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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA ENGENHARIA CIVIL HERIC STEFANELLI DE OLIVEIRA AVALIAÇÃO DO USO RACIONAL DA ÁGUA EM UM EMPREENDIMENTO COMERCIAL NA CIDADE DE SALVADOR - BA Feira de Santana 2008

Avalia o do uso racional da gua em um empreendimento ...civil.uefs.br/DOCUMENTOS/HERIC STEFANELLI DE OLIVEIRA.pdf · uso racional da água se justifica pela intensa preocupação

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

ENGENHARIA CIVIL

HERIC STEFANELLI DE OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DO USO RACIONAL DA ÁGUA EM UM

EMPREENDIMENTO COMERCIAL NA CIDADE DE

SALVADOR - BA

Feira de Santana

2008

2

HERIC STEFANELLI DE OLIVEIRA

AVALIAÇÃO DO USO RACIONAL DA ÁGUA EM UM

EMPREENDIMENTO COMERCIAL NA CIDADE DE SALVADOR - BA

Trabalho apresentado à disciplina

Projeto Final II da Universidade

Estadual de Feira de Santana, como

requisito parcial para obtenção do título

de Bacharel em Engenharia Civil.

ORIENTADOR: Prof. Luis Claudio Alves Borja

CO-ORIENTADOR: Engº. Eronildo Aquino Feitosa

Feira de Santana

2008

3

AVALIAÇÃO DO USO RACIONAL DA ÁGUA EM UM

EMPREENDIMENTO COMERCIAL NA CIDADE DE SALVADOR - BA

HERIC STEFANELLI DE OLIVEIRA

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi defendido e julgado adequado como parte

dos requisitos para a obtenção do título de ENGENHEIRO CIVIL

____________________________

Profª. Eufrosina de Azevedo Cerqueira

Coordenadora do TCC (UEFS)

Banca Examinadora:

____________________________

Prof. Esp. Luis Claudio Alves Borja (orientador)

Universidade Estadual de Feira de Santana

____________________________

Engº Eletricista Eronildo Aquino Feitosa (Co-Orientador)

Construtora Andrade Mendonça

____________________________

Profª. Drª. Sandra Maria Furian Dias.

Universidade Estadual de Feira de Santana

iii

4

Aos meus pais que me ofereceram a

vida, em especial a minha mãe por me

ensinar todos os valores morais e éticos

que possuo, sempre apoiando nos

momentos em que mais preciso. A

minha família, minhas irmãs que em

palavras sábias sempre souberam me

direcionar para uma boa escolha.

Enfim, a todos aqueles que de alguma

maneira colaboraram, dedico o presente

trabalho e manifesto os meus sinceros

agradecimentos.

iv

5

AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da minha vida e por todas as bênçãos recebidas, ao iniciar

pela bela família e agregados;

A minha família, especialmente a minha mãe, por ter dedicado sempre o seu

apoio para comigo, sempre atenta as minhas necessidades, fator essencial nesta

conclusão de mais uma etapa na minha vida.

Aos meus amigos e colegas do curso, com destaque enfático para Éderson

Fabrício e Cristiano Robert, por me apoiarem neste ultimo momento acadêmico.

Aos professores, pela contribuição no aperfeiçoamento do meu

conhecimento;

A todos os meus amigos e colegas que, a distância, transmitiram

pensamentos positivos que refletiram no ânimo final.

Aos meus Orientadores, Luis Claudio Borja e Eronildo Feitosa, pelos

esclarecimentos e ensinamentos repassados sobre o assunto.

A administração do Salvador Shopping, em especial a Fernando Rocha, Julio

Carneiro, Níger Souza e Hamilton pela atenção dada e a transparência dos serviços

e informações.

A Construtora Andrade Mendonça, empresa que abriu caminhos diversos no

âmbito profissional, acrescentando amadurecimento e crescimento pessoal.

Por fim, a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), por fornecer

subsídios para a minha formação profissional.

v v

6

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................... ................................................IV

LISTA DE TABELAS................................... .................................................V

RESUMO.....................................................................................................VI

ABSTRACT........................................... .....................................................VII

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 13

1.1 Objetivos .............................................................................................. 16

2. A ÁGUA, CONSERVAÇÃO E UTILIZAÇÃO NO MEIO URBANO 17

2.1 Histórico ............................................................................................... 17

2.2 O Ciclo Urbano da Água ................................................................... 19

2.3 Sustentabilidade ................................................................................. 24

2.4 Conservação da água nas áreas urbanas ..................................... 26

3. SISTEMAS E PROGRAMAS DE CONSERVAÇÃO ....................... 31

3.1 Redução do consumo de água em aparelhos sanitários ............ 32

3.2 Aparelhos sanitários economizadores ............................................ 39

3.3 Aproveitamento da água da chuva .................................................. 47

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................... 55

4.1 Metodologia para cálculo da redução da utilização da água em

bacias sanitárias de volume ultra reduzido ......................................................... 56

4.2 Metodologia para cálculo da verificação da eficiência do uso da

água............ .............................................................................................................. 58

4.3 O Empreendimento ............................................................................ 61

4.3.1 Sistema de esgotamento sanitário à vácuo .................... 66

4.3.2 Sistema de aproveitamento das águas pluviais ............. 69

5. ANALISE DOS DADOS E RESULTADOS ....................................... 74

5.1 Cálculo da redução da utilização da água em bacias sanitárias

com volume ultra reduzido ..................................................................................... 74

5.2 Cálculo da verificação da eficiência do uso da água ................... 76

5.3 Resultados e discussões .................................................................. 77

6. ANÁLISE CRÍTICA ............................................................................... 80

6.1 Conclusão ............................................................................................ 81

7

6.2 Sugestões para trabalhos futuros .................................................... 81

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 82

vii

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Distribuição dos recursos hídricos e da população no Brasil......16

Figura 2 – Esquema dos ciclos da água..........................................................19

Figura 3 – Esquema simplificado do sistema de coleta de esgoto à vácuo

EVAC...............................................................................................................30

Figura 4 – Declividade da tubulação...............................................................32

Figura 5 – Conexões utilizadas.......................................................................32

Figura 6 –Interligação de ramal a coletor.......................................................32

Figura 7 –Válvulas de Isolamento...................................................................33

Figura 8 – Desvios verticais............................................................................34

Figura 9 – Subidas..........................................................................................35

Figura 10 – Bolsas de transporte espaçamento............................................35

Figura 11 – Bacia sanitária convencional ....................................................38

Figura 12 – Bacia sanitária acoplada e integrada.............................................38

Figura 13 – Corte esquemático da bacia.......................................................38

Figura 14 – Corte esquemático da bacia de ação sinfônica de arraste.......38

Figura 15 – Louças sanitárias EVAC.............................................................40

Figura 16 – Painel traseiro EVAC..................................................................40

Figura 17 – Esquema de montagem da bacia instalada no piso.................41

Figura 18 – Posicionamento do botão de acionamento...............................42

Figura 19 – Ligação da bacia em tubulação para baixo................................43

Figura 20 – Ligação de bateria de bacias em tubulação horizontal.............43

Figura 21 – Ligação de bateria de bacias em tubulação elevada.................44

Figura 22 – Sistema de aproveitamento de água pluvial.............................46

viii

9

Figura 23 - Reservatório de auto-limpeza com bóia de nível......................47

Figura 24 – Formas construtivas de sistemas de aproveitamento de água de

chuva............................................................................................................51

Figura 25 – Bombas à vácuo........................................................................65

Figura 26 – Tanques de Armazenamento.....................................................65

Figura 27 – Bolsa de transporte....................................................................66

Figura 28 – Estação elevatória.....................................................................66

Figura 29 – Área de Captação......................................................................68

Figura 30 – Tubulações de águas pluviais contenção.................................68

Figura 31 – Grelhas de contenção................................................................69

Figura 33 – Estação de tratamento de Água.................................................70

Figura 34 – Etiqueta de identificação............................................................70

ix

10

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Classificação de disponibilidade da água segundo a ONU.........................14

Tabela 2 – Disponibilidade hídrica social e demandas por Estado no Brasil...............15

Tabela 3 – Variação da qualidade da água da chuva devido à área de coleta....... .......51

Tabela 4 – Diferentes qualidades de água para diferentes aplicações................... .......51

Tabela 5 – Dados do Salvador Shopping......................................................................73

Tabela 6 – Número de evacuações....................................................................... ........74

Tabela 7 – Simulação entre sistemas de esgotamento sanitário........................... ........74

Tabela 8 –Relação entre atividades e seus coeficientes de uso............................ ........75

Tabela 9 –Quantidade sustentável pela economia de água.................................. ........77

Tabela 10 –Quantidade e custo mensal antese após o sistema............................. ........78

x

11

RESUMO

A cidade de Salvador constitui-se em uma grande cidade em desenvolvimento

com todas as dificuldades inerentes aos grandes centros urbanos. A avaliação do

uso racional da água se justifica pela intensa preocupação com o meio ambiente e

escassez dos recursos naturais, principalmente as fontes de água para

abastecimento humano, objetivando a busca por alternativas sustentáveis por parte

de todos os segmentos da sociedade. Diante do exposto, foi estudada a redução da

utilização da água em bacias com volume ultra reduzido além da provável eficiência

do uso da água pelo empreendimento Salvador Shopping, na cidade de Salvador-

BA. A metodologia empregada foi a contabilidade do consumo de água nos sistemas

de esgotamento sanitário a vácuo e aproveitamento de águas pluviais. Os resultados

demonstraram uma economia diante do sistema de esgotamento convencional de

94m³ /dia. Através do aproveitamento das águas da chuva houve uma constatação

de redução de aproximadamente 67 mil reais mensais no consumo da água. Os

benefícios sociais apresentados evidenciam numericamente o fato que edificações

necessitam desenvolver e aprimorar projetos sustentáveis a fim de se evitar o

colapso no abastecimento de água potável das cidades.

PALAVRAS-CHAVE – Uso Racional da água; sistema a vácuo; Sustentabilidade.

xi

12

ABSTRACT

The city of Salvador is in a large city in development with all the difficulties

inherent in major urban centres. The assessment of the rational use of water is

justified by the intense concern about the environment and scarcity of natural

resources, especially the sources of water supply for human, to the search for

sustainable alternatives for all segments of society. Given the foregoing, we studied

the reduction of water use in ponds with ultra low volume likely than the efficiency of

water use by the enterprise Salvador Shopping in the city of Salvador-BA. The

methodology used was the accounting of consumption of water sanitation systems in

the vacuum and use of rainwater. The results showed an economy in the face of

conventional system of exhaustion of 94m ³ / day. Through the use of waters of the

rain there was a finding of a reduction of approximately 67 thousand in actual

monthly consumption of water. The social benefits provided evidence numerically the

fact that buildings need to develop and improve sustainable projects in order to avoid

the collapse in drinking water supplies of cities.

KEYWORDS – Rational Use of water, the vacuum system; Sustainability.

xii

13

1. INTRODUÇÃO

Segundo Gonçalves, (2006), a escassez de água em regiões urbanas, afeta

grandes contingentes populacionais, limita a atividade econômica, retarda o

progresso. Infelizmente, essa é a realidade em diversas cidades brasileiras, cujo

abastecimento se encontra ameaçado por problemas relacionados tanto com a

quantidade quanto com a qualidade da água.

Por certo não se trata de um problema exclusivamente brasileiro e tem como

uma de suas principais causas, o crescimento da população. A transição do século

20 para o século 21 é marcada por um crescimento demográfico sem precedentes:

em 1999, a população mundial era de 6 bilhões de pessoas e estima-se que chegará

a 7,9 ou 9,1 bilhões em 2025. Como pode-se notar, o rápido crescimento da

população e os acelerados avanços no processo de industrialização e urbanização

das sociedades, tem repercussões sem precedentes sobre o meio ambiente

(MACHADO, 1999).

Segundo o IDEC (2002), o Brasil é detentor de cerca de 13,7% de toda a

água doce superficial existente no planeta, sendo que 70% desses recursos se

encontram na região amazônica, logo tem uma enorme responsabilidade na sua

conservação para garantir o desenvolvimento econômico para as populações de

hoje e gerações futuras.(Relatório Anual 2006, WWF-Brasil).

Esta responsabilidade é mais evidente nas grandes metrópoles, cidades

como Salvador, que possui atualmente 2,7 milhões de habitantes, sendo a terceira

mais populosa do Brasil (htpp://www.salvador.ba.gov.br).

A outorga pela exploração da água e esgoto da cidade é da Empresa Baiana

de Águas e Saneamento S.A., uma sociedade de economia mista de capital

autorizado, tendo como acionista majoritário o Governo do Estado. A EMBASA é

responsável pelo tratamento e distribuição da água aos consumidores. Entretanto, a

situação do esgoto é diferente: embora coletados por diversas bacias de

esgotamento sanitário, o esgoto apenas passa por processo de condicionamento

prévio na Estação Bahia Azul sendo conduzido ao emissário submarino para

lançamento ao mar, obedecendo às exigências da legislação ambiental

(htpp://www.embasa.ba.gov.br).

Silva (2004), relaciona algumas das principais causas da escassez da água:

14

• Urbanização elevada e desordenada da infra-estrutura urbana;

• Diversificação e intensificação das atividades e conseqüentemente do uso

da água;

• Impermeabilização e erosão do solo;

• Deficiências do setor de saneamento e a relação entre água e saúde;

• Migrações populacionais motivadas pela escassez da água.

Nova abordagem do problema ultrapassa as ações de um só governo, e sim,

há responsabilidade geral de se tratar os recursos da água dentro do conceito de

desenvolvimento sustentável, segundo Romano (1995).

O problema da escassez também está diretamente relacionado a relação

entre quantidade e disponibilidade.

A tabela 1 apresenta a classificação adotada pela ONU para a disponibilidade

da água.

Tabela 1 - Classificação de disponibilidade da água segundo a ONU (1997)

Estresse de água Inferior a 1.000 m³/hab./ano

Regular 1.000 a 2.000 m³/hab./ano

Suficiente 2.000 a 10.000 m³/hab./ano

Rico 10.000 a 100.000 m³/hab./ano

Muito rico Mais de 100.000 m³/hab./ano

Fonte: ONU(1997)

Através da tabela 2 podemos identificar a disponibilidade hídrica social de

cada estado e realizar uma adequação à classificação da ONU.

