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H. Gerenstadt
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e outros Mistrios Arthurianos
2002. Madras Editora Ltda.
Editor:
Wagner Veneziani Costa
Produo e Capa:
Equipe Tcnica Madras
Ilustrao da Capa:
Cludio Gianfardoni
Reviso:
Alessandra Miranda de S
Letcia Silva
Renato de Mello Medeiros
ISBN 85-7374-511-8
Todos os direitos desta edio reservados pela
MADRAS EDITORA LTDA.
Rua Paulo Gonalves, 88 Santana
02403-020 So Paulo SP Caixa Postal 12299 CEP 02013-970 SP Tel.: (0_ _11) 6959.1I27 Fax: (0_ _11) 6959.3090 www.madras.com.br
NDICE
Prefcio
Apresentao
O Caminho da Interiorizao e Renovao
Glastonbury
Santurio Mgico da Cultura Megaltica
Lendas, Mitos e Mistrios sempre Presentes
A Grande Me Britannia
As Portas de Acesso ao "Outro Mundo"
A Abadia de Glastonbury Local de Peregrinao
Ynnis-Witrin
O Santo Graal
O Significado Mgico do Santo Graal
A Busca do Desconhecido
Smbolo de Poder e Fonte de Milagres
Jos de Arimatia
As Lendas do Graal
A Pedra do Exlio
Os Reis do Graal
A Mesa de Prata e o Clice
A Busca do Graal: a Espiritualidade e os Valores Absolutos
Os Mistrios de Avalon Conforme o Misticismo
Introduo s Lendas Arturianas
A Busca Inicitica dos Cavaleiros da Tvola Redonda
Fundamentos Histricos
O Mago Merlim
Rei Arthur
Rei Arthur e o Reinado de Camelot
Excalibur A Espada do Rei
O Casamento Alqumico de Arthur e Guinevere
O Rei Pellinore e a Espada Excalibur
A Mesa Redonda e o Reinado em Camelot
A Tvola Redonda A Imagem do Mundo
A Rainha Guinevere e a Fada Morgana
Morgana le Fay
Deusas que Guiam
O Bosque Mgico
Os Cavaleiros de Arthur
Lancelot do Lago
Lancelot e Tristo as Duas Caras do Amor
Galahad, o Melhor Cavaleiro do Mundo
Sir Bohors
A Queda de um Reinado
A Conjurao da Criao
Percival, o Rei do Graal
Percival o Branco e o Negro
A Ilha das Maas
O Paraso Perdido
Conhecimento e Perfeio
A Ordem do Templo
A Tumba do Rei Arthur
Histria na Pedra
Stonehenge: o Crculo dos Druidas
Introduo
Lendas Fantsticas
Observatrio Solar
Esprito das Pedras
A Presena dos Celtas
Vesica Piseis
A Magia do Rei Arthur
Os Celtas
Mitos e Histrias
Os Druidas
As Fadas
Calendrios, rvores e Alfabetos Mgicos
Glossrio de alguns dos Personagens das
Lendas Arturianas
Caminhos Alternativos para a Paz Interior
Uma Tcnica de Meditao
Nossa Viagem
Bibliografia
PREFCIO
Este livro diferenciado. Uma obra que faltava lngua portuguesa
sobre o tema.
Com o dinamismo peculiar, a autora conduz o leitor vivenciar a
Tradio do Santo Graal de maneira prtica e objetiva. O Arqutipo
feminino da Tradio abordado genialmente, conciliando a Psicologia
Jungiana, Transpessoal e Espiritual, oferecendo pistas para um vigoroso
trabalho de autoconhecimento e Crescimento Pessoal. Em suma um Livro
para ser lido e vivido no dia-a-dia, to desafiador de nossos tempos.
Parabns!
Ricardo Maffia
APRESENTAO
Comeo esta viagem como uma observadora distante, procurando
realizar uma base de dados em minha memria.
s vezes, samos em busca de algo que, acreditvamos, estava tora de
ns e, depois de muitas aventuras, podemos descobrir que o que
encontramos, ao atingir esta meta, se incorporou em nosso ser; eis a
aprendizagem do caminho.
A peregrinao um caminho para a intimidade, superar seu
isolamento e sentimento de solido.
A intimidade, por sua vez, a verdadeira viagem de transformao.
H pessoas que vo a uma peregrinao como em um ato religioso
dotado de valor sagrado, pois desejam curar-se de uma doena, querem
resolver algum problema, pagar uma promessa, enfim, h vrias razes.
O valor da peregrinao a combinao da atitude mental com a
participao do corpo no processo espiritual, e a meta to importante
quanto o caminho.
Existem muitos lugares no mundo que so santurios e lugares de
devoo, que servem para manter viva a atitude do viageiro; por isso no
raro encontrarmos viajantes ou peregrinos em meditao em Glastonbury.
Mas, independentemente do local, somos ns que podemos alcanar a
felicidade por meio de um conhecimento interior, de uma peregrinao ao
prprio corao, em busca de nossa essncia divina.
O CAMINHO DA
INTERIORIZAO E
RENOVAO
No segredo nenhum que vivemos numa sociedade competitiva que
nos obriga a fazer o que no gostamos, a fazer trabalhos que impedem
qualquer realizao humana. uma corrida desumana para resultados
aparentes, para nos afirmarmos, para nos rodearmos de coisas e, muitas
vezes, sem transcendncia espiritual. As vezes, conseguimos perceber que
nossa vida interior dirigida pelo que h a nossa volta e no tem, na
realidade, uma meta. Nesse momento, necessrio reconquistar-nos.
O sentido da interiorizao necessria implica uma depurao mediante
o meio ambiente, a comodidade, os lugares de apego. ser mais que um
viajante, que envolve muito mais lgica e raciocnio.
A sensibilizao progressiva espiritual, o regresso a uma dimenso
perdida, esquecida, no fornecem os retornos esperados ao humano;
necessria uma renovao interior.
A viagem uma pequena aventura, mas o valor autntico dela e sua
capacidade de transformao.
Mediante a compenetrao com o mundo, aproximamo-nos de ns
mesmos com esforos sobre nossa inrcia e nossos condicionamentos. o
momento de reconsiderao profunda da vida, a oportunidade de
buscarmos a ns mesmos, vivendo numa via que foi criada h milnios;
ampliar nossos limites e superar-nos at alcanar uma nova dimenso.
s vezes, difcil termos a sensibilidade telrica dos antigos, mas
sentir a necessidade de penetrar na essncia um objetivo digno.
Pensamos que conseguimos dominar o mundo, mas normalmente um
domnio vem acompanhado de destruio que acaba nos destruindo. O
importante em qualquer situao procurar o Conhecimento, na
contemplao, e s assim, por meio da meditao, atingir a plenitude. Para
iniciar um caminho necessrio motivao, para que no futuro possamos
ter uma progressiva conscientizao.
preciso seguir o sendeiro daqueles que, na Antigidade, iam em
busca de algo inconquistvel, como o nascer do Sol ou a contemplao de
uma pedra, vivificada em sua eternidade, em seus traos simples, em que se
encontrariam mensagens de perenidade.
O caminho inicitico necessita de uma srie de conhecimentos para
aumentar nossa intuio e um esforo para eliminar os obstculos profanos.
O Conhecimento completamente diferente do "saber", e isto implica
uma compenetrao com a essncia de algo, mas tambm a liberao total
daquilo que no essencial. uma identificao total, meta final do
iniciado.
Os esforos de transformao, renncia, meditao, contemplao no
esto ao alcance de todos, e a iniciao nos prepara para um retomo
dimenso primordial perdida, na essncia divina.
GLASTONBURY
Santurio Mgico
da Cultura Megaltica
A lenda sustenta que neste
lugar se ergueu a primeira Igreja
crist do Ocidente, destino de
peregrinaes no condado de
Somerset, Inglaterra, Santurio
mgico nos tempos megalticos.
um dos caminhos de peregrinao
na busca contnua da Verdade e
tambm de transmisso de energia
espiritual.
As lendas e as tradies foram transmitidas de forma oral, de gerao
em gerao, muitas vezes por meio de poemas e canes, mas sempre com
um fundo real e/ou histrico. Muitas delas tm um fundo espiritual e uma
importante carga mstica e esotrica. Todas as lendas nos enviam
mensagens, que, se soubermos captar, nos daro a chave do caminho que
devemos tomar para o aperfeioamento espiritual.
Quando nos aprofundamos nessas lendas, penetramos de tal forma, que
percebemos uma vibrao interior que expande nossa energia e nos une,
independentemente do tempo e do espao, em uma comunho espiritual
com os personagens e fatos que se relatam.
A herana espiritual de Glastonbury incomparvel e rica de uma
mitologia insupervel, de grande misticismo, que pode nos transportar a
planos superiores, pois segundo a lenda, foi o local em que o essnio Jos
de Arimatia depositou o Santo Graal.
Se formos receptivos, escutaremos os cantos dos druidas como uma
cano celestial, surgida das rvores, para que nos unamos fraternidade
universal.
Os celtas situavam neste lugar uma das portas de acesso ao "outro
mundo", assim como a localizao mstica e misteriosa da Ilha de Avalon.
O local mais emblemtico a Tor, ou colina, no idioma galico, com
seus 176 metros de altura, coroada por uma torre de pedra. No tem grande
altura, mas sim grande fora telrica, igual a Stonehenge e a Avebury, com
as quais formam um tringulo, smbolo de fogo e de impulso ao superior.
Houve duas construes religiosas ao longo dos tempos: a primeira foi
destruda por um incndio e da segunda, nos dias atuais, s resta a torre que
formou parte de uma igreja-monastrio.
Ambas as construes foram consagradas
a Arcanjo So Miguel, um dos trs arcanjos
citados na Bblia, chefe da milcia celestial,
que lutou contra o mal personificado, neste
caso, os drages, os quais destruiu. o
guardio da porta de entrada ao mundo
subterrneo dos celtas, o Annwn, governado
pelo Rei Gwyn ap Nydd.
A misso da comunidade monstica ali
estabelecida seria de ajudar So Miguel,
impedindo a entrada em nosso mundo de
seres malignos. Isso no estranho, pois em
outras comunidades religiosas, em diferentes
lugares do planeta, tem a mesma misso.
Em todo lugar a que chegavam os
missionrios cristos, as divindades locais
tentavam assimilar sua religio, e por isso se
pensa que So Miguel, campeo da luz, com
sua espada flamgera, enfrentava as foras do mundo subterrneo o
plano das foras das trevas , mas na realidade era o deus celta Bel ou
Belial, cristianizado, para o qual era dedicada a festa da fertilidade,
Beltane, no incio de maio.
