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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO ESCOLA DE NUTRIÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E NUTRIÇÃO ÁREA: BIOQUÍMICA E FISIOLOGIA DA NUTRIÇÃO AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DA FARINHA DE BURITI (Mauritia flexuosa) IN VITRO E EM RATOS DIABÉTICOS Nara Nunes Lage Ouro Preto MG 2014

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DA …‡ÃO... · with ability to decrease reactive oxygen species (ROS) in tissue. ... Figura 4: A: Buriti íntegro; B: Buriti sem a casca;

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE NUTRIÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E NUTRIÇÃO

ÁREA: BIOQUÍMICA E FISIOLOGIA DA NUTRIÇÃO

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DA

FARINHA DE BURITI (Mauritia flexuosa) IN VITRO E EM

RATOS DIABÉTICOS

Nara Nunes Lage

Ouro Preto – MG

2014

2

NARA NUNES LAGE

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DA FARINHA

DE BURITI (Mauritia flexuosa) IN VITRO E EM RATOS

DIABÉTICOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Saúde e Nutrição, como

requisito parcial para obtenção do título de

Mestre em Saúde e Nutrição, área de

concentração: Bioquímica e Fisiologia da

Nutrição.

Orientador (a): Profª. Drª. Maria Lúcia

Pedrosa

Co-orientador: Prof. Dr. Marcelo Eustáquio

Silva

Ouro Preto – MG

2014

3

Catalogação: [email protected]

L174a Lage, Nara Nunes.

Avaliação do potencial antioxidante da farinha de buriti (mauritia flexuosa)

in vitro e em ratos diabéticos [manuscrito] / Nara Nunes Lage. - 2014.

71 f.; il.;color.; grafs.; tab.

Orientadora: Profª Drª. Maria Lúcia Pedrosa.

Coorientador: Prof. Dr. Marcelo Eustáquio Silva.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de

Nutrição. Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição.

Área de concentração: Bioquímica e Fisiopatologia da Nutrição.

1. Buriti - Teses. 2. Alimentos funcionais - Teses. 3. Diabetes - Teses.

4. Stress (Fisiologia) – Teses. I. Pedrosa, Maria Lúcia. II. Silva, Marcelo

Eustáquio. III. Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Título.

CDU: 612.392.7

CDU: 669.162.16

4

5

APOIO FINANCEIRO

Este trabalho foi realizado no Laboratório de Bioquímica Metabólica e no

Laboratório de Nutrição Experimental, com o auxílio financeiro do Conselho Nacional

de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Comissão de Aperfeiçoamento

de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado

de Minas Gerais (FAPEMIG).

6

DEDICATÓRIA

À minha mãe Rita e aos meus irmãos

Nádia e Vinícius pelo amor incondicional

e por acreditarem em mim sempre!

E ao meu pai Renato que, mesmo ausente,

sei que está a todo momento me iluminando...

Amo muito vocês!!!

7

AGRADECIMENTO ESPECIAL

Aos meus queridos professores e orientadores Maria Lúcia Pedrosa e Marcelo

Eustáquio Silva, exemplos de seres humanos e profissionais, pelo acolhimento no

grupo de pesquisa; pela paciência em transmitir todo o seu conhecimento; pelo carinho

de todos os dias; pela dedicação e por, desde o início da minha vida acadêmica,

acreditarem no meu potencial. Muito obrigada por todo aprendizado!

8

AGRADECIMENTOS

À Deus por me guiar e me dar forças durante todo o caminho.

À Escola de Nutrição por todo aprendizado e por tornar possível este sonho.

À querida amiga Juliana (Ju) pelo companheirismo constante durante essa minha

trajetória. Para a nossa felicidade o destino nos colocou no mesmo lugar e, mesmo sem

te conhecer, já sabia que a partir daquele momento nos tornaríamos grandes amigas.

Às grandes amigas do Laboratório de Bioquímica Metabólica e Nutrição Experimental

Joyce, Maisa, Renata e Mariana por todo apoio, carinho e dedicação durante o

mestrado. Sem a ajuda de vocês esse momento não seria possível. Muito obrigada!

Aos demais colegas do LBM e Labnex pelos auxílios diários.

As minhas queridas amigas do mestrado por me escutarem sempre e por tornarem os

meus dias mais leves. Sentirei falta de todas vocês!

As minhas irmãs de alma Raíssa e Aninha pela amizade e companheirismo de sempre!

À toda minha família pela torcida e por acreditarem em mim!

Ao Jair e ao Clodoaldo pela atenção dedicada e pelas ajudas no laboratório.

Ao professor Wanderson pelo auxílio durante o experimento.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Nutrição pelos

ensinamentos.

9

RESUMO

O Buriti (Mauritia flexuosa) é fruto do cerrado e a sua polpa possui quantidades

consideráveis de carotenóides, polifenóis, ácido ascórbico e ácidos graxos mono e poli-

insaturados, apresentando, assim, potencial para ser utilizado na prevenção de doenças

advindas do estresse oxidativo. O diabetes mellitus (DM) é um dos mais importantes

problemas de saúde pública e o desenvolvimento das suas complicações está, entre outros

fatores, intimamente relacionado ao aumento do estresse oxidativo. Portanto, há grande

interesse em compostos e/ou alimentos com capacidade de diminuir espécies reativas de

oxigênio (ROS) nos tecido. Desse modo, o objetivo do nosso estudo consiste em

investigar a capacidade antioxidante da farinha de buriti in vitro e em ratos diabéticos.

A capacidade antioxidante da farinha de buriti foi determinada através do método

do DPPH. A composição centesimal foi realizada segundo métodos da AOAC (1984). A

quantidade de polifenóis foi determinada pelo método Folin-Ciocalteu. Para o ensaio

biológico utilizaram-se 36 ratos Fisher divididos em quatro grupos: Controle (C);

Controle + Buriti (CB); Diabéticos (D); Diabético + Buriti (DB). Os grupos C e CB

receberam dieta padrão (AIN-93M) e os grupos D e DB receberam dieta padrão (AIN-

93M) contendo 2% da farinha de buriti. O diabetes foi induzido no 1º dia do experimento

por injeção intraperitoneal de estreptozotocina (STZ) 35 mg/Kg. No 25º dia do

experimento os ratos foram submetidos ao Teste de Tolerância Oral à Glicose (TTOG).

Após 30 dias de tratamento os animais foram anestesiados com isoflurano e eutanasiados.

Foram realizadas análises séricas de metabólitos, produtos de excreção e enzimas.

Analisaram-se danos oxidativos às biomoléculas através da determinação de proteína

carbonilada e hidroperóxidos lipídicos no fígado, coração, pâncreas e rim. Além disso,

realizaram-se análises histológicas do fígado, coração e pâncreas utilizando a coloração

Hematoxilina e Eosina (H&E). Os resultados foram analisados por ANOVA one way ou

Teste T e Kruskal Wallis ou Mann-Whitney considerando significativos quando p <0,05.

A composição centesimal demonstrou que farinha de buriti possui elevadas

quantidades de lipídios totais e fibra insolúvel. Além disso, apresentou uma concentração

de polifenóis de 444,28 ± 14,76 mg EAG/100g. No ensaio in vitro ela exibiu uma alta

capacidade de neutralização do radical DPPH. Já no experimento in vivo iniciamos

observando, no TTOG, que os grupos D e DB apresentaram níveis maiores de glicose em

todos os tempos comparados aos grupos C e CB. Encontramos, no soro, níveis elevados

de AST, ALT, uréia e níveis reduzidos de albumina, proteínas totais, colesterol total e

10

triacilgliceróis nos grupos D e DB. Com relação aos biomarcadores do estresse oxidativo,

a farinha de buriti reduziu, nos ratos diabéticos, os níveis de TBARS no coração e no rim,

e os níveis de proteínas carboniladas no fígado e no coração. No exame histopatológico

não observamos alterações em nenhum dos tecidos analisados.

Portanto, concluímos que a farinha de buriti apresentou um elevado conteúdo de

polifenóis totais e uma capacidade antioxidante in vitro. Já in vivo, observamos que a

suplementação com farinha de buriti promoveu uma redução dos biomarcadores do

estresse oxidativo TBARS e/ou proteína carbonilada no fígado, coração e rim. Porém,

não foi evidenciado nenhuma alteração a nível celular.

Palavras-chave: Buriti, Diabetes, Estresse Oxidativo, Ratos.

11

ABSTRACT

The Buriti (Mauritia flexuosa) is the result of the Cerrado and its pulp has

considerable amounts of carotenoids, polyphenols, ascorbic acid and fatty acid mono and

poly-unsaturated, thus presenting the potential to be used to prevent diseases from

oxidative stress. Diabetes mellitus (DM) is one of the most important public health

problems and the development of its complications is, among other factors, closely related

to increased oxidative stress. Therefore, there is great interest in compounds and/or foods

with ability to decrease reactive oxygen species (ROS) in tissue. Thus, the aim of our

study is to investigate the antioxidant capacity of Buriti flour in vitro and in diabetic rats.

The antioxidant capacity of Buriti flour was determined by the DPPH method.

The chemical composition was performed according to AOAC (1984). The amount of

polyphenols was determined by Folin-Ciocalteu method. For the biological assay we used

36 Fisher rats divided into four groups: Control (C), control + Buriti (CB); Diabetics (D)

Diabetic + Buriti (DB). C and CB groups received standard diet (AIN-93M) and D and

DB groups received standard diet (AIN-93M) containing 2% of Buriti flour. Diabetes was

induced on day 1 of the experiment by intraperitoneal injection of streptozotocin (STZ)

35 mg / kg. On the 25th day of the experiment the rats were submitted to the Oral Glucose

Tolerance Test (OGTT). After 30 days of treatment the animals were anesthetized with

isoflurane and euthanized. Analysis of serum metabolites, waste products and enzymes

were performed. We analyzed oxidative damage to biomolecules by measuring protein

carbonyl and lipid hydroperoxides in the liver, heart, pancreas and kidney. Furthermore,

histological analyzes were performed liver, heart and pancreas using hematoxylin and

eosin (H&E) staining. The results were analyzed by one-way ANOVA or t test and

Kruskal Wallis or Mann-Whitney considering significant when p < 0.05.

The centesimal composition showed that buriti flour has high amounts of total

lipids and insoluble fiber. Furthermore, submitted a concentration of polyphenols 444.28

± 14.76 mg EAG/100g. In vitro assay it exhibited a high neutralizing capacity DPPH. In

the in vivo experiment we observe initially that the D and DB groups had higher glucose

levels at all times compared to groups C and CB (OGTT). Found in serum increased levels

of AST, ALT, urea and reduced levels of albumin, total protein, total cholesterol and

triglycerides in groups D and DB. With respect to biomarkers of oxidative stress, buriti

flour reduced in diabetic rats, levels of TBARS in the heart and kidney, and levels of

12

protein carbonyls in liver and heart. In histopathological examination did not observe

changes in any of the tissues analyzed.

Therefore, we conclude that the buriti flour showed a high content of total

polyphenols and antioxidant capacity in vitro. Already in vivo, we observed that

supplementation with buriti flour promoted a reduction in biomarkers of oxidative stress

TBARS and/or protein carbonyl in the liver, heart and kidney. However, was not made

any changes at the cellular level.

Already in vivo, we observed that supplementation with Buriti flour promoted a

reduction in biomarkers of oxidative stress TBARS and/or protein carbonyl in the liver,

heart and kidney. However, was not made any changes at the cellular level.

Keywors: Buriti, Diabetes, Oxidative Stress, Rats.

13

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Rendimento do Fruto Buriti ............................................................................ 5

Tabela 2: Composição Química da Polpa de Buriti (%). ................................................ 5

Tabela 3: Composição das partes do fruto Buriti. ........................................................... 6

Tabela 4: Teores de Polifenóis e Ácido Ascórbico presentes na polpa de buriti

expressos em mg/100g de amostra. .................................................................................. 9

Tabela 5: Teor de carotenóides totais e dos principais carotenóides da polpa de buriti.

........................................................................................................................................ 11

Tabela 6: Ações e mecanismos de diversas substâncias antioxidantes. ........................ 18

Tabela 7: Composição das dietas experimentais (g/1000g de dieta). ............................ 26

Tabela 8: Composição Centesimal em 100g da Farinha de Buriti (Mauritia flexuosa). 35

Tabela 9: Avaliação do peso corporal inicial, peso corporal final e glicemia plasmática

dos ratos do grupo controle (C), controle + buriti (CB), diabetes (D) e diabetes + buriti

(DB). ............................................................................................................................... 38

Tabela 10: Peso Relativo do Fígado e Rim, Metabólicos e Enzimas Séricas (uréia,

creatinina, AST e ALT) nos grupos C, CB, D e DB. ..................................................... 38

14

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Palmeira Mauritia flexuosa L. ......................................................................... 3

Figura 2: Frutos do Buriti ................................................................................................ 4

Figura 3: Buriti: a) fruto inteiro e b) corte longitudinal do fruto. ................................... 4

Figura 4: A: Buriti íntegro; B: Buriti sem a casca; C: Parte fibrosa; D: Semente. ......... 4

Figura 5: Comparação dos principais ácidos graxos do óleo de buriti com azeite de

oliva e óleo de canola. ...................................................................................................... 8

Figura 6: Visão geral da relação entre a produção de espécies reativas, o

desenvolvimento de doenças crônicas e do papel dos antioxidantes e da variação

genética sobre a modulação do estresse oxidativo. ........................................................ 15

Figura 7: Estrutura Química da STZ. ............................................................................ 16

Figura 8: Sistema antioxidante enzimático. .................................................................. 19

Figura 9: Sistema Keap1-Nrf2-ARE regulados. ........................................................... 20

Figura 10: Reação do ácido tiobarbitúrico com malondialdeído para produzir um

produto final com coloração detectada na absorbância de 532 nm. ............................... 21

Figura 11: Reação do DNPH com uma proteína carbonilada gerando um produto final

com coloração detectada na absorbância de 370nm. ...................................................... 22

Figura 12: Farinha de buriti adquirida na loja Néctar do Cerrado. ............................... 24

Figura 13: Delineamento amostral e linha do tempo do experimento. ......................... 27

Figura 14: Percentual de inibição do radical DPPH, segundo diferentes concentrações

da farinha de buriti e do antioxidante padrão Trolox, após 30 minutos. ........................ 36

Figura 15:Teste de Tolerância Oral à Glicose ............................................................... 37

Figura 16: Peso do coração e do pâncreas de ratos controle e diabéticos ..................... 39

Figura 17: Níveis de albumina e proteínas totais de ratos controle e diabéticos ......... 39

Figura 18: Níveis de colesterol total e triacilgliceróis de ratos controle e diabéticos ... 40

Figura 19: Atividade das enzimas PON Fenilacetato e PON Paraoxon de ratos controle

e diabéticos ..................................................................................................................... 40

Figura 20: Níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e proteínas

carboniladas em tecido hepático de ratos controle e diabéticos ..................................... 41

Figura 21: Níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e proteínas

carboniladas em tecido cardíaco de ratos controle e diabéticos ..................................... 42

Figura 22: Níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e proteínas

carboniladas em tecido pancreático de ratos controle e diabéticos. ............................... 42

15

Figura 23: Níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e proteínas

carboniladas em tecido renal de ratos controle e diabéticos ........................................... 43

Figura 24: Fotomicrografias representativas do fígado................................................. 44

Figura 25: Fotomicrografias representativas do coração. ............................................. 44