15

Tabela 2 - Disponibilidade hídrica social e demanda s por Estado no Brasil Estados Potencial

hídrico km3/ano

População habitantes

Disponibilidade hídrica social m3/hab./ano

Densidade populacional hab./km2

Utilização total m3/hab./ano

Nível de utilização 1991

RO 150,2 1.229.306 115.538 5,81 44 0,03 AC 154,0 483.593 351.123 3,02 95 0,02 AM 1.848,3 2.389.279 773.000 1,50 80 0,00 RR 372,3 247.131 1.506.488 1,21 92 0,00

PA 1.124,7 5.510.849 204.491 4,43 46 0,02 AP 196,0 379.459 516.525 2,33 69 0,01 TO 122,8 1.048.642 16.952 3,66 MA 84,7 5.22.183 16.226 15,89 61 0,35 PI 24,8 2.673.085 9.185 10,92 101 1,05 CE 15,5 6.809.290 2.279 46,42 259 10,63

RN 4 ,3 2.558.660 1.654 49,15 207 11,62 PB 4,6 3.305.616 1.394 59,58 172 12,00 PE 9,4 7.399.071 1.270 75,98 268 20,30

AL 4,4 2.633.251 1.692 97,53 159 9,10 SE 2,6 1.624.020 1.625 73,97 161 5,70 BA 35,9 12.541.675 2.872 22,60 173 5,71

MG 193,9 16.672.613 11.611 28,34 262 2,12 ES 18,8 1.802.707 6.714 61,25 223 3,10 RJ 29,6 13.406.308 2.189 305,35 224 9,68

SP 91,9 34.119.110 2.209 137,38 373 12,00 PR 113,4 9.003.804 12.600 43,92 189 1,41 SC 62,0 4.875.244 12.653 51,38 366 2,68 RS 190,0 9.634.688 19.792 34,31 1.015 34,31

MS 69,7 1.927.834 36.684 5,42 174 0,44 MT 522,3 2.235.832 237.409 2 ,62 89 0,03 GO 283,9 4.514.967 63.089 12,81 177 0,25 DF 2,8 1.821.946 1.555 303,85 150 8,56 Brasil 5.610,0 157.070.163 35.732 18,37 273 0,71

Fonte: REBOUÇAS (2003).

De acordo com os dados apresentados é possível constatar que mesmo com

35.732 m³/ hab./ ano, onde posiciona o Brasil em um país rico deste recurso, 22%

dos seus estados se encontra na margem regular. A Bahia, enquadrada em nível

suficiente, gera cultura a abundância, causando efeitos devastadores que ainda não

foram percebidos de forma intensa.

Ultimamente a questão do desenvolvimento sustentável tem sido debatida em

vários países, desenvolvidos ou não, como uma necessidade de mudança da atitude

político-econômica. A presente monografia participa deste debate, visando a

otimização do uso dos recursos naturais na atualidade, para evitar comprometer as

gerações futuras

O estudo que aqui se empreende tem alta relevância acadêmica e

comunitária, pois avalia os efeitos do desenvolvimento econômico e tecnológicos,

cumprido dessa forma o dever da engenharia perante a sociedade.

16

Para desenvolvimento da presente pesquisa foi realizado um estudo de caso

do empreendimento Salvador Shopping com intuito de avaliar o uso racional da

água.

Para avaliação da questão em discussão, a monografia foi estruturada em

seis capítulos.

O primeiro capitulo, apresenta a introdução, com abordagem de questões

relativas à justificativa e importância da pesquisa, bem como seus objetivos.

O segundo capítulo apresenta a situação do uso da água na área urbana,

demonstrando a real necessidade da conservação da água, através da

racionalização do uso e uso de fontes alternativas.

O terceiro capítulo descreve os principais sistemas e programas de

conservação, compreendendo um conjunto de ações específicas de racionalização

do uso da água com o objetivo direto de conservação.

O quarto capítulo faz uma abordagem sobre os procedimentos metodológicos

aplicados ao estudo em questão, além de descrever o empreendimento comercial

escolhido, particularmente sobre os sistemas e programas implantados.

E por final, no sexto capítulo são apresentados os resultados e as conclusões

finais sobre o trabalho, bem como algumas sugestões para trabalhos futuros.

1.1 Objetivos

a) Objetivo Geral

Analisar a gestão da demanda da água em um shopping Center na

cidade de Salvador, quanto à racionalização e preservação.

b) Objetivos Específicos

• Caracterizar os usos da água existente no empreendimento.

17

• Analisar a real redução da utilização da água em bacias sanitárias de

volume ultra reduzido;

• Verificar provável eficiência do uso da água;

2. A ÁGUA, CONSERVAÇÃO E UTILIZAÇÃO NO MEIO URBANO

Todas as reações nos seres vivos necessitam de um veículo que as facilite e

que sirva para regular a temperatura devido ao grande desprendimento de calorias

resultante da oxidação da matéria orgânica.

A água que é fundamental à vida, satisfaz completamente a estas exigências

e se encontra presente em proporções elevadas na constituição de todos os seres

vivos, inclusive no homens, onde atinge cerca de 75% de seu peso. Segundo

Machado (1999), sua influência foi primordial na formação das aglomerações

humanas.

Segundo Gonçalves, (2006), a água é utilizada em todos os segmentos da

sociedade e está presente no uso doméstico, comercial, industrial, público e

agrícola.

A circulação da água em uma área urbana, nos seus diversos usos e formas,

na realidade é apenas uma etapa de um sistema muito maior representado pelo

ciclo da água na natureza. A esse subsistema se atribui o nome de “ciclo urbano” da

água, que compreende, na sua forma atual, os sistemas públicos de abastecimento

de água, de esgotamento sanitário e de gerenciamento de águas pluviais, a este

assunto daremos maior abordagem no próximo capítulo.

2.1 Histórico

A água constitui elemento essencial à vida vegetal e animal. O homem

necessita de água de qualidade adequada em quantidade suficiente para atender a

suas necessidades, para proteção de sua saúde e para propiciar o desenvolvimento

econômico.

18

A quantidade de água livre sobre a terra atinge 1.370milhões km³,

correspondente a uma camada imaginária de 2.700m de espessura sobre toda a

superfície terrestre (510 milhões de km²).

À primeira vista, o abastecimento de água parece realmente inesgotável, mas

se considerarmos que 97% são água salgada, não utilizável para agricultura, uso

industrial ou consumo humano, a impressão já muda. Agrava-se ainda que, da

quantidade de água doce existente 3%, apenas 0,3% aproximadamente, é

aproveitável pois a maior parte encontra-se presente na neve, gelo ou em lençóis

subterrâneos situados abaixo de uma profundidade de 800m, tornando-se inviável

ao consumo humano.

Em resumo, a água utilizável é um total de 98.400km³ sob forma de rios e

lagos e, 4.050.800km³ sob forma de águas subterrâneas, equivalentes a uma

camada de 70,3cm, distribuída ao longo da face terrestre (Machado, 1999).

Há que se considerar ainda a importante heterogeneidade na distribuição

geográfica dos recursos hídricos no Brasil e no Mundo (Figura 1.1). Mesmo sendo o

Brasil detentor de cerca de 13,7% de toda a água doce superficial, 70% desse

recurso se encontram na região amazônica. Nas regiões Norte e Centro-Oeste

concentram-se a maior parte dos recursos hídricos do país, onde a densidade

populacional é relativamente pequena em comparação com as outras regiões. Em

contrapartida, as regiões Sudeste e Nordeste concentram a menor parcela de água

e são responsáveis pelo abastecimento de mais de 70% da população brasileira,

segundo o IDEC (2002).

19

Figura 1. Distribuição dos recursos hídricos e da p opulação no Brasil

Fonte: IDEC (2002 )

Sob o aspecto sanitário e social, o abastecimento de água visa,

fundamentalmente, o controle e prevenção de doenças, implantação de hábitos

higiênicos na população, facilitar a limpeza pública, propiciar conforto, bem estar e

segurança conseqüentemente aumentando a esperança de vida população,

segundo Machado (1999).

2.2 O Ciclo Urbano da Água

A circulação da água em uma área urbana, nos seus diversos usos e formas,

na realidade é apenas uma etapa de um sistema muito maior representado pelo

ciclo da água na natureza. A esse sub-sistema se atribui o nome de “ciclo urbano”

da água, que compreende, na sua forma atual, os sistemas públicos de

abastecimento de água, de esgotamento sanitário e de gerenciamento de águas

pluviais.

A água é utilizada em todos os segmentos da sociedade e está presente no

uso doméstico, comercial, industrial, público e agrícola. De maneira geral, pode-se

dizer que a demanda resulta da soma do consumo com o desperdício. O desperdício

20

é caracterizado pelo uso de quantidades de água além do requisito necessário para

um determinado fim (exemplo: banhos prolongados) e pelas perdas (exemplo:

vazamentos nas redes de distribuição).

No Brasil, dos 2.178 m3/s que representavam a demanda total de água do

país em 2003, 56% da água eram utilizados na agricultura (irrigação), 21% para fins

urbanos, 12% para a indústria, 6% no consumo rural e 6% para a dessedentação de

animais, segundo Rebouças, (2003). No que se refere à distribuição de consumo de

água por bacia hidrográfica no Brasil, observa-se que, no ano 2000, o maior

consumo ocorreu na bacia do Paraná, onde se concentra grande parte da população

do país possui, seguido da bacia do Atlântico do Leste. Segundo Tucci et al. (2000),

a maior concentração industrial brasileira ocorre nas regiões Sudeste e Sul, sendo

que cerca de 74% do total da demanda por água ocorre nas bacias do Paraná e

Atlântico Sudeste, correspondendo a grande parte da Região Sudeste.

Segundo Tomaz (2000) a circulação da água para consumo na área urbana

deve ser sub-dividida em três categorias:

Consumo residencial : relativo a residências unifamiliares e edifícios

multifamiliares;

Consumo comercial : relativo a restaurantes, hospitais, serviços de saúde,

hotéis, lavanderias, auto-posto, lava-rápidos, clubes esportivos, bares, lanchonetes e

lojas;

Consumo público: relativo aos edifícios públicos, escolas, parque infantil,

prédios de unidade de saúde pública, cadeia pública e todos os edifícios municipais,

estaduais e federais existentes.

Segundo Terpstra (1999), os usos da água dentro de uma residência podem

ser separados, podem ser para higiene pessoal, descarga de banheiros, consumo e

por último para limpeza.

De acordo com essa classificação, a água destinada ao consumo humano

pode ter dois fins distintos:

21

Usos potáveis - higiene pessoal, para beber e na preparação de alimentos,

que exigem água de acordo com os padrões de potabilidade estabelecidos pela

legislação.

Usos não potáveis - lavagem de roupas, carros, calçadas, irrigação de

jardins, descarga de vasos sanitários, piscinas, etc.

Este último uso, não potável, pode prever a utilização de fontes alternativas

de água, independentes do sistema público de abastecimento de água.

O ciclo da água na natureza sofre cada vez mais a interferência das ações

causadas pela presença humana na Terra. A crescente ocupação territorial e o

vertiginoso crescimento populacional de centros urbanos interferem neste ciclo. Na

terminologia consagrada na área dos recursos hídricos a utilização da água é

abordada sobre a forma dos usos múltiplos que se faz desse recurso natural,

constata Gonçalves, (2006),

A intervenção humana no ciclo natural da água deu origem a um ciclo menor,

de natureza antrópica, que acontece dentro das cidades, denominado ciclo urbano

das águas (SPEERS e MITCHELL, 2000). A Figura 2.2 esquematiza a correlação

entre os ciclos. O ciclo menor, de utilização direta das águas, corresponde às formas

individualizadas do uso da água, ou seja, que não dependem de estruturas físicas

urbanas, como redes de distribuição ou coleta de água, por exemplo.

22

Figura 2. Esquema dos ciclos da água

Na verdade, podem-se considerar sub-ciclos antrópicos diversos vinculados

ao uso urbano da água. Esses sub-ciclos, de forma integrada, constituem o ciclo

urbano global resultante da intervenção humana. Em geral, ele se associa às ações

estruturais do homem visando o uso da água. Dentre esses sub-ciclos destacam-se

o de abastecimento público de água, o de coleta, afastamento, tratamento e

disposição de águas residuárias, o de geração de energia elétrica, o de manejo das

águas pluviais, entre outros.

Um dos sub-ciclos urbanos mais importantes para a existência do meio

urbano é formado pela captação da água nos mananciais, adução de água bruta,

tratamento para potabilização, distribuição de água na área urbana, uso da água

potável e geração de águas residuárias, coleta das águas residuárias, tratamento

dessas águas em estações de tratamento de esgotos e disposição das águas

residuárias tratadas no corpo receptor, fechando o ciclo. Uma variante desse ciclo

ocorre com as águas tratadas que são lançadas para infiltração no solo e se

incorporam aos lençóis subterrâneos de água que, eventualmente, podem contribuir

com o escoamento de águas superficiais. O ciclo pode ainda incorporar processos

de reciclagem interna de água. Nesses processos a água potabilizada, uma vez

utilizada, passa por tratamento (como água residuária) em seguida é reutilizada sem

voltar ao manancial natural, configurando um ciclo de reúso que pode se repetir,

teoricamente, um número infinito de vezes, constata Gonçalves, (2006),

À exemplo de ciclos que incorporam processos de reciclagem pode citar o

saneamento ecológico que prevê a separação das diferentes formas de águas

23

residuárias nas suas origens, com o objetivo de valorizá-las. A segregação de águas

residuárias na escala residencial permite soluções diferenciadas para o

gerenciamento de água e de resíduos em ambientes urbanos, aumentando a

eficiência da reciclagem de água e de nutrientes, permitindo ao mesmo tempo uma

redução no consumo de energia em atividades de saneamento, constata Otterpohl,

(2001).

O modelo prevê linhas de suprimento de água diferentes para fins potáveis e

para fins não potáveis. O suprimento de água potável (convencional) é assegurado

pela empresa concessionária do serviço de abastecimento público de água. Como

fontes alternativas de água para fins não potáveis prevê-se a utilização de água de

chuva e o reúso de águas cinzas, de maneira consorciada ou não. A água de chuva

é coletada no telhado da edificação e encaminhada para uma cisterna, para

posterior utilização. Finalmente, o modelo prevê o aproveitamento de águas

amarelas, das águas negras tratadas e de lodo na agricultura. Segundo Otterpohl,

(2001), esta seria a descrição das linhas de produção de águas residuárias nas

residências é apresentada a seguir:

Águas negras: água residuária proveniente dos vasos sanitários, contendo

basicamente fezes, urina e papel higiênico ou proveniente de dispositivos

separadores de fezes e urina, tendo em sua composição grandes quantidades de

matéria fecal e papel higiênico. Águas negras segregadas das demais resultam em

estações de tratamento menores, operando de forma mais estável e produzindo

menos subprodutos. Os lodos podem ser aproveitados na agricultura e o biogás

valorizado do ponto de vista energético.

