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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CT CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CCET PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE PETRÓLEO - PPGCEP LARISSA SOBRAL HILÁRIO AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA MODIFICADA PARA REMOÇÃO DE PETRÓLEO NA SUPERFÍCIE DA ÁGUA Orientador: Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva Natal / RN, dezembro de 2019.

AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

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Page 1: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA – CT

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA – CCET

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE

PETRÓLEO - PPGCEP

LARISSA SOBRAL HILÁRIO

AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA MODIFICADA

PARA REMOÇÃO DE PETRÓLEO NA SUPERFÍCIE DA ÁGUA

Orientador: Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva

Natal / RN, dezembro de 2019.

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LARISSA SOBRAL HILÁRIO

AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA MODIFICADA

PARA REMOÇÃO DE PETRÓLEO NA SUPERFÍCIE DA ÁGUA

Natal / RN, dezembro de 2019.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Elaborado por Fernanda de Medeiros Ferreira Aquino - CRB-15/301

Hilario, Larissa Sobral.

Avaliação da fibra calotropis procera modificada para remoção

de petróleo na superfície da água / Larissa Sobral Hilario. - 2019.

126 f.: il.

Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-

Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo, Natal, RN, 2019. Orientador: Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva.

1. Calotropis procera - Tese. 2. Sorção - Tese. 3. Petróleo -

Tese. I. Silva, Djalma Ribeiro da. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 676.034.5(043.2)

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Que os vossos esforços desafiem as

impossibilidades, lembrai-vos de que as

grandes coisas do homem foram conquistadas

do que parecia impossível.

(Charles Chaplin)

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Dedicatória.

Dedico este trabalho as pessoas mais

importantes da minha vida, que lutam

diariamente ao meu lado, transmitindo

amor, alegria, determinação, paz,

sabedoria e coragem, tornando os meus

dias muito mais felizes e bonitos. Aos meus

pais Hilário Filho e Fátima Sobral. A

minha querida irmã Luana Sobral Hilário e

ao meu namorado Itamar Filho.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida, saúde e perseverança por mais esta oportunidade de realização

intelectual.

Aos meus pais Hilário Filho e Fátima Sobral, pelo incentivo na busca constante de

novos caminhos e por terem ensinado a perseverar na direção do objetivo traçado, pelo

amor, carinho, dedicação e por terem dado o melhor deles por mim durante todos os

anos da minha vida até hoje.

À minha irmã Luana Sobral Hilário, que amo e admiro muito, que apesar de ser a caçula

da casa, é uma intelectual nata de crítica apurada e conhecimento refinado que quando

tece seus comentários me remete inexoravelmente ao silêncio das reflexões.

Ao meu namorado Itamar Filho, que amo dividir meus dias e por seu amor, carinho,

dedicação, apoio, incentivo durante a realização deste trabalho.

Ao Prof° Djalma Ribeiro da Silva, pela orientação, apoio e o costumeiro incentivo para

a conclusão deste trabalho.

A Profª Drª Tereza Neuma de Castro Dantas, pelas contribuições, apoio e ensinamentos

durante todos esses anos presente na coordenação do NUPPRAR.

Ao amigo e Dr° Raoni, pelo apoio, amizade, generosidade, paciência e contribuições

técnicas relevantes me orientando com benevolência durante todas as etapas da

construção desse trabalho, me incentivando a todo momento.

À amiga e Dra. Emily, pela grandeza em dividir seus conhecimentos, não só nesse

trabalho, mas também em oportunidades anteriores, pela paciência e amizade.

A central Analítica do Instituto de Química da UFRN em especial aos Técnicos Joadir

Júnior, Maxwell e Miqueias pela disponibilidade e atenção em realizar prontamente

algumas análises e serviços que foram solicitadas.

Ao Daniel Lucas que com muita presteza, benevolência e expertise me ajudou em toda

parte estatística desse trabalho.

Ao Rhaul Phillypi, sempre disponível a me ajudar com presteza e simpatia quando

solicitado.

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Aos professores Vanessa Santanna e Lindemberg Duarte do Departamento de

Engenharia de Petróleo pelo apoio quando solicitados.

Ao Laboratorio Demat pelas análises realizadas que foram importantíssimas para o

desenvolvimento desse trabalho.

As companheiras de trabalho Tarcila e Aecia por terem aberto as portas do laboratório

para mim, por todo apoio, investimento, assistência e pela amizade que vai perdurar por

toda a vida.

Aos companheiros de trabalho Henrique, Lorena, Leis, Bruna, Fabíola, por todo apoio e

contribuições para a realização dessa pesquisa.

As minhas amigas da vida Mariana Luiza, Izabel Kalyne, Elaine Cristina e Rochelle

Kelly por todo incentivo, carinho e amizade dedicada durante anos.

Ao NUPPRAR, pela disponibilização dos equipamentos e o espaço físico cedido para a

realização deste trabalho. Bem como toda a equipe do Laboratório em especial.

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HILÁRIO, L.S. AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA MODIFICADA

PARA REMOÇÃO DE PETRÓLEO NA SUPERFÍCIE DA ÁGUA. Tese de

Doutorado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Petróleo.

Área de Concentração: Pesquisa e Desenvolvimento em Ciência e Engenharia de

Petróleo. Linha de Pesquisa: Meio Ambiente na Indústria do Petróleo, Natal – RN,

Brasil.

Orientador: Prof. Dr. Djalma Ribeiro da Silva

RESUMO

Os biossorventes vêm se destacando na remoção de contaminação por petróleo oriundo

de derramamentos ou vazamentos, pois, além de serem biodegradáveis, apresentam alta

disponibilidade natural, baixo custo, e uma boa capacidade de sorção. Sendo assim, o

objetivo desse trabalho foi avaliar a capacidade de sorção da fibra da Calotropis

procera (CP) no estado in natura, bem como as fibras tratadas com cloreto de sódio

(CPNaCl), hidróxido de sódio (CPNaOH), clorito de sódio (CPNaClO2) e térmico em água

(CPTA), para uso como material biossorvente para limpeza e remoção de petróleo na

superfície da água. Inicialmente, realizou-se a caracterização de CP por

termogravimetria/termogravimetria derivada (TG/DTG) afim de identificar a

temperatura de degradação da fibra, após o estudo das curvas, verificou que as

temperaturas de 150 °C e 200 °C seriam utilizadas nos tratamentos térmicos da CP,

variando o tempo em 1h, 2h e 3h. As estruturas das fibras foram investigadas e

comparadas usando espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier

(FTIR) e microscopia eletrônica de varredura com emissão de campo (MEV-FEG). Os

resultados dos testes da capacidade de sorção indicaram os melhores resultados para o

tempo de contato das fibras com o petróleo por 1440min (24h). A CP obteve capacidade

de sorção de cerca de 75 vezes de sua própria massa (76,32 g/g), além disso, foi

observado um aumento de sorção para todas as fibras tratadas, destacando-se a fibra

tratada com solução de hidróxido de sódio submetida a temperatura de 200 °C por 1

hora (CPTNaOH200°C1h) a que atingiu os melhores valores de sorção (127,77g/g e

192,67g/g), nos ensaios a seco e em lâmina, respectivamente. Após o estudo da

validação das variáveis mais significativa a CPTNaOH200°C1h obteve maior desejabilidade

tanto para ambos sistemas, convergindo o resultado real e o predito para as mesmas

condições de maximização da sorção de petróleo. As fibras de Calotropis procera in

natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de

sorção, podendo futuramente serem empregadas como alternativas promissoras para a

remoção de petróleo intermediário em derramamentos e vazamentos na superfície da

água, dada a sua boa seletividade óleo/água, hidrofobicidade, oleofilidade, alta

disponibilidade e excelente propriedade de sorção de óleo.

Palavras-Chaves: Calotropis procera; Sorção; Petróleo

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ABSTRACT

Biossorbents have been highlighted as an alternative method to removal of

contaminants from spills or leaks of oil and its derivatives, once that they are

biodegradable, are highly available, low cost and have a good sorption capacity. Thus,

the objective of this work was to evaluate the sorption capacity of the Calotropis

procera (CP) fiber in natura state, as well as, to treated sodium chloride (CPNaCl),

sodium hydroxide (CPNaOH), sodium chlorite (CPNaClO2) and thermal in water (CPTA),

followed by heat treatment, for use as biossorbent of material for crude oil cleaning,

removal and recovery. Initially, a thermogravimetric analysis is performed to identify

the degradation temperature of the fiber, thus, a CP intended to be treated at

temperatures of 150 °C and 200 °C for time 1h, 2h and 3h. Fiber structures were

investigated and compared using Fourier transform infrared spectroscopy (FTIR) and

field emission scanning electron microscopy (SEM-FEG). The sorption capacity test

results indicated better results when the fibers were 1440min in contact with crude oil.

The CP in- natura achieves sorption capacity of about 75 times or its own weight (76.32

g/g), in addition, an increase in sorption was observed for all treated fibers, being a

CPTNaOH200°C1h that reached the best values of sorption 127.77g/g and 192.67g/g, dried

and selected. After the validation, study of the selected variables CPTNaOH200°C1h the

most desirable for both dry and less difficult systems, converging the real result and the

predicted for the following oil sorption maximization conditions. The CPTNaOH200°C1h

fiber and as more fibers demonstrate high sorption performance can be used in the

future as promising alternatives for intermediate oil crude removal in liquids and water

surface leaks, given its good oil / water selectivity, hydrophobicity, oleophility, high

availability and excellent oil sorption property.

Keywords: Calotropis procera; Sorption; Crude Oil

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SUMÁRIO

Página

1. INTRODUÇÃO 17

1.1. Objetivo geral 18

1.2. Objetivos específicos 18

2. ASPECTOS TEÓRICOS 19

2.1. Petróleo 19

2.2. Derramamento e vazamento de petróleo e derivados 20

2.3. Métodos de remoção de óleo em ambientes aquáticos 26

2.4. Sorção 28

2.4.1. Adsorção 29

2.4.1.1. Adsorção Física 31

2.4.1.2. Adsorção Química 31

2.4.2. Absorção 32

2.4.3. Tipos de sorventes 33

2.4.3.1. Biossorventes 34

2.4.4. Calotropis procera (Apocynaceae) 35

2.4.4.1. Composição Química da Fibra Vegetal 37

2.4.4.2. Celulose 37

2.4.4.3. Hemicelulose 38

2.4.4.4. Lignina 39

2.4.4.5. Outros componentes 40

2.4.5. Tratamento de Fibras Vegetais 41

3. ESTADO DA ARTE 43

4. METODOLOGIA 49

4.1. Equipamentos 50

4.2. Reagentes 50

4.3. Óleos 50

4.4. Coleta da Calotropis procera 50

4.5. Identificação da Espécie 51

4.6. Modificação da Fibra Calotropis procera 52

4.7. Caracterizações da Fibra Calotropis procera 53

4.7.1. Teor de Umidade 53

4.7.2. Teor de Cinzas 54

4.7.3. Hidrofobicidade/molhabilidade 54

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4.7.4. Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier 55

4.7.5. Análise Termogravimétrica/Termogravimetria Derivada 55

4.7.6. Microscopia Eletrônica de Varredura com Emissão de Campo 56

4.8. Caracterização dos óleos 56

4.8.1. Densidade 57

4.8.2. Viscosidade 57

4.9. Testes de Sorção 57

4.10. Ensaio de seletividade 59

4.11. Modelagem da sorção de Petróleo no sistema à seco e em lâmina 59

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 62

5.1. Identificação da Espécie 62

5.2. Modificação da Fibra Calotropis procera 63

5.3. Caracterizações da Fibra Calotropis procera 64

5.3.1. Análise do Teor de Cinzas e Umidade 64

5.3.2. Hidrofobicidade/molhabilidade 66

5.3.3. Análise Termogravimétrica/Termogravimetria Derivada 67

5.3.4. Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier 71

5.3.5. Microscopia Eletrônica de Varredura com Emissão de Campo 76

5.4. Caracterização dos óleos 78

5.4.1. Densidade e viscosidade 78

5.5. Testes de Sorção 80

5.5.1. Avaliação de Sorção de Petróleo 80

5.5.2. Avaliação de Sorção de Água 89

5.5.3. Avaliação da Sorção de derivados de petróleo 92

5.6. Seletividade 93

5.7. Modelagem da sorção de Petróleo no sistema à seco e em lâmina 93

6. CONCLUSÕES 109

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 111

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LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 2.1 Volume m³ de produtos envolvidos nos acidentes ambientais

referente a derramamentos ou vazamentos em 2014 no Brasil.

21

Figura 2.2 Processos que ocorrem em ambientes aquáticos em caso de

derramamento de óleo no mar.

22

Figura 2.3 Importância relativa dos processos de intemperismo do óleo. 24

Figura 2.4 Etapas do processo de Adsorção. 30

Figura 2.5 A) Visão geral da Calotropis procera B) e C) Sementes ovoides

em diferentes estágios de maturação, presas a um filamento

sedoso (fibra).

35

Figura 2.6 Estrutura Molecular da Celulose. 38

Figura 2.7 Estrutura Molecular da Hemicelulose 39

Figura 2.8 Representação Estrutura Molecular da Lignina. 39

Figura 4.1 Fluxograma da metodologia experimental. 49

Figura 4.2 a) Fibra de Calotropis procera em estágio de maturação de

forma ordenada presa as sementes, b) Fibra de Calotropis

procera pós-secagem com as sementes, c) Fibra de Calotropis

procera limpa sem sementes.

51

Figura 4.3 Processo de herbolização 52

Figura 4.4 Ilustração do preparo das fibras com solução, seguido

tratamento térmico em mufla 150 °C e 200 °C por 1h, 2h e 3h.

53

Figura 4.5 Espectrômetro de Infravermelho FTIR. 55

Figura 4.6 Analisador termogravimétrico. 55

Figura 4.7 Microscópio eletrônico de varredura com emissão de Campo. 56

Figura 4.8 Densímetro Digital. 57

Figura 4.9 Reômetro. 57

Figura 4.10 Ilustração do teste de sorção da fibra no sistema à seco, em

lâmina e em água.

58

Figura 5.1 Exsicata da espécie com ficha de classificação. 62

Figura 5.2 Fibras CPTA, CPNaCl, CPNaOH, CP e CPNaClO2 modificadas apenas

em solução.

63

Figura 5.3 Fibras CPTTA, CPTNaCl, CPTNaOH, CPT e CPTNaClO2 modificadas

termicamente a 150 °C por 1, 2 e 3 horas.

63

Figura 5.4 Fibras CPTTA, CPTNaCl, CPTNaOH, CPT e CPTNaClO2 modificadas

termicamente a 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

64

Figura 5.5 Ensaio de hidrofobicidade e molhabilidade 66

Figura 5.6 Curvas Termogravimétricas/ termogravimetria derivada - TG e

DTG da fibra in natura CP

67

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Figura 5.7 Curvas Termogravimétricas/ termogravimetria derivada - TG e

DTG da fibra com tratamento térmico em água CPTA

68

Figura 5.8 Curvas Termogravimétricas/ termogravimetria derivada - TG e

DTG da fibra tratada em solução de cloreto de sódio CPNaCl

68

Figura 5.9 Curvas Termogravimétricas/ termogravimetria derivada - TG e

DTG da fibra tratada em solução de hidróxido de sódio CPNaOH

69

Figura 5.10 Curvas Termogravimétricas/ termogravimetria derivada - TG e

DTG da fibra tratada em solução de clorito de sódio CPNaClO2

69

Figura 5.11 Espetros FTIR: CP, CPT150°C1h, CPT150°C2h, CPT150°C3h,

CPT200°C1h, CPT200°C2h, CPT200°C3h

73

Figura 5.12 Espetros FTIR: CPTA, CPTTA150°C1h, CPTTA150°C2h, CPTTA150°C3h,

CPTTA200°C1h, CPTTA200°C2h, CPTTA200°C3h

73

Figura 5.13 Espetros FTIR: CPNaCl, CPTNaCl150°C1h, CPTNaCl150°C2h,

CPTNaCl150°C3h, CPTNaCl200°C1h, CPTNaCl200°C2h, CPTNaCl200°C3h

74

Figura 5.14 Espetros FTIR: CPNaOH, CPTNaOH150°C1h, CPTNaOH150°C2h,

CPTNaOH150°C3h, CPTNaOH200°C1h, CPTNaOH200°C2h, CPTNaOH200°C3h

74

Figura 5.15 Espetros FTIR: CPNaClO2, CPTNaClO2150°C1h, CPTNaClO2150°C2h,

CPTNaClO2150°C3h, CPTNaClO2200°C1h, CPTNaClO2200°C2h,

CPTNaClO2200°C3h

75

Figura 5.16 Micrografias obtidas pelo FEG-MEV: a) CP, b) CPTA, c) CPNaCl,

d) CPNaOH, e) CPNaClO2, f) CPT150°C1h, g) CPTTA150°C1h, h)

CPTNaCl150°C1h, i) CPTNaOH150°C1h, j) CPTNaClO2150°C1h, k)

CPT200°C1h, l) CPTTA200°C1h, m) CPTNaCl200°C1h, n) CPTNaOH200°C1h,

o) CPTNaClO2200°C1h.

76

Figura 5.17 Micrografias obtidas pelo FEG-MEV: a) CPT150°C2h, b)

CPTTA150°C2h, c) CPTNaCl150°C2h, d) CPTNaOH150°C2h, e)

CPTNaClO21500°C2h, f) CPT200°C2h, g) CPTTA200°C2h, h)

CPTNaCl200°C2h, i) CPTNaOH200°C2h, j) CPTNaClO2200°C2h.

77

Figura 5.18 Micrografias obtidas pelo FEG-MEV: a) CPT150°C3h, b)

CPTTA150°C3h, c) CPTNaCl150°C3h, d) CPTNaOH150°C3h, e)

CPTNaClO21500°C3h, f) CPT200°C3h, g) CPTTA200°C3h, h)

CPTNaCl200°C3h, i) CPTNaOH200°C3h, j) CPTNaClO2200°C3h.

78

Figura 5.19 Teste de sorção de petróleo (a) sistema à seco e (b) em lâmina

na CP

80

Figura 5.20 Teste de sorção de petróleo no sistema à seco e em lâmina na

CP.

81

Figura 5.21 Teste de sorção de petróleo no sistema (a) à seco e (b) em

lâmina com fibra CP em 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

82

Figura 5.22 Teste de sorção de petróleo no sistema (a) à seco e (b) em

lâmina com fibra CPTA em 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

83

Figura 5.23 Teste de sorção de petróleo no sistema (a) à seco e (b) em

lâmina com fibra CPNaCl em 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

83

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Figura 5.24 Teste de sorção de petróleo no sistema (a) à seco e (b) em

lâmina com fibra CPNaOH em 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

84

Figura 5.25 Teste de sorção de petróleo no sistema (a) à seco e (b) em

lâmina com fibra CPNaClO2 em 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

84

Figura 5.26 Teste de sorção de água na CP. 89

Figura 5.27 Ensaio de sorção em água CP e suas percussoras a 150 °C e 200

°C por 1, 2 e 3 horas

89

Figura 5.28 Ensaio de sorção em água CPTA e suas percussoras a 150 °C e

200 °C por 1, 2 e 3 horas

90

Figura 5.29 Ensaio de sorção em água CPNaCl e suas percussoras a 150 °C e

200 °C por 1, 2 e 3 horas

90

Figura 5.30 Ensaio de sorção em água CPNaOH e suas percussoras a 150 °C e

200 °C por 1, 2 e 3 horas

91

Figura 5.31 Ensaio de sorção em água CPNaClO2 e suas percussoras a 150 °C

e 200 °C por 1, 2 e 3 horas

91

Figura 5.32 Teste de sorção de óleos (a) à seco, e (b) em lâmina das fibras

CPT200°C1h, CPTTA200°C1h, CPTNaCl200°C1h, CPTNaOH200°C1h e

CPTNaClO2200°C1h comparando CP.

92

Figura 5.33 Teste de Seletividade. 93

Figura 5.34 Superficie de resposta modelo 1 para o sistema de sorção à seco 94

Figura 5.35 Superficies de resposta modelo 2 para o sistema de sorção à

seco.

96

Figura 5.36 Superficies de resposta modelo 3 para o sistema de sorção à

seco.

98

Figura 5.37 Superficies de resposta modelo 4 para o sistema de sorção à

seco.

100

Figura 5.38 Superficie de resposta modelo 1 para o sistema de sorção em

lâmina.

102

Figura 5.39 Superficies de resposta modelo 2 para o sistema de sorção em

lâmina

103

Figura 5.40 Superficies de resposta modelo 3 para o sistema de sorção em

lâmina.

105

Figura 5.41 Superficies de resposta modelo 4 para o sistema de sorção em

lâmina.

107

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LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 2.1 Desastres Ambientais na Indústria de petróleo. 25

Tabela 2.2 Diferenças entre adsorção Física e Química. 32

Tabela 3.1 Biossorventes e capacidades de sorção. 47

Tabela 4.1 Identificação das Fibras in natura e modificadas. 52

Tabela 4.2 Condições para simulação das variáveis em estudo. 60

Tabela 5.1 Teor de umidade e cinzas das amostras CP, CPTA, CPNaCl,

CPNaOH e CPNaClO2.

64

Tabela 5.2 Grupos funcionais determinados por FTIR nas fibras CP, CPTA,

CPNaCl, CPNaOH, CPNaClO2, inclusive em suas percussoras a

150°C e 200°C por 1, 2 e 3h.

75

Tabela 5.3 Valores de densidade e viscosidade das amostras de petróleo e

derivados.

79

Tabela 5.4 Percentual de sorção atingido por diversos tempos em relação a

1140 min – Sistemas à seco e em lâmina.

86

Tabela 5.5 Comparação de materiais sorventes de óleo e solventes

orgânicos.

88

Tabela 5.6 Resultados da simulação modelo 1 para sorção à seco. 94

Tabela 5.7 Resultados da simulação modelo 2 para sorção à seco. 95

Tabela 5.8 Resultados da simulação modelo 3 para sorção à seco. 97

Tabela 5.9 Resultados da simulação modelo 4 para sorção à seco. 99

Tabela 5.10 Resultados da simulação modelo 1 para sorção em lâmina. 101

Tabela 5.11 Resultados da simulação modelo 2 para sorção em lâmina. 102

Tabela 5.12 Resultados da simulação modelo 3 para sorção em lâmina. 104

Tabela 5.13 Resultados da simulação modelo 4 para sorção em lâmina. 106

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LISTA DE SIGLAS

ASTM American Society for Testing and Materials

BOP Blowout Preventer

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São

Paulo

CP Calotropis procera

CPNaCl Calotropis procera em solução cloreto de sódio

CPNaClO2 Calotropis procera em solução clorito de sódio

CPNaOH Calotropis procera em solução hidróxido de sódio

CPT Calotropis procera tratado termicamente

CPT NaCl Calotropis procera em solução cloreto de sódio tratado termicamente

CPT NaClO2 Calotropis procera solução clorito de sódio tratado termicamente

CPT NaOH Calotropis procera hidróxido de sódio tratado termicamente

CPT TA Calotropis procera térmico em água tratado termicamente

CPTA Calotropis procera térmico em água

DEMat Departamento de Engenharia de Materiais

DTG Termogravimetria Derivada

E&P Exploração e Produção

EPA Environmental Protection Agency

FTIR Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier

H2SO4 Ácido Sulfúrico

HCl Ácido Clorídrico

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

LaBotS Laboratório de Botânica e Sistemática

MEV-FEG Microscopia Eletrônica de Varredura com Emissão de Campo

NaCl Cloreto de sódio

NaClO2 Clorito de sódio

NaOH Hidróxido de sódio

OTS Octadeciltriclorosilano

PET Poli tereftalato de etila

PFOTES 1H, 1H, 2H, 2H-perfluoro-octil-trietoxi-silano

TG Termogravimetria

UV Ultravioleta

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PUBLICAÇÕES

HILÁRIO, L. S.; ANJOS, R. B.; JUVINIANO, H. B. M.; SILVA, D. R. Evaluation of

Thermally Treated Calotropis Procera Fiber for the Removal of Crude Oil on the Water

Surface. Material. 2019, 12, 3894.