Uma lenda nos conta que Gwyn (ou o diabo, existe quem o diga)
decidiu conservar a torre por ter em suas paredes desenhos e relevos pouco
cristos, como o caso de uma representao de So Miguel, que nos faz
lembrar das imagens egpcias, ao parecer pesando a alma dos mortos, ou de
Santa Brgida com uma vaca, lembrando que na realidade a cristianizada
deusa celta Brigit, uma das manifestaes da Grande Me.
Nossa mstica colina de Glastonbury tem ao seu redor uma srie de
terraos artificiais distribudos em sete nveis, usados pelos monges para
seus trabalhos de agricultura, mas to mais antiga, que seu uso originrio
talvez fosse bem diferente, pois os terraos que formam a colina tambm
so contemporneos das grandes construes neolticas de Avebury,
Salisbury Hill, Newgrange e Stonehenge. Esses terraos faziam um
caminho orograficamente irregular, que estava desenhado em anis
concntricos integrando em seu conjunto um labirinto, sendo necessrias
trs horas para fazer todo seu percurso, e era por este caminho que subiam
os peregrinos ao santurio. Esse caminho tem um aspecto similar ao de
tantas outras culturas, entre as quais a mais conhecida a cretense.
No passado cristos fervorosos subiam de joelhos j que os sete nveis
foram associados s sete estaes de Cristo com a cruz em ascenso colina
do Calvrio.
O significado do labirinto como o caminho da vida que passa pela
morte, chegando ressurreio, ou seja, uma via inicitica que tem um
comeo de caminho e um retomo obrigatrio para que a pessoa humana
compreenda os mistrios de sua prpria natureza.
Lendas, Mitos e Mistrios
sempre Presentes
Atualmente, em certos dias do ano, catlicos e protestantes realizam
suas peregrinaes separadamente em Glastonbury.
Numerosos grupos, no cristos, reivindicam este lugar como um
grande centro drudico, pois em outros tempos contava com um dos trs
coros perptuos da Bretanha os outros estavam na Ilha de lona, Esccia,
e em Anglesey, Gales , e tinham como misso "enfeitiar" a Terra com
seus cantos sagrados.
Esses grupos celebravam as grandes festas da poca dos celtas: Imbolc
(1 de fevereiro) a festa Brigit e traduz um tempo de purificao e de
semeadura; Beltane (1 de maio) corresponde festa de Bel, deus da Luz,
da Renovao e da Fertilidade; Lughnasad (6 de agosto) a festa de Lug,
ou da colheita; e Samain (1 de novembro), coincidindo com a festa a que
chamamos de Todos os Santos noite de portas abertas entre ambos os
mundos. Por isso, na Tor, no difcil encontrarmos pessoas meditando na
lua cheia; s vezes so monges budistas ou expertos em feng-shui, que para
eles um dos lugares onde as correntes do cu e da terra confluem em
harmonia.
Na Antigidade, observavam-se elfos e fadas que surgiam do Annwn, e
hoje dizem que tambm se podem observar OVNIs. A uma distncia
considervel, acredita-se, estava a entrada do caminho principal, onde ainda
existem dois grandes carvalhos Gog e Magog que sobreviveram aos
tempos daqueles que rodearam o sendeiro dos peregrinos at o labirinto,
seguindo uma linha, na qual se veria sobre a Tor a sada do Sol no solstcio
de vero e o seu ocaso no inverno. Essa avenida terminaria onde agora
esto as Pedras do Druida, as duas nicas que permaneceram em seu lugar.
Possivelmente, por esse labirinto se atravessava um bosque, pois
contam que So Patrcio, patrono e evangelizador da Irlanda, no sculo V,
prometeu cem dias de indulgncia a todos que ajudassem a cortar a
vegetao que cobria a colina.
Tneis e cavernas encontram-se no interior da colina com estalactites
formadas pelas correntes da gua, ricas em clcio e de fluxo contnuo.
Antes que Water Board companhia encarregada do fornecimento de
gua fechasse o manancial conhecido como White Spring em um
edifcio, ele era um dos locais mais bonitos de Glastonbury, rodeado de
rvores e com formaes rochosas de cor branca pelas substncias do
clcio.
Tambm dizem que, desde a poca celta, esta colina era perfurada por
subterrneos que levavam Abadia, que era uma construo artificial em
vrios nveis.
No difcil imaginar peregrinos saindo das brumas que flutuavam
sobre os rios e pntanos, passando pela longa avenida rodeada de
carvalhos, subindo pelo labirinto em procisso, talvez iluminado por
tochas.
Os druidas os recebiam no topo e
concediam bnos junto a uma grande
fogueira e, com os fogos cerimoniais acesos
sobre outras colinas sagradas, seguiam uma
reta que era chamada o "Caminho do Drago",
que alguns acreditam ir ao longo do mundo
como um longo canal de energia.
A cripta o elemento mais antigo e parece ter algo de especial para a
meditao.
Hoje, a Abadia de Glastonbury est em runas. Foi a ltima que
Henrique VIII ordenou fechar. L, esteve a igreja mais antiga do Ocidente,
que, conforme algumas tradies locais, foi fundada pelo essnio Jos de
Arimatia em honra a Maria que, poucos anos depois da crucificao de
Jesus Cristo, teria trazido consigo o Graal. A lenda afirma que o Graal se
encontra enterrado no que hoje o Chatice Well. Possivelmente, esse lugar
era bastante conhecido por ter sido um importante porto para os mercadores
de estanho na Idade do Bronze muitos deles procedentes da antiga
regio espanhola chamada Tartesos quando esta regio era s uma ilha
no meio das restingas de estanho.
Naqueles tempos, Glastonbury contava
com uma importante escola drudica.
Um sincretismo bastante particular
aconteceu entre os druidas e os
primeiros cristos, pois costumavam
dar-se bem, mas no podemos esquecer
o sincretismo que ocorreu na Irlanda,
onde o cristianismo celta chamava Jesus
"O Arquidruida".
Essa prspera instituio beneditina
era governada pelo abade Michael
Whyting, de 80 anos. Os homens do rei
disseram que encontraram um clice
roubado do tesouro real, e talvez, para
que servisse de exemplo, o ancio abade
foi pendurado na Tor e depois seu corpo teria sido esquartejado em quatro,
cada pedao levado s quatro cidades mais prximas e mais importantes,
enquanto a cabea permaneceu no trio da mesma Abadia. No de
estranhar que, de vez em quando, o fantasma do abade se deixe ver por
essas localidades.
Depois que a Igreja Catlica foi proibida na Inglaterra, a Abadia
passou a pertencer Igreja Anglicana.
Outro local sagrado de Glastonbury Chalice Well, o Manancial do
clice.
Afirma-se que enquanto Tor foi originariamente um lugar drudico,
nesse local viveram algumas sacerdotisas que cuidavam de uma espcie de
jardim encantado e de um manancial de guas com propriedades
medicinais. Existe quem afirme que se chama
"Manancial Vermelho", j que a gua, rica em
ferro, deixa um rasto avermelhado.
A fonte ostenta o smbolo chamado Vesica
Piseis, um signo hermtico e fundamental na
geometria sagrada, que representa a dualidade
gera um tringulo eqiltero ao cruzar os dois crculos de igual
tamanho, que era visto como um smbolo da divindade, e assim mesmo
alude como um smbolo de reconhecimento entre os primeiros cristos. Na
porta de entrada do jardim, tambm se encontra a Vesica Piseis duas
circunferncias unidas, cuja interseco est atravessada por uma linha reta.
O desenho atual foi criado como um emblema de paz universal (baseando-
se nos modelos da Antigidade) por Frederick Bligh Bond, arquelogo que
utilizou a vidncia na Abadia no comeo do sculo XX.
Mais de 100.000 litros de gua pura e no contaminada fluem
diariamente, independentemente do clima exterior. De fato, at se diz que
esta gua est alheia ao ciclo de evaporao, desconhecendo-se a
profundidade da qual procede. Houve tempos de seca extrema, durante os
quais a nica fonte de fornecimento que havia em Glastonbury vinha desse
manancial.
Debaixo da tampa, existem duas cmaras com orientao norte e sul.
Uma delas tem cinco paredes de pedra que parecem guardar certa
semelhana com as unidades de medida do antigo Egito, em forma
semipoligonal, que sugere ser um lugar de iniciao cerimonial, como
outras foram no antigo Egito.
Em uma fonte chamada "A Cabea de Leo", encontra-se um dos trs
espinhos (crateagus monogyna praecox), descendente, dizem, daquele que
floresceu milagrosamente do basto de Jos de Arimatia, quando ele o
introduziu na terra, ao chegar a Glastonbury. Essa rvore originria do
Lbano, florescendo ao mesmo tempo flores brancas e vermelhas,
exatamente quando chega o tempo das duas grandes festas crists: o Natal e
a Pscoa.
A fonte desgua no Jardim do Rei Arthur. Nesse local, existia uma
piscina onde os peregrinos mergulhavam e ficavam cobertos de corpo
inteiro. Na continuao, a gua desliza com formas orgnicas por algumas
pequenas cascatas, tomando uma colorao avermelhada devido aos
minerais ali depositados ao longo dos sculos e acaba em uma pequena
represa.
Acredita-se que a gua tem poderes medicinais no s pelos minerais
em suspenso, mas tambm pelos poderes de uma fora vibratria
relacionada energia telrica.
De fato, Chalice Well est situado na interseco de duas linhas
imaginrias que unem, por um lado, Tor e a Abadia, e por outro, a colina de
Wearval Hill, onde chegou Jos de Arimatia, e as rvores Gog e Magog,
entrada do velho caminho dos peregrinos.
Nesse lugar, existe um tipo de rvore singular (talvez o carvalho), pois
foi se transformando em um smbolo vulvar, uma forma de representao
da Deusa. Em outros lugares do jardim, tambm existe esse tipo de rvore.
Os druidas consideravam-nas como smbolo de nascimento, morte e
ressurreio e, por esta razo, eram plantadas em lugares de cerimnias
especiais.
Uma das mais antigas lendas de Glastonbury afirma que Tor era a porta
de entrada ao "outro mundo" dos celtas. Esse acesso estaria guardado por
Gwynn ap Nydd, que se manifestava com sua matilha de ces na vspera da
noite de So Joo, dirigindo a "Caa Selvagem", que consistia em buscar as
almas de quem havia sido morto recentemente para lev-las ao seu mundo
subterrneo, onde descansariam at a ressurreio, mas, antes, Tyronoe,
outro dos aspectos da Grande Me, as obrigava a olhar no espelho, onde
refletiam seus segredos escuros.
Gwynn significa "drago vermelho",
e vermelho o drago que atualmente
figura como smbolo do condado de
Somerset, da mesma forma que foi o
emblema do rei Arthur e o de Gales.
