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Base de dados da imigração italiana no Espírito Santo nos séculos

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  • ItalianosBase de dados da imigrao italiana no Esprito Santo nos sculos XIX e XX

  • ARQUIVO PBLICO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO MEMRIA VIVA, HISTRIA PRESERVADA

    Rua 7 de Setembro, 414, Centro; CEP.: 29015.905Vitria, Esprito Santo, Brasil

    Tel: 27-3636.6100 www.ape.es.gov.br - www.imigrantes.es.gov.br

    Agostino LazzaroOrganizao

    Vitria, 2014Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo

    Projeto Imigrantes Esprito Santo

    Vol. 20

    SRIE: IMIGRANTES ESPRITO SANTO 1

    ItalianosBase de dados da imigrao italiana no Esprito Santo nos sculos XIX e XX

    Cilmar Franceschetto

    Renato Casagrande GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPRITO SANTO Givaldo Vieira da Silva VICE-GOVERNADOR Maurcio Silva SECRETRIO DE ESTADO DA CULTURA

    ARQUIVO PBLICO DO ESTADO DO ESPRITO SANTO

    Agostino Lazzaro DIRETOR-GERAL

    Cilmar Franceschetto DIRETOR TCNICO

    INSTITUTO SINCADES

    Idalberto Moro PRESIDENTE Dorval UlianaGERENTE EXECUTIVO Ivete PaganiniCOORDENADORA DE PROGRAMAS E PROJETOS Lvia Caetano BrunoroCOORDENADORA DE PROJETOS

    Gestora de ProjetosDavina Rezende Bruna CasoliPatrcia Soares da SilvaASSISTENTES DE PROJETOS Silvana SarmentoJORNALISTA

  • Copyright Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo

    Projeto Imigrantes Esprito SantoDireo geral: Agostino LazzaroCoordenao, pesquisa e textos: Cilmar Franceschetto (Fenaj 570/93)Colaboradores na insero de dados: Rogrio Frigerio Piva, Heitor de Almeida Couto, Diovani Favoreto Alves, Silas Raasch.Participantes: Dbora do Carmo, Renato Raasch, Jos Roberto Bonifcio, Elizngela Pizzaia Butta, Marcelo Rosa, Simone, Valdienis Teixeira Manga, Oclia Boeck, Stephenson Grobrio, Michel Caldeira de Souza, Fbio Zopp Lima, Juliana Simonato, Lucia Ruchdeschel Guimares, Cristina Nunes Crisstomo de Oliveira.Agradecimentos aos servidores: Carla Caliman Terra, Rosngela Vetoraze Francischetto, Vera Lcia Fontana, Marcelo Mazzon de vila, Josiane Jubini, Srgio Oliveira Dias, Clea de Lima, Jocimar Antonio Pereira, Ivana Araujo, Joana Dias Tanure, Deraldo Pereira dos Santos, Gracineide Maria de Souza, Paulo Cometti, Csar Homero Arajo Ramos, Odilia De Martin (in Memoriam), Loydes Cometti, Rosngela Correa Dutra, Maria Ftima Balestrero, Eliane Siqueira Lorencini, Rosicler Ferreira Muniz, Solange Barros Garcez, Dbora Alice Valle Lopes, Zlia Maria Gomes Maciel, Luza Gomes Almerindo, Vera Lcia do Rosrio, Ermelinda Novaes, Salmo Calazans, Ronald Dettman Alves, Klauz Bravim Donadel, Arthur Bello de Jesus, Ivens da Silva Erler, Joo Luiz Bicalho Muciaccia, Tiago de Matos Alves, Robson Zardo, Rmulo Botcchia, Fernando Oliveira, Fernando Martini, Cludio Zamppa, Matheus Muniz, Dbora Lauvres, Pedro Carlos de Oliveira Alves, Juan Henrique Freitas de Oliveira, Ailton Marcos dos Reis, Bernardo Santa Clara Guimares, Jader Souza Medrado, Julio Cesar Donadia, Shirley De Nardi, Fabrcio Ferreira, Jacqueline, Karina Favaratto, Erika, Jurandir, Cristiane, Solimara, Divanilda, Dalva, Ana Cludia, Drio Teixeira Fernandes, Cleomar de Lima Junior (in Memoriam), Lauro Bruno Tessarollo, Ana Cludia Silveira, Edinir Pinheiro Fialho, Maria Angela Nascimento, Guilherme Velten Lazzaro, Camilo Hemmerly, Kenji Satake, Cristiane dos Santos, Deynel Meneghini, Carla Tavares, Mrio Ferreira, Moiss Littig Margotto, Clsio de Lima, Jria Sclforo e demais servidores e estagirios do Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo (APEES) que, de algum modo, contriburam para a realizao deste projeto.Consultoria em Histria: Silas Raasch e Rogrio Frigerio Piva

    Consultoria em imagens: David ProttiImagens do Projeto RECIES 1990-1994:

    Fotgrafo: Cilmar Franceschetto Pesquisa etnogrfica: Agostino Lazzaro e Gleci Avancini Coutinho Reproduo de fotos: David Protti

    Reviso ortogrfica e gramatical: Mrcia RochaTraduo do Prefcio: Marcia SarcinelliDesign grfico: Estdio ZotaImpresso: GSA Grfica e Editora

    CIP Catalogao na fonteBiblioteca de Apoio Maria Stella de NovaesArquivo Pblico do Estado do Esprito Santo Ficha catalogrfica elaborada por Brenda Pena Batista CRB 6 ES/791

    F815i Franceschetto, Cilmar. Italianos: base de dados da imigrao italiana no Esprito Santo nos sculos XIX e XX. / Cilmar Franceschetto. Organizado por Agostino Lazzaro. Vitria : Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo, 2014.

    1.170 p. : il. ; 25 x 30 cm. (Coleo Cana ; v. 20: Imigrantes Esprito Santo ; v.1) Inclui bibliografia

    1. Histria da Imigrao Esprito Santo. 2. Genealogia EspritoSanto. I. Lazzaro, Agostino. II. Srie: Imigrantes Esprito Santo Sculos XIX e XX.

    CDD: 325.8152

    CDU: 325.14

    Srie: Imigrantes Esprito Santo

    Volume 1 ITALIANOS base de dados da imigrao italiana no Esprito Santo nos sculos XIX e XXVolume 2 - GERMNICOS E ESLAVOS base de dados da imigrao germnica e eslava no Esprito Santo nos sculos XIX e XXVolume 3 - IBRICOS, RABES, AMERICANOS E OUTRAS NACIONALIDADES base de dados da imigrao ibrica, rabe, americana e de outras nacionalidades no Esprito Santo nos sculos XIX e XX

    Agradecemos a todos que, direta e indiretamente, contriburam para a realizao deste projeto e torceram por ele.

    Aos descendentes dos imigrantes, pesquisadores em geral e instituies mantenedoras de acervos que contriburam com o fornecimento de informaes, cpias de documentos e fotografias, que muito enriqueceram a base de dados do Projeto Imigrantes Esprito Santo.

    s prefeituras e associaes de cultura de diversos municpios capixabas, pelo apoio ao desenvolvimento do Arquivo Itinerante.

    A todos que compartilharam do sonho de um Novo Arquivo Pblico, na rdua luta por manter viva e preservada nossa memria.

  • Esse povo veio da Itlia sem nada, eles non tinha nem dinheiro, nem joia, nem arma. S os brao pra trabalh.

    Euzaudino VenturinLembranas Camponesas, 1992.

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    SumrioApresentao 11

    Prefcio 17

    Prefazione 26

    Introduo 33

    Parte 1O Esprito Santo de um povo migranteAnotaes sobre os fluxos migratrios no Esprito Santo em dois sculos 49

    A imigrao camponesa para o Esprito Santo em 120 anos 55

    Mudam-se as polticas, alteram-se os nmeros. A imigrao se diversifica 70

    Idas e vindas: os capixabas buscam fazer o caminho de volta 74

    Parte 2As fontes documentais e a metodologia aplicada 83Sobre as fontes documentais 85

    Transcrio paleogrfica e cruzamento de dados 91

    A estrutura da base de dados: os campos,

    mtodos de indexao, alguns nmeros e percentuais 96

    Compreendendo as listas: linhas e colunas 99

    Consideraes a respeito dos sobrenomes 101

    Parte 3Relao nominal dos imigrantes italianos:a base de dados 105

    Contextualizao territorial 106

    Itlia 108

    San Marino 1026

    Principais fontes documentais utilizadas 1036

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    publicao deste livro que rene quase duas dcadas de um minucioso trabalho de pesquisa e documentao de fatos extremamente relevan-tes para a histria do Esprito Santo atende s aspiraes de milhares de pessoas que aguarda-

    vam um registro definitivo dos imigrantes que vieram participar da construo da nossa sociedade e aqui formaram suas fam-lias, escreveram belas histrias de vida e deixaram marcas in-delveis da sua cultura e do seu trabalho.

    O Projeto Imigrantes, iniciado em 1995, vem recolhendo, des-de ento, informaes objetivas sobre a trajetria dos imigran-tes, para cumprir uma das misses do Arquivo Pblico do Esta-do do Esprito Santo, que colocar disposio dos estudiosos e da populao em geral dados de fundamental importncia sobre a nossa formao histrica e uma documentao que permitam aos cidados e s famlias comprovarem o papel desempenhado por seus avs e bisavs. Ao longo desses anos, as famlias visita-ram regularmente o Arquivo Pblico e chegaram a formar filas de espera, para ter acesso s listas de passageiros, passaportes, re-gistros nas hospedarias e nas colnias e outros documentos origi-nais e microfilmados que compem o acervo de informaes so-bre os seus antepassados.

    A deciso de publicar esses dados na forma de livro, a ser dis-tribudo entre outras instituies de pesquisa, bibliotecas e esco-las, a fim de facilitar o acesso da populao a informaes essen-ciais sobre o nosso passado, foi uma decorrncia natural da con-vico de que o conhecimento da histria um dos fundamentos da cidadania e de uma sociedade democrtica e participante nas decises sobre os rumos do Estado.

    Merece referncia especial a contribuio dada pelas prprias famlias dos imigrantes para a formao desse imenso patrimnio de informaes. Netos e bisnetos reuniram e trouxeram ao conhe-

    a cimento dos pesquisadores do Arquivo Pblico um enorme volume de correspondncias, fotografias e outros documentos que, devida-mente reproduzidos, catalogados e arquivados, enriqueceram con-sideravelmente esta publicao. Os meios de comunicao tambm foram parceiros importantes nessa jornada de busca por informaes e documentos. No Brasil e no exterior, a imprensa contribuiu no s para que o trabalho do Arquivo Pblico se tornasse conhecido, mas tambm para a prpria coleta de documentos relativos chegada dos imigrantes e aos caminhos por eles trilhados em nossa terra.

    Essa intensa participao da sociedade e, especialmente, dos descendentes desses bravos colonos, muito contriburam para en-riquecer o acervo do nosso Arquivo Pblico, que hoje coloca, dis-posio de historiadores brasileiros e estrangeiros, um incompar-vel conjunto de informaes. Devemos, ser e somos, sinceramen-te gratos a todas essas pessoas, pela imensa contribuio de cada uma para a edio deste livro, assim como a todos os estudiosos, pesquisadores, colaboradores e funcionrios que participaram da sua elaborao e edio, espontaneamente ou por dever de ofcio.