Águas cinzas: águas servidas provenientes dos diversos pontos de

consumo de água na edificação (lavatórios, chuveiros, banheiras, pias de cozinha,

máquina de lavar roupa e tanque), excetuando-se água residuária proveniente dos

vasos sanitários . Alguns autores como Nolde (1999) e Christova-Boal et al, (1996)

não consideram como água cinza, mas sim como água negra, a água residuária de

cozinhas, devido às elevadas concentrações de matéria orgânica e de óleos e

gorduras nelas presentes.

Águas amarelas: água residuária proveniente de dispositivos que separam a

urina das fezes. Podem ser geradas em mictórios ou em vasos sanitários com

compartimentos separados para coleta de fezes e de urina. As águas amarelas

24

podem ser recuperadas sem tratamento, sendo utilizadas como importante fonte de

nitrogênio na agricultura.

2.3 Sustentabilidade

Tendo em conta o ciclo urbano da água e suas relações com os recursos

hídricos em geral, cabe destacar que a gestão desses recursos no Brasil conta com

moderna legislação que incorpora a observância aos princípios de conservação de

água. A lei 9433/97, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, orienta o

estabelecimento de sistemas de gestão integrada, hoje em fases diferenciadas de

implantação e consolidação por todo o país. Embora todo o sistema de gestão dos

recursos hídricos se baseie na visão integrada de usos múltiplos por bacia

hidrográfica, resguardando a quantidade e qualidade do recurso, a justiça social, a

preservação ambiental e outros princípios consagrados. Observam-se nos sistemas

urbanos de utilização das águas algumas características cuja natureza é subjacente

à própria lógica da formação dos centros urbanos modernos nos últimos dois

séculos, lógica que, em grandes linhas, abriga dinâmicas conflitantes com a gestão

de recursos hídricos tal como prevista na lei. A apreciação mais simplificada e direta

sobre essa lógica, mostra que a ocupação urbana se apresentou como o meio mais

adequado ao atendimento das necessidades humanas sem correspondência, no

entanto, ao atendimento de preceitos de sustentabilidade, tema emergente e

obrigatório na atualidade, constata Gonçalves, (2006).

Segundo Gonçalves, (2006) ele ressalta que sob essa ótica de atendimento

às necessidades humanas criaram-se, entre outros, os sistemas públicos de

abastecimento de água potável, o de esgotamento sanitário e o de manejo urbano

das águas pluviais. Esses sistemas, na sua concepção clássica, obedecem

primordialmente a critérios de manutenção e melhoria da saúde pública, do conforto,

da economicidade e da provisão de bases para o desenvolvimento econômico.

Entretanto, a insuficiência desses critérios, ou de outra forma, as limitações de sua

natureza intrínseca, induziram ao estabelecimento de estruturas físicas e práticas de

funcionamento de sistemas públicos urbanos que não respeitam, ou respeitam

apenas parcialmente, os requisitos necessários à sustentação ambiental. A

25

fragilidade estrutural dessa concepção, historicamente desenvolvida, se apresenta

hoje como obstáculo ao próprio desenvolvimento do meio urbano, através dos

problemas de escassez de água, degradação de mananciais, disseminação de

doenças, prejuízos crescentes causados por inundações, altos custos para o

desenvolvimento econômico, entre uma série de problemas que fazem parte do

cotidiano de um grande número de cidades brasileiras e de outros países.

Os requisitos de sustentabilidade apontam para a necessidade de uma série

de modificações referentes à relação do homem com os recursos hídricos, em

especial nos centros urbanos. O aumento da eficiência do uso da água nas áreas

urbanas é um dos principais desafios que se colocam para a engenharia sanitária e,

porque não, para os setores relacionados com o urbanismo e o meio ambiente,

constata Rousset, (2005)

Segundo Machado, (2006) busca pela sustentabilidade no ciclo urbano da

água compreende o uso das mais variadas práticas possíveis de conservação e

novas medidas orientadas por critérios que confiram sustentação ambiental. Um

esforço recente vem sendo empreendido no sentido de se adaptar os conceitos de

produção mais limpa, originados no setor industrial, ao ciclo urbano da água. Esses

princípios quando aplicados à utilização de recursos hídricos balizam algumas das

formas possíveis de intervenção positiva no ciclo urbano da água, que podem ser

resumidas da seguinte forma:

Minimização

• Utilizar a água de melhor qualidade para os usos que a exijam;

• Buscar fontes alternativas de água, tais como águas residuárias para reúso

ou aproveitamento de águas pluviais;

• Utilizar menor quantidade de água para executar as mesmas atividades,

quer seja por mudança de processos ou formas de uso como pelo emprego

de aparelhos economizadores ou tecnologias apropriadas.

Separação

• Não misturar águas que exijam graus diferenciados de tratamento como

águas contendo gorduras, águas contendo material fecal e águas contendo

nutrientes. Sob esse princípio vislumbram-se possibilidades diversas de

simplificação do tratamento, diminuição de custos de tratamento,

reaproveitamento facilitado de substâncias, realocação de recursos para

investimentos, etc;

26

• Não misturar efluentes de origem doméstica com efluentes de origem

industrial, medida que se apóia no fato de que as características do esgoto

doméstico variam em faixas bem mais delimitadas que aquelas observadas

para os esgotos industriais.

Reutilização

• Exploração das diversas formas de reúso de esgotos, desde as formas mais

simples, como utilização direta da água residuária gerada até o reúso após

tratamento e pós-tratamento de esgoto. Um simples exemplo ilustra o

princípio: a água utilizada na máquina de lavar roupas pode ser utilizada na

lavagem de pátios e veículos e após algum grau de tratamento servir à

descarga de bacias sanitárias. Ou seja, a mesma quantidade de água é

usada diversas vezes;

• Tirar vantagem das possibilidades de utilização dos efluentes em usos que

requeiram características nele presentes. Por exemplo: utilização de esgotos

ricos em nutrientes para irrigação controlada;

• Hierarquizar ciclos de utilização da água, separando-os segundo a qualidade

e quantidade exigidas em cada um deles. Dessa forma é possível estabelecer

procedimentos para tratar e dispor corretamente no próximo ciclo, apenas a

água que não puder ser utilizada em um ciclo de grau superior de exigência;

2.4 Conservação da água nas áreas urbanas

A conservação de água pode ser definida como um conjunto de práticas,

técnicas e tecnologias que propiciam a melhoria da eficiência do seu uso, incidindo

de maneira sistêmica sobre a demanda e a oferta de água. Para Hespanhol e

Gonçalves, (2005), as iniciativas de racionalização do uso e de reúso de água se

constituem em elementos fundamentais para a ampliação da eficiência do uso da

água, resultando em:

• Aumento da disponibilidade para os demais usuários,

• Flexibilização dos suprimentos existentes para outros fins,

• Atendimento ao crescimento populacional,

27

• Suporte à implantação de novas indústrias,

• Preservação e conservação do meio ambiente.

A conservação de água é definida como “qualquer redução de uso ou de

perda de água que implique benefícios líquidos positivos” (MONTENEGRO e SILVA,

1987). Segundo os mesmos autores, a referência a benefícios positivos contempla a

preocupação com duas situações. O benefício líquido é positivo quando a agregação

de todos os ganhos de uma ação ou de um programa de redução do uso ou da

perda excede a agregação de todos os efeitos adversos (custos e benefícios

negativos) ocasionados por ela. Além disso, considera-se que a conservação de

água não pode ser enfocada de forma unilateral, a despeito dos demais recursos.

Dessa forma, se a conservação de um recurso implica dilapidação de outro, não

existe uma ação verdadeiramente conservacionista.

Oliveira e Gonçalves, (1999), também abordando a classificação das ações

conservacionistas, apresentam a seguinte proposição:

• Econômicas – Consistem na aplicação de incentivos ou de desincentivos

econômicos. Os incentivos podem, por exemplo, se constituir em diferentes

formas de subsídio à aquisição e implantação de sistemas e de dispositivos

economizadores de água. Os desincentivos podem ser constituídos, por

exemplo, por tarifas mais elevadas para os maiores consumos.

• Sociais – Têm como foco principal a conscientização dos usuários, através

de campanhas educativas que buscam a adequação de procedimentos e

modificações nos padrões de comportamento individual a cerca do uso da

água.

• Tecnológicas – São ações que interferem na infra-estrutura, como, por

exemplo, a substituição de sistemas e dispositivos convencionais por outros

economizadores de água. Outros exemplos são a implantação de sistemas de

medição setorizada do consumo de água, a detecção e a correção de

vazamentos e o uso de fontes

alternativas de água.

28

Considerando a abrangência das ações, Oliveira, (1999) considera as

seguintes escalas de classificação:

• Nível macro – Ações na escala de países e dos organismos internacionais,

portando sobre os sistemas hidrográficos, tais como: aprimoramento do

arcabouço político, institucional, jurídico e legal. Em se tratando do

abastecimento urbano, essas ações são orientadas por estudos de previsão

da disponibilidade hídrica, incluindo desde medidas abrangentes de gestão da

demanda até a proteção dos

mananciais.

• Nível meso – Refere-se às ações na escala dos sistemas urbanos de água,

que contemplam, por exemplo, o controle de perdas nos sistemas de

distribuição. Têm como foco principal a redução de perdas físicas e não

físicas, sendo realizadas no âmbito de programas regionais que apóiam

diretamente a prestação do serviço. No Brasil, nesse nível podem ser citados

os programas PASS, PMSS e Pró- Saneamento.

• Nível micro – Composto por ações que se concentram nos sistemas

prediais, voltadas para o aumento da eficiência no uso da água. Tais ações

visam à melhoria do conjunto das instalações de água e esgoto, diretamente

implicadas no consumo predial.Envolvem fabricantes de peças e dispositivos

economizadores, desenvolvimento de normalização técnica específica e

programas de qualidade industrial. As medidas passivas de gestão da

demanda (educação e uso de tarifas para inibição do consumo) são

contempladas nesse nível.

O uso de fontes alternativas de água nas edificações é uma ação de

conservação de água que pode ser classificada como estruturante e não

convencional.

Em um estudo elaborado em Portugal pelo Laboratório Nacional de

Engenharia Civil (LNEC, 2001), no âmbito do PROGRAMA NACIONAL PARA O

USO EFICIENTE DA ÁGUA, as seguintes ações foram sugeridas no sentido de se

incrementar o uso de fontes alternativas de água naquele país:

• Sensibilização, informação e educação, devendo ser dirigida aos

responsáveis por instalações domésticas, coletivas e comerciais, não só promovida

29

pela alta instância hierárquica do edifício em questão, mas também pelos gestores

dos sistemas de abastecimento de água e pelos responsáveis por unidades de

comércio, indústria e instalações coletivas; dentre as várias possibilidades sugere-se

a elaboração de um guia não especializado para divulgação das aplicações e

tecnologia apropriada;

• Documentação, formação e apoio técnico, principalmente através da

elaboração de manual técnico especializado para utilização de água de qualidade

inferior para usos não potáveis, dirigido essencialmente aos profissionais na área de

saneamento básico;

• Normalização, notadamente pelo desenvolvimento de normas portuguesas

relativas aos procedimentos e critérios a utilizar na reutilização ou uso de água de

qualidade inferior em instalações prediais, incluindo as várias alternativas, tais como

água captada não tratada, águas cinzas ou água pluvial, mas excluindo as águas

negras;

• Rotulagem de produtos, que deve ser obrigatória após um período de

transição. Este mecanismo dirige-se aos fabricantes, distribuidores e comerciantes

de equipamentos para este fim. A rotulagem deve incluir a informação necessária

para a caracterização dos sistemas em termos do uso de água e de energia;

• Certificação, homologação e verificação de conformidade com normas de

produtos de iniciativa de fabricantes de equipamentos que existam ou venham a ser

colocados no mercado com a finalidade de serem utilizados para a reutilização de

água na habitação ou outras instalações.

• Implementação de projetos de demonstração, que pode ser promovida

voluntariamente pelos responsáveis por instalações domésticas, coletivas e

comerciais eventualmente em colaboração com os fornecedores de equipamentos.

• A responsabilidade da implementação é essencialmente da tutela do

ambiente, sugerindo-se o envolvimento de entidades gestoras de sistemas de

drenagem e tratamento de águas residuais, de associações de utilizadores nas

áreas afins e de organizações não governamentais.

Por fim, embora aporte um impacto significativo na redução dos consumos de

água e de produção de águas residuárias, o aproveitamento de fontes alternativas

em uma edificação demanda um investimento significativo para instalação dos

componentes do sistema. Devem ser considerados uma rede de abastecimento

dupla, dois reservatórios de água (um potável + um não potável) e um sistema para

30

tratamento da água não potável antes do uso. Os custos de investimento, de

operação e de manutenção dependem do tipo de instalação e das condições locais.

No que se refere à funcionalidade da edificação, o uso de fontes alternativas não

implica em grandes modificações, a não ser a manutenção dos sistemas de

tratamento e de armazenamento.

31

3. SISTEMAS E PROGRAMAS DE CONSERVAÇÃO

A organização Mundial de Saúde estabelece alguns conceitos básicos que

muito contribuem para o melhor entendimento do reúso da água (OMS, 1973);

Reúso indireto ou não planejado, quando a água previamente usada e

descartada na forma de esgoto nos rios e outros corpos d’água, é utilizada

novamente a jusante, de forma diluída, principalmente;

Reúso direto é o uso planejado e deliberado de esgotos tratados para certas

finalidades como irrigação, uso industrial, recarga de aqüífero e água potável;

Reciclagem interna é o reúso da água internamente em instalações

industriais, tendo como objetivo a economia e o controle da poluição.

Segundo Machado, (2005), consideram-se fontes alternativas de água

aquelas que não estão sob concessão de órgãos públicos ou que não sofrem co-

brança pelo uso ou, ainda, que fornecem água com composição diferente da água

potável fornecida pelas concessionárias.

Ressalta-se a observância do impacto provocado no meio ambiente e o grau

de responsabilidade social quando da utilização de fontes alternativas, como a

captação direta de corpos d’água ou a perfuração de poços artesianos.

Deve-se considerar ainda que a utilização destas fontes requer autorização

do poder público, ficando os usuários sujeitos à cobrança pelo uso da água, bem

como às sanções pelo uso inadequado, ou pela falta da outorga e licenças cabíveis.

Nesse sentido, recomenda-se que no meio urbano a decisão de usar fontes

alternativas de água passe prioritariamente pelo critério de menor impacto ao meio

ambiente, procurando-se a água que está disponível naturalmente sem intervenção

direta nos mananciais ou que é oferecida de forma responsável pelos órgãos

públicos.

Apresentam-se a seguir as fontes de água consideradas adequadas para o

aproveitamento de água pluvial, drenagem e reúso de águas cinzas nos

empreendimentos de construção civil.

