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Avalon e o Graal H.gerentadt

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  • H. Gerenstadt

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    e outros Mistrios Arthurianos

  • 2002. Madras Editora Ltda.

    Editor:

    Wagner Veneziani Costa

    Produo e Capa:

    Equipe Tcnica Madras

    Ilustrao da Capa:

    Cludio Gianfardoni

    Reviso:

    Alessandra Miranda de S

    Letcia Silva

    Renato de Mello Medeiros

    ISBN 85-7374-511-8

    Todos os direitos desta edio reservados pela

    MADRAS EDITORA LTDA.

    Rua Paulo Gonalves, 88 Santana

    02403-020 So Paulo SP Caixa Postal 12299 CEP 02013-970 SP Tel.: (0_ _11) 6959.1I27 Fax: (0_ _11) 6959.3090 www.madras.com.br

  • NDICE

    Prefcio

    Apresentao

    O Caminho da Interiorizao e Renovao

    Glastonbury

    Santurio Mgico da Cultura Megaltica

    Lendas, Mitos e Mistrios sempre Presentes

    A Grande Me Britannia

    As Portas de Acesso ao "Outro Mundo"

    A Abadia de Glastonbury Local de Peregrinao

    Ynnis-Witrin

    O Santo Graal

    O Significado Mgico do Santo Graal

    A Busca do Desconhecido

    Smbolo de Poder e Fonte de Milagres

    Jos de Arimatia

    As Lendas do Graal

    A Pedra do Exlio

    Os Reis do Graal

    A Mesa de Prata e o Clice

    A Busca do Graal: a Espiritualidade e os Valores Absolutos

    Os Mistrios de Avalon Conforme o Misticismo

    Introduo s Lendas Arturianas

    A Busca Inicitica dos Cavaleiros da Tvola Redonda

  • Fundamentos Histricos

    O Mago Merlim

    Rei Arthur

    Rei Arthur e o Reinado de Camelot

    Excalibur A Espada do Rei

    O Casamento Alqumico de Arthur e Guinevere

    O Rei Pellinore e a Espada Excalibur

    A Mesa Redonda e o Reinado em Camelot

    A Tvola Redonda A Imagem do Mundo

    A Rainha Guinevere e a Fada Morgana

    Morgana le Fay

    Deusas que Guiam

    O Bosque Mgico

    Os Cavaleiros de Arthur

    Lancelot do Lago

    Lancelot e Tristo as Duas Caras do Amor

    Galahad, o Melhor Cavaleiro do Mundo

    Sir Bohors

    A Queda de um Reinado

    A Conjurao da Criao

    Percival, o Rei do Graal

    Percival o Branco e o Negro

    A Ilha das Maas

    O Paraso Perdido

    Conhecimento e Perfeio

    A Ordem do Templo

    A Tumba do Rei Arthur

    Histria na Pedra

  • Stonehenge: o Crculo dos Druidas

    Introduo

    Lendas Fantsticas

    Observatrio Solar

    Esprito das Pedras

    A Presena dos Celtas

    Vesica Piseis

    A Magia do Rei Arthur

    Os Celtas

    Mitos e Histrias

    Os Druidas

    As Fadas

    Calendrios, rvores e Alfabetos Mgicos

    Glossrio de alguns dos Personagens das

    Lendas Arturianas

    Caminhos Alternativos para a Paz Interior

    Uma Tcnica de Meditao

    Nossa Viagem

    Bibliografia

  • PREFCIO

    Este livro diferenciado. Uma obra que faltava lngua portuguesa

    sobre o tema.

    Com o dinamismo peculiar, a autora conduz o leitor vivenciar a

    Tradio do Santo Graal de maneira prtica e objetiva. O Arqutipo

    feminino da Tradio abordado genialmente, conciliando a Psicologia

    Jungiana, Transpessoal e Espiritual, oferecendo pistas para um vigoroso

    trabalho de autoconhecimento e Crescimento Pessoal. Em suma um Livro

    para ser lido e vivido no dia-a-dia, to desafiador de nossos tempos.

    Parabns!

    Ricardo Maffia

  • APRESENTAO

    Comeo esta viagem como uma observadora distante, procurando

    realizar uma base de dados em minha memria.

    s vezes, samos em busca de algo que, acreditvamos, estava tora de

    ns e, depois de muitas aventuras, podemos descobrir que o que

    encontramos, ao atingir esta meta, se incorporou em nosso ser; eis a

    aprendizagem do caminho.

    A peregrinao um caminho para a intimidade, superar seu

    isolamento e sentimento de solido.

    A intimidade, por sua vez, a verdadeira viagem de transformao.

    H pessoas que vo a uma peregrinao como em um ato religioso

    dotado de valor sagrado, pois desejam curar-se de uma doena, querem

    resolver algum problema, pagar uma promessa, enfim, h vrias razes.

    O valor da peregrinao a combinao da atitude mental com a

    participao do corpo no processo espiritual, e a meta to importante

    quanto o caminho.

    Existem muitos lugares no mundo que so santurios e lugares de

    devoo, que servem para manter viva a atitude do viageiro; por isso no

    raro encontrarmos viajantes ou peregrinos em meditao em Glastonbury.

    Mas, independentemente do local, somos ns que podemos alcanar a

    felicidade por meio de um conhecimento interior, de uma peregrinao ao

    prprio corao, em busca de nossa essncia divina.

  • O CAMINHO DA

    INTERIORIZAO E

    RENOVAO

    No segredo nenhum que vivemos numa sociedade competitiva que

    nos obriga a fazer o que no gostamos, a fazer trabalhos que impedem

    qualquer realizao humana. uma corrida desumana para resultados

    aparentes, para nos afirmarmos, para nos rodearmos de coisas e, muitas

    vezes, sem transcendncia espiritual. As vezes, conseguimos perceber que

    nossa vida interior dirigida pelo que h a nossa volta e no tem, na

    realidade, uma meta. Nesse momento, necessrio reconquistar-nos.

    O sentido da interiorizao necessria implica uma depurao mediante

    o meio ambiente, a comodidade, os lugares de apego. ser mais que um

    viajante, que envolve muito mais lgica e raciocnio.

    A sensibilizao progressiva espiritual, o regresso a uma dimenso

    perdida, esquecida, no fornecem os retornos esperados ao humano;

    necessria uma renovao interior.

    A viagem uma pequena aventura, mas o valor autntico dela e sua

    capacidade de transformao.

    Mediante a compenetrao com o mundo, aproximamo-nos de ns

    mesmos com esforos sobre nossa inrcia e nossos condicionamentos. o

    momento de reconsiderao profunda da vida, a oportunidade de

    buscarmos a ns mesmos, vivendo numa via que foi criada h milnios;

    ampliar nossos limites e superar-nos at alcanar uma nova dimenso.

    s vezes, difcil termos a sensibilidade telrica dos antigos, mas

    sentir a necessidade de penetrar na essncia um objetivo digno.

    Pensamos que conseguimos dominar o mundo, mas normalmente um

    domnio vem acompanhado de destruio que acaba nos destruindo. O

    importante em qualquer situao procurar o Conhecimento, na

    contemplao, e s assim, por meio da meditao, atingir a plenitude. Para

    iniciar um caminho necessrio motivao, para que no futuro possamos

  • ter uma progressiva conscientizao.

    preciso seguir o sendeiro daqueles que, na Antigidade, iam em

    busca de algo inconquistvel, como o nascer do Sol ou a contemplao de

    uma pedra, vivificada em sua eternidade, em seus traos simples, em que se

    encontrariam mensagens de perenidade.

    O caminho inicitico necessita de uma srie de conhecimentos para

    aumentar nossa intuio e um esforo para eliminar os obstculos profanos.

    O Conhecimento completamente diferente do "saber", e isto implica

    uma compenetrao com a essncia de algo, mas tambm a liberao total

    daquilo que no essencial. uma identificao total, meta final do

    iniciado.

    Os esforos de transformao, renncia, meditao, contemplao no

    esto ao alcance de todos, e a iniciao nos prepara para um retomo

    dimenso primordial perdida, na essncia divina.

  • GLASTONBURY

    Santurio Mgico

    da Cultura Megaltica

    A lenda sustenta que neste

    lugar se ergueu a primeira Igreja

    crist do Ocidente, destino de

    peregrinaes no condado de

    Somerset, Inglaterra, Santurio

    mgico nos tempos megalticos.

    um dos caminhos de peregrinao

    na busca contnua da Verdade e

    tambm de transmisso de energia

    espiritual.

    As lendas e as tradies foram transmitidas de forma oral, de gerao

    em gerao, muitas vezes por meio de poemas e canes, mas sempre com

    um fundo real e/ou histrico. Muitas delas tm um fundo espiritual e uma

    importante carga mstica e esotrica. Todas as lendas nos enviam

    mensagens, que, se soubermos captar, nos daro a chave do caminho que

    devemos tomar para o aperfeioamento espiritual.

    Quando nos aprofundamos nessas lendas, penetramos de tal forma, que

    percebemos uma vibrao interior que expande nossa energia e nos une,

    independentemente do tempo e do espao, em uma comunho espiritual

    com os personagens e fatos que se relatam.

    A herana espiritual de Glastonbury incomparvel e rica de uma

    mitologia insupervel, de grande misticismo, que pode nos transportar a

  • planos superiores, pois segundo a lenda, foi o local em que o essnio Jos

    de Arimatia depositou o Santo Graal.

    Se formos receptivos, escutaremos os cantos dos druidas como uma

    cano celestial, surgida das rvores, para que nos unamos fraternidade

    universal.

    Os celtas situavam neste lugar uma das portas de acesso ao "outro

    mundo", assim como a localizao mstica e misteriosa da Ilha de Avalon.

    O local mais emblemtico a Tor, ou colina, no idioma galico, com

    seus 176 metros de altura, coroada por uma torre de pedra. No tem grande

    altura, mas sim grande fora telrica, igual a Stonehenge e a Avebury, com

    as quais formam um tringulo, smbolo de fogo e de impulso ao superior.

    Houve duas construes religiosas ao longo dos tempos: a primeira foi

    destruda por um incndio e da segunda, nos dias atuais, s resta a torre que

    formou parte de uma igreja-monastrio.

    Ambas as construes foram consagradas

    a Arcanjo So Miguel, um dos trs arcanjos

    citados na Bblia, chefe da milcia celestial,

    que lutou contra o mal personificado, neste

    caso, os drages, os quais destruiu. o

    guardio da porta de entrada ao mundo

    subterrneo dos celtas, o Annwn, governado

    pelo Rei Gwyn ap Nydd.

    A misso da comunidade monstica ali

    estabelecida seria de ajudar So Miguel,

    impedindo a entrada em nosso mundo de

    seres malignos. Isso no estranho, pois em

    outras comunidades religiosas, em diferentes

    lugares do planeta, tem a mesma misso.

    Em todo lugar a que chegavam os

    missionrios cristos, as divindades locais

    tentavam assimilar sua religio, e por isso se

    pensa que So Miguel, campeo da luz, com

    sua espada flamgera, enfrentava as foras do mundo subterrneo o

    plano das foras das trevas , mas na realidade era o deus celta Bel ou

  • Belial, cristianizado, para o qual era dedicada a festa da fertilidade,

    Beltane, no incio de maio.

