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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI – UNIVALI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA PROPPEC CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – PMGPP AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PNAES - PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NA UFPR: IMPACTOS E RESULTADOS PARA GRADUANDOS COM FRAGILIDADE SOCIOECONÔMICA JAQUELINE CAVALARI SALES DE ALMEIDA ITAJAÍ (SC), 2013

AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PNAES - PROGRAMA …siaibib01.univali.br/pdf/Jaqueline Cavalari Sales de Almeida.pdf · Tabela 2H - Número de vagas oferecidas nas IFES, candidatos

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI – UNIVALI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA – PROPPEC CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – PMGPP

AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PNAES - PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NA UFPR: IMPACTOS E RESULTADOS PARA GRADUANDOS COM FRAGILIDADE SOCIOECONÔMICA

JAQUELINE CAVALARI SALES DE ALMEIDA

ITAJAÍ (SC), 2013

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI – UNIVALI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA – PROPPEC CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS – PMGPP

AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PNAES - PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NA UFPR: IMPACTOS E RESULTADOS PARA GRADUANDOS COM FRAGILIDADE SOCIOECONÔMICA

JAQUELINE CAVALARI SALES DE ALMEIDA Dissertação apresentada à Banca Examinadora no Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, sob a orientação da Profa. Dra. Ana Claudia Delfini Capistrano de Oliveira e co-orientação do Prof. Msc. Eduardo Guerini, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Gestão de Políticas Públicas.

ITAJAÍ (SC), 2013

AGRADECIMENTOS

Neste importante momento de minha vida acadêmica e profissional, gostaria de

agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para a concretização deste trabalho. Em

especial, agradeço à minha família, aos servidores da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis da

UFPR, que me disponibilizaram os dados necessários para a elaboração da pesquisa de campo

e ao meu orientador, Prof. Guerini, que muito contribuiu para o desenho da linha mestra do

trabalho e encadeamento das ideias.

RESUMO

ALMEIDA, Jaqueline Cavalari Sales de. Avaliação da implementação do PNAES - Programa Nacional de Assistência Estudantil na UFPR: Impactos e resultados para graduandos com fragilidade socioeconômica. 138f. Dissertação Programa de Mestrado Profissional em Gestão de Políticas Públicas, da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, Itajaí, 2013. Este trabalho tem como objetivo estudar o PNAES - Programa Nacional de Assistência

Estudantil e sua implementação no âmbito da UFPR - Universidade Federal do Paraná. Para

isto, parte-se da contextualização histórica do ensino superior no Brasil, abordando a evolução

dos setores público e privado na oferta de vagas, bem como, os programas de expansão e

democratização do acesso implementados nas últimas décadas, na busca pela universalização

do ensino superior. Apresenta-se uma análise da conjuntura econômica e social que levou a

institucionalização das práticas de assistência estudantil das IFES - Instituições Federais de

Ensino Superior com base em pesquisas do perfil socioeconômico de seus estudantes e a

viabilização do PNAES através de sua inserção no Orçamento da União. A operacionalização

de tal estudo deu-se a partir de pesquisas bibliográficas e documentais e aplicação de

questionários aos estudantes com fragilidade socioeconômica beneficiados com ações de

assistência estudantil ofertadas pela UFPR com financiamento do PNAES. Os resultados da

pesquisa demonstram que cerca de 70% dos estudantes beneficiados tem suas expectativas

em relação as ações de assistência estudantil da UFPR totalmente atendidas e

aproximadamente 28% mostram-se parcialmente satisfeitos. Porém, apenas uma minoria,

cerca de 33%, conhece o PNAES e suas diretrizes, o que indica que muitos dos estudantes não

conhecem seus direitos enquanto graduandos oriundos de escolas públicas e de famílias de

baixa renda. Conclui-se, enfatizando a importância da continuidade e ampliação do PNAES

enquanto política pública com objetivos de manutenção e conclusão do curso e, por sua vez,

redução da evasão, eliminando ou reduzindo as disparidades de rendimento acadêmico

decorrentes de diferenças socioeconômicas entre os estudantes das IFES.

Palavras-chave: Ensino Superior. Assistência Estudantil. PNAES.

ABSTRACT

ALMEIDA, Jaqueline Cavalari Sales de. Evaluation of the implementation of the PNAES – National Student Welfare Program at the UFPR: Impacts and results for low-income students. 138p. Dissertation for the Master’s Degree Program in Management of Public Policies, University of Vale do Itajaí - UNIVALI, Itajaí, 2013. This work examines the PNAES - Programa Nacional de Assistência Estudantil (National

Student Welfare Program) at the UFPR – Federal University of Paraná. It begins with a

historical contextualization of higher education in Brazil, including the evolution of the public

and private sectors in the offer of places, and the programs to expand and democratize access

that have been set up in recent decades, in the attempt to make higher education available for

all. An analysis is presented of the economic and social context that led to the

institutionalization of student welfare practices of the IFES - Instituições Federais de Ensino

Superior (Federal Higher Education Institutions) based on research on the socioeconomic

profile of their students and the viability of the PNAES, through its inclusion in the Federal

Budget. This study was implemented through bibliographic and document research, with the

application of questionnaires to low-income students who have benefited from the student

welfare actions offered by the UFPR with financing from the PNAES. The results of the

research show that in around 70% of the students who benefited, their expectations of student

welfare actions of the UFPR were fully met, and approximately 28% were partially met.

However, only a minority, around 33%, know about the PNAES and its guidelines, which

suggests that many of the students do not know their rights as graduating students from public

schools and low-income families. This work concludes by emphasizing the importance of the

continuity and expansion of the PNAES as a public policy, with the aims of seeing students

through to completion of their courses, and in turn, reducing drop-out rates, and eliminating

or reducing disparities in academic achievement arising from socioeconomic differences

between students of the IFES.

Keywords: Higher Education, Student Welfare. PNAES.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1A - Estudantes de 18 a 24 anos de idade, total e respectiva distribuição percentual, por nível de ensino frequentado, segundo as regiões geográficas – 2011..................................2 Tabela 1B - Estudantes de 18 a 24 anos de idade, total e respectiva distribuição percentual, por nível de ensino frequentado e cor ou raça, segundo as regiões geográficas – 2011.................................................................................................................................. .......2 Tabela 1C - Pessoas de 18 a 24 anos de idade, total e com 11 anos de estudo ou mais, total e respectiva proporção, por quintos de rendimento mensal familiar per capita - 2001/2011........4 Tabela 1D - Distribuição percentual das pessoas que frequentam estabelecimento de ensino, por nível e rede de ensino frequentado, segundo as regiões geográficas – 2011........................5 Tabela 1E - Distribuição percentual dos estudantes da rede pública e da rede particular no ensino fundamental, médio e superior, segundo os quintos de rendimento mensal familiar per capita – 2011...............................................................................................................................6 Tabela 1F - Evolução do número de matrículas nos cursos de graduação presenciais e número de instituições de ensino superior – 2001 e 2011........................................................................7 Tabela 2A - Número de matrículas no ensino superior público e privado - 1960 a 1990.......16 Tabela 2B - Evolução do número de matrículas nos cursos de graduação presenciais - 1991 a 2000...........................................................................................................................................21 Tabela 2C - Evolução do número de matrículas nos cursos de graduação presenciais - 2001 a 2011...........................................................................................................................................25 Tabela 2D - Evolução do número de instituições de educação superior - 2001 a 2011..........27 Tabela 2F - Evolução do número de bolsas PROUNI ofertadas - 2005 a 2012......................29 Tabela 2G - Número de vagas oferecidas pelas IES, candidatos inscritos e relação candidatos inscritos/vaga oferecidas nos cursos de graduação presenciais e a distância, segundo as regiões geográficas – 2011........................................................................................................31 Tabela 2H - Número de vagas oferecidas nas IFES, candidatos inscritos e relação candidatos inscritos/vagas oferecidas nos cursos de graduação presenciais e a distância, segundo as regiões geográficas – 2011........................................................................................................32 Tabela 2I - Relação matrículas dos cursos de graduação presenciais/função docente em exercício, por organização Acadêmica, segundo a unidade da federação e a categoria administrativa das IES – 2011..................................................................................................34 Tabela 3A - Distribuição percentual dos estudantes das universidades federais por classes econômicas – 2010....................................................................................................................46

Tabela 3B - Distribuição percentual dos estudantes das universidades federais por renda familiar – 2010..........................................................................................................................46 Tabela 3C - Classes econômicas dos estudantes das universidades federais - 1996/97, 2003/4 e 2010........................................................................................................................................46 Tabela 3D - Distribuição percentual dos estudantes das universidades federais por sexo e classe econômica – 2010...........................................................................................................47 Tabela 3E - Distribuição percentual dos estudantes por sexo, idade e região – 2010..............47 Tabela 3F - Idade dos estudantes das Universidades Federais nos anos de 1996/97, 2003/4 e 2010...........................................................................................................................................48 Tabela 3G - Distribuição percentual dos estudantes das universidades federais por classe econômica e raça/etnia – 2010..................................................................................................48 Tabela 3H - Percentual de Estudantes por raça/etnia - 2003/4 e 2010......................................49 Tabela 3I - Situação conjungal dos estudantes - 1996/97, 2003/4 e 2010................................49 Tabela 3J - Percentual de estudantes com filhos - 1996/97, 2003/4 e 2010.............................49 Tabela 3L - Meio de Transporte utilizado pelos estudantes - 1996/97, 2003/4 e 2010...........49 Tabela 3M - Situação de moradia dos estudantes das universidades federais por classe econômica – 2010.....................................................................................................................50 Tabela 3N - Distribuição percentual dos estudantes que trabalham por classes econômicas – 2010...........................................................................................................................................50 Tabela 3O - Escolaridade dos pais dos estudantes - 1996/7 e 2010........................................50 Tabela 3P - Distribuição percentual dos estudantes por tipo de escola em que cursou o ensino médio – 2010.............................................................................................................................51 Tabela 3Q - Participação percentual dos estudantes nos programas de alimentação – 2010...51 Tabela 3R - Participação percentual dos estudantes nos programas de bolsa permanência – 2010...........................................................................................................................................51 Tabela 3S - Participação percentual dos estudantes nos programas de transporte – 2010.......51 Tabela 3T - Participação percentual dos estudantes em atividades acadêmicas remunerada – 2010...........................................................................................................................................52 Tabela 3U - Turno em que frequenta a maior parte das disciplinas – 2010..............................52 Tabela 3V - Motivos para trancamento de matrícula – 2010....................................................52

Tabela 3X - Expectativas quanto à atuação do estudante após a formatura - 2010.................53 Tabela 3Z - Principal fonte de informação sobre acontecimentos atuais - 2010.....................53 Tabela 3AA - Domínio do computador pelos estudantes - 1996/7, 2003/4 e 2010..................53 Tabela 3AB - Participação dos estudantes em atividades artísticas e culturais – 2010............54 Tabela 3AC - Participação dos estudantes em movimento estudantil – 2010..........................54 Tabela 3AD - Domínio de línguas estrangeiras - 1996/7, 2003/4 e 2010.................................54 Tabela 3AE - Utilização de serviços de saúde pelos estudantes - 1996/7, 2003/4 e 2010........55 Tabela 3AF - A saúde mental dos estudantes - 2003/4 e 2010.................................................55 Tabela 3AG - Atividades físicas preferenciais dos estudantes - 1996/7 e 2010.......................55 Tabela 3AH - Relação candidatos inscritos/vaga oferecida e ingressos/vagas oferecidas por processos seletivos, nos cursos de graduação presenciais, por organização acadêmica, segundo dependência administrativa das IES – 2011...............................................................58 Tabela 4A - Dados Vestibular UFPR – 2011............................................................................61 Tabela 4B - Dados Vestibular UFPR - 2007 a 2011.................................................................62 Tabela 4C - Número de alunos matriculados nos cursos de graduação da UFPR – 2011........62 Tabela 4D - Número de cursos de doutorado e mestrado da UFPR por conceito CAPES – 2011...........................................................................................................................................64 Tabela 4E - Pesquisa vinculada aos programas de pós-graduação da UFPR – 2011...............66 Tabela 4F - Recursos financeiros recebidos para projetos de pesquisa da UFPR – 2011........66 Tabela 4G - Orçamento inicial e executado da UFPR - 2009 a 2013.......................................72 Tabela 5A - Evolução do número de bolsas do Programa de Assistência Estudantil UFPR - 2008 a 2012...............................................................................................................................81 Tabela 5B - Bolsas do Programa de Assistência Estudantil – 2012.........................................81 Tabela 5C - Refeições servidas pelos RU's da UFPR, por tipo de clientela - 2009-2012.......84 Tabela 5D- Despesas e custos em valores correntes das refeições servidas nos Restaurantes Universitários da UFPR - Campi Curitiba – 2012...................................................................84

Tabela 6A - Distribuição percentual dos principais benefícios de assistência estudantil ofertados pela UFPR – 2012.....................................................................................................91 Tabela 6B - Distribuição percentual dos alunos que recebem 1, 2 ou 3 benefícios (Bolsa Permanência,Auxílio Refeição, Auxílio Moradia) – 2012.......................................................91 Tabela 6C - Número de alunos beneficiados X número de alunos matriculados – 2012.........92 Tabela 6D - Distribuição percentual do atendimento das expectativas sobre o caráter formativo da Bolsa Permanência – 2012..................................................................................93 Tabela 6F - Distribuição percentual por nível de qualidade das refeições servidas nos RU's – 2012...........................................................................................................................................94 Tabela 6G - Distribuição percentual por padrão das instalações físicas dos RU's – 2012.......95 Tabela 6H - Distribuição percentual por faixa de economia viabilizada pela utilização dos RU's – 2012...............................................................................................................................96 Tabela 6I - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas sobre o Auxílio Moradia – 2012.........................................................................................................................97 Tabela 6J - Distribuição percentual por oferta sugerida de moradia estudantil – 2012............98 Tabela 6L - Distribuição percentual por oferta sugerida de moradia estudantil, por grupo – 2012...........................................................................................................................................99 Tabela 6M - Distribuição percentual relativa ao atendimento das necessidades de transporte intercampi – 2012...................................................................................................100 Tabela 6N - Distribuição percentual por itens que merecem atenção relativos ao serviço de transporte intercampi – 2012..............................................................................................100 Tabela 6O - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas sobre os serviços de saúde – 2012.........................................................................................................101 Tabela 6P - Distribuição percentual relativa as respostas apresentadas sobre serviços de saúde – 2012......................................................................................................................................102 Tabela 6Q - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas sobre o apoio para participação em eventos – 2012......................................................................................103 Tabela 6R - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas sobre os programas de mobilidade acadêmica – 2012..........................................................................104 Tabela 6S - Distribuição percentual relativa as respostas apresentadas sobre mobilidade acadêmica – 2012....................................................................................................................105

Tabela 6T – Distribuição percentual relativa ao prévio conhecimento do PNAES – 2012.........................................................................................................................................106 Tabela 6U - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas acerca das ações de assistência estudantil em sua dimensão global – 2012.............................................108 Tabela 6V - Distribuição percentual relativa as justificativas sobre assistência estudantil – 2012.........................................................................................................................................109

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1A - Taxa percentual de abandono escolar precoce da população de 18 a 24 anos, por sexo – 2011.................................................................................................................................3 Gráfico 2B - Evolução do número de matrículas nos cursos de graduação presenciais - 1991 a 2000.............................................................................................................................................4 Gráfico 1C - Distribuição percentual das pessoas que frequentam estabelecimento de ensino, por nível e rede de ensino frequentado – 2011...........................................................................5 Gráfico 2A - Número de matrículas no ensino superior público e privado - 1960 a 1990......16 Gráfico 2B - Evolução do número de matrículas nos cursos de graduação presenciais - 1991 a 2000...........................................................................................................................................21 Gráfico 2C - Evolução do número de matrículas nos cursos de graduação presenciais - 2001 a 2011...........................................................................................................................................25 Gráfico 2D -Evolução do número de instituições de educação superior - 2001 a 2011..........27 Gráfico 2F - Evolução do número de bolsas PROUNI ofertadas - 2005 a 2012.....................29 Gráfico 2G - Número de vagas oferecidas pelas IES nos cursos de graduação presenciais e a distância – 2011........................................................................................................................31 Gráfico 2H - Número de candidatos inscritos nos cursos de graduação presenciais e a distância ofertados pelas IES – 2011........................................................................................31 Gráfico 2I - Número de vagas oferecidas nas IFES nos cursos de graduação presenciais e a distância – 2011........................................................................................................................32 Gráfico 4A - Composição comunidade universitária da UFPR – 2011....................................62 Gráfico 4B - Número de alunos matriculados nos cursos de graduação da UFPR – 2011.......63 Gráfico 4C - Titulação do corpo docente da UFPR – 2011......................................................63 Gráfico 4D - Número de alunos ingressantes, matriculados e concluintes de Mestrado- 2001/2011..................................................................................................................................65 Gráfico 4E - Número de alunos ingressantes, matriculados e concluintes de Doutorado- 2001/2011..................................................................................................................................65 Gráfico 4F -Evolução do orçamento da UFPR, por grupo de despesa - 2009 a 2013..............72

Gráfico 4G - Orçamento total da UFPR, por grupo de despesa, em percentual - 2009 a 2013...........................................................................................................................................73 Gráfico 4H - Participação do PNAES no orçamento de manutenção da UFPR, tesouro nacional, em percentual - 2009 a 2013.....................................................................................74 Gráfico 6A - Distribuição percentual relativa ao prévio conhecimento do PNAES – 2012.........................................................................................................................................107 Gráfico 6B - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas acerca das ações de assistência estudantil em sua dimensão global – 2012.......................................................108

LISTA DE QUADROS Quadro 1A - Distribuição Amostral..........................................................................................13

Quadro 2A - Número de servidores ingressantes pelos programas de expansão das IFES – 2006 -2012................................................................................................................................35 Quadro 2B - Número de alunos ingressantes pelos programas de expansão das IFES - 2006-2012...........................................................................................................................................35 Quadro 2C - Recursos totais alocados aos programas de expansão das IFES - 2006-2012 R$ milhões......................................................................................................................................35

LISTA DE SIGLAS

ANDES-SN Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior

ANDIFES Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino

Superior

CAE Coordenadoria de Assistência Estudantil

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CCE Centro de Computação Eletrônica

CF Constituição Federal

CNE Conselho Nacional de Educação

COPLAD Conselho de Planejamento e Administração

COUN Conselho Universitário

DCE Diretório Central dos Estudantes

EAD Educação a Distância

ENEM Exame Nacional do Ensino Médio

FEBRABAN Federação Brasileira de Bancos

FIES Fundo de Financiamento Estudantil

FMI Fundo Monetário Internacional

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FONAPRACE Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis

HMVFA Hospital e Maternidade Vitor Ferreira do Amaral

HC Hospital de Clínicas

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IES Instituições de Ensino Superior

IFES Instituições Federais de Ensino Superior

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

IRA Índice de Rendimento Acadêmico

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação

LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias

LEA Laboratório de Estatística Aplicada

LOA Lei Orçamentária Anual

LRF Lei de Responsabilidade Fiscal

MAE Museu de Arqueologia e Etnologia

MEC Ministério da Educação

OCC Outros Custeios e Capital

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OMC Organização Mundial do Comércio

PDE Plano de Desenvolvimento da Educação

PIB Produto Interno Bruto

PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio

PNAES Programa Nacional de Assistência Estudantil

PNE Plano Nacional de Educação

PPA Plano Plurianual

PRAE Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis

PROBEM Programa de Benefícios Econômicos para a Manutenção dos Estudantes de

Graduação e Ensino Profissionalizante

PROUNI Programa Universidade para Todos

REUNI Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades

Federais

RU Restaurante Universitário

SAT Sistema de Acompanhamento e Tutoria do Fluxo Acadêmico

SIE Sistema de Informações para o Ensino

SINAES Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

SISU Sistema de Seleção Unificada

UAB Universidade Aberta do Brasil

UAPS Unidade de Apoio Psicossocial

UFMS Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

UFPR Universidade Federal do Paraná

UNE União Nacional dos Estudantes

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

UO Unidade Orçamentária

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................1

1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA E QUESTÃO NORTEADORA.............................8

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA........................................................................................11

1.2.1 OBJETIVO GERAL...............................................................................................11

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................11

1.3 HIPÓTESES....................................................................................................................11

1.4 METODOLOGIA...........................................................................................................12

2 A UNIVERSALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL...............................14

2.1 UMA BREVE RETROSPECTIVA HISTÓRICA DO ENSINO SUPERIOR NO

BRASIL.................................................................................................................................14

2.2 - AS REFORMAS DO ENSINO SUPERIOR NA DÉCADA DE 90.............................17

2.3 OS PROGRAMAS DE I NCLUSÃO, EXPANSÃO E DEMOCRATIZAÇÃO DO

ACESSO AO ENSINO SUPERIOR NO PERÍODO RECENTE.........................................24

2.3.1 O PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS – PROUNI..........................28

2.3.2 O SISTEMA UAB - UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL.........................30

2.3.3 O SISTEMA DE SELEÇÃO UNIFICADA – SISU...............................................33

2.3.4 O PROGRAMA DE APOIO A PLANOS DE REESTRUTURAÇÃO E

EXPANSÃO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS - REUNI.........................................33

2.3.5 POLÍTICAS AFIRMATIVAS - AÇÕES INCLUSIVAS, COM COTAS

RACIAIS E SOCIAIS.......................................................................................................37

3 O PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL - PNAES..............40

3.1 O CONTEXTO DE CRIAÇÃO DO PNAES.................................................................40

3.2 O PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS ESTUDANTES DAS IFES............................45

3.3 A EVASÃO NO ENSINO SUPERIOR..........................................................................56

4 O PAPEL DA UFPR NA UNIVERSALIZAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO

SUPERIOR..............................................................................................................................60

4.1 ASPECTOS HISTÓRICOS E INSTITUCIONAIS DA UFPR.....................................61

4.2 A VIABILIZAÇÃO DO PNAES ATRAVÉS DO ORÇAMENTO DA UFPR............67

4.2.1ORÇAMENTO PÚBLICO....................................................................................67

4.2.2EVOLUÇÃO DO PNAES NO ORÇAMENTO DA UFPR..................................72

5 AS AÇÕES DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL INSTITUCIONALIZADAS PELA

UFPR PARA ATENDIMENTO AOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO....................76

5.1 CRIAÇÃO DA PRAE - PRÓ-REITORIA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL...........77

5.2 PROBEM - PROGRAMA DE BENEFÍCIOS ECONÔMICOS PARA MANUTEN-

ÇÃO AOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO E ENSINO PROFISSIONALIZANTE

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ..............................................................79

5.2.1 BOLSA PERMANÊNCIA.......................................................................................82

5.2.2 AUXÍLIO REFEIÇÃO.............................................................................................83

5.2.3 AUXÍLIO MORADIA ESTUDANTIL....................................................................85

5.3 PROGRAMA DE APOIO À FORMAÇÃO PROFISSIONAL AOS ESTUDANTES DE

GRADUAÇÃO DA UFPR...................................................................................................85

5.3.1 LÍNGUAS ESTRANGEIRAS...............................................................................86

5.3.2 INFORMÁTICA....................................................................................................86

5.3.3 BOLSA INSTRUTOR...........................................................................................87

5.3.4 APOIO A MOBILIDADE ACADÊMICA............................................................87

5.4 OUTROS PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL DA UFPR..................88

5.4.1 INCENTIVO À PRATICA DE ESPORTES E LAZER........................................88

5.4.2 APOIO PSICOSSOCIAL......................................................................................88

5.4.3 ATENÇÃO À SAÚDE..........................................................................................88

5.4.4 APOIO AOS EVENTOS ESTUDANTIS E APRESENTAÇÃO DE TRA-

BALHOS..........................................................................................................................89

5.4.5 TRANSPORTE INTERCAMPI.............................................................................89

6 AVALIAÇÃO DO PNAES NA UFPR – EFICÁCIA E EFETIVIDADE NA

PERMANÊNCIA DE ALUNOS EM SITUAÇÃO DE FRAGILIDADE

SOCIOECONÔMICA............................................................................................................90

6.1 DISTRIBUIÇÃO DOS BENEFÍCIOS OFERTADOS...................................................90

6.2 BOLSA PERMANÊNCIA..............................................................................................93

6.3 RESTAURANTES UNIVERSITÁRIOS.......................................................................94

6.4 MORADIA ESTUDANTIL............................................................................................97

6.5 TRANSPORTE INTERCAMPI.....................................................................................99

6.6 SERVIÇOS DE SAÚDE...............................................................................................101

6.7 EVENTOS ESTUDANTIS...........................................................................................102

6.8 MOBILIDADE ACADÊMICA....................................................................................103

6.9 CONHECIMENTO ACERCA DO PNAES.................................................................105

6.10 PERCEPÇÃO GLOBAL SOBRE AS AÇÕES DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

NA UFPR............................................................................................................................107

7 CONCLUSÃO....................................................................................................................111

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................114

ANEXOS................................................................................................................................119

1

1 INTRODUÇÃO

A educação é reconhecida como principal condição para assegurar o progresso

profissional do cidadão e também como principal indutor de sua ascensão social. Sendo

portanto, a democratização do acesso e qualidade do ensino condições necessárias para que a

educação venha a cumprir integralmente seu papel de promotora de igualdade de

oportunidades. Certamente, isso somente será possível com políticas públicas cada vez mais

eficientes e direcionadas para a redução das desigualdades sociais, pois o perfil

socioeconômico do estudante, não é o único fator, mas um dos fatores determinantes do

desempenho escolar e progressão do aluno ao longo de sua vida acadêmica.

No segundo semestre de 2012 foi publicado pelo IBGE a "Síntese de indicadores

sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2012", publicação que

objetiva divulgar o panorama social brasileiro, baseando-se principalmente na Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD de 2011. Na análise das condições de vida, a

desigualdade e seus aspectos intrínsecos como a pobreza e a exclusão social apontam as

principais diretrizes do trabalho. (IBGE, 2012)

Os dados da PNAD permitem mapear a escolarização da população brasileira,

considerando o sistema educacional do país que é composto pelo nível básico (educação

infantil, fundamental e ensino médio) e nível superior (graduação e pós-graduação). No

Brasil, o sistema educacional é descentralizado, sendo de responsabilidade dos Municípios a

educação infantil e fundamental e majoritariamente aos Estados e Distrito Federal cabe a

responsabilidade pelo ensino médio. Para a esfera federal, cabem as atribuições relativas ao

ensino superior, bem como, a prestação de assistência técnica e financeira aos Estados e

Municípios, visando assegurar uma distribuição igualitária de recursos entre os diferentes

entes federativos. (IBGE, 2012)

Nas últimas décadas, se observou uma evolução na escolarização da população

brasileira, especialmente na primeira década deste século. Em relação à educação infantil, a

taxa de escolarização das crianças de 0 a 3 anos passou de 10,6% em 2001 para 20,8% em

2011 e das crianças de 4 a 5 anos de 55,0% em 2001 para 77,4% em 2011. No ensino

fundamental, considerando a faixa etária de 6 a 14 anos, a continuidade e aprofundamento das

políticas educacionais vigentes, asseguraram quase 100% das crianças na escola neste

período, passando o índice de 95,3% em 2001 para 98,2% em 2011. (IBGE, 2012)

No ensino médio, o índice foi de 83,7% em 2011 de jovens com idade de 15 a 17 anos

matriculados em estabelecimentos de ensino. Porém, quando apurada a taxa de frequência

2

líquida, que mede a porcentagem da população da respectiva faixa etária que está na etapa

educacional correta, o índice cai para 51,6% contra 37,3% em 2001. Portanto, o índice de

83,7% mascara a questão da defasagem escolar, muito embora, mesmo em menor proporção

confirma-se também a expansão educacional nesse nível de ensino. (IBGE, 2012)

Considerando a faixa etária de 18 a 24 anos, que compõe a população que

teoricamente deveria estar cursando o ensino superior, tema central desse trabalho, várias

considerações podem ser levantadas tomando por base os dados da PNAD/IBGE abaixo:

Fundamental Médio Superior (1) Outros (2)Brasil 6 494 8,1 34,2 51,3 6,3

Norte 684 15,3 43,5 32,3 8,8Nordeste 1 876 13,7 43,9 35,8 6,6Sudeste 2 457 4,2 29,0 60,8 6,0Sul 912 4,0 24,2 65,4 6,4Centro-Oeste 565 4,5 30,0 61,7 3,8

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2011.(1) Incluive mestrado e doutorado. (2) Pré-vestibular, supletivo e alfabetização de adultos.

Tabela 1A - Estudantes de 18 a 24 anos de idade, total e respectiva distribuição percentual, por nível de ensinofrequentado, segundo as regiões geográficas - 2011

Grandes Regiões,Unidades da Federação eRegiões Metropolitanas

Estudantes de 18 a 24 anos de idadeTotal

(1 000 pessoas)

Distribuição percentual, por nível de ensino frequentado (%)

Fundamental Médio Superior (1) Outros (2)

Brasil 3 317 4,5 24,1 65,7 5,6Norte 162 10,2 32,5 49,4 7,9Nordeste 604 9,6 31,8 52,3 6,3Sudeste 1 533 2,8 22,0 69,3 5,8Sul 752 3,0 21,2 70,6 5,3Centro-Oeste 264 3,5 22,1 71,8 2,5

Brasil 3 105 11,8 45,2 35,8 7,2Norte 506 16,5 47,6 26,8 9,1Nordeste 1 255 15,5 49,8 28,0 6,8Sudeste 901 6,7 41,3 45,6 6,4Sul 152 9,0 38,8 40,1 12,0Centro-Oeste 291 5,4 37,3 52,3 5,1

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2011.(1) Incluive mestrado e doutorado. (2) Pré-vestibular, supletivo e alfabetização de adultos.

Branca

Preta ou Parda

Tabela 1B - Estudantes de 18 a 24 anos de idade, total e respectiva distribuição percentual, por nível de ensino frequentado e cor ou raça, segundo as regiões geográficas - 2011

Regiões GeográficasEstudantes de 18 a 24 anos de idade

Total(1 000

pessoas)

Distribuição percentual, por nível de ensino frequentado (%)

Em 2011, do total desses jovens matriculados em estabelecimentos de ensino, 34,2%

cursavam o ensino médio e 51,3% o ensino superior. Dentre os jovens desta faixa etária da

cor branca a proporção no ensino superior foi de 65,7% contra 39,6% em 2001. Entre aqueles

que declararam-se da cor preta ou parda, a proporção no ensino superior foi de 35,8% contra

10,2% em 2011.

3

Considerando os dados da evolução da escolarização via universalização do acesso a

educação nos diversos níveis, se observou uma redução significativa de jovens fora da escola

– aproximadamente 12 pontos no período de 2001 a 2011, passando de 43,8% em 2001 para

32,2% em 2011, respectivamente. As condições socioeconômicas das famílias influenciam

no abandono precoce dos estudos, impedindo que muitos cheguem ao ensino superior. O

comparativo com outros países europeus demonstrou quão preocupante são os dados do Brasil

relativos ao percentual de jovens de 18 a 24 anos que em 2011 não havia completado o ensino

médio e não estava na escola, o que acaba condicionando essa população a um futuro de

estagnação social e econômica, na grande maioria dos casos e afetando o desenvolvimento

econômico e social do país como um todo. (IBGE, 2012)

Gráfico 1A - Taxa percentual de abandono escolar precoce da população de 18 a 24 anos, por sexo - 2011

Fonte: Adaptado de IBGE (2012, p.117)

6,8

19,9

16,2

18,5

28,2

38,9

21,0

31,0

13,9

12,4

15,1

14,9

37,9

5,7

13,1

13,8

16,6

18,1

27,6

15,2

21,9

10,2

10,6

8,1

9,7

26,6

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0

Suíça

Noruega

Reino Unido

Romênia

Portugal

Malta

Itália

Espanha

França

Alemanha

Chipre

Belgica

Brasil

Mulher Homem

Considerando o caráter econômico como condicionante na evolução da formação

educacional do cidadão, verifica-se através dos dados da PNAD, que houve melhorias

consideráveis no período de 2001 a 2011 em relação a escolarização da população de menor

4

renda, em grande parte fruto das políticas de democratização da educação. Enquanto em 2001,

a média de anos de estudo da população de 18 a 24 anos integrante do 1º quinto de

rendimento mensal familiar era de 5,3 anos, em 2011 esse número passou a 7,7. Na população

no ensino superior, que enquadra-se de 1º, 2º e 3º quintos de rendimento, as proporções

passaram de 9,0 para 26,9, 13,0 para 37,8 e 25,1 para 51,9, respectivamente nos anos de 2001

e 2011.

Tal panorama demonstra a necessidade de manutenção e ampliação não apenas das

políticas de ampliação do número de vagas no ensino superior, mas também, das políticas

direcionadas a apoiar os estudantes com fragilidade socioeconômica que passam a fazer parte

do sistema de ensino superior, seja público ou privado, para que não abandonem seu curso e

passem a engrossar as estatísticas relativas a evasão escolar. Segundo os dados do PNAD

2011, considerando a taxa de frequência líquida a estabelecimentos de ensino, dos jovens de

18 a 24 anos apenas 14,6% frequentam o ensino superior.

Gráfico 1B - Média de anos de estudo das pessoas de 18 a 24 anos, segundo quintos do rendimento mensal familiar per capita - 2001/2011

Fonte: Adaptado de IBGE (2012, p.118)

7,9

5,36,2

7,6

9,0

10,79,6

7,78,6

9,410,3

11,7

TOTAL 1º Quinto 2º Quinto 3º Quinto 4º Quinto 5º Quinto

2001 2011

1º quinto 2º quinto 3º quinto 4º quinto 5º quinto

2001 23 141 7 673 9,0 13,0 25,1 42,7 71,12006 24 285 11 297 17,0 27,2 43,4 60,8 84,02011 22 497 12204 26,9 37,8 51,9 66,7 84,4

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001/2011.

Tabela 1C - Pessoas de 18 a 24 anos de idade, total e com 11 anos de estudo ou mais, total e respectivaproporção, por quintos de rendimento mensal familiar per capita - 2001/2011

Ano

Pessoas de 18 a 24 anos de idadeTotal

(1 000 pessoas

)

Com 11 anos de estudo ou maisTotal

(1 000 pessoas)

Quintos de rendimento mensal familiar per capita

Em relação à dependência administrativa da rede de ensino, os dados seguintes tratam

da distribuição percentual da população que efetivamente está vinculada a uma instituição de

ensino, seja pública ou privada.

5

Pública Particular Pública Particular Pública Particular

Brasil 87,0 13,0 87,0 13,0 25,2 74,8

Norte 92,7 7,3 93,0 7,0 32,4 67,6

Nordeste 86,3 13,7 88,4 11,6 35,2 64,8

Sudeste 85,1 14,9 84,8 15,2 19,1 80,9

Sul 90,6 9,4 86,5 13,5 24,9 75,1

Centro-Oeste 85,4 14,6 86,4 13,6 24,4 75,6

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2011.(1) Exclusive educação de jovens e adultos ou supletivo. (2 Exclusive mestrado e doutorado.

Tabela 1D - Distribuição percentual das pessoas que frequentam estabelecimento de ensino, por nível e rede de ensino frequentado, segundo as regiões geográficas - 2011

Região Geográfica

Distribuição percentual das pessoas que frequentam estabelecimento de ensino,

Fundamental (1) Médio (1) Superior (2)

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2011.

Gráfico 1C - Distribuição percentual das pessoas que frequentam estabelecimento de ensino, por nível e rede de ensino frequentado - 2011

87% 87%

25%

13% 13%

72%

Ensino Fudamental Ensino Médio Ensino Superior

Público Privado

O gráfico acima permite melhor visualização da distribuição percentual do público e

privado em relação a rede de ensino. Enquanto a meta de universalização do ensino público

no nível fundamental e médio está mais próxima, no ensino superior estamos bastante

distantes de atender ao preceito legal que define ser a educação um dever do Estado e direito

de todos. Quando analisamos a questão da renda do estudante de ensino superior, podemos

verificar que tanto na rede pública quanto na rede privada, há muitos estudantes de baixa

renda, contrariando muitos pressupostos que afirmam que apenas ingressam nas universidades

públicas estudantes de famílias de boas condições financeiras. Lembrando que, também nas

instituições de ensino superior privadas há muitos estudantes que dependem de apoio

financeiro oriundo do Estado para manter-se e concluir com êxito a sua formação acadêmica.

6

Rede pública Rede particular Rede pública Rede particular Rede pública Rede particular1º quinto 38,0 6,4 22,4 3,8 7,1 3,52º quinto 28,3 13,3 26,7 7,5 10,2 6,63º quinto 18,2 16,0 23,1 13,4 16,4 13,54º quinto 11,0 21,7 19,2 22,0 25,3 28,15º quinto 4,5 42,6 8,6 53,2 41,0 48,3

Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2001/2011.(1) Exclusive famílias sem rendimentos, sem declaração de rendimentos, pensionistas, empregados domesticos e seus parentes.

Tabela 1E - Distribuição percentual dos estudantes da rede pública e da rede particular no ensino fundamental, médio e superior, segundo os quintos de rendimento mensal familiar per capita - 2011

Quintos de rendimento mensal familiar per capita (1)

EstudantesEnsino fundamental Ensino médio Ensino superior

Grandes RegiõesGrandes Regiões

Especificamente quanto ao ensino superior podemos verificar nos dados do IBGE que

um percentual de 33,7% dos estudantes que encontram-se matriculados na rede pública

pertencem ao 1º, 2º e 3º quintos de rendimento mensal familiar per capita. Enquanto que,

66,3% enquadram-se no 4º e 5º quintos. Na rede privada, 76,4% pertencem ao 4º e 5º quintos.

