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ICTR 2004 – CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Costão do Santinho – Florianópolis – Santa Catarina Realização: ICTR – Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável NISAM - USP – Núcleo de Informações em Saúde Ambiental da USP menu ICTR2004 | menu inicial PRÓXIMA REGENERAÇÃO TÉRMICA DE AREIA COMO TÉCNICA DE MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS EM INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO: ESTUDO DE CASO Gilberto Caldeira Bandeira de Melo Liséte Celina Lange Artur Tôrres Filho Guilherme Augusto Guimarães Oliveira

AVALIAO DA REGENERAO TRMICA DE AREIA COMO … PDF/03/03-046.pdf · Avaliação da viabilidade técnica e ambiental da regeneração térmica da areia usada em uma indústria de fundição

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ICTR 2004 – CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Costão do Santinho – Florianópolis – Santa Catarina

Realização:

ICTR – Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento SustentávelNISAM - USP – Núcleo de Informações em Saúde Ambiental da USP

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PRÓXIMA

REGENERAÇÃO TÉRMICA DE AREIA COMO TÉCNICA DE MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS EM INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO: ESTUDO DE CASO

Gilberto Caldeira Bandeira de MeloLiséte Celina Lange

Artur Tôrres FilhoGuilherme Augusto Guimarães Oliveira

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RESUMO DO TRABALHO 1) Título: REGENERAÇÃO TÉRMICA DE AREIA COMO TÉCNICA DE MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS EM INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO - ESTUDO DE CASO 2) Objetivo: Avaliação da viabilidade técnica e ambiental da regeneração térmica da areia usada em uma indústria de fundição situada no Município de Igarapé – MG. A regeneração foi implantada após um estudo prévio, usando um forno rotativo. Relatam-se os resultados do acompanhamento dos primeiros 4 anos de funcionamento do sistema. 3) Metodologia: O trabalho descreve o processo de regeneração da areia e de destruição dos contaminantes orgânicos nela presentes, e as condições legais e técnicas para uma boa operação do sistema. Através de medições feitas nos gases de emissão em chaminé, verifica-se a segurança do sistema no que se refere a emissões de substâncias orgânicas. As amostragens em chaminé verificam também se as emissões de material particulado e de dioxinas e furanos liberados para a atmosfera podem ser consideradas aceitáveis. As medições de volumes consumidos de areia primária antes e após a implantação do sistema verificam os ganhos ambientais no consumo de matéria-prima não renovável, e na geração de resíduos para disposição final. 4) Resultados alcançados ou esperados: Através de medições de temperatura, excesso de ar, e e emissões de monóxido de carbono, comprova-se a destruição efetiva dos contaminantes orgânicos presentes na areia. As amostragens em chaminé comprovaram também que após o tratamento dos gases, por meio de ciclones e filtro mangas, as emissões de material particulado estão dentro dos padrões ambientais exigíveis. O mesmo ocorre para as emissões de dioxinas e furanos, que também foram medidas. O volume de resíduos gerados e o consumo de areia primária reduziram-se drasticamente após a implantação do processo, demonstrando assim os ganhos ambientais obtidos.

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REGENERAÇÃO TÉRMICA DE AREIA COMO TÉCNICA DE MINIMIZAÇÃO DE RESÍDUOS EM INDÚSTRIA DE