    Uma lenda nos conta que Gwyn (ou o diabo, existe quem o diga)

    decidiu conservar a torre por ter em suas paredes desenhos e relevos pouco

    cristos, como o caso de uma representao de So Miguel, que nos faz

    lembrar das imagens egpcias, ao parecer pesando a alma dos mortos, ou de

    Santa Brgida com uma vaca, lembrando que na realidade a cristianizada

    deusa celta Brigit, uma das manifestaes da Grande Me.

    Nossa mstica colina de Glastonbury tem ao seu redor uma srie de

    terraos artificiais distribudos em sete nveis, usados pelos monges para

    seus trabalhos de agricultura, mas to mais antiga, que seu uso originrio

    talvez fosse bem diferente, pois os terraos que formam a colina tambm

    so contemporneos das grandes construes neolticas de Avebury,

    Salisbury Hill, Newgrange e Stonehenge. Esses terraos faziam um

    caminho orograficamente irregular, que estava desenhado em anis

    concntricos integrando em seu conjunto um labirinto, sendo necessrias

    trs horas para fazer todo seu percurso, e era por este caminho que subiam

    os peregrinos ao santurio. Esse caminho tem um aspecto similar ao de

    tantas outras culturas, entre as quais a mais conhecida a cretense.

    No passado cristos fervorosos subiam de joelhos j que os sete nveis

    foram associados s sete estaes de Cristo com a cruz em ascenso colina

    do Calvrio.

    O significado do labirinto como o caminho da vida que passa pela

    morte, chegando ressurreio, ou seja, uma via inicitica que tem um

    comeo de caminho e um retomo obrigatrio para que a pessoa humana

    compreenda os mistrios de sua prpria natureza.

  • Lendas, Mitos e Mistrios

    sempre Presentes

    Atualmente, em certos dias do ano, catlicos e protestantes realizam

    suas peregrinaes separadamente em Glastonbury.

    Numerosos grupos, no cristos, reivindicam este lugar como um

    grande centro drudico, pois em outros tempos contava com um dos trs

    coros perptuos da Bretanha os outros estavam na Ilha de lona, Esccia,

    e em Anglesey, Gales , e tinham como misso "enfeitiar" a Terra com

    seus cantos sagrados.

    Esses grupos celebravam as grandes festas da poca dos celtas: Imbolc

    (1 de fevereiro) a festa Brigit e traduz um tempo de purificao e de

    semeadura; Beltane (1 de maio) corresponde festa de Bel, deus da Luz,

    da Renovao e da Fertilidade; Lughnasad (6 de agosto) a festa de Lug,

    ou da colheita; e Samain (1 de novembro), coincidindo com a festa a que

    chamamos de Todos os Santos noite de portas abertas entre ambos os

    mundos. Por isso, na Tor, no difcil encontrarmos pessoas meditando na

    lua cheia; s vezes so monges budistas ou expertos em feng-shui, que para

    eles um dos lugares onde as correntes do cu e da terra confluem em

    harmonia.

    Na Antigidade, observavam-se elfos e fadas que surgiam do Annwn, e

    hoje dizem que tambm se podem observar OVNIs. A uma distncia

    considervel, acredita-se, estava a entrada do caminho principal, onde ainda

    existem dois grandes carvalhos Gog e Magog que sobreviveram aos

    tempos daqueles que rodearam o sendeiro dos peregrinos at o labirinto,

    seguindo uma linha, na qual se veria sobre a Tor a sada do Sol no solstcio

    de vero e o seu ocaso no inverno. Essa avenida terminaria onde agora

    esto as Pedras do Druida, as duas nicas que permaneceram em seu lugar.

    Possivelmente, por esse labirinto se atravessava um bosque, pois

    contam que So Patrcio, patrono e evangelizador da Irlanda, no sculo V,

    prometeu cem dias de indulgncia a todos que ajudassem a cortar a

    vegetao que cobria a colina.

  • Tneis e cavernas encontram-se no interior da colina com estalactites

    formadas pelas correntes da gua, ricas em clcio e de fluxo contnuo.

    Antes que Water Board companhia encarregada do fornecimento de

    gua fechasse o manancial conhecido como White Spring em um

    edifcio, ele era um dos locais mais bonitos de Glastonbury, rodeado de

    rvores e com formaes rochosas de cor branca pelas substncias do

    clcio.

    Tambm dizem que, desde a poca celta, esta colina era perfurada por

    subterrneos que levavam Abadia, que era uma construo artificial em

    vrios nveis.

    No difcil imaginar peregrinos saindo das brumas que flutuavam

    sobre os rios e pntanos, passando pela longa avenida rodeada de

    carvalhos, subindo pelo labirinto em procisso, talvez iluminado por

    tochas.

    Os druidas os recebiam no topo e

    concediam bnos junto a uma grande

    fogueira e, com os fogos cerimoniais acesos

    sobre outras colinas sagradas, seguiam uma

    reta que era chamada o "Caminho do Drago",

    que alguns acreditam ir ao longo do mundo

    como um longo canal de energia.

    A cripta o elemento mais antigo e parece ter algo de especial para a

    meditao.

    Hoje, a Abadia de Glastonbury est em runas. Foi a ltima que

    Henrique VIII ordenou fechar. L, esteve a igreja mais antiga do Ocidente,

    que, conforme algumas tradies locais, foi fundada pelo essnio Jos de

    Arimatia em honra a Maria que, poucos anos depois da crucificao de

    Jesus Cristo, teria trazido consigo o Graal. A lenda afirma que o Graal se

    encontra enterrado no que hoje o Chatice Well. Possivelmente, esse lugar

    era bastante conhecido por ter sido um importante porto para os mercadores

    de estanho na Idade do Bronze muitos deles procedentes da antiga

    regio espanhola chamada Tartesos quando esta regio era s uma ilha

  • no meio das restingas de estanho.

    Naqueles tempos, Glastonbury contava

    com uma importante escola drudica.

    Um sincretismo bastante particular

    aconteceu entre os druidas e os

    primeiros cristos, pois costumavam

    dar-se bem, mas no podemos esquecer

    o sincretismo que ocorreu na Irlanda,

    onde o cristianismo celta chamava Jesus

    "O Arquidruida".

    Essa prspera instituio beneditina

    era governada pelo abade Michael

    Whyting, de 80 anos. Os homens do rei

    disseram que encontraram um clice

    roubado do tesouro real, e talvez, para

    que servisse de exemplo, o ancio abade

    foi pendurado na Tor e depois seu corpo teria sido esquartejado em quatro,

    cada pedao levado s quatro cidades mais prximas e mais importantes,

    enquanto a cabea permaneceu no trio da mesma Abadia. No de

    estranhar que, de vez em quando, o fantasma do abade se deixe ver por

    essas localidades.

    Depois que a Igreja Catlica foi proibida na Inglaterra, a Abadia

    passou a pertencer Igreja Anglicana.

    Outro local sagrado de Glastonbury Chalice Well, o Manancial do

    clice.

    Afirma-se que enquanto Tor foi originariamente um lugar drudico,

    nesse local viveram algumas sacerdotisas que cuidavam de uma espcie de

    jardim encantado e de um manancial de guas com propriedades

    medicinais. Existe quem afirme que se chama

    "Manancial Vermelho", j que a gua, rica em

    ferro, deixa um rasto avermelhado.

    A fonte ostenta o smbolo chamado Vesica

    Piseis, um signo hermtico e fundamental na

    geometria sagrada, que representa a dualidade

  • gera um tringulo eqiltero ao cruzar os dois crculos de igual

    tamanho, que era visto como um smbolo da divindade, e assim mesmo

    alude como um smbolo de reconhecimento entre os primeiros cristos. Na

    porta de entrada do jardim, tambm se encontra a Vesica Piseis duas

    circunferncias unidas, cuja interseco est atravessada por uma linha reta.

    O desenho atual foi criado como um emblema de paz universal (baseando-

    se nos modelos da Antigidade) por Frederick Bligh Bond, arquelogo que

    utilizou a vidncia na Abadia no comeo do sculo XX.

    Mais de 100.000 litros de gua pura e no contaminada fluem

    diariamente, independentemente do clima exterior. De fato, at se diz que

    esta gua est alheia ao ciclo de evaporao, desconhecendo-se a

    profundidade da qual procede. Houve tempos de seca extrema, durante os

    quais a nica fonte de fornecimento que havia em Glastonbury vinha desse

    manancial.

    Debaixo da tampa, existem duas cmaras com orientao norte e sul.

    Uma delas tem cinco paredes de pedra que parecem guardar certa

    semelhana com as unidades de medida do antigo Egito, em forma

    semipoligonal, que sugere ser um lugar de iniciao cerimonial, como

    outras foram no antigo Egito.

    Em uma fonte chamada "A Cabea de Leo", encontra-se um dos trs

    espinhos (crateagus monogyna praecox), descendente, dizem, daquele que

    floresceu milagrosamente do basto de Jos de Arimatia, quando ele o

    introduziu na terra, ao chegar a Glastonbury. Essa rvore originria do

    Lbano, florescendo ao mesmo tempo flores brancas e vermelhas,

    exatamente quando chega o tempo das duas grandes festas crists: o Natal e

    a Pscoa.

    A fonte desgua no Jardim do Rei Arthur. Nesse local, existia uma

    piscina onde os peregrinos mergulhavam e ficavam cobertos de corpo

    inteiro. Na continuao, a gua desliza com formas orgnicas por algumas

    pequenas cascatas, tomando uma colorao avermelhada devido aos

    minerais ali depositados ao longo dos sculos e acaba em uma pequena

    represa.

    Acredita-se que a gua tem poderes medicinais no s pelos minerais

    em suspenso, mas tambm pelos poderes de uma fora vibratria

  • relacionada energia telrica.

    De fato, Chalice Well est situado na interseco de duas linhas

    imaginrias que unem, por um lado, Tor e a Abadia, e por outro, a colina de

    Wearval Hill, onde chegou Jos de Arimatia, e as rvores Gog e Magog,

    entrada do velho caminho dos peregrinos.

    Nesse lugar, existe um tipo de rvore singular (talvez o carvalho), pois

    foi se transformando em um smbolo vulvar, uma forma de representao

    da Deusa. Em outros lugares do jardim, tambm existe esse tipo de rvore.

    Os druidas consideravam-nas como smbolo de nascimento, morte e

    ressurreio e, por esta razo, eram plantadas em lugares de cerimnias

    especiais.

    Uma das mais antigas lendas de Glastonbury afirma que Tor era a porta

    de entrada ao "outro mundo" dos celtas. Esse acesso estaria guardado por

    Gwynn ap Nydd, que se manifestava com sua matilha de ces na vspera da

    noite de So Joo, dirigindo a "Caa Selvagem", que consistia em buscar as

    almas de quem havia sido morto recentemente para lev-las ao seu mundo

    subterrneo, onde descansariam at a ressurreio, mas, antes, Tyronoe,

    outro dos aspectos da Grande Me, as obrigava a olhar no espelho, onde

    refletiam seus segredos escuros.

    Gwynn significa "drago vermelho",

    e vermelho o drago que atualmente

    figura como smbolo do condado de

    Somerset, da mesma forma que foi o

    emblema do rei Arthur e o de Gales.