Figura 26: Fotomicrografias representativas do pâncreas ............................................. 45

Figura 27: Número de ilhotas pancreáticas e área das ilhotas em ratos controle e

diabéticos. ....................................................................................................................... 45

16

LISTA DE ABREVIATURAS

AGES: Produtos finais de glicação avançada

ARE: Elementos de resposta antioxidante

ALT: Alanina aminotransferase

ANOVA: Análise de variância

ANVISA: Agência Nacional de Vigilância Sanitária

ALT: Alanina aminotransferase

AOAC: Association of Official Agricultural Chemists

AST: Aspartato aminotransferase

C: Grupo de animais que receberam dieta padrão

CB: Grupo de animais que recebeu dieta padrão acrescida de farinha de buriti

CAT: Catalase

D: Grupo de animais diabetéticos que receberam dieta padrão

DB: Grupo de animais diabetéticos que receberam dieta padrão acrescida de farinha de

buriti

DHA: Ácido docosahexaenóico

DM: Diabetes Mellitus

DNPH: 2,4 dinitrofenilhidrazina

DPPH: 2,2-difenil-1picril-hidrazil

EDTA: Ácido etilenodiaminotetracético

EPA: Ácido eicosapentaenoico

ER: Equivalente de Retinol

FDN: Fibra em detergente neutro

GPx: Glutationa peroxidase

GPx 1: glutationa peroxidase 1

GPx 2: Glutationa peroxidase 2

GSH: Glutationa reduzida

GSSG: Glutationa oxidada

GR: Glutationa redutase

HCl: Ácido clorídrico

HO-1: Heme oxigenase 1

Keap1: Kelch-like ECH-associated protein 1

HDL: High density lipoprotein

17

H2O2: Peróxido de hidrogênio

LDL: Low density lipoprotein

MDA: Malondialdeído

NAS: National Academy Sciences

NO: Óxido nítrico

Nrf2: Fator nuclear de transcrição

OMS: Organização Mundial da Saúde

PARP I: Poli ADP-ribose polimerase I

PKC: Proteína quinase C

PON: Enzima Paraoxonase

ROS: Espécies reativas de oxigênio

SOD: Superóxido dismutase

STZ: Estreptozotocina

TBA: Ácido tiobarbitúrico

TBARS: Substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico

TCA: Ácido tricloroacético

TEAC: Capacidade Antioxidante de Equivalente de Trolox

TTOG: Teste de Tolerância Oral a Glicose

Trolox: 6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromo-2-ácido carboxílico

TRX: Tiorredoxina

UDPGIcNAc: Uridina difosfato-N-acetil glucosamina

γ-GCS: γ-glutamilcisteína sintetase

18

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 3

2.1. O Buriti: Caracterização e seu Papel como Alimento Funcional ...................... 3

2.1.1. Caracterização Biológica ............................................................................ 3

2.1.2. Composição Química ................................................................................. 5

2.1.3. Buriti como Potencial Alimento Funcional ................................................ 7

2.1.4. Estudos com o fruto buriti in vitro e in vivo ............................................. 11

2.2. Diabetes Mellitus e Estresse Oxidativo ........................................................... 13

2.2.1. Diabetes Experimental Induzida por Estreptozotocina (STZ) .................. 16

2.3. Ações Antioxidantes do Organismo e Marcadores do Estresse Oxidativo ..... 17

2.3.1. Biomarcadores do Estresse Oxidativo ...................................................... 21

3. OBJETIVOS ......................................................................................................... 23

3.1. Objetivo Geral .................................................................................................. 23

3.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 23

4. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 24

4.1. Amostra de Buriti ............................................................................................. 24

4.2. Composição Centesimal .................................................................................. 24

4.3. Capacidade Antioxidante do Buriti .................................................................. 25

4.4. Animais ............................................................................................................ 26

4.5. Dieta ................................................................................................................. 26

4.6. Delineamento Experimental ............................................................................ 27

4.7. Teste de Tolerância Oral a Glicose (TTOG).................................................... 28

4.8. Análises Bioquímicas no Soro e Plasma .......................................................... 28

4.8.1. Atividade de Paraoxonase ........................................................................ 29

4.9. Determinação de Marcadores do Estresse Oxidativo em Fragmentos de Tecido

31

4.9.1. Proteína Carbonilada ................................................................................ 31

4.9.2. TBARS – Substâncias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico ........................ 32

4.10. Proteínas Totais ............................................................................................ 33

4.11. Análises Histológicas ................................................................................... 34

4.12. Análise Estatística ........................................................................................ 34

5. RESULTADOS ..................................................................................................... 35

5.1. Composição Centesimal e Fitoquímica da Farinha de Buriti .......................... 35

5.2. Capacidade Antioxidante in vitro contra o Radical DPPH .............................. 35

19

5.3. Teste de Tolerância Oral a Glicose (TTOG).................................................... 36

5.4. Peso Inicial e Final dos Animais e Níveis Plasmáticos de Glicose ................. 37

5.5. Peso dos Órgãos e Níveis Plasmáticos de AST, ALT, Uréia e Creatinina ...... 38

5.6. Metabólitos e Enzimas Séricas ........................................................................ 39

5.7. Biomarcadores do Estresse Oxidativo ............................................................. 41

5.7.1. Fígado ....................................................................................................... 41

5.7.2. Coração ..................................................................................................... 41

5.7.3. Pâncreas .................................................................................................... 42

5.7.4. Rim ........................................................................................................... 43

5.8. Exame Histopatológico do Fígado, Coração e Pâncreas ................................. 43

6. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 46

7. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 54

8. LIMITAÇÕES DO ESTUDO .............................................................................. 55

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 56

10. ANEXOS ............................................................................................................... 71

1

1. INTRODUÇÃO

Alterações no perfil alimentar e nutricional, aliado a mudanças econômicas, sociais e

demográficas e suas repercussões na saúde populacional, vêm sendo observadas em

diversos países em desenvolvimento (MONTEIRO, 2001). Recentemente, evidências

mostraram que características qualitativas da dieta são igualmente importantes na

definição do estado de saúde, em particular no que se refere a doenças crônicas da idade

adulta (MONTEIRO et al, 2000a). Assim, torna-se importante a busca de alimentos que

contenham quantidades significativas de nutrientes e que possam ser reconhecidos como

alimentos funcionais, ampliando sua oferta à população.

Não existe uma definição universal para alimentos funcionais. De forma

generalista, são alimentos para os quais pode ser satisfatoriamente demonstrado que eles

afetam beneficamente uma ou mais funções do organismo, além de garantirem efeitos

nutricionais adequados, conduzindo a uma melhoria do estado geral de saúde e bem estar

ou a uma redução do risco de doenças (DIPLOCK et al, 1999).

O que caracteriza um alimento funcional são os compostos bioativos presentes nele,

tais como carotenóides, vitaminas E e C, metabólitos fenólicos e ácidos graxos

poliinsaturados (ANJO, 2004; MORAES e COLLA, 2006). Vários são os mecanismos

pelos quais estes compostos exercem seus efeitos entre eles destaca-se a ação

antioxidante.

O Buriti (Mauritia flexuosa L. f.) é uma palmeira que pertence à família Palmae

ou Arecaceae e a subfamília Lepidocarycideae. No Brasil pertence à flora do cerrado e

pode ser encontrado nos estados do Pará, Amazonas, Maranhão, Piauí, Bahia, Ceará e

Tocantins (SANTOS et al, 2011). Um levantamento da National Academy Sciences

(NAS) das espécies vegetais na Amazônia e com grande potencial sócio-econômico,

concluiu que essa palmácea é uma das mais abundantes na América do Sul, tendo como

produtos potenciais, a polpa e produtos derivados como néctares, doces, bebidas

fermentadas, além do óleo da polpa e da semente, o amido do tronco da árvore e a madeira

para construção e fibra industrial (MANHÃES, 2007).

A polpa de buriti possui quantidades consideráveis de carotenóides, polifenóis e

ácido ascórbico, apresentando, assim, potencial para ser utilizado na prevenção de

doenças advindas do estresse oxidativo. Sua fração lipídica é composta basicamente de

tocoferol e óleos com predominância dos ácidos graxos oléico e palmítico, que ajudam

2

na prevenção de doenças cardiovasculares (MANHÃES, 2007; BARRETO, BENASSI e

MERCADANTE, 2009). Ainda são poucos os estudos que descrevem atividades

funcionais do buriti, mas os já existentes na literatura demonstram seu potencial

fotoprotetivo devido a presença dos carotenóides e sua atividade antibacteriana e

cicatrizante (ZANATTA et al, 2009; BATISTA et al, 2012; YUYAMA et al, 1998,

MANHÃES, 2007).

Neste contexto, este estudo avaliou os efeitos benéficos do buriti especialmente

relacionados à capacidade antioxidante in vitro da farinha de buriti e in vivo através da

avaliação de biomarcadores do estresse oxidativo em tecido hepático, cardíaco,

pancreático e renal em modelo experimental de diabetes, considerando que o

desenvolvimento das complicações do DM está, entre outros fatores, intimamente

relacionado ao aumento do estresse oxidativo (STADLER et al. 2004).

3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1.O Buriti: Caracterização e seu Papel como Alimento Funcional

2.1.1. Caracterização Botânica

O Buriti (Mauritia flexuosa) é uma palmeira que pertence à família Palmae ou

Arecaceae e a subfamília Lepidocarycideae (Figura 1), pode ser encontrado na América

do Sul, e no Brasil nos estados do Pará, Amazonas, Maranhão, Piauí, Bahia, Ceará e

Tocantins (SANTOS et al, 2011). Esta palmeira tem em torno de 15-20 m de altura e é

típica de regiões que possuem rios e ilhas (DARNET et al, 2011). Essa espécie prospera

mesmo em solos ácidos, pobres em nutrientes e inundados, o que geralmente é

inadequado para a agricultura. A palmeira tem importância estratégica na preservação da

vida selvagem, uma vez que o seu fruto é uma fonte de alimento para pássaros e

mamíferos (GAZEL-FILHO e LIMA, 2001).

É um fruto sazonal, onde sua frutificação em maior escala ocorre nos meses de

dezembro a junho na maioria das regiões (CARNEIRO e CARNEIRO, 2011).

Um levantamento da National Academy Sciences (NAS) das espécies vegetais na

Amazônia e com grande potencial sócio-econômico, concluiu que essa palmácea é uma

das mais abundantes na América do Sul, tendo como produtos potenciais, a polpa e

produtos derivados como néctares, doces, bebidas fermentadas, além do óleo da polpa e

da semente, o amido do tronco da árvore e principalmente a madeira para construção e

fibra industrial para barbante, rede de pesca e rede para dormir (MANHÃES, 2007).

Figura 1: Palmeira Mauritia flexuosa L.

4

Figura 2: Frutos do Buriti

Seu fruto pesa cerca de 75g (DARNET et al, 2011) e, como pode ser visto na

Figura 2, é constituído de uma drupa globoso-alongada de 4-7 cm de comprimento

constituída de epicarpo formado de escamas rombóides de cor castanho-avermelhada,

mesocarpo representado por uma massa espessa de cor alaranjada e endocarpo esponjoso

que envolve a semente (SANTOS et al, 2011).

A Figura 3 mostra em “a” o fruto do Buriti inteiro e em “b” uma secção deste,

podendo ser visualizado as seguintes partes: casca, polpa, parte fibrosa e semente (MELO

et al, 2011) e a Figura 4 mostra essas quatro partes separadamente.

Figura 3: Buriti: a) fruto inteiro e b) corte longitudinal do fruto.

Fonte: MELO et al, 2011.

Figura 4: A: Buriti íntegro; B: Buriti sem a casca; C: Parte fibrosa; D: Semente.

(Arquivo Pessoal)

A B C D

5

Quanto ao rendimento do buriti a Tabela 1 mostra os resultados obtidos por alguns

estudos sobre a contribuição de cada parte (casca, polpa, parte fibrosa e semente) neste

fruto.

Tabela 1: Rendimento do Fruto Buriti

Casca Polpa Fibra Semente

Martin (1990) 30% 10% 20% 40%

Carvalho & Müller (2005)

22,2 ± 2,8% 25,0 ± 4,5% - 37,1 ± 5,8%

Albuquerque & Regiani (2006)

7,8% 50% - 45,2%

Carneiro & Carneiro (2011)

25,13 ± 0,19% 10,98 ± 1,14% - 63,88 ± 0,74%

Barbosa et al, (2009)

11,1 ± 2,8 g 12,8 ± 5,9 g 10,5 ± 4,3 g 16,9 ± 6,4 g

Os estudos acima citados encontraram diferentes percentuais para a casca, polpa

e semente. Essa variação pode ser decorrente de divergências no que diz respeito à

metodologia utilizada, pela localidade onde o fruto foi coletado e a época de maturação

que este foi colhido do buritizeiro.

2.1.2. Composição Química

A Tabela 2 mostra a composição química da polpa de buriti segundo alguns

autores.

Tabela 2: Composição Química da Polpa de Buriti (%).

Umidade Proteínas Lipídios Carboidratos Cinzas

Carneio & Carneiro (2011) 54,35 1,3 18,16 25,53 0,66

Tavares et al (2003) 67 1,4 3,8 12,1 1,4

Manhães (2007) 62,93 2,10 13,85 8,25 0,94

Moreira & Arêas (1998) - 11,02 38,60 45,97 4,41

6

Observa-se, com relação à composição química da polpa de buriti apresentada

acima, resultados analíticos discrepantes entre as literaturas disponíveis. Tavares et al

(2003) descreve que isso pode ser decorrente às diferenças morfológicas e químicas entre

as variedades, bem como os diversos graus de maturação e de umidade dos frutos.

O estudo Melo et al (2011) determinou a composição centesimal do buriti na

casca, na polpa e na parte fibrosa e os dados são apresentados na Tabela 3. Neste estudo

observou-se que as três partes do buriti podem ser classificadas como ricos em fibras e

com elevado teor de gordura total, de acordo com a legislação brasileira (BRASIL, 1998),

que estabelece os valores mínimos destes componentes, tal como 6 g.100 g-1 e 3 g.100

g-1 (para alimentos sólidos), respectivamente. No que se refere à fibra dietética,

predominam as fibras insolúveis em todas as frações, e as fibras solúveis responsáveis

por 20% do total de fibras na polpa. A polpa apresenta os maiores níveis de proteína e de

gordura total, e seu teor de gordura é comparável à de algumas oleaginosas

comercialmente exploradas. Pode-se enfatizar que 68% do total de gorduras são

compostas por fração não saturada mostrando que a polpa de buriti não só é fonte de

gordura, mas também na forma de gordura de boa qualidade para consumo.

Tabela 3: Composição das partes do fruto Buriti.

Constituintes Composição do Buriti (g.100 g-1 de produto)1

Casca Polpa Parte Fibrosa

Umidade 7.47 ± 0.07 50.50 ± 1.14 6.24 ± 0.08

Gordura Total 6.32 ± 0.41 19.02 ± 0.72 7.06 ± 0.05

Saturado ND 6.09 ND

Insaturado ND 12.93 ND

Proteína 2.02 ± 0.05 3.74 ± 0.02 2.61 ± 0.05

Cinza 3.21 ± 0.01 0.63 ± 0.01 4.38 ± 0.01

Carboidrato2 6.01 3.35 7.98

Fibra Total 74.97 ± 1.70 22.76 ± 0.43 71.73 ± 0.64

Fibra Insolúvel 74.01 ± 0.54 18.21 ± 1.88 70.62 ± 0.37

Fibra Solúvel 0.96 4.54 1.11 1Média ± Desvio Padrão; 2Teor de carboidrato, exceto fibra; ND – não determinado.