    Devido sua riqueza de informaes, devidamente autenti-cadas, esta publicao um modelo de grande valor para outras unidades da Federao, no seu esforo de recuperao da mem-ria coletiva e do papel das famlias e dos grupos de imigrantes que escolheram o Brasil como cenrio privilegiado para a construo do seu futuro. Para o Governo do Esprito Santo, este tambm mais um passo rumo formao de uma sociedade caracteriza-da pela intensa participao de todos os cidados na vida econ-mica, cultural e poltica e na qual cada pessoa e cada famlia co-nhea e compartilhe intensamente as decises sobre o seu pr-prio futuro e sobre o futuro da coletividade.

    Renato CasagrandeGovernador do Esprito Santo

    O papel da memriana formao de umasociedade democrtica

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    Professora e seus alunos uniformizados em frente da escola da co-munidade italiana de Crrego da Ponte, Colatina (ES). Foto: Froem-mig, 1910. Acervo APEES: JM 304.

  • 14 Apresentao 15

    legado cultural do perodo colonial , sem dvi-da, para os capixabas, o mais precioso patrimnio herdado do continente europeu. A partir de mea-dos do sculo XIX, quando o Esprito Santo rece-beu contingentes de imigrantes europeus, este pa-

    trimnio ficou ainda mais enriquecido. Na Europa, ocorriam re-voltas populares que visavam unificao dos pases que cons-tituem hoje a Itlia e a Alemanha. Essas guerras de unificao e o estabelecimento de novos Estados geraram grande empobre-cimento, causando fome e falta de emprego parcela mais po-bre da populao, notadamente a camponesa.

    Os governos desses pases impunham pesados tributos aos pe-quenos proprietrios de terras, que, vivendo numa economia de subsistncia e artesanal, no conseguiam cumprir suas obrigaes com o fisco. Essa situao, somada ao desejo de conseguir uma vida melhor, levou emigrao em massa de suas populaes a outros pases, onde at se ofereciam lotes de terras, tornando-os pequenos proprietrios rurais imediatamente aps o desembarque.

    O Brasil, em particular, precisava de braos para movimentar suas riquezas naturais, uma vez que o sistema escravista de-finhava, alm de causar vergonha o fato de termos sido o lti-mo pas do mundo a abolir a escravido. A proibio do trfi-co de escravos, a partir de 1850, fez com que houvesse a escas-sez de mo de obra, o que causaria atraso ainda maior eco-nomia brasileira. A partir da chegada dos imigrantes, no scu-lo XIX, o Esprito Santo ganhou nova configurao geogrfica.

    As barreiras naturais apresentadas principalmente pela Mata

    Atlntica foram ento rompidas e o interior, sobretudo o norte do Estado, at ento intocado, recebeu novos habitantes.

    O Esprito Santo acolheu imigrantes de diversas partes da Euro-pa, principalmente da Itlia e da Alemanha que, juntamente com os portugueses, africanos e indgenas aqui residentes, deram ori-gem aos traos principais da cultura capixaba. Mas tambm re-cebemos aqui, de braos abertos, a mo de obra eslava, austra-ca, belga, ibrica, francesa, libanesa, totalizando dezenas de mi-lhares de imigrantes, que compuseram nosso caldeiro cultural.

    Est catalogada, nos registros de imigrantes, a entrada, por exem-plo, de 36.666 cidados italianos, 8.283 germnicos, eslavos e pome-ranos, alm de 8.843 ibricos, franceses, portugueses e libaneses. Igrejas, casarios, calamentos guardam ainda marcas das influn-cias desses povos. Stios histricos ainda hoje preservados em Mu-qui, Santa Leopoldina, So Pedro do Itabapoana (Mimoso do Sul), o casario do Porto de So Mateus e as tradies culturais de munic-pios como Santa Teresa, Domingos Martins e Venda Nova do Imigran-te, dentre outros, compem uma riqueza cultural e econmica que poucos Estados brasileiros podem exibir para suas novas geraes.

    exatamente a valorizao e preservao desse patrimnio cultural material e imaterial que se tornou uma misso assumida pelo Governo Renato Casagrande, para que nossas origens hist-ricas nunca se percam, pois quem no sabe de onde veio jamais conseguir saber para onde ir.

    Maurcio Jos da SilvaSecretrio de Estado da Cultura

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    publicao desta obra, contendo a relao das fam-lias dos imigrantes italianos para o Esprito Santo, con-tribui significativamente para valorizar a participao daquele povo na composio tnica dos capixabas.

    Mais de trinta e seis mil cidados italianos, de cen-tenas de famlias, vindas de diferentes regies daquele

    pas europeu juntaram-se a outros milhares de imigrantes, de diver-sas nacionalidades, em terras capixabas. Essa mescla encontrou um ambiente e um clima muito diferente em relao aos pases de ori-gem. As dificuldades encontradas para desbravar as matas, ocupar os vazios demogrficos e produzir alimentos, mesmo que nem todos tivessem a vocao para tal, foram decisivas para marcar uma carac-terstica que enche de orgulho o nosso Estado - a diversidade, que no Esprito Santo pode ser melhor compreendida como complementari-dade de identidades e uma interessante harmonia de descendncias.

    O legado da imigrao identificado, atualmente, pelos traos culturais muito bem preservados, principalmente a msica, a dan-a, a culinria e as diferentes lnguas. No seria exagero dizer que

    somos uma bela representao cultural do continente europeu. Tambm na economia vemos marcada a presena dos sobre-

    nomes, principalmente italianos. muito comum encontrarmos os nomes de empresas que so os prprios nomes das famlias, ou, at mesmo, o nome das cidades de origem dos antepassados.

    A imigrao deixou um outro legado j muito caracterstico - a convivncia harmnica entre povos de origens, costumes e reli-gies diferentes. A miscigenao, ainda que predominem os ita-lianos, revela um retrato emocionante da populao capixaba.

    O Instituto Sincades, ao apoiar esta publicao, contribui para o reconhecimento e para a valorizao do registro dos nomes. Mais importante, porm, contribui para a preservao da mem-ria dessa histria rica, recente e promissora.

    Esperamos que cada famlia que identificar o seu sobrenome nesta publicao tenha ainda mais orgulho dessa histria.

    Idalberto MoroPresidente do Instituto Sincades

    aNa primeira foto, botocudos do rio Doce, Valter Garber, 1909. Na segunda, um afrodescendente tocando a concertina, um instrumento musical tpico das culturas italiana e alem: Ar-quivo Itinerante, Laranja da Terra, 20/06/2008.

    O Esprito Santo, terra conquistada pelos colonizadores portugueses e

    Cana dos sonhos dos imigrantes italianos e de tantas outras

    nacionalidades, muito deve aos indgenas que habitavam nossas

    florestas e aos povos africanos, que tanto contriburam para a formao

    do povo capixaba e para o progresso do nosso Estado. A histria da

    imigrao no Esprito Santo sempre esteve, e estar, referenciada na

    incansvel luta desses povos. Sendo miscigenados ou no, cada um dos capixabas traz consigo a influncia

    dessas culturas, as quais se inter-relacionam e se complementam.

  • Prefcio2

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    1918 Introduo

    rinta e seis mil nomes de imigrantes italianos no Es-prito Santo durante o scu-lo XIX (e outros esto sen-do acrescentados, referen-tes ao sculo XX). So aque-

    les que o leitor, simples cidado ou estudio-so, encontrar nesta obra. o resultado do Projeto Imigrantes Esprito Santo, criado e desenvolvido pelo Arquivo Pblico do Esta-do do Esprito Santo, a partir de 1995. O Pro-jeto permitiu tambm a deteco de outros 17.000 nomes relativos aos imigrantes de di-ferentes nacionalidades que no esto dis-ponveis neste volume, mas que podem ser encontrados on line juntamente com os de-mais, somando um total de 56.000 nomes, no site www.imigrantes.es.gov.br. Um dado que, mais uma vez, coloca o Esprito Santo e seu Arquivo Pblico na vanguarda do Brasil.

    Dizemos mais uma vez, porque so ou-tros dois fatores que conferem ao Estado a li-derana, no Brasil, com relao ao fenmeno macio da imigrao italiana e sua histria.

    Em primeiro lugar, o Esprito Santo foi a Provncia imperial que recebeu a primeira re-messa importante de emigrantes italianos, aquela que deu incio ao que os historiado-res definiram como o fluxo emigratrio ita-liano em massa para o Brasil, que trouxe ao gigante sul-americano mais de 1,5 milho de homens at 1940. [1] Foi a 17 de fevereiro de 1874, de fato, que atracou, no porto de Vit-ria, o navio a vela Sofia, que partira a 3 de janeiro do porto italiano de Gnova. De sua lista de embarque, constavam os nomes de 388 camponeses de lngua e cultura italia-na. Alguns com passaporte italiano e origi-nrios do Vneto, a maioria com passaporte austraco e originria do Trentino, terra que ento fazia parte do imprio austro-hnga-ro. Neste caso, tratava-se de trabalhadores e famlias contratadas por um empreende-dor privado, Pietro Tabacchi. [2] Mas, a par-

    ttir daquele momento e durante vrios anos (pelo menos at 1886, quando o Estado de So Paulo passou a atrair a maior poro dos fluxos europeus dirigidos ao Brasil), o gover-no do Rio de Janeiro passaria a estimular e financiar a imigrao italiana, com base na Lei das Colnias, de 1867, e do contrato Cae-tano Pinto Junior, que queles camponeses ofereceriam terra a baixo custo e a travessia do oceano Atlntico, gratuita.

    Baseando-se nessas evidncias histri-cas, o senador capixaba e ex-governador do Esprito Santo Gerson Camata props ao Se-nado Federal Brasileiro a aprovao de uma lei que criasse o Dia Nacional da Imigrao Italiana, a ser comemorada no dia 21 de fe-vereiro de cada ano, exatamente de acordo com a chegada daqueles primeiros colonos a Vitria. [3] Tal fato tornou oficial a primazia do pequeno Estado brasileiro em nvel federal.

    Ainda um outro aspecto, contribuiu para fazer do Esprito Santo um lder brasileiro no que concerne imigrao italiana. Foram re-alizados inmeros e diversos clculos a pro-psito, mas um fato quase unanimemente aceito que o Estado da regio Sudeste conte hoje com o maior percentual de populao de ascendncia italiana. Dispe-se de resultados de pesquisas que indicam uma cifra ligeira-mente inferior a 50% populao capixaba de ascendncia italiana. [4] Outras apontam 65%, contra, por exemplo, os 60% de San-ta Catarina, menos de 40% do Paran, 30% de So Paulo e 22% do Rio Grande do Sul. [5]

    O lanamento deste volume (e a possibi-lidade de encontrar tambm na internet as listas e informaes que prope), que coin-cide com os 140 anos do incio da imigrao italiana em massa no Brasil, mais uma vez coloca o Esprito Santo na vanguarda. Por-que, se verdade que outros Estados do Brasil (como por exemplo So Paulo, Para-n, Minas Gerais e Rio Grande do Sul) infor-matizaram os dados disponveis referentes

    entrada dos imigrantes, tambm verda-de que o Arquivo Pblico do Estado do Esp-rito Santo fez mais, fornecendo aos seus ci-dados e aos historiadores italianos e bra-sileiros um banco de dados mais aperfeio-ado, completo e confivel, porque originrio do cruzamento de vrios tipos de documen-tao, de origem e provenincia diversas.

    Os nomes que o leitor aqui encontrar so o resultado da transcrio das listas de passa-geiros (muitas produzidas na Itlia), comple-tadas pelas informaes das listas de chega-da (estas tambm conservadas pelo Arquivo Nacional do Rio de Janeiro), de passaportes, listas coloniais de matrcula, recenseamento de imigrantes. Alm disso, todos estes da-dos foram completados pela documentao italiana fornecida por cidados capixabas de origem italiana. Documentao que o Arqui-vo props-se a procurar, em campo, com um arquivo-mvel que angariou uma notvel quantidade de novas informaes.