Os dados da PNAD/IBGE 2011 confirmam a tendência apontada pelas pesquisas

realizadas pelo FONAPRACE em 2004 e 2010, por solicitação da ANDIFES, para mapear o

perfil socioeconômico dos alunos das Instituições Federais de Ensino Superior com o objetivo

de subsidiar a elaboração e implementação de políticas públicas destinadas à manutenção e

conclusão da graduação dos estudantes com fragilidade socioeconômica no ensino superior

público federal. (ANDIFES, 2011)

As transformações na Educação Superior brasileira, principalmente a partir de meados

da década de 1990, resultaram de uma contínua e crescente universalização do acesso ao

ensino superior, com ênfase ao expansionismo privado, em detrimento da ampliação da

oferta para o ensino superior público , conforme demonstram os dados da evolução de IES,

com majoritária participação privada, aproximadamente 88% em 2011, segundo dados do

INEP que mostram que o número total de Instituições de Ensino superior passou de 1391 em

2001 para 2.365 em 2011, representando um crescimento de cerca de 70%. Essa

universalização aparente, é reforçada pelo número de matrículas crescentes na primeira

década do século XXI, reforçada por amplo pacote de incentivos governamentais em

programas do governo federal para reestruturação das IFES – Instituições Federais de Ensino

Superior, consubstanciados em programas de incentivo a ampliação da oferta de vagas , dada

a demanda reprimida por décadas. Tais condicionantes observados no âmbito político-

institucional, denotam uma grande reestruturação da Educação Superior, com redefinições

claramente definidas. (INEP, 2013)

7

De acordo com o INEP, o número total de matrículas nos cursos de graduação

presenciais praticamente duplicou no período de 2001 a 2011, saltando de 3.030.754 para

7.746.762. Muito embora, a expansão do ensino superior privado mantenha-se

proporcionalmente acima da expansão do setor público, considerando que neste período as

matrículas no setor privado passaram de 2.091.529 para 4.151.371, representando uma

evolução de 98%, nas instituições públicas as matrículas passaram de 939.225 para 1.595.391,

representando um crescimento de 70%. Em relação ao total de matrículas em 2011, a

participação pública e privada é de 28% e 72%, respectivamente. (INEP, 2013)

A recente expansão do ensino superior é resultante da necessidade de democratizar o

acesso a esse nível de ensino decorrente da constatação e comprovação das lideranças

políticas e sociais, inclusive decorrentes dos estudos de organismos internacionais como

Banco Mundial, OCDE e UNESCO de que o crescimento econômico e desenvolvimento

social de um país estão intrinsecamente ligados ao nível de escolaridade de sua população.

Resultado disso, foi a formulação e implementação de programas como o REUNI, PROUNI,

PNAES, UAB, dentre outros, com os objetivos de aumentar o número de vagas ofertadas,

inclusive na educação a distância, o número de cursos noturnos, aumentar a relação aluno/

professor, reduzir custos, flexibilizar currículos, combater a evasão, ampliar as políticas de

inclusão e assistência estudantil, viabilizando também o acesso às IES privadas via concessão

de bolsas integrais e parciais, promover a articulação da graduação com a pós-graduação e da

educação superior com a educação básica e assegurar a interiorização dos campi.

Em conjunto, todas essas medidas visam aumentar a participação dos jovens de 18 a 24

anos no ensino superior que é de apenas 14,6%, percentual bastante distante da meta do PNE

de 30%. A participação das IES públicas no total de matrículas de 28% em 2011, também

está distante dos 40% previsto no PNE. Apesar de estarmos no caminho da democratização,

além da expansão é preciso assegurar mecanismos de permanência pois a educação superior

Tabela 1F - Evolução do número de matrículas nos cursos de graduação presenciais e número

de instituições de ensino superior -2001 e 2011

Ano

Privada Pública Total Privada Pública Total 2001 2.091.529 939.225 3.030.754 1.208 183 1.391 2011 4.151.371 1.595.391 5.746.762 2.081 284 2.365

∆ Período 98% 70%

90% 72% 55% 70% Fonte: MEC/INEP

Matrículas nos Cursos de Graduação Presenciais Número de IES

8

continua inacessível para largas camadas da sociedade brasileira, principalmente para aqueles

que nesta faixa etária já estão no mercado de trabalho. (RISTOFF, 2008)

1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA E QUESTÃO NORTEADORA As transformações do campo da educação, enquanto conjunto de políticas públicas que

visam atender as necessidades básicas de uma população ou sistema social, indicam fases

passíveis de delimitação da problemática situação vivenciada pela defasagem no acesso ao

ensino superior brasileiro. Os ciclos de crescimento e expansão do ensino superior brasileiro

– conjugado de forma hibrida na oferta pública/privada, com clara indução a oferta no setor

privado, denotam uma clara massificação ou universalização para amplos setores sociais.

Enquanto conjunto de decisões institucionalizadas do acervo organizacional estatal ou ações

políticas orientadas pelo Estado brasileiro, a política de educação superior tomou contornos

nítidos no que tange as transformações seguindo três fases distintas: a) um sistema elitizado

em transição ; b) um sistema de massa; c) um sistema de acesso universal.

O arcabouço político-institucional propiciado pela LDB , enquanto mecanismo de

intervenção orquestrado pelo Estado brasileiro, no desafio de executar uma política pública

educacional , com ênfase na educação superior sofreu transformações desencadeadas por

processos que configuram um quadro que vai da elitização a privatização neste nível de

ensino, segundo Ristoff (2008). Os dados censitários ainda demonstram uma debilidade no

acesso para parcela significativa dos demandantes do sistema – as jovens classes

trabalhadoras. O processo de expansão foi acompanhado de movimentos de privatização,

diversificação , centralização, desequilíbrios regionais, ampliação do acesso, desequilíbrio da

oferta, ociosidade de vagas, corrida por titulação e lento incremento, de acordo com Ristoff

(2008, p. 42).

Na primeira década do século XXI, os censos demonstram que o nível de expansão foi

elevado ao ponto de se ter uma oferta de vagas no ensino superior , maior que o incremento de

concluintes no ensino médio, embora a maioria dessas vagas tenha sido oferecida nas

instituições privadas. Se a geração de oportunidades foi importante , a necessidade na

década presente é democratizar tal acesso, gerando mecanismos de permanência para

jovens estudantes que obtiveram a oportunidade de frequentar o ensino superior. Tal

democratização é indissociável da expansão da oferta pública de vagas, daí a necessidade de

programas de permanência e manutenção de egressos do ensino médio nas IFES públicas.

9

Como uma política pública se define como uma ação ou conjunto de ações

implementada pelos governos para solucionar determinados problemas, e, nas diferentes

abordagens dadas ao tema, toda formulação, implementação e avaliação de política pública

decorre de uma junção de forças políticas e sociais, isto implica, muitas vezes, em um

reordenamento de papéis dos diferentes atores envolvidos e que estão em constante busca por

janelas de oportunidades para atendimento de seus objetivos.

No caso brasileiro, notadamente nos últimos anos, as políticas públicas orientadas

para estudantes oriundos de escolas públicas e de famílias financeiramente menos

favorecidas, estudantes de etnias com baixa participação no ensino superior, como negros e

índios, foram apoiadas pelas ações políticas das instituições do Estado. Essa expansão para o

ensino superior privado ocorreu com maior intensidade em função dos benefícios da renúncia

fiscal, aproveitando sua capacidade ociosa instalada, recebendo alunos bolsistas, e, nas

próprias universidade públicas que foram estimuladas por programas de reestruturação que

reforçou a expansão, democratização e permanência no ensino superior.

As políticas públicas desdobram-se em planos, programas, projetos e subsequente as

fases de planejamento, formulação e implementação está a fase de acompanhamento e

avaliação que serve a vários propósitos desde a disponibilização de dados e informações para

continuidade ou reformulação das ações em fase de implementação e das próprias políticas

públicas até a formação de rankings conforme resultados dos indicadores de qualidade. A

avaliação do ensino superior assume papel determinante na garantia de padrões mínimos de

qualidade dos serviços prestados.

O PNAES, institucionalizado sob a forma de Decreto Presidencial em 2010,

estabeleceu as diretrizes para as ações de assistência estudantil aos alunos com fragilidade

socioeconômica. Essas ações eram até então, praticadas de forma individual e desarticulada

pelas IFES - Instituições Federais de Ensino Superior, com intuito de assegurar a permanência

e conclusão do curso, buscando reduzir as taxas de retenção e evasão e promover inclusão

social através da educação.

Atualmente, grande parte das reivindicações dos movimentos estudantis dizem

respeito a ampliação da assistência estudantil, através de restaurantes, moradias estudantis,

bolsas e melhorias nas infraestrutura de laboratórios e bibliotecas e para isso pleiteiam um

orçamento de R$ 1,5 bi para 2013 para o PNAES. (http://www.une.org.br)

Por outro lado, o governo, através do Ministro da Educação, Aloizio Mercadante,

afirma que está se fazendo "um grande esforço de inclusão social”, sendo que os recursos

10

para o PNAES passaram de R$ 125 milhões em 2008 para aproximadamente R$ 600 milhões

em 2013. (http://portal.mec.gov.br)

Em 2012, durante audiência com representantes do movimento estudantil, o ministro

Mercadante recebeu pauta com as reivindicações dos estudantes por IFES e assumiu

compromisso de encaminhar aos reitores para avaliação pontual das demandas, ressaltando

que será criada "uma comissão para acompanhar e monitorar a resolução das situações

indicadas no documento, mas sem ferir a autonomia das universidades; o MEC pode apoiar,

acompanhar, fiscalizar e avaliar”. O MEC também assumiu o compromisso de criar um

programa de consolidação da expansão das Instituições Federais de Ensino Superior para dar

continuidade aos projetos iniciados com recursos orçamentários do REUNI - Programa de

Reestruturação e Expansão das Universidades. (http://www.une.org.br)

Estando as lideranças estudantis e os dirigentes das IFES altamente mobilizados

no sentido de ampliar os recursos orçamentários destinados ao financiamento do PNAES e

sendo este programa parte de uma política de promoção da universalização do ensino

superior, parte-se das hipóteses que o macro resultado depende da correta aplicação dos

recursos por parte das Instituições Federais de Ensino, e de que é imprescindível

conhecer o posicionamento de seu público alvo.

A implantação do PNAES na UFPR, implícita aos objetivos de manutenção,

ampliação dos graduandos em situação de fragilização socioeconômica, indica a questão

norteadora , fulcro desse projeto de dissertação, quais sejam:

a) Qual a efetividade do PNAES , implementado na UFPR, na manutenção e

conclusão do curso dos graduandos em situação de fragilidade socioeconômica?

b) Como os atores envolvidos avaliam a prestação de Serviços de Assistência

Estudantil na UFPR, no contexto da implementação do PNAES?

c) Quais os limites da eficácia na implementação do PNAES no contexto da UFPR?

O resultado do trabalho é uma avaliação da implementação de um programa de

permanência de jovens no ensino superior, via prestação de serviços de assistência focalizada

para alunos de baixa renda nos cursos de graduação, os resultados identificaram os pontos

fortes e pontos fracos dos programas e ações direcionados a assegurar a permanência

e conclusão da graduação na UFPR, fornecendo subsídios para manutenção e/ou reorientação

dessas ações.

11

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.2.1 OBJETIVO GERAL

• Avaliar o impacto da implementação do PNAES – Programa Nacional de Assistência

Estudantil na UFPR.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Identificar os limites orçamentários do PNAES no âmbito da UFPR;

• Descrever os principais programas de Assistência Estudantil no âmbito do PNAES

adotados pela UFPR e seu impacto na permanência e conclusão do curso de

graduandos em situação de fragilidade econômica;

• Caracterizar as ações de assistência estudantil promovidas pela UFPR, orientadas pelo

PNAES e sua efetividade na manutenção e promoção da universalização do acesso ao

ensino superior;

• Descrever a eficiência do PNAES no âmbito da UFPR para manutenção, ampliação e

focalização no atendimento do acadêmico em situação de fragilização

socioeconômica.

1.3 HIPÓTESES

• O PNAES constitui-se em parte de um política pública nacional para democratização

do acesso e permanência de jovens interessados em cursar uma graduação nas

instituições públicas de ensino superior;

• O alcance das metas e objetivos globais dessa política pública depende de eficiência e

eficácia das IFES na aplicação dos recursos orçamentários federais destinados ao

financiamento do PNAES;

• É necessário conhecer as expectativas do público alvo do PNAES para assegurar a

manutenção e/ou reorientação das ações de assistência estudantil praticadas pelas

IFES;

• O público alvo do PNAES, apesar de usufruir de seus benefícios, não conhece as bases

e diretrizes do Programa.

12

1.4 METODOLOGIA

Para o trabalho proposto a metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e

documental, técnicas de documentação indireta, conforme afirmam Marconi e Lakatos (2009).

Foram levantadas obras literárias e artigos relacionados a evolução do ensino superior no

Brasil e a gestão da educação. Foram também consultados materiais disponíveis e a

legislação vigente que trata do PNAES - Programa Nacional de Assistência Estudantil e do

processo orçamentário federal.

Como se trata de um estudo de caso de um programa federal implementado na UFPR-

Universidade Federal do Paraná, foram abordados documentos institucionais, como o PDI -

Plano de Desenvolvimento Institucional, Relatórios de Atividades, Resoluções dos Órgãos

Colegiados, bem como, materiais disponíveis, inclusive na Internet, para caracterização da

Universidade e suas ações de assistência estudantil. A UFPR, considerada a mais antiga

Universidade do país, foi fundada em 19 de dezembro de 1912, é uma autarquia de regime

especial com autonomia administrativa, financeira, didática e disciplinar, mantida pela União.

Segundo dados de 2011, a UFPR possui cerca de 26 mil alunos de graduação.

Para avaliação da percepção dos acadêmicos da UFPR beneficiários do PNAES –

Programa Nacional de Assistência Estudantil, em suas múltiplas ações de

permanência/manutenção foi aplicado um questionário estruturado com quatorze (14)

questões como forma de observação da percepção sobre os serviços adotados na

Universidade, com amostragem significativa , distribuído proporcionalmente por setor para

os beneficiários dos programas, encaminhados e respondidos por escrito (e-mail), sem a

presença do pesquisador. Inicialmente foi elaborada listagem dos alunos com fragilidade

socioeconômica com data de corte no final de 2012, visto que, o universo de alunos atendidos

sofre variação de acordo com o ingresso semestral.

Para levantamento da percepção dos alunos beneficiados sobre os programas e ações

promovidos pela UFPR com objetivo de assegurar a permanência do estudante com

fragilidade socioeconômica na Instituição até a conclusão do curso de graduação foram

aplicados 334 questionários, no universo amostral de 2.514 alunos beneficiários, com

questionários distribuídos eletronicamente para os endereços dos alunos atingidos pelos

programas e ações da UFPR , de acordo com a Quadro 1. Considerando a população

amostral dos beneficiários, o intervalo de confiança foi de 95%, com erro estimado em 5%.

13

Quadro 1A - Distribuição AmostralSETOR Nº PARTICIPAÇÃO

BENEFICIADOS RELATIVA AMOSTRAAGRÁRIAS 410 16,31% 57

BIOLÓGICAS 195 7,76% 22

SAÚDE 277 11,02% 41

TERRA 105 4,18% 14

EXATAS 184 7,32% 24

HUMANAS 361 14,36% 48

JURÍDICAS 29 1,15% 4

SOCIAIS APLICADAS 64 2,55% 8

EDUCAÇÃO 54 2,15% 7

ED. PROF. E TECNOLÓGICA 83 3,30% 11

LITORAL 281 11,18% 37

PALOTINA 195 7,76% 24

CENTRO ESTUDOS DO MAR 94 3,74% 13

TECNOLOGIA 182 7,24% 24

TOTAL 2514 100% 334

Fonte: Elaboração da Autora

A elaboração dos dados estatísticos, aplicação e tabulação foi acompanhada pelo

Laboratório de Estatística Aplicada da UFPR - LEA, vinculado ao Departamento de

Estatística do Setor de Ciências Exatas. O LEA oferece assessoria na área de Estatística para

atendimento a pesquisas científicas desenvolvidas tanto na UFPR como em outras

Instituições. (http://www.lea.ufpr.br)

Na etapa final, de acordo com métodos estatísticos estabelecidos na amostra, com os

questionários respondidos de acordo com a programação estabelecida no segundo semestre de

2012, os resultados foram tabulados e vinculados na plataforma Excel para elaboração de

tabelas e gráficos ilustrativos, resultando na percepção dos acadêmicos da UFPR sobre o

PNAES em seus programas e ações vinculados, que resultaram na avaliação do programa

focalizado no estudo deste trabalho dissertativo motivado pela importância de identificar

possíveis gaps entre a percepção do público alvo e da Administração da UFPR, enquanto

agente responsável pelas fases de implementação e avaliação do PNAES e pela relevância

dessas fases dentro do ciclo de elaboração de políticas públicas. A opção pelo estudo de caso

deu-se em virtude do vínculo empregatício da autora com a Instituição.

14

2 A UNIVERSALIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

2.1 BREVE RETROSPECTIVA HISTÓRICA DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

Inicialmente, cabe comentar que no Brasil a Educação Superior despontou tardiamente

em relação aos outros países da América Latina de origem espanhola, que tiveram suas

primeiras universidades implantadas já no século XVI, baseadas no modelo europeu. Devido

a sua política de colonização, Portugal fazia oposição as iniciativas dessa natureza e mesmo

entre os brasileiros, não encontrava-se respaldo para a criação de Universidades, uma vez que,

estudar na Europa parecia mais apropriado. Durante o período colonial, as únicas iniciativas

ligadas à promoção da educação do povo partiram dos jesuítas, que tinham como propósitos

catequizar os índios e educar os descendentes dos colonizadores, a elite da época. Aqueles

que tinham interesse em formação acadêmica, tinham como destino principal Coimbra.

(LUCKESI, 2003 apud SILVA FILHO, 2011)

De acordo com Vasconcelos (2009, p. 400):

Somente em 1808 com a vinda da família real, é que surgiu o primeiro interesse de se criar escolas médicas na Bahia e no Rio de Janeiro: em fevereiro de 1808 surge o Colégio Médico-Cirúrgico da Bahia e em abril do mesmo ano a cadeira de Anatomia é criada no Hospital Militar do Rio de Janeiro. Em 1810, o Príncipe Regente assinou a carta de Lei de 4 de dezembro, criando a Academia Real Militar da Corte, que anos mais tarde se converteria na Escola Politécnica; o Decreto de 23/02/1808, que institui uma cadeira de Ciência Econômica; e o Decreto de 12/10/1820 que organizou a Real Academia de Desenho, Pintura, Escultura e Arquitetura Civil, depois convertida em Academia de Artes. Inicialmente, todos os cursos eram gratuitos e financiados com o "quinto da Coroa", que era um imposto cobrado sobre os produtos exportados do Reino e das Colônias.

Desde sua constituição, portanto, o ensino superior no Brasil teve uma natureza

profissionalizante, eletista e imediatista à medida que atendia a pequena nobreza e seus

descendentes e principalmente, as necessidades militares do Brasil Colônia e sua Corte. A

questão do foco na formação prática, técnica, acompanhou também o contexto mundial, pois

com a Revolução Industrial no século XVIII a formação humanística cedeu espaço à uma

formação mais profissionalizante. (SILVA FILHO, 2011)

Com a Proclamação da Independência do Brasil, cresceu o número de escolas

superiores. Em 1843 e 1847, houve a tentativa de criar a Universidade de Pedro II e o

Visconde de Goiânia, mas sem êxito. Já em tempos de República, a Constituição de 1891 não

remeteu ao tema Universidade. Apenas em 1912, no Estado do Paraná, por iniciativas locais,

surgiu a primeira universidade brasileira e em 1920 nasceu a Universidade do Rio de Janeiro.

(VASCONCELOS, 2009)

15

A partir de 1930, a educação superior passa por um processo de transformação e

ordenação. A educação passa a ser tratada como direito público e regulamentada pelo Estado.

Tem início a constituição de um Welfare State no Brasil, mas marcado por políticas de caráter

populista e desenvolvimentista. As políticas sociais adquiriram relevância, mas não ao ponto

de equiparar-se as políticas econômicas. A universalização do ensino estava muito distante, a

ponto desse direito não constar das Constituições. (JOHNSON, 2011)

As Universidades criadas à época, não seguiram como espaços de livre debate das

ideias, tendo em vista o período de ditadura com a implantação do Estado Novo. Nesta época,

de política autoritária do governo, foi criada a União Nacional dos Estudantes - UNE, que

defendia uma universidade aberta, redução das taxas cobradas, eleições de dirigentes/reitores,

liberdade de pensamento e expressão.

O início da década de 50, foi um marco histórico trazendo modernização para ensino

superior, como consequência da busca pela inserção da economia brasileira no mercado

internacional. Entre as décadas de 50 e 70 várias universidades foram criadas, estaduais,

municipais e particulares, seguindo as diretrizes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional, que passou a vigorar em 1961, Neste ano, foi criada a Universidade de Brasília, já

com uma concepção de modelo ideal de universidade brasileira, resultante de um processo de

reflexão nacional, privilegiando aspectos culturais. Porém, as políticas sociais à época eram

basicamente de caráter assistencialista e com objetivo de repreender movimentos sociais

reivindicatórios. (VASCONCELOS, 2009)

O processo de industrialização da década de 70, com a crescente divisão técnica do

trabalho, progressiva acumulação do capital e surgimento das tecnologias de informação,

exigiu a expansão do ensino superior. Ademais, a causa ganhou apoio da sociedade em geral e

rompeu os muros das Universidades. A questão do desenvolvimento social passou a ter maior

relevância, mas as políticas estatais ainda não atendiam satisfatoriamente as demandas sociais.

No caso do Brasil, o processo expansionista de industrialização, quase totalmente assente no endividamento externo, entre 1968 e 1979, conduziu, sobretudo depois de 1975, a uma profunda crise financeira cujos efeitos se tornaram particularmente graves a partir de 1981-1983 e que se prolonga até hoje. A crise financeira do Estado repercutiu-se na universidade pública, tanto mais que simultaneamente aumentou a demanda social pela expansão da educação básica. (SANTOS e ALMEIDA FILHO, 2008, P.16)

O Estado adotou medidas direcionadas a aumentar o número de vagas no ensino

superior e mudar as formas de ingresso/processo seletivos, mas não foi capaz de atender a

democratização do acesso e a demanda reprimida. Como consequência, o setor privado supriu

16

esse nicho de mercado de forma bastante agressiva, conforme demonstram o quadro e gráfico

a seguir:

Tabela 2A - Número de matrículas no ensino superior público e privado - 1960 a 1990Dependência Administrativa

1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990

Setor Público 51.915 87.587 210.613 410.225 492.232 556.600 578.625 Setor Privado 41.287 68.194 214.865 662.323 885.054 811.009 961.455 GERAL 93.202 155.781 425.478 1.072.548 1.377.286 1.367.609 1.540.080

Fonte: Adaptado de MINTO (2006, p.180 e 181)

Número de matrículas

Gráfico 2A - Número de matrículas no ensino superior público e privado - 1960 a 1990

Fonte: Adaptado de MINTO (2006, p.180 e 181)

-

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

900.000

1.000.000

1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990

Setor Público

Setor Privado

Durante o regime militar (1964-82), os danos à vida acadêmica foram avassaladores.

Contudo, foi também neste período que as universidades receberam os maiores impulsos,

principalmente no campo das pesquisas científicas e tecnológicas (CUNHA, 2000 apud

SILVA FILHO, 2011).

Com o fim da ditadura, a universidade tornou-se um dos principais agentes da

redemocratização do país. A Constituição Brasileira de 1988 foi um marco, incorporando

questões relacionadas à educação e a assistência social de forma geral. Segundo Vasconcelos

(2009, p.402), "A trajetória histórica da Assistência Estudantil no Brasil esta conectada com a

trajetória da política de Assistência Social, pois ambas despontam a partir dos movimentos

sociais que lutaram pelo fim do regime militar e a promulgação de uma nova Constituição

Federal."

Segundo Oliveira (1999), a CF/88 foi a primeira a contemplar explicitamente a

declaração dos Direitos Sociais, dando ênfase à educação e maior precisão jurídica à redação.

Inclusive, ampliou o dever do Estado àqueles que não tiveram acesso à educação na idade

17

adequada. Fator inovador, também, foi a indicação de mecanismos capazes de assegurar tais

direitos (mandado de segurança coletivo, o mandado de injunção e a ação civil pública).

No artigo 205, afirma-se: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família.” No 206, especifica-se que: “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: [...] IV gratuidade do ensino público nos estabelecimentos oficiais”. Inova-se a formulação da gratuidade, assegurando-a em todos os níveis na rede pública, ampliando-a para o ensino médio, tratada nas Constituições anteriores como exceção e, para o ensino superior, nunca contemplada em Cartas anteriores. (OLIVEIRA, 1999, P.62)

Uma nova LDB passou a ser exigência constitucional, dada as convergências e

divergências entre os avanços constitucionais alcançados e o texto da Lei nº 4.024/61 com a

redação dada pela Lei nº 7.044/82 e da Lei nº 5.540/68. Para uma continuidade jurídica viável

era imprescindível uma nova legislação com coerência de concepções, inclusive de

nomenclaturas, questões relativas a gratuidade e qualidade utilizadas pelo sistema educacional

brasileiro.

Com a Lei 91.131/95 dá-se a formalização do Conselho Nacional de Educação

(CNE), em decorrência da extinção do Conselho Federal de Educação e consequente

regulamentação da avaliação da educação, com ênfase na educação superior. Em paralelo,

tramitam dois projetos da nova LDB. Um dos projetos oriundo da Câmara dos Deputados

bem mais analítico e outro oriundo do Senado, mais sintético.

Apesar dos avanços conquistados com CF/88, que em seu Art. 3º define que:

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

o cenário internacional apontava para a redução do papel do Estado nas questões sociais, com

a retirada dos gastos sociais de sua estrutura. O Estado era apontado como causador da crise.

Era preciso um realinhamento das funções estatais, inicialmente assegurando a

governabilidade através de medidas de ajuste fiscal.

2.2 AS REFORMAS DO ENSINO SUPERIOR NA DÉCADA DE 90

A literatura internacional, nos últimos anos, tem se dedicado a explicar as semelhanças

institucionais e organizacionais entre os sistemas sociais em diversas partes do mundo. " As

instituições do Estado-Nação, incluindo o próprio Estado-Nação, são moldadas a nível

supranacional pela ideologia, valores e processos dominantes do Ocidente, e não tanto como

18

criações autônomas e específicas" (Magalhães, 2004, p.342). Atores como a UNESCO, a

OCDE, o Banco Mundial e o FMI, serviram de fontes de legitimação das mudanças nas

políticas nacionais, inclusive, para o setor educacional. (MAGALHÃES, 2004)

O modelo de financiamento público da economia capitalista entrou em crise levando

ao rompimento do ciclo virtuoso do Welfare State. As necessidades sociais se mostraram

superiores a capacidade de crescimento dos países em geral, exercendo forte pressão sobre os

orçamentos e aumentando a grau de endividamento público. Não tratava-se de mais uma crise

cíclica do capitalismo, mas de um problema estrutural que demandava reformas também

estruturais, exigindo um redimensionamento das esferas pública e privada.

A partir de 1995, as reformas no Brasil foram inspiradas nos modelos gerencialistas,

com propósito central de elevar a performance, mantendo os objetivos de ajuste fiscal, mas

focalizando a questão da mudança institucional, conforme diretrizes estabelecidas por agência

multilaterais e organismos internacionais como FMI e Banco Mundial. Propunha a divisão

das funções governamentais em exclusivas, não exclusivas e de mercado, introduzindo novas

organizações, como agências executivas e regulatórias. Também o conceito de público passa

por transformações, incorporando o público não estatal, que seriam as instituições privadas

que atuam com propósito de atender a interesses públicos, como hospitais e instituições de

ensino.

Segundo Bresser Pereira (1997 apud SILVA JR., SGUISSARDI, 1999, p.27),

Nos anos 90, embora o ajuste estrutural permaneça entre os principais objetivos, a ênfase deslocou-se para a reforma do Estado, particularmente para a reforma administrativa...como reconstruir o Estado - como redefinir o novo Estado que está surgindo em um mundo globalizado.

Buscava-se ajustar o Estado aos parâmetros de eficiência e eficácia exigidos pela

globalização que levaram o Brasil e o Mundo a buscar uma administração pública menos

burocrática e mais gerencial, sendo então abandonado no campo das políticas sociais o

universalismo e sendo adotadas políticas específicas, emergenciais, inclusivas compensatórias

e focalizadas para atendimento de necessidades históricas. Nestes modelos gerencialistas, de

administração por objetivos, são tratados como maior destaque os critérios de eficiência, que

medem a relação dos recursos utilizados, sejam econômicos ou administrativos versus

produtividade e critérios de eficácia, que pressupõe medir o nível de alcance das metas e

objetivos traçados. (SILVA JR., SGUISSARDI, 1999)

De acordo com SANDER (1995), essa conceituação é uma problemática de difícil

solução. Há uma indefinição terminológica e semântica generaliza, tornando prática comum a

19

inversão de eficiência com eficácia, eficácia com efetividade e efetividade com relevância,

além de traduções da palavra effectiveness para efetividade e não eficácia. Já a tradução de

efetividade para o inglês é responsiveness. Ainda segundo SANDER (1995) autores clássicos

divergem sobre os conceitos de eficiência e eficácia e os autores modernos não diferenciam

claramente efetividade e relevância.

No início do século XX, dentro do contexto econômico de consolidação da Revolução

Industrial, a administração universitária apoiava-se basicamente no critério de eficiência,

critério de natureza econômica que mede a capacidade de se produzir o máximo com um

mínimo de recursos possíveis, é um critério de racionalidade econômica, desprezando

aspectos humanos, políticos e éticos, busca-se produtividade. (SANDER, 1995)

Após a Segunda Guerra Mundial, pensadores neoclássicos colocaram em prática o

modelo de administração por objetivos, que adota o critério de eficácia como seu condutor,

que se traduz na capacidade institucional de produzir o efeito almejado, ou seja, alcançar as

metas e objetivos traçados. Na gestão da educação, essa busca pela eficácia diz respeito a

questão pedagógica, à consecução dos objetivos educacionais. Na maioria da vezes, portanto

esse critério de natureza institucional se sobrepõe ao de natureza econômica na

administração universitária. . (SANDER, 1995)

Nas décadas seguintes à Segunda Guerra, o conceito de efetividade passou também a

pautar as práticas administrativas, refletindo a capacidade da instituição de atender as

demandas da sociedade em geral, um critério político, portanto. Em certos aspectos, a

questão da efetividade está ligada a responsabilidade social, na medida em que a Instituição

busca caminhos para o crescimento econômico e social também do meio em que está

inserida, tornando esse critério mais amplo que os critérios técnicos de eficiência e eficácia.

Segundo Moraes (2001 apud APRILE, BARONE, 2009, p.45), a implementação de

políticas públicas focalizadas representam,

... várias vantagens para as elites conservadoras, que geralmente conduzem as reformas. Em primeiro lugar, os benefícios focalizados reduzem custos; os setores no extremo da pobreza são conquistáveis com recursos limitados. Afinal, pobre custa pouco, muito pouco. Em segundo lugar, racionalizam a velha política de clientela. Benefícios dirigidos e particularizados não correm o risco político de serem confundidos com medidas que criam direitos universais ou bens públicos, sempre submetidos, estes últimos, a demandas de extensão e generalização. Permitem também a distribuição mais discricionária dos recursos. Além de seletivos (e por causa disso), têm mais chance de impor condições à concessão, dando forma mais clara às manifestações de gratidão dos beneficiados.

20

Este novo modelo de Estado brasileiro, fruto das reformas neoliberais1

implementadas, se por um lado promoveu a redução do papel do Estado , como na produção

de bens e serviços em função da privatizações de empresas estatais, aumentou a demanda da

sociedade por políticas capazes de solucionar as desigualdades sociais cada vez mais

acentuadas promovidas pelo sistema capitalista, pelas leis de livre mercado.

Neste contexto, de economia globalizada, deixando muitos à margem do

desenvolvimento econômico e social, o papel da educação mostrou-se então ainda mais

crucial. Do ponto de vista de seus resultados pode-se dizer que a educação é um dos pilares de

formação de uma Nação, assegura a formação dos valores essenciais para a vida democrática

e é o maior mecanismo de promoção de igualdade de oportunidades e de equidade social,

rompendo com o ciclo vicioso da pobreza. De acordo com Demo (1995, p.47),

Educação é o suporte essencial, porque, no lado formal, instrumenta a pessoa com a habilidade crucial de manejar a arma mais potente de combate que é o conhecimento e, no lado político, alimenta a cidadania. Sociedade educada é aquela composta de cidadãos críticos e criativos, capazes de indicar o rumo histórico, coletivamente pretendido, sobretudo desenvolver, maximamente, a oportunidade histórica disponível.

O sistema de educação brasileiro na década de 90, passou por transformações que de

certa forma foram aplicados ao Estado como um todo, na busca pela democratização e

restauração da capacidade de coordenação e planejamento, tais como: descentralização,

participação popular, gestão por resultados, premiação de iniciativas e padronização dos

processos avaliativos. Nesta década, foram priorizados pelo Governo os investimentos em

educação básica e a falta de financiamento impediu a expansão e modernização do ensino

superior. Segundo Santos e Almeida Filho (2008, p. 16),

Pode-se dizer que nos últimos trinta anos a crise institucional da universidade na grande maioria dos países foi provocada ou induzida pela perda de prioridade do bem público universitário nas políticas públicas e pela consequente secagem financeira e descapitalização das universidades públicas.

Seguia-se a tendência mundial de desregulação do ensino superior público e abertura

ao setor privado, que teoricamente seria capaz atender as pressões do meio ambiente

organizacional. O setor educacional expandia-se em todo o mundo, para alguns autores,

acontecia a globalização da educação direcionada pelos organismos internacionais e

transnacionais. Dale (2000 apud MAGALHÃES, 2004), argumenta que na educação, a

globalização não é meramente reflexo da cultura e modelos ocidentais, baseada em valores

_____________ 1 Para aprofundamento do tema ver BRESSER PEREIRA, 1998.

21

que se difundem mundialmente, mas sim, é um arranjo de ordem político-econômica para a

economia global de forma a assegurar a manutenção e continuidade do sistema capitalista, ou

seja, a globalização da educação serve basicamente aos interesses capitalistas.

Os dados a seguir demonstram a evolução dos setores público e privado na educação

superior no período de 1991 a 2000, segundo dados do INEP. Podemos verificar que o

número de matrículas no setor público passou de pouco de mais de 600 mil em 1991 para

próximo a 900 mil em 2000, representando um variação de 50%. No setor privado, o número

de matrículas nos cursos de graduação presenciais passou de um número bem próximo a 1

milhão em 1991 para 1,8 milhão em 2000, portanto, registrando uma evolução de 80%.

Cabe-nos observar que, no total geral de matrículas o setor público representava 38%

em 1991 e 32% em 2000, enquanto o setor privado respondia por 61% em 1991 e 67% do

número total de matrículas em 2000. Isso demonstra a retração do setor público no ensino

superior e expansão do setor privado no período de 1991 a 2000.

Tabela 2B - Evolução do número de matrículas nos cursos de graduação presenciais - 1991 a 2000Dependência

Administrativa

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Privada 959.320 906.126 941.152 970.584 1.059.163 1.133.102 1.186.433 1.321.229 1.537.923 1.807.219Pública 605.736 629.662 653.516 690.450 700.540 735.427 759.182 804.729 832.022 887.026 Federal 320.135 325.884 344.387 363.543 367.531 388.987 395.833 408.640 442.562 482.750 Estadual 202.315 210.133 216.535 231.936 239.215 243.101 253.678 274.934 302.380 332.104 Municipal 83.286 93.645 92.594 94.971 93.794 103.339 109.671 121.155 87.080 72.172GERAL 1.565.056 1.535.788 1.594.668 1.661.034 1.759.703 1.868.529 1.945.615 2.125.958 2.369.945 2.694.245Fonte: MEC/INEP

Matrículas nos Cursos de Graduação Presenciais

Gráfico 2B - Evolução do número de matrículas nos cursos de graduação presenciais - 1991 a 2000

Fonte: MEC/INEP

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

1,6

1,8

2,0

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000

Milhões

Privada

Pública

Nas IFES brasileiras recursos orçamentários de outros custeios e capital foram

contingenciados, não foi autorizado o preenchimento de novas vagas de docentes e técnico-

administrativos, houve um arrocho salarial, levando a um esvaziamento do quadro de

recursos humanos das Instituições em função de aposentadorias e desligamentos. Muitas

22

dessas aposentadorias foram incentivadas, levando uma migração de mão-de-obra docente de

instituições públicas para privadas. Pregava-se a modernização do sistema educacional

superior baseada em afirmativas que o modelo de universidade brasileira é de universidade de

pesquisa (modelo humboldtiano), modelo considerado de alto custo e cujo financiamento

público seria impossível a médio prazo, além de que, não atendia a crescente demanda e não

formava profissionais conforme as exigências do mercado. (SILVA JR.; SGUISSARDI;

1999).

Para Peixoto (2005 apud SILVA FILHO, 2011, p.25),

...as consequências das políticas de caráter neoliberal empreendidas para enfrentar as crises fiscal, do fordismo, do Estado do Bem-Estar Social e do enfrentamento da inserção no mundo globalizado vão representar verdadeira reforma para a educação brasileira.

Segundo Minto (2006, p.246) algumas das práticas adotadas vieram apenas sedimentar

o objetivo de beneficiar o setor privado, conforme ocorreu em épocas anteriores quando se

tratou de reformas do ensino superior. Manteve-se o discurso de que a universidade pública

era ineficiente e pouco dinâmica devido a pesada estrutura destinada a pesquisa e a baixa

produtividade dos serviços públicos em geral.

Em 20 de dezembro de 1996, após debates que duraram cerca de seis anos, foi

sancionada a Lei 9394/96, atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB, denominada

oficialmente Lei Darcy Ribeiro, baseada nos princípios democráticos presentes na CF/88 -

"Constituição Cidadã", como o direito universal à educação, justiça social e gestão

democrática da educação presentes no Art. 205 e nas premissas do Art. 206 que afirmam que:

O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de e provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm)

A LDB de 1996 trouxe como inovações a inclusão da educação infantil como primeira

etapa da educação básica, reconhecimento do direito à diferença, havendo a regulamentação

do ensino a pessoas com necessidades especiais, aos índios e da educação de jovens e adultos.