Por fim, as fontes alternativas de água são fontes opcionais àquelas

normalmente disponibilizadas às habitações (água potável), destacando-se dentre

elas a água de chuva.

32

3.1 Redução do consumo de água em aparelhos sanitár ios

A redução do consumo de água no uso doméstico teve forte impulso a partir

da década de 80 e firmou-se no presente momento. Na atualidade, têm continuidade

os estudos relativos ao funcionamento dos aparelhos sanitários e do comportamento

do usuário. Encontram-se em desenvolvimento novos modelos de gestão das águas

por parte do setor industrial, a consolidação de normalização técnica, bem como as

ações em consideração no âmbito dos sistemas de gestão do setor do saneamento

e dos recursos hídricos.

O uso doméstico se refere à utilização de aparelhos sanitários normalmente

encontrados em residências. São os usos realizados nas bacias sanitárias,

lavatórios, chuveiros, pias, tanques, lavadoras de roupas, etc. Dessa forma a

expressão “uso doméstico” pode ser estendida a edifícios outros não destinados à

moradia, mas que contem com áreas dotadas daqueles aparelhos sanitários.

Paralelamente ao desenvolvimento de estudos e consolidação tecnológica

observa-se um forte impulso de ações conservacionistas no uso doméstico,

especialmente no caso de edifícios de usos públicos (shopping centers, aeroportos,

estações rodoviárias, edifícios públicos e outros), bem como em edifícios novos de

moradia de alto padrão que incorporam programas de conservação de espectro

razoavelmente amplo. A medição individualizada, o aproveitamento de água de

chuva, a utilização de aparelhos sanitários economizadores e o reúso têm sido

observados em edifícios de apartamentos dessa faixa de renda.

Diante dos problemas e necessidades citados acima, uma alternativa

interessante de aplicação tecnológica é o emprego de um sistema diferenciado,

como o sistema de Coleta de Esgoto a Vácuo. Segundo a EVAC, (2002) o consumo

de água é de no máximo 1,2 litros por descarga e, em condições normais, nunca é

necessário o uso de 2 descargas para o afastamento do efluente, o que

freqüentemente acontece com bacias gravitacionais de vazão reduzida, além destas

serem muito mais susceptíveis a entupimentos.

Tanto do ponto de vista de transporte de sólidos quanto com relação à

economia de água possível com o emprego de tal sistema são extremamente

interessantes, em relação ao sistema convencional de coleta de esgoto sanitário por

gravidade.

33

Eles se baseiam em diferença de pressão para coleta dos efluentes,

propiciando grande economia de água nas bacias sanitárias e grande flexibilidade

na instalação.

Um esquema simplificado deste sistema pode ser observado na Figura

abaixo.

Os principais componentes de um sistema são:

• Módulo central de Vácuo - Equipamento responsável pela geração de vácuo e

coleta do efluente;

• Tubulação de coleta - Tubos e conexões que interligam os aparelhos a vácuo

a central de coleta;

• Bacias Sanitárias Específicas - Bacias Especiais, à exemplo, de fabricação

Evac, que funcionam por vácuo.

• Válvula de Interface – Utilizadas para coletar o esgoto advindo de lavatórios,

mictórios, chuveiros, entre outros.

Figura 3 – Esquema simplificado do sistema de Colet a de Esgoto a Vácuo EVAC. Fonte: EVAC (2000)

Na unidade central, vácuo é gerado e mantido por bombas de vácuo em toda

a rede de coleta. A central de vácuo é constituída basicamente por tanques,

34

bombas, válvulas e painel de controle. Através do funcionamento das bombas de

geração de vácuo, o ar é retirado do interior dos tanques e do sistema de tubulação.

Utilizando uma Central de Lógica Programável (CLP), o painel de controle possui um

sistema automático de monitoramento e gerenciamento, responsável pelo comando

das bombas, monitoramento dos níveis de vácuo do sistema, além do

monitoramento dos níveis de esgoto no interior dos tanques e, por conseguinte, da

ativação dos ciclos de esvaziamento, com descarga automática do efluente para a

estação de tratamento ou diretamente na rede pública, quando permitido. A central

de vácuo é o único ponto que requer a utilização de energia elétrica em todo o

sistema. EVAC, (2002)

As extremidades da tubulação necessitam possuir instalação de vasos

sanitários específicos para completo fechamento do sistema. Entretanto, a tubulação

de coleta de esgoto a vácuo deverá ser diferenciada daquela utilizada no sistema

convencional de esgoto sanitário.

Devido as características dos sistemas à vácuo, basicamente a diferença de

pressão entre o interior e o exterior da tubulação e a velocidade do efluente dentro

da tubulação, alguns cuidados devem ser tomados no projeto e construção da rede

de coleta de esgoto a vácuo.

Estas tubulações necessitam de paredes reforçadas, devido ao emprego de

diferencial de pressão Usualmente, utiliza-se o mesmo tipo de tubulações

empregadas nas Instalações Prediais de Água Fria. Apesar da necessidade de

paredes reforçadas, os diâmetros utilizados variam de 50 a 110mm. Outro aspecto

importante é o de que não há necessidade de que a declividade seja permanente, a

declividade mínima das tubulações horizontais deverá ser de 0,2% na direção da

vazão, diminuindo a profundidade de canaletas e forros falsos, além de eliminar

estações elevatórias no caso de grandes distâncias horizontais a serem percorrida,

constata EVAC, (2002)

35

Figura 4: Declividade da Tubulação

Fonte: EVAC (2000)

Referindo-se as conexões não deve ser utilizado “tê” para interligação de

tubulação secundária à principal. Sempre deverá ser utilizada junção simples a 45º,

acrescentando que em mudança de direção da tubulação deve-se apenas utilizar

curvas de raio longo ou cotovelos de 45º, como mostra figura abaixo.

Figura 5: Conexões utilizadas

Fonte: EVAC (2000)

Na união das tubulações horizontais, a tubulação secundária deverá ligar-se

sempre em nível acima ao da tubulação principal.

Figura 6: Interligação de ramal a coletor

Fonte: EVAC (2000)

36

As tubulações deste sistema possuem características intrínsecas, são elas:

• A interligação de bacias sanitárias ou válvulas de interface a uma tubulação

secundária, pode ser feita com curva de raio curto, desde que a distância da curva

até a bacia ou válvula seja inferior a 1 metro;

• Deverão ser previstas válvulas de esfera de passagem livre para isolamento

das tubulações secundárias (ramais) propiciando ;

• Válvulas de isolamento também devem ser previstas na chegada de cada

tubulação à central de vácuo, como representa a Figura 10, no esquema abaixo.

Figura 7: Válvulas de Isolamento

Fonte: EVAC (2000)

• Em tubulações verticais de subida não deve ser executada ampliação da

secção do tubo;

• Em tubulações horizontais, não deve ser executada redução da secção do

tubo na direção da vazão;

• Em caso de desvios de obstáculos, como vigas, outras tubulações, condutos

de ar-condicionado, desenvolvendo trechos ascendentes, o somatório de trechos

ascendentes não deverá ultrapassar 5 metros, sendo que os trechos descendentes

não poderão ser descontados. Em caso de desvios longos, fazer reforma antes da

subida, como na Figura 11 abaixo representada.

37

Figura 8: Desvios Verticais

Fonte: EVAC (2000)

• É necessário criar bolsas de transporte ou bolsas de reforma para aumento

de eficiência do sistema e recuperação da altura inicial da tubulação em tubulações

horizontais. Estas devem ser instaladas em intervalos regulares.

• tubulações de subida maiores que 1 metro deverão ser perfeitamente

verticais, para subidas entre 1 e 2 metros, instalar um pescoço de ganso no alto da

subida

• Para desníveis de 2 a 3 metros, deve-se também executar o pescoço de

ganso no ápice do ramal vertical, sendo que a tubulação deverá ser de no máximo

DE 50 e a subida deve ocorrer logo após a conexão do aparelho;

• Deverão ser previstas válvulas de retenção em pontos onde seja possível o

retorno do efluente, como por exemplo, subidas maiores que 4 metros;

38

Figura 9: Subidas

Fonte: EVAC (2000)

Figura 10: Bolsas de transporte espaçamento .

Fonte: EVAC (2000)

As válvulas de interface são utilizadas na remoção de dejetos líquidos, como

os advindos de lavatórios, mictórios e chuveiros, entre outros aparelhos. São

constituídas basicamente por um reservatório (buffer), responsável pela coleta e

reserva temporária do esgoto. Em conjunto, uma válvula de descarga é instalada.

Como o reservatório possui um sensor de nível, quando os dejetos se acumulam até

atingir uma altura pré-determinada no seu interior, este sensor detecta este nível e

aciona a abertura da válvula de descarga, propiciando a entrada dos dejetos líquidos

ao sistema de tubulações. A regulagem do funcionamento da válvula de descarga se

dá, de forma similar à bacia sanitária, por um módulo ativador. EVAC, (2002)

Quando pressionado botão de acionamento, a válvula de descarga do vaso

se abre. Neste momento, devido a diferença de pressão, baixa dentro da tubulação

39

e alta fora dela, o efluente é coletado, entrando na rede de tubulação, se dirigindo a

central de vácuo. Ao mesmo tempo um jato de água limpa o vaso sanitário e então a

válvula de descarga se fecha, ficando aí o aparelho pronto para outro ciclo. A cada

uso dos aparelhos, há uma perda de vácuo do sistema, sensores no módulo central

fazem as bombas de vácuo operarem para recuperar o nível de adequado de vácuo.

Conforme os tanques de coleta da central de vácuo se enchem, tem-se um

ciclo de descarga automático, despejando o efluente para rede pública ou estação

de tratamento.

3.2 Aparelhos sanitários economizadores

Segundo Gonçalves, (2006) entre os diversos edifícios e possibilidades de

uso destacam-se os ambientes de um edifício onde normalmente se usa água:

banheiros, cozinhas, áreas de serviços, áreas verdes, garagens, entre outros. O

principal aparelho sanitário através dos qual a água é usada nesses ambientes é

abordada neste capítulo, a saber, a bacia sanitária.

Nos próximos parágrafos apresentam-se esses aparelhos abordados segundo

três linhas principais de critérios: o consumo de água e as possibilidades de sua

redução; as características mais importantes de seu funcionamento e a

disponibilidade desses aparelhos no mercado brasileiro.

A quantidade de água potável consumida em aparelhos sanitários é função de

um grande número de variáveis que, num largo panorama vão do local e da época

do ano em que se dá o uso, passam pelo tipo de instalação predial e tecnologias

envolvidas e chegam ao campo da cultura humana e correspondentes hábitos.

A adoção de aparelhos economizadores de água no Brasil vem crescendo de

forma acelerada, notadamente em prédios de uso público como shopping centers,

teatros, cinemas, estádios, aeroportos, escolas e outros, principalmente porque o

seu emprego proporciona redução das despesas na conta de água e esgoto, bem

como com a conta de energia elétrica e associa o local a valores ambientalistas

difusos que ganham espaço no nosso país especialmente em contextos de

escassez crônica.

40

Bacias sanitárias convencionais

A bacia sanitária é o componente da instalação hidráulica predial que serve à

evacuação da excreção humana, composta tanto de dejetos sólidos, as fezes, como

de dejetos líquidos, a urina. Além desse uso mais freqüente, recebe, eventualmente,

vômitos e secreções do aparelho respiratório lançadas pela boca, bem como outros

tipos de excreções eventuais devidas a doenças crônicas ou agudas. Em conjunto

com excreções sólidas e líquidas é admissível e provavelmente desejável sob o

ponto de vista de saúde pública, que o papel higiênico seja lançado na bacia, o que

não se constitui em prejuízo ao seu funcionamento. No entanto, o lançamento de

restos de comida na bacia, bem como de outros detritos, constitui-se em uso não

adequado para o qual a bacia não foi projetada a atender.

As bacias sanitárias disponíveis são de três tipos: acoplada, integrada e

convencional. A bacia convencional que é o tipo mais freqüentemente utilizado no

Brasil é fornecida de forma independente do aparelho de descarga, aparelho

destinado a promover sua limpeza que nesses casos pode ser uma caixa de

descarga convencional ou uma válvula de descarga. A figura 14 ilustra esse tipo de

bacia.

As bacias sanitárias integradas e acopladas são do tipo em que a caixa de

descarga é fornecida junto com a bacia. A integrada é um tipo de bacia que forma

com a caixa de descarga uma peça monolítica. Na acoplada a bacia e a caixa são

peças diferentes e na instalação a saída da caixa fica posicionada sobre a entrada

da bacia. A figura 15 ilustra esses tipos de bacia.

Quanto à forma de funcionamento, as bacias sanitárias podem ser de arraste

ou por ação sifônica. Em ambos os casos a bacia possui um sifão. No caso da bacia

por ação sifônica, o sifão possui alguns estrangulamentos (conforme ilustra a figura

16) na sua parte interna que provoca o sifonamento da descarga de água e que

garante a limpeza da bacia. No caso da bacia de arraste, o sifão não tem nenhum

estrangulamento (conforme ilustra a Figura 17) e a limpeza da bacia é garantida pela

quantidade de movimento da água sob escoamento que constitui a descarga da

bacia.

41

Figura 11 - Bacia sanitária convencional Figura 12 - Bacia sanitária acop lada (a) Fonte: EVAC (2002) e integrada (b )

Fonte: EVAC (2002)

Figura 13 - Corte esquemático da bacia Figura 14 - Corte esquemático da bacia Fonte: EVA C (2002) de ação sifônica de arraste Fonte: EVAC (2002)

No âmbito relacionado a consumo de água, em muitos países desenvolvidos

a preferência sempre foi pelos sistemas de descarga por caixa acoplada, que gasta

um volume pequeno e fixo de água. No Brasil, entretanto, o sistema mais usado até

hoje é o de válvula de descarga, constata o IBDA, (2007)

Segundo Gonçalves, (2006) a válvula de descarga é um componente

colocado à montante para gerar a quantidade de água necessária e suficiente para

produzir um funcionamento adequado que significa limpar a superfície da bacia,

remover os dejetos líquidos e sólidos do poço e transportar esses dejetos a uma

distância considerada adequada.

De acordo com IBDA, (2007) em 1997, com a finalidade de reduzir o consumo

d'água nas instalações sanitárias, o Ministério do Interior através do Programa

Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Habitat (PBQP-H) estabeleceu em norma

os novos limites máximos de utilização de água para a limpeza de bacias sanitárias.

42

Segundo essa determinação governamental, até o ano de 1999 as bacias

sanitárias utilizadas no Brasil poderiam consumir até 12 litros de água de descarga

por ciclo. A partir do ano de 2000 o limite máximo de utilização d'água por bacias

sanitárias e a partir de 2002 o teto é de 6 litros, nível este que já é adotado pelos

países da Comunidade Européia e da América do Norte.