    O trabalho de quase duas dcadas do Ar-quivo Pblico do Estado do Esprito Santo for-nece ao usurio uma srie de informaes que, em mdia, cinco vezes maior do que aquela fornecida por outros arquivos brasi-leiros. Em alguns casos, chega-se a dispo-nibilizar a fotografia do imigrante e cerca de cinquenta categorias informativas, alm daquelas mais genricas oferecidas para cada nome.

    Tudo isso, naturalmente, fruto de um trabalho minucioso, contnuo e complexo, iniciado em 1995, e que ainda perdura. Cilmar Franceschetto, diretor tcnico do APEES, es-creveu, h algum tempo, um ensaio em que recordava quais eram as finalidades do Pro-jeto Imigrantes do Esprito Santo e quais as dificuldades encontradas para lev-lo a cabo: Mas, para realizar essa tarefa, era necess-rio inovar. Aplicar uma ideia que, de incio, se nos apresentava simples, porm muito com-plexa e que exigia um rigor metodolgico:

    [1] J.F. Carneiro: Imigrao no Brasil, Rio de Janeiro, 1950.[2] R.M. Grosselli: Colnias Imperiais na terra do caf, Vitria, 2008.[3] Lei n. 11.687/2008.

    [4] N. Saletto: Sobre a composio tnica da populao capixaba in Revista de Histria da UFES, Vitria 11-2000,[5] Http://pt.wikipedia.org/Imigrao_italiana_no_Brasil

    Povoao de Santa Teresa, sede do Ncleo Colonial do Timbuhy, vendo-se as primeiras construes dos italianos por entre as flores-tas das serras capixabas. As primeiras famlias oriundas da Itlia que ocuparam a regio fizeram parte da Expedio Tabacchi, em fevereiro de 1874. Foto: Albert Richard Dietze, cir. 1874. Acervo Coleo Theresa Cristina Maria, Biblioteca Nacional.

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    estabelecer um mecanismo de cruzamen-to das informaes referentes a um mesmo imigrante, distribudas nos diversos tipos de documentos, respeitando-se a cronologia e a respectiva citao das fontes. Esses elemen-tos, somados, resultariam numa sntese bio-grfica, que, impressa em forma de relatrio, poderia ser uma nova prestao de servio aos consulentes. Mas, o que a princpio nos parecia uma simples ideia, transformou-se na maior empreitada, exigindo grandes es-foros nos procedimentos de pesquisa. [6]

    Difcil, para o simples leitor, perceber a complexidade da operao que levou pu-blicao deste livro e ao site da internet que abarca seu contedo. Quase incrvel mesmo para mim, que fiz da recuperao da histria da emigrao italiana uma profisso. Incr-vel, no apenas porque sei como os arquivos pblicos brasileiros (e italianos) so carentes de fundos, mas tambm porque conheo de perto o trajeto que levou esta estrutura a um resultado desta qualidade. E sei, enquanto historiador, da imensa importncia que re-presentam os resultados obtidos pelo pes-soal do Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo. Por um lado, com relao integrida-de do material fsico conservado, posto dura prova pela manipulao por parte de estudio-sos e cidados; por outro, pela completude e pelo nvel de preciso das informaes ago-ra colocadas disposio de todos, nascidas de um cruzamento de dados que seria prati-camente impossvel para o simples cidado e extremamente custoso em termos de tem-po e de trabalho para um profissional de pes-quisa histrica. O Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo, entretanto, mesmo funda-do em um dos menores Estados brasileiros, e at poucas dcadas atrs um dos mais ca-rentes da regio Sudeste do pas, traz consi-go uma tradio que incentivou e auxiliou os mais recentes e positivos desenvolvimentos.

    Recordo-me que cheguei ao Esprito San-to, pela primeira vez, em fevereiro de 1986.

    Trazia comigo a certeza da hospitalidade, em Vila Velha, por parte do amigo Leandro Ber-nab Feitosa, mas no tinha a menor ideia de como era organizado o Arquivo Pblico. Perseguia-me, entretanto, um temor: o de deparar-me com uma instituio carente de documentao e meios tcnicos, impossibi-litada de servir-me de apoio em uma pes-quisa historiogrfica sobre o fenmeno da colonizao italiana. Entre 1983 e 1984, resi-di em Santa Catarina, quando descobri que o arquivo pblico daquele Estado, em ter-mos de documentao referente ao evento da imigrao no perodo entre 1870-1914, vi-via ainda uma fase de aquisio de material, dispondo de escassa documentao catalo-gada, porm de fcil consulta. Recordo ainda a generosidade do diretor, poca, que me permitiu consultar centenas de livros e ma-nuscritos que se encontravam em uma sala da sede do Arquivo e que ainda no haviam sido analisados e catalogados. Mas tratava--se de um trabalho s cegas.

    No ano seguinte minha permanncia no Esprito Santo, em 1987, encontrava-me em Curitiba, Paran, tentando reconstruir a his-tria dos fluxos imigratrios italianos, quan-do soube que um belssimo edifcio, novo em folha, acolhia o Arquivo Pblico, que, no en-tanto, bem pouco material me pde oferecer com relao ao perodo e ao tema sobre os quais trabalhava. Admito que, como o meu primeiro contato com o Brasil foi a partir do Sul, onde j havia estado em 1980 e, dado o tipo de desenvolvimento econmico-social do Esprito Santo de trinta anos atrs, trazia comigo a suspeita de que pouco conseguiria extrair do trabalho junto aos arquivos locais.

    A realidade, contudo, surpreendeu-me consideravelmente. Por muitos motivos. Im-pressionou-me a quantidade de documen-tos que o Arquivo Pblico do Estado do Esp-rito Santo colhera e a qualidade de sua orga-nizao: um sistema classificatrio de fcil consulta, que permitia ao usurio encontrar

    o documento desejado em pouco tempo. Alm disso, os arquivistas eram, em mui-tos casos, profissionais de alta qualidade e, apesar de uma evidente escassez de meios financeiros e tcnicos, a estrutura no care-cia do indispensvel. Foi assim, por exem-plo, que me foi concedido (isto, repito, em 1986) obter, apenas mediante o pagamen-to do custo do material fotogrfico, cente-nas de microfilmes de documentos.

    Agora uma anedota. Aconteceu nos pri-meiros dias de trabalho, durante o trrido vero capixaba, recebi no Arquivo a visita de um rapaz que se apresentou como Agostino Lazzaro, o atual diretor da entidade, que re-encontrei nos meses seguintes e que me su-geriu percursos teis de pesquisa, sobretudo com relao ao territrio. Ele estava em bus-ca de notcias que o auxiliassem a recompor as linhas de sua identidade cultural brasilei-ra. Ou talo-brasileira.

    No por acaso referi-me ao trrido ve-ro capixaba. Minha origem alpina retar-dou o processo de aclimatao, o que apre-senta direta relao com o trabalho de ar-quivo. Estive inclinado sobre aqueles docu-mentos durante muitas horas por dia, por muitos meses. Pelas minhas mos passa-ram milhares de papis. Alguns dos quais depois passariam tambm pelas mos daqueles que deviam microfilm-los. Um consumo impressionante e arriscado de um material que ento datava de 100 a 150 anos, fragilizado por muitas dcadas de conservao inadequada e por agen-tes meteorolgicos potencialmente des-trutivos, sobretudo em terras subtropicais (umidade, fungos etc.). Naturalmente, o meu trabalho tambm contribuiu para a deteriorao de sua qualidade: lembro--me perfeitamente que s vezes precisava virar repentinamente a cabea para trs, enquanto uma gota de suor me corria pela face, para evitar que se depositasse sobre aqueles preciosos papis.

    Tendo retornado ptria, escrito e publi-cado o volume Colonie imperiali nella ter-ra del caff, traduzido e publicado no Bra-sil em 2008, exatamente sob o patrocnio do Arquivo Pblico do Estado do Esprito San-to, reconheci publicamente os mritos desta instituio. Os arquivos trentinos, filhos do sistema administrativo austraco, so ricos em material. escrevi na Premissa - Mas o Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo revelou-se igualmente riqussimo em mate-rial, permitindo-nos recolher uma vastssi-ma documentao. [7]

    Uma instituio que conserva um impo-nente acervo de documentos relativos ao perodo da imigrao europeia, portanto, do perodo entre 1800 e 1950. Documentos que poca eram procurados e analisados por qualquer historiador e por uns poucos pesquisadores populares que nos corre-dores do Arquivo buscavam evidncias da origem de suas famlias. Estes, que procu-ravam sobretudo encontrar listas de em-barque e desembarque ou listas coloniais, podiam ter a sorte de encontrar o que bus-cavam, mas nem sempre a identificao de um documento significava a satisfao de seu desejo. Escrevi em Colnias imperiais: As copiosas listas de entrada que encontra-mos junto ao Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo, bastante completas, algu-mas vezes nos criaram problemas com re-lao grafia dos nomes e sobretudo ida-de dos imigrantes (importantssima para a comparao com as nossas listas de prove-nincia italiana). Os escrives da poca, ita-lianos e brasileiros, no produziam apenas uma grafia, aquela da poca, dificilmente decifrvel pelos contemporneos, mas fre-quentemente tratava-se de pessoas parca-mente alfabetizadas. Os erros de transcri-o de um nome no constituam portanto uma raridade. A situao tornava-se dram-tica quando a transcrio ocorria no territ-rio da imigrao, no nosso caso no Esprito

    Santo: s dificuldades de escritura agrega-vam-se as profundas diferenas entre a re-produo dos sons do italiano e do portu-gus. Reproduo que alm do mais era fei-ta sempre em vrios registros, em momen-tos sucessivos: listas de embarque, de de-sembarque, de entrada na colnia, de linha colonial (alm de certides de batismo, ma-trimnio, bito etc.). A estes podiam somar--se outros erros, at tornar completamente disforme o nome original.

    Alguns erros eram facilitados pelos pr-prios sobrenomes italianos: Rossi, Rosi, Rosa, Derossi, Daros, ou Conci, Conzi, Conz, Cont, Conti, Contini. Outros, pelo hbito: o campons trentino e vneto, por exemplo, perguntado sobre a que famlia pertencia, respondia: dei Demonti, dei Peterlonghi, mas tratava-se da pluralizao dos sobrenomes Demonte e Peterlongo.

    Outra problemtica relativa individu-ao de um nome refere-se s possveis homonmias. No representa um proble-ma quando dois emigrantes com o mesmo nome e sobrenome podem ser diferenciados por qualquer outra informao (data e local de nascimento, paternidade e maternidade etc.). s vezes, porm, no catico processo imigratrio, sobretudo nos anos transcorri-dos entre 1875 e 1885, apenas alguns des-tes dados constam da complexidade da do-cumentao. As dificuldades aumentam se considerarmos que, naquele perodo hist-rico na Itlia camponesa, repetir o nome de batismo por vrias geraes era parte da tra-dio (s vezes at um av, um pai, um filho e um neto levavam os mesmos nome e so-brenome), na verdade distinguindo-se, no atravs da documentao, mas por um ape-lido. Seria til, naturalmente, o fato de que frequentemente um indivduo era batizado com dois ou trs nomes, o segundo e o ter-ceiro dos quais diferenciando indivduos de gerao diversa. Mas essa possvel van-tagem, para aquele que busca a identida-

    de de um emigrante, desgua em uma ulte-rior possibilidade de confuso: sucedia que um emigrante, para evitar as homonmias, se fizesse chamar pelo segundo ou terceiro nome de batismo. E que este nome, enfim, terminasse sendo transcrito em algum mo-mento da sua vida colonial, criando dificul-dades ulteriores no cruzamento dos dados.