23

Também foram iniciadas as tratativas sobre a criação do Plano Nacional da Educação – PNE,

que veio atender ao Art. 214 da CF/88 através da Lei 10.172/01, cujo projeto sofreu inúmeros

vetos presidenciais, principalmente relativos a questão de financiamento do sistema

educacional, tornando o PNE uma plano mais declaratório do que obrigatório. Seguindo a

mesma linha adotada quando da aprovação da LDB/96 que veio a substituir LDB/61, a opção

do governo neoliberal a época foi claramente pelo projeto do PNE mais sintético oriundo do

Executivo em detrimento ao mais analítico e abrangente fruto de trabalhos da sociedade civil,

embora dispositivos constitucionais tenham contido a tendência de retirada do Estado de

determinadas atividades econômicas e limitação de certos direitos sociais relativos a

educação. (MINTO, 2006)

Em relação ao ensino superior, a nova LDB não reafirmou o princípio da

indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (MINTO, 2006) e foram retirados do

projeto ou depois vetadas as principais questões relativas ao financiamento da educação,

levando aos que muitos chamam de "mercantilização" do ensino. Foi ratificado um dos

principais pressupostos relativos a política educacional à epoca, ou seja, o volume de recursos

destinados para educação pública era satisfatório, o que se fazia necessário era aumentar a

eficiência.

Segundo CUNHA (2007), com a LDB/96 teve início no setor educacional uma

tentativa de transposição do capitalismo patrimonial para o capitalismo concorrencial. Apesar

das IES privadas posteriormente assegurarem através da Justiça Federal a continuidade de

seus benefícios, os investimentos no setor deixariam de receber concessões tão diferenciadas

em relação as concedidos para outros setores econômicos. Sendo a educação um ramo

lucrativo, não haveria porquê manter privilégios como isenção de tributos as empresas do

setor, reafirmando a concepção mercantil dada à educação. Essa lógica também é defendida

por Otranto (2006), que afirma que a educação para a Organização Mundial do Comércio -

OMC é tratada como mercadoria, uma vez que o setor de serviços educacionais é

extremamente atrativo em economias emergentes como a brasileira.

Dentre as diretrizes do Banco Mundial está a autonomia das instituições federais de

ensino superior. Contudo, essa autonomia diz respeito a questão do auto financiamento, uma

vez que, a estrutura dessas instituições é considerada muito dispendiosa para o Estado,

destinatárias de altos subsídios. Alternativas são apontadas pelo Banco Mundial, como o

incentivo à privatização e busca de fontes alternativas de financiamento, que incluiriam a

cobrança de mensalidades integrais ou parciais. As IFES se transformariam em entidades

24

públicas de natureza privada, submetendo-se ao controle estatal, comunitário e do mercado.

Seriam gerenciadas por contratos de gestão com o Estado, administradas por um Conselho

Comunitário e financiadas de forma complementar pelo mercado que levaria em conta

critérios de eficiência e qualidade dos serviços prestados. (SILVA JR.; SGUISSARDI; 1999).

A expansão exacerbada do ensino superior privado na década de 90 reforçou a

problemática da qualidade dos serviços educacionais prestados seja pelo setor público ou

privado . Esta problemática esteve na origem da criação de um sistema nacional de avaliação

da educação superior, com objetivo de avaliar as instituições, os cursos e o desempenho dos

estudantes. Os pressupostos básicos da avaliação são identificar e avaliar as ações

institucionais de forma a aumentar sua eficácia e efetividade acadêmica e social. Os

resultados dessa avaliação devem orientar a expansão do número de vagas no ensino superior

e reforçar os compromissos sociais da IES.

2.3 OS PROGRAMAS DE INCLUSÃO, EXPANSÃO E DEMOCRATIZAÇÃO DO

ACESSO AO ENSINO SUPERIOR NO PERÍODO RECENTE

Segundo o Plano Nacional da Educação, Lei nº 10.172/01, o setor público deveria

responder por no mínimo 40% das matrículas no ensino superior. Os dados do INEP de 2011

mostram que ainda estamos distantes de tal índice. Somente com a combinação de políticas

públicas de expansão, democratização, permanência e qualidade do ensino é que poderá se

falar em igualdade de oportunidades e acesso universal ao ensino superior.

Estas políticas tem sido implementadas nesta última década, com destaque para a

preocupação com a reposição dos quadros de docente e técnicos administrativos da IFES,

educação continuada dos docentes, valorização profissional, permanência do estudante de

baixa renda nas universidades, oferta de bolsas de estudo em instituições privadas, educação a

distância, política de cotas, dentre outras. Conforme indicam os dados estatísticos do IBGE,

referentes a última década, relativos a classes sociais dos estudantes de ensino médio e o

alcance da universalização da educação básica é preciso oportunizar a todos, principalmente

aqueles grupos historicamente excluídos, o acesso e a permanência no ensino superior, pois é

sabido que a expansão não significa democratização (RISTOFF, 2008).

Podemos observar, que no período de 2001 a 2011, manteve-se a tendência já

delineada na década anterior, sendo a expansão proporcional do setor privado superior a do

setor público de ensino superior. Muito embora, já se vislumbre os resultados das políticas de

25

expansão e inclusão do ensino superior público adotadas na segunda metade da década em

questão, conforme dados a seguir.

Tabela 2C - Evolução do número de matrículas nos cursos de graduação presenciais - 2001 a 2011Dependência

Administrativa

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Privada 2.091.529 2.428.258 2.750.652 2.985.405 3.260.967 3.467.342 3.639.413 3.806.091 3.764.728 3.987.424 4.151.371Pública 939.225 1.051.655 1.136.370 1.178.328 1.192.189 1.209.304 1.240.968 1.273.965 1.351.168 1.461.696 1.595.391 Federal 502.960 531.634 567.101 574.584 579.587 589.821 615.542 643.101 752.847 833.934 927.086 Estadual 357.015 415.569 442.706 471.661 477.349 481.756 482.814 490.235 480.145 524.698 548.202 Municipal 79.250 104.452 126.563 132.083 135.253 137.727 142.612 140.629 118.176 103.064 120.103GERAL 3.030.754 3.479.913 3.887.022 4.163.733 4.453.156 4.676.646 4.880.381 5.080.056 5.115.896 5.449.120 5.746.762Fonte: MEC/INEP

Matrículas nos Cursos de Graduação Presenciais

Gráfico 2C - Evolução do número de matrículas nos cursos de graduação presenciais - 2001 a 2011

Fonte: MEC/INEP

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Milhões

Privada

Pública

Em 2003, o MEC através de Informativo INEP (2003 apud MINTO, 2006, p. 252),

divulgou que a "participação do setor privado na educação superior no Brasil é uma das

maiores do mundo". Aproximadamente 70% dos jovens cursando o ensino superior estavam

matriculados em instituições privadas, contrariando a tendência dos demais países da América

Latina ou dos países membros da OCDE, onde o setor público respondia por cerca de 80%

das matrículas. Em 2011, os índices são de 73% de matrículas em instituições privadas e 27%

em instituições públicas.

Na impossibilidade de ofertar um sistema totalmente público, trabalhando como o

conceito de público não estatal, foi preciso pensar também em mecanismos de acesso da

população ao sistema privado, seguindo o raciocínio de certas políticas públicas focalizadas

de tratar desigualmente os desiguais. Trata-se de uma forma de direcionamento de recursos

públicos ao setor privado favorecendo aos interesses do capital, minando o financiamento das

instituições públicas de ensino superior. (MINTO, 2006)

O PNE em suas diretrizes evidencia a importância do setor privado no processo de

expansão do ensino superior, fazendo menção a necessidade de manutenção de certos padrões

de qualidade a serem avaliados pelo poder público e especificando que instituições privadas

26

podem dedicar-se ao ensino e talvez a extensão, sem a necessidade expressa de envolver-se

com a pesquisa e pós-graduação, que claramente são tarefas atribuídas às universidades

públicas. Para as IFES também é destacado o papel na inclusão de estudantes com fragilidade

socioeconômica e de estudantes que em função da necessidade de estar no mercado de

trabalho somente tem a disponibilidade para cursar uma graduação no período noturno.

(BITTAR, OLIVEIRA e MOROSINI, 2008)

Segundo a LDB, art. 55, as IFES teriam assegurado pelo governo federal um volume

de recursos suficientes para manutenção de suas atividades, com ênfase para a pesquisa e pós-

graduação, atividades sabidamente onerosas e demandantes de uma estrutura física atualizada

tecnologicamente. Como já foi mencionado, muitos itens relativos ao financiamento da IFES

sofreram vetos presidenciais no PNE fazendo que o plano torna-se neste quesito carente de

compromissos formalmente assumidos pelo governo e induzindo as IFES a buscarem

complementar seu orçamento concorrendo no mercado com a venda de cursos de

especialização e prestação de serviços. (BITTAR, OLIVEIRA e MOROSINI, 2008)

O financiamento das instituições privadas se dá na maior parte pelo pagamento de

mensalidades e outras atividades junto ao mercado o que acaba por direcionar suas atividades

e nível de qualidade oferecido. Ressaltando que, conforme prevê a CF/88 as instituições

privadas classificadas como comunitárias, confessionais ou filantrópicas , sem fins lucrativos

ou que desenvolvam pesquisa e extensão podem recursos públicos. Já as Instituições públicas

são financiadas com recursos públicos oriundos em sua maior parte do governo federal e

gozam de autonomia de gestão financeira, conforme estabelecido pela Constituição, que

determinou que a União destinará nunca menos que 18% da receita anual de impostos para

manutenção e desenvolvimento do ensino em todos os níveis.

A existência de processos de massificação e privatização do ensino superior foi

tendência em toda a América Latina na segunda metade do século XX, não sendo essa

tendência exclusividade do Brasil.

Os dois traços dominantes na evolução da educação superior na América Latina, na segunda metade do século XX, podem ser resumidos em termos de massificação e privatização. O primeiro se traduz no rápido crescimento da matrícula no ensino superior, e o segundo na tendência generalizada de expansão das instituições privadas. (TRINDADE, 2002 apud REAL, 2008, P.54)

Segundo defende Trow (2005 apud GOMES e MORAES, 2012) o sistema de

educação superior em qualquer sociedade avançada tende a trilhar o seguinte caminho:

“sistema de elite” para o “sistema de massa” e na sequência para o “sistema de acesso

universal”. O desenvolvimento do sistema educacional superior na essência acompanha o

27

desenvolvimento da sociedade como um todo, incorporando parcelas crescentes da população

de diferentes origens sociais, econômicas e culturais.

De acordo com Nota Pública do ANDES - SN (2004),

...o pressuposto fundamental de que a ampliação da oferta tem como eixo o setor privado, beneficiado por contratos de parcerias público-privadas, não levará à sonhada revitalização do setor público. Ao contrário, debilitará as instituições públicas que se esvaecerão na mesma intensidade do apagamento das fronteiras entre o público e o privado, como quer o Executivo ao tratar toda a educação como um etéreo bem público ou um interesse social sem os verdadeiros significados dos adjetivos: público e privado.

Tabela 2D - Evolução do número de instituições de educação superior - 2001 a 2011

Dependência Administrativa

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Privada 1.208 1.442 1.652 1.789 1.934 2.022 2.032 2.016 2.069 2.100 2.081Pública 183 195 207 224 231 248 249 236 245 278 284 Federal 67 73 83 87 97 105 106 93 94 99 103 Estadual 63 65 65 75 75 83 82 82 84 108 110 Municipal 53 57 59 62 59 60 61 61 67 71 71GERAL 1.391 1.637 1.859 2.013 2.165 2.270 2.281 2.252 2.314 2.378 2.365Fonte: MEC/INEP

Número de Instituições de Educação Superior por Dependência Administrativa

A tendência de expansão generalizada das instituições de ensino superior privadas

pode ser comprovada pelos dados estatísticos acima. Enquanto em uma década o número

absoluto de novas instituições públicas aumentou cerca de uma centena, o número de

instituições privadas aumentou aproximadamente uma milhar.

Gráfico 2D -Evolução do número de instituições de educação superior - 2001 a 2011

Fonte: MEC/INEP

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Privada

Pública

O ritmo e volume de crescimento do sistema, considerando a taxa de crescimento da

matrícula, o tamanho do sistema e das instituições por si próprias e o percentual crescente de

jovens de 18 a 24 anos matriculado no ensino superior fazem surgir diferentes tipos de

problemas oriundos da passagem de um sistema elitizado para um sistema de massificação.

Vêm a tona e passam a integrar a agenda do Governo preocupações com a formulação e

implementação de políticas compensatórias e afirmativas, principalmente porque com a

28

passagem para um sistema de massa, jovens trabalhadores e jovens de raças e etnias antes em

minoria, ou seja, uma parcela bem mais ampla e diversificada da sociedade passa a integrar o

sistema de ensino superior e demanda uma nova postura do Governo. De acordo com Trow

(2005 apud GOMES e MORAES, 2012) o sistema de massa está plenamente consolidado

quando atinge 30% das matrículas do grupo de 18 a 24 anos, estando a transição na casa dos

15%. Somente é possível falar em sistema de acesso universal quando o volume de matrículas

atinge mais de 50% da população da faixa etária em questão. Segundo estudo de Gomes e

Moraes (2012), no Brasil a transição para o sistema de massa ocorreu em 2003, considerando

a taxa de matrícula bruta e não líquida, dada a proporção considerável de estudante maiores

de 24 anos o que reflete a defasagem escolar presente em todos os níveis educacionais. A

expansão, segundo esses autores, deu-se a partir de 1995 impulsionada pelo setor privado,

mas a partir de 2003 como essa política de Estado assumiu uma nova dinâmica buscando

reincorporar ao processo os conceitos de universidade como bem público, as IFES também

tiveram considerável contribuição, não somente em número de matrículas mas em número de

instituições, para a consolidação desse sistema de massa.

2.3.1 O PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS - PROUNI

Com a finalidade de concessão de bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de

graduação e sequenciais de formação específica, em instituições privadas de educação

superior o Programa Universidade para Todos - PROUNI foi criado em 2004 pelo Governo

Federal. Institucionalizado pela Lei nº 11.096, em 13 de janeiro de 2005, oferece, em

contrapartida àquelas instituições de ensino que aderem ao programa, isenção de Imposto de

Renda de Pessoa Jurídica, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Contribuição Social

para Financiamento da Seguridade Social e Contribuição para o Programa de Integração

Social. (http://prouniportal.mec.gov.br)

O PROUNI tem como público alvo os estudantes egressos do ensino médio da rede

pública ou da rede particular na condição de bolsistas integrais, com renda per capita familiar

máxima de três salários mínimos. Os candidatos são selecionados pelas notas obtidas no

Enem - Exame Nacional do Ensino Médio, aliando inclusão à qualidade e mérito dos

estudantes por considerar o desempenho acadêmico. (http://prouniportal.mec.gov.br)

O PROUNI possui também ações conjuntas de incentivo à permanência dos estudantes

nas instituições, como a Bolsa Permanência, os convênios de estágio MEC/CAIXA e

29

MEC/FEBRABAN e ainda o Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, que possibilita ao

bolsista parcial financiar até 100% da mensalidade não coberta pela bolsa do programa.

O FIES, por sua vez, é um programa do MEC, que tem como agente operador o Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE e destina-se a financiar a graduação na

educação superior de estudantes matriculados em instituições não gratuitas. Podem recorrer

ao financiamento os estudantes matriculados em cursos superiores que tenham resultado

positivo nos processos avaliativos do MEC. Os juros anuais são de 3,4% e o valor das

mensalidades começa a ser pago após a formatura do aluno. (http://portal.mec.gov.br)

Do ponto de vista crítico, um dos problemas do FIES são as taxas de juros cobradas,

que muitas vezes fazem com que os valores das mensalidades do financiamento sejam

incompatíveis como os rendimentos de um recém formado. A exigência de fiador foi outro

problema, mas foi equacionado com a mudança das regras.

Segundo o Ministério da Educação, o Programa Universidade para Todos - PROUNI

já atendeu, desde sua criação até o processo seletivo do segundo semestre de 2012, mais de 1

milhão de estudantes, sendo 67% com bolsas integrais. Ainda segundo o MEC, desde 2007 o

PROUNI e sua articulação com o FIES, é uma das ações integrantes do Plano de

Desenvolvimento da Educação – PDE.

Tabela 2F - Evolução do número de bolsas PROUNI ofertadas - 2005 a 2012Modalidade

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Integral 71.905 98.698 97.631 99.495 153.126 125.922 129.672 150.870 Parcial 40.370 39.970 66.223 125.510 94.517 115.351 124.926 133.752

GERAL 112.275 138.668 163.854 225.005 247.643 241.273 254.598 284.622Fonte: Sisprouni 27/06/12 Prouni 2005 - 2º/2012

Número anual de bolsas ofertadas

Gráfico 2F - Evolução do número de bolsas PROUNI ofertadas - 2005 a 2012

Fonte: Sisprouni 27/06/12 Prouni 2005 - 2º/2012

-

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Integral

Parcial

30

2.3.2 - O SISTEMA UAB - UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

Outro instrumento utilizado para promover a universalização do acesso ao ensino superior foi

a Educação a Distância - EAD, oficializada pelo artigo 80 da Lei 9394/96 - LDB e cuja oferta

foi regulamentada pelo Decreto nº 5622, de 19 de dezembro de 2005. Com a globalização e

avanço das tecnologias de comunicação essa modalidade de ensino passou a receber maiores

investimentos por parte do governo federal. Em 08 de junho de 2006 através do Decreto 5.800

foi criada o Sistema UAB - Universidade Aberta do Brasil com a finalidade de ampliação do

acesso e interiorização do ensino superior. Segundo o Art. 1º do citado Decreto, são objetivos

da UAB:

I - oferecer, prioritariamente, cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada de professores da educação básica; II - oferecer cursos superiores para capacitação de dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; III - oferecer cursos superiores nas diferentes áreas do conhecimento; IV - ampliar o acesso à educação superior pública; V - reduzir as desigualdades de oferta de ensino superior entre as diferentes regiões do País; VI - estabelecer amplo sistema nacional de educação superior a distância; e VII - fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de educação a distância, bem como a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino superior apoiada em tecnologias de informação e comunicação. (http://www.planalto.gov.br)

Para ARETIO (1994) a Educação a Distância se desenvolve impulsionada por uma

conjugação de fatores: fatores culturais, sociopolíticos, econômicos, pedagógicos e

tecnológicos. Para PRETI (1996 apud FIUZA, 2002, p.51)

A EAD é, pois, uma alternativa pedagógica de grande alcance e que deve utilizar e incorporar as novas tecnologias como meio para alcançar os objetivos das práticas educativas implementadas, assumidas e considerando as necessidades das populações a que se pretende servir (...) Deve ser compreendida como uma prática educativa situada e mediatizada, uma modalidade de se fazer educação, de se democratizar o conhecimento. É portanto, uma alternativa pedagógica que se coloca hoje ao educador que tem uma prática fundamentada em uma racionalidade ética, solidária e compromissada com as mudanças sociais.

Os dados a seguir demonstram que o número de vagas ofertadas em cursos de

graduação na modalidade a distância já ultrapassou em 28% o número de vagas ofertadas no

ensino presencial, considerando os dados do INEP de 2011. Contudo, a procura pelos cursos a

distancia ainda é infinitamente menor do que a procura pelos cursos presenciais. A relação

número de candidatos por vaga salta de 0,7 no ensino a distancia para 4,9 no ensino

presencial.

31

nos cursos de graduação presenciais e a distância, segundo as regiões geográficas - 2011

Brasil 956.741 1.224.760 4.645.405 797.176 4,9 0,7 Norte 22.146 1.185 227.556 6.512 10,3 5,5 Nordeste 153.715 33.821 1.366.833 49.512 8,9 1,5 Sudeste 581.895 853.506 2.113.420 375.387 3,6 0,4 Sul 137.529 282.047 525.343 285.640 3,8 1,0 Centro-Oeste 61.456 54.201 412.253 80.125 6,7 1,5

Fonte: MEC/INEP/DEED

Gradução Presencial

Graduação a Distância

Gradução Presencial

Graduação a Distância

Tabela 2G - Número de vagas oferecidas pelas IES, candidatos inscritos e relação candidatos inscritos/vaga oferecidas

Região

Vagas Oferecidas Candidatos InscritosRelação Candidatos

Inscritos/Vaga

Gradução Presencial

Graduação a Distância

Gráfico 2G - Número de vagas oferecidas pelas IES nos cursos de graduação presenciais e a distância - 2011

Fonte: MEC/INEP/DEED

44%

56%

Vagas Oferecidas

Graduação Presencial

Graduação a Distância

Gráfico 2H - Número de candidatos inscritos nos cursos de graduação presenciais e a distância ofertados pelas IES - 2011

Fonte: MEC/INEP/DEED

85%

15%

Candidatos Inscritos

Graduação Presencial

Graduação a Distância

O Sistema UAB fomenta a educação a distância nas universidades públicas, apoia

pesquisas em metodologia de ensino com base em tecnologias da informação e comunicação e

tem como principal público alvo os professores de educação básica ainda sem formação

superior. O Sistema baseia-se na articulação das três esferas governamentais: federal, estadual

e municipal para implantação dos polos de apoio presencial. Ainda, de acordo com o MEC:

Ao plantar a semente da universidade pública de qualidade em locais distantes e isolados, incentiva o desenvolvimento de municípios com baixos IDH e IDEB.

32

Desse modo, funciona como um eficaz instrumento para a universalização do acesso ao ensino superior e para a requalificação do professor em outras disciplinas, fortalecendo a escola no interior do Brasil, minimizando a concentração de oferta de cursos de graduação nos grandes centros urbanos e evitando o fluxo migratório para as grandes cidades. (http://uab.capes.gov.br)

Contudo, quando analisamos apenas os números das Instituições Federais, podemos

observar a ampla predominância do ensino presencial com 90% em relação ao ensino a

distancia, considerando o número de vagas ofertadas. Podemos então inferir que, o setor

privado é o grande provedor de vagas também no ensino a distância.

Tabela 2H - Número de vagas oferecidas nas IFES, Candidatos Inscritos e Relação Candidatos Inscritos/Vagas Oferecidasnos cursos de graduação presenciais e a distância, segundo as Regiões Geográficas - 2011

Brasil 270.121 30.687 3.657.540 96.483 13,5 3,1

Norte 28.769 885 288.322 6.205 10,0 7,0

Nordeste 83.221 9.258 1.214.630 31.676 14,6 3,4

Sudeste 80.967 13.944 1.294.074 44.121 16,0 3,2

Sul 46.960 3.304 520.730 8.295 11,1 2,5

Centro-Oeste 30.204 3.296 339.784 6.186 11,2 1,9

Fonte: MEC/INEP/DEED

Região

Vagas Oferecidas Candidatos InscritosRelação Candidatos

Inscritos/Vaga

Graduação Presencial

Graduação a Distância

Graduação Presencial

Graduação a Distância

Graduação Presencial

Graduação a Distância

Gráfico 2I - Número de vagas oferecidas nas IFES nos cursos de graduação presenciais e a distância - 2011

Fonte: MEC/INEP/DEED

90%

10%

Vagas Oferecidas nas IFES

Graduação Presencial

Graduação a Distância

Alguns comentários críticos a esse tipo de mecanismo de expansão da oferta de ensino

superior - EAD dizem respeito a abertura para o setor privado de um nicho de mercado, falta

de avaliação da qualidade dos cursos ofertados e que foi utilizado como alternativa para não

atender a demanda da sociedade por ampliação de vagas nos cursos presencias das

universidade públicas.

33

2.3.3 - O SISTEMA DE SELEÇÃO UNIFICADA - SISU

Em 2009, foi desenvolvida pelo Ministério da Educação uma plataforma online

entitulada Sistema de Seleção Unificada - SISU com o objetivo de oferecer ao estudante que

prestou o Exame Nacional de Ensino Médio - ENEM uma forma de acesso à uma instituição

federal de ensino superior - IFES sem participar dos processo seletivos específicos de cada

instituição - vestibular. Efetivamente, o sistema entrou em operação em 2010, instituído pela

Portaria Normativa MEC nº 2, de 26 de janeiro de 2010. (http://sisu.mec.gov.br)

As IFES, por sua vez, tem autonomia para aderirem totalmente ou parcialmente a esse

tipo de seleção para preenchimento das vagas ofertadas. O sistema seleciona automaticamente

entre os candidatos a cada curso, aqueles com melhores notas no ENEM e disponibiliza uma

lista de espera para ser utilizadas de forma prioritária pelas IFES para preenchimento de vagas

não ocupadas. Um mesmo candidato pode inscrever-se no SISU e também no PROUNI.

Contudo, é vedado a um aluno matriculado em instituição pública também receber a bolsa

PROUNI. (http://sisu.mec.gov.br)

Contudo, a adesão das Instituições a esse modelo de preenchimento de vagas ainda é

bastante discutível. Alguns argumentam que as instituições deixariam de atender a população

local e receberia grande número de estudantes de outros Estados. Outros, apresentam grande

preocupação com o uso exclusivo das notas do ENEM, por conta da perda de confiabilidade

em consequência das recentes falhas, como erros de correção da redação, falta de

transparência na metodologia de correção e vazamento de provas.

2.3.4 O PROGRAMA DE APOIO A PLANOS DE REESTRUTURAÇÃO E EXPANSÃO

DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS - REUNI

Em 2003, outro programa foi pensado com a intenção de promover a universalização

do ensino foi o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão da Universidades

Federais - REUNI, com o objetivo de aumentar o número de vagas oferecidas, criar condições

para redução da evasão, melhorar o proveitamento da estrutura física e dos recursos humanos

nas universidade federais. O REUNI viria dar sequência a uma primeira fase de expansão das

IFES denominado "Expansão com Interiorização - Fase I" implementado no período de 2006

a 2010. Em conjunto, esses dois programas asseguraram às IFES níveis de crescimento sem

precedentes. Os resultados finais estimam que o número de vagas ofertadas pelas IFES seja

duplicado e que em 2012 as Instituições públicas passem a responder por 14% do total de

vagas de ensino superior ofertadas (ANDIFES, 2010).

34

Oficialmente instituído em 2007 pelo Decreto 6.096 de 24 de abril, e com previsão de

conclusão em 2012, todas as 55 universidades existentes à epoca aderiram ao programa e

apresentaram ao Ministério da Educação seus planos de reestuturação, que posteriormente

transformaram-se em Acordos de Metas com a Secretaria de Ensino Superior - SESU/MEC.

Foi respeitada a autonomia das Universidades sendo facultado à cada instituição aderir ou não

ao programa, estabelecer suas metas e estimar a necessidade de recursos orçamentários para

implementação dos planos. Após aprovação do MEC, esses recursos adicionais foram

repassados às Universidades mediante avaliação do cumprimento das metas por etapas.

Dentre as medidas que orientaram o programa estão o aumento do número de vagas ofertadas,

ampliação e abertura de cursos noturnos, aumento do número de alunos por professor,

redução de custo por aluno, flexibilização de currículos, combate à evasão, ampliação das

políticas de inclusão e assistência estudantil, articulação da graduação com a pós-graduação e

da educação superior com a educação básica e interiorização dos campi. (ANDIFES, 2010)

Segundo o Decreto que instuiu o REUNI, o programa tem como meta global a

elevação gradual da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais para

noventa por cento e da relação de alunos de graduação em cursos presenciais por professor

para dezoito. Em 2011, segundo dados do INEP a relação média aluno/professor nas IFES é

de onze para um enquanto nas instituições privadas é de 19,1 para um, conforme abaixo:

Tabela 2I - Relação matrículas dos cursos de graduação presenciais/função docente em exercício, por organização Acadêmica, segundo a unidade da federação e a categoria administrativa das IES - 2011

Total Universidades Centros Universitários Faculdades IF e CEFET

Brasil 16,1 15,4 21,8 16,2 7,8

Pública 11,4 11,6 12,9 14,1 7,8

Federal 11,0 11,5 - 3,4 7,8

Estadual 11,6 11,3 11,6 13,9 -

Municipal 15,4 15,9 13,1 15,6 -

Privada 19,1 21,8 22,1 16,4 -- - - - -

Fonte: MEC/INEP/DEED

Unidade da Federação / Categoria Administrativa

Relação Matrículas/Função Docente em Exercício

Esses programas de expansão representam expressivos investimentos realizados pelas IFES, com recursos do Governo Federal, através do MEC. São cerca de R$ 5.000 milhões, em obras, equipamentos e instalações, além de um incremento das despesas de natureza continuada (Pessoal e Custeio/Manutenção) da ordem de R$ 4.000 Milhões/ano, no seu volume final. O quadro de Pessoal dessas instituições será acrescido de 25.963 professores e 19.113 servidores técnico-administrativos. (ANDIFES, 2010, p. 7)

35

Quadro 2A - Número de servidores ingressantes pelos programas de expansão das IFES - 2006-2012

Ações do ProgramaExpansão Fase I Reuni

Novos Servidores 15.567 29.509 Docentes 10.208 15.755 Técnico-Administrativos 5.359 13.754

Fonte: Adaptado de Andifes, 2010

Programa

Quadro 2B - Número de alunos ingressantes pelos programas de expansão das IFES - 2006-2012

Ações do Programa Expansão Fase I Reuni

Novas Vagas de Graduação 42.204 93.240

Fonte: Adaptado de Andifes, 2010

Programa

Quadro 2C - Recursos totais alocados aos programas de expansão das IFES - 2006-2012 R$ milhões

Ações do Programa Expansão Fase I Reuni

Recursos Totais 4.127 4.597 Obras, equipamentos e Instalações 2.508 2.434 Pessoal 848 1.133 Custeio/Manutenção 771 1.030

Fonte: Adaptado de Andifes, 2010

Programa

Conforme dados do Ministério da Educação, o número de municípios atendidos desde

o início da expansão, passou de 114 em 2003 para 237 em 2011. Foram criadas 13 novas

Universidades e 105 novos campi. (MEC, 2010)

Atualmente, alguns dos problemas práticos apontados em relação ao REUNI são o

dimensionamento da qualidade do ensino, atrasos nas obras, defasagem dos custos estimados

em relação ao preço de mercado atual da contratação de serviços de engenharia e abertura de

cursos que não correspondem às necessidades do mercado de trabalho. Aponta-se, então, a

necessidade de um "REUNI 2", obviamente, um programa de governo com outra

denominação, mas com propósitos de consolidação dos projetos de reestruturação das IFES.

Parte das reformas estruturais proposta na década de 90 tanto para remodelação do

Estado como um todo, como para sistema público de ensino superior, não obtiveram êxito, o

que pode estar relacionado a Teoria de Falha Permanente (MEYER e ZUCKER, 1989 apud

RESENDE, 2002) e o problema da falta de cooperação com a melhoria da performance,

sendo de interesse dos atores estratégicos a manutenção do status quo. Segundo tal Teoria,

geralmente há colaboração para os propósitos de ajustes fiscais, mas não para todos os

propósitos de mudanças institucionais. As novas instituições e mudanças na cultura

36

burocrática foram encaradas com resistência pelos atores com poder decisório e foram

entendidas como ameaças, representando risco ao controle e quebra de benefícios associados

à baixa performance, já que havia um problema crônico a ser resolvido de superposição de

funções entre formulação e a implementação de políticas públicas. (RESENDE, 2002)

Em sentido mais amplo, pode-se dizer que a simples regulação pelo mercado não

trouxe os resultados esperados no campo educacional e que mostrou que o ensino superior

não pode, nem deve, ser encarado exclusivamente sob a perspectiva reducionista da vida

econômica, seguindo apenas a lógica do mercado e deixando de lado o desenvolvimento da

capacidade reflexiva necessária ao ensino e a pesquisa. Apesar que, essa lógica empresarial é

ainda perceptível nas instituições públicas no tocante a oferta de cursos de especialização

(lato sensu) e prestação de serviços de consultoria.

De qualquer forma, houve sim, um reforço das relações do Estado com o Ensino

Superior, emergindo a questão da avaliação para definição de critérios como financiamento,

recredenciamento de instituições e reconhecimento de cursos. Aliás, a questão da avaliação

está intrinsecamente relacionada a qualidade, sendo a melhoria da qualidade utilizada, muitas

vezes, como indutor de reformas na educação superior. Sempre que se fala em expansão do

ensino superior, vem acompanhada do termo "com qualidade", sendo a avaliação o

instrumento defendido para alcance de tal objetivo.

Estreitou-se também a relação entre universidades e sociedade. Diante das exigências

do mercado de trabalho desse novo milênio, atores sociais, como os conselhos profissionais,

passaram a atuar mais efetivamente em relação as adequações curriculares, às exigências da

transdisciplinaridade, e camadas menos favorecidas da sociedade também passaram a

reivindicar a democratização e universalização do acesso ao ensino superior.

Para que tenham continuidade e progresso, as Universidades públicas precisam estar

inseridas neste novo contexto, onde a busca de forma permanente é pelo desenvolvimento

sustentável, que tem como principais pilares o desenvolvimento econômico, a inclusão social

e a proteção do meio-ambiente, ao contrário do que versa o modelo humboldtiano, em que o

desempenho das instituições em relação a busca e disseminação do conhecimento varia

proporcionalmente à capacidade do Estado de manter as instituições o quanto mais afastadas

possível da influência de fatores econômicos, sociais e políticos. Porém, isso tudo deve

acontecer preservando um outro objetivo do modelo humboldtiano, a proteção da liberdade

acadêmica, ou seja, sem que as instituições percam sua identidade.

37

2.3.5 POLÍTICAS AFIRMATIVAS – AÇÕES INCLUSIVAS, COM COTAS RACIAIS E

SOCIAIS

As políticas afirmativas pelo sistema de cotas tem sido alvo de constantes debates nas

mais variadas esferas, política e social. Segundo Bergmann (1996 apud PEREIRA e

ZIENTARSKI, 2011) realizar uma ação afirmativa implica planejar e atuar no sentido de

promover pessoas pertencentes a certos grupos que têm sido subordinados ou excluídos dos

direitos sociais.

A origem das cotas deu-se na Índia em 1940, quando foram estabelecidos na

Constituição do país reserva de vagas para castas menos favorecidas, no ensino superior, no

Parlamento e no funcionalismo público. No continente americano, o sistema de cotas teve

origem nos Estados Unidos, na década de 60 baseado na questão racial, nas desigualdades

sociais entre negros e brancos. As políticas afirmativas se disseminaram pelas Américas

sempre objetivando promover segmentos sociais historicamente discriminados, buscando a

igualdade de oportunidades e tratamento. No Brasil, as ações afirmativas têm enfatizado mais

as questões de raça e gênero e não as condições socioeconômicas. Contudo, a pobreza,

problema que não é exclusivo do Brasil, tem redirecionado as políticas sociais, inclusive as

educacionais. (PEREIRA e ZIENTARSKI, 2011)

Durante o golpe militar foi instituído um sistema de cotas na educação, que não tinha

como público alvo um grupo necessariamente excluído. A chamada "lei do boi" estabeleceu

reserva de vagas para agricultores e seus filhos, favorecendo a elite rural brasileira. Também a

CLT - Consolidação das Lei do Trabalho engloba ações afirmativas, quando define que um

dois terços das vagas deverão ser preenchidas por brasileiros, restando um terço para

estrangeiros. A questão do acesso e condições de trabalho da mulher também são defendidas.

(PEREIRA e ZIENTARSKI, 2011)

A Constituição Brasileira de 1988 prega a igualdade entre todos, sem distinção de

raça, sexo, cor, idade ou qualquer forma de preconceitos. Em decorrência deste dispositivo

legal, foram necessárias políticas de ação afirmativa. A ênfase deu-se na década de 90, com a

reserva de vagas para deficientes físicos no serviço público e privado e reserva de vagas para

mulheres participarem como candidatas em eleições.

Em 1999, o Projeto de Lei nº 73/99 acirrou os debates sobre cotas raciais e sociais via

adoção de reserva de vagas nos vestibulares de universidades públicas. Originalmente,

contemplava apenas a população negra, mas através de substitutivos passou a incorporar a

38

população indígena. Com base neste projeto, a partir do ano 2000 surgiram diversas

iniciativas isoladas nas universidades com vistas a atender o que determina a CF/88:

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola .... (http://www.planalto.gov.br)

No dia 30 de agosto de 2012 foi publicada a Lei nº 12.711 de 29/08/12 que dispõe

sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de

nível médio. Segundo a Lei,

Art. 1º - As instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério da Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas. Parágrafo único - No preenchimento das vagas de que trata o caput deste artigo, 50% (cinquenta por cento) deverão ser reservados aos estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo (um salário-mínimo e meio) per capita. (http://www.planalto.gov.br)

A referida Lei foi regulamentada pelo Decreto 7.824 de 11/10/12 que em seu Art. 1º,

Parágrafo Único, diz que os resultados obtidos pelos estudantes no Exame Nacional do

Ensino Médio - ENEM poderão ser utilizados como critério de seleção para o ingresso nas

instituições federais vinculadas ao Ministério da Educação que ofertam vagas de educação

superior. A implementação da reserva de vagas de que tratam a lei e o Decreto citados, é

regulamentada pela Portaria Normativa do Ministério da Educação de nº 18 de 11/10/12.