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1. INTRODUÇÃO

Os riscos de derramamento de óleo em ambientes marinhos aumentaram com a

extensão da produção e transporte de petróleo em todo o mundo (ANNUNCIADO et al.,

2005; LIM et al., 2007). Esses derramamentos têm sido uma preocupação mundial, pois

causam não apenas a perda do recurso energético, mas também danos significativos ao

meio ambiente e aos ecossistemas (XUE et al., 2011; ZHENG et al., 2017; CAO et al.,

2018). Em derramamentos de óleo produtos químicos perigosos são liberados, tais como

hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HPA), prejudiciais à vida aquática e humana,

exigindo um longo período de tempo para serem removidos ou degradados

(GELDEREN et al., 2017). Portanto, é urgente desenvolver uma tecnologia eficiente,

econômica e viável para eliminar esses contaminantes oleosos e recuperá-los dos locais

de vazamento ou derrame (RON et al., 2014).

O uso de materiais sorventes para remoção de óleo torna-se atrativo

principalmente devido à sua capacidade de transformar contaminantes de óleo na fase

líquida em fase sólida ou semi-sólida. Outras considerações incluem a disponibilidade

do material, a economia, alta taxa e capacidade de sorção, baixa taxa de coleta de água,

alta capacidade de retenção de óleo durante a transferência, alta recuperação do óleo

sorvido através de método simples, boa reutilização e excelente resistência física e

química (YU et al., 2017; TU et al., 2018).

Normalmente, os sorventes de óleo são divididos em três tipos: inorgânicos,

orgânicos sintéticos e orgânicos naturais. Os inorgânicos são representados por

materiais como vermiculita (MYSORE et al., 2005), zeólita (SEAL et al., 2013), entre

outros, no entanto, sua baixa capacidade de sorção de óleo, baixa seletividade de óleo-

água e não biodegradabilidade limitam seu desempenho.

Os sorventes orgânicos sintéticos englobam materiais como o polipropileno e

espumas de poliuretano, que são habitualmente comercializados para sorção em

derramamentos de óleo devido as suas altas hidrofobicidades. As desvantagens desses

materiais é a sua não biodegradabilidade, processos de síntese complexos e altos custos

de produção (ZHANG et al., 2013; ZHANG et al., 2015).

Logo, os sorventes orgânicos naturais como palha de milho (LI et al., 2013),

casca de arroz (ALI et al., 2012), serragem (ANNUNCIADO et al., 2005), fibra de

algodão (DESCHAMPS et al., 2003), fibra de sumaúma (WANG et al, 2013), fibras de

taboa (DONG et al., 2015) entre outros, agregam as vantagens de serem de baixo custo,

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fácil disponibilidade e biodegradabilidade, por isso são uma alternativa mais favorável.

Portanto, as fibras biodegradáveis têm recebido atenção e sido estudadas para aplicação

na limpeza e remoção de óleo em derramamentos (LIM et al., 2007).

Nesse contexto, a Calotropis procera (Apocynaceae) possui uma fibra natural

constituída essencialmente por celulose, hemicelulose, lignina, pectina e cera, apresenta

propriedades hidrofóbicas, oleofílica, biodegradável, leve e de estrutura física oca

(MURTI et al, 2010), podendo ser uma excelente alternativa como material sorvedor de

óleo (NASCIMENTO et al., 2016; THILAGAVATHI et al., 2018). No entanto, o

mecanismo de sorção de óleo, a contribuição do lúmen oco e da cera superficial na

capacidade de absorção de óleo pela fibra da Calotropis procera (CP) ainda não são

bem conhecidos e estudados.

1.1. Objetivo geral

Avaliar a capacidade de sorção da fibra da Calotropis procera in natura e

modificada como material biossorvente para limpeza e remoção de petróleo e derivados

provenientes de derramamentos ou vazamentos na superfície da água.

1.2. Objetivos específicos

Determinar as características físico-químicas da fibra da Calotropis procera;

Modificar a fibra da Calotropis procera utilizando diferentes soluções e

tratamento térmico;

Realizar testes para avaliar a capacidade de sorção de petróleo utilizando a

Calotropis procera em sistema à seco, em lâmina e em água;

Avaliar a capacidade de sorção de derivados de petróleo utilizando a Calotropis

procera in natura e modificada;

Validar as variáveis estatisticamente significativas para a sorção de petróleo pela

Calotropis procera in natura e modificada.

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2. ASPECTOS TEÓRICOS

Para contextualizar esse trabalho, os aspectos teóricos abordados foram divididos

de forma a contemplar conceitos relevantes acerca do petróleo e seus derivados, bem

como a complexidade de situações de derramamentos e vazamentos, além, do estudo

sobre a Calotropis procera como material sorvente para remediação, remoção e limpeza

de óleo em água.

2.1. Petróleo

Segundo a etimologia, a palavra petróleo, deriva do latim petra (pedra) e oleum

(óleo). O petróleo é conhecido desde épocas remotas, tendo sido utilizado desde os

primórdios para diversos fins. Recebeu nomes variados como: betume, lama, resina,

nafta, óleo de rocha, bálsamo da terra, asfalto, alcatrão, óleo da terra, óleo mineral,

múmia, óleo de Medeia, óleo de Rangum, nafta da Pérsia, piche de Trinidad e outros

(SOARES, 2010).

Recorrendo ao American Society for Testing and Materials (2002), ASTM, tem-se

a definição de petróleo como sendo: “Uma mistura de ocorrências naturais, consistindo

predominantemente de hidrocarbonetos e derivados orgânicos sulfurados, nitrogenados

e oxigenados, a qual é, ou pode, ser removida da terra no estado líquido” (FARAH,

2013).

Os hidrocarbonetos obtidos em reservatórios distintos possuem características

distintas, segundo a cor, densidade, viscosidade, teor de enxofre, acidez etc. Existe

petróleos que são pretos, viscosos, densos, liberando pouco ou nenhum gás, enquanto

outros são castanhos ou bastante claros, com baixa viscosidade e densidade (BRASIL et

al., 2011).

O petróleo e seus derivados apresentam na composição constituintes de alta

toxicidade e mobilidade, esses contaminantes propiciam uma contínua contaminação

por hidrocarbonetos monoaromáticos (BTEX), hidrocarbonetos policíclicos aromáticos

(PHAs) e hidrocarbonetos totais de petróleo (TPH), ocasionando perturbações por

vários anos no meio ambiente (RAMALHO et al., 2014; KARAN, 2011).

Os hidrocarbonetos aromáticos presentes na constituição do petróleo já são

tóxicos em baixas concentrações e têm alto potencial cancerígeno e mutagênico

(International Agency for Research on Cancer), como benzeno e benzo(a)pireno,

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podendo comprometer a saúde pública, principalmente quando as fontes de

abastecimento público são afetadas pelos contaminantes (RAMALHO et al., 2014).

2.2. Derramamento e vazamento de petróleo e derivados

Nos últimos anos, o risco crescente de derramamento de óleo e vazamentos

químicos de produtos petrolíferos significa uma séria ameaça ao ecossistema e ao meio

ambiente (PAUL et al., 2013; ZENGEL et al., 2016). Conforme Lim e Huang

(2007a,b), esses podem ser provocado por falha humana, descarte ilegal, ou inda por

catástrofes naturais como terremotos e furacões. Derrames de petróleo e seus derivados

se tornaram temas muito pesquisados devido ao grande impacto ambiental gerado por

essas ocorrências (BAZARGAN et al., 2015).

No que tange aos derramamentos de óleo no mar incluem-se desde o óleo bruto,

produtos já processados ou refinados até resíduos de óleo. A poluição aquática por óleo

acontece devido a plataformas de exploração, vazamentos em navios petroleiros, portos,

terminais e por limpeza de tanques de embarcações no mar (ROSA et al., 2012).

Ademais, mesmo em solo, com ações de substituição de óleos lubrificantes em

estabelecimentos sem infraestrutura e coleta adequada, vazamentos em postos de

abastecimento, refinarias e dutos, podem fazer com que o óleo chegue até corpos

hídricos por atuação do carreamento pluvial (DO VALLE et al., 2009). Contudo, são os

derramamentos originários de dutos e navios que causam maiores, devido a notória

visibilidade e impactos trágioas que a poluição pode promover sobre os ecossistemas

atingidos (SOUZA FILHO, 2006).

A periculosidade do petróleo e seus derivados em contato com os organismos

vivos são significantes e os seus efeitos podem variar com os níveis de intensidade, tipo

e duração da resposta, de acordo com diversos fatores, podendo ocasionar desde

situações onde não existe nenhuma alteração observada, ou até a destruição total de um

ecossistema (IBAMA, 2014). Independentemente da preocupação em relação à

contaminação com o petróleo no meio ambiente, já existem indicativos de que as

frações solúveis de produtos refinados (diesel e gasolina) têm toxicidade até cinco vezes

maior que o produto cru (RAYBURN et al., 1996; RODRIGUES et al., 2010).

No que concerne à saúde humana, ressalta-se os efeitos multagênicos e

cancerígenos de alguns constituintes do petróleo (WAHI et al., 2013; YANG et al.,

2009). Estudos evidenciaram que a exposição do homem ao derramamento de petróleo

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tem capacidade de induzir a alterações hematológicas e hepáticas. Além disso, dores de

cabeça, fadiga, erupções cutâneas, falta de ar, tosse, dores nas articulações e no peito

acontecem com mais frequência nos sujeitos que trabalharam na limpeza de

derramamento (D’ANDREA et al., 2013).

Logo os efeitos gerados nas espécies marinhas apresentam duas vias, que são o

físico de recobrimento e o químico dos compostos do petróleo, que podem ser tóxicos

(IMO, 2005).

E ainda, da morte por recobrimento, intoxicação e asfixia, outros efeitos sobre

organismos marinhos podem ser apresentados, tais como:

diminuição na taxa de fertilização;

distúrbio nos recursos alimentares dos grupos tróficos superiores;

bio-acumulação de hidrocarbonetos incorporando-se às moléculas proteícas e

aos tecidos lipídicos;

associação de substâncias carcinogênicas;

efeitos diretos subletais impedindo que a espécie realize suas funções no

ecossistema, podendo progredir para a morte;

redução da penetração dos raios solares devido à camada de óleo formada

(CETESB, 2014; TEIXEIRA et al., 2009; IMO, 2005).

Segundo os relatórios de acidentes ambientais do Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -IBAMA de 2014, apresenta os volumes

de petróleo e derivados abrangidos em derramamentos ambientais. A Figura 2.1 retrata

o volume em m³ de petróleo e alguns derivados derramados ou vazados em acidentes

ambientais relatados pelo IBAMA (2014) durante o ano de 2014.

Figura 2.1: Volume m³ de produtos envolvidos nos acidentes ambientais referente

a derramamentos ou vazamentos em 2014 no Brasil.

Fonte: IBAMA, 2014.

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Em conformidade com a Figura 2.1, observa-se que em 2014 o óleo diesel foi o

produto com maior volume vazado (533,37 m³); em segundo lugar aparece o vazamento

de gasolina (160 m³), em terceiro o etanol (120 m³) e em quarto lugar o petróleo (80 m3)

(IBAMA, 2014).

Quando derramado ou vazado no mar, os impactos em ambientes aquáticos

dependem da quantidade de óleo e das suas características físicas e químicas as quais

podem sofrer modificações na sua constituição original por causa das ações presentes no

processo de intemperismo do petróleo, como: dispersão, evaporação, emulsificação,

dissolução, oxidação, sedimentação e biodegradação (FERNANDO, 2013; KARAN et

al., 2011; SANG, 2010), como mostrado na Figura 2.2.

Figura 2.2: Processos que ocorrem em ambientes aquáticos em caso de derramamento

de óleo no mar.

Fonte: CETESB, 2014.

Durante os primeiros estágios do derramamento, um dos processos que afeta o

comportamento do óleo é o espalhamento (KINGSTON, 2002). Visto que ele tem a

tendência de se espalhar formando uma mancha única, aumentando sua área e

diminuindo sua espessura, garantindo assim, maior transferência de massa por

evaporação e dissolução, permitindo, desta forma, um incremento na eficiência dos

demais processos (JAMES, 2002).

O processo de evaporação é outro fator relevante que precisa ser avaliado durante

as primeiras 24 horas após um evento de derramamento de óleo, pois ocorre a perda ou

transferência de massa para atmosfera. A maior presença de compostos mais leves

acarreta uma maior evaporação. Entretanto, a evaporação desses compostos promove

alterações na composição química do produto. Mesmo havendo uma diminuição do

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volume derramado, os compostos que permanecem tornam a mancha ainda mais espessa

por apresentarem altas densidade e viscosidade (ITOPF, 2002).

Já a dispersão consiste uma das etapas mais significativas das ações de

intemperismo durante os primeiros dias. Ocorre a quebra da mancha de óleo em

pequenas gotículas suspensas na água facilitando o processo de biodegradação e

sedimentação, na qual essas permanecem em suspensão, diferente das maiores que

tendem a tornar para a superfície, gerando um filme de óleo. Os fatores de viscosidade e

a tensão superficial atuam nesse processo, visto que quanto mais viscoso e maior a

tensão superficial do óleo derramado, menor a dispersão (ITOPF, 2002).

Durante a etapa de emulsificação acontece a dispersão do óleo na água formando

gotículas. Devido a ação das ondas marítimas, as emulsões podem ser dois tipos:

água/óleo e óleo/água, sendo essa última, não percebida quando o caso das gotículas de

óleo serem muito pequenas. Entretanto se as águas do mar permanecerem calmas as

emulsões podem voltar a formar uma película superficial, aglomerando-se. Já as

emulsões água/óleo são bastante estáveis e habituam persistir por meses ou anos depois

de um derrame (DAVE, 2011; ITOPF, 2002).

Ademais, a radiação ultravioleta (UV) do sol reage com o oxigênio do ambiente

oxidando alguns constituintes do óleo, fotólise. Essa oxidação depende da quantidade de

oxigênio e pela incidência de radiação solar, sendo assim, essa trata-se de uma etapa

lenta (ITOPF, 2002; (KINGSTON, 2002; BOESCH, 2003; FERNANDO, 2013).

Ao longo da etapa de sedimentação ocorre a incorporação de partículas de

sedimentos ou matéria orgânica ao óleo. Poucos óleos são densos o suficiente para

afundar, isso ocorre com os componentes pesados que não se dissolveram na água.

Sendo assim, a sedimentação depende da densidade específica, do grau de dispersão e

dos sólidos suspensos na água, quanto maior a densidade específica, menos partículas

em suspensão são necessárias para que o óleo sedimente (ITOPF, 2002).

Por fim, o processo de degradação do óleo consiste na atuação dos

microorganismos presentes no mar. Apesar de importante, esse é um processo lento,

influenciado por fatores como: temperatura, disponibilidade de oxigênio e nutrientes

(ITOPF, 2002).

Os processos de espalhamento, evaporação, dispersão, emulsificação e dissolução

são os mais significativos durante os períodos iniciais de um derramamento, enquanto

que oxidação, sedimentação e biodegradação ocorrem à posteriori podendo perdurar por

um longo prazo. Ainda assim, a maioria dos processos intempéricos do óleo em

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derramamentos no mar ocorre de forma concomitante e a sua importância relativa pode

ser observada, de forma esquemática, na Figura 2.3 (CETESB, 2006).

Figura 2.3: Importância relativa dos processos de intemperismo do óleo.

Fonte: ITOPF, 2002

Sendo assim, com o decorrer do tempo, acontecem mudanças nas

características iniciais do hidrocarboneto derramado no ambiente. Assim, essa poluição

causa toxicidade para o ambiente aquático, flora e fauna, sendo necessário a urgência de

desenvolver tecnologias eficazes para limpar os derramamentos de óleo a fim de

removê-los ou recuperá-los de modo viável tanto na perspectiva econômica como

ambiental (CHANG et al., 2014; ZHANG et al., 2014; SAI et al., 2015).

Nascimento (2016) relata que derramamentos e vazamentos de petróleo e seus

derivados podem gerar grandes dispêndios econômicas e ambientais ocasionando crises

dependendo das regiões abrangidas. Quando esses eventos acontece em oceanos a

contaminação de faixas costeiras, manguezais e rios afetam diretamente a vida dos

populares locais terrestres, a vida aquática e ao turismo.

Na perspectiva ambiental, as atividades de E&P, que abrangem os panoramas

sísmicos, perfuração e produção em mar, bem como as atividades de transporte e

estocagem de petróleo e gás natural apresentam riscos resultantes da correlação entre

fatores técnicos, humanos e ambientais (GARCIA et al., 2004).

A existência de riscos pode ser comprovada pelos incidentes de derramamentos

e vazamentos de petróleo e derivados ocorridos ao longo dos últimos anos no Brasil e

no mundo por meio da Tabela 2.1, que mostra alguns desastres ambientais e a

quantidade de óleo lançada ao ecossistema.

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Tabela 2.1: Desastres Ambientais na Indústria de Petróleo.

Ano Evento Ocorrência

1975 Baía de

Guanabara

O petroleiro iraniano Tarik Iba Ziyad encalhou enquanto

navegava no canal central da Baía de Guanabara. O navio

rompeu o casco a caminho do porto na enseada de Botafogo e

derramou 6.800 m³ de óleo, deixando uma mancha de 10

centímetros de espessura, próximo à Ilha do Governador

(GEOBRASIL, 2002).

1978 São Sebastião O petroleiro Brazilian Marina encalhou no Canal de São

Sebastião, em São Paulo, vazando em torno de 6.000 m³ de

óleo cru. Esse acidente foi o primeiro caso registrado,

oficialmente, pela CETESB e afetou seriamente as praias do

litoral norte de São Paulo (CETESB, 2004).

1979 IXTOC 1 Explosão na plataforma de exploração Ixtoc 1, o vazamento

teve uma escala de mais de 1milhão de galões de petróleo bruto

por dia, resultando em um total cerca de 147 milhões de galões

derramados de petróleo, nas águas Bahia de Campeche- Golfo

do México (HORNKE, 2013).

1979 Atlantic

Empress

Os navios petroleiros Atlantic Empress e Aegean Captain

colidiram e explodiram próximo à Ilha de Tobago. O fogo no

Aegean foi controlado e rebocado para a costa, já o Atlantic

Empress afundou dois dias depois, totalizando um

derramamento de cerca de 88 milhões de galões de petróleo no

Mar do Caribe (HORNKE, 2013).

1989 Exxon Valdez-

Alasca

O navio petroleiro Exxon Valdez, carregado de petróleo bruto,

encalhou em Prince William Sound, perto de Valdez, Alasca.

Aproximadamente 258.000 barris foram derramados quando 8

tanques de armazenamento se romperam, resultando em danos

catastróficos para o meio ambiente (HORNKE, 2013).

1991 Guerra do

Golfo/Kwait

Tropas Iraquianas abriram as válvulas de vários poços

petrolíferos após os Estados Unidos invadirem em ofensiva

contra as forças de Saddam Hussein, aproximadamente 240

milhões de galões de petróleo cru foram lançados no Golfo

Pérsico, a mancha de óleo atingiu uma área de mais de 700

quilometros de costa, causando graves danos a biodiversidade

da região (HORNKE, 2013).

2000 Baía de

Guanabara

O duto PE-II da Petrobras que interliga a Refinaria Duque de

Caxias (REDUC) ao terminal Ilha d’Água, na Ilha do

Governador rompeu-se, ocasionando um vazamento de

aproximadamente 8.000 barris de óleo combustível. As

consequências ambientais foram catastróficas por se tratar de

uma área completamente vulnerável, devido à baixa renovação

de água, baixa profundidade média e circulação restrita (MMA,

2001).

2010 Golfo do

México

Ocorreu um blowout na plataforma Deepwater Horizon da

Transocean, operando no Campo de Macondo, no Golfo do

México que que ocasionou o incêndio e o posterior

afundamento da plataforma, bem como a ruptura da coluna de

perfuração. O vazamento foi estimado em 4,9 milhões de barris

de petróleo durante 86 dias (USCG, 2011).

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2011 Campo de

Frade

Durante perfuração realizada em unidade da Transocean,

ocorreu um kick e o fechamento do BOP, mas as paredes do

poço não resistiram e fraturaram, com isso, o petróleo passou a

fluir do reservatório para o leito do marinho, culminaram no

vazamento de 3.700 barris de petróleo (ANP, 2012).

2013 Lac Mégantic Derramamento de petróleo devido ao descarrilhamento e

incêndio de trêm transportando petróleo, em Quebec no

Canadá. Culminou em 47 mortos e o derramamento de 33 mil

barris de petróleo (ITOPF, 2013).

2015 Alyarmouk O navio petroleiro Alyarmouk colidiu com o graneleiro Sinar

Kapuas a nordeste da Pedra Brana, Singapura. Um dos tanques

de carga da Alyarmouk ficou danificado, o que resultou no

derramamento de cerca de 4.500 toneladas de petróleo bruto

(ITOPF, 2015).

2016 Burgos Incêndio no navio Burgos causado em decorrência de uma

explosão a bordo, nas águas do Golfo do México, embarcação

transportava 80 mil barris de óleo diesel e 87 mil barris de

gasolina que vazaram no mar (ITOPF, 2016).

2019 Praias do

Nordeste

brasileiro

Desde o início de setembro de 2019 um vazamento de petróleo

atinge cerca de 2250 km da costa Nordeste do Brasil

(MARINHA, 2019). Em análise feita pela Petrobras, a empresa

informou que o óleo encontrado não é produzido pelo Brasil. A

investigação da origem das manchas de óleo está sendo

conduzida pela Marinha, enquanto a investigação criminal é

objeto da Polícia Federal (IBAMA, 2019), até o dia 05/11/19

foram contabilizadas mais de 4300 toneladas de resíduos

oleosos retirados nas praias do Nordeste (MARINHA, 2019).

Fonte: Autor, 2019.

Diante dessa problemática, relatada na Tabela 2.1, diferentes técnicas e métodos

foram sendo desenvolvidos visando o controle de vazamentos de petróleo e derivados

em pequenas ou grandes escalas.

2.3. Métodos de remoção de óleo em ambientes aquáticos

Em casos de derramamentos ou vazamentos de petróleo e derivados são usadas

diferentes tecnologias, que podem depender de variáveis físico-químicas como

densidade, viscosidade e composição do fluido, além disso, incluem distintas técnicas

para o controle de vazamentos, tais como: tamanho do vazamento, localização e

condições climáticas (SRINIVASA, 1997; NORDVIK, 1995).

As técnicas de remediação de óleo em ambientes aquáticos são realizadas

utilizando diversas técnicas químicas, físicas e biológicas, como: dispersantes;

solidificantes; sorventes; barreiras de contenção; raspadores; queima in situ;

biorremediação; recuperação fotoquímica; filtração; filtração por membranas; e

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eletrocoagulação (KARAN, et al., 2011; WAHI et al., 2013; DAVE, 2011; ADEBAJO

et al., 2003; AL-MAJED et al., 2012).