Para que se possa estabelecer e controlar o volume do consumo de água das

bacias sanitárias é necessário que a descarga seja provida de uma caixa de

descarga, que por sua própria natureza só pode liberar volumes de água de acordo

com o volume do seu reservatório. Isto porque é impossível, na prática, controlar o

volume de descarga liberado por válvulas flexíveis.

Bacia sanitária com volume ultra reduzido

De acordo como foi dito no item anterior, o sistema de esgotamento sanitário

à vácuo foi desenvolvido no final da década de 50, na Suécia, sendo a partir daí

utilizado em todo o mundo, sendo que normalizações específicas para o projeto e

execução deste sistema existem nos países que utilizam esta tecnologia, como

Inglaterra (BBA, 1995), França (AVIS TECHNIQUE, 1991), entre outros.

Em um relatório do Stevens Institute of Technology (KONEN, 1993), acerca

dos resultados obtidos em testes rigorosos de funcionamento, similares aos

descritos e propostos posteriormente por Oliveira Jr (2002) para as bacias de 6,0-6,8

litros, fica atestada a eficiência de remoção de sólidos da bacia sanitária a vácuo em

teste.

As bacias sanitárias especiais foram desenvolvidas apenas para sistemas de

coleta de esgoto à Vácuo em instalações prediais. Usam apenas 1,2 litros de água

por descarga, promovendo assim uma economia de 90% de água com relação a

sistemas tradicionais. Estes aparelhos não precisam de eletricidade ou água para

funcionar, apenas de fornecimento de vácuo, presente na tubulação de coleta de

esgoto a vácuo. Segundo a EVAC, (2002) as bacias sanitárias especiais podem ser

divididas em dois elementos principais:

• Louça sanitária

43

Deve ser devidamente fixado ao chão ou parede, bem ancorado e interligado

ao painel traseiro. Junto à louça são montados o anel de dispersão de água e a

tampa e assento. O botão de acionamento pode ser montado na louça ou na parede.

O anel de dispersão de água e o botão de acionamento têm conexão direta aos

componentes da placa traseira.

Figura 15: Louças sanitárias Evac

Fonte: EVAC (2002)

• Painel traseiro Placa metálica onde são montados: módulo de controle, válvula de descarga,

válvula de água e demais componentes que são interligados por mangueiras de

borracha. Todo este conjunto é fixado internamente a bacia.

Figura 16: Painel traseiro Evac .

Fonte: EVAC (2002)

44

O painel traseiro é montado junto ao vaso encaixando-se a saída da

porcelana propriamente dita à entrada da válvula de descarga e apoiando ou

parafusando a placa metálica à porcelana. A saída da válvula de descarga deve ser

conectada à tubulação de coleta de esgoto a vácuo através de luva de borracha e

braçadeiras e a válvula de água, à rede abastecimento de água por meio de flexível.

A tubulação de coleta de esgoto a vácuo deve ser bem fixada para evitar fadiga das

peças da placa traseira e a porcelana deve ser parafusada ao chão, constata EVAC,

(2002)

A bacia montada no chão pode ser colocada faceando a parede ou distante

desta. Quando montada faceando a parede, deve-se prever uma abertura na parede

para que se possibilite a conexão com a rede de abastecimento de água e com a

rede de coleta de esgoto. O botão de acionamento pode ser montado junto à louça

ou na parede, sendo que no segundo caso deve-se encaminhar a mangueira de

conexão entre a válvula de controle e o botão propriamente dito. A montagem do

vaso deve ser feita por 2 parafusos chumbados no chão, que quando apertados

dêem perfeito alinhamento entre a válvula de descarga e a tubulação de coleta. O

vaso deve ser perfeitamente fixado de forma evitar movimento relativo entre vaso e

tubulação, o que pode levar a quebra de componentes, por isso também a tubulação

deve ser muito bem fixada. (EVAC, 2002)

Figura 17: Esquema de montagem da bacia instalada n o piso.

Fonte: EVAC (2002)

45

O botão de acionamento da descarga à vácuo das bacias montadas no chão

podem ser instalado na parede (opcional) ou na louça. Já o modelo montado na

parede tem o botão de acionamento necessariamente montado na parede. Quando

se instalar o botão na parede deve-se prever um conduite embutido na parede para

passagem da mangueira de acionamento entre o botão propriamente dito e a parte

traseira da bacia, onde fica a válvula de controle, como mostra a figura abaixo.

(EVAC, 2002)

Figura 18: Posicionamento do botão de acionamento.

Fonte: EVAC (2002)

A saída de esgoto dos sistemas a vácuo são dotados de capacidade de

elevação do efluente e a saída do vaso é horizontal, assim algumas possibilidades

se abrem no tocante à conexão do vaso com a rede de coleta de esgoto a Vácuo.

O ramal coletor do vaso sanitário pode ser configurado em diferentes

posições com relação aos vasos e elementos estruturais. Pode estar acima da laje,

abaixo desta ou quando o efluente estiver subindo, o ramal estará instalado acima

do forro, como exemplificado abaixo.

Figura 19: Ligação da bacia em tubulação para baixo

Fonte: EVAC (2002)

46

Figura 20: Ligação de bateria de bacias em tubulaçã o horizontal .

Fonte: EVAC (2002)

Figura 21: Ligação de bateria de bacias em tubulaçã o elevada.

Fonte: EVAC (2002)

O emprego de sistema de coleta de esgoto a vácuo está crescendo no país,

ganhando adeptos para ser usado principalmente em edifícios comerciais, “shopping

centers”, hotéis, instalações hidráulicas prediais em fábricas e outros locais onde a

economia de água e a redução dos custos com o esgoto sanitário justificam o

investimento para implantação, bastante alto.

47

3.3 Aproveitamento da água da chuva

A captação da água da chuva é uma prática muito difundida em países como

a Austrália e a Alemanha, onde novos sistemas vêm sendo desenvolvidos,

permitindo a captação de água de boa qualidade de maneira simples e bastante

eficiente em termos de custo-benefício. A utilização de água de chuva traz várias

vantagens Aquastock, (2005):

• Redução do consumo de água da rede pública e do custo de fornecimento

da mesma;

• Evita a utilização de água potável onde esta não é necessária, como por

exemplo, na descarga de vasos sanitários, irrigação de jardins, lavagem de pisos,

etc;

• Os investimentos de tempo, atenção e dinheiro são mínimos para adotar a

captação de água pluvial na grande maioria dos telhados, e o retorno ocorre

a partir de dois anos e meio;

• Faz sentido ecológica e financeiramente não desperdiçar um recurso

natural escasso em toda a cidade, e disponível em abundância todos os telhados;

Segundo Gonçalves, (2006) um sistema de aproveitamento da água da

chuva, portanto, possui características próprias e individualizadas e atende ao

princípio do saneamento ecológico, sendo na essência independente de um sistema

centralizado. Quando se utiliza deste, está se promovendo auto-suficiência e ainda

se contribui para a conservação da água.

Coletar água de chuva não é apenas conservar a água, mas também a

energia, considerando o consumo necessário para a operação de uma estação de

tratamento de água, o bombeamento e as operações correlatas de distribuição entre

reservatórios. Estudos mostram que o custo energético tem se constituído num

montante aproximado de 25% a 45% do custo total de operações de sistemas de

abastecimento de água. Por outro lado ainda, o aproveitamento da água da chuva

reduz a erosão local e as enchentes causadas pela impermeabilização de áreas

como coberturas, telhados e pátios, captando-a e armazenando-a.

Pode-se dizer que um sistema de aproveitamento de água de chuva é um

sistema descentralizado e alternativo de suprimento de água visando entre outros a

48

conservação dos recursos hídricos reduzindo a demanda e o consumo de água

potável.

De acordo com o manual da ANA/ FIESP, (2005) a água pluvial é coletada em

áreas impermeáveis, ou seja, telhados, pátios, ou áreas de estacionamento, sendo,

em seguida, encaminhada a reservatórios de acumulação.

Posteriormente, a água deve passar por unidades de tratamento para atingir

os níveis de qualidade correspondentes aos usos estabelecidos em cada caso.

O uso de sistemas de coleta e aproveitamento de águas pluviais propicia,

além de benefícios de conservação de água e de educação ambiental, a redução do

escoamento superficial e a conseqüente redução da carga nos sistemas urbanos de

coleta de águas pluviais e o amortecimento dos picos de enchentes, contribuindo

para a redução de inundações.

A avaliação econômica dos projetos de aproveitamento de água pluvial é

bastante positiva, podendo reduzir, significativamente, os valores mensais das

contas de água.

A metodologia básica para projeto de sistemas de coleta, tratamento e uso de

água pluvial envolve as seguintes etapas:

• Determinação da precipitação média local (mm/mês);

• Determinação da área de coleta;

• Determinação do coeficiente de escoamento superficial;

• Caracterização da qualidade da água pluvial,

• Projeto do reservatório de descarte;

• Projeto do reservatório de armazenamento;

• Identificação dos usos da água (demanda e qualidade);

• Estabelecimento do sistema de tratamento necessário;

• Projeto dos sistemas complementares (grades, filtros, tubulações etc.).

49

Figura 22 – Sistema de aproveitamento de água pluvi al. Fonte: ANA/ FIESP (2005)

A precipitação média local deve ser estabelecida em função de dados

mensais publicados em nível nacional, regional ou local.

Segundo Gonçalves, (2006) todo estudo hidrológico deve levar em

consideração o macro clima de uma bacia hidrográfica. O tipo de precipitação, por

exemplo, está diretamente associado às condições atmosféricas dominantes.

A precipitação inclui a água da neve, granizo, geada e a procedente da chuva,

de neblina e orvalho. No entanto, é a chuva a forma mais freqüente de precipitação

e sem dúvida a mais fácil de medir. A quantidade de chuva é expressa pela altura de

água caída e acumulada sobre uma superfície plana e impermeável. Para medi-la,

utilizam-se aparelhos denominados pluviômetros ou pluviógrafos, conforme sejam

simples recipientes da água precipitada ou registrem essas alturas no decorrer do

tempo.

O objetivo de um posto de medição de chuvas é o de obter uma série

ininterrupta de precipitação ao longo dos anos. A partir da obtenção de séries

históricas de chuva numa dada região, pôde-se estabelecer correlações entre

disponibilidade e demanda, por exemplo, para o dimensionamento de obras

hidráulicas, reservatórios de acumulação ou armazenamento de água.

Dentre as possibilidades de coleta da água da chuva, as técnicas mais

comuns e utilizadas são através da superfície dos telhados ou das superfícies no

solo. O sistema de coleta da chuva através dos telhados é mais simples e quase

sempre produz uma água de melhor qualidade.

50

Em ANA/ FIESP, (2005) o coeficiente de escoamento superficial é

determinado em função do material e do acabamento da área de coleta.

A caracterização da qualidade da água pluvial deve ser feita utilizando-se

sistemas automáticos de amostragem, para posterior caracterização através das

variáveis consideradas relevantes em nível local. A caracterização deve ser feita

após períodos variáveis de estiagem e tem como objetivo fornecer elementos para o

cálculo do reservatório de descarte.

Segundo Gonçalves, (2006) inúmeros estudos na literatura técnica têm

evidenciado que a primeira chuva ou chuva inicial é mais poluída, por lavar a

atmosfera e a superfície de captação, quer sejam telhados ou superfícies do solo.

Esta água da chuva inicial pode ser desviada do reservatório de forma manual

através do uso de tubulações ou ainda de forma automática através de dispositivos

de auto-limpeza.

Os reservatórios de auto-limpeza com torneira bóia funcionam de forma que,

ao chegar a um nível pré-estabelecido, a bóia fecha o condutor encaminhando a

água de chuva captada para uma cisterna e retendo a primeira água de chuva em

outro reservatório (Figura 4). Após o término da precipitação, o registro deste

reservatório deverá ser aberto para que retorne as condições iniciais de

funcionamento.

Figura 23 - Reservatório de auto-limpeza com bóia d e nível.

Fonte: DACACH, (1990)

Para o dimensionamento do sistema de descarte utiliza-se uma regra prática.

Por exemplo, na Flórida (EUA), para cada 100 m² de área de telhado, descarta-se

40 litros, ou seja, 0,4 l/m², entretanto, no Brasil, mais especificamente na região de

51

Guarulhos usa-se 1,0 l/m² ou 1mm de chuva por metro quadrado, constata Tomaz,

(2003).

ANA/ FIESP, (2005) o reservatório de descarte destina-se à retenção

temporária e posterior descarte da água coletada na fase inicial da precipitação. Os

volumes são determinados em função da qualidade da água durante as fases iniciais

de precipitação, que ocorrem após diferentes períodos de estiagem.

O reservatório de armazenamento destina-se à retenção das águas pluviais

coletadas. Os volumes são calculados em base anual, considerando-se o regime de

precipitação local e as características de demanda específica de cada edificação.

Geralmente, o reservatório de armazenamento é o componente mais

dispendioso do sistema de coleta e aproveitamento de águas pluviais, devendo,

portanto, ser dimensionado com bastante critério para tornar viável a implementação

dos sistemas de aproveitamento de águas pluviais.

Alguns métodos são utilizados para o dimensionamento do volume de

reservação, que levam em conta o regime de precipitação local, como os dias de

estiagem e a série histórica de chuvas na região, e a demanda específica que se

deseja atender.

O dimensionamento do reservatório a ser utilizado para a água de chuva é

baseado no método da seca máxima do ano e consideram-se as demandas não

potáveis que serão atendidas na edificação, além de dados referentes aos índices

pluviométricos da região, como a precipitação anual e o número de dias sem

chuvas. O valor a ser adotado para o maior número de dias sem chuva pode ser

obtido através do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET.

Segundo Gonçalves, (2006) o volume do reservatório deve ser calculado a

partir dos valores estimados das demandas não potáveis, adotando um período de

retorno que represente o maior de números de dias sem chuva na região. Com isso,

será possível garantir uma reserva de água suficiente para atender às demandas na

edificação nos períodos onde não há ocorrência de chuvas.

O sistema de tratamento das águas pluviais depende da qualidade da água

coletada e do seu destino final. De maneira geral, considerando-se os usos mais

comuns em edifícios (irrigação de áreas verdes, torres de resfriamento de sistemas

de ar condicionado, lavagens de pisos, descarga em toaletes etc.) são empregados

sistemas de tratamento compostos de unidades de sedimentação simples, filtração

52

simples e desinfecção com cloro ou com luz ultravioleta. A qualidade da água de

chuva pode variar de acordo com o local onde é feita a coleta (Tabela 3).

Tabela 3 - Variação da qualidade da água da chuva d evido à área de coleta.

Fonte: GROUP RAINDROPS (1995).