Essa figura tambm se identifica, em
antigos textos, com o Mabinogion que
controla essa terra durante os meses
escuros do ano,enquanto os luminosos
estariam controlados, em contrapartida,
por Gwythyr ap Greidyaw, representado
por um drago branco. Ambos lutaram e revelaram-se nas festas de Beltane
e Samain. Curiosamente, os dois mananciais de Glastonbury tm guas
vermelhas (Chalice Well) e guas brancas (White Spring), e as lendas
crists asseguram que Jos de Arimatia trouxe o Graal, onde havia sido
recolhido o sangue e o suor de Jesus Cristo.
Existem lendas, como em outros lugares mgicos, que nos contam que
algum conseguiu entrar nessa dimenso por um dia e uma noite, mas ao
sair viu que se haviam passado vrios anos. Tambm se conta sobre um
abade que subiu Tor com um frasco de gua benzida e encontrou um
palcio onde havia uma festa dos habitantes do pas das fadas. O monge
jogou a gua benzida para no ficar preso e, em seguida, encontrou-se de
novo sozinho no topo.
Atualmente, situa-se no velho lugar sagrado uma cidade de 10.000
habitantes, com fama de ter albergado sempre as pessoas de forma especial
e que, no comeo deste sculo, se converteu em um lugar de videntes e
ocultistas. Hoje, um mbito de tolerncia e pluralismo na qual convivem
todas as crenas. Em muitos lugares, pode-se ler a frase mais representativa
da cidade: "Que o esprito de Glastonbury esteja contigo".
A Grande Me Britannia
Em Glastonbury, estiveram alguns santos carismticos da originria Igreja
Crist-celta, como Patrcio, Dunstan ou Brigit. Santa Brigit (ou Brgida)
muito associada deusa celta de mesmo nome, uma das representaes da
Grande Deusa ou a Me Terra. Seu nome, unido ao de Ana, que tambm
vinha representar a Grande Me, deu lugar Britannia e sua imagem ainda
aparece nos bilhetes ingleses de 10 libras, com um feixe de trigo numa das
mos. Brigit ou Bridie tambm era uma deusa associada aos mananciais
medicinais. Em sua honra, celebravam-se as festas de Imbolc, quando se
renovava o fogo sagrado, da qual era a patrona dos orfebres que
transformavam, graas ao calor, minerais brutos em obras de grande
beleza. Recentemente, celebrou-se de novo o Imbolc por parte de grupos
neopagos, com uma grande boneca, representando a Bridie, passando por
vrios lugares sagrados de Glastonbury. A santa crist do mesmo nome,
nascida em 1- de fevereiro, a mesma data dedicada a Brigit, viveu por
esses lugares no sculo V, em uma ermida situada no lugar que, mais
tarde, receberia em sua honra o nome de "Colina de Bridie".
As Portas de Acesso
ao Outro Mundo" Se a colina Tor era a entrada ao Anwnn, o manancial poderia ser o
acesso mstica Ilha de Avalon. Dizem que o mar chegava at esse local e
era um lugar rodeado pelas guas e conhecido como Avalon, cujo nome de
reminiscncia artrica significa "Ilha das Mas" (em algumas antigas
culturas, essas frutas representavam a imortalidade). Nela, descansavam os
mortos antes de voltar a reencarnar.
Segundo a lenda, quando Arthur faleceu, depois da batalha de Camlan,
foi levado a Avalon de onde voltaria algum dia. Inclusive a bruma que
costuma cobrir a regio que os habitantes locais chamam de "A Dama
Branca", evoca a nvoa da mstica "Ilha das Mas". Alm do mais, esse
lugar est localizado no condado de Somerset, nome que poderia aludir ao
"Reino de Vero", com o qual sonhavam Merlim e Arthur, como uma terra
na qual as coisas poderiam ser diferentes para os homens e a vida algo mais
que uma luta contnua pela sobrevivncia.
Segundo as tradies galesas, Avalon, tambm chamada "Ilha dos
Benditos" ou "dos Afortunados", era um mundo feminino onde reinava a
fada Morgana.
Algumas lendas contam que Gwenhyfar, em galico, ou Guinevere, foi
resgatada por Arthur da Tor de Glastonbury, na qual era prisioneira, e que
Arthur teve de lutar contra Melwas, de igual modo a que Gwynn teve de
lutar com Gwythyr para conseguir Creiddyald. Em ambos os casos, os
heris, simbolizados pelas cores vermelha e branca, tiveram de disputar
entre eles pela representao do sol, que nas tradies celtas, e em outras
mais antigas, era uma entidade feminina.
Nem todas as religies primitivas matriarcais eram do signo lunar.
Entre alguns povos antigos, o Sol e o poder solar eram considerados
femininos por natureza.
A entrega a Arthur, de Excalibur, a espada forjada neste lugar por parte
da Dama do Lago, representaria o passo da soberania por linha materna
paterna.
A Abadia de Glastonbury
Local de Peregrinao
Segundo a lenda, Jos de Arimatia
chegou de barco a Wearyall Hill, prximo
de Glastonbury, por ser uma rea segura e
acessvel para embarcaes pequenas e
acredita-se que neste local ele construiu
uma igreja. Em 1184, um incndio destruiu
a igreja original, a qual era descrita como
"o lugar mais sagrado de toda a Inglaterra"
e considerada um lugar de peregrinao.
Nessa poca, a Abadia estava aos cuidados
de Peter de Marcy e ele foi apoiado pelo
rei Henrique III para a sua reconstruo. A
morte do rei, em 1189, significou a perda
do apoio financeiro, pois nenhum de seus filhos estiveram interessados em
continuar as obras.
Essa igreja j existia quando os saxes invadiram Somerset e era
utilizada por monges celtas-cristos. Dizem que oficialmente chegou a ser
um monastrio beneditino em 673.
Outra lenda diz que Jos de Arimatia trouxera consigo Jesus Cristo
quando criana Glastonbury e voltara depois da morte de Jesus para trazer
a voz do cristianismo, assim como trouxera consigo o clice da "ltima
Ceia".
Outras lendas contam que Jos de Arimatia, nessa ltima viagem,
trouxe tambm consigo Maria, a Santa Me de Jesus. O certo que esta
Abadia sempre teve, de alguma forma, uma importncia religiosa.
A lenda de Jos de Arimatia e de Jesus Cristo visitando a Inglaterra
pode basear-se no conhecimento dos saxes sobre o local da igreja quando
diziam: "No foi construda pelo homem, mas preparada pelo prprio
Deus".
Em 1409, o bispo Roberto Halem de Salisburgo afirmou que a
Inglaterra deveria ser uma nao to crist quanto a Itlia, Frana e
Alemanha e nas bases da converso apostlica de Jos. A data exata da
converso no se conhece exatamente, pois ao longo da histria a
manipulao desse fato sempre foi utilizada para prestgios ou poderes
polticos.
Pode-se dizer que os mistrios e as conexes com a lenda arturiana e as
linhas de energia da Terra se encontram aqui, na Abadia de Glastonbury,
pois continua atraindo milhares de peregrinos e um local de atmosfera
nica.
Ynnis-Witrin
A lenda conta que por meio de Jos de Arimatia, a conhecida
atualmente Gr-Bretanha foi, de todos, o primeiro reino que recebeu os
Evangelhos de Jesus Cristo.
A aceitao do cristianismo por essa nao foi sob o reinado de Lcio,
o Bom, no ano de 170.
A Igreja de Glastonbury considerada como a Me da Ilha.
Existem datas diferentes para a fundao de Glastonbury, mas a mais
possvel, conforme historiadores, foi no ano de 37 d.C.
Gildas, o Sbio, historiador do cristianismo (425-512), disse que "a
Luz do Cristo brilhou aqui, no ano do reinado de Tiberius Csar", que foi o
ano de 37, e foi marcado com a vinda da primeira misso evanglica Gr-
Bretanha.
Glastonbury anteriormente era Ynnis-Witrin ou a chamada Ilha de
Avalon, e estes so os nomes mais conhecidos.
Ynnis Witrin conhecida como:
a Ilha de Cristal, pois os celtas chamavam esta rea de "Ynisvitrin", a Ilha
do Vaso, a Ilha Brilhante, com base na cor do rio;
a Ilha de Avalon, ou a Ilha das Mas, com base em uma velha palavra
britnica, "aval", que significa mas.
O nome Avalon originrio da poca do rei Avallach (ou Apallach, ou
Aballac, ou Avalloc); ou das histrias do Graal; ou dos historiadores, do
contemporneo So Jos, de Witryn (Gwytherin) passado ao latim como
Victorinus, que foi um descendente do rei Avalloch, e assim Glastonbury,
desde Glast, um contemporneo do rei Arthur, e outro descendente do rei
Avallach.
O SANTO GRAAL
O Significado Mgico do Santo Graal
Um dos temas principais das lendas do rei Arthur a busca do Santo
Graal, que era estreitamente vinculada Ordem da Cavalaria da Tvola
Redonda. Conforme as tradies medievais, Glastonbury foi visitada por
Jesus Cristo, sendo ele uma criana, com seu discpulo Jos de Arimatia
que voltou ali alguns anos depois da crucificao para predicao dos
Evangelhos. As lendas contam que Jos de Arimatia levava consigo o
Clice que foi utilizado na ltima Ceia, alm de duas pequenas jarrinhas
nas quais continham o sangue e o suor de Jesus Cristo e que,
posteriormente, foram enterradas em algum lugar secreto, perto de
Glastonbury.
O Santo Graal da literatura medieval europia
o herdeiro, seno o continuador de dois talisms
da religio celta pr-crist: o Caldeiro do Dagda
e a Taa de Soberania.
O que explica que esse objeto maravilhoso
seja muitas vezes um simples prato cncavo
levado por uma virgem? Nas tradies artricas,
ele tem o poder de dar a cada um o prato de carne
da sua preferncia: seu simbolismo anlogo ao
da cornucpia (vaso mitolgico em forma de
como, cheio de flores e frutos que simboliza a
riqueza, a abundncia e a fertilidade). Dentre os
inmeros poderes que tem alm do poder de
alimentar (dom da vida), contam-se o de iluminar
(iluminaes espirituais) e de se fazer invencvel.
Afora inumerveis explicaes, o Graal gerou interpretaes diversas
que correspondem ao nvel de realidade em que se colocava o comentador.
Albert Bguin resume da seguinte forma: "O Graal representa
simultaneamente o Cristo morto pelos homens, o clice da Santa Ceia, a
graa divina dada pelo Cristo aos seus discpulos e o clice da missa que
contm o verdadeiro sangue do Salvador. A Mesa sobre a qual repousa o
vaso , segundo esses trs planos, o Santo Sepulcro, a mesa dos Doze
Apstolos e o altar em que se celebra o sacrifcio cotidiano. Essas trs
realidades, a Crucificao, a Ceia e a Eucaristia so inseparveis, e a
cerimnia do Graal a revelao delas, que d na comunho o
conhecimento da pessoa do Cristo e a participao no seu Sacrifcio
Salvador".