    Citamos apenas outras das possibilida-des de engano na identificao de um emi-grante, como por exemplo aquelas relativas aldeia ou cidade de origem: ocorria que uma pessoa fosse originria de um Munic-pio mas partisse para o exterior de um ou-tro Municpio, onde havia fixado residncia. E acontecia tambm que, uma vez na col-nia, aps ter perdido bagagens e documen-tos durante a viagem, perguntado sobre o seu Municpio de origem, este informasse in-diferentemente o nome do Municpio de re-sidncia ou aquele de nascimento. Os quais constariam de documentos diferentes.

    A essas, somavam-se as dificuldades de compreenso e transcrio por parte dos funcionrios brasileiros que careciam de fa-miliaridade com as consoantes duplas, mui-to comuns na lngua italiana, ou que tra-duziam em letras brasileiras sons como aqueles italianos representados pelas letras gl, gn, ch. Nas dezenas de grandes registros que se encontravam ao final dos anos 80 na antiga Hospedaria dos Imigrantes de So Paulo, recordo perfeitamente as frequentes e longas sries de nomes que provavelmente correspondiam queles dos imigrantes ita-lianos, mas que haviam sido traduzidas gra-ficamente de maneira surreal. De forma qua-se certamente irrecupervel. [8]

    Reunir as listas de imigrao no Brasil dos sculos XIX-XX uma operao muito com-plicada. E a questo refere-se tambm aos meios com que se efetuou a entrada de es-trangeiros no pas, sobretudo no que tange formao de colnias agrcolas ou o traba-lho (de substituio de mo de obra escra-

    [6] C. Franceschetto: O Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo como espao de memria

    para a imigrao italiana, Seminrio Momento Brasil-Itlia, Pontifcia Universidade Catlica, So Paulo 2012.

    [7] R.M. Grosselli: Colonie Imperiali nella terra del caff, Trento, 1987.

    [8] Memorial do Imigrante, So Paulo (agora no Arquivo Pblico do Estado de So Paulo): Livros de matrculas dos imigrantes.

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    va) nas fazendas de caf. No se tratava de uma entidade federal (como aconteceu nos Estados Unidos) a ocupar-se dos fluxos mi-gratrios, no havia apenas um porto para acolh-los em primeira instncia. Limitan-do-nos grande imigrao italiana, obser-vamos que, tanto entes privados quanto as ento Provncias (e depois Estados) e o go-verno central administravam os projetos de colonizao ou que determinavam a entra-da de determinado nmero de trabalhado-res estrangeiros no pas. O porto do Rio de Janeiro foi privilegiado neste ponto e a Ilha das Flores, consequentemente, a Hospe-daria de referncia. Mas no se tratava das primeiras destinaes obrigatrias. Aquele grupo de trentinos e vnetos que chegou ao Brasil, em 1874, com Pietro Tabacchi, apor-tou diretamente em Vitria. E no perodo de grande atrao das fazendas de caf de So Paulo, entre 1886 e 1914 aproximadamente, o primeiro porto de desembarque dos imi-grantes passou a ser o de Santos. Os gover-nos dos Estados de Santa Catarina, Paran, Rio Grande do Sul, Esprito Santo e Minas Gerais administraram os prprios projetos imigratrios que por vezes determinavam a chegada de colonos diretamente em seus portos de referncia.

    E isso no tudo. No incio do grande projeto de colonizao europeia, concebido pelo imperador Dom Pedro II e pela ala libe-ral da intelligentsia brasileira, com a apro-vao da Lei das colnias de 1867 e, em se-guida, com a escritura do contrato com Ca-etano Pinto Junior para o envio de 100.000 imigrantes europeus ao Brasil, subitamente aconteceram fenmenos que complicaram a centralizao dos dados. O pas no dis-punha nem de uma estrutura burocrtica altura, em termos de quantidade e qualida-de, para lidar com aquela frente de trabalho, sob muitos aspectos, novo, nem de estrutu-ras sanitrias capazes de mitigar o impac-to de dezenas de milhares de pessoas que se transferiam do inverno europeu ao vero

    tropical do Rio de Janeiro. Diante das suces-sivas epidemias de febre amarela e clera, dentre outras, j em 1875, a capital passou a encaminhar os desembarques para outros portos (Vitria/ES, Benevente/ES, Santos/SP, So Francisco/SC, Itaja/SC, Desterro/SC, Porto Alegre/RS) dos navios carregados de emigrantes. O mesmo acontecia frequente-mente quando a Hospedaria da cidade ca-rioca estava superlotada e impossibilitada de receber outros emigrantes que eram as-sim desviados para outros portos.

    Sabemos que, dentre as vrias fontes a partir das quais podemos descobrir a identi-dade de um imigrante no Brasil, esto tam-bm as listas de entrada nas colnias, das Provncias-Estado ou de entes privados (ou at mesmo as listas de dbito colonial, as contas correntes coloniais). Mesmo nes-se caso, contudo, uma srie de fenmenos histricos torna mais difcil a pesquisa. So-bretudo em pocas de chegada de um alto nmero de imigrantes, as reas coloniais eram escolhidas com uma certa incria, lo-calizadas em zonas geograficamente de-safiadoras. Ocupadas pelos colonos, eram frequentemente abandonadas, em grupos ou em massa. Essas pessoas eram s ve-zes inseridas em outra linha colonial, ou-tras vezes dirigiam-se espontaneamente a algum outro estabelecimento colonial ou mesmo abandonavam o pas por seus pr-prios meios para cruzar a fronteira com a Ar-gentina (ou, algumas poucas vezes, retor-nar ptria). Verificam-se ento, para os mesmos nomes, duas ou mais transcries coloniais, com possveis erros de grafia do nome ou de registro de datas. E tudo isso di-ficulta a possibilidade de recuperar aquelas listas de entrada e de discernir um erro de uma simples homonmia.

    Muitos escrives, vrios sistemas de transcrio, s vezes ditados pela pressa e pela confuso. Consideremos a histria de Santa Leopoldina, no Esprito Santo (que entretanto ocorreu em outras provncias do

    Brasil, como por exemplo na colnia Brus-que, em Santa Catarina, apenas para citar um outro nome de referncia), a desordem administrativa que ali reinava, as mudanas contnuas de diretores e consequentemente de mtodos de gesto.

    Na documentao brasileira, detecta-mos sobrenomes escritos at de cinco ma-neiras diferentes, e no raro o caso de no-mes de famlia indecifrveis. fcil transfor-mar Delsegio em Delceggio, Cazite em Caset ou Casetti. Mas sucessivas cpias de listas j plenas de erros criaram verdadeiros mons-tros grficos como Giutardo, Voena, Mucha-lire, Tifulata ou Cergrogio. [9] E assim, uma famlia que h dcadas integra o cenrio do grande comrcio de Santa Catarina, apenas para citar um exemplo, tem agora o seu so-brenome escrito da seguinte forma: Dalo-quio, quando a grafia original era Dalzocchio.

    O trabalho de digitalizao das listas dos imigrantes do Esprito Santo no apenas de grande utilidade para o usurio do Arquivo. tambm de absoluta utilidade para o pa-trimnio documental do Estado. Porque indispensvel, para os brasileiros de origem italiana, preservar os papis da manipu-lao que, nos ltimos vinte anos, intensifi-cou-se notavelmente. preciso dizer que o Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo havia h muito previsto esse tipo de proble-ma e, j na metade dos anos 80, providen-ciava a microfilmagem do seu patrimnio.

    Tal medida, porm, alm de bastante cus-tosa, bem pouco acelerava o penoso traba-lho de pesquisa do cidado. quele que de-sejasse descobrir algo sobre a entrada de seu antepassado no Brasil, restava fiar-se na experincia dos arquivistas e, acima de tudo, na sorte, para ter seu desejo atendido. A maioria sofria desiluses e outros por ve-zes viam-se forados a comparar dados que, poca, revelavam-se incomparveis.

    O processo de pesquisa aprofundada, nos arquivos e em campo, e de digitalizao rea-lizado pelo pessoal do Arquivo Pblico do Es-

    [9] R. M. Grosselli: Vincere o morire. Trento, 1986.

    tado do Esprito Santo possibilita a um enor-me nmero de pessoas saltar as pesqui-sas diretas, conhecer imediatamente seu re-sultado, seja este positivo ou negativo. Sal-tar no apenas o processo de consulta mate-rial como tambm o longo, penoso e s vezes decepcionante processo de cruzamento dos dados. E, visto que as informaes podem ser obtidas via internet (e, a partir de agora, tambm a partir desta obra editorial), para muitos usurios no nem mesmo neces-srio dirigir-se ao Arquivo para realizar uma pesquisa. Mas tambm possvel evitar er-ros, os inmeros erros em potencial: ho-monmias, confuses ortogrficas, equvocos devidos ao duplo ou triplo nome de batismo, s diversas transcries do nome.

    Com a lei italiana de 5 de fevereiro de 1992, n. 91 (e relativos regulamentos de exe-cuo: em particular o Decreto do Presiden-te da Repblica - DPR de 12 de outubro de 1993, n. 572 e o DPR de 18 de abril de 1994, n. 362), que reconhece a muitos descendentes de emigrantes italianos no exterior a possi-bilidade de obter a cidadania italiana, teve incio uma corrida aos arquivos, que con-tinua nos dias atuais, sobretudo na Argen-tina e no Brasil. As longas filas que, em de-terminados perodos, se viam diante dos portes dos consulados italianos (principal-mente o de Buenos Aires) constituram uma prova tangvel daquele rush. Os milhares de capixabas que decidiram tentar a cidadania italiana, a partir do momento em que se en-contra on line o site com as listas do Arqui-vo Pblico do Estado do Esprito Santo, eco-nomizaram pesquisas custosssimas, o tra-balho de funcionrios de muitos arquivos e o consumo da documentao histrica.

    Que no se cometa o erro de tentar des-merecer a importncia dos resultados obti-dos pelo Projeto Imigrantes referindo-se ao nmero absoluto dos nomes fornecidos. Ou seja, apenas 38.000 imigrantes ita-lianos. Porque, em 140 anos, os possveis descendentes daqueles pioneiros multipli-caram-se ao infinito.

    A taxa de fixao dos imigrantes italianos, avaliada em 68,75% para todo o Brasil por G. Mortara [10], era muito alta. Era ainda mais alta nas colnias agrcolas onde, inclusive, durante vrias dcadas, as famlias campo-nesas apresentaram ndices de aumento na-tural da populao extraordinrios para os observadores da poca, mais altos do que 4% ao ano. [11] Em muitas das comunidades agrcolas do interior do Brasil, as coisas mu-daram substancialmente apenas aps a Se-gunda Guerra Mundial, com os processos de industrializao e terceirizao de vastos se-tores da economia, com consequente impul-so da urbanizao, escolarizao em mas-sa, difuso dos meios de comunicao, lai-cizao da cultura e do processo de eman-cipao da mulher. Eis porque aquelas pou-cas dezenas de milhares de imigrantes que chegaram ao Estado at o final do sculo XIX, aos quais se uniram outros milhares no sculo seguinte, hoje se transformaram em muitas centenas de milhares de brasileiros que podem se orgulhar de possuir uma as-cendncia italiana.