FUNDIÇÃO - ESTUDO DE CASO

Gilberto Caldeira Bandeira de Melo2

Liséte Celina Lange3

Artur Tôrres Filho4

Guilherme Augusto Guimarães Oliveira5

RESUMO O presente trabalho aborda, sob o enfoque ambiental, a regeneração térmica da areia utilizada nas indústrias de fundição, como técnica de minimização de resíduos. Tomou-se como estudo de caso uma indústria de fundição de aço manganês, instalada no município de Igarapé – MG, onde o processo de regeneração térmica foi instalado desde 1999, sendo utilizado até a presente data, com sucesso. O trabalho descreve o processo de regeneração da areia e de destruição dos contaminantes orgânicos nela presentes, e as condições legais e técnicas para uma boa operação do sistema. Através de medições, verifica-se que o sistema de regeneração térmica tem segurança no que se refere a emissões atmosféricas de substâncias orgânicas, devido ao controle da eficiência de queima pela manutenção de níveis adequados de temperatura, excesso de ar, e emissões de monóxido de carbono. As amostragens em chaminé comprovaram também que após o tratamento dos gases, por meio de ciclones e filtro mangas, as emissões de material particulado, e de dioxinas e furanos, estão dentro dos padrões ambientais exigíveis. O volume de resíduos gerados e o consumo de areia primária reduziram-se drasticamente após a implantação do processo, demonstrando assim os ganhos ambientais obtidos. Palavras-chaves: Fundição, Resíduos sólidos industriais, Reciclagem, Regeneração Térmica. (2) Engenheiro Químico, Doutor em Ciências de Engenharia pela Universidade de Karlsruhe/Alemanha. Professor Adjunto do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental DESA/UFMG. (3). Doutora em Tecnologia Ambiental pelo Queen Mary and Westfield College, Universidade de Londres/Inglaterra. Professora Adjunta do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental DESA/UFMG. (4) Engenheiro Agrônomo, Especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental. Engenheiro de Segurança do Trabalho, Mestrando em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG. (5) Engenheiro Civil, Especialista em Saneamento e Meio Ambiente. Mestrando em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos pela UFMG.

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Introdução No processo industrial de moldagem de peças de aço é gerado um resíduo sólido de volume significativo, que se trata da areia de fundição, constituindo-se de areia contaminada por resina fenólica, dentre outros contaminantes secundários. Conforme a sua caracterização, esse resíduo deve ser disposto em aterro industrial. O volume de resíduo gerado é relativamente alto, e, portanto a sua disposição adequada envolve custos elevados. Uma das alternativas para os empreendimentos é a adoção de técnicas de minimização de resíduos. O trabalho apresenta uma alternativa de minimização de resíduos implantada em uma unidade industrial desde 1999, que se trata do processo de regeneração térmica da areia de moldagem, permitindo a reciclagem da mesma na própria indústria, evitando a geração de um resíduo, e diminuindo o consumo de areia primária, uma matéria-prima não renovável. Indústria de Fundição – Estudo de Caso A unidade industrial encontra-se instalada no município de Igarapé/MG há cerca de 40 anos, produzindo em média 220 t/mês de ligas de aço-manganês e 30 t/mês de aços especiais. A atividade da empresa tem início com o recebimento de sucatas de aço carbono, que são estocadas no pátio. A produção propriamente dita começa na preparação dos moldes. Para a preparação dos moldes, adiciona-se resina fenólica na areia, na concentração de 1,3 % em massa de resina na areia. A resina fenólica-alcalina consiste de produto de reação do fenol em meio básico usando hidróxido de potássio. Após homogeneização, a mistura é conformada de acordo com a peça a ser fabricada. O processo consiste da confecção dos moldes e a resina, que recobre as partículas de areia, por meio de polimerização, solidifica-se e aglutinam-se assim as partículas de areia. O molde passa por processo de tratamento térmico, aumentando a sua estabilidade. Simultaneamente ocorre o processo de fundição do metal em forno a arco elétrico, nas proporções que se pretende produzir a liga metálica. Em seguida a liga em estado líquido é vertida nos moldes para conformação, onde permanecem em repouso até a solidificação do aço. A elevada temperatura do metal provoca uma decomposição térmica parcial da resina. A maior parte da resina não chega a ter contato direto com o metal, e desta forma degenera parcialmente. Após o resfriamento, a peça é retirada do molde e segue para o acabamento final. O molde usado é destruído mecanicamente, quando é gerado o principal resíduo sólido, que se trata da areia de fundição contaminada com resina fenólica e seus produtos de degradação térmica. Esta areia usada apresenta uma composição química distinta da areia nova por conter resíduos orgânicos e inorgânicos, no caso os metais. A areia usada foi classificada como resíduo classe II, conforme os resultados de caracterização elaborados de acordo com a Norma NBR 10004, sendo necessária sua disposição em aterro industrial. Em 1999 visando a minimização dos resíduos, a empresa implantou o processo de regeneração térmica da areia usada, que se constitui de um forno rotativo, que utiliza como combustível o gás liquefeito do petróleo (GLP). O forno tem as seguintes dimensões: 5 m de comprimento e diâmetro de 1 m. O equipamento possui um combustor para queima do GLP. O sistema tem capacidade de regenerar 1 t/hora de areia usada. O processo funciona da seguinte forma: O forno é alimentado com areia em uma das suas extremidades, e à medida que o material vai