As IFES terão quatro anos para implantar progressivamente o percentual de reserva de

vagas estabelecido pela lei, mesmo que já estejam adotando algum tipo de sistema de cotas na

seleção. Atualmente, não existe cota social em 27 das 59 universidades federais. Além disso,

apenas 25 delas possuem reserva de vagas ou sistema de bonificação para estudantes pretos,

pardos e indígenas. De acordo com a lei, 12,5% das vagas de cada curso e turno já deverão ser

reservadas aos cotistas nos processos seletivos para ingressantes em 2013; 25% até 2014;

37,5% até 2015; 50% até 30 de agosto de 2016. (http://m.g1.globo.com/educacao/noticia)

Dentro dos 50% do montante de vagas reservadas a estudantes oriundos de escolas

públicas, 25% terão como público alvo estudantes com renda familiar mensal bruta de igual

ou inferior 1,5 salário-mínimo per capita e 25% serão destinados aos pretos, pardos e

indígenas, cuja participação percentual irá variar em cada Estado de acordo com os dados

39

mais recentes do Censo Demográfico do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística. (Lei nº 12.711 de 29/08/12)

Apesar de estarmos distantes da universalização do ensino superior, na última década,

houve considerável incremento no número de vagas ofertadas e nas condições de acesso às

Instituições Federais de Ensino Superior. A política pública de acesso universal foi, na

prática, substituída por uma política pública de acesso seletivo, ao focalizar grupos, classes

sociais e raça, com objetivos de amenizar ou eliminar distorções criadas ao longo da História.

Dentro dessa perspectiva, cabe discorrer sobre O PROGRAMA NACIONAL DE

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL - PNAES.

40

3 O PROGRAMA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL - PNAES

Na análise de políticas públicas alguns autores defendem a abordagem estatista (state-

centered policy-making) e outros defendem a abordagem multicêntrica (policy networks). A

primeira abordagem admite apenas o Estado como protagonista na formulação de políticas

públicas. Já a abordagem multicêntrica admite, além dos atores estatais, outros protagonistas

como instituições privadas, organizações não governamentais, organismos multilaterais. Na

origem desta última abordagem está a questão que política pública é para enfrentamento de

um problema público e sendo assim, instiga todos os atores políticos envolvidos, sejam os

policymakers, os policytakers, os analistas de políticas públicas, a mídia e os cidadãos em

geral. (SECCHI, 2010). Neste trabalho, cabe destacar o papel dos dirigentes das Instituições

Federais de Ensino Superior na ampliação e criação de novos mecanismos para apoio e

regulamentação das práticas de assistência estudantil com objetivo de assegurar a

permanência e conclusão do curso daqueles alunos menos privilegiados do ponto de vista

político, econômico ou social.

3.1 CONTEXTO DA CRIAÇÃO DO PNAES

A ANIDIFES - Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de

Ensino Superior (IFES), criada em 1989, representa os interesses das Universidades Federais,

dos Centros Federais de Educação Tecnológica e dos Institutos Federais de Educação,

Ciência e Tecnologia, fazendo a interlocução com o Ministério da Educação, demais órgãos

governamentais e sociedade em geral. (http://www.andifes.org.br)

Desde sua criação, a ANDIFES demonstra preocupação com a institucionalização,

manutenção e incremento das políticas públicas relacionadas a assistência estudantil. Através

do FONAPRACE - Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis,

fórum assessor, foram providenciados estudos e pesquisas visando identificar o perfil

socioeconômico dos estudantes das Instituições Federais de Ensino Superior no período de

1996-1997, 2003-2004 e 2010-2011.

Segundo Soares e Alves (2003, apud PEREIRA e ZIENTARSKI, 2011, p.507-508),

[...] criou-se no Brasil um grande sistema de ensino fundamental, que atende hoje a quase totalidade das crianças [...]. O ensino médio também caminha na direção da universalização, com cobertura atual de 85% dos jovens de 15 a 17 anos. No entanto, a escola continua sendo um produto social desigualmente distribuído. Desigualdades no ingresso aos diferentes tipos e níveis de ensino persistem, ainda que se manifestem, hoje, de forma menos maciça e mais sutil. Essas desigualdades são moduladas por filtros socioeconômicos, raciais, de localização (urbana, rural) e por tipo de rede escolar (pública, particular). Há, portanto, dois problemas

41

fundamentais: a qualidade do ensino de uma forma geral e as desigualdades entre os estratos sociais.

No resultado das pesquisas realizadas pelo FONAPRACE a pedido da ANDIFES em

1996/7, 2003/4 e 2010, a fim de identificar o perfil socioeconômico dos estudantes das IFES,

demonstrou-se que ao contrário do que muitos imaginavam, não eram jovens de classes

sociais mais elevadas que constituíam a maioria dentro das Instituições Federais. Ao

contrário, grande parte dos estudantes pertencia a categorias C, D e E, ou seja, de famílias

cujo chefe desempenha atividades que requerem pouca ou nenhuma escolaridade e com renda

familiar média mensal abaixo de R$ 1 mil. Tendo este diagnóstico, foram incrementadas

ações no sentido de buscar assegurar o acesso e principalmente, a permanência, dos

estudantes de baixa renda no ensino público superior. (ANDIFES, 2011)

A necessidade de políticas públicas para atender aos objetivos traçados, encontrou

ainda maior respaldo ao longo dos exercícios seguintes, tendo em vista, a implementação das

políticas afirmativas de ingresso de estudantes através dos sistemas de cotas, assegurando

percentuais de vagas a estudante de escolas públicas e estudantes afro descendentes. Haja

vista, ser a educação um direito social, constituindo uma das dimensões dos direitos

fundamentais do ser humano. Entendida como serviço público, a educação carece de

universalização.

Os direitos a igualdade de condições de acesso e permanência na escola já estão

assegurados na Constituição Federal Brasileira. Também a LDB - Lei de Diretrizes e Bases da

Educação reforça esses princípios. Já a Lei 10.861 de abril de 2004, que versa sobre o

SINAES - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, diz que as Instituições de

Ensino devem, obrigatoriamente, identificar e avaliar suas ações relacionadas a inclusão

social e atendimento estudantil, inclusive aos egressos. (http://portal.inep.gov.br)

Além disso, a edição do Decreto 9.096 de abril de 2007, instituiu o REUNI - Programa

de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais que tem entre

seus objetivos promover o acesso e permanência do estudante de ensino superior e traz como

diretrizes a ampliação de políticas de inclusão social e assistência estudantil e como uma de

suas metas a redução da evasão. O REUNI permitiu a retomada do processo de modernização

e crescimento das Universidades Federais, permitindo o aumento da oferta de vagas nos

cursos de graduação e a interiorização do ensino superior federal, passando o número de

municípios atendidos de 114 em 2003 para 237 em 2011, segundo dados do Censo da

Educação Superior. (http://reuni.mec.gov.br)

42

Diante dos resultados das pesquisas sobre o perfil socioeconômico dos alunos, das

experiências individuais de Instituições na área de assistência estudantil e da legislação que

assegura ao aluno com fragilidade econômica condições iguais para permanência e conclusão

do curso, foi apresentado à ANDIFES pelo FONAPRACE a proposta de criação de um Fundo

para Assistência Estudantil, equivalente a 10% do orçamento anual de Outros Custeios e

Capital das IFES. É dada sequência a implementação de uma política compensatória

focalizada para redução das desigualdades sociais que refletem nas universidades o que se vê

na sociedade em geral considerando as diferenças entre as classes sociais e justificada pela

necessidade de universalização do acesso e garantia de permanência. (ANDIFES, 2007)

Tais políticas afirmam-se como estratégias voltadas para a focalização de direitos para determinados grupos marcados por uma diferença específica. A situação desses grupos é entendida como socialmente vulnerável, seja devido a uma história explicitamente marcada pela exclusão, seja devido à permanência de tais circunstâncias em seqüelas manifestas. A focalização desconfia do sucesso das políticas universalistas por uma assinalada insuficiência. Focalizar grupos específicos permitiria, então, dar mais a quem mais precisa, compensando ou reparando perversas seqüelas do passado. Isso se baseia no princípio da eqüidade, pelo qual, como já se afirmava na Antigüidade Clássica, uma das formas de fazer-se justiça é "tratar desigualmente os desiguais".(CURY, 2005, p.2)

Portanto, em 2007, surge o Plano Nacional de Assistência Estudantil, por meio da

Portaria Normativa nº 39 do Ministério da Educação, sendo instituído no âmbito da Secretaria

de Educação Superior - SESU. Em 2010, o PNAES tornou-se programa de governo, sendo

regulamentado pelo Decreto 7.234 de 19 de julho, que versa em seu Artigo 1º: " O Programa

Nacional de Assistência Estudantil - PNAES, executado no âmbito do Ministério da

Educação, tem como finalidade ampliar as condições de permanência dos jovens na educação

superior pública federal". (http://www.planalto.gov.br)

Buscando assegurar essas condições, pensando na inclusão social, melhoria do

rendimento acadêmico e melhoria das condições de vida dos estudantes, o PNAES foi

originalmente pensado tomando como base as seguintes áreas estratégicas: moradia,

alimentação, manutenção e trabalho, transporte, saúde, acesso à biblioteca, conhecimentos de

informática, domínio de língua estrangeira e movimentos sociais, conforme diretrizes do

Decreto 7.234/10:

Art. 3o O PNAES deverá ser implementado de forma articulada com as atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando o atendimento de estudantes regularmente matriculados em cursos de graduação presencial das instituições federais de ensino superior. § 1o As ações de assistência estudantil do PNAES deverão ser desenvolvidas nas seguintes áreas: I - moradia estudantil; II - alimentação;

43

III - transporte; IV - atenção à saúde; V - inclusão digital; VI - cultura; VII - esporte; VIII - creche; IX - apoio pedagógico; e X - acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.

Segundo o resultados das pesquisas sobre o perfil socioeconômico dos estudantes das

IFES, solicitada pela ANDIFES e realizada pelo FONAPRACE em 1996/7, 2003/4 e 2010

existia considerável defasagem entre a oferta e demanda em relação a moradia estudantil. Já

no quesito alimentação, foi reiterada a importância dos Restaurantes Universitários, com

fornecimento de refeições gratuitas ou com preços subsidiados, não só para atendimento de

uma necessidade básica, mas também como espaço de convivência. (ANDIFES, 2011)

Em se tratando de manutenção e trabalho, foi verificado que grande parte dos

estudantes de baixa renda aliavam os estudos a uma atividade não acadêmica remunerada.

Isso posto, tornava-se premente a necessidade de oferecer a esses alunos a oportunidade de

inserção de forma remunerada em atividades de ensino, pesquisa e extensão. Também foi

pensada a possibilidade de ações conjuntas com os órgãos competentes a fim de assegurar

condições mais acessíveis ao transporte urbano, principal meio de locomoção dos estudantes

em foco. Quanto ao acesso a serviços de saúde, foi levantado a necessidade de oportunizar

acesso a programas de saúde ligados a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis,

dependência química, saúde oral e apoio psicológico. (ANDIFES, 2011)

As bibliotecas foram apontadas como principal fonte de material de estudo,

requerendo políticas de investimentos em bibliografia básica e também para tornar estes

espaços em espaço de lazer e cultura, ampliando os horários de atendimento e informatizando

o acesso à informação. Quanto ao acesso à cultura, lazer e esportes foi diagnosticado a

necessidade das IFES investirem em espaços esportivos e disponibilizarem acesso à Internet,

permitindo a inclusão digital e intermediando também a atualização dos conhecimentos de

informática. (ANDIFES, 2011)

O acesso a cursos de idiomas mostrou-se bastante reduzido para o público em questão,

sendo assim, as IFES teriam que suprir essa lacuna. Em relação a participação em

movimentos estudantis, os estudos mostraram que poucos jovens de baixa renda tinham

envolvimento com esse tipo de atividades. Além disso, mostrou-se a necessidade de maior

44

interação entre o estudante e depois egresso, com sua comunidade de origem, inclusive

promovendo troca de experiências e conhecimento com as lideranças sociais locais.

Um item de grande importância discutido foi a necessidade de formação de equipes

compostas por assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas e profissionais ligados às áreas

administrativas e financeiras o que demandaria a abertura de concursos públicos, tendo em

vista a então defasagem no número de servidores das Instituições. (ANDIFES, 2011)

O Decreto que instituiu o PNAES diz em seu Artigo 5º:

Serão atendidos no âmbito do PNAES prioritariamente estudantes oriundos da rede pública de educação básica ou com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio, sem prejuízo de demais requisitos fixados pelas instituições federais de ensino superior.

Também foi determinado pelo Decreto que seriam fixados instrumentos de

acompanhamento e avaliação do PNAES. Na prática, as IFES devem institucionalizar

indicadores para avaliar a oferta em relação a demanda; avaliar a melhoria do índice de

desempenho acadêmico dos estudantes beneficiados; avaliar ações complementares ligadas a

melhoria de qualidade de vida, acesso à cultura e lazer.

Em paralelo com a questão social, segue a questão econômica, visto que a evasão

escolar e o tempo de permanência dos estudantes nas IFES

representam grande preocupação para a Administração Pública Federal, uma vez que, geram

altos custos, comprometendo percentual considerável dos recursos do orçamento destinado a

manutenção e desenvolvimento do ensino superior. Matéria jornalística recente, informa que,

segundo o Censo da Educação Superior de 2010, 49% das vagas abertas nas Instituições de

Ensino Superior, englobando o setor público e privado não são ocupadas. Nas instituições

públicas, onde a concorrência é maior, os índices de preenchimentos de vagas são melhores.

Porém, para cada 100 vagas ofertadas, 92 matrículas são efetivadas, mas apenas 40 estudantes

concluem o curso. (http://www.gazetadopovo.com.br/vida-universidade)

Nesse sentido, o PNAES reflete o interesse do governo federal em promover ajustes

no sistema público de educação superior brasileiro, que por um lado passou nas últimas

décadas por um crescente desenvolvimento, principalmente na área de pós-graduação e

pesquisa, mas por outro lado, direcionou para o setor privado o atendimento de grande parte

da população, devido entre outros fatores, a rigidez dos processos seletivos das IFES, levando

a uma acentuada mercantilização do ensino.

A consolidação do PNAES nos últimos exercícios financeiros, deixa clara a

importância estratégia desse programa de governo que tem como objetivos:

45

1 - a democratização das condições de permanência dos estudantes de Instituições

Federais de Ensino Superior;

2 - a minimização dos efeitos das desigualdades sociais e regionais na permanência e

conclusão do cursos;

3 - a redução das taxas de retenção e evasão;

4 - a contribuição para a inclusão social por meio da educação. (ANDIFES, 2007)

Sendo a inclusão social um dos pilares do desenvolvimento sustentável e sendo

também inegável a importância do ensino superior para o desenvolvimento socioeconômico,

o PNAES contribui não só para a formação profissional dos cidadãos e efetivação de

pesquisas científicas e tecnológicas, mas também, para a formação de uma sociedade norteada

por princípios éticos e democráticos.

Caberá às IFES, a execução dessa política pública, através da correta aplicação dos

recursos orçamentários e financeiros do PNAES, buscando a conciliação entre a permanente

busca por qualidade acadêmica e o cumprimento de seus objetivos sociais. Os pontos chaves

para o sucesso nesta empreitada talvez encontrem-se no apropriado enquadramento dos

beneficiados dentro do perfil socioeconômico definidos na concepção do Programa, na

legislação e, principalmente, nos instrumentos de avaliação da execução das ações, remetendo

ao que prega a CF/88 "Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos

Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios

de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência...".

3.2 O PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS ESTUDANTES DAS IFES

Dando sequência ao processo de levantamento de informações para conhecimento do

perfil dos estudantes das Universidade Federais, foi encomendada pela ANDIFES ao

FONAPRACE e capitaneada pela Universidade de Mato Grosso do Sul - UFMS, no período

2010-2011 nova pesquisa, a exemplo das ocorridas em 1996-1997 e 2003-2004, buscando

assegurar um feedback para continuidade e planejamento de novas políticas públicas

direcionadas ao acesso e permanência do estudante no ensino superior com desenvolvimento

de ações pró-ativas quanto a prevenção de retenção e evasão. A pesquisa, teve como objetivo

levantar o perfil socioeconômico e cultural do estudante de graduação presencial das IFES,

possibilitando a formulação de indicadores nacionais, regionais e institucionais.

Em relação a condição econômica dos estudantes, verificou-se que 44% pertenciam às

classes C, D e E. Contudo, esse percentual é maior para as regiões Norte - 69% e Nordeste

46

52%. Os pertencentes à classe A somam 15%, com maior concentração no Centro-Oeste -

22% e menor na região Norte - 6,3%. Tratando-se de renda familiar, 41% das famílias dos

estudantes recebiam até 03 salários mínimos (R$ 1.530,00), saltando os índices no Nordeste -

50%, Norte - 63% e caindo no Sudeste - 31%, Sul - 32% e Sudeste - 33%.

Tabela 3A - Distribuição percentual dos estudantes da universidades federais por classes econômicas - 2010Região Geográfica

A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E C, D e E

Nacional 2,35 12,90 17,58 23,49 19,59 14,01 9,60 0,47 43,67 Nordeste 2,20 9,96 14,57 21,26 20,11 17,10 14,00 0,81 52,02 Norte 1,18 5,14 7,96 16,66 21,64 22,29 23,78 1,36 69,07 Sudeste 2,22 16,11 21,68 25,56 18,41 11,27 4,67 0,07 34,42 Sul 2,39 14,38 21,39 27,99 20,35 10,14 3,29 0,06 33,84Centro-Oeste 4,30 17,76 18,27 23,74 18,09 10,74 6,75 0,34 35,92Fonte: Andifes/Fonaprace

Classes Econômicas

Tabela 3B - Distribuição percentual dos estudantes da universidades federais por renda familiar - 2010Faixa de Renda

Nacional Nordeste Norte Sudeste Sul Centro-Oeste

Não tem ou nunca possuiu renda 0,45 0,61 0,79 0,36 0,15 0,45Até meio salário mínimo (R$ 255,00) 0,63 0,95 1,66 0,25 0,25 0,38Ate 1 salário mínimo (R$ 510,00) 7,25 10,11 17,97 3,74 3,52 4,09Até 2 salários mínimos (R$ 1.020,00) 18,14 23,02 28,66 13,55 13,44 14,01Até 3 salários mínimos (R$ 1.530,00) 14,19 15,08 13,97 13,41 13,99 14,43Até 4 salários mínimos (R$ 2.040,00) 10,40 10,63 9,31 10,34 11,85 8,62Até 5 salários mínimos (R$ 2.550,00) 7,45 6,68 6,03 8,46 8,45 6,61Até 6 salários mínimos (R$ 3.060,00) 6,76 5,70 4,10 8,18 8,31 5,95Até 7 salários mínimos (R$ 3.570,00) 4,39 3,81 2,97 4,88 5,44 4,46Até 8 salários mínimos (R$ 4.080,00) 4,47 3,75 3,10 4,75 5,09 6,18Até 9 salários mínimos (R$ 4.590,00) 2,56 2,15 1,96 3,30 2,48 2,42Até 10 salários mínimos (R$ 5.100,00) 6,57 5,31 3,13 8,40 7,43 7,09Acima de 10 salários mínimos 16,72 12,21 6,37 20,37 19,60 25,29

Fonte: Andifes/Fonaprace

Região Geográfica

Conforme definição do FONAPRACE aqueles estudantes pertencentes às classes C, D

e E compõe a chamada demanda potencial por assistência estudantil, necessitando de algum

tipo de apoio financeiro para permanência e conclusão do curso, seja para custear

alimentação, moradia, assistência à saúde, assistência psicológica, bolsas, dente outros. Em

1997 o percentual apurado de estudantes nestas condições foi de 44,3%, passando a 42,8% em

2004 e 43,7% em 2010.

Tabela 3C - Classes econômicas dos estudantes das universidades federais - 1996/97, 2003/4 e 2010Classe Econômica

A 12,6 15,6 15,3B 43,1 41,5 41,1C 30,5 30,9 33,6D 10,5 11,1 9,6E 3,3 0,8 0,5

C + D + E 44,3 42,8 43,7

Fonte: Andifes/Fonaprace

Região Geográfica

Pesquisa 1996/97 Pesquisa 2003/4 Pesquisa 2010

47

Novamente, comprovou-se que os estudantes da Universidades Federais não são, em

sua maioria, os mais ricos. Inclusive, o percentual que demanda assistência estudantil por

região é bem superior ao índice nacional no Nordeste, Centro-Oeste e praticamente dobra na

região Norte.

A pesquisa 2010/11 mostrou que, a maioria dos estudantes das IFES são mulheres,

atingindo o índice nacional de 53,5%, havendo um decréscimo na participação masculina em

relação a pesquisa anterior. Quanto a idade, 75% do total dos estudantes encontravam-se na

faixa etária de até 24 anos, verificando-se um decréscimo no percentual de jovens com idade

inferior a 20 anos e acréscimo no percentual de jovens com idade entre 20 e 25 anos.

Tabela 3D - Distribuição percentual dos estudantes da universidades federais por sexo e classe econômica - 2010Região

GeográficaSexo

A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E Geral

Masculino 58,36 51,32 48,97 48,66 44,83 40,35 39,86 40,55 46,49Feminino 41,64 48,68 51,03 51,34 55,17 59,65 60,14 59,45 53,51Masculino 49,69 56,59 51,11 47,37 46,28 41,32 43,92 39,47 47,08Feminino 50,31 43,41 48,89 52,63 53,72 58,68 56,08 60,53 52,92Masculino 72,85 57,46 49,07 47,11 44,86 37,40 32,33 35,57 41,78Feminino 27,15 42,54 50,93 52,89 55,14 62,60 67,67 64,43 58,22Masculino 57,03 47,39 45,33 47,56 45,23 39,50 42,87 85,49 45,73Feminino 42,97 52,61 54,67 52,44 54,77 60,50 57,13 14,51 54,27Masculino 62,81 53,15 54,12 50,75 42,96 43,51 41,82 12,99 49,47Feminino 37,19 46,85 45,88 49,25 57,04 56,49 58,18 87,01 50,53Masculino 65,15 48,73 46,54 52,48 42,35 39,83 34,86 48,90 46,88Feminino 34,85 51,27 53,46 47,52 57,65 60,17 65,14 51,10 53,12

Fonte: Andifes/Fonaprace

Centro-Oeste

Classes Econômicas

Nacional

Nordeste

Norte

Sudeste

Sul

Tabela 3E - Distribuição percentual dos estudantes por sexo, idade e região - 2010Região Geográfica Idade

Masculino Feminino Geral

Até 17 anos 0,63 0,98 0,82De 18 a 24 anos 71,38 75,74 73,7125 anos ou mais 27,99 23,28 25,47Até 17 anos 0,48 1,06 0,79De 18 a 24 anos 71,22 74,88 73,1625 anos ou mais 28,30 24,06 26,05Até 17 anos 0,59 1,09 0,88De 18 a 24 anos 69,73 68,88 69,2325 anos ou mais 29,68 30,04 29,89Até 17 anos 0,16 0,31 0,24De 18 a 24 anos 74,00 80,61 77,5825 anos ou mais 25,84 19,09 22,18Até 17 anos 0,73 1,09 0,91De 18 a 24 anos 67,65 74,05 70,8825 anos ou mais 31,62 24,86 28,21Até 17 anos 2,24 2,41 2,33De 18 a 24 anos 72,45 74,24 73,4025 anos ou mais 25,31 23,35 24,27

Fonte: Andifes/Fonaprace

Sexo

Nacional

Nordeste

Norte

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

48

Tabela 3F - Idade dos estudantes das Universidades Federais nos anos de 1996/97, 2003/4 e 2010Idade

< 20 anos 21,41 23,80 16,8020 a 25 anos 53,77 53,80 52,7325 a 29 anos 14,60 12,50 16,39

Mais de 30 anos 10,22 9,90 9,08

Fonte: Andifes/Fonaprace

Percentual

Pesquisa 1996/97 Pesquisa 2003/4 Pesquisa 2010

Os estudantes de raça/cor/etnia branca são maioria - 54% e os estudantes de

raça/cor/etnia preta passou de 5,9% em 2004 para 8,7% em 2010, sendo que regionalmente,

no Norte o percentual passou de 6,8% em 2004 para 13,4% em 2010. Considerando os

estudantes de raça/cor/etnia preta e parda o percentual foi de 40,8 em 2010 contra 34,2% em

2004. Essas variações evidenciam os efeitos das ações afirmativas e do programa REUNI.

Tabela 3G - Distribuição percentual dos estudantes da universidades federais por classe econômica e raça/etnia - 2010Região

GeográficaRaça/Etnia

A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E Geral

Amarela 2,27 2,94 2,85 3,12 3,30 2,61 3,70 6,41 3,06Branca 72,84 71,86 64,41 58,56 48,60 38,37 29,53 22,76 53,93Indígena 0,36 0,22 0,37 0,61 0,89 1,50 2,52 11,33 0,93Preta 1,51 2,34 4,14 7,71 10,96 13,15 18,45 18,21 8,72Parda 22,46 20,88 26,51 28,97 35,10 43,01 44,95 41,29 32,08Outra 0,56 1,76 1,72 1,03 1,15 1,36 0,85 0,00 1,28Amarela 3,11 3,01 3,74 5,02 4,13 3,11 4,76 8,10 4,07Branca 61,86 55,54 45,77 40,31 31,72 27,20 26,29 29,44 37,08Indígena 1,24 0,17 0,68 1,37 1,46 2,64 3,05 8,22 1,67Preta 2,76 4,98 6,78 10,97 15,47 16,40 18,34 20,49 12,53Parda 31,04 35,17 42,66 41,15 46,03 48,60 46,75 33,75 43,53Outra 0,00 1,14 0,38 1,18 1,19 2,06 0,81 0,00 1,12Amarela 0,00 8,13 2,98 5,41 4,64 3,35 3,91 2,41 4,27Branca 65,04 52,09 40,13 30,20 23,09 18,78 16,54 8,01 24,90Indígena 0,00 0,00 1,03 2,47 1,04 2,02 2,22 13,77 1,88Preta 0,00 4,21 4,64 10,25 13,07 15,68 19,15 18,18 13,42Parda 34,96 35,57 50,01 50,70 57,63 60,04 57,49 57,63 54,97Outra 0,00 0,00 1,21 0,98 0,52 0,13 0,69 0,00 0,57Amarela 1,07 1,44 2,24 1,54 2,00 1,49 2,82 27,41 1,82Branca 86,32 77,64 70,85 66,05 58,62 48,57 42,62 14,51 64,94Indígena 0,00 0,48 0,11 0,05 0,53 0,04 0,89 0,00 0,26Preta 1,17 1,35 3,75 6,33 9,30 9,79 20,99 24,96 6,49Parda 10,64 16,37 20,45 25,10 28,23 38,32 31,53 33,13 24,74Outra 0,80 2,72 2,60 0,92 1,32 1,80 1,15 0,00 1,76Amarela 4,17 3,43 1,52 1,61 1,26 1,82 0,44 0,00 1,83Branca 92,06 91,36 85,11 86,23 81,28 78,94 71,70 79,55 84,64Indígena 0,00 0,00 0,48 0,00 0,82 0,51 1,81 0,00 0,38Preta 0,00 1,07 1,98 2,68 4,48 5,55 7,64 12,99 3,06Parda 3,77 3,21 9,22 8,23 11,08 13,18 17,96 7,45 9,02Outra 0,00 0,92 1,69 1,25 1,07 0,00 0,44 0,00 1,08Amarela 1,71 4,55 5,31 4,34 6,46 3,29 0,88 0,00 4,46Branca 59,15 63,65 57,15 50,35 45,35 38,72 36,48 24,45 51,15Indígena 0,00 0,00 0,00 0,25 0,08 1,06 4,17 33,32 0,58Preta 1,94 1,72 3,22 11,23 10,47 14,56 20,08 0,00 8,46Parda 35,48 28,15 32,17 33,26 36,25 40,90 37,03 42,23 33,90Outra 1,71 1,93 2,15 0,57 1,39 1,46 1,35 0,00 1,45

Fonte: Andifes/Fonaprace

Classes Econômicas

Nacional

Nordeste

Norte

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

49

Tabela 3H - Percentual de Estudantes por raça/etnia - 2003/4 e 2010Raça/Etnia

Branca 59,4 53,9Preta 5,9 8,7Indígena 2,0 0,9Amarela 4,5 3,1Parda 28,3 32,1

Fonte: Andifes/Fonaprace

Percentual

Pesquisa 2003/4 Pesquisa 2010

Quanto a situação conjugal, a grande maioria dos estudantes era solteira em 2010,

atingindo o percentual de 86,6%. A participação dos estudantes com filhos caiu de 12,17% em

1996/7 para 9,21% em 2010, em consonância com o que mostra o Censo 2010.

Tabela 3I - Situação conjungal dos estudantes - 1996/97, 2003/4 e 2010Situação Conjungal

Casado (a) 12,14 11,40 7,68Vivendo com campanheiro (a) 3,21 6,50 4,46Solteiro (a) 84,65 88,60 86,64Separado (a)/Divorciado(a) Não perguntado Não perguntado 1,09Viúvo(a) Não perguntado Não perguntado 0,12

Fonte: Andifes/Fonaprace

Percentual

Pesquisa 1996/97 Pesquisa 2003/4 Pesquisa 2010

Tabela 3J - Percentual de estudantes com filhos - 1996/97, 2003/4 e 2010Situação em relação a filhos

Tem filhos 12,17 11,50 9,21Não tem Filhos 87,83 88,50 90,79

Fonte: Andifes/Fonaprace

Pesquisa 2003/4 Pesquisa 2010

Percentual

Pesquisa 1996/97

O uso de transporte coletivo foi apontado como meio de transporte pela maioria dos

estudantes. Em relação a moradia, 55,28% dos estudantes reside com os pais, 9,87% com o

cônjuge, 9,67% em repúblicas e apenas 2,52% em casa de estudantes mantidas pelas

universidades. Destes estudantes residentes em moradias pertencentes e/ou mantidas pelas

universidades, 83% pertencem as classes C, D e E.

Tabela 3L - Meio de Transporte utilizado pelos estudantes - 1996/97, 2003/4 e 2010Meio de Transporte

A pé/de carona/debicicleta 14,60 18,00 18,63Transporte Coletivo 60,60 59,90 56,56Transporte próprio (carro/moto) 24,80 19,70 21,62Transporte Locado (prefeitura e/ou escolar Não perguntado 2,40 2,00Táxi/Moto-Táxi Não perguntado Não perguntado 0,29

Fonte: Andifes/Fonaprace

Percentual

Pesquisa 1996/97 Pesquisa 2003/4 Pesquisa 2010

50

Tabela 3M - Situação de moradia dos estudantes da universidades federais por classe econômica - 2010Situação de Moradia

A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E GeralMoro sozinho(a) 3,59 4,99 6,44 6,19 6,92 7,04 6,32 13,31 6,33Com pai, mãe ou ambos 80,28 73,47 61,05 54,55 50,75 46,98 38,03 39,76 55,28Com o cônjuge 0,00 0,88 3,58 11,16 14,43 15,19 15,87 6,28 9,87Em casa de familiares 0,87 2,40 4,76 5,56 6,38 8,40 9,53 8,33 5,85Em cada de amigos 1,26 0,43 0,88 1,19 1,09 1,85 3,42 2,59 1,33Pensão/Hotel/Pensionato 0,00 0,63 0,96 1,26 1,45 1,31 1,57 4,26 1,19República 3,74 8,24 11,77 11,02 9,10 7,57 10,13 10,13 9,67Moradia mantida pela família 10,27 8,41 9,69 7,21 6,12 5,97 5,41 5,05 7,30

Fonte: Andifes/Fonaprace

0,97 0,98 5,280,00

Classe Econômica

1,47 2,86 4,72 8,74

0,46 0,39

0,13

0,66Outras moradias coletivas (religiosa, púlbica, entre outras)

0,00Moradia pertencente e/ou mantida pela Universidade

2,52

0,40 0,90

0,40 5,01

Na região Sul quase metade dos estudantes informaram que trabalham atingindo o

índice de 46,34%, sendo o maior índice quando comparado com os índices das outras regiões

geográficas e enquanto o índice nacional ficou em 37,63%. A maioria dos estudantes que

exercem alguma atividade remunerada é pertencente às classes C, D e E.

Tabela 3N - Distribuição percentual dos estudantes que trabalham por classes econômicas - 2010Região Geográfica

A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E Geral

Nacional 33,88 30,71 34,95 42,13 42,87 40,11 28,34 18,60 37,63 Nordeste 28,21 28,71 33,99 39,80 40,61 36,63 28,34 17,30 35,43 Norte 54,88 40,81 46,59 41,47 43,03 36,21 22,93 22,22 36,50 Sudeste 28,92 26,75 29,80 36,82 38,60 40,34 30,86 27,41 33,94 Sul 34,74 36,60 41,37 52,42 50,52 51,13 36,67 72,10 46,34 Centro-Oeste 43,07 33,57 37,31 45,39 48,49 46,88 36,18 4,43 41,67Fonte: Andifes/Fonaprace

Classes Econômicas

Em relação a escolaridade dos pais, 2,65% são analfabetos, 29,94% possuem ensino

médio completo ou incompleto e 28,41 ensino superior, podendo esses índices representar o

maior acesso à educação superior de filho de famílias menos favorecidas, se comparado com

os índices da pesquisa de 1997.

Tabela 3O - Escolaridade dos pais dos estudantes - 1996/7 e 2010

Fonte: Andifes/Fonaprace

Pesquisa 2010Escolaridade

28,41

Analfabeto

Ensino Fundamental (1ª a 4ª completo ou incompleto)Ensino Fundamental (5ª a 8ª completo ou incompleto)

Ensino Médio (completo ou incompleto)

Educação Superior

Percentual Pai/Mãe

Pesquisa 1996/7

Percentual Pais

2,10/2,03

16,76/17,14

13,57/14,85

20,29/25,43

32,16/26,90

2,65

15,34

11,04

29,94

51

A pesquisa de 2010 também mostrou que 44,81% dos estudantes são oriundos de

escolas públicas e 42,36% de escolas particulares. Regionalmente, o Norte tem 71,47% dos

estudantes vindos de escolas públicas e o Sudeste 37,02%.

Tabela 3P - Distribuição percentual dos estudantes por tipo de escola em que cursou o ensino médio - 2010

Somente Escola Pública Maior Parte Escola Pública Maior Parte Escola Particular Somente Escola Particular

Nacional 44,81 5,58 7,24 42,36 Nordeste 41,35 6,07 7,22 45,35 Norte 71,47 6,80 5,55 16,18 Sudeste 37,02 4,42 8,05 50,51 Sul 50,57 5,62 6,09 37,72 Centro-Oeste 40,69 6,22 8,55 44,54Fonte: Andifes/Fonaprace

PercentualRegião Geográfica

Dentre o universo de estudantes pesquisado, considerando os programas de assistência

estudantil, 15% utilizavam os programas de alimentação, 11% são beneficiados com bolsas

permanência e 10% utilizam os programas de transporte oferecidos pelas IFES.

Tabela 3Q - Participação percentual dos estudantes nos programas de alimentação - 2010Região Geográfica

A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E Geral

Nacional 1,78 2,76 4,98 10,41 19,07 29,30 34,28 37,26 15,03 Nordeste 2,04 1,65 4,66 7,78 11,13 20,26 28,10 32,79 12,44 Norte 0,00 5,27 3,31 6,89 15,16 19,84 24,66 27,21 15,62 Sudeste 0,17 2,90 4,44 10,13 24,22 39,22 48,62 83,09 15,23 Sul 4,93 5,06 7,99 14,74 26,21 44,07 56,21 85,09 18,39 Centro-Oeste 1,41 0,41 2,60 12,39 21,46 38,80 60,41 66,68 15,91

Fonte: Andifes/Fonaprace

Classes Econômicas

Tabela 3R - Participação percentual dos estudantes nos programas de bolsa permanência - 2010Região Geográfica

A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E Geral

Nacional 0,38 0,80 2,37 5,85 12,46 23,22 28,66 39,58 10,53 Nordeste 0,00 1,15 2,27 3,30 5,81 13,55 17,12 24,39 7,23 Norte 0,00 0,00 4,54 8,42 17,50 27,78 41,25 56,27 22,31 Sudeste 0,00 0,75 1,23 4,09 13,76 27,91 29,00 27,41 8,49 Sul 2,16 0,73 4,64 10,35 19,73 34,98 44,04 100,00 13,12 Centro-Oeste 0,00 0,66 1,14 7,53 10,75 26,29 40,28 66,68 9,83

Fonte: Andifes/Fonaprace

Classes Econômicas

Tabela 3S - Participação percentual dos estudantes nos programas de transporte - 2010Região Geográfica

A1 A2 B1 B2 C1 C2 D E Geral

Nacional 2,26 5,28 6,84 8,24 12,41 14,75 17,18 17,70 10,11 Nordeste 2,04 4,06 3,98 3,75 5,61 5,79 9,96 10,98 5,43 Norte 0,00 1,73 7,95 9,26 14,92 19,79 24,99 30,73 16,26 Sudeste 0,74 4,31 4,77 5,82 11,83 17,94 19,99 0,00 8,37 Sul 0,00 6,78 8,67 12,15 21,90 26,82 35,35 92,55 14,63 Centro-Oeste 7,51 8,87 16,61 19,24 15,76 17,59 12,74 0,00 15,10

Fonte: Andifes/Fonaprace

Classes Econômicas

O percentual de estudantes que participam de estágios chega perto de 11%, sendo que

as atividades acadêmicas remuneradas em geral, incluindo também monitoria e extensão

contemplam cerca de 34% dos estudantes.

52

Tabela 3T - Participação percentual dos estudantes em atividades acadêmicas remunerada - 2010

Região GeográficaNenhuma Monitoria Extensão Pesquisa Estágio

PET (Programa de

Educação Tutorial) Outra

Nacional 67,32 4,03 3,78 8,26 10,72 1,33 4,57 Nordeste 71,83 4,92 2,91 6,53 8,67 1,36 3,78 Norte 59,03 2,48 7,07 6,36 14,18 2,18 8,71 Sudeste 68,18 4,29 3,27 9,60 10,31 1,04 3,31 Sul 60,90 3,26 4,45 10,40 13,73 1,32 5,95 Centro-Oeste 70,63 3,57 3,34 7,86 9,38 1,23 3,99Fonte: Andifes/Fonaprace

Atividade

Confirmou-se que os alunos do noturno são na maioria pertencentes as classes C, D e

E – 52,5%, enquanto os estudantes das outras classes sociais frequentam majoritariamente o

turno matutino e integral. Já considerando os resultados sobre trancamento de matrícula,

dentre o percentual nacional – 12,4%, os problemas financeiros representam 15% e afetam em

maior proporção as classes C, D e E, enquanto o trancamento por insatisfação com o curso é

mais concentrado nas classes A e B.