E segundo o Group Raindrops (1995), deve-se levar em conta estes

requisitos de qualidade dependendo das aplicações que se fizer, como observado

na Tabela 4.

Tabela 4 - Diferentes qualidades de água para difer entes aplicações.

Fonte: GROUP RAINDROPS (1995).

Por fim, os sistemas complementares são compostos de condutores

horizontais (calhas) e verticais que transportam as águas pluviais coletadas até os

reservatórios de armazenamento, após passagem pelos reservatórios de descarte.

Pode-se utilizar como referência para o dimensionamento desses componentes a

NBR 10.844/89, Instalações Prediais de Águas Pluviais da ABNT. As calhas e

coletores de águas pluviais podem ser de PVC ou metálicos.

Podem, também, ser utilizadas grades ou filtros retentores de folhas, galhos

ou quaisquer materiais grosseiros, que são colocados juntos às calhas ou nas

53

tubulações verticais. Estão incluídos nos sistemas complementares os sistemas de

distribuição de águas pluviais tratadas, após as unidades de tratamento. Esses

sistemas incluem as unidades de recalque, as respectivas linhas de distribuição de

água tratada e eventuais reservatórios de distribuição complementares.

O sistema de coleta através da superfície do solo pode ser empregado em

locais e situações com grande área superficial, sendo necessário que as mesmas

apresentem uma pequena inclinação, para o escoamento da água. Nestes sistemas

é comum a construção de rampas ou canais para direcionar a água da chuva para o

reservatório.

Ainda, segundo a necessidade ou disponibilidade no mercado, existem

diferentes concepções de sistemas de aproveitamento de água de chuva. Herrmann

e Schimda, (1999) destacam quatro formas construtivas de sistemas de

aproveitamento de água de chuva:

Sistema de fluxo total: toda a chuva coletada pela superfície de captação é

dirigida ao reservatório de armazenamento, passando antes por um filtro ou por uma

tela. O escoamento para o sistema de drenagem ocorre quando o reservatório está

cheio (Figura 5a).

Sistema com derivação: neste caso, uma derivação é instalada na tubulação

vertical de descida da água da chuva, com o objetivo de descartar a primeira chuva,

direcionando-a ao sistema de drenagem. Este sistema é também denominado de

sistema autolimpante (Figura 5b). Em muitos casos instala-se um filtro ou tela na

derivação. A água que extravasa do reservatório é encaminhada ao sistema de

drenagem.

Sistema com volume adicional de retenção: o reservatório de

armazenamento é capaz de armazenar um volume adicional, garantindo o

suprimento da demanda e a retenção de água com o objetivo de evitar inundações.

Neste sistema uma válvula regula a saída de água correspondente ao volume

adicional de retenção para o sistema de drenagem (Figura 5c).

Sistema com infiltração no solo: o volume de água que extravasa do

reservatório é direcionado a um sistema de infiltração no solo (Figura 5d). A exemplo

54

dos tipos de sistemas configurados em a e c, toda a água da chuva coletada é

direcionada ao reservatório de armazenamento, passando antes por um filtro ou tela.

Figura 24 - Formas construtivas de sistemas de apro veitamento de água de chuva.

Fonte : Herrmann e Schmida, 1999.

55

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A análise sobre o uso racional da água em empreendimentos comerciais leva

em consideração que a utilização e preservação, respectivamente da quantidade e

qualidade da água, devem seguir uma metodologia de avaliação de alternativas e

selecionar algumas categorias de análise.

Em uma primeira etapa, foi feito uma caracterização do empreendimento

escolhido. O Salvador Shopping, foi escolhido para realização do estudo

principalmente por se tratar de um ambiente uso público, e de intenso afluxo de

pessoas. A estrutura física, localização, área total construída também foram fatores

preponderantes para a escolha, pela relação com a demanda de uso de recursos

ambientais (água, energia) e geração de resíduos (esgoto, resíduos sólidos)

fundamentais no estudo da construção sustentável.

Numa segunda etapa, em função do prévio conhecimento da local e suas

atitudes conservacionistas constatasse que o estudo da sustentabilidade é provido

de uma enorme complexidade, necessitando realizar um recorte teórico. Portanto,

adotou-se como recorte teórico a revisão de dois dos sistemas implantados:

Esgotamento sanitário a vácuo e Aproveitamento das águas pluviais.

A terceira etapa trata da metodologia que se pretende aplicar para analisar a

real redução da captação da água potável, ou seja, calcula-se o consumo e sua

possível redução, partindo do princípio que os aparelhos seriam utilizados de forma

adequada pelos usuários.

Após a seleção do método, será estruturado o processo de análise da

seguinte forma:

• Definir o volume consumido de água no empreendimento, o perfil do

consumo e as vazões típicas de aparelhos sanitários;

• Contabilizar através da análise dos dados a real redução da utilização da

água;

A quarta etapa trata da metodologia pretendida para provável verificação da

eficiência do uso da água se dará através do dimensionamento e levantamento

quantitativos de demandas.

56

Após a seleção do método, será estruturado o processo de análise da

seguinte forma:

• Definir o dimensionamento do reservatório para atender a demanda de

água não potável;

• Verificar através da análise dos dados a eficiência do uso das águas

pluviais;

A última etapa do estudo deve salientar as conclusões com base na

estrutura atual de suporte. Uma das contribuições do estudo é subsidiar futuras

políticas públicas e privadas visando edificações seguidas de critérios de

sustentabilidade, ou seja, minorando a agressão a sociedade e ao meio ambiente.

4.1 Metodologia para cálculo da redução da utilizaç ão da água em bacias sanitárias de volume ultra reduzido

A análise do consumo do descarte final adotou a metodologia proposta por

Oliveira e Silva (2002):

1º PASSO: LEITURA DO CLP

O sistema de coleta de esgoto a vácuo contém em sua central de coleta um

painel de potência e comando que possui um CLP (controlador lógico programável).

Através da leitura de alguns dados de memória deste CLP pode-se saber quantas

vezes os tanques de coleta descartaram efluente, ou seja, quantas vezes eles foram

preenchidos.

Sabendo o volume total dos tanques e a posição ocupada pela chave de nível

que comanda o descarte, encontrou-se o volume descartado a cada ciclo e assim o

volume total de efluente descartado no período.

2º PASSO: NÚMERO DE DESCARTE DIÁRIO

Para verificar o número ou quantidade de descartes por dia, utilizou-se a

seguinte fórmula:

57

nDES = ( LF - LI ) / P (1)

Onde:

nDES = Número de descartes do período;

LI = Leitura Inicial da CLP;

LF = Leitura Final da CLP;

P = Período analisado.

3º PASSO: VOLUME UNITÁRIO POR DESCARTE

A central de coleta possui tanques de armazenamento de resíduos, onde

geralmente possui sensores de nível que sinalizam a necessidade de esvaziamento.

Ao descartar os resíduos é realizada pela CLP a marcação de um ciclo.

4º PASSO: VOLUME DESCARTADO POR DIA

VDIA = VDES x nDES (2)

Onde:

VDIA = Volume total descartado diariamente (L/d),

VDES = Volume unitário por descarte (L),

nDES = Número de descartes do período.

5º PASSO: NÚMERO DE ACIONAMENTOS DA BACIA SANITÁRIA POR DIA

Dividindo o total de efluente descartado por dia de um tanque pelo volume de

água acrescido dos dejetos de um acionamento de bacia sanitária, obteve-se o

número de acionamentos para cada descarte de um tanque. Logo:

NAC = ( VDIA / VAGUA+DEJ ) / nBAC (3)

Onde:

NAC = Número de acionamentos da bacia sanitária por dia (descarga/dia);

VDIA = Volume total descartado diariamente (L/d),

58

VAGUA+DEJ = Volume utilizado em uma descarga juntamente com dejetos

(L/descarga);

nBAC = Número de bacias da edificação;

5º PASSO: CONSUMO MÉDIO DIÁRIO

Possuindo o número de bacias sanitárias e o número de acionamentos

diários, o consumo médio foi dado apenas relacionando o total de acionamentos

pelo volume utilizado em uma bacia.

C = NAC x nBAC x VAGUA (4)

Onde:

C = Consumo médio;

NAC = Número de acionamentos da bacia sanitária por dia (descarga/dia);

nBAC = Número de bacias da edificação;

VAGUA = Volume de água utilizado em uma descarga (L/descarga);

Através do consumo médio diário de água utilizado foi possível estabelecer

um comparativo entre bacias, convencional, acoplada e bacia especial.

4.2 Metodologia para cálculo da verificação da efic iência do uso da água

A verificação da eficiência do sistema, ou seja, o atendimento das demandas

não potáveis pelo aproveitamento das águas da chuva adotou a metodologia

proposta por Gonçalves, (2006):

1º PASSO: ESTIMATIVA DAS DEMANDAS INTERNAS

Considerou-se como demanda interna a utilização de água nos equipamentos

localizados dentro da residência onde poderá substituir a água potável pela água de

chuva, como, por exemplo, o vaso sanitário e o mictório. O volume de água no qual

foi considerado para cada equipamento variou de acordo com as especificações do

fabricante e a freqüência de uso dos habitantes.

59

QINT = QVS + QM (5)

Onde:

QINT = somatório das demandas internas (L/d);

QVS = N x volume de água do vaso sanitário x nº. de descargas (L/d);

QM = N x volume de água do mictório x nº. de descargas (L/d);

N: número de habitantes da edificação.

2º PASSO: ESTIMATIVA DAS DEMANDAS EXTERNAS

O cálculo da demanda externa considerou além da área e do volume de água,

a freqüência que os moradores costumam realizar as atividades. O somatório dos

volumes de cada uso forneceu o valor da demanda externa.

QEXT = QJD + QAI (6)

Onde:

QEXT = somatório das demandas externas (L/d),

QJD = área do jardim x volume de água x freqüência de uso (L/d),

QAI = área impermeável x volume de água x freqüência de uso (L/d)

3º PASSO: ESTIMATIVA DAS DEMANDAS NÃO POTÁVEIS

A estimativa das demandas não potáveis abrangeu os diferentes usos no

empreendimento, tanto internos quanto externos, considerando também o número

de clientes.

Para o cálculo das demandas não potáveis, utilizou-se a seguinte equação:

QNP = QINT + QEXT (7)

Onde:

QNP = somatório das demandas não potáveis (L/d),

QINT = somatório das demandas internas (L/d),

QEXT = somatório das demandas externas (L/d).

60

4º PASSO: ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO DE ÁGUA DA CHUVA

Após a determinação das demandas não potáveis, foi necessário fazer a

estimativa da água de chuva a ser captado na edificação, a partir dos dados

relativos à área de telhado, ao coeficiente de escoamento superficial e os índices

pluviométricos da região.

Para essa estimativa, aplicou-se a seguinte equação:

QAC = A x P x C (8)

Onde:

QAC = volume de água de chuva a ser captado (m³),

A = área do telhado (m²),

P = precipitação anual na região (m/ano),

C = coeficiente de escoamento.

5º PASSO: VOLUME DO RESERVATÓRIO

O volume do reservatório de armazenamento define a eficiência do sistema:

quanto maior o reservatório mais chuva poderá ser armazenada, o que reflete sobre

o custo do sistema.

VRES = QNP x DS (9)

Onde:

VRES = volume do reservatório (L),

QNP = somatório das demandas não potáveis (L/d),

DS = maior número de dias sem chuva na região (dias).

Fator importante no dimensionamento de um sistema de aproveitamento da

água da chuva é a demanda que se pretende atender. A relação direta entre o

volume do reservatório e a demanda a ser atendida, implica na necessidade de se

estimar o consumo de forma a mais precisa.

61

6º PASSO: EFICIÊNCIA DO SISTEMA DE APROVEITAMENTO

E% = x 100 (10)

Onde:

V = volume de água de chuva a ser captado (m³/mês);

QNP = somatório das demandas não potáveis (m³/mês),

De posse destes dados foi possível analisar se o sistema atualmente em

operação possui a eficiência esperada.

4.3 O Empreendimento

Para realizar a estimativa da redução do uso da água e a verificação da

eficiência do sistema de aproveitamento de água pluvial para o empreendimento, foi

necessário realizar levantamentos de dados, através de entrevistas com

funcionários, entre eles o diretor de operações, chefe da manutenção e com o

supervisor de civil, além de coleta de contas de consumo de água, leituras de

hidrômetros e do painel de controle, verificação de áreas de captação, dados

pluviométricos entre outros.

Erguido no novo centro empresarial e financeiro da capital baiana e cercado

por bairros residenciais de alto poder aquisitivo, com 153.000 m² de área construída,

sendo 55.000 m² de área bruta locável,

Com apenas um ano de inaugurado, transitam pelo Salvador Shopping em

média 1.325.000 pessoas/mês, com um crescimento anual de 15%.

O sistema viário está ligado ao Shopping através de três acessos. Foram

investidos cerca de US$ 20 milhões na construção de novas vias no seu entorno,

reduzindo o impacto no tráfego da região. Foram três pontes sobre o canal, sendo

uma exclusiva para pedestres, três passarelas elevadas para travessia de pedestres

sobre as avenidas que circundam o shopping, duas passagens de veículos em

desnível, três estações elevatórias de esgoto, além de 2.500m de vias públicas.

QAC ___

QNP

62

Todos os equipamentos urbanos foram construídos com infra-estrutura de

drenagem, iluminação pública e demais redes de utilidades, e executadas conforme

projetos aprovados pelo poder público e pelas concessionárias de serviços, tendo

sido todas as obras custeadas pelo empreendedor e doadas à cidade.

As obras realizadas visaram reduzir o impacto que o empreendimento traria

ao tráfego.

O partido arquitetônico adotado, se dá a partir do térreo e de uma ampla

praça central, onde se desenvolve o mall como sua artéria principal, com corredores

e lojas distribuídos de forma não linear, criando espaços com funções e hierarquias

diversas, gerando uma sensação mais humana e lúdica de via urbana e quebrando

o paradigma dos shoppings encaixotados, rígidos e sem poesia.

Uma das características intrínsecas do equipamento é que todo o mall é

percorrido sob uma grande cobertura transparente que forma um domus, contornado

por arcos espaciais metálicos com diferentes tamanhos e alturas.

A estrutura metálica, com vidros duplos refletivos, filtra os raios

infravermelhos e é muito eficiente na transmissão de luz natural, o que evita o

aquecimento do ambiente e gera uma economia significativa no consumo de energia

elétrica, durante o dia.

As fachadas do Salvador Shopping foram projetadas através da dinamização

de volumetria, aliada a uma variedade equilibrada de revestimentos, compostos por

cerâmica, pedra e chapas de alumínio. Para o revestimento das fachadas, foi

implantado o sistema de fachada aerada, ou seja, foram desenvolvidos insert’s

metálicos apropriados para instalar o porcelanato, gerando um zona de transição de

ar entre alvenaria externa e o porcelanato que resulta em menor transferência

térmica para o ambiente interno, além de se mostrar uma solução executiva rápida e

eficiente.