Fonte: MELO et al, 2011.

7

Após a caracterização morfológica do buriti e a descrição dos macronutrientes

presentes neste fruto nos interessa saber quais os componentes bioativos que este contém

e, assim, reportar alguns estudos que mostram o buriti com potencial de ser um alimento

funcional.

2.1.3. Buriti como Potencial Alimento Funcional

A concepção de alimentos funcionais vem mudando no mundo ocidental, devido

ao aumento da associação entre dieta e doenças crônicas demonstrado por vários estudos.

Na década de 80 os japoneses começaram a difundir uma nova concepção de alimentos

através de um programa de governo que tinha como objetivo desenvolver alimentos

saudáveis para uma população que envelhecia e apresentava uma grande expectativa de

vida (ANJO, 2004). Desde então, muitos estudos foram sendo realizados afim de avaliar

os efeitos fisiológicos de vários alimentos e seus constituintes sobre a modulação dos

sistemas fisiológicos humanos (ARAI, 2007). Não existe uma definição universalmente

aceita para os alimentos funcionais. Porém, várias organizações vêm tentando criar uma

definição para essa classe de alimentos. Segundo Health Canada (1998) alimentos

funcionais consistem em “alimentos similares em aparência aos alimentos convencionais,

que são consumidos como parte da dieta habitual e demonstram benefícios fisiológicos

e/ou reduzem o risco de doenças crônicas além de possuírem funções nutricionais

básicas”. Já, no Brasil, a ANVISA (1999) define-os como “alimentos que podem, além

de cumprir com suas funções nutricionais básicas, produzir efeitos metabólicos e ou

fisiológicos e ou efeitos benéficos à saúde, devendo ser seguro para consumo sem

supervisão médica”. Uma outra definição do International Life Sciences Institute of North

América (ILSI, 1999) diz que são alimentos que, em virtude de ter componentes

alimentares bioativos, promovem mais benefícios à saúde, além da nutrição básica. Os

principais compostos bioativos presentes nos alimentos com ação funcional já

comprovada na literatura são os carotenóides, vitamina E e C, metabólitos fenólicos e

ácidos graxos poli-insaturados (ANJO, 2004; MORAES & COLLA, 2006).

8

2.1.3.1.Compostos Bioativos Presentes no Buriti

Ácidos Graxos Poliinsaturados

As famílias de ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 consistem de ácidos graxos

poliinsaturados contendo de 18 a 22 carbonos. Os principais ácidos graxos n-3 são o ácido

linolênico, o ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosahexaenóico (DHA),

enquanto os principais n-6 são o ácido linoléico e o ácido araquidônico (SUÁREZ-

MAHECHA et al, 2002). Pesquisas indicam que esses ácidos graxos desempenham

importante papel no organismo humano, uma vez que fazem parte da membrana celular,

têm ações antitrombóticas e anti-inflamatórias, atuando como precursores de

prostaglandinas e leucotrienos. Estão presentes em alimentos como, peixes e óleos

vegetais como a canola, milho, soja, linhaça. O ácido graxo oléico (ômega-9) vem

ganhando destque, uma vez que pode contribuir com a redução dos níveis séricos de

colesterol LDL e triacilgliceróis (MANHÃES, 2007).

O estudo de MANHÃES (2007) comparou a composição do óleo de buriti, em

relação às frações lipídicas, com dois óleos muito utilizados na dieta humana (azeite de

oliva e o óleo de canola) tidos como alimentos saudáveis, e encontrou que o óleo de buriti

possui níveis mais elevados de ácido graxo oléico (n-9) e contém aproximadamente

quatro vezes mais ácido linolênico (n-3) do que o azeite de oliva, como pode ser

visualizado na Figura 5.

Figura 5: Comparação dos principais ácidos graxos do óleo de buriti com azeite de oliva

e óleo de canola.

Fonte: MANHÃES, 2007.

9

Ácido Ascórbico e Polifenóis

O ácido ascórbico, também conhecido como vitamina C, é uma vitamina

hidrossolúvel, sintetizada por plantas e por quase todos os animais, exceto humanos

(PENTEADO, 2003). A vitamina C é essencial à saúde, pois desempenha papel

fundamental no desenvolvimento e regeneração dos músculos, pele, dentes e ossos, na

formação do colágeno, na regulação da temperatura corporal, na produção de diversos

hormônios e no metabolismo em geral (ANDRADE et al, 2002). A vitamina C é um

potente agente redutor capaz de reduzir a maioria das ROS/RNS fisiologicamente

relevantes (HALLIWELL e GUTTERIDGE, 2007), podendo atuar também como

sinergista na regeneração de antioxidantes primários (RAMALHO e JORGE, 2006).

Os polifenóis abrangem o maior grupo dentre os compostos bioativos nos

vegetais, sendo subdivididos em classes, de acordo com a estrutura química de cada

substância. Os principais grupos de polifenóis são os ácidos fenólicos, tendo como

exemplos: o ácido clorogênico, presente no café; os estilbenos, como o resveratrol

presente nas uvas e vinho; as cumarinas, como as furanocumarinas do aipo; as ligninas,

como as lignanas da linhaça; e os flavonóides. As ações fisiológicas desempenhadas pelos

polifenóis já foram relacionadas à prevenção de doenças cardiovasculares,

neurodegenerativas, câncer, entre outras, principalmente em função da sua elevada

capacidade antioxidante (FALLER e FIALHO, 2009).

Com relação aos teores de ácido ascórbico e de polifenóis na polpa de buriti o

estudo de Manhães (2007) encontrou que esta polpa contém teores de vitamina C

próximos aos da laranja e menores dos encontrados na couve. Já para os polifenóis

constatou-se que a polpa de buriti contém maior valor do que o encontrado na literatura

para cenoura e couve (Tabela 4).

Tabela 4: Teores de Polifenóis e Ácido Ascórbico presentes na polpa de buriti expressos

em mg/100g de amostra.

Antioxidantes Polpa de Buriti Laranja Cenoura

Polifenóis 9,47 - 0,171

Ác. Ascórbico 56,90 40-782 -

1CUNHA, 2005.

2SHILLS et al, 2003.

Fonte: MANHÃES, 2007.

10

Carotenóides

Os carotenóides compreendem uma família de compostos naturais, dos quais mais

de 600 variantes estruturais, sendo que as colorações vão desde o amarelo, passando pelo

laranja, até o vermelho intenso. Os mais comumente encontrados nos alimentos vegetais

são o β-caroteno (cenoura), licopeno (tomate), várias xantofilas (milho, manga, mamão e

gema de ovo) e a bixina (aditivo culinário e corante dérmico usado por indígenas

amazônicos, obtido do urucum). Estes compostos tem ação antioxidante, pois possuem a

capacidade de sequestrar oxigênio minimizando os danos causados por radicais livres

(FONTANA et al, 1997).

Na patogênese do DM tipo 2, uma relação entre controle glicêmico, estresse oxidativo

e complicações vasculares tem sido desde há muito tempo reconhecida e os carotenóides

(pró-vitamina A) podem desempenhar um papel na prevenção de DM tipo 2, devido à sua

propriedades antioxidantes (MARTINI et al, 2010). Um estudo observacional que

acompanhou por nove anos uma população idosa saudável quanto aos níveis de glicose

encontrou que o risco de disglicemia foi inferior nos participantes que possuíam maiores

níveis de carotenóides no plasma (AKBARALY et al, 2008). O estudo de Rossoni-Junior

et al (2012) realizado para avaliar os possíveis efeitos do urucum (fonte de carotenóide)

e da suplementação com β-caroteno sobre as espécies reativas de oxigênio e nitrogênio

em ratos diabéticos induzidos com aloxana, mostrou que os neutrófilos de animais

diabéticos produziram significativamente mais espécies reativas de oxigênio que os

animais dos grupos controles, porém a suplementação com β-caroteno e annatto foi capaz

de modular a produção destas espécies.

A Tabela 5 mostra os resultados de dois estudos distintos com relação ao teor de

carotenóides na polpa de buriti. Observa-se que o principal carotenóide desta polpa é o β-

caroteno que possui 100% da atividade pró-vitamina A, sendo que seus níveis foram

superiores aos encontrados na cenoura (MANHÃES, 2007).

11

Tabela 5: Teor de carotenóides totais e dos principais carotenóides da polpa de buriti.

Carotenóides Polpa Buriti (µg/100g)

Polpa Buriti1 (µg/100g)

Cenoura (µg/100g)

α-Caroteno 1480 ± 0,09 8010 0

β-Caroteno 13710 ± 0,75 35980 54001

Carotenóides Totais

23360 ± 0,98 - -

1GODOY & RODRIGUES – AMAYA, 1994. 2MANGELS et al, 1993.

Fonte: MANHÃES, 2007.

Yuyama et al (1998) encontrou na farinha de buriti um teor de carotenóides de

16,71 µg/g (fração alfa) e 110,46 µg/g (fração beta), perfazendo um total de 1976

ER/100g de vitamina A.

Um estudo caso-controle foi realizado em típicas regiões semi-áridas do Rio

Grande do Norte, as cidades de João Câmara, Parelhas e Jardim do Seridó, objetivando

avaliar a eficácia do doce de buriti no tratamento e prevenção da xeroftalmia em 44

crianças de 12 anos, através da suplementação diária com uma quantidade correspondente

a 134 µg de equivalentes de retinol (12 g do doce de buriti) durante 20 dias. Os resultados

desse estudo mostraram que o buriti é uma ótima fonte de vitamina A e que este pode

reverter os sinais clínicos da xeroftalmia, além de restaurar reservas hepáticas dessa

vitamina. Desse modo, estes resultados sugerem a possível utilização do buriti em

programas de combate a hipovitaminose A em países onde o fruto encontra-se disponível

ou têm potencial para cultivo (MARIATH et al, 1989).

2.1.4. Estudos com o fruto buriti in vitro e in vivo

Zanatta et al (2008) avaliaram os possíveis efeitos citotóxicos de cremes e loções

produzidas com óleo de Buriti (Mauritia flexuosa) em queratinócitos e fibroblastos

através do método de liberação vermelho neutro (ensaio NRR) e encontraram que as

emulsões com óleo de buriti apresentaram baixa citotoxicidade para as células em

concentrações elevadas e com a adição de vitamina E aumentou a viabilidade celular.

Outro estudo realizado pelos mesmos autores em 2010 para avaliar o potencial

fotoprotetor de emulsões formuladas com óleo de buriti contra a radiação UV em

12

queratinócitos e fibroblastos concluíram que as emulsões de óleo de buriti poderiam ser

consideradas potenciais veículos para o transporte de antioxidantes e, também, ser

utilizadas como adjuvantes em formulações de proteção solar.

O estudo de Batista et al (2012) avaliou a atividade antibacteriana in vitro,

utilizando cinco bactérias patogênicas incluindo espécies gram-positivas e espécies gram-

negativas mediante o uso do método de difusão em Agar, e cicatrizante do óleo de buriti

(M. flexuosa) em feridas realizadas em 40 ratos da linhagem Wistar, Os resultados obtidos

neste estudo mostraram, em relação à avaliação da atividade antibacteriana, que houve

inibição do crescimento bacteriano em quatro dos cinco patógenos testados. Quanto à

atividade cicatrizante avaliada in vivo, o óleo do fruto de buriti mostrou-se eficiente no

processo cicatricial de feridas cutâneas em ratos Wistar.

Um estudo experimental conduzido em 28 dias utilizando 48 ratos machos da

linhagem Wistar, para determinar a biodisponibilidade dos carotenoides do buriti in vivo,

seguindo o seguinte delineamento experimental: Grupo Deficiente (ração completa à base

de caseína sem adição de vitamina A na mistura vitamínica), Grupo Controle 1200 (ração

completa à base de caseína com adição de 1200 ER/Kg oriunda do palmitato de retinila),

Grupo Controle 2400 (ração completa à base de caseína com adição de 2400 ER/Kg

oriunda do palmitato de retinila), Grupo Buriti 1200 (ração completa à base de caseína

com adição de 1200 ER/Kg oriunda da farinha de buriti) e Grupo Buriti 2400 (ração

completa à base de caseína com adição de 2400 ER/Kg oriunda da farinha de buriti). Este

estudo encontrou que as reservas hepáticas de vitamina A foram significativamente

maiores nos grupos de animais que receberam dieta suplementada com buriti quando

comparado com os grupos Controle, demonstrando ser o buriti uma fonte de pró-vitamina

A altamente biodisponível (YUYAMA et al, 1998).

Como pôde ser visto, o buriti contém quantidades significativas de compostos

bioativos, confirmando que este fruto tem potencial antioxidante e já existente na

literatura estudos que demonstram seu potencial fotoprotetivo devido a presença dos

carotenóides e sua atividade antibacteriana e cicatrizante. Então, tendo em vista que o

DM é uma doença na qual provoca alterações metabólicas que culminam no aumento da

produção de ROS, qual seria o papel do buriti dentro deste contexto?

13

2.2.Diabetes Mellitus e Estresse Oxidativo

O diabetes mellitus (DM) consiste em uma desordem metabólica de múltiplas

etiologias e que se caracteriza por um estado de hiperglicemia crônica, decorrente da

anormalidade na secreção e/ou ação da insulina, com consequentes distúrbios no

metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. É um dos mais importantes problemas

de saúde pública mundial e sua prevalência vem crescendo a cada ano. A Organização

Mundial da Saúde (OMS) prevê que até o ano 2025, 300 milhões de pessoas apresentarão

a doença. Neste contexto o Brasil se encontra entre os 10 países com maior número de

casos de diabetes no mundo (WILD et al. 2004).

A classificação do DM baseia-se na sua etiologia, eliminando os termos diabetes

melito insulinodependente e não-insulinodependente. Desse modo, tem-se que o DM do

tipo 1 resulta primariamente da destruição das células beta pancreáticas e tem tendência

à cetoacidose. Inclui casos decorrentes de doença auto-imune e aqueles nos quais a causa

da destruição das células beta não é conhecida. Corresponde a 5% a 10% do total de casos.

A forma rapidamente progressiva é comumente observada em crianças e adolescentes,

porém pode ocorrer também em adultos. Já o DM do tipo 2 resulta, em geral, de graus

variáveis de resistência à insulina e deficiência relativa de secreção de insulina. A maioria

dos pacientes tem excesso de peso e a cetoacidose ocorre apenas em situações especiais,

como durante infecções graves. O diagnóstico, na maioria dos casos, é feito a partir dos

40 anos de idade, embora possa ocorrer mais cedo, mais raramente em adolescentes.

Abrange 85% a 90% do total de casos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES,

2002).

A progressão da doença resulta em alterações patológicas e complicações que

envolvem diversos tecidos tais como, fígado, rim, retina, sistema cardiovascular e sistema

nervoso central e periférico (FAJANS et al. 1997). Tais complicações comprometem a

produtividade, qualidade de vida e sobrevida dos indivíduos, além de envolver altos

custos no seu tratamento.

O desenvolvimento das complicações da DM está, entre outros fatores,

intimamente relacionado ao aumento do estresse oxidativo. Alterações nos sistemas de

defesa antioxidante endógeno associadas ao aumento na produção de espécies reativas de

oxigênio, desempenham um papel fundamental no desenvolvimento do dano tecidual

inicial observado no diabetes, que posteriormente evolui para as complicações tardias da

doença (STADLER et al. 2003).