    Essa figura tambm se identifica, em

    antigos textos, com o Mabinogion que

    controla essa terra durante os meses

    escuros do ano,enquanto os luminosos

    estariam controlados, em contrapartida,

    por Gwythyr ap Greidyaw, representado

    por um drago branco. Ambos lutaram e revelaram-se nas festas de Beltane

    e Samain. Curiosamente, os dois mananciais de Glastonbury tm guas

    vermelhas (Chalice Well) e guas brancas (White Spring), e as lendas

    crists asseguram que Jos de Arimatia trouxe o Graal, onde havia sido

  • recolhido o sangue e o suor de Jesus Cristo.

    Existem lendas, como em outros lugares mgicos, que nos contam que

    algum conseguiu entrar nessa dimenso por um dia e uma noite, mas ao

    sair viu que se haviam passado vrios anos. Tambm se conta sobre um

    abade que subiu Tor com um frasco de gua benzida e encontrou um

    palcio onde havia uma festa dos habitantes do pas das fadas. O monge

    jogou a gua benzida para no ficar preso e, em seguida, encontrou-se de

    novo sozinho no topo.

    Atualmente, situa-se no velho lugar sagrado uma cidade de 10.000

    habitantes, com fama de ter albergado sempre as pessoas de forma especial

    e que, no comeo deste sculo, se converteu em um lugar de videntes e

    ocultistas. Hoje, um mbito de tolerncia e pluralismo na qual convivem

    todas as crenas. Em muitos lugares, pode-se ler a frase mais representativa

    da cidade: "Que o esprito de Glastonbury esteja contigo".

    A Grande Me Britannia

    Em Glastonbury, estiveram alguns santos carismticos da originria Igreja

    Crist-celta, como Patrcio, Dunstan ou Brigit. Santa Brigit (ou Brgida)

    muito associada deusa celta de mesmo nome, uma das representaes da

    Grande Deusa ou a Me Terra. Seu nome, unido ao de Ana, que tambm

    vinha representar a Grande Me, deu lugar Britannia e sua imagem ainda

    aparece nos bilhetes ingleses de 10 libras, com um feixe de trigo numa das

    mos. Brigit ou Bridie tambm era uma deusa associada aos mananciais

    medicinais. Em sua honra, celebravam-se as festas de Imbolc, quando se

    renovava o fogo sagrado, da qual era a patrona dos orfebres que

    transformavam, graas ao calor, minerais brutos em obras de grande

    beleza. Recentemente, celebrou-se de novo o Imbolc por parte de grupos

    neopagos, com uma grande boneca, representando a Bridie, passando por

    vrios lugares sagrados de Glastonbury. A santa crist do mesmo nome,

    nascida em 1- de fevereiro, a mesma data dedicada a Brigit, viveu por

    esses lugares no sculo V, em uma ermida situada no lugar que, mais

    tarde, receberia em sua honra o nome de "Colina de Bridie".

  • As Portas de Acesso

    ao Outro Mundo" Se a colina Tor era a entrada ao Anwnn, o manancial poderia ser o

    acesso mstica Ilha de Avalon. Dizem que o mar chegava at esse local e

    era um lugar rodeado pelas guas e conhecido como Avalon, cujo nome de

    reminiscncia artrica significa "Ilha das Mas" (em algumas antigas

    culturas, essas frutas representavam a imortalidade). Nela, descansavam os

    mortos antes de voltar a reencarnar.

    Segundo a lenda, quando Arthur faleceu, depois da batalha de Camlan,

    foi levado a Avalon de onde voltaria algum dia. Inclusive a bruma que

    costuma cobrir a regio que os habitantes locais chamam de "A Dama

    Branca", evoca a nvoa da mstica "Ilha das Mas". Alm do mais, esse

    lugar est localizado no condado de Somerset, nome que poderia aludir ao

    "Reino de Vero", com o qual sonhavam Merlim e Arthur, como uma terra

    na qual as coisas poderiam ser diferentes para os homens e a vida algo mais

    que uma luta contnua pela sobrevivncia.

    Segundo as tradies galesas, Avalon, tambm chamada "Ilha dos

    Benditos" ou "dos Afortunados", era um mundo feminino onde reinava a

    fada Morgana.

    Algumas lendas contam que Gwenhyfar, em galico, ou Guinevere, foi

    resgatada por Arthur da Tor de Glastonbury, na qual era prisioneira, e que

    Arthur teve de lutar contra Melwas, de igual modo a que Gwynn teve de

    lutar com Gwythyr para conseguir Creiddyald. Em ambos os casos, os

    heris, simbolizados pelas cores vermelha e branca, tiveram de disputar

    entre eles pela representao do sol, que nas tradies celtas, e em outras

    mais antigas, era uma entidade feminina.

    Nem todas as religies primitivas matriarcais eram do signo lunar.

    Entre alguns povos antigos, o Sol e o poder solar eram considerados

    femininos por natureza.

    A entrega a Arthur, de Excalibur, a espada forjada neste lugar por parte

    da Dama do Lago, representaria o passo da soberania por linha materna

    paterna.

  • A Abadia de Glastonbury

    Local de Peregrinao

    Segundo a lenda, Jos de Arimatia

    chegou de barco a Wearyall Hill, prximo

    de Glastonbury, por ser uma rea segura e

    acessvel para embarcaes pequenas e

    acredita-se que neste local ele construiu

    uma igreja. Em 1184, um incndio destruiu

    a igreja original, a qual era descrita como

    "o lugar mais sagrado de toda a Inglaterra"

    e considerada um lugar de peregrinao.

    Nessa poca, a Abadia estava aos cuidados

    de Peter de Marcy e ele foi apoiado pelo

    rei Henrique III para a sua reconstruo. A

    morte do rei, em 1189, significou a perda

    do apoio financeiro, pois nenhum de seus filhos estiveram interessados em

    continuar as obras.

    Essa igreja j existia quando os saxes invadiram Somerset e era

    utilizada por monges celtas-cristos. Dizem que oficialmente chegou a ser

    um monastrio beneditino em 673.

    Outra lenda diz que Jos de Arimatia trouxera consigo Jesus Cristo

    quando criana Glastonbury e voltara depois da morte de Jesus para trazer

    a voz do cristianismo, assim como trouxera consigo o clice da "ltima

    Ceia".

    Outras lendas contam que Jos de Arimatia, nessa ltima viagem,

    trouxe tambm consigo Maria, a Santa Me de Jesus. O certo que esta

    Abadia sempre teve, de alguma forma, uma importncia religiosa.

    A lenda de Jos de Arimatia e de Jesus Cristo visitando a Inglaterra

    pode basear-se no conhecimento dos saxes sobre o local da igreja quando

    diziam: "No foi construda pelo homem, mas preparada pelo prprio

    Deus".

  • Em 1409, o bispo Roberto Halem de Salisburgo afirmou que a

    Inglaterra deveria ser uma nao to crist quanto a Itlia, Frana e

    Alemanha e nas bases da converso apostlica de Jos. A data exata da

    converso no se conhece exatamente, pois ao longo da histria a

    manipulao desse fato sempre foi utilizada para prestgios ou poderes

    polticos.

    Pode-se dizer que os mistrios e as conexes com a lenda arturiana e as

    linhas de energia da Terra se encontram aqui, na Abadia de Glastonbury,

    pois continua atraindo milhares de peregrinos e um local de atmosfera

    nica.

    Ynnis-Witrin

    A lenda conta que por meio de Jos de Arimatia, a conhecida

    atualmente Gr-Bretanha foi, de todos, o primeiro reino que recebeu os

    Evangelhos de Jesus Cristo.

    A aceitao do cristianismo por essa nao foi sob o reinado de Lcio,

    o Bom, no ano de 170.

    A Igreja de Glastonbury considerada como a Me da Ilha.

    Existem datas diferentes para a fundao de Glastonbury, mas a mais

    possvel, conforme historiadores, foi no ano de 37 d.C.

    Gildas, o Sbio, historiador do cristianismo (425-512), disse que "a

    Luz do Cristo brilhou aqui, no ano do reinado de Tiberius Csar", que foi o

    ano de 37, e foi marcado com a vinda da primeira misso evanglica Gr-

    Bretanha.

    Glastonbury anteriormente era Ynnis-Witrin ou a chamada Ilha de

    Avalon, e estes so os nomes mais conhecidos.

    Ynnis Witrin conhecida como:

    a Ilha de Cristal, pois os celtas chamavam esta rea de "Ynisvitrin", a Ilha

    do Vaso, a Ilha Brilhante, com base na cor do rio;

    a Ilha de Avalon, ou a Ilha das Mas, com base em uma velha palavra

    britnica, "aval", que significa mas.

  • O nome Avalon originrio da poca do rei Avallach (ou Apallach, ou

    Aballac, ou Avalloc); ou das histrias do Graal; ou dos historiadores, do

    contemporneo So Jos, de Witryn (Gwytherin) passado ao latim como

    Victorinus, que foi um descendente do rei Avalloch, e assim Glastonbury,

    desde Glast, um contemporneo do rei Arthur, e outro descendente do rei

    Avallach.

  • O SANTO GRAAL

    O Significado Mgico do Santo Graal

    Um dos temas principais das lendas do rei Arthur a busca do Santo

    Graal, que era estreitamente vinculada Ordem da Cavalaria da Tvola

    Redonda. Conforme as tradies medievais, Glastonbury foi visitada por

    Jesus Cristo, sendo ele uma criana, com seu discpulo Jos de Arimatia

    que voltou ali alguns anos depois da crucificao para predicao dos

    Evangelhos. As lendas contam que Jos de Arimatia levava consigo o

    Clice que foi utilizado na ltima Ceia, alm de duas pequenas jarrinhas

    nas quais continham o sangue e o suor de Jesus Cristo e que,

    posteriormente, foram enterradas em algum lugar secreto, perto de

    Glastonbury.

    O Santo Graal da literatura medieval europia

    o herdeiro, seno o continuador de dois talisms

    da religio celta pr-crist: o Caldeiro do Dagda

    e a Taa de Soberania.

    O que explica que esse objeto maravilhoso

    seja muitas vezes um simples prato cncavo

    levado por uma virgem? Nas tradies artricas,

    ele tem o poder de dar a cada um o prato de carne

    da sua preferncia: seu simbolismo anlogo ao

    da cornucpia (vaso mitolgico em forma de

    como, cheio de flores e frutos que simboliza a

    riqueza, a abundncia e a fertilidade). Dentre os

    inmeros poderes que tem alm do poder de

    alimentar (dom da vida), contam-se o de iluminar

    (iluminaes espirituais) e de se fazer invencvel.

    Afora inumerveis explicaes, o Graal gerou interpretaes diversas

    que correspondem ao nvel de realidade em que se colocava o comentador.

  • Albert Bguin resume da seguinte forma: "O Graal representa

    simultaneamente o Cristo morto pelos homens, o clice da Santa Ceia, a

    graa divina dada pelo Cristo aos seus discpulos e o clice da missa que

    contm o verdadeiro sangue do Salvador. A Mesa sobre a qual repousa o

    vaso , segundo esses trs planos, o Santo Sepulcro, a mesa dos Doze

    Apstolos e o altar em que se celebra o sacrifcio cotidiano. Essas trs

    realidades, a Crucificao, a Ceia e a Eucaristia so inseparveis, e a

    cerimnia do Graal a revelao delas, que d na comunho o

    conhecimento da pessoa do Cristo e a participao no seu Sacrifcio

    Salvador".