Tabela 3U - Turno em que frequenta a maior parte das disciplinas - 2010

Classe Econômica Matutino Vespertino Noturno Integral Geral

A1 2,75 1,82 1,69 2,91 2,35A2 15,32 11,88 8,18 15,54 12,90B1 17,71 17,27 13,69 21,83 17,58B2 22,08 23,24 23,95 25,01 23,49C1 18,55 18,58 24,20 16,65 19,59C2 13,40 15,13 16,67 11,19 14,01D 9,60 11,40 11,31 6,54 9,60E 0,60 0,67 0,31 0,32 0,47

Fonte: Andifes/Fonaprace

Turno

Tabela 3V - Motivos para trancamento de matrícula - 2010

Classe Econômica Insatisfação com o curso

Impedimento de Saúde

Impedimento Financeiro

Licença Maternidade

Outro Motivo

A1 2,03 1,27 0,00 0,00 2,92A2 13,16 4,52 0,66 0,00 12,50B1 13,72 12,61 4,79 11,35 19,23B2 22,59 27,93 27,03 20,56 29,27C1 19,07 32,02 24,40 25,13 18,34C2 12,70 13,77 21,49 23,96 11,90D 12,64 7,89 20,22 18,99 5,77E 4,10 0,00 1,39 0,00 0,08

Fonte: Andifes/Fonaprace

Motivo

Quanto aos motivos que levam os estudantes a buscar as Universidades Federais, os

principais dizem respeito a gratuidade e a esperada qualidade do ensino, aliadas as expectativa

53

de realização pessoal e profissional. A maioria dos estudantes – 55% apontaram para a

possibilidade de continuar a estudar após a conclusão da graduação, conciliando com as

futuras atividades profissionais, que a maioria espera seja dentro de sua área de formação

acadêmica.

Tabela 3X - Expectativas quanto à atuação do estudante após a formatura - 2010Expectativa

Região GeográficaTrabalhar

Continuar Estudando Ambos Não Sabe

Nacional 22,46 19,04 55,00 3,49 Nordeste 22,65 19,91 55,02 2,41 Norte 21,50 23,09 52,58 2,83 Sudeste 21,78 17,67 56,62 3,92 Sul 23,54 17,00 54,11 5,35 Centro-Oeste 23,09 19,61 54,26 3,05Fonte: Andifes/Fonaprace

Os estudantes mostraram que para manterem-se informados sobre os acontecimentos

atuais utilizam a Internet – 70,42%, Telejornais – 20,11%, Jornais Impressos – 3,27% e

revistas – 0,84%. O maior índice regional em relação ao uso da Internet é na Região Sul –

76,10% e o menor na Região Norte – 54,64%. Quanto aos temas de interesses foram

apontados: cultura, viagem, notícias, economia, política, esportes, dentre outros.

Tabela 3Z - Principal fonte de informação sobre acontecimentos atuais - 2010

Região Geográfica Internet Jornal Impresso TelejornalOutros

Programas de TV

Rádio Revista Outros

Nacional 70,42 3,27 20,11 2,01 1,10 0,84 2,25

Nordeste 67,51 3,07 23,32 2,57 0,77 0,76 2,00 Norte 54,64 3,92 31,36 5,38 1,08 0,78 2,84 Sudeste 75,55 3,58 15,63 0,81 1,01 0,84 2,57 Sul 76,10 3,78 14,79 1,11 1,76 0,71 1,75 Centro-Oeste 71,05 1,45 20,79 1,83 1,22 1,38 2,28

Fonte: Andifes/Fonaprace

Fonte

O índice nacional, sem grande disparidade com os índices regionais aponta que mais

da metade dos estudantes está familiarizada com o uso de computadores, enquanto em 1997

22,8% declararam ter experiência e 43,9% em 2004.

Tabela 3AA - Domínio do computador pelos estudantes - 1996/7, 2003/4 e 2010

Domínio Pesquisa 1996/7 Pesquisa 2003/4 Pesquisa 2010

Muita experiência Não perguntado 13,10 26,99Tem Experiência 22,80 43,90 51,98Alguma Noção 52,59 38,20 20,31Não domina 24,60 4,70 0,72Fonte: Andifes/Fonaprace

Percentual

54

A participação dos estudantes em atividades artísticas e culturais é ocasional –

56,51%, sendo que os que nunca participam de atividades variam de 22 a 28%,

regionalmente. Quanto a participação em atividades ligadas a movimentos estudantis, apenas

5,8% participam periodicamente, sendo que este índice era de 11,14% em 1997 e 7,0% em

2004.

Tabela 3AB - Participação dos estudantes em atividades artísticas e culturais - 2010Região

Geográfica Nunca Ocasionalmente Periodicamente

Nacional 25,53 56,51 17,96 Nordeste 27,97 56,51 15,52 Norte 22,68 60,63 16,68 Sudeste 24,67 55,93 19,41 Sul 26,19 54,91 18,90 Centro-Oeste 22,72 56,57 20,71Fonte: Andifes/Fonaprace

Percentual

Tabela 3AC - Participação dos estudantes em movimento estudantil - 2010Região

Geográfica Nunca Ocasionalmente Periodicamente

Nacional 64,82 29,38 5,80 Nordeste 64,21 30,04 5,75 Norte 49,11 40,65 10,24 Sudeste 69,27 26,06 4,67 Sul 68,87 25,68 5,45 Centro-Oeste 63,27 31,49 5,24Fonte: Andifes/Fonaprace

Percentual

Em relação ao domínio de línguas estrangeiras, o inglês é o idioma predominante, mas

apenas 38,3% declararam ter o domínio sobre o idioma. A participação do espanhol como

opção de segunda língua tem crescido acentuadamente.

Tabela 3AD - Domínio de línguas estrangeiras - 1996/7, 2003/4 e 2010

Domínio Pesquisa 1996/7 Pesquisa 2003/4 Pesquisa 2010

Inglês 23,32 30,20 38,31Espanhol 6,47 10,20 17,06Francês 1,94 2,70 3,75Alemão Não perguntado Não perguntado 2,18Italiano Não perguntado Não perguntado 2,46Fonte: Andifes/Fonaprace

Percentual

Sobre o acesso a serviços de saúde, 41,68% dos estudantes utiliza a rede pública e

54,65% utiliza serviços particulares/convênios, a exceção é a Região Norte onde predomina a

rede pública. As mulheres procuram mais atendimento médico – 84,34% em relação aos

homens – 74,34%. Quanto a atendimento odontológico, 44,7% vai ao dentista regularmente.

As crises emocionais afetaram cerca de 50% dos estudantes, tomando por base os últimos 12

55

meses anteriores a pesquisa. Ansiedade e insônia estão entre as dificuldades emocionais mais

apontadas com influência no desempenho acadêmico, sendo o uso do álcool apontado por 4%

e de drogas ilícitas por 2%. O atendimento psicológico e psiquiátrico já foi procurado por

29% e 9% dos estudantes, respectivamente, evidenciando o crescimento das dificuldades

emocionais quando comparado com os resultados da pesquisa de 2004. Em relação ao

consumo de substâncias psicoativas, 34% dos estudantes apontaram que não usam álcool,

14% usam frequentemente e 6% afirmaram usar drogas ilícitas. (ANDIFES, 2011)

Tabela 3AE - Utilização de serviços de saúde pelos estudantes - 1996/7, 2003/4 e 2010

Domínio Pesquisa 1996/7 Pesquisa 2003/4 Pesquisa 2010

Serviços Públicos 27,22 32,70 41,68Serviços Particulares 26,48 26,30 23,23Convênios/Seguro 46,29 36,70 31,42Ajuda Informal Não perguntado Não perguntado 2,23Nenhum Não perguntado Não perguntado 1,44

Serviço Médico da Universidade Não perguntado 4,30 Não perguntado

Fonte: Andifes/Fonaprace

Percentual

Tabela 3AF - A saúde mental dos estudantes - 2003/4 e 2010Percentual

Dificuldade Pesquisa 2003/4 Pesquisa 2010

Crise Emocional 36,90 47,70Atendimento Psiquiátrico 5,50 9,00Atendimento Psicológico 23,80 29,00

Fonte: Andifes/Fonaprace

As atividades físicas não fazem parte do cotidiano de 32,42% dos estudantes. Dentre

os que praticam alguma atividade, a caminhada é predominante – 19,67%, seguida da

ginástica/musculação – 17,91%. Em relação a pesquisa de 1997, o percentual de estudantes

sedentários mais do que dobrou.

Tabela 3AG - Atividades físicas preferenciais dos estudantes - 1996/7 e 2010

Atividade Física Pesquisa 1996/7 Pesquisa 2010

Nenhuma 14,04 32,42Caminhada/Corrida/Natação 36,53 22,26Ginástica/Musculação/Luta 17,02 18,68Partida em Equipe 25,01 18,51

Fonte: Andifes/Fonaprace

Percentual

Os resultados das pesquisas Andifes/Fonaprace 1996/7, 2003/4 e 2010 tornam

evidente a importância da continuidade e melhoria das políticas públicas voltadas à

assistência estudantil, com consequente aumento dos recursos orçamentários para ações

direcionadas aos estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, assegurando a

56

permanência e conclusão do curso pelos ingressos via ações afirmativas, programas de

reestruturação e expansão e inclusive para atendimento do Plano Nacional de Educação - PNE

- 2011/2020 que indica um aumento considerável de recursos destinados a Educação com

progressão gradual do percentual vinculado ao PIB e em contrapartida traz em seu escopo

metas bastante audaciosas em relação a ampliação do acesso e permanência no ensino

público.

3.3 A EVASÃO NO ENSINO SUPERIOR

A caminhada para a universalização do acesso ao ensino superior que teve início no

final da década de 60 e início da década de 70 trouxe consigo a problemática da evasão. As

IFES em geral, privadas ou públicas, não institucionalizaram mecanismos para assegurar e

permanência e conclusão do curso dos alunos ingressantes no sistema. As privadas investem

considerável volume de recursos em ações de marketing para atrair novos alunos, mas não

preocupam-se com a questão de fidelização do cliente. Por outro lado, as universidades

públicas até recentemente, não preocupavam-se em estudar a complexidade das relações que

permeiam a vida acadêmica a fim de diagnosticar, eliminar ou minimizar as causas que levam

o aluno a abandonar seu curso de graduação.

Atualmente, a evasão tornou-se um dos problemas centrais das instituições de ensino

superior e tornou-se alvo de constantes trabalhos científicos que embasam as políticas

públicas desenhadas para equacionar o problema. Contudo, a evasão não é um problema

exclusivo das instituições brasileiras, mas sim, um problema mundial que representa

ociosidade do quadro de pessoal, instalações físicas e equipamentos.

As políticas públicas direcionadas a minimizar os impactos da evasão no ensino

superior brasileiro, têm em seu âmago as diretrizes das políticas neoliberais, ou seja, a

preocupação principal diz respeito a baixa performance do sistema IFES. Portanto, há críticas

em relação a falta de preocupação com o nexo causal desse fenômeno que em algumas áreas

como formação de professores ou ciências exatas leva a um índice de formandos que não

chega a 20% do número de ingressantes (BRAGA, PEIXOTO, BOGUTCHI, 2003). Segundo

Lobo et al. (2007, p. 653) "... a área de Ciências, Matemática e Computação tem uma taxa em

torno de 28%, consideravelmente acima, portanto, da média nacional, abaixo apenas da

evasão anual média registrada nos cursos de Serviços."

57

Mundialmente, verifica-se que a evasão é duas a três vezes maior no primeiro ano de

curso quando comparada com os anos seguintes. A evasão deve ser analisada sob dois

prismas, parecidos mas não idênticos, que estão ligados mas não diretamente:

1. A evasão anual média mede qual a percentagem de alunos matriculados em um sistema de ensino, em uma IES, ou em um curso que, não tendo se formado, também não se matriculou no ano seguinte (ou no semestre seguinte, se o objetivo for acompanhar o que acontece em cursos semestrais). Por exemplo. se uma IES tivesse 100 alunos matriculados em certo curso que poderiam renovar suas matrículas no ano seguinte, mas somente 80 o fizessem, a evasão anual média no curso seria de 20%. 2. A evasão total mede o número de alunos que, tendo entrado num determinado curso, IES ou sistema de ensino, não obteve o diploma ao final de um certo número de anos. É o complemento do que se chama índice de titulação. Por exemplo, se 100 estudantes entraram em um curso em um determinado ano e 54 se formaram, o índice de titulação é de 54% e a evasão nesse curso é de 46%. (LOBO et al., 2007, p. 642)

Um dos principais motivos apontados pelas instituições de ensino, como também pelos

estudantes, como motivador da desistência do curso é o aspecto financeiro. Porém, estudos já

demonstraram que esse não é o único fator causal, podendo inclusive ser superado por outros

fatores mais diretamente ligados as atividades acadêmicas. Os parâmetros socioeconômicos e

posição de classificação no processo seletivo perde lugar para questões relacionadas a

repetência, por exemplo. Segundo Braga, Peixoto e Bogutchi (2003, p. 164) "Há uma

configuração específica do problema nas séries iniciais, indicando a necessidade de

compreender o que ocorre nessa etapa de adaptação do estudante à organização da ação

pedagógica no ensino superior"

O Brasil tem poucos estudos sistemáticos e dados nacionais sobre evasão. Por esse motivo, o Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da tecnologia decidiu realizar um trabalho de coleta e organização de dados sobre a evasão brasileira, acrescentando dados internacionais para comparação, no intuito de contribuir com a comunidade acadêmica brasileira para o aprofundamento dos estudos sobre tema tão relevante. (LOBO et al., 2007, p. 643)

A partir da sistematização de dados divulgados pelo INEP é possível acompanhar o

fenômeno da evasão no ensino superior brasileiro e concluir que as médias não desviam-se

muito dos parâmetros internacionais, apesar da forte variação entre instituições públicas e

privadas. A predominância do número de instituições privadas sobre as instituições públicas

de ensino superior indica que os índices gerais de evasão sofrem forte influência do

comportamento das IES privadas, mais diretamente do conjunto de faculdades privadas.

A evasão anual média entre 2000 a 2005, para o conjunto formado por todas as IES do Brasil...foi de 22%. A evasão anual nas IES públicas tem oscilado em torno dos 12%, variando entre 9 e 15% no período, enquanto as IES privadas mostram uma oscilação em torno de 26%, contra uma taxa nacional típica de 22%. Obviamente, como as IES privadas detêm a maioria dos alunos no ensino superior, seu peso é

58

maior e a média nacional está mais próxima de seus índices. (LOBO et al., 2007, p. 647 e 648)

Outro fato que merece atenção diz respeito a crescente ociosidade de vagas,

principalmente mas não exclusivamente, no sistema privado.Os dados do INEP do Censo

2011 mostram que a relação Ingressos/Vaga Oferecida por Processo Seletivo no geral é de

0,5, sendo no sistema público de 0,9 e no sistema privado de 0,5. Isso demonstra que a

expansão no setor privado já atingiu seu limite e a transferência de recursos públicos ao setor

privado via renúncia fiscal decorrentes de programas de bolsas como o PROUNI não estão

sendo suficientes para resolução desta questão. Nas IFES há a necessidade de se trabalhar

mais ativamente com programas internos de ocupação de vagas ociosas.

Tabela 3AH - Relação candidatos inscritos/vaga oferecida e ingressos/vagas oferecidas por processos seletivos, nos cursos de graduação presenciais, por organização acadêmica, segundo dependência administraidva das IES - 2011

Dependência Administrativa

Total Geral UniversidadesCentros

UniversitáriosFaculdades IF e CEFET Total Geral Universidades

Centros Universitários

Faculdades IF e CEFET

Privada 1,5 1,6 1,3 1,4 - 0,5 0,5 0,5 2,0 -Pública 10,6 11,0 4,3 3,3 17,5 0,9 0,9 0,1 1,8 0,9 Federal 13,5 12,9 - 22,7 17,5 1,0 1,0 - - 0,9 Estadual 9,1 10,0 24,1 4,7 - 0,9 0,9 - 1,5 - Municipal 1,4 1,2 2,0 1,6 - 0,5 0,4 0,3 2,3 -GERAL 2,8 4,4 1,4 1,5 17,5 0,5 0,6 0,5 2,0 0,9Fonte: INEP

Candidatos Inscritos/Vaga Oferecida por Processos Seletivos Ingressos/Vaga Oferecida por Processos Seletivos

Podemos concluir que, o fator socioeconômico tem influência sobre as taxas de

evasão, muito embora não seja predominante, muito menos, exclusivo. O fator

socioeconômico acaba sendo mais influente na fase de inscrição no processo seletivo, na

definição do curso escolhido. A ampliação do acesso ao ensino superior, com abertura de

cursos noturnos, programas de ocupação de vagas ociosas e políticas direcionadas a

manutenção e conclusão dos cursos de graduação têm contribuído para tratar

sistematicamente a problemática da evasão. Contudo, o principal problema parece residir nos

primeiros anos dos cursos, o que implica dizer que é preciso que as instituições se adaptem as

realidades do mundo atual quanto as metodologias de ensino e adequações curriculares a fim

de reduzir os índices de evasão e por consequência os desperdícios físicos e financeiros.

O levantamento realizado do perfil socioeconômico dos estudantes da IFES que

comprova que grande parte dos estudantes e suas famílias podem deparar-se com dificuldades

financeiras para assegurar a manutenção e conclusão do curso de graduação e assim muitas

vezes passam a engrossar as estatísticas de evasão ou mesmo nem chegam a ingressar no

sistema de ensino superior em decorrência da consciência dessas possíveis dificuldades que

farão parte de seu cotidiano na vida acadêmica reforçam a importância de analisar as

59

características e abrangência do PNAES, com foco na implementação desse programa de

permanência na Universidade Federal do Paraná.

60

4 O PAPEL DA UFPR NA UNIVERSALIZAÇÃO DO ACESSO AO ENSINO

SUPERIOR

Entre o diversificado rol de funções atribuídas as Universidades, uma das principais é

a produção e disseminação do conhecimento de forma a contribuir para o desenvolvimento

sustentável do país em um mundo cada vez mais globalizado. Trata-se da formação de

cidadãos não apenas capazes de atender as demandas do mercado por profissionais

capacitados do ponto de vista científico e tecnológico, mas cidadãos com espírito crítico e

reflexivo que venham a participar e contribuir na construção de uma sociedade cada vez mais

justa, democrática e humana.

Reconhecidas as acentuadas desigualdades socioeconômicas existentes na sociedade

brasileira seja entre classes sociais, etnias ou regiões geográficas, cabe as Universidades trazer

para seus campi extratos da população que representem a diversidade encontrada na sociedade

como um todo e executar as ações decorrentes das políticas públicas desenhadas para

minimização e/ou correção das desigualdades entre os estudantes de ensino superior. Não

basta trabalhar pela inclusão, mas de forma indissociável, assegurar condições de

permanência e conclusão do curso, aliando desempenho acadêmico satisfatório e qualidade de

vida para seus estudantes.

A missão das Universidades está intrinsecamente ligada a sua capacidade de abrir-se

para a sociedade em geral, especificamente para aqueles segmentos que historicamente têm

sido excluídos do meio acadêmico. A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão,

como pilar de sustentação de suas ações deve refletir-se ao longo da trajetória acadêmica dos

estudantes, fazendo da universidade um ambiente plural, altamente dinâmico e participativo,

interagindo com a comunidade em que está inserida, combinando os conhecimentos

acadêmicos com os saberes e práticas vivenciadas da população.

Ao contrário do que acontece nas universidades privadas, deve prevalecer nas

universidades públicas um ambiente reflexivo e não a produção de conhecimento utilitarista

que favorece mais diretamente o mercado econômico, negligenciando a reflexão sobre os

problemas sociais e consequentemente, sobre o futuro da humanidade.

As universidades públicas frente as inúmeras críticas que recebem seja por sua origem

eletista, por sua estrutura considerada dispendiosa, pela baixa performance ou por ser

considerada fechada e distante dos verdadeiros anseios da comunidade, ainda responde pela

maior parte da pesquisa desenvolvida no país, pelos melhores índices de qualidade no ensino

superior comprovando sua excelência acadêmica e por um corpo docente altamente

61

qualificado (SGUISSARDI, 2005). Cabe a essas instituições rebater tais críticas através de

ações que venham reafirmar e comprovar sua importância social e econômica para o país.

4.1 ASPECTOS HISTÓRICOS INSTITUCIONAIS DA UFPR

A Universidade Federal do Paraná (UFPR), considerada a mais antiga do país, foi

fundada em 19 de dezembro de 1912 durante um encontro de amigos que tinham como

objetivo comum criar uma escola para formação de profissionais de nível superior,

contrariando a tendência nacional à época de criar faculdades isoladas.

Restaurada em 1º de abril de 1946, a UFPR segundo o Artigo 1º de seu Estatuto, é

uma autarquia de regime especial com autonomia administrativa, financeira, didática e

disciplinar, mantida pela União. De acordo com o Artigo 2º:

A Universidade, adotando métodos de funcionamento que preservem a unidade de suas funções de ensino e pesquisa e autorizem a plena utilização de seus recursos humanos e materiais, destina-se a: I - promover a educação, o ensino e o desenvolvimento tecnológico e a cultura filosófica, científica, literária e artística; II - formar profissionais, técnicos e cientistas; III - contribuir para a solução dos problemas de interesse da comunidade sob a forma de cursos, estudos e serviços; IV - desenvolver a pesquisa nas várias áreas de conhecimento.

A UFPR oferece 112 cursos de graduação presencial, 03 cursos de graduação a

distância, 93 especializações, 66 cursos de mestrado, 40 cursos de doutorados, 41 cursos de

residência médica e 08 cursos de residência multiprofissional. Além dos cursos de graduação

e pós-graduação, a instituição mantém, ainda, o ensino técnico, com 03 cursos. Em 2011, a

UFPR ofertou 6.191 vagas, sendo 640 na modalidade graduação a distância, tendo no total 43

mil candidatos inscritos nos processos seletivos. No período 2007 a 2011 praticamente não

houve variação no número de candidatos inscritos no Vestibular e houve crescimento de 47%

no número de vagas ofertadas.

Tabela 4A - Dados Vestibular UFPR - 2011

UFPR UFPR Litoral UFPR EAD TOTAL

Candidatos Inscritos 39.530 1.829 1.649 43.008

Vagas Oferecidas 5.006 545 640 6.191

Relação Candidato/Vaga 7,9 3,4 2,6 6,9

Fonte: Relatório Atividades UFPR

Processos Seletivos

62

Tabela 4B - Dados Vestibular UFPR - 2007 a 2011Vestibular 2007 2008 2009 2010 2011

Vagas Oferecidas 4.219 4.339 5.639 5.879 6.191

Candidatos Inscritos 43.463 41.656 43.661 43.517 43.008

Relação Candidato/Vaga 10,3 9,6 7,7 7,4 6,9

Fonte: Relatório Atividades UFPR

De acordo com os dados de 2011, aproximadamente 40 mil pessoas integram a

comunidade universitária, sendo 25.531 alunos de graduação, 8.975 alunos de pós-graduação,

71 alunos de ensino técnico, 3.640 técnico-administrativos e 2.281 docentes.

Gráfico 4A - C omposição comunidade universitária da UF P R - 2011

Fonte : Re la tór io Ativida de s UFP R

6 3 ,0 4 %

2 2 ,1 6 %

0 ,1 8 %5 ,6 3 %

8 ,9 9 %

C o m u n id a d e U n ivers itá r ia U FP R

A lunos G ra dua çã o

A lunos Pós - G ra dua çã o

A lunos E ns ino T é cnico

S e rvidore s Doce nte s

S e rvidore s T é cnico-A dm inis tra tivos

Tabela 4C - Número de alunos matriculados nos cursos de graduação da UFPR - 2011Setor Matriculados

Agrárias 1.963Biológicas 1.279Educação 1.209Exatas 2.492Jurídicas 1.006Humanas, Letras e Artes 3.555Saúde 2.775Sociais Aplicadas 3.087Tecnologia 3.946

Terra (1) 741Centro de Estudos do Mar 226Litoral 1.109Palotina 1.022Educação Profissional e Tecnológica 1.121

TOTAL UFPR 25.531Fonte: Relatório Atividades UFPR(1) Excluindo o Centro de Estudos do Mar

63

Gráfico 4B - Número de alunos matriculados nos cursos de graduação da UFPR - 2011

Fonte: Relatório Atividades UFPR

8%5%

5%

10%

4%

14%

11%

12%

15%

3%1%

4% 4% 4%

Alunos Matriculados 2011

Agrárias BiológicasEducação ExatasJurídicas Humanas, Letras e ArtesSaúde Sociais Aplicadas

Tecnologia Terra (1)Centro de Estudos do Mar Litoral

O quadro docente é composto por 1.583 Doutores, 483 Mestres, 56 Especialistas e

159 Graduados.

Gráfico 4C - Titulação do corpo docente da UFPR - 2011

Fonte: Relatório Atividades UFPR

7%

3%

21%

69%

Titulação Docentes UFPR

Graduados

Especialistas

Mestres

Doutores

64

A UFPR possui 07 campi, sendo que 04 são localizados em Curitiba - Centro,

Agrárias, Centro Politécnico e Jardim Botânico, 02 no litoral paranaense - Campus Litoral e

Pontal do Sul/Centro de Estudos do Mar e 01 no interior do Estado - Palotina. Ocupa ao todo

uma área territorial de 9.100.200 m2 de extensão e possui 378.638 m2 em área construída.

A estrutura organizacional da UFPR é composta, basicamente, pelo Conselho

Universitário, Gabinete do Reitor, Gabinete do Vice-Reitor, 07 Pró-Reitorias e 14 Setores de

Ensino, subdivididos em Departamentos. Cabe mencionar que, o Centro de Estudos do Mar é

parte integrante do Setor de Ciências da Terra. À partir de janeiro de 2013, o Campus

Palotina passa a compor o rol de Setores de Ensino e o Setor de Ciências Humanas, Letras e

Artes, em função de seu desmembramento em 2012 deu origem a um novo setor denominado

Setor de Artes, Comunicação e Design.

A UFPR possui ainda em seu organograma, diversas unidades, como o Centro de

Computação Eletrônica (CCE), o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE), a Imprensa

Universitária, a Livraria, a Editora, o Hospital e Maternidade Victor Ferreira do Amaral

(HMVFA), o Hospital de Clínicas (HC), entre outras.

O Hospital de Clínicas é um hospital universitário voltado para o ensino, pesquisa e

assistência. Possui 538 leitos, realizou em 2011 mais de 1,2 mi de atendimentos a nível

ambulatorial e de emergência, mais de 15 mil internações, cerca de 9 mil cirurgias e 152

transplantes (córnea, medula óssea e hepático). O HC/UFPR é pioneiro na América Latina em

transplante de medula óssea e sua equipe de Ortopedia e Traumatologia foi a primeira, no

Brasil, a realizar um transplante de bacia.

Em relação a pós-graduação, os gráficos e tabela abaixo mostram que a UFPR passa

por um vigoroso impulso de crescimento nos últimos anos, com ênfase para o aspecto

qualitativo dos cursos. A maioria dos cursos de Doutorado - 52%, possui conceito CAPES 6 e

apenas 30% dos cursos de Mestrado possui conceito CAPES 3.

Tabela 4D - Número de cursos de doutorado e mestrado da UFPR por conceito CAPES - 2011Conceito CAPES Doutorado Mestrado

Conceito 6 1 1

Conceito 5 21 21

Conceito 4 17 24

Conceito 3 1 20

Fonte: Relatório Atividades UFPR

65

Em relação ao número de alunos ingressantes, matriculados e concluintes de cursos de

Mestrado e Doutorado a evolução é crescente. O número de concluintes apresentou uma

variação de 106% no Mestrado e de 142% no Doutorado, no período 2001-2011.

Gráfico 4D - Número de alunos ingressantes, matriculados e concluintes de Mestrado- 2001/2011

Fonte: Relatório Atividades UFPR

Ingressantes Matriculados Concluintes

721

1577

427

1174

2266

880

Nº Alunos Mestrado

2001 2011

Ingressantes Matriculados Concluintes

721

1577

427

1174

2266

880

Nº Alunos Mestrado

2001 2011

Gráfico 4E - Número de alunos ingressantes, matriculados e concluintes de Doutorado- 2001/2011

Fonte: Relatório Atividades UFPR

Ingressantes Matriculados Concluintes

250

580

92

349

1575

223

Nº Alunos Doutorado

2001 2011

66

Quanto a produção e financiamento da pesquisa os dados do exercício de 2011,

apresentados a seguir, colocam a UFPR entre as IFES mais produtivas e dentre as que mais

captam recursos junto a órgãos fomentadores de pesquisas.

Tabela 4E - Pesquisa vinculada aos programas de pós-graduação da UFPR - 2011Produção Quantidade

Artigos Publicados em Periódicos 3.278

Trabalhos Completos Publicados em Anais 3.955

Produção Artística 60

Produção Técnica 440

TOTAL 7.733

Fonte: Relatório Atividades UFPR

Tabela 4F - Recursos financeiros recebidos para projetos de pesquisa da UFPR - 2011Origem dos financiamentos Valores Aprovados (R$)

CT-INFRA 2010/ FINEP 6.702.278,00

Fundação Araucária/ FINEP/ PRONEX(1) 1.916.578,90

CAPES (pró-equipamentos) 2.640.000,00

Edital Universal do CNPq(2) 2.015.000,00

CNPq 3.138.156,00

Fundo de Desenvolvimento Acadêmico/ UFPR - FDA(3) 525.000,30

Orçamento da União(4) 175.000,00

TOTAL 17.112.013,20

Fonte: Relatório Atividades UFPR

Notas:(1) PRONEX: corresponde a editais específicos que atendem projetos de pesquisa de excelência, em

parceria com a Fundação Araucária e CAPES.(2) Edital de Projetos de Pesquisa, representando o total estimado dos valores repassados aos professores

pesquisadores da UFPR.(3) Projetos aprovados pelo FDA 2010 de demanda de Fluxo Programado e de demanda de Fluxo

Contínuo - Modalidade Pesquisa e de Integração (contemplando a pesquisa).(4) Programas de Apoio à Participação em Eventos Científ icos - UFPR/TN e de Apoio à Manutenção de

Equipamentos Multiusuários.

A UFPR é uma dais maiores universidades brasileiras, estando entre as cinco maiores

em termos de número de alunos equivalentes. Também tem se destacado na pesquisa, com

uma produção que recebe a cada ano maior reconhecimento nacional e internacional. Na

extensão, possui importantes projetos que a colocam sempre mais próxima da comunidade em

geral. Com um número de alunos de graduação que se aproxima de 30 mil, a preocupação é

constante com as práticas de assistência estudantil, com foco nos alunos cotistas e naqueles

com fragilidade socioeconômica, aumentando a cada ano a aplicação de recursos físicos e

financeiros para tal finalidade.

67

4.2 A VIABILIZAÇÃO DO PNAES ATRAVÉS DO ORÇAMENTO DA UFPR

Assegurar a permanência de estudantes com fragilidade socioeconômica na

universidade é o grande desafio do PNAES, que faz parte de uma política pública maior cuja

diretriz principal é a universalização do ensino superior. Os principais atores envolvidos na

implementação do PNAES são as IFES que através de garantias constitucionais são dotadas

de autonomia acadêmica e financeira.

É na fase de implementação que são produzidos os resultados concretos de uma

política pública, é quando as intenções são transformadas em ações e são diagnosticados

problemas de formulação, como objetivos mal descritos ou não factíveis. A análise desta fase

do ciclo de políticas públicas requer o estudo de elementos básicos como organizações,

pessoas, instituições vigentes (regras formais e informais) e recursos sejam políticos,

materiais ou financeiros. (SECCHI, 2010)

Considerando que os gestores das IFES assumem seu papel principal como gestores

públicos, que seja de transformar objetivos políticos em ações concretas de assistência

estudantil, conforme diretrizes do PNAES e assegurando o cumprimento de critérios de

economicidade, eficiência, eficácia e equidade, cabe discorrer sobre o processo orçamentário

federal pois é através da Lei Orçamentária Anual que são assegurados os recursos financeiros

necessários à implementação de qualquer política pública.

4.2.1 O ORÇAMENTO PÚBLICO

O Orçamento, seja público ou privado, é um instrumento de planejamento. Deve

conter a previsão de ingresso de receita e a fixação da despesa, mas acima de tudo, refletir o

programa de trabalho do ente proponente e permitir acompanhamento e controle da execução.

O conceito de Orçamento Público tem passado por constantes evoluções ao longo do

tempo, dado as variações ocorridas em suas funções e seus múltiplos aspectos: político,

jurídico, contábil, econômico, financeiro, administrativo. Sendo que, a distinção entre

Orçamento Tradicional e Orçamento Moderno colabora no entendimento dessa evolução

conceitual. (GIACOMONI, 2000).

O Orçamento Tradicional tinha como função principal o controle político. Surgiu

formalmente em 1822, na Inglaterra. Em tempos de forte liberalismo econômico, se buscava

assegurar o equilíbrio financeiro e controlar a expansão dos gastos, sendo o Orçamento um

instrumento de fácil visualização das receitas e despesas, sem grande importância econômica,

68

visto que os gastos do governo não representavam grande volume de recursos. Por outro lado,

tinha relevante importância jurídica, recebendo o status de lei.

O Orçamento Moderno surge pouco antes do final do século XIX, quando o Estado

passa a ser agente interventor, corrigindo distorções criadas pelas leis de livre mercado e

impulsionando o desenvolvimento. Não bastava mais apenas a previsão de receita e a fixação

da despesa, o orçamento precisava tornar-se um instrumento de administração, servindo para

planejamento, execução e controle das políticas de governo. Segundo Burkhead (1971,

p.77):

O orçamento reflete e molda, ao mesmo tempo, a atividade econômica de uma nação. Não é um instrumento passivo. As receitas do setor público provocarão efeitos específicos nos níveis da renda e da atividade econômica do setor privado. As despesas do setor público exercerão influência nos tipos de atividade econômica realizadas no setor privado, e determinarão, em parte, o nível da atividade econômica global. O orçamento é, portanto, muito mais do que um simples plano de administração do setor governamental.

No Brasil, o advento da LRF - Lei de Responsabilidade Fiscal, no ano 2000, trouxe

mudanças radicais para a forma como o Orçamento Público é elaborado, mas principalmente,

mudanças quanto a execução e acompanhamento das despesas. A LRF passou a imputar

responsabilidades ao gestor público, de forma que, o Orçamento passou a ser visto não mais

como uma mera formalidade, muitas vezes, denominada de peça de ficção científica, mas

como um instrumento de viabilização dos programas e objetivos do Governo, enfatizando

não apenas o acompanhamento da execução financeira, mas também da execução das metas

físicas.

O Orçamento Público prevê a elaboração e execução de três leis: O PPA - Plano

Plurianual , a LDO - Lei de Diretrizes Orçamentárias e a LOA - Lei Orçamentária Anual. São

essas leis que, na prática, tornam possível a realização das políticas públicas. Machado Jr. e

Reis (1995, p.11) afirmam:

O orçamento não pode aparecer como subproduto do planejamento nem da contabilidade. Na prática, deve operar como ferramenta de ligação entre os sistemas de planejamento e finanças. Com isto torna possível a operacionalização dos planos, porque os monetariza, isto é, coloca os planos em função dos recursos financeiros disponíveis.

A elaboração do Orçamento Público deve ser orientada por princípios orçamentários

definidos nas normas jurídicas:

Unidade: Cada ente governamental deve elaborar apenas um orçamento;

Universalidade: O Orçamento deve conter todas as receitas e despesas do ente;

69

Anualidade: Período de vigência do Orçamento, no caso brasileiro, coincide com o

ano civil;

Exclusividade: Este princípio prevê que a Lei Orçamentária Anual não conterá

dispositivos estranhos às receitas previstas e despesas fixadas;

Orçamento Bruto: Prevê que todas as receitas e despesas terão como base o valor

bruto, sem quaisquer deduções;

Não Vinculação da Receita de Impostos: Com exceção das vinculações previstas na

Constituição, é vedada a vinculação de receita de impostos à órgão, fundo ou despesa.

Esses princípios visam, acima de tudo, assegurar racionalidade, eficiência e

transparência nos processo de elaboração, execução, acompanhamento e controle das receitas

e despesas públicas. (MACHADO JR. e REIS, 1995)

A forma como o Orçamento é apresentado, publicizado, nos meios de comunicação

oficiais, muitas vezes, é classificada como de pouca ou nenhuma compreensão para aqueles

que não estão vinculados às áreas orçamentária e financeira dos entes federados. Contudo, é

utilizada uma forma de classificação estruturada, que apesar de requerer conhecimento

específico, fundamentalmente objetiva atender as demandas por informações relacionadas às

finanças públicas seja por parte do poder público ou da sociedade em geral.

Concluindo, o Orçamento Público é uma lei de iniciativa do Executivo, submetida a

avaliação e votação do Legislativo e sancionada pelo Executivo. Trata-se de uma lei de

caráter autorizativo, ou seja, nem sempre as despesas e receitas, então previstas, se realizam.

Pode haver frustração na arrecadação e consequentemente, cortes nas despesas, também

denominados contingenciamentos. O orçamento como instrumento de planejamento, ganha

importância a cada exercício, dado o impacto crescente dos gastos governamentais na

economia e a demanda da sociedade por transparência na elaboração do orçamento e

execução dos recursos públicos.

O PPA 2012-2015 em relação ao Plano anterior teve sua estrutura e forma de

apresentação alteradas de forma a refletir as políticas públicas do atual governo federal.

Políticas essas, que buscam aliar crescimento econômico e redução das desigualdades sociais

e regionais, buscando assegurar desenvolvimento sustentável. Denominado Plano Mais Brasil

- Lei nº12.593 de 18/01/2012, o plano foi estruturado a partir da dimensão estratégica, dando

origem a programas que congregam os desafios e compromissos do governo para o período.