14

A produção de radicais livres consiste em um processo contínuo e fisiológico,

cumprindo funções biológicas relevantes. Nos processos metabólicos, esses radicais

atuam como mediadores para a transferência de elétrons nas várias reações bioquímicas.

A produção contínua de radicais livres durante os processos metabólicos é balanceada por

mecanismos de defesa antioxidante (FERREIRA e MATSUBARA, 1997; SHAMI e

MOREIRA, 2004). Assim, o processo de estresse oxidativo decorre da existência de um

desequilíbrio entre a produção de ROS e a capacidade antioxidante endógena, em favor

da geração excessiva de radicais livres ou em detrimento da velocidade de remoção

desses. O excedente de radicais livres gerado por esse desequilíbrio promove à oxidação

de biomoléculas com consequente perda de suas funções biológicas e/ou desequilíbrio

homeostático, cuja manifestação é o dano oxidativo potencial contra células e tecidos

(HALLIWELL e WHITEMAN, 2004).

Fatores externos e internos podem causar danos moleculares e resultar em estresse

oxidativo devido ao aumento na produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) ou de

espécies reativas de nitrogênio (RNS). Esse aumento também pode alterar a expressão

gênica, levando a um quadro inflamatório que resulta em maior produção dessas espécies

reativas. Dessa forma, a inflamação aliada ao estresse oxidativo contribuem para o

desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, doenças cardivasculares e diabetes

mellitus tipo 2, as quais também contribuem para o aumento na produção de ROS e RNS.

Os antioxidantes endógenos e da dieta trabalham juntos para minimizar esse quadro e,

consequentemente, o desenvolvimento de dano celular. Além disso, esse sistema de

defesa endógena e exógena é influenciado pela variação genética de cada indivíduo

(COSTA et al, 2012) (Figura 6).

15

Figura 6: Visão geral da relação entre a produção de espécies reativas, o

desenvolvimento de doenças crônicas e do papel dos antioxidantes e da variação genética

sobre a modulação do estresse oxidativo.

Fonte: COSTA et al, 2012

Muitas fontes estão relacionadas ao aumento do estresse oxidativo no diabetes,

tais como enzimáticas, não enzimáticas e vias mitocondriais. A hiperglicemia pode

estimular diretamente a produção de ROS através do aumento do fluxo de elétrons pela

cadeia respiratória. Cerca de 1 a 3% dos elétrons podem “escapar” da cadeia de transporte

e gerar o ânion superóxido, sob condições de hiperglicemia este processo é acentuado

(VALKO et al. 2006). As fontes não enzimáticas estão relacionadas a reações

bioquímicas de oxidação da glicose por vias secundárias a via glicolítica.

Uma via secundária que pode ocorrer no diabetes é a via de formação dos produtos

finais de glicação avançada (AGES). Os AGES são formados através do processo de

glicação, no qual a glicose, em excesso, reage com grupos amino livres de proteínas.

Existem três mecanismos de toxicidade dos AGES: interação com o receptor, deposição

no tecido e glicação in situ. Desse modo, eles podem desencadear nas células uma

resposta pró-inflamatória, pró-fibrótica e pró-coagulante capazes de danificar os tecidos

(HEIDLAND et al, 2001, DAROUX et al, 2010).

A hiperglicemia intracelular pode, também, favorecer a conversão enzimática da

glicose em sorbitol, através da via dos polióis, reduzindo as concentrações celulares de

NADPH e glutationa reduzida. Ou pode aumentar os níveis de diacilglicerol (DAG) e

ativar proteína quinase C (PKC) (KOYA & KING, 1998). Estudos demonstram que uma

hiperglicemia intracelular aumenta a quantidade de DAG em culturas de células

microvasculares, na retina e em glomérulos renais de animais diabéticos. E o aumento da

16

síntese de novo DAG está relacionado com a ativação de PKC, levando a consequências

patológicas, como por exemplo, estimulação de vias pró-inflamatórias por meio do NF-

κB e aumento da produção de ROS pela ativação da NADPH oxidase (BROWNLEE,

2001).

Portanto, medidas que reduzem esse aumento na produção de ROS, provocados

pela hiperglicemia no diabetes, têm ganhado destaque no meio científico. E uma

alternativa que tem sido bastante investigada é com relação aos efeitos provocados por

um alimento com potencial antioxidante sobre um modelo experimental de diabetes.

2.2.1. Diabetes Experimental Induzida por Estreptozotocina (STZ)

A estreptozotocina (STZ) é uma glicosamina-nitrosureia (Figura 7) que nas células

do pâncreas é convertida em metabólitos, um dos quais o óxido nítrico (NO). Ela é

captada pelas células pancreáticas que contêm transportadores de glicose GLUT-2.

Células produtoras de insulina que não expressam esse transportador são resistentes a

STZ (ELSNER et al, 2000). Vários são os mecanismos propostos para a citotoxicidade

produzida pela STZ. Um deles propõe que o NO reage com o oxigênio para produzir

N2O3 e outros óxidos de nitrogênio, que danificam o DNA e proteínas. Lesões no DNA

ativam a enzima de reparo chamada poli ADP-ribose polimerase I (PARP I), que utiliza

grandes quantidades de NAD+ como substrato e, eventualmente, o ATP, inibindo a síntese

e secreção de insulina (SZKUDELSKI, 2001).

Figura 7: Estrutura Química da STZ.

17

Alguns estudos realizados in vivo, por nosso grupo de pesquisa, comprovam o estresse

oxidativo gerado pela indução de diabetes por STZ. O estudo de Silva et al (2011) avaliou

os efeitos da estreptozotocina sobre os marcadores de estresse oxidativo em hamsteres e

observou maiores concentrações de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS)

no fígado e nos rins. Além disso, apresentou significativo aumento da concentração de

glutationa no fígado e menores atividades da paraoxonase e do superóxido dismutase.

Outro estudo de Guerra et al (2011) que avaliou o possível efeito protetor da polpa de

açaí sobre a produção de ROS por neutrófilos e sobre o sistema de defesa antioxidante

hepático em ratos controle e diabéticos induzidos por STZ mostrou que os ratos diabéticos

apresentaram redução na expressão de mRNA que codificam para Zn-superóxido

dismutase (Zn-SOD), glutationa peroxidase (GPx) e γ-glutamilcisteína sintetase (γ-GCS),

e aumento dos níveis de TBARS e proteínas carboniladas quando comparado aos ratos

controle. O estudo de Sampaio (2012), em ratos, também observou um aumento na

geração de EROS por neutrófilos no grupo diabético em relação ao grupo controle.

2.3.Ações Antioxidantes do Organismo e Marcadores do Estresse Oxidativo

Antioxidante, segundo uma definição ampla, é “qualquer substância que, presente

em baixas concentrações quando comparada a do substrato oxidável, atrasa ou inibe a

oxidação deste substrato de maneira eficaz” (SIES & STAHL, 1995). Ou seja, um

antioxidante consiste em uma molécula capaz de inibir a oxidação de outras moléculas.

E eles podem ser classificados em enzimáticos e não enzimáticos, como pode ser

visualizado na Tabela 6 (BARBOSA et al, 2010).

18

Tabela 6: Ações e mecanismos de diversas substâncias antioxidantes.

Antioxidantes Ação

Não enzimáticos (de origem dietética)

Vitamina A (β-caroteno) Proteção contra a oxidação de lipídeos e DNA

Vitamina C (ácido ascórbico) Inibição das EROs (agente reductor). Estimula o

poder antioxidante da vitamina E e selênio.

Proteção contra danos causados pela LDL-ox

Vitamina E (α-tocoferol) Proteção contra a peroxidação de ácidos graxos

insaturados da membrana celular e das LDL.

Converte O2• e H2O2 em formas menos reativas

Cu, Zn, Mn, Se Cofatores das enzimas antioxidantes SOD-Cu/Zn,

SOD-Mn e GSH-Pox

Outros carotenoides (licopeno) Proteção contra a oxidação de lipídeos, LDL,

proteínas e DNA. Sequestra e inativa os radicais

livres

Fitoquímicos (resveratrol, catequinas,

quercetinas, ácidos fenólicos e outros)

Proteção contra a oxidação de lipídeos e DNA

Enzimáticos

Superóxido Dismutase SOD-Cu/Zn (citoplasma), SOD-Mn (mitocôndria).

Catalisa a conversão do radical superóxido (O2•)

em peróxido de hidrogênio (H2O2)

Catase Catalisa a conversão de H2O2 em O2 e H2O

Glutationa Peroxidase Catalisa a redução do H2O2 a H2O

Fonte: BARBOSA et al, 2010

Sistema Enzimático

O sistema de defesa enzimático inclui as enzimas Superóxido Dismutase (SOD),

Catalase (CAT) e Glutationa Peroxidase (GPx) (Figura 8). A enzima SOD converte

ânions superóxido a peróxido de hidrogênio (H2O2). Este pode, então, ser rapidamente

removido pela GPx ou pela CAT, enzimas que agem com o mesmo propósito, o de

impedir o acúmulo de H2O2. A ação da GPx depende da manutenção do ciclo redox da

glutationa, por meio do controle da relação entre glutationa reduzida (GSH) e oxidada

(GSSG). A atividade dessas enzimas, na maioria das vezes, depende da participação de

cofatores enzimáticos, especialmente antioxidantes de origem dietética. Esses cofatores

podem se diferenciar de acordo com os compartimentos celulares de ação das enzimas. A

SOD pode ser encontrada sob duas formas: no citoplasma, é dependente de cobre e zinco

(SOD-Cu/Zn), enquanto na mitocôndria, necessita do manganês como cofator (SOD-

Mn). A GPx também existe sob duas formas: dependente e independente de selênio e

pode apresentar-se no citoplasma ou na mitocôndria (FERREIRA et al, 1997;

19

SCHNEIDER et al, 2004). A catalase é uma hemeproteína citoplasmática e é encontrada

no sangue, medula óssea, mucosas, rim e fígado. Sua atividade é dependente de NADPH

(SCOTT, 1991).

Figura 8: Sistema antioxidante enzimático.

O estresse oxidativo ativa uma resposta específica que inclui aumento da

expressão de moléculas antioxidantes endógenas. A transcrição da maioria dos genes

antioxidantes é regulada através do fator nuclear de transcrição (transcription factor

nuclear factor- E2–related factor -Nrf2) e elementos de resposta antioxidante (ARE) na

região promotora destes genes (MOI et al, 1994). Nrf2 normalmente está sequestrado no

citoplasma por “Kelch-like ECH-associated protein 1” - Keap1, uma proteína citossólica

ancorada à actina que facilita a degradação de Nrf2 pela via ubiquitina – proteossoma

(NGUYEN et al, 2003). Com o estresse oxidativo, Nrf2 dissocia de Keap1 e se desloca

para o núcleo, onde induz a transcrição de Genes “ARE-regulados”, incluindo ɣ-

glutamilcisteina sintetase (ɣ-GCS) (WILD et al, 1999) heme oxigenase 1 (HO-1) (1),

peroxirredoxina (PRX) (ISHI et al, 2000), glutationa peroxidase 2 (GPx2) (BANNING

et a,l 2005.) e tiorredoxina (TRX) (Figura 9).

20

Figura 9: Sistema Keap1-Nrf2-ARE regulados.

Fonte: GOLDRING, 2006.

Outra enzima que possui capacidade antioxidante é a arilesterase/paraoxonase

(PON). Ela está presente no soro humano e consiste numa enzima que catalisa a hidrólise

de organofosfatos, como por exemplo o paraoxon. Muitos desses organofosfatos são

neurotóxicos e amplamente encontrados na alimentação cotidiana. Estudos têm

demonstrado uma relação inversa entre a PON, aterosclerose e doença coronariana. Isso

devido ao fato de que essa enzima circula no plasma associada com a lipoproteína HDL,

contribuindo para o efeito protetor dessa lipoproteína contra a oxidação por LDL

(DURRINGTON et al, 2001). Em experimentos com HDL e PON, Aviram et al (2000),

determinaram que tanto a HDL associada a PON quanto a PON purificada são potentes

inibidores da oxidação por LDL. Seus experimentos implicaram num papel peroxidativo

para PON devido à sua hidrólise ativa de H2O2, uma das maiores espécies reativas de

oxigênio produzida durante o estresse oxidativo.

Sistema Não-Enzimático

O sistema de defesa não-enzimático inclui, especialmente, os compostos

antioxidantes de origem dietética, entre os quais se destacam: vitaminas, minerais e

compostos fenólicos. O ácido ascórbico (vitamina C), o α-tocoferol e β-caroteno,

precursores das vitaminas E e A, respectivamente, são compostos vitamínicos

potencialmente antioxidantes. Outros carotenóides sem atividade de vitamina A, como

licopeno, luteína e zeaxantina, também o são. Também são encontrados, frequentemente,

21

como antioxidantes os compostos fenólicos, tais como os flavonóides. Quanto aos

minerais destacam-se o zinco, cobre, selênio e magnésio que atuam como cofatores de

enzimas antioxidantes (BIANCHI e ANTUNES, 1999; BARBOSA et al, 2010).

2.3.1. Biomarcadores do Estresse Oxidativo

A quantificação das concentrações das enzimas e/ou moléculas antioxidantes e a

observação dos efeitos dos radicais livres sobre as moléculas celulares são meios indiretos

de avaliação do estresse oxidativo.

A maioria dos marcadores de dano oxidativo utilizado reflete o ataque dos radicais

livres a ácidos graxos poli-insaturados, com via clássica peroxidação lipídica,

hidroperóxidos e produtos finais de malondialdeído. A peroxidação lipídica é iniciada

pela reação de uma espécie reativa com um ácido graxo insaturado e propagada por

radicais peroxilas. Isso resulta na formação de hidroperóxidos lipídicos e aldeídos, tais

como o malondialdeído, 4-hidroxinonenal e isoprostanos, que podem ser detectados em

amostras biológicas e utilizados para se avaliar o estresse oxidativo. Uma das técnicas

mais utilizadas para se avaliar a oxidação de lipídios é através da determinação da

concentração de malondialdeído (MDA), o mais abundante aldeído resultante de

peroxidação lipídica e sua reação com o ácido tiobarbitúrico (TBA) forma um produto

que pode ser detectado espectrofotometricamente (Figura 10) (PUNCHARD e KELLY,

1996).

Figura 10: Reação do ácido tiobarbitúrico com malondialdeído para produzir um produto

final com coloração detectada na absorbância de 532 nm.

Proteínas também podem sofrer danos oxidativos. Como consequência, a modificação

oxidativa das proteínas pode ocorrer numa variedade de processos fisiológicos. Embora,

por vezes, a distinção é arbitrária, estas modificações podem ser primárias ou secundárias.

As modificações primárias ocorrem por reações catalisadas por metal; oxidação mediada

22

por radiação e na oxidação por ozônio ou óxidos de nitrogênio. Modificações secundárias

ocorrem quando as proteínas são modificadas por moléculas geradas pela oxidação de

outras moléculas. Um exemplo importante é a modificação covalente de proteínas por

hidroxinonenal produzido por oxidação de lipídios. Os grupos carbonilados podem ser

introduzidos em proteínas por qualquer uma destas reações, e o aparecimento desses

grupos evidencia modificação oxidativa das proteínas. Desse modo, a quantificação do

conteúdo de carbonilas consiste em um método muito utilizado para determinar oxidação

protéica e baseia-se na reação dos grupos carbonilados com 2,4-dinitrofenilhidrazina

(DNPH) (PUNCHARD e KELLY, 1996).