O método químico utilizando dispersantes age de maneira a estender, espalhando

a mancha de óleo, fazendo com que essa se dilua, visto que ocorre a redução da tensão

superficial possibilitando que o óleo se misture à água em pequenas gotículas

facilitando sua degradação pelos microrganismos (BOESCH, 2003; DO VALLE, 2009).

A respeito das vantagens, a aplicação de dispersantes pode trazer perturbações ao

meio ambiente, uma vez que aumentar a carga de matéria orgânica biodegradável,

promovendo risco de poluição. Além disso, outra restrição refere-se ao tempo de ação

dos dispersantes, cujos efeitos podem não ser imediatos, como a taxa de dispersão baixa

por causa do tempo que os agentes químicos levam para penetrar no óleo (LESSARD,

2000).

A contenção mecânica é uma técnica que retém óleo derramado até que esse possa

ser disposto de maneira apropriada e incluem as barreiras de contenção, skimmers e os

materiais sorventes sintéticos ou naturais empregados em forma de barreiras de sorção

(EPA, 2017).

As barreiras de contenção são mecanismos dispostos para conter e concentrar o

óleo, porém podem uma desvantagem é que sofre influência das marés e ventos. Em

águas agitadas, um derramamento de óleo com viscosidade baixa pode se espalhar com

facilidade e o sistema de contenção se move lentamente enquanto recuperam o óleo

derramado (EPA, 2017).

Já o uso de raspadores é conferido durante a limpeza mecânica na qual promove a

remoção do óleo da superfície da água (ADEBAJO et al., 2003). Dave (2011) ressaltou

a cautela que se deve ter em precaver a movimentação do óleo em direção à costa, a fim

de minimizar os impactos à vida marinha.

O método de biorremediação trata-se de processo que ocorre de forma natural

devido a ação dos microrganismos na degradação do óleo, os quais realizam a quebra

dos compostos complexos, transformando-os em dióxido de carbono. Porém, as uma

restrição desse método referem-se ao tempo para que se efetive, além da baixa

resistência dos microrganismos a altas concentrações de contaminantes, a dependência

de fatores ambientais e a biodegradabilidade limitada de hidrocarbonetos do petróleo

(DAVE, 2011; YANG et al., 2009).

Para a técnica de remediação por combustão in situ, uma fina camada de óleo da

água é queimada. No entanto, esse processo é factível de acordo com alguns fatores,

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como: mancha de óleo é extensa, a água é calma e o local de derramamento é distante

de instalações. Além das limitações da técnica, a queima in situ pode gerar grandes

impactos nocivos como fumaça composta por componentes tóxicos de hidrocarbonetos

aromáticos (AL-MAJED et al., 2012).

Entre as alternativas de remoção de óleo proveniente de vazamentos, aquela que

emprega sorvente como opção, é apontada como sendo eficiente, econômica e

ecologicamente correta, dado que os óleos derramados podem ser absorvidos

adequadamente sem poluição secundária (ZHENG et al., 2016a).

Os sorventes podem ser denotados de variadas formas, como: particulados secos,

empacotados, no formato de barreiras (booms), travesseiros (pillows) ou almofada

(pads). A eficiência vai ser verificada de acordo com a capacidade particular de cada

sorvente, correnteza ou maré e podem ser usados em qualquer tipo de ambiente.

Habitualmente são aplicados após a limpeza primária, em que a camada de óleo é fina,

ou seja, na limpeza final (NATIONAL OCEANIC AND ATMOSPHERIC

ADMINISTRATION, 2005).

Como tal, torna-se urgentemente necessário encontrar ou desenvolver novos

materiais funcionais que atendam a vários critérios, incluindo alta capacidade de sorção

de óleo, separação seletiva óleo-água, rápida taxa de absorção de óleo, alta

flutuabilidade, baixo custo, reciclável e ecologicamente correto (ZHENG et al., 2016a).

2.4. Sorção

O termo sorção é utilizado de forma generalista para indicar processos de

absorção e adsorção (KARAN et al., 2011), os quais podem efetuar-se em conjunto ou

separados (ANNUNIADO et al., 2005; TANOBE et al., 2005).

Nos compostos orgânicos a sorção ocorre mediante alguns fatores como:

porosidade, função do grau de hidrofobicidade, estrutura molecular e do volume e área

superficial do material sorvente. Portanto, a hidrofobicidade e a capilaridade são

determinantes na escolha de materiais sorventes de petróleo e derivados (ADAMSON,

1997; HIEMENZ, 1997).

No decorrer das operações de remoção de óleo, quando os materiais são dispostos

sobre superfícies contaminadas com óleo-água, diferenças na polaridade dos sorvatos

causam uma competição seletiva entre eles. Desse modo, o sorvente deverá ser

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molhável pelo composto hidrofóbico e não molhável ou pouco molhável pela água

(ADAMSON, 1997; HIEMENZ, 1997).

Logo as moléculas orgânicas possuem a hidrofobicidade que depende da estrutura

molecular, na qual devem estar presentes grupos lipofílicos tais como radicais

parafínicos ou aromáticos, e ainda, grupos hidrofílicos ou polares, como hidroxilas e

carboxilas (SUZUKI, 1990).

Ademais, o processo de sorção compreende outras características significativas,

como: tempo de retenção dos compostos apolares, cinética do processo, flutuabilidade,

recuperação do contaminante derramado, possibilidade de reutilização do sorvente,

biodegradabilidade e a sua capacidade de sorção (CHOI, 1992).

Além dos fatores citados pode-se destacar a capacidade de sorção, em geral, às

características do próprio material sorvente e do meio em que ocorre o derramamento

ou vazamento de petróleo e seus derivados. Como exemplos, destacam-se a

temperatura, tempo de contato, viscosidade do óleo, tensão superficial, pH, densidade,

concentração de óleo (em caso de estudo em emulsão) e pré-tratamentos/tratamentos

(AHMAD, et al., 2005; DUONG et al., 2006; SAYED, 2006; LIN et al., 2008;

BANSAL et al., 2011; QI et al., 2011; WU et al., 2012; SINGH et al., 2013).

2.4.1. Adsorção

A adsorção refere-se a transferência de massa, a qual analisa a possibilidade de

materiais sólidos em acumular na sua superfície substâncias existentes em fluidos

líquidos ou gasosos, possibilitando posteriormente a separação dos componentes desses

fluidos. Visto que os componentes adsorvidos concentram-se sobre a superfície externa,

logo, quanto maior a superfície externa por unidade de massa sólida, mais favorável

será a adsorção (RUTHVEN, 1984).

Sendo assim, a espécie que se acumula na interface do material é habitualmente

chamada de adsorvato ou adsorbato; e a superfície sólida na qual o adsorvato se

acumula, é chamado de adsorvente ou adsorbente (RUTHVEN, 1984). Pode-se

considerar um material como sendo adsorvente aquele em que o adsorvato é depositado

na sua superfície, incluindo poros e capilares, sem inchar mais que 50% em excesso de

adsorvato (ASTM, 2012).

O processo de adsorção refere-se à atração entre as superfícies externas de um

adsorvente e um adsorvato. Esse fenômeno ocorre por três etapas: difusão das

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moléculas de óleo na superfície do sorvente, aprisionamento do óleo na estrutura do

sorvente por ação da capilaridade, e aglomeração quantidades pequenas de óleo nos

poros do sorvente. A ocorrência da adsorção envolve vários tipos de forças atrativas que

agem em grupo, como: forças químicas (covalentes), físicas (Coulomb, energia de

Kiesom e Debye e energia de dispersão de London) e eletrostáticas (íon-íon, íon-dipolo)

(ATKINS, 1999; WAHI et al., 2013).

É admissível que o processo de adsorção ocorra por quatro etapas consecutivas,

como: transferência de massa do seio da solução até a superfície da camada limite;

transferência de massa por difusão na camada limite (transferência externa ao

adsorvente); difusão nos poros e na superfície do adsorvente; adsorção (BAUP et al.,

2000; METCALF, 2003). Os quatro estágios do processo de adsorção podem ser vistos

na Figura 2.4.

Figura 2.4: Etapas do processo de Adsorção.

FONTE: GOLIN, 2007.

O transporte na solução mostrado na etapa 1 abrange o movimento do adsorbato

para o adsorvente por meio do líquido até uma camada de filme que envolve o

adsorvente (GOLIN, 2007).

Na etapa 2 observa-se o transporte de difusão no filme por difusão do material a

ser adsorvido através do filme de líquido estagnado até a entrada do poro adsorvente ou

até a superfície do adsorvente.

O transporte no poro envolve o material a ser adsorvido, por uma combinação de

dois diferentes mecanismos: difusão molecular em que o adsorbato se difunde através

do líquido que preenche os poros (etapa 3a) e, então, é adsorvido (etapa 4), e/ou por

difusão ao longo da superfície do adsorvente, quando o adsorbato é adsorvido (etapa 4)

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e, então, por difusão vai de um sítio ou centro de adsorção para outro (etapa 3b). A

adsorção implica na ligação do material a ser adsorvido aos sítios de adsorção

disponíveis (METCALF, 2003; GOLIN, 2007).

Logo, a adsorção passou a ser uma alternativa capaz de solucionar a problemática

gerada pela presença de contaminantes em derramamento de petróleo e derivados na

água. Os adsorventes podem ser reutilizados várias vezes após regeneração, sendo o

principal requisito para um processo adsortivo e econômico, aqueles com altos valores

de seletividade, capacidade e tempo de vida. Dentre os tipos de adsorventes os naturais

vêm ganhando mais força e campo na recuperação de diversos materiais (SCHEER,

2002).

2.4.1.1. Adsorção Física

A adsorção física ou fisissorção como também é conhecida, envolve forças

intermoleculares relativamente fracas como Van Der Waals e/ou interações

eletrostáticas, como as de dipolo (OSCIK, 1982). A adsorção física ocorre devido as

forças intermoleculares de atração das moléculas na fase fluida e da superfície do

adsorvente sólido são maiores do que as forças atrativas entre as moléculas do próprio

fluido, em que as moléculas do fluido aderem à superfície do adsorvente sólido,

estabelecendo um equilíbrio entre o fluido adsorvido e a fase fluida restante (FOUST et

al., 1982).

No processo de adsorção física, as moléculas podem ser adsorvidas sobre

moléculas do fluido que já estão sobre o sólido, podendo formar várias camadas

sobrepostas. Contudo a força de adsorção vai diminuindo a medida que o número de

camadas aumenta. Considera-se esse processo reversível, exotérmico, rápido e

geralmente limitado pelos fenômenos de difusão (FIGUEREDO, 1987).

2.4.1.2. Adsorção Química

O processo de Adsorção química, quimissorção ou adsorção ativa, consiste na

transferência de elétrons, equivalente à formação de ligações químicas entre o adsorbato

e a superfície do sólido adsorvente. Nesse caso, as forças de ligação são de natureza

covalente ou até iônica, alterando a estrutura eletrônica da molécula quimissorvida,

tornando-a extremamente reativa (FOGLER, 1999).

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Na adsorção química é formada uma única camada molecular adsorvida

(monocamada ou camada mononuclear) e as forças de adsorção diminuem conforme a

extensão da superfície ocupada aumenta. Esse processo é considerado irreversível, lento

e muito específico, pois nem todas as superfícies sólidas dos adsorventes possuem sítios

ativos capazes de adsorver quimicamente o adsorvato, e ainda, ocorre a temperaturas

acima do ponto de ebulição do meio líquido de adsorção (FIGUEREDO, 1987).

A Tabela 2.2 apresenta uma comparação entre esses dois tipos de adsorção, física

e química, de forma resumida com as principais diferenças entre os dois tipos.

Tabela 2.2: Diferenças entre adsorção Física e Química.

Adsorção Física Adsorção Química

Causada por forças fracas como interações

de Van der Waals

Causada por forças fortes da mesma ordem

de grandeza de uma reação química

Não há transferências de elétrons. Há transferências de elétrons.

Baixa entalpia de adsorção Elevada entalpia de adsorção em torno de

40 -120 kJ mol-1.

Adsorção não específica Adsorção específica e seletiva.

O processo de adsorção ocorre de forma

reversível.

O processo de adsorção ocorre de forma

irreversível.

Adsorção ocorre de forma rápida. Adsorção ocorre de forma lenta.

Adsorvente quase não é afetado. Adsorvente altamente modificado na

superfície

Adsorção em multicamadas Adsorção em monocamada

Adsorção ocorre em temperaturas abaixo da

temperatura crítica.

Adsorção ocorre também em elevadas

temperaturas.

Fonte: Adaptado de AMISSON (2014).

2.4.2. Absorção

A absorção é a agregação de uma substância em outra, ou seja, concerne a

acumulação entre fase ou a concentração de uma determinada substância ou classe de

compostos que são aderidos no interior do material, o qual ocorre principalmente por

ação da capilaridade. Esse processo refere-se a uma aderência física e ligações de íons e

moléculas na superfície de outras moléculas (KARAN et al., 2011; BAZARGAN et al.,

2015).

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Simplificadamente, a absorção é um fenômeno de massa, envolvendo a

distribuição de matéria na estrutura do absorvente (BAZARGAN et al., 2015). Pode-se

considerar um material como sendo absorvente quando este sorve e retém um fluído

distribuído através da sua estrutura molecular, causando o inchamento do sólido

(ASTM, 2012).

2.4.3.Tipos de sorventes

Sorventes (do latim “sorbere”) são materiais que têm a capacidade de se encharcar

de líquido, as características desejáveis e esperadas desses materiais sorventes de óleo,

incluem: hidrofobia e oleofilia, grande capacidade e taxa de sorção, boa retenção de

óleo ao longo do tempo, facilidade em se recuperar o óleo contido no sorvente; alta

flutuabilidade; compatibilidade com o meio ambiente e biodegradação (CEYLAN et al.,

2009 ; DONG et al., 2012 ; LIM et al., 2007;ADEBAJO et al., 2003; KARAN, et al.,

2011).

Os materiais sorventes podem ser separados em três grupos principais: produtos

inorgânicos minerais, produtos orgânicos sintéticos e produtos orgânicos naturais. No

primeiro grupo encontram-se os sorventes minerais inorgânicos que são representados

por materiais, como: vermiculita, perlita, zeólitas argila orgânica e outros. No entanto,

sua baixa capacidade de absorção de óleo, baixa seletividade de óleo-água e não

biodegradabilidade os limitam para aplicações práticas (MYSORE et al., 2005; SEAL et

al., 2013).

Já os sorventes orgânicos sintéticos, envolvem: poli (dimetilsiloxano), espuma de

poli (estirenodivinilbenzeno), esponjas melamínicas, copolímero bissulfito de sódio

formaldeído-melamina, cloreto de polivinil /fibra de poliestireno, esponjas de

polivinilálcool-formaldeído, esponjas de poliuretano modificadas e diferentes materiais

à base de carbono. Devido a procedimentos de síntese complexas e altos custos de

produção, esses materiais sintéticos tornaram-se inviável para aplicações em grande

escala (ZHANG et al., 2013; PHAM, 2014; CHEN et al., 2015; MENG et al., 2015).

Os sorventes naturais orgânicos referem-se a palha de milho, casca de arroz,

serragem, fibra de algodão, fibra de sumaúma, entre outros. Esses materiais reúnem as

vantagens de serem de baixo custo, fácil disponibilidade, podem absorver de 3 a 15

vezes o seu peso em óleo e são biodegradáveis. No entanto, seu desempenho de

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absorção de óleo está diretamente correlacionado com sua estrutura e natureza inerentes

(LI et al., 2013; ALI et al., 2012; ANNUCIADO et al., 2005; DONG et al., 2015).

2.4.3.1. Biossorventes

Os biossorventes também denominados como sorventes naturais, vêm ganhando

notoriedade como método alternativo, uma vez que utilizam recursos naturais de baixo

custo e grande disponibilidade, como sabugo de milho, serragem de madeira, bagaço de

cana-de-açúcar, mesocarpo de coco, fibras entre outros (SÁ DA ROCHA et al., 2012).

Nos últimos anos, a utilização de sorventes naturais obtidos de subprodutos da

indústria e da agricultura vem despontando como uma técnica de grande potencial e

estudos comprovando a eficiência desses materiais para o tratamento de efluentes

industriais e remoção de óleo proveniente de derramamentos (SANTOS et al., 2016).

Os biossorventes são oriundos das formas biológicas, seja de origem vegetal ou

animal. Quando formas ativas são utilizadas como biossorventes (microorganismos ou

plantas que acumulam a espécie adsorvida) os sistemas de remoção se tornam mais

complexos, envolvendo rotas metabólicas de bioacumulação. Já quando utilizados na

forma inativa são utilizados como biossorventes para remoção do adsorvato, como, por

exemplo, resíduos agrícolas, os quais envolvem processos físicos e ou químicos que

ocorrem devido a algum tipo de afinidade entre o adsorvente e adsorvato (FAROOQ et

al., 2010).

De acordo com os vários fatores que determinam a aplicabilidade de uma

biomassa como biossorvente é a sua capacidade de adsorção em relação à espécie

química a ser adsorvida que será considerada. As principais vantagens para a utilização

de biossorventes, são (DEMIRBAS, 2008; VALDMAN, 2000):

Possuir valor comercial irrisório decorrente do fato de serem restos de

processos produtivos ou por estarem disponíveis na natureza em

quantidades apreciáveis;

Ter origem regionalizada (determinada pela condição climática, tipo de

solo, relevo etc.), podendo ser aproveitado por indústrias situadas na

mesma região, resultando na minimização dos custos com transporte;

Ser de beneficiamento simples e robusto, sem que ocorra a necessidade de

emprego de reagentes químicos de elevado custo durante a etapa de

preparação dos mesmos;

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Ser oriundos de fontes renováveis, o que garante o seu reabastecimento;

Poder ser reutilizados após os processos de dessorção (dependendo de sua

estrutura, resistência química e ainda do tipo de interação com o

adsorvato).

2.4.4. Calotropis procera (Apocynaceae)

Classificada taxonomicamente, a planta pertence à família Asclepiadaceae;

Gênero: Calotropis R. Br.; Espécie: Calotropis procera (Aiton) W. T. Aiton. A família

possui 280 gêneros e 2000 espécies. A planta é de difícil erradicação ocorrendo

principalmente em pastagens, beira de estradas, e terrenos baldios. As plantas se

comportam bem em solos pobres, ácidos, salinos e com elevado teor de alumínio e

altitudes de mil metros e temperaturas entre 20 a 30ºC, permitindo desenvolver-se em

montanhas ou até mesmo ao nível do mar, demonstrando a alta dinâmica em sua

ocorrência (COSTA et al., 2009; MAGALHÃES et al., 2012)

A Calotropis procera, é também conhecida como: Flor de seda, Algodão de seda,

Algodão de praia, Leiteira, Paininha-de-Seda, Saco-de-Velho, Leiteiro, Queimadeira,

Pé-de-Balão, Janaúba e Ciúme. Essa planta é um arbusto perene, de casca esponjosa,

com folhas ovais ou semiesféricas esverdeadas de consistência rígida, flores em forma

de estrela com pétalas brancas e pontos púrpuros, que pode ser observada na Figura 2.5

(BERN, 2011).

Figura 2.5: A) Visão geral da Calotropis procera B) e C) Sementes ovoides em

diferentes estágios de maturação, presas a um filamento sedoso (fibra).

Fonte: Autor, 2019.

Seus ramos, folhas, caules e frutos são revestidos por uma cera, com forte

presença de látex branco, que flui em abundância quando alguma parte da planta é

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danificada. Suas sementes são ovóides, sendo estas presas a um filamento sedoso

(painas) (HINDI, 2013; KAREEM et al., 2008; SILVA et al., 2015).

Sua casca é corticiforme e sulcada, possui profundas fissuras que parecem

funcionar como articulações, evitando o rompimento dos tecidos durante variações

térmicas e ventos fortes, condição comum nos ambientes áridos onde plantas de

Calotropis procera naturalmente aparecem (KISSMANN, 1992).

Os frutos da Calotropis procera são folículos inflados, globosos ou

mangiformes, com até 12 cm de comprimento por 8 cm de largura, de parede externa

carnosa, fina, com uma linha de sutura longitudinal. Na parte interna, duas membranas

planas, unidas, estendendo-se até um alojamento alongado, também de parede carnosa,

lisa, em que se encontram as sementes. São frutos leves, devido ao grande espaço

interno ocupado com o ar, intumescidos, obliquamente ovoides que racham quando

maduros para liberar as sementes que são de coloração marrom, com um penacho de

fibras brancas no final (KISSMANN, 1992), como visto na Figura 2.5.

As sementes são ovóides, achatadas, com 5-7 mm de comprimento por 3-4 mm

de largura e de superfície pouco rugosa. Os filamentos sedosos e prateados saem do

ápice da semente, chegando a atingir 5 cm de comprimento (KISSMANN, 1992).

Conforme Little et al. (1985), o florescimento e frutificação dessa planta ocorrem

durante o ano todo, com uma produção de centenas a milhares de sementes/planta/ano

(LITTLE et al., 1985).

Capaz de se estabelecer nos lugares mais improváveis, em condições

desfavoráveis a Calotropis procera possui fibra em seu fruto apropriada para regiões

semiáridas, como o nordeste, apesar de habitarem em regiões secas, permanece verde

todo o ano. E ainda, possui um acelerado desenvolvimento metabólico, necessitando de

apenas 90 dias após semeada para alcançar altura superior a 50 cm e conceber a sua

primeira floração, podendo chegar até 3,5m de altura (KARTHIK, 2014).

Por ser uma planta típica da Ásia, registros datam sua chegada ao Brasil por volta

de 1900 (KISSMANN, 1992), espécie veio para atuar como planta ornamental,

entretanto, devido ao seu rápido estabelecimento e adaptação, tornou-se uma planta

invasora, pois se difunde rapidamente pela ação do vento (anemocórica) podendo ser

encontrada em diversos Estados brasileiros (FABRICANTE, 2013; SILVA, 2010;

MURTI, et al., 2010), logo, seria de grande relevância propostas de aplicações para essa

espécie, como exemplo, o uso das fibras sedosas como material sorvente de óleo em

água.

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2.4.4.1. Composição Química da Fibra Vegetal

Os biossorventes fibrosos são conformados para deixarem sítios ativos

disponíveis para adsorção de espécies químicas de interesse, ou seja, o adsorvato. Os

mecanismos durante a retenção de contaminantes em um biossorvente de origem

vegetal estão diretamente relacionados aos grupos funcionais químicos existentes no

material (FENG et al., 2009).

Esses grupos normalmente estão presentes em estruturas contidas na parede

celular do biomaterial que engloba macromoléculas de celulose organizadas na forma

de microfibrilas cercadas por celulose, hemicelulose, lignina, pectina e pequenas

porções de proteínas vegetais. As macromoléculas possuem grupos, como álcoois,

aldeídos, cetonas, ácidos carboxílicos, fenóis e éteres e tendem a doar elétrons para

grupos deficientes em elétrons, estabelecendo, assim, a ligação entre o biossorvente e o

contaminante (FENG et al., 2009).

As fibras vegetais, também conhecidas como lignocelulósicas, apresentam três

frações principais (celulose, hemicelulose e lignina) que atingem mais de 90% do total

de massa, sendo: 40% celulose, 30% hemicelulose e 20% lignina e o percentual

remanescente (10%) é constituído por pectina, proteína, extrativos e cinzas (OGEDA,

2010).