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se aproximando da chama do combustor, sofre elevação da temperatura. Em determinado ponto do forno, a fase orgânica que recobre as partículas de areia entra em processo de desorção térmica. Em condições controladas, o processo deverá gerar teoricamente CO2 e água. A areia regenerada deixa o forno por gravidade a altas temperaturas sendo armazenada em local apropriado para resfriamento, e posteriormente é enviada ao processo para a produção de novos moldes. O inconveniente do processo de regeneração térmica são as emissões atmosféricas geradas na destruição da resina presente na areia. Essas emissões têm origem na chaminé dos gases de exaustão do forno de regeneração, sendo abordados no presente estudo os riscos ambientais decorrentes do processo. Riscos Ambientais das Emissões do Forno de Regeneração Conforme descrito em trabalho anterior (Melo, 1998), o processo de regeneração consiste da oxidação da película de resina que recobre as partículas de areia. Para que isso ocorra três fatores são fundamentais: primeiro, a manutenção de temperaturas o mais elevadas possíveis nas regiões do forno onde ocorre a oxidação; em segundo lugar, nessas regiões deve haver uma disponibilidade de oxigênio para que este promova a oxidação da resina orgânica aos produtos desejados: CO2, H2O e K2O; e finalmente, há necessidade de um bom grau de mistura das partículas de areia com os gases, promovendo o contato da película de resina com os gases oxidantes. Se esses fatores não forem otimizados dentro do forno de regeneração, haverá tendência de formação de produtos da degradação térmica incompleta dos compostos orgânicos: o monóxido de carbono e substâncias orgânicas diversas (hidrocarbonetos). Embora aparentemente simples, esses três fatores não são facilmente alcançados ao mesmo tempo no forno de regeneração: a fonte de calor para o processo é o queimador, que usa o GLP como combustível. Para que esse queimador produza o seu máximo de temperatura, ele deve trabalhar com a admissão de ar e combustível o mais próxima possível da proporção estequiométrica, isto é: a quantidade de ar deve ser próxima daquela necessária para a oxidação do GLP admitindo aos produtos finais CO2 e H2O. Se o queimador for ajustado para esse ponto, a temperatura será máxima mas não haverá disponibilidade de oxigênio no forno para oxidação da resina. O queimador tem que trabalhar portanto com um excesso de ar (chama pobre, λ > 1,0), para garantir uma atmosfera oxidante no forno, mas este excesso de ar não deve resultar em um resfriamento excessivo. O ajuste do forno pode portanto garantir que as emissões de CO e hidrocarbonetos (compostos orgânicos) sejam mantidos em níveis aceitáveis. A legislação brasileira não faz referência a esses poluentes para fontes fixas de poluição atmosférica. A legislação em outros países faz referência às substâncias orgânicas, individualmente, bem como ao conjunto delas (parâmetro hidrocarbonetos totais), e ao monóxido de carbono. Cabe salientar que o monóxido de carbono é considerado como um indicador para as emissões de compostos orgânicos: sempre que a concentração de CO for mantida em níveis aceitáveis, a concentração de substâncias orgânicas também será mantida. A legislação alemã estabelece para o CO o limite de emissão de 100 mg/m³. A legislação norte-americana estabelece que a concentração de CO de 100 ppmv, base seca, corrigida para 7% de oxigênio, é suficiente para garantir o controle das emissões de compostos orgânicos. Alternativamente, a essa mesma legislação permite concentrações maiores de CO, desde que sejam realizadas medições dos