Figura 11: Reação do DNPH com uma proteína carbonilada gerando um produto final

com coloração detectada na absorbância de 370nm.

Considerando o papel de ROS no desenvolvimento das complicações do diabetes

e que o buriti contém componentes que podem controlar os efeitos do estresse oxidativo,

esse estudo foi realizado para avaliar se este fruto possui capacidade antioxidante in vitro

e se in vivo consegue reduzir danos oxidativos às biomoléculas em diferentes tecidos de

ratos diabéticos.

23

3. OBJETIVOS

3.1.Objetivo Geral

Avaliar o potencial antioxidante da farinha de buriti in vitro e em tecidos de ratos

diabéticos STZ-induzidos.

3.2.Objetivos Específicos

Este trabalho teve como intuito avaliar na farinha de buriti:

I. À composição centesimal e fitoquímica;

II. À capacidade antioxidante in vitro.

E avaliar no modelo in vivo:

III. O perfil glicêmico dos animais durante o experimento;

IV. O perfil sérico de alguns parâmetros bioquímicos;

V. Danos oxidativos às biomoléculas (proteína e lipídeo) no fígado, coração,

pâncreas e rim;

VI. À histologia dos tecidos cardíaco, pancreático e do fígado.

24

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1.Amostra de Buriti

No experimento utilizou-se a farinha de buriti (Mauritia flexuosa L.), um produto

artesanal brasileiro, produzida pela loja Néctar do Cerrado, Montes Claros, Minas Gerais.

Ela consiste de um produto natural, derivada da polpa desidratada de buriti e não possui

conservantes (Figura 12).

Figura 12: Farinha de buriti adquirida na loja Néctar do Cerrado.

4.2.Composição Centesimal

As determinações de umidade residual (105ºC), proteínas, lipídeos, cinzas e fibra

na farinha de buriti foram realizadas em triplicatas de amostras, segundo métodos da

AOAC (1984). As análises foram realizadas no Laboratório de Bromatologia do

Departamento de Alimentos da Escola de Nutrição, Universidade Federal de Ouro Preto

(UFOP).

Na determinação de umidade utilizou-se o método de secagem em estufa à

temperatura de 105ºC. As cinzas totais foram determinadas após as amostras serem

submetidas à incineração em mufla (500-600ºC). Para determinação das proteínas

utilizou-se o Método de Kjeldahl, ao qual consiste na determinação através de N total. Os

lipídeos foram determinados pela extração com solvente à quente, onde o extrator

utilizado foi do tipo Soxhlet. Para as fibras foi utilizado o método de determinação de

fibra em detergente neutro - aparelho digestor para fibra Tecnal/TE-149. Este método

consiste em um processo rápido para a determinação da fibra total em alimentos. A fibra

em detergente neutro (FDN) é constituída por celulose, hemicelulose e lignina. Por fim,

os carboidratos foram determinados por diferença (AOAC, 1995) (Anexo I).

25

4.3.Capacidade Antioxidante do Buriti

A capacidade antioxidante da farinha de buriti foi determinada através do método

do DPPH (2,2-difenil-1picril-hidrazil) (Brand-Williams et al, 1995). Esse método baseia-

se na transferência de elétrons de um composto antioxidante para o radical DPPH em

solução de metanol.

As determinações foram realizadas adicionando em tubos de ensaio, 3,9 mL de

solução de DPPH 60 µM, dissolvidos em metanol 80%, e 100 µL de solução com farinha

de buriti em diferentes concentrações (0,01; 0,02 e 0,05 g/mL) e de água destilada

(amostra controle).

Utilizou-se Trolox (6-hidroxi-2,5,7,8-tetrametilcromo-2-ácido carboxílico) como

antioxidante de referência. Do mesmo modo, adicionou-se em tubos de ensaio 3,9 mL de

solução de DPPH e 100 µL de solução de Trolox em diferentes concentrações (100, 200

e 400 µM) em metanol 80%.

Posteriormente, cada tubo foi homogeneizado e mantido na ausência de luz por

30 minutos à temperatura ambiente. A atividade foi determinada através da redução da

absorbância do radical DPPH a 515nm; água destilada foi utilizada como branco e o

percentual de inibição foi determinado de acordo com a equação:

% inibição do radical DPPH = (A controle 515 – A amostra 515 / A controle 515) x 100

Onde:

A controle 515: é a absorbância da solução de DPPH mais água destilada (sem a presença de

antioxidantes), obtida a 515nm.

A amostra 515: é a absorbância da solução de DPPH mais a solução com farinha de buriti ou

Trolox nas diferentes concentrações (amostra), obtida a 515nm.

26

4.4.Animais

Foram utilizados ratos Fischer fêmeas, com aproximadamente 80 dias de idade e

pesando cerca de 190 ± 2,0g provenientes do Laboratório de Nutrição Experimental da

Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). O protocolo relativo ao uso dos animais foi

aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) - UFOP (Protocolo:

201148) (Anexo II).

4.5.Dieta

Os animais receberam dieta padrão AIN-93M (REEVES et al, 1993), ou dieta

padrão acrescida de 2% da farinha de buriti conforme apresentado na Tabela 7.

As dietas foram confeccionadas no Laboratório de Nutrição Experimental da

Escola de Nutrição, UFOP, acondicionadas em sacos plásticos e armazenadas em freezer

a -20ºC.

Tabela 7: Composição das dietas experimentais (g/1000g de dieta).

Componentes Dietas

Padrão Padrão + 2% Buriti

Amido de Milho 620,7 600,7

Caseína 140 140

Sacarose 100 100

Celulose 50 50

Mist. Minerais1 35 35

Mist. Vitaminas2 10 10

Colina 2,5 2,5

Cisteína 1,8 1,8

Óleo de Soja 40 40

Farinha de Buriti - 20 ¹ - Mistura de Minerais (expresso em g/kg da mistura): NaCl - 74/KI - 0,01/Citrato Tripotássico - 28/CaCO3 -

357/MnCO3 - 0,63/Citrato de Ferro - 6,06/ MgO - 24/ K2SO4 -46,6/ KH2PO4 - 250 / ZnCO3 - 1,65/CuCO3 -

0,3/Na2SeO4 - 0,01/(NH4)6MoO24 . 4 H2O - 0,00795.

² - Mistura de Vitaminas (expresso em g/kg da mistura): Niacina - 3/ Pantotenato de Cálcio - 1,6/Piridoxina HCl -

0,7/Tiamina HCl - 0,6/Riboflavina - 0,6/Ácido Fólico - 0,2/Biotina - 0,02/Cianocobalamina - 2,5/Vitamina E (500 IU/g)

- 15/Vitamina A (500.000 IU/g) - 0,8/Vitamina D (400.000 IU/g) - 0,25/Vitamina K - 0,075/Sacarose q.s.p. 1Kg.

27

4.6.Delineamento Experimental

Trinta e seis animais foram divididos em quatro grupos de acordo com o

tratamento recebido (Figura 13): grupos Controles com 8 animais (Controle – C; Controle

+ Buriti - CB); e os grupos Diabéticos com 10 animais (Diabético – D; Diabético + Buriti

- DB).

0 dia 7º dia 25º dia 30º dia

Figura 13: Delineamento amostral e linha do tempo do experimento.

O diabetes mellitus foi induzido no primeiro dia do experimento por injeção

intraperitoneal de estreptozotocina (STZ) (35 mg/Kg), diluído em 0,2 mL de tampão de

citrato de sódio em ratos Fischer. Nos grupos de ratos não diabéticos foi administrada

injeção intraperitoneal de tampão de citrato de sódio. Após a indução foi oferecido aos

animais que receberam STZ uma solução de glicose a 10% para evitar a morte destes por

hipoglicemia. Sete dias após a aplicação, foram determinados os níveis de glicose

retirando-se sangue através da cauda e utilizando-se o glicosímetro. Para isso utilizou-se

o aparelho Accu- Chek Active® da Roche. Foram considerados diabéticos os ratos com

níveis de glicose no jejum maiores que 250mg/dL.

Quanto à dieta os grupos C e D receberam dieta padrão (AIN-93M), os grupos CB

e DB receberam dieta padrão contendo 2% da farinha de buriti. Após 30 dias de

36 Ratas Fisher

Controle

(8)

Dieta AIN-93M

Controle + Buriti

(8)

Dieta AIN-93M + 2% farinha de

buriti

Diabetes

(10)

Dieta AIN-93M

Diabetes + Buriti

(9)

Dieta AIN-93M + 2% farinha de

buriti

- Indução DM

- Início dietas

- Avaliação da

Glicemia

TTOG

Eutanásia

dos

animais

28

tratamento os animais foram deixados em jejum por 12 horas, anestesiados com

isoflurano e eutanasiados. O sangue foi recolhido para obtenção do soro e plasma e os

órgãos: fígado, pâncreas, coração e rins foram coletados imersos em nitrogênio líquido e

armazenados em freezer - 80oC para análises posteriores sendo que um fragmento do

fígado, coração e pâncreas foi armazenado em formol tamponado para realização de

análises histológicas.

Durante a realização do experimento, os animais foram mantidos em ambiente

arejado, com controle de temperatura, umidade e ventilação, e receberam água ad libitum.

4.7.Teste de Tolerância Oral a Glicose (TTOG)

O TTOG foi realizado no 25º dia do experimento. Para isso, os animais foram

deixados em jejum por 12 horas e, posteriormente, receberam 2,5g de glicose por Kg de

peso corporal por gavagem. Para tal foi utilizada uma solução de glicose 25% ajustando

o volume injetado para o peso do animal. A glicose plasmática foi medida antes (tempo

0) e após 30, 60 e 120 minutos, utilizando glicosímetro digital (Accu- Chek Active® da

Roche).

4.8.Análises Bioquímicas no Soro e Plasma

As dosagens bioquímicas - colesterol total, triacilglicerol, uréia, creatinina,

alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase (AST), glicose, proteínas

totais e albumina - foram realizadas utilizando-se kits comerciais Labtest Diagnóstica S.A

de acordo com as instruções do fabricante. Segue, abaixo, os nomes dos kits com seus

respectivos números de referência:

Colesterol Liquiform – Ref. 76 Glicose Liquiform - Ref. 133

Triglicérides Liquiform - Ref. 87 Proteínas Torais - Ref. 99

Uréia CE - Ref. 27 Albumina - Ref. 19

Creatinina - Ref. 35

Transaminase Pirúvica - Ref. 53

Transaminase Oxalacética - Ref. 52

29

4.8.1. Atividade de Paraoxonase

Paraoxonase – Atividade Arilesterásica

A determinação da atividade arilesterásica da enzima paraoxonase, usando o

fenilacetato como substrato, tem como base a velocidade de hidrólise do fenilacetato

(ECKERSON et al, 1983), e foi determinada conforme descrito por Beltowski et al

(2002).

Procedimento da dosagem:

Em tubo de ensaio adicionaram-se 2mL de tampão Tris-HCl, 9mM; pH = 8,0

contendo 0,9mmol/L de cloreto de cálcio e 5μL de soro. O conteúdo do tubo foi

homogeneizado em vórtex e incubado em banho-maria durante dois minutos. Após esse

procedimento, adicionaram-se 0,5mL da solução Tris - fenilacetato (1μL de fenilacetato

para cada 1500μL de Tris-HCl 9mM; pH = 8,0). Depois de exatamente 3 minutos, a

absorbância foi determinada a 270nm. O espectrofotômetro foi zerado com o branco que

continha todos os reagentes acima, exceto o soro.

Cálculo:

A definição para atividade enzimática foi feita de acordo com Beltowski et al

(2002), onde 1U de paraoxonase é equivalente à hidrólise de 1mmol de fenilacetato (ε =

1310 L.mol-1.cm-1) por minuto. Assim, a atividade arilesterásica da enzima é:

U/mL = Absorbância

ε ×b ×

1000

Tempo ×Volume do Soro

Onde:

ε = Coeficiente de extinção molar;

b = Caminho óptico, igual a 10 mm;

Tempo = 3 minutos.

30

Paraoxonase – Atividade Paraoxonase

A determinação da atividade da enzima paraoxonase, usando paraoxon como

substrato, tem como base a velocidade de hidrólise deste, com a liberação do

paranitrofenol (ECKERSON et al, 1983), e foi determinada conforme descrito por

Beltowski (2002).

Procedimento da dosagem:

Primeiramente, preparou-se uma solução de paraoxon que contém 9mL de tampão

glicina/NaOH 50mM; pH 10,5 contendo CaCl2 0,9mM e 2μL de paraoxon.

Posteriormente, em tubo de polipropileno adicionaram-se 780μL dessa solução e 20μL

de soro. Homogeneizou-se a solução e a leitura das absorbâncias das amostras foi

efetuada no espectrofotômetro a 412nm, exatamente a cada minuto, por 3 minutos. O

branco (tubo com 780μL da solução preparada inicialmente e 20μL de água) foi utilizado

para calibrar o aparelho.

Cálculo:

Segundo Beltowski et al (2002) 1U da enzima paraoxonase é equivalente à

hidrólise de 1mmol de paraoxon (ε = 18290 L.mol-1.cm-1) por minuto. A atividade

paraoxonase da enzima paraoxonase é:

U/mL = Absorbância

ε ×b ×

1000

Tempo ×Volume do Soro

A absorbância utilizada nessa expressão foi o delta obtido das absorbâncias final e

inicial (absorbância final – absorbância inicial / 2).

31

4.9.Determinação de Marcadores do Estresse Oxidativo em Fragmentos de

Tecido

4.9.1. Proteína Carbonilada

Proteína carbonilada é um marcador da oxidação de proteína por ROS. A oxidação

de proteínas por ROS leva a formação de derivados carbonilados. Estes podem ser

mensurados utilizando o 2,4-dinitrofenilhidrazina (DNPH). O DNPH reage com grupos

carbonilados gerando a hidrazona correspondente, a qual pode ser analisada

espectrofotometricamente. A determinação da concentração de proteína carbonilada foi

realizada conforme descrito por Levine et al. (1994) em fragmentos de tecido hepático,

cardíaco, pancreático e renal.

Procedimento da dosagem:

Inicialmente, um fragmento de tecido hepático, cardíaco, pancreático e renal foi

homogeinizado em 2 mL de tampão fosfato 50 mM (pH 6,7) e em seguida centrifugado

a 10.000g por 15 minutos à 4ºC. 500 µL do sobrenadante foi transferido para dois tubos

de polipropileno identificados como Amostra (A) e Controle (C). A cada tubo foi

adicionado igual volume de ácido tricloroacético (TCA) 10% e após centrifugação, a

5000g por 10 minutos a 4ºC, o sobrenadante foi descartado e, em seguida, foram

adicionados ao tubo A 500 µL de DNPH 10 mM, em HCl 2M, e ao tubo C 500 µL de

HCl 2M. Ambos foram mantidos no escuro à temperatura ambiente por um período de 30

minutos e a cada 15 minutos misturados vigorosamente. No passo seguinte adicionaram-

se 500 µL de TCA 10% em cada tubo. Logo após, os tubos foram centrifugados a 5000g

por 10 minutos a 4ºC e os sobrenadantes descartados. Em seguida, os precipitados em

ambos os tubos foram lavados com 1 mL da mistura etanol/acetato de etila, na proporção

de 1:1, misturando no vórtex e novamente centrifugados conforme descrito na etapa

anterior e o sobrenadante novamente descartado. Este último passo foi repetido por duas

vezes. Ao final do processo de lavagem, adicionou-se em ambos os tubos 1 mL de SDS

6% e, após agitação, centrifugou-se à 10000g por 10 minutos à 4ºC. Finalmente, as

absorbâncias dos sobrenadantes foram determinadas a 370nm. Os resultados foram

expressos em nmol de DNPH incorporado/mg de proteína.