2.4.4.2. Celulose

A celulose, componente principal da parede celular da fibra vegetal, trata-se de um

polissacarídeo, cuja fórmula química é (C6H10O5)n, constituído por diversas moléculas

unidas de glicose e celobiose, dímero de glicose, unidas umas às outras ao longo de seu

comprimento, por possuir fortes ligações de hidrogênio apresenta caráter hidrofílico, ou

seja, afinidade pela água (ZHANG, 2004).

Pode ser caracterizada como um polímero de alta massa molar, constituído

exclusivamente de b-Dglucose, que se ligam entre si através dos carbonos 1 e 4, dando

origem a um polímero linear (FRANZ, 1990; SYNNYTSYA et al., 2003). A Figura 2.6

mostra a estrutura química da molécula da celulose.

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Figura 2.6: Estrutura Molecular da Celulose.

Fonte: KLOCK, 1998

A celulose é um polímero linear, com unidades de glicose, apresentando regiões

cristalinas (altamente ordenada) e amorfas (altamente ramificada e desordenada).

Materiais gasosos, água e outros líquidos podem penetrar facilmente nas fibrilas e nas

micro-fibrilas devido aos inúmeros capilares e pequenos orifícios encontrados nas

regiões amorfas da parede celular. O teor de celulose influencia diretamente na

resistência à tração e no módulo de elasticidade (KLEMM et al., 2005; BALÀZSY,

1999).

2.4.4.3. Hemicelulose

A hemicelulose (C5H8O4)n é um polímero composto por vários polissacarídeos

(KLEMM et al., 2005), possuem menor grau de polimerização, porém tem a capacidade

de associar-se lateralmente, e de monômeros mais irregulares e mais reativos do que a

celulose (KLOCK,1998).

Na parede celular vegetal, as cadeias de hemicelulose interagem com as fibrilas de

celulose formando ligações não-covalentes. Deste modo, as microfibrilas de celulose

estão inseridas em uma matriz de hemiceluloses (DAVISON et al., 2013) que não são

capazes de formar microfibrilas devido às suas ramificações e modificações estruturais

(COSGROVE, 2005).

Mais especificamente, hemiceluloses são polissacarídeos de estrutura amorfa com

cadeia ramificada (Figura 2.7) e podem conter pentoses (β-D-xilose, α-Larabinose),

hexoses (β-D-manose, β-D-glicose, α-D-galactose) e ácidos urônicos. (GÍRIO et al.,

2010).

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Figura 2.7: Estrutura Molecular da Hemicelulose.

Fonte: EBRINGEROVÁ, 2005

Hemiceluloses constituem cerca de 20 a 30% das fibras, e assemelham-se

estruturalmente à celulose, porém, diferem dela por serem constituídas de vários tipos

de unidades de açúcares (polioses), além de serem polímeros ramificados de cadeia

mais curta (LEWIN, 1991).

A hemicelulose por apresentar em sua estrutura (Figura 2.7) um grau considerável

de ramificações, massa molar baixa e hidrofilicidade, tais características enfatizam sua

capacidade de degradação elevando sua taxa de decomposição em comparação com à da

celulose. E ainda, componente responsável pela biodegradação, absorção de umidade e

degradação térmica da fibra (BROWNING, 1963; FENGEL, 1989).

2.4.4.4. Lignina

Lignina é uma complexa macromolécula polifenólica tridimensional que se liga à

hemicelulose e envolve parcialmente os polissacarídeos e as microfibrilas de celulose na

parede celular de plantas (Figura 2.8) (HATAKEYAMA et al., 2009).

Figura 2.8: Representação Estrutura Molecular da Lignina.

Fonte: MOORE et al., 2011

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Pode-se dizer que a lignina é um material físico e quimicamente heterogêneo,

formado por várias combinações de p-hidroxifenil, guaiacil e siringil (HATAKEYAMA

et al., 2009). Além de se tratar de uma mistura amorfa e heterogênea de polímeros

aromáticos condensados e monômeros fenilpropano, que tem influência sobre a

durabilidade (KLEMM et al., 2005). Ainda possui função de oferecer suporte e firmeza

à fibra e auxiliar a mantê-las coesas. Tem sua formação de maneira gradual, sendo

incorporada a estrutura durante o crescimento vegetal (KLOCK, 1998).

A lignina apresenta caráter predominantemente hidrofóbico o que contribui na

moderação da permeabilidade da parede celular, responsável pela rigidez de fibras

vegetais, pois age como fixador entre as células, material amorfo, massa molar alta,

solúvel em soluções alcalinas e facilmente oxidada (PAIVA E FROLLINI, 2000;

JOSEPH et al. 2000; ROWELL et al. 2008; MOHANTY et al. 2000).

2.4.4.5. Outros componentes

Extrativos são compostos orgânicos (terpenóides, ácidos graxos, flavonóides,

esteróides e outros compostos aromáticos) que não fazem parte da parede celular

lignocelulósica. São assim denominados devido à facilidade de serem extraídos com

água, solventes orgânicos neutros, ou volatilizados a vapor. Esses constituintes são

frequentemente responsáveis por determinadas características da planta como: cor,

sabor, cheiro e resistência natural a degradação (BLEDKZI, 1999; LEWIN, 1991).

Os extrativos compõem uma gama de compostos e sua ocorrência muda de acordo

com a espécie vegetal, ocorrendo nas cascas, folhas, frutos e sementes em quantidades

variáveis, porém, quase sempre superiores às encontradas na fibra. O teor de extrativos

nas fibras gira em torno de 3 -10% (ROWEL et al., 2000; SJÖSTRÖM, 1993).

Para os componentes inorgânicos são constituídos, normalmente, por sulfatos,

fosfatos, oxalatos, carbonatos e silicatos de metais alcalinos e alcalinos terrosos e

silício. Geralmente, são referidos nas análises quantitativas como cinzas (ROWELL et

al., 2000).

Já no que se refere ao teor de cinzas em fibras essa é cerca de 0,5%, embora

valores consideravelmente mais altos podem ocorrer em algumas espécies. A

determinação do teor de cinzas é sempre feita por incineração para a remoção dos

compostos orgânicos, podendo ocorrer perda de alguns compostos voláteis (RAMOS et

al., 1993; GORDON, 1975).

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2.4.5. Tratamento de Fibras Vegetais

Devido às características das fibras vegetais que possuem natureza polares e

hidrofílicos, em virtude da presença de grupos hidróxidos proveniente da celulose e da

hemicelulose, os tratamentos são empregados à essas fibras para aumentar a

hidrofobicidade, melhorando assim, a eficiência de remoção e capacidade de sorção de

óleo por meio do sorvente natural (WAHI et al., 2013).

Existem diversos tratamentos de modificação que visam homogeneizar suas

propriedades, diminuir a sorção de umidade e potencializar a eficiência de remoção de

óleo no material sorvente (BLEDZKI et al., 1999).

Os tratamentos físicos de modificação atuam na superfície das fibras, resultando

em mudanças estruturais e na morfologia que influenciam na ligação com os óleos, além

disso, podem remover a camada cerosa resultando numa superfície mais rugosa

aumentando a área superficial e ainda promover alterações na molhabilidade, energia

superficial, porosidade e polaridade (BLEDZKI et al., 1999).

Métodos físicos como tratamento térmico de fibras têm sido usados, pois

acarreta na limpeza superficial das fibras, pode aumentar as propriedades mecânicas e

diminuir a sorção de água. Santiago et al. (2007), trataram fibras de coco com água

quente a 80 °C sobre agitação por 1 hora e reportaram mudanças na superfície das fibras

pela remoção parcial da camada cerosa. Spinacé et al. (2009), verificaram um aumento

na hidrofobicidade e uma superfície mais rugosa das fibras de curauá após o tratamento

térmico.

Os tratamentos químicos agem tanto na superfície da fibra quanto nas camadas

internas das mesmas. Na literatura há disponível vários métodos de modificação

superficial das fibras lignocelulósicas, como tratamentos alcalinos (mercerização),

oxidação, entre outros (MERLINI et al., 2012)

A modificação com tratamento alcalino utilizando NaOH é muito empregado,

uma vez que, proporciona a quebra das ligações de hidrogênio que unem as cadeias de

celulose, remove as impurezas, influencia na molhabilidade, confere uma superfície

mais rugosa que possibilita o aumento de sorção de óleo na fibra. Além disso, a

remoção parcial da hemicelulose irá reduzir a sorção de umidade pelas fibras por ser o

principal componente responsável pela natureza hidrofílica devido ao sua alta

concentração de grupos hidroxilas e outros grupos contendo oxigênio (XIE et al., 2010).

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Segundo Huang et al. (2006), o tratamento químico utilizando um agente

oxidante como o NaClO2 pode remover com sucesso uma parte significativa da lignina

das fibras vegetais, fator esse que facilita a sorção de solventes orgânicos.

Geralmente, a parede das fibras lignocelulósicas é composta principalmente de

celulose, lignina e hemicelulose, e uma certa quantidade de região cristalina é formada

pela interação de ligações de hidrogênio entre essas macromoléculas. No entanto, a

região cristalina parcial poderia se transformar em região amorfa pelo branqueamento

com NaClO2, permitindo a penetração de solventes nas paredes dos lúmens da fibra

(MWAIKAMBO et al., 2002).

De modo geral, o tratamento químico contribui para a capacidade de sorção da

fibra, pois melhora a aspereza da superfície, resultando em melhor capacidade de

retenção de óleo (ABDULLAH et al., 2010).

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3. ESTADO DA ARTE

Esse capítulo tem o propósito de apresentar uma listagem dos principais trabalhos

cujos autores utilizaram biossorventes para sorção de óleos/hidrocarbonetos bem como

modificação desses materiais para potencialização da capacidade de sorção.

Suni et al. (2004), estudaram a capacidade de sorção da fibra de capim-algodão e

tapetes de grama de algodão para vários tipos de óleo. O capim-algodão absorveu óleo

aproximadamente duas a três vezes mais que o sintético. A fibra de grama de algodão

não absorveu nenhuma quantidade mensurável de água nas condições utilizadas nos

testes, tornando-a ideal para sorção de óleo da superfície da água. Ao remover o óleo

diesel da superfície da água, a eficiência foi superior a 99% até um fator de sorção de 20

vezes o seu próprio peso.

Anunciado et al. (2005), realizaram uma pesquisa na qual investigaram o uso de

várias fibras vegetais (resíduos folhosos, bucha vegetal, coco, sisal e paina) como

materiais sorventes de petróleo bruto. Dentre todos os sorventes testados a paina

destacou-se com um alto grau de hidrofobicidade e capacidade de sorção de óleo de

aproximadamente 85 g/g de óleo por sorvente (em 24 horas).

Lim et al. (2007), estudaram a fibra de sumaúma e compararam seu desempenho

com o polipropileno, um absorvente de óleo comercial amplamente usado para a

limpeza de derramamentos de óleo. Os óleos investigados foram diesel, óleo hidráulico

(AWS46) e óleo de motor (HD40). As capacidades de sorção dos conjuntos de

sumaúma compactados eram muito dependentes de suas densidades de

empacotamento. Com densidade de fibra de 0,02 g/cm3, suas capacidades de sorção de

óleo foram de 36, 43 e 45 g/g para o diesel, ASW46 e HD40, respectivamente. Os

valores diminuíram para 7,9, 8,1 e 8,6 g/g à 0,09 g/cm3. A capacidade de sorção para os

três óleos foram significativamente maiores que as do polipropileno.

Husseien et al. (2008), estudaram a quantidade de óleo sorvida na palha de cevada

pirolisada 200-500ºC e in natura, aplicadas como sorvente destinado a eliminação de

derramamentos de óleo. A sorção de óleo depende do tipo de óleo, a palha de cevada

carbonizada foi testada em diversas condições e obteve uma maior capacidade de sorção

em relação à palha de cevada in natura, sendo a melhor condição na temperatura de

pirólise de 400°C com sorção de 5,9 -7,6 g/g para óleo diesel e 8,1-9,2 g/g para óleo

pesado.

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Moriwaki et al. (2009), exploraram a utilização do resíduo do casulo do bicho-da-

seda, como material sorvente para a remoção de óleos vegetais e de motores, em água.

Os resultados mostram a alta capacidade de sorção do sorvente de casulo do bicho-da-

seda, 42-52g/g de óleo de motor por sorvente e 37-60 g/g para óleo vegetal. Concluíram

que o material apresenta um alto desempenho como um sorvente de baixo custo e

ecologicamente correto para a remoção de óleo da água.

Hussein et al. (2011) estudaram a sorção de óleo lubrificante usado, em meio

aquoso por fibras de algodão de qualidade inferior, e não só para fornecer um método

ambientalmente aceitável de limpeza de derramamentos de óleo, mas também para obter

uma técnica que permite a sua recuperação. O resultado obtido da capacidade de sorção

foi de 22,5g/g para fibra de algodão solta e 18,43 g/g para fibra em forma de almofada,

enquanto obsorvente comercial apresentou valor máximo de 7,5 g/g de fibra.

Wang et al. (2012), utilizaram a fibra de sumaúma como sorvente para a sorção de

óleo. Para aumentar a eficiência de sorção de óleo, submeteram a fibra de sumaúma a

tratamento com água, HCl, NaOH, NaClO2 e clorofórmio. Os resultados obtidos

indicaram que a fibra tratada com NaClO2 mostrou uma maior capacidade de sorção de

óleo.

Abejero et al. (2013) avaliaram a adsorção de óleo diesel em Fibras

de sumaúma (Ceiba pentandra (L.) Gaertn.) revestida em rede de Nylon, foram

encontrados resultados de sorção de diesel de 15,5 g/g de fibras.

Likon et al. (2013), realizaram o estudo das propriedades das fibras capilares de

sementes de choupo obtidas da Populus, quando destinadas a sorvente para remoção de

óleo de motor de alta densidade e óleo diesel. O sorvente apresentou um comportamento

superabsorvente com alta capacidade de sorção de óleo pesado para motores e óleo

diesel, respectivamente, 182-211 g/g e 55-60 g/g de óleo por fibra.

Wang et al. (2013), relataram em pesquisa sobre as fibras de algodão, as quais

sofreram carbonização à 400 °C com o objetivo de serem aplicadas como sorventes de

óleo. Os testes máximos de sorção de petróleo indicaram a maior capacidade de até 32 a

77 vezes o seu próprio peso em óleos puros e solventes orgânicos, sugerindo um

aumento de 27 a 126% da capacidade de fibras de algodão.

Abdelwahab (2014) averiguou a capacidade de sorção da fibra de luffa crua para

óleo diesel e óleo cru pesado. A investigação revelou que a eficiência das fibras para

remover o petróleo bruto da água do mar estava relacionada com a superfície das fibras,

concentração do óleo, quantidade das fibras, bem como a temperatura. Os resultados

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mostraram alta eficiência de sorção de fibras de luffa para os óleos estudados.

Observaram que a luffa pode perder 50% de sua capacidade de sorção de óleo quando

reutilizada, contudo, exibiu pouca captação de água, mostrando sua excelente

hidrofobicidade.

Bazargan et al. (2014), submeteram cascas de arroz a tratamento alcalino à baixas

temperaturas com o objetivo de utilizá-las como adsorvente, as quais foram testadas

para remoção de diesel proveniente de derramamento, os resultados obtidos foram de 20

g/g de diesel por sorvente.

Dong et al. (2016), propuseram um sorvente altamente poroso constituído por

fibras de sumaúma e PET, preparado pelo método de fixação por ar. Os testes de sorção

de óleo mostraram que o composto de sumaúma/PET absorveu 63,00 g/g de óleo

vegetal e 58,50 g/g de óleo de motor usado, com alta retenção de óleo após 24 horas.

Oliveira et al. (2016), basearam seus estudos na fibra de Curauá (Ananas

erictifolius) investigada como sorvente de óleos diesel e biodiesel e comparada com a

turfa utilizada comercialmente. Os testes de sorção foram realizados nos tempos de 5,

10, 20, 40, 60 e 1.440 min. A fibra de Curauá apresentou sorção média 1,23 g/g

comparado com 1,12 g/g da turfa para o diesel, e apresentou um valor médio para o

biodiesel 36% maior que a turfa, logo, potencial de sorção da fibra de Curauá foi similar

ao da turfa comercial.

Zheng et al. (2016a), analisaram a fibra de Calotropis gigantea quanto ao

potencial absorvente de óleo para a remoção de óleo em água. Os estudos revelam que

essa fibra exibe rápida cinética de sorção e alta capacidade de absorção entre 22,6 e 47,6

g/g para vários óleos e líquidos orgânicos, e pode recuperar eficientemente o óleo em

derramamentos em água.

Zheng et al. (2016b), apresentaram uma proposta para melhorar o desempenho de

absorção de óleo da Fibra Calotropis gigantea por um simples procedimento de imersão

em uma solução etanólica de 1H, 1H, 2H, 2H-perfluoro-octil-trietoxi-silano (PFOTES).

Após tratada notou-se uma melhora na sorção de óleo, com um aumento 52,2% para

óleo de soja, 22,0% para óleo de motor e 112,2% para querosene.

Demirel et al. (2017), selecionaram resíduo celulósico de indústria de papel e

processaram para produção sorvente. Os experimentos de sorção de óleo foram

conduzidos de acordo com o método ASTM F 726-12. Efeito da dosagem do sorvente,

tempo de contato e gotejamento, recuperação do óleo, reutilização do sorvente e sorção

da superfície da água também foram determinados. A capacidade de sorção de óleo para

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o teste estático foi de 9,67, 12,92 e 12,84 g/g para óleo diesel, óleo de motor 0W30 e

10W30 respectivamente e 8,27, 10,45 e 11,69 g/g para o teste dinâmico. Um sorvente

de baixo custo produzido a partir de rejeitos da indústria de papel eficiente e que pode

ser usado em derramamentos para remoção de óleo em terra e na água.

Zheng et al. (2017), depositaram uma camada hidrofóbica nas superfícies lisas das

fibras Calotropis gigantea e sumaúma, por meio da adsorção de octadeciltriclorosilano

(OTS) a partir de uma solução de tolueno, em seguida, fizeram o comparativo dos

desempenhos de sorção de óleo para as duas fibras vegetais naturais modificadas. Em

comparação com as fibras naturais aquelas que foram modificadas exibiram a

capacidade de sorção melhorada cerca de 34-74 vezes sua própria massa para a

Calotropis gigentea modificada e 52-99 vezes a massa para a sumaúma modificada.

Anuzyte et al. (2018), investigaram métodos de modificação do musgo para atuar

como sorvente natural em derramamentos de óleo. O musgo foi tratado com água

quente a 80 °C, 100 ºC e mercerizado, em seguida submetido ao teste de capacidade de

sorção de diesel. Houve respostas variadas ao método de tratamento diferente por

sorvente. Mercerização, tratamento com água quente em 80 °C e tratamento com água

quente a 100 °C apresentaram capacidade de sorção de diesel, respectivamente: 8,99

g/g, 8,29 g/g e 7,85 g/g. Os resultados foram superiores à capacidade de sorção dos

sorvente não tratado, 7,36 g/g.

Cao et al. (2018), propuseram a deposição de nanopartículas de níquel e cobre na

superfície da fibra vegetal Calotropis gigantea a fim de melhorar seu desempenho de

sorção de óleo. O trabalho obteve uma excelente sorção de óleo por um ampla gama de

óleos e solventes orgânicos, com capacidade de sorção de óleo de até 120g/g.

Thilagavathi et al. (2018), relataram em seu trabalho o estudo de um mix de

materiais híbridos, termicamente ligados, para atuar como sorventes de óleo a partir da

mistura binária e terciária de algodão, sumaúma e três variedades

de fibras de serralha (Asclepias Syriaca , Calotropis procera e gigantea) e fibras

de polipropileno . Observaram um excelente e seletivo comportamento de sorção de

óleo nas fibras de Calotropis procera e gigantea misturadas com algodão e fibras de

polipropileno. A capacidade máxima de adsorção de óleo no mix desenvolvido foi de

40,16 g/g para óleo de alta densidade e 23,00 g/g para óleo diesel.

Tu et al. (2018), exploraram o processo de pirólise utilizando a fibra Calotropis

gigantea, para empregar como absorvente. Com a fibra Calotropis gigantea

carbonizada puderam observar uma absorção mais eficaz em uma variedade de óleos:

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querosene, ciclohexano , tolueno , clorofórmio , acetona , aditivos para diesel , azeite e

óleo de motor, com capacidade de absorção de óleo de 80 até 130 g/g.

A Tabela 3.1 apresenta os desempenhos, de forma resumida, de alguns

biossorventes para remoção de óleos e solvente orgânicos.

Tabela 3.1: Biossorventes e capacidades de sorção

Materiais Tratamento Capacidade de sorção Referência

Capim algodão In natura 20g/g diesel Suni et al. (2004)

Paina In natura 85g/g petróleo Annunciado et al.

(2005)

Fibra Sumaúma Empacotada 36 g/g diesel

43 g/g óleo hidráulico

45 g/g óleo de motor

Lim et al. (2007)

Palha de Cevada Pirolise 5,9-7,6g/g diesel

8,1-9,2g/g óleo pesado

Hussein et al.

(2008)

Casulo de bicho-

da-seda

Resíduos dos

casulos

42-52g/g óleo de motor

37-60g/g óleo vegetal

Moriwaki et al.

(2009)

Fibra de algodão Fibra solta

Fibra forma de

almofada

22,5g/g óleo

lubrificante

18,43g/g óleo

lubrificante

Hussein et al.

(2011)

Fibra de Sumaúma NaClO2 46g/g tolueno

52g/g clorofórmio

36 g/g xileno

28g/g n-hexano

Wang et al. (2012)

Fibra de Sumaúma NaOH 32g/g tolueno

44g/g clorofórmio

34 g/g xileno

22g/g n-hexano

Wang et al. (2012)

Fibra de Sumaúma HCl

35,5 g/g tolueno

51,8 g/g clorofórmio

34,8 g/g xileno

25,2g/g n-hexano

Wang et al. (2012)

Fibra Sumaúma Embaladas em

redes de Nylon

15g/g diesel Abejero et al.

(2013)

Populus Sementes 182-211g/g óleo pesado Linkon et al.

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55-60g/g de diesel (2013)

Fibra de algodão Carbonizada 32-77g/g óleo puros e

solventes orgânicos

Wang et al. (2013)

Casca de arroz Alcalino 20g/g diesel Bazargan et al.

(2014)

Sumaúma e PET Fixação por ar 63 g/g óleo vegetal

58,50g/g óleo de motor

usado

Dong et al. (2016)

Fibra de Curauá In natura 1,23 g/g diesel Oliveira et al.

(2016)

Calotropis

gigantea

In natura 22,6-47,6 g/g óleos e

líquidos orgânicos

Zheng et al.

(2016a)

Resíduo Celulósico Resíduo 9,67 g/g diesel

12,92g/g óleo de motor

0W30

12,84 g/g óleo de motor

10w30

Demirel et al.

(2017)

Calotropis

gigantea

OTS 34-74g/g de óleo Zheng et al. (2017)

Fibra Sumaúma OTS 52-99g/g de óleo Zheng et al. (2017)

Musgo Mercerizado

Térmico 80 °C

Térmico 100 °C

8,99 g/g diesel

8,29 g/g diesel

7,85 g/g diesel

Anuzyte et al.