    O que no deixa de ter relao com a explicao analtica de Jung, para

    quem o Graal simboliza a plenitude interior que os homens sempre

    buscaram.

    Mas a Demanda do Santo Graal exige condies de vida interior

    raramente reunidas. As atividades exteriores impedem a contemplao que

    seria necessria e desviam o desejo. Ele est perto e no visto. o drama

    da cegueira diante das realidades espirituais, to intensas quanto mais se cr

    na sinceridade da busca. Na verdade, o homem est mais atento s

    condies materiais da "demanda" que s suas condies espirituais.

    A Demanda do Graal inacessvel simboliza, no plano mstico, que

    essencialmente o seu, a aventura espiritual e a exigncia de interioridade

    que s ela pode abrir a porta da Jerusalm celeste em que resplandece o

    divino clice.

    A perfeio humana no se conquista a golpes de lana como um

    tesouro material, mas por uma transformao radical do esprito e do

    corao. preciso ir mais longe do que Lancelot, mais longe que Percival,

    para chegar transparncia de Galahad "imagem viva de Jesus Cristo".

  • A Busca do Desconhecido

    A busca do Santo Graal tem um significado mais profundo que o

    conceito cristo que o preceitua, que geralmente o da localizao do

    Santo Clice.

    a busca do desconhecido, das coisas ocultas, cujo conhecimento abre

    as portas para a iluminao e para o estado espiritual, obtido com o

    sofrimento, com a autodisciplina e a perseverana. Nas leituras do rei

    Arthur, um dos requisitos fundamentais para encontrar-se o Graal era a

    pureza do corao. A preparao para a busca, que para tanto implicava em

    uma srie de cerimnias de purificao, era vista conforme a religio que o

    buscador aderia. Os cavaleiros cristos rezavam, faziam retiros e outras

    penitncias, e seus ascendentes pagos ensaiavam rituais de submisso a

    um poder superior que garantiam, desta maneira, o domnio sobre seus

    prprios aspectos mais obscuros, porque se o iniciado no conquista a

    escurido, no poder compreender os mistrios ocultos da Luz e da

    Verdade.

    O Graal conserva-se oculto s pessoas comuns e certamente se chegar

    a ele por uma longa peregrinao inicitica, conseguida com a comida

    espiritual, reservada a uma Irmandade de Eleitos da qual participa a

    Presena Divina.

    Esse caminho pessoal e se faz com o esforo necessrio para

    conseguir ver, sentir e reinar Deus em seu prprio Corao. Nesse

    momento, o Iniciado transforma-se em Eleito e recebe o Dom da Santidade.

    E mais adiante ser um Kadosh, um santificado.

    A realizao ou superao de cada um efetua-se por meio de uma

    atividade que normalmente interna, pois se exerce a partir do centro de

    cada plano.

  • Smbolo de Poder e Fonte de Milagres

    A etimologia e o significado da palavra "graal" foi definida de diversas

    formas. Em geral, aceita-se a explicao do cronista cisterciense

    Helinandus (em torno de 1230), que menciona a viso de um eremita no

    ano 717 relativa a um prato utilizado por Jesus Cristo na ltima Ceia, e

    sobre o que este eremita escreveu num livro em latim, com o ttulo de

    Gradale. Essa palavra deu lugar francesa "graal" ou "greal", e inglesa

    "grail" que segundo a explicao de Helinandus, significa prato largo e

    s vezes fundo, utilizado para servir aos ricos alimentos suculentos em

    pequenas quantidades (gradatim). Na linguagem popular, tambm se

    chama este recipiente de "greal", pois agradvel (grata) comer nele.

    Outros derivam da palavra "cratalis" (crater uma taa para misturas).

    No entanto, o simbolismo do Graal no Ocidente propagou-se

    fundamentalmente pela via do cristianismo alm dos elementos da

    mitologia celta, na qual o ciclo arturico claro exponente dessa influncia.

    As autnticas origens das lendas encontram-se no antigo motivo universal

    do recipiente sagrado que smbolo de poder e fonte de milagres. Tais

    recipientes smbolos femininos aparecem nas mitologias de todos os

    povos (vedas, egpcios, etc.) e em vrias tradies de mistrios que falam

    de copas ou caldeiros de inspirao, regenerao e de poderes inesgotveis.

    Assim, o Graal , por antonomsia, o recipiente que preserva a vida no

    mundo e por isso simboliza o corpo da Deusa ou da Grande Me:

    relaciona-se com os cultos vegetao e constitui um vestgio dos ritos

    iniciticos e da fertilidade. Poderia dizer-se que seu simbolismo

    praticamente inesgotvel. Em alquimia, equipara-se com a pedra filosofal,

    cuja representao a unio com Deus. No budismo tibetano, encontra-se

    um equivalente nos crnios humanos que representam recipientes de

    transformao. Seu poder para sarar e fazer possvel o acesso Divindade

    ilimitado.

  • Jos de Arimatia

    "Enquanto estavam comendo, pegou Jesus o po e o benzeu, o partiu

    e, dando-o a seus discpulos, disse: 'Tomei, comei, este meu corpo'.

    Tomou em seguida uma copa e, dadas as graas, a deu dizendo: 'Bebei

    dela todos, porque nela est meu sangue, da aliana, que derramado por

    muitos para o perdo dos pecados'".

    Esta passagem do Evangelho de Mateus, captulo 26:26-28, uma das

    primeiras referncias ao rito mais importante da Igreja Crist: a Eucaristia.

    Instaurada por Jesus de Nazar na ltima Ceia, teve como elemento

    fundamental a "copa" um utenslio que se pensa ter pertencido a Jos de

    Arimatia , o anfitrio da ceia. Segundo a lenda apcrifa, teria sido ele

    mesmo quem, com a citada copa, teria recolhido o sangue emanado das

    costas de Jesus quando o centurio romano cravou sua lana.

    Mas os dados histricos fiveis que possumos, tanto sobre Jos de

    Arimatia como sobre o clice, so to sucintos que nem sabemos como era

    aquele recipiente. Tanto assim, que alguns investigadores identificaram

    este "Graal", com a bandeja ou grande prato do cordeiro pascoal.

    O que conhecemos com certeza sobre Jos de Arimatia nos dizem os

    Evangelhos Cannicos. Nasceu em Arimatia (que atualmente conhecida

    com o nome de Rama), da o seu sobrenome.

    Era um "israelense rico, um homem justo e bom, membro distinguido

    do Sanedrim, que tambm buscava o reino dos cus. Discpulo de Jesus,

    mas em segredo por medo dos judeus".

    Foi ele que reclamou a Pncio Pilatos o corpo de Jesus, depois de sua

    morte na cruz, e da vem sua importncia histrica.

    Depois do enterro, Jos no voltou a aparecer nas fontes bblicas. A

    relquia mais buscada da histria procedia, segundo alguns relatos, dos

    pertences de Arimatia.

    Essa afirmao nasceu do fato de que aquele homem bom e justo fosse

    o anfitrio da ltima Ceia e, portanto, proprietrio de tudo quanto se

    utilizou naquela Ceia, se bem que no existe nenhuma referncia ao

    contrrio.

  • O clice apareceu teoricamente muitos sculos depois em

    Bretanha. Mas como e por que, so perguntas freqentes aos estudiosos do

    tema.

    Segundo as crnicas apcrifas, Jos foi libertado no ano 70 d.C, quase

    quatro dcadas depois de sua priso. Uma vez livre e em companhia de seu

    filho Josephes, ele emigrou em direo ao Ocidente Gr-Bretanha ,

    para ser mais exato. Ali, edificou a primeira Igreja Crist, em Glastonbury,

    onde salvaguardou o Graal.

    Outra verso explica que Jos passou o Graal a Bron, marido de sua

    irm e que se converteu o "Rei Pescador" quando conseguiu alimentar uma

    grande quantidade de pessoas com um s peixe de seu Graal; estes se

    dirigiram at Avalon, onde esperaram a chegada de um novo guardio que

    custodiaria a relquia que se conservaria em um templo em Muntasalvach, a

    Montanha da Salvao, vigiada por uma Ordem de Cavaleiros do Graal.

    A custdia do Santo Graal teria sido outorgada ao Rei Pescador que,

    deitado imvel, em um estado entre a vida e a morte, s o abandonaria

    quando o mesmo fosse encontrado por um cavaleiro puro e de reputao

    ilibada que muitas vezes foi identificado com Percival (Parsifal).

    As lendas celtas contam que Jos passou por muitas atribulaes para

    que no lhe roubassem o Graal, at que numa noite um esprito do Bem

    comunicou que deveria lev-lo ao pas "Oeste-Alm-dos-Mares". Jos

    partiu com seus acompanhantes e familiares e, ao chegar, uma voz lhe disse

    que teria que se despojar de sua tnica branca (a tnica branca, comum a

    todos os Iniciados), estend-la sobre as guas e subir, com os demais, sobre

    ela. A tnica, como um navio, conduziu todos a uma terra gelada e com

    fortes ventos do Norte. AH, Jos recuperou sua tnica e conduziu os

    demais terra adentro, at um local chamado Glastonbury, situado ao Sul da

    Inglaterra, perto do Canal de Bristol, onde sua Vara se afundou no solo e

    transformou-se em uma frondosa rvore de espinhos com belas flores

    brancas. Assim, foi colocado o Graal debaixo deste Espinho e todos se

    reuniram junto ao Espinho para comer um Peixe Prateado que Alan havia

    pescado em um riacho prximo, enquanto ao redor, sem toc-los, caa a

    neve.

    Depois de terminada a comida, Jos guardou o Graal em um cofre

  • coberto de pedras preciosas e prosseguiram sem

    perceber que um sacerdote druida tinha

    observado o milagre do Espinho em Flor e visto

    o Graal, anotando em um pequeno livro.

    Quando Jos chegou ao castelo do rei local,

    foi-lhe concedido terras nas quais havia

    florescido o Espinho. Algumas verses dizem

    que Jos teria enterrado o cofre que continha o

    Graal neste local.

    Toda essa viagem representou uma peregrinao, uma busca, uma

    necessidade interior. A viagem de Jos realizou-se por motivos similares (a

    voz lhes indicava que deviam viajar), j que boiar em um pano branco

    alegrico de uma viagem espiritual pelo mundo intermedirio entre a Terra

    e o Cu, em estado de pureza.

    O local a que chegaram se chamava Glastonbury, que alguns traduzem

    como "Cidade de Vidro", do breto "Ygnis Gutrin", insula vtrica, que os

    ingleses transformaram em "Glastonbury", a "Cidade Vidro", de "Glass",

    vidro, e "Buria", cidade.

    Tambm este nome pode ser pensado de outra maneira: "Glass", copo

    ou vaso, "Ton", de 'Tomb", tumba, e "Burry", enterrar, sepultar, ou seja, "O

    local onde est enterrado ou oculto o copo ou o clice" ou, em outras

    palavras, "Local onde se ocultou o Graal".