32

Cálculo:

Para determinar a concentração de proteína carbonilada utilizou-se a equação de

Lambert Beer:

A= C x b x ε

Onde:

A = Absorbância da Amostra (tubo A) - Absorbância do Controle (tubo C).

C = Concentração

b=Caminho óptico

ε=Coeficiente de extinção molar:

O conteúdo de proteína carbonilada foi calculado usando o coeficiente de extinção

molar do DNPH (22000 M -1 cm -1) e expresso por nmol de proteína carbonilada formada

por mg de proteína.

4.9.2. TBARS – Substâncias Reativas ao Ácido Tiobarbitúrico

Para se determinar a peroxidação lipídica foi utilizado o ensaio de substâncias

reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBA) utilizando o método de Buege & Aust (1978).

Primeiramente, um fragmento de tecido hepático, cardíaco, pancreático e renal foi

homogeneizado com 1 mL de tampão Tris HCl 20 mM (pH 7,4), e em seguida

centrifugado por 10 minutos a 4ºC. O sobrenadante foi retirado e usado como amostra.

Então, 500 µL do sobrenadante do homogenato foram misturados com TCA (28% p/v em

HCl 0,25 M), TBA (1% em ácido acético 0,25M) e BHT (125mM em etanol), aquecido

por 15min a 95ºC e em seguida colocado em um banho de gelo. O precipitado foi

removido por centrifugação a 13.000g por 10 minutos a 4ºC, e a absorbância do

sobrenadante determinada a 535nm. Utilizou-se água destilada como branco.

33

Cálculo:

Para determinar a concentração de TBARS utilizou-se a equação de Lambert

Beer:

A= C x b x ε

Onde:

A = Absorbância da amostra

C = Concentração

b=Caminho óptico

ε=Coeficiente de extinção molar

Os níveis de TBARS foram calculados utilizando o coeficiente de extinção molar

do MDA (154000 M-1cm-1).

4.10. Proteínas Totais

A concentração de proteínas totais foi determinada de acordo com o método de

Lowry et al (1951). O princípio do método baseia-se na redução do reagente de Folin

Ciocalteau, ao reagir com aminoácidos aromáticos, catalisada por íons cobre, em meio

alcalino, formando uma coloração azul.

Inicialmente foram preparadas as soluções de trabalho conforme descrito abaixo:

Reagente A: foram dissolvidos 0,25g de sulfato de cobre e 0,5 de citrato de sódio em 100

mL de água destilada.

Reagente B: foram dissolvidos 5g de carbonato de sódio e 1g de hidróxido de sódio em

250 mL de água destilada.

Reagente C: em 50 mL do reagente B foram adicionados 1 mL do reagente A.

Reagente D: em1 mL de reagente de Folin foram adicionados 1 mL de água destilada.

Para a realização do ensaio, 10 µL do sobrenadante do homogenato de tecido

hepático, cardíaco, pancreático e renal foram diluídos em 90 µL de água destilada.

34

Em tubos de polipropileno foram adicionados 100 µL da amostra diluída ou

soluções padrão de albumina e água destilada (branco). Em seguida foram adicionados 1

mL do reagente C. Os tubos foram agitados em vórtex e incubados a temperatura

ambiente por 15 minutos. Posteriormente, foram adicionados 100 µL do reagente D em

todos os tubos, misturou-se vigorosamente e após 30 minutos de incubação no escuro as

absorbâncias das amostras relativas ao branco foram determinadas a 660 nm. Diluições

seriadas de uma solução de concentração conhecida de albumina bovina sérica foram

utilizadas para a construção da curva de calibração. Após análise de regressão linear, foi

determinada a equação da reta, sendo utilizada para determinar a concentração de

proteínas totais no homogenato dos tecidos.

4.11. Análises Histológicas

Ao final do experimento, o menor lobo do fígado e um fragmento do coração e

pâncreas dos animais foram removidos e fixados em formol tamponado a 4%.

Para efetuar a análise histológica, inicialmente, os tecidos foram cortados

transversalmente e processados em série decrescente de álcoois e, posteriormente, foram

molhados em parafina. Secções parafinadas de aproximadamente quatro micrômetros de

espessura foram obtidos em micrótomo, semi-automático, montados em lâminas de vidro

previamente limpas e desengorduradas. Utilizou-se a técnica de coloração Hematoxilina

& Eosina (H&E) para identificam possíveis alterações teciduais. As fotomicrografias

foram obtidas em microscópio Leica DM5000 acoplado à câmera digital situado no

Laboratório Multiusuários do NUPEB.

4.12. Análise Estatística

Os dados foram submetidos à análise de normalidade pelo teste de Kolmogorov–

Smirnov. Dados com distribuição normal foram submetidos à análise de variância com

post hoc teste de Tukey, ou teste T. Os demais dados foram submetidos ao teste não

paramétrico Kruskal Wallis com post hoc teste de Dunns, ou Mann-Whitney. Utilizou-se

o software GraphPad Prism versão 5.00 para Windows (San Diego, California, USA).

Diferenças foram consideradas significativas quando p 0.05.

35

5. RESULTADOS

5.1.Composição Centesimal e Fitoquímica da Farinha de Buriti

A composição centesimal da farinha de buriti foi determinada e os resultados

encontrados estão descritos na Tabela 8.

Tabela 8: Composição Centesimal em 100g da Farinha de Buriti (Mauritia flexuosa).

Constituintes Composição (g) em 100g Farinha

Umidade 4,60 g

Lipídio 55,66 g

Carboidrato* Níveis insignificantes

Proteína** 4,85 g

Fibra (FDN)*** 38,3 g

Cinzas 2,10 g

As análises foram feitas em triplicata. Os dados são apresentados como a média destas análises.

* Carboidratos = 100- (umidade + proteína + lipídios + cinzas + fibras).

** Fator de conversão do nitrogênio em proteína: 6,25.

*** FDN = fibra detergente neutro.

Quanto ao conteúdo de polifenóis totais a farinha de buriti apresentou 444,28 ±

14,76 mg EAG/100g (mg de equivalentes de ácido gálico).

5.2.Capacidade Antioxidante in vitro contra o Radical DPPH

Para essa análise, utilizaram-se três diferentes concentrações da farinha de buriti

e do antioxidante de referência Trolox, e os resultados foram expressos em percentual de

inibição do radical DPPH. A Figura 14 mostra que a farinha de buriti apresentou alta

capacidade de neutralização do radical DPPH, semelhante ao antioxidante padrão Trolox,

na faixa de 100 a 400 µM após 30 minutos, de maneira dose-dependente.

36

Figura 14: Percentual de inibição do radical DPPH, segundo diferentes concentrações

da farinha de buriti e do antioxidante padrão Trolox, após 30 minutos.

5.3.Teste de Tolerância Oral a Glicose (TTOG)

Para avaliar o comportamento da glicemia dos grupos estudados, realizou-se o TTOG

no 25º dia do experimento. Como pode ser observado pela Figura 15 as glicemias dos

grupos C e CB, D e DB, em cada tempo analisado, foram semelhantes em todos os

tempos, sendo que o pico de glicemia ocorreu no tempo de 30 minutos em ambos os

grupos. Não houve diferença significativa entre os grupos controles (C e CB) e os

diabéticos (D e DB), entretanto os diabéticos apresentaram níveis de glicose em todos os

tempos significativamente maiores que os controles.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

% In

ibiç

ão D

PP

H

Trolox

Buriti

0,01 g/mL 0,02 g/mL 0,05 g/mL100 µM 200 µM 400 µM

37

T e m p o e m m in u to s

Gli

co

se

mm

ol/

L

0

4

8

1 2

1 6

2 0

2 4

2 8

3 2C

CB

D

DB

0  m in 3 0  m in 6 0  m in 1 2 0  m in

*

**

*

Figura 15: Glicemia dos ratos do grupo controle (C), controle + buriti (CB), diabetes (D)

e diabetes + buriti (DB) no tempo 0 e após 30, 60, 120 minutos após a administração de

solução contendo 2,5 g de glicose por Kg de peso corporal. * Diferenças significativas (p

<0,05) em relação aos grupos controles (C e CB) e os grupos diabéticos (D e DB). Os

dados são apresentados como média ± desvio-padrão (One-way ANOVA).

5.4.Peso Inicial e Final dos Animais e Níveis Plasmáticos de Glicose

Com relação ao peso final observa-se que o peso dos animais dos grupos D e DB

foram significativamente menores quando comparados aos grupos C e CB.

Após a eutanásia dos animais realizou-se uma nova dosagem da glicemia, porém

agora dosada no plasma, para avaliar se a indução do diabetes utilizando STZ foi

realmente eficiente e se o tratamento com buriti ocasionou alguma mudança no perfil

glicêmico deles. A suplementação da dieta com 2% da farinha de buriti não provocou

mudança no perfil glicêmico dos animais, pois não houve diferença dos níveis

plasmáticos de glicose entre o grupo C e CB, e entre o grupo D e DB. Porém, observa-se

que os níveis de glicose dos grupos diabéticos foram significativamente maiores dos

grupos controles, sendo que a glicemia do grupo D foi 2,9 vezes maior do que no grupo

C, confirmando a eficiência da indução com STZ.

38

Tabela 9: Avaliação do peso corporal inicial, peso corporal final e glicemia plasmática

dos ratos do grupo controle (C), controle + buriti (CB), diabetes (D) e diabetes + buriti

(DB).

Variáveis

Grupos Experimentais

Controle Controle + Buriti Diabetes Diabetes + Buriti

Peso Corporal Inicial (g) 192,0 ± 14,91 191,8 ± 13,48 192,5 ± 11,42 192,1 ± 8,66

Peso Corporal Final (g) 214,6 ± 14,86a 216,9 ± 16,38a 154,0 ± 30,63b 160,2 ± 27,56b

Glicose (mmol/L) 7,29 ± 0,58b 7,84 ± 1,47b 21,04 ± 6,10a 22,17 ± 3,51a Os dados são apresentados como média ± desvio padrão (One-way ANOVA). Diferenças significativas

(p<0,05) estão representadas por letras diferentes.

5.5.Peso dos Órgãos e Níveis Plasmáticos de AST, ALT, Uréia e Creatinina

A Tabela 10 mostra o peso relativo do fígado e do rim observado nos animais ao

final do experimento e apresenta os níveis plasmáticos de enzimas e metabólitos séricos

envolvidos no metabolismo dos respectivos órgãos.

Observou-se um aumento no peso relativo tanto do fígado quanto do rim no grupo

D quando comparado aos grupos C e CB. Por outro lado, os animais diabéticos que

receberam dieta contendo 2% de buriti apresentaram uma diminuição significativa no

peso desses órgãos.

Com relação às enzimas hepáticas AST e ALT observou-se um aumento nas

atividades dessas enzimas nos animais dos grupos D e DB, assim como nos níveis de

uréia. Os níveis de creatinina foi estatisticamente igual nos quatro grupos.

Tabela 10: Peso Relativo do Fígado e Rim, Metabólicos e Enzimas Séricas (uréia,

creatinina, AST e ALT) nos grupos C, CB, D e DB.

C CB D DB

Peso Relativo Fígado 3,11 ± 0,32c 3,07 ± 0,27c 4,15 ± 0,38a 3,58 ± 0,13b

AST (U/mL) 25,04 (22,98; 25,04)b 26,46 (23,31; 31,38)b 193,6 (67,57; 250,90)a 232,7 (49,58; 265,70)a

ALT (U/mL) 12,66 (11,95; 17,36)b 14,52 (14,13; 18,23)b 156,3 (69,04; 254,10)a 235,5 (37,36; 266,50)a

Peso Relativo Rim 0,54 ± 0,03c 0,55 ± 0,02c 1,09 ± 0,10a 0,99 ± 0,06b

Uréia (mmol/L) 5,54 ± 0,43b 5,77 ± 0,45b 14,89 ± 2,89a 14,37 ± 4,58a

Creatinina (mmol/L) 71,42 ± 5,83 70,19 ± 5,29 64,87 ± 5,78 71,62 ± 5,07

Os dados são apresentados como média ± desvio padrão (One-way ANOVA) ou apresentados como

mediana e percentis (25%; 75%) (Kruskal Wallis). Diferenças significativas (p<0,05) estão representadas

por letras diferentes.

39

Já com relação ao peso do coração e do pâncreas observou-se uma diminuição

significativa nos ratos diabéticos (Figura 16).

CC

B DD

B

0 .0

0 .2

0 .4

0 .6

0 .8

1 .0

aa

b b

Gra

ma

s

CC

B DD

B

0

1

2

3

Gra

ma

s

a

a

bb

Figura 16: Peso do coração (A) e do pâncreas (B) de ratos controle (C e CB) e diabéticos

(D e DB). Os dados são apresentados como média ± desvio-padrão (One-way ANOVA)

ou mediana e percentins 25 e 75 (Kruskal Wallis). Diferenças significativas (p < 0,05)

estão representadas por letras diferentes. C: Controle; CB: Controle + Buriti; D: Diabetes;

DB: Diabetes + Buriti.

5.6.Metabólitos e Enzimas Séricas

A concentração sérica de albumina e proteínas totais estão apresentadas na Figura

17. Com relação a esses parâmetros bioquímicos observou-se, em ambos, uma diminuição

significativa nos grupos D e DB quando comparados com os grupos controles C e CB.

CC

B DD

B

0

2 0 0

4 0 0

6 0 0

8 0 0

a a

b b

Alb

um

ina

(m

mo

l/L

)

CC

B DD

B

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

a

a

bb

Pro

teín

as

To

tais

(g

/L)

Figura 17: Níveis de albumina (A) e proteínas totais (B) de ratos controle (C e CB) e

diabéticos (D e DB). Os dados são apresentados como mediana e percentins 25 e 75

(Kruskal Wallis). Diferenças significativas (p < 0,05) estão representadas por letras

diferentes. C: Controle; CB: Controle + Buriti; D: Diabetes; DB: Diabetes + Buriti.

A B

A

A B

40

Para avaliar o perfil lipídico dos animais foram dosados os níveis séricos de

colesterol total e triacilgliceróis. Observou-se, em ambos os parâmetros, uma diminuição

significativa nos grupos diabéticos quando comparado aos controles (Figura 18). Com

relação ao conteúdo de colesterol total observou-se uma diminuição de aproximadamente

1,72 vezes do grupo C para o grupo D. Já, para os níveis de triacilgliceróis, essa

diminuição foi mais acentuada, cerca de 4,2 quando comparados os mesmos grupos.

CC

B DD

B

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

2 .5

b b

a a

Co

les

tero

l T

ota

l (m

mo

l/L

)

CC

B DD

B

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

2 .5

a

a

b

bT

ria

cil

gli

ce

is (

mm

ol/

L)

Figura 18: Níveis de colesterol total (A) e triacilgliceróis (B) de ratos controle (C e CB)

e diabéticos (D e DB). Os dados são apresentados como média ± desvio-padrão (One-

way ANOVA). Diferenças significativas (p < 0,05) estão representadas por letras

diferentes. C: Controle; CB: Controle + Buriti; D: Diabetes; DB: Diabetes + Buriti.