(2018)

Calotropis

gigantea

Nanoparticulas

de níquel e

cobre

120 g/g óleo e

solventes orgânicos

Cao et al. (2018)

Mix algodão,

sumaúma, fibras de

serralha e fibras de

polipropileno

Térmico 40,16g/g óleo pesado

23,00g/g diesel

Thilagavathi et al.

(2018)

Calotropis

gigantea

Pirólise 80-130g/g óleo e

solventes orgânicos

Tu et al. (2018)

Fonte: Autor, 2019.

Portanto, os trabalhos referenciados serviram de suporte para o desenvolvimento

do presente estudo, o qual, utiliza a fibra vegetal da Calotropis procera como

biossorvente para remoção de óleo.

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4. METODOLOGIA

O presente capítulo aborda os materiais e a metodologia experimental utilizada no

desenvolvimento desta pesquisa científica. A metodologia empregada seguiu as etapas

descritas no fluxograma da Figura 4.1.

Figura 4.1: Fluxograma da metodologia experimental.

Fonte: Autor, 2019.

Coleta da

Calotropis Procera

Abertura dos frutos e retirada das

fibras

Secagem das fibras à temperatura

ambiente, período de uma semana

Separação manual das sementes da

fibra

Identificação

da espécie

Fibra armazenada em sacos zíper

de polietileno

Fibra Calotropis

Procera In natura

Caracterização

dos óleos

Tratamentos de

modificação da fibra da

Calotropis procera

Caracterização

das fibras

Testes de sorção

Testes de

seletividade

Tratamento

em solução

Tratamento

Térmico

Validação das

variáveis estatísticas

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4.1. Equipamentos

Para realização dos experimentos e ensaios desse trabalho foram necessários

equipamentos, os quais estão relacionados a seguir.

Analisador termogravimétrico (NETZSCH, modelo TG209F1 Libra);

Balança semi-analítica (Marte, modelo AY 220);

Densímetro digital (Anton Paar, modelo DMA 5000M);

Espectrômetro no Infravermelho FTIR (Perkin Elmer, modelo Frontier);

Estufa de Secagem e esterelização (Solab, modelo SL 100);

Microscopia eletrônica de varredura com emissão de campo (Germany, modelo

Zeiss Auriga 40);

Mufla (Quimis, modelo Q318S24);

Reômetro (Anton Paar, modelo MCR 302).

4.2. Reagentes

Os reagentes utilizados nos experimentos e ensaios desse trabalho foram todos

de padrão analítico discriminados a seguir:

Benzeno P.A., marca Neon;

Cloreto de sódio P.A. ACS, marca Anidrol;

Clorito de sódio P.A., marca Sigma Aldrich;

Hidróxido de sódio P.A., marca Vetec.

E ainda, a água utilizada foi obtida por osmose reversa e empregada em todos os

experimentos em lâmina (água/petróleo), bem como, na preparação das soluções.

4.3. Óleos

Os óleos utilizados nesse trabalho foram: petróleo, diesel, diesel marítimo,

lubrificante, os quais foram fornecidos pela PETROBRAS. Por fim, o óleo lubrificante

usado foi recolhido de oficina de automóvel local (Natal-RN).

4.4. Coleta da Calotropis procera

Os frutos da Calotropis procera utilizados nesse trabalho foram coletados na

região costeira da Cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, Brasil.

Os frutos colhidos apresentavam uma estrutura de “sacos”, quer dizer, fruto

normalmente não disperso pela ação do vento. Para otimizar e não haver dispersão da

fibra a coleta foi realizada antes da sua liberação quando ainda estavam dispostas de

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forma ordenada (Figura 4.2a). Após a colheita as tricomas foram colocadas para secar

em temperatura ambiente por um período de uma semana, em seguida, acondicionada

em embalagem do tipo zip lock (Figura 4.2b) com as sementes. Por fim, as fibras foram

separadas manualmente das sementes e armazenadas novamente (Figura 4.2c).

Figura 4.2: a) Fibra de Calotropis procera em estágio de maturação de forma ordenada

presa as sementes, b) Fibra de Calotropis procera pós-secagem com as sementes, c)

Fibra de Calotropis procera limpa sem sementes.

Fonte: Autor, 2019.

4.5. Identificação da Espécie

A identificação da espécie da Calotropis procera (Apocynaceae.) foi realizada

pelo Laboratório de Botânica e Sistemática – LaBotS da UFRN. O material para

herbolização botânica foi realizado de acordo com método clássico segundo Fidalgo e

Bononi (1989), com posterior identificação da espécie.

O processo de herbolização consistiu em dispor o material coletado em folhas de

jornal no intuito de facilitar a secagem (Figura 4.3a, Figura 4.3b), em seguida foram

colocadas entre folhas de papelão. Utilizou-se uma prensa de madeira, com cordas, para

acondicionar e comprimir fortemente a pilha formada pela sobreposição do material

botânico, durante o processo de secagem (Figura 4.3c). Já para a secagem valeu-se de

uma estufa, equivalente a uma câmara de madeira, na qual ao fundo se encontram

instaladas lâmpadas que auxiliam na secagem dos materiais botânicos, a uma

temperatura aproximada de 60 °C, durante 72 horas para a secagem (Figura 4.3d).

A B C

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Figura 4.3: Processo de herbolização.

Fonte: Autor, 2019.

4.6. Modificação da Fibra Calotropis procera

Para realização desse trabalho foram utilizadas as Fibras da Calotropis procera

tanto no estado in-natura, como também, foram propostas metodologias para a

modificação da fibra com utilização de soluções seguida de tratamento térmico em

mufla, com a finalidade de melhorar a hidrofobização e oleofilicidade. A Tabela 4.1

mostra a denominação das fibras de acordo com o tipo de modificação que foram

realizadas.

Tabela 4.1: Identificação das Fibras in natura e modificadas.

Fibra Calotropis procera Identificação

In natura CP

Térmico em água CPTA

NaCl CPNaCl

NaOH CP NaOH

NaClO2 CP NaClO2

Após ser submetido a tratamento térmico em mufla

In natura CPT

Térmico em água CPT TA

NaCl CPT NaCl

NaOH CPT NaOH

NaClO2 CPT NaClO2

Fonte: Autor, 2019.

Inicialmente foram realizados quatro processos de tratamento na fibra CP, o

primeiro deles consistiu no tratamento térmico em água (CPTA), com a imersão de 2g de

fibra em 400 mL de água com aquecimento de 80 °C e agitação por 1 hora; o segundo

tratava-se do contato de 2g da fibra em 400 mL de solução de cloreto de sódio- NaCl

6% (CPNaCl) com agitação por 1 hora em temperatura ambiente; o terceiro fundamentou-

se em submeter a fibra em 400 mL de solução hidróxido de sódio- NaOH 10%

(CPNaOH), à temperatura ambiente com agitação durante 1 hora; já o quarto tratamento

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foi o contato de 2g da fibra com 400 mL de solução de clorito de sódio- NaClO2 1%

(CPNaClO2), com agitação e aquecimento de 80 °C por 1 hora. Em seguida, ao final do

tempo de 1 hora as fibras foram lavadas com água de osmose reversa e seguiram para

secagem em estufa à 105 °C por 24 horas, para eliminação de impurezas presentes na

estrutura e poros, além de propiciar o incremento da capacidade de sorção.

Por fim, uma parte das fibras de cada tratamento em solução foi separada em

embalagem de polietileno tipo zíper e a outra porção seguiu para a etapa de tratamento

térmico em mufla com temperaturas de 150 e 200 °C, e ainda, com variação de tempo 1,

2 e 3 horas, como apresentado na ilustração da Figura 4.4.

Figura 4.4: Ilustração do preparo das fibras com solução, seguido tratamento térmico

em mufla 150 °C e 200 °C por 1h, 2h e 3h.

Fonte: Autor, 2019.

Após a modificação das fibras em mufla suas denominações sofreram uma

alteração na nomenclatura com um acréscimo da letra “T”, indicando que foi tratada

termicamente em mufla, seguido da temperatura que foi tratada e, por fim, o tempo que

foi submetida a temperatura, por exemplo, CPNaCl passará a ser CPTNaCl150°C1h indicando

que a fibra de Calotropis procera foi submetida ao tratamento em solução com NaCl e

em seguida teve seu tratamento térmico em mufla de 150 °C durante 1 hora, assim o

raciocínio de nomenclatura ocorre de forma semelhante para todos os tratamentos

propostos.

4.7. Caracterizações da Fibra Calotropis procera

4.7.1. Teor de Umidade

Como os materiais lignocelulósicos são altamente higroscópicos é necessária a

determinação do seu teor de umidade. Conforme o procedimento descrito na ASTM E-

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1756:08 (2015), no qual se adotou o método gravimétrico para a análise de umidade da

fibra por aquecimento em estufa (Solab, modelo SL 100) à 105 ºC por 24 horas, assim

foi pesado 0,5g da fibra, CP, CPTA, CPNaCl, CP NaOH, CP NaClO2, em balança (Marte,

modelo AY 220) até massa constante.

Após esse período de 24 horas as amostras das fibras foram resfriadas até

temperatura ambiente em um dessecador e novamente determinado às massas secas. O

percentual de umidade foi calculado seguindo a Equação 4.1.

%Teor de umidade = [(Massa úmida – Massa seca) / Massa úmida]x 100 Equação 4.1

4.7.2.Teor de Cinzas

A determinação do teor de cinzas seguiu o procedimento descrito na ASTM E-

1755:01 (2015), o qual fundamenta-se no método gravimétrico que expressa em

porcentagem de massa de amostra seca, em mufla.

A análise consistiu em pesagem de uma quantidade equivalente de 0,5 g da fibra,

CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH, CPNaClO2, em cadinho pré-tratado e levado para a estufa

(Solab, modelo SL 100) por 1 hora a 105 ºC, ao final resfriado em dessecador e pesado

em balança semi-analítica. Feito isso, seguiu para mufla (Forno mufla, modelo

Q318S24 da Quimis) a 650 ºC a 10 ºC/min por 3 horas. Ao final, dentro do cadinho

restaram somente as cinzas, esses cadinhos seguiram para o dessecador para resfriar e

serem pesados em uma balança digital semi-analítica de marca Marte, modelo AY220,

com precisão 0,0001 g.

As cinzas são resultantes da combustão dos componentes orgânicos e oxidação

dos componentes inorgânicos, o teor de cinzas é calculado utilizando a Equação 4.2

(ASTM E-1755:01):

%Teor de cinza = (Massa de cinza / Massa seca da amostra em estufa) x 100 Equação 4.2

4.7.3. Hidrofobicidade/molhabilidade

Para a determinação da hidrofibicidade/molhabilidade foram realizados ensaios

da fibra em relação à água (tingida com corante de cor laranja) e ao petróleo. Foram

dispostos na superfície da fibra CP gotas de água e mantida observação por 1 hora, para

determinação do caráter se hidrofílico. Com finalidade de verificação do

comportamento do petróleo, uma gotícula foi posta em contato com a fibra e apreciada

quanto ao seu desempenho, para estabelecer se caráter hidrofóbico (PATOWARY et al.

2016; YIN et al. 2016; CAO et al. 2018; ZHENG et al. 2016a; ZHENG et al. 2016b).

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4.7.4. Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier

Para a determinação dos grupos funcionais presentes nas fibras os espectros foram

obtidos utilizando um Espectrômetro de Infravermelho FTIR da Perkin Elmer, modelo

Frontier (Figura 4.5), em uma faixa espectral de 400 – 4000 cm-1, foram efetuadas 16

medições por amostra utilizando a resolução de 4 cm-1. As análises de FTIR realizadas

ocorreram nos Laboratórios da Central de Análises do Instituto de Química da UFRN.

Figura 4.5: Espectrômetro de Infravermelho FTIR.

Fonte: Autor, 2019.

4.7.5. Análise Termogravimetria/Termogravimetria Derivada

Para a determinação das curvas TG e DTG foi empregado o Analisador

termogravimétrico da NETZSCH, modelo TG209F1 Libra (Figura 4.6) e as condições

de análise foram: razão de aquecimento 10 °C/min, sob uma atmosférica dinâmica de

nitrogênio, vazão do gás de purga de 20mL/min e massa de aproximadamente 7 mg em

cadinho de alumina, na faixa de temperatura de 28 até 900 ºC. As curvas TG e DTG das

amostras foram obtidas para verificar o perfil da decomposição térmica das fibras CP,

CPTA, CPNaCl, CP NaOH, CPNaClO2.

Figura 4.6: Analisador termogravimétrico.

Fonte: Autor,2019.

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4.7.6. Microscopia Eletrônica de Varredura com Emissão de Campo

Para obtenção das micrografias das fibras foi utilizado o microscópio eletrônico

de varredura com emissão de campo (MEV-FEG), modelo Zeiss Auriga 40, Germany,

com potência de 15 kV (Figura 4.7). Todas as amostras da fibra foram montadas em

suportes de alumínio (stubs), com uma fita de carbono dupla face, em seguida revestidas

por aspersão com um filme de ouro fino, pelo metalizador da Baltec, modelo SCD 005,

para que houvesse um bombardeio de feixe de elétrons altamente energéticos e assim a

possibilidade de visualização da amostra por microscopia eletrônica de varredura.

Figura 4.7: Microscópio eletrônico de varredura com emissão de Campo.

Fonte: Autor, 2019.

As micrografias foram obtidas com aumento de 25x, 100x e 1000x para todas as

amostras com o objetivo de analisar a influência da superfície e da seção transversal das

fibras na sorção dos óleos. As análises foram realizadas no laboratório de

Caracterização Estrutural de Materiais no Departamento de Engenharia de Materiais

(DEMat), na UFRN.

4.8. Caracterização dos óleos

Para esse trabalho os óleos e solvente utilizados foram: petróleo, parafina, diesel,

diesel marítimo, lubrificante, lubrificante usado e benzeno, com exceção do benzeno,

todos foram cedidos pela Petrobras Guamaré, Rio Grande do Norte.

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4.8.1. Densidade

Para determinação da densidade dos óleos trabalhados foi necessário a utilização

do equipamento Densímetro Digital da Anton Paar, modelo DMA 5000M, mostrado na

Figura 4.8.

Figura 4.8: Densímetro Digital.

Fonte: Autor, 2019.

4.8.2. Viscosidade

Para a determinação da viscosidade dos óleos dos hidrocarbonetos empregados

nesse trabalho foi usado o Reômetro da Anton Paar, modelo MCR 302, Figura 4.9.

Figura 4.9: Reômetro.

Fonte: Autor, 2019.

4.9.Testes de Sorção

Foram utilizados protocolos, mencionados inicialmente na metodologia

estabelecida por Annunciado et al. (2005), para os testes de sorção realizados em três

sistemas: à seco, em lâmina e em água, como ilustrado na Figura 4.10. No teste à seco

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uma quantidade de fibra (0,01g) foi pesada em tubo de vidro e em seguida adicionado

5mL de óleo. Já no teste em lâmina utilizou-se também aproximadamente 0,01g da fibra

em tubo de vidro contendo 20mL de água e 5mL de óleo. E por fim, o teste em água foi

realizado utilizando-se 20mL de água e 0,01g de fibra.

Figura 4.10: Ilustração do teste de sorção da fibra no sistema à seco, em lâmina e em

água.

Fonte: Autor, 2019.

A quantidade de óleo foi escolhida de forma a garantir a presença de óleo

remanescente no frasco após a completa sorção em todos os testes. Feito isso, em todos

os sistemas as fibras permaneceram em contato com o óleo por 5, 20, 40, 60 e 1440

minutos, tempos baseados em Annunciado et al. (2005) e Oliveira et al. (2016).

A norma ASTM F726-09 sugere um período de drenagem de 30 segundos, para

testes de desempenho de sorvente, porém foi escolhido um tempo de 5 minutos para

garantir drenar o excesso não sorvido pelo biossorvente. Segundo Khan et al. (2004),

Bazargan, et al. (2015), durante os 5 primeiros minutos de drenagem ocorre um

aumento drástico na dessorção do óleo e após os 5 minutos (5-15min) ocorre

lentamente.

Sendo assim, as fibras úmidas foram drenadas em telas de aço inoxidável por 5

minutos e pesadas. A capacidade de sorção de óleo por grama de fibra a qualquer

momento pode ser calculada de acordo com a relação de massa do óleo sorvido pela

massa da fibra seca (ver Equação 4.3).

Equação 4.3

𝑆 =𝑆ú𝑚𝑖𝑑𝑎 − 𝑆𝑠𝑒𝑐𝑎

𝑆𝑠𝑒𝑐𝑎

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Sendo:

S = capacidade de sorção (g óleo/g biossorvente)

Súmida= massa total após sorção de óleo sorvido pela fibra (g)

Sseca= massa da fibra seca (g)

Os valores apresentados representam a média obtida com três repetições para

cada condição de sorção, em outras palavras, todos os testes de sorção foram realizados

em triplicata. Os testes de sorção do óleo foram realizados com a fibra: CP, CPTA,

CPNaCl, CP NaOH, CP NaClO2, bem como, todas as fibras tratadas em solução e modificadas

termicamente a 150 e 200 °C, por 1, 2 e 3 horas.

4.10. Ensaio de seletividade

Para determinação da seletividade da fibra ao óleo foi utilizado metodologia

proposta por Zheng et al. (2016), que consistiu na sorção das fibras para remoção de

óleo, medindo-se aproximadamente 1 mL de petróleo o qual foi adicionado à 50 mL de

água, em um béquer para formação de uma lâmina de óleo no topo da superfície da

água. Em seguida, as fibras foram colocadas em contato com a camada de óleo,

auxiliado por uma pinça, para registrar a seletividade de sorção.

4.11. Modelagem da sorção de Petróleo no sistema à seco e em lâmina

Para o estudo da validação das condições ótimas de sorção (á seco e em lâmina)

de petróleo utilizando a fibra Calotropis procera (CP) e as fibras tratadas (CPTA, CPNaCl,

CPNaOH e CPNaClO2 e as suas percussoras a 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas) foi utilizado

o software Design expert 7.0.0. Essa investigação visa determinar quais variáveis

apresentam a máxima eficiência de sorção de petróleo, nas condições de tempo de

contato em ambos os sistemas (seco e em lâmina), considerando as variáveis: tipo de

reagente, temperatura e tempo de tratamento em mufla.

Os dados experimentais adquiridos nos testes de sorção foram utilizados no

software para que seja realizada toda a modelagem. Grande parte desta estatística para

validar os fatores influentes foi feita através da função desirability, ou seja,

desejabilidade na busca da otimização para determinar as melhores condições de ajuste

de processo, além da discussão das superfícies de respostas obtidas após o

processamento dos dados experimentais.

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Com isso, as melhores condições das respostas são obtidas simultaneamente,

minimizando-se, maximizando-se ou buscando-se valores nominais de especificações,

dependendo da situação mais conveniente para o processo atribuindo-se diversos

valores para os limites inferior e superior, além de um valor alvo, para cada variável

resposta (WANG, 2009).

A desejabilidade tem como objetivo encontrar as condições que garantam a

conformidade com os critérios de todas as respostas envolvidas e, ao mesmo tempo,

fornecer o melhor valor na resposta conjunta sendo esse valor o mais desejável, o qual

abrange uma amplitude de zero a um. O valor 1 representa o caso ideal; zero indica que

uma ou mais respostas estão fora dos seus limites aceitáveis (GADHE et al., 2013).

Para Derringer (1980), o método se baseia na transformação de cada resposta

em uma função desejabilidade (d), com valores entre (0,1) sendo possível realizar as

seguintes conclusões:

d = 1: valor desejável;

0,80 ≤ d< 1: valor excelente;

0,63 ≤ d < 0,80: valor está adequado;

0,40 ≤ d< 0,63: valor aceitável, mas pobre;

0,30 ≤ d< 0,40: valor no limite de aceitabilidade;

0 ≤ d < 0,30: valor fora da faixa adequada;

A Tabela 4.2 apresenta as condições para a simulação da validação das variáveis

em estudo (tipo de reagente, temperatura e tempo de tratamento em mufla), tanto no

sistema à seco quanto em lâmina, para o modelo 1 serão verificados os efeitos

simultaneamente para o tempo de sorção de 5, 60 e 1440min, já para o modelo 2,

modelo 3 e modelo 4 as simulações serão feitas para os efeitos da sorção das variáveis

para os tempos de sorção individuais de 5min, 60min e 1440min, respectivamente.

Tabela 4.2: Condições para simulação das variáveis em estudo

Modelo 1

Tempo de sorção (min)

5

60

1440

Modelo 2

Tempo de sorção (min) 5

Modelo 3

Tempo de sorção (min) 60

Modelo 4

Tempo de sorção (min) 1440

Fonte: Autor, 2019.

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61

Com base nos modelos desenvolvidos, simulações auxiliadas pelo software

(Design expert 7.0.0) foram realizadas para representar variáveis de saída (respostas)

como funções de variáveis de entrada (fatores). Com base nesses dados os gráficos de

superfícies de resposta foram desenhados, para as condições ótimas, ou seja, de maior

desejabilidade dos tratamentos aplicados na fibra Calotropis procera em relação a

melhor capacidade de sorção de óleo.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos referente à identificação

da espécie proposta com material biossorvente, modificação das fibras e suas

caracterizações, caracterização dos óleos, testes de sorção de petróleo no sistema à seco,

em lâmina e em água, teste de sorção com derivados de petróleo e determinação das

variáveis estatisticamente significativas, bem como as discussões pertinentes.

5.1. Identificação da Espécie

A Figura 5.1 mostra a exsicata com a ficha de classificação da espécie, a qual

pode ser consultada pelo site do herbário da UFRN no endereço:

http://ufrn.jbrj.gov.br/v2/consulta.php, através do n° de tombo 25424.

Figura 5.1: Exsicata da espécie com ficha de classificação.

Fonte: http://ufrn.jbrj.gov.br/v2/ficha.php?chtestemunho=25424, 2018.

Após o processo de herborização da planta e identificação da espécie de forma

comparativa com outras espécies da coleção herborizada, os quais, foram considerados

fatores morfológicos, levantamento da flora da área de coleta, além da busca em

literatura especializada, a classificação da espécie foi confirmada como sendo

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Calotropis procera, Família da Asclepiadaceae; Gênero, Calotropis R. Br.; Espécie:

Calotropis procera (Aiton) W. T. Aiton.

5.2. Modificação da Fibra Calotropis procera

Para o aumento da capacidade de sorção da fibra CP foram propostos

tratamentos em solução, bem como, seguidos de modificação térmica, como mostrado

nas Figuras 5.2, 5.3 e 5.4.

A Figura 5.2 apresenta as fibras tratadas somente em solução (CPTA, CPNaCl,

CPNaOH e CPNaClO2), que quando comparadas a CP não apresentaram distinção quanto as

perspectivas físicas.

Figura 5.2: Fibras CPTA, CPNaCl, CPNaOH, CP e CPNaClO2 modificadas apenas em solução.

Fonte: Autor, 2019.

Na Figura 5.3 pode-se observar que as fibras CPTTA, CPTNaCl, CPTNaOH, CPT e

CPTNaClO2, tratadas termicamente a 150 °C, apresentam uma mudança de coloração mais

suave quando comparada a CP, mesmo com o decorrer do tempo de 1, 2 e 3 horas

submetidas a temperatura na mufla.

Figura 5.3: Fibras CPTTA, CPTNaCl, CPTNaOH, CPT e CPTNaClO2 modificadas

termicamente a 150 °C por 1, 2 e 3 horas.

Fonte: Autor, 2019.