Os programas são divididos em Programas Temáticos e Programas de Gestão,

Manutenção e Serviços ao Estado. Os Temáticos orientam a entrega de bens e serviços à

70

sociedade e os de Gestão dizem respeito as ações de manutenção das atividades

governamentais, sendo que os Temáticos trazem objetivos, indicadores, valor global e valor

de referência. (MPOG, 2011)

Os objetivos indicam o que deve ser feito e tem seu alcance medido através das metas,

sejam qualitativas ou quantitativas. Derivadas dos objetivos, estão as iniciativas, que quando

dependem de financiamento orçamentário, estarão vinculadas as ações orçamentárias. Podem

também ser iniciativas dependentes apenas de ações normativas e institucionais. Em ambos os

casos, as iniciativas expressam como as políticas serão concretizadas, definindo agentes,

instrumentos, formas de seleção dos beneficiários e relações federativas. (MPOG, 2011)

As ações orçamentárias passaram a ser detalhadas apenas na LOA – Lei Orçamentária

Anual, diferentemente do que ocorria antes, quando também constavam do PPA, levando a

uma sobreposição dos instrumentos. A grande inovação do atual PPA são os objetivos, pois

expressam as escolhas feitas para implementação de determinada política pública. De modo

geral, o novo modelo de elaboração do PPA buscou contemplar toda a diversidade de políticas

públicas e suas relações de complementariedade e transversalidade, focando nas mudanças na

vida do cidadão e não no volume de insumos. Da mesma forma que ocorreu na fase de

elaboração, a gestão do plano exige forte comunicação entre governo federal, órgãos

executores, entes federados e sociedade civil. O atual esquema de estruturação do PPA pode

ser melhor visualizado no esquema a seguir:

•ESTRUTURA DO PPA CONTEÚDO RESPONSÁVEIS

DIMENSÃO ESTRATÉGICA

PROGRAMAS

OBJETIVOS

INICIATIVAS

AÇÕES

Visão de Futuro, Valores e Macro desafios

Caracterização, Indicadores e Valor Global

Caracterização, Órgão Responsável, MetaGlobal e Regionalizada

Entrega de bens e serviços à sociedade, resultantes da coordenação de ações orçamentárias e não-orçamentárias

Vinculam-se aos Programas, mas são detalhadas apenas nos orçamentos anuais

Definição Global pela Presidenta.Planejamento e Fazenda coordenam o desdobramento:•Estratégia de Desenvolvimento•Cenários (Mundo, Brasil e Macrorregiões)

Ministérios com consolidação peloMinistério do Planejamento

Fonte: Adaptado de Plano Mais Brasil e SPO/MEC.

71

Fazendo o link entre o PPA e a LOA está a LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias,

que estabelece as metas e prioridades para o exercício financeiro seguinte, define as normas

para elaboração do orçamento, dispõe sobre alteração na legislação tributária e estabelece a

política de aplicação das agências de fomento. Resumidamente, pode-se dizer que o que não

está na LDO não estará no orçamento. (MTO, 2012)

A Lei de Responsabilidade Fiscal atribuiu a LDO a responsabilidade de tratar de

outras matérias como o estabelecimento das metas fiscais, fixação de critérios para limitação

de empenho e movimentação financeira, avaliação financeira do regime de previdência e do

fundo de amparo ao trabalhador e avaliação dos riscos fiscais.

A LOA é composta pelo orçamento fiscal, orçamento da seguridade social e

orçamento de investimentos das estatais. Traz a previsão da receita e autorização da despesa

anual. As alterações na LOA poderão ser efetuadas através dos Créditos Adicionais:

• Créditos Especiais - destinados a despesas, para as quais não haja dotação

orçamentária específica, devendo ser autorizados por lei;

• Créditos Extraordinários - destinados a despesas urgentes e imprevisíveis (guerra,

calamidade pública). Serão abertos por Medida Provisória, no caso federal;

• Créditos Suplementares: destinados a reforço de dotação orçamentária existente na

LOA, que poderá conter autorização ao Poder Executivo para abertura de créditos

suplementares até determinada importância ou percentual, sem a necessidade de

submissão do crédito ao Poder Legislativo. (MTO, 2012)

Considerando que o tema central do presente trabalho é o PNAES – Programa

Nacional de Assistência Estudantil, no período 2008 a 2011, a assistência estudantil se

materializou por meio da ação orçamentária de código 4002 – Assistência ao Educando do

Ensino de Graduação, vinculada ao programa 1073 – Brasil Universitário, tendo como

finalidade de apoiar os estudantes do ensino de graduação, oferecendo assistência alimentar,

incluindo a manutenção de restaurantes universitários, auxílio alojamento, incluindo

manutenção de casas de estudantes, auxílio transporte, e assistência médico-odontológica. A

meta física estabelecida como produto (bem ou serviço) era Aluno Assistido, sendo o seu

quantitativo estimado individualmente por cada IFES no momento da elaboração da proposta

orçamentária de cada exercício.

A partir de 2012, conforme PPA 2012-2015, as ações de assistência estudantil

praticadas no âmbito das IFES passaram a ser vinculadas ao programa 2032 - Educação

72

Superior: Graduação, Pós-Graduação, Ensino, Pesquisa e Extensão, com a finalidade de

promover a permanência do estudante em nível de graduação, evitando a evasão e a retenção

nas universidades, por meio de ações que contemplem os estudantes do ensino superior,

inclusive estrangeiros, e o acesso pleno de pessoas com deficiência às instituições de ensino

superior. . (MPOG, 2011)

4.2.2 A EVOLUÇÃO DO PNAES NO ORÇAMENTO DA UFPR

Quanto ao aspecto orçamentário, a UFPR está consignada na LOA - Lei Orçamentária

Anual como UO - Unidade Orçamentária - 26241. Com um orçamento de aproximadamente

R$ 1 bi em 2012 a UFPR tem um dos maiores orçamentos do Estado do Paraná, ficando em

posição inferior apenas ao Governo do Estado, Prefeitura de Curitiba e Prefeitura de

Londrina. A evolução orçamentária, bem como a evolução do aporte orçamentário para

atendimento do PNAES na UFPR podem ser analisados com base na tabela e gráficos a

seguir: Tabela 4G - Orçamento inicial e executado da UFPR - 2009 a 2013 R$ mil

GRUPO DE DESPESA Orçamento 2013

Inicial Executado Inicial Executado Inicial Executado Inicial Executado Inicial

TESOURO NACIONAL

PESSOAL ATIVO E INATIVO 379.487 577.080 523.999 620.326 589.303 684.617 672.074 718.326 688.713

BENEFÍCIOS E ESPECÍFICOS 21.242 11.922 21.317 24.426 25.050 24.065 29.381 25.113 25.130

MANUTENÇÃO 84.042 93.338 125.733 112.420 154.610 138.411 164.343 156.824 155.087

PNAES 8.057 6.476 10.442 9.964 12.209 11.107 14.806 14.432 15.558

OCC - Outros Custeios e Capital 75.985 86.862 115.291 102.456 142.401 127.304 149.537 142.392 139.529

SUB-TOTAL 484.771 682.340 671.049 757.172 768.963 847.093 865.798 900.263 868.930

RECURSOS PRÓPRIOS

OUTROS CUSTEIOS 13.701 16.460 42.357 25.924 44.364 28.347 46.733 25.135 61.545

CAPITAL 5.550 6.682 11.892 4.763 9.000 4.517 10.459 5.719 25.000

SUB-TOTAL 19.251 23.142 54.249 30.687 53.364 32.864 57.192 30.854 86.545

TOTAL GERAL 504.022 705.482 725.298 787.859 822.327 879.957 922.990 931.117 955.475

Fonte: UFPR/PROPLAN

Orçamento 2009 Orçamento 2010 Orçamento 2011 Orçamento 2012

Gráfico 4F -Evolução do orçamento da UFPR, por grupo de despesa - 2009 a 2013

Fonte: UFPR/PROPLAN

-

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1.000

2009 2010 2011 2012 2013

Milhares

TESOURO NACIONAL - MANUTENÇÃO

PESSOAL E BENEFÍCIOS

RECURSOS PRÓPRIOS

ORÇAMENTO TOTAL

73

Gráfico 4G - Orçamento total da UFPR, por grupo de despesa, em percentual - 2009 a 2013

Fonte: UFPR/PROPLAN

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2009 2010 2011 2012 2013

79%75% 75% 76% 75%

17%17% 19% 18%

16%

4%8% 6% 6% 9%

PESSOAL E BENEFÍCIOS TESOURO NACIONAL - MANUTENÇÃO RECURSOS PRÓPRIOS

Podemos observar a variação notadamente ascendente quando analisamos os

orçamentos iniciais e executados no período 2009 a 2013. Isso reflete o impacto orçamentário

da retomada das negociações salariais entre Governo, docentes e técnico-administrativos, bem

como, a implementação do programa REUNI que assegurou a expansão e reestruturação das

IFES. Ademais, há uma constante busca por fontes alternativas de financiamento, sendo a

cada ano são implementadas ações junto aos parlamentares a fim de consignar emendas

orçamentárias em favor da instituição na Lei Orçamentária Anual. No que tange os recursos

próprios, há um esforço para assegurar a continuidade e ampliação dos cursos de

especialização lato sensu e fomentar a arrecadação de recursos de convênios junto a

instituições estaduais e nacionais que financiam projetos de pesquisa.

Apesar do considerável volume de recursos aportados anualmente para a UFPR no

Orçamento Geral da União, apenas um percentual que variou de 16% a 19% no período 2009

a 2013 é administrável, ou seja, constitui a parte do orçamento destinada a manutenção da

Instituição, também denominada entre os dirigentes das IFES como OCC - manutenção. Esses

recursos são destinados em sua maioria para assegurar toda uma gama de serviços

terceirizados (vigilância, limpeza, portaria, conservação predial, etc.) além das despesas com

água, saneamento, energia elétrica e telefonia. Também a maioria dos investimentos em

equipamentos e expansão física são assegurados dentro desse percentual.

Na análise aqui apresentada, incorporados aos recursos de OCC - Manutenção, estão

também os recursos direcionados para ações de assistência estudantil na UFPR, que se

74

constituem basicamente nos recursos do PNAES. A seguir, podemos observar quão

significativa é a participação do PNAES no volume de recursos que de certa forma são menos

"engessados" quando fala-se em administração orçamentária nas IFES, uma vez que, recursos

destinados para despesas de pessoal e benefícios não sofrem grandes interferências em função

de ações institucionais das IFES, mas sim influências legais e de políticas nacionais.

Gráfico 4H - Participação do PNAES no orçamento de manutenção da UFPR, tesouro nacional, em percentual - 2009 a 2013

Fonte: UFPR/PROPLAN

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

2009 2010 2011 2012 2013

90% 92% 92% 91% 90%

10% 8% 8% 9% 10%

OCC PNAES

É incontestável a ampliação e melhoria das ações de assistência estudantil após a

incorporação no orçamento da UFPR dos valores do PNAES, em 2009. Nos exercícios de

2007 e 2008 já houve disponibilização de recursos orçamentários do PNAES em favor da

UFPR, mas através de descentralizações da SESU - Secretaria de Ensino Superior do MEC.

A partir de 2009, com os recursos do PNAES alocados diretamente na LOA da UFPR,

foi possível maior autonomia e planejamento da execução orçamentária. Esses recursos

permitiram alavancar consideravelmente o programa de bolsas direcionadas a permanência e

conclusão do curso dos alunos com fragilidade socioeconômica, bem como, a

institucionalização de novas formas de apoio ao aluno com fragilidade socioeconômica,

desonerando as outras fontes de recursos, antes utilizadas para esta finalidade, para aplicação

nas demais políticas institucionais direcionadas aos estudantes e comunidade acadêmica de

forma geral. Uma pequena variação de um exercício para o outro no período 2009 a 2013 na

participação do PNAES no orçamento de manutenção da UFPR, fontes do Tesouro Nacional é

decorrente de ajuste na matriz de distribuição dos recursos entre as IFES.

75

A expectativa orçamentária em relação ao PNAES é de recursos crescentes de forma a

assegurar a continuidade e ampliação das ações institucionais, objetivando atender a um

número de alunos ingressantes também crescente, em função das políticas governamentais de

ampliação do acesso ao ensino superior, e que necessitam de apoio nas mais variadas formas e

não apenas financeiro, para que tenham condições acadêmicas e qualidade de vida para

concluir seu curso de graduação com êxito e dentro dos prazos regulamentares.

76

5 AS AÇÕES DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL INSTITUCIONALIZADAS

PELA UFPR PARA ATENDIMENTO AOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO

De acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional da UFPR para o período

2012-2016 (UFPR, 2012), entre as ações estruturantes voltadas para a melhoria do

atendimento ao corpo discente com foco na permanência estão, entre outras:

a) continuidade da implementação do Plano de Metas de Inclusão Racial e Social (Resolução

37/04 COUN) com vista a atender os princípios constitucionais de formulação de políticas

para redução da pobreza e desigualdades sociais e democratização do acesso ao ensino

superior;

b) avaliação do acesso e permanência do aluno cotista dando sequencia ao acompanhamento

pedagógico aos alunos indígenas, deficientes, afrodescendentes e com fragilidade

socioeconômica;

c) ampliação do PROBEM – Programa de Benefícios Econômicos para a Manutenção dos

Estudantes de Graduação e Ensino Profissionalizante que objetiva garantir as condições

básicas necessárias à manutenção dos estudantes com fragilidade socioeconômica, na sua

trajetória acadêmica;

d) continuidade do programa de apoio a eventos visando apoiar os estudantes a participarem

de eventos que contribuam para sua formação;

e) implantação do programa de apoio à aquisição de material pedagógico para atendimento

aos estudantes com fragilidade socioeconômica na compra de materiais necessários a sua

formação;

f) manutenção do transporte intercampi assegurando aos estudantes um deslocamento

eficiente e seguro;

g) estabelecimento de ações articuladas para combate ao baixo desempenho e evasão com a

manutenção e consolidação do sistema SAT – Sistema de Acompanhamento e Tutoria do

Fluxo Acadêmico;

h) manutenção do programa de apoio psicossocial (psicólogos, pedagogos e assistentes

sociais) aos discentes que procuram os serviços de forma espontânea ou por indicação do

sistema SAT por apresentarem dificuldades no rendimento escolar;

i) manutenção e consolidação do programa de nivelamento escolar direcionado aos alunos

com baixo desempenho;

j) manutenção do suporte à formação profissional com a oferta de cursos de informática e de

línguas estrangeiras aos estudantes, preferencialmente àqueles com fragilidade

77

socioeconômica, e ampliação das oportunidades de mobilidade acadêmica nacional e

internacional;

l) estimular reformas curriculares buscando não só a revisão dos conteúdos e metodologias de

ensino, mas a adequação da grade horária para um único turno, de forma a facilitar a

permanência do estudante;

m) manutenção do programa de assistência à saúde, apoio as entidades estudantis e incentivo

às práticas de esporte e lazer;

n) estimular a disseminação da cultura e ações de cidadania, incluindo a criação de um Centro

de Eventos e Pontos de Cultura nos diferentes campi;

o) criação de um sistema de acompanhamento de egressos. (UFPR, 2012)

Todas essas ações somadas e combinadas com uma outra infinidade de medidas já em

implementação estão focadas na inclusão social, contribuindo com o desenvolvimento

regional e reforçando o compromisso social da UFPR de proporcionar condições de acesso e

permanência, preservando a qualidade da formação profissional de seus estudantes. (UFPR,

2012)

5.1 CRIAÇÃO DA PRAE - PRÓ-REITORIA DE ASSUNTOS ESTUDANTIS

Em 12 de outubro de 2007, teve início na UFPR a tramitação do processo

administrativo que propunha a criação da PRAE - Pró- Reitoria de Assuntos Estudantis, em

atendimento ao Plano de Gestão 2006-2010 e capitaneado pela Assessoria de Assuntos

Estudantis e pelo DCE - Diretório Central dos Estudantes.

Pela estrutura organizacional até então vigente, existia uma Unidade de Assuntos

Estudantis, subordinada a Coordenadoria de Assuntos Comunitários, que compunham a

PRHAE - Pró-Reitoria de Recursos Humanos e Assuntos Estudantis , que por sua vez, foi

desmembrada em 2006 e transformada em Assessoria de Assuntos Estudantis, vinculada ao

Gabinete do Reitor, constituindo-se em Unidade Orçamentária e com estrutura funcional

ampliada, já indicando a necessidade de atendimento mais focado nas demandas estudantis e

interesses exclusivos da comunidade discente. (http://www.prae.ufpr.br/links/pro_reitoriahtm)

A proposta, à época, apresentada ao Conselho de Planejamento e Administração da

UFPR foi de transformar a Assessoria de Assuntos Estudantis em Pró-Reitoria. apresentando

a seguinte motivação:

• O fortalecimento da assistência estudantil em âmbito nacional, com a aprovação do

PNAES;

78

• O compromisso da ANDIFES como a inclusão e permanência dos estudantes das

Universidades Públicas;

• O arcabouço legal vigente, como a CF/88 que preconiza a educação como dever do

Estado e o princípio de igualdade de condições de acesso e Permanência na escola;

• A LDB/96 que determina que a prática do ensino deverá ter como base os princípios

de igualdade de acesso e permanência, englobar processos formativos e vincular a

educação escolar, com o trabalho e as práticas sociais;

• A Lei 10.861/2004 que instituiu o SINAES, que determina que a avaliação das IES

objetivará identificar o perfil e significado de sua atuação considerando as diferentes

dimensões institucionais, inclusive a responsabilidade social da IES em relação a

inclusão social e as ações de atendimento aos estudantes, inclusive egressos;

• O Decreto 6.096/2007 que instituiu o REUNI que tem como objetivo a ampliação do

acesso e das condições de permanência na Educação Superior, apontando como uma

de suas diretrizes a ampliação das políticas de inclusão e assistência estudantil;

• A necessidade de reflexão e revisão das práticas institucionais com base na visão da

assistência estudantil como direito legalmente assegurado, indutor do exercício da

cidadania e de ações de transformação social;

• A necessidade de criação de mecanismos de redução das desigualdades

socioeconômicas entre os alunos ingressantes nas IFES, com vistas a democratização

do ensino superior, não apenas em relação ao ingresso, mas principalmente em relação

a permanência e conclusão do curso com sucesso e qualidade daqueles estudantes

oriundos de famílias menos favorecidas financeiramente.

Pautado pela missão institucional da UFPR - Gestão 2006-2010, de

"fomentar,construir e disseminar o conhecimento, contribuindo para a formação do cidadão e

desenvolvimento humano sustentável "e por seu "comprometimento com a construção do

saber e formação de profissionais competentes e compromissados socialmente", o Conselho

Universitário decidiu-se em Março de 2008 pela criação da PRAE, com consequente alteração

do Estatuto da UFPR cujo Art. 31 passou a vigorar com a seguinte redação:

Art. 31 A Reitoria contará com sete pró-reitorias, para desempenharem atividades relacionadas com a administração universitária, mediante delegação de poderes do Reitor. Parágrafo Único – Os pró-reitores serão nomeados pelo Reitor, para cada uma das seguintes áreas: I- graduação; II- pesquisa e pós-graduação; III- extensão e cultura;

79

IV- gestão de pessoas; V- planejamento, orçamento e finanças; VI- administração; e VII- assuntos estudantis. (http://www.ufpr.br/soc/pdf/Estatuto_da_UFPR.pdf)

Dentre as atuais diretrizes operacionais da PRAE, encontram-se:

O desenvolvimento e acompanhamento de programas de apoio e ações que contemplem uma abordagem integral, onde a assistência não fique restrita à manutenção e sobrevivência do aluno na instituição, mas que contribua efetivamente para a sua formação individual e global, considerando os aspectos: -Humanização Assistência baseada no desenvolvimento de ações que propiciem momentos de reflexão sobre questões que causem desconforto, como preconceito, discriminação, pressão e competitividade entre acadêmicos, e, conscientização do direito de dedicar um período de tempo às atividades que proporcionem bem estar físico e mental ao estudante. - Integração Realização de ações que propiciem maior interação e integração política e acadêmica entre os estudantes dos vários campi da universidade, de outras universidades e de outros segmentos, como, a implantação de pontos de cultura, realização de festivais de cultura, semanas acadêmicas, jogos, gincanas e campeonatos esportivos. - Assistência Visa garantir as condições mínimas para a permanência do estudante na universidade, através da participação em programas de assistência, que colaborem na superação das deficiências financeiras e de acesso à atividades que contribuam e enriqueçam sua formação. (http://www.prae.ufpr)

5.2 PROBEM - PROGRAMA DE BENEFÍCIOS ECONÔMICOS PARA MANUTENÇÃO

AOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO E ENSINO PROFISSIONALIZANTE DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ.

Na UFPR, o conjunto de ações de assistência estudantil que resultam em benefício

econômico direto ao estudante denomina-se PROBEM - Programa de benefícios econômicos

para manutenção aos estudantes de graduação e ensino profissionalizante da Universidade

Federal do Paraná. (http://www.prae.ufpr.br/probem/probem.html)

Gerenciado pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PRAE, por intermédio da

Coordenadoria de Assistência Estudantil – CAE, o PROBEM destina-se aos estudantes

regularmente matriculados nos cursos de graduação e ensino profissionalizante da UFPR,

tendo como critério seletivo a fragilidade econômica. Com caráter sócio-educativo, visa

contribuir com as condições básicas para o custeio da vida acadêmica colaborando de forma

significativa para a formação profissional do estudante, buscando sua participação em

atividades formativas. Tem como objetivo garantir as condições mínimas para a permanência

do estudante na Instituição promovendo uma trajetória acadêmica com qualidade, de acordo

80

com o estabelecido pelo Decreto no 7.234, de 19 de julho de 2010, que dispõe sobre o

Programa Nacional de Assistência Estudantil - PNAES.

O PROBEM foi regulamentado pela UFPR em 29 de julho de 2009, através Resolução

31/09, do Conselho de Planejamento e Administração – COPLAD, visto que a UFPR, como

diversas outras IFES, já desenvolvia ações de assistência estudantil anteriores a edição do

Decreto que trata do PNAES. O Programa é baseado no incentivo, apoio e acompanhamento

do estudante, em suas múltiplas demandas, ao longo de sua trajetória acadêmica, através de

ações efetivas nas áreas: social, cultural, técnico-científica, política e esportiva.

Na UFPR, constatou-se uma mudança significativa no perfil socioeconômico dos

estudantes após a implantação das políticas afirmativas de ingresso de estudantes de no

processo Seletivo, além do Vestibular dos Povos Indígenas e a inclusão de candidatos que

concorrem às vagas previstas a pessoas com deficiência física. Isto ocasionou aumento da

demanda ao PROBEM, com um número elevado de procura pela Bolsa Permanência, bem

como Auxílio Refeição e Auxílio Moradia. A partir de 2011, observou-se, também, a

demanda dos estudantes que ingressaram mediante o SISU - Sistema de Seleção Unificada.

O PROBEM é constituído pelos seguintes benefícios, isolados ou em composição:

a) Bolsa Permanência: visa oferecer condições básicas para o custeio da vida

acadêmica;

b) Auxílio Refeição: visa oferecer acesso gratuito aos restaurantes universitários em

todas as refeições;

c) Auxílio Moradia: visa oferecer subsídio financeiro para assegurar moradia aos

estudantes que não residem na localidade em que seu curso é ofertado.

Os bolsistas do programa são selecionados conforme perfil socioeconômico avaliado

mediante questionário on-line preenchido no momento da inscrição. Adicionalmente, pode ser

realizada entrevista com o estudante requisitante do benefício no momento da entrega física

dos documentos na PRAE e ainda, em determinados casos, visita in loco em seu local de

moradia. (http://www.ufpr.br/soc/coplad_resolucoes.php?conselho=COPLAD)

A evolução do PROBEM em termos quantitativos é apresentada a seguir, bem como, o

número de inscritos e classificados no último exercício. Em termos gerais, o número de bolsas

permanência, auxílio a moradia, auxílio refeição e apoio a mobilidade tiveram uma variação

de praticamente nove vezes no período de 2008 a 2012 passando de 566 bolsas para

aproximadamente 5 mil bolsas. (UFPR, 2013)

81

Tabela 5A - Evolução do número de bolsas do Programa de Assistência Estudantil UFPR - 2008 a 2012Modalidade Bolsas

2008 2009 2010 2011 2012

Bolsa Permanência 566 895 1.150 1.600 2.400

Bolsa Auxílio Moradia - 152 546 600 900

Bolsa Apoio à Mobilidade - 47 57 20 9

Auxílio Refeição - 570 764 1.064 1.596

TOTAL 566 1.664 2.517 3.284 4.905Fonte: Relatório Atividades UFPR 2012 Tabela 5B - Bolsas do Programa de Assistência Estudantil - 2012

OUTRAS

Bolsas PermanênciaAuxílio

MoradiaAuxílio

RefeiçãoMobilidade

PRAETOTAL

Inscritos 2.931 1.541 2.410 25 6.907

Indeferidos 196 113 133 9 451

Classificados 2.624 1.484 2.593 16 6.717

Estudantes Beneficiados 2.454 1.115 2.256 9 5.834

Em lista de espera 170* 369 337 7 713

Fonte: Relatório Atividades UFPR 2012

PROBEM

*Deste número 135 alunos referem-se à lista de espera do PROGRAMA 2011, os outros 35 referem-se à lista de espera do PROGRAMA 2012, porém esses alunos de 2012 não foram chamados por possuírem renda per capita superior a um salário mínimo e meio.

Em termos de avaliação e controle do PROBEM, a UFPR através da Unidade de

Apoio Psicossocial da Pró-Reitora de Assuntos Estudantis, emite relatório semestral de

acompanhamento do rendimento acadêmico dos bolsistas, visando assegurar ao estudante

beneficiado não apenas apoio no custeio de suas necessidades enquanto graduando, mas

também, uma formação de qualidade com índices de rendimento acadêmico satisfatórios.

Segundo relatório da PRAE (2010/2011), "A análise do rendimento de cada bolsista

inicia-se através da verificação do histórico escolar disponibilizado no Sistema de

Informações para o Ensino - SIE. Posteriormente são realizadas algumas convocações e

atendimentos individuais, respeitando a privacidade de cada acadêmico".

Conforme Resolução 31/09-COPLAD/UFPR, para manter-se no PROBEM o

estudante precisa estar matriculado e cursando as disciplinas da etapa curricular ou estar sob

acompanhamento da equipe de acompanhamento acadêmico do curso e a de Apoio

Psicossocial da PRAE.

O estudante será desligado da Bolsa Permanência se não obtiver aprovação em no

mínimo 75% (setenta e cinco por cento) das disciplinas cursadas na etapa curricular, podendo

continuar com os demais benefícios do PROBEM. Contudo, o estudante será desligado do

PROBEM em caso de reprovação na mesma disciplina em duas etapas curriculares

consecutivas e em caso de cancelamento de disciplinas por duas etapas curriculares

consecutivas. Ademais, a concessão de benefícios será suspensa no caso de não cumprimento

82

das normas do PROBEM ou se o aluno infringir o Regimento da UFPR.

(http://www.ufpr.br/soc/coplad_resolucoes.php?conselho=COPLAD)

Os alunos que apresentam aprovação inferior ao estabelecido são contatados pela

PRAE e alguns convocados para entrevistas, onde são diagnosticados os fatores que estão

comprometendo seu desempenho. Fatores esses, que vão desde defasagem de aprendizagem

no Ensino Médio, passando por problemas de saúde pessoal ou na família , até problemas de

ordem psicológica e emocional. Portanto, nem sempre o baixo desempenho está relacionado a

problemas financeiros.

De acordo com a PRAE e com base no último relatório de acompanhamento do

rendimento dos bolsistas - 1º Semestre Letivo 2012, portanto estudantes que compõe a

amostra utilizada neste trabalho de pesquisa, todos os alunos que apresentaram menos de 40%

de aprovação foram convocados para entrevistas individuais. Com base nas justificativas

apresentadas para o baixo desempenho, a Comissão designada para tal avaliação decidiu pela

continuidade ou não do aluno no PROBEM. Os demais bolsistas com aprovação entre 40% e

75% foram comunicados via e-mail sobre seu baixo desempenho e alertados que a equipe

da PRAE está a disposição para auxiliá-los a superar essa problemática.

Portanto, a análise sobre a continuidade ou exclusão do aluno do PROBEM é realizada

caso a caso, sendo que alguns alunos são excluídos e outros passam a ser acompanhados mais

diretamente pela equipe da Unidade de Apoio Psicossocial que presta-lhes apoio pedagógico,

psicológico e/ou de caráter social.

5.2.1 BOLSA PERMANÊNCIA

A Bolsa Permanência possibilita apoio financeiro aos estudantes com fragilidade

socioeconômica da Instituição e consiste na oferta de bolsa de caráter sócio-formativo no

valor de R$ 378,00 (Trezentos e setenta e oito reais), tomando por base o ano-calendário

2012, pelo período de 12 meses. No desenvolvimento do programa existe uma contrapartida

de atividades realizadas pelo bolsista, que totalizam 12 horas semanais. Estas atividades

devem ser em áreas formativas, ou seja, que promovam melhor formação acadêmica na área

do curso do referido bolsista através de sua participação em elaborados por professores ou

técnicos com nível superior, que farão o acompanhamento do estudantes durante o período da

bolsa. A Bolsa Permanência tem como objetivo garantir as condições mínimas para a

permanência do estudante na Instituição contendo os índices de evasão.

(http://www.prae.ufpr.br/probem/bolsa_permanencia.htm)

83

Em 2012, o número de estudantes com fragilidade socioeconômica beneficiados com a

Bolsa Permanência foi de 2.454, para uma demanda de 2.931 inscritos, sendo que 196

inscrições foram indeferidas. Uma característica do preenchimento das bolsas ofertadas é que

alguns estudantes deixam o programa, pois ao participar do mesmo, tem a oportunidade de

conhecer e concorrer a diferentes modalidades de bolsas, como: Monitoria, Iniciação

Científica, Extensão, PET, estágio não obrigatório, além daqueles aptos a formatura. Assim,

estudantes, classificados, porém em lista de espera, passam a integrar o programa. (UFPR,

2013)

A Bolsa Permanência é a única modalidade de bolsa (além dos Auxílios Moradia e

Refeição) que beneficia os calouros da UFPR. Outros Programas de Bolsas na UFPR

pressupõe pré-requisitos, em sua grande maioria critérios meritocráticos, tendo como

exemplo: o IRA (Índice de Rendimento Acadêmico), aprovação em determinadas disciplinas,

além de exames de seleção, fatores impeditivos para a participação dos calouros.

5.2.2 AUXÍLIO REFEIÇÃO

Visa oferecer aos alunos com fragilidade socioeconômica acesso aos Restaurantes

Universitários da UFPR, com subsídio integral do custo de todas as refeições pelo período de

12 meses. O ressarcimento é efetuado com repasse de recursos orçamentários diretamente aos

Restaurantes Universitários. Toma-se por base o preço praticado pelos RU's de R$ 1,30/aluno

de graduação e pós-graduação, R$ 1,90/técnico-administrativo e funcionário terceirizado e

R$ 2,40/docente. (http://www.prae.ufpr.br/probem/auxilio_refeicao.html)

Conforme dados do Relatório de Atividades UFPR em 2012 foram servidas pelos

restaurantes universitários aproximadamente 1,5 milhão de refeições considerando o Campi

Curitiba, Palotina, Litoral e Centro de Estudos do Mar, representando um crescimento de mais

de 30% em relação ao exercício de 2009. Os Restaurantes Universitários constituem-se em

importante instrumento de satisfação de uma necessidade básica e de convivência

universitária, confirmando sua real função acadêmico-social. (UFPR, 2013)

84

Tabela 5C - Refeições servidas pelos RU's da UFPR, por tipo de clientela - 2009-2012Clientela 2009 2010 2011 2012

Campi CuritibaEstudantes 840.637 927.469 868.557 928.706Servidores Técnico-Administrativos 70.087 121.391 104.535 114.808

Servidores / Funcionários do RU (1) 42.125 44.839 41.656 65.513Servidores Docentes 7.204 11.863 10.217 12.362Outras Instituições (Congressos / Eventos) 3.313 4.201 2.135 3.047SUB TOTAL 963.366 1.109.763 1.027.100 1.124.436 Campus PalotinaEstudantes 22.785 59.962 84.766 114.305 Servidores 217 2.077 4.421 6.287 Servidores Docentes 70 1.112 1.753 1.844 Outras Instituições (Congressos / Eventos) - - - - SUB TOTAL 23.072 63.151 90.940 122.436 Campus UFPR LitoralEstudantes 58.100 64.047 87.271 117.441 Servidores 7.200 8.209 8.686 12.611 Servidores Docentes 4.610 3.631 2.587 3.814 Outras Instituições (Congressos / Eventos) - - - SUB TOTAL 69.910 75.887 98.544 133.866 Campus Centro de Estudos do MarEstudantes 50.150 46.182 63.974 67.501 Servidores 2.713 3.644 2.782 6.175 Servidores Docentes 2.707 2.072 1.743 2.348 Outras Instituições (Congressos / Eventos) - - - - SUB TOTAL 55.570 51.898 68.499 76.024 TOTAL GERAL 1.111.918 1.300.699 1.285.083 1.456.762 Fonte: Relatório de Atividades UFPR 2012

Ressaltamos que, a UFPR já subsidia com recursos de outras fontes, que não o

PNAES, parte do custo das refeições ofertadas à comunidade de forma geral e não apenas aos

alunos com fragilidade socioeconômica, conforme tabela abaixo que demonstra o custo real

estimado das refeições servidas. Tabela 5D- Despesas e custos em valores correntes das refeições servidas nos Restaurantes Universitários da UFPR - Campi Curitiba - 2012 Em R$

MêsNúmero de Refeições

Gêneros Custo 1 C=B/A

Material de Limpeza

Serviço de Manutenção

CombustívelEnergia Elétrica

Água e Esgoto

Serviços de Terceiros

Despesas de

Telefonia

Custo 2 K=(B+D+E+F+G+H+I

+J)/A

Salários Encargos Sociais

(*)Custo 3 N=(B+D+E+F+G+H+I+J+L+M)/A

(A) (B) (C) (D) (E) (F) (G) (H) (I) (J) (K) (L) (M) (N)JAN 11.817 19.502,46 1,65 1.132,55 - 3.658,00 8.385,78 3.660,53 307.017,39 100,00 29,06 230.017,80 31.906,33 51,23

FEV 22.699 51.665,10 2,28 28.233,82 1.244,00 3.540,00 8.801,54 2.499,76 305.225,71 100,00 17,68 215.783,40 29.708,22 28,49

MAR 164.192 283.582,55 1,73 6.559,26 7.462,20 11.446,00 14.917,26 7.415,69 320.995,66 100,00 3,97 229.671,34 32.353,15 5,57

ABR 156.915 269.793,40 1,72 15.515,18 4.079,90 11.092,00 17.906,90 9.219,57 329.188,39 100,00 4,19 220.657,11 20.419,87 5,72

MAI 148.012 261.463,54 1,77 9.274,37 5.719,70 11.800,00 19.100,70 8.433,97 404.592,99 100,00 4,87 235.403,17 32.775,88 6,68

JUN * 21.326 42.916,68 2,01 543,10 2.230,00 2.832,00 15.956,71 7.640,09 390.714,52 100,00 21,71 235.638,92 29.670,70 34,15

JUL * - - - 1.219,27 1.675,00 1.652,00 8.991,66 2.777,63 352.776,44 100,00 - 209.179,09 28.784,65 -

AGO * 13.637 23.232,66 1,70 1.460,65 - 2.914,50 7.410,12 3.224,18 360.268,63 100,00 29,23 215.693,09 30.078,97 47,25

SET 116.687 229.930,50 1,97 21.982,93 - 21.795,70 15.674,77 7.358,93 422.794,47 100,00 6,17 216.517,29 30.298,51 8,28 OUT 167.882 309.625,31 1,84 42.497,76 5.945,92 16.425,54 15.269,02 9.673,62 538.090,21 100,00 5,59 215.702,48 29.567,73 7,05

NOV 184.549 325.273,68 1,76 15.310,22 4.766,54 18.050,48 13.749,24 9.947,28 522.400,88 100,00 4,93 409.116,64 30.980,00 7,31

DEZ 116.720 221.725,40 1,90 - 1.063,05 22.883,70 13.665,45 14.148,19 532.172,64 100,00 6,90 347.327,63 31.434,61 10,15

TOTAL 1.124.436 2.038.711,28 1,81 143.729,11 34.186,31 128.089,92 159.829,15 85.999,44 4.786.237,93 1.200,00 2,30 2.980.707,96 357.978,62 9,53

*Nota 4: Deflagrado greve dos servidores de 11/06 à 27/08/2012

Fonte: Relatório de Atividades UFPR 2012

85

Da mesma forma como ocorre com a Bolsa Permanência, havendo interesse em

desistir da bolsa, o aluno deve assinar o Termo de Desistência, o que permite que estudantes

que encontram-se em lista de espera, sejam contemplado com o Auxílio Refeição. Isso

ocorre, geralmente porque o aluno inicialmente beneficiado passa integrar programas de

estágio remunerado, muitas vezes, recebendo vale-refeição ou mesmo devido as

possibilidades de mobilidade acadêmica.

Em outubro de 2011, fruto do atendimento da pauta de greve dos estudantes, além do

almoço e jantar servidos nos RU’s, em Curitiba, iniciou-se o serviço de café da manhã. No

ano de 2012 todos os RU's da UFPR passaram a servir café da manhã, almoço e jantar.