Os níveis séricos tanto para PON paroxon (Figura 19A) quanto para PON

fenilacetato (Figura 19B) foram significativamente menores nos grupos D e DB quando

comparados aos grupos C e CB. Porém, o tratamento com 2% de buriti não alterou a

atividade dessa enzima.

CC

B DD

B

0

2 0

4 0

6 0

8 0a

a

bb

PO

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en

ila

ce

tato

(U

/mL

)

CC

B DD

B

0 .0 0

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0 .1 5

a a

bb

PO

N P

ara

ox

on

(U

/mL

)

Figura 19: Atividade das enzimas PON Fenilacetato (A) e PON Paraoxon (B) de ratos

controle (C e CB) e diabéticos (D e DB). Os dados são apresentados como média ± desvio-

padrão (One-way ANOVA) ou mediana e percentins 25 e 75 (Kruskal Wallis). Diferenças

significativas (p < 0,05) estão representadas por letras diferentes. C: Controle; CB:

Controle + Buriti; D: Diabetes; DB: Diabetes + Buriti.

A B

A B

41

5.7.Biomarcadores do Estresse Oxidativo

Para avaliar o efeito da suplementação com a farinha de buriti sobre os

biomarcadores do estresse oxidativo, foram determinados os níveis de substâncias

reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) e proteínas carboniladas no fígado, coração,

pâncreas e rim.

5.7.1. Fígado

No fígado os níveis de TBARS foi significativamente maior no grupo C quando

comparado ao grupo D. Por outro lado evidenciou-se um aumento no estresse oxidativo

em proteínas nos ratos diabéticos. Já a adição de 2% da farinha de buriti promoveu uma

diminuição significativa nos níveis de proteína carbonilada em ratos diabéticos (Figura

20).

TB

AR

S

nm

ol/

mg

pro

teín

a

CC

B DD

B

0 .0

0 .2

0 .4

0 .6

0 .8

*

Pro

teín

a C

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ila

da

nm

ol/

mg

pro

teín

a

CC

B DD

B

0

1

2

3

4

5 *

* *

Figura 20: Níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) (A) e

proteínas carboniladas (B) em tecido hepático de ratos controle e diabéticos. Os dados são

apresentados como média ± desvio-padrão (Test T). C: Controle; CB: Controle + Buriti;

D: Diabetes; DB: Diabetes + Buriti.

* p < 0,05 em relação ao grupo controle; ** p < 0,05 em relação ao grupo diabético.

5.7.2. Coração

No coração observou-se um aumento do estresse oxidativo nos ratos diabéticos

evidenciado pelo aumento somente nos níveis de proteína carbonilada. Porém, o

tratamento com farinha de buriti no grupo DB promoveu uma diminuição de 1,25 nos

níveis de TBARS e 2,15 nos níveis de proteína carbonilada (Figura 21).

A B

42

TB

AR

S

nm

ol/

mg

pro

teín

a

CC

B DD

B

0 .0

0 .5

1 .0

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* *

Pro

teín

a C

arb

on

ila

da

nm

ol/

mg

pro

teín

a

CC

B DD

B

0

2

4

6

8*

* *

Figura 21: Níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) (A) e

proteínas carboniladas (B) em tecido cardíaco de ratos controle e diabéticos. Os dados

são apresentados como média ± desvio-padrão (Test T). C: Controle; CB: Controle +

Buriti; D: Diabetes; DB: Diabetes + Buriti.

* p < 0,05 em relação ao grupo controle; ** p < 0,05 em relação ao grupo diabético.

5.7.3. Pâncreas

Os níveis de TBARS no pâncreas não apresentou diferenças significativas entre

os grupos experimentais. Já com relação à proteína carbonilada, evidenciou-se um

aumento de 1,32 no ratos diabéticos (Figura 22).

TB

AR

S

nm

ol/

mg

pro

teín

a

CC

B DD

B

0 .0

0 .2

0 .4

0 .6

0 .8

Pro

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a C

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ila

da

nm

ol/

mg

pro

teín

a

CC

B DD

B

0

5

1 0

1 5

*

Figura 22: Níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) (A) e

proteínas carboniladas (B) em tecido pancreático de ratos controle e diabéticos. Os dados

são apresentados como média ± desvio-padrão (Test T) ou como mediana e percentis 25

e 75 (Mann-Whitney). C: Controle; CB: Controle + Buriti; D: Diabetes; DB: Diabetes +

Buriti. * p < 0,05 em relação ao grupo controle.

A B

A B

43

5.7.4. Rim

No rim não observou-se aumento do estresse oxidativo nos ratos diabéticos.

Porém, o tratamento com 2% da farinha de buriti promoveu uma redução nos níveis de

TBARS tanto no grupo CB quanto no grupo DB. Já com relação à proteína carbonilada,

não foi encontrado diferença entre os grupos estudados (Figura 23).

TB

AR

S

nm

ol/

mg

pro

teín

a

CC

B DD

B

0

1

2

3

4

*

* *

Pro

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a C

arb

on

ila

da

nm

ol/

mg

pro

teín

a

CC

B DD

B

0

1

2

3

4

Figura 23: Níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) (A) e

proteínas carboniladas (B) em tecido renal de ratos controle e diabéticos. Os dados são

apresentados como média ± desvio-padrão (Test T). C: Controle; CB: Controle + Buriti;

D: Diabetes; DB: Diabetes + Buriti.

* p < 0,05 em relação ao grupo controle; ** p < 0,05 em relação ao grupo diabético.

5.8.Exame Histopatológico do Fígado, Coração e Pâncreas

Para a análise histopatológica utilizou-se lâminas dos tecidos hepático, cardíaco e

pancreático onde foram corados pelo método da Hematoxilina e Eosina (HE).

Os cortes histológicos do fígado corados por HE mostrou que não houve nenhuma

alteração histopatológica nos grupos experimentais. Apenas evidenciou-se uma

inflamação discreta em torno de alguns vasos sanguíneos nos ratos diabéticos, o que não

foi observado nos ratos diabéticos tratados com farinha de buriti (Figura 24).

A análise histopatológica do tecido cardíaco não evidenciou edema, processo

degenerativo ou necrose no tecido muscular cardíaco em nenhum dos grupos estudados

(Figura 25).

A análise microscópica do pâncreas (Figura 26) também não evidenciou edema,

processo degenerativo ou necrose no tecido. Além disso, observamos que não houve

diferença no número de ilhotas pancreáticas e nem na área dessas ilhotas nos grupos

experimentais estudados (Figura 27).

A B

44

Figura 24: Fotomicrografias representativas do fígado de ratos pertencentes aos grupos

Controle (a e c) e aos grupos diabéticos (b e d) conforme dieta recebida (padrão ou com

2% de buriti).

vs: corresponde a um vaso sanguíneo; seta: corresponde a uma inflamação discreta.

Figura 25: Fotomicrografias representativas do coração de ratos pertencentes aos grupos

Controle (a e c) e aos grupos diabéticos (b e d) conforme dieta recebida (padrão ou com

2% de buriti).

45

Figura 26: Fotomicrografias representativas do pâncreas de ratos pertencentes aos grupos

Controle (a e c) e aos grupos diabéticos (b e d) conforme dieta recebida (padrão ou com

2% de buriti).

vs: corresponde a um vaso sanguíneo.

me

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de

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CC

B DD

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µm

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CC

B DD

B

0

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1 0 0 0 0 0

1 5 0 0 0 0

Figura 27: Número de ilhotas pancreáticas (A) e área das ilhotas (B) em ratos controle e

diabéticos. Os dados são apresentados como mediana e percentis 25 e 75 (Kruskal-

Wallis). C: Controle; CB: Controle + Buriti; D: Diabetes; DB: Diabetes + Buriti.

A B

46

6. DISCUSSÃO

O diabetes mellitus é uma disfunção metabólica de múltipla etiologia

caracterizada por hiperglicemia crônica resultante da deficiência na secreção de insulina,

ação da insulina ou ambos (TOSCANO, 2004). O aumento da incidência mundial de

diabetes tem sido relacionado às mudanças no estilo de vida e do meio ambiente trazidas

pela industrialização (NARAYAN, 2000). Sabe-se que o DM aumenta a produção de

ROS e que o desenvolvimento das complicações da DM está, entre outros fatores,

intimamente relacionado ao aumento do estresse oxidativo (STADLER et al. 2003).

Desse modo, tem-se um crescente interesse no uso de antioxidantes naturais como

estratégia para reduzir as complicações do diabetes e ampliar a oferta de alimentos da

flora brasileira ricos em antioxidantes e com potencial funcional.

Na literatura há vários estudos com a caracterização físico-química da polpa de

buriti (CARNEIRO & CARNEIRO, 2011; TAVARES et al (2003); MANHÃES, 2007;

MELO et al, 2011). E alguns trabalhos evidenciaram que ela possui quantidades

consideráveis de carotenóides, polifenóis, ácido ascórbico e ácido graxo ômega-9

apresentando, assim, potencial para ser utilizado na prevenção de doenças advindas do

estresse oxidativo, como por exemplo o diabetes (MANHÃES & SABAA-SRUR, 2011;

BARRETO, BENASSI e MERCADANTE, 2009). Porém, ainda não existe estudos

envolvendo o fruto buriti e sua possível ação antioxidante in vivo.

Inicialmente determinamos a composição centesimal da farinha de buriti utilizada

no experimento in vivo. Nela encontramos um maior teor de lipídios e fibras insolúveis

(celulose, hemicelulose e lignina), comparado ao estudo de Melo et al (2011) que

determinou a composição centesimal na polpa fresca. Os valores mais elevados

encontrados desses macronutrientes podem ser decorrentes da perda de umidade

ocasionada pelo processamento térmico que foi necessário para produção da farinha.

Outros estudos também mostraram que a polpa de buriti contém altos teores de lipídios,

principalmente contendo ácidos graxos insaturados (MELO et al, 2011; CARNEIRO &

CARNEIRO, 2011; TAVARES et al; 2003; MANHÃES & SABAA-SRUR, 2011;

MOREIRA & ARÊAS, 1998). Vale lembrar que no conteúdo de lipídios totais incluem

as substâncias solúveis em solvente orgânico, como os carotenóides e vitaminas

lipossolúveis (IAL, 2005).

Várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas no intuito de determinar substâncias

bioativas em frutas e hortaliças, de modo a relacionar o consumo in natura com o combate

47

às doenças crônicas. Estudos comprovam os benefícios proporcionados à saúde por

alimentos que contêm carotenóides, vitaminas C e E, compostos fenólicos, ácidos graxos

poli-insaturados e fibras (ANJO, 2004; MORAES e COLLA, 2006).

Na farinha de buriti o conteúdo de polifenóis encontrado foi menor do que os

valores observados na polpa de buriti por Barreto et al (2009) e Canuto et al (2010). Essa

diferença pode ser decorrente do tratamento térmico ao qual a polpa de buriti foi

submetida para a obtenção da farinha. Além dos fatores climáticos e tempo de maturação

do fruto, sabe-se que durante o aquecimento ocorre degradação de antocianinas

pertencente à classe dos polifenóis totais (FALCÃO et al, 2007). Porém, encontramos

valores superiores aos da polpa congelada de açaí (GUERRA et al, 2011). O estudo de

Delfini e Canniatti-Brazaca (2008) constatou que o processo de cocção reduz

consideravelmente o teor de polifenóis no feijão comum.

Os polifenóis constituem um grupo de substâncias largamente distribuídas nos

vegetais e são os antioxidantes mais abundantes da dieta (MANACH et al, 2004). Eles

atuam através de mecanismos de defesa antioxidante não enzimáticos que, em adição aos

efeitos protetores dos antioxidantes endógenos, diminuem o risco do desenvolvimento de

doenças associadas ao acúmulo de radicais livres (POMPELLA, 1997). Dados de outros

autores mostram que o buriti também contém alto teor de carotenóides (MARIATH et al,

1989; YUYAMA et al, 1998; MANHÃES, 2007) micronutriente com atividade

antioxidantede, uma vez que é capaz de sequestrar oxigênio minimizando os danos

causados por radicais livres (FONTANA et al, 1997).

Considerando a presença de polifenóis, carotenóides e ácido ascórbico, utilizamos

o método do DPPH para testar a atividade antioxidante da farinha de buriti. O método se

baseia na capacidade de seus compostos ou conjunto de compostos em “sequestrar” o

radical DPPH. Neste trabalho encontramos que a farinha de buriti possui um alta

capacidade antioxidante, uma vez que mesmo em baixas concentrações foi capaz de

neutralizar o radical DPPH. Um estudo de Ferreira et al (2011) encontrou que óleo de

buriti também possui potencial antioxidante. Em estudo comparativo Barreto et al (2009)

concluiu que a polpa de buriti apresentou o maior nível de carotenóides totais e altos

níveis de ácido ascórbico e polifenóis, porém exibiu atividade antioxidante menor do que

outras frutas tropicais como murici, piquia e tucumã. Os autores sugerem que a baixa

atividade pode ser decorrente da proporção dos compostos bioativos presentes no buriti,

já que o estudo confirmou uma baixa correlação entre carotenóides e a capacidade de

sequestrar radicais livres.

48

Outra questão que tem sido questionada por alguns autores é que o aumento na

ingestão de antioxidantes não necessariamente promoverá uma proteção aos tecidos. Isso

porque a absorção e o transporte de nutrientes são muito bem regulados por processos

homeostáticos e, como tal, o aumento na disponibilidade de um micronutriente não

necessariamente é acompanhado pelo aumento do seu consumo (PUNCHARD &

KELLY, 1996). Portanto, considerando que o β-carotenos possui uma absorção reduzida

nos roedores (RIBAYA-MERCADO et al, 1988; HALLIWELL & GUTTERIDGE,

2007) e que existe uma baixa correlação entre os seus teores e a capacidade de sequestrar

radicais livres, a atividade antioxidante in vitro exibida pela farinha de buriti é,

possivelmente, decorrente do conteúdo de polifenóis. Como já foi dito anteriormente,

ainda não existem, na literatura, estudos envolvendo o buriti e sua possível capacidade

antioxidante in vivo. Portanto avaliamos o potencial do buriti num modelo experimental

que gera estresse oxidativo. Nesse sentido, a indução do diabetes tipo 1 em ratos constitui

um bom modelo experimental para se estudar possíveis efeitos de um alimento com

potencial antioxidante.

Primeiramente, observamos que o modelo experimental proposto foi bem

sucedido, uma vez que o TTOG mostrou que os ratos diabéticos STZ-induzidos

apresentaram uma glicemia significativamente elevada em todos os tempos, o que

também foi evidenciado na glicemia de jejum determinada no plasma dos mesmos

animais. Os nossos resultados corroboram com os estudos de Guerra (2011), Silva et al

(2011), Junior et al (2009), El-Bahr (2013), que também utilizaram STZ para induzir o

DM. Este agente destrói células β pancreáticas através da produção de NO que, por sua

vez, reage com o oxigênio para produzir N2O3 e outros óxidos de nitrogênio, danificando

o DNA e proteínas. Esse processo culmina na inibição da síntese e secreção de insulina

(LENZEN, 2008; DYKE et al, 2010; GUPTA et al, 2004).