O que no deixa de ter relao com a explicao analtica de Jung, para
quem o Graal simboliza a plenitude interior que os homens sempre
buscaram.
Mas a Demanda do Santo Graal exige condies de vida interior
raramente reunidas. As atividades exteriores impedem a contemplao que
seria necessria e desviam o desejo. Ele est perto e no visto. o drama
da cegueira diante das realidades espirituais, to intensas quanto mais se cr
na sinceridade da busca. Na verdade, o homem est mais atento s
condies materiais da "demanda" que s suas condies espirituais.
A Demanda do Graal inacessvel simboliza, no plano mstico, que
essencialmente o seu, a aventura espiritual e a exigncia de interioridade
que s ela pode abrir a porta da Jerusalm celeste em que resplandece o
divino clice.
A perfeio humana no se conquista a golpes de lana como um
tesouro material, mas por uma transformao radical do esprito e do
corao. preciso ir mais longe do que Lancelot, mais longe que Percival,
para chegar transparncia de Galahad "imagem viva de Jesus Cristo".
A Busca do Desconhecido
A busca do Santo Graal tem um significado mais profundo que o
conceito cristo que o preceitua, que geralmente o da localizao do
Santo Clice.
a busca do desconhecido, das coisas ocultas, cujo conhecimento abre
as portas para a iluminao e para o estado espiritual, obtido com o
sofrimento, com a autodisciplina e a perseverana. Nas leituras do rei
Arthur, um dos requisitos fundamentais para encontrar-se o Graal era a
pureza do corao. A preparao para a busca, que para tanto implicava em
uma srie de cerimnias de purificao, era vista conforme a religio que o
buscador aderia. Os cavaleiros cristos rezavam, faziam retiros e outras
penitncias, e seus ascendentes pagos ensaiavam rituais de submisso a
um poder superior que garantiam, desta maneira, o domnio sobre seus
prprios aspectos mais obscuros, porque se o iniciado no conquista a
escurido, no poder compreender os mistrios ocultos da Luz e da
Verdade.
O Graal conserva-se oculto s pessoas comuns e certamente se chegar
a ele por uma longa peregrinao inicitica, conseguida com a comida
espiritual, reservada a uma Irmandade de Eleitos da qual participa a
Presena Divina.
Esse caminho pessoal e se faz com o esforo necessrio para
conseguir ver, sentir e reinar Deus em seu prprio Corao. Nesse
momento, o Iniciado transforma-se em Eleito e recebe o Dom da Santidade.
E mais adiante ser um Kadosh, um santificado.
A realizao ou superao de cada um efetua-se por meio de uma
atividade que normalmente interna, pois se exerce a partir do centro de
cada plano.
Smbolo de Poder e Fonte de Milagres
A etimologia e o significado da palavra "graal" foi definida de diversas
formas. Em geral, aceita-se a explicao do cronista cisterciense
Helinandus (em torno de 1230), que menciona a viso de um eremita no
ano 717 relativa a um prato utilizado por Jesus Cristo na ltima Ceia, e
sobre o que este eremita escreveu num livro em latim, com o ttulo de
Gradale. Essa palavra deu lugar francesa "graal" ou "greal", e inglesa
"grail" que segundo a explicao de Helinandus, significa prato largo e
s vezes fundo, utilizado para servir aos ricos alimentos suculentos em
pequenas quantidades (gradatim). Na linguagem popular, tambm se
chama este recipiente de "greal", pois agradvel (grata) comer nele.
Outros derivam da palavra "cratalis" (crater uma taa para misturas).
No entanto, o simbolismo do Graal no Ocidente propagou-se
fundamentalmente pela via do cristianismo alm dos elementos da
mitologia celta, na qual o ciclo arturico claro exponente dessa influncia.
As autnticas origens das lendas encontram-se no antigo motivo universal
do recipiente sagrado que smbolo de poder e fonte de milagres. Tais
recipientes smbolos femininos aparecem nas mitologias de todos os
povos (vedas, egpcios, etc.) e em vrias tradies de mistrios que falam
de copas ou caldeiros de inspirao, regenerao e de poderes inesgotveis.
Assim, o Graal , por antonomsia, o recipiente que preserva a vida no
mundo e por isso simboliza o corpo da Deusa ou da Grande Me:
relaciona-se com os cultos vegetao e constitui um vestgio dos ritos
iniciticos e da fertilidade. Poderia dizer-se que seu simbolismo
praticamente inesgotvel. Em alquimia, equipara-se com a pedra filosofal,
cuja representao a unio com Deus. No budismo tibetano, encontra-se
um equivalente nos crnios humanos que representam recipientes de
transformao. Seu poder para sarar e fazer possvel o acesso Divindade
ilimitado.
Jos de Arimatia
"Enquanto estavam comendo, pegou Jesus o po e o benzeu, o partiu
e, dando-o a seus discpulos, disse: 'Tomei, comei, este meu corpo'.
Tomou em seguida uma copa e, dadas as graas, a deu dizendo: 'Bebei
dela todos, porque nela est meu sangue, da aliana, que derramado por
muitos para o perdo dos pecados'".
Esta passagem do Evangelho de Mateus, captulo 26:26-28, uma das
primeiras referncias ao rito mais importante da Igreja Crist: a Eucaristia.
Instaurada por Jesus de Nazar na ltima Ceia, teve como elemento
fundamental a "copa" um utenslio que se pensa ter pertencido a Jos de
Arimatia , o anfitrio da ceia. Segundo a lenda apcrifa, teria sido ele
mesmo quem, com a citada copa, teria recolhido o sangue emanado das
costas de Jesus quando o centurio romano cravou sua lana.
Mas os dados histricos fiveis que possumos, tanto sobre Jos de
Arimatia como sobre o clice, so to sucintos que nem sabemos como era
aquele recipiente. Tanto assim, que alguns investigadores identificaram
este "Graal", com a bandeja ou grande prato do cordeiro pascoal.
O que conhecemos com certeza sobre Jos de Arimatia nos dizem os
Evangelhos Cannicos. Nasceu em Arimatia (que atualmente conhecida
com o nome de Rama), da o seu sobrenome.
Era um "israelense rico, um homem justo e bom, membro distinguido
do Sanedrim, que tambm buscava o reino dos cus. Discpulo de Jesus,
mas em segredo por medo dos judeus".
Foi ele que reclamou a Pncio Pilatos o corpo de Jesus, depois de sua
morte na cruz, e da vem sua importncia histrica.
Depois do enterro, Jos no voltou a aparecer nas fontes bblicas. A
relquia mais buscada da histria procedia, segundo alguns relatos, dos
pertences de Arimatia.
Essa afirmao nasceu do fato de que aquele homem bom e justo fosse
o anfitrio da ltima Ceia e, portanto, proprietrio de tudo quanto se
utilizou naquela Ceia, se bem que no existe nenhuma referncia ao
contrrio.
O clice apareceu teoricamente muitos sculos depois em
Bretanha. Mas como e por que, so perguntas freqentes aos estudiosos do
tema.
Segundo as crnicas apcrifas, Jos foi libertado no ano 70 d.C, quase
quatro dcadas depois de sua priso. Uma vez livre e em companhia de seu
filho Josephes, ele emigrou em direo ao Ocidente Gr-Bretanha ,
para ser mais exato. Ali, edificou a primeira Igreja Crist, em Glastonbury,
onde salvaguardou o Graal.
Outra verso explica que Jos passou o Graal a Bron, marido de sua
irm e que se converteu o "Rei Pescador" quando conseguiu alimentar uma
grande quantidade de pessoas com um s peixe de seu Graal; estes se
dirigiram at Avalon, onde esperaram a chegada de um novo guardio que
custodiaria a relquia que se conservaria em um templo em Muntasalvach, a
Montanha da Salvao, vigiada por uma Ordem de Cavaleiros do Graal.
A custdia do Santo Graal teria sido outorgada ao Rei Pescador que,
deitado imvel, em um estado entre a vida e a morte, s o abandonaria
quando o mesmo fosse encontrado por um cavaleiro puro e de reputao
ilibada que muitas vezes foi identificado com Percival (Parsifal).
As lendas celtas contam que Jos passou por muitas atribulaes para
que no lhe roubassem o Graal, at que numa noite um esprito do Bem
comunicou que deveria lev-lo ao pas "Oeste-Alm-dos-Mares". Jos
partiu com seus acompanhantes e familiares e, ao chegar, uma voz lhe disse
que teria que se despojar de sua tnica branca (a tnica branca, comum a
todos os Iniciados), estend-la sobre as guas e subir, com os demais, sobre
ela. A tnica, como um navio, conduziu todos a uma terra gelada e com
fortes ventos do Norte. AH, Jos recuperou sua tnica e conduziu os
demais terra adentro, at um local chamado Glastonbury, situado ao Sul da
Inglaterra, perto do Canal de Bristol, onde sua Vara se afundou no solo e
transformou-se em uma frondosa rvore de espinhos com belas flores
brancas. Assim, foi colocado o Graal debaixo deste Espinho e todos se
reuniram junto ao Espinho para comer um Peixe Prateado que Alan havia
pescado em um riacho prximo, enquanto ao redor, sem toc-los, caa a
neve.
Depois de terminada a comida, Jos guardou o Graal em um cofre
coberto de pedras preciosas e prosseguiram sem
perceber que um sacerdote druida tinha
observado o milagre do Espinho em Flor e visto
o Graal, anotando em um pequeno livro.
Quando Jos chegou ao castelo do rei local,
foi-lhe concedido terras nas quais havia
florescido o Espinho. Algumas verses dizem
que Jos teria enterrado o cofre que continha o
Graal neste local.
Toda essa viagem representou uma peregrinao, uma busca, uma
necessidade interior. A viagem de Jos realizou-se por motivos similares (a
voz lhes indicava que deviam viajar), j que boiar em um pano branco
alegrico de uma viagem espiritual pelo mundo intermedirio entre a Terra
e o Cu, em estado de pureza.
O local a que chegaram se chamava Glastonbury, que alguns traduzem
como "Cidade de Vidro", do breto "Ygnis Gutrin", insula vtrica, que os
ingleses transformaram em "Glastonbury", a "Cidade Vidro", de "Glass",
vidro, e "Buria", cidade.
Tambm este nome pode ser pensado de outra maneira: "Glass", copo
ou vaso, "Ton", de 'Tomb", tumba, e "Burry", enterrar, sepultar, ou seja, "O
local onde est enterrado ou oculto o copo ou o clice" ou, em outras
palavras, "Local onde se ocultou o Graal".