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Já as fibras CPTTA, CPTNaCl, CPTNaOH, CPT e CPTNaClO2 que passaram por

tratamento térmico em mufla à 200 °C por 1, 2 e 3 horas são apresentadas na Figura 5.4.

Figura 5.4: Fibras CPTTA, CPTNaCl, CPTNaOH, CPT e CPTNaClO2 modificadas

termicamente a 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

Fonte: Autor, 2019.

Na Figura 5.4, conforme transcorrer do tempo as fibras denotam uma alteração

de coloração mais escura, tendo como referência a CP, além de percepção de mudança

no aspecto, no tocante da textura, proveniente de desagregação, principalmente para as

fibras sujeitadas a 200 °C por 3 horas em mufla.

5.3. Caracterizações da Fibra Calotropis procera

5.3.1. Análise do Teor de Cinzas e Umidade

Na Tabela 5.1 são apresentados os valores da caracterização química quanto ao

teor de umidade e cinzas das fibras de Calotropis procera utilizada nesse trabalho, bem

como, outros biossorvente lignocelulósicos.

Tabela 5.1: Teor de umidade e cinzas das amostras CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2.

Fibra Umidade (%) Cinzas (%) Fonte

CP 6,57 1,16 Autor, 2019

CPTA 1,52 0,96 Autor, 2019

CPNaCl 1,88 1,10 Autor, 2019

CPNaOH 1,78 1,05 Autor, 2019

CPNaClO2 1,90 1,04 Autor, 2019

Paina1 9,20 0,62 Anunciado et al. 2005

Algodão2 8,00 0,60 Bledzki,1999

Bucha vegetal3 7,80 0,40 Tanobe et al. 2005

Coco4 9,19 1,35 Oliveira et al. 2011

Fonte: Autor, 2019.

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A relevância em se determinar a umidade das fibras é devido ao fato que a

presença de água favorece o inchamento da parede celular da fibra lignocelulósica, até

sua saturação. Então, a água passa a ocupar os espaços livres entre os filamentos das

fibras e mudam as dimensões (DAS et al., 2000). Sendo assim, os resultados

apresentados na Tabela 5.1 mostram que o teor de umidade da fibra CP é baixo (6,57%)

e ainda menor para as fibras tratadas CPTA (1,52%), CPNaCl (1,88%), CPNaOH (1,78%) e

CPNaClO2 (1,90%) visto que no processo de preparo estas participam de uma etapa de

secagem à 105 °C por 24 horas em estufa, oportunizando que parte da água e impurezas

presentes fossem eliminadas. Sendo assim, baixos teores de umidade é uma

característica vantajosa para o processo de sorção de óleo, por se tratar de uma fibra de

caráter não hidrofílico.

Bessadok et al. (2008), investigaram os efeitos de diferentes tratamentos em

fibras de sisal e lufa, inseridos em matrizes de poliéster, utilizando o tratamento com

NaOH, no qual resultou em diminuição de densidade e teor de umidade.

Catunda (2016) em seu estudo determinou que a fibra da Ceiba pentandra no

estado in natura obteve umidade de 7,65%, sendo a mesma fibra no estado ativada, ou seja,

tratada com NaCl, constatou-se uma redução na umidade, para 2,43%.

As características de fibras vegetais variam substancialmente entre os diversos

tipos de planta vegetal (como visto na Tabela 5.1 os valores de CP, paina, algodão

bucha vegetal e coco), assim como, entre a mesma espécie de planta. Outros fatores

como a idade da planta, a época de colheita das fibras, tipo e teor de umidade do solo

em que a planta foi cultivada também exercem forte influência nas propriedades das

fibras vegetais (JOSEPH et al., 2000; MOHANTY et al., 2000).

Todas as fibras apresentaram um baixo teor de cinzas (Tabela5.1) inclusive as

que foram estudadas nesse trabalho (CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2). O baixo teor

de cinzas é um dado favorável do ponto de vista do reaproveitamento energético das

fibras (ANNUNCIADO et al., 2005), ou seja, o baixo teor de compostos inorgânicos é

uma característica essencial e muito desejada, pois grandes quantidades de cinzas

podem diminuir o poder calorífico do material, reduzindo a sua eficiência energética

(VIEIRA, 2012).

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5.3.2. Hidrofobicidade/molhabilidade

A medida da hidrofobicidade e molhabilidade foi vista segundo metodologias

propostas pelos autores: Patowary et al. (2016); Yin et al. (2016); Cao et al. (2018);

Zheng et al. (2016a); Zheng et al. (2016b), nos quais foram dispostos e observados o

comportamento de gotas de água (tingidas com corante de cor laranja) e petróleo na

fibra Calotropis procera na Figura 5.5.

Figura 5.5: Ensaio de hidrofobicidade e molhabilidade

Fonte: Autor, 2019.

As imagens na Figura 5.5 (a) mostram a fibra CP e as gotas de água (cor laranja)

em sua superfície, com o decorrer do tempo 20 minutos e 1hora (ver Figura 5.5 (b), (c)),

observa-se que as gotas estão ainda quase que esféricas, como observado na imagem

ampliada Figura 5.5 (d). Esse comportamento não molhável a água indica caráter

hidrofóbico, característica crucial para um biossorvente ideal.

E ainda, a Figura 5.5 (e) apresenta a fibra CP com adição de uma gota de

petróleo, prontamente o óleo é absorvido por ela, mesmo antes do tempo de 10

segundos, como visto na Figura 5.5 (f), no tempo de 1min (ver Figura 5.5 (g), (h))

foram registradas imagens da mancha de petróleo na fibra CP indicando assim um perfil

hidrofóbico e oleofílico.

Thilagavathi et al, (2018) em seu trabalho determinaram que a fibra Calotropis

procera apresentava baixos ângulos de contato com óleos (diesel θ = 12° e óleo de alta

densidade θ= 38°), indicando ser uma fibra altamente oleofílica por natureza.

Segundo descrito na literatura pelos autores Silva (2016) e Coelho (2015) a gota

de água exibe ângulo de contato com a Calotropis procera, respectivamente de 123° e

108°. De acordo com os critérios de Roach et al, (2008) a medida dos valores do ângulo

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de contato encontrados por Silva (2016) e Coelho (2015) a fibra de Calotropis procera

se enquadra em superfície predominantemente hidrofóbica, ou seja, quando ângulo de

contato é maior ou igual a 90° e menor ou igual a 150°.

5.3.3. Análise Termogravimétrica/Termogravimetria Derivada

As análises das curvas TG e DTG foram realizadas para avaliar a estabilidade

térmica e a decomposição das fibras CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2 em decorrência

do aumento da temperatura, a fim de estabelecer quais temperaturas de trabalho para o

tratamento témico em mufla, com intenção de evitar a degradação. As Figuras 5.6, 5.7,

5.8, 5.9 e 5.10 apresentam o comportamento térmico das fibras em atmosfera inerte de

nitrogênio.

Figura 5.6: Curvas Termogravimétricas/ termogravimetria derivada - TG e DTG da

fibra in natura CP.

Fonte: Autor, 2019

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Figura 5.7: Curvas Termogravimétricas/ termogravimetria derivada - TG e DTG da

fibra com tratamento térmico em água CPTA

Fonte: Autor, 2019.

Figura 5.8: Curvas Termogravimétricas/ termogravimetria derivada - TG e DTG da

fibra tratada em solução de cloreto de sódio CPNaCl

Fonte: Autor, 2019.

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Figura 5.9: Curvas Termogravimétricas/ termogravimetria derivada - TG e DTG da

fibra tratada em solução de hidróxido de sódio CPNaOH

Fonte: Autor, 2019.

Figura 5.10: Curvas Termogravimétricas/ termogravimetria derivada - TG e DTG da

fibra tratada em solução de clorito de sódio CPNaClO2.

Fonte: Autor, 2019.

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Pode-se observar nas Figuras 5.6, 5.7, 5.8, 5.9 e 5.10 os eventos de perda de

massa para as curvas de TG e DTG, sendo o primeiro evento entre 28-100 °C, com uma

perda de massa para as fibras CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2 de aproximadamente

5,91%; 5,73%; 4,70%; 5,60% e 12,03%, referente principalmente a água fracamente

ligada (umidade). Nas curvas TG e DTG para as fibras CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e

CPNaClO2 nota-se que as fibras possuem respectivamente, estabilidade térmica até 213 °C,

227 °C, 216 °C, 216 °C e 225 °C.

Outro evento mostrado pelos gráficos das Figuras 5.6, 5.7, 5.8, 5.9 e 5.10 trata-

se nessa ordem de uma perda de massa brusca de 58,86%, 65,65%, 64,40%, 62,65% e

32,10%, que ocorre entre o intervalo de 213 °C à 366 °C, referente a uma possível

degradação da hemicelulose das fibras. Segundo Yang et al. (2007), a hemicelulose

inicia sua decomposição com perda de massa principalmente entre 200 e 315 °C.

Observa-se que na Figura 5.6 se trata da fibra CP in natura, na faixa de

temperatura de 354 – 446 °C e na Figura 5.8 referente a fibra CPNaCl, no intervalo de

354-426 °C ocorreram perda de massa de 20,06% e 11,14%, respectivamente, que

poderá ser atribuído à degradação da celulose. Nessa faixa de temperatura, segundo

Boni et al. (2016), ocorre uma intensa cisão das cadeias poliméricas da celulose,

caracterizando como processo de degradação dominante.

Para as fibras tratadas CPTA, CPNaOH e CPNaClO2 foi verificado o comportamento

na segunda e terceira região que provavelmente houve a ocorrência de sobreposições

dos picos da hemicelulose e celulose, e ainda, celulose e lignina como observado nas

Figuras 5.7, 5.9 e 5.10, desempenho esses semelhantes ao relatado nos estudos de

Thilagavathi et al. (2018).

Conforme relatado por Celino et al. (2014), a decomposição da lignina ocorre

gradualmente desde a temperatura de 100 até 900 °C e acontece sobreposta ao processo

de degradação da hemicelulose e da celulose. Esse comportamento também foi notado

nas Figuras 5.7, 5.9 e 5.10 para as fibras tratadas CPTA, CPNaOH e CPNaClO2 no qual os

picos estão sobrepostos. Tal processo de decomposição lento é lento e atribuído pela

estrutura complexa dos anéis aromáticos dos quais a lignina é constituída (CELINO et

al., 2014). Sendo nas altas temperaturas 400 a 550 °C observado melhor o pico de

degradação da lignina remanescente (ADEBAJO et al., 2010).

Já o estudo da estabilidade térmica da Calotropis procera (CP) realizado por

Oun e Rhim (2016), apresentou apenas dois eventos de perda de massa. Sendo o

primeiro evento entre 60-120 °C, com perda de massa entre 4,10-5,60%, devido

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principalmente à perda de água, e o segundo e de maior perda de massa, entre 200-400

°C, devido principalmente à degradação dos materiais celulósicos (BARKA et al.,

2013).

Diante do exposto, foi possível observar que a temperatura de trabalho para o

tratamento térmico das fibras em temperaturas pode ser de até 200 °C, sem que estas

sofram processo de degradação, ao se atentar ao tempo de exposição das fibras à

temperatura.

5.3.4. Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier

A espectroscopia na região do infravermelho é uma das análises moleculares

utilizadas para identificação dos tipos de ligações químicas e grupos funcionais

presentes nos compostos. A presença ou ausência de alguns grupos funcionais na

superfície de sorventes pode estar vinculada ao aumento da capacidade de sorção de

óleos (WAHI et al. 2013).

As fibras CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2 inclusive as modificadas

termicamente, como: nas Figuras 5.11, 5.12, 5.13, 5.14 e 5.15 mostram comportamento

nos espectros semelhantes entre si, na qual, uma banda compreendida na região de 3000

a 3350 cm-1 é característico do estiramento O–H, correspondente a álcoois, fenóis e

ácidos carboxílicos presentes na composição da fibra (YANG et al., 2007, CELINO et

al., 2014; BONI et al., 2016). Em 2920 cm-1, o pico é atribuído ao estiramento das

ligações C–H, de CH2 e CH3 alifático, característico da existência de ceras vegetais,

consistindo em n-alcanos, ácidos graxos, aldeídos, cetonas e ésteres (BONI et al., 2016;

LIKON et al., 2013), e ainda, Wahi et al. (2013) associam os grupos assimétricos e

simétricos alifáticos CH2 e CH3 ao processo de sorção de óleos, houve uma diminuição

desse pico em consequência do tratamento térmico e da possível diminuição da

espessura da superfície cerosa no interior das fibras, possibilitando assim o acesso e

fixação de óleo na fibra, aumentando a capacidade de sorção.

Os picos na Figura 5.11, 5.12, 5.13, 5.14 e 5.15 de 1630 e 1734 cm-1 são

característicos da presença de carbonila (C=O) conjugada e não conjugada,

respectivamente, provavelmente oriunda de ácidos carboxílicos e cetonas dos grupos da

hemicelulose e/ou lignina (ADEBAJO et al., 2004; BARKA et al., 2013).

A Figura 5.14 mostra que na região de 1740 cm-1 e 1245 cm-1 houve uma

redução notável da intensidade dessas bandas especialmente em CPTNaOH150°C (1, 2 e 3h)

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e CPTNaOH200°C (1, 2 e 3h), sugerindo que o tratamento com o álcali forte pode resultar

em desesterificação significativa da fibra (MWAIKAMBO et al., 2002). Já na Figura

5.15 para as fibras CPTNaClO2150°C e CPTNaClO2150°C (1, 2 e 3h) observa-se as bandas em

torno de 1602 cm-1 e 1504 cm-1 as quais apresentaram uma redução, o que significa que

o branqueamento leva para a clivagem do anel aromático da lignina (SUN et al., 2000).

Em 1424 cm-1 ocorre uma flexão simétrica de CH2 e alongamento de C–O e

C=C característico da lignina e celulose. Em 1368 cm-1 situa-se a flexão de C–H, em

1314 cm-1 são as vibrações de CH2, no pico 1244 cm-1 situa-se uma ligação dupla C=O

com estiramento, em 1032 cm-1 observa-se uma ligação simples de C–O proveniente da

hemicelulose e lignina e em 896 cm-1 detecta-se deformação e alongamento através de

C–O–C, C–C–O e C–C–(H) (MIZI et al., 2012; MOHEBBY, 2008; HERGERT, 1971).

Ao comparar os espectros das fibras CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2, com suas

percussoras modificadas termicamente (150 e 200°C por 1, 2 e 3h) pode-se observar a

diminuição da intensidade dos grupos funcionais, incluindo C-H (2915 cm-1), C =O

(1734, 1368 e 1244 cm-1) e C-O (1032 cm-1) (ZHENG et al., 2016a). Segundo Tu et al.

(2018), tal enfraquecidos e/ou desaparecimento pode ser uma indicação de tratamentos

bem sucedidos. Sendo notadas também, atenuações dos picos próximos correspondentes

à lignina (1505 e 1597 cm -1) e hemicelulose (1737 e 1248 cm -1) (DRAMAN et al.,

2014).

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Figura 5.11: Espetros FTIR: CP, CPT150°C1h, CPT150°C2h, CPT150°C3h, CPT200°C1h,

CPT200°C2h, CPT200°C3h

Fonte: Autor, 2019.

Figura 5.12: Espetros FTIR: CPTA, CPTTA150°C1h, CPTTA150°C2h, CPTTA150°C3h,

CPTTA200°C1h, CPTTA200°C2h, CPTTA200°C3h

Fonte: Autor, 2019.

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Figura 5.13: Espetros FTIR: CPNaCl, CPTNaCl150°C1h, CPTNaCl150°C2h, CPTNaCl150°C3h,

CPTNaCl200°C1h, CPTNaCl200°C2h, CPTNaCl200°C3h

Fonte: Autor, 2019.

Figura 5.14: Espetros FTIR: CPNaOH, CPTNaOH150°C1h, CPTNaOH150°C2h, CPTNaOH150°C3h,

CPTNaOH200°C1h, CPTNaOH200°C2h, CPTNaOH200°C3h

Fonte: Autor, 2019.

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Figura 5.15: Espetros FTIR: CPNaClO2, CPTNaClO2150°C1h, CPTNaClO2150°C2h,

CPTNaClO2150°C3h, CPTNaClO2200°C1h, CPTNaClO2200°C2h, CPTNaClO2200°C3h

Fonte: Autor, 2019.

Os grupos funcionais determinados na análise de FTIR de todas as fibras CP,

CPTA, CPNaCl, CPNaOH, CPNaClO2, inclusive suas modificações térmicas a 150 °C e 200

°C por 1, 2 e 3h, podem ser visualizados resumidamente na Tabela 5.2.

Tabela 5.2: Grupos funcionais determinados por FTIR nas fibras CP, CPTA, CPNaCl,

CPNaOH, CPNaClO2, inclusive em suas percussoras a 150 °C e 200 °C por 1, 2 e 3h.

Número de onda (cm-1) Grupo

Percussoras (150 e 200 °C por 1, 2 e 3h)

CP CPTA CPNaCl CPNaOH CPNaClO2

3339 3339 3339 3338 3338 O–H

2920 2920 2920 2918 2918 C–H alifático

1734 1734 1734 1732 1734 C=O (não conjugado)

1630 1630 1630 1634 1630 C=O (conjugado)

1505 1505 1505 1505 1505 C-O (da lignina)

1372 1375 1372 1375 1375 CH deformação

1032 1032 1032 1032 1032 C–O

896 896 896 893 893 C–O-C, C–C–O,

C–C–(H)

Fonte: Autor, 2019.

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76

5.3.5. Microscopia Eletrônica de Varredura com Emissão de Campo

As Figuras 5.16, 5.17 e 5.18 expõem as micrografias das fibras CP, CPTA,

CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2 e suas percussoras modificadas termicamente (150 e 200 °C

por 1, 2 e 3 horas), podendo ser observadas suas imagens longitudinais e transversais,

verificando-se em todas a presença de estrutura oca, o que permite a fixação do óleo e a

retenção de estruturas inter e intra-fibra (TU et al, 2018). Tais microestruturas podem

auxiliar de forma a favorecer a flutuabilidade, devido aos espaços vazios interiores

estarem cheios de ar (COELHO, 2015).

As micrografias (ampliação de 1000x) das fibras CP, CPNaCl, CPNaOH (Figura

5.16(a), (c), (d)) mostram superfície lisa e com revestimento ceroso hidrofóbico, mais

sobrepunjante no interior da estrutura oca, relatado de forma semelhante às fibras

vegetais estudadas por Thilagavathi et al. (2018).

Figura 5.16: Micrografias obtidas pelo FEG-MEV: a) CP, b) CPTA, c) CPNaCl,

d) CPNaOH, e) CPNaClO2, f) CPT150°C1h, g) CPTTA150°C1h, h) CPTNaCl150°C1h,

i) CPTNaOH150°C1h, j) CPTNaClO2150°C1h, k) CPT200°C1h, l) CPTTA200°C1h,

m) CPTNaCl200°C1h, n) CPTNaOH200°C1h, o) CPTNaClO2200°C1h.

Fonte: Autor, 2019.

As Figuras 5.16 (f), (g), (h), (i), (j) apresentam as fibras tratadas em solução e

submetidas a tratamento em mufla a 150 °C por 1 hora. Essas não produziram

diferenças relevantes nas estruturas após exposição ao tratamento térmico. Enquanto

que as fibras mostradas nas Figuras 5.16 (k), (l), (m), (n), (o), resultantes das fibras

tratadas em solução e submetidas à tratamento térmico de 200 °C por 1 hora,

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apresentaram um aspecto mais límpido nas superfícies e leve redução do volume ceroso

em seu interior, podendo possibilitar um melhor acesso ao fluxo do óleo em seu interior.

Segundo Kalia et al. (2009), embora as fibras naturais apresentem em sua maior

parte superfícies lisas, após os tratamentos térmicos, as fibras apresentam alguns sulcos

pouco profundos. Estes sulcos são associados a rugosidade presente na fibra,

característica que pode favorecer a sorção de óleo também em superfície.

Catunda (2016) obteve as micrografias das fibras da Ceiba pentandra natural a

qual apresentou na sua estrutura superficial impurezas. Já na fibra (Ceiba pentandra)

tratada com NaCl, evidenciou-se um aspecto de superfície mais límpida.

A Figura 5.17 representa as imagens de MEV-FEG (ampliação de 1000x)

alcançadas das fibras CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2 tratadas termicamente em

mufla a 150 e 200 °C por 2 horas. Pode-se notar na Figura 5.17 (c) que ainda permanece

bastante revestimento ceroso no interior da fibra. Já para a temperatura de 200 °C, o

comportamento se repete para as fibras tratadas, no qual se observa uma discreta

diminuição da cera no interior da fibra e apresenta superfície de aparência nítida.

Figura 5.17: Micrografias obtidas pelo FEG-MEV: a) CPT150°C2h, b) CPTTA150°C2h,

c) CPTNaCl150°C2h, d) CPTNaOH150°C2h, e) CPTNaClO2150°C2h, f) CPT200°C2h,

g) CPTTA200°C2h, h) CPTNaCl200°C2h, i) CPTNaOH200°C2h, j) CPTNaClO2200°C2h.

Fonte: Autor, 2019.

A Figura 5.18 exibe as micrografias (ampliação de 1000x) obtidas das fibras CP,

CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2 tratadas termicamente em mufla a 150 e 200 °C por 3

horas. Pode-se observar nas Figuras 5.18 (a), (b), (c), (d), (e) que as fibras também

tiveram parte da cera removida do interior, e ainda, nas Figuras 5.18 (f), (g), (h), (i), (j)

à temperatura de 200 °C percebe-se sinais de degradação e deformação das fibras

devido ao longo tempo (3 horas) de exposição em mufla.

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Figura 5.18: Micrografias obtidas pelo FEG-MEV: a) CPT150°C3h, b) CPTTA150°C3h, c)

CPTNaCl150°C3h, d) CPTNaOH150°C3h, e) CPTNaClO2150°C3h, f) CPT200°C3h, g) CPTTA200°C3h, h)

CPTNaCl200°C3h, i) CPTNaOH200°C3h, j) CPTNaClO2200°C3h.

Fonte: Autor, 2019.

Wang et al. (2012), constataram em suas pesquisas que fibras naturais quando

tratadas com NaOH apresentaram em suas fibrilas orifícios quebrados e sulcos rasos,

observados na superfície.

Na Pesquisa realizada por Yi et al. (2018), os autores compararam a estrutura

tubular da fibra da Calotropis gigantea natural com a fibra que sofreu processo de

oxidação, por tratamento com NaClO2, para remover a camada de cera a partir da sua

superfície, o que leva, assim, a uma superfície relativamente mais suave, e ainda, uma

estrutura oca de paredes finas.

Em geral, as fibras que sofreram modificação térmica, predispõem a possibilitar

o aumento da superfície interna, e externa com o surgimento de sulcos rasos,

melhoramento da adesão do óleo de modo a facilitar sua entrada (fluxo) no interior do

lúmen, assegurando assim uma elevada absorção de óleo.

5.4. Caracterização dos óleos

5.4.1. Densidade e viscosidade

As medidas da densidade e viscosidade do petróleo e os derivados utilizados

para o desenvolvimento desse trabalho têm seus valores dispostos na Tabela 5.3.

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Tabela 5.3: Valores de densidade e viscosidade das amostras de petróleo e derivados.