PROJETO SUSTENTÁVEL

Durante a execução da obra, a construtora adotou soluções para minimizar o

impacto ao meio ambiente, como redução na geração de entulhos de construção,

reciclagem do material gerado e a segregação de material que não poderia ser

reutilizado para descarte apropriado.

63

No início da obra foi feita uma campanha de conscientização dos operários

envolvidos, no sentido de reduzir o desperdício dos recursos disponíveis para

execução dos serviços. Assim foram distribuídos diversos coletores em pontos

estratégicos do canteiro, que passaram a receber as sobras de materiais, como

plástico, madeira, metal e papel. Os materiais recolhidos eram vendidos para

comunidades de recicladores, sendo o resultado financeiro revertido em benefícios

para os operários.

O benefício para a obra e o empreendedor foi a redução do desperdício de

materiais, como também e possibilitou que as frentes de trabalho permanecessem

desimpedidas e limpas, aumentando a produtividade das equipes e reduzindo os

acidentes de trabalho.

Com relação ao uso de madeiras, a obra escolheu como solução estrutural

um sistema de construção com estrutura metálica, o que reduziu substancialmente a

utilização de formas e escoramento de madeira.

Também na ambientação interna, foram utilizados laminados melamínicos

industrializados, que reproduziam artificialmente a textura da madeira, evitando a

utilização da mesma.

IMPLANTAÇÃO DA OBRA

O empreendimento foi edificado em local onde funcionava uma antiga fábrica

de elementos de concreto pré-moldados, gerenciada pelo poder público e que se

encontrava abandonada. Esta fábrica elaborou no passado peças moldadas com

concreto produzido no local, o que gerava barulho e poeira, além de causar um

impacto visual nocivo a um trecho da cidade densamente ocupado.

A fábrica se utilizava de grandes tanques para imersão das peças produzidas,

o que facilitava a proliferação de insetos, muitos deles vetores de doenças.

Os trabalhos iniciais de implantação do canteiro constataram a necessidade

de remoção das estruturas de concreto da fábrica, que foram reduzidas a pequenos

pedaços e encaminhados para zonas de aterro aprovadas pela prefeitura da cidade

do Salvador.

Durante a obra, os níveis de ruído foram controlados para não conturbar a

vizinhança, assim como providências foram tomadas para reduzir o índice de

64

geração de partículas sólidas em suspensão (poeira) e evitar a contaminação do

canal de drenagem existente na borda do empreendimento.

ENERGIA E ATMOSFERA

Neste aspecto o projeto priorizou:

• A eficiência energética;

• A minimização dos impactos causados ao meio ambiente e;

• O controle da qualidade do ar interior.

Nesse caminho adotou o uso de tecnologias eficientes, tais como: volume

variável de ar, fluxo variável de água gelada, condicionadores dedicados ao

tratamento do ar de renovação com emprego de recuperadores de energia, fluxo de

ar externo variável em função da população presente, sistemas de filtragem de ar de

alta eficiência, equipamentos de última geração e sistema integrado de

gerenciamento predial, automação e controle.

Visando minimizar os impactos com os custos de uma rede de média tensão

em 13,8 KV, o shopping investiu em uma subestação de 69 KV já que esta rede

passa em frente ao Shopping, isto evitou a construção de redes, o que certamente

traria impacto negativo ao meio ambiente.

Para o sistema elétrico foram instalados equipamentos que proporcionam

economia de energia em kwh no sistema de iluminação e ao mesmo tempo

aumentam a vida útil das lâmpadas em no mínimo 60%. O equipamento também

proporciona a redução da carga térmica do ar-condicionado pela redução da

potência elétrica consumida.

A cobertura de estrutura metálica, com vidros especiais, permitem a

iluminação de todo o Shopping por conta da luz solar durante o dia, gerando uma

economia significativa no consumo de energia elétrica do empreendimento. Nessa

cobertura foram utilizados vidros duplos refletivos, que filtram os raios infravermelhos

e têm ótima eficiência de transmissão de luz visível (TLV 43%, FS 25%), reduzem o

consumo anual de energia elétrica com iluminação artificial em aproximadamente

652 MWh, evitando, assim também, o aquecimento do ambiente.

A qualidade do ar interior é obtida através do emprego de filtragem de ar de

alta eficiência, do controle da umidade relativa do ar para prevenir a formação de

65

fungos e da constante renovação de ar para garantir a taxa máxima de 1.000 partes

por milhão(PPM) de CO2 e a diluição de odores.

Descrição do sistema de ar-condicionado com a utilização do tanque de água

gelada (TAG) e da troca de calor no sistema de ar exterior:

Uso de tanque de termoacumulação para suprir a demanda no período de

pico da concessionária e para cortar picos de carga térmica, racionalizando o uso da

energia e evitando as altas tarifas.

Conservação da energia contida no ar interno de expurgo, utilizando-a em

processo passivo no tratamento termodinâmico do ar de renovação, reduzindo em

11% a demanda térmica da edificação (redução de 275 toneladas de refrigeração -

TR), resultando numa economia anual de 880 MWh.

CONSERVAÇÃO DE ÁGUA

Sua estrutura possui um sistema de captação de água de chuva, projetado

para abastecer, durante seis meses do ano, o sistema de irrigação do paisagismo do

Shopping, além da demanda das descargas dos banheiros. Estas últimas,

projetadas com um sistema de esgotamento à vácuo, que reduz em até 90% o

consumo de água.

O desenvolvimento dos projetos das instalações hidráulicas visou que o

consumo de água potável fosse unicamente para fins alimentícios e de higiene

pessoal. O Shopping possui um reservatório suficientemente grande com

capacidade de 350m³ para armazenar as águas das chuvas e tratá-las antes de

colocá-las para uso. O regime de chuvas da cidade é bastante intenso, o que

permite a disponibilidade desta água. Quando em períodos de menor índice

pluviométrico, o reservatório é abastecido por poços artesianos.

O esgoto sanitário está sendo atendido por água reutilizada, tratada para esta

finalidade e, o mesmo se faz com a água para o sistema de irrigação.

As águas provenientes das lojas de alimentação são separadas e dirigidas

para caixas separadoras de gordura.

Além do beneficiamento e utilização das águas pluviais nas bacias sanitárias,

o shopping inovou com o sistema de esgotamento sanitário diferenciado do

tradicional, o mesmo foi projetado com o sistema de sucção por vácuo, o que solicita

um mínimo de água para sua operação, em média 1,2l por descarga, ao contrário

66

das descargas em geral que consomem 5 a 6 vezes mais, ou seja,

aproximadamente 7l por descarga. Com isso, a geração de efluente sanitário ficou

bastante reduzida antes do despejo na rede pública, que passa ao lado do

Empreendimento.

Todos os lavatórios e mictórios são equipados com torneiras de fechamento

automático contribuindo para evitar o desperdício de água. Quando o usuário se

aproxima e se posiciona de frente ao mictório, o sensor que emite continuamente um

sinal imperceptível ao usuário, infravermelho ou ultra-som, detecta a sua presença.

Nos equipamentos, o fluxo de água só é liberado após o afastamento do

usuário, o que garante um menor consumo de água. O sensor, associado a um

microprocessador, emite um sinal até uma válvula do tipo solenóide, de

funcionamento elétrico, que libera o volume de água da descarga. Neste tipo de

equipamento, o tempo médio de acionamento dos produtos encontrados no mercado

encontra-se em torno de 5 a 6 segundos.

Entre os sistemas implantados para reduzir a agressão ao meio ambiente

como também gastos administrativos, destacam-se:

• Sistema de Esgotamento Sanitário à Vácuo

• Sistema de Aproveitamento das Águas Pluviais

4.3.1 Sistema de esgotamento sanitário à vácuo

O sistema de esgotamento sanitário à vácuo, onde são coletados apenas os

efluentes advindos das bacias sanitárias do estabelecimento é composto por apenas

uma unidade de coleta, ou seja, possuindo uma rede atualmente. Esta rede é

composta basicamente por:

• Módulo central de Vácuo - Equipamento responsável pela geração de vácuo

e coleta do efluente, o qual fica localizado no pavimento G1. A central está instalada

em uma sala em alvenaria, abrigados de chuva e intempéries, com espaço suficiente

para serviços e manutenção, ou seja, local de aproximadamente 3 metros de largura

por 10 metros de comprimento, totalizando 30m². A central em questão é dotada de

67

4 bombas de vácuo de funcionamento por palhetas sem lubrificação de 1,5kw

produzindo 140/ 175m³ de vácuo por hora cada uma. A unidade ainda tem dois

tanques em polipropileno de 750 litros cada um, para coleta e armazenamento

temporário do efluente. Possui dispositivo para instrumentação e controle, além de

painel elétrico para comando e potência. O funcionamento da central é automático:

sensores de vácuo enviam sinais para o CLP (Controlador Lógico Programável) que

comandam a entrada em operação ou desligamento das bombas de vácuo conforme

a demanda. Os tanques têm chaves de nível que avisam o CLP de seu enchimento,

ou seja, a CLP registra diariamente o número de ciclos ou de evacuações que libera

o tanque de armazenamento, atualmente é sua memória está arquivado o total de

ciclos gerados desde sua implantação. Este comanda o efluente para estação

elevatória no próprio terreno seguindo para a Estação Bahia Azul.

Figura 25 – Bombas à vácuo Figura 26 – Tanques de Armazenamento.

• Bacias Sanitárias Específicas - Bacias Especiais, à exemplo, de fabricação

Evac, que funcionam por vácuo. Todas as bacias sanitárias à vácuo existentes no

shopping são de montagem na parede, com a presença do botão de acionamento

também na parede Figura 27). Em todas as instalações é possível visualizar a

presença de um conduíte embutido na parede para passagem da mangueira de

acionamento propriamente dito e a parte traseira da bacia, onde fica a válvula de

controle. (Figura 28)

68

• Tubulação de coleta - Tubos e conexões que interligam os aparelhos a

vácuo a central de coleta. Entre eles existem tubulações que variam de 50 a 85mm,

curvas de raio curto e longo, entre outras.

Válvulas de esfera ou conhecidas como válvula de inspeção, de passagem

livre para isolamento das tubulações secundárias (ramais) propiciando facilidade de

manutenção e em longas tubulações principais horizontais ou verticais para

seccionar essas tubulações e identificar eventuais vazamentos de vácuo.(Figura 29).

O sistema possui diversas bolsas de transporte ou bolsas de reforma para

aumento de eficiência do sistema, principalmente pelo fato das tubulações

percorrerem grandes distâncias e obstáculos sendo necessária e recuperação da

altura inicial da tubulação em tubulações horizontais. Estas foram instaladas em

intervalos regulares.

Figura 27: Bolsa de transporte.

• Tubulação de descarte - Tubos e conexões que interligam central de coleta

a Estação Elevatória de Esgoto. Mesmo utilizando um sistema onde a declividade se

aproxima de zero, nesta execução houve a necessidade da elevação do esgoto para

interligação a rede pública, pois devido a projetos futuros no local ocorreu a

necessidade de um maior rebaixamento da tubulação de esgoto.

69

Figura 28 – Estação elevatória

4.3.2 Sistema de aproveitamento das águas pluviais

Os sistemas de coleta e aproveitamento de águas pluviais adotaram cuidados

gerais e características construtivas para a segurança do abastecimento, a

manutenção da qualidade da água armazenada e níveis operacionais adequados e

econômicos. Entre estes podem ser ressaltados:

• Evitar a entrada de luz do sol no reservatório para diminuir a proliferação de

algas e microrganismos;

• Manter a tampa de inspeção fechada;

• Colocar grade ou tela na extremidade de saída do tubo extravasor, para

evitar a entrada de pequenos animais;

• Realizar a limpeza anual do reservatório, removendo os depósitos de

sedimentos;

• Projetar o reservatório de armazenamento com declividade no fundo na

direção da tubulação de drenagem, para facilitar a limpeza e retirada de sedimentos;

• Assegurar que a água coletada seja utilizada somente para fins não-

potáveis;

Todos estes critérios foram seguidos no sistema de aproveitamento das

águas da chuva foi no qual foi implantado na fase da construção do shopping no

mês de Maio de 2007. O sistema é composto por:

70

• Área de captação/ telhado – Como já foi referenciado anteriormente a área

de captação pode ser o telhado ou a superfície do solo. Os telhados podem

ser de diferentes materiais, o tipo de revestimento destes materiais é que

interfere no sistema de aproveitamento de água de chuva, devendo-se dar

preferência, quando for o caso, para os de menor absorção de água. Logo, na

execução foi aplicado de forma mista, com telha de aço galvanizado com

aproximadamente 12 graus de inclinação, e vidros sobre estrutura metálica

que possuem cerca de 18 graus de inclinação incluindo as lajes descobertas

de concreto armado impermeabilizadas com manta asfáltica. Através do

projetista, o dimensionamento do reservatório acusou a necessidade de

apenas 60% da contribuição do telhado total, atendendo as demandas

necessárias.

Figura 29 – Área de Captação

• Tubulações para condução da água – O dimensionamento adequado das

calhas e condutores verticais, bem com sua instalação, foram elementos

importantes para o funcionamento de todo o sistema. As calhas e coletores

de águas pluviais são de PVC, variando os diâmetros entre 100 a 300mm.

Todas as tubulações percorrem do telhado até garagem G1, captando as

águas pluviais e encaminhando para o reservatório inferior de

armazenamento.

71

Figura 30 – Tubulações de águas pluviais

• Grelhas para retenção de materiais grosseiros - Na execução da área de

captação foram instaladas grelhas para contenção dos resíduos e materiais

maiores que 2,5cm e retirados periodicamente em limpezas diárias.

Figura 31 – Grelhas de contenção

• Reservatório de armazenamento – No pavimento G1 estão localizados

quatro reservatórios, dois deles utilizados para uso potável que são

abastecidos com a água tratada pela EMBASA, e os outros são utilizados

para armazenamento de água bruta, ou seja, água não potável. O sistema

ocorre da seguinte forma: Todas as tubulações do sistema de aproveitamento

72

de águas pluviais, que totalizam seis saídas, alimentam um primeiro

reservatório junto com três tubulações advindas de poços artesianos,

previstos para a ampliação do shopping. Esta água é tratada através de uma

estação de tratamento de água onde prossegue potável para o outro

reservatório de armazenamento de água bruta. Este último possui uma

entrada de água potável prevendo algum período de estiagem prolongada ou

para manter o sistema por motivos emergenciais. Deste reservatório a água,

mesmo que potável, é encaminhada para a rede de Água bruta.