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hidrocarbonetos totais, que devem ter concentração máxima de 20 ppmv, expressa em termos de propano equivalente, base seca, corrigidos para 7% de oxigênio. Além disso, a legislação norte-americana exige o monitoramento contínuo da temperatura, e do nível de CO e O2 nos gases de exaustão, para detectar qualquer deficiência no sistema. As emissões de cloro (Cl2) e cloreto de hidrogênio (HCl) e de compostos organoclorados, especialmente dioxinas e furanos, podem ser consideradas não relevantes pela pequena concentração de cloretos na areia a ser regenerada. A legislação norte-americana estabelece que as emissões de HCl e Cl2 podem ser limitadas através de três critérios: a) através do limite máximo tolerável da taxa de cloro total no sistema de incineração; ou, b) através do limite máximo de emissão desses poluentes, ou c) através da demonstração, por meio de levantamento das emissões e aplicação de modelos matemáticos de dispersão atmosférica, que as concentrações desse poluentes no ambiente não ultrapassarão limites permitidos. O primeiro critério prevê que, dependendo das condições locais de dispersão de poluentes atmosféricos, a taxa máxima permissível de alimentação de cloro total no sistema é de 82 g/hora (na pior das situações, isto é, quando a fonte está localizada em local com condições desfavoráveis à dispersão atmosférica dos poluentes), variando até 8200 h/hora (quando a condição local de dispersão é favorável). Considerando que a unidade de regeneração da Fornac processa 1 tonelada/hora de areia usada, a concentração máxima de cloro total na areia que alimenta o forno, não deve ultrapassar valores entre 82 ppm em massa (na condição desfavorável) e 8200 ppm em massa (na condição favorável). Adotando-se o valor mais restritivo, de 82 ppm em massa, vimos que este está sendo respeitado, pois a areia usada apresenta o teor de 50 ppm em massa de cloro. As medições do teor total de cloro na areia revelou que este valor não seria ultrapassado. Em função desse fato, também a emissão de organoclorados pode ser considerada sob controle, mas recomendou-se a demonstração disso através de medições. Os demais poluentes atmosféricos não são considerados relevantes no sistema proposto. O dióxido de enxofre (SO2), por exemplo, não está presente nos gases em virtude da ausência de concentrações relevantes de enxofre, seja na areia a regenerar, seja no combustível usado (GLP). As emissões de metais pesados também podem ser desconsiderados, pois estes não estão presentes significativamente no resíduo a ser regenerado. Cabe apenas lembrar que, conforme descrito anteriormente, durante a fundição ocorre a incorporação de algum teor de ferro nos moldes, e que, a exemplo do que ocorre com o potássio introduzido junto com a resina, também o ferro tende a se concentrar na areia em circulação, pois ele não é removido em nenhuma etapa do processo. Essa concentração não tem implicação relevante do ponto de vista ambiental, mas sim do ponto de vista do processo industrial (diminuição da qualidade da areia para fins de fabricação de moldes). Para minimizar esta tendência, pode ser considerada a instalação de um separador magnético de ferro antes ou após a recuperação mecânica dos moldes usados. Merecem menção, ainda, os óxidos de nitrogênio (NOx), os quais são formados na chama do queimador. Para estes não há indicação de tratamento especial na presente unidade. Cabe salientar que o uso do oxigênio como comburente auxiliar, ao invés de ar, tem a vantagem de evitar um acréscimo de formação de NOx, em relação aos teores provenientes da chama do queimador.

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Finalmente, deve-se frisar a possibilidade de minimizar possíveis emissões fugitivas. Essas devem ser evitadas, em primeiro lugar, pela manutenção dos sistemas enclausurados, e, de preferência, a um nível de pressão inferior à pressão atmosférica. A figura abaixo ilustra o sistema implantado na regeneração.