Amostra Densidade (g/cm3) Viscosidade dinâmica (mPa.s)

Petróleo 0,861 73,640

Diesel 0,813 1,953

Diesel marítimo 0,825 2,375

Óleo lubrificante 0,850 62,730

Óleo lubrificante usado 0,854 69,250

Benzeno 0,808 0,484

Fonte: Autor, 2019.

A amostra de petróleo utilizada em todo o estudo de sorção apresentou uma

densidade de 0,861g/cm3. De acordo com Guimarães (2004), Szklo (2012) e Jones et al.

(2015) o grau API é uma forma de classificar, quanto a densidade do petróleo, sua

leveza. À medida que a densidade for maior, o grau API será menor, por sua vez o

petróleo será mais pesado.

Assim, ao proceder o cálculo do grau °API (Equação 5.1) determinou-se como

sendo °API 31,29, classificado segundo Guimarães (2004) como petróleo intermediário.

°𝐴𝑃𝐼 =141,5

𝑑− 131,5 Equação 5.1

Na Tabela 5.3 os valores de densidade do óleo lubrificante usado e lubrificante

(0,854 e 0,850g/cm3) mostraram-se menor, ou seja, mais leve quando comparadas ao

petróleo (0,861 g/cm3), assim como, as amostras de diesel, diesel marítimo e benzeno

com valores de densidade 0,813, 0,825, 0,808 g/cm3 respectivamente, apresentando

densidades ainda menores.

Os valores de viscosidade em um vazamento ou derramamento, retratam a

influência na taxa de dispersão e a espessura de manchas de óleo (IMO, 2005;

CETESB, 2014), afetando também o processo de sorção em materiais sorventes, por

isso a relevância na determinação da viscosidade dos óleos utilizados.

Teas et al. (2001) evidenciaram o papel da viscosidade em processos de sorção,

estudando diferentes viscosidades de óleos promoveram resultados variados,

dependendo do tipo de material sorvente que foi avaliado.

Os autores Wei et al. (2003) mostraram que o aumento da viscosidade foi capaz

de incrementar a capacidade de sorção de petróleo em diferentes sorventes. A Tabela

5.3 mostra os valores de viscosidade, ou seja, o nível de resistência ao escoamento das

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amostras de óleo e solvente, sendo a de maior resistência o petróleo (73,640 mPa.s) e o

menos resistente ao fluxo, o benzeno (0,484 mPa.s).

Segundo Annunciado et al. (2005) quanto mais viscoso o óleo a ser sorvido,

maior é a tendência de sorção pela maior quantidade de produto na forma de filme, e

ainda, quando o sorvente é removido do óleo de maior viscosidade, arrasta mais

material da superfície da água, aumentando a sorção medida.

5.5. Testes de Sorção

Os testes para avaliação da sorção de petróleo foram realizados em sistema à

seco (apenas óleo), em lâmina (óleo em água) e em água (somente água) nas fibras da

Calotropis procera CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2 e suas percussoras modificadas

termicamente (150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas).

5.5.1. Avaliação de Sorção de Petróleo

A Figura 5.19 mostra os testes de sorção de petróleo realizados no sistema à seco

e em lâmina para a fibra de CP.

Figura 5.19: Teste de sorção de petróleo (a) sistema à seco e (b) em lâmina na CP

Fonte: Autor, 2019.

A Figura 5.19 (a) apresenta o teste à seco, ou seja, a fibra em contato em um

sistema contendo apenas petróleo. Já na Figura 5.19 (b) no teste em lâmina o sistema

contém água, que por ser mais densa fica na parte inferior, e o petróleo, por apresentar

menor densidade que a água fica localizado na parte superior, o qual fica em contato

direto com a fibra.

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A Figura 5.20 mostra os resultados dos testes de sorção à seco e em lâmina de

petróleo com variação do tempo de contato com as fibras de 5, 20, 40, 60 e 1440 min.

Figura 5.20: Teste de sorção de petróleo no sistema à seco e em lâmina na CP.

Fonte: Autor, 2019.

A fibra in natura de CP por possuir grandes lúmens com material ceroso,

apresenta alta capacidade de sorção, nos sistemas à seco e em lâmina, respectivamente

dentro de um intervalo de 48,61 g/g até 74,04 g/g e 53,23g/g até 76,32g/g.

Para conseguir um material com capacidade de sorção de óleo ainda maior,

propôs-se a remoção de parte da cera hidrofóbica do interior da fibra, para proporcionar

maior fluxo de óleo para seu interior, através da utilização de soluções e posterior

tratamento térmico em mufla. As Figuras 5.21 (a), (b) mostram os resultados da sorção

de petróleo à seco e em lâmina da CP e suas percussoras tratadas a 150 e 200°C por 1, 2

e 3 horas.

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Figura 5.21: Teste de sorção de petróleo no sistema (a) à seco e (b) em lâmina com fibra

CP em 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

Fonte: Autor, 2019.

Como mostra a Figura 5.21 a capacidade de sorção em ambos os sistemas

aumentaram significativamente, com incremento da temperatura de tratamento de

150°C para 200°C, houve uma melhora da capacidade máxima de sorção de 94,31 g/g

(CPT1501h) para 124,60 g/g (CPT2001h), no sistema à seco (ver Figura 5.20 (a)). No teste

de sorção em lâmina (Figura 5.20 (b)) as fibras CP e CPT apresentaram resultados com

capacidade de sorção entre 85,35 g/g para CPT1501h até 180,95 g/g para CPT2001h tratada

termicamente. Os testes em lâmina apresentam maiores capacidade de sorção devido ao

óleo ser apolar e a fibra apresentar um caráter predominante hidrofóbico, logo ocorre

um deslocamento do óleo em direção as fibras.

As Figuras 5.22, 5.23, 5.24 e 5.25 apresentam os resultados de sorção do

petróleo na fibra CP tratadas em solução (CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2) e

modificadas termicamente a 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas em mufla. Essa avaliação

foi realizada nos sistemas à seco e em lâmina de óleo.

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Figura 5.22: Teste de sorção de petróleo no sistema (a) à seco e (b) em lâmina com fibra

CPTA em 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

Fonte: Autor, 2019.

Como verificado na Figura 5.22, a capacidade máxima de sorção (tempo de

contato 1440 min) nos sistemas à seco e em lâmina da fibra CPTA atingiu valores, nessa

ordem, de 94,02 g/g e 99,20 g/g. Equivalendo-se para essa mesma fibra, CPTA tratada

termicamente em mufla, melhor resultado de sorção para CPTTA2001h 109,79 g/g (teste à

seco) e 181,03 g/g (teste em lâmina) de petróleo, ou seja, um incremento, de 16,77% e

82,48% se comparado a fibra CPTA, sem tratamento térmico em mufla.

Figura 5.23: Teste de sorção de petróleo no sistema (a) à seco e (b) em lâmina com fibra

CPNaCl em 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

Fonte: Autor, 2019.

A Figura 5.23 apresenta os resultados dos testes de sorção, para a fibra CPNaCl,

que mostram a capacidade máxima de sorção, no tempo de 1440 min, valores 92,15 g/g

à seco e 97,01 g/g em lâmina, verifica-se ainda que a fibra CPTNaCl2001h apresentou,

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nesse mesmo tempo de contato, sorção de petróleo de 110,03 g/g à seco e 178,80 g/g em

lâmina, resultando em um aumento de 19,40% e 84,31% ao comparar com CPNaCl.

Figura 5.24: Teste de sorção de petróleo no sistema (a) à seco e (b) em lâmina com fibra

CPNaOH em 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

Fonte: Autor, 2019.

Conforme Figura 5.24 os testes à seco e em lâmina, nessa ordem, com a fibra

CPNaOH alcançou valores máximos de 97,87 e 103,90 g/g de sorção. Além disso, notou-

se que a fibra CPTNaOH2001h apresentou 127,77 e 192,67 g/g de sorção de petróleo, no

tempo de contato com a fibra de 1440 min, culminando em um acréscimo de 30,55% e

85,43% quando correlacionada nas mesmas condições com a fibra de CPNaOH.

Figura 5.25: Teste de sorção de petróleo no sistema (a) à seco e (b) em lâmina com fibra

CPNaClO2 em 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas.

Fonte: Autor, 2019.

A Figura 5.25 apresentou valores 90,09 g/g e 92,04 g/g (em 1440 min) para os

testes de sorção de petróleo à seco e em lâmina, respectivamente, usando a fibra

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CPNaClO2. Para essa mesma fibra tratada termicamente, a CPTNaClO22001h, pode-se

observar capacidade máxima de sorção de 119,73 g/g e 177,66 g/g resultando em um

melhoramento de 32,90% e 93,02% ao se confrontar com a fibra de origem, CPNaClO2.

Wang et al. (2015) em seu trabalho relataram que o sorvente natural estudado

atingiu maiores capacidades de sorção de óleo em meio aquoso, tal comportamento

também foi observado nesse trabalho, com maiores desempenhos de sorções de óleo no

sistema em lâmina. Isso ocorre devido a predominância apolar no óleo que contribui

para uma afinidade com a fibra de caráter hidrofóbico e a polaridade da água, ocorre

uma forte migração do óleo em direção aos poros da fibra.

Pode-se observar que em todos os testes de sorção realizados, apresentados nas

Figuras 5.21, 5.22, 5.23, 5.24 e 5.25, o tempo de contato das fibras com o petróleo que

obteve a maior e máxima capacidade de sorção de petróleo à seco e em lâmina, foi em

1440 min. Segundo Anunciado et al. (2005), esse seria o comportamento esperado da

sorção, que tende a aumentar ao longo do tempo de contato do óleo com o sorvente.

Entretanto, os resultados atingidos de petróleo sorvido mostraram que com o

aumento dos tempos dos tratamentos térmicos das fibras de 1 para 3 horas, as

capacidades de sorção diminuíram. Hussein et al. (2009) em pesquisa verificou que ao

aumentar o tempo de carbonização ocorre uma queda na capacidade de sorção, atribuído

à decomposição das fibras. O mesmo pode ter acontecido nos ensaios de sorção das

fibras CP submetidas ao aumento do tempo de tratamento térmico, sendo os tempos de

3 horas os que apresentaram as menores sorções de petróleo em ambos sistemas.

Huang e Lim (2006) em seus estudos verificaram que o tratamento da fibra de

sumaúma com NaClO2 poderia remover parte da lignina facilitando a sorção de

solventes. Já, Mohanty et al. (2001) investigaram que substância cerosa, pectina e óleos

naturais na superfície externa da fibra de sumaúma podem ser eliminados por

tratamento com NaOH, pelo qual as fibrilas foram expostas e uma superfície rugosa foi

obtida.

Segundo Annunciado et al. (2005), mostraram que a maior parte da sorção

ocorre nos primeiros minutos, para as fibras que foram estudadas (rejeito folhoso, bucha

vegetal, fibra de coco, serragem, sisal e paina), seguido de um lento aumento nos

valores de sorção registrados ao longo do tempo, ou seja, grande parte do potencial de

sorção das fibras é atingido em curto espaço de tempo.

A Tabela 5.4 exibe o percentual de sorção atingido por diversos tempos (5, 20,

40 e 60 min) em relação à sorção em 1440 min, ou seja, capacidade máxima de sorção

Page 88: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

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para os sistemas à seco e em lâmina, usando as fibras CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e

CPNaClO2 e as suas percussoras, a 150 e 200 °C por 1, 2 e 3 horas, mostrando que os

resultados se comportaram de modo semelhante aos citados por Annunciado et al.

(2005).

Tabela 5.4 Percentual de sorção atingido em diferentes tempos de contato em relação a

1140 min, para os Sistemas à seco e em lâmina.

Sistema Sorção

(min)

CP(%) CPT

150 1h (%)

CPT

150 2h(%)

CPT

150 3h (%)

CPT

200 1h(%)

CPT

200 2h(%)

CPT

200 3h(%)

À seco

5 65,65 78,51 80,05 82,29 62,59 68,58 76,25

20 92,49 83,77 86,64 88,56 67,11 76,70 87,14

40 91,56 86,82 89,05 89,45 72,67 84,17 88,92

60 98,07 94,21 94,02 94,81 73,48 86,27 91,83

1440 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Em

lâmina

5 69,75 74,50 77,14 77,35 47,17 43,66 76,03

20 84,17 84,60 89,81 86,56 49,07 50,91 86,90

40 92,73 87,34 91,55 88,69 58,18 57,79 87,97

60 96,76 89,05 93,44 93,37 61,53 60,05 91,32

1440 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Sistema Sorção

(min)

CPTTA

(%)

CPTTA

150 1h (%)

CPTTA

150 2h(%)

CPTTA

150 3h (%)

CPTTA

2001h(%)

CPTTA

200 2h(%)

CPTTA

200 3h(%)

À seco

5 74,28 78,27 78,42 75,65 78,41 82,78 76,25

20 81,15 78,73 80,19 78,90 80,86 84,23 83,34

40 85,61 80,87 81,37 80,80 82,33 84,80 84,42

60 95,53 90,02 88,82 87,50 87,78 88,08 90,10

1440 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Em

lâmina

5 72,56 77,62 76,73 80,26 54,65 64,07 81,68

20 81,62 80,38 78,97 81,39 54,87 75,93 83,87

40 90,24 83,66 83,80 85,80 58,33 76,05 84,75

60 94,99 102,99 98,16 91,69 113,06 120,03 92,04

1440 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Sistema Sorção

(min)

CPTNaCl

(%)

CPTNaCl

150 1h (%)

CPTNaCl

150 2h(%)

CPTNaCl

150 3h (%)

CPTNaCl

200 1h(%)

CPTNaCl

200 2h(%)

CPTNaCl

200 3h(%)

À seco

5 67,56 78,57 77,62 74,16 76,19 62,26 69,62

20 76,25 81,51 80,83 80,41 76,85 65,04 74,46

40 85,17 84,66 84,56 83,21 81,63 67,24 83,15

60 90,11 86,19 85,84 84,92 82,80 79,46 81,84

1440 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Em

lâmina

5 67,12 81,83 79,83 76,16 50,13 67,36 68,39

20 80,11 84,33 81,45 81,10 51,68 68,33 74,17

40 88,36 92,03 90,08 83,77 62,32 54,66 82,81

60 92,64 95,06 91,07 86,29 63,57 59,91 83,52

1440 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Sistema Sorção

(min)

CPTNaOH

(%)

CPTNaOH

150 1h (%)

CPTNaOH

150 2h(%)

CPTNaOH

150 3h (%)

CPTNaOH

2001h(%)

CPTNaOH

200 2h(%)

CPTNaOH

200 3h(%)

À seco 5 71,77 74,39 76,08 74,01 64,18 72,07 77,11

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20 88,09 96,12 96,38 93,85 96,64 93,41 93,56

40 90,54 84,93 86,23 86,92 69,37 78,99 83,89

60 94,72 88,72 89,38 88,47 72,35 81,11 86,28

1440 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Em

lâmina

5 71,55 76,74 76,69 74,44 48,43 57,31 76,97

20 79,36 84,12 85,16 82,85 51,27 58,90 78,29

40 90,33 87,22 86,79 85,97 51,62 64,98 84,87

60 94,82 91,46 91,91 90,11 62,54 66,09 85,98

1440 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Sistema Sorção

(min)

CPT

NaClO2 (%)

CPTNaClO2

150 1h (%)

CPTNaClO2

150 2h(%)

CPTNaClO2

150 3h (%)

CPTNaClO2

2001h(%)

CPTNaClO2

200 2h(%)

CPTNaClO2

200 3h(%)

À seco

5 67,28 71,55 70,13 72,77 61,64 88,07 79,26

20 73,50 79,15 79,23 78,76 66,31 93,22 80,11

40 79,13 81,22 81,72 87,51 72,16 96,01 81,93

60 88,90 86,01 85,51 93,98 72,71 97,36 84,20

1440 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Em

lâmina

5 67,68 81,44 81,31 77,13 50,01 49,53 80,04

20 83,47 85,94 85,40 79,20 54,97 52,83 81,04

40 87,38 89,49 89,86 89,02 60,95 53,35 84,07

60 90,53 98,30 97,78 94,84 63,06 59,67 88,15

1440 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Autor, 2019.

Os resultados apresentados na Tabela 5.4 mostram que para o sistema à seco, em

apenas cinco minutos, todas as fibras superaram 60% da capacidade de sorção máxima

obtida em 1440 min, indicando que grande parte da sorção, para todas as fibras testadas,

ocorre nos primeiros minutos. A maioria das fibras testadas e suas percussoras, nesse

trabalho, atingiram mais que 80% da sua máxima capacidade de sorção (1440 min) em

apenas 60 minutos.

Observa-se ainda que no sistema em lâmina os percentuais de sorção nos cinco

primeiros minutos, em todas as fibras, ultrapassaram 50% da sua máxima capacidade de

sorção em 1440 min. A maior parte das fibras testadas, no sistema em lâmina,

alcançaram sorção de petróleo mais que 80% em relação à capacidade máxima.

A Tabela 5.5 mostra alguns resultados da capacidade de sorção de óleo em

diferentes tipos de fibra e comparam-se aos resultados da fibra de Calotropis procera,

com os tratamentos propostos, obtidos nesse trabalho.

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88

Tabela 5.5: Comparação de materiais sorventes de óleo e solventes orgânicos.

Materiais Tratamento Capacidade de sorção Referência

Palha de

Cevada

Pirolisada 5,9 -7,6 g/g - Óleo diesel

8,1-9,2 g/g - Óleo pesado

Husseien et al.

2008

Fibra de

Sumaúma

NaClO2 46 g/g- tolueno

52 g/g- clorofórmio

36 g/g- xileno

28 g/g- n-hexano

Wang et al.

2012

Fibra de

Sumaúma

NaOH 32 g/g- tolueno

44 g/g- clorofórmio

34 g/g- xileno

22 g/g- n-hexano

Wang et al.

2012

Fibra Populus Acetilação 21,57 g/g - Óleo de milho Zhang et al.

2014

Fibra

Calotropis

gigantea

In natura 22,6-47,6 g/g - Óleo e

solventes orgânicos

Zheng et al.

2016a

Fibra

Calotropis

gigantea

Carbonizada 80-130 g/g - Óleo e

solventes orgânicos

Tu et al. 2018

Mix de

Algodão,

Sumaúma,

Asclepias

Syriaca,

Calotropis

procera,

Gigantea e

Polipropileno

Térmico 40,16 g/g - Óleo pesado

23,00 g/g - Óleo diesel

Thilagavathi et

al. 2018

Calotropis

procera

In natura 74,04 g/g - Petróleo Esse trabalho

Calotropis

procera

Térmico

NaCl

NaOH

NaClO2

94,02 g/g – Petróleo

92,15 g/g – Petróleo

97,87 g/g – Petróleo

90,09 g/g – Petróleo

Esse trabalho

Calotropis

procera

Térmico 200 °C 1h

Térmico em água 200 °C 1h

NaCl 200 °C 1h

NaOH 200 °C 1h

NaClO2 200 °C 1h

124,60 g/g – Petróleo

109,79 g/g – Petróleo

110,03 g/g – Petróleo

127,77 g/g – Petróleo

119,73 g/g – Petróleo

Esse trabalho

Fonte: Autor, 2019.

A Tabela 5.5 apresenta a capacidade de sorção, de óleos e solventes orgânicos,

dos materiais sorventes, sendo possível evidenciar que a Calotropis procera tanto in

natura quanto tratada em solução e termicamente em mufla é um material sorvente que

Page 91: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

89

apresenta uma elevada capacidade de sorção, sendo superior aos resultados dos demais

trabalhos apresentados.

5.5.2. Avaliação de Sorção de Água

A Figura 5.26 mostra o teste de sorção de água para a fibra de CP a fim de

verificar o comportamento em um meio polar.

Figura 5.26: Teste de sorção de água na CP.

Fonte: Autor, 2019.

Durante o teste de sorção de água na CP foi possível observar (Figura 5.26) que

a fibra permanece na superfície da água, sugerindo uma boa flutuabilidade, não

molhável em água, ou seja, trata-se de um material com característica

predominantemente hidrofóbica.

Para avaliar a capacidade de sorção de água, foram realizados testes utilizando

as fibras de CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2 e suas percussoras tratadas a 150 °C e

200 °C por 1, 2 e 3 horas apresentados nas Figuras 5.27, 5.28, 5.29, 5.30 e 5.31.

Figura 5.27: Ensaio de sorção em água CP e suas percussoras a 150 °C e 200 °C por 1, 2

e 3 horas

Fonte: Autor, 2019.

Page 92: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

90

Figura 5.28: Ensaio de sorção em água CPTA e suas percussoras a 150 °C e 200 °C por

1, 2 e 3 horas

Fonte: Autor, 2019.

Figura 5.29: Ensaio de sorção em água CPNaCl e suas percussoras a 150 °C e 200 °C por

1, 2 e 3 horas

Fonte: Autor, 2019.

Page 93: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

91

Figura 5.30: Ensaio de sorção em água CPNaOH e suas percussoras a 150 °C e 200 °C por

1, 2 e 3 horas

Fonte: Autor, 2019

Figura 5.31: Ensaio de sorção em água CPNaClO2 e suas percussoras a 150 °C e 200 °C

por 1, 2 e 3 horas

Fonte: Autor, 2019

Pode-se observar nas Figuras 5.27, 5.28, 5.29 5.30 e 5.31 que o aumento da

temperatura e do tempo de exposição ao tratamento térmico resulta no aumento da

sorção de água pelas fibras, como esperado, devido a sua degradação e deformação. Os

resultados dos testes de sorção de água em CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2 e suas

percussoras (150 °C e 200 °C e 1, 2 e 3horas) revelaram que a água sorvida variou de

0,03 -0,97 g/g, sugerindo assim uma alta hidrofobicidade, caso contrário, ela poderia ser

sorvida com o óleo como um processo competitivo e a capacidade de absorção de óleo

diminuiria. Contudo, os valores de sorção da água foram diminuídos em todos os

Page 94: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

92

ensaios em lâmina, ainda sendo insignificante em relação a quantidade de petróleo

sorvido.

5.5.3. Avaliação da Sorção de derivados de petróleo

Considerando os resultados desse trabalho sobre a sorção obtida para o petróleo,

foi investigada também a sorção do diesel, diesel marítimo, óleo lubrificante de motor,

óleo lubrificante usado e benzeno, nas condições de 200 °C por 1 hora, para as fibras

CPT200°C1h, CPTTA200°C1h, CPTNaCl200°C1h, CPTNaOH200°C1h e CPTNaClO2200°C1h comparando

com CP, no tempo ótimo de sorção de 1440 min, tanto nos sistemas à seco como em

lâmina, como mostrado na Figura 5.32.

Figura 5.32: Teste de sorção de óleos (a) à seco, e (b) em lâmina das fibras CPT200°C1h,

CPTTA200°C1h, CPTNaCl200°C1h, CPTNaOH200°C1h e CPTNaClO2200°C1h comparando CP.

Fonte: Autor, 2019.

Na Figura 5.32 (a) pode-se observar no teste à seco que as fibras (CPT200°C1h,

CPTTA200°C1h, CPTNaCl200°C1h, CPTNaOH200°C1h e CPTNaClO2200°C1h) tratadas em solução com

posterior modificação térmica em mufla, à 200 °C por 1hora, apresentam uma sorção

maior que a CP para todos os óleos e solvente que foram testados, sendo a fibra tratada

com NaOH com 200 °C por 1 hora o tratamento que possibilitou máxima sorção, de

forma semelhante, o mesmo comportamento foi verificado no teste em lâmina,

mostrado na Figura 5.32 (b).