    A Vara, que em milagre foi transformada em um Espinheiro com flores

    brancas, um smbolo de poder, como foi a de Moiss, e significa tambm

    o centro do mundo, representado pelo Centro do Crculo onde se encontra o

    Graal. A rvore do Espinho faz-nos recordar os espinhos, antigo smbolo

    egpcio da Deusa Me Neith, cujo significado era dual, j que experimenta

    prazer e dor, xtase e angstia. A Flor um smbolo do Centro e, em

    conseqncia, imagem arquetpica da alma.

    O Centro do Crculo o ponto no qual ningum pode errar por ser

    eqidistante a todos os pontos que o formam.

    A Vara indica a aparncia da morte e o surgimento de uma nova vida,

    mas tambm um segmento dotado de direo, longitude e sentido, ou

    seja, o que se conhece como um vetor. Estes trs elementos so os que

  • constituem, reforam e determinam esse sentido simblico; um signo de

    poder.

    Esse processo traz, em primeiro lugar, um sacrifcio, representado pela

    dor que causam os espinhos e, em segundo lugar, uma satisfao,

    representada pelo perfume e viso das flores.

    Do ponto de vista esotrico, a Flor tem vrios significados; por sua

    forma uma imagem do Centro, da sua arquetpica da alma; a viso da

    Flor produz uma satisfao pois acredita-se na aquisio de nveis

    espirituais superiores. Trata-se da representao do sacrifcio que implica a

    morte fsica, deixando as coisas mais queridas, o que produz uma imensa

    dor. Trata-se, tambm, do renascimento em outro nvel que substitui a dor

    pela satisfao.

    Outra lenda fascinante com relao aos herdeiros diretos de Jesus,

    que com Maria Madalena frente, fugiram at a Europa depositando o

    Graal em algum local secreto. Esse local seria a meta obrigatria de toda

    uma estirpe de cavaleiros iniciados os da Tvola Redonda , que

    dedicariam sua vida a uma busca transcendental, cujo ltimo objetivo era o

    Graal.

    O certo que o Clice da ltima Ceia surgiu com muita fora quando

    se produziu a evangelizao na Gr-Bretanha, por volta do ano 170; e

    tambm nos romances glicos que narram lendas relacionadas aos

    Cavaleiros da Tvola Redonda. Eram tempos em que as lendas pagas

    drudicas foram relegadas a um segundo plano.

    Na obra de Chrtien de Troyes, so narradas as aventuras de Percival,

    cavaleiro do rei Arthur, e tambm aventuras sobre o Graal.

    Na obra de Robert de Boron, relatada a acidental viagem do Graal at

    a Inglaterra. onde pela primeira vez se relaciona o clice com o

    cristianismo.

    Outra obra que contribuiu foi a de Wolfram von Eschenbach, na qual

    so aportados elementos cristos ausentes nos outros romances e uma

    simbologia alqumica: o Graal aparece como uma pedra, lpis exilis, que

    poderia ser a pedra filosofal.

    A influncia dessa mstica relquia chegou inclusive ao campo da

    psiquiatria: Carl G. Jung disse que a histria do Graal est psiquicamente

  • viva em nossa poca. Nesse sentido, seu ideal uma busca da Verdade, do

    Eu autntico.

    As Lendas do Graal

    As antigas lendas celtas, anteriores ao cristianismo, falam de um Copo

    ou Vaso proftico que possua a "gua da ressurreio", da qual

    possibilitava toda classe de milagres e curas. Quando se converteram ao

    cristianismo, os druidas instalaram-se nas profundezas dos bosques

    realizando uma vida retirada e austera. A conservao das antigas lendas

    deve-se a esses sacerdotes, como os orculos e profecias do Mago Merlim,

    que foram proibidos pela Igreja no Concilio de Trento, no sculo XVI.

    No final do sculo XII e no princpio do sculo XIII, quando a lenda de

    Arthur e seus cavaleiros renascia, substituindo a poca de Carlos Magno

    herdeiro do Imprio romano do Ocidente , surgiu um novo tema de

    carter mstico e inicitico: o do Graal. Esse tema reaparece em vrias

    obras: na do francs Chrtien de Troyes, em quatro contos: Li Conte du

    Graal, Grand Saint Graal, Perceval li Galois e Queste du Saint Graal, a

    partir de 1170; na do tambm francs Robert de Boron: Histoire dou Graal,

    de 1175; na do alemo Wolfram von Eschenbach, Parzival, de 1200; e em

    outras vrias obras.

    Em comentrio detalhado, que transcenderia aos limites do ensaio, R

    Ponsoye comenta que: "A palavra Graal originria do Sul da Frana,

    antiga Glatz, forma particular do provenal Grazald, catalo antigo Presalt,

    espanhol antigo Greal, Garral, e no latim popular Gradalus, Gradalis,

    espcie de vaso ou copo".

    Mas as lendas do Graal no so uma prerrogativa dos celtas; a deusa

    egpcia Neftis tinha o clice como um objeto sagrado, tanto que estava

    incorporado em seu turbante. Neftis era uma deusa do oculto e do

    escondido. Mas era tambm a Reveladora Revelar o Desconhecido ,

    que tambm um caminho de iniciao. Seu clice de prata contm toda a

    simbologia posterior do Graal e da copa como o receptculo sagrado no

    qual se verteram as guas da Luz e da Verdade.

  • No antigo Egito, aparece sobre a cabea do boi Apis um vaso

    pirognio, que se chamava "Gradal".

    O vaso ou copo pirognio do grego "pyr", fogo, e "gennn",

    produzir era o que tinha o Fogo da Cabea, o Fogo Celestial, o Fogo

    Espiritual.

    A palavra latina Gradalus poderia ser uma expresso composta,

    proveniente de Gradus grau, e de Lux ou "Lucis", luz, que significaria

    "Os Graus da Luz", ou seja, o caminho inicitico que leva, gradualmente,

    obteno da iluminao total.

    As antigas lendas galesas contam-nos como o rei Arthur, em seu barco

    mgico, Prydwen, entrou nas regies das sombras de Anwwn, onde Pwyll

    era o Senhor. Na chegada, no percebeu a presena de um caldeiro mgico

    custodiado por nove donzelas. Este caldeiro descrito com as bordas de

    prolas incrustadas. O fogo que linha sob ele era aceso pelo esforo das

    nove donzelas, falava como um orculo e no cozinhava alimentos para

    quem no fosse digno. So, novamente, lendas contando que o Graal

    poderia oferecer alimentos aos cavaleiros, mas s os dignos podiam

    acercar-se. Aqueles que oravam na Capela de Peleur permaneciam jovens,

    e as histrias so abundantes na literatura celta.

    Outra lenda antiga conta que quando Lcifer foi expulso do Cu, uma

    esmeralda desprendeu-se da maravilhosa coroa que sessenta mil anjos lhe

    haviam presenteado. Essa pedra caiu na Terra e dela formou-se uma vasilha

    de grande beleza, a qual depois de muito tempo chegou s mos de Jos de

    Arimatia.

    No Oriente, as figuras de Deus esto representadas com freqncia

    com uma jia no centro da fronte um terceiro olho que dizem

    corresponder glndula pineal e habilidade de "ver" alm dos cinco

    sentidos normais. A cor de Neftis era a verde, como a esmeralda, e ela era a

    Deusa das Dimenses Ocultas, que equivaleria mundo subterrneo celta, e

    ao mesmo tempo o verde tambm a cor do raio celta.

    Uma lenda em especial conta que, em algum lugar do Oriente, vivia

    um homem bom e justo de nome Jos, que depois se converteu em Jos de

    Arimatia e possua um clice adornado com prolas e esmeraldas. Todos

    os dias, reunia-se com sua famlia em uma Mesa Redonda de Prata, onde

  • no centro havia o Clice. Depois, enviava um homem de sua casa, chamado

    "Alan" que tinha sido batizado com o nome de "Grande Pescador" ,

    at um riacho prximo para pescar um Peixe Prateado que surgia das guas

    quando ele chegava. Alan conseguia pesc-lo e depois o cozinhava sobre

    brasas e o levava mesa. Todos, por muitos que fossem, conseguiam saciar

    seu apetite com ele.

    O nome do pescador coincide com seu apelido. Se procurarmos o

    significado de seu nome Alan poderemos encontrar: "A" significa um

    e "Lan", expresso proveniente do ingls "To Land", que em uma de suas

    acepes significa tirar um peixe, resultando da unio de ambas as partes

    em "Um que tira o peixe", quer dizer, "Um pescador".

    O peixe que pesca prateado, cor que nos lembra a Lua, e esta tambm

    lembra as coisas da alma.

    O fogo que utiliza para ass-lo de natureza solar e representa o

    Esprito que simboliza o carter do alimento. E por isso sacia o apetite de

    quantos fossem necessrios.

    Jos de Arimatia, como foi comentado anteriormente, era discpulo de

    Jesus Cristo e foi quem recolheu seu corpo quando o baixaram da Cruz.

    A Bblia conta que aps a morte de Jesus, um centurio, Longinos,

    "abriu o flanco com uma lana e em seguida saiu sangue e gua" (So Joo,

    19:34). E a lenda conta que Jos de Arimatia recolheu, em um clice,

    "sangue e gua", e que este clice era o Graal.

    Na primeira epstola de So Joo, estabelece-se que so trs os que do

    testemunho no Cu: o Pai, o Verbo e o Esprito Santo, e trs so os que do

    testemunho na Terra: o Esprito, a gua e o Sangue.

    A ferida uma ruptura, cujo significado bastante transcendente. Por

    tal motivo, da "ferida de Jesus" recolher-se- o produto da liberao

    espiritual da Humanidade, composto por elementos que contm o Verbo e o

    Esprito Santo. A Lana smbolo de poder terrenal est relacionada

    com a Cruz, a rvore e o Centro do Mundo. A Lana produz a ruptura, e

    ela que faz a comunicao do Centro com a Terra trazendo a esta elementos

    divinos que possibilitaro a perfeio espiritual do homem. Diz a Bblia:

    "Este Jesus Cristo, que veio por gua e sangue; no por gua

  • somente, se no por gua e sangue; e o Esprito que d o testemunho, pois

    o Esprito a Verdade" (So Joo, 3:5-6).

    Quando a lenda comenta que Sigfrido matou o Drago com sua espada

    mgica e bebeu o sangue que emanou das feridas, subitamente conheceu a

    "linguagem dos pssaros" o "argot", ou "linguagem divina", e por meio

    dela o Conhecimento, a Arte Real, o Critrio, similar s lendas irlandesas

    quando dizem que os Tuatt de Dannn levavam os "Eleitos" a seus Palcios

    Subterrneos para que pudessem participar do Conhecimento, sendo

    transformados em pssaros para conversar com eles.

    A Lana, que muitas vezes ocasiona feridas mortais, pode curar muitas

    feridas. Para isso, o possuidor dever ser puro e sem mcula, j que o

    nico que poder outorgar o perdo.

    A ferida e o sangue indicam um ato sacrificial. Aquele que deseja

    aperfeioar-se espiritualmente, dever sacrificar seus bens, prazeres e

    outros elementos materiais, renunciando a eles. Psicologicamente, trata-se

    da conscientizao do elemento inconsciente, que ocasiona uma mudana

    uma ruptura no indivduo.

