiras (V) ou Falsas (F).

( ) Eficiência no cumprimento das missões de Estado e no emprego dos recur-sos da sociedade e repartição objetiva de riscos entre as partes.

( ) Respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes privados incumbidos da sua execução.

( ) Delegabilidade das funções de regulação e do exercício do poder de polícia do Estado.

( ) Responsabilidade social na celebração e execução das parcerias.

( ) Transparência dos procedimentos e das decisões e sustentabilidade finan-ceira e vantagens socioeconômicas dos projetos de parceria.

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Indique a resposta correta.

a) V, V, V, F, F

b) V, V, F, F, V

c) F, F, V, V, F

d) F, V, V, V, V

e) F, V, F, V, F

18. (ESAF/STN/2005) A inovação na prestação de serviços públicos no Brasil é a recente legislação sobre PPP – parceria público-privada.Por essa norma, en-tende-se por concessão patrocinada:

a) a concessão de serviços públicos ou de obras públicas, de que trata a Lei nº 8.987/95, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários con-traprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

b) o contrato de prestação de serviços de que a Administração Pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimen-to ou instalação de bens.

c) a concessão comum, abrangida pela Lei nº 8.987/95, que não envolve a contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

d) a concessão de serviços ou de obras públicas, regidas pela Lei nº 8.987/95, quando envolver, adicionalmente ao recebimento da tarifa cobrada pelo usuá-rio, o pagamento de contraprestação do parceiro privado ao parceiro público.

e) o contrato de prestação de serviços ou de obras públicas, nos quais o par-ceiro privado é patrocinado por um terceiro, entidade financeira, nacional ou internacional, com responsabilidade de pagamento pelo parceiro público.

19. (ESAF/AFRF/2003) Assinale o item incorreto. São formas usuais de coor-denação de redes:

a) ajustamento mútuo.

b) supervisão.

c) arbitragem por ator privado.

d) padronização de procedimentos e habilidades.

e) instituição de instâncias colegiadas.

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20. (ESAF/AFPS/2002) A Constituição Federal prevê a concessão de autono-mia gerencial, orçamentária e financeira a órgãos e entidades da Administra-ção Pública, mediante contrato de gestão. O comando constitucional não inclui, entre os assuntos da lei que regerá o tema, o seguinte:

a) o prazo de duração do contrato.

b) a remuneração do pessoal.

c) os critérios de avaliação de desempenho.

d) o montante dos recursos.

e) a responsabilidade dos dirigentes.

22..22.. GGaabbaarriittoo

1. C

2. A

3. C

4. E

5. A

6. D

7. B

8. E

9. B

10. E

11. B

12. C

13. D

14. C

15. A

16. E

17. B

18. A

19. D

20. D

33.. LLeeiittuurraa SSuuggeerriiddaa O desafio da gestão das redes de políticas – Sonia Maria Fleury Teixeira

www.lead.org.br/filemanager/download/375/O_Desafio_da_Gestão_de_Redes_de_Políticas.pdf