A Vara, que em milagre foi transformada em um Espinheiro com flores
brancas, um smbolo de poder, como foi a de Moiss, e significa tambm
o centro do mundo, representado pelo Centro do Crculo onde se encontra o
Graal. A rvore do Espinho faz-nos recordar os espinhos, antigo smbolo
egpcio da Deusa Me Neith, cujo significado era dual, j que experimenta
prazer e dor, xtase e angstia. A Flor um smbolo do Centro e, em
conseqncia, imagem arquetpica da alma.
O Centro do Crculo o ponto no qual ningum pode errar por ser
eqidistante a todos os pontos que o formam.
A Vara indica a aparncia da morte e o surgimento de uma nova vida,
mas tambm um segmento dotado de direo, longitude e sentido, ou
seja, o que se conhece como um vetor. Estes trs elementos so os que
constituem, reforam e determinam esse sentido simblico; um signo de
poder.
Esse processo traz, em primeiro lugar, um sacrifcio, representado pela
dor que causam os espinhos e, em segundo lugar, uma satisfao,
representada pelo perfume e viso das flores.
Do ponto de vista esotrico, a Flor tem vrios significados; por sua
forma uma imagem do Centro, da sua arquetpica da alma; a viso da
Flor produz uma satisfao pois acredita-se na aquisio de nveis
espirituais superiores. Trata-se da representao do sacrifcio que implica a
morte fsica, deixando as coisas mais queridas, o que produz uma imensa
dor. Trata-se, tambm, do renascimento em outro nvel que substitui a dor
pela satisfao.
Outra lenda fascinante com relao aos herdeiros diretos de Jesus,
que com Maria Madalena frente, fugiram at a Europa depositando o
Graal em algum local secreto. Esse local seria a meta obrigatria de toda
uma estirpe de cavaleiros iniciados os da Tvola Redonda , que
dedicariam sua vida a uma busca transcendental, cujo ltimo objetivo era o
Graal.
O certo que o Clice da ltima Ceia surgiu com muita fora quando
se produziu a evangelizao na Gr-Bretanha, por volta do ano 170; e
tambm nos romances glicos que narram lendas relacionadas aos
Cavaleiros da Tvola Redonda. Eram tempos em que as lendas pagas
drudicas foram relegadas a um segundo plano.
Na obra de Chrtien de Troyes, so narradas as aventuras de Percival,
cavaleiro do rei Arthur, e tambm aventuras sobre o Graal.
Na obra de Robert de Boron, relatada a acidental viagem do Graal at
a Inglaterra. onde pela primeira vez se relaciona o clice com o
cristianismo.
Outra obra que contribuiu foi a de Wolfram von Eschenbach, na qual
so aportados elementos cristos ausentes nos outros romances e uma
simbologia alqumica: o Graal aparece como uma pedra, lpis exilis, que
poderia ser a pedra filosofal.
A influncia dessa mstica relquia chegou inclusive ao campo da
psiquiatria: Carl G. Jung disse que a histria do Graal est psiquicamente
viva em nossa poca. Nesse sentido, seu ideal uma busca da Verdade, do
Eu autntico.
As Lendas do Graal
As antigas lendas celtas, anteriores ao cristianismo, falam de um Copo
ou Vaso proftico que possua a "gua da ressurreio", da qual
possibilitava toda classe de milagres e curas. Quando se converteram ao
cristianismo, os druidas instalaram-se nas profundezas dos bosques
realizando uma vida retirada e austera. A conservao das antigas lendas
deve-se a esses sacerdotes, como os orculos e profecias do Mago Merlim,
que foram proibidos pela Igreja no Concilio de Trento, no sculo XVI.
No final do sculo XII e no princpio do sculo XIII, quando a lenda de
Arthur e seus cavaleiros renascia, substituindo a poca de Carlos Magno
herdeiro do Imprio romano do Ocidente , surgiu um novo tema de
carter mstico e inicitico: o do Graal. Esse tema reaparece em vrias
obras: na do francs Chrtien de Troyes, em quatro contos: Li Conte du
Graal, Grand Saint Graal, Perceval li Galois e Queste du Saint Graal, a
partir de 1170; na do tambm francs Robert de Boron: Histoire dou Graal,
de 1175; na do alemo Wolfram von Eschenbach, Parzival, de 1200; e em
outras vrias obras.
Em comentrio detalhado, que transcenderia aos limites do ensaio, R
Ponsoye comenta que: "A palavra Graal originria do Sul da Frana,
antiga Glatz, forma particular do provenal Grazald, catalo antigo Presalt,
espanhol antigo Greal, Garral, e no latim popular Gradalus, Gradalis,
espcie de vaso ou copo".
Mas as lendas do Graal no so uma prerrogativa dos celtas; a deusa
egpcia Neftis tinha o clice como um objeto sagrado, tanto que estava
incorporado em seu turbante. Neftis era uma deusa do oculto e do
escondido. Mas era tambm a Reveladora Revelar o Desconhecido ,
que tambm um caminho de iniciao. Seu clice de prata contm toda a
simbologia posterior do Graal e da copa como o receptculo sagrado no
qual se verteram as guas da Luz e da Verdade.
No antigo Egito, aparece sobre a cabea do boi Apis um vaso
pirognio, que se chamava "Gradal".
O vaso ou copo pirognio do grego "pyr", fogo, e "gennn",
produzir era o que tinha o Fogo da Cabea, o Fogo Celestial, o Fogo
Espiritual.
A palavra latina Gradalus poderia ser uma expresso composta,
proveniente de Gradus grau, e de Lux ou "Lucis", luz, que significaria
"Os Graus da Luz", ou seja, o caminho inicitico que leva, gradualmente,
obteno da iluminao total.
As antigas lendas galesas contam-nos como o rei Arthur, em seu barco
mgico, Prydwen, entrou nas regies das sombras de Anwwn, onde Pwyll
era o Senhor. Na chegada, no percebeu a presena de um caldeiro mgico
custodiado por nove donzelas. Este caldeiro descrito com as bordas de
prolas incrustadas. O fogo que linha sob ele era aceso pelo esforo das
nove donzelas, falava como um orculo e no cozinhava alimentos para
quem no fosse digno. So, novamente, lendas contando que o Graal
poderia oferecer alimentos aos cavaleiros, mas s os dignos podiam
acercar-se. Aqueles que oravam na Capela de Peleur permaneciam jovens,
e as histrias so abundantes na literatura celta.
Outra lenda antiga conta que quando Lcifer foi expulso do Cu, uma
esmeralda desprendeu-se da maravilhosa coroa que sessenta mil anjos lhe
haviam presenteado. Essa pedra caiu na Terra e dela formou-se uma vasilha
de grande beleza, a qual depois de muito tempo chegou s mos de Jos de
Arimatia.
No Oriente, as figuras de Deus esto representadas com freqncia
com uma jia no centro da fronte um terceiro olho que dizem
corresponder glndula pineal e habilidade de "ver" alm dos cinco
sentidos normais. A cor de Neftis era a verde, como a esmeralda, e ela era a
Deusa das Dimenses Ocultas, que equivaleria mundo subterrneo celta, e
ao mesmo tempo o verde tambm a cor do raio celta.
Uma lenda em especial conta que, em algum lugar do Oriente, vivia
um homem bom e justo de nome Jos, que depois se converteu em Jos de
Arimatia e possua um clice adornado com prolas e esmeraldas. Todos
os dias, reunia-se com sua famlia em uma Mesa Redonda de Prata, onde
no centro havia o Clice. Depois, enviava um homem de sua casa, chamado
"Alan" que tinha sido batizado com o nome de "Grande Pescador" ,
at um riacho prximo para pescar um Peixe Prateado que surgia das guas
quando ele chegava. Alan conseguia pesc-lo e depois o cozinhava sobre
brasas e o levava mesa. Todos, por muitos que fossem, conseguiam saciar
seu apetite com ele.
O nome do pescador coincide com seu apelido. Se procurarmos o
significado de seu nome Alan poderemos encontrar: "A" significa um
e "Lan", expresso proveniente do ingls "To Land", que em uma de suas
acepes significa tirar um peixe, resultando da unio de ambas as partes
em "Um que tira o peixe", quer dizer, "Um pescador".
O peixe que pesca prateado, cor que nos lembra a Lua, e esta tambm
lembra as coisas da alma.
O fogo que utiliza para ass-lo de natureza solar e representa o
Esprito que simboliza o carter do alimento. E por isso sacia o apetite de
quantos fossem necessrios.
Jos de Arimatia, como foi comentado anteriormente, era discpulo de
Jesus Cristo e foi quem recolheu seu corpo quando o baixaram da Cruz.
A Bblia conta que aps a morte de Jesus, um centurio, Longinos,
"abriu o flanco com uma lana e em seguida saiu sangue e gua" (So Joo,
19:34). E a lenda conta que Jos de Arimatia recolheu, em um clice,
"sangue e gua", e que este clice era o Graal.
Na primeira epstola de So Joo, estabelece-se que so trs os que do
testemunho no Cu: o Pai, o Verbo e o Esprito Santo, e trs so os que do
testemunho na Terra: o Esprito, a gua e o Sangue.
A ferida uma ruptura, cujo significado bastante transcendente. Por
tal motivo, da "ferida de Jesus" recolher-se- o produto da liberao
espiritual da Humanidade, composto por elementos que contm o Verbo e o
Esprito Santo. A Lana smbolo de poder terrenal est relacionada
com a Cruz, a rvore e o Centro do Mundo. A Lana produz a ruptura, e
ela que faz a comunicao do Centro com a Terra trazendo a esta elementos
divinos que possibilitaro a perfeio espiritual do homem. Diz a Bblia:
"Este Jesus Cristo, que veio por gua e sangue; no por gua
somente, se no por gua e sangue; e o Esprito que d o testemunho, pois
o Esprito a Verdade" (So Joo, 3:5-6).
Quando a lenda comenta que Sigfrido matou o Drago com sua espada
mgica e bebeu o sangue que emanou das feridas, subitamente conheceu a
"linguagem dos pssaros" o "argot", ou "linguagem divina", e por meio
dela o Conhecimento, a Arte Real, o Critrio, similar s lendas irlandesas
quando dizem que os Tuatt de Dannn levavam os "Eleitos" a seus Palcios
Subterrneos para que pudessem participar do Conhecimento, sendo
transformados em pssaros para conversar com eles.
A Lana, que muitas vezes ocasiona feridas mortais, pode curar muitas
feridas. Para isso, o possuidor dever ser puro e sem mcula, j que o
nico que poder outorgar o perdo.
A ferida e o sangue indicam um ato sacrificial. Aquele que deseja
aperfeioar-se espiritualmente, dever sacrificar seus bens, prazeres e
outros elementos materiais, renunciando a eles. Psicologicamente, trata-se
da conscientizao do elemento inconsciente, que ocasiona uma mudana
uma ruptura no indivduo.