Figura 32 – Tubulação com água tratata Figura 33 – Estação de tratamento de Água

após ETA

• Conjunto de alimentação de água bruta – Deste último, com auxílio de

bombas injetoras a água bruta é encaminhada para a rede de tubulações de

água bruta, no qual fica pressurizada para utilização em jardins, torre de

resfriamento, mictórios, bacias sanitária e lavagem de áreas comuns. As

tubulações previstas para alimentação com água bruta possuem adesivo em

toda rede além de etiquetas para identificação correta do tubo.

73

Figura 34 – Etiqueta de identificação

74

5. ANALISE DOS DADOS E RESULTADOS

A população fixa do shopping constituída por pessoas que trabalham

diariamente no local, está estimada num público de aproximadamente 3 mil pessoas,

possuindo um público visitante médio diário em torno de 40.000 pessoas. Ou seja,

totalizam entre população flutuante e fixa em torno de 43.000 pessoas.

Para realizar a analise foi necessária a coleta de informações técnicas dos

sistemas, elas estão contidas na tabela abaixo.

Tabela 5: Dados do Salvador Shopping

DESCRIÇÃO QUANTIDADE

Número de pessoas (fixo + flutuante) 43.000

Número de vasos sanitários 186 unid

Tanque de polipropileno 750 litros

Volume de dejetos por acionamento (água + dejetos) 1,6 litros

Área de jardim 1.245,00m²

Áreas comuns 852,00m²

Área impermeável (captação) 6.631,74 m²

Área do telhado metálico (captação) 5.235,65 m²

Coeficiente de Escoamento 0,80

Precipitação anual Salvador (CODESAL/2008) 2.100,30 mm/ano Fonte: Elaboração própria, (2008)

5.1 Cálculo da redução da utilização da água em bac ias sanitárias com volume ultra reduzido

Segundo o item 4.3.1 referente ao sistema de esgotamento sanitário à vácuo

foi citado o CLP (Controlador Lógico Programável), e os 2 tanques de

armazenamento temporário com sua capacidade total.

De posse da capacidade do tanque de armazenamento, a CLP limita a

evacuação dos dejetos para a rede pública de esgoto entre 1/2 e 1/3 da capacidade

total.

75

Neste estudo o período compreendeu 7 (sete) dias corridos no mês de

Agosto, onde as leituras são apresentadas abaixo, com os respectivos número de

ciclos ou evacuações.

Tabela 6: Número de evacuações

DADOS CENTRAL

TANQUE 01 TANQUE 02

LEITURA INICIAL 61.431 62.497

LEITURA FINAL 62.278 63.151

Nº DE CICLOS NO PERÍODO 847 654

Fonte: Elaboração própria, (2008)

Foram registrados 214,43 descartes por dia, com média de descarte de 125

litros, representando 26.803,57 litros por dia.

Para a quantificação do número de acionamentos diários é realizado em cada

bacia, inicialmente deve-se admitir que a cada descarga de uma bacia a vácuo foi

coletado 1,2 litros de água, além de 400 mililitros de dejetos, tem-se no total 1,6

litros por acionamento de descarga sanitária.

Na tabela 5, referente aos dados do Salvador Shopping, é possível constatar

o número total de bacias sanitárias com volume ultra reduzido. Logo, a partir da

equação (3), encontrou-se 90,07 acionamentos

A tabela 7 apresenta um comparativo entre o sistema a vácuo adotado e a

simulação com uso de bacias sanitárias convencionais, com diferentes valores de

descargas.

Tabela 7: Simulação entre sistemas de esgotamento s anitário

Acionamentos/dia = 16.752,23 Vácuo (1,2 Lpd)

Gravidade (6,8 Lpd)

Gravidade (9,0 Lpd)

Gravidade (12,0 Lpd)

DIÁRIO (litros) 20.102,68 113.915,16 150.770,07 201.026,76

MENSAL (m³) 603 3.417 4.523 6.030

obs: Lpd = litros por dia Fonte: Elaboração própria, (2008)

76

O sistema de esgotamento sanitário à vácuo apresentou cerca de 82,35% de

redução em comparação a sistemas convencionais.

5.2 Cálculo da verificação da eficiência do uso da água

Segundo o item 4.3 referente a eficiência do uso das águas pluviais foi citado

que o aproveitamento das águas da chuva necessita atender todas as demandas

não potáveis. Logo, a identificação da demandas interna será dada através das

bacias sanitária e mictório e as demandas externas por jardins e áreas

impermeabilizadas.

Para o cálculo da demanda interna, visto que o sistema à vácuo identifica,

indiretamente, a quantidade de descargas executadas, logo através da tabela 7,

obteve-se 20.102 l/d de consumo da bacia sanitária.

Para o mictório, visto que o sistema não identifica a quantidade de descargas

executadas do mictório, juntamente com a administração foi adotado que um

percentual se aplica de forma diferenciada, pois do total diário de pessoas, teremos

um público masculino em torno de 35% do total, onde 65% dos homens, em média,

utilizam o mictório. Logo ao mictório foram registrados 14.673 l/d, totalizando 34.775

l/d demandados internamente.

Para o cálculo da demanda externa teremos o somatório das demandas de

água para jardins e demanda de água para áreas comuns e impermeabilizadas,

neste sentido é necessário a utilização da tabela abaixo.

Tabela 8: Relação entre atividades e seus coeficien tes de uso

Fonte: TOMAZ (2000)

77

A freqüência de uso ou lavagem não superior a 4 repetições ao mês,

representam as áreas comuns e impermeáveis 6.816 l/d onde somado ao consumo

dos jardins, em média 9.960 l/d, perfazem um total de 16.776 l/d.

Logo, a demanda total não potável é de 1.546,55 m³/mês

O volume de água está diretamente relacionado com a área de contribuição

ou área de captação que nesta situação aborda uma estrutura mista em telhas

metálicas e piso em concreto, a precipitação anual, resultado de uma série histórica

de 25 anos, aplicado à região de Salvador/BA, fornecida pela CODESAL.

No município de Salvador houve uma precipitação média anual de

2.100,30mm de chuva por ano equivale a 2,1 m/ ano. Através da equação (8), a

produção estimada é de 1.661,44 m³/ mês.

Considerando para o cálculo do reservatório, um DS de 10 dias, aplicado à

região de Salvador/BA, fornecida pela CODESAL. A equação (10) desenvolvida

resultará no volume ideal de 484.788 litros, ou aproximadamente 49m³, ou seja,

gerando um índice de eficiência de 107,42%.

5.3 Resultados e discussões

Diante da análise da Tabela 7, item 5.1, o percentual de redução será mais

perceptível quando realizado um comparativo com a realidade brasileira.

Para dados práticos, serão utilizados duas referências que para sociedade

acrescentariam no desenvolvimento, a exemplo, temos: Segundo o relatório do

PNCDA uma habitação de baixa renda com quatro moradores possui um consumo

médio na ordem de 437 l/ dia; Segundo SENAI/ Florianópolis uma instituição de

ensino, que oferece atualmente cursos de nível técnico em Programação de

Computadores, cursos superiores de Tecnologia em Automação Industrial entre

outros, atende um populacional de 565 pessoas possuindo um consumo médio na

ordem de 241.274 l/ mês. Logo aplicando a economia realizada daria para manter,

em média:

78

Tabela 9: Quantidade sustentável pela economia de á gua

As projeções executadas, à partir de medições do funcionamento do sistema

a vácuo do shopping center propiciou vislumbrar a grande economia que tal sistema

pode oferecer com relação ao uso da água. Somado a este fato, e também

extremamente importante, é a constatação da eficiência do sistema, com relação ao

transporte de dejetos.

Quanto ao sistema de aproveitamento de águas pluviais, o estudo de caso

desenvolvido no Salvador Shopping aponta para a viabilidade da utilização da água

de chuva nas atividades que não necessitam de água potável. Aproveitando a água

de chuva,ou seja, atendendo totalmente a demanda solicitada, o Shopping não

necessitará utilizar água potável para fins não potáveis.

Infelizmente o estudo não abrangerá de forma real os custos financeiros da

provável economia, pois o sistema entrou em operação apenas a partir de 20 de

Agosto.

Portanto, o sistema em funcionamento recebeu suporte de 2 poços artesianos

que possuem tubulações direcionadas para o reservatório de água bruta, ou seja,

acrescentando uma média de 87,2m³/ dia, logo 2.616 m³/ mês. O sistema de água

atual não potável totaliza uma média de 4.278 m³/ mês, representando cerca de

30% do total da água potável utilizada atualmente.

A partir do percentual de redução da utilização da água potável no

empreendimento, é possível resultar conclusões financeiras relevantes para o

sistema nos próximos meses, são eles:

Economia/dia* = 93.812,49

HABITAÇÃO DE BAIXA RENDA

(4 pessoas)

INSTITUIÇÃO DE ENSINO (565 pessoas)

QUANTIDADE SUSTENTÁVEL 215 12

* litros por dia economizados em relação ao sistema que utiliza 6,8litros por descarga

79

Tabela 10: Quantidade e custo mensal antes e após o sistema

* Água /m³ = 15,37 CONSUMO SEM

APROVEITAMENTO DAS AGUAS PLUVIAIS

CONSUMO COM APROVEITAMENTO DAS AGUAS

PLUVIAIS

ÁGUA POTÁVEL MENSAL (m³) 13.442 9.165

CUSTO MENSAL (R$) 206.604,00 140.859,00

* custo da água segundo informações da Administração do Shopping

Fonte: Elaboração própria, (2008)

Enfim, economia projetada de quase R$ 66.000,00 / mês.

Cabe ressaltar que as previsões realizadas neste trabalho foram baseadas

nas médias mensais observadas na estação pluviométrica do Município de Salvador,

com período de 48 (quarenta e oito) anos de observação. Para se aumentar a

confiabilidade das estimativas podem ser realizados estudos de aprofundamento

estatístico na base de dados. Esse procedimento permitirá o desenvolvimento de

cálculo mais preciso para dimensionamento do reservatório de armazenamento de

água de chuva.

80

6. ANÁLISE CRÍTICA

O Shopping em fase de operação do reservatório de água bruta, parcialmente

sofreu com incertezas do real funcionamento do sistema de águas pluviais, logo,

implantou uma rede de água potável chegando ao reservatório, principalmente

tomando precauções quanto ao abastecimento interno tanto a lojistas como

mictórios, bacias sanitárias e torneiras de lavagem geral.

Durante o final da obra, entre Janeiro e Maio do ano de 2007, os lojistas,

tiveram acesso aos espaços destinados a eles, e juntamente com a Construtora

Andrade Mendonça, prosseguiram em obras até inauguração, posteriormente no dia

27. Nesta fase de conclusão alguns lojistas, que possuíam metragem diferenciadas

umas das outras, disponibilizavam de pontos de coleta e abastecimento, mas não a

vasta maioria, onde alguns lojistas aproveitando a fase final, que geralmente é bem

conturbada, por livre arbítrio tomaram a iniciativa sem aviso ou solicitação para

fiscalização, de implantar lavatórios no interior destas lojas. Por fim, diversos lojistas

tomaram esta atitude precipitada que ocasionou na inutilização do sistema, pois

encanadores contratados sem análise alguma das redes passantes entroncaram as

tubulações de coleta dos lavatórios nas tubulações de águas pluviais, ou seja, a

administração do shopping mensalmente estava possuindo um déficit gerado pela

inutilização do sistema.

Enfim, o shopping necessitou realizar uma inspeção geral de todas as

instalações minando todas as ligações adulteradas ou implantadas de forma

indevida, isto resultou em uma utilização de água potável durante praticamente 08

meses no reservatório de água bruta.

Portanto, embora o processo de coleta, armazenamento e utilização da água

de chuva seja bastante simples, recomenda-se alguns cuidados como a

identificação e sinalização da tubulação, do reservatório e demais equipamentos, a

instalação de filtros e de um reservatório de auto-limpeza, além de fiscalização

intensa durante a execução e operação.

81

6.1 Conclusão

Nas atividades empresariais, comerciais e industriais aproveitar a água de

chuva representa economia de água tratada, redução de custos e, também, pode

contribuir para a obtenção da certificação ambiental na norma ISO 14001.

Nos lugares assolados por estiagens prolongadas, utilizar a água de chuva

pode ser questão de sobrevivência humana, pois em muitos casos esta é a única

fonte de água e pode ser utilizada para fins potáveis.

Reduzir o consumo de água tratada, preservar os mananciais e promover a

recarga das águas subterrâneas são medidas necessárias e urgentes a fim de se

evitar o colapso no abastecimento de água potável das cidades.

Por fim, cabe aos profissionais da engenharia buscar alternativas

ambientalmente corretas para a construção de edificações menos impactantes ao

meio ambiente e, que promovam o uso racional dos recursos naturais possibilitando

a convivência harmônica entre o homem e a natureza.

6.2 Sugestões para trabalhos futuros

Após o final deste estudo, seguem algumas sugestões para trabalhos futuros:

• Verificar o potencial de economia de energia elétrica obtido através do

sistema de esgotamento sanitário à vácuo;

• Verificar o potencial de economia de água potável obtido através da

utilização de sistema de aproveitamento de água pluvial juntamente com sistema de

reúso de águas cinzas em instituições de ensino;

• Realizar estudo referente à sistemas de aproveitamento de água pluvial em

outras tipologias de edificações, como em indústrias e universidades;

• Elaborar estudo comparativo sobre os usos finais e consumo per capita de

água em universidades públicas e privadas.

82

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR

6452 - Aparelhos sanitários de material cerâmico - especificação .

Rio de Janeiro. 1997ª; NBR 9060 - Bacia sanitária de material

cerâmico - verificação do funcionamento . Rio de Janeiro. 1997b;

2. AQUASTOCK – Água da Chuva. Sistema de Reaproveitamento da

Água da Chuva. Disponível em: <http://www.engeplasonline.com.br>

Acesso em: 21/08/2008;

3. EVAC. Conjunto de manuais do fabricante. 2002. (Documento

interno).

4. GONÇALVES, P. M. Bases metodológicas para racionalização do

uso de água e energia no abastecimento público no B rasil .

Dissertação (mestrado). EPUSP. 1995. 330;

5. GONÇALVES, R. F. Uso Racional da Água em Edificações. Rio de

Janeiro: ABES, 2006;

6. GROUP RAINDROPS. Aproveitamento da Água da Chuva. In:

KOBIYAMA, M.; AFONSO, M.A.. Editora Organic Trading –

Curitiba/PR.2002.

7. HERRMANN, T.; SCHMIDA, U. Ranwater utilization in Germany:

efficiency dimensioning, hydraulic and environmenta l aspects.

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