Em 2012, 2.256 alunos com fragilidade socioeconômica foram beneficiados com o

Auxílio Refeição, sendo que a demanda foi de 2410 estudantes inscritos, embora 133 pedidos

tenham sido indeferidos. (UFPR, 2013)

5.2.3 AUXÍLIO MORADIA ESTUDANTIL

O Auxílio Moradia visa auxiliar nas despesas com moradia dos estudantes que não

residem na localidade em que seu curso é ofertado. O valor do auxílio moradia é depositado

diretamente na conta do beneficiário e para 2012 o valor foi fixado Conselho de Planejamento

e Administração (COPLAD) em R$ 220,00 mensais. Estudos mostram que um percentual

considerável de estudantes se desloca de seu contexto familiar ao ingressar na universidade,

apresentando necessidade de moradia e apoio efetivo.

(http://www.prae.ufpr.br/probem/moradia.htm)

No ano de 2012 houve a distribuição de 1.115 bolsas Auxílio Moradia para um

número de inscritos de 1.541. O auxílio Moradia é distribuído mediante comprovação da

vulnerabilidade econômica aliada ao fato da família do estudante não residir na cidade onde

ocorre o curso, como em Curitiba, Matinhos, Palotina e Pontal do Paraná. Há necessidade de

comprovação mensal do pagamento das mensalidades em Casas de Estudantes ou de aluguéis.

5.3 PROGRAMA DE APOIO À FORMAÇÃO PROFISSIONAL AOS ESTUDANTES DE

GRADUAÇÃO DA UFPR

O Programa de Apoio à Formação Profissional busca oportunizar aos estudantes o

acesso a cursos de Línguas estrangeiras e Informática. É o produto de uma parceria entre a

PRAE e os Setores de Ciências Humanas, Letras e Artes (Curso de Letras), Setor de Educação

(Departamento de Teoria e Prática de Ensino) e Setor de Ciências Exatas (Departamento de

86

Informática). Tem como objetivo proporcionar aos estudantes condições de aperfeiçoamento e

desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional.

(http://www.prae.ufpr.br/formacao/formacao.html)

5.3.1 LÍNGUAS ESTRANGEIRAS

Os cursos são metodologicamente voltados ao aluno em sua vida acadêmica,

assegurando-lhe qualificação e capacitação caso venha a participar de programas de

intercâmbio ou mestrado. São ofertados cursos das seguintes línguas estrangeiras: alemão,

espanhol, francês e inglês. Em 2011, 142 estudantes participaram dos referidos cursos. Um

dos impedimentos apontados pelos estudantes foi o horário dos cursos, tendo em vista que o

deslocamento para o Campus Centro e a incompatibilidade com a grade curricular

inviabilizou a participação de um número maior de estudantes. Estão sendo estudadas

alternativas, como a oferta de Curso de Inglês e/ou Espanhol à distância para os estudantes de

Pontal do Sul e Palotina.

A iniciativa de parceria no Curso de Extensão de Línguas Estrangeiras possibilitou

também, a construção conjunta do Laboratório de Ensino/Aprendizagem de Línguas

Estrangeiras Modernas, com computadores e demais equipamentos financiados com recursos

do PNAES, permitindo aos bolsistas estudarem a respectiva língua estrangeira nos intervalos

das aulas. (http://www.prae.ufpr.br/formacao/cursos_linguas.html)

5.3.2 INFORMÁTICA

Os cursos de informática ofertados buscam aprimorar os conhecimentos dos

estudantes contribuindo para uma melhor qualidade de seu desenvolvimento acadêmico,

possibilitando também capacitação profissional, propiciando ao aluno adquirir conhecimentos

dentro dos padrões exigidos pelo mercado de trabalho. Os cursos trabalham com software

livres e abrangem as área de Montagem e Manutenção, Construção de Sites, Open Office,

havendo a possibilidade de outros cursos serem ofertados de acordo com a demanda

apresentada pelos estudantes.

Em 2011, 90 estudantes participaram de cursos de Informática Básica, Linux,

Montagem de Página de INTERNET e LATEX. O deslocamento ao Campus Politécnico,

Setor de Exatas, onde o curso é ofertado e a compatibilização com a grade curricular da

graduação dificultou a participação de uma maior população.

(http://www.prae.ufpr.br/formacao/cursos_informatica.html)

87

5.3.3 BOLSA INSTRUTOR

Essa bolsa remunera alunos que, mediante edital, são selecionados para lecionar ou

instruir nos cursos de Línguas Estrangeiras, Informática e Atividades Desportivas, sempre

supervisionados por professores das respectivas áreas. Esta bolsa permite que os estudantes

com fragilidade socioeconômica, cadastrados na PRAE, participem dos Cursos de Línguas

Estrangeiras, Informática e das Atividades Desportivas recebendo apoio de colegas também

estudantes. Os bolsistas instrutores são selecionados de acordo com sua habilidade por área de

competência. Este programa traz benefícios tanto ao instrutor como ao bolsista PROBEM,

cadastrado na PRAE, e que apresenta dificuldade em determinada área de conhecimento.

Em 2011, houve a participação de bolsistas instrutores também no SAT - Sistema de

Acompanhamento e Tutoria da vida acadêmica dos alunos na UFPR, em parceria com as

Coordenações de Curso. Nesta Modalidade os bolsistas instrutores fizeram o diagnóstico do

rendimento acadêmico dos estudantes da UFPR. O SAT é coordenado pela PROGRAD e

visa diminuir as reprovações e abandono de cursos, contribuindo para a melhoria do

desempenho acadêmico dos estudantes da UFPR. (http://www.prae.ufpr.br/formacao)

5.3.4 APOIO À MOBILIDADE ACADÊMICA

Com o objetivo de fomentar a mobilidade acadêmica nacional e internacional,

visando intensificá-la mediante o apoio direto ao estudante com fragilidade socioeconômica

dos diferentes cursos de graduação, buscando seu enriquecimento acadêmico e social. O

Programa de Mobilidade é coordenado pela Assessoria de Relações Internacionais - ARI,

mediante convênios com outras instituições. A PRAE disponibiliza a bolsa Apoio

Mobilidade para os estudantes com cadastro aprovado do PROBEM e que foram selecionados

pela Comissão da UFPR que analisa o mérito dos candidatos. Os candidatos aprovados pela

referida comissão e cadastrados no PROBEM recebem o apoio que se constitui em auxílio

financeiro para deslocamento e manutenção, durante o período de seis meses, do estudante na

localidade onde se desenvolve o programa.

Em 2011, foram contemplados 14 estudantes para a mobilidade internacional. Devido

às condições de inscrição, que devem atender a critérios meritocráticos, um número reduzido

de estudantes puderam concorrer e/ou classificar-se. Dentre os classificados, 10 efetivamente

realizaram a mobilidade, sendo sete no primeiro e três no segundo semestre. Os demais

contemplados relataram que o período de greve, no segundo semestre, influenciou de alguma

forma a efetivação de sua participação.

88

O número de candidatos com fragilidade socioeconômica interessados em participar

de programas de mobilidade acadêmica tem sido crescente, em parte, devido ao sucesso

obtido pelos colegas que retornaram da mobilidade e a participação nos cursos gratuitos de

línguas estrangeiras. (http://www.prae.ufpr.br/formacao/mobilidade_academica)

5.4 OUTROS PROGRAMAS DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL DA UFPR

5.4.1 INCENTIVO À PRÁTICA DE ESPORTES E LAZER

Busca incentivar a prática de atividades físicas, possibilitando ao aluno em geral,

momentos de lazer e integração com a comunidade acadêmica. Além da disponibilização de

material esportivo, são oferecidas atividades nas seguintes modalidades: natação, musculação,

dança, hidroginástica e condicionamento físico. O Programa é desenvolvido no Centro de

Educação Física e Desportos -CED no Campus Politécnico.

(http://www.prae.ufpr.br/assistencia/incentivo_pratica_esporte.html)

Em 2011, houve a participação de 199 bolsistas PROBEM nessas atividades

desportivas, esses alunos têm isenção total das taxas, mas o Programa está aberto aos

estudantes em geral. (UFPR, 2012)

5.4.2 APOIO PSICOSSOCIAL

Oferece atendimento psicológico, pedagógico e de assistência social em caráter

preventivo, informativo e de orientação individual ou em grupo, contribuindo e fornecendo

subsídios para o desenvolvimento, adaptação acadêmica e integração do aluno durante sua

trajetória estudantil na Universidade.

Os estudantes, em qualquer época durante o período do curso, podem procurar a

Unidade de Apoio Psicossocial - UAPS e solicitar atendimento para receber apoio e

orientação em qualquer situação que lhe cause desconforto e possa prejudicar seu

desempenho acadêmico. (http://www.prae.ufpr.br/assistencia/apoio_psicosocial.html)

5.4.3 ATENÇÃO À SAÚDE

O estudante da UFPR, poderá ser atendido no Centro de Atenção à Saúde (CASA 3)

da Universidade, unidade ambulatorial situada no Centro Politécnico, que conta com uma

equipe multidisciplinar, nas áreas de ginecologia, clínica médica, psiquiatria e odontologia e

prioriza o desenvolvimento de programas de atenção primária à saúde.

(http://www.prae.ufpr.br/assistencia/atencao_saude.html)

89

5.4.4 APOIO AOS EVENTOS ESTUDANTIS E À APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS

A participação dos estudantes da UFPR em eventos estudantis, seja de natureza

acadêmica, científica, cultural ou de natureza esportiva e de integração estudantil recebe apoio

através da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis via concessão de apoio logístico, de passagens

terrestres e/ou disponibilização de veículos da Central de Transportes;

São disponibilizados também, mediante critérios previamente estabelecidos, passagens

aéreas para palestrantes convidados, infraestrutura de palco, som e luz para realização dos

eventos e serviços gráficos realizados pela Imprensa Universitária.

Como apoio à apresentação de trabalhos e visando a integração do estudante com

outras comunidades acadêmicas e seu desenvolvimento social e político, são disponibilizadas

passagens terrestres dentro do território nacional para participação em eventos de natureza

acadêmica. (http://www.prae.ufpr.br/assistencia/apoio_eventos_estudantis.html)

5.4.5 TRANSPORTE INTERCAMPI

Objetivando facilitar a locomoção dos estudantes para atendimento de suas atividades

acadêmicas, a UFPR disponibiliza veículos para transporte exclusivo e gratuito entre os

campi, com horários e itinerários previamente definidos.

Em conjunto todos esses programas de apoio a permanência do estudante com

fragilidade socioeconômica institucionalizados pela UFPR põe em prática os objetivos de uma

política pública de democratização do acesso e permanência no ensino superior. Através dos

recursos financeiros consignados no orçamento especificamente para assistência ao aluno de

graduação é implementado na UFPR o PNAES.

Segundo Anderson (1979, p.711 apud SECCHI, 2010, p.49), a avaliação da política

pública é o “processo de julgamentos deliberados sobre a validade de propostas para a ação

pública, bem como sobre o sucesso ou a falha de projetos que foram colocados em prática”.

Seguindo esta conceituação a avaliação in itinere configura-se como uma avaliação de

monitoramento, realizada durante o processo de implementação objetivando ajustes

imediatos. A fase de avaliação tem como objetivo examinar a forma como ocorre a

implementação de uma política pública gerando um feedback permitindo saber se o problema

para o qual a política foi formulado tem sido solucionado ou amenizado. Isso posto, pretende-

se estudar a percepção dos policytakers a respeito das ações de assistência estudantil

implementadas pela UFPR em atendimento as diretrizes do PNAES.

90

6 AVALIAÇÃO DO PNAES NA UFPR – EFICÁCIA E EFETIVIDADE NA

PERMANÊNCIA DE ALUNOS EM SITUAÇÃO DE FRAGILIDADE

SOCIOECONÔMICA

Inicialmente foi elaborada listagem dos alunos com fragilidade socioeconômica

beneficiados que teve uma data de corte, visto que, o universo de alunos atendidos varia

constantemente. Para levantamento da percepção desses alunos sobre os programas e ações

promovidos pela UFPR com objetivo de assegurar a permanência do estudante com

fragilidade socioeconômica até a conclusão do curso de graduação, foram aplicados

questionários, distribuídos eletronicamente para os endereços dos alunos beneficiários dos

programas e ações da UFPR para assegurar a permanência. O tratamento estatístico das

respostas dos questionários foi elaborado pelo Laboratório de Estatística Aplicada da UFPR -

LEA, vinculado ao Departamento de Estatística do Setor de Ciências Exatas. O LEA oferece

assessoria na área de Estatística para atendimento a pesquisas científicas desenvolvidas tanto

na UFPR como em outras Instituições. (http://www.lea.ufpr.br)

Conforme critérios estatísticos a amostra trabalhada é composta de 334 questionários,

distribuídos por setor de ensino conforme participação relativa de cada setor no conjunto total

de 2514 estudantes beneficiados. A análise crítica será apresentada seguindo a ordem de

perguntas elencadas no questionário que foi aplicado, considerando possíveis cruzamentos de

informações.

6.1 DISTRIBUIÇÃO DOS BENEFÍCIOS OFERTADOS

"Questão 1: Assinale com quais benefícios de assistência estudantil você é

contemplado enquanto aluno de graduação da UFPR:"

O resultado mostrou que o benefício que atinge o maior contingente de alunos com

fragilidade socioeconômica é a Bolsa Permanência, seguido do Auxílio Refeição e Auxílio

Moradia. A mobilidade acadêmica ainda é incipiente junto a comunidade discente enquadrada

no perfil de baixa renda e a assistência à saúde pouco utilizada. Em relação aos alunos que

assinalaram a opção "Outros" alguns citaram outras naturezas de bolsas que não são

financiadas com recursos do PNAES e serviços ofertados pelo Centro de Educação Física.

91

Tabela 6A - Distribuição percentual dos principais benefícios de assistência estudantil ofertados pela UFPR - 2012

SETOR DE ENSINO

Bolsa Permanência

Auxílio Refeição

Auxílio Moradia

Transporte Intercampi

Mobilidade Nacional

Mobilidade Internacional

Assistência Saúde Outros

Setor de Ciências da Saúde 95,12 68,29 36,59 26,83 0,00 2,44 14,63 4,88

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 68,75 66,67 35,42 20,83 0,00 0,00 4,17 6,25

Setor de Ciências Biológicas 90,91 63,64 36,36 40,91 0,00 0,00 4,55 0,00

Setor de Ciências da Terra 92,86 85,71 42,86 50,00 0,00 0,00 14,29 7,14

Setor de Ciências Jurídicas 75,00 100,00 50,00 25,00 0,00 25,00 25,00 0,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 75,00 87,50 50,00 0,00 0,00 0,00 12,50 0,00

Setor de Educação 71,43 57,14 42,86 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Setor de Ciências Exatas 70,83 66,67 20,83 33,33 0,00 0,00 12,50 8,33

Setor Educação Profiss ional e Tecnológica 63,64 81,82 54,55 45,45 0,00 0,00 9,09 9,09

Setor Campus Litoral 62,16 67,57 45,95 2,70 0,00 5,41 2,70 8,11

Setor de Ciências Agrárias 87,72 59,65 33,33 42,11 0,00 1,75 12,28 8,77

Setor Palotina 83,33 91,67 87,50 4,17 0,00 0,00 0,00 8,33

Centro de Estudos do Mar 100,00 84,62 84,62 0,00 15,38 15,38 0,00 7,69

Setor de Tecnologia 79,17 54,17 37,50 54,17 0,00 0,00 8,33 12,50

TOTAL UFPR 80,24 69,16 42,81 26,95 0,60 2,10 8,08 6,89

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

A análise estatística permitiu levantar o percentual de alunos que recebem 1, 2 ou 3

benefícios em conjunto, considerando os de maior relevância - Bolsa Permanência, Auxílio

Refeição e Auxílio Moradia.

Os dados mostraram que a distribuição é bastante equilibrada, sendo que cerca de um

terço da comunidade discente atendida por esse tipo de assistência estudantil recebe os três

benefícios em conjunto, o que em 2012 representou cerca de R$ 750,00 mensais. Na

comparação setorial, podemos verificar que os Setores que concentram o maior percentual de

estudantes contemplados com os três benefícios em conjunto são fora de sede - Centro de

Estudos do Mar e Palotina.

Tabela 6B - Distribuição percentual dos alunos que recebem 1, 2 ou 3 benefícios (Bolsa Permanência,Auxílio Refeição, Auxílio Moradia) - 2012

SETOR DE ENSINO

Nenhum dos 3 Benefícios 1 Benefício 2 Benefícios 3 Benefícios

Setor de Ciências da Saúde 2,44 26,83 39,02 31,71

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 4,17 41,67 33,33 20,83

Setor de Ciências Biológicas 4,55 36,36 22,73 36,36

Setor de Ciências da Terra 0,00 21,43 35,71 42,86

Setor de Ciências Jurídicas 0,00 0,00 75,00 25,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 0,00 25,00 37,50 37,50

Setor de Educação 14,29 28,57 28,57 28,57

Setor de Ciências Exatas 4,17 45,83 37,50 12,50

Setor Educação Profissional e Tecnológica 9,09 27,27 18,18 45,45

Setor Campus Litoral 13,51 27,03 29,73 29,73

Setor de Ciências Agrárias 5,26 33,33 36,84 24,56

Setor Palotina 0,00 4,17 29,17 66,67

Centro de Estudos do Mar 0,00 7,69 15,38 76,92

Setor de Tecnologia 12,50 29,17 33,33 25,00

TOTAL UFPR 5,39 29,34 32,93 32,34

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

92

Outra análise cabível é a distribuição de beneficiários, tomando por base o total de

alunos atendidos que serviu para definição da amostra versus o número de alunos

matriculados por Setor de Ensino. Desta forma é possível aferir que um percentual pouco

maior de 10% dos alunos matriculados no ensino tecnológico e de graduação presencial na

UFPR são oriundos de famílias com vulnerabilidade socioeconômica que enquadram-se nos

critérios de seleção do PNAES. Se considerarmos a demanda reprimida em relação aos

benefícios que compõem o PROBEM, que não é muito representativa considerando o

universo de alunos matriculados, este percentual teria uma pequena alta.

Com base nesta última análise, podemos verificar que Setores como Ciências da

Saúde, que engloba os cursos de Medicina, Terapia Ocupacional, Odontologia, Enfermagem,

Farmácia e Nutrição, bem como, o Setor de Ciências Biológicas que engloba os cursos de

Biomedicina, Ciências Biológicas e Educação Física têm 9,92% e 15,51% de seus alunos

matriculados que recebem apoio de ações de assistência estudantil, respectivamente.

Percentuais esses, próximos do percentual de atendimento de 10,22% do quadro geral da

UFPR.

Tabela 6C - Número de alunos beneficiados X número de alunos matriculados - 2012

SETOR DE ENSINO

Alunos Beneficiados

Matriculados 1º

Sem. 2012 Percentual Atendido

Setor de Ciências da Saúde 277 2.793 9,92%

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 361 3.445 10,48%

Setor de Ciências Biológicas 195 1.257 15,51%

Setor de Ciências da Terra 105 732 14,34%

Setor de Ciências Jurídicas 29 1.057 2,74%

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 64 2.355 2,72%

Setor de Educação 54 620 8,71%

Setor de Ciências Exatas 184 2.304 7,99%

Setor Educação Profissional e Tecnológica 83 1.248 6,65%

Setor Campus Litoral 281 1.655 16,98%

Setor de Ciências Agrárias 410 1.832 22,38%

Setor Palotina 195 1.019 19,14%

Centro de Estudos do Mar 94 232 40,52%

Setor de Tecnologia 182 4.058 4,48%

TOTAL UFPR 2.514 24.607 10,22%

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

93

6.2 BOLSA PERMANÊNCIA

"Questão 2: Em relação a Bolsa Permanência, qual sua opinião sobre o caráter

formativo dessa modalidade de bolsa:"

A maioria dos estudantes, aproximadamente 74% respondeu que suas expectativas

sobre o caráter formativo da Bolsa Permanência são atendidas, 23% responderam que tem

suas expectativas atendidas parcialmente e outros 3% responderam que o programa não

atende suas expectativas.

Os estudantes foram convidados a discorrer sobre o "porquê" do atendimento parcial e

não atendimento das expectativas. Dentre as respostas ocorreu a predominância de

justificativas relacionadas ao desempenho de atividades não relacionadas à área de formação,

muitas vezes, serviços administrativos, 54%. Outros 32% responderam que o valor da bolsa

não é suficiente para atendimento de suas necessidades, como locomoção e compra de

materiais de estudo.

Questões relacionadas a carga horária exigida de 12 horas e conciliação com as

atividades curriculares foram citadas por 4%. Os demais apresentaram comentários não

coerentes com a pergunta ou sem incidência percentual significativa.

Tabela 6D - Distribuição percentual do atendimento das expectativas sobre o caráter formativo da Bolsa Permanência - 2012

SETOR DE ENSINO AtendeAtende

Parcialmente Não Atende

Setor de Ciências da Saúde 70,73 26,83 2,44

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 68,09 29,79 2,13

Setor de Ciências Biológicas 80,95 19,05 0,00

Setor de Ciências da Terra 57,14 42,86 0,00

Setor de Ciências Jurídicas 25,00 75,00 0,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 50,00 37,50 12,50

Setor de Educação 66,67 33,33 0,00

Setor de Ciências Exatas 79,17 16,67 4,17

Setor Educação Profissional e Tecnológica 72,73 18,18 9,09

Setor Campus Litoral 81,82 15,15 3,03

Setor de Ciências Agrárias 82,14 14,29 3,57

Setor Palotina 100,00 0,00 0,00

Centro de Estudos do Mar 92,31 7,69 0,00

Setor de Tecnologia 41,67 54,17 4,17

TOTAL UFPR 73,85 23,38 2,77

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

94

Como todos os estudantes integrantes da amostra foram convidados a opinar sobre o

atendimento do caráter formativo da Bolsa Permanência, o estudo estatístico permitiu levantar

a opinião daqueles estudantes que efetivamente recebem esse benefício.

Os resultados não mostraram grandes discrepâncias entre os percentuais apurados. No

quadro geral 73,85% respondeu que o programa atende as expectativas contra 77,61%,

23,38% que atende parcialmente as expectativas contra 20,52% e 2,77 que não atende as

expectativas contra 1,87%.

A variação percentual indica que as expectativas tendem a serem melhor atendidas a

medida que o estudante passa a integrar efetivamente o programa.

6.3 RESTAURANTES UNIVERSITÁRIOS

"Questão 3: Na sua opinião, qual o nível de qualidade das refeições oferecidas pelos

Restaurantes Universitários:"

Aproximadamente 55% dos estudantes questionados apontaram como sendo de boa

qualidade as refeições servidas nos Restaurantes Universitários, cerca de 20% avaliaram

como excelente, 20% como regular e apenas 3% assinalaram ruim ou péssimo.

Tabela 6F - Distribuição percentual por nível de qualidade das refeições servidas nos RU's - 2012

SETOR DE ENSINO Excelente Bom Regular Ruim Péssimo Não é usuário

Setor de Ciências da Saúde 12,50 65,00 20,00 0,00 0,00 2,50

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 16,67 45,83 25,00 2,08 4,17 6,25

Setor de Ciências Biológicas 18,18 68,18 13,64 0,00 0,00 0,00

Setor de Ciências da Terra 14,29 71,43 14,29 0,00 0,00 0,00

Setor de Ciências Jurídicas 25,00 50,00 0,00 25,00 0,00 0,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 37,50 37,50 25,00 0,00 0,00 0,00

Setor de Educação 14,29 28,57 57,14 0,00 0,00 0,00

Setor de Ciências Exatas 16,67 70,83 8,33 0,00 0,00 4,17

Setor Educação Profissional e Tecnológica 27,27 63,64 9,09 0,00 0,00 0,00

Setor Campus Litoral 43,24 40,54 13,51 0,00 0,00 2,70

Setor de Ciências Agrárias 14,29 55,36 16,07 10,71 0,00 3,57

Setor Palotina 16,67 50,00 33,33 0,00 0,00 0,00

Centro de Estudos do Mar 38,46 30,77 23,08 0,00 0,00 7,69

Setor de Tecnologia 13,04 60,87 21,74 4,35 0,00 0,00

TOTAL UFPR 20,24 54,38 19,34 2,72 0,60 2,72

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

Considerando a análise setorial e a soma dos percentuais de Excelente e Bom contra a

soma dos percentuais de Regular, Ruim e Péssimo, apenas os estudantes do Setor de

Educação apontaram em maioria que a qualidade das refeição não é boa ou excelente. De

certa forma, os dados confirmam a necessidade já constatada pela comunidade universitária

de melhorias no Restaurante Universitário Central. Por outro lado, nos campi atendidos por

restaurantes de terceiros (Litoral) ou por refeições preparadas por terceiros em espaços

95

próprios da UFPR (CEM e Palotina), a avaliação dos estudantes foi positiva, sendo que

respectivamente, 83,78%, 69,23% e 66,67% classificaram o nível de qualidade das refeições

servidas como Excelente ou Bom.

O cruzamento de dados, também permitiu avaliar a percepção dos estudantes que

efetivamente recebem o auxílio refeição e portanto, utilizam com mais frequência os

Restaurantes Universitários, uma vez que, todos os estudantes da amostra foram convidados a

opinar. Nesta análise, os resultados mostraram que a maioria, 52,17% classificam as refeições

servidas como de boa qualidade, 23,48% classificaram como excelente, 22,17% como regular

e apenas 2,17% como ruim ou péssima, não destoando consideravelmente dos percentuais

acima detalhados quando da análise da amostra total.

"Questão 4: Em relação as instalações físicas dos Restaurantes Universitários, em

que padrão enquadraria:"

Dando continuidade a avaliação dos serviços prestados pelos RU's, o levantamento das

condições de suas infraestruturas físicas mostram que cerca 49% da amostra total indicaram

que as instalações dos RU,s estão em boa condições e 13% indicaram que as instalações são

excelentes, enquanto 27% indicaram serem regulares e 7,5% indicaram serem ruins ou

péssimas.

Tabela 6G - Distribuição percentual por padrão das instalações físicas dos RU's - 2012SETOR DE ENSINO Excelente Bom Regular Ruim Péssimo Não é usuário

Setor de Ciências da Saúde 14,63 46,34 29,27 4,88 0,00 4,88

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 6,25 43,75 35,42 8,33 0,00 6,25

Setor de Ciências Biológicas 13,64 50,00 31,82 0,00 4,55 0,00

Setor de Ciências da Terra 14,29 64,29 21,43 0,00 0,00 0,00

Setor de Ciências Jurídicas 0,00 75,00 0,00 25,00 0,00 0,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 37,50 62,50 0,00 0,00 0,00 0,00

Setor de Educação 14,29 14,29 71,43 0,00 0,00 0,00

Setor de Ciências Exatas 20,83 54,17 16,67 4,17 0,00 4,17

Setor Educação Profissional e Tecnológica 9,09 45,45 45,45 0,00 0,00 0,00

Setor Campus Litoral 8,11 56,76 27,03 2,70 2,70 2,70

Setor de Ciências Agrárias 16,36 60,00 16,36 0,00 3,64 3,64

Setor Palotina 4,00 8,00 44,00 40,00 0,00 4,00

Centro de Estudos do Mar 23,08 15,38 38,46 15,38 0,00 7,69

Setor de Tecnologia 12,50 75,00 12,50 0,00 0,00 0,00

TOTAL UFPR 12,91 48,95 27,33 6,31 1,20 3,30

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

Na análise setorial dos dados, podemos verificar que confirma-se a necessidade de

melhorias no Restaurante Central, uma vez que, no Setor de Educação mais de 70% dos

estudantes e no Setor de Humanas quase 50% dos estudantes respondentes apontaram as

instalações do RU como variando de regulares a péssimas. Setores esses, que fisicamente

estão bastante próximos ao RU Central. Também é possível concluir que apesar da qualidade

das refeições servidas no Campus Palotina serem satisfatórias, o espaço utilizado como

96

restaurante/refeitório não tem atendido as expectativas dos estudantes, haja vista que, 84%

classificaram as instalações variando de regulares a péssimas, indicando necessidade de

providências urgentes para solução do problema apontado.

Analisando as respostas daqueles que efetivamente recebem o Auxílio Refeição e

consequentemente tendem a utilizar os Restaurantes com mais frequência, podemos

estabelecer a seguinte comparação com o quadro geral: Excelente 15,15% contra 12,91%,

Bom 48,05% contra 48,95%, Regular 27,27% contra 27,33%, Ruim 7,79% contra 6,31%,

Péssimo 1,73% contra 1,20%. No caso dos Setores de Educação, Humanas e Campus Palotina

a avaliação das instalações como variando de regulares a péssimas foi reafirmada passando os

índices para 75%, 50% e 95%, respectivamente.

"Questão 5: Considerando sua previsão de gastos mensais com refeições, a

utilização dos serviços prestados pelos Restaurantes Universitários tem representado qual

economia:"

Pensando no impacto dos gastos totais com alimentação no orçamento pessoal do

estudante com fragilidade socioeconômica, todos foram convidados a responder qual a

economia proporcionada em função da utilização dos RU's. Neste quesito, quase 15% dos

estudantes responderam que não possuem previsão mensal de gastos com alimentação, 22%

assinalaram a faixa de 26% a 50%, 21% a faixa de 51% a 75% e 24% a faixa de 76% a 100%.

Tabela 6H - Distribuição percentual por faixa de economia viabilizada pela utilização dos RU's - 2012

SETOR DE ENSINO 5% a 25% 26% a 50% 51% a 75% 76% a 100%

Não tem previsão Não é usuário

Setor de Ciências da Saúde 7,50 27,50 12,50 37,50 12,50 2,50

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 14,58 22,92 16,67 22,92 12,50 10,42

Setor de Ciências Biológicas 9,09 27,27 31,82 18,18 13,64 0,00

Setor de Ciências da Terra 21,43 14,29 14,29 35,71 14,29 0,00

Setor de Ciências Jurídicas 25,00 50,00 25,00 0,00 0,00 0,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 12,50 37,50 25,00 0,00 12,50 12,50

Setor de Educação 0,00 28,57 0,00 28,57 28,57 14,29

Setor de Ciências Exatas 12,50 12,50 20,83 33,33 16,67 4,17

Setor Educação Profissional e Tecnológica 45,45 18,18 0,00 9,09 27,27 0,00

Setor Campus Litoral 10,81 24,32 21,62 24,32 16,22 2,70

Setor de Ciências Agrárias 12,28 22,81 26,32 17,54 15,79 5,26

Setor Palotina 12,50 16,67 33,33 25,00 8,33 4,17

Centro de Estudos do Mar 7,69 23,08 23,08 23,08 15,38 7,69

Setor de Tecnologia 25,00 8,33 25,00 20,83 16,67 4,17

TOTAL UFPR 13,81 21,92 21,02 23,72 14,71 4,80

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

Considerando o percentual levantado para a maior faixa de economia, podemos

deduzir que é preciso ampliar a oferta de alimentação, atendendo todas as refeições do dia,

inclusive café da manhã e avaliar a viabilidade de abertura dos RU's todos os dias da semana.

Isso confirma-se quando analisamos o percentual de alunos de 31% que efetivamente recebem

97

o Auxílio Refeição e assinalaram que a economia representada em seus gastos com

alimentação está na faixa de 76% a 100%.

6.4 MORADIA ESTUDANTIL

"Questão 6: Sobre o Auxílio Moradia, na sua opinião tem atendido as expectativas:"

Em relação a este Auxílio, na amostra geral 56% apontaram que não utilizam, cerca de

9% que o auxílio não tem atendido as expectativas e cerca de 35% que tem suas expectativas

atendidas.

Tabela 6I - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas sobre oAuxílio Moradia - 2012

SETOR DE ENSINO Atende Não Atende Não Utiliza

Setor de Ciências da Saúde 25,00 15,00 60,00

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 27,08 8,33 64,58

Setor de Ciências Biológicas 35,00 5,00 60,00

Setor de Ciências da Terra 21,43 21,43 57,14

Setor de Ciências Jurídicas 50,00 0,00 50,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 50,00 0,00 50,00

Setor de Educação 16,67 16,67 66,67

Setor de Ciências Exatas 22,73 0,00 77,27

Setor Educação Profissional e Tecnológica 36,36 18,18 45,45

Setor Campus Litoral 37,81 8,11 54,05

Setor de Ciências Agrárias 28,57 5,36 66,07

Setor Palotina 79,17 8,33 12,50

Centro de Estudos do Mar 53,85 30,77 15,38

Setor de Tecnologia 37,50 0,00 62,50

TOTAL UFPR 34,86 8,87 56,27

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

"Questão 7: Na sua opinião, independente se usuário ou não, qual deveria ser a

política de oferta de moradia estudantil na UFPR:"

Considerando os resultados da amostra geral, a opinião dos estudantes com fragilidade

socioeconômica está relativamente equilibrada quando considera-se a manutenção do atual

sistema de pagamento de Auxílio Moradia e a construção de casas de estudantes, 42,51% e

56,59%, respectivamente. Ressaltando que a pergunta permitia múltiplas respostas.

Foi facultada a possibilidade dos respondentes sugerirem outras formas de

atendimento da questão relativa a oferta de moradia estudantil. Dentre as sugestões

encaminhadas, prevalece a solicitação de revisão do valor do atual auxílio moradia concedido,

seguido da sugestão de manutenção do pagamento do auxílio em conjunto com a construção

98

de moradias estudantis próprias da UFPR e da promoção formas de apoio às atuais casas de

estudantes existentes em Curitiba, lembrando que tratam-se de entidades autônomas, sem

interferência administrativa da UFPR. Em menor proporção foi citada a necessidade de

revisão do perfil socioeconômico dos alunos beneficiados.

Tabela 6J - Distribuição percentual por oferta sugerida de moradia estudantil - 2012SETOR DE ENSINO Pgto. Auxílio Espaços Próprios Outras

Setor de Ciências da Saúde 39,02 56,10 9,76

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 39,58 64,58 6,25

Setor de Ciências Biológicas 40,91 59,09 4,55

Setor de Ciências da Terra 42,86 50,00 7,14

Setor de Ciências Jurídicas 25,00 100,00 0,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 50,00 50,00 0,00

Setor de Educação 57,14 42,86 0,00

Setor de Ciências Exatas 33,33 66,67 4,17

Setor Educação Profissional e Tecnológica 45,45 36,36 18,18

Setor Campus Litoral 27,03 67,57 5,41

Setor de Ciências Agrárias 36,84 59,65 5,26

Setor Palotina 70,83 37,50 0,00

Centro de Estudos do Mar 69,23 30,77 0,00

Setor de Tecnologia 54,17 50,00 8,33

TOTAL UFPR 42,51 56,59 5,69

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

A questão da oferta de moradia estudantil tem estado em discussão na comunidade

universitária, principalmente em função do último movimento grevista de estudantes e

servidores. Fala-se amplamente da necessidade de construção de espaços próprios para

atendimento dos discentes oriundos de outras cidades, inclusive ingressos pelo SISU e para

atendimento dos campi fora de sede.

Contudo, parece que não existe consenso sobre a melhor política de oferta de moradia

estudantil pela UFPR, visto que embora o valor vigente mereça considerações, o pagamento

de auxílio moradia permite certa flexibilidade ao estudante quando comparado aos residentes

em casas de estudantes. Essa teoria pode ser confirmada quando analisamos os resultados da

pesquisa para o grupo que recebe o auxílio moradia e para o grupo que não usufrui deste

benefício.

É interessante observar os resultados dos campi fora de sede. Palotina, por exemplo,

dentre os estudantes que recebem o auxílio 76,19% optou pela manutenção do atual sistema

de pagamento de auxílio moradia, enquanto 33,33% optou pela construção de moradias

estudantis. Já considerando o grupo que não recebe o auxílio moradia, em Palotina 33,33%

99

optou por manutenção do atual sistema e 66,67% optou pela construção de espaços próprios

da UFPR.

Tabela 6L - Distribuição percentual por oferta sugerida de moradia estudantil, por grupo - 2012

SETOR DE ENSINO Pgto. Auxílio Espaços Próprios Pgto. Auxílio Espaços Próprios

Setor de Ciências da Saúde 80,00 20,00 15,38 76,92

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 70,59 41,18 22,58 77,42

Setor de Ciências Biológicas 50,00 50,00 35,71 64,29

Setor de Ciências da Terra 50,00 33,33 37,50 62,50

Setor de Ciências Jurídicas 0,00 100,00 50,00 100,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 100,00 0,00 0,00 100,00

Setor de Educação 66,67 33,33 50,00 50,00

Setor de Ciências Exatas 60,00 40,00 26,32 73,68

Setor Educação Profissional e Tecnológica 33,33 33,33 60,00 40,00

Setor Campus Litoral 29,41 64,71 25,00 70,00

Setor de Ciências Agrárias 57,89 42,11 26,32 68,42

Setor Palotina 76,19 33,33 33,33 66,67

Centro de Estudos do Mar 72,73 27,27 50,00 50,00

Setor de Tecnologia 88,89 22,22 33,33 66,67

TOTAL UFPR 62,94 37,76 27,23 70,68

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

GRUPO BENEFICIADO GRUPO NÃO BENEFICIADO

6.5 TRANSPORTE INTERCAMPI

"Questão 8: Quanto aos serviços de transporte intercampi oferecidos pela UFPR,

atende em que nível suas necessidades:"

O transporte intercampi está disponível para a comunidade universitária em geral,

dentre os estudantes com fragilidade socioeconômica componentes da amostra quase 51%

afirmaram que não utilizam o serviço. Ressalte-se que as aulas de muitos cursos são

concentradas em um mesmo espaço físico, não demandando a locomoção entre campi.

Dentre aqueles respondentes que utilizam o transporte para locomover-se entre os

campi, 39,88% disseram que o serviço atende parcialmente suas necessidades e 9,37%

disseram que atende totalmente suas necessidades, indicando que existem melhorias

necessárias a serem promovidas para assegurar o pleno atendimento das expectativas daqueles

estudantes que utilizam tal serviço.

"Questão 9: Independente se usuário ou não, quais itens merecem atenção em relação

ao transporte intercampi oferecido pela UFPR:" Também foi perguntado aos estudantes

componentes da amostra o quê poderia ser melhorado, sendo que a pergunta admitia resposta

múltipla.