Figura 1 - Fluxograma dos Processos e Operações Industriais

V a z a m e n t o

Reciclagem

Moldagem

Preparo do molde

(areia + resina)

Corte dos canais

Corte de Rebarbas

Tratamento de Superfície

Desmoldagem

AcabamentoExpedição Ajuste dimensional

Descarte de cinzas/finos

Descarte de areia

Processo de regeneração

em forno rotativo

Fusão das matérias-primas

em forno elétrico por

indução

Tratamento térmico

Material e Métodos Para avaliação das emissões atmosféricas provenientes do forno rotativo utilizado no processo de regeneração térmica da areia de fundição, foram empregadas as metodologias descritas nas normas segundo ABNT. Foram realizadas avaliações volumétricas da composição química e campanhas de amostragem (amostragens isocinéticas do material particulado presente na chaminé) nas seguintes datas:

• Avaliação do processo de combustão/avaliação dos níveis de emissão de CO/CO2, O2 e N2: 11 e 12/04/2000.

• Campanhas de amostragens isocinéticas de material particulado e dioxinas/furanos: 18 e 19/04/2000, 05 e 07/03/2001, 08/03/2002, 04 e 05/04/2002 e finalmente em 26/02, 27/02 , 28/02 e 11/03/2003.

Para avaliação quantitativa do volume de resíduos gerados (no caso específico, a areia de fundição), foram levantados os dados de aquisição de areia nova pela indústria, antes e depois da implantação do processo de regeneração térmica (um ano antes e nos dois anos subseqüentes).

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Discussão Através de medições na unidade de regeneração (escala real), verificou-se que o nível de concentração média de CO nos gases de exaustão era de 0,0062% (cinco medidas detectaram a concentração de 0,01%, que é o menor valor detectável pelo aparelho utilizado, e três medidas detectaram 0,00%). Esses valores referem-se às condições de operação que estavam verificando no regenerador (13,4% de oxigênio, na média). O valor encontrado (62 ppm) está abaixo do limite de 100 ppm permitidos, mesmo se corrigido para 7% de oxigênio (alcançando neste caso o valor de 90 ppm). Entretanto, sabendo-se que o aparelho utilizado para medir o CO não tinha a sensibilidade suficiente para quantificar com precisão a concentração desejada, considerou-se necessária uma medição posterior com equipamento adequado, para comprovar se o limite está sendo respeitado. As tabelas 2 e 3 apresentam as médias dos resultados obtidos nas diversas campanhas de amostragens isocinéticas realizadas para avaliação das emissões atmosféricas provenientes do forno rotativo de regeneração térmica de areia, quanto ao parâmetros Material Particulado e Dioxinas e Furanos: Tabela 1 - Composição química (% volumétrica) dos gases residuais expelidos pela chaminé do forno rotativo de regeneração térmica de areia de fundição – Ano 2000.

Fonte: Segma, 2003 Condição do forno Composição química (% volumétrica)

Hora C/ Carga S/ Carga CO2 O2 CO N211:00 X 4,9 13,5 0,00 81,60 11:15 X 5,5 13,5 0,00 81,00 13:11 X 5,0 13,2 0,01 81,79 13:14 X 5,1 13,1 0,00 81,80 14:57 X 4,9 13,4 0,01 81,69 14:59 X 4,8 13,7 0,01 81,49 17:50 X 5,0 13,2 0,01 81,79 17:53 X 5,0 13,3 0,01 81,69

Tabela 2 - Amostragem isocinética para determinação do Material Particulado no

fluxo gasoso proveniente do forno rotativo, a jusante do sistema de controle ambiental (multiciclones + filtro de mangas) – Anos 2000, 2001, 2002, 2003 - médias

de três campanhas. Fonte: Segma, 2003 Ano 2000 2001 2002 2003

Temperatura (ºC) 39,14 49,33 50,37 41,94 Umidade (% vol.) 3,50 3,23 1,81 3,16 Velocidade (m/min) 140,2 285,8 817,7 918,8 Vazão (m³/h)* 6.143 10.817 3.468 3.896 Vazão (Nm³/h)** 4.720 8.285 2.643 2.913 Concentração de Material Particulado (mg/Nm³)**