Os animais diabéticos apresentaram menor peso corporal ao final do experimento,

o que também foi observado por Guerra et al (2011). Essa perda de peso é característico

do quadro de diabetes e deve-se, principalmente, ao estado catabólico instalado,

decorrente da maior ação dos hormônios contra-regulatórios (NELSON & COX, 2006).

O tratamento com a farinha de buriti não alterou a glicemia e nem o peso final dos animais

diabéticos, sugerindo que a suplementação não foi suficiente para anular ou aliviar os

danos causados às células β pelo STZ.

Ainda assim, demos continuidade ao estudo, pois pacientes diabéticos mesmo

tratados com insulina ou hipoglicemiantes orais apresentam alterações patológicas e

49

complicações que envolvem ação de ROS sobre diversos tecidos tais como, fígado, rim,

retina, sistema cardiovascular e sistema nervoso central e periférico (FAJANS et al.

1997). Nesse estudo observamos um aumento no peso relativo tanto do fígado quanto do

rim nos ratos diabéticos, o que corrobora com os trabalhos de Ayepola et al (2013) e Zou

et al (2014), que também utilizaram o STZ para indução do diabetes em ratos. Isso indica

que o diabetes pode ter ocasionado danos aos órgãos, mas que foram reduzidas

significativamente quando os ratos diabéticos foram tratados com a farinha de buriti.

O fígado desempenha um papel central no metabolismo. Ele sintetiza e distribui

lipídios, glicose, albumina e corpos cetônicos para os outros tecidos via corrente

sanguínea, e converte o excesso de nitrogênio em uréia. As enzimas aminotransferases

AST e ALT estão presentes nos hepatócitos, sendo que qualquer lesão tissular que afete

o parênquima hepático pode provocar um aumento na liberação dessas enzimas para a

corrente sanguínea (HENRY, 1996). Sendo assim, essas enzimas são boas marcadoras de

função hepática e, neste trabalho, verificamos um aumento na atividade de ambas as

enzimas nos ratos diabéticos. Nossos resultados corroboram com os trabalhos de Silva

(2011), Rao et al (2013), Ashraf et al (2013) e Masjedi et al (2013), apesar destes estudos

terem utilizado linhagens direferentes do nosso trabalho e Rao, Ashraf e Masjedi terem

injetado uma dose mais elevada de STZ.

Verificamos, também nos ratos diabéticos, uma diminuição significativa dos

parâmetros bioquímicos de albumina, proteínas totais, triacilgliceróis e colesterol total.

Silva et al (2011) e Ashraf et al (2013) também observaram uma redução no conteúdo de

proteínas totais e Silva (2011) observou redução de albumina e triacilgliceróis. Essas

modificações podem ter ocorrido em virtude da disfunção hepática aparente, ocasionando

um impacto tanto no metabolismo de proteínas como no metabolismo de lipídios. Além

disso, como a insulina estimula a síntese de colesterol e triacilgliceróis no fígado por meio

da ativação das enzimas HMG-CoA redutase e ACC respectivamente, uma redução na

produção desse hormônio poderá levar a uma diminuição nas concentrações sanguíneas

desses metabólitos. No diabates não-controlado também ocorre proteólise, justificando

os níveis diminuidos de proteínas totais e os níveis aumentados de uréia no sangue dos

ratos diabéticos (NELSON & COX, 2006).

Observou-se, também, uma diminuição no peso do pâncreas e do coração nos

grupos diabéticos, fato adicional que justifica o menor peso corporal dos animais destes

grupos. O trabalho de Masjedi et al (2013) também encontrou um peso reduzido para o

50

pâncreas e os trabalhos de Silva (2011) e Han et al (2014) observaram uma diminuição

no peso do coração.

Espécies reativas de oxigênio e espécies reativas de nitrogênio são produzidos

como um resultado fisiológico normal de processos metabólicos e desempenham um

papel importante na sinalização celular, na transcrição gênica e na resposta imune. Porém,

uma produção excessiva ou o acúmulo de espécies reativas pode ter efeito prejudicial,

uma vez que participam de reações de oxi-redução causando danos a macromoléculas,

membranas celulares, DNA e vias de sinalização. Por essa razão, o organismo

desenvolveu um complexo sistema de defesa de modo a evitar danos oxidativos (VALKO

et al, 2007; MCCORD, 2000). A enzima paraoxonase (PON) possui capacidade

antioxidante e circula no plasma associada com a HDL protegendo lipoproteínas da ação

dos radicais livres, principalmente contra a oxidação da LDL (MACKNESS et al, 1997;

FERRÉ et al). Sendo assim, uma redução dos seus níveis sanguíneos pode favorecer

oxidação de LDL e, em consequência, o desenvolvimento de aterosclerose, um quadro

frequente em pacientes diabéticos. Existem dois métodos distintos de se dosar a atividade

da PON. Em nosso trabalho encontramos uma redução significativa na atividade da PON

nos ratos diabéticos, em ambas as dosagens, corroborando com Ghaffari et al (2011) e

Aslan et al (2013). Porém, o tratamento com 2% da farinha de buriti não foi não capaz de

reverter essa situação.

O estresse oxidativo pode ser determinado pela ação de espécies reativas e

biomoléculas e o presente estudo dosou dois importantes biomarcadores no fígado,

coração, pâncreas e rim: TBARS e proteína carbonilada. O primeiro método mensura a

peroxidação lipídica que se baseia na reação do ácido tiobarbitúrico (TBA) com

malondialdeído (MDA), produto da peroxidação lipídica, gerando um produto rosado, o

(TBA)2 – MDA, que pode ser determinado por absorção a 532. Essa determinação é

importante, pois níveis aumentados de certos produtos finais da peroxidação lipídica estão

elevados em muitas doenças humanas, inclusive no diabetes. Assim como acontece com

os lipídios, as proteínas também podem sofrer ataque direto dos radicais livres. Um

método muito utilizado para determinar danos oxidativos em proteínas é o ensaio de

proteínas carboniladas. A oxidação de resíduos amino-ácidos em proteínas, por radicais

livres (incluindo OH•, RO•, ONOO-, HOCC), forma grupos carbonilados que podem

reagir com DNPH gerando um produto final com coloração detectável

espectrofotometricamente (HALLIWELL & GUTTERIDGE, 2007). Estudos

51

comprovam alterações sobre biomarcadores do estresse oxidativo em ratos diabéticos

STZ-induzidos (SILVA et al, 2011; GUERRA, 2011; SAMPAIO, 2012).

O estresse oxidativo apresenta papel específico na patogênese da fibrose e nas

doenças hepáticas. Estudos demonstram um aumento na lipoperoxidação em animais

diabéticos induzidos por estreptozotocina decorrente do aumento no malondealdeído

nesse órgão (GOLDIN et al, 1997; TSUKAMOTO et al, 1993; OHKUWA et al, 1995).

Neste estudo notou-se uma redução nos níveis de TBARS no tecido hepático dos ratos

diabéticos. Esse resultado não corrobora com outros que utilizaram o mesmo modelo

experimental (GUERRA et al, 2011; SILVA, 2011). Embora permaneça a ser esclarecido

nível reduzido de TBARS nos ratos diabéticos pode ter sido decorrente da falta de insulina

provocada pelo modelo, resultando em mudanças no metabolismo de glicose e lipídios.

A falta de glicose nas células promove um aumento no catabolismo de lipídios para

fornecimento de energia. Sendo assim, os ratos diabéticos podem apresentar uma menor

quantidade de lipídios no organismo, diminuindo a possibilidade de peroxidação lipídica.

Com relação à dosagem de proteínas carboniladas encontramos níveis elevados no grupo

diabético, assim como foi verificado por Guerra et al (2011) e Silva (2011), sendo que a

farinha de buriti conseguiu reduzir esses valores. A contradição entre resultados para

TBARS e proteína carbonilada pode ser devido as diferentes velocidades de metabolismo

entre os dois. Produtos da peroxidação lipídica, uma vez formados e livres, são

metabolizados rapidamente. Proteínas oxidadas são degradadas, principalmente pelo

sistema de proteassoma, e sua metabolização parece acontecer mais lentamente

(HALLIWELL & GUTTERIDGE, 2007).

Relatórios do Framingham e de outros estudos têm demonstrado que DM constitui

um forte fator de risco de morbidade e mortalidade cardiovascular (KANNEL & MCGEE,

1979). O estudo de Shao et al (2011) encontrou correlação entre carbonilação de proteínas

e disfunção cardíaca devido à perda da atividade das proteínas que participam da

contração e ou relaxamento do músculo cardíaco. Nossos resultados mostraram que

houve um aumento do estresse oxidativo no tecido cardíaco dos ratos diabéticos, fato

revelado somente pela dosagem de proteína carbonilada. Em contra partida, a farinha de

buriti foi capaz de reduzir tanto os níveis de TBARS quanto os de proteínas carboniladas

nos ratos diabéticos, sugerindo que o buriti teve efeito antioxidante neste órgão para

ambos os parâmetros analisados. Um estudo de Sampaio (2012) que avaliou os efeitos da

suplementação com ferro injetável sobre danos oxidativos em tecidos cardíaco e

pancreático de ratos diabéticos STZ-induzidos, não observou diferença entre os grupos

52

experimentais para a dosagem de TBARS e não encontrou diferença entre o grupo

diabético e o controle para o parâmetro proteínas carboniladas.

O estresse oxidativo induzido por hiperglicemia pode também causar dano celular

ao pâncreas. O estudo de Gutierrez (2012) observou que a lesão associada ao diabetes e

radicais livres promoveu um acúmulo de produtos de peroxidação de lipídios, depleção

de GSH, redução da razão GSH/GPx e sub-regulação de enzimas antioxidantes

importantes não apenas no tecido hepático, mas também no pâncreas. Os resultados do

nosso estudo revelaram que não houve diferença significativa entre os grupos nos níveis

de TBARS no tecido pancreático. Porém, observou-se um aumento nos níveis de

proteínas carboniladas nos ratos diabéticos, sugerindo um possível aumento do estresse

oxidativo neste órgão. O estudo de Sampaio (2012) também avaliou danos oxidativos às

biomoléculas no tecido pancreático e encontrou um aumento nos níveis tanto de TBARS

quanto de proteínas carboniladas nos ratos diabéticos.

A nefropatia diabética é uma dentre as muitas complicações microvasculares no

diabetes, sendo a principal causa do estágio final da disfunção renal. O aumento na

geração de ROS e a diminuição da atividade de enzimas antioxidantes resulta em estresse

oxidativo nos rins de ratos diabéticos STZ-induzidos (LING et al, 2013). Encontramos,

no rim, diferença somente na dosagem de TBARS, onde os ratos tratados com farinha de

buriti apresentaram uma menor peroxidação lipídica em relação aos seus respectivos

grupos controles. Esses resultados mostram que não observamos um aumento do estresse

oxidativo nesse órgão, mas o buriti reduziu a peroxidação lipídica nos grupos tratados. O

trabalho de Schmatz et al (2012), que investigou os efeitos do resveratrol sobre

parâmetros do estresse oxidativo no fígado e rins em ratos diabéticos STZ-induzidos,

encontrou um amento nos níveis de TBARS em todos os grupos diabéticos estudados e o

tratamento com resveratrol foi capaz de reduzir esses níveis.

Após a avaliação do efeito do diabetes e da farinha de buriti sobre biomarcadores

do estresse oxidativo, realizamos exame histopatológico do fígado, coração e pâncreas

com o intuito de analisar, microscopicamente, se houve alguma alteração tecidual nesses

órgãos. A análise histopatológica não evidenciou alterações nesses tecidos, mostrando

que, apesar do estresse oxidativo ter sido confirmado nos ratos diabéticos, não houve

danos ao nível tecidual. O estudo de Silva (2011) encontrou, no fígado, indicativo

morfológico de esteatose microvesicular em hamsters diabéticos. Um estudo de Silva et

al (2011), que avaliou o efeito da STZ sobre o estresse oxidativo em hamsters, observou

uma diminuição significativa na área ocupada pelas ilhotas pancreáticas nos hamsters

53

diabéticos. Já o estudo de Sampaio (2012) evidenciou um aumento do número de células

e focos inflamatórios nos cortes histológicos do coração dos ratos diabéticos, porém, não

encontrou diferença entre o grupo controle e o grupo diabético com relação ao número de

ilhotas pancreáticas. Essas diferenças podem ser explicadas pelos diferentes modelos

utilizados por cada estudo. Silva et al (2011) usou hamsters e Sampaio (2012) considerou

diabéticos ratos Fishers machos com glicemia acima de 320 mg/dL. Enquanto no presente

estudo usamos ratos Fisher fêmeas com glicemia a partir de 250 mg/dL. Essas

divergências podem ter contribuído para as contradições histológicas observadas. Além

disso, Uzun et al (2013) demonstrou em seu trabalho que a imperfeita homeostase redox

é substancialmente mais proeminente nos machos do que nas fêmeas e que as diferenças

observadas entre os gêneros podem ser atribuídas aos processos de envelhecimento,

estado hormonal relacionada ao gênero e mecanismos alterados de homeostase celular.

Portanto, em conjunto, nossos resultados indicam que, apesar da farinha de buriti

não ter promovido mudanças significativas no perfil glicêmico e nos parâmetros

bioquímicos dosados no soro, promoveu redução nos níveis de TBARS e/ou proteínas

carboniladas no fígado, coração e rim, indicando efeito antioxidante in vivo.

54

7. CONCLUSÃO

Neste estudo verificamos que a farinha de buriti possui grande quantidade de

lipídios totais. Encontramos, também, que essa farinha contém um conteúdo elevado de

polifenóis totais e apresentou uma alta capacidade antioxidante in vitro.

In vivo observamos que o modelo experimental proposto de diabetes tipo 1 foi

bem sucedido, o que foi comprovado pelo TTOG e glicemia final dos animais. As

dosagens séricas para transaminases e uréia realizadas no soro juntamente com os dados

de peso relativo do fígado sugerem dano nesse órgão nos ratos diabéticos. Para pâncreas

e coração foram evidenciados redução de seus pesos.

Quanto a dosagem dos biomarcadores do estresse oxidativo no fígado, coração,

pâncreas e rim encontramos resultados diferentes em cada órgão. Porém, em conjunto,

eles demonstram que houve um aumento do estresse oxidativo no fígado, coração e

pâncreas, e que a suplementação com 2% da farinha de buriti foi capaz de reduzir os

níveis de TBARS e/ou proteína carbonilada nestes tecidos, exceto pâncreas. Já análise

histopatológica do fígado, coração e pâncreas não identificou nenhuma alteração tecidual,

provavelmente decorrente do baixo tempo de experimento.

Concluímos, então, que a suplementação com farinha de buriti nos ratos diabéticos

promoveu redução de danos oxidativos a biomoléculas no fígado, coração e rim,

evidenciando uma provável atividade antioxidante in vivo dos componentes bioativos

presentes nesse fruto.

55

8. LIMITAÇÕES DO ESTUDO

As limitações do nosso estudo incluem o curto período de tratamento, imposto

pela gravidade do quadro clínico induzido pelo STZ e a baixa absorção de β-caroteno

observado para ratos (RIBAYA-MERCADO et al, 1988). Entretanto, nosso modelo

permitiu verificar que outros componentes do buriti promovem redução de danos

oxidativos, permitindo sugerir que o consumo da polpa de buriti pode trazer benefícios à

saúde humana e outros modelos experimentais poderão contribuir para melhor elucidar

os efeitos desse fruto sobre a redução de danos oxidativos.

56

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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10. ANEXOS

Anexo I: Protocolo CEUA - UFOP