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AULA 1: ARTE E COMUNICAÇÃO
Entre os estudiosos não há nenhum acordo sobre o fato de se os
primeiros Homo Sapiens, espécie da qual nos originamos, seriam capazes de
intercambiar sons que já tivessem sido combinados, ajustados por convenção,
entre os seus representantes. O crítico de arte inglês John Berger afirma que:
“A visão chega antes do que as palavras. A criança olha e vê antes de falar. A
visão é a que estabelece nosso lugar no mundo circundante; explicamos esse
mundo com palavras, porém as palavras nunca podem anular o fato de que
estamos rodeados pelo mundo” (BERGER, 1999, p.13).
Berger (1999) buscou um exemplo na ontogênese para explicar a
filogênese, um exemplo na vida de um indivíduo da espécie humana, por isso
observou o desenvolvimento das crianças e, por meio da observação do
comportamento dos indivíduos, procurou explicar o desenvolvimento da
espécie humana como um todo. A História da Arte é capaz de evidenciar a
manipulação de símbolos visuais das primeiras espécies humanas. Por meio
das imagens que nos legaram, podemos identificar evidências da capacidade
das primeiras espécies humanas trabalhar com símbolos visuais, para
expressar-se simbolicamente, tanto quanto a de operar com um propósito
preconcebido, capacidade para planejar.
Mãos na Cueva de las Manos, Patagônia Ca. 13.000 a 9.500 a.C
Patrimônio da Humanidade. Disponível em: http://whc.unesco.org/en/list/936/
Não temos provas, mas talvez os primeiros hominídeos apenas
brincassem, jogassem com as sombras que suas mãos projetavam sobre as
pedras. Essas mãos foram impressas. Para ser impressas, foi preciso buscar
outros recursos além das próprias mãos, os meios que permitissem a
impressão das mãos para narrar. As mãos em negativo foram realizadas, muito
provavelmente soprando uma espécie de tinta, obtida com a mistura de carvão,
óxido de ferro (negro), óxido de manganês (vermelho), misturados com gordura
ou sangue. É bem provável que com um osso vazado, como uma espécie de
um canudo, com a mão apoiada contra a parede se soprasse a tinta. A maior
parte dessas mãos é esquerda, indicando “uma maioria de dominância direita e
algumas não possuem as extremidades distais dos dedos, indicando sequelas
de trauma ou sacrifícios religiosos” (SARDENBERG, 2002, p.18). Todo esse
planejamento e procedimento foram realizados, talvez para narrar, contar para
os demais, a impressão que muito provavelmente as sombras das próprias
mãos projetadas pela luz do fogo nas pedras lhes causavam.
Impressões de mãos em positivo e em negativo. Mãos cheias e
mãos vazias. Em branco e preto. Às vezes aparecem junto aos desenhos de
animais. Sobre as paredes das cavernas, a humanidade representa seu
conhecimento e assombro diante do mundo, sua experiência com a megafauna
hoje extinta, abatida graças à capacidade de planejar, por meio de armadilhas
ou de emboscadas. A sensibilidade visual daquelas pessoas, aliada à
capacidade de abstração, formou essas imagens que expressam a percepção
que tinham do mundo, o conhecimento que construíram ao se apropriarem
simbolicamente do mundo.
Em geral, os manuais mais difundidos sobre Comunicação, afirmam
que a linguagem verbal é a mais eficiente das linguagens por ser a mais direta.
Muitos manuais sobre comunicação afirmam que linguagem verbal é eficiente e
direta porque as palavras nos dizem exatamente o que querem informar, porém
precisamos ler e entender o idioma em que foi escrita a palavra para
compreender a mensagem da linguagem verbal. Será que as palavras nos
dizem exatamente o que querem informar? Vamos brincar, vamos jogar, com a
palavra impressão?
Para o Dicionário da Língua Portuguesa Houaiss, o substantivo
feminino, imprimir pode ter vários sentidos. Vamos destacar seis desses
sentidos:
1. Ato ou efeito de imprimir (-se).
2. Encontro ou contato de um corpo com outro.
3. Marca ou sinal deixado pela pressão de um corpo sobre outro.
4. Estado físico ou psicológico resultante da atuação de elementos ou
situações exteriores sobre os órgãos dos sentidos, por intermédio deles ou
sobre o corpo ou sobre a mente; sensação.
5. Influência que um acontecimento ou uma situação exerce em alguém,
repercutindo-lhe no ânimo, no moral no humor.
6. Opinião mais ou menos vaga, sem maior fundamento; noção, ideia.
A partir desses sentidos da palavra impressão, vamos nos
perguntar: Que impressão (sentido número 4 = estado físico ou psicológico
resultante da atuação de elementos ou situações exteriores sobre os órgãos
dos sentidos, por intermédio deles ou sobre o corpo ou sobre a mente;
sensação) lhe causa a impressão das mãos na imagem da Cueva de Las
Manos, na Patagônia? Qual a sua impressão (sentido número 6 = opinião mais
ou menos vaga, sem maior fundamento; noção, ideia.) sobre a impressão
(sentido número 4 = marca ou sinal deixado pela pressão de um corpo sobre
outro) dessas mãos nesse local?