    Apenas a ttulo de exemplo, em Santa Te-resa, municpio do Esprito Santo, em 1937, o ndice de natalidade era de 55 por mil e o de mortalidade apenas de 10,90 por mil. De 1930 a 1937, o nmero de nascimentos no territ-rio municipal oscilara entre um mnimo de

    867 e um mximo de 1.207 e o de bitos, en-tre um mnimo de 199 e um mximo de 246, [12] evidncia de que aquele aumento anual da populao de 4-4,5% no foi um pico iso-lado e, convm lembrar, estava-se a 50-60 anos da entrada das primeiras e consider-veis levas de imigrantes italianos no Estado.Eram j prolficos os italianos na Itlia, mais do que os alemes mas, assim como os ale-mes no Brasil, encontraram condies ide-ais: a comida no era um problema, os inver-nos no eram frios e longos e tudo isto con-tribua para abater os ndices de mortalida-de, assim como para aumentar os de nata-lidade. E, no Brasil, naturalmente no exis-tia aquela norma que durante o auge do rush migratrio proibia os matrimnios aos homens incapazes de demonstrar que po-diam manter a futura esposa e a famlia [13].

    Tanto que a idade nupcial mdia no Tren-tino, nas ltimas duas dcadas do sculo XX, oscilava em torno de 31,5 anos para os ho-mens e 26,5 para as mulheres. [14] No Brasil, essas mdias sofreram uma queda e, com a melhora da alimentao, o perodo frtil da mulher aumentou consideravelmente.

    Em carta Itlia no incio do sculo XX, o cnsul italiano no Esprito Santo, Rizzetto, explicava o impressionante aumento demo-grfico das comunidades camponesas talo--brasileiras: Alguns colonos me afirmaram que tal fenmeno devido ao clima doce e salubre; outros o atribuem ao fato de que o clima torne a mulher mais complacente e, por isto, mais fecunda; outros ainda susten-tam que no seja verdade que a mulher aqui produza mais filhos, mas que a diferena em relao Itlia seja apenas aparente porque aqui, em consequncia do clima ameno, so-

    [10] G. Mortara: Pesquisas sobre populaes americanas, Rio de Janeiro, 1947.

    [11] Para as comunidades italianas do Sul do Brasil veja-se R. M. Grosselli:

    Vincere o morire, Trento 1986 e D. von Delhaes Gnther: La colonizzazione

    italiana nel quadro dellemigrazione europea verso il Brasile Meridionale (1875-

    1914) in AAVV: Gli italiani fuori dItalia, Milano 1983. O fenmeno, durante

    algumas dcadas, foi observado, de maneira mais contida, tambm entre os

    alemes. E. Willems: A aculturao dos alemes no Brasil, S. Paulo 1980.

    [12] R. M. Grosselli: Colonie Imperiali, op. cit.

    [13] R. M. Grosselli: Le aspettative dei villani al momento delle nozze nel Tirolo

    Meridionale alla viglia dellemigrazione di massa e nelle colonie tirolesi del Sud

    del Brasile. Tra proibizioni e permessi, affetti ed interessi, figliolanza, dota e

    persino qualche corno in www.soraimar.it, Convegno Soraimar 2007. Nozade,

    archivio storico.

    [14] R. M. Grosselli: Dove cresce laraucaria, Trento 1989.

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    brevivem quase todos os filhos, enquanto que, na Itlia, o frio que as modestas con-dies das famlias pobres no conseguem afastar vitima muitos recm-nascidos. [15]

    A participao popular uma evidn-cia da importncia do Projeto Imigrantes do Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo para uma considervel poro da popula-o do Estado, realizada graas a uma ideia genial da direo do Arquivo. Apesar dos parcos recursos humanos e financeiros, bus-cou-se o reconhecimento junto sociedade da importncia da preservao e divulga-o dos documentos guardados pelo APE-ES. A prioridade no atendimento se deu por meio das demandas sociais e, com este foco, o projeto foi estruturado. Com muito esfor-o se desenvolveu a pesquisa, em muitos casos em feriados, fins de semana e aps o expediente dirio dav instituio, sem qual-quer patrocnio de rgos pblicos, privados ou de instituies acadmicas, vale ressal-tar. Mas o Arquivo Pblico estava ciente da importncia do seu acervo, bem como da sua misso em preservar a memria capi-xaba. [16] Por isso, em maio de 2000, teve incio uma experincia de expanso terri-torial do Arquivo: o Arquivo Itinerante que no ano seguinte encontrou um meio de fun-cionar efetivamente como um arquivo m-vel, instalado em um pequeno trailer. Meio que, ao menos em muitas localidades e du-rante muitas semanas, foi praticamente to-mado de assalto pelos cidados. Que, desse modo, no apenas satisfaziam a sua neces-sidade de apossar-se da documentao que atestasse a sua origem, como tambm for-neciam ao arquivo uma quantidade impor-tante de nova documentao (passaportes, outros documentos de identidade de origem europeia, fotografias etc.) que contribuiriam para complementar o Projeto.

    Seria um erro, entretanto, supor que a im-portncia deste livro e da edio on line das listas de imigrantes italianos provenha ape-nas do desejo de muitos brasileiros de origem italiana de obter a cidadania italiana. Obser-vamos que, dentre os milhares de passapor-tes expedidos pelos Consulados Italianos no Brasil, a grande maioria permanece na ga-veta, ao lado das fotografias dos antepas-sados. Tais documentos no deram incio a outra emigrao em massa rumo Itlia e, nos casos em que ocorreu, demonstrou-se temporria e devida sobretudo s dificulda-des do mercado brasileiro e disponibilida-de verificada no mercado italiano (mas prin-cipalmente naquele alemo, visto que muitos emigrantes com passaporte italiano, a partir da regulamentao da Unio Europeia, en-contraram trabalho na Alemanha). E os ca-pixabas, catarinenses ou gachos de origem italiana que trabalham na Itlia, nem por isso abandonaram sua identidade brasilei-ra. Quem escreve pode testemunhar o ufa-nismo brasileiro que se verifica nas peque-nas ptrias brasileiras na Itlia.

    Decididamente, a importncia deste volu-me e da completude do Projeto reside no con-ceito de identidade. A grande imigrao ita-liana no Esprito Santo aconteceu entre 1874 e 1914. Estamos j na quarta, quinta e mesmo na sexta gerao de imigrantes italianos. Descen-dentes para os quais os processos de acultura-o, assimilao ou etnicizao, como se prefi-ra, concluram-se h tempos, atravs de uma via que combinou elementos culturais do pas de origem e do que os acolheu. H dcadas, enfim, o que resta no imaginrio italiano dos talo-brasileiros sobretudo uma ptria ideo-lgica, uma comunidade imaginria, muito mais do que uma referncia precisa (e impos-svel, dada a distncia histrica) terra de ori-gem. [17] Apesar da obstinada resistncia de

    alguns aspectos da cultura dos antepassados, como a da lngua (para os italianos, contudo, seria mais correto dizer dialeto), fenmeno facilitado, em algumas regies do Brasil, pelo isolamento de certas reas coloniais e pelo pro-cesso tardio de urbanizao, mas, sobretudo, pelo lento processo de modernizao da socie-dade brasileira. [18] Sabem-no bem as cente-nas de talo-brasileiros de Venda Nova do Imi-grante, Santa Teresa, Colatina ou Alfredo Cha-ves que, em visita ao Vneto, ao Piemonte ou Lombardia para um primeiro reencontro com a mtica Itlia, descobriram tratar-se de uma ter-ra absolutamente diversa daquela que lhe fora transmitida pela famlia, juntamente com o ar-senal de recordaes. Uma terra em que supu-nham encontrar parentes e onde, no entan-to, encontraram perfeitos estranhos que por acaso tinham o seu mesmo sobrenome, cti-cos diante do sentimentalismo familiar que demonstravam.

    Identidade no passaporte. E isto se percebe nas pequenas ptrias capixabas formadas a partir dos anos 90, no norte da Itlia, onde os smbolos da identidade bra-sileira chegaram a acentuar-se e fortale-cer-se. Desde aqueles do tipo carto-postal (feijoada, samba, torcida pela Seleo Bra-sileira) queles mais profundos que repre-sentam a tristeza desta gente por viver em comunidades em que os momentos de so-cializao so infinitamente mais raros em relao s suas cidades de origem e onde a msica, a dana, o sorriso, so bem me-nos frequentes.

    Tudo isso para demonstrar que a comu-nidade imaginria, como si aconna quarta ou sexta geraes, representa apenas uma parte da identidade complexa de um indiv-duo ou de um grupo de indivduos.

    O que buscam os cidados do Esprito San-to, e que agora buscaro neste livro, no a

    [15] R. Rizzetto: Colonizzazione italiana nello Stato di Spirito Santo (Brasile) in

    Bollettino dellEmigrazione, 5, Roma, 1907.

    [16] C. Franceschetto: op. cit.

    [17] T. Camponio e A. Colombo (a cura di): Stranieri in Italia. Migrazioni globali,

    integrazioni locali, Bologna 2005.

    [18] C. Mioranza: Aspetti sociolisguistici del bilinguismo della comunit

    lombardo/veneta brasiliana di Rio Grande do Sul (Brasile) in R. Simone-G.

    Ruggiero (a cura di): Aspetti sociolinguistici dellItalia contemporanea,

    Roma 1977 e I.M. Boso: Noialtri qui parlen tuti en talian. Dialetti trentini in

    Brasile, Trento, 2002.

    documentao que comprove a sua identida-de italiana, mas as evidncias documentais da sua identidade talo-brasileira. Ou antes, brasileira com algumas razes culturais que um dia foram trentinas, lucanas ou friulanas, mais do que italianas. Mas provvel que busquem simplesmente encontrar elemen-tos que esclaream e honrem o seu modo de ser brasileiros: na religiosidade, no trabalho, nas relaes familiares, no modo de expres-sar alegria e no desejo de divertir-se de man-giare. [19] A Itlia , para esses cidados, ape-nas uma distante ptria ideolgica.

    No mais, o que significa ser hoje talo--brasileiros, teuto-brasileiros, luso-brasilei-

    [19] No Paran, um prato tpico da cozinha do norte da Itlia, importado

    pelos imigrantes daquelas regies, foi a base de um estudo relativo

    ros? Poder demonstrar que teve oito bisavs, que possuam passaporte daquela nao de origem? Apenas um av? A transmisso da identidade ocorre atravs da linha paterna ou materna? O sobrenome um dado conclusi-vo? Devemos atentar tambm para o os ndi-ces de masculinidade dos fluxos migratrios (que no Brasil, com relao imigrao ita-liana, demonstram uma boa proporo en-tre os sexos em comparao com a vizinha Repblica da Argentina, por exemplo), mas no podemos esquecer os ndices de exo-gamia (a frequncia de matrimnios mistos que, segundo informaes obtidas atravs do censo brasileiro, aparentemente em tor-

    no da metade do sculo XX, eram bastante altos na comunidade italiana).

    Enfim: basta ter uma gota de sangue de origem italiana para declarar-se talo-brasi-leiro? Talvez valha a pena observar que, na poca da globalizao, que sucede quela do nacionalismo e do colonialismo, nos lti-mos anos, a antropologia cultural est ques-tionando as prprias definies dos concei-tos de etnia e mesmo de cultura, aos quais al-guns negam o direito cientfico existncia.

    Renzo M. GrosselliSocilogo

    identidade cultural das comunidades talo-brasileiras. E. M. Vieira de

    Souza-C. M. de Moraes Dias: Polenta & Cia: histria e receitas, Curitiba, 2011.

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    [20] J. F. Carneiro: Imigrao no Brasil, Rio de Janeiro 1950.

    [21] R. M. Grosselli: Colnias imperiais na terra do caf, Vitria, 2008.

    [22] Legge n. 11.687/2008.