Karan et al. (2011) destacaram a viscosidade do óleo como um parâmetro de

grande importância no processo de sorção, pois a diminuição da viscosidade do óleo,

reduz a sorção dentro dos poros e vasos capilares, por isso, óleos mais viscosos

apresentam maior sorção, devido à aderência nas superfícies dos materiais e dentro dos

poros. Portanto, na Figura 5.32 observa-se comportamento previsto, sendo, as menores

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93

sorções do diesel, diesel marinho e benzeno, que são menos viscosos, em comparação

aos óleos lubrificantes que são mais viscosos, que obtiveram maior sorção.

5.6. Seletividade

A Figura 5.33 apresenta o registro da seletividade do processo de remoção de

petróleo em água utilizando a fibra de CP.

Figura 5.33: Teste de Seletividade.

Fonte: Autor, 2019.

O teste de seletividade mostrou o petróleo sendo adicionado a água, formando

um filme, em seguida a fibra CP posta em contato na superfície oleosa. Observa-se que

a CP carreou todo petróleo, ou seja, o petróleo foi seletivo e completamente sorvido

pela fibra. Foi percebido também, durante o teste, que a fibra CP encharcada de petróleo

flutua na superfície, não afundando na água, sugerindo assim uma excelente sorção para

óleo e flutuabilidade o que facilita sua remoção após a utilização durante a remoção de

óleo em um derramamento ou vazamento, por exemplo.

5.7. Modelagem da sorção de Petróleo no sistema à seco e em lâmina

A Tabela 5.6 apresenta os dados obtidos da simulação para o modelo 1 realizada

simultaneamente para os tempos de contato de 5, 60 e 1440 min, no teste de sorção à

seco, considerando as variáveis de temperatura e tempo da fibra em mufla e tipo de

tratamento quanto a utilização ou não em solução.

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94

Tabela 5.6: Resultados da simulação modelo 1 para sorção à seco.

Temperatura Reagente Tempo 5 min 60 min 1440 min *Des

200,00 NaOH 1,00 87,25 97,56 126,97 0,778

200,00 In natura 1,00 76,12 91,06 123,41 0,647

199,79 In natura 1,00 76,12 91,05 123,29 0,646

200,00 Térmico em Água 1,00 87,68 95,81 110,67 0,623

196,53 Térmico em Água 1,00 87,10 95,61 110,06 0,614

200,00 NaClO2 1,00 79,29 89,68 118,42 0,612

200,00 NaCl 1,00 78,36 90,80 110,17 0,551

*desejabilidade

A Tabela 5.6 apresenta o valor de desejabilidade 0,778 para a condição de maior

capacidade de sorção de petróleo à seco, em 5, 60 e 1440 min, sendo respectivamente,

87,25 g/g; 97,56 g/g; 126,97 g/g. A Figura 5.34 ilustrada com o gráfico de superfície de

resposta revela esse comportamento, em relação a desejabilidade obtida.

Figura 5.34: Superfície de resposta modelo 1 para o sistema de sorção à seco.

Fonte: Autor, 2019.

A Figura 5.34 mostra o efeito do desempenho da capacidade de sorção em

lâmina de petróleo considerando os tempos de sorção de 5, 60 e 1440 min, para os

efeitos dos fatores de tratamento da fibra utilizando o reagente NaOH, em mufla à 200

°C, por 1 hora, sendo essas as varáveis significativas para o modelo 1.

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95

O modelo 2 que foi simulado, e considerou individualmente o tempo de sorção

de petróleo à seco de 5 min, analisando as variáveis: uso de reagente, temperatura e

tempo utilizados na mufla, cujos resultados estão apresentados na Tabela 5.7.

Tabela 5.7: Resultados da simulação modelo 2 para sorção à seco.

Temperatura Reagente Tempo 5 min * Des

200,00 Térmico em Água 1,00 87,68 0,780

200,00 NaOH 1,00 87,25 0,773

199,46 NaOH 1,00 87,18 0,771

195,58 Térmico em Água 1,00 86,95 0,767

150,00 NaCl 1,00 80,11 0,626

200,00 NaClO2 1,00 79,29 0,607

199,31 NaClO2 1,00 79,15 0,604

181,30 NaCl 1,00 79,00 0,600

200,00 In-Natura 1,00 76,12 0,529

191,85 In-Natura 1,00 75,92 0,523

*desejabilidade

A Tabela 5.7 mostra o resultado da simulação do modelo 2 no teste de sorção à

seco, exibindo valor de desejabilidade de 0,780 para a condição máxima de sorção de

petróleo, no tempo de contato de 5 min. Os dados da Tabela 5.7 indicam as variáveis

significativas de tratamento da fibra sendo a elas: tratamento térmico em água, à 200 °C

durante 1 hora, em mufla. A Figura 5.35 apresenta os gráficos de superfícies de

respostas referentes ao modelo 2.

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96

Figura 5.35: Superfícies de resposta modelo 2 para o sistema de sorção à seco.

Fonte: Autor, 2019.

Por meio da Figura 5.35 é possível observar os efeitos das interações dos fatores

que agem sobre a capacidade de sorção em 5 min do teste à seco de petróleo, revelando

os efeitos dos fatores da fibra tratada pelo método térmico em água, a 200 °C por 1

hora, sendo a capacidade máxima de sorção de 88,68 g/g de petróleo.

A proposta do modelo 3, que realizou a simulação especifica para o tempo de

sorção de petróleo à seco a 60 min, considerando as variáveis: tipo de tratamento quanto

a reagente, temperatura e tempo utilizados na mufla, tornou possível a produção da

Tabela 5.8.

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97

Tabela 5.8: Resultados da simulação modelo 3 para sorção à seco.

Temperatura Reagente Tempo 60 min *Des

200,00 NaOH 1,00 97,56 0,774

197,93 NaOH 1,00 97,44 0,771

200,00 NaOH 1,00 97,25 0,766

200,00 Térmico em Água 1,00 95,81 0,728

200,00 Térmico em Água 1,00 95,62 0,723

200,00 In-natura 1,00 91,06 0,603

199,25 In-natura 1,00 91,02 0,602

197,67 In-natura 1,00 90,93 0,600

200,00 NaCl 1,00 90,80 0,596

198,61 NaCl 1,00 90,72 0,594

189,20 NaCl 1,00 90,18 0,580

200,00 NaClO2 1,00 89,68 0,567

*desejabilidade

A simulação do modelo 3 de sorção à seco que resultou nos dados da Tabela 5.8,

para o tempo de contato de 60 min culminou em um valor de desejabilidade de 0,774,

para a capacidade máxima de sorção. Exibindo relevância significativa para as variáveis

de tratamento da fibra com a utilização de solução de NaOH à 200 °C por 1 hora em

mufla. A Figura 5.36 mostra os gráficos de superfícies de respostas do modelo 3.

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98

Figura 5.36: Superfícies de resposta modelo 3 para o sistema de sorção à seco.

Fonte: Autor, 2019.

Com base na Figura 5.36 é possível verificar os efeitos das interações dos fatores

que atuam sobre a capacidade de sorção em 60min do teste à seco de petróleo,

evidenciando os efeitos dos fatores da fibra tratada, com NaOH a 200 °C por 1 hora,

sendo a capacidade máxima de sorção de 97,56 g/g de petróleo.

O modelo 4 foi simulado, realizando os testes estatísticos considerando o tempo

de sorção de petróleo à seco para 1440 min, analisando as variáveis: tipo de tratamento

quanto a reagente, temperatura e tempo utilizados na mufla, e constituindo os dados da

Tabela 5.9.

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99

Tabela 5.9: Resultados da simulação modelo 4 para sorção à seco.

Temperatura Reagente Tempo 1440 min *Des

200,00 NaOH 1,00 126,97 0,783

200,00 NaOH 1,02 126,77 0,779

200,00 NaOH 1,05 126,46 0,775

200,00 Natural 1,00 123,41 0,726

200,00 NaClO2 1,00 118,42 0,645

200,00 Térmico em Água 1,00 110,67 0,521

199,38 Térmico em Água 1,00 110,56 0,519

200,00 NaCl 1,00 110,17 0,513

199,69 NaCl 1,00 110,12 0,512

200,00 NaCl 1,03 110,06 0,511

199,27 NaCl 1,00 110,05 0,511

200,00 NaCl 1,11 109,77 0,506

*desejabilidade

Os dados obtidos da simulação do modelo 4 apresentados na Tabela 5.9 para o

tempo de contato de 1440 min, no teste de sorção à seco, apresentou valor de

desejabilidade de 0,783. Exibindo relevância significativa para as variáveis de

tratamento da fibra com NaOH, temperatura da fibra submetida a mufla de 200 °C por

um tempo de exposição de 1 hora em mufla. Os gráficos de superfícies de respostas do

modelo 4 para o sistema de sorção à seco para o tempo de contato de 1440 min, pode

ser observado na Figura 5.37.

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100

Figura 5.37: Superfícies de resposta modelo 4 para o sistema de sorção à seco.

Fonte: Autor, 2019.

Analisando a Figura 5.37 é possível ver os efeitos das interações dos fatores que

operam sobre a capacidade de sorção em 1440 min do teste à seco de petróleo,

evidenciando os efeitos dos fatores da fibra tratada, com NaOH a 200 °C por 1 hora,

sendo a capacidade máxima de sorção de 126,97 g/g de petróleo.

As mesmas simulações (modelo 1, modelo 2, modelo 3 e modelo 4) que foram

realizadas para o sistema de sorção à seco também foram executados para o sistema de

sorção em lâmina de petróleo, cujos resultados serão apresentados a seguir.

A Tabela 5.10 foi produzida baseada no modelo 1 o qual simulou os tempos de

sorção de petróleo em lâmina para 5, 60 e 1440 min, considerando as variáveis: tipo de

tratamento em solução com relação aos reagentes (térmico em água, NaCl, NaOH e

NaClO2), ou se não ouve tratamento como na CP in-natura, temperatura que as fibras

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101

foram submetidas ao forno mufla (150 °C e 200 °C) e o tempo que as fibras foram

tratadas em mufla (1, 2 e 3 horas).

Tabela 5.10: Resultados da simulação modelo 1 para sorção em lâmina.

Temperatura Reagente Tempo 5 min 60 min 1440min *Des

200,00 NaOH 1,00 95,98 124,75 197,09 0,923

200,00 NaOH 1,03 96,03 124,26 198,36 0,923

200,00 NaOH 1,09 96,14 123,10 201,06 0,921

200,00 Térmico em água 1,00 94,79 122,43 185,95 0,893

200,00 NaCl 1,00 89,95 110,77 177,46 0,809

200,00 NaCl 1,09 90,09 109,41 177,93 0,803

200,00 NaCl 1,00 89,65 110,02 171,28 0,793

200,00 NaClO2 1,11 85,30 109,38 177,60 0,783

200,00 NaClO2 1,10 58,28 109,59 176,84 0,783

200,00 NaClO2 1,08 85,27 108,27 176,12 0,783

200,00 NaClO2 1,17 85,33 107,41 180,25 0,782

200,00 In natura 1,41 82,19 103,93 178,07 0,740

*desejabilidade

Ao analisar a Tabela 5.10 pode-se verificar que para a sorção em lâmina em 5,

60 e 1440 min, as melhores condições de sorção máxima apresenta desejabilidade 0,923

e 0,921 valor próximo a 1, indicando estar muito próximo da condição ótima (resultado

de desejabilidade das três primeiras linhas da Tabela 5.10).

O gráfico de superfície de resposta do modelo 1 para o sistema de sorção em

lâmina, pode ser observado na Figura 5.38.

Page 104: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

102

Figura 5.38: Superfície de resposta modelo 1 para o sistema de sorção em lâmina.

Fonte: Autor, 2019.

A Figura 5.38 mostra o efeito do desempenho da capacidade de sorção em

lâmina de petróleo considerando os tempos de sorção de 5, 60 e 1440 min, revelando os

efeitos das variáveis que tiveram maior desejabilidade foram: NaOH, temperatura de

mufla a 200 °C e o tempo da fibra em mufla de 1h, 1,03h e 1,09h.

A Tabela 5.11 foi produzida baseada no modelo 2 o qual simulou

individualmente o tempo de sorção de petróleo em lâmina para 5 min, considerando as

variáveis quanto ao tipo de reagente, temperatura e tempo utilizados na mufla.

Tabela 5.11: Resultados da simulação modelo 2 para sorção em lâmina.

Temperatura Reagente Tempo 5 min *Des

200,00 NaOH 1,22 96,23 0,757

200,00 NaOH 1,21 96,23 0,757

200,00 NaOH 1,24 96,23 0,757

200,00 Térmico em água 1,22 95,03 0,740

200,00 Térmico em água 1,21 95,03 0,740

200,00 Térmico em água 1,20 95,03 0,740

200,00 Térmico em água 1,24 95,03 0,739

200,00 Térmico em água 1,34 94,96 0,738

200,00 Térmico em água 1,42 94,83 0,737

200,00 NaCl 1,22 90,18 0,664

200,00 NaCl 1,30 90,15 0,664

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103

200,00 NaCl 1,14 90,15 0,664

200,00 NaCl 1,32 90,13 0,663

200,00 NaCl 1,12 90,13 0,663

*desejabilidade

A Tabela 5.11 mostra que para a simulação do modelo 2, no tempo de contato de

5min no teste de sorção em lâmina, apresentou valor de desejabilidade de 0,757.

Exibindo relevância para a capacidade de sorção em 5 min de contato, quando as

variáveis foram: tratamento da fibra com NaOH à 200 °C por 1,22h (73,2 min) em

mufla.

Os gráficos de superfícies de respostas do modelo 2 para o sistema de sorção em

lâmina para o tempo de contato de 5 min, pode ser observado na Figura 5.39.

Figura 5.39: Superfícies de resposta modelo 2 para o sistema de sorção em lâmina.

Fonte: Autor, 2019.

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104

A Figura 5.39 mostram os efeitos das interações dos fatores sobre a capacidade

de sorção em 5 min do teste em lâmina de petróleo, revelando os efeitos dos fatores de

tratamento da fibra com NaOH a 200 °C por 1,22h e uma capacidade de sorção

otimizada de 96,23g/g de petróleo.

A simulação do modelo 3, que realizou a as análises no tempo de sorção de

petróleo em lâmina especificamente para 60 min, comtemplando as variáveis: tipo de

tratamento quanto a reagente, temperatura e tempo utilizados na mufla, resultou nos

dados para construção da Tabela 5.12.

Tabela 5.12: Resultados da simulação modelo 3 para sorção em lâmina.

Temperatura Reagente Tempo 60 min *Des

200,00 NaOH 1,00 124,75 0,920

199,57 NaOH 1,00 124,57 0,918

200,00 Térmico em água 1,00 122,43 0,891

200,00 NaOH 1,16 121,70 0,882

200,00 NaClO2 1,00 110,93 0,736

200,00 NaCl 1,00 110,77 0,733

200,00 In natura 1,00 110,20 0,725

195,90 NaClO2 1,00 109,53 0,715

192,93 NaCl 1,00 108,38 0,698

200,00 NaCl 1,15 108,38 0,698

188,55 NaClO2 1,00 107,08 0,678

*desejabilidade

A Tabela 5.12 mostra os dados obtidos da simulação para o modelo 3, no tempo

de contato de 60 min, no teste de sorção em lâmina, apresentou valor de desejabilidade

de 0,920, demonstrando que o processo foi bem otimizado, pois esse índice se encontra

próximo à condição ótima.

Os gráficos de superfícies de respostas do modelo 3 para o sistema de sorção em

lâmina para o tempo de contato de 60 min, pode ser observado na Figura 5.40.

Page 107: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

105

Figura 5.40: Superfícies de resposta modelo 3 para o sistema de sorção em lâmina.

Fonte: Autor, 2019.

A Figura 5.40 revela os efeitos das interações entre os fatores sobre a capacidade

de sorção em 60 min do teste em lâmina de petróleo, revelando um resultado

significante de desejabilidade e os impactos dos fatores de tratamento da fibra com

significância para o uso do reagente NaOH a 200 °C por 1 hora, resultando em uma

sorção máxima de 124,75 g/g de petróleo.

A partir da simulação do modelo 4, que realizou a investigação de otimização no

tempo de sorção de petróleo em lâmina para 1440 min, atentando as variáveis: tipo de

tratamento quanto a reagente, temperatura e tempo utilizados na mufla obteve-se os

dados da Tabela 5.13.

Page 108: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

106

Tabela 5.13: Resultados da simulação modelo 4 para sorção em lâmina.

Temperatura Reagente Tempo 1440 min *Des

199,74 NaOH 1,41 207,98 1,000

198,84 NaOH 1,26 200,86 1,000

199,11 NaOH 1,46 201,51 1,000

198,75 NaOH 1,33 201,35 1,000

198,83 NaOH 1,35 201,21 1,000

198,88 NaOH 1,27 204,33 1,000

199,69 NaOH 1,44 203,50 1,000

199,38 NaOH 1,29 202,72 1,000

199,37 NaOH 1,23 203,06 1,000

199,53 NaOH 1,47 201,24 1,000

199,37 NaOH 1,52 201,63 1,000

*desejabilidade

A Tabela 5.13 apresenta os dados obtidos da simulação para o modelo 4, no

tempo de contato de 1440 min, no teste de sorção em lâmina, apresentou valor de

desejabilidade de 1, ou seja, representa o caso ideal indicando que houve uma excelente

otimização das variáveis.

Os gráficos de superfícies de respostas do modelo 4 para o sistema de sorção em

lâmina para o tempo de contato de 1440 min, podem ser observados na Figura 5.41.

Page 109: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

107

Figura 5.41: Superfícies de resposta modelo 4 para o sistema de sorção em lâmina.

Fonte: Autor, 2019.

Os dados apresentados na Figura 5.41 apresentaram os efeitos das interações

entre os fatores sobre a capacidade de sorção em 60 min do teste em lâmina de petróleo,

revelando um resultado significativo de desejabilidade alto, com valor de 1, além dos

impactos dos fatores de tratamento da fibra com NaOH a 199,74 °C por 1,41h (84,60

min), resultando em uma sorção máxima de 204,98 g/g de petróleo.

Sendo as assim, observa-se através dos gráficos de superfície de resposta que as

melhores condições para sorção máxima de petróleo em lâmina foi utilizando o NaOH

em temperatura de aproximadamente 200 °C, com incremento de tempo em mufla por

mais alguns minutos (24 min).

Dessa forma pode-se verificar que as análises das variáveis para os testes de

sorção em lâmina foram melhor otimizadas, resultando em maiores valores de

desejabilidade sendo 0,923; 0,757; 0,920; 1,0 para os respectivos modelo 1, 2, 3 e 4.

Enquanto os valores de desejabilidade para as variáveis na sorção à seco apresentaram

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108

menores valores de 0,778; 0,780; 0,774; 0,783, para os modelos 1, 2, 3 e 4,

respectivamente.

A análise gerada pela aplicacação do método de desejabilidade possibilitou a

visualização do comportamento das variáveis testadas e suas respostas, para os teste de

sorção à seco e em lâminas para os modelos 1, 2, 3 e 4. Dessa forma, pode-se verificar

que as análises das variáveis para os testes na sorção à seco apresentaram menores

valores, sendo respectivamente 0,778; 0,780; 0,774; 0,783, para os modelos 1, 2, 3 e 4,

segundo Derringer (1980) a desejabilidade nesses testes encontra-se em um patamar de

valor adequado (0,63 ≤ d < 0,80).

Enquanto que no teste de sorção em lâmina obteve-se um melhoramento nas

condições que foram otimizadas, uma vez que, o valor do modelo 2 apresentou

desejabilidade 0,757 enquadrando-se como sendo um valor adequado, os modelos 1 e 3

mostraram uma desejabilidade de 0,923 e 0,920 sendo classificados como valor

excelente pois a desejabilidade encontra-se entre 0,80 e 1. E por fim, o modelo 4 no

teste de sorção em lâmina que teve suas variáveis otmimizadas de forma a resultar uma

desejabilidade 1, denominada como valor desejável.

Portanto, a otimização das variáveis resultaram em respostas para as melhores

condições dos testes de sorção em lâmina, garantindo o melhor atendimento das

especificações de cada teste, além disso, foi possivel verificar que o resultado das

variáveis reais convergiram no mesmo sentido daquelas que foram simuladas,

mostrando as melhores condições de sorção para a fibra que foi tratada com NaOH à

200 °C por 1 hora, ou seja, uma consonância dos valores reais com os preditos.

Page 111: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

109

6. CONCLUSÕES

A Calotropis procera (Apocynaceae) in natura, bem como, suas fibras tratadas

em solução seguido de tratamento térmico apresentaram propriedades físico-químicas

que permitem prever seu potencial uso como sorvente para petróleo.

A análise termogravimétrica mostrou estabilidade térmica da fibra CP, CPTA,

CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2 em 213 °C, 227 °C, 216 °C, 216 °C e 225 °C,

respectivamente, quando deu início ao processo de degradação da hemicelulose da fibra,

seguido da celulose e por último a decomposição da lignina.

Os espectros FTIR apontaram que após os tratamentos das fibras em solução

seguidos de tratamento térmico houve abrandamento e/ou desaparecimento de alguns

picos, correlacionado com a remoção de parte da cera possibilitando o fluxo de óleo

para o interior da fibra.

As micrografias do MEV-FEG revelaram uma estrutura oca das fibras, com

lumens que permite a fixação do óleo, após o tratamento em solução seguido tratamento

térmico apresentando alguns sulcos rasos, aumentando a superfície e melhorando a

adesão do óleo.

Para todas as fibras os resultados de sorção obtidos no sistema em lâmina foram

superiores ao do sistema à seco. A capacidade de sorção das fibras que receberam

algum dos tipos de tratamento foram maiores ao comparar com a sorção de óleo da CP

(in natura), sendo CPTNaOH200°C1h a fibra que atingiu os melhores valores de sorção

máxima (127,77g/g e 192,67g/g), nos ensaios a seco e em lâmina, respectivamente.

A sorção nas fibras para o diesel, diesel marítimo, óleo lubrificante de motor,

óleo lubrificante usado e benzeno, tanto no sistema à seco quanto em lâmina, mostrou

que os fluidos mais viscosos apresentam maior sorção devido à aderência nas

superfícies dos materiais dentro dos poros.

A baixa capacidade de sorção de água, que variou em um intervalo de 0,03-0,97

g/g, das fibras CP, CPTA, CPNaCl, CPNaOH e CPNaClO2 e suas percussoras tratadas a 150 e

200°C por 1, 2 e 3 horas, pode-se afirmar que elas apresentam caráter hidrofóbico e

oleofílico.

A validação das variáveis estatística resultou em melhores respostas para o

sistema de sorção em lâmina, com valores maiores de desejabilidade. Conclui-se que o

resultado das variáveis reais concentraram na mesma direção daquelas que foram

simuladas,exibindo as melhores condições de sorção para a fibra CPTNaOH200°C1h.

Page 112: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

110

Portanto, conclui-se que as fibras de Calotropis procera são promissoras para a

remoção de petróleo intermediário em derramamentos e vazamentos, dado a uma boa

seletividade óleo/água, hidrofobicidade, oleofilidade, alta disponibilidade e excelente

propriedade de sorção de óleo.

Page 113: AVALIAÇÃO DA FIBRA CALOTROPIS PROCERA ......As fibras de Calotropis procera in natura e modificadas pelos tratamentos propostos demonstraram alto desempenho de sorção, podendo

111

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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