22,85 77,57 26,67 9,267

Taxa de emissão de Material Particulado (kg/h)

0,109 0,643 0,0706 0,0272

Isocinética (%) 95,6 92,8 101,4 98,8 * Nas condições da chaminé ** Na condição Normal-base seca (0ºC e 1 atm)

As significativas diferenças de vazão amostradas nas diversas campanhas realizadas, foram proporcionadas supostamente pelo sistema de exaustão mecânico, o qual utiliza o insuflamento de ar atmosférico em um venturi com dupla finalidade: criar a depressão necessária às condições operacionais ideais dentro do

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forno rotativo e o rebaixamento da temperatura dos gases nas mangas do filtro (apropriadas para trabalhar à temperatura de até 80 ºC). Tabela 3 - Amostragem isocinética para determinação da concentração de Dioxinas

e Furanos presentes no fluxo gasoso proveniente do forno rotativo, a jusante do sistema de controle ambiental (multiciclones + filtro de mangas) - Ano 2000 e 2003.

Fonte: Segma, 2003 Ano 2000 2003

Temperatura (ºC) 47,8 54,6 Umidade (% Vol) 1,78 2,42 Velocidade (m/min) 142,7 935,0 Vazão (m³/h) * 8.875 3.966 Vazão (Nm³/h) ** 6.766 2.893 Isocinética (%) 103,95 96,91 Concentração PCDDs + PCDFs como 2,3,7,8,- TCDD (ª) (ηg/Nm³)

0,002386 0,0060

Taxa de emissão de PCDDs + PCDFs como 2,3,7,8,- TCDD (ª) (ηg/h)

15,90 17,34

* Nas condições da chaminé. ** Na condição normal – base seca (0o C e 1atm). (a) Concentração total dioxinas e furanos expressa como toxidade equivalente 2,3,7,8 tetraclorodibezeno p-dioxina(2,3,7,8, - TCDD). FET Fator de Equivalência de Toxicidade da substâncias para expressá-la como 2,3,7,8 – TCDD, especificados pela NTO/CCMS – North Atlantic Treaty Organization’s – Committee onb Challenges of Modern Society.

PCDDs – Dibenzodioxinas policloradas. PCDFs – Diobenzofuranos policlorados

Considerando-se as médias dos resultados obtidos nas três campanhas de amostragens, verifica-se o atendimento ao limite estabelecido pela legislação ambiental de 150 mg/Nm³ para o parâmetro Material Particulado (Deliberação Normativa 011/86 - Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM/MG). Considerando o resultado das 03 (três) amostragens para Dioxinas e Furanos de 0,002386 ηg/Nm³, (Ano 2000) e 0,0060 ηg/Nm³, (Ano 2003), comparando com o padrão citado na norma CETESB E – 15011 de fev/97 de 0,14 ηg/Nm³ verifica-se que os mesmos encontram-se abaixo do limite estabelecido por este padrão.

855

233

55 58

0

100

200

300

400

500

600

700

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900

98/99 99/2000 2000/2001 2001/2002

Período

Ger

ação

(ton

/mês

)

Figura 2 - Volumes de areia de fundição adquiridos pela empresa nos períodos 98/99, 99/2000, 2000/2001 e 2001/2002 (Fonte: Fornac - Forjas Nacionais Ltda.)