    Trentaseimila nominativi di immigrati italiani in Espirito Santo durante l'Ottocento (e altri se ne stanno aggiungendo per il Novecento). Sono quelli che il lettore, semplice cittadino o studioso, trover in quest'opera. E' il risulta-to del Projeto Imigrantes Espirito Santo, vo-luto e portato avanti dall'Arquivo Pblico do Estado di Vitria a partire dal 1995. Il Proje-to per ha permesso anche l'individuazione di altri 17.000 nominativi relativi ad immigra-ti di altre origini nazionali che non sono di-sponibili in quest'opera ma che sono repe-ribili on line assieme agli altri, per un totale di 56.000 nominativi, sul sito www.imigran-tes.es.gov.br. Un dato di fatto che, una volta di pi, pone Espirito Santo e il suo Archivio Pubblico all'avanguardia in Brasile.

    Diciamo una volta di pi perch sono altri due i fattori che ne fanno uno Stato le-ader in Brasile per quanto riguarda il mas-siccio fenomeno dell'immigrazione italiana e la sua storia.

    Innanzitutto, Espirito Santo fu la Provin-cia imperiale che ricevette la prima rimessa importante di emigrati italiani, quella che diede l'avvio a ci che gli storici hanno de-finito il flusso emigratorio italiano di massa verso il Brasile, che port nel gigante suda-mericano, pi di 1,5 milioni di uomini fino al 1940. [20] Fu il 17 febbraio del 1874, infat-ti, che attracc al Porto di Vitoria la nave a vela La Sofia che era partita il 3 gennaio dal porto italiano di Genova. Nella sua lista d'imbarco constavano i nomi di 388 conta-dini di lingua e cultura italiana. Alcuni con passaporto italiano e originari del Veneto, la maggioranza con passaporto austriaco e originari del Trentino, terra che allora fa-ceva parte dell'impero austro-ungarico. In quel caso si trattava di lavoratori e fami-glie contrattati da un imprenditore privato,

    Pietro Tabacchi. [21] Ma da quel momento in poi e per vari anni (almeno fino al 1886, quando cio fu lo Stato di S. Paolo ad ini-ziare ad attirare verso di s la maggior fet-ta dei flussi europei diretti in Brasile) sar il governo di Rio de Janeiro a stimolare e fi-nanziare l'afflusso italiano, sulla base della Legge delle Colonie del 1867 e del Contratto Caetano Pinto Junior che a quei contadini offrivano terra a basso prezzo e la traver-sata dell'Oceano Atlantico gratuita.

    Sulla base di queste evidenze storiche il senatore capixaba, ex governatore di Espi-rito Santo, Gerson Camata, propose al Se-nato Federale Brasiliano l'approvazione di una legge che creasse il Giorno Nazionale dell'Immigrazione Italiana, da commemo-rare il 21 febbraio di ogni anno, proprio a ri-cordo dell'arrivo di quei primi coloni a Vito-ria. [22] Un fatto, quest'ultimo, che ha reso ufficiale il primato del piccolo Stato brasilia-no a livello federale.

    E' anche un altro aspetto a fare di Espiri-to Santo un primus brasiliano per quan-to riguarda l'immigrazione italiana. Si sono fatti molti calcoli al proposito, e diversi, ma un fatto quasi generalmente accettato che lo Stato della regione Sudest conti oggi la maggiore percentuale di popolazione con ascendenze italiane. Si dispone di risultati di indagini che indicano in una cifra di poco inferiore al 50% la cittadinanza capixaba con ascendenze italiane. [23] Ce ne sono altre che parlano del 65%, contro ad esem-pio il 60% di Santa Catarina, meno del 40% del Paran, il 30% di S. Paolo e il 22% di Rio Grande do Sul. [24]

    L'uscita di questo volume (e la dispo-nibilit di incontrare anche su Internet le liste e le informazioni che propone), che esce esattamente a 140 anni dall'inizio

    Prefazionedell'immigrazione italiana di massa in Bra-sile, ancora una volta mette Espirito Santo all'avanguardia. Perch se vero che an-che altri Stati del Brasile (S. Paolo, Paran, Minas Gerais e Rio Grande do Sul ad esem-pio) hanno informatizzato i dati disponibi-li relativamente alle entrate di immigrati, per altrettanto vero che l'Archivio Pub-blico di Vitoria ha fatto di pi, fornendo ai suoi cittadini e agli storici italiani e brasilia-ni, una banca dati pi perfezionata e com-pleta, affidabile cio, nata dall'incrocio di vari tipi di documentazione, di diversa ori-gine e provenienza.

    I nominativi che il lettore trover qui sono il risultato della trascrizione delle liste di pas-seggeri (molte prodotte in Italia), completa-te dalle informazioni delle liste di arrivo (an-che quelle conservate dall'Arquivo Nacional do Rio de Janeiro), da passaporti, da liste co-loniali di matricola, da censimenti degli im-migrati. E, ancora, tutti questi dati sono stati completati da documentazione italiana for-nita da cittadini capixaba di origine italiana. Documentazione che l'Archivio andato a cercarsi, sul campo, con una arquivo-mo-vel che ha portato in cassaforte una messa notevole di nuove informazioni.

    Non solo, il lavoro ormai quasi venten-nale dell'Archivio di Vitoria, fornisce all'u-tente una serie di informazioni che media-mente cinque volte maggiore di quella for-nita da altri archivi brasiliani. In alcuni casi si giunge a mettere a disposizione la fotografia dell'immigrato e, comunque, sono disponi-bili una cinquantina di categorie informati-ve oltre alle comuni informazioni generiche offerte per ogni nominativo.

    Tutto ci, naturalmente, stato frutto di un lavoro minuzioso, continuato nel tempo e complesso, iniziato nel 1995 e che anco-

    [23] N. Saletto: Sobre a composio tnica da populao capixaba in Revista de

    Histria da Ufes, Vitria 11-2000.

    [24] htpp://pt.wikipedia.org/Imigrao_italiana_no_Brasil.

    ra prosegue. Cilmar Franceschetto, Diretto-re Tecnico dell'Archivio, qualche tempo fa scrisse un saggio, ricordando quali erano le finalit del Projeto Imigrantes Esprito Santo e quali le difficolt incontrate per portarlo a compimento: Per realizzare l'obiettivo era necessario innovare. Applicare un'idea che all'inizio ci era parsa semplice, per mol-to complessa e che prevedeva rigore me-todologico: definire un meccanismo di in-crocio dei dati relativi allo stesso immigra-to, distribuiti nei vari tipi di documenti, ri-spettando la cronologia e la rispettiva cita-zione delle fonti. Questi elementi, somma-ti, avrebbero dato come risultato una sinte-si biografica che, stampata in forma di rela-zione, avrebbe costituito una nuova tipolo-gia di servizio messo a disposizione dell'u-tenza. Ma se l'idea all'inizio ci era apparsa semplice, si trasform invece nella maggio-re scommessa, richiedendo grandi sforzi nei procedimenti di ricerca. [25]

    Difficile, per il semplice lettore, intuire la complessit dell'operazione che ha por-tato fino alla pubblicazione di questo libro e al sito Internet che ne comprende i con-tenuti. Quasi incredibile anche per me, che del recupero della storia dell'emigrazione italiana ho fatto una professione. Incre-dibile non solo perch so come gli archivi pubblici brasiliani (e italiani) siano carenti di fondi ma anche perch conosco da vici-no il tragitto che ha portato questa struttu-ra ad un risultato di questa qualit. E so, in quanto storico, quale sia la grandissima im-portanza che rivestono i risultati raggiunti dal personale dell'Archivio di Vitoria. Da un lato per quanto riguarda l'integrit del ma-teriale cartaceo conservato, messa a dura prova dalla manipolazione da parte di stu-diosi e cittadini, dall'altro per la completez-za e il livello di certezza delle informazio-ni messe ora a disposizione di tutti, nata da un incrocio di dati che risulterebbe pratica-

    mente impossibile per il semplice cittadino e costosissimo in termini di tempo e di lavo-ro per un professionista dell'indagine sto-riografica. Ma l'Archivio di Vitoria, pur nato in uno dei pi piccoli Stati brasiliani, e sino a non molti decenni fa anche uno dei meno ricchi della parte centro-meridionale del Pa-ese, porta in s una tradizione che ha spinto e aiutato i recenti, positivi, sviluppi.

    Ricordo che giunsi in Espirito Santo per la prima volta nel febbraio del 1986. Porta-vo con me la certezza dell'ospitalit, a Vila Velha, da parte dell'amico Leandro Bernab Feitosa ma non avevo nessuna idea di come potesse essere organizzato l'Archivio Pub-blico. Mi seguiva un timore per: quello di imbattermi in una istituzione carente di do-cumentazione e di mezzi tecnici, impossibi-litata ad essermi di supporto per una inda-gine storiografica sul fenomeno della colo-nizzazione italiana. Tra il 1983 e il 1984 ave-vo vissuto un anno in Santa Catarina sco-prendo che l'Archivio Pubblico dello Stato, per quanto riguardava la documentazione relativa alla vicenda immigratoria del perio-do 1870-1914, viveva ancora una fase di ac-quisizione di materiale, disponendo di scar-sa documentazione catalogata e immedia-tamente fruibile dal ricercatore. Ricordo an-cora la generosit del direttore di allora che mi permise di fare ricerche su centinaia di libri e faldoni che sostavano in una stanza della sede dell'Archivio, e non erano anco-ra stati analizzati e catalogati. Ma era un la-voro alla cieca.

    Del resto, l'anno successivo alla perma-nenza in Espirito Santo, nel 1987, mi trova-vo a Curitiba, Paran, per cercare di rico-struire la storia dei flussi immigratori italia-ni, accorgendomi che un bellissimo e nuo-vissimo edificio accoglieva l'Archivio Pub-blico che per pot offrirmi ben poco mate-riale relativo al periodo e al tema su cui sta-vo lavorando. Ammetto che, avendo avuto

    il mio imprintig brasiliano al Sud, in cui ero giunto gi nel 1980, e visto il tipo di svilup-po economico-sociale dell'Espirito Santo di trent'anni fa, portavo con me il sospet-to che poco avrei potuto ricavare dal lavo-ro negli archivi locali.

    La realt invece mi sorprese notevol-mente. Per vari aspetti. Mi meravigli la quantit di documentazione che l'Archivio Pubblico di Vitoria organizzava e la qualit della sua organizzazione: un sistema clas-sificatorio di facile lettura, che permetteva all'utente di giungere al documento cer-cato in breve tempo. Non solo: il persona-le archivistico era in molti casi di livello ec-cellente e, a fronte di una evidente scarsi-t di mezzi finanziari e tecnici, la struttura non mancava dell'indispensabile. Fu cos, ad esempio, che mi fu concesso (si era nel 1986, ripeto) di ottenere, dietro pagamen-to del solo costo del materiale fotografico, centinaia di microfilm di documenti.

    Un aneddoto ora. Fu in quei primi gior-ni di lavoro, nella torrida estate capixaba che ricevetti all'Archivio la visita di un ra-gazzo che si present come Agostino Lazza-ro, l'attuale direttore dell'entit, che avrei rivisto nei mesi seguenti e che mi avrebbe suggerito utili percorsi di indagine, soprat-tutto sul territorio. Era alla caccia di noti-zie che servissero a ricomporre i lineamen-ti della sua identit culturale brasiliana. O italo-brasiliana.

    Mi sono riferito alla torrida estate ca-pixaba non a caso. La mia provenienza alpi-na ritard il processo di acclimatazione e la cosa aveva una precisa attinenza col lavoro d'archivio. Stetti chinato su quei documenti per molte ore al giorno, durante molti mesi. Tra le mie mani ne passarono molte miglia-ia. Alcuni dei quali poi transitarono anche tra le mani di chi dovette microfilmarli. Un consumo notevole e rischioso di materia-le che aveva ormai dai 100 ai 150 anni, reso

    [25] C. Franceschetto: O Arquivo Pblico do Estado do Esprito Santo como espao de memria para a imigrao italiana, Seminrio Momento Brasil Itlia,

    Pontifcia Universidade Catlica, So Paulo 2012.