100

Tabela 6M - Distribuição percentual relativa ao atendimento das necessidades detransporte intercampi - 2012

SETOR DE ENSINO Total Parcial Não Utiliza

Setor de Ciências da Saúde 2,44 48,78 48,78

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 8,33 35,42 56,25

Setor de Ciências Biológicas 23,81 52,38 23,81

Setor de Ciências da Terra 0,00 64,29 35,71

Setor de Ciências Jurídicas 25,00 0,00 75,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 12,50 12,50 75,00

Setor de Educação 0,00 28,57 71,43

Setor de Ciências Exatas 8,70 47,83 43,48

Setor Educação Profissional e Tecnológica 0,00 63,64 36,36

Setor Campus Litoral 8,11 10,81 81,08

Setor de Ciências Agrárias 17,86 58,93 23,21

Setor Palotina 4,17 8,33 87,50

Centro de Estudos do Mar 0,00 7,69 92,31

Setor de Tecnologia 12,50 58,33 29,17

TOTAL UFPR 9,37 39,88 50,76

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

Tabela 6N - Distribuição percentual por itens que merecem atenção relativos ao serviçode transporte intercampi - 2012

SETOR DE ENSINO Itinerários Horários Veículos

Setor de Ciências da Saúde 43,90 95,12 14,63

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 41,67 87,50 8,33

Setor de Ciências Biológicas 45,45 86,36 22,73

Setor de Ciências da Terra 14,29 100,00 0,00

Setor de Ciências Jurídicas 0,00 100,00 0,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 75,00 25,00 0,00

Setor de Educação 28,57 85,71 0,00

Setor de Ciências Exatas 20,83 87,50 12,50

Setor Educação Profissional e Tecnológica 45,45 90,91 9,09

Setor Campus Litoral 35,14 56,76 24,32

Setor de Ciências Agrárias 35,09 80,70 3,51

Setor Palotina 16,67 50,00 58,33

Centro de Estudos do Mar 23,08 38,46 61,54

Setor de Tecnologia 41,67 87,50 4,17

TOTAL UFPR 35,33 78,44 15,87

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

Segundo a percepção dos respondentes, o item que mais merece atenção por parte da

Administração da UFPR no que diz respeito ao serviço de transporte intercampi oferecido é a

101

grade horária com 78,44%, seguido da definição dos itinerários com 35,33%. As condições

dos veículos é o fator apontado como menos problemático pelos estudantes.

Os resultados para esta questão, desconsiderando as repostas daqueles que assinalaram

que não utilizam esse transporte, confirmam a necessidade de reavaliação dos horários -

86,14%, itinerários - 42,17% e condições dos veículos - 7,23%, obedecendo a mesma ordem

do resultado do quadro geral.

6.6 SERVIÇOS DE SAÚDE

"Questão 10: Com relação ao acesso aos serviços de saúde oferecidos aos acadêmicos

pela UFPR, qual sua avaliação:"

Os estudantes foram convidados a opinar sobre o nível de atendimento de suas

expectativas em relação aos serviços de saúde. Os resultados mostram números preocupantes,

uma vez que, o percentual que apontou o atendimento parcial - 25,24% somado ao percentual

de não atendimento das expectativas - 24,92% supera o percentual daqueles que consideram-

se satisfeitos com o acesso aos serviços de saúde ofertados.

Tabela 6O - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas sobre osserviços de saúde - 2012

SETOR DE ENSINO Atende Parcialmente Não atende

Setor de Ciências da Saúde 46,34 31,71 21,95

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 50,00 23,81 26,19

Setor de Ciências Biológicas 47,37 42,11 10,53

Setor de Ciências da Terra 57,14 28,57 14,29

Setor de Ciências Jurídicas 50,00 25,00 25,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 71,43 0,00 28,57

Setor de Educação 0,00 66,67 33,33

Setor de Ciências Exatas 61,90 23,81 14,29

Setor Educação Profissional e Tecnológica 63,64 27,27 9,09

Setor Campus Litoral 50,00 6,25 43,75

Setor de Ciências Agrárias 57,41 29,63 12,96

Setor Palotina 47,62 4,76 47,62

Centro de Estudos do Mar 15,38 30,77 53,85

Setor de Tecnologia 45,83 29,17 25,00

TOTAL UFPR 49,84 25,24 24,92

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

Na análise setorial dos resultados dessa questão podemos verificar que os estudantes

mais insatisfeitos são aqueles dos campi fora de sede. O percentual que assinalou que os

102

serviços não atendem suas expectativas foi de 53,85% no CEM, 47,62% em Palotina e

43,75% no Litoral.

Nesta questão foi solicitado aos respondentes que apontassem o "porquê" do

atendimento parcial ou não atendimento das expectativas. Dentre as respostas abertas

podemos concluir de forma resumida que os principais problemas referem-se a falta de vagas,

limitação de especialidades atendidas, ausência de atendimento de emergência, falta de

informações sobre a disponibilização e acesso aos serviços de saúde, falta de atendimento nos

campi fora de sede onde a distância e o custo inviabilizam o deslocamento para Curitiba. De

certa forma, o cenário delineado resume a situação da saúde pública em geral.

Tabela 6P - Distribuição percentual relativa as respostas apresentadas sobre serviços de saúde - 2012Frequência %

Poucas vagas, principalmente Odontologia 38,00 26%

Falta divulgação, informação 37,00 26%

Poucas especialidades 13,00 9%

Palotina não tem serviços no Campus 12,00 8%

Atendimento no CEM apenas 1 dia p/semana 8,00 6%

Litoral não tem serviços no Campus 6,00 4%

HC não faz atendimento 5,00 3%

Não tem Emergência 5,00 3%

Não disponibiliza medicamentos (analgésicos) 3,00 2%

Não realiza exames 4,00 3%

Não fornece atestado para atividades físicas 4,00 3%

Outros 10,00 7%

TOTAL UFPR 145,00 100%

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

6.7 EVENTOS ESTUDANTIS

"Questão 11: Em relação ao apoio oferecido pela UFPR para participação de

acadêmicos em eventos, qual a sua opinião:"

Sobre o apoio recebido pelo público alvo da pesquisa para participação em eventos

estudantis, desconsiderando aqueles que responderem que não utilizam tal serviço que somam

aproximadamente 24%, aqueles que responderam que o apoio é excelente ou bom

correspondem a quase 60%, aqueles que responderam que o apoio é regular somam 29% e

aqueles que assinalaram ruim ou péssimo somam cerca de 11%. Isso implica dizer, que a

UFPR tem atendido as expectativas da grande maioria dos alunos neste quesito.

103

Tabela 6Q - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas sobre o apoio recebido para participação em eventos estudantis - 2012

SETOR DE ENSINO Excelente Bom Regular Ruim Péssimo

Setor de Ciências da Saúde 12,50 41,67 29,17 16,67 0,00

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 17,65 44,12 32,35 2,94 2,94

Setor de Ciências Biológicas 5,00 50,00 35,00 0,00 10,00

Setor de Ciências da Terra 0,00 62,50 25,00 0,00 12,50

Setor de Ciências Jurídicas 50,00 50,00 0,00 0,00 0,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 0,00 0,00 66,67 0,00 33,33

Setor de Educação 0,00 60,00 40,00 0,00 0,00

Setor de Ciências Exatas 37,50 31,25 25,00 6,25 0,00

Setor Educação Profissional e Tecnológica 12,50 50,00 37,50 0,00 0,00

Setor Campus Litoral 11,43 51,43 25,71 11,43 0,00

Setor de Ciências Agrárias 4,35 60,87 23,91 10,87 0,00

Setor Palotina 22,73 22,73 36,36 18,18 0,00

Centro de Estudos do Mar 0,00 80,00 0,00 20,00 0,00

Setor de Tecnologia 0,00 41,18 41,18 11,76 5,88

TOTAL UFPR 11,90 47,62 28,97 9,13 2,38

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

6.8 MOBILIDADE ACADÊMICA

"Questão 12. No tocante a mobilidade nacional /internacional qual a sua opinião

sobre os serviços proporcionados pela UFPR:"

Os estudantes foram convidados a apresentarem sua percepção sobre a sistemática da

UFPR para atender questões relativas a mobilidade acadêmica nacional e internacional. As

respostas da questão nº 1 mostrou que os estudantes com fragilidade socioeconômica têm

participação bastante tímida nestes programas. Porém, o grupo pesquisado não deixou de

externar sua opinião a respeito, até porque, há destinação de recursos do PNAES para

pagamento de bolsas específicas àqueles que são aprovados nos processos seletivos para

mobilidade.

Dentre os respondentes, 65,89% respondeu que serviços ofertados pela UFPR para

atender os interessados em estudarem outras Instituições, sejam nacionais ou internacionais,

atendem as expectativas dos estudantes. O percentual de 23,41% refere-se aos que

responderam que têm suas expectativas atendidas parcialmente e 10,70% respondeu que suas

expectativas não são atendidas.

104

Tabela 6R - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas sobre os programas de mobilidade acadêmica - 2012

SETOR DE ENSINO Atende Parcialmente Não atende

Setor de Ciências da Saúde 72,50 20,00 7,50

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 54,55 29,55 15,91

Setor de Ciências Biológicas 61,11 33,33 5,56

Setor de Ciências da Terra 58,33 25,00 16,67

Setor de Ciências Jurídicas 25,00 50,00 25,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 42,86 14,29 42,86

Setor de Educação 25,00 75,00 0,00

Setor de Ciências Exatas 60,00 25,00 15,00

Setor Educação Profissional e Tecnológica 77,78 22,22 0,00

Setor Campus Litoral 86,67 6,67 6,67

Setor de Ciências Agrárias 69,81 22,64 7,55

Setor Palotina 79,17 16,67 4,17

Centro de Estudos do Mar 75,00 25,00 0,00

Setor de Tecnologia 50,00 27,27 22,73

TOTAL UFPR 65,89 23,41 10,70

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

Na tentativa de identificar possíveis gaps entre a expectativa dos estudantes e os

serviços ofertados foi solicitado que justificassem o "porquê" do atendimento parcial ou

não atendimento de suas expectativas. Entre os principais motivos apontados estão

o reduzido número de bolsas ofertadas, a rigorosidade do processo seletivo, sendo que

vários estudantes citaram a exigência do IRA (Índice de Rendimento Acadêmico) muito

elevado, considerando que estudantes desse grupo geralmente conciliam suas atividades

acadêmicas com trabalho remunerado ou mesmo com as atividades da Bolsa Permanência e a

dificuldade em atingir o nível exigido de rendimento em cursos de determinadas áreas, como

Exatas. Alguns estudantes referiram-se ao programa como "eletista" devido às exigências do

processo seletivo e o baixo valor da bolsa que não permitiria ao estudante manter-se em outro

país apenas com esse rendimento, necessitando de apoio financeiro adicional da família.

Muitos apontaram como problema a falta de divulgação das oportunidades de

mobilidade e de seus critérios, sendo citada também a burocracia do processo após a

aprovação da mobilidade e a falta de assistência e acompanhamento ao intercambista,

principalmente quando desloca-se para um país estrangeiro.

105

Tabela 6S - Distribuição percentual relativa as respostas apresentadas sobre mobilidadeacadêmica - 2012

Frequência %

Reduzida oferta de bolsas 19,00 21%

Processo seletivo muito rigoroso 17,00 19%

Falta divulgação do assunto e seus critérios 15,00 17%

Sistema muito burocrático 12,00 13%

Baixo valor bolsa 6,00 7%

Falta oferta curso de línguas 5,00 6%

Programa eletista 4,00 4%

Falta acompanhamento ao intercambista 3,00 3%

Outras 8,00 9%

TOTAL UFPR 89,00 100,00%

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

6.9 CONHECIMENTO ACERCA DO PNAES

"Questão 13: Como acadêmico da UFPR, você tem conhecimento do PNAES -

Programa Nacional de Assistência Estudantil e suas principais diretrizes:"

O PNAES, tema central deste trabalho, conforme já foi dito, foi regulamentado pelo

Decreto 7.234 de 19 de julho, que diz:

Art. 1º O Programa Nacional de Assistência Estudantil - PNAES, executado no âmbito do Ministério da Educação, tem como finalidade ampliar as condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal... Art. 5º Serão atendidos no âmbito do PNAES prioritariamente estudantes oriundos da rede pública de educação básica ou com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio, sem prejuízo de demais requisitos fixados pelas instituições federais de ensino superior.

Na UFPR, conforme anteriormente mencionado, o PROBEM é programa que consiste

no conjunto de ações de assistência estudantil que resultam em benefício econômico direto ao

estudante com a finalidade de assegurar condições mínimas de manutenção e conclusão do

curso dos alunos de graduação e ensino profissionalizante, mediante disponibilização de três

benefícios de assistência estudantil, a Bolsa Permanência, O Auxílio Refeição e o Auxílio

Moradia. Esses benefícios podem ser concedidos de forma isolada ou em conjunto. Os

bolsistas do programa são selecionados conforme perfil socioeconômico avaliado mediante

questionário preenchido no momento da inscrição. Adicionalmente, pode ser realizada

entrevista com o estudante requisitante do benefício e ainda, visita in loco em seu local de

moradia.

106

Conforme a previsão orçamentária do PROBEM do exercício de 2012, o programa

responde pela execução de aproximadamente 93% dos recursos aprovados na LOA para a

UFPR para atendimento do PNAES , cerca de R$ 15 milhões. Desta forma, foi considerado

importante levantar se os estudantes com fragilidade socioeconômica, principal público alvo

do PNAES, estão inteirados sobre as políticas públicas que são formuladas e implementadas

pelo Governo Federal visando não apenas a ampliação do acesso às universidades públicas,

mas também a fixação do aluno na Instituição até a conclusão do curso.

Infelizmente, o resultado da pesquisa revela que a grande maioria da amostra

consultada não conhece todos seus direitos. Inclusive, muitos consideram os auxílios

recebidos uma benesse concedida pela Administração da UFPR. O resultado para esta questão

mostraram que 33,13% conhece o PNAES e suas diretrizes e 66,87% não o conhece.

Considerando apenas os estudantes que não são beneficiados diretamente pelo PROBEM os

percentuais passam a 16,67% e 83,33%, respectivamente.

Tabela 6T - Distribuição percentual relativa ao prévio conhecimento do PNAES - 2012SETOR DE ENSINO SIM NÃO

Setor de Ciências da Saúde 30,00 70,00

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 31,25 68,75

Setor de Ciências Biológicas 40,91 59,09

Setor de Ciências da Terra 21,43 78,57

Setor de Ciências Jurídicas 50,00 50,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 50,00 50,00

Setor de Educação 0,00 100,00

Setor de Ciências Exatas 29,17 70,83

Setor Educação Profissional e Tecnológica 45,45 54,55

Setor Campus Litoral 32,43 67,57

Setor de Ciências Agrárias 33,93 66,07

Setor Palotina 41,67 58,33

Centro de Estudos do Mar 38,46 61,54

Setor de Tecnologia 29,17 70,83

TOTAL UFPR 33,13 66,87

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

107

Gráfico 6A - Distribuição percentual relativa ao prévio conhecimento do PNAES - 2012

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

Possui; 33,13%

Não Possui; 66,87%

6.10 PERCEPÇÃO GLOBAL SOBRE AÇÕES DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL NA

UFPR

"Questão 14: Como você classificaria as ações relativas à Assistência Estudantil na

UFPR em sua dimensão global:"

Os estudantes foram consultados sobre o nível de atendimento de suas expectativas em

relação a assistência estudantil oferecida pela UFPR, havendo a opção de responder que o

atendimento é total, parcial ou se suas expectativas não são atendidas. Em caso de não

atendimento ou atendimento parcial, também foi facultada o opção de justificar o "porquê" da

resposta.

O panorama geral mostra que a grande maioria está satisfeita com o atendimento que

recebe - 70,06%, um percentual mínimo - 2,16% se mostrou insatisfeito e 27,78%

parcialmente satisfeito. O resultado demonstra que de forma global a UFPR tem atendido as

expectativas dos estudantes com fragilidade socioeconômica em termos de assistência para

sua manutenção na Universidade, assegurando-lhe condições mínimas para obtenção de

índices de rendimento acadêmico satisfatórios durante sua trajetória até a graduação.

108

Tabela 6U - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas acerca dasações de assistência estudantil em sua dimensão global - 2012

SETOR DE ENSINO Atende Parcialmente Não atende

Setor de Ciências da Saúde 67,50 32,50 0,00

Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes 60,00 37,78 2,22

Setor de Ciências Biológicas 80,95 19,05 0,00

Setor de Ciências da Terra 78,57 21,43 0,00

Setor de Ciências Jurídicas 50,00 50,00 0,00

Setor de Ciências Sociais Aplicadas 62,50 37,50 0,00

Setor de Educação 71,43 28,57 0,00

Setor de Ciências Exatas 79,17 20,83 0,00

Setor Educação Profissional e Tecnológica 60,00 40,00 0,00

Setor Campus Litoral 69,44 19,44 11,11

Setor de Ciências Agrárias 73,21 25,00 1,79

Setor Palotina 91,30 8,70 0,00

Centro de Estudos do Mar 66,67 33,33 0,00

Setor de Tecnologia 54,17 41,67 4,17

TOTAL UFPR 70,06 27,78 2,16

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

Gráfico 6B - Distribuição percentual relativa ao atendimento de expectativas acerca dasações de assistência estudantil em sua dimensão global - 2012

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

Atende Totalmente; 70,06%

Atende Parcialmente; 27,78%

Não Atende; 2,16%

De grande valia para a identificação dos pontos fracos dos programas de assistência

estudantil da UFPR é a análise das justificativas apresentadas para o atendimento parcial ou

não atendimento das expectativas dos estudantes consultados.

109

Grande parte dos estudantes pesquisados reconhece a importância do que está sendo

feito em termos de assistência estudantil na UFPR, mas sugere avanços necessários para o

pleno atendimento de suas expectativas. Dentre esses avanços foram citados melhorias no

que tange a questão de moradia estudantil, maior diálogo com a comunidade discente, maior

apoio a gestantes e estudantes com filhos pequenos (creche), maior flexibilidade no processo

de seleção de beneficiados tendo em vista que alunos que moram sozinhos ou mesmo com

algum parente, muitas vezes, não recebem auxílio financeiro da família, etc.

Tabela 6V - Distribuição percentual relativa as justificativas sobre assistência estudantil - 2012Frequência %

Requer avanços 25,00 26%

Baixo valor dos benefícios concedidos 22,00 23%

Não atende 100% público PNAES 14,00 14%

Falta divulgação e informações 13,00 13%

Uso de dados falsos na seleção 3,00 3%

Outros 5,00 5%

Não justificaram 15,00 15%

TOTAL UFPR 97,00 100,00%

Fonte: Pesquisa amostral aplicada aos acadêmicos da UFPR em nov./12. Elaboração da autora.

Outro grupo faz menção aos valores dos benefícios concedidos, especialmente bolsa

permanência e auxílio moradia como sendo incompatíveis com o custo de vida de um

estudante universitário. Ainda foi citada a questão de necessidade de atendimento de 100%

dos estudantes com fragilidade socioeconômica e a falta de divulgação e informações acerca

dos benefícios ofertados, dificultando o acesso, especialmente ao calouro.

De forma geral, podemos dizer que os setores que mais abrigam alunos que segundo

critérios de seleção fazem juz ao recebimento dos benefícios de bolsa permanência, auxílio

refeição e auxílio moraria em conjunto são setores fora de sede. Setores que tradicionalmente

ofertam mais cursos diurnos e em tempo integral têm o maior contingente de alunos

contemplados com bolsa permanência, dada a impossibilidade dos alunos de conciliar

trabalhado e estudos.

Quanto a bolsa permanência apesar das observações levantadas por parte dos

estudantes sobre a realização de trabalhos não relacionados a sua área de formação, cerca de

74% apontam que a bolsa atende as expectativas. Em relação aos Restaurantes Universitários

a grande maioria classifica a qualidade das refeições servidas como boa ou excelente. Porém,

quanto as instalações físicas dos RU´s cabem considerações. É alto o grau de insatisfação dos

estudantes de Palotina e dos setores que costumam frequentar o Restaurante Central.

110

Sobre a forma de auxílio oferecida para atender a questão de moradia, fato curioso é

que se considerarmos todos os estudantes pesquisados a proporção que optou pelo pagamento

do auxílio para pagamento de aluguel é de 43% contra 57% que preferia que fossem

disponibilizadas moradias estudantis. Todavia, se avaliado apenas o grupo que efetivamente é

contemplado com o auxílio, 63% optou pela continuidade da forma atual de assistência

ofertada e 37% pela disponibilização de moradias próprias da Universidade. Essa proporção

se inverte quando analisado apenas o grupo não contemplado com tal benefício.

O transporte intercampi apesar de disponibilizado é utilizado apenas por metade dos

estudantes pesquisados, sendo que a grade horária foi apontada como item que merece mais

atenção para melhoria dos serviços prestados. Quanto aos serviços de saúde, várias

dificuldades no acesso são apontadas pelos estudantes. Apesar de no conjunto quase 50%

terem apontando que os serviços atendem as expectativas, é clara a insatisfação dos

estudantes dos setores fora de sede que não contam com o modelo de serviços ofertados em

Curitiba.

Em relação ao apoio oferecido pela UFPR para participação em eventos estudantis de

caráter formativo cerca de 60% apontaram que atende as expectativas. Já em relação ao apoio

à mobilidade acadêmica, apesar da maioria ter dito que atende as expectativas, vários

impeditivos foram apontados em relação ao acesso desse grupo de alunos que apresenta

fragilidade socioeconômica, como o reduzido número de bolsas ofertadas, exigência do IRA

muito alto e valor da bolsa insuficiente para arcar com todas as despesas mensais num país

estrangeiro ou mesmo em outro Estado.

Sobre o PNAES e suas diretrizes, quase 70% dos estudantes pesquisados afirmaram

não ter conhecimento prévio do programa, demonstrando que a maioria não conhece seus

direitos enquanto estudante de graduação de uma universidade pública. Sobre a percepção

global dos estudantes sobre as ações de assistência estudantil implementadas pela UFPR os

estudantes apontaram que atendem as expectativas – 70%, atendem parcialmente as

expectativas – 28% e não atendem as expectativas – 2%, demonstrando que a UFPR é

avaliada positivamente quanto as estratégias adotadas para implementação do PNAES, apesar

de terem sido identificados avanços necessários nos serviços de saúde, nas instalações dos

restaurantes universitários, ampliação da mobilidade acadêmica e do diálogo com os

estudantes, que apontaram também a necessidade de discussão sobre a disponibilização de

creche e maior flexibilidade no processo de seleção para os atuais benefícios.

111

7 CONCLUSÃO

Uma das principais conclusões deste trabalho é o reconhecimento da importância da

formulação e implementação de políticas públicas educacionais que deem suporte a correção

das profundas distorções socioeconômicas relacionadas à origem dos estudantes que lograram

acesso ao ensino superior. Sendo o PNAES componente de uma política pública focalizada

destinada a assegurar a manutenção e conclusão do curso dos graduandos das IFES que

encontram-se em situação de fragilidade socioeconômica, os resultados da pesquisa mostram

que na UFPR a implementação do programa tem atingido índices bastante satisfatórios de

atendimento das expectativas do público alvo.

Porém, o sistema educacional deve ser pensado desde sua base, não basta inclusão, é

preciso também qualidade de ensino em todos os níveis. Não há como deixar de considerar as

limitações existentes no ensino médio que comprometem o acesso e a permanência de grande

parte da população de 18 a 24 anos no ensino superior. A escola para cumprir seu papel de

agente transformador da sociedade deve desde o ensino fundamental propiciar ao estudante

uma formação cidadã, a formação de sujeitos conscientes de seus direitos e deveres, cidadãos

esses, que constituirão a massa crítica do país. A igualdade de oportunidades deve ser pensada

desde as bases do sistema educacional, não permitindo que critérios como renda, raça ou

gênero venham a fazer da escola um agente catalisador das desigualdades sociais.

Conforme os dados censitários apresentados e discutidos no decorrer do trabalho é

impossível negar a recente expansão do ensino superior, que apesar de liderada pelo setor

privado, recebeu importante contribuição das instituições públicas na última década,

alavancada pelo REUNI e pelo próprio PNAES, fazendo com que se retome as esperanças de

fazer da Educação verdadeiramente um direito humano e universal. Diante deste cenário,

podemos admitir que o Brasil passa por um processo de massificação do ensino superior e

está a caminho, mas ainda distante do rompimento da esperada fronteira da universalização

do ensino superior, uma vez que, segundo dados 2011 do IBGE, a taxa de freqüência líquida

no ensino superior brasileiro é de apenas 14,6%.

Neste caminho de busca pela universalização, programas de permanência e conclusão

do curso de graduação, para correção ou minimização das dificuldades enfrentadas pelos

estudantes com fragilidade socioeconômica durante sua trajetória acadêmica têm confirmado

seus efeitos positivos enquanto componentes de uma política pública focalizada, e

reconhecida a importância da fase de avaliação no ciclo de políticas públicas, coube-nos

112

descrever os resultados da pesquisa junto aos alunos beneficiados pelo PNAES na UFPR, sob

a luz da conceituação de critérios como eficiência, eficácia e efetividade.

Desta maneira, podemos afirmar que a implementação desse programa na UFPR têm

sido eficiente na medida que a relação recursos disponíveis no Orçamento/Alunos

Beneficiados tem buscado atender o maior contingente de alunos com fragilidade

socioeconômica possível, sem deixar de considerar critérios para definição de valores

mínimos necessários para cada tipo de auxílio concedido. Há equidade na distribuição dos

benefícios, considerando os diferentes setores de ensino e suas peculiaridades e a eficácia é

plenamente atingida, uma vez que os recursos estão sendo direcionados para ações que

atendem as diretrizes, objetivos e metas da legislação que define o PNAES.

A efetividade das ações de assistência estudantil da UFPR financiadas com recursos

do PNAES é confirmada, pois representam para a maioria dos alunos que enquadram-se no

perfil socioeconômico de baixa renda o apoio necessário, não apenas financeiro, mas também

pedagógico, psicológico e de caráter social para sua manutenção na Universidade até a

conclusão do curso, minimizando fatores motivadores da evasão e assegurando a esses

estudantes condições para alcance de índices de rendimento acadêmico satisfatórios,

corroborando para um futuro profissional de sucesso. Os resultados da pesquisa amostral

sobre a percepção global dos estudantes atendidos pelo PNAES sobre as ações de assistência

estudantil implementadas pela UFPR mostraram que cerca de 70% tem suas expectativas

atendidas e segundo dados do Relatório de Atividades (UFPR, 2012) apenas 10% dos

estudantes que inscreveram-se para o PROBEM e cujo o pedido foi deferido, aguardam em

lista de espera.

Em relação aos limites orçamentários atuais, podemos concluir que seria necessário

um aumento de 15 a 20 p.p. nos recursos de outros custeios do PNAES para que a demanda

fosse plenamente atendida, considerando os números de candidatos classificados, mas em lista

de espera, e o perfil do corpo discente da UFPR. É necessário também, maior volume de

recursos em capital, para investimentos em infraestrutura física para atendimento dos anseios

da comunidade discente quanto a moradia estudantil, melhorias nos restaurantes universitários

e ampliação das áreas para práticas de esportes.

A correção para 2013 nos recursos consignados na Lei Orçamentária Anual da União

para o exercício prevê a variação de 5 p.p. em relação a 2012 na ação orçamentária de

Assistência ao Estudante de Ensino Superior da UFPR. Desta maneira, os limites da eficácia

na implementação do PNAES na UFPR estão basicamente atrelados a questões de limitação

113

orçamentária, uma vez que, dentro dos recursos orçamentários disponibilizados para o

programa as ações implementadas atendem diretamente as diretrizes, objetivos e metas da

legislação que define o PNAES, a exemplo do PROBEM, que segundo resultados da pesquisa

realizada contempla 80% dos alunos consultados com bolsa permanência, 69% com auxílio

refeição, 43% com auxílio moradia e cerca de 32% com esses três benefícios em conjunto.

Muito embora, 66,87% do público pesquisado tenha afirmado que não possui conhecimento

sobre o PNAES e suas diretrizes, enquanto programa integrante de uma política pública

focalizada, direcionada ao estudante com fragilidade socioeconômica.

Com base na evolução dos recursos globais do PNAES ao longo de sua existência,

podemos concluir que apesar do crescimento do volume de recursos orçamentários alocados

pelo Governo Federal para atendimento das ações direcionadas à manutenção e conclusão do

curso dos graduandos com fragilidade socioeconômica ter sido expressiva, ainda não atende

plenamente as necessidades das IFES em função dos programas de expansão e

universalização do ensino superior, como REUNI, SISU, sistemas de cotas, entre outros, que

possibilitaram a retomada do processo de crescimento da oferta de vagas pelo setor público,

representando uma variação no período de 2001 a 2011 de 70% no número de matrículas nos

cursos de graduação presencial e de 55% no número de Instituições.

Felizmente, essa expansão continuada do sistema de ensino público federal abre as

portas das Universidades para um número a cada ano maior de alunos oriundos de famílias

antes colocadas à margem do desenvolvimento econômico e social do país. Segundo dados da

PNAD 2011/IBGE, cerca de 34% dos estudantes de ensino superior na rede pública

pertencem ao 1º, 2º e 3º quintos de rendimento mensal familiar per capita, desmistificando a

idéia de que nas universidades públicas somente ingressam estudantes de famílias

privilegiadas do ponto vista socioeconômico, uma vez que, estes sim teriam condições desde a

educação básica de estarem preparados para o vestibular, ainda predominante enquanto

processo seletivo para acesso ao ensino superior.

114

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119

120

Visualização do Questionário Socioeconômico

01-) Local onde morava antes de entrar na Universidade:

(obrigatória)

Cidade:

Estado:

02-) Situação de moradia atual dos pais/responsáveis:

(obrigatória)

a) Moram em imóvel próprio

quitado financiado

b) Moram em imóvel alugado

c) Moram imóvel cedido

d) Outros:

03-) Situação de moradia atual do aluno:

(obrigatória)

a) Mora em casa dos pais

quitada financiada

121

b) Mora em casa dos pais, alugada

c) Mora em imóvel de sua propriedade

quitado financiado

d) Mora em imóvel alugado, pago por você

e) Mora em imóvel alugado para você, pago por seus pais

f) Mora em

república casa de estudante pensão ou pensionato

Qual?

04-) Utiliza um destes transportes para ter acesso à Universidade?

(obrigatória)

a) Carro próprio

b) Carro da família

c) VAN

Qual o valor gasto?

d) Transporte público

Municipal Interurbano

Quantos?

Qual o valor gasto?

e) Não

122

05-) Nível de instrução do seu pai:

(obrigatória)

a) Sem escolaridade

b) Ensino fundamental incompleto

c) Ensino fundamenal completo

d) Ensino médio incompleto

e) Ensino médio completo

f) Superior incompleto

g) Superior completo

h) Não sei informar

06-) Nível de instrução da sua mãe:

(obrigatória)

a) Sem escolaridade

b) Ensino fundamental incompleto

c) Ensino fundamenal completo

d) Ensino médio incompleto

123

e) Ensino médio completo

f) Superior incompleto

g) Superior completo

h) Não sei informar

07-) Principal ocupação do seu pai:

(obrigatória)

a) Funcionário público do governo

Federal Estadual Municipal

b) Empregado de empresa

c) Sócio ou proprietário de empresa

d) Trabalho remunerado por conta própria, com parentes e/ou familiares

e) Trabalho remunerado por conta própria, com empregados

f) Artista (pintor, músico, escultor, ator, etc.)

g) Trabalha em entidade, organização ou instituição não-governamental de cunho filantrópico, assistencial, religioso, de lazer ou outro

remunerado não remunerado

h) Exerce cargo publico legislativo ou militar

124

Parlamentar Cargo eleitoral Diplomata Militar

i) Atleta Profissional

j) Não trabalha

k) Desempregado

l) Aposentado

m) Falecido

n) Outros.

Qual?

08-) Principal ocupação da sua mãe:

(obrigatória)

a) Funcionário público do governo

Federal Estadual Municipal

b) Empregado de empresa

c) Sócio ou proprietário de empresa

d) Trabalho remunerado por conta própria, com parentes e/ou familiares

e) Trabalho remunerado por conta própria, com empregados

f) Artista (pintor, músico, escultor, ator, etc.)

g) Trabalha em entidade, organização ou instituição não-governamental de cunho filantrópico, assistencial, religioso, de lazer ou outro

125

remunerado não remunerado

h) Exerce cargo publico legislativo ou militar

Parlamentar Cargo eleitoral Diplomata Militar

i) Atleta Profissional

j) Não trabalha

k) Desempregado

l) Aposentado

m) Falecido

n) Outros.

Qual?

09-) Se casado, a principal ocupação do cônjuge é:

a) Funcionário público do governo

Federal Estadual Municipal

b) Empregado de empresa

c) Sócio ou proprietário de empresa

d) Trabalho remunerado por conta própria, com parentes e/ou familiares

e) Trabalho remunerado por conta própria, com empregados

f) Artista (pintor, músico, escultor, ator, etc.)

126

g) Trabalha em entidade, organização ou instituição não-governamental de cunho filantrópico, assistencial, religioso, de lazer ou outro

remunerado não remunerado

h) Exerce cargo publico legislativo ou militar

Parlamentar Cargo eleitoral Diplomata Militar

i) Atleta Profissional

j) Não trabalha

k) Desempregado

l) Aposentado

m) Falecido

n) Outros.

Qual?

10-) Você tem filhos?

(obrigatória)

a) Não

b) Sim

Quantos Masculino?

Quantos Feminino?

127

11-) Renda familiar total

(obrigatória)

a) Até R$ 415,00

b) De R$ 415,00 a R$ 600,00

c) De 601,00 a R$ 1.000,00

d) De R$ 1.001,00 a R$ 1.500,00

e) De R$ 1.501,00 a R$ 2.000,00

f) De R$ 2.001,00 a R$ 2.500,00

g) De R$ 2.501,00 a R$ 3.000,00

h) De R$ 3.001,00 a R$ 3.500,00

i) Mais de R$ R$ 3.501,00

12-) Quantidade de pessoas que contribuem para a obtenção da renda familiar:

(obrigatória)

a) Uma

b) Duas

c) Três

128

d) Quatro

e) Cinco

f) Seis ou mais.

Quantas?

13-) Quantidade de pessoas que dependem da renda familiar total citada:

(obrigatória)

a) Uma

b) Duas

c) Três

d) Quatro

e) Cinco

f) Seis ou mais.

Quantas?

14-) Composição Familiar

(obrigatória)

1)

129

Nome

Data de Nascimento

Profissão

Renda

Parentesco

2)

Nome

Data de Nascimento

Profissão

Renda

Parentesco

3)

Nome

Data de Nascimento

Profissão

Renda

Parentesco

15-) Composição Familiar

4)

Nome

Data de Nascimento

Profissão

Renda

Parentesco

130

5)

Nome

Data de Nascimento

Profissão

Renda

Parentesco

6)

Nome

Data de Nascimento

Profissão

Renda

Parentesco

16-) Composição Familiar

7)

Nome

Data de Nascimento

Profissão

Renda

Parentesco

8)

Nome

Data de Nascimento

Profissão

Renda

131

Parentesco

9)

Nome

Data de Nascimento

Profissão

Renda

Parentesco

10)

Nome

Data de Nascimento

Profissão

Renda

Parentesco

17-) Idade que você começou a exercer atividade remunerada:

(obrigatória)

a) Antes dos 14 anos

b) Entre 14 e 16 anos

c) Entre 16 e 18 anos

d) Após 18 anos

e) Nunca exerci atividade remunerada

132

18-) Seus estudos no ensino fundamental e médio foram:

(obrigatória)

a) Integralmente em escola pública

b) Integralmente em escola particular

com bolsa sem bolsa

c) Maior parte em escola pública

d) Maior parte em escola particular

com bolsa sem bolsa

e) Em escolas comunitárias / CNEC ou outro

Qual?

19-) Possui domínio de línguas estrangeiras?

(obrigatória)

Não

Sim

Qual(is)?

20-) Possui conhecimentos em informática?

133

(obrigatória)

a) Muito experiente

b) Experiente

c) Alguma noção

d) Não domino

21-) Pratica alguma atividade física?

(obrigatória)

Não

Sim

Qual(is)?

22-) Entrou por cotas?

(obrigatória)

a) raciais

b) sociais

c) indígenas

134

d) não

23-) Possui alguma deficiência?

(obrigatória)

a) Sim

Qual?

b) Não

24-) Cursos diversos realizados até agora:

135

25-) Participação em alguma bolsa da UFPR em outros anos:

(obrigatória)

Não

Sim

Qual modalidade?

Quantas vezes?

26-) Se você já conhece o(s) programa(s) da PRAE para o estudante, você tomou conhecimento dele(s) através:

(obrigatória)

a) da Internet

b) de Folder

c) por meio de Cartaz na sua coordenação

d) Outros

Qual?

27-) Justifique seus principais motivos para participar no programa de bolsas:

(obrigatória)

136

28-) Descreva aqui sua trajetória de vida:

(obrigatória)

DADOS PESSOAIS

Nome:

Curso:

Bacharelado em Ciência da Computação - TN

Matrícula:

Sexo: Masculino

RG: (só números)

CPF: (só números)

Data de

Nascimento: Usar o calendário ao lado

Estado Civil: Solteiro

Cor/raça/etnia

: Branca

Nome do Pai:

137

Nome da Mãe:

País de

Nascimento: Brasil

Estado de

Nascimento:

Cidade de

Nascimento:

Email: Email usado no cadastro do usuário

Telefone: 41-

Celular: 41-

ENDEREÇO DE SUA RESIDÊNCIA ATUAL

CEP: (só números)

Estado: Paraná

Cidade:

Bairro:

Logradouro:

Nº:

Complemento:

Sobre a residência de seus pais/responsáveis:

Pais falecidos

Desconheço

Conheço

138

ENDEREÇO DOS PAIS OU RESPONSÁVEIS

CEP: (só números)

Estado: São Paulo

Cidade:

Bairro: JD. GRAND

Logradouro:

Nº:

Complemento:

Telefone: -

Celular: 13-