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A figura 2 acima ilustra por si mesma os ganhos ambientais decorrentes do consumo da areia primária para a fundição, que reduziu drasticamente depois da implantação do sistema de regeneração. A geração do resíduo foi praticamente eliminada. Conclusão Conclui-se que o sistema de regeneração térmica pode se constituir de uma alternativa segura, do ponto de vista ambiental, para minimização dos resíduos gerados na atividade de preparação dos moldes. Os resultados obtidos nas diversas campanhas de amostragem indicam, em caráter preliminar, que os lançamentos de poluentes para a atmosfera devem manter-se significativamente abaixo dos limites estabelecidos pela legislação ambiental do estado de Minas Gerais, desde que sejam adotados os sistemas de controle de poluição adequados e os procedimentos operacionais sejam monitorados quanto a possíveis variações no processo. Há que se alertar que o sistema proposto, depois de comprovada a sua eficiência, deve ser mantido em funcionamento nas condições de sua aprovação. No manual de operação do sistema devem constar, por exemplo, os procedimentos a serem seguidos para partida e desligamento, variações máximas permitidas nos parâmetros mais importantes, tais como temperaturas, taxa de alimentação do forno com a areia usada, nível de CO nos gases de escapamento, vazão dos gases no sistema de despoeiramento, etc. Finalmente, deve-se ressaltar que o sistema proposto não deve ser utilizado para nenhum outro fim, do que a regeneração da areia de fundição da própria empresa. Caso queira-se a sua utilização para tratamento conjunto de outros resíduos da própria empresa ou de terceiros, é necessária uma verificação detalhada das conseqüências dessa utilização sobre as emissões dos poluentes atmosféricos, e deve ser objeto de um novo estudo. Da mesma forma, qualquer modificação relevante no processo industrial, como por exemplo mudança no combustível ou do comburente auxiliar na regeneração, etc., devem ser previamente analisadas e submetidas a novas avaliações. Agradecimentos A direção da Fornac – Forjas Nacionais Ltda. pelo empenho e atenção no fornecimento dos dados e na disponibilização dos resultados das análises. Referências Bibliográficas . ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. Normas Técnicas

Brasileiras NBR 8969, NBR 10700, NBR 10701, NBR 10702, NBR 12020, NBR 12827.

. CASTRO, A. A., COSTA, A. M. L. M., CHERNICHARO, C. A. L., VON SPERLING, E., MÖLLER, L. M., HELLER, L., CASSEB, M. M. S., VON SPERLING, M., BARROS, R. T. V. B. Saneamento. Belo Horizonte. Escola de Engenharia da UFMG, 1995. 221 p. (Manual de saneamento e proteção ambiental para os municípios, 2).

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. CONSELHO ESTADUAL DE POLÍTICA AMBIENTAL - COPAM. Deliberação Normativa nº 011/86 - Estabelece Normas e Padrões para Emissões de Poluentes na Atmosfera e da Outras Providências. Minas Gerais, 1986.

. ENGENHO NOVE Engenharia Ambiental Ltda. Relatório de Controle Ambiental e Plano de Controle Ambiental da FORNAC – Forjas Nacionais Ltda. Belo Horizonte. 1997.

. MELO, Gilberto Caldeira Bandeira de. Relatório de Caracterização das Emissões Atmosféricas e das Alternativas de Controle para a Unidade de Regeneração Térmica de Areia de Fundição da FORNAC Ltda. Belo Horizonte. Departamento de Engenharia Ambiental e Sanitária da UFMG, 1998.

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Abstract The present paper reports the results of a research work, carried out to test the environmental viability of the thermal regeneration of used foundry sand. This industrial process of thermal oxidative destruction of the organic matter present in the used sand, will minimize the solid waste generation, and the consumption of new sand. A steel – manganese foundry industry situated in Igarapé – Minas Gerais was taken as an example. The industry in question developed its thermal regeneration in a rotative kiln which is running since 1999 with good results. The destruction of the organic contaminants is guaranteed by keeping the temperature and oxygen supply, and measuring the CO emissions, that must be bellow 100 ppm. The final emissions of particulate matter after the gas treatment devices, cyclones and fabric filter, as well as the presence of dioxins and furans in these particles, were measured, and fitted to the environmental standards. Keywords: industrial solid wastes, foundry, thermal regeneration, recycling.

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