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    fragile da una conservazione approssimati-va per molti decenni e dagli agenti meteoro-logici potenzialmente disgreganti, specie in terra subtropicale (umidit, funghi etc.). E' certo che anche il mio lavoro contribu a de-teriorarne la qualit: ricordo perfettamente che a volte dovevo repentinamente spostare all'indietro il capo mentre una goccia di su-dore vi calava, per non lasciarla depositare su quelle preziosissime carte.

    Rientrato in patria, scritto e pubblicato il volume Colonie imperiali nella terra del caff, tradotto e pubblicato in Brasile nel 2008 proprio per conto dell'Archivio Pub-blico di Stato di Vitoria, riconobbi pubbli-camente i meriti di quest'ultima istituzione. Gli archivi trentini sono ricchi di materiale, figli del sistema amministrativo austriaco. - scrissi nella Premessa - Ma anche l'Archi-vio Pubblico dello Stato di Espirito Santo si rilevato ricchissimo di materiale, permet-tendoci di raccogliere una documentazione vastissima. [26]

    Una istituzione che conserva una mole imponente di documentazione relativa al periodo dell'immigrazione europea e quin-di pi o meno dal 1800 al 1950. Documen-ti che all'epoca erano cercati e visionati da qualche storico, e da scarsi ricercatori po-polari che nei corridoi dell'Archivio cerca-vano prove dell'origine delle loro famiglie. Potevano avere fortuna questi ultimi, che soprattutto miravano a mettere le mani su liste di imbarco e sbarco o liste coloniali, ma non sempre l'individuazione di un do-cumento significava la soddisfazione del loro desiderio. Scrivevo su Colonie impe-riali: Le liste di entrata che abbiamo ri-trovato, copiose, presso l'Archivio Pubbli-co di Stato di Vitoria, piuttosto complete, alcune volte ci hanno creato dei problemi in relazione alla grafia dei nomi e soprat-tutto all'et degli immigrati (importantissi-ma per i riscontri con le nostre liste di pro-venienza italiana). Gli scrivani dell'epoca,

    italiani e brasiliani, non producevano solo una grafia, appunto d'epoca, non facil-mente decifrabile dai contemporanei, ma spesso si trattava di persone con un appros-simativo grado di alfabetizzazione. Gli er-rori di copiatura di un nome non costitui-vano quindi una rarit. La cosa diventava drammatica quando la trascrizione avve-niva in territorio di immigrazione, in Espi-rito Santo nel nostro caso: alla scarsa con-fidenza con la penna si aggiungevano an-che le profonde differenze, tra portoghe-se ed italiano, nella trascrizione dei suoni. Trascrizione che peraltro era fatta sempre su vari registri, in tempi successivi: liste di imbarco, liste di sbarco, liste di entrata nel-la colonia, liste di linea coloniale (poi regi-stri di battesimo, matrimonio e morte e cos via). Ad errori potevano sommarsi altri er-rori sino a rendere completamente defor-me il nome di partenza.

    Alcuni errori erano facilitati dagli stessi cognomi italiani: Rossi, Rosi, Rosa, Derossi, Daros, oppure Conci, Conzi, Conz, Cont, Con-ti, Contini. Altri, dalle abitudini: il contadino trentino e veneto, ad esempio, quando gli si chiedeva di che famiglia fosse rispondeva: dei Demonti, dei Peterlonghi ma si trattava invece della pluralizzazione dei cognomi De-monte e Peterlongo.

    E' anche altra la problematica relativa all'individuazione di un nominativo e riguar-da le possibili omonimie. Tutto bene quan-do due emigranti con lo stesso nome e co-gnome possono essere individuati da qual-che altra informazione (data e luogo e di nascita, paternit e maternit etc.). Talvol-ta per, nel caotico processo immigratorio, specie negli anni tra il 1875 e il 1885, solo al-cuni di questi dati sono presenti nella com-plessit della documentazione. Le difficolt aumentano se pensiamo che in quel perio-do storico nell'Italia contadina era tradizione ripetere il nome di battesimo nelle varie ge-nerazioni (talvolta persino un nonno, un pa-

    dre, un figlio e un nipote portavano lo stesso nome e cognome) distinguendosi poi, nella realt ma non sui documenti, attraverso un soprannome. Poteva aiutare, certo, il fatto che spesso un individuo era battezzato con due o tre nomi, il secondo e il terzo dei qua-li si differenziavano tra gli individui di diver-sa generazione. Ma questo possibile van-taggio, per chi va alla ricerca dell'identit di un emigrato, sfocia in un'ulteriore possibili-t di confusione: capitava che un emigrante, per evitare le omonimie, si facesse chiama-re col secondo o terzo nome di battesimo. E che questo nome, infine, finisse per essere trascritto in qualche passaggio della sua vita coloniale, creando difficolt ulteriori nell'in-crocio dei dati.

    Accenniamo solamente alle altre possi-bilit di inganno, nell'identificazione di un emigrante, come quelle ad esempio relative al villaggio o citt di origine: succedeva che una persona fosse originaria di un Comune ma partisse per l'estero da un altro Comu-ne, dove aveva preso la residenza. E capi-tava pure che quando in colonia, dopo aver smarrito bagagli e documenti durante il viag-gio, gli chiedevano il suo Comune di origine, lui declinasse indifferentemente il nome del Comune di residenza o di quello di nascita. Che finivano su documenti diversi.

    A queste si assommavano le difficolt di comprensione e trascrizione da parte de-gli impiegati brasiliani che avevano poca dimestichezza con le doppie, molto comu-ni in italiano, o che traducevano in lettere brasiliane suoni come come quelli italiani di gl, gn, ch. Sulle decine di grandi registri che si trovavano alla fine degli anni '80 alla ex Hospedaria dos Imigrantes di San Paolo, ricordo perfettamente le frequenti, lunghe, serie di nomi che verosimilmente, avrebbe-ro dovuto corrispondere ad immigrati italia-ni ma che erano state tradotte graficamen-te in maniera surreale. In modo quasi cer-tamente irrecuperabile. [27]

    [26] R. M. Grosselli: Colonie imperiali nella terra del caff, Trento 1987.

    [27] Memorial do Imigrante, S. Paolo (ora in Arquivo do Estado de S. Paulo): Libri Matricola degli Immigrati.

    Mettere insieme le liste di immigrazione nel Brasile dell'Otto-Novecento, operazio-ne molto complicata. E la cosa ha anche a che vedere con le modalit generali con cui si realizz l'entrata di stranieri nel paese, so-prattutto per la formazione di colonie agri-cole o il lavoro (di sostituzione di mano d'o-pera schiava) nelle fazendas del caff. Non era solo una entit federale (cos come ac-cadeva negli Stati Uniti d'America) ad occu-parsi dei flussi immigratori, non era solo un porto ad accoglierli in prima istanza. Limi-tandoci alla grande immigrazione italiana, osserviamo che erano sia i privati, che le al-lora Province (in seguito Stati) e il governo centrale a gestire progetti di colonizzazio-ne o comunque che prevedevano l'entrata di determinati numeri di lavoratori stranie-ri nel paese. Rio de Janeiro fu il porto privi-legiato in questo senso, e la Ilha das Flores, di conseguenza, l'Hospedaria di riferimen-to. Ma non si trattava di prime destinazio-ni obbligatorie. Quel gruppo di trentini e ve-neti che arriv in Brasile nel 1874 per conto di Pietro Tabacchi, approd direttamente a Vitria. E nel periodo di grande attrazione delle fazendas del caff di S. Paolo, dicia-mo dal 1886 al 1914, il primo porto di sbar-co degli immigrati divenne quello di Santos. I governi di Paran, S. Catarina, Rio Grande do Sul, Espirito Santo e Minas Gerais gesti-rono propri progetti immigratori che, talvol-ta, prevedevano l'arrivo dei coloni diretta-mente nei loro porti di riferimento.

    Non solo. All'inizio del grande progetto di colonizzazione europea, voluto dall'impera-tore Dom Pedro II e dall'ala liberal dell'in-telligentsia brasiliana, con l'approvazione della Legge delle Colonie del 1867 e poi con la sottoscrizione del contratto di con Cae-tano Pinto Junior per l'inoltro in Brasile di 100.000 emigranti europei, si ebbero da su-bito fenomeni che complicarono la centra-lizzazione dei dati. Il Paese non disponeva di una struttura burocratica all'altezza, per quantit e qualit, tale da poter far fronte a

    quella mole di lavoro, per molti aspetti nuo-vo, n strutture sanitarie tali che potessero lenire l'impatto di decine di migliaia di per-sone che dall'inverno europeo si trasferiva-no nell'estate tropicale di Rio de Janeiro. Da subito quindi, gi dal 1875, la capitale si era trovata a dover affrontare successive epi-demie, febbre gialla, colera e altro, che ave-vano consigliato di far approdare ad altre rive, (Vitoria-ES, Benevente-ES, Santos-SP, S. Francisco-SC, Itaja-SC, Desterro-SC, Por-to Alegre-RS) le navi colme di emigranti. Lo stesso accadeva di frequente quando l'Ho-spedaria della citt carioca si trovava affolla-ta e impossibilitata a ricevere altri emigranti che venivano cos smistati verso altri porti.

    Sappiamo che tra le varie fonti da cui po-tremmo rilevare l'identit di un immigrato in Brasile, ci sono anche le liste di entrata nelle colonie, governative, delle Province-Stati o private (o addirittura le liste di de-bito coloniale, i conti correnti coloniali). Ma anche in questo caso una serie di fenome-ni storici rende pi difficile la ricerca. Spe-cie in tempi di arrivi massicci, le aree colo-niali erano scelte con una certa approssi-mazione, in zone geograficamente diffici-li. Occupate da coloni, accadeva frequen-temente che ne fossero abbandonate, da gruppi o in massa. Questa gente talvolta veniva inserita in altra linea coloniale, al-tre volte si dirigeva spontaneamente verso un altro stabilimento coloniale o abbando-nava addirittura il paese con i propri mez-zi per attraversare il confine con l'Argenti-na (o, meno, per rientrare in patria). Ecco allora, per lo stesso nominativo, due o pi trascrizioni coloniali, con potenziali erro-ri nella grafia del nome o nelle date. E tutto ci complica la possibilit di rimettere in-sieme quelle liste di entrata e di discerne-re un errore da una semplice omonimia.

    Molti scrivani, vari sistemi di trascrizione, talvolta dettati dalla fretta e dalla confusione.

    Si pensi alla storia della colonia S. Leo-poldina, in Espirito Santo, (ma accadde an-

    che in altre province del Brasile, solo per fare un altro nome ci riferiremo alla Colonia Bru-sque in S. Catarina), al disordine ammini-strativo che vi regnava, al mutamento con-tinuo dei direttori e conseguentemente dei metodi di gestione.

    Nella documentazione brasiliana abbia-mo individuato cognomi scritti anche in 5 modi diversi e non raro il caso di nomi fami-liari non interpretabili. Facile tradurre Delse-gio in Dalceggio, Cazite in Caset o Casetti. Ma successive ricopiature di elenchi gi completi di errori hanno creato dei veri e propri mostri grafici quali Giutardo, Voena, Muchalire, Ti-fulata o Cergrogio. [28] E cos, una famiglia che nei decenni ha trovato spazi nel grande commercio di S. Catarina, per fare un piccolo esempio, ha ora il suo nome scritto nella se-guente maniera: Daloquio, quando la gra-fia all'origine era Dalzocchio.