O Graal compe-se de um continente (aquilo que contm algo) o de um
contedo, em semelhana ao Vaso Celta que tinha em seu interior "gua da
ressurreio". A renncia dos bens desse mundo implica a morte e o
renascimento em outro plano de conscincia. Para terminar essa reflexo,
podemos dizer que a Copa o aspecto feminino e a Lana o masculino, e
seu dualismo nos conduzir s "bodas alqumicas" do Sol e da Lua.
Jos de Arimatia teria, em si, os poderes temporais e espirituais. E
como esses poderes somente so recebidos por iniciao, devemos supor
que Jos nome que lembra o esposo de Maria uma entidade
espiritual que representa o "Pai". Por isso, ser "o dono das almas". Alan,
"o Pescador", outra entidade espiritual que representa o "Filho", j que a
"Jesus" tambm chamaram de "O Grande Pescador".
Do ponto de vista psicolgico, poder-se-ia estabelecer que o
"Pescador" aquele que consegue extrair do inconsciente os contedos
profundos que, esotericamente, se correspondem com a Sabedoria e os
elementos de ordem espiritual. Assar o peixe ou submet-lo ao logo,
significa trazer conscincia esses contedos e depur-los, aumentando o
conhecimento de quem deve e pode faz-lo.
Alguns estudiosos manifestam que o peixe uma "espcie de pssaro
das zonas inferiores", que vem das profundezas superfcie, caracterstica
que se corresponde com a conscientizao dos elementos do inconsciente.
A Mesa de Prata na qual se sentava Jos e os seus a representao da
circunferncia que indica o "Todo" e a eternidade e do crculo, que
indica a perfeio do disco solar, a manifestao espiritual que surge do
"Centro", o ncleo central, representado pelo Clice. Este centro, origem de
toda manifestao, ou tambm emanao, a "Unidade", cujo estado ou
conhecimento no pode ser alcanado.
s vezes, o Clice substitudo simbolicamente por um Corpo,
especialmente pelo do Unicrnio, animal fabuloso, que C. Jung considera
"um smbolo unificador que d expresso ao carter bipolar do arqutipo".
bipolar, ou melhor ainda, andrgino, j que feminino, mas como
contedo masculino, pois representa o poder e a fora do Esprito. Por
isso, o Unicrnio identifica-se com o Esprito Santo, que os alquimistas
simbolizavam como a parte voltil de Mercrio.
O Clice representa o Corao do homem, rgo que para os antigos
era o centro do Conhecimento, lugar de radicao da chispa ou partcula
divina que todo homem leva dentro de si. O despertar desse Fogo daria ao
homem a iluminao necessria para unir-se com a essncia de onde
provm.
O Graal conserva-se oculto s pessoas comuns; chega-se a ele
batalhando numa longa peregrinao e o consegue por meio de alimento
espiritual reservado a uma Irmandade de Eleitos, da qual participa a
Presena Divina. Todo caminho pessoal, j que cada um se alimenta com
o que necessita e faz o esforo devido para conseguir ver, sentir e reinar
Deus em seu prprio corao.
O renomado estudioso do esoterismo, Ren Guenon, diz: "A realizao
ou superao de cada um efetua-se por meio de uma atividade, que
normalmente interna, pois se exerce a partir do centro de cada plano".
A Pedra do Exlio
O Graal relacionado com uma verso bastante conhecida, que seria
da esmeralda cada do diadema ou do prprio Lcifer quando golpeado
pelo anjo Miguel. Um anjo talhou com ela um Copo ou Vaso, e obsequiou
a Ado. Depois de sua "cada", Set, que v isitou brevemente o paraso, o
trouxe consigo Terra. Alguns a chamam "Pedra da Luz", e outros a
relacionam com a ave "Fnix".
O Graal tambm relacionado com a "Pedra Filosofal" do hermetismo,
o elixir da longa vida (Lpis Exilir), que renova, revive e faz alcanar a
vida eterna; a quem encontra o "ouro" so permitidas "as portas do
paraso".
O conceito de "Pedra" bastante amplo, mas sempre marcado na
existncia de um lugar ou como algo sagrado, correspondente ao "Centro"
ou ao "Centro em si". s vezes, apresenta-se como "Caverna", outras como
"Montanha Polar", outras como a "Pedra da Esquina", enviada por Allah
para terminar o Templo, ou como a "Pedra Chave" ou "Pedra da Caaba",
mas sempre implicaria um continente e um contedo de ordem espiritual.
Na Alquimia, a Pedra Filosofal recorda-nos o Crisol ou Caldeiro que se
utiliza para produzi-la, e que nos leva novamente ao Copo ou Clice e a seu
contedo.
Os Reis do Graal
As lendas e escrituras de diversos escritores como Eschenbach contam
que o castelo que custodiava o Graal se encontrava no "Monte da
Salvao", cujo conceito similar ao da "Montanha Polar", que designa o
"Centro do Mundo", a qual estava custodiada pela mais clebre das milcias
de Deus: Os Templrios.
A vinculao da cidade de Anjou como os depositrios e guardies
do Graal pensam , em dado momento foi considerada um "centro
mstico".
O condado de Anjou, que era um centro esotrico de grande
Importncia, incorporou-se ao Imprio Angevino em 1152. O nome
simblico dado cidade construda no Bosque relaciona os egadinos com
os atlantes, atravs dos lgures. O nome do Bosque, "Ninho de Pssaro",
tambm relacionado simbolicamente com as aves, que representam almas
e mensageiras entre o homem e os deuses e com Merlim, cujo nome
significa Mirlo.
Possui todas as caractersticas de um "Centro", em que um grupo de
Eleitos vivia fora do mundo comum rodeado de manifestaes espirituais
presidido pelo Graal, objeto representativo da Presena Divina, de conceito
transcendental.
O primeiro rei do Graal foi Titurel, que o havia recebido em custdia
dos anjos e o guardava no Castelo de Montsalvat, prximo dos Pirineus.
Depois, foi passado a seu filho Frimutel e deste a seu neto maior Amfortas,
que caiu na tentao de uma mulher, pela qual foi ferido com sua prpria
lana, a lana tradicional dos longinos. A ferida no cicatrizava e s seria
curada por um cavaleiro puro e sem mcula e que colocasse sua mo sobre
a ferida. A ferida, sendo provocada por um pecado, somente seria curada
pelas mos de seu substituto. Assim, Amfortas, como Arthur, "adoeceu".
Enquanto isso, o irmo menor do rei de Anjou, Galmuret, servia as
ordens do Sulto de Bagdad, que reinava sobre grande parte da Terra. Ali,
casou-se com a rainha Balacane, "negra como a noite", e teve um filho,
Feirefiz, metade branco e metade negro. Depois foi a Gales, na Gr-
Bretanha, e ali voltou a casar-se. Sua esposa foi a rainha Herzecoyde
"clara como a luz do sol" irm de Amfortas, com quem teve outro filho:
Parzifal ou Percival, nome que em rabe significaria "Flor Pura" ou
"Criana Pura". Feirefiz era muulmano e Percival, cristo. Um dia, em
peregrinao, se encontraram e lutaram, sem que nenhum pudesse vencer o
outro. A luta teve fim quando se reconheceram como filhos do mesmo Pai,
o que fez Feirefiz dizer: "Meu pai, tu e eu somos um mesmo ser em trs
pessoas". A aluso clara: trata-se de uma manifestao do Ternrio e seus
dois plos de manifestao: positivo (branco) e negativo (negro), da qual o
perfeito equilbrio depende da Ordem Universal. Tambm se pode referir a
uma concepo monotesta representada pelo Ocidente (branco) e pelo Isl
(negro), como os dois aspectos msticos de uma mesma realidade espiritual.
Percival, que soube evitar as tentaes e permanecer puro, venceu as
foras do mal e obteve a Lana de Longinos, que havia arrebatado
Amfortas. Com ela se apresentou em Montsalvat junto com seu irmo
Feirefiz, que apesar de ser pago, foi admitido. Nesse momento, tocou a
ferida de Amfortas com a lana e esta o curou imediatamente, o que lhe
instituiu o ttulo de novo rei do Graal. Feirefiz casou-se com a irm de
Amfortas, Repanse de Schave, "A Virgem que aporta o Graal".
Novamente observamos a ao dos dois elementos de dualismo. A
parte solar atua curando a ferida; a parte lunar acede potncia virginal que
conduz ao Graal, da qual resulta um novo rei do Graal: Percival Feirefiz,
j que ambos so um nico e mesmo Ser, pois representam o Esprito e a
Alma, tanto de forma coletiva como individual.
A Mesa de Prata e o Clice
Conta a lenda que um dia em que Merlim se encontrava debaixo de um
enorme carvalho, uma repentina escurido ocorreu juntamente com uma
grande luz, em cujo centro se pde
contemplar um grupo de pessoas sentadas
em tomo de uma Mesa de Prata, e que
sobre ela havia um Clice resplandecente.
Em p, perante ela, encontrava-se um
ancio e um jovem que tinha em suas mos
um Peixe Prateado.
Ao colocar o Peixe sobre a Mesa todos
se colocaram em p e entoaram uma doce
cano, cujos ecos, assim como a viso, se foram perdendo gradativamente,
at que tudo ficou como no incio. Ento, do alto do carvalho, caiu um livro
aos ps de Merlim, enquanto uma voz dizia que nele se encontrava a
histria da Mesa de Prata e do Clice.
Aquele que falava, dizia ser o druida que presenciou a chegada do
Clice, e que foi ordenado para comunicar e entregar o livro a Merlim, e
encarregar-lhe a construo de uma Mesa idntica de Prata, com a
madeira do carvalho que lhe fornecia sua sombra, a qual deveria ser
entregue ao rei Uther Pendragn.
No livro, estavam as indicaes de como constru-la, e assim Merlim,
com a ajuda dos espritos do Bosque, procedeu sua confeco. Quando
terminou sua empreitada, os poderes de Merlim tinham sido aumentados de
tal maneira que somente em pensamento conseguiu transferir a Mesa at o
Castelo do rei.
O rei, surpreso e grato, solicitou que Merlim transferisse a Mesa para a
"Roda dos Gigantes", domnios do rei que se encontravam em Killa Raus,
Irlanda.
A "Roda dos Gigantes" conhecida atualmente como o monumento
megaltico de Stonehenge, que se encontra em Salisbury.
Com essa mudana, estabeleceu-se ali o "Centro", o "Centro do
Mundo", situado na Irlanda. Salisbury, de "Salix", slice, quartzo, pedra, e
"Burry", oculto, significam: "Pedras que ocultam", referindo-se
precisamente ao segredo da Roda Csmica que no outro seno a Vida, a
Criao e o Universo, o qual estaria "guardado", oculto no Centro do
Mundo, cuja representao terrena seria Salisbury. Esse conceito ficou
confirmado com o novo nome desse monumento megaltico, "Stonehenge",
composto de "Stone", pedra, e "Henge", do ingls arcaico "Hence", desde
essa origem, significando assim: "Desde esta origem de Pedra" ou "Origem
da Pedra".