    O Graal compe-se de um continente (aquilo que contm algo) o de um

    contedo, em semelhana ao Vaso Celta que tinha em seu interior "gua da

    ressurreio". A renncia dos bens desse mundo implica a morte e o

    renascimento em outro plano de conscincia. Para terminar essa reflexo,

    podemos dizer que a Copa o aspecto feminino e a Lana o masculino, e

    seu dualismo nos conduzir s "bodas alqumicas" do Sol e da Lua.

    Jos de Arimatia teria, em si, os poderes temporais e espirituais. E

    como esses poderes somente so recebidos por iniciao, devemos supor

    que Jos nome que lembra o esposo de Maria uma entidade

    espiritual que representa o "Pai". Por isso, ser "o dono das almas". Alan,

    "o Pescador", outra entidade espiritual que representa o "Filho", j que a

    "Jesus" tambm chamaram de "O Grande Pescador".

    Do ponto de vista psicolgico, poder-se-ia estabelecer que o

    "Pescador" aquele que consegue extrair do inconsciente os contedos

    profundos que, esotericamente, se correspondem com a Sabedoria e os

    elementos de ordem espiritual. Assar o peixe ou submet-lo ao logo,

    significa trazer conscincia esses contedos e depur-los, aumentando o

  • conhecimento de quem deve e pode faz-lo.

    Alguns estudiosos manifestam que o peixe uma "espcie de pssaro

    das zonas inferiores", que vem das profundezas superfcie, caracterstica

    que se corresponde com a conscientizao dos elementos do inconsciente.

    A Mesa de Prata na qual se sentava Jos e os seus a representao da

    circunferncia que indica o "Todo" e a eternidade e do crculo, que

    indica a perfeio do disco solar, a manifestao espiritual que surge do

    "Centro", o ncleo central, representado pelo Clice. Este centro, origem de

    toda manifestao, ou tambm emanao, a "Unidade", cujo estado ou

    conhecimento no pode ser alcanado.

    s vezes, o Clice substitudo simbolicamente por um Corpo,

    especialmente pelo do Unicrnio, animal fabuloso, que C. Jung considera

    "um smbolo unificador que d expresso ao carter bipolar do arqutipo".

    bipolar, ou melhor ainda, andrgino, j que feminino, mas como

    contedo masculino, pois representa o poder e a fora do Esprito. Por

    isso, o Unicrnio identifica-se com o Esprito Santo, que os alquimistas

    simbolizavam como a parte voltil de Mercrio.

    O Clice representa o Corao do homem, rgo que para os antigos

    era o centro do Conhecimento, lugar de radicao da chispa ou partcula

    divina que todo homem leva dentro de si. O despertar desse Fogo daria ao

    homem a iluminao necessria para unir-se com a essncia de onde

    provm.

    O Graal conserva-se oculto s pessoas comuns; chega-se a ele

    batalhando numa longa peregrinao e o consegue por meio de alimento

    espiritual reservado a uma Irmandade de Eleitos, da qual participa a

    Presena Divina. Todo caminho pessoal, j que cada um se alimenta com

    o que necessita e faz o esforo devido para conseguir ver, sentir e reinar

    Deus em seu prprio corao.

    O renomado estudioso do esoterismo, Ren Guenon, diz: "A realizao

    ou superao de cada um efetua-se por meio de uma atividade, que

    normalmente interna, pois se exerce a partir do centro de cada plano".

  • A Pedra do Exlio

    O Graal relacionado com uma verso bastante conhecida, que seria

    da esmeralda cada do diadema ou do prprio Lcifer quando golpeado

    pelo anjo Miguel. Um anjo talhou com ela um Copo ou Vaso, e obsequiou

    a Ado. Depois de sua "cada", Set, que v isitou brevemente o paraso, o

    trouxe consigo Terra. Alguns a chamam "Pedra da Luz", e outros a

    relacionam com a ave "Fnix".

    O Graal tambm relacionado com a "Pedra Filosofal" do hermetismo,

    o elixir da longa vida (Lpis Exilir), que renova, revive e faz alcanar a

    vida eterna; a quem encontra o "ouro" so permitidas "as portas do

    paraso".

    O conceito de "Pedra" bastante amplo, mas sempre marcado na

    existncia de um lugar ou como algo sagrado, correspondente ao "Centro"

    ou ao "Centro em si". s vezes, apresenta-se como "Caverna", outras como

    "Montanha Polar", outras como a "Pedra da Esquina", enviada por Allah

    para terminar o Templo, ou como a "Pedra Chave" ou "Pedra da Caaba",

    mas sempre implicaria um continente e um contedo de ordem espiritual.

    Na Alquimia, a Pedra Filosofal recorda-nos o Crisol ou Caldeiro que se

    utiliza para produzi-la, e que nos leva novamente ao Copo ou Clice e a seu

    contedo.

    Os Reis do Graal

    As lendas e escrituras de diversos escritores como Eschenbach contam

    que o castelo que custodiava o Graal se encontrava no "Monte da

    Salvao", cujo conceito similar ao da "Montanha Polar", que designa o

    "Centro do Mundo", a qual estava custodiada pela mais clebre das milcias

    de Deus: Os Templrios.

    A vinculao da cidade de Anjou como os depositrios e guardies

    do Graal pensam , em dado momento foi considerada um "centro

  • mstico".

    O condado de Anjou, que era um centro esotrico de grande

    Importncia, incorporou-se ao Imprio Angevino em 1152. O nome

    simblico dado cidade construda no Bosque relaciona os egadinos com

    os atlantes, atravs dos lgures. O nome do Bosque, "Ninho de Pssaro",

    tambm relacionado simbolicamente com as aves, que representam almas

    e mensageiras entre o homem e os deuses e com Merlim, cujo nome

    significa Mirlo.

    Possui todas as caractersticas de um "Centro", em que um grupo de

    Eleitos vivia fora do mundo comum rodeado de manifestaes espirituais

    presidido pelo Graal, objeto representativo da Presena Divina, de conceito

    transcendental.

    O primeiro rei do Graal foi Titurel, que o havia recebido em custdia

    dos anjos e o guardava no Castelo de Montsalvat, prximo dos Pirineus.

    Depois, foi passado a seu filho Frimutel e deste a seu neto maior Amfortas,

    que caiu na tentao de uma mulher, pela qual foi ferido com sua prpria

    lana, a lana tradicional dos longinos. A ferida no cicatrizava e s seria

    curada por um cavaleiro puro e sem mcula e que colocasse sua mo sobre

    a ferida. A ferida, sendo provocada por um pecado, somente seria curada

    pelas mos de seu substituto. Assim, Amfortas, como Arthur, "adoeceu".

    Enquanto isso, o irmo menor do rei de Anjou, Galmuret, servia as

    ordens do Sulto de Bagdad, que reinava sobre grande parte da Terra. Ali,

    casou-se com a rainha Balacane, "negra como a noite", e teve um filho,

    Feirefiz, metade branco e metade negro. Depois foi a Gales, na Gr-

    Bretanha, e ali voltou a casar-se. Sua esposa foi a rainha Herzecoyde

    "clara como a luz do sol" irm de Amfortas, com quem teve outro filho:

    Parzifal ou Percival, nome que em rabe significaria "Flor Pura" ou

    "Criana Pura". Feirefiz era muulmano e Percival, cristo. Um dia, em

    peregrinao, se encontraram e lutaram, sem que nenhum pudesse vencer o

    outro. A luta teve fim quando se reconheceram como filhos do mesmo Pai,

    o que fez Feirefiz dizer: "Meu pai, tu e eu somos um mesmo ser em trs

    pessoas". A aluso clara: trata-se de uma manifestao do Ternrio e seus

    dois plos de manifestao: positivo (branco) e negativo (negro), da qual o

  • perfeito equilbrio depende da Ordem Universal. Tambm se pode referir a

    uma concepo monotesta representada pelo Ocidente (branco) e pelo Isl

    (negro), como os dois aspectos msticos de uma mesma realidade espiritual.

    Percival, que soube evitar as tentaes e permanecer puro, venceu as

    foras do mal e obteve a Lana de Longinos, que havia arrebatado

    Amfortas. Com ela se apresentou em Montsalvat junto com seu irmo

    Feirefiz, que apesar de ser pago, foi admitido. Nesse momento, tocou a

    ferida de Amfortas com a lana e esta o curou imediatamente, o que lhe

    instituiu o ttulo de novo rei do Graal. Feirefiz casou-se com a irm de

    Amfortas, Repanse de Schave, "A Virgem que aporta o Graal".

    Novamente observamos a ao dos dois elementos de dualismo. A

    parte solar atua curando a ferida; a parte lunar acede potncia virginal que

    conduz ao Graal, da qual resulta um novo rei do Graal: Percival Feirefiz,

    j que ambos so um nico e mesmo Ser, pois representam o Esprito e a

    Alma, tanto de forma coletiva como individual.

  • A Mesa de Prata e o Clice

    Conta a lenda que um dia em que Merlim se encontrava debaixo de um

    enorme carvalho, uma repentina escurido ocorreu juntamente com uma

    grande luz, em cujo centro se pde

    contemplar um grupo de pessoas sentadas

    em tomo de uma Mesa de Prata, e que

    sobre ela havia um Clice resplandecente.

    Em p, perante ela, encontrava-se um

    ancio e um jovem que tinha em suas mos

    um Peixe Prateado.

    Ao colocar o Peixe sobre a Mesa todos

    se colocaram em p e entoaram uma doce

    cano, cujos ecos, assim como a viso, se foram perdendo gradativamente,

    at que tudo ficou como no incio. Ento, do alto do carvalho, caiu um livro

    aos ps de Merlim, enquanto uma voz dizia que nele se encontrava a

    histria da Mesa de Prata e do Clice.

    Aquele que falava, dizia ser o druida que presenciou a chegada do

    Clice, e que foi ordenado para comunicar e entregar o livro a Merlim, e

    encarregar-lhe a construo de uma Mesa idntica de Prata, com a

    madeira do carvalho que lhe fornecia sua sombra, a qual deveria ser

    entregue ao rei Uther Pendragn.

    No livro, estavam as indicaes de como constru-la, e assim Merlim,

    com a ajuda dos espritos do Bosque, procedeu sua confeco. Quando

    terminou sua empreitada, os poderes de Merlim tinham sido aumentados de

    tal maneira que somente em pensamento conseguiu transferir a Mesa at o

    Castelo do rei.

    O rei, surpreso e grato, solicitou que Merlim transferisse a Mesa para a

    "Roda dos Gigantes", domnios do rei que se encontravam em Killa Raus,

    Irlanda.

    A "Roda dos Gigantes" conhecida atualmente como o monumento

    megaltico de Stonehenge, que se encontra em Salisbury.

  • Com essa mudana, estabeleceu-se ali o "Centro", o "Centro do

    Mundo", situado na Irlanda. Salisbury, de "Salix", slice, quartzo, pedra, e

    "Burry", oculto, significam: "Pedras que ocultam", referindo-se

    precisamente ao segredo da Roda Csmica que no outro seno a Vida, a

    Criao e o Universo, o qual estaria "guardado", oculto no Centro do

    Mundo, cuja representao terrena seria Salisbury. Esse conceito ficou

    confirmado com o novo nome desse monumento megaltico, "Stonehenge",

    composto de "Stone", pedra, e "Henge", do ingls arcaico "Hence", desde

    essa origem, significando assim: "Desde esta origem de Pedra" ou "Origem

    da Pedra".