    Il lavoro di digitalizzazione delle liste de-gli immigrati in Espirito Santo non solo di estrema utilit per l'utente dell'Archivio. E' anche di assoluta utilit per il patrimonio do-cumentale dello Stato. Perch indispensa-bile mettere al riparo le carte dalla mani-polazione che in questo ultimo ventennio, per i brasiliani di origine italiana, ha cono-sciuto una notevole accelerazione. Bisogna dire che l'Archivio di Vitoria aveva per tempo pensato a questo tipo di problematica e gi alla met degli anni '80 stava correndo ver-so la microfilmatura del suo patrimonio.

    La qual cosa per, tra l'altro piuttosto co-stosa, accelerava ben di poco il penoso lavo-ro di ricerca del cittadino. Chi voleva sapere qualcosa sul suo avo entrato in Brasile, non poteva che affidarsi all'esperienza del per-sonale archivistico e, ancora di pi, alla for-tuna, per sperare di essere soddisfatto. La maggior parte usciva da questa operazione delusa e gli altri talvolta si trovavano a do-ver incrociare dati che, al tempo, risultava-no per loro non incrociabili.

    L'operazione di ricerca approfondita, negli archivi e tra la gente, e di digitalizza-

    [28] R. M. Grosselli: Vincere o morire, Trento 1986.

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    zione portata avanti dal personale dell'Ar-chivio Pubblico di Stato di Espirito Santo d la possibilit ad un numero enorme di per-sone di saltare le ricerche dirette, di co-noscerne immediatamente l'esito, positivo o negativo che sia. Saltare cio non solo il processo di indagine materiale ma anche il lungo, penoso e talvolta deludente pro-cesso di confronto dei dati. E, visto che le informazioni possono essere ottenute tra-mite Internet (e da adesso anche trami-te quest'opera editoriale), per molti utenti non nemmeno necessario recarsi all'ar-chivio per portare a termine un'indagine. Ma anche possibile evitare errori, i tan-ti errori potenziali: omonimie, confusio-ni ortografiche, inganni dovuti al doppio o triplo nome di battesimo, alle diverse tra-scrizioni del nome.

    Con la legge italiana del 5 febbraio 1992, n. 91 (e relativi regolamenti di esecuzione: in particolare il DPR 12 ottobre 1993, n. 572 e il DPR 18 aprile 1994, n. 362) che riconosce a molti pronipoti di emigrati italiani all'estero la possibilit di ottenere la cittadinanza ita-liana, inizi una corsa agli archivi, che sta continuando anche ai nostri giorni, in Argen-tina e Brasile soprattutto. Le lunghe file che in certi periodi si sono vedute davanti ai por-toni dei Consolati Italiani (uno su tutti, quello di Buenos Aires) hanno costituito una prova tangibile di quel rush. Quelle migliaia di ca-pixaba che hanno deciso di tentare la via del-la cittadinanza italiana, dal momento in cui on line il sito con le liste dell'Archivio di Vi-toria hanno risparmiato ricerche dispendio-sissime, lavoro dei dipendenti di molti archivi e consumo della documentazione storica.

    Non si compia l'errore di voler sminuire l'importanza dei risultati prodotti dal Proje-to Imigrantes riferendosi al numero assolu-to di nominativi forniti. E cio solo 38.000 immigrati italiani. Perch a distanza di 140 anni i potenziali fruitori di quei pionieri si sono moltiplicati all'inverosimile.

    Il tasso di fissazione degli immigrati ita-liani, valutato per l'intero Brasile da G. Mor-tara [29] nel 68,75%, era molto alto. Era pi alto ancora nelle colonie agricole dove, peraltro, per vari decenni le famiglie conta-dine presentarono saggi di aumento natu-rale della popolazione strabilianti per gli os-servatori dell'epoca, maggiori anche al 4% annuo [30]. In molte delle comunit agrico-le dell'interior brasiliano le cose mutarono sostanzialmente solo ben dopo la Seconda Guerra Mondiale, con i processi di industria-lizzazione e terziarizzazione di vasti settori dell'economia, con conseguente forte im-pulso all'urbanizzazione, scolarizzazione di massa, diffusione dei media, laicizzazione della cultura e al processo di emancipazio-ne della donna). Ecco perch quelle poche decine di migliaia di immigrati entrati nel-lo Stato fino alla fine dell'800, ai quali se ne aggiunsero altre migliaia relativamente al '900, oggi si sono trasformate in molte cen-tinaia di migliaia di brasiliani che possono vantare un' ascendenza italiana.

    Solo per dire, a S. Teresa, municipio di Espirito Santo, nel 1937 il tasso di natalit fu del 55 per mille e quello di mortalit solo del 10,90 per mille. Dal 1930 al 1937 il nume-ro di nascite nel territorio municipale era oscillato tra un minimo di 867 ed un massi-mo di 1.207 e quello di decessi da un mini-

    mo di 199 ad un massimo di 246, [31] cosa che garantisce che quel 4-4,5% annuo di aumento della popolazione non fu un picco isolato e si era, bene sottolinearlo, a 50-60 dall'entrata delle prime e cospicue leve im-migratorie italiane nello Stato.

    Erano gi prolifici in Italia gli italiani, pi dei tedeschi, ma come i tedeschi in Brasile trovarono condizioni ideali: il cibo non era un problema, gli inverni non erano freddi e lunghi e tutto ci abbatteva i tassi di morta-lit e, anche, aumentava quelli di natalit. E in Brasile non esisteva certo quella normati-va che nel periodo di auge del rush migrato-rio aveva proibito di contrarre matrimonio ai maschi che non potevano dimostrare di poter mantenere la futura sposa e la famiglia [32].

    Tanto che l'et nuziale media per il Tren-tino negli ultimi due decenni del '900 si atte-stava attorno ai 31,5 anni per il maschio e 26,5 per la donna. [33] In Brasile queste medie pre-cipitarono e, con la migliorata alimentazione, il periodo fertile della donna si dilat di molto.

    Il console italiano in Espirito Santo, Rizzetto, agli inizi del '900 scriveva in Italia per spiegare lo stupefacente crescita demografica delle co-munit contadine italo-brasiliane: Alcuni co-loni mi affermarono che tale fenomeno do-vuto al clima dolce e salubre; altri l'attribuisco-no al fatto che il clima indebolisce la donna, e per questo pi prolifica; altri ancora sosten-gono non essere vero che la donna qui fa pi figli, ma che la differenza in pi, in confronto dell'Italia, soltanto apparente, perch qui, in conseguenza del clima mite vivono quasi tutti i figli, mentre da noi il freddo, che la poca agia-tezza delle famiglie povere non pu tener lon-tano, uccide molti neonati. [34]

    [29] G. Mortara: Pesquisas sobre populaes americanas,

    Rio de Janeiro 1947.

    [30] Per le comunit italiane del Sud del Brasile si vedano R. M. Grosselli:

    Vincere o Morire, Trento 1986 e D. von Delhaes Gnther: La colonizzazione

    italiana nel quadro dell'emigrazione europea verso il Brasile Meridionale

    (1875-1914) in AAVV: Gli italiani fuori d'Italia, Milano 1983. Il fenomeno,

    per qualche decennio, fu osservato, in misura pi contenuta, anche

    presso le comunit tedesche: E. Willems: A aculturaao dos alemaes

    no Brasil, S. Paulo 1980

    [31] R. M. Grosselli: Colonie imperiali, op. cit.

    [32] R. M. Grosselli: Le aspettative dei villani al momento delle nozze nel

    Tirolo Meridionale alla vigilia dell'emigrazione di massa e nelle colonie

    tirolesi del Sud del Brasile. Tra proibizioni e permessi, affetti ed interessi,

    figliolanza, dota e persino qualche corno in www.soraimar.it, Convegno

    Soraimar 2007. Nozade, archivio storico.

    [33] R. M. Grosselli: Dove cresce l'araucaria, Trento 1989.

    [34] R. Rizzetto: Colonizzazione italiana nello Stato di Espirito Santo (Brasile)

    in Bollettino dell'Emigrazione, 5, Roma 1907.

    Che il Projeto Imigrantes dell'Archivio di Vitoria rivesta una grande importanza per una porzione consistente della popolazione dello Stato dimostrato anche dalla parteci-pazione popolare alla sua realizzazione. Che ha potuto avvenire a seguito di una idea ge-niale dei quadri dirigenti dell'Archivio. No-nostante le modeste risorse umane e finan-ziarie si stimolato il riconoscimento da par-te della cittadinanza della corretta manuten-zione e divulgazione dei documenti conser-vati nell'Archivio... L'Archivio Pubblico era cosciente dell'importanza del suo patrimo-nio, cos come della sua missione nel preser-vare la memoria capixaba. [35] Per questo nel maggio del 2000 venne iniziata un'espe-rienza di estensione dell'Archivio sul ter-ritorio. Cio l'Archivio itinerante che l'anno successivo trova modo di realizzarsi effetti-vamente con un ufficio mobile accomo-dato su un piccolo camper. Un mezzo che, in molte localit almeno, fu preso d'assal-to per settimane dai cittadini. Che in questo modo non soddisfacevano solamente la loro esigenza di mettere le mani su documenta-zione che attestasse la loro origine ma for-nivano all'Archivio stesso una mole impor-tante di nuova documentazione (passapor-ti, altri documenti di identit di origine eu-ropea, fotografie) che sarebbe confluita nel complessivo Projeto.

    Sarebbe un errore per quello di far dipen-dere l'importanza di questo libro, e della edi-zione on line delle liste di immigrati italiani, puramente dalla volont di molti brasiliani di origine italiana di ottenere la cittadinanza ita-liana. Osserviamo che tra le migliaia di pas-saporti rilasciati dai Consolati Italiani in Bra-sile, la grande maggioranza rimane nel cas-setto, accanto alle fotografie degli avi. Quei documenti non hanno dato il via ad una al-trettanto massiccia emigrazione verso l'Italia che, nei casi in cui avvenuta, si dimostrata

    temporanea e dovuta soprattutto alle difficol-t del mercato del lavoro brasiliano e alla di-sponibilit dimostrata da quello italiano (ma di pi da quello tedesco, visto che molti emi-grati col passaporto italiano, a seguito della normativa dell'Unione Europea, hanno fini-to per trovare un'occupazione in Germania). E i capixaba, catarinensi o gauchos di origine italiana che hanno un lavoro in Italia, non si sono per questo allontanati dallo loro identi-t brasiliana. Chi scrive pu testimoniare dell' ufanismo brasiliano che si respira nelle pic-cole patrie brasiliane in Italia.

    No, l'importanza di questo volume e del complessivo Projeto sta tutta nel concetto di identit.

    La grande immigrazione italiana in Espirito Santo avvenuta tra il 1874 e il 1914. Siamo ormai alle quarte, ma anche quinte ed addirittura seste generazioni di immigrati italiani. Pronipoti, in cui i proces-si di acculturazione, assimilazione o etni-cizzazione, che dir si voglia, si sono conclu-si da tempo, attraverso un cammino che ha incrociato elementi culturali del Pae-se d'origine e di quello di accoglienza. Da decenni, ormai, ci che rimasto nell'im-maginario italiano degli italo-brasilia-ni piuttosto una patria ideologia, una comunit immaginata appunto pi che un riferimento preciso (e impossibile vista la secolare non frequentazione) alla ter-ra d'origine. [36] Pur nella resistenza per-vicace di alcuni aspetti della cultura degli avi, come quello della