O carvalho, rvore sagrada para os celtas, representa o vnculo entre o
Cu e a Terra. Por isso, o Livro fechado ou o Conhecimento oculto chegou
a Merlim por meio da rvore. A Mesa, construda com a madeira da rvore
sagrada, conservaria suas caractersticas como uma manifestao do nexo
espiritual entre o Homem e o Cosmos, j que todo elemento circular
implica uma concepo csmica.
A madeira tambm o smbolo da Me, a fonte da gua da Vida, a
Sabedoria. Merlim, ao construir a Mesa de Carvalho, aumentou seus
poderes porque acedeu Sabedoria e o demonstrou manejando a Roda
Csmica.
Dessas consideraes surgiu a relao entre o csmico e o humano, que
permanente e est regida pelas mesmas leis; e a Roda Csmica refere-se ao
Macrocosmos, assim como ao Microcosmos, cujo centro, em cada homem,
seu prprio corao.
A Busca do Graal: a Espiritualidade e
os Valores Absolutos
"Quando todos estiveram sentados e se aplacou o rudo, retumbou um
trovo to forte e terrvel que pensaram que o palcio iria desmoronar-se.
Repentinamente, o salo ficou iluminado por um raio de sol que se
difundiu pelo palcio num resplendor, fazendo-se sete vezes mais brilhante
que antes....
Depois de estar assim, sentados por longo tempo, incapazes de falar e
mirando-se uns aos outros, surgiu o Santo Graal, coberto com um pano
branco de seda, e no se notava mo mortal alguma que o sustentasse.
Entrou pela grande porta, e de imediato o palcio inundou-se de uma
fragrncia, como se todos os aromas da Terra tivessem sido derramados
no exterior
Queste del Saint Graal.
O grande visionrio contemporneo Dion Fortune deixou escrito h
cinqenta anos: "Existem ocasies na histria das raas em que as coisas da
vida oculta saem superfcie e encontram sua expresso, e atravs dessas
aberturas sai, de forma torrencial, a luz do santurio".
Assim ocorreu com as lendas do Graal.
Faz muito tempo, at demais para calcular com certeza, que uma idia
ficou cristalizada na forma de uma Copa sagrada que continha
potencialmente toda a Sabedoria e o Conhecimento, e atravs deles, toda a
Compreenso. Nos antigos ensinamentos ocultos do mundo helnico, era o
Crater, a Copa na qual os deuses misturaram a matria da criao. Os
sufistas a tinham como a Copa de Jamshid, c dela procedia o conhecimento
e a inspirao divina. Sua imagem podia encontrar-se na ndia, no Japo, na
Rssia, e entre os povos celtas, em que era equivalente ao caldeiro a qual
dispensava a vida pertencente a Deusa Ceridwen ou ao Deus Bran.
Muitas controvrsias existem sobre a natureza e o aspecto do Graal,
mas as especulaes nos distanciam do sentido essencial da histria.
O elemento individual mais importante com relao histria do Graal
foi sua associao com a Eucaristia Crist, que modelou e influenciou todas
as verses posteriores. De uma forma simples, o Graal era considerado um
smbolo externo do ministrio de Cristo, do grande sacrifcio que
aproximou Deus dos homens. o nico elemento da Eucaristia, a
comunicao direta com a divindade, o que distingue o Graal de qualquer
outro objeto santo ou sagrado.
Na verdade, o Graal um smbolo absolutamente universal, participa
da essncia do mistrio e tambm est relacionado com o sacrifcio, com o
servio e a busca do valor absoluto.
Os MISTRIOS DE AVALON
CONFORME O MISTICISMO
Introduo s Lendas Arturianas
As lendas do ciclo artrico so
regidas pelas leis sagradas da Iniciao. O
rei Arthur, Merlim, Guinevere, Lancelot,
Percival ou Galahad so arqutipos
universais que pertencem ao acervo
cultural de toda a Humanidade. Por trs de
suas faanhas, encontra-se o simbolismo
da eterna busca do Homem em busca da
Verdade, representada pelo Santo Graal.
As lendas arturianas so ricas em
imagens e personagens arquetpicos que
nos fazem refletir sobre as atribulaes do
sculo XV, bem como as do sculo XX.
Essa mistura dos mitos pagos com
elementos da cultura crist, com as
aventuras dos cavaleiros, as magias e o amor,
alimentada por muitas fontes.
As histrias de Merlim, de Arthur, de Avalon, das mulheres do outro
mundo, do Graal procedem dos mitos e das lendas celtas.
Muitos romances da Idade Mdia proporcionam excelentes leituras
sobre os cavaleiros da Tvola Redonda: Lancelot, Galahad, Percival,
Gareth, Gauvain e Lamorat. Suas aventuras contam suas viagens pelas
florestas ocultas e impenetrveis do mundo artrico, assim como o
conhecimento do mundo feminino, do amor corteso, das mulheres
conquistadas, defendidas pelos cavaleiros que as amavam, bem como das
deusas e das fadas.
Analisando profundamente, um patrimnio de tradio mgica, pois
a interao do "outro mundo" com a nossa dimenso.
Nas constantes lendas do rei Arthur, encontram-se os segredos da
imortalidade, da harmonia com a terra, do amor verdadeiro, da realizao
espiritual, os caminhos da iniciao e, principalmente, o conhecimento
profundo da experincia humana.
Eram aventuras estranhas que empreendiam com o corao alegre;
tambm eram estranhos seus adversrios: magos, feiticeiras que mudavam
de forma, criaturas selvagens com inteligncia, serpentes, inimigos
invisveis. At a paisagem parecia sobrenatural, com suas pontes
imaginrias, suas fontes, suas rvores e suas terras.
Armas e espadas mgicas, anis, cavalos, barcos que navegavam
sozinhos so alguns dos elementos da lenda arturiana.
So conhecimentos da experincia humana, procedentes de uma
dimenso atemporal. Todos os mitos so atemporais; e assim a Lenda
Arturiana tambm um mito que ser importante para todo aquele que
tenha interesse em investig-la.
A Busca Inicitica dos Cavaleiros da Tvola Redonda
Cavalaria! Aqui est uma palavra misteriosa que no transcurso dos
sculos uniu, em um mesmo ideal, homens do Oriente e do Ocidente,
peregrinos no mais sagrado dos gestos: a Santa Busca Daquilo que est
Perdido o Graal. E um marco do qual devemos situar a trama de nosso
relato, pois o ideal do cavaleirismo oculta o profano, indigno de penetrar
no santurio secreto da iniciao, o argumento de um drama csmico no
qual toda a Humanidade se encontra ainda comprometida, muito mais
alm de qualquer conceito religioso, cultural ou filosfico.
Na tradio espiritual, o alto simbolismo inicitico que contm os
relatos da cavalaria das lendas artricas consiste em buscar, em ns
mesmos e tambm no mistrio oculto, a verdade no profanada.
Fundamentos Histricos
O primeiro antecedente histrico que se conhece sobre o Rei Arthur,
encontra-se na Histria Britonum, de Nennius, monge gals do sculo VIII.
Nela encontramos que o rei Arthur era o rei dos Bretes e que no ano 516
venceu os anglo-saxes na batalha de Baden Hill. Existe uma verso
parecida, num texto do sculo X, nos Annais Cambriae, que conta: "Existiu
uma batalha em Badon, na qual o rei Arthur levou a Cruz do Nosso Senhor
Jesus Cristo sobre seus ombros durante trs dias e trs noites, e os bretes
resultaram vencedores". Posteriormente, citado em Mabinogion, contos
galeses, onde aparece como rei dos Siluros, um dos povos celtas mais
antigos de Gales, radicados em Carleo; na Histria Regun Britanniane, de
Geoffrey Monmouth; e no Roman de Brut, de Robert Wace, todos do incio
do sculo XII. Estes relatos tm carter legendrio e baseiam-se na antiga
tradio bret, assim como o rei galo Mercrio Alterio, nome bastante
peculiar que significa "Aquele que domina a Arte de Mercrio", os que
narram as "eddas" escandinavas sobre os heris do Norte e os "keningal"
irlandeses.
Os siluros integravam o grupo breto dos celtas. De origem indo-
europia, estabeleceram-se em Gales e no Sudeste da Inglaterra, em tomo
de 2000 a.C.
Derrotados pelos romanos no ano 82, conviveram com eles,
aprenderam suas tcnicas, especialmente as relacionadas com a guerra e a
construo e assimilaram suas crenas.
No ano de 395, o Imperador romano Teodsio I imps a clausura dos
templos pagos e a adoo da religio crist em todo o Imprio. Para isso,
So Patrcio desembarcou na Esccia no ano de 432 e converteu os bretes
escoceses nova f. No ano de 563, So Columbino fez o mesmo com os
bretes do Sul.
Ambos construram monastrios e abadias e formaram monges
segundo a antiga regra beneditina, e em seguida colocaram em prtica a
idia de Santo Agostinho a construo da cidade de Deus na Terra ,
baseada nos princpios e normas de sua religio.
E tal como os conquistadores que apagavam as marcas de seus
antecessores e destruam templos e tudo aquilo que podia fazer seus
vassalos recordar o passado, os monges iniciaram a tarefa de substituir o
pago pelo cristo.
Comearam construindo seus templos nos locais antes pagos e
interpretaram, de forma crist, os smbolos antigos, modificando as lendas
e inclusive substituindo-as por outras. Muitos dos novos trovadores eram os
prprios monges. Depois de um sculo, a "realidade" e o modo de vida
anterior tinham sido substitudas por uma realidade e um modo de vida
adaptados aos fundamentos da nova religio, tomando como tema central a
lenda do rei Arthur e seus Cavaleiros da Tvola Redonda.
Do comeo do sculo V at o final do sculo VI, o reino breto
estendeu-se desde a muralha romana de Hadrin at Gales e o Sul da
Inglaterra, ocupando tambm o Noroeste de Glia, entre as
desembocaduras dos rios Loira e Sena. Com o passar dos anos, as
possesses brets do continente firmaram-se, at que em 824 o rei gauls
Ludovico Pio reconheceu o Ducado independente da Bretanha, com o
mando de Numinor, conde breto de Vannes.
No ano 929, os bretes de Anjou, atual Angers, cidade galesa do Vale
de Loira, constituram-se um condado independente. Em 1154, o filho do
conde de Anjou subiu ao trono da Inglaterra com o nome de Henrique II
Plantagenet e incorporou em seu reino os Ducados da Normandia e
Bretanha e o condado de Anjou e Aquitnia. Tambm incorporou Esccia,
Gales e Irlanda, territrios que junto Inglaterra constituram o Imprio
Angevino que ficou no poder de seu sucessor Ricardo I Corao de
Leo (1189-1199) que lutou com os templrios da Terra Santa na
conquista de Jerusalm. Foi durante o reinado destes dois monarcas que
voltou a renascer a antiga lenda do Rei Arthur, na qual se agregou um novo
smbolo, o Graal, completando assim o que se chamou "O Ciclo Breto".