    O carvalho, rvore sagrada para os celtas, representa o vnculo entre o

    Cu e a Terra. Por isso, o Livro fechado ou o Conhecimento oculto chegou

    a Merlim por meio da rvore. A Mesa, construda com a madeira da rvore

    sagrada, conservaria suas caractersticas como uma manifestao do nexo

    espiritual entre o Homem e o Cosmos, j que todo elemento circular

    implica uma concepo csmica.

    A madeira tambm o smbolo da Me, a fonte da gua da Vida, a

    Sabedoria. Merlim, ao construir a Mesa de Carvalho, aumentou seus

    poderes porque acedeu Sabedoria e o demonstrou manejando a Roda

    Csmica.

    Dessas consideraes surgiu a relao entre o csmico e o humano, que

    permanente e est regida pelas mesmas leis; e a Roda Csmica refere-se ao

    Macrocosmos, assim como ao Microcosmos, cujo centro, em cada homem,

    seu prprio corao.

  • A Busca do Graal: a Espiritualidade e

    os Valores Absolutos

    "Quando todos estiveram sentados e se aplacou o rudo, retumbou um

    trovo to forte e terrvel que pensaram que o palcio iria desmoronar-se.

    Repentinamente, o salo ficou iluminado por um raio de sol que se

    difundiu pelo palcio num resplendor, fazendo-se sete vezes mais brilhante

    que antes....

    Depois de estar assim, sentados por longo tempo, incapazes de falar e

    mirando-se uns aos outros, surgiu o Santo Graal, coberto com um pano

    branco de seda, e no se notava mo mortal alguma que o sustentasse.

    Entrou pela grande porta, e de imediato o palcio inundou-se de uma

    fragrncia, como se todos os aromas da Terra tivessem sido derramados

    no exterior

    Queste del Saint Graal.

    O grande visionrio contemporneo Dion Fortune deixou escrito h

    cinqenta anos: "Existem ocasies na histria das raas em que as coisas da

    vida oculta saem superfcie e encontram sua expresso, e atravs dessas

    aberturas sai, de forma torrencial, a luz do santurio".

    Assim ocorreu com as lendas do Graal.

    Faz muito tempo, at demais para calcular com certeza, que uma idia

    ficou cristalizada na forma de uma Copa sagrada que continha

    potencialmente toda a Sabedoria e o Conhecimento, e atravs deles, toda a

    Compreenso. Nos antigos ensinamentos ocultos do mundo helnico, era o

    Crater, a Copa na qual os deuses misturaram a matria da criao. Os

    sufistas a tinham como a Copa de Jamshid, c dela procedia o conhecimento

    e a inspirao divina. Sua imagem podia encontrar-se na ndia, no Japo, na

  • Rssia, e entre os povos celtas, em que era equivalente ao caldeiro a qual

    dispensava a vida pertencente a Deusa Ceridwen ou ao Deus Bran.

    Muitas controvrsias existem sobre a natureza e o aspecto do Graal,

    mas as especulaes nos distanciam do sentido essencial da histria.

    O elemento individual mais importante com relao histria do Graal

    foi sua associao com a Eucaristia Crist, que modelou e influenciou todas

    as verses posteriores. De uma forma simples, o Graal era considerado um

    smbolo externo do ministrio de Cristo, do grande sacrifcio que

    aproximou Deus dos homens. o nico elemento da Eucaristia, a

    comunicao direta com a divindade, o que distingue o Graal de qualquer

    outro objeto santo ou sagrado.

    Na verdade, o Graal um smbolo absolutamente universal, participa

    da essncia do mistrio e tambm est relacionado com o sacrifcio, com o

    servio e a busca do valor absoluto.

  • Os MISTRIOS DE AVALON

    CONFORME O MISTICISMO

    Introduo s Lendas Arturianas

    As lendas do ciclo artrico so

    regidas pelas leis sagradas da Iniciao. O

    rei Arthur, Merlim, Guinevere, Lancelot,

    Percival ou Galahad so arqutipos

    universais que pertencem ao acervo

    cultural de toda a Humanidade. Por trs de

    suas faanhas, encontra-se o simbolismo

    da eterna busca do Homem em busca da

    Verdade, representada pelo Santo Graal.

    As lendas arturianas so ricas em

    imagens e personagens arquetpicos que

    nos fazem refletir sobre as atribulaes do

    sculo XV, bem como as do sculo XX.

    Essa mistura dos mitos pagos com

    elementos da cultura crist, com as

    aventuras dos cavaleiros, as magias e o amor,

    alimentada por muitas fontes.

    As histrias de Merlim, de Arthur, de Avalon, das mulheres do outro

    mundo, do Graal procedem dos mitos e das lendas celtas.

    Muitos romances da Idade Mdia proporcionam excelentes leituras

    sobre os cavaleiros da Tvola Redonda: Lancelot, Galahad, Percival,

    Gareth, Gauvain e Lamorat. Suas aventuras contam suas viagens pelas

    florestas ocultas e impenetrveis do mundo artrico, assim como o

    conhecimento do mundo feminino, do amor corteso, das mulheres

  • conquistadas, defendidas pelos cavaleiros que as amavam, bem como das

    deusas e das fadas.

    Analisando profundamente, um patrimnio de tradio mgica, pois

    a interao do "outro mundo" com a nossa dimenso.

    Nas constantes lendas do rei Arthur, encontram-se os segredos da

    imortalidade, da harmonia com a terra, do amor verdadeiro, da realizao

    espiritual, os caminhos da iniciao e, principalmente, o conhecimento

    profundo da experincia humana.

    Eram aventuras estranhas que empreendiam com o corao alegre;

    tambm eram estranhos seus adversrios: magos, feiticeiras que mudavam

    de forma, criaturas selvagens com inteligncia, serpentes, inimigos

    invisveis. At a paisagem parecia sobrenatural, com suas pontes

    imaginrias, suas fontes, suas rvores e suas terras.

    Armas e espadas mgicas, anis, cavalos, barcos que navegavam

    sozinhos so alguns dos elementos da lenda arturiana.

    So conhecimentos da experincia humana, procedentes de uma

    dimenso atemporal. Todos os mitos so atemporais; e assim a Lenda

    Arturiana tambm um mito que ser importante para todo aquele que

    tenha interesse em investig-la.

    A Busca Inicitica dos Cavaleiros da Tvola Redonda

    Cavalaria! Aqui est uma palavra misteriosa que no transcurso dos

    sculos uniu, em um mesmo ideal, homens do Oriente e do Ocidente,

    peregrinos no mais sagrado dos gestos: a Santa Busca Daquilo que est

    Perdido o Graal. E um marco do qual devemos situar a trama de nosso

    relato, pois o ideal do cavaleirismo oculta o profano, indigno de penetrar

    no santurio secreto da iniciao, o argumento de um drama csmico no

    qual toda a Humanidade se encontra ainda comprometida, muito mais

    alm de qualquer conceito religioso, cultural ou filosfico.

    Na tradio espiritual, o alto simbolismo inicitico que contm os

    relatos da cavalaria das lendas artricas consiste em buscar, em ns

  • mesmos e tambm no mistrio oculto, a verdade no profanada.

    Fundamentos Histricos

    O primeiro antecedente histrico que se conhece sobre o Rei Arthur,

    encontra-se na Histria Britonum, de Nennius, monge gals do sculo VIII.

    Nela encontramos que o rei Arthur era o rei dos Bretes e que no ano 516

    venceu os anglo-saxes na batalha de Baden Hill. Existe uma verso

    parecida, num texto do sculo X, nos Annais Cambriae, que conta: "Existiu

    uma batalha em Badon, na qual o rei Arthur levou a Cruz do Nosso Senhor

    Jesus Cristo sobre seus ombros durante trs dias e trs noites, e os bretes

    resultaram vencedores". Posteriormente, citado em Mabinogion, contos

    galeses, onde aparece como rei dos Siluros, um dos povos celtas mais

    antigos de Gales, radicados em Carleo; na Histria Regun Britanniane, de

    Geoffrey Monmouth; e no Roman de Brut, de Robert Wace, todos do incio

    do sculo XII. Estes relatos tm carter legendrio e baseiam-se na antiga

    tradio bret, assim como o rei galo Mercrio Alterio, nome bastante

    peculiar que significa "Aquele que domina a Arte de Mercrio", os que

    narram as "eddas" escandinavas sobre os heris do Norte e os "keningal"

    irlandeses.

    Os siluros integravam o grupo breto dos celtas. De origem indo-

    europia, estabeleceram-se em Gales e no Sudeste da Inglaterra, em tomo

    de 2000 a.C.

    Derrotados pelos romanos no ano 82, conviveram com eles,

    aprenderam suas tcnicas, especialmente as relacionadas com a guerra e a

    construo e assimilaram suas crenas.

    No ano de 395, o Imperador romano Teodsio I imps a clausura dos

    templos pagos e a adoo da religio crist em todo o Imprio. Para isso,

    So Patrcio desembarcou na Esccia no ano de 432 e converteu os bretes

    escoceses nova f. No ano de 563, So Columbino fez o mesmo com os

    bretes do Sul.

    Ambos construram monastrios e abadias e formaram monges

    segundo a antiga regra beneditina, e em seguida colocaram em prtica a

    idia de Santo Agostinho a construo da cidade de Deus na Terra ,

  • baseada nos princpios e normas de sua religio.

    E tal como os conquistadores que apagavam as marcas de seus

    antecessores e destruam templos e tudo aquilo que podia fazer seus

    vassalos recordar o passado, os monges iniciaram a tarefa de substituir o

    pago pelo cristo.

    Comearam construindo seus templos nos locais antes pagos e

    interpretaram, de forma crist, os smbolos antigos, modificando as lendas

    e inclusive substituindo-as por outras. Muitos dos novos trovadores eram os

    prprios monges. Depois de um sculo, a "realidade" e o modo de vida

    anterior tinham sido substitudas por uma realidade e um modo de vida

    adaptados aos fundamentos da nova religio, tomando como tema central a

    lenda do rei Arthur e seus Cavaleiros da Tvola Redonda.

    Do comeo do sculo V at o final do sculo VI, o reino breto

    estendeu-se desde a muralha romana de Hadrin at Gales e o Sul da

    Inglaterra, ocupando tambm o Noroeste de Glia, entre as

    desembocaduras dos rios Loira e Sena. Com o passar dos anos, as

    possesses brets do continente firmaram-se, at que em 824 o rei gauls

    Ludovico Pio reconheceu o Ducado independente da Bretanha, com o

    mando de Numinor, conde breto de Vannes.

    No ano 929, os bretes de Anjou, atual Angers, cidade galesa do Vale

    de Loira, constituram-se um condado independente. Em 1154, o filho do

    conde de Anjou subiu ao trono da Inglaterra com o nome de Henrique II

    Plantagenet e incorporou em seu reino os Ducados da Normandia e

    Bretanha e o condado de Anjou e Aquitnia. Tambm incorporou Esccia,

    Gales e Irlanda, territrios que junto Inglaterra constituram o Imprio

    Angevino que ficou no poder de seu sucessor Ricardo I Corao de

    Leo (1189-1199) que lutou com os templrios da Terra Santa na

    conquista de Jerusalm. Foi durante o reinado destes dois monarcas que

    voltou a renascer a antiga lenda do Rei Arthur, na qual se agregou um novo

    smbolo, o Graal, completando assim o que se chamou "O Ciclo Breto".

    Posteriormente, no sculo XV, apareceu outro ciclo das lendas

    arturianas, com a obra de Thomas Malory, Le morte d'Arthur.

  • O Mago Merlim

    Merlim uma das figuras mais msticas do folclore britnico e um

    cone para todos aqueles interessados no misticismo, na espiritualidade e na

    magia arcana.

    Merlim conhecido tambm como Myrddin e existem muitas lendas

    com relao sua figura. Uma delas conta que ele foi um profeta depois de

    vagar na misria durante cinqenta anos, na companhia de um animal

    silvestre.

    Outras lendas contam que um esprito, aps adotar a forma humana,

    raptou uma jovem donzela. Dessa unio nasceu um menino que foi

    batizado por um homem santo chamado Blas com o nome de

    Merlim, herdeiro da cincia secreta que permitia conhecer o passado e o

    futuro dos homens, pois tinha poderes especiais herdados de seu pai.

    A donzela representa a matria primordial e, alquimicamente, a Virgem

    representa o aspecto lunar de Mercrio, a natureza feminina.

    Blas que em ingls antigo significa "sopro do vento" ou "Cirande

    Vento do Sul" representa o processo de sublimao com relao ao

    aspecto solar ou das foras espirituais positivas que atravs do batizado

    purificam e liberam de todo mal o recm-nascido. Para o cristianismo,

  • trata-se da ao do Esprito Santo recebido atravs do "Grande Vento do

    Sul" que purificar e liberar a criana de todo mal. Merlim, ao receber o

    Esprito Santo, ficou santificado e marcado como o Grande Sacerdote da

    Cruzada do Bem.

    Algumas lendas dizem que Merlim era Filho de uma viva que o

    vincula simbolicamente com o poder gerador; que chega Terra atravs do

    Sol e com a tradio bblica de Hiram, o Mestre Construtor do Templo de

    Salomo; que era filho de um fencio de Tiro (fencio provm de phoenix,

    que significa "o homem vermelho" ou "homem que domina o fogo"), e de

    uma viva da tribo de Nightale.

    Por um lado, o Sol e o Mestre Hiram e por outro, a Terra e o Templo

    marcam os elementos solares, celestiais, espirituais e os elementos terrenos,

    materiais, ou seja, a interao do esprito e da matria que produz o que

    chamamos de Vida.

    uma concepo nada diferente da anterior, conforme a opinio antiga

    de que a Mulher Simblica era a Donzela, a Virgem e o Esprito da

    Natureza, o representante gneo, que existe em todas as coisas materiais,

    forma em que Merlim, pela ao do "Grande Vento do Sul", ser

    beneficiado e atuar mantendo a ao que o cristianismo atribui ao Esprito

    Santo.

    Seu nome provm, por um lado, de Merlinus e Merculinus, termos que

    significam: "mercurial", "mercrio".

    "Merlim" em ingls o nome de um pssaro, da famlia do mirlo,

    possui cor negra e tem o peito branco, representando a unio do branco e

    do negro, o equilbrio dos pares opostos, o andrgino ou as bodas

    alqumicas do Sol e da Lua que desta unio surgiu triunfante o esprito,

    simbolizado pelas aves.

    Seu significado rene a simbologia do Mercrio alqumico, do

    dualismo do branco-negro que lhe outorga caractersticas de Homem

    Universal, conhecedor do Bem e do Mal e possuidor do Conhecimento

    Secreto.

    Tais caractersticas o marcam como um Sacerdote-Mago, tanto no

    sentido simblico como no alqumico, j que representa os aspectos solares

    e lunares de Mercrio, que atuando em unssono, determinam a Ordem e o

  • Equilbrio universal, caracterstico do Homem Csmico.

    O tempo passou e Merlim fez-se um homem e com isso seus poderes

    foram aumentando.

    Uma das lendas mais conhecidas de Merlim com relao ao rei

    Vortigern que, por trs vezes, teve a torre de seu castelo em construo

    derrubada e Merlim revelou ao rei que dois drages dormiam em suas

    bases. Ao escavar, os homens do rei descobriram um drago vermelho e

    outro branco que, depois de acordados, lutaram entre si. O branco

    conseguiu vencer o vermelho, mas por causa das feridas recebidas na luta,

    faleceu em seguida.

    Passado algum tempo, na Corte do rei Uther, numa noite sobre o

    castelo do rei, suspenso no cu, apareceu um Drago de Fogo que soltava

    de sua garganta dois raios: um para o Leste e outro para o Oeste, os quais

    se dividiam em 7 raios menores.

    O rei e seus vassalos atemorizaram-se, mas Merlim explicou que

    esperava este acontecimento, pois o raio que se dirigia para o Leste

    indicava que o rei teria um filho varo e, no tempo certo, seria o rei mais

    justo e poderoso da Terra; enquanto o outro raio, que se dirigia a Oeste,

    indicava que o rei teria uma filha que seria uma Fada e no momento certo

    teria sete filhas que ensinariam aos homens as canes das fadas.

    Mas argumentou que para a profecia se realizar o rei deveria entregar-

    lhe seu filho quando o mesmo nascesse, para que pudesse proporcionar-lhe

    os cuidados e a educao necessria para exercer seu futuro reinado. O rei

    aceitou os argumentos de Merlim, e assim o Drago bateu por trs vezes as

    asas e partiu, perdendo-se no cu estrelado. Desse dia em diante, o rei foi

    chamado Uther Pendragn e adotou como emblema um Drago de Ouro.

    Por meio de sua magia, ajudou o legtimo rei, Uther Pendragn, a

    aceder ao trono do reino de Logres, derrotando o

    usurpador Vortigern.

    "Uther", do ingls to utter, significa "dizer,

    manifestar"; Pen, "pluma" e "Drago"; e assim:

    "Manifestao do Drago emplumado".

    A figura do Drago sempre simbolizou o

    poder fundamental que se deve vencer para obter

  • o Tesouro, ou seja, o conhecimento, o segredo da vida, ou o nexo entre o

    homem e as foras csmicas. O drago de cor vermelha o Guardio da

    alta cincia e dos magos. Para os alquimistas, representa o princpio voltil

    de Mercrio. Suas penas simbolizariam o ar, os pssaros e a escritura, ou

    seja, uma manifestao do Verbo. Por isso, o Drago gneo emplumado,

    representado pelo Rei Uther, simbolizar o portador da Palavra de Deus, o

    Verbo e, portanto, o Mediador entre a Terra e o Cu, entre os Homens e

    Deus.

    As batidas das asas do Drago por trs vezes significam a aceitao nos

    trs reinos: celestial, intermedirio e terrestre, e nos trs planos: espiritual,

    mental e fsico. O raio para o Leste, sada do Sol, a procedncia solar de

    Arthur; e o raio para o Oeste, para o ocaso, a procedncia lunar de

    Morgana; sua diviso em sete raios menores, a ao da mente atravs do

    desenvolvimento das Sete Artes e Cincias Liberais e os Sete Planetas,

    estados ou cus pelos quais os homens devem transitar para conseguir a

    perfeio, para conseguir o Reino.

    Os filhos do rei, Arthur e Morgana, seriam dois aspectos de uma

    mesma entidade. Representariam o Rei e a Rainha, o Sol e a Lua, a Razo e

    a Imaginao, o Esprito e a Alma. Seria o Andrgino que atuaria para

    levar aos habitantes de Gr-Bretanha, identificada com o mundo, a Luz e a

    Sabedoria, a Justia e a F, a Alegria e o Amor.

    Em muitos livros e textos, Merlim aparece para ajudar os trs reis de

    Inglaterra: Aurelius, Uther Pendragn e, depois, o filho de Uther, Arthur.

    A lenda indica que o rei Uther se casou com a bela Igierne (Igraine) e

    passou a habitar no Castelo de Tintagel, nas costas de Cornwall

    (Cornualles).

    'Tintagel", de Tint, "tinta, cor"; e "Agel", de Aged, "ancio, antigo",

    significaria: "Da cor do ancio", aludindo cor prateada de seu cabelo.1

    Esse conceito nos transporta tambm ao "tempo histrico" do Grande

    Ano Precessional e situa a Idade da Prata na Idade de Gmeos da Era de

    Leo, onde o 'Todo" se havia constitudo como cognoscvel e no- 1 O regente da antiga Idade da Prata dos gregos era Jpiter, representado por um

    ancio. Sua idade caracterizou-se pela benevolncia e pela justia, defendidas pelos

    Heris, criaes do prprio Jpiter com a misso de reconquistar o estado primordial,

    depois de sua queda.

  • cognoscvel, ou seja, conhecvel e no conhecvel, ou tambm no Ser ou

    No Ser.

    O homem, formado imagem e semelhana do Criador, era concebido

    como um reflexo, e este como seu Modelo. Os smbolos caractersticos

    desse perodo eram, entre outros: os Gmeos, o Casal, o Espelho, os Lbios

    e outros. Trata-se de um resultado csmico que surge arquetipicamente no

    homem quando existe uma imperiosa necessidade de Justia. Em Uther

    Pendragn, corresponderia iniciar um perodo similar.

    Cornwall um nome que provm das expresses Com, do latim Cornu,

    "corno", e Wall, do latim "Vallum", "fortaleza", o que significaria: "A

    fortaleza do corno". O corno que est sobre a cabea, o que representa fora

    e poder, como no rinoceronte, e amor espiritual, como no unicrnio,

    caractersticas da poca de Jpiter. Seu aspecto lunar ser para o

    desenvolvimento da mente, enquanto que seu aspecto solar ser para o uso

    da fora e do poder para impor a Justia que teria carter benvolo com o

    pobre, o dbil e o ignorante. No devemos esquecer que cabalisticamente

    Jpiter corresponde a Hsed, a Misericrdia.

    Psicologicamente, diramos que se trata da ativao dos contedos

    profundos do inconsciente, tratando de conscientiz-los, a fim de conseguir

    a superao do homem, critrio de perfeio que pode basear-se na palavras

    de Jesus no "Sermo da Montanha".

    Viviane, a Dama do Lago, talvez

    tenha sido o grande amor de Merlim,

    porm ela o usou e o traiu depois de

    haver recebido todos os seus

    conhecimentos. E assim ela o atraiu para

    a rvore dos Espinhos, que era usada

    para fins mgicos. As lendas contam que

    o fim de Merlim foi a loucura, por ter

    sido preso e enterrado vivo debaixo de

    uma torre de pedra, e nas muitas histrias sobre sua morte, ou melhor

    dizendo, sobre sua viagem definitiva, seria para o Bosque de Broceliand.

    A reputao de Merlim foi conhecida por ter sido o conselheiro, o

    profeta, o mago e o tutor do rei Arthur. Foi aquele que aconselhou Arthur,

  • quando jovem, sobre como tirar a "Espada de Branstock" de uma pedra.

    Outra lenda atribuda a Merlim conta que ele foi o responsvel no

    transporte das pedras de Stonehenge da Irlanda Inglater