Posteriormente, no sculo XV, apareceu outro ciclo das lendas
arturianas, com a obra de Thomas Malory, Le morte d'Arthur.
O Mago Merlim
Merlim uma das figuras mais msticas do folclore britnico e um
cone para todos aqueles interessados no misticismo, na espiritualidade e na
magia arcana.
Merlim conhecido tambm como Myrddin e existem muitas lendas
com relao sua figura. Uma delas conta que ele foi um profeta depois de
vagar na misria durante cinqenta anos, na companhia de um animal
silvestre.
Outras lendas contam que um esprito, aps adotar a forma humana,
raptou uma jovem donzela. Dessa unio nasceu um menino que foi
batizado por um homem santo chamado Blas com o nome de
Merlim, herdeiro da cincia secreta que permitia conhecer o passado e o
futuro dos homens, pois tinha poderes especiais herdados de seu pai.
A donzela representa a matria primordial e, alquimicamente, a Virgem
representa o aspecto lunar de Mercrio, a natureza feminina.
Blas que em ingls antigo significa "sopro do vento" ou "Cirande
Vento do Sul" representa o processo de sublimao com relao ao
aspecto solar ou das foras espirituais positivas que atravs do batizado
purificam e liberam de todo mal o recm-nascido. Para o cristianismo,
trata-se da ao do Esprito Santo recebido atravs do "Grande Vento do
Sul" que purificar e liberar a criana de todo mal. Merlim, ao receber o
Esprito Santo, ficou santificado e marcado como o Grande Sacerdote da
Cruzada do Bem.
Algumas lendas dizem que Merlim era Filho de uma viva que o
vincula simbolicamente com o poder gerador; que chega Terra atravs do
Sol e com a tradio bblica de Hiram, o Mestre Construtor do Templo de
Salomo; que era filho de um fencio de Tiro (fencio provm de phoenix,
que significa "o homem vermelho" ou "homem que domina o fogo"), e de
uma viva da tribo de Nightale.
Por um lado, o Sol e o Mestre Hiram e por outro, a Terra e o Templo
marcam os elementos solares, celestiais, espirituais e os elementos terrenos,
materiais, ou seja, a interao do esprito e da matria que produz o que
chamamos de Vida.
uma concepo nada diferente da anterior, conforme a opinio antiga
de que a Mulher Simblica era a Donzela, a Virgem e o Esprito da
Natureza, o representante gneo, que existe em todas as coisas materiais,
forma em que Merlim, pela ao do "Grande Vento do Sul", ser
beneficiado e atuar mantendo a ao que o cristianismo atribui ao Esprito
Santo.
Seu nome provm, por um lado, de Merlinus e Merculinus, termos que
significam: "mercurial", "mercrio".
"Merlim" em ingls o nome de um pssaro, da famlia do mirlo,
possui cor negra e tem o peito branco, representando a unio do branco e
do negro, o equilbrio dos pares opostos, o andrgino ou as bodas
alqumicas do Sol e da Lua que desta unio surgiu triunfante o esprito,
simbolizado pelas aves.
Seu significado rene a simbologia do Mercrio alqumico, do
dualismo do branco-negro que lhe outorga caractersticas de Homem
Universal, conhecedor do Bem e do Mal e possuidor do Conhecimento
Secreto.
Tais caractersticas o marcam como um Sacerdote-Mago, tanto no
sentido simblico como no alqumico, j que representa os aspectos solares
e lunares de Mercrio, que atuando em unssono, determinam a Ordem e o
Equilbrio universal, caracterstico do Homem Csmico.
O tempo passou e Merlim fez-se um homem e com isso seus poderes
foram aumentando.
Uma das lendas mais conhecidas de Merlim com relao ao rei
Vortigern que, por trs vezes, teve a torre de seu castelo em construo
derrubada e Merlim revelou ao rei que dois drages dormiam em suas
bases. Ao escavar, os homens do rei descobriram um drago vermelho e
outro branco que, depois de acordados, lutaram entre si. O branco
conseguiu vencer o vermelho, mas por causa das feridas recebidas na luta,
faleceu em seguida.
Passado algum tempo, na Corte do rei Uther, numa noite sobre o
castelo do rei, suspenso no cu, apareceu um Drago de Fogo que soltava
de sua garganta dois raios: um para o Leste e outro para o Oeste, os quais
se dividiam em 7 raios menores.
O rei e seus vassalos atemorizaram-se, mas Merlim explicou que
esperava este acontecimento, pois o raio que se dirigia para o Leste
indicava que o rei teria um filho varo e, no tempo certo, seria o rei mais
justo e poderoso da Terra; enquanto o outro raio, que se dirigia a Oeste,
indicava que o rei teria uma filha que seria uma Fada e no momento certo
teria sete filhas que ensinariam aos homens as canes das fadas.
Mas argumentou que para a profecia se realizar o rei deveria entregar-
lhe seu filho quando o mesmo nascesse, para que pudesse proporcionar-lhe
os cuidados e a educao necessria para exercer seu futuro reinado. O rei
aceitou os argumentos de Merlim, e assim o Drago bateu por trs vezes as
asas e partiu, perdendo-se no cu estrelado. Desse dia em diante, o rei foi
chamado Uther Pendragn e adotou como emblema um Drago de Ouro.
Por meio de sua magia, ajudou o legtimo rei, Uther Pendragn, a
aceder ao trono do reino de Logres, derrotando o
usurpador Vortigern.
"Uther", do ingls to utter, significa "dizer,
manifestar"; Pen, "pluma" e "Drago"; e assim:
"Manifestao do Drago emplumado".
A figura do Drago sempre simbolizou o
poder fundamental que se deve vencer para obter
o Tesouro, ou seja, o conhecimento, o segredo da vida, ou o nexo entre o
homem e as foras csmicas. O drago de cor vermelha o Guardio da
alta cincia e dos magos. Para os alquimistas, representa o princpio voltil
de Mercrio. Suas penas simbolizariam o ar, os pssaros e a escritura, ou
seja, uma manifestao do Verbo. Por isso, o Drago gneo emplumado,
representado pelo Rei Uther, simbolizar o portador da Palavra de Deus, o
Verbo e, portanto, o Mediador entre a Terra e o Cu, entre os Homens e
Deus.
As batidas das asas do Drago por trs vezes significam a aceitao nos
trs reinos: celestial, intermedirio e terrestre, e nos trs planos: espiritual,
mental e fsico. O raio para o Leste, sada do Sol, a procedncia solar de
Arthur; e o raio para o Oeste, para o ocaso, a procedncia lunar de
Morgana; sua diviso em sete raios menores, a ao da mente atravs do
desenvolvimento das Sete Artes e Cincias Liberais e os Sete Planetas,
estados ou cus pelos quais os homens devem transitar para conseguir a
perfeio, para conseguir o Reino.
Os filhos do rei, Arthur e Morgana, seriam dois aspectos de uma
mesma entidade. Representariam o Rei e a Rainha, o Sol e a Lua, a Razo e
a Imaginao, o Esprito e a Alma. Seria o Andrgino que atuaria para
levar aos habitantes de Gr-Bretanha, identificada com o mundo, a Luz e a
Sabedoria, a Justia e a F, a Alegria e o Amor.
Em muitos livros e textos, Merlim aparece para ajudar os trs reis de
Inglaterra: Aurelius, Uther Pendragn e, depois, o filho de Uther, Arthur.
A lenda indica que o rei Uther se casou com a bela Igierne (Igraine) e
passou a habitar no Castelo de Tintagel, nas costas de Cornwall
(Cornualles).
'Tintagel", de Tint, "tinta, cor"; e "Agel", de Aged, "ancio, antigo",
significaria: "Da cor do ancio", aludindo cor prateada de seu cabelo.1
Esse conceito nos transporta tambm ao "tempo histrico" do Grande
Ano Precessional e situa a Idade da Prata na Idade de Gmeos da Era de
Leo, onde o 'Todo" se havia constitudo como cognoscvel e no- 1 O regente da antiga Idade da Prata dos gregos era Jpiter, representado por um
ancio. Sua idade caracterizou-se pela benevolncia e pela justia, defendidas pelos
Heris, criaes do prprio Jpiter com a misso de reconquistar o estado primordial,
depois de sua queda.
cognoscvel, ou seja, conhecvel e no conhecvel, ou tambm no Ser ou
No Ser.
O homem, formado imagem e semelhana do Criador, era concebido
como um reflexo, e este como seu Modelo. Os smbolos caractersticos
desse perodo eram, entre outros: os Gmeos, o Casal, o Espelho, os Lbios
e outros. Trata-se de um resultado csmico que surge arquetipicamente no
homem quando existe uma imperiosa necessidade de Justia. Em Uther
Pendragn, corresponderia iniciar um perodo similar.
Cornwall um nome que provm das expresses Com, do latim Cornu,
"corno", e Wall, do latim "Vallum", "fortaleza", o que significaria: "A
fortaleza do corno". O corno que est sobre a cabea, o que representa fora
e poder, como no rinoceronte, e amor espiritual, como no unicrnio,
caractersticas da poca de Jpiter. Seu aspecto lunar ser para o
desenvolvimento da mente, enquanto que seu aspecto solar ser para o uso
da fora e do poder para impor a Justia que teria carter benvolo com o
pobre, o dbil e o ignorante. No devemos esquecer que cabalisticamente
Jpiter corresponde a Hsed, a Misericrdia.
Psicologicamente, diramos que se trata da ativao dos contedos
profundos do inconsciente, tratando de conscientiz-los, a fim de conseguir
a superao do homem, critrio de perfeio que pode basear-se na palavras
de Jesus no "Sermo da Montanha".
Viviane, a Dama do Lago, talvez
tenha sido o grande amor de Merlim,
porm ela o usou e o traiu depois de
haver recebido todos os seus
conhecimentos. E assim ela o atraiu para
a rvore dos Espinhos, que era usada
para fins mgicos. As lendas contam que
o fim de Merlim foi a loucura, por ter
sido preso e enterrado vivo debaixo de
uma torre de pedra, e nas muitas histrias sobre sua morte, ou melhor
dizendo, sobre sua viagem definitiva, seria para o Bosque de Broceliand.
A reputao de Merlim foi conhecida por ter sido o conselheiro, o
profeta, o mago e o tutor do rei Arthur. Foi aquele que aconselhou Arthur,
quando jovem, sobre como tirar a "Espada de Branstock" de uma pedra.
Outra lenda atribuda a Merlim conta que ele foi o responsvel no
transporte das pedras de Stonehenge da Irlanda Inglater